ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO AO FENTANIL, LIDOCAÍNA, CETAMINA OU FENTANIL-LIDOCAÍNA-CETAMINA EM CADELAS SUBMETIDAS À OVARIOSSAPINGOHISTERECTOMIA ELETIVA Samuel Monzem CUIABÁ MT 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E

ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL

ASSOCIADO AO FENTANIL, LIDOCAÍNA, CETAMINA OU

FENTANIL-LIDOCAÍNA-CETAMINA EM CADELAS

SUBMETIDAS À OVARIOSSAPINGOHISTERECTOMIA

ELETIVA

Samuel Monzem

CUIABÁ – MT

2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E

ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL

ASSOCIADO AO FENTANIL, LIDOCAÍNA, CETAMINA OU

FENTANIL-LIDOCAÍNA-CETAMINA EM CADELAS

SUBMETIDAS À OVARIOSSAPINGOHISTERECTOMIA

ELETIVA

Autor: SAMUEL MONZEM

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Luciana Dambrósio Guimarães

Co-Orientadora: Prof.ª Dr.ª Fabiola Niederauer Flôres

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ciências Veterinárias, área de

concentração: Clínica Cirúrgica, da Faculdade de

Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Mato Grosso para a obtenção

do título de Mestre em Ciências Veterinárias.

CUIABÁ-MT

2016

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COMITÊ DE ÉTICA E BIOSSEGURANÇA

A pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética no Uso de Animais da

Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) (protocolo 23108.036572/14-0).

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AGRADECIMENTO

À excelente vida que eu tenho.

À minha namorada Sarah Heitz por estar todo dia ao meu lado.

Aos meus pais, Lucia Monzem e Roberto Monzem por me ajudarem sempre que

preciso.

Às Famílias Heitz, Klener, Jorge, Estulano, Fracasso, Monzem, Tresmondi e Alves

por estarem sempre presente.

À minha sogra Rosalina Heitz por sempre vibrar pelo meu sucesso.

Ao meu sogro Jonh Heitz por corrigir a tradução para a língua inglesa.

À amizade de longa data dos grandes amigos Rafa Zanatta e Gui Comparone.

Aos Canarinhos do Cerrado por serem meus amigos.

Às equipes É TetraaaHNK! e Bristoh por fazerem meus finais de semana

excepcionais e me ajudarem nos treinos.

Ao ciclismo e à corrida por me fazerem mudar o modo de ver o mundo.

À Capes pela concessão da bolsa de mestrado.

Ao Hospital Veterinário da UFMT por fornecer a estrutura e equipamentos para o

desenvolvimento deste trabalho.

Ao Beto Spiller e Nathalie Dower por se responsabilizarem pelas cirurgias.

À Lianna Ghisi, João Galceran, Mathias Stocco e Thereza Ens por terem me

ajudado na execução do projeto.

À Professora Fabiola Flores por me ajudar a elaborar o projeto e a redigir os artigos.

À Professora Luciana Guimarães por me ajudar a elaborar o projeto, redigir os

artigos e por me orientar desde 2007.

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EPÍGRAFE

“Somos uma poderosa máquina em eminente evolução, vai FINGIR?! Num

tem isso não!! Treinado não há limites para o ser humano! Estamos diariamente

prontos a pular um degrau em busca da brutalidade, escalar um patamar e atingir o

ápice da brutalidade!”

(Brou Brutos Drew)

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Resumo

ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO AO

FENTANIL, LIDOCAÍNA, CETAMINA OU FENTANIL-LIDOCAÍNA-CETAMINA EM

CADELAS SUBMETIDAS À OVARIOSSAPINGOHISTERECTOMIA ELETIVA

Este trabalho objetivou avaliar e comparar a influência do bolus e da infusão

contínua de fentanil, lidocaína, cetamina ou a associação destes sobre a indução e

manutenção da anestesia total intravenosa com propofol, no que se referem os

parâmetros cardiorrespiratórios, a analgesia transoperatória e residual, a

recuperação anestésica e a ocorrência de efeitos adversos de cadelas submetidas à

ovariossalpingohisterectomia eletiva. Foram utilizadas 32 cadelas hígidas, pré-

medicadas com 0,03 mg/kg de acepromazina pela via intramuscular e após trinta

minutos distribuídas em quatro grupos, com tratamentos analgésicos diferentes:

grupo F recebeu bolus de 0,0036 mg/kg de fentanil, seguido de infusão contínua de

0,0036 mg/kg/h; o grupo L: bolus de 3 mg/kg de lidocaína, seguido de 3 mg/kg/h;

grupo K, bolus de 0,6 mg/kg de cetamina, seguido de 0,6 mg/kg/h e grupo FLK bolus

e infusão contínua dos três fármacos nas doses citadas anteriormente para bolus e

infusão contínua. Foi administrado um bolus do tratamento analgésico, seguido da

indução com propofol e início da infusão contínua do tratamento analgésico e do

propofol. Após foi realizada a intubação orotraqueal, o animal foi posicionado em

decúbito dorsal, conectado ao oxigênio 100% e mantido sob ventilação espontânea.

A dose de manutenção do propofol foi ajustada de acordo com plano anestésico e

os parâmetros cardiovasculares. No transoperatório foram monitoradas a frequência

cardíaca e respiratória, dióxido de carbono expirado, pressão arterial sistólica,

diastólica e média, temperatura corporal e a dose do propofol. As avaliações foram

realizadas 5, 15, 20, 30, 40, 50, 60, 70 e 80 minutos após a indução. A infusão dos

fármacos foi encerrada concomitante ao término da cirurgia. Para avaliação da

recuperação anestésica foram considerados os tempos de extubação, decúbito

esternal e posição quadrupedal, que foram mensurados em minutos a partir do

término das infusões. Para a analgesia residual, os animais foram avaliados por dois

observadores, cegos aos tratamentos, através da escala visual analógica, da escala

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modificada de Glasgow e do grau de sedação de Dobbis que foram aferidas uma

hora antes da cirurgia e de hora em hora após a extubação, em um período máximo

de seis horas ou até o animal atingir a pontuação igual ou maior a 3,3 pontos na

escala modificada de Glasgow, em um avaliador. Após, foi realizado resgate

analgésico com 25 mg/kg de dipirona intravenosa e 0,2 mg/kg de meloxicam

subcutâneo. Também foram observados os efeitos adversos presentes no período

de recuperação. Todos os grupos apresentaram estabilidade cardiovascular,

analgesia e recuperação anestésica adequada para o procedimento de

ovariossalpingohisterectomia. A depressão respiratória ocorreu em todos os grupos,

sendo mais acentuada nos grupos que continham cetamina. Não houve diferença

estatística ente os grupos nos tempos da recuperação anestésica. Durante a

avaliação 50% dos animais do grupo L e 25% do grupo K apresentaram vômito;

37,5% do grupo F e 25% do grupo L e K tiveram sialorréia; 12,5% do grupo F e L e

37,5% do grupo FLK apresentaram tremores musculares. A associação fentanil-

lidocaína-cetamina produziu maior analgesia transoperatória e residual por seis

horas. Em decorrência da depressão respiratória recomenda-se ventilação artificial.

Palavras chave: analgesia multimodal, analgesia pós-operatória, cão, infusão

contínua.

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ABSTRACT

TOTAL INTRAVENOUS ANESTHESIA WITH PROPOFOL IN COMBINATION

WITH FENTANYL, LIDOCAINE, KETAMINE OR FENTANYL-LIDOCAINE-

KETAMINE IN BITCHES UNDERGOING ELECTIVE OVARIOHYSTERECTOMY

The aim of this study was to evaluate and to compare the influence of the bolus and

of the continuous infusion of fentanyl, lidocaine, ketamine or association of these

under the induction and maintenance of total intravenous anesthesia with propofol,

cardiorespiratory parameters, the intraoperative and residual analgesia, anesthetic

recovery and the incidence of adverse effects in bitches submitted to the elective

ovariohysterectomy. 32 bitches were used, premedicated intramuscularly with 0,03

mg/kg of acepromazine and after 30 minutes distributed in four groups, with different

analgesic treatments administered by the intravenous mode: the group F received

bolus of 0.0036 mg/kg of fentanyl, followed by continuous infusion of 0.0036 mg/kg/h;

the group L: bolus of 3 mg/kg of lidocaine, followed by 3 mg/kg/h; group K, bolus of

0.6 mg/kg of ketamine, following by 0.6 mg/kg/h and group FLK bolus and continuous

infusion of the three drugs in the doses mentioned previously. Was administered as a

bolus of analgesic treatment, followed by induction with propofol and started of

continuous infusion and analgesic treatment and propofol. After intubation

endotracheal was performed, the animal was positioned sternal, connected to 100%

oxygen and kept spontaneously breathing. The maintenance dose was adjusted

according to the anesthetic plan and cardiovascular parameters. Intraoperative

period was monitored heart and respiratory rate, end tidal carbon dioxide, systolic,

diastolic and mean blood pressure, body temperature and the propofol infusion rate.

The evaluations were performed 5, 15, 20, 30, 40, 50, 60, 70 and 80 minutes after

induction. The infusion of drugs was finished concurrent with the end of the surgery.

For evaluation of the anesthetic recovery the times of extubation, decubitus sternal

and position quadrupedal were considered, that were measured in minutes starting

from the end of the infusions. For the residual analgesia, the animals were appraised

for two observers, blind to the treatments, through the analogical visual scale, of the

modified scale of Glasgow and of degree sedation of Dobbis that were checked one

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hour before the surgery and hourly after the extubation, up to a maximum of six

hours or until the animal reached the punctuation of 3.3 points or more in scale of

Glasgow, by one appraiser. After, analgesic rescue was performed with 25 mg/kg

dipyrone intravenous, 0.2 mg/kg meloxicam subcutaneous. It was also observed

adverse effects present in the recovery period. All groups produced cardiovascular

stability, adequate analgesia and anesthesia recovery to ovariohysterectomy

procedure. Respiratory depression was observed in all groups, being most

pronounced in the groups containing ketamine. There was no statistical difference

being the groups in anesthetic recovery. During the evaluation 50% of the animals of

the group L and 25% of the group K presented vomit; 37.5% of the group F and 25%

of the group L and K had excessive salivation; 12.5% of the group F and L and

37.5% of the group FLK presented muscular tremors. The fentanyl-lidocaine-

ketamine produced greater analgesia intraoperative and residual for six hours. As a

result of respiratory depression is recommended to artificial ventilation.

Key words: multimodal analgesia, post-operative analgesia, dog, continues infusion.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Valores e desvio padrão da dose de propofol (mg/kg/min) infundido para a

realização da anestesia total intravenosa com propofol associado à infusão contínua

de fentanil (grupo F), lidocaína (grupo L), cetamina (grupo K) e fentanil-lidocaína-

cetamina (grupo FLK) durante os momentos transoperatório de cadelas submetidas

a ovariossalpingohisterectomia. ................................................................................ 24

Gráfico 2 Curvas de sobrevivência estimadas pelo modelo de regressão Weibull

para avaliação da analgesia residual de cadelas submetidas à

ovariossalpingohisterectomia eletiva sob anestesia total intravenosa com propofol

associado à infusão contínua de fentanil (grupo F), lidocaína (grupo L), cetamina

(grupo K) e fentanil-lidocaína-cetamina (grupo FLK). ................................................ 28

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LISTAS DE TABELAS

Tabela 1 Valores médios e desvio padrão da dose de propofol (D.P), frequência

cardíaca (FC), pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD),

pressão arterial média (PAM), frequência respiratória (f), dióxido de carbono

expirado (ETCO2), temperatura corporal (T℃) de cadelas submetidas à

ovariossalpingohisterectomia eletiva sob anestesia total intravenosa com propofol

associado a infusão contínua de fentanil (grupo F), lidocaína (grupo L), cetamina

(grupo K) e associação fentanil-lidocaína-cetamina (grupo FLK). ............................. 26

Tabela 2 Valores médios e desvio padrão da pressão parcial arterial de gás

carbônico (PaCO2), pressão parcial arterial de oxigênio (PaO2), pH e bicarbonato

(HCO3) de cadelas submetidas à ovariossalpingohisterectomia eletiva sob anestesia

total intravenosa com propofol associado a infusão contínua de fentanil (grupo F),

lidocaína (grupo L), cetamina (grupo K) e associação fentanil-lidocaína-cetamina

(grupo FLK). .............................................................................................................. 27

Tabela 3 Número de cadelas submetidas à ovariossalpingohisterectomia eletiva sob

anestesia total intravenosa com propofol associado à infusão contínua de fentanil

(grupo F), lidocaína (grupo L), cetamina (grupo K) e fentanil-lidocaína-cetamina

(grupo FLK) que requereram analgesia de resgate até seis horas após a extubação

orotraqueal. ............................................................................................................... 28

Tabela 4 Tempos de recuperação da anestesia total intravenosa com propofol

associado à infusão contínua de fentanil (grupo F), lidocaína (grupo L), cetamina

(grupo K) e fentanil-lidocaína-cetamina (grupo FLK). ................................................ 29

Tabela 5 Ocorrência dos efeitos adversos encontrados após realização de anestesia

total intravenosa com propofol associado à infusão contínua de fentanil (grupo F),

lidocaína (grupo L), cetamina (grupo K) e fentanil-lidocaína-cetamina (grupo FLK)

durante os momentos do transoperatório de cadelas submetidas a

ovariossalpingohisterectomia. ................................................................................... 29

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS E/OU SÍMBOLOS

ASA American Society of Anesthesiology

ATIV Anestesia total intravenosa

CAM Concentração alveolar mínima

DP dose de propofol

EG escala de Glasgow

EtCO2 dióxido de carbono expirado

EVA escala visual analógica

F fentanil

f frequência respiratória

FC frequência cardíaca

FLK fentanil-lidocaína-cetamina

GD grau de sedação de Dobbins

HCO3 Bicarbonato

HOVET Hospital Veterinário

IC Infusão contínua

K cetamina

L lidocaína

mg miligrama

ml mililitro

M5 5 minutos após indução

M15 15 minutos após indução

M20 20 minutos após indução

M30 30 minutos após indução

M40 40 minutos após indução

M50 50 minutos após indução

M60 60 minutos após indução

M70 70 minutos após indução

M80 80 minutos após indução

Na+ Sódio

NMDA N-metil-D-aspartato

OSH Ovariossalpingohisterectomia

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PaO2 Pressão arterial de oxigênio

PaCO2 Pressão arterial de dióxido de carbono

PAS pressão arterial sistólica

PAD pressão arterial diastólica

PAM pressão arterial média

pH Potencial hidrogenionico

T℃ Temperatura corporal

UFMT Universidade Federal de Mato Grosso

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 16

2.1 Propofol ..................................................................................................................................... 16

2.2 Fentanil ...................................................................................................................................... 16

2.3 Lidocaína ................................................................................................................................... 17

2.4 Cetamina ................................................................................................................................... 18

2.5 Fentanil-lidocaína-cetamina ................................................................................................... 18

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 20

3.1 Animais ...................................................................................................................................... 20

3.2 Procedimento anestésico-cirúrgico ....................................................................................... 20

3.3 Monitoração transoperatória .................................................................................................. 21

3.4 Avaliação da recuperação anestésica .................................................................................. 22

3.5 Avaliação da analgesia residual ............................................................................................ 22

3.6 Análise estatística .................................................................................................................... 23

4 RESULTADOS ................................................................................................................. 24

5 DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 30

6 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 34

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 35

APÊNDICE A – ESCALA DE GLASGOW MODIFICADA ..................................................... 40

APÊNDICE B- WEB QUALIS DA REVISTA ......................................................................... 42

APÊNDICE C- WEB QUALIS DA REVISTA ......................................................................... 43

APÊNDICE D – ARTIGO CIÊNTÍFICO ................................................................................ 44

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1 INTRODUÇÃO

O uso da anestesia total intravenosa (ATIV) tem sido considerada como uma

alternativa aos anestésicos inalatórios apresentando vantagens como a ausência de

poluição do centro cirúrgico, maior praticidade por não requerer um aparelho de

anestesia inalatória e por produzir recuperação anestésica mais suave (DUKE, 1995;

TSAI et al. 2007; MANNARINO et al. 2014).

O propofol é o melhor agente anestésico para ser utilizado na ATIV e por não

possuir ação antinociceptiva adequada deve-se associá-lo com uma técnica

analgésica (FRÖLICH et al., 2005). A analgesia multimodal consiste na utilização de

fármacos de diferentes grupos farmacológicos, com propriedades analgésicas

distintas, a fim de bloquear vários pontos ao longo da via nociceptiva (LAMONT,

2008). Apresenta vantagens como a redução da ocorrência de efeitos colaterais,

devido as doses utilizadas serem menores que as usuais, e maior conforto ao animal

devido à maior analgesia do que o uso isolado de fármacos analgésicos (LAMONT,

2008; MANNARINO et al. 2012; BLANCO et al. 2015).

O fentanil, a lidocaína e a cetamina podem compor a técnica de analgesia

multimodal pelo fato do fentanil bloquear os receptores agonista µ, a lidocaína

possuir ação analgésica multifatorial e pela cetamina ser um antagonista não

competitivo de receptores N-Metil-D-Aspartato (NMDA) (SCHMID et al., 1999;

LAMONT, 2008; LAURETI, 2008; AGUADO et al., 2011; BELMONTE et al., 2013).

Esta associação reduz a concentração alveolar mínima (CAM) do isofluorano em

97%, podendo evitar os efeitos secundários provenientes de altas concentrações

deste fármaco (AGUADO et al. 2011). Porém, quando a lidocaína e a cetamina são

associados à ATIV a recuperação anestésica é mais prolongada que o propofol

como agente único, devido ao efeito aditivo dos fármacos (MANNARINO, et al.

2012). E as infusões extensas de fentanil podem aumentar o tempo de retorno

anestésico devido ao fato deste fármaco se acumular nos tecidos, tornando mais

lenta sua eliminação (SANO et al. 2006).

Apesar de já existirem trabalhos que comprovam os benefícios do uso do

fentanil, lidocaína e cetamina em infusão contínua (IC) como adjuvantes da ATIV,

não existem estudos que relatem a utilização da associação desses três fármacos

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com tal técnica anestésica. Partindo da hipótese de que a associação analgésica irá

reduzir a dose de manutenção devido ao sinergismo dos fármacos e

consequentemente diminuir os efeitos colaterais e ainda oferecer melhor analgesia,

tem-se como objetivo avaliar e comparar a influência do bolus e da IC de fentanil,

lidocaína, cetamina ou associação destes sobre a indução e manutenção da

anestesia total intravenosa com propofol, no que se refere aos parâmetros

cardiorrespiratórios, a analgesia transoperatória e residual, bem como da

recuperação anestésica e a ocorrência de efeitos adversos de cadelas submetidas à

ovariossalpingohisterectomia eletiva (OSH).

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Propofol

O propofol (2,6-di-isopropilfenol) é um agente anestésico hipnótico, não

barbitúrico e de ultracurta ação que não possui semelhança com qualquer outro

fármaco (ZORAN et al. 1993; DUKE, 1995). Quimicamente, é o melhor agente

anestésico para ser usado na indução, na forma de bolus, e na manutenção

anestésica, em IC, devido às suas características farmacocinéticas que o isentam de

efeito cumulativo e tornam fácil o controle da profundidade anestésica (ZORAN et al.

1993; AGUIAR et al. 2001).

A perda de consciência após a aplicação do propofol ocorre em 20 - 40

segundos e a indução da anestesia pode produzir apnéia de curta duração, acidose

respiratória e hipotensão (NUNES et al. 2008; BRANSON, 2013). O propofol reduz

as pressões intracraniana e de perfusão cerebral, deprime a pressão arterial e a

contratilidade miocárdica (BRANSON, 2013). Este fármaco é redistribuído do

cérebro para outros tecidos, biotransformado no fígado e em vias extra-hepáticas

(ZORAN et al. 1993; DUKE, 1995).

A dose utilizada para indução anestésica, sem medicação pré-anestésica é de

6 a 8 mg/kg e em animais sedados é de 2 a 4 mg/kg (BRANSON, 2013). As doses

para IC variam de 0,15 a 0,4 mg/kg/min (AGUIAR, et al, 2001; BRANSON, 2013).

Como a depressão respiratória é dose dependente e por o não possuir analgesia

adequada a manutenção da anestesia com este fármaco como agente único não é

indicada (NOLAN e REID, 1993; AGUIAR et al. 2001; FRÖLICH et al., 2005).

2.2 Fentanil

O citrato de fentanil é um opioide, cerca de 100 vezes mais potente que a

morfina, apresenta alta lipossolubilidade e curto período de ação (YAKSH et al.

1986; SANO et al., 2006; LAMONT e MATHEWS, 2013). Pode ocorrer bradicardia

pronunciada devido à estimulação de núcleos vagais, redução do débito cardíaco e

da pressão arterial, mas, tais efeitos colaterais respondem à administração de

anticolinérgicos (FANTONI e GAROFALO, 2011). Também pode causar depressão

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respiratória conforme a dose utilizada (SANO et al. 2006; FANTONI e GAROFALO,

2011). É biotransformado pelo fígado e eliminado pelos rins (YAKSH et al. 1986;

FANTONI e GAROFALO, 2011). A meia vida de eliminação do fentanil é curta, entre

duas e três horas, porém a IC por mais de duas horas prolonga a recuperação, por

aumentar o tempo de eliminação devido a saturação que ocorre nos tecidos (SANO

et al. 2006; LAMONT e MATHEWS, 2013; BLANCO et al. 2015)

O fentanil pode ser associado à anestesia inalatória ou ATIV como analgésico

transoperatório, sua dose terapêutica varia de 0,0025 a 0,005 mg/kg para bolus e de

0,002 a 0,03 mg/kg/h para IC (FANTONI e GAROFALO, 2011; LAMONT e

MATHEWS, 2013). Um bolus de 0,002 mg/kg seguido de IC 0,03 mg/kg/h associado

a ATIV com o propofol produz estabilidade cardiovascular e plano anestésico

cirúrgico (ANDREONI e HUGHES, 2009).

2.3 Lidocaína

A lidocaína é um anestésico local que bloqueia o canal de sódio para inibir ou

diminuir o impulso nervoso, seu mecanismo de ação como analgésico sistêmico é

multifatorial, interagindo com canais de Na+ e com os receptores agonistas

muscarínicos, inibindo receptores para a glicina, reduzindo a produção de

aminoácidos excitatórios, tromboxano A2 e neurocininas, e liberando opioides

endógenos e adenosina trifosfato. Sua utilização como analgésico sistêmico trans ou

pós-operatório fica restrito à IC (SKARDA e TRANQUILLI, 2007; LAURETTI, 2008).

A lidocaína não interfere na frequência cardíaca e na condução átrio

ventricular e possui efeito antiarrítmico (LAURETTI, 2008). Os efeitos tóxicos como

vômito, mímica de vômito ou ataxia, decorrentes da IC de lidocaína em cães são

descritos com doses de 4,5 e 6 mg/kg/h após transcorridas 4 horas de infusão

(MACDOUGALL et al. 2009).

A aplicação de lidocaína em bolus na dose de 1 mg/kg seguido de IC de 1,5

mg/kg/h no transoperatório de cadelas submetidas a OSH demonstrou efeito

analgésico semelhante a um bolus de meloxican de 0,2 mg/kg, dispensando

analgesia suplementar durante as primeiras 12 horas do pós-operatório (TASAI et al

2013). Quando associada ao propofol na manutenção anestésica proporciona

redução em 18% da taxa mínima de infusão e produz menor depressão do sistema

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cardiovascular quando comparado a dose equipotente de propofol isolado

(MANNARINO et al., 2012; MANNARINO et al. 2014).

2.4 Cetamina

A cetamina é um fármaco que possui propriedades analgésicas e anestésicas

(SCHIMID, 1999). Seu mecanismo de ação está relacionado com a inibição não

competitiva dos receptores glutaminérgicos do tipo NMDA. O efeito analgésico é

decorrente da administração de doses menores que 1mg/kg endovenoso e é

reconhecido no contexto de analgesia multimodal, sendo comprovada sua eficácia

quando administrada antes do estímulo nociceptivo (SCHMID, 1999; SLINGSBY e

PERSON, 2000).

A utilização da cetamina como analgésico transoperatório, na forma de IC tem

sido utilizada para balancear a anestesia e diminuir o consumo de anestésicos

gerais (GASPARINNI et al. 2009; MORENO, 2011). As doses terapêuticas para IC

variam de 0,1 a 0,6 mg/kg/h. (MORENO, 2011). A cetamina não causa diminuição

da CAM de maneira dose dependente pois na dose de 0,75 mg/kg reduz a CAM do

sevofluorano em 22%, enquanto que doses de 1,5 e 3 mg/kg reduzem em 12 e 18%

respectivamente (LOVE et al. 2011).

A IC de cetamina, na dose de 3,6 mg/kg/h, diminui a taxa de infusão do

propofol em 30% para realização de OSH em cadelas (GASPARINNI et al. 2009).

Além de promover aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial média

produz depressão respiratória mais acentuada do que quando comparada com a

infusão de propofol isolado (INTELISANO et al., 2008; KENNEDY e SMITH, 2014).

2.5 Fentanil-lidocaína-cetamina

A IC de fentanil-lidocaína-cetamina comparada à IC de morfina-lidocaína-

cetamina, demonstra-se superior, pois reduz a CAM do isofluorano em 97%,

enquanto a morfina-lidocaína-cetamina reduz 47% (AGUADO et al. 2011). Estas

duas associações citadas anteriormente também foram comparadas para a

realização de artroscopia em cães monitorados através do índice biespectral,

Page 23: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

19

entretanto, não demonstraram diferença entre os parâmetros cardiorrespiratórios

avaliados (BELMONTE et al. 2013).

Page 24: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

20

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Animais

Foram utilizadas 32 cadelas, sem raça definida, com peso de 10,9 ± 5,4 kg e

idade de 1,9 ± 1,3 anos, oriundas da rotina do Hospital Veterinário (HOVET) da

Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), submetidas à

ovariossalpingohisterectomia eletiva. Os animais foram selecionados após exame

físico e laboratorial (hemograma, albumina, creatinina, fosfatase alcalina e

alaninoaminotransferase) e classificados como ASA I, segundo a American Society

of Anesthesiology (ASA). Os mesmos foram internados no HOVET para

ambientação e interação com os avaliadores 24 horas antes do procedimento

cirúrgico, foram submetidos a 12 horas de jejum sólido e seis horas de restrição

hídrica. Os tratamentos analgésicos foram sorteados para distribuição dos animais

em quatro grupos iguais.

3.2 Procedimento anestésico-cirúrgico

A medicação pré-anestésica foi realizada com 0,03 mg/kg de acepromazina

pela via intramuscular. Decorridos trinta minutos, os acessos venosos foram

realizados de maneira asséptica, através da inserção percutânea de cateter 20G na

veia cefálica esquerda e direita. Foi realizado antibioticoterapia com 30 mg/kg de

cefalotina pela via intravenosa. Na sequência, um bolus do tratamento analgésico foi

administrado durante 60 segundos, seguido da indução anestésica com o propofol

administrado á efeito em 60 segundos, até a perda do reflexo traqueal e início das

infusões do tratamento analgésico e do propofol. A IC de propofol foi realizada na

veia cefálica esquerda através de bomba de infusão tipo seringa, e na veia cefálica

direita a infusão do tratamento analgésico através de bomba de infusão de equipo.

Após realizada a intubação com sonda orotraqueal a mesma foi conectada ao

circuito anestésico re-inalatório para o fornecimento de oxigênio a 100% na dose de

40 ml/kg/min e o animal foi posicionado em decúbito dorsal, sob colchão térmico, e

mantido sob ventilação espontânea. Um cateter 20G foi introduzido de maneira

percutânea na artéria metatársica esquerda e os sensores do monitor

Page 25: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

21

multiparamétrico foram posicionados no animal para a mensuração dos parâmetros

cardiorrespiratórios.

Os animais foram submetidos a um dos seguintes tratamentos analgésicos:

Grupo F: bolus de 0,0036 mg/kg de fentanil, seguido de IC de 0,0036 mg/kg/h;

Grupo L: bolus de 3 mg/kg de lidocaína, seguido de IC de 3 mg/kg/h; Grupo K: bolus

de 0,6 mg/kg de cetamina, seguido de IC de 0,6 mg/kg/h e Grupo FLK: bolus e IC de

fentanil, lidocaína e cetamina na mesmas doses de quando utilizados isoladamente.

O tratamento analgésico foi infundido diluído em ringer lactato (10 ml/kg/h) de

maneira que 0,18 mg de fentanil, ou 150 mg de lidocaína ou 30 mg de cetamina ou

os três fármacos associados foram alocados em um frasco de ringer lactato com

volume final de 500 ml. A infusão do propofol foi iniciada na dose de 0,34 mg/kg/min

para o grupo F, L e K e 0,24 mg/kg/min para o grupo FLK e a taxa de infusão do

fármaco foi elevada (0,1 mg/kg/min) ou reduzida (0,05 mg/kg/min) mantendo-se o

plano anestésico cirúrgico conforme Guedel (globo ocular rotacionado rostro medial

e ausência de reflexo palpebral), visando ausência dos reflexos protetores e

movimentos involuntários, além das variáveis cardiovasculares dentro dos valores

fisiológicos para a espécie. A infusão dos fármacos foi encerrada concomitante ao

término da cirurgia, a qual teve início 20 minutos após a indução e duração de 60

minutos.

3.3 Monitoração transoperatória

A monitoração anestésica foi realizada através de um monitor

multiparamétrico (dash 4000; GE). A frequência cardíaca (FC) e ritmos cardíacos

foram monitorados por meio de eletrocardiograma, com os eletrodos fixados de

maneira padrão para pequenos animais, nos membros torácicos e pélvicos. A

concentração de dióxido de carbono expirado (EtCO2) e frequência respiratória (f)

foram mensuradas através do sensor conectado entre a traqueia do aparelho de

anestesia e a sonda orotraqueal, o termômetro do monitor foi introduzido no reto

para mensuração da temperatura corporal (T℃). Um transdutor descartável foi

conectado ao cateter da artéria metatársica e zerado na altura do manúbrio para

mensuração da pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD) e média (PAM). O

sangue para mensuração da pressão parcial arterial de O2, CO2, pH e bicarbonato

Page 26: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

22

foi colhido, da artéria metatársica, de forma anaeróbica com seringa previamente

heparinizada. A análise foi realizada através de aparelho de hemogasometria (cobas

b 121; Roche).

A FC, EtCO2, f, PAS, PAD, PAM, T℃ e a dose de propofol para a manutenção

anestésica (DP) foram registradas nos seguintes momentos: 5 (M5) e 15 (M15)

minutos após indução anestésica, após a incisão de pele (M20) e da musculatura

(M30), durante a tração e ressecção do complexo arteriovenoso do mesovário

esquerdo (M40), direito (M50) e do corpo do útero (M60), término da laparorrafia

(M70) e término da sutura de pele (M80). Foram realizadas três hemogasometrias

arteriais antes da aplicação de qualquer fármaco (basal), em M5 e M80.

3.4 Avaliação da recuperação anestésica

Os tempos de recuperação anestésica (extubação, decúbito esternal e

posição quadrupedal) foram mensurados em minutos a partir do término das

infusões. Os efeitos adversos foram observados e registrados até seis horas após a

extubação.

3.5 Avaliação da analgesia residual

As avaliações foram realizadas por dois observadores experientes e cegos ao

tratamento analgésico. Foi utilizada a escala visual analógica (EVA), um instrumento

unidimensional para a avaliação da intensidade da dor. Trata-se de uma linha com

100 mm de comprimento. Em uma extremidade da linha é marcada “nenhuma dor” e

na outra “pior dor imaginável”. O observador avaliava o animal e marcava na linha a

dor presente naquele momento. Para avaliação da dor também foi utilizada a escala

modificada de Glasgow (EG) (Apêndice A) que consiste em uma tabela, dividida em

vários parâmetros comportamentais, a qual pode variar de 0,08 a 10 pontos. E para

certificar que a sedação não iria comprometer a avaliação álgica foi utilizado o grau

de sedação de Dobbis (GD) aonde 0 significa que o animal está completamente

acordado, alerta capaz de levantar e caminhar; 1 fica em pé, mas cambaleia quando

tenta caminhar; 2 quando estimulado é incapaz de ficar em pé, mas deita em

Page 27: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

23

decúbito esternal com a cabeça levantada; 3 capaz de levantar a cabeça quando

estimulado, mas repousa com a cabeça baixa em decúbito esternal; 4 responsivo a

toques leves, decúbito lateral; 5 não responsivo a toques leves, decúbito lateral.

Essas três avaliações foram realizadas uma hora antes da cirurgia e de hora em

hora depois de decorrida uma hora da extubação, por um período máximo de seis

horas ou até o animal atingir a pontuação igual ou maior a 3,3 pontos na EG, em

pelo menos um avaliador. Após, era realizado resgate analgésico com 25 mg/kg de

dipirona pela via intravenosa e 0,2 mg/kg de meloxicam pela via subcutânea e o

estudo era encerrado.

3.6 Análise estatística

As análises estatísticas foram realizadas através do software R (2013), versão

3.2.0. Para as variáveis DP, FC, f, PAS, PAD, PAM, EtCO2, PaO2, PaCO2, pH,

bicarbonato e T℃ foi utilizada a análise de variância por meio do teste F para

verificar as pressuposições da análise de variância, o teste de Kolmogorov-Smirnov

para normalidade dos erros e o teste de bartlett para homogeneidade de variância.

Quando significativo, a comparação de médias para os momentos e grupos foi

realizada por meio de Scott-knott.

Para comparação entre grupos do tempo de extubação, decúbito esternal e

posição quadrupedal foi realizada a análise de variância seguida do teste de Tukey.

Para verificar uma possível relação entre as variáveis regressoras F, L, K, FLK, EG,

EVA, GD e a variável resposta tempo até o resgate analgésico do animal, foi

realizado análise de sobrevivência considerando um modelo de locação-escala com

base na distribuição log-Weibull. As diferenças foram consideradas significativas

quando P < 0,05.

Page 28: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

24

4 RESULTADOS

A dose média ± desvio padrão de propofol em todos os momentos durante a

manutenção anestésica foi de 0,46 ± 0,05 mg/kg/min para o grupo F, 0,43 ± 0,04

mg/kg/min para o grupo L, 0,41 ± 0,03 mg/kg/min para o grupo K e 0,24 ± 0,01

mg/kg/min para o grupo FLK, desta forma a dose no grupo FLK foi menor em 48, 44

e 41% em relação ao F, L e K, respectivamente e não apresentou diferença

estatística entre os grupos (Gráfico 1). Houve diferença estatística significativa entre

o grupo FLK e os demais do M5 ao M20 e M60 ao M80 (Tabela 1).

Gráfico 1 Valores e desvio padrão da dose de propofol (mg/kg/min) infundido para a realização da anestesia total intravenosa com propofol associado à infusão contínua de fentanil (grupo F), lidocaína (grupo L), cetamina (grupo K) e fentanil-lidocaína-cetamina (grupo FLK) durante os momentos transoperatório de cadelas submetidas a ovariossalpingohisterectomia.

Não foram detectadas alterações no ritmo cardíaco em nenhum dos grupos

ou momentos avaliados. A FC apresentou diferença estatística significativa entre os

grupos apenas no M5 e M15, sendo maior no grupo K. No grupo F ocorreu aumento

significativo de 22 e 24% da FC do M5 em relação ao M40 e 50, respectivamente.

Não foram observadas diferenças estatísticas entre os grupos na pressão arterial

Page 29: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

25

sistólica, diastólica e média, sendo que as maiores médias foram registradas durante

M40, M50 e M60 (Tabela 1).

Após a indução anestésica 25% dos animais apresentaram apnéia sendo um

do grupo F, três do grupo K e quatro do grupo FLK. A f obteve valores

significativamente menores no M5, M15 e M60, e não apresentou diferença entre

grupos. Os valores de ETCO2 apresentaram diferença estatística significativa apenas

entre momentos (Tabela 1). Nos resultados da hemogasometria (tabela 2) pode-se

observar que a PaCO2 aumentou significativamente do momento basal em relação

ao M5 e M80, com diferença estatística entre os grupos F e L para o K e FLK. O pH

reduziu em relação ao basal com diferença estatística significativa entre momentos e

grupos. O bicarbonato aumentou em relação ao basal com diferença estatística

significativa entre momentos. A PaO2 Apresentou diferença estatística significativa

apenas entre momentos, aumentando de maneira crescente do basal para o M5 e

do M5 para o M80. A T℃ não apresentou diferença estatística significativa quando

comparada entre grupos e entre momentos.

Pode-se observar que 87,5% dos animais do grupo K receberam analgesia

resgate nas duas primeiras horas após a extubação e 75% do grupo F nas três

primeiras horas. A analgesia foi mais prolongada no grupo L, com 50% de resgate

até às 6 horas, e no grupo FLK, com 12,5% (Tabela 3).

Page 30: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

26

Tabela 1 Valores médios e desvio padrão da dose de propofol (D.P), frequência cardíaca (FC), pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD), pressão arterial média (PAM), frequência respiratória (f), dióxido de carbono expirado (ETCO2), temperatura corporal (T℃) de cadelas submetidas à ovariossalpingohisterectomia eletiva sob anestesia total intravenosa com propofol associado a infusão contínua de fentanil (grupo F), lidocaína (grupo L), cetamina (grupo K) e associação fentanil-lidocaína-cetamina (grupo FLK).

Variáveis Grupos

Momentos

M5 M15 M20 M30 M40 M50 M60 M70 M80

D.P

(mg/kg/min)

F

L

K

FLK

0,34±0Ac

0,34±0Ab

0,34±0Ab

0,24±0Ba

0,45±0,1Ab

0,43±0,1Aa

0,44±0,1Aa

0,25±0,1Ba

0,46±0,1Ab

0,47±0,1Aa

0,43±0,1Aa

0,22±0,1Ba

0,53±0,1Aa

0,48±0,1Aa

0,43±0,1Aa

0,24±0,1Aa

0,52±0,1Aa

0,48±0,1Aa

0,46±0,1Aa

0,25±0,1Aa

0,49±0,1Aa

0,47±0,1Aa

0,42±0,1Aa

0,25±0,1Aa

0,47±0,1Ab

0,45±0,1Aa

0,41±0,1Aa

0,25±0,1Ba

0,47±0,1Ab

0,42±0,1Aa

0,40±0,1Aa

0,23±0,1Ba

0,45±0,1Ab

0,43±0,1Aa

0,41±0,1Aa

0,23±0,1Ba

FC

(bpm)

F

L

K

FLK

92±35 Bd

108±23 Bb

131±12 Aa

106±27 Bb

91±24 Bd

105±25 Bb

117±11 Ab

110±37 Bb

93±23 Ad

110±25 Ab

113±21 Ab

121±33 Ab

98±19 Ad

107±17 Ab

104±17 Ab

117±32 Ab

112±27 Ac

111±14 Ab

108±10 Ab

125±28 Ab

114±16 Ac

113±17 Ab

111±11 Ab

128±18 Ab

120±23 Ab

118±18 Aa

122±17 Aa

134±17 Aa

138±20 Aa

124±19 Aa

119±19 Aa

141±28 Aa

145±27 Aa

132±19 Aa

129±30 Aa

148±29 Aa

PAS

(mmHg)

F

L

K

FLK

105±16 Ab

110±17 Ab

116±24 Aa

96±16 Ac

90±18 Ab

103±15 Ab

102±20 Ab

91±12 Ac

98±13 Ab

104±12 Ab

96±18 Ab

86±15 Ac

96±12 Ab

99±11 Ab

100±19 Ab

101±07 Ac

123±16 Aa

123±14 Aa

115±15 Aa

124±27 Aa

120±20 Aa

113±20 Ab

111±14 Aa

126±24 Aa

131±20 Aa

123±16 Aa

110±17 Aa

128±19 Aa

104±15 Ab

110±13 Ab

105±14 Ab

116±17 Ab

122±20 Aa

117±15 Aa

102±17 Ab

112±12 Ab

PAD

(mmHg)

F

L

K

FLK

60±10 Ab

69±15 Aa

62±18 Ab

55±09 Ac

51±14 Ab

57±06 Ab

59±15 Ab

51±14 Ac

59±12 Ab

63±09 Ab

56±18 Ab

52±14 Ac

62±13 Ab

57±1 Ab

57±20 Ab

60±10 Ac

79±19 Ab

79±15 Aa

72±17 Aa

90±14 Aa

87±27 Aa

78±17 Aa

73±18 Aa

96±23 Aa

89±22 Aa

79±12 Aa

79±14 Aa

91±15 Aa

73±22 Aa

70±13 Aa

69±17 Aa

79±14 Ab

80±19 Aa

74±14 Aa

69±20 Aa

81±09 Ab

PAM

(mmHg)

F

L

K

FLK

76±10 Ab

82±16 Aa

76±19 Ab

69±11 Ac

64±14 Ab

71±08 Ab

72±15 Ab

65±13 Ac

72±12 Ab

76±10 Ab

69±18 Ab

62±11 Ac

74±11 Ab

70±12 Ab

70±19 Ab

73±09 Ac

94±18 Aa

92±16 Aa

86±18 Aa

101±16 Aa

96±22 Aa

90±19 Aa

85±18 Aa

104±19 Aa

102±22 Aa

92±15 Aa

87±14 Aa

101±13 Aa

85±20 Aa

84±13 Aa

81±15 Aa

89±12 Ab

92±17 Aa

90±13 Aa

81±18 Aa

89±07 Ab

F

(mpm)

F

L

K

FLK

18±13 Ab

11±05 Ab

08±07 Ab

08±05 Ab

20±13 Ab

10±06 Ab

06±06 Ab

08±05 Ab

22±13 Aa

13±07 Aa

09±04 Aa

12±06 Aa

16±07 Aa

15±11 Aa

10±10 Aa

15±09 Aa

19±14 Aa

15±08 Aa

08±05 Aa

13±05 Aa

18±09 Aa

14±10 Aa

10±04 Aa

14±03 Aa

13±04 Ab

07±05 Ab

09±06 Ab

11±06 Ab

20±19 Aa

15±09 Aa

09±05 Ab

10±02 Ab

19±10 Aa

14±06 Aa

12±06 Aa

11±03 Aa

ETCO2

(mmHg)

F

L

K

FLK

41±10 Ac

39±03 Ab

35±12 Ac

49±06 Aa

42±13 Ac

41±04 Ab

36±08 Ac

44±12 Aa

42±06 Ac

38±09 Ab

42±11 Ab

48±04 Aa

45±03 Ab

42±07 Aa

35±07 Ac

46±06 Aa

49±15 Aa

45±05 Aa

39±11 Ab

48±05 Aa

49±12 Aa

47±06 Aa

51±16 Aa

48±06 Aa

47±10 Aa

47±13 Aa

46±12 Aa

52±05 Aa

46±10 Aa

46±06 Aa

53±12 Aa

50±05 Aa

43±05 Ab

47±07 Aa

42±05 Ab

48±06 Aa

T℃

F

L

K

FLK

37,5±0,5Aa

37,3±0,6 Aa

37,5±0,5 Aa

37,4±0,7 Aa

37,4±0,6 Aa

37,4±0,6 Aa

37,5±0,4 Aa

37,4±0,7 Aa

37,3±0,6 Aa

37,3±0,6 Aa

37,7±0,4 Aa

37,3±0,7 Aa

37,0±0,6 Aa

37,2±0,6 Aa

37,2±0,4 Aa

37,0±0,8 Aa

36,9±0,8 Aa

37,0±0,7 Aa

37,1±0,3 Aa

37,1±0,6 Aa

36,8±0,8 Aa

37,0±0,8 Aa

37,0±0,3 Aa

37,0±0,8 Aa

36,8±0,8 Aa

37,0±0,9 Aa

37,0±0,7 Aa

37,0±0,9 Aa

37,7±1,0 Aa

37,1±0,9 Aa

37,0±0,7 Aa

37,1±1,0 Aa

36,7±1,1 Aa

37,2±0,9 Aa

37,0±0,7 Aa

37,1±1,0 Aa

Média seguida de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem entre si ao nível de 5% de significância. Momentos: 5 (M5) e 15 (M15) minutos após indução, após a incisão de pele (M20) e da musculatura (M30), durante a tração e ressecção do complexo arteriovenoso do mesovário esquerdo (M40), direito (M50) e do corpo do útero (M60), término da laparorrafia (M70) e término da sutura de pele (M80).

Page 31: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

27

Tabela 2 Valores médios e desvio padrão da pressão parcial arterial de gás carbônico (PaCO2), pressão parcial arterial de oxigênio (PaO2), pH e bicarbonato (HCO3) de cadelas submetidas à ovariossalpingohisterectomia eletiva sob anestesia total intravenosa com propofol associado a infusão contínua de fentanil (grupo F), lidocaína (grupo L), cetamina (grupo K) e associação fentanil-lidocaína-cetamina (grupo FLK).

Variáveis Grupos

Momentos

Basal M05 M80

PaCO2

(mmHg)

F

L

K

FLK

31±3,4 Ab

31±4,6 Ac

29±4,1Ac

32±3,9 Ab

44±8,6 Aa

43±8,2 Ab

38±9,0 Ab

50±8,2 Aa

45±9,9 Ba

51±7,4 Ba

56±14,9Aa

56±10,2Aa

PaO2

(mmHg)

F

L

K

FLK

87±5,9 Ac

82±8,2 Ac

83±9,6 Ac

84±8,3 Ac

419±155,4 Ab

443±127,5 Ab

452±87,0 Ab

361±111,1 Ab

474,7±64,0 Aa

508±51,3 Aa

492±41,5 Aa

527±56,7 Aa

pH

(mmHg)

F

L

K

FLK

7,40±0,01 Aa

7,41±0,03 Aa

7,42±0,02 Aa

7,41±0,02 Aa

7,24±0,05 Ab

7,26±0,11Ab

7,31±0,09 Ab

7,25±0,03 Ab

7,26±0,05 Ab

7,24±0,06 Ac

7,18±0,08 Bc

7,22±0,04 Ab

HCO3

(mmHg)

F

L

K

FLK

19±0,36 Ab

20±1,4 Ab

19±1,3 Ab

20±1,4 Ab

20±1,7 Aa

21±2,2 Aa

19±1,0 Aa

21±2,4 Aa

20±2,9 Aa

21±3,1 Aa

20±1,4 Aa

22±2,0 Aa

Média seguida de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem entre si ao nível de 5% de significância. Momentos: antes da aplicação de qualquer fármaco (basal), 5 minutos após indução (M5) e término da sutura de pele (M80).

Page 32: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

28

Tabela 3 Número de cadelas submetidas à ovariossalpingohisterectomia eletiva sob anestesia total intravenosa com propofol associado à infusão contínua de fentanil (grupo F), lidocaína (grupo L), cetamina (grupo K) e fentanil-lidocaína-cetamina (grupo FLK) que requereram analgesia de resgate até seis horas após a extubação orotraqueal.

A eficácia analgésica através da análise de sobrevivência foi de 98% no grupo

FLK, 89% no L, 87% no F e 70% no K (Figura 1).

Gráfico 2 Curvas de sobrevivência estimadas pelo modelo de regressão Weibull para avaliação da analgesia residual de cadelas submetidas à ovariossalpingohisterectomia eletiva sob anestesia total intravenosa com propofol associado à infusão contínua de fentanil (grupo F), lidocaína (grupo L), cetamina (grupo K) e fentanil-lidocaína-cetamina (grupo FLK).

h após extubação

Tratamento 1 2 3 4 5 6 Total %

F (n=8) 5 0 1 2 0 0 8/8 100

L (n=8) 2 0 2 0 0 0 4/8 50

K (n=8) 4 3 0 0 0 0 7/8 87,5

FLK (n=8) 0 0 1 0 0 0 1/8 12,5

Page 33: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

29

Os tempos de recuperação anestésica não apresentaram diferença estatística

entre grupos e estão descritos na Tabela 4 e a ocorrência dos efeitos colaterais

estão descritos na tabela 5.

Tabela 4 Tempos de recuperação da anestesia total intravenosa com propofol associado à infusão contínua de fentanil (grupo F), lidocaína (grupo L), cetamina (grupo K) e fentanil-lidocaína-cetamina (grupo FLK).

Tratamentos Extubação Decúbito Esternal Posição quadrupedal

F 5,0 ± 3,9 20, 1 ± 6,9 39,8 ± 13,1

L 6,2 ± 2,6 23,7 ± 7,1 51,2 ± 15,7

K 4,6 ± 2,2 18,1 ± 6,8 42,1 ± 22,3

FLK 7,0 ± 5,1 28,0 ± 11,9 54,5 ± 16,7

Tabela 5 Ocorrência dos efeitos adversos encontrados após realização de anestesia total intravenosa com propofol associado à infusão contínua de fentanil (grupo F), lidocaína (grupo L), cetamina (grupo K) e fentanil-lidocaína-cetamina (grupo FLK) durante os momentos do transoperatório de cadelas submetidas a ovariossalpingohisterectomia.

Grupos vômito Sialorréia Tremor muscular

F ---- 37,5% 12,5%

L 50% 25% 12,5%

K 25% ---- ----

FLK ---- ---- 37,5%

Page 34: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

30

5 DISCUSSÃO

As doses utilizadas para os tratamentos analgésicos foram baseadas no

estudo de Aguado et al. (2011). A dose inicial da infusão no grupo FLK (M5) foi

reduzida em 29% em relação aos demais grupos em função do maior efeito

sinérgico esperado por esta associação, conforme Gasparini et al. (2009).

Docquier et al. (2003) citaram que a redução na dose de um agente

anestésico é um método clínico e indireto de se avaliar a potência de um fármaco

analgésico. Assim, a redução observada na dose de propofol no grupo FLK,

comprova que a associação ofereceu maior analgesia que os fármacos isolados, o

que corrobora com Lamont (2008) que descreveu que a associação oferece maior

suporte analgésico, por bloquear diferentes pontos ao longo da via nociceptiva.

Em relação ao sistema cardiovascular, o ritmo sinusal descrito em todos os

momentos avaliados corrobora com os resultados de Belmonte et al. (2013). Os

maiores valores para FC no grupo K em M5 e M15 são decorrentes da realização de

um bolus de cetamina que é um fármaco simpatomimético (SCHMID et al., 1999 ),

corroborando com Kennedy e Smith (2014) que observaram maiores valores nesta

variável quando o propofol foi associado à cetamina comparado com o uso de

propofol isoladamente. No grupo FLK foi utilizado a mesma dose deste fármaco, a

FC também aumentou, entretanto não apresentou diferença estatística significativa.

O aumento significativo da FC no grupo F corresponde aos momentos de tração e

ressecção dos mesovários, considerado os momentos de maior estímulo

nociceptivo, de acordo com Intelizano et al. (2008) e Boscan et al. (2011).

As maiores médias para PAS, PAD e PAM foram registradas durante M40,

M50 e M60 que são os momentos onde existe a tração do útero e

consequentemente maior estímulo nociceptivo, conforme Intelizano et al. (2008) e

Boscan et al. (2011). Estes valores permaneceram dentro dos fisiológicos descritos

por Haskins (2007) que considerou como limite superior 140 mmHg para a PAS, 100

mmHg para a PAD e 120 mmHg para a PAM, o que sugere que houve analgesia

suficiente durante o procedimento cirúrgico em todos os grupos, já que Zbiden et al.

(1994) descrevem que a pressão arterial é o indicador mais sensível de nocicepção.

Em decorrência da apnéia pós-indução, alguns animais necessitaram de

ventilação manual para a manutenção do ETCO2 entre 35 e 45 mmHg. Essas

Page 35: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

31

alterações provavelmente ocorreram pelo efeito do bolus dos analgésicos e

anestésico sobre a indução, o que também foi observado por Intelisano et al. (2008)

que necessitou ventilar todos os animais quando utilizou propofol associado à

cetamina racêmica ou dextrocetamina. Os resultados dos parâmetros respiratórios

comprovaram depressão respiratória mais intensa nos grupos K e FLK. O aumento

da PaCO2 induziu ao quadro de acidose respiratória com consequente aumento de

bicarbonato como mecanismo compensatório, corroborando com os resultados

encontrados por Intelisano et al. (2008). Johnson (2008) relatou que alguns

fármacos deprimem o centro respiratório e podem ser citados como causa primária

de acidose respiratória. Apesar do fentanil possuir efeito depressor respiratório dose-

dependente bem conhecido, os resultados encontrados neste estudo confirmaram

os achados de Intelisano et al. (2008) e Kennedy e Smith (2014) onde a cetamina

potencializou a depressão respiratória do propofol. Este efeito pode ser evitado

através da monitorização adequada e ventilação artificial (INTELISANO et al. 2008;

GASPARINI et al. 2009).

A T℃ se manteve dentro do limite fisiológico estabelecido por HASKINS et al.

(2007) demostrando que a utilização do colchão térmico foi suficiente para a

manutenção da temperatura corporal ou que as IC não interferiram na troca de calor

entre o animal e o ambiente (BELMONTE et al. 2013).

A meia-vida de eliminação do fentanil é entre duas e três horas segundo

Lamont e Mathews (2013), o que pode justificar cinco resgates analgésicos

realizados na primeira hora de avaliação, um na terceira e dois na quarta hora no

grupo F. Blanco et al. (2015) infundiu fentanil por quatro horas em cadelas

submetidas a ovariossalpingohisterectomia e nenhum animal atingiu pontuação para

resgate analgésico por 24 horas. Tal diferença pode ser explicada pelo tempo de

infusão, pois Sano et al. (2006) sugere que infusões mais prolongadas deste

fármaco aumentam o tempo de eliminação do mesmo. Blanco et al. (2015) também

relataram que apesar dos animais não receberem resgate analgésico apresentaram

escores altos nas escalas álgicas utilizadas, mas não o suficiente para a realização

do resgate analgésico.

A análise de sobrevivência demostra que o grupo K foi o que apresentou

menor eficácia analgésica apesar de um animal não atingir pontuação para resgate

analgésico enquanto que no grupo F todos os animais atingiram pontuação para

resgate na quarta hora de avaliação. Tal fato ocorre devido a análise de

Page 36: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

32

sobrevivência não considerar apenas o número de resgate analgésico, levando em

conta também as escalas utilizadas para avaliação da dor e sedação e o momento

em que foi realizado o resgate analgésico. A infusão de cetamina foi comparada a

de fentanil e a de lidocaína por Blanco et al. (2015) e também demostrou efeito

analgésico inferior, corroborando com o presente estudo. A cetamina é um

antagonista de receptores NMDA que atua na sensibilização central, segundo Haley

et al. (1990), e é descrita por Slingsby e Person (2000) como um analgésico efetivo

se utilizado em doses sub-anestésicas, porém possui curta ação, justificando assim

os sete resgates analgésicos realizados em duas horas após o término da infusão.

Existem algumas divergências quanto ao tempo de analgesia oferecida pela

IC de lidocaína, pois Tsai et al 2013 sugere a analgesia pós-operatória da lidocaína

seria similar a do meloxican com duração de 12 horas. Já Blanco et al 2015 realizou

resgate analgésico em dois dos nove amimais avaliados, sendo estes nas três

primeiras horas de um total de 24 horas de avaliação. Os animais do presente

estudo também não foram uniformes, pois dois animais atingiram pontuação de

resgate na primeira hora de avaliação, outros dois na terceira hora e os quatro

animais restantes não requereram resgate analgésico durante as seis horas de

avaliação. Assim sugerem-se maiores estudos para tentar elucidar o tempo de

duração da analgesia fornecida pela infusão contínua de lidocaína.

O grupo FLK apresentou maior eficácia analgésica durante as seis horas de

avalição por se tratar de uma técnica de analgesia multimodal, além disso a

associação de fármacos oferece efeito sinérgico potencializando a analgesia e

consequentemente oferece maior conforto ao animal, corroborando com Lamont

(2008) e com Blanco et al. (2015) que descreveram que a associação de lidocaína-

cetamina-dexmedetomidina oferece melhor analgesia pós-operatória por não

apresentar necessidade de resgate analgésico durante 24 horas.

Apesar dos tempos de extubação, decúbito esternal e posição quadrupedal

não apresentarem diferença estatística entre os grupos, estes foram maiores no

grupo FLK corroborando com Mannarino et al. (2012) que descreveram que a

recuperação anestésica da anestesia total intravenosa é prolongada quando se

associa a IC de lidocaína e cetamina. Blanco et al. (2013) também relataram

maiores valores para os tempos de recuperação anestésica no grupo em que

realizou infusão contínua de lidocaína-cetamina-dexmedetomidina associada à

anestesia inalatória com o isofluorano quando comparado à infusão dos fármacos

Page 37: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

33

isolados. Assim, pode-se concluir que a IC de dois ou mais fármacos associados

possui um efeito sinérgico que prolonga a recuperação anestésica. Apesar disso,

não apresenta relevância clínica e não é um fator que possa impedir a utilização

deste protocolo.

Não é possível atribuir a ocorrência de um efeito adverso a um tratamento

analgésico, pois ocorreram de maneira aleatória. Tsai et al. (2007) avaliaram a

recuperação de cães da anestesia inalatória e da anestesia total intravenosa e

observaram a incidência de vômito, sialorréia e tremores musculares em proporções

similares e sem diferença estatística significativa entre as técnicas anestésicas, e

desta forma os efeitos adversos também não podem ser atribuídos a anestesia total

intravenosa. Os efeitos adversos ocorreram durante a primeira hora de avaliação e

não requereram intervenção medicamentosa, cessando espontaneamente.

Page 38: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

34

6 CONCLUSÃO

Os resultados mostraram que todos os grupos produziram estabilidade

cardiovascular, analgesia e recuperação anestésica adequados para o procedimento

de OSH. A associação fentanil-lidocaína-cetamina produziu maior analgesia

transoperatória e residual. Nos grupos onde foi utilizado cetamina, a depressão

respiratória foi maior, sendo recomendada a ventilação artificial.

Page 39: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

35

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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40

APÊNDICE A – ESCALA DE GLASGOW MODIFICADA

ESCALA COMPOSTA PARA MENSURAÇÃO DA DOR – ESCALA DE GLASGOW MODIFICADA

PARÂMETROS CRITÉRIO PESO

POSTURA

RÍGIDO: o animal se encontra em decúbito lateral, com as pernas

estendidas ou parcialmente estendidas em posição fixa. 1.20

CORCUNDA: o animal se encontra em posição quadrupedal, com o dorso convexo/recurvado, abdômen retraído; ou com o dorso côncavo e as articulações escápulo-umerais (membros torácicos) em plano mais baixo que os membros pélvicos.

1.13

NORMAL: o animal pode estar em qualquer posição, aparenta-se

confortável e com seus músculos relaxados. 0.00

VOCALIZAÇÃO

CHORA: uma extensão do ruído caracterizado por gemido, porém mais alto

e com a boca aberta. 0.83

GEME: som agudo e de curta duração emitido com a boca frequentemente

fechada 0.92

GRITA/BERRA: som agudo e contínuo, emitido com a boca inteiramente

aberta; o animal aparenta estar inconsolável. 1.73

NÃO VOCALIZA 0.00

ATENÇÃO À FERIDA CIRÚRGICA

MORDENDO: aplica a boca e os dentes sobre a ferida cirúrgica, puxa os

pontos. 1.40

LAMBENDO: usa a língua para atingir a ferida cirúrgica. OLHANDO: desvia a cabeça em direção da ferida cirúrgica. ESFREGANDO: usa a pata ou o chão do canil para atingir a ferida

cirúrgica.

0.94

IGNORANDO: não presta atenção na ferida cirúrgica. 0.00

MOBILIDADE

RECUSA-SE A SE MOVER 1.56

RÍGIDO, DURO, INFLEXÍVEL: andar afetado/alterado, também levanta ou

senta lentamente, pode ser relutante a se mover. 1.17

LENTO OU RELUTANTE PARA LEVANTAR E SENTAR: se levanta ou senta lentamente, mas o andar não está afetado/alterado.

0.87

CLAUDICANDO: andar irregular, distribui desigualmente o peso quando

anda. 1.46

NORMAL: levanta e deita sem alterações 0.00

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41

RESPOSTA AO TOQUE

CHORA: resposta vocal curta. Olha para a área afetada e abre a boca,

emite um som breve/curto. 1.37

FOGE/TIRA O CORPO FORA: numa tentativa impedir que a área afetada

seja tocada 0.81

TENTA MORDER: tenta morder o observador antes ou em resposta ao

toque. 1.38

ROSNA: emite um som baixo e prolongado de advertência antes ou em resposta ao toque. GUARDA: impede ou minimiza a pressão na ferida encolhendo-se, curvando-se, protegendo a ferida/pode tensionar a musculatura diante do estímulo.

1.12

NÃO REAGE: aceita a pressão firme sobre a área afetada sem as reações

mencionadas. 0.00

COMPORTAMENTO

AGRESSIVO: boca aberta ou lábios retraídos mostrando os dentes, grunhindo, rosnando, tentando morder ou latindo. DEPRIMIDO: entorpecido, não responsivo, se mostra relutante a interagir.

1.22

DESINTERESSADO: não abana a cauda quando estimulado, não olha nem

interage com o observador. 1.56

NERVOSO: os olhos se movem constantemente, movimentos freqüentes de cabeça e corpo. ANSIOSO: expressão de preocupado/inquieto/aflito, olhos abertos com a esclera à mostra, testa franzida. MEDROSO: animal encolhe-se, guardando o corpo e a cabeça.

1.13

QUIETO: permanece imóvel, não emite ruídos, olha quando fala com ele, mas não interage espontaneamente INDIFERENTE: não responde a sons e ao observador

0.87

CONTENTE: interessado nos sons; interage com o observador; responsivo e alerta. SALTITANTE: abana a cauda, pula no canil, vocaliza alegremente com

freqüência e emite ruídos excitatórios.

0.08

CONFORTO

DESCONFORTÁVEL: o animal muda constantemente de posição ou desloca constantemente partes do corpo; anda em círculo; demonstra impaciência.

1.17

CONFORTÁVEL: o animal se encontra descansando e relaxado, há ausência de resposta aversiva ou posição corpórea anormal; está calmo/paciente, permanece na mesma posição facilmente.

0.00

Pontuação máxima 10

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42

APÊNDICE B- WEB QUALIS DA REVISTA

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43

APÊNDICE C- WEB QUALIS DA REVISTA

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44

APÊNDICE D – ARTIGO CIÊNTÍFICO

Anestesia total intravenosa com propofol associado ao fentanil, lidocaína, cetamina ou

fentanil-lidocaína-cetamina em cadelas submetidas à ovariossapingohisterectomia

eletiva

Total intravenous anesthesia with propofol in combination with fentanyl, lidocaine,

ketamine or fentanyl-lidocaine-ketamine in bitches undergoing elective

ovariohysterectomy

Samuel MonzemI*

Paulo Roberto SpillerI Lianna Ghisi Gomes

I Nathalie Bassil Moro Dower

I

Mathias Bassinello StoccoI Fabiola Niederauer Flôres

II Anderson Castro Soares de Oliveira

III

Luciana Dambrósio GuimarãesIV

RESUMO

Este trabalho objetivou avaliar e comparar a influência do bolus e da infusão contínua

de fentanil, lidocaína, cetamina ou associação destes sob a indução e manutenção da anestesia

total intravenosa com propofol, em relação as variáveis cardiorrespiratórias, a analgesia

transoperatória e a recuperação anestésica de cadelas submetidas à

ovariossalpingohisterectomia (OSH). Foram utilizadas 32 cadelas hígidas, distribuídas em

quatro grupos, com tratamentos analgésicos diferentes administrados pela via intravenosa: o

grupo F recebeu bolus de 0,0036 mg/kg de fentanil, seguido de infusão contínua de 0,0036

mg/kg/h; o grupo L: bolus de 3 mg/kg de lidocaína, seguido de 3 mg/kg/h; grupo K, bolus de

0,6 mg/kg de cetamina, seguido de 0,6 mg/kg/h e grupo FLK bolus e infusão contínua dos três

fármacos nas doses citadas anteriormente. A anestesia foi conduzida com base nos efeitos

anestésicos visando ausência dos reflexos protetores e movimentos involuntários, além das

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45

variáveis cardiovasculares dentro dos valores fisiológicos para a espécie. Todos os grupos

apresentaram estabilidade cardiovascular, analgesia e recuperação anestésica adequados para

o procedimento de OSH. A associação fentanil-lidocaína-cetamina produziu maior analgesia.

Nos grupos onde foi utilizado cetamina a depressão respiratória foi maior, sendo

recomendado a ventilação artificial.

Palavras chave: cão, analgesia multimodal, FLK, infusão contínua.

ABSTRACT

The aimed of this studied was to evaluate and compare the influence of bolus and

continuous infusion of fentanyl, lidocaine, ketamine or association of those under induction

and maintenance of total intravenous anesthesia with propofol, as cardiorespiratory variables,

intraoperative analgesia and anesthesia recovery in 32 bitches submitted to

ovariohysterectomy (OSH). Distributed in four groups with different analgesics treatments

administered intravenously: group F received bolus of 0.0036 mg / kg of fentanyl, followed

by continuous infusion of 0.0036 mg / kg / h; group L: bolus injection of 3 mg / kg of

lidocaine, followed by 3 mg / kg / h; group K, a bolus of 0.6 mg / kg ketamine, followed by

0.6 mg / kg / h and group FLK bolus and continuous infusion of drugs previously mentioned

in this doses. Anesthesia was conducted on the basis of anesthetics effects aiming absence of

protector reflexes and involuntary movements, beyond cardiovascular variables within the

physiological values for the species. All of the groups produced cardiovascular stability,

analgesia and anesthesia recovery suitable for OSH procedure. The association fentanyl-

lidocaine ketamine produced greater analgesia. In groups where used ketamine the depression

respiratory was higher, it is recommended artificial ventilation.

Key words: dog, multimodal analgesia, FLK, continuous infusion

Page 50: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

46

INTRODUÇÃO

A anestesia total intravenosa (ATIV) demonstra ser uma alternativa à anestesia

inalatória por não poluir o centro cirúrgico e oferecer melhor recuperação anestésica (DUKE,

1995; TSAI et al., 2007). O propofol não possui semelhança com qualquer outro fármaco

sendo o melhor agente anestésico para indução e manutenção em infusão contínua. Apresenta

efeitos colaterais sobre o sistema cardiorrespiratório que podem ser minimizados através da

redução da dose desse agente anestésico (DUKE, 1995; MANNARINO et al., 2014). Pelo fato

do propofol não possuir ação antinociceptiva adequada deve-se associa-lo com uma técnica

analgésica (FRÖLICH et al., 2005).

A analgesia multimodal é uma técnica que associa diversos classes de analgésicos com

a finalidade de bloquear diferentes pontos ao longo da via nociceptiva (LAMONT, 2008). A

associação de fentanil, lidocaína e cetamina é uma técnica de analgesia multimodal pelo fato

do fentanil bloquear os receptores agonista µ, a lidocaína possuir ação analgésica

multifatorial, interagindo com os canais de Na+ e com diferentes receptores da via de

transmissão nociceptiva e pela cetamina ser um antagonista não competitivo de receptores N-

Metil-D-Aspartato (SCHMID et al., 1999; LAMONT, 2008; LAURETI, 2008; AGUADO et

al., 2011). Esta associação reduz a concentração alveolar mínima do isofluorano em 97%,

podendo evitar os efeitos secundários provenientes de altas concentrações deste fármaco

(AGUADO et al, 2011).

O fentanil associado ao propofol, em infusão contínua, produziu estabilidade

cardiovascular e plano anestésico cirúrgico (ANDREONI & HUGHES, 2009). O uso

sistêmico da lidocaína como analgésico trans e pós-operatório fica restrito à administração por

infusão contínua e quando associada ao propofol produziu redução de 18% na taxa mínima de

infusão do anestésico (LAURETI, 2008; MANARINO et al., 2012). A infusão contínua de

cetamina promoveu redução significativa na dose de infusão propofol, aumentou a frequência

Page 51: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

47

cardíaca e a pressão arterial média e produziu depressão respiratória mais acentuada do que

quando comparado com a infusão de propofol isolado (INTELISANO et al., 2008;

KENNEDY & SMITH, 2014).

Apesar de já existirem estudos que comprovam os benefícios do uso do fentanil,

lidocaína e cetamina em infusão contínua como adjuvantes da anestesia total intravenosa, não

há publicações relatando a associação dos mesmos para tal técnica anestésica. Partindo da

hipótese de que a associação analgésica irá reduzir a dose de manutenção devido ao

sinergismo dos fármacos e consequentemente diminuir os efeitos colaterais, tem-se como

objetivo avaliar e comparar a influência do bolus e da infusão contínua de fentanil, lidocaína e

cetamina isolados ou associados sobre a indução e manutenção da anestesia total intravenosa

com propofol, em relação aos os parâmetros cardiorrespiratórios, a analgesia transoperatória e

a recuperação anestésica de cadelas submetidas à ovariossalpingohisterectomia eletiva.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram utilizadas 32 cadelas, sem raça definida, com peso médio de 10,9 ± 5,4 kg e

idade média de 1,9 ± 1,3 anos, oriundas da rotina do Hospital Veterinário (HOVET) da

Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), submetidas à ovariossalpingohisterectomia

eletiva (OSH). Os animais foram selecionados após exame físico e laboratorial (hemograma,

albumina, creatinina, fosfatase alcalina e alaninoaminotransferase) e classificados como ASA

I, segundo a American Society of Anesthesiology (ASA). Foram submetidos a jejum sólido de

12 horas e hídrico de seis horas e distribuídos aleatoriamente em quatro grupos, através de

sorteio, conforme o tratamento analgésico utilizado.

A medicação pré-anestésica foi realizada com 0,03 mg/kg de acepromazina pela via

intramuscular. Decorridos trinta minutos, os acessos venosos foram realizados de maneira

asséptica, através da inserção percutânea de cateter 20G na veia cefálica esquerda e direita.

Page 52: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

48

Na sequencia, um bolus do tratamento analgésico foi administrado durante 60 segundos,

seguido da indução anestésica com o propofol (dose efeito) até a perda do reflexo traqueal e

início das infusões do tratamento analgésico e do propofol. A infusão contínua (IC) de

propofol foi realizada na veia cefálica esquerda através de bomba de infusão tipo seringa e, na

veia cefálica direita, a infusão do tratamento analgésico através de bomba de infusão de

equipo. Após realizada a intubação orotraqueal a mesma foi conectada ao circuito anestésico

apropriado, de acordo com o peso do animal, para o fornecimento de oxigênio a 100% e o

animal foi posicionado em decúbito dorsal, sob colchão térmico, e mantido sob ventilação

espontânea. Um cateter 20G foi introduzido de maneira percutânea na artéria metatársica

esquerda e os sensores do monitor multiparamétrico foram posicionados no animal para a

mensuração dos parâmetros cardiorrespiratórios.

Os animais foram submetidos a um dos seguintes tratamentos analgésicos: Grupo F:

bolus de 0,0036 mg/kg de fentanil, seguido de IC de 0,0036 mg/kg/h; Grupo L: bolus de 3

mg/kg de lidocaína, seguido de IC de 3 mg/kg/h; Grupo K: bolus de 0,6 mg/kg de cetamina,

seguido de IC de 0,6 mg/kg/h e Grupo FLK: bolus e IC de fentanil, lidocaína e cetamina na

mesmas doses de quando utilizados isoladamente. O tratamento analgésico foi infundido

diluído em ringer lactato (10 ml/kg/h) de maneira que 0,18 mg de fentanil, ou 150 mg de

lidocaína ou 30 mg de cetamina ou os três fármacos associados foram alocados em um frasco

de ringer lactato com volume final de 500 ml. A infusão do propofol foi iniciada na dose de

0,34 mg/kg/min para o grupo F, L e K e 0,24 mg/kg/min para o grupo FLK e a taxa de infusão

do fármaco foi elevada (0,1 mg/kg/min) ou reduzida (0,05 mg/kg/min) mantendo-se o plano

anestésico cirúrgico conforme Guedel, visando ausência dos reflexos protetores e movimentos

involuntários, além das variáveis cardiovasculares dentro dos valores fisiológicos para a

espécie. A infusão contínua dos fármacos foi encerrada concomitantes à cirurgia.

Page 53: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

49

A monitoração anestésica foi realizada através de um monitor multiparamétrico. A

frequência (FC) e ritmos cardíacos foram monitorados por meio de eletrocardiograma, com os

eletrodos fixados de maneira padrão para pequenos animais, nos membros torácicos e

pélvicos. A concentração de dióxido de carbono expirado (EtCO2) e frequência respiratória (f)

foram mensurada através do sensor conectado entre a traqueia do aparelho de anestesia e a

sonda orotraqueal. Um transdutor descartável foi conectado ao cateter da artéria metatársica e

zerado na altura do manúbrio para mensuração da pressão arterial sistólica (PAS), diastólica

(PAD) e média (PAM). O sangue para mensuração da pressão parcial arterial de O2, CO2,

pH e bicarbonato foi colhido de forma anaeróbica com seringa previamente heparinizada e

análise foi realizada através de aparelho de hemogasometria.

Todas as variáveis foram registradas nos seguintes momentos: 5 (M5) e 15 (M15)

minutos após indução anestésica, após a incisão de pele (M20) e da musculatura (M30),

durante a tração e ressecção do complexo arteriovenoso do mesovário esquerdo (M40), direito

(M50) e do corpo do útero (M60), término da laparorrafia (M70) e término da sutura de pele

(M80). Foram realizadas três hemogasometrias arteriais antes da aplicação de qualquer

fármaco (basal), em M5 e M80.

As análises estatísticas foram realizadas através do software R (2013), versão 3.2.0.

Foi utilizada a análise de variância por meio do teste F para verificar as pressuposições da

análise de variância; o teste de Kolmogorov-Smirnov para normalidade dos erros e o teste de

bartlett para homogeneidade de variância. Quando significativo a comparação de médias para

os momentos e grupos foi realizada por meio Scott-knott. As diferenças foram consideradas

significativas quando P < 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Page 54: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

50

As doses utilizadas para os tratamentos analgésicos foram baseadas no estudo de

AGUADO et al. (2011). A dose inicial da infusão no grupo FLK (M5) foi reduzida em 29%

em relação aos demais grupos em função do maior efeito sinérgico esperado por esta

associação, conforme GASPARINI et al. (2009). Desta forma pode-se observar diferença

estatística significativa entre o grupo FLK e os demais no M5 ao M20 e M60 ao M80 (Tabela

1).

A dose média ± desvio padrão de propofol em todos os momentos durante a

manutenção anestésica foi de 0,46 ± 0,05 mg/kg/min para o grupo F, 0,43 ± 0,04 mg/kg/min

para o grupo L, 0,41 ± 0,03 mg/kg/min para o grupo K e 0,24 ± 0,01 mg/kg/min para o grupo

FLK, sem diferença estatística entre os grupos. No entanto a dose média no FLK foi menor

aos demais grupos, em 48, 44 e 41% em relação ao F, L e K, respectivamente. DOCQUIER et

al. (2003) citaram que a redução na dose de um agente anestésico é um método clínico e

indireto de se avaliar a potencia de um fármaco analgésico. Assim, a redução observada neste

estudo sugere que a associação ofereceu maior analgesia do que os fármacos isolados, o que

corrobora com LAMONT (2008) que descreveu que a associação oferece maior suporte

analgésico, por bloquear diferentes pontos ao longo da via nociceptiva.

Em relação ao sistema cardiovascular, não foram detectadas alterações no ritmo

cardíaco em nenhum dos grupos ou momentos avaliados, o que corrobora com os resultados

de BELMONTE et al. (2013). A FC apresentou diferença estatística significativa entre os

grupos apenas no M5 e M15, sendo maior no grupo K, o que pode ser atribuído ao efeito

simpatomimético do bolus de cetamina. De acordo com KENNEDY & SMITH (2014) foram

observados maiores valores nesta variável quando o propofol foi associado à cetamina do que

quando utilizado isoladamente. Apesar de no grupo FLK ter sido utilizado a mesma dose

deste fármaco não se observou aumento estatístico significativo nesta variável, pois o efeito

simpatomimético pode ter sido atenuado pelo fentanil, o que confirma o relatado por

Page 55: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

51

LAMONT (2008) que na analgesia multimodal há a possibilidade dos efeitos colaterais dos

fármacos serem reduzidos. No grupo F ocorreu aumento significativo de 22 e 24% da FC do

M5 em relação ao M40 e 50, respectivamente, que corresponderam aos momentos de tração e

ressecção dos mesovários, considerado os momentos de maior estímulo nociceptivo, de

acordo com INTELIZANO et al (2008) e BOSCAN et al. (2011). Este fato associado ao

aumento da PAS e a maior média do consumo de propofol nos mesmos momentos,

adicionado ao método de avaliação da potencia analgésica descrito por DOCQUIER et al.

(2003) sugerem menor potência analgésica nesse grupo.

Não foram observadas diferenças estatísticas entre os grupos na pressão arterial

sistólica, diastólica e media, mas sim entre os momentos (Tabela 1). As maiores médias para

essa variável foram registradas durante M40, M50 e M60 que são os momentos onde existe a

tração dos ovários e do útero e consequentemente maior resposta nociceptiva, conforme

INTELIZANO et al (2008) e BOSCAN et al. (2011). Estes valores permaneceram dentro dos

fisiológicos descritos por HASKINS (2007) que considerou como limite superior 140 mmHg

para a PAS, 100 mmHg para a PAD e 120 mmHg para a PAM, o que sugere que houve

analgesia suficiente durante o procedimento cirúrgico em todos os grupos, já que ZBIDEN et

al. (1994) citam que a pressão arterial é o indicador mais sensível de nocicepção.

Após a indução anestésica 25% dos animais apresentaram apnéia e necessitaram de

ventilação artificial, sendo um do grupo F, três do grupo K e quatro do grupo FLK. A f obteve

valores significativamente menores no M5 e no M15. Essas alterações provavelmente

ocorreram pelo efeito do bolus dos analgésicos e anestésico sobre a indução, o que também

foi observado por INTELISANO et al. (2008) que necessitou ventilar todos os animais

quando utilizou propofol associado à cetamina racêmica ou dextrocetamina.

Nos resultados da hemogasometria (Tabela 2) pode-se observar que a PaCO2

aumentou significativamente do momento basal em relação a M5e M80 e, com diferença

Page 56: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

52

estatística significativa entre os grupos F e L para o K e FLK e refletiu na redução do pH. O

HCO3 aumentou em relação ao basal sem diferença estatística significativa entre grupos. Os

resultados comprovaram depressão respiratória mais intensa nos grupos K e FLK. O aumento

da PaCO2 induziu ao quadro de acidose respiratória com consequente aumento de bicarbonato

como mecanismo compensatório, corroborando com os resultados encontrados por

INTELISANO et al. (2008). JOHNSON (2008) descreveu que alguns fármacos deprimem o

centro respiratório e podem ser citados como causa primária de acidose respiratória. Apesar

do fentanil possuir efeito depressor respiratório dose-dependente bem conhecido, os

resultados encontrados neste estudo confirmaram os achados de INTELISANO et al. (2008) e

KENNEDY & SMITH (2014) onde a cetamina potencializou a depressão respiratória do

propofol. Este efeito pode ser evitado através da monitorização adequada e ventilação

artificial (INTELISANO et al. 2008; GASPARINI et al. 2009).

O tempo médio, em minutos, para extubação orotraqueal, decúbito esternal e

posição quadrupedal foram respectivamente 5 ± 3, 20 ± 6 e 39 ± 13 para o grupo F; 6 ± 2, 23

± 7 e 51 ± 15 para o grupo L; 4 ± 2, 18 ± 6 e 42 ± 22 para o grupo K; 7 ± 5; 28 ± 11 e 54 ± 16

para o grupo FLK e não apresentaram diferença estatística entre os grupos. O FLK apresentou

médias maiores devido ao sinergismo promovido pela associação dos fármacos, de acordo

com LAMONT (2008). Entretanto as médias descritas na recuperação anestésica foram

relativamente menores que as relatadas por MANNARINO et al (2012), pois os mesmos

utilizaram doses maiores de propofol, lidocaína e cetamina que no presente estudo.

CONCLUSÃO

Os resultados mostraram que todos os grupos produziram estabilidade cardiovascular,

analgesia e recuperação anestésica adequados para o procedimento de OSH. A associação

Page 57: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

53

fentanil-lidocaína-cetamina produziu maior analgesia. Nos grupos onde foi utilizado cetamina

a depressão respiratória foi maior, sendo recomendado a ventilação artificial.

COMITÊ DE ÉTICA E BIOSSEGURANÇA

A pesquisa teve aprovação da Comissão de Ética no Uso de Animais da

Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) (protocolo 23108.036572/14-0).

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57

Tabela 1. Valores médios e desvio padrão da dose de propofol (D.P), frequência cardíaca

(FC), pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD), pressão arterial média

(PAM), frequência respiratória (f), dióxido de carbono expirado (ETCO2) de cadelas

submetidas a ovariohisterectomia eletiva sob anestesia total intravenosa com propofol

associado a infusão contínua de fentanil (grupo F), lidocaína (grupo L), cetamina (grupo K) e

associação fentanil-lidocaína-cetamina (grupo FLK)

Variáveis Grupos

Momentos

M5 M15 M20 M30 M40 M50 M60 M70 M80

D.P

(mg/kg/min)

F

L

K

FLK

0,34±0Ac

0,34±0Ab

0,34±0Ab

0,24±0Ba

0,45±0,1Ab

0,43±0,1Aa

0,44±0,1Aa

0,25±0,1Ba

0,46±0,1Ab

0,47±0,1Aa

0,43±0,1Aa

0,22±0,1Ba

0,53±0,1Aa

0,48±0,1Aa

0,43±0,1Aa

0,24±0,1Aa

0,52±0,1Aa

0,48±0,1Aa

0,46±0,1Aa

0,25±0,1Aa

0,49±0,1Aa

0,47±0,1Aa

0,42±0,1Aa

0,25±0,1Aa

0,47±0,1Ab

0,45±0,1Aa

0,41±0,1Aa

0,25±0,1Ba

0,47±0,1Ab

0,42±0,1Aa

0,40±0,1Aa

0,23±0,1Ba

0,45±0,1Ab

0,43±0,1Aa

0,41±0,1Aa

0,23±0,1Ba

FC

(bpm)

F

L

K

FLK

92±35 Bd

108±23 Bb

131±12 Aa

106±27 Bb

91±24 Bd

105±25 Bb

117±11 Ab

110±37 Bb

93±23 Ad

110±25 Ab

113±21 Ab

121±33 Ab

98±19 Ad

107±17 Ab

104±17 Ab

117±32 Ab

112±27 Ac

111±14 Ab

108±10 Ab

125±28 Ab

114±16 Ac

113±17 Ab

111±11 Ab

128±18 Ab

120±23 Ab

118±18 Aa

122±17 Aa

134±17 Aa

138±20 Aa

124±19 Aa

119±19 Aa

141±28 Aa

145±27 Aa

132±19 Aa

129±30 Aa

148±29 Aa

PAS

(mmHg)

F

L

K

FLK

105±16 Ab

110±17 Ab

116±24 Aa

96±16 Ac

90±18 Ab

103±15 Ab

102±20 Ab

91±12 Ac

98±13 Ab

104±12 Ab

96±18 Ab

86±15 Ac

96±12 Ab

99±11 Ab

100±19 Ab

101±07 Ac

123±16 Aa

123±14 Aa

115±15 Aa

124±27 Aa

120±20 Aa

113±20 Ab

111±14 Aa

126±24 Aa

131±20 Aa

123±16 Aa

110±17 Aa

128±19 Aa

104±15 Ab

110±13 Ab

105±14 Ab

116±17 Ab

122±20 Aa

117±15 Aa

102±17 Ab

112±12 Ab

PAD

(mmHg)

F

L

K

FLK

60±10 Ab

69±15 Aa

62±18 Ab

55±09 Ac

51±14 Ab

57±06 Ab

59±15 Ab

51±14 Ac

59±12 Ab

63±09 Ab

56±18 Ab

52±14 Ac

62±13 Ab

57±1 Ab

57±20 Ab

60±10 Ac

79±19 Ab

79±15 Aa

72±17 Aa

90±14 Aa

87±27 Aa

78±17 Aa

73±18 Aa

96±23 Aa

89±22 Aa

79±12 Aa

79±14 Aa

91±15 Aa

73±22 Aa

70±13 Aa

69±17 Aa

79±14 Ab

80±19 Aa

74±14 Aa

69±20 Aa

81±09 Ab

PAM

(mmHg)

F

L

K

FLK

76±10 Ab

82±16 Aa

76±19 Ab

69±11 Ac

64±14 Ab

71±08 Ab

72±15 Ab

65±13 Ac

72±12 Ab

76±10 Ab

69±18 Ab

62±11 Ac

74±11 Ab

70±12 Ab

70±19 Ab

73±09 Ac

94±18 Aa

92±16 Aa

86±18 Aa

101±16 Aa

96±22 Aa

90±19 Aa

85±18 Aa

104±19 Aa

102±22 Aa

92±15 Aa

87±14 Aa

101±13 Aa

85±20 Aa

84±13 Aa

81±15 Aa

89±12 Ab

92±17 Aa

90±13 Aa

81±18 Aa

89±07 Ab

f

(mpm)

F

L

K

FLK

18±13 Ab

11±05 Ab

08±07 Ab

08±05 Ab

20±13 Ab

10±06 Ab

06±06 Ab

08±05 Ab

22±13 Aa

13±07 Aa

09±04 Aa

12±06 Aa

16±07 Aa

15±11 Aa

10±10 Aa

15±09 Aa

19±14 Aa

15±08 Aa

08±05 Aa

13±05 Aa

18±09 Aa

14±10 Aa

10±04 Aa

14±03 Aa

13±04 Ab

07±05 Ab

09±06 Ab

11±06 Ab

20±19 Aa

15±09 Aa

09±05 Ab

10±02 Ab

19±10 Aa

14±06 Aa

12±06 Aa

11±03 Aa

ETCO2

(mmHg)

F

L

K

FLK

41±10 Ac

39±03 Ab

35±12 Ac

49±06 Aa

42±13 Ac

41±04 Ab

36±08 Ac

44±12 Aa

42±06 Ac

38±09 Ab

42±11 Ab

48±04 Aa

45±03 Ab

42±07 Aa

35±07 Ac

46±06 Aa

49±15 Aa

45±05 Aa

39±11 Ab

48±05 Aa

49±12 Aa

47±06 Aa

51±16 Aa

48±06 Aa

47±10 Aa

47±13 Aa

46±12 Aa

52±05 Aa

46±10 Aa

46±06 Aa

53±12 Aa

50±05 Aa

43±05 Ab

47±07 Aa

42±05 Ab

48±06 Aa

Média seguida de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem entre si

ao nível de 5% de significância.

Momentos: 5 (M5) e 15 (M15) minutos após indução, após a incisão de pele (M20) e da

musculatura (M30), durante a tração e ressecção do complexo arteriovenoso do mesovário

esquerdo (M40), direito (M50) e do corpo do útero (M60), término da laparorrafia (M70) e

término da sutura de pele (M80).

Page 62: ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL ASSOCIADO …

58

Tabela 2. Valores médios e desvio padrão da pressão parcial arterial de gás carbônico

(PaCO2), pressão parcial arterial de oxigênio (PaO2), pH e bicarbonato (HCO3) de cadelas

submetidas a ovariohisterectomia eletiva sob anestesia total intravenosa com propofol

associado a infusão contínua de fentanil (grupo F), lidocaína (grupo L), cetamina (grupo K) e

associação fentanil-lidocaína-cetamina (grupo FLK)

Variáveis Grupos

Momentos

Basal M5 M80

PaCO2

(mmHg)

F

L

K

FLK

31±3,4 Ab

31±4,6 Ac

29±4,1Ac

32±3,9 Ab

44±8,6 Aa

43±8,2 Ab

38±9,0 Ab

50±8,2 Aa

45±9,9 Ba

51±7,4 Ba

56±14,9Aa

56±10,2Aa

PaO2

(mmHg)

F

L

K

FLK

87±5,9 Ac

82±8,2 Ac

83±9,6 Ac

84±8,3 Ac

419±155,4 Ab

443±127,5 Ab

452±87,0 Ab

361±111,1 Ab

474,7±64,0 Aa

508±51,3 Aa

492±41,5 Aa

527±56,7 Aa

pH

(mmHg)

F

L

K

FLK

7,40±0,01 Aa

7,41±0,03 Aa

7,42±0,02 Aa

7,41±0,02 Aa

7,24±0,05 Ab

7,26±0,11Ab

7,31±0,09 Ab

7,25±0,03 Ab

7,26±0,05 Ab

7,24±0,06 Ac

7,18±0,08 Bc

7,22±0,04 Ab

HCO3

(mmHg)

F

L

K

FLK

19±0,36 Ab

20±1,4 Ab

19±1,3 Ab

20±1,4 Ab

20±1,7 Aa

21±2,2 Aa

19±1,0 Aa

21±2,4 Aa

20±2,9 Aa

21±3,1 Aa

20±1,4 Aa

22±2,0 Aa

Média seguida de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem entre si

ao nível de 5% de significância.

Momentos: antes da aplicação de qualquer fármaco (basal), 5 minutos após indução (M5) e

término da sutura de pele (M80).