Projeto de Conclusão de Curso

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Diego Rodrigues Vaz Diego Rabelo Damasceno Pablo Alves da Silva PROPOSTA DE MELHORIA ESTRUTURAL DA CAÇAMBA DE UMA MINICARREGADEIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA 2014

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Page 1: Projeto de Conclusão de Curso

Diego Rodrigues Vaz

Diego Rabelo Damasceno

Pablo Alves da Silva

PROPOSTA DE MELHORIA ESTRUTURAL DA

CAÇAMBA DE UMA MINICARREGADEIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

2014

Page 2: Projeto de Conclusão de Curso

Diego Rodrigues Vaz

Diego Rabelo Damasceno

Pablo Alves da Silva

ANÁLISE E PROPOSTA DE MELHORIA DA CAÇAMBA DE UMA

MINICARREGADEIRA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de graduação em Engenharia Mecânica da

Universidade Federal de Uberlândia, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de BACHAREL

EM ENGENHARIA MECÂNICA.

Área de concentração: Mecânica dos Sólidos

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Sonia A. Goulart de Oliveira

UBERLÂNDIA - MG

2014

Page 3: Projeto de Conclusão de Curso

Diego Rodrigues Vaz

Diego Rabelo Damasceno

Pablo Alves da Silva

PROPOSTA DE MELHORIA ESTRUTURAL DA CAÇAMBA DE UMA

MINICARREGADEIRA

Projeto de fim de curso ____________ pelo

Programa de Graduação em Engenharia Mecânica

da Universidade Federal de Uberlândia.

Área de concentração: Mecânica dos Sólidos

Banca Examinadora:

____________________________________

Prof.ª Dr. Sonia A. Goulart de Oliveira

_____________________________

Prof. Thiago A. M. Guimarães

_____________________________

Eng. Hugo Leandro Rosa

Uberlândia, 28 de Março de 2014.

Page 4: Projeto de Conclusão de Curso

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Uberlândia e à Faculdade de Engenharia Mecânica

pela oportunidade de realizar este curso.

À CBMM pela oportunidade e a SSAB pela contribuição com o

desenvolvimento deste trabalho.

À Professora Sonia A. Goulart de Oliveira pela excelente orientação, paciência

e incentivo.

Ao colega de curso Jomone Brunozzi Ruiz, o mestrando Arnaldo Alves Garcia

Júnior e ao doutorando Rogério Araújo.

Às nossas famílias pelo suporte incondicional durante toda a realização deste

curso.

Page 5: Projeto de Conclusão de Curso

VAZ, D. R.; DAMASCENO, D.R. e DA SILVA, P.A. Proposta de Melhoria

Estrutural da Caçamba de Uma Minicarregadeira. 2014. 94 f. Trabalho de final de

curso, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia.

RESUMO

O objetivo deste trabalho é propor melhorias no projeto das caçambas que

equipam as minicarregadeiras Bobcat S650 da Companhia Brasileira de Metalurgia

e Mineração, CBMM. A motivação desse projeto se baseia nas constantes e

precoces falhas que vem acontecendo nas atuais caçambas utilizadas pela

empresa. A análise inicial foi feita em modelos que estão sendo utilizados pela

empresa para entender o porquê das ocorrências das falhas. Para estes modelos

foram usados softwares de CAD (SolidWorks) para gerar o modelo geométrico e

programas de simulação (ANSYS Workbench) para uma análise das condições de

trabalho a que essas caçambas estão sendo submetidas. Adicionalmente, foi

utilizado o software Autodesk Inventor em seu módulo de dimensionamento de

juntas soldadas para especificar os níveis de tensão que estão atuando nas junções

soldadas do componente. Finalmente, o módulo de otimização do Ansys foi utilizado

para que uma estrutura funcional seja obtida com a menor massa possível.

Baseando-se nos resultados obtidos com as simulações, uma nova geometria foi

proposta visando oferecer estabilidade estrutural, massa reduzida e facilidade de

fabricação. O presente estudo não leva em consideração as falhas devido ao

desgaste dos materiais, apesar de esse ser um assunto de extrema importância e

que tem influência direta na vida útil do componente.

___________________________________________________________________

Palavras Chave: análise estrutural; método de elementos finitos; caçamba de

minicarregadeiras;

Page 6: Projeto de Conclusão de Curso

VAZ, D. R.; DAMASCENO, D.R. e DA SILVA, P.A. Proposal of a Structural

Improvement for a Miniloader Bucket. 2014. 94 f. Final Undergraduate Project.

Federal university of Uberlândia, Uberlândia.

ABSTRACT

The purpose of this work is to establish improvements in the project of the

buckets used in CBMM's (Brazilian Metallurgy and Mining Company) mini-loaders

Bobcat s650. The motivation for this study comes from the premature and constant

failures that have been occurring in these components. The analysis begins with the

current buckets that have been used by the company as a reference for

understanding the reasons for the failures. For that, CAD (Computer Aided Design)

and CAE (Computer Aided Engineering) softwares, such as ANSYS Workbench,

Solidworks and Inventor were used as the main tools for describing the mechanical

behavior of the parts that compose the bucket. Based on the results of the

simulations, a new bucket concept that minimizes the effects of the loads is

presented. Considering that this work concentrates in the stress analysis of the

bucket, the effects of material wear and friction is not being considered since this

subject would be beyond the scope of this study. Nevertheless, a deeply study

considering the effects of wear and friction would be very important for obtaining a

much more reliable structures.

___________________________________________________________________

Keywords: Structural Analysis. Finite Elements Method. Bucket for Mini Loaders

Page 7: Projeto de Conclusão de Curso

LISTAS DE SÍMBOLOS

Símbolo Descrição

A área

d, x, U deslocamento

E módulo de elasticidade

F, f, P força

HRC dureza rockwell C

I corrente elétrica

K fator de concentração de tensão

k rigidez

L, l comprimento

M momento

Q aporte de calor

Sy limite de resistência ao escoamento

Sut limite de resistência à ruptura

Se limite de resistência à fadiga para vida

infinita

Sf resistência à fadiga

Page 8: Projeto de Conclusão de Curso

t fator de correção da resistência à

fadiga

U tensão elétrica

V velocidade de soldagem

s tensão normal

ε deformação

Δ variação

Σ somatório

Θ deslocamento angular

τ tensão cisalhante

ρ massa específica

n coeficiente de Poisson

𝜂 rendimento térmico

Page 9: Projeto de Conclusão de Curso

SUMÁRIO

CAPÍTULO I .......................................................................................................................................... 1

1. Introdução ....................................................................................................................................... 1

CAPÍTULO II ............................................................................................................................................. 4

2. O método dos elementos finitos ................................................................................................. 4

2.1 Descrição do método .............................................................................................................. 6

2.2 Ferramentas CAD e CAE ........................................................................................................ 16

2.3 ANSYS Workbench ................................................................................................................. 17

CAPÍTULO III .......................................................................................................................................... 18

3. Fundamentos teóricos .............................................................................................................. 18

3.1 Características e Propriedade dos aços ................................................................................. 18

3.1.1 Série Weldox® ................................................................................................................... 18

3.1.2 Soldagem do Weldox®....................................................................................................... 18

3.1.3 O aporte de calor ............................................................................................................... 20

3.1.4 Os consumíveis de Soldagem ............................................................................................ 22

3.1.5 Gases de proteção ............................................................................................................. 23

3.1.6 Corte do Weldox® ............................................................................................................. 24

3.1.7 Série Toolox® ..................................................................................................................... 24

3.2 Comportamento dos Materiais sob carregamento cíclico: Fadiga ....................................... 26

CAPÍTULO IV .......................................................................................................................................... 33

Metodologia .......................................................................................................................................... 33

4. PROPRIEDADES DOS MATERIAIS UTILIZADAS ........................................................................... 33

4.1 Determinação do gráfico S-N para análise de fadiga: ........................................................... 34

4.2 Modelos utilizados ................................................................................................................ 36

4.3 Nova geometria ..................................................................................................................... 38

4.4 Determinação das condições de contorno ........................................................................... 40

4.4.1 Determinação das condições de contorno: primeiro caso ............................................... 41

4.4.2 Determinação da força atuante na aresta frontal da caçamba: segundo caso ................ 43

4.5 Discretização do Modelo ....................................................................................................... 45

4.5.1 Pontos de Singularidade .................................................................................................... 47

4.6 Otimização ............................................................................................................................. 48

CAPÍTULO V ........................................................................................................................................... 51

Resultados e discussão .......................................................................................................................... 51

Page 10: Projeto de Conclusão de Curso

5. Comparação entre as caçambas com e sem travamento feito com barra de perfil U ............. 51

5.1 Comportamento na região do cordão de solda para a caçamba sem reforço. .................... 58

5.2 Comportamento na região do cordão de solda para a caçamba com reforço ..................... 64

5.3 Tensão no cordão solda para chapa de fixação com geometria curva ................................. 66

5.4 Comportamento das demais regiões da caçamba em relação à fadiga ............................... 68

5.4.1 Modelo original sem reforço ............................................................................................. 68

5.4.2 Modelo original com reforço............................................................................................. 69

5.5 Análise da caçamba apoiada na aresta frontal ..................................................................... 70

5.6 Modelo proposto .................................................................................................................. 73

5.6.1 Nova geometria ................................................................................................................. 73

5.6.2 Otimização da nova geometria ......................................................................................... 74

5.6.3 Resultados para o modelo proposto ................................................................................. 77

Capítulo VI ............................................................................................................................................. 82

Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros .................................................................................. 82

CAPÍTULO VII ......................................................................................................................................... 84

Referências Bibliográficas ..................................................................................................................... 84

Apêndice.................................................................................................................................................... i

Page 11: Projeto de Conclusão de Curso

1

CAPÍTULO I

1. In trodução

Devido à alta competitividade do mercado atual a produtividade é fator

determinante para o bom desempenho de qualquer empresa. No ramo da mineração

não é diferente, e como se trata de um setor que envolve a extração, tratamento e

beneficiamento de diferentes tipos de produtos minerais, a produtividade está

diretamente relacionada com o bom funcionamento dos equipamentos envolvidos

nesses processos, como carregadeiras, escavadeiras e caminhões. Entretanto, para

obter-se uma alta taxa de produção, os equipamentos envolvidos no processo são,

muitas vezes, utilizados acima de sua capacidade nominal de operação, o que gera

gastos excessivos com manutenção ou mesmo substituição de componentes.

A Companhia Brasileira de Mineração e Metalurgia (CBMM) é uma empresa,

com sede em Araxá, no Estado de Minas Gerais, que atua na exploração e

comercialização de produtos acabados de nióbio, de forma que diferentes tipos de

processos envolvidos no beneficiamento do minério são realizados na empresa.

O tema deste projeto tem origem na observação das condições de uso dos

equipamentos utilizados em alguns dos processos da CBMM. Devido às

características de operação das caçambas das minicarregadeiras Bobcat S650,

falhas mecânicas prematuras ocorrem regularmente, aumentando, assim, a

frequência de manutenção e substituição dos equipamentos danificados. Apesar da

busca pelo melhoramento da caçamba por parte da empresa, não havia um estudo

específico para o dimensionamento de forma a otimizar o projeto da mesma.

Baseando-se nos novos aços de alta resistência adquiridos pela empresa, foi

proposto um estudo visando à obtenção de uma caçamba que atendesse de forma

mais eficiente às condições de trabalho. Para dar início ao projeto, foram analisados

qualitativamente os dois modelos de caçamba, que já haviam passado por

melhoramentos pela própria empresa. Como alguns problemas com falhas

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2

persistiam, notou-se que um melhoramento estrutural poderia ser alcançado, além

da redução da massa do componente.

Sendo assim, tendo como referência os modelos já utilizados pela empresa,

iniciou-se a pesquisa para tornar a caçamba mais eficiente, isto é, tornando-a mais

leve e garantindo a sua integridade estrutural diante das severas condições de uso

às quais está submetida. Para isso, ferramentas computacionais do tipo CAD

(Computer aided design) e CAE (Computer aided engeneering) foram utilizadas com

o intuito de obter resultados quantitativos e qualitativos a respeito do comportamento

estrutural da caçamba em condições de serviço. Com base nas teorias de Mecânica

dos sólidos e uma análise desses resultados é possível recomendar uma geometria

de caçamba que atenda a características como: simplicidade de fabricação,

economia de material e rigidez estrutural.

Os principais materiais utilizados na fabricação das caçambas são os aços de

alta resistência da série Toolox e Weldox, fornecidos pela empresa sueca SSAB.

Esses aços possuem como um de seus elementos de liga o nióbio, que tem

influência direta nas suas características de alta resistência. O Toolox se caracteriza

por ser um aço temperado e recozido, de forma que é fornecido com tratamento

térmico adequado ao tipo de aplicação. Já o Weldox é um aço que alia elevada

resistência com peso reduzido, sendo que é um dos aços estruturais mais

resistentes disponíveis no mercado, com limite de escoamento da ordem 1300 MPa.

No trabalho foram analisados três modelos de caçamba, sendo que dois deles

já estavam sendo utilizados pela empresa. A partir dos resultados obtidos com esses

dois modelos, uma nova geometria foi proposta, visando amenizar ou mesmo

eliminar as falhas que foram observadas nos modelos de referência. A análise dos

modelos de caçamba foi feita baseada na construção de um modelo geométrico do

componente em um software CAD, Solidworks, e posterior simulação em um

software de CAE, ANSYS Workbench, baseado no método dos elementos finitos. Os

modelos foram simulados de acordo com os carregamentos devidos às condições

de operação da caçamba, isto é, carregamento de material e manobras do

equipamento que levem a esforços elevados na estrutura. Baseando-se nas

características do material que é movimentado pelas minicarregadeiras e por

informações do setor de manutenção da CBMM, a carga atuante considerada nas

caçambas quando ocupadas pelo volume máximo de material foi de

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3

1400 kg ou, aproximadamente, 14000 Newtons. Outro carregamento analisado foi

considerando a carregadeira apoiada nas rodas traseiras e na aresta frontal inferior

da caçamba. Para esse caso foi considerado uma carga atuante de 11136 Newtons

o que corresponde a, aproximadamente, metade do peso da minicarregadeira.

Durante a vida útil das caçambas utilizadas pela empresa, a principal falha

observada consistia na propagação de trincas na região do cordão de solda que une

a chapa de fixação do engate a caçamba. Em vista disso, foi feita uma análise das

tensões atuantes no cordão para obter justificativas e conclusões a respeito da

fadiga nesse local. De acordo com os limites de resistência informados pelo

fabricante dos aços, uma conclusão a respeito do número aproximado de ciclos de

carga que a caçamba suporta de acordo com a carga que está submetida.

Page 14: Projeto de Conclusão de Curso

4

CAPÍTULO II

2. O método dos elementos finitos

Grande parte dos problemas da Engenharia necessita de uma solução

aproximada quando não existe uma solução analítica ou exata. A solução exata é

resultado de um método analítico, encontrado através de métodos algébricos e do

cálculo diferencial e integral aplicados a geometrias e condições de contorno

particulares. Quando se quer aplicar de maneira generalizada os métodos analíticos

para geometrias e condições de contorno diferentes destas, com a adição de efeitos

dinâmicos e não linearidade, a obtenção de soluções pode ser inviável ou até

impossível.

O Método dos Elementos Finitos (MEF em Português ou FEM em inglês) surge

da necessidade de encontrar tais soluções, de maneira aproximada, mas com boa

precisão e confiabilidade. De acordo com as publicações de Felippa (2004) e

Moaveni (2007), o desenvolvimento do método foi um processo gradativo, em que

vários acadêmicos foram contribuindo ao longo dos anos. Os pioneiros da criação

eram originados da mecânica clássica, sendo em sua maioria envolvidos com

engenharia estrutural. Richard Courant pode ser considerado a primeira pessoa a

iniciar o desenvolvimento do método de elementos finitos. Em uma publicação no

início dos anos 40, ele usou uma interpolação polinomial por partes em sub-regiões

triangulares para investigar problemas de torção. A essência do método era

particionar (discretizar) um domínio contínuo em subdomínios discretos, conhecidos

como elementos.

Boa parte dos colaboradores para o desenvolvimento do método veio da

indústria aeroespacial e precisavam de soluções para problemas estruturais

complexos da aeronáutica daquela época. A empresa Boeing nos anos 50, entre

outras, teve papel importante no desenvolvimento e utilização do método ao utilizar

elementos triangulares sob tensão para modelar asas de aviões. O MEF necessita

Page 15: Projeto de Conclusão de Curso

5

de alto poder computacional, e, nos anos 50, somente grandes companhias

industriais como a aeroespacial, tinha recursos financeiros para desenvolver ou

adquirir computadores com alto poder de processamento, chamados “Mainframes”

(Figura 2.1).

Figura 2.1:Mainframe da década de 50. (Disponível em:

http://i.haymarket.net.au/Galleries/20120709110856_whirlwind.jpg)

J. H. Argyris, R. W. Clough, H. C. Martin, e O. C. Zienkiewicz foram os

responsáveis por disseminar o método, realizar a transferência de tecnologia da

indústria aeroespacial para outras aplicações durante as décadas de 50 e 60.

Clough batizou o método em 1960 e Zienkiewicz e Cheung publicaram o primeiro

livro sobre o assunto em 1967 (FELIPPA, 2004).

Com a queda no custo dos computadores e o aumento no poder de

processamento dos mesmos a partir da década de 70, o método atingiu uma alta

precisão e menor tempo para obtenção de resultados. A partir da década de 70

surge a maioria dos softwares comerciais mais conhecidos como Ansys, Abaqus,

ADINA, NASTRAN (desenvolvido pela NASA na década de 60).

O MEF associado aos supercomputadores atuais e a algoritmos de otimização

é capaz de lidar com inúmeros parâmetros de análise, realiza otimizações

Page 16: Projeto de Conclusão de Curso

6

paramétricas e topológicas e é aplicado em diversas áreas como na Mecânica dos

Materiais (análise de tensões, análise multicorpos, análise de contato, impactos,

explosões), Vibrações em sistemas mecânicos, Mecânica dos Fluidos, Transferência

de Calor e Eletromagnetismo.

2.1 Descrição do método

De acordo com a definição de Cunha (2008), o Método dos Elementos Finitos

(MEF) é essencialmente uma técnica de análise numérica que busca soluções

aproximadas para problemas regidos por equações diferenciais. A ideia central do

método é dividir uma estrutura complexa em várias subestruturas, chamadas de

elementos. Estes elementos tem forma geométrica com solução simples conhecida.

O MEF é útil quando não se pode obter uma solução analítica (exata) de um

problema, por exemplo, problemas para corpos com geometria complexa e

carregamentos com distribuição irregular. Permite análises de problemas em regime

permanente, transiente, lineares ou não-lineares. De acordo com Azevedo (2013) as

principais vantagens do método em relação ao cálculo pelo método analítico são:

Permite a análise de componentes com geometria complexa, diferente do que

ocorre com o método analítico que é limitado a somente geometrias simples.

Permite a solução de associações de componentes, que formam uma

geometria complexa, levando-se também em consideração o comportamento

pelo contato entre eles (Figura 2.2).

Possibilidade de análise de componentes sobrepostos que possuam

propriedades físicas diferentes.

O método pode ser formulado todo matricialmente, facilitando sua

implementação computacional.

Na maioria dos casos, com o auxílio dos softwares de CAE os resultados são

obtidos com boa aproximação em relação ao método analítico.

Pode-se aprimorar as formas geométricas de componentes, através de

rotinas de otimização, reduzindo massa e consequentemente o custo final,

sem perda no desempenho.

Page 17: Projeto de Conclusão de Curso

7

Em casos onde ocorre fadiga, quando um componente é submetido à cargas

cíclicas, pode-se prever a vida útil pela quantidade de ciclos calculada pelo

software.

Tem aplicabilidade em diversas áreas, como Análise Estrutural, Mecânica dos

Fluidos, Transferência de Calor e Eletromagnetismo.

Podem ser consideradas algumas limitações do método:

Os processos de criação, cálculo e verificação dos modelos podem ser

demorados. Este tempo pode depender da abordagem utilizada pelo usuário,

nível de complexidade da geometria, softwares utilizados e capacidade de

processamento do computador.

Os resultados são muito sensíveis à entrada de dados e abordagem do

usuário, ou seja, pequenos erros do usuário podem levar a resultados muito

distorcidos.

Através do MEF obtêm-se resultados aproximados.

O MEF possui erros oriundos do processo de resolução numérica.

Dificuldade de modelar efeitos localizados, tais como junções parafusadas e

rebitadas.

Erros de discretização, devidos a impossibilidade de se obter uma perfeita

representação de domínios de geometria complexa utilizando os tipos de

elementos disponíveis.

Uma solução geral não é produzida, o que significa que não se pode testar ou

examinar a resposta do sistema a mudanças em vários parâmetros, ou seja,

gera uma solução particular.

A questão da capacidade computacional é bastante influente no MEF.

Azevedo (2013) descreve bem esta relação em seu trabalho. Segundo ele, como já

foi mencionado, a estrutura é subdividida em partes que são chamadas de

elementos, que por sua vez são ligados por nós. É extremamente relevante para os

cálculos realizados pelo software o posicionamento de cada um dos nós do

elemento e os graus de liberdade que este terá para a movimentação. Portanto

quanto mais nós existirem, maior será a quantidade de cálculos a serem realizados,

Page 18: Projeto de Conclusão de Curso

8

maior será a quantidade de dados a ser processada pelo computador o que leva a

um maior tempo na obtenção dos resultados.

Devido à alta exigência computacional, existe uma dependência dos

softwares de MEF da configuração física dos computadores. Por causa do alto custo

dos computadores no passado, esta dependência retardou a utilização mais intensa

do método para a segunda metade do século XX.

Figura 2.2:Análise pelo MEF de um choque frontal de um automóvel. (Disponível em:

http://www.engenya.com/wp-content/uploads/2013/03/FAE_visualization.jpg)

O processo se inicia geralmente partindo de corpos construídos em

programas CAD, como no caso deste trabalho foi utilizado o Solidworks. O software

de elementos finitos Ansys (CAE), utilizado neste trabalho também permite a

construção do sólido ou montagem, porém seu método de construção é mais

trabalhoso, é preferível fazê-lo no Solidworks devido a sua interface mais clara e

objetiva e a seguir, exporta-lo para o Ansys, para que se possa gerar a malha

(processo de discretização) e realizar a análise pelo MEF.

Com o intuito de exemplificar o que é feito por um software CAE, será descrito

um exemplo simplificado de análise estrutural, sem entrar em detalhes matemáticos

mais profundos para demonstrar de forma simples uma aplicação do método. À

seguir, são mostrados os cálculos desenvolvidos por Alves (2007), de uma análise

estrutural utilizando o MEF, em que cada um dos elementos é interpretado como

uma mola, que possui rigidez e tamanho predeterminado.

Page 19: Projeto de Conclusão de Curso

9

É possível realizar uma analogia entre sistemas com molas, Figura 2.3, e

outros sistemas tais como barras ou chapas, por exemplo, a fim de facilitar a

compreensão do método de cálculo por elementos finitos de estruturas. (Alves,

2007)

Figura 2.3: a) Comparação entre mola b) uma barra de um elemento. (AZEVEDO, 2013)

Partindo da definição de tensão, faremos uma associação com a figura 2.3 :

𝜎 =𝐹

𝐴 ; 𝜀 =

∆𝐿

𝐿 ; 𝜎 = 𝐸. 𝜀 (2.1)

Assim,

𝐹 = (𝐸.𝐴

𝑙) . ∆𝑙 , é 𝑠𝑖𝑚𝑖𝑙𝑖𝑎𝑟 𝑎 𝐹 = 𝑘. 𝑥

Onde F é a força, k é a rigidez da mola, x é a deformação da mola, d a variação

de comprimento e L é o comprimento inicial.

Então uma barra submetida a uma força axial de tração ou compressão terá o

comportamento equivalente ao de uma mola sob tração ou compressão. Cada um

dos elementos é analisado como se fosse uma mola e contribuiu para a formação

das matrizes nos termos de carregamento, deslocamento e rigidez, como mostrado

na figura 2.4. A rigidez depende das propriedades do material e geometria da peça.

(AZEVEDO, 2013)

(2.2)

Page 20: Projeto de Conclusão de Curso

10

Figura 2.4: Deslocamentos e forças nas extremidades de uma mola. (AZEVEDO, 2013)

O conjunto dos elementos através dos nós comuns a eles formam a matriz

global, com dois elementos, os nós de cada elemento e um grau de liberdade,

mostrado na figura 2.5. (AZEVEDO, 2013)

Figura 2.5: Dois elementos ou molas em série com rigidez, deslocamentos, e forças diferentes.

(AZEVEDO, 2013)

Aplicando as condições de contorno e os carregamentos, pode-se rearranjar as

matrizes constituintes do modeloencontrando assim a equação 2.3, que representa o

modelo físico para o mencionado exemplo de 2 elementos.

Após discretizar a geometria, durante a análise monta-se a equação matricial

com os vetores e a matriz de rigidez para calcular o deslocamento de cada um dos

nós e as tensões naqueles pontos. Quando um nó de elemento tiver mais de um

grau de liberdade torna-se necessário o cálculo para cada grau de liberdade. A

(2.3)

Page 21: Projeto de Conclusão de Curso

11

discretização pode ser feita pelo Ansys Workbench, ou por outros softwares

específicos para isto, como Hipermesh ou Patran. (Azevedo, 2013)

O esquema apresentado na Figura 2.6, (Cunha, 2008) mostra as etapas do

processo do MEF para geração de uma solução estrutural, para se obter valores de

deslocamento, tensões, deformações e esforços:

Figura 2.6: Etapas do processo MEF. (CUNHA, 2008)

É interessante ressaltar que o método utiliza, em vários momentos, técnicas

de Álgebra Matricial, tanto nas formações das matrizes elementares quanto na

formação da matriz de rigidez global. Também no caso da análise estática, utilizam-

se vários conceitos da Teoria da Elasticidade. A seguir são explicadas duas partes

importantes do processo de solução.

Na segunda etapa, de acordo com Rade (2011), são escolhidas as funções

de interpolação que representam as variáveis de campo no interior de cada

Page 22: Projeto de Conclusão de Curso

12

elemento. Frequentemente escolhem-se funções polinomiais como funções de

interpolação, devido à facilidade que oferecem para operações de integração e

derivação.

Ainda na segunda etapa, Rade (2011) explica que, uma vez escolhidos o tipo

de elemento, Figura 2.7, e o número de elementos e as funções de interpolação,

devemos estabelecer as relações matriciais expressando o comportamento

(relações causa-efeito), em termos de propriedades físicas e geométricas, para cada

elemento, individualmente. Em outras palavras, procede-se à formulação em nível

elementar. Para tanto, podem ser utilizados os processos do Método Direto, Método

Energético ou Variacional ou Método dos resíduos ponderados. Segundo Cunha

(2008), seja qual for o método utilizado, o resultado é um sistema de equações

algébricas.

Figura 2.7: Tipos de elementos. (Disponível em:

http://www.kkiem.agh.edu.pl/dydakt/fem/elem1.gif)

No caso de problemas de análise estática, este sistema de equações representa o

equilíbrio da estrutura, e é colocado na seguinte forma matricial.

[𝐾𝑒]{𝑈𝑒} = {𝐹𝑒}

Onde:

Ke=Matriz de rigidez elementar

Ue=Vetor elementar dos deslocamentos nodais

Fe=Vetor elementar das forças nodais

(2.4)

Page 23: Projeto de Conclusão de Curso

13

Como é mostrado na Figura 2.8, a ordem desse sistema de equações é dada

pelo número de nós do elemento e pelo número de graus de liberdade de cada nó.

Utilizando um elemento de placa como exemplo, ele possui 4 nós e 6 graus de

liberdade por nó (3 translações e 3 rotações).

Figura 2.8:Representação dos nós e graus de liberdade de um elemento em formato de placa.

(CUNHA, 2008)

Na terceira etapa é realizada a montagem das matrizes elementares para a

obtenção das matrizes globais. Rade (2011) explica que o resultado desta

montagem serve para caracterizar o comportamento do sistema completo, resultante

da associação dos vários elementos. Neste processo de montagem, impõe-se a

condição que em cada nó onde vários elementos são interconectados, os valores

das variáveis de campo são os mesmos para cada elemento compartilhando aquele

nó. De acordo com Cunha (2008) o resultado é um sistema matricial similar ao do

elemento, com a dimensão expandida. Esta dimensão é função do número total de

graus de liberdade da estrutura, ou seja:

[𝐾𝑚×𝑚]{𝑈𝑚×1} = {𝐹𝑚×1}

Onde:

K=Matriz de rigidez global (estrutura)

U=Vetor global dos deslocamentos nodais (incógnita do problema)

F=Vetor global das forças nodais (forças aplicadas na estrutura)

(2.5)

Page 24: Projeto de Conclusão de Curso

14

Sendo m o número de graus de liberdade da estrutura que vale:

𝒎 = 𝑛° 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑛ó𝑠 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 × 𝑛° 𝑑𝑒 𝑔𝑟𝑎𝑢𝑠 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑏𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑟 𝑛ó

Como exemplo, uma malha composta de 2 elementos de placa, com 6 nós e

6 graus de liberdade por nó é mostrada na Figura 2.9:

Figura 2.9: Malha composta por dois elementos de placa.(CUNHA, 2008)

Então o sistema de equações globais para este caso terá o formato mostrado

a seguir:

(2.7)

(2.6)

Page 25: Projeto de Conclusão de Curso

15

Através da equação (2.7), Cunha (2008) mostra que a matriz global [K] é obtida

pela associação das matrizes elementares. A superposição dessas matrizes,

indicada pela área tracejada, acontece por causa da imposição de condições de

continuidade/compatibilidade dos deslocamentos nos nós comuns aos elementos.

Um procedimento semelhante é aplicado ao vetor {F}, impondo-se neste caso o

equilíbrio das forças nos nós comuns aos elementos. Todo este procedimento deve

ser feito de maneira automática pelo computador. Resolvendo a equação matricial

mostrada acima, chega-se aos valores dos deslocamentos de cada nó da estrutura.

A Figura 2.10 mostra a sequência básica de etapas para aplicação

computacional do MEF baseada no trabalho de Alves (2007). Esta sequência é

seguida por todos os softwares de MEF para a solução de um problema:

Figura 2.10: Sequência básica para aplicação computacional do MEF. (ALVES, 2007)

Rade (2011) destaca ainda, que a elaboração de modelos de elementos finitos

de problemas complexos é, na maioria das vezes, um processo interativo, fazendo

apelo ao conhecimento do Engenheiro acerca do próprio método e do problema em

estudo.

Isto quer dizer que bons conhecimentos prévios dos princípios da Engenharia

Mecânica do usuário do software fazem muita diferença na qualidade e precisão do

resultado. O software só executa comandos, não toma decisões e não faz

Pré-processamento

Problema estrutural

Planejamento do modelo em elementos finitos

Elaboração da malha de elementos finitos

Aplicação de condições de contorno (restrições e

carregamentos)

Processamento

Montagem e solução do sistema de equações

Pós-Processamento

Verificação, organização e exibição dos resultados

Page 26: Projeto de Conclusão de Curso

16

julgamento crítico sobre o que está fazendo. Não consegue avaliar se os resultados

respeitam as leis da Física e, portanto, condizem com a realidade.

2.2 Ferramentas CAD e CAE

O Solidworks e o Inventor são ferramentas computacionais CAD (Computer-

Aided Design). Baseiam-se no conceito de desenho paramétrico, criando formas

tridimensionais a partir de formas geométricas elementares. Permitem criar objetos

em 3D a partir de esboços em 2D e também o inverso. Possibilitam a realização de

montagens das peças criadas, a verificação de interferência geométrica e a criação

de animações de mecanismos e análise cinemática. Estes softwares são muito

utilizados por estudantes, designers, engenheiros e projetistas para produzir

componentes simples ou complexos, montagens dos mesmos, e desenhos técnicos

a partir destes objetos em 3D.

Neste trabalho, escolheu-se o Solidworks porque sua interface é simples e

possui várias ferramentas de construção que agilizam o processo e torna fácil

realizar modificações a qualquer momento durante a execução do projeto. Uma

modificação realizada em um componente já atualiza todas as montagens e

desenhos que estão relacionadas a ele.

O programa também consegue realizar análises pelo Método dos Elementos

Finitos, mas esta análise é considerada superficial e sem um controle aprofundado

na configuração da malha, não fornecendo muitos parâmetros de análise da

qualidade e configuração da mesma, e também da análise dos resultados. Este é o

motivo da escolha deste software somente para a construção do modelo geométrico

em 3D, e do Ansys Workbench para a análise em elementos finitos.

O Autodesk Inventor, que é do mesmo fabricante do já bastante difundido

Autocad, foi utilizado para a análise em elementos finitos das uniões soldada. Foi

escolhido para esta finalidade porque possui um módulo específico para uniões

soldadas e que permite fazer análises e dimensionamentos das mesmas. Possui

também um bom controle de convergência para a análise em MEF, que também

motivou a escolha.

Page 27: Projeto de Conclusão de Curso

17

2.3 ANSYS Workbench

O Ansys é um programa CAE (Computer AidedEngineering), Engenharia

Auxiliada por Computador, de análise de elementos finitos que foi criado na década

de 70. Sua finalidade é dar suporte ao engenheiro no desenvolvimento de projetos,

principalmente nas etapas de dimensionamento e validação. Dentre os vários

módulos oferecidos pelo programa, foram utilizados os de análise estática e análise

dinâmica explícita. O módulo de análise estática é usado para determinar tensões,

deslocamentos, deformações, entre outros parâmetros de uma estrutura com

carregamento estático (ou seja, a carga não varia com o tempo). O módulo de

análise dinâmica explícita oferece soluções para problemas com cargas dinâmicas,

grandes deformações e contatos complexos entre superfícies. Muito utilizado em

análise de impactos e explosões.

Page 28: Projeto de Conclusão de Curso

18

CAPÍTULO I I I

3. Fundamentos teóricos

Nesta seção são apresentados primeiramente os materiais usados na

confecção das caçambas (série Toolox® e Weldox®) e posteriormente os conceitos

de fadiga. Os aços utilizados são fornecidos pela empresa SSAB.

3.1 Características e Propriedade dos aços

3.1.1 Série Weldox®

Os materiais desta série são aços de alta resistência, dureza e pureza com

ótima soldabilidade. A metalurgia e processamento avançado permitem baixa

quantidade de elementos residuais no metal. Sua alta resistência lhe confere alta

dobrabilidade e usinabilidade, além de ser leve, fato esse que permite altas

reduções nos custos com materiais, transporte, e no caso da indústria de mineração,

aumento da capacidade de carga do equipamento. Seu limite de escoamento varia

de 700 a 1300 MPa, podendo ser tratado termicamente/mecanicamente. Nas

caçambas que serão estudadas nesse trabalho foi o utilizado o Weldox 700 que tem

um limite de resistência ao escoamento de 700 MPa.

3.1.2 Soldagem do Weldox®

A soldagem do Weldox® deve seguir algumas recomendações, a saber:

chapas finas de alta resistência devem ser pré-aquecidas antes da soldagem. O

Weldox® pode ser soldado com qualquer outro tipo de aço a partir dos métodos

tradicionais de soldagem, porém para evitar a formação de trincas de resfriamento é

recomendável que se faça o pré-aquecimento do material. A combinação de

elementos de liga que compõem o aço define as temperaturas adequadas para pré-

Page 29: Projeto de Conclusão de Curso

19

aquecimento e interpasses, e pode ser usada para calcular o valor em “carbono

equivalente” que é expresso como CEV ou CET, de acordo com as equações 3.1 e

3.2:

Os elementos de liga são especificados no certificado de inspeção do material

e são apresentados em porcentagem de peso nas equações 3.1 e 3.2. Valores

elevados dos números de “carbono equivalente” usualmente requerem um valor

mais alto de pré-aquecimento e temperatura de interpasse.

A Figura 3.1 mostra a composição química e a quantidade máxima em carbono

equivalente de acordo com a espessura da chapa, para o Weldox 700:

Figura 3.1: Composição química do Weldox® 700, carbono equivalente segundo a

espessura da chapa. (SSAB, www.ssab.com)

Para evitar a formação de trincas após o processo de soldagem, recomenda-

se:

• Utilizar temperatura de pré-aquecimento e interpasses adequada.

• Evitar o uso de consumíveis que apresentem hidrogênio.

• Evitar acesso de impurezas a área que será soldada.

(3.1)

(3.2)

Page 30: Projeto de Conclusão de Curso

20

Para minimizar tensões na junta soldada:

• Evitar utilizar consumíveis de resistência superior á necessária.

• Realizar a sequência de soldagem de forma a minimizar o número de passes.

• A distância da junta deve ser de no máximo 3 mm.

Na Figura 3.2 estão as temperaturas adequadas para chapas de Weldox®

700, de acordo com a espessura:

Figura 3.2: Temperaturas de pré-aquecimento recomendadas segundo a espessura da chapa,

onde a parte em azul é a temperatura ambiente. (SSAB, www.ssab.com)

3.1.3 O aporte de calor

O calor fornecido pelo processo de soldagem afeta as propriedades mecânicas

da junta soldada. Isto ocorre devido ao aporte de calor (Q), que pode ser calculado

através da seguinte equação:

𝑄 =𝜂. 𝑼. 𝐼. 60

𝑉. 1000

Onde:

Q = Aporte de calor [KJ/mm]

U = Tensão [V]

I = Corrente [A]

V = Velocidade de soldagem [mm/min]

𝜂 = Rendimento térmico

A Tabela 3.1 mostra o rendimento térmico em função do tipo de processo de

soldagem empregado:

Tabela 3.1: Rendimento térmico para diversos processos de soldagem. (SSAB, www.ssab.com)

(3.1)

Page 31: Projeto de Conclusão de Curso

21

A Figura 3.3 mostra os efeitos do aporte de calor nas variáveis envolvidas nos

processos de soldagem:

Figura 3.3: Efeitos do aporte de calor sobre ajunta soldada. (SSAB, www.ssab.com)

Ao soldar uma junta composta por diferentes espessuras de chapa, como na

Figura 3.4, o aporte de calor recomendado é baseado na chapa mais fina que

compõe a junta.

Figura 3.4: Chapas com diferentes espessuras: o aporte térmico deve ser baseado na menor

espessura. (SSAB, www.ssab.com)

Page 32: Projeto de Conclusão de Curso

22

Na figura 3.5 estão representados os valores máximos de aporte de calor que

podem ser empregados para a série Weldox:

Figura 3.5: Valores máximos de aporte recomendados para Weldox®, com temperatura de pré-

aquecimento menor que 75 °C. (SSAB, www.ssab.com)

3.1.4 Os consumíveis de Soldagem

A resistência dos consumíveis para soldagem deve ser selecionada de acordo

com a Figura 3.6. A utilização de consumíveis de resistência baixa oferece várias

vantagens como, por exemplo, maior tenacidade da junta soldada, maior resistência

à trinca por hidrogênio e menores tensões residuais na junta soldada. Nas juntas por

múltiplos passes em Weldox [700–1300], é particularmente vantajoso soldar com

consumíveis de resistências diferentes (Figura 3.7). O ponteamento e os primeiros

passes são soldados com consumíveis de baixa resistência e, posteriormente, são

utilizados consumíveis de elevada resistência para os passes restantes. Esta técnica

poderá aumentar a tenacidade e a resistência à formação de trincas a frio induzidas

por presença de hidrogênio. O valor do carbono equivalente de consumíveis com um

limite de escoamento maior que 700 MPa poderá ser superior ao das chapas. Se

Page 33: Projeto de Conclusão de Curso

23

existirem temperaturas de pré-aquecimento recomendadas diferentes para os

materiais da junta e os consumíveis, deve ser utilizado o valor mais elevado.

Figura 3.6: Valores máximos de aporte recomendados para Weldox®, com temperatura de pré-

aquecimento menor que 75 ° C. (SSAB, www.ssab.com)

Figura 3.7: Disposição recomendada dos consumíveis. (SSAB, www.ssab.com)

3.1.5 Gases de proteção

Page 34: Projeto de Conclusão de Curso

24

A escolha do gás de proteção é feita de acordo com as necessidades do

produto final, conforme Figura 3.8:

Figura 3.8: Escolha do gás de proteção entre argônio, dióxido de carbono, ou mistura dos dois

e suas implicações. (SSAB, www.ssab.com)

3.1.6 Corte do Weldox®

O corte do Weldox pode ser feito usando todos os métodos tradicionais: oxi-

acetileno, plasma, laser, jato abrasivo de água. O corte deste aço é mais fácil do que

o dos demais aços de alta resistência devido as menores tensões internas, e

distribuição uniforme.

3.1.7 Série Toolox®

É um aço temperado adequado para ferramentas e máquinas, que fornece a

custo reduzido maior segurança e usinabilidade, além de ser pré-endurecido o que

lhe confere baixas tensões residuais e estabilidade nas propriedades. Ele é baseado

no conceito metalúrgico de aços de baixo carbono assim como o Weldox®, porém

possui a especificidade de trabalhar e manter suas propriedades estáveis a altas

temperaturas, possui elevada resistência a fadiga e sua dureza superficial pode ser

aumentada para garantia de maior vida útil. Resistente ao desgaste em situações

extremas de altas tensões e temperaturas. Possui elevada pureza metalúrgica e

homogeneidade, e como consequência ótimo acabamento superficial, outra

característica especial do Toolox® é sua afinidade com tratamentos superficiais

como, polimento ou aplicação de revestimentos, sendo aplicado também em

Page 35: Projeto de Conclusão de Curso

25

condições menos extremas como moldes de plástico, punções, etc.. A dureza do

Toolox® 44 é de 45 [HRC] e uma de suas opções é nitretação da superfície para

dureza superficial de 60 a 65 [HRC].

Outras propriedades do Toolox, além da sua composição química, estão

representadas na Tabela 3.2:

Tabela 3.2: Propriedades do Toolox®. (SSAB, www.ssab.com)

A dureza Rockwell (HR) é uma graduação de dureza, ou resistência ao

riscamento, que é a mais usada na indústria devido à simplicidade do método,

possui nove escalas de dureza, baseadas no tipo de penetrador, sua geometria e a

carga aplicada, conforme Tabela 3.3:

Page 36: Projeto de Conclusão de Curso

26

Tabela 3.3: Escala de dureza Rockwell. (Disponível em:

http://www.cimm.com.br/portal/conteudo/noticias/imagem/Image/c-24-364-7425-14495.gif)

3.2 Comportamento dos Materiais sob carregamento cíclico: Fadiga

Maquinários frequentemente falham devido a cargas que variam no tempo, e

não a esforços estáticos. Essas falhas ocorrem, tipicamente, em níveis de tensões

significativamente inferiores aos valores de resistência ao escoamento dos

materiais. Assim, a utilização única das teorias de falha estática pode levar a

projetos sem segurança quando as solicitações são dinâmicas. (NORTON, 2000)

O termo falha por fadiga é usado para descrever qualquer falha devido a

cargas variantes no tempo, que podem apresentar os padrões de atuação

mostrados na Figura 3.9.

Page 37: Projeto de Conclusão de Curso

27

Figura 3.9: Tensões variantes no tempo. (NORTON, 2000)

As falhas por fadiga sempre tem início com uma pequena trinca, que pode

estar presente no material desde a sua fabricação ou desenvolver-se ao longo do

tempo devido às deformações cíclicas ao redor das concentrações de tensões. As

trincas de fadiga geralmente têm início em um entalhe ou em outro elemento de

concentração de tensão devido à geometria da peça. (NORTON, 2000)

Existem três estágios na falha por fadiga: início da trinca, propagação da trinca

e ruptura repentina devido ao crescimento instável da trinca, sendo que o último

estágio ocorre de forma instantânea.

O exame a olho nu de peças que falharam devido à fadiga exibe um padrão

típico, como pode ser visto na figura 3.10. Existe uma região proveniente do local da

microtrinca original de aparência polida e outra região que tem aparência áspera,

semelhante a uma fratura frágil. A região de aparência polida exibe marcas

conhecidas como marcas de praia. A região de fratura frágil corresponde à porção

que apresentou ruptura repentina quando a trinca atingiu o seu tamanho limite.

(NORTON, 2000)

Outra maneira de estudar as trincas é através da micrografia, pela qual se

consegue estimar o número de ciclos até a falha através da contagem das estrias; é

bastante funcional para a detecção da causa raiz da falha.

Page 38: Projeto de Conclusão de Curso

28

Figura 3.10: Peças que falharam sob fadiga. (NORTON, 2000)

O diagrama S-N (resistência à fadiga em função do número de ciclos) ou curva

Curva de Wöhler, mostrado na Figura 3.11, é uma forma-padrão para caracterizar o

comportamento dos materiais submetidos a solicitações alternadas, apesar de

outras maneiras estarem disponíveis nos dias atuais.

Figura 3.11: Diagrama S-N ou Curva de Wöhler (resistência à fadiga versus vida esperada).

(NORTON, 2000)

A maioria das informações disponíveis sobre resistência à fadiga provém de

ensaios com eixos girantes sujeitos à flexão alternada. Poucas informações se

encontram disponíveis com relação a ensaios com força normal e menos ainda para

ensaios de torção. (NORTON, 2000)

Page 39: Projeto de Conclusão de Curso

29

O volume de dados disponível sobre resistência à fadiga sob tensões

alternadas deve-se ao ensaio de flexão rotativa de R. R. Moore, no qual um corpo de

prova, altamente polido e de aproximadamente 7,62 mm (0,3”) de diâmetro, é

montado em um suporte de fixação que permite a aplicação de um momento fletor

(flexão pura) de magnitude constante, enquanto o corpo de prova gira. Essa

configuração gera tensões alternadas de flexão em qualquer ponto da circunferência

do corpo de prova. O ensaio é iniciado em um nível de tensão particular, até o corpo

de prova falhar, então o número de ciclos até a ruptura e o nível de tensão aplicada

são registrados. Os dados coletados são, posteriormente, plotados como resistência

à fadiga normalizada Sf / Sut em função do número de ciclos, N, (normalmente em

coordenadas logarítmicas, log-log) para obter-se o diagrama S-N (NORTON, 2000),

conforme a Figura 3.12.

Figura 3.12: Gráfico log-log da composição de curvas S-N para aços forjados com

Sut< 1380 MPa. (NORTON, 2000)

Nota-se na figura 3.12 que para níveis de tensão elevados os corpos de prova

falharam com um reduzido número de ciclos, enquanto que para menores tensões o

número de ciclos foi maior até a ruptura, sendo que alguns corpos nem chegaram a

falhar durante o teste.

A ordenada do diagrama S-N, como na Figura 3.11, é denominada resistência

à fadiga Sf. O valor de Sf deve ser acompanhado do correspondente número de

ciclos. Ainda no diagrama S-N, para os aços, ocorre um joelho que corresponde ao

ponto a partir do qual não haverá mais falha por fadiga, isto é, mesmo com o

aumento indefinido do número de ciclos a peça não falhará por fadiga. Neste ponto,

Page 40: Projeto de Conclusão de Curso

30

a correspondente tensão é denominada limite de resistência à fadiga, Se, conforme

Figura 3.13:

Figura 3.13: Diagrama S-N traçado a partir dos resultados de testes de fadiga axial

completamente inversa. (SHIGLEY et al., 2004)

Como mostrado na Figura 3.14, o limite de resistência à fadiga para os aços

varia entre 40 e 60% da resistência à tração para as ligas com limite de resistência á

tração menor do que 1460 MPa.

Page 41: Projeto de Conclusão de Curso

31

Figura 3.14: Gráfico dos limites de resistência x resistências à tração procedentes de

resultados de ensaios de aços e ferros forjados. (SHIGLEY et al., 2004)

De acordo com Mischke (apud SHIGLEY et. al., 2004), o limite de resistência à

fadiga, de corpos de prova submetidos à flexão rotativa, está relacionado com a

resistência à tração para os aços, segundo a equação 3.2:

𝑆𝑒’ = {0,504. 𝑆𝑢𝑡 𝑀𝑃𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑆𝑢𝑡 ≤ 1460 𝑀𝑃𝑎 740 𝑀𝑃𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑆𝑢𝑡 > 1460 𝑀𝑃𝑎

Onde Sut é a resistência mínima a tração.

Devido a grande incerteza envolvida nos processos de estimativa dos limites

de resistência a fadiga uma compensação deve ser feita utilizando-se fatores de

projeto maiores que aqueles que seriam utilizados em projeto estático. Além disso,

os dados disponíveis para o valor de Se’ estão relacionados ao ensaio de viga

rotativa que é feito sob condições particulares e controladas atentamente. Dessa

forma seria errôneo considerar tais valores para serem aplicados nas peças

(3.2)

Page 42: Projeto de Conclusão de Curso

32

utilizadas na prática que nem sempre possuem os níveis de acabamento, processo

de fabricação e ambiente idêntico ao qual estava submetido o corpo de prova.

Sendo assim, Marín (apud SHIGLEY et. al., 2004), identificou fatores que

quantificam os efeitos da condição de superfície, tamanho, carregamento,

temperatura e itens variados que afetam o limite de resistência à fadiga. A equação

de Marín, 3.3, é escrita da seguinte forma:

Se = tatbtctdtetf Se’

Onde:

ta= fator de modificação de condição de superfície

tb= fator de modificação de tamanho

tc= fator de modificação de carga

td= fator de modificação de temperatura

te= fator de confiabilidade

tf= fator de modificação devido a efeitos variados

Se’ = limite de resistência de espécime de teste do tipo viga rotativa

Se = limite de resistência no local crítico de uma peça na geometria e na

condição de uso

Esses fatores podem ser determinados consultando-se tabelas de referência e

aplicando equações correspondentes a cada caso.

(3.3)

Page 43: Projeto de Conclusão de Curso

33

CAPÍTULO IV

Metodologia

4. PROPRIEDADES DOS MATERIAIS UTILIZADAS

Segundo a fabricante SSAB, fabricante dos aços Weldox e Toolox, esses são

aços temperados de baixa liga e, portanto, o módulo de elasticidade e massa

específica desses aços são praticamente iguais aos de um aço carbono comum. A

mesma fabricante forneceu os valores mostrados na Tabela 4.1 para as

propriedades que são comuns ao Toolox e Weldox:

Tabela 4.1: Propriedades dos materiais empregados na fabricação das caçambas.

(SSAB, www.ssab.com)

Módulo de Elasticidade (E) 208 [GPa]

Coeficiente de Poisson (n) 0.285 ±0.005

Massa específica (ρ)

7850 ±20 [kg/m³]

Com base nos dados presentes na Tabela 4.1, a tabela de propriedades de

materiais do ANSYS Workbench foi preenchida, conforme mostrado na Figura 4.1.

Figura 4.1: Representação da tabela de propriedades do Ansys Workbench, com as

propriedades que são comuns a todos os aços empregados na fabricação da caçamba.

Page 44: Projeto de Conclusão de Curso

34

Apesar da resistência a fadiga dos aços Weldox e Toolox ser maior do que a

dos aços carbono comuns, nas regiões soldadas a resistência a fadiga é

praticamente a mesma. Dessa forma, conforme orientação do fabricante, a

resistência a fadiga para vida infinita dos aços em questão foi considerada como

150 MPa.

4.1 Determinação do gráfico S-N para análise de fadiga:

Considerando que Toolox e Weldox possuem diferentes limites de resistência,

os diagramas S-N (resistência à fadiga versus número de ciclos) devem ser

determinados para cada um deles.

De acordo com a Tabela 3.2, o Toolox possui limite de resistência à tração (Sut)

de 1380 MPa. Sendo assim para 01 (um) ciclo de aplicação de carga, sua

resistência à fadiga corresponderá à própria resistência Sut. Para um número de

ciclos igual a 10³ a resistência à fadiga cai para aproximadamente 90% de Sut, ou

seja, Sf@10³ = 0,9.Sut. Já para um número de ciclos igual a 106, o que pode ser

considerado “vida infinita”, tem-se que Sf = 150 MPa (informado pelo fabricante) e,

nesse caso, Sf = S’e, que é o limite de resistência à fadiga, conforme mostrado no

capítulo 3. Com base nesses dados e informações a respeito do tipo de tensão

flutuante que está sendo aplicada, a tabela do Ansys Workbench, representada na

Figura 4.2,é preenchida para que o diagrama S-N seja construído.

Figura 4.2: Resistência à fadiga com correspondente número de ciclos para Toolox.

Através dos dados mostrados na Figura 4.2, o diagrama S-N, em escala

logarítmica, para o Toolox é obtido, pelo Ansys Workbench, conforme mostrado na

figura 4.3:

Page 45: Projeto de Conclusão de Curso

35

Figura 4.3: Diagrama S-N para o Toolox

De modo análogo, o diagrama S-N para o Weldox 700 também é obtido, como

está apresentado nas Figuras 4.4 e 4.5: (Para Weldox, de acordo com SSAB,

Sut = 800 MPa.)

Figura 4.4: Resistência à fadiga com correspondente número de ciclos para Weldox 700.

Page 46: Projeto de Conclusão de Curso

36

Figura 4.5: Diagrama S-N para o Weldox 700.

4.2 Modelos utilizados

As análises serão feitas em três diferentes tipos de caçamba, sendo que dois

deles representam geometrias que já foram ou estão sendo utilizadas pela empresa.

Isso é feito para que as falhas já observadas durante a operação das caçambas

sejam justificadas e os modelos sejam validados. Baseado nos resultados obtidos,

uma nova proposta de geometria foi apresentada para minimizar ou mesmo eliminar

a ocorrência de falhas previamente observadas.

O primeiro modelo analisado está representado nas Figuras 4.6 e 4.7. Trata-se

do modelo de caçamba original, isto é, o primeiro modelo utilizado pela empresa

sem nenhum tipo de modificação.

Page 47: Projeto de Conclusão de Curso

37

Figura 4.6: Caçamba original

Figura 4.7: Detalhes da caçamba original

Durante a operação da caçamba original problemas foram detectados e o setor

de manutenção da CBMM realizou algumas modificações na geometria para corrigi-

los. Como pode ser visto nas figuras 4.8 e 4.9, esta modificação consiste na

utilização de um perfil U engastado na parte superior dos fechamentos laterais da

caçamba. Os efeitos dessa medida corretiva serão apresentados no capítulo 6.

Page 48: Projeto de Conclusão de Curso

38

Figura 4.8: Modelo com perfil U

Figura 4.9: Detalhes do modelo com perfil U

4.3 Nova geometria

Finalmente, baseando-se nos resultados das análises dos dois modelos

mostrados nas Figuras 4.6 a 4.9, uma nova geometria foi proposta, como pode ser

visto nas Figuras 4.10 a 4.12:

Page 49: Projeto de Conclusão de Curso

39

Figura 4.10: Proposta de geometria

Figura 4.11: Detalhes da nova geometria

Page 50: Projeto de Conclusão de Curso

40

Figura 4.12: Vista inferior da nova geometria

4.4 Determinação das condições de contorno

Dois casos de solicitação estrutural da caçamba foram analisados nesse

estudo. No primeiro caso, as tensões são analisadas quando da utilização usual da

carregadeira, isto é, carregamento de material (Figura 4.13). Já no segundo caso,

buscou-se analisar os efeitos sob a distribuição de tensões na caçamba devido ao

apoio de parte do peso da carregadeira sob a aresta frontal inferior da caçamba,

como pode ser visto na Figura 4.14.

Figura 4.13: Ilustração de utilização normal da carregadeira Bobcat. (Disponível em:

http://www.bobcat.ru/pub/entity/Bobcat_Prod/44038/photos/s650_bucket_com_4245_ch.jpg_big.jpg)

Page 51: Projeto de Conclusão de Curso

41

Figura 4.14: Solicitação da caçamba para o segundo caso

4.4.1 Determinação das condições de contorno: primeiro caso

Durante a atuação do carregamento na caçamba a mesma se encontra

engastada nos furos que alojam os pinos dos atuadores hidráulicos, isto é, a

caçamba está em balanço. Dessa forma, os suportes fixos são tomados na

superfície dos furos, como está destacado em roxo na Figura 4.15:

Figura 4.15: Caçamba é engastada nos furos do suporte.

Page 52: Projeto de Conclusão de Curso

42

Uma vez determinado a condição de apoio da estrutura, as forças atuantes na

mesma são informadas ao ANSYS. Primeiramente é considerado o efeito do peso

próprio da caçamba, representado pelo vetor força de cor amarelo na Figura 4.16.

Na mesma figura, está representado, em vermelho, o vetor força devido ao

carregamento de material que, como informado pelo setor de manutenção da

CBMM, tem um módulo de 14000 [N] ou 1,4 [tf].

Figura 4.16: Condições de contorno da caçamba.

A força devido ao carregamento foi considerada atuando de forma

uniformemente distribuída ao longo da superfície interna inferior da caçamba,

conforme Figura 4.17. A direção dessa força foi considerada como sendo vertical

devido a essa configuração ser a mais crítica, isto é, resulta nas maiores tensões no

engaste, já que, para esse caso, o momento resultante no engaste será o maior

possível.

Page 53: Projeto de Conclusão de Curso

43

Figura 4.17: Força devida ao carregamento atuando de forma uniforme na superfície inferior da

caçamba

4.4.2 Determinação da força atuante na aresta frontal da caçamba:

segundo caso

Devido a necessidades operacionais, especificamente para juntar os

fragmentos das pedras de nióbio para posterior carregamento, as carregadeiras

BobCAt S650 são submetidas a situação mostrada na Figura 4.18. Com o intuito de

analisar o efeito dessa configuração sobre a distribuição de tensões na caçamba,

foram feitas medidas para determinação das componentes da força resultante. A

força resultante que atua nessa configuração foi considerada como 11136 [ N ],

aproximadamente metade do peso da carregadeira, já que para essa configuração a

mesma se encontra bi-apoiada nas suas rodas traseiras e na aresta frontal da

caçamba. O ângulo medido está representado, também, na Figura 4.18.

Ainda de acordo com a Figura 4.18, as componentes da força resultante

segundo os eixos X e Y são:

Page 54: Projeto de Conclusão de Curso

44

𝐹𝑥 = 𝐹. cos(37°) = 11136. cos(37°) = 8893,61 𝑁 (4.1)

𝐹𝑦 = 𝐹. sen(37°) = 11136. s en(37°) = 6701,81 𝑁 (4.2)

Com essas componentes a força resultante que atua na aresta frontal da

caçamba pode ser informada no ANSYS Workbench para que a análise de tensão

seja realizada, conforme Figura 4.19. Tal força foi considerada atuando de forma

uniformemente distribuída ao longo da aresta.

Figura 4.18: Representação do ângulo formado entre a face inferior da caçamba e o solo,

necessário para determinação das componentes da força resultante.

Page 55: Projeto de Conclusão de Curso

45

Figura 4.19: A força resultante deve ser informada segundo suas componentes em X e Y.

4.5 Discretização do Modelo

Cada simulação tem suas particularidades, fazendo-a única, exigindo

diferentes abordagens para garantir uma boa qualidade dos resultados. Nas análises

de elementos finitos, para se obter resultados matematicamente precisos é

necessário usar uma discretização do modelo (malha) que não interfira nos

resultados obtidos ou nas conclusões tiradas das análises. A questão, neste caso, é

conseguir equilibrar uma boa precisão dos resultados com um tempo computacional

adequado (que são inversamente proporcionais), e o processo de desenvolvimento

da malha tem papel fundamental neste equilíbrio.

Para se chegar a uma malha ideal é preciso adotar um critério para determinar

a adequação da malha, e, a partir de que ponto pode-se parar o processo de

refinamento. É necessário também adicionar mais elementos em regiões onde eles

são necessários, ou seja, regiões mais críticas, onde há concentração de tensão ou

variações bruscas do parâmetro analisado por exemplo. Este último procedimento

também ajuda na questão de esforço computacional, já que regiões menos

importantes da análise e/ou menos solicitadas terão elementos grosseiros e regiões

Page 56: Projeto de Conclusão de Curso

46

mais importantes terão uma malha mais refinada (Figura 4.20), resultando em um

menor tempo de solução computacional.

Figura 4.20: Exemplo de refinamento local da malha. (Disponível em: http://tuoonline-

wordpress.stor.sinaapp.com/uploads/2013/08/3.png)

O gráfico de erros, que é uma das opções do programa Ansys, mostra as

regiões do modelo cujos resultados analisados podem ser beneficiados com um

melhor refinamento da malha. Ele indica onde ocorrem transições bruscas de

energia entre elementos vizinhos, o que resulta na imprecisão de resultado para

uma malha grosseira.

Foi utilizada a função “Convergence” do ANSYS para garantir a convergência

da solução através do refinamento automático da malha até que uma variação de no

máximo de 4% entre uma solução e outra seja alcançada. Este critério, no caso de

análise de convergência de tensão, faz parar a iteração quando existe uma variação

menor ou igual a 4% entre a iteração anterior e a atual. Pode-se fazer este processo

manualmente, refinando a malha e registrando os valores de tensão e o número da

iteração graficamente, e parar o processo quando o mesmo convergir e atingir a

precisão desejada.

Page 57: Projeto de Conclusão de Curso

47

4.5.1 Pontos de Singularidade

Como já mencionado, na maioria das análises de elementos finitos, o

refinamento da malha gera resultados mais precisos. De acordo com os

desenvolvedores do software, alguns procedimentos são importantes de serem

seguidos e certos formatos de geometria devem ser evitados para que não

apareçam pontos de singularidade de tensão, o que leva os resultados dos cálculos

realizados pelo programa a divergir.

De acordo com os desenvolvedores do Ansys, quantidades que são

diretamente resolvidas dos graus de liberdade como deslocamentos e temperaturas

geralmente convergem sem grandes dificuldades. Quantidades derivadas como

tensão, deformação e fluxo de calor podem convergir (mais dificilmente em relação

aos casos citados anteriormente) ou não, com o refinamento da malha. Nos casos

onde não há convergência, geralmente existem pontos de singularidade

(concentração) de tensão.

A Figura 4.21 mostra casos que geram pontos de singularidade. Os mais

frequentes são os cantos vivos reentrantes e apoios e carregamentos aplicados em

uma região muito pequena ou ponto.

Figura 4.21: Ocorrência de pontos de singularidade em algumas geometrias.

(ANSYS,Inc. Proprietary)

Algumas soluções para evitar as singularidades são apresentadas abaixo:

Delimitar a região de análise se o local da singularidade não é de

interesse.

Geometria idealizada Condições de contorno Cargas pontuais

Page 58: Projeto de Conclusão de Curso

48

Optar pelo uso de cantos arredondados ou outra geometria que não

cause descontinuidades.

Aplicar carregamentos ou restrições distribuídas sobre uma área ao

invés de aplicar em regiões muito pequenas ou pontos como sugere a

Figura 4.22.

Figura 4.22: Forma de se evitar os pontos de singularidade. (ANSYS,Inc. Proprietary)

As singularidades dos modelos analisados foram retiradas colocando um raio

de arredondamento (fillet) nos cantos vivos reentrantes, com um valor calculado de

8,52 mm, de forma a manter o tamanho da garganta de solda que é de 3,57 mm.

4.6 Otimização

A otimização estrutural é um método que permite diminuir custos de fabricação,

de operação e principalmente melhorar o desempenho de estruturas ou

componentes, deixando-os mais eficientes. Um exemplo de otimização topológica pe

mostrado na Figura 4.23. Esta poderosa ferramenta de projeto permite seu

melhoramento partindo da escolha de objetivos, restrições e variações de projeto,

minimizando, por exemplo, a massa de um componente mantendo sua resistência

mecânica. O processo de otimização pode ser definido, portanto, como um método

de determinação de máximo ou mínimo de uma função que é normalmente chamada

de função objetivo. Ele exige que um conjunto de requisitos seja especificado antes

da realização do processo, que são chamados de restrições de projeto.

Carregamento pontual Carregamento distribuído

Exemplo

Page 59: Projeto de Conclusão de Curso

49

Como foi colocado por Coutinho (2006), é um método para análise e

determinação da sensibilidade da resposta da estrutura, associado às técnicas de

programação matemática, que possibilita a otimização de componentes estruturais.

.

Figura 4.23: Exemplo de otimização topológica de uma ponte. (Disponível em:

http://www.ce.jhu.edu/jguest/TopOptProgram/Guest_IABSE_TopOptExample.png)

De acordo com Coutinho (2006), o principal objetivo da otimização topológica,

consiste em encontrar a melhor distribuição de material dentro de um especificado

domínio de projeto. A distribuição do material é modificada levando em consideração

alterações em algum comportamento mecânico da estrutura, tal como flexibilidade,

tensões entre outros. Em outras palavras, é resolver a questão de como distribuir o

material no interior de espaço de projeto pré-definido sob determinada condição de

contorno, de modo a minimizar a função objetivo e atendendo às restrições. Na

Figura 4.24 está representada as etapas de um processo de otimização.

Neste trabalho foi utilizada a otimização topológica, que como dito por

Countinho (2006), introduz uma estrutura base de elementos estruturais possíveis, e

escolhe a melhor distribuição possível dentro desse universo. Foi utilizado um

módulo do programa Ansys chamado "Shape Optimization" e estabelecido o objetivo

de redução de massa de 20%. Também foi realizado um refinamento da malha para

que os contornos das regiões onde material foi retirado como resultado da

otimização pudessem ficar mais suavizados, delimitando melhor a região

visualmente.

Page 60: Projeto de Conclusão de Curso

50

Figura 4.24: Exemplo de uma rotina de otimização topológica. (Adaptado de:

http://wildeanalysis.co.uk/system/photos/2267/original/TOSCA_Structure_Topology_Optimisation_Wor

kflow.jpg?1350854905)

Modelo de elementos finitos

Geometria inicial

Modelo de otimização Otimização topológica

Modelo otimizado

Otimização de forma validação

Suavização e geração do arquivo de validação

Page 61: Projeto de Conclusão de Curso

51

CAPÍTULO V

Resultados e discussão

Os resultados apresentados neste capítulo foram obtidos com as simulações

das condições de operação da caçamba, isto é, para uma carga de 1400 Kg que

representa a caçamba completamente carregada com material e para uma carga de

1113,6 Kg resultante da situação na qual a minicarregadeira é apoiada sobre a

aresta frontal inferior da caçamba. Os pontos de apoio fixos (sem nenhum grau de

liberdade) foram considerados na parte interna dos oito furos do engate. Para todos

os casos, serão apresentados gráficos de tensão e alguns deles o deslocamento. Os

resultados referentes aos modelos de caçamba analisados serão apresentados na

seguinte ordem:

Análise e comparação do modelo original, com e sem o reforço da barra

de perfil U na parte superior da caçamba.

O modelo com reforço e as bordas da chapa de fixação do suporte

curvadas

O modelo original com reforço apoiado na aresta frontal

O modelo proposto, criado a partir dos resultados das análises de

tensões anteriores e da otimização topológica.

5. Comparação entre as caçambas com e sem travamento feito com barra

de perfil U

As simulações realizadas para esse caso resultaram em gráficos de

deslocamento como podem ser vistos nas Figuras de 5.1 a 5.4. A Figura 5.1

representa os deslocamentos atuantes nas regiões lateral e posterior da caçamba

sem o reforço com barra de perfil U.

Page 62: Projeto de Conclusão de Curso

52

Figura 5.1: Níveis de deslocamento na caçamba original sem travamento entre laterais.

O deslocamento máximo, região em vermelho da Figura 5.1, ocorre na parte

superior do fechamento lateral da caçamba, e tem um valor de 1,56 mm. Já os

deslocamentos na parte posterior da mesma caçamba, variam de 0,17 a 1,38 mm.

Na Figura 5.2, está representada a caçamba com o reforço:

Figura 5.2: Níveis de deslocamento na caçamba original com travamento entre laterais.

Os deslocamentos para esse caso foram reduzidos, sendo que o deslocamento

máximo foi de 0,89 mm para a parte superior do fechamento lateral e variou entre

0,10 e 0,80 na região posterior da caçamba. Ou seja, o travamento realizado com

Page 63: Projeto de Conclusão de Curso

53

perfil U reduziu os deslocamentos atuantes na estrutura. Esse resultado é

interessante para a análise dos resultados de fadiga que serão apresentados mais

adiante nesse capítulo, já que o deslocamento (e tensões) na região do cordão de

solda que une a chapa de fixação do suporte e a caçamba foi reduzido.

Na Figura 5.3 estão representados os deslocamentos nas regiões interna e

lateral da caçamba, sendo que, o máximo deslocamento, região em vermelho, tem

um valor de 3,90 mm e ocorre na região central da parte interna inferior da caçamba,

próximo a aresta.

Figura 5.3: Níveis de deslocamento na caçamba original sem travamento entre laterais.

Já para a configuração com o reforço, o deslocamento máximo nessa região

apresentou um valor de 3,72 mm (Figura 5.4). Ou seja, não houve uma redução

significativa, o que mostra que o maior efeito do travamento se dá nas laterais da

caçamba e na parte posterior, como foi visto nas Figuras 5.1 e 5.2.

Page 64: Projeto de Conclusão de Curso

54

Figura 5.4: Níveis de deslocamento na caçamba original com travamento entre laterais.

Os resultados de tensão estão representados nas Figuras de 5.5 a 5.8. Na

Figura 5.5 está ilustrada a região do engate da caçamba sem o reforço, na qual

ocorre a tensão máxima, que tem um valor de 258,80 MPa. Nota-se que esse valor

de tensão fica muito abaixo do limite de resistência do material, Weldox 700, que

tem um valor de 700 MPa. Ou seja, nessa região não ocorre escoamento.

Figura 5.5: Níveis de tensão na caçamba original sem travamento entre laterais.

Já na Figura 5.6 está ilustrada a região do engate da caçamba com o reforço.

Para esse caso pode-se observar que o nível de tensão máxima reduziu para 205,90

Page 65: Projeto de Conclusão de Curso

55

MPa. Isto é, o travamento além de ter reduzido os níveis de deslocamento na parte

superior da caçamba também reduziu o nível de tensão máxima atuante no engaste

em 20%.

Figura 5.6: Níveis de tensão na caçamba original com travamento entre laterais.

Na Figura 5.7 estão representadas as tensões que atuam na região interna do

bojo da caçamba sem reforço, pode-se notar que essa região não é solicitada de

forma significativa, apresentando uma tensão máxima de 119,37 Mpa muito abaixo

do limite de resistência do material que, para essa parte da caçamba, é o Toolox

1300, com resistência ao escoamento de 1200 MPa. Novamente, a caçamba não

falhará devido ao carregamento estático. A utilização do aço mais resistente nesta

região é devido ao desgaste causado pelo atrito entre a chapa e o minério

transportado pela caçamba.

Page 66: Projeto de Conclusão de Curso

56

Figura 5.7: Níveis de tensão na caçamba original sem travamento entre laterais

Na Figura 5.8, estão representadas as tensões na região do bojo para a

caçamba com reforço. Nota-se que o valor da tensão máxima no local reduziu para

110,11 MPa, ficando ainda mais afastado do limite de escoamento do material.

Figura 6.8: Níveis de tensão na caçamba original com travamento entre laterais

O comportamento da convergência do método de elementos finitos empregado

nas simulações apresentadas anteriormente pode ser visto nas figuras 5.9 e 5.10:

Page 67: Projeto de Conclusão de Curso

57

Figura 5.9: Convergência do método de elementos finitos considerando uma tolerância de 4%

(caçamba com reforço).

Figura 5.10: Convergência do método de elementos finitos considerando uma tolerância de 4%

(caçamba sem reforço).

Nas Figuras 5.9 e 5.10 foi estabelecida uma variação máxima de 4% entre as

soluções obtidas pelo método. Nota-se que a cada nova solução o número de

CONVERGÊNCIA

CONVERGÊNCIA

Solução

Solução

Ten

são

Eq

uiv

ale

nte

Ten

são

Eq

uiv

ale

nte

(M

pa)

Page 68: Projeto de Conclusão de Curso

58

elementos de malha utilizado aumenta de forma substancial, o que aumenta o

esforço computacional.

Os resultados apresentados mostram que, do ponto de vista estático, a

caçamba não está sujeita a falhas. Na prática, entretanto, a caçamba está

apresentando trincas na região do cordão de solda que une a chapa de fixação do

suporte à caçamba, como pode ser visto na Figura 5.11:

Figura 5.11: Falha observada na caçamba.

Com o intuito de analisar a ocorrência dessa falha, o próximo tópico apresenta

os resultados de uma simulação dos efeitos do carregamento para essa região em

específico, para os dois modelos de caçamba (com e sem reforço).

5.1 Comportamento na região do cordão de solda para a caçamba sem

reforço.

Na Figura 5.12, pode-se notar que a tensão no cordão de solda é de

aproximadamente 233 MPa. De acordo com o fabricante do aço, o limite de fadiga

para vida infinita das regiões soldadas é 150 Mpa. Isto indica que a união soldada

não está dimensionada para vida infinita e que irá falhar após um número

Page 69: Projeto de Conclusão de Curso

59

determinado de ciclos. Esse número de ciclos pode ser estimado com base no

diagrama S-N da Figura 4.3.

De acordo com a Figura 5.3, para um nível de tensão de 233 MPa, o número

de ciclos esperado até a falha é de, aproximadamente, 316228 ciclos de carga.

Esse fato está de acordo com a falha que está acontecendo atualmente nas

caçambas utilizadas pela empresa, como pode ser observado na Figura 5.13.

Figura 5.12: Resultado da análise de tensão no cordão de solda

Page 70: Projeto de Conclusão de Curso

60

Figura 5.13: A trinca ocorre na localidade onde os níveis de tensão na solda são mais elevados

Pode-se notar na parte superior da Figura 5.13 que existem dois cordões de

solda sobrepostos o que, do ponto de vista de resistência, não é interessante, pois

Page 71: Projeto de Conclusão de Curso

61

intensifica os efeitos da concentração de tensões. Observando as Figuras 5.14 e

5.15, a região onde os cordões se cruzam, círculo vermelho, é onde termina a

curvatura da parte interna da caçamba, que funciona como um concentrador de

tensão por ser uma região de canto vivo reentrante. Outro fato é que a placa é

soldada por filete, e deste modo gera-se uma interface entre a placa e o bojo que se

comporta como uma trinca na região, que também funciona como um concentrador

de tensão. As barras verdes mostradas na figura acima indicam o fim do perfil em V

soldado no bojo, que no modelo não foi considerado, mas que também agrava a

instabilidade da região circulada em vermelho.

Todos estes fatores somados contribuem para altos valores de tensão na

região circulada, o que aumenta muito a probabilidade de falha por fadiga, e que

explica a trinca mostrada na Figura 5.13.

Figura 5.14: Região em que foi realizado o corte na Figura 5.15, onde há grande probabilidade

de se iniciar a trinca.

Page 72: Projeto de Conclusão de Curso

62

Figura 5.15: Corte transversal da caçamba que mostra em detalhe a região crítica.

De acordo com a Figura 5.16, a parte superior da placa não irá falhar por

fadiga, já que a tensão máxima na parte superior é de aproximadamente 131 MPa,

isto é, menor do que o limite de resistência à fadiga do material soldado (150 MPa).

Figura 5.16: Visão superior das tensões no cordão de solda

Page 73: Projeto de Conclusão de Curso

63

O gráfico de convergência do método de elementos finitos para a simulação da

região da solda é mostrado na Figura 5.17:

Figura 5.17: Gráfico de convergência da tensão

Também foi fixada uma variação máxima de 4% entre as soluções para

obtenção do resultado final. Com essa tolerância o método precisou de sete etapas

de resolução da malha para atingir a solução final.

Page 74: Projeto de Conclusão de Curso

64

5.2 Comportamento na região do cordão de solda para a caçamba com

reforço

As Figuras 5.18 e 5.19 mostram que após inserir o reforço com a barra de perfil

U, a tensão na solda que fica na lateral da placa diminuiu para aproximadamente

180 MPa. Na parte superior a tensão aumentou para aproximadamente 162 MPa.

Isto indica que mesmo com o reforço a solda irá continuar a falhar por fadiga. A

diferença é que com o reforço o número de ciclos será maior, ou seja, teoricamente

aumentou-se a vida útil da caçamba.

Figura 5.18: Análise de tensões na solda do modelo com reforço

Page 75: Projeto de Conclusão de Curso

65

Figura 5.19: Análise de tensões na solda do modelo com reforço em detalhe

Figura 5.20: Gráfico de convergência da tensão do modelo com reforço

Page 76: Projeto de Conclusão de Curso

66

5.3 Tensão no cordão solda para chapa de fixação com geometria curva

Nas Figuras 5.21 e 5.22 está representada uma das modificações estruturais

feita pela empresa com o intuito de reduzir a propagação das trincas na região do

cordão de solda.

Figura 5.21: Chapa de fixação do suporte com bordas curvas

Figura 5.22: Chapa de fixação do suporte com bordas curvas (vista isométrica)

De acordo com os resultados obtidos, Figuras de 5.23 a 5.25, mesmo a placa

traseira possuindo as bordas curvas, as tensões da junta soldada na parte lateral e

inferior superam o limite de escoamento do cordão de solda fornecido pelo

fabricante, 150 MPa, o que indica falha por fadiga. Com esta modificação, a chance

Page 77: Projeto de Conclusão de Curso

67

de propagação de trincas continua, principalmente na parte inferior, o que limita a

vida útil da caçamba do ponto de vista do dimensionamento por fadiga.

Figura 5.23: Tensão na lateral da chapa de fixação do suporte com bordas curvas.

Figura 5.24: Tensão na parte inferior da chapa de fixação do suporte com bordas curvas.

Page 78: Projeto de Conclusão de Curso

68

5.4 Comportamento das demais regiões da caçamba em relação à fadiga

Nas seções 5.1 a 5.3 a falha observada na caçamba foi atribuída à fadiga na

região do cordão de solda que une a chapa do suporte a caçamba. Uma análise do

comportamento das demais regiões da caçamba quanto à fadiga será apresentada

nessa seção.

5.4.1 Modelo original sem reforço

As Figuras 5.25 e 5.26 mostram que as demais regiões soldadas da caçamba,

com exceção do cordão de solda lateral da placa de fixação do suporte, apresentam

um coeficiente de segurança para fadiga de 1,12, isto é, a caçamba está

dimensionada para vida infinita, já que os níveis de tensão nessas regiões focaram

abaixo de 150 MPa, como pôde ser observado nas seções anteriores. Para as

regiões sem solda, o coeficiente de segurança à fadiga é bem superior a estes, pois

o limite de fadiga dos materiais são superiores ao valor do limite de fadiga para

regiões soldadas.

Figura 5.25: Coeficiente de segurança de fadiga do modelo sem o reforço (região do engaste).

Page 79: Projeto de Conclusão de Curso

69

Figura 5.26: Coeficiente de segurança de fadiga do modelo sem o reforço (região interna da

caçamba)

5.4.2 Modelo original com reforço

Já para o modelo com o reforço, as Figuras 5.27 a 5.29 mostram que o

coeficiente de segurança para fadiga passou a ser de 1,41, ou seja, o efeito da barra

de perfil U em diminuir as tensões e deslocamentos reflete em maior segurança

contra a fadiga, apesar de que, sem o reforço, a caçamba já apresentar vida infinita

para fadiga.

Figura 5.27: Coeficiente de segurança de fadiga do modelo com reforço

Page 80: Projeto de Conclusão de Curso

70

Figura 5.28: Coeficiente de segurança de fadiga do modelo com reforço

Figura 5.29: Coeficiente de segurança de fadiga do modelo com reforço

5.5 Análise da caçamba apoiada na aresta frontal

A simulação para esse modo de utilização da caçamba apresentou os

resultados mostrados nas Figuras 5.30 e 5.31:

Page 81: Projeto de Conclusão de Curso

71

Figura 5.30: Modelo original apoiado na aresta frontal.

Figura 5.31: Modelo original apoiado na aresta frontal (região do engaste).

Observa-se na Figura 5.30 que a tensão máxima para esse caso ocorre na

região interior da caçamba e tem um valor de 352,8 MPa. Como essa tensão não

Page 82: Projeto de Conclusão de Curso

72

ocorre em uma junta soldada e sim no material propriamente dito, que possui limite

de escoamento de 1200 MPa, as tensões decorrentes desse tipo de utilização da

caçamba não ofereceriam riscos para a integridade estrutural da caçamba.

Entretanto, na figura 5.31 está representada a tensão atuante no engate da

caçamba que tem um máximo local de 308,47 MPa, como essa é uma região que

possui um cordão de solda, a tensão máxima para que haja vida infinita do

componente deveria ser de 150 MPa. Dessa forma, a utilização da caçamba nessa

configuração está sujeita a falha por fadiga. Contudo, essa forma de utilização da

caçamba não é muito frequente, sendo que a caçamba falhará primeiramente devido

ao carregamento normal.

Na Figura 5.32 está representado o gráfico de convergência juntamente com o

número de elementos de malha utilizados. A tolerância empregada foi de 4%, sendo

que a convergência foi alcançada com três soluções.

Figura 5.32: Características do processo de convergência do método de elementos finitos

Page 83: Projeto de Conclusão de Curso

73

5.6 Modelo proposto

5.6.1 Nova geometria

Observando os resultados das análises realizadas nos modelos que já estavam

sendo utilizados pela empresa, foi possível, a partir dos gráficos de distribuição de

tensões e deslocamentos, identificar regiões ou componentes que integram a

caçamba que não sofrem solicitações significativas quando carregados, isto é, tais

componentes podem ter suas dimensões reduzidas ou serem eliminados. Um

desses elementos é a chapa de fixação do suporte na caçamba que, como pôde ser

observado nos resultados, não desempenha função estrutural relevante. Sendo

assim, um novo modelo de caçamba foi concebido com essa alteração, como pode

ser visto na Figura 5.33.

Figura 5.33: Ilustração da geometria construída baseada nos resultados

Page 84: Projeto de Conclusão de Curso

74

Como essa geometria é resultado de uma análise qualitativa das distribuições

de tensão e deslocamento nos modelos já analisados, a ferramenta de otimização

do ANSYS Workbench foi utilizada para que um modelo refinado seja obtido

baseado nessa geometria.

5.6.2 Otimização da nova geometria

Tendo como referência a geometria apresentada na seção 5.6.1, foi feita uma

análise utilizando o módulo de otimização do ANSYS. A Figura 5.34 mostra que de

acordo com o resultado da otimização topológica, pode-se retirar material da lateral

da caçamba e do suporte de fixação, sem comprometer seu desempenho. Porém,

retirar material da região lateral não seria viável do ponto de vista funcional da

caçamba, já que o material carregado poderia escapar pelas frestas abertas nessa

região. Portanto, foi escolhida a retirada de material somente da parte traseira,

mostrada em detalhe na Figura 5.35.

Figura 5.34: Resultado da otimização topológica

Page 85: Projeto de Conclusão de Curso

75

Figura 5.35: Imagem em detalhe da parte onde foi retirado material, a cor marrom indica onde

pode ser retirado material de acordo com a otimização

Na Figura 5.35, a malha da região circulada em verde foi refinada para que

pudesse produzir uma imagem mais precisa e bem definida dos contornos onde se

pode retirar material. Após essas modificações a geometria final obtida pode ser

vista nas Figuras 5.36 e 5.37.

Page 86: Projeto de Conclusão de Curso

76

Figura 5.36: Modelo Proposto

Figura 5.37: Modelo proposto

Sendo assim, as Figuras 5.36 e 5.37 representam o novo modelo de caçamba

proposto por esse trabalho. No próximo tópico, são apresentados os resultados das

simulações efetuadas com esse modelo.

Page 87: Projeto de Conclusão de Curso

77

5.6.3 Resultados para o modelo proposto

Com base na análise dos resultados obtidos com os dois modelos utilizados

pela empresa, juntamente com os resultados da otimização topológica, foi proposto

o novo modelo, com uma nova geometria do suporte de fixação do engate, ausência

da chapa de fixação do suporte e alteração na quantidade e posicionamento das

barras inferiores, como está mostrado nas Figuras 5.36 e 5.37.

Nas Figuras 5.38 a 5.40, pode-se observar que a tensão máxima do modelo

proposto ocorre longe da junta soldada, resultado intencional do novo desenho,

visando respeitar a orientação do fabricante do aço, de que a tensão máxima para

fadiga nas juntas soldadas devem ficar abaixo de 150 MPa. O fato da tensão

máxima não estar mais ocorrendo na junta soldada pode ser atribuído à modificação

na geometria. Também foi escolhido utilizar a solda de topo com penetração total

para unir as abas do engate ao bojo. Essa escolha foi feita visando eliminar o

problema da interface gerada entre a placa traseira e o bojo que tem um

comportamento parecido com uma trinca, gerando concentração de tensão, o que

muito provavelmente foi a causa do aparecimento trinca como mostrado na Figura

5.13 e 5.15.

Figura 5.38: Visão da parte inferior do modelo proposto. (Seta vermelha indica posição da

tensão máxima).

Page 88: Projeto de Conclusão de Curso

78

Figura 5.39: Região onde ocorre a tensão máxima no modelo proposto

Figura 5.40: Detalhe onde ocorre a tensão máxima na caçamba. Vista lateral

Page 89: Projeto de Conclusão de Curso

79

Figura 5.41: Tensões na parte superior das abas do engate

Na Figura 5.41, pode-se notar que as tensões do modelo proposto ficam abaixo

do limite passado pelo fabricante.

Figura 5.42: Distribuição de tensões na parte interna da caçamba

Na Figura 5.42, observa-se que as tensões no interior da caçamba estão bem

abaixo das tensões no interior dos outros modelos, que é consequência no novo

desenho da parte traseira da caçamba que confere a está região uma maior rigidez

e resistência.

Page 90: Projeto de Conclusão de Curso

80

Nas demais regiões do modelo, Figuras 5.43 a 5.45, estão representadas as

variações do coeficiente de segurança à fadiga para o modelo de caçamba proposto.

Como pode ser observado, esse modelo também se encontra dimensionado para

vida infinita na região do cordão de solda que une o suporte à caçamba, com

coeficiente de segurança à fadiga de 1,43. Esse fato não ocorre para os modelos de

caçamba que estão sendo utilizados pela empresa.

Figura 5.43: Coeficiente de segurança de fadiga do modelo proposto (região do engaste)

Figura 5.44: Coeficiente de segurança de fadiga do modelo proposto (detalhe da parte superior

do engaste)

Page 91: Projeto de Conclusão de Curso

81

Figura 5.45: Coeficiente de segurança de fadiga do modelo proposto (vista superior da parte

interna da caçamba)

Os resultados apresentados evidenciam que a caçamba proposta nessa seção

está dimensionada para vida infinita, diferentemente dos modelos já utilizados que

possuem um número limitado de ciclos por excederem a tensão máxima permitida

na região do cordão de solda.

Page 92: Projeto de Conclusão de Curso

82

Capítulo VI

Conclusões e Sugestões para Trabalhos

Futuros

Em primeiro lugar é importante citar que a aquisição dos aços de alta

resistência da série Weldox® e Toolox® por parte da CBMM junto a SSAB,

juntamente com os resultados e análises efetuadas nesse estudo, possibilitaram

uma significativa redução de massa no componente. O modelo de caçamba que

está sendo utilizado atualmente pela empresa tem uma massa de 275 Kg, enquanto

que o modelo proposto apresenta uma massa estimada de 204 Kg, o que indica uma

redução de massa de quase 26%. Tal redução de massa certamente resultará em

redução nos custos de fabricação, economia de combustível e maior produtividade.

Outro ponto importante a se destacar é a validação prática dos resultados

obtidos nesse estudo. As falhas que já vinham ocorrendo nas caçambas atuais

foram identificadas e justificadas através dos resultados das simulações. Isso mostra

a eficácia do método de análise empregado, em especial a eficiência do software de

elementos finitos ANSYS Workbench e Autodesk Inventor.

De acordo com os resultados obtidos ficou claro que a principal causa das

falhas nas caçambas se deve a característica dinâmica do carregamento,

representada principalmente pela fadiga de algumas regiões da estrutura. As trincas

observadas nos cordões de solda que unem a chapa de fixação do suporte à

caçamba são os melhores exemplos desse tipo de falha. Medidas tomadas

previamente pela própria empresa se mostraram eficientes para amenizar o

problema, como é o caso da adição de travamentos na parte superior da caçamba

para reduzir os níveis de tensão e deslocamentos na região do cordão de solda.

O modelo de caçamba proposto nesse estudo foi projetado de forma a

minimizar ou eliminaras falhas que foram observadas. Foram levados em

consideração na sua concepção a questão da construção, evitando excessivas

operações de corte, com geometria simples para tornar o processo de produção

Page 93: Projeto de Conclusão de Curso

83

mais fácil, rápido, utilizando somente uma única espessura de chapa e

consequentemente resultando em um baixo custo de fabricação.

Como foi visto nos resultados, as tensões máximas atuantes no cordão de

solda para esse modelo ficaram abaixo do limite de resistência para juntas soldadas

informadas pelo fabricante, 150 MPa, ou seja, o modelo proposto está dimensionado

para vida infinita. A união do engate a caçamba proposta nesta trabalho, por meio de

solda em ângulo com penetração total certamente melhora a distribuição de tensões

nessa região porque elimina a interface entre as chapas (que se comporta como

uma trinca). Também é de se ressaltar que o limite de resistência das juntas

soldadas dado pelo fabricante é fator limitante do projeto, o que impede que toda a

capacidade de alta resistência do Toolox e Weldox seja utilizada.

Outro fator de suma importância a ser considerado em projetos futuros é o

efeito do desgaste na estrutura, já que o material movimentado pelas caçambas,

ferro-nióbio, possui características como alta dureza o que acelera de forma

significativa a falha do componente em algumas regiões. Dessa forma, uma análise

mais criteriosa do efeito dos mecanismos de desgaste na caçamba é de vital

importância para a obtenção de um projeto que garanta um componente com maior

vida útil.

Page 94: Projeto de Conclusão de Curso

84

CAPÍTULO VII

Referências Bibliográficas

ALVES, A. Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE. 2007. Erica – 5ª ed.

AZEVEDO, D. F. O. Apostila de análise estrutural com ANSYS Workbench v8:

Design Simulation, Mogi das Cruzes, [s.e.], 2013.

COUTINHO, K. D. Método de Otimização Topológica em Estruturas

Tridimensionais. 2006. Tese de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do

norte, Natal.

CUNHA, J. Curso básico do programa de elementos finitos ANSYS. 2008.

Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Engenharia Civil.

FELIPPA, C. A. The Origins of the Finite Elements Method. Disponível em:

<http://www.colorado.edu/engineering/cas/courses.d/IFEM.d/IFEM.AppO.d/IFEM.Ap

pO.pdf>Acesso em: 28 dez. 2013.

MOAVENI, S. Finite Element Analysis: Theory and Aplication with Ansys- 3.e.d.

– Pearson Prentice Hall – 2007

NORTON, Robert L. Projeto de Máquinas: uma abordagem integrada. 2.e.d.

Porto Alegre: Bookman, 2004

RADE, D. A. Método dos elementos finitos aplicado à Engenharia Mecânica.

2011. Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Engenharia Mecânica.

SHIGLEY, J. E.; MISCHKE, C. R.; BUDYNAS, R. G. Projeto de Engenharia

Mecânica. 7.e.d. Porto Alegre: Bookman, 2005.

Page 95: Projeto de Conclusão de Curso

i

Apêndice

Figura 5.46: Vistas lateral e frontal da caçamba deformada sem o reforço da barra de

travamento, com escala de 54x em comparação com a caçamba não deformada (linhas em preto)

Page 96: Projeto de Conclusão de Curso

ii

Figura 5.47: Outras vistas da caçamba sem o reforço da barra de travamento, deformada na escala

de 54x em comparação com a estrutura não deformada (linhas em preto)

Page 97: Projeto de Conclusão de Curso

iii

Figura 5.48: Refinamento da malha nas regiões de concentração de tensão do modelo original e do

modelo proposto