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SOCIEDADE PORTUGUESA DE HEMATOLOGIA reunião anual 11a13.NOV TRÓIA CENTRO DE CONGRESSOS SPH LIVRO DE RESUMOS 2010

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SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

reuniãoanual

11a13.NOVTRÓIA CENTRO DE CONGRESSOS

SPH

LIVRO DE RESUMOS

2010

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LIVRO DE RESUMOS

SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

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SPH2010

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COMISSÃO CIENTÍFICA

João RaposoCarlos MartinsGraça EstevesM. João CostaJ. F. LacerdaFernando PríncipeM. Gomes da SilvaPatrícia RibeiroEmília Cortesão

COMISSÃO ORGANIZADORA

J. Alves do CarmoJ. FajardoLurdes GuerraFernanda LourençoConceição LopesBelén GomezBlanca PoloSara Valle

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Caros Colegas e Amigos,

De 11 a 13 de Novembro, no Centro de Congressos de Tróia, vai ter lugar mais uma Reunião da Sociedade Portuguesa de Hematologia (SPH) – a 12.ª edição. Este ano, a organização está a cargo do Serviço de Hematologia e Transplantação de Medula do Hospital de Santa Maria; o Dr. José Alves do Carmo preside à Comissão Organiza-dora e o Dr. João Raposo à Comissão Científica.

Os trabalhos iniciam-se com cursos de formação, uma excelente oportunidade para os mais jovens sistematizarem os seus conhecimentos e debaterem as suas questões científicas com especialistas nas diferentes áreas.

O Programa Educacional e as mesas-redondas focam muitos dos temas que têm sido objecto de profunda investigação nos últimos anos, permitindo a todos conhecer e debater o estado da arte em várias patologias hemato-oncológicas.

Os Simpósios de Enfermagem, que se realizam nas tardes dos dias 12 e 13, serão também, certamente, uma óptima ocasião de debate. Congratulamo-nos com a participação cada vez mais activa dos enfermeiros que se dedicam à Hematologia.

Como vem sendo hábito, os Grupos de Trabalho da SPH reúnem no primeiro dia (11 de Novembro), entre as 18 e as 20 horas. Quero, desde já, saudar o trabalho destes Grupos e o papel relevante que têm enquanto fóruns de discussão e de interligação entre todos os que se dedicam à Hematologia em Portugal. De salientar as iniciativas do Grupo Português de Mieloma Múltiplo e o 1.º Curso de Síndrome Mielodisplásica, organizado pelo Grupo Português de Mielodisplasia.

O Regulamento dos Grupos de Trabalho vai ser discutido na Assembleia-geral, que se realiza no dia 12 de Novembro, às 18h30. Trata-se de um documento imprescindível para a logística dos Grupos, pelo que convido, desde já, todos a participarem na discussão, colocando os seus comentários na área dedicada aos sócios no site da SPH (http://www.sph.org.pt). Quem ainda não se registou no site, tem aqui um óptimo pretexto para o fazer.

A Direcção da SPH quer, este ano, dedicar especial atenção à divulgação das iniciativas em curso na European Hematology Association (EHA), nas quais temos todo o interesse em participar. Programas como o H-Net (European Network for Harmonization of Training in Hematology), entre outros, são de especial importância para a formação dos nossos internos. A desejável integra-ção em grupos cooperativos a nível europeu passa pela nossa participação activa nos projectos da EHA.

Em nome da Direcção, e em nome pessoal, gostaria de convidar todos para uma participação activa na Reunião SPH 2010, trazendo para debate as diferentes experiências profissionais e científicas.

Votos de uma óptima Reunião.

M. Letícia RibeiroPresidente da Sociedade

Portuguesa de Hematologia

SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

reuniãoanual

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Corpos Sociais

Direcção

Mesa da Assembleia Geral

Conselho Fiscal

Presidente: Prof. Doutora Letícia Ribeiro

Vice-Presidente:Prof. Doutor José Eduardo Guimarães Secretário-Geral:Dra. Fernanda Trigo Secretário-Adjunto: Dr. Manuel Cunha

Tesoureira: Dra. Manuela Benedito

Presidente: Dr. Nuno Miranda

1º. Secretário: Dra. Alexandra Mota

2º. Secretário: Dra. Anabela Neves

Presidente: Dr. Carlos Martins

Vogal: Dra. Cristina Gonçalves

Vogal: Dra. Patricia Ribeiro

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A Sociedade Portuguesa de Hematologia

A missão da Sociedade Portuguesa de Hematologia

A SOCIEDADE PORTUGUESA DE HEMATOLOGIA é uma associação sem fins lucrativos, constituída por médicos e outros profissionais ligados à saúde empenhados na prática e (ou) investigação no campo da Hematologia.

Tem como objectivo promover e contribuir para o desenvolvimento da hema-tologia, nas suas diversas expressões.

Promover reuniões científicas anuais ao nível da SPH;

Fomentar o intercâmbio cultural e científico entre técnicos e cientistas portugueses e estrangeiros do mesmo ramo, nomeadamente pela comparti-cipação activa em Simpósios, Congressos, reuniões científicas e outras quaisquer realizações ligadas à Hematologia, levadas a cabo em Portugal ou no estrangeiro;

Divulgar, discutir e publicar trabalhos relevantes no campo da especialidade, estando prevista a criação de uma revista da especialidade, a qual servirá, simultaneamente, como meio divulgador da Sociedade;

Desenvolver acções de natureza educacional no domínio da Hematologia, designadamente pela promoção regular de cursos de pós-graduação;

Apoiar todas as actividades de carácter técnico-científica na área, nomea-damente na avaliação de pessoas a quem possam vir a ser concedidas bolsas de estudo ou de investigação, a conceder por entidades nacionais ou estrangeiras.

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PRÉMIOS SPH

A Sociedade Portuguesa de Hematologia atribui anualmente prémios aos trabalhos que contribuam substancialmente para a pesquisa hematológica.

O anúncio e a entrega dos prémios decorrerá durante a Sessão de Encerramento, a realizar no sábado, dia 13 de Novembro de 2010.

Os prémios a atribuir serão os seguintes:

APRESENTAÇÃO ORAL1.º prémio = 1 500 € (Janssen Cilag)2.º prémio = 1 000 € (Janssen Cilag)

JOVEM HEMATOLOGISTA1 000 € (Bayer Portugal)

POSTER TRABALHO EXPERIMENTAL1.º prémio = 1000 € (Janssen Cilag)2.º prémio = 750 € (Janssen Cilag)

POSTER TRABALHO CLÍNICO1.º prémio = 1000 € (Janssen Cilag)2.º prémio = 750 € (Janssen Cilag)

TRABALHO DE ENFERMAGEM 1000 €

(Janssen Cilag)

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PATROCINADORES

Major Sponsors Sponsors

Simpósios Satélite

JANSSEN-CILAG FARMACÊUTICAPFIZERGILEAD SCIENCESBAPTISTA MARQUES BAYER PORTUGALMEDICAMENTAHOSPIRAFERRAZ LYNCEALEXION EUSAPHARMAMERCK SHARP & DOHME

BRISTOL MYERS SQUIBB GENZYME PORTUGAL

GENZYME PORTUGALSHIREROCHE FARMACÊUTICA QUIMICACELGENE BRISTOL MYERS SQUIBB NOVARTIS FARMAAMGEN BIOFARMACÊUTICA

26, 2724, 25

24, 2518, 19

31, 2

26, 274, 5

15, 15, 16

6, 7, 8, 91011121317

20, 21222329

32, 33

1ª Sala Plenária Almoço Simpósio

CoffeeBreak

CoffeeBreak

Sala I Sala III

Sala II/Sala IV1

2

3 7

17

5

15

9

19

4

14

8

18

6

16

10

20

11

22 2321

12

13

(Marina)

SECRETARIADO(Piso 0)

28

2532

2731

29

2433

2630

Entrada Entrada

250%

AR

RU

MO

S

Sal

a P

len

ária

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5ª FEIRA

NOVEMBRO

13:30 - 18:00

13:30 - 16:00

16:00 - 17:00

17:00 - 18:00

18:00 - 20:00

20:30

CURSOS PRÉ-CONGRESSO

CELGENE Doenças Hemato-Oncológicas no Idoso

SIMPÓSIOS

SIMPÓSIO GENZYME

SIMPÓSIO SHIRE

Pausa para Café

SIMPÓSIO ROCHE

Leucemia Linfocítica Crónica na Prática Clínica

Trombocitemia Essencial: Enfoque no doente

Rituximab Maintenance Therapy in Follicular Lymphoma

REUNIÃO GRUPOS DE INTERESSEMieloma Múltiplo Mielodisplasia Glóbulo Vermelho e Ferro LMC

JANTAR / SIMPÓSIOS SATÉLITE

09:30 - 13:00

11

SALA DOURO

SALA 1

SALA 1

SALA 1

SALA 1

SALA TEJO

SALA 3

SALA MONDEGO

RESTAURANTE SALINAS

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SPH2010

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Moderador: Belén Gomez

Diagnosis and Prognosis-based classification of Adult mastocytosis

Luis Escribano Mora

LIÇÃO PROF. DUCLA SOARES

PROGRAMA EDUCACIONAL

Neoplasias Linfóides - o que mudou na classificação da OMS em 2008

Cristina Ferreira

Pausa para Café

MESA REDONDA - S. Mieloproliferativos

COMUNICAÇÕES ORAIS

Moderadora: Lurdes Guerra

LMC: Monitorização da Resposta e Mecanismos de Resistência

Sónia Matos e Sónia Santos

Doenças Mieloproliferativas Ph negativas: uma mutação para 3 doenças

Blanca Polo

6ª FEIRA

NOVEMBRO

12

9.00-10.009.00-10.00

11.00-11.3011.00-11.30

11.30-13.3011.30-13.30

12.30-13.3012.30-13.30

10.00-11.0010.00-11.00

SALA 1

SALA 1

SALA 1

SALA 1

Almoço Congresso

13.30-15.0013.30-15.00

13.30-15.0013.30-15.00

Almoço/Simpósio Celgene

Almoço/Simpósio Bristol Myers Squibb“Novos Desafios no Tratamento da Leucemia Mielóide Crónica”

“Lenalidomida: Passado, Presente e Futuro”

SALA 4

FOYER SUL

RESTAURANTE SALINAS13.30-15.0013.30-15.00

CO1 - IMPLICAÇÕES PROGNÓSTICAS DA RAPIDEZ DE ATINGIMENTO DE REMISSÃO CITOGENÉTICA COMPLETA NA LEUCEMIA MIELÓIDE CRÓNICA TRATADA COM IMATINIB

1 1 1 1 1 1 R Pinto , M J Silva ; A Carneiro ; A E Santo ; I Castro ; J E Guimarães1Hospital S. João

CO2 - ESTADO PROTROMBÓTICO NAS NEOPLASIAS MIELOPROLIFERATIVAS: RELAÇÃO ENTRE CARGA ALÉLICA JAK2V617F E ACTIVAÇÃO DAS PLAQUETAS/LEUCÓCITOS

1 1 1 1 1 1Coucelo M , Caetano G. ; Duarte M. ; Menezes C. ; Bento C. ; Ribeiro MLDepartamento de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra EPE

CO3 - LEUCEMIA AGUDA BIFENOTÍPICA DO ADULTO: CARACTERÍSTICAS E PROGNÓSTICO 1 1 1 1 1 1 1 1J Salvador , T Fernandes ; S Rodrigues ; M Silva ; F Costa ; P Ribeiro ; G Ferreira ; J Caldas ;

1 1A Silva Rodrigues ; A Botelho de Sousa1H. Capuchos-CHLC

CO4 - PROFILAXIA NA HEMOFILIA SEVERA EM IDADE PEDIÁTRICA: EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL PEDIÁTRICO DE COIMBRA

1 2Paula Rocha , Teresa Sevivas, Mª Manuela Benedito, Natália Martins, M. Leticia Ribeiro1 2Hospital S, Teotonio, EPE, Viseu; Dep. de Hematologia Pediátrica do CHC

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MESA REDONDA - D. Linfoproliferativas I

SESSÕES SIMULTÂNEAS

Moderador: Paulo Lúcio

Linfocitose B Monoclonal (LBM)João Raposo

Significado Prognóstico das Cadeias Leves Livres Graça Esteves

15.00-16.0015.00-16.00

15.00-17.0015.00-17.00

SALA 1

SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

reuniãoanual

11a13.NOVTRÓIA CENTRO DE CONGRESSOS

SPH2010

CO5 - MPT EM DOENTES COM MIELOMA MÚLTIPLO NÃO ELEGÍVEIS PARA TRANSPLANTE: ESTUDO MULTICÊNTRICO

1 1 1 1 1 1 2 2S Chacim , LC Leite ; IC Ferreira ; D Pereira ; C Moreira ; JM Mariz ; G Esteves ; J Alves do Carmo ; 3 3 4 5 5 5 6T Fernandes ; A Botelho de Sousa ; AM Pereira ; J Parreira ; C Costa ; C João ; R Bergantim ;

6 6 6 7 7 8 8 9M Badior ; F Trigo ; JE Guimarães ; M Gomes ; C Geraldes ;C Gonçalves ; C Campos ; A Macedo ; 10 11 11 11 12A Pereira ; MC Constanço ; Helena Vitória ; A Inock ; A Teixeira

1 2 3 4 5 6IPO Porto; H.Santa Maria, CHLN; H. Capuchos, CHLC; H. Garcia de Orta; IPO Lisboa; H. S. 7 8 9 10 11 12João; HUC; H. G.Santo António, CHP; H. Faro; H. Dist. Figueira da Foz; H. São Teotónio; HUC

CO6 - ANÁLISE DE SUBPOPULAÇÃO, COM LNH DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B, COM ≥80ANOS

1 1 1 1 1 1 1 2S Chacim , IC Ferreira ; LC Leite ; J Bordalo e Sá ; N Couto ; I Faustino ; A Rodrigues ; C Pinto ; 3 1 1 1 1 1 1D Carvalho ; A Espírito-Santo ; N Domingues ; I Moreira ; I Oliveira ; L Viterbo ; M Marques ; 1 1 1R Henrique ; A Martins ; JM Mariz

1 2 3IPO Porto; IPO Coimbra; Centro Hospitalar de Trás os Montes e Alto Douro

CO7 - CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO E FACTORES DE PROGNÓSTICO NO LNH DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B

1 1 1 1 2 1 1J Savva-Bordalo , S Chacim ; I Ferreira ; L Leite ; D Carvalho ; A Rodrigues ; N Couto ; 1 1 3 1 1 1 1F Estevinho ; I Faustino ; C Pinto ; A Martins ; I Oliveira ; I Moreira ; A Espírito Santo ;

1 1 1 1 1 1N Domingues ; L Viterbo ; M Marques ; A Oliveira ; R Henrique ; J Mariz1 2 3IPO Porto; Centro Hospitalar de Tras os Montes e Alto Dourto; IPO Coimbra

CO8 - ASSSOCIAÇÃO DE RITUXIMAB E METIL PREDNISOLONA (RMP) COMO ALTERNATIVA NO TRATAMENTO DE DOENTES COM LLC REFRACTÁRIA E/OU SEM INDICAÇÃO PARA FLUDARABINA

1 1 1 1 1 1 1 1C Viveiros , J Raposo ; M Neves ; C Lopes ; J Lacerda ; B Gomez ; MJ Costa ; J Alves do Carmo1Serviço de Hematologia e Transplantação de Medula - C. Hosp. Norte, EPE - H. Santa Maria

COMUNICAÇÕES ORAIS16.00-17.0016.00-17.00 SALA 1

MESA REDONDA - Mielodisplasia e Leucemia Aguda

Moderadora: Patrícia Ribeiro

SMD: Um Novo Algoritmo Terapêutico

M. João Costa

Avaliação da Toxicidade Cardíaca em Leucemia AgudaAna G. Almeida

15.00-16.0015.00-16.00 SALA 2

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PROGRAMA DE ENFERMAGEM

Simpósio Satélite “Caphosol”

Moderadora: Enfª Rosa Romão,

Hospital Sto. António dos Capuchos, Lisboa

Pausa para Café

SESSÃO PLENÁRIA

Revisão de Posters

ASSEMBLEIA GERAL

JANTAR DO CONGRESSO

17.00-17.3017.00-17.30

17.30-19.0017.30-19.00

19.0019.00

21.0021.00

15.00-16.0015.00-16.00 SALA 3

SALA 1

Centro de Espectáculos de Tróia

6ª FEIRA

NOVEMBRO

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COMUNICAÇÕES ORAIS

COMUNICAÇÕES ORAIS ENFERMAGEMUma Realidade em Mudança

16.00-17.0016.00-17.00

16.00-16.3016.00-16.30

SALA 2

SALA 3

CO9 - TRATAMENTO DA LEUCEMIA AGUDA MIELOBLÁSTICA EM DOENTES IDOSOS – ANÁLISE RETROSPECTIVA

1 1 1 1 2 3José Carda , Emília Cortesão ; Sérgio Almeida ; Carlos Moucho ; Lénia Jorge ; Artur Paiva ; 1 1Ana Isabel Espadana , Adriana Teixeira

1 2 3Serviço de Hematologia - HUC; Lab. Hematologia - HUC; Centro de Histocompatibilidade do Centro

CO10 - ANTIBIOTERAPIA EMPÍRICA NA NEUTROPENIA FEBRIL. COMO DECIDIR? 1 1 1 1 1 1 1R Gerivaz , A Monteiro ; J Salvador ; S Rodrigues ; R Lopes da Silva ; T Fernandes ; L Carande ;

1 1 1 1 1 1 1 1 1M Silva ; J Caldas ; F Costa ; G Ferreira ; P Ribeiro ; E Cruz ; M Henrique Sousa ; I Costa ; J Veiga ; 1A Botelho de Sousa

1H. Capuchos-CHLC

CO11 - LEUCEMIA AGUDA LINFOBLÁSTICA DA CRIANÇA, 10 ANOS DE EXPERIÊNCIA COM O PROTOCOLO 58951 EORTC

1 2 3 3 3 3 3Rui Bergantim , Teresa Guimarães ; Marta Almeida ; Teresa Oliva ; Vitor Costa ; Iris Maia ; Lucília Norton1 2Serviço de Hematologia Clínica, Hospital S. João; Hospital Pediatrico Maria Pia, Centro

3Hospitalar do Porto; Serviço de Pediatria, Instituto Português de Oncologia do Porto

CO12 - RECAÍDA DE LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA (LLA) DO ADULTO. FACTORES PROGNÓSTICOS PARA O RESULTADO DO TRATAMENTO

1 1 1Fatima Costa , Joana Caldas ; Aida Botelho de Sousa1Hematologia, H. Capuchos-CHLC

CO25 - FINALMENTE, ALGO BOM 1 1 1Elsa Oliveira , Rosalia Pires ; Anabela Correia

1IPOLFG

CO26 - R-GEMOX - EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL DE DIA1 1Catarina Alexandra Ribeiro Madeira Marques , Sara Isabel Sousa Teixeira

1Centro Hospitalar de Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria - Hospital de Dia de Hematologia

SALA 1

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SÁBADO

NOVEMBRO

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PROGRAMA EDUCACIONALModerador: Carlos Martins

Dinâmica da Infecção Viral no Doente HematológicoLuís Martins e Mário Cunha

A Imagiologia da Infecção FúngicaPaula Campos

SESSÃO PLENÁRIA

Moderador: J. Alves do Carmo

A Experiência do CEDACEHelder Trindade

Transplante de Progenitores Hematopoiéticos de dador não familiarJ. F. Lacerda

Reduced Intensity Allogeneic Transplantation for Multiply Relapsed Lymphoma

Stephen Mackinnon

Pausa para Café

MESA REDONDA - D. Linfoproliferativas II

Moderador: J. M. Fajardo

Linfoma da Zona Marginal

M. Gomes da Silva

Tratamento da Recaída do Linfoma de HodgkinAlexandra Monteiro

08.30-09.0008.30-09.00

09.30-11.0009.30-11.00

11.00-11.3011.00-11.30

11.30-13.3011.30-13.30

SALA 1

SALA 1

SALA 1

SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

reuniãoanual

11a13.NOVTRÓIA CENTRO DE CONGRESSOS

SPH2010

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Almoço Congresso

Almoço/Simpósio Novartis

“O Contributo de Tasigna para o Tratamento da LMC Ph+”

Almoço/Simpósio Amgen

“Trombocitopenia Imune : A Experiência Clínica – Case Reports”

13.30-15.0013.30-15.00

13.30-15.0013.30-15.00

13.30-15.0013.30-15.00 SALA 4

FOYER SUL

RESTAURANTE SALINAS

SÁBADO

NOVEMBRO

13

COMUNICAÇÕES ORAIS12.30-13.3012.30-13.30 SALA 1

CO13 - RITUXIMAB, GEMCITABINA E OXALIPLATINO (R-GEMOX) NO TRATAMENTO DE LINFOMAS EM RECAÍDA E REFRACTÁRIOS: EXPERIÊNCIA DE UM ÚNICO CENTRO

1 1 1 1 1 1 1 1 1C Viveiros , J Raposo ; G Esteves ; S Valle ; B Gomez ; C Martins ; C Lopes ; MJ Costa ; J Alves do Carmo1Serviço de Hematologia e Transplantação de Medula - Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital Santa Maria

CO14 - IMPACTO DOS MACRÓFAGOS ASSOCIADOS AO TUMOR NO PROGNÓSTICO DO LINFOMA DE HODGKIN CLÁSSICO

1 2 1 1 1 1 1S Rodrigues , P Farinha ; T Fernandes ; A Monteiro ; R Lopes da Silva ; J Salvador ; R Gerivaz ; 1 1 2 2 2 1 1F Costa ; G Ferreira ; C Lopes ; T Lacerda ; J Ferreira ; I Costa ; A Botelho de Sousa

1 2Hematologia, H. Capuchos-CHLC; Anatomia Patológica, H. São José-CHLC

CO15 - ESTADIAMENTO DE LINFOMA DE HODGKIN POR IMAGEM: TC VS PET/CT - DESCOBRINDO AS DIFERENÇAS.

1 2 3 4 5 4Dulcineia Pereira , Carla Araújo ; João Faria ; Idília Pina ; Mónica Mariano ; Ilda Faustino ; Marcos 4 1 4 6 7 1Pantarotto ; Cláudia Moreira ; Marta Ferreira ; Liliana Lombo ; Ângelo Rodrigues ; Luísa Viterbo ;

1 1 1 1 1Ângelo Martins ; Isabel Oliveira ; Ilídia Moreira ; Nelson Domingues ; Ana Espírito Santo ; Lima 8 9 7 1 1Bastos ; Manuel Teixeira ; Rui Henrique ; Margarida Marques ; José Mário Mariz

1 2Serviço de Oncohematologia - IPO Porto FG, EPE; Serviço de Medicina Interna - Hospital Amato 3Lusitano, Castelo Branco; Serviço de Medicina Interna - Hospital Pedro Hispano, EPE;

4 5Serviço de Oncologia Médica; - IPO Porto FG, EPE; Serviço de Oncologia Médica - IPO Coimbra 6 7 8FG, EPE; Serviço de Radioterapia, Serviço de Anatomia Patológica, Serviço de Medicina Nuclear,

9Serviço de Genética, - IPO Porto FG, EPE

CO16 - GEMCITABINA, VINORRELBINA E DOXORRUBICINA LIPOSSÓMICA PEGUILADA NO TRATAMENTO DO LINFOMA DE HODGKIN REFRATÁRIO OU RECIDIVADO

1 1 2 1 3Ilda Faustino , Marcos Pantarotto ; Cláudia Moreira ; Marta Ferreira ; Liliana Lombo ; Dulcineia 2 4 5 1 6 7Pereira ; Carla Araujo ; João Faria ; Idília Pina ; Monica Mariano ; Ângelo Rodrigues ; Ana Espirito

2 2 8 2 2 9Santo ; Ângelo Martins ; Ilídia Moreira ; Isabel Oliveira ; Margarida Marques ; Luisa Viterbo ; Nelson 2 10Domingues ; José Mario Mariz

1 2 3Serviço Oncologia Médica, Serviço OncoHematologia, Serviço de Radioterapia, - IPO Porto FG, 4 5EPE; Serviço de Medicina Interna, Hospital Amato Lusitano, Castelo Branco; Serviço Medicina

6 7Interna, Hospital Pedro Hispano, EPE; Serviço Oncologia Médica, IPO Coimbra, FG, EPE Serviço 8 9de Anatomia Patológica, Serviço OncoHematologia, Serviço OncoHematologia, - IPOP, FG, EPE;

10Instituto Português de Oncologia do Porto, IPO Porto, FG, EPE

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15.00-15.3015.00-15.30

15.00-16.3015.00-16.30

15.00-15.3015.00-15.30

MESA REDONDA - Processamento e Criopreservação de PH

Mobilização, Colheita,

Mobilização, Colheita, Processamento e Criopreservação de Células Progenitoras Hematopoiéticas (CPH)

Moderador: Fernando Príncipe

Anabela Rodrigues, Clara Juncal

MESA REDONDA -

Panorama das Hemoglobinopatias em Portugal

Haemoglobinopathy control in a low prevalence population

Moderadora: Emília Cortesão

João Lavinha

SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

reuniãoanual

11a13.NOVTRÓIA CENTRO DE CONGRESSOS

SPH2010

SALA 1

SALA 2

CO17 - TRANSPLANTE DE PROGENITORES HEMATOPOIÉTICOS PERIFÉRIOS, NA LEUCEMIA PROMIELOCÍTICA AGUDA

1 2 3 1 1 1S Chacim , L Mendonça ; M Salgado ; N Couto ; R Branca Ferreira ; A Campilho ; 1 1C Pinho Vaz ; A Campos

1 2 3Instituto Português de Oncologia do Porto; Centro Hospitalar do Porto; Hospital São João

CO18 - TRANSPLANTE AUTÓLOGO DE PROGENITORES HEMATOPOIÉTICOS EM LINFOMA DE CÉLULAS DO MANTO - A EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO

1 1 1 1 1Margarida Badior , Inês Carvalhais ; Eliana Aguiar ; Ana Carneiro ; Fernando Príncipe ; 1José Eduardo Guimarães

1Serviço de Hematologia Clínica, Hospital S. João

Co19 - TRANSPLANTE DE PROGENITORES HEMATOPOÉTICOS DE DADOR NÃO FAMILIAR COM AJUSTE DE DOSE DE TIMOGLOBULINA SEGUNDO GRAU DE COMPATIBILIDADE DADOR/RECEPTOR

1 1 1 1 2 1P Santos-Sousa , J F Lacerda ; C Martins ; F Lourenço ; C Juncal ; J Alves do Carmo1Serviço de Hematologia e Transplantação de Medula; Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital de Santa Maria; Clínica Universitária de Hematologia, Faculdade de Medicina da

2Universidade de Lisboa, Lisboa; Serviço de Imunohemoterapia; Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital de Santa Maria

CO20 - EFICÁCIA CLÍNICA DA OXIGENOTERAPIA HIPERBÁRICA NO TRATAMENTO DA CISTITE HEMORRÁGICA APÓS TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA ALOGÉNICO

1 1 1 1 2 1J Savva-Bordalo , C Pinho Vaz ; R Branca Ferreira ; F Campilho ; R Resende ; I Baldaque ; 2 1O Camacho ; A Campos

1 2Instituto Português de Oncologia do Porto; Hospital de Pedro Hispano

COMUNICAÇÕES ORAIS15.30-16.3015.30-16.30 SALA 1

SESSÕES SIMULTÂNEAS

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COMUNICAÇÕES ORAIS15.30-16.3015.30-16.30 SALA 2

CO21 - DIAGNÓSTICO IMUNOFENOTÍPICO DE ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA: UTILIDADE NA PRÁTICA CLÍNICA

1 2 2 3Teresa Melo , Cristina Ferreira de Almeida ; Cristina Marques ; José Barbot ; 1 1 1 4 5Fátima Ferreira ; Joana Martins ; Rui Bergantim ; Francisco Botelho ; Hugo Sousa ;

6 2 1 2Susana Fernandes ; Maria José Teles ; José Eduardo Guimarães ; João Tiago Guimarães1 2Serviço de Hematologia Clínica, Hospital de São João, Porto; Serviço de Patologia Clínica,

3Hospital de São João, Porto; Unidade de Hematologia Pediátrica, Cento Hospitalar do Porto; 4 5Serviço de Epidemiologia, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; Serviço de Cirurgia

6Geral, Hospital de São João, Porto; Serviço de Imunohemoterapia, Hospital de São João, Porto

CO22 - CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DA DEFICIÊNCIA DE PROTEÍNA C TIPO I EM 13 FAMÍLIAS PORTUGUESAS

1 1 1 1 1Joana Rita Silva , Patrícia Martinho ; Teresa Fidalgo ; Elsa Gonçalves ; Ramón Salvado ; 1 1 1 1Catarina Silva Pinto ; Dalila Marques ; Natália Martins ; Maria Letícia Ribeiro

1Departamento de Hematologia - Centro Hospitalar de Coimbra

CO23 - ANEMIA SIDEROBLÁSTICA LIGADA AO CROMOSSOMA X (XLSA): SETE NOVAS MUTAÇÕES EM 9 FAMÍLIAS

1 1 1 1 2Janet Pereira , Alexandra Pereira ; Marta Duarte ; Umbelina Rebelo ; Teresa Melo ; 2 2 3 4 5Marika Bini-Antunes ; Jose Barbot ; E. Gutiérrez ; F.R. Ortega ; M.I.M. Sousa ; 1Maria Leticia Ribeiro

1 2Serviço de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, EPE; Hospital de Crianças Maria Pia, 3 4Centro Hospitalar Porto; 3 Hospital Universitário de Guadalajara, Espanha; Hospital de León,

5Espanha; Serviço de Hematologia, Hospital Universidade Coimbra

CO24 - HIGH PREVALENCE OF HAEMOGLOBIN DISORDERS AND G6PD DEFICIENCY IN REPUBLIC OF GUINEA (WEST AFRICA)

1 2 3 3 3Licínio Manco , Tamba S Millimono ; Kovana M Loua ; Emile P Gamy ; Silvia L Rath ; 4 4 2 2 5Luis Relvas ; Celeste Bento ; Mandiou Diakite ; Jean A Lamah ; Martin Jarvis ;

6 7 4Nathalie Daries ; Jaspal Kaeda ; Letícia Ribeiro1 2Department of Hematology, Centro Hospitalar de Coimbra, Portugal; Department of Haematology,

3Donka Hospital, Conakry, Republic de Guinée; Institut National de Santé Publique, Conakry, 4Republic de Guinée; Unidade de Anemias Congénitas, Serviço de Hematologia, Centro Hospitalar

5 6de Coimbra; Department of Haematology, North Middlesex Hospital, London, UK; ONG Solthis, 7Conakry, Republic of Guinée; Charite Virchow Klinikum, Department of Haematologie-Onkologie,

Berlin, Germany

SÁBADO

NOVEMBRO

13

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17.00-18.3017.00-18.30

18.30-19.3018.30-19.30

PROGRAMA DE ENFERMAGEM

Vertentes do Cuidar em Enfermagem

Hospital de São João, Porto

Pausa para Café

SESSÃO PLENÁRIA

Revisão de Posters

ENCERRAMENTO E ENTREGA DE PRÉMIOS

16.30-17.0016.30-17.00

SALA 1SALA 1

SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

reuniãoanual

11a13.NOVTRÓIA CENTRO DE CONGRESSOS

SPH2010

COMUNICAÇÕES ORAIS ENFERMAGEM15.00-16.3015.00-16.30 SALA 3

Moderadora: Enf.ª Matilde Amaral

CO27 - CONSUMO DE TERAPÊUTICA NATURAL PELOS DOENTES HEMATOLÓGICOS

1 1Telma Margarida Coelho Lopes , Maria Teresa Moreno Elias1Hospital de Santa Maria - Serviço de Hematologia

CO28 - O SOFRIMENTO ESPIRITUAL DO DOENTE ADULTO INTERNADO, COM LEUCEMIA AGUDA

1Sofia França1Hospital Sto António dos Capuchos CHLC-EPE

CO29 - COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS 1A. Pereira ,

1Centro Hospitalar Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria, Unidade de Transplante de Medula Óssea

CO30 - ALIMENTAÇÃO NO DOENTE HEMATOLÓGICO 1Pilar Brito Chaparro

1Hospital Santa Maria

CO31 - IACS NOS DOENTES IMUNODEPRIMIDOS, RELACIONADAS COM A MANIPULAÇÃO DO CVC

1 1 1Jose Manuel ferrer Martinez , Daniela Clara Silva França ; Rita Susana Soares Capela ; 1Maria Natalina Amorim Varajão

1IPO Porto

CO32 - DESSENSIBILIZAÇÃO ONCOLÓGICA 1 1 2Elsa Teixeira , Liliana Catarino ; Ortélia Dias

1 2Hospital de Santa Maria; Hospital de Santa Maria

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PROGRAMA EDUCACIONAL

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SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

reuniãoanual

11a13.NOVTRÓIA CENTRO DE CONGRESSOS

SPH2010

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Programa Educacional 12 de Novembro de 2010 09:00/10:00 - SALA 1

Moderador: Belén Gomez DIAGNOSIS AND PROGNOSIS-BASED CLASSIFICATION OF ADULT MASTOCYTOSIS Luis Escribano, MD, PhD Affiliation: Instituto de Estudios de Mastocitosis de Castilla La Mancha Red Española de Mastocitosis Hospital Virgen del Valle Toledo Spain e-mail: [email protected] Mastocytosis comprises a group of heterogeneous diseases characterized by an abnormal expansion and accumulation of mast cells (MC) in different tissues. In indolent systemic mastocytosis (ISM), the most common category of the disease, symptoms and signs are usually related to the release of MC mediators and in a lesser extent, to the tissue mast cell burden; on the contrary, in the aggressive systemic mastocytosis (ASM) most symptoms are related with tissue infiltration by MC. The clonal nature of mastocytosis can be established in virtually all cases through demonstration of gain-of-function mutations involving the tyrosine kinase domain of KIT in lesional skin and/or bone marrow (BM) cells.1-3 This, together with other disease features, have been proposed as consensus criteria for the diagnosis and classification of different subtypes of mastocytosis.4 Depending on the distribution of different types of mastocytosis, major differences exist on overall survival rates between distinct series. Accordingly, retrospective studies where a relatively high percentage of systemic mastocytosis (SM) associated to other clonal non-MC lineage diseases (SM-AHNMD) were included,5;6 show that prognosis of such cases mainly depend on the associated AHNMD and/or the indolent versus aggressive nature of the mastocytosis.7;8 Recently, in a prospective/retrospective study from our group in a series of 145 ISM patients, the long-term outcome of these patients after a median follow-up of 9 years (range: 2 months to 40 years) was evaluated for first time.9 Despite the relatively high frequency of signs of biological progression, transformation of ISM to a more aggressive form of the disease was an infrequent event restricted to a minority of ISM cases 7/145 (5%); the time from diagnosis to progression varies from 5 to 25 years. Multivariate analysis showed that serum -2 microglobulin levels (p=0.003) together with the presence of D816V KIT mutation of all hematopoietic lineages (p=0.02) were the most powerful combinations of independent prognostic factors to predict progression free survival. Regarding overall survival, we have demonstrated that only age at diagnosis higher than 60 years, increased serum alkaline phosphatase, and development of an associated clonal haematological non-mast cell disorder had independent predictive value for overall survival in ISM. In a retrospective study where 58 proved cases of SM were analyzed, Travis et al found only 46.5% to remain alive after a median follow-up of 7.6 years.6 In another study from the same institution in 40 SM cases (24 ISM and 16 ASM), 8 patients (20%) died (7 ASM died of MS-related complications and one of an unknown cause), none corresponding to ISM cases.7 Among our patients, only a minority (n=7/145) of ISM cases had died after a significantly longer follow-up than previously reported;6;7 moreover, in only two of these cases death was directly related to mastocytosis, due to development of an AML and MDS, respectively.

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In summary, ISM patients managed with conservative therapy have both a low disease progression rate and long life expectancy, which should prevent their recruitment to trials with cytoreductive or novel targeted drugs without appropriate selection of patients, based on definitive signs of aggressiveness of disease. Due to the impact of the presence of D816V KIT mutations in all hematopoietic lineages on disease progression careful follow-up is mandatory; in addition, it points out the relevance of systematically determining, in a clinical setting, the KIT mutational status of both MC and other haematopoietic cells in ISM patients. This highlights the importance of periodic follow-up in patients with long disease duration, mainly in cases carrying KIT mutation in all hematopoietic cell lineages.

Reference List

1. Nagata H, Worobec AS, Oh CK et al. Identification of a point mutation in the catalytic domain of the protooncogene c-kit in peripheral blood mononuclear cells of patients who have mastocytosis with an associated hematologic disorder. Proc.Natl.Acad.Sci.USA 1995;92:10560-10564.

2. Longley BJ, Tyrrell L, Lu SZ et al. Somatic c-KIT activating mutation in urticaria pigmentosa and aggressive mastocytosis: Establishment of clonality in a human mast cell neoplasm. Nature Genet. 1996;12:312-314.

3. Garcia-Montero AC, Jara-Acevedo M, Teodosio C et al. KIT mutation in mast cells and other bone marrow haematopoietic cell lineages in systemic mast cell disorders. A prospective study of the Spanish Network on Mastocytosis (REMA) in a series of 113 patients. Blood 2006;108:2366-2372.

4. Valent P, Horny HP, Escribano L et al. Diagnostic Criteria and Classification of Mastocytosis: A Consensus Proposal. Leuk.Res. 2001;25:603-625.

5. Horny HP, Parwaresch MR, Lennert AK. Bone marrow findings in systemic mastocytosis. Hum.Pathol. 1985;16:808-814.

6. Travis WD, Li CY, Bergstralh EJ, Yam LT, Swee RG. Systemic mast cell disease. Analysis of 58 cases and literature review. Medicine 1988;67:345-368.

7. Pardanani A, Baek JY, Li CY, Butterfield JH, Tefferi A. Systemic mast cell disease without associated hematologic disorder: A combined retrospective and prospective study. Mayo Clin.Proc. 2002;77:1169-1175.

8. Pardanani A, Tefferi A. Systemic mastocytosis in adults: a review on prognosis and treatment based on 342 Mayo Clinic patients and current literature. Curr.Opin.Hematol. 2010;17:125-132.

9. Escribano L, Avarez-Twose I, Sanchez-Munoz L et al. Prognosis in adult indolent systemic mastocytosis: A long-term study of the Spanish Network on Mastocytosis in a series of 145 patients. J.Allergy Clin Immunol. 2009;124:514-521.

This work was supported by grants from the Fundación Para la Investigación Sanitaria en Castilla-La Mancha (FISCAM 2007/36, FISCAM 2008/46) and the Instituto de Salud Carlos III (FIS PS09/00032).

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Lição Prof. Ducla Soares 12 de Novembro de 2010 10:00/11:00 - SALA 1

Moderador: Belén Gomez NEOPLASIAS LINFÓIDES – O QUE MUDOU NA CLASSIFICAÇÃO DA OMS EM 2008 Cristina Ferreira Serviço de Anatomia Patológica, Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE – Hospital de Santa Maria A classificação da OMS dos Tumores dos Tecidos Hematopoiéticos e Linfóides editada em Setembro de 2008 (4ª edição) segue os princípios gerais da edição anterior (2001), e que foram previamente definidos em 1994, na classificação “REAL”. As neoplasias hematológicas são classificadas segundo a sua linhagem (mielóide, linfóide, de células dendríticas/histiocíticas e de mastócitos); para cada categoria são utilizados critérios clínicos, morfológicos, imunofenotípicos, genéticos e moleculares, sendo variável a importância de cada uma destas características no diagnóstido das diferentes entidades. Nesta classificação pretende-se que todas as doenças sejam claramente identificadas e que sejam mutuamente exclusivas, evitando-se sobreposições. A nova classificação da OMS de 2008 integrou outras classificações desenvolvidas por diferentes grupos como a EORTC (linfomas cutâneos) e os grupos dedicados à Macroglobulinemia de Waldenstrom, Mieloma múltiplo e Leucemia linfática crónica. Em relação à edição anterior há mais 108 doenças reconhecidas (50 doenças mielóides e leucemias agudas, 53 neoplasias linfóides e 5 neoplasias histiocíticas); muitas são definidas por características clínicas, imunofenotípicas e genéticas, para além da morfologia; nalgumas entidades, é necessário utilizar extensa caracterização imunofenotípica e/ou estudos genéticos, imprescindíveis para um diagnóstico correcto. Há várias alterações na classificação dos linfomas que têm índole e importância muito variáveis. De uma forma genérica há que considerar: -Novas nomenclaturas para doenças já anteriormente conhecidas Linfoma da zona marginal ganglionar e extraganglionar; Linfoma/leucemia linfoblástica T ou B; Linfoma de células grandes B anaplásico ALK+; Linfoma de células T associado a enteropatia. -Novas definições para doenças já anteriormente conhecidas LCC; PLL; Linfoma linfoplasmocítico; Macroglobulinémia de Waldenström; Linfoma de células grandes anaplásico; Linfoma de células T subcutâneo de tipo paniculite. -Inclusão de novas entidades e categorias -Importância da idade e da topografia como critério major na definição de algumas entidades Linfoma folicular pediátrico; Linfoma da zona marginal ganglionar pediátrico; Linfoma de células grandes B, EBV+ do idoso; Linfomas pediátricos EBV+; Linfoma difuso de células grandes B primário do SNC; Linfoma folicular primário intestinal; Linfoma do centro folicular primário cutâneo.

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-Reconhecimento e aceitação da existência de categorias provisórias que necessitam de estudos futuros para melhor definição Linfoma de células B não classificável, com características intermédias de Linfoma de Hodgkin e de Linfoma difuso de células grandes B; Linfoma de células B não classificável, com características intermédias de Linfoma de Burkitt e de Linfoma difuso de células grandes B; Linfoma/leucemia esplénico de células pequenas B, não classificável; Doença linfoproliferativa crónica de células NK; Linfoma de células T, citotóxico CD8+, primário cutâneo, epidermotrópico agressivo; Linfoma de células T pequenas a médias CD4+, primário cutâneo; Linfoma de células grandes anaplásico ALK negativo. -Novos conceitos biológicos relativos às células linfóides É reconhecida a plasticidade da população linfóide (são exemplo os Linfomas com características intermédias, referidos na alínea anterior) e a existência de pequenas populações clonais que poderão corresponder a lesões precoces das neoplasias linfóides. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES POR GRUPOS DE LINFOMAS I - NEOPLASIAS DE CÉLULAS PRECURSORAS 1- Neoplasia de células dendríticas plasmocitóides blásticas Anteriormente era designada por Leucemia/linfoma de células NK blásticas ou neoplasia hematodérmica CD4+/CD56+ agranular. 2- Leucemia/linfoma linfoblástico T (T-ALL) Há modificação da nomenclatura (dada a redundância da utilização do termo “precursor”). 3- Leucemia/linfoma linfoblástico B (B-ALL) Há modificação da nomenclatura (dada a redundância da utilização do termo “precursor”). - São definidos subtipos genéticos com implicações clínicas. II - NEOPLASIAS DE CÉLULAS PEQUENAS B Leucemia linfática crónica (LLC) Foram redefinidos os critérios de diagnóstico: é necessário que o número de linfócitos monoclonais no sangue periférico com fenótipo de LLC seja ≥5/109/l, na ausência de envolvimento extra-medular e durante 3 meses; este valor pode ser menor se coexistirem citopenias ou sintomatologia associada à doença. É aceite e definido o conceito de linfocitose monoclonal B (exemplo de reconhecimento de lesões precursoras nas neoplasias linfóides). 2- Leucemia prolinfocítica de células B Os casos com t(11;14) que foram anteriormente incluídos nesta entidade são considerados, actualmente, como forma leucémica de Linfoma de células do manto. 3- Macroglobulinemia de Waldënstrom É considerada um linfoma linfoplasmocítico com infiltração na medula óssea e gamapatia IgM monoclonal de qualquer concentração. 4- Linfoma linfoplasmocítico (LPL) As alterações genéticas são redefinidas (o rearranjo do gene PAX-5 é considerado raro; a delecção de 6q21 está presente em mais de 50% dos casos).

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É aceite que nem sempre é possível fazer um diagnóstico preciso de LPL podendo ter que se referir apenas “Linfoma de células pequenas B com diferenciação plasmocítica” e sugerindo-se possíveis diagnósticos diferenciais. 5- Linfoma folicular Os graus 1 e 2 são agrupados em grau 1-2 (baixo grau), mantendo-se os critérios de contagem de centroblastos (<15/cga). A importância da distinção entre o grau 3A e 3B é enfatizada, sendo considerada a possibilidade de o Linfoma folicular 3B poder ser uma entidade distinta, mais próxima do LDCGB do que de um Linfoma folicular. É aceite a existência de lesão precoce de Neoplasia intrafolicular ou Linfoma folicular “in situ” e o envolvimento ganglionar parcial de um linfoma folicular. Considera-se que um Linfoma folicular grau 1-2 com índice proliferativo elevado pode ter um comportamento mais agressivo; embora não seja ainda requerida a sua quantificação pode ser relatada no diagnóstico. São definidas as variantes do linfoma folicular consoante a topografia (Linfoma folicular primário intestinal) e a idade (Linfoma folicular pediátrico), que assumem características clínicas, imunofenotípicas e genéticas particulares relativamente ao Linfoma folicular ganglionar. 5- Linfoma do centro folicular primário cutâneo Na classificação anterior era considerada uma variante do linfoma folicular. 6- Linfoma de células do manto É aceite a existência de lesão precoce de Linfoma de células do manto “in situ”. As variantes agressivas são redenominadas: a variante “blastóide” assemelha-se morfologicamente ao linfoma linfoblástico e a variante “pleomórfica” ao linfoma difuso de células grandes B (na edição anterior ambas eram designadas de “blastóides” e subclassificadas em “clássica” e “pleomórfica”). É aceite a existência de casos de Linfoma de células do manto ciclina D1 negativos e sem a t(11;14); estes casos expressam ciclina D2 ou ciclina D3 e alguns têm t(2;12). É aceite que a quantificação do índice proliferativo Ki67 é importante dado o impacto prognóstico. 7- Linfoma da zona marginal ganglionar Há modificação da nomenclatura (retirou-se o termo “de células B”). A forma pediátrica é individualizada dado ter uma expressão clínica diferente da do adulto (Linfoma da zona marginal ganglionar pediátrico). 8- Leucemia/linfoma de células B esplénico, não classificável É uma nova categoria. Inclui 2 entidades provisórias: -Linfoma esplénico de células pequenas B, difuso da polpa vermelha; -Variante da Tricoleucemia (esta foi retirada do capítulo da Tricoleucemia; apesar da designação, não se considera ter relação com esta). III - NEOPLASIAS DE CÉLULAS GRANDES B Linfoma difuso de células grandes B (LDCGB) É criado o subtipo LDCGB, não especificado, para o diferenciar dos subtipos e novas entidades definidas; nalgumas é imprescindível o conhecimento da existência de associação a vírus (EBV, HIV, HHV-8) Variantes morfológicas; subgrupos moleculares e IHQ: tipo GCB e não GCB (não é ainda requerido a sua subdivisão)

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Subtipos Linfoma difuso de células grandes B, EBV+ do idoso Entidade provisória nova. Linfoma difuso de células grandes B primário do SNC É reconhecido como um subtipo distinto. Linfoma difuso de células grandes B primário cutâneo de tipo da perna (sem alterações relevantes em relação à edição anterior). Linfoma de células grandes B rico em células T e histiocitárias (sem alterações relevantes em relação à edição anterior). Outros linfomas de células grandes B Linfoma difuso de células grandes B, ALK positivo Há modificação da nomenclatura (retirou-se o termo “difuso”); é uma categoria separada do LDCGB; são redefinidas as características genéticas sendo reconhecida a presença de translocação do gene ALK (mais frequente a t(2;17)). Linfoma difuso de células grandes B associado a inflamação crónica As situações clínicas em que ocorre são alargadas (próteses articulares, etc). Linfoma plasmoblástico Esta categoria é separada do LDCGB; é alargado o espectro clínico para localizações fora da cavidade oral e em doentes HIV negativos. Granulomatose linfomatóide Na edição anterior esta entidade era considerada uma proliferação de células B de potencial de malignidade incerto; foi incluída na categoria de linfoma, mas os critérios de diagnóstico mantêm-se. Linfoma de células grandes associado a Doença de Castleman multicêntrica HHV-8+ É uma entidade nova nesta classificação. Linfoma das cavidades serosas Linfoma de células grandes B primário do mediastino Linfoma de células grandes B intravascular (7,8 e 9 sem alterações relevantes em relação à edição anterior). Categorias provisórias São definidos os critérios de diagnóstico para inclusão numa destas novas categorias: Linfoma de células B não classificável com características intermédias de Linfoma de Hodgkin e de Linfoma difuso de células grandes B; Linfoma de células B não classificável com características intermédias de Linfoma de Burkitt e de Linfoma difuso de células grandes B IV - NEOPLASIAS DE CÉLULAS T/NK Linfoma de células T periférico, não especificado É incluída a variante morfológica folicular. Linfoma de células T angioimunoblástico É considerado um subtipo distinto de Linfoma de células T periférico. Linfoma de células grandes anaplásico ALK positivo Há modificação da nomenclatura e inclui apenas os casos ALK positivos. Linfoma de células T associado a enteropatia Há modificação da nomenclatura. Linfoma de células T subcutâneo de tipo paniculite Este diagnóstico é restrito aos casos com fenótipo α/β; os casos com fenótipo γ/δ são incluídos no Linfoma primário cutâneo de células T γ/δ. Linfoma de células T γ/δ primário cutâneo É considerado um subtipo distinto do Linfoma de células T periférico. Doenças linfoproliferativas de células T, EBV+ da criança Inclui 2 entidades: Doença linfoproliferativa sistémica de células T, EBV+ da criança Há monoclonalidade dos genes TCR sendo considerada neoplasia de células T maduras.

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Linfoma de tipo Hydroa vacciniforme É um linfoma cutâneo de células T citotóxicas ou de células NK. Categorias provisórias São definidos os critérios de diagnóstico para inclusão numa destas novas categorias Doença linfoproliferativa crónica de células NK Linfoma de células T, citotóxico CD8+, primário cutâneo epidermotrópico agressivo Linfoma de células T pequenas a médias CD4+ primário cutâneo Linfoma de células grandes anaplásico ALK negativo Referências Swerdlow SH, Campo E, Harris NL, Jaffe ES, Pileri SA, Stein H, Thiele J, Vardiman JW eds. WHO Classification of Tumours of Haematopoietic and Lymphoid Tissues. Lyon: IARC; 2008 Jaffe ES, Harris NL, Stein H, Vardiman JW eds. Pathology and Genetics of Tumours of Haematopoietic and Lymphoid Tissues. In: Kleihues P, Sobin LH eds. World Health Organization Classification of Tumours. Lyon: IARC Press; 2001 Harris NL, Jaffe ES, Stein H, Banks PM, Chan JK, Cleary ML, Delsol G, De Wolf-Peeters C, Falini B, Gatter KC, et al. A revised European-American classification of lymphoid neoplasms: a proposal from the International Lymphoma Study Group. Blood. 1994; 84:1361-92.

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Programa Educacional 13 de Novembro de 2010 08:30/09:00 - SALA 1

Moderador: Carlos Martins DINÂMICA DA INFECÇÃO VIRAL NO DOENTE HEMATOLÓGICO Luís Martins e Mário Cunha Os vírus são entidades que provocam vários tipos de infecção:

• Assintomáticas, a maior parte • Agudas • Latentes • Persistentes • Crónicas • Progressivamente lentas • Tumorogénicas. •

As infecções tumorogénicas estão implicadas em 15% de todos os cancros. Os vírus latentes podem reactivar em ciclos líticos ou lisogénicos, consoante o vírus presente. Na replicação, o genoma viral pode estar sob a forma livre, epissomal ou integrar-se no genoma da célula hospedeira. Assim, um vírus como o Epstein-Barr (EBV) pode ser responsável por uma simples infecção assintomática, por uma mononucleose infecciosa ou por um carcinoma como o da Nasofaringe ou por um linfoma, como o de Burkitt. Tudo depende do status imunológico, genético ou epigenético do indivíduo. Os vírus para sobreviver desenvolveram diferentes mecanismos para escapar ao sistema imunológico. Desde provocar infecções agudas à metilação do seu DNA ou à integração. Para o conhecimento da dinâmica viral, as técnicas de Biologia Molecular, como o PCR em Tempo Real, são uma ferramenta decisiva. Tanto as DNAémias como a Virúrias podem ser quantificadas e normalmente expressas em nº de cópias por mL, o que nos permite quantificar, monitorizar ou mesmo prevenir doença como a Doença Linfoproliferativa Pós Transplante (PTLD) por uma reactivação do vírus do Epstein-Barr. As reactivações do CMV, EBV, HHV6 e HHV7 podem ser detectadas atempadamente e os pacientes monitorizados semanal ou bissemanalmente, consoantes as necessidades clínicas. Pode também ser estudada se o vírus se encontra sob a forma livre ou integrada no genoma celular, como acontece com o HHV6, que em status imunológico supressivo pode manter a carga viral alta e constante.

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Programa Educacional 13 de Novembro de 2010 08:30/09:00 - SALA 1

Moderador: Carlos Martins A IMAGIOLOGIA DA INFECÇÃO FÚNGICA Paula Campos

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SESSÕES PLENÁRIAS

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SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

reuniãoanual

11a13.NOVTRÓIA CENTRO DE CONGRESSOS

SPH2010

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Sessão Plenária 13 de Novembro de 2010 09:30/11:00 - SALA 1

Moderador: J. Alves do Carmo A EXPERIENCIA DO CEDACE H. Trindade O CEDACE foi criado pelo despacho 22/95, correspondendo a sigla à designação de “Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão”, ficando sediado no Centro de Histocompatibilidade do Sul, conforme a letra do referido despacho. Os três Centros de Histocompatibilidade têm uma acção regional na divulgação do Registo, colheita de amostras para as inscrições de novos potenciais dadores, realização de testes preliminares e tipagem HLA destes novos candidatos e envio dos inquéritos e resultados para o CEDACE e também na activação de dadores a pedido do CEDACE, que coordena toda a actividade nacional e internacional. Esta organização manteve-se desde 1995 até 2003 numa situação de crescimento nulo quer em número de dadores, quer em indicadores de actividade como sejam activações e colheitas. O ano de 2003 foi a viragem feita à custa de uma doente e da mobilização dos meios de comunicação social em torno da sua causa, ao que se seguiram outros doentes, e de 1377 dadores no final de 2002, passou-se para 6133 em Dezembro de 2003 e estamos hoje com 237 130 dadores tipados em Setembro de 2010. Estes números permitiram ao Registo aumentar as colheitas e cumprir o objectivo de ajuda aos doentes, sendo pedidas mais de 1500 activações ano e com 55 colheitas realizadas em 2009, e mais de 200 no total. Grande parte desta actividade é Internacional. O CEDACE está hoje numa situação de excelência e olhando para o número de dadores por milhão de habitante estamos em segundo lugar a nível Europeu comparativamente aos países com mais de 5 milhões de habitantes. Atingida a maturidade do Registo em termos do número de dadores e normalização da actividade, é necessário programar o futuro e desenhar novas estratégias. Como exemplo podemos referir que no ano de 2009 foi feito uma primeira análise das frequências genéticas ao Registo Nacional e a distribuição das mesmas frequências a nível Regional. Os dados poderão agora servir para identificar os antigénios e haplotipos com menor representatividade e tirar partido disso para a diversificação genética para ajudar mais doentes. Uma outra estratégia deverá passar pela diversificação étnica do Registo, o que tem desafios particulares que devem ser equacionados. A actividade do CEDACE tem sido integrada no orçamento do CHSul e a actividade dos Centros de Histocompatibilidade, como Centros Dador, na tipagem de novos dadores voluntários, tem sido suportada pelo Ministério da Saúde num esforço financeiro que merece destaque. Por outro lado, várias associações, de entre as quais merece particular destaque a APCL, têm sido solidárias com esta causa e com a generosidade dos portugueses, em conjunto, permitem que Portugal possa ter hoje um Registo com capacidade de ajudar centenas de doentes em todo o mundo.

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Sessão Plenária 13 de Novembro de 2010 09:30/11:00 - SALA 1

Moderador: J. Alves do Carmo TRANSPLANTE DE PROGENITORES HEMATOPOIÉTICOS DE DADOR NÃO FAMILIAR J. F. Lacerda Menos de 1/3 dos doentes com indicação para um transplante alogénico de progenitores hematopoiéticos têm um dador familiar HLA-compatível. O transplante de dador não familiar é uma terapêutica eficaz para muitas doenças hematológicas. Os registos de dadores benévolos (http://www.bmdw.org/) têm, actualmente, cerca de 15 milhões de dadores inscritos, pelo que a probabilidade de se encontrar um dador compatível para um doente de ascendência da Europa Ocidental é superior a 80%. O sucesso do transplante de progenitores hematopoiéticos de dador não familiar depende de múltiplos factores, que incluem as características da doença (estádio clínico, factores com relevância prognóstica), a idade e o estado geral do doente, o sexo do dador, a positividade ou não para o citomegalovírus do par dador/receptor, o protocolo de condicionamento, o tipo de profilaxia da doença do enxerto contra o hospedeiro, a fonte do enxerto, o grau de compatibilidade HLA entre dador e receptor, a manipulação ou não do enxerto, entre outros. A compatibilidade HLA entre dador e receptor desempenha um papel fundamental no sucesso do transplante de progenitores hematopoiéticos de dador não familiar. Inicialmente, procurava-se unicamente uma compatibilidade serológica em HLA-A, HLA-B e HLA-DR. Esta aparente compatibilidade entre dador e receptor não familiar determinava elevadas taxas de complicações pós-transplante. Actualmente, com a implementação e generalização das técnicas de biologia molecular, a tipagem dos candidatos a transplante e dos dadores tornou-se mais fina. Hoje, a realização de tipagem a nível alélico dos antigénios HLA-A, HLA-B, HLA-C, HLA-DRB1 e HLA-DQB1 é uma rotina. A escolha de um dador não familiar adequadamente compatível é muito importante e contribui de forma significativa para o sucesso do transplante. Vários estudos avaliaram o impacto de incompatibilidades HLA entre dador e receptor. Em geral, qualquer incompatibilidade a nível alélico em HLA-A, -B, -C, -DRB1 aumenta o risco de morte pós-transplante. O efeito de incompatibilidades em DQB1 e DPB1 é menos claro e não é consensual entre os vários estudos. A permissão de incompatibilidades também se associa com a fase da doença para a qual o doente é transplantado. Doentes com doença hemato-oncológica avançada não parecem ter um risco acrescido de mortalidade pela existência de uma única incompatibilidade HLA. No entanto, a existência de múltiplas incompatibilidades aumenta o risco de complicações e a mortalidade pós-transplante. Apesar da compatibilidade HLA de nível alélico permitir resultados que, nalguns casos, são muito próximos dos obtidos com irmãos HLA compatíveis, a escolha do dador não familiar ideal só agora dá os primeiros passos. Vários estudos têm procurado identificar outros factores associados à emergência de doença do enxerto contra o hospedeiro pós-transplante, e a um aumento de risco de mortalidade, em doentes compatíveis com os seus dadores a nível alélico nos 10 principais antigénios. Existe evidência de que o perfil dos haplótipos KIR de activação e inibidores das células NK do dador e do receptor desempenham um papel relevante na sobrevivência pós-transplante. Estudos recentes sugerem também que polimorfismos únicos em genes que codificam citocinas, receptores de citocinas e outros factores ligados à imunidade inata, tais como IL-1, IL-6, IL-10, TNF-

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alfa, IFN-gama também modulam o aparecimento de doença do enxerto contra o hospedeiro, podendo influenciar a sobrevivência a longo prazo do doente. Assim, existe uma complexa teia de factores, genéticos e de outra natureza, que determinam o sucesso de um transplante de progenitores hematopoiéticos de dador não familiar. O processo de selecção de um dador não familiar é moroso e deve ser iniciado tão precocemente quanto possível. Apesar de se poder proceder a uma primeira aproximação aos registos de dadores só com uma tipagem HLA de baixa resolução, a utilidade deste procedimento é muito limitada e induz frequentemente em erro em relação à potencial existência de um dador compatível. De facto, só com a tipagem alélica de alta resolução em HLA-A, -B, -C, -DRB1 e -DQB1 se pode iniciar verdadeiramente a selecção de um dador. Os passos necessários para a selecção de um dador não familiar dão-nos uma noção do tempo com que, inevitavelmente, é necessário contar para a realização de um transplante de progenitores hematopoiéticos de dador não familiar:

1. Identificação do nível de risco do doente (apresentação da doença, citogenética,

biologia molecular, resposta ao primeiro tratamento, etc…)

2. Tipagem HLA de alta resolução em HLA -A, -B, -C, -DRB1 e -DQB1 do doente

3. Pesquisa nos registos de dadores voluntários

4. Pesquisa em registos específicos mais detalhados (por exemplo, após pesquisa inicial

na base de dados BMDW, parecem existir dadores interessantes num determinado

país)

5. Selecção de um ou mais dadores para ser enviada para Portugal amostra de sangue

para tipagem HLA -A, -B, -C, -DRB1 e -DQB1 de nível alélico no Centro de

Histocompatibilidade

6. Após este resultado, caso exista compatibilidade adequada, proceder-se-á à activação

do dador para transplante

7. Exames ao dador realizados no seu país que reavaliarão estado geral e virologias

8. Colheita de progenitores hematopoiéticos e transporte para Portugal

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on outcomes of unrelated donor bone marrow transplantation: HLA-C mismatching is associated with a

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Sessão Plenária 13 de Novembro de 2010 09:30/11:00 - SALA 1

Moderador: J. Alves do Carmo REDUCED INTENSITY ALLOGENEIC TRANSPLANTATION FOR MULTIPLY RELAPSED LYMPHOMA Stephen Mackinnon T cell depleted reduced intensity transplantation followed by donor leukocyte infusions to promote graft-versus-lymphoma activity results in excellent long-term survival in patients with multiply relapsed follicular lymphoma Follicular lymphoma (FL) is an indolent disorder, which is treatable but considered incurable with chemotherapy alone. The curative potential of allogeneic transplantation using conventional myeloablative conditioning has been demonstrated, but this approach is precluded in the majority of patients with FL, because of excessive toxicity. Reduced intensity conditioning regimens are therefore being explored. This study reports the outcome of 85 consecutive patients with FL transplanted using fludarabine, melphalan and alemtuzumab. Patients were heavily pretreated, having received a median of 4 lines of prior therapy, and 27% had failed previous autologous transplantation. Median patient age was 45 years and 53% received stem cells from unrelated donors. With a median follow-up of 4 years, the non-relapse mortality was 15% at 4 years (8% for sibling, 21% for unrelated donor transplants), acute GVHD grade II-III occurred in 14%, and the incidence of extensive chronic GVHD was only 18 %. Relapse risk was 26%, and this was significantly reduced where mixed chimerism had been converted to full donor chimerism by the use of DLI (10% vs 36%; p=0.03). In addition, 10/13 (77%) given DLI for relapse post-transplant remitted, with 9 of these responses sustained and one responding to further DLI. In these patients, CR is currently ongoing at a median of 44 months (12-74) following last DLI. Current PFS at 4 years was 76% for the whole cohort: 90% for those with sibling donors and 63% for those with unrelated donors. The excellent long-term survival with associated low rates of GVHD and frequency and durability of DLI responses makes this an extremely encouraging strategy for the treatment and potential cure of FL. Thomson KJ, Morris EC, Milligan D, Parker AN, Hunter AE, Cook G, Bloor AJ, Clark F, Kazmi M, Linch DC, Chakraverty R, Peggs KS, Mackinnon S T-cell-depleted reduced-intensity transplantation followed by donor leukocyte infusions to promote graft-versus-lymphoma activity results in excellent long-term survival in patients with multiply relapsed follicular lymphoma J Clin Oncol. 2010 28:3695-700

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MESAS REDONDAS

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SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

reuniãoanual

11a13.NOVTRÓIA CENTRO DE CONGRESSOS

SPH2010

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Mesa Redonda 12 de Novembro de 2010 11:30/13:30 - SALA 1

Moderadora: Lurdes Guerra LMC: Monitorização da Resposta e Mecanismos de Resistência Sónia Matos e Sónia Santos A LMC é uma doença mieloproliferativa caracterizada pela formação do cromossoma de Filadélfia (Ph), o qual resulta da translocação recíproca entre os cromossomas 9 e 22, resultando na fusão do gene ABL no cromossoma 9 (banda q34) e do gene BCR no cromossoma 22 (banda q11). Esta alteração específica resulta na formação do gene de fusão BCR-Abl responsável pela proliferação de células mielóides imaturas na medula óssea e a acumulação destas no sangue periférico. A formação deste transcrito dá origem à desregulação da actividade tirosina cinase do gene ABL, tornando-se este facto um alvo perfeito para o desenvolvimento de fármacos específicos. O aparecimento dos inibidores de tirosina cinase da oncoproteína BCR-Abl, veio revolucionar deste modo a terapêutica da doença e proporcionar o aumento da sobrevivência e da qualidade de vida dos doentes. O gene de fusão BCR-Abl representa para além de marcador da doença um marcador valioso na monitorização da resposta ao tratamento. Desde 2005 foram avaliados no nosso laboratório 63 novos casos de LMC, tendo sido documentada a presença da t(9;22) por citogenética convencional e/ ou por FISH (Fluorescence in situ hybridization) e caracterizado o transcrito de fusão presente na amostra de diagnóstico por RT-PCR (Reverse Transcriptase Polymerase Chain Reaction). A monitorização destes doentes requer a análise citogenética e molecular, técnicas estas que têm acompanhando a evolução do conhecimento da doença e do surgimento de novas terapêuticas. A monitorização da resposta citogenética foi efectuada através da análise do cariótipo observando-se no mínimo 20 metafases para calcular a percentagem de metafases Ph+. Dos doentes analisados verificou-se que 45 atingiram Resposta Citogenética Completa (RCC), mediana de 12 meses, 2 recairam antes de atingir a RCC, 1 não obteve qualquer resposta e 15 atingiram Resposta Citogenética Parcial ou Mínima ou não tiveram avaliação citogenética. A elevada eficácia do tratamento com inibidores de tirosina cinase levou à necessidade de métodos mais precisos para a monitorização da resposta ao tratamento a níveis mais sensíveis que o ponto de referência que é a remissão citogenética completa. De forma a avaliar a Doença Residual Mínima (DRM) quantificou-se o número de transcritos nos doentes em estudo pela técnica de RQ-PCR (Real Time Quantification Polymerase Chain Reaction) tendo 35 atingido Resposta Molecular Major (RMM), mediana de 14 meses, 14 Resposta Molecular Completa (RMC) e 27 têm follow-up insuficiente ou resposta sub-óptima. Dos doentes que atingiram RCC 11 ainda não têm RMM. Nos doentes que não atingem RCC ou RMM ou em casos de perda da resposta está indicada a pesquisa de mutações no domínio cinase da proteína de fusão, principal mecanismo de resistência até agora identificado, previamente à alteração da terapêutica, quer pelo aumento de dose quer pela mudança para inibidores tirosina cinase de 2ª linha.

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Foi realizada a pesquisa de mutações em apenas 8 doentes sem RMM, procedendo-se à amplificação por RT-PCR da região do gene ABL presente nos transcritos de fusão BCR-ABL seguida de sequenciação directa dos exões 4 a 9 desses transcritos. As sequências obtidas foram comparadas com uma sequência de referência (GeneBank NM_005157.3). Foi identificada em apenas 1 dos doentes uma mutação (E255K). A identificação desta mutação assim como a observação em 2 casos de recaída citogenética antes de ser atingida a RCC levou à alteração da terapêutica para inibidor tirosina cinase de 2ª linha tendo-se revertido deste modo o curso da doença. Revela-se de extrema importância fazer a monitorização regular das respostas citogenética e molecular, assim como a identificação de mutações no gene Abl e/ou outros mecanismos de resistência aos fármacos por forma a antever uma resposta inadequada ao tratamento ou uma recaída e deste modo optimizar a estratégia terapêutica.

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Mesa Redonda 12 de Novembro de 2010 11:30/13:30 - SALA 1

Moderadora: Lurdes Guerra DOENÇAS MIELOPROLIFERATIVAS PH NEGATIVAS: UMA MUTAÇÃO PARA 3 DOENÇAS. Blanca Polo As neoplasias mieloproliferativas (MPNs) são um tipo de neoplasias hematológicas mielóides , de natureza clonal derivada de uma célula progenitora hematopoiética pluripotente, caracterizadas por uma hiperproliferação de uma ou mais linhas mielóides. A Classificação da OMS de 2008 suclassificou as MPNs em 8 entidades diferentes: Leucemia Mielóide Crónica, Policitémia Vera (PV), Trombocitémia Essencial (TE), Mielofibrose Primária (MFP), Mastocitose sistémica, Leucemia Eosinofílica Crónica não específica, leucemia Neutrofílica Crónica e MPNs inclassificáveis. A Leucemia Mielóide Crónica requer a presença de BCR/ABL para o seu diagnóstico, assim como o resto das MPNs precisam da sua ausência, pelo que são chamadas MPNs Ph negativas. Após as novas descobertas moleculares a OMS-2008 tem acrescentado marcadores moleculares aos histológicos, clínicos e laboratoriais já existentes. O principal marcador molecular é a mutação JAK2V617F, descrita pela primeira vez em 2005 e que aparece em mais do 90% das PV e, em aproximadamente um 50% dos doentes com TE e MFP. A questão que se coloca é como uma única mutação contribui para a patogenia de 3 entidades clínicas diferentes. Colocam-se várias hipóteses sobre a influência do JAK2V617F nestas doenças. Depois da descoberta do JAK2V617F diferentes companhias farmacêuticas têm desenvolvido inibidores selectivos do JAK2 para o tratamento das MPNs. Até a data os ensaios efectuados parecem demonstrar um efeito benéfico quer sobre a esplenomegália quer sobre os sintomas constitucionais com uma boa tolerância.. Contudo, o efeito sobre o curso natural da doença permanece incerto.

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Mesa Redonda 12 de Novembro de 2010 15:00/16:00 - SALA 1

Moderador: Paulo Lúcio LINFOCITOSE B MONOCLONAL (LBM) J. Raposo A evolução tecnológica, económica e social tem permitido às sociedades um aumento efectivo da esperança média de vida da população em geral. Este facto associado à capacidade dos sistemas de saúde em incrementar a utilização de analíticas de rotina periódicas veio modificar substancialmente a incidência e as formas clínicas de apresentação ao diagnóstico da Leucemia Linfocítica Crónica (LLC). Assim, não é de admirar que a incidência da doença tenha aumentado de 2,6 para 5,4 por 100.000 habitantes/ano e que o número de estádios A de Binet ou 0 de Rai ao diagnóstico tenha subido de 15% para 85%. Actualmente nos E.U.A a incidência é de 6,0 por 100.000 habitantes por ano. Por outro lado, o aparecimento da Citometria de Fluxo, a sua posterior generalização e a melhoria progressiva da tecnologia utilizada, aumentaram a capacidade em detectar pequenas populações linfocitárias monoclonais com ou sem imunofenótipo de LLC. Deste modo, o limiar quantitativo do linfocitose monoclonal necessário ao diagnóstico de LLC foi baixando progressivamente nos últimos 50 anos: 15.000/mm3 (1950), 10.000 (1970 – critérios iwCLL) e 5.000 (1996 – critérios NCI). Em 2005, Andy Rawstron e colaboradores propuseram pela primeira vez o termo Linfocitose B Monoclonal (LBM) para definir a existência, em indivíduos saudáveis, de populações monoclonais de linfócitos B com ou sem imunofenótipo característico de LLC; propuseram também critérios de diagnóstico que permanecem ainda em vigor e individualizaram 3 subtipos: LBM-tipo LLC (CD5+23+), LBM-tipo LLC atípica (CD5+23-) e LBM-não LLC (CD5-). A maioria pertence ao tipo LLC. Vários investigadores em diferentes países têm feito estudos em grupos limitados de indivíduos direccionados basicamente para a avaliação da frequência da LBM; têm sido utilizadas populações residenciais saudáveis, dadores de sangue e populações de ambulatório hospitalar ou de cuidados primários de saúde. Dum modo geral pode afirmar-se que, à medida que aumenta a capacidade discriminativa da citometria de fluxo utilizando de 2 a 8 cores, aumenta a prevalência de LBM, sendo maior a partir dos 60 anos e mantendo a mesma distribuição por género (M:F = 2,2:1). A frequência de LBM parece ser ainda maior nos familiares de doentes com LLC. Simultaneamente têm-se tentado caracterizar vários subgrupos de LBM com base na contagem de linfócitos B monoclonais. A contagem de linfócitos B normais oscila entre 50 e 500 células por mm3; aproximadamente 40% da LBM-tipo LLC demonstrada na população em geral tem valores inferiores a 50/mm3, 45% entre os valores normais de 50-500/mm3 e os restantes e 15% entre 500-1900/mm3. Já no grupo de indivíduos com LBM mas que foi investigado por ter uma linfocitose, a maioria (85%) tem um valor entre 1900-4000/mm3. O seu significado prognóstico ainda não é claro nem tão pouco a coexistência de alterações citogenéticas e dum número mais elevado de casos mutados do que na LLC.

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Várias perguntas permanecem por responder: Qual então o significado da LBM? Qual a sua relação com a LLC? Será semelhante à Gamapatia Monoclonal de Significado Indeterminado com o Mieloma Múltiplo? Haverá predisposição familiar? Qual o valor dos factores de prognóstico validados para a LLC no contexto dum LBM-tipo LLC? Deverá ter um lugar definido na classificação da OMS para as Doenças Linfoproliferativas B? Qual o indicação do rastreio de LBM nos dadores de sangue e de células progenitoras hematopoiéticas? A ignorância do verdadeiro significado da LBM é uma evidência e acarreta, uma vez estabelecido este conceito diagnóstico, outros problemas não menos importantes: Qual a informação a dar aos interessados? Que tipo de monitorização a fazer, tendo em conta por um lado a carga psicológica incutida pelo pretenso diagnóstico e por outro os encargos financeiros suportado pelos sistemas de saúde? Qual a repercussão do diagnóstico a nível dos Seguros de Saúde e dos Empréstimos Financeiros? Neste contexto, que tipo de diagnóstico a declarar para uns e para outros? São perguntas a que se tentará responder nos próximos anos com uma persistente investigação clínica e laboratorial. Declaração: Sem conflitos de interesse no tema. REFERÊNCIAS: Rawstron AC. Monoclonal B-cell Lymphocytosis. ASH Educational Book 2009:430-9; Rawstron AC, Bennet FL, O’Connor S, et al. Monoclonal B-Cell Lymphocytosis and Chronic Lymphocytic Leukemia. N Eng J Med 2008; 359:575-83; Marty GE, Rawstron AC, Ghia P, et al. Diagnostic criteria for monoclonal B-cell Lymphocytosis. Br J Haematol 2005; 130:325-32; Rossi D, Sozzi E, Puma A, et al. The prognosis of clinical B cell lymphocytosis differs from prognosis of Rai 0 chronic lymphocytic leukemia and is recapitulated by biological risk factors. Br J Haematol 2009; 146:64-75; Shanafelt TD, Kay NE, Jenkins G, et al. B-cell count and survival: differentiating chronic lymphocytic leukemia from monoclonal B-cell lymphocytosis based on clinical outcome. Blood 2009; 113:4188-196; Landgren O, Albitar M, Ma W, et al. B-cell clones as Early Markers for Chronic Lymphocytic Leukemia. N Eng J Med 2009; 360:659-67; Rachel JM, Zucker ML, Fox CM, et al. Monoclonal B-cell lymphocytosis in blood donors. Br J Haematol 2007; 139:832-6; Nieto WG, Almeida J, Romero A, et al. Increased frequency (12%) of circulating chronic lymphocytic leukemia – like B-cell clones in healthy subjects using a highly sensitive multicolour flow cytometry approach. Blood 2009; 114:33-7; Dagklis A, Fazi C, Sala S, et al. The immunoglobulin gene repertoire of low-count chronic lymphocytic leukemia (CLL) – like monoclonal B lymphocytosis is different from CLL: diagnostic implications for clinical monitoring. Blood 2009; 114:26-2; Ghia P, Prato G, Scielzo C, et al. Monoclonal CD5+ and CD5- B-lymphocyte expansions are frequent in peripheral blood of the elderly. Blood 2004; 103:2337-42; Rawstron AC, Green MJ, Kuzmicki A, et al. Monoclonal B lymphocytes with the characteristics of “indolent” chronic lymphocytic leukemia are present in 3,5% of adults with normal blood counts. Blood 2002; 100:635-9 Goldin LR, Björkholm M, Kristinsson SY, et al. Elevated risk of chronic lymphocytic leukemia and other indolent non-Hodgkin’s lymphomas among relatives with chronic lymphocytic leukemia. Haematologica 2009; 94:647-53 Carney D. Peripheral blood lymphocytosis – what is the threshold for further investigation? Leuk Lymph 2008; 49(9):1659-61

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Mesa Redonda 12 de Novembro de 2010 15:00/16:00 - SALA 1

Moderador: Paulo Lúcio SIGNIFICADO PROGNÓSTICO DAS CADEIAS LEVES LIVRES Graça Vasconcelos Esteves Assistente Hospitalar de Hematologia Clínica do Hospital de Santa Maria Grau de Consultora Hospitalar de Hematologia Clínica Presidente do Colégio de Hematologia Clínica As Imunoglobulinas Monoclonais (Ig-M) estão associadas a uma vasta lista de situações clínicas - as Doenças Plasmoproliferativas - gamapatia monoclonal de significado indeterminado, mieloma múltiplo indolente e sintomático, amiloidose AL e, mais raramente, à leucémia linfóide crónica e linfoma não Hodgkin. As técnicas laboratoriais usadas para a identificação da Ig-M, como a electroforese e a imunofixação permitem a detecção de 80-93% das Ig-M séricas de molécula completa. A imunofixação com uma elevada sensibilidade sérica e urinária tornou-se a técnica clássica de identificação das Ig-M. Estas técnicas são no entanto falíveis, na detecção e quantificação das cadeias leves livres séricas ou quando o isotipo é D ou E. No início do século XXI foi introduzido na prática clínica um teste que permite a quantificação das cadeias leves livres (CLL) das imunoglobulinas séricas, estabelecendo a relação das cadeias leves livres (k/λ) como parâmetro de referência. Vários estudos ao longo desta década demonstraram, a mais valia do teste das CLL como complemento da electroforese e da imunofixação séricas, na detecção de Ig-M , sendo a sua realização recomendada para o diagnóstico e avaliação da resposta nos doentes com Doenças Plasmoproliferativas. A presença de uma relação k/λ anormal é sinal de maior agressividade, sendo considerada como factor de mau prognóstico na gamapatia monoclonal de significado indeterminado, no mieloma indolente ou sintomático, no plasmocitoma solitário e na amiloidose AL. No mieloma múltiplo sintomático, a sua inclusão no Internatinal Staging System permite maior exactidão prognóstica dos grupos de risco nele definidos.

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Mesa Redonda 12 de Novembro de 2010 15:00/16:00 - SALA 2

Moderadora: Patrícia Ribeiro SMD: UM NOVO ALGORITMO TERAPÊUTICO M. João Costa As mielodisplasias ou síndromas mielodisplásicas constituem um grupo heterogéneo de doenças, descritas inicialmente por se apresentarem com uma anemia “refractária” às terrapêuticas habituais e por outro lado evoluírem frequentemte para leucemias mieloblásticas. Estas doenças só foram identificadas como entidade própria em 1976, com uma incidência de 1.500 novos casos por ano (EUA), tendo passado para 13.000 por ano em 1999. No entanto, acredita-se que este diferencial enorme poderá não ter a ver com um aumento da incidência da doença, mas sim um melhor conhecimento da mesma, o que levou a um diagnóstico mais rápido e eficaz. Em termos relativos, no mundo ocidental, a incidência anual é de 5 novos casos por cada 100 mil habitantes. Mas quando se fala em pessoas com mais de 75 anos, este número passa para 20-50 por 100 mil habitantes por ano. Até agora, a pouca intervenção terapêutica possível não despertava a atenção dos clínicos que pouco mais podiam fazer que transfundir os doentes e deixar a doença segui ro seu curso natural. Em 1982, a classificação FAB caracterizou-as pela primeira vez e descreveu as suas caracteristics clínicas e prognósticas fundamentais. Posteriormente a OMS modificou esta Classificação e em 2008 introduziu-lhe novas alterações. Para ao seu diagnóstico continua a ser necessário a observação morgológica. Para além disso a quantificação dos blastos medulares e a realização de um cariotipo são também fundamentais.. Trata-se de facto de um grupo heterogéneo e complexo de doenças que necessitam de tratamentos diferenciados segundo os subtipos e de técnicas cada vez mais sofisticadas para a caracterização e decisão terapêutica. Paralelamente dá-se um segundo fenómeno: O aumento global da esperança de vida mundial. Ora estas doenças ,relativamente raras antes dos 75 anos quadriplicam a sua incidência podendo vir a tornar-se num sério problema de saúde e despesa pública. Podemos ainda juntar a este puzle o facto de há meia dúzia de anos se começarem a comerciar após demonstração científica fármacos que prolongam a esperança de vida ou de outro modo alteram o seu curso natural. Nesta palestra vamos falar um pouco deste universo que de tão enriquecido em novidades se tornou um capítulo interessante e em constante evolução da hemato-oncologia.

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Mesa Redonda 12 de Novembro de 2010 15:00/16:00 - SALA 2

Moderadora: Patrícia Ribeiro AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE CARDÍACA EM LEUCEMIA AGUDA Ana G. Almeida

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Mesa Redonda 13 de Novembro de 2010 11:30/13:30 - SALA 1

Moderador: J. M. Fajardo Linfoma da Zona Marginal M. Gomes da Silva

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Mesa Redonda 13 de Novembro de 2010 11:30/13:30 - SALA 1

Moderador: J. M. Fajardo TRATAMENTO DA RECÍDA DO LINFOMA DE HODGKIN Alexandra Monteiro O Linfoma de Hodgkin clássico tratado com quimioterapia (QT) de 1ª linha é uma doença potencialmente curável, na maioria dos doentes. Contudo, 30-40% dos que têm doença avançada, acabarão por recair ou ter doença refractária. A QT de 2ª linha seguida de transplantação autóloga é considerada a terapêutica standard, não havendo consenso sobre os regimes de QT de resgate e QT de alta dose ideais, pelo que factores como a taxa de resposta, toxicidade e capacidade para mobilizar os progenitores hematopoiéticos, deverão ser considerados na escolha do tratamento. Relativamente aos doentes não elegíveis para transplante autólogo, por idade avançada, co-morbilidades ou outros factores, discutir-se-ão as várias perspectivas terapêuticas. Estudos randomizados demonstraram que cerca de 50% dos doentes com recaída quimiossensivel, atingem longas taxas de sobrevida livre de doença (45-68%). No entanto, a terapia para os doentes resistentes à QT de resgate ou para os que recaem após auto-transplantação, continua por ser optimizada, sendo o transplante alogénico mieloablativo, nos doentes eligiveis, e apesar da elevada taxa de mortalidade relacionada com o procedimento (>50%), uma possibilidade. Novos agentes terapêuticos como anticorpos monoclonais, agentes antiapoptóticos e terapia dirigida ao vírus Ebstein-Barr, têm vindo a ser investigados com alguns resultados promissores.

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Mesa Redonda 13 de Novembro de 2010 15:00/15:30 - SALA 1

Moderador: Fernando Príncipe MOBILIZAÇÃO, COLHEITA, PROCESSAMENTO E CRIOPRESERVAÇÃO DE CÉLULAS PROGENITORAS HEMATOPOIÉTICAS (CPH). Anabela Rodrigues, Clara Juncal Serviço Imuno-Hemoterapia, Hospital Santa Maria (HSM) - CHLN, Lisboa CPH são células percursoras pluripotentes com capacidade de se autorenovar e regenerar toda a hematopoiese do indivíduo. Habitualmente conhecidas como “células estaminais” (“stem cell”), constituem uma pequena subpopulação celular identificada por citometria de fluxo como células CD34+. Do ponto de vista clínico, têm sido utilizadas para se obter a reconstrução do sistema hematopoiético em doentes após quimioterapia (QT) e transplante de CPH. Existem 3 fontes de colheita de CPH, apresentando cada uma delas vantagens e desvantagens. Nos últimos anos assistiu-se a um aumento notável do número de transplantes de CPH provenientes do sangue periférico (PBSC) mobilizadas com QT e/ou citoquinas, tanto em transplantes autólogos como alogénicos. As doses de CPH CD34+ necessárias para transplante, variam consoante o tipo de transplante, a fonte de colheita, o diagnóstico e o tipo de processamento. O nº de CPH CD34+ (PBSC) obtido por sessão de leucaferese depende de vários factores, nomeadamente o nº de células CD34+/µl existente no sangue periférico na altura da colheita, o status medular do doente / dador, o esquema de mobilização utilizado e o “timing” ideal de colheita, entre outros. São abordadas metodologias de “priming” e de colheita de PBSC. Novos esquemas de mobilização são utilizados com sucesso nos doentes maus mobilizadores (AMD 3100 – Plerixafor). Serão abordadas metodologias e controvérsias na manipulação, validação, criopreservação, armazenamento e controlo de qualidade das CPH. Discutiremos a oportunidade de selecção celular, evolução e aplicações clínicas, referindo a experiência do HSM. A lei Nº 12/2009 veio colocar novos desafios aos Serviços de Imuno-Hemoterapia e de Transplantação. Estamos preparados para responder? Qual o tipo de transplante ideal para o doente? Poderá ser benéfico um enxerto específico consoante o diagnóstico do doente? Que tipo de selecção deverá ser realizada para maximizar o efeito “graft-versus- leukaemia” e diminuir o efeito DECH? Quais os riscos para o dador a curto e a longo prazo? A utilização repetida de G-CSF em 2 ou 3 mobilizações acarreta um risco maior? As colheitas múltiplas podem envolver um risco adicional para o sistema imune do dador? A utilização de AMD3100 (Plerixafor) em dadores é segura? A discussão e conclusões possíveis destas questões constituem os objectivos desta sessão.

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Mesa Redonda 13 de Novembro de 2010 15:00/15:30 - SALA 2

Moderadora: Emília Cortesão

HAEMOGLOBINOPATHY CONTROL IN A LOW PREVALENCE POPULATION

João Lavinha Departamento de Genética Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Lisboa

Haemoglobinopathies (Hbpathies), namely sickle cell disease (SCD) and the thalassaemias, are amongst the most prevalent single gene disorders worldwide with marked geographic heterogeneity: SCD is most prevalent in sub-saharan Africa, beta-thalassaemia (β-Thal) in the Mediterranean basin and Indian subcontinent, and alpha0-thalassaemia (α0-Thal) in southeast Asia. The epidemiology of Hbpathies in the Portuguese population (located on the edge of Europe and Africa) reflects a long history of miscegenation: an overall low carrier prevalence (1-2%) contrasts with a few higher prevalence pockets (5-10%). These features can probably be traced to spontaneous or forced population movements in historical times: SCD carriers cluster in the low Tagus and Sado river valleys, whereas β-Thal trait is particularly frequent in Algarve’s Barlavento. In the absence of a proper national registry, the Portuguese patient population should not be greater than 500 (approximately 100 β-Thal and 400 SCD), which confers to the Hbpathies the status of rare disease. The expected incidence of clinically significant Hbpathies is 5-10 new cases/year. The molecular bases of Hbpathies in Portugal is relatively homogeneous: six HBB gene mutations (commonly found in west Mediterranean populations) account for >95% of the β-Thal determinants. Surprisingly, the SCD (βS) alleles belong to Bantu (42%), Benin (36%) or Senegal (21%) haplotypes, a picture not seen anywhere around the Mediterranean basin (with the exception of Moroccans), which has a monotonous Benin pattern. Due to the lack of reliable severity predictors and an effective affordable cure, many at-risk couples choose to participate in prevention programmes based on carrier screening, nondirective genetic counselling, prenatal diagnosis and termination of the affected pregnancies. Successful haemoglobinopathy control programmes have been running for the last three decades in Europe, the USA and Latin America, thus contributing to a marked incidence reduction. Since 1990, more than 200 at-risk couples have chosen to have their foetuses tested in the first or second trimester of pregnancy, as part of the Portuguese National Programme for Haemoglobinopathy Control (and Circular Normativa DGS18/DSMIA 07.09.2004). Research along the following lines has been a key component of this programme since its beginning: epidemiology (regional, local), molecular pathology (genotype/phenotype correlations), population genetics (disease history and geography), functional studies (disease mechanisms; therapeutic targets) and association studies (genetic modifiers). Some of the more significant results will be presented.

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COMUNICAÇÕES ORAIS

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SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

reuniãoanual

11a13.NOVTRÓIA CENTRO DE CONGRESSOS

SPH2010

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Comunicações Orais 12 de Novembro de 2010 12:30/12:45 - SALA 1

Moderadora: Lurdes Guerra

CO1 - IMPLICAÇÕES PROGNÓSTICAS DA RAPIDEZ DE ATINGIMENTO DE REMISSÃO CITOGENÉTICA COMPLETA NA LEUCEMIA MIELÓIDE CRÓNICA TRATADA COM IMATINIB R Pinto1, M J Silva1; A Carneiro1; A E Santo1; I Castro1; J E Guimarães1 1Hospital S. João O Imatinib na dose de 400mg/dia é o tratamento de eleição para a Leucemia Mielóide Crónica (LMC). Este fármaco inibe especificamente a tirosina cinase BCR-ABL, resultante da translocação (9,22) característica da LMC. A introdução do Imatinib na terapêutica da LMC alterou significativamente o prognóstico desta doença. Este estudo analisa retrospectivamente 114 casos de LMC que realizaram tratamento com Imatinib entre 2001 e 2010 num único centro, no que respeita à citogenética, resposta à terapêutica, sobrevida livre de doença (SLD) e sobrevida global (SG). A classificação da resposta citogenética foi decidida em função dos critérios propostos pela European Leukemia Net nos estudos medulares realizados aos 6, 12 e 18 meses após o início do Imatinib. A mediana da idade era de 49 anos (16-79). Cinquenta e seis por cento dos doentes eram do sexo masculino. Oitenta e dois (71,9%) pacientes receberam Imatinib como primeira abordagem terapêutica e 32 (28,1 %) realizaram previamente terapêutica com regimes que incluíam Interferão. A mediana de follow-up foi de 61 meses (6-237). 46% dos doentes atingiram resposta citogenética completa (RCyC) aos 6 meses e 34% aos 12 meses; 20% dos pacientes não atingiram RCyC aos 12 meses. A SLD aos 60 meses foi de 91,9%, 78,2% e 68,2% (p=.015) para doentes com RCyC aos 6 meses, 12 meses e sem RCyC aos 12 meses, respectivamente. A SG aos 60 meses foi de 91,9%, 92,6% e 88,8% (p=.453) para RCyC aos 6 meses, 12 meses e sem RCyC aos 12 meses, respectivamente. Os pacientes que realizaram Interferão (28,1%) previamente à terapêutica com Imatinib apresentaram uma SG de 90,6% aos 60 meses vs. 94% no grupo que realizou Imatinib como 1ª linha (p=.506). Ocorreu progressão da doença em 27 (23,7%) doentes, sendo que 11 deles iniciaram terapêutica de 2ª linha com Dasatinib. Faleceram 11 (9,6%) pacientes (7 em progressão, 3 após transplante de medula óssea e 1 por hemorragia cerebral). Os resultados mostram que o Imatinib induz um elevado número de respostas, mesmo quando utilizado em 2ª linha, tal como descrito na literatura. Atingir a RCyC nos primeiros 6 meses aumenta a SLD mas esta diferença não se traduz num aumento da SG. É possível que o resgate terapêutico com inibidores da tirosina cinase de 2ª geração como o Dasatinib nos doentes com progressão de doença tenha contribuído para a ausência de diferença em SG entre os doentes que atingem RCyC aos 6 e aos 12 meses e mesmo em relação aos doentes que exibem resistência ao Imatinib aos 12 meses.

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Comunicações Orais 12 de Novembro de 2010 12:45/13:00 - SALA 1

Moderadora: Lurdes Guerra

CO2 - ESTADO PROTROMBÓTICO NAS NEOPLASIAS MIELOPROLIFERATIVAS: RELAÇÃO ENTRE CARGA ALÉLICA JAK2V617F E ACTIVAÇÃO DAS PLAQUETAS/LEUCÓCITOS Coucelo M1, Caetano G.1; Duarte M.1; Menezes C.1; Bento C.1; Ribeiro ML1 Departamento de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra EPE Introdução: Diferentes estudos sugerem que doentes com Policitémia Vera (PV) e Trombocitémia Essencial (ET) apresentam um estado protrombótico e que este poderá estar relacionado com a activação constitutiva da via JAK/STAT e com a carga alélica da mutação JAK2V617F. Objectivo: Investigar a presença de marcadores de activação hemostática e a relação destes com a carga alélica JAK2V617F e trombose. Métodos: Foram estudados 28 PV, 47 ET e 48 controlos saudáveis; 7 PV e 16 ET apresentaram trombose ao diagnóstico. Os doentes estão clinica e laboratorialmente estáveis, sob tratamento com Hidroxiureia; após consentimento informado, foi suspendida a aspirina nos 10 dias prévios ao estudo. Por citometria de fluxo foi avaliada: expressão de P-selectina (CD62P) e granulofisina (CD63) plaquetar, basal e após estímulo com agonistas; capacidade de captação/libertação de mepacrina nas plaquetas; agregados plaqueta-leucócito (PLA); expressão de CD11b nos leucócitos e de factor tecidular (TF) nos monócitos, basal e após estímulo com LPS. Pesquisa da mutação JAK2V617F por ASO-PCR e quantificação por RQ-PCR (JAK2MutaQuant). Pesquisa de mutações no gene MPL (exão 10) por SSCP e sequenciação. Resultados: Mutação JAK2V617F em 28 PV (100%) e 28 ET (60%); 2 ET apresentam mutações no MPL exão 10: W515L e R524C. Todos os doentes apresentam um aumento basal de CD62P e de CD63 e de resposta ao ácido araquidónico (p<0.01); a resposta ao TRAP6 está diminuída (p<0.01); 77% das PV e 50% das ET apresentam “storage pool disease”. Observou-se em todos os doentes um aumento de expressão basal de CD11b nos leucócitos (p<0.01) e de TF nos monócitos (p<0.01). Os PLA estão aumentados em todos os doentes (p<0.01), sendo que os agregados plaqueta-neutrófilo (PMN) estão significativamente aumentados nas ET vs PV (p<0.01). Doentes com alelo JAK2V617F>50% apresentam um aumento significativo de CD11b e de agregados plaqueta-PMN, em comparação com os doentes com carga alélica<50% (p<0.01); PV com carga alélica>50% apresentam um aumento estatisticamente significativo de TF nos monócitos (p<0.01). Nas ET foi encontrada correlação estatisticamente significativa entre trombose e a presença de mutações JAK2V617F ou MPL, e entre trombose e carga alélica>50%. Esta associação não foi encontrada nas PV. Na relação entre carga alélica e função plaquetar não encontrámos uma associação significativa (p=ns). Discussão: Os dados apresentados mostram, com significado estatístico, que na PV e ET as plaquetas e leucócitos estão activados e há um maior número de agregados plaqueta-leucócito em circulação. Doentes com carga alélica>50% apresentam marcadores de activação significativamente aumentados em comparação com os doentes com carga alélica <50% (p<0.01), consistente com a influência da carga alélica JAK2V617F na activação leucocitária. Nas ET a presença da mutação e a carga alélica>50% estão significativamente associadas a eventos trombóticos ao diagnóstico (p<0.01). Conclusão: Os resultados que apresentamos, em 75 doentes com neoplasias mieloproliferativas, ilustram de forma inequívoca diferentes mecanismos que favorecem a

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trombose, nomeadamente, activação basal das plaquetas, monócitos e neutrófilos, o aumento de FT nos monócitos e de agregados plaqueta-leucócito em circulação, e demonstram uma correlação directa entre a carga alélica JAK2V617F e a activação leucocitária. Estudo financiado pelo projecto PTDC/SAU-GMG/74375/2006 da FCT, Portugal

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Comunicações Orais 12 de Novembro de 2010 13:00/13:15 - SALA 1

Moderadora: Lurdes Guerra

CO3 - LEUCEMIA AGUDA BIFENOTÍPICA DO ADULTO: CARACTERÍSTICAS E PROGNÓSTICO J Salvador1, T Fernandes1; S Rodrigues1; M Silva1; F Costa1; P Ribeiro1; G Ferreira1; J Caldas1; A Silva Rodrigues1; A Botelho de Sousa1 1H. Capuchos-CHLC A leucemia aguda bifenotípica (LAB) é uma entidade rara, representando menos de 5% das leucemias agudas. Caracteriza-se pela expressão simultânea de marcadores típicos de várias linhagens, em diferentes populações de blastos ou numa mesma população quimérica. Na maioria dos doentes há co-expressão de marcadores mielóides e linfóides B. Múltiplas alterações citogenéticas têm sido descritas, com maior frequência a t(9;22). Os estudos publicados não são consensuais quanto a factores de risco, opções terapêuticas e prognóstico. Objectivo: Avaliar as características clínicas e biológicas da LAB em adultos tratados no nosso centro e identificar factores de prognóstico. Material e métodos: De Junho 1998 a Maio 2010, foram tratados 11 doentes com LAB de acordo com os critérios EGIL. Analisámos retrospectivamente as características, terapêutica e evolução destes casos. Procedemos também a estudo comparativo com amostras emparelhadas de doentes com leucemia aguda mieloblástica (LAM) e leucemia linfoblástica aguda (LAL), tratados no mesmo período. Resultados: A idade mediana foi 56 anos (20 a 73). Num caso existia síndrome mielodisplásico prévio. A mediana de leucócitos, hemoglobina e plaquetas foi respectivamente 17 x109/L (1.3 a 98), 8.1 g/L (3.2 a 13.0) e 90 x109/L (3 a 442). O imunofenótipo foi mielóide+linfóide B em 7 casos e mielóide+linfóide T em 4 casos. A pesquisa de BCR/ABL foi positiva em 71% (5 em 7 casos pesquisados). Obteve-se cariótipo conclusivo em 4 doentes: normal, hiperploide, com t(9;22) e com t(9;22) associada a +8, +10 e +21. Dos 10 doentes que receberam quimioterapia intensiva, 80% atingiram remissão completa com regime para LAM. Uma doente foi alotransplantada, sendo a mais longa sobrevivente (95+ meses). Das 6 recaídas, um caso passou a apresentar critérios imunofenotípicos de LAL. A sobrevivência livre de doença (SLD) e a sobrevivência medianas foram respectivamente 18 e 24 meses. Não se encontrou diferença estatisticamente significativa da SLD e da sobrevivência global dos doentes com LAB em comparação com os doentes emparelhados com LMA e LLA; no entanto, existe uma tendência para melhor SLD dos doentes com LMA. Para além do imunofenótipo mielóide+linfóide T, não se identificou outro factor de risco para recaída (p=0.015). Desde Abril 2003, 4 doentes com BCR/ABL iniciaram imatinib após quimioterapia, sendo 2 deles sobreviventes a longo prazo (86+ e 79+ meses). Conclusões: À semelhança dos estudos publicados, os resultados sugerem que o imunofenótipo tem impacto na sobrevivência dos doentes com LAB. A frequência de t(9;22) foi superior à descrita na literatura. A terapêutica com inibidores de tirosina-cinases, para além do alotransplante de medula óssea em doentes seleccionados, poderá melhorar consideravelmente o prognóstico desta entidade.

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Comunicações Orais 12 de Novembro de 2010 13:15/13:30 - SALA 1

Moderadora: Lurdes Guerra

CO4 - PROFILAXIA NA HEMOFILIA SEVERA EM IDADE PEDIÁTRICA: EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL PEDIÁTRICO DE COIMBRA Paula Rocha1, Teresa Sevivas, Maria Manuela Benedito, Natália Martins, M. Leticia Ribeiro2 1Hospital S, Teotonio, EPE, Viseu; 2Departamento de Hematologia Pediátrica do CHC Introdução: As Hemofilias A e B, défices congénitos de factor (F) VIII e IX respectivamente, são doenças hemorrágicas hereditárias raras, de transmissão ligada ao X. As formas severas caracterizam-se por hemorragias dos tecidos moles (hTM) e hemartroses (hT) recorrentes, na maioria dos casos levando a artropatias com incapacidade articular funcional em idades jovens. A profilaxia, com administração regular de F, visa manter níveis basais>1%, convertendo um fenótipo severo em moderado, com diminuição do número, frequência e intensidade das hemorragias, e melhoria franca da qualidade de vida dos doentes. Geralmente consiste na administração de 25 UI/Kg de F 2-3 vezes/semana, antes dos 2-3 anos e da instalação de dano articular no caso da profilaxia primária (PP) ou em idade mais avançada [profilaxia secundária (PS)], segundo alguns autores. Objectivo: Apresentar 7 casos clínicos de crianças com hemofilia severa em profilaxia e ilustrar a melhoria da sua qualidade de vida. Casos Clínicos: Seis meninos com Hemofilia A (HA) severa e 1 com Hemofilia B (HB) severa. Idade mediana de 9 anos. O diagnóstico de hemofilia foi efectuado antes dos 2 anos e meio (10-29 meses) e a profilaxia consiste em 2 administrações/semana de F recombinante de última geração. A criança com HB iniciou PP pós-hemorragia cerebral aos 13 meses. Desde então, em 27 meses, teve 2 episódios de hTM. Das 6 crianças com HA, 3 encontram-se em PP e 3 encontram-se em PS. A PP foi iniciada logo após o diagnóstico em 2 (aos 14 e 23 meses) e em 1, após o 3º episódio de hT (31 meses). Após o início da PP: o 1º em 23 meses teve uma hTM (hematoma frontal) e 3 hT (joelhos); o 2º não tem hemorragias 84 meses; o 3º teve três episódios de hTM (hematoma frontal, gengivorragia, laceração da língua) em 29 meses. Nas restantes crianças com HA, a PS foi iniciada por hT frequentes e recidivantes: aos 6 anos (tíbio-társicas como articulação-alvo): aos 11 anos (1-2 episódios por mês: tibio-társicas e cotovelos) e aos 15 anos (este, com a particularidade de ter tido anteriormente um inibidor de baixo título, iniciou PS por artropatia grave do joelho). Neste grupo, após início da PS: o 1º teve 1 hT (tibiotársica) em 60 meses, o segundo teve 2 hTM (hematoma frontal, hematoma do hálux) em 36 meses e o 3º teve três hT (joelho e cotovelo direitos) em 6 meses. O tempo mediano de seguimento após introdução da profilaxia foi de 28 meses (6-84) e neste período apenas ocorreram hemorragias pós-traumatismo. Conclusão: Amostra pequena mas que ilustra a eficácia do tratamento profilático nos doentes com hemofilia severa. Verificou-se uma redução significativa nos doentes em PS, o que traduz uma menor incidência de artropatias com incapacidade articular funcional. Melhoria da qualidade de vida dos doentes, em especial se a profilaxia é iniciada precocemente.

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Comunicações Orais 12 de Novembro de 2010 16:00/16:15 - SALA 1

Moderador: Paulo Lúcio

CO5 - MPT EM DOENTES COM MIELOMA MÚLTIPLO NÃO ELEGÍVEIS PARA TRANSPLANTE: ESTUDO MULTICÊNTRICO S Chacim1, LC Leite1; IC Ferreira1; D Pereira1; C Moreira1; JM Mariz1; G Esteves2; J Alves do Carmo2; T Fernandes3; A Botelho de Sousa3; AM Pereira4; J Parreira5; C Costa5; C João5; R Bergantim6; M Badior6; F Trigo6; JE Guimarães6; M Gomes7; C Geraldes7; C Gonçalves8; C Campos8; A Macedo9; A Pereira10; MC Constanço11; Helena Vitória11; A Inock11; A Teixeira12 1Instituto Português de Oncologia do Porto; 2Hospital Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte; 3Hospital dos Capuchos, Centro Hospitalar Lisboa Central; 4Hospital Garcia de Orta; 5Instituto Português de Oncologia de Lisboa; 6Hospital de São João; 7Hospitais da Universidade de Coimbra; 8Hospital Geral de Santo António, Centro Hospitalar do Porto; 9Hospital de Faro; 10Hospital Distrital da Figueira da Foz; 11Hospital de São Teotónio; 12Hospitais da Universiadade de Coimbra Este trabalho foi realizado no âmbito do Grupo Português do Mieloma Múltiplo (GPMM). Objectivos Caracterização dos doentes (dts) com mieloma múltiplo (MM), não candidatos a autotransplante de progenitores hematopoiéticos, tratados uniformemente, em 1.ªlinha, com melfalan, prednisolona e talidomida (MPT), em várias instituições portuguesas. Avaliação da resposta e sobrevivência. Material e Métodos Efectuou-se estudo retrospectivo de casos de MM, tratados com MPT entre Janeiro/2007 e Dezembro/2009, em 11 instituições hospitalares. Quatro delas contribuíram com 68.2% dos dts. Não se verificaram diferenças substanciais nos procedimentos terapêuticos das várias instituições. A análise estatística foi realizada com xlstat2009. Resultados Avaliámos 66dts (53% sexo masculino, 62-81, mediana 73A). A imunofixação de cadeia IgG foi a mais prevalente (70.8%; 46 casos), seguindo-se a IgA (21.5%;14 casos), cadeias leves (6.2%;3 casos k e 1 λ) e um caso de não secretor (1.5%). Onze dts (17%) apresentavam plasmocitoma. Vinte e dois dts (33.8%) apresentavam ISS1 (International Staging System), 22 (33.8%) apresentavam ISS2 e 21 (32.4%) com ISS3. Durie-Salmon: IA 6dts, IB 1dts, IIA 25dts, IIIA 25dts, IIIB 8dts. O performance status (ECOG) foi <2 em 31dts (58.5%), 2 em 15 e >2 em 7dts (13.2%). Na avaliação inicial, a mediana da plasmocitose medular foi de 22,3%, com densidade normo/hipercelular em 81.6% dos casos (40 dts). A medula óssea teve avaliação imunofenotípica em 28 casos. Onze dts não realizaram biopsia (21.2%), em 34dts (65.4%) a biopsia mostrou discrasia de plasmócitos, tendo sido inconclusiva ou normal em 5 casos (9.6%). A mediana do valor do pico sérico foi de 20.1g/L, a da hemoglobina de 10.5g/dL e a do cálcio de 2.27mmol/L. Identificados 9dts com insuficiência renal. O cariótipo foi estudado em 44.4% (28dts), não sendo realizado em 35dts (55.6%). A alteração mais prevalente foi a del13q (2dts), revelando-se inconclusivo em 2dts e sem alterações em 22. A análise por FISH foi realizada em 28dts: em 10dts foi detectada a del13q e em 16 não revelou alterações.

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As radiografias do esqueleto revelaram osteopenia em 14dts (21.2%), lesões líticas em 36dts (54.5%) e fracturas em 2dts. Os dts cumpriram uma mediana de 6 ciclos do protocolo MPT (1-16), sendo 32dts tratados concomitantemente com bifosfonatos e 11dts com radioterapia localizada. A resposta obtida foi completa em 5dts (10.2%), muito boa resposta parcial em 8dts (16.3%), resposta parcial em 21dts (42.9%) e progressão detectada em 12dts (24.5%), segundo os critérios EBMT. Com um recuo mediano dos vivos de 19 meses, a sobrevivência global (SG) mediana foi de 36 meses (desvio padrão 1.24), encontrando-se vivos 48% dos dts. Sem diferença estatisticamente significativa na SG por ISS. Discussão e Conclusão Esta análise retrospectiva multicêntrica, incluindo um número representativo de dts, constitui a primeira perspectiva nacional de uma subpopulação tratada com MPT (1.ª linha). Foram avaliadas as taxas de resposta, embora não tenham sido reunidos dados suficientes para uma avaliação precisa das toxicidades, nem tempo para progressão. Não foram identificados factores prognósticos significativos na SG, provavelmente pelo curto recuo mediano. Este tipo de exercício parece-nos fundamental como ensaio para propor, de futuro, a realização de trabalhos prospectivos e multicêntricos.

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Comunicações Orais 12 de Novembro de 2010 16:15/16:30 - SALA 1

Moderador: Paulo Lúcio

CO6 - ANÁLISE DE SUBPOPULAÇÃO, COM LNH DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B, COM ≥80ANOS S Chacim1, IC Ferreira1; LC Leite1; J Bordalo e Sá1; N Couto1; I Faustino1; A Rodrigues1; C Pinto2; D Carvalho3; A Espírito-Santo1; N Domingues1; I Moreira1; I Oliveira1; L Viterbo1; M Marques1; R Henrique1; A Martins1; JM Mariz1 1Instituto Português de Oncologia do Porto; 2Instituto Português de Oncologia de Coimbra; 3Centro Hospitalar de Trás os Montes e Alto Douro Introdução O Linfoma Não Hodgkin, subtipo difuso de grandes células B (LNH DGCB), é a neoplasia linfoproliferativa mais prevalente no adulto. Dadas as suas especificidades, o doente idoso coloca sempre dúvidas em relação à sua abordagem terapêutica. Objectivo Caracterização epidemiológica dos doentes diagnosticados com LNH DGCB, com idade ao diagnóstico igual ou superior a 80 anos, tratamento e resposta obtida. Material e Métodos Recolha da totalidade de casos, com revisão dos processos clínicos dos doentes diagnosticados com LNH DGCB, na nossa instituição, entre Janeiro de 1998 e Dezembro de 2008. Análise estatística efectuada com xlstat2009. Resultados Foram diagnosticados 17 doentes (47.1% sexo masculino, mediana 84anos). A mediana de seguimento foi de 19.2meses. As comorbilidades mais prevalentes foram antecedentes de outra neoplasia (5doentes) e diabetes mellitus (2doentes). O diagnóstico foi realizado em biópsia de gânglio em 7doentes, em biópsia de lesão mamária em 3casos, cutânea em 2casos e amígdala num caso. Dos 17 dts, um deles correspondia a um LNH primário cutâneo, leg type e outra a transformação de LNH folicular. Onze casos tinham envolvimento ganglionar e 9 tinham envolvimento extra-ganglionar: pele (4), gastrointestinal (1), baço (1) e outros locais (3). O estadio Ann-Harbor era de I em 41.2%, II em 29.4%, III em 23.5% e IV em 17.6%. Apenas dois doentes apresentavam sintomas B. O estadio IPI (international prognostic index) era de 1 em 17.6%(3doentes), 2 em 58.8%(10doentes), 3 em 11.8%(2doentes) e 4 em 11.8%(2doentes). Três doentes não iniciaram protocolo de quimioterapia, dadas as suas condições clínicas, ficando com terapêutica de suporte paliativa. Onze doentes (64.7%) iniciaram protocolo de poliquimioterapia com esquema CHOP (doxorrubicina, ciclofosfamida, vincristina e prednisolona), tendo sido proposto CVP (ciclofosfamida, vincristina e prednisolona) a 3 doentes (17.6%). Foram propostos inicialmente a completarem 3 ciclos (25%), 4 ciclos (25%) ou 6 ciclos (50%). Cinco doentes (35.7%) completaram menos de 3 ciclos, tendo a mediana completado 4 ciclos (IQ2, IIIQ6). Seis doentes foram submetidos a radioterapia complementar. Nove doentes (69.2%) que iniciaram terapêutica obtiveram resposta completa, 3 doentes (23%) resposta parcial e um doente (7.7%) com progressão. Dois doentes recidivaram após resposta.

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Apenas um doente teve neutropenia febril, com necessidade de internamento. Cinco doentes mantinham-se vivos, sem evidência de doença. A sobrevivência global foi de 17.53 meses, com desvio padrão de 3.62 meses. Discussão e Conclusão A série de casos apresentada reflecte um subgrupo particular de doentes com diagnóstico de LNH DGCB, muitas vezes pouco representada em estudos internacionais, que oferecem desafios particulares. A curva de sobrevivência global atesta o mau prognóstico deste subgrupo, quando tratados com o esquema CHOP/CVP. Este trabalho exploratório tem como limitação o pequeno número de pacientes identificados, sublinhando a necessidade de estudos multicêntricos.

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Moderador: Paulo Lúcio

CO7 - CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO E FACTORES DE PROGNÓSTICO NO LNH DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B J Savva-Bordalo1, S Chacim1; I Ferreira1; L Leite1; D Carvalho2; A Rodrigues1; N Couto1; F Estevinho1; I Faustino1; C Pinto3; A Martins1; I Oliveira1; I Moreira1; A Espírito Santo1; N Domingues1; L Viterbo1; M Marques1; A Oliveira1; R Henrique1; J Mariz1 1Instituto Português de Oncologia do Porto; 2Centro Hospitalar de Tras os Montes e Alto Dourto; 3Instituto Português de Oncologia de Coimbra Introdução: O linfoma não Hodgkin (LNH) difuso de grandes células B (DGCB) representa cerca de 25% dos LNH e tem uma apresentação heterogénea em termos de morfologia, genética e comportamento biológico. Os doentes são estratificados em risco baixo (RB), intermédio-baixo (RIB), intermédio-alto (RIA), ou alto (RA), de acordo com Índice de Prognóstico Internacional (IPI). Actualmente o tratamento standard compreende quimioterapia (QT) com antraciclinas associadas ao rituximab. Objectivos e Material e Métodos: Estudo retrospectivo dos doentes com LNH de DGCB entre 1998 e 2008. O objectivo primário foi caracterização clínico-patológica da população através da mediana e o intervalo inter-quartil (IIQ). Os objectivos secundários foram a identificação de factores de prognóstico em análise uni e multi-variada, usando a regressão de Cox. Resultados: Identificados 314 doentes com uma idade mediana de 61 anos (IIQ, 47 a 72), 160 (51%) do sexo masculino e 154 (49%) do sexo feminino. Trinta e sete doentes (12%) tinham como antecedente outra neoplasia, sendo as comorbilidades mais prevalentes a HTA (45, 14.3%) e a diabetes mellitus (28, 8.9%). Os doentes com RB foram 114 (40%), RIB 77 (27%), RIA 57 (20%) e RA 38 (13%). Dos 180 doentes (57%) com doença extra-nodal, o tracto gastrointestinal foi o local mais fequentemente envolvido (28%). Duzentos e quarenta e oito doentes (85%) eram do subtipo histológico LNH DGCB puro, 22 (7.5%) apresentavam componente misto de difuso e folicular, 5 (1.7%) eram ricos em células T e 3 (1%) eram Burkitt-like. Os esquemas de QT realizados em 1ª linha foram o CHOP em 126 doentes (40%) e o RCHOP 133 (42%, dos quais 63 fizeram RCHOP14 e 70 RCHOP21) após a introdução do Rituximab na nossa instituição. Noventa e três doentes (30%) fizeram radioterapia. Catorze doentes (4.4%) consolidaram terapêutica com autotransplante de progenitores hematopoiéticos em primeira remissão completa, dos quais 7 (2.2%) com IPI 2, 6 (1.9%) com IPI 3 e 1 (0,3%) com IPI 4. Por progressão ou recaída, 91 doentes (29%) foram sujeitos a QT de 2ª linha, com esquemas MINE (11,4%), ESHAP (9,3%) ou ICE (2,8%) +/- Rituximab. O tempo mediano de seguimento foi de 27 meses (IIQ, 12 e 59 meses). A sobrevivência global (SVG) aos 5 anos foi 77%, 51%, 44% e 25% na era pré-Rituximab em doentes com RB, RIB, RIA e RA, respectivamente, com aumento da SVG em todos os grupos após a introdução do Rituximab. Os factores de prognóstico independentes identificados em análise uni e multi-variada foram a idade, o nível de LDH e o valor de IPI (p<0.05). Conclusão: Na coorte de doentes com LNH DGCB do nosso centro, as características clínico-patológicas e factores de prognóstico identificados são sobreponíveis aos descritos na literatura, constituindo o IPI o parâmetro mais importante na estratificação dos doentes.

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Comunicações Orais 12 de Novembro de 2010 16:45/17:00 - SALA 1

Moderador: Paulo Lúcio

CO8 - ASSSOCIAÇÃO DE RITUXIMAB E METIL PREDNISOLONA (RMP) COMO ALTERNATIVA NO TRATAMENTO DE DOENTES COM LLC REFRACTÁRIA E/OU SEM INDICAÇÃO PARA FLUDARABINA C Viveiros1, J Raposo1; M Neves1; C Lopes1; J Lacerda1; B Gomez1; MJ Costa1; J Alves do Carmo1 1Serviço de Hematologia e Transplantação de Medula - Centro Hospitalar Norte, EPE - Hospital Santa Maria Introdução: O Rituximab (RTX) foi recentemente aprovado para o tratamento da LLC com base na associação de Rituximab, Fludarabina e Ciclofosfamida (RFC) utilizada pelo Grupo Alemão para o Estudo das LLC (GCLLSG). No entanto, uma maioria considerável dos doentes não é elegível na prática clínica para este esquema em virtude das frequentes comorbilidades. É urgente aproveitar a actividade do RTX na LLC e procurar sinergismos, explorando outras associações com uma toxicidade previsível menor e que permitam a inclusão dum maior número de doentes. Neste contexto, a associação de RTX e Metilprednisolona (mP) pareceu-nos poder corresponder a estes objectivos. Material e métodos: Com o objectivo de avaliarmos a eficácia e toxicidade do RmP, tratámos de NOV 08 a JUL 10 doentes com LLC sem indicação para Fludarabina em associação e/ou sem robustez física necessária para o esquema RFC. Foram usadas as seguintes doses: RTX-500mg/m2/semana IV (D1) x 4 semanas e mP-1gr/dia IV x 3 dias (D1-3) em cada uma das 4 semanas; opcionalmente foram permitidos: a dose de RTX de 375mg/m2 (semana 1), a dose de mP de 1,5gr em doentes com mais de 85 Kg e o uso de factores hematopoiéticos de crescimento. Obtivemos a aprovação da Comissão de Farmácia e Terapêutica e seguimos as recomendações actualizadas do iwCLL-NCI (2008). Tratámos 19 doentes, 13 homens e 6 mulheres, mediana de idade de 72,5 anos (54-79), mediana do tempo desde o diagnóstico de 18 meses (1-106), Rai/Nº doentes (I/3;II/7; III/6;IV/3), 4 em 1ª linha, 10 em recaída e 5 refractários, painel FISH (17p-/2;13q-/12;12+/7;11q-/2;6q-/1), 5 com anemia hemolítica (AH) TAD+. Resultados: Avaliámos a resposta em 17 doentes: RC-10 (58,8%), RP-3 (17,6%), DE-3 (17,6%) e DP-1 (5,8%); 2 doentes não avaliados: 1 por morte não relacionada na segunda semana e 1 por tempo de seguimento ainda insuficiente. Dos 5 doentes com AH, todos corrigiram a anemia e 2 negativaram TAD. Oito doentes (42,1%) tiveram 9 infecções respiratórias intercorrentes, 5 (26,3%) com necessidade de internamento. A mediana do tempo de seguimento é nesta altura de 10,1 meses (1-20 M), tendo apenas 2 doentes tido necessidade de efectuar novo tratamento. Morreram 3 doentes; 1 de causa relacionada. Conclusões: Podemos concluir, até esta altura, que o RmP é um tratamento eficaz, particularmente em doentes com AH auto-imune, exequível em ambulatório, mas intensamente imunossupressor como o provam as infecções respiratórias intercorrentes. Tal facto irá implicar, em nossa opinião, a instituição de uma profilaxia anti-infecciosa nos próximos doentes.

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Moderadora: Patricia Ribeiro

CO9 - TRATAMENTO DA LEUCEMIA AGUDA MIELOBLÁSTICA EM DOENTES IDOSOS – ANÁLISE RETROSPECTIVA José Carda1, Emília Cortesão1; Sérgio Almeida1; Carlos Moucho1; Lénia Jorge2; Artur Paiva3; Ana Isabel Espadana1, Adriana Teixeira1 1Serviço de Hematologia - Hospitais da Universidade de Coimbra; 2Laboratório de Hematologia - Hospitais da Universidade de Coimbra; 3Centro de Histocompatibilidade do Centro Introdução: O tratamento de doentes idosos com Leucemia Aguda Mieloblástica (LAM) constitui um desafio recorrente, tendo em consideração o conjunto de comorbilidades que podem limitar as opções terapêuticas num doente que habitualmente tem uma doença biologicamente mais agressiva. A sobrevivência global do doente com LAM diminui com a idade. A maioria dos estudos publicados em doentes idosos, mostra taxas de remissão completa de 40 a 60%, mas apenas se instituídas terapêuticas agressivas que limitam proporcionalmente a qualidade de vida pelos internamentos prolongados associados. Objectivo: Caracterizar a população idosa com o diagnóstico de LAM e analisar o impacto do tratamento na sobrevivência global desses doentes. Material e Métodos: Recolha de dados clínicos e laboratoriais em 112 processos clínicos arquivados nos Hospitais da Universidade de Coimbra de doentes com idade superior a 59 anos, com o diagnóstico de LAM (excluindo subtipo M3 pela classificação FAB) entre 1 de Janeiro de 2005 e 31 de Dezembro de 2009 e tratamento estatístico posterior, utilizando a versão mais recente do SPSS. Resultados: A população de 112 doentes não apresenta predomínio de sexo (M:F=1) e tem uma mediana de idades ao diagnóstico de 69 anos, 65% com idade superior a 65 anos. A maioria das LAM (55%) é secundária a quimioterapia por outra neoplasia ou a outras doenças hemato-oncológicas, como Síndromes Mielodisplásicas ou Síndromes Mieloproliferativas. Relativamente à classificação FAB, existe um predomínio das LAM com componente monoblástico (36%), seguidas dos subtipos M1 (28%), M2 (22%) e M0 (12%). Os resultados citogenéticos foram obtidos em 62% dos doentes e revelaram a presença de 9% de cariótipos complexos e 38% de cariótipos normais. Foi instituída quimioterapia com intuito curativo em 80% dos doentes, seleccionados pela idade, performance status e comorbilidades associadas. Nestes foram obtidas 52% de respostas, 45% das quais completas. A sobrevivência global (SV) desta população é de 35% aos 12 meses e 10% aos 36 meses. Existe uma diferença estatisticamente significativa entre a SV dos 2 grupos de tratamento, sendo de 42% para o grupo curativo e 10% para o grupo paliativo, aos 12 meses. Igualmente significativa é a diferença da SV entre os doentes com 60-65 anos e aqueles com idade superior a 65 anos (55% vs 25% aos 12 meses). Conclusão: Quando comparados com os doentes mais jovens com a mesma patologia, os doente idosos têm mais complicações e sobrevivências inferiores após quimioterapia intensiva. Apesar disso, cerca de 45 % dos nossos doentes atingem remissão completa. A decisão terapêutica deve ser individualizada, conjugando factores de risco, comorbilidades e performance status e, se possível, incluída em ensaio clínico.

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Moderadora: Patricia Ribeiro

CO10 - ANTIBIOTERAPIA EMPÍRICA NA NEUTROPENIA FEBRIL. COMO DECIDIR? R Gerivaz1, A Monteiro1; J Salvador1; S Rodrigues1; R Lopes da Silva1; T Fernandes1; L Carande1; M Silva1; J Caldas1; F Costa1; G Ferreira1; P Ribeiro1; E Cruz1; M Henrique Sousa1; I Costa1; J Veiga1; A Botelho de Sousa1 1H. Capuchos-CHLC A estratégia antibiótica empírica nos doentes profundamente neutropénicos com febre deve tomar em conta a ecologia bacteriana da unidade onde se encontram internados. Sendo a evolução da susceptibilidade aos antibacterianos frequentemente rápida e imprevisível, a análise dos padrões de resistência locais e a adaptação do regime empírico à variação desses padrões são essenciais para reduzir o risco de morte séptica. Material e métodos. Avaliaram-se anualmente a prevalência e os padrões de resistência (R) das bactérias isoladas em hemocultura numa unidade de 28 camas, maioritariamente utilizadas para quimioterapia intensiva em leucemia aguda ou transplante hematopoiético autólogo. O regime empírico adoptado para o ano seguinte foi escolhido, de entre os consensualmente considerados seguros, em função dessa análise. Relata-se a evolução verificada ao longo dos últimos 6 anos (2004 a 2009), período durante o qual não foi usada profilaxia antibacteriana. Resultados. Num total de bacteriémias/ano que variou entre 131 e 173 (isolamentos não duplicados) os Gram positivos foram sempre minoritários (27 a 41%, com predomínio de estafilococos coagulase negativos, seguidos de enterococos e S. aureus) não se registando evolução preocupante ao longo do período em análise (nomeadamente mantendo-se muito esporádicos os MRSA e os Enterococci R a vancomicina). O peso relativo de Gram negativos foi crescendo de 59 até 73% (constituindo E.coli, K. pneumoniae e P. aeruginosa 90% dos isolados de modo estável). Até 2006 a monoterapia empírica protocolada tinha consistido sucessivamente em cefepima e piperacilina-tazobactam (PT) com taxas diminutas de R nos 3 principais Gram negativos ao longo dos anos. No entanto a análise de 2006 revelou: a) uma subida da R a PT para 22% para E.coli, 33% para Klebsiella e 29% para Pseudomonas; b) uma maioria (52%) de Klebsiellae com blactamases de espectro alargado (BLEA) subindo também para 37% a R de P. aeruginosa a cefalosporinas de 3ª/4ª geração; c) um aumento de mortes sépticas. Estes achados obrigaram em 2007 (pela 1ª vez numa unidade com política restritiva de carbapenemos) à adopção de imipenemo como 1ª linha empírica. Dois anos depois a taxa de Klebsiella BLEA+ diminuiu significativamente, assim como a R a PT, prenunciando a possibilidade de “reposição em reserva” do carbapenemo, que o surgimento recente de Acinetobacter multiR torna aconselhável. Conclusão. A detecção atempada de variações significativas nas bacteriémias e nos perfis de resistência de cada unidade surge como condição necessária para a optimização dos resultados terapêuticos na neutropenia febril.

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Comunicações Orais 12 de Novembro de 2010 16:30/16:45 - SALA 2

Moderadora: Patricia Ribeiro

CO11 - LEUCEMIA AGUDA LINFOBLÁSTICA DA CRIANÇA, 10 ANOS DE EXPERIÊNCIA COM O PROTOCOLO 58951 EORTC Rui Bergantim1, Teresa Guimarães2; Marta Almeida3; Teresa Oliva3; Vitor Costa3; Iris Maia3; Lucília Norton3 1Serviço de Hematologia Clínica, Hospital S.João; 2Hospital Pediatrico Maria Pia, Centro Hospitalar do Porto; 3Serviço de Pediatria, Instituto Português de Oncologia do Porto A Leucemia Aguda Linfoblástica (LAL) é a neoplasia mais comum em idade pediátrica. Os progressos verificados no seu tratamento são geralmente considerados como um dos grandes sucessos em hemato-oncologia. No entanto, cerca de 20% dos doentes recaem ou são refractários. O presente estudo relata a experiência de um centro referência de hemato-oncologia pediátrica do norte do país no tratamento da LAL da criança. Procedeu-se à análise retrospectiva de todos os doentes em idade pediátrica, com o diagnóstico inaugural de LAL, tratados de Janeiro/1998 a Dezembro/2007 segundo o protocolo 58951 EORTC. O ramo terapêutico foi definido de acordo com a respectiva estratificação de risco. Ao longo de todo o tratamento é efectuada quimioterapia intratecal, não incluindo radioterapia craniana. Todos os doentes foram avaliados com citogenética convencional, FISH e pesquisa de transcritos de fusão mais frequentes na LAL. A doença residual mínima foi avaliada ao dia 35 de quimioterapia (DRM35) por RT-PCR dos rearranjos génicos IG/TCR. Análise estatística efectuada com SPSS v.18. Foram tratadas 133 crianças (60% sexo masculino), com idade entre 1 e 17 anos (mediana de 5), com LAL inaugural. O imunofenótipo revelou linhagem B em 78.3% e T em 21.8%. Oito doentes (6%) tinham invasão do Sistema Nervoso Central (SNC) no diagnóstico. No estudo molecular verificou-se positividade para BCR/ABL em 1.5%, TEL/AML1 em 20.3%, AF4/MLL em 3.1%, E2A/PBX1 em 0.8% e hiperdiploidia em 25.6%. Quinze doentes (11.3%) tiveram uma má resposta à pré-fase com corticóides e 7 (5.3%) DRM35 positiva. Cento e catorze doentes (85.7%) terminaram o protocolo em remissão completa (RC), 9 (6.2%) progrediram e 2 (1.5%) não o completaram por transferência de instituição. Verificou-se uma mortalidade durante o tratamento de 6% (4 doentes por doença refractária e 4 em RC, destes 3 por sépsis e 1 por hepatite fulminante). Foram transplantados 8 doentes (6%) em primeira RC por terem características de alto risco. Verificou-se recaída em 19 doentes (14.4%), 3 isoladas do SNC, 3 medulares e SNC, 13 apenas medulares. O maior número de recaídas (44%) ocorreu nos primeiros seis meses após fim da manutenção (mediana de 12 meses, 1-57 meses). Dos doentes transplantados, 6 recaíram. Com um follow-up mediano de 5 anos (3-12 anos), a sobrevivência livre de evento (SLE) foi de 77.1±3.9% aos 5 e 10 anos, e a sobrevivência global (SG) foi de 84.9±3.2% aos 5 e 10 anos. Apesar da adaptação da terapêutica à estratificação de risco verificou-se que os doentes com DRM35 positiva têm uma evolução desfavorável comparativamente aos outros. Em conclusão, a taxa de SLE e SG é sobreponível à habitualmente referida na literatura. Salienta-se a importância da determinação da DRM uma vez que pode identificar doentes que beneficiem de intensificação da terapêutica, dado que a sua positividade no fim da indução constituiu o factor de prognóstico mais desfavorável.

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Comunicações Orais 12 de Novembro de 2010 16:45/17:00 - SALA 2

Moderadora: Patricia Ribeiro

CO12 - RECAÍDA DE LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA (LLA) DO ADULTO. FACTORES PROGNÓSTICOS PARA O RESULTADO DO TRATAMENTO Fatima Costa1, Joana Caldas1; Aida Botelho de Sousa1 1Hematologia, H. Capuchos-CHLC Apesar da excelente resposta ao tratamento de 1ª linha, a maioria dos adultos com LLA vem a recair. Os factores que possam influenciar a evolução destes doentes após a recaída são mal conhecidos. Material e métodos: de uma série de 83 doentes consecutivos com LLA não-Burkitt, que tratámos de modo uniforme (regime hiperCVAD) entre Fev 03 e Dez 08, entraram em remissão completa (RC) 70 (84%) dos quais os 33 (47%) que recaíram constituem o objecto deste estudo. Tinham idade mediana de 40 anos (18-69) e 79% tinham doença de alto risco, definida como idade >30 anos, leucócitos >30x109/l, ou genética desfavorável [BCR-ABL1+, t(4;11), t(1;19)] no diagnóstico. Estas recaídas ocorreram após uma duração mediana de RC1 de 9 meses (2-37) e na quase totalidade (94%) sob tratamento. Havia infiltração do sistema nervoso central (SNC) em 42% das recaídas. Analisámos a resposta ao tratamento de 2ª linha e procurámos identificar os factores prognósticos para a sobrevivência pós-recaída. Resultados: dos 33 doentes, 7 (21%) tiveram morte na reindução e 7 (21%) atingiram RC2. Com um recuo mediano (desde recaída) dos vivos de 8 meses, a sobrevivência global (SG) mediana após recaída foi de 6 meses, com uma SG aos 12 meses de 16%. Cinco doentes continuam vivos à data da análise (31.ago.10) há 5+ a 14+ meses. Foram analisados, como potenciais factores preditivos de uma evolução favorável após tratamento de 2ª linha: a idade, a genética inicial, a contagem de leucócitos no diagnóstico, o imunofenótipo, a duração da RC1, a inclusão de transplante no tratamento de 1ª linha, a presença de infiltração do SNC na recaída e o regime de reindução; nenhum se associou de modo estatisticamente significativo com a SG pós-recaída. Os únicos factores que a influenciaram, de modo muito significativo (p<0.001) foram a obtenção de RC2 e a inclusão de alotransplante no tratamento de 2ª linha. Discussão: o prognóstico da recaída da LLA do adulto é extremamente desfavorável. Os tratamentos de resgate pós-hiperCVAD têm resultados muito insatisfatórios, com uma minoria de doentes na nossa série atingindo RC2. Esta ineficácia da reindução será a explicação mais plausível para a nossa análise não ter detectado factores preditivos do prognóstico pós-recaída, sendo o próprio resultado do tratamento (obtenção de RC2 e transplantação) o único factor determinante da sobrevivência posterior. A identificação de terapêuticas de 1ª linha mais eficazes deve ser uma prioridade na LLA.

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Comunicações Orais 13 de Novembro de 2010 12:30/12:45 - SALA 1

Moderador: J. M. Fajardo

CO13 - RITUXIMAB, GEMCITABINA E OXALIPLATINO (R-GEMOX) NO TRATAMENTO DE LINFOMAS EM RECAÍDA E REFRACTÁRIOS: EXPERIÊNCIA DE UM ÚNICO CENTRO C Viveiros1, J Raposo1; G Esteves1; S Valle1; B Gomez1; C Martins1; C Lopes1; MJ Costa1; J Alves do Carmo1 1Serviço de Hematologia e Transplantação de Medula - Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital Santa Maria Introdução: A associação do Rituximab(RTX) à quimioterapia convencional no tratamento dos Linfomas CD20+ veio transformar o prognóstico duma grande parte destes linfomas. No entanto, as recaídas são mais difíceis de resgatar muito provavelmente pela selecção imposta pelo RTX. Os esquemas utilizados neste contexto visam não só o resgate mas também a possibilidade de preparação para terapêuticas de alta dose, e recorrem aos derivados platínicos associados a Citarabina, Etopósido, Mitoxantrona e a RTX (ESHAP, DHAP, ICE). São esquemas de grande toxicidade–mielossupressão/insuficiência renal–com necessidade de recurso a perfusões contínuas de 24 horas e hidratação simultânea;o internamento é obrigatório para a sua execução, com complicações frequentes e os reinternamentos uma prática comum. Esta necessidade levou a uma procura de outras alternativas farmacológicas, salientando-se dois fármacos: a Gemcitabina(GEM) e o Oxaliplatino(OX). Tendo como base estudos prévios, optámos por testar a eficácia, a toxicidade e a possibilidade de colheita de progenitores hematopoiéticos do esquema R-GEMOX em todos os linfomas CD20+ refractários ou em recaída. Material e métodos: Com o objectivo de avaliarmos a eficácia e toxicidade do R-GEMOX, tratámos de JAN 09 a JUN 10 19 doentes com LNH CD20+ em recaída. Foram usadas as seguintes doses: RTX-375mg/m2iv,D1;GEM-1000mg/m2,em 500ml de SF,iv, a 10mg/m2/min, D2;OX-100mg/m2,iv, 2h após a GEM, D2, ciclos 14/14 dias, máximo de 6 ciclos. Tratámos 19 doentes, 7 homens e 12 mulheres, mediana de idade de 58,5anos (25-76), mediana do tempo desde o diagnóstico de 24,5meses (1-114), Diagnóstico/Nºdoentes (Difuso/9;Folicular/3;Manto/4;Linfocítico/1;Zona Marginal/1;Outro/1), Ann-Harbor/Nºdoentes (I/1; II/4; III/4; IV/10), IPI/Nºdoentes (1/3; 2/4; 3/5); FLIPI/Nºdoentes (3/2; 4/1) MIPI/Nºdoentes (0/1; 1/3), ECOG/Nºdoentes (0/5; 1/13; 2/1), 9 em 1ª recaída, 6 em 2ª e os restantes com 3 ou mais linhas terapêuticas prévias. Resultados: Avaliámos a resposta em 19 doentes: RC-7(36.8%), RP-3(15.8%), DE-1(5,3%) e DP-8(42,1%). Quatro doentes apresentaram neuropatia ao Oxaliplatino, com necessidade de redução da dose em 1 doente, 6 intercorrências infecciosas, predominantemente infecções respiratórias, apenas 1 com necessidade de internamento. Foram realizados 5 transplantes autólogos e 1 alogénico. A média do tempo de seguimento é nesta altura de 18 meses. Morreram 6 doentes: 4 com DP, 1 por infecção respiratória grave com necessidade de VMI e 1 por Aspergilose Pulmonar e DEcH pós-transplante alogénico. Os restantes doentes com DP encontram-se em tratamentos de resgate. Conclusões: O R-GEMOX é um esquema exequível em ambulatório, com toxicidade aceitável e inferior a outros esquemas alternativos. Permite a colheita de progenitores hematopoiéticos, que foi realizada no total dos doentes propostos (5). Tem uma eficácia terapêutica apreciável se tivermos em conta o tipo de doentes em que foi instituída (Resposta Global (RC+RP)=52.6%).

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Comunicações Orais 13 de Novembro de 2010 12:45/13:00 - SALA 1

Moderador: J. M. Fajardo

CO14 - IMPACTO DOS MACRÓFAGOS ASSOCIADOS AO TUMOR NO PROGNÓSTICO DO LINFOMA DE HODGKIN CLÁSSICO S Rodrigues1, P Farinha2; T Fernandes1; A Monteiro1; R Lopes da Silva1; J Salvador1; R Gerivaz1; F Costa1; G Ferreira1; C Lopes2; T Lacerda2; J Ferreira2; I Costa1; A Botelho de Sousa1 1Hematologia, H. Capuchos-CHLC; 2Anatomia Patológica, H. São José-CHLC O linfoma de Hodgkin (LH) é actualmente uma doença curável em mais de 80% dos casos. Porém uma minoria significativa de doentes é subtratada, com taxas de recaída atingindo 20%, ou sobretratada, com toxicidade desnecessária. Impõe-se a necessidade de identificar biomarcadores úteis na estratificação mais precisa do risco. Recentemente, foi sugerido que o número de macrófagos associados ao tumor (MAT) possa ser um factor de prognóstico independente no LH (Steidl et al, NEJM 2010). Objectivos: Determinar e validar o impacto do número de MAT na sobrevivência global (SG) e sobrevivência livre de doença (SLD) dos doentes com LH clássico tratados uniformemente num único centro. Avaliar o seu papel na SG e SLD do subgrupo de doentes submetidos a transplante autólogo de progenitores hematopoiéticos. Material e métodos: De Novembro 1996 a Dezembro 2009 foram incluídos em estudo prospectivo 212 doentes consecutivos com LH clássico, tratados com o regime Stanford V. Desta série, foram revistas 153 biópsias diagnósticas e foi avaliado por imunohistoquímica o número de macrófagos CD68+ intratumorais, utilizando os critérios adaptados de Steidl et al (índice 1 se <5% de MAT, 2 se 5 a 25% e 3 se >25%). Foi feita a sua correlação com os dados clínicos utilizando o software SPSS. Resultados: Dos 153 casos avaliáveis, a idade mediana foi 29 anos (15 a 69). A distribuição dos doentes por estádio foi IA/IIA 53%, IB/IIB 19% e III/IV 28%. O índice Hasenclever foi ≤ 2 em 68% dos casos e o IPI foi 0/1 em 82%. O subtipo histológico foi esclerose nodular em 79%, celularidade mista em 12%, rico em linfocitos em 7% e não classificado em 2%. Com um recuo mediano dos vivos de 76 meses, a SG e a SLD aos 10 anos foram respectivamente 83 e 79%. O índice imunohistoquímico foi 1 em 36% dos casos, 2 em 54% e 3 em 10%. A SG e SLD aos 10 anos foram respectivamente de 100% e 96% no índice 1, 83% e 71% no índice 2, e 83% e 80% índice 3, sendo as diferenças estatisticamente significativas (p= 0.002 para a SG e 0.003 para SLD). Foram autotransplantados 34 doentes, 26 em recaída e 8 com doença primariamente refractária. Com um recuo mediano dos vivos de 52 meses, a SG aos 5 anos foi 61% e a SLD 80%. A SG e SLD tendem a ser inferiores nos doentes com índice imunohistoquímico alto, sem contudo atingir significado estatístico. Conclusão: Este estudo é o primeiro a validar os resultados de Steidl et al: um número elevado de MAT é um factor de prognóstico desfavorável quer para a SG quer para a SLD no LH clássico.

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Comunicações Orais 13 de Novembro de 2010 13:00/13:15 - SALA 1

Moderador: J. M. Fajardo

CO15 - ESTADIAMENTO DE LINFOMA DE HODGKIN POR IMAGEM: TC VS PET/CT - DESCOBRINDO AS DIFERENÇAS. Dulcineia Pereira1, Carla Araújo2; João Faria3; Idília Pina4; Mónica Mariano5; Ilda Faustino4; Marcos Pantarotto4; Cláudia Moreira1; Marta Ferreira4; Liliana Lombo6; Ângelo Rodrigues7; Luísa Viterbo1; Ângelo Martins1; Isabel Oliveira1; Ilídia Moreira1; Nelson Domingues1; Ana Espírito Santo1; Lima Bastos8; Manuel Teixeira9; Rui Henrique7; Margarida Marques1; José Mário Mariz1 1Serviço de Oncohematologia - IPO Porto FG, EPE; 2Serviço de Medicina Interna - Hospital Amato Lusitano, Castelo Branco; 3Serviço de Medicina Interna - Hospital Pedro Hispano, EPE; 4Serviço de Oncologia Médica - IPO Porto FG, EPE; 5Serviço de Oncologia Médica - IPO Coimbra FG, EPE; 6Serviço de Radioterapia - IPO Porto FG, EPE; 7Serviço de Anatomia Patológica - IPO Porto FG, EPE; 8Serviço de Medicina Nuclear - IPO Porto FG, EPE; 9Serviço de Genética - IPO Porto FG, EPE INTRODUÇÃO: O estadiamento clínico do Linfoma de Hodgkin (LH), baseado no sistema de Ann Arbor, é fundamental para a definição do prognóstico e estratégia de tratamento. Na maioria dos casos, é realizado com recurso à tomografia computadorizada (TC), que apresenta, contudo, baixa sensibilidade na detecção de alterações funcionais, o que pode dificultar a identificação de doença. A tomografia computadorizada por emissão de positrões (PET/CT) marcados com F-fluoro-2-desoxiglucose (FDG), baseada no aumento da glicólise das células tumorais, surge como alternativa no estadiamento, monitorização terapêutica e detecção de recidiva no LH. As informações obtidas por PET/CT (informação metabólica) e por TC (informação anatómica) são complementares, e a interpretação do estudo por PET/CT é mais precisa quando correlacionada com os dados da TC. OBJECTIVO: Comparar o valor diagnóstico e prognóstico das alterações imagiológicas morfológicas (TC) e/ou funcionais (PET/CT) em doentes com LH. MÉTODOS: Estudo retrospectivo de dados clínicos de doentes com diagnóstico de LH, seguidos num centro oncológico de referência, entre 2004-2009. Os doentes foram distribuídos por 3 grupos, tendo em conta o exame de imagem utilizado para o seu estadiamento: 33 doentes efectuaram TC, 113 doentes PET/CT e 40 doentes TC e PET/CT. Procedeu-se à análise do grupo de doentes que efectuou estadiamento através de TC e PET/CT. RESULTADOS: O tempo de follow-up mediano foi de 34,5 ± 18,52 meses. Nos doentes que efectuaram TC e PET/CT, metade eram do sexo masculino (n=20) com idade mediana de 30 anos (± 12,02 anos). Neste grupo de doentes, 87,5% (n=35) apresentavam LH do tipo escleronodular, 2,5% (n=1) do tipo predomínio linfocítico e 10% (n=4) do tipo celularidade mista. Quanto às diferenças entre o estadiamento efectuado por TC e PET/CT, 15% (n=6) doentes apresentaram diferenças de estadiamento, mas em apenas 1 doente esta diferença (estadio IIIB por TC e estadio IVB de alto risco por PET/CT) teria implicação ao nível da escolha terapêutica. As diferenças de estadiamento traduzem-se em 3 doentes com Estadio TCEstadio PET/CT e 34 doentes com Estadio TC=Estadio PET/CT. De realçar que, dos doentes no grupo TC+PET/CT , 82,5% (n=33) doentes apresentaram resposta completa (RC) ao tratamento, e apenas 5,7% doentes (n=2, Estadio TC=Estadio PET)) com LH tipo escleronodular, apresentaram recidiva, tendo sido documentado 1 óbito (Estadio

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TC=Estadio PET). O tempo de sobrevivência livre de doença (EFS) foi de 25 ± 7,07 meses para os 34 com igual estadio TC e PET/CT (p > 0,05). CONCLUSÃO: A utilização do PET/CT no estadiamento do LH pode identificar, em alguns casos, envolvimento de locais não visualizados no TC, no entanto, na nossa casuística essas diferenças não implicaram alterações na estratégia terapêutica. Nos doentes avaliados por TC e PET/CT, que apresentaram diferenças no estadio, não se encontraram diferenças estatisticamente significativas quanto ao seu valor prognóstico.

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Comunicações Orais 13 de Novembro de 2010 13:15/13:30 - SALA 1 Moderador: J. M. Fajardo CO16 - GEMCITABINA, VINORRELBINA E DOXORRUBICINA LIPOSSÓMICA PEGUILADA NO TRATAMENTO DO LINFOMA DE HODGKIN REFRATÁRIO OU RECIDIVADO Ilda Faustino1, Marcos Pantarotto1; Cláudia Moreira2; Marta Ferreira1; Liliana Lombo3; Dulcineia Pereira2; Carla Araujo4; João Faria5; Idília Pina1; Monica Mariano6; Ângelo Rodrigues7; Ana Espirito Santo2; Ângelo Martins2; Ilídia Moreira8; Isabel Oliveira2; Margarida Marques2; Luisa Viterbo9; Nelson Domingues2; José Mario Mariz10 1Serviço Oncologia Médica, IPO Porto, FG, EPE; 2Serviço OncoHematologia, IPO Porto, FG, EPE; 3Serviço de Radioterapia IPO Porto FG, EPE; 4Serviço de Medicina Interna, Hospital Amato Lusitano, Castelo Branco; 5Serviço Medicina Interna, Hospital Pedro Hispano, EPE; 6Serviço Oncologia Médica, IPO Coimbra, FG, EPEIPO Coimbra; 7Serviço de Anatomia Patológica, IPO Porto FG, EPE; 8Serviço OncoHematologia, IPO Porto FG, EPE; 9Serviço OncoHematologia, IPOP, FG, EPE; 10Instituto Português de Oncologia do Porto, IPO Porto, FG, EPE Introdução: No Linfoma de Hodgkin (LH), a resistência primária ao tratamento e a recaída resistente a mais que uma linha de quimioterapia (QT) constituem um desafio. Sendo o transplante autólogo de progenitores hematopoiéticos (ATMO) uma indicação terapêutica nos casos que ainda demonstrem quimiosensibilidade, torna-se importante a escolha de um esquema de QT eficaz e sem toxicidade que inviabilize aquele procedimento. Objectivo: Avaliação de toxicidade e resposta, bem como cálculo de sobrevivência global (SG), associadas ao tratamento com Gemcitabina, Vinorrelbina e Doxorrubicina Lipossómica Peguilada (GVD) de doentes com LH. Métodos: Análise retrospectiva dos processos clínicos dos doentes com LH tratados com GVD na Instituição. Estadiamento segundo o sistema de Ann Arbor. Nos estádios I e II foram considerados os factores de prognósticos (FP) definidos pelo German Hodgkin Study Group. Nos estadios III, IV e IIB com grande massa mediastínica ou envolvimento extra-ganglionar por contiguidade, foram considerados os FP do International Prognostic Factor Project. Toxicidade avaliada segundo a escala de efeitos adversos do National Cancer Institute. Resposta classificada segundo os critérios de resposta do International Harmonization Project. Análise estatística com recurso ao programa SPSS versão 18.0. Análise univariada pelo método do qui-quadrado, considerando-se significativos valores de p<0,05. Análise de sobrevivência realizada pelo método de Kaplan-Meier. Resultados: Foram tratados com GVD 14 doentes, num total de 59 ciclos (mediana de ciclos/doente: 4), com as seguintes características ao diagnóstico: mediana de idade - 26 anos (15-48 anos); género masculino - 57,1%; ECOG ≤ 1 – 100%; subtipo histológico: esclerose nodular – 100%; estadio ao diagnóstico: IV- 50%, II-35,7%, III-14,3%; FP: ≥ 2 - 57.1%. O GVD foi usado em 4ª linha em 71,4% dos doentes. As toxicidades de grau 3-4 observadas, por doente, foram: neutropenia (85,7%), leucopenia (78,6%), trombocitopenia (72,4%), linfopenia (64,2%), anemia (64,2%), neutropenia febril (35,7%), mucosite (35,7%), elevação da TGO (14,3%) e/ou TGP (14,3%) e astenia (7,1%). Não se verificaram mortes relacionadas com o tratamento. Seis doentes realizaram ATMO previamente ao tratamento com GVD e seis após o tratamento com GVD. A taxa de resposta global foi de 85,7%, tendo-se obtido resposta completa em 50% dos doentes, resposta parcial em 35,7% e progressão de doença em 14,3%. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na resposta ao tratamento em função do estadio, número de FP, realização de ATMO previamente ao GVD ou número de esquemas de QT usados anteriormente. De

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referir que não se verificaram recidivas nos doentes que apresentaram resposta completa ao GVD, com uma mediana de tempo de seguimento de 23 meses (2-47 meses).A SG aos 42 meses foi de 55,6% (66,7% nos doentes sem ATMO prévio ao GVD; 50% nos doentes com ATMO prévio). Conclusões: O GVD apresentou um perfil de toxicidade maioritariamente hematológica e permitiu obter resposta mesmo em doentes previamente tratados com múltiplos esquemas de QT e/ou ATMO. Este esquema poderá ser uma opção a considerar como tratamento de resgate antes do ATMO ou em doentes com recidiva após o ATMO, com SG ≥ 50%.

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Comunicações Orais 13 de Novembro de 2010 15:30/15:45 - SALA 1

Moderador: Fernando Príncipe

CO17 - TRANSPLANTE DE PROGENITORES HEMATOPOIÉTICOS PERIFÉRIOS, NA LEUCEMIA PROMIELOCÍTICA AGUDA S Chacim1, L Mendonça2; M Salgado3; N Couto1; R Branca Ferreira1; A Campilho1; C Pinho Vaz1; A Campos1 1Instituto Português de Oncologia do Porto; 2Centro Hospitalar do Porto; 3Hospital São João Introdução O papel da transplantação de progenitores hematopoiético (TPH) na leucemia promielocítica aguda (LPA) está reservado para a pequena fracção de doentes (dts) com doença mínima residual após consolidação com quimioterapia. Objectivo Avaliar a sobrevivência global (SG), tempo de progressão (TP) e morbilidade associada ao transplante dos dts com LPA, submetidos a TPH. Material e Métodos Recolha da totalidade de casos, com revisão dos processos clínicos dos dts diagnosticados com LPA, na nossa instituição, entre Janeiro de 1990 e Julho de 2010. Análise estatística efectuada com xlstat2009. Resultados Avaliámos 19dts (57.9% sexo masculino,13-66A, mediana 32A), com um seguimento mediano de 46meses (4.6-206.8). Oito dts foram transplantados no período 1990-1999, 4dts de 2000-2005 e 7dts de 2006-2010. Seis dts fizeram autotransplante, enquanto 13dts (68.4%) submeteram-se a alotransplante, aparentado em 10dts e não relacionado em 3dts. Apenas um foi submetido a TPH mieloablativo. Oito dts (42.1%) estavam em primeira remissão completa (RC), 4dts em 2.ªRC, 5dts 3.ª RC ou superior. A fonte de células usadas foi o sangue periférico em 14casos (73.8%) e a medula óssea em 4casos (21.0%); num caso (5.3%) foram ambos usados (MO+SP). Infundiram-se 6.151x106 células CD34+/kg (2.4-8.5). O condicionamento continha bussulfano e ciclofosfamida em 52.6% dos dts. O tempo mediano de internamento foi de 29dias (22-101). Durante esse período, documentou-se uma mediana de 4dias de febre, que corresponderam 12dias de uso de antibioterapia (0-12). Onze doentes (91.7%) tiveram mucosite ≥ Grau3, com necessidade de opiáceos 9casos (47.4%) e uma mediana de 7.5dias de uso de nutrição parentérica. Foram identificados 3casos de sépsis grave, 4doentes com pneumonia e um com infecção fúngica grave. Não foi identificada doença hepática veno-oclusiva. Apenas 2dts tiveram internados em unidade de cuidados intensivos, um deles com necessidade de ventilação invasiva. A recuperação dos neutrófilos acima dos 500/µL deu-se em média 12.5dias (9-34) após o transplante, ocorrendo a recuperação de plaquetas acima das 20000/µL aos 17dias (8-58). Foi usada apenas ciclosporina, na profilaxia da doença de enxerto contra hospedeiro (DECH), em 8dts (44.4%), ou em associação ao metotrexato em 4dts (22.2%). O metotrexato foi usado isoladamente em 5dts (27.8%). Foi identificado DECH cutâneo em 4dts (21.1%), controladas com corticoterapia. Não se verificaram outras complicações tardias associadas ao transplante.

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Verificou-se recaída da doença em 6casos (31.6%). O tempo de progressão mediano foi de 11.67meses. Registaram-se 2mortes (10.5%) no período imediato ao transplante, bem como 4 falecimentos posteriores. Encontraram-se 12dts sem evidência de doença (63.2%) e 13 doentes actualmente em seguimento em consulta externa. Discussão e Conclusão Esta análise retrospectiva dos últimos 20 anos, de um único centro de TPH, permite perceber que são poucos os doentes com indicação para realização de TPH. Contudo, nos casos indicados, a morbilidade e mortalidade associados ao procedimento não devem impedir a sua realização, alcançando-se RC duradouras.

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Comunicações Orais 13 de Novembro de 2010 15:45/16:00 - SALA 1

Moderador: Fernando Príncipe

CO18 - TRANSPLANTE AUTÓLOGO DE PROGENITORES HEMATOPOIÉTICOS EM LINFOMA DE CÉLULAS DO MANTO - A EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO Margarida Badior1, Inês Carvalhais1; Eliana Aguiar1; Ana Carneiro1; Fernando Príncipe1; José Eduardo Guimarães1 1Serviço de Hematologia Clínica, Hospital S.João Introdução: O Linfoma de Células do Manto (LCM) é, pela classificação da WHO, um subtipo de Linfoma não-Hodgkin agressivo (LNH), com mau prognóstico, sendo geralmente reportada uma taxa de sobrevida global (SG) de 3 a 5 anos. Na tentativa de melhorar o prognóstico destes doentes ao longo dos anos, numerosos esquemas terapêuticos, antes e depois da introdução da imunoterapia, foram testados, mas não existe ainda consenso em relação à escolha da terapêutica de primeira linha. No entanto, vários estudos demonstraram que altas doses de quimioterapia (QT) seguido de resgate com transplante autólogo de progenitores hematopoiéticos (TAPH) como terapêutica de consolidação após remissão completa aumentam a sobrevida livre de recaída (SLR), independentemente da terapêutica de indução e do regime mieloablativo adoptado. Objectivo: Avaliar retrospectivamente o papel do TAPH após condicionamento com BEAM como terapêutica de consolidação em primeira abordagem de doentes com LCM diagnosticados de novo. Material e Métodos: Foi feita a análise retrospectiva de 19 doentes com o diagnóstico de LCM de novo submetidos a TAPH entre 1999 e 2009, admitindo-se qualquer esquema de QT de indução prévio. Foram recolhidos dados relativos ao sexo, idade ao diagnóstico, estadio, resposta à QT de indução e avaliação aos 100 dias pós-transplante, de acordo com os critérios de resposta internacionais. A SG foi calculada para todos os doentes desde o diagnóstico até à morte e a SLR até morte ou progressão. Resultados: Na população estudada verificou-se um claro predomínio do sexo masculino (84,2%), e uma mediana de idades de 56 anos (42-67) sendo que apenas um doente apresentava idade superior a 65 anos. Todos os doentes apresentavam estadios avançados: 95% em estadio IV e 79% com expressão leucémica. Os diferentes esquemas terapêuticos aplicados consistiram em CHOP; R-CHOP; R-CHOP seguido de R-ICE, ESHAP ou R-ESHAP; R-FC; Hiper-CVAD e R-Hiper-CVAD. Apenas três doentes não foram tratados com Rituximab. A taxa de resposta completa (RC) pós-quimioterapia foi de 68,4%, sendo que 100% dos doentes que realizaram R-Hyper-CVAD obtiveram RC. A mediana de tempo decorrido entre o diagnóstico e o TAPH foi 9 meses (5-20). A taxa de RC aos 100 dias pós-TAPH foi 84%. A SLR média cifrou-se em 42,9 meses (13-113) e SG 46,5 meses (15-113). Actualmente, com um tempo médio de follow-up de 46 meses estão vivos 61,1% (11/18) dos doentes, estando apenas um em recaída. De referir que uma doente foi perdida para follow-up, sendo que a última informação sobre a doente data de Agosto/2009. Conclusão: Este estudo retrospectivo, de acordo com o relatado na literatura, sugere o TAPH como consolidação de QT em 1ª abordagem em doentes com LCM é uma opção terapêutica segura, eficaz e geralmente bem tolerada por doentes com menos de 65 anos. Não houve mortalidade relacionada com o TAPH nos doentes avaliados. Na nossa série, não foi ainda atingida a SG e SLR mediana em doentes submetidos a TAPH. De realçar que todos os doentes que realizaram R-Hyper-CVAD previamente ao auto-transplante se encontram vivos e em RC até à data de último follow-up.

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Comunicações Orais 13 de Novembro de 2010 16:00/16:15 - SALA 1

Moderador: Fernando Príncipe

CO19 - TRANSPLANTE DE PROGENITORES HEMATOPOÉTICOS DE DADOR NÃO FAMILIAR COM AJUSTE DE DOSE DE TIMOGLOBULINA SEGUNDO GRAU DE COMPATIBILIDADE DADOR/RECEPTOR P Santos-Sousa1, J F Lacerda1; C Martins1; F Lourenço1; C Juncal2; J Alves do Carmo1 1Serviço de Hematologia e Transplantação de Medula; Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital de Santa Maria; Clínica Universitária de Hematologia, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Lisboa; 2Serviço de Imunohemoterapia; Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital de Santa Maria Entre Março de 2007 e Maio de 2010 foram submetidos a transplante alogénico de progenitores hematopoéticos de dador não familiar 31 doentes (sexo: feminino 16, masculino 15) com mediana de idades de 39 anos (10-61 anos), com os diagnósticos: anemia aplástica (n=8, mediana de idades 14 anos) e doenças hemato-oncológicas (n=23, leucemia aguda 14, síndrome mielodisplásica 4, linfoma não-Hodgkin 3, mieloma múltiplo 2; mediana de idades 51 anos). Dos doentes hemato-oncológicos, 10 tinham doença em estádio precoce (primeira remissão completa), 13 apresentavam doença mais avançada. Seis doentes (19%) foram transplantados com medula óssea e 25 (81%) com células progenitoras do sangue periférico, com disparidade alélica/antigénica conhecida em 18 casos (58%): 14 (45 %) com disparidade em 1 alelo/antigénio HLA-A(n=5), HLA-B(n=5), HLA-C(n=1), HLA-DQ(n=2), HLA-DR(n=1); 4 (13%) com disparidade em 2 alelos/antigénios: HLA-A+DQ(n=1), HLA-B+C(n=1), HLA-DR+DQ(n=2). Com uma excepção, os enxertos não foram manipulados in vitro. O regime de condicionamento consistiu na associação de fludarabina 150mg/m2, melfalano 140mg/m2, prednisolona e timoglobulina e, nos doentes com doenças hemato-oncológicas, ARA-C 2g/m2. A dose de timoglobulina dependeu do grau de compatibilidade entre dador e receptor. Os doentes com compatibilidade alélica em HLA-A,-B,-C,-DRB1 e -DQB1 receberam 8mg/kg (2mg/kg/dia x 4) de timoglobulina e de prednisolona, enquanto que aqueles com pelo menos uma disparidade alélica receberam mais 2mg/kg de timoglobulina e prednisolona (total de 10mg/kg). A profilaxia de doença do enxerto contra o hospedeiro (DEcH) consistiu na associação de micofenolato de mofetil e de ciclosporina. Em todos os doentes houve reconstituição hematológica (tempo mediano de 10 dias para Neutrófilos > 500/mm3). Dezasseis doentes desenvolveram DEcH aguda (12 casos de grau ≥ 2) e 7 doentes desenvolveram DEcH crónica (doença limitada 5, doença extensa 2). O tempo mediano de follow-up foi de 13 meses (2-40 meses). Não houve diferenças em relação aos padrões de sobrevivência nem em relação à incidência de DEcH aguda e/ou crónica entre os doentes com compatibilidade 10/10 alelos e aqueles com algum grau de incompatibilidade. Houve um caso de recaída da doença hemato-oncológica 1 ano pós-transplante (3%). Onze doentes (35%) faleceram: 2 com anemia aplástica, 3 com doença hemato-oncológica em estádio precoce e 6 com doença hemato-oncológica avançada. Três doentes faleceram nos primeiros 100 dias pós-transplante. As causas de morte foram DEcH crónica e suas complicações em 6 doentes, recaída (n=1), infecção CMV e Herpes-6 (n=1), leucemia em células de dador (n=1), sépsis (n=2). A sobrevivência global aos 2 anos foi de 59% (grupo de anemia aplástica – 75%; grupo de doença hemato-oncológica precoce – 51,9%; grupo de doença hemato-oncológica avançada – 49,5%, p=NS). A sobrevivência livre de doença nos doentes hemato-oncológicos foi de 89% naqueles que desenvolveram DEcH crónica limitada versus 62% nos doentes sem DEcH crónica (p=0.0035). Nesta análise preliminar, não parece haver até à data um efeito negativo da utilização de dadores não familiares com 1 incompatiblidade antigénica ou alélica em termos de incidência de DECH, sobrevivência global e sobrevivência livre de doença.

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Comunicações Orais 13 de Novembro de 2010 16:15/16:30 - SALA 1

Moderador: Fernando Príncipe CO20 - EFICÁCIA CLÍNICA DA OXIGENOTERAPIA HIPERBÁRICA NO TRATAMENTO DA CISTITE HEMORRÁGICA APÓS TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA ALOGÉNICO J Savva-Bordalo1, C Pinho Vaz1; R Branca Ferreira1; F Campilho1; R Resende2; I Baldaque1; O Camacho2; A Campos1 1Instituto Português de Oncologia do Porto; 2Hospital de Pedro Hispano Introdução: a cistite hemorrágica (CH) é uma causa importante de morbilidade no transplante de medula óssea alogénico (TMOAlo). A CH de início tardio após TMOAlo está associada à infecção ou reactivação pelos vírus BK (VBK) e/ou adenovírus. Os antivíricos disponíveis são de eficácia limitada e o tratamento da CH ainda não foi estabelecido. A oxigenoterapia hiperbárica (OHB) poderá beneficiar os doentes com CH após TMOAlo, tal como foi reconhecida no tratamento da CH induzida pela radioterapia. Objectivos: avaliação da eficácia da OHB no tratamento da CH após TMOAlo. Material e Métodos: estudo retrospectivo dos doentes com CH após TMOAlo tratados com OHB entre Janeiro de 2005 e Março de 2010. O objectivo primário foi a avaliação clínica da resolução da hematúria. Os objectivos secundários foram a descrição analítica das características demográficas e clínicas dos doentes, e a avaliação da diferença entre as contagens do DNA do VBK antes e após o tratamento com OHB, usando o teste de Wilcoxon. Resultados: Um total de 16 doentes com CH após TMOAlo foi tratado com OHB (8 mulheres e 8 homens). A idade mediana foi de 34 anos (min. 1 e max. 56). Os sintomas incluíram hematúria macroscópica (em todos os doentes), disúria persistente (28%), urgência urinária (21%) e dor supra-púbica (6%). A ecografia mostrou espessamento parietal vesical em 11 doentes (68%). A infecção urinária por VBK foi evidente em todos os doentes. O tempo mediano entre o início da hematúria e o tratamento com OHB foi de 10 dias. Os doentes receberam oxigénio a 100% numa câmara hiperbárica a 2.1 atmosferas, durante 90 minutos, 5 dias/semana, tendo realizado uma totalidade mediana de 14 tratamentos (min. 4 e max. 84). A taxa de resposta foi de 94% com resolução completa da hematúria macroscópica. A contagem mediana do DNA do VBK diminuiu de 7x10^5/mcl para 100/mcl após a OHB (p=0,05). Um doente interrompeu o tratamento prematuramente por barotrauma e dois por progressão da doença basal. Conclusão: nesta série de doentes com CH induzida pelo TMOAlo houve uma resposta global franca à OHB, com boa tolerância. No entanto, são necessários mais estudos para comprovar a sua eficácia.

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Comunicações Orais 13 de Novembro de 2010 15:30/15:45 - SALA 2

Moderador: Emília Cortesão

CO21 - DIAGNÓSTICO IMUNOFENOTÍPICO DE ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA: UTILIDADE NA PRÁTICA CLÍNICA Teresa Melo1, Cristina Ferreira de Almeida2; Cristina Marques2; José Barbot3; Fátima Ferreira1; Joana Martins1; Rui Bergantim1; Francisco Botelho4; Hugo Sousa5; Susana Fernandes6; Maria José Teles2; José Eduardo Guimarães1; João Tiago Guimarães2 1Serviço de Hematologia Clínica, Hospital de São João, Porto; 2Serviço de Patologia Clínica, Hospital de São João, Porto; 3Unidade de Hematologia Pediátrica, Cento Hospitalar do Porto; 4Serviço de Epidemiologia, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; 5Serviço de Cirurgia Geral, Hospital de São João, Porto; 6Serviço de Imunohemoterapia, Hospital de São João, Porto Background As formas graves de esferocitose hereditária (EH) não apresentam dificuldade diagnóstica, no entanto as formas ligeiras ou atípicas podem suscitar problemas de identificação. O teste da fragilidade osmótica eritrocitária é um teste trabalhoso e demorado requerendo no mínimo 2mL de sangue, apresentando uma sensibilidade e especificidade baixas. A análise por citometria de fluxo (CF) da ligação do corante EMA (eosin-5-maleimide) à proteína banda 3 do citoesqueleto do eritrócito poderá ser utilizada como método de diagnóstico de EH. A intensidade média de fluorescência dos eritrócitos marcados com EMA é menor na EH do que noutras anemias hemolíticas (AH) e não hemolíticas (ANH). Objectivo O objectivo do estudo foi avaliar a utilidade na prática clínica da citometria de fluxo no screening de EH, pretendendo determinar qual a sua validade no diagnóstico diferencial de anemias hemolíticas e não hemolíticas. Material e métodos Foram colhidas 60 amostras de sangue (1 mL) em EDTA de dadores saudáveis (n=18) e de doentes com AH e ANH de etiologia confirmada: EH (n=12), AH auto-imune (n=5), anemia normocrómica/normocítica (n=5), B-talassemia minor (n=4), anemia ferripriva (n=4), síndromes de insuficiência medular (n=4;anemia de Fanconi, anemia de Blackfand-Diamond e aplasia dos glóbulos rubros), eliptocitose hereditária (n=2), drepanocitose (n=2), anemia hipocrómica/microcítica em estudo (n=2), anemia hemolítica microangiopática(n=1) e leucemia aguda mielóide(n=1). Foram excluídos doentes transfundidos nos 3 meses anteriores à data da colheita. Utilizou-se o corante EMA (Sigma-Aldrich 63184). As amostras foram coradas com EMA nas primeiras 24 horas após a colheita segundo a técnica descrita por King et al (2000) e adquiridas no citómetro de fluxo FACS CANTO II BD®, utilizando o programa de software DIVA® na aquisição e analisadas com o programa INFINICYT®. Foi determinada a intensidade média de fluorescência, como canal médio de fluorescência (CMF) para 100000 eventos no canal FL1 do citómetro referido. Resultados O CMF dos doentes com EH (média±desvio padrão: 6404,8±158,8; intervalo: 5671-7320) é significativamente inferior ao dos controlos normais (média: 9888,4±211,1; 8290- 11285) (p<0,001). O CMF dos doentes com outras anemias (média:9174,9±173,5; 7909-11938) é significativamente superior ao dos outros doentes com EH (p<0.001).

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O ponto de cut-off que diferencia a EH dos controlos saudáveis e doutras anemias hemolíticas ou não hemolíticas identificado pela curva de ROC foi de 7500. Assim, considera-se um resultado positivo para EH se o canal médio de fluorescência for inferior a 7500 unidades. Utilizando este ponto de cut-off o método apresenta uma sensibilidade e especificidade de 100%. Conclusão O diagnóstico imunofenotípico de EH usando o corante EMA é um método rápido, simples, que necessita de um menor volume de amostra, apresentando uma boa sensibilidade e especificidade podendo ser utilizado como teste diagnóstico esferocitose hereditária.

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Comunicações Orais 13 de Novembro de 2010 15:45/16:00 - SALA 2

Moderador: Emília Cortesão

CO22 - CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DA DEFICIÊNCIA DE PROTEÍNA C TIPO I EM 13 FAMÍLIAS PORTUGUESAS Joana Rita Silva1, Patrícia Martinho1; Teresa Fidalgo1; Elsa Gonçalves1; Ramón Salvado1; Catarina Silva Pinto1; Dalila Marques1; Natália Martins1; Maria Letícia Ribeiro1 1Departamento de Hematologia - Centro Hospitalar de Coimbra O sistema da proteína C (PC) constitui um dos principais mecanismos de regulação da coagulação; disfunções nos seus componentes estão associados a quadros trombóticos. A deficiência congénita (def) de PC, resultante de mutações no gene PROC, é herdada de forma autossómica dominante, está presente em 3-5% dos pacientes com trombose venosa (TV) e a forma heterozigótica está associada a um aumento do risco até 10x mais na incidência de TV. A homozigotia, ou heterozigotia composta, são muito raras e cursam com púrpura fulminante neonatal. O diagnóstico é baseado na quantificação do antigénio (Ag) e actividade (Act) da PC, no entanto, nalguns casos os níveis nos indivíduos heterozigóticos (htz) são sobreponíveis aos dos indivíduos normais. Os estudos familiares podem ajudar a esclarecer o diagnóstico, que pode ser confirmado pela pesquisa de mutações no gene PROC. Objectivo: Caracterização molecular da def de PC TipoI num grupo de famílias com história de trombose. População estudada: 24 indivíduos, de 13 famílias não relacionadas, com níveis de Ag e Act de PC persistentemente baixos, ou muito próximos dos limites inferiores do normal. Média de idades 36.4±15.6; 13/24 tiveram trombose, um dos quais com história familiar que inclui 3 nados mortos.(Tab1) Métodos: Doseamento de PCAg por ELISA e Act por sub.cromogénicos. PCR/seq. dos 9 exões do gene PROC. Em todos os indivíduos foram investigados: PSlivre, ATIII, AL, FVLeiden e PRT20210G/A. Resultados: Em 12 famílias foram encontradas 5 mutações distintas em heterozigotia: -1533A>G, R157X, P168L, R178Q e G197R. Numa família (IV) identificou-se uma nova mutação: delGC6220_6221. Nas famílias XI a XIII os níveis de PC são muito próximos dos valores normais, no entanto apresentam história pessoal e/ou familiar de trombose. As famílias VIII e XII têm associados outros factores hereditários de risco trombótico. Dos 2 htz para PRT20210G/A da família XII, apenas o XII/1 apresenta história pessoal de trombose. O doente VIII/I, que tem associadas htz para FV Leiden e PRT20210G/A, nunca sofreu trombose. A heterogeneidade clínica destes 24 indivíduos não se relaciona com os seus níveis de PC. Conclusão: Na nossa experiência, o estudo molecular tem sido de grande utilidade no diagnóstico de indivíduos com risco trombótico por deficiência de PC, em particular quando os níveis de PC eram muito próximos da normalidade, e na diferenciação entre deficiências hereditárias e adquiridas, em especial nos indivíduos anticoagulados e naqueles em que não é possível a realização de estudos familiares. A identificação de mutações no gene PROC permite oferecer o diagnóstico pré-natal aos casais em risco de terem filhos com trombofilia grave.

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Tabela 1. Dados clínicos e laboratoriais da população estudada

Família História Pessoal

História familiar FVLeiden PRT20210G/A PCAct

(%) PCAg

(%)

Mutação no gene PROC

Local

I TFR Neg N N 43 42

-1533A>G Região promotora

II/1 TVP + N N 52 51 II/2 TF + N N 61 60 III/1 TF Neg N N 45 49 III/2 Neg + N N 42 47 IV/1 TVP Neg N N 36 45 delGC

6220_6221

Exão7

IV/2 Neg + N N 49 55 V/1 TF;TVP Neg N N 33 40

R157X

V/2 Neg + N N 30 44 VI TVP;2NM + N N 48 41 VII TVPorta Neg N N 51 56

VIII/1 Neg + HTZ HTZ 36 45 VIII/2 Neg + HTZ N 27 29 IX/1 TFR Neg N N 62 63 IX/2 Não + N N 53 60 X TVP,2AE Neg N N 35 44

XI/1 TVP Neg N N 57 59

P168L XI/2 Neg + N N 72 71 XI/3 Neg + N N 60 53 XI/4 Neg + N N 72 73 XII/1 TVPR Neg N HTZ 66 72

R178Q XII/2 Não + N HTZ 66 64 XII/3 Não + N N 60 66 XIII TVPR +(3NM) N N 68 70 G197R Exão8

TVP-Trombose venosa profunda;TF-Tromboflebite;R-Repetição;TVPorta-Trombose Veia Porta;Neg-negativa;+:positiva; AE-abortos espontâneos;NM-nados mortos;N-sem mutação;HTZ-heterozigótico

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Comunicações Orais 13 de Novembro de 2010 16:00/16:15 - SALA 2

Moderador: Emília Cortesão

CO23 - ANEMIA SIDEROBLÁSTICA LIGADA AO CROMOSSOMA X (XLSA): SETE NOVAS MUTAÇÕES EM 9 FAMÍLIAS Janet Pereira1, Alexandra Pereira1; Marta Duarte1; Umbelina Rebelo1; Teresa Melo2; Marika Bini-Antunes2; Jose Barbot2; E. Gutiérrez3; F.R. Ortega4; M.I.M. Sousa5; Maria Leticia Ribeiro1 1Serviço de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, EPE; 2Hospital de Crianças Maria Pia, Centro Hospitalar Porto; 33 Hospital Universitário de Guadalajara, Espanha; 4Hospital de León, Espanha; 5Serviço de Hematologia, Hospital Universidade Coimbra As anemias sideroblásticas (AS) são um grupo heterogéneo de doenças, congénitas ou adquiridas, associados com a biossíntese anormal de heme, caracterizadas por: 1) anemia microcítica hipocrómica, com dimorfismo, 2) sideroblastos em anel na medula óssea, 3) hemossiderose importante. As formas congénitas mais comuns estão associadas a mutações (principalmente missense) no gene da 5-aminolevulínico ácido sintetase eritróide específica, ALAS2 no cromossoma X (XLSA). A severidade do fenótipo é heterogénea: as formas mais graves são diagnosticadas nos primeiros anos de vida; nas formas menos graves, o diagnóstico pode só ser feito após as primeiras décadas de vida ou até só na média idade, quando a sobrecarga secundária de ferro é importante. As mulheres heterozigóticas também podem ter anemia severa, particularmente depois da quarta ou quinta década de vida, devido a um desvio acentuado da lionização no cromossoma X. Dependendo do local da mutação ALAS2, alguns pacientes respondem ao tratamento com piridoxina oral. Os casos graves são dependentes de transfusão. Objectivo: Fazer a caracterização molecular do gene ALAS2 em 9 pacientes com XLSA e correlacionar as mutações com o fenótipo. Métodos: O DNA genómico foi extraído de leucócitos do sangue periférico. Toda a região codificante do gene ALAS2 (incluindo as regiões limítrofes) assim como a região promotora, foi amplificada por PCR e procedeu-se à sequenciação directa de todos os fragmentos num sequenciador automático. Resultados: Mutações no gene ALAS2 foram encontradas em 16 indivíduos pertencentes a 9 famílias. Os resultados estão resumidos no quadro.

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I II (n-5) III IV V VI VII VIII IX

Propósito Propósito Propósito Propósito Propósito Filha Propósito Mãe Propósito Propósito Mãe Propósito Idade (anos)/Sexo 42/M 38/M 11/M 34/M

57/M 25/F 8/M 37/F 40/F 11/F 56/F 80/F

Hb (g/dL) 8.7 13 11.3 15.3# 12.4 11.9 10.6 11.1 6.6 10 12 7.7 MCV (fL) 55 74 68 71 67 76 85 67 109 66 99 101 MCH (pg) 17 24 22 24 21 25 2028 2820 36 22 33 33 RDW 30 23 15 27 22 22 17 26 17 14 12.4 Dimorfismo ++ ++ ++ ++ ++ + - ++ ++ +++ ++ ++

Sideroblasts em anel Sim ND ND ND

Sim

ND ND ND Sim Sim Sim Sim

Ferritina (mg/L) 2932 775 113 417

ND ND 70 451 3974 177 818 636

Mutação

ALAS2

Hem Hem Hem Hem Hem Het Hem Het Het Het Het Het CD147 (CAG-CAC)*

CD458 (CGC-CAC)*

CD170 (CGC- CTC)

CD204 (CGA-CAA)

CD304 (CAC-GAC)*

CD503 (GCC-GTC)*

CD506-507(-C)*

CD411 (CGC-CAC)*

CD559 (CGC-CAC)*

ND - não determinado; # fumador; Hem - Hemizigótico; Het - Heterozigótica Foram identificadas 7 mutações não descritas (*). Nove homens foram diagnosticados com uma idade média de 36 anos (8-57) e uma Hb média de 11,3 g/dl (8,7-15.3). Sete mulheres com uma idade média de 47 anos (11-80) e uma Hb média de 9,8 g/dl (6,6-12). Propósito VII ficou dependente de transfusão e morreu aos 48 anos de idade, devido a sobrecarga de ferro e insuficiência cardíaca secundária. Nenhum dos outros pacientes é dependente de transfusão. Conclusões: Tendo em conta que a gravidade do fenótipo XLSA varia consideravelmente nos homens, e também pode ser grave em mulheres heterozigóticas, em todos os pacientes com suspeita de anemia sideroblástica deve ser feita a pesquisa de mutações no gene ALAS2, independentemente dos seus parâmetros hematológicos, sexo e idade. A identificação da mutação ALAS2 permite um tratamento precoce com piridoxina e prevenção da sobrecarga de ferro. As mulheres heterozigóticas devem ter aconselhamento genético.

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Comunicações Orais 13 de Novembro de 2010 16:15/16:30 - SALA 2

Moderador: Emília Cortesão

CO24 - HIGH PREVALENCE OF HAEMOGLOBIN DISORDERS AND G6PD DEFICIENCY IN REPUBLIC OF GUINEA (WEST AFRICA) Licínio Manco1, Tamba S Millimono2; Kovana M Loua3; Emile P Gamy3; Silvia L Rath3; Luis Relvas4; Celeste Bento4; Mandiou Diakite2; Jean A Lamah2; Martin Jarvis5; Nathalie Daries6; Jaspal Kaeda7; Letícia Ribeiro4 1Department of Hematology, Centro Hospitalar de Coimbra, Portugal; 2Department of Haematology, Donka Hospital, Conakry, Republic de Guinée; 3Institut National de Santé Publique, Conakry, Republic de Guinée; 4Unidade de Anemias Congénitas, Serviço de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra; 5Department of Haematology, North Middlesex Hospital, London, UK; 6ONG Solthis, Conakry, Republic of Guinée; 7Charite Virchow Klinikum, Department of Haematologie-Onkologie, Berlin, Germany Objectives: A reliable accurate epidemiological data is a prerequisite for a cost effective screening programme for inherited disorders, however, it is lacking in most of the developing countries. Here we report the first detailed population study in Republic of Guinea, a sub-Saharan West African country, designed to assess the frequency of G6PD deficiency and haemoglobinopathies, including screening for thalassaemia. Furthermore, we assessed the frequency of ferroportin Q248H mutation which is observed with high frequency in Sub-Saharan African populations in association with high ferritin levels. Methods: Peripheral blood samples from 187 Guinean adults were screened for globin gene mutant alleles by standard haematological methods. Furthermore, 110 samples from males were screened for G6PD deficiency by fluorescent spot test. Molecular analysis was performed for the most common α-thalassaemia deletions, β-globin gene mutations, G6PD alleles B, A, A- and Betica and for the ferroportin Q248H mutation, using PCR, RFLP or sequencing. Results: Of the 187 subjects screened, 36 were heterozygous for Hb S (allele frequency 9.62%). Sixty four subjects were heterozygous and 7 were homozygous for the –α3.7 bp deletion (allele frequency 18.98%). β-thalassaemia alleles were detected in 5 subjects (allele frequency 1.33%), 4 of them with the -29A→G mutation and 1 with the cd 15 [TGG→TAG]. G6PD A- and G6PD Betica deficient variants were highly prevalent with 5.7% and 3.3% frequencies, respectively, suggestive of diverse origins of the Guinean population. The ferroportin polymorphism Q248H score an allele frequency of 4.1% with heterozygous females showing a not statistically significant lower haemoglobin concentration than the wild type participants (means of 11.12 versus 12.8 g/dL; P=0.63). Whilst we did not test for ferritin levels and non deletional nor α0-thalassaemia, four females (5.2%) have red cell indices strongly suggestive of iron deficient anemia: Hb < 9.7 g/dL; MCH<19.3 pg; MCV < 68.2; MCHC < 31.6 g/dl; RDW > 19.8%. Conclusions: Our results are consistent with high frequency of alleles, such as Hb S, α-thalassaemia and G6PD deficient alleles, associated with malaria resistance. Finding 9.6% Hb S allele frequency supports the notion for a proficient neonatal screening to identify the sickle cell patients, who might benefit from early prophylactic treatment for infections. The ferroportin Q248H mutation in females was found associated with lower Hb concentration, which may be due to a less efficient iron export from macrophages, and reduced iron availability for erythropoiesis, in women with increased needs of iron. The incidence of significant iron deficient anaemia among women is low than expected in an underdeveloped country.

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COMUNICAÇÕES ORAIS DE ENFERMAGEM

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SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

reuniãoanual

11a13.NOVTRÓIA CENTRO DE CONGRESSOS

SPH2010

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Comunicações Orais Enfermagem 12 de Novembro de 2010 16:00/16:15 - SALA 3

Moderadora: Enf.ª Rosa Romão

CO25 - FINALMENTE, ALGO BOM Elsa Oliveira1, Rosalia Pires1; Anabela Correia1 1IPOLFG Introdução A mucosite oral (MO) é um dos efeitos colaterais da quimioterapia causando dor intensa e disfagia sendo um factor de risco para a infecção. CAPHOSOL ® é uma solução oral usada para prevenir MO. O objectivo deste trabalho é avaliar a eficácia do CAPHOSOL na prevenção da MO grave em pacientes sujeitos a TMO autólogo. Material e métodos De Fevereiro a Setembro de 2009 foram utilizados bochechos de CAPHOSOL na profilaxia da MO em dez pacientes adultos( mínimo 4 vezes dia). A MO foi avaliada diariamente por pacientes e enfermeiros: número de dias com MO, dor, uso de morfina e de nutrição parenteral. CAPHOSOL foi utilizado a partir do primeiro dia de quimioterapia até o final dos sintomas. Os resultados foram comparados com um grupo de pacientes homólogos, com excepção de CAPHOSOL Resultados Verificou-se grande adesão ao tratamento. Registamos clara diminuição da MO, um aumento no número de dias sem mucosite e ainda uma diminuição da dor com redução do uso de Morfina no grupo CAPHOSOL. Nenhum doente do grupo CAPHOSOL necessitou de suporte nutricional parenteral. Conclusões O uso de CAPHOSOL resultou numa diminuição em todos os graus da MO, no número de dias com dor, permitindo uma diminuição no uso de morfina e nutrição parenteral.

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Comunicações Orais Enfermagem 12 de Novembro de 2010 16:15/16:30 - SALA 3

Moderadora: Enf.ª Rosa Romão

CO26 - R-GEMOX - EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL DE DIA Catarina Alexandra Ribeiro Madeira Marques1, Sara Isabel Sousa Teixeira1 1Centro Hospitalar de Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria - Hospital de Dia de Hematologia Introdução O tratamento com altas doses terapêuticas associado ao transplante de medula óssea é o tratamento de referência para o Linfoma Não-Hodgkin, no entanto só pode ser aplicado a um grupo restrito de doentes, tendo em consideração a sua idade e a existência de co-morbilidades prévias. Os tratamentos convencionais de Quimioterapia têm sido usados com uma eficácia limitada, apresentando uma significativa toxicidade, pelo que houve necessidade de introduzir combinações de esquemas terapêuticos que tivessem uma melhor eficácia e menor toxicidade para os doentes, nomeadamente a associação do Rituximab a outros agentes citostáticos. O R-Gemox consiste na associação do Rituximab (dia 1) à Gemcitabina e ao Oxaliplatino (dia 2) representando uma alternativa aos esquemas de ESHAP, ICE, DHAP e MINI-BEAM (associações de citarabina, etoposido, mitoxantrona e derivados platínicos), que possuem significativa toxicidade, estão associados a complicações frequentes, necessitam de perfusões contínuas de 24 horas e de hidratação simultânea, implicando o internamento prolongado destes doentes. Este esquema representou uma mudança no prognóstico de alguns deles inclusivé redução de toxicidade e de reinternamentos, sendo este Hospital de Dia de Hematologia um serviço pioneiro em Portugal na utilização deste protocolo em regime de ambulatório. O Rituximab, anticorpo monoclonal, liga-se especificamente ao antigénio CD20+, que se encontra na membrana de glóbulos brancos específicos, os linfócitos B, interrompendo o crescimento patológico dessas células, tendo demonstrado eficácia na quimioterapia standard de 1ª e de 2ª linha. A Gemcitabina possui a capacidade de se apresentar em maiores concentrações intracelulales, que a Citarabina, apresentando melhor eficácia em linfomas refractários. O Oxaliplatino, derivado da platina, possui uma eficácia semelhante ao Cisplatino, mas com menor nefrotoxicidade e reduzida indução de quimio-resistência. Objectivo Descrever a experiência do tratamento de doentes com LNH, com o esquema de Quimioterapia R-Gemox, no nosso Hospital de Dia. Material e métodos Estudo retrospectivo através da revisão dos processos clínicos dos doentes com LNH, tratados neste Hospital de Dia, de 26 de Janeiro a 15 de Agosto de 2010. Conclusão A amostra é constituída por 34 doentes, (17 do sexo masculino e 17 do sexo feminino), com idades compreendidas entre os 26 e os 83 anos, sendo a mediana de idades de 56 anos, com a média de 54 anos.

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Destes, 25 doentes fizeram R-Gemox; por motivos clínicos, 9 fizeram Gemox, visto o Rituximab estar contra-indicado em indivíduos com hipersensibilidade conhecida ao Rituximab (5), imunodeprimidos (3 com HIV), ou com hepatite (1 com hepatite C). Dos 34 doentes analisados, 3 ainda estão em tratamento, 12 encontram-se em consultas de follow-up (4 realizaram TMO), 3 suspenderam este tratamento por motivos clínicos, 2 passaram para outro esquema de QT, e os outros 14 já faleceram. Dos principais sintomas referidos pelos doentes submetidos a este esquema salienta-se a dor no membro superior puncionado, aquando da administração do Oxaliplatino, tornando-se importante a bifurcação com Dextrose 5% em água, além da aplicação de gelo local e de uma lavagem contínua, até cerca de 30 min, no final da perfusão. Alguns desenvolveram neuropatia periférica dos membros superiores, referindo parestesias, ou intolerância a altas ou baixas temperaturas. Por outro lado, sintomas tradicionalmente típicos dos tratamentos quimioterápicos, como náuseas, vómitos e alopécia não são descritos pela maior parte dos doentes.

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Comunicações Orais Enfermagem 13 de Novembro de 2010 15:00/15:15 - SALA 3

Moderadora: Enf.ª Matilde Amaral

CO27 - CONSUMO DE TERAPÊUTICA NATURAL PELOS DOENTES HEMATOLÓGICOS Telma Margarida Coelho Lopes1, Maria Teresa Moreno Elias1 1Hospital de Santa Maria - Serviço de Hematologia Pela observação, que o nosso desempenho profissional nos proporciona, temos tomado consciência que muitos dos Doentes Hemato-Oncologicos, aos quais prestamos cuidados, têm por hábito o consumo de produtos obtidos de outras formas, que não através de prescrição médica. Sentimos necessidade de aprofundar o tema. Realizámos pesquisas e visitas a casas de venda de produtos naturais. Constatámos que a venda destes produtos carece da supervisão de profissionais de saúde, são fáceis de adquirir e são “isentos de risco ou efeito secundário” Deparámo-nos com dificuldades, que para nós serviram de incentivo: A escassez de dados concretos, de bibliografia e de valorização do problema. Se o problema existe, não pode ser ignorado. Desta forma, este estudo revela-se de bastante interesse, não só para os doentes alvo da investigação, bem como para a profissão de Enfermagem. Realizamos um estudo de investigação de natureza qualitativa e o método seleccionado foi o da Teoria Fundamentada em Dados. A amostra é não probabilística acidental. A questão de investigação foi: “Quais são os factores que influenciam o consumo de terapêutica natural pelos doentes hematológicos internados na Unidade de Tratamento Intensivo de Doentes Hematológicos e em regime de ambulatório no Hospital de Dia de Hematologia?” Os objectivos do estudo foram: Avaliar o padrão de consumo de terapêutica natural pelos doentes hematológicos; Compreender as motivações que levam os dentes hematológicos a tomar terapêutica natural; Verificar se o padrão de consumo de terapêutica natural varia em função das pertenças sociais. A nossa variável em estudo é o consumo de terapêutica natural. Os restantes dados em análise, são algumas variáveis sócio-demográficas e de caracterização da população, como: sexo, idade, zona de residência, grau de escolaridade, profissão, diagnóstico clínico e regime de internamento versus ambulatório. Foram realizadas 28 entrevistas entre Janeiro e Maio de 2010, das quais 11 a doentes internados e 17 em regime de ambulatório. Metade da amostra admite ter recorrido a terapias alternativas, sempre com o intuito de coadjuvar as terapêuticas convencionais. Os produtos consumidos são geralmente recomendados por amigos ou outros doentes com a mesma patologia. O seu efeito não chega a ser comprovado. Dos 14 entrevistados que aderiram a terapias alternativas, metade não deu conhecimento ao seu médico assistente, geralmente por receio de parecer negativo.

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A realização deste trabalho foi positiva na medida em que despertou consciência desta realidade pela restante equipa, tendo sido esta questão incluída na folha de colheita de dados.

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Comunicações Orais Enfermagem 13 de Novembro de 2010 15:15/15:30 - SALA 3

Moderadora: Enf.ª Matilde Amaral CO28 - O SOFRIMENTO ESPIRITUAL DO DOENTE ADULTO INTERNADO, COM LEUCEMIA AGUDA Sofia França1 1Hospital Sto António dos Capuchos CHLC-EPE Na nossa prática valorizamos mais os sofrimentos físico e psicológico e menos o espiritual. De acordo com Gameiro (1999), as doenças com elevado compromisso orgânico e de mau prognóstico podem provocar um sofrimento tão intenso e dominante que a experiência existencial se reduz ao tormento. Problema de Investigação: Quais são os factores que influenciam o sofrimento espiritual do doente adulto com leucemia aguda em contexto de internamento hospitalar? Objectivos: - Conhecer os factores que influenciam o sofrimento espiritual nos doentes-alvo. - Evidenciar as repercussões que esta problemática actual tem no bem-estar do doente enquanto ser bio-psico-sócio-cultural e espiritual. Metodologia: Tipo de Estudo: Misto, quantitativo e qualitativo exploratório. População/ Amostra: 30 doentes com idades compreendidas entre os 30 e os 65 anos com o diagnóstico de leucemia aguda internados neste Serviço, durante o período compreen-dido entre o dia 18 de Julho de 2009 até o dia 18 de Janeiro de 2010 (duração de 6 meses). Esses não se encontravam em fase de recaída da sua doença hemato-oncológica e estavam a ser submetidos ou já tinham efectuado pelo menos um tratamento de indução. A amostra foi não probabilística, pelo método da amostragem sequencial/ selecção racional. Instrumentos de Colheita de Dados: 1. Questionário Sócio-demográfico. 2. “Inventário de Experiências Subjectivas de Sofrimento na Doença” (Gameiro 1999) – Constituído por 44 itens que engloba cinco dimensões: o sofrimento psicológico, o sofrimento físico, o sofrimento existencial, o sofrimento sociorrelacional e as experiências positivas do sofrimento relativo a sentimentos positivos na doença. Na parte final deste questionário foram colocadas duas questões de resposta aberta por forma a aprofundar e complementar o estudo com alguns aspectos, igualmente pertinentes, e que foram referidos pelos doentes alvo. Resultados: Constatou-se mediante a análise dos dados que os indivíduos do sexo masculino sofrem mais em todos as vertentes do sofrimento que o sexo feminino (de notar que a diferença não é muito acentuada).

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Outra conclusão que foi possível retirar é que para a faixa etária dos 30-50 anos o sofrimento físico é maior que para a faixa etária acima dos 50 anos (faixas etárias pré-definidas para o estudo). Sucedendo exactamente o contrário para as outras dimensões do sofrimento (Psicológico, Socio-Relacional e Existencial), onde é acima dos 50 anos que se sofre mais. O grau de instrução parece afectar, de igual modo, a forma como o doente com esta afecção hemato-oncológica enfrenta o sofrimento global. É nos ensinos básico e primário que se sofre mais a todos os níveis. De um modo geral, os tipos de sofrimento que mais afectam a amostra total são o Sócio-Relacional e o Psicológico, seguindo-se o de origem Física e por fim o Existencial. Para tempos de diagnóstico mais recentes (até 1 mês) e menores números de tratamentos os sofrimentos de origem não física são maiores. Bibliografia: GAMEIRO, Manuel Henriques – Sofrimento na Doença. Coimbra: Quarteto Editora; 1999. 194p. ISBN 972-85-35-06-6.

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Moderadora: Enf.ª Matilde Amaral CO29 - COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS A. Pereira1, 1Centro Hospitalar Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria, Unidade de Transplante de Medula Óssea Na área da saúde é crucial que o enfermeiro possua conhecimentos e aptidões que o capacitem para prestar cuidados de excelência a todos os níveis. Uma das bases que possibilita essa globalidade é a relação terapêutica. A comunicação de más notícias é parte integrante de todo o processo que a relação terapêutica envolve. Abrange os enfermeiros e toda a equipa multidisciplinar, num esforço conjunto para proporcionar ao doente o melhor acompanhamento possível. No caso do doente hematológico esta temática assume especial relevo, tendo em conta que má notícia tem diferentes significados e percepções de acordo com cada pessoa. Desta forma é essencial que o enfermeiro aprofunde e especialize saberes nesta área para compreender e ultrapassar as suas dificuldades, perceber as reacções do doente / família a uma má notícia, colocar em prática o protocolo de Buckman e criar estratégias de gestão dos pedidos da família que se relacionam com esta temática. Assim, este trabalho tem como objectivo condensar os principais tópicos acerca da comunicação de más notícias sobre os quais o enfermeiro pode agir, em relação a si próprio, ao doente e à família do mesmo. Outro dos pontos principais desta pesquisa incide na partilha de conhecimentos e experiências, que enriquecem pessoal e profissionalmente a classe de enfermagem. Existe também a finalidade de alertar os profissionais de saúde para que, cada vez mais, se cuide o doente hematológico em todas as suas vertentes, não menosprezando o seu equilíbrio bio-psico-social perante a comunicação de más notícias. Numa área de prestação de cuidados como é a hematológica a comunicação de más notícias ocorre de forma frequente (de realçar que o conceito de má notícia varia de acordo com a percepção de cada pessoa). Assim, torna-se um objectivo pessoal e profissional investir no aperfeiçoamento de conhecimentos a este nível, para que o doente seja cuidado de forma holística e seja assistido em todas as suas necessidades. Para tal também é necessário que o enfermeiro perceba as suas próprias dificuldades para as conseguir ultrapassar e exercer a sua função com assistência integral ao doente.

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Moderadora: Enf.ª Matilde Amaral CO30 - ALIMENTAÇÃO NO DOENTE HEMATOLÓGICO Pilar Brito Chaparro1 1Hospital Santa Maria Escolhemos este tema porque a maioria dos doentes do nosso serviço são do foro hematológico e têm como maior causa de morbilidade e mortalidade a infecção devido ao seu compromisso imunológico, pela própria condição física debilitada e terapêuticas agressivas a que são submetidos. A maioria das infecções são causadas por microrganismos (vírus, bactérias, fungos), que colonizam o epitélio da pele, mucosas do trato gastrointestinal e urinário. As lesões das mucosas, associadas à diminuição das defesas orgânicas permitem uma rápida progressão da infecção com risco acrescido de sépsis. Assim, os cuidados a estes doentes devem incluir a manutenção de uma boa higiene corporal, e uma boa alimentação, já que alimentar-se é o acto mais quotidiano e elementar de toda a forma de vida. Como enfermeiras, apercebemo-nos que a alimentação é uma das necessidades humanas básicas mais afectada nos nossos doentes, a qual a doente/família atribuem muita importância. Segundo Pereira, Ana M. (2009:8-9) uma alimentação adequada tem uma grande importância porque os leva a sentirem-se melhor e com mais energia. Sendo a própria doença consumptiva, é importante manter o peso e não permitir que o organismo fique enfraquecido. A falta de energia leva à imobilidade, que por sua vez agrava a falta de apetite, entrando-se num ciclo vicioso. Uma alimentação adequada ajuda ainda a suportar os efeitos colaterais e torna menos provável o aparecimento de infecções. Uma boa alimentação torna a recuperação mais fácil, aumenta o bem-estar do doente e permite a continuidade dos cuidados. Como objectivos definimos: - Identificar os problemas que interferem na alimentação destes doentes; - Adequar o tipo de alimentação ao doente hematológico; - Esclarecer e informar o doente/família sobre a alimentação adequada. Para a concretização destes objectivos utilizamos a pesquisa bibliográfica e a elaboração de um poster. Tendo em conta o impacto que uma doença hematológica tem na vida de um Ser Humano, é preciso que estes doentes tenham noção da importância da alimentação, mas é necessário incentivá-los, dando-lhes prazer quando o apetite desaparece e os desconfortos surgem.

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Comunicações Orais Enfermagem 13 de Novembro de 2010 16:00/16:15 - SALA 3

Moderadora: Enf.ª Matilde Amaral CO31 - IACS NOS DOENTES IMUNODEPRIMIDOS, RELACIONADAS COM A MANIPULAÇÃO DO CVC Jose Manuel ferrer Martinez1, Daniela Clara Silva França1; Rita Susana Soares Capela1; Maria Natalina Amorim Varajão1 1IPO Porto Resumo da Comunicação Livre: Infecções Nosocomiais nos Doentes Imunodeprimidos Relacionadas com a Manipulação do Cateter Venoso Central (CVC) Introdução: As infecções nosocomiais relacionadas com a manipulação do cateter venoso central (CVC) são responsáveis por elevados casos de morbilidade e mortalidade nos cuidados de saúde, sendo que os doentes imunodeprimidos apresentam um risco acrescido aquando da existência duma provável colonização do CVC por microorganismos, sejam fungos ou bactérias. Com o intuito de diminuir o risco de colonização dos CVC´s surgiram os conectores de heparina e posteriormente os de pressão positiva, que associados a protocolos de manipulação asséptica dos CVC´s e uso de soluções alcoólicas na desinfecção dos conectores, permitiram diminuir a incidência de infecções nosocomiais no âmbito dos doentes imunodeprimidos, e mais aprofundadamente nos doentes neutropénicos. No caso do uso de conectores de pressão positiva o risco de infecção parece estar aumentado, pois estes são constituídos por um biofilm no lúmen interior, permitindo a acumulação e crescimento de microrganismos que poderão desencadear uma infecção sistémica, cuja probabilidade de aparecimento será directamente proporcional com o número de manipulações. No caso do uso de soluções para a desinfecção dos conectores, as mais usadas ao longos dos anos foram o álcool 70º, o betadine, e a chorexidina, sendo esta última a que parece ser mais eficaz na diminuição da colonização dos CVC´s e consequentemente no aparecimento das infecções. Objectivos: Descrever o número de infecções com o uso e troca semanal de conectores de pressão positiva e bionectores e a antissépsia dos mesmos materiais com álcool a 70º e o número de infecções com o uso exclusivo de conectores de pressão positiva, e sua troca duas vezes por semana e a desinfecção destes matérias com chorexidina. Materiais e Métodos: Foi efectuada a recolha de dados acerca do número de bacteriémias, por CVC, por dia, sendo a amostra constituída por 883 CVC´s, durante um período de 62 dias, sendo o total de 21 bacteriémias novas. Nos primeiros 31 dias (Julho de 2010) os CVC´s eram manipulados com norma asséptica, efectuada a desinfecção com álcool a 70º e com uso em simultâneo de conectores de pressão positiva e de conectores de heparina e estes eram trocados semanalmente. Nos 31 dias seguintes (Agosto de 2010) os CVC´s eram manipulados com norma asséptica, efectuada a desinfecção com chorexidina, com uso

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exclusivo de conectores de pressão positiva e estes eram trocados duas vezes por semana, e no primeiro episódio de colheita de hemoculturas. Em Julho existiram em média de 16 CVC´s/dia e surgiram 15 bacteriémias novas, sendo o valor de 31 BN/CVC/dia. Em Agosto existiram em média de 13 CVC´s/dia e surgiram 6 bacteriémias novas, sendo o valor de 15 BN/CVC/dia. Conclusões: Estes resultados demonstram uma aparente diminuição de 48% no aparecimento de bacteriémias novas com adopção destas medidas.

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Comunicações Orais Enfermagem 13 de Novembro de 2010 16:15/16:30 - SALA 3

Moderadora: Enf.ª Matilde Amaral CO32 - DESSENSIBILIZAÇÃO ONCOLÓGICA Elsa Teixeira1, Liliana Catarino1; Ortélia Dias2 1Hospital de Santa Maria; 2Hospital de Santa Maria A Dessensibilização Oncológica é um tratamento inovador, efectuado a doentes com reacções alérgicas ou de hipersensibilidade à quimioterapia. Em estudos publicados, 27% dos doentes com mais de sete ciclos de carboplatina, apresentaram reacções alérgicas, metade destas, variaram entre moderadas a graves; 16 a 40% dos doentes que fizeram paclitaxel apresentaram reacções de hipersensibilidade. A Dessensibilização Oncológica consiste na indução de tolerância temporária a um fármaco, administrado em doses graduais e crescentes. A dose final administrada é igual à dose programada para o doente. Este é o pressuposto base desta forma de administração. O trabalho desenvolvido nesta área permitiu a elaboração de um protocolo, utilizado no nosso serviço desde 2008 e em colaboração com o Hospital de Dia de Oncologia. A Dessensibilização Oncológica permite reintroduzir terapêutica de primeira linha, com carácter curativo para o doente que, sem este tipo de tratamento, seria impossível administrar. A especificidade do tratamento e as possíveis complicações exigem do enfermeiro competências técnicas, científicas e relacionais complexas. O protocolo desenvolvido preconiza a relação de 1:1 (enfermeiro/tratamento). Até 15 de Março de 2010 realizámos um total de 107 dessensibilizações em 28 doentes. Em 81% dos tratamentos não se verificaram reacções de hipersensibilidade ou anafilaxia. Os cuidados de enfermagem são fundamentais para o sucesso do tratamento, com implicação na formação e desenvolvimento de competências dos enfermeiros e nas dinâmicas de trabalho.

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POSTERS

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SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

reuniãoanual

11a13.NOVTRÓIA CENTRO DE CONGRESSOS

SPH2010

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PO1 - LEUCÉMIA AGUDA DE CÉLULAS PRECURSORAS DENDRÍTICAS. EXPERIÊNCIA NUMA DOENÇA ´´RARA´´ Sofia Rodrigues1, Inês Silva1; A Silva Rodrigues1; Marta Prata1; Isabel Poças1; Aida Botelho de Sousa1 1H. Capuchos-CHLC Ignorada e confundida com diferentes outras patologias até há pouco mais de uma década, a leucemia aguda de células precursoras dendríticas (LACPD) é hoje reconhecida como entidade distinta e isolada, com um comportamento clínico muito homogéneo e agressivo e um imunofenótipo patognomónico: CD4+ CD56+ CD123+ HLA-DR+, na ausência de outros elementos definidores de linhagem. Apesar de considerada uma patologia muito rara, têm surgido revisões em imunofenotipagem de extensas séries de leucemias agudas que trazem à tona um número significativo de LACPD que até agora “contaminavam” as séries de leucemias mielóides e linfóides. Descrevemos a nossa experiência com 12 doentes referenciados ao Serviço de Hematologia entre Maio de 2003 e Maio de 2010 por suspeita de leucemia aguda, nos quais a imunofenotipagem comprovou tratarem-se de LACPDs. Com uma idade mediana de 71 anos (15-91) todos os doentes apresentavam no diagnóstico invasão medular. Em 11 casos observavam-se as lesões cutâneas violáceas que caracterizam esta patologia, 5 doentes tinham adenomegálias generalizadas, 5 tinham esplenomegália. Cinco doentes foram submetidos a quimioterapia intensiva, 7 receberam tratamento de intuito paliativo. A sobrevivência global mediana foi de 5 meses. Foi obtida remissão completa em 3 dos doentes tratados intensivamente: um mantém-se em remissão após transplante alogénico (21m+), um encontra-se vivo com doença (9m+), o 3º faleceu em recaída refractária (15m). Todos os restantes foram primariamente refractários, falecendo em progressão de doença, 3 dos quais com meningite leucémica. A identificação num único centro, num período de apenas 7 anos, de 12 novos casos de LACPD sugere fortemente que a doença não seja tão rara quanto até agora suposto. O seu reconhecimento adequado importa não só para a optimização da estratégia terapêutica, mas também para uma melhor compreensão das patologias com que anteriormente se confundia.

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PO2 - LEUCEMIA AGUDA NO 1º ANO DE VIDA - OS ÚLTIMOS 20 ANOS NO HOSPITAL PEDIÁTRICO DE COIMBRA Tabita Magalhães Maia1, Manuela Benedito2; Manuel Brito2; Maria Leticia Ribeiro1 1Departamento de Hematologia - Centro Hospitalar de Coimbra - EPE; 2Unidade de Hematologia-Oncologia do Hospital Pediátrico de Coimbra Introdução: As Leucemias do lactente (Leuc-l), responsáveis por 3-5% das Leucemias em crianças (Leuc-C), apesar de raras, são a segunda neoplasia mais comum nesta idade. Possuem características epidemiológicas, biológicas e clínicas distintas das Leuc-C, que influenciam a sua evolução e prognóstico. A Leuc-l têm incidência semelhante nos subtipos linfóide e mielóide, predomínio no sexo feminino(1,4:1), hiperleucocitose, envolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC) e em 60-80% dos casos têm rearranjos que incluem o gene MLL no cromossoma 11q23. O prognóstico é pouco favorável, sobretudo em idade inferior a 6 meses e se associado a rearranjos MLL (rMLL) e má resposta à corticoterapia. As Leuc-l têm sido alvo de inúmeros estudos epidemiológicos na tentativa de compreender a sua etiofisiopatogenia. Foram identificados possíveis factores de risco (FR), tais como idade materna, ordem de nascimento e percentil de peso (P) à nascença. Objectivos: - Analisar a distribuição, caracterização e apresentação das Leuc-l, diagnosticadas no Serviço de Hematologia do Hospital Pediátrico-Centro Hospitalar de Coimbra-EPE e compará-las com a literatura; -Identificar neste grupo de Leuc-l os possíveis FR descritos na literatura. Material e Métodos: Estudo observacional, retrospectivo e descritivo em lactentes, diagnosticados com Leuc no HP-CHC entre 1-Janeiro-1990 e 31-Dezembro-2009. Variáveis pesquisadas: sexo, idade, contexto epidemiológico, apresentação clínica e laboratorial, citogenética, genética molecular e evolução. Os dados foram submetidos a tratamento estatístico, utilizando o programa SPSS®-17.0. Resultados: Registaram-se 10 novos casos de Leuc-l (4,6% de todas as Leuc-C, diagnosticadas no mesmo período), 60% (n=6) linfoblásticas (LLA) e 30% (n=3) não linfoblásticas (LAnL), neste último incluem-se 2 mieloblásticas e 1 Leucemia de Células dendríticas. Tivemos também uma Leucemia mielomonocítica juvenil (LMMJ). A média etária ao diagnóstico foi de 9 meses para as LLA e de 4 meses para as LAnL, com um ratio M:F (9:1). A maioria nasceu de uma 1ª ou 2ª gestação (70%), com um P≥50 (55,5%) e com uma mediana etária materna de 37 anos. A apresentação clínica foi muito variada, no entanto, a maioria (80%) dos lactentes apresentava hepatoesplenomegalia (mediana-5cm abaixo do rebordo costal). Dois dos lactentes apresentavam atingimento do SNC. Quatro dos 10 lactentes apresentava febre e 4 apresentavam adenopatias. Laboratorialmente a hiperleucocitose, anemia e trombocitopenia foram achados comuns com medianas de 63,8x109/L leucócitos, 7,1g/dl de hemoglobina e 43,5x109/L plaquetas, respectivamente. O doente com LMMJ apresentava delecção 7q e 4/6 LLA apresentavam rMLL (66,7%). No final deste estudo, 7/10 lactentes tinha falecido, 85,7% por progressão da doença. Dos 4 doentes com rMLL, 3 faleceram (75%). Conclusões: A percentagem de Leuc-l é concordante com a literatura, no entanto, a sua distribuição pelos subtipos LLA e LnLA foi discordante. O ratio M:F foi também diferente do esperado, com um franco predomínio do sexo masculino. Relativamente aos AC/FR, obtivemos resultados concordantes com o descrito para a idade materna e para a ordem de

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nascimento, mas pouco conclusivos relativamente ao P à nascença. A apresentação clínica e laboratorial foi semelhante à descrita por vários autores, à excepção do atingimento do SNC, em que obtivemos números inferiores. A percentagem de Leuc-l com rMLL foi semelhante à descrita na literatura. O prognóstico das Leuc-l é mau, sobretudo quando acresce a presença de rMLL, no entanto verificou-se que, neste caso, com protocolos mais agressivos, a sobrevida é um pouco maior.

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PO3 - LEUCEMIA AGUDA PROMIELOCÍTICA: AVALIAÇÃO RETROSPECTIVA DUMA SÉRIE DE DOENTES TRATADOS COM UM PROTOCOLO CONTENDO ATRA E ANTRACICLINAS ADAPTADOS AO RISC Paula Rocha1, Sérgio Almeida, Emília Cortesão, Ana Isabel Espadana2 1Hospital S, Teotonio, EPE, Viseu; 2Serviço de Hematologia Clínica dos Hospitais da Universidade de Coimbra Introdução: A leucemia aguda promielocítica (LAP) é um subgrupo de leucemia aguda mieloblástica com características clínicas e biológicas distintas. Maioria dos doentes é jovem, apresentando pancitopenia e fibrinolise/fibrinogenolise. Caracteriza-se pela t(15;17) que gera a proteína PML-RARα, responsável pelo bloqueio da diferenciação mielóide. A associação do ATRA (tetrinoina) à quimioterapia, proporciona actualmente uma elevada taxa de cura. Objectivos: Avaliar a utilização institucional do protocolo ATRA e Antraciclinas adaptados ao risco de recidiva, desenvolvido pelo Grupo PETHEMA, nos doentes com LAP, com particular ênfase na avaliação do risco de recidiva. Material e Métodos: Entre Janeiro/2004-Dezembro/2009 foram diagnosticados e tratados 37 doentes (21 homens, 16 mulheres), com idade média de 48 anos (14-78). Resultados: 11 Doentes (30%) apresentavam risco elevado de recidiva, 17 risco intermédio (46%) e 9 baixo risco (24%), com leucócitos: >50G/l: 3; 10-50: 8; 3,5-10: 8 e <3,5: 18; plaquetas >40G/l: 12; 10-40: 18; <10: 7. Hemoglobina média 9,5g/dl. 6 doentes tinham LDH≥2 vezes o normal. Morfologicamente 26 com promielócitos hipergranulares. Todos com t(15;17) e/ou rearranjo PML-RARα excepto um com t(11;17). Um apresentava LAP secundária a quimioterapia; um era gastrectomizado, outro insuficiente renal crónico em hemodiálise (IRCHD). Na indução faleceram 6 doentes (16%): 5 com forma variante e 4 de alto risco. 3 mortes ocorreram nos primeiros 10 dias: 2 de causa hemorrágica (hemorragia intracraniana(HIC) e pulmonar), 1 por síndrome do ATRA. As restantes ocorreram após a segunda semana, por sépsis. Surgiu síndrome de diferenciação confirmada em 7 doentes, provável noutros 7. As complicações major foram: neutropenias febris (30) e mucosites digestivas (15);1 caso de acidente vascular cerebral isquémico. As complicações hemorrágicas foram minor, excepto nos que faleceram (2). Em média administrados: 8,3g de concentrado de fibrinogénio, 3 unidades (U) de plasma fresco congelado, 45U de plaquetas, 8U de eritrócitos. Após a indução foi obtida remissão completa (RC) em todos os doentes avaliáveis (n=30/81%). Num doente as consolidações habituais foram substituídas por 2 ciclos com As2O3, por síndrome do ATRA aparatoso na indução. Dos 29 doentes avaliáveis após as consolidações, apenas o da t(11;17) não obteve remissão molecular (RM). Este doente efectuou esquema terapêutico de LAM associado a ATRA e posteriormente alotransplante. 12 doentes encontram-se sob quimioterapia de manutenção (3-23 meses) e 13 já a terminaram (1-34 meses) encontrando-se bem. Recidivaram 3 doentes (10%), todos com baixo risco de recidiva (sem leucocitose inicial e com plaquetas >40G/l). Foram tratados com As2O3. Um nunca obteve RM. Algum tempo depois teve nova recidiva hematológica, falecendo por HIC. Outra doente faleceu na reindução (IRCHD). O 3º doente encontra-se em RM. Conclusão: Apesar de haver uma boa distribuição dos doentes pelos 3 grupos de risco, apenas encontrámos recidivas nos doentes de baixo risco de recidiva (segundo este protocolo, estes doentes não fazem tretinoína nas consolidações). A mortalidade na indução foi de 16%; metade desta ocorreu nos primeiros 10 dias por causas especificamente relacionadas com o subtipo de leucemia. Após a indução, foi obtida RC em todos os doentes avaliáveis (81% do total). Após as consolidações, apenas o doente com t(11;17) não obteve RM.

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PO4 - FREQUENCY OF MLL GENE (11Q23) REARRANGEMENTS IN 239 ACUTE LEUKEMIA (AL) PATIENTS EVALUATED IN A SINGLE CENTRE Lara Neto1, Maria de Jesus Tomé1; Ximo Duarte2; Maria Gomes da Silva1; Paula Gameiro1 1Laboratório de Hemato-Oncologia, Departamento de Hematologia, Instituto Português de Oncologia de Lisboa; 2Serv. Pediatria-IPOLFG Introduction: MLL gene rearrangements are commonly involved in pediatric and adult acute leukemia. Currently, more than 50 different MLL partner genes have been described. These fusion genes are generally associated with high-risk AL and some of the recurrent abnormalities comprise distinct categories according to the new WHO criteria. Aim: To assess the frequency of MLL gene rearrangements among pts with AL evaluated at the hematology and pediatric departments of IPOLFG and to identify the involved MLL partner gene. Methodology: Bone marrow and/or peripheral blood samples obtained at time of diagnosis from 239 pts with AL were prospectively analysed from November 2005 to August 2010. Diagnosis was based in morphological and phenotypical analysis: 148/239 (62%) ALL, 89/239 (37%) AML and 2/239 (0,8%) AL with mixed phenotype. In total, 66% (159/239) of the pts were children, median age 4yo (1mo-19yo) and 34% (80/239) were adults, median age 60yo (25-82). FISH analysis was performed at time of diagnosis in all 239 cases, using LSI MLL Dual Colour break apart rearrangement probe (Vysis-Abbot). RNA was extracted from FISH positive BM/PB samples using TRIZOL (Invitrogen, USA). Identification of the most commonly rearranged MLL partner genes was evaluated by RT-PCR: MLL-AF4, MLL-AF9, MLL-ENL and the more rare MLL-AF1P (Blood 1998;92:574) (Leukemia 1999;13:1901), (Leukemia 2001;15:1293). Results: Overall, FISH analysis revealed that 10% (9/89) of the AML pts harbour a MLL rearrangement and 4% (6/148) of the ALL cases were positive. MLL rearrangements in AML were more frequently observed among childhood cases: 19% (4/21) and 7% (5/68) in childhood and adult AML cases, respectively. In the ALL group, 8% (1/12) of the adult cases were FISH positive while frequency of MLL rearrangements in childhood ALL was 4% (5/136). RT-PCR of the MLL fusion transcript was performed in all 15 FISH positive cases. In childhhod ALL the most frequent fusion gene was MLL-ENL (3/5 cases) folowed by MLL-AF4 (1/5 pts). The remaining childhood ALL case was negative for all tested fusion transcripts. The rare AF1P-MLL was found in the unique FISH positive adult ALL case. In AML, the most frequent fusion gene was MLL-AF9, identified in 33% (3/9) of the FISH positive cases: 2/4 childhood and 1/5 adult AML cases. Overall the MLL partner gene could not be identified in 7 FISH positive AL cases (6 AML and 1 ALL case) probably due to involvement of more rare genes. Conclusions: FISH analysis allows an accurate and rapid identification of MLL rearrangements in acute leukemia. In our cohort, 6% (15/239) of the AL pts harbour a MLL rearrangement and are possible candidates for specific therapeutic regimens. Moreover, according to the new WHO criteria, 4% of the ALL pts harbouring a MLL rearrangement and 3% of the AML cases positive for MLL-AF9 comprise new categories of AL. These new subtypes have distinct clinical features and prognosis. Furthermore, identification by RT-

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PCR of the MLL partner gene was successful in 8/15 FISH positive cases allowing minimal residual disease monitoring during treatment.

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PO5 - MODULADORES DA RESISTÊNCIA À APOPTOSE NA LLA – POTENCIAL TERAPÊUTICO DA SILIBININA E DO ÁCIDO GAMBÓGICO Filipa Carvalho1, Ana Cristina Gonçalves2; Filipa Fontes3; Ligia Mesquita3; João André Carvalho1; Vera Alves1; Teresa Silva1; Manuel Santos Rosa1; Ana Bela Sarmento Ribeiro2 1Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra; 2Centro de Investigação Meio-ambiente, Genética e Oncologia (CIMAGO), Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra; 3Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de Coimbra Apesar dos grandes avanços nas últimas décadas no sentido de melhorar o tratamento das neoplasias hematológicas, a taxa de mortalidade permanece elevada, pelo que a procura de terapêuticas mais eficazes e dirigidas à célula tumoral continua a ser uma prioridade. O tratamento de várias neoplasias hematológicas, como a Leucemia Linfobástica Aguda (LLA), envolve quimioterapia de alta dose e em alguns casos transplante de medula óssea. No entanto, a citotoxicidade destas terapêuticas é elevada, sendo os efeitos secundários e as recaídas complicações frequentes. A alteração do bloqueio da diferenciação e a resistência à apoptose têm sido referenciados como mecanismos importantes para o desenvolvimento e progressão de neoplasias do sistema hematopoiético. A resistência à apoptose pode resultar do desequilíbrio dos mecanismos de sinalização celular apoptóticos, nomeadamente por sobre-expressão de proteínas Inibidoras da Apoptose (IAP), como por exemplo a Survivina. Estas proteínas regulam negativamente a apoptose, interferindo com a activação e formação do apoptosoma. Actualmente, encontram-se em estudo vários moduladores da resistência à apoptose, nomeadamente o ácido gambógico (GA) e a silibinina (SLB), cujo mecanismo de acção se baseia na inibição da survivina. Neste sentido, pretendeu-se estudar o potencial terapêutico de inibidores da survivina em células de LLA em cultura, ao diagnóstico e na recidiva da doença. Para o efeito, células de LLA obtidas de um doente ao diagnóstico, as células MOLT-3, e na recidiva, as células MOLT-4, foram mantidas em cultura na ausência e na presença de dois inibidores da survivina, SLB e GA, em diferentes concentrações e por diferentes períodos de tempo. A densidade e viabilidade celular foram analisadas recorrendo à coloração com azul de tripano e a susceptibilidade à morte celular avaliada por microscopia óptica (coloração de May-Grunwald-Giemsa) e por citometria de fluxo, utilizando a dupla marcação com AnexinaV/Iodeto de Propídio. Os resultados sugerem que a SLB e o GA exercem efeito antiproliferativo e citotóxico em monoterapia, tanto nas células MOLT-3 como MOLT-4, induzindo apoptose de forma dependente da dose, do tempo de incubação e do tipo de composto utilizado. Assim, após 48h de incubação, a redução na viabilidade celular foi de 50% (IC50) na presença de 100 uM de SLB e de 250 nM de GA. A maior sensibilidade das células leucémicas ao GA, poderá dever-se ao facto deste composto poder interagir com outros alvos moleculares, nomeadamente com a sua capacidade de suprimir a internalização dos receptores da transferrina. Este estudo preliminar, sugere que os inibidores da survivina, SLB e GA, poderão constituir uma nova abordagem terapêutica na Leucemia Linfoblástica Aguda, nomeadamente na recidiva da doença.

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PO6 - CARACTERIZAÇÃO DA SÍNDROME MIELODISPLÁSICA (SMD) – ESTUDO OBSERVACIONAL EM PORTUGAL Isabel Sousa1, Maria João Costa2; António de Almeida3; Ana Montalvão4; Amélia Pereira5; Anabela Neves6 1Serviço de Hematologia - Hospitais da Universidade de Coimbra; 2Serviço de Hematologia - Hospital de Santa Maria; 3Departamento de Hematologia - IPO Lisboa; 4Unidade de Oncologia Médica - Hospital José Joaquim Fernandes - Beja; 5Serviço de Medicina - Hospital Distrital da Figueira da Foz; 6Serviço de Oncologia - Hospital São Bernanrdo - Setúbal Introdução: As síndromes mielodisplásicas (SMD) constituem um grupo de doenças hematológicas caracterizadas pela ineficácia da hematopoiese, displasia morfológica, citopenias e insuficiência progressiva da medula óssea. Os mecanismos patogénicos da SMD são complexos e envolvem factores genéticos, epigenéticos e imuno-mediadores, podendo os doentes apresentar características clínicas bastante heterogéneas. Consequentemente, o seu prognóstico pode apresentar uma grande variabilidade alertando para a necessidade de se realizar um diagnóstico e uma classificação, com a maior precisão possível, da doença. Assim, torna-se fundamental conhecer melhor a doença e os doentes não só para orientar a sua terapêutica de forma mais adequada mas também para se prever a sua sobrevivência e a probabilidade de evolução para situações mais complexas como a leucemia mielóide aguda (LMA). A importância deste estudo é ainda reforçada pela inexistência de dados publicados sobre caracterização de doentes mielodisplásicos, em Portugal. Objectivo: Caracterizar o perfil demográfico e clínico de doentes com diagnóstico confirmado de SMD e de doentes com suspeita de SMD. Métodos: Estudo transversal de doentes com SMD em Portugal. Foram incluídos doentes que se dirigiram a uma consulta nos centros participantes e que apresentavam diagnóstico ou suspeita de SMD. Depois de pedido o consentimento informado aos doentes elegíveis, foram recolhidos dados a partir do processo clínico que permitiram realizar a caracterização sócio-demográfica, a avaliação performance status (Organização Mundial de Saúde - OMS) e a caracterização da SMD no momento do diagnóstico (confirmado/suspeita). Este último ponto incluiu a recolha de informação sobre a classificação French-American-British – FAB e classificação da Organização Mundial de Saúde - OMS, cariótipo, caracterização de citopenias, classificação através do score IPSS, doseamento da eritropoietina endógena e resultado da citometria de fluxo. Resultados: À data de realização deste abstract o estudo encontra-se em curso, prevendo-se a recolha de dados de 130 doentes até 30 de Setembro deste ano. Serão apresentados os dados relativos à análise estatística desta amostra preliminar. Posteriormente estimamos incluir mais 110 doentes, perfazendo um total de 240, sobre os quais irá incidir a análise final do estudo. Conclusão: Os resultados do presente estudo irão permitir caracterizar um grupo de doentes com SMD promovendo o conhecimento da patologia, em Portugal, conhecimento este que no futuro poderá influenciar a rapidez do diagnóstico, bem como a decisão e eficácia terapêutica. Simultaneamente este estudo poderá tornar-se um ponto de partida para estudos ou acções futuras nesta área.

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PO7 - EFICÁCIA E SEGURANÇA DA AZACITIDINA NO TRATAMENTO DA SÍNDROME MIELODISPLÁSICA DE ALTO RISCO PROGNÓSTICO P. Sousa1, P. Olim1; J. Carda1; MI. Sousa1; A. Teixeira1 1Hospitais da Universidade de Coimbra A eficácia da Azacitidina, análogo da citidina, no tratamento de doentes com Síndrome Mielodisplásica (SMD) foi demonstrada em ensaios clínicos, prolongando a sobrevivência global (OS). É recomendado em 1ª linha terapêutica nos doentes com SMD de alto risco prognóstico e sem indicação para transplante de células progenitoras hematopoiéticas. Com o objectivo de avaliar a eficácia terapêutica e o perfil de segurança da Azacitidina, de 16 doentes com SMD de alto risco prognóstico tratados a partir de Janeiro de 2005, analisaram-se retrospectivamente 8 medicados com pelo menos 4 ciclos e com um seguimento superior a 6 meses. O ratio F:M é 1:7 e a idade mediana 68,5 anos (48-83). Foram diagnosticados pelos critérios da OMS 2008: três Anemias Refractárias com Excesso de Blastos (AREB) 2, duas AREB 1, duas Citopénias Refractárias com Displasia Multilinhagem e uma Anemia Refractária com Sideroblastos em Anel. Um doente progrediu para Leucemia Mieloblástica (LMA). As classificações pelo International Prognostic Scoring System (IPSS) foram Intermédio 1 em 2 doentes e Intermédio 2 em 3. Não foram obtidas metafases para estudo citogenético em 3 amostras. Todos os doentes classificáveis tinham um WHO-based Prognostic Scoring System, à data de início da Azacitidina, Alto (n=4) ou Muito alto (n=1). 5 doentes cumpriram 1 (n=4) ou 2 (n=1) linhas terapêuticas prévias ao tratamento hipometilante, entre as quais: citocinas hematopoiéticas (n=2), citarabina (n=2) ou quimioterapia para LMA (n=1). O tempo mediano entre o diagnóstico e a administração da Azacitidina foi 6,1 meses (0,7-53,4). A dose mediana de fármaco administrada por ciclo foi 800 mg (600-1000) e o número total mediano de ciclos foi 7,5 (4-13). 3 doentes foram concomitantemente medicados com citocinas hematopoiéticas: EPO (n=2) ou EPO+G-CSF (n=1). Durante o tratamento, observou-se toxicidade hematopoiética G3-4 (anemia n=1/8, neutropenia n=4/8 e trombocitopenia n=1/8), toxicidade cutânea no local de injecção G2 (n=2/8) e náuseas G2 (n=1/8). Foram documentadas as seguintes infecções em 3 doentes: neutropenia febril (n=3), candidíase da orofarínge (n=1) e traqueobronquite (n=1). As respostas obtidas pelos critérios da IWG 2006 foram resposta completa (n=1), resposta parcial (n=1), doença estável (n=5) e progressão (n=1). As melhorias hematológicas (n=4) verificaram-se nas 3 séries em 2 doentes e nas linhagens eritróide num e plaquetar noutro. Estas tiveram início após 2 ciclos (1-3), com efeito progressivo máximo aos 4,5 ciclos (2-6) e duraram 8 meses (4-15). A OS mediana é 18,8 meses (11,1-33,5) e 2 doentes permanecem vivos. Apenas um doente da série mantém tratamento com Azacitidina à conclusão deste trabalho. As causas de morte foram: progressão da doença com falência multiorgânica (n=3), pneumonia (n=2) e insuficiência cardíaca (n=1). Para a doença mielodisplásica com IPSS Intermédio 2 ou Alto, a OS média é estimada a 1,1 e 0,4 anos respectivamente, sendo poucas as opções terapêuticas disponíveis. O tamanho da amostra não permite uma análise estatística válida. No entanto, a OS obtida está adequada e os efeitos secundários são manejáveis.

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PO8 - A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO CITOGENÉTICO NO SÍNDROME MIELODISPLÁSICO (SMD): RESULTADOS DE 561 ANÁLISES Raquel Lemos1, Cíntia Ventura1; Nuno Morais1; Alexandra Sousa1; Luena Pitrez1; Paula Rendeiro1; Purifricação Tavares1 1CGC Genetics (www.cgcgenetics.com) Introdução: Os Síndromes Mielodisplásicos são um grupo heterogéneo de doenças malignas caracterizadas por citopenias progressivas, infecções e hemorragias, com posterior evolução para leucemia mieloide aguda. A classificação destas síndromes no âmbito do prognóstico individual tem em consideração factores como a percentagem de blastos, o número de citopenias e a citogenética. A análise citogenética (clássica e molecular) representa uma ferramenta fundamental na decisão terapêutica. É de grande utilidade na divisão dos pacientes por prognóstico e na adequação da terapêutica a aplicar para se atingirem melhores resultados. Objectivos: Revisão retrospectiva dos resultados citogenéticos, cariótipo e fluorescência por hibridação in situ (FISH), obtidos em 561 análises efectuadas no CGC, em amostras referidas com diagnóstico de SMD. Métodos: A análise citogenética foi efectuada em culturas de linfócitos não estimuladas por mitogénios, e para a análise de FISH foi utilizado um painel, OncoFISH SMD, constituído pelas sondas: LSI CSF1R (5q33-q34) SpectrumOrange/ D5S23,D5S721 SpectrumGreen Probe (Vysis), LSI D7S486 (7q31) SpectrumOrange/ CEP 7 SpectrumGreen Probe (Vysis) e LSI D20S108 (20q12) SpectrumOrange Probe (Vysis), de acordo com os métodos convencionais. Resultados: Foram utilizados para esta análise o resultado de 391 cariótipos e 170 OncoFISH SMD. Detectou-se um resultado de cariótipo normal em 79,8% das amostras analisadas por este método, enquanto que na análise por FISH apenas 46,7% das amostras não apresentavam uma das microdelecções pesquisadas. Os resultados obtidos foram também estratificados segundo o International Prognostic Scoring System (IPSS): Tabela 1

Prognóstico

(IPSS)

Cariótipo

N=391

OncoFISH

N=170

Bom 334 (85,4%) 124 (72,9%)

Intermédio 31 (7,9%) 10 (5,9%)

Mau 26 (6,6%) 36 (21,2%) Conclusões: Os resultados permitem concluir que é possível o ajustamento do prognóstico inicial atribuido pelo estudo por citogenética clássica, após a análise por FISH, como mostra a diferença de incidência do prognóstico mau numa e noutra metodologia. Por outro lado a execução exclusiva da técnica de FISH não detectaria os casos com outras alterações cromossómicas de impacto no prognóstico (16,1% dos cariótipos realizados). A combinação da citogenética clássica com as técnicas de FISH demonstra ser a abordagem mais eficiente no diagnóstico da SMD, reunindo mais informação de relevância na definição do prognóstico e permitindo um seguimento mais adequado e uma intervenção mais atempada.

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PO9 - SÍNDROMES MIELODISPLÁSICAS: REVISÃO DE UMA SÉRIE P Santos-Sousa1, MJ Costa1; A Figueiredo1; MG Lourenço2; L Guerra1; J Raposo1; B Gomez1; S Valle1; C Lopes1; G Esteves1; J F Lacerda1; B Polo1; R Moreno1; C Viveiros1; J Fajardo1; J Alves do Carmo1 1Serviço de Hematologia e Transplantação de Medula; Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital de Santa Maria; 2Serviço de Patologia Clínica - Laboratório de Hematologia; Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital de Santa Maria Introdução As síndromes mielodisplásicas (SMD) são um grupo heterogéneo de doenças clonais das células pluripotenciais hematopoiéticas que se caracterizam globalmente por displasia das linhas maturativas, hematopoiese ineficaz e citopenias periféricas que condicionam risco de evolução para leucemia mielóide aguda. Objectivo Caracterizar a população de doentes em que foi estabelecido ou confirmado o diagnóstico de síndrome mielodisplásica durante o ano de 2009. Métodos Foram revistos todos os registos clínicos dos doentes que realizaram mielograma no laboratório de Hematologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte – Hospital de Santa Maria durante o ano de 2009 em obtendo o diagnóstico de síndrome mielodisplásica. Foram avaliados os dados disponíveis referentes a apresentação clínica e laboratorial, estadiamento, tratamento e sobrevivência. Resultados Caracterizou-se uma amostra de 51 doentes, sendo 25 homens e 26 mulheres, com uma idade mediana de 74 anos (H: 76 [57-91], M: 69 [28-89]). Os diagnósticos estabelecidos foram: Anemia Refractária, AR: 5 doentes (9.6%), Anemia Refractária com Sideroblastos em Anel, ARSA: 16 doentes (30.8%), Citopenia Refractária com Displasia Multilinhagem, CRDM: 8 doentes (15.4%), Anemia Refractária com Excesso de Blastos - 1, AREB1: 11 doentes (21.2%), Anemia Refractária com Excesso de Blastos - 2, AREB-2: 7 doentes (13.5%), SMD não classificado: 2 doentes (3.8%), SMD associado a delecção (5q)- isolada: 2 doentes (3.8%). Destes doentes, 36 (71%) foram acompanhados em consulta de hospital de dia de Hematologia (HDH); os restantes não foram referenciados à nossa consulta, sendo perdidos para follow-up. A mediana de follow-up dos 36 doentes seguidos no HDH foi de 16 meses (1-71 meses). Metade dos doentes tinham um índice IPSS ≥ Int -2. 26 doentes (72%) realizaram terapêutica com factor de crescimento hematopoético, 17 (47%) mantiveram-se sob suporte transfusional, 8 (22%) iniciaram terapêutica com 5-azacitidina, 1 (3%) realizou terapêutica com lenalidomida, 3 (8%) foram submetidos a transplante alogénico de progenitores hematopoéticos. Vinte e cinco doentes (69%) encontravam-se vivos à data da recolha dos dados, taxa de mortalidade de 31%. Discussão e Conclusão Os resultados obtidos foram condicionados pelo acesso aos processos clínicos e à falta de informação disponível relativamente aos doentes não seguidos no HDH. Apesar de não ter sido possível caracterizar todos os 51 doentes cujo mielograma permitiu estabelecer ou confirmar o diagnóstico de síndrome mielodisplásica, descreveu-se pela primeira vez em Portugal a população de doentes seguida durante um ano num centro de referência no tratamento de patologia hemato-oncológica.

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PO10 - IDENTIFICAÇÃO DOS MECANISMOS MOLECULARES DE ACÇÃO DOS HDACI Gabriela Medeiros Silva1, Joana Simões Costa1; António de Almeida2 1CIPM, IPO Lisboa Francisco Gentil; 2Departamento de Hematologia, IPO Lisboa Francisco Gentil A terapêutica epigenética é cada vez mais utilizada no tratamento de doenças hematológicas, tais como síndromes mielodisplásicos (MDS), com bons resultados num número significativo de pacientes. Os inibidores de desacetilases de histonas (HDAC) são uma classe de agentes epigenéticos actualmente usada na clínica para este efeito. Embora se saiba que a acção terapêutica dos inibidores de HDAC se deve à sua capacidade de modificar o perfil de expressão genética através da acetilação de proteínas associadas ao DNA, pouco se sabe acerca do mecanismo molecular pelo qual estes inibidores regulam a expressão genética. O objectivo deste estudo consiste em identificar e caracterizar as regiões promotoras envolvidas na regulação da transcrição de genes “house-keeping” em resposta aos inibidores de HDAC e identificar potenciais genes alvo para esta terapêutica epigenética. Para identificar as regiões promotoras que prevêm a resposta aos inibidores de HDAC, estudamos o efeito do butirato de sódio e do vorinostat nos níveis de expressão de vários genes house-keeping em linhas celulares hematopoiéticas K562 (eritróide) e HL60 (mielóide). Entre os vários genes analisados, os níveis de expressão de IER3, RAI3, cFOS, Gravin e COX2 encontram-se significativamente aumentados em ambas as linhas celulares tratadas, por comparação com células controlo. À semelhança do que se observou nas linhas celulares K562 e HL60, também em células pró-mielóides e pró-eritróides isoladas de medula óssea de pacientes com patologias não-mielóides e tratadas com estes agentes epigenéticos, os níveis de expressão de IER3, cFOS e COX2 estão aumentados. Estudos de inibição do factor de transcrição SP1 sugerem que a indução destes genes house-keeping em células K562 e HL60 pelos inibidores de HDAC, butirato de sódio e vorinostat, é parcialmente mediada por este factor de transcrição. No entanto, o efeito de SP1 depende da linhagem: enquanto que em HL60 o aumento da expressão genética pelo butirato depende da ligação de SP1 às regiões promotoras, em K562 os efeitos indutores do butirato de sódio e do vorinostat envolvem a disrupção da ligação de SP1 às regiões promotoras desses genes. Ensaios repórter em células HL60 e K562 usando plasmídeos repórter contendo diferentes porções da região promotora do gene IER3 mostram que a região promotora deste gene responsável pelo aumento da sua expressão pelo vorinostat localiza-se na zona -91/-61, a qual contem motivos de ligação para diferentes factores de transcrição. Estudos efectuados com plasmídeos repórter mutantes para os sítios de ligação dos diferentes factores de transcrição mostram que a abolição do sítio de ligação dos factores de transcrição SP1 e MZF1 existente nesta região reduz significativamente a actividade transcricional basal do gene IER3 e inibe totalmente a indução deste gene pelo vorinostat em células K562 e HL60. Estes resultados indicam que a indução do gene IER3 pelo vorinosat nestas células requer este sítio de ligação intacto. Estes resultados serão utilizados para identificar genes-alvo de resposta ao vorinostat entre os genes conhecidos por estarem suprimidos em MDS, permitindo identificar doentes com maior probabilidade de responder a esta modalidade terapêutica.

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PO11 - MUCORMICOSE COMO INFECÇÃO FÚNGICA EMERGENTE EM DOENTES HEMATO-ONCOLOGICOS Rui Bergantim1, Margarida Badior1; Fernanda Trigo1; José Eduardo Guimarães1 1Serviço de Hematologia Clínica, Hospital S.João Apesar das espécies de Aspergillus serem responsáveis pela grande parte de infecções fúngicas invasivas em doentes hemato-oncológicos, na última década assistiu-se à emergência de novos agentes patogénicos, entre os quais o Mucor. O aumento da Mucormicose em hemato-oncologia poderá corresponder a alterações relacionadas com a profilaxia antifúngica, nomeadamente com os azóis. Historicamente, a Mucormicose apresenta-se como uma infecção fúngica fatal, atingindo em algumas séries uma mortalidade de 90%. Procedeu-se à análise retrospectiva de Mucormicose no nosso Serviço nos últimos 6 anos. O diagnóstico foi definido como provável ou definitivo de acordo com os critérios EORTC/MSG. O diagnóstico de Mucormicose provável foi feito em 5 doentes, mediana de idades 54 anos (18-64anos) com Leucemia Aguda Mielóide (4/5) e Aplasia Medular (1/5). O diagnóstico verificou-se em neutropenia (mediana de 20 dias, 3-57dias) nas fases de indução (2/5), consolidação (2/5) e terapêutica salvage (1/5) dos protocolos de quimioterapia em curso. Relativamente ao modo de apresentação, verificou-se em 2/5 dos casos envolvimento pulmonar e em 3/5 rinosinusal. A avaliação imagiológica foi efectuada em todos os doentes após síndrome febril prolongado com clínica sugestiva de infecção fúngica e foi iniciado empiricamente Anfotericina B Lipossómica (ABL) 5mg/kg/dia. Os doentes com Mucormicose rinosinusal foram submetidos a desbridamento cirúrgico e os com envolvimento pulmonar submetidos a cirúrgica torácica (lobectomia lobar inferior direita e superior esquerda, respectivamente). Um dos doentes necessitou de uma segunda intervenção para desbridamento da loca de lobectomia e abordagem abdominal com hepatectomia parcial por extensão diafragmática e envolvimento hepático do processo fúngico. O estudo anatomo-patológico das peças cirúrgicas corroborou o diagnóstico de presunção de Mucormicose nos 5 doentes. O estudo cultural micológico foi negativo em todos os casos. Mantiveram terapêutica com ABL durante uma mediana de 50 dias (13-80 dias), seguindo-se um período de profilaxia secundária com ABL, em dose sucessivamente menor, durante uma mediana de 3 meses (1-6 meses). Não foi registada mortalidade decorrente da intercorrência fúngica, tendo-se verificado uma morte por progressão da doença de base. Os restantes doentes obtiveram resolução da Mucormicose e 3/4 terminaram o protocolo de quimioterapia projectado, atingindo remissão completa da patologia hemato-oncológica. Em conclusão, apesar de termos verificado uma mortalidade inferior à descrita noutras séries de doentes, a nossa experiência mostra o desafio que a Mucormicose assume nos doentes hemato-oncológicos quer pela imunosupressão que apresentam quer pela dificuldade na acuidade diagnóstica. A suspeita clínica precoce associada à terapêutica antifúngica em alta dose e à abordagem cirúrgica agressiva constituem a melhor opção no tratamento desta infecção, muitas vezes, fatal.

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PO12 - REFRACTORINESS TO IMATINIB – A SINGLE CENTRE EXPERIENCE Joana Diamond1, Maria de Jesus Tomé1; António Parreira2; António de Almeida2 1Instituto Português de Oncologia - Centro de Lisboa, Lab. de Hemato-Oncologia; 2Instituto Português de Oncologia - Centro de Lisboa, Departamento de Hematologia Background: Since the introduction of imatinib mesylate (IM) for the treatment of chronic myeloid leukemia (CML) impressive clinical responses were observed in the majority of patients in chronic phase. However, not all patients (pts) experience an optimal response to IM or even to the more potent second generation tyrosine kinase inhibitors(TKIs). Persistence of minimal residual disease and emergence of resistance to TKIs had a significant impact on the clinical management of CML that lead to extensive studies on the causal mechanisms1. Aim: To assess the incidence of imatinib resistance in CML pts treated in our centre and estimate the mutational rate in this group of pts. Methods and Results: 63 pts with a medium follow-up of 46 months (mo) on conventional dose IM therapy were serially monitored by RQ-PCR for BCR-ABL transcripts in peripheral blood samples according to LeukemiaNet guidelines. Screening of BCR-ABL mutations was performed by direct sequencing covering the entire tyrosine kinase domain (KD). Forty (63%) pts responded to IM (mean follow-up 52 mo). IM was first line therapy in 23/40 (57%). The others received IFN-alfa (36%) or BMT (7%) prior to IM therapy. MMR was obtained after a medium time of 12 mo. Five pts achieved sustained CMR Twenty three (37%) failed IM therapy after a mean follow-up of 31 mo. Kinase domain (KD) mutations were detected in 7 pts (30%): F317L, E459K, E255K, E255V, M351T, T315I and one pt bearing two mutations L387 (++)/ D276G(+). Five IM resistant pts died, four with disease progression. KD mutations were detected in three pts after a median follow-up time of 10 mo (range 4-61): F317L, E459K and E255K. Pts bearing F317L and E459K died in myeloid blast crisis and E255K pt in lymphoid blast crisis. The three pts with mutations were treated with dasatinib but CCyR was never achieved. The remaining 18/23 IM resistant pts received IM during a mean time of 34 mo. None had disease progression and KD mutations were detected in four pts: E255V, M351T, T315I and one pt bearing two mutations L387 (++)/ D276G(+). Fourteen pts (14/23, 22%) with IM failure received dasatinib therapy for a mean time of 16 mo (range 40-2), of which only two obtained MMR, one with M351T and one with primary resistance and no mutations. Of the dasatinib refractory pts, one is on HU awaiting BMT and four were switched to nilotinib. Following a mean time of 11 mo (range 27-16), no major molecular responses were observed in the latter group. Conclusions: Careful molecular monitoring according to European Leukemianet Guidelines2 allow early detection of resistance and optimal disease management. The long-term efficacy of second-generation TKIs may also be related to specific BCR-ABL mutations3. We highlight that in our experience only 7/23 pts with IM failure developed KD mutations and that BCR-ABL over expression, drug efflux an influx transporters and other BCR-ABL- independent mechanisms of resistance play a role in IM performance. Choice of therapy should be guided by multiple factors, including mutational analysis, disease phase, patient characteristics, and the safety profile of the agents.

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References 1. Melo JV, Chuah C. Cancer Letter 2007 May 8; 249(2): 121-3. 2. Baccarani M et al. Best Pract Pract Res Clin Haematol 2009 Sep 22(3): 331-41. 3. Jabbour E, Soverini S. Semi Haematol 2009 Apr 46 (2 Suppl): S22-6.

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PO13 - IDENTIFICATION OF JAK2V617F, JAK2 EXON 12 AND MPL EXON 10 MUTATIONS IN BCR-ABL1 (-) MYELOPROLIFERATIVE NEOPLASMS (MPN) : A SINGLE CENTER EXPERIENCE Francesca Pierdomenico1, Lara Neto2; Natacha Domingos2; Maria Gomes da Silva2; Paula Gameiro2

1Serviço de Hematologia, IPOLFG; 2Laboratório de Hemato-Oncologia, Departamento de Hematologia, Instituto Português de Oncologia de Lisboa Introduction: BCR-ABL1 (-) myeloproliferative neoplasms (MPN) are characterized by clonal expansion of mature blood cells. The WHO classification recognizes 7 categories among the BCR-ABL1 (-) MPN: Policitemia Vera (PV), Essential Trombocythemia (ET), primary myelofibrosis (PMF), chronic neutrofilic leukemia, chronic eosinophilic leukemia-not otherwise specified, mastocytosis and MPN unclassified (u). Recently, mutations in JAK2 and MPL genes have been identified in MPN. These acquired genetic abnormalities result in activation of signal transduction pathways, in abnormal cell proliferation and contribute to the establishment of the diagnosis. Aim: Identification of JAK2V617F, JAK2 exon 12 mutations and mutations in MPL exon 10 in patients with suspected BCR-ABL1 (-) MPN evaluated in the hematology department of IPOLFG from January 2009 to June 2010. Methods: In total, 147 patients (pts) were studied. Mean age at diagnosis was 60 yo (range 16-89), 87 males and 60 females. Molecular analysis was requested mainly due to isolated leucocytosis (31%), eritrocytosis (28%) , trombocytosis (31%) or any combination of the three features (14%), splenomegaly (7%) or other reason (7%). DNA was extracted from white blood cells obtained from peripheral blood (N=129) or bone marrow (N=18) samples. All pts were initially evaluated for the presence of JAK2V617F by ARMS PCR. Further testing of JAK2 exon 12 and MPL exon 10 mutations was done in 22 and 7 patients, respectively, by direct sequencing. Variant Reporter software (Applied Biosystems, CA) was used for sequence analysis. Results: Seventy eight out of the 147 patients were classified as MPN according to the WHO 2008 criteria as follows: 36 ET, 22 PV, 10 MF, 4 MF after ET, 6 MPNu. The remaining 69 pts had non-confirmed MPN. In total 29% (40/147) of the pts were positive for JAK2V617 mutation. Frequency of JAKV617F mutation was higher (70%) among MF pts (7/10), folowed by 64% of the PV pts (14/22), 44% of ET cases (16/36), 33% (2/6) of MPNu pts and 25% (1/4) MF after ET cases. Further analysis of JAK2 exon 12 mutations was assessed in 22 V617F negative pts with persistent eritrocytosis, trombocytosis or leucocytosis. Two out of the 22 (9%) analysed cases had an exon 12 mutation: R541-E543delinsK and F537-K539delinsL. These molecular markers confirmed the PV diagnosis in both cases. In the remaining 20 negative pts MPL exon 10 mutations were evaluated in 7 with persistent trombocytosis but all were negative. Conclusions: Overall, a molecular marker was detected in 73% (16/22) PV pts, 70% (7/10) of MF pts, 44% (16/36) of the ET pts, 33% (2/6) of MPNu and 25% (1/4) of MF after ET. The incidence of the different mutations is similar to previously reported data. Nevertheless, the use of more sensitive techniques like High Resolution Melting point analysis should increase the frequency of positive cases. In this study, a somatic mutation could be identified in 42/78 (53%) of the BCR-ABL1 (-)MPN pts. Thus ,detection of these molecular markers complemented the WHO diagnostic criteria, contributing to the establishment of clonality and diagnosis of the different MPN subtypes.

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PO14 - PREVALÊNCIA DE MUTAÇÔES NO GENE BCR-ABL E RESISTÊNCIA AO IMATINIB EM DOENTES COM LMC Aida Palmeiro1, Fátima Torres1; Marisa Teixeira1; Alexandra Lopes1; Helena Gabriel1; Paula Rendeiro1; Purifricação Tavares1 1CGC Genetics (www.cgcgenetics.com) Introdução: O imatinib (IM) é, no grupo dos inibidores da tirosina-cinase, o fármaco com que se inicia o tratamento da LMC, sendo os restantes utilizados quando surge resistência ao IM. Os mecanismos de resistência são vários, podendo ser dependentes ou independentes do gene de fusão BCR-ABL. No primeiro caso a amplificação genómica e as mutações no BCR-ABL são os responsáveis. Nestes doentes, a utilização de um fármaco de 2ª linha como o Dasatinib provou ser uma terapêutica alternativa eficaz. Objectivo: Conhecer a frequência e o padrão de mutações do BCR/ABL nos doentes com LMC na nossa população. Métodos: Foram estudados 96 doentes que cumpriam os critérios de resistência ao IM. A quantificação do BCR-ABL foi feita de acordo com o protocolo EAC. A pesquisa de mutações foi feita por RT-PCR nested e sequenciação automática de um segmento que inclui o domínio de Tirosina-Cinase do gene BCR-ABL. Nestes doentes foi também realizado o cariótipo de acordo com os procedimentos estabelecidos. Resultados: Observaram-se mutações no BCR-ABL em 39 doentes (40,6%). Neste grupo foram identificadas 22 mutações diferentes (20 já descritas e 2 novas), 1 polimorfismo e 1 variante de significado desconhecido. Sete doentes apresentaram mais do que uma mutação no BCR-ABL. Nos restantes 57 doentes (59,4%), alguns apresentavam cariótipos complexos, quer com com variantes do cromossoma Filadélfia quer com anomalias citogenéticas adicionais (29,2%). Nos restantes não foram observáveis alterações (30,2%). Conclusões: As mutações mais frequentes foram D276G, T315I e E255K, encontradas em 5 casos, e as mutações G250E, M351T e H396R em 4 casos. Com dois casos cada tivemos as mutações M244V, Y253H, E255V, F317L e L387M e apenas num caso as mutações F359I, M388L, A397V, F416S, S438C, E450K, E453K, E459K e F486S. Estes resultados estão de acordo com as frequências reportadas por Muller et al. Blood 2009, com excepção da mutação D276G, que neste grupo tem uma frequência maior, e das mutações do resíduo F359, que neste grupo estão menos representadas. O polimorfismo K247R foi observado 1 vez, bem como a variante G383G. Esta variante não se encontra descrita, mas dado que não origina uma mudança de aminoácido deverá ser, com grande probabilidade, um polimorfismo sem significado clínico. As mutações A397V e F416S também não tinham sido descritas anteriormente. Nestes doentes resistentes, houve uma mudança terapêutica para o Dasatinib e conforme seria de esperar e de acordo com o que está descrito, as mutações T315I e F317L estiveram associadas às piores respostas à terapêutica, ao passo que as melhores respostas foram obtidas nos doentes com as mutações D276G e M351T. Estes resultados confirmam a importância do estudo de mutações no BCR-ABL nos doentes resistentes ao IM, de modo conseguir a maior eficácia da terapêutica. References: Muller et al. Blood 2009

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PO15 - CASUÍSTICA DE LEUCEMIA MIELÓIDE CRÓNICA NUM CENTRO HOSPITALAR EM 2010 Rui Pedro Costa1, Joana Cunha1; Fernando Salvador1; Margarida Inácio1; Marisol Guerra1; António Braga da Costa1; António Trigo Faria1; Marta Souto2; Rosário Pinto Leite2; Manuel Cunha1 1Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro; 2Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro, Serviço de Genética,Laboratório de Citogenética Introdução: A Leucemia Mielóide Crónica (LMC) é uma doença mieloproliferativa resultante da formação do gene de fusão bcr/abl, cujo produto é uma proteína quimérica com actividade tirosina quinase aumentada. Com a utilização dos inibidores da tirosina quinase, modou radicalmente a História da doença, com um aumento marcado da sobrevida global. Objectivos: Identificar todos os doentes com LMC seguidos no Centro Hospitalar em 2010 (até Agosto) e quais as terapêuticas a que estão submetidos. Analisar nos doentes tratados com Imatinib, a taxa de resposta citogenética e molecular. Métodos: Revisão processual dos doentes com diagnóstico de LMC acompanhados no ano de 2010, nomeadamente dos resultados dos estudos citogenéticos e moleculares. Resultados: Identificaram-se 40 doentes vivos com LMC, 22 homens e 18 mulheres, com uma uma média de idade de 60,8 anos (21 a 90 anos). A mediana de seguimento é de 56 meses (3 a 256 meses). 2 doentes são alotransplantados, 3 fizeram interferon (IFN) e estão em resposta citogenética completa (RCC). 5 estão sob hidroxiureia (HU). Dos restantes 30 doentes, inicialmente tratados com Imatinib, 25 alcançaram RCC até aos 12 meses, 2 interromperam por toxicidade e alcançaram também RCC com Dasatinib. Dos restantes 3 doentes, que não alcançaram RCC, 2 passaram a Dasatinib e não avaliaram ainda resposta e 1 mantém-se em Imatinib. Dos 27 (90%) doentes que alcançaram RCC, só 1 (sob Imatinib) perdeu resposta. Um total de 22 doentes em RCC já avaliou resposta molecular e 20 alcançaram pelo menos Resposta Molecular Major (RMM), representado 74% dos 27 doentes que iniciaram Imatinib há pelo menos 18 meses. Conclusão: Esta análise reflecte a evolução histórica do tratamento da LMC e nos doentes submetidos a Imatinib mostra resultados sobreponíveis aos referidos na Literatura e um fluxograma de actuação no essencial em acordo com as recomendações internacionais.

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PO16 - QUAL O PAPEL DE JAK2V617F NA TRANSFORMAÇÃO AGUDA DAS NEOPLASIAS MIELOPROLIFERATIVAS? Rodrigo Lopes da Silva1, Patricia Ribeiro1; Alexandra Lourenço1; Susana Costa Santos1; Margarida Santos1; Isabel Costa1; Aida Botelho de Sousa1 1Serviço de Hematologia - Hospital dos Capuchos Introdução: O papel da mutação JAK2V617F na patogénese das diversas neoplasias mieloproliferativas (NMP) BCR-ABL1 negativas permanece incerto. A sua importância na transformação leucémica constitui uma questão ainda mais controversa. A leucemia aguda (LA) secundária a NMP é por si só uma raridade. A maioria dos casos JAK2V617F relatados na literatura perdem a mutação na crise blástica. O objectivo deste estudo é avaliar o estado mutacional nos raros casos de transformação leucémica ocorridos na nossa instituição. Material e Métodos: Entre 1999 e 2009, diagnosticámos um total de 778 NMP BCR-ABL1 negativas (395 policitemias veras [PV], 329 trombocitemias essenciais [TE], 45 mielofibroses primárias [MP] e 9 inclassificáveis) das quais, 7 (3 PV, 2 TE, 2 MP) evoluíram para LA. O diagnóstico foi estabelecido de acordo com os critérios da OMS 2001 e revisto de acordo com os critérios da OMS 2008. O estudo da mutação JAK2V617F foi executado pelo sistema ARMS (Jones et al. Blood 2005). Resultados: Dos 7 casos transformados, 3 (2 PV e 1 TE) eram heterozigóticos para a mutação JAK2V617F e permaneceram positivos para a mutação após transformação leucémica. 1 destes 3 casos foi tratado com quimioterapia intensiva com obtenção de remissão hematológica porém, sem remissão molecular, permanecendo positivo para JAK2V617F . Os outros 4 casos que se transformaram em LA (1 PV, 1 TE e 2 MP) não possuíam a mutação. Discussão: A LA secundária a NMP é um evento raro, com uma incidência de 2-3% em doentes não previamente tratados, aumentando para 8-23% na MP, 1-10% na PV e 5% na TE após terapêutica citotóxica. Enquanto a maioria dos JAK2V617F positivos publicados perde a mutação na transformação leucémica, na nossa série os 3 casos (2 PV e 1TE) mantiveram a mutação na crise blástica embora em heterozigotia, o que sugere que JAK2V617F não seja o único responsável pela transformação leucémica. O facto de 4 casos na nossa série (1 PV, 1 TE e 2 MP) terem evoluído para LA na ausência da mutação JAK2V617F, vem corroborar a teoria de outros eventos moleculares serem responsáveis pela heterogeneidade clonal das NMP.

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PO17 - IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE RISCO PARA EVENTOS VASCULARES NUMA SÉRIE DE 101 DOENTES CONSECUTIVOS COM TROMBOCITÉMIA ESSENCIAL R Pinto1, M J Silva1; J E Guimarães1 1Hospital S. João A Trombocitémia Essencial (TE), uma neoplasia mieloproliferativa tradicionalmente caracterizada por um distúrbio clonal, não possui uma alteração cariotípica característica. A mutação JAK2 (presente em cerca de 50% dos casos) é comum a outras neoplasias mieloproliferativas, como Policitemia Vera (PV) ou Mielofibrose (MF). Dentro das neoplasias mieloproliferativas, a TE é a que tem melhor prognóstico – as principais complicações são eventos trombóticos/hemorrágicos ou progressão para Mielofibrose e/ou Leucemia Aguda. A Organização Mundial de Saúde (OMS) propôs os seguintes critérios de diagnóstico para TE (são necessários os 4): a) Contagem de Plaquetas persistentemente >450x10^9/L; b) Histologia de biópsia óssea com sinais de proliferação da linhagem megacariocítica (sem alterações das restantes linhagens); c) Sem critérios de outra doença mieloproliferativa (PV, MF ou LMC) ou Síndrome Mielodisplásico; d) Demonstração de clonalidade através da mutação JAK2 ou exclusão de trombocitémia reactiva. Foi efectuada uma análise retrospectiva de 101 casos consecutivos de TE, em um único centro, no período compreendido entre 2005 e 2010, com amostras de histologia de biópsia óssea positiva para TE e que cumpriam os restantes critérios de diagnóstico da OMS. Verificou-se uma mediana de 15 novos casos por ano diagnosticados no nosso centro. A mediana de idades era de 65 anos (23-89), com predomínio do sexo feminino (56,4%). A mediana do nº. de plaquetas ao diagnóstico cifrou-se nos 836x10^9/L (485-2410) e 61% dos pacientes possuíam a mutação JAK2. Em 20 (19,6%) doentes ocorreram eventos vasculares trombóticos ou hemorrágicos. Relativamente à terapêutica: 90,2% dos pacientes realizaram profilaxia anti-agregante, 61,8% Hidroxiureia, 14,7% Interferão e 16,7% Anagrelide. Da análise estatística efectuada (Teste Qui-Quadrado) identificaram-se dois factores de risco para eventos vasculares: Mutação JAK2+ (p=.003) e contagem de leucócitos ao diagnóstico >10x10^9/L (p=.002). Não se verificaram correlações estatisticamente significativas com a contagem de plaquetas ao diagnóstico ou com o tipo de terapêutica realizada. Nove (8,8%) doentes apresentaram outras neoplasias no curso da doença: 7 não-hematológicas, 1 com Leucemia Linfática Crónica e 1 apresentou progressão para Leucemia Aguda. A mediana de follow-up é de 25 meses (1-66) e registaram-se durante este período 4 óbitos (1 por Leucemia Aguda, 2 por “outras neoplasias” e em um caso não foi possível apurar a causa). A TE é uma neoplasia mieloproliferativa crónica com bom prognóstico: a esperança média de vida destes doentes equipara-se à esperança média de vida da população geral. Identificaram-se como factores de risco para eventos vasculares: a presença da mutação JAK2 e o aumento de leucócitos ao diagnóstico (>10x10^9/L). A correcta estratificação do risco ao diagnóstico parece ser importante para a definição da estratégia terapêutica.

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PO18 - ESTUDO DAS CÉLULAS ENDOTELIAIS CIRCULANTES NOS DOENTES COM SÍNDROMES MIELOPROLIFERATIVAS Cláudia Torres1, Mafalda Fonseca1; Ana Helena Santos2; Marlene Santos2; Marta Gonçalves2; Sónia Fonseca2; Maria Luís Queirós2; Catarina Lau2; Marika Bini-Antunes2; Maria Anjos Teixeira2; Rui Matos2; Sara Morais2; Manuel Campos2; Margarida Lima2 1Universidade da Beira Interior; 2Hospital Geral de Santo António, Centro Hospitalar do Porto INTRODUÇÃO: Os doentes com síndromes mieloproliferativas (SMP) têm um risco aumentado de desenvolver episódios trombóticos. As células endoteliais desempenham várias funções. Em condições normais elas apresentam uma superfície vascular anti-coagulante, mas quando ocorre lesão do endotélio convertem essa superfície numa superfície pró-trombótica. Existem cada vez mais evidências de que as células endoteliais circulantes (CEC) no sangue periférico além de indicarem a existência de lesão endotelial também podem estar envolvidas no mecanismo de formação do trombo. OBJECTIVOS: Os objectivos deste trabalho foram: a) Quantificar as CEC em dois grupos de doentes com SMP - Trombocitemia Essencial (TE) e Policitemia Vera (PV) - e comparar com o grupo controlo (indivíduos saudáveis, dadores benévolos de sangue); b) Estudar a expressão de marcadores de activação e de um marcador de actividade pró-coagulante, quantificando as CEC positivas para estes marcadores. MATERIAL E MÉTODOS: O estudo incluiu 8 doentes com TE (idade mín-máx:32-83 anos), 9 doentes com PV (idade mín-máx:57-82 anos) e 20 controlos (idade mín-máx:34-64 anos). As CEC foram caracterizadas e quantificadas por Citometria de Fluxo (FACS Calibur®, Becton Dickinson) usando um método de plataforma única. Os anticorpos usados foram o anti-CD146 (marcador de célula endotelial), o anti-CD45 (marcador pan-leucocitário), o anti-CD133 (marcador de célula endotelial progenitora), o anti-CD54 (ICAM-1, Intercellular Adhesion Molecule 1, marcador de activação), o anti-CD62E (Selectina-E, marcador de activação) e o anti-CD142 (Factor Tecidual, marcador pró-coagulante). As CEC foram identificadas como sendo CD146+CD45-CD133-. RESULTADOS: Verificou-se um aumento estatisticamente significativo do número de CEC nos dois grupos de doentes, comparativamente ao grupo controlo. Relativamente ao número de CEC activadas, apenas houve aumento estatisticamente significativo para as CEC CD62E+ nos dois grupos de doentes em comparação com o grupo controlo. É de notar que os valores obtidos nos dois grupos de doentes quanto ao número de CEC e das suas subpopulações positivas para os diferentes marcadores de activação e actividade pró-coagulante são muito semelhantes. CONCLUSÕES: O nosso estudo sugere que as CEC, além de poderem revelar a existência de lesão endotelial, também podem indicar a presença de activação endotelial nos doentes com TE e PV. São necessários mais estudos para investigar o valor das CEC como indicador de risco trombótico nos doentes com SMP.

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PO19 - O PAPEL DA PET/CT NA ABORDAGEM TERAPÊUTICA DO LINFOMA DE HODGKIN Liliana Sofia Pires Lombo1, Ângelo Oliveira2; Carla Castro2; Dulcineia Pereira2; Carla Araujo2; Joao Faria3; Idília Pina2; Monica Mariano4; Ilda Faustino2; Pantarotto M2; Claudia Moreira2; Marta Ferreira5; Joao Teixeira2; Lima Bastos2; Ans Espírito Santo2; Angelo Martins2; Ilídia Moreira6; Isabel Oliveira2; Margarida Marques2; Maria Luísa Viterbo2; Nelson Domingues2; Rui Henrique6; José Mariz6 1IPOP FG, EPE; 2IPOP, FG, EPE; 3Hospital Pedro Hispano; 4IPO Coimbra; 5IPO FG Porto E.P.E.; 6IPO Porto FG, EPE O linfoma de Hodgkin (LH) é uma entidade rara, cujo tratamento evoluiu consideravelmente nas últimas décadas, culminando com a associação da quimioterapia (QT) e da radioterapia (RT) que contribuíram para um aumento da taxa de cura. A Tomografia por Emissão de Positrões (PET/CT) tornou possível a avaliação do comportamento metabólico da doença e a individualização da terapêutica, tendo facilitado a capacidade de aplicação da técnica de “involved node field” (INF) na radioterapia. O seu valor como factor prognóstico continua por esclarecer. A técnica de radioterapia empregue é 3D conformal e consiste na delineação das áreas ganglionares inicialmente envolvidas através da fusão das imagens de fixação do PET inicial e da TC de planeamento após QT. A aquisição das imagens é realizada de forma idêntica, no sentido de garantir a reprodutibilidade do tratamento. Objectivos: Avaliar o valor prognóstico da PET/CT, após o segundo ciclo da primeira linha de QT, nos doentes que foram submetidos a RT. Material e Métodos: Procedeu-se à análise dos processos clínicos de 265 pacientes com o diagnóstico histológico de LH, entre 2004 e 2009. Após a aplicação dos critérios de exclusão, identificaram-se 90 doentes submetidos a RT que constituíram a base deste trabalho. Resultados: A maioria dos pacientes era do sexo feminino (n=50). A mediana da idade ao diagnóstico foi de 29,5 anos [15-70]. 69 doentes encontrava-se nos estadios I e II (dos quais 16 sem factores de risco identificados) e 21 doentes nos estadios III e IV. Dos 89 pacientes que realizaram RT, 75 foram inicialmente estadiados com PET/CT. O tratamento de 1ª linha incluiu QT (esquema ABVD) na maioria dos casos (n=87). A dose de RT mais frequentemente usada foi de 36 Gy. 9 doentes apresentavam PET positiva no fim do 2º ciclo. Sete tiveram remissão completa e 2 tiveram remissão parcial estando actualmente vivos sem evidência de cancro Todos estes 9 tinham proposta inicial de RT e oito realizaram 6 ciclos de ABVD em 1ª linha. As doses variaram entre 30 e 40 Gy, e o número de fracções entre 17 e 22. Os restantes 80 doentes, apresentavam PET negativa. A estratégia terapêutica nestes incluiu a associação de QT e RT. Atendendo ao facto de ainda se estar a investigar a exclusão de RT nos doentes em estadio precoce, com PET negativa ao 2º ciclo, mantém-se a associação combinada. Conclusões:

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O uso da PET/CT é fundamental na avaliação inicial, na definição e resposta à terapêutica e prognóstico. A utilização desta permite a realização de uma técnica de RT mais precisa, tornando possível efectuar um tratamento direccionado ao volume inicialmente envolvido, minimizando a toxicidade nos tecidos normais e complicações tardias. No entanto, o benefício da PET carece ainda de validação. Este estudo não permite tirar inferências estatísticas acerca do valor prognóstico do PET/CT aquando do 2º ciclo, atendendo ao número reduzido de doentes (n=9) com resposta parcial ao tratamento inicial de QT.

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PO20 - UTILIZAÇÃO DE G-CSF DURANTE O TRATAMENTO COM ABVD EM 1ª LINHA NO LINFOMA DE HODGKIN EM ADULTOS – 5 ANOS DE EXPERIÊNCIA (2004 – 2009) Marcos Pantarotto1, Claudia Moreira1; Marta Ferreira1; Liliana Lombo2; Dulcineia Pereira1; João Faria3; Monica Mariano4; Ilda Faustino1; Ângelo Rodrigues1; Ângelo Martins1; Ana Espirito Santo1; Nelson Domingues1; Luisa Viterbo1; José Mariz1 1IPOP, FG, EPE; 2IPOP FG, EPE; 3Hospital Pedro Hispano, EPE; 4IPO Coimbra Introdução O Linfoma de Hodgkin é uma neoplasia hematológica com origem nos linfócitos B, caracterizado pela presença das células de Reed-Sternberg em meio a células reactivas. Os avanços no seu tratamento permitiram que, nos últimos anos, a sobrevivência global dos doentes, mesmo em estádios avançados, pudesse chegar aos 89% em 5 anos. O regime de quimioterapia mais utilizado é o ABVD, muito emetizante e com toxicidade pulmonar, cardíaca e hematológica significativa. O facto de ser potencialmente curativo faz com que a manutenção da dose-intensidade seja essencial, o que pode ser prejudicado pelos episódios de neutropenia que não raramente acompanham o tratamento. Objectivo Verificar se o uso de G-CSF (300ug até 3 tomas, a partir do 7º dia de cada ciclo) altera a contagem de neutrófilos no ciclo seguinte de quimioterapia. Material e métodos Foi realizado um coorte retrospectivo dos doentes que tiveram diagnóstico histológico de linfoma de Hodgkin no Serviço de Anatomia Patológica de um centro de tratamento oncológico em Portugal, nos anos de 2004 a 2009 (n=272). Foram excluídos 85 doentes (faixa etária pediátrica e primeiro tratamento fora do IPO foram os motivos mais frequentes), sendo os restantes 187 indivíduos alvo da presente análise. O tratamento estatístico dos dados foi realizado com recurso ao programa PASW Versão 18.0.2 (©SPSS Inc., 2001, Chicago - IL, www.spss.com). Resultados Foram analisados 1311 ciclos de quimioterapia em que o ABVD foi utilizado em 1ª linha, relativos aos dados disponíveis das análises de 133 doentes da base inicial. Observou-se uma ligeira predominância do sexo masculino (n=67), com idade média=35,9 anos (IC 95% 33,4 – 38,4), sem diferença significativa entre os sexos. Observaram-se atrasos na administração do tratamento em 5% dos ciclos (34) precedidos pela administração de G-CSF e em 4,1% dos ciclos (26) não precedidos pelo G-CSF, o que não revelou significado estatístico (p=0,510). Verificou-se ainda que a administração de G-CSF, que ocorreu em 52,2% dos ciclos em que não houve atrasos (n=1241), não implicou em diferença na contagem de neutrófilos em relação àqueles em que o factor em estudo não foi administrado (p=0,559). Conclusão Os dados apresentados sugerem que a administração profiláctica de G-CSF na posologia estudada não interfere na incidência de atrasos nem modifica a contagem de neutrófilos de forma significativa. O linfoma de Hodgkin constitui provavelmente uma entidade única na qual é possível manter a intensidade de dose da quimioterapia sem recurso a factores de estimulação hematopoiética, mesmo naqueles doentes que apresentam neutropenia no início de cada ciclo.

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PO21 - BEACOPP NO TRATAMENTO DA DOENÇA DE HODGKIN: UMA SÉRIE RETROSPECTIVA Cláudia Moreira1, Marta Ferreira2; Liliana Lombo3; Dulcineia Pereira1; Carla Araujo4; João Faria5; Idília Pina2; Mónica Mariano6; Ilda Faustino2; Marcos Pantarotto2; Ângelo Rodrigues7; Ana Espirito Santo1; Nelson Domingues1; Ilídia Moreira1; Isabel Oliveira1; Ângelo Martins1; Luísa Viterbo1; Margarida Marques1; Rui Henrique7; José Mário Mariz1 1Serviço OncoHematologia, IPO Porto, FG, EPE; 2Serviço Oncologia Médica, IPO Porto, FG, EPE; 3Serviço Radioterapia, IPO Porto FG, EPE; 4Serviço de Medicina Interna, Hospital Amato Lusitano, Castelo Branco; 5Serviço Medicina Interna, Hospital Pedro Hispano, EPE; 6Serviço Oncologia Médica, IPO Coimbra, FG, EPE; 7Serviço Anatomia Patológica, IPO Porto, FG, EPE Introdução: A doença de Hodgkin (DH) representa cerca de 10% de todos os linfomas, com resposta completa em cerca de 80% dos indivíduos tratados com a terapêutica standard, ABVD. Em 2003, o German Hodgkin´s Lymphoma Study Group (GHSG) publicou um estudo comparando o BEACOPP com o COPP-ABVD no tratamento das formas avançadas de DH, obtendo melhores taxas de sobrevida global e de sobrevida livre de doença aos 5 anos, 91 e 87% respectivamente, associados, no entanto, a maior toxicidade. Objectivo: Os autores efectuaram uma revisão retrospectiva da casuística de DH tratada com o protocolo BEACOPP no seu Serviço entre 2006 e 2009. Métodos: Foram revistos retrospectivamente os registos clínicos dos doentes com o diagnóstico de DH tratados no Serviço entre Janeiro de 2004 e Dezembro de 2009, cujo diagnóstico histológico foi feito ou revisto no Serviço de Anatomia Patológica do mesmo hospital. Foram recolhidos dados referentes à apresentação clínica, estadiamento, tratamento e resposta. Resultados: Do total de doentes analisados foram identificados 12 tratados com o protocolo BEACOPP. Todos os doentes apresentavam o mesmo subtipo histológico: esclero-nodular, 75% eram do sexo masculino, com uma mediana de idades de 28. Ao diagnóstico, 75% dos doentes apresentavam estadios avançados e destes 7 (77,8%) tinham IPS igual ou superior a 4. Metade dos doentes foi tratada em primeira linha com o protocolo BEACOPP e os restantes 50% foram tratados em segunda linha, após resposta parcial ou não resposta a 2 ciclos de ABVD. Todos os doentes obtiveram remissão completa, com 2 doentes a recaírem 2 e 5 meses após o final do tratamento, tratados em 1ª e em 2ª linha, respectivamente, com este protocolo. A mediana de seguimento é de 21 meses. 75% dos doentes tiveram pelo menos um internamento por neutropenia febril ao longo do tratamento, com um caso de um doente com 3 internamentos nexte contexto e um caso de um doente a necessitar de internamento em UCI por insuficiência renal aguda secundária a sépsis com necessidade de terapêutica de substituição renal. Em termos de toxicidade hematológica: 1/3 dos doentes apresentou anemia grau III e um doente apresentou anemia grau IV, 25% dos doentes apresentou neutropenia grau IV e apenas um doente apresentou trombocitopenia grau III. A mucosite oral foi a segunda toxicidade mais frequente: 25% dos doentes com mucosite grau II e 25% com mucosite grau III. Em termos de toxicidade digestiva, 25% dos doentes com naúseas/ vómitos grau I e um caso de diarreia grau III. Dois doentes (16.7%) apresentaram parestesias grau I. Em relação a complicações mais tardias, um doente necessitou de internamento em UCI por insuficiência respiratória aguda no contexto de Polineuropatia sensitivo-motora por provável Síndrome de Guillain-Barré e registou-se um episódio de necrose asséptica da cabeça do fémur, ambos os casos cerca de 5 meses após o final do tratamento. Conclusão: O número de casos de doentes tratados com BEACOPP é relativamente pequeno, no entanto, com resultados semelhantes aos descritos na literatura.

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PO22 - CASUÍSTICA DOS DOENTES COM LINFOMA DE HODGKIN TRATADOS COM ABVD NUM SERVIÇO DE HEMATOLOGIA (2002-2009) Joana Vaz Cunha1, Fernando Salvador1; Rui Pedro Costa1; Margarida Inácio2; Marisol Guerra2; António Braga Costa1; António Trigo Faria1; A. Oliveira3; Manuel Cunha2 1Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro; 2Serviço de Hematologia, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro; 3Serviço de Radioterapia Externa, Instituto Português de Oncologia - Porto INTRODUÇÃO: O Linfoma de Hodgkin é uma doença linfoproliferativa com origem nas células B. Constitui cerca de 10% de todos os linfomas e 0.6% de todas as neoplasias malignas diagnosticadas no mundo. Apresenta uma distribuição bimodal com maior frequência nos adultos jovens (3.ª década de vida) e nas idades mais avançadas (a partir da 6.ª década). A cura pode ser alcançada em cerca de 80% dos doentes. O esquema de tratamento mais utilizado é o ABVD (doxorrubicina, bleomicina, vimblastina e dacarbazina) sendo que todos os doentes deste Serviço com menos de 65 anos são tratados inicialmente com este esquema. OBJECTIVO: Análise de todos os doentes com diagnóstico de Linfoma de Hodgkin estabelecido entre 2002 e 2009, tratados inicialmente com ABVD num Centro Hospitalar. MÉTODOS: Revisão dos processos clínicos com registo retrospectivo de dados demográficos, subtipo histológico, estadiamento (Ann Arbor), tratamento (número de ciclos de quimioterapia de 1.ª linha, radioterapia e quimioterapia de 2.ª linha), remissão, toxicidade motivadora de internamento, estado actual do doente e tempo de seguimento. Os dados foram analisados com o programa Microsoft Excel®. RESULTADOS: Identificaram-se 31 doentes com idade média ao diagnóstico de 33.4 anos [15;61], sendo 16 do sexo feminino (52%) e 15 do sexo masculino (48%). O subtipo histológico foi esclerose nodular em 26 doentes (83.9%) e celularidade mista em 5 (16.1%). Ao diagnóstico 3 doentes encontravam-se no estadio IA, 13 no estadio IIA, 2 no estadio IIB, 5 no estadio IIIA, 1 no estadio IIIB, 3 no estadio IVA e 4 no estadio IVB. O número de ciclos de ABVD dependeu do estadio inicial e da resposta avaliada por exame físico e tomografia computorizada em todos os doentes, acrescido de tomografia de emissão de positrões a partir de 2008. Em 15 doentes utilizou-se radioterapia segundo protocolo de forma a diminuir o número de ciclos de ABVD ou aprofundar a resposta à quimioterapia. Em 4 doentes foi necessário internamento por intercorrências infecciosas no contexto da quimioterapia. Dos 31 doentes, 20 alcançaram remissão completa só com ABVD. Dos 11 que não alcançaram remissão completa, 7 alcançaram-na após radioterapia e 4 fizeram outro esquema de quimioterapia com ou sem radioterapia. Mantêm-se em 1.ª remissão completa 29 doentes, com uma mediana de seguimento de 42 meses [8;101] até à data de registo. Um doente recaiu encontrando-se actualmente em 2.ª remissão e um doente que fez auto-transplante sequencial em 1º remissão morreu por toxicidade no processo de transplante. CONCLUSÃO: Os resultados são concordantes com os demais existentes no que respeita à idade ao diagnóstico e tipo histológico mais frequente. O sexo feminino foi o mais afectado, não coincidindo com a descrição da literatura, o que se deve à dimensão da série, não sendo a diferença encontrada estatisticamente significativa. As respostas obtidas estão também de acordo com os resultados referidos em estudos semelhantes.

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PO23 - QUIMIOTERAPIA DE 2ª LINHA NO LINFOMA DE HODGKIN (LH) – ANÁLISE RETROSPECTIVA Joao Faria1, Idília Pina2; Monica Mariano3; Ilda Faustino2; Marcos Pantarotto2; Claudia Moreira4; Marta Ferreira2; Liliana Lombo5; Dulcineia Pereira6; Ângelo Rodrigues7; Ângelo Martins6; Ana Espirito Santo6; Nelson Domingues6; Luisa Viterbo8; José Mariz9 1Hospital Pedro Hispano; 2Serviço Oncologia Médica, IPO Porto, FG, EPE; 3Serviço Oncologia Médica, IPO Coimbra, FG, EPEIPO Coimbra; 4IPOP, FG, EPE; 5Serviço de Radioterapia IPO Porto FG, EPE; 6Serviço OncoHematologia, IPO Porto, FG, EPE; 7Serviço de Anatomia Patológica, IPO Porto FG, EPE; 8Serviço OncoHematologia, IPOP, FG, EPE; 9IPO Porto FG, EPE Introdução Apesar da maioria dos doentes com LH obter remissão da doença após quimioterapia (QT) de 1ª linha, com ou sem radioterapia associada, o risco de recidiva varia entre 10-15%, nas formas localizadas da doença, e 30-40% na doença avançada. Nas recidivas, o uso de esquemas de QT de 2ª e 3ª linhas, pode originar resposta em aproximadamente 50% destes doentes. Objectivos Avaliar a resposta à QT de 2ª linha em doentes com LH. Comparar a resposta aos diferentes esquemas de QT de 2ª linha usados. Material e método Estudo observacional, longitudinal, e descritivo, realizado entre Abril e Agosto de 2010. A recolha de dados foi efectuada através da consulta do processo clínico dos doentes. Amostra não aleatória de conveniência constituída pelos doentes admitidos no serviço entre 2004-2009, com diagnóstico histológico de Linfoma de Hodgkin(LH) realizado na instituição. Foram excluídos os doentes pediátricos. Resultados Dos 187 doentes elegíveis para o estudo, 21 realizaram QT de 2ª linha. Destes 21 doentes, 12 eram do sexo masculino, e a média das idades à data do diagnóstico foi de 27 anos. Destes 19 eram do tipo escleronodular (clássico), e 2 de predomínio linfocítico. Os esquemas de QT usados em 2ª linha foram ICE=10 doentes; BEACOPP=5 doentes; ESHAP=4 doentes; GVD=1 doente; Rituximab=1 doente. Em termos de resposta ao tratamento: RC 6 ( 3 BEACOPP, 2 ICE, 1 ESHAP); RC(u) 2 (1 ESHAP, 1 Rituximab); RP 6 (3 ICE, 1 BEACOPP, 1 ESHAP, 1 GVD); SR 5 (4 ICE, 1 BEACOPP); Rdesconhecida 2 (1 ESHAP, 1 ICE). Sete doentes realizaram ATMO em associação à QT de 2ª linha, dos quais 3 ESHAP, 3 ICE e 1 Rituximab. Destes 7 doentes: RC=1; RC(u)=1; RP=3; Rdesconhecida=1. O tempo médio de seguimento dos doentes foi de 3 anos. O estado actual da doença é desconhecido em 3 doentes; 11 encontram-se sem evidência de doença, 5 com evidência de doença, e 2 doentes faleceram por progressão da doença. Conclusão A maioria dos doentes com linfoma de Hodgkin responde ao tratamento de QT de 1ª linha, o que explica o reduzido número de doentes (21) que realizaram QT de 2ª linha neste estudo. A maioria dos doentes (14) teve resposta (completa ou parcial) ao tratamento de 2ª linha. Actualmente, cerca de metade dos doentes encontra-se sem evidência de doença.

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PO24 - ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS NO LINFOMA DE HODGKIN CLÁSSICO Idília Pina1, Marcos Pantarotto2; Marta Ferreira2; Ilda Faustino1; Dulcineia Pereira3; Claudia Moreira4; Liliana Lombo5; João Faria6; Mónica Mariano7; Ana Espirito Santo3; Nelson Domingues3; Ilídia Moreira3; Ângelo Martins8; Isabel Oliveira3; Margarida Marques3; Rui Henrique9; Luísa Viterbo3; José Mário Mariz3 1Serviço de Oncologia Médica - IPO Porto FG, EPE; 2Serviço Oncologia Médica, IPO Porto, FG, EPE; 3Serviço OncoHematologia, IPO Porto, FG, EPE; 4Serviço Onco-Hematologia, IPOP, FG, EPE; 5IPOP FG, EPE; 6Serviço Medicina Interna, Hospital Pedro Hispano, EPE; 7Serviço Oncologia Médica, IPO Coimbra, FG, EPE; 8Serviço de Oncohematologia - IPO Porto FG, EPE; 9Serviço Anatomia Patológica, IPO Porto, FG, EPE Introdução: O Linfoma de Hodgkin (LH) é uma doença linfoproliferativa das células B, representando cerca de 1% das neoplasias nos EUA e 30% de todos os linfomas nos países ocidentais. Material e Métodos: Estudo retrospectivo, com análise das características epidemio-lógicas dos doentes (dtes) admitidos na instituição, com diagnóstico histológico de Linfoma de Hodgkin entre 01/01/2004 e 31/12/2009. Foram excluídos doentes Pediátricos. A análise estatística foi realizada utilizando o SPSSTM . Resultados: Foram estudados 187 dtes, com uma idade mediana de 32 anos (15- 84 anos). Noventa e cinco doentes (51%) eram do sexo masculino e 92 doentes (49%) do sexo feminino. Verificou-se um predomínio dos LH escleronodulares (76,2%). Noutras histologias verificaram-se 9,7% de predomínio linfocítico, 6,5% de celularidade mista, 3,2% rico em linfócitos e 1,2% deplecção linfocítica. Em estádios precoces encontravam-se 46% dos dtes e em estádios avançados 54%. Dos doentes em estádios precoces, 59,5% apresentavam pelo menos um factor de risco. A estratificação de risco nos estádios avançados, mostrou 29% dos dtes com baixo risco, 48,4% com risco intermédio e 22,6% com alto risco. A proposta inicial de tratamento consistiu em tratamento combinado de quimioterapia e radioterapia em 52,4% dos dtes, apenas quimioterapia em 45,4% dos dtes e apenas radioterapia em 1,6% dos casos. Como complicações tardias, foram identificados 8 doentes (4,3%) com hipotiroidismo. Não foram idenficadas segundas neoplasias ou insuficiência cardíaca. Oito doentes (4,3%) efectuaram tratamento paliativo. Destes, ao diagnóstico, 5 encontravam-se em estadio IV-B , 1 em estadio IVA e 2 em estadio IIA. A mediana de seguimento foi de 34 meses( 5- 72), com Sobrevivência Global (SG) aos 5 anos 96,5%. Conclusões: Apesar de na literatura a idade apresentar uma distribuição bimodal, na série estudada, apenas se observou um pico, correspondente à 2ª década de vida. Trata-se de uma patologia de bom prognóstico, o que se traduz na elevada sobrevida dos doentes.

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PO25 - IMPACTO DO RITUXIMAB NA RESPOSTA AO TRATAMENTO DE LNH DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B S Chacim1, J Bordalo Sá1; LC Leite1; IC Ferreira1; I Faustino1; A Rodrigues1; N Couto1; C Pinto2; A Espírito Santo1; I Moreira1; N Domingues1; I Oliveira1; L Viterbo1; M Marques1; A Martins1; R Henrique1; JM Mariz1 1Instituto Português de Oncologia do Porto; 2Instituto Português de Oncologia de Coimbra Introdução O Linfoma Não Hodgkin, subtipo difuso de grandes células B (LNH DGCB), é a neoplasia linfoproliferativa mais prevalente no adulto. Objectivo, Material e Métodos Estudo retrospectivo dos doentes (dts) com LNH DGCB diagnosticados e tratados na nossa instituição, entre Janeiro1998 e Dezembro2008. O objectivo primário: comparação da sobrevivência global (SG) dos dts que realizaram ou não terapêutica com rituximab. Os objectivos secundários: comparação entre os 2 grupos do tempo para progressão (TP); comparação das respostas obtidas, em 1.ªlinha. Revisão dos processos clínicos, seleccionando-se dts que cumpriram terapêutica, em 1.ª linha, com CHOP (doxorrubicina, ciclofosfamida, vincristina e prednisolona) [Grupo1] ou R-CHOP (rituximab + CHOP) [Grupo2]. Admitiu-se a substituição da doxorrubicina pelo mitoxantrone (CNOP). Análise estatística realizada com xlstat2009. Resultados Foram identificados 229 dts (51.1% sexo masculino, 16-87A, mediana 61A). O Grupo1 e Grupo2 não apresentavam diferenças estatísticas na distribuição de idades ou sexo. Apresentação sob a forma ganglionar em 70.3% casos, o envolvimento extraganglionar mais frequente foi gástrico (40dts). Estadio Ann-Harbor: I 28.4% casos (65dts), II 24% (55dts), III 16.2% (37dts) e IV 31% (71dts). Sessenta dts (33.5%) apresentavam sintomas B. IPI (International Prognostic Index): 0 em 9.7% dos casos (22dts), 1 em 29.6% (67dts), 2 em 27%(48dts), 3 em 21.2%(48dts), 4 em 9.7%(22dts) e 5 em 2.6% (6dts). Os grupos não apresentavam diferenças significativas no IPI. O rituximab foi incluído na terapêutica de primeira linha em 106dts (46.3%): 22.7% (52dts) cumpriram ciclos de RCHOP quinzenais, 23.6% (54dts) cumpriram ciclos de RCHOP de 3/3semanas. Cento e treze dts (49.3%) completaram ciclos de CHOP e 10 dts (4.4%) cumpriram protocolo CNOP. Procedeu-se a radioterapia em 37.4% casos (74dts). Havia intenção de consolidar quimioterapia com transplante de progenitores hematopoiéticos em 15.6% (35dts), tendo completado transplante 12.1% (25dts). No Grupo1 identificaram-se 64.7% (75dts) respostas completas (RC), 20.7% (24dts) com resposta parcial (RP), e 14.5% (17dts) com progressão. No Grupo2 identificaram-se 74.75% (77dts) RC, 19.4% (20dts) com RP e 5.8% (6dts) com progressão. As diferenças encontradas são significativas (p0.05) para as RC e progressão. Verificou-se também diferença estatística para as recidivas identificadas: 35 casos (35.7%) para o Grupo1 e 14 casos (16%) no Grupo2. Registaram-se 43 casos de morte com evidência de doença (35.8%) no Grupo1, e 17 (16.7%) no Grupo2. A mediana de SG dos dois grupos é significativamente diferente (wilcoxon p0.046): 95meses, com desvio padrão 2.5, para Grupo2, ainda não se tendo atingido a mediana no Grupo2. Também para o TP se verifica diferença estatística (wilcoxon p0.03): Grupo 1 com mediana de TP 59.7meses, com desvio padrão de 8.3, ainda não se tendo atingido a mediana para o Grupo2.

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Discussão e Conclusão Este estudo está de acordo com o publicado na literatura, objectivando a importância da introdução do rituximab na terapêutica de primeira linha, nesta patologia, na nossa população, com um ganho na ordem dos 10%. Na população estudada, salvaguardando o facto da comparação ter sido feita com um hiato temporal, a introdução do rituximab permitiu obter melhor qualidade na reposta à primeira linha terapêutica, diminuir o número de recidivas, bem como prolongar o SG e TP.

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PO26 - RELAÇÃO ENTRE RITUXIMAB E DOSE INTENSIDADE RELATIVA DE QUIMIOTERAPIA NO TRATAMENTO DE LINFOMA NÃO-HODGKIN DE GRANDES CÉLULAS B N Couto1, S Chacim1; J Bordalo Sá1; A Rodrigues1; C Pinto2; C Ferreira1; D Carvalho3; F Estevinho1; I Faustino1; L C Leite1; N Domingues1; I Moreira1; A Martins1; I Oliveira1; M Marques1; L Viterbo1; R Henrique4; A Espírito Santo1; J Mariz1 1Serviço de Oncohematologia, IPO-Porto; 2Serviço de Oncologia, IPO-Coimbra; 33Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro; 4Serviço de Anatomia Patológica, IPO-Porto Introdução: a relação entre dose intensidade relativa (DIR) do tratamento de quimioterapia e a sobrevivência dos doentes é conhecida, existindo uma preocupação em manter DIR elevadas de modo a promover maior eficácia terapêutica. Procura-se estudar se a associação de DIR elevadas com a sobrevivência se mantêm quando se associa à quimioterapia o rituximab. Métodos: estudo retrospectivo de doentes tratados com esquema de quimioterapia com ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e prednisolona (CHOP) com ou sem rituximab de 11/1995 a 05/2009, com cálculo de DIR para ciclofosfamida e vincristina num total de 229 doentes. Avaliada a sobrevivência e influência de factores como International Prognostic Index (IPI), presença de sintomas B, idade e utilização de rituximab. Sobrevivência calculadas pelo método de Kaplan-Meier, comparação entre os grupos com teste long-rank. Análise univariada e multivariada com regressão de Cox para comparação entre grupos. Valor de significância para p<0,05. Resultados: A idade média dos doentes foi de 58,7 anos (intervalo entre 16 e 87 anos). A DIR tem relação significativa com a sobrevivência. A análise multivariada para a sobrevivência global demonstrou influência da idade ao diagnóstico (superior vs inferior a 60 anos), e presença de sintomas B. Verificou-se que a idade influencia a DIR de quimioterapia (p<0,001). Discussão e Conclusões: A DIR>90% demonstrou vantagem em termos de sobrevivência nos doentes avaliados, no entanto, a análise multivariada não manteve essa vantagem. A utilização de rituximab não influenciou significativamente a DIR da quimioterapia no tratamento de doentes de linfoma não-Hodkin de grandes células B, nem o seu efeito na sobrevivência global dos doentes.

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PO27 - LINFOMA NÃO HODGKIN B DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS – ESTUDO RETROSPECTIVO EFECTUADO NUMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR NOS ÚLTIMOS 3 ANOS Marta Almeida1, Elisabete Couto1; Catarina Portela1; Herlander Marques1 1Hospital de Braga Introdução: O Linfoma B Difuso de Grandes Células (LBDGC) constitui o subtipo histológico mais comum dos Linfomas Não Hodgkin, correspondendo a cerca de 31% dos casos. Na última década assistiu-se a importantes avanços na abordagem terapêutica do LBDGC. Com os novos regimes terapêuticos cerca de 75% dos doentes apresentam Resposta Completa (RC). Objectivos: Os autores pretendem caracterizar os doentes com diagnóstico de LBDGC tratados nos últimos 3 anos na sua Instituição, tendo também em conta a terapêutica instituída e a resposta ao tratamento. Métodos: Estudo retrospectivo de 78 doentes com o diagnóstico de LBDGC tratados numa instituição entre Agosto/2007 e Agosto/2010, independentemente da data do diagnóstico. Nos doentes com diagnóstico anterior a 2007, os critérios de avaliação de resposta foram os do International Workshop Criteria (IWC); nos diagnósticos posteriores, estes critérios foram os do IWC+PET- based assessment. Resultados: Dos doentes estudados, 41 (52.6%) eram do sexo masculino, com uma média de idade de 58 anos (variando de 17 a 90 anos). Verificou-se infecção pelo HIV em 5 doentes. Os sintomas B encontravam-se presentes em 52.6% dos doentes. Os valores do International Prognostic Index (IPI) foram iguais ou inferiores a 2 em 71.4%; quarenta e seis doentes (59%) apresentavam estádios I/II. Quarenta e seis doentes (59%) fizeram apenas uma linha de quimioterapia. Em relação ao tratamento de 1ª linha, 63 doentes (80.8%) realizaram R-CHOP e 15 doentes (19.2%) realizaram outros tratamentos; obteve-se RC em 40 doentes (63.5%) e em 7 doentes (46.6%), respectivamente. Nos tratamentos de 1ª linha, os doentes fizeram uma mediana de 6 ciclos; a percentagem de RC obtida nos estádios I/II foi de 65.2% e nos estádios III/IV foi de 53.1%. Trinta e quatro doentes realizaram PET de avaliação precoce (ao 3º ciclo); nesta fase, 17 doentes (50%) obtiveram RC, 16 Resposta Parcial e 1 não obteve resposta. Os doentes incluídos neste estudo apresentam um tempo de follow-up médio de 21.9 meses (mínimo 0,3 e máximo 81 meses). Verificaram-se 15 óbitos e 3 destes doentes tinham infecção HIV. A sobrevivência projectada aos 5 anos foi de 78.2% para todos os doentes e 80.5% para os doentes seronegativos; a sobrevivência projectada aos 3 anos nos doentes seropositivos foi de 40%. Discussão/ Conclusão: A idade média ao diagnóstico e a percentagem de doentes em estádios avançados são inferiores ao descrito na literatura; a frequência de sintomas B ao diagnóstico, pelo contrário, foi superior nesta amostra. Verificou-se uma excelente sobrevivência aos 5 anos (superior a 80% nos doentes seronegativos).

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PO28 - PAPEL DO PET NA AVALIAÇÃO INTERMÉDIA DA RESPOSTA NOS DOENTES COM LNH DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B Luís Cláudio Leite1, Sérgio Chacim1; Isabel Cristina Ferreira1; Nuno Couto2; Ana Rodrigues2; Joana Bordalo e Sá2; Cstarina Pinto3; Dina Carvalho4; Margarida Marques1; Luísa Viterbo1; Ângelo Martins1; Ilídia Moreira1; Nelson Domingues1; Ana Espirito Santo1; Lima Bastos5; Rui Henrique6; Isabel Oliveira1; José Mário Mariz1 1Serviço OncoHematologia, IPO Porto, FG, EPE; 2Serviço Oncologia Médica, IPO Porto, FG, EPE; 3Serviço de Oncologia, IPO Coimbra; 4Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro; 5Serviço Medicina Nuclear, IPO Porto, FG, EPE; 6Serviço Anatomia Patológica, IPO Porto, FG, EPE Introdução: A Positron Emission Tomography (PET) com Fluorodesoxiglicose (FDG) constitui-se como uma tecnologia promissora na avaliação da resposta à terapêutica nos doentes com Linfoma Não-Hodgkin Difuso de Grandes Células B (LNH DGCB). Objectivo: Avaliar a utilidade do PET na avaliação da resposta intermédia ao tratamento dos doentes diagnosticados com LNH DGCB. Material e Métodos: Foi realizada uma análise retrospectiva dos dados clínicos de doentes com diagnóstico de LNH DGCB, tratados e seguidos num Serviço de Hematologia de 1999 a 2009, nos quais foi realizada avaliação intermédia de resposta à primeira linha terapêutica através de PET. Resultados: Foram analisados os dados clínicos de 75 doentes com diagnóstico de LNH DGCB e que realizaram PET intermédio. Destes, 74 foram tratados em 1ª linha com esquema de quimioterapia CHOP e 1 com o esquema HCVAD, associado ao anticorpo monoclonal Rituximab em 82,7% dos casos (62 doentes). Em média, o PET de avaliação foi realizado após o 3º ciclo (intervalo: 1 -5). Do total de 75 doentes que realizaram PET intermédio, em 22 este exame foi positivo, correspondendo em todos eles a redução na captação relativa à avaliação inicial. Destes 22 doentes, 21 mantiveram o plano terapêutico delineado ao diagnóstico e 1 doente interrompeu o tratamento ao fim de 3 ciclos por deterioração do estado geral, acabando por falecer. 18 doentes repetiram o PET após o término da 1ª linha terapêutica. Destes, 10 mantiveram o PET positivo, tendo 3 apresentado progressão da doença e 7 permanecido sem evidência de progressão. Foi possível realizar biópsia em 4 deles, sendo o resultado negativo em todos os casos. Por persistência/progressão após a 1ª linha terapêutica 3 doentes fizeram quimioterapia de 2ª linha, 1 com esquema ICE (faleceu por progressão do LNH), 1 com esquema ESHAP (vivo com evidência de doença) e 1 com esquema MINE (vivo em RP). 19 doentes não apresentaram necessidade de realizar quimioterapia de 2ª linha, 2 dos quais faleceram, 1 devido a progressão de doença 6 meses após o término da 1ª linha e o outro devido a recidiva de neoplasia da bexiga. 16 doentes mantêm-se vivos sem evidência de progressão de LNH, apresentando um seguimento mediano de 31 meses (intervalo 7 – 55). A avaliação de resposta por PET neste grupo de doentes apresentou valores de sensibilidade 35,7%, especificidade 72,1%, valor preditivo positivo 22,7% e valor preditivo negativo 80,0%. A análise de sobrevivência entre os doentes com PET de avaliação positivo e negativo foi de 44,0 (IC 95% 36,1 – 52,0) e 44,0 (IC 95% 40,2 – 47,8) meses respectivamente (p=0,348). Conclusão: Na nossa série de doentes o resultado do PET intermédio não se associou a diferenças significativas na sobrevivência dos doentes, tendo-se verificado uma elevada taxa de resultados falsos positivos. No nosso entender são necessários estudos de validação para que o PET possa ser utilizado na rotina clínica como método de avaliação de resposta.

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PO29 - LINFOMA DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B – A INFLUÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO DE RITUXIMAB EM 1ªLINHA NA RESPOSTA À TERAPÊUTICA APÓS PROGRESSÃO Fernanda Estevinho1, Ana Rodrigues1; Joana Savva-Bordalo1; Ilda Faustino1; Nuno Couto1; Dina Carvalho2; Catarina Pinto3; Sérgio Chacim4; Luis Claudio Leite4; Isabel Cristina Ferreira4; Margarida Marques4; Luisa Viterbo4; Ângelo Martins4; Isabel Oliveira4; Ilídia Moreira4; Ana Espírito-Santo4; Nelson Oliveira4; Rui Henrique5; José Mariz4 1Serviço de Oncologia Médica do Instituto Português de Oncologia do Porto, Francisco Gentil; 2Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro; 3Serviço de Oncologia Médica do Instituto Português de Oncologia de Coimbra, Francisco Gentil; 4Serviço de Oncohematologia do Instituto Português de Oncologia do Porto, Francisco Gentil; 5Serviço de Anatomia Patológica do Instituto Português de Oncologia do Porto, Francisco Gentil Introdução: O linfoma Não-Hodgkin difuso de grandes células B (LNH DGCB) é o subtipo de linfomas mais comum, correspondendo a cerca de 30%. A remissão completa ocorre em 50-80%. A adição de rituximab (anticorpo monoclonal anti-CD20) à quimioterapia de 1ª linha, de acordo com os estudos publicados, aumenta a taxa de resposta, a sobrevivência livre de progressão e a sobrevivência global. Contudo, desconhece-se o impacto desta terapêutica na resposta à quimioterapia de 2ªlinha. Objectivo: Estudar a resposta ao tratamento de 2ªlinha, em doentes com LNH DGCB que realizaram tratamento de 1ª linha com adição de rituximab versus quimioterapia standard, admitidos no Serviço, de Janeiro de 1998 a Janeiro de 2009. Material e métodos: Realizou-se um estudo observacional, longitudinal e retrospectivo incluindo 266 doentes com diagnóstico de LNH DGCB seguidos nesta instituição. Foram seleccionados os doentes que apresentaram falência à 1ªlinha terapêutica/recidiva (n=84). Procedeu-se à revisão de processos clínicos, registo de características demográficas, tratamento efectuado e resultados obtidos. A análise estatística foi efectuada com recurso ao programa SPSS® Statistics 17.0. Resultados: Na população total de 266 doentes: 135 doentes efectuaram tratamento de 1ªlinha com quimioterapia standard (CHOP: n=124; CNOP: n=11), e 131 com adição de rituximab (R-CHOP:n=129; R-CNOP:n=2). No primeiro grupo observou-se falência terapêutica/recidiva em 53 (n=17 e n=36 respectivamente) e no segundo grupo em 31 (n=9;n=22). Foram submetidos a quimioterapia de 2ª linha respectivamente 43 (81,1%) e 28 (90,3%) doentes. O primeiro grupo: era constituído maioritariamente (66,0%;n=35) por doentes do sexo masculino; a idade mediana era 65 anos (min.15, max. 64); ao diagnóstico 39,6 % (n=21) apresentavam doença em estadio IV de Ann Harbor; 37,7%(n=20) IPI=2 e 28,2% IPI>2 (n=15); Em 1ªlinha dois doentes haviam realizado transplante de células progenitoras (3,8%) e 5 radioterapia (9,4%). Os principais esquemas de quimioterapia efectuados após falência terapêutica/recidiva foram: MINE (32,6%;n=14), ESHAP (25,6%;n=11), R-MINE (11,6%;n=5), R-ESHAP (9,3%;n=4), H-CVAD (6,9%;n=3), de Angelis (4,7%;n=2) e outros (9,3%;n=4). O tratamento de 2ª linha integrou a realização de radioterapia em 5,6%(n=3) e transplante de células progenitoras em 7,6%(n=4); O segundo grupo: era constituído por 45,2%(n=14) doentes do sexo masculino, com idade mediana de 68 anos (min.35, max.85); ao diagnóstico 38,7%(n=12) integravam o estadio IV da classificação de Ann Harbor; 29,0%(n=9) apresentavam IPI=2 e 51,6% (n=16) IPI>2; 6,4%(n=2) haviam realizado transplante de células progenitoras e radioterapia (6,4%; n=2) em primeira linha. O tratamento de segunda linha englobou o transplante de células progenitoras em 2 doentes (6,4%) e de radioterapia em igual número. Os principais esquemas de quimioterapia de 2ªlinha administrados foram: R-ICE (21,4%;n=6), MINE

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(17,9%;n=5) e R-MINE (17,9%;n=5), ESHAP (14,3%;n=4), R-ESHAP (14,3%;n=4), ICE(10,7%;n=3), de Angelis (3,5%;n=1). A sobrevivência mediana após progressão foi no 1ºgrupo 9,8 m (IC95%:0,0;19,6) vs 16,6m(IC95%:5,2;27,9), a taxa de resposta completa (32,1%;n=17 vs 29,0%;n=9) e resposta parcial (11,3%;n=6 vs 6,4%;n=2). Conclusões: Nesta amostra não encontramos diferenças estatisticamente significativas na resposta à quimioterapia de segunda linha de acordo com a administração de rituximab em 1ª linha. Para tal pode contribuir o tamanho da amostra. Serão necessários estudos posteriores, eventualmente multicêntricos, para esclarecimento.

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PO30 - COMPOSTOS BIOACTIVOS NO TRATAMENTO DO LDGCB – POTENCIAL TERAPÊUTICO DA VITAMINA C Ana Cristina Gonçalves1, Sónia Costa2; Cátia Domingues2; Rui Santos3; Vera Alves3; Teresa Silva3; Manuel Santos Rosa3; Ana Bela Sarmento Ribeiro1 1Centro de Investigação Meio-ambiente, Genética e Oncologia (CIMAGO), Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra; 2Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de Coimbra; 3Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra Ao longo de várias décadas têm sido isolados e investigados vários compostos naturais como vitaminas, minerais, flavonóides e fenóis, e avaliado o seu potencial na prevenção e tratamento de várias doenças, nomeadamente inflamatórias e neoplásicas. O Linfoma Difuso de Grandes Células B (LDGC-B) é um linfoma clinicamente agressivo, constituindo o subtipo mais comum dos Linfomas não-Hodgkin (LNH) (30-40% dos casos). Pode surgir em todas as idades, sendo mais frequente a partir dos 60 anos, e a sobrevivência aos 5 anos é de 50%. Actualmente é tratado com regimes de quimioterapia combinada, e em alguns casos, o recurso a transplante de medula é possível. Apesar dos progressos alcançados na terapêutica com o aparecimento de novos fármacos, muitos continuam a apresentar eficácia reduzida e/ou elevada toxicidade. A vitamina C é uma vitamina hidrossolúvel que existe sob duas formas com efeitos antagónicos, dependendo da concentração e do meio circundante, a forma oxidada ou ácido ascórbico (AA) e a forma reduzida ou ácido dihidroascórbico (DHA). Enquanto a forma reduzida tem efeito anti-oxidante (protector celular), a oxidada é altamente citotóxica, podendo eventualmente ser utilizada no tratamento do cancro. Neste sentido, no nosso trabalho pretendemos avaliar o potencial terapêutico da vitamina C, em monoterapia e/ou em combinação com a terapêutica anti-cancerígena convencional. Para o efeito, as células Farage, obtidas de um doente com LDGC-B, foram mantidas em cultura na ausência e na presença das duas formas de vitamina C, AA e DHA, e/ou doxorubicina (DOXO), em diferentes concentrações e por diferentes períodos de tempo. O efeito da vitamina C na viabilidade e proliferação celular foi avaliado pelo IC50 (teste Azul Tripano) e o tipo de morte celular por microscopia óptica (coloração de May-Grunwald-Giemsa) e citometria de fluxo (CF), recorrendo à marcação com anexina V/IP. Para estudar os mecanismos envolvidos na citotoxicidade induzida pela Vitamina C, analisamos por CF, a expressão de caspase 3, a participação da mitocôndria e do stress oxidativo, através da análise do ymit recorrendo ao JC1, da produção de ROS utilizando o DCFH-DA e o DHE, e dos níveis de GSH utilizando o Alaranjado de Mercúrio. Os nossos resultados mostram que a vitamina C, tanto a forma reduzida como a forma oxidada, induz diminuição da proliferação e viabilidade celular de modo dependente da dose e do tempo de incubação, obtendo-se o IC50 para concentrações de 1,5 mM e 1 mM, respectivamente para o AA e DHA. Estes compostos induzem sobretudo apoptose, a qual pode ser mediada pelo aumento de caspase 3 e produção de ROS e/ou pela redução de GSH e do ymit. Por outro lado, a combinação terapêutica com DOXO, em concentrações inferiores ao IC50, induz efeito citotóxico sinérgico. Este estudo sugere que a vitamina C poderá constituir uma nova abordagem terapêutica no LDGC-B em monoterapia ou como co-adjuvante da terapêutica convencional.

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PO31 - NEOPLASIAS DO SISTEMA HEMATOPOIÉTICO EM DOENTES COM INFECÇÃO VIH Renata Cabral e Sara Vieira Silva1, M. França; A. Mota; C. Gonçalves; L.Pinho; L. Xavier; R.Coutinho; C. Casais; J. Coutinho; C. Vasconcelos; M. Campos1 1Centro Hospitalar do Porto-Serviço de Hematologia Clínica e Unidade de Imunologia Clínica Introdução Os indivíduos com infecção por VIH têm uma maior incidência de neoplasias hematopoiéticas que a população geral. Com a introdução de terapêutica antiretroviral de elevada eficácia (HAART) o prognóstico da doença melhorou, permitindo tratamento com quimioterapia (QT) de modo semelhante à população geral. Objectivos, material e métodos Análise retrospectiva de doentes com infecção VIH e neoplasia do sistema hematopoiético assistidos no Hospital de Santo António de Janeiro de 1987 a Julho de 2010, segundo o tipo de neoplasia, tratamento realizado e sobrevida. No período considerado foram seguidos 67 doentes (53M/14F); mediana de idades 38; dos quais 56 com linfoma não Hodgkin (LNH), 8 linfomas de Hodgkin (LH) e 3 leucemias agudas (2 LMA; 1 LLB). O diagnóstico de infecção VIH foi concomitante em 28,5% dos doentes. Dos 56 LNH, 21 apresentaram-se à data de diagnóstico da neoplasia com linfócitos T CD4+ inferiores a 200/mm3 e 21 com doença prévia definidora de SIDA. Verificou-se um predomínio dos Linfomas B Grandes Células (n=33). Do total de LNH 26 tinham um estadio ≥ III e 14 ECOG≥2 . A sobrevivência média global dos doentes foi de 8,2 meses. Destes 56 doentes, 34 foram tratados com intuito curativo, 25 em dose plena e 9 em dose reduzida; 33 doentes em associação com HAART. Dos 34 doentes tratados verificou-se resposta completa em 24; 19 fizeram QT em dose plena e 5 em dose reduzida. 19 fizeram HAART, 14 em associação com QT em dose plena e 5 em dose reduzida. Como esperado a percentagem de resposta foi superior nos doentes com QT em dose plena (76.6% vs 55.6%). 10 doentes recidivaram; metade tinha ECOG≥2. Verificada taxa de mortalidade por progressão da neoplasia de 46,4% (n=26); 13 tinham um ECOG≥2; 17 fizeram tratamento com intuito curativo, desses 11 em dose plena e 6 em dose reduzida. A mortalidade foi superior nos doentes com QT em dose reduzida (66.7% vs 44,0%). Dos doentes tratados simultaneamente com HAART 39, 4% morreram em contraposição a 80% que só fizeram QT. Dos 8 doentes com LH, 4 apresentaram-se com linfócitos T CD4+ inferiores a 200/mm3 e 3 com doença prévia definidora de SIDA, 6 tinham ECOG≤2. Sobrevida média global foi de 66 meses. 7 doentes fizeram tratamento; 6 em associação com HAART, todos com resposta completa, mantendo-se livre de doença. 1 doente morreu por progressão de neoplasia (em estadio SIDA), o único que não fez terapêutica. Conclusões: Verifica-se uma tendência de melhor resposta à terapêutica em indivíduos com melhor status imunológico, parecendo haver um impacto positivo da HAART, e em indivíduos com

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menor ECOG. No entanto, a mortalidade dos LNH, continua a ser superior nos indivíduos com infecção VIH comparativamente à população geral. PO32 - DOENÇA LINFOPROLIFERATIVA E VIH - CASUÍSTICA DE UM CENTRO HOSPITALAR Celina Afonso1, Maria Pedro Valadão1; Alice Reichert1; Paula Santos1; Ana Gomes1; Fernando Lima1; Ricardo Baptista Leite1; D` Jalma Sousa1; Kamal Mansinho1 1CHLO Introdução: Os indivíduos com doença pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) têm um risco de aproximadamente 80% superior à população seronegativa de aparecimento de linfomas não-Hodgkin (LNH). Os LNH-VIH são mais frequentes no sexo masculino e nos caucasianos. Os LNH-VIH constituem um grupo heterogéneo, predominando os linfomas de linhagem B de alto grau, incluindo LNH sistémicos, LPSNC e linfoma primário das serosas. Dentro dos LNH B sistémicos a maioria são linfomas difusos de grandes células . Clinicamente os LNH sistémicos apresentam-se em estádio avançado com envolvimento medular, predominando as formas extraganglionares. O aparecimento do linfoma relaciona-se com estádios avançados da doença VIH e baixas contagens de linfócitos CD4. A introdução da terapêutica antiretroviral de alta eficiência (HAART) modificou o prognóstico do LHN-VIH, melhorando a tolerância à quimioterapia, e proporcionando altas taxas de resposta completa e de sobrevida livre de doença. O tratamento dos LNH-VIH não é consensual. Amaioria dos centro usa como terapêutica padrão o regime CHOP ou similar, estando por definir o papel do anticorpo monoclonal rituximab nestes doentes. Independentemente das contagens de CD4+ é recomendado o uso de factores de crescimento de granulócitos (G-CSF) para profilaxia da neutropenia febril, e a profilaxia antifúngica, anti-herpética e para pneumonia a pneumocistis jiroveci. Material e métodos: Os autores apresentam a casuística de LHN-VIH tratados entre Janeiro de 2005 e Agosto de 2010. Foram registados 19 casos de linfoma, distribuídos em 13 homens e 6 mulheres, com idades compreendidas entre 30 e 67 anos. 16 doentes estavam em estádio C da doença VIH, 1 em estádio A, em dois casos não foi possível determinar esse parâmetro. Na data do diagnóstico do linfoma, 9 doentes estavam sob HAART. Quanto ao tipo de linfoma registaram-se 3 LH, 7 LNH B DGC, sendo 3 extra-ganglionares, 2 LPSNC, 2 linfomas de serosas, 1 LHN B anaplásico, 1 LHN T angioimunoblástico, 1 linfoma MALT gástrico, 1 LHN B folicular, 2 LHN B não classificado. Todos os doentes receberam tratamento para o linfoma. Os linfomas Hodgkin foram tratados com ABVD, os LPSNC com protocolo baseado em metotrexato em alta dose e os restantes com CHOP. Dos 19 doentes 16 atingiram resposta completa (RC), 2 morreram com doença em progressão, 1 morreu por complicações infecciosas durante o tratamento. Em Agosto de 2010, dos 19 doentes registados, 10 estavam vivos, 9 em RC e 1 em tratamento da 1ª recaída. Dos retantes, 6 morreram por causas não relacionadas com o linfoma e 3 perderam-se para o follow-up.

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Conclusões: apesar de os LNH-VIH serem habitualmente considerados de mau prognóstico, a introdução da HAART melhorou significativamente o status destes doentes. Vários trabalhos recentes mostram que o prognostico dos doentes com LHN-VIH parece ser sobreponível ao dos doentes imunocompetentes, corroborando o uso de protocolos similares nos dois grupos. A experiência dos autores está de acordo com esses dados destacando-se a obtenção de resposta completa em 16 dos 19 doentes tratados, apenas se tendo registado um óbito por complicações infecciosas durante o tratamento.

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PO33 - ESTUDO OBSERVACIONAL DE UMA POPULAÇÃO SEROPOSITIVA PARA O HTLV I/II HELENA FIGUEIRA MARTINS1, ELIAS GONÇALVES1; MÓNICA SEMEDO1; CAROLINA VIVEIROS1; MANUEL NEVES1; SARA VALLE1; JOÃO RAPOSO1; GRAÇA ESTEVES1; CONCEIÇÃO LOPES1; JOÃO ALVES DO CARMO1 1CENTRO HOSPITALAR DE LISBOA NORTE, EPE - HOSPITAL DE SANTA MARIA Introdução: Os retrovírus HTLV I e II foram descritos pela primeira vez em 1980 e 1982, respectivamente. O HTLV I está etiologicamente associado à Leucemia/Linfoma T do adulto, à paraparésia espástica tropical e a uveítes O HTLV II tem sido associado à pneumonia, bronquite, infecções do tracto urinário e quadros neurológicos raros. Tanto o HTLV I como o II têm como vias de transmissão mais comuns a sexual, as transfusões sanguíneas, o leite materno, sendo também frequentes em dependentes de drogas injectáveis. A activação transcricional das proteínas Tax1 e Tax2 do HTLV I e II respectivamente são responsáveis pela replicação viral e modulação de genes celulares do hospedeiro como os das citocinas e seus receptores, dos factores pró-apoptóicos, das enzimas reparadoras de DNA, dos factores de crescimento e das moléculas de adesão. A infecção por estes vírus acarreta alterações a nível laboratorial, nomeadamente, nas contagens de linfócitos e plaquetas, no nível de hemoglobina e do VGM, sendo que essa influência difere conforme se trate de uma infecção pelo HTLV I ou II. Em qualquer dos casos, verifica-se que as células T CD4+ e CD25+ são os principais reservatórios destes vírus no sangue periférico. Material e métodos: De 1993 a 2007 realizou-se um estudo observacional sobre 20 dadores de sangue/doentes referenciados ao nosso Hospital de Dia em que se detectou seropositividade (primeiro por método ELISA e posteriormente por PCR). Todos os indivíduos foram observados anualmente, 10 homens e 10 mulheres, idade média 47A, mediana 49A (23 a 69 A), naturais de Portugal e PALOP, de raça branca e negra. Laboratorialmente, foram feitos os seguintes exames: hemograma, populações linfocitárias com painel, determinação de diversos oncogenes, bioquímica de rotina, incluindo doseamento de imunoglobulinas séricas e β2 microglobulina. Resultados: Numa população de 20 dadores/ doentes, verificou-se que não houve progressão, em qualquer dos casos, para Leucemia/Linfoma T do adulto. No único caso de gravidez registado não se verificou transmissão vertical. Apurou-se um caso com manifestações do foro neurológico em que se tentou estabelecer uma provável relação com a seropositividade. Quanto aos parâmetros laboratoriais, não se verificaram alterações significativas ao nível do hemograma, nomeadamente, na contagem de linfócitos, plaquetas, hemoglobina e VGM. O mesmo se concluiu em relação aos restantes parâmetros laboratoriais analisados. Em alguns casos, não foi possível manter seguimento em consulta por falecimento ou por má adesão por parte dos dadores/ doentes. Conclusão: Neste estudo observacional não foi possível estabelecer uma relação entre a seropositividade para estes vírus e o surgimento de Leucemia/Linfoma T do adulto ou outra patologia relevante.

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PO34 - SENSIBILIDADE DA CITOMETRIA DE FLUXO PARA O DIAGNÓSTICO DE INFILTRAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL EM DOENÇAS LINFOPROLIFERATIVAS AGUDAS E CRÓNICAS Joana Parreira1, Isabel Santos2, Ana Santos2, Joana Caetano2, Evan Jensen2, Teresa Faria2, Paulo Lucio1,2, Maria Gomes Silva1,22 1Serviço de Hematologia do Departamento de Hematologia do IPOLFG; Laboratório de Hemato-Oncologia do Departamento de Hematologia do IPOLFG; 2

A detecção de infiltração do SNC por neoplasias de linhagem linfóide é possível nalguns casos por análise citopatológica do líquido cefalorraquidiano (LCR). Este método tem contudo algumas limitações, já que apesar da sua elevada especificidade (>95%) tem uma sensibilidade inferior a 50%. A citometria de fluxo(CF), com maior sensibilidade, tem sido investigada como método complementar/alternativo. A utilização de painéis de anticorpos monoclonais mais extensos e específicos e a optimização de alguns aspectos da técnica poderão aumentar a sua capacidade diagnóstica. Objectivos: Avaliar a sensibilidade da CF no diagnóstico de infiltração do SNC em amostras de LCR, quando comparada com a citologia. Métodos: Foi realizada imunofenotipagem por CF utilizando os painéis de anticorpos monoclonais desenvolvidos pelo Grupo Cooperativo Euroflow® LNHB: CD20/CD45/L/k/CD19/CD10/CD38; LNHT: CD4/CD45/CD7/CD2/CD3/CD56/-/CD8; LLAB: CD20/CD45/TdT/CD10/CD34/CD19/CD3/CD38; LLAT: cyCD3/CD45/TdT/CD2/CD34/CD10/CD7/CD3. As amostras foram adquiridas num citómetro de fluxo FACSCantoII (BD) e analisadas com o software Infinicyt (Cytognos). Resultados: Durante o período do estudo (2007-2009), foram analisadas 105 amostras colhidas a 79 doentes com neoplasias linfóides e que tinham sintomas sugestivos de infiltração do SNC ou eram portadores de patologias com alto risco de infiltração. Estes incluíam 28 casos de leucemias agudas linfóides (LLA): (25 - LLA-B, 3-LLA-T) e 75 casos de linfomas não Hodgkin (LNH), (LNHBDGC-25, LNH-BURKITT-6, LNHB-baixo grau-20, LNHT-3, LNH manto-7, LLC-B-2, 1 linfoma composto BDGC/Hodgkin, LNH primário do SNC-11 ). A citologia foi positiva em 15 amostras (14%), negativa em 66 (63%) e suspeita em 4 (4%). Por dificuldades técnicas o resultado não foi conclusivo em 20 casos (19%); em nenhum destes a análise foi positiva por CF – 13 dos 20 casos tinham celularidade insuficiente para a realização de CF e nos outros 7 a análise foi negativa. O estudo citofluorométrico foi exequível em 43 (41%) das amostras entradas. Nas restantes a concentração celular foi insuficiente para análise, havendo apenas 4 casos não analisáveis por outras razões; à excepção de um caso com citologia suspeita, todos os outros foram negativos ou inconclusivos na análise citológica. Quinze dos casos analisáveis por CF (35%) foram positivos, revelando infiltração do SNC pela neoplasia. Nunca foi detectada a presença de células linfóides neoplásicas no líquor apenas por citologia; contudo, a citometria de fluxo tornou possível a detecção da infiltração do SNC em 2 casos negativos na análise morfológica. Por outro lado, um dos doentes com citologia suspeita, não confirmada em CF, demonstrou por métodos de imagem ter infiltração parenquimatosa do SNC.

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Estatisticamente (teste de McNemar), a distribuição dos casos positivos/suspeitos e negativos usando as técnicas de citologia e citometria foi semelhante. Conclusões: Ainda que o uso da citometria de fluxo pareça aumentar a capacidade de detecção da infiltração do SNC por neoplasias linfóides em comparação com a citologia (35% e 14% de casos positivos), a técnica tem limitações sobretudo relacionadas com o número de células necessárias para análise. A fenotipagem pode identificar alguns casos em que a análise morfológica é insuficiente para o diagnóstico.

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PO35 - LINFOMA DE BURKITT (LB) DO ADULTO: ANÁLISE RETROSPECTIVA DE 15 DOENTES TRATADOS COM QUIMIOTERAPIA (PROTOCOLO LMB 96) E RITUXIMAB. I Martins1, A Opinião1; A Nunes1; M J Frade1; T Mendonça1; J Parreira1; S Gomes1; A Parreira1 1IPOFG Lisboa Serviço de Hematologia Introdução O LB é uma neoplasia maligna de células B de alta agressividade, resultando de alterações de expressão do proto-oncogene c-MYC (8q24), envolvido em mecanismos de crescimento, morte e divisão celular. Representa menos de 1% dos linfomas não Hodgkin do adulto. As terapêuticas utilizadas no adulto baseiam-se em protocolos pediátricos, cuja optimização se deveu ao desenvolvimento de regimes intensivos, de curta duração. De acordo com a literatura, a aplicação destes regimes permite obter taxas de remissão completa (RC) de 75% a 92% e de sobrevivência livre de doença a longo prazo de 50% a 86%, em adultos, proporcionando melhores resultados que os dos protocolos de LLA anteriormente utilizados. Nos últimos anos, têm vindo a surgir novas estratégias terapêuticas, sendo exemplo a associação de Rituximab, tal como noutros linfomas B agressivos CD20+. Embora escassos, os dados existentes apontam para o benefício desta associação em LB do adulto. Objectivos Avaliar retrospectivamente a eficácia (medida pela taxa de resposta, sobrevivência global e livre de doença) da associação de quimioterapia ao Rituximab no tratamento de LB do adulto, numa série de 15 doentes consecutivos. Material e Métodos Analisados 15 doentes (4 mulheres e 11 homens; mediana de idades 36, variando entre 26 e 71 anos), VIH (-), com diagnóstico de LB feito entre Novembro 2004 e Dezembro 2009, performance status ≤3 (ECOG), sem disfunção cardíaca nem hepática prévias, 60% dos quais em estadio IV, sem envolvimento do sistema nervoso central (SNC), tratados segundo o protocolo LMB 96, de acordo com o respectivo grupo de risco [n=6 grupo B – estadios I/II não ressecados, estadios III/IV SNC (-) com infiltração medular (MO) <25%; n=9 grupo C – MO ≥ 25% e/ou SNC (+)]: pré -fase COP (ciclofosfamida, vincristina, prednisolona); 2xCOPADM (ciclofosfamida, vincristina, prednisolona, doxorrubicina, metotrexato alta dose); 2xCYM (ara-c, metotrexato alta dose), grupo B; 2xCYVE (ara-c alta dose, etoposido, metotrexato alta dose se SNC +), grupo C; sequência m1 (prednisolona, ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina, metotrexato alta dose), grupo B, com três ciclos adicionais (m2 e m4, incluindo ara-c e etoposido; m3 = m1 sem MTX alta dose), grupo C. Rituximab, 375 mg/m2, administrado em dia zero de cada ciclo, à excepção de COP. Resultados Observámos uma taxa de remissão completa de 100%. Com um tempo médio de seguimento de 39,9 (10 a 70) meses, a sobrevivência global e a sobrevivência livre doença foram também de 100 %. Um caso de toxicidade ligeira ao Rituximab, sem interrupção da administração. Ocorrência de pelo menos um episódio de neutropenia febril em 86,7% dos doentes. Dois casos de interrupção terapêutica, um por choque séptico, outro por toxicidade cardíaca. Um caso de mucosite grau IV. Dois casos de transição para grupo C, por resposta parcial. Conclusões Nesta série não comparativa, verificou-se que a introdução de Rituximab no tratamento de LB em adultos permitiu obter excelentes taxas de resposta e sobrevivências global e sem doença prolongadas, sem acréscimo significativo de toxicidades, o que suporta a sua utilização neste contexto.

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PO36 - LINFOMAS DO TECIDO LINFÓIDE ASSOCIADO ÀS MUCOSAS (MALT): DUAS DÉCADAS DE EXPERIÊNCIA DE UM SERVIÇO Marta Isabel Pereira1, Gilberto Marques2; Catarina Geraldes1; Adriana Teixeira1 1Serviço de Hematologia Clínica, Hospitais da Universidade de Coimbra; 2Serviço de Patologia Clínica, Hospitais da Universidade de Coimbra Introdução: O linfoma do tecido linfóide associado às mucosas (MALToma) é um linfoma B indolente da zona marginal que pode surgir em qualquer órgão com tecido MALT induzido por estimulação inflamatória crónica (infecciosa ou autoimune). A localização gastrintestinal predomina, maioritariamente a nível gástrico; o envolvimento medular não é característico, com taxas muito variáveis descritas na literatura. O MALToma gástrico associa-se à infecção por Helicobacter pylori (Hp), sendo a sua erradicação a terapêutica de primeira linha nos estadios baixos. A abordagem quimio e radioterápica não está ainda alicerçada em ensaios clínicos robustos; a cirurgia deve ser reservada para as complicações locais. Objectivo: Caracterizar os casos acompanhados num serviço de Hematologia de um hospital central ao longo de duas décadas, como representação do status nacional nesta patologia. Método: Pesquisou-se a base de dados do nosso Serviço (1990-2010) com os termos “MALT”, “Marginal” e “Indolente”, e a base de dados de imunofenotipagem pelo termo “MALT” nos resultados, identificando-se 158 doentes cujos processos clínicos foram requisitados; 10 foram excluídos por não serem seguidos no nosso Serviço e 28 por terem processos indisponíveis. Dos 120 doentes restantes, 44 (36,7%) apresentavam diagnóstico clínico definitivo de linfoma MALT. Resultados: Os diagnósticos foram estabelecidos entre Abril de 1992 e Agosto de 2010, com uma distribuição temporal homogénea (2,3 novos casos/ano, mediana de 2); 54,5% dos doentes eram do sexo feminino; a média de idades ao diagnóstico era 58,5±15,1 anos (16,7-85,1). Predominavam os MALTomas digestivos (27 doentes, 61,4%), com envolvimento gastrintestinal em 52,3% (incluindo 36,4% gástricos, 11,4% intestinais, 1 duodenal e 1 apendicular), 1 MALToma vesicular e 3 (6,8%) salivares (2 na parótida); 5 doentes (11,4%) apresentavam MALToma brônquico, 3 (6,8%) orbitário, 1 amigdalino e 1 tiroideu. Em 7 doentes (15,9%) foi feito diagnóstico em medula ou sangue periférico, sem reconhecimento de massa sólida. Identificou-se infiltração medular à biópsia óssea e/ou imunofenotipagem em 40,7% dos doentes avaliados. Foi feita ressecção cirúrgica, geralmente diagnóstica, em 59,5% dos doentes com massa sólida – em 43,8% das localizações gástricas, mas 87,5% dos restantes linfomas gastrintestinais e vesicular, reflectindo cirurgia urgente por complicações (oclusão, perfuração) ou suspeita de outra patologia (incluindo apendicite e colecistite agudas). Apenas dois doentes (12,5%) com MALToma gástrico (diagnosticados em 1992) não tinham pesquisa de Hp; 43,8% eram Hp-positivos, todos submetidos a erradicação, à exepção de dois com gastrectomia total (considerada controlo de foco). Fizeram quimioterapia 70,5% dos doentes (75,0% gástricos, 67,9% não gástricos), segundo os protocolos em vigor às datas; apenas 2 doentes (ambos gástricos) fizeram radioterapia. A sobrevida média foi de 6,4±4,8 anos (0,1-17,5) nos doentes vivos em Agosto de 2010, 3,9±4,4 nos falecidos e 3,5±2,5 nos perdidos para o follow-up.

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Conclusão: Esta revisão da casuística de linfomas MALT acompanhados ao longo de duas décadas num serviço de Hematologia de um hospital central com uma área de influência alargada não só reflecte a nossa experiência pessoal, como permite caracterizar uma proporção relevante dos doentes com linfoma MALT a nível nacional. Os resultados obtidos acompanham a literatura internacional, destacando-se, porém, uma infiltração medular (40,7%) superior à tendência bibliográfica.

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PO37 - CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E FACTORES DE PROGNÓSTICO NA MACROGLOBULINÉMIA DE WALDENSTRÖM Elisabete Couto1, Marta Almeida1; Catarina Portela1; Herlander Marques1 1Hospital de Braga Introdução: A Macroglobulinémia de Waldenström (MW) é caracterizada pela presença de um componente IgM monoclonal no soro e por um infiltrado linfoplasmocítico na medula óssea. É uma doença rara e indolente que atinge frequentemente doentes entre os 50-70 anos de idade. Os sintomas podem resultar da infiltração tumoral, da circulação e/ou depósito das cadeias leves de IgM. Objectivos: Os autores pretendem caracterizar os doentes com diagnóstico de MW tratados na sua Instituição, tendo em conta também os factores de prognóstico e a terapêutica instituída. Métodos: Estudo retrospectivo de 10 doentes com o diagnóstico de MW efectuado entre 2006 – 2010 e tratados numa instituição. Resultados: Dos doentes estudados, 7 eram do sexo masculino e apresentavam uma idade média de 73.4 anos (mínimo 59 e máximo 81 anos). À data do diagnóstico, 4 doentes encontravam-se assintomáticos. Os sintomas mais frequentes foram os neurológicos (cefaleias, neuropatia e tonturas). Os sintomas B estavam presentes em 2 doentes. Verificou-se a presença de outras neoplasias em 4 doentes: 2 Carcinomas do Cólon, 1 Linfoma Não-Hodgkin Cerebral e 1 Linfoma Não-Hodgkin Gástrico. Em nenhum doente se verificou presença de adenopatias. Em relação aos factores de prognóstico verificou-se que: 8 doentes apresentavam valores de hemoglobina <11.5 g/dL, 7 doentes apresentavam β-2 microglobulina > 30 mg/dL e 5 doentes apresentavam IgM > 30g/L; a mediana de factores de mau prognóstico por doente foi de 2. Constatou-se leucocitose e trombocitopenia em 2 e 5 casos, respectivamente; 4 doentes apresentavam insuficiência renal ao diagnóstico; 8 doentes apresentavam pico monoclonal de cadeias leves kappa e os restantes lambda. Até à data, 1 doente não realizou qualquer tratamento dirigido à doença e 3 ainda se encontram a realizar quimioterapia de 1ª linha. Os tratamentos de 1ª linha foram: Clorambucil em 2 doentes, R-FC (rituximab, fludarabina e ciclofosfamida) em 2 doentes, CVP (ciclofosfamida, vincristina e prednisolona) em 2 doentes e outros esquemas associados ao rituximab nos restantes 3 doentes. Dos 6 doentes que terminaram Quimioterapia de 1ª linha, 3 apresentaram Resposta Parcial e apenas 1 teve Resposta Completa. Verificaram-se 2 óbitos, com evidência de doença e tempos de follow-up de 12 e 15 meses. A mediana do tempo de follow-up foi de 11 meses. Conclusão: Nesta série de doentes com MW verificou-se uma associação alta a segundas neoplasias, insuficiência renal e aos factores de mau prognóstico descritos para esta doença.

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PO38 - EVOLUÇÃO CLONAL NA LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÓNICA DE CÉLULAS B Luisa Regadas1, Renata Cabral1; Alexandra Mota1; Rute Araújo1; Cláudia Casais1; Cristina Gonçalves1; Luciana Pinho1; Luciana Xavier1; Jorge Coutinho1; Manuel Campos1 1Serviço de Hematologia Clínica, Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto Introdução A Leucemia Linfocítica Crónica B (LLC-B) representa aproximadamente 11% das neoplasias hematológicas e, na actualidade, é maioritariamente diagnosticada em estadios precoces. Dada a variabilidade da sua evolução clínica, o reconhecimento de factores de prognóstico e a avaliação da estabilidade clonal das células malignas são importantes. A aquisição de alterações genéticas é um fenómeno incomum, mas pode influenciar o comportamento da doença. O objectivo deste estudo é caracterizar a evolução citogenética, avaliada por FISH, da população de doentes com LLC-B em seguimento na nossa instituição. Material e Métodos Consideraram-se 136 doentes estudados por FISH ao diagnóstico entre Janeiro 2001 e Junho 2010. Esta população integra indivíduos com idade mediana de 69 anos (45 a 93), 61% do sexo masculino e 39% do sexo feminino. Segundo o estadiamento de RAI, existem 54% de casos em estadio 0, 30% em estadio 1, 6% em estadio 2, 5% em estadio 3 e 5% em estadio 4. Foram utilizadas sondas comerciais (Vysis) específicas para as regiões 13q14, centrómero do cromossoma 12, 11q21 (gene ATM) e 17p13 (gene P53). Foram analisados 200 núcleos por sonda, considerando-se resultado clonal a presença de determinada alteração em pelo menos 10% das células em interfase. Durante a evolução da doença, o Médico Assistente solicitou a reavaliação citogenética aquando do agravamento da situação clínica ou da necessidade de iniciar terapêutica. A evolução clonal foi definida como a aquisição de uma alteração genética ausente em estudo citogenético prévio. Resultados e Discussão Ao diagnóstico, dos 136 doentes avaliados por FISH, 61 (45%) apresentavam alterações, a mais comum sendo a del13q, presente em 73% dos casos, seguindo-se a trissomia 12 em 20%, a del11q em 5% e a del17p em 2%. No seguimento desta população, 50 (37%) doentes foram reavaliados por FISH e os 86 (63%) restantes não repetiram avaliação, razão pela qual se desconhece o seu comportamento citogenético. Dos 50 casos reavaliados, 38 evidenciaram estabilidade clonal e em apenas 12 se registou evolução clonal. Entre estes últimos, 11 doentes adquiriram uma alteração genética de novo e apenas 1 doente adquiriu duas alterações genéticas (del11q e del17p). A alteração citogenética adquirida mais comum foi a del17p em 5 (39%) casos, seguida da del11q em 3 (23%) doentes, a del13q também em 3 (23%) doentes e a trissomia 12 em 2 (15%) doentes. Estes indivíduos foram diagnosticados maioritariamente em estadio RAI 0 ou 1, havendo um único caso identificado em estadio 2. O tempo médio que decorreu entre o diagnóstico e a evolução clonal foi de 83 meses (17 a 156), destacando-se o facto de este período ser superior para a del17p (104 meses) em

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relação às restantes alterações. O tempo médio de sobrevida após a identificação da del17p foi de 8 meses (1 a 12). Conclusão Na população de doentes com LLC-B em seguimento na nossa instituição conclui-se que a evolução clonal é um fenómeno pouco comum, porém presente no decurso da doença. A del17p é a alteração genética mais frequente, observando-se uma tendência para ocorrer mais tardiamente e associando-se a pior prognóstico.

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PO39 - IMMUNOPHENOTYPIC PATTERNS IN CLL: RELATIONSHIP WITH GENETIC FEATURES AND MUTATIONAL STATUS Joana Caetano1, Marta Sebastião1; Lara Neto1; Maria Margarida Jorge1; Paula Gameiro1; Maria Gomes da Silva1 1Laboratório de Hemato-Oncologia, Departamento de Hematologia, Instituto Português de Oncologia de Lisboa Background: Chronic Lymphocytic Leukemia (CLL) has an heterogeneous clinical course. Well-established prognostic factors include genetic, molecular and phenotypic markers. The mutational status of IGVH and use of specific VH segments are important predictors of behavior. Flow cytometry (FC) is the most practical tool for prognostic stratification, including ZAP70 and CD38; recently it has been suggested that different combinations of other phenotypic markers may distinguish between stable and aggressive disease. Aim: To investigate a possible association between non typical phenotypes and other prognostic markers we characterized a series of CLL patients using FC, FISH and IGVH sequencing. Methods: 123 consecutive patients (47 females, 76 males, median age 66, 36-89 yo), diagnosed according to the 2008 NCI-WG criteria and from whom phenotypic and molecular data were available, were analyzed. FC was performed in 92 peripheral blood (PB) and 31 bone marrow (BM) samples, using various combinations of the following moAb: CD19, CD5, CD20, FMC7, CD79b, CD22 and IgLambda/Kappa. A typical phenotype was defined as strong CD5 and CD23 expression, with a dim surface Ig, CD20 and CD22 and weak or negative CD79b and FMC7. Patients were considered to have atypical phenotypes when the expression of ³2 of these markers was aberrant. FISH for t(11;14) (LSI IGH/CCND1), performed in 20/25 atypical CLL cases, was negative. FISH for del13q14 (LSI D13S319), tris12 (CEP12), del11q22 (LSI ATM) and del17p13 (LSI p53) was performed in 93% cases. DNA was extracted from mononuclear cells or whole blood. PCR amplification of IGVH rearrangements was performed with FR1 primers, using the BIOMED-2 strategy. Sequence analysis was done using IMGT data-base, following ERIC group recommendations. Results: 25/123 (20%) patients had an atypical phenotype, with a median number of 4 (2-7) aberrations. The most frequent were strong expression of CD22 and CD20 (92%,), strong monoclonal Ig expression (84%), strong CD79b expression (76%) and absence of CD23 (60%). Only 4/25 (16%) cases were heterogeneous/negative for CD5. CD38 expression differed between typical (42%) and atypical (9%) cases (p=0.005). 20/25 atypical cases (80%) were mutated, as compared to 59/98 (60%) typical ones. The incidence of somatic hypermutation was similar between the two groups (p>0,05, Fisher exact test). We further analyzed VH segment usage in 97 pts and found that in typical CLL VH1-69 predominated (16%, 15/97), followed by VH3-30 and VH3-7 (9%, 9/97 cases for each). Interestingly VH1-69, which is known to have an increased frequency among non-mutated cases, was absent from the atypical group. The incidence of cytogenetic abnormalities (46% and 30% for del13q14, 16 % and 35% for tris12, 12% and 4% for del11q22 and 6% and 4% for del17p13 in typical and atypical cases, respectively) was similar between the 2 groups (p >0.05 in all cases). Summary/ Conclusions: CLL with a typical phenotype do not differ from those with a lymphoma-like pattern in terms of cytogenetic alterations and IGVH mutational status. Interestingly, CD38 expression and VH segment usage may be distinct in these 2 groups. Further studies are needed to confirm these findings and access their significance. *J Caetano, M Sebastião with equal contribution

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PO40 - IMPORTÂNCIA DE MARCADORES CITOGENÉTICOS NO PROGNÓSTICO DA LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÓNICA José Carda1, Patrícia Sousa1; Patrícia Olim1; Emília Cortesão1; Emília Magalhães1; Luis Rito1; Braz Luz1; Marilene Vivan1; Catarina Geraldes1; Rui Afonso1; Isabel Sousa1; Ana Bela Ribeiro2; Adriana Teixeira1 1Serviço de Hematologia - Hospitais da Universidade de Coimbra; 2Faculdade de Medicina - Universidade de Coimbra Introdução: A Leucemia Linfocítica Crónica (LLC) é uma das patologias linfoproliferativas mais frequentes no mundo ocidental. Apresenta evolução heterogénea, tendo a maioria dos doentes uma sobrevivência de 10 a 12 anos, embora em aproximadamente 10% seja apenas de 2 a 3 anos. Para além dos factores clínicos, surgem novos marcadores citogenéticos para prognóstico, determinantes da sobrevivência livre de doença e global, alterando o curso da doença e a abordagem terapêutica. Objectivo: Através de um estudo retrospectivo em doentes com LLC, identificar os parâmetros clínicos, imunofenotípicos e citogenéticos ao diagnóstico, que se correlacionam com a evolução e sobrevivência global (OS) dos doentes. Material e Métodos: Recolha de dados clínicos e laboratoriais, em particular o estadiamento de Rai e a caracterização citogenética (Fluorescence in situ hybridization, FISH) e imunofenotípica (citometria de fluxo), em 112 processos clínicos arquivados nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) de doentes com o diagnóstico de LLC entre 1 de Janeiro de 1999 e 31 de Dezembro de 2009 e tratamento estatístico posterior, utilizando a versão mais recente do SPSS. Resultados: Foram analisados 112 doentes, relação M/F de 1.3:1, idade mediana de 70 anos (43-96) e linfocitose mediana de 15,5 G/L (5,4-173), De acordo com o sistema de estadiamento de Rai, 70 doentes (63%) pertenciam ao grupo de baixo risco, 30 (27%) ao de risco intermédio e 12 (10%) ao de alto risco. Em 75 doentes foi avaliada a expressão de ZAP-70 e CD38, dos quais 17% eram positivos para ambos. O estudo por FISH revelou ausência de anomalias cromossómicas em 36 doentes (32%), delecção do 13q isolada em 36 (32%), trissomia 12 em 15 (14%), delecção do 11q e 13q em 12 (11%) e delecção do 17p em 12 (11%). Dos doentes analisados, 40 (36%) apresentaram doença progressiva num período mediano de 16 meses (0-120), dos quais 13 tinham del13q, 7 del17p e 5 trissomia do 12. A OS aos 10 anos foi de 70%. Quando relacionada com os grupos de risco definidos pelo sistema Rai foi de 80%, 70% e 0% para os doentes de baixo, intermédio e alto risco, respectivamente. Por outro lado, a OS aos 5 anos, de acordo com as alterações do FISH, foi de 90%, 88%, 58% e 60%, para a del13q, trissomia 12, del11q e del17p, respectivamente. Conclusão: A LLC é actualmente considerada uma patologia de curso indolente, com um prognóstico favorável, mas com evolução agressiva variável. Este estudo retrospectivo permitiu a caracterização dos doentes com LLC no serviço de Hematologia dos HUC tendo-se identificado que o estadiamento de Rai e a caracterização citogenética são fundamentais para a avaliação do prognóstico, de acordo com o descrito na literatura.

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PO41 - A MITOCÔNDRIA COMO ALVO TERAPÊUTICO EM LEUCEMIAS LINFOIDES – UM ESTUDO COMPARATIVO André Barbosa Ribeiro1, Ana Cristina Gonçalves2; Vera Alves1; Teresa Silva1; Manuel Santos Rosa2; Ana Bela Sarmento Ribeiro3 1Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra; 2Centro de Investigação Meio Ambiente, Genética e Oncobiologia (CIMAGO), Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra; 3Centro de Investigação Meio-ambiente, Genética e Oncologia (CIMAGO), Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra e Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), Universidade de Coimbra A Leucemia Linfocítica Crónica de células B (LLC-B) é caracterizada pela expansão de um clone de células B malignas, funcionalmente inactivas e resistentes à morte celular por apoptose. Pelo contrário, a Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) resulta do essencialmente do aumento da proliferação celular e/ou bloqueio da diferenciação de células imaturas. Um dos mecanismos envolvidos na morte celular por apoptose e/ou proliferação anómala pode estar relacionado com a produção de radicais livres do oxigénio (ROS). As ROS, geradas principalmente na mitocôndria, podem contribuir para a inactivação de genes supressores tumorais, ou para a activação de proto-oncogenes. O stresse oxidativo (SO) persistente, resultante do desequilíbrio entre a produção de ROS e a capacidade de defesa anti-oxidante pode também conduzir à resistência à apoptose e à terapêutica, em diversos tipos de leucemias linfoides. Por outro lado a mitocôndria é importante na indução de apoptose, podendo constituir um potencial alvo na terapêutica destas patologias. As células tumorais com elevado potencial proliferativo apresentam potencial de membrana mitocondrial (ψmit) superior ao da células normais, podem reter catiões lipofílicos como o Dequalinium (DQA). Assim, pretende-se avaliar o potencial terapêutico do DQA em leucemias agudas e crónicas, nomeadamente na LLC e LLA, ao diagnóstico e na recidiva, em monoterapia e/ou em combinação com a terapêutica anti-cancerígena convencional. Para atingir estes objectivos, as linhas celulares EHEB (LLC), Molt3 e Molt4 (LLA no momento do diagnóstico e na recidiva) foram incubadas na ausência e na presença de DQA em diferentes concentrações e períodos de tempo, em adição diária e em associação com a terapia convencional. A eficácia do DQA foi avaliada pelo IC50 (teste Alamar Blue). A morte celular foi avaliada por microscopia e citometria de fluxo (CF) (anexina V e IP); a análise do SO através da expressão de ROS, Peróxido de Hidrogénio e Anião Superóxido, e da defesa anti-oxidante Glutationa reduzida. A função mitocondrial foi analisada por CF, através do ψmit, recorrendo à sonda fluorescente JC1 Os nossos resultados revelam que o DQA induz diminuição da viabilidade celular de modo dependente da dose, do tempo de incubação, do modo de administração e do tipo celular (IC50 às 24h nas MOLT3, MOLT4 e EHEB aproximadamente de 7.5, 5 e 12.5 μM, respectivamente), induzindo morte celular por apoptose tardia/necrose. A citotoxicidade pode estar relacionada com o aumento de ROS e redução de GSH e do ψmit. Por outro lado, na presença de adição diária de DQA, com concentrações inferiores ao IC50, assim como em combinação com fármacos anticancerígenos convencionais, observou-se um efeito citotóxico sinérgico. Estes resultados sugerem que o DQA poderá constituir uma nova abordagem terapêutica

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em leucemias linfoides. A maior sensibilidade das células MOLT4 a este composto torna-o numa eventual alternativa terapêutica na recidiva da doença.

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PO42 - VALOR DO ESTUDO DAS LINFOCITOSES POR CITOMETRIA DE FLUXO Diana Brito1, Andreia Monteiro2; Patricia Amantegui2; M Conceição Faria2; Ana Macedo3 1Faculdade de Cieências da Saúde, Universidade da Beira Interior; 2Centro Hospitalar Cova da Beira. Universidade da Beira Interior; 3Hospital de Faro. Universidade da Beira Interior. Introdução: A linfocitose pode ocorrer no contexto de doença linfoproliferativa crónica. Neoplasias linfóides de células maduras como a leucemia linfática crónica (LLC), a tricoleucemia, o linfoma de células do manto, linfomas de zona marginal incluindo o linfoma esplénico de zona marginal, o linfoma folicular, a leucemia prolinfocítica e outras doenças de células T e NK podem apresentar-se inicialmente com linfocitose. A citometria de fluxo (CMF) é uma técnica utilizada rotineiramente em meio laboratorial na imunofenotipagem linfocitária. Se aplicada em amostras de sangue periférico para estudo de linfocitose pode diagnosticar patologia linfoproliferativa sem outra expressão clínica. Objectivo: Este trabalho pretende, precisamente, demonstrar a utilidade da CMF no estudo de linfocitoses em hemogramas de rotina para a detecção de síndromes linfoproliferativos sem outra expressão clínica e o valor da implementação deste estudo. Métodos: Realizou-se um estudo de tipo retrospectivo documental, no qual foram incluídos todos os doentes com linfocitose em amostras de sangue periférico, entre 2007 e 2009, que foram estudados por CMF no laboratório de Patologia Clínica do nosso hospital. Reuniram-se os vários parâmetros recolhidos numa base de dados utilizando o software Microsoft Office Excel 2007, através do qual se efectuou também o tratamento estatístico com vista a uma análise descritiva. Resultado/Discussão: Os resultados deste estudo demonstram que, no total da amostra de 54 estudos de linfocitose de novo, foi detectada patologia linfoproliferativa em 44, perfazendo 82%. Destes, 76% correspondiam a casos em que se detectou monoclonalidade de células B, 6% a linfocitoses T e NK e apenas 18% dos casos foram normais. Dentro dos casos com monoclonalidade B o fenótipo mais frequente foi de LLC, com 66% dos casos. Conclusões: Foi demonstrado que o estudo de linfocitoses através da CMF é importante no diagnóstico precoce de patologia linfoproliferativa crónica sem outra evidência clínica, com elevada detecção de monoclonalidade. A CMF é também uma ferramenta importante na caracterização imunofenotípica dos tumores linfóides. A implementação do estudo rotineiro das linfocitoses é, de todo, recomendável, uma vez que os Síndromes Linfoproliferativos Crónicos são patologias de elevada incidência.

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PO43 - MIELOMA MÚLTIPLO: ESTUDO RETROSPECTIVO DE UM CENTRO ONCOLÓGICO S Chacim1, LC Leite1; IC Ferreira1; C Moreira1; D Pereira1; M Mariano2; A Espírito-Santo1; N Domingues1; I Moreira1; I Oliveira1; L Viterbo1; M Marques1; M Teixeira1; R Henrique1; A Oliveira1; JM Mariz1 1Instituto Português de Oncologia do Porto; 2Instituto Português de Oncologia de Coimbra Introdução O mieloma múltiplo (MM) representa cerca de 12% das patologias observadas no nosso centro Oncológico, durante o ano 2008. Objectivo Caracterização dos doentes (dts) diagnosticados com MM, tratamento e resposta obtida. Material e Métodos Recolha da totalidade de casos diagnosticados com MM, na nossa instituição, entre Janeiro/ 2007 e Dezembro/2009. Análise estatística realizada com xlstat2009. Resultados Avaliados 108dts (56.5% sexo masculino, mediana 64.8A). A mediana de seguimento foi de 18.9meses. Identificaram-se 29, 33 e 45casos de 2007 a 2009, respectivamente, dos quais 53 tinham idade ≤65A. Na imunofixação a imunoglobulina G (IgG) foi a mais prevalente (58%; 63casos), seguindo-se a IgA (26%;28casos), cadeias leves (10%;11casos), IgM (2%;2) e IgD (2%;2). Cerca de 20casos (18%) apresentavam plasmocitoma ao diagnóstico e 4 (4%) tinham critérios de leucemia de plasmócitos. Foram identificadas alterações líticas do esqueleto em 56casos (55%). O cariótipo da medula na maioria dos dts (53%) era normal, em 11% foi inconclusivo e em 16% foram encontradas alterações; na análise de FISH a del13q foi a alteração mais prevalente (31%). Quarenta dts (39%) apresentavam estadio ISS1 (International Staging System), 29 (29%) apresentavam ISS2 e 32 (32%) com ISS3. Durie-Salmon: 21doentes (22%) apresenta estadio IA, 13 (14%) IIA, 47 (49%) IIIA, 14 (15%) estadio IIIB. A quimioterapia de 1.ªlinha efectuada foi o esquema melfalan-prednisolona em 28dts (27%), com ou sem talidomida, 24dts (23%) iniciaram esquema ID (idarrubicina+dexametasona), 23 (23%) esquemas baseados em talidomida (8dts com tacydex, 12 com TD [talidomida-dexametasona] ou 3 com VTD-PACE), 9dts (9%) foram incluídos em protocolos investigacionais, 9 (9%) foram propostos para vigilância e 9 (9%) cumpriram outros protocolos. Dos candidatos a autotransplante de medula óssea (ATMO), 80% cumpriu indução com o protocolo TD, 13% com VTD-PACE e 7% com protocolos de investigação. A maioria foi tratada com pamidronato (69dts; 68%) e 12dts (12%) beneficiaram de tratamento com radioterapia, concomitante à 1.ªlinha de quimioterapia. A resposta à quimioterapia foi de remissão completa em 12dts (14%), em 11 (13%) de muito boa resposta parcial, 38 (42%) de resposta parcial e 21dts (32%) tiveram progressão. Foi registada toxicidade infecciosa em 15% dos doentes, tendo sido registado toxicidade neurológica em 22% dos doentes (15% com Grau1). Trinta e um dts foram submetidos a ATMO e 6dts submeteram-se a 2.ºATMO em 1.ªlinha. Durante o período de seguimento, dos 59dts que tiveram resposta, 28dts apresentaram recidiva/progressão, 15 das quais foram precoces (<1ano).

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A curva de sobrevivência global apresenta mediana de 36.7meses. O estadiamento ISS separa estatisticamente (p0.005) 3 grupos de sobrevivência global, não tendo sido atingida a mediana de sobrevivência. Discussão e Conclusão A série de casos apresentada reflecte a epidemiologia da doença, destacando-se que cerca de 50% dos dts tinha ≤65 anos, portanto candidatos a ATMO. Os dados parecem apontar a importância das alterações no cariótipo como factor de mau prognóstico, quando comparadas com alterações apenas detectadas por FISH. As curvas de sobrevivência reflectem os resultados já publicados na literatura, tendo o ISS demonstrado, na nossa população, ser um importante factor de prognóstico.

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PO44 -: MIELOMA MÚLTIPLO: CASUÍSTICA DE UMA REGIÃO Fernando Salvador1,: Joana Cunha1; Rui Pedro Costa1; Braga da Costa1; Margarida Inácio1; Marisol Guerra1; Manuel Cunha1 1Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro INTRODUÇÃO: O Mieloma Múltiplo (MM) é uma proliferação neoplásica monoclonal de plasmócitos. O aumento destas células provoca doença hematológica associada a complicações ósseas, renais, neurológicas e metabólicas. O MM representa aproximadamente 1% de todas as neoplasias e 10% dos tumores hematológicos. A incidência anual cifra-se nos 4-5 doentes por 100.000 habitantes. OBJECTIVO: Registo dos doentes com diagnóstico de MM efectuado entre 01/01/2008 a 31/12/2009 (24 meses) seguidos num Centro Hospitalar (população alvo: 450.000 habitantes). MÉTODOS: Registo retrospectivo de dados demográficos, subtipo (IgA, IgD, IgE, IgG, Cadeias leves livres), estadiamento (ECOG, Durie&Salmon, International Staging System-ISS), tratamento de quimioterapia de 1ª e 2ª linha (protocolo, duração, classificação da resposta), estado do doente no registo e tempo de seguimento. Os dados foram analisados com o programa Microsoft Excel®. RESULTADOS: Durante o período em análise foi feito o diagnóstico de MM em 47 doentes (incidência anual: 5/100.000 habitantes) com idade média de 72 ± 11 anos, sendo 55,3% do sexo masculino. Destes, 53,2% correspondiam ao subtipo IgG, 40,4% ao IgA, e 6,4% eram de Cadeias leves livres. Ao diagnóstico 17,0% encontravam-se no estádio I Durie&Salmon, 25,5% no estádio II e 57,5% no estádio III; No ISS, 27,6% encontravam-se no estadio 1, 36,2% no estadio 2 e 36,3% no estadio 3. Os três esquemas quimioterápicos mais utilizados como primeira linha foram: Melfalan, Prednisolona e Talidomida (27,7%), Dexametasona (25,5%) e Idarrubicina e Dexametasona (10,6%). Foi avaliada resposta em 26 doentes sendo que a maioria (57,8%) apresentou remissão parcial ao esquema instituído. Até ao final da análise dos dados apenas 17% dos doentes tinham sido submetidos a quimioterapia de segunda linha, sendo o esquema mais prescrito: Bortezomib e Dexametasona. Faleceram durante este período 21,3% de doentes. CONCLUSÃO: A incidência de doentes com MM nesta região é sobreponível aos restantes estudos (5/100.000). O sexo masculino é o mais afectado (1,2:1). A idade média elevada associada a estadios avançados condiciona os esquemas prescritos (utilização de alquilantes) e as taxas de resposta obtidas, sendo que a maioria apresenta remissão parcial. Da pequena percentagem de doentes submetidos a quimioterapia de 2ª linha a escolha recaiu em metade dos casos por Bortezomib e Dexametasona. Apesar dos resultados serem, na sua grande maioria concordantes com os demais, este estudo demonstra algumas das particularidades da população estudada e seguida num Centro Hospitalar.

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PO45 - MIELOMA MULTIPLO E AUTOTRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA, EXPERIÊNCIA DE UM SERVIÇO ISABEL CRISTINA RODRIGUES FERREIRA1, Luis Claudio Leite2; Sergio Chacim2; Claudia Moreira3; Dulcineia Pereira3; Monica Mariano3; Ana Espirito Santo3; Nelson Domingues3; Angelo Martins3; Isabel Oliveira3; Luisa Viterbo3; Margarida Marques3; Rui Henrique3; Manuel Teixeira3; Campos Junior3; Ilidia Moreira3; José Mário Mariz3 1IPO PORTO; 2IPO Porto, Serviço de Onco-Hematologia; 3S/S O Mieloma Múltiplo (MM) caracteriza-se pela proliferação neoplásica de um clone de plasmócitos, habitualmente, produtor de imunoglobulina monoclonal. Esta proliferação neoplásica pode ocorrer como lesão única e, nestes casos, estamos perante um Plasmocitoma. Trata-se de uma entidade heterogénea em que alguns doentes progridem rapidamente apesar do tratamento e outros não necessitam de tratamento por vários anos. No MM, o autotransplante de Medula Óssea (ATMO), realizado no início do curso da doença ou na 1ª progressão, é considerado o tratamento standard para doentes jovens (< 70 anos), uma vez que melhora a sobrevivência global e a sobrevivência livre de progressão em comparação com tratamento com quimioterapia isolada. Mesmo nas situações em que não se consegue obter uma remissão completa, a sobrevivência global é superior nos doentes submetidos a ATMO. Com a incorporação de novos fármacos para o tratamento inicial do MM a sobrevivência livre de progressão e a sobrevivência global tem vindo a aumentar, no entanto ainda não se possuem dados suficientes para o papel do ATMO nesta nova realidade. Os autores propõem-se apresentar os dados descritivos dos doentes com Mieloma Múltiplo tratados no nosso serviço, com diagnóstico entre 2007 e 2009, com maior enfoque no subgrupo de doentes submetidos a autotransplante de medula Óssea. Foram revistos os processos clínicos de 108 doentes (61 homens e 47 mulheres), com uma mediana de idades de 66 anos (de 41 a 82 anos). O tipo de MM mais frequente foi o IgG (58,3%). O seguimento mediano foi de 13,5 meses. No término da colheita de dados, 60,2% dos doentes estavam vivos, 17,6% destes não apresentavam evidência de progressão, 23,1% haviam falecido com evidência de doença. Trinta e um doentes (28,7%) foram submetidos a ATMO. Estes tinham uma mediana de idades de 56 anos (41 a 69 anos). A maioria destes doentes (45,2%) fez tratamento de 1ª linha com Idarrubicina + Dexametasona. O seguimento mediano foi de 26 meses. 80,6% apresentaram resposta, sendo que 16,1% obtiveram resposta completa, após 1ª linha de tratamento. No final da colheita dos dados, dos doentes submetidos a ATMO, 89,7% estavam vivos, 48,4% dos quais sem evidência de doença; apenas 3 doentes tinham falecido, sendo que apenas 1 apresentava evidência de doença. Apesar do seguimento curto, nesta amostra são evidentes os melhores resultados no grupo submetido a ATMO,com um grande número de doentes a obter RC após o ATMO . No entanto deve-se realçar que os doentes submetidos a ATMO foram os mais jovens e consequentemente com melhores condições gerais para suporte de tratamento e complicações do mesmo.

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PO46 - ASSOCIAÇÃO TALIDOMIDA/DEXAMETASONA (THAL/DEX) COMO TRATAMENTO DE 1ª LINHA NO MIELOMA MÚLTIPLO M Mariano1, S Chacim2; LC Leite2; I Ferreira2; C Moreira2; D Pereira2; A Espírito Santo3; N Domingues3; I Moreira3; I Oliveira3; L Viterbo3; M Marques3; M Teixeira2; A Martins3; R Henrique2; J Mariz3 1Instituto Português de Oncologia de Coimbra; 2Instituto Português de Oncologia do Porto; 3Serviço de Oncohematologia, IPO-Porto Introdução: A elevada actividade da associação talidomida e dexametasona (thal/dex) quando usada em 1ª linha no tratamento do mieloma múltiplo, foi demonstrada em 3 ensaios clínicos de fase II. As taxas de resposta obtidas (65 a 70%) são comparáveis às verificadas com o esquema VAD (vincristina/doxorrubicina/dexametasona) mas com vantagens no que respeita à via de administração (oral) e menor taxa de toxicidade. Também quando comparada à administração isolada de dexametasona em doentes elegíveis para auto-transplante (ATMO), foi demonstrada a sua superioridade em termos de taxa de resposta, não obstante a sua maior toxicidade. Objectivo: Avaliação do perfil de toxicidade, taxas de resposta e variáveis de sobrevivência (sobrevivência livre de progressão - SLP e sobrevivência global - SG) dos doentes com diagnóstico de Mieloma Múltiplo, tratados com a associação thal/dex em 1ª linha. Material e métodos: Consulta retrospectiva dos processos clínicos dos doentes com diagnóstico de Mieloma Múltiplo estabelecido no período de 1/01/2007 a 31/12/2009, elegíveis para ATMO e que efectuaram tratamento de 1ª linha com a associação thal/dex. A análise estatística dos dados foi efectuada mediante recurso a Microsoft Office Excel 2007 e SPSS Statistics 17.0. Resultados: Consideraram-se 11 doentes, 8 do sexo feminino (72,7%) e 3 do sexo masculino (27,3%). Para ambos os sexos, a idade média ao diagnóstico foi de 55,09 anos – idade mínima 42 anos e máxima 66 anos. O tipo de mieloma predominante foi o subtipo IgG (72,7%), seguido de IgA (9,1%), cadeias leves κ (9,1%) e não secretor (9,1%). Em termos de estadiamento Durie-Salmon: estadio IA, 1 doente (9,1%); estadio IIIA, 8 doentes (72,7%); restantes 2 doentes (18,2%), desconhecido. Quanto ao estadiamento ISS (International Staging System): estadio I, 6 doentes (54,5%); estadio II, 2 doentes (18,2%) e estadio III, 3 doentes (27,3%). No total, 8 doentes (72,7%) apresentavam múltiplas lesões osteolíticas e/ou fracturas ósseas detectadas em radiografia do esqueleto e/ou RMN da coluna vertebral. O número médio de ciclos de thal/dex efectuados foi 5 (mínimo 1 e máximo 13). A maioria dos doentes teve boa tolerância ao tratamento com apenas 1 doente (9,1%) a evidenciar toxicidade hematológica grau IV e 1 outro (9,1%) com neurotoxicidade grau III. Obtiveram resposta ao tratamento 7 doentes (63,6%) – com taxas de remissão completa (RC), very good partial remission (VGPR) e remissão parcial (RP), de 9,1%; 9,1% e 45,5%, respectivamente. Cinco doentes (45,5%) foram submetidos a ATMO após thal/dex. Actualmente, 3 doentes (27,3%) – tendo 2 deles realizado ATMO, mantêm-se em RC com SLP que oscila entre 1 e 12 meses e SG entre 7 e 19 meses. A taxa de mortalidade, relacionada com progressão de doença sob thal/dex, cifrou-se nos 27,3%. Conclusões: As taxas de resposta na nossa série de doentes foi sobreponível à documentada em ensaios clínicos. Em termos de toxicidade, verificou-se uma boa tolerância ao tratamento.

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PO47 - POST-APPROVAL SAFETY STUDY OF LENALIDOMIDE COMPARED WITH OTHER TREATMENTS IN PATIENTS WITH MULTIPLE MYELOMA: 1ª APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS NACIONAIS Cristina Gonçalves1, Sara Vieira2; Nelson Domingues3; Fernando Leal da Costa4; Manuel Cunha5; Graça Esteves6; Isabel Boaventura2; Paulo Lucio7 1Serviço de Hematologia Clínica, Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto; 2Celgene Portugal; 3IPOP, FG, EPE; 4IPOL, FG, EPE; 5Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro; 6Hospital de Santa Maria; 7Hospital Militar de Belém Os estudos randomizados são considerados pelos investigadores como a forma mais convincente de avaliar a eficácia e tolerabilidade de determinado fármaco. No entanto, os ensaios observacionais permitem a obtenção de dados inacessíveis num ensaio clínico convencional, como a análise de um número grande de doentes no contexto de acompanhamento clínico de rotina, a análise de subgrupos com vulnerabilidades particulares, a possibilidade de poderem ser implementados rapidamente e a custos baixos, a capacidade de seguir doentes durante muitos anos e identificar efeitos adversos raros e, finalmente, permitem comparar diferentes estratégias terapêuticas utilizadas em determinado contexto ou região geográfica. Portugal participa no estudo observacional PASS, estando a recrutar doentes em 6 centros diferentes. Neste trabalho os autores pretendem comparar o perfil demográfico de recrutamento de doentes efectuado em Portugal (n=19) com o recrutamento internacional (n=961). Utilizando os dados disponíveis, os autores procuram ainda definir um padrão da população portuguesa de doentes com Mieloma Múltiplo, no que diz respeito aos dados demográficos e às características clínicas desta população. Comparativamente com os dados globais, os doentes portugueses são ligeiramente mais novos do que os restantes (medianas de 65 vs 69 anos) e têm um melhor perfomance status (ECOG 0-1 89% vs 64%), embora tenham sido mais tratados (>3 linhas terapêuticas 31% vs 14%). O tempo médio de tratamento dos doentes a fazer lenalidomida é superior ao dos restantes (respectivamente 10,7 e 5,8 meses), dado coincidente com os resultados europeus globais (6,4 e 4,0 meses); de acordo com este achado, constatámos que a taxa de descontinuação terapêutica é inferior nos doentes a fazer lenalidomida quando comparada com a dos doentes a fazer bortezomib (27.3% e 50,0% respectivamente). Da análise dos dados nacionais salienta-se ainda que a inclusão progressiva de Talidomida / Bortezomib em protocolos de 1ª linha tem sido crescente. Comparando os períodos de 2000-2003, 2004-2006, 2007-2010 obtivemos respectivamente, 0%/0%, 38%/0% e 33%/17%. Dos doentes a fazer LenDex, 89% (8 de 9 doentes) fazem profilaxia trombo-embólica, dos quais 67% com AAS e 22% com varfarina. Iniciaram tratamento com dose convencional de dexametasona (480 mg/ciclo), 44% dos doentes (n=4), enquanto que aos restantes foi prescrita dexametasona em dose reduzida (160 mg/ciclo). Do primeiro grupo, nenhum doente tolerou os 480 mg/ciclo, estando os 9 doentes a ser tratados com dexametasona em baixa dose (< 160 mg/ciclo). Dos 19 doentes incluídos, 3 apresentavam neuropatia periférica na data de inclusão, não tendo sido encontrada uma relação estatisticamente significativa com a utilização prévia de fármacos neurotóxicos atendendo à reduzida dimensão da amostra. O facto dos doentes portugueses serem mais jovens e apresentarem melhor PS pode traduzir a existência de critérios mais restritivos na utilização de lenalidomida. Esta opção terapêutica é bem tolerada, apresentando uma taxa de descontinuação mais baixa e um tempo médio de tratamento superior às alternativas. O recurso à utilização de dexametasona em baixa dose e à profilaxia do tromboembolismo são práticas

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generalizadas nos centros envolvidos. Estudos observacionais deste tipo têm, para além dos seus objectivos explícitos, a mais-valia de caracterizar uma população de doentes específica em contexto clínico de rotina e a forma como esta é orientada do ponto de vista médico.

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PO48 -: MPT VS MP COMO 1ª LINHA NO MIELOMA MÚLTIPLO EM DOENTES COM IDADE SUPERIOR A 65 ANOS: UMA SÉRIE RETROSPECTIVA Cláudia Moreira1, Dulcineia Pereira1; Sérgio Chacim1; Isabel Cristina Ferreira1; Luís Cláudio Leite1; Mónica Mariano2; Ana Espirito Santo1; Nelson Domingues1; Ilídia Moreira1; Isabel Oliveira1; Ângelo Martins1; Luísa Viterbo1; Margarida Marques1; Manuel Teixeira3; Rui Henrique4; José Mário Mariz1 1Serviço OncoHematologia, IPO Porto, FG, EPE; 2Serviço Oncologia Médica, IPO Coimbra, FG, EPE; 3Serviço Genética, IPO Porto, FG, EPE; 4Serviço Anatomia Patológica, IPO Porto, FG, EPE Introdução: O Mieloma Múltiplo representa cerca de 10% de todas as neoplasias hematológicas. O tratamento com MPT é actualmente considerado o tratamento de 1ª linha nos indíviduos não candidatos a auto-transplante de Medula óssea, após vários estudos randomizados que compararam MPT e MP, e que mostraram maiores taxas de resposta global e maior sobrevida livre de progressão de doença. Objectivo: Os autores efectuaram uma revisão retrospectiva da casuística de MM tratado com os protocolos MPT e MP no seu Serviço entre 2007 e 2009. Métodos: Foram revistos retrospectivamente os registos clínicos dos doentes com o diagnóstico de MM tratados no Serviço entre Janeiro de 2007 e Dezembro de 2009. Foram recolhidos dados referentes à apresentação clínica, estadiamento, tratamento e resposta. Resultados: Do total de 108 doentes analisados foram identificados 12 tratados com MPT e 14 tratados com MP. Dos doentes que fizeram MPT, 66,7% eram do sexo masculino, com idade mediana de 75 anos. Dos subtipos de Mieloma: 4 eram produtores de IgA, 6 eram produtores de IgG, 1 excretava cadeias leves kappa e o restante era não secretor. Em relação ao estadiamento, 83,3 % (10) apresentavam o estadio IIIA de Salmon-Durie, com ISS de I em 50% e 25% com ISS de II e III, respectivamente. Sete doentes apresentavam del13 detectada por FISH, apenas um apresentava del13 no cariótipo, os restantes apresentavam cariótipo normal. Dos doentes que fizeram MP 64,3% eram do sexo feminino, com idade mediana de 74,5 anos. Dos subtipos de Mieloma: 3 eram produtores de IgA e 11 eram produtores de IgG. Em relação ao estadiamento, 8 apresentavam o estadio IIIA de Salmon-Durie, com ISS de I em 35,7%, II em 14,3% e III em 28,6%. Apenas um doente apresentava del13 detectada por FISH e no cariótipo. Quanto à resposta, dos doentes que fizeram MPT, 6 (50%) doentes obtiveram resposta parcial (RP), 4 (33,3%) progrediram durante o tratamento, 1 doente obteve resposta completa (RC) e outro uma muito boa resposta parcial (VGPR); no grupo do MP, 10 (71,4%) doentes progrediram durante o tratamento e apenas um doente obteve uma VGPR, os restantes obtiveram RP. A mediana de seguimento foi de 10 meses no grupo do MPT e de 24 meses no grupo do MP; a razão para menor tempo de seguimento no MPT deve-se ao facto de apenas ter sido introduzido no segundo semestre de 2008. A toxicidade mais importante foi a hematológica: em cada grupo, um doente apresentou toxicidade grau IV e 3 doentes apresentaram toxicidade grau III. No grupo do MPT, 1/3 dos doentes teve toxicidade neurológica grau I e um doente teve toxicidade grau II; um doente apresentou toxicidade dermatológica com eritrodermia da face (grau II). Conclusão: O número de doentes tratados com MPT e MP é pequeno, no entanto, os resultados mostram uma melhor qualidade de resposta nos doentes tratados com MPT. Será necessário um seguimento mais prolongado destes doentes para melhor avaliação dos dados relativos à sobrevivência.

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PO49 -: VALOR PREDITIVO À DATA DO DIAGNÓSTICO DA CONTAGEM ABSOLUTA DE LINFÓCITOS NA SOBREVIVÊNCIA DE DOENTES COM MIELOMA MÚLTIPLO: ESTUDO RETROSPECTIVO NUM CE Dulcineia Pereira1, Cláudia Moreira2; Luís Cláudio Leite1; Isabel Cristina Ferreira1; Sérgio Chacim1; Luísa Viterbo2; Ângelo Martins2; Isabel Oliveira2; Ilídia Moreira3; Nelson Domingues2; Ana Espírito Santo2; Manuel Teixeira4; Rui Henrique5; Margarida Marques2; José Mário Mariz2 1Serviço de Oncohematologia, IPO Porto FG, EPE; 2Serviço de Oncohematologia - IPO Porto FG, EPE; 3Serviço de OncoHematologia - IPO Porto FG, EPE; 4Serviço de Genética - IPO Porto FG, EPE; 5Serviço de Anatomia Patológica - IPO Porto FG, EPE INTRODUÇÃO: A contagem absoluta de linfócitos (ALC) após transplante autólogo de células-tronco hematopoéticas (ASCT) foi descrito como factor prognóstico independente para a sobrevivência global (OS) em várias neoplasias hematológicas, incluindo o mieloma múltiplo (MM). O papel da ALC na OS de doentes com MM é desconhecido. Contudo, vários estudos sugerem um papel importante do sistema imunológico do hospedeiro no controlo da doença. OBJECTIVO: Determinar o valor preditivo da ALC na OS de doentes com MM à data do diagnóstico. MÉTODOS: Efectuada uma análise retrospectiva dos dados clínicos de 99 doentes com MM, seguidos num centro oncológico de referência, entre 2007 e 2009. O endpoint primário foi avaliar o impacto da ALC sobre a OS, ao diagnóstico de MM. O endpoint secundário foi determinar se a ALC, ao diagnóstico de MM, é factor de prognóstico independente para a OS. A ALC foi obtida do hemograma completo padrão ao diagnóstico; o cut-off foi calculado com base na mediana para ACL. Os doentes foram estratificados em 2 grupos tendo em conta a ALC: 48 doentes no grupo ACL<1,7x10*9/L (31 sexo masculino com idade média 64,68±9,53 anos vs 66,41±10,38 anos sexo feminino) e 50 doentes no grupo ACL>1,7x10*9/L (24 sexo masculino com idade média 62,29±13,25 anos vs 66,81±11,18 anos sexo feminino) . RESULTADOS: A mediana de seguimento foi de 15±11,78 meses. Nos doentes com ALC <1,7x10*9/L, 37% apresentam estadio International Staging System (ISS) 2; enquanto no grupo ALC >1,7x10*9/L, 40,4% apresentam estadio ISS 1. A ALC, como variável contínua, não foi identificada como factor prognóstico de OS (Hazard ratio = 1,01; IC 95% = 0,703-1,45; P>0,05). Não foi constatada diferença estatisticamente significativa na OS dos doentes com MM, quando estratificados segundo ALC (230 meses para ALC<1,7x10*9/L vs 355 meses para ALC>1,7x10*9/L, P >0,05). Os doentes com ACL>1,7x10*9/L, comparativamente com os doentes com ACL<1,7x10*9/L, apresentam maior número de very good partial responses (VGPR)/partial responses (PR) (54,5%/57,9% vs 45,5%/42,1%) e menor probabilidade progressão (35,7% vs 64,3%). No entanto, de um modo geral, quando se compara a OS dos doentes estratificados por ALC nos diferentes estadios ISS, verifica-se OS superior nos doentes com ISS1/ISS2 e ALC>1,7x10*9/L (P>0,05). Relativamente ao tempo de sobrevivência livre de progressão (PFS), a mesma tendência se verifica. CONCLUSÃO: Na nossa casuística, não foi possível identificar a ALC como factor independente de prognóstico para OS em doentes com MM à data do diagnóstico, não se podendo inferir acerca de um papel significativo do status imunológico do hospedeiro na sobrevivência do MM. Contudo, relativamente à qualidade da resposta ao tratamento de 1ªlinha, os doentes com ACL>1,7x10*9/L apresentam menor probabilidade de progressão e maior número de VGPR e RP. Quando estratificados por estadio ISS, é possível inferir uma OS e PFS superior nos doentes com menor ISS e maior ALC.

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PO50 - SIGNIFICADO CLÍNICO DA CICLOOXIGENASE 2 (COX2) NO MIELOMA MÚLTIPLO (MM) A Lourenço1, SC Santos1; P Ribeiro1; T Fernandes1; R Lopes da Silva1; M Santos1; I Costa1; J Veiga1 1Hematologia, H. Capuchos-CHLC O efeito anti-apoptótico da COX2 é considerado importante na patogenia de algumas neoplasias. Um dos polimorfismos do gene da COX2 (765G>C), frequente na população portuguesa (22%), está associado a uma redução da actividade promotora in vitro. Dados preliminares sugerem uma influência negativa deste polimorfismo sobre a susceptibilidade para certas neoplasias e sobre a progressão tumoral. No MM o papel da COX2 não está esclarecido. Este estudo pretende avaliar a correlação entre as características clínicas, a sobrevivência global (SG) e a sobrevivência livre de progressão (SLP) dos doentes com MM seguidos no nosso centro ao longo de 12 anos e a frequência deste polimorfismo da COX2. Procedemos à obtenção de DNA (Qiagen) a partir de sangue periférico ou medula óssea de 101 doentes com MM (idade 36-91 anos, mediana 69) seleccionados aleatoriamente e tratados com diversos regimes ou em vigilância. A população avaliada apresentou-se bem distribuída quanto ao ISS (35 com ISS1, 30 com ISS2, 34 com ISS3 e 2 não avaliados) e quanto ao estádio (IA 18, IIA 31, IIB 9, IIIA 26, IIIB 17). Observamos 49 doentes com lesões osteolíticas. Faleceram 33 doentes, dos quais 30 por progressão de doença. A genotipagem do polimorfismo 765G> C foi realizada por PCR-RFLP. Encontrámos 33 doentes (32,7 %) com o polimorfismo da COX2, dos quais 5 (5%) eram homozigóticos. Não houve correlação estatisticamente significativa (teste qui-quadrado) entre o polimorfismo da COX2 e o ISS (p=0.284), o estádio (p=0.324), a presença de lesões osteolíticas (p=0.882) ou a insuficiência renal (p=0.762). Verificámos que a SG aos 5 anos tendia a ser inferior para os doentes COX2 positivos (64%, mas 20% para os homozigóticos) em comparação com a dos doentes COX2 negativos (70%) embora a diferença não atingisse significado estatístico (p=0.055). O mesmo se verificou para a SLP (COX2+ 38% vs COX2- 73%, p=0.051). Em conclusão: 1) a prevalência do polimorfismo da COX2 nos doentes com MM é sobreponível à população em geral; 2) os nossos resultados sugerem uma possível influência desfavorável do polimorfismo sobre a SLP e a SG, influência que na nossa série parece ser independente dos factores prognósticos já conhecidos. A confirmação destes resultados num âmbito mais alargado e com mais tempo de avaliação poderá futuramente determinar o potencial da COX2 como marcador de mau prognóstico.

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PO51 - AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA CONVENCIONAL VS CITOMETRIA DE FLUXO NO ESTUDO INICIAL DOS DOENTES COM MIELOMA MÚLTIPLO Luís Cláudio Leite1, Isabel Cristina Ferreira1; Sérgio Chacim1; Dulcineia Pereira1; Cláudia Moreira1; Margarida Marques1; Luísa Viterbo1; Ângelo Martins1; Ilídia Moreira1; Nelson Domingues1; Ana Espirito Santo1; Teresa Sousa2; Gabriela Martins3; Carlos Sousa3; Isabel Oliveira1; José Mário Mariz1 1Serviço OncoHematologia, IPO Porto, FG, EPE; 2Serviço de Hematologia Laboratorial, IPO Porto, FG, EPE; 3Serviço de Imunologia Celular, IPO Porto, FG, EPE Introdução: A avaliação inicial dos doentes com diagnóstico de mieloma múltiplo contempla a determinação do valor da plasmocitose medular. Tradicionalmente essa avaliação é realizada recorrendo à microscopia óptica e tendo como base as características morfológicas dos plasmócitos. Recentemente, a citometria de fluxo multiparamétrica tem vindo a ser utilizada na determinação da plasmocitose medular sendo ainda escassa a evidência científica da sua utilidade nesta avaliação. Objectivo: Comparar as contagens de plasmócitos medulares obtidas por morfologia convencional e citometria de fluxo multiparamétrica e avaliar o valor prognóstico de ambas as técnicas para os doentes com diagnóstico de mieloma múltiplo. Material e Métodos: Foi realizada uma análise retrospectiva dos dados clínicos de doentes com diagnóstico de Mieloma Múltiplo, tratados e seguidos num Serviço de Hematologia de 2007 a 2009, nos quais a avaliação inicial da plasmocitose foi realizada por morfologia convencional e citometria de fluxo. Resultados: No período de tempo considerado foram diagnosticados com mieloma múltiplo 107 doentes, tendo um seguimento mediano de 16 meses. Destes, 84 realizaram avaliação inicial da plasmocitose medular por contagem morfológica convencional e citometria de fluxo. As contagens por citometria foram significativamente inferiores às contagens por morfologia convencional (mediana 15,0% e 3,95%, respectivamente; p=<0,001). Contudo, existe uma correlação positiva significativa entre as duas (R2 0,446, p=<0,001). A avaliação do impacto dos níveis de plasmocitose obtidos pelas duas técnicas sobre a sobrevivência global dos doentes não se mostrou estatisticamente significativa. Os valores de cut-off mais próximos de um significado estatístico foram 30% e 15% para a contagem morfológica e citometria (p=0,346 e p=0.583), respectivamente. Conclusão: À semelhança de outros estudos publicados, verifica-se uma correlação significativa entre os valores da plasmocitose obtidos pelas duas técnicas. Nesta série de doentes não foi possível estabelecer uma associação significativa entre os valores da plasmocitose obtidos pelas duas técnicas e o prognóstico dos doentes em termos de sobrevivência global, embora não seja possível excluir que o curto tempo de seguimento tenha influenciado os resultados. Pela análise dos dados colhidos, a utilização da citometria de fluxo para determinação do valor absoluto da plasmocitose medular não apresenta vantagens significativas relativas à avaliação morfológica convencional.

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PO52 - UTILIDADE DA DETERMINAÇÃO DA CLONALIDADE POR CITOMETRIA DE FLUXO DOS PLASMOCITOS NAS GAMAPATIAS MONOCLONAIS Andreia Monteiro1,: Patricia Amantegui1; M Conceição Faria1; Ana Macedo2 1Centro Hospitalar Cova da Beira. Universidade da Beira Interior; 2Hospital de Faro. Universidade da Beira Interior. A imunofenotipagem dos plasmocitos está recomendada no estudo das Gamapatias Monoclonais (GM) para ajudar no diagnóstico diferencial entre Mieloma Múltiplo (MM) e Gamapatia Monoclonal de Significado Indeterminado (MGUS). Uma das aplicações da citometria de fluxo (CMF) é a caracterização de Plasmocitos neoplásicas e identificação do risco de progressão de doentes com MGUS. Um dos factores de prognóstico mais úteis é a razão de Plasmocitos anormais/normais na medula óssea: quando esta é >95% existe um elevado risco de evolução a MM. Os antigénios mais importantes para a detecção de Plasmocitos aberrantes são: CD19, CD56, CD20 , CD38 e CD45. É recomendada a determinação da expressão intracelular das cadeias k/ λ . O objectivo do nosso estudo foi avaliar a utilidade do estudo da expressão intracelular das cadeias k/ λ no diagnóstico de GM. No nosso laboratório para o diagnóstico de GM, por rotina, avaliamos a expressão do CD19, CD20, CD38, CD45, CD56, CD138. Em Setembro de 2009 introduzimos a análise da expressão das cadeias k/λ, usando a solução Fix and Perm. Para o diagnóstico de GM ”de novo”estudámos 21 medulas ósseas, por CMF num citómetro de fluxo FACSCalibur cytometer da BD. Os nossos resultados mostraram que em todas as medulas ósseas encontrámos expressão aberrante de alguns dos marcadores, tais como, CD56 e/ou CD19 e/ou CD45 e/ou CD38 fraco. Em 5 amostras a razão Plasmocitos anormais/normais foi >95%. Em 14 amostras facilmente demonstrámos a clonalidade pela expressão de k/λ . Nos outros estudos foi difícil a identificação dos Plasmocitos anormais para demonstrar a clonalidade pelo que, para uma melhor separação e identificação das células aberrantes, se considerou importante a introdução de antigénios aberrantes no mesmo tubo. Em conclusão, para o diagnóstico das GM, a combinação do estudo da expressão de antigénios com a determinação da clonalidade dos Plasmocitos fornece mais informação e auxilia na identificação das células anormais.

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PO53 -: ANEMIAS NEONATAIS – ANÁLISE RETROSPECTIVA DE 18 CASOS Inês Carvalhais1, Filipa Moita1; Celeste Bento1; Umbelina Rebelo1; Luis Relvas1; Janet Pereira1; Helena Almeida1; Herma Saturnino1; A Oliveira1; Letícia Ribeiro1 1Unidade de Anemias Congénitas, Serviço de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra A anemia neonatal pode surgir devido a uma grande variedade de entidades clínicas, pelo que o seu diagnóstico diferencial exige uma abordagem disciplinada e oportuna, orientada por uma anamnese que inclua história familiar e obstétrica completa, exame objectivo do recém-nascido (RN) e placenta, e um estudo laboratorial inicial que permitam direccionar as investigações subsequentes até à definição de uma etiologia. No entanto, apesar de uma conduta de investigação adequada, em muitos casos os estudos não são conclusivos. Os objectivos deste trabalho foram a determinação da taxa de definição de diagnóstico etiológico e a revisão do protocolo de investigação utilizado no Serviço. Métodos: Foram analisados retrospectivamente 18 casos de crianças referenciadas ao Laboratório e/ou Consulta de Hematologia para estudo de anemia. A investigação inicial do RN, e/ou dos pais, compreendeu hemograma com reticulócitos e observação morfológica do sangue periférico (ESP); doseamento de bilirrubinas e DHL; teste de antiglobulina directo (TAD); grupo sanguíneo; percentagem de células F no sangue materno, pesquisa de corpos de Heinz; pesquisa de hemoglobinopatias por HPLC, IEF; doseamentos enzimáticos de G6PD e PK; estudo de membranopatias por crioteste e/ou AGLT. Consoante os resultados obtidos foram realizados exames complementares adicionais, nomeadamente estudo molecular dos genes HBB, HBA, HBG; estudo das proteínas de membrana; outros doseamentos enzimáticos, estudos citogenéticos e moleculares associados a síndromes de falência medular congénitos; medulograma e biopsia de medula-óssea. Resultados: Das 18 crianças estudadas apenas três não tiveram necessidade de suporte transfusional. Foi possível estabelecer diagnóstico apenas em sete RN: três com anemia hemolítica congénita por défice enzimático (2 défices de PK, 1 défice de TPI), um por esferocitose hereditária, dois com transfusão feto-materna e um com anemia hemolítica por incompatibilidade AB0. Dos 11 casos em que não foi possível estabelecer diagnóstico, 4 não apresentaram alterações significativas nos estudos efectuados e tiveram uma boa evolução clínica, com normalização espontânea dos parâmetros hematológicos e 3 têm um tempo de follow-up muito curto para poderem ser analisados. Outras 4 crianças sem diagnóstico definido mantêm seguimento na consulta: a 1ª tem neutropenia e dependência de suporte transfusional periódico; a 2ª teve acidose metabólica e anemia que regrediram espontaneamente, mas mantém neutropenia e mau desenvolvimento estato-ponderal; a 3ª tem um rim único hipoplásico e hipotiroidismo congénito, teve melhoria dos valores de Hb; a 4ª criança teve anemia e neutropenia que regrediram, mas actualmente tem macrocitose isolada. Conclusão: Apesar de utilizados os algoritmos de investigação propostos na literatura, nesta série apenas 7/18 casos têm diagnóstico etiológico: 5 anemias hemolíticas e 2 com hemorragia feto-materna. Dos casos em que não foi possível determinar a etiologia, 4 tiveram evolução favorável e apenas 1 mantém necessidade de suporte transfusional. No estudo da anemia grave do RN, sempre com amostras escassas pré-transfusionais, a estratégia de investigação tem que ser rigorosa e baseada na anamnese, exame objectivo, parâmetros hematológicos com ESP e no estudo dos pais.

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PO54 - ANEMIA DE DIAMOND-BLACKFAN – ANÁLISE RETROSPECTIVA DE SEIS CASOS Filipa Moita1, Inês Carvalhais1; Celeste Bento1; Umbelina Rebelo1; Janet Pereira1; A Oliveira1; Luis Relvas1; Helena Almeida1; Letícia Ribeiro1 1Unidade de Anemias Congénitas, Serviço de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra A anemia de Diamond-Blackfan (DBA) é a única forma de aplasia eritróide pura hereditária. As formas clássicas são geralmente diagnosticadas no primeiro ano de vida caracterizando-se por anemia, geralmente macrocítica, com reticulocitopenia e medula óssea (MO) com eritroblastopenia. Estão associadas a anomalias congénitas em 35% dos casos, predisposição para neoplasias em 4%. A identificação de genes implicados na DBA tem permitido identificar formas não clássicas da doença, nomeadamente macrocitose isolada com anemia ligeira ou ausente, anomalias congénitas isoladas e portadores silenciosos de DBA, identificados na sequência de estudos familiares. Até à data foram descritos 7 genes associados a DBA que codificam proteínas ribossomais; no entanto, apenas cerca de 50% dos doentes com DBA apresentam mutações nestes genes. O tratamento de primeira linha é corticoterapia. Cerca de 40% dos doentes são dependentes de suporte transfusional; 40% são dependentes de corticóides em doses baixas e 20% entram em remissão. Nos dependentes de transfusão, com dador familiar compatível e idade inferior a 10 anos, está indicada a realização de alo-transplante de medula óssea (ATMO). Foi efectuada a análise retrospectiva de seis casos de DBA diagnosticados por critérios clínicos ou por identificação de mutações em genes associados a DBA. Em todos foi efectuado o estudo molecular dos genes RPS19, RPS24, RPS17, RPL5, RPL11 e RPL35a, por técnicas de PCR, sequenciação e MLPA. Em quatro casos a apresentação da doença ocorreu antes do primeiro ano de vida, sem dismorfismos, com anemia grave, reticulocitopenia e MO com hipoplasia eritróide. Foi instituída terapêutica com corticóides, verificando-se em dois casos estabilização dos valores de hemoglobina e independência transfusional. Um dos doentes, actualmente com 21 anos, ficou independente de corticoides por volta dos 12 anos; uma outra doente, com 20 anos e baixa estatura, mantém corticoides e valores de ~Hb 10,8 g/dL. Os outros dois casos não responderam aos corticoides, mantendo necessidade de suporte transfusional regular e quelação de ferro. Uma doente foi submetida a ATMO e está bem; a outra, com 34 anos de idade e baixa estatura, mantém dependência transfusional. Nestes quatro casos a pesquisa de mutações nos genes associados a DBA foi negativa. Os outros 2 doentes são um adolescente com baixa estatura, hipoplasia dos polegares e fenda do palato, observado aos 12 anos de idade por anemia macrocítica ligeira, reticulocitopenia e hipoplasia eritróide, e a sua mãe que tem um fenótipo semelhante. O diagnóstico foi estabelecido através da identificação de uma mutação em heterozigotia no gene RPL5. Mantêm-se estáveis sem terapêutica. Conclusão: Dos seis casos clínicos apresentados, 2 eram dependentes de transfusões, 2 responderam aos corticoides e 2 têm anemia macrocítica ligeira, o que ilustra a grande heterogeneidade da DBA. Apenas em dois casos foram identificadas mutações nos genes associados a DBA, curiosamente nas formas de apresentação não clássicas. Na maioria dos casos descritos não parece existir uma forte correlação genótipo/fenótipo, embora esteja descrita

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associação entre mutações no gene RPL5 e malformações da mão e do palato, tal como nos 2 casos clínicos que apresentamos.

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PO55 - ANEMIA FERRIPRIVA REFRACTÁRIA DE ETIOLOGIA OBSCURA EM IDADE PEDIÁTRICA NOVAS ABORDAGENS DIAGNÓSTICAS E TERAPÊUTICAS Natalina Miguel1, E.Costa2; M.Binni2; F.Pereira3; R.Vizcaino4; J.Barbot2 1Serviço de Pediatria do CHTMAD Unidade de Vila Real; 2Unidade de Hematologia do Hospital de Crianças HMPia-CHPorto; 3Serviço de Gastroenterologia do HMPia - CHPorto; 4Serviço de Anatomo-Patologia do H.S.António- CHPorto. Anemia ferropénica refractária (AFR) é definida pela ausência de resposta à terapêutica com ferro oral por um período superior a 3 meses. A avaliação de um doente com AFR pode ser complexa e obriga a ponderar etiologias muito diversas tais como os défices de aporte e absorção, a hemorragia oculta, e, em situações mais raras, o metabolismo anómalo. O grupo de etiologias, fisiologicamente relacionado com défice de absorção vem sendo objecto, de uma atenção cada vez maior. Para além da doença Celíaca cujo rastreio está bem implementado, duas novas entidades emergiram: a infecção a Helicobacter Pylori (HP) e a Gastrite atrófica auto-imune (GAAI). Durante décadas considerou-se a GAAI como uma doença afectando apenas grupos etários idosos, sendo que a única forma de anemia descrita como lhe estando associada, era a Anemia Perniciosa (AP). Estudos recentes, vieram a revolucionar este conceito ao demonstrar que dezenas de anos antes da instalação de uma AP, se pode instalar uma acloridria com consequente défice de absorção do ferro. Por outro lado assistiu-se a uma valorização cada vez maior da infecção por HP como etiologia de AFR, através da lesão directa da mucosa gástrica ou da indução de um processo de auto-imunidade (GAAI). No presente trabalho apresentam-se oito doentes em idade pediátrica, com AFR de etiologia obscura , cuja reavaliação, à luz destes novos conceitos, conduziu ao diagnóstico de patologia da absorção. Hipergastrinemia e gastrite atrófica (documentada pelo mesmo anatomo-patologista), foram achados comuns a todos . Seis deles revelaram positividade dos anticorpos anti-célula parietal gástrica (Ac. Anti CP) compatível com o diagnóstico de GAAI. Quatro destes seis, revelaram evidência de infecção por HP. Os dois únicos doentes que não revelaram critérios de GAAI, apresentaram no entanto evidência de Infecção por HP. As atitudes terapêuticas, para além da erradicação do HP, privilegiaram, ferro endovenoso ou sulfato de glicina ferroso cuja absorção é independente do acido clorídrico, com normalização do quadro hematológico e dos parâmetros bioquímicos do ferro. O controlo da melhoria do padrão de atrófico da mucosa gástrica, nos doentes com erradicação da infecção a HP, foi documentado pelo doseamento da gastrina sérica. Apenas no doente com atrofia mais marcada, esta melhoria foi documentada adicionalmente por biopsia endoscópica. Os autores ressaltam a importância do rastreio deste grupo de patologias, em situações de anemia ferropénica refractária de etiologia obscura.

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PO56 - ESTUDO CASUÍSTICO DA ANEMIA NUM SERVIÇO DE MEDICINA Manuel Neves1, Ana Sá1; Carolina Viveiros1; Paulo Cantiga Duarte1; João Raposo1 1Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE – Hospital de Santa Maria Introdução: As anemias são uma patologia hematológica frequente sendo uma causa importante de morbilidade e mortalidade. Sendo por vezes sub-diagnosticadas e subvalorizadas, pretendeu-se neste trabalho analisar a prevalência e o tipo de anemia numa população de doentes internados num Serviço de Medicina Interna. Material e métodos: Avaliaram-se, entre Fevereiro e Junho 2010, 61 doentes internados num Serviço de Medicina. Foram incluídos todos os doentes do sexo masculino com Hemoglobina (Hb) < 12,0 g/dL e do sexo feminino com Hb < 11,0 g/ dL que não sujeitos a transfusões no último mês. Foram registados os parâmetros laboratoriais iniciais e finais, a existência de diagnóstico prévio de anemia, terapêutica e co-morbilidades. A anemia foi classificada (critérios NHANES III) em: ferropénica, de doença inflamatória, insuficiência renal crónica, anemia multifactorial (se mais do que uma das três causas prévias associadas) ou anemia inclassificável. Registaram-se ainda o número de dias de internamento e o destino do doente. Foi feita estatística descritiva e na comparação entre grupos foi usado o teste t de Student. A hipótese nula foi rejeitada para valores de p < 5 % . Resultados: Foram incluídos 61 doentes (f = 36 m =25), com idade média de 75,6 ± 11,9 anos, Hb inicial média de 9,9 ± 1,3 g/dL, VGM médio de 86,0 ± 7,2 fL, HGM média de 28,2 ± 2,9 pg e Hb final média de 10,2 ± 1,2 g/dL. O diagnóstico prévio de anemia tinha sido feito em 22 doentes (36 %). Este grupo tinha valores de Hb inicial (9,4 ± 1,3 g/dL vs 10,3 ± 1,1 g/dL, p= 0,006), de ácido fólico (6,8 ± 5,1 ng/mL vs 10,6 ± 7,1 ng/mL) e de vitB12 (577 ± 243 pg/mL vs 1000 ± 829 pg/mL) mais baixos do que doentes sem anemia previamente diagnosticada. Em relação à co-morbilidade constatámos: 35 doentes com patologia cardiovascular, 17 com neoplasias, 31 com infecções e 17 com diabetes. Os doentes com patologia cardiovascular tiveram uma duração média de internamento superior (6,8 ± 4,3 vs 10,2 ± 5,6 dias) e Hb inicial mais baixa (9,6 ± 1,2 g/dL vs 10,2 ± 1,2 g/dL, p = 0,003). Quanto ao tipo de anemia verificámos: 4 doentes com anemia ferropénica, 39 com anemia de inflamação crónica, 12 com anemia associada a insuficiência renal crónica, 18 com anemia inclassificável e 10 com anemia multifactorial. Morreram 3 doentes dos 61. A média de duração de internamento foi de 9 dias, o que foi inclusive ligeiramente inferior aos 9,5 de média do serviço segundo os registos do mesmo. Conclusões: Apesar de não se ter encontrado diferença nos dias de internamento dos doentes com anemia em relação à média do serviço, este trabalho demonstra a importância do diagnóstico da anemia nos serviços de Medicina, sobretudo ao nível dos doentes com patologia cardiovascular. Em nossa opinião esta patologia deve ser tida em maior consideração e propõe-se um estudo de sobrevivência destes mesmos doentes em relação às suas co-morbilidades e classificação das suas anemias.

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PO57 - ANEMIA ASSOCIADA A DOENÇA CRÓNICA NUM SERVIÇO DE MEDICINA Manuel Neves1, Ana Sá1; Carolina Viveiros1; Paulo Cantiga Duarte1; João Raposo1 1Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE – Hospital de Santa Maria Introdução: A anemia de doença crónica é uma patologia comum sendo por isso extremamente prevalente na Medicina Interna. Pretendeu-se com este trabalho estudar, num Serviço de Medicina, a anemia associada a doença crónica comparando-a com outros tipos de anemia. Material e Métodos: Avaliaram-se, entre Fevereiro e Junho 2010, 61 doentes internados num Serviço de Medicina . Foram incluidos todos os doentes do sexo masculino com Hemoglobina (Hb) < 12,0 g/dL e do sexo feminino com Hb < 11,0 g/dL, não sujeitos a transfusões no último mês. Foi considerada a existência de anemia associada a inflamação crónica quando não se verificou carência de ferro e os valores da ferritina sérica eram superiores a 60 ng/mL. Compararam-se os doentes com anemia associada a doença crónica com os que apresentaram outros tipos de anemia, em relação a vários parâmetros biológicos e laboratoriais, assim como em relação à existência de morbilidades associadas e ao número de dias de internamento. Foi feita estatística descritiva. Na comparação entre grupos, foram usados o teste t de Student e o teste do χ2. A hipótese nula foi rejeitada para valores de p < 5 % Resultados: Foram avaliados 38 doentes com anemia associada a doença crónica (m = 20 f = 18), idade média de 76,3 ± 11,8 anos, Hb inicial média de 9,8 ± 1,2 gr/dl, VGM médio de 87,6 ± 6,2 fL, HGM média de 28,9 ± 2,3 pg e Hb final média de 10,3 ± 1,2 gr/dl. Apresentaram valores médios de ferro de 28,03 ± 13,5 ug/dL e de ferritina de 501,4 ± 418,2 ng/mL, saturação de transferrina de 13,2 ± 5,8 % e de CTFF de 204,8 ± 38,0 ug/dL. Em relação aos outros doentes com anemia, os doentes com anemia de doença crónica tiveram uma duração média de internamento superior (10,7 ± 5,0 vs 6,5 ± 5,1 dias, p = 0,004), VGM (87,6 ± 6,2 fL vs 83,4 ± 8,2 fL, p = 0,032) e HGM (28,9 ± 2,4 pg vs 27,0 ± 32,3 pg, p = 0,014) mais elevados e de folatos (7,1± 3,9 ng/mL vs 10,9 ± 8,9 ng/mL, p = 0,084), mais baixos, respectivamente. Não houve diferenças estatisticamente significativas em relação à Hb inicial e final, em relação à distribuição por sexo ou em relação à existência de doença cardiovascular ou neoplasia. Conclusão: A anemia de doença crónica é comum e pode ser considerada um factor de mau prognóstico, dado que os doentes com este tipo de anemia apresentam internamento mais prolongado. Não encontramos associação com as morbilidades avaliadas, devido provavelmente ao tamanho da amostra.

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PO58 - AVALIAÇÃO DA TERAPÊUTICA COM FERRO ENDOVENOSO NUM GRUPO DE DOENTES COM ANEMIA FERROPÉNICA Raquel Guilherme; Paula César1, Rui Afonso2; M Gomes3; Adriana Teixeira2 1HUC, Serviço de Hematologia Clínica; 2Serviço de Hematologia - Hospitais da Universidade de Coimbra; 3Hospitais da Universidade de Coimbra Introdução A deficiência de ferro é a causa de anemia mais comum no Mundo. As causas são variadas: aporte inadequado, alterações na absorção ou transporte do ferro, perdas hemáticas fisiológicas associadas com a idade reprodutiva ou perdas sanguíneas crónicas secundárias a doença. A terapêutica com ferro oral é o tratamento de primeira linha para os doentes com anemia ferropénica dada a sua eficácia, segurança e baixo custo. No entanto, o ferro endovenoso é uma alternativa a que pode ser necessário recorrer nos casos em que a terapêutica oral não é eficaz. As suas principais indicações são: a intolerância ao ferro oral, a deplecção severa de ferro com necessidade de efeito terapêutico rápido, a mal-absorção gastrointestinal, a deficiência funcional de ferro e as perdas hemáticas crónicas. Objectivo Os autores pretendem caracterizar uma amostra de doentes que efectuaram terapêutica com ferro endovenoso, identificando as causas mais frequentes que motivaram a opção por este tratamento, avaliando concomitantemente a resposta e efeitos adversos da terapêutica. Métodos Fez-se o levantamento dos dados clínicos (demográficos, etiologia, efeitos adversos e tempo de resposta à terapêutica) e laboratoriais (hemoglobina e ferritina séricas pré e pós-tratamento), a partir da consulta dos processos clínicos relativos aos doentes do Serviço de Hematologia Clínica dos HUC, que realizaram terapêutica com hidróxido de ferro sacarose endovenoso ou caboximaltose férrica endovenosa, durante o primeiro semestre de 2010. Definiu-se, como resposta à terapêutica, a subida da hemoglobina para valores iguais ou superiores a 12 g/dl para os indivíduos do sexo feminino e 13g/dl para os indivíduos do sexo masculino. Resultados Obteve-se uma amostra de 47 doentes, 85% do sexo feminino e 15% do sexo masculino, com uma mediana de idade de 45 anos. As principais etiologias associadas ao tratamento com ferro endovenoso foram: hemorragias crónicas ginecológicas; alterações inflamatórias gástricas; défices de absorção por gastrectomia; hemorragias crónicas gastrointestinais e intolerância ao ferro oral. Em 8 doentes não foi possível apurar a causa da anemia ferropénica. Houve positividade para a pesquisa de H. pylori em 8 doentes. Antes do tratamento, o valor médio da hemoglobina foi de 9,8 g/dl e da ferritina sérica foi de 5,46 ng/ml. Após o tratamento, o valor médio da hemoglobina foi de 12,49 g/dl e da ferritina sérica foi de 79,59 ng/ml. Nesta amostra, 78,26% dos doentes responderam à terapêutica instituída, ao fim de uma média de 2 meses.

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A incidência de efeitos adversos foi de 12,77%, sendo o mais frequente a hipotensão. Conclusão A partir deste estudo concluiu-se que, na amostra em causa, as etiologias identificadas como responsáveis pela instituição da terapêutica endovenosa com ferro, bem como o tempo de resposta à terapêutica, correspondem às descritas na literatura. De referir que a incidência de efeitos secundários tem sido mais frequente após introdução das formulações medicamentosas genéricas. Este trabalho contribui para melhorar as práticas clínicas do serviço, optimizando procedimentos no que diz respeito ao diagnóstico e tratamento das anemias ferropénicas.

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PO59 - USO DE TROMBOPOETINA-MIMÉTICO (ROMIPLOSTIM) NO TRATAMENTO DE PTI REFRATÁRIA: EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO A. Ferreira1, L. Guerra1; J. Fajardo1; C. Lopes1; C.Martins1; B. Gomez1; J. Alves Carmo1 1CHLN, Hospital Santa Maria INTRODUÇÃO A Trombocitopenia Imune Primária (PTI) caracteriza-se por baixa contagem plaquetária isolada no sangue periférico (< 100 x 109/L) classificada em recem-diagnosticada, persistente (3-12 meses) e crónica (>12 meses de duração). Causada por vários factores que provocam redução da produção e aumento da destruição das plaquetas, a PTI afecta 100 novos doentes /milhão/ano. O objectivo terapêutico é sobretudo assegurar contagens plaquetárias que previnam hemorragias graves, mais do que corrigir o número de plaquetas para valores normais, já que o risco hemorrágico não é exclusivamente condicionado pelo grau de trombocitopenia. Factores como idade, comorbilidades ou estilo de vida, influem no risco hemorrágico e devem ser tidos em conta aquando da escolha terapêutica. As terapêuticas disponíveis (corticoterapia, imunoglobulina, esplenectomia, rituximab e ciclofosfamida) são sobretudo focadas na redução da destruição plaquetária. Recentemente foram desenvolvidos e aprovados no tratamento da doença refratária fármacos miméticos da trombopoetina, cujo objectivo é aumentar a contagem plaquetária através da estimulação da trombopoiese. OBJECTIVO Este trabalho tem como objectivo avaliar a resposta de doentes com PTI refratária, tratados com Romiplostim. Os critérios de resposta assumidos foram: Resposta Completa > 100 x 109/L , Resposta: 30-100 x 109/L, Não Resposta <30 x 109/L plaquetas. Tem como objectivo secundário monitorização da tolerância e identificação de efeitos acessórios da terapêutica. MATERIAL E MÉTODOS Foram avaliados 5 doentes com PTI crónica refratária, tratados com Romiplastim (4 mulheres e um homem) com mediana de idade 64 anos (72;48), mediana de 5 (2;7) linhas terapêuticas prévias, incluindo esplenectomia em 4 doentes, um dos quais submetido a terapêutica anterior com Eltrombopag. A mediana de anos de diagnóstico é de 7 (2;20). Fez-se terapêutica semanal, sub-cutânea, com dose incial de 1ug/Kg com incremento de 1ug/Kg se plaquetas <50 x 109/L. Os doentes foram submetidos a avaliação clínica e laboratorial semanal, incluindo hemograma, função hepática e renal. RESULTADOS Com uma mediana de folow-up de 11 semanas (9;17) os resultados observados são apresentados na tabela (nº de plaquetas x 109/L por semana de tratamento para cada doente):

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SEMANAS - TRATAMENTO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

DOENTE A 20 61 139 87 147 195 207 98 102 147 123 82 99 76 117 132 186

DOENTE B 24 23 49 49 38 31 29 11 59 47 54

DOENTE C 17 18 21 16 32 37 54 60 46 66 49 DOENTE D 23 44 21 10 13 9 17 23 21 16

DOENTE E 24 106 237 197 264 234 308 24 11 37 19 57 29 20

Nº PLAQUETAS X 10^9 Dois doentes atingiram Resposta Completa (na primeira e segunda semanas), sendo que num deles se verificou posterior recaída. Dois atingiram Resposta à segunda e quarta semanas. Um teve Não Resposta, sendo este o doente refractário ao maior número de linhas terapêuticas anteriores, incluindo Eltrombopag. A terapêutica foi bem tolerada, não havendo referência a reacções adversas graves. CONCLUSÃO Este estudo confirma os dados da literatura, verificando-se que o Romiplostim é uma terapêutica eficaz e segura na maioria dos doentes com PTI refratária submetidos ou não a esplenectomia.

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PO60 - USO DE ROMIPLOSTIM NA TROMBOCITOPENIA IMUNE CRÓNICA REFRACTÁRIA Rui Bergantim1, Joaquim Andrade1; Rita Duarte1; Manuela Brochado1; Jorge Pires1; Fernando Príncipe1; Jose Eduardo Guimarães1 1Serviço de Hematologia Clínica, Hospital S.João A Trombocitopenia Imune (TPI) Crónica é uma patologia hematológica relativamente frequente, com incidência de 2/100000 adultos. Evidência recente mostra que para além da destruição periférica de plaquetas, a TPI é caracterizada pela produção subóptima das mesmas. As terapêuticas imunosupressoras disponíveis facilmente se esgotam em manter uma resposta duradoura e apresentam efeitos laterais consideráveis. O romiplostim, referido como peptibody, é uma proteína que estimula a trombopoeise por um mecanismo semelhante à trombopoietina, tendo sido aprovado para terapêutica em doentes com TPI Crónica Refractária. O presente trabalho pretende mostrar a experiência com os primeiros doentes tratados com romiplostim no nosso Serviço. De Janeiro a Agosto/2010 foram elegíveis para terapêutica com romiplostim 5 doentes com PTI crónica refractária (sem resposta a pelo menos 3 linhas terapêuticas - corticoides, imunoglobulina humana polivalente - IVIG, esplenectomia). O romiplostim foi administrado por via subcutânea na dose inicial de 1mg/kg/semana, ajustada semanalmente para manter contagem de plaquetas entre 50-200x10^9/L. A resposta duradoura foi definida como plaquetas superiores a 50x10^9/L durante 6 ou mais semanas nas últimas 8 de terapêutica; e resposta transitória como plaquetas acima de 50x10^9/L mais de 4 semanas. Foram tratados 4 doentes do sexo feminino, 1 do sexo masculino, mediana de idades de 41 anos (21-71 anos) com diagnóstico de PTI há 16 anos (1-48 anos). Todos eles refractários a corticoides, IVIG e esplenectomia. Um doente era refractário ao rituximab. O tempo mediano desde a esplenectomia foi de 9 anos (0.7-41 anos). Nenhum doente fazia terapêutica especifica à data de inicio de romiplostim. A contagem basal mediana de plaquetas foi de 10x10^9/L (9-33X10^9/L) e o peso mediano foi de 70 kg (50-75Kg). Verificou-se resposta duradoura em 1 doente e respostas transitórias em 2 doentes. Os doentes não respondedores não apresentaram incremento de plaquetas para além do valor basal após 4 semanas consecutivas com a dose máxima de 10mg/kg/semana. Nos doentes respondedores verificou-se contagem mediana de plaquetas de 75x10^9/L (16-596x10^9/L), com dose mediana de 3 mg/kg/semana (3-5mg/kg/semana). O tempo mediano de tratamento com romiplostim foi de 5 meses (3-7meses), estando à data em terapêutica os 3 doentes respondedores. O uso de terapêutica de resgate foi necessário nos 2 doentes não respondedores e em 1 respondedor transitório. Todos os doentes reportaram pelo menos um efeito adverso, classificados como ligeiro a moderado, sendo os mais comuns cefaleias (3/5), mialgias (3/5), artralgias (2/5). Verificou-se como complicação major, hemorragia cerebral num dos doentes não respondedores 12 semanas após termino de romiplostim, já em terapêutica de resgaste com corticoide e IVIG. Este doente foi tratado no período pós-hemorragia com a associação romiplostim 10mg/kg/semana e rituximab 375mg/semana durante 4 semanas, sem sucesso. Não foi avaliado o aumento de reticulina por biopsia óssea em nenhum dos doentes em tratamento. Em conclusão, a estimulação da trombopoeiese com o romiplostim poderá vir a constituir uma opção terapêutica efectiva nalguns doentes com TPI crónica refractária. Embora se salvaguarde a possibilidade deste efeito não ser permanente, o romiplostim permitiu aumento da contagem plaquetária em 3/5 dos doentes, reduzindo o potencial hemorrágico, e de forma razoavelmente bem tolerada.

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PO61 - QUANTIFICAÇÃO DE PLAQUETAS RETICULADAS NUM CONTADOR HEMATOLÓGICO: ORIENTAÇÃO ETIOLÓGICA INICIAL NAS TROMBOCITOPENIAS. Ana Teresa Simões1, Ana Cristina Pinheiro2; Ana Cristina Oliveira1; Rogério Barreira1; Maria Adília Marques1; Ana Paula Gonsalves1; Patrícia Ferreira1; Marta Duarte1; Ramon Salvado1; Maria Letícia Ribeiro1 1Departamento de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, EPE; 2Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra Introdução: Plaquetas reticuladas (Pr) são plaquetas jovens, recém libertadas pela medula óssea e que contêm mais elementos de RNA no citoplasma do que as plaquetas maduras. Dados recentemente publicados sugerem que a análise das Pr poderá ter utilidade na investigação da etiologia das trombocitopenias. Existem vários métodos para a sua quantificação automática, mas nenhum deles foi ainda estardardizado e validado na prática clínica. Objectivo: Analisar a percentagem de Pr (%Pr) em amostras normais e amostras de doentes com trombocitopénias de diferentes etiologias, com o objectivo de validar esta técnica na avaliação etiológica inicial das trombocitopénias. Material e métodos: Em 139 amostras de sangue periférico, colhidas em ácido EDTA K3 foram determinados os diferentes parâmetros plaquetares, incluindo a %Pr, e a contagem de reticulócitos. Foi utilizado o equipamento CELL-DYN® Sapphire com tecnologia de citometria de fluxo. O valor de %Pr foi obtido por metodologia óptica e por fluorescência emitida por CD4K-530. As amostras foram divididas em 4 grupos: Púrpura Trombocitopénica Imune (PTI) primária n=34; trombocitopenia induzida por quimioterapia n=11; anemia hemolítica autoimune (AHAI) n=18; e controlo n=76. A análise estatística foi efectuada com o software StatView 5.0. Resultados: No grupo com PTI primária foi encontrada uma média (± desvio padrão) de percentagem de plaquetas reticuladas de 6.435 ± 3.584%; no grupo com trombocitopenia induzida por quimioterapia, 2.649 ± 1.382%; no grupo com AHAI, 2.012 ± 1.130%; e no grupo controlo, 1.632 ± 0.985%. As diferenças nos valores de %Pr entre o grupo PTI e cada um dos outros grupos são estatisticamente significativas e não há diferenças entre os outros grupos. Na PTI primária a percentagem de reticulócitos, avaliada pelo parâmetro %Ret, não tem correlação com a %rP; o MPV (Mean Platelet Volume) está aumentado e o PDW (Platelet Distribution Width) está dentro dos valores normais. Conclusão: O novo parâmetro plaquetar %Pr provou ser um parâmetro útil no diagnóstico da PTI primária, porque, para um número de plaquetas semelhante, a %Pr é significativamente mais elevada na PTI primária do que na trombocitopenia pós-quimioterapia e não é influenciada pelos reticulócitos presentes na amostra. Embora sejam necessários estudos mais alargados, nomeadamente em doentes que se apresentem com trombocitopenia associada a neoplasias linfoproliferativas, a %Pr tem potencial para vir a ser utilizada como teste complementar no diagnóstico diferencial de trombocitopenias, podendo, em alguns casos, vir a substituir o medulograma. De notar ainda que, a avaliar pelo MPV e pelo PDW, na PTI primária as plaquetas têm, uniformemente, um maior volume, o que corresponde ao que é possível observar no esfregaço de sangue periférico.

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PO62 - CONTROLO INTERNO DA QUALIDADE DA TROMBOELASTOGRAFIA: COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DO TROMBOELASTOGRAMA E DOS TESTES CONVENCIONAIS DA COAGULAÇÃO Gilberto Marques1, Marta Isabel Pereira2; Margarida Lourenço1 1Serviço de Patologia Clínica, Hospitais da Universidade de Coimbra; 2Serviço de Hematologia Clínica, Hospitais da Universidade de Coimbra Introdução: O Tromboelastograma (ROTEM), realizado em sangue total citratado, permite uma avaliação global da coagulação, incluindo da função plaquetar (não avaliada nos testes clássicos de coagulação, realizados em plasma pobre em plaquetas). Embora a sua principal aplicação clínica seja na identificação de estados de hiperfibrinólise (como durante a fase anepática da transplantação hepática), também avalia a activação da coagulação pela clássica via intrínseca (pelo teste INTEM) e pela via extrínseca (EXTEM), bem como a influência do fibrinogénio na firmeza do coágulo (FIBTEM), após inibição da agregação plaquetar. O tromboelastograma como protocolo semi-automático é fortemente dependente da intervenção do operador, carecendo de um bom controlo da técnica aplicada e dos resultados obtidos que são frequentemente transmitidos em tempo real para o bloco operatório subjacendo a decisões clínicas de urgência. Objectivos: O presente trabalho pretende estudar a relação entre os resultados obtidos no nosso serviço, na mesma amostra, nos diferentes parâmetros do tromboelastograma: Tempo de Coagulação no EXTEM (E-CT), Tempo de Coagulação no INTEM (I-CT) e Amplitude Máxima no FIBTEM (F-AM) e nos testes convencionais da coagulação: Tempo de Protrombina (TP), Tempo de Tromboplastina Parcial Activada (aPTT) e Fibrinogénio Clauss (Fib-Clauss), para avaliar a reprodutibilidade e validade das técnicas aplicadas e valores reportados. Métodos: Foram revistos todos os pedidos de tromboelastograma realizados no nosso Serviço no período compreendido entre Fevereiro de 2007 (data de introdução da técnica) e Agosto de 2010 (num total de 915 pedidos). Destes, 841 tinham pedido simultâneo de EXTEM e TP; 422 de INTEM e aPTT; e 217 de FIBTEM e Fibrinogénio Clauss. Aplicou-se uma análise de regressão linear entre os diferentes pares de parâmetros através do programa SPSS. Resultados: Identificou-se uma forte relação linear entre a F-AM e o Fib-Clauss (R2=0,692) e entre o I-CT e o aPTT (R2=0,557), não se identificando uma relação linear de relevo entre o E-CT e o TP; comparando dois grupos de doentes com INR normal (valores de referência do nosso Serviço entre 0,85-1,34) e aumentado (>1,34), verificou-se que a média de E-CT no primeiro grupo era de 67,68±28,9, significativamente inferior (p=0,04) à do grupo com INR alto (82,36±48,55). Conclusões: Os resultados obtidos entre o I-CT e o aPTT e o F-AM e o Fib-Clauss são reprodutíveis entre as duas técnicas permitindo um controlo em tempo real dos resultados obtidos. Podemos também concluir que, embora não se tenha identificado uma relação entre os resultados de E-CT e de TP, verificou-se que o tromboelastograma consegue identificar aqueles individuos com maior risco hemorrágico em consequência de um INR superior ao normal.

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PO63 - METODOLOGIA AUTOMÁTICA PARA DIAGNÓSTICO DE ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA Rogério Barreira1, Ana Teresa Simões1; Ana Cristina Oliveira1; Sílvia Rodrigues1; Joana Ferreira1; Ramon Salvado1; Marta Duarte1; Celeste Bento1; Maria Letícia Ribeiro1 1Departamento de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, EPE Fundamentos: Os contadores hematológicos mais recentes proporcionam, de uma maneira simples e pouco dispendiosa, um conjunto de parâmetros muito úteis no diagnóstico diferencial de patologias ou complicações hematológicas. O contador hematológico Cell Dyn® Sapphire apresenta novos índices e scatters da série eritróide: %HYP= % de células com Hb corpuscular média (CHCM)< 28 g/dL ; %HPR = % de células com CHCM> 41 g/dL; %MIC= % de células com VGM< 60 fL; %MAC = % de células com VGM> 120 fL; HDW= índice de distribuição da Hb nos eritrócitos, expresso em %; MCVr (fL)= volume corpuscular médio dos reticulócitos (Retics); MCHr (pg)= média do conteúdo de Hb nos Retics.; CHCr (g/dL)= media da concentração de Hb nos Retics; scatters CHC Distribution (CHCM g/dL) e CHC vs Volume. Objectivo: Aplicacação diagnóstica dos novos parâmetros e scatters da série vermelha no diagnóstico de esferocitose hereditária (EH) e avaliação preliminar de valores de referência. Métodos e doentes: 55 hemogramas realizados por metodologia CBC+ RET e CBC+RET+R no Cell Dyn® Sapphire: 38 controlos normais e 17 doentes com EH seguidos no nosso Centro (10 homens e 7 mulheres, mediana de idades 38 anos). A análise estatística foi efectuada com recurso a medidas de tendência central, χ2 para associação entre a EH e o scatter CHC Distribution e o teste de Mann-Whitney (U) para correlação entre EH e o novo parâmetro %HPR (significado estatístico p<0.05) Resultados: Observou-se excelente associação entre a EH e o scatter CHC Distribution, χ2=94 com p<0.0001. Correlação muito boa entre EH e a %HPR, U=284 com p=0.0003. Os 38 controlos permitiram encontrar valores preliminares de referência: %HYP= 2.39; %HPR = 0.19; %MIC= 1.29; %MAC= 3,3; HDW= 7.08; MCVr (fL)= 98.1; MCHr (pg)= 29.6 e CHCr (g/dL)= 30.3. Conclusões: O scatter CHC Distribution nas amostras com EH apresenta uma curva Gaussiana característica, na qual o ramo direito se eleva claramente antes de tocar a linha de base (eixo do x). Encontramos esta mesma curva nos doentes esplenectomizados e não esplenectomizados. Os dados preliminares de que dispomos sugerem uma muito boa sensibilidade desta técnica quando comparada com o Crio-teste ou AGLT. Prosseguem as investigações para avaliar a especificidade. Os valores preliminares de referência são em geral semelhantes aos descritos noutras populações.

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PO64 -: EXPRESSÃO DE CD64 EM NEUTRÓFILOS COMO MARCADOR DE SÉPSIS UMA METODOLOGIA CONFIÁVEL, SIMPLES E POUCO DISPENDIOSA Ana Cristina Oliveira1, Ana Teresa Simões1; Susana Almeida Santos1; Sara Domingues2; Rogério Barreira1; Marta Duarte1; Ramon Salvado1; Maria Leticia Ribeiro1 1Departamento de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, EPE; 2Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra Fundamentos: Na infecção grave /sépsis há uma resposta inflamatória sistémica que é acompanhada de um aumento da expressão do CD64 nos neutrófilos e uma diminuição de expressão de HLA-DR nos monócitos. A nova geração de contadores hematológicos permite a incorporação de marcadores imunológicos em sistema aberto e o uso de programas específicos para o tratamento de imagens e obtenção de resultados. O Cell-Dyn® Sapphire utiliza o FCS Express V3 que permite a avaliação da expressão de CD64 nos neutrófilos e HLA-DR nos monócitos, indicadores potencialmente úteis no diagnóstico de sépsis. Objectivo: Avaliar a sensibilidade dos marcadores CD64 e HLA-DR no diagnóstico rápido de sépsis, utilizando a metodologia de citometria de fluxo num analisador hematológico. Doentes e Métodos: Amostras de 44 doentes: 16 com diagnóstico ou suspeita de sépsis e 28 controlos. As amostras foram processadas no analisador Cell-Dyn® Sapphire utilizando 5mL de cada anticorpo monoclonal CD64 FITC e HLA-DR PerCP; imagens analisadas com o software FCS Express. Os neutrófilos, monócitos e linfócitos foram identificados por gate no plot 7° Intermediate Angle Scatter (complexidade)/0° Axial Light Loss (tamanho); para avaliar a expressão de CD64 e HLA-DR em FL1/FL3 utilizaram-se os linfócitos como controlo negativo para expressão de CD64. Análise estatística: provas de tendência central, qui2, para a relação entre sépsis e os marcadores CD64 e HLA-DR; teste Mann-Whitney (U) para associação entre sépsis e o número de neutrófilos (estatisticamente significativo com valor p<0.05). Resultados: Nos 16 casos com sépsis os neutrófilos eram CD64 positivos, relação muito boa qui2=3.77 com significado estatístico p=0,042. A esperada diminuição da expressão de HLA-DR nos monócitos não se verificou, qui2<1 sem significado estatístico, p>0.99. Não se detectou correlação entre a contagem de neutrófilos e a sépsis U=350.0 com p>0,05. Conclusões: Os nossos dados mostraram que a expressão de CD64 nos neutrófilos é um marcador seguro no diagnóstico de sépsis. Com o autoanalizador hematológico Cell-Dyn® Sapphire é possível obter um resultado rápido, com uma metodologia simples e pouco dispendiosa. A possibilidade da incorporação de marcadores monoclonais em sistema aberto, viabiliza uma maior rentabilização do equipamento instalado.

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PO65 - AVALIAÇÃO DA CITOTOXICIDADE DAS CÉLULAS NK POR CITOMETRIA DE FLUXO: EXPERIÊNCIA DE UM LABORATÓRIO CLÍNICO Maria Luís Queirós1, Ana Helena Santos1; Catarina Lau1; João Neves2; Margarida Ramos2; Maria Anjos Teixeira1; Marika Bini-Antunes1; Marlene Santos1; Marta Gonçalves1; Sónia Fonseca1; Lino Rosado2; Orquídea Freitas2; Margarida Lima1 1Serviço de Hematologia Clínica do Centro Hospitalar do Porto (CHP), Hospital de Santo António (HSA); 2Unidade de Hematologia do Hospital de D. Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) Introdução: A disfunção das células NK (CNK) foi descrita em várias condições fisiológicas (ex. gravidez, pós parto, envelhecimento) e patológicas (ex. abortos, doenças autoimunes, imunodeficiências, ID, síndroma hemofagocítico, SHF), pelo que o estudo funcional das CNK se justifica em várias situações clínicas. Desde os primeiros testes para avaliar a função das CNK, baseados na visualização de conjugados entre as células efectoras (CE) e as células alvo (CA) ao microscópio e na utilização de corantes vitais para identificar as CA mortas, foram desenvolvidos numerosos testes para avaliar a actividade citotóxica (AC) das CNK. O teste de libertação de crómio radioactivo (51Cr) foi o mais usado e continua a ser a referência, apesar das desvantagens e da inacessibilidade em laboratórios clínicos. Foram também desenvolvidos testes não radioactivos, mas nenhum deles é amplamente aceite. A citometria de fluxo (CF) pode ser usada para estudar vários aspectos fenotípicos e funcionais das CNK, entre os quais a AC, natural ou induzida por estímulos. Objectivos: Descrevemos a nossa experiência com o estudo da AC das CNK por CF, usando um kit comercial (NKTEST®, Orphegen Pharma). Material e Métodos: Estudamos a AC das CNK em 24 adultos saudáveis (G0) (14 sexo masculino, 10 sexo feminino, idade mediana 41 anos, variando entre 21 e 60) e 12 doentes (8 sexo masculino e 4 sexo feminino, idade mediana 7 anos, variando entre 1 e 75). Os motivos que justificaram o estudo dos doentes foram: G1 - suspeita de SHF associado ou não a ID (5 casos); G2 - suspeita de ID sem evidência de SHF (5 casos); G3 - leucemia crónica de linfócitos grandes granulares NK (2 casos). A AC foi avaliada por CF após cultura in vitro, durante 3h, de uma mistura de células mononucleares de sangue (CE) e de células tumorais K562 (CA), com diferentes razões CE:CA (25:1 e 50:1), na ausência (AC natural) ou na presença (AC induzida) de interleucina 2 (IL2). Em simultâneo, foram quantificadas as populações linfocitárias T, B e NK e efectuado o controlo da viabilidade celular. Os resultados foram expressos em % de CA mortas. Resultados: No G0, a % de CA mortas na ausência de IL2 foi de 19.1 ± 8.4% e de 25.1 ± 11.2%, para razões CE:CA de 25:1 e 50:1. Na presença de IL2, estes valores aumentaram para 32.9 ± 14.9% e 46.6 ± 15.8%. Quatro dos 5 doentes do G1 tinham uma redução da AC, natural e após estimulação, com ambas as razões CE:CA. Só um dos doentes do G2 apresentava AC diminuída. A AC foi normal em ambos os casos do G3. Conclusões: Os valores obtidos no grupo controlo são idênticos aos descritos na literatura. Todos os casos com suspeita de SHF tinham diminuição da AC e o único doente sem suspeita de SHF com AC diminuída tinha síndroma de Griscelli (Rab27A, grânulos citotóxicos). Para uma validação clinica mais adequada, é necessário determinar valores de referência em função da idade e estudar maior número de casos e de patologias.

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PO66 - POTENCIAL DAS CÉLULAS ENDOTELIAIS CIRCULANTES NO TROMBOEMBOLISMO VENOSO Cláudia Torres1, Mafalda Fonseca1; Ana Helena Santos2; Marlene Santos2; Marta Gonçalves2; Sónia Fonseca2; Maria Luís Queirós2; Catarina Lau2; Marika Bini-Antunes2; Maria Anjos Teixeira2; Rui Matos2; Sara Morais2; Manuel Campos2; Margarida Lima2 1Universidade da Beira Interior; 2Hospital Geral de Santo António, Centro Hospitalar do Porto INTRODUÇÃO: As células endoteliais estão localizadas na interface entre o tecido vascular e o sangue. Estas células são responsáveis pela presença de uma superfície vascular anti-coagulante, no entanto, quando ocorre lesão do endotélio podem providenciar uma superfície pró-trombótica. No Tromboembolismo Venoso (TEV) existe a formação de coágulos oclusivos no sistema vascular venoso. O desequilíbrio entre factores anti-coagulantes e pró-coagulantes pode contribuir para o desenvolvimento do trombo venoso. Suspeita-se que a presença das células endoteliais no sangue periférico (células endoteliais circulantes, CEC) tem um elevado potencial como marcador clínico da integridade vascular e dos processos pró-trombóticos. OBJECTIVOS: Os objectivos deste trabalho foram: a) Quantificar as CEC num grupo de doentes com TEV (tromboembolismo venoso) e comparar com o grupo controlo (indivíduos saudáveis, dadores benévolos de sangue); b) Estudar a expressão de marcadores de activação e de um marcador de actividade pró-coagulante, quantificando as CEC positivas para cada um destes marcadores; c) Avaliar se a expressão dos marcadores de activação e pró-coagulante correlacionam-se com os dados clínicos e analíticos dos doentes com TEV. MATERIAL E MÉTODOS: O estudo incluiu 16 doentes com TEV (idade mín-máx: 22-65 anos) e 20 controlos, dadores benévolos de sangue (idade mín-máx: 34-64 anos). As CEC foram caracterizadas e quantificadas por Citometria de Fluxo (FACS Calibur®, Becton Dickinson) usando um método de plataforma única. Os anticorpos usados foram o anti-CD146 (marcador de célula endotelial), o anti-CD45 (pan-leucocitário), o anti-CD133 (marcador de célula endotelial progenitora), o anti-CD54 (ICAM-1, Intercellular Adhesion Molecule 1, marcador de activação), o anti-CD62E (Selectina-E, marcador de activação) e o anti-CD142 (factor tecidual, marcador pró-coagulante). As CEC foram identificadas como sendo CD146+CD145-CD133-. Foram recolhidos alguns dados clínicos e analíticos dos doentes com TEV, como o número de tromboses, concentração de fibrinogénio, de homocisteína, de D-dímeros e a percentagem do factor VIII, da proteína S e da anti-trombina. RESULTADOS: Observou-se um aumento estatisticamente significativo no nº de CEC no grupo de doentes com TEV comparativamente ao grupo controlo. Quanto à expressão dos marcadores de activação e do marcador de actividade pró-coagulante, houve um maior nº de CEC positivas para o CD54, CD62E e para o CD142 no grupo de doentes com TEV do que no grupo controlo. Também se verificou que o nº de CEC CD142+ se correlacionava com o nº de tromboses e que o nº de CEC CD54+ se correlacionava com a concentração de fibrinogénio. CONCLUSÃO: O nosso estudo sugere que as CEC, além de revelarem a existência de lesão endotelial, também podem indicar a presença de activação e de actividade pró-coagulante. É possível que as CEC estejam envolvidas na fisiopatologia das tromboses venosas.

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PO67 - ANÁLISE IMUNO-HEMATOLÓGICA NOS DOENTES DEPENDENTES DE TRANSFUSÕES DE UM HOSPITAL CENTRAL Ana Franco Spinola1, Marika Bini-Antunes2; Maria Luz Sa2; Laura Augusto2; Margarida Couto2; Jorge Coutinho2; Margarida Amil2; Manuel Campos2 1Hospital Geral de Santo António- Centro Hospitalar do Porto; 2Hospital Geral de Santo António, Centro Hospitalar do Porto Está descrito que aproximadamente 0.1-2% de doentes que recebem transfusões de eritrócitos produzem anticorpos anti-eritrocitários1. Nos doentes dependentes de transfusões a frequência de aloimunização é mais alta, sendo estimada entre 10-38%1-3, porém, as manifestações clínicas das reacções transfusionais são raras (cerca 0.05% de doentes transfundidos). Objectivo: Análise imuno-hematológica dos doentes dependentes de transfusões seguidos no Hospital de Dia de um Hospital Central. Metodologia: Foi efectuada a recolha de dados entre 1/12/2009 e 31/07/2010 a partir dos pedidos de transfusão e da consulta de aplicações informáticas “Gestão de Serviço de Sangue” do Serviço de Hematologia. Foram incluídos no estudo os doentes seguidos no Hospital de Dia com mais de 5 episódios transfusionais. Procedemos à uma análise descritiva da população no que respeita à idade, diagnóstico, número de episódios transfusionais, resultado de testes imuno-hematológicos pré-transfusionais, prevalência de auto/ aloimunização. Resultados: Foram incluídos no estudo 92 doentes (44 mulheres e 48 homens), com mediana de idade de 68 anos (min 22-max 97) e com os seguintes diagnósticos: síndromes mielodisplásicos (SMD) 22, patologias linfoproliferativas crónicas 12, patologias hemorrágicas 8, leucemia mielóide crónica 4, mielofibrose 6, leucemias agudas 6, hemoglobinopatias 5, aplasia medular 5, mieloma múltiplo 4, anemia ferripriva/perdas 12, neoplasias sólidas 5, outros 3. Foi observada uma mediana de 22 episódios transfusionais por doente (min 5-max 317). O teste de antiglobulina indirecta (TAI) foi positivo em >1 episódio transfusional em 29 doentes (31.5%) e 18 destes apresentaram também teste de antiglobulina directo (TAD) repetidamente positivo. Uma TAD isoladamente positiva (com TAI negativa) foi observada em 17 doentes (18,5%). O eluado foi efectuado em 16 doentes, sendo reactivo em 11 casos, com identificação de autoanti-e em 5 destes (1 doente com auto-e isolado e 4 com auto-e e aloanticorpos). Entre os doentes com screening de anticorpos positivo, foi possível identificar >1 anticorpo em 15 casos, apenas 1 anticorpo em 13 sendo que não foi identificado o anticorpo em 3 casos com TAI positiva e em 17 com TAD positiva. Os doentes com TAI positiva (n=29) e TAI negativa (n=63) apresentaram uma mediana de 28 e 18 episódios transfusionais, respectivamente (Mann-Whitney test, p= 0.07). Uma pesquisa de anticorpos repetidamente positiva foi observada em 41% dos doentes com SMD e em 28.5% dos doentes com outras patologias (Fisher exact test p=0.30). Os anticorpos identificados foram: anti-D n=14, anti-E n=9, anti-C n=10, anti-c n=2, anti-Lea n=2, anti-S n=1, anti-M n=1, anti-kpa n=3, anti-kell n=6, anti-Fyb n=1, anti-Cw n=1, anti-Lua n=1. Conclusão: a prevalência de aloimunização no grupo estudado está de acordo com quanto descrito na literatura 2,3. Parece haver uma maior tendência para desenvolver aloanticorpos nos doentes com mais episódios transfusionais, porém o teste aplicado não foi significativo. Não foram notificadas reacções transfusionais hemolíticas graves no grupo estudado. Referências:

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1. Jorge L Sepulveda. Alloimmunization from transfusion. emedicine.medscape.com Jun 8, 2009 2. Sylvia T. Singer et al. Alloimmunization and erythrocyte autoimmunization in transfusion-dependent thalassemia patients of predominantly Asian descent. Blood; 2000; 96 (10): 3369-3373 3. Khalid Hassan et al. Alloimmunization in Repeatedly Transfused Thalassemia Major Patients. International Journal of Pathology; 2004; 2(1):16-19

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PO68 -: O RECONHECIMENTO DA PATOLOGIA HEMATOLOGICA: ANÁLISE DAS SOLICITAÇÕES A UM SERVIÇO DE HEMATOLOGIA CLÍNICA Maria da Conceição Pinto Constanço1, Paula Rocha1; Helena M. Silva2; Maria R. Andrade2; Ana Inock2 1Hospital de S. Teotónio; 2Hospital S. Teotónio Introdução: A prestação de cuidados na área da Hematologia Clínica passa rotineiramente por um regime de consulta externa, hospital de dia e Internamento. Na nossa realidade é escasso o atendimento de urgência. O facto de não existirem hematologistas em presença física no SU faz com que os doentes sejam admitidos e internados maioritariamente pela Medicina Interna que posteriormente os referencia. Perante o elevado numero de solicitações apercebemo-nos da problemática, na interpretação das alterações morfológicas do sangue periférico e de resultados anómalos, para quem lida pouco com este tipo de patologia. Nem sempre é fácil o reconhecimento e a avaliação da patologia hematologica e o que de facto acontece é que perante a mínima suspeita, e perante o medo associado muitas vezes ao prognostico fatal de algumas das patologias, opta-se por internar os doentes para posteriormente os referenciar à Hematologia mesmo quando as alterações que possuem constituem manifestações secundárias. Objectivos e Métodos: Análise retrospectiva das solicitações efectuadas ao Serviço de Hematologia durante o período de 1 ano (Jun 2009-Jun 2010) e respectivos processos dos doentes avaliados neste período pretendendo-se determinar a prevalência de patologia hematologica no total dos doentes referenciados. Resultados: No período estabelecido foram avaliados 154 doentes, com uma média de idades de 71,17 anos predominantemente do sexo masculino sendo a maioria deles referenciados da Medicina Interna por alterações no Hemograma. Dos doentes avaliados 50,6% apresentavam efectivamente patologia hematológica: 24 % foram diagnosticados de novo sendo as patologias mais frequentes o Mieloma Múltiplo, os Linfomas e os SMD ; 18,2% dos doentes, já seguidos em Hematologia, foram admitidos em contexto de complicações da sua doença hematológica e respectivos tratamentos e 8,4 % foram internados no contexto de descompensação de outras co-morbilidades não relacionadas com a patologia hematológica de base. Por outro lado, 49, 4% dos doentes avaliados, possuíam apenas alterações em contexto de patologia sistémica estando mais frequentemente representados os quadros infecciosos seguidos da anemia carencial e a anemia das doenças crónicas ; em 4,5 % dos casos não foi possível estabelecer o diagnostico na altura do internamento mantendo os doentes seguimento em ambulatório e em 3,2 % dos doentes não foi detectada qualquer alteração de foro hematológico. Conclusão: Verifica-se que de todas as solicitações efectuadas à Hematologia uma grande percentagem é referente a alterações hematológicas secundárias a patologia sistémica. Não é possível esclarecer o porquê deste excesso de referenciação e talvez uma pequena parte se relacione com o desconhecimento dado o facto de a área hematológica ser da menos abordada tanto no currículo universitário como ao longo da formação profissional . A insegurança perante a duvida leva a um consumo de recursos já por si limitado da maioria dos serviços de Hematologia sendo necessário promover discussões interdisciplinares que validem o melhor reconhecimento desta entidade clínica minimizando a referenciação desnecessária.

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PO69 - CARDIOMIOPATIA DILATADA IATROGÉNICA APÓS QUIMIOTERAPIA POR LINFOMA: O TRANSPLANTE CARDÍACO É UMA OPÇÃO Rita Gerivaz1, Gilda Ferreira1; David Prieto2; Manuel Antunes2; Aida Botelho de Sousa1 1Hematologia, H. Capuchos-CHLC; 2Cirurgia Cardiotorácica, HUC O prognóstico da cardiomiopatia dilatada (CMD) iatrogénica grave é muito desfavorável. No entanto, mesmo na ausência de outras opções terapêuticas eficazes, a transplantação cardíaca é habitualmente considerada contra-indicada, particularmente quando a doença subjacente é linfoproliferativa, por o risco de recidiva ser percebido como proibitivo. Relatamos o caso de um doente com linfoma não Hodgkin folicular grau 2, estádio IVB (infiltração medular e cutânea, adenopatias generalizadas volumosas) FLIPI 2, diagnosticado aos 40 anos, e tratado com sucessivos regimes de quimioterapia (QT) que incluíram 500 mg/m2 de doxorrubicina e transplantação hematopoiética autóloga condicionada com BEAC. Doze anos após o diagnóstico (5 anos pós-transplante) surgiu insuficiência cardíaca congestiva (ICC) com disfunção ventricular grave, sendo diagnosticada CMD a que se associava doença coronária. Quatro anos depois, após múltiplos internamentos por ICC e em classe IV NYHA, veio a ser submetido a transplantação cardíaca. Está actualmente bem, 3 anos após transplante cardíaco, em 3ª remissão completa do seu linfoma e fora de QT desde há 7 anos. Serve este caso para ilustrar que, contrariamente à ideia prevalente, a transplantação cardíaca deve ser equacionada como opção terapêutica na CMD refractária devida a antraciclinas ± QT de alta dose em doentes com hemopatias malignas, incluindo casos seleccionados de linfoma.

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PO70 - LEUCOENCEFALOPATIA MULTIFOCAL PROGRESSIVA ASSOCIADA A JC VÍRUS NO CONTEXTO DE DOENÇA LINFOPROLIFERATIVA CRÓNICA – A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS. I Martins1, V Alves1; M J Frade1; T Mendonça1; A Nunes1; A Parreira1 1IPOFG Lisboa Serviço de Hematologia Introdução A Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva (LEMP) é uma doença desmielinizante do sistema nervoso central causada pela reactivação do JC vírus (Polyomavirus) e consequente infecção lítica de oligodendrócitos, células responsáveis pela produção de mielina. Apesar da infecção primária (assintomática) ocorrer maioritariamente na infância, estimando-se que cerca de 86% da população adulta possa apresentar anticorpos contra o vírus, a LEMP ocorre quase exclusivamente em doentes imunossuprimidos, estando fortemente associada à infecção VIH/SIDA. Pode também ocorrer no contexto de doenças linfo/mieloproliferativas (prevalência estimada em 0,07%), de tumores sólidos, e associada ao uso de fármacos imunossupressores, tais como análogos das purinas, agentes alquilantes, corticosteróides e anticorpos monoclonais. Objectivo Apresentamos dois casos clínicos de LEMP associada a JC vírus em doentes com doença linfoproliferativa crónica, não transplantados, sem infecção VIH/SIDA, tratados com fármacos imunossupressores. Resumo clínico Caso I: sexo masculino, 54 anos, antecedentes de enfisema pulmonar, sob corticoterapia de longa duração, com diagnóstico de L.N.H. B linfoplasmocítico, estadio IV-B, em Outubro de 2006. Tratado com R-CHOP. Em Agosto de 2007, quadro de parestesias e hipostesia tacto-álgica da hemiface direita com paresia facial periférica homolateral, disartria, compromisso da marcha e ataxia. RM-CE evidenciou lesão cerebelosa hemisférica direita, com envolvimento do pedúnculo cerebeloso médio e protuberância, sem efeito de massa nem captação de contraste. Pesquisa de DNA de JC vírus por PCR no líquor positiva. Caso II: sexo feminino, 71 anos, antecedentes de carcinoma da mama, com diagnóstico de Mieloma Múltiplo IgG kappa, estadio III-B, em Janeiro de 2003. Realizados múltiplos regimes terapêuticos (melfalan + prednisolona; adriamicina + metilprednisolona; talidomida + prednisolona, talidomida + ciclofosfamida + dexametasona). Em Dezembro de 2009, quadro de cefaleias occipitais, alterações do comportamento e perda de autonomia, com disartria, hemiplegia flácida esquerda com componente facial, e estereotipias do membro superior direito. RM-CE evidenciou lesão na substância branca do lobo temporal direito, com hiposinal em T1 e hipersinal em T2 e FLAIR. Pesquisa de DNA do JC vírus por PCR no líquor positiva. Ambos foram tratados com cidofovir, iniciado um mês após aparecimento dos sintomas: caso I – 3 administrações, interrompidas por infecção respiratória grave; caso II – 2 administrações, interrompidas por recusa terapêutica. No caso I, registou-se resposta favorável: exame neurológico sumário sem alterações e negativação da PCR para JC vírus no líquor aos oito meses, com redução significativa da lesão cerebelosa visível por RM-CE. No caso II, manteve-se quadro neurológico, vindo a doente a falecer cerca de dois meses após o diagnóstico por progressão da doença hematológica. Conclusões Apresentamos estes dois casos de LEMP como forma de alerta para este diagnóstico no contexto de síndromes linfo/mieloprofiferativas, fora do âmbito da transplantação medular e da infecção HIV/SIDA, salientando-se a possível influência da utilização crescente de novos fármacos imunossupressores, como o rituximab, no curso natural desta doença.

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PO71 - LINFOMA DAS CAVIDADES. APRESENTAÇÃO DE 3 CASOS CLÍNICOS Catarina Lau1, Maria Anjos Teixeira2; Ana Helena Santos2; Marlene Santos2; Maria Luis Queiros2; Marta Gonçalves2; Sonia Fonseca2; João Rodrigues2; Marika Bini-Antunes2; Maria João Santos3; Joana Vaz da Cunha4; Manual Cunha4; Joana Cancela3; Eduardo Eiras3; Margarida Lima2 1Serviço de Hematologia Clínica, Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto; 2Serviço de Hematologia Clínica do Centro Hospitalar do Porto (CHP), Hospital de Santo António (HSA); 3Serviços de Medicina e Hematologia do Hospital Pedro Hispano, Matosinhos; 4Serviços de Medicina e Hematologia do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real INTRODUÇÃO: O linfoma primário dos derrames (também denominado linfoma das cavidades) é uma entidade clínica rara associada a estados de imunossupressão, representando cerca de 4% dos LNH em doentes com infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH). É um linfoma com apresentação clínica característica uma vez que aparece habitualmente nas cavidades como derrame pleural, pericárdico ou peritoneal. Caracteristicamente as células deste linfoma têm uma morfologia variável, imunofenótipo com ausência de marcadores específicos de linhagem linfocitária (fenótipo “null”) e evidência de infecção pelo vírus do herpes humano 8 (HHV-8). A co-infecção com o vírus Epstein Barr (EBV) ocorre em alguns casos. O estudo do rearranjo dos genes que codificam para as imunoglobulinas (IGH, IGK, IGL) revela habitualmente monoclonalidade. Ocasionalmente verifica-se também monoclo-nalidade no estudo dos genes que codificam para o receptor da célula T (TCR). O prognóstico desta entidade é mau, habitualmente com fraca resposta ao tratamento de quimioterapia (mediana da sobrevida inferior a 6 meses). MATERIAL E MÉTODOS: Em 2010 (Janeiro a Agosto) estudamos 3 doentes do sexo masculino com o diagnóstico de linfoma das cavidades. O estudo imunofenotípico foi realizado utilizando o citómetro de fluxo de quatro cores FACSCalibur. Estudamos a expressão das seguintes moléculas: CD3, CD4, CD5, CD8, CD10, CD19, CD20, CD38, CD56, CD45, CD45RO, CD71 CD138, HLA-DR. Estudamos também a ploidia do ADN celular, o ciclo celular das células neoplásicas e o rearranjo molecular dos genes IGH e TCRG. RESULTADOS: Dois doentes eram HIV- (D1 e D3) e um era HIV+ (D2). Dois doentes tinham sarcoma de Kaposi (D1 e D2). Os resultados do estudo imunofenotípico das células neoplasicas estão resumidos na tab. 1. Tab.1

Idade A CD34 CD38 CD56 CD45 CD45RO CD71 CD138 HLA-DR HHV-8

D1 84 la - + - + + - - - + D2 56 lp - + - + + - Duv ND* D3 83 lp - + - + + - - + ND* * não disponível

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Os restantes marcadores de linha linfóide (CD3, CD4, CD5, CD8, CD10, CD19,CD20) e de linha mielóide (CD11b, CD13, CD117) foram negativos. O índice de ADN mostrou hiperploidia nos 3 casos e o ciclo celular evidenciou um aumento acentuado da % de células em fase S (22.6%, 53.0% e 19.4%, respectivamente). O estudo dos genes IGH e TCRG foi efectuado nos doentes 1 e 2, tendo revelado monoclonalidade T no caso 1 e monoclonalidade B no caso 2. O sangue periférico não revelou células de linfoma em nenhum dos casos. CONCLUSÃO: O linfoma das cavidades é uma entidade rara sendo por isso necessário a sua suspeição e conhecimento para um diagnóstico preciso e atempado. O perfil imunofenotípico é de tal forma aberrante que quando associado a apresentação clínica característica (derrame das cavidades) e estados de imunodeficiência sugere fortemente o diagnóstico, orientando o estudo subsequente.

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PO72 - DETECÇÃO DE REARRANJO CROMOSSÓMICO COMPLEXO NUM DOENTE COM LINFOMA FOLICULAR Ana Paula Ambrósio1, Maria Céu Silva1; Bárbara Marques1; Catarina Ventura1; Anabela Neves2; Hildeberto Correia1

1Unidade de Citogenética, Departamento de Genética INSA, IP, Lisboa; 2Serviço de Oncologia – Hospital São Bernardo – Centro Hospitalar de Setúbal EPE Introdução: O Linfoma Folicular (LF) é dentro dos linfomas Non-Hodgkin de células B (LNH-B), o segundo mais comum, com uma frequência mundial de 22%. A idade média de diagnóstico dos pacientes é aproximadamente de 59 anos, com uma razão de ocorrência entre o sexo masculino/feminino de 1:1,7. Esta patologia caracteriza-se, em 80% dos casos, pela presença da translocação t(14;18)(q32;q21), que origina o gene de fusão IGH/BCL2. São ainda observadas aneuploidias dos cromossomas 7 e 18 (+7 e +18), e anomalias estruturais envolvendo as regiões 3q27-q28; 6q23-q25 e 17p, as quais podem estar associadas à progressão morfológica do LF. Objectivo: Apresentação e discussão de um caso clínico, com LF de grau 1, no qual foi observada uma translocação em mosaico, envolvendo os cromossomas 1 e 6, com delecção da região 6q12-q21 e sem progressão para LNH-B Difuso de Grandes Células (LDGC). Materiais e Métodos: Indivíduo do sexo masculino, com 57 anos de idade, com LF estabelecido em Setembro de 2002, estando em remissão completa desde Janeiro de 2003. Em Outubro de 2009, coincidente com a 1ª recidiva, é realizado o estudo citogenético e a análise por hibridação in situ fluorescente (FISH), com as sondas de sequência única específicas para os genes BCL1, IGH e BCL2, em sangue medular. Foi ainda caracterizado por FISH o rearranjo citogenético observado. Resultados: A análise citogenética, pelo método de bandas G, evidenciou a existência de dois clones, um anormal e um normal. O cariotipo foi descrito como 46,XY,t(1; 6)(q25;q21)del(6)(q12q21)[4]/46,XY[26]. A análise por FISH para os genes BCL1, IGH e BCL2 evidenciou a inexistência de rearanjos cromossómicos envolvendo estes genes. Conclusão: As delecções em 6q são detectadas em linfomas com uma frequência de 7 a 42% dependendo do tipo histológico e da técnica utilizada. A localização e extensão da delecção são um indicador do prognóstico e agressividade dos diferentes tipos de tumor. Delecções de 6q23-q27, presentes em LF, podem induzir uma maior agressividade e evoluir para um LDGC e delecções de 6q15-q27 encontram-se presentes em LDGC. As delecções de 6q15 e na região mais a jusante de 6q27 são específicas de LDGC. Contudo o caso clínico de LF apresentado é portador de uma t(1;6) com uma delecção da região 6q12-q21, ainda não descrita, sem agravamento clínico e estável, o que sugere a existência de uma região indutora de agressividade tumoral e responsável pela evolução para LDGC a jusante da região 6q21 e não a montante desta região. Este estudo contribui para uma melhor compreensão e esclarecimento das regiões envolvidas nos diferentes tipos de linfoma e concomitantemente ajudar a identificar genes críticos envolvidos na progressão da doença.

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PO73 - IMUNOSSUPRESSÃO INDUZIDA PELO ANTICORPO MONOCLONAL ANTI-CD 20 – RITUXIMAB: A PROPÓSITO DE DOIS CASOS CLÍNICOS Helena Figueira Martins1, Mónica Semedo1; Carolina Viveiros1; Manuel Neves1; Elias Gonçalves1; Sara Valle1; Graça Esteves1; João Raposo1; Conceição Lopes1; João Alves do Carmo1 1Hospital Santa Maria Introdução: O Rituximab é um anticorpo quimérico monoclonal dirigido contra o antigénio CD 20 expresso pelos linfócitos B. Pode ser utilizado em monoterapia ou em associação à quimioterapia no tratamento de síndromes linfoproliferativos de células B CD 20 positivas. O mecanismo de acção que conduz à morte celular deve-se a citotoxicidade mediada pelo complemento, e nalguns tumores, com polimorfismo do receptor Fc, a citotoxicidade dependente do anticorpo. O antigénio de superfície CD 20 é um canal de cálcio transmembrana, que desempenha funções de activação, proliferação e diferenciação das células B. Na ontogenia da linhagem B, surge pela primeira vez nas células pré-B e persiste até ao linfócito B maduro, mas está ausente nos progenitores da linhagem B e na fase terminal de diferenciação – o plasmócito. Esta característica das células B, permite a produção fisiológica de anticorpos e a regeneração dos linfócitos B após terapêutica anti-célula B, aliviando assim os efeitos da imunossupressão. Apresentamos os casos clínicos de 2 doentes com LNH sob tratamento com Rituximab e doença controlada, que desenvolveram infecções peri-articulares de diagnóstico e manuseamento difíceis. 1º caso: homem de 56 A com o diagnóstico de linfoma folicular, estadio IVB, IPI1 com 10 anos de evolução, que recebeu R-CVP x 7 ciclos como terapêutica de 2ª linha obtendo resposta parcial. Após o 7º ciclo inicia um quadro de dor lombar com irradiação ao membro inferior direito e Lasègue positivo. Os exames complementares realizados permitiram o diagnóstico de espondilodiscite inespecífica purulenta afectando L4-L5 com abcesso para-espinhal. Não se isolou agente infeccioso. Recebeu antibioterapia de largo espectro IV e suspendeu Rituximab. 2º caso: homem de 61 A com o diagnóstico de linfoma da zona marginal tipo MALT, t(11;18) +, estadio IV B, com doença residual após 8 ciclos de R-CHOP e sob terapêutica de manutenção com Rituximab de 3/3 meses. Aos 12 meses de manutenção, por sinais inflamatórios ao nível do punho e 1/3 distal do antebraço direito, interpretados como artrite séptica, recebeu meropenem e linezolide IV durante 4 semanas com ligeira melhoria. A ecografia revelou tratar-se de abcesso peri-articular. O exame microbiológico do material drenado foi positivo para Mycobacterium tuberculosis. Recebeu terapêutica anti-bacilar quádrupla e suspendeu Rituximab. Conclusão: A utilização do Rituximab em associação à quimioterapia permitiu melhorar significativamente a sobrevivência global e livre de eventos dos doentes com neoplasias de células B que expressem CD 20. Teoricamente os progenitores linfóides B e os plasmócitos são poupados pelo anticorpo monoclonal anti-CD 20. No entanto, em alguns doentes a regeneração da linhagem B poderá ser retardada conduzindo a períodos de imunossupressão prolongada. Pensamos que estes dois casos clínicos ilustram esta situação e demonstram a dificuldade de diagnóstico face à localização pouco vulgar, e de manuseamento.

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PO74 - LINFOMA DE CÉLULAS T HEPATO-ESPLÉNICO – UM CASO RARO C Viveiros1, H Martins1; M Neves1; I Alves2; C Ferreira2; S Matos3; S Santos3; A Morais4; J Raposo1 1Serviço de Hematologia e Transplantação de Medula - Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital Santa Maria; 2Serviço de Anatomia Patológica - Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital Santa Maria; 3Genomed – Diagnósticos de Medicina Molecular – Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa; 4Serviço de Pediatria - Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital Santa Maria O Linfoma de células T Hepato-esplénico representa menos de 1% de todos os Linfomas Não-Hodgkin, sendo o pico de incidência na adolescência e jovens adultos, com um predomínio no sexo masculino. Geralmente cursa com hepatoesplenomegalia e sintomas constitucionais, trombocitopenia significativa, anemia e leucopenia. Esta é uma forma extremamente agressiva sendo a sobrevida média inferior a 2 anos. Os autores apresentam um caso de um jovem de 15 anos, raça negra, transferido de Cabo Verde para esclarecimento de quadro, com cerca de 2 meses de evolução, de esplenomegália maciça, sinais e sintomas decorrentes de trombocitopenia significativa e anemia, febre vespertina e sudorese. Foram excluídas patologias infecciosa, auto-imunes e doenças hereditárias do Glóbulo Vermelho. Realizou Biópsia esplénica cujo resultado anátomo-patológico foi sugestivo de Linfoma Não-Hodgkin T, não sendo possível melhor caracterização. Foi submetido posteriormente a laparotomia com esplenectomia e biópsia hepática sendo efectuado o diagnóstico de Linfoma de células T Hepato-esplénico. A partir da amostra de tecido esplénico foi efectuado cariótipo e estudo molecular. O estudo molecular confirmou a presença de população clonal T, com rearranjo do gene TCRγ e negatividade para o rearranjo do gene TCRβ. O cariótipo identificado foi 48XY, +mar1, +mar2, [6] / 46XY [15]. A punção medular aspirativa e a biópsia osteomedular foram compatíveis apenas com hiperesplenismo. O estudo do cariótipo mostrou 46XY e o estudo molecular foi negativo para a pesquisa de clonalidade T. Cerca de 3 mês após a cirurgia encontra-se assintomático, com recuperação dos parâmetros hematológicos, com hepatomegalia notada mas sem lesões sugestivas de doença neoplásica em actividade na Tomografia de Emissão de Positrões. Não havendo nesta altura evidência de doença activa, o doente encontra-se em monitorização clínica mensal. É de salientar, contrariamente ao que se encontra descrito na literatura, a ausência de infiltração medular e a evolução clínica favorável deste caso raro.

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PO75 - ALEMTUZUMAB SUBCUTÂNEO EM BAIXA DOSE NO TRATAMENTO DE SÍNDROME DE SÉZARY: RESULTADOS PRELIMINARES EM 3 DOENTES Ana Oliveira1, Catarina Lau2; Cristina Gonçalves2; Luciana Xavier2; Maria dos Anjos Teixeira2; Rita Coutinho2; Jorge Coutinho2; Rosário Alves3; Margarida Lima4 1Serviço de Dermatologia, Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto; 2Serviço de Hematologia Clínica, Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto; 3Serviço de Dermatologia e Consulta Multidisciplinar de Linfomas Cutâneos, Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto; 4Serviço de Hematologia Clínica e Consulta Multidisciplinar de Linfomas Cutâneos, Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto Introdução: A Síndrome de Sézary (SS) é uma forma rara de linfoma T cutâneo que se caracteriza por eritrodermia, presença de células de Sézary (CS) na pele, sangue e medula óssea, associados ou não a adenomegalias. Segundo a classificação EORTC/WHO é considerado um subtipo agressivo, sendo o prognóstico reservado. Os tratamentos disponíveis não são curativos e, a resposta, é frequentemente parcial e transitória e os efeitos colaterais importantes. O alemtuzumab (anti-CD52), na dose standard de 30mg, 3 x semana (S), 12 S, tem sido usado no tratamento de doenças linfoproliferativas, isoladamente ou em associação com quimioterapia. Está, no entanto, associado a toxicidade importante, nomeadamente hematológica e a um risco acrescido de infecções oportunistas. Um estudo efectuado por Bernengo et al (2007) sugeriu que o tratamento da SS com alemtuzumab em baixa dose (10mg, sc, 3xS) se associa a taxas de remissão elevadas e a longos períodos de remissão, com menos efeitos colaterais. Objectivos: Com este estudo pretendemos avaliar a resposta clínica e hematológica da SS ao tratamento com baixa dose de alemtuzumab. Métodos: O tratamento, que se pretende manter enquanto benefício clínico, até ao máximo de 12 S, iniciou-se com a administração sc de 3mg de alemtuzumab, seguido de 10mg, 3 x S, tendo sido efectuado tratamento profiláctico com aciclovir e sulfametoxazol + trimetroprim. Os doentes foram monitorizados com base na clínica, hemograma e quantificação das CS no sangue por citometria de fluxo. A monitorização da reactivação do CMV foi efectuada semanalmente, com PCR e pesquisa da antigenemia. A avaliação subjectiva do eritema (0 a 4) e do prurido (0 a 10) foi feita pelos doentes no fim de cada semana de tratamento, usando escalas analógicas. O tratamento foi aprovado pela Comissão de Ética e efectuado com o conhecimento informado dos doentes. Até ao momento, foram incluídos 3 doentes com SS resistente ou com recidiva após quimioterapia e o tratamento está em curso em todos os casos (8 sem – 1; 7 sem – 1; 4 sem – 1). Resultados: O tratamento com alemtuzumab acompanhou-se de uma diminuição rápida e progressiva das CS no sangue, alívio do prurido e redução acentuada do eritema, com início do benefício clínico no final da 1ª S. À excepção da reactivação do CMV (assintomática: 1; febre: 1; lesão de orgão: 0), que ocorreu em 2 casos na sequência da interrupção da profilaxia e que obrigou à suspensão transitória do alemtuzumab, não se constataram outras intercorrências infecciosas ou reacções adversas. Conclusão: O alemtuzumab em baixa dose parece estar associado a boa resposta clínica e hematológica em doentes com SS, sendo os efeitos colaterais aceitáveis. É necessário concluir o estudo no sentido de avaliar a taxa e a duração da remissão.

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PO76 - MICOSE SISTÉMICA A ALTERNARIA EM DOENTE COM AMILODOSE E MIELOMA MÚLTPLO Ana Joaquim1, Sandra Custódio1; Ana Martin2; Noemi Puig2; Jesus San Miguel2 1Serviço de Oncologia, Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga / Serviço de Hematologia, Hospital Clínico Universitário de Salamanca; 2Serviço de Hematologia, Hospital Clínico Universitário de Salamanca Alternaria é um género de fungo ascomicete ubiquitário patogénico major de plantas. É uma potencial causa de infecções oportunistas em indivíduos imunocomprometidos, como os doentes com gamapatias monoclonais, particularmente em tratamento de quimioterapia e/ou corticoterapia prolongada. Apresenta-se o caso de uma doente com o diagnóstico de gamapatia monoclonal de significado incerto IgG k aos 50 anos que, após dois anos de vigilância, evoluiu para mieloma múltiplo (MM) quiescente, tendo-se mantido a atitude. Aos 58 anos, foi internada por hemorragia digestiva alta, na sequência da qual se diagnosticou amiloidose por cadeias livres de imunoglobulina (AL) com afectação digestiva,cardíaca e pulmonar. Foi decidido em sessão clínica não realizar transplante autólogo de células progenitoras de sangue periférico (TACPSP) por cardiopatia severa (espessura do septo interventricular de 17 mm e péptido natriurético do tipo B de 8122 ng/L). Após 12 ciclos de 28 dias de melfalan (0,22 mg/Kgx4 dias) e dexametasona (40 mg/Kgx4 dias), obteve muito boa resposta parcial hematológica e estabilização da amiloidose (com diminuição do BNP para 1115). Seguiu-se TACPSP acondicionado pelo regime Melfalan 140, com muito boa resposta parcial hematológica. Seis meses depois do TACPSP, por aumento do péptido natriurético B (BNP) e das cadeias livres k séricas, iniciou tratamento com ciclofosfamida (50 mg/dia) e prednisolona (30 mg em dias alternos). Nove meses depois do primeiro ciclo, por osteólise e plasmocitoma sagrado, foi submetida a radioterapia e dexametasona e, três meses depois de ter iniciado a radioterapia, por plasmocitoma mandibular, novamente a radioterapia e dexametasona. Iniciou tratamento com Zolandronato mensal. O BNP e as cadeias livres k mantiveram o aumento lento mas progressivo, sem no entanto se detectar componente monoclonal. Onze meses depois do aparecimento do primeiro plasmocitoma, por progressão da amiloidose a nível cardíaco e lombalgia associada a aumento de lesão osteolítica, iniciou tratamento de segunda linha com bortezomib (1,3 mg/m2 semanal), ciclofosfamida (50 mg/dia) e prednisolona (30 mg/dia) em ciclos de 21 dias, com boa resposta. Após 3 ciclos, referia aparecimento de pápula no antebraço de crescimento progressivo, cuja biópsia revelou infecção cutânea a Alternaria, tendo sido medicada com posaconazol. Ao 20º dia do 9º ciclo, após um mês da terapêutica anti-fúngica referida, foi internada no Serviço de Hematologia por hemoptises francas. Foi diagnosticada pneumonia bilateral cavitada sugestiva de etiologia fúngica, cuja citologia confirmou a presença de Alternaria. Considerada inoperável por Cirurgia Cardiotorácica por má reserva pulmonar. Completou 26 dias de anfotericina B lipossómica, com boa resposta clínica e imagiológica, tendo tido alta medicada posaconazol, terapêutica que mantém decorridos 11 ciclos do mesmo esquema de quimioterapia. Este caso é digno de realce, para além da raridade da infecção a Alternaria, pela coexistência de MM e amiloidose sistémica AL. Apesar de cursarem juntas frequentemente, o perfil genético destas patologias parece diferir. Quando coexistem, normalmente uma domina o quadro clínico. No caso apresentado, a evolução do MM tem sido longa e indolente, sendo a amiloidose predominante.

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PO77 - MIELOMA MÚLTIPLO COM PLASMOCITOMAS EXTRAMEDULARES – DESCRIÇÃO DE 2 CASOS CLÍNICOS GC Caetano1, L Francisco1; MB Duarte1; C Menezes1; ML Ribeiro1 1Departamento de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, EPE. Portugal Introdução: O Mieloma Múltiplo (MM) é a segunda causa mais frequente de neoplasia hematológica (10%) e é incurável. Os plasmocitomas extramedulares (PEM) são tumores de plasmócitos que estão presentes em 15-20% dos doentes ao diagnóstico e são detectados em mais 15% no curso da doença. Em general estão localizados ao tracto respiratório superior e gastrointestinal e são associados a doença avançada, com mau prognóstico. Os PEM cutâneos metastásicos (PCM) são muito raros, predominam no tórax, região dorsal e abdómen. A apresentação do MM ou PEM com uma massa intracraniana é extremamente rara, apenas encontramos descritos 8 casos. Objectivos: Descrever 2 casos de Mieloma Múltiplo com apresentação muito rara de PEM. Casos clínicos: Homem de 48 anos diagnosticado de MM IgD λ com cadeias leves livres λ, ISS I, em 04/2009. Apresentava sintomas B e dores ósseas mecânicas; anemia (Hb 10,1g/dL); valores normais de Creat, Ca, ProtT y Alb; aumento de β2-M (2,94mg/L), IgD sérica (9940mg/L (N: <100)) e de cadeias leves livres λ (99,0mg/dL (N: 0,57 -2,63)). Medula óssea com invasão extensa (90% plasmócitos). Resposta parcial após 4 ciclos de VBMCP/VBAD e progressão após 4 ciclos de Borte + Dexa, com surgimento de nódulos cutâneos dolorosos e um nódulo no palato. Biópsia cutânea: plasmocitomas. Sem resposta a VBMCP/VBAD e CHOP com corticóides em alta dose. Recentemente apresentou melhoria significativa após iniciar ciclos de RCVD (Lenalidomida, Ciclofosfamida, Borte e Dexa). Mulher de 68 anos diagnosticada em 11/2009 de MM IgG λ, ISS I, com plasmocitoma intracerebral. Apresentava cefaleias, diplopia e dores ósseas generalizados; anemia (Hb 9,9g/dL), ProtT 92,6g/dL; valores normais de Creat, Ca, Alb e β2-M. IgG sérica 30,7g/L (N: 7-15) e λ 26,01g/L (N: 3-6,99). Medula óssea com 26% de plasmócitos. Esqueleto: lesões osteolíticas no crânio. RM-CE: volumosa lesão expansiva centrada no clivus em topografia mediana. Biópsia de massa intracerebral: plasmocitoma. Iniciou tratamento com Borte + Dexa e RT local (40Gy), alcançando resposta parcial. Terminou quimioterapia após 6 ciclos por neuropatia grau 3-4 nos membros inferiores. Conclusões: Estes 2 casos clínicos de plasmocitomas extramedulares são didácticos por terem múltiplas lesões, uma elevada massa tumoral e muito má resposta terapêutica e, o segundo caso, por associar uma massa intracraniana a MM. Na literatura o prognóstico destas situações é referido como muito adverso, no entanto, há ainda pouca experiência com os novos fármacos em uso no MM.

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PO78 - A NOVEL SPLICED FUSION OF MLL WITH CT45A2 IN A PEDIATRIC BIPHENOTYPIC ACUTE LEUKEMIA Nuno Cerveira1, Claus Meyer3, Joana Santos1,2, Lurdes Torres1,2, Susana Lisboa1,2, Manuela Pinheiro1,2, Susana Bizarro1,2, Cecília Correia1,2, Lucília Norton4, Rolf Marschalek3, and Manuel R. Teixeira1,2,5 1Department of Genetics of the Portuguese Oncology Institute, Porto, Portugal; 2Cancer Genetics Group, Research Centre of the Portuguese Oncology Institute, Porto, Portugal; 3Institute of Pharmaceutical Biology, Diagnostic Centre of Acute Leukaemia (DCAL), Goethe-University of Frankfurt, Frankfurt/Main, Germany; 4Department of Paediatrics, Portuguese Oncology Institute, Porto, Portugal; 5Biomedical Sciences Institute (ICBAS), Porto, Portugal Introduction: Abnormalities of 11q23 involving the MLL gene are found in approximately 10% of human leukemias. To date, nearly 100 different chromosome bands have been described in rearrangements involving 11q23 and 64 fusion genes have been cloned and characterized at the molecular level. In this work we present the identification of a novel MLL fusion partner in a pediatric patient with de novo biphenotypic acute leukemia. Methods: Cytogenetics, fluorescence in situ hybridization (FISH), molecular studies (RT-PCR and LDI-PCR), and bioinformatic sequence analysis were used to characterize the CT45A2 gene as novel MLL fusion partner in pediatric acute leukemia. Results: Fluorescence in situ hybridization of the patient G-banded metaphases demonstrated a cryptic insertion of 11q23 in Xq26.3 involving the MLL gene. Breakpoint fusion analysis revealed that a DNA fragment of 653 kb from 11q23, containing MLL exons 1-9 in addition to 16 other 11q23 genes, was inserted into the upstream region of the CT45A2 gene located at Xq26.3. In addition, a deletion at Xq26.3 encompassing the 3’ region of the DDX26B gene (exons 9-16) and the entire CT45A1 gene was identified. RNA analysis revealed the presence of a novel MLL-CT45A2 fusion transcript in which the first 9 exons of the MLL gene were fused in-frame to exon 2 of the CT45A2 gene, resulting in a spliced MLL fusion transcript with an intact open reading frame. The resulting chimeric transcript predicts a fusion protein where the N-terminus of MLL is fused to the entire open reading frame of CT45A2. Finally, we demonstrate that all breakpoint regions are rich in long repetitive motifs, namely LINE/L1 and SINE/Alu sequences, but all breakpoints were exclusively identified outside these repetitive DNA sequences. Conclusion: We have identified CT45A2 as a novel spliced MLL fusion partner in a pediatric patient with de novo biphenotypic acute leukemia, as a result of a cryptic insertion of 11q23 in Xq26.3. Since CT45A2 is the first Cancer/Testis antigen family gene found fused with MLL in acute leukemia, future studies addressing its biologic relevance for leukemogenesis are warranted.

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PO79 - ABORDAGEM DIAGNÓSTICA DE LEUCEMIAS AGUDAS DE LINHAGEM AMBÍGUA F. Moita1, E. Jensen1; J. Parreira1; P. Lúcio1; T. Faria1; J. Caetano1; A. Lacerda2; MJ. Ribeiro2; X. Duarte2; F. Pereira2; MG. Silva1; A. Parreira1 1Departamento de Hematologia, Instituto Português de Oncologia de Lisboa; 2Serviço de Pediatria, Instituto Português de Oncologia de Lisboa As Leucemias Agudas (LA) de linhagem ambígua constituem cerca de 4% das LA e não têm evidência de diferenciação numa linhagem hematopoiética específica. Incluem LA indiferenciadas e LA de fenótipo misto. Têm prognóstico reservado, não estando definida a opção terapêutica ideal. O diagnóstico baseia-se em critérios imunofenotípicos revistos na classificação da OMS, sendo necessária a presença de marcadores específicos para a atribuição de linhagem - mieloperoxidase (MPO) para linhagem mielóide, CD3 para linhagem linfóide T e CD19/CD79a para linhagem linfóide B. A presença de um ou mais clones de blastos e a diversidade de antigénios expressos dificulta por vezes a análise imunofenotípica por métodos de citometria de fluxo convencionais. O uso de novas ferramentas informáticas e novos painéis de anticorpos poderá facilitar o diagnóstico destas LA. Apresentamos uma série de 4 casos de LA de linhagem ambígua em idade pediátrica, diagnosticados no último ano na nossa instituição. Métodos: Foram avaliadas amostras de medula óssea de diagnóstico e após quimioterapia (QT) de indução utilizando os painéis de anticorpos monoclonais desenvolvidos pelo Grupo Cooperativo Euroflow®, adquiridas num citómetro de fluxo BD FACSCanto II e analisadas com o software Infinicyt (Cytognos). Resultados: Em 2 casos, a avaliação imunofenotípica foi compatível com LA de fenótipo misto B/mielóide. Foi realizada QT para LA linfoblástica, com obtenção de remissão completa (RC). Num caso, a avaliação imunofenotípica inicial foi compatível com LLA-T (cCD3/CD7/CD2) com expressão de marcadores de imaturidade (CD34/HLA-DR) e marcadores mielóides (CD33/CD117). Após QT dirigida para LA linfoblástica, o clone inicial remitiu e detectou-se um clone com fenotipo muito imaturo (CD34/CD7/CD117/HLA-DR), sugerindo mudança de linhagem ou presença de um clone minoritário não detectado ao diagnóstico. Realizou QT dirigida ao componente mieloide com RC. No último caso, a avaliação citoquímica foi compatível com LA mieloblástica (MPO+) enquanto a avaliação imunofenotípica mostrou LA linfoblástica B/T (cCD3/CD7/CD5/CD19/CD79a) com expressão de marcadores de imaturidade (CD34/TdT/CD38/CD10) e marcadores mielóides (CD117/CD33). Após QT dirigida para o componente linfóide, persistiram 3% de blastos expressando apenas marcadores de imaturidade. Para confirmar o diagnóstico inicial foi usada a ferramenta Compass incluída no software Infinicyt, que permite a fusão das diferentes combinações de anticorpos monoclonais e sua comparação com um painel de casos-referência. Nos 2 primeiros casos, confirmou-se o diagnóstico de LA B/mielóide. No 3º caso a avaliação apontou para a presença de LA T/mielóide ao diagnóstico (não detectada na análise convencional) e no 4º para LA B/T/mielóide.

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Conclusão: O resultado obtido através desta ferramenta tem utilidade na correcta classificação de LA de linhagem ambígua, facilitando as opções terapêuticas e contribuindo para uma melhor avaliação prognóstica.

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PO80 - ABORDAGEM DE HIPERTRIGLICERIDEMIA GRAVE NO CONTEXTO DE TERAPÊUTICA COM PEG-ASPARAGINASE – A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS. I Martins1,: A Nunes1; M J Frade1; R Alvarez1; A Parreira1 1IPOFG Lisboa Serviço de Hematologia Introdução A eficácia da asparaginase em Leucemia Linfóide Aguda (LLA) baseia-se na incapacidade de síntese de asparagina pelas células neoplásicas. É conhecida a importância prognóstica da administração das doses preconizadas deste citostático nos protocolos terapêuticos em crianças e adolescentes. A hipertrigliceridemia é uma toxicidade comum associada ao uso deste fármaco. Ainda que não haja uma causa estabelecida, aparenta estar relacionada com a diminuição da actividade da lipoproteína lipase. Parece não existir associação entre os níveis de triglicéridos séricos e a ocorrência de pancreatite, salvo nos casos de hipertrigliceridemia superior a 2000 mg/dl, nos quais aumenta o risco desta complicação. O protocolo por nós utilizado recomenda a suspensão da asparaginase em caso de trigliceridemia superior a 1000 mg/dl. Objectivo Apresentar e discutir a abordagem terapêutica de dois casos clínicos de hipertrigliceridemia extrema (TG> 2000 mg/dl) no contexto de administração de PEG-Asparaginase, 2500 UI/m2, quinzenal, em doentes com Leucemia Linfóide Aguda de células B (LLA-B). Resumo clínico Caso clínico I: Doente de 15 anos, do sexo masculino, sem antecedentes relevantes, com diagnóstico de LLA-B em Agosto de 2007, tratado segundo protocolo DFCI 05 (adaptado). Foi detectada hipertrigliceridemia extrema (TG 2501 mg/dl) após duas administrações de PEG-Asparaginase, no período de consolidação I e terapêutica do sistema nervoso central, sem sintomatologia acompanhante, nem alterações da amilase e lipase séricas. Caso clínico II: Doente de 16 anos, do sexo masculino, sem antecedentes relevantes, com diagnóstico de LLA-B em Fevereiro de 2010, tratado segundo o mesmo protocolo. Detectou-se hipertrigliceridemia extrema (TG 4147 mg/dl) após a terceira administração de PEG-Asparaginase, correspondente a fase de consolidação, sem sintomatologia acompanhante, nem alterações da amilase e lipase séricas. Em ambos os casos, procedeu-se à suspensão da PEG-Asparaginase, a ajuste dietético e a administração de bezafibrato. Enquanto no primeiro doente houve normalização progressiva da trigliceridemia, no segundo persistiu hipertrigliceridemia extrema (TG> 3500 mg/dl). Neste, procedeu-se a plasmaferese (três sessões), optimizou-se a terapêutica anti-dislipidemiante (gemfibrozil) e associou-se heparina de baixo peso molecular em dose profiláctica, com normalização dos níveis séricos de triglicéridos. Após correcção da hipertrigliceridemia, os doentes iniciaram terapêutica semanal com asparaginase-Escherichia coli, com controlo dos níveis séricos de triglicéridos, o que permitiu, no caso I, completar o esquema terapêutico preconizado em protocolo e, no caso II, manter a administração do fármaco. Ambos obtiveram remissão completa da doença, que mantêm após 36 e 6 meses, respectivamente. Conclusões Este trabalho pretende ilustrar a eficácia das medidas utilizadas na correcção da hipertrigliceridemia extrema associada à administração de PEG-Asparaginase, salientando-se a plasmaferese como medida de recurso em caso de persistência de níveis elevados de triglicéridos, após implementação das adequadas medidas dietéticas e farmacológicas.

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PO81 - AMPLIFICAÇÃO DO GENE RUNX1 EM DOIS CASOS PEDIÁTRICOS DE LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA Helena Alaiz1,: Isabel Salazar1; Isabelina ferreira2; Susana Oliveira1; Maria Gomes da Silva1 1Laboratório de Hemato-Oncologia,Departamento de Hematologia do Instituto Português de Oncologia de Lisboa; 2Unidade de Transplante de Medula Óssea,Departamento de Hematologia do Instituto Português de Oncologia de Lisboa O gene RUNX1 localizado em 21q22 codifica um factor de transcrição expresso em múltiplas linhagens hematológicas que desempenha funções essenciais na regulação do desenvolvimento hematopoiético. Está frequentemente envolvido em rearranjos genéticos associados a neoplasias hematológicas, sendo três os mecanismos que levam à sua desregulação: mutações pontuais, amplificações e translocações cromossómicas que resultam na formação de novos oncogenes quiméricos. A amplificação intracromossómica do gene RUNX1 (iAMP21), que consiste na presença de múltiplas cópias do gene num único cromossoma 21 anómalo é rara e surge em 2% dos casos pediátricos de leucemias linfoblásticas agudas de células B (LLA-B). A maioria das crianças com esta anomalia tem entre 6-14 anos de idade, uma contagem baixa de leucócitos (<20x109/L) ao diagnóstico e um fenotipo de LLA comum/pré-B. Nas LLA-B a iAMP21 é considerada uma entidade genética associada a um risco aumentado de recaída e a uma diminuição da taxa de sobrevivência global. No entanto, um estudo recente mostrou que a avaliação da doença mínima residual (DMR) por RQ-PCR de rearranjos de genes das imunoglobulinas e dos recetores das células T permite estratificar os doentes que apresentam iAMP21 em dois grupos: os que apresentam níveis de DMR de baixo risco têm bom prognóstico, enquanto os casos de DMR de risco intermédio têm elevada probabilidade de recidiva. Neste trabalho, apresentamos dois casos pediátricos de LLA-B com amplificação do gene RUNX1: o primeiro, o de um doente do sexo masculino com 9 anos, diagnosticado em Dezembro de 2006, com 5.2x109/L leucocitos no sangue periférico e fenotipo de LLA pré-B, e o segundo o de uma doente do sexo feminino com 8 anos, diagnosticada em Outubro de 2004, com 12.8x2x109/L leucocitos no sangue periférico e fenotipo de LLA-B comum. O estudo citogenético convencional pelo método de bandas G revelou, nos dois casos um cariotipo de 46 cromossomas, com ausência de um cromossoma 21 e a presença de um cromossoma marcador. A técnica de FISH com uma sonda “whole paint chromosome” revelou que o cromossoma marcador era constituído na totalidade por material genético do cromossoma 21. Adicionalmente, o estudo de FISH com uma sonda para o gene RUNX1 revelou amplificação do gene, observando-se múltiplas (6-8) cópias localizadas no cromossoma 21 anómalo. Ambos os casos recaíram 3 (caso 1) e 4 (caso 2) anos após o diagnóstico. O primeiro doente encontra-se actualmente em remissão morfológica e fenotípica após terapêutica de recurso, enquanto o segundo fez transplante medular alogénico com dador não relacionado em segunda remissão, com perda progressiva do enxerto e recidiva 10 meses após transplante. Dado o impacto prognóstico da amplificação do gene RUNX1 nas LLA-B é fundamental realizar o seu despiste por FISH no momento do diagnóstico. A sua identificação contribui para uma melhor estratificação prognóstica e poderá eventualmente ser útil na selecção do regime terapêutico.

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PO82 - LEUCEMIA MIELOBLÁSTICA AGUDA E SÍNDROME MIELODISPLÁSICO SECUNDÁRIOS À TERAPÊUTICA DA LEUCEMIA PROMIELOCÍTICA AGUDA T Fernandes1,: J Salvador1; F Costa1; I Costa1; A Botelho de Sousa1 1H. Capuchos-CHLC

Com a melhoria da sobrevivência dos doentes com leucemia promielocítica aguda (LPA) tratados com ácido todo-trans-retinóico (ATRA) e quimioterapia, a ocorrência de leucemia mielobástica aguda e síndrome mielodisplásico secundários à terapêutica (tLMA/SMD) pode tornar-se um problema emergente. De 1/Jan/2003 a 28/Fev/2010 foram tratados 82 doentes consecutivos (idade mediana 43 anos) com o seguinte regime: indução com ATRA/idarrubicina e 3 ciclos de consolidação com antraciclinas em monoterapia com ou sem ATRA, seguidos de manutenção com metotrexato, 6-mercaptopurina e ATRA. A taxa de remissão completa foi de 87%. Com um recuo mediano de 37 meses, a sobrevivência global e a sobrevivência livre de doença aos 4 anos foram respectivamente de 80 % e 82%. São descritos 2 casos de tLMA/SMD diagnosticados em doentes com LPA tratados neste período. Caso1. Mulher de 46 anos com diagnóstico de LPA (pml-rara bcr1 +), de risco intermédio, em Dez/2003. Sem antecedentes relevantes, excepto hipotiroidismo. Documentou-se remissão após a indução prevista e completou as consolidações e manutenção até Mai/2006. Instalação progressiva de pancitopénia, 43 meses após obtenção de remissão, sendo feito o diagnóstico de síndrome mielodisplásico que evoluiu, 3 meses depois, para leucemia mieloblástica aguda, documentados em biópsia óssea. A pesquisa de pml-rara e FLT3-ITDs no sangue medular foi negativa. O cariótipo apresentava monossomia 4. A pesquisa de 5q-, 7q- e 20q- foi positiva por técnica de FISH. Iniciou tratamento intensivo, sem resposta a 3 regimes sucessivos, falecendo 10 meses após o segundo diagnóstico. Caso 2. Mulher de 57 anos, previamente saudável, com o diagnóstico de LPA (pml-rara bcr3 +), de risco intermédio, em Nov/2004. Iniciou tratamento de indução, obtendo-se remissão completa. Fez apenas dois ciclos de consolidação por muito lenta recuperação da aplasia e concluiu manutenção em Mai/2007. Por citopénias progressivas, fez mielograma 48 meses após a remissão que mostrou 10% blastos, com displasia multilinear. A pesquisa de pml-rara manteve-se negativa. O cariótipo apresentava +8, +13, +21 e delecção 6. Faleceu 2 meses após o segundo diagnóstico na sequência de quadro séptico. À semelhança dos poucos casos descritos na literatura, mesmo com regimes de quimioterapia intensiva, a sobrevivência destes doentes com tLMA/SMD após terapêutica com ATRA/antraciclinas foi reduzida. Apesar da ausência de tratamento com agentes alquilantes, parece haver frequentemente alterações citogenéticas que conferem prognóstico desfavorável.

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PO83 - ANOMALIA PSEUDO-CHÉDIAK-HIGASHI NA LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA Sofia Rodrigues1,: Marta Prata1; Isabel Costa1; Isabel Poças1 1Hematologia, H. Capuchos-CHLC A emergência de novas técnicas laboratoriais na área da hemato-oncologia tem contribuído para a progressiva desvalorização do papel da morfologia óptica no diagnóstico e caracterização das leucemias agudas. A literatura hematológica continua, contudo, a pontuar-se pela descrição de achados morfológicos que surpreendem pela sua invulgaridade e difícil valorização clínica e prognóstica. Descreve-se o caso de um homem de 40 anos com leucemia mielóide aguda com maturação, de novo, com expressão aberrante de CD7 e cariótipo complexo [inv(3q), +13, +14, +21, +22] sem mutações NPM1 ou FLT3ITD. No esfregaço medular observavam-se em alguns blastos volumosas inclusões intra-citoplasmáticas azurófilas, cuja valorização se revelou um importante desafio diagnóstico. De início interpretadas como parasitas, vieram posteriormente a ser identificadas como grânulos pseudo-Chédiak-Higashi. O doente não entrou em remissão com 2 ciclos de quimioterapia intensiva, vindo a falecer na sequência de uma hemorragia gastro-intestinal incoercível. Nos sucessivos mielogramas efectuados para avaliação de resposta, continuaram a evidenciar-se os grânulos pseudo-Chédiak-Higashi. O significado clínico deste achado é controverso, mas os relatos publicados associam-no a um prognóstico muito reservado. No caso descrito, a avaliação do impacto prognóstico desta anomalia é dificultada pela existência simultânea de outros indicadores desfavoráveis. A experiência do citologista e a qualidade técnica das preparações continuam a ser instrumentos insubstituíveis no diagnóstico diferencial de anomalias menos comuns.

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PO84 - LEUCEMIA MIELÓIDE CRÓNICA EM LACTENTE Tabita Magalhães Maia1, Juliana Roda2; Manuela Benedito3; Manuel Brito3; Luis Francisco Araujo1; Maria Leticia Ribeiro1 1Departamento de Hematologia - Centro Hospitalar de Coimbra - EPE; 2Hospital Pediátrico de Coimbra - Centro Hospitalar de Coimbra-EPE; 3Unidade de Hematologia-Oncologia do Hospital Pediátrico de Coimbra-EPE Introdução: A Leucemia mielóide crónica (LMC), uma neoplasia mieloproliferativa caracterizada pela presença do gene de fusão BCR-ABL, é rara na infância. Corresponde a <3% de todas as leucemias em crianças, e destas, 80% têm idade > 4 anos. A abordagem terapêutica da LMC em Pediatria continua a ser objecto de investigação, mas o transplante de células progenitoras hematopoiéticas (TCPH) é o único tratamento curativo. A grande eficácia observada com o Imatinib (I) em adultos, motivou a sua aprovação no tratamento de LMC pediátrica e o desenvolvimento de estudos alargados, como o CML-paed-II-study que prevê uma terapêutica inicial com I seguida de AloTCPH com dador HLA idêntico. Apresenta-se um caso clínico de LMC numa criança com 6 meses de idade. Caso clínico: Menina com 6 meses de idade que recorre ao Serviço de Urgência com febre, rinofaringite e vómitos. Filha única de um casal jovem, sem antecedentes patológicos. Ao exame objectivo: palidez cutâneo-mucosa, hepatoesplenomegalia e sopro sistólico II/VI. Da investigação analítica é de realçar anemia normocrómica e normocítica (Hb 6.5g/dlL) hiperleucocitose (leucócitos 168 x109/L) e trombocitose (plaquetas 1254x109/L). No esfregaço do sangue periférico detectaram-se numerosos elementos miéloides maduros e imaturos, com 15% de precursores eritróides e 2% de blastos, sugerindo doença mieloproliferativa crónica. Ácido úrico 289 μmol/L, desidrogenase láctica 2744 U/L e fosfatase alcalina 523 UI/L. Medulograma compatível com leucemia miéloide crónica. Cariótipo 46, XX, t(9,22) (q34;q11.2); por genética molecular identificou-se o rearranjo BCR-ABL do tipo b2a2, correspondente à proteína de fusão p210. Iniciou protocolo CML-paed-II-study: I 300mg/m2/dia, dividido em 2 tomas por sonda nasogástrica. Apresentou redução progressiva da hepatoesplenomegália (dimensões normais às 6 semanas) e resposta hematológica completa e mantida às 10 semanas. Aos 3 meses de tratamento apresentava resposta citogenética major. No entanto, aos 6 meses de terapêutica a resposta citogenética era minor o que motivou aumento de dose de Imatinib para 500 mg/m2/dia. Pelo agravamento da situação, foi pedida aceleração do processo de transplante de progenitores hematopoiéticos, para o qual já tinha sido aceite. Conclusões: A LMC é uma doença muito rara em idades jovens, sendo que em lactentes apenas estão descritos casos esporádicos. Com a aprovação do I dispomos de uma opção terapêutica eficaz, que, no entanto, não altera a necessidade de AloTCPH, como este caso bem ilustra.

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PO85 - POLICITÉMIA VERA – UMA NOVA DELEÇÃO NO EXÃO 12 DO GENE JAK2 NUMA IDOSA Gonçalo Caetano1, Alexandra Estevinho2; Margarida Coucelo2; Celeste Bento2; Marta Duarte2; Cristina Menezes2; M. Letícia Ribeiro2 1Departamento de Hematologia do Centro Hospitalar de Coimbra, EPE, PortugalDepartamento de Hematologia do Centro Hospitalar de Coimbra, EPE, Portugal; 2Departamento de Hematologia do Centro Hospitalar de Coimbra, EPE, Portugal Introdução: A mutação V617F no exão 14 do gene JAK2 está presente em mais de 95% das Policitémias Veras (PV) e está associada a um ganho de função. Desde 2007, foram descritas mutações no exão 12 do JAK2 numa minoria de doentes previamente diagnosticados como PV JAK2V617F negativos ou como Eritrocitose Idiopática (EI). Doentes com mutações no exão 12 do gene JAK2, quando comparados com doentes JAK2V617F positivos, são em general mais jovens, mais frequentemente do sexo feminino, apresentam valores de hemoglobina mais elevados, leucócitos e plaquetas normais e medula apenas com hiperplasia eritróide. Objectivos: Descrever o caso clínico de uma doente diagnosticada de PV aos 87 anos de idade, com uma deleção no JAK2 exão 12, previamente não descrita. Caso Clínico: Em Novembro de 2009 uma mulher de 87 anos de idade foi referenciada à consulta de Hematologia para investigar uma eritrocitose descoberta acidentalmente numa rotina pré-operatória (prolapso uterino). Hb 20 g/dL, Ht 70%, VCM 71fL, HCM 20pg, Leuc 10,4 x109/L, Plaq 353 x109/L. Referia cefaleias, náuseas, plétora facial e dispneia de esforço desde há 2 anos. Sem hepatoesplenomegalia. Não fumadora, com HTA controlada, Fibrilhação Auricular (NYHA 2) e cirurgia prévia a prolapso uterino (2002). Sem antecedentes familiares de patologia hematológica ou história de trombose. Foram excluídas outras patologias que causam eritrocitose. Quantificação de EPO: 7,6 mUI/mL (normal 3-30) e de Ferritina 11 ng/mL (normal 9-120). Métodos: As mutações foram pesquisadas em DNA genómico extraído de sangue periférico e medula óssea. Rastreio da mutação JAK2V617F por ASO-PCR. As mutações JAK2 exão 12 foram investigadas por sequenciação directa. Resultados: A pesquisa de JAK2V617F foi negativa. A sequenciação directa do JAK2 exão 12 revelou a mutação R541-D544del no DNA extraído de leucócitos de sangue periférico e medula óssea. Esta deleção é inframe e codifica a síntese de um péptido sem os aminoácidos 542 e 543. A doente iniciou tratamento citorredutor com Hidroxiureia. Conclusões: Doente idosa com eritrocitose isolada, diagnosticada de PV em associação com uma nova mutação JAK2 – deleção exão 12 R541-D544. Esta mutação ocorre num cluster entre os resíduos 537 e 543, onde previamente foram descritas mutações activadoras (Butcher et al). Descrevemos anteriormente o caso de um jovem de 17 anos, com esplenomegália, trombose da veia esplénica, Hb 23,7g/dL, Ht>60%, contagens normais de leucócitos e plaquetas, com uma deleção R541-E543delinsK na mesma região do JAK2 exão 12. Estudo financiado pela bolsa PTDC/SAU-GMG/74375/2006, FCT, Portugal.

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PO86 - NECROSE MEDULAR EM DOENTE COM MIELOFIBROSE IDIOPÁTICA Ilda Faustino1, Luisa Viterbo2; Rui Henrique3; Ângelo Rodrigues3; Hugo Duarte4; José Mario Mariz5 1Serviço Oncologia Médica, IPO Porto, FG, EPE; 2Serviço OncoHematologia, IPO Porto, FG, EPE; 3Serviço Anatomia Patológica, IPO Porto, FG, EPE; 4Serviço de Medicina Nuclear, IPO Porto, FG, EPE; 5Instituto Português de Oncologia do Porto, IPO Porto, FG, EPE Introdução: A necrose medular (NM) é uma entidade rara que, em cerca 90% dos casos, se associa a neoplasias malignas, das quais as mais frequentes são as neoplasias hematológicas (60%), sendo a leucemia aguda a doença de base mais frequente (40%). A dor óssea e a febre constituem as manifestações clínicas mais comuns. A pancitopenia e os eventos embólicos são as complicações mais importantes. O prognóstico é muito reservado mas, em alguns casos, assiste-se a repopulação da cavidade da medula óssea (MO) com células hematopoiéticas normais. O tratamento inclui medidas de suporte e, sempre que identificada a causa de base, tratamento específico. Caso clínico: Em 2004, foi diagnosticada mielofibrose idiopática a um doente de 54 anos previamente saudável. O doente foi tratado com esplenectomia e hidroxiureia, mantendo-se assintomático até Novembro de 2009, altura em que iniciou um quadro de astenia, anorexia e perda de peso. O hemograma revelou aumento do valor de basófilos, mas o aspirado medular não revelou transformação leucémica. Dois meses depois, o doente foi internado por um quadro de dor lombar intensa e incapacitante, acompanhada de febre. Analiticamente, apresentava Hg-8.7g/dl, leucócitos-8.07x109/L, plaquetas-307x109/L, DHL-1000 U/L (referência: 67-190 U/L). Durante o internamento, desenvolveu pancitopenia, elevação do valor de ácido úrico, potássio e DHL (máximo:7356 U/L). O aspirado e a biópsia de MO revelaram achados compatíveis com mielofibrose crónica com necrose extensa, não se observando a presença de blastos. A cintigrafia de MO mostrou captação de 99m Tc-nanocolóides compatível com actividade medular apenas no terço proximal do úmero esquerdo, cabeça do úmero direito e regiões inter-trocantéricas de ambos fémures; visualizava-se ainda uma intensa captação hepática do colóide, traduzindo hematopoiese extra-medular. A presença de hipoxemia arterial levantou a suspeita de embolização de gordura ou material necrótico proveniente da MO, o que foi confirmado pela cintigrafia de ventilação-perfusão. Após melhoria clínica e laboratorial com a instituição de medidas de suporte, ssistiu-se a novo agravamento. Desta vez, o doente apresentava dor intensa no hipocôndrio direito, adenomegalias cervicais, anemia e leucocitose. A biópsia ganglionar não foi conclusiva e a citometria de fluxo de sangue periférico revelou 0.36% de precursores mielóides e 50% de eritroblastos. Não se tendo provado a presença de transformação leucémica e atendendo ao baixo performance status do doente, não foi prescrita quimioterapia. O doente acabou por falecer. Conclusão: Trata-se de um caso raro, mas muito típico de NM, quer pela forma de apresentação (dor óssea e febre), quer pelas complicações desenvolvidas (pancitopenia, embolia pulmonar, morte). Nos doentes com neoplasias malignas em geral, e com neoplasias hematológicas em particular, o aparecimento de dor óssea intensa e incapacitante, sobretudo se associada a febre, deverá levantar a suspeita de NM.

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PO87 -: DOENÇA DE ERDHEIM-CHESTER – UM CASO DE EXCELENTE RESPOSTA AO TRATAMENTO COM 2CDA Joao Faria1, Rosa Azevedo2; Rui Henrique2; Daniel Fonseca2; José Mariz2 1Hospital Pedro Hispano; 2IPO - Porto Introdução: A doença de Erdheim-Chester(DEC), é uma forma rara de histiocitose de células não-Langerhans, cuja etiologia é desconhecida. A sua incidência é igual em ambos os sexos, afectando predominantemente indivíduos de meia-idade. O seu diagnóstico baseia-se essencialmente em alterações radiológicas e histológicas características da doença. O envolvimento ósseo é quase universal nesta doença, no entanto mais de metade dos doentes podem apresentar manifestações extra-ósseas. O prognóstico da doença é reservado, e relaciona-se directamente com a extensão do comprometimento visceral. A mediana da sobrevivência varia entre 2 a 3 anos e a insuficiência cardíaca congestiva, a fibrose pulmonar ou a insuficiência renal, são causas frequentes de morte. Não existe actualmente consenso em relação ao melhor tratamento para esta doença, tendo sido até hoje usadas várias opções terapêuticas, tais como corticoterapia, quimioterapia, cirurgia e radioterapia. Caso clínico: Homem de 62 anos, com um quadro clínico de obstrução respiratória alta, dores ósseas e lesões cutâneas eritemato-papulosas ao nível do tronco e couro cabeludo. A broncofibroscopia confirmou a presença de neoformações sub-glóticas e ao nível da traqueia, cujas sucessivas biópsias foram sempre inconclusivas. A biópsia das lesões cutãneas mostrou infiltrado dérmico de histiócitos, e os exames de imagem do esqueleto mostraram lesões de osteoesclerose difusa ao nível dos ossos longos. Perante estes resultados foi feito o diagnóstico de DEC com envolvimento multiorgânico. O doente foi submetido a quimioterapia com Prednisolona, Vinblastina e Etoposídeo, com regressão dos sintomas e permaneceu assintomático durante cinco meses. Passsado este período de tempo, houve reaparecimento da sintomatologia respiratória, pelo que foi efectuado tratamento de 2ª linha com 2-clorodeoxiadenosina(2CDA), com regressão dos sintomas e uma boa resposta parcial da doença, persistindo pequenas lesões cutâneas. Dez anos após o tratamento o doente não apresenta sintomas relacionados com a doença e as lesões cutâneas mantêm-se estáveis. Conclusão: Este caso reveste-se de particular interesse, pois a DEC é uma doença rara, de mau prognóstico, com uma sobrevivência mediana de 3 anos. A inexistência de ensaios clínicos nesta patologia dificulta as opções terapêuticas. O tratamento com 2CDA já tem sido usado com sucesso na Histiocitose de células de Langerhans, ao contrário da DEC, estando descrito na literatura apenas 1 caso de follow-up de 2 anos após tratamento sem sintomas da doença. Na ausência de orientações gerais, os autores utilizaram a experiência prévia com o 2CDA na Histiocitose o que se revelou de grande utilidade, uma vez que 10 anos após o tratamento o doente mantém doença estável sem qualquer sintomatologia associada. Os autores advertem também para o adequado reconhecimento desta patologia, para uma melhor avaliação da sua verdadeira incidência, opções terapêuticas e prognóstico.

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PO88 - TRÊS CASOS DE HISTIOCITOSE CÉLULAS LANGERHANS: FORMAS DE APRESENTAÇÃO CLÍNICA, ABORDAGEM DIAGNÓSTICA E TERAPÊUTICA J Magalhães1, I Martins2; A Nunes2; M J Frade2; A Parreira2 1IPOFG Lisboa - serviço Hematologia; 2IPOFG Lisboa Serviço de Hematologia Introdução: A Histiocitose de Células de Largerhans (HCL) é uma doença rara resultante da proliferação clonal de células de Largerhans, que expressam CD1a, CD207 (langerin) e S-100. Pode apresentar-se com envolvimento de um único sistema de órgãos, sob a forma de lesão única ou de múltiplas lesões, ou com envolvimento multissistémico, sendo o baço, o fígado, a medula óssea e o pulmão considerados órgãos de alto risco, cujo envolvimento confere pior prognóstico. É controverso se esta proliferação clonal será suficiente para o diagnóstico de malignidade, facto corroborado pela indolência de algumas formas, por oposição à agressividade de outras, bem como pela ausência de aberrações genéticas, que habitualmente caracterizam doenças malignas. Esta patologia faz diagnóstico diferencial com outras doenças, como sejam o sarcoma de células de Langerhans, o linfoma de células T e a doença de Erdheim-Chester. A raridade e a diversidade clínica da HCL condicionam a opção terapêutica. Apresentam-se 3 casos clínicos de HCL tratados no nosso Serviço, um adolescente e dois adultos, que retratam a heterogeneidade da doença. Caso clínico 1: N.C.F.C, sexo masculino, 16 anos, com tumefacção inguinal esquerda, de aumento progressivo, cuja biopsia foi compatível com HCL, apresentando envolvimento ganglionar múltiplo supra e infradiafragmático, envolvimento ósseo, rash máculo-papular e Diabetes Insipidus (DI). Realizou quimioterapia (QT) com prednisolona (PDN) e vinblastina (VBL), com resposta completa. Recidivou 14 meses após terminar terapêutica, com doença ganglionar e óssea sintomática, tendo reiniciado QT com os mesmos fármacos associados a mercaptopurina. Está em aparente resposta completa, com controlo da DI sob terapêutica oral com desmopressina. Caso clínico 2: F.R.M.F., sexo masculino, 30 anos, com granuloma parietal esquerdo, excisado, com aparecimento subsequente de lesões ósseas dolorosas em localizações distintas. Simultaneamente, foi diagnosticada DI. Excluiu-se envolvimento cutâneo e de órgãos de alto risco. Foi realizada radioterapia sobre as lesões ósseas, assim como terapêutica com anti-inflamatórios sistémicos e desmopressina, obtendo-se controlo da doença. Caso clínico 3: J.A.G.P., sexo masculino, 47 anos, com lesão óssea no maxilar superior esquerdo, excisada. Os exames de estadiamento mostraram lesões em alguns ossos da face e do crânio, excluindo-se doença sistémica. Atendendo à extensão da doença óssea efectuou QT com VBL e PDN. Apesar de ter havido resposta inicial, por toxicidade à VBL, realizou radioterapia sobre as lesões ósseas sintomáticas, com controlo da doença. Conclusões: Estes 3 casos ilustram a variabilidade de apresentações clínicas da HCL, assim como a multiplicidade de opções terapêuticas que daí advém. Protelar o início de quimioterapia até aparecimento de sintomatologia, progressão clínica e/ou evidência de envolvimento de órgãos de risco, parece constituir uma opção correcta, proporcionando controlo da doença sem acréscimo de toxicidade. Apesar de, globalmente, a HCL ter prognóstico favorável, estão em estudo novas terapêuticas, como anticorpos monoclonais (por exemplo, anti- CD1a, anti- IL-17), que poderão contribuir para o aumento da sobrevida e/ou da qualidade de vida dos doentes.

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PO89 -: MASTOCITOSE SISTÉMICA - A PROPÓSITO DE DOIS CASOS CLÍNICOS Eliana Aguiar1, Margarida Badior1; Patrícia Guimarães1; Alice Costa1; Jose Eduardo Guimarães2 1Serviço de Hematologia Clínica do Hospital São João; 2Serviço de Hematologia Clínica, Hospital S.João Introdução: A Mastocitose é um síndrome mieloproliferativo caracterizado por acumulação de mastócitos anormais nos tecidos. Divide-se em dois subtipos: Mastocitose Cutânea e Mastocitose Sistémica, envolvendo mais frequentemente a medula óssea, com ou sem atingimento cutâneo. A Mastocitose Sistémica subdivide-se em quatro variantes: “indolente”, “agressiva”, “associada a doença hematológica clonal não-mastocítica” e leucemia de mastócitos. Casos Clínicos: Primeiro caso: homem, 39 anos, com lesões cutâneas maculo-eritematosas no tronco e membros superiores, com cerca de 15 anos de evolução, agravadas com a exposição solar/calor e vários episódios de síncope associados a ingestão de medicamentos. O diagnóstico de mastocitose sistémica foi feito com um critério de diagnóstico major (presença de agregados de mastócitos medulares na biopsia) e dois critérios minor: mastócitos anormais tipo I (4%) no mielograma, cujos grânulos coravam metacromaticamente pelo azul de toluidina; e Triptase sérica elevada. A pesquisa de mutações c-Kit no sangue periférico foi negativa e o cariótipo normal. Não tinha evidência de outro distúrbio hematológico clonal associado. Sem lesões osteoblásticas no RX esqueleto. Sob terapêutica com Montelucaste (estabilizador dos mastócitos) e Cetotifeno (anti-histamínico H1). É portador de Adrenalina injectável e corticoterapia para administração em caso de anafilaxia. Segundo caso: homem, 73 anos, referenciado à consulta externa em Agosto de 2008 por gamapatia monoclonal de significado desconhecido IgA - MGUS. No estudo realizado constatou-se a presença de um critério major e quatro critérios minor de mastocitose sistémica: extensa infiltração medular por mastócitos tipo I; os mastócitos medulares expressavam CD25 por citometria de fluxo; Triptase sérica elevada; e presença de mutação p.D816V em heterozigotia em medula óssea. Cariótipo normal. Verificou-se esplenomegalia, presença de lesões osteoblásticas em RX de esqueleto e confirmou-se infiltração ganglionar por mastócitos detectada em citometria de fluxo. O paciente foi tratado com Cladribina, com melhoria clínica. Em Janeiro de 2010 verificou-se progressão de MGUS para Mieloma Múltiplo, pelo que foi submetido a tratamento com ciclos de MPT (Melfalan, Prednisolona e Talidomida). Conclusão: A mastocitose sistémica não tem tratamento específico nem curativo, tendo como objectivo o alívio sintomático.

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PO90 - IRIDA, UMA ENTIDADE CLÍNICA DE DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR RECENTES Teresa Melo1,: Marco Pereira2; Emília Costa3; Esmeralda Cleto3; Graça Porto4; José Barbot5 1Serviço de Hematologia Clínica, Hospital de São João, Porto; 2Departamento da Criança e Adolescente, ULS Matosinhos; 3Unidade de Hematologia Pediátrica, Cento Hospitalar do Porto; 4Departamento de Patologia e Imunologia Molecular - Instituto de Ciência Biomédicas Abel Salazar; 5Unidade de Hematologia Pediátrica, Cento Hospitalar do Porto Introdução: Os enormes avanços no conhecimento do metabolismo do Ferro ocorridos na última década, conduziram ao esclarecimento de alguns raros casos de Anemia Ferripriva de etiologia não determinada. Vieram a revelar que erros no metabolismo do Ferro podem condicionar não só doenças de sobrecarga, mas também doenças caracterizadas por uma eritropoiese ferripriva. Novas entidades clínicas foram entretanto descritas. Uma delas é a IRIDA (Iron-Refractory, Iron-Deficiency Anemia). Crianças com esta condição apresentam, de nascença, uma anemia refractária à administração de ferro oral e apenas parcialmente responsiva ao ferro endovenoso. Na sua base estão mutações no gene da matriptase-2 (TMPRSS6), que determinam níveis elevados de hepcidina. Casos clínicos: Apresentámos os casos clínicos de 2 meninas com IRIDA e com relação familiar. A primeira, actualmente com 17 anos, é seguida em consulta desde os 9 meses por anemia moderada/grave (Hb 7,3 g/dl), claramente microcítica/hipocrómica (MCV: 55,8fL, MCH:12,9pg). Os parâmetros de ferro eram de alguma maneira contraditórios na medida em que a saturação de transferrina, o doseamento de protoporfirina eritrocitária livre e o receptor solúvel de transferrina eram indicativos de eritropoiese ferripriva. Em oposição a ferritina sérica revelava um valor normal/limiar. A prova terapêutica de absorção de ferro oral indicava défice de absorção. Diagnósticos diferenciais de anemia microcitica/hi-pocromica foram excluidos. A terapêutica com ferro endovenoso acentuava esta discrepância, uma vez que a ferritina sérica subia para valores preocupantes enquanto os outros parâmetros permaneciam inalterados, com excepção da hemoglobina que subia ligeiramente (média de 1,3 mg/dl). Com o decorrer dos meses (média de 11,6 meses), o quadro hematológico e a ferritina regressavam aos valores iniciais. A convicção de tratar-se de um erro do metabolismo de carácter hereditário foi reforçada quando, 10 anos depois surgiu uma segunda criança com 13 meses de idade, prima em 2º grau da primeira e com um quadro clínico semelhante,Este quadro, de evidente carácter hereditário e sugestivo de um excesso de Hepcidina, molécula entretanto descoberta como grande mediadora humoral do metabolismo do Fe, permaneceu por esclarecer até descrição e caracterização molecular da IRIDA em 2008. Ambas as primas vieram a revelar-se homozigóticas para uma mutação no exão 15 do gene TMPRSS6. Ambas apresentam desenvolvimento normal, toleram razoavelmente bem a anemia e são medicadas, de forma intermitente, com doses pequenas de ferro endovenoso.

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PO91 - CIANOSE NEONATAL SECUNDÁRIA A NOVA VARIANTE DE HB F : HB-FM VISEU (GAMAG 28 LEU-MET) Celeste Bento1, A Oliveira1; Umbelina Rebelo1; Luis Relvas1; Inês Carvalhais1; Filipa Moita1; Gabriela Abreu1; J Farela Neves2; Letícia Ribeiro1 1Unidade de Anemias Congénitas, Serviço de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra; 2Unidade de Cuidados Intensivos, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar de Coimbra O diagnóstico diferencial de cianose neonatal deve incluir as patologias associadas a um aumento da hemoglobina (Hb) desoxigenada, como a sépsis, anomalias cardíacas ou pulmonares congénitas, e as alterações resultantes de disfunção da hemoglobina. Estas incluem o défice de citocromo B5 reductase, de transmissão autossómica recessiva, e as variantes de Hb: HbM e Hbs de baixa afinidade para o oxigénio, transmissão autossómica dominante. As Hbs M resultam de mutações que induzem alterações na estrutura da Hb, favorecendo a persistência do ferro na forma férrica e cursam com metahemoglobinémia. Estão descritas HbM secundárias a mutações nos genes das cadeias alfa, beta e gama. A cianose nos recém-nascidos (RN) está mais frequentemente associada às alterações das cadeias alfa e gama G. Neste último caso, a metahemoglobinémia desaparece até aos 6 meses de vida. Caso Clínico - Apresentamos um RN com cianose detectada nos primeiros minutos de vida. Dos antecedentes familiares destacava-se história paterna de prematuridade e anemia neonatal com necessidade de suporte transfusional. Não apresentava outros sinais ou sintomas; os parâmetros laboratoriais encontravam-se dentro dos limites da normalidade. Foi excluída patologia cardíaca e pulmonar e considerada a hipótese de disfunção de Hb. Metodologia – Amostras de sangue em EDTA processadas num contador automático de células; estudo de Hb por cromotografia líquida de alta resolução (HPLC) no b Tal Short Program®, Variant II® BioRad e por focagem isoeléctrica (IEF) de hemoglobina. Doseamento de citocromo b5 reductase segundo as recomendações do ICSH. Quantificação de metahemoglobina e scan de Hbs segundo Dacie & Lewis. Sequenciação dos genes alfa, beta e gama globínicos e do gene do citocromo b5 reductase. Resultados – A metahemoglobina era de 16% (controlo de 1%) e a de citocromo b5 reductase era inferior à de um RN normal (7,5% para um controlo de 14,7%). Por HPLC e IEF não foram detectadas variantes de Hb. O scan de Hbs foi normal. A sequenciação do gene do citocromo b5 reductase não mostrou alterações. Clinicamente, verificou-se uma melhoria espontânea progressiva com desaparecimento da cianose e redução da metahemoglobinémia. Apesar das metodologias de pesquisa não terem mostrado variantes de Hb, foi efectuada a sequenciação dos genes gama G e gama A, tendo sido detectada a mutação gama G (C-A) no CD28 (Leu-Met) em heterozigotia, não descrita anteriormente. A mesma mutação foi detectada numa amostra de DNA paterno. No gene gama A foi detectada a variante Hb F-Sardinia em heterozigotia, sem significado clínico. Comentários – Até à data estão apenas descritas três variantes de cadeias gama G associadas a cianose neonatal: Hb-FM Osaka, Hb-FM Fort Ripley e Hb F-Circleville. Esta nova variante, designada Hb-FM Viseu pela origem do doente, situa-se no codão correspondente à variante de cadeias beta (Hb Saint Louis), encontrada em doentes com metahemoglobinémia crónica. De salientar o facto da Hb-FM Viseu não ser detectada nos estudos de Hb (HPLC e IEF) nem no scan de Hbs.

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PO92 - NOVA MUTAÇÃO MISSENSE DO GENE TMPRSS6 EM 2 DOENTES COM ANEMIA HIPOCRÓMICA E MICROCÍTICA E SIDEROPENIA COM MÁ RESPOSTA AO TRATAMENTO COM FERRO A Pereira1,: L Relvas1; A Morais2; MJ Palaré2; A Ferrão2; C Bento1; ML Ribeiro1 1Centro Hospitalar de Coimbra, Portugal; 2Hospital Sta Maria, Lisboa, Portugal A anemia sideropénica refractária ao tratamento com ferro (Iron refractory iron deficiency anemia – IRIDA) é uma doença autossómica recessiva caracterizada por anemia sideropénica com má resposta ao tratamento com ferro oral. A IRIDA deve-se a mutações no gene TMPRSS6, que codifica a matriptase-2, uma serina protease transmembranar de elevada expressão hepática. A matriptase-2 cliva a hemojuvelina, levando uma diminuição da expressão da hepcidina e um aumento da absorção e disponibilidade do ferro para a eritropoiese. Material e Métodos: Estudámos 2 doentes com anemia hipocrómica e microcítica, com sideropenia, com má resposta ao tratamento com ferro oral. Hemorragia oculta, doença celíaca e hemoglobinopatias foram excluídas. O gene TMPRSS6 foi estudado por PCR e sequenciação. Doente 1: Sexo feminino, 19 anos, com anemia hipocrómica e microcítica diagnosticada aos 3 anos de idade (Hb 9.3 g/dL, ferritina 13 ng/mL), com fraca resposta ao tratamento com ferro oral. Actualmente apresenta Hb 11.3 g/dL, VGM 69.7 fL, HGM 21.6 pg, RDW 16%; ferritina 16 ng/mL e saturação de transferrina 3.75%. O estudo do gene TMPRSS6 mostrou homozigotia para a mutação missense G603R (GGG > AGG) no exão 15. Os pais, não consanguíneos, são heterozigóticos para esta mesma mutação, apresentando parâmetros hematológicos normais. Doente 2: Sexo masculino, 5 anos, com anemia hipocrómica e microcítica (Hb 7.9 g/dL, MCH 54fL; ferritina 45.5ng/mL), detectada aos 8 meses de idade em avaliação pré-operatória para correcção de hidrocefalia. Apresenta resposta insatisfatória ao tratamento com ferro oral. Actualmente apresenta Hb 9.5 g/dL, VGM 60 fL, HGM 18 pg, RDW 19,1%, ferritina 30 ng/mL e saturação de transferrina baixa. A mutação G603R no gene TMPRSS6 foi detectada em homozigotia, sendo os pais heterozigóticos para a mesma mutação e apresentando parâmetros hematológicos normais. Conclusões: Apresentamos 2 casos de doentes com IRIDA, com fenótipo pouco severo, devido a uma nova mutação do gene TMPRSS6 G603R. Esta mutação localiza-se no domínio das serina protease da matriptase, onde outras mutações foram descritas em associação com IRIDA.

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PO93 - AUMENTO DO NÍVEL DE HEMOGLOBINA FETAL APÓS TRATAMENTO COM SILDENAFIL E HIDROXIUREIA NUMA DOENTE COM Β-TALASSÉMIA INTERMÉDIA E HIPERTENSÃO PULMONAR Pereira AA1, Caetano G1; Azevedo J1; Ribeiro LM1 1Departamento de Hematologia, Centro Hospital de Coimbra Introdução: Com o aumento da esperança média de vida dos doentes com anemias hemolíticas crónicas, como a drepanocitose e as talassémias, a hipertensão pulmonar (HTP) é uma causa cada vez mais frequente de morbimortalidade nestes doentes adultos. Em alguns estudos foi demonstrado que 40 a 50% dos doentes com talassémia intermédia (TI) desenvolvem HTP. Tem sido observado que os doentes com drepanocitose e HTP medicados com hidroxiureia (Hu), que iniciaram tratamento com inibidores da fosfodiesterase (sildenafil), tiveram um ligeiro aumento da hemoglobina F (HbF) e uma melhoria significativa da clínica da HTP. Estão também descritos alguns casos de doentes com TI e HTP em tratamento com sildenafil, mas não há referência aos seus níveis de HbF. Objectivo: Descrição de um caso clínico de uma doente com TI e HTP severa tratada com sildenafil e hidroxiureia, com melhoria clínica importante. Caso Clínico: Mulher de 56 anos com TI devida a homozigotia para a mutação IVS1-6 T-C, seguida no Serviço de Hematologia do CHC desde 1983. Colecistectomizada e esplenectomizada em Fevereiro de 1997. Por apresentar hemossiderose secundária, iniciou quelação irregular do ferro com desferoxamina em 1996, substituída pelo deferiprone em 2004. Em 1999 iniciou tratamento com hidroxiureia com discreto aumento dos valores de Hb e de HbF. No final de 2005 desenvolveu insuficiência cardíaca (IC) classe IV. O estudo realizado revelou uma HTP com PSAP de 100 mm Hg, classe funcional III. Iniciou tratamento com sildenafil 25 mg 3id e posteriormente 50 mg 3id. Apresentou uma melhoria significativa da IC, quase sem limitação das actividades da vida diária, com diminuição do valor da PSAP para 74 mm Hg. Constatou-se ainda um aumento significativo dos valores de Hb total e de HbF (tabela 1). Actualmente a doente encontra-se estável, com IC classe II, mantendo o tratamento com Hu e sildenafil. Apresenta uma Hb de 9-10 g/dL, com uma percentagem elevada de HbF e células F.

Com hidroxiureia Com hidroxiureia e sildenafil Hb (g/dL) 7 – 8 10,5 Hb F (%) 8 50,5

Céls F (%) 20 86 Ferritina (ng/mL) 1258 470

Tabela 1. Parâmetros laboratoriais da doente, antes e após a associação do sildenafil à hidroxiureia. Conclusões: Apresentamos um caso clínico de uma doente com 56 anos de idade com TI e HTP, medicada com hidroxiurieia e sildenafil, com significativa melhoria clínica e analítica. A associação dos dois fármacos tem um efeito sinérgico que leva a um aumento muito significativo da produção de cadeias globínicas gama (aumento da HbF e da % de células F), com diminuição do número de cadeias alfa livres e redução da deseritropoiese, que se traduz na diminuição da anemia.

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A elucidação do mecanismo de actuação destes compostos pode ajudar na compreensão dos mecanismos da regulação da síntese da HbF e à descoberta de novas terapêuticas para os doentes com hemoglobinopatias.

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PO94 - ANEMIA APLÁSTICA APÓS EPISÓDIO DE HEPATITE SERONEGATIVA C.Ponte1,: P.Rocha1; L.Tavares1 1Hospital de Sta Maria Anemia aplásica (AA) define-se por pancitopénia com uma medula óssea hipocelular. Pode ser de causa adquirida, por exemplo após exposição a tóxicos ou a determinadas infecções virais. Encontra-se descrito na literatura uma variante rara de AA precedida por episódio de hepatite sem isolamento de agente infeccioso - hepatite seronegativa. Sabe-se que tem uma incidência de 2 a 5% nas AAs adquiridas. Apresenta-se o caso de uma doente com AA após quadro de hepatite sem agente etiológico identificado. Mulher de 33 anos, indiana, natural do Paquistão e residente em Portugal é observada por icterícia desde há um mês e gengivorragias há 2 dias sem outras queixas. Analiticamente quadro compatível com pancitopenia grave e lesão hepatocelular. Electrocardiograma, Radiografia torácica e Ecografia abdominal sem alterações. Na investigação etiológica não se verificou história de exposição a tóxicos. Pesquisa de vírus HIV, Epstein Barr, Coxsackie, CMV, Parvovirus B19 e Hepatite B, C e A negativa. Por se tratar de uma doente paquistanesa foi pesquisada a presença de vírus da Hepatite E que foi negativa. O perfil analítico proteico e o de autoimunidade não revelaram alterações. O mielograma e a biopsia óssea foram compatíveis com aplasia medular. A doente foi isolada sob antibioterapia de largo espectro. Realizou várias transfusões sanguíneas e terapêutica estimuladora da medula óssea. Foi posteriormente administrada Ciclosporina e ATG com pouco efeito. Aguarda tipagem HLA dos irmãos para eventual transplantação de medula óssea. Das várias causas existentes de AA são poucas as patologias que cursam com lesão hepatocelular. Após extensa investigação e exclusão de patologia tóxica, neoplásica ou infecciosa foi possível admitir o diagnóstico de hepatite seronegativa associada a AA. Esta é uma entidade rara presumivelmente causada por um vírus novo ainda desconhecido. Atenta-se assim para esta patologia ainda pouco conhecida mas com manifestações clínicas graves e potencialmente fatais.

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PO95 - OPTIMIZAÇÃO TRANSFUSIONAL DE PLAQUETAS: A PROPÓSITO DE UM CASO DE ANEMIA APLÁSICA S Chacim1, E Costa2; C Ribeiro3; ML Lobao4; J Duran4; J Barbot2 1Instituto Português de Oncologia do Porto; 2Unidade de Hematologia Pediátria, Hospital Maria Pia, Centro Hospitalar do Porto; 3Unidade Local Saúde Alto Minho; 4Instituto Português do Sangue, centro regional do Porto Introdução Um dos desafios médicos das hipoplasias medulares é a necessidade transfusional permanente, sendo necessário definir uma política transfusional óptima. Existem alguns estudos randomizados1,2 que não mostram diferenças entre a transfusão profilática de plaquetas (PLT), em baixas e altas doses, relativamente aos episódios hemorrágicos. Estes estudos ainda não tiveram eco na prática clínica diária, onde a transfusão profilática continua basear-se na infusão de cerca de 2.2x1011 PLT. Objectivo Análise de um caso clínico, focando política transfusional adoptada e a evolução clínica e episódios de hemorragia. Material e Métodos Recolha dos dados clínicos constantes na ficha clínica. Análise estatística efectuada com xlstat2009. Resultados Doente do sexo feminino, de 6A, com diagnóstico de Anemia Aplásica em Fevereiro2010, tendo sido excluídos diagnósticos de insuficiência medular de carácter congénito (Anemia de Fanconi e Síndrome de Shwachman-Diamond), excluída hemoglobinúria paroxística nocturna, tendo sido negada etiologia tóxico-medicamentosa ou infecciosa. Completou 2 ciclos de tratamento com imunoglobulina antilinfócito, corticoterapia e imunossupressão com ciclosporina, com resposta parcial, mantendo necessidades transfusionais recorrentes. Manteve-se em ambulatório, a partir de Julho2010, com controlos hematológicos bissemanais, realizando transfusões programadas. Foi contabilizada contagem plaquetária seriada, bem como o rendimento plaquetário, 1h após infusão de transfusão PLT profilática. A sintomatologia hemorrágica detectada foi considerada de grau 1 (petéquias e epistaxis com duração <1h), segundo classificação da Organização Mundial de Saúde. Não foram detectados eventos hemorrágicos de grau 2 ou superior. A transfusão profilática de PLT foi efectuada abaixo de um valor limiar de 20000 PLT/µL, baixando esse limiar na presença de febre. A transfusão profilática é preparada, no caso dos doentes politransfundidos, a partir de aférese de dador único. Uma transfusão contém cerca de 2.2x1011PLT e corresponde ao número médio de infusão de PLT, em cada transfusão profilática. Este pool pode ser dividido em duas aliquotas, aquando da sua preparação, para administração em dois tempos. A partir de 1 de Maio de 2010 foi mudada a política de transfusão, no caso descrito, sendo infundida apenas uma aliquota do pool plaquetário habitual (das duas totais), portanto metade da dose de PLT que habitualmente são oferecidas à criança. A média de incremento de plaquetas, após transfusão de um pool de PLT foi de 52300 PLT/µL,

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enquanto o incremento plaquetário com meio pool ou uma aliquota plaquetária foi de 21200 PLT/µL. Discussão e Conclusão Esta comunicação reflecte a necessidade de gerir os bioprodutos de uma forma sustentável, minimizando os riscos para os pacientes. Uma politica de transfusão que não agrave os riscos clínicos, mas que diminua a necessidade do número de transfusões deve ser ponderada por todos os clínicos. Tal como defendem alguns trabalhos clínicos randomizados, esta comunicação comprova a segurança e eficácia de uma política transfusional que diminua o número de PLT infundidas. Ao infundir metade da dose habitual (1 aliquota, que corresponde a 1.1x1011PLT), este estudo mostra que o número de PLT pós transfusional é estatisticamente diferente (p0.005) do anteriormente verificado, com a infusão de um pool de PLT (2.2x1011). O número de eventos hemorrágicos não foi, contudo, estatisticamente diferente entre os dois períodos, com diferentes políticas trasnfusionais. Bibliografia:1N Engl J Med 2010;362:600-13;2Blood. 2009;113:1564-1573

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PO96 - ANEMIA APLÁSTICA EM CRIANÇAS: O RARO OCORRE! Paula Rocha1, M. Manuela Benedito, João M. Brito, M. Letícia Ribeiro2 1Hospital de S. Teotónio; 2Sector de Hemato-Oncologia do Hospital Pediátrico Coimbra, CHC Introdução: A anemia aplástica caracteriza-se por pancitopenia e aplasia medular na ausência de infiltração neoplásica ou aumento da reticulina. É uma doença rara e heterogénea, com distribuição etária bifásica, sendo pouco frequente na infância. Na grande maioria dos casos é idiopática e classifica-se quanto à severidade em ligeira, moderada, severa e muito severa, consoante a celularidade da medula óssea e o grau das citopenias. Nas formas moderadas, pode ser transitória, embora seja infrequente. Necessita de tratamento especifico (transplante medula óssea ou imunossupressão), pois se apenas usada terapêutica de suporte, a mortalidade é elevada (>70% dos doentes). É muito rara a remissão espontânea, principalmente nas formas severas. Apresentam-se 2 casos clínicos com evolução atípica: Caso 1: Menina de 16 meses, previamente saudável, história de vacinação 3 semanas antes e catarro respiratório superior, sem febre, na semana anterior. Sem medicação recente. Pais saudáveis, não consanguíneos. Surgiu com epistaxis e equimoses; exame objectivo sem outras alterações. Hb 10.7g/dl, leucócitos 2,03x109/l, neutrófilos 0,66 x109/L, plaquetas 8x109/l, esfregaço sangue periférico (ESP) sugestivo de infecção virusal; bioquímica normal. Colocada a hipótese de trombocitopenia imune, fez imunoglobulina iv 2 dias. Depois: Hb 8,1g/dl, leucócitos 1,45x109/l, neutrófilos 0,25x109/l, plaquetas 6x109/l. Medula hipocelular; biopsia óssea confirmou aplasia medular severa. Serologias sem evidência de infecção recente. Doseamento de Hb F, autoimunidade e cariótipo normais; pesquisa de quebras cromossómicas e de Hemoglobinuria paroxística nocturna (HPN) negativas. Sem dador familiar compatível. Fez terapêutica de suporte e prednisolona oral durante 16 meses. Manteve neutropenia <0,5x109/l durante 2 meses. Aos 5,5 meses de evolução: neutrófilos ≥1.5x10 9/l, plaquetas ≥20x10 9/l e Hb> 11g/dl. Catorze meses depois normalizou os parâmetros hematológicos, que mantém. Caso 2: Menino de 8 anos, previamente saudável, pais não consanguíneos, saudáveis. Sem medicação recente. Aparecimento súbito de equimoses e petéquias, restante exame objectivo normal. Hb 9,8g/dl, reticulócitos 0,18%, leucócitos 1,56x109/l, neutrófilos 0,4x109/l, plaquetas 4x109/l, ESP com mononucleares anormais; bioquímica normal. Medulograma e biopsia óssea compatíveis com aplasia medular severa. Serologias sem evidência de infecção recente. Doseamento de Hb F, autoimunidade e cariótipo normais; pesquisa de quebras cromossómicas e de Hemoglobinuria paroxística nocturna (HPN) negativas. Sem dador familiar compatível. Fez terapêutica de suporte e prednisolona oral durante 12 meses. Manteve neutropenia <05 x109/l e reticulócitos <0,66% durante 1 mês. Durante 3 meses: Hb <10 g/dl e plaquetas <20 x109/l. Após 5 meses: ≥1,5 x109/l e Hb≥ 12 x109/l. Um ano após o diagnostico: Hb 12.7 g/dl, VGM 90 fl, leucócitos 5.46 x109/l com neutrófilos 3.3 x109/l e plaquetas 92x109/l. Conclusão: Duas crianças com anemia aplástica severa idiopática sem tratamento específico: uma obteve remissão completa, que mantém 54 meses após o diagnostico, a outra, com um ano de seguimento, apresenta apenas trombocitopenia ligeira. Estes dois casos colocam uma questão pertinente: em crianças com o diagnóstico de aplasia medular, mesmo severa, na ausência de clínica hemorrágica e/ou infecciosa importante, é mandatório adiar o início de terapêutica imunossupressora e considerar um período de vigilância, com medidas conservadoras, dando tempo para uma resolução espontânea?

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PO97 - PÚRPURA TROMBOCITOPÉNICA IMUNE TRATADA COM ROMIPLOSTIM 2 CASOS CLÍNICOS Celina Afonso1, Alice Reichert1; Paula Santos1; Ana Gomes1; Maria Pedro Valadão1; Fernando Lima1 1CHLO Introdução: a Púrpura Trombocitopénica Imune (PTI) é uma doença auto imune caracterizada por contagens plaquetárias inferiores a 100 000/microL, púrpura e episódios de discrasia. Muitos doentes tornam-se refractários às terapêuticas standard, – corticoides, imunossupressores, imunoglobulinas endovenosas, esplenectomia –, ou têm contra-indicação absoluta para a realização de algumas destas terapêuticas. Foi recentemente aprovado o uso do Romiplostim, um estimulador do receptor da trombopoietina, em doentes adultos com PTI crónica refractária a outros tratamentos, esplenectomizados ou em que a esplenectomia está contra-indicada. Material e métodos: os autores apresentam dois casos clínicos de doentes adultas com PTI crónica refractária a várias linhas terapêuticas. Uma das doentes foi submetida a esplenectomia após tratamento com corticoides, azatioprina e imunoglobulinas endovenosas, tendo recaído três meses após a esplenectomia. A outra doente foi tratada com corticoides, azatioprina, rituximab e imunoglobulinas, não tendo conseguido contagens de plaquetas necessárias para realização de esplenectomia. As duas doentes iniciaram tratamento com romiplostim, com resposta completa após dois e três meses de administração semanal do fármaco, mantendo a resposta aos 10 meses de tratamento. Nenhuma das doentes apresentou complicações relacionadas com o tratamento. Conclusão: nos casos apresentados o romiplostin mostrou ser eficaz no controle da PTI crónica refractária, com normalização dos valores das plaquetas e sem complicações relacionadas com o tratamento. Esta terapêutica apresenta-se com uma alternativa válida em doentes com formas refractárias de PTI.

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PO98 -: USO DO ROMIPLOSTIM EM DOENTE COM PTI NÃO-ESPLENECTOMIZADO Ana Montalvão1 1Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo - Unidade de Oncologia - Hematologia Doente do sexo masculino, raça caucasiana, 19 anos de idade, com diagnóstico de Púrpura Trombocitopénica Imune (PTI) desde os 5 anos (1997), apresentando-se com quadro de abundante epistaxis. Ao diagnóstico apresentava plaquetas de 23000 x 109/l, anticorpos anti-plaquetários positivos, serologia compatível com infecção recente por vírus Epstein-Barr e mielograma compatível com destruição plaquetária periférica. Sem antecedentes familiares relevantes, nomeadamente de doença hematológica. Iniciou tratamento com corticosteróides durante 8 semanas (dose inicial de 1mg/kg, posteriormente de 2mg/kg), sem obtenção de resposta. De Março de 1997 a Novembro de 2006 o doente manteve contagens plaquetárias entre 30 e 60 x 109/l, com discrasia ocasional e sem terapêutica, excepto em Dezembro de 2000, em que recebeu imunoglobulina intravenosa (Ig IV) em administrações semanais, na dose de 800mg/kg, durante 2 meses, sem qualquer resposta. Em 2002 e 2003 teve necessidade de transfusões plaquetárias para pequenas cirurgias do foro estomatológico e otorrinolaringológico. Foi proposta esplenectomia que foi sempre recusada, por motivos pessoais. Em 2009, com 18 anos, foi transferido da Hematologia Pediátrica para a Hematologia do hospital da sua área de residência; em Outubro desse ano atinge contagem plaquetária de 3 x 109/l, num episódio do qual recuperou sem terapêutica. No mês seguinte, nova descida para as 9 x 109/l plaquetas, tendo iniciado Ig IV (1g/kg), sem resposta e com reacção adversa de exacerbação de acne. Uma semana depois aumentou a dose para 2g/kg, atingindo as 31 x 109/l plaquetas. Em Janeiro de 2010, nova recaída, com contagem plaquetária de 4 x 109/l, tendo recebido “reforço” de Ig IV, chegando às 18 x 109/l. O doente foi então proposto para Romiplostim, estimulador do receptor da trombopoietina, indicado em doentes com PTI crónica, adultos, esplenectomizados, refractários a outros tratamentos (nomeadamente corticosteróides ou imunoglobulina), mas também em segunda linha em doentes adultos não esplenectomizados nos quais a cirurgia é contra-indicada. Iniciou Romiplostim a 21 de Janeiro de 2010 (com contagem plaquetária de 13 x 109/l) numa dose inicial de 1µg/kg de peso, em administrações semanais. Após incrementos da dose, de acordo com Resumo das Características do Medicamento, atingiu ao fim de 1 mês de tratamento contagens plaquetárias de 147 x 109/l (dose 4 µg/kg). No entanto, sofreu posteriores descidas (até 14 x 109/l plaquetas) obrigando a subir a dose de Romiplostim até aos 9 µg/kg, com episódios ligeiros e transitórios de discrasia (gengivorragia, epistaxis) e cefaleias. Até ao início de Setembro, o doente manteve a mesma dosagem, sendo a contagem plaquetária actual de 247 x 109/l, sem efeitos adversos. Neste momento, com 7 meses de tratamento e após 8 administrações da dose de 9 µg/kg de Romiplostim, considera-se ter alcançado contagens plaquetárias sustentadas. Tem sido realizada monitorização mensal das funções hepática e renal que estão normais. Conclusão: A terapêutica com Romiplostim pode ser uma solução para doentes com PTI crónica refractária a terapêuticas de primeira linha sem necessidade de recorrer a esplenectomia. Ponderamos se, em caso de recusa do doente relativamente à esplenectomia, aquela poderá ser encarada como uma contra-indicação formal.

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PO99 - PÚRPURA TROMBOCITOPÉNICA TROMBÓTICA CONGÉNITA: A MESMA MUTAÇÃO FENÓTIPOS DISTINTOS Tabita Magalhães Maia1, Teresa Seara Sevivas1; Patricia Martinho1; Teresa Fidalgo2; Ramón Salvado2; Natália Martins2; Maria Leticia Ribeiro1 1Departamento de Hematologia - Centro Hospitalar de Coimbra - EPE; 2Departamento de Hematologia - Centro Hospitalar de Coimbra Fundamentos: A Púrpura Trombocitopénica Trombótica congénita (PTTc) é uma doença rara, de transmissão autossómica recessiva, com uma incidência de 1:10000000. Caracteriza-se por anemia hemolítica microangiopática (Ahm) e trombocitopenia, acompanhadas, frequentemente, de febre e alterações renais ou neurológicas. Está associada à presença de multímeros de elevado peso molecular do Factor de von Willebrand (FvW), por deficiência de ADAMTS 13 (Adm13) resultante de mutações no gene A13. O diagnóstico baseia-se num quadro de Ahm e trombocitopenia, com níveis baixos de antigénio e actividade da Adm13. As manifestações hemorrágicas podem surgir em idades precoces, não obstante, o espectro clínico é bastante variável e indivíduos com défices severos de Adm13 podem ser assintomáticos durante longos anos. A infusão de plasma pode ser terapêutica ou profiláctica, no entanto, têm surgido outras opções terapêuticas como o FVIII de pureza intermédia (8Y), com vantagem de diminuírem o risco de sobrecarga de volume, reacções anafilácticas e de transmissão de agentes virais. Objectivo: Apresentar 3 casos de PTTc com a mesma mutação Adm13, destacando a variabilidade fenotípica, a orientação terapêutica e profiláctica. Pacientes e Resultados: Duas meninas e 1 menino (irmão de 1 das meninas), com PTTc associada à mutação Adm13 754 C>R em homozigotia, descrita pela primeira vez pelo nosso grupo. À data do diagnóstico a actividade de Adm13 era <5% sem evidência de inibidor. No caso 1 os episódios agudos revertem com PFC, no caso 2 apenas a terapêutica com 8Y é eficaz. A frequência das crises no menino (caso3) não justifica a terapêutica profiláctica. Na tabela 1 descrevem-se as características clínicas, o tratamento/profilaxia dos casos apresentados. Tabela 1: Características dos pacientes CASO 1 CASO 2* CASO 3* Sexo F F M Idade de apresentação Nascimento Nascimento Nascimento Idade de diagnóstico 5 anos 5 anos 3 anos Idade actual 20 anos 8 anos 6 anos Actividade ADAMTS 13 # 0% 1% 1% Actividade ADAMTS 13 # (pais)

Mãe 43% Pai 37%

Mãe 51% Pai 54%

Hiperbilirubinemia neonatal/ Tratamento

Sim/ ExT e fototerapia

Sim/ fototerapia

Sim/ fototerapia

Trombocitopenia neonatal ND Sim (14x109L) Sim (valor ND)

Evolução da PTT e nº de crises desde o diagnóstico

10 crises associadas a infecções

Crises incontáveis, associadas e não

associadas a infecções

3 crises associadas a infecções

Terapêutica na crise PFC 8Y 8Y

Profilaxia (actualmente) PFC 2U 3/3 semanas

8Y 1000 UI 3/3 semanas “ não

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ND não disponivel, ExT Exsanguineotransfusão , 8Y Factor VIII de pureza intermedia ; PFC plasma fresco congelado; U unidades # ADAMTS 13 actividade- medida por collagen binding assay ( normal 40-130%) , * irmãos, “ com terapêutica profilática com plasma mantinha crises Conclusões: A PTTc tem uma severidade heterogénea e pode apresentar-se no período neonatal ou nos primeiros anos de vida. Nos 3 casos clínicos descritos, homozigóticos para a mesma mutação no gene Adm13, a actividade enzimática é semelhante, no entanto, apresentam uma evolução clínica com necessidades terapêuticas e profilácticas muito distintas. Note-se que no caso dos dois irmãos, o número de crises e a associação destas a infecções são completamente diferentes. Estes dados indicam que os baixos níveis de actividade da Adm13 não são o único factor preditivo do curso da doença e sugerem a existência de factores moduladores responsáveis pela variabilidade clínica inter e intra familiar.

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PO100 - BASIDIOBOLOMICOSE: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE ADENOPATIAS. A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO S. Gomes1, C. Costa1; C. João1; A. Almeida1; S. Carvalho1; Intituto Português de Oncologia, IPOFG Lisboa2; p. Batista3; A. Kamal3; M. Martins4; A. Parreira5 1Intituto Português de Oncologia, IPOFG Lisboa; 2; 3Hospital Egas Moniz; 4Instituto de Higiene e Medicina Tropical; 5Director do Serviço de Hematologia do IPOFG, Lisboa Introdução - O Basidiobolus é um fungo filamentoso pertencente à ordem Entomophthorales, patogénio de insectos existente na natureza com uma distribuição mundial. A Basidiobolomicose é uma situação infecciosa rara, descrita em países africanos, asiáticos e no continente americano. Afecta crianças e jovens adultos imunocompetentes e apresenta-se habitualmente com massas móveis, firmes e indolores na pele e tecidos subcutâneos. A localização visceral, com massa abdominal, é particularmente rara e põe grandes dificuldades no diagnóstico precoce. Objectivo – Discussão de um caso clínico clinicamente altamente sugestivo de doença linfoproliferativa mas cuja investigação diagnóstica revelou tratar-se um caso de basidiobolomicose. Descrição do Caso Clínico – Trata-se de um jovem de 32 anos, de raça negra, natural e residente na Guiné Bissau, sem antecedentes pessoais patológicos de relevo, encaminhado para a Consulta de Hematologia Clínica para esclarecimento diagnóstico de massa abdominal volumosa com dois anos de evolução, que ocupava o quadrante superior direito. O doente referia ainda astenia progressiva, perda ponderal (superior a 10% do seu peso em 6 meses) e dor abdominal, sem outros sinais/sintomas acompanhantes. Laboratorialmente apresentava anemia hipocrómica microcítica, leucocitose com neutrofilia e eosinofilia, colestase importante e elevação dos parâmetros inflamatórios. Não foi detectada evidência de infecções virais. A TAC abdominal descrevia uma massa epigástrica sem plano de clivagem com o estômago e em continuidade com o fígado e extenso envolvimento ganglionar lombo-aórtico, mesentérico e hilo hepático. As biopsias guiadas por TAC apenas demonstravam infiltrado inflamatório e eosinófilo. Após duas biopsias guiadas por TAC sem conclusão diagnóstica o doente foi submetido a laparotomia exploradora, cujo material excizado mostrou inflamação granulomatosa, eosinofilia, necrose, elementos fúngicos (hifas) e o “fenómeno de Splendore-Hoeppli”. Foi transferido para o Serviço de Doenças Infecto-Contagiosas do H. Egas Moniz, tendo sido novamente laparotomizado e identificado Basidiobolus ranarum nas culturas dos productos colhidos. Fez ainda endoscopia digestiva alta, a qual revelou varizes esofágivas GII e gastropatia de hipertensão portal. Na biopsia gástrica foram descritos feixes de tecido muscular liso extensamente comprometidos por inflamação granulomatosa fúngica. A opção terapêutica, após conclusão diagnóstica, foi Itraconazol, Iodeto de Potássio e Cotrimoxazol, com melhoria lenta e regressão completa da massa e das adenopatias. Conclusão e Discussão – Trata-se do diagnóstico de uma doença infecciosa grave com uma forma de apresentação extremamente rara, num doente previamente saudável e imunocompetente. Ressaltamos a importância, neste caso clínico, da cultura dos tecidos colhidos após suspeita anatomopatológica, o que possibilitou o diagnóstico definitivo e então início de tratamento.

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PO101 - CRIOGLUBULINÉMIAS, UMA PRESENÇA COMUM A VÁRIAS PATOLOGIAS S. Gomes1, C. Costa1; C. João1; A. Almeida1; S. Carvalho1; A. Parreira2 1Intituto Português de Oncologia, IPOFG Lisboa; 2Director do Serviço de Hematologia do IPOFG de Lisboa Introdução – As crioglobulinas são imunoglobulinas séricas anormais que precipitam a temperaturas inferiores a 37°C e se redissolvem por calor. A sua solubilidade está relacionada com a estrutura das cadeias leves e pesadas e as alterações da conformação conduzem a diminuição. A Crioglobulinémia pode classificar-se em monoclonal (tipo I, frequentemente IgM) e mista. Na crioglobulinémia mista a crioglobulina é policlonal e está associada ao factor reumatóide (FR), que pode ser monoclonal (Crioglobulinemia tipo II) ou policlonal (crioglobulinémia tipo III). É frequente a associação da crioglobulinemia a doenças linfoproliferativas e infecção pelo vírus da Hepatite C (HVC). Objectivo – Apresentar, a propósito de um caso clínico, uma série de doentes do nosso Instituto, em que foram detectadas crioglobulinas séricas. Métodos - Apresentamos uma doente de 77 anos, com demência senil e quadro de necrose de vários dedos das mãos, com 3 meses de evolução. Laboratorialmente apresentava anemia hemolítica, pico monoclonal IgMK (IgG 3500 mg/dL), presença de crioglobulinas séricas policlonais, hipocomplementémia e infiltração medular por linfoplasmocitos. O FR estava baixo e o restante estudo da autoimunidade era negativo bem como as serologias virais para hepatite C. A função renal era normal e não apresentava adenopatias ou organomegálias. Foi realizado o diagnóstico de Crioglobulinémia tipo II-III associada a Macroglobulinémia de Waldenstrom (MW) e a doente iniciou plasmafereses e terapêutica com Rituximab, Ciclofosfamida e Dexametasona. Observou-se melhoria franca do quadro isquémico e descida gradual do pico monoclonal. Progressivamente os dedos necrosados mumificaram e não houve aparecimento de novas lesões isquémicas. A doente completou 5 ciclos de quimioterapia com má tolerância hematológica e várias complicações infecciosas. Houve resolução da anemia hemolítica e normalização do pico monoclonal mas dada a toxicidade da terapêutica e visível e rápido agravamento do quadro demencial a quimioterapia foi suspensa. A doente veio a falecer aos 6 meses após o diagnóstico, com a doença hematológica em remissão, após internamento prolongado por complicações infecciosas. Na sequência deste caso clínico fizemos uma análise retrospectiva dos casos clínicos associados à presença de crioglobulinas em doentes do IPOFG de Lisboa entre 2007 e 2009. Resultados – Em 47 casos suspeitos foram diagnosticadas 12 casos de Crioglobulinémias no nosso Hospital, 9 mulheres e 4 homens, idades compreendidas entre 45 e 80 anos, mediana de idades de 60 anos. A presença de síndroma de Raynaud foi a principal razão da pesquisa de crioglobulinémia e apenas a doente apresentada anteriormente tinha à apresentação necrose das extremidades. Um doente ficou classificado como sendo do tipo I e todos os restantes eram tipo II-III. Nove doentes tinham doença linfoproliferativa diagnosticada previamente (6 com MW, 1 Linfoma de Hodgkin e 2 Linfoma Não Hodgkin B de alto grau), 1 doente tinha Síndroma de Schnitzler e 1 doente tinha Síndroma de Sjogren e Cancro da Mama. Em nenhum doente se documentou infecção por HCV. Dois doentes já faleceram, nenhum de causa atribuível à Crioglobulinémia. Conclusão – A crioglobulinémia é uma condição rara, frequentemente associada a doença linfoproliferativa e doenças auto-imunes. Em raras situações a crioglobulinémia é responsável por morbilidade grave e por vezes mesmo mortalidade.

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PO102 - MONOSSOMIA 7 ADQUIRIDA NAS CÉLULAS DO DADOR APÓS TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA Cecília Correia1, Susana Lisboa1; Fernando Campilho2; Marta Almeida3; Sarah Matos4; Lurdes Torres1; Joana Vieira1; Susana Bizarro1; Nuno Cerveira1; Manuel R Teixeira5 1Serviço de Genética, Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal; Grupo de Genética do Cancro, Centro de Investigação, Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal; 2Serviço de Transplantação de Medula Óssea, Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal; 3Serviço de Pediatria, Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal; 4Grupo de Genética do Cancro, Centro de Investigação, Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal; Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS), Porto, Portugal; 5Serviço de Genética, Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal; Grupo de Genética do Cancro, Centro de Investigação, Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal; Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS), Porto, Portugal Introdução: A utilização de terapias agressivas no tratamento de patologias hematológicas acarreta um aumento de risco para o aparecimento de neoplasias secundárias. A probabilidade de ocorrência de nova neoplasia é estimada em cerca de 6%, 15 anos após transplante de medula óssea. A maioria das leucemias secundárias ocorre nas células do hospedeiro, sendo muito raros os casos de leucemias em células do dador. A monossomia 7/del(7q) é a anomalia citogenética mais frequente em mielodisplasias de crianças e adultos, bem como em leucemia mielomonocítica juvenil. Esta alteração está também associada a terapia prévia com agentes alquilantes. Na literatura estão relatados alguns casos pediátricos com remissão espontânea de monossomia 7. Objectivos: Estudo genético de doente com leucemia megacarioblástica aguda após transplante de medula óssea. Caso clínico: Apresentamos o caso de uma criança do sexo feminino, de 2 anos com o diagnóstico de leucemia megacarioblástica aguda com gene de fusão RBM15-MKL1, tratada segundo o protocolo ELAM02. Após remissão foi submetida a alotransplante com células de sangue do cordão umbilical. Por doença enxerto-hospedeiro fez terapêutica com o anticorpo anti-tumoral TNFα infliximab. Cinco meses após o transplante foi detectada monossomia 7 nas células do dador de medula óssea, do sexo masculino. Materiais e Métodos: O estudo citogenético foi realizado após culturas de curta duração e o cariótipo descrito segundo o ISCN (2009). A análise por FISH foi realizada com sondas para o centrómero do cromossoma 7 e para a região 7q31 (Abbott). Foi pesquisado o rearranjo RBM15-MKL1 por One-Step RT-PCR.

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Resultados:

Data Cariótipo FISH

monossomia 7

Molecular RBM15-MKL1

Diagnóstico inicial 29.04.09 46,XX,t(1;22;17;18)(p13;q13;q22;q12)[25]/

46,XX[5] n.a. +

TMO (26.10.09) 1,5 meses 15.12.09 //46,XY[20] 0% - 3 meses 26.01.10 //46,XY[20] 1% -

5,5 meses 08.04.10 //45,XY,-7[3]/46,XY[17] 27% - 6 meses 21.04.10 //45,XY,-7[12]/46,XY[8] 67% n.a. 7 meses 18.05.10 //45,XY,-7[8]/46,XY[12] 46% n.a.

9,5 meses 11.08.10 //45,XY,-7[1]/46,XY[19] 11% - Conclusão: O estudo do cariótipo e FISH na medula óssea revelou monossomia 7 nas células do dador, indicando a existência de um clone com alterações adquiridas. Permanece por esclarecer se a alteração existia na amostra inicial ou se o evento foi posterior ao transplante. Estão descritos alguns casos pediátricos de monossomia 7 transitória, sem tradução clínica. No presente caso, a representatividade do clone tem vindo a decrescer, com melhoria do estado geral da doente sem qualquer terapia, após ter atingido 67% das células da medula óssea, pelo que o significado clínico desta alteração é incerto.

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PO103: D. GAUCHER NÃO-NEUROPÁTICA DIAGNOSTICADA AOS 76 ANOS DE IDADE Gonçalo C. Caetano1, Luís Francisco Araújo1; Carlos Póvoa1; M. Letícia Ribeiro1 1Departamento de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, EPE, Coimbra Introdução: A Doença de Gaucher (DG) não-neuropática (tipo 1) é uma doença de armazenamento lisossomal, autossómica recessiva, que resulta do défice da actividade da enzima glucocerebrosidase, codificada no gene GBA. O quadro clínico é consequência da deposição de glucocerebrosido nos macrófagos, com disfunção de múltiplos órgãos e estruturas. O diagnóstico é feito pelo doseamento da actividade da glucocerebrosidase; os níveis de Quitotriosidase e TRAP estão correlacionados com a sobrecarga de glucocerebrosidos e são bons marcadores de evolução da doença. O tratamento de substituição enzimática é eficaz, embora muito dispendioso e para o resto da vida. Só o transplante de medula óssea é curativo, mas envolve múltiplos riscos. Objectivo: Apresentar uma DG não-neuropática com quadro clínico pouco habitual. Caso Clínico: Mulher de 76 anos de idade, enviada à consulta em 12/2009 por sudorese nocturna, lombalgia e pancitopenia. Anemia macrocítica ligeira desde há 2-3 anos. Antecedentes: HTA, DM tipo 2, hipercolesterolémia, neoplasia do recto (1992), colecistectomia (1998), apendicectomia, fractura transtrocantérica (2004) e pequeno nódulo pulmonar de características benignas. EO: edema dos membros inferiores, sem adenopatias, fígado ou baço palpáveis. Hb 7,9g/dL, VCM 104fL, HCM 36,2pg, RDW 15%, Leuc 2,86 x109/L, Neut 1,61 x109/L, Plaq 53 x109/L. ESP: Anisopoiquilocitose ligeira. Medula óssea (MO): histiócitos grandes com citoplasma em “casca de cebola”. Citometria de fluxo da MO: ausência de blastos ou células dendríticas. Biópsia óssea: numerosos histiócitos. Glucocerebrosidase (Leucócitos): 1nmol/h/mg proteína (N: 2,8-19); β-D-Quitotriosidase: 8261nmol/h/mL plasma (N: 10-85); TRAP: 673 nmol/h/mL plasma (N:54,0-815). Gene GBA: mutação missense N409S em homozigotia. Rx esqueleto: sem lesões osteolíticas ou deformidade em balão de Erlenmeyer. RMN coluna lombar: cifose, fractura antiga do corpo vertebral de L1, fractura recente de L5. TAC e ecografia abdominais: hepatomegália (15,7cm na linha médio-clavicular) e esplenomegália (12cm de maior eixo) muito discretas. Provas de função respiratória: alteração ventilatória obstrutiva ligeira. Ecocardiografia: insuficiências mitral e aórtica ligeiras. Colocou lombostato e necessitou de transfusões regulares. Iniciou terapêutica de substituição enzimática com Imiglucerase, e posteriormente com Velaglucerase, com melhoria progressiva dos parâmetros hematológicos e actualmente com independência transfusional. Conclusões: DG não-neuropática, primeiras manifestações aos 70 anos de idade (fracturas ósseas); diagnosticada aos 76 anos com pancitopenia e fractura de L5. A hepatoesplenomegália é discreta, ao contrário do que é habitual nesta doença e do que seria de esperar tendo em conta os níveis elevados de Quitotriosidase, indicador da sobrecarga de glucocerebrosidos. A DG não-neuropática deve ser tida em conta na abordagem diagnóstica de uma pancitopenia e/ou fracturas/deformidades ósseas em qualquer idade.

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POSTERS DE ENFERMAGEM

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SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

reuniãoanual

11a13.NOVTRÓIA CENTRO DE CONGRESSOS

SPH2010

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PO104 - AUTO-TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA Ana Maria Lopes Ferreira1, Silvia Magda Santos Pereira dos Reis1 1Hospitais da Universidade de Coimbra

AUTO-TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA: implicações para a prática de enfermagem da administração de plerixafor na mobilização das stem cells

INTRODUÇÃO: Antes da realização do auto-transplante de medula óssea é necessária a mobilização para a corrente sanguínea das stem cells e sua posterior colheita. Em medulas já bastante fragilizadas, pelos vários tratamentos de quimioterapia, este processo pode estar dificultado. Recentemente foi introduzido no mercado um novo medicamento, o PLERIXAFOR, que tem como função ajudar na mobilização das stem cells, em casos que não se consegue mobilizar com os tradicionais factores de crescimento protocolados.

OBJECTIVO: Verificar se a administração de Plerixafor na mobilização das stem cells tem implicações para a prática de enfermagem durante o internamento para realização de auto-transplante de medula óssea.

MÉTODOS: Realização de um estudo comparativo entre dois grupos de doentes: num dos grupos foi administrado Plerixafor, como ajuda na mobilização das stem cells, pelo facto de não ter sido possível a sua mobilização apenas com os factores de crescimento protocolados (grupo A); no outro grupo não foi necessário administrar o Plerixafor, uma vez que os factores de crescimento protocolados foram suficientes para a mobilização das stem cells (grupo B). Foi avaliado o tempo de internamento, o período de aplasia e as necessidades transfusionais dos dois grupos.

RESULTADOS: A nossa amostra é constituída por 16 sujeitos, dos quais 10 são do género masculino e 6 do género feminino. Quanto à patologia avaliamos sujeitos com diagnóstico de Linfoma e de Mieloma múltiplo.

Após a análise comparativa dos resultados obtidos, verificamos que:

- ambos os grupos apresentam número idêntico de dias de internamento (MA=23.25 vs MB=22.12) e de dias de aplasia (MA=9.13 vs MB=9.25);

- necessidade de maior suporte transfusional nos sujeitos do grupo A (MAplaquetas=15.38u, MAconcentradoeritrocitário=2.34u vs MBplaquetas=9.34u, MBconcentradoeritrocitário=1.63u).

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO: O nosso estudo leva-nos a concluir que os doentes que necessitaram de administração de Plerixafor apresentam maior risco de hemorragia e períodos mais longos de astenia, uma vez que necessitam de um maior suporte transfusional.

Relativamente à prática de enfermagem, a nossa experiencia permite-nos afirmar que doentes com maior risco de hemorragia e períodos mais longos de astenia precisam de maior apoio para satisfazer as suas necessidades humanas fundamentais. Estes doentes requerem, também, mais tempo para vigilância transfusional.

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Outro factor a salientar, é que estes doentes caso não lhes tivesse sido administrado o Plerixafor, teriam que realizar a colheita das stem cells directamente da medula óssea (em bloco operatório), ficando sujeitos a todos os riscos que daí poderiam advir, principalmente relacionados com a anestesia e outros efeitos secundários, tais como, fadiga, lombalgias, náuseas e dor no local de colheita.

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PO105 - O ACOMPANHAMENTO DE ENFERMAGEM NA CRIANÇA COM SÍNDROME DE HURLER SUBMETIDA A TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA E CO-INFUSÃO DE CÉLULAS MESENQUIMATOSAS Tania Maria dos Reis Barreiros1, Marta Correia1; Janaina Couto1 1IPOLFG

O Síndrome de Hurler pertence ao grupo das mucopolissacaridoses, uma doença metabólica hereditária, caracterizada por uma deficiência na produção da enzima α -L-iduronidase. A expectativa de vida, é de aproximadamente 25 anos. A incidência de 1:100.000 nascidos vivos, os pais são portadores da doença e assintomáticos.

Existe três variantes deste síndrome, com graus diferentes, entre as quais o Síndrome de Hurler-MSPI (grave); Síndrome de Hurler-Scheide- MSPI (intermédio) e Síndrome Scheide-MSPI (leve).

O Síndrome de Hurler pode manifestar-se a partir do nascimento através de anomalias esqueléticas, hepatoesplenómegalia, opacificação da córnea, atraso cognitivo e aumento da excreção dos mucopolissacarídeos.

O tratamento consiste, na Reposição Enzimática (semanal), Transplante de Medula Óssea, Terapia Genética e de acordo com a evolução clínica também tem sido utilizada a co-infusão das Células Mesenquimatosas.

Estudo de Caso: Este estudo de caso, é de uma criança de 21 meses, com Síndrome de Hurler, proposta para transplante alogénico de dador familiar e co-infusão de células mesenquimatosas (paterna). O condicionamento com: Bussulfex, Ciclofosfamida e ATG. A profilaxia do GHVD com Tacrolimus e Metrotexato. Ao exame objectivo pré transplante, apresenta 21 meses (idade mental 15,5 meses), crescimento adequado à idade, macrocefalia, desenvolvimento psicomotor razoável, dismorfia com fronte alta proeminente, nariz de base larga e achatada, respiração ruidosa, hepatomegalia, cifose lombar e escoliose, deformidades muscoesqueléticas, opacificação bilaretal da córnea, atraso difuso da mielinização e insuficiência à ortíca ligeira. Por otomastoidite bilateral e pansinusite, fez 7 dias de antibioticoterapia, com ceftriaxone e iniciou quimioterapia. Fez transplante de medula óssea e co-infusão de células mesenquimatosas no dia 0 e no dia +4 infusão de células mesenquimatosas. Resultado: Redução da toxicidade da quimioterapia, maior eficácia no controlo da GHVD, estabilidade

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da dependência enzimática, melhoria da parte muscoesquelética e melhoria sintomática significativa da doença. Conclusão: É importante o apoio da equipa multidisciplinar, nomeadamente da equipa de enfermagem, tanto no acompanhamento do portador da doença como da sua família. De acordo com os estudos clínicos, quanto mais precoce for o diagnóstico, com o inicio rápido dos tratamentos tendo como adjuvante o transplante medular maior efeito atenuativo sobre o declínio do desenvolvimento. Segundo vários estudos o Transplante de Medula tem-se revelado uma estratégia terapêutica com efeito atenuativo ao nível do declínio do desenvolvimento, com melhoria sintomática da doença, estabilização da reposição enzimática, aumentando a sobrevida e a qualidade de vida dos indivíduos portadores da doença, apesar de não ser um processo curativo. A co-infusão de células mesenquimatosas tem uma importante função ao nível da protecção da doença do enxerto contra o hospedeiro. O apoio e cuidados da equipa multidisciplinar, ao portador da doença e família, é parte integrante de todo o processo que constitui o Transplante de Medula.

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PO106 - AVALIAÇÂO DA MUCOSITE ORAL-APRESENTAÇÃO DE UM ESTUDO COMPARATIVO Ana Rita Marques1, Ana Branco1 1Centro Hospitalar Lisboa Norte, Pólo de Santa Maria A mucosite oral pode ter resultados substancialmente negativos como por exemplo infecção, reduzindo deste modo a qualidade de vida do doente. Uma mucosite grave pode levar a um aumento do período de internamento hospitalar, à utilização de sondas de alimentação, alimentações parentéricas, logo a um aumento dos custos com a terapêutica e até mesmo a casos de óbitos. Sabendo que a mucosite oral é um dos efeitos secundários mais comuns e debilitantes da terapêutica anti-cancerígena e que afecta doentes submetidos a quimioterapia e/ou radioterapia prolongando-se por um período de 6 a 8 semanas, surge então a necessidade de integrar uma solução que para além do controlo da mucosite, possa também funcionar como prevenção. Surge então esta solução, Caphosol, solução super saturada de Fosfato de Cálcio que ajuda a manter a integridade da cavidade oral, prevenindo a ocorrência de mucosite oral e a morbilidade que lhe está associada. Tendo o Caphosol um papel essencial na manutenção da integridade da cavidade oral, sentiu-se a necessidade de implementar este estudo com vista à diminuição das mucosites orais. Surge-nos então a hipótese de estudar na nossa unidade, este novo produto em comparação com o que já utilizava-mos para o mesmo efeito. Temos como objectivos da realização deste trabalho: Verificar a eficácia do Caphosol na prevenção e tratamento da mucosite oral em doentes submetidos a quimioterapia; Dar a conhecer os resultados obtidos. Ao concluirmos este trabalho esperamos ter contribuído para a melhoria dos cuidados prestados ao doente hemato-oncológico, através da partilha de novos conhecimentos.

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PO107 - PROBLEMAS ALIMENTARES DECORRENTES DA ADMINISTRAÇÃO DE QUIMIOTERAPIA–PERSPECTIVA ENFERMAGEM Ana Teresa Pereira1, Ana Filipa Leite1; Ana Paula Branco1 1Centro Hospitalar Lisboa Norte - Pólo de Santa Maria Face à patologia hematológica é imperativa a administração de quimioterapia com vista ao tratamento e tentativa de erradicação da doença. Mas apesar de todos os benefícios e vantagens que se esperam da quimioterapia esta também tem efeitos secundários, que colocam em causa o bem-estar físico e psicológico do doente. Os problemas alimentares são um desses efeitos secundários, que vão alterar a qualidade de vida do doente e colocar em causa o seu nível de nutrição e consequente resposta imunológica ao tratamento e evolução clínica. Anorexia, xerostomia, alteração do paladar, mucosite, náuseas e vómitos são problemas alimentares pelos quais os doentes hematológicos passam e para os quais necessitam de soluções terapêuticas e não terapêuticas ajustadas às suas necessidades. Como consequência a equipa de enfermagem é essencial em todo o processo para prevenir, diagnosticar, implementar medidas de controlo e prevenir a reincidência de problemas alimentares. Factos como acompanhar diariamente o doente, conhecer os seus gostos e preferências alimentares e detectar precocemente alterações alimentares vão contribuir para ajustar as intervenções de enfermagem para cada doente, que apresenta sintomatologia específica. Assim, este trabalho tem como objectivo sintetizar as alterações alimentares que podem ocorrer no doente sujeito a quimioterapia, bem como as intervenções de enfermagem necessárias para as amenizar / resolver. A partilha de conhecimentos é também um objectivo e uma base para o crescimento pessoal e profissional. Por outro lado é objectivo central deste trabalho alertar os profissionais de saúde para esta temática com o intuito de cuidar o doente hematológico de forma holística, tendo em conta todas as suas necessidades (neste trabalho mais especificamente a nível alimentar). A base para uma boa recuperação consiste numa assistência de excelência baseada na avaliação global do doente e na resposta concreta e direccionada para os problemas existentes. A nível alimentar a equipa de enfermagem tem um papel preponderante, através do conhecimento das preferências alimentares do doente e da detecção precoce dos sintomas que se irão traduzir em alterações alimentares. O enriquecimento através da pesquisa e da partilha de conhecimentos é fulcral para uma prestação de cuidados integral, tendo em conta o bem-estar bio-psico-social do doente.

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PO108 - REABILITAÇÃO NEUROMUSCULAR E RESPIRATÓRIA DOS DOENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE DE PHP Gracinda Rosa Tavares de Pina1, Carla Manuela Pimenta Guedes2; Maria Fernanda da Siva Soares3; Rosa da Ascensão da Silva Lemos3 1IPO FG PORTO E.P.E.; 2IPO FG Porto E.P.E.; 3IPO FG Porto E.P.E INTRODUÇÃO A reabilitação, sendo um processo dinâmico, auxilia a pessoa doente a atingir um nível superior de funcionamento físico, mental espiritual, social e económico. Esta ajuda a pessoa a atingir uma qualidade de vida aceitável, com dignidade, auto-estima e independência. OBJECTIVO Sensibilizar os profissionais de saúde para a importância da reabilitação neuromuscular e respiratória dos doentes submetidos a transplante de progenitores hematopoéticos, de forma a prevenir ou minimizar os problemas decorrentes do processo de transplantação. METODOLOGIA Expositivo/descritivo sob o formato de póster DESENVOLVIMENTO O transplante de progenitores hematopoiéticos em patologias variadas e em faixas etárias cada vez mais diversificadas, tem associado sérios problemas decorrentes da falta de mobilidade, devido ao facto do doente estar confinado a um espaço físico limitado, ao internamento prolongado, bem como às complicações pós transplante. Às alterações neuromusculares, associadas quer à patologia em si quer aos tratamentos dela decorrentes, acrescem problemas do foro respiratório, nomeadamente infecções respiratórias pós transplante (ex. pneumonia) o que vai exigir ao doente internamentos mais prolongados. Para prevenir ou minimizar estes problemas o enfermeiro de reabilitação deve actuar na: -reeducação funcional respiratória –importante na prevenção e correcção das complicações bronco pulmonares, circulatórias e posturais, nomeadamente através de técnicas como a cinesiterapia respiratória. -reeducação motora e apoio/incentivo ao auto cuidado – estabelecer com o doente um programa diário de exercício físico orientado, de acordo com as suas necessidades/capacidades e mediante uma periodicidade. Um programa de enfermagem de reabilitação ao ser estabelecido terá como meta melhorar o estado funcional do doente, promover o auto cuidado, manter o bem estar psicológico e reduzir o risco de imobilidade, conseguido através de uma avaliação sistemática e redefinição das nossas estratégias de actuação. CONCLUSÃO A reabilitação envolve a utilização de técnicas e acções interdisciplinares, com o esforço conjunto do doente, família e profissionais de saúde, dentro e fora das instituições e que deve ter como objectivo comum a melhoria das funções afectadas para preservar a capacidade de viver de cada indivíduo envolvido na acção de cuidar. Um bom programa de reabilitação leva à melhoria da qualidade de vida dos doentes transplantados, durante o internamento e após o mesmo, internamentos mais curtos e prevenção de reinternamentos,

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assim como uma elevada satisfação dos profissionais de saúde; todos estes aspectos cooperam para o sucesso do tratamento, contribuindo para maiores ganhos em saúde. BIBLIOGRAFIA HESBEEN, W. –“A reabilitação: criar novos caminhos”. Loures: Lusociência, 2003 STRYKER, R. N.-“Reahabilitative aspects of Acute and Chronic Nursing Care” (2 ed.), Philadelphia: W.B.Saunders, 1997 VOSE, Julie M. et al. – Long- Term Sequelae of Autologous Bone Marrow or Peripheral Stem Cell Transplantation for Lymphoid Malignancies Cancer. Vol 69 nº3, 1992

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PO109 - MUCOSITE EM DOENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE DE PHP: ESTUDO COMPARATIVO Carla Manuela Pimenta Guedes1, Marta Ferreira1; Tiago Camboa1 1IPO FG Porto E.P.E. Introdução: A mucosite oral caracteriza-se pela inflamação e ulceração da mucosa da cavidade oral, sendo a sua integridade afectada pela acção da quimioterapia. A utilização de protocolos de higiene oral adequados ao grau de mucosite previne as infecções e alivia a dor, permitindo assim manter uma alimentação oral equilibrada. O protocolo de cuidados orais instituído no Serviço de Transplantação de Medula Óssea prevê a realização de bochechos com Eludril® (solução para lavagem da boca) e, quando não é tolerado, é substituído por Colutório gargarejos IPOFG (Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil) (solução para lavagem da boca preparada pelos serviços farmacêuticos). Recentemente, surgiu o Caphosol com o objectivo de reduzir a incidência da mucosite oral e com boa tolerância pelos doentes, pelo que se manifesta pertinente a realização deste estudo. Objectivo: Avaliar a eficácia do Caphosol, em comparação com o protocolo instituído (Eludril® e Colutório IPOFG), em doentes submetidos a transplante de medula óssea. Método: O estudo efectuado é de natureza quantitativa, comparativo, retrospectivo e de carácter exploratório, realizado a dezasseis doentes submetidos a protocolo de quimioterapia BuCy2 (bussulfano e ciclofostamida) e alotransplante de progenitores hematopoiéticos periféricos de dador aparentado. Entre Maio de 2009 e Junho de 2010, foram seleccionados oito doentes que realizaram bochechos com Caphosol. Posteriormente, os dados obtidos serão comparados com igual número de doentes que, durante o ano de 2008, cumpriram o protocolo instituído. Ao longo do período do estudo, foi avaliada a adesão ao tratamento e os seguintes critérios: mucosite oral (segundo a escala da OMS), alimentação entérica e/ou parentérica, dor (segundo a escala verbal descritiva) e a necessidade de morfina endovenosa. Resultados / Conclusão: Serão apresentados aquando do término do estudo, em Outubro de 2010. Bibliografia: Udina, E.J. (1998). Enfermeria Oncohematológica. Editora Masson Bonassa, E.M.A. (1992). Enfermagem em Quimioterapia. Editora Atheneu.

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PO110 - ESTUDO COMPARATIVO ENTRE SOLUÇOES ORAIS NA PREVENÇÃO / TRATAMENTO DE MUCOSITE Marta Felício1, Aida Santos1; Olinda Cerqueira1 1Hospital S. João INTRODUÇÃO A mucosite oral (MO) é um dos efeitos secundários, mais comuns e debilitantes, induzido pelo tratamento com citostáticos, especialmente nos doentes hemato-oncológicos submetidos a auto-transplante de células progenitoras hematopoiéticas periféricas (CPHP), onde são usadas doses intensivas de quimioterapia. Nestes casos, a MO é severa, requerendo o uso de grandes quantidades de analgésicos opiáceos, para controlo eficaz da dor, além de ser um foco de entrada de bactérias na circulação com o consequente e alto risco de infecções sistémicas graves. A prevenção/tratamento da MO assume um carácter extremamente importante pois pode interferir com o ciclo de tratamento pretendido, afectando a sobrevida do doente. Na UDN, até finais de 2009, para além de uma higiene oral cuidada, eram utilizadas soluções convencionais para bochechar (compostas por Anfotericina, Bicarbonato de Sódio e Lidocaína), que atenuavam a dor. Actualmente, é utilizado uma solução supersaturada de fosfato de cálcio (Caphosol), que foi concebido para manter ou restabelecer o equilíbrio iónico e ácido normal no interior da cavidade oral, permitindo desta forma, reduzir a dor e restaurar a mucosa oral. No sentido de avaliar os benefícios das soluções utilizadas, todos os doentes são submetidos à monitorização da intensidade da dor, através da Escala Numérica de avaliação da dor. OBJECTIVO Analisar/comparar os efeitos de soluções orais utilizadas na UDN para a prevenção/tratamento da MO em doentes submetidos a auto-transplante de CPHP. METODOLOGIA Estudo comparativo para determinar qual a solução oral mais indicada na prevenção / tratamento da MO. A Amostra é constituída por um total de 20 doentes que foram submetidos a regime de condicionamento para auto-transplante. Sendo que, 10 dos doentes utilizaram a solução convencional no período de Janeiro-Julho de 2009 e os restantes 10 utilizaram a solução “Caphosol” no mesmo período em 2010. De realçar que foram seleccionados nos 2 períodos doentes com mesmos diagnósticos. As variáveis em estudo incluem: sexo, idade, diagnóstico, protocolo, grau de MO, grau máximo de dor e morfina endovenosa (EV). CONCLUSÃO Foram avaliados 20 doentes (15 homens e 5 mulheres) com uma mediana de idades de 41 anos (24-63 anos) cujos diagnósticos são 50% LNH, 30% LAL, 30% MM. Após o estudo das variáveis concluiu-se que os doentes que utilizaram Bochechos Convencionais apresentaram 30% Grau IV de MO, 50% Grau III, 20% Grau II; tendo sido

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referido grau máximo de dor 30% Grau 10, 30% Grau 8, 20% Grau 7, 10% Grau 6, 10% Grau 5; sendo que 100% necessitaram de Morfina EV como terapêutica adjuvante. Relativamente aos doentes que utilizaram o “Caphosol”, 40% desenvolveram MO de Grau II, 40% Grau I, 20% Grau 0; tendo sido referido grau máximo de dor 20% Grau 5, 30% Grau 3, 30% Grau 1, 20% Grau 0. Deste modo apenas 40% necessitaram da administração de Morfina EV. De acordo com os resultados obtidos concluiu-se que, após a utilização da solução “Caphosol” o grau de MO reduziu assim como o uso de morfina usada no controlo da intensidade da dor.

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PO111 -: ALIMENTAÇÃO NO DOENTE HEMATOLÓGICO Pilar Brito Chaparro1 1Hospital Santa Maria Escolhemos este tema porque a maioria dos doentes do nosso serviço são do foro hematológico e têm como maior causa de morbilidade e mortalidade a infecção devido ao seu compromisso imunológico, pela própria condição física debilitada e terapêuticas agressivas a que são submetidos. A maioria das infecções são causadas por microrganismos (vírus, bactérias, fungos), que colonizam o epitélio da pele, mucosas do trato gastrointestinal e urinário. As lesões das mucosas, associadas à diminuição das defesas orgânicas permitem uma rápida progressão da infecção com risco acrescido de sépsis. Assim, os cuidados a estes doentes devem incluir a manutenção de uma boa higiene corporal, e uma boa alimentação, já que alimentar-se é o acto mais quotidiano e elementar de toda a forma de vida. Como enfermeiras, apercebemo-nos que a alimentação é uma das necessidades humanas básicas mais afectada nos nossos doentes, a qual a doente/família atribuem muita importância. Segundo Pereira, Ana M. (2009:8-9) uma alimentação adequada tem uma grande importância porque os leva a sentirem-se melhor e com mais energia. Sendo a própria doença consumptiva, é importante manter o peso e não permitir que o organismo fique enfraquecido. A falta de energia leva à imobilidade, que por sua vez agrava a falta de apetite, entrando-se num ciclo vicioso. Uma alimentação adequada ajuda ainda a suportar os efeitos colaterais e torna menos provável o aparecimento de infecções. Uma boa alimentação torna a recuperação mais fácil, aumenta o bem-estar do doente e permite a continuidade dos cuidados. Como objectivos definimos: - Identificar os problemas que interferem na alimentação destes doentes; - Adequar o tipo de alimentação ao doente hematológico; - Esclarecer e informar o doente/família sobre a alimentação adequada. Para a concretização destes objectivos utilizamos a pesquisa bibliográfica e a elaboração de um poster. Tendo em conta o impacto que uma doença hematológica tem na vida de um Ser Humano, é preciso que estes doentes tenham noção da importância da alimentação, mas é necessário incentivá-los, dando-lhes prazer quando o apetite desaparece e os desconfortos surgem.

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PO112 - PERFUSÃO RÁPIDA DO RITUXIMAB - EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL DE DIA DE HEMATO-ONCOLOGIA DO CHLC, EPE Rita Carvalho1, Liliana Costa1; Fernanda Relveiro1; Carlos Cargaleiro2; Helena Xavier1 1Hospital de Dia de Hemato-Oncologia do CHLC, EPE; 2Serviço de Hematologia Clinica do CHLC, EPE INTRODUÇÃO: O Rituximab, anticorpo-monoclonal, tem sido utilizado na abordagem terapêutica aos linfomas não-Hodgkin, às leucemias linfoblásticas crónicas,e na artrite reumatoíde. Nos linfomas não-Hodgkin, tem ocorrido um uso crescente, quer nos linfomas foliculares, quer nos linfomas difusos de grandes células B. Estes subtipos sendo dos mais numerosos (e sendo os LNH uma neoplasia também muito frequente), faz com que o seu uso seja cada vez mais habitual nos hospitais de dia de Hemato-Oncologia. Os tempos prolongados da perfusão do Rituximab, associados à crescente utilização nos doentes com Linfoma Não Hodgking (LNH), traduzem-se em implicações logísticas nos hospitais de dia de diferentes centros da Europa e E.U.A. Tomando como referência a experiência de outras instituições internacionais, onde foi demonstrado que a infusão rápida do Rituximab associada à quimioterapia contendo corticóides é segura, esta tem sido aplicada no nosso serviço desde 2007. OBJECTIVO: Avaliar a segurança da infusão rápida do Rituximab no tratamento dos doentes do Hospital de dia de Hemato-Oncologia. METODOLOGIA: Estudo de abordagem quantitativa, com a avaliação da incidência de reacções infusionais durante a administração da perfusão rápida de Rituximab, no período de 01 de Março a 31 de Agosto de 2010 (6 meses). Foram monitorizados 43 doentes que foram submetidos a tratamento com Rituximab, ciclo 1 em ritmo standard e subsequentes em ritmo de perfusão rápida (20% da dose administrada nos primeiros 30 minutos e restantes 80% em 60 minutos). Os doentes durante o tratamento foram sujeitos a vigilância por parte da equipa de enfermagem, sendo monitorizados os parâmetros vitais e ocorrência de sinais e sintomas indicadores de reacção infusional. As reacções infusionais detectadas foram tratados de acordo com o protocolo de serviço para actuação face uma reacção infusional ou anafiláctica. CONCLUSÕES: Os 43 doentes tratados receberam um total de 105 perfusões rápidas de Rituximab associado à quimioterapia. A análise dos 43 doentes demonstrou que este esquema é bem tolerado, sem efeitos adversos de grau 3-4, relacionados com a perfusão. Apenas 2 doentes dos 43, apresentaram reacções transitórias de grau 1-2 durante a perfusão de ritmo rápido. Não se verificou aumento de toxicidades minor quando comparado com a perfusão em ritmo standard. Estes resultados, reiteram a conveniência e segurança do esquema de perfusão rápida do Rituximab, o que está de acordo com a literatura existente, assim como com a experiência evidenciada no serviço.

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PO113 - CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO DOENTE SUBMETIDO A QUIMIOTERAPIA Catarina Alexandra Ribeiro Madeira Marques1 1Centro Hospitalar de Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria - Hospital de Dia de Hematologia Introdução Nas últimas décadas verificaram-se grandes avanços no tratamento da doença oncológica, quer pela descoberta de novos medicamentos, quer pelo uso combinado dos diferentes recursos terapêuticos disponíveis. Entende-se por Quimioterapia, a utilização de substâncias químicas com actividade citotóxica, em indivíduos com doenças oncológicas, com o objectivo de destruir, controlar ou inibir o crescimento das células tumorais, podendo envolver um único medicamento ou a combinação de vários. A dose dos fármacos a ser administrada, baseia-se na área de superfície corporal total do paciente (calculada através do peso e da altura), na resposta precedente à quimio ou radioterapia, e no estado físico do doente e a via escolhida depende geralmente do tipo de medicação, da dose necessária, do tipo, localização, estadiamento e extensão do tumor a ser tratado. Os citostáticos são fármacos bastante tóxicos, sobretudo para o doente, sendo que além das células tumorais, a quimioterapia afecta sempre algumas células normais, sendo as mais vulneráveis as da medula óssea, o epitélio gastrointestinal, os folículos capilares e o sistema reprodutor. Esta pode ainda ter repercussões a nível hematológico, gastrointestinal, dematológico, hepático, cardíaco, pulmonar, renal, das vias urinárias, gonodal e neurológico, estando o doente submetido a Quimioterapia, sujeito a vários efeitos colaterais. A depressão medular é dos efeitos secundários colaterais mais frequentes e importantes da quimioterapia citostática, podendo surgir cerca de 7 a 15 dias após a administração dos citostáticos, consoante o Nadir de cada citostático (tempo expresso em dias, que decorre entre a administração do fármaco e a ocorrência do menor valor de contagem hematológica). É de grande utilidade conhecer para cada fármaco o tempo que decorre entre a sua administração e o aparecimento dos efeitos da toxicidade hematológica da mesma. O papel do enfermeiro demonstra-se primordial na detecção, avaliação e tratamento de alguns problemas que advêm dos efeitos colaterais da Quimioterapia, promovendo um maior bem-estar e qualidade de vida do doente, em concordância com a sua esfera biopsicossocial. Objectivo Dar a conhecer, os principais cuidados de enfermagem desenvolvidos junto dos doentes submetidos a quimioterapia no Hospital de Dia de Hematologia, do Centro Hospitalar de Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria. Material e métodos Levantamento dos principais Diagnósticos de Enfermagem e respectivas intervenções, realizadas no Hospital de Dia de Hematologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte. Conclusão

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Tendo em conta a vivência diária com doentes do foro hemato-oncológico, bem como, os sentimentos expressos pelos doentes que se encontram nesta situação de doença, penso ser pertinente a abordagem dos seguintes Cuidados de Enfermagem: ü Manutenção da nutrição / hidratação; ü Prevenção de infecção, hemorragia ou lesão; ü Manutenção da integridade da mucosa oral; ü Promoção de uma imagem corporal positiva.

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PO114 -: CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MANUSEAMENTO E ADMINISTRAÇÃO DE CITOTÓXICOS Catarina Alexandra Ribeiro Madeira Marques1 1Centro Hospitalar de Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria - Hospital de Dia de Hematologia Introdução A utilização de substâncias químicas com actividade citotóxica, em indivíduos com doenças oncológicas, pretende assegurar que cada célula de uma população tumoral seja exposta a pelo menos 1 fármaco letal, em dose suficiente e por período adequado para a destruir. A sua dose baseia-se na área de superfície corporal total do paciente (calculada através do peso e da altura), na resposta precedente a cirurgia, radioterapia ou imunoterapia, e no estado físico do doente. A via escolhida depende do tipo de medicação, da dose necessária, do tipo, localização, estadiamento e extensão do tumor a ser tratado. Estes fármacos são bastante tóxicos, quer para o doente quer para quem os manipula, nomeadamente os enfermeiros, podendo, estes, estar expostos a baixas doses dos fármacos através do contacto directo, inalação ou ingestão. Além das células tumorais, a quimioterapia afecta principalmente o sistema hematológico, gastrointestinal, os folículos capilares e o sistema reprodutor. Pode ainda ocorrer toxicidade a nível dematológico, hepático, cardíaco, pulmonar, renal, urinário, gonodal e neurológico. Objectivo Divulgar os cuidados de enfermagem relativos ao manuseamento e administração de citotóxicos, bem como das acções de enfermagem implícitas no caso de extravasamento dos mesmos. Material e métodos Levantamento bibliográfico de cuidados gerais a ter com o manuseamento e administração de citotóxicos. Conclusão A preparação de citotóxicos é efectuada nos serviços farmacêuticos deste hospital, respeitando algumas regras que visam diminuir o contacto com estes. A absorção cutânea causada pelo seu derramamento e a inalação de aerossóis, provocam de forma continuada, a longo prazo, efeitos mutagénicos, carcinogénicos e teratogénicos. Em caso de extravasamento, caso possuam propriedades vesicantes, podem provocar lesões que inicialmente se apresentam como um eritema moderado, mas que podem atingir um processo de necrose tecidular extensa, acompanhado de dor severa. A gravidade e extensão dependem da natureza vesicante do fármaco, da sua concentração, do volume extravasado, do local envolvido no extravasamento, e no tratamento aplicado. Assim: ü Devem ser preparados em áreas concebidas para esse fim, com câmara biológica de fluxo laminar vertical e com filtro HEPA; ü Devem ser interditas as entradas e saídas do local de preparação, no decorrer da mesma; ü Deve ser usada bata de manga comprida, com punho elástico e fechada à frente (abotoar atrás), luvas de polietileno, e máscara facial com viseira ou óculos apropriados; ü Devem ser utilizadas seringas luer-lock e spikes ;

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ü Deve ser colocado em contentores amarelos/vermelhos todo o lixo citostóxico; caso estes não existam, em sacos de lixo apropriados (rosa), devidamente selados e posteriormente nos contentores; ü Lavar muito bem as mãos, antes e depois do manuseamento do fármaco; ü Não deverão ser utilizadas máscaras faciais e luvas de polietileno, por um período superior a 1 hora; ü Se houver contacto do fármaco com a pele, lavar imediata e abundantemente com água corrente e sabão durante cerca de 15 minutos as zonas contaminadas, substituindo imediatamente a roupa que estiver contaminada; ü Se existir contaminação ocular, lavar abundantemente com soro fisiológico e contactar a oftalmologia.

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PO115 -: DREPANOCITOSE-QUAL O IMPACTO NA VIDA DO DOENTE? Helena Isabel Martins Fadista de Mira1, Sónia Filipa Miranda1; Antónia Silva Osório1; Ana Rita Correia1 1Hospital Garcia de Orta A Drepanocitose ou Anemia Falciforme, é uma doença genética que consiste numa alteração morfológica dos glóbulos vermelhos, mais especificamente da Hemoglobina S (proteína que transporta o oxigénio), que adquire uma forma anormal (forma de foice), o que acarreta complicações importantes na vida pessoal e profissional destes doentes. As crises álgicas recorrentes e as complicações da doença, interferem em alguns aspectos da vida dos doentes, nomeadamente relacionados com a educação, o emprego e o desenvolvimento psicossocial e familiar. Assim, a drepanocitose tem fortes implicações económicas e sociais, nas suas famílias e comunidade. A dor como característica principal de uma crise de drepanocitose (crise vaso-oclusiva) é o principal sintoma a motivar o internamento, seguido de um período de convalescença, que muitas vezes estende-se durante dias e até semanas. Estas crises agudas dolorosas são assim um factor, entre outros, de alteração na vida profissional destes doentes, com implicações na assiduidade laboral e mudanças significativas no dia-a-dia. Estes internamentos frequentes e imprevisíveis tem grande impacto na vida laboral dos doentes, sendo muitas vezes difícil para a entidade patronal compreender e aceitar esta patologia, tornando-se um factor de stress para o doente, que evita desta forma ao máximo a vinda ao Hospital, e quando o faz já se encontra numa situação clínica muito agravada. Com a realização deste trabalho, pretende-se para além de abordar todas estas questões da vida dos doentes, fazer uma pequena abordagem do percurso e assistência proporcionada aos doentes com drepanocitose, que são seguidos no nosso Hospital de Dia. Actualmente é feito seguimento em consulta de Hematologia a cerca de 8 doentes, sendo lhes fornecido grande parte da assistência em Hospital de Dia em fase aguda, evitando desta forma que o doente se dirija ao serviço de Urgência Geral. Além da assistência fornecida em crise de dor, os profissionais de saúde tentam reforçar e relembrar os cuidados a ter na prevenção de novas crises, alertando para sintomas como a astenia, o cansaço, a palidez e outros sintomas com menor expressão. Esta é uma doença que continua a ser pouco conhecida pela população em geral, havendo no contexto social/profissional do doente a construção de representações erradas e a emissão de juízos de valor, o que contribui para o aumento de stress vivido pelo doente. O trabalho em Hospital de dia faz-se no sentido de ajudar o doente a desvalorizar as crenças erróneas de que é alvo, valorizando todas as queixas e manifestações feitas, criando empatia, o que leva ao estabelecimento de uma boa relação com o profissional de saúde, tornando assim a situação menos pesada e mais fácil de ultrapassar. Com a realização deste poster, pretendemos também dar a conhecer a realidade vivida por nós. Abordaremos ainda o percurso do doente em Hospital de Dia, descrevendo qual a actuação da equipa de Enfermagem, protocolos terapêuticos utilizados e articulação com outros profissionais da equipa multidisciplinar e outros serviços.

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PO116 - DESSENSIBILIZAÇÃO ONCOLÓGICA Elsa Teixeira1,: Liliana Catarino1; Ortélia Dias2 1Hospital de Santa Maria; 2Hospital de Santa Maria A Dessensibilização Oncológica é um tratamento inovador, efectuado a doentes com reacções alérgicas ou de hipersensibilidade à quimioterapia. Em estudos publicados, 27% dos doentes com mais de sete ciclos de carboplatina, apresentaram reacções alérgicas, metade destas, variaram entre moderadas a graves; 16 a 40% dos doentes que fizeram paclitaxel apresentaram reacções de hipersensibilidade. A Dessensibilização Oncológica consiste na indução de tolerância temporária a um fármaco, administrado em doses graduais e crescentes. A dose final administrada é igual à dose programada para o doente. Este é o pressuposto base desta forma de administração. O trabalho desenvolvido nesta área permitiu a elaboração de um protocolo, utilizado no nosso serviço desde 2008 e em colaboração com o Hospital de Dia de Oncologia. A Dessensibilização Oncológica permite reintroduzir terapêutica de primeira linha, com carácter curativo para o doente que, sem este tipo de tratamento, seria impossível administrar. A especificidade do tratamento e as possíveis complicações exigem do enfermeiro competências técnicas, científicas e relacionais complexas. O protocolo desenvolvido preconiza a relação de 1:1 (enfermeiro/tratamento). Até 15 de Março de 2010 realizámos um total de 107 dessensibilizações em 28 doentes. Em 81% dos tratamentos não se verificaram reacções de hipersensibilidade ou anafilaxia. Os cuidados de enfermagem são fundamentais para o sucesso do tratamento, com implicação na formação e desenvolvimento de competências dos enfermeiros e nas dinâmicas de trabalho.

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PO117 - DE MÃOS DADAS NO CONTROLO DA INFECÇÃO João Pedrosa1,: Marta Lourenço1 1CHLN, EPE - Hospital de Santa Maria Segundo um relatório de 2010 da Comissão de Infecção Hospitalar referente ao serviço onde prestamos cuidados e aos anos de 2008 e 2009, verifica-se que no ano de 2009, em cada 1000 doentes cerca 175 foram portadores de Infecção na Corrente Sanguínea (ICS). Embora se tenha verificado, comparando os dados do ano de 2008 com os de 2009, diminuição da taxa de ICS e da incidência de internamento dos doentes, os números mantêm-se preocupantes. MARANTIDES e outros (2003), afirmam que a pessoa com o sistema imunológico comprometido, como o doente hemato-oncológico, é altamente susceptível de contrair infecções fatais. Os mesmos autores acrescentam ainda que “é imperiosa a lavagem cuidada das mãos, quer pelo pessoal hospitalar quer pelas visitas”. Um estudo publicado em 2005 pelo Instituto Dr. Ricardo Jorge, considera que a correcta higienização das mãos, além de ser uma das medidas mais simples e eficazes para a prevenção e controlo da infecção é também uma medida considerada como uma boa prática no contexto da prestação de cuidados. Neste contexto e porque a higienização das mãos é “uma das medidas mais simples e efectivas na redução da infecção associada aos cuidados de saúde” (DGS, Circular normativa n.º13, 2010), considerámos de grande pertinência explorar esta problemática. Os principais objectivos delineados para este trabalho foram avaliar a técnica, as circunstâncias e a adesão à lavagem das mãos no serviço onde prestamos cuidados e sugerir, à equipa de saúde, soluções para os problemas levantados no período de observação. A amostra foi composta por profissionais da área de saúde que estiveram na unidade, no período estudado (1 de Agosto de 2010 a 1 de Setembro de 2010). Os dados foram colhidos através de observação directa e utilizando uma grelha de observação. Para a análise de dados foi usado o método quantitativo descritivo simples, tendo-se concluído que a maioria dos enfermeiros apresentou uma adesão “Muito Insatisfatória” na higienização das mãos antes dos procedimentos observados. No entanto, após os procedimentos, a adesão é “Boa”, apesar de nenhum cumprir a técnica correctamente. Os restantes grupos profissionais (médicos, assistentes operacionais e outros técnicos de saúde), apresentaram uma adesão “Muito Insatisfatória” quer antes, quer depois dos procedimentos observados. Fora dos objectivos deste estudo, mas impossível ficarmos alheios, no período de observação deste trabalho, constatou-se que as visitas dos utentes internados, apesar de higienizarem as mãos não o fazem cumprindo a técnica recomendada. Assim sendo, e com base nos resultados obtidos, é premente a necessidade de implementar estratégias que promovam uma maior consciencialização e exaltem a importância da utilização da técnica correcta de higienização das mãos no controlo da infecção hospitalar, junto dos diferentes grupos profissionais que trabalham no nosso serviço e das visitas dos nossos utentes.

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PO118 - ACTUAÇÃO EM REACÇÕES TRANSFUSIONAIS IMEDIATAS Aldiro Manuel Oliveira Magano1, António Luis Silva1; Francisca Elisa de Oliveira Ferreira1; Didia Catarina Mota Cardoso1; Patricia Marlene Rodrigues Rocha1 1Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga, Unidade da Feira Introdução Nos últimos anos, a segurança das transfusões sanguíneas tem sido rigorosamente avaliada em muitos países, uma vez que o procedimento envolve riscos, com implicações administrativas, logísticas e económicas. Apesar do desenvolvimento de novos tratamentos, que permitiram expressivos progressos na área da saúde, o sangue humano continua a ser insubstituível para fins terapêuticos. A transfusão de sangue é um evento irreversível, indispensável como suporte na realização de muitos tratamentos, como os transplantes, quimioterapias e diversas cirurgias. Pelos benefícios que acarreta para o receptor, a transfusão sanguínea é um procedimento terapêutico comum e frequente na maioria dos serviços hospitalares, contudo, envolve riscos, alguns potencialmente fatais, sendo a reacção transfusional a que mais preocupa os profissionais de saúde A reacção transfusional é, portanto toda e qualquer intercorrência que ocorra como consequência da transfusão sanguínea, durante ou após a sua infusão. Segundo a American Association of Blood Bank (AABB) estima-se que de 1 a 3% das transfusões de sangue dão origem a uma reacção transfusional. Este percentual eleva-se para 10% em pacientes politransfundidos. No acompanhamento transfusional destacam-se os enfermeiros, que exercem um papel fundamental na segurança de todo o processo. Compete a estes profissionais não apenas a administração das transfusões, como conhecer as suas indicações, providenciar a confirmação de dados importantes na prevenção de erros, orientar os pacientes sobre a transfusão, detectar, comunicar e actuar no atendimento das reacções transfusionais e documentar todo o processo. Objectivo O objectivo deste trabalho é o de reforçar pela evidência da pesquisa efectuada, a necessidade de criar um algoritmo de reacção transfusional imediata. Material e Métodos A metodologia deste trabalho é descritiva, e baseia-se na pesquisa bibliográfica. Deste modo, esperamos que o mesmo vá de encontro aos objectivos de formação, delineados para este evento. Conclusão Apesar da indicação precisa e administração correcta, reacções às transfusões podem ocorrer. É importante que todos profissionais envolvidos na prescrição e administração de hemocomponentes estejam capacitados a prontamente identificar e utilizar estratégias adequadas para resolução e prevenção de novos episódios de reação transfusional. Uma pesquisa realizada em Aquitaine, França, identificou várias deficiências no conhecimento e práticas dos enfermeiros, relacionadas com a transfusão e considerou que a frequência na formação era um dos principais factores associados a esta deficiência. Os

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autores indicam a importância de um programa de formação contínua para aumentar os conhecimentos e promover mudanças de práticas.

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PO119 - R-GEMOX - EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL DE DIA Catarina Alexandra Ribeiro Madeira Marques1,: Sara Isabel Sousa Teixeira1 1Centro Hospitalar de Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria - Hospital de Dia de Hematologia Introdução O tratamento com altas doses terapêuticas associado ao transplante de medula óssea é o tratamento de referência para o Linfoma Não-Hodgkin, no entanto só pode ser aplicado a um grupo restrito de doentes, tendo em consideração a sua idade e a existência de co-morbilidades prévias. Os tratamentos convencionais de Quimioterapia têm sido usados com uma eficácia limitada, apresentando uma significativa toxicidade, pelo que houve necessidade de introduzir combinações de esquemas terapêuticos que tivessem uma melhor eficácia e menor toxicidade para os doentes, nomeadamente a associação do Rituximab a outros agentes citostáticos. O R-Gemox consiste na associação do Rituximab (dia 1) à Gemcitabina e ao Oxaliplatino (dia 2) representando uma alternativa aos esquemas de ESHAP, ICE, DHAP e MINI-BEAM (associações de citarabina, etoposido, mitoxantrona e derivados platínicos), que possuem significativa toxicidade, estão associados a complicações frequentes, necessitam de perfusões contínuas de 24 horas e de hidratação simultânea, implicando o internamento prolongado destes doentes. Este esquema representou uma mudança no prognóstico de alguns deles inclusivé redução de toxicidade e de reinternamentos, sendo este Hospital de Dia de Hematologia um serviço pioneiro em Portugal na utilização deste protocolo em regime de ambulatório. O Rituximab, anticorpo monoclonal, liga-se especificamente ao antigénio CD20+, que se encontra na membrana de glóbulos brancos específicos, os linfócitos B, interrompendo o crescimento patológico dessas células, tendo demonstrado eficácia na quimioterapia standard de 1ª e de 2ª linha. A Gemcitabina possui a capacidade de se apresentar em maiores concentrações intracelulales, que a Citarabina, apresentando melhor eficácia em linfomas refractários. O Oxaliplatino, derivado da platina, possui uma eficácia semelhante ao Cisplatino, mas com menor nefrotoxicidade e reduzida indução de quimio-resistência. Objectivo Descrever a experiência do tratamento de doentes com LNH, com o esquema de Quimioterapia R-Gemox, no nosso Hospital de Dia. Material e métodos Estudo retrospectivo através da revisão dos processos clínicos dos doentes com LNH, tratados neste Hospital de Dia, de 26 de Janeiro a 15 de Agosto de 2010. Conclusão A amostra é constituída por 34 doentes, (17 do sexo masculino e 17 do sexo feminino), com idades compreendidas entre os 26 e os 83 anos, sendo a mediana de idades de 56 anos, com a média de 54 anos. Destes, 25 doentes fizeram R-Gemox; por motivos clínicos, 9 fizeram Gemox, visto o Rituximab estar contra-indicado em indivíduos com hipersensibilidade conhecida ao Rituximab (5), imunodeprimidos (3 com HIV), ou com hepatite (1 com hepatite C).

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Dos 34 doentes analisados, 3 ainda estão em tratamento, 12 encontram-se em consultas de follow-up (4 realizaram TMO), 3 suspenderam este tratamento por motivos clínicos, 2 passaram para outro esquema de QT, e os outros 14 já faleceram. Dos principais sintomas referidos pelos doentes submetidos a este esquema salienta-se a dor no membro superior puncionado, aquando da administração do Oxaliplatino, tornando-se importante a bifurcação com Dextrose 5% em água, além da aplicação de gelo local e de uma lavagem contínua, até cerca de 30 min, no final da perfusão. Alguns desenvolveram neuropatia periférica dos membros superiores, referindo parestesias, ou intolerância a altas ou baixas temperaturas. Por outro lado, sintomas tradicionalmente típicos dos tratamentos quimioterápicos, como náuseas, vómitos e alopécia não são descritos pela maior parte dos doentes.

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TRABALHOS PUBLICADOS

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SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

reuniãoanual

11a13.NOVTRÓIA CENTRO DE CONGRESSOS

SPH2010

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PUB1 - RARA SÍNDROMA PARANEOPLÁSICA, RARO LINFOMA NÃO-HODGKIN (LNH) EXTRANODAL E RARA ASSOCIAÇÃO Ana Catarina Pinto1, Ilídia Moreira2; IC Ferreira2; José Mariz2 1IPO Coimbra FG, EPE; 2IPO Porto FG, EPE Introdução: A incidência de síndromas paraneoplásicas neurológicas (SPN) é rara no contexto das doenças hematológicas malignas, à excepção do linfoma de Hodgkin e do mieloma múltiplo. Objectivo: Relato da rara associação entre uma SPN e um LNH. Material e Métodos: Descrição do caso, com recurso à revisão do processo clínico do doente. Resultados: Sexo masculino, 47 anos, perda ponderal de 20 kg e deterioração do estado geral desde Janeiro de 2009, com agravamento recente e sintomas neurológicos de novo: diminuição da força muscular nos membros inferiores, inicialmente de predomínio distal e posteriormente com carácter ascendente proximal, parestesias dolorosas, impotência sexual, polaquiúria, noctúria e sinais de hipotensão ortostática. Ao exame objectivo detectou-se paraparésia proximal simétrica com atrofia muscular generalizada, hipostesia em peúga alta bilateralmente (mais alta no hemicorpo esquerdo) e reflexos osteotendinosos abolidos (aquilianos e rotulianos). Analiticamente apresentava pancitopenia grave, hipoproteinemia e hipoalbuminemia, hiponatremia e níveis elevados de lactato desidrogenase (LDH) e B2-microglobulina. O electromiograma foi compatível com polineuropatia sensitivo-motora de predomínio desmielinizante dos membros inferiores. Foi realizada punção lombar e o líquor mostrou elevação muito marcada das proteínas (1961.1 mg/L), glicose e LDH normais; 14 céls/µL – imunofenotipagem: 6.22% de linfócitos B malignos CD20+ com alto índice proliferativo. Realizou TC toracoabdominopélvica que detectou massas sólidas em ambas as glândulas supra-renais (9 e 8 cm cada) e córtices renais (< 3 cm), tendo sido feita biopsia. Diagnóstico e estadiamento: Linfoma não-Hodgkin de células B (subtipo não especificado), estádio IV B, IPI 3, com envolvimento do sistema nervoso central (medula óssea negativa). O doente foi submetido a quimioterapia intensiva segundo protocolo R-HCVAD (rituximab, ciclofosfamida, vincristina, dexametasona, doxorrubicina e quimioterapia intratecal tripla), tendo efectuado 6 ciclos. A PET de reavaliação foi negativa. Actualmente, o doente apresenta somente défices neurológicos ligeiros e encontra-se a efectuar as rotinas de avaliação pré-transplante com vista à realização de auto-transplante de progenitores hematopoiéticos. Conclusões: A neuronopatia sensitivo-motora subaguda constitui uma entidade pertencente às SPN clássicas e tem uma resposta à terapêutica melhor que outras congéneres. O tratamento oncológico é o pilar terapêutico e a obtenção de resposta completa influencia favoravelmente o curso da SPN, como observado neste doente.

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PUB2 - COLESTASE INTRA-HEPÁTICA PARANEOPLÁSICA E LINFOMA DE HODGKIN (LH): CASO CLÍNICO RARO Ana Catarina Pinto1, Ilídia Moreira2; Rui Henrique2; José Mariz2 1IPO Coimbra FG, EPE; 2IPO Porto FG, EPE Introdução: A colestase intra-hepática como síndroma paraneoplásica é uma condição rara, embora tenham sido descritos alguns casos associados ao LH. É um diagnóstico de exclusão e acredita-se que resulta da libertação de citocinas pelas células linfomatosas. Objectivo: Relato de uma síndroma paraneoplásica incomum, associada a LH, com um desfecho bem sucedido. Material e Métodos: Descrição do caso, com recurso à revisão do processo clínico da doente. Resultados: Mulher, 21 anos, portadora de catarata com amaurose congénita do olho direito. Surgimento de tumefacção cervical /retroauricular dolorosa em Nov 2007, associada a sintomas B (febre, hipersudorese, emagrecimento) e disfagia para sólidos com evolução de 4 meses. Ao exame físico apresentava palidez, icterícia, murmúrio vesicular diminuído no hemitórax direito, volumosa hepatoesplenomegalia dolorosa e adenopatias cervicais (4 x 2 cm), axilar e inguinais direitas. Analiticamente apresentava anemia hipocrómica microcítica grave (Hb 6.9 g/dL, HGM 22.2 pg, VGM 75.5 fL), deficiência de ferro, hepatopatia de predomínio colestático (AST 78, ALT 53, FA 406, GGT 104 U/L; Bil total 127.3, Bil directa 81.90 umol/L) e elevação das proteínas de fase aguda (PCR 31,90, α1AT 517, ceruloplasmina 118, FR 31.3, haptoglobina 720 mg/dL). Os estudos de auto-imunidade foram positivos apenas para anticorpos anti-nucleares (ANA). As serologias víricas para hepatites e outras foram irrelevantes. A TAC toracoabdominopélvica revelou adenopatias cervicais, mediastínicas, do tronco celíaco e hepatoesplenomegalia homogénea (fígado 20 cm, baço 14 cm). A avaliação por PET confirmou avidez para FDG a nível das cadeias ganglionares mencionadas; no entanto, a nível do fígado e do baço não havia captação anormal. A biopsia ganglionar cervical foi compatível com o diagnóstico de Linfoma de Hodgkin, variante esclero-nodular grau 1 [CD30+, CD15+, CD45-, CD3-, CD20-, ALK-], estádio III B, IPS 2. Foi também realizada biopsia hepática, que apenas revelou dilatação sinusoidal ligeira a moderada, sem necrose hepatocelular e sem ocupação por células linfóides. A doente foi tratada com suplementos de ferro e quimioterapia (6 x ABVD), de início com doses e suspensão de drogas ajustadas à disfunção hepática. Este ajuste realizado em cada dia de quimioterapia (QT) permitiu a normalização progressiva de todo o quadro colestático, ANA e marcadores inflamatórios, obtida após 2 ciclos de QT. A resposta completa (clínica e PET negativas) foi também obtida após 2 ciclos, mantendo-se actualmente (29 meses de seguimento). Conclusões: À semelhança do descrito na literatura, o início da QT, mesmo com doses condicionadas, foi determinante quer na evolução favorável da síndroma quer na obtenção da resposta completa ao LH. Esta última constitui, aliás, condição necessária para recuperação da função hepática e para uma sobrevivência prolongada.

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PUB3 - SEQUELAS NEURO-COGNITIVAS DA RTE CRÂNIO-ENCEFÁLICA (RTE CE) EM DOENTE JOVEM IMUNOCOMPETETE COM LINFOMA PRIMÁRIO DO SNC (LPSNC) Maria Inês Antunes1, Laurentiu Bujor1; Ana Amado1; Isabel Monteiro Grillo1 1Hospital de Santa Maria (CHLN) INTRODUÇÃO: A quimioterapia (QT) de alta dose com metotrexato (MTX) seguida de radioterapia externa crânio-encefálica (RTE CE) aumenta o controlo da doença e a sobrevida em doentes com linfoma primário do SNC (LPSNC), embora esteja associada a uma toxicidade tardia acentuada, sobretudo neurocognitiva, que é atribuída maioritariamente à RT, e que pode estar relacionada com a dose administrada. Vários estudos sugerem que uma menor dose total de tratamento (DTT) pode associar-se a um excelente controlo da doença e reduzida neurotoxicidade. OBJECTIVOS: Os autores apresentam o caso de um jovem, com o diagnóstico de LPSNC, que recebeu RTE CE, e que desenvolveu défices neurocognitivos. MATERIAL E MÉTODOS: Descreve-se o caso de um doente do sexo masculino, 42 anos de idade, imunocompetente, com o diagnóstico de LPSNC que realizou QT alta dose com MTX e RTE CE (DTT-45Gy/25F/5S) adjuvante, com resposta completa e sem recidiva da doença aos 2 anos. Pouco tempo após o fim do tratamento o doente iniciou alterações neurocognitivas bem como desequilíbrio, que se mantêm 2 anos após o tratamento. RESULTADOS: Dois anos após o tratamento de QT e RTE CE o doente apresenta alterações imagiologicas (ventriculomegalia, atrofia cortical, alterações de sinal da substância branca) neurocognitivas, nomeadamente a nível da memória, atenção e funções executivas. Esta sintomatologia tornou o doente dependente de terceiros. CONCLUSÕES: A multidisciplinaridade na abordagem de doentes com LPSNC, torna possível uma abordagem terapêutica mais adequada, que permita manter o controlo da doença e simultaneamente reduzir a toxicidade neurológica associada ao tratamento, intimamente relacionada com a qualidade de vida do doente. Existem estudos publicados que demonstram taxas de controlo local da doença equivalentes entre doentes com LPSNC que receberam doses de RTE CE ≥ 45 -54Gy e < 36-44Gy. Dada a elevada frequência de defeitos neurocognitivos após RTE CE em doentes com LPSNC descrita na literatura, talvez seja mais adequada a utilização de doses inferiores. A instituição de um protocolo de avaliação neurocognitiva para a correcta avaliação da toxicidade cognitiva deveria ser considerada.

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PUB4 -- MASSA CEREBRAL, EM PACIENTE COM MILOMA MÚLTIPLO - RECAÍDA PÓS TRANSPLANTE AUTÓLOGO L.Mendonça1, C.Casais; L.Xavier; A.Mota; C.Gonçalves; L.Pinho; J.Coutinho1 1CHP-HSA Introdução O Mieloma múltiplo é uma discrasia de células que pode cursar com envolvimento de órgãos. Os sintomas neurológicos geralmente ocorrem quando envolve as vértebras, com compromisso medular, mas a invasão do SNC e ou meninges são fenómenos raros. Caso clínico Doente de 52 anos de idade, com Mieloma Múltiplo (MM) IGg/K, diagnosticado em Maio de 2007 estádio IIA, tratada com 5 ciclos de Z-dexa + 2 de Talidomida e Dexa, seguido de QT de alta dose com resgate de PBPCs em Fevereiro de 2008, com remissão completa pós auto-TMO. Recidiva da doença em Março de 2009, pelo que reiniciou tratamento com Velcade + Dexametasona, com resposta observável após 2º ciclo. Por intercorrencias infecciosa, atrasou o início do 3º ciclo. Em Junho inicia quadro de prostração, desorientação com discurso lentificado, e episódios de vómitos, sendo suspeita de invasão do SNC.TAC cerebral revelou massa cerebral, faz RMN que confirma a presença de volumosa lesão expansiva extra-axial frontal, fronto-basal e temporal anterior esquerda. Envolvimento meníngeo comprovado por plasmócitos no LCR (30%) Medula ósses-25.7%plasmócitos; Sangue periférico: Hb-9.0gr/dL; Leuc-9.05 x10^3/µL; Plaq-21x10^3/µL; Plasmócitos-2%. Iniciou tratamento com dexametasona, apresentando deterioração progressiva do estado geral. A doente veio a falecer 1mês após o início do quadro neurológico Comentários: Os autores apresentam o caso clínico de uma doente jovem com diagnóstico de Mieloma Múltiplo, sem factores de mau prognóstico que apesar do transplante evoluiu de forma rápida com invasão cerebral, com desfecho fatal.

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PUB5 - ACIDENTE ISQUÉMICO CEREBRAL COMO MANIFESTAÇÃO CLÍNICA DE LEUCEMIA PROMIELOCÍTICA L.Mendonça1, C.Casais; L.Xavier; A.Mota; C.Gonçalves; L.Pinho; J.Coutinho1 1CHP-HSA Introdução: Encontra-se bem estabelecida a associação entre doença oncológica e trombose, podendo esta ser a forma de apresentação da doença. Dentro das doenças oncológicas, a Leucemia Promielocítica Aguda (LPA) apresenta uma forte associação com fenómenos trombóticos que podem ser atribuídos a vários mecanismos, desde características intrínsecas dos promielócitos, a alterações da viscosidade sanguínea, manifestações trombóticas da coagulação intravascular disseminada (CID), ou iatrogenia induzida pela terapêutica ou pelo uso de cateteres venosos centrais. Dados clínicos: Doente 41 anos idade, cuja manifestação inicial da sua doença foi AVC (acidente isquémico território da artéria cerebral media esquerda (ACME) e que motivou seu internamento em serviço de Neurologia. Iniciou hipocoagulação com heparina de baixo peso molecular (HBPM) em dose terapêutica, com recuperação dos défices neurológicos. Na sequência do estudo foi detectada pancitopenia grave, cuja investigação mostrou tratar-se de LPA (M3 - FAB). Apresentava antecedentes de tromboflebite 2 meses antes, que na altura não teria sido valorizado. Do restante estudo, de salientar anticorpo anticardiolipina (ACA) IgG positivo (32.4GPL/ml), sem outras alterações na imunologia. Iniciou QMT com ATRA e Idarrubicina. Reinternada ao 21º dia por febre, odinofagia e hematúria macroscópica, pancitopenia e insuficiência renal não obstrutiva, o quadro foi assumido como secundário ao ATRA. Este foi suspenso. Instalou-se então quadro de desorientação e afasia. TAC craneoencefálico mostrou hemorragia parenquimatosa difusa occipito-parietal e hematoma subdural agudo fronto-temporo-parietal, mantendo sequela de lesão isquémica em território da ACME. Foi submetida a cranietomia parieto-occipital esq. e drenagem do hematoma não tendo sido possível o controlo da hemostase, vindo a doente a falecer. Comentários: São pouco frequentes as tromboses como forma de apresentação da LPA. No caso descrito, a presença de trombose arterial grave e provável trombose venosa, em doente em que não foi possível confirmar (nem excluir) síndrome antifosfolipídeo, associado a quadro leucémico, implicava a opção por hipocoagulação em níveis terapêuticos, devido ao elevado risco de retrombose. Por outro lado, o risco hemorrágico associado à doença (e neste caso concreto, associada a trombocitopenia grave e refractária) torna este tratamento controverso. Foi assumido como risco predominante a trombose, e iniciada a hipocoagulação com vigilância apertada. No entanto, não foi possível evitar e controlar a hemorragia. Estes casos em que o risco trombótico e o risco hemorrágico se sobrepõem são um desafio, devendo as decisões ser tomadas pela avaliação cuidadosa de ambos os riscos, e caso a caso.

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PUB6 - MIELOMA MÚLTIPLO DE CADEIAS LEVES - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Elena Kronberg1, I Loureiro1; A Almeida1; A Pinto Ribeiro1; M Fonseca1 1Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga Introdução: O Mieloma Múltiplo é uma neoplasia de células B, associado à presença de uma proteína Monoclonal no soro e/ou urina. Manifesta-se clinicamente por um vasto espectro de sintomas, desde praticamente assintomático na fase de diagnóstico, até formas extremamente agressivas e incapacitantes. Objectivo: Sensibilizar para a importância da interação clínica-laboratório, no diagnóstico das Gamapatias Monoclonais Material e métodos (Caso Clínico): Mulher 63 anos enviada à consulta de Hemato-Oncologia em Julho de 2010 pelo Médico Assistente por dor lombar incapacitante, resistente a AINEs e analgésicos potentes. A TAC lombar – suspeita de processo infiltrativo vertebral, confirmado por RMN. Na 1.ª consulta: Anemia N/N; função renal, hepática e metabolismo fosfo-cálcico, normais. Doseamento de Igs séricas: diminuição de IgA, IgG, IgM e Cadeias leves Kappa com Cadeias leves Lambda normais; Electroforese capilar: muito discreto pico monoclonal na fracção Beta, caracterizado por Imunosubtracção como Cadeias leves Lambda. Electroforese urinária- evidencia um pico monoclonal caracterizado por Imunosubtracção como Proteinúria de Bence-Jones de Cadeias leves Lambda. De imediato se prosseguiu com colheita de M.O. para Mielograma, Imunofenotipagem e Estudo Citogenético. Mielograma – marcada infiltração por Plasmócitos (58%), morfologicamente atípicos, sugestivo de Mieloma Múltiplo. O estudo citogenético da M.O. revelou trissomia dos cromossomas 5 e 15 e trissomia e tetrassomia do cromossoma 9, em 67% das células analisadas, característico de um sub-grupo de Mielomas Múltiplos (Hiperdiplóides). Imunofenotipagem das células da MO - Infiltração por Plasmócitos (14%), representados quase exclusivamente por plasmócitos anormais, sugestivo de Mieloma Múltiplo. Face à intensidade das queixas dolorosas, consequentes às múltiplas lesões osteolíticas vertebrais, iniciou pulsos de Dexametazona 40 mg/dia de 5/5 dias. A doente foi, entretanto, orientada para o IPO-Porto para subsequente terapêutica com Bortezomib, Vertebroplastia e Radioterapia dirigida à coluna vertebral e proposta para ulterior realização de autotransplante. Conclusão: Este caso clínico realça a importância da interacção entre clínica e laboratório para o diagnóstico das patologias Hemato-Oncológicas. A Electroforese sérica continua um importante exame para o diagnóstico das Gamapatias Monoclonais, contudo os M.M. de cadeias leves nem sempre têm expressão a nível sérico, podendo o traçado eletroforético ser completamente Normal. A possibilidade de estarmos perante um MM de cadeias leves, não deve ser esquecida num contexto clínico de dores ósseas ou achado radiológico de lesões osteolíticas, devendo o estudo laboratorial ser prosseguido com Electroforese urinária, entre outros MCDT, de primordial importância para o diagnóstico definitivo.

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PUB7 - ESTUDO DA EXPRESSÃO DO CD200 NA LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÓNICA B I Godinho1, ME Sousa1; S Cardoso1; C Palmeira1; A Pires1; C Mendes1; G Martins1 1Instituto Português de Oncologia - Porto A Leucemia Linfocítica Crónica B (LLC-B) é uma doença linfoproliferativa clinicamente heterogénea caracterizada por uma proliferação de pequenos linfócitos B monoclonais, cujo estudo imunofenotípico é indispensável para o diagnostico e classificação. Em situações de LLC-B com fenótipo atípico, esta pode confundir-se com outros síndromes linfoproliferativos do tipo B (SLP-B), nomeadamente o Linfoma das Células do Manto (LCM). O LCM é uma entidade distinta, mais agressiva, com fenótipo semelhante ao da LLC-B que também pode apresentar uma linfocitose CD19+/CD5+, cujo diagnóstico deve ser confirmado pela presença da translocação t(11:14). As células patológicas da LLC-B expressam uma glicoproteína de membrana (CD200) que é referida como sendo importante no diagnóstico diferencial destas doenças. Utilizando a técnica de Citometria de Fluxo, avaliou-se a expressão do CD200 em células neoplásicas de 41 doentes com SLP-B, tendo sido positivas nos 21 casos de LLC-B e em 4 casos de SLP-B CD5-. Assim, a incorporação do CD200 no painel de rotina do estudo imunofenotípico dos SLP-B parece útil no diagnóstico diferencial rápido dos SLP-B CD5+.

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PUB8 - LEUCEMIA MIELOMONOCÍTICA CRÓNICA: A PROPÓSITO DE UM CASO Marta Souto1, Manuel Cunha2; Pedro Botelho1; Marisol Guerra2; Margarida Inácio2; Osvaldo Moutinho1; Rosário Pinto Leite1 1Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro, Serviço de Genética,Laboratório de Citogenética; 2Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro A leucemia mielomonocítica crónica (LMMC) é uma doença hematológica de difícil classificação devido às suas características clínicas e à sua evolução. Inicialmente, de acordo com a classificação FAB, a LMMC era englobada nos síndromes mielodisplásicos. Desde 2008, com a classificação WHO, este tipo de leucemia é incluído numa nova categoria: as doenças mielodisplásicas / mieloproliferativas. Por vezes é difícil o diagnóstico diferencial com LMC, só conseguido pela genética. Cerca de 20-40% dos pacientes apresentam anomalias cromossómicas, geralmente associadas a mau prognóstico. Caso clínico: Paciente do sexo masculino nascido em 1941 e diagnosticado de LMMC em 1999 ( excluído BCR/ABL por FISH). Em 2008 fez estudo citogenético em medula óssea. Todo o procedimento técnico até à obtenção de metáfases foi realizado de acordo com os protocolos de rotina no laboratório. O cariótipo obtido foi:46,XY,der(5)t(1;5)(q44;q31)del(5)(q14q31),t(15;22). O resultado foi confirmado pela técnica de FISH com sondas subteloméricas (VYSIS). Agora, dois anos depois, permanece assintomático, com 11 anos de diagnóstico e com esplenomegalia de 19cm, leucocitose de 60.000/µl com um esfregaço sugestivo de leucemia mieloide crónica e com hemoglobina e plaquetas normais. Descreve-se o caso pela estabilidade clínica e analítica inabituais em LMMC com leucocitose marcada e alteração complexa do cariótipo, que curiosamente envolve o cromossoma 22 na região do BCR.

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PUB9 - DOENÇA DE CASTLEMAN COM APRESENTAÇÃO CUTÂNEA: CASO CLÍNICO Sandra Custódio1, Ana Joaquim1; Belén Vidriales2 1Serviço de Oncologia, Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga / Serviço de Hematologia, Hospital Clínico Universitario de Salamanca; 2Serviço de Hematologia, Hospital Clínico Universitario de Salamanca A doença de Castleman é uma doença linfoproliferativa de células B caracterizada por hiperplasia linfoide angiofolicular. É uma doença rara, e o envolvimento cutâneo ainda mais raro. Trata-se de um doente de 24 anos, sexo masculino, com antecedentes de rim único direito (causa pós-obstrutiva), esófago de Barret e défice de IGA. Aos 22 anos apresentou quadro cutâneo-mucoso compatível com toxicodermia com fraca resposta a corticoterapia (prednisona 0,5mg/kg/dia). Realizou biopsia cutânea sugestiva de queratose liquenoide crónica, pelo que foi aumentada dose de prednisona (1mg/kg/dia), com alguma melhoria clínica. Cinco meses após inicio do tratamento, e por manutenção das lesões, foi realizado novo estudo que permitiu diagnóstico definitivo de pênfigo paraneoplásico, variedade liquenoide. Neste contexto, e por apresentar adenopatias cervicais ao exame objectivo, realizou biopsia de adenopatia que revelou tratar-se de doença de Castleman multicêntrica, pelo que foi enviado a consulta de Hematologia. Nesta altura, apresentava ao exame físico: placas eritematosas, descamativas, de aspecto seborreico em toda a superfície cutânea sem poupar palmas e plantas; múltiplas erosões e placas de aspecto liquenoide na mucosa oral; adenopatias latero-cervicais e supraclaviculares com diâmetro máximo de 3cm. Estudo com gamagrafia com gálio revelou depósitos patológicos em adenopatias axilares e supraclaviculares direitas. Após discussão do caso em sessão clínica, completou 6 ciclos de tratamento com R-CHOP com resposta adenopática completa, mas sem resposta cutânea. Simultaneamente, manteve corticoterapia com períodos de melhoria e re-agudizações com diminuição das doses. Actualmente, aguarda nova discussão em sessão clínica para decisão de atitude terapêutica. Este caso é digno de realce, pela apresentação cutânea exuberante inespecífica, dificultando o diagnóstico definitivo. Nestes casos a resposta ao tratamento com quimioterapia convencional e com anticorpos monoclonais é pobre e o prognóstico reservado.

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PUB10 - LINFOMAS CUTÂNEOS PRIMÁRIOS: EXPERIÊNCIA DE DUAS CONSULTAS MULTIDISCIPLINARES E PROPOSTA DE CRIAÇÃO DO GRUPO PORTUGUÊS DE LINFOMAS CUTÂNEOS Margarida Lima1, Rosário Alves2; Maria Fernanda Sachse3; Mariana Cravo3; António de Almeida4 1Hospital Geral de Santo António, Centro Hospitalar do Porto; 2Serviço de Dermatologia e Consulta Multidisciplinar de Linfomas Cutâneos, Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto; 3Serviço de Dermatologia, IPO de Lisboa Francisco Gentil; 4Departamento de Hematologia - IPO Lisboa Os Linfomas Cutâneos (LC) são um grupo muito heterogéneo de doenças linfoproliferativas raras. Distinguem-se dos restantes linfomas pelas suas características biológicas, manifestações clínicas, prognóstico e tratamento, o que tem justificado a existência de propostas de classificação distintas e abordagens terapêuticas diversas. Nos Estados Unidos, a incidência de LC foi estimada em 11.4 casos /milhão de habitantes /ano e há evidência de um aumento nos últimos anos. Na Europa, os estudos existentes apontam para uma incidência semelhante. No relatório da Orphanet, de 2008, a prevalência foi estimada em 83 casos/milhão de habitantes. Em Portugal não existem dados epidemiológicos filedignos. Para uma população residente de 11 milhões de habitantes, estimamos que existam cerca de 1000 casos e que surjam cerca de 100 novos casos / ano. O diagnóstico dos LC, baseado na clínica e nos estudos histológico, fenotípico e molecular, é frequentemente difícil e a abordagem terapêutica é muitas vezes complexa. Assim, são óbvias as vantagens de um trabalho multidisciplinar que conjugue a experiência clínica de Hematologistas e Dermatologistas, com o apoio de áreas laboratoriais diferenciadas. Em País só existem duas consultas multidisciplinares de LC: uma no Hospital de Santo António, Centro Hospitalar do Porto (CMLC), e outra no Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil de Lisboa (CGLC). Ambas têm uma vasta experiência no diagnóstico, tratamento e seguimento de LC. A CMLC foi criada em 2003, está certificada desde 2004 e foi registada na Orphanet. Entre 2003 e 2009 foram efectuadas 1852 consultas (169 primeiras e 1689 de seguimento) e o número de consultas / ano tem aumentado progressivamente (2003 – 98; 2009 – 357; média de 24 primeiras consultas / ano). A CGLC foi criada em 1999 e entre 1999 e 2009 foram efectuadas 2001 consultas. O número e consultas tem vindo a aumentar progressivamente, de 20 em 1999 a 417 em 2009. De momentos são seguidos um total de 170 doentes na CGLC. Conscientes das múltiplas vantagens de uma abordagem multidisciplinar a multiprofissional dos LC, estes dois centros estão a desenvolver esforços à criação de um “Grupo Português de Linfomas Cutâneos” (GPLC) aberto à participação de especialidades médicas e não médicas que estudam e tratam estes doentes.

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PUB11 - LINFOMA DE HODGKIN VS LINFOMA NÃO-HODGKIN? C Viveiros1, H Martins1; M Neves1; S Valle1; C Lopes1; G Esteves1; C Ferreira2; S Matos3; S Santos3; J Raposo1; J Alves do Carmo1 1Serviço de Hematologia e Transplantação de Medula - Centro Hospitalar Norte, EPE - Hospital Santa Maria; 2Serviço de Anatomia Patológica - Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital Santa Maria; 3Genomed – Diagnósticos de Medicina Molecular – Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Por vezes o diagnóstico entre Linfoma de Hodgkin e não Hodgkin é difícil do ponto de vista morfológico e imunohistoquímico. Os autores apresentam um caso clínico de uma doente do sexo feminino, 49 anos, com aparecimento em Outubro de 2009 de nódulo axilar direito com 4 cm de diâmetro, móvel, indolor, de consistência elástica, com cerca de 5 meses de evolução. Sem qualquer tipo de sintomatologia acompanhante ou alterações dos parâmetros analíticos relevantes. Realizou Citologia Aspirativa do respectivo nódulo que foi sugestiva de Linfoma de Hodgkin. Na Biópsia Ganglionar foi efectuado o diagnóstico de Linfoma de Hodgkin clássico, celularidade mista, segundo critérios morfológicos e de imunofenótipo das células neoplásicas. Após estadiamento da doença (estádio IA de Ann-Harbor) iniciou quimioterapia com esquema ABVD tendo completado 3 ciclos. Seis meses após o diagnóstico por sinais inflamatórios locais e parâmetros analíticos inflamatórios persistentes foi submetida a desbridamento cirúrgico com linfadenectomia. A peça de linfadenectomia mostrou “proliferação de células linfóides grandes com núcleos vesiculosos e vários nucléolos; numerosas células bi ou multinucleadas, algumas com morfologia de células de Reed-Sternberg; no estudo imunohistoquímico: positividade para CD20; imunomarcação variável para LCA e em menor nº para CD30; negatividade para CD15 e CD3, ki67 elevado”, sendo compatível com o diagnóstico de Linfoma Não-Hodgkin, difuso de células grandes B, CD20+, estádio IA, IPI=1. Atendendo a esta evolução atípica foi efectuado estudo molecular da primeira amostra ganglionar na qual se detectou a presença de gene de fusão BCL2-JH – t(14;18) (q32;q21) por PCR e ausência de clonalidade B (ausência de rearranjo clonal dos genes IGH e IGK), tendo sido estes resultados sobreponíveis na segunda amostra. Iniciou quimioterapia com esquema R-CHOP, com resposta parcial após 6 ciclos, posteriormente esquema R-GEMOX, 6 ciclos com resposta parcial, radioterapia local, 2 ciclos de esquema mini-BEAM com resposta completa, estando actualmente proposta para transplante alogénico de dador não relacionado. Este caso ilustra a modificação da expressão fenotipica das células linfóides malignas, demonstrando a plasticidade da linhagem celular, que é um dos novos conceitos aceites na última classificação da Organização Mundial de Saúde.

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PUB12 - UTILIZAÇÃO DA IMAGEM POR MICROSCOPIA DIGITAL NA CONTAGEM DIFERENCIAL DE LEUCÓCITOS NA PATOLOGIA ONCO-HEMATOLÓGICA Teresa Sousa. Serviço de Hematologia Laboratorial1, Cristina Silva. Serviço de Hematologia Laboratorial1; Carlos Mendes. Serviço de Hematologia Laboratorial1 1Instituto Português de Oncologia FG, EPE - Porto INTRODUÇÃO Nos doentes com patologia hemato-oncológica o exame da morfologia do sangue periférico continua a ter um papel preponderante quer no diagnóstico quer no seu seguimento. Recentemente, tem-se verificado um grande desenvolvimento tecnológico na área de microscopia digital do sangue periférico surgindo vários equipamentos no mercado. O CellaVision DM96 é um equipamento que associa a microscopia com a análise digital automática. As imagens captadas são classificadas sendo posteriormente revistas e validadas por profissionais experientes. A possibilidade de obter contagens diferenciais leucocitárias por tratamento digital de imagem, coloca os laboratórios de hematologia numa nova era. OBJECTIVO Pretende-se avaliar a eficácia do equipamento CellaVision DM 96 na avaliação de diferentes patologias hemato-oncológicas e a sua utilidade na rotina diária de um laboratório de hematologia num hospital oncológico. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilisadas amostras de sangue periférico de 75 doentes com patologia hemato-oncológica (Leucemias Agudas, Síndromes Mielodisplásicos , Síndromes Mielopro-liferativos). Foi realizada a contagem diferencial por microscopia óptica em paralelo com a microscopia digital no CellaVision DM96. Avaliou-se a performance do equipamento CellaVision em reconhecer e classificar as células blásticas e os granulócitos imaturos quando comparada com o método manual (método de referência). RESULTADOS O CellaVision apresenta uma elevada sensibilidade na detecção de células blásticas. Após a reclassificação e validação das imagens digitais existe uma elevada correlação entre o método manual e a microscopia digital. CONCLUSÃO O Cellavison demonstrou ser um equipamento com muita utilidade no diagnóstico e seguimento de doentes com patologia hemato-oncológica.

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PUB13 - LEUCEMIA MEGACARIOBLÁSTICA AGUDA – PROBLEMAS DIAGNÓSTICOS Paula Rocha1, Manuela Benedito; Manuel João Brito; Cristina Menezes; Manuela fortuna; M. Letícia Ribeiro2 1Hospital de S. Teotónio; 2Unidade de Hematologia-Oncologia do Hospital Pediátrico de Coimbra Introdução: A leucemia megacarioblástica aguda é um subtipo de leucemia mielóide aguda [LMA-M7 pela classificação FAB- (French-American-British)], caracterizada por pelo menos 50% dos blastos serem da linhagem megacariocítica. Tem uma distribuição bifásica – no adulto e em crianças <3 anos. Corresponde a 3-10% das LMA na criança, sendo a forma mais comum de LMA associada ao Síndroma de Down. A clínica, morfologia e citogenética são heterogéneas. O prognóstico é reservado, excepto nos casos com t (1;22) (exclusiva da criança). Caso clínico: Criança do sexo feminino, com 2 anos e meio de idade, previamente saudável, que recorre ao Serviço de Urgência por púrpura, anorexia e febrícula, com um mês de evolução e agravamento progressivo. Na observação tinha palidez, além de petéquias e equimoses. Hb 7,4g/dl; leucócitos 5,23x109/L (neutrófilos 1,6x109/l) plaquetas (PLT) 10x109/L. O esfregaço de sangue periférico mostrava anisocitose, eritroblastos ocasionais, alguns linfócitos activados e raras células de morfologia atípica. Hipótese diagnóstica de leucemia aguda, mas o medulograma foi inconclusivo - amostra diluída com raros ninhos de células com características de imaturidade, não classificadas por Imunofenotipagem (IF). Apesar de terapêutica transfusional, manteve trombocitopenia severa (PLT:2x109/L), que persistiu após tratamento com Imunoglobulina. Surgiram lesões cutâneas compatíveis com varicela, e após resolução desta intercorrência, mantinham-se as alterações hematológicas. Repetiu medulograma – sugestivo de LMA-M7, diagnóstico confirmado por IF; o estudo citogenético revelou – 46XX, del (3) (p21), t (9;11) (p22;q23, +19, -20, +mar [30]). Nesta altura apresentava já resposta adequada á transfusão de plaquetas. Iniciou então protocolo de quimioterapia (AML-15), que decorreu sem complicações de maior.A avaliação medular após o 2º ciclo de indução, mostrava infiltração por cerca de 30% de blastos, dispostos em ninhos, semelhantes aos iniciais. O estudo por FISH revelou 16% das células com o rearranjo no gene MLL. Reindução com o protocolo FLAG-IDA (a decorrer). Discussão: A LMA-M7 é uma patologia rara, numa criança previamente saudável, sem síndrome de Down. A intercorrência infecciosa poderá ter condicionado o atraso no diagnóstico? A trombocitopenia severa, sem resposta transfusional, seria secundária a uma destruição imune das plaquetas no contexto de uma infecção vírica, dado ter melhorado com a resolução deste quadro?O cariótipo revelou a presença da t (9;11), frequentemente associada a LMA com componente monocítico, nesse caso com bom prognóstico. Não está, no entanto, descrita na leucemia aguda megacarioblástica. A presença do rearranjo do gene MLL, associado à ausência da t(1;22), condicionam a doença refractaria nesta doente?

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PUB14 - ANÁLISE RETROSPECTIVA DO ACHADO DE PICO MONOCLONAL EM PROTEINOGRAMAS DE ROTINA. Carla Fernandes1, Paula Gouveia2; Andreia Monteiro2; Sofia Almeida2; Ana Macedo3 1Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade da Beira Interior; 2Centro Hospitalar Cova da Beira. Universidade da Beira Interior; 3Hospital de Faro. Universidade da Beira Interior. Introdução: As gamapatias monoclonais constituem um grupo heterogéneo de patologias, caracterizado pela proliferação monoclonal de plasmócitos que produzem e secretam imunoglobulina ou fragmentos desta. Na maioria das vezes, trata-se de uma entidade benigna, usualmente referida como gamapatia monoclonal de significado indeterminado, contudo, esta pode evoluir para uma situação mais grave como o mieloma múltiplo ou outras gamapatias malignas. A detecção de componente monoclonal através de electroforese e a identificação por imunofixação sérica e/ou urinária de rotina são fundamentais para o seu diagnóstico, dada a variabilidade de manifestações clínicas. Objectivo: O objectivo deste estudo é caracterizar e salientar a importância da componente laboratorial no diagnóstico das gamapatias monoclonais como primeiro passo para a detecção de proliferação maligna de plasmócitos. Métodos: Efectuou-se uma análise retrospectiva das electroforeses e imunofixações realizadas no Serviço de Patologia Clínica durante o ano de 2009. Resultados: Neste estudo, foram incluídos 3407 indivíduos, 1983 (58,2%) do sexo feminino e 1424 (41,8%) do sexo masculino, com uma idade média de 65 anos. Durante o ano de 2009, a incidência de picos monoclonais foi de 3,55%. Os serviços de Hematologia e de Medicina Interna foram os que detectaram o maior número de picos monoclonais. Do total de indivíduos com componente monoclonal, 74 (61,2%) eram do sexo masculino e 47 (38,8%) do sexo feminino, apresentando uma idade média de 72 anos. A incidência das cadeias pesadas foi de 59,5% para IgG, 22,4% para IgM e por último 15,6% para IgA. Em relação às cadeias leves, a incidência de kappa foi de 62% e de lambda 38%. Em 5 indivíduos foram detectados picos biclonais, tendo-se obtido uma incidência de 4,13%. Conclusão: A electroforese de proteínas pode ser considerada um bom método de triagem para detecção precoce de gamapatias monoclonais e a imunofixação para confirmação diagnóstica e para a caracterização das gamapatias monoclonais.

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PUB15 - POTENCIAL TERAPÊUTICO DO BATIMASTAT NO MIELOMA MÚLTIPLO – ESTUDO PRELIMINAR EM CÉLULAS EM CULTURA Ana Sofia Pais1, Ana Cristina Gonçalves2; Catarina Geraldes3; Vera Alves1; Manuel Santos Rosa1; Ana Bela Sarmento Ribeiro2 1Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra; 2Centro de Investigação Meio-ambiente, Genética e Oncologia (CIMAGO), Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra; 3 Hospital da Universidade de Coimbra O Mieloma múltiplo (MM) é uma neoplasia das células B que representa 1% de todas as neoplasias e 15% das neoplasias hematológicas. Os doentes apresentam normalmente expansão clonal de plasmócitos neoplásicos na medula óssea (MO), elevação de imunoglobulinas séricas, lesões osteolíticas, insuficiência renal, anemia e hipercalcémia. O primeiro evento patogénico é uma gamapatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS). Na evolução para MM ocorrem alterações genéticas e/ou epigenéticas complexas no plasmócito neoplásico e no microambiente da medula óssea. Contudo, muitos dos processos biológicos que ocorrem no MM continuam por esclarecer. Interacções complexas entre as células do MM e o microambiente medular podem desempenhar um papel importante na iniciação e evolução da doença, incluindo a indução da angiogénese, a supressão da imunidade celular e o envolvimento em múltiplas vias de sinalização celular mediadas por citocinas, como a interleucina 6 e o factor de crescimento do endotélio vascular (VEGF). A interacção resultante entre as células de MM, as células do estroma da MO e os microvasos contribuem para a persistência da neoplasia e resistência à terapêutica. As metaloproteinases têm um papel crucial na remodelação óssea (lesões osteolíticas) e na invasão tumoral, podendo ser um novo alvo terapêutico no MM. O conhecimento da biologia do MM tem permitido o desenvolvimento de novas terapêuticas, sendo de salientar o bortezomib, um inibidor do proteasoma e os imunomoduladores/antiangiogénicos, talidomida e lenalidomida. Contudo, é importante investigar outras estratégias terapêuticas direccionadas especificamente para um alvo molecular que permita uma abordagem terapêutica dirigida e, consequentemente, mais personalizada às necessidades de cada doente. O nosso principal objectivo é avaliar o potencial terapêutico de um inibidor de metaloproteinases (MMP), o batimastat (BB-94), numa linha celular de mieloma múltiplo em cultura. Para este efeito, células de uma linha celular de MM, NCI-H929 [H929], foram cultivadas na ausência e na presença de diferentes concentrações do inibidor de MMP, batimastat (BB-94), por diferentes períodos de tempo. A viabilidade celular foi determinada pelo teste de alamar blue e o tipo de morte celular por citometria de fluxo usando anexina V e iodeto de propídeo. Os nossos resultados preliminares mostram que o BB-94 tem um efeito antiproliferativo e citotóxico, nas células de MM, que parece ser independente da dose numa ampla gama de concentrações do fármaco (IC50 = 1 a 5 µM), induzindo morte celular preferencialmente por apoptose. Este estudo preliminar sugere que o inibidor das metaloproteinases Batimastat, poderá constituir uma nova abordagem terapêutica no Mieloma Múltiplo.

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PUB16 - TRATAMENTO DA ANEMIA FERROPÉNICA: PRÁTICA CLÍNICA NUMA ÁREA GEOGRÁFICA DE PORTUGAL Mariana Martins1,: Diana Brito1; Ana Macedo2 1Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade da Beira Interior; 2Hospital de Faro. Universidade da Beira Interior. A deficiência de ferro e a anemia ferropénica constituem um problema nutricional comum, afectando, aproximadamente, 2 biliões de pessoas em todo o Mundo. O objectivo deste estudo foi avaliar qual a situação real numa área geográfica concreta do país quanto ao tratamento da anemia ferropénica. Este estudo retrospectivo consistiu na aplicação de um questionário anónimo onde constam perguntas referentes à caracterização da amostra - especialidade de cada médico inquirido, respectivo ano de término da especialidade e local de exercício de profissão – e questões relativas ao conhecimento e administração dos suplementos de ferro, suas formulações e dosagens, assim como sobre os critérios aplicados quanto à duração e fim do tratamento. Com uma amostra total de 51 médicos concluiu-se que não há concordância de critérios entre os especialistas da região quanto à opção terapêutica em relação às questões formuladas. Desta forma, a maioria dos inquiridos referiu conhecer (96,1%) e utilizar (82,4%) mais frequentemente o sulfato ferroso + ácido fólico, preferindo a formulação em comprimidos (35,3%), prescrevendo este composto na dose terapêutica mas, o mesmo não acontecendo para vários dos demais compostos. Afirmaram, ainda, tratar uma anemia moderada durante um período de tempo de 3 a 6 meses mas sem correcta avaliação de fim do tratamento. Os nossos resultados evidenciam que, de uma forma geral, a anemia ferropénica está a ser relativamente bem tratada na nossa região, apesar de se terem constatado algumas deficiências na posologia prescrita.

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SOCIEDADE PORTUGUESADE HEMATOLOGIA

reuniãoanual

11a13.NOVTRÓIA CENTRO DE CONGRESSOS

SPH2010

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AA, PEREIRA PO 93 ABREU, GABRIELA PO 91 AFONSO, CELINA PO 97, PO 32 AFONSO, RUI PO 40, PO 58 AGUIAR, ELIANA PO 89, CO 18 ALAIZ, HELENA PO 81 ALMEIDA, A. PO 100, PO 101 ALMEIDA, ANTÓNIO DE PUB 10, PO 10, PO 12, PO 6 ALMEIDA, A PUB 6 ALMEIDA, CRISTINA FERREIRA DE CO 21 ALMEIDA, HELENA PO 53, PO 54 ALMEIDA, MARTA PO 27, PO 37, PO 102, CO 11 ALMEIDA, SOFIA PUB 14 ALMEIDA, SÉRGIO CO 9 ALVAREZ, R PO 80 ALVES, I PO 74 ALVES, ROSÁRIO PUB 10, PO 75 ALVES, VERA PUB 15, PO 30, PO 5, PO 41 ALVES, V PO 70 AMADO, ANA PUB 3 AMANTEGUI, PATRICIA PO 52, PO 42 AMBRÓSIO, ANA PAULA PO 72 AMIL, MARGARIDA PO 67 ANDRADE, JOAQUIM PO 60 ANDRADE, MARIA R. PO 68 ANTUNES, MANUEL PO 69 ANTUNES, MARIA INÊS PUB 3 ARAUJO, CARLA CO 16, PO 19, PO 21 ARAUJO, LUIS FRANCISCO PO 84 ARAÚJO, CARLA CO 15 ARAÚJO, LUÍS FRANCISCO PO 103 ARAÚJO, RUTE PO 38 AUGUSTO, LAURA PO 67 AZEVEDO, ROSA PO 87 BADIOR, MARGARIDA PO 89, CO 18, PO 11 BADIOR, M CO 5 BALDAQUE, I CO 20 BARBOT, JOSE CO 23, PO 90, CO 21 BARBOT, J PO 95 BARREIRA, ROGÉRIO PO 63, PO 64, PO 61 BARREIROS, TANIA MARIA DOS REIS PO 105 BASTOS, LIMA PO 28, CO 15, PO 19 BATISTA, P. PO 100 BENEDITO, MANUELA PO 2, PO 84 BENTO, CELESTE PO 91, PO 53, PO 54, CO 24, PO 85, PO 63 BENTO, C PO 92 BERGANTIM, RUI CO 21, PO 60, PO 11, CO 11 BERGANTIM, R CO 5 BINI-ANTUNES, MARIKA CO 23, PO 18, PO 66, PO 67, PO 71, PO 65 BIZARRO, SUSANA PO 78, PO 102 BOAVENTURA, ISABEL PO 47 BOTELHO, FRANCISCO CO 21 BOTELHO, PEDRO PUB 8 BRANCO, ANA PAULA PO 107 BRANCO, ANA PO 106

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BRITO, DIANA PO 42, PUB 16 BRITO, MANUEL PO 2, PO 84 BROCHADO, MANUELA PO 60 BUJOR, LAURENTIU PUB 3 C., BENTO CO 2 C., MENEZES CO 2 C.MARTINS PO 59 C.PONTE PO 94 CABRAL, RENATA PO 38 CAETANO, GC PO 77 CAETANO, GONÇALO C. PO 103 CAETANO, GONÇALO PO 85 CAETANO, J. PO 79 CAETANO, JOANA PO 39 CALDAS, JOANA CO 12 CALDAS, J CO 10, CO 3 CAMACHO, O CO 20 CAMBOA, TIAGO PO 109 CAMPILHO, A CO 17 CAMPILHO, FERNANDO PO 102 CAMPILHO, F CO 20 CAMPOS, A CO 17, CO 20 CAMPOS, C CO 5 CAMPOS, M. FRANÇA; A. MOTA; C. GONÇALVES; L.PINHO; L. XAVIER; R.COUTINHO; C. CASAIS; J. COUTINHO; C. VASCONCELOS; M. PO 31 CAMPOS, MANUEL PO 38, PO 18, PO 66, PO 67 CANCELA, JOANA PO 71 CAPELA, RITA SUSANA SOARES CO 31 CARANDE, L CO 10 CARDA, J. PO 7 CARDA, JOSÉ PO 40, CO 9 CARDOSO, DIDIA CATARINA MOTA PO 118 CARDOSO, S PUB 7 CARGALEIRO, CARLOS PO 112 CARMO, J ALVES DO PUB 11, CO 8, CO 13, PO 9, CO 5, CO 19 CARMO, J. ALVES PO 59 CARMO, JOÃO ALVES DO PO 73, PO 33 CARNEIRO, ANA CO 18 CARNEIRO, A CO 1 CARVALHAIS, INÊS PO 91, PO 53, PO 54, CO 18 CARVALHO, DINA PO 28, PO 29 CARVALHO, D CO 6, PO 26, CO 7 CARVALHO, FILIPA PO 5 CARVALHO, JOÃO ANDRÉ PO 5 CARVALHO, RITA PO 112 CARVALHO, S. PO 100, PO 101 CASAIS, CLÁUDIA PO 38 CASTRO, CARLA PO 19 CASTRO, I CO 1 CATARINO, LILIANA PO 116, CO 32 CERQUEIRA, OLINDA PO 110 CERVEIRA, NUNO PO 78, PO 102 CHACIM, SERGIO PO 45 CHACIM, S PO 43, CO 5, PO 95, CO 6, CO 17, PO 25, PO 26, CO 7, PO 46 CHACIM, SÉRGIO PO 51, PO 28, PO 29, PO 49, PO 48

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CHAPARRO, PILAR BRITO PO 111, CO 30 CLETO, ESMERALDA PO 90 CONSTANÇO, MARIA DA CONCEIÇÃO PINTO PO 68 CONSTANÇO, MC CO 5 CORREIA, ANA RITA PO 115 CORREIA, ANABELA CO 25 CORREIA, CECÍLIA PO 78, PO 102 CORREIA, HILDEBERTO PO 72 CORREIA, MARTA PO 105 CORTESÃO, EMÍLIA PO 40, CO 9 COSTA, ALICE PO 89 COSTA, ANTÓNIO BRAGA DA PO 15 COSTA, ANTÓNIO BRAGA PO 22 COSTA, BRAGA DA PO 44 COSTA, C. PO 100, PO 101 COSTA, C CO 5 COSTA, EMÍLIA PO 90 COSTA, E PO 95 COSTA, FATIMA CO 12 COSTA, FERNANDO LEAL DA PO 47 COSTA, F CO 14, CO 10, CO 3, PO 82 COSTA, ISABEL PO 16, PO 83 COSTA, I CO 14, CO 10, PO 50, PO 82 COSTA, JOANA SIMÕES PO 10 COSTA, LILIANA PO 112 COSTA, MARIA JOÃO PO 6 COSTA, MJ CO 8, CO 13, PO 9 COSTA, RUI PEDRO PO 22, PO 15, PO 44 COSTA, SÓNIA PO 30 COSTA, VITOR CO 11 COUCELO, MARGARIDA PO 85 COUTINHO, JORGE PO 38, PO 67, PO 75 COUTINHO, RITA PO 75 COUTO, ELISABETE PO 27, PO 37 COUTO, JANAINA PO 105 COUTO, MARGARIDA PO 67 COUTO, NUNO PO 28, PO 29 COUTO, N CO 6, CO 17, PO 25, PO 26, CO 7 CRAVO, MARIANA PUB 10 CRUZ, E CO 10 CUNHA, JOANA VAZ DA PO 71 CUNHA, JOANA VAZ PO 22 CUNHA, JOANA PO 15, PO 44 CUNHA, MANUAL PO 71 CUNHA, MANUEL PO 22, PO 15, PO 44, PUB 8, PO 47 CUSTÓDIO, SANDRA PUB 9, PO 76 CÉSAR, RAQUEL GUILHERME; PAULA PO 58 DARIES, NATHALIE CO 24 DIAKITE, MANDIOU CO 24 DIAMOND, JOANA PO 12 DIAS, ORTÉLIA PO 116, CO 32 DOMINGOS, NATACHA PO 13 DOMINGUES, CÁTIA PO 30 DOMINGUES, NELSON CO 16, PO 51, PO 28, PO 23, CO 15, PO 49, PO 24, PO 45, PO 19, PO 20, PO 21, PO 47, PO 48

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DOMINGUES, N PO 43, CO 6, PO 25, PO 26, CO 7, PO 46 DOMINGUES, SARA PO 64 DUARTE, HUGO PO 86 DUARTE, MARTA CO 23, PO 85, PO 63, PO 64, PO 61 DUARTE, MB PO 77 DUARTE, PAULO CANTIGA PO 56, PO 57 DUARTE, RITA PO 60 DUARTE, X. PO 79 DUARTE, XIMO PO 4 DURAN, J PO 95 E.COSTA PO 55 EIRAS, EDUARDO PO 71 ELIAS, MARIA TERESA MORENO CO 27 ESPADANA, SÉRGIO ALMEIDA, EMÍLIA CORTESÃO, ANA ISABEL PO 3 ESPÍRITO-SANTO, ANA PO 29 ESPÍRITO-SANTO, A PO 43, CO 6 ESTEVES, GRAÇA PO 73, PO 33, PO 47 ESTEVES, G PUB 11, CO 13, PO 9, CO 5 ESTEVINHO, ALEXANDRA PO 85 ESTEVINHO, FERNANDA PO 29 ESTEVINHO, F PO 26, CO 7 F.PEREIRA PO 55 FAJARDO, J. PO 59 FAJARDO, J PO 9 FARIA, ANTÓNIO TRIGO PO 22, PO 15 FARIA, JOAO PO 23, PO 87, PO 19, CO 16, CO 15, PO 24, PO 20, PO 21 FARIA, M CONCEIÇÃO PO 52, PO 42 FARIA, T. PO 79 FARINHA, P CO 14 FAUSTINO, ILDA CO 16, PO 86, PO 23, CO 15, PO 29, PO 24, PO 19, PO 20, PO 21 FAUSTINO, I CO 6, PO 25, PO 26, CO 7 FELÍCIO, MARTA PO 110 FERNANDES, CARLA PUB 14 FERNANDES, SUSANA CO 21 FERNANDES, T CO 14, CO 5, CO 10, PO 50, CO 3, PO 82 FERREIRA, A. PO 59 FERREIRA, ANA MARIA LOPES PO 104 FERREIRA, C PO 74, PUB 11, PO 26 FERREIRA, FRANCISCA ELISA DE OLIVEIRA PO 118 FERREIRA, FÁTIMA CO 21 FERREIRA, GILDA PO 69 FERREIRA, G CO 14, CO 10, CO 3 FERREIRA, IC PO 43, CO 5, CO 6, PUB 1, PO 25 FERREIRA, ISABEL CRISTINA RODRIGUES PO 45 FERREIRA, ISABEL CRISTINA PO 51, PO 28, PO 29, PO 49, PO 48 FERREIRA, ISABELINA PO 81 FERREIRA, I CO 7, PO 46 FERREIRA, JOANA PO 63 FERREIRA, J CO 14 FERREIRA, MARTA CO 16, PO 23, CO 15, PO 24, PO 109, PO 19, PO 20, PO 21 FERREIRA, PATRÍCIA PO 61 FERREIRA, R BRANCA CO 17, CO 20 FERRÃO, A PO 92 FIDALGO, TERESA PO 99, CO 22 FIGUEIREDO, A PO 9

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FONSECA, DANIEL PO 87 FONSECA, MAFALDA PO 18, PO 66 FONSECA, M PUB 6 FONSECA, SONIA PO 71, PO 18, PO 66, PO 65 FONTES, FILIPA PO 5 FRADE, M J PO 70, PO 80, PO 88, PO 35 FRANCISCO, L PO 77 FRANÇA, DANIELA CLARA SILVA CO 31 FRANÇA, SOFIA CO 28 FREITAS, ORQUÍDEA PO 65 G, CAETANO PO 93 G., CAETANO CO 2 GABRIEL, HELENA PO 14 GAMEIRO, PAULA PO 4, PO 13, PO 39 GAMY, EMILE P CO 24 GERALDES, CATARINA PO 40, PUB 15, PO 36 GERALDES, C CO 5 GERIVAZ, RITA PO 69 GERIVAZ, R CO 14, CO 10 GODINHO, I PUB 7 GOMES, ANA PO 97, PO 32 GOMES, M CO 5, PO 58 GOMES, S. PO 100, PO 101 GOMES, S PO 35 GOMEZ, B. PO 59 GOMEZ, B CO 8, CO 13, PO 9 GONSALVES, ANA PAULA PO 61 GONÇALVES, ANA CRISTINA PUB 15, PO 30, PO 5, PO 41 GONÇALVES, CRISTINA PO 38, PO 75, PO 47 GONÇALVES, C CO 5 GONÇALVES, ELIAS PO 73, PO 33 GONÇALVES, ELSA CO 22 GONÇALVES, MARTA PO 18, PO 66, PO 71, PO 65 GOUVEIA, PAULA PUB 14 GRILLO, ISABEL MONTEIRO PUB 3 GUEDES, CARLA MANUELA PIMENTA PO 108, PO 109 GUERRA, L. PO 59 GUERRA, L PO 9 GUERRA, MARISOL PO 22, PO 15, PO 44, PUB 8 GUIMARÃES, J E CO 1, PO 17 GUIMARÃES, JE CO 5 GUIMARÃES, JOSE EDUARDO PO 89, PO 60, CO 18, CO 21, PO 11 GUIMARÃES, JOÃO TIAGO CO 21 GUIMARÃES, PATRÍCIA PO 89 GUIMARÃES, TERESA CO 11 GUTIÉRREZ, E. CO 23 HENRIQUE, RUI PO 86, PO 28, CO 15, PO 29, PO 49, PO 24, PO 87, PUB 2, PO 45, PO 19, PO 21, PO 48 HENRIQUE, R PO 43, CO 6, PO 25, PO 26, CO 7, PO 46 INOCK, ANA PO 68 INOCK, A CO 5 INÁCIO, MARGARIDA PO 22, PO 15, PO 44, PUB 8 J, AZEVEDO PO 93 J.BARBOT PO 55 J.COUTINHO, C.CASAIS; L.XAVIER; A.MOTA; C.GONÇALVES; L.PINHO; PUB 4, PUB 5

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JARVIS, MARTIN CO 24 JENSEN, E. PO 79 JOAQUIM, ANA PUB 9, PO 76 JORGE, LÉNIA CO 9 JORGE, MARIA MARGARIDA PO 39 JOÃO, C. PO 100, PO 101 JOÃO, C CO 5 JUNCAL, C CO 19 JUNIOR, CAMPOS PO 45 KAEDA, JASPAL CO 24 KAMAL, A. PO 100 KRONBERG, ELENA PUB 6 L.MENDONÇA PUB 4, PUB 5 L.TAVARES PO 94 LACERDA, A. PO 79 LACERDA, J F PO 9, CO 19 LACERDA, J CO 8 LACERDA, T CO 14 LAMAH, JEAN A CO 24 LAU, CATARINA PO 18, PO 66, PO 75, PO 71, PO 65 LEITE, ANA FILIPA PO 107 LEITE, L C PO 26 LEITE, LC PO 43, CO 5, CO 6, PO 25, PO 46 LEITE, LUIS CLAUDIO PO 29, PO 45, PO 51, PO 28, PO 49, PO 48 LEITE, L CO 7 LEITE, RICARDO BAPTISTA PO 32 LEITE, ROSÁRIO PINTO PO 15, PUB 8 LEMOS, RAQUEL PO 8 LEMOS, ROSA DA ASCENSÃO DA SILVA PO 108 LIMA, FERNANDO PO 97, PO 32 LIMA, MARGARIDA PUB 10, PO 18, PO 66, PO 75, PO 71, PO 65 LISBOA, INTITUTO PORTUGUÊS DE ONCOLOGIA, IPOFG PO 100 LISBOA, SUSANA PO 78, PO 102 LM, RIBEIRO PO 93 LOBAO, ML PO 95 LOMBO, LILIANA SOFIA PIRES PO 19 LOMBO, LILIANA CO 16, PO 23, CO 15, PO 24, PO 20, PO 21 LOPES, ALEXANDRA PO 14 LOPES, C. PO 59 LOPES, CONCEIÇÃO PO 73, PO 33 LOPES, C PUB 11, CO 8, CO 13, CO 14, PO 9 LOPES, TELMA MARGARIDA COELHO CO 27 LOUA, KOVANA M CO 24 LOUREIRO, I PUB 6 LOURENÇO, ALEXANDRA PO 16 LOURENÇO, A PO 50 LOURENÇO, F CO 19 LOURENÇO, MARGARIDA PO 62 LOURENÇO, MARTA PO 117 LOURENÇO, MG PO 9 LUCIO, PAULO PO 47 LUZ, BRAZ PO 40 LÚCIO, P. PO 79 M, COUCELO CO 2 M, PANTAROTTO PO 19

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M., DUARTE CO 2 M.BINNI PO 55 MACEDO, ANA PO 52, PUB 14, PO 42, PUB 16 MACEDO, A CO 5 MAGALHÃES, EMÍLIA PO 40 MAGALHÃES, J PO 88 MAGANO, ALDIRO MANUEL OLIVEIRA PO 118 MAIA, IRIS CO 11 MAIA, TABITA MAGALHÃES PO 2, PO 84, PO 99 MANCO, LICÍNIO CO 24 MANSINHO, KAMAL PO 32 MARIANO, MONICA CO 16, PO 23, PO 45, PO 19, PO 20 MARIANO, M PO 43, PO 46 MARIANO, MÓNICA CO 15, PO 24, PO 21, PO 48 MARIZ, JM PO 43, CO 5, CO 6, PO 25 MARIZ, JOSÉ MARIO CO 16, PO 86, PO 51, PO 28, CO 15, PO 49, PO 24, PO 45, PO 21, PO 48 MARIZ, JOSÉ PO 23, PO 29, PO 87, PUB 1, PUB 2, PO 19, PO 20 MARIZ, J PO 26, CO 7, PO 46 MARQUES, ANA RITA PO 106 MARQUES, BÁRBARA PO 72 MARQUES, CATARINA ALEXANDRA RIBEIRO MADEIRA PO 119, CO 26, PO 113, PO 114 MARQUES, CRISTINA CO 21 MARQUES, DALILA CO 22 MARQUES, GILBERTO PO 36, PO 62 MARQUES, HERLANDER PO 27, PO 37 MARQUES, MARGARIDA CO 16, PO 51, PO 28, CO 15, PO 29, PO 49, PO 24, PO 45, PO 19, PO 21, PO 48 MARQUES, MARIA ADÍLIA PO 61 MARQUES, M PO 43, CO 6, PO 25, PO 26, CO 7, PO 46 MARSCHALEK, ROLF PO 78 MARTIN, ANA PO 76 MARTINEZ, JOSE MANUEL FERRER CO 31 MARTINHO, PATRICIA PO 99, CO 22 MARTINS, ÂNGELO CO 16, PO 51, PO 28, PO 23, CO 15, PO 29, PO 49, PO 24, PO 45, PO 19, PO 20, PO 21, PO 48 MARTINS, A CO 6, PO 25, PO 26, CO 7, PO 46 MARTINS, C CO 13, CO 19 MARTINS, GABRIELA PO 51 MARTINS, G PUB 7 MARTINS, HELENA FIGUEIRA PO 73, PO 33 MARTINS, H PO 74, PUB 11 MARTINS, I PO 70, PO 80, PO 88, PO 35 MARTINS, JOANA CO 21 MARTINS, M. PO 100 MARTINS, MARIANA PUB 16 MARTINS, NATÁLIA PO 99, CO 22 MATOS, RUI PO 18, PO 66 MATOS, SARAH PO 102 MATOS, S PO 74, PUB 11 MELO, TERESA CO 23, PO 90, CO 21 MENDES, CARLOS PUB 12 MENDES, C PUB 7 MENDONÇA, L CO 17 MENDONÇA, T PO 70, PO 35

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MENEZES, CRISTINA PO 85 MENEZES, C PO 77 MESQUITA, LIGIA PO 5 MEYER, CLAUS PO 78 MIGUEL, JESUS SAN PO 76 MIGUEL, NATALINA PO 55 MILLIMONO, TAMBA S CO 24 MIRA, HELENA ISABEL MARTINS FADISTA DE PO 115 MIRANDA, SÓNIA FILIPA PO 115 ML, RIBEIRO CO 2 MOITA, F. PO 79 MOITA, FILIPA PO 91, PO 53, PO 54 MONTALVÃO, ANA PO 98, PO 6 MONTEIRO, ANDREIA PO 52, PUB 14, PO 42 MONTEIRO, A CO 14, CO 10 MORAIS, A PO 74, PO 92 MORAIS, NUNO PO 8 MORAIS, SARA PO 18, PO 66 MOREIRA, CLAUDIA PO 23, PO 24, PO 45, PO 19, PO 20, CO 16, PO 51, CO 15, PO 49, PO 21, PO 48 MOREIRA, C PO 43, CO 5, PO 46 MOREIRA, ILIDIA PO 45, CO 16, PO 51, PO 28, CO 15, PO 29, PO 49, PO 24, PUB 1, PUB 2, PO 19, PO 21, PO 48 MOREIRA, I PO 43, CO 6, PO 25, PO 26, CO 7, PO 46 MORENO, R PO 9 MOTA, ALEXANDRA PO 38 MOUCHO, CARLOS CO 9 MOUTINHO, OSVALDO PUB 8 NETO, LARA PO 4, PO 13, PO 39 NEVES, ANABELA PO 72, PO 6 NEVES, J FARELA PO 91 NEVES, JOÃO PO 65 NEVES, MANUEL PO 73, PO 33, PO 56, PO 57 NEVES, M PO 74, PUB 11, CO 8 NORTON, LUCÍLIA PO 78, CO 11 NUNES, A PO 70, PO 80, PO 88, PO 35 OLIM, P. PO 7 OLIM, PATRÍCIA PO 40 OLIVA, TERESA CO 11 OLIVEIRA, A. PO 22 OLIVEIRA, ANA CRISTINA PO 63, PO 64, PO 61 OLIVEIRA, ANA PO 75 OLIVEIRA, ÂNGELO PO 19 OLIVEIRA, A PO 91, PO 53, PO 54, PO 43, CO 7 OLIVEIRA, ELSA CO 25 OLIVEIRA, ISABEL CO 16, PO 51, PO 28, CO 15, PO 29, PO 49, PO 24, PO 45, PO 19, PO 21, PO 48 OLIVEIRA, I PO 43, CO 6, PO 25, PO 26, CO 7, PO 46 OLIVEIRA, NELSON PO 29 OLIVEIRA, SUSANA PO 81 OPINIÃO, A PO 35 ORTEGA, F.R. CO 23 OSÓRIO, ANTÓNIA SILVA PO 115 P.ROCHA PO 94 PAIS, ANA SOFIA PUB 15

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PAIVA, ARTUR CO 9 PALARÉ, MJ PO 92 PALMEIRA, C PUB 7 PALMEIRO, AIDA PO 14 PANTAROTTO, MARCOS CO 16, PO 23, CO 15, PO 24, PO 20, PO 21 PARREIRA, A. PO 79, PO 100, PO 101 PARREIRA, ANTÓNIO PO 12 PARREIRA, A PO 70, PO 80, PO 88, PO 35 PARREIRA, J. PO 79 PARREIRA, JOANA PO 34 PARREIRA, J CO 5, PO 35 PEDROSA, JOÃO PO 117 PEREIRA, A. CO 29 PEREIRA, ALEXANDRA CO 23 PEREIRA, AM CO 5 PEREIRA, AMÉLIA PO 6 PEREIRA, ANA TERESA PO 107 PEREIRA, A CO 5, PO 92 PEREIRA, DULCINEIA CO 16, PO 51, PO 23, CO 15, PO 49, PO 24, PO 45, PO 19, PO 20, PO 21, PO 48 PEREIRA, D PO 43, CO 5, PO 46 PEREIRA, F. PO 79 PEREIRA, JANET PO 53, PO 54, CO 23 PEREIRA, MARCO PO 90 PEREIRA, MARTA ISABEL PO 36, PO 62 PIERDOMENICO, FRANCESCA PO 13 PINA, GRACINDA ROSA TAVARES DE PO 108 PINA, IDÍLIA CO 16, PO 23, CO 15, PO 24, PO 19, PO 21 PINHEIRO, ANA CRISTINA PO 61 PINHEIRO, MANUELA PO 78 PINHO, LUCIANA PO 38 PINTO, ANA CATARINA PUB 1, PUB 2 PINTO, CATARINA SILVA CO 22 PINTO, CATARINA PO 29 PINTO, CSTARINA PO 28 PINTO, C CO 6, PO 25, PO 26, CO 7 PINTO, R CO 1, PO 17 PIRES, A PUB 7 PIRES, JORGE PO 60 PIRES, ROSALIA CO 25 PITREZ, LUENA PO 8 POLO, B PO 9 PORTELA, CATARINA PO 27, PO 37 PORTO, GRAÇA PO 90 POÇAS, ISABEL PO 1, PO 83 PRATA, MARTA PO 1, PO 83 PRIETO, DAVID PO 69 PRÍNCIPE, FERNANDO CO 18, PO 60 PUIG, NOEMI PO 76 PÓVOA, CARLOS PO 103 QUEIROS, MARIA LUIS PO 71, PO 18, PO 66, PO 65 R.VIZCAINO PO 55 RAMOS, MARGARIDA PO 65 RAPOSO, JOÃO PO 73, PO 33, PO 56, PO 57 RAPOSO, J PO 74, PUB 11, CO 8, CO 13, PO 9

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RATH, SILVIA L CO 24 REBELO, UMBELINA PO 91, PO 53, PO 54, CO 23 REGADAS, LUISA PO 38 REICHERT, ALICE PO 97, PO 32 REIS, SILVIA MAGDA SANTOS PEREIRA DOS PO 104 RELVAS, LUIS PO 91, PO 53, PO 54, CO 24 RELVAS, L PO 92 RELVEIRO, FERNANDA PO 112 RENDEIRO, PAULA PO 14, PO 8 RESENDE, R CO 20 RIBEIRO, A PINTO PUB 6 RIBEIRO, ANA BELA SARMENTO PUB 15, PO 30, PO 5, PO 41 RIBEIRO, ANA BELA PO 40 RIBEIRO, ANDRÉ BARBOSA PO 41 RIBEIRO, C PO 95 RIBEIRO, LETÍCIA PO 91, PO 53, PO 54, CO 24 RIBEIRO, M. LETÍCIA PO 85, PO 103 RIBEIRO, M. MANUELA BENEDITO, JOÃO M. BRITO, M. LETÍCIA PO 96 RIBEIRO, MANUELA BENEDITO; MANUEL JOÃO BRITO; CRISTINA MENEZES; MANUELA FORTUNA; M. LETÍCIA PUB 13 RIBEIRO, MARIA LETICIA PO 2, CO 23, PO 84, PO 99, PO 64, PO 63, PO 61, CO 22 RIBEIRO, MJ. PO 79 RIBEIRO, ML PO 77, PO 92 RIBEIRO, PATRICIA PO 16 RIBEIRO, P CO 10, PO 50, CO 3 RIBEIRO, TERESA SEVIVAS, MARIA MANUELA BENEDITO, NATÁLIA MARTINS, M. LETICIA CO 4 RITO, LUIS PO 40 ROCHA, PATRICIA MARLENE RODRIGUES PO 118 ROCHA, PAULA PUB 13, PO 96, PO 3, CO 4, PO 68 RODA, JULIANA PO 84 RODRIGUES, A SILVA PO 1, CO 3 RODRIGUES, ANA PO 28, PO 29 RODRIGUES, ÂNGELO CO 16, PO 86, PO 23, CO 15, PO 20, PO 21 RODRIGUES, A CO 6, PO 25, PO 26, CO 7 RODRIGUES, JOÃO PO 71 RODRIGUES, SOFIA PO 1, PO 83 RODRIGUES, S CO 14, CO 10, CO 3 RODRIGUES, SÍLVIA PO 63 ROSA, MANUEL SANTOS PUB 15, PO 30, PO 5, PO 41 ROSADO, LINO PO 65 SA, MARIA LUZ PO 67 SACHSE, MARIA FERNANDA PUB 10 SALAZAR, ISABEL PO 81 SALGADO, M CO 17 SALVADO, RAMON PO 63, PO 64, PO 61, PO 99, CO 22 SALVADOR, FERNANDO PO 22, PO 15, PO 44 SALVADOR, J CO 14, CO 10, CO 3, PO 82 SANTO, A ESPÍRITO PO 25, PO 26, CO 7, PO 46 SANTO, A E CO 1 SANTO, ANA ESPIRITO CO 16, PO 51, PO 28, PO 23, PO 24, PO 45, PO 20, PO 21, PO 48, CO 15, PO 49 SANTO, ANS ESPÍRITO PO 19 SANTOS, AIDA PO 110 SANTOS, ANA HELENA PO 18, PO 66, PO 71, PO 65

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SANTOS, MARGARIDA PO 16 SANTOS, MARIA JOÃO PO 71 SANTOS, MARLENE PO 18, PO 66, PO 71, PO 65 SANTOS, M PO 50 SANTOS, PAULA PO 97, PO 32 SANTOS, RUI PO 30 SANTOS, SC PO 50 SANTOS, SUSANA ALMEIDA PO 64 SANTOS, SUSANA COSTA PO 16 SANTOS, S PO 74, PUB 11 SANTOS-SOUSA, P PO 9, CO 19 SATURNINO, HERMA PO 53 SAVVA-BORDALO, JOANA PO 29 SAVVA-BORDALO, J CO 7, CO 20 SEBASTIÃO, MARTA PO 39 SEMEDO, MÓNICA PO 73, PO 33 SEVIVAS, TERESA SEARA PO 99 SILVA, ANTÓNIO LUIS PO 118 SILVA, CRISTINA PUB 12 SILVA, GABRIELA MEDEIROS PO 10 SILVA, HELENA M. PO 68 SILVA, INÊS PO 1 SILVA, JOANA RITA CO 22 SILVA, M J CO 1, PO 17 SILVA, MARIA CÉU PO 72 SILVA, MARIA GOMES DA PO 4, PO 81, PO 13, PO 39 SILVA, MG. PO 79 SILVA, M CO 10, CO 3 SILVA, R LOPES DA CO 14, CO 10, PO 50 SILVA, RENATA CABRAL E SARA VIEIRA PO 31 SILVA, RODRIGO LOPES DA PO 16 SILVA, TERESA PO 30, PO 5, PO 41 SILVA1,2, ISABEL SANTOS2, ANA SANTOS2, JOANA CAETANO2, EVAN JENSEN2, TERESA FARIA2, PAULO LUCIO1,2, MARIA GOMES PO 34 SIMÕES, ANA TERESA PO 63, PO 64, PO 61 SOARES, MARIA FERNANDA DA SIVA PO 108 SOUSA, A BOTELHO DE CO 14, CO 5, CO 10, CO 3, PO 82 SOUSA, AIDA BOTELHO DE CO 12, PO 16, PO 1, PO 69 SOUSA, ALEXANDRA PO 8 SOUSA, CARLOS PO 51 SOUSA, D JALMA PO 32 SOUSA, HUGO CO 21 SOUSA, ISABEL PO 40, PO 6 SOUSA, M HENRIQUE CO 10 SOUSA, M.I.M. CO 23 SOUSA, ME PUB 7 SOUSA, MI. PO 7 SOUSA, P. PO 7 SOUSA, PATRÍCIA PO 40 SOUSA, TERESA PUB 12, PO 51 SOUTO, MARTA PO 15, PUB 8 SPINOLA, ANA FRANCO PO 67 SÁ, ANA PO 56, PO 57 SÁ, J BORDALO E CO 6 SÁ, J BORDALO PO 25, PO 26

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SÁ, JOANA BORDALO E PO 28 TAVARES, PURIFRICAÇÃO PO 14, PO 8 TEIXEIRA, A. PO 7 TEIXEIRA, ADRIANA PO 40, PO 36, CO 9, PO 58 TEIXEIRA, A CO 5 TEIXEIRA, ELSA PO 116, CO 32 TEIXEIRA, JOAO PO 19 TEIXEIRA, MANUEL R. PO 78 TEIXEIRA, MANUEL R PO 102 TEIXEIRA, MANUEL CO 15, PO 49, PO 45, PO 48 TEIXEIRA, MARIA ANJOS PO 18, PO 66, PO 71, PO 65 TEIXEIRA, MARIA DOS ANJOS PO 75 TEIXEIRA, MARISA PO 14 TEIXEIRA, M PO 43, PO 46 TEIXEIRA, SARA ISABEL SOUSA PO 119, CO 26 TELES, MARIA JOSÉ CO 21 TOMÉ, MARIA DE JESUS PO 12, PO 4 TORRES, CLÁUDIA PO 18, PO 66 TORRES, FÁTIMA PO 14 TORRES, LURDES PO 78, PO 102 TRIGO, FERNANDA PO 11 TRIGO, F CO 5 VALADÃO, MARIA PEDRO PO 97, PO 32 VALLE, SARA PO 73, PO 33 VALLE, S PUB 11, CO 13, PO 9 VARAJÃO, MARIA NATALINA AMORIM CO 31 VAZ, C PINHO CO 17, CO 20 VEIGA, J CO 10, PO 50 VENTURA, CATARINA PO 72 VENTURA, CÍNTIA PO 8 VIDRIALES, BELÉN PUB 9 VIEIRA, JOANA PO 102 VIEIRA, SARA PO 47 VITERBO, LUISA CO 16, PO 86, PO 23, PO 29, PO 45, PO 20, PO 51, PO 28, CO 15, PO 49, PO 24, PO 21, PO 48 VITERBO, L PO 43, CO 6, PO 25, PO 26, CO 7, PO 46 VITERBO, MARIA LUÍSA PO 19 VITÓRIA, HELENA CO 5 VIVAN, MARILENE PO 40 VIVEIROS, CAROLINA PO 73, PO 33, PO 56, PO 57 VIVEIROS, C PO 74, PUB 11, CO 8, CO 13, PO 9 XAVIER, HELENA PO 112 XAVIER, LUCIANA PO 38, PO 75

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