Prioritário O SEMANÁRIO DE MAIOR EXPANSÃO DO ALGARVE · da Comissão Regional de Turismo do...

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quinta-feira I 6 de maio de 2020 I ANO LXIV - N.º 3293 I Preço 1,30 PORTE PAGO - TAXA PAGA FUNDADOR: José Barão I DIRETOR: Fernando Reis Agora com TAC - Rx - Ecografia - Mamografia RX Panorâmico Dentário Acordos - Convenções ADSE - SAMS - CGD - PSP - CTT - TELECOM - ADMFA ADMG - MÚTUA PESCADORES - MEDIS SAMS QUADROS - MULTICARE Rua Aug. Carlos Palma n.º 71 r/c e 1.º Esq. - Tel. 281 322 606 em frente à farmácia do Montepio (Tavira) Lojas 2.02 a 2.05 – 8700-137 Olhão - Tel. 289 722 535 E.N. 125, Algarve Outlet, nº 100 Dr. Jorge Pereira RADIS O SEMANÁRIO DE MAIOR EXPANSÃO DO ALGARVE www.jornaldoalgarve.pt Prioritário P 4/5 Há várias décadas que pensa o Turismo e o Algarve e não se negou agora a fazê-lo, em tempos de pandemia. Em entrevista exclusiva ao JA, Vítor Neto, presidente da Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA), discorre sobre o momento atual e o seu contexto: as empresas e a economia nacional e do Algarve. Mas o especialista em Turismo fala também de regionalização e coloca o dedo em feridas várias. Por exemplo ao dizer que foi Lisboa quem escolheu muitos dos caminhos da história recente do Algarve. Alguns deles bem discutíveis JORNAL do ALGARVE - em PDF para todos os leitores Dada a situação difícil e extraordinária que o País atravessa, as consequências para a vida de cada um de nós do Estado de Emergência em vigor e a de compaginar essas dificuldades com a impreterível necessidade de manter a população informada, o JORNAL DO ALGARVE informa que a edição semanal em PDF está gratuitamente disponível a todos os leitores no nosso site jornaldoalgarve.pt. Apesar de o jornal continuar a ser semanalmente impresso, é possível que nas próximas semanas possam surgir algumas dificuldades de distribuição da edição em papel. Não sendo diretamente responsáveis por tais problemas, pedimos a maior compreensão aos nossos leitores que possam vir a ser afetados por eles. Podem continuar a contar connosco, nos melhores e piores momentos, tal como, estamos certos, podemos contar convosco. A Direção IP desiste de estrada que ameaçava Centro Agrário de Tavira P7 P 13 P 15 Espanhóis elogiam instalações portuguesas na fronteira do Guadiana P 19 Farense ascende à I Liga após quase duas décadas de jejum P 21 DOS PALCOS PARA OS ECRÃS Artistas adaptam-se à pandemia através da Internet A pandemia de COVID-19 confinou as pessoas às suas casas, fechou as salas de espetáculos, as discotecas, os bares e cancelou os festivais de verão. À semelhança do que vem acontecendo um pouco por todo o mundo, os artistas do Algarve têm atuado para a população confinada, através de atuações em direto para as redes sociais, aulas online e outras iniciativas criativas, que estão à distância de um clique P 10/11 VÍTOR NETO REFLETE SOBRE O TURISMO, O ALGARVE E A PANDEMIA Esta crise veio pôr a nu a nossa fragilidade 342 infetados Segunda onda pode coincidir com período de gripe no Inverno Viajantes podem alarmar população residente Isolamento não é obrigatório para quem chega

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Page 1: Prioritário O SEMANÁRIO DE MAIOR EXPANSÃO DO ALGARVE · da Comissão Regional de Turismo do Algarve, constituída por: Dr. José Manuel Teixeira Gomes Pearce de Azevedo (presidente),

quinta-feira I 6 de maio de 2020 I ANO LXIV - N.º 3293 I Preço 1,30 € Porte Pago - taxa PagaFundador: José Barão I Diretor: Fernando Reis

Agora com TAC - Rx - Ecografia - MamografiaRX Panorâmico Dentário

Acordos - ConvençõesADSE - SAMS - CGD - PSP - CTT - TELECOM - ADMFA

ADMG - MÚTUA PESCADORES - MEDIS SAMS QUADROS - MULTICARE

Rua Aug. Carlos Palma n.º 71 r/c e 1.º Esq. - Tel. 281 322 606em frente à farmácia do Montepio (Tavira)

Lojas 2.02 a 2.05 – 8700-137 Olhão - Tel. 289 722 535E.N. 125, Algarve Outlet, nº 100

Dr. Jorge Pereira RADIS

O SEMANÁRIO DE MAIOR EXPANSÃO DO ALGARVE

www.jornaldoalgarve.pt

Prio

ritár

io

P 4/5

Há várias décadas que pensa o Turismo e o Algarve e não se negou agora a fazê-lo, em tempos de pandemia. Em entrevista exclusiva ao JA, Vítor Neto, presidente da Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA), discorre sobre o momento atual e o seu contexto: as empresas e a economia nacional e do Algarve.Mas o especialista em Turismo fala também de regionalização e coloca o dedo em feridas várias. Por exemplo ao dizer que foi Lisboa quem escolheu muitos dos caminhos da história recente do Algarve. Alguns deles bem discutíveis

JORNAL do ALGARVE - em PDF para todos os leitores Dada a situação difícil e extraordinária que o País atravessa, as consequências para a vida de cada um de nós do Estado de Emergência em vigor e a de compaginar essas dificuldades com a impreterível necessidade de manter a população informada, o JORNAL DO ALGARVE informa que a edição semanal em PDF está gratuitamente disponível a todos os leitores no nosso site jornaldoalgarve.pt.

Apesar de o jornal continuar a ser semanalmente impresso, é possível que nas próximas semanas possam surgir algumas dificuldades de distribuição da edição em papel. Não sendo diretamente responsáveis por tais problemas, pedimos a maior compreensão aos nossos leitores que possam vir a ser afetados por eles.

Podem continuar a contar connosco, nos melhores e piores momentos, tal como, estamos certos, podemos contar convosco.

A Direção

IP desiste de estrada que ameaçava Centro Agrário de Tavira

P7

P 13

P 15

Espanhóis elogiam instalações portuguesas na fronteira do Guadiana

P 19

Farense ascende à I Liga após quase duas décadas de jejum

P 21

DOS PALCOS PARA OS ECRÃS

Artistas adaptam-se à pandemia através da InternetA pandemia de COVID-19 confinou as pessoas às suas casas, fechou as salas de espetáculos, as discotecas, os bares e cancelou os festivais de verão. À semelhança do que vem acontecendo um pouco por todo o mundo, os artistas do Algarve têm atuado para a população confinada, através de atuações em direto para as redes sociais, aulas online e outras iniciativas criativas, que estão à distância de um clique

P 10/11

VÍTOR NETO REFLETE SOBRE O TURISMO, O ALGARVE E A PANDEMIA

Esta crise veio pôr a nu a nossa fragilidade

342 infetados

Segunda onda pode coincidir com período de gripe no Inverno

Viajantes podem alarmar população residenteIsolamento não é obrigatório para quem chega

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»Dois [2] JORNAL do ALGARVE

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Medalha de Mérito Turístico - Grau Ouro

A s s o c I A ç ã oP o r t u g u e s ad e I m p r e n s a

Algarve, muito sol e céu aberto. Adivinha-se que, depois da pandemia, virá o pandemónio.

Sobre o assunto seria bom recordar que em 1982 foi pu-blicado um livro de ficção, intitulado O Cais das Merendas, de Lídia Jorge (desculpas pela inevitável citação…), que chamava a atenção para dois aspectos. Primeiro, conviria que, na osmose da cultura regional com a cultura do vasto mundo, se resguardasse, para nosso bem e para o bem dos outros, alguma coisa da nossa identidade cultural. A última frase desse livro é a seguinte – Já não se sabia como voava um pássaro. Segundo, conviria não nos concentrarmos só e apenas nas lides turísticas e gastronómicas. Uma das cenas imaginadas nesse livro é o envio para o Espaço dos sons da Terra. Enquanto outros povos enviariam os sons próprios das suas culturas diversas, música, engenharia, mecânica, nós enviaríamos os sons dos talheres, o roçagar das toa-lhas, o brinde dos copos. Importante? Sim, mas subsidiário, tangencial, demasiado básico para nos apresentarmos aos futuros habitantes do Espaço.

Nos dias que correm rever essa mitologia fantasiosa, por incrível que pareça, transforma-se numa chamada para a realidade. Uma difícil realidade que teremos de enfrentar se não quisermos que o Algarve se transforme num local áspero para viver e trabalhar. É preciso que muitos, urgentemente, se sentem à mesa, passem pelo número um do ponto da ordem de trabalhos que consiste no mea culpa responsável

Carlos albino [email protected]

Depois da pandemia, o pandemóniosMs

– coisa difícil de acontecer na região e no país – para a fase da tempestade das ideias que conduz, e depois, à síntese e à proposta concreta. Andam no ar ideias mestras dessa reconsideração.

Claro que a urgência de fazer face a uma indústria tão vulnerável como é o turismo, em profunda crise, não se compagina com fugazes reuniões de responsáveis jogando à defensiva. Esta é a altura em que se deve avançar para acções concretas, coordenadas e em conjunto, onde a urgência da eficácia seja imperativo número um. Mas não nos iludamos - encontrar um equilíbrio coerente para a re-gião, a médio e longo prazo, exige um espaço de análise e consideração para a qual devem ser convocados não só os que agem no terreno, mas também os que pensam, e vêem ao longe os acontecimentos, através daquele instrumento que radiografa à distância no tempo, chamada mitologias. Elas dizem claramente que a componente coadjuvante do turismo não são as indústrias extractivas, gás, petróleo e o resto. São o que está à vista de todos – retomar o trabalho da terra, o trabalho do mar e o trabalho do saber e da criação.

Tem de se ter em vista não só evitar o pandemónio depois da pandemia, É preciso depois do inevitável pandemónio erguer a harmonia.

Flagrante contaminação: Essa gente que andou e anda mascarada toda a vida, tem agora dúvidas em usar máscara?

João Leal

CróniCa de Faro

Foi-o há 50 anos…Meio século é volvido desde que foi constituído o

primeiro órgão regional de turismo, corolário do desen-volvimento que a chamada «indústria sem chaminés» havia alcançado no Meio Dia Português. Para além do que representou há meio século esta disposição gover-namental de então emanada, através dos Ministérios da Presidência e das Obras Públicas e publicada pelo Decreto – Lei nº 114/70, de 18 de Março, teve o rele-vante significado de uma regionalização, que o era de relevância no Portugal de então. Aliás o próprio texto do referido documento legal, publicado no então «Diário do Governo» (nº 65/70), era indicativo: «Criada a CRTA – Comissão Regional de Turismo do Algarve, constituída pela área de todos os concelhos pertencentes ao Distrito de Faro». Uma dese-jada e nunca concedida «Regionali-zação» que continua a ser um sonho adiado das gentes algarvias, para, como se diz na linguagem popular, «dia de São Nunca à tarde».

Esta efeméride, que não mereceu qualquer referência ou assinalamento oficial, teve ainda o mérito de procu-rar respostas concretas «no prazo de cinco anos», que o seria até 1975, para «as necessidades consideradas

de primeira prioridade», o que deu origem ao chamado «Plano de Obras» com infraestruturas de saneamento básico, rodoviarias, de animação e outras, para o que era estabelecida uma verba de 300 mil contos.

Recordamos, ao jeito de lembrança e de homenagem, os nomes que integraram a primeira Comissão Executiva da Comissão Regional de Turismo do Algarve, constituída por: Dr. José Manuel Teixeira Gomes Pearce de Azevedo (presidente), Eng. João Manuel Olias Maldonado (vice – presidente, administrador – delegado), Major João Henrique Vieira Branco, Capitão de Mar e Guerra Cortes Carrasco, Celestino Matos Domingues e Dr. Pedro da Ponte (vogais).

Cinquenta anos volvidos sobre o aparecimento da CRTA hemos de considerar de grande valia e prestabi-lidade para a Região Mãe o trabalho desenvolvido ao longo de meio século.

Nota: O autor não escreveu o artigo ao abrigo do novo acordo ortográfico

Domingo, dia 3 de Maio do ano da Graça de dois mil e vinte, jornal da tarde da TVI; locutora de cara alegre, riso aberto e conversa, onde constava (com mais ou menos desvios literais ou semânticos) mais ou menos o seguinte: “hoje é dia da Mãe, calor e o sol a brilhar. Dia convidativo para um passeio ao ar livre, talvez junto ao mar, como forma de celebração”. Este arrazoado, fresco e fofo, lido com o maior sorriso do mundo (como se ousa dizer por estes dias), marcou praticamente a entrada do serviço noticioso. Logo após, dois minutos depois, que a espera não foi muita, vários repórteres em directo, de diferentes pontos deste país que se volta ao mar, registavam e acen-tuavam; os portugueses não devem esquecer o dever de estar em casa. O fim do estado de (ou da) emergência, não pode significar que façamos a vida que fazíamos. De-vemos continuar com o dever de afastamento social etc. etc. A TVI (podia ser qualquer um dos outros canais, mas apostava, em primeira mão que os rapazes e raparigas da CMTV, não enjeitariam uma oportunidade destas), no seu melhor. A pivô da estação, em pleno serviço noticioso a apelar para que os tugas saiam de casa. Onde come-morar um dia especial, que não seja longe de casa, perto de (por exemplo, também figurava na peça) do mar em Belém, que é para onde vai, de momento a reportagem? Isto no princípio da peça porque a meio a coisa já muda de figura e se apela ao bom comportamento dos cidadãos (já não existem pessoas, apenas cidadãos), que devem ficar em casa à janela a bater palmas e a tocar saxofone, só porque querm aparecer nas redes sociais e, quiçá, na televisão. Aparentemente, a ninguém (neste caso na TVI) faz espécie que lado a lado coexistam os que dizem uma coisa com os que afirmam o seu contrário, tudo difundido pela mesma redacção, com um minuto de intervalo e pela mesma pessoa.

Penso que não vem nada de bom depois de estarmos submetidos a doses elevadas e contantes de informação. Pela minha experiência de cidadão metido em casa, refor-cei a ideia que estarmos em contacto com notícias de todo o mundo (mas completamente soterrado em Covid-19), horas a fio nos torna imunes e insensíveis a quase tudo. Palavra, que no último mês e meio, só ouvi que, há cerca de duas semanas, alguém (os habituais), tinham posto uma bomba num qualquer mercado na Síria e feito, num segundo, o que com o vírus da moda leva horas: quarenta mortos, assim à cabeça. Tudo o que nos vai rodeando tira-nos a capacidade de perceber o que se vai passando, mas os apontamentos de reportagem da CMTV são um farol que nos guia. Façam este exercício: qualquer reportagem da estação sobre o vírus, ou o que mexe, é repetido pelo jornalista de serviço, pelo menos, duas vezes. Não é uma repetição simples, varia uma frase ou outra, mas a base está lá, um condutor desgovernado que bateu numa ár-vore e que foi detido pele posse de droga, a polícia que prontamente chegou ao local. Na repetição, a polícia vem em primeiro, depois que foi um automóvel, que a árvore atravessou a estrada quando não devia (descubram onde está o erro), e por fim a droga que terá sido a culpada de tudo. Depois repete e a missão está feita. Três pelo preço de um.

[avarias]

Fernando Proença

Enfartado

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JORNAL do ALGARVE [3] AtuAlidAde

7 I maio I 2020www.jornaldoalgarve.pt

O Dia da Europa, a 9 de maio, será comemorado no Algarve através da internet, numa iniciativa feita em conjunto entre a Comissão de Coorde-nação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR), o Centro de Informação Europe Direct do Algarve, o Programa Operacional CRESCE Algarve 2020 e a Câmara Municipal de Vila do Bispo, anunciou a CCDR.

Neste dia, será partilhado nos suportes digitais e redes sociais das entidades promotoras da iniciativa,

com a apresentação de todos os con-tributos da União Europeia no combate à pandemia de COVID-19.

No programa das comemorações está também previsto momentos institucionais com os represen-tantes das entidades promotoras, apontamentos culturais com perso-nalidades algarvias, apresentação de projetos públicos e privados de-senvolvidos com o apoio dos fundos, debates sobre a Política de Coesão e passatempos.

No âmbito da campanha "A Europa na minha região", o Centro de Informa-ção Europa Direct do Algarve promove ainda um concurso de fotografia ”#AL-GARVEisEU” através do Instagram, com fotografias dos cidadãos acerca dos projetos desenvolvidos com o apoio dos fundo da União Europeia na sua área de residência.

As entidades promotoras vão reali-zar os eventos culturais e educativos previstos para esta semana, em datas a divulgar em breve.

Carlos Luís Figueira

VAi AndAndo Que estou ChegAndo

Por razões editoriais, o que acontece com frequência, estou a es-crever no dia em que entra em vigor, a nova etapa de combate ao coronavírus, tendo passado o País do Estado de Emergência para o Estado de Calamidade. O que significou o alívio de uma série de medidas que conduziram à abertura de actividades comerciais de pequena dimensão, o mesmo se aplicando à indústria e a serviços, com regras, visando a protecção de quem exerce a actividade e de quem dela beneficia. Mas, tão importante como todo esse conjunto, também a possibilidade de podermos finalmente sair, embora com as devidas cautelas, da clausura imposta durante mais de 40 dias, libertando-nos para pequenos passeios que nos permitem finalmente o contacto com a natureza e a conversa com os nossos amigos e familiares, se tal for possível. Medidas que contemplam, finalmente, e bem, a inclusão dos mais idosos desde que estejam em condições físicas e delas possam beneficiar.

Trata-se de uma pequena abertura só possível pela conjugação de dois importantes factores, a compreensão do nosso povo para a na-tureza dos sacrifícios que nos tínhamos de sujeitar para combater a pandemia que se abateu por todo o mundo e a eficiência dos técnicos e demais trabalhadores que compõem o SNS, e de um governo, que é bom dizê-lo, se mostrou estar à altura das circunstâncias.

O novo ciclo que vai prolongar-se durante a próxima quinzena, abriu-se com a polémica em torno das comemorações do 1.º de Maio, com a igreja a colar-se aos condicionamentos e as celebrações do 13 de Maio em Fátima.

Vale a pena perder algumas linhas com tal assunto. Em primeiro lugar sobre o 1.º de Maio para reafirmar daqui a minha solidariedade sobre tal celebração, independentemente da forma como a CGTP decidiu realizá-la. A direita, toda ela, não poupou calúnias sobre a natureza e legalidade das mesmas, mentindo sobre a história dos autocarros, o montante dos participantes e, nas múltiplas calúnias e deformações, chegou ao ponto de as comparar com a injustiça face às comemorações impedidas da celebração do Dia da Mãe. Onde chegámos!

Por sua vez, altos cargos da igreja, tempos antes, já se tinham pro-nunciado que dadas as condições em que o país se encontrava em matéria de saúde pública, prescindiam das comemorações, vindo depois, numa nova onda, levantar o incomparável, com a celebração do 1.º de Maio, num argumentário que a Ministra da Saúde desmisti-ficou numa entrevista a uma das televisões, tornando claro que o que estava em causa era, por razões sanitárias, a peregrinação, porque as celebrações em recinto fechado obedecendo às normas de todos conhecidas, se poderiam efectuar. Sabe-se hoje que por negociações com o PM e os Bispos de Leiria - Fátima, tais celebrações, em recinto fechado, com normas que ultrapassam, um pouco, o que está fixado se vão realizar. Para bom entendedor meia palavra basta.

Entramos assim numa quinzena marcada pela intriga, pela mentira, na qual, se juntaram o ódio mas também a cobardia, os medos de origem diversa, e a indiferença daqueles que sempre viram o pro-cesso, sentados numa qualquer esplanada, entre algumas imperiais e um prato de tremoços.

Por último, chamo a vossa atenção para a excelente reporta-gem de João Prudêncio, inserida no último número do JA sobre trabalhadores agrícolas emigrados e explorados no Alentejo e no Algarve, em campanhas de frutos vermelhos, na qual ele descreve, recrutados sem qualquer tipo de segurança, a maioria de países asiáticos, mas também do leste europeu, vivendo em condições miseráveis, num ambiente de terceiro mundo, aqui às nossas por-tas. Pergunto onde está a fiscalização, para que servem as demais autoridades, os deputados eleitos por todos os Partidos pela região, o que fazem, será que se deram ao trabalho de conheceram esta realidade e de actuarem perante o que viram, ou só porque estes cidadãos não votam, não interessam as condições em que vivem e são explorados?

[email protected]

Algarve celebra Dia da Europa pela internet

Quando era criança brincava aos polícias e bandidos. Nunca me importei de ser bandido, ao contrário da maioria dos putos com quem brincava. Pelo contrário, adorava ser rufia. À falta de fardas, o que distinguia os maus dos bons era o pano que os primeiros usavam na zona da boca. Não bastasse a ignomínia de ser mau, os bandidos tinham que ter, além disso, dificuldade em respirar.Umas boas dezenas de anos depois voltei a ser bandido e a ter que lutar contra as dificuldades respiratórias. Ao contrário do que antes acontecia, a maioria dos meus concidadãos pugna agora por uma tarja à volta da fronha. Não que queiram ser vilões, mas lutam contra uma doença que chega através de um bicho que ninguém vê. E também contra a multa. Neste novo mundo, os polícias castigam quem não tiver cara de bandido. Ou, talvez melhor, quem apenas tiver cara.Não ter cara. Não ter cara tem o seu desconforto, mas, além de nos livrar de multas, traz outras vantagens. Por exemplo, quando na melhor nódoa cai o pano: finalmente os feios podem olhar o mundo sem ser olhados e portanto depreciados. Ser feio passou a ser algo tão incógnito como ser maluco e não abrir a boca para ninguém reparar. Tudo vai bem com um pano no rosto. A máscara é a vingança dos infelizes sapos deste mundo contra séculos de des-dém, infâmia e terror. A tarja igualiza-nos, democratiza a vida do supermercado, do comboio, da rua. A tarja é mais anti-discriminatória do que o Luther King a repetir “I Have a Dream”.Para os complexados, sejam bonitos ou feios, o pano à volta da boca vale agora mais do que um divã psicanalítico semanal e 100 mg de sertralina diária. Nunca a expressão “não dar a cara” fez tanto sentido e, sobretudo, tão bem à alma! Finalmente, todos os que são feios deveras, ou têm apenas complexos de o ser, ou ostentam uma verruga na base da narina esquerda, ou simplesmente têm falta

Por debaixo dos panosde um dente, podem sentir-se iguais aos giraços com quem se cruzam diariamente e, até agora, só os miravam pela menina do olho, de tão supe-riores que se sentiam. Hoje, não têm por onde se sentir. Só se pela fantasia cromática do pano pendurado nas orelhas.Por outro lado, os bonitos têm que começar a lutar pela vida. Já não basta mostrar as fuças, o pano não deixa, têm que abrir a boca (mesmo que por baixo do pano) e falar, falar, para se distinguirem dos demais. Falar revela a qualidade da massa encefálica, a vossa nova possibili-dade de terem algum relevo social. Acabou-se a vantagem esotérica, há que subir a pulso. Façam-se à vida. E aos livros, lindinhos!E na escola, quando houver escola, como será este asso-mo de véu islâmico democratizado a que os miúdos oci-dentais estão agora obrigados? Como se sentirá o nosso adolescente engatatão que não consegue ter um vislumbre do rosto da coisa potencialmente amada? Adivinho nele um medo terrível, de fazer tremer as pernas, antes de a máscara cair e se revelar o rosto da miúda (do miúdo) por cujo singelo corpo-abaixo-do-pescoço ele se pré-apaixonou. “Vamos lá a ver se corresponde! Tcharan!”Imagino até que a erotização do corpo adolescente suba uns bons centímetros, devido à ocultação dos rostos. O que para os nossos antepassados era o irresistível erotismo de um valente par de pernas invisíveis, apenas adivinhadas, escondidas por uma saia até às canelas, passa a ser, para o adolescente da geração covid, um rosto, lindo ou não, adivinhado por baixo de uma tira de poliéster descartável.E haverá lá coisa mais sexy do que um rosto à mostra! Por desengraçado que seja.

> João Prudêncio

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> João Prudêncio

JORNAL do ALGARVE (J.A.) – No que diz respeito ao Algarve, esta é mesmo a crise das nossas vidas?

VÍTOR NETO (V.N.) – Es-tamos perante um grande desafio e vamos ser postos à prova. Esta é uma crise diferente da I Guerra Mundial, da depressão de 1929, da II Guerra, das crises de 2001 e de 2009. Porque essas eram crises geradas por conflitos de ordem económica, política e militar em que a correlação de forças entre as potências acabava por resolver as coi-sas. Esta é uma crise diferen-te, que nasce numa região da China, de forma inesperada, que acaba por ter consequên-cias noutros continentes e atinge uma dimensão global em poucas semanas. Tendo como consequência a para-lisia das economias. Os me-canismos para resolver isto também são mais complexos. Não tem nada a ver com a vontade de uma ou duas po-tências. Não tem vencedores. E ainda por cima num quadro internacional completamente modificado. Não é o quadro de há 10 anos, nem de há 20 anos, em que por exemplo havia cooperação no âmbito da NATO. Hoje temos os EUA com uma política isolacionis-ta, sem ligar aos aliados. E há outra questão: uma Europa fraca, dividida, sem estraté-gia e que vive o dia-a-dia. E a China a confirmar a sua força nesta crise.

J.A. – A crise está a de-monstrar a vulnerabilidade económica do Algarve?

V.N. – Está. Esta crise veio pôr a nu a nossa fragilidade estrutural. Temos um dese-quilíbrio estrutural. Felizmen-te temos um setor económico muito forte e isso não é um ponto fraco da região. O que é negativo é termos o resto limitado. Basta dizer que

cerca de 80 por cento do nosso Valor Acrescentado Bruto [VAB] no Algarve está ligado ao alojamento, restau-ração, comércio, construção, transportes, imobiliária e serviços. A indústria e agri-cultura representam 10% do VAB. Mas temos o mesmo quadro também no número de empresas, no pessoal, no volume de negócios. Em todos os vetores da estrutura do Algarve há este desequilí-brio. Isso é um ponto fraco. A minha tese é que não temos Turismo a mais, mas sim os outros setores a menos. O próprio Turismo tem de se preparar para os desafios que aí vêm.

têm um produto que se tem desenvolvido muito na Europa nos últimos 10 anos, o Turis-mo urbano de cidades, que já não são só Paris, Londres, Roma ou Berlim, são segun-das cidades. E vamos ter de fazer essa reflexão…

J.A. – Não devíamos estar já a fazer essa reflexão so-bre o nosso futuro? Parece haver pouco debate público ainda…

V.N. – Temos de separar as duas coisas. Se me per-guntar qual é a prioridade para a economia do Algarve, eu afirmo que, no imediato, é responder à crise, salvar as empresas, utilizar os ins-trumentos postos à disposi-ção para que as empresas subsistam. Porquê? Porque se se fizer isto estaremos preparados para qualquer um dos cenários que aí vêm. Nós não podemos viver de cenários. Os empresários têm custos todos os dias mesmo quando estão parados. Os empresários têm de criar condições para se manter, aproveitar para melhorar a sua estrutura e formas de trabalho. Se fizerem isso, quando vier a retoma eles estão preparados. Se ela for

mais lenta, resistem. Se ela for mais rápida ainda melhor. Agora o que não se pode é dizer que se fica à espera porque não se sabe o que vai acontecer. Isso é suicídio!

J.A. – Então ainda é cedo para refletir…?

V.N. – Penso que deve-mos pensar o futuro, mas não misturar as duas coisas. Aí há uma batalha política e ideológica a fazer sobre estas mistificações que se fazem de criticar o Turismo de forma incorreta e superfi-cial, mascarada de grandes teorias. Isso é extremamen-te perigoso! Ninguém pode negar que no Algarve foram cometidos enormes erros, mas foram cometidos a partir de Lisboa! Foi o Algarve que criou a estratégia comunitária para a agricultura e pescas? Foi o Algarve que inventou o “Allgarve”? Foi o Algarve que inventou os Pin’s, o Pent e o West Coast? Foi o Algarve que pediu as portagens na Via do Infante? Não foi, foram os Governos de Lisboa! Mas este não é o momento de fazer essa discussão, temos de pensar no futuro. E o futuro é um plano de desenvolvimento da economia do Algarve que parta do princípio que o Turis-mo é um setor forte, o mais importante da economia do Algarve, e continuará a ser. Ao mesmo tempo, começar a construir a diversificação da nossa estrutura econó-mica, que utilize os recursos existentes na região que já se fez no passado e foram muito importantes, terra e mar, embora atualizados.

7 I maio I 2020www.jornaldoalgarve.ptEntrEvista [4] JORNAL do ALGARVE

Turismo foi tema importante! Portanto o Turismo no Algar-ve existe há muitos anos. O desenvolvimento do Turismo não foi por opção. Onde está a medida de Governo que diga “a partir de agora no Algarve é só Turismo!”? Não, o que há é medidas a dizer “a partir de agora não há agricultura, não há pescas, nem indústria!”. Aliás, esta é a região que tem menos fundos comunitários do País. E esses fundos têm objetivos aparentemente avançados, mas pouco realistas.

J.A. – Mas tem havido uma recuperação, por exem-plo, da agricultura. Abate-ram-se as laranjeiras, mas agora está-se a recuperar o laranjal…

V.N. – É verdade, na agri-cultura e no mar temos recu-perado e bem, mas ainda em valores pequenos em relação àquilo que já foi. O Algarve teve a sorte de, não tendo po-líticas de apoio à agricultura, indústria e mar, ter tido a ca-pacidade de crescer na área do Turismo, aproveitando um crescimento a nível interna-cional, em que houve uma duplicação da indústria do Turismo nos últimos 20 anos.

J.A. – Porque é que outras regiões não aproveitaram?

V.N. – Porque não tinham potencialidades para uma oferta turística para fazerem o mesmo que o Algarve fez. Lisboa e Porto são fenómenos ligados ao Turismo urbano, que nada tem a ver com o Turismo de férias e lazer. São situações completamente diferentes. Lisboa e Porto

"Não se pode dizer que se fica à espera porque não se sabe o que vai acontecer.

Isso é suicídio!

"

Mas, além de ter um plano estratégico, tem de haver um instrumento político, para poder aplicar esse plano utili-zando um orçamento. Senão, não serve para nada. Não é um Governo regional, é uma Regionalização que integre uma administração Regional que tenha autonomia e capa-cidade e instrumentos para aplicar um orçamento numa perspetiva integrada. Neste momento, temos uma divisão corporativa de territórios, em que cada um – percebe-se - luta pelo seu território ou setor.

"Não temos Turismo

a mais, mas sim os outros setores

a menos

"

J.A. – A pandemia vai acabar por precipitar esta discussão sobre a regiona-lização?

V.N. – Sim. É inevitável uma atuação integrada à es-cala regional. Gostava de sau-dar a intervenção na crise das entidades do Algarve – saúde, proteção civil, segurança, vá-rias instituições, turismo, mu-nicípios – que agiram de uma forma correta para minimizar os efeitos da pandemia. Mas

VÍTOR NETO REFLETE SOBRE O TURISMO, O ALGARVE E A PANDEMIA

Esta crise veio pôr a nu a nossa fragilidade Há várias décadas que pensa o Turismo e o Algarve e não se negou agora a fazê-lo, em tempos de pandemia. Em entrevista exclusiva ao JA, Vítor Neto, presidente da Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA), discorre sobre o momento atual e o seu contexto: as empresas e a economia nacional e do Algarve. Mas o especialista em Turismo fala também de regionalização e coloca o dedo em feridas várias. Por exemplo ao dizer que foi Lisboa quem escolheu muitos dos caminhos da história recente do Algarve. Alguns deles bem discutíveis

J.A. - Falhámos ao fazer incidir a economia na mono-cultura do Turismo?

V.N. – O Turismo não re-sultou de uma estratégia concertada, mas sim das nossas condições naturais e de mercado. As políticas dos Governos é que travaram o nosso desenvolvimento nas áreas da agricultura e pescas e na indústria. Durante anos as políticas da Comunidade Europeia «pagaram» para re-duzir a nossa frota pesqueira, para não se ter agricultura. E isto teve uma consequên-cia. O Algarve, pelas suas potencialidades naturais e seu território, pela sua tradi-ção, tinha todas condições para se desenvolver na área do Turismo. Em Portimão, em 2015, comemorou-se o centenário do I Congresso Regional do Algarve, onde o

"Foi o Algarve que inventou o "Allgarve"? Foi o Algarve

que inventou os PIN’s e as portagens?

Não foi, foram os Governos

de Lisboa!

"

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JORNAL do ALGARVE [5] EntrEvista

7 I maio I 2020www.jornaldoalgarve.pt

não é suficiente, temos de dar um salto em frente. Temos de ter a coragem de trabalhar em conjunto. Não é só tapar os buracos da EN125 da minha freguesia. Os problemas do Algarve não se resolvem só à escala de um concelho ou de uma freguesia.

J.A. – Que mazelas vão ficar desta situação que estamos a viver, do ponto de vista económico e social?

V.N. – Vamos ter algumas mazelas porque temos 70 mil empresas no Algarve, das quais 20 mil são sociedades. Algumas dessas empresas vão ter dificuldade em con-tinuar, outras terão de se restruturar e isso é positivo. Por outro lado, vamos ter uma quebra no emprego. Mas vamos tirar daqui as lições mais positivas. E uma delas é: o Algarve não se pode permitir passar por outra crise como esta sem ter condições para responder. Ficámos completamente nus perante uma crise que nos caiu em cima. Se nós tivéssemos uma economia com uma estrutura mais diversificada, teríamos tido condições para resistir melhor, essa é a grande lição. Lição número 2: temos de criar as condições para, se da-qui as uns anos houver uma crise com os mesmo efeitos, possamos ter uma estrutura mais equilibrada, que nos per-mita resistir melhor. O Algarve tem uma balança comercial de bens negativa! Nós hoje importamos produtos que exportávamos. O volume de negócios maior no Algarve é na área do comércio, sobre-tudo de grandes unidades. E é preciso também ver o que é que essas grandes unida-des consomem de produtos do Algarve. Temos de criar condições políticas para que quem faz atividade comercial no Algarve possa utilizar bens da região.

seis meses, um ano, ou qua-tro anos, está a fazer palpites de futebol! A incerteza é total, porque as condicionantes que hoje existem são imensas. A primeira é a de que ninguém sabe quando termina a pan-demia, ou quando é que as autoridades sanitárias consideram que ela está controlada. Se ninguém sabe disso, daí para a frente é tudo incertezas. A primeira ques-tão é regressar à segurança sanitária. A segunda questão é saber se os nossos princi-pais mercados – Reino Unido, Alemanha, Espanha, França, etc. – têm segurança sanitá-ria, senão eles não saem de casa. Mas também não vêm se não houver segurança no destino. Outra questão: se não houver recuperação económica nos mercados que nos abastecem de turistas na Europa – 90% dos nossos turistas são da Europa – não há poder de compra para eles fazerem turismo. Terceira questão, o transporte aéreo. Se não houver, os turistas não saem de casa, não vêm de carro. O transporte aéreo está muito incerto porque há crise nas companhias aéreas. Algumas companhias públi-cas vão ter investimentos de milhões de euros, que é o caso da Lufthansa e British Ayrways. A questão das low-costs e dos lugares que têm de ficar vagos por razões de segurança sanitária. Há um conjunto de questões que envolvem as companhias aéreas que geram incerteza. A outra questão é a da con-corrência entre destinos: vai haver uma concorrência de preços muito dura. E tem de se tentar equilibrar os nossos preços, que também não po-dem cair demais.

J.A. – Perante todos es-ses imponderáveis, qual é a solução, para onde devemos apontar?

V.N. – A solução é con-centrarmo-nos em aproveitar este período para salvar e melhorar as nossas empre-sas. Mesmo com sacrifícios, com lay-off, pedindo dinheiro emprestado. Uma coisa é certa: o Turismo no Algarve vai recuperar.

J.A. – Numa primeira fase essa recuperação não pode-rá ser à custa do mercado interno?

V.N. – O mercado interno é decisivo! Mas nós nem pre-cisamos de forçar o mercado interno, ele está aí!

J.A. – Mas há margem de crescimento para esse mercado, ou estamos satu-rados? Não se pode baixar preços e atrair mais portu-gueses ao Algarve?

V.N. – Os portugueses virão ao Algarve desde que tenham segurança sanitária.

J.A. – Isso é um pau de dois bicos, se calhar, lá fora vai acontecer o mesmo. Os cidadãos dos habituais mercados emissores pode-rão deixar de viajar para o estrangeiro…

V.N. – Sim! Os governos de países como Reino Unido França, Alemanha e Itália estão a fazer muita força pe-los seus mercados internos, pelas mesmas razões. E isso pode travar as saídas para o estrangeiro. Isto não é uma esperteza portuguesa, pensar no mercado interno. Todos estão a pensar nisso.

J.A. – Será que temos uma classe empresarial que em matéria de alternativas

económicas pense essas coisas e possa dar a volta por cima?

V.N. – Nós, ao termos al-terado a estrutura produtiva da nossa região nos últimos 40 anos, alterámos também a estrutura empresarial e a tipologia dos nossos em-presários. Já temos bons empresários no Algarve, o que teríamos era de ajudar pedagogicamente a que se afirme uma classe empresa-rial que acredite nessas po-tencialidades e que possa ser ajudada para avançar. Essas décadas destruíram muito do património de cultura empre-sarial que nós tínhamos há umas décadas atrás. Grande parte de muitos importantes investimentos no universo do turismo são de empresas ou grupos financeiros que não são do Algarve e que têm as suas estratégias mais globais, em que o Algarve é apenas uma das peças. Isso não é um problema pelas pessoas em si. O que é que falta? Falta uma estrutura política regional para poder dialogar com as empresas, que hoje dialogam com um ou dois municípios, onde têm os seus investimentos. Seria importante que partilhassem uma visão regional. E isso nem sempre é fácil.

J.A. – Há ainda possi-bilidade de a indústria, a agricultura, as pescas e outros setores crescerem no Algarve?

V.N. – Claro que sim. Temos território a mais e abandonado. E temos outros desafios, como a água, as alterações climáticas. Não é uma questão de opinião, elas já estão aí e vão ter consequências na economia

J.A. – Sobre a época bal-near: com os problemas dos ajuntamentos nas praias, arriscamo-nos a ter turismo, mas termos pouca praia para pôr os turistas. Nesta época balnear e eventual-

"Temos de dar

um salto em frente. Os problemas

do Algarve não se resolvem só à escala

de um concelho ou de uma freguesia

"

mente na próxima. Tudo depende da vacina.

V.N. – Mesmo sem vacina, estas medidas que o Governo está a avançar quanto à utili-zação das zonas balneares, em cooperação com asso-ciações empresariais e enti-dades regionais, Região de Turismo, Municípios, podem encontrar um equilíbrio para a gestão inteligente das nossas praias. Isso significa a introdu-ção de regras que não sejam irracionais ou erradas, que sejam justas e equilibradas e depois a sua aplicação. Por outro lado, a compreensão dos utilizadores do que essas regras são necessárias. Pode-se criar aqui um equilíbrio e devemos trabalhar todos para o criar. É uma etapa decisiva para a reanimação da ativi-dade turística e da economia de região. É um trabalho de todos nós. Vamos ganhar esta batalha.

Não podemos basear a recu-peração apenas no mercado interno, não chega. Mas é fundamental para dar vida às empresas, reanimá-las, mas não é um substituto. Porquê? Porque o mercado interno representa 30% da procura turística e o externo 70%. Mas qualquer pessoa do nosso País tem uma ideia deste Algarve espetacular, de descanso, de lazer, de férias. Há margem para crescer, porque há muitos portugue-ses que não é por viajar pelo estrangeiro que deixam de vir ao Algarve. Este ano poderão vir mais uma vez.

da região que vai ter de se adaptar , com respostas para os desafios que isso gera. A discussão devia ser feita de forma a abrir perspeti-vas para outras atividades económicas. Numa visão de desenvolvimento sustentável

"Quem faz prognósticos

sobre a realidade daqui a seis meses, um ano, ou quatro anos, está a fazer

palpites de futebol!

"PUB

Insegurança, falta de auto-estima, ansiedade, depressão, fobias, problemas relacionais,

conflitos, dificuldade de realização de projetos, desmotivação e auto-conhecimento

Membro do Centro Português de Psicanálise - Escola Lacaniana Internacional

CONSULTAS DE PSCANÁLISE

SUSANA TRAVASSOS - PSICANALISTA

LISBOA/FARO/VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO TEL. 911034469

J.A. – Neste momento o Turismo não pode despon-tar de geração espontânea. Temos que esperar por uma vacina, que pode aparecer daqui a mais de um ano. O que é que acontece entre-tanto? Isto não recupera do pé para a mão…

V.N. – Quem faz prognósti-cos sobre a realidade daqui a

"Falta

uma estrutura política regional

para definir e aplicar uma estratégia

integrada

"

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Os municípios que compõem a Euro-cidade do Guadiana estão a trabalhar atualmente no projeto de dar estrutura de museu a muito do património material e imaterial que os três municípios possuem, anunciou a Alcaiadaria de Ayamonte.

Esta atuação é financiada pela União Europeia através do Programa de Coope-ração Transfronteiriça Espanha-Portugal.

Ayamonte, Castro Marim e Vila Real de Santo António, localizados na foz do rio com o mesmo nome, trabalham desde 2013 para criar infraestruturas e formas de governança conjunta.

“No campo da cultura e do património, a Eurocidade está determinada a inovar no planeamento e gestão dos seus recursos. Ao longo do século passado, as relações comerciais entre as duas margens do rio foram importantes e, nas últimas dé-cadas, o intercâmbio nas atividades de lazer aumentou, principalmente no setor de hospitalidade e no uso de praias, mas não noutras áreas como a cultura ou o aproveitamento dos espaços naturais”, diz a autarquia espanhola.

Diante da visão tradicional de criar um museu conjunto, a Eurocidade preferiu lançar a musealização de seu território, transformando as três cidades num gran-de museu vivo, que pode ser visitado por itinerários que têm continuidade entre os três municípios. Itinerários que articulam o seu património cultural e natural, bem como a agenda cultural.

Dessa forma, exemplifica a alcaidaria,

um visitante que chega, por exemplo, a Vila Real de Santo António, pode fazer uma visita guiada interpretada pelos centros históricos dos três municípios, bem como outros itinerários temáticos ligados às atividades humanas do território, como a pesca ou a indústria do sal. Oferecer aos visitantes passeios que destacam nossos valores comuns e promovem, além das relações culturais e comerciais, a coesão territorial e social.

Atualmente, as equipas técnicas de cultura e turismo dos três municípios ela-

boraram uma proposta para os objetivos do “Território Museu", a partir de agora esse processo acompanhado por empresas espe-cializadas - escolhidas por meio de licitação pública - que serão responsáveis por moldar o resultado final.

O “Território do Museu” é uma ação con-templada no projeto EuroGuadiana 2020, co-financiado pelo Fundo Europeu de De-senvolvimento Regional FEDER através do Programa Operacional de Cooperação Trans-fronteiriça Espanha-Portugal Interreg V-A.

A Eurocidade do Guadiana surgiu em Janeiro de 2013 num parceria entre o município de Vila Real de Santo António e o ayuntamiento de Ayamonte. Em Maio desse mesmo ano e numa lógica de se ganhar escala juntou-se o município de Castro Marim.

Sendo que as Eurocidades são projetos pioneiros no seio da União Europeia, aplicando um novo modelo de cooperação de segunda geração ultrapassando a mera colaboração institucional e podendo demonstrar que é possível adotar um novo modelo de cidadania europeia, os objectivos iniciais eram somente os da partilha de equipamentos, a criação de uma marca turística conjunta, o lançamento de um canal de radio e a realização de eventos comuns em ambos os lados do Rio Guadiana.

Entre 2013 e 2018 a Eurocidade do Guadiana funcionou sem personalidade jurídica e realizando algumas iniciativas conjuntas em várias áreas, sobre-tudo no turismo e na cultura. Alguns encontros onde se auscultou alguns parceiros, mas ainda sem definição de qualquer tipo de estratégia mais concreta e que pensasse o território de forma sustentada e integrada. De qualquer forma a proximidade institucional entre os três municípios aprofundou-se e surgiram algumas acções que ganharam alguma “tradição” e vivenciada pelos povos das duas margens, nomeadamente o inicio das festividades da Virgem das Angustias em Vila Real de Santo António ou a vinda dos Reis Magos a Castro Marim e Vila Real de Santo António também.

Em 2018 finalmente aquilo que tanto se desejava teve lugar e através da Secretaria de Estado do Desen-volvimento e Coesão é conferido o estatuto de AECT, ou seja um Agrupamento Territorial de Cooperação Territo-rial. A partir daí passamos a estar perante a Eurocidade Guadiana, AECT, o que lhe permite entre outras coisas, a candidatura e gestão de fundos comunitários, tão necessários para o desenvolvimento deste território, constituído por três municípios altamente periféricos e que ainda por cima, dois deles, a viver profundas dificuldades financeiras que os levam a ser interven-cionados pelo Estado, com as consequências que isso acarreta, nomeadamente na criação de nova despesa.

Se o estatuto de AECT amplia grandemente o po-tencial desta entidade, não deixa de ser recíproco o aumento de responsabilidades e o cuidado a ter naquilo que são as relações institucionais que exigem muito mais atenção. É nesse sentido que a actual equipa de trabalho da Eurocidade Guadiana, AECT tem estado a laborar e tem sido esse o denominador comum em todas as acções extremamente pedagógicas onde estivemos presentes nestes últimos dois anos, criando laços e aprendendo com a experiência de AECT mais antigos e especialmente mais consolidados. Essa aprendizagem tem sido essencial para que o nosso trabalho seja cada vez mais profícuo e em breve comece a dar frutos mais visíveis.

Na próxima ocasião, explicaremos o que é um AECT..

*Director da Eurocidade Guadiana e Vice Presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António

Representantes das três cidades reunidos em janeiro passado

EUROCIDADE DO GUADIANA

Castro Marim, VRSA e Ayamonte querem ser um museu vivo

A Eurocidade do Guadiana realizará um seminário on-line na próxima sexta-feira com representantes dos principais projetos europeus desenvolvidos no território da Eurocidade. Durante todo o mês de maio, haverá também encontros digitais com stakehol-ders do setor de turismo. Os eventos poderão ser acompanhados através das redes sociais da Eurocidade.

Como todos os anos desde a sua criação, a Eurocidade do Guadiana celebra com entusiasmo o Dia da Europa, a grande união geográfica e política que promove a junção dos três municípios que a compõem: Ayamonte, Castro Marim e Vila Real de Santo António.

Tradicionalmente no Dia da Europa as instituições costumam organizar visitas a prédios públicos e atividades de massa; no entanto, em 2020, devido à situação causada pelo COVID-19, essas celebrações serão realizadas digitalmente. No caso da Eu-rocidade do Guadiana, as celebrações continuarão durante todo o mês de maio começando nesta sexta-feira, quando terá lugar um seminário focado em experiências e projetos de cooperação transfronteiriça que estão a ser desenvolvidos, ou foram desen-volvidos recentemente, no território da Eurocidade.

Os projetos europeus juntaram a espanhóis e portugueses e, às vezes a outros parceiros europeus, a trabalharem juntos em diferentes áreas como juventude, meio ambiente, desporto, turismo ou governança. Os projetos europeus estão a contribuir significativamente para melhorar a qualidade de vida dos habitan-tes da eurocidade, mas especialmente esses projetos promovem a criação de relações sólidas e metodologias de trabalho entre instituições, empresas e cidadãos, de ambos os lados da fronteira, que continuam a dar frutos após a conclusão dos projetos.

Entre os projetos que serão apresentados no ato desta sexta-fei-

Regional [6] JORNAL do ALGARVE 7 I maio I 2020

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Eurocidade comemora Dia da Europa e sétimo aniversário

> Luís Romão*

Um pouco de História da Eurocidade do Guadiana

ra, estará o EuroGuadiana 2020, o principal projeto do Eurocidade atualmente e que representa o primeiro laboratório de governança transfronteiriça da Eurorregião Alentejo-Algarve-Andaluzia.

As apresentações estarão disponíveis nas redes sociais do Eurocidade do Guadiana e do projeto EuroGuadiana 2020.

Breve históriaTodos os anos, no Dia da Europa, comemorado a 9 de maio, fes-

teja-se a paz e a unidade do continente europeu. Esta data assinala o aniversário da histórica «Declaração Schuman». Num discurso proferido em Paris, em 1950, Robert Schuman, o então Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, expôs a sua visão de uma nova forma de cooperação política na Europa, que tornaria impensável a eclosão de uma guerra entre países europeus.

A sua visão passava pela criação de uma instituição europeia encarregada de gerir em comum a produção do carvão e do aço. Menos de um ano mais tarde, era assinado um tratado que criava uma entidade com essas funções. Considera-se que a União Euro-peia atual teve início com a proposta de Schuman.

Para comemorar o Dia da Europa, as instituições europeias abrem as portas ao público em maio, em Bruxelas, Luxemburgo e Estrasburgo. As representações da UE na Europa e as delegações da UE no resto do mundo organizam diversas atividades e eventos para todas as idades.

Todos os anos, milhares de pessoas participam em visitas, de-bates, concertos e outros eventos que assinalam o Dia da Europa e dão a conhecer melhor a UE.

Este ano, no Dia da Europa, as instituições europeias desejam prestar uma homenagem especial, através de uma série de ativida-des em linha, aos numerosos europeus que, num espírito de solida-riedade, ajudam a União Europeia a superar a crise do coronavírus.

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JORNAL do ALGARVE [7] Regional

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IP desiste de estrada que ameaçava Centro AgrárioA empresa Infraestruturas

de Portugal (IP) retirou do projeto de eletrificação da linha ferroviária do Algarve a estrada que ia atravessar o Centro de Experimentação Agrária de Tavira e, segundo os especialistas, ameaçar uma coleção única de frutei-ras e videiras.

A estrada iria atravessar a propriedade onde está uma coleção de cerca de 1000 fruteiras da região, o que motivou protestos por parte de vários setores.

O seu traçado estava previsto como alternativa ao encerramento da passagem de nível junto à estação fer-roviária de Tavira.

No entanto, “face às recla-mações que vieram a público relativamente à solução pre-vista” a IP retirou a estrada do projeto de eletrificação da linha entre Faro e Vila real de Santo António.

Em resposta enviada à agência Lusa, fonte da IP justificou ter retirado a “pre-tensão de construção do referido restabelecimento ro-doviário no âmbito do projeto

GNR apreende duas toneladas de berbigão em Olhão

A Guarda Nacional Republicana (GNR) apreendeu, em Olhão, duas toneladas de berbigão que tinha sido apanhado fora do período legalmente estabelecido, com um valor estimado de seis mil euros.

Em comunicado, a GNR revelou que a apreensão decorreu no âmbito de uma ação de fiscalização da Unidade de Controlo Cos-teiro (UCC), quando os militares detetaram oito homens a apanharem berbigão fora dos períodos diários legalmente fixados, ou seja,

de modernização da Linha do Algarve, que se encontra em procedimento de Avalia-ção de Impacte Ambiental, por forma a que o processo pudesse continuar a sua tramitação”.

A mesma fonte esclare-ceu que “já não será con-templada a supressão da passagem de nível rodoviária na empreitada a realizar de eletrificação da Linha do Al-garve” e que “a supressão do atravessamento rodoviário” na passagem de nível junto à estação de Tavira “passará a ser desenvolvida, no futuro, no âmbito de uma empreita-da autónoma”.

“No âmbito do estudo da futura solução para esta supressão, a IP avaliará em conjunto com a autarquia de Tavira e demais entidades interessadas, uma solução adequada para este res-tabelecimento rodoviário”, acrescentou.

“A IP, responsável do pro-jeto, reconheceu que seria necessário um percurso al-ternativo para o trânsito automóvel entrar na cidade,

pelo que o CEA, de momento, está a salvo”, afirmou o depu-tado do PSD, Rui Cristina, em comunicado.

A mesma fonte citou a resposta dada pelo Governo às questões do PSD sobre a

matéria, esclarecendo que “a Declaração de Impacte Ambiental do projeto refe-re agora que não existem condições favoráveis para emitir decisão favorável à solução técnica apresenta-da pela Infraestruturas de Portugal”.

“Está assim afastada, de momento, a expropriação parcial de terrenos, que hoje pertencem ao CEA de Tavira, e a consequente fragmentação desta pro-priedade que comprometia o funcionamento prático e a viabilidade científica deste centro que, futuramente, se veria sujeito aos mais variados tipos de poluição e especulação”, sublinhou o PSD.

Questionada pela agên-cia Lusa, a Câmara Munici-pal de Tavira respondeu ter tomado "conhecimento des-ta decisão através da nota de imprensa do PSD", mas garantiu que, na autarquia, "ainda não foi rececionada qualquer comunicação for-mal por parte da IP, referen-te a esta questão".

"Aguardamos, portanto, o contacto da IP para estudar outra alternativa que sirva a cidade e a sua população", acrescentou fonte do mu-nicípio.

Entretanto, o Bloco de Esquerda do Algarve congra-tulou-se pela não viabiliza-ção do atravessamento do Centro Experimental Agrário de Tavira.

O Bloco recorda que, logo que teve conhecimento do processo, em fins de janeiro de 2020, esteve sempre con-tra esta alternativa, a qual –

afirma - não foi por parte da Câmara Municipal de Tavira, atempadamente divulgada à comunidade, nem aos par-tidos da oposição. Refira-se que o processo de negocia-ção entre as Infraestruturas de Portugal e a Câmara Mu-nicipal de Tavira teve início em janeiro de 2018.

Referente a esta matéria houve também, por parte do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, através do seu deputado pelo Algarve, João Vasconcelos, um pedido de audição do Secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural na Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas e que foi aprovada por una-nimidade. A audição só não

ocorreu devido ao estado de pandemia da Covid-19 que o país vive.

O Bloco de Esquerda defende a requalificação do Centro Agrário, espaço que diz ser “único no País e de enorme valor para o Algarve e para o concelho de Tavira”.

“Propomos que a Câma-ra Municipal de Tavira inicie um processo de negociação com o Ministério da Agricul-tura e Pescas de forma a recuperar o Centro Agrário e incutir no mesmo uma dinâmica de reabilitação e valorização através da sua rentabilização ambiental com os consequentes ga-nhos futuros para as novas gerações”, conclui.

Entrada do Centro de Exploração Agrária de Tavira, considerada como a maior zona verde da cidade

entre o nascer e o pôr do sol.“Ao aperceberem-se da presença dos

militares, os indivíduos tentaram colocar-se em fuga, utilizando as suas próprias embar-cações, mas foram intercetados pelos meios marítimos da UCC”, referiu a GNR.

De acordo com a GNR, os suspeitos, com idades compreendidas entre os 41 e os 66 anos, incorrem numa coima que poderá ul-trapassar os 24 mil euros e os bivalves foram devolvidos ao seu habitat natural.

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7 I maio I 2020www.jornaldoalgarve.ptLocaL [8] JORNAL do ALGARVE

LouLé

Arranca construção de parque de estacionamento

A construção do novo par-que de estacionamento da Cássima, em Loulé, arrancou esta segunda-feira, para me-lhorar a oferta e condições de parqueamento de veículos na cidade.

O parque fica localizado num terreno municipal na zona da Cássima, perto da Segurança Social, já utilizado antes para o estacionamento de viaturas. No entanto, com estas obras, será possível criar melhores condições de confor-to, segurança e incentivo à sua utilização.

Esta obra vai permitir criar 200 lugares de estacionamen-to de veículos ligeiros, além de espaço para pessoas com mobilidade reduzida e zonas para motociclos e bicicletas. O pavimento será feito a par-tir de material reciclado e permeável, com capacidade para a circulação de veículos pesados e acessibilidade pe-donal universal.

No projeto está também prevista a implementação de iluminação pública e planta-ção de árvores para sombrea-mento. O acesso ao parque será feito através da rua “A Voz de Loulé”.

A obra tem um investimen-to global que ronda os 435 mil euros e um prazo de execução de 240 dias.

“A realização deste parque constitui mais um passo na reabilitação e ordenamento do espaço público no centro

Sistema de contagem de pessoas e bicicletas implementado em Quarteira

No cruzamento entre a Avenida Dr. Carlos Mota Pinto com a Rua Vasco da Gama, em Quarteira, foi instalado um sis-tema de contagem de pessoas e bicicletas, no âmbito do pro-jeto Quarteira Lab, anunciou a Câmara Municipal de Loulé.

O sistema tem como obje-tivo recolher dados concretos acerca das formas como as pessoas se deslocam neste espaço e de como esses núme-ros variam ao longo do tempo.

Estes dados, que serão depois transferidos para uma plataforma agregadora, vão depois beneficiar a gestão e planeamento do espaço urba-no de Quarteira, permitindo a definição de políticas de sus-tentabilidade mais eficazes e adequadas àquela zona.

As novas informações acer-ca da mobilidade naquela zona vão ser posteriormente dispo-nibilizadas aos utilizadores do espaço Quarteira Lab, através

Projeto do futuro parque de estacionamento em Loulé

A Câmara Municipal de Alcoutim vai renovar o largo envolvente da igreja da Nossa Senhora da Assunção, em Giões, após a aprovação da candidatura ao Plano de Ação de Desenvolvi-mento de Recursos End´ogenos, anunciou a autarquia.

A pavimentação do largo será substituída por calçada portuguesa, além da instalação de um outdoor digital interativo, de um outdoor digital interativo, de um hotspot de wifi para promoção dos produtos e recursos endógenos e a instalação de rede wifi gratuita.

Esta renovação tem previsão de conclusão a 31 de dezembro deste ano, com um inves-timento de mais de 172 mil euros, com uma

Alcoutim renova largo da Igreja da Nossa Senhora da Assunção

da cidade de Loulé e tem como objetivo resolver o pro-blema de estacionamento gratuito existente. À seme-lhança da iniciativa Metromi-nuto do projeto Loulé Adapta, a construção desta nova bolsa de estacionamento pre-tende igualmente promover e incentivar a mobilidade a pé, nos trajetos diários das pes-soas, dentro cidade”, referiu em comunicado o presidente da Câmara Municipal de Lou-lé, Vítor Aleixo.

Os trabalhadores romenos que chegaram a Castro Marim no dia 24 de abril já estão no seu país, para onde viajaram no passado fim-de-semana, mas, entretanto, a sua situa-ção humanitária foi alvo de críticas e censuras mútuas entre os municípios de Castro Marim e Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco.

A Câmara Municipal de Castro Marim lamentou, no início da semana, a tomada de posição da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, que – acu-sam os castromarinenses – “transformou uma situação de carácter humanitário num jogo de culpas entre municípios”.

Em causa está, segundo a Câmara do distrito albicastren-se, o processo de deslocação temporária, por duas noites, dos romenos para o concelho de Idanha-a-Nova, que “foi condu-zido por três entidades: Câmara Municipal de Castro Marim, Embaixada da Roménia em Portugal e Associação Romena de Aldeia de Santa Margarida”.

Os romenos saíram de Cas-tro Marim na passada quinta-feira, dia 30, e o plano era ficarem no concelho beirão até sábado, dia 2, após o que seriam levados ao aeroporto da Portela e iriam para o seu país, o que de facto veio a acontecer.

De acordo com a Câmara da região centro, aquelas três entidades articularam, entre si, a deslocação dos 15 cidadãos romenos de Castro Marim para uma unidade de alojamento de São Miguel de Acha “sem comunicar pre-viamente o facto à Câmara Municipal de Idanha-a-Nova ou à Junta de Freguesia de São Miguel de Acha, uma atitude que revela falta de respeito institucional e des-consideração pela saúde da comunidade idanhense”.

“O facto de não terem comunicado previamente da

Com desentendimento entre Castro marim e idanha-a-nova

Trabalhadores romenos já estão no seu país

Romenos na hora da partida

chegada destes cidadãos, não estando em causa a sua nacionalidade, inviabilizou a resposta atempada e articula-da entre as entidades locais, como deveria ter acontecido, nomeadamente o cumprimen-to das regras de isolamento social, destinadas a todos os que chegam ao nosso conce-lho, vindos de outras partes do país ou do mundo» lê-se em comunicado enviado à reda-ção do semanário Barlavento.

Em resposta, a autarquia de Castro Marim lamenta a tomada de posição da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova e recorda que se trata de “ci-dadãos de um país da União Europeia, em situação legal e não infetados por COVID-19”, conforme evocou ao JA a vice-presidente da Câmara algarvia, Filomena Sintra.

“Não tínhamos que infor-mar a câmara de Idanha-a-Nova de que um grupo de cida-dãos comunitários, saudáveis e em situação legal ia pernoitar duas noites no seu concelho”, vincou a vereadora.

De acordo com Filomena Sintra, em todo o processo de estadia, de uma semana, dos romenos em Portugal o município só obteve resposta da Embaixada da Roménia em Portugal. “Dirigimos o mesmo apelo a outras entidades gover-namentais, mas não obtivemos

resposta”, lamenta a autarca.“A Embaixada da Roménia

encetou todos os esforços para acolher, com o mínimo de digni-dade humana, os 15 cidadãos, garantindo um alojamento que seria, à partida, no município de Castelo Branco, situação que se alterou já durante o translado efetuado pelo Município de Cas-tro Marim. Importa sublinhar que só nesta condição saíram de Castro Marim”, enfatiza, en-tretanto, o município de Castro Marim em comunicado.

“Acreditamos que quer o Município de Elvas, quer o Município de Castro Marim, quer o Município de Idanha-a-Nova, fizeram o melhor que puderam, quer em prol das suas populações, quer em prol do grupo de cidadãos ro-menos, mas rejeitamos toma-das de posição acusatórias e inadequadas ao contexto, que raiaram a xenofobia”, acusa a câmara algarvia.

“Este, que foi um caso la-mentável, devia ser o mote para reflexões diplomáticas Portu-gal-Espanha, uma vez que já há notícia de que enquanto o espaço aéreo em Portugal está aberto, as fronteiras em Espa-nha poderão estar fechadas até outubro. Este é um assunto que deve ter solução desde que haja vontade e esforço po-lítico nesse sentido”, conclui.

J.P.

comparticipação comunitária de mais de 120 mil euros.

de painéis informativos digitais que foram instalados, ou de uma aplicação móvel.

Esta iniciativa da Câmara Municipal de Loulé foi cofinan-ciada pelo Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente e da Ação Climática e pretende fomentar a descarbonização de Quarteira, reduzindo a uti-lização de veículos poluentes e as emissões de gases com efeito estufa, aumentando assim a qualidade do ar.

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JORNAL do ALGARVE [9] LocaL

7 I maio I 2020www.jornaldoalgarve.pt

coronavírus: E EIS QUE CHEGA (ALGUMA) LIBERDADE

Capital EuropEia da Cultura

Candidatura de Faro integra projeto “Europe at Home”A Faro2027, equipa res-

ponsável pela candidatura de Faro a Capital Europeia da Cultura, apresentou o projeto “Europe at Home”, que reúne 14 cidades Europeias e um total de 28 trabalhos fotográ-ficos e literários que retratam o momento de isolamento social vivido por todos nós em consequência da pandemia Covid-19, apresentando, no caso de Faro, obras de Vasco Célio (fotografia) e Sandro William Junqueira (texto li-terário).

Perante o cenário de uma Europa “parada”, “onde a maior parte da população teve que seguir regras de isolamento social”, a equipa Faro2027 lançou o desafio a

diversas cidades europeias “para retratar, através da lente de um fotógrafo e das palavras de um escritor, a vivência deste momento sem precedentes na nossa his-tória”.

Bruno Inácio, coordena-dor da Candidatura de Faro a Capital Europeia da Cultura, afirmou que “a resposta foi célere e positiva e rapi-damente diversas cidades Europeias se juntaram para evidenciar as similitudes e diferenças de uma europa que enfrenta um inimigo comum e invisível ao mesmo tempo que aprende a viver uma nova realidade”.

Cada cidade a participar no projeto “Europe at Home”

convidou um fotógrafo e um escritor a produzir imagens e textos que retratassem a vivência do isolamento social latente no quotidiano das suas comunidades e são estes trabalhos artísticos que a partir de hoje podem ser apreciadas na plataforma digital do projeto em europea-thome.eu.

Esta plataforma apre-senta ainda biografias de cada um dos artistas, bem como apresentações de cada uma das cidades participan-tes. Tal como foi referido na conferência de imprensa de apresentação do projeto, o grupo inicial de cidades que o constitui colocam a cultura como um de seus principais

eixos de desenvolvimento e estiveram, estão ou desejam estar relacionadas ao projeto e Capital Europeia da Cultura: Bodø (Noruega); Chemnitz (Alemanha); Esch (Luxem-burgo); Faro (Portugal); Kau-nas (Lituânia); Leeuwarden (Holanda); Novi Sad (Sérvia); Oulu (Finlândia); Piran (Es-lovénia); Plovdiv (Bulgaria); San Sebastian (Espanha /País Basco); Tartu (Estónia); Valletta (Malta)e Veszprèm (Hungria).

Presentemente o projeto conta com mais 4 cidades em fase de finalização de trabalhos artísticos para serem colocados onl ine e o promotor do projeto reforçou a sua intenção de

crescimento do mesmo, evidenciando a existência de outras cidades interessadas em participar.

Na conferência de impren-sa podemos ainda ouvir as declarações de Gabija Vai-niutė, fotógrafa convidada da cidade de Kaunas, nomeada para Capital Europeia da Cultura 2021, e cujo trabalho "Quarantine Windows" foi uma das inspirações para a concretização deste projeto. Gabija explicou como ficou comovida ao ser contactada pela equipa de Faro2027 e afirmou a “importância do “Europe at Home” num momento em que estamos fi-sicamente distantes mas em que nos sentimos mais iguais

e próximos que nunca”.O promotor do projeto e

porta-voz do mesmo na con-ferência de imprensa, Bruno Inácio, evidenciou ainda que o "Europe at Home" pretende ser um movimento aberto que visa envolver mais cidades e mais artistas mas também cidadãos europeus no geral. Para cumprir este objetivo, em europeathome.eu é leva-do a cabo um convite a todos europeus a partilhar as suas experiências durante esse pe-ríodo de emergência nas suas redes sociais (perfis públicos) utilizando #EuropeAtHome. Uma compilação dessas ima-gens pode ser vista na página inicial da plataforma digital do projeto.

Faro:

Museu Municipal e Museu Regional lançam iniciativas digitais

O Museu Municipal de Faro e o Museu Regional, atualmente de portas fechadas devido à pandemia de COVID-19, têm vindo a promover iniciativas digitais para estarem mais perto do público que está em isolamento, anunciou a Câmara Municipal de Faro.

Uma das iniciativas é o Quiz, que apresenta várias perguntas para tes-tar os conhecimentos das famílias

acerca de algumas curiosidades e peças presentes dos espaços.

Os serviços educativos estão a promover a apresentação de his-tórias, para relembrar tradições e memórias de outros tempos.

Outro dos desafios lançados é o projeto "A casa é o atelier", em que toda a família é convidada a participar artisticamente, com as suas obras de pintura acerca desta

Concluída rotunda na principal avenida da cidade

Está concluída a execução da nova rotunda entre a Avenida 5 de outubro, a rua Dr. Cândido Guerreiro e a rua Dr. José de Matos, no centro da cidade de Faro.

A implementação de sinalização de rotunda, com a circulação a efetuar-se agora num único sentido giratório e a consequente desativa-ção da sinalização semafórica que existia anteriormente naquele cru-zamento, teve o objetivo de tornar mais fluída a circulação automóvel nesta zona nevrálgica da cidade de Faro.

Simultaneamente, as alterações

de trânsito preveem a introdução de um sentido único, ascendente, na rua Dr. Manuel Arriaga, o que, diz o município, vai proporcionar mais estacionamento, melhor mobilidade e mais segurança para todos os que circulam naquela artéria, em particu-lar os alunos da Escola Secundária de Tomás Cabreira.

Esta empreitada, integrada na última edição do programa munici-pal “Faro requalifica”, foi adjudicada em dezembro à Sociedade Constru-ções, Pedra Vidraça Algarvia, Lda. pelo valor global de cerca de 171 mil euros.

época de pandemia. Os desenhos devem depois ser enviados para o Facebook ou e-mail do museu, para serem posteriormente expostos naqueles espaços.

Através da internet é também possível fazer visitas guiadas virtuais nos museus, numa iniciativa intitu-lada “Dois dedos de conversa” que conta com a apresentação de várias peças dos museus.

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> Gonçalo DouraDo

Facebook, Instagram ou Youtube têm sido algumas das redes sociais e platafor-mas mais usadas nas últimas semanas, tanto pelos artistas como pelo público consumi-dor de arte. Através dessas plataformas digitais, o tempo das pessoas que estão em confinamento tem passado mais rápido, e tem levado sorrisos à cara da população e dos artistas, que querem voltar aos palcos físicos o mais rápido possível.

Atuações em direto, sem a vibração

da pista de dança“Nesta altura há que ser

imaginativo e arranjarmos formas de manter a nossa marca no mercado, apesar de estar completamente estagnado”, refere ao JA o DJ André Salgueiro, 40 anos, natural de Faro.

Tal como tem acontecido um pouco em todo o planeta, os artistas têm recorrido às redes sociais para promover o seu trabalho, com atuações em direto e outras iniciativas originais. André Salgueiro revelou ao JA que faz algumas performances em direto para as redes sociais “duas vezes por semana”, além de “al-gumas conversas e sessões de perguntas e respostas ao vivo”.

O feedback do público na internet “tem sido muito posi-tivo”, mas o artista considera que “não é a mesma coisa”. “Sinto imensa falta dos sorri-sos das pessoas, da vibração de uma pista de dança, de ver a alegria nos olhos das pessoas, porque nós vivemos desses momentos”, confes-sou o DJ ao JÁ, uma vez que agora expressa a sua arte para uma câmara, enquanto que noutros tempos essa ati-

vidade era feita para milhares de pessoas que estariam à sua frente, fisicamente.

Uma vez que está em iso-lamento social em casa, tem também aproveitado o tempo livre para treinar a sua técni-ca de djing, para aperfeiçoar a sua arte e estar pronto para as suas atuações ao vivo, que ainda não têm data prevista para recomeçar.

O artista farense viu todas as suas atuações marcadas serem canceladas a partir de 10 de março, desde festas, viagens de finalistas e even-tos privados. “Infelizmente não vejo o mercado a abrir em breve, uma vez que o nosso setor deve ser a última coisa a voltar a funcionar”, salienta o DJ.

Quando regressar ao ati-vo, André Salgueiro considera que “não vão ser tempos fá-ceis”, pois haverá “uma longa caminhada para conquistar a confiança das pessoas, acabar com alguns medos e demonstrar que é seguro frequentar espaços de di-versão”.

Cantar dentro de quatro paredes,

para a internetRicardo Nené tem 23 anos

e é um cantor de Vila Real de Santo António habituado desde pequeno a pisar todo o tipo de palcos. Prestes a começar a sua temporada de verão, viu os seus cerca de uma centena de concertos serem cancelado, e sem data à vista para remarcações.

Em confinamento, apesar de não ter feito atuações em direto para a internet, tem participado na gravação de covers e vídeos com o seu irmão mais novo, amigos e até com músicos que não conhece, “visto que tempo livre não falta” para quem vive da música. O músico

participou ainda no projeto online “Quarentena Jam VRSA”, ao lado do guitarrista e colega de banda, Tiago Lopes, na interpretação de alguns covers.

“Temos feito alguns co-vers, tenho aproveitado para criar alguns originais e apro-veitei também para ensaiar e preparar-me para a eventuali-dade da temporada de verão voltar a arrancar”, revelou o membro da banda algarvia Cookie Monsters ao JA.

A reação dos internautas “tem sido bastante positiva” e Ricardo refere que “as pessoas até agradecem que existam este tipo de vídeos e iniciativas, que são um

contributo muito bom”, uma vez que o público gosta “de ver e sentir” que os músicos estão presentes e querem continuar a proporcionar momentos de entreteni-mento.

No entanto, a diferença entre cantar em casa e num palco é gigante: “Nós pode-mos fazer os vídeos e pode-mos cantar em casa, mas todo o artista faz arte para ser mostrada ao mundo, não é para cantar dentro de quatro paredes. Podemos publicar online mas nunca é a mesma coisa do que can-tar em frente a um público, com aquele nervosismo que faz parte. É incomparável”,

DOS PALCOS PARA OS ECRÃS

Artistas adaptam-se à pandemia através da InternetA pandemia de COVID-19 confinou as pessoas às suas casas, fechou as salas de espetáculos, as discotecas, os bares e cancelou os festivais de verão. À semelhança do que vem acontecendo um pouco por todo o mundo, os artistas do Algarve têm atuado para a população confinada, através de atuações em direto para as redes sociais, aulas online e outras iniciativas criativas, que estão à distância de um clique

confessa.Com praticamente todo

o planeta em isolamento, Ricardo salienta que “com esta pandemia, temos a pro-va de que sem a arte e sem os artistas, seria tudo mais aborrecido”, alertando para a falta de importância dada aos mesmos, seja pelo Es-tado, que lhe recusou apoio, ou à autarquia da sua cidade natal, “cuja ajuda é nula”.

Telescola de dançaAos 28 anos, Josué Oli-

veira, natural de Loulé mas residente em Olhão, viu a sua carreira no mundo da dança estagnada. Atualmente em digressão com o farense Dio-

go Piçarra, juntamente com o seu irmão gémeo, estavam prestes a pisar o maior palco do país, a Altice Arena em Lisboa, quando a pandemia de COVID-19 chegou a Por-tugal e cancelou todos os espetáculos.

“Foram meses de prepara-ção e adrenalina que simples-mente se adiaram. Confesso que me afetou, pois vivo a vida de artista intensamente, mas o pensamento positivo é a chave”, referiu o bailarino ao JA, acrescentando que a atual tour de Diogo Piçarra encontra-se em stand by.

Além desta atividade pro-fissional, Josué é professor de Dança no Conservatório

O DJ André Salgueiro foi um dos artistas algarvios que “deu” música às pessoas em isolamento

O artista vilarealense, Ricardo Nené, usa a sua casa como palco provisório

CORONAVÍRUS: E EIS QUE CHEGA (ALGUMA) LIBERDADE

RepoRtagem [10] JORNAL do ALGARVE 7 I maio I 2020

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JORNAL do ALGARVE [11] RepoRtagem

7 I maio I 2020www.jornaldoalgarve.pt

de Vila Real de Santo António e na escola Outsiders Art & Dance Studios, em Olhão, cujas aulas presenciais foram suspensas.

“Quando se deu a pan-demia, inevitavelmente ter-minámos tudo e ficámos em isolamento total. Apesar de ter contato com os meus alunos, foi difícil manter aulas online”, confessou o jovem artista ao JA, relativamente à sua atividade no Conser-vatório.

Em relação à Outsiders, o bailarino considera que “o processo foi diferente”, pois já leciona naquela instituição há mais tempo e tem “uma ligação diferente com os alunos”, o que facilitou as aulas online.

No entanto, o artista acre-dita “que foi a força de von-tade de ambas as partes de continuar a lecionar e eles participarem” nas aulas atra-vés da internet.

Na página de Instagram da escola Outsiders, muitas são as transmissões em di-reto para toda a comunidade que têm todos uma coisa em comum: a paixão pela dança. Josué é um dos participantes

dessa iniciativa online e con-sidera esta atividade virtual “importante”, porque tem de se “continuar a manter o contacto”.

“Nada se equivale a dar aulas presenciais. A energia não é a mesma. Nos diretos, sinto que estou a falar sozi-nho, mas é necessário. Tenho muitas saudades das minhas aulas, dos meus alunos e da interação com eles”, confes-sou o jovem ao JA.

Para o bailarino, esta comunicação virtual e online é importante e necessária, uma vez que “as pessoas precisam de arte”, para não se sentirem sozinhas e o feedback tem sido positivo.

No entanto, conciliar as aulas online com a telescola do Ministério de Educação tem sido complicado, devi-do aos horários e a carga horária.

“Os professores estão a carregar os alunos com material, têm horários preen-chidos e demasiados traba-lhos. Então, por mais que estejamos a tentar motivá-los para continuarem com o que gostam de fazer, tem sido difícil arranjar tempo para

tudo”, confessou o bailarino algarvio.

“Acho que após esta pan-demia, a arte em si vai ser mais valorizada”, salientou o jovem, que considera que

esta mudança de um palco físico para um virtual tem sido fácil, uma vez que se adapta “muito rápido às circunstâncias” e os artistas “para serem alguém ou ter

algo precisam de ser muito versáteis”.

A COVID-19 veio parar o meio artístico e Josué con-sidera que “a nível profissio-nal, sendo isto uma paixão,

o facto de ser adiado dá a entender que perdemos momentos e que se perde o foco”, além de aparecer “a falta de motivação”.

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Josué Oliveira, bailarino de Diogo Piçarra recorre às redes sociais para expressar a sua arte

CORONAVÍRUS: E EIS QUE CHEGA (ALGUMA) LIBERDADE

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E-learning contra COVID-19 - A Proteção Civil de Portimão colocou em mar-cha um plano de formação em modalidade e-learning (online), disponível a todos os profissionais da rede social do concelho, tendo em consideração ser uma necessidade essencial à sua formação, para atuarem de forma eficaz na atual pandemia.Citado pela autarquia de Portimão, o comandante Richard Marques, coordenador municipal de Proteção Civil, considera que “é determinante preparar os profissionais que diariamente trabalham na linha da frente com a população mais vulnerável e que merecem um dever especial de proteção, contextualizando aspetos fundamentais, como a correta utili-zação de equipamentos de proteção individual e a prevenção relativa à transmissão da Covid-19 nos grupos de maior risco”.

Testes nos infantários - O Algarve Biomedical Center (ABC) começou esta semana a testar os funcionários das creches do Algarve, Baixo Alentejo e Alentejo Litoral, anunciou o organismo.No total, serão testados 1450 funcionários de 96 creches algarvias e cerca de 670 funcionários de 48 creches do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral.

AMAL quer dois terços nos autocarros - O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Pina considerou que é “total-mente exequível” a limitação a dois terços da capacidade dos transportes públicos rodoviários na região devido à COVID-19, já que não se prevê um aumento da sua utilização.“Numa primeira fase não é difícil garantir os dois terços, até porque a maior parte das escolas continuam fechadas e também nem toda a atividade económica estará a funcionar”, disse à agência Lusa o presidente da AMAL.

Vales de compras pagam máscaras - A Câmara Municipal de São Brás de Alportel desafiou a população a participar na produção de 12 mil máscaras sociais, atividade voluntária que vai ser recompensada com a atribuição de vales de compras no comércio local.A ideia partiu do executivo, aproveitando os seus funcionários, entretanto sem ocupação, mas a participação foi alargada à comunidade, contando agora com mais de “70 participantes, dos 14 aos 87 anos”, num esforço coletivo que pretende proteger duplamente o concelho da pandemia de COVID-19.

Árbitros contra COVID-19 - A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) está a entregar em várias unidades de saúde do País, incluindo o Centro de Saúde de Vila Real de Santo António, material de proteção doado àquela instituição, para auxiliar na luta contra a pandemia de COVID-19, anunciou o organismo que representa os árbitros.Após uma campanha de angariação de fundos e material iniciada pelos árbitros dos dois campeonatos profissionais de futebol, foram recolhidas "mais de 10 mil peças, entre máscaras, viseiras e coberturas de sapatos", informa a APAF, em comunicado.

IEFP por videoconferência - A partir do mês de maio, o Instituto de Em-prego e Formação Profissional (IEFP) vai reforçar os seus canais alterna-tivos ao atendimento presencial, promovendo a videoconferência com os candidatos a emprego, anunciou o instituto em comunicado.Com esta iniciativa, o IEFP quer permitir a comunicação com os utentes de uma forma célere, ao reduzir o tempo e ao evitar deslocações aos serviços de emprego.Nas videoconferências, pretende-se melhorar a qualidade de resposta aos candidatos a emprego com condições tecnológicas, através de sessões coletivas e entrevistas individuais.

Caracóis em casa - Em virtude do contexto pandémico Covid-19 que o País atravessa, a Câmara Municipal de Castro Marim anunciou que vai lançar o Festival Internacional do Caracol a partir de casa, um festejo com o slogan “Faça como o caracol, festeje a partir de casa!”.Segundo a autarquia, a ideia da iniciativa é minimizar o impacto económico provocado pelas medidas de combate ao covid-19, envolvendo todos os comerciantes do concelho que quiserem aderir em regime de takeaway e, simultaneamente, dar continuidade à política cultural que o município tem desenvolvido ao longo do tempo e cujos eventos têm sido cartões-de-visita deste território.

Parabéns à porta - A Câmara Municipal de Portimão já surpreendeu mais de 200 aniversariantes do seu concelho, ao cantar os “Parabéns a Você” à porta de casa dos mesmos, que se encontram em isolamento social devido à pandemia de COVID-19, anunciou a autarquia.Quem tenha algum familiar ou amigo no concelho de Portimão que celebre o seu aniversário sozinho ou isolado, pode pedir à autarquia para que esta iniciativa alegre o dia dessa pessoa, através desta iniciativa.

O vírus em notícias breves

7 I maio I 2020www.jornaldoalgarve.ptATUALIDADE [12] JORNAL do ALGARVE

AlbufeirA

Entrega de quatro ventiladores ao INEM e urgências do concelho

coronavírus: E EIS QUE CHEGA (ALGUMA) LIBERDADE

Prosseguindo a sua política de apoio às unidades de saúde, o municí-pio de Albufeira acaba de entregar três ventiladores móveis às VMER - Viatura Médica de Emergência e Reanimação de Albufeira e de Faro e outro ao SUB - Serviço de Urgências Básico de Albufeira. Aguarda-se a vinda de mais um quarto ventilador, fixo, destinado ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve, anunciou a autarquia.

Ao todo, foi um investimento de 65 mil euros, anuncia o presidente da autarquia, José Carlos Rolo, que alerta para que os albufeirenses mantenham o isolamento social.

Com este reforço, o presidente da autarquia, José Carlos Rolo, espera que “as ambulâncias e serviços pos-sam dar uma resposta mais célere e cabal às suas necessidades”.

O autarca frisa que “no que respei-

ta à saúde dos albufeirenses não se poupa a esforços” e que mantém toda a disponibilidade do município “para o que for preciso, no sentido de poupar as pessoas a esta terrível ameaça”.

José Carlos Rolo alerta ainda para que os albufeirenses mantenham a conduta exemplar que têm tido, e “agora que temos mais um fim de semana prolongado, apelo a que continuem a respeitar o isolamento social, pois só desse modo é que, juntos venceremos esta batalha”.

Município já deu 200 mil euros em

equipamentos de proteçãoA Câmara de Albufeira já entregou

equipamentos de proteção individual para o combate à pandemia de CO-VID-19 no valor de 200 mil euros a diversas instituições e entidades do

concelho, anunciou a autarquia.Más-caras, luvas, gel, viseiras e outros arti-gos de necessidade de saúde básicos foram entregues a juntas de freguesia, bombeiros, Cruz Vermelha, unidades de saúde, forças de segurança, insti-tuições de apoio social, funcionários e voluntários da autarquia, entre outros.

Em breve, decorrerá a segunda fase desta iniciativa, com a entrega de máscaras à população do conce-lho de Albufeira.

“Seria impensável, o município não dar prioridade ao que é prioridade, neste caso, os materiais para proteção de todos aqueles que no dia-a-dia e a toda a hora colocam a vida em risco por todos nós. Todas as entidades têm desenvolvido um trabalho excecional e merecedor de registo no sentido de evitar a propagação do vírus", referiu o autarca, em comunicado.

Utentes de lar de Boliqueime instalados em hotel regressam à instituição

Os utentes do lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime que estavam, há quase um mês, instalados num hotel em Vilamoura, após a deteção de ca-sos positivos de COVID-19 naquela instituição, regressaram há dias à instituição, informou a Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime.

Num comunicado publicado na sua página de Facebook, a direção do lar refere que os utentes que se encontravam no hotel foram trans-feridos para a instituição de acordo com as orientações das autoridades de saúde locais.

O foco de contágio no lar da Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime foi conhecido a 3 de abril, com o re-gisto de 21 casos positivos entre os utentes, tendo aqueles cujo teste deu negativo sido instalados num hotel.

Segundo um comunicado divulga-

do na quarta-feira, na mesma rede social, havia “um total de quatro uten-tes internados no Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, dois positi-vos e dois negativos”, um dos quais com “um mau prognóstico clínico”.

O último balanço divulgado pela direção do lar, na terça feira, apon-tava para “14 casos positivos, 43 negativos e três óbitos” de utentes do lar infetados por COVID-19.

Nesse dia foi realizada uma hi-gienização do piso 1 da instituição, após uma ação de descontaminação, levada a cabo na segunda-feira “pela GNR, em articulação com a Proteção Civil da Câmara de Loulé e a Cruz Vermelha Portuguesa”.

A maioria dos utentes infetados permaneceram no lar com outros que, embora negativos, tiveram de ali ficar por limitação física ou demência.

Presidente da autarquia de Albufeira, José Carlos Rolo, entrega equipamentos móveis em frente à Câmara Municipal

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CORONAVÍRUS: E EIS QUE CHEGA (ALGUMA) LIBERDADE

O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve alertou na passada sexta-feira para a possibilidade de uma segunda onda de COVID-19 coincidir com o período da gripe, sublinhando que as autoridades estão já a preparar medidas de prevenção.

“A segunda onda [da pandemia] poder vir a coincidir com a próxima gripe é uma das nossas preocu-pações e já estamos a trabalhar para prevenir o próximo inverno”, nomeadamente, através da vacina-ção de mais pessoas, referiu Paulo Morgado.

Segundo aquele responsável, que falava na conferência de imprensa semanal da Comissão Distrital de Proteção Civil, em Loulé, as autori-dades estão “em alerta” para uma eventual segunda onda, que, a juntar-se “à onda da gripe cria um ‘stress’ acrescido nos serviços de saúde”.

“Ninguém sabe, nem ninguém tem forma de prever quando é que surge esta segunda onda”, subli-nhou, garantindo que não vai ser

desativado nenhum dos serviços em funcionamento e em preparação no Algarve dedicados ao combate à COVID-19.

Contudo, os resultados alcan-çados até agora na região dão ao presidente da ARS confiança de que os serviços de saúde serão capazes de responder a uma segunda onda, “até porque a sociedade também está muito mais preparada”.

Questionado sobre o reforço de profissionais de saúde previsto para o verão, Paulo Morgado referiu que as autoridades de saúde pretendem usar “todos os mecanismos legais” à sua disposição para que haja um re-forço, assumindo em que o número de profissionais de saúde na região é “deficitário”.

“Ainda falta o modelo final em termos de resposta para o verão, mas não está excluída a mobilidade. Vamos tentar criar esse mecanismo extra para além da contratação dire-ta”, realçou, notando que “é expec-tável que o número de turistas seja muito inferior ao do ano passado”.

Os pedidos de apoio na alimentação cresceram nas últimas semanas no Algarve entre famílias tradicional-mente mais favorecidas, que agora enfrentam descidas no rendimento devido à pan-demia de COVID-19, levando-as a recorrer a ajudas que eram habitualmente mais direcionadas à população carenciada.

O Movimento de Apoio à Problemática da Sida (MAPS) adaptou a sua sede em Faro para conseguir responder ao aumento dos pedidos de ajuda que tem recebido.

“No primeiro dia que nos foram pedidas refeições servi-mos 10 ou 15, no dia seguinte 30 e foi um crescendo até às 300 que temos hoje”, afirma à agência Lusa a vice-pre-sidente da instituição, Elsa Morais Cardoso.

A responsável revela que só com o apoio dos parceiros têm conseguido garantir o fornecimento de refeições diá-rias, mas também “o reforço de sopa, iogurtes, pão e fruta”

Pedidos de ajuda alimentar aumentam entre famílias mais favorecidas

a cerca de 300 pessoas entre a sede, em Faro, e as delega-ções de Quarteira e Portimão.

“Quem tinha carências continua a ter, agravadas com a pandemia, mas há um novo grupo que nunca passou por esta situação e as diferenças sociais notam-se quando as pessoas vêm ter connosco”, nota Elsa Morais Cardoso.

O turismo, a restauração e o aeroporto de Faro con-tinuam a ser “os grandes empregadores” no Algarve, refere, considerando que “quando os dois membros do casal trabalham nestes setores”, a pandemia “coloca-os numa situação que não é comum nas últimas décadas em Portugal”.

Entre psicólogos e técni-cos a preparar cabazes nos corredores da sede, há ainda uma assistente social que agora é cozinheira e salas de trabalho transformadas em unidades de embalamento.

Na porta da entrada existe agora com um painel de acríli-co devido ao distanciamento

JORNAL do ALGARVE [13] AtuAlidAde

7 I maio I 2020www.jornaldoalgarve.pt

HÁ 342 INFETADOS NO ALGARVE

Segunda onda de COVID-19 pode coincidir com período de gripe no Inverno

Na ocasião, a delegada regional de Saúde do Algarve afirmou que a situação na região está, neste mo-mento, “muito mais tranquila”, sem transmissão comunitária, apesar de haver ainda 162 pessoas infetadas

a recuperarem em casa.Relativamente às comunidades

rurais de migrantes, onde surgiram alguns focos da doença, a situação é “bastante positiva”, com boa parte dos infetados já recuperados, adian-

tou Ana Cristina Guerreiro.Já o presidente da Comissão Dis-

trital de Proteção Civil, António Pina, reforçou a ideia de que os autarcas da região querem “intensificar as ações de fiscalização” e vão pedir às forças de segurança para que estejam “ainda mais ativas” durante a fase de desconfinamento.

“As autarquias vão ter toda a sua capacidade de fiscalização nos espaços públicos, desportivos e na restauração”, concluiu o também presidente da Comunidade Intermu-nicipal do Algarve (AMAL).

Até ao fecho desta edição, o Al-garve tem 13 óbitos e 342 casos de COVID-19 segundo a Direção-Geral de Saúde, distribuídos pelos muni-cípios de Albufeira (70), Faro (61), Loulé (62), Portimão (38), Tavira (30), Silves (22), Vila Real de Santo António (13), Olhão (12), Lagoa (9), Lagos (3), Castro Marim (3), São Brás de Alportel (2) e Monchique (1), enquanto que Alcoutim, Vila do Bispo e Aljezur continuam sem casos confirmados.

social entre quem fornece ajuda e quem dela precisa.

"Já tivemos pedidos de aju-da do meio da serra algarvia", sublinha a vice-presidente do MAPS.

Em famílias com crianças a situação “é muito compli-cada”, desabafa, com mães

Paulo Morgado

pregos. Muitos foram mesmo despedidos, não sabem se regressam e a maioria não vai mesmo regressar”, lamenta.

No Motoclube de Faro tam-bém se trabalha para acorrer aos pedidos de ajuda de quem ficou “com dificuldades económicas e não consegue

comprar alimentos”, afirma o seu presidente, José Amaro, notando que não se tratam apenas de pessoas com em-pregos precários, mas sim de "todas as classes sociais”.

“Temos recebido vários apoios de empresas algar-vias e depósitos em dinheiro que revertemos em comida que levamos diariamente a quem necessita”, conta José, enquanto arruma pacotes de arroz, massa e outros alimen-tos nas paletes que ocupam agora parte da cave da sede.

Assumindo que o apoio social “está na génese do clu-be”, destaca que muitos dos apoios têm sido canalizados para pessoas que “perderam os empregos na restauração, de onde levavam a comida para as refeições em casa”.

“Só quem anda a entregar as coisas é que vê a dificul-dade que as pessoas têm e a forma como somos recebidos, por isso, é importante agrade-cer a quem nos ajuda para que possamos ajudar quem precisa”, conclui.

a “chegarem desesperadas e muitas vezes com lágrimas nos olhos” por não consegui-rem dar aos filhos “os iogurtes ou as papas”.

“O que mais desespera as pessoas é a incerteza do seu trabalho, não sabem se vão regressar aos seus em-

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Sindicato da Hotelaria denuncia

Funcionários que dão apoio aos hospitais não estão a ser testados

O Sindicato dos Trabalha-dores da Hotelaria do Algarve denunciou que há funcioná-rios que dão apoio aos hospi-tais algarvios que não estão a ser testados para a COVID-19, mas as autoridades de saúde não têm indicação para fazer testes de rotina.

Segundo o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Algarve, em causa estão “200 trabalhadores” do Serviço de Utilização Comum dos Hospi-tais (SUCH) que asseguram, os serviços de alimentação e roupa nas unidades do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA).

Em declarações à agência Lusa, Tiago Jacinto afirmou ter sido contactado por tra-balhadores que se mostraram

“bastante preocupados” por poderem “contaminar outras pessoas, nomeadamente os seus familiares”.

“Médicos, enfermeiros e auxiliares são testados. E eles, que lidam também com os doentes e com os profis-sionais de saúde, não o são”, argumentou.

Contactado pela Lusa, o presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve (ARS), Paulo Morgado, afir-mou desconhecer qualquer protocolo para testar todos os profissionais que desem-penham funções na área da saúde, a não ser que apre-sentem sintomas de doença.

“Quando há sintomato-logia, um caso suspeito, um contacto com um caso, os profissionais são testados. Mas testá-los por rotina,

numa base periódica, isso não existe em nenhum país, não tem qualquer base cien-tífica. Não faz sentido do ponto de vista médico e de saúde pública”, frisou Paulo Morgado.

Nesta altura em que há muitas pessoas “a transmitir opiniões”, recomendou “al-guma calma", avisando que é “importante e essencial” que todos os profissionais hospi-talares “estejam devidamente protegidos” por se tratar de “uma zona de risco, para esta e muitas outras doenças”.

Segundo Tiago Jacinto, os representantes dos trabalha-dores enviaram há duas se-manas um email” ao departa-mento de recursos humanos do SUCH a questionar porque é que não eram incluídos nos testes, mas ainda não obtive-

ram resposta, afirmou.O dirigente sindical referiu

também que “depois de an-darem o dia todo ao serviço com a farda” são os próprios

trabalhadores que “a levam para casa para lavar, apesar da possibilidade de estar contaminada”.

Entretanto, o sindicato so-

licitou esclarecimentos sobre a situação às administrações do SUCH, do CHUA e da ARS/Algarve, com conhecimento para o Ministério da Saúde.

A Câmara Municipal de Portimão entregou esta semana mais qua-tro ventiladores ao Hospital de Portimão, totalizando agora em oito as unidades cedidas ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), anunciou a autarquia.

Os 350 mil euros destinados ao Grande Prémio de Portugal Formula 1 em Motonáutica, que foi cancelado, serviram para adquirir 24 ventiladores de diferentes tipologias, alguns dos quais de última geração e inovadores em território nacional.

A partir desta semana, ficam também disponíveis outros dois venti-ladores ao dispor do Serviço Municipal de Proteção Civil de Portimão.

Está prevista a chegada de mais ventiladores nas próximas semanas e ainda um Pulmovista, equipamento médico diferenciado único na re-gião e um dos poucos no país, que representa um investimento superior a 50 mil euros.

Portimão

Câmara entrega quatro ventiladores ao hospital da cidade

A Diocese do Algarve colocou em lay-off vários trabalhadores não clérigos devido à quebra de receitas, devido à suspensão de atividades de culto e da pandemia de COVID-19, anunciou o Gabinete de Informação da Diocese do Algarve (GIDALG).

“Esta medida não abrange ne-nhum elemento da hierarquia da Igreja, apenas os trabalhadores das fábricas das igrejas”, como os se-cretários paroquiais ou funcionários de museus, disse à agência Lusa o padre Miguel Neto, do Gabinete de Informação da Diocese do Algarve (GIDALG).

O regime de lay-off foi adotado para os trabalhadores do Centro Pastoral de Ferragudo, em Lagoa, da Casa de Retiros de São Lourenço do Palmeiral, em Armação de Pêra, da loja de artigos religiosos de Faro, do Museu da Casa Episcopal e do Seminário de São José, também em Faro.

Os funcionários dos cartórios paroquiais podem também vir a ser abrangidos por este regime, mas a fonte considera que a medida “não parece ser aplicável aos párocos e outros sacerdotes, pois não têm pro-priamente um contrato de trabalho”.

Segundo o pároco, “a missão do padre continua a existir” e os mes-mos não “deixam de trabalhar”, pois apesar da suspensão das celebra-ções comunitárias, “os sacerdotes continuam a celebrar em privado, já

Trabalhadores não clérigos da Diocese do Algarve em lay-off

para não falar das exéquias e outras celebrações e atividades”.

As dificuldades financeiras afe-tam todas as paróquias do Algarve, mas sobretudo aquelas “que se situam em zonas geograficamente deprimidas, como a serra”.

“Não havendo reuniões de fiéis, ou estando os museus e outros centros de atividades encerrados, não se podem realizar coletas. Al-guns fiéis mais conscientes enviam por transferência bancária as suas ofertas”, realçou.

Tal como no resto do país e no mundo, os fiéis acompanham diaria-mente celebrações e momentos de

oração através da internet.A Diocese do Algarve prevê que

em “meados de maio ou princípio de junho” se possam retomar as cele-brações comunitárias, com entradas controladas e encaminhamento para lugares previamente marcados, além de outros condicionalismos.

“Os próximos meses serão tam-bém economicamente difíceis para a região do Algarve, que conhece que-bras no turismo muito acentuadas e cuja retoma pode ser complicada e demorada e isso é para a Igreja uma grande preocupação, pois o desemprego dos algarvios vai trazer novas fragilidades sociais”, concluiu.

7 I maio I 2020www.jornaldoalgarve.ptATUALIDADE [14] JORNAL do ALGARVE

coronavírus: E EIS QUE CHEGA (ALGUMA) LIBERDADE

Hospital de Portimão recebeu quatro ventiladores oferecidos pela autarquia

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JORNAL do ALGARVE [15] AtuAlidAde

7 I maio I 2020www.jornaldoalgarve.pt

coronavírus: E EIS QUE CHEGA (ALGUMA) LIBERDADE

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Viajantes podem alarmar população residente

Isolamento não é obrigatório para quem chega de um país de riscoAo contrário do que se poderia supor, quem chega a Portugal Continental vindo de um país de risco não é forçado a ficar em isolamento total, ficando apenas obrigado às restrições dos restantes cidadãos no território nacional, de acordo comas recomendações da Direção Geral de Saúde desta semana, consultadas pelo JA

> Gonçalo DouraDo

A coabitação, num mes-mo prédio ou condomínio com alguém que regressou de um país de risco – como por exemplo Itália ou Espa-nha – pode ser intimidante, ou até assustadora, mas não deixa de se enquadrar nos termos da legislação portu-guesa, já que no Continente não há qualquer obrigação de quarentena obrigatória e confinante para aqueles viajantes.

Contudo, a maioria dos infetados pelo vírus está em casa, a recuperar, em princípio enquadrados pe-las recomendações da Dire-ção-Geral de Saúde (DGS),

que devem ser seguidas à risca.

Além de todas as medidas tomadas pelo Governo para reduzir o risco de contágio de COVID-19, foram suspensos todos os voos para/da União Europeia, com algumas exce-ções. É o caso do regresso dos portugueses a casa, sem-pre que haja condições para tal, nomeadamente rotas em atividade e voos.

Devido às restrições fron-teiriças (nas fronteiras terres-tres, marítimas e aeroportos), em Portugal apenas podem entrar cidadãos nacionais ou estrangeiros titulares de autorização de residência. No território, de forma irres-trita, pode circular pessoal

diplomático, elementos das Forças Armadas, serviços de segurança e jornalistas. A circulação está também autorizada, a título excecio-nal e para efeitos de reunião familiar de cônjuges ou equi-parados, a familiares até ao primeiro grau.

De acordo com o Ministé-rio dos Negócios Estrangei-ros, os cidadãos residentes noutros países têm o direito de saída nas fronteiras para regressarem a casa. O direi-to de circulação estende-se aos transpor tes interna-cionais de mercadorias, transporte de trabalhadores transfronteiriços e circula-ção de veículos de emergên-cia e socorro.

Isolamento não obrigatório não exclui

cuidados especiaisNo entanto, para Portugal

Continental não está em vigor a obrigatoriedade de isola-mento profilático na chegada desses portugueses, sendo apenas uma recomendação. Essa obrigatoriedade apenas está em vigor nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

Para aqueles cidadãos, a DGS aconselha o isolamento durante 14 dias, com especial atenção a sintomas como febre, tosse e dificuldade respiratória. A temperatura corporal deve ser medida e registada duas vezes por dia.

Caso algum dos sintomas apareça na pessoa recém-chegada de um país de risco ou em alguém com quem con-vive de perto, os suspeitos não devem deslocar-se aos ser-viços de saúde, devendo em vez disso ligar para o SNS24 através do número 808 24 24 24 e seguir as orientações dadas após a partilha do seu histórico de viagem.

Durante o isolamento re-comendado, devem ser se-guidas as recomendações em uso para os demais cidadãos: lavagem frequente das mãos com água e sabão durante, pelo menos, 20 segundos, além do reforço de lavagem das mesmas antes e após a preparação de alimentos, an-tes das refeições, após o uso de casa de banho e sempre que as mãos estejam sujas.

Em alternativa, pode ser usada uma solução à base de álcool. Para se assoar devem ser usados lenços de papel de utilização única, que têm

de ser deitados num caixote do lixo e proceder de seguida à lavagem das mãos.

Ao tossir ou espirrar, a boca deve ser direcionada para o braço, com o cotovelo fletido e não para as mãos. Deve-se também evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos sujas ou contaminadas com secreções respiratórias.

O viajante deve também procurar saber mais informa-ções junto das autoridades de saúde locais.

Se viver numa casa com outras pessoas, deverá ter um quarto e uma casa de banho só para si, se possível, sem partilhar artigos de higiene pessoal e outros itens do-mésticos, além de andar pela habitação usando a máscara.

Conselhos a ter durante confinamento

Durante os 14 dias após o regresso ao país de origem, deve ser feito o distanciamen-to social ao não permanecer em locais muito frequentados e fechados, se não existir necessidade como é o caso de pessoas que tenham de realizar atividades letivas ou profissionais, segundo a DGS.

Deve ser evitado o contac-to físico e a decisão voluntária de isolamento profilático deve ser feita em articulação com o delegado de saúde da área de residência, justificando-se apenas para pessoas que tenham vindo de zonas de elevado risco.

Como é feito o procedimento por

parte de uma autarquiaNo exemplo da Câmara de

Vila Real de Santo António,

fonte municipal disse ao JA que a autarquia se encontra em contacto permanente com a Autoridade de Local de Saú-de (ALS), pelo que “qualquer caso de cidadão/munícipe que regresse ao concelho oriundo do estrangeiro ou de uma zona de risco (desde que tal situação seja dada a conhecer à Câmara), será imediatamente reportado à ALS que, por sua vez, acom-panhará o caso, acionará o protocolo em vigor e fará a ponte com as entidades de saúde superiores”.

“Uma vez que as fronteiras terrestres e aéreas se encon-tram sob controlo, em virtude do estado de emergência na-cional, todo e qualquer caso suspeito será encaminhado para despiste e/ou quaren-tena de acordo com os nor-mativos em vigor”, concluiu o município vilarealense.

Linha de apoio e aplicação móvel

disponívelPara um cidadão portu-

guês que quer voltar ao seu país de origem, vindo de um local de risco de contágio elevado, o Ministério dos Ne-gócios Estrangeiros criou uma linha de apoio, disponível através do telefone 217 929 755 e do e-mail [email protected], no caso de existirem dificuldades no regresso a território nacional.

Outra recomendação é o registo na aplicação móvel gratuita “Registo Viajante”, disponível para smartphones Android e IOS, que permite ser imediatamente localiza-do e contactado em caso de emergência.

Quem chegade um país de risco deve seguir as recomendações da Direção-Geral de Saúde

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7 I maio I 2020www.jornaldoalgarve.ptPublicidade [16] JORNAL do ALGARVE

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A Câmara Municipal de Ta-vira adotou um novo conjunto de medidas urgentes e exce-cionais para reforçar o apoio social, devido à pandemia de COVID-19, centradas na pro-moção da saúde e inclusão social da população mais vul-nerável, anunciou a autarquia.

A nível alimentar, vai ser implementado um serviço de refeições gratuitas em regime de take-away, com a colabo-ração de várias entidades e instituições que irão apoiar a cidade e o concelho.

Foi criado o Voucher de Suplemento Essencial, dirigido a 240 famílias de beneficiam agora da entrega de um con-junto de senhas, que possi-bilitam a aquisição de bens alimentares essenciais.

À Fundação Irene Rolo foi atribuido um apoio financeiro de mais de 5 mil euros, com o objetivo desta instituição continuar a fornecer refeições diárias, no âmbito do projeto “Chefe à Porta”.

Aos sem-abrigo, foi imple-mentado um sistema de alo-

jamento provisório com 20 camas, atualmente já ocupa-das, em quartos modulares/contentores, além de ser for-necida alimentação diária e kits de higiene.

Durante este período de pandemia de COVID-19, a autarquia já realojou mais seis sem-abrigo em residências partilhadas.

Na área da educação, fo-ram abertas as duas cantinas escolares, também em regime de take-away, para os alunos terem acesso a refeições diá-

AtuAlidAde [17] JORNAL do ALGARVE 7 I maio I 2020

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CORONAVÍRUS: E EIS QUE CHEGA (ALGUMA) LIBERDADE

Autarquia de Tavira reforça apoio social devido à pandemia

Os mercados municipais de Silves abriram terça-feira, “mediante o cumprimento de regras de distanciamento social e higienização dos espaços conforme indicação da Direção-Geral da Saúde (DGS)”, segundo a autarquia.

A decisão de reabrir os mercados foi tomada pela presidente da Câmara Municipal, Rosa Palma, a delegada de saúde local e os presi-dentes das Juntas e Uniões de Freguesia do concelho, no âmbito das medidas de desconfinamento progressivo e restabelecimento da ativi-dade económica, e segue-se a “reuniões com todos os comerciantes” para “concertar e esclarecer as regras” a “ser observadas para permitir o reinício da atividade”, referiu o município.

Entre as medidas estão a “afixação de informação relevante alusiva às regras de higiene e condutas sociais a adotar”, o “controlo de aces-sos em função da capacidade de carga legalmente prevista, tendo em conta, designadamente, a área e as especificidades arquitetónicas do espaço”, a “definição de um fluxo de circulação perfeitamente perce-tível para os utilizadores” desses comércios ou o “uso obrigatório de máscaras”, exemplificou.

“No que aos comerciantes diz respeito, os mesmos deverão instalar dois dispensadores de álcool gel, um para uso próprio e outro para os clientes, utilizar equipamento de proteção individual obrigatório, como

SILVES

Mercados municipais já abriram com novas regras

O município de Aljezur aprovou por unanimidade um novo conjunto de medidas extraordinárias de resposta à pandemia de COVID-19, intitulada “Aljezur Presente”, que assentam em três linhas estratégicas: reforço dos meios de combate à propagação e cuidados de saúde, apoio à família e comunidade e apoio à economia local, anunciou a autarquia.

No primeiro ponto estratégico de reforço dos meios de combate à propagação e cuidados de saúde, a autarquia vai apoiar financeiramente a estratégia intermunicipal da AMAL, implementou o Plano Municipal de Contenção do vírus e criou uma re-serva estratégica municipal de equi-

ALJEZUR

Aprovadas novas medidas de resposta à pandemia

rias. As escolas estarão abertas uma vez por semana, para que os alunos tenham acesso ao serviço de fotocópias e impressões.

Neste momento encontra-se em fase de procedimento a aquisição de 239 tablets, 68 computadores e 43 routers, para posteriormente serem

distribuídos por alunos sinali-zados, que não têm acesso a novas tecnologias de comu-nicação.

pamentos de proteção individual para os serviços municipais, instituições e população.

Será ainda oferecido apoio finan-ceiro extraordinário a instituições de solidariedade social e bombeiros, além de novas medidas de apoio a entidades desconcentradas do Estado como forças de segurança, militares, saúde, educação e ação social.

Vão ser contratados serviços de limpeza especializados em desinfe-ções exteriores e interiores, será dado apoio logístico e de equipamentos financeiros e materiais para iniciativas de associações locais e grupos de voluntariado, bem como a criação de zonas de apoio à população.

Ainda nesta primeira linha es-tratégica, a autarquia vai promover ações de sensibilização, informação e formação para a população, além de alterar e anular o calendário de eventos e iniciativas do município e de associações.

Na segunda linha estratégica, de apoio à família e à comunidade, a Câmara Municipal de Aljezur imple-mentará a linha de apoio psicossocial e outra de apoio psicológico e encami-nhamento, enquanto apoia a entrega de bens alimentares e medicamentos à população e encaminha casos de carência e desemprego para entida-des como o Instituto de Emprego e Formação Profissional.

Será reforçado o apoio a enti-dades assistenciais, a instituições particulares de solidariedade social e ao associativismo local, além das novas medidas de apoio à educação, que incluem: apoio para equipamento informático e internet para garantir o ensino à distância, prestação de apoio alimentar a alunos com escalão e apoio ao transporte de alunos.

A nível de impostos e taxas, vão ser reavaliadas pelo executivo, tal como o IMI, as rendas de habitações municipais e o programa de apoio ao arrendamento habitacional.

Para a terceira linha, de apoio à economia local, a autarquia de Aljezur vai reavaliar a redução de taxas, pre-

ços e impostos do município, tal como a isenção e redução da fatura de água aos estabelecimentos encerrados.

Será isenta a taxa de ocupação de espaço público e publicidade até ao final do ano, enquanto está a ser avaliada a isenção de rendas aos concessionários até à mesma data.

A Câmara Municipal de Aljezur vai também implementar um plano de promoção das empresas da Zona Industrial da Feiteirinha, um plano de incentivo ao comércio loca, a cam-panha “Voucher Costa Vicentina”, a campanha de promoção turística do concelho e a criação de uma rede digital de comércio e prestação de serviços.

máscara e/ou viseira, tendo ainda sido definido o protocolo de higie-nização de mãos no decorrer da venda e manuseamento de produtos, assim como foi estabelecida a entrada exclusiva para reabastecimento de produtos”, precisou a autarquia.

O regime de take-away devido à pandemia de COVID-19 da Biblioteca Municipal de Loulé foi alar-gado até ao Polo de Quarteira a partir desta semana, anunciou a autarquia.

Para usufruir deste serviço e solicitar o empréstimo de livros, os leitores devem consultar o catálogo online disponível em https://tinyurl.com/bibliotakeaway e posteriormente telefonar para o número 289 400 846 ou enviar um email para [email protected] a indicar as obras pretendidas, número de leitor e nome completo.

Será posteriormente agendada uma data e horário para levantar os livros solicitados no Polo da biblio-teca, em Quarteira, cujo serviço de empréstimos vai funcionar entre as 10:00 e as 12:00 de segunda a sexta-feira.

A Biblioteca Municipal de Loulé pretende apro-ximar-se dos seus leitores através desta iniciativa, aplicada com o objetivo de conter a propagação do surto de COVID-19.

BIBLIOTECA MUNICIPAL LOULÉ

Polo de Quarteira em regime take-away

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7 I maio I 2020www.jornaldoalgarve.ptPublicidade [18] JORNAL do ALGARVE

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JORNAL do ALGARVE [19] AtuAlidAde

7 I maio I 2020www.jornaldoalgarve.pt

coronavírus: E EIS QUE CHEGA (ALGUMA) LIBERDADE

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Espanhóis elogiam instalações portuguesas na fronteira da Ponte do Guadiana

As forças de segurança e a imprensa espanhola acabam de elogiar as instala-ções portuguesas na frontei-ra da Ponte Internacional do Guadiana, em Castro Marim, e criticam o seu próprio Governo, revelou o jornal El Confidencial.

“Parecemos um país de terceiro mundo ao lado de Portugal", referiu um polícia espanhol àquela publicação, referindo-se à comparação entre as instalações provi-sórias de Portugal e Espanha naquele local.

Os espanhóis têm à sua disposição uma pequena casa de madeira, "como aquelas que se podem en-contrar na entrada de alguns parques de campismo”, en-quanto Portugal tem con-tentores.

Segundo o polícia es-panhol que controla as en-tradas e saídas entre os

dois países, “os contentores de Portugal são novos, em perfeitas condições e desde o primeiro dia que têm luz elétrica e espaço suficiente", confessou o agente Juan Car-los ao El Confidencial.

“No primeiro dia, deixa-ram-nos na estrada, de pé, ao lado dos carros", enquan-to chovia, desabafa Juan, que agradece à Câmara Municipal de Castro Marim pelo empréstimo de uma tenda branca, normalmente usadas em feiras.

Após alguns protestos por parte dos agentes, foi levado para o local a casa de madeira, mas "também se molha quando chove, por isso temos de colocar plás-ticos para não entrar água lá para dentro", confessou o membro da Confederación Española de Policía ao El Confidencial.

“A única explicação que

podemos dar é que Portugal, um país com menos riqueza que o nosso, quer e cuida mais dos seus polícias", referiu.

Em relação aos materiais de proteção enviados para as forças de segurança es-panholas, aquele agente critica os equipamentos que “parecem guardanapos de papel ou um filtro para cafe-teiras” e “que nada têm de parecido com aqueles que são aconselhados".

Os agentes criticam ainda as medidas adotadas pelo Governo espanhol, acusan-do-o de mentir quando disse que a polícia já dispunha de todos os meios necessários para o combate à pandemia de COVID-19, enquanto que a atuação do Governo por-tuguês tem sido elogiada e questionada na imprensa internacional.

O jornal El Confidencial

relata na sua publicação o encerramento das escolas em Portugal, que decorreu quando havia apenas 50 infetados em território nacio-nal, enquanto em Espanha, que detetou o primeiro caso positivo no final de janeiro, apenas declarou o estado de emergência a 14 de março.

O meio de comunicação

social espanhol refere ainda que o presidente Pedro Sán-chez nunca faz comparações com Portugal, em relação ao assunto da pandemia de COVID-19.

“A quarta economia da União Europeia, Espanha, tem uma reação perante uma emergência sanitária com piores meios, menos

recursos públicos e com menos qualidade na gestão em relação ao seu país vizi-nho, que ocupa o número 12 desse ranking de economias europeias e atravessou um grave período de austeridade após a intervenção europeia devido à crise financeira de 2008. Como é possível?”, pode ler-se na publicação.

Tenda emprestada pela Câmara Municipal de Castro Marim aos agentes espanhóis, enquanto não tinham instalações

Novas instalações portuguesas do controle de fronteiras Instalações provisórias das forças de segurança espanholas na Ponte do Guadiana

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7 I maio l I 2020www.jornaldoalgarve.pt

DDesporto [21]

Na sequência da decisão da FPF, confirmando a indicação dada na semana passada pela UEFA de premiar as equipas por mérito desportivo", o Farense, ocupava o segundo lugar com 48 pontos, a seguir ao Nacional da Madeira, com 50, quando a II Liga foi interrompida, à 24ª jornada. Ascendem à liga principal os dois clubes que têm mais pontos agora que o campeonato está interrompido devido à pandemia.

A Câmara Municipal de Faro já felicitou, em nota de impren-sa, os atletas, treinadores, diri-gentes e funcionários do clube, pelo feito alcançado e recorda “o papel crucial da Direção, presidida por João Rodrigues, na recuperação do emblema e

seu relançamento na alta-roda do futebol nacional, depois de 18 anos de ausência”.

A Câmara de Faro reconhe-ce, ainda, “o mérito à vibrante massa associativa do Farense que, com o seu apoio incon-dicional, nunca deixou morrer a esperança mesmo quando a equipa lutava nas divisões inferiores” e reitera o seu apoio ao clube para a próxima tem-porada.

Em sentido inverso – isto é, descensional -, o Portimo-nense aguarda os jogos que se deverão disputar da I Liga para saber se se mantém na I Liga ou se desce para a II Liga.

Atualmente 17ª classificada (penúltima), a equipa de Porti-mão tem 9 jogos pela frente e

daí depende a sua sorte.Em comunicado emitido no

passado domingo, a Portimo-nense SAD considerou injustas as despromoções sem mérito desportivo, lamentou o fim da II Liga de Futebol e defendeu o alargamento da I Liga por-tuguesa de futebol na época 2020/21.

Num comunicado intitu-lado ‘Verdade Desportiva’, a entidade responsável pela equipa principal de futebol do Portimonense mostrou-se surpreendida pela decisão do governo português em “decre-tar o cancelamento da II Liga” - consequência da pandemia da covid-19 -, com o argumento de “não haver condições para reto-mar os jogos, nomeadamente a nível de infraestruturas”.

De acordo com o clube de Portimão, “há emblemas da

Farense ascende à I Liga após quase duas décadas de jejum

O Portimonense regressou ao trabalho no início da semana, com o plantel dividido em dois grupos, repartidos por treinos de manhã e de tarde, anunciou a Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do clube.

O Portimonense, atual 17.º e penúltimo classificado, com 16 pontos, regressou ao trabalho juntamente com quase todas as outras equipas da I Liga de futebol, suspensa desde 12 de março, após a 24.ª jornada, devido à pandemia de COVID-19.

Com o fim do estado de emergência no dia 03 de maio, o Go-verno autorizou o regresso dos jogos à porta fechada da principal competição de futebol, no fim de semana de 30 e 31 de maio, numa decisão que, no entanto, está dependente de aprovação da Direção-Geral da Saúde (DGS).

De acordo com uma fonte do gabinete de comunicação do Portimonense, o regresso aos treinos verificou-se depois dos jo-gadores, equipa técnica e todos os trabalhadores da SAD do clube algarvio se terem submetido a testes para despistagem de CO-VID-19, “tendo todos os testes apresentado resultado negativo”.

“Para maior controlo, a todas as pessoas que participaram no treino durante a manhã de hoje foram efetuados controlos da temperatura”, referiu a fonte à agência Lusa.

O plantel foi dividido em dois grupos de trabalho, com treinos em períodos diferentes: “Um grupo treina de manhã e outro durante a tarde”.

II Liga com muito melhores condições que outros de I Liga”, apontando como exemplo o “Nacional, Académica e (Des-portivo de) Chaves”.

Olhanense é o mais insatisfeito dos clubes algarviosDois escalões abaixo do

clube de Portimão, no Cam-peonato de Portugal (antiga III Divisão Nacional), o Olhanense é porventura o menos satisfeito dos quatro clubes.

A SAD do clube considera que a decisão da Federação Portuguesa de Futebol de fazer subir os clubes Vizela e Arouca à II Liga, após a suspensão do Campeonato de Portugal, "viola claramente a verdade desportiva" e ameaça inclusivé abandonar o futebol se a deci-são da FPF se mantiver.

"Para a nossa direção, que representa uma instituição com 108 anos, esta decisão viola claramente a verdade desportiva, o mérito desportivo, o critério de territorialidade e o regulamento da competição, não sendo nem justa nem equitativa", considerou a SAD algarvia, em comunicado di-vulgado na sua página oficial no Facebook.

A FPF indicou para a subida Vizela, líder da Série A, com 60 pontos, e Arouca, líder da Série B, com 58, reconhecendo o seu "mérito desportivo" face à "manifesta impossibilidade" de utilizar o play-off de subida.

À data da suspensão e de-pois conclusão da competição, Olhanense e Praiense lidera-vam as séries D e B com 57 e 53 pontos, respetivamente.

O Olhanense recorda que

se encontrava no primeiro lugar da tabela na sua série, à semelhança dos "dois clubes escolhidos" pela federação, salientando que o seu objetivo era qualificar-se para o play-off de subida e não fazer melhor do que os outros líderes.

Por último, o Louletano, quarto classificado da Série D do Campeonato de Portugal, considera que o fim da com-petição "era previsível, devido à situação em que o Mundo se encontra, com a saúde e a segurança das pessoas a sobrepor-se aos interesses desportivos".

"À FPF, tão massacrada nos últimos dias, fica o nosso respeito pela decisão tomada. Nunca iriam decidir de forma que agradasse a todos mas foi encontrada justiça", assinala o Louletano, em comunicado.

O clube algarvio considera que a FPF "tem em mãos o momento oportuno para ope-rar modificações nos quadros competitivos, de modo a que as equipas que desenvolvem o seu trabalho de um modo mais profissional e organizado tenham reais possibilidades de aceder às ligas profissionais".

A direção do clube assina-la que a época 2019/20 "foi importante, de aprendizado, evolução e consolidação do Louletano nos lugares em que sempre deveria estar, os da parte cimeira" e deixa agradecimentos "a jogadores e equipa técnica", liderada por Zé Nando.

COMUNICANDO DESPORTIVAMENTEUm contributo técnico-pedagógico

Poder político: Com mais autoridade e mais influência...

É um facto, numa altura em que muitos preconizavam que os orga-nismos que superintendem no futebol europeu e mundial, respetiva-mente a UEFA e a FIFA , não deixariam de aplicar “penas pesadas” pela ingerência do Governos, ou, até, dos Parlamentos, pela intervenção no movimento associativo e nas suas próprias regras de operacionalização, competições incluídas, o certo é que, destemidamente, com exemplos vindos da França, Bélgica e Holanda, a prática e as decisões legislativas avançaram.

Assim, enquanto a França, num ápice, determinou o “fim da época desportiva”, na Bélgica e na Holanda, o futebol só irá regressar em Setembro, com origem numa sugestão político-sanitária.

Cá pelo nosso burgo, em comunicado conjunto, as Federações de andebol, basquetebol, patinagem e voleibol decidiram dar por termina-das as respetivas competições. No futebol, também foi determinado o terminus no Campeonato de Portugal e na segunda Liga, sobrevivendo, com condições muito específicas, a primeira Liga.

Jogos da primeira Liga que se irão disputar à porta fechada, por decisão própria e não em resultado de quaisquer sanções aplicadas, o que, de algum modo, sempre constitui algum sabor insípido.

Neste (novo e difícil) tempo que vivemos, enquanto confinados, jus-tificada e responsavelmente, dará para termos presente a dimensão da nossa fragilidade humana, de que resulta, afinal, a insegurança que nos rodeia e nos atinge.

Humberto Gomes*Factualmente, portanto, o poder político,

em estreita articulação com as autoridades sanitárias, decide o que deve terminar e o que deve continuar, que o mesmo corresponderá a dizer que com mais autoridade e mais influência!

Bem sabemos que noutras circunstâncias, mas, ainda assim, a justificar trazer ao palco dos acontecimentos uma recente mensagem de mestre - porque sábio! - Manuel Sérgio, quando nos transmite: A “sociedade de mercado” é ao mercado e à mediatização do mercado que tende a subordinar-se, deixando, clamorosamente, as Federações e as Associações Desportivas (nacionais e internacionais) em lugar subalterno. O Desporto é uma experiência de liberdade, um dinamismo irreprimível de vida, e tem valores indispensáveis ao ser e ao agir de cada um de nós. Que esses valores não se diluam no sensacionalismo dos “media”, ou nos interesses argentários do mercado, ou no sensa-cionalismo e no lugar-comum reinantes num certo desporto. Para que o Desporto não deixe de ser Desporto”.

Em jeito de despedida e apelando a um certo respirar, com dimensão Ética, e porque estamos na “sociedade do conhecimento” que, por via disso, se tornou o recurso em vez de um recurso, talvez que valha a pena sublinhar que o mundo é incorrigivelmente plural, razão pela qual somos desafiados a ter a humildade de aprender continuadamente!

O Farense, ascende ao escalão principal do futebol português, na sequência da decisão da Federação Portuguesa de Futebol dar por concluído o campeonato da II Liga, naquilo que é uma orientação da UEFA. Acompanha a equipa algarvia o Nacional da Madeira, primeiro classificado. Na I Liga, a dez jornadas da conclusão do campeonato principal, o Portimonense continua em competição e na luta pela manutenção. A prova recebeu a luz verde do Governo para que possa ser concluída. No Campeonato de Portugal, o Olhanense - líder do Grupo D - ficou a 1 ponto do Arouca, a 2ª equipa a garantir a subida de escalão, facto que já mereceu uma queixa da equipa algarvia, que ameaça abandonar o futebol se a Federação mantiver a sua decisão

Farense de regresso à I Liga, dezoito anos depois

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Portimonense regressou aos treinos

“Embaixador para a Ética no Desporto”

Page 22: Prioritário O SEMANÁRIO DE MAIOR EXPANSÃO DO ALGARVE · da Comissão Regional de Turismo do Algarve, constituída por: Dr. José Manuel Teixeira Gomes Pearce de Azevedo (presidente),

Neto Gomes

Rita, Folques, Tenório, Paródio, Ramirez, Peninsular, Aliança, Esperança, porque quando nascemos, já a Fábrica do Grego era uma moldura de escombros.

Fechou a Autoavenida, o Norberto Bento, A fábrica das chaves, a moagem, a fabrica do gelo, a serração do Manuel da Silva Domingues, a Soliva, (o Vazio), as drogarias Faísca, Pena e Silva.

Fechou o Joaquim Gomes, a Rainha dos Vinhos, O Zé Calceteiro, a Marisqueira, o Vinte e Oito, o António Vicente, o Vargas, o António Vaz. Até o Boletim Informativo do Senhor Nogueira, que nos dava o movi-mento diário da lota, acabou…

Deixámos, e só a memória existe, de competir com o Lisboa Ginásio, quando dos grandes saraus de ginástica do Clube Náutico do Guadiana, que nada temia sob a mestria desta enorme figura que foi Ilí-dio Setúbal, potenciando ginas-tas como Chinita, João Romão, Lúcio, Aníbal, José Ferreira, Vítor Fonseca, José Guerreiro, Quinito e tantos outros.

Verdade que também sa-bemos que o mundo global em que vivemos, chamado para nos esconder a severidade dos nossos tempos, não pode ser a nossa constante fonte de ansiedade.

Fomos levados pelos con-sulados das promessas, para junto de vários tubos de ensaio, onde tudo seria o futuro e em vez de olharmos se o tubo teria estrias onde pudéssemos enca-lhar, não, preferimos ficar neste futuro tão incerto, duvidoso e imprevisível e quando demos por nós estávamos bem enta-lados nas paredes do tubo e tudo foi agrestemente à bolina.

Rebentámos com os estalei-ros, e hoje, nem de plástico, nem de madeira e estopa, nem de fibra de vidro. Encostámos ao cais, em barcos de já não flutuam.

Esquecemos Aleixo, Caba-nas, Vicente Campinas, Grava-nita, Lopes Madeira, Samúdio, Alice Silva, Joaquim Correia (Joaquim do Cumbrera), entre

No começo da semana rea-briu a economia, por isso trago à tona da verdade uma imagem do poderia do então Porto de Vila Real de Santo António fundamental para a nossa eco-nomia. Depois, os homens que só têm pesadelos, e julgam que sonham, tiveram o pesadelo de arrasar com o porto, que ficou definitivamente abandonado, lançando dor, pobreza, morte ao desenvolvimento.

E nós em Vila Real de Santo António continuamos com a nossa revolta, perante mais uns milhões que pateticamente se atiraram para o lixo, em troca de falsas promessas.

Por isso, enganam-se os que pensam que não se vive de memórias, que são ao fim ao cabo, as fontes maiores da nossa identidade e de desta forma, de preservarmos o que fomos.

Inegável que Vila Real de Santo António tinha um dos mais importantes portos co-merciais do País, beneficiando também de todo o potencial conserveiro da «Vila», mas também da importância da exploração da Mina de S. Do-mingos, cujos proprietários pos-suídos de uma darga de nome Moya, permitiam o constante desassoreamento da barra do Guadiana.

Não temos necessidade algum em nos alongarmos em estatísticas, sobre todo o potencial económico do Porto de Vila Real de Santo António, no que se refere ao número de barcos que quase diariamente aqui aportavam e as toneladas de carga da mais diversificada: conservas, mármores, palha, alfarroba, madeira e outros cereais, que daqui rumavam a alguns dos mais importantes portos da Europa, nomeada-mente Itália, Alemanha, Ingla-terra, França e para muitos outros

Mas permitam-me que en-calhe, com a edição do Jornal do Algarve, de 30 de Janeiro de 1997, quando da conclusão do Mestrado do Dr. Hugo Cavaco, que trás à ribalta, como tese de mestrado, tendo como tí-tulo: «A dinâmica Portuária e Aduaneira do Levante Algarvio na 2.ª metade do século XVIII (1750-1790)», onde já roçava contornos de progresso e de-senvolvimento, aquilo que hoje é mera paisagem ou sinal de

referência como memória. Todavia, num salto maior da

história, soltam-se as lembran-ças, as amarguras, os dramas, as angústias, as traições, as frustrantes e por vezes, que foram com o tempo arrasando, o Porto Comercial de Vila Real de Santo António, como se uma bomba por ali tivesse passado.

E muitas vezes, tendo em conta a impossibilidade dos espanhóis colaborarem com a dragagem da barra, que de quando em vez calcinava pelo deslizamento de areias provocado pelas correntes, e para impedir que esse tampão fechasse a barra, era a em-presa Mason and Barry, que colocava a sua draga e os seus batelões na eliminação desses focos de areia.

De toda a Europa, chega-vam a partiam grandes navios de mercadorias, a par das cen-tenas de traineiras que ancora-vam no estuário do Guadiana, assim como barcos pertencen-tes às diferentes armações de atum, permitindo o fumegar das fábricas, a valorização das empresas e da economia, e a constante empregabilidade que tal movimento gerava.

Todavia a juntar ao ema-grecimento da exportação dos produtos que era a imagem de marca da economia do Algarve e grandemente do País, surge a nossa impossibilidade de nos tornarmos competitivos, por exemplo com Marrocos, com as politicas de desenvolvimento do país, viraram costas a Vila Real de Santo António, e fo-ram apetrechando com novas tecnologias, outros portos, e

7 I maio I 2020www.jornaldoalgarve.ptOpiniãO [22] JORNAL do ALGARVE

criando, o que consideramos um pesadelo, o Porto de Faro. Aliás, se fizermos uma consulta pela imprensa o longo dos cin-quenta anos, vamos encontrar tomadas de posição e decisões, que pedra a pedra arrancaram o Porto de Vila Real de Santo António afundando-o em frente de Ayamonte…

Este foi dos grandes pesa-delos que aconteceram em Vila Real de Santo António, onde não faltaram estudos, estra-tégias, promessas, de suces-sivos governos e governantes, desgovernos e desgovernantes, ainda que soubéssemos, que emergiam agora outros para-digmas de negócios no âmbito comercial, que inviabilizavam cada vez mais o porto e pasma-vam a sua resistência.

Começávamos a perder o cheiro das fábricas, da safol, do Zé Aranha a vender pardais pintados de amarelo como se fossem canários, aos camones ingleses que desembarcavam dos seus navios.

E tão submissos, que não tivemos força para impedir que acabassem com o cais da Rai-nha, a casinha do porto, o cais do Paródio, da lota, do Tenório, do Zé Rita, do Folque, só ficou como aurora constante o cais do Depósito…

Vila Real de Santo António, a sua economia, conserveiros, armadores, pescadores, ope-rários, sindicalistas sofriam na alma o abrandamento e consequente falência de um potencial, que agora era ape-nas memória.

E nessa tremenda continui-dade, terrivelmente avassala-

muitos outros, que assumiam terrível confronto com o Estado Novo, mas como diria, Salguei-ro Maia, nunca imaginámos, que Vila Rela de Santo António tivesse chegado ao estado a que chegou.

Este é um memorial que vem de muito longe, e que apesar dos enganos não tem arrefecido, o animo e a cora-gem dos autarcas, desde o PCP à governação actual, com maior ou menor competência, pois se não existir vontade dos governantes, Vila Real de Santo António, apesar de todo o seu potencial, da gigantesca beleza natural, deste iluminis-mo fantástico que a consagra, continuará no apeadeiro à espera do comboio, como se o apeadeiro ainda existisse.

Agora que a economia rea-briu em Portugal, isto é, mais de dois meses após as assobia-delas do coronavírus, todas as lembranças nos conduzem ao que Vila Real de Santo António, o seu Porto e a sua força con-serveira, representaram para a economia do Algarve e do País, e para melhor ver este pesa-delo, subi imaginariamente ao ponto mais alto do «guindaste da muralha» que já não existe, e pareceu-me ver lá de cima um manto imenso de barcos cobrindo o guadiana, tais como: Arrifana, Batinha, Amazona, Nice, Nicete, Praia do Vau, Deolinda Rita, Refrega, Maria Rosa, Conceiçanita, Raulito, Flor do Guadiana, Perola do Guadiana, Janita, Praia do Vau, Vulcão, Liberta, Agadão, Brisa, Biosa, Norte, Tufão, Nordeste, Flor do Sul, Navegantes, Fari-lhão, Mirita,Triunfante, Leste, Lestia, Audaz.

E mais ao fundo ainda e com a nitidez que não engana, vejo dezenas de homens velhos de braços caídos, por falta de coragem, para arranjar forças para contarem aos seus netos, como era a terra onde nasce-ram e que tanto mal lhe fize-ram… É que tal como em 1997, quando foi criado o rendimento mínimo garantido, já se começa outra vez a passar fome…

REMATE CERTEIRO (31)

O porto de Vila Real de Santo António e o pesadelo da escrita

Navio a carregar cortiçaEstivadores a trabalhar no Porto de Vila Real de Santo António

dora, por culpa também dos responsáveis pelo País, que tinha abandonado e desenco-rajado, a que outras opções económicas acontecessem e não só o turismo. Aliás, a pan-demia, veio demonstrar, que o Algarve não tem plano B, os próprios autarcas que foram sucessivamente administrando o Concelho, entre promessas e mentiras, entre enganos e de-senganos, foram ficando com o menino nos braços, e nem na Assembleia da República, por vezes um colégio de confrades, pela impotência do loby do Al-garve, também não encontrou fosse o que fosse, que fizesse emergir a economia da “Vila”, e diminuíssem drasticamente os braços caídos.

Rumava tudo a Faro ou rumava tudo a parte incerta: A casinha do consumo, o bal-neário público, o parque de S. José, onde habitava a sede do Lusitano (que não sabemos se não será levado pela en-xurrada), o hospital Marquês de Pombal, depois de levarem também, a Casa de Saúde, Dr. Albano Lencastre, o apea-deiro, a praia dos empelotes, o cais da Rainha, o cais do Te-nório, o cais do Paródio, o cais do Zé Rita, o cais do Folque, e muitos outras coisas, que ainda de quando em vez emergem da nossa velha sebenta.

Levaram tudo: os guindas-tes, o velho Belo, que foi ao longo de muitos anos um dos seus grandes timoneiros. E só não levaram a Alfândega, porque era demasiado pesada.

Mataram os barcos da car-reira de Ayamonte (existe um que ainda navega para a Ilha do Farol), os da carreira de Mértola.

Já não fazemos barcos, nem de cortiça e o guadiana afunda-se no seu lamaçal de memórias.

Tudo fechou, como se um estranho ar tivesse acontecido, como se a voz de um pesadelo tivesse ensurdecido o desenvol-vimento da vila, e desse vida às suas gentes.

Fecharam as fábricas Zé Anúncios de comércio e industrial conserveira no começo dos anos 40 e que morreram em meados do século passado

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JORNAL do ALGARVE [23] OpiniãO

7 I maio I 2020www.jornaldoalgarve.pt

> Vasco Barbosa PrudêncioChef de Cozinha “A Venda”

Página em BrancoEste é o estado de espírito com que me deparo

agora: uma página em branco, por escrever. Não falo apenas desta folha que aguarda, paciente-mente, pelo escriba, mas, em particular, da minha expectativa face à abertura de portas. Começarei a trabalhar daqui a umas horas e o meu estado de espírito é simultaneamente apreensivo e ansioso.

Há todo um regresso que se prefigura. Tenho pensado muito sobre a questão e o que a mesma significa. Porque regressar é, na verdade, uma ideia um tanto ou quanto armadilhada, por pressupor que iremos retornar a um ponto onde já estivemos. Nada mais longe da verdade. Regressamos diferentes e o mundo a que regressamos é igualmente diverso. Um pouco como quando revemos um amigo com quem já não estamos há vinte anos: nós já não somos a mesma pessoa que dele se despediu na adolescên-cia; e se ele o continua a ser... Temos motivos para nos preocupar! Porque, em essência, o mundo de cada um mudou e nós mudámos com ele, ou mu-dámo-lo nós. Enfim, divago. O que pretendo dizer, creio, é que um regresso não determina o retorno a um momento passado, volvido.

Na verdade, acho que cada um de nós sabe dis-so. O sábio Calvin (agora, não cito o teólogo Calvino, mas antes a personagem de banda desenhada que o mesmo inspirou, o miúdo de seis anos, Calvin, criada por Bill Watterson) dirá ao seu amigo tigre Hobbes, a propósito da repetição de momentos nas férias, sentir-se na fase de reposição de programas de TV. Todos nós teremos em parte esse prazer inconfessado: procurar repetir indefinidamente um momento, na esperança que tal repetição nos con-forte. É esse o papel das músicas nostalgicamente recantadas, décadas volvidas, em tantas rádios; dos filmes revisitados que a televisão debita ciclica-mente (e cujas falas, de tanto ver e rever, sabemos de cor). E é esse o regresso que – secretamente ou não – ansiamos, nesta semana em que terminamos o Estado de Emergência.

O problema, claro, é que, como amargamente sabemos, esse regresso não existirá. O mundo mudou e, mesmo quando esta pandemia se findar ou amenizar, não será de todo o mesmo que o do Verão passado, ou de há cinco anos. Não teremos voos diários, de hora a hora; ruas pejadas de viajan-

Por que não abrem os estabelecimentos escolares em Portugal?

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tes carregados; restaurantes apinhados de línguas diferentes. Não iremos encontrar gigantescas filas à porta dos restaurantes, hotéis sobrelotados e um mundo que, de parte a parte, se rege de reservas antecipadas.

Mas nós não seremos também os mesmos. A quarentena tem destas coisas... Provavelmente, redescobrimos artes e prazeres. Encontrámos pistas perdidas. Reencontrámo-nos e reencontrámos ami-gos – não os amigos como tínhamos há vintes anos; antes aqueles que estavam escondidos em qualquer lugar por descobrir. Antes do presente Estado de Emergência, não escrevia há cerca de 10 anos – e, dias fechado em casa, eis-me a escrevinhar ideias com vista a publicação futura.

Regressemos, pois, a um mundo que nos aguarda. A última tira publicada por Bill Watterson, de “Calvin & Hobbes”, reproduz essa mesma ideia: as duas personagens, em cima de um trenó, num cenário nevado, limpo. Um mundo inteiro por des-cobrir, como sabiamente nos dirá Calvin. É este o espírito que espero ter quando abrir portas.

> Ana SimõesProfessora

Dirigente do Sindicato dos Professores da Zona Sul

O governo anunciou a possibilidade de, a partir de maio, algumas medidas de confina-mento social começarem a ser levantadas.

Os estabelecimentos escolares (creches e jardins de infância) são uma parte da sociedade fundamental para que os pais possam voltar a trabalhar nos seus locais de trabalho e não em teletrabalho, a partir de casa.

A idade das crianças e jovens deram-nos, até agora, a indicação de que estes grupos são de menor risco de morte (exceto quando têm problemas de saúde associados, claro) e que são importantes para a imunização coletiva.

É claro que, mesmo com todas as medidas de segurança e proteção, há estabelecimentos em que a idade precoce das crianças deveria impedir a sua reabertura. Os bebés e crianças até aos 5/6 anos não percebem a razão de não tocar no colega nem de os adultos da sala (educadores de infância e auxiliares de ação educativa) não lhes pegarem ao colo.

Mas os jovens do 2o CEB (idades de 10/11 anos) até ao secundário (até 18 anos) percebem os perigos e, em consciência e responsabili-dade, compreendem as medidas de proteção e segurança que devem ser ainda impostas aquando do levantamento de algumas medidas de confinamento social.

Então, por que não abrem os estabelecimen-tos escolares em Portugal?

Durante anos, os sucessivos governos des-consideraram a idade dos Educadores e Profes-sores, bem como dos demais profissionais nas escolas (assistentes operacionais, assistentes administrativos, psicólogos, entre outros).

Independentemente das questões do re-lacionamento entre docentes, cada vez mais velhos, e alunos (o fosso geracional é cada vez maior com consequências negativas para os dois lados), a idade dos docentes é uma das principais razões da não abertura das escolas.

A maioria dos docentes tem mais de 55

anos de idade, e uma parte significativa mais de 60 anos e alguns mais de 65 anos, ou seja, pertencem aos chamados grupos de risco.

As opções políticas na área da educação (como também se percebe na área da saúde) tomadas durante anos levam, neste momento de crise económica, à perceção de que não foram as melhores opções.

Se o governo quiser abrir as escolas vai ter de fazer um investimento rápido e financeira-mente elevado para dar resposta às medidas de proteção e segurança exigidas neste contexto de pandemia. Terá de contratar metade ou mais de metade do corpo docente.

É lamentável que uma pandemia venha pôr a “nu” o que durante anos os docentes denunciaram.

Esperemos que esta pandemia sirva, também, para reflexão e para outras opções políticas futuras.

Fiquem bem.

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Portimão e Monchique entregam kits de prevenção a comerciantes e taxistas

Os municípios de Portimão e de Monchique entregaram centenas de kits anti-COVID a pequenos empresários e comerciantes de forma a pode-rem reabrir as suas atividades.

Em Portimão a entrega foi realizada no passado sábado e, posteriormente, foram ofe-recidos 80 kits idênticos aos representantes das duas as-sociações de taxistas a operar no concelho.

Os kits são compostos por 12 máscaras, 12 luvas, duas viseiras, um frasco de desinfe-tante de mãos e um autocolan-te de obrigatoriedade de uso de máscara.

A presidente da autarquia, Isilda Gomes, entregou os primeiros kits à Associação Portimonense de Comércio e Serviços, a quem explicou a dinâmica da distribuição dos kits e a importância de os comerciantes adotarem um conjunto de boas práticas de prevenção para a COVID-19.

Os conjuntos atribuídos aos taxistas foram distribuídos pelos associados da Rádio Táxi Arade e da Coope Portimonen-se – Cooperativa de Táxis de Portimão.

O objetivo é ajudar os profis-sionais do setor na prevenção contra a atual pandemia, tendo sido igualmente abrangidos por esta ação os táxis turís-ticos.

A autarquia informou ainda que terminou terça-feira o pra-

A Câmara Municipal de Monchique mobilizou também uma equipa multidisciplinar e máquinas de purificação e desinfeção do ar para ajudar as empresas na reabertura dos seus espaços.

Foi disponibilizado pela autarquia um apoio técnico, através da constituição de uma equipa multidisciplinar para apoiar as empresas em dificul-dades e para ajudar a alterar procedimentos e a adaptar espaços às novas exigências sanitárias.

Esta semana foram tam-bém distribuídas máscaras comunitárias reutilizáveis pela

população de Monchique pelo correio, adquiridas pela autar-quia a uma empresa certifica-da para o efeito, cujos tecidos têm uma garantia de qualidade e a sua reutilização pode ser feita, pelos menos, 50 vezes.

“A melhor forma de encarar o futuro, ainda incerto quanto ao combate a este vírus, e o regresso à normalidade que todos desejamos, é mesmo continuarmos a adotar uma postura responsável e de res-peito pelas regras determina-das pelas autoridades locais e de saúde. A Câmara Municipal estará sempre ao lado da sua população e dos seus empre-

Os serviços municipais em Silves que estiveram encer-rados durante o estado de emergência devido à pandemia de COVID-19 já começaram a reabrir, de forma gradual, mas permanecerão fechados os equipamentos desportivos e cul-turais, anunciou a autarquia.

A reabertura gradual dos serviços “irá implicar a aplicação de medidas específicas por forma a garantir o funcionamento em segurança de uma série de áreas”, de forma a garantir “a salvaguarda e proteção da saúde” de trabalhadores e munícipes.

Esta reabertura gradual implica regras como a rotativi-dade de equipas, com alternância entre trabalho presencial e teletrabalho, e a prática de horários desfasados entre os trabalhadores, consoante os setores de atividade.

Em comunicado, a Câmara Municipal de Silves refere em

Foram entregues 80 kits a todos os taxistas de Portimão

Serviços municipais de Silves começam a reabrir gradualmente

sários para ajudar a minimizar os efeitos desta pandemia e a fazer tudo o que está aoseu alcance para melhor proteger a comunidade e cada um dos seus munícipes perante esta ameaça. Reitero por isso o de-ver cívico que todos devem con-tinuar a respeitar, reduzindo ao máximo os comportamentos de risco, uma vez que o con-celho e a sua população tem dado um excelente exemplo de cidadania e solidariedade que temos todos o dever de continuar a construir”, referiu o presidente da Câmara Muni-cipal de Monchique, Rui André, em comunicado.

comunicado que os serviços de atendimento ao público de-verão ser feitos preferencialmente através de telefone, email e videochamada, com exceção para “situações urgentes e inadiáveis”, mediante marcação prévia.

É obrigatório “o uso de máscaras para o acesso ou per-manência nos edifícios e serviços de atendimento ao público, sendo tal obrigatoriedade apenas dispensada quando, em fun-ção da natureza das atividades, o seu uso seja impraticável”.

Segundo o município, os prazos “para a prática de atos processuais ou procedimentais no âmbito dos procedimentos administrativos continuarão suspensos”.

Estas medidas estão em vigor até às 23:59 do dia 19 de maio, “sem prejuízo de eventuais prorrogações em função da avaliação que, em cada momento, seja feita da adequação das medidas agora adotadas”, conclui.

COVID-19SE PUDER

FIQUE EM CASALEIA PARA SE INFORMAR

zo de distribuição das másca-ras aos cidadãos via CTT, assim como dos kits destinados aos comerciantes e que foram en-tregues loja a loja por múltiplas equipas constituídas pelos Bombeiros, Escutas, Juntas de Freguesia, Proteção Civil e Ação social e voluntários

As pessoas que não rece-beram as máscaras na caixa de correio ou nos seus es-tabelecimentos comerciais devem contactar a Linha Pro-teção 24, através do número 808 282 112, indicando o número de cliente da EMARP, de forma a que seja combinada a respetiva entrega, conclui o

município. Por sua vez, o comércio

local de Monchique recebeu esta semana equipamentos de proteção como máscaras, viseiras e luvas, para serem utilizadas durante o período de desconfinamento e de rea-bertura gradual de espaços públicos, anunciou a autarquia.

Durante a entrega destes equipamentos, foi transmitida uma importante mensagem de sensibilização acerca dos comportamentos a adotar durante o período de descon-finamento, incluindo as regras de utilização e manuseamento do material de proteção.

O comércio local de Monchique também recebeu kits de proteção por parte do município