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DIRECÇÃO DO PROCESSO DE TREINO EM FUTSAL Francisco Batista

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DIRECÇÃO DO PROCESSO DE TREINO EM FUTSAL

Francisco Batista

A ESSÊNCIA DO PROCESSO DE TREINO

ANÁLISE DO PROBLEMA

• Fundamentado em métodos de treino científico, mais que intuitivos, o processo de treino aumenta a eficácia do papel do treinador. Isto supõe no treinador uma capacidade de analisar, de tomar decisões e de actuar a partir de determinados conhecimentos e a partir do treino. Resumindo, esta é uma técnica intelectual, essencial para estabelecer uma base de treino teórica e prática.

EM QUE CONSISTE O TRABALHO DO TREINADOR ?

• Os treinadores modernos interessam-se muito sobre os seus atletas, devido a diversas razões. Por exemplo, no caso de uma equipa, o treinador, como chefe de equipa, planifica, organiza e dirige do ponto de vista técnico, sendo igualmente responsável pela avaliação e pelo ensino dos membros da equipa, para além de ocupar-se da planificação e da direcção das sessões de treino. Através da instrução e das demonstrações, o treinador no seu papel de docente, ajuda os jogadores a adquirir as habilidades biomecânicas necessárias ao desempenho.

• Tendo em atenção o seu papel docente, o treinador apresenta informações para que o atleta seja capaz de estabelecer um compromisso entre a segurança e os riscos que há que assumir e actuar de acordo com percentagens. O treinador ajuda os atletas a avaliar, a aplicar e a apreciar as estratégias e as tácticas no contexto da competição. Em alguns âmbitos desportivos, chega a designar-se um treinador, que traga no seu trabalho, aspectos particulares do desenvolvimento da equipa. É exemplo disto os designados treinadores de guarda-redes. A função do treinador especializado élevar o atleta a um grau elevado de conhecimentos e de destreza,com o objectivo de ajudá-los a obter resultados de alto nível.

• Na qualidade de psicólogo, o treinador deve ser capaz de dar conselhos que permitam aos competidores, enfrentar situações de pressão; criar uma motivação positiva para a competição, dando segurança e manifestando todo o seu interesse nos atletas. A sua tarefa é fundamentalmente motivar os atletas, conhecendo-os um a um e conferindo o estímulo apropriado a cada um deles.

• É claro que graças ao seu método de treino, o treinador pode ajudar os seus atletas a satisfazer as suas necessidades específicas e a resolver os seus problemas durante o decorrer da competição. Antes que o treinador possa ajudar os competidores e a resolver os seus problemas, é necessário em primeiro lugar que os identifique. Daqui deduz-se que o treino significa tanto definir e analisar os problemas,como resolvê-los. É evidente que treinar atletas não é um assunto que se realize ao sabor dos ventos e das vontades, pelo método do ensaio-erro (os êxitos e os fracassos); treinar implica uma serie de etapas ordenadas e unidas entre si. É necessário seguir um processo de treino específico para organizar acções de treino.

QUAL É O PROCESSO DE TREINO ?

• O treino pode ir desde o simples acto consistente em ajustar a forma de como um principiante deve colocar-se para receber uma bola, às medidas extremamente complexas, dirigidas a ajudar um jogador durante um jogo internacional, ou ainda ajudar os avançados a marcar um golo. Sem embargo, o processo de treino é o mesmo, seja a ajuda que um treinador aporte ao treino sobre uma técnica fundamental, ou uma sucessão de actividades complexas.

• O termo “processo de treino” designa a serie de etapas adoptadas pelo treinador para determinar, planificar e aplicar as acções escolhidas pelo técnico. É um esforço deliberado por parte dos treinadores para resolver o problema que pode encontrar um jogador. O processo de treino necessita de capacidade para avaliar as situações, aplicar os princípios do treino e apreciar as acções para determinar a sua eficácia. Esta progressão, etapa por etapa, permite e facilita as acções sistemáticas do treino.

O processo compreende cinco etapas:

• 1. Recolha de dados,• 2. Diagnóstico,• 3. Prescrição de um plano de acção,• 4. Aplicação,• 5. Avaliação.

• As etapas do processo seguem-se de uma forma lógica. Antes de tomar decisões a respeito da sua acção, o treinador deve em primeiro lugar apreciar a necessidade de actuar. Este passo supõe a recolha de dados objectivos e subjectivos que permitam ao treinador identificar o problema dos jogadores / equipa.

• De seguida, fixam-se os objectivos e estabelece-se um plano de acção com o fim de ajudar o jogador a alcançar esses objectivos. Uma vez que se pôs em funcionamento o plano de acção, a última etapa consiste em avaliar os resultados da dita acção para que exista uma retroacção ao nível dos resultados e da eficácia da ajuda do treinador.

Quatro elementos permitem caracterizar o processo de treino:

• 1. O seu carácter dinâmico:

As acções do processo de treino mudam, influenciam-se umas às outras, e estão continuamente ligadas entre si.

• 2. O seu carácter organizado:

Uma etapa segue-se a outra.

• 3. O seu carácter sistemático:

As etapas do processo estão constituídas umas atrás das outras, etapa atrás de etapa, de uma forma ordenada.

• 4. O seu carácter deliberado:

Cada etapa é examinada cuidadosamente e é considerada em função das necessidades e problemas do competidor / equipa.

• O processo apresenta-se na figura seguinte, demonstrando que a natureza do processo está continuamente em evolução.

MODELO DO PROCESSO DE TREINO EM CINCO ETAPAS

Figura 1

1ªETAPAObservação

Recolha de DadosProcura de Objectivos 2ª ETAPA

AvaliaçãoDiagnóstico

Leitura do Jogo

5ª ETAPAReavaliaçãoAvaliação

Resultados ??REAVALIAÇÃO

REVISÃO DO PLANO

3ª ETAPAFixar ObjectivosPlano de Acção

Que deve Fazer-se ??

4ª ETAPAPôr em Funcionamento

Execução do PlanoAcção do Treinador

PRIMEIRA ETAPA: Recolha de Dados

• O objectivo da recolha de dados é acumular as informações necessárias sobre o jogo e sobre os competidores com o fim de identificar e de resolver o seu problema, qualquer que seja. A recolha de dados é a etapa mais importante, na medida em que todas as demais derivam dela. Se a recolha de dados falha na precisão ou resulta incompleta, o diagnóstico e o plano correspondente serão inadequados ou incompletos. Como se pode proceder à recolha de dados? Que é o que se denomina de boas fontes de dados? Os dados são objectivos ou subjectivos? Os dados subjectivos são os recolhidos directamente a partir dos jogadores. Por exemplo, no futebol, quando os avançados têm problemas para marcar golos, o treinador deve perguntar a opinião dos jogadores sobre o problema, para recolher informações que permitam resolver os problemas que existem.

• No entanto, se nos conformamos com o interrogar dos jogadores, geralmente não se obtêm todas as informações necessárias para a identificação do problema. Graças à observação dos jogadores por parte do treinador, pode este último obter outras informações. As informações próprias do competidor, mas que não se devem a ele, constituem dados objectivos. Por exemplo, já é muito utilizado no futebol, recolherem-se numerosas informações por parte do treinador e pela sua equipa de ajudantes, a partir da diferente colocação no terreno ou do estudo de cassetes de vídeo, filmadas a partir de treinos ou competições.

• Por outro lado ao nível da equipa a recolha de dados objectivos têm a ver por exemplo com o número de jornadas de competição ao longo da época, número de dias prévios à competição, número de dias disponíveis para treinar, número de dias para recuperação após um jogo, tempo disponível desde o início da época até ao primeiro jogo oficial, o que permite ao treinador, diagnosticar e planear o trabalho do ano.

Torna-se importante verificar o número de dias utilizados em treinos, viagens e recuperações, para sabermos o tempo útil de trabalho.

MESES Nº JOGOS PERCENTAGEM

Fevereiro 5 100 %

Março 6 120 %

Abril 4 80 %

Maio 4 80 %

PERCENTAGEM BASEADA EM 5 JOGOS POR MÊS/MÉDIA DE UMA EQUIPA

• A recolha de dados é uma etapa que consiste em procurar alguns fins e objectivos do processo de treino. No decurso desta etapa, o treinador descreve a maneira de jogar ou o comportamento que conseguiu observar, sem retirar conclusões, nem fazer interpretações.

SEGUNDA ETAPA: O Diagnóstico

• Esta etapa compreende a avaliação ou análise do jogo do competidor e da equipa. Depois da avaliação, o treinador utiliza os dados para fazer um diagnóstico e põe em evidência o problema do jogador que necessita de uma intervenção específica. Esta etapa é essencial porque uma conclusão equivocada provoca que as duas etapas seguintes resultem ineficazes.

RENDIMENTO NO FUTSAL

Condição FísicaResistência Aer/AnaerVelocidadeForça Resist./Máx./ExplosivaFlexibilidadeAgilidade

Condições Externas(família/sociedade, treinador, etc...)

Condições Básicas

TécnicaCapacidades de Coordenação

Destrezas Motrizes

Capacidades Cognitivo-tácticas

CapacidadesFísicas

FACTORES QUE INFLUENCIAM O RENDIMENTO EM FUTSAL

• A avaliação é uma sub-etapa do diagnóstico do treinador. Trata-se de avaliar a situação dos atletas e da equipa para tentar saber se tem necessidades ou problemas. Os dados recolhidos não são todos pertinentes. A avaliação é um processo selectivo e discriminatório pelo qual o treinador julga a pertinência dos dados.

• Numerosos treinadores consideram a avaliação como uma leitura do jogo que traduz a capacidade do treinador para observar, recolher metodicamente e analisar objectivamente as informações. Um treinador que não seja capaz de ler um jogo, não pode reconhecer o problema com que se enfrentam os seus jogadores e equipa, nem fazer diagnósticos.

TERCEIRA ETAPA: O Plano de Acção

• Uma vez que o treinador identificou o problema de um jogador ou da equipa, deve elaborar um plano de acção para resolvê-lo. Esta é a fase da planificação. Esta planificação está destinada a determinar outras possibilidades de acção com o fim de resolver os problemas dos atletas e da equipa. Igualmente pretende fixar objectivos que, uma vez obtidos, simplifiquem o problema identificado.

• Uma vez que se conhece o resultado desejado, o treinador pode avaliar a sua contribuição e adoptar um plano de acção para realizá-la. Pode avaliar-se a ajuda que traz um treinador, observando-se as modificações que realiza na maneira de jogar dos seus jogadores e equipa.

• Sem as etapas precedentes de recolha de dados e de diagnóstico, o treinador está obrigado a apelar à sua intuição, a recorrer ao método de ensaio e erro e a pôr-se a adivinhar.

QUARTA ETAPA: A Execução

• A fase de execução compreende a aplicação de um plano de acção. A planificação da acção do treinador não é suficiente para resolver o problema dos jogadores e da equipa, é necessário actuar.

• Um plano que não pode pôr-se em prática é inútil. Ao formular um plano de acção, o treinador deve ter em conta a capacidade dos jogadores em quem se vai aplicar e as condições materiais e logísticas que existem.

QUINTA ETAPA: A Avaliação

• Nesta etapa, o treinador avalia de maneira crítica a eficácia da sua própria acção. Funcionou o programa de correcção aconselhado? A avaliação, a planificação e a aplicação recomendadas não serão produtivas, senão permitem aos jogadores e à equipa alcançar os objectivos do plano. Também os objectivos servem de critérios com respeito aos quais deve avaliar-se a ajuda que o treinador conseguiu trazer para o grupo. A avaliação dirigida a determinar os progressos realizados, serve para avaliar a acção do treinador.

• A avaliação permite determinar se foram alcançados os objectivos. Se não foram, há que procurar a causa. As razões podem ser por exemplo:

• Ø Deficiente identificação do problema;• Ø Um programa de correcção inapropriado;• Ø Objectivos irreais.

• Com o fim de delimitar os problemas, geralmente há que recolher dados suplementares para efectuar uma reavaliação. Os dados assim obtidos podem afirmar os juízos emitidos durante a primeira avaliação, o que significa que será necessário modificar o diagnóstico do treino precedente. Como consequência, dados novos podem conduzir àrevisão do programa de correcções.

• Ainda que a avaliação, como segunda etapa da progressão do treino, forme a base do diagnóstico do treinador e do plano de treino, a reavaliação continua a realizar-se em todas as etapas do processo. Aporta informações que confirmam ou modificam a acção do treinador, à medida que muda a situação dos jogadores e/ou da equipa.

• A avaliação é a etapa final do processo de treino, desempenhando duas importantes funções:

• Ø Avaliação dos objectivos esperados;• Ø Reavaliação das etapas do processo de treino.

VANTAGENS DO PROCESSO DE TREINO

• O processo de treino beneficia tanto os jogadores como o treinador e como natural consequência a equipa. Os seus benefícios são:

• Ø Aperfeiçoamento da qualidade do treino;• Ø Uma melhor comunicação;• Ø Um pensamento positivo e uma acção planificada;• Ø Uma interacção sã e um meio de avaliação.

• 1. Aperfeiçoamento da qualidade do treino.

• O processo de treino aporta um método sistemático que permite a planificação da instrução e do treino que garanta aos jogadores um treino de qualidade. O processo de treino aumenta consideravelmente as possibilidades de melhorar o nível de resultados do jogador e da equipa, e sem este enfoque sistemático do treino, é fácil descuidar os pontos débeis e repetir os erros.

• Utilizando o processo de treino com o fim de desenvolver os planos para resolver os problemas do jogador e da equipa, da mesma forma que uma enfermeira utiliza o processo ligado aos cuidados para ajudar os doentes.

• Nas duas situações, a utilização de um processo significa que as acções estão dirigidas para um objectivo e planificadas com vista a um nível óptimo de funcionamento individual que representa um objectivo.

• 2. A Comunicação.

• O papel do treinador, a qualidade de homem de comunicação, é central em relação a todos os demais papéis do treinador. É impossível transmitir informações, ensinar, corrigir, coordenar ou motivar, sem que exista uma comunicação eficaz. Para pôr em prática esta competência, o treinador deve estabelecer laços de comunicação com os jogadores individualmente e com a equipa no seu conjunto.

• 3. O Pensamento positivo e a planificação da acção.

• A não utilização do processo de treino, provoca que se produza um abandono na forma de abordar o treino, na medida que faltam os planos de acção que marcam a orientação do trabalho. O treinador actua muitas vezes por impulsos, parece ir àderiva e o método de êxitos e fracassos, substitui a acção racional. Quanto a avaliação normalmente não existe.

• Pelo contrário, o processo de treino significa que a reflexão precede a acção. O problema dos jogadores e da equipa, identificam-se e analisam-se.

• A análise do problema permite fixar-se um objectivo, e a partir desse momento, formula-se um plano de acções deliberadas que permitam alcançar este objectivo. Um treinador não pode dar conselhos reflectidos e bem planificados antes de ter determinado a natureza dos problemas dos jogadores e da equipa.

• Num marco bem definido do processo de treino, o jogador é objecto de atenção personalizada, organizada e meditada pelo treinador, o que produz geralmente uma melhora rápida dos resultados individuais e colectivos. O treino desta maneira, é fonte de mútua satisfação, tanto para os jogadores, como para o treinador.

• 4. A Participação dos jogadores.

• A interacção entre jogador e treinador é a marca de fábrica do processo de treino. O jogador deve participar na tomada de decisões que influenciam o plano de treino concebido para satisfazer as suas necessidades. A participação do jogador na planificação do processo de treino é um meio importante de motivação. Quando o jogador está implicado num projecto de um plano de treino, sente-se muito mais motivado levá-lo à prática até ao final.

• Uma boa compreensão do processo de resolução dos problemas, cria um aumento de confiança na capacidade dos jogadores para resolver os problemas da competição.

• 5. Os Meios de avaliação.

• O processo de treino aporta ao treinador um mecanismo de avaliação precioso. Pode proceder-se facilmente à comprovação mental dos componentes para determinar a maneira com que um treinador realizou eficazmente cada uma das fases do processo. Definiram-se com precisão os objectivos e as necessidades dos jogadores? As acções planificadas para a sua realização eram eficazes? Funcionou o processo de uma forma coordenada? Alcançaram-se os objectivos fixados?.

• Ao treinador incumbe assegurar um treino de qualidade. Para alcançar este objectivo, o plano de treino deve avaliar-se continuamente e readaptar-se para introduzir as modificações desejadas em relação à evolução dos jogadores e ao rendimento da equipa.

RESUMO

• Por tradição, a prática do treino descansa sobretudo no hábito, na intuição e no senso comum.

• Ainda que os treinadores tenham muita experiência e sejam muito razoáveis intelectualmente, os seus actos nem sempre se baseiam sobre intervenções pertinentes, ou num treino fundamentado em conhecimentos científicos.

• Actualmente o treinador luta pelo reconhecimento do seu estatuto e profissão. Nesta óptica, deve efectuar-se um esforço comum para dar ao treinador bases mais sistemáticas e mais científicas. O processo de treino está destinado a satisfazer também esta necessidade. Há uma serie de acções ou de etapas que são essenciais para toda a prática do treino, seja qual for o seu nível.

Estas etapas são as seguintes:

• 1ª etapa - Recolher os dados necessários para a identificação dos problemas dos jogadores e da equipa;

• 2ª etapa - Analisar as informações recolhidas e identificar o problema por cuja causa os jogadores ou a equipa, têm necessidade da ajuda do treinador;

• 3ª etapa - Estabelecer um programa de correcções que, a prazo, permitirá resolver os problemas identificados;

• 4ª etapa - Aplicar as medidas descritas no programa de correcções;

• 5ª etapa - Avaliar a eficácia do plano.

• O processo de treino como conjunto de acções está representado na figura 1. Nela mostra-se que as etapas do processo de treino desenvolvem-se sucessivamente devido a estarem estreitamente ligadas e apresentarem um carácter dinâmico.

• A marcha do processo de treino parece ser muito prometedora, masos treinadores consideram que lhes leva demasiado tempo e que ébastante complicado para que se possa utilizar na prática. A aplicação do processo de treino leva bastante menos tempo do que se precisa para descrevê-lo. Pensem nas dificuldades do principiante que aprende a rematar à baliza, ou a fazer uma recepção de bola. Uma vez que se aprende o movimento, pode realizar-se facilmente sem ser consciente de cada etapa da realização do movimento técnico.

• Da mesma forma, quando o processo de treino está completamente adquirido e compreendido, pode utilizar-se sem estarmos obrigados a tomar consciência das etapas que engloba.

• Fundamentado em métodos de treino científicos mais que intuitivos, o processo de treino aumenta a eficácia do papel do treinador. Isto implica a capacidade do treinador para analisar, tomar decisões e actuar a partir de conhecimentos e a partir do treino. Em resumo, éuma técnica intelectual, essencial para estabelecer uma base de treinoteórico e prático. Aparentemente, se aplicamos correctamente o processo de treino, dá-se um grande passo para o êxito do trabalho do treinador.

PLANIFICAÇÃO DO TREINO DESPORTIVO

Planificar o treino é organizar a combinação:

• - de várias épocas ou macrociclos no seio de um "plano de carreira";

• - de vários grandes períodos ou mesociclos no seio de cada época;

• - de vários grupos de sessões ou microciclos no seio dos mesociclos;

• - de várias sessões em cada microciclo:• - de vários exercícios no seio de cada sessão, cujo objectivo final

é o desenvolvimento óptimo, no momento oportuno, de todas as potencialidades requeridos pela competição visada.

Organização de uma época desportiva ou macrociclo

Fisiologicamente, o organismo só consegue atingir o seu mais alto nível funcional duas, excepcionalmente três, vezes por época. O treinador, qualquer que seja a actividade desportiva, deve escolher em função das competições calendarizadas, os períodos que lhe parecem mais importantes e desenvolver as diferentes etapas que se seguem em função disso.

a. Preparação do "terreno psicológico“ - PP

Esta etapa corresponde ao retomar da actividade, após um período de interrupção, e inclui:

· um trabalho de resistência aeróbia cuja intensidade aumenta progressivamente para atingir valores próximos ou iguais ao VO2máximo,

· um programa de musculação e de flexibilização generalizado,· um aperfeiçoamento técnico,· um treino indispensável das qualidades de velocidade.

Esta primeira etapa é muito importante porque permite, em seis a oito semanas, preparar o organismo para o treino e fixar os objectivos para a época.

b. Etapa de pré-competição

Pode escalonar-se num período de duas a quatro semanas. Numa primeira fase, ao grande volume de trabalho generalizado que caracteriza a etapa precedente, junta-se a intensidade. É a fase mais crítica da época e deve ser rigorosamente controlada. Depois, progressivamente, a quantidade de trabalho diminui, e o treino toma-se mais específico e mais intenso, conduzindo à etapa das grandes competições.

c. Etapa da competição

Esta etapa pode ser dividida em duas sub-etapas:· "a afinação", aperfeiçoamento;· o período competitivo propriamente dito.

- A "afinação" constitui a transição entre a etapa pré-competitiva e a competição propriamente dita, traduzindo-se por:

· uma importante diminuição do volume de trabalho; · a manutenção ou aumento da intensidade; · a organização de tempos de repouso mais longos; · uma grande especificidade dos exercícios propostos; · e por uma preparação psicológica melhor adaptada à situação.e psicológica mais favorável, nas competições.

A duração desta etapa varia segundo:

· a actividade. É geralmente mais longa (duas semanas em média) para as actividades que requerem esforços breves de alta intensidade, é reduzida ou por vezes nem existe, para as actividades de longa duração.

· a concepção do treino. A diminuição progressiva do volume de trabalho da etapa anterior, em certos casos, não necessita da organização de um período destinado ao aperfeiçoamento, sendo este um prolongamento natural do processo de treino.

• De um modo geral. o princípio que suporta a "afinação" é o aumento de todas as potencialidades psicofisiológicas requeridos pela prova pretendida. Esta supercompensação é induzida pela organização de um repouso relativo, situado após um período de grande stress específico. Como uma supercompensação mal dominada pode conduzir a efeitos contrários, o treinador deve saber estar alerta para as impressões do atleta, e atento aos resultados dos últimos testes de controlo, para escolher a conduta a seguir.

• Para além da importância da preparação psicológica, este derradeiro período é principalmente consagrado aos últimos ajustamentos técnicos e tácticos realizados em condições o mais próximo possível das de competição.

- Período de competição propriamente dita

Durante este período, os jogadores devem atingir e manter o seu mais alto nível de "forma física". Esta não se manifesta a não ser durante um período privilegiado, de alto rendimento específico de curta duração.

Entretanto, quando o período de competição é escalonado em vários jogos deve acompanhar-se de regras de higiene de vida o mais possível favoráveis ao melhor equilíbrio entre o sono, a dietética, o treino, e as actividades culturais diversificadas que permitem evitar um eventual bloqueio psicológico.

No futsal o nível de forma desportiva deve manter-se entre os 80 e os 90%, encontrando-se apenas dois ou três períodos da época para atingir o máximo rendimento.

- Etapa de transição

O fim do período de competição é frequentemente marcado por um brutal abaixamento de forma do indivíduo. A transição entre este período e o recomeço do treino deve permitir uma recuperação tanto física como psíquica. Apenas deve ser encarada a manutenção das qualidades funcionais, através da prática das habituais actividades desportivas.

Este período, com uma duração máxima de quinze dias, três semanas, conduz progressivamente, seja a um primeiro período de tempo, seja a uma nova época desportiva. Em ambos os casos, a intensidade e o volume dos exercícios devem ser aumentados, em relação ao período ou época precedente (princípio da progressividade).

1. Aspectos condicionantes do planeamento

São inúmeros os factores intervenientes e condicionantes no momento em que nos preparamos para planear uma época desportiva. Entre eles destacamos :

Estruturais Logísticos

CONDICIONANTES DO

PLANEAMENTO

CalendárioCompetitivo

CalendárioEscolar ouActividadeProfissional

QuadroHumano

ObjectivosIndividuais eColectivos

• Desde logo devemos começar por efectuar um levantamento das estruturas que temos ao nosso dispor para realizar a actividade.Neste campo a relação entre os espaços de treino disponíveis e o número de jogadores a preparar, as suas especialidades, o número de anos de prática, o seu nível de prestação, etc., revelam-se como uma condicionante primária do planeamento.

• Depois temos de equacionar o tipo de equipamento de que as instalações dispõem, dado que a cada vez maior especialização do treino requer equipamentos cada vez mais sofisticados, quer ao nível da realização, quer ao nível do controlo do treino.

• O quadro humano com que vamos trabalhar é também um factor primordial a avaliar na fase de planeamento, quer no que respeita aos atletas, quer no que respeita aos restantes elementos da equipa de trabalho. O planeamento deve envolver todos eles e, para além de ser motivador, deve responsabilizar cada elemento da equipa.

• Aliado ao quadro humano temos a definição de objectivos, que deve ser de molde suficientemente exigente, para se tornar motivadora, e ao mesmo tempo realista e adaptada às condições existentes e ao nível de prestação colectiva e de cada indivíduo.

• Muitos outros factores podem interferir nas nossas escolhas em termos de programação e quantas mais consigamos abarcar e controlar, maior será a probabilidade de traçarmos um plano de sucesso para a nossa equipa.

• Atendendo a tudo quanto atrás foi referido, Manso et al (1996b) propõem que sejam dados os seguintes passos no planeamento:

1º) Realização de um estudo prévio.2º) Definição dos objectivos.3º) Calendarização das competições.4º) Racionalização das estruturas intermédias.5º) Escolha dos meios de trabalho.6º) Distribuição das cargas de treino.7º) Colocação do plano em acção.

• Finalmente não devemos esquecer a necessidade de avaliar regularmente o modo como o plano está a ser executado, o sucesso obtido em etapas intermédias e, eventualmente, introduzir as alterações que se possam justificar ao mesmo.

• Como dissemos anteriormente "... a programação e a organização do treino requerem conhecimentos profundos e variados acerca da natureza do processo de treino. A este propósito é conveniente considerá-lo sempre sob o ponto de vista do controle." (Verjoshanski, 1990)

2. Aspectos temporais do planeamento

• Poderemos considerar, em termos temporais, três grandes tipos deplaneamento:

• - Planeamento a curto prazo (época desportiva);• - Planeamento a médio prazo (ciclo olímpico);• - Planeamento a longo prazo (carreira do atleta).

• Cada um deles reveste-se de enorme importância, sendo interactivos entre si. A sua interligação é fundamental para respeitar a continuidade do processo de treino.

• É pois necessário que o processo de treino decorra ao longo dos anos com objectivos que garantam um constante aperfeiçoamento dado que a sua interrupção irá conduzir a oscilações de rendimento e mesmo ao seu decréscimo, ao longo dos anos.

• Deste modo, o plano de carreira é o primeiro passo no que respeita àprocura do rendimento máximo do atleta e à sua ascensão ao alto nível internacional. Segundo Platonov (1993) podemos dividir um ciclo plurianual de treino em cinco grandes etapas:• - preparação inicial;• - preparação prévia de base;• - preparação específica de base;• - realização máxima das possibilidades do atleta;• - manutenção dos resultados.

• Outros autores, como Grosser (1989), defendem mesmo que "...sóuma planificação do rendimento a largo prazo, organizada cuidadosamente ao longo de muitos anos (seis a oito) tem sentido e êxito, é eficaz e humana ".

• Em cada uma destas etapas o atleta deve desenvolver capacidades adequadas à sua idade cronológica, bem como ao número de anos de prática que leva.

• Em linhas gerais, o treino, inicialmente com percentagens muito elevadas de trabalho de carácter geral, torna-se progressivamente cada vez mais específico e, mais tarde, ainda mais específico dentro da própria modalidade escolhida.

As Etapas segundo Navarro (1990)

• Podemos dizer que na fase de preparação inicial o jovem deve experimentar uma actividade multifacetada, recorrendo a várias experiências em distintos desportos, depois teráuma preparação já mais orientada para a modalidade escolhida embora de carácter muito generalizado. Segue-se a preparação específica de base, na qual vão ser criados os alicerces para a fase seguinte, onde o atleta vai procurar atingir o seu nível máximo de prestação dentro da modalidade escolhida, para, finalmente, entrar numa fase onde a evolução é diminuta mas na qual o atleta continua a competir ao mais alto nível.

3. Diferentes opções de planeamento duma época desportiva

• Tendo em consideração os diferentes factores atrás mencionados, principalmente aqueles que respeitam ao tipo de jogadores com que trabalhamos (idade, nível desportivo, anos de treino, etc.) e ao calendário competitivo de que dispomos, podemos optar por diferentes tipos de planeamento.

• Ao longo dos tempos foi-se evoluindo do planeamento clássico de Matveiev (1964) - com dois macrociclos semestrais compostos, cada um deles, por período preparatório, período competitivo e período transitório - para diferentes formas organizativas da época que podem ir, segundo Platonov (1993), de "planeamentos bi-anuais a penta-anuais".

Figura 2: Correlação entre as fases de desenvolvimento da forma desportiva e os períodos de treino segundo Matveiev (1990).

• Com base em todos estes pressupostos Raposo (1998) propõe as seguintes opções em termos de planeamento anual:

• - periodização simples;• - periodização dupla;• - periodização tripla;• - periodização pendular;• - periodização em blocos;• - variantes à periodização em blocos.

• Cada uma daquelas opções está relacionada com os factores que mencionamos anteriormente. Um tipo de periodização adequado para jogadores de alto nível não servirá para os jovens, assim como se revelará inadequado para atletas dum patamar competitivo de baixa ou média qualidade.

• Um exemplo bem ilustrativo disso mesmo relaciona-se com o treino de jovens, onde outras variantes foram introduzidas atendendo a que"...a planificação do treino orientada para as competições importantes, ou para cada fase competitiva, tem uma escassa importância" nesta faixa etária, (Jahn, 1988).

• Por isso mesmo Tschiene (1976) propôs para estas faixas etárias um modelo de planeamento que se baseia nas férias escolares e que, por isso, se mostra mais indicado. Respeita o desenvolvimento das condutas cognitivas (conhecimento e análise do movimento, táctica, sistemas de treino, etc.), afectivas (concentração, motivação, auto-confiança, imagem de si mesmo, etc.) e sócio-integrativas (cooperação, sensação de grupo, compreensão mutua, jogo limpo, etc.), sem esquecer a capacidade para o esforço nestas idades.

Figura 3: A periodização do treino com jovens, segundo Tschiene (1976).

4. Os diferentes ciclos de treino

• Depois de escolhido o tipo de planeamento a utilizar, passamos asubdividi-lo em períodos temporais mais pequenos, que podem ser caracterizados por:

• - período preparatório (geral e específico);• - período competitivo;• - período transitório.

• Ou ainda, em:

• - macrociclos;• - mesociclos;• - microciclos;• - unidades de treino.

• Para cada uma das opções devemos determinar uma certa duração e uma certa carga de treino, com objectivos perfeitamente definidos e capazes de serem devidamente avaliados os seus efeitos no organismo do atleta.

• Em cada um dos ciclos devem ser respeitados os princípios básicos do treino, como sejam (Lévesque,1993):

- princípio da especificidade;- princípio da sobrecarga;- princípio da individualidade;- princípio da adaptação;- princípio da recuperação.

• De acordo com o calendário competitivo começamos sempre por planear dos períodos mais longos (macrociclos) para os períodos mais curtos (microciclos), até chegarmos ao planeamento da unidade de treino.

5. Estrutura da planificação• A planificação tem uma estrutura sobre onde se desenvolve

o trabalho previsto. Nesta estrutura vão concretizando-se as distintas tarefas de formação dos desportistas.

• Seguindo a teoria da planificação ela divide-se, a nível geral, em três grandes períodos: período preparatório, período competitivo e período de transição. Não obstante, estes períodos têm algumas variações que caracterizam o tipo de trabalho que se vai desenvolvendo num determinado ciclo e durante um tempo determinado.

• Nestes períodos devem salientar-se objectivos que deverão conseguir-se no final do mesmo, os quais devem basear-se em situações realistas e devem corresponder-se com as necessidades do desportista ou do grupo de desportistas que se tem sob a responsabilidade.

• Da mesma forma há que ter em conta os recursos que existem ao alcance das equipas técnicas e dos seus desportistas. Por exemplo, o tipo de instalação pode ser determinante para realizar a actividade, se está influenciada pelas condições atmosféricas, pela própria situação física da instalação, etc...

• Para realizar convenientemente uma planificação é necessário ter em conta certas premissas que serão determinantes na hora de conseguir os resultados que se pretendem conseguir. Estas premissas são as seguintes:

• O treinador e os seus adjuntos;• Desportistas e as suas características mais significativas;• Nível dos desportistas e do desporto que praticam;• Tempo de dedicação real à prática desportiva;• Instalações e material principal e auxiliar;• Pessoas envolvidas directa ou indirectamente com a actividade.

6. A divisão da planificação• A planificação tem uma estrutura diferenciada, onde o

trabalho segue um paulatino intercâmbio entre o volume e a intensidade, entre o trabalho quantitativo e o qualitativo. È importante diferenciar em primeiro lugar o tipo de desporto, quer dizer os desportos de temporada ou cíclicos e os desportos acíclicos (como é o caso do futsal). Os desportos de temporada cíclicos são aqueles que têm um período de competição numa época do ano e que requere obter a melhor forma desportiva durante um período pequeno e determinado, como por exemplo o atletismo ou a natação, que têm as suas competições mais importantes em poucos meses.

• Os desportos acíclicos – o futsal – são aqueles que têm um período de competição ondulante, normalmente muito prolongado e onde se compete em cada semana ou em períodos mais curtos.

• Nestes desportos, mais que de forma desportiva óptima, falamos de estado de treino, que é um nível importante do estado de forma, mas não a forma desportiva óptima que dura menos tempo (Matveyev, 1977).

• Em qualquer dos casos é imprescindível um correcto controle do treino, onde se intercalam adequadamente os períodos de carga de treino e de recuperação, para conseguir uma manutenção do estado de treino e para chegar à forma desportiva óptima num determinado momento.

Período Preparatório• No período preparatório utilizam-se cargas relacionadas com o

volume, que predominam sobre a intensidade, ainda que à medida que avança o tempo, o volume vai perdendo prioridade, deixando olugar à intensidade no trabalho.

• Este período caracteriza-se por introduzir um amplo leque de exercícios gerais, ainda que de clara aplicação ao desporto que se pratica.

• Por outro lado, deve ter-se em conta que estes exercícios repercutam na formação geral do desportista e requerem um elevado número derepetições, series, etc...

• Neste período é bastante normal que o desportista sinta certo cansaço devido a que as cargas que tem que suportar são muito inespecíficas, sendo importante que o organismo se adapte, para conseguir uma projecção posterior que permita uma melhoria no seu rendimento.

• Os limites temporais do período preparatório vão depender em grande medida do desporto que se pratica. Por exemplo no futsal, a pré-temporada é muito curta, apenas um mês a mês e meio, e o períodode competições extremamente longo, já que dura 8 a 9 meses.

• Paradoxalmente, esta fase preparatória é tão curta que às vezes não é possível atingir todos os objetivos, devido a estar-se muito condicionado pela competição. Nestes casos, é normal que as substituições dos jogadores permitam lograr melhoras no período posterior e para além disso, neste tipo de desportos é normal que conseguir-se uma melhoria no estado de treino, e a forma óptima dependerá de outros aspectos mais pontuais.

• No período de preparação, como já se mencionou, o volume vai perdendo importância para dar prioridade à intensidade, de maneira que esta aumenta, a outra diminui.

• No trabalho de intensidade predominam as cargas específicas, masque têm como ponto de referência o trabalho genérico que se realizou anteriormente.

• Por exemplo, não se poderá realizar um trabalho de intensidade suficiente onde intervenha a força, se anteriormente não se trabalhou convenientemente o volume de força.

• O período preparatório tem um princípio suave, ao que corresponde o primeiro microciclo, e serve para que o desportista tome contacto com a actividade. Se foi realizado um período de descanso adequado, este microciclo deverá conter actividades que suponham um conjunto deestímulos que vão provocando no organismo, mudanças e adaptações.

• A este respeito há que recordar que no período de descanso produz-se uma perda dos níveis orgânicos e o aumento do volume nas primeiras semanas deve supôr uma adaptação para ir melhorando à medida que se avança.

Período de Competição• O período de competição tem a característica de utilizar cargas

específicas, de intensidade prioritária e de uma diminuição óbvia do volume. Isto significa que se conseguirá a forma desportiva, quer dizer, o óptimo estado de forma consegue-se com o trabalho de intensidade, no entanto, quanto melhor se tenha trabalhado no período preparatório e se tenha conseguido um volume adequado, maior e mais duradoura será a forma desportiva.

• Neste período observar-se-à uma diminuição drástica do volume e um aumento considerável da intensidade, até aos limites da adaptação, logrando uma consecução da melhor forma desportiva.

• Tanto num período como no outro, é necessário controlar o nível de assimilação das cargas pelos desportistas. Se observamos a figura anterior, podemos comprovar como vai variando a curva de percentagem do volume, de forma que quando aumenta, a intensidade o faz em menor medida, e quando diminui, a intensidade vai aumentando e com ela a forma desportiva, até conseguir um máximoque coincide com o final do período de competição.

Período de Transição• O período de descanso é necessário para conseguir um

restabelecimento das reservas que se utilizaram ao longo dos períodos anteriores, assim como preparar o organismo para o novotrabalho.

• No entanto há que lembrar que no desporto não deve iniciar-se do ponto zero, já que é muito difícil conseguir a forma óptima. Portanto, este descanso deverá ser um descanso activo, onde influem, não só os aspectos biológicos, senão também os aspectos psicológicos, já que dependerá do resultado que se conseguiu no período de competição, que a predisposição para prosseguir se mantenha a umnível adequado.

• Neste ciclo, no período de recuperação, é necessário que se continue a realizar actividade física, mas a um nível baixo e pode ser que seja necessário que esta actividade não tenha relação directa com o desporto que se pratica, por exemplo, um atleta pode jogar basquetebol, ou outras actividades distintas das que emprega no seu desporto específico.

• Desta forma, o desportista não começará do zero quando inicie o período preparatório, mas tão pouco estará a realizar uma actividade que suponha manter o mesmo rigor de exigência física e mental.

• Dentro das opções da planificação, as possibilidades de conseguir diferentes estados óptimos de forma em distintas épocas da temporada é possível seguindo critérios como os mencionados anteriormente, mas tendo em conta que vai depender do nível do desportista.

• Quer dizer, com desportistas de élite é possível conseguir mais do que uma forma óptima no ano (normalmente duas), já que em desportistas de um nível mais baixo é bastante improvável. Isto é devido ao nível de assimilação das cargas de intensidade no treino, mais fáceis para desportistas que tenham uma trajectória coerente, sem queimar etapas na sua formação, que em desportistas com um nível de exigência desmesurado.

• Nesta figura observa-se que a etapa preparatória é semelhante à da figura anterior, no entanto encontram-se variações nas mudanças de volume e intensidade no período de competição.

• Ao princípio deste período, o volume diminui e a intensidade aumenta, logrando-se um nível de forma desportiva, seguindo-se em continuação uma diminuição da intensidade e aumento do volume, com o que se perde certo estado de forma, para voltar a repetir ao final do período.

• A utilização dos conceitos que se assinalaram nos parágrafos anteriores, referidos a uma planificação anual, também servem como modelo de uma planificação a longo prazo, quer dizer, que ocupe vários anos, inclusive a etapa desportiva de um desportista.

• Em resumo, nos primeiros anos deve trabalhar-se o volume em maior medida e a intensidade servirá para que o organismo “conheça” estímulos que provocam certa melhoria na forma desportiva.

• À medida que os anos avançam, vai-se introduzindo as cargas de treino de intensidade, diminuindo as de volume.

7. Conceito de macrociclo, mesociclo e microciclo e sua aplicação prática ao desporto

• A estrutura da planificação tem uma divisão em períodos mais pequenos que objectivam uma aplicação mais operativa da prática desportiva. Estes períodos denominam-se macrociclo, mesociclo e microciclo.

• Por macrociclo entende-se um período de tempo amplo, desde vários meses a um ano. O macrociclo mais usual é o que ocupa uma temporada ou ano desportivo.

• Em cada macrociclo encontram-se períodos mais pequenos que se denominam mesociclos.

• Por mesociclo entende-se uma etapa relativamente curta na qual se interrelacionam diversas actuações, pontuais mas muito importantes, com o fim de conseguir um resultado que sirva de base para o mesociclo seguinte. Os mesociclos costumam ter uma duração entre poucas semanas e vários meses, (entre 2 a 3 meses). No final de cada mesociclo deve observar-se uma relação entre o conseguido e o que se deve trabalhar no seguinte, sem que suponha uma ruptura tão marcada como a que ocorre entre macrociclos.

• Nos mesociclos tende a observar-se uma preponderância de tarefas, com o fim de chegar em melhor disposição a trabalhos posteriores. Por exemplo, se observamos o macrociclo no seu período preparatório, ele pode estar dividido em dois mesociclos, sendo usual que no primeiro haja preponderância no volume e no seguinte uma ligeira diminuição ou manutenção do volume, permitindo o aumento da intensidade.

• Num mesociclo é normal que se repita parte do trabalho do mesociclo anterior, mas também devem produzir-se certas mudanças significativas que o diferenciem.

• A sua evolução pode ser muito parecida à do macrociclo, onde se contempla a estrutura da planificação, quer dizer, que pode começar com uma fase preparatória, seguindo-se uma fase mais relacionada com a competição e logo terminar numa fase de diminuição do trabalho para obter uma melhor assimilação.

• Em cada mesociclo encontram-se períodos mais pequenos, que se denominam de microciclos

• O microciclo é a etapa mais curta do treino, na qual se empregam acções distintas dentro de cada sessão preparatória, mas com uma intensão coordenada.

• Num microciclo podem dar-se desde uma só sessão a várias, e o tempo de duração de um microciclo pode abarcar desde um dia, até uma semana ou dez dias, dependendo do trabalho que tenha que se desenvolver.

• Aqui sim deve observar-se um trabalho diferenciado, já que as sessões podem interrelacionar vários elementos, mas devem estar perfeitamente sincronizadas, para que não se produzam interferências.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A ORGANIZAÇÃO DO TREINO DURANTE A SEMANA (OS MICROCICLOS)

O DESENVOLVIMENTO DO RENDIMENTO DESPORTIVO

• Baseados nos princípios e métodos utilizados para o planeamento e desenvolvimento do rendimento desportivo, achamos conveniente fazer algumas considerações generalizadas sobre o problema. O assunto é de fundamental importância mas não é levado, de uma forma geral, muito a sério no nosso futebol, contrariamente a outros desportos individuais e de equipa, que já o fazem seriamente neste País.

• Tanto o treinador como o jogador de futebol devem levar em conta determinadas considerações e fases, para conseguir o correspondente aumento de rendimento.

• Os verdadeiros conteúdos do treino e competição correspondem ao trabalho de desenvolvimento e manutenção das capacidades físicas, coordenativas e psicotácticas, todas elas decisivas para o rendimento. Os exercícios, por sua vez, estão submetidos, quanto à sua aplicação, organização, volume e intensidade, a determinadas leis e princípios que dão lugar ao aumento e manutenção óptima do rendimento do organismo humano. Por isso, todo o treinador tem necessidade de conhecer a ciência do treino, porque nela se encontram leis da adaptação biológica.

• Essas leis intervêm no processo de planeamento como factores limitadores.

• A ciência do treino, juntamente com a prática, formularam normas denominadas de princípios do treino. Esses princípios, fundamentados cientificamente, dão uma estrutura sistemática a todas as fases e passos dos processos de adaptação, fixando as pautas metodológicas do treino.

• Essa estrutura leva em consideração, os mecanismos de adaptação, baseados em três conceitos importantes a serem considerados: a adaptação, a homeostase e a supercompensação.

• A adaptação é uma capacidade básica que o organismo possui para sobreviver a determinadas condições. Quando o organismo se vê adaptado a certas situações, há um equilíbrio entre os processos de síntese e degeneração, enquanto não sejam interrompidas as exigências normais. Isto significa que cada sistema biológico, quando se encontra adaptado, está num equilíbrio dinâmico característico chamado homeostase.

• Se a homeostase é interrompida por um estímulo, o organismo tentaráconstituir um novo equilíbrio correspondente à situação que foi modificada. Se este estímulo era constituído por uma carga elevada de trabalho, que degenera o organismo no seu total ou em algum sistema parcial, a homeostase interrompe-se pelo predomínio de processos degenerativos e exige, como resposta, um aumento dos processos constitutivos. A ressíntese tem o objectivo de proteger a estrutura de um esgotamento excessivo da sua capacidade, no momento em que o organismo volte a experimentar uma nova carga de trabalho. Então, os processos regenerativos promovem a recuperação, não só no seu nível inicial, como elevam a condição do organismo a níveis superiores. Portanto, essas adaptações provocadas por cargas superiores de trabalho, são de chamadas desupercompensação, e esta é considerada a chave do aumento do rendimento.

Por esta razão, considerações importantes devem ser observadas:

• Ø Quando a carga de trabalho for mais baixa que aquela que o organismo está habituado a suportar, não ocorre adaptação, porque a intensidade é baixa e não produz efeito;

• Ø Se o estímulo é muito forte, com intensidade muito elevada e poucas pausas para descanso, ocorre um estado de sobretreino, o que é prejudicial;

• Ø Quando houver uma correcta relação entre volume, intensidade e descanso adequado, ocorre a adaptação desejada, melhorando a condição dos jogadores.

• Assim, o organismo procura, em todos os processos de adaptação, obter, com o mínimo esforço, um máximo efeito do treino e, consequentemente, o melhor rendimento, sempre com uma adaptação a cargas maiores.

• Uma pessoa destreinada não consegue libertar mais de 70 % das suas reservas energéticas armazenadas no organismo, mas com o treino, é possível aumentar essas possibilidades, activando até 95 % das suas energias. Por isso é muito importante conhecer o fenómeno da supercompensação, além dos demais mecanismos de adaptação metabólica e morfológica, bem como a influência do sistema nervoso vegetativo.

• Em resumo, as primeiras modificações que são produzidas para garantir o abastecimento energético são de origem metabólica e poucas horas depois da estimulação já aparecem os primeiros sinais de adaptação.

• Somente após ocorrer uma óptima adaptação metabólica e morfológica, passarão a existir as condições prévias para um rendimento máximo do atleta. Sem dúvida alguma, para alcançar este objectivo, é necessário um correspondente planeamento do rendimento. É importante recordar ainda que o rendimento sóaumenta de forma contínua quando o organismo possui, em cada nível de treino, a possibilidade de desenvolver a adaptação correspondente por completo. O nível de adaptação alcançado em cada fase serve de base para adaptações novas e mais amplas, aumentando o rendimento de forma lenta em função do aumento das cargas.

• Outro factor decisivo para avaliar as possibilidades de reacção e adaptação do organismo é o conhecimento do tempo de treino (em anos) que o atleta possui, pois a reacção a um novo estímulo édiferente para cada estado de condição física. Quanto mais anos de treino, maior será a capacidade de rendimento.

•• Estudos feitos por HOLLMANN / HETTINGER, em 1980, demonstraram

que um principiante começa a desenvolver a força, com intensidades de 30 a 40 % da sua força máxima, enquanto que um atleta de alto nível de treino, deve trabalhar com uma carga mínima de 70 % da sua força máxima, apenas para manter o seu nível de treino.

• No caso da resistência aeróbia e da resistência anaeróbia, pode determinar-se a carga de trabalho pela medição dos níveis de lactato no sangue, para aumentar o nível de rendimento do atleta.

• O objectivo principal do desenvolvimento do rendimento é a manutenção do equilíbrio entre os processos de degradação e de ressíntese na presença do estímulo da carga.

• É muito importante estimar o efeito de uma carga sobre o organismo para poder avaliar o avanço da regeneração e, com ela, os possíveis processos de adaptação.

• Em função dessas importantes observações, os princípios do treino devem ser aplicados com muito cuidado, levando-se em consideração alguns períodos que são muito importantes na prática.

• Ø Período de Estabilização - Se a homeostase provoca um aumento do nível de ressíntese, deverão ser seleccionadas cargas consecutivas de treino, em princípio para garantir a estabilização dos processos anabólicos, ao que denominamos período de estabilização.

• Ø Período de Aumento da Carga - Quando a carga de treino já não produz mais alguma alteração considerável da homeostase, énecessário aumentar a carga de trabalho de maneira uniforme ou descontinuamente de forma progressiva. Quando isto acontece, temos o período do aumento da carga.

• Ø Período de Redução da Carga - Convém chamar a atenção para o facto de que a diminuição da carga em ocasiões propícias é também factor importantíssimo para o aumento do rendimento, porque hácertas ocasiões em que o organismo cansado, já não assimila mais o trabalho. Aí, torna-se necessário diminuir a carga de forma descontínua e durante pouco tempo, o que melhora o rendimento, pois, de contrário, poderá ocorrer uma perda funcional do sistema devido a uma sobrecarga. Com isso, é indispensável a redução da carga para evitar consequências negativas para o desenvolvimento do rendimento, ao que chamamos de período de redução da carga.

OS MICROCICLOS

• Os microciclos no treino são os responsáveis pela coordenação das cargas de treino necessárias para estabelecer um regime efectivo entre trabalho e recuperação. Este regime deve assegurar uma regeneração suficiente antes do início de cada novo microciclo. Isto significa que a função de um microciclo é proporcionar um enfoque racional para a exploração das cargas de treino planificadas para uma determinada fase de treino.

• A duração de um microciclo é em regra geral de uma semana, ainda que as equipas que treinam duas e até três vezes ao dia planificam frequentemente microciclos ligeiramente mais curtos.

• Como regra geral, cada microciclo termina com um ou dois dias derecuperação. Entre as variantes, são bastante comuns as de 6+1, 5+2, 4+1 e 3+1, onde o primeiro número indica os dias de treino consecutivo e o segundo, o número de dias de recuperação.

• Um microciclo está formado por duas fases: a fase de desenvolvimento do estímulo e a fase regeneradora. A primeira aplica-se ao emprego de cargas de treino e a segunda a cargas de recuperação ou a descanso completo (Matveyev,1977). A fase de regeneração encontra-se no geral no final de um microciclo. Sem embargo, não é estranho dividir um microciclo de tal forma que a recuperação se dê entre duas fases de carga.

Há várias possibilidades de classificar os microciclos em relação ao processo de treino, podendo ser divididos em quatro categorias principais:

1.1. De desenvolvimento; 2. de preparação; 3. de competição; 4. Microciclos regeneradores.

• O microciclo de desenvolvimento, segundo a natureza dos métodos de treino empregues, ajusta-se a uma preparação geral ou a uma preparação específica. Em ambos os casos, os microciclos subdividem-se em ciclos ordinários e ciclos de choque. No microciclo ordinário de desenvolvimento a carga e a intensidade de treino vão aumentando gradualmente. Nos ciclos de choque, a carga experimenta uma elevação extrema pelo incremento do volume ou da intensidade. Os microciclos de choque, na primeira parte do período de preparação dirigem-se ao condicionamento geral; na segunda parte apontam ao desenvolvimento do trabalho específico.

• Os microciclos de preparação têm como finalidade assegurar a entrada em forma dos jogadores e da equipa para as competições que se aproximam, mobilizando as capacidades de actuação dos atletas.

• Para alguns jogadores este período poderá requerer um treino com cargas razoáveis, para outros significa o emprego de uma carga reduzida ou descanso activo com processos de recuperação.

• Os microciclos de competição estão desenhados para organizar as actividades justamente antes e imediatamente depois de um jogo. Isto abarca as actividades desenvolvidas um dia antes da competição, ou no mesmo dia dela e também durante os dias de recuperação (3 dias). A organização dos microciclos de competição devem ser individualizados nos jogadores, dependendo da duração da competição (1 jogo ou vários jogos seguidos), do nível de participação dos jogadores (suplentes não realizam a mesma carga dos que jogam), etc...

• A tarefa principal dos microciclos de recuperação é criar as melhores condições possíveis para a recuperação. Isto significa efectuar treinos com intensidade moderada e um volume reduzido com todas as medidas de regeneração que sejam possíveis.

ACUMULAÇÃO DE CARGAS

• Pode basear-se uma classificação alternativa dos microciclos, na diferente coordenação das cargas de treino. Os dois métodos mais comuns que se utilizam nesta classificação, são a acumulação de cargas e as diversas cargas dos microciclos.

• Os efeitos da acumulação de diferentes cargas consecutivas, mostram que o restabelecimento da velocidade e as capacidades de trabalho anaeróbio e aeróbio sem modificar-se (fig.1).

• No entanto pode ver-se que duas sessões consecutivas de treino de velocidade são responsáveis por uma diminuição na velocidade e um retrocesso da recuperação. Pode notar-se uma situação parecida na capacidade de trabalho anaeróbio, mostrando os problemas criados por cargas similares consecutivas.

Fig. 1: Dinâmicas de recuperação entre duas cargas. Da mesma direcção (em cima). De diferentes direcções (em baixo).

C = Treino de velocidade. A = Treino de resistência. 1 = Velocidade. 2 = Capacidade anaeróbia. 3 = Capacidade aeróbia.

• Não existem diferenças básicas nas dinâmicas da recuperação quando se aplicam três cargas consecutivas (fig.2), pondo em evidência que a acumulação de diversas cargas de similar direcção é responsável pela fadiga e alargamento dos processos de recuperação das correspondentes capacidades de trabalho.

Fig. 2: Dinâmicas de recuperação depois de cargas em três diferentesdirecções. C = Treino de velocidade. A = Treino aeróbio. Ana. = Treino anaeróbio.

1 = Velocidade. 2 = Capacidade anaeróbia. 3 = Capacidade aeróbia.

• Os estudos realizados em microciclos com a combinação 4 + 1 de cargas acumuladas, mostra que alguns jogadores podem ser levadosao esgotamento. Nesta situação o trabalho do treinador é mudar a tempo, da fase de estimulação à fase de recuperação. Por exemplo, os estudos de Baikov chegam à conclusão de que podem continuar-se as cargas de desenvolvimento até que a capacidade de trabalho específico se situe em cerca de 30%. Nesta etapa de treino há que alternar durante 2 a 3 dias com cargas de recuperação, seguidos de outros 2 a 3 dias com cargas de manutenção.

• Depois de 2 a 3 microciclos, introduzem-se dias de descanso.

• Platonov (1986), resumiu os defeitos da acumulação de cargas similares nos microciclos, da forma seguinte:

• Ø A acumulação de fadiga é responsável por quebra na capacidade de trabalho geral dos jogadores;

• Ø Existe uma falta de equilíbrio no desenvolvimento das diversas capacidades de actuação;

• Ø Existe a possibilidade de que se produza um sobretreino.

Fig. 3: Influência de uma carga média sobre a recuperação depois de uma cargapesada. Esquerda = Na mesma direcção. Direita = Em direcção diferente.S = Carga alta. Ks = Carga média. Os outros símbolos como nas anteriores figuras.

CARGAS VARIADAS

• Os microciclos de cargas variadas dirigem-se ao aproveitamento das dinâmicas dos processos de recuperação para assim utilizar o maior volume possível de trabalho total para o resultado do treino. Existem duas possibilidades para conseguir este fim:

• 1. Alternar cargas de manutenção e de recuperação para o emprego efectivo de distintas cargas grandes dentro de um microciclo.

• 2. Alternar a direcção das cargas dentro de um microciclo, mediante a mudança da carga básica da função que já se recuperou.

• A duração das recuperações dos diversos parâmetros metabólicos apresenta-se como forma de orientação no quadro 1. Como poderemos observar, a recuperação de algumas funções leva um tempo considerável. Aqui deve observar-se que há diferença nas dinâmicas de recuperação entre as cargas consecutivas similares e as cargas diferentes. A figura 1 (em baixo) dá um exemplo no qual um treino de resistência aeróbia segue-se ao treino de velocidade. Não existe uma influência acumulada sobre a velocidade e as capacidades anaeróbias, mas a capacidade de trabalho aeróbio decresce depois da segunda sessão de treino. Uma situação parecida ocorre quando se aplicam três cargas consecutivas diferentes: desenvolvimento da velocidade, seguido do desenvolvimento das resistências anaeróbia e aeróbia (fig.2).

Parâmetro metabólico Tempo Mínimo Tempo Máximo

ATP e fosfato de creatina no músculo 2 minutos 5 minutos

Reservas de glucógeneo no músculo 5 horas 48 horas

Reservas de glucógeneo no fígado Não se conhece 48 horas

Excesso de lactato no sangue30 minutos 2 horas

Reservas de oxigénio no músculo10-15 minutos 1 hora

Síntese intensiva de enzimas e de hidratos de carbono 12 horas 72 horas

QUADRO 1 - TEMPOS MÍNIMO E MÁXIMO DE RECUPERAÇÃO DE DIFERENTES PARÂMETROS METABÓLICOS.

• Evidentemente, a quebra maior e a recuperação mais lenta da capacidade de trabalho tem lugar nos indicadores implicados nas sessões de treino prévio. Parece que não existe acumulação de fadiga nos outros indicadores (Platonov, Vaitsehovski, 1985). Isto confirma a teoria de que a utilização de cargas diferentes permite aproveitar o tempo de recuperação para outras tarefas do treino.

• Uma mudança oportuna de cargas permite portanto iniciar cada treino seguinte numa boa condição para abordar as cargas de treino de direcção oposta.

• Geralmente recomenda-se que se desenhe um microciclo de modo que as grandes cargas de desenvolvimento da velocidade e da potência efectuem-se debaixo de condições óptimas. Para acelerar o processo de recuperação depois de cargas pesadas, a seguinte sessão de treino deve incluir cargas médias ou ligeiras que estejam dirigidas em definitivo em outra direcção. É vantajoso desenvolver diariamente a velocidade, a flexibilidade e a força nos grupos musculares pequenos, mas o desenvolvimento dos grandes grupos musculares deve fazer-se em cada dois dias. É importante ter em conta que os microciclos de carga diversa não só tendem a aproveitar a fase de recuperação para um fim determinado, senão também para acelerar a recuperação.

SESSÕES DE TREINO MÚLTIPLO

• A experiência prática ensina que necessitamos de diversas sessões de treino na rotina diária para conseguir actuações de alto nível. Aceita-se geralmente que um microciclo para atletas de alto nível de actuação deve incluir 6 a 8 sessões básicas de treino e de 7 a 12 sessões suplementares (Ozolin, Homenkov, 1986). O número de sessões de treino num microciclo incrementa-se principalmente durante o período de preparação e em alguns casos pode duplicar-se.

• O treino múltiplo diário enfocava ao princípio dividindo simplesmente uma carga pesada de treino entre duas sessões.

• Isto ajudava a reduzir a quebra da capacidade de trabalho em comparação a um treino com cargas pesadas. Descobriu-se também que a capacidade de trabalho restabelecia-se mais rapidamente quando a carga era dividida em dois treinos dentro do mesmo dia.

• Não obstante, o conhecimento actual assinala que não existe justificação para dividir a mesma carga em várias unidades de treino. Isto somente torna mais difícil aumentar a carga e elimina a possibilidade de influenciar a recuperação com o emprego de cargas médias de diferente natureza. O treino duas ou três vezes ao dia não só permite aumentar a carga, senão também permite distribuir o trabalho de forma mais eficaz (Ozolin, Homenkov, 1982).

• Um treino de multisessões diário realiza-se, por regra geral, partindo de um treino básico, complementado por uma ou duas sessões adicionais (manhã, tarde). Normalmente, as sessões de manhã são ligeiras e têm uma carga limitada sobre o organismo. O treino básico deve alcançar as tarefas planificadas para um dia determinado, para que a sessão da tarde tenha principalmente um carácter de recuperação. O emprego de dois treinos básicos diários pode justificar-se somente quando os atletas de um nível de actuação muito alto tenham que estimular o organismo num período de tempo limitado.

• Existe o perigo de que várias sessões de treino diárias podem levar ao esgotamento e a um sobretreino. Para evitar isto requere-se uma cooperação estreita entre o treinador e o médico, como também o acesso a análises bioquímicas. Ao mesmo tempo, é essencial Ter em conta duas importantes razões para que se produza uma fadiga extrema:

• 1. A falta de uma sequência racional na ordem das diferentes cargas de treino.

• 2. Deixar de considerar a influência da carga prévia sobre o organismo dos jogadores na planificação da carga seguinte.

8. A sessão de treino• É a unidade mais pequena do programa de treino. A estrutura da

sessão está dirigida para alcançar um efeito de treino máximo namodalidade eleita.

• O seu conteúdo tem relação com os períodos de treino e a estrutura dos microciclos. O conteúdo das sessões de treino tende a homogeneizar-se para um só tipo de capacidade física fundamentalmente desenvolvida na sessão; as sessões complexas têm vantagens em certos momentos para simular situações que possam ocorrer na competição, onde se podem encontrar uma multiplicidade de possibilidades, sobretudo em desportos de alta complexidade, como é o caso do futsal.

• Dentro do microciclo, as sessões encontram-se enlaçadas à precedente e à posterior, não devendo considerar-se nunca como unidades isoladas.

• De acordo com resultados experimentais (Satori y Tschiene, 1988), uma interacção positiva de cargas funcionalmente diferentes de resistência ocorre nas seguintes combinações:• Exercícios anaeróbios alácticos seguidos de exercícios aeróbios;• Exercícios anaeróbios lácticos seguidos por exercícios aeróbios;• Exercícios anaeróbios alácticos seguidos por exercícios anaeróbios

lácticos.

• No caso de ser necessária uma maior complexidade, a ordem proposta para a correcta alternância de capacidades segundo Bompa (1983) é:• Exercícios para aprender e aperfeiçoar a técnica e a táctica;• Desenvolvimento da velocidade e da coordenação;• Desenvolvimento da força;• Desenvolvimento da resistência.

• Esta ordenação deve ser seguida nos desportos de equipa – futsal – onde a competição exige uma utilização simultânea ou alternada de todas as capacidades motoras.

• A sessão de treino compõe-se de:• 1. Introdução: produz-se a chamada de atenção para o início da sessão. Os

desportistas aproximam-se do treinador e explica-se brevemente a tarefa a realizar, os objectivos da mesma e como atingi-los. A duração será de uns 3-5 ‘, dependendo do conhecimento e experiência por parte dos desportistas. Organizam-se os grupos no caso de ser necessário.

• 2. Aquecimento: é uma preparação tanto física como psicológica para as tarefasa realizar posteriormente. O organismo tem uma certa inércia e não se pode esperar que reaja de forma imediata para realizar grandes prestações. A temperatura corporal aumenta, a actividade do sistema nervoso central estimula-se, prevenindo-se o aparecimento de lesões. Acaba quando existem sintomas de que o desportista aumentou a temperatura corporal, por exemplo, existe uma sudação como consequência dos exercícios realizados.

• O aquecimento é geral ao início, mas termina-se com exercícios específicos, tanto físicos como técnicos, aumentando progressivamente a intensidade dos exercícios utilizados.

• A duração do mesmo vai de 15-20’ a 45’ em função da duração da sessão ou da competição.

• 3. Parte Principal: Nela desenvolve-se o objetivo fundamental da sessão. A ordem das partes que a compõem já explicámos anteriormente. È necessário cuidar, dentro desta fase de aspectos relativos às características das cargas aplicadas e às suas correspondentes recuperações imediatas. A alternância entre objectivos, grupos musculares e capacidades motoras, pode ser crucial para o desenvolvimento da sessão.

• Deve procurar-se não desenvolver mais de dois objectivos.• 4. Conclusão: Retorno à calma, todos aqueles aspectos do

organismo estimulados voltam ao seu estado de repouso; esta fase ajuda a facilitar a posterior recuperação. Exercícios suaves, flexibilidade, saunas, banhos quentes, massagens, etc... Podem utilizar-se como parte desta parte da sessão. O treinador informa da consecução dos objectivos propostos.

Características específicas da programação em função da idade e o sexo dos desportistas

• A preparação de qualquer desportista deve seguir um perspectiva individualizada até onde seja possível, já que não existem organismos iguais. As diferenças entre idades devem ter-se muito em conta, sobretudo quanto à maturação biológica dos desportistas.

• Assim podemos encontrar desportistas no nível inicial com uma idade muito jovem que tenham uma maturação biológica acima ou abaixo da que corresponde à sua idade.

• Da mesma forma, o nível inicial não significa que seja similar a uma idade concreta, já que uma pessoa pode começar a aprender a jogar futsal com 25 anos e outra com 10 anos; em ambos os casos, o nível inicial poderá ser o mesmo mas com uma maturação biológica obviamente distinta.

• No que diz respeito ao sexo devem ter-se em conta iguais considerações. Nas idades muito jovens, fundamentalmente na idade escolar, as diferenças apenas são perceptíveis, a partir da puberdade, onde passam a ser claras e transcendentais.

• A idade de maturação por parte da mulher é sempre mais cedo que o homem, o que permite que o treino possa ter diferenças apreciáveis quanto ao tipo de trabalho e às cargas de treino. No entanto, há que ressalvar que uma vez passada a puberdade, os homens superam amplamente as mulheres em actividades em que sejam aplicadas as capacidades motoras básicas (força, resistência e velocidade).

• No entanto nas capacidades qualitativas, a aplicação da habilidade motora sem que se encontre condicionada pelas capacidades básicas, os níveis podem ser semelhantes.

• Para atingir um estado óptimo de forma desportiva e manter um nível adequado durante anos, é conveniente respeitar as diferenças idades desde a idade jovem e ajustar as cargas de trabalho ao nível do organismo.

• A prática desportiva demonstra claramente, que não podem alcançar-se os rendimentos máximos sem previamente serem edificadas basessólidas durante a infância e a adolescência. Isto exige uma planificação sistemática do processo de treino a longo prazo.

• O processo de treino a longo prazo vai desde o treino das promessas até ao treino de alto nível. A distribuição realiza-se sem ter em conta a idade, já que por exemplo em ginástica ou em natação, os jovens seguem um treino de alto nível, enquanto que em outras modalidades e nas mesmas idades, acabaram de iniciar-se e estão situados ao nível de promessas.

• O objectivo do processo de treino a longo prazo é elevar progressivamente as exigências (cargas) do treino, de maneira que se obtenha uma melhoria constante da capacidade de rendimento.

• A capacidade de rendimento depende das capacidades motoras, técnicas, tácticas e intelectuais. Para alcançar o mais alto nível possível em cada um dos componentes da capacidade de rendimento,requere-se uma planificação sistemática e metódica do processo de treino.

Treino de jovens promessas• Quanto ao treino dos jovens promessas, há que ter em

conta dois pontos:• O treino dos principiantes;• O treino dos adiantados.

• O treino dos principiantes, que também se denomina treino de base, corresponde às seguintes finalidades:• Formação de base polivalente com orientação desportiva;• Utilização de meios e métodos variados de treino com efeitos

gerais;• Aquisição de técnicas de base por meio do estabelecimento de um

amplo leque de habilidades motoras básicas.

• O treino dos sujeitos adiantados ou também chamado de treino de construção, tem os seguintes objectivos:• Prosseguir o desenvolvimento das bases estabelecidas no treino dos

principiantes;• Orientação mais precisa do treino, segundo as necessidades particulares da

disciplina desportiva escolhida;• Aumento progressivo da especificidade dos métodos e meios de treino

utilizados;• Criação de condições que permitam a transição até ao treino de alto nível;• Aumento do volume e da intensidade, tendo em conta a capacidade psicológica

para suportar elevadas cargas de treino.

• O desenvolvimento do treino dos principiantes e dos sujeitos adiantados deve estar correlacionado com a idade na qual se alcança geralmente o rendimento máximo.

• Deste modo, o aumento progressivo do rendimento permitirá fazer coincidir o seu ponto culminante com o máximo alcançado no desporto correspondente.

Treino para os desportistas de nível elevado• O processo de treino para os desportistas de alto nível tem uma serie

de objectivos que se diferenciam dos outros níveis de rendimentodesportivo. Em linhas gerais, os objectivos do treino de alto nível são os seguintes:• Alcançar o máximo rendimento individual;• Crescimento óptimo do volume e da intensidade cada vez mais específicos;• Aperfeiçoamento, estabilização e disponibilidade da técnica desportiva;• Melhoria ou manutenção do rendimento durante o maior tempo possível.

• Para garantir a direcção óptima do processo de treino a longo prazo é preciso conhecer as condições iniciais, as particularidades do desenvolvimento do processo de treino e os objectivos finais que se pretendem alcançar.

Periodicidade durante a infância e a adolescência• O objectivo razoável da procura do rendimento deveria ser conduzido

prudentemente nas crianças e adolescentes. Tendo em conta as particularidades físicas e psíquicas nas diversas etapas do desenvolvimento da criança, este deve obter rendimentos óptimos nos períodos etários em que a capacidade de rendimento se encontre no seu ponto máximo. A dupla periodização não deve ser utilizada para estas categorias de idade, pois as pretensões excessivas do organismo podem perturbar as aprendizagens escolares.

• O esquema de periodicidade e de estruturação do treino e as competições com as crianças em idade escolar, deve oferecer uma correcta coordenação com o trabalho para evitar interferências que impeçam conseguir uma participação conveniente nos desportos eleitos.

• Os seguintes pontos podem servir de referência:• Respeitar o calendário escolar, determinado pelas férias;• A participação em competições durante todo o ano faz que o treino não

apareça como um objectivo em si mesmo: ganha-se em variedade e, portanto, em eficácia.

• As competições são um meio de controle permanente dos efeitos do método e dos meios de treino aplicados, para poder orientar bem o desenvolvimento da capacidade de rendimento.

• Os períodos de treino relativamente curtos garantem uma recuperação e uma restauração suficientes, o que é indispensável para o organismo das crianças.

• Há que insistir sobre o ponto de que as competições servem sobretudo como meio de variação do treino, mantendo a motivação.Não devem perturbar o processo de treino a longo prazo com uma preparação particular.

Diferenças entre sexos na planificação das actividades desportivas• Há que começar por ressalvar, que as diferenças entre sexos se

encontram a partir da puberdade, pois as hormonas masculinas proporcionam uma clara diferença quanto ao rendimento nas capacidades motoras. Assim, segundo Astrand e Rodahl (1986), em relação à resistência aeróbica, as manifestações antes da puberdade não demonstram diferenças significativas na potência aeróbicamáxima.

• A partir de então, a potência das mulheres é em média 70 a 75% da dos homens. Em ambos os sexos existe um máximo até aos 18-20 anos, seguido por um gradual declínio no consumo de oxigénio.

• Aos 65 anos o valor médio ao redor de 70% do que apresenta um indivíduo de 25 anos.

• O consumo máximo de oxigénio para o homem médio de 65 anos é o mesmo que o típico numa mulher de 25 anos.

• Deve observar-se a variação individual. Muitos sujeitos mais velhos possuem uma potência máxima superior à que se encontra em muitosindivíduos muito mais jovens.

• Como na maior parte dos casos, um treino regular em pessoas previamente treinadas pode aumentar o consumo máximo de oxigénionum valor não superior entre 10 a 20%. É evidente que os valoresinatos representam o factor mais importante que determina o máximo do indivíduo.

• Com respeito aos níveis de força podem manifestar-se as mesmas conclusões. Nas mulheres adultas, a força de qualquer grupo muscular é inferior à dos homens da mesma idade. Em média, a força muscular das mulheres é ao redor de 2/3 menor que a dos homens.

• Deve ter-se em conta uma diferença nas dimensões corporais quando avaliamos a variação de força com o sexo e idade.

• Se a mulher com a mesma idade é menor em estatura, pode-se deduzir que a força nas mulheres chega ao redor de 80% da dos homens. Nos jovens, esta diferença vem marcada, como assinalámosanteriormente, pelas mudanças hormonais.

• Na prática de provas dinâmicas, como as corridas rápidas e os saltos, a força muscular adquire grande importância. Nessas provas, as raparigas com cerca de 12 anos actuam a par ou ligeiramente abaixo dos rapazes da mesma idade.

• Entre os 12 e os 18 anos, os rapazes têm uma melhoria dos resultados, numa medida muito superior à que previríamos sobre a base do aumento do seu tamanho corporal. Nas raparigas não se produz uma melhoria comparável.

• As conclusões que se podem assumir com respeito à idade e ao sexo na diferença do nível de força são:• Um aumento do tamanho das dimensões anatómicas;• Os resultados do próprio aumento pela idade (um ano mais aumenta a força

entre uns 5-10% da força média do mesmo grupo de estaturas);

• O desenvolvimento da maturidade sexual dos rapazes (sendo provavelmente as hormonas sexuais masculinas de especial importância para este efeito).

• Na realidade, ao redor de um terço do aumento da estatura corporal produz-se entre os 6 e os 20 anos, mas durante este mesmo período realizam-se as quatro quintas partes do desenvolvimento da força.

• No que diz respeito às adaptações no exercício físico poderemos manifestar o mesmo. Quer dizer, que os rapazes, quando completama puberdade, conseguem adaptar-se melhor à actividade física que as mulheres da mesma idade.

• Isto permite uma aplicação de cargas maiores e portanto, também tempos menores para recuperar os parâmetros de prestação ante umnovo conjunto de estímulos de treino.

• Na planificação das actividades físicas haverá que ter em conta este facto, já que ante cargas iguais para rapazes e raparigas, encontrar-nos-emos com tempos de adaptação distintos devido às diferenças sexuais, sem esquecer outras variáveis expostas anteriormente (grau de treino, nível conseguido, etc...).

• As mulheres em média, necessitam mais tempo para repetir a mesma carga em condições óptimas, com respeito aos rapazes com idade e nível de treino semelhante.

Um exemplo concreto de Planificação e ProgramaçãoO Clube de Condeixa 1999-2000

3ª Divisão Nacional

CLUBE DE CONDEIXA FUTEBOL DE 5

SÉNIORES MASCULINOS

1999 2000 AGOSTO SETEMB

. OUTUBR

O NOVEM

B. DEZEM

B. JANEIR

O FEVER. MARÇO ABRIL MAIO

PERÍODOS PERÍODO PREPARATÓRIO I

PERÍODO COMPETIT

IVO I

PERÍODO PREP.

II

PERIODO COMPETITIVO II

PERÍODO ESPECIAL TORNEIOS

CICLOS PREPARATÓRIO GERAL

PREP. ESPEC

IF.

COMPETITIVO I

PERÍODO

ESPECIF.

PERÍODO COMPETITIVO II

FASE FINAL

MESOCICLOS

I II III IV V VI VII VIII IX X

FORÇA ADAPTAÇ.

ANATÓM.

FORÇA MÁXIMA

FORÇA EXPLOS

IV

MANUTENÇ

FORÇA MÁXIM

A

FORÇA EXPLOSI

V

MANUTENÇÃO

VELOCIDADE

RESISTÊNCIA CAPACIDADE AERÓBICA

INTERVALADA

CAPACIDADE AERÓBICA

INTERVALADA E POTÊNCIA AERÓBIA

RESISTÊNCIA ESPECIFICA MISTA

CAPACIDADE AERÓBICA

INTERVALADA

RESISTÊNCIA ESPECIFICA MISTA

CURVA FORMA

TESTES Vo2 MAX.

Distribuição da Carga Física no Per.Preparatório 99/00

F. Resist19%

F. Explos0%

Cap. Aera17%

Pot. Aera22%

Velocidade22%

Anaer. Láctica3%

Reg./CA17%

Distribuição da Carga Física no Per.Competitivo 99/00

F. Resist0%

Cap. Aero13%

Pot. Aero24%

Velocidade24%

Anaer. Láctica13%

Reg./CA13%

F. Explos13%

Distribuição de Volume e Intensidade na 1ªSemana do PP-99/00

9085

8085

0

95

0

7580

7580

0

75

00

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

SEG TER QUAR QUIN SEXT SABA DOMI

Capacidades Motoras

Perc

enta

gens

VOLUME INTENSIDADE

Distribuição da Carga Física na Época -99/00

19

0

17

22 22

3

17

0

13 13

24 24

13 13

0

5

10

15

20

25

30

F. Resist F. Explos Cap. Aero Pot. Aero Velocidade Anaer.Láctica

Reg. /CA

Capacidades Motoras

Perc

enta

gens

P.Prepar. P. Compet.