Projeto Aplicado Inspirar - Design Thinking Barro Preto

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Curso Superior de Tecnologia em Gestão Comercial, Gestão Pública e Marketing Módulo 1A Revitalização no Barro Preto: uma questão de segurança para o desenvolvimento local. Estudo de caso interdisciplinar apresentado aos professores do Módulo 1ª do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Comercial, Gestão Pública e Marketing para análise e avaliação. Orientador (a): Danielle Pedretti Morais Lima NOMES DOS ALUNOS: BARBOSA, Juliana de Oliveira FERREIRA, Thiago Araújo GONÇALVES, Regiane Santos MIRANDA, Cinara Lisboa NOVAIS, Aline Lucindo Santos OLIVEIRA, Débora Damasceno SILVA, Isabela Almeida Belo Horizonte / MG 1º semestre / 2015

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

Curso Superior de Tecnologia em Gestão Comercial, Gestão Pública e Marketing

Módulo 1A

Revitalização no Barro Preto: uma questão de segurança para o

desenvolvimento local.

Estudo de caso interdisciplinar apresentado aos professores do

Módulo 1ª do Curso Superior de Tecnologia em Gestão

Comercial, Gestão Pública e Marketing para análise e avaliação.

Orientador (a): Danielle Pedretti Morais Lima

NOMES DOS ALUNOS:

BARBOSA, Juliana de Oliveira

FERREIRA, Thiago Araújo

GONÇALVES, Regiane Santos

MIRANDA, Cinara Lisboa

NOVAIS, Aline Lucindo Santos

OLIVEIRA, Débora Damasceno

SILVA, Isabela Almeida

Belo Horizonte / MG

1º semestre / 2015

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

Curso Superior de Tecnologia em Gestão Comercial, Gestão Pública e Marketing

Módulo 1A

Revitalização no Barro Preto: uma questão de segurança para o

desenvolvimento local.

Belo Horizonte / MG

1º semestre / 2015

RESUMO

O presente projeto de pesquisa tem como objetivo, através do estudo de caso, analisar como as

políticas de revitalização no Barro Preto podem impulsionar o desenvolvimento local. Utilizando-se

para isso a metodologia de Design Thinking, por pesquisa de campo qualitativa, onde o parecer dos

atores sociais à cerca do tema-problema e da pergunta norteadora, sob o enfoque da segurança

pública, abrem precedente para a revitalização e desenvolvimento local na região.

Palavras chave: Design Thinking, Segurança; Desenvolvimento Local; Revitalização urbana;

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 5

1.1 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................................ 6

1.2 METODOLOGIA ............................................................................................................................. 7

1.3 INTERDISCIPLINARIDADE .............................................................................................................. 9

1.4 VIVENCIA DOS ALUNOS ............................................................................................................... 10

2. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................................... 11

2.1 PLANEJAMENTO ......................................................................................................................... 11

2.2 RESULTADOS .............................................................................................................................. 13

2.3 UTILIZAÇÃO DOS DADOS ............................................................................................................ 19

3. IDEAÇÃO ..................................................................................................................................... 20

3.1 LISTA DE IDÉIAS ......................................................................................................................... 21

3.1.1 Ideias malucas..................................................................................................................... 21

3.1.2 Ideias voo raso .................................................................................................................... 22

3.1.3 Ideias pé no chão ............................................................................................................... 22

3.2 IDEIAS SELECIONADAS ............................................................................................................... 23

3.2.1 Maluca: .............................................................................................................................. 23

3.2.2 Voo raso: ............................................................................................................................ 24

3.2.3 Pé no chão: ........................................................................................................................ 24

4. PROTOTIPAGEM ....................................................................................................................... 25

4.1 PROTOTIPO ................................................................................................................................. 25

4.1.1 Descrição dos materiais ulizados ...................................................................................... 25

4.1.2 Detalhamento da proposta .................................................................................................. 26

4. 2 PROTOTIPO SELECIONADO .......................................................................................................... 29

5. IMPACTOS, EVOLUÇÃO E ANÁLISE .................................................................................. 32

5.1 AVALIAÇÃO DA SOLUÇÃO ........................................................................................................... 33

5.2 RISCOS DA PROPOSTA ................................................................................................................. 34

5.3 DIFERENCIAL ............................................................................................................................. 35

5.4 PERSPECTIVAS FUTURAS ............................................................................................................ 36

6. CONCLUSÃO ..............................................................................................................................37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 38

APÊNDICES..................................................................................................................................... 39

ANEXOS ........................................................................................................................................... 62

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1. INTRODUÇÃO

O Desenvolvimento local visa promover melhorias nas condições de vida da sociedade de

um determinado lugar, tais como: a inclusão, mobilização social, diversificação da economia local,

inovação da gestão pública, uso consciente dos recursos naturais, dentre outros. Para que o mesmo

ocorra é necessário que tenha a participação da sociedade não só como beneficiário, mas também

como agente ativo em tais mudanças, ou seja, a sociedade identifica a necessidade e o Estado,

planeja e cria estratégias, estabelece as mudanças e consequentemente todos usufruem de tais

melhorias. Reforçando-se assim o conceito de desenvolvimento local amparado por três pilares:

Estado, Mercado e Participação Social, sustentando e impulsionando em sua esfera individual e

coletiva.

O presente trabalho tem como objetivo abordar o tema Desenvolvimento local, mais

precisamente desenvolver ações de revitalização que promovam o desenvolvimento social,

econômico e ambiental da região do Barro Preto, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

A escolha do Barro Preto se justifica pela importância da região para a cidade e também por

ser onde a comunidade acadêmica, e por ventura os estudantes responsáveis pelo trabalho, se

encontram. Assim sendo, leva-se em consideração o fato de que os indivíduos são, ao mesmo

tempo, agente e beneficiário, nada mais condizente que estar junto deles para compreender e propor

ações dentro do processo. Entende-se que, para promover o desenvolvimento de um determinado

local e assegurar a qualidade de vida da população é necessário buscar melhorias socioeconômicas,

incentivando a participação ativa da sociedade e valorizando os recursos locais, visando estimular o

que já existe de positivo e implantar melhorias nos pontos mais precários, mantendo uma estrutura

que sustente a economia local e supra as necessidades da mesma.

Ao voltar o olhar para a revitalização, ou como preferem propor alguns autores,

requalificação urbana, buscam-se valer de todos esses fatores que englobam o capital social do

ponto de vista sociológico, como elementos que legitimem o processo de revitalização e não apenas

pontos a serem observados sem maior importância. Portanto a revitalização remete-se à condição de

aspecto transformador e impulsionador do desenvolvimento de toda região.

No contexto desta pesquisa, a percepção à cerca do desenvolvimento local, sob a ótica da

segurança e através da abordagem e interrogação dos agentes sociais como a os comerciantes locais,

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serão os norteadores de propostas que estabeleçam ações de promoção e mudanças na região para a

revitalização do bairro. Através do encontro com os agentes sociais, busca-se não só compreender

os recursos e as possibilidades, mas a imersão no universo vivido por eles a fim de que, com isso,

possa-se estabelecer interação, sustentando e compreendendo, como as políticas de revitalização no

Barro Preto podem ser impulsionadoras de desenvolvimento local?

1.1 Referencial Teórico

Muitos autores tratam o desenvolvimento local como uma esfera do desenvolvimento

econômico e humano, no entanto, observa-se sob esta ótica, a necessidade de entender que,

conforme diz Oliveira (2001) é a satisfação de um conjunto de requisitos de bem-estar e qualidade

de vida.

Ao abordar sobre a temática de desenvolvimento local, é preciso não só compreender seu

conceito, mas entender que é necessário planejar, criar estratégias e propor uma mudança cultural

que estabeleça conexões que possam compartilhar não só as iniciativas individuais, mas também a

inovação e o empreendedorismo comunitário. E, mais importante que compreender o conceito, é

colocá-lo em prática, isso claro, deve ter como prioridade a análise de todos os preceitos que

envolvem o homem e a sociedade em que ele está inserido, levando em consideração os fatores

históricos e culturais que compõem o chamado Capital Social (Martins, 2002, Tabosa et al; 2010).

Conforme salienta Martins (2001, p.53):

É importante visualizar a participação enquanto resultado do processo de construção social,

portanto sujeito a fatores históricos e culturais. Neste sentido, a participação parece manter

uma relação direta com a capacidade individual ou coletiva de interagir, cooperar, associar-

se e confiar, isto é, com o chamado capital social.

Abordar a questão do capital social é demasiadamente importante quando trata-se de

desenvolvimento local. No contexto que contemple a revitalização como política de impulsão deste

desenvolvimento, entende-se, conforme Priemus (2007) que, à luz da administração e da

revitalização de bairros urbanos, o capital social pode ser considerado uma noção crucial. Para

compreender a convergência do desenvolvimento local e das políticas de revitalização e como elas

compõem o capital social, é necessário compreender o conceito do ponto de vista sociológico.

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Dizer-se de um capital que ele é social presta-se a mais do que uma acepção: de posse, ou

propriedade, da qual não apenas os indivíduos mas a sociedade é detentora; ou de autoria,

sendo ele um bem advindo da sociedade, ou ainda sendo ela quem o faz ativo e produtivo;

ou de usufruto, revertendo à sociedade e ao seu proveito os benefícios gerados por esse

capital. (SOARES, et al., 2010, p.6)

Santos (1999) diz que, o espaço se redefine a todo o momento, logo, a revitalização não é

algo que se dá de uma só vez, ou em apenas dado momento, ela acontece de forma cíclica e perene.

E, portanto, não sendo algo estático, faz-se necessário que esse dinamismo seja transportado para os

atores sociais e suas particularidades. Ainda segundo Santos (1999), o processo de revitalização

deve apresentar um enfoque que introduz como fator decisivo o reconhecimento das

particularidades de cada território, dos grupos sociais que aí vivem e trabalham das iniciativas de

negociação que, reconhecendo a pluralidade de interesses e os conflitos presentes, apontem para

novas construções do que se entende por interesse comum.

Assim, o conceito de desenvolvimento local e capital social trazem o entendimento para

contextualizar a revitalização urbana, que tem como objetivo, conforme Priemus & Kleinhans

(2007), não apenas melhorar a qualidade física das moradias e o ambiente habitacional nos bairros

urbanos, mas também melhorar a atmosfera social. Partindo desse pressuposto, estar junto aos

atores sociais, no caso dessa pesquisa, junto aos comerciantes locais, a fim de compreender de

forma individual para a concepção dentro da esfera coletiva, tendo as estratégias de revitalização

como premissa para o desenvolvimento local e humano (Martins, 2002).

1.2 Metodologia

Para elucidar esse trabalho a metodologia do Design Thinking será aplicada sob cinco fases

dentro do processo: Descoberta, investigação, ideação, prototipagem e evolução. Para isso, faz-se

necessário entender o conceito de Desing Thinking que, conforme Godinho (2010) é essencialmente

um processo de inovação centrada nos aspectos humanos, com métodos como observação, co-

criação, etnografia, prototipagem, dentre outros que buscam incitar a inovação e delinear estratégias

empresariais.

O Desing Thinking nos oferece a possibilidade, dentro da pesquisa, de estabelecer um

processo criativo e, ao mesmo tempo, intelectual, explorando as potencialidades de interação,

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colaboração e inteligência, partindo do pressuposto que, mesmo que nem todas as pessoas possam

tomar decisões, todas têm papel contributivo para com o desenho de um novo contexto.

A partir de duas perguntas básicas – O quê? e Como? - a metodologia do Design Thinking

abre um leque de possibilidades quase que infinitas – vide figura abaixo – sendo, conforme

Caulliraux (2014), uma de suas premissas básicas: a co-criação.

Figura 1 ‘Design Thinking: O que e como?’ - Fonte: www.designculture.com.br

Sob o viés do Desing Thinking, a construção deste trabalho contará com a descoberta do

tema através do tema central e do tema problema, da definição do problema através das pesquisas

de campo, o desenvolvimento através da análise de dados, prototipagem e afins e a implementação,

ao final do processo, para torná-lo público. (Gonsales, 2014)

Dentro de cada etapa do processo haverá um detalhe em específico que norteará o estudo,

sendo na descoberta o estudo de caso, pesquisando a fundo a região do Barro Preto; para a definição

do problema será feita a pesquisa de campo com os agentes sociais, neste caso os comerciantes

locais que, dentre tantos fatores, tem sua relevância e importância por serem diretamente afetados

pela segurança que é preocupação latente de todos os agentes sociais da região, para tal será

realizada uma pesquisa tipo qualitativa e descritiva com aplicação de um questionário aberto; na

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fase de Prototipagem a organização dos dados, das ideias e a idealização de uma solução; e, por fim,

a fase de implementação trará a público os resultados do estudo e, por conseguinte, sua proposta de

solução para o tema-problema. Desta forma, sob a perspectiva de Gonsales (2014), tem-se:

(...) O projeto tem como finalidade atuar no contexto exploratório do ambiente

institucionalizado centrado no ser humano e no entendimento das suas necessidades e

motivações reforçando o poder criativo e desafiador da temática através da utilização da

metodologia Design Thinking, na busca de soluções inovadoras e na crença fundamental de

que todos podem gerar mudanças, não importa quão grande é um problema, quão pouco

tempo temos disponível ou quão restrito é o nosso orçamento.

Assim, o importante na metodologia do Design Thinking para esta pesquisa é, sem dúvida,

mergulhar no questionamento do tema problema e, com isso, ir de encontro para soluções factíveis.

1.3 Interdisciplinaridade

Segundo o Barbosa (2009) a interdisciplinaridade é o processo de integração recíproca entre

várias disciplinas e campos de conhecimento e constitui uma associação de disciplinas, por conta de

um projeto ou de um objeto que lhes sejam comuns. Partindo deste pressuposto, a

interdisciplinaridade é, portanto, ferramenta de imensa valia nesta pesquisa, pois, conforme Cardoso

et al. (2008), propõe a partir de uma coordenação geral, a integração de objetivos, a troca, o diálogo,

o conhecimento conexo. Assim, todas as disciplinas desse módulo, contribuirão cada qual com seu

âmbito em específico, para o contexto geral.

Sendo o tema universal deste trabalho o desenvolvimento local, as disciplinas de

Administração de Marketing, Análise de Cenários Econômicos e Empreendedorismo contribuirão

de forma a entender os micro e macro ambiente, a economia local, bem como as potencialidades e

oportunidades de negócios que podem ser trabalhadas a fim de garantir que, dentro do processo de

revitalização sejam considerados todos os fatores mercadológicos, financeiros e econômicos, além

de estratégias e planos de negócio antecipando e analisando os fatores que possam impactar,

positiva e negativamente, transformando a região e seus agentes sociais.

Dentro da Análise e interpretação de dados, recolher, observar e apurar dados que

contribuam para a análise e compreensão do cenário de desenvolvimento local e revitalização da

região, pois, como explica Gil (1999), o objetivo dessa disciplina é organizar sistematicamente os

dados de forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema de investigação.

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Por fim, sabendo que a leitura, a escrita e a oratória são mecanismos indispensáveis à

realização da pesquisa. A disciplina de Comunicação pautará não só como será o processo de

investigação, a condução das entrevistas e a produção dos textos para a pesquisa, também elucidará

de forma coerente o processo de desenvolvimento local e, por sua vez, o processo de revitalização

com os agentes sociais das diversas classes, bem como levá-los a público através da imprensa e

outras entidades.

1.4 Vivência dos alunos

Durante todo o processo do estudo de caso, o envolvimento e o engajamento dos estudantes

responsáveis pelo mesmo, permitiram que toda a experiência fosse vivida de forma a, antes de tudo,

agregar conhecimento a cerca não somente do âmbito acadêmico que englobam os cursos dos quais

os mesmos compõe o corpo discente, mas também sobre as questões sociais, econômicas e

estruturais que fazem parte do contexto do desenvolvimento local.

Ao estudar um caso e propor através dele soluções que possam promover os mais diversos

conceitos a fim de garantir, para o objeto do estudo, uma visão ampliada sobre seu universo, o

grupo pode exercitar noções humanísticas básicas como ouvir e compreender, através da pesquisa

de campo onde, ao juntar-se aos atores sociais, mergulhou-se em um mundo até então conhecido

superficialmente e, muitas vezes restrito apenas ao ambiente físico da faculdade. Ao utilizar-se dos

insights percebidos durante o dito processo, os alunos colocaram-se diante dos problemas dentro da

esfera do individual, mas que, no entanto, compõe o tema problema de forma coletiva e essa

imersão foi imprescindível para que todo o processo de brainstorm a fim de levantar as ideias que

comporiam futuramente as soluções proposta pelo grupo.

Da construção do protótipo da ideia selecionada, entrelaçando todos os grupos e

transformando-os em um grande grupo com uma ideia que visava a integração entre os vários atores

sociais e seus anseios convergidos em projetos que buscavam soluções conjuntas, a possibilidade de

trabalhar o projeto a várias mãos sem perder a identidade, muito menos o objetivo central ou se

afastar da pergunta norteadora, serviu além de tudo para compreender como as políticas de

revitalização garantem não só o desenvolvimento local, mas a convergência da comunidade em algo

vivo e altamente ativo.

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Por fim, os alunos, ao postarem-se diante da solução do grande grupo, puderam constatar os

impactos e a evolução do mesmo, a ponto de avaliarem e analisarem como, dali pra frente, a

solução proposta, seus riscos, diferencias e as perspectivas futuras da mesma, podem responder à

pergunta norteadora de forma satisfatória e torna-se factível. Tudo isso os coloca também na

posição de agentes e beneficiários, já que a vivência dos mesmos foi fator determinante para o

prosseguimento do estudo e também de sua conclusão.

2. DESENVOLVIMENTO

Sabe-se então que, o desenvolvimento local, bem como a revitalização urbana, faz parte de

um todo e complexo contexto de capital social, e que: Mercado, Estado e Participação social são

pilares que sustentam o processo onde são, simultaneamente, agentes e beneficiários. Assim, a

busca por ouvir, contextualizar e compreender suas indagações e demandas se faz mister para que o

tema-problema seja explorado em toda a sua magnitude. Portanto, o objetivo desta pesquisa de

campo, é obter e analisar dados oriundos da comunidade, na finalidade de conhecer o que pensam

seus atores sociais sobre a segurança, a revitalização urbana e o desenvolvimento local.

A questão da segurança pública na região do Barro Preto é amplamente discutida por todas

as esferas que integram a comunidade no bairro e seu entorno. Silva (1963) conceitua como

segurança pública o afastamento, por meio de organizações próprias, de todo perigo ou de todo mal

que possa afetar a ordem pública, em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade

de cada cidadão. A princípio, ouvir o setor responsável por garantir a segurança, neste caso a

PMMG, seria a proposta desta pesquisa, no entanto, em virtude de dificuldades de contato com os

responsáveis pelo efetivo policial, foi reformulado o relatório e, desde então, os comerciantes da

região são o foco do questionário qualitativo, aplicado no período entre 25 a 28 de abril de 2015.

2.1 Planejamento

O ambiente da pesquisa, a região do Barro Preto, um dos mais tradicionais bairros de Belo

Horizonte, criado por volta de 1913, é considerado o polo da moda, além disso, na região

concentram-se devido à presença do Fórum Lafayette – Tribunal de Justiça de Minas Gerais – uma

gama de escritórios de advocacia e serviços na área, ainda compõe a região consultórios médicos,

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clínicas, laboratórios e hospitais e, como consequência, existe uma vasta variedade de lojas dos

mais diversos ramos, restaurantes, lanchonetes e serviços em geral que agregam o centro comercial

da região. Conforme dados da Associação Comercial do Barro Preto, a ASCOBAP (2011), circulam

diariamente pela região cerca de 300 mil pessoas e, de acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte

(PBH), um pouco mais de seis mil pessoas habitam o Barro Preto.

O foco dessa pesquisa são os comerciantes de forma ampla, logo, procura-se com isso o

olhar por diversas perspectivas a fim de que, os depoimentos sejam ricos em pareceres distintos

onde, para cada qual, o conceito de segurança apresenta-se de uma forma. É perceptível que, em

virtude dessa amplitude, obtém-se da fala dos atores sociais muito mais que apenas dados, e sim

anseios e propostas para melhoria da região e, por sua vez, a promoção do desenvolvimento local.

Foram entrevistados 06 comerciantes locais, entre 20 e 60 anos, de segmentos variados e de

pontos distintos da região, a principal preocupação consistiu em um aprofundamento e compreensão

das empresas que compuseram a amostra. A amostra não pretendeu ser estatisticamente

representativa por ter sido intencionalmente definida, limitando, portanto, as inferências sobre o

comportamento do universo empresarial.

Em sua maioria, os estabelecimentos encontram-se instalados em lojas comerciais nas ruas

mais movimentadas do bairro, como a Avenida Augusto de Lima e a Rua Araguari, tendo em média

mais de 3 anos de abertura do ponto, um deles, a Padaria Ki Pão, herdada do pai pelo Sr. Júlio

César, encontra-se em pleno funcionamento há mais de 40 anos, segundo o Sr. Júlio, com isso ele

pode acompanhar muitas transformações sofridas pela região ao longo dessas décadas, há também a

loja da rede de fastfoods Subway localizada próximo ao Centro Universitário UNA e a agência

bancária do Banco Bradesco, ponto de intenso movimento durante todo o dia e parte da noite, além

da Banca São Mateus, localizada quase em frente ao prédio principal do Tribunal Regional do

Trabalho (3ª Região) e também do tradicional Bar Garotinho, localizado a Rua Mato Grosso, quase

esquina com Goitacazes, ponto de encontro e happy hour.

A presente pesquisa enquadra-se também na tipologia de estudos de casos que foi um estudo

da região do Barro Preto. Conforme Gil (1994), o método do estudo de caso apresenta característica

de ser um estudo profundo e exaustivo, permitindo um conhecimento amplo e detalhado do mesmo.

Procurou-se ir de encontro aos atores sociais, logo, deu-se preferência para entrevistar não só

proprietários, mas funcionários que estejam na linha de frente dos estabelecimentos e, portanto,

podem acrescentar suas vivências e experiências pessoais na região. A coleta de dados deu-se

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através de entrevistas com base no questionário qualitativo composto de dezesseis perguntas

abertas, gravadas em áudio e documentadas através de fotos. Dos entrevistadores, ficou-se dividido

em duplas, onde um dos componentes dava prosseguimento à entrevista e o outro fazia os registros.

Pós a coleta dos dados através das entrevistas, fez-se a transcrição das mesmas a fim de organizar as

falas e, a partir delas, analisar, comparar, compreender e contextualizar as perspectivas à cerca da

segurança e da revitalização urbana na região.

2.2 Resultados

Desde seus primórdios, o Barro Preto foi considerado um bairro turbulento - embora

constituído em sua maioria por moradores de classes trabalhadoras – onde, bêbados, maus

elementos e frequentadores das zonas boêmias e dos cortiços da cidade eram frequentes, abrigou

inclusive a temível gangue chamada Moleques do Barro Preto. Talvez, por isso, a preocupação com

a segurança seja ainda nos dias de hoje, um assunto debatido com fervor e que preocupa toda a

comunidade.

Na esfera dos comerciantes, a preocupação com a segurança torna-se latente posto que, os

estabelecimentos na região são em grande parte comerciais e lidam, diariamente, com alto volume

de valores o que os torna alvo constantes de furtos e roubos. No que se refere à proteção no

Bairro percebe-se que a segurança proporcionada pela Polícia Militar de Minas Gerais vem sendo

realizada de forma efetiva, pode-se identificar isso através do comerciante 03 que reforça essa

situação:

(...) a gente não pode reclamar não, porque a polícia tem agido direitinho com a gente, sabe.

Eu vejo eles passando muito aí, eles passam toda hora, roda aquela sirene (...) eles tem

passado constantemente e, assim, em termos de policiamento, pelo menos aqui pra nós, não

tenho o que reclamar muito não, pelo menos eles têm passado (Pabliana de Souza, caixa da

lanchonete Subway, 2015).

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Figura 02 ‘Entrevistas Subway’

Fonte: Arquivo do grupo, 2015

Em 83,3% dos estabelecimentos entrevistados na amostragem foi identificado algum tipo de

ocorrência, todas de natureza similar, como furto e roubo e que são recorrentes em toda a região. No

entanto, fica claro que o retorno por parte da PMMG costuma ser rápido, tão logo a mesma seja

acionada, porém, a necessidade de ter que se deslocar até o batalhão para dar prosseguimento ao

Boletim de Ocorrência (BO) torna o processo moroso, conforme afirma o comerciante 02:

(...) Quando a gente chama a polícia tem que ser feito um boletim de ocorrência, você tem

que ir à delegacia, tem que levar a pessoa que tá cometendo a infração, então o que

acontece é que você perde três, quatro horas lá, porque tem outros casos pra serem

resolvidos, então isso aí é uma demanda de tempo muito grande (Aldenir Alves, subgerente

da Fábrica de Terninhos, 2015).

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Figura 03 ‘Entrevistas: A Fábrica de Terninhos’ - Fonte: Arquivo do grupo, 2015

Em todos os entrevistados percebe-se que, conforme já falado, a questão do policiamento

efetivo e do retorno da PMMG ocorre dentro das possibilidades da região. Ainda dentro desse

contexto, percebe-se também que o diálogo entre a polícia e os comerciantes se dá de forma

contumaz através do efetivo policial de rua, no entanto, existem reuniões realizadas na Câmara de

Dirigentes Lojistas (CDL), onde, ainda conforme o comerciante 02 nota-se:

(...) às vezes vai um coronel da polícia militar, então a gente passa pra eles os

acontecimentos novos, qual área tá boa, qual área ficou fraca em termos de segurança, e

eles logo dão resposta pra gente no dia seguinte (Aldenir Alves, subgerente da Fábrica de

Terninhos, 2015).

Situações como essa exemplificam como o diálogo entre os comerciantes e a PMMG se dá

de forma estreita e preocupada com a busca da solução, por vezes imediata, do problema. Nota-se,

porém, que mesmo com o diálogo estreito, todos os estabelecimentos contam com algum tipo de

sistema de segurança privado, como câmeras de circuito fechado, sistema de alarme e sensor de

presença, até mesmo sistema de monitoramento e segurança privados fornecidos por empresas

especializadas, no entanto, o recurso de câmeras é o mais usado e, sobre ele a comerciante Pabliana

de Souza ‘brinca’ e faz alusão ao programa televisivo ‘Big Brother’, exibido pela Rede Globo de

Televisão, (...) O trem aqui é melhor que o Big Brother, gente! (risos) Tem o recurso das câmeras e

tem o alarme que aciona direto a polícia, mas a gente não sabia até então.

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Figura 04 ‘Entrevistas: o comércio’

Fonte: Arquivo do Grupo, 2015

Durante todo o processo de entrevistas, até mesmo durante o deslocamento dos

entrevistadores de um estabelecimento para o outro, observou-se sobre a questão dos moradores de

rua. É notório que a população de rua na região é grande e, a cada dia que passa, chegam mais e

mais moradores. Há uma concentração muito grande no entorno da Praça Raul Soares, Rua Mato

Grosso, Goitacazes e Avenida Augusto de Lima, normalmente durante o dia, eles transitam por toda

a região e, a noite, montam estruturas de papelão debaixo das marquises para passar a madrugada.

Questionados sobre os moradores de rua, os entrevistados tem opinião divergentes sobre ser um

problema de segurança ou um problema de inclusão social, fomenta essa disparidade as opiniões

dos entrevistados 01 e 05:

(...) Eu não vejo a inclusão social, porque não é inclusão social, é um problema de

segurança mesmo, porque o pessoal vem recolhe eles, leva pro abrigo, dá banho, troca de

roupa, dá comida, no outro dia tá aqui, eles voltam, então não é um problema social, eles

não querem, eles não querem é, ter um lugar pra ficar, um lugar pra dormir, porque lá tem

um regime, tem um sistema e eles na rua conseguem dinheiro aqui que tem muito

assalariado que não ganha, muitas pessoas de carteira assinada não ganha o que eles

ganham (...) (Júlio César, proprietário da Padaria Ki Pão, 2015).

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(...) Não, isso ai é um problema social, em todos os países existe isso ai, é um problema

social. Aqui mesmo toda noite dorme oito pessoas por ai. - O levantamento da prefeitura se

não me engano, são 1800 moradores de rua, certo. Tem albergue. Até estava outro dia

olhando no jornal, uma matéria sobre isso, mas tem muitos moradores de rua que não, eles

só vão tomam banho, comem e volta pra rua de novo. Eles se sentem mais seguros na rua

do que no albergue. Então isso ai é problema social, não é só aqui no Brasil não (Sixto

Daniel, gerente da Banca São Mateus, 2015).

Figura 05 – ‘Entrevistas: Shopping Barro Preto’

Fonte: Arquivo do Grupo, 2015

Nota-se, contudo, que a concepção à cerca dos moradores de rua, embora existam abrigos

que recolham e proporcionem assistência a esses moradores, muitos deles preferem permanecer nas

ruas, até mesmo em virtude das regras e de uma suposta falta de segurança desses locais e isso é

senso comum entre os entrevistados. Ainda sobre a questão dos moradores, os comerciantes

afirmam que o problema em sua maioria é a abordagem dos clientes, pequenos furtos e a sujeira

deixada pelos mesmos.

Ao abordar a questão dos moradores de rua, abre-se precedente para falar sobre a

revitalização na região do Barro Preto e também sobre o desenvolvimento local. Pode-se observar

que, embora os comerciantes tenham consciência do projeto no plano diretor da prefeitura, muitos

deles não compreendem o conceito de revitalização urbana. Logo, fez-se necessário mencionar

outros projetos de revitalização ocorrentes na cidade e que serviram para exemplificar o conceito.

Com base nisso, foi perceptível que, à luz de projetos de revitalização feitos na região da Savassi e

do hipercentro da cidade, como das Avenidas Santos Dumont e Paraná, a grande preocupação dos

comerciantes com relação à revitalização é que se repitam os mesmos problemas ocorridos nas

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regiões usadas como exemplo. A queda das vendas e, por consequência, o fechamento dos pontos

comerciais estão entre os mais impactantes, conforme salienta o comerciante 02:

(...) o que ela vai causar de estragos e danos vai ser uma coisa impressionante, se ela for

feita do mesmo jeito que foi feita a Savassi, a Santos Dumont, do jeito que foi feito na

Paraná, do jeito que foi feito a Pedro II, o que acontece, quando você mete um canteiro de

obra numa rua dessa direta aqui do Barro Preto você vai afastar totalmente o público (...)

eu tenho experiência, porque na Savassi nós já compramos até fundo de loja na Savassi, do

cara que quebrou e anunciou todo mobiliário de loja no jornal a gente foi lá e comprou

baratinho na mão dele, porque lá ele quebrou e desistiu de trabalhar (...) (Aldenir Alves,

subgerente da Fábrica de Terninhos, 2015).

Figura 06 ‘Entrevistas: A Fábrica de Terninhos (B)’ - Fonte: Arquivo do grupo, 2015

Partindo dessa visão à cerca da revitalização na região do Barro Preto e dos impactos que a

mesma causaria sobre o comércio, questionou-se aos comerciantes quais ações poderiam ser

implementadas de forma a favorecer os comerciantes e minimizar os impactos. Fica claro que a

preocupação com as vendas é o grande fator, no entanto, a questão da infraestrutura também é

pontuada, salienta o comerciante 01:

(...) vou te dar um exemplo muito básico, no sábado, o que deveria fazer, a BH Trans tinha

que liberar a pista do meio para estacionamento, certo?! Pro pessoal que vem comprar, pra

aumentar o fluxo de gente que vem pra cá, não tem. É, eu sirvo aqui de banheiro pra muitas

senhoras, eu que atendo eles, não tem, então é assim, são coisas imediatas que poderia

tomar, por exemplo, põe uma placa ali: tá liberado o estacionamento (Júlio César,

proprietário da Padaria Ki Pão, 2015).

19

Percebe-se assim, que tanto a segurança, quanto a revitalização da região, são preocupações

dos comerciantes locais. Percebe-se também que o conceito de desenvolvimento local permeia esses

dois contextos e que, conforme se aborda neste estudo, competem ao capital social onde os fatores

históricos e culturais interferem na concepção dos atores sociais à cerca do mesmo. É importante

ressaltar que a participação social é uma constante quando se fala aos comerciantes quanto o

desenvolvimento local na região, achar uma solução eficaz que envolva os três pilares que o

sustenta se faz premissa para que o mesmo aconteça, no entanto, é fato que ele depende também de

fatores econômicos que sofrem impactos inclusive da crise que acomete o país, conforme ressalta o

comerciante 05:

(...) é um problema econômico, acho que o Barro Preto, você vê aqui o dia inteiro é gente

para aqui e para lá. Estes últimos dias estão mais, no modo de falar, mais devagar, mesmo

os comerciantes estão falando sobre isso, o movimento nas lojas está fraco, mas ai é um

momento que a crise que o Brasil está vivendo, isso ai é uma coisa normal, passageira, que

deve melhora depois (Sixto Daniel, gerente da Banca São Mateus, 2015).

Por fim, entende-se com base nas entrevistas e na observação do ambiente, que a região do

Barro Preto possui infinitas possibilidades que podem, com a revitalização urbana e a segurança

pública, promover e impulsionar o desenvolvimento local. Portanto, faz-se urgente que, embora o

estreito contato entre a PMMG e os comerciantes, medidas e ações integradoras sejam tomadas a

fim de garantir que a participação social possa servir de mecanismo e ferramenta para contribuir,

dinamizar e promover a segurança local.

2.3 Utilização dos dados

Todos os dados coletados são reflexos do sentimento dos comerciantes com relação ao tema-

problema deste estudo. A utilização dos mesmos servirá, não só como norteador na solução do

problema, mas como fator que inspira a ideação dentro da metodologia Design Thinking, posto que

a mesma parte do princípio de levantar todas as ideias sejam elas: ‘pé no chão’, ‘voo raso’ ou

‘maluca’.

É com base nos insights percebidos pelo grupo durante a pesquisa de campo que pode-se ir

em busca de propostas e da execução dos protótipos, que serão os próximos passos deste estudo de

20

caso. O parecer, as vivências e as experiências dos atores sociais com relação ao diálogo entre a

polícia e os comerciantes fomentarão o entendimento à cerca de como funciona o processo de

segurança da região e onde, hoje, pode-se agir de forma a garantir que todos tenham a mesma

impressão sobre essa questão.

A compreensão desse diálogo levará por consequência à análise em como a segurança e a

revitalização urbana na região do Barro Preto podem, com a participação social, ser fator de

promoção e impulsão do desenvolvimento local. Com o relato dos atores sociais a respeito da

segurança pode-se propor estratégias que atinjam de forma completa o comércio local e, sendo a

segurança preocupação latente de todos os atores, podem proporcionar a integração entre todas as

esferas que compõe a região. Por outro lado, a disparidade entre as opiniões quanto aos moradores

de rua sobre ser o problema uma questão de inclusão social ou de segurança pública trará o mesmo

à tona também como problema da esfera do privado, já que são notórios os impactos dos moradores

de rua para o comércio local.

Por fim, a utilidade dessa pesquisa de campo vai muito além de simplesmente analisar,

compreender e contextualizar o tema-problema junto aos atores sociais ou também de permitir o

surgimento de propostas para o prosseguimento do estudo, ela está intrínseca a partir do momento

onde possibilita sair do conhecimento teórico para o prático e, com isso, trazer não só o

questionamento, mas a reflexão em prol de todos os agentes e beneficiários.

3. IDEAÇÃO

Com base nas considerações feitas pelos comerciantes, verifica-se a real possibilidade de

discussão entre a comunidade e os agentes de segurança à cerca dos problemas locais. É uma

atividade que viabiliza a mediação de conflitos, a proposta de soluções por quem mais conhece as

dificuldades cotidianas, o monitoramento das atividades policiais, bem como a elaboração conjunta

da política de segurança e de prevenção de ocorrências.

Diante disso, e com o intuito de encontrar soluções factíveis, sob a ótica da segurança

pública e sobre os programas de policiamento no Barro Preto abordados e elucidados na pesquisa

de campo, com consciência de que não existem fórmulas milagrosas para combater os problemas

sociais, pretende-se com a ideação, contribuir para uma melhoria na segurança dos cidadãos, e

21

resgatar valores de convivência pacífica e harmoniosa entre as pessoas, o que, por sua vez,

contribuirá para a revitalização urbana e o desenvolvimento local da região. Partindo da conjugação

de esforços e do apoio da sociedade civil organizada, propõe-se um novo olhar em como promover

a segurança pública que conta, antes de tudo com a vontade sincera e consciente de cada indivíduo

que integra a sociedade, ou seja, de seus atores sociais representados pelo Estado, Mercado e

participação social. Sabe-se que as soluções mais eficazes são aquelas que combatem as causas dos

problemas, e não apenas seus efeitos externos. Ou seja: a solução está na adoção de medidas

preventivas, corretivas e educacionais, de resultados duradouros.

Através da pesquisa de campo percebe-se que os comerciantes anseiam por propostas para

melhoria da região, que envolvam a participação dos mesmos e a presença física do efetivo policial

de forma mais contundente, a fim de inibir as ocorrências e também promover a relação entre

PMMG e comunidade. Através da percepção desses insights apresentam-se as ideias a seguir

colocadas de forma a atender a metodologia do Design Thinking e promover, dentro desse estudo de

caso, a prototipagem, nosso próximo passo na pesquisa.

3.1 Lista de Ideias

A lista de ideias foi elaborada através da técnica de braimstorm, onde a partir dos insights

percebidos na pesquisa de campo podem-se sugerir ideias que estejam dentro dos três contextos do

Design Thinking: ‘Maluca’, ‘Voo Raso’ e ‘Pé no chão’.

3.1.1 Ideias ‘Malucas’

1) Um guarda em cada esquina com revezamento 24 horas;

2) Descentralização da força policial para controle local da segurança pública;

3) Um policial em cada loja fazendo a segurança particular de cada estabelecimento;

4) Policiamento feito pelo efetivo do exército;

5) Armamento de todos os comerciantes da região.

22

3.1.2 Ideias ‘Voo Raso’

1) Construção de um centro de cuidados aos moradores de rua, oferecendo oficinas com

cursos profissionalizantes e programas nos quais possam trabalhar e sejam atraentes

para os mesmos, diferentemente dos albergues que já existem;

2) Promover maior integração entre o poder público e as polícias civil, militar e guarda

municipal, garantindo-lhes total apoio para aprimorar o patrulhamento e a segurança

geral da população;

3) Uma guarita policial há cada 1 km, possibilitando o monitoramento das ruas e

estabelecimentos;

4) Criar um sistema de monitoramento via satélite interligado a uma rede de comando

no próprio batalhão e aumentar o contingente policial em 100%;

5) Implantação e manutenção das câmeras de segurança e sistema de monitoramento;

6) Implantação de um sistema de alarme ligado diretamente a PM em todas as lojas e

comércios da região;

7) Utilizar a rede do WhatsApp para que os comerciantes se ajudem entre si, através um

código tipo SOS um estabelecimento saberá que outro foi tomado de assalto e poderá

acionar a polícia a fim de ajudá-lo.

3.1.3 Ideias ‘Pé no chão’

1) Revitalização de espaços abandonados, transformando-os em grandes centros

culturais e espaços onde sejam reproduzidas grandes obras de artes. Além da

revitalização como um todo no sentido de reestruturar o bairro;

2) Aumento da guarda municipal, visando a presença desse seguimento nos diversos

públicos da comunidade, prestando orientação a população e protegendo o

patrimônio público.

3) Ronda de policiais igual na praça 7, porém, com um ponto fixo no Barro Preto,

tipo Fórum, Feira Shopping, além de rede comerciantes protegidos e o grupo de

comerciantes no aplicativo WhatsApp;

4) Aumentar o efetivo policial a pé nas ruas e criar sistemas de rondas onde, atuando

em setores, o policial tenha uma agenda de estabelecimentos que deve percorrer.

23

Eles terão autonomia para apreender, levar sob custódia e também registrar o BO

sem necessidade de que, para isso, o comerciante precise se deslocar até a

delegacia/cia. Esses policiais também terão uma linha direta com esses

comerciantes para que o acionamento em caso de ocorrência se dê de forma ágil;

5) Instalação de posto móvel da PM e aumento do efetivo da Guarda Municipal, a

instalação de posto móvel da PM em pontos estratégicos para atender a

comunidade;

6) Mapeamento das regiões mais críticas e com maior incidência criminal e

aumentar o policiamento ostensivo nestas regiões sem menosprezar as demais

regiões, bem como a implantação de cabines policiais, rondas com bicicletas, a pé

e com viaturas.

3.2 Ideias selecionadas

Com base no tema-problema e na pergunta norteadora propõe-se, com as ideias

selecionadas, atender às demandas dos atores sociais e, ao mesmo tempo, estar dentro das

possibilidades que possam ser garantidas pelo Estado.

Para chegar-se ao consenso das ideias selecionadas foram levados em consideração três

fatores importantes: percepção da pesquisa de campo; viabilidade do projeto e impacto sobre os

atores sociais. Notou-se, com base nesses três fatores, que as ideias abaixo poderiam ir de encontro

não são aos anseios dos comerciantes, mas também com a proposta de revitalização urbana e

desenvolvimento social, temáticas abordadas durante todo o estudo de caso.

3.2.1 Maluca: Elaborada fora da realidade, pois os recursos necessários para sua execução

são pouco viáveis.

O policiamento feito pelo efetivo do exército: parceria feita com o Exército nas ruas, além

de passar grande segurança aos comerciantes, por conta da credibilidade, também mostra que todos

os esforços têm sido feito para sanar as ocorrências. Os militares iriam trabalhar exclusivamente na

segurança de todo o bairro, dando maior ênfase aos comerciantes.

24

Segundo o estatuto do Exército Brasileiro a missão Constitucional das Forças Armadas é

proteger a soberania nacional e zelar pela segurança do patrimônio e da comunidade. A partir dessa

premissa e da demanda dos comerciantes para um policiamento mais ostensivo, ocorreu à ideia do

Exército nas ruas.

3.2.2 Voo Raso: Elaborada dentro da realidade com relação à disponibilidade de maiores

recursos para concretização.

Construção de um centro de cuidados aos moradores de rua: oferecendo oficinas com

cursos profissionalizantes e programas nos quais possam trabalhar e sejam atraentes para os

mesmos, diferentemente dos albergues que já existem.

Será implantado oficialmente um projeto já existente do Ministério da Saúde, legitimando a

promoção da equidade, garantido a acesso dessa população a outras possibilidades de atendimento,

com a implantação dos Consultórios na Rua - equipe itinerante com foco no atendimento à saúde

mental – Proposta de estratégia saúde na família com equipes especificas para atenção integral a

saúde da população em situação de rua.

Os Consultórios na Rua lidam com os diferentes problemas e necessidades de saúde da

população em situação de rua, desenvolvendo ações compartilhadas e integradas também com as

equipes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), dos serviços de Urgência e Emergência e de

outros pontos de atenção, de acordo com a necessidade do usuário.

Assim como as demais ideias, esta surgiu a partir da própria fala dos atores sociais, onde

percebe-se que o problema dos moradores de rua permeiam duas esferas: a da segurança e a da

inclusão social.

3.2.3 Pé no chão: Elaborada dentro da realidade dos recursos disponíveis.

Aumentar o efetivo policial a pé nas ruas e criar sistemas de rondas: onde atuando em

setores, o policial tenha uma agenda de estabelecimentos que deve percorrer. Eles terão autonomia

para apreender, levar sob custódia e também registrar o BO, sem necessidade de que para isso, o

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comerciante precise se deslocar até a delegacia/Cia. Esses policiais também terão uma linha direta

com esses comerciantes para que o acionamento em caso de ocorrências se dê de forma ágil

A ideia surgiu a partir da identificação dos seguintes problemas embasados na pesquisa feita

com os comerciantes locais: há problemas de agilidade do corpo policial para registro das

ocorrências, o que dificulta o trabalho de elaboração de planos de segurança mais efetivos os quais

são elaborados com base em dados estatísticos de ocorrências e também problemas na efetividade

das ações policiais que apesar de existirem não inibem os infratores.

4. PROTOTIPAGEM

Partindo do pressuposto da ideação, dá-se nesse momento a realização da prototipagem que,

a partir de todas as ideias propostas dentro do estudo, conjugou-se na construção de um modelo que

abordasse todos os contextos pesquisados e que se relacionam diretamente com os anseios dos

atores sociais.

Através das políticas de revitalização apresentadas pelos grupos para impulsionar o

desenvolvimento local no Barro Preto, foi criado um único protótipo, para consolidação das demais

ideias, com o intuito de demonstrar a dependência gerada por elas, para que não se torne uma

solução incompleta, já que todas as ideias propostas partem de um pensamento conjunto de todos os

atores sociais e das percepções dos grupos, a construção de um protótipo único facilita a

compreensão de maneira ampla de como a integração de todos os setores possibilitará a promoção

do desenvolvimento local da região.

4.1. Protótipo:

Barro Preto em três pilares

4.1.1 Descrição dos materiais utilizados

Para o protótipo apresentado foram utilizados os seguintes materiais: Base de madeira

compensada, placas de isopor, papelão, papel aveludado (camurça) nas cores pretas e brancas;

Cartolinas, sendo elas nas cores: azul, amarelo, vermelho, verde e branco. Parafusos, porcas, massa

de modelar, palitos de picolé, bolas de isopor e tinta Guache; Além de grama, flores e folhas

sintéticas, bonecos e carros de plástico, retalhos de tecido, caixas de remédio, sapato, suco e leite.

26

Para a composição das guaritas foi utilizado chapa de aço inox modeladas especialmente para o

intento. Para a composição das bolsas que dão vida às lixeiras customizadas foi utilizado tecido de

estofado, além de tecidos sintéticos para dar textura a pisos e calçadas.

Para o arremate de todo o trabalho, foram utilizadas fitas adesivas (durex, crepe e dupla face),

velcro,cola branca, cola quente, cola tipo superbonder e cola isopor.

4.1.2 Detalhamento da proposta

Visto que o protótipo tem como finalidade ilustrar as ideias pé no chão apresentadas, para tornar

tangível a resolução do tema problema, todas as ideias são reflexos do desejo dos grupos em

promover o desenvolvimento local através da revitalização do Barro Preto em três principais

pilares: Segurança, Mobilidade e Limpeza.

Figura 07 ‘Prototipagem: O protótipo’

Fonte: Arquivo do grupo, 2015

27

Em Segurança, identificou-se a necessidade de suprir os anseios descritos pelos atores sociais,

através da implementação de mini postes com luz branca com finalidade de melhorar a iluminação

local, garantindo a segurança em parceria com a PBH que determinaria os locais de instalação,

levando em consideração os pontos mais críticos; Colocar guaritas em pontos estratégicos com

aumento do efetivo policial e a criação de rondas estratégicas, onde o efetivo trabalharia em duplas

e setorizados para atender a demanda comercial; Instalação de câmeras para monitoramento, o

chamado Programa “Olho Vivo”, parceria com o CDL. Essas medidas visam promover a segurança

pública e a interação dos comerciantes com a PMMG, o que auxiliara no combate efetivo da

criminalidade constante que assombra a região.

Figura 08 ‘Prototipagem: O protótipo (B)’

Fonte: Arquivo do grupo, 2015

Em Mobilidade, as propostas apresentadas são transporte exclusivo do Barro Preto – que

trafegaria no bairro todo – com o valor máximo cobrado de R$ 1,00 utilizado também como

marketing interativo nas principais vias de acesso; Arrumar as calçadas, pavimentação de ruas para

deficientes e cadeirantes com canteiros floridos, além de um ambiente na qual a identidade do

bairro fosse valorizada. Essas medidas visam promover a inclusão social de todas as classes,

trazendo maior prestígio, requinte e visibilidade à região, o que acarretara no aumento efetivo de

clientes e, por consequência, lucros eminentes.

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Figura 09 ‘Prototipagem: O protótipo (C)’

Fonte: Arquivo do grupo, 2015

Em Limpeza o foco será o design das lixeiras, com lixeiras próprias e sacolinhas com design

coerente com o Polo da Moda, além de sacos diferenciados onde o lixo poderia ser identificado para

a população de rua que realiza catação de materiais recicláveis; além da lixeira subterrânea para

descarte orgânico e reciclável. Essas medidas visam, sobretudo, o visual da região, trazendo

sofisticação através do marketing implementado nas lixeiras, fazendo referência ao polo da Moda,

além de melhor aproveitamento do lixo e dos descartes realizados na região.

29

4.2 Protótipo Selecionado

Figura 10 ‘Prototipagem: O protótipo (D)’ - Fonte: Arquivo do grupo, 2015

O protótipo selecionado, conforme já observado, é uma conjugação de ideias. Ao retratar a

região do Barro Preto, compreende-se um trecho da Avenida Augusto de Lima, onde pretende-se

destacar o comércio local, bem como a região residencial, a questão da limpeza e da mobilidade,

além, claro, a concentração dos moradores de rua, que é grande nessa localização.

30

Figura 11 ‘Prototipagem: O protótipo (E)’

Fonte: Arquivo do grupo, 2015

A definição por esse protótipo e a intenção da construção do mesmo, onde contenham as

soluções imprescindíveis para a solução da questão norteadora faz-se fundamental para que a

mesma se dê de forma plena. Assim, observa-se que o grande grupo, com as ideias apresentadas,

complementam-se para a resolução da questão norteadora, apesar de expostas em pilares distintos,

se apresentadas individuais, não ilustraria uma solução completa. O protótipo apresentado

exemplifica como as soluções são variáveis indispensáveis para resolução do tema problema,

trazendo melhorias aos comerciantes, clientes, moradores e cidadãos de forma geral. A inter-relação

entre os pilares de limpeza, segurança e mobilidade são as bases do processo de revitalização que,

como já abordado, não está fechado apenas a um ou outro conceito, sendo esse dinamismo a

característica proeminente e que faz com que o processo possa promover o desenvolvimento local,

já que converge esse para o bem comum de todos os atores sociais e suas esferas.

Figura 12 ‘Prototipagem: O protótipo (F)’

Fonte: Arquivo do grupo, 2015

31

Figura 12 ‘Prototipagem: O protótipo (G)’

Fonte: Arquivo do grupo, 2015

Assim como na interdisciplinaridade, onde existe uma conjunção das disciplinas em prol de

uma correlação entre as áreas e também dentro da proposta co-elaboração do Design Thinking, a

proposta de construir um protótipo único, onde todos os grupos pudessem tomar decisões e

contribuísse para o desenho de um novo contexto torna-se a grande questão no protótipo

selecionado posto que, ao requerer a participação de todos os membros e do coletivo, promove-se a

integração, o trabalho em grupo, a capacidade de ouvir, compreender e pôr em prática não só as

ideias individuais, mas do outro, algumas vezes em detrimento da sua própria. Dá-se então, nesse

momento, a promoção do pensamento coletivo ‘fora da caixa’ pois amplificam os horizontes e os

olhares, além, claro, das perspectivas sobre os elementos que se compõe à cerca da revitalização e

do desenvolvimento local.

Figura 13 ‘Prototipagem: O protótipo (H)’

Fonte: Arquivo do grupo, 2015

32

Figura 14 ‘Prototipagem: O protótipo (I)’

Fonte: Arquivo do grupo, 2015

Justifica-se nessa escolha então, primeiramente, a forma integradora como o protótipo se

apresenta aos grupos, além disso, a possibilidade de construir algo melhor elaborado, a partir das

habilidades de cada integrante dos grupos, a angariação dos materiais e também a disposição dos

integrantes em realizar o trabalho de forma conjunta, fortalecendo o diálogo e, por fim, dando-se

por entender que, assim, a visão da revitalização e do desenvolvimento local a fim de promover a

melhoria da região para todas as esferas seria o caminho mais viável e factível para dar voz à

solução do tema problema e da pergunta norteadora.

5. IMPACTO, EVOLUÇÃO E ANÁLISE

Entende-se, que uma vez realizadas todas as etapas do processo do estudo de caso sob a

ótica da metodologia do Desing Thinking, é chegado o momento de compreender os impactos e a

evolução do projeto, bem como analisar todas as suas variáveis que possibilitarão, por sua vez, a

execução do mesmo e o êxito de seu processo.

Os impactos do projeto, a sua aplicabilidade no mercado e como se dará para que esses

mesmos impactos sejam revertidos de forma positiva para o projeto são, antes de tudo, condição

básica para que as soluções propostas possam se apresentar frente aos atores sociais. O processo

evolutivo, constituído de todas as vertentes se constrói a partir do momento que todas as soluções se

33

convergem num anseio único e permitem que exista, dali para frente, condições para mantê-lo e

aprimorá-lo.

Por fim, analisar de forma a garantir que, estando o projeto em plena conjunção com todos

os preceitos estabelecidos durante o estudo, faz-se necessário para que a compreensão das soluções,

bem como a resposta dos atores sociais seja interpretada a fim de que, o intento do estudo seja não

apenas propor soluções, mas entender como e para quem as mesmas se dão.

5.1 Avaliação da Solução

Sabe-se que ao propor soluções que venham de encontro com os anseios das esferas que

compõe a sociedade, com base no que foi visto, ouvido e percebido por meio da fala dos atores

sociais está-se também propondo muito mais que ideias e soluções que sejam factíveis, mas sim que

estejam conectadas e possam fazer a diferença na relação dos mesmos com o Mercado e Estado.

Quando se apresenta a proposta do Barro Preto sob três pilares, a solução do problema está

embutida neste viés, arrematada pela tênue linha da integração entre os também pilares do capital

social: Estado, Mercado e Participação Social. Ao formar-se uma base sólida sob os mesmos, o que

se vê é que, sem essa integração e sem esses pilares, as soluções seriam apenas pontos isolados e

sem grande representatividade para o todo e, por consequência, para o tema problema e a pergunta

norteadora.

Levando em consideração que o desenvolvimento local está baseado em noções de bem

estar e qualidade de vida (Oliveira, 2011). É importante ter em mente que a solução apresentada

leva, não somente à abordagem dessas noções, mas à promoção das mesmas. A partir do momento

em que elas são a expectativa de várias vozes e, ao mesmo tempo se integram e convergem em um

ponto único, porém, de grande amplitude, abraçando todos os atores que fizeram parte da

construção do projeto, mesmo que, não seja possível ver suas partes de forma isolada. Percebe-se

então que, todo o envolvimento do homem e da sociedade está pautado não em eventos pontuais,

mas em iniciativas de comoção geral que façam com que cada membro dessa mesma sociedade e a

própria sociedade como um todo sejam eles próprios a força motriz do desenvolvimento local.

Logo, verifica-se assim que, estando a solução apresentada no protótipo - e fundamentada

durante todo o desenvolvimento deste estudo - baseada e arraigada sob o contexto do bem estar e da

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qualidade de vida - que podem, e serão, promovidos através do processo de revitalização urbana - e

sustentada por políticas que garantam a participação de todos os seus agentes, ela vai não só de

encontro com uma proposta factível, mas completamente realizável sob os diversos pontos de vista

que a englobam social, econômica e mercadologicamente.

5.2 Riscos da Proposta

Ao falar-se de implementação de qualquer proposta ou solução, obviamente incorrerão

riscos que devem ser analisados e levados em consideração para dar prosseguimento ao projeto em

si. Vários fatores, internos, externos, controláveis ou não, incidem sobre a proposta e, sem eles, não

seria possível avaliar os impactos e a evolução da mesma, muito menos propor, com base no que é

observado, melhorias que culminem em maior êxito e, em contra partida, menor emprego de

recursos escassos - em sua maioria financeiros - e também força intelectual ou física, ganhando

assim em tempo e outras variantes que agregam valor ao projeto.

Dentro da solução do Barro Preto em três pilares, a constituinte da tríade de limpeza,

segurança e mobilidade perpassará principalmente sob a questão financeira, afinal, sabemos que

será necessário engajamento das iniciativas do poder público e privado a fim de viabilizar verbas

que possam colocar projetos como, por exemplo, a reestruturação da área para a construção do

depósito da lixeira subterrânea em construção e funcionamento. Portanto, é necessário que esteja

claro quanto e como serão empregados os recursos, bem como um estudo detalhado de suas

viabilidades, do contrário, esse pode ser o ponto decisivo para a implantação da mesma.

Outro risco que deve ser considerado, como também já citado ao longo do trabalho,

inclusive durante o processo da pesquisa de campo, é questão dos impactos econômicos. Ao

considerarmos os pilares de mobilidade e limpeza fazem-se necessárias obras que possibilitem que

as soluções individuais sejam promovidas. Com isso, mudanças no trânsito, fechamento de ruas,

construção de canteiros de obras, restrição de acessos de pedestres e transeuntes – situações que

foram vivenciadas em outras regiões revitalizadas – acabam por se exporem como fator dificultador

na aceitação das soluções, principalmente por parte do comércio local. Deve-se levar em

consideração também, sob o contexto da segurança, que a dificuldade enfrentada outrora em falar

com os responsáveis pela corporação policial já é, por si só, um importante indicador de todos os

obstáculos a serem enfrentados no que tange aos assuntos e soluções que cabem a esse setor.

35

Então, sob os riscos da solução não ocorrer pode-se dizer que, a falta de verbas que

viabilizem a execução da mesma; a não adesão, por temor dos impactos negativos e da falta de

estruturação, por parte da sociedade; e a dificuldade de um canal aberto de comunicação entre os

setores e os órgãos de competência do Estado, são os fatores de risco eminentes e que merecem

especial atenção ao falar-se da solução em três pilares. Assim sendo, amenizar os riscos e

compreender como contorná-los será a grande questão a ser trabalhada a fim de dar prosseguimento

ao mesmo, valorizando esse entendimento no diferencial da proposta e em suas perspectivas

futuras.

5.3 Diferencial

O diferencial deste estudo está estruturado no desenvolvimento de soluções que buscam

funcionalidades, integrando, criando novas experiências, valor e significado para o

desenvolvimento local, através de propostas de revitalização urbana em três pilares definidos:

limpeza, segurança e mobilidade. Para tanto, foi de fundamental importância que se iniciasse o

processo com foco nos atores sociais, obtendo suas impressões decifrando suas ambições e anseios

em novas soluções. Assim, o processo passa a ser uma espiral, na qual essas fases evoluem até que

o todo seja viável.

Na proposta para o desenvolvimento tem-se a introdução de novos elementos dentro dos

contextos de limpeza, segurança e mobilidade e é essa inovação que confere ao todo seu caráter

integrador, com o objetivo de dinamizar a economia urbana, atraindo não somente investimentos,

mas também, gerando melhores condições para toda a comunidade. Vale ressaltar que, uma vez

identificados os modelos ideais de desenvolvimento, estes foram relacionados com as intervenções

urbanísticas correspondentes, alinhando-se com as demandas da população, que assume seu papel,

conforme já explicitado neste estudo, de agente e beneficiário das soluções. A inovação e a

implementação das ações propostas servirá como base no processo de geração, maturação e seleção

das ideias. Assim, nasce em conjunto com os colaboradores, uma cultura de inovação centrada no

usuário e incorporada no dia a dia da sociedade.

36

Enfim, pauta-se o grande diferencial deste estudo na inovação e na integração por meio da

motivação e engajamento da participação social, através de uma abordagem humanística e criativa,

aliando-se a reestruturação dos espaços urbanos em escala local a melhor utilização do seu potencial

de qualidade e suas capacidades, pois se entende que, com isso, que o desenvolvimento local parte

da premissa da participação de todos os envolvidos em seu processo.

5.4 Perspectivas futuras

Sabe-se que as soluções do processo rumo ao desenvolvimento são, em sua maioria, de

difícil execução, pois se tratam de um processo de reeducação, no sentido que, não só

individualmente, mas também toda a sociedade precisa reaprender a realizar as ações cotidianas de

forma diferente, quebrando vários paradigmas instituídos no consciente coletivo.

A perspectiva de que algumas medidas, embora reconhecidamente necessárias (como a

ampliação de recursos humanos e materiais) seriam dificilmente concretizadas não impede a

proposição de mudanças mais factíveis e que, em curto prazo, teriam impacto positivo no

desenvolvimento local.

A Secretária Municipal de Operações Urbanas pode tornar-se parceira em potencial do

projeto a fim de garantir a manutenção constante do sistema e conta com outros setores da

prefeitura para dar continuidade na busca de soluções, assim espera-se aumentar a viabilidade

econômico-financeira com recursos advindos de novos empreendedores atraídos pela melhoria das

condições de segurança, limpeza e iluminação do bairro. O serviço é considerado essencial para

atrair novos investidores e fomentar o desenvolvimento.

Este repertório tende garantir a preservação e a recuperação de todo entorno, viabilizando o

ingresso de novos elementos de infraestrutura, investidores e recursos para a manutenção do

patrimônio. Vale ainda destacar a importância de estas ações privilegiarem a questão da

sustentabilidade.

Acredita-se que, por intermédio da visão social, indicará o caminho rumo à mudança para

adquirir-se hábitos melhores, não somente no modo produtivo, mas também em nosso modo de vida

como sociedade.

37

6. CONCLUSÃO

Este estudo de caso apresentou uma solução pautada na integração de três pilares: limpeza,

segurança e mobilidade com o objetivo de exemplificar como as políticas de revitalização no Barro

Preto podem ser impulsionadoras de desenvolvimento local na região, desde a fase de descoberta

até a análise dos impactos e evolução da mesma.

Nele demonstra-se que as políticas de revitalização, aplicadas de formas integradas são, de

forma convergente, o grande diferencial de promoção do desenvolvimento local. A proposta

baseada nos anseios da comunidade - legitimados pelos atores sociais – e composta de uma

percepção ampla - oriunda de diversos olhares - atesta que para haver desenvolvimento local e que

o mesmo seja aplicado em todas as esferas da comunidade, precisa haver coesão de ideias e,

sobretudo, participação social.

Embora os riscos relativos à proposta, que envolvem questões financeiras, o não

engajamento da participação social e também a falta de estruturação do projeto, o diagnóstico

inicial aponta que buscar funcionalidades integradoras, experiências inovadoras e, por sua vez,

resignificar os conceitos de revitalização e desenvolvimento local, tornando assim o processo algo

que ascenda para a motivação e participação da comunidade e faça da solução algo factível e

palpável, explorando todas as suas capacidades.

Foi percebido também que, embora a metodologia utilizada não contemple a questão

orçamentária e financeira da solução, as perspectivas futuras da mesma também baseiam-se em

firmar parcerias mantenedoras e empreendedoras e, que atraídos esses olhares, pode-se fomentar

ainda mais o desenvolvimento local.

Sabe-se que todo processo de estudo e investigação gera, por si só, não apenas retorno e

questionamento por parte do objeto estudado e sim, também, por parte daqueles que o fazem. A via

de mão dupla dentro do estudo de caso caracteriza, de forma latente, a maior premissa da

metodologia do Design Thinking: a co-criação, que durante todo o processo deste, o permeou

através de suas etapas de construção e através dela foi possível construir uma solução que viesse de

encontro não apenas com os atores sociais, mas também com a busca do grande grupo pela a

inspiração proposta do projeto aplicado acadêmico, transformando assim, sob a base do que foi

apresentado em todo estudo, todos em agentes e beneficiários do desenvolvimento local na região

do Barro Preto.

38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1) ABREU, Aparecida Pereira de; NAVAES, Ana Maria. A relação entre o capital social e o desenvolvimento local: o

caso das comunidades rurais de baixo rendimento em Pernambuco. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE

ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 48 º, 2010, CAMPO GRANDE, MS. P.(21)

2) CARDOSO, Fernanda Serpa. THIENGO, Fernanda Maura de Almeida. GONCALVES, Maria Helena Dias.

NOBREGA, Ana Lucia. RODRIGUES, Carlos Rangel. CASTRO, Helena Carla. Intedisciplinaridade: fatos a

considerar. IN: R.E.C.T., vol 1, num 1, Jan./abr, 2008.

3) CAULLIRAUX, Adriano Amaral. Design Thinking: criando com (e para) seus clientes. IN: Congresso Nacional de

Excelência em gestão, 2014, Rio de Janeiro, RJ. P.(10)

4) COUTINHO, André Ribeiro; BONASSI, Saulo. O ativista da estratégia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

5) GONSALES, Priscilla. Design Thinking para educadores. Instituto Educadigital. Disponível em <

HTTPS://creativecommons.org/licenses/bync.as/30> Acesso em 12/08/2014

6) MARTINS, Sergio Ricardo Oliveira. Desenvolvimento Local: questões conceituais e metodológicas. IN: Revista

Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 3, N. 5, p. 51-59, Set. 2002

7) OLIVEIRA, Paulo Henrique; ERNESTO, Francisco da Conceita; MONDLANE, Nácer Samuel Abílio. Contexto

competitivo, monitoramento ambiental e tomada de decisão estratégica: o caso dos micro e pequenos varejos da

região do Barro Preto em Belo Horizonte. IN: Ci. Inf., Brasília, v. 37, n. 2, p. 110-121, maio/ago. 2008

8) OLIVEIRA, Francisco de. Aproximações ao enigma: o que quer dizer desenvolvimento local? São Paulo, Pólis;

Programa Gestão Pública e Cidadania/EAESP/FGV, 2001. 40p.

9) PRIEMUS, Hugo. KLEINHANS, Reinout. Capital social, revitalização de bairros e o papel das associações

habitacionais: o caso dos Países Baixos. IN: Cadernos metrópole 18 pp. 39-61 20 sem. 2007

10) SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 3. ed. Rio de Janeiro:

Record, 2000.

11) TABOSA, Francisco José Silva. TEIXEIRA, Keuler Hissa. SILVA, Michele Furtado da. MARDOLOZZO, Clóvis

Luis. MAYORGA, Maria Irles de Oliveira. Desenvolvimento local e capital social: uma leitura sobre os núcleos e

arranjos produtivos do estado do Ceará. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA

RURAL, 48 º, 2010, CAMPO GRANDE, MS. P.(14)

12) Prefeitura de Belo Horizonte – PBH

<www.portalpbh.phh.gov.brhttp://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/comunidade.do?evento=portlet&pIdPlc=ecpTaxon

omiaMenuPortal&app=regionalcentrosul&lang=pt_BR&pg=5460&tax=13757 > Acesso em 03/05/2015

13) Associação Brasileira de Supermercados - ABRAS - www.abasnet.com.br

<http://www.abrasnet.com.br/clipping.php?area=1&clipping=21791 > Acesso em 03/05/201

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APÊNDICES

ENTREVISTA 01

Entrevistado: Sr. Júlio César

Cargo/Função: Proprietário da Padaria Ki Pão (Avenida Augusto de Lima, 1190)

Data: 25/05/2015 (Sábado)

Pergunta 01: Como é o diálogo entre a PMMG e os comerciantes no Barro Preto?

Existe um contato, né, até estreito, mas eles estão com poucas ferramentas para tratar da

segurança do bairro como um todo porque, o que mais nos oportuna hoje são os mendigos de rua,

sabe?! São os moradores de rua, então e, é um problema que ninguém pode fazer nada, eu já chamei

o conselho tutelar, já fui na cia, já conversei com o guarda, né, com o coronel, mas não tem nada

para ser feito, então é uma coisa que a gente tem que conviver com eles.

Pergunta 06: Em relação aos moradores de rua, você considera uma questão de

segurança ou inclusão social?!

Eu não vejo a inclusão social, porque não é inclusão social, é um problema de segurança

mesmo, porque o pessoal vem recolhe eles, leva pro abrigo, dá banho, troca de roupa, dá comida, no

outro dia tá aqui, eles voltam, então não é um problema social, eles não querem, eles não querem é,

ter um lugar pra ficar, um lugar pra dormir, porque lá tem um regime, tem um sistema e eles na rua

conseguem dinheiro aqui que tem muito assalariado que não ganha, muitas pessoas de carteira

assinada não ganha o que eles ganham - O senhor diz através de esmola?! - É, sim, de pedinte.

Pergunta 02: Já houve alguma ocorrência em seu estabelecimento?! A PMMG foi

acionada? Qual foi o tempo resposta?

Toda semana, brigas, eles brigam entre eles, eles abordam os clientes e se o cliente não dá eles

xingam, ficam bravo, sabe, faz tumulto, sabe, faz confusão e o grande problema também é a droga

né, quer queira quer não eles estão envolvido com droga e isso é descarado - O senhor já acionou

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já acionou a PM pra isso, eles vem? O tempo de resposta é rápido? - Já, é rápido e tal, mas não

pode fazer muita coisa, não pode... - O senhor tem contato com outros comerciantes, as queixas são

as mesmas, ou tem outras queixas a respeito - É, não, são as mesmas, é geral...

Pergunta 05: Você utiliza algum tipo de segurança particular ou recursos de tecnologia

(CFTV, Alarme, etc.) para proteger seu estabelecimento?!

Sim, eu tenho. São 16 câmeras, isso ajuda muito pra mim agir, então por exemplo, agir no sentido

de apaziguar, você não pode reagir de forma nenhuma, você não pode brigar, você não pode bater,

você não pode fazer nada - Além do circuito, tem algum segurança ou só o circuito mesmo? – Não,

só o circuito mesmo, eu tinha um alarme, mas resolvi tirar porque não tem necessidade, por isso,

porque o botão de alarme aciona a polícia, mas a polícia vem e não pode fazer muita coisa

Pergunta 08: A PMMG tem planejado e/ou executado alguma ação específica para a

região do Barro Preto?

Que eu saiba não, que eu saiba tem o efetivo, tem a vigilância, mas um planejamento de estratégia

para resolver o problema eu não vejo não.

Pergunta 10: Com relação ao planejamento de revitalização da região, os comerciantes

estão inseridos neste contexto?! Há alguma ação em execução ou em planejamento?!

Quais os impactos positivos dessa revitalização na segurança?

É, olha, na minha opinião, sinceridade, eu tenho medo dessa revitalização, porque, nós temos

exemplo da revitalização que foi feita na Savassi que quebrou muita gente, você tá sabendo? – Sim,

claro! - tem também o problema da revitalização da Avenida Paraná que fechou muita gente

também e não resolveu o problema, né, não resolveu. Então assim, eu fico preocupado porque tem

um projeto ai gigantesco, eles estão falando que vão fazer estacionamento de baixo, subterrâneo, e

na verdade eu acho que vai fechar a Rua Mato Grosso ao passo que na minha concepção teria que

abrir novos fluxos para escoar o trânsito e eles vão fechar e vão estrangular o trânsito na Augusto de

Lima, então assim, é, eu fico, vou te falar que eu não participei das reuniões, tá tendo direto, eles

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me convidaram, eu fui convidado, mas eu não fui, por causa de tempo de, ou mesmo por saber que

minha opinião não irá mudar muita coisa - O senhor acha que a prefeitura e a própria polícia está

impondo uma revitalização quando na verdade ela deveria pegando ideia da comunidade? - Claro,

por exemplo, vou te dar um exemplo muito básico, no sábado, o que deveria fazer, a BH Trans tinha

que liberar a pista do meio para estacionamento, certo?! Pro pessoal que vem comprar, pra aumentar

o fluxo de gente que vem pra cá, não tem. É, eu sirvo aqui de banheiro pra muitas senhoras, eu que

atendo eles, não tem, então é assim, são coisas imediatas que poderia tomar, por exemplo, põe uma

placa ali: tá liberado o estacionamento. Eu fui multado aqui na porta, no sábado, então assim, existe

uma indústria de multa que eles querem ganhar, ao passo que deveriam liberar o estacionamento

para as pessoas virem fazer as compras, porque, para onde eles estão indo?! Pro shoppings, onde

tem banheiro, onde tem estacionamento, onde tem segurança, você vai perguntar o pessoal das lojas

e eles vão te falar isso, a infraestrutura daqui não tem, eles podiam fazer isso, uma coisa imediata,

pode fazer a revitalização?! Pode, mas antes disso tem outras medidas a serem tomadas, muito

práticas e de pouco custo.

Pergunta 11: A Praça Raul Soares, considerada porta de entrada do Barro Preto,

passou por uma revitalização em 2008 e ainda apresenta problemas de iluminação e,

por consequência, de segurança. Há alguma medida tomada para reverter essa

situação?! Ainda existe a preocupação de relação à praça?!

Só que isso foi no princípio, né?! Quando a guarda municipal estava lá tudo ‘bonitinho’,

‘bacaninha’, vai lá agora para você ver, com todo o respeito, passa lá agora, seis horas, você vê

cenas de sexo, seis horas da tarde, imagina isso de madrugada?! Vira cidade sem lei.

Pergunta 12: O que hoje os comerciantes entendem que poderia ser aplicado pela

PMMG para um projeto de revitalização da segurança na região?!

É, eu sugeriria que tivesse um efetivo 24 horas, para inibir, sabe, porque se põe dois guardas ali na

esquina, outro aqui, outro ali, inibi, pode até ficar, mas não com a mesma liberdade que está, e a

outra coisa, da revitalização, tomar medidas pequenas, de baixo custo e com solução imediata, esse

caso do estacionamento, aqui tem muita gente que vem aqui e reclama comigo, fala, Júlio, eu venho

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aqui fazer compra, mas não tem lugar de estacionar, se eu estaciono vou ser multado, ao passo que

poderia liberar as duas faixas do meio, de um lado e do outro, poderia fazer uns banheiros químicos,

que cobrasse, 0,50 centavos, 1,00 real, que fizesse essa medida, por exemplo, vem um ônibus de

turismo, onde eles vão lavar a mão, usar o banheiro, pode lavar o rosto, não têm. Muitos deles

pedem pra mim: - Senhor, eu posso ir ao banheiro, posso lavar o rosto, a mão, eu vou lanchar aqui.

Pode ué, c entendeu?! Então, são medidas baratas, práticas e eficientes, poderiam tomar, botar um

efetivo direto, eles ficam aqui até as 12h00min de sábado, depois somem.

Pergunta 14: Recentemente ficamos sabendo que a polícia tem uma rede no aplicativo

WhatsApp, o senhor tem conhecimento dessa rede, o senhor utiliza?!

Tem, tem, você entra, você fala e tal, eles vêm, fazem o BO, mas depois vão embora – Ela é só uma

medida paliativa?! – Ela é como se fosse uma comunicação, um chamado, esse WhatsApp,

comunica que está acontecendo isso assim, ali, eles fazem o BO depois vão embora.

Pergunta 07: Qual a visão dos comerciantes para o fortalecimento do desenvolvimento

local?

É, eu gostaria que fosse feito, uma comissão dos comerciantes, com o pessoal da polícia, da

segurança, da prefeitura, conselho tutelar, para achar uma solução eficaz, mas é sério, né, não é uma

coisa paliativa não, então é um trabalho assim, é, de desenvolver uma ação séria com a polícia, com

os comerciantes, com o conselho tutelar, com a prefeitura, com o corpo de bombeiro que, sei lá,

envolve também a segurança e discutir esse problema, trazendo para resolver mesmo.

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ENTREVISTA 02

Entrevistado: Sr. Aldenir Alves

Cargo/Função: Subgerente da Loja Fábrica de Terninhos (Avenida Augusto de Lima, 1176)

Data: 27/05/2015 (Segunda-Feira)

Pergunta 01: Quanto tempo o comércio existe?

Esta loja aqui tem aproximadamente 10 a 12 anos.

Pergunta 02: Qual o motivo da escolha deste ponto?

Esta loja foi consequência do crescimento de uma loja que tinha na feira shopping, foi uma época

boa de venda, o país estava atravessando uma fase boa de venda, nos anos de 93 e 94, foi se

adquirindo outras lojas, até chegar nesta daqui, que é uma filial da principal que havia nos anos de

93 e 94.

Pergunta 03: Como é o diálogo entre a PMMG e os comerciantes no Barro Preto?

Sim, já vi, já participei, vou às reuniões da CDL, a polícia militar comparece nas reuniões também,

toda segurança da área é feita pela polícia militar que faz um trabalho bom na região, e o que fica a

desejar a gente cobra nas reuniões da CDL, às vezes vai um coronel da polícia militar, então a gente

passa pra eles os acontecimentos novos, qual área tá boa, qual área ficou fraca em termos de

segurança, e eles logo dão resposta pra gente no dia seguinte.

Pergunta 04: Já houve alguma ocorrência em seu estabelecimento?! A PMMG foi

acionada? Qual foi o tempo resposta?

Tem ocorrências simples, às vezes a pessoa chega, pega a vendedora meio distraída, pega uma

mercadoria põe dentro da bolsa, finge que vai comprar, mas não vai, e depois vai embora, quando a

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gente vê aciona a polícia, mas não é sempre não, a gente chama a pessoa pede pra devolver a

mercadoria, porque é muito mais prático e rápido. Quando a gente chama a polícia tem que ser feito

um boletim de ocorrência, você tem que ir à delegacia, tem que levar a pessoa que tá cometendo a

infração, então o que acontece é que você perde três, quatro horas lá, porque tem outros casos pra

serem resolvidos, então isso aí é uma demanda de tempo muito grande. Então a gente faz o

seguinte: chama a pessoa, fala que ela colocou uma peça dentro da bolsa, se ela não devolver a

gente vai chamar a polícia, imediatamente a pessoa tira e entrega, dá alguma desculpa e tal.

Pergunta 05: Quais são as maiores ocorrências da região?!

São sempre dessa mesma natureza, aqui os comerciantes não acionam a PM, só se for um caso

muito grave, pra envolver a polícia, mas geralmente a gente tem polícial passando por aqui sempre,

tanto da polícia municipal, como a polícia militar ou a polícia de trânsito, sempre tem alguma

polícia.

Pergunta 06: A seu ver, qual é a avaliação que você dá para a segurança pública na

região?

Eu diria que o Barro Preto a 20, 30 anos atrás, era um ponto assim que de 1 a 10 você poderia dar 8

ou 9, mas agora, nesse exato momento nesse último ano eu daria uma nota tipo 4 a 5, eu falo pelo

movimento, pelo tanto de loja que tá fechando no Barro Preto, então ficaria nesse nível, já foi um

nível 8 hoje ficaria num nível de 4, 5 caiu muito o movimento aqui no barro preto.

Pergunta 07: Você utiliza algum tipo de segurança particular ou recursos de tecnologia

(CFTV, Alarme, etc.) para proteger seu estabelecimento?!

Sim, tem máquina, tem câmera de filmar, tem a segurança particular que é feita pela EMIVE, aqui

já foi arrombado umas três vezes, então na hora que o alarme soa lá na EMIVE, ela já manda a

polícia com um motoqueiro pra cá, ai já liga pra mim, eu venho aqui.

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Pergunta 08: Em relação aos moradores de rua, você considera uma questão de

segurança ou inclusão social?!

O morador de rua é um negócio de inclusão social, mas eu acho que falta um trabalho pra que se

convença o morador de rua que em Belo Horizonte existe um abrigo que eles podem ficar, mas por

não gostarem de conviver com esse tipo de sociedade em abrigo, ele preferem dormir aqui nas

marquises do Barro Preto, mas agora o que isso acarreta? Isso acarreta muita sujeira de manhã, eles

fazem dos passeios, nas bocas de lobo, de banheiro à noite, e agora tem uma quantidade enorme,

era menos há uns 3,4 anos atrás eram bem menos, mas agora tá muito mesmo, se você rodar aqui à

noite, debaixo da laje do JK, debaixo da marquise daquele fórum trabalhista, isso aqui fica infestado

,aqui em cima nesta rua cheio de mendigos dormindo, tem pessoas que vem com a Kombi, de

madrugada, meia noite, pra poder servir café com leite, pão, vem a Kombi com os voluntariados ,

pra servir pão, café pra eles. O problema do mendigo mais grave, não é que a gente tem medo que

eles roubem não, eles vivem na deles, eles chegam aqui à noite pra dormir, às 07h00min quando a

gente fecha a loja, eles estão abrindo as caixas de papelão pra dormir, o problema é que eles

ganham comida, comem e jogam no chão, dá muito rato, barata, e eles usam as bocas de lobo, os

pés de árvores pra fazer de mictório, aí quando você vem trabalhar de manhã, tem que jogar água,

lavar, tirar aquela “catinga”, então, o terrível é isso.

Pergunta 09: Qual a visão dos comerciantes para o fortalecimento do desenvolvimento

local?

O desenvolvimento lotal, eu acredito, que ele está para o Barro Preto ele não tem mídia

quase nenhuma, ele não é divulgado em nada, ele não é falado em lugar nenhum, ao passo que há

20 anos, quando eu cheguei aqui, o que acontecia aqui? Você chegava aqui de manhã pra trabalhar

tinha 10, 12, 15, 20 ônibus na rua aqui de traz, na Rua Guajajaras, de sacoleiras que vinham do

interior, de pessoas que trabalham nos bairros, então era um movimento intenso de atacado, hoje

esse pessoal fugiu não sei onde eles estão comprando, devem estar comprando em outras áreas do

país, onde se divulga mais o comercio de atacado, porque aqui tá passando tudo para varejo e não

atrai mais o atacadista.

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Pergunta 10: A PMMG tem planejado e/ou executado alguma ação específica para a

região do Barro Preto?

Eles tem olhado sim para o Barro Preto, eles colocam soldados para andar aqui durante o dia, eles

geralmente permanecem na Praça Raul Soares à noite com carro de polícia, às vezes é uma van

grande com 3,4,5 policiais, que é um lugar que dorme muito marginal, muitas pessoas de rua, tudo

aqui na praça Raul Soares a noite, fica sempre ali pra poder tomar conta desse pessoal.

Pergunta 11: Como a PM atua na segurança dos ‘sacoleiros’, turistas e consumidores

na região? Há algum ‘dia de maior movimento’ em que a PM garanta segurança

reforçada?

A PM não tem plano nenhum, o plano que tá é esse ai, de vez em quando a polícia passa, de vez em

quando passa o carro da polícia, na praça às vezes depois de 6 horas da tarde mantém mais um carro

de polícia lá, mas particularmente um poder mais efetivo aqui no local, não tem não.

Pergunta 12: Com relação ao planejamento de revitalização da região, os comerciantes

estão inseridos neste contexto?! Há alguma ação em execução ou em planejamento?!

Quais os impactos positivos dessa revitalização na segurança?

Olha, toda reunião que tem lá no CDL a respeito da revitalização do Barro Preto, toda reunião vai

um coronel da polícia, ele faz a parte da polícia de segurança lá, então não tem assim um plano da

polícia, o plano da polícia é o que você vai na reunião e reclama ele tentam colocar em prática e

amenizar a coisa - Em relação a esse projeto de revitalização vocês tem ciência que ele existe? A

PBH já chegou a passar alguma coisa pra vocês? - Nós já fomos a mais de 10 reuniões sobre esse

projeto de revitalização - O senhor acha que vai ser benéfico esse projeto? - Eu acho que vai ser

benéfica depois dela pronta, mas o que ela vai causar de estragos e danos vai ser uma coisa

impressionante, se ela for feita do mesmo jeito que foi feita a Savassi, a Santos Dumont, do jeito

que foi feito na Paraná, do jeito que foi feito a Pedro II, o que acontece, quando você mete um

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canteiro de obra numa rua dessa direta aqui do Barro Preto você vai afastar totalmente o público,

então aqueles lojistas que estão ali, que vão ficar porque a obra segundo eles vai durar 1 ano e 8

meses, se correr tudo bem, você já pensou em ficar 1 ano e 8 meses com obras aqui na rua? Então

isso aí vai prejudicar demais, eu tenho experiência, porque na Savassi nós já compramos até fundo

de loja na Savassi, do cara que quebrou e anunciou todo mobiliário de loja no jornal a gente foi lá e

comprou baratinho na mão dele, porque lá ele quebrou e desistiu de trabalhar, aconteceu isso em

todo lugar, agora não tem ainda um plano, por isso que as pessoas quando reúne não quer que faça a

obra, porque não tem um plano concreto de como vai ser para não prejudicar as vendas das lojas,

então já demos todas as opções, se vai fazer obra à noite, se vai fazer de manhã, se vai fazer um

lado da rua depois fazer o outro se vai quebrar os dois lados, como que vai fazer pra diminuir esse

impacto nas vendas das ruas onde estiverem trabalhando.

Pergunta 13: O que hoje os comerciantes entendem que poderia ser aplicado pela

PMMG para um projeto de revitalização da segurança na região?!

Eu acho que devia de ter na revitalização, igual essa rua aqui, pelo desenho no computador da

prefeitura tem o desenho todo pronto, esteticamente pronto, feito em computação gráfica, aqui na

praça não vai ter nenhum tipo de policiamento, eu acho que aqui na Rua Mato Grosso entre a Rua

Augusto de Lima e Guajajaras, já que vai ser um canteiro com jardim, com banco e tudo, devia de

ter uma área fixa da polícia, direto ali, tipo um posto policial decorado bonito ali no meio, mas que

toda hora que todo mundo aqui em volta olhasse pra lá visse a segurança, isso seria a melhor coisa.

Pergunta 14: Existem projetos ativos em que a PMMG atua para que as políticas

públicas promovam a integração da população? Há conhecimento desses projetos por

parte dos comerciantes?

Ainda não chegou aqui na minha loja não, no dia que eles implantarem, já foi dito isso em outras

reuniões da CDL, mas ainda não implantaram... Tipo assim, como eu vi em São Paulo, e outros

lugares... Suponhamos aqui dentro da loja entrou um ladrão, tá acontecendo um assalto, eu vou

numa campainha e aperto, na hora que eu aperto a campainha eu vou acionar todas as pessoas que

estão a minha volta e elas vão saber que na loja tal tá acontecendo alguma coisa diferente.

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Então isso ai é que seria uma integração, convidar o pessoal, a PM convidar os lojistas para que se

implante isso, que é uma coisa que não fica tão caro assim, e é uma coisa de ajuda benéfica

maravilhosa, porque se eu tô trabalhando aqui na loja, entrou um ladrão aqui, se alguém apertar um

botão num lugar fácil ali na porta, daí a pouco tá chegando todo mundo em volta pra saber o que

está acontecendo, isso ai é uma coisa muito inteligente.

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ENTREVISTA 03

Entrevistado: Srta. Pabliana de Souza

Cargo/Função: Caixa da FastFood Subway (Rua Araguari, 318)

Data: 27/04/2015 (Terça-Feira)

Pergunta 03: Como é o diálogo entre a PMMG e os comerciantes no Barro Preto?

Tipo assim em termo disso ai a gente não pode reclamar não, porque a polícia tem agido

direitinho com a gente sabe. Eu vejo eles passando muito ai, eles passam toda hora, roda aquela

sirene, depois que aconteceu o assalto, aconteceu nessa loja aqui debaixo também, na Plus também

aconteceu um assalto um dois dias antes do nosso, acho que foi na sexta e nós fomos assaltados a

primeira vez no domingo. Mas assim eles tem passado constantemente e assim em termos de

políciamento pelo menos aqui pra nós não tenho o que reclamar muito não, pelo menos eles tem

passado.

Pergunta 04: Já houve alguma ocorrência em seu estabelecimento?! A PMMG foi

acionada? Qual foi o tempo resposta?

Todos os dois assaltos que sofremos, todos dois foram de mão armada, o primeiro foi um só,

um único cara que veio assaltar, mostrou a arma pra mim, perguntou quem era que tava no caixa, eu

falei que era eu e ele falou então vâmo lá que isso é um assalto. Eu tirei o dinheiro e dei pra ele mas

ele em momento nenhum fez mal pra ninguém, só pegou o dinheiro e foi embora, a pé como um

cliente normal. Aí foi lá pro lado da Goitacazes. No segundo, eu estava olhando o pão, então quem

estava no caixa não era eu, era a outra moça. Já veio dois rapazes, não era os mesmos, nenhum dos

dois. De acordo com ela que ela viu o outro assalto também. Um na porta e outro veio e assaltou,

empurrou os clientes todos pra trás. O próximo cliente que tava com R$12,00 na mão, ele veio e

falou assim: toma o meu dinheiro também ele veio e falou assim: quero nada seu não, eu quero é de

quem tem. Ai foi e pegou, pediu a menina o dinheiro, mostrou a arma pra ela, o outro lá da porta

também tava com arma, falando com nossos clientes pra todo mundo ficar de cabeça baixa, pra

ninguém ficar olhando pra eles, foi pegou o dinheiro e foi embora, saiu correndo também. Não

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roubou nenhum cliente, só pegou o dinheiro do caixa e foi embora. A eles não demoraram muito

tempo pra chegar não, uns 5 minutos, foi bem rápido. Foi só o prazo de ligar e eles já tavam na

porta ai. Todas as duas vezes.

Pergunta 05: Quais as maiores ocorrências aqui da região?!

Mais é assalto mesmo. Já vi na feira, já vi aqui embaixo aqui. A gente ouve falar mais é de

assalto mesmo. E também esse problema dos mendigos ai né, sangue de Jesus tem poder.

Pergunta 04: Qual é a sua avaliação sobre segurança pública aqui na região?!

É boa. Antes do assalto eu falo assim que eu via muito pouco, eles passavam menos, mas

passavam. Costumavam até vir lanchar aqui. Não de graça, costumavam lanchar, mas pagavam,

aliás sempre pagam. É mas depois o policiamento ficou melhor. Eles deram telefone até particular

pra gente.

Pergunta 06: Você utiliza algum tipo de segurança particular ou recursos de tecnologia

(CFTV, Alarme, etc.) para proteger seu estabelecimento?!

Todos. O trem aqui é melhor que o Big Brother gente (risos). Tem o recurso das câmeras e

tem o alarme que aciona direto a polícia, mas a gente não sabia até então. Nunca tinha sido

assaltada, a gente não sabia nem onde era. Ninguém conhecia esses sistemas de segurança a não ser

o gerente.

Pergunta 08: Com relação aos moradores de rua, você considera uma questão de

segurança pública ou inclusão social?!

Vixe! É os dois pra mim, porque eu acho que nossa, eles são terríveis, tem uns loucos ai na

porta que gritam, eles brigam com os clientes porque não deu nenhuma moedinha pra eles. Tem uns

que chegam, diz que vai quebrar tudo, e chega e entra e quer pegar trem do lixo. E chega e pede pro

cliente dentro da loja, com cliente comendo, eles pedem o sanduíche que o cliente está comendo.

Eles são capazes de pegar na latinha de coca que o pessoal tá bebendo. Então tipo assim, além deles

ser mal educado, porque eu acho que você ser morador de rua, não é uma coisa assim de tudo tão

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errada, não ter uma casa, não ter onde ficar ai é outra coisa, mas ser mal educado, ser grosseiro, é

complicado - Você acha que eles espantam os clientes?! Você acha que a PMMG deveria intervir de

alguma forma?! - O tempo todo. Não tipo assim eu acho que, quer dizer assim tem casos que até a

gente já chamou a PMMG pra eles, tipo assim sabe, mas só que a maioria dos casos tem um descaso

da prefeitura, porque isso aí é a prefeitura que faz né, a gente liga pra PMMG eles falam assim: a

isso ai a gente não pode mexer, porque isso ai tem que ligar pra prefeitura, isso ai a prefeitura é que

vai resolver, tem que vir recolher e levar pra um abrigo e tal, é assim que eles falam. Eles até vem

olhar porque a gente liga e pede, fala que tá agredindo, que tá xingando, que entrando e pegando as

coisas dos clientes em cima da mesa, né, mas no mais eu acho também que tem muito erro do

governo sabe, da prefeitura, dos outros órgãos, porque nem tudo é a polícia que resolve né?

Pergunta 10: A PMMG tem planejado e/ou executado alguma ação específica para a

região do Barro Preto?

Eles deixam o telefone deles com a gente. Tem o telefone celular de alguns deles, pessoas

que passam aqui todos os dias, eles são um auxilio muito bom pra gente porque eles passam, eles

chegam, perguntam, eles chegam ao ponto de fazer amizade com a gente sabe, amizade mesmo de

falar assim: olha qualquer coisa vocês podem ligar pra gente, qualquer hora, liga o meu celular, que

qualquer hora que você precisar, até no WhatsApp fica ligado o dia inteiro, sabe. Então tipo assim

pra nós aqui eu não tenho o que reclamar da polícia não. Algum lugar onde eles ficam fixo aqui eu

não sei por que eu não saio daqui de dentro, eu entro 10 horas da manhã, saio 10 horas da noite,

então só na hora do almoço que eu fico lá em cima tentando ‘morcegar’ um pouquinho então não

saio, não sei nem onde é o batalhão deles.

Pergunta 13: A Praça Raul Soares, considerada porta de entrada do Barro Preto,

passou por uma revitalização em 2008 e ainda apresenta problemas de iluminação e,

por consequência, de segurança. Há alguma medida tomada para reverter essa

situação?! Ainda existe a preocupação de relação à praça?!

Ah, é um ponto de referência, mas eu não acho que é assim aquela coisa assim.

Sinceramente eu não sei dizer se houve alguma melhora porque eu não passo por lá, eu nem sei

como é que ela tá pra ser sincera, essa parte ai eu não sei não.

52

Pergunta 15: Existem projetos ativos em que a PMMG atua para que as políticas

públicas promovam a integração da população? Há conhecimento desses projetos por

parte dos comerciantes?

Que eu saiba não, nadinha, nadinha, mas assim a gente não tem tempo de conversar com

eles assim, de bater papo muito não, a gente teve muito assim, no dia do assalto, eles pararam aqui,

eles ficam igual psicólogo com a gente, eles são ótimo assim. Pelo menos os que pararam aqui com

a gente não têm o que reclamar deles não, os policiais excelentes, conhecemos eles até pelos nomes,

eles são ótimos, pessoas boas, tinha as moças, uns policiais homem também, mas todo mundo assim

gente finíssima, da primeira qualidade. Da auxilio, pelo menos pra nós aqui eu tenho do que

reclamar não. Porque assim na verdade, se você perguntasse isso pro gerente ele não ia saber te

falar nada não, porque ele não fica aqui. Quem fica aqui somos nós.

Pergunta 11: Você tem alguma sugestão pra melhorar aqui a segurança?!

Nossa, ia ser ótimo ter policial o dia inteiro, dando umas andadas aqui, indo e rondando aqui,

policiamento andado, a pé sabe, andando, dando uma olhada, parando na porta, dando uma

olhadinha, ia ser ótimo se tivesse isso, a gente ia se sentir mais segura. Ou um posto policial mais

perto, a gente chama eles vem rapidinho porque eles ficam muito ali no fórum. A gente vê um

policiamento melhor a noite, por volta de seis horas eles passam ai na porta.

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ENTREVISTA 04

Entrevistado: Sra. Elenice Batista

Cargo/Função: Atendente do Bar Garotinho ()

Data: 28/04/2015 (Terça-Feira)

Pergunta 03: Como é o diálogo entre a PMMG e os comerciantes no Barro Preto?

Com os comerciantes vizinhos? Ah, não, não tem nada a reclamar. Agora quanto à segurança

é péssima, hoje mesmo teve um assalto aqui ó, de tarde, sol quente - Na loja ao lado aqui? - É no

Boticário, sol quente, aqui constantemente, eu graças a Deus foi uma vez só a mão armada, fez um

ano, porque agora só fico lá fora quando tá vazio. Entendeu? Mas aqui meu filho, é direto. Nós

chamamos a polícia, eles vem sabe?! Mas eu acho que deveria ter mais segurança, fazer tipo um

rodízio, alguma coisa pra nós porque a gente se sente completamente sem segurança, viu? Aqui na

UNA mesmo, agora eu não sei se tá acontecendo, é três, quatro motos roubadas a noite. Com tanta

gente no passeio vendendo tanto trem e ninguém vê nada, porque não vai adivinhar que aquele cara

é o dono da moto ou se não é. Entende? - Mas aqui, você vê policiamento aqui? - Vê, eles passam,

agora eles tem passado, mas passam muito pouco - Mas passam de viatura, a pé? - Passa de viatura,

só na época de dezembro que eles passam a pé, tem vigilância, tem mais segurança.

Pergunta 04: Já houve alguma ocorrência em seu estabelecimento?! A PMMG foi

acionada? Qual foi o tempo resposta?

Já, ué! Quando eu fui assaltada, o ano passado, a mão armada, três horas da tarde, o cara

chegou, pôs a arma na minha nuca. Uai, eu sai com eles (os policiais) não fizeram nada, não

chamou ninguém - Mas a polícia chegou rápido? - Chegou - Quanto a isso não tem nenhuma

reclamação? - Não, tinha, eu acho que gente rondando na região, eles vieram rápido.

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Pergunta 06: A seu ver, qual é a avaliação que você dá para a segurança pública na

região?

Eu me sinto muito insegura depois disso e eu observo que eles passam, eu achava que

deveria ter mais policiamento a pé, né, pelo menos tá passando perto das lojas, porque parece, pelo

que eu vejo e parece, parece que é tipo uma quadrilha que fica vigiando onde que tem mais

policiamento. Só na loja do Boticário, do tempo que eu tô aqui esse ano, já foi umas quatro ou cinco

vezes - E a tarde, né? – E a tarde, sol quente, à tardinha, quatro hora da tarde, gente sentado aqui ó,

na mesa ó, que não vê, porque são gente bem vestidos. Entendeu?

Pergunta 07: Você utiliza algum tipo de segurança particular ou recursos de tecnologia

(CFTV, Alarme, etc.) para proteger seu estabelecimento?!

Ah, ta! Tem camera.

Pergunta 08: Em relação aos moradores de rua, você considera uma questão de

segurança ou inclusão social?!

Isso aí, quanto a eles não amolam não, a não ser que pede, todo mundo pede, todos pede, são

pedintes né, mas amolação com eles, graças a Deus não tive não. – Mas chega a atrapalhar o

comércio? – Eu só não gosto quando eles começa pedir nas mesas sabe, ai eu fecho, mas não os

moradores, alguns que vem passando pedindo que nem são daqui. Entendeu? - Mas os moradores

daqui não têm problema? Não atrapalham as vendas não, né? - Não, porque eles não me amolam

aqui - E você acha que tem alguma solução, sugestão para melhorar a segurança pública aqui na

região? - Eu acharia que deveria ter mais policiamento, não precisa ser de carro, a pé que dá mais

(segurança), inibe mais. Entendeu? Igual agora, não dá pra ver, um cara tão bem vestido não deu

nem para notar que ele era um assalte, são dois cara, entendeu? E tudo armado.

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Pergunta 13: A Praça Raul Soares, considerada porta de entrada do Barro Preto,

passou por uma revitalização em 2008 e ainda apresenta problemas de iluminação e,

por conseqüência, de segurança. Há alguma medida tomada para reverter essa

situação?! Ainda existe a preocupação de relação à praça?!

A praça continua a mesma, quando reformaram colocaram a polícia da Guarda Municipal lá, tava

uma beleza, agora eu pelo menos não atravesso lá de jeito nenhum a noite. Entendeu? – Corre muito

risco? – Agora continua do mesmo jeito, igual antigamente, perigosa do mesmo jeito - A seu ver a

revitalização não surtiu nenhum efeito? - Ela ficou linda, o problema que estragaram devido ao

pessoal (moradores de rua) que fica lá.

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ENTREVISTA 05

Entrevistado: Sr. Sixto Daniel

Cargo/Função: Gerente da Banca São Mateus (Rua Augusto de Lima, 1380 BC)

Data: 27/04/2015 (Segunda-Feira)

Pergunta 03: Como é o diálogo entre a PMMG e os comerciantes no Barro Preto?

Bom eles passam toda hora né, eu acho que deve ter um, uma forma de diálogo para eles a

segurança dos pontos de venda.

Pergunta 04: Já houve alguma ocorrência em seu estabelecimento?! A PMMG foi

acionada? Qual foi o tempo resposta?

Não, até hoje não. É tranquilo

Pergunta 05: A seu ver, qual é a avaliação que você dá para a segurança pública na

região?

Acho que a violência aqui por ser em frente ao fórum, e aqui está perto do fórum, o

policiamento é ostensivo. Então não existe esse tipo de, até de noite aqui é muito tranquilo, porque a

polícia ronda muito. Eu acho que pelo fórum estar situado aqui.

Pergunta 06: A seu ver, qual é a avaliação que você dá para a segurança pública na

região?

Ótima – Qual nota o senhor daria? - Oito.

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Pergunta 07: Você utiliza algum tipo de segurança particular ou recursos de tecnologia

(CFTV, Alarme, etc.) para proteger seu estabelecimento?!

Tem o sistema de alarme interno, só - Esse alarme interno funciona como, só pra gente ter

uma ideia? - Se entrar alguém a gente sabe, ele aciona - Quando ela está fechada? - Sim.

Pergunta 08: Em relação aos moradores de rua, você considera uma questão de

segurança ou inclusão social?!

Não, isso ai é um problema social, em todos os países existe isso ai, é um problema social.

Aqui mesmo toda noite dorme oito pessoas por ai - E com relação a isso, o senhor acha que

poderia existir, por exemplo, alguma ação que pudesse incluir essas pessoas, que pudessem

envolver a comunidade que trabalha, mora ou transita pelo Barro Preto? Que pudesse resolver

essa questão? - O levantamento da prefeitura se não me engano, são 1800 moradores de rua, certo.

Tem albergue. Até estava outro dia olhando no jornal, uma matéria sobre isso, mas tem muitos

moradores de rua que não, eles só vão tomam banho, comem e volta pra rua de novo. Eles se

sentem mais seguros na rua do que no albergue. Então isso ai é problema social, não é só aqui no

Brasil não.

Pergunta 09: Qual a visão dos comerciantes para o fortalecimento do desenvolvimento

local?

Não, acho que o problema hoje, o problema econômico que é no Brasil todo, até aqui na

banca o comercio está baixo. Então, é um problema econômico, acho que o Barro Preto, você vê

aqui o dia inteiro é gente para aqui e para lá. Estes últimos dias está mais, no modo de falar, mais

devagar, mesmo os comerciantes estão falando sobre isso, o movimento nas lojas está fraco, mas ai

é um momento que a crise que o Brasil está vivendo, isso ai é uma coisa normal, passageira, que

deve melhora depois.

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Pergunta 10: A PMMG tem planejado e/ou executado alguma ação específica para a

região do Barro Preto?

Não, não sei. Sobre isso, não. Aqui tem muito policiamento, mesmo a polícia a cavalo,

porque tem o quartel ali na frente, então eles passam todo dia pra lá e voltam todo dia pra cá.

Pergunta 12: Com relação ao planejamento de revitalização da região, os comerciantes

estão inseridos neste contexto?! Há alguma ação em execução ou em planejamento?!

Quais os impactos positivos dessa revitalização na segurança?

Eu não estou inteirado não, eu só li no jornal que tinha o plano diretor de BH e da grande

BH, mas não to assim aprofundado no assunto não - Mas o Sr. não acha que se houvesse algum, vai

haver melhorias, vão haver impactos positivos ou algum impacto negativo, no período de

revitalização e pós-revitalização? - Depende qual que vai ser a revitalização da prefeitura ou do

governo do estado. Se é pra melhoria da população, do cidadão em si, ou é melhoria pra comercio,

ai você tem que separar as duas coisas, eu não estou por dentro não.

Pergunta 13: A Praça Raul Soares, considerada porta de entrada do Barro Preto,

passou por uma revitalização em 2008 e ainda apresenta problemas de iluminação e,

por consequência, de segurança. Há alguma medida tomada para reverter essa

situação?! Ainda existe a preocupação de relação à praça?!

Não, você refere à violência? - Isso - Não, eu frequento noite, eu passo sempre por essa

praça ai, e não vejo violência, não. Vejo muitos moradores de rua dormindo na praça, isso sim.

Pergunta 14: O que hoje os comerciantes entendem que poderia ser aplicado pela

PMMG para um projeto de revitalização da segurança na região?!

Eu acho que o efetivo policial na rua em qualquer região, inibe a violência, né. Eu creio que

aqui no Barro Preto não tem essa, por exemplo, essa Av. Augusto de Lima não tem esse problema

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não. Inclusive tem o policiamento toda hora, mas o policial tem que está na rua e não dentro do

carro não. Eu acho que tem que ser a pé, tem que ter a pé, por que não? Cada cinco esquinas dois

policiais ou três inibe, inibe a violência.

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ENTREVISTA 06

Entrevistado: Srta. Poliana Silva

Cargo/Função: Auxiliar Administrativo no Shopping Barro Preto (Rua Mato Grosso, 382)

Data: 28/04/2015 (Terça-Feira)

Pergunta 01: Como é o diálogo entre a PMMG e os comerciantes no Barro

Preto?

Na verdade a gente só vê policial militar aqui quando a gente chama, fora isso eles não passam por

aqui não, eu tô falando aqui dentro do prédio, em geral. Raramente a gente vê patrulha.

Pergunta 02: Já houve alguma ocorrência em seu estabelecimento?! A PMMG

foi acionada? Qual foi o tempo resposta?

Na verdade, que eu me lembre, tem bastante tempo. Pra falar a verdade, desde que eu estou aqui

nunca houve ocorrência de a gente precisar chamar a polícia e eles vierem não. No estacionamento

já ocorreu, mas assim, de batida de carro lá em cima e a gente precisar fazer um B.O só que ai eles

não vêm. Aí a gente tem que deslocar até o batalhão mais próximo pra fazer o boletim de

ocorrência, fora isto também não.

Pergunta 03: Qual é a sua avaliação sobre segurança pública aqui na região?

É bem ruim viu a gente sempre vê falando de assalto que teve. Mês passado assaltaram a Subway

aqui que é de frente, vira e mexe a gente está saindo, indo embora e tem notícia de assalto das lojas

que estão fechando para ir embora. Vira e mexe tem notícia disto, então eu acho bem ruim.

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Pergunta 04: Você utiliza algum tipo de segurança particular ou recursos de

tecnologia (CFTV, Alarme, etc.) para proteger seu estabelecimento?

A gente tem o sistema de monitoramento da SEMAX, que geralmente tem câmeras, sensor de

presença quando fecha, agora durante o dia não.

Pergunta 06: Com relação aos moradores de rua, você considera uma questão

de segurança pública ou inclusão social?

Eu creio que, geralmente mais assim no horário da noite são que eles aparecem mais. Você olha nas

calçadas, estão cheias, né? Ai eu creio que seja, assim, impacta tanto nas vendas, para o comércio

durante o dia, porque aqui dentro a gente não barra eles de entrarem, então eles têm livre acesso, as

vezes a pessoa que está fazendo compra, vê eles andando, pode achar ruim e acabar não comprando.

Pergunta 08: Qual a visão dos comerciantes para o fortalecimento do

desenvolvimento local?

Tem bastante tempo já que eu estou ouvindo falar que eles vão fazer uma obra na Rua Mato Grosso,

aumentar os estacionamentos e tudo, e realmente tem tempo que eu vejo falar isso e não vejo nada

acontecer, tanto melhoramento assim, nas ruas, na iluminação, passeios, até limpeza mesmo das

ruas deixa muito a desejar.

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ANEXOS

QUESTIONÁRIO QUALITATIVO

1. Quanto tempo o comércio existe?

2. Qual o motivo da escolha deste ponto?

3. Como é o diálogo entre a PMMG e os comerciantes no Barro Preto?

4. Já houve alguma ocorrência em seu estabelecimento?! A PMMG foi acionada?! Qual foi o

tempo resposta?!

5. Quais são as maiores ocorrências da região?!

6. A seu ver, qual é a avaliação que você dá para a segurança pública na região?

7. Você utiliza algum tipo de segurança particular ou recursos de tecnologia (CFTV, Alarme,

etc.) para proteger seu estabelecimento?!

8. Em relação aos moradores de rua, você considera uma questão de segurança ou inclusão

social?!

9. Qual a visão dos comerciantes para o fortalecimento do desenvolvimento local?

10. A PMMG tem planejado e/ou executado alguma ação específica para a região do Barro

Preto?

11. Como a PM atua na segurança dos ‘sacoleiros’, turistas e consumidores na região? Há algum

‘dia de maior movimento’ em que a PM garanta segurança reforçada?

12. Com relação ao planejamento de revitalização da região, os comerciantes estão inseridos

neste contexto?! Há alguma ação em execução ou em planejamento?! Quais os impactos

positivos dessa revitalização na segurança?

13. A Praça Raul Soares, considerada porta de entrada do Barro Preto, passou por uma

revitalização em 2008 e ainda apresenta problemas de iluminação e, por conseqüência, de

segurança. Há alguma medida tomada para reverter essa situação?! Ainda existe a

preocupação de relação à praça?!

14. O que hoje os comerciantes entendem que poderia ser aplicado pela PMMG para um projeto

de revitalização da segurança na região?!

15. Existem projetos ativos em que a PMMG atua para que as políticas públicas promovam a

integração da população? Há conhecimento desses projetos por parte dos comerciantes?

16. Recentemente ficamos sabendo que a polícia tem uma rede no WhatsApp, o senhor tem

conhecimento dessa rede, o senhor utiliza?

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FIGURAS

Figura 01: ‘Design Thinking - O que e como?’

Fonte: www.designculture.com.br

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FOTOS - ENTREVISTA

Figura 02: ‘Entrevistas: Subway’

Fonte: Arquivo do grupo, 2015

Entrevistado (a): Pabliana de Souza

Figura 03: ‘Entrevistas: A Fábrica de Terninhos’

Fonte: Arquivo do grupo, 2015

Entrevistado (a): Aldenir Alves

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Figura 04: ‘Entrevistas: O comércio’

Fonte: Arquivo do grupo, 2015

Entrevistado (a): Júlio César (Padaria Ki Pão) / Sixto Daniel (Banca São Mateus

Figura 05: ‘Entrevistas: Shopping Barro Preto’

Fonte: Arquivo do grupo, 2015

Entrevistado (a): Poliana Silva

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Figura 06: ‘Entrevistas: A Fábrica de Terninhos (B)’

Fonte: Arquivo do grupo, 2015

Estabelecimento: A Fábrica de Terninhos