PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM BIOTECNOCIÊNCIA DISSERTAÇÃO...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOCIÊNCIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ALEX CARVALHO ALAVARSE Desenvolvimento e caracterização de arcabouços à base de blendas poliméricas de PVA e de Quitosana para engenharia de tecido Santo André Setembro de 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOCIÊNCIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ALEX CARVALHO ALAVARSE

Desenvolvimento e caracterização de arcabouços à base de blendas

poliméricas de PVA e de Quitosana para engenharia de tecido

Santo André

Setembro de 2015

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOCIÊNCIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ALEX CARVALHO ALAVARSE

Desenvolvimento e caracterização de arcabouços à base de blendas

poliméricas PVA e Quitosana para engenharia de tecido

Trabalho apresentado como requisito

parcial para obtenção do título de Mestre em

Biotecnociência pela Universidade Federal do

ABC, sob orientação do Professor Doutor Jean

Jacques Bonvent.

Santo André

Setembro de 2015

AGRADECIMENTOS

À instituição e pessoas citadas, fazem parte de um trecho desta dissertação ao qual alguns também

vou carregar comigo na estrada dessa vida e a eles que eu agradeço:

Universidade Federal do ABC, a instituição ao qual escolhi e tenho orgulho de ter feito parte dela

A Jean Jacques Bonvent, meu orientador que me acolheu e deu suporte ao longo desta tese

A Everaldo Venâncio e Maria Raquel pela colaboração de ensaiors fundamentais desta tese

Aos amigos Jandir, Carlos Eduardo, Juliana, Viviam, Asaph, Cynthia, Leonardo, Érica e Giulia

“Você é do tamanho dos seus sonhos”

Emicida.

SUMÁRIO

RESUMO .......................................................................................................................................... 16 ABSTRACT ...................................................................................................................................... 17 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 20 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................. 22 2.1 ENGENHARIA DE TECIDO BIOLÓGICO .......................................................................... 22

2.2 POLÍMEROS PARA ENGENHARIA DE TECIDO ............................................................. 25 2.2.1 QUITOSANA .......................................................................................................................... 25 2.2.2 PVA .......................................................................................................................................... 26 2.2.3 BLENDAS POLIMÉRICAS .................................................................................................. 27 2.3 ARCABOUÇOS POLIMÉRICOS ........................................................................................... 28

2.3.1 HIDROGÉIS............................................................................................................................ 28 2.3.2 MEMBRANAS FINAS ........................................................................................................... 28 2.3.3 NANOFIBRAS ........................................................................................................................ 29

2.4 ELETROFIAÇÃO ..................................................................................................................... 30 2.5 TEORIA DA ELETROFIAÇÃO .............................................................................................. 32 2.6 PARÂMETROS DA ELETROFIAÇÃO E A FORMAÇÃO DE NANOFIBRAS .............. 33 2.7 PARÂMETROS DA SOLUÇÃO .............................................................................................. 35

3. OBJETIVOS .......................................................................................................................... 39

3.1 OBJETIVO PRINCIPAL .......................................................................................................... 39 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................... 39 4. MATERIAIS E METODOLOGIA DO TRABALHO ...................................................... 40

5. CARACTERIZAÇÃO .......................................................................................................... 42 5.1 VISCOSIDADE DAS SOLUÇÕES POLIMÉRICAS ............................................................ 42

5.2 ANÁLISE MORFOLÓGICA DOS ARCABOUÇOS ............................................................. 42 5.2.1 MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA (AFM) .............................................................. 42 5.2.2 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) ........................................... 44

5.3 ANÁLISE DAS INTERAÇÕES MOLECULARES NOS ARCABOUÇOS ........................ 45

5.4 ANÁLISE DINÂMICO-MECÂNICA (DMA) ........................................................................ 45 5.5 ANÁLISE TÉRMICA DOS ARCABOUÇOS ......................................................................... 46 5.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................................................ 47

5.7 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA ......................................................................................... 47 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 48 6.1 VISCOSIDADE DAS SOLUÇÕES POLIMÉRICAS ............................................................ 48

6.2 ANÁLISE MORFOLÓGICA DOS ARCABOUÇOS ............................................................. 48 6.3 ANÁLISE POR FTIR-ATR ...................................................................................................... 54

6.4 PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS NANOFIBRAS ........................................................ 56 6. 5 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA .................................................................................. 56 6.7 RETICULAÇÃO DOS ARCABOUÇOS ................................................................................. 61

7. CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 63 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 64

Índice de Figuras

Figura 1: Estrutura molecular da quitosana formada por um anel glicosamina (esquerda) e N-

acetilglicosamina (direita). ................................................................................................................. 26 Figura 2: estrutura do PVA ............................................................................................................... 27 Figura 3: Esquema básico do arranjo experimental da técnica de eletrofiação. ............................... 31

Figura 4: Representação da formação de um cone de Taylor em uma solução polimérica.. ............ 32 Figura 5: Três exemplos de coletores rotacionais para eletrofiação. Na ordem: coletor cilíndrico,

disco e cilíndrico com fendas [fonte: http://www.electro-spinning.com/]. ........................................ 35 Figura 6: Representação de eletrofiação com dois eletrodos condutores elétricos paralelos e sua

respectiva morfologia . ....................................................................................................................... 35

Figura 7: Representações de interações intermoleculares e intramoleculares entre as cadeias

poliméricas do PVA e da quitosana. ................................................................................................... 37 Figura 8: a): Equipamento utilizado para eletrofiação: (A) bomba automática para controle de

vazão da solução polimérica na seringa (sobre a bomba); (B) fonte de alta tensão; (C) coletor

metálico. 8 b): Pequena parte da amostra (em branco) obtida de nanofibras PV A/Quitosana. ........ 41 Figura 9:Esquema mostrando o princípio básico do AFM: o circuito de retorno controla a força

entre a ponta e a amostra enquanto ocorre uma varredura em sua superfície. ................................... 43

Figura 10: Tipos de interação ponta-amostra na técnica AFM . ....................................................... 43 Figura 11: Imagem de um esquema básico de funcionamento de um MEV. .................................... 44 Figura 12: Viscosidade das soluções de PVA e PVA/Quitosana. ...................................................... 48 Figura 13: Imagens por AFM (modo contato) das amostras dissolvidas em água e ácido acético. a)

e b) PVA/Quit. 100/0; c) e d) PVA/Quit. 90/10; e) e f) PVA /Quit. 80/20; g) e h) PVA/Quit. 70/30. 50 Figura 14: Média (n = 75) dos diâmetros das amostras de nanofibras PVA /Quit. 100/0; PVA/Quit.

90/10; PVA /Quit. 80/20; PVA /Quit. 70/30. ...................................................................................... 50 Figura 15: Imagens por MEV das amostras utilizando água eácido acético como solventes com

PVA. a) e b) referentes à amostra PVA /Quit. 100/0; c) e d) à amostra PVA /Quit. 90/10; e) e f) à

amostra PVA /Quit. 80/20; g) e h) PVA /Quit. 70/30. ........................................................................ 51

Figura 16: Histograma das distribuições dos diâmetros das nanofibras a) PVA /Quit. 100/0; b) à

amostra PVA /Quit. 90/10; c) PVA /Quit. 80/20; e d) PVA /Quit. 70/30. e) Teste de Tukey para

avaliação de semelhança de variância entre as amostras. . f): média e desvio padrão do diâmetro das

nanofibras e o comportamento das amostras ) .................................................................................. 52 Figura 17: Exemplo de uma amostra editada para análise de porosidade de uma camada superficial

de nanofibras. A imagem original (esquerda), é convertida para imagem binária (direita) sendo

possível estimar a porcentagem de porosidade. ................................................................................. 53 Figura 18: Espectros de FTIR das amostras Quitosana em pó (vermelho), e nanofibras

PVA/Quitosana 100/0 (vinho), PVA/Quitosana 90/10 (Azul turquesa), PVA/Quitosana 80/20

(laranja) e PVA/Quitosana 70/30 (azul). .......................................................................................... 54 Figura 19: comportamento mecânico sob tensão controlada das amostras PVA/Quitosana 100/0 e

PVA/Quitosana 80/20. ........................................................................................................................ 56 Figura 20: Curvas das perdas de massa das amostras Quitosana em pó (vermelho), e nanofibras

PVA/Quitosana 100/0 (vinho), PVA/Quitosana 90/10 (Azul turquesa), PVA/Quitosana 90/20

(laranja) e PVA/Quitosana 70/30 (azul) ........................................................................................... 57

Figura 21:Testes de crescimento de bactérias S. aureus em ágar em TSB. Todas as amostras não

conseguiram inibir o crescimento das bactérias. a) PVA/Quitosana 100/0; b) PVA/Quitosana 90/10;

c) PVA/Quitosana 80/20; d) PVA/Quitosana 70/30. .......................................................................... 59 Figura 22: Micrografia por MEV da amostra PVA/Quitosana/Tetracilina. ..................................... 59

Figura 23:FTIR de amostra PVA/Quitsana 90/10 (vermelho) e PVA/Quitsana/tetraciclina 90/10/1%

(verde). .............................................................................................................................................. 60

Figura 24: Teste de crescimento de colônias de bactéria S. aureus de uma alçada de um tubo

contendo nanofibras com tetraciclina. ............................................................................................... 60

Figura 25:Representação da formação de grupos acetal entre PVA e glutaraldeído. ........................ 61

Figura 26: Estabilidade das amostras de PVA/Quitosana 80/20.. ..................................................... 61

Figura 27: FTIR das amostras PVA/Quitosana 100/0 sem tratamento (vermelho) e PVA/Quitosana

100/0 tratadas com glutaraldeído (azul). ........................................................................................... 62 Figura 28: Testes de inibição de crescimento em amostras de nanofibras de PVA e PVA/Quitosana

com tratamento químico com vapor de glutaraldeído.. ...................................................................... 62

Índice de Tabelas

Tabela 1:Polímeros e blendas utilizadas em arcabouços, características e aplicações. ..................... 24 Tabela 2: Levantamento da literatura dos parâmetros e média dos diâmetros das nanofibras entre

PVA e quitosana. ................................................................................................................................ 38

Tabela 3: Configurações das soluções poliméricas utilizadas para eletrofiação. .............................. 40 Tabela 4: Percentual da porosidade dos arcabouços poliméricos. .................................................... 53 Tabela 5: Principais picos identificados em PVA e Quitosana. ........................................................ 55 Tabela 6: Valores de tensão de escoamento e limite de resistência a fratura .................................... 56 Tabela 7: Valores dos principais eventos das amostras por TGA. ..................................................... 58

LISTA DE ABREVIATURAS

PVA – Poli(álcool vinílico)

Quit - Quitosana

PU – Poli(uretano)

PMMA – Poli(metilmetacrilato)

PEG – Poli(etilenoglicol)

Ppy – Poli(pirrol)

MEC – Matriz extra-celular

GAG – Glicosaminoglicanos

Hac. – Ácido acético

MM – Massa Molecular

TGA – Análise Termogravimétrica (sigla em ingês).

MEV – Microscopia eletrônica de varredura

AFM – Microscopia de força atômica (sigla em inglês)

FTIR-ATR – Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier modo

refletância atenuada total (sigla em inglês)

GA - Glutaraldeído

RESUMO

Arcabouços são estruturas de inserção para suporte e regeneração de tecidos

biológicos. Vários estudos mostraram que, quando constituídas por nanofibras de

biopolímeros, essas estruturas tridimensionais apresentam características favoráveis, tais

como biocompatibilidade, não-toxicidade e biodegrabilidade, para adesão e proliferação

de componentes da matriz extra-celular. Este trabalho teve como objetivo desenvolver

nanofibras poliméricas à base de Poli (álcool vinílico) (PVA) e quitosana, avaliar suas

características morfológicas e atividade bactericida in vitro para possível aplicação

como arcabouço para reparo tecidual. Filmes com nanofibras poliméricas foram obtidos

pelo método de eletrofiação com diferentes parâmetros da solução polimérica, formada

pela mistura de dois biopolímeros, o PVA (10%) e a Quitosana (1%). A morfologia dos

filmes foi estudada por imagens de microscopia de força atômica (AFM) e microscopia

eletrônica de varredura (MEV), comparando o diâmetro das estruturas das nanofibras

obtidas de acordo com as mudanças dos parâmetros da solução polimérica. A análise da

estrutura molecular dos filmes foi realizada por espectroscopia de infravermelho com

transformada de Fourier (FTIR-ATR); a análise térmica e mecânica das amostras foi

efetuada por análise termogravimétrica (TGA) e análise dinâmica mecânica (DMA),

respectivamente. Como teste de bioatividade, as amostras foram postas em contato com

bactérias Staphylococcus aureus (ATCC 6538) para análise de inibição de crescimento.

As nanofibras foram obtidas com o diâmetro variando de acordo com a proporção de

quitosana na solução polimérica, além de obter fibras mais uniformes e com menos

contas com PVA. As blendas de PVA e Quitosana foram obtidas de forma homogênea

com aumento da estabilidade térmica e menos resistente a deformação, além de

preservar características intermoleculares de cada polímero em suas blendas. Nanofibras

com diferentes frações de quitosana em solução polimérica não foram capazes de inibir

o crescimento de bactérias, apresentando atividade bactericida somente quando

misturadas ao cloridrato de tetraciclina (1%). Tais arcabouços necessitam de estudos

mais aprofundados para a aplicação na engenharia de tecidos, para a promoção do

reparo tecidual.

Palavras-chaves: Arcabouço, Nanofibras, Análise Mecânica, Reparo

Tecidual, Eletrofiação.

ABSTRACT

Scaffolds are materials applied for support and tissue regeneration. Nanofibers

produced by polymeric matrix should attend some basics demands for scaffolds such as

being biocompatible, nontoxic, biodegradable, allowing adhesion and growing of the

matrix extra cellular components (fibroblast, collagens and integrins). The aims of this

work was to develop polymeric nanofibers, with morphological characteristics and

bactericidal activity for cell proliferation, as future scaffold candidate for skin wound

repair. The polymeric nanofibers were obtained by electrospinning method with

different solutions parameters of a mixture of Poly (vinyl alcohol) (PVA) (10 %) and

Chitosan (1%). Atomic Force Microscopy (AFM) and Scanning Electron Microscopy

(SEM) was used in order to analyze the morphology of scaffold surface, in terms of

fiber diameter and density, as well as surface layers porosity. Molecular analysis was

performed with Fourier Transformed Infrared (FTIR-ATR mode); Thermal and

mechanical properties of the scaffold were investigated by means of TGA and DMA,

respectively. As bioactivity test, samples were placed in contact with Staphylococcus

aureus bacteria (ATCC 6538) for growth inhibition analysis. The nanofibers were

obtained with the diameter varying with the proportion of chitosan in the polymer

solution, plus fibers uniform and less beads with PVA. The blends of PVA and chitosan

were obtained homogeneously with increased thermal stability and less resistant to

deformation, in addition to preserving intermolecular characteristics of each polymer in

their blends. Nanofibers with different fractions of chitosan polymer solution were

unable to inhibit the growth of bacteria, showing bactericidal activity only when mixed

with tetracycline hydrochloride (1%). Such frameworks require further study for

application in tissue engineering, to promote tissue repair.

Key words: Scaffold, nanofibers, Mechanical Analysis, Tissue Repair,

Electrospinning.

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1. INTRODUÇÃO

Lesões severas e agudas em tecidos como a pele, cartilagem, artéria e osso, podem

ocasionar um comprometimento ou perda da sua função. Em lesões graves, podendo

resultar em perda do membro, cicatrizes hipertróficas ou infecções, faz-se necessário o

enxerto de tecido ou até mesmo implante de prótese artificial a fim de suplantar o dano.

Entretanto, essas intervenções nem sempre são ideais, pois o paciente pode apresentar

uma rejeição em decorrência de incompatibilidade sanguínea, além da eventual

manutenção ou troca da prótese. Como alternativa, procura-se cada vez mais o emprego

de materiais biorreabsorvíveis, com estruturas tridimensionais, capazes de regenerar o

tecido lesionado.

Os arcabouços são sistemas obtidos a partir de materiais biocompatíveis, que

devem levar em conta propriedades relacionadas ao tecido biológico, a fim de aprimorar

a regeneração tecidual. Os biopolímeros são aspirantes para a formação de arcabouços

por fornecer diferentes superfícies que se adequam a tipos específicos de tecidos

biológicos. Os biopolímeros podem ser extraídos de fontes naturais ou sintetizados. Os

polímeros naturais vêm ganhando espaço por serem economicamente viáveis, e por

possibilitar a obtenção de suportes celulares para adesão e crescimento. Contudo, suas

propriedades mecânicas não são compatíveis a uma matriz extra-celular, o que torna

necessário a combinação com certos polímeros sintéticos, por copolimerização ou pela

formação de blendas. A mistura física de ambos ou mais polímeros é conhecido como

blendas poliméricas, onde suas funcionalidades são agregadas permitindo utiliza-las em

arcabouços em diferentes tecidos. Os tipos de arcabouços poliméricos variam de acordo

com sua estrutura e destacam-se materiais poliméricos feitos à base de membranas

finas, hidrogéis e fibras.

A eletrofiação de polímeros é uma técnica que fornece fibras com diâmetros que

podem variar de dezenas de nanômetros até centenas de micrômetros, sendo de grande

interesse para aplicações biológicas, incluindo arcabouços. A combinação de diferentes

solventes ou polímeros, além da configuração do dispositivo permite produzir fibras de

variados tamanhos de diâmetros, poros e rugosidade. A técnica de eletrofiação é

emergente na área de arcabouços, sendo também incluída na fabricação de biomateriais

na engenharia de tecidos, que utiliza células mamárias combinadas ao arcabouço para

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regeneração de tecido.

A estrutura das nanofibras é compatível com tecidos como a pele, pois permite a

difusão de oxigênio, a constituição de barreiras contra bactérias, além de possuir

estabilidade mecânica suficiente para o suporte de uma matriz extra-celular e substratos

para seu crescimento. Algumas proteínas, como o colágeno, apresentam essas

características semelhantes às nanofibras poliméricas [1]. Ainda há desafios a serem

superados, como a configuração e a organização da matriz de nanofibras poliméricas, a

taxa de produção de fibras em larga escala e as proporções de cada polímero na blenda

para obtenção da estrutura tridimensional com propriedades físicas e morfológicas

adequadas para a engenharia de tecido.

22

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ENGENHARIA DE TECIDO BIOLÓGICO

Muitos acidentes e doenças acarretam a lesão de órgãos e tecidos dos mais

variados tipos, necessitando de realização de um transplante ou de um implante,

podendo resultar em muitos casos em uma rejeição do órgão ou da prótese. Uma técnica

que vem sendo bastante explorada consiste na retirada de células do próprio paciente

para cultivo in vitro em um suporte com estrutura tridimensional, para a realização de

um enxerto na região lesionada e eventualmente regenerar o tecido. Esta técnica é

conhecida por engenharia de tecido e foca em usar células mamárias e biomateriais para

diversos tecidos, como tecido ósseo, cartilagem, pele, válvulas cardíacas, nervos,

menisco, uretra e fígado [2, 3, 4].

As células de agregação também variam, embora não se tenha a informação da

função célula-célula e célula-matriz de todos os tecidos. Uma das principais proteínas

responsável pela matriz extra-celular e regeneração de tecidos é o colágeno, que pode

ser encontrada em diversas estruturas e tecidos. Muitos autores mostraram ser positivo o

uso de células mesenquimais (células troncos) já que estas mostram a capacidade de

reconhecer o tecido lesionado e diferenciar-se, até mesmo para células ósseas [5 - 7].

Estudos sobre estruturas de colágeno com células tronco da medula óssea humana

mostraram que ocorre diferenciação em células condrogênica e osteogênica, absorvendo

cálcio e fostafato, nutrientes fundamentais para o tecido ósseo [8].

O suporte para a deposição das células é conhecido como arcabouços (scaffold).

Os arcabouços podem ser elaborados a partir de uma série de materiais sintéticos e

naturais. O arcabouço exige uma série de características para a promoção da adesão e

crescimento celular. Dentre as características de um arcabouço, as principais são

viabilizar o processo de produção de proteínas e formar um novo tecido com estrutura

apropriada. A estrutura do arcabouço é determinante para operar corretamente em um

tecido. A porosidade do arcabouço é fundamental, pois permite a movimentação das

células e moléculas para diversos sítios sucedendo em seu crescimento e adesão ao

biomaterial assim como em um tecido saudável. O controle dos poros se torna

importante dependendo do tipo de tecido envolvido, sendo necessário que as estruturas

apresentem espaços com tamanhos maiores que os componentes da matriz extra-celular

e outras moléculas [9,10]. A degradação adequada de um arcabouço depende também da

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finalidade de seu uso. Materiais usados para enxerto ósseo, por exemplo, requerem um

comportamento inerte com o tecido hospedeiro para que não se degrade rapidamente e

não tenha que ser substituído ocasionando altos custos e intervenção cirúrgica. Em

tecidos macios, a degradação de alguns materiais mostra que a reconstrução do tecido

pode aumentar, principalmente no estágio de inflamação do meio [11]. A degradação de

materiais bioreabsorvíveis também é desejada, pois sua degradação pode ser utilizada

para preenchimento de poros na matriz extra-celular, por meio de enzimas ou hidrólise

[12].

Arcabouços construídos a partir de polímeros, também classificados como

biopolímeros, é a forma mais utilizada, pois consiste em uma variedade de cadeias com

grupos funcionais diferentes, geralmente compatíveis a um tecido biológico e não-

tóxicos ao meio, sendo obtidos por síntese ou por meio natural. Esta classe polimérica

apresenta estruturas lineares, ramificadas ou ligações cruzadas, além de muitos serem

adicionados por síntese com outras cadeias moleculares, modificando sua massa

molecular e adicionando novos grupos funcionais em sua estrutura. Os biopolímeros

sintéticos termoplásticos, por exemplo, são usados na fabricação de peças automotivas,

utensílios domésticos, dispositivos eletrônicos e encapsuladores de fármacos. Sua

aplicação biomédica hoje é ampla, como no uso de arcabouços, pelo fato de ter uma

degradação mais lenta em comparação com os polímeros naturais [13].

O Poli(Uretano) (PU), por exemplo, é um polímero com um grupo uretano

(RO(CO)NHR') e começou a ser utilizado para a produção de colchões e espumas, mas,

nos anos 1980 foi aplicado para produção de biomateriais devido a sua elasticidade e

facilidade de síntese, sendo combinado com polímeros que estimulam o reparo [14] ou a

transplantes de órgãos [15]. Por outro lado, o PU tem facilidade em interagir com o

meio celular ocorrendo uma degradação rápida de sua estrutura, podendo perder

características importantes antes do tempo esperado. O poliuretano sofre reações

oxidativas, o que acelera sua decomposição afetando a longevidade do material.

Diversas copolimerizações são efetuadas com o PU a fim de desacelerar esta reação.

Suas aplicações em geral estão voltadas para materiais que não necessitam de

manutenção ou substituição, minimizando custos operatórios e dores ao paciente. Além

do PU, a Tabela 1 mostra alguns exemplos de polímeros aplicados para no enxerto de

tecido.

Os polímeros naturais são derivados de plantas e animais, formados geralmente

por grupos polissacarídeos, poliésteres ou polipeptídeos. Biopolímeros como amido,

24

celulose, quitosana, colágeno, integrinas, alginato (Tabela 1) e gelatina são usualmente

utilizados para a formação de arcabouços, apresentam biocompatibilidade e promovem

adesão e função celular. O colágeno, por exemplo, é uma classe de proteína encontrada

em tecido humano. Algumas proteínas com estruturas em forma de fibras estão

relacionadas à conectividade da pele, mas devido a sua estrutura física frágil, estas são

cultivadas em outros polímeros com maior resistência física, capaz de fornecer

substratos para o tecido lesionado e suporte físico conforme se degrada.

Tabela 1:Polímeros e blendas utilizadas em arcabouços, características e aplicações.

Polímero(s) Principais Propriedades Aplicações

Poli(uretano) (PU)

Alta flexibilidade, resistente a degradação,

superfícies porosas, compatibilidade

sanguínea

Válvula cardíaca [27]

Artéria cardíaca [28, 29]

Poli(metil metacrilato)

(PMMA)

Agente fixador de próteses ósseas, sensível a

luz UV

Tecido ósseo [30]

Implante dentário [30]

Poli(etilinoglicol)

(PEG)

Copolimerização (em bloco) com diversos

polímeros, biodegradável e hidrofílico

Tecido cartilaginoso [31]

Tecido cardíaco [32]

Poli(pirrol) (Ppy) Condutor elétrico, citotoxidade, biocompatível Tecido nervoso [33]

Nervos periféricos [34]

Alginato

Produção a baixo custo por biossíntese

bactericida, comportamento de congelamento

em presença de íons Ca2+

Tecido do fígado [35]

Tecido cartilaginoso [36]

Tecido ósseo [37], [38]

Poli(ácido lactico-co-

glicólico) (PLGA) e

Poli(álccol vinílico)

(PVA)

Blendas com perfil anfifílico, controle de

poros e biodegradação a partir da massa

molecular

Tecido adiposo [39]

Tecido cartilaginoso [40]

Gelatina e Poli(ε-

caprolactona) (PCL)

Substratos para crescimento de tecidos,

propriedades mecânicas compatíveis.

Tecido de pele [41]

Tecido cardiovascular [42]

Vasos sanguíneos [43]

Quitosana e PVA Bactericida, baixo custo de produção,

propriedades mecânicas compatíveis

Tecido vascular [44]

Tecido de pele [45]

Tecido nervoso [46]

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2.2 POLÍMEROS PARA ENGENHARIA DE TECIDO

2.2.1 QUITOSANA

A quitosana é um aminopolissacarídeo derivado da quitina, um polímero

encontrado em exoesqueletos de crustáceos e insetos. Sua estrutura é composta por dois

anéis sacarídeos: glucosamina e N-acetil-glucosamina (figura 1). A quitosana

diferencia-se da quitina através do grau de desacetilação apresentando uma porcentagem

maior de glucosamina (> 50%) em sua estrutura, sendo solúvel em ácidos orgânicos. O

grupo amino (-NH2) da glucosamina permite reações para a copolimerização e

funcionalidades que abrangem diferentes tipos de aplicações. Sua estrutura assemelha-

se à dos glicosaminoglicanos (GAG), componente da matriz extra-celular responsável

pela regulação de vários processos celulares [16]. A complexação de quitosana em pH

ácido aos GAG, forma cadeias alongadas e com caráter dissacarídeo podendo aderir-se

às células que atuam em regeneração de tecidos, possibilitando a diminuição do tempo

do reparo da lesão.

A quitosana é insolúvel em água em pH neutro ou alcalino, e sua dissolução

ocorre em presença de ácidos orgânicos, como o ácido acético ou ácido clorídrico. Em

meio ácido, a quitosana tem sua estrutura amino protonada (-NH3+), facilitando a

solubilização em meio aquoso. Além disso, sua massa molecular e grau de desacetilação

permitem-na usá-la para diferentes finalidades. O grau de desacetilação representa a

quantidade de grupo amino disponível na cadeia polimérica e, em maior grau

percentual, somente pode ser solubilizado em meio ácido, obtendo uma maior

resistência em sua conformação estrutural, pois as cargas positivas favorecem uma

maior estabilidade às cadeias moleculares [17].

A quitosana quando empregada em lesões, estimula e induz a proliferação

celular no local [18]. Quando implantada, a quitosana atua em estágios essenciais para

o crescimento de uma nova matriz. Na fase de inflamação, por exemplo, a quitosana é

um ativador de macrófagos e neutrófilos, assim como para a granulação, migrando

fibroblastos para a nova matriz formada.

26

Figura 1: Estrutura molecular da quitosana formada por um anel glicosamina

(esquerda) e N-acetilglicosamina (direita).

As propriedades da quitosana vêm sendo testadas em vários ensaios que

envolvam regeneração ou substituição de tecidos com variados métodos de obtenção de

arcabouços [19]. Segundo CHU [20], diferentes arcabouços de quitosana foram

cultivados em hepatócitos de ratos para fígados bioartificiais. Os hepatócitos com

nanofibras apresentaram função acima de filmes finos e do material de controle, além de

ser mais biocompatíveis, não afetando a viabilização das células de adesão. A adesão e

proliferação de elastinas e colágenos com arcabouços de PVA e quitosana em forma de

fibras aplicados no tecido externo epitelial de ratos obtiveram resultados de cicatrização

melhores que em arcabouços de filmes finos e, incutido com a proteína da classe de

fator de crescimento celular, houve reconstrução do tecido epitelial por completo [21].

Diferentes bactérias são inibidas de crescimento pela quitosana, como

Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Salmonella typhimurium. As bactérias

Gram-negativas são inibidas quando há o rompimento da barreira da membrana externa

pela interação do grupo -NH3+ da quitosana e grupos fosforil da membrana celular [22,

23]. O efeito da quitosana em bactérias Gram-positivas também ocorre pela interação do

grupo amino da quitosana com grupos glicolipídios ou de camadas de peptidioglicanos

que circundam a membrana citoplasmática [24].

2.2.2 PVA

O Poli (Álcool Vinílico) (PVA), cuja estrutura molecular é mostrada na Figura

2, é um polímero sintético solúvel em água. As propriedades físico-químicas do PVA

dependem do grau de hidrólise e de polimerização. O PVA encontra um grande número

de aplicações em várias áreas, tais como adesivos, têxteis ou papel. Na área biomédica,

o PVA é utilizado na obtenção de membranas anfifílicas para imobilização de enzimas e

como excipiente para formulação de medicamentos e cosméticos (em pó ou

comprimidos), por sua estabilidade física, química, microbiológica e

27

biodegradabilidade. Faz parte dos polímeros empregados na preparação de

nanopartículas poliméricas (nanocápsulas ou nanoesferas) para vetorização de fármacos

tais como os anticancerígenos. Sua característica semicristalina propicia uma resistência

mecânica adequada para arcabouços e não apresenta toxicidade a tecidos biológicos.

[25]

Figura 2: estrutura do PVA

2.2.3 BLENDAS POLIMÉRICAS

A mistura física de polímeros é classificada como blenda polimérica, utilizando

um solvente que solubiliza os dois polímeros onde suas propriedades intermediárias

físico-químicas são mantidas e a mistura pode apresentar uma única ou mais fases. O

estudo da interface de uma blenda polimérica torna-se interessante, pois sua formação

influência as propriedades mecânicas do material. A miscibilidade da blenda é um fator

característico de funcionamento do material, pois termodinamicamente as blendas

imiscíveis tendem a ter duas ou mais fases, o que caracteriza uma mistura heterogênea,

sendo mantidas as propriedades intermediárias de cada polímero. Estes materiais são

usados em arcabouços por combinar polímeros com características distintas, reforçando

sua estrutura mecânica ou hidrofilicidade (afinidade à água). Testes de

biocompatibilidade e biodegradação in vitro com plaquetas sanguíneas e fibroblastos

foram realizados em blendas poliméricas de Poli(hidroxibutirato) (PHB) e Poli

(etilenoglicol) (PEG), ou seja, um polímero natural e um sintético, respectivamente.

Filmes obtidos com somente PHB apresentaram um tempo de coagulação menor, porém

sua degradação e o crescimento de células de fibroblastos são baixos. Quando o PHB é

misturado com PEG, o filme apresenta maior número de poros e torna-se mais

hidrofílico, chegando a dobrar o número de células de fibroblastos formadas e

aumentando quase em 5 vezes a velocidade de degradação, o que torna um material

potencial para arcabouços de vasos sanguíneos. [26]. Neste caso, a mistura de um

polímero sintético e um natural é vantajosa, pois a matriz sofre uma degradação

adequada, adesão e proliferação celular, dando o suporte necessário para aceleração de

28

regeneração tecidual.

De fato, diversas combinações entre polímeros sintéticos e naturais podem ser

configuradas às variedades de tecidos. Além do exemplo citado, na tabela 1

apresentam-se alguns polímeros naturais e sintéticos utilizados para tecidos específicos.

2.3 ARCABOUÇOS POLIMÉRICOS

2.3.1 HIDROGÉIS

Hidrogéis são estruturas poliméricas capazes de se expandir e reter água em uma

fração acima de 20%. Para aplicações em arcabouços, os hidrogéis tornam-se viáveis

por sua capacidade hidrofílica de manter o tecido reidratado, sua superfície suave e

fisicamente frágil para tecidos endoteliais em partes específicas como do calcanhar e

juntas em tecidos cartilaginosos [47].

Os hidrogéis podem ser obtidos de diferentes maneiras conhecidas por ligações

cruzadas físicas ou ligações cruzadas químicas. As ligações cruzadas físicas geram

hidrogéis mais flexíveis e estáveis, pois a interação da matriz polimérica é resultante de

ligações não-covalentes, onde o domínio hidrofóbico da cadeia polimérica orienta-se

para o centro do material, enquanto a parte hidrofílica localiza-se na superfície externa

interagindo com moléculas de água. O método de resfriamento e congelamento é um

dos mais simples e utilizados, devido à instabilidade termodinâmica do material

modificar os sítios de cargas, e repetindo-se o processo faz com que haja interações não-

covalentes, dando uma condição mais estável para o material. As ligações químicas

cruzadas do hidrogel, como resultado de uma reação de copolimerização entre um

monômero de baixa massa molecular e um agente de ligação, levam a uma estrutura

mais rígida que acentua suas propriedades mecânicas, com uma superfície mais porosa e

regular que o método físico, permitindo maior quantidade de água [48].

2.3.2 MEMBRANAS FINAS

Estudos de membranas poliméricas finas simples e compostas por antibióticos

em variadas células de crescimento mostram que filmes finos são capazes de servir

como arcabouços para engenharia de tecido [49]. Membranas finas podem ser obtidas

por diferentes métodos e sua espessura pode variar de alguns nanômetros até centenas

29

de micrômetros. Métodos simples de obtenção de filmes finos conhecidos por casting

(evaporação de solvente por temperatura), spray coating (aerossóis poliméricos) e spin

coating (espalhamento do polímero por força centrífuga) tem sido alvo de aplicações na

área biomédica. Suas vantagens são a formação de poros de diferentes diâmetros e a

possibilidade de combinar polímeros, depositando-os em múltiplas camadas.

2.3.3 NANOFIBRAS

A aplicação de nanofibras ocorre em diversas áreas, principalmente pela sua

disposição de formar fibras de diferentes materiais, taxa de degradação, tamanhos e

porosidades. No campo medicinal, destacam-se pesquisas envolvendo eletrofiação de

biopolímeros para liberação controlada de drogas e estruturas tridimensionais para

enxertos de diversos tecidos (epitelial, muscular, vascular, ósseo etc.) [50, 51, 52, 53].

De fato, arcabouços feitos de nanofibras apresentam uma consistência não só em termos

estruturais como seu desempenho físico se adequa à aplicação do tecido de pele,

levando à adesão celular, proliferação e expressão de gene. [54]. Artigos publicados de

aplicações in situ e enxertados in vivo mostram que os desempenhos dos materiais a

partir de nanofibras são satisfatórios. É previsível notar que muitos métodos hoje

aplicados no tratamento de lesões sejam substituídos ou adicionados por produtos

poliméricos [55, 56]. A sua aplicação ainda não é favorável à ampla produção devido ao

longo tempo gasto para obter filmes com uma espessura desejável.

O diâmetro das fibras varia de acordo com os polímeros e podem chegar a

dezenas de nanômetros a até dezenas de micrômetros. Arcabouços com fibras de

menores diâmetros dificultam a permeabilização de microrganismos em exsudatos,

melhora o espalhamento de células tronco neurais. Em contrapartida, observa-se baixa

agregação celular, sendo necessário controlar o diâmetro das fibras para se obter

resultados satisfatórios [57]. A imitação de uma matriz extra-celular é dificultada

principalmente pela sua organização dos componentes fibrilares, não fibrilares e

microfibrilas. Quando empregadas em lesões de tecidos epiteliais, as nanofibras

estimulam o crescimento de um novo tecido. Quando postas em contato com lesão, as

nanofibras comportam-se como um arcabouço (scaffold), fornecendo um suporte básico

ou aprimorado para a função celular dos componentes da matriz extra-celular (MEC),

meio fundamental para a regeneração epitelial. As nanofibras servem como ponte de

migração e crescimento de várias células devido as suas estruturas, tamanho,

30

composição e porosidade. O arcabouço deve comportar-se de modo seletivo,

viabilizando a permeabilização de oxigênio, a hidratação contínua, a liberação de

exsudatos. Mesmo após a matriz extra-celular entrar em ação para a regeneração do

tecido, o arcabouço ainda desempenha o papel de sustentação, proliferação e

diferenciação celular, até ser degradada por vias metabólicas. Seu controle morfológico

pode ser efetuado através das propriedades do equipamento de formação do filme e da

solução polimérica, conforme será discutido na seção 2.6.

As nanofibras também oferecem a oportunidade de incorporação de

nanopartículas em sua estrutura agregando a funcionalização da membrana.

Nanopartículas de prata e ferro são conhecidas por sua inibição de uma série de

bactérias. Na literatura encontram-se exemplos em que a combinação de nanofibras com

nanopartículas metálicas aperfeiçoam a atividade bactericida tanto em bactérias gram-

negativas como gram-positivas [58, 59, 60]. Atribui-se a funcionalização de

nanopartículas ao ligar-se na parede superficial da bactéria, inibindo sua proliferação

celular, ocasionando a não-funcionalização ou morte da bactéria.

Na aplicação em tecidos superficiais como a epiderme, por exemplo, é desejável

que arcabouços tenham uma aplicação fácil e não dolorosa, possibilitando que sua

estrutura seja íntegra até ocorrer o reparo tecidual necessário. Além da possibilidade de

arcabouços, as nanofibras são empregadas no uso de filtrações, dispositivos de cristais

líquidos e blindagem eletromagnética [61].

2.4 ELETROFIAÇÃO

A eletrofiação é uma técnica de obtenção de fibras poliméricas. O termo “fiação”

se originou pela produção parecida de fibras a partir de algodão para indústria têxtil

[62]. No início do século XX o uso de soluções condutoras elétricas foi estudado para

formar pequenas gotas da substância, geralmente em forma gasosa. Seu processo se

conclui quando a solução passa por um pequeno capilar com uma diferença de potencial

elevada superando a tensão superficial da solução. A técnica ficou conhecida como

eletrospray, onde sua aplicação se desenvolveu principalmente para separações de

compostos por espectroscopia de massa.

No entanto, a eletrofiação ficou popular a partir 1934 por Formhals ao patentear

um dispositivo capaz de produzir fibras eletrostáticas em segmento para área têxtil. Tal

dispositivo foi modificado duas vezes até obter fibras parcialmente secas que

31

possibilitasse seus desdobramentos usando acetato de celulose diluído em acetona [63].

Nos anos posteriores a técnica foi direcionada para explicar-se a formação de fibras,

estrutura e morfologia de acordo com os parâmetros do equipamento ou da solução. No

início dos anos 1990 a técnica começa novamente a se popularizar pela descoberta de

biomateriais e suas respectivas aplicações, sendo impulsionada pelas áreas médica e

ambiental.

Para se obter fibras por eletrofiação utiliza-se solução polimérica eletrolítica, e

seu aparato é relativamente simples como mostrado na figura 3. Quando a solução

chega até a saída da agulha, ela sofre um estiramento devido à atração eletrostática que

há entre a agulha e o coletor. A diferença de potencial deve ser alta, geralmente acima de

5 kV para que a tensão superficial da solução seja superada e o polímero seja depositado

no coletor metálico em estado sólido. A vazão da solução deve ser controlada, pois se o

volume de saída for grande não haverá estiramento suficiente para a solução sofrer

quebra de ligação entre o solvente e o polímero. A distância entre a agulha e o coletor

pode variar, mas em distâncias curtas, percebe-se que o solvente não evapora

completamente, podendo ser depositado no coletor. As extensões das fibras chegam a

ordem de quilômetros e a massa resultante de nanofibras chega em torno de 130 mg/h

[64].

Figura 3: Esquema básico do arranjo experimental da técnica de eletrofiação.

32

2.5 TEORIA DA ELETROFIAÇÃO

Ao ejetar uma gota da agulha, nota-se um estiramento da solução de aspecto

inicial regular, mas ao se afastar da gota, este sofre várias perturbações. Este

estiramento de formato cônico é conhecido por cone de Taylor (Figura 4) e seu estudo

foi aprofundado a partir de análises de imagens e vídeos. [65, 66]. O cone de Taylor

possui duas principais regiões determinantes para a formação de fibras: região estável e

região supercrítica. A região estável corresponde ao início da formação de um cone

cilíndrico na gota localizada na extremidade da agulha. O cone efetivamente se forma

quando aplicada uma diferença de potencial na qual o ângulo de curvatura da gota

atinge 49°. [67]. Esta diferença de potencial crítica é responsável pelo estiramento do

jato em relação as propriedades do dispositivo conforme apontado na equação 1,

𝑽𝒄𝟐 = 𝟒 (

𝑯𝟐

𝑳𝟐 ) (𝒍𝒏𝟐𝑳

𝑹− 𝟏, 𝟓) (𝟎, 𝟏𝟏𝟕𝝅𝜸) (1)

onde Vc é a tensão crítica, H a distância entre a agulha e o coletor, L o comprimento da

agulha, R o raio da agulha e γ a tensão superficial da solução.

Á medida em que o jato aproxima-se da placa condutora, a instabilidade e a

velocidade do jato aumentam, fazendo com que ocorra uma indefinição da direção final

do jato quando entra em contato com o coletor (região supercrítica). Devido à grande

quantidade de parâmetros envolvidos no processo, torna-se difícil equacionar o

comportamento do cone de Taylor em um aspecto amplo. Alguns trabalhos teóricos

utilizam as propriedades específicas da solução polimérica (viscosidade, tensão

superficial, condutividade elétrica, etc.), o campo elétrico, corrente elétrica para obter

uma condição que explique os resultados experimentais em relação à morfologia das

nanofibras [68, 69].

Figura 4: Representação da formação de um cone de Taylor em uma solução

polimérica. Na medida em que se aumenta o potencial elétrico, a gota de uma solução

polimérica é estirada a formação de um jato cônico e vários jatos em potenciais

elevados (Figura adaptada e permitida por [70]).

33

2.6 PARÂMETROS DA ELETROFIAÇÃO E A FORMAÇÃO DE

NANOFIBRAS

A formação de nanofibras exige um forte estiramento do jato para alcançar

diâmetros nanométricos. Muitas propriedades do processo estão intercaladas, como a

distância entre agulha e o coletor que afeta o campo elétrico, e mesmo tais propriedades

são variáveis de acordo com as propriedades da solução (concentração, solvente,

viscosidade, etc.). É pretendido que varie-se uma propriedade intrínseca para se obter

uma nanofibra desejada, não precisando efetivamente modificar outros parâmetros para

chegar ao resultado esperado. A seguir, serão mostrados alguns fatores fundamentais

que formam as nanofibras.

A tensão elétrica aplicada entre a agulha e o coletor está certamente ligada ao

processo da eletrofiação. Os polímeros possuem uma massa molecular grande, o que

torna necessária a aplicação de uma diferença de potencial na ordem de kV. Geralmente

encontram-se ensaios de eletrofiação acima de 5 kV. A diferença de potencial é

responsável pelo estiramento da solução carregada eletricamente ao coletor. Embora o

aumento da tensão cause o aumento da força elétrica, estudos mostram que a força no

campo não é uniforme, podendo acontecer a diminuição ou aumento do diâmetro das

fibras pois afetam na quantidade de volume de solução que pode ser ejetada. Além

disso, fibras produzidas com maiores valores de tensão tendem a ter um comportamento

uniforme, e uma deposição bem mais ordenada devido à instabilidade do jato [71]. Em

certos valores extremos de tensão há a ruptura do jato antes da evaporação do solvente

ou forma fibras não uniformes, com uma parte mais grossa conhecida por contas [72,

73]. Fica evidente que o valor da tensão elétrica precisa ser combinado de acordo com

outros parâmetros não só do equipamento, quanto da solução.

A distância entre a agulha e o coletor é outro fator que pode influenciar na força

elétrica e sua uniformidade, sendo um parâmetro fundamental para a formação de

nanofibras. A obtenção de nanofibras uniformes está relacionada com a evaporação do

solvente, a solidificação do polímero e o intervalo da instabilidade do jato [74]. O uso

de soluções aquosas dificulta a evaporação do solvente, necessitando de distâncias

maiores quando comparado ao uso de ácidos orgânicos. Em distâncias pequenas há

34

ocorrência de contas, devido ao pouco espaço para o alongamento das fibras, e em

distâncias entre 8 a 20 cm é provável a formação de nanofibras [63]. Doustgani

observou que quando aumentada a distância do jato, as fibras ficavam com diâmetros

maiores devido ao enfraquecimento do campo elétrico, reduzindo a velocidade da

solução no percurso para o coletor [75].

O volume de solução ejetada é um parâmetro importante para o controle da

morfologia das nanofibras na eletrofiação. É comum o uso de uma bomba automática

para o controle de fluxo da solução, mantendo fluxo do volume da solução constante, o

que poderia afetar diretamente nos diâmetros das nanofibras. Soluções que apresentam

alta viscosidade geralmente trabalham com fluxos baixos de volume, entre 0,01 ml/h a 1

ml/h, pois a tensão superficial tende a aumentar devido ao aumento da quantidade de

volume de uma solução viscosa, ejetando gotas ao invés de formar um estiramento

contínuo da solução. Em soluções de baixa viscosidade, algumas soluções podem não

formar um jato contínuo, pois a velocidade do jato é tão alta que não há volume

suficiente para continuar o estiramento. Em soluções aquosas de PVA, o aumento da

vazão da solução pode causar significativas mudanças no diâmetro das nanofibras [76,

77].

Na literatura encontram-se várias formas de coletores metálicos para depositar as

nanofibras [51, 53, 64]. O coletor mais simples é formado por uma placa metálica (aço,

alumínio, cobre, etc.) e as fibras são depositadas aleatoriamente em sua superfície.

Como forma de produção de nanofibras orientadas, utiliza-se um coletor de forma de

cilindro ou de disco em movimento rotacional (Figura 5). O coletor em forma de disco

é usado para deposição das fibras em sua borda, geralmente de baixa espessura o que

faz com que as fibras tenham alinhamento por não ter áreas maiores de deposição. O

coletor cilíndrico atua da mesma maneira, mas a área de deposição é larga, o que

diminui as chances de alinhamento, como alternativa, utiliza-se um eletrodo paralelo ao

cilindro, fazendo a curvatura do jato ir em direção a esta carga [78, 79, 80].

35

Figura 5: Três exemplos de coletores rotacionais para eletrofiação. Na ordem: coletor

cilíndrico, disco e cilíndrico com fendas [fonte: http://www.electro-spinning.com/].

Outra maneira utilizada é aplicar um segundo campo elétrico pela sobreposição

de duas ou mais barras metálicas na frente de um coletor plano, o que gera uma

orientação das fibras, de acordo com a posição das barras (Figura 6). Dan Li e

colaboradores [81] utilizaram este método para proporcionar o alinhamento das

nanofibras. Empregando eletrodos condutores em várias configurações, obtiveram até

três camadas de nanofibras orientadas, no vão entre os eletrodos (Figura 6).

Arcabouços por nanofibras alinhadas apresentam resultados mais eficientes que em

modo aleatório na maturação e proliferação celular, devido às células mamárias terem

uma morfologia organizada em um tecido natural saudável [82, 83].

Figura 6: Representação de eletrofiação com dois eletrodos condutores elétricos

paralelos e sua respectiva morfologia (Figura adaptada [81]).

A umidade no sistema de eletrofiação permite controlar a morfologia das

nanofibras pela sua relação com a taxa de evaporação do solvente. Nota-se que ao

diminuir a umidade relativa do ar, o diâmetro e a quantidade de contas diminuem [84].

A combinação de solventes voláteis e determinado grau de umidade pode propiciar

poros em nanofibras que facilitem a difusão de enzimas e oxigênio [85, 86]. Em uma

solução polimérica diluída em água, a evaporação do solvente facilita a formação do

jato, mas a relação com o diâmetro das nanofibras não aparenta uma tendência.

2.7 PARÂMETROS DA SOLUÇÃO

A solução de eletrofiação pode ser composta por diferentes polímeros,

compósitos em vários solventes e concentrações. Certos valores fixados de suas

propriedades favorecem na formação das nanofibras, sendo possível o controle

36

morfológico do material.

A viscosidade da solução polimérica está relacionada á formação de nanofibras.

Soluções com baixas viscosidades apresentam jatos instáveis e não-uniformes. Em

contrapartida, soluções altamente viscosas impossibilitam formar fibras com diâmetros

reduzidos, geralmente não-uniformes. O parâmetro da viscosidade pode ser controlado

por meio da concentração polimérica na solução. A solução polimérica de PVA em

concentrações baixas não varia consideravelmente a viscosidade, porém, a tensão

superficial da solução é alta e dificulta a formação contínua de nanofibras. Já a

concentração elevada, além de aumentar a viscosidade da solução, a tensão superficial

diminui, sendo possível formar o cone de Taylor e obter nanofibras uniformes. A

viscosidade da solução é proibida quando seu comportamento impede que as moléculas

poliméricas se estiquem suficientemente para formar o cone de Taylor, que para o PVA,

segundo Deitzel, a concentração polimérica está acima de 10 % em solução [87].

A massa molecular está relacionada com a viscosidade intrínseca da solução

polimérica, conforme a equação 2 de Mark-Houwink-Sakurada:

[𝜼] = 𝑲𝑴𝒘𝜶 (2)

onde [η] é a viscosidade intrínseca da solução, Mw é a massa molecular, α é um

parâmetro entre a interação do polímero e o solvente e K uma constante. Nesta

formulação empírica espera-se que a viscosidade do polímero aumente conforme for

maior a massa molecular do polímero. Polímeros com baixa massa molecular

apresentam dificuldades de formar fibras uniformes, geralmente são acompanhadas por

contas e são evitados ou misturados com polímeros de maior massa molecular que

forneçam estabilidade do jato da solução [88]. Por exemplo, a presença de poros em

fibras de poliestireno foi identificada em amostras com maior massa molecular (560.900

g/mol), em condições de umidade iguais para poliestireno de massa molecular menor

(190.000 g/mol) [86]. A viscosidade da solução polimérica do poli (óxido de etileno)

(PEO) dissolvido em 2 % de ácido acético altera-se consideravelmente a partir de 3 %

de PEO em solução com massa molecular de 2.300.000 g/mol a enquanto que para PEO

com massa molecular de 1.500.000 g/mol não houve alteração [89].

Solventes orgânicos possuem propriedades como condutividade elétrica e tensão

superficial que influenciam na formação de nanofibras. A utilização de água como

solvente puro torna-se impraticável pela dificuldade de evaporação e um volume fica

37

presente nas nanofibras misturando-as e descaracterizando-as. Em nanofibras de

Polibutileno succinato (PBS) apresentam morfologia livre de contas em determinadas

misturas e quantidades de solventes, apresentando contas ou microesferas quando se

alteram os parâmetros do solvente [90]. Em soluções poliméricas de poliestireno (PS)

de mesma concentração (20 %) formaram-se contas e fibras irregulares com

tetrahidrofurano (THF) e clorofórmio mesmo apresentando viscosidade característica de

eletrofiação, enquanto usando dimetilformamida (DMF) obtiveram-se nanofibras

uniformes com poucas contas. Tais soluções diferenciam-se pela condutividade elétrica

em DMF enquanto em outros solventes não apresentaram valor significativo [91]. Ainda

consideram-se outros fatores do solvente que apontam o DMF como melhor solvente

para o poliestireno em relação a outras substâncias, como a viscosidade e sua

temperatura de ebulição, evitando que evapore antes do estiramento das nanofibras [92].

Na literatura encontram-se artigos de eletrofiação de PVA e Quitosana para a

obtenção de nanofibras. O emprego destes polímeros se dá principalmente pelo seu

baixo custo dos polímeros, pela interação intramolecular (quitosana) e intermolecular

pelas cadeias moleculares poliméricas representadas na figura 7, obtendo uma forte

ligação entre eles e podendo utilizá-los como blendas poliméricas miscíveis. Na tabela

2 constam alguns artigos encontrados referentes a blendas de PVA e quitosana, para

certas condições da eletrofiação. Os resultados dos ensaios constados na tabela citada

apresentam formas bem-sucedidas de obtenção de nanofibras e a concentração entre os

polímeros é a mais discutida, além de que em todos os resultados o diâmetro das

nanofibras diminui com a proporção de quitosana adicionada na mistura.

Figura 7: Representações de interações intermoleculares e intramoleculares entre as

cadeias poliméricas do PVA e da quitosana.

Ligações intermoleculares de hidrogênio

Ligações intramoleculares de hidrogênio

38

Tabela 2: Levantamento da literatura dos parâmetros e média dos diâmetros das

nanofibras entre PVA e quitosana.

[PVA] e

[CS] % Proporção

[Solvente]

%

Vazão

(mL/h)

Distância

(cm)

Potencial

(kv)

Média

nanofibras

(nm)

Autores

6 e 6 11/89; 17/83,

50/50 Hac. (2) n.i 25 18 100 [93]

20 e 3 90/10;80/20;

75/20 Hac. (2) n.i 15 15

300, 250,

150 [94]

8 e 8 75/25 Hac. (2) 0,7 10 15 n.i [95]

10 e 7 65/35 Hac. (70) 0,1 20 20 143 [96]

7,8,9 80/20 água* 0,3 7,5 15 n.i [97]

10 e 2 70/30 Hac. (90) 0,9 12 28 n.i [98]

3, 4 e 5 80/20 Hac. (2) n.i 10 21-25 n.i [99]

* A quitosana utilizada é desprotonada.

39

3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO PRINCIPAL

O objetivo do trabalho foi investigar a formação de nanofibras poliméricas a

partir de soluções de PVA e de blendas PVA/quitosana pela técnica de eletrofiação, para

aplicação como candidato a arcabouço na engenharia de tecidos.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Analisar a morfologia, estrutura e interações moleculares, propriedades

térmicas e mecânicas das nanofibras de PVA e blendas PVA e quitosana em função da

composição da solução polimérica.

- Avaliar a inibição de crescimento de Staphylococcus aureus na presença das

nanofibras, sem e com agente bactericida.

40

4. MATERIAIS E METODOLOGIA DO TRABALHO

Os polímeros utilizados foram: PVA de massa molecular 130.000 g/mol, e a

quitosana (75%- 85 % desacetilado, massa molecular média), os quais foram adquiridos

da Sigma Aldrich. Como solventes, foi utilizada água deionizada para o PVA e solução

aquosa contendo ácido acético (Química moderna) para a quitosana. Para o preparo das

matrizes poliméricas, foram dissolvidos o PVA e a quitosana separadamente. O PVA

(10%) foi dissolvido em água por agitação eletromagnética a 90 °C por um período de 6

h. Já a quitosana (1%) foi misturada em solução aquosa contendo 1% de ácido acético.

A solução foi mantida sob agitação magnética por um período de 16 horas à temperatura

ambiente e não foi efetuado nenhum tratamento de purificação. A tabela 3 apresenta as

quatro diferentes misturas poliméricas de PVA/Quitosana.

Tabela 3: Configurações das soluções poliméricas utilizadas para eletrofiação.

% VOLUME PVA

% VOLUME

QUITOSANA

AMOSTRA

1 100 0

AMOSTRA

2 90 10

AMOSTRA

3 80 20

AMOSTRA

4 70 30

A eletrofiação foi procedida em colaboração com o professor Dr. Everaldo

Carlos Venâncio do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas

(CECS) da UFABC. O equipamento (figura 8 (a)) é formado por uma bomba

automática de injeção para seringas hospitalares, uma fonte de alta tensão. A solução

polimérica foi adicionada em uma seringa plástica de insulina (1 mL) com agulha de

bisel reto, diâmetro de 8 cm e 2 mm de raio.

As condições de trabalho para eletrofiação usadas foram 20 kV, 10 cm de

distância entre a agulha e o coletor e a vazão da bomba de 0,5 mL/h. O coletor metálico

41

foi recoberto por uma folha adesiva de papel contact® a fim de facilitar a retirada da

amostra (Figura 8 (b)).

Figura 8: a): Equipamento utilizado para eletrofiação: (A) bomba automática para

controle de vazão da solução polimérica na seringa (sobre a bomba); (B) fonte de alta

tensão; (C) coletor metálico. 8 b): Pequena parte da amostra (em branco) obtida de

nanofibras PV A/Quitosana.

Após a obtenção das amostras de nanofibras, foi feito dois tipos de tratamento

químico. O primeiro tratamento químico foi feito mergulhando as amostras de

nanofibras em metanol (99%) durante 24 horas e depois foram retiradas e secas numa

estufa (37 °C) a vácuo por mais um dia.

Outra forma de tratamento químico procedida foi reticular as nanofibras com

vapor de glutaraldeído (25%). As amostras foram colocadas sobre um béquer contendo

solução de glutaraldeído aquecida por 24 horas e depois foram levadas para estufa

(37 °C) a vácuo por um período de um dia.

42

5. CARACTERIZAÇÃO

5.1 VISCOSIDADE DAS SOLUÇÕES POLIMÉRICAS

A viscosidade das soluções poliméricas foi medida por um viscosímetro

eletrônico para pequenos volumes (DV-I Brookerfield). Os valores foram anotados após

um intervalo de tempo de espera de 5 minutos para estabilização do sinal, à temperatura

ambiente.

5.2 ANÁLISE MORFOLÓGICA DOS ARCABOUÇOS

A caracterização dos arcabouços foi feita a partir de imagens de Microscopia de

Força Atômica (AFM) e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). Ambas técnicas

possibilitam a obtenção de informações complementares para analisar as características

morfológicas das superfícies dos filmes obtidos, em termos de rugosidade, diâmetros

das fibras, densidade de fibras e porosidade superficial.

5.2.1 MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA (AFM)

A microscopia de força atômica se baseia na interação entre as estruturas

atômicas da amostra e uma sonda (ponteira com extremidade da ordem de 30 nm)

varrendo a superfície da amostra (Figura 9). O equipamento permite utilizar diversos

modos para obtenção de imagens e caracterização da amostra de acordo com as

necessidades ou propriedades da amostra. Os três principais modos de interação da

ponta e a superfície são: contato, não-contato e oscilatório (modo tapping), conforme

ilustrado na Figura 10.

No modo contato, conhecido também como modo repulsivo, durante a varredura

ocorre na superfície da amostra, a forças repulsivas de van der Waals são dominantes.

Este modo é utilizado principalmente para amostras rígidas o suficiente para evitar a

danificação do material durante a varredura, porém com baixas variações de amplitudes

morfológicas [100, 101].

43

Figura 9:Esquema mostrando o princípio básico do AFM: o circuito de retorno

controla a força entre a ponta e a amostra enquanto ocorre uma varredura em sua

superfície. A diferença de força causada pela deflexão é monitorada via sensor de

deflexão posicionado acima da ponta (adaptado de [100]).

Uma característica diferencial do AFM é o fato de permitir a análise de qualquer

tipo de amostra, como isolantes, magnéticas, elétricas, líquidas, tecidos biológicos, e até

o crescimento de células biológicas em tempo real, sem necessidade de preparações

complexas prévias.

Para as observações e as análises morfológicas com a AFM, as amostras foram

recortadas dos filmes, em tiras de 1 cm2, que foram fixadas sobre um suporte metálico

mediante fita dupla-face. O equipamento utilizado foi o Microscópio de Força Atômica

e Tunelamento da marca Agilent, Series 5500. Todas as imagens foram obtidas em

modo contato, utilizando ponteiras do tipo PPP-Cont da marca Nanosensors, com

frequência de ressonância de 6-21 kHz, constante de força de 0,02 - 0,77 N/m.

Figura 10: Tipos de interação ponta-amostra na técnica AFM (adaptado em [101]).

44

5.2.2 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)

A microscopia eletrônica de varredura é uma técnica explorada a partir dos

conceitos da microscopia eletrônica, comercializada a partir de 1965 pela Cambridge

Scientific Instruments [102]. Suas aplicações variam em analises de materiais orgânicos

e inorgânicos, obtendo informações físicas, químicas e elétricas de sua respectiva

superfície em áreas de até 1 μm2 [103]. Seu funcionamento (Figura 11) consiste em

uma fonte de elétrons excitados (em torno de 40 keV) focado em certa área da

superfície da amostra, que interagem com os elétrons do plano, sendo então emitidos

(elétrons secundários e retroespalhados) e amplificados para o detector e convertido em

imagem. Uma fonte de elétrons, geralmente de tungstênio, emite os elétrons que vão em

direção ao um campo elétrico até a superfície da amostra.

Figura 11: Imagem de um esquema básico de funcionamento de um MEV.

Os elétrons responsáveis pela formação da imagem são de baixa energia

(elétrons secundários) que são atraídos pelo detector ligado a uma fonte polarizada.

Devido à baixa velocidade de locomoção, o detector captura tais elétrons, gerando um

contraste da superfície da amostra. Os demais elétrons são conhecidos por elétrons

retroespalhados, possuem uma energia menor que a fonte primária do feixe, fornecendo

informações do contraste da superfície pela topografia (contraste em função do relevo) e

composição (contraste em função do número atômico dos elementos presentes na

amostra) química [104, 105].

As amostras poliméricas foram revestidas por íons metálicos de ouro (60 nm de

espessura) em uma câmara com alta pressão (SCAN COAT) bombardeada por argônio a

fim de evitar sua degradação. O equipamento para análise de micrografias utilizado foi

45

o MEV da marca JEOL, modelo JCM-6000 e as condições de uso foram a um potencial

acelerado de 15 kV sob ultra vácuo.

As imagens de MEV foram utilizadas para análises dos diâmetros das nanofibras.

Utilizou-se um total de 3 imagens (10.000x) por amostra e a quantificação dos

diâmetros foi feita pelo software ImageJ. A densidade percentual de porosidade também

foi determinada pelo software ImageJ, após a conversão da imagem em formato binário

(preto e branco), destacando as fibras em branco e os espaços vazios em preto; a área

percentual de porosidade é estimada pela razão do número de pixels pretos sobre o

número total de pixels da imagem.

5.3 ANÁLISE DAS INTERAÇÕES MOLECULARES NOS

ARCABOUÇOS

A espectroscopia de Infravermelho com transformada de Fourier é uma técnica

de caracterização de funções químicas moleculares na faixa 12.800 cm-1 a 10 cm-1. A

técnica possui alta resolução, necessitando de alguns microgramas de amostra em certos

equipamentos além de ser uma técnica não evasiva. A interpretação dos resultados se dá

por um espectro na região de comprimento de onda no infravermelho na qual a amostra

absorve ou transmite luz. Em substâncias sólidas, o uso de espectroscopia de refletância

total atenuada (ATR) é a mais utilizada, pois a amostra não precisa passar por nenhum

tipo de tratamento, onde o feixe de luz atravessa um material de alto índice de refração

para a amostra. Quando a amostra absorve o feixe refletido (radiação evanescente),

ocorre a atenuação do feixe nos comprimentos de onda das bandas de absorção [106].

As amostras foram analisadas pelo equipamento espectrômetro de infravermelho

Frontier FT-NIR/MIR (Perkin Elmer) com varredura do número de ondas entre 850cm-1

a 4000 cm-1.

5.4 ANÁLISE DINÂMICO-MECÂNICA (DMA)

A análise por DMA pode fornecer informações sobre o comportamento

viscoelástico de um polímero ou biopolímero. Um material viscoelástico tem por

característica apresentar comportamento elástico (material sólido) e também viscoso

(líquido). Ao aplicar uma tensão controlada (esticá-lo horizontalmente) num filme

polimérico, por exemplo, é possível determinar se o material dissipa ou acumula energia

conforme sua deformação física.

46

A análise do comportamento tensão-deformação das nanofibras foi feita em

triplicata (dimensão: 1 cm x 3 cm) pelo equipamento MTS Tytron 250 com célula de

carga de 250 N e tempo de separação entre as garras de 5 mm/min.

5.5 ANÁLISE TÉRMICA DOS ARCABOUÇOS

As análises térmicas dos arcabouços foram feitas por TGA (Análise

temogravimétrica), que é uma das principais técnicas utilizadas para caracterização

polimérica. A TGA relaciona a perda ou ganho de massa de uma amostra durante uma

variação programada de temperatura. Atualmente, as análises térmicas por TGA exigem

uma pequena quantidade de amostra (em torno de 10 mg), possibilitando o estudo de

materiais com alto custo ou sintetizados com baixo rendimento, como fármacos por

exemplo. A TGA possibilita ainda a compreensão de fenômenos cinéticos que ocorrem

durante a degradação da amostra, relacionando a energia absorvida pela amostra e o

rompimento das respectivas ligações químicas [107]. Além disso, a TGA pode ser

acoplada a outras técnicas de caracterização, como FTIR, podendo permitir a

identificação da composição da substância degradada.

A TGA utiliza uma termobalança, ou seja, um dispositivo composto por uma

microbalança eletrônica e um forno, e o meio podendo ser preenchido por diferentes

gases inertes, corrosivos ou oxidativos. O controle da temperatura e da vazão do gás é

feito por um software de computador. Embora a TGA tenha um princípio simples,

algumas variáveis, como taxa de aquecimento, preenchimento do gás no meio e a

quantidade de amostra influenciam diretamente no comportamento da amostra. Em uma

taxa de aquecimento elevada, por exemplo, alguns fenômenos podem não ser detectados

ou sobrepostos, devido ao elevado grau de degradação da amostra.

As análises térmicas por TGA das amostras foram realizadas utilizando o

equipamento Q500 (TA Instrumensts), com uso de gás nitrogênio como purga e com

uma taxa de aquecimento de 10 °C/min até 450 °C. O cálculo da perda de massa e as

faixas de temperatura foram feitos pelo software TA analysis (TA instruments).

47

5.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para análise dos diâmetros das nanofibras, foram efetuados histogramas das

dispersões das nanofibras (n = 75) e por teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov.

Além disso, foi feito a análise de variância (ANOVA) one-way e teste de comparação

(teste de Tukey) com nível de significância p < 0,05.

5.7 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA

A bactéria selecionada para o ensaio foi a Staphylococcus aureus (ATCC 6538),

uma bactéria gram-positiva frquentemente utilizada para análise antimicrobiana com

biomateriais poliméricos [108, 109].

A suspensão da bactéria foi obtida por alçada de uma cepa liofilizada de S. aureus

para 10mL de caldo triptona de soja (TSB), seguido de incubação a 37 °C por 24 horas.

Após incubação, transferiram-se duas alçadas (20 µL) da cultura bacteriana para outro

tubo contendo 10 mL de TSB, com incubação a 37 °C por 24 horas. Centrifugou-se esta

cultura a 5000 rpm por 5 minutos. Desprezou-se o sobrenadante e, as células

sedimentadas, adicionou-se um volume de solução salina a 0,85% estéril até se obter

uma turbidez de 0,5 na escala McFarland (estimativa de 108 UFC de S. aureus/mL). A

partir dessa suspensão, realizaram-se diluições seriadas (1:10) em solução salina, até se

obter a suspensão de trabalho, com concentração teórica de 1,0 x 106 UFC/mL.

Para análise de atividade antimicrobiana, as amostras foram transferidas para tubos

de ensaio esterilizados. Adicionaram-se a cada um dos tubos 1000 µL de TSB e 50 µL

da suspensão bacteriana de trabalho. Incubaram-se os tubos a 37 °C por 24 horas. Após

incubação, os tubos foram analisados quanto à presença ou ausência de turbidez

(atividade antimicrobiana). Transferiu-se uma alçada de cada tubo, através de estrias,

para superfície de ágar triptona de soja (TSA), com incubação a 37 °C por 24 horas,

para comprovar o crescimento bacteriano ou ausência deste em cada uma das amostras.

48

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 VISCOSIDADE DAS SOLUÇÕES POLIMÉRICAS

Conforme a figura 12, a viscosidade das soluções sofre aumento ao adicionar um

volume maior de quitosana na solução. A viscosidade da solução é um dos principais

fatores para a produção de nanofibras poliméricas e também para o controle de sua

morfologia. Misturas de blendas poliméricas com quitosana em solução para

eletrofiação mostram que além da concentração dos polímeros, há interação

intermolecular entre os polímeros. Em misturas de quitosana e sedas de fibroína em

solução, a viscosidade da solução não apresenta um comportamento linear, pois há

ligações de hidrogênio entre os polímeros [110]. Este resultado foi semelhante ao

comportamento entre o PVA e a Quitosana, o que dificulta eletrofiar com frações

poliméricas maiores de quitosana em solução.

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30

200

300

400

500

600

700

800

900

Vis

co

sid

ad

e (

cP

)

Fração de Quitosana em solução (v/v)

Figura 12: Viscosidade das soluções de PVA e PVA/Quitosana.

6.2 ANÁLISE MORFOLÓGICA DOS ARCABOUÇOS

A topografia da superfície dos filmes poliméricos eletrofiados foi analisada por

micrografias de AFM e MEV (Figuras 13 e 15). As fibras apresentam diâmetros entre

dezenas a centenas de nanômetros. As amostras de PVA/Quitosana 100/0 (Figuras 13

a) e 13 b), 15 a) e 15 b) apresentam uma morfologia de nanofibras com diâmetros entre

92 nm a 198 nm, com média de 140 nm (dp ± 20 nm), sem nenhuma presença de contas.

A amostra PVA/Quitosana 90/10 (Figuras 13 c) 13 d), 15 c) e 15 d)) apresenta uma

faixa de dispersão do diâmetro entre 84 nm e 191 nm, com média de 128 nm (dp ± 23

49

nm), com presença de contas junto com as nanofibras. A amostra PVA/Quitosana 80/20

(Figuras 13 e) e 13 f), 15 e) e 15 f) com dispersão dos diâmetros das nanofibras entre

73 nm e 182 nm e média de 129 nm (dp ± 22 nm) e com presença de contas, o que

taambém foi observado na amostra PVA/Quitosana 70/30 (Figura 13 g) e 13 h), 15 g) e

15 h)) com dispersão entre 58 nm a 159 nm (dp ± 20 nm). Mesmo a quitosana

possuindo uma massa molecular maior que a do PVA, o diâmetro das fibras diminuiu.

Na Figura 14, é apresentada a média dos diâmetros das nanofibras para as

diferentes proporções de quitosana na solução polimérica.

Como já ressaltado, a adição de quitosana provoca a formação de contas junto

com as nanofibras. De fato, durante o processo de eletrofiação, é possível observar o

rompimento da gota da solução polimérica na agulha. Para minimizar essas

instabilidades, alguns parâmetros da eletrofiação foram ajustados. No início do processo

de eletrofiação, a tensão elétrica foi ajustada para 15 kV até que se iniciasse a formação

de uma gota com volume suficiente para evitar o rompimento, para produzir um cone

estável. Após alguns minutos, a tensão elétrica foi aumentada para 20 kV permitindo

assim a produção de nanofibras poliméricas. De acordo com trabalhos publicados [111,

112], concentrações acima de 4% de PVA formam nanofibras uniformes, pois a

condutividade da solução é suficiente para produzir o estiramento do jato. Conforme

adiciona-se quitosana (polímero polieletrólito), a condutividade da solução aumenta e é

possível obter fibras mais finas. A interação de quitosana com ácido acético favorece a

formação de íons catiônicos de amônio, permitindo uma interação maior entre PVA-

Quitosana e uma complexação iônica entre os polímeros [113].

50

Figura 13: Imagens por AFM (modo contato) das amostras dissolvidas em água e

ácido acético. a) e b) PVA/Quit. 100/0; c) e d) PVA/Quit. 90/10; e) e f) PVA /Quit.

80/20; g) e h) PVA/Quit. 70/30.

Figura 14: Média (n = 75) dos diâmetros das amostras de nanofibras PVA /Quit.

100/0; PVA/Quit. 90/10; PVA /Quit. 80/20; PVA /Quit. 70/30.

PVA/Quit.70/30PVA/Quit.80/20PVA/Quit.90/10PVA/Quit.100/0

150

140

130

120

110

100

90

Méd

ia (

nm

)

f

51

Figura 15: Imagens por MEV das amostras utilizando água eácido acético como

solventes com PVA. a) e b) referentes à amostra PVA /Quit. 100/0; c) e d) à amostra

PVA /Quit. 90/10; e) e f) à amostra PVA /Quit. 80/20; g) e h) PVA /Quit. 70/30.

52

Os histogramas dos diâmetros das nanofibras das amostras seguem uma

distribuição normal, que foi confirmada pelo teste Kolmogorov-Smirnov (KS > 0,05)

(Figura 16). A análise da variância (teste de Tukey) foi utilizada para comparações dos

diâmetros das amostras (Figura 16 e)). A análise estatística mostra que os diâmetros

médios das nanofibras apresentam diferença significativa quando comparadas a todas as

proporções utilizadas, exceto as nanofibras obtidas com as soluções PVA/Quitosana

90/10 e PVA/Quitosana 80/20.

100/0 90/10 80/20 70/30

0

50

100

150

200

f)

*

dia

do

diâ

me

tro

da

s n

an

ofib

ras (

nm

)

*

Figura 16: Histograma das distribuições dos diâmetros das nanofibras a) PVA /Quit.

100/0; b) à amostra PVA /Quit. 90/10; c) PVA /Quit. 80/20; e d) PVA /Quit. 70/30. e)

Teste de Tukey para avaliação de semelhança de variância entre as amostras. Se em um

interval valo não contém zero, as amostras são significativamente diferentes (IC 95%).

f): média e desvio padrão do diâmetro das nanofibras e o comportamento das amostras

(com estrelas no topo do limite do desvio padrão: amostras com diâmetros médio

estatisticamente iguais)

200180160140120100

20

15

10

5

0

Média 141,6

D.P 20,34

N 75

Disperão (nm)

Fre

qu

ên

cia

Histograma PVA/Quit. 100/0

a)

18016014012010080

14

12

10

8

6

4

2

0

Média 128,3

D.P 23,64

N 75

Dispersão (nm)

Fre

qu

ên

cia

Histograma PVA/Quit. 90/10

b)

18016014012010080

18

16

14

12

10

8

6

4

2

0

Média 129,2

D.P 22,65

N 75

Dispersão (nm)

Fre

qu

ên

cia

Histograma PVA/Quit. 80/20

c)

1601401201008060

16

14

12

10

8

6

4

2

0

Média 101,8

D.P 20,48

N 75

Dispersão (nm)

Fre

qu

ên

cia

Histograma PVA/Quit. 70/30

d)

53

A porosidade é um dos requisitos fundamentais para um biomaterial ser candidato a

um arcabouço. As nanofibras de PVA e quitosana apresentaram porosidades superiores a

50 %, sendo que os filmes eletrofiados com PVA/Quitosana 70/30 apresentam a mais

elevada porcentagem de poros, o que parece consistente com aos valores menores e

maior dispersão de diâmetros das nanofibras. A figura 17 mostra um exemplo de

processamento de imagem feito para o cálculo da porosidade.

Figura 17: Exemplo de uma amostra editada para análise de porosidade de uma

camada superficial de nanofibras. A imagem original (esquerda) é convertida para

imagem binária (direita) sendo possível estimar a porcentagem de porosidade.

Tabela 4: Percentual da porosidade dos arcabouços poliméricos.

Amostras Porosidade (%)

PVA/Qui. 100/0 50,71 ± 4,38

PVA/Qui. 90/10 41,52 ± 1,8

PVA/Qui. 80/20 47,34 ± 2,85

PVA/Qui. 70/30 49,44 ± 3,79

54

6.3 ANÁLISE POR FTIR-ATR

Na Figura 18, são apresentados os espectros de FTIR dos filmes eletrofiados

com as diferentes proporções de PVA e quitosana, obtidos em modo ATR. Podemos

identificar os picos relacionados aos grupos moleculares do PVA e da quitosana,

conforme mostrado na Tabela 5 [114, 115]. No caso do PVA, os picos característicos

são o alongamento vibracional –OH na faixa 3300-3278 cm-1 e em 1091 cm-1, além do

pico de transmitância em 1654 cm-1 relacionado à presença de moléculas de água, e a

ligações de hidrogênio dos grupos –OH [114].

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

C-O)

Tra

nsm

itâ

ncia

(u

.a)

Nْ mero de ondas (cm-1)

Pva/qui. 100/0

Pva/qui. 90/10

Pva/qui. 80/20

Pva/qui. 70/30

Quitosana (pَ )

-OH e -NH2

-OH

C

(C=O)

(C-O)-C-OH(=CO-C)

NH I

-C=ONH2

NH IIC-O)

(C-N) III

CH-R-CH3

Figura 18: Espectros de FTIR das amostras Quitosana em pó (vermelho), e nanofibras

PVA/Quitosana 100/0 (vinho), PVA/Quitosana 90/10 (Azul turquesa), PVA/Quitosana

80/20 (laranja) e PVA/Quitosana 70/30 (azul).

55

Tabela 5: Principais picos identificados em PVA e Quitosana [114, 115].

PVA nanofibra Quitosana (pó)

bandas (cm-1) grupos bandas (cm-1) grupos

3330- 3278 υOH 3390- 3274 υNH2/OH

2941- 2911 υ(CH) 2920 υ C-H

1654 δ (OH) OH 2879 - 2849 υC-H (assimétrico)

1238 υ (=CO-C) 1656-1640 δ NH (I) ou C=ONH2

1091 υ (C-O)-C-OH 1578 δ NH (II)

847-834 υ (C-C) 1374 δ C-N

1315 υC-N (primário)

1262 υC-N (sec.)

1149 Ligação de H

1062 - 1026 υ C-O (cíclico)

No caso da quitosana pura (em pó), observam-se também picos de estiramento

entre 3390 cm-1 (υOH), 3274 cm-1 (υ–NH2) e 1656 cm-1 (-C=ONH2 primária) e 1640cm-1

(N-H secundária) referentes às ligações de estiramento do OH e. A blenda

PVA/Quitosana apresenta deslocamentos para números menores de ondas entre 3330 –

3278 cm-1 (OH e -NH2) e, o que corresponde, segundo ZHANG et al, a uma interação

entre os polímeros por ligações de hidrogênio entre os grupos hidroxila do PVA e

grupos hidroxila ou amino da quitosana [116].

56

6.4 PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS NANOFIBRAS

A Figura 19 mostra o comportamento mecânico (extensão) dos filmes

poliméricos eletrofiados quando submetidos a uma força de tração (tensão). As amostras

apresentam um comportamento típico de polímeros plásticos, característico do PVA.

Como a quitosana é considerado um polímero amorfo, com baixa resistência mecânica,

as blendas poliméricas tendem a diminuir a tensão de escoamento σ1 (limite do intervalo

elástico) e o limite de resistência à fratura (LRT).

0 5 10 15 20 25

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Deformação (%)

Tensã

o (

MP

a)

PVA/Qui. 100/0

0 5 10 15 20 25

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

T

en

o (

MP

a)

Deformação (%)

PVA/Qui. 80/20

Figura 19: comportamento mecânico sob tensão controlada das amostras

PVA/Quitosana 100/0 e PVA/Quitosana 80/20.

A tabela 6 apresenta os respectivos valores das nanofibras somente com PVA e

de uma blenda polimérica. A ruptura da amostra de PVA/Quitosana 100/0 ocorre com

20,2 % de deformação e a blenda PVA/Quitosana 80/20 com 19,19% de deformação.

Tabela 6: Valores de tensão de escoamento e limite de resistência a fratura

σ1 (MPa) LRT (MPa)

Pva/quitosana 100/0 4,74 7,98

Pva/quitosana 80/20 4,65 7,75

6. 5 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA

A Figura 20 apresenta as curvas de TG da quitosana em pó e dos filmes com

nanofibras. A quitosana apresenta duas regiões de perda de massa: uma entre 37 °C a

75 °C, a qual se refere à degradação de substâncias higroscópicas, enquanto a segunda

na faixa entre 284 °C e 316 °C atribuída à degradação da quitosana. No caso dos filmes

com nanofibra de PVA/Quitosana 100/0 e suas blendas, a curva de TG apresenta três

57

regiões de perda de massa considerável, sendo a primeira devida à evaporação de

solventes (até 200 °C), seguida pela degradação térmica do PVA (entre 200 °C a

330 °C) e finalmente dos produtos formados pela degradação do PVA, como alquenos e

aldeídos (400 °C a 440 °C).

50 100 150 200 250 300 350 400 450

0

20

40

60

80

100

Pe

rda

de

ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

Quitosana (pó)

PVA/Quit. 70/30

PVA/Quit. 80/20

PVA/Quit. 90/10

PVA/Quit. 100/0

Figura 20: Curvas das perdas de massa das amostras Quitosana em pó (vermelho), e

nanofibras PVA/Quitosana 100/0 (vinho), PVA/Quitosana 90/10 (Azul turquesa),

PVA/Quitosana 90/20 (laranja) e PVA/Quitosana 70/30 (azul)

A Tabela 7 apresenta os principais eventos das curvas TG (Figura 20) das

amostras. As blendas poliméricas apresentaram degradação de suas segundas

respectivas curvas em uma faixa de temperatura acima dos valores comparados aos das

nanofibras de PVA e da quitosana em pó, em virtude das interações de hidrogênio entre

as cadeias moleculares dos dois polímeros. A quantidade de massa perdida das

nanofibras de blendas poliméricas nesta região não variou consideravelmente, o que

indica que o produto da degradação do PVA e da Quitosana são semelhantes.

58

Tabela 7: Valores dos principais eventos das amostras por TGA.

Quitosana (pó) Tonset (°C) Tendset (°C) Δm (%)

Evento 1 37 75 10,1

Evento 2 284 316 42,9

PVA/Quit. 100/0 Tonset (°C) Tendset (°C) Δm (%)

Evento 1 35 62 3,6

Evento 2 294 341 76,4

Evento 3 415 436 8,6

PVA/Quit. 90/10 Tonset (°C) Tendset (°C) Δm (%)

Evento 1 39 65 2,0

Evento 2 293 345 74,5

Evento 3 420 439 9,8

PVA/Quit. 80/20 Tonset (°C) Tendset (°C) Δm (%)

Evento 1 35 62 4,6

Evento 2 286 359 72,6

Evento 3 427 447 10,8

PVA/Quit. 70/30 Tonset (°C) Tendset (°C) Δm (%)

Evento 1 34 62 2,8

Evento 2 282 352 72,5

Evento 3 423 443 10,8

6.6 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA

Os testes bactericidas foram feitos com todas as amostras de PVA e

PVA/Quitosana. Conforme mostra a Figura 21, nenhuma amostra apresentou inibição

de bactérias S. aureus.

Na literatura, existem vários trabalhos que relatam a evidência da ação inibidora

e até bactericida de nanofibras de blendas poliméricas compostas por quitosana [117,

118], com diferentes bactérias incluindo S. aureus. Nesses dois trabalhos citados, a

concentração de quitosana em solução foi superior a 3 % em massa. No nosso estudo,

foram utilizadas solução de 1% de quitosana. Portanto, a baixa concentração de

quitosana utilizada não deve ser suficiente para a inibição do crescimento da bactéria

em questão.

59

Figura 21:Testes de crescimento de bactérias S. aureus em ágar em TSA. Todas as

amostras não conseguiram inibir o crescimento das bactérias. a) PVA/Quitosana 100/0;

b) PVA/Quitosana 90/10; c) PVA/Quitosana 80/20; d) PVA/Quitosana 70/30.

Como alternativa para avaliação do efeito bactericida dos arcabouços com

nanofibras, foi realizada a eletrofiação de 3 mL de uma solução de PVA/Quitosana

90/10 com a adição de cloridrato de tetraciclina (200 µL de solução de cloridrato de

tetraciclina a 1%). A Figura 22 mostra a morfologia das nanofibras formadas com essa

configuração. Em decorrência de uma viscosidade menor da solução, ocorre a formação

de contas nas nanofibras da amostra.

Figura 22: Micrografia por MEV da amostra PVA/Quitosana/Tetracilina.

A análise estrutural molecular do filme de PVA/Quitosana 90/10 com

incorporação de cloridrato de tetraciclina (Figura 23) mostra que a intensidade de

ligações de hidrogênio decai entre 3000 cm-1 a 3600 cm-1, mas mesmo assim não é

possível ver picos característicos de vibração N-H da tetraciclina em regiões próximas,

sendo apenas visíveis os picos de ressonância de ligações C=C e C=O (1614 cm-1 e

1582 cm-1).

a) b) c) d)

60

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

C=O

1614 cm-1

C=O

1582 cm-1

Decaimento das Ligações de hidrogênio

Tra

nsm

itân

cia

(u

.a)

Número de onda (cm-1)

PVA/Quit. 90/10

PVA/Quit/Tetraciclina

Figura 23:FTIR de amostra PVA/Quitosana 90/10 (vermelho) e

PVA/Quitosana/tetraciclina 90/10/1% (verde).

Os testes de atividade antimicrobiana realizados com as amostras com

tetracilina, conforme já descrito na seção 5.7, mostram que a inibição de bactérias foi

completa, sem crescimento de colônia de S. aureus (Figura 24). Ressaltamos que este

resultado de uma forte ação inibidora não era esperado devido à baixa concentração em

tetraciclina utilizada. No presente momento não temos uma explicação para este efeito.

Trata-se de um resultado promissor que requer maiores investigações.

Figura 24: Teste de crescimento de colônias de bactéria S. aureus de uma alçada de um

tubo contendo nanofibras com tetraciclina.

61

6.7 RETICULAÇÃO DOS ARCABOUÇOS

Para aumentar a resistência mecânica dos filmes eletrofiados e evitar a sua

dissolução precoce em solução aquosa, a fim de adequá-los para uso como arcabouços,

foi aplicado um processo de reticulação, utilizando como agente reticulante o

glutaraldeído. Trata-se de um tratamento bastante empregado na literatura.

O PVA em solução com glutaraldeído sofre uma reação química, com a

formação de ligações cruzadas [113], conforme é ilustrado na Figura 25. Estas

interações permitem uma estabilidade física das nanofibras, evitando a sua dissolução

imediata em um meio aquoso.

Figura 25: Representação da formação de grupos acetal entre PVA e glutaraldeído.

As Figuras 26a e 26b mostram o efeito da reticulação, com as imagens dos

filmes sem e com o tratamento químico por glutaraldeído, respectivamente. A amostra

tratada ficou integra em água por três dias, sem perda aparente de massa.

Figura 25: Estabilidade das amostras de PVA/Quitosana 80/20. As imagens foram

capturadas no momento em que adicionou-se as amostras na placa de Petri com água.

A amostra sem tratamento a) dissolveu-se instantaneamente, enquanto com tratamento

com vapor de b) glutaraldeído, as nanofibras não se dissolveram.

PVA

Glutaraldeído

a) b)

62

A reação de glutaraldeído na reticulação das cadeias poliméricas de PVA (figura

27) apresentam bandas características de interação em 2941 cm-1 e 2911 cm-1 referentes

ao estiramento das ligações C-H deslocadas para 2920 cm-1e 2863 cm-1 e nos picos de

absorção 3000 cm-1 a 3600 cm-1 houve uma redução da intensidade dos grupos –OH

devido a formação das pontes de acetal entre o PVA e glutaraldeído, dados também

encontrados na literatura [120].

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

c-H

Tra

nsm

itân

cia

(u

.a)

Número de ondas (cm-1)

PVA/Qui 100/0 s/ tratamento

PVA/Qui 100/0 com GA

c-HRedução da intensidade

de absorção de -OH

Figura 26: FTIR das amostras PVA/Quitosana 100/0 sem tratamento (vermelho) e

PVA/Quitosana 100/0 tratadas com glutaraldeído (azul).

Os testes de inibição de atividade bacteriana mostram que ocorre o crescimento

de S. aureus (Figura 28) de forma semelhante aos resultados encontrados com as

amostras sem tratamento químico.

Figura 27: Testes de inibição de crescimento em amostras de nanofibras de PVA e

PVA/Quitosana com tratamento químico com vapor de glutaraldeído. O comportamento

de crescimento de S. aureus foi igual ao das amostras sem tratamento químico.

63

7. CONCLUSÃO

Nanofibras de PVA e suas blendas com Quitosana foram obtidas com sucesso,

com diâmetro médio abaixo de 150 nm. Os resultados mostram que os parâmetros da

solução polimérica têm uma influência sobre a morfologia das fibras e com o aumento

da proporção de quitosana na blenda, ocorre a formação de contas junto com as

nanofibras. Para a obtenção de nanofibras para engenharia de tecidos com PVA e

quitosana, algumas propriedades importantes dos polímeros devem ser levadas em

consideração, como a massa molecular, o grau de hidrólise (PVA) e o meio de

dissolução. O processo de reticulação com glutaraldeído, como agente de ligações

cruzadas, permitiu a obtenção de arcabouços com nanofibras de PVA e quitosana

estáveis fisicamente em solução aquosa, e com manutenção das suas funções

moleculares. A inibição de bactéria gram-positivo S. aureus por nanofibras PVA e

PVA/quitosana com diferentes frações de quitosana mostrou-se ineficiente,

provavelmente em decorrência da baixa concentração de quitosana utilizada. Um

resultado interessante foi a formação de nanofibras de blenda de PVA e quitosana com a

incorporação de um antibiótico, a tetraciclina que, em concentração muito baixa,

induziu uma inibição completa da bactéria S. aureus. Tanto a ausência de efeito

bactericida observada com os arcabouços das blendas PVA/Quitosana como também a

completa inibição do crescimento da bactéria S. aureus induzida com a incorporação da

tetraciclina necessitam de estudos mais aprofundados para a aplicação desses

arcabouços na engenharia de tecidos, para a promoção do reparo tecidual.

64

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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