Projeto Final Pronto
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1
PÓLO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDAESCOLA DE ENGENHARIA INDUSTRIAL METALÚRGICA DE VOLTA REDONDACURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
OLIVIA CRISTINA PETRIZ MONTEIRO
PROPOSTA DA CRIAÇÃO DE UMA BANCADA DE INSPEÇÃO POR
ULTRA-SOM PARA DETECTAR DEFEITOS EM ROLAMENTOS
VOLTA REDONDA – RJ2010
2
ii
OLIVIA CRISTINA PETRIZ MONTEIRO
PROPOSTA DA CRIAÇÃO DE UMA BANCADA DE INSPEÇÃO POR ULTRA-SOM PARA DETECTAR DEFEITOS EM ROLAMENTOS
Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheira Mecânica.
Orientador: José Flávio Feiteira, D.Sc.Co-Orientador : Jayme Pereira de Gouvêa, D.C.
Volta Redonda2010
iii
OLIVIA CRISTINA PETRIZ MONTEIRO
PROPOSTA DA CRIAÇÃO DE UMA BANCADA DE INSPEÇÃO POR ULTRA-SOM PARA DETECTAR DEFEITOS EM ROLAMENTOS
Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de Mecânica da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheira Mecânica.
BANCA EXAMINADORA
Prof. José Flávio Feiteira, D.Sc-OrientadorUniversidade Federal Fluminense
Prof. Jayme Pereira de Gouvêa, D.C. – Co-OrientadorUniversidade Federal Fluminense
__________________________________________________________Prof. Renata Gonçalvez Faísca, D.Sc.
Universidade Federal Fluminense
Volta Redonda2010
iv
Dedico esse projeto à Deus e aos meu pais, que sempre estiveram comigo desde o início dessa caminhada.
Olivia Cristina Petriz Monteiro
v
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me deu a vida, a minha saúde e muita força de vontade para alcançar os meus
objetivos;
Aos meus pais que abriram mão de tudo o que foi possível para ter sua filha formada;
Aos meus orientadores, que tiveram boa vontade e paciência em me ajudar;
Aos meus amigos de graduação, que formaram uma família para mim nesses 5 anos e que,
sem dúvidas, se não fossem eles eu não estaria aqui. Em especial as amigas Nátalie e
Carolina, por estarem sempre do meu lado, me ajudando nas provas, nos conselhos, no
incentivo, e pelos bons momentos que passamos juntas.
vi
“Somente os fortes alcançam a vitória, porque os fracos logo se deixam vencer pelo
desânimo. Somente os fortes conquistam os altos cumes, porque sabem escalar a montanha
passo a passo e lentamente vencer os percalços. Toda subida exige esforços, perseverança e
coragem. Aqueles que temem os desafios ou que já antecipam o fracasso são vencidos pelo
descrédito em si mesmos e serão, na certa, derrotados. Pois, antes de tudo, é a força interior
que nos faz capazes de vencer!”
Autor desconhecido
vii
RESUMO
As técnicas preditivas para monitorar defeitos em rolamentos são largamente
utilizadas nas empresas. Este trabalho teve como objetivo explorar uma técnica inovadora e
pouco utilizada nas empresas brasileiras e propor a criação de uma bancada para ensaios no
laboratório de metrologia da UFF para detectar defeitos em rolamentos por meio do ultra-
som.
A conclusão deste trabalho foi que é possível afirmar, por meios de pesquisas baseadas
em empresas que utilizam a técnica e por meio do processamento de alguns sinais analisados,
a viabilidade deste ensaio. Foi possível também propor uma bancada de ensaios baseado no
estudo das possíveis condições de trabalho do rolamento, simulando seus possíveis defeitos.
Palavras chaves: rolamento, técnica preditiva, ultra-som
viii
ABSTRACT
The predictive techniques for monitoring defects in ball bearings are widely used in
business. This study aimed to explore an innovative technology and unusual in Brazilian
companies and it proposes the creation of a workbench for testing in the laboratory of
metrology of UFF to detect defects in bearings by means of ultrasound.
The conclusion of this work was that it is possible to assert, by means of research
based companies that use the technique and by processing some signs analyzed the feasibility
of this test. It was also possible to propose a bench trial based on a study of possible working
conditions of the bearing, simulating their possible defects.
Keywords: bearing, predictive technique, ultra-sound
ix
Sumário
1.INTRODUÇÃO 13
1.1.Objetivos ..............................................................................................................................13
1.2.Estrutura do Trabalho...........................................................................................................14
2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 15
2.1.Ondas....................................................................................................................................15
2.1.1.Classificação das Ondas 15
2.1.2.Propagação das Ondas 16
2.1.3.Elementos de um Onda 17
2.2. Oscilações Mecânicas Audíveis 18
2.2.1.Som 18
2.2.2.Tom 19
2.2.3.Ruído 19
2.2.4.Barulho 19
2.3.Produção do Som 19
2.4.Transmissão do Som 21
2.5.Características do Som 21
2.5.1.Altura 21
2.5.2.Intensidade 21
2.5.3.Timbre 22
2.6.Fenômenos Sonoros 22
2.7.O Ultra-Som 25
2.8.Efeito Piezoelétrico e Produção do Ultra-Som26
2.8.1.Tipos de Cristais Piezoelétricos 27
2.9.Transdutores 27
2.9.1.Parâmetros do Transdutor 28
2.9.2.Características dos Transdutores 30
2.10.Ensaio não Destrutivo por Ultra-Som30
3.ROLAMENTOS 32
4.MATERIAIS E MÉTODOS 43
4.1.Princípio de Funcionamento do Tradutor de Ultra-Som 45
x
4.2.Processo Eterodyning 46
4.3.Descrição do Equipamento 48
4.4.Frequência de Monitoramento 50
4.5.Criação da Linha de Base 50
4.6.Métodos para o Ensaio 51
4.7.Caracterização dos Estágios de Falha 51
4.8.Análise dos Sinais 52
5.PROPOSTA DE CRIAÇÃO DA BANCADA DE ENSAIOS 58
5.1.Orçamento da Bancada de Testes 64
5.2.Falhas Induzidas em Rolamentos 64
5.3.Procedimentos de Ensaio 65
6.CONCLUSÃO 67
7.REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 68
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Onda transversal 16
Figura 2: Onda longitudinal 16
Figura 3: Elementos de uma onda 17
Figura 4: Espectro sonoro 18
Figura 5: Lâmina de aço oscilante 20
Figura 6: Aparelho auditivo humano 20
Figura 7: Representação da reflexão das ondas sonoras 23
Figura 8: Aparelho sonar 24
Figura 9: Efeito piezoelétrico 26
Figura 10: Deformação e vibração do cristal piezoelétrico 26
Figura 11: Figura esquemática do transdutor 28
Figura 12: Transdutor normal 28
Figura 13: Transdutor angular 29
Figura 14: Transdutor monocristal 29
Figura 15: Transdutor duplo cristal 30
Figura 16: Esquema do ensaio de ultra-som 31
Figura 17: Componentes do rolamento 32
Figura 18: Estetoscópio 44
Figura 19: Ensaio de vibração 44
Figura 20: Medidor de temperatura 45
Figura 21: Diagrama de blocos do tradutor 47
Figura 22: Aparelho detector de ultra-som 48
Figura 23: Módulo de contato 49
Figura 24: Fone de ouvido 49
Figura 25: Cabo de transferência de dados 49
Figura 26: Transdutor magnético50
Figura 27: Sinal do rolamento bom no domínio do tempo 54
Figura 28: Sinal do rolamento bom no domínio da frequência 55
Figura 29: Sinal do rolamento ruim no domínio do tempo 56
Figura 30: Sinal do rolamento ruim no domínio da frequência 57
xii
Figura 31: Bancada de ensaio por ultra-som 53
Figura 32: Inversor de frequência 55
Figura 33: Representação da polia 55
Figura 34: Desenho esquemático de um rolamento rígido de uma carreira de esfera 55
Figura 35: Representação do conjunto polia e rolamento 56
Figura 36: Suporte e eixo 57
Figura 37: Suporte e polia tensora 57
Figura 38: Bancada de ensaio com a polia tensora 58
Figura 39: Aparelho detector de ultra-som 58
1. INTRODUÇÃO
Na economia globalizada, a concorrência entre as indústrias vem se tornando
cada vez mais acirrada. Visando o aumento da qualidade e a diminuição dos custos, as
máquinas trabalham em alta produtividade e em grandes velocidades. Os rolamentos
espalham-se pelas indústrias como os elementos mais largamente usados para
transmitir força entre os componentes giratórios das máquinas. Eles são os grandes
responsáveis por paradas não planejadas quando sua falha não é detectada a tempo. O
desenvolvimento contínuo de sua tecnoligia tem reduzido substâncialmente a fadiga,
aumentando sua vida, porém, por causa do seu grande número associado a qualquer
processo crítico, falhas individuais podem acontecer em pequenos intervalos de
tempo, podendo resultar em falhas catastróficas.
A manutenção preditiva monitora a condição mecânica real, o rendimento
operacional, além de outros indicadores da condição operativa das máquinas e
sistemas de processo que irão fornecer os dados necessários para assegurar o intervalo
máximo entre os reparos. Também minimiza o número e os custos de paradas não
programadas criadas por falhas da máquina.
A importância da manutenção acarreta no surgimento de novas técnicas e
procedimentos que buscam possibilitar uma detecção rápida e confiável das falhas de
componentes.
Para contribuir na melhoria da qualidade da manutenção, será explorado neste
trabalho a técnica de detecção de falhas em rolamentos utilizando o ultra-som, bem
como uma proposta de criação de uma bancada para testes.
1.1. Objetivos
O presente projeto tem o seguinte objetivo geral:
14
Propor a criação de uma bancada de ensaios para o laboratório de metrologia da
UFF;
Este trabalho apresenta também como objetivos específicos os seguintes ítens:
Reunir informações por meio de artigos e experiências em outras empresas para se
fazer um estudo da viabilidade do ensaio de inspeção por ultra-som na detecção
de defeitos em rolamento por ultra-som;
Fazer um estudo sobre o funcionamento do equipamento de detecção de ultra-som;
Fazer um estudo sobre o método de ensaio;
Fazer o processamento de sinais, através do Matlab, de amostras capturadas em
um rolamento com e sem defeito.
1.2. Estrutura do Trabalho
O trabalho apresenta uma breve introdução sobre o tema proposto apresentando
seu objetivo geral e específico. É feita uma revisão bibliográfica para reforçar
conceitos importantes para o entendimento de ondas sonoras, som, ultra-som, efeito
piezoelétrico e transdutor. Todos esses conceitos ajudam no entendimento do
equipamento de ultra-som, que é a ferramenta de estudo desse trabalho.
Um capítulo é reservado para introduzir conceitos sobre rolamentos, cuidados
com manutenção, assim como suas possíveis falhas e causas. No capítulo destinado a
materiais e métodos é feito um estudo sobre o funcionamento do equipamento, uma
descrição de seus componentes, métodos de ensaio e o processamento de sinais
capturados de um rolamento.
No capítulo 5, é apresentada uma proposta de uma bancada de ensaio por ultra-
som para a detecção dos defeitos em rolamentos e um orçamento do principais
componentes da bancada. É proposto também sugestões para a indução de falhas em
rolamentos, assim como os procedimentos de ensaios .
Os últimos capítulos são destinados à conclusão e as citações das referências
bibliográficas utilizadas para o estudo e elaboração deste presente trabalho.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Ondas
A onda é um movimento causado por uma perturbação e este movimento se propaga
através de um meio. Pode -se citar como exemplo de onda quando uma pedra é atirada em um
lago de águas calmas. Este impacto irá gerar uma perturbação na água, gerando ondas que
irão se propagar pela superfície da água.
Algumas ondas não podem ser observadas a olho nu, como as ondas de rádio, de
televisão e ultra-violetas. A luz e o som também são formas de onda.
Pode-se dizer que toda forma de onda transmite energia através de um meio e este meio
não acompanha a propagação.
2.1.1. Classificação das Ondas
As ondas são classificadas quanto à sua natureza e quanto ao sentido de suas vibrações.
Quanto a sua natureza podem ser:
Mecânicas: necessitam de um meio material para se propagar.
Exemplo: corda de violão. A onda, neste caso sonora, propaga-se através do ar, até os
nossos ouvidos.
Eletromagnéticas: não necessitam de um meio material para se propagar.
Exemplo: luz, ondas de rádio, televisão, raios x, raios gama etc.
Quanto ao sentido da vibração, as ondas classificam-se em:
16
Transversais: numa onda transversal, as partículas vibram em direção
perpendicular à direção de propagação da onda, como mostrado na figura 1.
Figura 1: Onda transversal
Longitudinais: as partículas vibram na mesma direção da propagação da onda,
conforme figura 2.
Figura 2: Onda longitudinal
Quanto à direção de propagação as ondas são classificadas como:
Unidimensionais: que se propagam em apenas uma direção, como as ondas em
cordas e molas esticadas;
Bidimensionais: são aquelas que se propagam por uma superfície, como as água
em um lago quando se joga uma pedra;
Tridimensionais: são capazes de se propagar em todas as dimensões, como a luz e
o som.
2.1.2. Propagação das Ondas
Para Callegari (2009), quando um átomo ou molécula é deslocado da sua
posição de equilíbrio por uma força, tensões internas agem de modo a restaurar as
17
partículas às suas posições originais. Devido às forças interatômicas entre partículas
adjacentes de material, o deslocamento de um ponto induz deslocamentos nos pontos
vizinhos, propagando assim uma onda elástica. A amplitude, o modo de vibração e a
velocidade das ondas diferem em sólidos, líquidos e gases justamente devido às
diferenças na distância média entre as partículas em cada um desses casos. Assim, as
ondas terão uma maior velocidade em sólidos, e menor em gases.
Existe uma relação entre a velocidade da onda em um sólido, o seu comprimento
e sua freqüência. Como na maioria dos casos, a velocidade da onda no material não
varia, freqüências maiores geram comprimentos de ondas maiores, de acordo com a
equação (1):
V= λ×f (1)
Onde V é a velocidade (m/s), f é a freqüência (Hz) e λ é o comprimento de onda (m).
2.1.3. Elementos de uma Onda
Analisando a figura 3 e fazendo uma analogia ao exemplo da pedra atirada à
lagoa, pode-se identificar cada um dos elementos de uma onda:
Figura 3 : Elementos de uma onda
Crista: são os pontos mais altos da onda (A, C, E, G).
Vales: são os pontos mais baixos da onda (B, D, F).
Comprimento: é a distância de uma crista à outra (ou de um vale a outro).
18
Amplitude: é a altura da crista, medida a partir da superfície calma da lagoa (linha
de repouso).
Freqüência: é o número de ciclos pela unidade de tempo. A unidade de medida de
freqüência é o hertz (Hz). 1 Hz = 1 ciclo/segundo
Ciclo: movimento completo de um ponto qualquer da onda, saindo de sua posição
original e voltando a ela.
Velocidade de propagação: a velocidade de propagação de uma onda é função do
meio que ela percorre. Para diferentes materiais temos diferentes velocidades de
propagação.
2.2. Oscilações Mecânicas Audíveis
2.2.1. Som
Bonjorno (1992) e Soares (1984) descrevem o som como aumentos e reduções
periódicas da densidade do ar, ou seja, compressão e rarefação. Recorrendo à
definição dada pela ABNT(1959), o som é "toda e qualquer vibração ou onda
mecânica em um meio elástico dentro da faixa de audio-freqüência." Uma vez que o
som é uma onda, ele apresenta todas as propriedades das ondas.
Conforme cita Bonjorno ( 1998 ), as ondas sonoras são ondas longitudinais, isto
é, são produzidas por uma seqüência de pulsos longitudinais.
As ondas sonoras podem se propagar com diversas freqüências, porém o ouvido
humano é sensibilizado somente quando elas chegam a ele com freqüência entre 20 Hz
e 20.000 Hz, aproximadamente. O espectro sono está representado na figura 4.
Figura 4: Espectro sonoro
Quando a freqüência é maior que 20 000 Hz, as ondas são ditas ultra-sônicas, e
menor que 20 Hz, infra-sônicas. As ondas infra-sônicas e ultra-sônicas não são
audíveis pelo ouvido humano. As ondas infra-sônicas são produzidas, por exemplo,
19
por um abalo sísmico. Os ultra-sons podem ser ouvidos por certos animais como
morcego e o cão.
O som musical, que provoca sensações agradáveis, é produzido por vibrações
periódicas. O ruído, que provoca sensações desagradáveis, é produzido por vibrações
aperiódicas.
2.2.2. Tom
É qualquer oscilação mecânica audível composta por uma única freqüência. Sua
forma de onda é representada por uma senóide. Não se encontram tons puros na
natureza.
2.2.3. Ruído
É o fenômeno audível, cujas freqüências não podem ser discriminadas, porque
diferem entre si por valores inferiores aos detectáveis pelo aparelho auditivo. Aparece
em um analisador espectral como um espectro largo, quase contínuo em freqüências.
Como exemplo, temos: o ruído da chuva, o amassar do papel celofane, etc.
2.2.4. Barulho
Reserva-se o nome de barulho, em geral, a todo som indesejável. Difere-se do
ruído por apresentar um espectro de freqüências, passível de ser analisado, o que
permite os tratamentos acústicos adequados a cada caso.
2.3. Produção do Som
20
Ao fixar uma lâmina de aço muito fina para que ela possa oscilar conforme
indica a figura 5, com o deslocamento da sua extremidade livre, a lâmina irá começar
a oscilar para a direita e para a esquerda (Bonjorno; Clinton, 1998).
Figura 5: Lâmina de aço oscilante
Se a lâmina vibrar com rapidez, produzirá um som sibilante, mostrando que os
sons são produzidos pela matéria em vibração. Na medida em que a lâmina oscila para
a direita, ela realiza trabalho nas moléculas do ar, comprimindo-as, transferindo a elas
energia na direção da compressão. Ao mesmo tempo, as moléculas do ar, situadas à
esquerda, se expandem e se tornam rarefeitas, o que retira energia delas. Quando a
lâmina se move no sentido inverso, ela transfere energia para as moléculas do ar
situadas à esquerda, enquanto as da direita perdem energia.
O efeito combinado de compressão e rarefação simultâneo transfere energia das
moléculas do ar da esquerda para a direita, ou da direita para a esquerda na direção do
movimento da lâmina, produzindo ondas longitudinais, nas quais as moléculas do ar se
movimentam para frente e para trás, recebendo energia das moléculas mais próximas
da fonte e transmitindo-a para as moléculas mais afastadas dela, até chegarem ao
ouvido.
No ouvido, conforme figura 6, as ondas atingem uma membrana chamada
tímpano. O tímpano passa a vibrar com a mesma freqüência das ondas, transmitindo
ao cérebro, por impulsos elétricos, a sensação denominada som.
21
Figura 6: Aparelho auditivo humano
2.4. Transmissão do Som
O ar age como um meio de transmissão dos sons até o ouvido. O ar denso
transmite melhor o som do que o ar rarefeito, pois as moléculas gasosas estão mais
próximas e transmitem a energia cinética da onda de umas para outras com maior
facilidade. Por conta disso, em pequenas altitudes os sons são bem audíveis, o que não
ocorre em altitudes maiores, onde o ar é menos denso. Os sons não se transmitem no
vácuo, porque exigem um meio material para sua propagação. Os sólidos transmitem o
som melhor que os líquidos, e estes, melhor do que os gases ( Bonjorno; Clinton,
1998)
A tabela 1 mostra a velocidade de propagação do som a 25°C.
Tabela 1: Velocidade de propagação do som
MeioVelocidade
(m/s)Ar 346
Água 1498Ferro 5200Vidro 4540
2.5. Características do Som
2.5.1. Altura
22
De acordo com Bonjorno e Clinton ( 1998), “altura é a qualidade que permite classificar os
sons em graves (baixos) e agudos (altos)”. Quanto maior a freqüência do som, mais agudo ele
é. A voz do homem tem freqüência que varia entre 100 Hz e 200 Hz e a da mulher, entre 200
Hz e 400 Hz. Portanto, a voz do homem costuma ser grave, ou grossa, enquanto a da mulher
ser aguda, ou fina.
2.5.2. Intensidade
É a qualidade do som que nos permite distinguir sons fortes de sons fracos. Vale
ressaltar que altura e intensidade são conceitos diferentes, pois a altura está relacionada com a
frequência e a intensidade com a potência ou energia (Bonjorno; Clinton, 1998).
A intensidade sonora é medida em bel (B) ou decibéis (dB). A intensidade da fala é de
40 dB. A partir de 120 dB, o som começa a prejudicar a audição.
Bonjorno e Clinton (1998) também dizem que a intensidade mínima audível é chamada
limiar de percepção auditiva, e a máxima, limiar da sensação dolorosa. Quando mede-se a
intensidade de um som, ela é comparada com o limiar de audibilidade, usando uma escala
logarítmica dada pela equação abaixo:
dB = 10. Log I / Io (2)
Onde:
dB = nível da intensidade em decibéis;
I = intensidade do som;
Io = intensidade do limiar da percepção auditiva (10e-12 W/m2)
2.5.3. Timbre
Também conforme Bonjorno e Clinton (1998), “ timbre é a qualidade que permite
classificar os sons de mesma altura e de mesma intensidade, emitidos por fontes diferentes”.
Pelo timbre, é possível reconhecer quem fala ou qual o instrumento que toca.
2.6. Fenômenos Sonoros
23
Para Bonjorno e Clinton ( 1998), o som apresenta as seguintes propriedades
características: reflexão, refração, difração, interferência e ressonância.
1ª. Propriedade: Reflexão
Quando as ondas sonoras AB, A’B’, A”B” , conforme figura 7, provenientes de um
ponto P encontram um obstáculo plano, rígido, MN, irá produzir reflexão das ondas sobre o
obstáculo.
Na volta, produz-se uma série de ondas refletidas CD, C’D’, que se propagam em
sentido inverso ao das ondas incidentes e se comportam como se emanassem de uma fonte P’,
simétrica da fonte P em relação ao ponto refletor.
A reflexão do som pode ocasionar os fenômenos eco e reverberação.
Figura 7: Representação da reflexão das ondas sonoras
Eco
Os obstáculos que refletem o som podem apresentar superfícies muito ásperas. Assim, o
som pode ser refletido por um muro, uma montanha etc. O som refletido chama-se eco,
quando se distingue do som direto.
Para uma pessoa ouvir o eco de um som por ela produzido, deve ficar situada a, no
mínimo, 17 m do obstáculo refletor, pois o ouvido humano só pode distinguir dois sons com
intervalo de 0,1 s. O som, que tem velocidade de 340 m/s, percorre 34 m nesse tempo.
24
Figura 8: Aparelho sonar
O sonar, representado na figura8, é um aparelho capaz de emitir ondas sonoras na água
e captar seus ecos, permitindo, assim, a localização de objetos sob a água.
Reverberação
Em grandes salas fechadas ocorre o encontro do som com as paredes. Esse encontro
produz reflexões múltiplas que, além de reforçar o som, prolongam-no durante algum tempo
depois de cessada a emissão. É esse prolongamento que constitui a reverberação.
A reverberação ocorre quando o som refletido atinge o observador no instante em que o
som direito está se extinguindo, ocasionando o prolongamento da sensação auditiva.
2ª. Propriedade: Refração
Consiste em a onda sonora passar de um meio para o outro, mudando sua velocidade de
propagação e comprimento de onda, mas mantendo constante a freqüência.
3ª. Propriedade: Difração
Fenômeno em que uma onda sonora pode transpor obstáculos. Quando se coloca um
obstáculo entre uma fonte sonora e o ouvido, por exemplo, o som é enfraquecido, porém não
extinto. Logo, as ondas sonoras não se propagam somente em linha reta, mas sofrem desvios
nas extremidades dos obstáculos que encontram.
25
4ª. Propriedade: Interferência
Consiste em um recebimento de dois ou mais sons de fontes diferentes. Neste caso, tem-
se uma região do espaço na qual, em certos pontos, ouve-se um som forte, e em outros, um
som fraco ou ausência de som.
Som forte → Interferência construtivaSom fraco → Interferência destrutiva 5ª. Propriedade: Ressonância
Quando um corpo começa a vibrar por influência de outro, na mesma freqüência deste,
ocorre um fenômeno chamado ressonância. Como exemplo, pode-se citar o vidro de uma
janela que quebra ao entrar em ressonância com as ondas sonoras produzidas por um avião a
jato.
2.7. O Ultra-Som
Tal como os olhos que só podem ver uma parte do espectro de luz, os ouvidos escutam
somente uma parte do espectro sonoro. A gama de freqüência que o ouvido humano pode
responder é chamada intervalo sonoro. Como já se sabe, os sons produzidos a uma freqüência
acima desse intervalo é chamado de ultra-som.
O ultra-som é utilizado pela natureza, que dotou certos animais com a capacidade de
emitir ondas ultra-sônicas. Os morcegos, golfinhos, mariposas se locomovem, encontram
alimentos e fogem do perigo através de ondas ultra-sônicas que eles próprios emitem.
Com a observação do procedimento desses animais, desenvolveu-se a idéia do sonar,
durante a Segunda Guerra Mundial. O sonar serve para detectar objetos sob a água, como
submarinos, e também para avaliar a profundidade dos mares. Após a Segunda Guerra, houve
um aumento muito grande de aplicações do ultra-som nos mais diversos campos.
Como o ultra-som está fora da faixa de freqüência audível ao homem, ele pode ser
empregado com intensidade bastante alta.
As ondas ultra-sônicas são geradas por transdutores, que convertem energia elétrica em
mecânica, e vice-versa. Os transdutores são feitos de materiais piezoelétricos, que apresentam
um fenômeno chamado efeito piezoelétrico.
26
2.8. Efeito Piezoelétrico e Produção do Ultra-Som
Em 1880, os irmãos Curie (Pierre e Jacques) descobriram o efeito piezelétrico de certos
materiais. Observaram que determinados materiais (como o quartzo) cortados em lâminas,
quando submetidos a cargas mecânicas geravam cargas elétricas em sua superfície, conforme
figura 9.
Figura 9 : Efeito piezoelétrico
No ano seguinte, G. Lippmann descobriu que o inverso da observação dos irmãos Curie
também era verdadeiro. Aplicando-se cargas elétricas na superfície dos cristais piezelétricos,
deformações no cristal eram geradas e quando corrente elétrica alternada era aplicada, ocorria
uma vibração no cristal, na mesma freqüência da corrente, conforme representado na figura
10.
Figura 10 : Deformação e vibração do cristal piezoelétrico
Esse princípio é utilizado na geração e na recepção do ultra-som. Ao se aplicar corrente
alternada de alta freqüência num cristal piezelétrico, ele vibrará na mesma freqüência,
gerando o ultra-som. Na recepção, ocorre o inverso: o ultra-som fará vibrar o cristal, gerando
um sinal elétrico de alta freqüência.
27
2.8.1. Tipos de Cristais Piezoelétricos
Para Adreucci (2008) materiais piezelétricos são: o quartzo, o sulfato de lítio, o titanato
de bário, o metaniobato de chumbo e o zirconato-titanato de chumbo (PTZ). O quartzo é um
material piezelétrico mais antigo, translúcido e duro como o vidro sendo cortado a partir de
cristais originários no Brasil. O Sulfato de Lítio é um cristal sensível a temperatura e pouco
resistente. O Titanato de Bário e o zirconato-titanato de chumbo são materiais cerâmicos que
recebem o efeito piezelétrico através de polarização. Esses dois cristais são os melhores
emissores, produzindo impulsos ou ondas de grande energia, se comparadas com aquelas
produzidas por cristais de quartzo. Para a inspeção ultra-sônica, interessa não só a potência de
emissão, mas também a sensibilidade da recepção (resolução). A freqüência ultra-sônica
gerada pelo cristal dependerá da sua espessura, cerca de 1 mm para 4 MHz e 2 mm para 2
MHz.
Os cristais acima mencionados são montados sobre uma base de suporte (bloco
amortecedor) e junto com os eletrodos e a carcaça externa constituem o transdutor ou
cabeçote propriamente dito.
2.9. Transdutor
O transdutor, representado na figura 11, também é conhecido como cabeçote, e é todo
dispositivo que converte um tipo de energia em outro. Vários tipos de transdutores são
conhecidos, entre eles o microfone e o alto-falante. No ensaio de ultra-som, os transdutores
são necessários para converter energia elétrica em energia mecânica de vibração (ultra-som) e
vice-versa.
O transdutor emite um impulso ultra-sônico que atravessa o material a inspecionar e
reflete nas interfaces, originando os ecos. Estes ecos retornam ao transdutor e gera, no
mesmo, o sinal elétrico correspondente.
A face de contato do transdutor com a peça deve ser protegida contra desgastes
mecânico podendo utilizar membranas de borracha finas e resistentes ou camadas fixas de
epoxi enriquecido com óxido de alumínio.
Os transdutores normais são construídos a partir de um cristal piezelétrico colado num
bloco rígido denominado de amortecedor. O bloco amortecedor tem função de servir de apoio
para o cristal e absorver as ondas emitidas pela face colada a ele.
28
Figura 11: Figura esquemática do transdutor
2.9.1. Parâmetros do transdutor
Existe uma grande variedade de transdutores para atender a diversas aplicações dos
ensaios de ultra-som.
São subdivididos em categorias: quanto ao ângulo de emissão/recepção do ultra-som e
quanto à função (emissor ou receptor ou emissor/receptor).
Quanto ao ângulo de emissão/recepção do ultra-som os transdutores podem ser:
Normais: emitem e/ou recebem o ultra-som perpendicularmente à sua superfície,
conforme figura 12.
Figura 12 : Transdutor normal
Angulares: emitem e/ou recebem o ultra-som obliquamente à sua superfície,
representado na figura 13.
29
Figura 13: Transdutor angular
Quanto à função, os transdutores podem ser:
Monocristal: possuem apenas um cristal piezelétrico, representado na figura 14.
Este tipo de cristal apresenta três modalidades:
- só emissor de ondas ultra-sônicas;
- só receptor de ondas ultra-sônicas ;
- emissor e receptor de ondas ultra-sônicas (o mesmo cristal emite e recebe os ecos
ultra-sônicos de maneira sincronizada).
Figura 14 : Transdutor monocristal
Duplo cristal: o mesmo transdutor possui um cristal para recepção e outro para
emissão do ultra-som, conforme figura 15.
30
Figura 15 : Transdutor duplo-cristal
2.9.2. Características dos Transdutores
Os elementos que caracterizam os transdutores são:
Tamanho do cristal piezelétrico: os transdutores normais mais utilizados possuem de 5
a 25 mm de diâmetro. Em geral, nos transdutores angulares utilizam-se cristais
retangulares.
Freqüência: devido às diferentes aplicações, existem transdutores com freqüência de
0,5 a 25 MHz. Os mais usuais vão de 1 a 6 MHz.
Amortecimento mecânico: o elemento amortecedor suprime no transdutor todas as
vibrações indesejáveis do cristal.
Face protetora: são elementos de contato com a peça. Em geral, são películas de
material plástico.
Carcaça: elemento com forma apropriada para acomodar todo o conjunto e, ao mesmo
tempo, facilitar seu manuseio.
Elementos elétricos: são contatos elétricos ligando o cristal piezelétrico ao elemento
de engate do cabo coaxial e à bobina geradora de freqüência.
2.10. Ensaio não destrutivo por ultra-som
31
O ensaio ultra-sônico baseia-se no fenômeno de reflexão de ondas acústicas
quando encontram obstáculos à sua propagação, dentro do material. A onda será
refletida retornando até a sua fonte geradora, se o obstáculo estiver numa posição
normal (perpendicular) em relação ao feixe incidente.
Assim como uma onda sonora, reflete ao incidir num anteparo, a onda ultra-sônica ao
percorrer um meio elástico, refletirá da mesma forma, ao incidir numa descontinuidade ou
falha interna a este meio considerado. Através de aparelhos, como representado na figura 16,
é possível detectar as reflexões provenientes do interior da peça examinada, localizando e
interpretando as descontinuidades.
Figura 16 : Esquema do ensaio de ultra-som
O uso do ultra-som como ensaio não destrutivo é largamente difundido nas indústrias
para detectar descontinuidades em todo o volume do material a analisar.
As aplicações deste ensaio são inúmeras: soldas, laminados, forjados, fundidos, ferrosos
e não ferrosos, ligas metálicas, vidro, borracha, materiais compostos, tudo permite ser
analisado por ultra-som. Indústria de base (usinas siderúrgicas) e de transformação
(mecânicas pesadas), indústria automobilística, transporte marítimo, ferroviário, rodoviário,
aéreo e aeroespacial: todos utilizam ultra- som.
Com o avanço técnológico, o ultra-som vem sendo utilizado na manutenção industrial
na detecção de vazamentos de líquidos ou gases, falhas operacionais em sistemas elétricos
(efeito corona), e rolamentos danificados, etc. Com aparelhos capazes de reconstituir os sons
de alta frequência emitidos pelos componentes defeituosos, para uma faixa de frequência
audível aos seres humanos, torna-se possível ouvir e interpretar os sons que normalmente não
são ouvidos. Estes sons caracterizam o início da falha do componente/equipamento,
permitindo assim, que falhas no estágio inicial possam ser identificadas antes das técnicas
convencionais de manutenção preditiva.
3. ROLAMENTOS
Os rolamentos tornam possíveis o funcionamento de muitas máquinas utilizadas no dia
a dia ou nas indústrias. Sem eles, as peças frequentemente se desgastariam devido ao atrito.
Os rolamentos reduzem o atrito através de rolo ou esferas de metal liso, que rolam sobre
superfícies internas e externas igualmente lisas. Estas esferas ou rolos "sustentam" a carga,
permitindo que o dispositivo gire suavemente.
Existem rolamentos de diversos tipos, como rolamentos de esfera, de rolos, ou de
agulhas. Eles variam de rolamentos abertos, vedados ou selados.
Os componentes do rolamento geralmente são dois anéis de pista, o interno e o externo,
corpos rolantes, que rolam sobre as pistas dos anéis e de uma gaiola, que conduz os corpos
rolantes. A figura 17 representa um rolamento rígido de esfera.
Figura 17: Componentes do rolamento
A função dos corpos rolantes é a de transmitir as cargas incidentes sobre um rolamento
de um anel ao outro. Para uma alta capacidade de carga é importante acomodar o maior
número de corpos rolantes entre os anéis. É importante para a capacidade de carga de
33
um rolamento que todos os corpos rolantes sejam iguais em seu diâmetro. Por meio de
classificação, obtem-se grupos de corpos rolantes cuja tolerância dimensional é muito restrita.
Os anéis - interno e externo - guiam os corpos rolantes na direção de giro. Para
transferir esforços axias em sentido transversal, estes anéis são providos de sulcos nas pistas,
rebordos e superficies rolantes inclinadas.
As gaiolas evitam o contato mútuo dos corpos rolantes e, consequentemente, o atrito.
Mantém os corpos rolantes equidistantes, para uma homogênea distribuição da carga, evitam
a queda dos corpos rolantes nos rolamentos separáveis ou oscilantes e conduzir os corpos
rolantes na pista, fora da zona de carga.
Os rolamentos são largamente utilizados em uma unidade industrial. Existem milhares
destes componentes instalados e é de extrema importância saber e acompanhar o seu estado.
Alguns cuidados devem ser levados em conta quando o assunto é rolamento.
Durante a montagem, os seguintes fatores podem prejudicar o rolamentos:
Métodos e ferramentas inadequados;
Falta de limpeza;
Ajuste e torque impróprios.
Já em relação à solicitação, deve-se ter atenção para :
Excesso ou falta de aperto;
Vibrações;
Rotação excessiva.
O ambiente de trabalho também é um fator a ser considerado, pois pode influenciar
negativamente quando o rolamento está exposto às seguintes condições:
Calor externo;
Poeira, sujeira;
Umidade.
A lubrificação é uma grande causadora de defeitos em rolamentos. Deve-se ter controle
na lubrificação para não cometer as seguintes falhas na lubrificação:
Deficiente;
Inadequada;
Excessiva.
Se tomando os devidos cuidados, os rolamentos podem ser usados por um bom
período de tempo até a sua vida de fadiga, contudo há casos de falhas inesperadas.
Avaliando somente a peça que apresentou o defeito, é difícil determinar sua verdadeira
34
causa. Porém se for conhecida a máquina que o rolamento é usado, as condições de
trabalho, a situação anterior e posterior ao da ocorrência da falha, entre outros, o
estado do rolamento danificado poderá ser relacionado a várias causas que irá facilitar
a prevenção contra novas ocorrências.
Abaixo, na tabela 2, estão relacionadas algumas ocorrências de falhas em
rolamentos, possíveis causas e suas ações corretivas :
Tabela 2 : Ocorrência de Falhas em Rolamentos
ESCAMAMENTO
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
Quando um rolamento gira com
carga, ocorre a saída de material pela
fadiga do aço nas superfícies dos
elementos rolantes ou as superfícies das
pistas dos anéis interno e externo.
• Carga excessiva.
• Falha de instalação
(desalinhamento).
• Carga de momento.
• Contaminação por partículas, ou
por água.
• Lubrificação deficiente,
lubrificante inadequado.
• Folga não apropriada.
• Deficiência na precisão do eixo
e do alojamento.
• Consequência da oxidação em
paradas.
• Reconfirmar a especificação do
rolamento e checar as condições
de carga.
• Melhorar o sistema de
instalação.
• Melhorar o método de vedação,
prevenir a oxidação durante as
paradas.
• Utilizar lubrificantes com
viscosidade adequada, melhorar
o método de lubrificação.
• Checar a precisão do eixo e
alojamento.
• Checar a folga interna do
rolamento.
DESCASCAMENTO
35
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
Pequenos pontos aparecem na superfície das
pistas e elementos rolantes. Com o
desprendimento do material, surgirá
posteriormente, o escamamento.
• Lubrificante inadequado ;
• Contaminação por partículas.
• Selecionar lubrificante
apropriado.
• Melhorar os mecanismos de
vedação.
ARRANHADURA
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
• Na superfície da pista e dos corpos
rolantes.
• Em forma espiral, na pista do rolamento
axial de esferas.
• Na face lateral do rolo e na face de guia do
rebordo.
• Deficiência na lubrificação
quando da partida; consistência da
graxa muito alta; aceleração de
partida muito alta.
• Os anéis não estão paralelos;
velocidade de giro excessiva.
• Deficiência na lubrificação;
deficiência na instalação;
excessiva carga axial.
• Utilizar graxa menos
consistente; evitar aceleração
repentina.
• Correção da instalação; adequar
a précarga; selecionar o tipo mais
adequado de rolamento.
• Selecionar o lubrificante
adequado; corrigir a instalação.
ESCORREGAMENTO
36
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
Escorregamento é a danificação da superfície
das pistas e elementos rolantes provocados pelo
rompimento do filme de lubrificação.
• Alta velocidade e baixa carga.
• Acelerações e desacelerações
repentinas.
• Lubrificante inadequado.
• Entrada de água.
• Aumentar a pré-carga.
• Otimizar a folga.
• Utilizar lubrificantes com
viscosidade adequada.
• Melhorar o método de
lubrificação.
• Melhorar os mecanismos de
vedação.
FRATURAS
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
• Anel interno ou anel externo partidos.
• Corpos rolantes partidos.
• Rebordo lascado.
• Gaiola avariada.
• Excessiva carga de choque;
excessiva interferência;deficiência
na forma do eixo; deficiência na
conicidade da bucha; raio de
encosto muito grande;
desenvolvimento da trinca de
fricção; avanço do escamamento.
• Avanço do escamamento; batida
no rebordo quando da instalação;
queda por descuido no manejo.
• Carga anormal na gaiola em
decorrência de deficiência na
• Reanalisar as condições de
carga; adequar o ajuste; corrigir a
precisão de usinagem da bucha e
do eixo; corrigir o raio do
encosto (fazer menor que o
chanfro do rolamento).
• Cuidados quando da instalação
e manejo.
• Correção da instalação; estudar
o lubrificante e o método de
lubrificação.
37
instalação; deficiência na
lubrificação.
TRINCAS
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
Trincas na pista e nos elementos rolantes. Uso
contínuo sob estas condições levam a trincas
maiores ou fraturas.
• Interferência excessiva.
• Carga excessiva, cargas de
choques.
• Progressão do escamamento.
• Geração de calor e corrosão por
contato.
• Geração de calor por
deslizamento.
• Deficiência no ângulo do eixo
cônico.
• Deficiência na circularidade do
eixo.
• Raio de encosto muito grande.
• Corrigir a interferência.
• Verificar as condições de carga.
• Melhorar o método de
instalação.
• Usar um perfil apropriado para
o eixo.
GAIOLA DANIFICADA
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
• Danificação da gaiola inclui deformação da
gaiola, fraturas e desgaste.
• Fratura do pilar da gaiola.
• Falha de instalação
(desalinhamento).
• Falha de manuseio.
• Verificar o método de
instalação.
• Verificar temperatura, rotação e
38
• Deformação da face.
• Desgaste na superfície da janela.
• Desgaste na superfície do anel guia.
• Carga de momento elevada.
• Impactos ou grandes vibrações.
• Rotação excessiva, acelerações e
desacelerações repentinas.
• Falha de lubrificação.
• Aumento de temperatura.
condições de carga.
• Reduzir a vibração.
• Seleção do tipo de gaiola.
• Seleção do método de
lubrificação e lubrificante.
IMPRESSÕES
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
As partículas em contato com os elementos
rolantes na rolagem marcam as superfícies das
pistas e dos elementos rolantes. As impressões
podem ocorrer devido à impactos na instalação,
no espaçamento equidistante dos elementos
rolantes.
• Contaminação por partículas
metálicas.
• Carga excessiva.
• Impactos durante o transporte ou
a instalação.
• Manter o local de trabalho
limpo.
• Melhorar o sistema de vedação.
• Filtrar o óleo lubrificante.
• Melhorar o método de
instalação.
PITTING
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
A superfície dos elementos rolantes ou a pista de
rolagem apresenta uma coloração fosca.
• Contaminação por impurezas.
• Rolamento ou lubrificante
expostos ao meio-ambiente.
• Falhas na lubrificação.
• Melhorar o sistema de vedação.
• Filtrar o óleo lubrificante.
• Utilizar o lubrificante correto.
DESGASTE
39
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
Desgaste é deterioração da superfície por atrito
de escorregamento entre a superfície da pista,
elementos rolantes, rolos e faces, rebordos, bolsos
de gaiola, etc.
• Entrada de impurezas.• Progressão da oxidação e da corrosão elétrica.• Lubrificação deficiente.• Escorregamento feito pelo movimento irregular dos elementos.
• Melhorar os sistemas de vedação.• Limpar o alojamento.• Verificar o lubrificante e o método de lubrificação.• Prevenir o desalinhamento.
CORROSÃO POR CONTATO
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
• O desgaste ocorre devido ao deslizamento
entre as duas superfícies.
• O escorregamento ocorre ao ajustar a superfície
e também ao contato entre a pista e os elementos
rolantes.
• A corrosão por contato ocorre na superfície de
ajuste e também na área de contato entre as pistas
e os elementos rolantes.
• Lubrificante deficiente.
• Vibração de pequena amplitude.
• Ajuste inadequado.
• Usar lubrificante apropriado.
• Aplicar pré-carga.
• Verificar o ajuste apropriado.
• Aplicar um filme de
lubrificante na superfície de
contato.
ESMAGAMENTO (FALSO BRINEL)
40
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
Esmagamentos nas pistas e elementos rolantes
causados por vibração ou oscilação entre os
pontos de contato.
• Oscilação e vibração no
transporte.
• Movimento de oscilação com
pequena amplitude.
• Lubrificante deficiente.
• Fixar o eixo e alojamento
durante o transporte.
• Transportar com os anéis
interno e externo separados.
• Reduzir a vibração através de
précarregamento.
• Utilizar o lubrificante correto.
DESLIZAMENTO
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
O deslizamento ocorre nas superfícies de
ajuste, criando uma folga entre os anéis e o eixo
ou alojamento.
Deslizamento causa uma aparência brilhante
ocasionalmente com sujeira ou desgaste.
• Interferência insuficiente ou
ajuste com folga.
• Área de interferência
insuficiente.
• Verificar a interferência e
prevenir a rotação.
• Corrigir a interferência.
• Estudar a precisão do eixo e do
alojamento.
• Pré-carga na direção axial.
• Interferência na face do anel.
• Aplicar trava química na
superfície de ajuste.
• Aplicar lubrificante na
superfície de ajuste.
SUPERAQUECIMENTO
41
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
O superaquecimento ocorre durante o trabalho,
provocando a alteração na coloração da peça. A
quebra ocorre pela alteração dimensional, redução
da folga interna e consequentemente, ocorre
travamento e a quebra da gaiola.
• Falha de lubrificação.
• Excesso de carga (excesso de
pré-carga).
• Alta rotação.
• Folga interna muito pequena.
• Entrada de água e
contaminantes.
• Precisão do eixo e alojamento
deficiente.
• Reestudar o ajuste e a folga
interna do rolamento.
• Lubrificar em volume adequado
com o lubrificante adequado.
• Verificar a precisão do eixo e
alojamento.
• Melhorar o método de
instalação.
CORROSÃO ELÉTRICA
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
A corrosão elétrica ocorre quando há a passagem
de corrente elétrica pelo rolamento.
A corrente elétrica em forma de arco passa do
eixo pelos anéis e pelas esferas derretendo os
componentes.
• Diferença de potencial entre os
anéis internos e externos.
• Utilização de máquinas de solda,
com o aterramento em
equipamentos com rolamentos.
• Projetar circuitos elétricos para
prevenir fluxo através dos
rolamentos.
• Isolamento do rolamento.
• Não aterrar máquinas de solda
em equipamentos com
rolamentos.
OXIDAÇÃO E CORROSÃO
42
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
Oxidação e corrosão do rolamento são pontos na
superfície dos anéis e elementos rolantes e podem
ocorrer no espaçamento dos elementos rolantes
sobre os anéis ou sobre toda superfície do
rolamento.
• Entrada de gás corrosivo ou
água.
• Lubrificante inadequado.
• Formação de partículas de água
por condensação de umidade.
• Alta temperatura e alta umidade
quando a peça está parada.
• Falha do protetivo contra
corrosão durante
o transporte e estocagem.
• Manuseio inadequado.
• Melhorar o sistema de vedação.
• Verificar o método de
lubrificação.
• Prevenir danos por oxidação
quando o rolamento estiver
parado.
• Melhorar os métodos de
estocagem.
• Melhorar os métodos de
manuseio.
FALHA DE INSTALAÇÃO
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
Longos riscos na superfície das pistas ou dos
elementos rolantes causados durante a instalação
ou remoção do rolamento.
• Inclinação dos anéis internos e
externos durante a instalação ou
remoção.
• Impactos durante a instalação ou
remoção.
• Uso de ferramentas e
dispositivos apropriados.
• Evitar impactos usando prensa.
• Centrar as partes durante a
montagem.
ALTERAÇÃO NA COLORAÇÃO
43
Exemplo ilustrativo
Ocorrência Possíveis Causas Ações corretivas
Alteração na coloração da gaiola, elementos
rolantes e pistas dos anéis ocorrem devido à
deterioração do lubrificante à alta temperatura.
• Falha na lubrificação. • Melhorar o método de
lubrificação.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
A premissa da manutenção preditiva é que os monitoramentos regulares das condições
mecânicas reais das máquinas, e do rendimento operativo dos sistemas de processo,
assegurarão o intervalo máximo entre os reparos. Ela também minimizará o número e o custo
das paradas não programadas criadas por falhas da máquina, e melhorará a disponibilidade
global das plantas operacionais.
A manutenção preditiva tem os seguintes objetivos:
Determinar, antecipadamente, a necessidade de serviços de manutenção numa
peça específica de um equipamento;
Eliminar desmontagens desnecessárias para inspeção;
Aumentar o tempo de disponibilidade dos equipamentos;
Reduzir o trabalho de emergência não planejado;
Impedir o aumento dos danos;
Aproveitar a vida útil total dos componentes e de um equipamento;
Aumentar o grau de confiança no desempenho de um equipamento ou linha de
produção;
Determinar previamente as interrupções de fabricação para cuidar dos
equipamentos que precisam de manutenção.
A manutenção preditiva exige a utilização de aparelhos adequados, capazes de registrar
diversos fenômenos. Com base no conhecimento e análise dos fenômenos, é possível prever
com antecedência eventuais defeitos ou falhas nas máquinas e equipamentos.
45
Após a análise dos fenômenos, a manutenção preditiva adota dois procedimentos para
atacar o problema:
1°) Estabelecer um diagnóstico: após detectada a irregularidade, o responsável deverá
estabelecer um diagnóstico referente à origem e à gravidade do defeito constatado. Este
diagnóstico deve ser realizado antes de se programar o reparo.
2°) Análise de tendências da falha: tem como objetivo prever com antecedência a avaria
ou quebra, através de aparelhos que exercem vigilância, predizendo a necessidade do reparo.
Para o elemento de máquina de estudo neste trabalho, o rolamento, destacam–se várias
técnicas/métodos preditivos para investigar e identificar as suas falhas através de aparelhos,
conforme citado abaixo:
Ruído do rolamento: instrumentos como o estetoscópio, representado na figura
18, podem ser usados para determinar as características do ruído;
Figura 18: Estetoscópio
Vibração do rolamento: Através do ensaio de vibração, representado na figura
19, é possível detectar irregularidades nos rolamentos. Um analisador de
espectro de freqüência é usado para medir a magnitude da vibração e a
distribuição das freqüências. Os resultados dos testes determinam as causas das
irregularidades;
Figura 19: Ensaio de vibração
46
Temperatura do rolamento: a temperatura do rolamento aumenta
gradativamente depois de sua partida até atingir a temperatura normal de
operação. Lubrificação insuficiente ou instalação imprópria podem causar um
rápido aumento da temperatura. Uma sonda ou um medidor digital de
temperatura, como representado no figura 20, são utilizados para fazer esta
medição;
Figura 20: Medidor de temperatura
Com o avanço tecnológico, equipamentos cada vez mais modernos estão sendo
desenvolvidos para detectar defeitos em rolamentos.
Segundo pesquisa da NASA, o monitoramento por ultra-som em rolamentos fornece a
mais antiga advertência ao seu desgaste, detectando seu fracasso muito antes de outros
métodos como a vibraçao.
4.1. Princípio de Funcionamento do Tradutor de Ultra-Som
Todos os equipamentos mecânicos operacionais produzem uma ampla faixa de som e
todos esses sons apresentam uma característica, que é sua assinatura sonora. Os rolamentos,
que são essenciais em todos os equipamentos rotativos, com o passar do uso, aumentam o
atrito, que altera a assinatura sonora do ultra-som. A mudança do ultra-som torna-se aparente
antes de outros sinais de desgaste aparecer, tais como a vibração. O ultra-som permite a coleta
de maiores informações sobre a máquina em operação. Usar o ultra-som para identificar o seu
desgaste nos primeiros estágio é uma valiosa ferramenta que evita interrupções despendiosas.
O aparelho de ultra-som responsável por identificar defeitos em rolamentos é
comumente chamado de Detector ou Transdutor de Ultra-Som. Ele recebe o nome de Detector
pois, diferente dos aparelhos convencionais de ultra-som, que emitem e detectam o sinal de
47
resposta ultra-sônico, ele somente detecta e traduz as ondas. E o nome Transdutor está
relacionado à capacidade do instrumento de traduzir as ondas ultra-sônicas. O rolamento em
funcionamento emite ondas ultra-sônicas e o tradutor de ultra-som tem a capacidade de
captar estes sinais e traduzí-los em um som audível para que este possa ser interpretado.
Seu princípio de funcionamento é baseado na captação da onda de ultra-som, através de
um transdutor, transferindo este som para o instrumento. Os instrumentos são capacitados de
converter o ultra-som em um sinal audível, a fim de que se possa escutar o som característico
do rolamento. O instrumento também tem a capacidade de medir qual a intensidade sonora de
cada registro de som capturado. Ao se realizar o ensaio, pode-se ouvir os sons através de
fones de ouvido e determinar a fonte com base na intensidade sonora. O aparelho também
grava o som capturado para que este possa ser analisado em um software.
Os instrumentos de ultra-som fornecem informações de três maneiras:
Qualitativa: com a capacidade de ouvir os sons através do fone de ouvido, que isola os
ruidos de fundo;
Quantitativa: através da leitura da intensidade, em dB, no visor do painel;
Analítica: através de software de análise espectral, realizando uma análise do som
gravado do rolamento.
A capacidade de analisar a intensidade e os padrões sonoros é muito importante, assim
como a capacidade de ouvir e entender os ulltra-sons dos equipamentos. São três maneiras
complementares de se fazer a inspeção e isso é um diferencial neste tipo de ensaio.
4.2. Processo “Heterodyning”
Como se sabe, o ultra-som está em uma frequência acústica que o ouvido humano não
pode escutar. O instrumento de ultra-som realiza um processo eletrônico chamado
heterodyning que traduz os ultra-sons recebidos pelo instrumento para uma faixa audível,
onde o usuário pode escutar e reconhecer o som através de fones de ouvido, ou então gravá-
los para uma posterior análise no software.
A figura 21 representa o diagrama de blocos do tradutor “heterodyne”.
48
Figura 21: Diagrama de blocos do tradutor
Onde:
Oscilador Local: tem a função de gerar ondas com frequência diferente a da
frequência de entrada;
Mixer: aparelho multiplicador de sinais;
Filtro Passa Baixa: permite a passagem do sinal somente em uma determinada
faixa de frequência.
Detalhadamente, pode-se dizer que um receptor heterodyne recebe o sinal de interesse a
uma frequência f ¿ que se misturam, ou multiplicam, com um segundo sinal f LO gerado por um
circuito oscilador, chamado oscilador local (LO). Esta mistura gera duas novas frequências: a
soma (f ¿+ f LO) e a diferença ( f ¿- f LO) da frequência original. Uma das frequências novas é
descartada, normalmente a mais elevada, filtrando para fora da saída do mixer. A frequência
da diferença restante é chamada de frequência intermediária (IF).
Como exemplo pode-se supor um rolamento que está gerando um sinal sonoro de 31
kHz. Misturando uma frequência de onda constante de 30kHz com este sinal, terá uma
diferençça de 1kHz e uma soma de 61kHz. A informação de 1kHz é muito fácil de ouvir e
interpretar. A soma, que é muito maior, não poderá ser ouvida, e é descartada.
A fórmula matemática utilizada para o processo heterodyning é:
A cos ( ω1 t ) B cos (ω2t )=12 {AB {cos (ω1+ω2 ) t }}+ 1
2 {AB {cos (ω1−ω2 ) t }} (3)
Sendo que: A é a amplitude da primeira onda;
B é a amplitude da segunda onda;
49
ω1 é a frequência da primeira onda;
ω2 é a frequência da segunda onda.
Onde o produto do lado esquerdo representa a multiplicação (mistura) de uma onda e o
lado direito mostra que o sinal resultante é a diferença entre dois termos, um na soma das
frequências e outro na diferença, que podem ser considerado sinais separados.
4.3. Descrição do equipamento
O Tradutor de Ultra-Som é um equipamento portátil e por ser capaz de não somente
detectar defeitos em rolamentos, mas como também defeitos elétricos e vazamentos em
tubulações, é composto por diversos acessórios. Abaixo segue alguns principais acessórios
utilizados para inspeção em rolamentos:
Pistola: É o instrumento propriamente dito, representado na figura 22. Durante seu
módulo de operação, ele mostra os parâmetros de controle, tais como nível de
intensidade, freqüência, nível da bateria, nível da sensibilidade, valor da
sensibiliade, módulo de visualização e função de seleção de campo. Os níveis de
intensidade são mostrados em um gráfico de barras juntamente com seu valor
numérico em dB. A freqüência pode ser ajustada entre 20kHz e 100kHz e pode ser
sintonizadas ao executar as inspeções. O equipamento funciona apertando o gatilho
e para desligar é só soltar.
Figura 22 : Aparelho detector de ultra-som
50
Módulo de Contato: é uma haste utilizada como guia de ondas, como na figura 23,
que é sensível ao ultra-som que é gerado internamente. Possui um transdutor
piezoelétrico localizado em seu interior. É equipado com amlificação de baixo ruído
para permitir um claro sinal inteligível para ser recebido e interpretado. Fica
acoplado na parte traseira da pistola.
Figura 23: Módulo de contato
Fone de ouvido: é projetado para uso com ou sem capacete e pode bloquear os sons
intensos encontrados em um ambiente industrial, para que o usuário possa
facilmente ouvir os sons recebidos pelo instrumento. O fone de ouvido é
representado na figura 24.
Figura 24 : Fone de ouvido
Porta I/O : É um cabo para o download de transferância das informações registradas,
conforme figura 25.
Figura 25: Cabo de transferência de dados
51
Transdutor Magnético: Este acessório, representado pela figura 26, é utilizado
quando o local de ensaio é de difícil acesso, quando não se consegue alcançar o
rolamento a ser ensaiado.
Figura 26 : Transdutor Magnético
4.4. Frequência de Monitoramento
É muito importante definir a freqüência de monitoramento do equipamento. Devem-se
levar em consideração quais são os equipamentos mais críticos, aqueles que se parar de
funcionar irão cessar a operação. Existem equipamentos que se falharem, outro pode assumir
sua função. Logo sua freqüência de monitoramento tende a ser menor. Se for possível
continuar a operação mesmo com o equipamento sem funcionar, este deverá ser inspecionado
com uma freqüência de tempo mais ampla.
Cada situação é diferente, pois irá depender do tamanho da planta, o equipamento a ser
controlado e o número de pessoal treinado para fazer essas leituras sem afetar a programação.
4.5. Criação da Linha de Base
Equipamentos mecânicos produzem uma “assinatura normal do som” durante seu
funcionamento eficaz. Como os componentes começam a falhar, ocorre uma mudança na
assinatura sonora original do som. Esta mudança pode ser notada com uma mudança na
intensidade do painel, na qualidade do som ouvido, ou na mudança do espectro sonoro,
através do software.
52
A criação da linha de base é muito importante nesse contexto. A partir de sua criação,
irá iniciar o monitoramento do equipamento e, qualquer alteração a partir da linha de base,
servirá de alerta para o inspetor.
A primeira leitura feita em um equipamento será sua linha de base. O ideal é que o
rolamento monitorado seja novo para a leitura inicial. Caso não seja, o importante é começar a
fazer sua leitura inicial.
4.6. Métodos para o Ensaio
Existem dois métodos básicos para a realização dos ensaios: o Método Comparativo e o
Método Histórico.
Para o Método Comparativo, os procedimentos de ensaio deverão ser executados. O
próximo passo é comparar essa leitura, com a mesma sensibilidade, medindo outro rolamento
em condições de carga e velocidades iguais ao inspecionado anteriormente. A leitura e a
qualidade do som devem ser semelhantes.
Já no Método histórico, o rolamento deverá ser acompanhado durante um período de
tempo para que seu histórico seja estabelecido. Através do histórico, as alterações de ruído,
intensidade e espectro tornam-se evidentes na detecção de algum problema.
4.7. Caracterização dos Estágios de Falha do Rolamento
Existem diferentes tipos de fases de falha em rolamento. O primeiro estágio é o de pré-
falha, que é a falta de lubrificação. Nesta fase os níveis de lubrificação diminuem e os níveis
de ultra-som aumentam com uma ligeira mudança na qualidade do som. O aumento da
amplitude é acompanhado de uma reconhecida mudança na qualidade do som, piorando as
condições do rolamento, e este passa a entrar no seu estágio inicial de falha. Nesta fase, o som
característico do rolamento sofre uma considerável mudança, e esta mudança pode ser
confirmada pela análise do seu espectro. Se essa condição se agrava, os níveis de ruído e calor
sobem rapidamente e o rolamento entra no seu estágio final, que acarretará na falha
catastrófica.
Estudos feitos pela NASA mostraram que o monitoramento do aumento da amplitude
de uma frequência ultra-sônica é a forma mais eficaz de se detectar defeitos em rolamento,
53
pois detecta seu estágio de falha, antes dos outros métodos convencionais. Estes estudos
provaram que, quando a mudança da leitura inicial for de 8 dB, sem alteração na qualidade do
som, indica uma falha na lubrificação. Porém, se a leitura for superior a 12 dB, pode-se supor
que o rolamento entrou em seu estágio de falha.
Visto que a falta de lubrificação antecede a falha inicial, é conveniente realizar a
inspeção por ultra-som no momento da re-lubrificação. Com a redução do filme lubrificante,
ocorrerá um aumento da intensidade sonora. Para a re-lubrificação é necessário adicionar
somente a quantidade de lubrificante suficiente para retornar a leitura da linha de base. Isso
evitará o excesso de lubrificação, que também é uma causa muito comum de falha em
rolamento, pois a pressão de excesso do lubrificante provoca um acúmulo de calor, que pode
gerar tensões e deformações. Algumas medidas devem ser levadas em consideração para
evitar o excesso de lubrificantes: não lubrificar se a leitura da linha de base e a qualidade do
som forem mantidas, lubrificar somente o suficiente para trazer a leitura do ultra-som para a
linha de base e ter cautela, pois alguns lubrificantes precisam de tempo para cobrir
uniformemente a superfície do rolamento, o que pode gerar um falso resultado se
inspecionado no momento errado.
4.8. Análise dos Sinais
O aparelho de detecção de ultra-som possui um software próprio para a análise dos
sinais, onde você transfere os dados e o programa os analisa na forma de espectro. Quando se
faz os downloads dos dados para o software, a data, a hora e a gravação das ondas sonoras são
salvas. O software também permite ver e ouvir as leituras gravadas, criando uma linha de
base, podendo fazer tendências das leituras e comparar cada nova leitura com a anterior.
O Processamento de Sinais consiste na análise e/ou modificação de sinais de forma a
extrair informações dos mesmos e/ou torná-los mais apropriados para alguma aplicação
específica. O processamento é feito através de diversas técnicas computacionais, sem a
necessidade do uso de softwares específicos, como o software próprio do equipamento.
Para a representação do som em um ambiente computacional, torna-se necessário a
quantização do som, ou seja, um registro numérico. Para isso, o software Matlab tem uma
função chamada wavread, onde retorna em Y os respectivos valores da amplitude. Após
extrair estes números, é possível utilizá-los para a plotagem de um gráfico do som no domínio
54
do tempo, por exemplo, ou aplicar a Transformada Rápida de Fourier (FFT) e obter um
gráfico no domínio da freqüência. Logo, o Matlab processa os sinais sonoros, convertendo o
som, em wav., e os transforma em gráfico, podendo assim, fazer a interpretação do sinal.
Como exemplos, foram analisados dois sinais capturados de um rolamento. O primeiro
sinal é de um rolamento operando em condição normal, denominado rolamento bom. Já o
segundo sinal é de um rolamento logo após a lubrificação, e pode-se considerá-lo um
rolamento ruim, pois como já foi dito, os lubrificantes precisam de um tempo para cobrir a
superfície do rolamento e com isso, mesmo o rolamento estando lubrificado, gera um som
característico de uma lubrificação insuficiente nos instantes iniciais.
Abaixo, segue o algoritmo utilizado no Matlab para o processamento do sinal ‘bom’:
% Analisa Sinais de Mancais
%
% Lendo os Dados
[sigt,fa,NBITS]=WAVREAD('Good Bearing');
% Gerando o eixo t (tempo)
t=1:length(sigt);
t=0:1/fa:20;
t=t(1:length(sigt));
% Grafico do Sinal no Tempo
figure(1); plot(t,sigt);
xlabel('Tempo em segundo');
ylabel('Amplitude em Volt');
title('Sinal no Dominio do Tempo');
grid
pause(3)
% Ouvindo o sinal
% sound(sigt,fa)
% Obtendo o Sinal no Dominio da Frequencia via FFT
sigf=fft(sigt);
sigf=sigf.*conj(sigf); % Densidade Espectral de Potencia
55
% Gerando o eixo f (frequencia)
f=1:(length(sigf)/2);
f=f/max(f);
f=f*fa/2;
% Grafico do Sinal no Dominio da Frequencia
sigf=sigf/max(sigf);
figure(2); plot(f(1:10),sigf(1:10));
xlabel('Frequencia em Hertz');
ylabel('Amplitude em Volt');
title('Sinal no Dominio da Frequencia');
grid
axis([0 1 0 1.3])
Os gráficos dos sinais gerados no domínio do tempo e da frequência são representados
pelas figuras 27 e 28, respectivamente.
Figura 27: Sinal do rolamento bom no domínio do tempo
56
Figura 28: Sinal do rolamento bom no domínio da frequência
De forma semelhante à apresentada anteriormente, abaixo segue o algorítimo do
processamento do sinal ‘ruim’ :
% Analisa Sinais de Mancais%% Lendo os Dados[sigt,fa,NBITS]=WAVREAD('Bad_Bearing3.wav');
% Gerando o eixo t (tempo)t=1:length(sigt);t=0:1/fa:20;t=t(1:length(sigt)); % Grafico do Sinal no Tempofigure(1); plot(t,sigt);xlabel('Tempo em segundo');ylabel('Amplitude em Volt');title('Sinal Do Rolamento Ruim no Dominio do Tempo');gridpause(3)
% Ouvindo o sinal% sound(sigt,fa)
% Obtendo o Sinal no Dominio da Frequencia via FFT
57
sigf=fft(sigt);sigf=sigf.*conj(sigf); % Densidade Espectral de Potencia
% Gerando o eixo f (frequencia)f=1:(length(sigf)/2);f=f/max(f);f=f*fa/2;% Grafico do Sinal no Dominio da Frequenciasigf=sigf/max(sigf);figure(2); plot(f(1:10),sigf(1:10));xlabel('Frequencia em Hertz');ylabel('Amplitude em Volt');title('Sinal do Rolamento Ruim no Dominio da Frequencia');gridaxis([0 1 0 1.3])
As figuras 29 e 30 representam os gráficos dos sinais gerados no domínio do tempo e da
frequência, respectivamente.
Figura 29: Sinal do rolamento ruim no domínio do tempo
58
Figura 30: Sinal do rolamento ruim no domínio da frequência
Através da análise dos gráficos representativos dos sinais, pode-se fazer uma comparação
entre o sinal bom e o sinal ruim. Comparando os sinais no domínio do tempo, observa-se
claramente uma maior variação na amplitude do sinal do rolamento ruim, que representa a
elevação nos níveis de emissão sonora quando o rolamento apresenta algum defeito.
Já comparando os sinais no domínio da freqüência, observa-se que praticamente não há
variação de um sinal para o outro. Pode-se dizer que essa semelhança na representação gráfica
se deve ao processo “heterodyning”, que filtra as altas freqüências, permitindo passagem
somente das freqüências audíveis, que são semelhantes.
5. PROPOSTA DE CRIAÇÃO DA BANCADA DE ENSAIOS
Conforme mencionado anteriormente, o projeto tem como objetivo principal propor
uma bancada didática de ensaios de ultra-som para detectar defeitos em rolamentos. A
bancada ficará situada no laboratório de metrologia da EEIMVR, e servirá de apoio para que
os alunos possam efetuar as medidas de ultra-som e possam trabalhar com a análise de
processamento do sinal adquirido.
Na bancada, o rolamento será montado em um eixo engastado, e este será movimentado
por uma correia que é acionada por um motor através de uma polia. Com a aquisição dos
sinais através do aparelho transdutor de ultra-som é possível aplicar as técnicas de
processamento de sinais para identificar os defeitos do rolamento. É importante citar que a
potência e o torque requeridos pelo conjunto são muito baixos, somente o suficiente para
vencer o atrito. Por conta disso não foi necessário dimensionar alguns componentes da
bancada.
A bancada de teste está representada pela figura 31 e tem os seus principais
componentes definidos a seguir:
Figura 31: Bancada de ensaio por ultra-som
60
1. Especificação do motor
O motor utilizado para promover a rotação do conjunto polia e rolamento deverá ter as
especificações conforme a tabela 3:
Tabela 3: Especificação do motor
Marca WEG
Tipo Indução
N° Fase Trifásico
Potência Nominal 0,5 cv
Frequência 60hz
Rotação Nominal 1720 RPM
Fator de Potência 0,8
Voltagem 220V
Rendimento 68%
2. Inversor de Frequência
De acordo com a especificação do motor, pode-se selecionar um inversor de freqüência
para o motor. O inversor de freqüência é um controlador de velocidade. Com ele pode-se
variar a velocidade do conjunto, simulando uma condição alternativa de operação para o
mesmo tipo de rolamento.
Para selecionar o inversor de freqüência é necessário saber qual a corrente de trabalho
do motor. Para isso, tem-se:
(4)
Onde:
Cos ϕ=Fator . .de .. Potencia0 .5×736 (watt )=√3×220×I×0 . 68×0.8I=1 .78 A
Com todos os dados do motor, foi possível especificar o inversor modelo ABB
ACS150-01E-02A4-2, conforme figura 32. Foi especificado um inversor de freqüência que
possui entrada monofásica ou bifásica, devido a não disponibilidade de uma rede trifásica nos
P=√3×V×I×Eficiência×cosϕ
61
laboratórios. Porém este inversor tem uma característica na sua saída, que é trifásica, podendo
perfeitamente alimentar o motor trifásico especificado.
Figura 32: Inversor de freqüência
3. Polia
A polia escolhida foi uma polia plana com guia, representada esquematicamente pela
figura 33, e apresenta as seguintes dimensões: 100 x 20 mm. O diâmetro interno da polia será
definido a partir do diâmetro do motor utilizado.
Figura 33: Representação da polia
4. Rolamento
Foi selecionado um rolamento rígido de esfera de uma carreira da SKF, semelhante à
figura 34. Este rolamento é o mais popular de todos, possui uma construção simples e é
adequado para operar em altas rotações, requerendo poucas atenções em serviço.
62
Figura 34: Desenho esquemático de um rolamento rígido de uma carreira de esfera
Dados do rolamento: d= 50 mm
D= 90 mm
B=20 mm
Obs.: A bancada permite o ensaio de rolamentos com diversas dimensões e tipos.
5. Correia
Para transmitir movimento ao sistema, foi especificada uma correia plana com 20 mm
de largura e o comprimento calculado baseado no esquema representado pela figura 35.
Figura 35: Representação do conjunto polia e rolamento
Para calcular o comprimento da correia, é necessário calcular o comprimento das
semicircunferências e somá-los ao comprimento a, multiplicado por 2.
Analisando geometricamente a figura, pode-se chegar à seguinte fórmula:
L=π × ( R+r )+2×√c22+(R−r )2 (5)
Substituindo os dados, pode-se obter o comprimento da correia:
L=3,14× (50+45 )+2×√8002+(50−45)2
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L=¿ 1898 mm
6. Suporte do eixo
O eixo é fixado ao suporte conforme a figura 36. O eixo maior, com rosca externa, é
fixado a um eixo menor, com rosca interna, soldado ao suporte. A concepção de um eixo com
rosca foi idealizada para que possibilite ter diversos diâmetros de eixo em um mesmo suporte
e, podendo assim, variar o tamanho dos rolamentos sem a alteração do suporte.
Figura 36: Suporte e eixo
7. Suporte da polia tensora
Com o passar do uso, com a utilização de novas correias ou ainda com o uso de
rolamento com dimensões diferentes do especificado neste trabalho, a correia passa a
apresentar uma pequena folga, ficando frouxa e correndo o risco de se deslizar do conjunto
polia/rolamento. Para solucionar este problema, é ideal a utilização de uma polia que irá atuar
como uma polia tensora, evitando estes tipos de problemas. A polia tensora, quando
necessária a sua utilização, irá ficar presa no suporte, que é fixo na bancada. A figura 37 e 38
apresenta o esquema proposto.
64
Figura 37: Suporte e polia tensora
Figura 38 : Bancada de ensaio com a polia tensora
8. Detector de ultra-som
Existem marcas e modelos variados para este aparelho. O aparelho detector de ultra-
som apropriado para este tipo de ensaio deve apresentar como acessório o fone de ouvido, um
visor que mostra a medida da intensidade sonora e ter como opção a gravação dos sons
característicos dos defeitos.
Um modelo completo para este caso seria o Ultraprobe 10000, do fabricante
UeSystems, representado na figura 39.
65
Figura 39 : Aparelho detector de ultra-som
5.1. Orçamento da Bancada de Testes
Foi feita uma consulta com alguns fornecedores a fim de realizar um orçamento dos
principais componentes da bancada de teste. A tabela 4 apresenta o orçamento realizado.
Tabela 4: Orçamento da bancada
Equipamento/
ComponenteQuantidade Fornecedor
Preço Unitário
(R$)
Ultraproble 10000 1 Instronic 42.584,32
Rolamento 1 Rolatel 28,50
Correia 1Giusto Correias
Planas19,50
Polia 2 CP Polias 36,00
Motor 1 ESA 300,00
Inversor de
Frequência1 Mlti Drive 370,00
Preço Total 43.374,32
5.2. Falhas Induzidas em Rolamentos
Os rolamentos deverão sofrer uma falha induzida, para que possa caracterizar seus
defeitos. É necessário, então, criar defeitos do tipo localizado (furos, pequenos lascamentos)
nas pistas interna e externa dos rolamentos, assim como em seus elementos girantes. Defeitos
distribuídos, como corrosão e arranhões, também deve ser provocados.
66
Para elaborar o defeito do tipo corrosão, é recomendável mergulhar o rolamento em
uma solução ácida, do tipo HCL, por diferentes estágios de tempo. Isso permite a criação de
uma escala de defeitos que abrange corrosões das mais leves, até as mais severas.
Para a criação do defeito tipo riscado, riscos devem ser executados no rolamento com
brocas com ponta de diamante. Os defeitos pontuais também devem ser executados com
brocas com ponta de diamante, gerando profundidades e larguras diferentes para formar
diferentes furos e pequenos lascamentos. Os vários defeitos criados com brocas, com
profundidades diferentes, têm por objetivo simular os vários graus de severidade de defeitos.
Um dos primeiros passos, ao executar o proposto ensaio, é estabelecer os valores de
referência para os rolamentos sem defeitos. Após isso, cria-se o banco de dados de defeitos
induzidos em rolamentos.
5.3. Procedimentos de Ensaio
Uma sequência importante deve ser executada na realização dos ensaios de detecção de
ultra-som:
Escolher o local para fazer as leituras ;
Identificar o local escolhido e sempre realizar as medições no mesmo local ;
Verificar a velocidade e a carga da máquina, pois as diferenças afetam a leitura ;
Definir a frequência de captação do aparelho ;
Ajustar a sensibilidade para obter uma boa qualidade do sinal ;
Aproximar do rolamento sempre com o mesmo ângulo de aproximação da máquina
com o instrumento;
Aplicar a mesma quantidade de pressão ao fazer a leitura. A pouca pressão gera uma
leitura inferior e uma pressão maior faz com que a leitura seja elevada;
A leitura em decibéis deverá ser guardada e se for percebido que o rolamento está
emitindo um som incomum, é recomendável gravar a sua reprodução para uma
posterior análise no software .
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Com o presente aparelho de detecção de ultra-som, como já foi dito, é possível
reconhecer o defeito característico do rolamento por três formas: pelo fone de ouvido, pelo
nível de intensidade sonora, e pela análise no software. É muito importante que o aluno
aprenda a caracterizar o defeito através de todas as formas, porém é de grande importância
que ele possa, através da análise do som, aplicar os conhecimentos teóricos aprendidos em
sala de aula, possibilitando o processamento do sinal adquirido e sua interpretação.
Este trabalho propõe que o aluno, para trabalhar seus conhecimentos teóricos, faça a vez
do software do equipamento, e através do software MATLAB, consiga aplicar técnicas de
processamento do sinal sonoro.
6. CONCLUSÃO
Com o estudo feito neste trabalho, através do princípio de funcionamento do
equipamento e experimentos realizados através do Matlab, é possível afirmar a viabilidade da
técnica de inspeção por ultra-som na detecção de defeitos em rolamentos.
Baseado no entendimento do funcionamento e das condições de falha do rolamento,
foi possível elaborar uma bancada de ensaios para o laboratório de metrologia da EEIMVR,
que irá permitir aos alunos a prática de técnicas de detecção de defeitos por ultra-som,
aplicando os conhecimentos teóricos aprendidos em sala de aula, podendo ter uma visão
prática da realidade encontrada em um ambiente industrial.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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70
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Bonjorno; Clinton. ‘Temas de Física 2’. São Paulo : Ed. FTD S.A. , 1998.