Projeto de Pesquisa
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
ESTÉTICA EM PUBLICIDADE: UMA CONFLUÊNCIA DE MÚLTIPLOS
ASPECTOS DA ARTE
SÃO PAULO
2011
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
Projeto de pesquisa da disciplina de Teoria e
Método de Pesquisa, curso de Publicidade e
Propaganda, Escola de Comunicações e Artes,
Universidade de São Paulo.
ESTÉTICA EM PUBLICIDADE: UMA CONFLUÊNCIA DE MÚLTIPLOS
ASPECTOS DA ARTE
Profª. Dra. Lucilene Cury
Alana Giro Jorge, 7166360
Alexandre Toshio Misawa
Daniel Figueirêdo e Silva
Débora Smid Rozão, 7166700
Fernanda Yuri Yamamoto
Lucas Carrasco Dantas
Stephanie Panossian Kajimoto
Victor Gabriel Yamakada Lima
SÃO PAULO
2011
ESTÉTICA EM PUBLICIDADE: UMA CONFLUÊNCIA DE MÚLTIPLOS
ASPECTOS DA ARTE
1. TEMA
A formação da propaganda e da publicidade contemporâneas a partir de
elementos captados de obras e movimentos artísticos.
2. JUSTIFICATIVA
O trabalho foi baseado em uma disciplina denominada “Estética em
Publicidade” que observa a influência de obras pertencentes a movimentos artísticos nas
peças publicitárias, o que levou à reflexão sobre a inclusão da arte publicitária dentro de
um novo movimento artístico.
Devido à contemporaneidade dos pesquisadores ao momento em que essas obras
publicitárias são feitas e à diversidade de mudanças culturais, não só relativas à
Globalização, como também às crises ambientais ou ao desenvolvimento tecnológico,
não se pode ainda definir precisamente se esses trabalhos publicitários são apenas
releituras de movimentos artísticos anteriores, uma agregação de todos eles
simultaneamente, ou se podem ser considerados um novo movimento.
3. OBJETIVO BÁSICO
O atual trabalho, tendo-se em vista a polêmica existente entre especialistas no
assunto, visa apenas análise e discussão de pontos de convergência entre o que se
classifica Arte e o material de campanhas diversas que possam ser consideradas também
como obras de arte.
4. PROBLEMÁTICA
Uma discussão bastante presente entre estudiosos que analisam a composição
estética de obras publicitárias – tanto no que diz respeito aos seus aspectos visuais,
sonoros ou contextuais – e estudiosos da Arte, e sem conclusões que cheguem a
consenso de ambas as partes, é a que relaciona os elementos utilizados pela Publicidade
e Propaganda a obras de Arte ou a aspectos característicos de movimentos artísticos, ou
ainda que classifiquem aquelas também como obras de Arte Contemporânea ou
integrantes de algum outro movimento. Há, portanto, uma série de complicações por
trás de uma pesquisa desse âmbito: uma delas relacionada à amplitude de pontos de
vista acerca do que pode ser designado como Arte, e outra, que torna delicadas as
anotações sobre o assunto: a contemporaneidade dos autores da pesquisa ao surgimento
do material a ser analisado.
5. CONJECTURA BÁSICA
Supõe-se a classificação da estética utilizada em Publicidade e Propaganda como
parte de um novo movimento artístico.
6. METODOLOGIA DE PESQUISA
Estudar influência de vanguardas artísticas em obras publicitárias atuais, por
meio da comparação de quatro peças publicitárias e obras pertencentes a dois
movimentos artísticos de contextos históricos diferentes, estabelecendo possíveis
relações existentes entre ambos.
7. REFERÊNCIAS
BATTCOCK, G. A nova Arte. São Paulo, Editora Perspectiva, 1975.
BERTOMEU, J.V.C. Criação na propaganda impressa. São Paulo, Futura,
2002.
CARRASCOZA, J.A. “Duchamp e a anestesia estética na publicidade”, in
Comunicação, mídia e consumo, São Paulo, v. 2, n. 4, jul. 2005, p. 61-76.
CHIPP, H.B. Teorias da arte moderna. São Paulo, Martins Fontes, 1996.
DORFLES, G. O dever das artes. Lisboa, Dom Quixote, 1988.
GOULART, F.G. Estética para uma imagem cotidiana: comunicação e arte
na contemporaneidade. 2001. (Pesquisa de Iniciação Científica) – UFMG.
LE GOFF, J. A História Nova. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
MARANHÃO, J. A arte da publicidade. São Paulo, Papirus Editora, 1988.
MICHELI, M. As vanguardas artísticas. São Paulo, Martins Fontes, 2004.
PIRATININGA, L.C. Publicidade: Arte ou artifício? São Paulo, T.A. Queiroz,
1994.
POPPER, K. Em busca de um mundo melhor. São Paulo: Martins Fontes,
2006.
SORIAU, E, A correspondência das artes. São Paulo, Cultrix, 1983.
8. REFERÊNCIAL TEÓRICO
Por se tratar de uma modalidade de comunicação própria da economia de
mercado e de sua indústria cultural, surge a contestação de que, uma vez atribuída com
viés mercadológico, a publicidade deixa de ser uma manifestação artística, pois ela não
só é edificada na mercantilização da cultura como também é legitimada pela demanda
da mercadoria oferecida, o que, desta forma, não constituiria arte em sua essência. O
conceito de arte publicitária obriga, assim, a rejeição a qualquer noção parecida com a
de arte “pura”, “aurática” (BENJAMIN apud MARANHÃO, 1988); pois, assim como
Maranhão (1988) a entende “a arte publicitária seria a arte impregnada, sobretudo, de
publicidade de venda, de retórica de venda de si mesma, no seu esforço de disputa de
mercado e de público como qualquer outra mercadoria”.
Platão definiu a arte como sendo aquilo que imita a natureza. Outro sentido,
desenvolvido em uma época distinta, pensa a arte como sendo a representação de algo.
Neste primeiro momento, entretanto, não há ainda uma conexão muito nítida entre a arte
e outros campos como a propaganda. Este processo será percebido com maior evidência
com as chamadas neovanguardas, na década de 1960. Estas, assim como as vanguardas
históricas, buscaram inserir a arte no âmbito da sociedade em sua generalidade e
potencializar o processo de hibridismo.
Agora, porém, mais do que promover a mistura entre diferentes categorias
artísticas, os novos artistas passaram a investir na abordagem com outros domínios,
entre eles, a publicidade. Dorfles (DORFLES, 1988) nos recorda que “a arte fabrica
seres suscetíveis de exercerem uma ação no homem”, podemos, então, inferir que isto é
exatamente o que faz a publicidade ao adequar os elementos de cor, forma, som,
silêncio, movimento e inércia, de forma agradável e atraente. Ela nos provoca emoções
e reações perante a produtos e serviços, induzindo-nos ao consumo ou, ao menos, ao
desejo de consumir.
Para entender como se dá tal indução, é preciso pensar nesse tipo de
comunicação como parte da cultura, como sugere Bertomeu (2002) em “Criação na
propaganda impressa”, no qual o processo de criação de uma agência de publicidade é
tratado numa perspectiva semelhante à da arte. Levando em consideração a construção
estética de uma propaganda, por exemplo, é possível, muitas vezes, encontrar inspiração
na arte, bem como encontrar na arte uma inspiração da propaganda.
As exposições do artista Andy Warhol são um claro exemplo desta perspectiva,
já que suas obras estavam totalmente ligadas à reprodução e à atribuição de novos
significados aos elementos da cultura norte-americana, no que diz respeito à
comunicação publicitária. Já no começo do século XX, há uma produção bastante
significativa de anúncios publicitários feitos em cartazes, que promoviam um diálogo
muito estreito com obras, autores e recursos estilísticos naturais do campo da arte.
Nesse momento, portanto, pode-se observar o início de várias ações voltadas para o
diálogo entre essas duas atividades. Como afirma Goulart (2001), a pop arte “abre um
novo período para a arte e para a estética, que não podem mais ignorar um outro tipo de
imagem que adquire cada vez mais força: a imagem publicitária”.