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PROJETO DE MÁQUINA PARA A INVESTIGAÇÃO TRIBOLÓGICA DO PAR ANEL DE SEGMENTO CAMISA DE CILINDRO Letícia Araujo Marreiro Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheira. Orientador: Sylvio José Ribeiro de Oliveira Rio de Janeiro Setembro de 2016

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PROJETO DE MÁQUINA PARA A INVESTIGAÇÃO TRIBOLÓGICA DO PAR

ANEL DE SEGMENTO – CAMISA DE CILINDRO

Letícia Araujo Marreiro

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheira.

Orientador: Sylvio José Ribeiro de Oliveira

Rio de Janeiro

Setembro de 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

DEM/POLITÉCNICA/UFRJ

PROJETO DE MÁQUINA PARA A INVESTIGAÇÃO TRIBOLÓGICA DO PAR

ANEL DE SEGMENTO – CAMISA DE CILINDRO

Letícia Araujo Marreiro

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO

DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRA MECÂNICA.

Aprovado por:

________________________________________________

Prof. Sylvio José Ribeiro de Oliveira, Dr.Ing. (Orientador)

________________________________________________

Prof. Flavio de Marco Filho, D.Sc

________________________________________________

Prof. José Stockler Canabrava Filho, Ph.D

Rio de Janeiro

Setembro de 2016

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Marreiro, Letícia Araujo

Projeto de Máquina para a investigação tribológica do

par anel de segmento- cilindro - Rio de Janeiro: UFRJ /

Escola Politécnica, 2016.

XII, 70 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Sylvio José Ribeiro de Oliveira

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /

Curso de Engenharia Mecânica, 2016.

Referências bibliográficas: p. 42-44.

1. Tribologia. 2. Coeficiente de Atrito. 3. Projeto de

Máquinas. 4. Anel de Segmento. 5. Camisa de Cilindro. I.

Ribeiro de Oliveira, Sylvio José. II. Universidade Federal

do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Engenharia

Mecânica. III. Projeto de máquina para investigação

tribológica do par anel de segmento – camisa de cilindro

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“Só fazemos melhor aquilo que repetidamente insistimos em melhorar. A busca pela

excelência não deve ser um objetivo, e sim um hábito”

Aristóteles

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Dedico este trabalho, bem como todas as

minhas conquistas, aos meus pais Marco e

Glauce, por todo amor, força e dedicação

na minha formação como pessoa e

profissional. Este diploma é para vocês.

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iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, Marco e Glauce, pelo amor imensurável que

me deram durante toda a minha vida. Agradeço também por todos os valores que me

ensinaram. Este trabalho representa uma conquista nossa e sem o apoio de vocês, nada

disso teria sentido.

Agradeço aos meus avós, Rita, Maria (in memoriam), e José (in memoriam). A minha

avó Rita, agradeço principalmente por todo o amor, carinho e palavras de conforto nos

momentos de cansaço e desanimo. Ao meu avô José e a minha avó Maria, agradeço

principalmente pela história de vida que me passaram e por terem me dado a chance de

ter vivido um amor de avô/avó. Infelizmente vocês não estarão na plateia, mas sei que

onde quer que estejam, estão orgulhosos desta conquista.

Agradeço a todos os professores e educadores que de alguma forma contribuíram para a

minha formação como pessoa, estudante e profissional.

Agradeço ao professor Sylvio José, que não só desempenhou o papel de orientador,

como de um grande mentor. Obrigada pela incansável dedicação, apoio e confiança

durante toda a elaboração deste projeto.

Agradeço as minhas amigas de infância Julia Madeira, Priscila Aguiar, Mariana Rangel

e Débora Frazão, pela valiosa amizade e por me apoiaram não só nos meus momentos

mais difíceis, como por compartilharam comigo os de maior alegria.

Agradeço aos meus amigos da mecânica, em especial, a Larissa Lima, Anna Luiza

Tepedino, Rafaell Caldas, Rodrigo Goi e Cecília Stringuini, por terem vivido comigo

todos os possíveis sentimentos que a UFRJ pode nos proporcionar. Ao meu amigo, João

Marcos Pinho, um agradecimento especial, pelas inúmeras ajudas, além de dedicar sua

atenção e me apoiar durante todo o processo de elaboração do projeto final.

Agradeço ao meu grande amigo e companheiro de trabalho, Lucas Amorim, o qual tive

a alegria de conhecer no fim da faculdade. Todo o seu apoio, calma e conversas foram

essenciais para que eu enfrentasse esta importante etapa com sabedoria.

Não posso ressaltar como todos foram decisivos para elaboração deste projeto e em

todas as etapas acadêmicas que o antecederam.

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v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

PROJETO DE MÁQUINA PARA A INVESTIGAÇÃO TRIBOLÓGICA DO PAR

ANEL DE SEGMENTO – CAMISA DE CILINDRO

Letícia Araujo Marreiro

Setembro/2016

Orientador: Sylvio José Ribeiro de Oliveira

Curso: Engenharia Mecânica

Os motores de combustão interna atingiram um alto grau de eficiência. Para promover a

constante melhoria de seu desempenho, diversos estudos continuam sendo realizados

para a redução de perda por atrito. É constatado que a maior perda de energia ocorre

entre o anel de segmento do pistão e a camisa do cilindro. Com isso, para obter uma

melhor compreensão do comportamento do atrito neste conjunto, várias abordagens

experimentais estão sendo perseguidas. Neste presente trabalho é proposto um projeto

de máquina para investigação tribológica do par anel de segmento – camisa de cilindro

que busca aproximar as condições de teste das condições reais de um motor. Com o

presente modelo, é possível variar a velocidade, a carga aplicada ao corpo de prova,

bem como as condições de lubrificação. O projeto propõe que tais variantes possam ser

alteradas de forma contínua ou intermitente durante os ensaios.

Palavras-chave: Coeficiente de atrito, Tribologia, Tribômetro, Anel de segmento,

Camisa de cilindro, Pistão, Motor de combustão interna.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Mechanical Engineer.

MACHINE DESIGN FOR TRIBOLOGICAL RESEARCH OF THE PAIR

SEGMENT RING-CYLINDER LINER

Letícia Araujo Marreiro

Setembro/2016

Advisor: Sylvio José Ribeiro de Oliveira

Course: Mechanical Engineering

Internal combustion engines have achieved a high degree of efficiency. Hence to pursue

the steady improvement of its performance, several studies and experiments have been

carried out to reduce the friction loss. It had been verified that the greatest loss of

energy occurs between the piston ring and the cylinder liner. In order to get a better

understanding of the friction behavior of this set, different approaches are being

pursued. This work presents a machine design for tribological research of the pair

piston ring-cylinder liner, which seeks to approximate the test to the real conditions of

an engine. With this model of machine, it is possible to vary the sliding speed, the load

applied to the test body, and the lubrication conditions. The project proposes that such

variants can be changed continuously or intermittently during the tests.

Keywords: Fricction Coefficient, Tribology, Tribometer, Piston Ring, Cylinder Liner,

Piston, Internal Combustion Engine

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SUMÁRIO

Lista de Figuras .............................................................................................................. x

Lista de Símbolos ........................................................................................................... xi

1 Introdução ................................................................................................................ 1

1.1 Motivação do trabalho ....................................................................................... 1

1.2 Objetivo do trabalho e estrutura do texto ........................................................... 2

2 Revisão Bibliográfica .............................................................................................. 4

2.1 Tribologia ........................................................................................................... 4

2.1.1 Contexto Histórico ......................................................................................... 4

2.1.2 Atrito .............................................................................................................. 5

2.1.3 Desgaste ......................................................................................................... 5

2.2 Motor de Combustão Interna ............................................................................. 6

2.3 Camisa do cilindro ............................................................................................. 7

2.4 Anéis do Pistão .................................................................................................. 9

3 Projeto básico......................................................................................................... 13

3.1 Projeto Básico .................................................................................................. 14

3.2 Lista de Exigências .......................................................................................... 14

3.3 Alternativas Consideradas ............................................................................... 16

3.3.1 Movimento relativo entre cilindro e anel de segmento ....................................... 16

3.3.2 Aplicação da Carga ............................................................................................. 16

4 Projeto de detalhamento ....................................................................................... 17

4.1 Cálculos Básicos .............................................................................................. 17

4.1.1 Força de atrito máximo ................................................................................ 18

4.1.2 Cálculo da Potência do motor necessária ..................................................... 18

4.2 Cálculos e informações detalhadas de projeto ................................................. 19

4.2.1 Escolha do motor .......................................................................................... 19

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4.2.2 Acoplamento Flexível .................................................................................. 19

4.2.3 Cálculo da força necessária no pistão .......................................................... 20

4.2.4 Cálculo dos esforços no eixo ........................................................................ 20

4.2.5 Cálculo do diâmetro mínimo do eixo ........................................................... 23

4.2.5.1 Análise estática ......................................................................................... 23

4.2.5.2 Cálculo das tensões atuantes no eixo ........................................................ 23

4.2.5.3 Análise da Fadiga ..................................................................................... 24

4.2.5.4 Critério de Soderberg................................................................................ 24

4.2.5.5 Dimensionamento da chaveta ................................................................... 25

4.2.6 Cálculo do Rolamento do eixo ..................................................................... 26

4.2.7 Tratamento da camisa pré-ensaio ................................................................. 27

4.2.8 Fixação da camisa ........................................................................................ 28

4.2.9 Cálculo dos rolamentos do contraponto da camisa ...................................... 28

4.2.10 Escolha da Porca de retenção ....................................................................... 31

4.2.11 Regulador de Altura – Macaco Mecânico .................................................... 31

4.2.12 Análise de Flambagem das Colunas-Guia ................................................... 32

4.2.13 Cálculo do rolamento linear ......................................................................... 33

4.2.14 Corpo de prova ............................................................................................. 34

5 Considerações Finais ............................................................................................. 37

6 Referências Bibliográficas .................................................................................... 39

7 Outras referências bibliográficas não citadas .................................................... 41

Apêndice A – Catálogos ............................................................................................... 42

A.1 Motor elétrico .......................................................................................................... 42

A.2 Acoplamento Flexível .............................................................................................. 43

A.3 Rolamento do eixo ................................................................................................... 44

A.4 Placa autocentrante com 3 castanhas ....................................................................... 45

A.5 Rolamento do contraponto ....................................................................................... 46

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A.6 Porca de fixação do rolamento do contraponto ....................................................... 47

A.7 Arruela de trava para a porca de fixação ................................................................. 48

A.8 Atuador Pneumático ................................................................................................ 49

A.9 Macaco Mecânico .................................................................................................... 50

A.10 Cálculo das cargas atuantes no rolamento do eixo ................................................ 51

A.11 Pé Anti-vibratório .................................................................................................. 52

A.12 Diagramas para cálculo da vida do rolamento ....................................................... 53

A.13 Detalhes do anel de segmento e da camisa de cilindro .......................................... 54

A.14 Árvore de Possibilidade ......................................................................................... 55

Apêndice B – Desenho Mecânico ................................................................................. 56

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Lista de Figuras

Figura 1 – Distribuição de atrito de um motor Otto de 4 cilindros a 2000 rpm P2

Figura 2 - Camisa de cilindro do tipo seca p8

Figura 3- Camisa de cilindro do tipo molhada p8

Figura 4 - Camisa de cilindro do tipo aletada p9

Figura 5– Parede interna de uma camisa de cilindro após o processo de

brunimento

p9

Figura 6– Representação do ângulo de brunimento p9

Figura 7- Anel de compressão: Perfis mais usuais p11

Figura 8 - Perfis de anel raspador p12

Figura 9 - Anel de óleo – Conjunto de 3 peças composto por 2 segmentos e

um espaçador

p12

Figura 10 - Montagem dos anéis no pistão p13

Figura 11 – Funcionamento básico do tribômetro p14

Figura 12 – Imagem representativa das forças atuantes p21

Figura 13 – Diagrama de esforços : 1- Diagrama de corpo livre ; 2 – Diagrama

do esforço cortante; 3 – Diagrama do momento fletor

p22

Figura 14 – Imagem ilustrativa da camisa de cilindro com adequações para

ensaio

p28

Figura 15 – Imagem ilustrativa da camisa de cilindro com adequações para

ensaio

p29

Figura 16 – Imagem ilustrativa da fixação do corpo de prova no suporte p34

Figura 17 – Imagem ilustrativa do corpo de prova p34

Figura 18 – Imagem ilustrativa do suporte do corpo de prova e suas

dimensões

p35

Figura 19 – Imagem ilustrativa da montagem do suporte do cp no atuador p35

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Lista de Símbolos

𝐹𝑎𝑡 Força de atrito

𝜇 Coeficiente de atrito

𝑁 Força normal

𝑣𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 Velocidade linear

𝜔 Velocidade angular

𝑅 Raio

𝜙𝑐𝑎𝑚𝑖𝑠𝑎 Diâmetro da camisa

𝑃𝑜𝑡 Potência

𝐹 Força

𝑇𝑛𝑜𝑚 Toque nominal

𝑅𝑃𝑀 Rotação

𝐹𝑐𝑝 Força aplicada ao corpo de prova

𝐹𝑝𝑖𝑠𝑡ã𝑜 Força aplicada ao pistão

𝑀𝐶𝐺 Momento no ponto do Centro de Gravidade

𝐻𝑎 Reação no ponto A

𝐻𝑏 Reação no ponto B

𝐹𝑆 Fator de Segurança

𝐸 Módulo de Elasticidade

𝑆𝑦 Resistência ao escoamento

𝜎𝑟 Limite de resistência a tração

𝐾𝑓𝑚 Fator de forma devido ao momento

𝐾𝑓𝑡 Fator de forma devido ao torque

𝑇𝑚á𝑥 Torque máximo

𝑇𝑚𝑖𝑛 Torque mínimo

𝜎𝑛 Limite de resistência do corpo de prova a fadiga

𝐾𝑎 Fator de acabamento superficial

𝐾𝑏 Fator de forma

𝐾𝑐 Fator de confiabilidade

𝐾𝑑 Fator de temperatura

𝐾𝑒 Fator de concentração de tensão

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𝐾𝑓 Fator de flexão

𝜎�̿� Limite de resistência a fadiga

𝐹𝑆𝑐𝑖𝑠 Fator de segurança quanto ao cisalhamento

𝜏𝑟 Limite de resistência ao cisalhamento

𝑙 Comprimento da chaveta

𝑡 Espessura da chaveta

𝑏 Largura da chaveta

𝐹𝑆𝑒𝑠𝑚 Fator de segurança quanto ao esmagamento

𝐿𝑛𝑎 Vida nominal ajustada

𝑎1 Fator de ajuste de vida para confiabilidade

𝑎𝑆𝐾𝐹 Fator de ajuste de vida do fabricante, quanto ao material e condições

de funcionamento

𝐶 Capacidade de carga dinâmica do rolamento

𝑑𝑚 Diâmetro médio

𝑣1 Viscosidade cinemática

𝜂𝑐 Indice de contaminação do ambiente de operação

𝑃 Carregamento do rolamento

𝑃𝑢 Carregamento máximo quanto a fadiga

𝐹𝑐 Força crítica

𝐿 Comprimento da coluna

𝑘 Raio de giro

𝐴 Área da seção transversal

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1 Introdução

1.1 Motivação do trabalho

O motor de combustão interna atingiu um elevado grau de eficiência depois de 100

anos de história de desenvolvimento, junto com combustíveis líquidos que fornecem um

sistema de acionamento com alta energia e potencia disponível. O desejo de mobilidade

individual combinada a disponibilidade limitada de combustíveis fósseis faz com que a

eficiência dos motores de combustão interna ainda seja objeto de investigação e

constante desenvolvimento. Com isso, na indústria automobilística, esforços

significativos estão sendo feitos para diminuir o consumo de combustível e de óleo para

motor. Além de economizar recursos, também proporciona uma redução na emissão de

CO2 , que é importante, devido aos ,cada vez mais rigorosos, regulamentos ambientais.

A redução de atrito, oriundo do funcionamento do motor, oferece grande potencial

de poupança de combustível. Além dos locais de apoio de virabrequins, biela e a ligação

entre biela e o virabrequim, o grupo de pistão, que consiste no pistão e os anéis de

segmento, são em grande parte responsáveis pelas perdas de atrito interno no motor.

Simultaneamente o grupo do pistão representa um sistema de vedação complexo, visto

que três fluidos diferentes (óleo do motor, combustível e gás da câmara de combustão)

interagem por meio de vazamento ou de mistura direta na zona do êmbolo, como no

caso da injeção direta de combustível. Isso pode ocasionar efeitos secundários

indesejáveis como emissão de óleo para o gás de escape, entrada de combustível para

dentro do óleo do motor ou fuligem excessiva.

A redução de atrito, mantendo a função de vedação, é, portanto, um ponto de trade-

off no avanço da montagem do pistão. Os anéis de segmento como elementos de

vedação são grandes contribuintes para as perdas por atrito no grupo do pistão. O seu

comportamento de atrito e de desgaste é, em grande parte, determinada pela distribuição

de lubrificante entre a superfície do anel e a parede do cilindro.

A otimização do atrito de componentes submetidos a grandes esforços proporciona

uma contribuição significativa para a melhoria do funcionamento do motor. A figura 1

abaixo apresenta a distribuição das perdas por atrito em um motor Otto. Neste trabalho

será dado foco ao conjunto anel de segmento-camisa de cilindro, uma vez que o

conjunto do pistão é o responsável por proporcional maior perda por atrito. [1]

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Figura 1 – Distribuição de atrito de um motor Otto de 4 cilindros a 2000 rpm [1]

1.2 Objetivo do trabalho e estrutura do texto

Tendo apresentado acima a importância da otimização do desempenho dos

motores de combustão interna, bem como o foco na redução de atrito do grupo do

pistão, o presente trabalho propõe um projeto de máquina para ensaios tribológicos do

anel de segmento e camisa de cilindro, com um vasto campo de variantes, a fim de ser

possível analisa-los para diferentes motores.

Neste trabalho busca-se projetar uma máquina capaz de submeter um anel de

segmento, sob a ação de uma força contra uma camisa de motor, a qual, por sua vez,

também está sujeita a uma rotação.

O projeto eletrônico de coleta, leitura e interpretação de sinais não está englobado

neste trabalho, o qual teve foco inteiramente no projeto mecânico. A interface homem-

máquina ainda a ser desenvolvida pode ser apresentada futuramente em outro projeto.

No Capítulo 2 é apresentada uma revisão da literatura englobando alguns

conceitos de tribologia, como atrito, lubrificação e desgaste, bem como o seu contexto

histórico. Além disso, apresenta uma breve revisão teórica sobre motores de combustão

interna e os componentes neste trabalho focados: anéis de pistão e camisa de cilindro.

O Capítulo 3 apresenta o projeto básico. Nele são apresentadas as premissas do

projeto, bem como o funcionamento da máquina. É destacada a lista de exigência, que

48%

8% 4%

14%

13%

13%

Grupo do Pistão

Mancais

Bomba de óleo

Válvulas do motor

Virabrequim

Correia de Transmissão

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3

engloba a escolha do conjunto camisa-anel de segmento a ser testado, bem como a

rotação da máquina e intervalo de força que o corpo de prova estará submetido.

O Capítulo 4 apresenta o projeto de detalhamento. Nesta seção é possível

encontrar informações mais específicas quanto ao dimensionamento e detalhamento da

máquina aqui proposta. Este capítulo contempla todas as informações técnicas

necessárias para garantir o cumprimento da lista de exigências.

O Capítulo 5 apresenta um resumo do projeto aqui apresentado e as suas

considerações finais. Destacam-se aspectos práticos, tecnológicos e relacionados a

custos, além de um possível escopo para trabalhos futuros.

O Capítulo 6 apresenta as referências utilizadas para a elaboração deste trabalho.

No apêndice é possível encontrar os catálogos referentes às peças a sem compradas,

bem como o desenho de conjunto mecânico da máquina.

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4

2 Revisão Bibliográfica

2.1 Tribologia

2.1.1 Contexto Histórico

O termo “Tribologia” (do grego ‘tribo’: esfregar, atritar, friccionar, e ‘logos’:estudos)

foi criada em 1966 por P. Jost definido como “a ciência e tecnologia da interação de

superfícies em movimento relativo e de temas e práticas relacionadas” [2]. O estudo de

Jost é considerado o início formal da tribologia, a qual está relacionada

A tribologia era conhecida informalmente pelos egípcios, que tinham perceberam que a

lubrificação ajudava a minimizar o atrito durante o transporte, como pode ser constatado

em pinturas descobertas nas ruínas de Nínive e Babilônia [3].

Entretanto, o estudo sistemático do atrito começou realmente com as obras de Leonardo

da Vinci (1452-1519), quem foi capaz de demostrar a relação entre a força de atrito e a

força normal conforme equação:

𝐹𝑎𝑡 = 𝜇 ∗ 𝑁 (2.1)

Assim estabeleceu-se a primeira lei do atrito, que afirma que a força de atrito é

proporcional a força normal, e a mesma independe da velocidade de escorregamento.

Em 1699, o físico francês Guillaume Amontons estabeleceu a segunda lei clássica do

atrito: a força de atrito é independente da área de contato aparente. Com as duas leis

constatadas por Guillaume e Da Vinci, pode-se afirmar que o atrito comporta-se como

um contato elástico. Em 1785, estas leis foram confirmadas pelo físico Charles

Augustin de Coulomb, quem também foi capaz de distinguir o atrito estático do

dinâmico, observando que a força para manter um corpo em movimento era menor que

a necessária para tirá-lo da inércia.

Com isso, podemos resumir que a tribologia consiste basicamente no estudo do atrito ,

desgaste e da lubrificação. Nas seções a seguir, é possível encontrar uma breve

descrição destes tópicos separadamente.

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5

2.1.2 Atrito

O atrito é geralmente definido como a resistência ao movimento relativo de duas

superfícies e é dividido entre atrito dinâmico e cinético.

Atrito estático atua quando não há deslizamento entre os corpos, ou seja, é o atrito a ser

vencido antes que o corpo entre em movimento. Por isso, a força de atrito estática

máxima corresponde a força mínima necessária para um corpo se movimentar. Atrito

dinâmico, por sua vez, atua quando há deslizamento entre os corpos.

A relação proporcional entre a força de atrito e a força normal é designada pelo

coeficiente de atrito µ, o qual fornece informações sobre as condições de atrito do

corpo-superfície, e é descrita conforme a equação:

𝐹𝑎𝑡 = 𝜇 𝐹𝑁 (2.2)

2.1.3 Desgaste

Desgaste pode ser definido como a perda progressiva de material devido ao movimento

relativo entre aduas superfícies ou uma superfície e uma substância.

A medição do desgaste pode ser feita a partir da perda de massa, medida em um período

de tempo determinado, utilizando balanças analíticas ou através da medição de

rugosidade da regiãodesgastada. A área do desgaste também pode ser avaliada com o

auxílio de microscópio (ótico ou eletrônico de varredura).

O desgaste pode ser caracterizado por 4 mecanismos diferentes: adesivo, abrasivo,

fadiga superficial e corrosivo.

O desgaste adesivo acontece principalmente em superfícies metálicas que ao entrar em

contato e interagirem, criam ligações químicas do tipo Van der Waals, entre os picos,

provocando a sua aderência[4]. Desta forma, após a aderência, quando um corpo

deslizam sobre o outro, há a retirada de material.

O desgaste abrasivo consiste na perda de material devido a partículas rígidas que são

forçadas contra uma superfície [7]. É um desgaste de caráter mecânico e de acordo com

a intensidade pode ser classificado como riscamento, sulcamento ou microusinagem.[8]

Page 20: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

6

Fadiga superficial é associada a carregamentos cíclicos ,como por exemplo, os que

acontecem em mancais de rolamentos e em dentes de engrenagem [6]. O surgimento de

trincas é um sinal de desgaste por fadiga superficial. Elas surgem devido ao

carregamento, e vão se propagando em direção à superfície. Após um certo número de

ciclos, as trincas ramificadas em torno de uma região criam condições para a retirada de

material,[11].

O desgaste corrosivo acontece através da interação química de uma superfície com o

meio externo. Em condições de operação com possibilidade de desgaste corrosivo, pode

ocorrer em conjunto desgaste adesivo, dificultando muitas vezes a identificação e

definição do tipo de desgaste. [6]

2.2 Motor de Combustão Interna

O motor de combustão interna é uma máquina térmica onde o combustível é queimado

no interior do cilindro motor. Ele é composto por partes fixas ( bloco, cárter e cabeça

do motor) e partes móveis ( cambota, pistão, biela e árvore de comando de válvulas).

O bloco é o local onde o cilindro, também conhecido como camisa, é alocado. Carter é

o recipiente que protege e assegura a lubrificação principalmente das partes móveis,

como no caso do motor de 4 tempos. A cabeça do motor é a parte superior que cobre o

bloco, onde as velas de ignição e válvulas de admissão e expulsão ficam localizadas.

Quanto às partes móveis, a cambota é o componente responsável pela transformação do

movimento retilíneo do pistão em movimento circular. Desta forma, o mesmo fica

conectado ao volante, responsável por transferir energia mecânica a caixa de

velocidades. O pistão é a peça cilíndrica, normalmente feita de alumínio, que se move

no interior do cilindro devido à combustão que ocorre na câmara de combustão. A

árvore de comando de válvulas é o mecanismo que regula a abertura e fechamento das

válvulas. Por fim, a biela é o componente que liga o pistão à cambota. [13]

Um motor de 4 tempos apresenta uma sequência de operações distribuídas em 4

movimentos do êmbolo que constituem um ciclo. Cada ciclo corresponde a uma

explosão. Um ciclo de 4 tempos constitui em um processo de admissão, onde a válvula

de admissão é aberta e a de escape fechada, forçando o pistão a descer até o ponto morto

inferior enquanto a mistura ar-combustível é admitida. Em seguida, no estágio de

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compressão, ou também conhecido 2º tempo, as válvulas de admissão e escape

permanecem fechadas, enquanto o pistão, por efeitos da energia cinética, sobe,

comprimindo a mistura ar-combustível. Um pouco antes de o pistão atingir o ponto

morto superior, uma centelha é gerada pela vela de ignição que provoca a explosão da

mistura. A temperatura e pressão elevam-se atingindo seu valor máximo e o pistão é

empurrado para baixo. Este movimento é conhecido como o terceiro tempo, a explosão.

Por fim, antes de o pistão ter atingido o ponto morto inferior, a válvula de escape é

aberta e os gases resultantes da explosão são liberados.

Os motores de movimento alternativo normalmente podem ser dispostos de 3 formas:

em linha, em V ou opostos. Além disso, a temporização dos cilindros é combinada de

tal forma a haver um cilindro sempre em explosão.

Nas seções a seguir será abordado em maiores detalhes a camisa do cilindro e os anéis

do pistão, elementos em foco neste projeto.

2.3 Camisa do cilindro

A camisa do cilindro é um elemento que compõe a estrutura do bloco do motor,

proporcionando a criação de um sistema fechado a fim de aprisionar os gases em

expansão e auxiliar no funcionamento do motor. Ela mantém a câmera vedada e é

responsável pela troca térmica do calor gerado no interior da câmara de combustão com

o fluido refrigerante (água ou ar). Como visto na seção 2.3., em motores de combustão

interna de 4 tempos, temos as etapas de admissão, compressão, explosão e expulsão da

mistura ar-combustível. Esta mistura ao ser admitida para dentro do cilindro, entrará em

combustão espontânea após ser comprimida, no caso de combustíveis a base de diesel,

ou por intermédio de uma vela de ignição, que gera uma centelha e provoca a explosão,

no caso de combustíveis a base de gasolina e álcool. É interessante que a explosão

ocorra dentro de um sistema inteiramente vedado a fim de que a energia gerada seja

suficiente para impulsionar o pistão para baixo e assim sucessivamente, de forma a

movimentar o eixo virabrequim, garantindo a transformação da energia em movimento.

As camisas podem atingir temperaturas na ordem de 300oC[14], tornando um sistema de

arrefecimento adequado indispensável. A categorização dos cilindros se dá de acordo

com a forma de troca de calor entre eles e o fluido de refrigeração. As camisas podem

Page 22: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

8

ser encontradas nos tipos secas, molhadas ou aletadas. As camisas secas e molhadas

são utilizadas em motores refrigerados a água. As camisas secas não possuem contato

direto com a água e são mais utilizadas em reaproveitamento de blocos.

Figura 2 - Camisa de cilindro do tipo seca [36]

Já as camisas molhadas possuem as suas paredes externas em contato direto com a água.

Neste caso, a vedação externa é importante e é realizada por anéis de vedação do tipo o-

ring posicionados na parte superior e inferior da camisa.

Figura 3 - Camisa de cilindro do tipo molhada [36]

Em motores refrigerados a ar utilizam-se camisas aletadas, a qual contém aletas na parte

externa a fim de aumentar a sua área de contato para acelerar o processo de troca de

calor entre a camisa e o ar. Como a mesma possui as aletas localizadas no corpo da

camisa, a montagem é feita pela parte inferior, que se apoia no bloco e pela parte

superior, que se apoia no cabeçote. Com isso, as mesmas não exigem o uso de anéis de

vedação, já que ela é garantida por estes apoios.

Page 23: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

9

Figura 4 - Camisa de cilindro do tipo aletada[36]

O acabamento superficial da parede do cilindro é obtido através do brunimento, que tem

como objetivo remover os riscos horizontais deixados na camisa após a usinagem,

permitindo com que o cilindro possua um acabamento final, com ângulo de brunimento

(recomenda-se uma faixa de 40o a 65

o) [15][16] e rugosidade uniformes. Além disso,

este acabamento é de extrema importância para um bom desempenho e durabilidade do

motor, uma vez que uma de suas funções é reter o óleo lubrificante na parede do

cilindro, o que influencia no amaciamento do motor, consumo de óleo e desgaste dos

anéis.

Figura 5 [ à esquerda] – Parede interna de uma camisa de cilindro após o processo de brunimento/ Figura

6 [à direita] – Representação do ângulo de brunimento [36]

2.4 Anéis do Pistão

Os anéis de pistão são basicamente retentores metálicos com duas funções

essenciais para o funcionamento do motor de combustão interna: manutenção dos gases

pressurizados na parte superior do pistão e a manutenção do óleo aprisionado na parte

Page 24: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

10

inferior do pistão [17] . Esta segunda função é responsável pela diminuição do consumo

de óleo lubrificante e consequentemente na emissão de poluentes resultantes desta

queima, atendendo assim, às exigências dos regulamentos ambientais. [18]

O sistema tribológico que envolve os anéis de segmento de um veículo automotivo

envolve alta complexidade, já que o mesmo sofre altas cargas alternadas, (subida e

descida do pistão) e velocidade variável e cíclica durante toda a sua vida útil. As

superfícies dos anéis de segmento possuem acabamentos superficiais desiguais e se

modificam ao longo do seu período de trabalho. Também estão submetidas a partículas

resultantes da combustão do motor, temperaturas adversas e estão sujeitas a

contaminação por poeira e água. Todos estes parâmetros desempenham um papel

importante na vida útil dos anéis e no seu funcionamento correto.

Como dito anteriormente, o anel é responsável pela vedação dos gases da câmara

de combustão [19], controle do filme de óleo lubrificante na parede do cilindro e serve

como elemento de transmissão de calor do pistão para a área refrigerada do cilindro.

Além disso, atuam na limitação e regulagem do consumo de óleo do motor

Com isso, os anéis do pistão tem sido objeto de estudo para desenvolvimento de

soluções que visem o aumento constante do rendimento dos motores alternativos [20].

Os anéis podem ser divididos em:

Anel de compressão (Primeiro anel): São responsáveis por efetuar até 80% da

vedação da câmara de combustão, evitando assim, a passagem de gases da

combustão para o cárter. Ele desempenha um papel importante, pois os resíduos

da combustão presentes nestes gases degradam as propriedades do óleo

lubrificante e podem aderir sob forma de depósitos nas canaletas dos pistões

[21], o que ataca os anéis e cilindros provocando desgastes consideráveis e

consequentemente aumentando a fuga de gases da câmara de combustão para o

cárter de óleo. [22] O primeiro anel é conhecido como corta fogo e o segundo,

anel de estanqueidade.

Page 25: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

11

Figura 7 - Anel de compressão: Perfis mais usuais [36]

Anel Raspador (Segundo anel): É responsável pela raspagem do excesso de

óleo lubrificante das paredes do cilindro. Sua segunda função é de auxiliar o

primeiro anel

Figura 8 - Perfis de anel raspador [36]

Anel de óleo: Este anel é responsável por devolver o excesso de óleo para o

cárter .Para facilitar a manutenção, ele pode ser composto por até 3 peças,

proporcionando melhor estabilidade no controle do filme de óleo e melhorando

Page 26: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

12

a retirada do óleo pelos furos de lubrificação do pistão. No caso mais usual, de

3 peças, o conjunto é formado por dois segmentos e um espaçador.

Figura 9- Anel de óleo – Conjunto de 3 peças composto por 2 segmentos e um espaçador [36]

Os anéis são montados dentro dos canaletes dos pistões. A face externa do anel

conhecida como face de trabalho, é a parte que fica em contato com a camisa do motor.

A montagem errada e ou invertida dos anéis pode provocar falhas prematuras,

impossibilitando que os anéis cumpram as suas funções. Além da montagem incorreta,

outros fatores como lubrificação insuficiente, partículas estranhas e irregularidades nas

face de trabalho implicam em falhas prematuras. Por isso, é o processo de montagem

dos anéis no pistão é um momento extremamente importante. É sugerido que os anéis e

os pistões sejam limpos antes da pré-montagem, bem como as peças devem ser

mantidas em local limpo, a fim de evitar contato com partículas estranhas que possa se

alojar nos canaletes e implicar no mal funcionamento dos anéis.

A montagem é iniciada a partir do 3o canalete, começando pelo conjunto do anel de

óleo. Em caso de um de óleo de 3 peças, primeiramente é alojado o anel fino inferior,

seguido do espaçador e do anel fino superior. Depois, monta-se o anel raspador no

segundo canalete, seguido do anel de compressão no primeiro canalete.

Page 27: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

13

Figura 10 - Montagem dos anéis no pistão [36]

3 Projeto básico

Essa seção apresenta as premissas do projeto, isto inclui o método de

funcionamento o tribômetro, bem como a lista de exigências e por último é feito uma

análise da árvore de possibilidades, nas quais é possível visualizar todas as opções

construtivas do projeto. O objetivo do estudo nesta seção é definir a primeira fase do

Page 28: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

14

projeto, referente as exigências do mesmo, seguido da busca das alternativas para

concepção, comparação e finalmente, escolha do melhor método.

3.1 Projeto Básico

O projeto visa criar uma máquina para obter resultados a partir da análise de

material desgastado, calor gerado na superfície e o coeficiente de atrito entre o corpo de

prova e o cilindro. Com isso, o projeto básico consiste em uma máquina para ensaios

tribológicos cujos experimentos são feitos a partir do movimento rotativo de uma

camisa de cilindro de um motor e de um corpo de prova de anel de segmento

pressionado contra a parede do cilindro.

O projeto da máquina aqui proposto foi baseado no motor SCANIA G440,

entretanto, é capaz de testar qualquer camisa de cilindro cujo o diâmetro seja entre 126 e

146 mm, o que representa uma gama de motores para caminhões, envolvendo cavalos

para auto-tanques, baú de alumínio, graneleira, tanque de gás, entre outros.

Figura 11 – Funcionamento básico do tribômetro

3.2 Lista de Exigências

A lista de exigências apresenta todos os requisitos para a construção da máquina.

As exigências foram definidas são de modo a conferir uma vasta gama de combinações

de variantes, a fim de adaptar o teste a diversos cenários, incluindo o cenário mais

aproximado ao real. Segue abaixo a lista de exigências:

Page 29: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

15

Tabela 1 – Lista de exigências

Para a montagem do projeto, escolheu-se o motor SCANIA G440 Opticruise,

muito utilizado em carretas que puxam auto-tanques de grande porte, conhecidos como

bi-trem.

O motor apresenta 6 cilindros em linha, com injeção direta e 4 válvulas por

cilindro. Possui uma potência máxima de 440 HP a 1900rpm. Cada cilindro possui um

curso de 160mm e diâmetro interno de 130mm.

Durante o projeto verificou-se a necessidade da lubrificação das amostras para a

realização de testes com lubrificantes, já que neste projeto não engloba um sistema de

lubrificação automática.

Além disso, verificou-se a necessidade de um inversor de frequência, para

permitir um acionamento de velocidade variável para o motor instalado na máquina,

proporcionando assim, diferentes velocidades possíveis para a camisa em teste. O

inversor não foi incorporado no desenho do projeto da máquina, já que nele só foram

expressos equipamentos mecânicos propriamente ditos. Para este projeto recomenda-se

o inversor de frequência WEG- CFW-11, modelo apropriado para operar em conjunto

com o motor escolhido (Seção 4.2.1). É indicado que a sua instalação dele seja feita em

local próximo a máquina, de preferência na parede anexa a mesa de teste.

Descrição Exigência

Rotação mínima da camisa 600 RPM

Rotação máxima da camisa 3000 RPM

Diâmetro mínimo da camisa 126 mm

Diâmetro máximo da camisa 146 mm

Carga mínima aplicada ao anel de

segmento 10 N

Carga máxima aplicada ao anel de

segmento 100 N

Altura mínima da camisa para teste 75 mm

Altura máxima da camisa para teste 110 mm

Page 30: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

16

3.3 Alternativas Consideradas

Primeiramente para esta etapa do projeto, foi elaborada uma árvore de

possibilidades, que nos fornece um melhor esclarecimento das várias possibilidades de

resolução dos diferentes sistemas da máquina. Em seguida, é possível encontrar as

alternativas escolhidas para a concepção do projeto da máquina de ensaios tribológicos.

No apêndice 14, é possível encontrar a árvore, onde são apresentadas as soluções

consideradas para os diferentes sistemas necessários para o tribômetro.

3.3.1 Movimento relativo entre cilindro e anel de segmento

Primeiro, foi necessário definir qual das partes do tribômetro iria se movimentar

e qual ficaria fixa, o cilindro ou o corpo de prova do anel. Esta primeira decisão recaiu

sobre tornar o corpo de prova o elemento fixo, já que o mesmo deveria também aplicar

uma força contra a parede do cilindro. Com isso, a combinação de movimento e

aplicação de carga, tornaria a concepção desta máquina mais complexa e trabalhosa.

Assim, a escolha da camisa como o elemento motor, a segunda decisão foi feita quanto

ao tipo de movimento: linear ou rotativo. Visando ser ao máximo fiel às condições

normais de funcionamento de um motor de combustão interna, o curso deveria

representar algo em torno de 150 mm. A escolha do movimento do tipo rotativo levou-

se em conta principalmente os efeitos de vibração que seriam gerados a partir do

movimento linear. Além disso, o movimento rotativo permite com mais facilidade a

realização de testes em altas velocidades.

3.3.2 Aplicação da Carga

Para que haja força de atrito, é necessário que dois corpos estejam em contato e

que uma carga normal seja aplicada. Como foi visto na seção 3.2, a carga a ser aplicada

deve ser variável (10 - 100N), o que permite uma grande possibilidade de aplicações.

Como pode ser visto na árvore de possibilidades, as opções disponíveis incluem

o sistema pneumático, hidráulico e implementação de pesos.

O sistema de implementação de pesos, apesar de ter baixo custo e ser um sistema

simples de operar, exige que o operador da máquina possua diferentes pesos, para que a

gama de testes seja grande. Além disso, também apresenta como desvantagem o

aumento da chance de erro humano, já que o sistema seria manual, dependendo assim

Page 31: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

17

do desempenho do operador. Apesar do sistema de implementação de pesos ser

conhecido por sua simplicidade, a construção do mesmo neste projeto apresentaria ser

complexidade, já que a aplicação da carga normal é feita na direção horizontal e não na

vertical, como na maioria das aplicações que utilizam este tipo de sistema.

O sistema do tipo hidráulico apresenta boa precisão e estabilidade (velocidades

uniformes e baixas), proporcionando assim alta confiabilidade, entretanto, possui um

custo médio/alto de implementação, bem como apresenta um elevado custo de

manutenção e necessidade de espaço para implementação. Por fim, além de todas as

desvantagens acima apresentadas, a forma de aplicação do tipo hidráulica utiliza como

fluido de trabalho óleo, que é poluente e inflamável o que exige um processo segregado

para descarte apropriado. Também está sujeito a perdas por vazamentos, são altamente

sensíveis a temperatura e necessitam reposição constante.

A decisão final então foi feita sobre o sistema pneumático. A escolha recaiu

sobre um atuador pneumático por diversas razões como a facilidade de implementação,

robustez de seus componentes, o que torna o sistema pouco sensível a vibrações e

golpes, fluido de trabalho não poluente, alta disponibilidade no mercado, além da

facilidade de manutenção e baixo custo.

4 Projeto de detalhamento

No projeto de detalhamento é possível desenhar a proposta de seleção dos componentes

da máquina de ensaios, bem como determinar e analisar as cargas e esforços aplicados

aos componentes da mesma.

4.1 Cálculos Básicos

Nesta seção serão apresentados os cálculos básicos para definição das preliminares do

projeto, além dos cálculos básicos de elementos de máquina para análise da região de

contato do anel de segmento-cilindro.

Page 32: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

18

4.1.1 Força de atrito máximo

A partir da lista de exigências definida na seção 3.2 , temos definido como a força

máxima aplicada ao corpo de prova igual a 100N. A partir deste dado, e considerando o

pior cenário quanto ao coeficiente de atrito, i.e., 𝜇 = 1 , temos a força de atrito máximo.

𝐹𝑎𝑡𝑚á𝑥 = 𝜇 ∗ 𝐹𝑁 . : 𝐹𝑎𝑡𝑚á𝑥 = 1 ∗ 100

𝐹𝑎𝑡𝑚á𝑥 = 100𝑁

Portanto, a força de atrito máxima é de 100 N.

4.1.2 Cálculo da Potência do motor necessária

A partir da rotação pré-determinada pela lista de exigências, é possível calcular a

potencia necessária do motor a ser instalado na máquina. Sabendo que o motor deve

fornecer a camisa uma rotação no intervalo de 600-3000 RPM, será utilizado um motor

com rotação nominal de 1145 RPM.

Com isso, a velocidade linear do motor é dada por:

𝑣𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 = 𝜔 ∗ 𝑅

𝜔𝑚𝑖𝑛 = 600 𝑅𝑃𝑀 .: 𝜔𝑚𝑖𝑛 = 600 ∗ 2𝜋

60

𝑟𝑎𝑑

𝑠 → 𝜔𝑚𝑖𝑛 = 62,83 𝑟𝑎𝑑/𝑠

𝜔𝑚á𝑥 = 3000 𝑅𝑃𝑀 .: 𝜔𝑚á𝑥 = 3000 ∗ 2𝜋

60

𝑟𝑎𝑑

𝑠 → 𝜔𝑚á𝑥 = 314,16 𝑟𝑎𝑑/𝑠

Sabendo que:

𝜙𝑐𝑎𝑚𝑖𝑠𝑎 = 130 𝑚𝑚 → 𝑅 = 65 ∗ 10−3 𝑚

Temos que:

𝑣𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 𝑚𝑖𝑛 = 𝜔𝑚á𝑥 ∗ 𝑅 . : 𝑣𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 𝑚𝑖𝑛 = 4,08 𝑚/𝑠

𝑣𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 𝑚á𝑥 = 𝜔𝑚á𝑥 ∗ 𝑅 . : 𝑣𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 𝑚á𝑥 = 20,42 𝑚/𝑠

Page 33: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

19

Com os limites de velocidade linear e a força de atrito máxima calculados, é possível

determinar a potência de projeto requerida:

𝑃𝑜𝑡 = 𝐹 ∗ 𝑣𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟

𝑃𝑜𝑡 = 𝐹 ∗ 𝑣𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 𝑚𝑖𝑛 → 𝑃𝑜𝑡𝑚𝑖𝑛 = 100 𝑁 ∗ 4,08𝑚

𝑠= 408 𝑊 . : 𝑃𝑜𝑡𝑚𝑖𝑛

= 0,408 𝑘𝑊 (~0,547 𝐻𝑃)

𝑃𝑜𝑡 = 𝐹 ∗ 𝑣𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 𝑚á𝑥 → 𝑃𝑜𝑡𝑚á𝑥 = 100 𝑁 ∗ 20,42𝑚

𝑠= 2042 𝑊 . : 𝑃𝑜𝑡𝑚á𝑥

= 2,042 𝑘𝑊 (~ 2,74𝐻𝑃)

4.2 Cálculos e informações detalhadas de projeto

Nesta seção do projeto são apresentados todos os cálculos e informações detalhadas do

projeto concebido a partir da lista de exigência e dos cálculos básicos apresentados na

seção anterior, a fim de justificar as escolhas feitas ao longo do projeto.

4.2.1 Escolha do motor

Em posse das informações obtidas na seção 4.1.2., temos que a potência máxima

requerida pelo projeto é de aproximadamente 2,74 HP. Com isso, o motor selecionado

foi o motor elétrico de 6 polos, W21- Multimontagem. Ele tem uma potência de 3.0 HP,

com uma rotação nominal de 1145 RPM, considerando escorregamento de 4,58%.

No apêndice A.1, é possível encontrar a ficha técnica do motor escolhido.

4.2.2 Acoplamento Flexível

O acoplamento flexível é um conjunto formado por dois cubos do mesmo material,

podendo ser, por exemplo, alumínio, ferro fundido ou aço, para prover resistência e um

elemento flexível, o que o torna torcionalmente flexível. Seu papel principal é conectar

e transmitir energia de um eixo direcionado a outro acionado. Entretanto, o acoplamento

flexível também tem como funções a absorção de desalinhamentos e choques

mecânicos, além de redução de vibrações e ruídos. Para seleção do acoplamento

flexível, primeiro é importante calcularmos o torque nominal.

Os cálculos para a seleção do acoplamento flexível devem ser feitos levando em conta o

pior cenário de funcionamento, que ocorre na menor rotação operacional. Portanto, eles

Page 34: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

20

serão feitos considerando uma rotação de 600 RPM. Sabendo que o motor tem que

transmitir uma potência máxima de 2,74 HP, temos que :

𝑇𝑛𝑜𝑚 = 𝑃𝑜𝑡

𝑅𝑃𝑀∗

60

2𝜋 → 𝑇𝑛𝑜𝑚 =

2042 𝑊 ∗ 60

600 𝑅𝑃𝑀 ∗ 2𝜋

𝑇𝑛𝑜𝑚 = 32,49 𝑁𝑚

Logo, o acoplamento selecionado foi o do fabricante KTR, modelo ROTEX GS 92ShA

de alumínio, no tamanho 28 e com um torque nominal de 95 Nm.

O dimensionamento do acoplamento foi feito atendendo a norma DIN 740, conforme o

material disponível pelo fabricante.

No apêndice A.2, é possível encontrar a ficha técnica do acoplamento escolhido.

4.2.3 Cálculo da força necessária no pistão

Para que haja 100N aplicados sobre o conjunto corpo de prova, e respeitando a distância

entre os pontos de aplicação das forças, é possível calcular a força necessária exercida

pelo pistão do atuador que será transmitida ao braço e consequentemente ao corpo de

prova, que por sua vez será pressionado contra a parede do cilindro. Como o braço não

possui nenhum ponto de apoio ao longo de sua extensão, toda a força exercida pelo

pistão será transmitida ao corpo de prova. Logo,

𝐹𝑐𝑝 = 𝐹𝑝𝑖𝑠𝑡ã𝑜 = 100𝑁

Com isso, selecionou-se o pistão pneumático do fabricante FESTO, modelo ADVC-20-

15-I-P-A e código 188142. O atuador é do tipo curso reduzido, com curso de 15 mm,

diâmetro do embolo de 20 mm e uma força teórica de avanço de 189N.

No apêndice A.8, é possível encontrar a ficha técnica do atuador escolhido.

4.2.4 Cálculo dos esforços no eixo

Para calcular os esforços atuantes no eixo do contraponto, precisamos levar em

consideração a força exercida pelo corpo de prova contra a parede do cilindro. Como a

Page 35: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

21

estrutura da máquina é feita na vertical e todo o peso suportado pelo eixo está sendo

aplicado sobre o seu centro de massa, o peso não exerce nenhum momento sobre o eixo.

Primeiramente, com auxilio do Solidworks, foi localizado o centro de gravidade CG do

eixo, para base de cálculos futuros.

O eixo deve ser dimensionado de tal forma a resistir a força exercida pelo pistão, bem

como o torque nominal aplicado pelo motor e as reações dos apoios referentes.

Figura 12 – Imagem representativa das forças atuantes

Como este eixo sofrerá cargas dinâmicas, a análise das forças e momentos nele

aplicados deve levar em conta seus rolamentos. Analisando as forças atuantes e

momentos aplicados no eixo obtêm-se:

∑ 𝑀𝐶𝐺 = 0 .: − 𝐹 ∗ 𝑑1 − 𝐻𝑎 ∗ 𝑑2 + 𝐻𝑏 ∗ 𝑑3 = 0

∑ 𝑀𝐶𝐺 = 0 .: − 𝐹 ∗ 94,77 − 𝐻𝑎 ∗ 17,8 + 𝐻𝑏 ∗ 71,74 = 0

Page 36: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

22

∑ 𝐹𝑦 = 0 .: 𝐹 + 𝐻𝑎 − 𝐻𝑏 = 0 .: 𝐻𝑎 = 𝐻𝑏 − 𝐹

Resolvendo o sistema acima, obtemos que:

|𝐻𝑎| = 642,1 𝑁 |𝐻𝑏| = 742,1 𝑁

Com isso, é possível criar o diagrama de esforços:

Figura 13 – Diagrama de esforços : 1- Diagrama de corpo livre ; 2 – Diagrama do esforço cortante;

3 – Diagrama do momento fletor (Fonte: A autora - Software MD Solid)

A partir dos gráficos acima, podemos concluir que o momento fletor máximo tem valor

de -16,18 Nm. Dessa forma, a posição da chaveta inferior represente a seção do eixo

mais solicitada.

Page 37: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

23

4.2.5 Cálculo do diâmetro mínimo do eixo

4.2.5.1 Análise estática

A partir dos cálculos acima demostrados, obtivemos os seguintes resultados quanto a

análise estática:

𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 − 𝐹𝑎𝑡 = 100 𝑁

𝑀𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑓𝑙𝑒𝑡𝑜𝑟 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 − 𝑀 = 9,48 𝑁𝑚

𝐷𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎𝑡é 𝑎 𝑠𝑒çã𝑜 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑎 − 𝑑 = 80,9 𝑚𝑚

𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑟𝑎𝑛ç𝑎 − 𝐹𝑆 = 1,5

𝑀𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 − 𝐴ç𝑜 𝑆𝐴𝐸 1045 − 𝐸 = 210 𝐺𝑃𝑎; 𝑆𝑦 = 310 𝑀𝑃𝑎 ; 𝜎𝑟 = 670 𝑀𝑃𝑎

4.2.5.2 Cálculo das tensões atuantes no eixo

Primeiramente precisamos calcular as tensões do projeto:

𝜎𝑥𝑎 =32 𝑀𝑚á𝑥

𝜋 𝑑3=

32 ∗ 9477 𝑁𝑚𝑚

𝜋𝑑3=

96,53 ∗ 103

𝑑3

𝜎𝑥𝑚 = 𝜎𝑦𝑚 = 𝜎𝑦𝑎 = 0

Dado o intervalo de rotações da máquina, foi possível calcular o torque mínimo, quando

a potência é mínima, e máximo, quando a potência é máxima, na seção 4.1.2. Portanto:

𝜎𝑥𝑦𝑎 =16 (𝑇𝑚á𝑥 − 𝑇𝑚𝑖𝑛)

2𝜋 𝑑3=

16 (32490 𝑁𝑚𝑚 − 6493 𝑁𝑚𝑚)

2𝜋 𝑑3=

66200

𝑑3

𝜎𝑥𝑦𝑚 =16 (𝑇𝑚á𝑥 + 𝑇𝑚𝑖𝑛)

2𝜋 𝑑3=

16 (32490 𝑁𝑚𝑚 + 6493 𝑁𝑚𝑚)

2𝜋 𝑑3=

99269

𝑑3

Sabendo que:

𝜎𝑎 = √(𝐾𝑓𝑚𝜎𝑥𝑎)2 + 3 (𝐾𝑓𝑡𝜏𝑥𝑦𝑎)2

𝜎𝑚 = √(𝜎𝑥𝑚)2 + 3 (𝜏𝑥𝑦𝑎)2

Como a chaveta é do tipo canto vivo e o limite de ruptura a tração do material escolhido

é inferior a 700 Mpa, temos que:

Page 38: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

24

𝐾𝑓𝑚 = 2,0 ; 𝐾𝑓𝑡 = 1,6

Com isso, pode-se concluir os cálculos das tensões e obtemos os seguintes resultados:

𝜎𝑎 =2,66 ∗ 105

𝑑3

𝜎𝑚 =1,72 ∗ 105

𝑑3

4.2.5.3 Análise da Fadiga

A análise de fadiga será feita na posição da chaveta, que corresponde a seção mais

solicitada do eixo. É importante destacar que a região da localização da chaveta possui

um diâmetro de 47 mm.

Para realizar os cálculos de fadiga, utiliza-se a equação de Marin [23]:

𝜎𝑛 = 𝐾𝑎𝐾𝑏𝐾𝑐𝐾𝑑𝐾𝑒𝐾𝑓 ∗ 𝜎�̅�

𝑆𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 𝑢𝑠𝑖𝑛𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑏𝑜𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 − 𝐾𝑎 = 0,9

25 < 𝑑 ≤ 250 𝑚𝑚 − 𝐾𝑏 = 0,85

95% 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑓𝑖𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 − 𝐾𝑐 = 0,814

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 < 300𝑜𝐶 − 𝐾𝑑 = 1

𝐾𝑒 = 1𝐾𝑓

𝐾𝑓 = 1 (𝑒𝑠𝑡á 𝑖𝑛𝑐𝑙𝑢𝑠𝑜 𝑑𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜 𝑛𝑜 𝑐á𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑡𝑒𝑛𝑠õ𝑒𝑠)

𝐶𝑜𝑚𝑜, 𝜎𝑟 < 700𝑀𝑃𝑎, 𝜎�̅� = 0,5 𝜎𝑟

Logo, temos que:

𝜎𝑛 = 208,6 𝑀𝑃𝑎

4.2.5.4 Critério de Soderberg

Finalmente, podemos calcular o diâmetro mínimo do eixo a partir do critério de

Soderberg. Como o material do eixo é o Aço 1045, o critério de falha utilizado será o de

Soderberg, já que o mesmo é indicado para materiais dúcteis.

Page 39: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

25

𝜎𝑎

𝜎𝑛+

𝜎𝑚

𝑆𝑦=

1

𝐹𝑆𝑓

Resolvendo a equação acima [24], temos que:

𝑑𝑚𝑖𝑛 = 14 𝑚𝑚

Como o eixo foi projetado com d=47 mm, podemos comprovar que o eixo está

dimensionado corretamente e de tal forma a estar isento de falhas por fadiga.

4.2.5.5 Dimensionamento da chaveta

O dimensionamento das chavetas foi feito obedecendo as instruções da referência [25].

Para cada chaveta é calculado a tensão nela atuante através das seguintes fórmulas:

𝐹 = 2 ∗ 𝑇

𝑑

𝜏𝑟 = 0,5777 ∗ 𝜎𝑟

𝐹𝑆𝑐𝑖𝑠 = 𝜏𝑟 ∗ 𝑡 ∗ 𝑙

𝐹

𝐹𝑆𝑒𝑠𝑚 = 𝜏𝑟 ∗ 𝑡 ∗ 𝑙

2𝐹

Sabendo que o diâmetro do eixo tem 47 mm, e a partir da referência [25] , as dimensões

da chaveta são:

𝑏 = 14 𝑚𝑚; 𝑡 = 9 𝑚𝑚 ; 𝑙 = 43 𝑚𝑚

Como o material da chaveta é o Aço 1045, igual ao eixo, temos que :

𝑀𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 − 𝐴ç𝑜 𝑆𝐴𝐸 1045 − 𝐸 = 210 𝐺𝑃𝑎; 𝑆𝑦 = 310 𝑀𝑃𝑎 ; 𝜎𝑟 = 670 𝑀𝑃𝑎

Logo, levando em consideração a condição de uso onde o torque é máximo (T=32,49

Nm), temos que:

𝐹 = 1382,5 𝑁

𝜏𝑟 = 329,29 𝑀𝑃𝑎

Page 40: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

26

𝐹𝑆𝑐𝑖𝑠 = 92,1

𝐹𝑆𝑒𝑠𝑚 = 46,1

4.2.6 Cálculo do Rolamento do eixo

O eixo possui dois rolamentos iguais, entretanto o rolamento inferior é mais solicitado,

pois recebe todo o esforço realizado pelo anel de segmento. Além disso, como a força

resultante do rolamento inferior é maior, ao dimensionarmos o rolamento de acordo

com as estas condições, garantimos o dimensionamento correto do segundo.

O primeiro critério de escolha para o rolamento foi o diâmetro interno, no valor de 50

mm.

Utilizando a fórmula da vida nominal ajustada, temos que:

𝐿𝑛𝑎 = 𝑎1 ∗ 𝑎𝑆𝐾𝐹 ∗ (𝐶

𝑃)

𝑝

A partir do catálogo da SKF, fabricante do rolamento, temos que:

𝑝 = 3 (𝑟𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎𝑠)

𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑓𝑖𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 − 𝑎1 = 1 ( 𝑐𝑜𝑛𝑓𝑖𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 90%);

Para o cálculo do fator de condição de funcionamento, é preciso calcular o diâmetro

médio do rolamento, bem como a viscosidade nominal do óleo sob condições

operacionais, as cargas atuantes. Abaixo seguem os cálculos:

𝑑𝑚 =110 + 50

2= 80 𝑚𝑚

Com isso, a partir do diagrama 1 disponibilizado pelo fabricante e encontrado no

apêndice A.12 deste trabalho , e considerando a pior situação de operação, com n= 3000

RPM, temos que:

𝑣1 ≅ 8 𝑚𝑚2/𝑠

Logo,

𝑘 =𝑣

𝑣1=

20

8= 2,5

Page 41: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

27

A partir do catálogo do produto, temos que Pu= 1,6 kN e considerando condições de

limpeza normais do ambiente de trabalho, temos que:

𝜂𝑐

𝑃𝑢

𝑃= 0,5 ∗

1,6 𝑘𝑁

0,142 𝑘𝑁= 5,63

Com isso, a partir do diagrama 2 disponibilizado pelo fabricante e encontrado no

apêndice A.12 deste trabalho, podemos confirmar que :

𝑎𝑆𝐾𝐹 = 50

Considerando que axialmente os rolamentos devem suportar o peso dos componentes

acima deles, temos que:

𝑃 = 𝑥 𝐹𝑅 + 𝑦 𝐹𝑎

A partir do software disponibilizado pelo fornecedor, foi possível calcular o valor de P

sendo igual a 0,142 kN. Logo, a partir dos dados acima calculados e do valor de C

obtido do catálogo do rolamento, temos que:

𝐿𝑛𝑎 = 1,0 ∗ 50 ∗ (65 𝑘𝑁

0.742 𝑘𝑁)

3

= 4795 ∗ 106 𝑟𝑒𝑣𝑜𝑙𝑢çõ𝑒𝑠

Supondo uma duração de 8 anos, com operação de 8h/dia, durante 200 dias no ano,

temos a vida desejada de :

𝑉𝑑 = 3000 𝑅𝑃𝑀 ∗ 60 min∗8ℎ

𝑑𝑖𝑎∗ 200

𝑑𝑖𝑎𝑠

𝑎𝑛𝑜 ∗ 8 𝑎𝑛𝑜𝑠 = 2304 ∗ 106𝑟𝑒𝑣𝑜𝑙𝑢çõ𝑒𝑠

Considerando que o valor de 3000 RPM indica a rotação máxima e não é operado

durante todos os ensaios e de forma contínua, o rolamento possui vida útil satisfatória.

4.2.7 Tratamento da camisa pré-ensaio

A camisa de cilindro do modelo escolhido para este trabalho é a referente ao motor

SCANIA G440 Opticruise. Ela pode ser obtida separadamente através do fornecedor

MAHLE. Originalmente, ela possui uma altura de 270,47mm. Entretanto, para a

realização dos ensaios, a camisa foi cortada a fim de obter a uma altura de 75mm. Além

disso, para garantir seu alinhamento durante o movimento rotativo, ela deve ser presa ao

contraponto através de um “dente” formado por um corte com dimensões de: 10mm de

largura e 6mm de altura.

Page 42: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

28

Figura 14 – Imagem ilustrativa da camisa de cilindro com adequações para ensaio

4.2.8 Fixação da camisa

Para a fixação da camisa, optou-se pelo uso de uma placa de castanhas. O modelo aqui

sugerido foi baseado no funcionamento de um torno mecânico. Foi escolhida uma placa

com 3 castanhas, já que esta é a opção mais apropriada no caso de fixação de peças

cilíndricas, proporcionando-as uma centralização melhor.

A placa escolhida foi do fabricante UNION AMERICANA no modelo “Placa

autocentrante com 3 castanhas sobrepostas e reversíveis”, com diâmetro de 205 mm.

Este modelo de placa permite que o cilindro seja preso internamente ou externamente.

Para que o corpo de prova seja pressionado contra a parede da camisa, a castanha de

fixação foi disposta de modo a prender o cilindro pela sua parede interna.

No apêndice A.4, é possível encontrar a ficha técnica da camisa.

4.2.9 Cálculo dos rolamentos do contraponto da camisa

O contraponto, assim como o eixo, possui dois rolamentos iguais. Para calcularmos a

vida dos rolamentos é preciso fazer o cálculo sobre as forças que agem sobre eles.

Page 43: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

29

Figura 15 – Imagem ilustrativa da camisa de cilindro com adequações para ensaio

O primeiro critério de escolha para o rolamento foi o diâmetro interno, no valor de 120

mm, diâmetro necessário ara garantir que o corpo de prova seja ajustado no interior da

camisa e pressionado contra a sua parede externa. Escolheu-se dois rolamentos de

esferas de contato angular do fabricante SKF no modelo 7024 BGM.

Como o rolamento superior se encontra parado em relação a parte interna do

contraponto, usamos como referência para o somatório de momentos:

∑ 𝑀𝑟𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑠𝑢𝑝. = 0 .: 𝐹𝐵 ∗ 28,5 𝑚𝑚 − 𝐹𝑁 ∗ 𝑑 = 0

∑ 𝑀𝑟𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑠𝑢𝑝. = 0 .: 𝐹𝐵 ∗ 28,5 𝑚𝑚 − 6854 = 0 .: 𝐹𝐵 = 240,5 𝑁

Analisando as forças agindo no contraponto no eixo x, temos que:

∑ 𝐹𝑥 = 0 .: 𝐹𝐴 + 𝐹𝐵 = 0 .: 𝐹𝐴 = − 𝐹𝐵 = −240,5𝑁

Utilizando a fórmula da vida nominal ajustada do rolamento, temos que:

𝐿𝑛𝑎 = 𝑎1 ∗ 𝑎𝑆𝐾𝐹 ∗ (𝐶

𝑃)

𝑝

A partir do catálogo da SKF, fabricante do rolamento, temos que:

𝑝 = 3 (𝑟𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎𝑠)

Page 44: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

30

𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑓𝑖𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 − 𝑎1 = 1 ( 𝑐𝑜𝑛𝑓𝑖𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 90%);

Para o cálculo do fator de condição de funcionamento, é preciso calcular o diâmetro

médio do rolamento, bem como a viscosidade nominal do óleo sob condições

operacionais, as cargas atuantes. Abaixo seguem os cálculos:

𝑑𝑚 =120 + 180

2= 150 𝑚𝑚

Com isso, a partir do diagrama 1 disponibilizado pelo fabricante e encontrado no

apêndice A.5 deste trabalho , e considerando a pior situação de operação, com n= 3000

RPM, temos que:

𝑣1 ≅ 6 𝑚𝑚2/𝑠

Logo,

𝑘 =𝑣

𝑣1=

20

6= 3,33

A partir do catálogo do produto, temos que Pu= 3,2 kN e considerando condições de

limpeza normais do ambiente de trabalho, temos que:

𝜂𝑐

𝑃𝑢

𝑃= 0,5 ∗

3,2 𝑘𝑁

0,2405 𝑘𝑁= 6,65

Com isso, a partir do diagrama 2 disponibilizado pelo fabricante e encontrado no

apêndice A.12 deste trabalho, podemos confirmar que :

𝑎𝑆𝐾𝐹 = 50

Considerando que axialmente os rolamentos devem suportar o peso dos componentes

acima deles, temos que:

𝑃 = 𝑥 𝐹𝑅 + 𝑦 𝐹𝑎

A partir do software disponibilizado pelo fornecedor, foi possível calcular o valor de P

sendo igual a 0,2405 kN. Logo, a partir dos dados acima calculados e do valor de C

obtido do catálogo do rolamento, temos que:

𝐿𝑛𝑎 = 1,0 ∗ 50 ∗ (87.1 𝑘𝑁

0,2405 𝑘𝑁)

3

= 2375 ∗ 106 𝑟𝑒𝑣𝑜𝑙𝑢çõ𝑒𝑠

Page 45: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

31

Assim como os rolamentos do eixo, supondo uma duração de 8 anos, com operação de

8h/dia, durante 200 dias no ano, temos a vida desejada de :

𝑉𝑑 = 3000 𝑅𝑃𝑀 ∗ 60 min∗8ℎ

𝑑𝑖𝑎∗ 200

𝑑𝑖𝑎𝑠

𝑎𝑛𝑜 ∗ 8 𝑎𝑛𝑜𝑠 = 2304 ∗ 106𝑟𝑒𝑣𝑜𝑙𝑢çõ𝑒𝑠

Considerando que o valor de 3000 RPM indica a rotação máxima e não é operado

durante todos os ensaios e de forma contínua, o rolamento possui vida útil satisfatória.

Vale ressaltar que como os rolamentos do contraponto apresentam um esforço maior,

eles possuem vida útil inferior aos do rolamento do eixo. Por isso, a vida mínima deve

ser baseada na durabilidade dos rolamentos do contraponto.

4.2.10 Escolha da Porca de retenção

Para dar o ajuste necessário aos rolamentos do contraponto, fez-se necessário o uso de

uma porca de fixação em conjunto com uma arruela de trava, para garantir que elas não

se soltem acidentalmente. O encaixe é feito por um rasgo de chaveta no eixo. Apesar de

ser um dispositivo mais fácil, e de instalação rápida, não optou-se por uma porca de

retenção com trava integrada, pois a mesma exigiria um torque elevado, fazendo com

que a maquina necessitasse de operação especial em caso de montagem e

desmontagem.

A porca de retenção foi escolhida de acordo com o rolamento do contraponto. Seguiu-se

as recomendações do fabricante e utilizou-se a porca de retenção SKF KM 24 e a

arruela de pressão SKF MB 24.

Nos apêndices A.6, é possível encontrar a ficha técnica da porca de fixação e da arruela

de pressão, respectivamente.

4.2.11 Regulador de Altura – Macaco Mecânico

Para que os componentes de ensaio fossem montados e desmontados, foi preciso

definir qual componente seria fixo e qual seria o motor. Anteriormente neste trabalho

foi definido que a camisa seria fixa, com isso, além da necessidade de um contraponto,

fez-se necessário também um ajuste de altura do mesmo. Desta forma, a solução

encontrada para instalar um macaco mecânico do fabricante DUFF-NORTON, no

Page 46: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

32

modelo IMPERIAL MACHINE SCREW ACTUATOR - 0,5 Ton, com capacidade para

levantar até 0,5 toneladas, valor superior ao peso de 94 kg a ser levantado1.

A este macaco mecânico será acoplado a sua extremidade uma manivela. A sua chapa

superior é fixada na base de altura, local onde o contraponto e rolamentos estão fixos,

que por sua vez, também é ligada às colunas-guias, as quais impedem que o regulador

de altura gire em torno de seu eixo quando a manivela for acionada.

No apêndice A.9, é possível encontrar a ficha técnica do macaco mecânico selecionado.

4.2.12 Análise de Flambagem das Colunas-Guia

Estes componentes recebem os esforços dos ensaios e transmitem para a base da

estrutura da máquina. Além de absorvem os esforços, também têm a função de guia

linear para o movimento de subir e descer da base onde o contraponto da camisa está

localizado.

Como as colunas são longas, com comprimento de 860 mm, e trabalham sobre

compressão durante todo o tempo, é necessário calcular o diâmetro mínimo da seção.

Sabendo que as colunas guia devem ser capazes de suportar uma força 1685,6 N

equivalente ao peso suportado por elas (172 kg)1. Como a coluna é bi-engastada, temos

que c=0,5. O cálculo do diâmetro mínimo foi apresentado usando a Fórmula de Euler

segundo a expressão abaixo:

𝐹𝑐 =𝜋2𝐸𝐴

(𝐿𝑘⁄ )

2

Primeiramente é preciso calcular o raio mínimo de giração, que é representado em

função do momento de inércia e área da seção transversal.

𝑘 = √𝐼

𝐴 =

𝐷

4 [26]

Portanto,

1 Dado retirado diretamente da montagem feito no software Solidworks.

Page 47: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

33

𝐹𝑐 =𝜋2𝐸𝐴

(𝐿𝑘⁄ )

2 =𝜋3𝐸 (

𝐷2)

2

(4𝐿𝐷⁄ )

2 =𝜋3𝐸𝐷4

64𝐿2

1685,6 𝑁 =𝜋3210 ∗ 103𝐷4

64 ∗ 8602 → 𝐷 ≥ 10,52 𝑚𝑚

O material escolhido é o Aço SAE 1045 com E= 210 GPa.

Com isso, tem-se um diâmetro mínimo de 10,52 mm exigido para que as colunas

consigam a carga a elas aplicadas. A partir deste dado, foi escolhido um diâmetro de

30mm para as duas colunas traseiras e um diâmetro de 40mm para as duas colunas-guia

frontais.

As mesmas foram fixadas a estrutura com o auxílio de roscas e porcas. A especificação

de cada fixação pode ser encontrada no desenho.

4.2.13 Cálculo do rolamento linear

Para o rolamento linear a ser acoplado nas colunas-guia, escolheu-se um rolamento com

diâmetro interno de 40 mm do fabricante SKF, no modelo LBBR 40. Para o cálculo da

vida nominal dos rolamentos lineares baseou-se na equação abaixo:

𝐿 = 50 ∗ (𝐶

𝑃)

3

[27]

A partir dos dados do fabricante e considerando que as colunas guia devem suportar um

peso total equivalente a 172kg, e que cada guia-coluna com diâmetro de 40mm deve

suportar uma carga de 49kg, temos que :

𝐿 = 50 ∗ (5500𝑁

490 𝑁)

3

= 7,1 ∗ 104 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠

Como estes rolamentos não atuarão durante todo o ensaio, apenas serão usados para

ajuste do contraponto a camisa, pode-se dizer que a vida é infinita.

Page 48: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

34

4.2.14 Corpo de prova

O corpo de prova é o elemento que será ensaiado, neste caso, o anel de segmento. Este

modelo de máquina permite que o corpo de prova seja de diferentes materiais.

Entretanto, é necessário que o intervalo de tamanho seja respeitado para que o mesmo

possa ser acoplado ao suporte.

A fixação do corpo de prova no seu suporte foi feita com dois parafusos de cabeça

cilíndrica com fenda M1.6 com 𝑙= 12mm em cada extremidade.

Figura 16 – Imagem ilustrativa da fixação do corpo de prova no suporte

Para adequar o anel de segmento ao suporte do corpo de prova, ele foi cortado,

minimizando a superfície de contato, fim de evitar o surgimento de tensões no contato

que impeçam o movimento adequado do corpo de prova, e provocar a alteração do

formato original do anel.

Vale ressaltar que se manteve os cantos, bem como a superfície abaulada, a fim de

aproximar o cenário de ensaio ao máximo do real, já que a face de contato abaulada é

utilizada para minimizar o contato da região superior da face do anel com a parede do

cilindro.

Page 49: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

35

Figura 17 – Imagem ilustrativa do corpo de prova

As dimensões do suporte do corpo de prova são 3 x 3 x 10mm. Com isso, é requerido

que o corpo de prova não ultrapasse tais dimensões.

Figura 18 – Imagem ilustrativa do suporte do corpo de prova e suas dimensões

O seu suporte por sua vez apresenta um comprimento de 210mm e é fixado ao atuador a

partir de um parafuso M5 conectado diretamente ao pistão pneumático.

Page 50: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

36

Figura 19 – Imagem ilustrativa da montagem do suporte do corpo de prova no atuador

O parafuso do suporte é responsável por garantir que o centro do corpo de prova

permaneça sempre a 90º da superfície de contato. Com isso, fez-se necessário realizar

cálculos para este parafuso de pivotamento. O parafuso é feito de aço-carbono e possui

grau 8.8 [28] . Sabendo que ele deve suportar uma força máxima de 100N e que os

cálculos devem ser feito com um coeficiente de segurança de2, tem-se que :

𝜎𝑒𝑠𝑐 = 660 𝑀𝑃𝑎 [28]

𝜎𝑒𝑠𝑐

𝜏𝑐𝑖𝑠= 2 → 𝜏𝑐𝑖𝑠 = 330𝑀𝑃𝑎

𝜏𝑐𝑖𝑠 =𝐹

𝐴=

4 𝐹

𝜋𝑑2 . : 𝑑 = √

4 𝐹

𝜋 𝜏𝑐𝑖𝑠

𝑑 ≥ 1,27 𝑚𝑚

Com isso, temos que o componente de fixação deva ter um diâmetro mínimo de 1,27

mm. Desta forma, ele resistirá a força que tende a provocar o cisalhamento.

Page 51: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

37

5 Considerações Finais

O trabalho desenvolvido resultou em um projeto de uma máquina para investigação

tribológica do par anel de segmento- camisa de cilindro, a qual apresenta grande

flexibilidade e vasto ajuste de parâmetros para adaptar os ensaios para diferentes

motores de combustão interna.

O projeto possui como característica principal a concepção de uma máquina

rotativa, com rotação variável entre 600 RPM e 3000 RPM e aplicação de carga sobre o

corpo de prova no intervalo de 10 N a 100N.

A fase inicial e mais delicada de concepção da máquina deu-se quanto a escolha do

movimento rotativo, necessitando a garantia de centralização e alinhamento da camisa

do cilindro, e quanto ao ajuste do contato do corpo de prova com a camisa. Esses

desafios foram resolvidos com a escolha de uma placa de castanha com 3 castanhas e a

fabricação de um contraponto, além da realização de um “vão” no contraponto a fim de

permitir que o corpo de prova pudesse ser pressionado, por meio de um atuador

pneumático e um suporte, contra a parede interna do cilindro. A partir dessas decisões, a

concepção dos outros componentes da máquina pôde ser iniciada.

As análises realizadas nas seções anteriores foram essenciais para possibilitar a

concepção da máquina, bem como os desenhos de fabricação e especificações dos

componentes adquiridos diretamente do mercado.

Por fim, com todos os desenhos de fabricação realizados e produtos comerciais

especificados, a construção desta máquina é tecnicamente possível. Além disso, grande

parte de seus componentes podem ser adquiridos diretamente no mercado, e os que

precisam ser fabricados já possuem o desenho de conjunto pronto. Por isso, podemos

concluir que o projeto mostrou-se também economicamente viável.

Para projetos futuros, alguns pontos podem ser adicionados ou aperfeiçoados, como

por exemplo, a incorporação de um sistema automático de lubrificação, podendo ser do

tipo com reservatório ou capilar, que permitiria a realização de um ensaio contínuo com

diferentes parâmetros de lubrificação. Outro ponto a ser acrescentado no projeto seria a

especificação de um sistema de aquisição de dados, como por exemplo, a instalação de

uma célula de carga e/ou um termopar. Para aumentar os parâmetros variáveis, além da

lubrificação aqui já apresentada, recomenda-se também a implementação de um forno

Page 52: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

38

industrial, como por exemplo, o do fabricante SANCHIS no modelo TUBULAR

VERTICAL BI-PARTIDO, que permitiria controlar e simular a temperatura dos

ensaios.

Page 53: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

39

6 Referências Bibliográficas

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<https://archive.org/details/discoveriesinru00layagoog> Acesso em: 12.09.2016,

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Tribology)-Volume II: Theory and Design, E. Richard Booser, 1983.

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Volume II: Theory and Design, Editor: E. Richard Booser, 1983.

[10] ROWE C.N., CRC Handbook of Lubrication: Theory and Practice of Tribology -

Volume II: Theory and Design, E. Richard Booser, 1983.

[11] RADOVICH J.L,CRC Handbook of Lubrication: Theory and Practice of Tribology

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[12] RIJEZA METALÚRGICA, O que é o Desgaste por corrosão?Como prevenir?,

Disponível em: <http://www.rijeza.com.br/novidades/o-que-e-desgaste-por-corrosao-

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[13]LIMA, F.L.M., SOARES,I.F.M., DA COSTA, M.M.S.G., SILVA,N.F.P.M. , DE

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[23] BUDYNAS R.G., NISBETT J.K., Elementos de Máquinas de Shigley, AMGH

Editora LTDA, 2011. p349-352

[24] BUDYNAS R.G., NISBETT J.K., Elementos de Máquinas de Shigley, AMGH

Editora LTDA, 2011. p323-324

[25] Filho, A.C.P., Desenho técnico para engenharia mecânica, Universidade Federal

do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v.1, p43, 2011.

[26] OLIVEIRA, S.J.R., Elementos de Máquina I. Universidade Federal do Rio de

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[27]THK, Catálogo Geral, Disponível em:

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[28] BUDYNAS, R.G., NISBET, J.K., Elementos de Máquinas de Shigley – Projeto de

Engenharia Mecânica. 8 ed. New York, Mc Graw Hill, 2008.

Page 55: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

41

7 Outras referências bibliográficas não citadas

[29] OLIVEIRA, S.J.R., Notas de Aula de Elementos de Máquina I. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.

[30] IGLESIAS, M.H.A, Projeto mecânico de uma máquina pino-disco para obtenção

do coeficiente de atrito entre diferentes materiais, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

[31] AN, J., Bestimmung der Schmierungs- und Reibungsverhaeltnisse im Kontakt

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Modelltribometer, Ruhr-Universitaet Bochum, Bochum, 2014.

[31] WIGGER,S., Charakterisierung von Oel- und Kraftstoffschichten in der

Kolbengruppe mittels Laseinduzierter Fluoreszenz, Universitaet Duisburg-Essen,

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[32] VOLCI, G.A., Comportamento tribológico do anel de primeiro canalete em

motores operando em sistemas flex fuel, Universidade Federal do Paraná, Curitiba,

2007.

[33] Garcia, M.B., Caracteristicas do desgaste de anéis de pistão com diferentes

tecnologias de tratamentos superficiais, Instituto de Pesquisa Energética e Nucleares,

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[34] MARTINS,J.P.L., Estudo, Conceção, desenvolvimento e construção de um

tribómetro linear para ensaios em superfícies flexíveis, Universidade do Minho,

Guimarães, 2013.

[35] PROVENZA,F. , Desenhista de Máquinas, Editora F. Provenza, ed 46ª, 1991.

[36] MAHLE, Manual técnico: Curso MAHLE Metal Leve – Motores de Combustão

Interna, Disponível em: <http://pt.slideshare.net/AntonioIncioFerraz/manual-mahle-

brochura-antonio-inacio-ferraz> Acesso em: 25.06.2016 01:03:04

[37] AN J., SCHULZ G., FUESSER H.-J., POHL M., Untersuchung des

Reibsverhaltens im Kontakt Kolbenring-Zylinderlaufbahn an einem Rotations-

Reibverschleissmodelltribometer, Tribologie+Schmierungtechnik, 61. Jahgang, 1-2014.

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42

Apêndice A – Catálogos

A.1 Motor elétrico

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43

A.2 Acoplamento Flexível

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44

A.3 Rolamento do eixo

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45

A.4 Placa autocentrante com 3 castanhas

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46

A.5 Rolamento do contraponto

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47

A.6 Porca de fixação do rolamento do contraponto

Page 62: projeto de máquina para a investigação tribológica do par anel de ...

48

A.7 Arruela de trava para a porca de fixação

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49

A.8 Atuador Pneumático

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50

A.9 Macaco Mecânico

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51

A.10 Cálculo das cargas atuantes no rolamento do eixo

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52

A.11 Pé Anti-vibratório

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53

A.12 Diagramas para cálculo da vida do rolamento

Diagrama 01

Diagrama 02

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54

A.13 Detalhes do anel de segmento e da camisa de cilindro

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55

A.14 Árvore de Possibilidade

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56

Apêndice B – Desenho Mecânico

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206

5

CC

ESCALA 1:4 ESCALA 1:41

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

21

22

23

24

20

570 4

55

AA

B

B

ESCALA 1:4

D

E

SEÇÃO A-AESCALA 1 : 2

25

26

27

28

29

32

49

48

30

31

46

47

51

44

43

42

34

33

35

36

41

37

40

45

69

68

71

70

50

52

39

38

N5

4mm

4mm

F

SEÇÃO C-CESCALA 1 : 4

DETALHE DESCALA 2 : 1

DETALHE EESCALA 4 : 1

DETALHE FESCALA 4 : 1

SEÇÃO B-BESCALA 1 : 4

53

56

57

58

59

60

61

54

55

63

62

64

4mm

65

67

66

71 2 PORCA SEXTAVADA M1.6 - AÇO CARBONO

70 1 SUPORTE DO CORPO DE PROVA 18mm x 10mm x 10mm - AÇO SAE 1045

69 1 ANEL DE SEGMENTO 8mm x 5mm x 3mm

68 2 PARAFUSO DE CABEÇA CILÍNDRICA M1.6 - AÇO CARBONO

67 4 PORCA SEXTAVADA M10 - AÇO CARBONO66 4 PARAFUSO ALLEN M3 - AÇO CARBONO65 1 VOLANTE PLASRIBE - MOD.: V3R140 +C 64 2 PORCA SEXTAVADA M8 - AÇO CARBONO63 1 ATUADOR PNEUMÁTICO FESTO - MOD.: ADVC 20-1562 2 CONEXÃO RÁPIDA FESTO - MOD.: QSM-M5 153304

61 2 MANGUEIRA PNEUMÁTICA FESTO 25mm - COMERCIAL

60 1 EIXO ØEXT 60 mm x 250 mm - AÇO SAE 104559 4 PORCA SEXTAVADA M12 - AÇO CARBONO

58 2 HASTE DE FIXAÇÃO DA CHAPA 218mm x 15mm x 5mm - AÇO CARBONO

57 6 PORCA SEXTAVADA M5 - AÇO CARBONO56 6 PARAFUSO ALLEN M5 - AÇO CARBONO55 4 PARAFUSO ALLEN M8 - AÇO CARBONO

54 1 MACACO MECÂNICO DUFF-NORTON - MOD.: "MACHINE SCREW 0.5 TON"

53 2 PARAFUSO ALLEN M8 - AÇO CARBONO52 4 PARAFUSO ALLEN M6 - AÇO CARBONO51 1 PARAFUSO ALLEN M5 - AÇO CARBONO

50 1 TAMPA DO CONTRA PONTO ØEXT 211 mm x 42 mm - AÇO SAE 1045

49 8 PARAFUSO ALLEN M3 - AÇO CARBONO48 6 PARAFUSO ALLEN M5 - AÇO CARBONO47 2 ROLAMENTO SKF - MOD.: 6310 - COMERCIAL

46 1 CORPO INTERNO - CONTRA PONTO ØEXT151 mm x 110 mm - AÇO SAE 1045

45 1 HASTE 210 mm x 20 mm x 16 mm - AÇO CARBONO

44 1 CHAVETA 37mm x 16mm x 6mm - AÇO SAE 104543 2 PORCA SEXTAVADA M30 - AÇO CARBONO42 2 PORCA SEXTAVADA M22 - AÇO CARBONO41 1 BASE DO EIXO ØEXT 190 mm x 135 mm - AÇO SAE 1045

40 1 CHAVETA RETA 30mm x 3,75mm x 1,583mm - AÇO SAE 1045

39 4 PORCA SEXTAVADA M12 - AÇO CARBONO

38 1 ACOPLAMENTO FLEXÍVEL

KTR - MOD.: ROTEX GS 92ShA TAMANHO 28

37 1 TAMPA DA BASE DO EIXO ØEXT 170 mm x 20 mm - AÇO SAE 1045

36 1 ANEL ELÁSTICO SUPERIOR TECNOFIX - MOD.: 501.47

35 2 ROLAMENTO ANGULAR SKF - MOD.: 7024 - COMERCIAL34 6 PARAFUSO ALLEN M10 - AÇO CARBONO

33 1 ANEL ELÁSTICO INFERIOR TECNOFIX - MOD.: 501.45

32 10 PARAFUSO ALLEN M5 - AÇO CARBONO31 1 ARRUELA DE TRAVA SKF - MOD.: MB24 - COMERCIAL30 1 PORCA DE RETENÇÃO SKF - MOD.: KM24 - COMERCIAL29 4 ROLAMENTO LINEAR SKF - MOD.: LBBR-40 - COMERCIAL

28 2 SUPORTE DE FIXAÇÃO ATUADOR AÇO CARBONO

27 4 PARAFUSO ALLEN M10 - AÇO CARBONO26 3 PARAFUSO ALLEN M18 - AÇO CARBONO25 4 CONTRA PORCA M12 - AÇO CARBONO24 3 PORCA SEXTAVADA M18 - AÇO CARBONO23 1 GUIA LINEAR NSK - MOD.: RA55 214AN1-3022 2 COLUNA Ø30mm x 900mm - AÇO SAE 1045

21 1 SUPORTE DE FIXAÇÃO DA PLACA Ø145mm x 55mm - AÇO SAE 1045

20 6 PARAFUSO ALLEN M3 - AÇO CARBONO19 4 PORCA SEXTAVADA M16 - AÇO CARBONO18 4 PARAFUSO ALLEN M12 - AÇO CARBONO

17 1 MOTOR WEG - MOD.: W21 MULTIMONTAGEM - COMERCIAL

16 1 CHAPA SUPERIOR 450mm x 400mm x 24,5mm - AÇO SAE 1045

15 1 CHAPA PROTETORA 1300 mm x 207mm x 4mm - AÇO SAE 1045

14 1 CHAPA INTERMEDIÁRIA 450mm x 400mm x 24,5mm - AÇO SAE 1045

13 1 FLANGE CÔNICA UNION AMERICANA - MOD.: CONE LONGO 205 - LO

12 1 PLACA DE CASTANHAS AUTOCENTRANTE

UNION AMERICANA - MOD.: Ø205- 3 CASTANHAS

11 1 CAMISA DO CILINDRO ØEXT130 mm x 80 mm -

10 1 CORPO EXTERNO - CONTRA PONTO ØEXT 241 mm x 156 mm - AÇO SAE 1045

9 1 BASE DO CONTRA PONTO

420mm x 355mm x 135 mm - AÇO SAE 1045

8 2 TAMPA DO ROLAMENTO LINEAR Ø EXT 80mm x 15mm - AÇO SAE 1045

7 2 COLUNA-GUIA Ø40mm x 900mm - AÇO SAE 1045

6 1 CHAPA DA BANCADA 570mm x 465mm x 31,75mm - AÇO SAE 1045

5 4 CANTONEIRA - SAIA 50.8 mm x 50.8 mm x 6.35 mm - AÇO SAE 1045

4 4 CANTONEIRA - BASE 50.8 mm x 50.8 mm x 6.35 mm - AÇO SAE 1045

3 4 CHAPA PÉ 50.8 mm x 50.8 mm x 6.35 mm - AÇO SAE 1045

2 4 PORCA M12 - AÇO CARBONO

1 4 PÉ - ANTIVIBRATÓRIO ROSTA N80 M12 - MOD: 05 058 001 - COMERCIAL

POS. QTD. NOME ESPECIFICAÇÕES

LETICIA ARAUJO MARREIRO

UFRJ -DEM

SYLVIO JOSÉ RIBEIRO DE OLIVEIRA

PROJETO DE MÁQUINA PARA A INVESTIGAÇÃO TRIBOLÓGICA DO PAR ANEL DE SEGMENTO - CAMISA DE CILINDRO

01

PROJETO FINAL

A0COTAS EM MM

FOLHA 1 DE 1ESCALA CONFORME O INDICADO

DATA: 18/09/2016 REVISÃO 09ORIENTADOR:

ALUNA:

DES. Nº

TÍTULO