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PROJETO DE CARROCERIAS SIDER ERGONÔMICAS ATRAVÉS DE UMA ABORDAGEM DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS Nelson Dias da Costa Junior (UFG) [email protected] Heitor Felipe Pires (UFG) [email protected] Bianca Dias da Silva (UFG) [email protected] Gabriel Evaristo Menezes (UFG) [email protected] Pedro Henrique de Sousa Ribeiro (UFG) [email protected] O setor de transporte, atualmente, se bastante competitivo, principalmente se tratando da malha rodoviária, a mais utilizada no Brasil. Neste caso, é necessário o desenvolvimento de empresas focadas na área, de forma a se adequarem a esta competição e não se verem atrás de seus concorrentes. Ao mesmo tempo, se desenvolve também as legislações de ergonomia e segurança do trabalho, cada vez mais exigentes com as empresas contratantes. Desta forma, a criação e melhoria de meios que aliem estes dois pontos é de extrema importância, para que não só estas empresas possam estar de acordo com o que é especificado pelos órgãos competentes, mas para que elas também se diferenciem daquelas que ainda não se veem neste patamar. Com isso, este trabalho objetiva descrever um modelo conceitual de uma nova carroceria que, além de aliar estes dois pontos citados, visa agilizar suas principais atividades dentro da cadeia de suprimentos. Palavras-chave: Projeto, ergonomia, sider, desenvolvimento de produto, transporte XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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PROJETO DE CARROCERIAS SIDER

ERGONÔMICAS ATRAVÉS DE UMA

ABORDAGEM DE DESENVOLVIMENTO DE

PRODUTOS

Nelson Dias da Costa Junior (UFG)

[email protected]

Heitor Felipe Pires (UFG)

[email protected]

Bianca Dias da Silva (UFG)

[email protected]

Gabriel Evaristo Menezes (UFG)

[email protected]

Pedro Henrique de Sousa Ribeiro (UFG)

[email protected]

O setor de transporte, atualmente, se vê bastante competitivo,

principalmente se tratando da malha rodoviária, a mais utilizada no Brasil.

Neste caso, é necessário o desenvolvimento de empresas focadas na área, de

forma a se adequarem a esta competição e não se verem atrás de seus

concorrentes. Ao mesmo tempo, se desenvolve também as legislações de

ergonomia e segurança do trabalho, cada vez mais exigentes com as

empresas contratantes. Desta forma, a criação e melhoria de meios que

aliem estes dois pontos é de extrema importância, para que não só estas

empresas possam estar de acordo com o que é especificado pelos órgãos

competentes, mas para que elas também se diferenciem daquelas que ainda

não se veem neste patamar. Com isso, este trabalho objetiva descrever um

modelo conceitual de uma nova carroceria que, além de aliar estes dois

pontos citados, visa agilizar suas principais atividades dentro da cadeia de

suprimentos.

Palavras-chave: Projeto, ergonomia, sider, desenvolvimento de produto,

transporte

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1. Introdução

O transporte representa o mais importante dos elementos de um custo logístico e tem papel

fundamental na maioria das empresas na prestação de serviços, de acordo com Ribeiro e

Ferreira (2002). Estes autores relatam que este faz parte de uma área de conhecimento

promotora de várias pesquisas e consultorias, e isso ocorre porque as empresas não

conseguem alcançar o mercado devidamente se não tiverem uma logística planejada com um

bom nível de serviço. Esse desenvolvimento requer meios de transporte adequados e

eficientes, mas estes funcionam apenas como facilitador e não como causa direta (GALVÃO,

1996).

Porém, segundo Erhart e Palmeira (2006), a situação da estrutura atual de transportes de

cargas no Brasil apresenta limitações à expansão e ao crescimento econômico, sendo este

quadro um problema decorrente há vários anos, e isso acarreta em um desperdício de bilhões

de reais, devido a acidentes, roubos e ineficiências operacionais e energéticas.

O transporte rodoviário de cargas é o mais expressivo e atinge praticamente todos os pontos

do território nacional, e tem como base a expansão da indústria automobilística, de forma que

hoje é o mais procurado (RIBEIRO; FERREIRA, 2002; SCHROEDER; CASTRO, 2005). De

acordo com Ribeiro e Ferreira (2002), as vantagens deste modal incluem a possibilidade de

transporte integrado porta a porta, adequação aos tempos pedidos, frequência e

disponibilidade dos serviços, e a maior desvantagem está relacionada ao volume pequeno no

transporte de cargas.

Além disso, nenhuma atividade de trabalho está livre de riscos de acidentes, porém existem

aquelas que são mais factíveis, devido a constante exposição dos trabalhadores a algum tipo

de ameaça, de acordo com Neri et al. (2005). Segundo eles, algumas pesquisas mostram que

as atividades ligadas ao transporte rodoviário são de elevado risco, já que há uma elevada

participação deste em mortes, doenças, acidentes de trabalho e de trajeto. Isso exige que sejam

criadas melhores condições de trabalho e saúde para este tipo de profissional. Ainda conforme

relatos de Neri et al. (2005), os riscos oriundos do local de trabalho podem ser avaliados de

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acordo com seus principais agentes, tais como ruídos, calor, ventilação e aspectos

ergonômicos, e estes últimos, principalmente, são de extrema importância para a saúde e

segurança de motoristas e usuários dos veículos.

Sendo assim, torna-se indispensável uma ampla discussão sobre o tema, de forma a sugerir

melhorias para que esses problemas sejam reduzidos. Nesse sentido, o interesse acadêmico

em projeto e desenvolvimento aumentou consideravelmente nos últimos tempos, tornando-se

um campo de reconhecida atenção (ULRICH, 2001 apud MACHADO, 2006).

Conforme destacado por Silva (2004), do ponto de vista prático, é notável a importância do

desenvolvimento de produtos para a economia, principalmente para a cadeia automotiva, de

forma que suas atividades estimulam e fortalecem este setor em particular. Tidd (1997) apud

Galina (2003) complementa que há vantagem competitiva nas organizações que se mobilizam

no sentido de adquirir conhecimentos, habilidades e experiência para inovação, tanto em

produtos, processos e serviços.

Com todos esses aspectos envolvidos, o sistema atual de transportes no Brasil tendo o modal

rodoviário com amplo destaque e com perspectivas de continuidade nas próximas décadas,

mas com históricos problemas de acidentes de trabalho e trajeto, torna-se urgente uma

ampliação do debate público, segundo Neri et al. (2005), sobre as condições de trabalho dos

profissionais deste ramo, já que seus prejuízos extrapolam o setor econômico, ganhando

proporções sociais. Isso pode ser aliado ao desenvolvimento de novos produtos que busquem

a excelência nas condições ergonômicas dos trabalhadores, sem prejudicar a parte

operacional, pois a administração de empresas carece do conhecimento e da aplicação de

conceitos e técnicas que proporcionem a racionalização das atividades, minimizando os custos

e maximizando a qualidade dos produtos e serviços (GUALDA, 1996 apud SCHROEDER;

CASTRO, 2005).

Este estudo apresenta uma proposta de melhoria para carrocerias tipo Sider que, segundo

Roncari e Delmanto Junior (2012), se associadas a equipamentos apropriados para carga e

descarga, seriam apropriadas para melhora da ergonomia dos operadores, economia no tempo

de recebimento, entre outros benefícios. Porém, segundo relatos de alguns operadores que

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trabalham com esse tipo de carroceria, o processo de abertura e fechamento de suas laterais

ocasionam dores e lesões, pois o seu atual modelo ainda é defasado se comparado a

excelência ergonômica e segura.

Portanto, o objetivo deste trabalho é descrever conceitualmente um projeto de carrocerias

Sider, que agilize as operações de carga e descarga, e, além disso, não prejudique a saúde

física do operador.

Para tanto, ele é dividido da seguinte maneira: na seção 2 é explicitado os procedimentos

metodológicos utilizados; a seção 3 apresenta a proposta feita pelos autores, tal como foram

feitas cada fase; e na seção 4 as considerações finais levantadas diante do estudo feito.

2. Procedimentos metodológicos

Neste trabalho foi realizada uma pesquisa teórico-conceitual, objetivando-se, através de

métodos e ferramentas, buscar um melhor atendimento às exigências de um processo de

desenvolvimento de novos produtos.

Segundo Berto e Nakano (1998; 2000), a metodologia de pesquisa teórico-conceitual é

resultado de uma série de reflexões, de forma que estas devem ser fundamentadas através de

um fato observado ou referenciado na literatura, reunindo opiniões e ideias de várias fontes ou

até mesmo através de uma modelagem e/ou simulação teórica. Visando classificar os

trabalhos científicos, estes mesmos autores propuseram que observações de campo não

estruturadas, que são realizadas coletas de dados sem os instrumentos formais, também

estejam neste panorama de teórico-conceituais. Por fim, eles citam que as discussões

conceituais que se baseiam em revisões de literatura se encaixam neste grupo.

Para o processo de desenvolvimento conceitual do produto foi utilizado o modelo proposto

por Rozenfeld et al. (2006). Segundo estes autores, ele é voltado, principalmente, para dois

tipos de empresas de manufatura: bens de consumo duráveis e bens de capital. Para isso, este

processo foi dividido em três macrofases. Conforme é mostrado na Figura 1, são elas: Pré-

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Desenvolvimento, Desenvolvimento e Pós-Desenvolvimento.

Figura 1 – Macrofases

Fonte: Rozenfeld et al. (2006)

A seguir, cada macrofase será definida. As ferramentas utilizadas em algumas delas serão

apresentadas apenas no decorrer do trabalho.

O pré-desenvolvimento deve garantir que o direcionamento estratégico, delineado desde o

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Planejamento Estratégico da Corporação, as ideias dos atores internos e externos que estão

envolvidos com os produtos, e as oportunidades e restrições sejam todos devidamente

mapeados, de forma a serem transformados em um portfólio de projetos a serem

desenvolvidos. É neste ponto que se deve definir claramente o escopo do projeto, para que no

final seja decidido se o que foi definido realmente tem possibilidade de acontecer.

De acordo com o modelo proposto por Rozenfeld et al. (2006), Já a macrofase de

desenvolvimento é subdividida em cinco fases, que são:

1) Projeto Informacional: desenvolvimento de um conjunto de

informações, chamadas de especificações-meta do produto, a partir do que foi

levantado no planejamento e em outras fases anteriores.

2) Projeto Conceitual: modela-se funcionalmente o produto,

desenvolvem-se princípios e alternativas de solução para as funções e para o produto,

projeta-se a ergonomia e a estética do mesmo, além de definir o plano de

macroprocesso e parcerias.

3) Projeto Detalhado: é neste momento que o produto toma forma,

pois se cria e detalha os sistemas, subsistemas e componentes, através de desenhos e

documentos necessários, além de se planejar o processo de fabricação e montagem.

4) Preparação da Produção: esta fase engloba uma preparação de lote

piloto e define os processos de produção e manutenção.

5) Lançamento do Produto: deve-se desenvolver um processo de

suporte envolvendo vendas, distribuição, atendimento ao cliente e assistência técnica;

é necessário promover o marketing desse evento; e, por fim, lançar o produto de fato.

Para efeito deste trabalho, a fase 3, Projeto Detalhado, não foi feita completamente. Isso se

deu pelo cunho teórico-conceitual do mesmo e, além disso, houve restrições de tempo e falta

de recursos para o seu desenvolvimento na íntegra. Por motivos semelhantes, como não se

possuiu os recursos necessários para o desenvolvimento de um processo produtivo, as fases 4

e 5 também não foram desenvolvidas por completo.

Por fim, o pós-desenvolvimento compreende um acompanhamento sistemático do produto,

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além da constituição de documentos correspondentes a melhorias ocorridas no produto

durante o seu ciclo de vida. Além disso, são feitas avaliações deste último, de forma que as

experiências adquiridas sirvam de referência para o desenvolvimento de novos produtos ou

até para melhoria do mesmo. Por fim, a retirada sistemática do produto também é planejada

neste momento. Como o produto não foi processado de fato, neste trabalho essa última etapa

não foi realizada.

3. Proposta ergonômica para carroceria Sider

A Sider é um tipo de carroceria utilizada principalmente para transportes de cargas

paletizadas, sacarias e outros modos de armazenamento. Ela fornece bastante praticidade em

seu descarregamento, pois é possível realiza-lo pelas duas laterais do caminhão, ou uma delas,

com apenas a retirada da lona e das travessas. Contudo, a retirada manual dessas travessas

ocasionam, por vezes, ferimentos aos operários. Isso acontece porque, em geral, as carrocerias

do tipo Sider atuais detêm algumas condições de design pouco ergonômicas e seguras.

Isso justifica a posição deste projeto, que objetiva auxiliar os clientes e usuários na redução de

acidentes de trabalho e na melhoria do rendimento das atividades relacionadas, atingindo,

desta forma, não só empresas detentoras de frotas de caminhões que utilizam a Sider, como

também consumidores de menor expressão, donos de seus próprios veículos.

Outro ponto a ser destacado é a idealização do projeto como algo não exclusivo, ou seja, que

ele não atinja apenas uma pequena parcela de mercado com preços altos, mas possa atender o

mercado com maior amplitude. Porém, apesar haver um claro objetivo de baixo preço, neste

projeto, devido a algumas limitações, não foi possível realizar uma análise de viabilidade

econômica do produto, nem da criação de seu processo produtivo.

Por fim, este projeto foi apelidado pelos autores de Sider Easy, dado o objetivo inicial de

facilitador.

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3.1. Projeto informacional

Esta etapa consistiu na utilização de uma ferramenta chamada Quality Function Deployment

(QFD – Desdobramento da Função Qualidade), que, de acordo com Miguel (2003), se resume

em um processo sistemático que objetiva enfocar nos pontos mais importantes no ponto de

vista dos projetistas e dos clientes, de forma a buscar vantagens competitivas no

desenvolvimento de produtos. Ele busca, portanto, aliar as necessidades e desejos dos clientes

com os requisitos do projeto, de maneira a ressaltar os principais elementos dispostos em um

conjunto de matrizes.

Inicialmente, foi necessário que a equipe identificasse as características primordiais que o

cliente busca no produto, traduzindo-as como especificações técnicas. Neste sentido, no inicio

do projeto se aplicou um questionário com operários e conhecedores da área, possibilitando

entender os principais requisitos que os clientes buscam para melhorar suas atividades, que

foram os seguintes:

Facilidade de acesso lateral para agilizar a carga e descarga e agilidade na remontagem

do sistema de lonas.

Máximo de leveza possível nos itens manuseados pelos operadores e flexibilidade de se

adaptar a carrocerias diferentes, de forma a suportar variados pesos e tamanhos.

O sistema de segurança deve se adaptar em diferentes tipos físicos das pessoas.

A retirada das barras não pode em hipótese alguma provocar ferimentos nos

operadores.

Manuseio prático deve se tornar mais ágil e fácil mantendo a qualidade no acabamento

e preço acessível.

Assim, a equipe os transformou estes pontos em especificações técnicas que determinaram as

metas para o desenvolvimento do produto. Sendo assim, abaixo encontram os principais

requisitos do projeto definidos:

Roda de correr encaixadas em trilhos ao longo do eixo horizontal para agilizar a tarefa,

constituídas de material resistente e a trava de segurança da rodinha horizontal para

evitar oscilações das barras e a soldagem da base da roda.

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Cinto de apoio ajustável possibilitando praticidade e segurança deve ser de alta

durabilidade e respectivamente, o encaixe para o mesmo.

Barras verticais inteiras e horizontais fracionadas e rosqueadas e o encaixe plástico e

amortecedor das barras para evitar o esmagamento de membros dos trabalhadores.

3.2. Projeto conceitual

Concluído o projeto informacional, deu-se continuidade ao projeto realizando o projeto

conceitual. Nesta etapa foram abordados o Modelo Funcional do produto, a Matriz

Morfológica, ergonomia e estética do produto e definição de possíveis parcerias com

fornecedores.

A princípio foi estabelecido o Modelo Funcional do projeto que, conforme definido por

Rozenfeld et al. (2006), auxilia os projetistas na descrição dos produtos em um nível abstrato,

sendo eles representados por suas funcionalidades. Para início, define-se a chamada função

global, obtida por uma análise dos requisitos funcionais, denotados no Projeto Informacional.

O Sider Easy conta com as seguintes funções globais: função de ‘Abrir Lateral’, em que se

destrava a lona e retiram-se as barras, a carga/descarga do caminhão e a função ‘Fechar

Lateral’, na qual são colocadas as barras e a lona é recolocada e travada. Em seguida, foi

montada a Matriz Morfológica, que, segundo Wright e Spers (2006), é utilizada para fazer

combinações consistentes sobre os estados futuros de cada variável identificada, com base em

suas estruturas. Essa matriz auxiliou na definição de qual o melhor tipo de material a ser

utilizado em cada componente do modelo.

No que concerne à ergonomia do produto, optou-se por adequar o produto as características

físicas e ao conhecimento do usuário, evitando assim movimentos e forças extremas. Buscou-

se também a simplificação e redução das tarefas necessárias para a operação. Desta forma, o

projeto prevê os possíveis erros humanos, implementando restrições que previnem ações

incorretas.

Assim, as modificações implementadas consistiram em, elaborar barras horizontais

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fracionadas e rosqueáveis, leves e que não possuíssem vértices pontiagudos, porém não

perdendo no quesito resistência. Outra alteração foi instituir travas de segurança com o

objetivo de não permitir que estas mesmas deslizem durante o transporte. Por fim,

acrescentou-se um cinto de segurança, que prende o operador a uma altura razoável da

carroceria, de forma que proporcione segurança no destravamento superior das barras

verticais.

Optou-se, também, por trabalhar o produto ressaltando as características que beneficiarão o

consumidor de alguma forma. O desenho do cinto de segurança foi elaborado de modo que

seja facilmente ajustável a diferentes biótipos de estrutura corporal, não perdendo sua função

de suporte ao peso e deslocamento do condutor. As barras fracionadas foram definidas por um

material leve e de fácil manuseio, com a remoção de qualquer ponta que possa machucar o

condutor, além do uso de tintas antioxidantes para maior durabilidade. As rodinhas, por sua

vez, devem proporcionar um deslizamento satisfatório.

Um aspecto também abordado foi a identificação de possíveis parcerias com fornecedores,

sendo estes responsáveis pelas peças advindas das modificações implementadas,

caracterizando um sistema de dependência em primeira instancia. Os principais aspectos que

se busca no perfil destes fornecedores seriam: solidez no gerenciamento, meio ambiente,

qualidade, logística, pós-mercado, competência, desenvolvimento de produto, produtividade e

compras.

3.3. Projeto detalhado

A partir desta etapa é que o produto ganhou forma realmente. Nela, o grupo determinou a

arquitetura do produto contendo os componentes chave do mesmo, alguns detalhes

primordiais para que a carroceria pudesse atender as especificações previamente definidas,

além do processo para obtenção da mesma. O produto final desejado também foi desenhado,

para um melhor entendimento.

Os itens fundamentais definidos para este projeto foram:

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Estrutura: composta por um perfil de aço, portas traseiras com

abertura total, colunas no sentido vertical, colunas removíveis no sentido horizontal,

argolas para cinto de segurança e um sistema de acoplamento.

Chassi: composto por batente borracha, adesivos retro refletivos,

escada fixa com dois degraus, piso em chapa de aço carbono, protetores laterais, chapa

para apoio e para-lama metálico.

Acessórios: bolsa com cinta de lacre, sinalização de produtos

perigosos, suporte cantoneira, suporte cone, suporte extintor de incêndio, tensionador

lonas central-lock, tensionador lonas fivela, além dos dispositivos de segurança (cinto,

extintor e sistema de freio das colunas verticais).

Componentes: revestimento com teto em lona lisa, produzida a

partir de substrato de poliéster e lateral em lona lisa.

Pintura: painéis dianteiro e traseiro em única cor, e chassi e piso

cinza.

O processo de produção foi definido conforme mostrado na Figura 2.

Figura 2 – Processo de produção Sider Easy

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Fonte: Elaborada pelos autores

Por fim, na Figura 3 é mostrado o desenho da carroceria de várias perspectivas, em que cada

uma delas corresponde a um momento da modelagem funcional (é necessário que deixe claro,

porém, que não foram desenhados todos os componentes, nem todos os momentos da

modelagem).

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Figura 3 – Perspectivas da carroceria Sider Easy

Fonte: Elaborada pelos autores

3.4. Lançamento do produto

Seguindo a legislação, o projeto Sider Easy respeita as medidas da carroceria sider padrão,

levando em conta o peso bruto máximo para caminhões truck.

O projeto Sider Easy tem o objetivo de trabalhar na forma Make to Order (MTO), que

consiste num sistema de produção baseado na estratégia de resposta à demanda fabricando

sob encomenda, mas com estocagem prévia de insumos (FERNANDES; GODINHO FILHO,

2010). Neste sentido, existe um lead time considerável até que o cliente receba de fato a

carroceria finalizada. Porém, a espera é compensada pelos inúmeros benefícios ergonômicos

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para o operador, que traz esse novo modelo de Sider, além de considerável melhoria na

agilidade de carga/descarga.

Para que o produto esteja mais identificado com o cliente final, é possível que o cliente

coloque sua marca, ou outra marca que lhe interesse, na lona lateral da carroceria.

O atendimento ao cliente, em si, deve ser realizado por meio telefônico, pessoal ou via

internet, buscando maior velocidade no fluxo de comunicação entre cliente e empresa, de

modo que possam ser oferecidas diversas opções de compra ao cliente, relacionados a

serviços ou produtos oferecidos. Uma ferramenta adequada para isso é o Customer

Relationship Management (CRM – Gestão de Relacionamento com o Cliente).

Juntamente ao departamento de marketing deve ser oferecido, no ato da aquisição de um novo

produto, um pacote de vantagens para a assistência técnica do mesmo. Deste modo, o cliente

terá alguns privilégios como a busca e entrega do produto para o reparo independente de

localidade e rapidez, com garantia sobre o mesmo. Será utilizado a internet e telefone como

principais meios de contato com a assistência técnica, o cliente se identificará , será conferido

o modelo de seu produto, o relato do(s) problemas será feita em seguida, a partir daí então

será feita o recolhimento do produto para o devido reparo.

Cada carroceria acompanhará um manual de apoio desde o manuseio e problemas a cuidados

com o produto, no qual haverá um detalhamento correlacionado a cada uma dessas partes, de

forma simples e coesa para que haja um perfeito entendimento do produto que esta sendo

adquirido.

A campanha publicitária do Sider Easy tem o intuito de atingir, principalmente, as empresas

especializadas em transportes de cargas. A principal função da campanha publicitária é tornar

o produto conhecido, informando o cliente sobre o mesmo e despertando seu interesse para

adquirir o produto devido a sua grande vantagem, que é a segurança e agilidade.

Primordialmente, o foco é fazer com que a propaganda seja comunicativa, pois se trata de um

produto novo então se torna de grande relevância o conhecimento por parte do cliente acerca

dos benefícios em adquirir o Easy Sider.

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Por fim, objetiva-se também obter um feedback sobre a satisfação do cliente após a compra do

produto, com o intuito se informar a respeito da opinião dos consumidores acerca do produto,

de maneira que se possa continuar desenvolvendo uma campanha publicitária que expõe as

melhorias e entendendo novas necessidades dos clientes.

4. Considerações finais

O objetivo deste trabalho foi descrever um novo conceito de carrocerias Sider, e para isso

foram descritos os passos realizados para o seu projeto, na tentativa de agilizar suas operações

de carga e descarga, não prejudicando a saúde física do operador que desempenha esta

atividade.

É necessário também que se dê ênfase no cunho totalmente conceitual deste projeto, dadas as

restrições de aprofundamento presentes, pois, além de haver um curto período de seis meses

para sua finalização, não foi possível a criação de protótipos ou até mesmo lotes

experimentais, para validação das ideias criadas pelo grupo. Outra limitação bastante

impactante foi a impossibilidade de uma análise de viabilidade econômica, visto que este,

para as empresas, atualmente, é o ponto chave para realização ou não de um projeto.

Para trabalhos futuros, sugere-se que seja feita uma análise de viabilidade econômica para

produtos semelhantes, de forma a buscar entender se um projeto desta magnitude pode ser

levado a diante por empresas. Além disso, basear-se no modelo utilizado neste trabalho para o

desenvolvimento de produtos pode não só facilitar na criação de qualquer tipo produto,

principalmente de bens duráveis e de capital, como também auxiliar num aprofundamento do

estudo aqui abordado, visto que nem todas as fases e macrofases sugeridas pela teoria foram

realizadas.

O modelo em si, desenvolvido neste trabalho, trouxe uma mudança significativa no ponto de

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que, para mobilidade das barras verticais, adicionou-se um sistema com rodas, para que a

mesma não precisasse ser retirada ou não restringisse o tamanho de carga a ser levada na

carroceria, fazendo com que o operador diminuísse a necessidade de força física com a

mesma, agilizando também esse processo de abertura e fechamento da lateral.

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