Prof a Márcia Maria Rios Ribeiro Estagiários-docentes (Programa de Pós- Graduação em Eng. Civil...
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Profa Márcia Maria Rios Ribeiro
Estagiários-docentes (Programa de Pós-Graduação em Eng. Civil e
Ambiental)
José Augusto de SouzaMarcondes Loureiro Batista
UFCG - Unidade Acadêmica de Engenharia Civil
Período - 2009.2
Poluição das Águas
““É qualquer É qualquer alteraçãoalteração nas características físicas, químicas e/ou nas características físicas, químicas e/ou
biológicas das águas, que possa constituir biológicas das águas, que possa constituir prejuízoprejuízo à saúde, à à saúde, à
segurança e ao bem estar da população e, ainda, possa segurança e ao bem estar da população e, ainda, possa
comprometer a fauna ictiológica e a utilização das águas para comprometer a fauna ictiológica e a utilização das águas para
fins recreativos, comerciais, industriais e de geração de energia” fins recreativos, comerciais, industriais e de geração de energia”
(CONAMA).(CONAMA).
O QUE É POLUIÇÃO HÍDRICA?
O QUE CAUSA A POLUIÇÃO HÍDRICA?
• Crescimento populacional; Alto grau de urbanização Crescimento populacional; Alto grau de urbanização
• Desenvolvimento da indústria e seus despejos complexos;Desenvolvimento da indústria e seus despejos complexos;
• Aumento da produção agrícola, que resulta numa carga mais Aumento da produção agrícola, que resulta numa carga mais
pesada de pesticidas e fertilizantes no ambiente.pesada de pesticidas e fertilizantes no ambiente.
O que está sendo feito com os corpos hídricos?
Distribuição Espacial da Água na Terra
DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO PLANETA
Distribuição do consumo de água no planetaDistribuição do consumo de água no planeta
Fonte: WRI (1998).
Águas no BrasilLEI Nº 9433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997 (DOU 09.01.1997)Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:I - a água é um bem de domínio público;II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valoreconômico;III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursoshídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais;IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar ouso múltiplo das águas;V - a bacia hidrográfica e a unidade territorial para implementaçãoda Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos; eVI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada econtar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
• Consuntivos
– abastecimento humano
– dessedentação de animais
– indústria
– irrigação
• Não consuntivos
– geração de energia elétrica
– recreação/lazer
– harmonia paisagística
– conservação da flora e fauna
– navegação
– pesca
– diluição de despejos
Usos da águaUsos da água
CLASSIFICAÇÃO DA ÁGUAS
RESOLUÇÃO CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005;
Esta nova resolução substitui a 020/86 e apresenta 38 definições de
corpos de águas, suas classificações qualitativas, composições e usos
múltiplos.
Art.3º As águas doces, salobras e salinas do Território Nacional são
classificadas,
segundo a qualidade requerida para os seus usos preponderantes, em treze
classes de qualidade.
As águas doces são classificadas segundo sua qualidade em treze
classes:
Fontes Fontes poluidoraspoluidorasÁguas superficiaisÁguas superficiais::
• Esgoto doméstico;Esgoto doméstico;
• Efluentes industriais;Efluentes industriais;
• Águas pluviais, carreando Águas pluviais, carreando
impurezas do solo ou contendo impurezas do solo ou contendo
esgotos lançados nas galerias;esgotos lançados nas galerias;
• Resíduos sólidos (lixo);Resíduos sólidos (lixo);
• Pesticidas;Pesticidas;
• Fertilizantes;Fertilizantes;
• Detergentes;Detergentes;
• Precipitação de poluentes Precipitação de poluentes
atmosféricos (sobre o solo ou a atmosféricos (sobre o solo ou a
água);água);
• Alteração nas margens dos Alteração nas margens dos
mananciais, provocando mananciais, provocando
carreamento do solo, como carreamento do solo, como
conseqüências da erosão.conseqüências da erosão.
Águas subterrâneas:– Infiltração de:
• esgotos a partir de sumidouros ou valas de infiltração (fossas sépticas);
• esgotos depositados em lagoas de estabilização ou em outros sistemas de tratamento usando disposição no solo;
• esgotos aplicados no solo em sistemas de irrigação;
• águas contendo pesticidas, fertilizantes, detergentes e poluentes atmosféricos depositados no solo;
• outras impurezas presentes no solo;
• águas superficiais poluídas;– Vazamento de tubulações ou
depósitos subterrâneos;– Percolação do chorume resultante de
depósitos de lixo no solo;– Resíduos de outras fontes:
cemitérios, minas, depósitos de materiais radioativos.
Fontes poluidorasFontes poluidoras
ouPontual
Descarga de efluentes a partirde indústrias e de estaçõesde tratamento de esgoto
São bem localizadas, fáceisde identificar e de monitorar
Difusa
Escoamento superficial urbano,escoamento superficial de áreas
agrícolas e deposição atmosférica
Espalham-se por toda a cidade,são difíceis de identificar e tratar
CLASSIFICAÇÃO DA POLUIÇÃO HÍDRICA
Bacteriana -> Contato com dejetos humanos portadores de organismos
patogênicos, por via direta e por esgotos sanitários;
Orgânica -> Recebimento de grande quantidade de matéria orgânica, proveniente
de esgotos domésticos ou industriais;
Química -> Presença de substâncias provenientes de processos industriais, uso de
pesticidas e de fertilizantes;
Térmica -> Elevação da temperatura da água aos receber despejos com
temperatura elevada provenientes de destilarias, usinas atômica, etc;
Radioativa -> Recebimento de descargas radioisótopos de usinas nucleares.
PoluentePoluente OrigemOrigem EfeitoEfeito Indicador de Indicador de PoluiçãoPoluição
Método de AnáliseMétodo de Análise
MatériaMatériaOrgânicaOrgânica
Esgotos domésticosEsgotos domésticosE alguns efluentes E alguns efluentes
industriais (alimentos, industriais (alimentos, papel, têxtil, etc.)papel, têxtil, etc.)
Reduz oxigênio dissolvido. Reduz oxigênio dissolvido. Causa mudanças na fauna Causa mudanças na fauna e flora.e flora.
DBO, DQODBO, DQO(mg O(mg O
22/l)/l)Teste de DBO, OD Teste de DBO, OD
e DQO.e DQO.
Óleos Óleos Vazamentos de tanques de Vazamentos de tanques de estocagem, efluentes estocagem, efluentes de postos e oficinas. de postos e oficinas.
Impede a absorção de Impede a absorção de oxigênio. É tóxico pra oxigênio. É tóxico pra animais e plantas.animais e plantas.
Óleos e graxas Óleos e graxas (mg/l)(mg/l)
Técnica do Técnica do infravermelho.infravermelho.
Sólidos Sólidos (em(emSuspensão eSuspensão eSedimentável)Sedimentável)
Esgotos domésticos e Esgotos domésticos e alguns efluentes alguns efluentes industriais (argila, industriais (argila, carvão etc.)carvão etc.)
Aumento da turbidez, Aumento da turbidez, diminuição da penetração diminuição da penetração da luz. Causam da luz. Causam assoreamento.assoreamento.
SS – sólidos em SS – sólidos em suspensão.suspensão.
RS – Resíduo RS – Resíduo sedimetável sedimetável
Método da Método da turbidemétrico, turbidemétrico, gravimétrico gravimétrico (SS).(SS).
Os esgotos domésticos, muitos tipos de resíduos industriais, os dejetos agrícolas
e especialmente os pecuários, são constituídos preponderantemente de matéria
orgânica, elemento que serve de alimento aos seres aquáticos, sejam peixes, sejam
bentos, plâncton, bactérias, etc.
quanto maior o volume de matéria orgânica – esgotos – for lançado em um corpo
d’água, maior será o consumo (demanda) de oxigênio usado na respiração dos
seres aquáticos (em especial, das bactérias decompositoras).
Quando todo o oxigênio se extingue, as bactérias e outros seres que dependem
do oxigênio para a respiração também são extintos e em seu lugar surgem outros
seres microscópicos capazes de se alimentar e “respirar” na ausência do oxigênio.
POLUIÇÃO ORGÂNICA
CARGA POLUIDORA
A carga poluidora de um efluente gasoso ou líquido é a expressão da
quantidade de poluente lançada pela fonte. Para as águas, é
freqüentemente expressa em DBO ou DQO.
DBO (DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO)
DBO é um consumo de oxigênio, através de reações biológicas e
químicas.DBO520 (DBO5 ou DBO)
Teste padrão Medida a 5 dias (20º C)
Dia 0
Dia 5
OD = 7 mg/L
OD = 3 mg/L
DBO = 7 – 3 = 4 mg/L
Finalidades do teste
Visualização da taxa de degradação do despejo ao longo do tempo
Visualização da taxa de consumo de oxigênio ao longo do tempo
Critério para dimensionamento da maioria dos sistemas de tratamento de esgotos
e legislação ambiental são baseados nesse parâmetro
DQO (DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO)
Índice que dá a quantidade necessária de Oxigênio, fornecido por um
agente oxidante, para oxidar totalmente a matéria orgânica presente num
meio (água ou efluente).
Algumas vantagens do teste:
teste é realizado em 2 a 3 horas
teste não afetado pela nitrificação
Algumas limitações do teste:
refere-se a matéria orgânica biodegradável + inerte
não é possível visualizar a degradação do despejo ao longo do tempo
constituintes inorgânicos podem ser oxidados e interferir no resultado
RELAÇÃO ENTRE DQO E DBO
DQO/DBO varia com o tipo de efluente e à medida que o esgoto passa pelas
diversas unidades da ETE
DQO/ DBO elevada fração inerte elevada
baixa fração biodegradável elevada
Esgotos domésticos brutos DQO/DBO entre 1,7 a 2,4
EQUIVALENTE POPULACIONAL
É comum relacionar a poluição orgânica em função da quantidade média de
detritos produzidos diariamente por uma pessoa
Essa ordem de grandeza é e chamada de EQUIVALENTE POPULACIONAL (EP)
Tipo de IndústriaTipo de Indústria Quantidade produzida ou processada /diaQuantidade produzida ou processada /dia EP (hab)EP (hab)
CervejariaCervejaria 1.000 litros de cerveja1.000 litros de cerveja 1.5001.500
CurtumeCurtume 1 Tonelada de peles1 Tonelada de peles 2.5002.500
MatadouroMatadouro 1 Tonelada de peso em pé1 Tonelada de peso em pé 300300
CeluloseCelulose 1 Tonelada de Celulose1 Tonelada de Celulose 5.0005.000
Usina de ÁlcoolUsina de Álcool 1 Tonelada de cana (65 litros de álcool)1 Tonelada de cana (65 litros de álcool) 400400
Granja de GalinhasGranja de Galinhas 10 aves abatidas10 aves abatidas 22
LaticíniosLaticínios 1000 litros de leite1000 litros de leite 200200
LavanderiaLavanderia 1 Tonelada de roupas1 Tonelada de roupas 700700
EQUIVALENTE POPULACIONAL PARA VÁRIOS TIPOS DE INDÚSTRIAS
Fonte: Manual de Tratamento de Águas Residuárias
• DiluiçãoDiluição
• SedimentaçãoSedimentação
• Estabilização Estabilização bioquímicabioquímica
AUTODEPURAÇÃO DAS ÁGUAS
Características das zonas de autodepuraçãoCaracterísticas das zonas de autodepuração
Zona de Degradação:
• Início ponto de lançamento dos despejos;
• Água turva (cor acinzentada);
• Precipitação de partículas lodo no leito do corpo d’água;
• Proliferação de bactérias (consumo de matéria orgânica);
• Redução da concentração de oxigênio dissolvido;
• Limite da 1ª zona concentração de oxigênio atinge 40% da
concentração inicial;
• Não há odor;
• Presença de oxigênio não permita a decomposição aneróbia.
Zona de Decomposição Ativa:
• Início oxigênio atinge valores inferiores a 40% da
concentração de saturação;
• Água cor cinza-escura, quase negra;
• Bancos de lodos no fundo em ativa decomposição anaeróbia;
• Desprendimento de gases mal cheirosos (amônia, gás
sulfídrico, etc);
• Oxigênio dissolvido pode zerar ou “ficar negativo”;
• Biota aeróbia é substituída por outra anaeróbia;
• Ambiente fétido e escuro;
• Oxigênio passa a ser reposto ar atmosférico ou fotossíntese;
• População de bactérias decresce;
• Água começa a ficar mais clara (ainda impróprio p/ os peixes);
• Fim da 2ª zona oxigênio elevar-se a 40% da conc. de
saturação.
Zona de Recuperação:
• Início 40% de oxigênio de saturação;
• Término água saturada de oxigênio;
• Água mais clara e límpida;
• Proliferação de algas que reoxigenam o meio;
• Amônia oxidada a nitritos e nitratos (+ fosfatos fertilizam o
meio, favorecendo a proliferação de algas);
• Cor esverdeada intensa (alimento p/ crustáceos, larvas de
insetos, vermes, etc., que servem de alimentos p/ os peixes);
• Diversificação da biocenose.
Zona de Águas Limpas:
• Água características diferentes das águas poluídas;
• Água encontra-se “eutrófica”;
• Não é limpa, devido a presença das algas (cor verde);
• Água recuperou-se, melhorou suas capacidade de produzir
alimento protéico (piorou no quesito de potabilidade);
• Péssimo aspecto estético;
• Grande assoreamento nas margens;
• Invasão de plantas aquáticas indesejáveis.
EUTROFIZAÇÃO
A eutrófização é o crescimento excessivo das plantas aquáticas, tanto
planctônicas quanto aderidas, a níveis tais que sejam considerados como
causadores de interferências com os usos desejáveis do corpo d’água
(Thomann e Mueller, 1987).
O principal fator de estímulo é um nível excessivo de nutrientes no corpo
d’água, principalmente nitrogênio e fósforo.
O nível de eutrófização está usualmente associado ao uso e ocupação do
solo predominante na bacia hidrográfica.
Problemas estéticos e recreacionais.
Diminuição do uso da água para recreação, balneabilidade
e redução geral na atração turística devido a:
Freqüentes florações das águas
Crescimento excessivo da vegetação
Distúrbios com mosquitos e insetos
Eventuais maus odores
Eventuais mortandades de peixes
Cabe aos órgãos ambientais dos estados, territórios e Distrito Cabe aos órgãos ambientais dos estados, territórios e Distrito
Federal efetuar, não só o enquadramento dos corpos de água Federal efetuar, não só o enquadramento dos corpos de água
no âmbito das classes preconizadas pela Resolução CONAMA no âmbito das classes preconizadas pela Resolução CONAMA
nn0. 0. 357/05, como exercer 357/05, como exercer atividade orientadora, atividade orientadora,
fiscalizadora e punitivafiscalizadora e punitiva junto às fontes de poluição que junto às fontes de poluição que
possam alterar os valores dos padrões de qualidade das águas possam alterar os valores dos padrões de qualidade das águas
da classe estabelecida para o corpo d’água receptor.da classe estabelecida para o corpo d’água receptor.
APLICAÇÃO DE UMA LEGISLAÇÃO
Tratamento Primário
O tratamento primário do despejo consiste de:
- Gradeamento dos despejos, por meio de uma grade com espaçamento entre barra de 12 mm visando a separação de sólidos grosseiros, que por sua natureza ou tamanho, criariam problemas como desgastes de bombas ou obstruções em tubulações nas etapas posteriores.
- Caixa de areia, que tem como função remover os sólidos de natureza sedimentáveis de alta capacidade de decantação.
- Caixa retentora de óleo das águas residuárias, visando a remoção de óleos e graxas.
- Tratamento Secundário
Toda vazão de efluente passará pelo processo anaeróbio. O
tratamento de despejo, visando a remoção de matéria orgânica, é
fundamentado no processo biológico metanogênico realizado em
Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente com Leito de Lodo com
Recirculação Interna (IC), complementado por unidades de pré-
condicionamento da água residuária, armazenagem de lodo
biológico excedente, coleta/queima de gás.
No Tanque de Equalização/Acidificação será feita a correção do
pH com hidróxido de sódio ou acido clorídrico e dosagem de
nutrientes (uréia e acido fosfórico).
- Tratamento terciário
O tratamento terciário do efluente do tratamento secundário é constituído por:
- Tanques de aeração, para polimento complementar do efluente por meio de aeradores superficiais. O processo aeróbio será de lodos ativados com aeração prolongada, onde a flora microbiana aeróbia metabolizará a matéria orgânica biodegradável disponível convertendo-a em lodo biológico + CO2 + H2O. A mistura do despejo tratado com o lodo biológico gerado deixará o tanque de aeração por gravidade e será encaminhado para o decantador secundário.
- Decantador secundário, que tem por objetivo a remoção de sólidos em suspensão de natureza sedimentar, é fundamentado na operação unitária de sedimentação, complementado por unidades de coleta, adensamento e armazenamento de sólidos removidos.
O lodo biológico sedimentado acumulado no fundo do decantador secundário será encaminhado à elevatória de lodo e com auxílio de bomba submersível será reciclado continuamente ao tanque de aeração podendo também ser parcialmente descartado do processo passando pelas etapas de adensamento e desaguamento. O despejo clarificado passará por medição de vazão em calha Parshall e seguirá para o corpo receptor (rio):