Priscila Madi Salloum -...

68
i Priscila Madi Salloum Estrutura genética de populações de Echinolittorina lineolata (Mollusca:Gastropoda) em São Paulo Campinas, 2015

Transcript of Priscila Madi Salloum -...

Page 1: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

i

Priscila Madi Salloum

Estrutura genética de populações de Echinolittorina lineolata

(Mollusca:Gastropoda) em São Paulo

Campinas, 2015

Page 2: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

ii

Page 3: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

i

Este exemplar corresponde à

redação final da DISSERTAÇÃO

defendida pela candidata

PRISCILA MADI

SALLOUM

e orientada pela Profª. Dra. Vera

Nisaka Solferini.

Page 4: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

iv

Page 5: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

v

Page 6: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

vi

Page 7: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

vii

Resumo

A estrutura genética de populações marinhas pode ser avaliada de dois modos: espacial e

temporal. Nesse ambiente, fatores diferentes funcionam como barreiras ao fluxo gênico

para espécies distintas, apesar da expectativa de que animais com grande capacidade de

dispersão apresentem populações panmíticas ao longo de sua distribuição. Echinolittorina

lineolata (D’Orbigny 1840) é um gastrópode comum na costa brasileira e que apresenta

larvas com elevada capacidade de dispersão, sendo um interessante modelo para avaliar

estrutura genética em ambiente marinho. Este trabalho utilizou abordagens espacial e

temporal para avaliar a variabilidade genética e a estrutura populacional de E. lineolata em

duas praias do estado de São Paulo. Quatro coletas de juvenis dessa espécie foram feitas em

intervalos de 40 dias; três regiões do DNA mitocondrial foram utilizadas como marcadores

moleculares, sendo duas regiões do gene citocromo-b (Cyt-b) e uma do gene citocromo

oxidase I (CO-1). Os índices de diversidade haplotípica e nucleotídica foram baixos, o que

é semelhante a outras espécies marinhas. Redes de haplótipo, análises de variância

molecular e a estatística FST evidenciaram estrutura genética entre amostras das duas praias

(espacial) e entre amostras das quatro coletas (temporal). Dois fatores foram considerados

como prováveis geradores da estrutura genética observada nesses juvenis de E. lineolata:

variações geográficas ou oceanográficas locais e variância no sucesso reprodutivo.

Page 8: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

viii

Page 9: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

ix

Abstract

The genetic structure of marine populations can be evaluated by two modes: spatial and

temporal. In this environment, different factors work as barriers to gene flow for different

species, although animals with high dispersal ability are expected to present panmitic

populations along their range. Echinolittorina lineolata (D’Orbigny 1840) is a common

gastropod on the Brazilian coast and has larvae with high dispersal ability, being an

interesting model to evaluate genetic structure in the marine environment. This work used

spatial and temporal approaches to evaluate the genetic variability and population structure

of E lineolata in two beaches of the São Paulo state. Four collections of juveniles were

done in 40-days intervals; three regions of the mitochondrial DNA were used as molecular

markers: two from cytochrome-b gene (Cyt-b) and one from cytochrome oxidase I gene

(CO-1). The haplotype and nucleotide diversity indexes were low, similar to other species.

Haplotype networks, analyses of molecular variance and FST statistics indicated genetic

structure among the two beaches’ samples (spatial) and among the four collections’

samples (temporal). Two factors were considered as likely drivers of the observed genetic

structure on these juveniles: local geographic or oceanographic variations and variance in

the reproductive success.

Page 10: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

x

Page 11: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

xi

SUMÁRIO

Resumo ..................................................................................................................... vii

Abstract ..................................................................................................................... ix

Dedicatória ................................................................................................................ xv

Agradecimentos ......................................................................................................... xvii

1. Introdução............................................................................................................ 1

1.1 Estrutura genética em ambiente marinho ...................................................... 2

1.1.1 Grande escala .................................................................................... 2

1.1.2 Escala local ....................................................................................... 4

1.2 Estrutura genética em moluscos, litorinídeos e Echinolittorina lineolata ... 5

2. Objetivos ............................................................................................................ 10

3. Material e métodos ............................................................................................. 11

3.1 Local de coleta e amostragem....................................................................... 11

Figura 1: Locais de coleta ............................................................................ 12

3.2 Extração de DNA, amplificação por PCR e sequenciamento ...................... 13

3.2.1 Desenho de novos iniciadores .......................................................... 13

3.2.2 Sequenciamento ............................................................................... 14

3.3 Análises estatísticas ..................................................................................... 14

3.3.1 Desenho das análises ....................................................................... 15

3.3.1.1 Padrão geral ............................................................................... 15

3.3.1.2 Comparações no espaço (entre praias) ...................................... 15

3.3.1.3 Comparações no tempo ............................................................. 16

Figura 2: Amostras .................................................................... 17

4. Resultados ......................................................................................................... 18

4.1 Coletas ........................................................................................................ 18

4.2 Novos inciadores, amplificação por PCR e sequenciamento ..................... 18

Tabela 1: Descrição dos novos iniciadores ................................................ 19

4.3 Análises estatísticas .................................................................................... 19

4.3.1 Diversidade genética ...................................................................... 19

Tabela 2: Índices de diversidade molecular ............................................... 19

Figura 3: Redes de haplótipos .................................................................... 20

Page 12: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

xii

4.3.2 Comparações no espaço (entre praias) ........................................... 20

4.3.2.1 Todas as amostras (Juquehy x Guaecá) ................................... 20

Tabela 3: Índices de diversidade molecular por praia ......................... 20

Tabela 4: AMOVAs Juquehy x Guaecá .............................................. 21

Tabela 5: FST par a par Juquehy x Guaecá ........................................... 21

4.3.2.2 Entre amostras de cada uma das coletas .................................. 22

Tabela 6: AMOVAs para amostras agrupadas por praia e

data de coleta ....................................................................................... 24

Tabela 7: FST par a par para cada coleta, região gênica

Cyt-b 1 ................................................................................................. 24

Tabela 8: FST par a par para coleta 4, região gênica CO-1 .................. 25

4.3.3 Comparações no tempo .................................................................. 25

4.3.3.1 Juquehy ................................................................................... 25

Tabela 9: AMOVAs por data de coleta em Juquehy .......................... 25

Tabela 10: FST par a par para amostras de Juquehy por data

de coleta .............................................................................................. 26

4.3.3.2 Guaecá ..................................................................................... 26

Tabela 11: AMOVAs por data de coleta em Guaecá ......................... 26

Tabela 12: FST par a par para amostras de Guaecá por

data de coleta ...................................................................................... 27

5 Discussão ........................................................................................................... 28

5.1 Diversidade genética ................................................................................. 28

5.2 Comparações no espaço (entre praias) ..................................................... 30

5.2.1 Todas as amostras de cada praia (Juquehy x Guaecá) .................. 30

5.2.2 Entre amostras de cada coleta ....................................................... 31

5.2.3 Entre rochas da mesma praia ........................................................ 31

5.3 Comparações no tempo ............................................................................. 32

5.3.1 Juquehy ......................................................................................... 32

5.3.2 Guaecá .......................................................................................... 32

6 Conclusão ......................................................................................................... 35

7 Referências ....................................................................................................... 36

Page 13: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

xiii

8 Anexos .............................................................................................................. 45

Anexo 1: Condições de realização das reações de amplificação (PCR) ........ 45

A1: Região gênica Cyt-b 1 .......................................................................... 45

A1.1 Condições ............................................................................... 45

A1.2 Ciclo de temperaturas para amplificação ............................... 45

A2: Região gênica Cyt-b 2 .......................................................................... 46

A3: Região gênica CO-1 ............................................................................. 46

Anexo 2: Índices de diversidade molecular por praia por coleta .................. 47

Tabela 13: Índices de diversidade molecular por praia

por coleta ......................................................................................... 47

Anexo 3: Informações sobre a região gênica Cyt-b 2 ................................... 48

Tabela 14: Sumário dos indivíduos que apresentam cada

haplótipo da região Cyt-b 2 ............................................................. 48

Tabela 15: Sequência de nucleotídeos de cada

haplótipo da região Cyt-b 2 ............................................................. 49

Page 14: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

xiv

Page 15: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

xv

Dedico este trabalho

A todos os que me apoiaram, cada um à sua maneira;

A todos os que amo e que me amam, cada um a seu modo;

A todos os que me propiciaram momentos inesquecíveis, cada um de uma forma.

Page 16: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

xvi

Page 17: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

xvii

Agradecimentos

À minha orientadora, Profa. Dra. Vera Solferini, pela ótima orientação, por me direcionar

nos momentos que me perdi, por ter lido as várias versões de meus manuscritos, me

acalmar nos momentos de ansiedade e me acelerar nos momentos de calmaria, permitindo

com que eu experimentasse o início da vida acadêmica;

À Dra. Sónia Andrade, pelo apoio durante todo o desenrolar da trama, muitas vezes

fazendo com que a trama realmente desenrolasse;

Aos meus ajudantes de coleta, João Vitonis, Carolina Lemes e Jair Mendes, por tomarem

chuva e sol, ficarem horas escorados em pedras do costão rochoso, fugindo das ondas e do

vento, morrendo de frio ou derretendo de calor. Sem vocês, este trabalho jamais teria

acontecido;

Aos meus companheiros de laboratório, Elen, Tadeu, João, Jair, Cecília, Nathalia,

Fernanda, Luiz Felipe, Chico, Henrique, Beatriz, Camila e Rafael, por tornarem o ambiente

de trabalho um local agradável e por me ajudarem sempre que precisei;

À Célia Bresil, melhor técnica e companheira de trabalho que alguém poderia querer. Sua

ajuda foi essencial;

À Dra. Juliana José, pelo apoio na etapa inicial do trabalho;

Aos membros da banca de qualificação e pré-banca, Prof. Dr. Louis Bernard, Dra. Sónia

Andrade e Dr. Marcos Roberto Batista, pelos ótimos comentários e observações;

À Maria de Lourdes Fagundes, pelo excelente trabalho junto à secretaria da pós-

graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção prestada a mim desde antes do

início deste trabalho;

À Capes e à Fapesp, pela bolsa de mestrado;

A toda a minha família, pelo apoio e por me completarem como pessoa além do lado

profissional. Pela ajuda a encontrar meios para solucionar problemas e pelos momentos de

alegria e comemoração vividos juntos;

Aos meus amigos, pela ótima companhia e por me propiciarem longas conversas e boas

risadas;

Ao Airton, pelo companheirismo e cumplicidade. Pelo “John”, mixer que tanto facilitou

meu trabalho na bancada. E pela paciência de ouvir (claro que muitas vezes sem escutar)

meus discursos infindáveis sobre o mestrado.

Page 18: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

xviii

Page 19: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

1

1. Introdução

Uma população é considerada panmítica quando os indivíduos acasalam de modo

aleatório, ou seja, o acasalamento é igualmente provável entre todas as combinações

macho-fêmea. Esta uniformidade é inexistente em muitos casos, como em grandes

populações nas quais as chances de acasalamento são desiguais entre os indivíduos. Assim,

uma população pode estar dividida em unidades menores com frequências alélicas que se

diferenciam com o passar do tempo devido à limitação do fluxo gênico (Wright 1930,

1951). Esta heterogeneidade nas frequências alélicas de uma população gera o que se

conhece por estrutura genética.

Vários fatores temporais, comportamentais e geográficos podem atuar no sentido de

reduzir o fluxo gênico, resultando em estrutura genética (Hamilton 2009). Alguns exemplos

são seleção natural, processos aleatórios na transmissão de alelos ao longo das gerações, e

diferenças aleatórias nas frequências alélicas dos fundadores de uma população (Hartl &

Clark 2007).

Determinar a estrutura genética de populações naturais compõe parte importante da

genética de populações e possui várias aplicações na biologia evolutiva, conservação,

genética forense, cultivo de plantas e criação de animais (Meirmans & Hedrick 2011). A

estrutura genética pode ser acessada por análises das frequências alélicas e da distribuição

da variabilidade genética entre populações, o que se tornou comum após o surgimento da

eletroforese de proteínas, na década de 1960 (Bohonak 1999).

Há duas abordagens a se considerar na avaliação da estrutura genética de populações:

espacial e temporal. Na primeira, busca-se identificar como a variabilidade genética se

distribui geograficamente nas populações, observando se indivíduos de lugares distintos

possuem frequências alélicas diferentes (exemplos desta abordagem são Gallardo &

Carrasco 1996, Lebret et al. 2013, Ovčarenko et al. 2014, Tiroesele et al. 2014). Já na

abordagem temporal, o objetivo é identificar como a variabilidade genética se distribui nas

populações ao longo do tempo, ou seja, verificar se há variação nas frequências alélicas em

diferentes momentos (exemplos desta abordagem são Hogan et al. 2010, Qiu et al. 2013,

Liang et al. 2014).

Page 20: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

2

Na abordagem espacial, a estrutura genética é geralmente atribuída a fatores como:

isolamento por distância, adaptação genética (seleção natural), fronteiras biogeográficas,

comportamentos intrínsecos da espécie e eventos históricos (Orsini et al.2013, Fields &

Taylor 2014). Na abordagem temporal, a estrutura genética já foi relacionada a causas

como: existência de indivíduos com diferentes épocas reprodutivas na mesma região,

seleção natural temporalmente variável, e efeitos transientes do ambiente responsáveis por

formar barreiras temporárias ao fluxo gênico (Tracey et al.1975, Hendry & Day 2005,

Skoglund et al. 2014).

Muitas vezes, é difícil discriminar entre fatores que geram estrutura genética espacial e

temporal, além de que ambos podem influenciar concomitantemente na distribuição da

variabilidade genética em populações naturais (Kesäniemi et al. 2014). Por isso, para

acessar a estrutura genética em populações naturais é importante considerar os dois tipos de

abordagem, espacial e temporal (Calderón et al. 2012).

1.1 Estrutura genética em ambiente marinho

Muitos esforços para entender a relação entre fluxo gênico e estrutura genética foram

provenientes de estudos com organismos marinhos (Bohonak 1999). Esses organismos

detêm características interessantes para estudos de estrutura populacional, como variação

no comportamento larval, tempo e modo de desenvolvimento. Por exemplo, animais

marinhos pelágicos ou com larvas pelágicas possuem grande capacidade de dispersão, o

que deve resultar em elevado fluxo gênico entre as populações e conduzi-las à

homogeneidade genética (Hedgecock 1994, Palumbi 1994, Hellberg et al. 2002).

No contexto marinho, a variabilidade genética entre as populações pode ser estudada em

grande escala e em escala local:

1.1.1 Grande escala

Abrange milhares de quilômetros e considera boa parte da distribuição da espécie.

Page 21: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

3

Nesta escala, há vários exemplos de espécies com fase pelágica apresentando

homogeneidade genética em suas populações, conforme o esperado (Gallardo & Carrasco

1996, Kyle & Boulding 2000, Collin 2001, Kelly & Palumbi 2010, Díaz-Ferguson et al.

2012). Entretanto, há espécies com fase pelágica que apresentam estrutura genética

populacional, como cracas, gastrópodes, bivalves, caranguejos, ermitões, ouriços e peixes

(Evans et al. 2004, Hogan et al. 2010, Kelly & Palumbi 2010, Calderón et al. 2012, Díaz-

Ferguson et al. 2012, Pespeni & Palumbi 2013).

A abordagem mais utilizada em análises nessa escala é a espacial, como feito por Baird et

al. 2011, que avaliaram a diferenciação genética populacional em espécies de anfípodes ao

longo de toda a Antártida.

Apesar de menos frequentes, há exemplos de abordagens temporais, nas quais as espécies

apresentam frequências alélicas que variam mais intensamente no tempo que no espaço,

mesmo tendo sido avaliadas por muitos quilômetros. O peixe Stegastes partitus foi

amostrado em 10 localidades ao longo de 200 quilômetros e o tempo se mostrou mais

influente que o espaço na diferenciação genética de suas populações (Hogan et al. 2010).

No ambiente marinho, é difícil generalizar sobre as causas da diferenciação genética em

grande escala, mas Palumbi (1994) ressaltou prováveis barreiras ao fluxo gênico que

poderiam levar à estrutura genética, como padrões de circulação oceânica, isolamento por

distância, seleção natural, limites comportamentais à dispersão (relacionados a

características intrínsecas de cada espécie) e eventos históricos. As três primeiras barreiras

podem influenciar a dispersão dos adultos, fazendo com que eles fiquem restritos a

determinadas localidades por não serem capazes de se movimentar além delas, ou com que

o fluxo gênico seja reduzido como consequência de adaptação genética local (Selkoe et al.

2006, Kelly & Palumbi 2010, Orsini et al. 2013). Os limites comportamentais se referem a

peculiaridades como homming, territorialismo ou outros comportamentos reprodutivos

singulares, que podem levar à redução de fluxo gênico e influenciar na estrutura genética

das populações (Byrne et al. 2013). Os eventos históricos, como mudanças climáticas ou

topográficas, já foram relacionadas com a estrutura genética apresentada por algumas

espécies (Janko et al. 2007, Baird et al. 2011).

Page 22: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

4

Considerando organismos com fase larval pelágica, a dispersão das larvas e o seu

comportamento podem influenciar na estrutura genética das populações. Espera-se que

quanto maior o tempo de permanência das larvas no plâncton, maior será a sua capacidade

de dispersão, embora esta relação seja improvável em várias espécies (Kelly & Palumbi

2010). As fontes de larvas também influenciam as frequências alélicas das populações,

sendo que essas fontes podem mudar devido a processos de transporte aleatórios, gerando

estrutura genética entre populações (Hogan et al. 2010).

1.1.2 Escala local

Abrange apenas alguns metros e considera uma pequena porção da distribuição da

espécie.

Nesta escala, é comum que espécies sem desenvolvimento pelágico apresentem

populações vizinhas com diferenciação genética, por causa da maior dificuldade de

colonizar habitats distantes e da desconexão entre os habitats (Hellberg et al. 2002). Alguns

gastrópodes, pepinos do mar e crustáceos isópodes, todos com reduzida capacidade de

dispersão, apresentam estrutura genética populacional em escala local (Kyle & Boulding

2000, Collin 2001, Johhanesson et al. 2004, Kelly & Palumbi 2010). Contudo, há espécies

com grande capacidade de dispersão que possuem populações vizinhas com diferenciação

genética, o que é intrigante por causa da magnitude do fluxo gênico esperada e,

principalmente, porque em muitos destes casos a diferenciação genética desaparece em

grande escala (Hedgecock 1994, Kyle & Boulding 2000, Hellberg et al. 2002, Hepburn et

al. 2009). Além disso, populações que supostamente deveriam estar em equilíbrio de

Hardy-Weinberg apresentam deficiência de heterozigotos em alguns locos gênicos (Tracey

et al. 1975, Gaffney et al. 1990, Brownlow et al. 2008). Essas incongruências enfatizam a

necessidade de se esclarecer os processos relacionados à distribuição da variabilidade

genética nas populações naturais.

A aplicação da abordagem espacial em escala local permite obter informações de estrutura

genética entre populações proximamente localizadas e explicar diferentes cenários, como

quando há atuação de seleção natural ou quando houve efeito Wahlund (Hedgecock 1994,

Hellberg et al. 2002). Já a abordagem temporal é capaz de indicar variações de frequências

Page 23: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

5

alélicas ao longo do tempo em populações vizinhas, o que pode ser causado por existência

de épocas reprodutivas distintas ou variação no sucesso reprodutivo (Hendry & Day 2005,

Lee & Boulding 2009). Quando as duas abordagens são utilizadas em conjunto, é possível

identificar se são fatores espaciais ou temporais que exercem maior papel na indução de

diferenciação genética (Lee & Boulding 2009).

1.2 Estrutura genética em moluscos, litorinídeos e Echinolittorina lineolata

Diversos moluscos são utilizados como modelos para avaliar a estrutura genética de

populações, já que possuem hábitos de vida variados e diferentes formas de

desenvolvimento (direto, lecitotrófico ou planctotrófico). Além de maior compreensão da

estrutura genética das populações, estudos com estes animais têm evidenciado

características físicas e dinâmicas temporais que podem influenciar na dispersão das larvas

de diversas espécies. Um exemplo é Lottia digitalis, gastrópode com larvas pelágicas que

apresenta estrutura genética ao longo da costa da Califórnia (Kelly & Palumbi 2010). Uma

avaliação desta espécie em escala espacial mostrou que o transporte de larvas na água é

provavelmente limitado por condições de circulação oceanográfica no momento da desova,

restringindo a dispersão larval de L. digitalis e explicando a estrutura genética neste caso

(Kelly & Palumbi 2010).

O gastrópode Haliotis iris, o mexilhão dourado Limnoperna fortunei, a ostra Ostrea

edulis e o gastrópode Colisella subrugosa constituem outros exemplos de moluscos

utilizados como modelos em estudos de estrutura genética (José 2003, José & Solferini

2007, Taris et al. 2009, Will et al. 2011, Ghabooli et al. 2013). No caso de H. iris, a

diferenciação genética observada em suas populações permitiu que Will et al. (2011)

detectassem quatro barreiras filogeográficas ao longo da Nova Zelândia que influenciam na

dispersão larval deste gastrópode e provavelmente de outras espécies; já para o mexilhão

dourado, espécie invasora que se espalhou pelo mundo a partir da Ásia, múltiplos eventos

de introdução, intensa seleção natural e efeitos demográficos aleatórios podem ter

contribuído para gerar a estrutura genética em escala local observada com maior

intensidade nas populações introduzidas do que nas populações nativas (Ghabooli et al.

2013); na França, a ostra O. edulis apresenta estrutura genética ao longo do tempo, o que

pode estar relacionado à variância no sucesso reprodutivo interagindo com a biologia

Page 24: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

6

reprodutiva da ostra somada a condições ambientais (Taris et al. 2009); quanto ao

gastrópode C. subrugosa, José (2003) e José & Solferini (2007) utilizaram abordagens

espacial e temporal para avaliar sua estrutura genética, o que permitiu maior entendimento

da dinâmica da distribuição da variabilidade genética nessa espécie: C. subrugosa possui

populações geneticamente homogêneas por amplas distâncias, apesar de que tais

populações apresentam deficiência de heterozigotos (José & Solferini 2007). Em escala

local, esses moluscos detém estrutura genética ao longo do tempo. José (2003) propôs que

processos de fertilização não aleatória e “erros de amostragem” (amostragem de uma

população desconhecendo suas subdivisões) são prováveis causas para a variação das

frequências alélicas ao longo do tempo, e que a variação genética temporal acumulada entre

as gerações pode ter resultado em deficiência de heterozigotos nas análises em grande

escala.

Moluscos litorinídeos (família Littorinidae) são bem representados em estudos de

estrutura populacional e variabilidade genética, o que pode ser devido a sua abundância,

diversidade e modos de vida. Utilizando esses organismos, Lee & Boulding (2009)

avaliaram a relação entre estrutura genética e modo de desenvolvimento larval, observando

que é mais provável existir variação genética ao longo do tempo em espécies com larvas

pelágicas do que em espécies com desenvolvimento direto. Isso foi relacionado ao fato de

que espécies com larvas pelágicas geralmente apresentam elevada fecundidade, elevada

capacidade de dispersão e reduzida sobrevivência nos primeiros estágios do

desenvolvimento, sendo que a interação entre esses fatores pode gerar estrutura genética ao

longo do tempo (Lee & Boulding 2009).

Os litorinídeos se distribuem por amplas distâncias, desempenhando importantes papéis

nas comunidades litorâneas. Sua alimentação é à base de algas unicelulares, líquens e

esporos recém-estabelecidos de macroalgas (Reid 1989). São animais dioicos, com

fertilização interna e podem apresentar os três tipos de desenvolvimento (Reid 1989, Reid

1996, Andrade 2000). Há espécies de litorinídeos em que as fêmeas são fertilizadas por

vários machos (poliandria), podendo armazenar espermatozoides no receptáculo seminal

por cerca de um ano (Zahradnik et al. 2008, Rafajlovic et al. 2013). São animais que

habitam mangues ou regiões entre marés de costões rochosos, locais que apresentam grande

Page 25: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

7

heterogeneidade ambiental. Mais especificamente, os costões rochosos estão submetidos a

extremas variações ambientais, especialmente na zona entre marés, onde flutuações de

temperatura e de salinidade, ação das ondas e incidência de radiação se associam a

transições na distribuição dos organismos, à predação e à interações interespecíficas. A

heterogeneidade ambiental pode refletir-se em elevada variabilidade genética nos

organismos e influenciar na estrutura genética das populações (Powell 1971, Mitchell-Olds

1992, Johannesson et al. 2004).

Littoraria flava é um exemplo de litorinídeo habitante de costões rochosos brasileiros e

com variabilidade e estrutura genética bem documentadas. Esses animais apresentam

elevados índices de diversidade genética e estrutura genética reduzida por amplas

distâncias, conforme o esperado em espécies de ambientes heterogêneos com ampla

capacidade de dispersão (Andrade et al. 2003). Contraditoriamente, L. flava possui

deficiência de heterozigotos em muitos locos de isozimas (Andrade et al. 2005). Em escala

local, L. flava apresenta estrutura genética entre populações proximamente localizadas

(Andrade & Solferini 2007). Os padrões observados em L. flava podem ter sido causados

por seleção natural em equilíbrio com desovas dessincronizadas e colonizações recorrentes

(Andrade & Solferini 2007).

Assim como em L. flava, a espécie Echinolittorina lineolata não apresenta estrutura

genética em grande escala, apesar de possuir deficiência de heterozigotos em vários locos

de isozimas em suas populações (Andrade et al. 2003, 2005). Uma hipótese proposta para

explicar esse desvio é que ele pode ter sido causado pela existência de múltiplos grupos de

acasalamento em uma população, gerando efeito Wahlund (Andrade et al. 2005).

E. lineolata é uma espécie do gênero Echinolittorina Habe, 1956. Este é o maior gênero

entre os litorinídeos, com 60 espécies viventes conhecidas, radiadas mundialmente em

regiões tropicais (Williams & Reid 2004, Reid 2011). Apenas duas espécies de

Echinolittorina são encontradas na costa brasileira (aproximadamente 8000 quilômetros):

E. lineolata, encontrada em costões rochosos de toda a costa do Brasil; e E. vermeiji, com

distribuição restrita às ilhas Atol das Rocas, Fernando de Noronha e Ilha de Trindade (Leal

1991, Williams & Reid 2004).

Page 26: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

8

E. lineolata apresenta grandes populações, fertilização interna, adultos bentônicos e

desenvolvimento larval planctotrófico (Williams & Reid 2004, Andrade et al. 2005). Seu

estágio larval, bem como de todo o gênero, tem duração aproximada de quatro semanas,

estimativa baseada no crescimento em laboratório da espécie E. hawaiiensis e na

uniformidade das conchas larvais de todas as espécies (Williams & Reid 2004). As larvas

podem se dispersar por cerca de 1400 quilômetros, o que foi inferido a partir da

identificação de populações além dos limites normais de ocorrência das espécies de

Echinolittorina (Williams & Reid 2004).

O presente trabalho utilizou E. lineolata como modelo para avaliar a variabilidade

genética em marcadores mitocondriais e estrutura genética no espaço e no tempo em escala

local, buscando informações que possam complementar os dados já existentes sobre a

espécie, contribuir para a explicação da deficiência de heterozigotos anteriormente

detectada em isozimas e servir de comparação para vários outros organismos com

características semelhantes.

Em espécies com grande capacidade de dispersão, pode-se utilizar marcadores genéticos

do DNA mitocondrial (mtDNA) para detectar estrutura genética em populações vizinhas,

buscando determinar quais fatores são responsáveis pela distribuição da variabilidade

genética (exemplos: Lee & Boulding 2009, Iacchei et al. 2013, D’Aloia 2014). Os

marcadores do mtDNA são sequências polimórficas, de evolução rápida, e permitem alta

resolução em estudos de estrutura genética populacional (Avise 1991, Kyle & Boulding

2000). Apresentando variações neutras, o genoma mitocondrial é haploide e herdado

maternalmente na maioria das espécies, por isso o tamanho efetivo populacional estimado

com marcadores mitocondriais deve ser um quarto do estimado com marcadores nucleares,

amplificando os efeitos de deriva genética (Kyle & Boulding 2000).

Os genes mitocondriais citocromo oxidase subunidade I (CO-1) e o citocromo b (Cyt-b)

são comumente utilizados como marcadores moleculares em litorinídeos (Reid 1996, Kyle

& Boulding 2000, Williams & Reid 2004, Lee & Boulding 2009, Díaz-Ferguson et al.

2012). O CO-1 parece ser um dos genes codificadores de proteínas mais conservados do

genoma mitocondrial animal, sendo informativo principalmente em nível de espécie

(Folmer et al. 1994). Já o Cyt-b apresenta uma taxa de substituição de nucleotídeos mais

Page 27: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

9

acelerada que o CO-1, sendo suficiente para estudos de moluscos em nível

intrapopulacional (Merritt et al. 1998). Empregando esses genes como marcadores em E.

lineolata, os objetivos deste trabalho foram: (i) avaliar a variabilidade genética de juvenis

de E. lineolata no espaço e no tempo em escala local e; (ii) identificar possíveis subdivisões

populacionais de E. lineolata com abordagem espacial e temporal em escala local.

Page 28: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

10

2. Objetivos

O objetivo deste trabalho foi avaliar a variabilidade genética de juvenis de E. lineolata,

bem como possíveis subdivisões populacionais, com abordagens espacial e temporal em

escala local, utilizando três regiões do DNA mitocondrial como marcadores moleculares.

Page 29: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

11

3. Material e Métodos

O estudo foi feito com Echinolittorina lineolata, a única espécie do gênero que ocorre na

costa continental do Brasil e que é de fácil identificação.

3.1 Local de coleta e Amostragem

As praias determinadas para realização do estudo foram Juquehy (S 23°46.277’, O

45°43.307’) e Guaecá (S 23°49.220’, O 45°28.130’), devido a sua facilidade de acesso e

utilização anterior em estudos com litorinídeos (exemplos: Andrade et al. 2005, Andrade &

Solferini 2007). Essas praias distam 42 quilômetros entre si e localizam-se no litoral norte

do estado de São Paulo, sendo integrantes do município de São Sebastião (figura 1). Em

frente à costa de São Sebastião localiza-se a Ilha de São Sebastião, separada do continente

por um canal com 25 quilômetros de extensão e largura variável entre 7 e 2 quilômetros

(Alves 2012). Este canal possui intensa circulação de embarcações e atividade petrolífera.

A praia de Guaecá encontra-se na região costeira próxima à ilha e ao canal. Já Juquehy está

mais distante do canal e situa-se praticamente a sudoeste de Guaecá. Quanto à circulação de

água superficial na região do canal, Silva et al. 2004 observou que ela segue o sentido

sudoeste nos meses de primavera, verão e inverno, invertendo-se para nordeste nos meses

de outono. A ACAS (Água Central do Atlântico Sul) entra pela parte sul do canal nos

meses de primavera e verão, se aproximando da costa e influenciando tanto na salinidade

quanto na temperatura local; já nos meses de outono e inverno, não há vestígios da ACAS

no canal (Silva et al. 2004).

Quanto aos costões rochosos de coleta dos animais (esquerdo em Juquehy e direito em

Guaecá), o de Juquehy apresenta características de um costão protegido em sua

extremidade mais próxima da areia, com rochas arredondadas e desconectadas. Porém, em

sua extremidade mais próxima ao mar, este costão apresenta rochas mais íngremes e em

formato de parede, se assemelhando a um costão desprotegido. Guaecá apresenta costão

com grandes rochas arredondadas e desconectadas, com características de protegido.

Page 30: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

12

Figura 1 Locais de coleta (escalas aproximadas e em quilômetros). (Google Earth. Acesso

em 10 de novembro de 2014).

As coletas foram feitas entre junho e novembro de 2012. Os indivíduos foram coletados

nas regiões de rochas desconectadas, diminuindo a possibilidade de movimentação dos

adultos de E. lineolata entre rochas. Em cada praia, seis rochas foram escolhidas na zona

entre marés e marcadas com cola epóxi e botões coloridos.

Uma visita preparatória dos locais de estudo foi feita em junho de 2012, na qual todos os

indivíduos de E. lineolata foram removidos das rochas escolhidas. Em julho, setembro,

outubro e novembro, respeitando intervalos de 40 dias, as rochas foram reexaminadas e

todos os juvenis foram removidos. Apenas os juvenis foram utilizados nas análises. Este

esquema amostral e a utilização apenas de juvenis tiveram o objetivo de diminuir a

influência da mistura de haplótipos de várias gerações acumuladas entre os adultos.

Todas as coletas foram feitas em períodos de maré baixa. Os indivíduos foram

identificados por morfologia externa, com auxílio de lupa binocular. De cada rocha, 45

indivíduos foram armazenados em nitrogênio líquido.

0 10

Juquehy

Guaecá

Ilha de

São Sebastião

0 500

São Sebastião

Page 31: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

13

3.2 Extração de DNA, amplificação por PCR e sequenciamento

O DNA de 8 a 15 indivíduos por rocha de cada coleta foi extraído com kit Wizard

(Promega), utilizando os organismos inteiros e seguindo as recomendações do fabricante. O

DNA extraído foi purificado antes das reações de amplificação (PCR), usando o kit

ilustraTM

GFXTM

PCR DNA and Gel Band Purification (GE Healthcare – Life Sciences).

Três regiões do genoma mitocondrial foram amplificadas, primeiramente utilizando

iniciadores descritos na literatura:

- uma região do gene citocromo oxidase 1 (CO-1), utilizando iniciadores universais

que produzem um fragmento de aproximadamente 700 pares de base (Folmer et al. 1994).

- duas regiões do gene citocromo b (Cyt-b), utilizando dois pares de iniciadores que

produzem fragmentos de aproximadamente 250 e 230 pares de base em litorinídeos (Kyle

& Boulding 2000).

3.2.1 Desenho de novos iniciadores

Três novos pares de iniciadores foram desenhados especificamente para E. lineolata:

- CO-1: nenhuma das amplificações feitas com os iniciadores da literatura produziu

fragmentos confiáveis e, então, uma sequência parcial deste gene de E. lineolata foi obtida

no National Center for Biotechnology Information – NCBI (AJ622957.1) e a ferramenta do

NCBI foi utilizada para o desenho de um novo par de iniciadores;

- Cyt-b: as amplificações feitas com os iniciadores da literatura produziram poucas

sequências com boa qualidade. Essas sequências foram alinhadas no programa MEGA v.5

(Tamura et al. 2011) e manualmente editadas. Posteriormente, as sequências de melhor

qualidade foram utilizadas para o desenho de dois novos pares de iniciadores internos a

elas. Os novos iniciadores da região do Cyt-b foram desenhados no programa Primer3Plus

(Untergasser et al. 2007) e as duas sequências obtidas com eles não se sobrepõem.

Foi feita a padronização das reações de amplificação com os novos iniciadores, utilizando

técnicas de gradiente de concentração de reagentes e gradientes de temperatura. As

Page 32: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

14

condições das reações de amplificação padronizadas e usadas para obtenção das sequências

deste estudo estão descritas no anexo.

3.2.2 Sequenciamento

Os fragmentos amplificados foram sequenciados no Laboratório de Biologia Molecular de

Plantas (CBMEG-UNICAMP), usando o kit BigDye terminator v 3.1 e sequenciador

automático (ABI PRISM 3730 DNA Analyzer – PE Applied Biosystems – HITACHI).

Neste trabalho, as sequências obtidas com o novo par de iniciadores para o CO-1 serão

chamadas “região CO-1” e aquelas obtidas com os novos iniciadores para o Cyt-b serão

chamadas de “região Cyt-b 1” e “região Cyt-b 2”, já que as duas sequências não se

sobrepõem.

3.3 Análises estatísticas

Todas as sequências de DNA das regiões CO-1, Cyt-b 1 e Cyt-b 2 foram alinhadas com o

programa MEGA v.5 (Tamura, Peterson, Stecher, Nei, e Kumar 2011) e manualmente

editadas.

De cada indivíduo, as três regiões sequenciadas, alinhadas e editadas foram utilizadas nas

análises.

Os parâmetros de diversidade genética das amostras foram estimados com o programa

Arlequin 3.5 (Excoffier et al. 2005). Os índices estimados foram: número de haplótipos,

número de sítios polimórficos, diversidade haplotípica e diversidade nucleotídica. Para

comparar a diversidade haplotípica e nucleotídica foram aplicados testes de Kruskal-Wallis

com o programa Bioestat v.5.0 (Ayres & Ayres 2007).

Redes de haplótipos foram inferidas por median joining no programa Network (Bandelt et

al. 1999), para visualização das similaridades e diferenças entre os haplótipos presentes nas

amostras.

Page 33: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

15

A existência de estrutura genética espacial foi avaliada com análises de variância

molecular (AMOVAs), feitas no programa Arlequin 3.5 (Excoffier et al. 2005), com 10000

permutações. As AMOVAs feitas neste programa analisam a variância de frequências

gênicas, e o número de mutações entre haplótipos é levado em consideração (Excoffier &

Lischer 2011). Os valores de FST retornados nestas mesmas análises também foram

considerados. Esses são valores de FST população-específicos, que permitem diferentes

níveis de divergência em uma única análise (Browning & Weir 2010, Excoffier & Lischer

2011). Estimativas de FST par a par foram feitas no programa Arlequin 3.5 (Excoffier et al.

2005). Este programa utiliza valores de FST par a par transformados que podem ser usados

como distâncias genéticas entre populações, computando também o número médio de

diferenças pareadas de Nei entre populações e dentro delas (Excoffier & Lischer 2011).

A existência de estrutura genética ao longo do tempo foi avaliada com AMOVAs

realizadas com 10000 permutações no programa Arlequin 3.5 (Excoffier et al. 2005). Os

valores de FST retornados nestas mesmas análises também foram considerados. Estimativas

de FST par a par foram feitas neste mesmo programa.

3.3.1 Desenho das análises

Foram determinados diferentes agrupamentos das amostras para realização das análises

estatísticas (figura 2).

3.3.1.1 Padrão geral

O padrão geral de diversidade genética foi obtido agrupando todas as amostras (das duas

praias, de todas as coletas). As redes de haplótipo também foram estimadas considerando

este agrupamento.

3.3.1.2 Comparações no espaço (entre praias)

A comparação entre as duas praias foi realizada considerando:

a) Todas as amostras de cada praia (Juquehy X Guaecá);

Os índices de diversidade molecular foram estimados para as amostras de Juquehy.

O mesmo foi feito para as amostras de Guaecá. Os testes de estrutura genética

Page 34: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

16

foram feitos pela comparação de todas as amostras de Juquehy com as amostras de

Guaecá, desconsiderando a data de coleta das amostras.

b) Cada uma das coletas (J1XG1; J2XG2; J3XG3; J4XG4).

As amostras de Juquehy foram separadas por data de coleta, bem como as amostras

de Guaecá. Os índices de diversidade molecular foram estimados separadamente

para a primeira, para a segunda, para a terceira e para a quarta coleta de Juquehy. O

mesmo foi feito com as amostras de Guaecá. Os testes de estrutura genética foram

feitos pela comparação das amostras da primeira coleta de Juquehy com as amostras

da primeira coleta de Guaecá, seguido da comparação das amostras da segunda

coleta de Juquehy com as da segunda coleta de Guaecá, e assim sucessivamente.

Esse desenho foi utilizado com objetivo de diminuir a influência de fatores

temporais nessas análises, pois as comparações foram feitas entre amostras

coletadas na mesma data.

3.3.1.3 Comparações no tempo

As coletas de cada praia foram comparadas (J1XJ2XJ3XJ4; G1XG2XG3XG4).

Os testes de estrutura genética temporal foram feitos para as amostras de Juquehy e

Guaecá separadamente. Assim, as amostras da primeira, segunda, terceira e quarta coletas

de Juquehy foram comparadas. O mesmo foi feito com as amostras de Guaecá. Esse

desenho foi utilizado com o objetivo de diminuir a influência de fatores espaciais nas

análises, pois as comparações foram feitas entre amostras da mesma praia.

Page 35: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

17

Figura 2 Amostras. Quadrado verde: amostras de Juquehy; Quadrado lilás: amostras de

Guaecá. Cada retângulo representa uma coleta em uma das praias. Cada círculo de mesma

cor representa uma rocha. J: rochas de Juquehy; G: rochas de Guaecá; 1,2,3 e 4: números

referentes às coletas 1, 2, 3 ou 4. Letras A, B, C, D, E e F: identificação de cada rocha.

Page 36: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

18

4. Resultados

4.1 Coletas

O número de indivíduos removidos de cada rocha em cada coleta foi variável. Esses

indivíduos foram transportados ao Laboratório de Diversidade Genética no Instituto de

Biologia da Universidade Estadual de Campinas, onde o número excedente foi

descartado.

4.2 Novos iniciadores, amplificação por PCR e sequenciamento

Os novos iniciadores permitiram amplificações efetivas das sequências de interesse

(tabela 1). Todas as sequências das regiões Cyt-b 1 e CO-1 foram depositadas em um

“PopSet” no NCBI (accession numbers: Cyt-b 1: KM210838-KM211279; CO-1:

KJ857561-KJ858054), juntamente com a sequência de cada iniciador utilizado para sua

obtenção. Dessa forma, as sequências dos iniciadores podem ser publicamente visualizadas

juntamente com a região de mt-DNA amplificada por eles em cada um dos indivíduos

analisados neste estudo. Os iniciadores e as sequências amplificadas da região Cyt-b 2 não

foram depositadas no NCBI porque os fragmentos possuem menos de 200 pares de base,

mas tais sequências estão mostradas no anexo.

Fragmentos de 203 pares de base da região Cyt-b 1 foram obtidos em 442 indivíduos

juvenis de E. lineolata; Os fragmentos da região Cyt-b 2 possuem 177 pares de base e

foram provenientes de 471 juvenis; Os fragmentos da região CO-1 possuem 441 pares de

base e foram amplificados em 494 juvenis. As três regiões foram sequenciadas nos mesmos

indivíduos, sendo que as diferenças no tamanho das amostras são devidas à impossibilidade

de amplificar e sequenciar determinados fragmentos em alguns deles.

Page 37: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

19

Tabela 1 Descrição dos novos iniciadores. pb: comprimento dos fragmentos editados em

pares de base; n: número de sequências obtidas com cada par de iniciadores.

Iniciadores Orientação Sequência Pb n

El.Cyt-bI Direto 5’ TCCTTCCCGCAACTTCAAA 3’

203

442 indivíduos

Reverso 5’ ATCAAGAGGCCCCATTAGCA 3’

El.Cyt-bII Direto 5’ TAACCATGGGAGCAGCCTTT 3’

177

471 indivíduos

Reverso 5’ GCAAAGAAGCGAGTGAGGG 3’

El.CO-1 Direto 5’ TGGGGGATCTGTGGACTTAG 3’

441

494 indivíduos

Reverso 5’ CAGTAAAGTACGCCCGAGTG 3’

4.3 Análises estatísticas

4.3.1 Diversidade genética

Os índices de diversidade gerais estimados foram baixos (tabela 2). A região CO-1

apresentou maior diversidade haplotípica (Kruskal-Wallis: p<0.05). A diversidade

nucleotídica foi muito baixa nas três regiões.

Tabela 2 Índices de diversidade molecular; n: número de indivíduos; H: número de

haplótipos; S: número de sítios polimórficos; h: diversidade haplotípica; π: diversidade

nucleotídica; pb: comprimento das sequências em pares de base.

Região Gênica n H S H π Pb

Cyt-b 1 442 17 14 0.284 0.002 203

Cyt-b 2 471 24 22 0.372 0.003 177

CO-1 494 64 54 0.705 0.003 441

As redes de haplótipos que foram inferidas apresentam pequeno número de haplótipos

comuns bem distribuídos, e muitos haplótipos raros (figura 3). Essa arquitetura é típica de

cenários de expansão populacional. A rede da região Cyt-b 1 mostra um haplótipo com

elevada frequência restrito a amostras de Guaecá.

Page 38: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

20

Figura 3 Redes de haplótipo das regiões Cyt-b 1, Cyt-b 2 e CO-1.

4.3.2 Comparações no espaço (entre praias)

4.3.2.1 Todas as amostras de cada praia (Juquehy X Guaecá)

Os índices de diversidade das amostras de Juquehy foram semelhantes aos índices gerais,

sendo o mesmo observado para as amostras de Guaecá (Kruskal-Wallis: p>0.05, tabela 3).

Tabela 3 Índices de diversidade molecular por praia; n: número de indivíduos; H: número

de haplótipos; S: número de sítios polimórficos; h: diversidade haplotípica; π: diversidade

nucleotídica; pb: comprimento das sequências em pares de base.

Região Gênica Praia n H S H Π Pb

Cyt-b 1

Juquehy

260 11 10 0.098 0.000 203

Cyt-b 2 267 16 16 0.380 0.003 177

CO-1 309 42 37 0.722 0.003 441

Cyt-b 1

Guaecá

182 9 7 0.465 0.003 203

Cyt-b 2 204 14 12 0.361 0.003 177

CO-1 185 31 32 0.672 0.003 441

CO-1 Cyt-b 2 Cyt-b 1

Page 39: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

21

As AMOVAs geraram resultados diferentes para cada região gênica nas comparações

entre praias (tabela 4): a região Cyt-b 1 apresentou variação em três níveis hierárquicos:

- entre amostras de praias diferentes;

- entre rochas da mesma praia e;

- entre indivíduos da mesma rocha.

Quanto às outras regiões gênicas, a principal fonte de variação foi entre os indivíduos da

mesma rocha, indicando ausência de estrutura genética.

A estimativa de FST foi elevada para a região Cyt-b 1 (FST(Cyt-b1)=0.63 p<0.05), mas não

significativa para as outras regiões gênicas. O valor de FST par a par foi significativo apenas

para a região Cyt-b 1 (tabela 5).

Tabela 4 Resultados das AMOVAs para todas as amostras de cada praia (Juquehy X

Guaecá)

Fonte de Variação (%)

Região Gênica Entre indivíduos

da mesma rocha

Entre rochas da

mesma praia Entre praias

Cyt-b 1 37.17 40.76 22.07

Cyt-b 2 97.48 2.52 0.00

CO-1 98.93 0.60 0.47

Tabela 5 Estimativas de FST par a par entre praias (Juquehy X Guaecá). Região gênica

considerada: Cyt-b 1.

Praia Juquehy Guaecá

Juquehy -

Gauecá 0.24 -

Page 40: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

22

4.3.2.2 Entre amostras de cada uma das coletas (J1XG1; J2XG2; J3XG3; J4XG4)

Os índices de diversidade de cada coleta em cada praia (J1, J2, J3, J4, G1, G2, G3 e G4) não

diferiram significativamente dos índices gerais (Kruskal-Wallis: p>0.05, tabela no anexo).

As AMOVAs geraram resultados diferentes para cada coleta e região gênica (tabela 6). Os

valores de FST e as estimativas de FST par a par também foram diferentes (tabelas 7 e 8):

- Coleta 1 (J1XG1):

A região Cyt-b 1 apresentou variação em três níveis hierárquicos na AMOVA:

- grande variação entre rochas de praias diferentes;

- pequena variação entre rochas da mesma praia e;

- variação intermediária entre os indivíduos de cada rocha.

Quanto às outras regiões gênicas, foi observada variação em dois níveis

hierárquicos:

- pequena variação entre rochas da mesma praia e;

- grande variação entre os indivíduos da mesma rocha (principal fonte de variação).

A estimativa de FST resultou em valor elevado para a região Cyt-b 1 (FST(Cyt-

b1)=0.67, p<0.05), valor baixo para a região Cyt-b 2 (FST(Cyt-b2)=0.06, p<0.05) e

valor não significativo para a região CO-1. A estimativa de FST par a par foi

significativa apenas para a região Cyt-b 1.

- Coleta 2 (J2XG2):

A região Cyt-b 1 apresentou variação em três níveis hierárquicos na AMOVA:

- grande variação entre rochas de praias diferentes;

- grande variação entre rochas da mesma praia e;

- variação intermediária entre os indivíduos da mesma rocha.

Page 41: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

23

Quanto às outras regiões gênicas, a principal fonte de variação foi entre os

indivíduos da mesma rocha, indicando ausência de estrutura genética

populacional.

A estimativa de FST resultou em valor elevado para a região Cyt-b 1 (FST(Cyt-

b1)=0.67 p<0.05) e valores não significativos para as outras regiões gênicas. O

valor de FST par a par foi significativo apenas para a região Cyt-b 1 .

- Coleta 3 (J3XG3):

Todas as regiões gênicas apresentaram resultados de AMOVAs semelhantes: a

principal fonte de variação foi entre os indivíduos da mesma rocha, indicando

ausência de estrutura genética populacional.

As estimativas de FST não foram significativas para nenhuma região gênica, bem

como os testes de FST par a par.

- Coleta 4 (J4XG4):

A região CO-1 apresentou variação em dois níveis hierárquicos na AMOVA:

- pequena variação entre rochas de praias diferentes e;

- grande variação entre indivíduos da mesma rocha (principal fonte de variação).

Quanto às outras regiões gênicas, a variação foi unicamente entre os indivíduos da

mesma rocha, indicando ausência de estrutura genética populacional.

As estimativas de FST não foram significativas para nenhuma região gênica. O

valor de FST par a par foi significativo apenas para a região CO-1.

Page 42: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

24

Tabela 6 Resultados das AMOVAs para as amostras agrupadas por praia e data de coleta

(* p<0.05).

Fonte de Variação (%)

Coleta Região Gênica Entre indivíduos da

mesma rocha

Entre rochas da

mesma praia

Entre rochas de

praias diferentes

Coleta 1

Cyt-b 1 33.00* 5.58* 61.42*

Cyt-b 2 93.35* 6.95* 0.00

CO-1 93.41 6.59* 0.00

Coleta 2

Cyt-b 1 18.03* 39.08* 42.89*

Cyt-b 2 98.50 1.50 0.00

CO-1 100.00 0.00 0.00

Coleta 3

Cyt-b 1 99.71 0.00 0.29

Cyt-b 2 99.01 0.00 0.99

CO-1 100.00 0.00 0.00

Coleta 4

Cyt-b 1 98.65 0.00 1.35

Cyt-b 2 98.90 0.00 1.10

CO-1 94.40 0.00 5.60*

Tabela 7 Estimativas de FST par a par para as coletas 1, 2, 3 e 4 (J1XG1; J2XG2; J3XG3;

J4XG4). Região gênica considerada: Cyt-b 1.

Coleta 1 Coleta 2 Coleta 3 Coleta 4

Juquehy Guaecá Juquhey Guaecá Juquhey Guaecá Juquhey Guaecá

Juquhey -

-

-

-

-

-

-

- Guaecá 0.63 0.48 0.002 0.01

Page 43: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

25

Tabela 8 Estimativas de FST par a par da coleta 4 (J4XG4). Região gênica considerada: CO-1.

Coleta 4

Praia Juquehy Guaecá

Juquehy -

Guaecá 0.05 -

4.3.3 Comparações no tempo

As AMOVAs com abordagem temporal geraram resultados diferentes em Juquehy e em

Guaecá, bem como as estimativas de FST e FST par a par:

4.3.3.1 Juquehy (J1 X J2 X J3 X J4)

As três regiões gênicas geraram resultados similares (tabela 9): a maior fonte de variação

foi entre os indivíduos da mesma rocha, independentemente da data de coleta, indicando

ausência de estrutura genética ao longo do tempo.

Tabela 9 Resultados de AMOVA para amostras de Juquehy agrupadas por data de coleta.

Juquehy Fonte de Variação (%)

Região Gênica Entre indivíduos da

mesma rocha

Entre rochas da

mesma coleta Entre coletas

Cyt-b 1 99.97 0.00 0.03

Cyt-b 2 97.04 2.60 0.36

CO-1 98.95 1.05 0.00

As estimativas de FST para as coletas de Juquehy foram baixas e não significativas para

todas as regiões gênicas. Os valores de FST par a par para as coletas de Juquehy não foram

significativos (tabela 10).

Page 44: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

26

Tabela 10 Estimativas de FST par a par para amostras de Juquehy agrupadas por data de

coleta. Região gênica considerada: Cyt-b 1.

Coletas

Juquehy 1ª 2ª 3ª 4ª

1ª -

2ª 0.002 -

3ª 0.000 0.001 -

4ª 0.001 0.008 0.019 -

4.3.3.2 Guaecá (G1 X G2 X G3 X G4)

Os resultados das AMOVAs foram diferentes entre as regiões gênicas (tabela 11): a

região Cyt-b 1 mostrou variação em três níveis hierárquicos:

- grande variação entre coletas;

-grande variação entre rochas da mesma coleta e;

- grande variação entre indivíduos da mesma rocha.

Quanto às outras regiões gênicas, a principal fonte de variação foi entre os indivíduos da

mesma rocha, indicando ausência de estrutura genética.

Tabela 11 Resultados de AMOVA para amostras de Guaecá agrupadas por data de coleta.

Guaecá Fonte de Variação (%)

Região Gênica Entre indivíduos da

mesma rocha

Entre rochas da

mesma coleta Entre coletas

Cyt-b 1 31.04 29.96 39.00

Cyt-b 2 97.49 0.94 1.57

CO-1 99.55 0.00 0.45

A estimativa de FST para as coletas de Guaecá foi elevada para a região Cyt-b 1 (FST(Cyt-

b1)=0.690 p<0.05), mas não significativa para as outras regiões gênicas. Os valores de FST

Page 45: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

27

par a par para a região Cyt-b 1 foram significativos para as coletas 1 e 2 comparadas com as

coletas 3 e 4 (tabela 12). O mesmo não ocorreu com as outras regiões gênicas, para as quais

nenhuma comparação foi significativa.

Tabela 12 Estimativas de FST par a par para amostras de Guaecá agrupadas por data de

coleta. Região gênica considerada: Cyt-b 1.

Coletas

Guaecá 1ª 2ª 3ª 4ª

1ª -

2ª 0.020 -

3ª 0.601 0.457 -

4ª 0.598 0.454 0.000 -

Page 46: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

28

5. Discussão

5.1 Diversidade genética

Os resultados evidenciam que os juvenis de E. lineolata amostrados apresentam baixa

diversidade molecular para os marcadores do DNA mitocondrial utilizados, o que contrasta

com a elevada variabilidade detectada anteriormente em vários locos de isozimas (Andrade

et al. 2003). Este contraste pode ser devido ao uso de marcadores moleculares com

características distintas, já que resultados divergentes são possivelmente gerados quando

alguns marcadores estão submetidos à seleção natural e outros não (Hellberg et al. 2002).

Algumas variações genéticas em isozimas foram atribuídas à seleção natural, inclusive em

espécies de litorinídeos (Johannesson et al. 1995, Nikiforov & Budnik 2004, Mäkinen et al.

2008, Schoville et al. 2012, Harrang et al. 2013). Já no DNA mitocondrial, a maioria das

variações é neutra, o genoma é haploide e geralmente herdado maternalmente, então o

tamanho efetivo populacional estimado com estes marcadores deve ser um quarto do obtido

com estimativas baseadas em marcadores nucleares (Kyle & Boulding 2000). Portanto, é

esperado encontrar menor diversidade no DNA mitocondrial do que em locos de isozimas.

Ademais, diferentes marcadores devem responder de forma distinta a influências da

heterogeneidade ambiental nos organismos, haja vista as variações não neutras detectadas

em isozimas.

A elevada diversidade genética de marcadores nucleares também já foi relacionada com

poliandria em populações de litorinídeos (Rafajlovic et al. 2013). Caso E. lineolata

apresente este comportamento reprodutivo, sua elevada diversidade genética em isozimas

pode se relacionar a ele, o que é indetectável em marcadores mitocondriais. Além disso, há

espécies de litorinídeos em que o acasalamento é diferencial, sendo que fêmeas maiores e

virgens tem maior probabilidade de se acasalarem (Zahradnik et al. 2008). Nesse segundo

tipo de comportamento, um número reduzido de fêmeas contribui efetivamente para a

próxima geração, então a diversidade genética detectada por marcadores mitocondriais

deve ser ainda menor do que a esperada em sistemas reprodutivos panmíticos,

A região CO-1 de E. lineolata apresenta maior diversidade haplotípica que as regiões Cyt-

b 1 e 2. Muitas espécies com características similares à E. lineolata apresentam diversidade

Page 47: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

29

haplotípica nesses dois genes com valores próximos ao observado no CO-1 de E. lineolata

(Lee & Boulding 2009, Baird et al. 2011, Díaz-Ferguson et al. 2012, Ghabooli et al. 2013,

Iacchei et al. 2013). Exemplos desses casos são os litorinídios Echinolittorina ziczac no

Caribe, com hCO-1=0.75 e Littorina plena no Pacífico nordeste, com hCyt-b=0.77 (Lee &

Boulding 2009, Díaz-Ferguson et al. 2012). Já o litorinídeo Littorina scutulata mostrou

hCyt-b=0.39 mesmo possuindo fase larval planctotrófica (Lee & Boulding 2009), o que é

similar às regiões Cyt-b 1 e 2 aqui analisadas.

As estimativas de diversidade genética mostram que as três regiões gênicas consideradas

apresentam baixa diversidade nucleotídica em E. lineolata, o que indica que os organismos

estudados possuem haplótipos que diferem por um ou poucos passos mutacionais. Valores

semelhantes foram observados no CO-1 e no Cyt-b de outros invertebrados marinhos com

desenvolvimento direto ou planctotrófico (Lee & Boulding 2009, Baird et al. 2011, Díaz-

Ferguson et al. 2012, Ghabooli et al. 2013, Iacchei et al. 2013). Kely & Palumbi (2010)

amostraram 50 espécies de invertebrados ao longo da costa do Pacífico na América do

Norte e encontraram diversidade nucleotídica entre 0.0 e 0.02 para o CO-1. Quanto ao Cyt-

b, alguns litorinídeos do Pacífico nordeste apresentam diversidade nucleotídica entre 0.00 e

0.006 (Lee & Boulding 2009). As amostras de E. lineolata estudadas seguem este padrão

de baixa diversidade nucleotídica.

As redes de haplótipos apresentam poucos haplótipos com frequência elevada, presentes

nas amostras das duas praias. Há vários haplótipos raros, geralmente representados por

apenas um indivíduo. Andrade et al. (2003) encontrou alelos raros compartilhados entre

populações distintas em isozimas de Littoraria angulifera, indicando fluxo gênico entre

elas. No entanto, como para E. lineolata a maioria dos haplótipos raros é restrita a uma das

praias, o fluxo gênico nesta espécie pode ser menos intenso do que o esperado para

indivíduos com larvas planctotróficas.

Outras espécies possuem haplótipos distribuídos de forma similar às redes aqui obtidas,

como os litorinídeos Littorina plena e Littorina scutulata para o Cyt-b e Echinolittorina

ziczac e Cenchritis muricatus para o CO-1 (Lee & Boulding 2009, Díaz-Ferguson et al.

2012). Esta topologia pode ser gerada por variância no sucesso reprodutivo (Iacchei et al.

2013).

Page 48: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

30

Ainda quanto às redes de haplótipo, observa-se que a região Cyt-b 1 apresenta um

haplótipo de maior frequência restrito a Guaecá, o que pode significar estrutura genética

populacional entre indivíduos das duas praias. Porém, as redes de haplótipos do Cyt-b 2 e

do CO-1 são características de cenários de homogeneidade genética.

5.2 Comparações no espaço (entre praias)

5.2.1 Todas as amostras de cada praia (Juquehy X Guaecá)

Os testes realizados para a região Cyt-b 1 evidenciaram estrutura genética entre praias.

Esperava-se encontrar homogeneidade genética nas amostras das duas praias, porque a

distância entre as praias é de 40 quilômetros e a capacidade de dispersão das larvas de E.

lineolata foi estimada em 1400 quilômetros (Williams & Reid 2004). Comparativamente,

há outras espécies com larvas pelágicas e diferenciação genética entre populações

próximas: o haliote Haliotis diversicolor apresenta estrutura genética em populações que

distam 35 quilômetros (Hellberg et al. 2002). Baird et al. (2011) detectaram uma espécie

críptica de anfípode (Eusirus sp.) na Antártica com estrutura populacional em uma escala

de 150 quilômetros, enquanto que outras espécies desse gênero são geneticamente

homogêneas ao longo de 5000 quilômetros. O peixe Stegastes partitus possui estrutura

genética em pequena escala espacial, o que foi atribuído a efeitos estocásticos na dispersão

das larvas e a efeitos micro geográficos (Hepburn et al. 2009).

No caso de E. lineolata, nós consideramos duas explicações para a estrutura genética

entre Juquehy e Guaecá:

(i) Efeitos oceanográficos locais podem gerar diferenças genéticas em pequenas

distâncias (Cowen et al. 2006). Esses efeitos geralmente produzem padrões

imprevisíveis de diferenciação genética, que provavelmente são transientes

(Selkoe et al. 2006, Hepburn et al. 2009).

(ii) Influência indireta de diferenças geográficas presentes na região das praias

amostradas: a praia de Guaecá está mais próxima do canal e da Ilha de São

Sebastião do que Juquehy, além de existirem diferenças físicas nos costões

Page 49: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

31

rochosos das duas praias e também mudança na circulação das massas de água

entre as diferentes estações do ano.

5.2.2 Entre amostras de cada uma das coletas (J1XG1; J2XG2; J3XG3; J4XG4)

Os testes realizados indicaram estrutura genética entre Juquehy e Guaecá nas coletas 1 e 2

para a região Cyt-b 1. A região CO-1 apresentou indícios de estrutura genética na coleta 4.

A estrutura genética entre praias parece instável em E. lineolata, já que está presente em

determinados momentos e ausente em outros. Esta transitoriedade é uma evidência de que a

diferenciação genética em E. lineolata pode ser causada por efeitos oceanográficos locais,

como colocado na seção anterior.

5.2.3 Entre rochas da mesma praia

As AMOVAs realizadas permitiram acessar a porcentagem de variação genética entre

rochas da mesma praia: apenas as coletas 1 e 2 apresentaram variação entre rochas na

região Cyt-b 1. Isso indica estrutura genética entre grupos de indivíduos que distam apenas

alguns metros entre si, correspondentes à distância entre as rochas nas praias. Esta estrutura

genética é transiente, já que a variação genética foi detectada apenas em duas das coletas, e

pode ser resultado de diferenças nos micro habitats do costão rochoso. Ambientes muito

heterogêneos como este são caracterizados por rápidas flutuações ambientais, sendo

comum observar diferentes micro habitats (Kesäniemi et al. 2014). Como anteriormente

mencionado, a heterogeneidade do ambiente pode influenciar na variabilidade genética e na

estrutura das populações (Powell 1971, Nevo 1978, Mitchell-Olds 1992, Johannesson et al.

2004, Andrade & Solferini 2007).

De modo semelhante a E. lineolata, o litorinídeo Littoraria flava apresenta estrutura

genética entre indivíduos separados por apenas alguns metros no costão rochoso, mesmo

possuindo larvas planctotróficas (Andrade & Solferini 2007). Os marcadores moleculares

empregados na análise das populações de L. flava foram locos isozimas, no entanto é

relevante considerar que para esta espécie a estrutura genética entre indivíduos da mesma

praia parece mais importante do que aquela entre populações separadas por milhares de

quilômetros na costa brasileira (Andrade & Solferini 2007).

Page 50: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

32

5.3 Comparações no tempo

5.3.1 Juquehy (J1 X J2 X J3 X J4)

Elevada fecundidade, grande capacidade de dispersão das larvas e baixa sobrevivência

nos estágios iniciais do desenvolvimento podem causar variância no sucesso reprodutivo de

espécies com larvas planctônicas (Hedgecock 1994, Lee & Boulding 2009, Kesäniemi et al.

2014). Por isso, estas espécies têm maior probabilidade de apresentar variação genética ao

longo do tempo do que do espaço (Lee & Boulding 2009, Kesäniemi et al. 2014). No

entanto, apesar do modo de desenvolvimento planctotrófico, as amostras de E. lineolata

coletadas em Juquehy apresentam homogeneidade genética ao longo do tempo. Assim

como nelas, no poliqueta Pygospio elegans a variação genética temporal está desassociada

do modo de desenvolvimento larval, para o qual fatores ambientais parecem mais

relevantes na determinação de estrutura genética (Kesäniemi et al. 2014).

5.3.2 Guaecá (G1 X G2 X G3 X G4)

As amostras de Guaecá apresentam evidências de estrutura genética temporal para a

região Cyt-b 1, o que confere com a hipótese anteriormente citada de que espécies com

desenvolvimento planctônico possuem maior probabilidade de apresentar variação genética

ao longo do tempo. Existem outras espécies nessas condições com variação genética

detectada em diferentes intervalos de tempo, como o bivalve Spisula ovalis em uma escala

de tempo anual e os litorinídeos Littorina scutulata e Littorina plena em um intervalo de 10

anos (David et al. 1997, Lee & Boulding 2009). Indivíduos juvenis podem apresentar maior

variação genética temporal do que adultos, como Toonen & Grosberg (2011) observaram

em análises de diferentes classes de tamanho do caranguejo Petrolisthes cinctipes. Por isso,

a análise apenas de juvenis de E. lineolata pode ter contribuído para os resultados de

estrutura genética temporal em Guaecá.

Devido ao seu desenvolvimento larval planctônico, esses organismos geralmente

apresentam elevada fecundidade e alta mortalidade nas larvas, o que pode levar à variância

no número de juvenis que os adultos deixarão para as próximas gerações, ou seja, variância

no sucesso reprodutivo (Hedgecock 1994, Hellberg et al. 2002, Lee & Boulding 2009,

Toonen & Grosberg 2011, Broquet et al. 2013, Iacchei et al. 2013, Kesäniemi et al. 2014).

Page 51: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

33

Se um número limitado de pais contribuírem para uma coorte, haverá efeitos instantâneos

de deriva genética e FST entre coortes, sendo que a magnitude desses efeitos é inversamente

proporcional ao número de pais contribuintes (Tracey et al. 1975, David et al. 1997).

Como, nesses casos, a variância no sucesso reprodutivo parece um fenômeno aleatório, a

variação genética ao longo do tempo pode apresentar-se instável. Segundo Hepburn et al.

(2009), padrões genéticos gerados por dispersão estocástica ou por efeitos da variância no

sucesso reprodutivo podem mudar imprevisivelmente ao longo do tempo. De modo

contrário, dispersão estável ou ausência de dispersão deverão gerar padrões temporais

consistentes (Hepburn et al. 2009).

De acordo com os resultados deste estudo, a variação genética detectada entre as coletas

de Guaecá se mostra inconsistente ao longo do tempo, aparecendo em coletas diferentes.

Sendo assim, a hipótese da variância no sucesso reprodutivo pode ser considerada para

explicá-la: diferentes grupos de pais estariam contribuindo para a próxima geração, sendo

estes pais determinados ao acaso. A ausência de variação genética temporal em Juquehy

também pode estar relacionada com variância no sucesso reprodutivo, pois locais diferentes

poderiam apresentar padrões genéticos distintos devido à aleatoriedade do sucesso

reprodutivo.

Independente dos fatores responsáveis pela estrutura genética temporal em E. lineolata, a

subdivisão populacional pode gerar consequências como desvios do Equilíbrio de Hardy-

Weinberg. A amostragem de populações com diferentes frequências alélicas pode resultar

em uma amostra combinada que apresenta deficiência de heterozigotos (Gaffney et al.

1990).

Vários locos de isozimas apresentaram deficiência de heterozigotos em E. lineolata, o que

pode ser explicado por efeito Wahlund caso muitos grupos de acasalamento existam em

cada população (Andrade et al. 2003, Andrade et al. 2005).

Grupos de acasalamento são pequenos grupos reprodutivos sem fluxo gênico completo

entre si, e uma de suas consequências é variação temporal na frequência alélica dos juvenis

(Tracey et al. 1975). Muitos fatores podem ser responsáveis por gerar grupos de

acasalamento (Hendry & Day 2005). Um deles é a variância no sucesso reprodutivo, pois

Page 52: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

34

quando um número limitado de pais contribui para a formação de uma coorte, haverá

diferenciação genética entre coortes (David et al. 1997).

As análises realizadas em Juquehy e em Guaecá indicam que é possível que exista

variância no sucesso reprodutivo de E. lineolata. Sendo assim, grupos de acasalamento

podem ser gerados de modo aleatório e um efeito Wahlund distribuído no tempo é um

potencial gerador dos desvios do equilíbrio de Hardy-Weinberg nessa espécie.

No entanto, deve ser considerado que a deficiência de heterozigotos em E. lineolata é de

grande magnitude e o efeito Wahlund gerado pode ser insuficiente para explicá-la, como é

o caso do bivalve Spisula ovalis (David et al. 1997). Nesse bivalve, há deficiência de

heterozigotos em vários locos de isozimas e algumas hipóteses que foram consideradas

como causadoras deste fenômeno são aneuploidia, alelos nulos e seleção natural durante a

fase larval (David et al. 1997).

No caso de E. lineolata, é provável que mais fatores, somados ao efeito Wahlund, sejam

responsáveis pela deficiência de heterozigotos. Aneuploidia e alelos nulos tiveram sua

importância minimizada para esta espécie, já que todos os indivíduos produziram padrões

enzimáticos ativos e não houve indícios de homozigotos nulos (Andrade & Solferini 2005).

Já seleção natural nos primeiros estágios do desenvolvimento é uma potencial explicação,

pois estes animais habitam ambientes heterogêneos, e a deficiência de heterozigotos foi

detectada em vários locos de isozimas (Andrade & Solferini 2005).

Devido à dificuldade de manipulação de larvas e recrutas, há poucas evidências empíricas

da seleção natural atuando nessa fase do desenvolvimento (David et al. 1997). Porém, o

emprego de diferentes marcadores moleculares em uma análise das larvas de E. lineolata

pode contribuir para esclarecer o papel da seleção natural e de outros fatores na indução da

deficiência de heterozigotos nesta espécie.

Page 53: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

35

6. Conclusão

Em juvenis de E. lineolata, as regiões gênicas CO-1 e Cyt-b apresentam baixos índices

de diversidade molecular. Esse resultado pode se dever a características do marcador

molecular utilizado, como também pode estar relacionado a comportamentos

reprodutivos da espécie.

As AMOVAs e inferências de FST realizadas indicaram estrutura genética espacial entre

E. lineolata das praias de Juquehy e Guaecá, especialmente para região Cyt-b 1. Esta

estrutura genética pode estar relacionada a fatores como diferenças oceanográficas

locais e transientes ou diferenças físicas entre as praias.

Em duas das coletas, o marcador Cyt-b 1 demonstrou estrutura genética entre

indivíduos coletados em rochas diferentes da mesma praia, o que compreende uma

distância de apenas alguns metros.

Estrutura genética temporal foi detectada com o marcador Cyt-b 1 apenas nas amostras

coletadas em Guaecá.

Apesar de os dados analisados neste estudo serem insuficientes para especificar os

fatores responsáveis pela estrutura genética espacial e temporal em E. lineolata, é

impossível descartar que ela se relacione com a deficiência de heterozigotos

anteriormente relatada para a espécie. Este estudo não permite descartar a existência de

múltiplos grupos de acasalamento em E. lineolata.

Page 54: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

36

6. Referências

Addison JA & Hart MW (2005) Spawning, copulation and inbreeding coefficients in

marine invertebrates. Biology Letters 1: 450-453.

Alves DPV (2012). A evolução sedimentar do Canal de São Sebastião, no litoral norte do

estado de São Paulo, estudada a partir de uma abordagem sismoestratigráfica. Tese de

mestrado. São Paulo, SP, USP: 83p.

Andrade SCS & Solferini VN (2007). Fine-scale structure overrides macro-scale structure

in a marine snail: nonrandom recruitment, demographic events or selection? Biological

Journal of the Linnean Society 91: 23-36.

Andrade SCS (2000). Variabilidade genética em litorinídeos (Gastropoda:Mollusca) da

costa brasileira. Tese de mestrado. Campinas, SP, UNICAMP: 97p.

Andrade SCS, Magalhães CA e Solferini VN (2003). Patterns of genetic variability in

Brazilian Littorinids (Mollusca): a macrogeographic approach. Journal of Zoological

Systematics and Evolutionary Research 41: 249-255

Andrade SCS, Medeiros HF & Solferini VN (2005). Homogeneity test of Hardy-Weinberg

deviations in brazilian littorinids: evidence for selection? Journal of Molluscan Studies

71: 167-164.

Avise JC (1991). Ten unorthodox perspectives on evolution prompted by comparative

population genetic findings on mitochondrial DNA. Annual Review of Genetics 25:

45-69.

Ayres M, Ayres Jr M, Ayres DL & dos Santos AS (2007). BioEstat 5.0 - aplicações

estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Belém, Sociedade Civil

Mamirauá, 364p.

Baird HP, Miller KJ & Stark JS (2011). Evidence of hidden biodiversity, ongoing

speciation and diverse patterns of genetic structure in giant Antarctic amphipods.

Molecular Ecology 20: 3439-3454.

Page 55: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

37

Bandelt H-J, Forster P & Röhl A (1999). Median-joining networks for inferring

intraspecific phylogenies. Molecular Biology and Evolution 16:37-48

Bohonak AJ (1999). Dispersal, gene flow, and population structure. Quarterly Review of

Biology 74: 21-45.

Broquet T, Viard F & Yearsley JM (2012). Genetic drift and collective dispersal can result

in chaotic genetic patchiness. Evolution 67(6): 1660-1675.

Browning SR & Weir BS (2010). Population structure with localized haplotype clusters.

Genetics 185: 1337-1344.

Brownlow R J, Dawson D A, Horsburgh GG J, Bell J J & Fish J D (2008). A method for

genotype validation and primer assessment in heterozygote-deficient species, as

demonstrated in the prosobranch mollusk Hydrobia ulvae. Genetics 9: 55.

Byrne RJ, Bernardi G & Avise JC (2013).Spatiotemporal genetic structure in a protected

marine fish, the California grunion (Leuresthes tenuis), and relatedness in the genus

Leuresthes. Journal of Heredity 104(4): 521-531.

Calderón I, Pita L, Brusciotti S, Palacín C & Turon X (2012). Time and space: genetic

structure of the cohorts of the common sea urchin Paracentrotus lividus in Western

Mediterranean. Marine Biology 159: 187-197.

Collin R (2001). The effects of mode of development on phylogeography and population

structure of North Atlantic Crepidula (Gastropoda: Calyptraeidae). Molecular ecology

10: 2249-2262

Conod N, Bartlett JP, Evans BS & Elliott NG (2002). Comparison of mitochondrial and

nuclear DNA analyses of population structure in the blacklip abalone Haliotis rubra

Leach. Marine and Freshwater Research 53: 711-718.

Cowen RK, Paris CB & Srinivasan A (2006). Scaling connectivity in marine populations.

Science 311: 522-527.

Page 56: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

38

D’Aloia CC, Bogdanowicz SM, Harrison RG & Buston PM (2014). Seascape continuity

plays an important role in determining patterns of spatial genetic structure in a coral

reef fish. Molecular Ecology 23(12): 2902-2913.

David P, Perdieu MA, Pernot AF & Jarne P (1997). Fine-grained spatial and temporal

population genetic structure in the Marine Bivalve Spisula ovalis. Evolution 51(4):

1318-1322.

Díaz-Ferguson E, Haney RA, Wares JP & Silliman BR (2012). Genetic structure and

connectivity patterns of two Caribean rocky-intertidal gastropods. Journal of

Molluscan Studies 78: 112-118.

Evans BS, Sweijd NA, Bowie RCK, Cook PA & Elliot NG (2004). Population genetic

structure of the perlemoen Haliotis midae in South Africa: evidence of range expansion

and founder events. Marine Ecology Progress Series 270: 163-172.

Excoffier L & Lischer H. Arlequin version 3.5.1.3 user manual. Berna: Swiss Institute of

Bioinformatics: 2011.

Excoffier L, Laval G & Schneider S (2005). Arlequin ver. 3.0: an integrated software

package for population genetics data analysis. Evolutionary Bioinformatics Online

1: 47-50.

Fields PD & Taylor DR (2014). Determinants of genetic structure in a nonequilibrium

metapopulation of the plant Silene latifolia. Plos One 9(9): e104575

Folmer O, Black M, Hoeh W, Lutz R & Vrijenhoek RC (1994). DNA primers for

amplification of mitochondrial cytochrome c oxidase subunit I from diverse metazoan

invertebrates. Molecular Marine Biology and Biotechnology 3: 294-299.

Gaffney PM, Scott TM, Koehn RK & Diehl WJ (1990). Interrelationships of

heterozygosity, growth rate and heterozygote deficiency in the coot clam, Mulinia

lateralis. Genetics 124: 687–699.

Page 57: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

39

Gallardo MH & Carrasco JI (1996). Genetic cohesiveness among populations of

Concholepas concholepas (Gastropoda, Muricidae) in Southern Chile. Journal of

Experimental Marine Biology and Ecology 197: 237-249.

Ghabooli S, Zhan A, Sardiña P, Paolucci E, Sylvester F, Perepelizin PV, Briski E, Cristescu

ME & MacIsaac HJ (2013). Genetic diversity in introduced golden mussel populations

corresponds to vector activity. Plos One 8(3): e59328

Hamilton MB (2009). Population Genetics. 1ª ed. Editora Wiley-Blackwell. Malásia 407pp.

Harrang E, Lapègue S, Morga B & Bierne N (2013). A high load of non-neutral amino-acid

polymorphisms explains high protein diversity despite moderate effective population

size in a marine bivalve with sweepstakes reproduction. G3-Genes|Genomes|Genetics

3: 333-341.

Hartl DL & Clark AG (2007). Principles of population genetics. 4ª ed. EUA. Editora

Sinauer Associates. EUA. 565pp.

Hedgecock D (1994). Temporal and spatial genetic structure of marine animal populations

in the California current. CalCOFI Reports 35: 73-81.

Hellberg ME, Burton RS, Neigel JE & Palumbi SR (2002). Genetic assessment of

connectivity among marine populations. Bulletin of Marine Science. 70(1): 273-290.

Hendry AP & Day T (2005). Population structure attributable to reproductive time:

isolation by time and adaptation by time. Molecular Ecology 14: 901-916.

Hepburn RI, Sale PF, Dixon B & Heath DD (2009). Genetic structure of juvenile cohorts of

bicolor damselfish (Stegastes partitus) along the Mesoamerican barrier reef: chaos

through time. Coral Reefs 28: 277-288.

Hogan JD, Thiessen RJ & Heath DD (2010). Variability in the connectivity indicated by

chaotic genetic patchiness within e among populations of a marine fish. Marine

Ecology Progress Series 417: 263-275.

Page 58: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

40

Hudson RR (2000). A new statistic for detecting genetic differentiation. Genetics 155:

2011–2014.

Iacchei M, Ben-Horin T, Selkoe KA, Bird CE, García-Rodríguez FJ & Toonen RJ (2013).

Combined analyses of kinship and FST suggest potential drivers of chaotic genetic

patchiness in high gene-flow populations. Molecular Ecology 22: 3476-3494.

Janko K, Lecointre G, DeVries A, Couloux A, Cruaud C & Marshall C (2007). Did glacial

advances during the Pleistocene influence differently the demographic histories of

benthic and pelagic Antarctic shelf fishes? – Inferences from intraspecific

mitochondrial and nuclear DNA sequence diversity. Evolutionary Biology 7: 220.

Johannesson K, Johannesson B & Lundgren U (1995). Strong natural selection causes

microscale allozyme variation in a marine snail. Proceedings of the National Academy

of Sciences of the United States of America 92(7): 2602-2606.

Johannesson K, Lundberg J, André C & Nilsson PG (2004). Island isolation and habitat

heterogeneity correlate with DNA variation in a marine snail (Littorina saxatilis).

Biological Journal of the Linnean Society 82(3): 377-384

José J & Solferini VN (2007). Population genetics of Collisella subrugosa

(Patellogastropoda:Acmaeidae): evidence of two scales of population structure.

Genetica 130: 73-82.

José J (2003). Estruturação Genética e Morfológica em Collisella subrugosa

(Patellogastropoda: Acmaeidae). Tese de mestrado. Campinas, SP, UNICAMP: 136p.

Kelly RP & Palumbi SR (2010). Genetic structure among 50 species of the northeastern

Pacific rocky intertidal community. Plos One 5(1): e8594

Kesäniemi JE, Mustonen M, Boström C, Hansen BW & Knott KE (2014). Temporal

genetic structure in a poecilogonous polychaete: the interplay of developmental mode

and environmental stochasticity. Evolutionary Biology 14: 12.

Page 59: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

41

Kyle CJ & Boulding EG (2000). Comparative population genetic structure of marine

gastropods (Littorina spp.) with and without pelagic larval dispersal. Marine Biology

137: 835-845.

Leal JH (1991). Marine prosobranchs gastropods from oceanic islands of Brazil. Species

Composition and biogeography. Universal Books Service/Dr. W. Backhuys 418pp.

Lebret K, Kritzberg ES & Rengefors K (2013). Population genetic structure of a

microalgal species under expansion. Plos One, 8(12): e82510

Lee H & Boulding EG (2009). Spatial and temporal population genetic structure of four

northeastern Pacific littorinid gastropods: the effect of mode of larval development on

variation at one mitochondrial and two nuclear DNA markers. Molecular Ecology 18:

2165-2184.

Liang JM, Xayamongkhon H, Broz K, Dong Y, McCormick SP, Abramova S, Ward TJ,

Ma ZH & Kistler HC (2014). Temporal dynamics and population genetic structure of

Fusarium graminearum in the upper Midwestern United States. Fungal Genetics and

Biology 73: 83-92.

Librado P & Rosas J (2009). DnaSPv5.0: a software for comprehensive analysis of DNA

polymorphism data. Bioinformatics 25: 1451–1452.

Maddison WP & Maddison DR (2010). Mesquite: A modular system for evolutionary

analysis. Version 2.74. http://mesquiteproject.org

Mäkinen T, Panovaa M, Johannesson K, Tatarenkov A, Appelqvist C & André C (2008).

Genetic differentiation on multiple spatial scales in an ecotype-forming marine snail

with limited dispersal: Littorina saxatilis. Biological Journal of the Linnean Society

94: 31-40.

Meirmans PG & PW Hedrick (2011). Assessing population structure: FST and related

measures. Molecular Ecology 11: 5-18.

Page 60: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

42

Merritt TJS, Shi L, Chase MC, Rex MA, Etter RJ & Quattro JM (1998). Universal

cytochrome b primers facilitate intraspecific studies in molluscan taxa. Molecular

Marine Biology and Biotechnology 7(1): 7-11.

Mitchell-Olds T (1992). Does environmental variation maintain genetic variation? A

question of scale. Trends in Ecology and Evolution 7: 397-398.

Nevo E (1978). Genetic variation in natural populations: patterns and theory. Theoretical

Population Biology 13: 127-177.

Nikiforov SM & Budnik AA (2004). Allozyme loci selection on the Pacific mussel Mytilus

trossulus under stressful conditions. Russian Journal of Marine Biology 30(1): 37-42.

Orsini L, Vanoverbeke J, Swillen I, Mergeay J & Meester LD (2013). Drivers of population

genetic differentiation in the wild: isolation by dispersal by limitation, isolation by

adaptation and isolation by colonization. Molecular Ecology 22: 5983-5999.

Ovčarenko I, Kapantaidaki DE, Lindström L, Gauthier N, Tsagkarakou A, Knott KE &

Vänninen I (2014). Agroecosystems shape population genetic structure of the

gheenhouse whitefly in Northern and Southern Europe. Evolutionary Biology 14: 165-

182.

Palumbi SR (1994). Genetic divergence, reproductive isolation, and marine speciation.

Annual Review of Ecology and Systematics 25: 547-572.

Pespeni MH & Palumbi SR (2013). Signals of selection in outlier loci in a widely

dispersing species across an environmental mosaic. Molecular Ecology 22: 3580-3597.

Powell JR (1971). Genetic polymorphisms in varied environments. Science 174: 1035.

Qiu Y, Liu Y, Kang M, Yi G & Huang H (2013). Spatial and temporal population genetic

variation and structure of Nothotsuga longibracteata (Pinaceae), a relic conifer species

endemic to subtropical China. Genetics and Molecular Biology 36(4): 598-607.

Rafajlovic M, Eriksson A, Rimark A, Hintz-Saltin S, Charrier G, Panova M, André C,

Johannesson K & Mehlig B (2013). The effect of multiple paternity on genetic

Page 61: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

43

diversity of small populations during and after colonization. Plos One 8(10):

e75587.

Reid DG (1989). The comparative morphology, phylogeny and evolution of the gastropod

family Littorinidae. Philosophical Transactions of the Royal Society of London B324:

1-110.

Reid DG (1996). Systematics and Evolution of Littorina. Ray Society, London, UK.

Reid DG (2011). The genus Echinolittorina Habe, 1956 (Gastropoda:Littorinidae) in the

eastern Atlantic Ocean and Mediterranean Sea. Zootaxa 2974: 1-65.

Schoville SD, Flowers JM & Burton RS (2012). Diversifying selection underlies the origin

of allozyme polymorphism at the phosphoglucose isomerase locus in tigriopus

californicus. Plos One 7(6): e40035

Selkoe KA, Gaines SD, Caselle JE & Warner RR (2006). Current shifts and kin

aggregation explain genetic patchiness in fish recruits. Ecological Society of America

87(12): 3082-3094.

Silva LS, Miranda LB & Castro-Filho BM (2004). Estudo numérico da circulação e da

estrutura termohalina na região adjacente à Ilha de São Sebastião (SP). Revista

Brasileira de Geofísica 22(3): 197-221.

Skoglund P, Sjödin P, Skoglund T, Lascoux M & Jakobsson M (2014). Investigating

population history using temporal genetic differentiation. Molecular Biology and

Evolution 31(9): 2516-2527.

Tamura K, Peterson D, Peterson N, Stecher G, Nei M, & Kumar S (2011). MEGA5:

Molecular Evolutionary Genetics Analysis using Maximum Likelihood, Evolutionary

Distance, and Maximum Parsimony Methods. Molecular Biology and Evolution 28:

2731-2739.

Taris N, Boudry P, Bonhomme F, Camara MD & Lapègue S (2009). Mitochondrial and

nuclear DNA analysis of genetic heterogeneity among recruitment cohorts of the

European flat oyster Ostrea edulis. Biology Bulletin 217: 233-241.

Page 62: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

44

Tiroesele B, Skoda SR, Hunt TE, Lee DJ, Molina-Ochoa J & Foster JE (2014). Population

structure, genetic variability, and gene flow of the bean leaf beetle, Cerotoma

trifurcate, in the Midwestern United States. Journal of Insect Science 14: 62.

Toonen RJ & Grosberg RK (2011). Causes of chaos: spatial and temporal genetic

heterogeneity in the intertidal anomuran crab Petrolisthes cinctipes. In: S. Koenemann,

C. Held & C. Schubart (eds.) Phylogeography and Population Genetics in Crustacea.

CRC Press Crustacean Issues Series, ISBN 1439840733. Chapter 4, pp. 75-107.

Tracey ML, Bellet NF & Gravern CD (1975). Excess allozyme homozygosity and breeding

population structure in the mussel Mytilus californianus. Marine Biology 32: 303-311.

Untergasser A, Nijveen H, Rao X, Bisseling T, Geurts R & Jack AM (2007).

Leunissen: Primer3Plus, an enhanced web interface to Primer3. Nucleic Acids

Research 35: W71-W74.

Will M, Hale ML, Schiel DR & Gemmell NJ. Low to moderate levels of genetic

differentiation detected across the distribution of the New Zealand abalone, Haliotis

iris. Marine Biology 158: 1417-1429.

Williams ST & Reid DG (2004). Speciation and diversity on tropical rocky shores: a global

phylogeny of snails of the genus Echinolottorina. Evolution 58: 2227-2251

Wright S (1931). Evolution in Mendelian populations. Genetics 16: 97-159.

Wright S (1951). The genetical structure of populations. Annals of Eugenics 15: 323-354.

Zahradnik TD, Lemay MA & Boulding EG (2008). Choosy males in a littorinid

gastropod: Male in Littorina subrotundata prefers large and virgin females.

Journal of Molluscan Studies 74: 245-451.

Page 63: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

45

7. Anexos

Anexo-1. Condições de realização das reações de amplificação (PCR)

A1 Região gênica Cyt-b 1

A1.1 Condições

- Tampão: 2,5μl (10x Taq Buffer com (NH4)2SO4 e sem MgCl2);

- MgCL2 25mM: 2,5μl

- dNTP 10mM: 0,5μl

- primer Elcit-bI direto 10μM: 1μl

- primer Elcit-bI reverso 10μM: 1μl

- BSA 0,1%: 0,75μl

- Enzima Taq DNA Polimerase recombinante 5U/μl: 0,2μl

- Água MiliQ: 15,55μl

- 1μl de DNA (proveniente da reação de purificação usando o Kit ilustraTM

GFXTM

PCR DNA and Gel Band Purification, GE Healthcare – Life Sciences, eluído em 25 μl

do tampão Elution Buffer type 6, GE Healthcare).

A1.2 Ciclo de temperaturas para a amplificação (PCR)

Estágio 1 (1 repetição)

- passo 1 (denaturação inicial) – 95°C durante 1 minuto

Estágio 2 (35 repetições)

- passo 1 (denaturação por calor) – 95°C por 1 minuto

- passo 2 (anelamento de iniciadores) – 55°C por 1 minuto

-passo 3 (síntese das cadeias complementares) – 72°C por 1 minuto

Page 64: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

46

Estágio 3 (1 repetição)

-passo 1 – 72°C por 7 minutos

-passo 2 – 4°C por tempo indeterminado (∞)

A2 Região gênica Cyt-b 2

Todas as condições são as mesmas utilizadas para a amplificação da região Cyt-b 1,

mas os iniciadores usados são Elcit-bII direto e Elcit-bII reverso.

O ciclo de temperaturas para as amplificações (PCR) é o mesmo utilizado para

amplificar a região Cyt-b 1, mas a temperatura de anelamento dos iniciadores é 56°C.

A3 Região gênica CO-1

Todas as condições são as mesmas utilizadas para a amplificação da região Cyt-b 1,

mas os iniciadores usados são ElCO-1 direto e ElCO-1 reverso.

O ciclo de temperaturas para as amplificações (PCR) é o mesmo utilizado para

amplificar a região Cyt-b 1, mas a temperatura de anelamento dos iniciadores é 46°C.

Page 65: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

47

Anexo-2. Índices de diversidade molecular por praia por coleta (J1, J2, J3, J4, G1,

G2, G3 e G4)

Tabela 13 Índices de diversidade molecular; n: número de indivíduos; H: número de

haplótipos; S: número de sítios polimórficos; h: diversidade haplotípica; π: diversidade

nucleotídica; pb: comprimento das sequências em pares de base.

Região Gênica Praia Coleta N H S h π pb

Cyt-b 1

Juquehy

1

84 6 5 0.138 0.001 203

Cyt-b 2 85 7 6 0.423 0.003 177

CO-1 86 9 8 0.645 0.002 441

Cyt-b 1

2

68 5 4 0.115 0.001 203

Cyt-b 2 73 10 10 0.408 0.003 177

CO-1 87 19 18 0.733 0.003 441

Cyt-b 1

3

61 2 1 0.032 0.000 203

Cyt-b 2 65 6 5 0.392 0.003 177

CO-1 86 21 18 0.798 0.003 441

Cyt-b 1

4

47 2 1 0.083 0.000 203

Cyt-b 2 47 5 4 0.240 0.002 177

CO-1 50 7 9 0.695 0.003 441

Cyt-b 1

Guaecá

1

42 4 3 0.514 0.003 203

Cyt-b 2 61 6 5 0.438 0.003 177

CO-1 44 7 6 0.655 0.003 441

Cyt-b 1

2

45 4 3 0.554 0.003 203

Cyt-b 2 47 7 5 0.407 0.003 177

CO-1 45 12 14 0.702 0.003 441

Cyt-b 1

3

48 3 2 0.082 0.000 203

Cyt-b 2 48 6 5 0.334 0.002 177

CO-1 48 10 13 0.704 0.003 441

Cyt-b 1

4

47 3 2 0.084 0.000 203

Cyt-b 2 48 6 7 0.236 0.002 177

CO-1 48 14 16 0.640 0.003 441

Page 66: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

48

Anexo-3. Informações sobre a região gênica Cyt-b 2 (tabelas 14 e 15)

Tabela 14 Sumário dos indivíduos que apresentam cada haplótipo da região Cyt-b 2. Os

haplótipos estão identificados por números de 1-24. O nome dos indivíduos é o código

utilizado para sua identificação. O número de indivíduos que apresenta determinado

haplótipo também é mostrado.

Haplótipo Indivíduos Número de

indivíduos

1

'16JE1.2' '17JE1.2' '18JE1.2' '19JE1.2' '20JE1.2' '21JE1.2' '24JE1.2' '25JE1.2' '26JE1.2' '28JE1.2'

'29JE1.2' '30JE1.2' '1JE2.2' '4JE2.2' '5JE2.2' '7JE2.2' '8JE2.2' '9JE2.2' '10JE2.2' '12JE2.2' '13JE2.2'

'14JE2.2' '15JE2.2' '2JE3.2' '5JE3.2' '14JE3.2' '1JC1.2' '3JC1.2' '5JC1.2' '6JC1.2' '7JC1.2' '8JC1.2' '9JC1.2' '10JC1.2' '11JC1.2' '12JC1.2' '13JC1.2' '14JC1.2' '15JC1.2' '1JC2.2' '2JC2.2' '3JC2.2' '5JC2.2'

'6JC2.2' '7JC2.2' '8JC2.2' '9JC2.2' '10JC2.2' '11JC2.2' '12JC2.2' '14JC2.2' '15JC2.2' '2JC3.2' '3JC3.2'

'4JC3.2' '5JC3.2' '7JC3.2' '8JC3.2' '10JC3.2' '11JC3.2' '12JC3.2' '13JC3.2' '14JC3.2' '15JC3.2' '1JE1.3'

'2JE1.3' '4JE1.3' '5JE1.3' '6JE1.3' '7JE1.3' '8JE1.3' '9JE1.3' '10JE1.3' '11JE1.3' '13JE1.3' '15JE1.3' '1JE2.3' '2JE2.3' '3JE2.3' '4JE2.3' '5JE2.3' '6JE2.3' '7JE2.3' '8JE2.3' '9JE2.3' '10JE2.3' '11JE2.3'

'1JE3.3' '3JE3.3' '4JE3.3' '6JE3.3' '7JE3.3' '8JE3.3' '1JC1.3' '2JC1.3' '4JC1.3' '5JC1.3' '6JC1.3' '8JC1.3'

'9JC1.3' '10JC1.3' '11JC1.3' '12JC1.3' '13JC1.3' '14JC1.3' '15JC1.3' '1JC2.3' '2JC2.3' '3JC2.3' '4JC2.3'

'5JC2.3' '6JC2.3' '7JC2.3' '12JC2.3' '14JC2.3' '2JC3.3' '3JC3.3' '4JC3.3' '5JC3.3' '7JC3.3' '1JE1.4' '2JE1.4' '3JE1.4' '4JE1.4' '5JE1.4' '6JE1.4' '7JE1.4' '8JE1.4' '10JE1.4' '13JE1.4' '14JE1.4' '15JE1.4'

'1JE2.4' '2JE2.4' '3JE2.4' '5JE2.4' '6JE2.4' '8JE2.4' '9JE2.4' '10JE2.4' '11JE2.4' '12JE2.4' '13JE2.4'

'14JE2.4' '15JE2.4' '1JE3.4' '2JE3.4' '3JE3.4' '5JE3.4' '7JE3.4' '8JE3.4' '1JC1.4' '3JC1.4' '4JC1.4'

'5JC1.4' '6JC1.4' '7JC1.4' '8JC1.4' '1JC2.4' '4JC2.4' '5JC2.4' '6JC2.4' '1JC3.4' '2JC3.4' '3JC3.4' '4JC3.4' '5JC3.4' '8JC3.4' '1JE1.5' '2JE1.5' '3JE1.5' '4JE1.5' '5JE1.5' '7JE1.5' '8JE1.5' '1JE2.5' '4JE2.5'

'5JE2.5' '6JE2.5' '7JE2.5' '8JE2.5' '1JE3.5' '2JE3.5' '3JE3.5' '4JE3.5' '5JE3.5' '6JE3.5' '7JE3.5' '8JE3.5'

'1JC1.5' '2JC1.5' '3JC1.5' '4JC1.5' '5JC1.5' '6JC1.5' '7JC1.5' '8JC1.5' '1JC2.5' '2JC2.5' '4JC2.5'

'5JC2.5' '6JC2.5' '7JC2.5' '8JC2.5' '2JC3.5' '3JC3.5' '4JC3.5' '6JC3.5' '7JC3.5' '1GE1.2' '3GE1.2' '4GE1.2' '6GE1.2' '10GE1.2' '20GE1.2' '21GE1.2' '22GE1.2' '23GE1.2' '3GE2.2' '6GE2.2' '14GE2.2'

'15GE2.2' '16GE2.2' '18GE2.2' '19GE2.2' '25GE2.2' '30GE2.2' '1GE3.2' '18GE3.2' '23GE3.2'

'26GE3.2' '30GE3.2' '19GC1.2' '20GC1.2' '21GC1.2' '22GC1.2' '23GC1.2' '24GC1.2' '25GC1.2'

'16GC2.2' '17GC2.2' '18GC2.2' '22GC2.2' '24GC2.2' '26GC2.2' '28GC2.2' '29GC2.2' '18GC3.2' '19GC3.2' '21GC3.2' '24GC3.2' '25GC3.2' '26GC3.2' '30GC3.2' '7GE1.3' '8GE1.3' '11GE1.3'

'12GE1.3' '13GE1.3' '15GE1.3' '3GE2.3' '4GE2.3' '5GE2.3' '7GE2.3' '11GE2.3' '12GE2.3' '2GE3.3'

'14GE3.3' '15GE3.3' '16GC1.3' '17GC1.3' '19GC1.3' '20GC1.3' '25GC1.3' '28GC1.3' '16GC2.3'

'17GC2.3' '18GC2.3' '21GC2.3' '22GC2.3' '23GC2.3' '24GC2.3' '25GC2.3' '17GC3.3' '22GC3.3' '23GC3.3' '24GC3.3' '26GC3.3' '27GC3.3' '28GC3.3' '2GE1.4' '4GE1.4' '5GE1.4' '9GE1.4' '11GE1.4'

'12GE1.4' '13GE1.4' '1GE2.4' '2GE2.4' '3GE2.4' '4GE2.4' '7GE2.4' '8GE2.4' '9GE2.4' '10GE2.4'

'4GE3.4' '5GE3.4' '12GE3.4' '13GE3.4' '15GE3.4' '2GC1.4' '6GC1.4' '7GC1.4' '9GC1.4' '13GC1.4'

'1GC2.4' '2GC2.4' '4GC2.4' '5GC2.4' '7GC2.4' '11GC2.4' '14GC2.4' '1GC3.4' '2GC3.4' '4GC3.4' '7GC3.4' '8GC3.4' '11GC3.4' '12GC3.4' '1GE1.5' '3GE1.5' '4GE1.5' '6GE1.5' '10GE1.5' '2GE2.5'

'4GE2.5' '6GE2.5' '7GE2.5' '10GE2.5' '11GE2.5' '14GE2.5' '3GE3.5' '4GE3.5' '7GE3.5' '9GE3.5'

'10GE3.5' '12GE3.5' '13GE3.5' '14GE3.5' '1GC1.5' '3GC1.5' '4GC1.5' '8GC1.5' '11GC1.5' '12GC1.5'

'14GC1.5' '2GC2.5' '3GC2.5' '5GC2.5' '6GC2.5' '7GC2.5' '8GC2.5' '9GC2.5' '10GC2.5' '1GC3.5' '2GC3.5' '3GC3.5' '6GC3.5' '7GC3.5' '8GC3.5' '14GC3.5'

371

2 '22JE1.2' '4JC2.2' '14JE1.3' '9JE1.4' '2JC2.4' '6JC3.4' '16GE3.2' 25 '6GC1.5' 9

3 '23JE1.2' '6JE2.2' '11JE2.2' '15JE3.2' '12JE1.3' '11JC2.3' '1JC3.3' '11JE1.4' '12JE1.4' '4JE3.4' '6JE3.4'

'7JC2.4' '8JC2.4' '3JE2.5' '5JC3.5' '16GE1.2' '24GE1.2' '10GE3.3' '16GC3.3' '2GE3.4' 20

4

'2JE2.2' '7JE3.2' '13JE3.2' '2JC1.2' '13JC2.2' '6JC3.2' '9JC3.2' '3JC1.3' '7JC1.3' '15JC2.3' '6JC3.3' '8JC3.3' '7JE2.4' '2JC1.4' '7JC3.4' '2JE2.5' '3JC2.5' '2GE1.2' '5GE1.2' '18GE1.2' '26GE1.2' '23GE2.2'

'4GE3.2' '6GE3.2' '26GC1.2' '29GC3.2' '1GE2.3' '2GE2.3' '7GE3.3' '8GE3.3' '23GC1.3' '1GE1.4'

'9GE3.4' '5GC1.4' '8GC1.4' '13GC2.4'

36

5 '3JE2.2' 1

6 '3JE3.2' '4JE3.2' '8JE3.2' '9JE3.2' '10JE3.2' '11JE3.2' 6

Page 67: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

49

7 '4JC1.2' 1

8 '3JE1.3' 1

9 '14JE2.3' '15JE2.3' '10JC2.3' '10GE1.3' 4

10 '5JE3.3' '15GE1.5' 2

11 '8JC2.3' 1

12 '9JC2.3' '4JE2.4' 2

13 '13JC2.3' 1

14 '3JC2.4' 1

15 '6JE1.5' 1

16 '1JC3.5' 1

17 '7GE1.2' '21GE3.2' '5GE3.3' 3

18 '27GE2.2' 1

19 '1GE3.3' '5GE1.5' '10GC3.5' 3

20 '21GC1.3' '14GE1.5' 2

21 '8GE3.4' 1

22 '1GC1.4' 1

23 '5GC3.4' 1

24 '12GE2.5' 1

Tabela 15 Sequência de nucleotídeos de cada haplótipo da região Cyt-b 2. Os haplótipos

estão identificados por números de 1-24.

Haplótipo Sequência

1 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

2 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTCGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGGGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

3 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTCGGTTATGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

4 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTCGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

5 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCAGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

6 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCTACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

7 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTAGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

8 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

Page 68: Priscila Madi Salloum - repositorio.unicamp.brrepositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317340/1/Salloum_Priscil… · graduação em Genética e Biologia Molecular e pela atenção

50

CCACTGTAATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

9 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTTGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

10 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGCTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAATTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

11 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTCGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTAGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

12 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATGTCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

13 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGCGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

14 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCTTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

15 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTCGGTTACGTTCTGCCCTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

16 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CTACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

17 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGGG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

18 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTCGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAACGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

19 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGTTACGTTCTGCCTTGAGGGCAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

20 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTCGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTTGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

21 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGCTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

22 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGTTACGTTCTGCCTTGGGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

23 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTTGAGTGAGT

TTGAGGGGGCTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA

24 TTAACCATGGGAGCAGCCTTTCTTGGTTACGTTCTGCCTTGAGGACAGATATCTTTCTGAGGAG

CCACTGTGATTACAAACTTATTGTCGGCTATCCCCTATTTAGGTAAAATATTGGTCGAGTGAGT

TTGAGGGGGTTTCGCGGTGGATAATGCGACCCTCACTCGCTTCTTTGCA