PRODUÇÃO DE BEBIDA ALCOÓLICA À BASE DE...

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENGENHARIA QUÍMICA GUSTAVO MACHADO DE LIZ PRODUÇÃO DE BEBIDA ALCOÓLICA À BASE DE PINHÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PONTA GROSSA 2017

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ENGENHARIA QUÍMICA

ENGENHARIA QUÍMICA

GUSTAVO MACHADO DE LIZ

PRODUÇÃO DE BEBIDA ALCOÓLICA À BASE DE PINHÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PONTA GROSSA

2017

GUSTAVO MACHADO DE LIZ

PRODUÇÃO DE BEBIDA ALCOÓLICA À BASE DE PINHÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Química, do Departamento Acadêmico de Engenharia Química, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Helene Giovanetti Canteri.

PONTA GROSSA

2017

Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Câmpus Ponta Grossa Departamento Acadêmico de Engenharia Química

TERMO DE APROVAÇÃO

Produção de Bebida Alcoólica à Base de Pinhão

Por

Gustavo Machado de Liz

Monografia apresentada no dia 10 de novembro de 2017 ao Curso de Engenharia Química da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Ponta Grossa. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

____________________________________

Prof.a Dr.

a Juliana de Paula Martins

(UTFPR)

____________________________________

Mestre Luciano Moro Tozetto

(UTFPR)

____________________________________

Prof.a Dr.

a Maria Helene Giovanetti Canteri

(UTFPR)

Orientadora

_________________________________

Prof.a Dr.

a Juliana de Paula Martins

Responsável pelo TCC do Curso de Engenharia Química

A folha de aprovação assinada encontra-se na coordenação do curso

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a minha orientadora Prof.a Dr.a Maria Helene

Giovanetti Canteri, pelos conhecimentos e orientação que me auxiliaram durante o

trabalho e também pela grande disponibilidade para auxílio durante as pesquisas.

Ao Mestre Luciano Moro Tozetto, pelo auxílio e dicas no início do trabalho.

Agradeço à minha família por todo o apoio e suporte dado durante esta

etapa da minha vida.

Ao meu Supervisor de Estágio, o Sr. Aldo Henrique de Souza Costa, por

entender a necessidade de me ausentar do estágio para realizar experimentos do

trabalho.

Por fim agradeço à todos que de alguma forma puderam contribuir em

alguma etapa de toda a pesquisa.

A forma mais segura de garantir a preservação da nossa tão amada Araucária, símbolo do Paraná, é a exploração econômica de seus produtos não madeiráveis, dentre eles o pinhão. Desta forma “o pinheiro irá valer muito mais em pé do que deitado” (ZANETTE, 2012).

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Araucaria angustifolia ................................................................................ 06

Figura 2 - Exemplares de pinhão .............................................................................. 09

Figura 3 - Esquema resumido da glicólise................................................................. 14

Figura 4 - Destino do piruvato na fermentação alcoólica na levedura ....................... 14

Figura 5 - Reação química da fermentação etanólica ............................................... 15

Figura 6 - Gráfico de Pareto ...................................................................................... 24

Figura 7 - Efeito do tempo e temperatura no ºBrix, com razão fixa em 1:3 ............... 25

Figura 8 - Efeito da temperatura e razão no ºBrix, fixando-se o tempo em 30 minutos .................................................................................................................................. 26

Figura 9 - Efeito do tempo e da razão no ºBrix, mantendo a temperatura fixa no ponto central. ............................................................................................................. 27

Figura 10 - Processo de produção ............................................................................ 28

Figura 11 - Produto final ............................................................................................ 30

Quadro 1 - Aplicação industrial do amido ................................................................ 011

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição média do pinhão cru em g/100g ............................................ 8

Tabela 2 - Preço médio do pinhão e o volume vendido durante o ano de 2002 no estado do Paraná ...................................................................................................... 10

Tabela 3 - Planejamento de experimento para otimização da hidrólise .................... 20

Tabela 4 - Atividade enzimática frente à diluição ...................................................... 22

Tabela 5 - Resultados dos experimentos .................................................................. 23

Tabela 6 - Análise de Variância ................................................................................. 23

Tabela 7 - Temperaturas na região de Ponta Grossa ............................................... 28

Tabela 8 - Densidade e ºBrix inicial e final ................................................................ 29

Tabela 9 - Propriedades do produto final .................................................................. 30

RESUMO

DE LIZ, Gustavo Machado. Produção de bebida alcoólica à base de pinhão. 2017. 36 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado Engenharia Química) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa, 2017.

O pinhão é a semente da Araucária, árvore de extrema importância socioeconômica do sul do Brasil, muito desmatada na década de 70. Hoje, o pinhão é o principal produto da árvore e pode garantir a conservação da mesma. Pouco se conhece sobre a industrialização da semente, fonte de alimento muito rica em carboidratos, principalmente amido. Neste trabalho, propôs-se a produção de uma bebida através da hidrólise com α-amilase e consequente fermentação da semente. Para a hidrólise, foi feito um planejamento de experimentos variando-se temperatura, razão pinhão/água e tempo. A variável com maior influência na hidrólise foi a temperatura, sendo 97 ºC o ponto ótimo. A hidrólise foi parcial e resultou em baixa quantidade de açúcares fermentescíveis. Já, a atividade enzimática foi testada frente a sua diluição e constatou-se que quanto maior a concentração de enzimas melhor é o seu efeito degradante. A produção da bebida foi realizada com as condições ótimas de hidrólise obtidas no planejamento de experimento e a fermentação ocorreu por sete dias à temperatura ambiente. O produto final apresentou 3,0 ºGL de álcool, sabor amargo, ácido e textura seca, não se mostrando um produto de aceitação no mercado. Sugere-se a destilação como forma de eliminar sabores desagradáveis, porém a baixa quantidade de álcool inviabiliza o processo.

Palavras-chave: Pinhão. Araucária. Amido. Hidrólise.

ABSTRACT

DE LIZ, Gustavo Machado. Production of alcoholic beverage based on pinion. 2017. 36 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Química) - Federal Technology University - Parana. Ponta Grossa, 2017.

Pine nut is the seed of Araucaria, three extremely important for the society and economy of the Brazil´s South and severely deforested in the 1970s. Today, the pine nut is the principal product of this three and it ensures his conservation. The industrialization of the seed is few known, although it is a source of food and very rich in carbohydrates, mainly starch. In this work, it was proposed to produce a beverage through hydrolysis with α-amylase and consequent fermentation of the seed. To the hydrolysis, an experiment was planned varying temperature, proportion pine nut /water and time. The variable that most influenced hydrolysis was the temperature, with 97 ºC as the optimum point. The hydrolysis was partial resulting in a low amount of fermentable sugars. The enzymatic activity was tested against its dilution and it was found that the higher the enzyme concentration, the better its degrading effect. The beverage production was performed with the optimum hydrolysis conditions obtained in the experiment planning and the fermentation occurred for seven days at room temperature. The final product presented 3,01 ºGL of alcohol, bitter taste, acid and dry texture, not showing itself to be a product of acceptance in the market. Distillation is suggested as a way to eliminate unpleasant flavors, but the low amount of alcohol made the process unfeasible.

Keywords: Pine. Araucaria. Starch. Hydrolysis.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 3

2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 5

2.1 GERAL ............................................................................................................. 5

2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................. 5

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 6

3.1 ARAUCÁRIA .................................................................................................... 6

3.1.1 Conservação da Araucária............................................................................. 6

3.2 PINHÃO ........................................................................................................... 8

3.2.1 Aspectos Sociais e Econômicos do Pinhão ................................................... 9

3.3 AMIDO ............................................................................................................. 10

3.3.1 Hidrólise do Amido ......................................................................................... 11

3.3.2 Bebidas Alcoólicas à Base de Amido ............................................................. 12

3.4 FERMENTAÇÃO.............................................................................................. 13

3.4.1 Leveduras ...................................................................................................... 16

3.4.2 Adjuntos ao Processo de Fermentação em Bebidas Alcoólicas .................... 16

3.5 DESTILAÇÃO .................................................................................................. 17

4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 19

4.1 AMOSTRAS ..................................................................................................... 19

4.2 VERIFICAÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA ................................................ 19

4.3 OTIMIZAÇÃO DA HIDRÓLISE DO AMIDO ..................................................... 19

4.4 PRODUÇÃO DA BEBIDA ................................................................................ 20

4.5 ANÁLISES DO PRODUTO FINAL ................................................................... 21

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 22

5.1 VERIFICAÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA ................................................ 22

5.2 OTIMIZAÇÃO DA HIDRÓLISE ........................................................................ 22

5.3 PROCESSO DE PRODUÇÃO DA BEBIDA ..................................................... 28

5.4 ANÁLISE DO PRODUTO FINAL...................................................................... 29

6 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 31

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 32

3

1 INTRODUÇÃO

O pinhão é a semente da Araucaria angustifolia, árvore popularmente

conhecida como pinheiro-do-paraná, espécie de extrema importância

socioeconômica do Sul do Brasil, também presente no sul dos estados da região

Sudeste, como São Paulo e Minas Gerais. De ocorrência sazonal, desenvolve-se

dentro de pinhas fechadas, que amadurecem e irrompem no final do outono e

durante o inverno do hemisfério sul (SANTOS, 2002).

Essa semente é uma relevante fonte de alimento tanto para as espécies

naturais das áreas em que estão presentes as araucárias, quanto para os humanos,

que coletam e exercem o comércio da semente para fins alimentícios. A parte

comestível é basicamente constituída de amido, sendo uma boa fonte de

carboidratos complexos (CORDENUNSI et al., 2004).

Pouco se conhece sobre a industrialização do pinhão, porém se sabe que

apresenta grande importância na economia e culinária típica, sobretudo no interior

dos estados em que a araucária é nativa, por ser fonte de emprego e renda para os

envolvidos na produção e comércio das sementes, mas sem atingir escala industrial.

Uma das vertentes para a valorização do pinhão refere-se ao seu processamento

que permite estender o período de oferta do produto, bastante limitado pelo baixo

grau de industrialização (BALBINOT et al., 2008).

A carência de produtos elaborados com pinhão constitui em um dos

principais entraves da cadeia produtiva da espécie, sendo de sumo interesse o

desenvolvimento e a disponibilização de produtos de maior valor agregado (CORSO

et al., 2002), com possível aumento de renda para as comunidades rurais que se

beneficiam do comércio do pinhão. Todavia, deve-se frisar a relevância de se

preservar a espécie, garantindo a conservação das áreas remanescentes. Devido a

essa falta, há a necessidade da criação de novos processos ou produtos, que

tragam essa agregação de valor a semente, uma vez que, após a proibição do corte

da araucária pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), a espécie

desvalorizou economicamente e, por consequência, houve uma perda no interesse

de conservação da mesma (DANNER; ZANETTE; RIBEIRO, 2012).

No ramo da culinária, o pinhão está presente em uma série de pratos típicos,

como a paçoca, entrevero, a sopa de pinhão, doces, bolos em geral, com avanços

na valorização do mesmo como alimento (GODOY et al., 2013). Também são

4

encontradas bebidas utilizando o pinhão, como no caso das cervejas, que utilizam a

semente como adjunto do malte em sua fabricação. Dentre elas, destaca-se a

Insana Pinhão, produzida pela cervejaria Insana da cidade de Palmas no Paraná,

que carrega em sua essência a ideia de proteger as araucárias e o ecossistema em

volta (GAZETA DO POVO, 2015).

Segundo Acselrad e colaboradores (2012), o Brasil é um dos principais

produtores de bebidas alcoólicas no mundo, movimentando milhões em um mercado

com destaque na economia do país. Neste âmbito, surge a possibilidade de se

produzir uma bebida alcoólica a partir do pinhão. Por ser constituído basicamente de

amido, esse pode ser processado, mediante sua sacarificação e posterior

fermentação para se obter tal produto, fomentando a sua cadeia produtiva, pela

agregação de valor por intermédio da industrialização da bebida.

Em função de que a madeira do pinheiro-do-paraná teve seu comércio

proibido, deixando de ser o principal subproduto derivado da espécie, cabe ao

pinhão assumir esse posto. Diante deste cenário, se observa a necessidade de

desenvolver um produto de alto valor agregado a partir da semente, que, por

consequência, poderá trazer de volta o interesse pela conservação da araucária e

assim garantir a sua preservação.

5

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Estabelecer o protocolo de produção de uma bebida alcoólica a partir da

fermentação das sementes de Araucaria angustifolia (pinhão).

2.2 ESPECÍFICOS

- Otimizar as condições de hidrólise do amido presente no pinhão, com

relação ao tempo e temperatura do processo.

- Realizar o acompanhamento da fermentação por meio da quantidade de

sólidos solúveis (ºBRIX).

- Verificar se o pinhão, após ser fermentado isoladamente, alcança produção

satisfatória de álcool.

- Elaborar e descrever um diagrama para o processo de produção da bebida

alcoólica a partir do pinhão.

- Realizar a caracterização físico-química quanto ao teor alcoólico e acidez

do produto final.

.

6

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 ARAUCÁRIA

A araucária (Araucaria angustifolia), conhecida também como pinheiro-do-

paraná (figura 1), é uma espécie encontrada em densos agrupamentos nos três

estados do Sul do Brasil, sendo também encontrada em pequenas porções na

região sul de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (SANTOS et al., 2002)

Diversos subprodutos podem ser obtidos da araucária, tanto madeiráveis

como não madeiráveis. Entre os não madeiráveis, destaca-se o pinhão (semente de

árvore), como forma de alimento apreciado tanto pelo homem, quanto pela fauna

silvestre (SANTOS et al., 2002). Já com relação aos madeiráveis, destaca-se a

madeira em si, por possuir alto teor de celulose para a fabricação de papel e

também por ser de alta qualidade para construções, características que levaram a

Araucaria angustifolia a ser um dos produtos mais importantes na exportação

brasileira durante várias décadas (DANNER; ZANETTE; RIBEIRO, 2012).

Figura 1 - Araucaria angustifolia Fonte: G1 (2015)

3.1.1 Conservação da Araucária

Segundo Stefenon, Nodari e Reis (2003), durante a década de 70, a espécie

foi desordenadamente explorada em função do comércio madeireiro. Dados

apontam que 90% de cerca de um milhão de metros cúbicos de madeira exportada

pelo país era de araucária. Tal exploração fez com que a espécie fosse classificada

como vulnerável na Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de

7

Extinção (Port. 37-N/92) (IBAMA, 2002). Em 2001, o Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA), publicou uma resolução que suspendeu o corte e exploração

das espécies presentes na lista oficial do IBAMA em populações naturais

(FIGUEIREDO et al., 2009). Porém, essa proibição do uso da madeira ocasionou a

desvalorização econômica da espécie, bem como a perda de interesse em sua

conservação, o que por sua vez estimula proprietários rurais a impedir a sua

regeneração natural (DANNER; ZANETTE; RIBEIRO, 2012).

A Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (EMBRAPA) possui

diversas estratégias para garantir a conservação da araucária. Em um de seus

projetos, chamado “Uso e conservação da araucária na agricultura familiar”, busca

aproximar os proprietários rurais da ideia de preservação da espécie, contando com

a colaboração dos mesmos para identificar árvores com diferentes características,

destinadas a programas de melhoramento genético, a fim de se obter árvores que

tragam maior retorno econômico pela produção de pinhões e madeira, tornando o

produtor rural um grande aliado na preservação da espécie ameaçada (EMBRAPA,

2015).

O Ministério do Meio Ambiente (MMA), também possui ações visando à

conservação da espécie. No ano de 2003, o MMA criou o Grupo de Trabalho

Araucárias Sul, com o objetivo de realizar ações de conservação e recuperação dos

remanescentes da Floresta de Araucária, por meio da criação de unidades de

conservação. O MMA também apoia projetos que buscam o manejo sustentável da

Araucaria angustifolia, bem como a promoção da cadeia de valor do pinhão, como

evidenciou-se em sua Chamada 11 de Projetos, publicada em 2011. Os projetos

escolhidos tinham a intenção de trazer significativos avanços na cadeia de

comercialização e na consequente valorização do pinhão como alimento (DANNER;

ZANETTE; RIBEIRO, 2012).

Enfim, a forma mais segura de garantir a preservação da araucária, árvore

símbolo do Paraná, é a exploração econômica de seus produtos não madeiráveis,

dentre eles o pinhão. Desta forma, o pinheiro irá valer muito mais “em pé do que

deitado” (ZANETTE, 2012).

8

3.2 PINHÃO

O pinhão, a semente da Araucaria angustifólia, é um alimento muito rico em

carboidratos, principalmente amido (Tabela 1), além de conter quantidades

significativas de minerais essenciais à vida (SILVA et al., 2013). Por ser altamente

nutritivo, garante a alimentação de diversas espécies animais, sendo as principais os

pássaros e roedores, mas também é bastante consumido por humanos nos meses

de outono e inverno nas regiões Sul e Sudeste do país (LEITE, 2007).

Tabela 1 - Composição média do pinhão cru em g/100g

Propriedades Pinhão cru

Umidade 49,5 ± 0,02

Cinzas 1,60 ± 0,01

Proteínas 3,57 ± 0,05

Lipídios 1,26 ± 0,07

Fibras solúveis 0,63 ± 0,13

Fibras insolúveis 4,26 ± 0,20

Amido 36,28 ± 0,11

Açúcares solúveis 2,43 ± 0,16

Fonte: Condenunsi et al. (2004)

Para se obter as sementes, é feita uma colheita artesanal e extrativista na

época em que estão maduras, geralmente entre abril e junho. Essas são

encontradas em forma de pinha nos galhos da araucária e quando a pinha

“desfalha”, cai no chão e solta o pinhão. As pinhas também podem ser derrubadas

de forma manual prematuramente (EMBRAPA, 2014; SANTOS et al., 2002). A figura

2 ilustra algumas sementes de araucária.

9

Figura 2 - Exemplares de pinhão

Fonte: EMBRAPA (2014)

Segundo Leite (2007), já há 6000 anos atrás, os indígenas que viviam no sul

do Brasil consumiam este alimento, sendo encontrados restos de cascas de pinhões

junto aos carvões das fogueiras acesas por estes antigos grupos que habitavam a

mata de araucária. Algumas tribos, como os Caigangues e os Guaranis, consomem

o pinhão cozido desde a sua origem até os dias de hoje, sendo esse o seu principal

alimento durante o inverno.

3.2.1 Aspectos Sociais e Econômicos do Pinhão

Culturalmente, o consumo de pinhão já está estabelecido na região Sul do

país por fazer parte da história da população dessa região há milhares de anos;

sendo assim, é imprescindível sua presença nas festas que ocorrem durante o

inverno. Esses eventos favorecem a geração de renda de um município ou região,

pois neles se comercializam toneladas de pinhão. Pode-se citar como exemplo a

Festa Nacional do Pinhão em Lages/SC, a Festa do Pinhão em São José dos

Pinhais/PR e a Feira do pinhão em Curitiba/PR (DANNER; ZANETTE; RIBEIRO,

2012; SANTOS et al., 2002)

Sendo um alimento notável e nutritivo há milhares de anos para os povos do

Sul do Brasil, a importância econômica do pinhão para os estados em que a

araucária se desenvolve naturalmente é significativa, pois movimenta o mercado da

região. No ano de 2011, foram comercializados 3.399 toneladas de pinhão nos

mercados atacadistas (CEAGESP, de São Paulo, e CEASA’s do Rio Grande do Sul,

10

Santa Catarina e Paraná) (DANNER; ZANETTE; RIBEIRO, 2012). Já Santos et al.

(2002), indicaram que, em 2001, a quantidade comercializada somente no estado do

Paraná foi 952.320 kg. A tabela 2 apresenta a origem do pinhão comercializado no

Paraná, bem como o volume e o preço médio.

Tabela 2 - Preço médio do pinhão e o volume vendido durante o ano de 2002 no estado do

Paraná

Procedência Preço médio (R$/kg) Volume (kg)

Espírito Santo 1,65 500

Minas Gerais 0,98 150.790

Paraná 1,03 344.239

Rio Grande do Sul 1,40 116.851

Santa Catarina 1,30 31.340

São Paulo 0,86 308.600

Total 1,03 952.320

Fonte: Santos et al. (2002)

Com relação ao fluxo de comercialização do pinhão, nota-se um baixo grau

de industrialização, como consequência dos aspectos culturais e das restrições

advindas da sazonalidade e quantidade produzida do produto. A cadeia produtiva do

pinhão caracteriza-se mais como canal de comercialização, uma vez que é coletado

pelos agricultores e vendido diretamente aos consumidores. Isso evidencia alguns

contrapontos à comercialização de grandes volumes, principalmente por não

existirem técnicas aprimoradas para sua conservação e também impõe obstáculos

com relação à agregação de valor, por ter um baixíssimo ou quase nulo grau de

industrialização, o que demonstra a necessidade de se desenvolver pesquisas a

respeito de novos produtos industrializados do pinhão, bem como de técnicas de

conservação, para assim ofertá-lo o ano todo (SANTOS et al., 2002).

3.3 AMIDO

O amido é um polissacarídeo com características físicas e aspectos

nutricionais que o destaca dos demais carboidratos, sendo a reserva alimentar

11

predominante em vegetais, fornecendo 70-80% das calorias de consumo humano no

mundo. Para se obter os amidos comerciais, as principais fontes são sementes de

cereais, como milho, trigo, arroz e também de tubérculos e raízes como a batata e a

mandioca. No quadro 1, são apresentados alguns exemplos da aplicação do amido

(DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010).

Indústria Utilização de amido/ amido modificado

Alimentícia Modificador de viscosidade, filmes comestíveis, agente de brilho

Adesiva Adesivo

Papeleira Adesivo, dimensionamento, revestimento

Têxtil Dimensionamento, finalização e estampagem

Farmacêutica Diluente, aglutinante, encapsulamento

Perfuração de petróleo Modificador de viscosidade

Detergente Tensoativos, agente de suspensão e agente clareador

Agrícola Pesticidas e cobertura de sementes

Plásticos Embalagens de alimentos

Cosmética Cremes e talcos

Purificação Floculador

Quadro 1 - Aplicação industrial do amido

Fonte: Liu (2005)

O amido distingue-se dos demais carboidratos pelo fato de que ocorre na

natureza, em grandes partículas características chamadas de grânulos, insolúveis e

que se hidratam pouco em água fria. A maioria destes grânulos é composta de uma

mistura de dois polímeros, um polissacarídeo linear e outro ramificado, chamados

respectivamente de amilose e amilopectina. A amilose é uma macromolécula com

ramificações curtas e compõe cera de 25% dos amidos, já a amilopectina é extensa

e altamente ramificada, constituindo mais ou menos 75% da maioria dos amidos

comuns (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010).

3.3.1 Hidrólise do Amido

Por ser constituído de cadeias muito grandes, o amido não é diretamente

fermentescível, necessitando de hidrólise prévia, para quebrar suas cadeias e assim

12

liberar a glicose. Para a realização do processo de hidrólise são necessários água e

agentes químicos ou enzimáticos (TORRES; LEONEL; MISCHAN, 2012).

Comercialmente, o processo com agentes químicos, dá-se pela adição de

ácido clorídrico aos amidos bem misturados, seguido de aquecimento até que o grau

de despolimerização seja alcançado. Então, o ácido é neutralizado e o produto é

recuperado, lavado e seco. O produto final permanece granular, porém desagrega-

se com maior facilidade que o amido não tratado (DAMODARAN; PARKIN;

FENNEMA, 2010).

Segundo Maarel e colaboradores (2002), a hidrólise enzimática por sua vez

ocorre em duas etapas: a liquefação e a sacarificação. Na liquefação, o amido é

colocado em solução aquosa, aquecido até sua gelatinização e hidrolisado

parcialmente utilizando a α-amilase. A temperatura de gelatinização varia de acordo

com a fonte do amido, porém está na faixa de 65 a 105 ºC (TORRES; LEONEL;

MISCHAN, 2012). Nesse processo, a ação da α-amilase produz uma solução de

oligossacarídeos que, na fase de sacarificação, são hidrolisados em glicose por

outras enzimas, como as glicoamilases, β-amilases e isoamilases. Como produto

final desse processo, tem-se uma solução de sacarídeos de baixa massa molar

como glicose e maltose (TORRES; LEONEL; MISCHAN, 2012; DAMODARAN;

PARKIN; FENNEMA, 2010; MAAREL et al., 2002).

3.3.2 Bebidas Alcoólicas à Base de Amido

De acordo com Damodaran e colaboradores (2010), o amido é um

carboidrato e, portanto, passível de fermentação desde seja submetido previamente

a um processo de hidrólise para transformá-lo em açúcares fermentescíveis. Neste

sentido, toda e qualquer matéria prima com quantidades consideráveis de amido

pode ser utilizada para a produção de bebidas alcoólicas, mediante sua

sacarificação e posterior fermentação.

Andrade, Pantoja e Maeda (2003) descrevem uma bebida produzida a partir

da pupunha (Bactris gasipaes), fruto da pupunheira, a qual continha a concentração

de amido de 44,32 g/100g em sua polpa, resultando em um fermentado com

graduação alcoólica de 12,1% (v/v).

13

Santos e colaboradores (2005) citam um destilado obtido a partir da

sacarificação e fermentação do mosto da mandioca (Manihot esculenta). De origem

indígena, a bebida, chamada de Tiquira, ainda produzida, movimentava um mercado

de aproximadamente R$ 500.000,00, no final dos anos 90 (IBGE, 1998).

Menezes, Menezes e Alves (2014) produziram uma vodca a partir de batata

(Solanum tuberosum), fermentando um hidrolisado do tubérculo, obtendo um

produto com teor alcoólico de 6,05% v/v, posteriormente destilado duas vezes

consecutivas, gerando um produto final com teor de álcool de 39,7% v/v.

Neste contexto, a produção de uma bebida alcoólica à base de pinhão é

viável, visto que, segundo Cordenunsi e colaboradores (2004), a semente é

composta principalmente de amido, sendo passível de sacarificação e posterior

fermentação a fim de elaborar um produto industrializado com alto valor agregado.

3.4 FERMENTAÇÃO

Fermentação é o fenômeno causado por microrganismos vivos, como

bactérias, fungos ou leveduras, que decompõem e transformam o substrato. Em

geral, ocorre a degradação anaeróbia da glucose, ou outros carboidratos, resultando

em produtos variados, pare se obter energia na forma de ATP. O tipo de produto

depende da composição do substrato e dos microrganismos presentes (VENTURINI

FILHO, 2010; VENTURA, 2007).

A quebra da glucose em duas moléculas de piruvato é um mecanismo

biológico extremamente antigo para a obtenção de energia a partir de moléculas

orgânicas, uma vez que os microrganismos viviam em uma atmosfera ausente de

oxigênio (VENTURA, 2007). A figura 3 demonstra a rota de degradação da glucose,

até a formação do piruvato. Na fase preparatória, há o consumo de duas moléculas

de ATP e na fase de pagamento, são produzidas quatro moléculas de ATP, com

saldo final de duas moléculas de ATP na glicólise.

14

Figura 3 - Esquema resumido da glicólise

Fonte: Ventura (2007)

Segundo Ventura (2007), o piruvato produzido na glicólise, pode ter três

destinos, a depender do tipo de microrganismo e das rotas metabólicas. No caso da

levedura, essa substância é convertida em etanol e CO2, como se indica na figura 4.

Figura 4 - Destino do piruvato na fermentação alcoólica na levedura

Fonte: Ventura (2007)

No caso específico da fermentação alcoólica, o processo é realizado em

substrato açucarado, convertido em gás carbônico e etanol, através da ação

predominante das leveduras (VENTURINI FILHO, 2010). A reação química da

fermentação alcoólica é evidenciada na figura 5.

15

Figura 5 - Reação química da fermentação etanólica

Fonte: Ventura (2007)

Tal qual as bactérias, as leveduras estão espalhadas por toda a natureza e

podem inocular espontaneamente os substratos açucarados, mesmo sem estarem

adequadamente preparados para receber o fermento; por isso, deve-se tomar o

cuidado para que a fermentação se inicie somente após a inoculação do mosto

dentro da dorna. Após o preparo do fermento, deve-se proceder à sua alimentação

com um mosto convenientemente preparado para que a fermentação se inicie o

mais rápido possível (VENTURINI FILHO, 2010).

A fermentação é constituída de três etapas: fermentação preliminar (pré-

fermentação); fermentação principal (tumultuosa) e fermentação complementar (pós-

fermentação). Na fase preliminar, ocorre o consumo de açúcar que resulta na

multiplicação das leveduras, sem a formação de álcool e CO2. Já, durante a

fermentação principal, observa-se um significativo desprendimento de CO2, com

intensa produção de álcool e elevação da temperatura. Nesta fase ocorre também

uma redução significativa na densidade do mosto em fermentação, pois os açúcares

são transformados em álcool e outros compostos líquidos (VENTURINI FILHO,

2010; LEHNINGER; NELSON; COX, 2002). Por fim, a fermentação complementar

realiza o consumo dos açúcares ainda disponíveis no meio. Há um aumento da

acidez, redução da temperatura e do desprendimento de CO2, pois se tem menor

formação de etanol, em virtude do esgotamento do meio (VENTURINI FILHO, 2010).

Com relação ao controle da fermentação, há vários parâmetros a serem

considerados. Um dos mais utilizados é a concentração de açúcares (sólidos

solúveis), avaliada por meio do refratômetro com resultado expresso através de

graus Brix do mosto, durante toda a fermentação, em intervalos regulares, do início

ao fim do processo. Os valores obtidos devem indicar queda contínua, uma vez que

as leveduras estão convertendo os açúcares em álcool. A paralisação precoce ou

16

queda lenta do Brix pode indicar algum desequilíbrio no processo, como a matéria-

prima deteriorada, fermento ou concentração de açúcar inadequada ou refrigeração

excessiva, entre outros (VENTURINI FILHO, 2010).

3.4.1 Leveduras

Segundo Venturini Filho (2010), as leveduras são fungos de grande

interesse industrial que pertencem à classe dos Ascomicetos, sendo a espécie mais

importante a Saccharomyces cerevisiae.

Lodder (1970) descreveu as células de Saccharomyces cerevisiae como do

tipo esféricas, subglobosas, ovoide, elipsoide ou cilíndrica e alongada, encontradas

sozinha ou em pares, eventualmente em cadeias curtas ou clusters.

Nas regiões onde há o desenvolvimento de processos fermentativos, a

presença de “leveduras nativas ou selvagens” é frequente e pode provocar

fermentações naturalmente, sem a necessidade de inoculação. Porém, essa

fermentação é inadequada, lenta, irregular e de baixo rendimento (VENTURINI

FILHO, 2010).

A levedura utilizada deve apresentar determinadas características para

garantir o bom rendimento fermentativo e estar ativa e em quantidade adequada ao

se iniciar o processo. Dentre as características pretendidas, busca-se alta

velocidade de fermentação, tolerância ao álcool, resistência à acidez e temperatura

elevada, estabilidade genética e também maior rendimento do processo

(VENTURINI FILHO, 2010).

3.4.2 Adjuntos ao Processo de Fermentação em Bebidas Alcoólicas

Os adjuntos são quaisquer fontes de açúcares fermentescíveis utilizados no

processo de fermentação, mas que não derivam diretamente do produto a ser

fermentado (BATISTA, 2014).

Industrialmente, os adjuntos mais usados são cereais como o milho, o arroz

e o trigo, mas também podem ser utilizados o sorgo a aveia e o triticale. São

utilizados também açúcares na forma cristalizada ou de xarope, com vantagens

sobre os cereais, por possuírem baixos teores de proteínas, não precisarem de pré-

17

tratamento (sacarificação) e utilizarem menor volume de armazenamento, pois vêm

concentrados em embalagens pequenas (VENTURINI FILHO, 2010).

Em seu trabalho, Venturini Filho e Cereda (1998), utilizaram a fécula de

mandioca e o amido de milho como adjunto de malte na fabricação de cerveja, com

uma proporção malte/adjunto de 2:1. Os autores justificam a substituição de parte do

malte por adjuntos, como fundamentalmente econômica, visto que são mais baratos

que o próprio malte.

Já Silva, Chalerge e Carvalho (2014), descrevem o uso do tamarindo

(Tamarindus indica) como adjunto de cerveja, também com a finalidade de redução

de custo e visando agregar valor ao fruto, matéria prima amplamente encontrada no

nordeste.

Por outro lado, Matos e colaboradores (2009) utilizaram a banana como

adjunto pelo fato de ser uma fruta abundante no Brasil e ser pouco qualificada para

exportação. Neste processo, produzem um mosto com elevada concentração de

açúcares, posteriormente utilizado para produzir uma cerveja com elevada

quantidade de álcool, depois diluída.

3.5 DESTILAÇÃO

Venturini Filho (2010) descreve a destilação como o processo de volatilizar

os líquidos pelo aquecimento seguido de condensação, buscando a purificação ou

formação de produtos novos por decomposição das frações.

Conhecendo-se a volatilidade das substâncias, podem-se separar as

substâncias voláteis (água, álcool etílico, aldeídos, álcoois, superiores, ácido acético,

entre outras), das não voláteis (células de leveduras, bactérias, sólidos em

suspensão, sais minerais, açúcares não fermentescíveis, proteínas, entre outros

resíduos), obtendo assim duas fases (VENTURINI FILHO, 2010).

Lima (1964), afirma em seu trabalho que a qualidade do destilado obtido

depende da composição qualitativa dos constituintes presentes em mínimas

quantidades, mas principalmente, da proporção adequada dos componentes da

mistura, que condicionará o aroma e sabor típico da bebida. Essa composição

depende da natureza e composição do produto a ser destilado e também do modo

18

como a destilação é conduzida. Todos estes fatores controlam e determinam o

buquê do destilado, resultado da combinação de aromas dos componentes não

alcoólicos.

19

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 AMOSTRAS

As amostras de pinhão utilizadas foram adquiridas no mês de julho de 2016,

no comércio local da cidade de Lages, Santa Catarina.

4.2 VERIFICAÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA

A enzima utilizada foi do tipo Termamyl 2X (α-amilase), adquirida junto a

empresa Novozymes.

Para verificar a atividade da Termamyl na suspensão de pinhão, foi realizada

uma otimização da ação da enzima frente a sua diluição. Essa otimização foi feita

preparando-se misturas de 3,5 g de pinhão cozido e triturado e 10 mL de água em

cinco frascos diferentes e então adicionou-se, respectivamente, 20 µL, 10 µL, 5 µL, 2

µL e 1 µL de α-amilase. Cada frasco continha a mesma proporção água/pinhão,

porém com uma concentração diferente de enzima. Os frascos foram aquecidos a

100 ºC durante 30 minutos, em um extrator de óleos e graxas MARCONI, modelo

MA 044/8/50. Por fim, aguardou-se o resfriamento até 25 ºC e então se analisou a

quantidade de sólidos solúveis (e indiretamente de açúcares) no meio, através da

medida do ºBrix, por meio de um refratômetro analógico de bancada da marca MAJ

LAB, para assim determinar o quanto a diluição influencia na atividade enzimática.

4.3 OTIMIZAÇÃO DA HIDRÓLISE DO AMIDO

Para a otimização da hidrólise do amido, as sementes foram cozidas por

uma hora e meia, descascadas e trituradas em um liquidificador. Em uma balança

de precisão (OHAUS), foram pesadas massas de sementes já preparadas, para

serem diluídas em água. Os frascos foram aquecidos no extrator de óleos e graxas e

a enzima foi adicionada no momento em que se alcançaram as temperaturas

desejadas. A quantidade de Termamyl em cada frasco foi de 2 mL por litro de

solução de água e pinhão.

20

Os parâmetros selecionados para os experimentos foram temperatura,

tempo de aquecimento e a razão pinhão/água conforme a tabela 3. A resposta

avaliada foi a quantidade de açúcares de cada amostra fornecida pela medida do

ºBrix.

Tabela 3 - Planejamento de experimento para otimização da hidrólise

Razão pinhão/água (m/m) Tempo (min) Temperatura (ºC)

1:3 30 85

1:3 30 85

1:2 45 97

1:2 15 97

1:4 15 97

1:4 45 97

1:2 45 73

1:2 15 73

1:4 15 73

1:4 45 73

Após o aquecimento, se aguardou o resfriamento das amostras até 25 ºC,

para então realizar a medida dos ºBrix com o refratômetro analógico.

Os resultados dos experimentos foram analisados utilizando o software

Statistica 5.0 (Statistica for Windows, Statsoft, Inc, 1999. Tulsa, OK, EUA)

4.4 PRODUÇÃO DA BEBIDA

Foi preparado um mosto para ser fermentado, contendo quatro litros de água

e dois quilos de pinhão previamente cozidos, descascados, triturados e hidrolisados

nas condições ótimas resultantes da otimização da hidrólise.

A fermentação se deu utilizando a levedura (Saccharomyces cerevisiae)

Safbrew T-58, da empresa Fermentis. Em uma balança de precisão da empresa

OHAUS, foi pesado 1,84 g de levedura, a qual foi hidratada em 100 mL de água

esterilizada, por duas horas antes de ser inoculada no fermentador.

21

Após preparada, a levedura foi adicionada ao mosto e então a mistura foi

colocada em um fermentador. Durante os primeiros minutos do processo, foi

promovida intensa agitação no fermentador a fim de aerar o mosto e gerar bastante

oxigênio, para garantir a multiplicação do fermento.

O mosto permaneceu em fermentação a temperatura ambiente, por sete

dias. A temperatura de fermentação foi obtida pela média das temperaturas durante

os sete dias registradas pelo IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná) na região de

Ponta Grossa.

O acompanhamento da fermentação foi feito mediante a avaliação indireta

da concentração de açúcares presentes, retirando-se uma amostra regularmente e a

analisando em um refratômetro analógico de bancada MAJ LAB, para se obter o teor

de sólidos solúveis (ºBrix).

Após a fermentação, a bebida foi filtrada em um coador de tecido sintético e

transferida para um vasilhame, para enfim ser armazenada na geladeira.

4.5 ANÁLISES DO PRODUTO FINAL

Com relação às análises da bebida, foi feita a análise para se estimar a

concentração de álcool após a fermentação, através da medida da densidade inicial

do mosto em comparação com a final (após a fermentação), utilizando densímetro

Incoterm. Também foi utilizada a diferença de ºBrix entre o início e o final da

fermentação, para estimar o grau alcoólico

Por fim realizou-se a análise pH da bebida através de medida direta com um

phmêtro de bancada da marca KASVI.

22

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 VERIFICAÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA

Os resultados da verificação da atividade enzimática são apresentados na

tabela 4.

Tabela 4 - Atividade enzimática frente à diluição

Quantidade de enzima (µL) ºBrix

20 10

10 7,9

5 7

2 6

1 6

Os valores da tabela indicaram maior efetividade da enzima quando estava

em maior concentração no meio, sendo quantidade de 20 µL de enzima a opção que

degradou maior quantidade de amido em açúcares, observado pelo maior valor de

ºBrix, que indica maior quantidade de sólidos dissolvidos no meio. Os resultados

obtidos são semelhantes aos relatados por TORRES, LEONEL e MISCHAN (2012),

que analisaram a influência da concentração de enzimas amilolíticas na hidrólise do

amido de gengibre e observaram que as maiores concentrações de Termamyl 2x,

permitiram a obtenção de maiores teores de glicose no produto hidrolisado.

5.2 OTIMIZAÇÃO DA HIDRÓLISE

A tabela 5 exibe os resultados dos experimentos realizados para se obter as

condições ótimas de hidrólise do pinhão.

23

Tabela 5 - Resultados dos experimentos

Razão pinhão/água

(m/m) Tempo (min) Temperatura (ºC) ºBrix

0,33 30 85 7,1

0,33 30 85 6,8

0,5 45 97 8

0,5 15 97 9,1

0,25 15 97 8,8

0,25 45 97 7,8

0,5 45 73 6,4

0,5 15 73 4,9

0,25 15 73 4,7

0,25 45 73 5,0

A significância dos efeitos das variáveis e das possíveis interações entre

elas foi checada pela aplicação da análise de variância (ANOVA), apresentada na

tabela 6, e do gráfico de Pareto (figura 6). Também foram utilizadas as informações

geradas pelos gráficos de superfície de resposta, apresentados nas figuras 7,8 e 9.

Tabela 6 - Análise de Variância

Efeitos estimados; R² = 0,98834; Ajuste = 0,96112

Soma Quadrática Média Quadrática Teste F Valor p

Razão Linear 0,55125 0,55125 18,3750 0,050347

Razão Quadrática 0,13919 0,13919 4,6396 0,164072

Tempo Linear 0,01125 0,01125 0,3750 0,602640

Temperatura Linear 20,16125 20,16125 672,0417 0,001485

Razão x Tempo 0,15125 0,15125 5,0417 0,153846

Razão x Temperatura 0,15125 0,15125 5,0417 0,153846

Tempo x Temperatura 1,90125 1,90125 63,3750 0,015415

Resíduo 0,21125 0,21125 7,0417 0,117502

Erro puro 0,06000 0,03000 - -

Total 23,25636 - - -

24

A análise se mostra confiável, uma vez que o valor do R² foi de 0,9883. Com

relação ao valor p, a variável que se mostrou mais significativa foi a temperatura.

Nota-se também uma relação confiável de influência na variável dependente entre

tempo e temperatura.

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: BRIX

3 factors, 1 Blocks, 11 Runs; MS Pure Error=,03

DV: BRIX

-,612372

-2,15397

-2,24537

2,245366

4,286607

-7,96084

25,92377

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

(2)Tempo(L)

Razão(Q)

1Lby3L

1Lby2L

(1)Razão(L)

2Lby3L

(3)Temperatura(L)

Figura 6 - Gráfico de Pareto

A linha vermelha vertical indica a fronteira do intervalo de confiança de 95%.

De fato, a temperatura influencia muito positivamente na quantidade de açúcares

obtidos, evidenciado pelo maior valor de ºBrix, mas também se observa uma relação

negativa entre tempo e temperatura, ou seja, uma diminuição no tempo e na

temperatura resultará em um ºBrix menor. A razão de pinhão e água também se

mostra de certa forma confiante, estando no limite do intervalo de confiança, e

influencia de forma positiva a hidrólise.

Com os resultados dos experimentos, foram construídas as superfícies de

resposta. A figura 7 apresenta os efeitos do tempo e temperatura no ºBrix, estando a

razão fixada em 1:3.

25

Figura 7 - Efeito do tempo e temperatura no ºBrix, com razão fixa em 1:3

Como pode ser observado, à temperatura de 72 ºC e tempo de 10 minutos é

o ponto com o menor valor de ºBrix; já, o maior valor de hidrólise, pode ser

observado na temperatura de 97 ºC.

A relação de efeito na hidrólise entre temperatura e razão de pinhão/água é

mostrada na superfície de resposta da figura 8, onde se manteve o tempo fixo em 30

minutos. Novamente, observam-se valores mais altos compatíveis com maior teor de

açúcares dissolvidos, para altas temperaturas.

26

Figura 8 - Efeito da temperatura e razão no ºBrix, fixando-se o tempo em 30 minutos

Por fim, a figura 9 evidencia a superfície de resposta do tempo e da razão na

hidrólise, mantendo-se a temperatura fixa no ponto central. Como se pode ver, a

variação do tempo não influencia muito no resultado da hidrólise; já, com relação à

razão, é interessante se manter um valor mais elevado, sendo por volta de 0,5 o

ponto ótimo.

27

Figura 9 - Efeito do tempo e da razão no ºBrix, mantendo a temperatura fixa no ponto central.

Por meio da avaliação das superfícies de resposta pode-se determinar as

condições ótimas de hidrólise, sendo: temperatura de 97ºC, tempo de 15 minutos e

razão de 2 Kg de água para cada Kg de pinhão.

LEONEL e CEREDA (1999) obtiveram 12,5 ºBrix, como resultado da

hidrólise da suspensão de farelo de mandioca e água que continha 12% de amido,

valor ligeiramente maior que os 9,1 ºBrix obtidos da hidrólise da suspensão de

pinhão/água em seu ponto ótimo, o qual contém 18% de amido.

Esse resultado mostra que a hidrólise do pinhão pode não ter sido completa,

umas vez que, alguns fatores como a forma física do grânulo e a relação

amilose/amilopectina, podem influenciar e inibir a taxa em que o amido é hidrolisado,

resultando em um baixo rendimento de açúcares fermentescíveis (WOLF et al.,

1999).

28

5.3 PROCESSO DE PRODUÇÃO DA BEBIDA

O processo de produção da bebida alcoólica a partir do pinhão deu-se

conforme o fluxograma apresentado na figura 10.

Figura 10 - Processo de produção

Fonte: Autoria própria

A fermentação ocorreu do dia 26 de Agosto até o dia 01 de Setembro de

2017 e as temperaturas da região de Ponta Grossa neste período são mostradas na

tabela 7.

Tabela 7 - Temperaturas na região de Ponta Grossa

Data Temperatura Mínima

(ºC)

Temperatura Máxima

(ºC)

Temperatura Média

(ºC)

26 de Agosto 13,6 26,0 19,8

27 de Agosto 11,6 27,1 19,3

28 de Agosto 13,4 24,4 18,9

29 de Agosto 12,5 27,8 20,1

30 de Agosto 12,4 29,7 21,0

31 de Agosto 14,0 16,0 15

01 de Setembro 12,8 18,1 15,4

Fonte: Adaptado de IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná)

De acordo com os dados do IAPAR, a temperatura média de fermentação

durante os sete dias foi de 18,5 ºC.

29

Para acompanhamento da fermentação, a medida do ºBrix inicial apontou

um valor de 7,2º Brix, em contrapartida, após os sete dias de fermentação,

encontrou-se um valor de 1,8 º Brix, indicando que houve fermentação alcoólica,

uma vez que os açúcares contidos no mosto foram degradados.

5.4 ANÁLISE DO PRODUTO FINAL

Os resultados das análises de densidade e ºBrix iniciais e finais são

apresentadas na tabela 8.

Tabela 8 - Densidade e ºBrix inicial e final

Etapa da fermentação Densidade (g/ml) ºBrix

Início 1,03 7,2

Fim 1,007 1,8

De fato houve uma redução na densidade do mosto após a fermentação,

possivelmente explicada pela conversão dos açúcares em álcool e outros compostos

líquidos, com menor densidade (VENTURINI FILHO, 2010).

Para o cálculo do teor alcoólico, foram utilizadas as equações 1 (diferença

do ºBrix) e 2 (diferença de densidade) que resultam no grau alcoólico em ºGL

(SMILEY, 1999).

(ºBrixinicial - ºBrixfinal)*4/7,4 (1)

(ρinicial – ρfinal)*1000/7,4 (2)

A tabela 9 apresenta os resultados finais de grau alcoólico pelos dois

métodos e também a acidez do produto final.

30

Tabela 9 - Propriedades do produto final

Propriedade Resultado

Álcool pelo ºBrix 2,92 ºGL

Álcool pela Densidade

pH

3,11 ºGL

4,34

Figura 11 – Produto final Fonte: Autoria própria

Tomando-se a média entre o grau alcoólico obtido de cada equação, tem-se

um valor final de 3,01 ºGL, o que significa que nos quatro litros de mosto submetidos

à fermentação, apenas 120,4 mL são álcool.

Com relação ao sabor, a bebida apresentou textura seca e um gosto amargo

observado por este autor, além de não carregar nenhuma característica

organoléptica que lembre o pinhão. Assim, nessas condições não se mostra como

um produto que poderia ter aceitação no mercado.

Uma alternativa para esse problema seria a destilação, porém, o baixo teor

alcoólico do produto final inviabiliza na prática essa operação, pois seriam

necessárias grandes quantidades de mosto para se ter uma produção razoável de

destilado.

31

6 CONCLUSÃO

A produção de uma bebida alcoólica à base de pinhão se mostrou possível,

porém, o fermentado final apresentou pequena quantidade de álcool e sabor não

agradável. Sugere-se, então, a destilação do fermentado para buscar uma mudança

no sabor, processo impossibilitado neste trabalho em função do baixo rendimento da

hidrólise, que não forneceu açúcares suficientes para a etapa de fermentação.

Fatores como a forma física do grânulo e a relação amilose/amilopectina podem

influenciar e inibir a taxa em que o amido é hidrolisado, o que de certa explica este

baixo rendimento.

A adição de adjuntos ao mosto pode ser uma alternativa para corrigir este

problema e resultar em um fermentado com maiores quantidades de álcool,

garantindo assim uma quantidade satisfatória dele para realizar a etapa de

destilação e assim produzir uma bebida com melhor aparência e sabor.

Há também a possibilidade de se utilizar outras cepas de leveduras, as quais

podem fornecer propriedades diferentes à bebida em relação à cor, sabor e textura.

32

REFERÊNCIAS

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