PROJETO GERENCIAMENTO COSTEIRO - GERCO (3ª FASE)

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PROJETO GERENCIAMENTO COSTEIRO - GERCO (3ª FASE) Praia do Estaleiro – Mun. de Balneário Camboriú (SC) GEOMORFOLOGIA

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PROJETO GERENCIAMENTO COSTEIRO - GERCO(3ª FASE)

Praia do Estaleiro – Mun. de Balneário Camboriú (SC)

GEOMORFOLOGIA

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE

SECRETARIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EINTEGRAÇÃO AO MERCOSUL - SDE

SECRETARIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO RURAL EDA AGRICULTURA - SDA

PROJETO GERENCIAMENTO COSTEIRO - GERCO(3ª FASE)

GEOMORFOLOGIA

RELATÓRIO TÉCNICO: ROGÉRIO DE OLIVEIRA ROSA

MAPAS: NATANAEL SÉRGIO MACIELROGÉRIO DE OLIVEIRA ROSA

FLORIANÓPOLIS

2002

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE

SÉRGIO BESSERMAN VIANNA

PRESIDENTE

GUIDO GELLI

DIRETOR DE GEOCIÊNCIAS

CELSO JOSÉ MONTEIRO FILHO

CHEFE DO DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS EESTUDOS AMBIENTAIS

EXECUÇÃO

DIVISÃO DE GEOCIÊNCIAS DO SUL - DIGEO/SUL

CHEFE: ULISSES PASTORE

GERÊNCIA DE ESTUDOS AMBIENTAIS - DIGE/SUL-SE2

GERENTE: JOSÉ MARCOS MOSER

GERÊNCIA DE GEODÉSIA E CARTOGRAFIA - DIGE/SUL-SE1

GERENTE: PAULO ROBERTO GUIMARÃES LEAL

SUPERVISÃO DO PROJETO

SUPERVISOR: SÉRGIO HIDEITI SHIMIZU

APOIO TÉCNICO

CARTOGRAFIA: LUIZ GUSTAVO VIEIRAVERONI JOSÉ CRISTOVÃOPAULO ROBERTO GUIMARÃES LEAL

BIBLIOGRAFIA: LIANA SCHEIDEMANTEL SOARES

GEOPROCESSAMENTO:

COORDENAÇÃO: JOSÉ MARCOS MOSER

DIGITALIZAÇÃO E EDIÇÃO DA BASE CARTOGRÁFICA:

MARIA LÚCIA VIEIRASÉRGIO FERREIRAJAIR SOUZA CARDOSOMÁRCIA FERNANDES DE SOUZA HACK

DIGITALIZAÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS:

SÉRGIO FERREIRAJAIR SOUZA CARDOSO

EDIÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS:

MÁRCIA FERNANDES DE SOUZA HACK

DIGITAÇÃO DO RELATÓRIO TÉCNICO:

GLÁUCIA DA SILVA

SUPORTE DE INFORMÁTICA:

LUIZ FERNANDO REINHEIMER

CAPAROGÉRIO DE OLIVEIRA ROSA

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INDICE

1 - APRESENTAÇÃO............................................................................................... 6

2 - INTRODUÇÃO.................................................................................................... 6

3 - LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ............................................................................... 8

4 - METODOLOGIA ................................................................................................ 8

4.1 - Análise do Material......................................................................................... 11

4.2 - Etapas de Trabalho ......................................................................................... 12

4.3 - Composição do Mapa ..................................................................................... 13

4.4 - Estrutura da Legenda...................................................................................... 14

5 - CARACTERÍSTICAS GEOMORFOLÓGICAS ............................................. 15

5.1 - Domínio Morfoestrutural Depósitos Sedimentares Quaternários ................. 17

5.2 - Domínio Morfoestrutural Bacia Sedimentar do Paraná ................................ 27

5.3 - Domínio Morfoestrutural Coberturas Molassóides e Vulcanitos Associados .........34

5.4 - Domínio Morfoestrutural Rochas Granitóides............................................... 40

5.5 - Domínio Morfoestrutural Rochas Metavulcanosedimentares ....................... 46

5.6 - Domínio Morfoestrutural Embasamento em Estilos Complexos ................... 48

6 - AVALIAÇÃO DO RELEVO............................................................................. 51

6.1 - Classes do Relevo............................................................................................. 51

7 - TIPOS DE MODELADOS ................................................................................ 52

7.1 - Modelado de Dissecação – D ........................................................................... 52

7.2 - Modelado de Acumulação – A......................................................................... 53

7.3 - Modelado de Aplanamento – P........................................................................ 55

7.4 - Modelado de Degradação Ambiental – H ....................................................... 55

8 – DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA............................................................ 56

9 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 68

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1 - APRESENTAÇÃO

O mapeamento geomorfológico do Litoral de Santa Catarina - Setor 3, realiza-do pelo IBGE através de sua Diretoria de Geociências, constitui-se num instrumentode apoio à execução do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro PNGC. O presentetrabalho é resultante de um contrato de prestação de serviços técnicos celebrado entreo IBGE e o Governo do Estado de Santa Catarina, a quem compete as atribuições ine-rentes ao desenvolvimento do plano.

O mapeamento teve como objetivo principal o levantamento das principais ca-racterísticas geomorfológicas da zona costeira catarinense, cartografadas na escala1:100 000 e detalhadas em relatórios técnicos que abrangem toda a sua extensão. ADivisão de Geociências do Sul - DIGEO/SUL é a unidade do IBGE responsável pelodesenvolvimento da pesquisa cujos resultados finais são expressos por este volume emais 10 mapas geomorfológicos elaborados na escala 1:100 000.

2 - INTRODUÇÃO

Trata-se de uma área potencialmente favorável ao desenvolvimento de ativida-des econômicas principalmente onde o potencial de recursos naturais são excelentespara a exploração do solo, da vegetação e dos recursos hídricos bem como para o des-envolvimento da atividade industrial e do turismo.

Estas características favorecem a fixação do homem e o desenvolvimento eco-nômico e social regional, apoiado numa rede de comunicação representada por rodo-vias federais e estaduais pavimentadas que cortam a área no sentido N-S e no sentidoE-O.

Além das rodovias deve-se destacar também a localização neste setor do lito-ral, dos três maiores aeroportos existentes em Santa Catarina - Florianópolis, Nave-gantes e Joinville, bem como também dos igualmente maiores portos marítimos, quaissejam, Itajaí e São Francisco do Sul.

O caráter predatório da exploração dos recursos naturais e a conseqüente de-gradação dos diversos ecossistemas que ocorrem nesta área assim como em todo o lito-ral catarinense, e brasileiro, desencadeou uma onda crescente de preocupações nasinstituições públicas ou não, voltadas às questões ambientais.

O fortalecimento destas instituições bem como a concepção de planos e pro-gramas que visam garantir a proteção e a manutenção do meio ambiente, surge comouma tentativa de reverter ou mitigar os impactos decorrentes da falta de planejamentona ocupação da zona costeira.

Especificamente no caso brasileiro a adoção de medidas que tem por objetivopreservar o patrimônio natural, surge com intensidade a partir da concepção de zonacosteira como Patrimônio Nacional, expressa na Constituição Federal de 1988.

É dentro deste contexto que surge o Plano Nacional de Gerenciamento Costei-ro - PNGC entendido como uma estrutura operacional que envolve ações/projetos arti-culados entre a esfera federal, estadual e municipal que visam rastrear os efeitos dos

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principais vetores de transformação que atuam na conformação da dinâmica de ocupa-ção dessa importante parcela de território nacional.

A Zona Costeira brasileira, fonte de alto potencial de recursos se prolonga por7.367 km de extensão abrangendo uma área emersa de aproximadamente 442.000 km2

que eqüivalem a 5% do território nacional. Esta exígua faixa territorial abriga mais de25% da população brasileira, ou seja, cerca de 40 milhões de habitantes.

A amplitude latitudinal entre 4ºN e 34ºS explica as diferentes característicasdos macrossistemas atmosférico, continental e oceânico, e a integração entre eles im-prime uma diversidade de paisagens compostas de ambientes potencialmente ricosmas, sobretudo, vulneráveis, dadas as condições dinâmicas do suporte físico e as rela-ções complexas que se processam entre seus componentes bióticos e abióticos.

O litoral catarinense com seus 531 km de extensão envolve uma superfície de9.250 km2. Cabe destacar que considerado isoladamente o Setor 3 deste litoral é o queapresenta índice de urbanização mais expressivo já que dos 700.000 habitantes ali re-sidentes, 93% ocupam as áreas urbanas.

O processo de adensamento dos núcleos urbanos iniciado na década de 70 seintensificou nos anos 80 com a exploração do turismo e a conseqüente difusão dosbalneários que alteraram profundamente a estrutura espacial e econômica da zonacosteira.

Sua natureza é revalorizada tornando-se fonte de informações para a ciência ea tecnologia, particularmente para a biotecnologia, hoje um elemento do poder.

Acrescida do valor adquirido para o lazer, a zona costeira torna-se zona decontato de circuitos logísticos globais; terras, mar e ar se aproximam e se interligamcomo resultado da contração do espaço. A solução dos conflitos geopolíticos decor-rentes de sua utilização atual ou futura, devem permear as políticas de meio ambiente,explicando a imperiosidade de proteção ambiental e do (re)ordenamento territorial.

A conformação variada do conjunto das formas de relevo decorrente da supe-rimposição de sistemas morfoclimáticos e das condicionantes de natureza litológica eestrutural, possibilitou a divisão do Setor 3 em seis domínios morfoestruturais queconstituem o táxon maior na metodologia adotada pelo IBGE para trabalhos de cunhogeomorfológico. Os domínios morfoestruturais refletem importantes eventos geotectô-nicos e mantêm relação causal com condicionantes litológicas e fatores paleoclimáti-cos. Neste setor do litoral catarinense se encontram rochas de alto grau metamórficoque datam do Arqueano, entre 3,0 e 2,6 bilhões de anos e estão entre as mais antigasencontradas no território brasileiro, até rochas e sedimentos depositados em épocasmais recentes (Quaternário) sob a influência de movimentos glacio-eustáticos associa-dos à dinâmica costeira.

Os principais tipos de solos existentes na área são os Cambissolos, Podzólicos,Podzol e Podzol Hidromórfico, os dois últimos especificamente em áreas pertencentesao Domínio Morfoestrutural Depósitos Sedimentares Quaternários.

A cobertura vegetal é constituída predominantemente por espécies pertencen-tes à Floresta Ombrófila Densa e suas várias formações e secundariamente pela Flo-resta Ombrófila Mista. Ressalta-se contudo o avançado estágio de degradação a queestão submetidas essas formações vegetais, degenerando para uma vegetação secundá-ria ou sendo substituídas por pastagens e áreas de cultivo.

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3 - LOCALIZAÇÃO DA ÁREA

O Setor 3 compreende a zona costeira localizada entre o paralelo de 27º30’S eo limite com o estado do Paraná.

Para oeste a área avança até a escarpa da Serra Geral englobando desta manei-ra toda a vertente atlântica, perfazendo um total de 21.200 km2 (Vide Fig. 1).

Posteriormente ao início do levantamento temático, o Setor 3 teve seus limitesredefinidos passando a englobar uma superfície de 3.921 km2. Este novo recorte espa-cial estabelece como limite do Setor 3 para oeste, as divisas municipais.

Na escala 1:100 000 o Setor 3 está contido nas Cartas Topográficas SG.22-Z-A-II, Z-A-V, Z-A-VI; SG.22-Z-B-I, Z-B-II, Z-B-IV, Z-B-V; SG.22-Z-C-II, Z-C-III;SG.22-Z-D-I, Z-D-II e SG.22-Z-D-III (Vide Fig. 2).

4 - METODOLOGIA

O mapa geomorfológico anexo adota uma metodologia e correspondente con-cepção gráfica essencialmente diferenciadas daquelas utilizadas em outros trabalhos-desenvolvidos pelo IBGE, sobretudo em função da escala 1:100 000 adotada pelo Ge-renciamento Costeiro de Santa Catarina - GERCO/SC.

A par desta diferenciação convém ressaltar que a própria metodologia geomor-fológica evoluiu claramente e por etapas com graduais e constantes avanços. Estas eta-pas fundamentam-se em dois pontos essenciais: o aumento do nível interpretativo pelomais apurado controle das relações imagem/terreno e a reorganização das informaçõesconseguidas através de uma expressão gráfica que procura traduzir, no mapa, a visãoglobal e a riqueza de detalhes proporcionada por sensores orbitais e sub-orbitais, alémdos informes conseguidos na bibliografia e/ou no campo.

As modificações alcançaram um nível elevado do ponto de vista de concep-ções teóricas, embora muitas delas só possam ser avaliadas após a impressão final domapa. Todavia uma carta temática sintetiza de modo orgânico, uma série de experiên-cias feitas ao longo de mais de uma década de pesquisas no litoral de Santa Catarina. Abusca de novas soluções não cessou e o esforço para colocá-las sob impressão sempresignificou um princípio básico de aperfeiçoamento constante.

Tanto as concepções cartográficas adotadas como o nível de domínio sobre osprodutos de sensoriamento remoto estiveram sempre condicionadas ao acesso sobre asformas de relevo e a análise de materiais e de processos geomorfológicos, bem como ànatureza e a qualidade do acervo disponível do ponto de vista bibliográfico e cartográ-fico.

O aprimoramento da qualidade se deu no âmbito de qualificação e quantifica-ção dos processos geomorfológicos e no aumento do poder de observação e controle daextrapolação das formas, materiais e processos morfogenéticos.

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4.1 – Análise do Material

Os materiais básicos empregados na pesquisa geomorfológica são as fotografi-as aéreas preto e branco escala 1:25 000 e infravermelho falsa-cor escala 1:45 000,cartas topográficas 1:50 000, imagens monocromáticas do satélite Landsat sensor TMescala 1:100 000 e os mosaicos semi-controlados de radar escala 1:250 000. Face adiversidade de escalas cada um desses produtos se presta a uma determinada finalida-de, embora seja ocioso simplesmente compará-los.

De maneira geral as fotos aéreas, as imagens de satélite e as de radar formamum conjunto de ferramentas que se presta adequadamente à interpretação geomorfoló-gica.

A baixa qualidade de alguns destes produtos bem como as distorções decor-rentes de ajuste, revelação ou impressão foram reconhecidas e analisadas sendo, porisso, controladas. Raramente a informação fica ausente, mas a consulta a outras fontespode suprir esta deficiência.

Analisadas as limitações e qualidades, constata-se que as ferramentas utiliza-das de interpretação geomorfológica são complementares, especialmente o emprego decartas topográficas que são úteis essencialmente para medições, quantificações e defi-nição do grau de dissecação do relevo.

Além dessas finalidades as cartas também auxiliam na correlação ima-gem/terreno dando referências significativas. O emprego da tecnologia GPS tem semostrado de extrema utilidade na plotagem exata dos pontos descritos e/ou amostra-dos, fornecendo igualmente importantes referências na correlação imagem/terreno.

Um dos objetivos básicos do Mapa Geomorfológico é fornecer um quadro ge-ral da Geomorfologia Costeira de Santa Catarina. Além deste objetivo convém destacarque o mapeamento fornece informes técnicos interdisciplinares a um número crescentede usuários. A ampliação e diferenciação dos usuários de Mapas Geomorfológicos re-presenta sempre um sério problema para a linguagem, seja cartográfica seja descritiva.

Um problema que surge freqüentemente é a integração de pesquisas geomor-fológicas levadas a cabo segundo diferentes linhas metodológicas; o Mapa Geomorfo-lógico produzido pelo IBGE sempre que possível procura exercer a função de integra-ção entre diferentes fontes de conhecimento geomorfológico.

Um outro aspecto a ser mencionado no que tange às dificuldades de entendi-mento técnico, diz respeito à falta de uma tradição no uso de termos geomorfológicosno Brasil, associada a uma grande riqueza semântica para alguns topônimos e a inex-pressividade ou, em certos casos, às conotações regionais que dificultam uma compo-sição segura em termos de perfeita correspondência terminológica.

O importante parece ser a análise e a representação mais condizente com a re-alidade terrestre e com as expectativas dos usuários, sem perder seu significado geo-morfológico intrínseco.

Outro princípio fundamental do mapeamento está na definição do que deve serou não mapeado. A escala de publicação do mapa 1:100 000 por si mesmo delimita aexpressão espacial do fato geomorfológico, constituindo-se num parâmetro importantepara avaliações do nível de acuidade da pesquisa geomorfológica.

O mapeamento geomorfológico inserido no GERCO/SC adquire característicade recobrimento adequado a escala, apresentando uma linguagem cartográfica aberta,

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para a qual convergem informes científicos e pragmáticos; além disso visa fornecer umquadro geral do litoral catarinense, dentro do qual estudos e pesquisas possam ter umamplo referencial.

4.2 - Etapas de Trabalho

Estabelecidos os princípios gerais de metodologia, as etapas de trabalho são omodo decorrente para satisfazer aqueles princípios.

Estas etapas garantem um tratamento homogêneo das informações geomorfo-lógicas levantadas ao longo de todo o litoral de Santa Catarina. Os mapas resultantessão, portanto, um produto de qualidade uniforme.

Na seqüência operacional, a primeira fase consiste no levantamento do materi-al bibliográfico e de toda a cartografia de apoio.

Uma exploração inicial sobre o mosaico semi-controlado de radar na escala1:250 000 permite obter uma visão global da área.

Num segundo nível é feito um reconhecimento as imagens de Landsat TM1:100 000 e nas fotos aéreas escala 1:45 000 através de uma análise mais detalhada. Ascorrelações temáticas, quando disponíveis, devem ser realizadas. Mapeamentos geoló-gicos, pedológicos e topográficos são sempre buscados porque permitem que as rela-ções mais diretas sejam explicadas.

A fase de interpretação preliminar constitui a segunda etapa de trabalho. Elacomporta uma seqüência de estudos que começa com a análise descritiva da drenagem,incluindo estudo individual dos cursos d’água, das sub-bacias e das bacias hidrográfi-cas e por último, da definição dos tipos de modelados encontrados na área.

Delimitados os tipos de modelados, as informações são orientadas na direçãode agrupar aqueles que tenham uma evolução geomorfológica comum. Desse modo sãoesboçados preliminarmente as unidades geomorfológicas, as quais por sua vez ao se-rem agrupadas constituirão os domínios morfoestruturais.

Terminada a interpretação preliminar, iniciam-se as operações de campo, feitasno presente caso através de percursos sobre o terreno. Estas operações permitem apro-fundar o controle imagem/terreno bem como a descrição do relevo e a coleta de amos-tras de material das formações superficiais. Possibilitam igualmente a observação dedetalhes da geomorfogênese, do grau de equilíbrio das vertentes, das relações rocha-relevo-solos bem como de aspectos da vegetação e das formas de uso da terra.

Durante a reinterpretação ocorre, como em qualquer trabalho científico, umretorno sucessivo às interpretações preliminares.

As folhas reinterpretadas na escala 1:50 000 são reduzidas para a escala1:100 000. Este procedimento retira algum subjetivismo ocasionalmente incluído nainterpretação preliminar. Atualmente todo o processo de produção de mapas temáticospelo IBGE está informatizada. O software usado na digitalização dos mapas é o Mi-croStation. Ressalte-se que os mapas estão perfeitamente adaptados para sua eventualutilização em um ambiente SIG, especialmente aqueles sistemas concebidos sob a óticado planejamento ambiental e (re)ordenamento territorial.

O preparo do relatório final é a última etapa dos trabalhos executados sobre aárea. Esta posição nas etapas de trabalho se justifica na medida em que o relatório

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contém a descrição, classificação e explicação dos fatos mapeados. Além disto o rela-tório resume um número de informações que não são mapeadas. As restrições de es-cala criam a necessidade de aumentar o número de informações e interpretações obti-das.

4. 3 - Composição do Mapa

A evolução da metodologia foi acompanhada por uma série de modificaçõesna composição do mapa e na organização de sua legenda.

O problema principal a ser equacionado é o da compatibilidade entre a taxo-nomia dos fatos mapeados e os recursos disponíveis à sua impressão.

Para que estes objetivos fossem realizados, utiliza-se combinação de cores, le-tras-símbolos, eventualmente conjuntos alfa-numéricos e símbolos, empregados se-gundo a ordem de grandeza e o grau de importância dos fatos mapeados na escala1:100 000.

O emprego de cores é o recurso gráfico fundamental e de visualização ime-diata; elas são empregadas na representação dos fatos de 1ª e 2ª ordens de grandeza, ousejam os domínios morfoestruturais e as unidades geomorfológicas.

Para cada domínio é utilizada uma cor básica, da qual podem ser derivadasoutras da mesma gama para representar a decomposição dos domínios em unidades. Oobjetivo é facilitar a visualização de unidades geomorfológicas incluídas em um mes-mo domínio morfoestrutural.

O princípio de utilização de cores por decomposição de fatos mapeados se-gundo sua taxonomia, reduz a expressão espacial das cores a ponto de exigir a partir daterceira ordem de grandeza a utilização de outros recursos gráficos, tais como, retícu-las, convenções cartográficas, letras-símbolos, etc.

A chave das letras-símbolos seguiu um princípio de utilização do menor núme-ro possível de componentes; o primeiro elemento é uma letra-maiúscula referente aostipos genéticos de modelados de aplanamento (P), de acumulação (A), de dissecação(D) e de degradação ambiental (H).

Nos modelados P, A e D são usadas letras minúsculas para qualificar as ca-racterísticas inerentes a cada um deles.

A quarta ordem de grandeza dentro do princípio básico de organização taxo-nômica decrescente, abrange fatos que por sua dimensão especial são representadospor símbolos lineares e pontuais.

A possibilidade de utilização de simbologia específica é enorme, além disto épossível que em função de determinados objetivos do mapeamento e/ou da escalaadotada eles simplesmente não venham a ser empregados.

4.4 – Estrutura da Legenda

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A estrutura da legenda no mapa geomorfológico foi organizada para que as in-formações mapeadas pudessem ser dinamizadas dentro da classificação taxonômicaexpressa em ordem de grandeza. É esse princípio que organiza as unidades da estruturada legenda.

O primeiro comando é dado pelos títulos dos domínios morfoestruturais (orga-nizados em chaves laterais). Há uma ordenação na citação destes domínios refletindouma implicação geocronológica, em que fatos devem ser plotados na legenda dos maisrecentes para os mais antigos.

A subdivisão dos domínios é feita imediatamente aos seus títulos, pela titula-ção das unidades geomorfológicas, organizadas segundo seus graus de expressividadeespacial. Abaixo dessas titulações estão representados os modelados de dissecação, deacumulação e de aplanamento por barras geométricas podendo, conter a indicação darespectiva área mapeada.

Estas barras contêm ainda as associações de letras-símbolo qualificando os ti-pos de Modelados de Aplanamento, de Dissecação, de Acumulação e de DegradaçãoAmbiental.

Os domínios morfoestruturais constituem o maior táxon na divisão do relevo;estes por sua vez, são subdivididos em unidade geomorfológicas que constituem o se-gundo táxon.

As principais características dos domínios e das unidades estão descritos noCapítulo 5 - Características Geomorfológicas.

Os tipos de modelados são separados de acordo com a gênese e/ou energia dorelevo e definidos sob o título de Modelado de Dissecação (D), de Acumulação (A) ede Aplanamento (P) e de Degradação Ambiental (H).

Os Modelados de Dissecação (D) são resultantes de processos erosivos ligadosà dinâmica fluvial e/ou pluvial, sendo classificados de acordo com a forma de relevodominante.

Os Modelados de Acumulação (A) são identificados de acordo com os proces-sos genéticos e os ambientais de deposição, cujas características se traduzem em faci-lidades ou obstáculos à sua ocupação.

Os Modelados de Aplanamento (P) são decorrentes de processo de pediplana-ção e ocorrem indistintamente em diversos tipos de litologias.

Os Modelados de Degradação Ambiental (H) resultam da intervenção antrópi-ca e podem ser encontrados em qualquer um dos tipos anteriores, caracterizando-secomo um tipo especial de modelado sobretudo em função de sua origem.

Os diversos tipos de modelados, bem como suas principais características, sãodescritos no capítulo seguinte.

Os aspectos geomorfológicos mapeados na última ordem de grandeza, são or-ganizados na lista de símbolos, independentemente da unidade geomorfológica ondeocorram.

De acordo com a natureza da metodologia e a oportunidade da publicação emcores, o mapa geomorfológico resultante amplia os conhecimentos geomorfológicos,possibilitando sua utilização por especialistas em outras áreas afins de conhecimento.

Além disto fornece dados sobre a composição do relevo por unidade de ma-nejo ambiental, que constitui o embasamento teórico-prático sobre o qual devem seapoiar a análise e o planejamento regional e programas de (re)ordenamento territorial.

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5 – CARACTERÍSTICAS GEOMORFOLÓGICAS

A heterogeneidade litológica e a diversidade de aspectos estruturais do Setor 3,representadas por rochas efusivas e sedimentares gonduânicas bem como por comple-xos magmáticos e rochas metamórficas cristalinas, associadas lateral e verticalmenteaos sedimentos quaternários depositados em diversos tipos de ambientes, se reflete nagrande diversidade de aspectos geomorfológicos, encerrados em seis domínios morfo-estruturais: Depósitos Sedimentares Quaternários, Bacia Sedimentar do Paraná, Co-berturas Molassóides e Vulcanitos Associados, Rochas Granitóides, Rochas Metavul-canosedimentares e Embasamento em Estilos Complexos.

Os domínios morfoestruturais organizam a causa de fatos geomorfológicos de-rivados de aspectos amplos da geologia com os elementos geotectônicos, os grandesarranjos estruturais e, eventualmente, a predominância de uma litologia conspícua.Fatores paleo-climáticos são também intervenientes na definição dos arranjos regionaisde relevo encerrados nos domínios morfoestruturais.

Os domínios morfoestruturais comportam por sua vez, conjuntos de formas derelevo fisionomicamente semelhantes em seus modelados, resultado da atuação de di-versos processos morfogenéticos. Esses conjuntos formam as unidades geomorfológi-cas que constituem o segundo taxon na classificação de relevo adotado. Cada unidadegeomorfológica evidencia processos originários, formações superficiais e tipos de mo-delados diferenciados das demais.

O comportamento da drenagem, seus padrões e anomalias são tomados comoreferencial na medida em que revelam as relações entre os ambientes climáticos atuaisou passados e as condicionantes litológicas ou tectônicas.

A convergência de muitos indicadores coerentes entre si, é o instrumento ade-quado para a separação das unidades geomorfológicas, desde que apenas um único in-dicador em geral, é insuficiente para definir uma evolução geomorfológica complexa.Estas unidades não tem dimensão prefixada, mas procura-se evitar a microcomparti-mentação já dificultada pelo próprio princípio taxonômico adotado, desde que a divi-são de uma unidade geomorfológica recairia sobre uma ordem de grandeza menor.

Uma unidade geomorfológica pode ser tomada como base de uma divisão fi-siográfica, quando considerada a interação dos elementos constituintes de sua paisa-gem como solo, clima e vegetação.

Os trabalhos de campo e de foto-interpretação bem como a consulta bibliográ-fica à diversos trabalhos já realizados neste setor do litoral catarinense, conduziram àidentificação de 13 unidades geomorfológicas: Planícies Marinhas, Planícies Aluviais,Planos e Rampas Colúvio-Aluviais, Patamares da Serra Geral, Patamares e Platôs doAlto Rio Itajaí, Serrania do Alto e Médio Itajaí-Açu, Morros e Colinas do Médio eBaixo Itajaí-Açu, Planalto de São Bento do Sul, Serras do Leste Catarinense, Serra doMar, Morraria Costeira, Colinas Costeiras e Serras Cristalinas Litorâneas (Quadro 1).

As unidades geomorfológicas foram avaliadas pela sua vulnerabilidade, combase na proposta de Tricart (1977); foram definidos cinco graus de Vulnerabilidade:Baixa, Média, Alta, Muito Alta e Crítica.

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Meios Estáveis → Vulnerabilidade BaixaMeios Intergrades → Vulnerabilidade Média, Alta e Muito AltaMeios Instáveis → Vulnerabilidade Crítica

Os resultados obtidos foram parametrizados pelos fatores de erodibilidade,tomando-se como atributos as características das rochas, do relevo, do solo e os pro-cessos morfogenéticos.

A intensidade erosiva teve como indicadores a capacidade de proteção da co-bertura vegetal e a dinâmica das chuvas, a partir da freqüência e intensidade dos valo-res diários (máximo de precipitação em 24, 48 e 72 horas).

A análise da vulnerabilidade serviu de subsídio para o estabelecimento dasClasses de Avaliação do Relevo que constitui o Capítulo 6 deste Relatório Técnico.

DOMÍNIOS MORFOESTRUTURAIS UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS

A – Planícies Marinhas

B – Planícies Aluviais1 – Depósitos Sedimentares Quaterná-rios C - Planos e Rampas Colúvio-Alu-viais

D – Patamares da Serra Geral2 – Bacia Sedimentar do Paraná E – Patamares e Platôs do Alto Rio Itajaí

F – Serrania do Alto e Médio Itajaí-Açú3 – Coberturas Molassóides e Vulcani-

tos AssociadosG – Morros e Colinas do Médio e Bai-

xo Itajaí-Açú

H – Planalto de São Bento do Sul

I - Serras do Leste Catarinense4 – Rochas GranitóidesJ - Serra do Mar

5 – Rochas Metavulcanosedimentares K - Morraria Costeira

L - Colinas Costeiras6 - Embasamento em Estilos Comple-xos M - Serras Cristalinas Litorâneas

Quadro 1 - Compartimentação Geomorfológica do Setor 3

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5.1 - Domínio Morfoestrutural Depósitos Sedimentares Quaternários

Desenvolvendo-se de forma descontínua e ocorrendo generalizadamente portoda a fachada atlântica, este domínio é constituído fundamentalmente por planíciesalongadas na direção N-S e por superfícies em forma de rampas que se interiorizampelos principais vales fluviais.

Compreende essencialmente litologias do Quaternário, recebendo contribuiçãode áreas-fontes mistas, registradas pela presença de depósitos marinhos, aluvionares,lagunares, eólicos e detrítico-coluviais. Os sedimentos assim classificados ocorremisoladamente, justapõem-se ou ainda interligam-se num intrincado e complexo mosai-co de ambientes. Os sedimentos marinhos atuais são compostos por cordões de areiasquartzosas quase sempre bem selecionadas, distribuídas ao longo das praias, apresen-tando esporadicamente ilmenita e magnetita decorrentes das decomposições de diquesde rochas básicas. Os depósitos marinhos sub-atuais constituem na maioria das vezesextensos e elevados terraços, podendo atingir altitudes superiores a 20m. Os sedimen-tos aluvionares constituem os terraços e planícies elaboradas em argilas, areias e siltesinconsolidados oriundos da deposição fluvial em planícies de inundação e calhas fluvi-ais. Os sedimentos colúvio-aluvionares, de idade provavelmente pleistocênica, apare-cem comumente na forma de rampas constituindo os depósitos dos sopés de vertente ealuviões sub-atuais. Já os sedimentos de dunas são representados por areias quartzosasfinas e médias arredondadas e bem selecionadas, enquanto nas planícies de marés(manguesais ou mangues) ricos em matéria orgânica, tem elevado teor salino e baixaoxigenação, o que bem demonstra a forte influência das variações diárias do nível mé-dio do mar nestes ambientes.

O domínio dos Depósitos Sedimentares Quaternários, caracteriza-se ainda pelaalta susceptibilidade erosiva face à sua composição areno-síltico-argilosa inconsolida-da.

A diversidade de ambientes deposicionais, de granulometrias e de tipos demodelados ensejou a subdivisão deste domínio em três unidade geomorfológicas: Pla-nícies Marinhas, Planícies Aluviais, e Planos e Rampas Colúvio-aluviais.

5.1.1A - Unidade Geomorfológica Planícies Marinhas

Compreende todo o conjunto de ambientes associados aos sedimentos trans-portados e depositados sob o regime praial pela ação das ondas, correntes e marés,onde se incluem além das praias, os terraços marinhos e lagunares, as planícies eólicas,e os manguesais, bem como penínsulas, baías e enseadas entre as quais se desenvol-vem baixadas litorâneas descontínuas que constituem extensas praias como a de BarraVelha, por exemplo. Os modelados eólicos e os lagunares por sua pouca expressão es-pacial foram incluídos nesta unidade geomorfológica.

À exceção das planícies de marés (manguesais) e dos modelados eólicos todosos outros ambientes foram enquadrados na classe de Vulnerabilidade Moderada e Alta.

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As planícies de marés e os modelados eólicos por suas peculiaridades foram avaliadoscomo pertencentes à classe de Vulnerabilidade Muito Alta e Crítica.

Durante o Quaternário, mais especificamente no Holoceno, esta unidade geo-morfológica foi diretamente afetada pelas oscilações climáticas de longa duração. Asvariações glacioeustáticas modelaram extensos e elevados terraços de construção mari-nha, bem como várias gerações de cordões praiais e planícies de restinga (Vide Fig. 3).

Os terraços e as planícies marinhas foram edificadas pelos cordões praiais cujacoalescência propicia o aparecimento das planícies de restinga. Os cordões se apre-sentam como uma sucessão de cristas e cavados dispostos paralelamente uns em rela-ção aos outros e em relação à praia atual. As cristas apresentam, dependendo da suaaltura, retrabalhamento eólico, enquanto que os cavados tem aspecto paludal, abrigan-do estreitos e efêmeros cursos d’água.

As planícies de restinga além de edificarem praias, também ligam, pela cons-trução de tômbolos, antigas ilhas ao continente.

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A ação permanente das marés, embora tenham amplitude reduzida, alteraconstantemente os perfis praiais, com repercussão sobre os débitos fluviais, submeten-do a unidade a uma morfodinâmica extremamente forte. Este fato, aliado a textura pre-dominante arenosa das formações superficiais, onde se destacam os solos das classesAreias Quartzosas Marinhas e Podzol Hidromórfico, torna estes ambientes muito sus-ceptíveis à erosão.

As marés constituem o regime de pequenos cursos d’água alimentados quaseque exclusivamente pelas flutuações diárias do nível médio do mar, conhecidos com onome de marigots ou gamboas.

Disseminados por toda a Unidade Geomorfológica Planícies Marinhas, são en-contrados núcleos de elevações por vezes superiores a 100m e que pertencem às uni-dades geomorfológicas Serras do Leste Catarinense e Serra do Mar gerando contrastesaltimétricos acentuados em relação à topografia esbatida, típica das planícies marinhas.

Um tipo de ambiente de excepcional valor paisagístico e ecológico que ocorrenesta unidade são as planícies de maré ou mangues. Localizados junto a foz de algunsrios, sua principal característica é a presença de um solo tipo vasoso, rico em matériaorgânica e que propicia o desenvolvimento de uma vegetação típica e única, cuja com-posição florística e estrutural varia em função da distribuição geográfica.

A ocorrência junto a foz dos rios, e na orla de baías e enseadas revela as con-dições nas quais os mangues mais e melhor se desenvolvem: pouca declividade dofundo oceânico, o que facilita o ingresso da água salgada, associada a baixos níveis deenergia cinética.

Os modelados eólicos associados aos regimes dos ventos litorâneos correspon-dem no Setor 3 a um cordão dunar estreito e alongado na direção N-S, localizado prin-cipalmente ao sul e ao norte da foz do rio Itapocu, tendo portanto uma expressão espa-cial pouco significativa, razão pela qual não foram considerados como uma unidadegeomorfológica. Na Ilha de São Francisco do Sul e no extremo norte da Ilha de SantaCatarina, o Mapa Geomorfológico também registra a ocorrência de modelados eólicosclassificados como Aea (dunas móveis).

Os modelados são alimentados pela remobilização dos cordões praiais. Osventos que remobilizam as areias são provenientes de diferentes direções; os de nor-deste são mais freqüentes, ao passo que os do sul, apesar de ocorrerem num menornúmero de dias, tem atuação significante em função de sua elevada capacidade detransporte.

Os modelados eólicos são ambientes muito complexos e problemáticos sob oponto de vista do equilíbrio morfodinâmico e as freqüentes intervenções antrópicas emmuito tem contribuído para romper o precário equilíbrio morfodinâmico existente, comriscos eminentes de soterramento de áreas adjacentes. É comum o avanço das areiaseólicas sobre os sítios urbanos, invadindo vias de circulação e soterrando edificações.

Por se tratar de ambientes com vulnerabilidade crítica, devem ser adotadasrestrições de uso, visto que a utilização dos mesmos acarreta graves problemas ambi-entais com repercussões socioeconômicas negativas.

No Setor 3 do litoral catarinense não ocorrem grandes lagunas, sendo que asprincipais ocorrências estão restritas à região de Barra Velha; na unidade geomorfoló-gica em tela elas correspondem geralmente a paleolagunas e a áreas paludais, como asque ocorrem na Ilha de São Francisco do Sul.

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A terminologia de laguna adotada para designar os corpos líquidos confinadosexistentes ao longo do litoral catarinense em especial no Setor 1, deve-se aos processosoriginários através do crescimento de feixes de restinga.

A característica fundamental destas áreas é um modelado tipicamente planar,elaborado sobre sedimentos predominantemente areno-argilosos de natureza aluviale/ou coluvial.

Os processos de colmatagem muito ativo nestes corpos líquidos, é aceleradopela drenagem artificial dos terrenos circunvizinhos com vistas à utilização agrícola.Por suas condições edáficas e topográficas os modelados classificados como planícies(Al) e terraços (Atl) lagunares, são usados intensivamente para fins agrícolas, princi-palmente como pastagens e áreas de reflorestamento.

5.1.2B - Unidade Geomorfológica Planícies Aluviais

As áreas que constituem esta unidade ocorrem de forma descontínua interdi-gitando-se ora com as Planícies Marinhas, ora com os Planos e Rampas Colúvio-Aluviais. Os canais fluviais apresentam divagação lateral pouco acentuada o que evi-dencia o equilíbrio entre agradação e degradação vigente sob as atuais condições cli-máticas.

As Planícies Aluviais englobam um grande número de bacias hidrográficas in-dependentes e que fazem parte da vertente atlântica do território catarinense. Pela ex-tensão e débito fluvial destacam-se os seguintes rios: Tijucas, Itajaí-Mirim, Itajaí-Açu,Itapocu e Cubatão que têm nesta unidade apenas a parte correspondente aos seus bai-xos cursos e a foz (Vide Fig. 4).

A rede hidrográfica apesar de bem desenvolvida, não participa diretamente davida econômica regional, desempenhando papel secundário como meio de circulaçãonatural. As águas dos rios são empregadas no abastecimento doméstico e industrial, nairrigação dos terrenos agrícolas e mais restritamente como fonte de obtenção dos re-cursos da pesca. A piscosidade foi drasticamente reduzida pelo elevado nível de con-taminação, atualmente registrada, decorrente do uso indiscriminado de agrotóxicos naslavouras e metais pesados nas áreas mais industrializadas. No que diz respeito à agri-cultura o problema ocorre com mais intensidade nas áreas de rizicultura irrigada.

No extremo norte do Setor 3 a região de Joinville constitui a segunda área crí-tica estadual em termos de degradação dos recursos hídricos. A existência de indústriasde galvanoplásticos é responsável pelo lançamento diário de grande quantidade dechumbo e mercúrio, especialmente no rio Cachoeira.

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Os principais rios são considerados geomorfologicamente como recentes secomparados com os rios que pertencem à vertente hidrográfica do interior. Nas proxi-midades da foz, alargam seus cursos e suas faixas de deposição aluvial, formandomeandros e divagando pela planície fluvial que freqüentemente se entremeia com asplanícies marinhas. Nestas condições de evolução recente, a drenagem mostra clara-mente que, sendo um produto do relevo, ela é diretamente influenciada pelos aspectoslitoestruturais (Vide Fig. 5).

As planícies de base com larguras consideráveis, foram formadas em virtudedos perfis longitudinais com declives acentuados, associados aos elevados índices plu-viométricos ocorrentes na vertente atlântica.

As condições do exorreismo atual parecem ter sido originadas a partir do Ter-ciário Inferior. Estas condições se deduzem da desnudação generalizada que ocorre emtoda a fachada atlântica com uma intensa exportação e deposição de sedimentos

Episódios recorrentes de colmatagem e encaixamento da drenagem no planoaluvial, podem estar relacionados a variações na atuação dos processos morfogenéticoscomo conseqüência de mudanças climáticas, de modo geral, e da oscilação do nívelmédio do mar de modo particular, durante o Quaternário.

Tanto as mudanças de longo prazo como as flutuações que se verificavam emseu transcorrer tiveram grande influência na atuação dos processos morfogenéticos li-gados à vazão das correntes de água, através de alterações na sua capacidade e com-petência com implicações no padrão de fluxo dos canais.

Os rios que desembocam na baía de Babitonga apresentam uma característicasingular, qual seja, uma multiplicidade de canais formando um intrincado mosaico naregião localizada junto a foz, conferindo um padrão anastomosado a rede de drenagem.Esta é a região preferencialmente ocupada pelas planícies de marés.

A presença de grande quantidade de blocos rochosos e seixos em seus leitostambém é comum. Estes depósitos são correlacionáveis às flutuações climáticas queocorreram na Pleistoceno Superior e no Holoceno e resultam da retirada do material degranulometria mais fina dos depósitos heterométricos de talude, sobre os quais escoam.O mecanismo de formação deste tipo de depósitos é pouco funcional atualmente.

Os modelados que compõem esta unidade correspondem basicamente a planí-cies e terraços que foram avaliados como tendo vulnerabilidade moderada. A exceçãoocorre nas áreas de solos Podzol cuja avaliação resultou em vulnerabilidade alta.

5.1.3C - Unidade Geomorfológica Planos e Rampas Colúvio-Aluviais

Caracterizado como um ambiente de transição entre o marinho e o continental,as principais características deste geossistema são os modelados planos, localmenteabaciados, rampas de declividades diversas e, mais restritamente, formas tabulares,baixos platôs e colinas.

Os depósitos marinhos encontram-se sepultados pelos eólicos e torrenciais,sendo os primeiros dissipados e retrabalhados, descaracterizando sua origem.

Predominam na área os processos fluviais acompanhados pelos pluviais.

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Os modelados foram esculpidos sobre sedimentos depositados por fluxos tor-renciais nas porções distais de rampas pedimentares, leques de espraiamento e conesde dejeção. Localmente estes depósitos podem se apresentar ravinados pela ação daságuas de escoamento superficial difuso e/ou concentrado.

A granulometria e a cor das formações superficiais que correspondem geral-mente a Cambissolos, se diferenciam sobremaneira das demais unidades do DomínioMorfoestrutural Depósitos Sedimentares Quaternários. Nos Planos e Rampas Colúvio-Aluviais observa-se que a fração granulométrica predominante é argilosa em função dadesintegração química dos feldspatos, presentes em grande quantidade nas áreas-fontesdos sedimentos. Quanto à cor, constata-se que os mesmos apresentam geralmente colo-ração vermelha e/ou amarelo-avermelhada face ao elevado teor de óxido férrico(Fe2O3).

Ao longo do vale do rio Itajaí-Mirim, principalmente, a juzante da cidade deBrusque, até próximo à sua foz, ocorre relevo de colinas, talhado em material rudáceoque se alterna com seqüência de areias arcosianas e lentes de argilas onde o conjuntomostra espessura superior a 20 m. Este material foi denominado de Formação Itaipava(ITINERARY, 1975) englobando como um membro desta formação as Camadas Ca-nhanduva (BIGARELLA; SALAMUNI, 1961), que passaram a ser conhecidas comoMembro Canhanduva, tendo sido modificada também a ortografia da palavra, para aforma etimológica correta: Canhanduba. No Mapa Geomorfológico esta área foi mape-ada com a legenda Acc - Acumulação Coluvial Colinosa. Becker (1976) estudandoesta formação considera que ela corresponde à níveis de terraço do rio Itajaí-Mirim,enquanto os sedimentos do Membro Canhanduba equivalem à remanescentes de pedi-mentos. Nesta formação, assim como ocorre na Formação Pariquera-Açu, localizadano estado de São Paulo, a angulosidade dos seixos é maior nas áreas remanescentes depedimentos que nos terraços. Nesta área ocorrem de forma descontínua, três níveis deterraço com cascalho. O nível mais alto corresponde ao terraço observado na cidade deBrusque por Becker (op. cit.); o nível intermediário já encontra-se dissecado, compon-do os morros nas laterais do vale do Itajaí-Mirim e o baixo terraço com cascalho quemostra desnível em torno de 20m em relação ao topo do terraço anterior.

No vale do rio Tijucas entre as localidades de Canelinha e São João Batistatambém se observa deposição de seixos formando leitos, que se intercalam à camadasargilosas e de areias arcosianas. Este material foi descrito por Kaul (1977) como umnível de terraço de cota alta, correlacionável ao do rio Itajaí-Mirim. Isto é indicativo deque ao longo do Tijucas, também houve uma fase de deposição de material grosseiro,num nível de alto terraço, mas cujos sedimentos não foram preservados como no Itajaí-Mirim.

Próximo à localidade de Canelinha, a 2,5 km do rio Tijucas, ocorrem tambémsedimentos inconsolidados; vêem-se camadas argilosas intercaladas como camadasareno-siltosas e areias arcosianas, com leito de seixos. Observam-se em alguns cortesaté três leitos de seixos. Eles são, predominantemente, de quartzo e são angulosos esubangulosos. Este depósito não está diretamente ligado à calha do rio Tijucas. Asse-melha-se a remanescentes de fases de pedimentação, preenchendo depressões do terre-no. Ele se dispõe ao longo de colinas rampeadas em direção ao vale do rio do Moura,afluente do Tijucas. Seu aspecto é semelhante ao material que compõe o Membro Ca-nhanduba, da Formação Itaipava.

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Bigarella, Marques Filho e Ab’Saber (1961) estudando os sedimentos deposi-tados na vertente e sopé da serra do Iquererim em Santa Catarina, verificaram a ocor-rência de material detrítico grosseiro e de composição heterogênea que denominaramde Formação Iquererim. A análise desse material permitiu aos autores a identificaçãode duas fases de deposição, que correlacionaram à processos de pedimentação, ocorri-dos durante o Quaternário. Analisando o tipo de sedimento concluíram que seu depó-sito está associado à fases de clima semi-árido, com predominância de desagregaçãomecânica e onde as chuvas torrenciais provocaram corridas de lama, transportando omaterial através da encosta. A interpretação dada pelos autores para a gênese da For-mação Iquererim, contribui para o estudo e interpretação dos demais sedimentos queocorrem na área próxima ao litoral, relacionando sua ocorrência, à processos ligados àsoscilações climáticas quaternárias. Essas oscilações estão associadas aos períodos gla-ciais que correspondem a níveis de mar baixo e clima seco e períodos interglaciais queresultaram em níveis de mar alto e climas úmidos.

Levando em consideração a recorrência cíclica dos fenômenos climáticosocorridos durante o Pleistoceno é que Bigarella e Mousinho (1965) explicam a origeme deposição dos sedimentos da Formação Pariquera-Açu, cuja linha foi seguida porBecker (1976) para a gênese da Formação Itaipava. Estas conclusões eqüivalem àsidéias obtidas neste mapeamento, através do estudo destas formações; assim durante asfases de clima semi-árido verificaram-se ambientes de alta energia, com atuação demorfogênese mecânica gerando grande quantidade de detritos grosseiros, que atravésde torrentes preencheram os vales e depressões do terreno. Estes ambientes permitirama elaboração de um aplanamento (Superfície Pleistocênica) e de pedimentos. Duranteas fases de clima úmido com ambientes de baixa energia, houve a elaboração de espes-sos regolitos e entalhe vertical da drenagem. Nos rios maiores este entalhe propiciou aformação dos terraços. A passagem de uma fase para outra resultou em climas comchuvas torrenciais, acelerando os processos de deposição.

A presença dos sedimentos descritos ao longo de toda a área próxima ao lito-ral, embora de forma descontínua, mostra que os processos morfogenéticos resultantesdas oscilações climáticas ocorreram de forma semelhante ao longo dessa área.

Como já foi referido, as formações superficiais acima descritas, estão com-pondo um relevo de colinas, geralmente isoladas entre si. A observação de uma se-qüência de colinas, mostra que suas vertentes foram modeladas neste material, assimcomo sobre as linhas-de-pedras, paleopavimentos e colúvios. Isto é indicativo de que aesculturação de forma de colina é posterior à deposição do material. Estas colinas jásão conseqüência da morfogênese úmida, que dissecou o nível de alto terraço com cas-calho e as rampas pedimentares. Tratam-se de formas poligenéticas resultantes dosprocessos gerados pelas oscilações climáticas quaternárias.

A Unidade Geomorfológica Planos e Rampas Coluviais foi avaliada na classede Vulnerabilidade Moderada. No entanto, devido ao grau de coesão e alteração dosmateriais que a compõem, a prática da agricultura bem como outros tipos de usos nosambientes que compõem esta unidade, requer técnicas de manejo e conservação ade-quadas às suas características.

Os processos morfogenéticos ligados ao escoamento superficial sendo muitoativos, podem desencadear fenômenos erosivos irreversíveis num curto espaço de tem-po.

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5.2 - Domínio Morfoestrutural Bacia Sedimentar do Paraná

O início de uma sedimentogênese nos tempos do Siluriano Inferior bem diver-sa daquela das Coberturas Molassóides Eopaleozóicas, marca o aparecimento da BaciaSedimentar do Paraná com a deposição de extensas e espessas seqüências sedimentaresde granulação essencialmente fina, com intercalações de calcários e raríssimos con-glomerados.

Essas seqüências estão muito bem representadas no Setor 3 do litoral catari-nense por várias formações sedimentares, cujas idades situam-se entre o Paleozói-co/Permiano - Formação Mafra, até o Mesozóico/Juracretáceo - Formação Serra Geral,esta correspondendo a um pacote de rochas efusivas.

Além destas duas formações ocorrem também na área as formações Botucatu,Rio do Rasto, Teresina, Serra Alta, Irati, Palermo, Rio Bonito e Rio do Sul. As forma-ções gonduânicas se mostram horizontalizadas ou subhorizontalizadas, com pertuba-ções estruturais como por exemplo mergulhos acentuados, diminuição brusca da espes-sura das camadas e dobramentos adiastróficos relacionadas a reativação de falhas, ar-queamentos, irregularidades do paleo-relevo e intrusões de diques e “sills” de diabásio.As estruturas rúpteis deste domínio morfoestrutural são produtos da reativação de anti-gas falhas do embasamento pré-cambriano. As principais litologias ocorrentes são osargilitos, arenitos, siltitos e folhelhos várvicos e pirobetuminosos, além de basaltos,andesitos, riolitos e brechas, estas últimas especificamente na Formação Serra Geral.

Esta formação é a expressão litológica de um vulcanismo fissural que repre-senta uma das maiores manifestações de vulcanismo continental do globo terrestre, re-presentada por extensos derrames de lavas bem como por diques e soleiras com peque-nos e eventuais corpos de rochas sedimentares associadas.

A Formação Serra Geral está dividida em duas porções: a Seqüência Básicaque corresponde aos relevos mais dissecados e a Seqüência Ácida sendo que a Seqüên-cia Básica predomina grandemente em área e volume sobre a ácida.

A horizontalidade ou quase horizontalidade dos derrames que constituem aFormação Serra Geral, só é interrompida nos locais onde houve basculamento e/ouabatimento de blocos falhados, ou ainda em locais onde se desenvolveram estruturasdo tipo domo. Nestas circunstâncias os derrames podem se apresentar inclinados atécerca de 20º, centrifugamente.

Este domínio morfoestrutural que configura, uma entidade responsável emgrande parte pelos arranjos regionais de relevo, comporta no Setor 3 duas unidadesgeomorfológicas: Patamares da Serra Geral e Patamares e Platôs do Alto Rio Itajaí.

5.2.1D - Unidade Geomorfológica Patamares da Serra Geral

Esta unidade corresponde aos terminais escarpados e gradativamente mais bai-xos no sentido leste da Serra Geral, talhados em rochas efusivas da formação geológicahomônima, com desnivelamentos topográficos que atingem 500 metros. Nas áreas de

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maior aprofundamento da drenagem o arenito Botucatu aflora, sendo possível encon-trarem-se também afloramentos de rochas sedimentares paleozóicas.

As formas de relevo são alongadas, digitadas e disseminadas entre as unidadescontíguas, avançando sobre elas como esporões interfluviais. Os esporões testemu-nham o recuo para oeste por sucessivas retomadas erosivas, da escarpa da Serra Geral.Os esporões interfluviais apresentam freqüentemente topos tabulares correlacionáveis àestrutura interna dos derrames basálticos.

A estrutura interna também determina a ocorrência de vertentes escalonadasem patamares; tanto as vertentes em patamares como os topos tabulares, são classifica-dos como formas estruturais (Vide Fig. 6).

A parte superior do pacote de rochas efusivas compreende predominantementevesículas e/ou amígdalas e disjunção horizontal sendo mais facilmente erosionável,fato este devido a maior retenção das águas e percolação. Formam assim o piso do de-grau que funciona como níveis das fontes e da vegetação (Vide Fig. 7).

Na zona onde ocorre a disjunção vertical - centro do derrames, há uma maiorresistência à erosão, gerando o ressalto topográfico. A base do derrame com disjunçãohorizontal junto com o topo do derrame subjacente forma novo piso, originando destamaneira o patamar.

Este perfil morfológico típico pode variar, já que há derrames que apresentamvariações estruturais. Essas variações são decorrentes da maior ou menor espessura daszonas que compõem o derrame ou ainda da presença de arenitos intertrápicos e brechasvulcânicas. Assim um derrame cuja zona de disjunção horizontal seja mais espessa quea de disjunção vertical resulta num patamar mais largo e com menor declividade (VideFig. 8).

A drenagem instalada sobre rochas efusivas também foi submetida a influênciada sua estrutura interna; geralmente o trabalho dos rios sobre trechos com disjunçõesverticais resulta em canyons profundos como os que ocorrem nesta unidade.

O resultado da combinação de vertentes escalonadas e/ou plano/convexas dealta declividade com uma elevada densidade de drenagem, é o surgimento de uma pai-sagem exuberante e inóspita com contrastes altimétricos acentuados.

As características geomorfológicas e morfodinâmicas, associadas aos princi-pais tipos de solos e às condições climáticas locais, fizeram com que esta unidade ge-omorfológica fosse enquadrada na classe de Vulnerabilidade Alta e Muito Alta.

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5.2.2E - Unidade Geomorfológica Patamares e Platôs do Alto Rio Itajaí

Esta unidade que é a de maior extensão do Setor 3, está posicionada em suaporção mais ocidental e seus modelados foram esculpidos sobre litologias sedimentaresda Bacia do Paraná representadas por argilitos, siltitos, folhelhos e arenitos. A diversi-dade litológica propiciou o desenvolvimento da erosão diferencial, resultando em for-mas tabulares limitadas por escarpas e ressaltos topográficos, patamares e mais locali-zadamente formas colinosas.

Os principais formadores do rio Itajaí-Açu representados pelos rios Itajaí doNorte ou Hercílio, Itajaí do Oeste e do Sul, constituem os traços fundamentais da dre-nagem da unidade.

O rio Itajaí-Açu é uma das principais bacias do Brasil Sudeste cuja drenagemse dirige diretamente para o Oceano Atlântico. Trata-se de uma drenagem que por ero-são remontante atingiu os sedimentos paleozóicos da Bacia do Paraná. A expansão daBacia Hidrográfica do Itajaí se fez capturando rios que se dirigiam para a bacia doIguaçu (Vide Fig. 9).

A drenagem além de se adaptar a estrutura monoclinal da bacia sedimentar,adaptou-se também a alinhamentos estruturais, especialmente no alto curso dos rios,sendo responsável pela intensa dissecação que caracteriza a unidade, com patamares evales estruturais, cujo melhor exemplo é o vale do rio Itajaí do Norte ou Hercílio eseus afluentes. No caso específico do rio Hercílio, trata-se de uma notável estruturalineagênica que se estende por aproximadamente 150km e afeta diversas unidades lito-estratigráficas do domínio morfoestrutural a que pertence.

O lineamento do rio Hercílio corresponde provavelmente a uma estrutura dotipo paráclase normal, com o bloco sudoeste soerguido e o bloco nordeste abatido.

A presença de vales profundamente encaixados, corredeiras, quedas d’água egargantas de superimposição são comuns nos cursos médio e superior do rio Itajaí-Açu, enquanto no curso inferior ocorrem freqüentemente vales amplos com extensasáreas de acumulação fluvial, constituindo terraços e planícies aluviais.

A superimposição é uma evidência da epirogênese positiva que afetou a Plata-forma Brasileira na Região Sul durante o Cenozóico, provocando um soerguimentogeneralizado da mesma. A superimposição também determinou o aparecimento dasquedas d’água supracitadas. As quedas d’água resultaram ainda da forte discordânciaangular generalizada existente entre as rochas do embasamento e a cobertura sedi-mentar sub-horizontal gonduânica.

A presença de rochas sedimentares mais resistentes como os arenitos e de ro-chas mais facilmente erosionáveis como folhelhos, determinaram o aparecimento deextensos patamares e relevos residuais de topo plano (mesas) limitados por escarpas.Os topos dos patamares são mantidos pela litologia mais resistente (arenito), formandoeventualmente cornijas; os patamares alcançam a extensão de dezenas de quilômetros.

Os modelados que compõe esta unidade geomorfológica apresentam grandesvariações altimétricas, sendo que as maiores altitudes ocorrem na porção sudeste, ondesão registradas cotas altimétricas superiores a 1.000m.

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O desnivelamento topográfico entre os interflúvios e os vales é expressivo po-dendo chegar a 500m em alguns pontos; a grande amplitude altimétrica se deve ao en-caixamento de drenagem, segundo direções estruturais. O controle estrutural faz comque o padrão dominante de drenagem seja o sub-paralelo.

Os maiores rios apresentam vale de fundo plano, balizado por vertente de altadeclividade com cornija no terço superior e eventualmente patamares.

Nos vales de fundo plano ocorrem áreas de acumulação aluvial mapeadascomo terraços fluviais (Atf). Geralmente os rios já estão encaixados nesta faixa deacumulação, composta fundamentalmente por material argilo-siltoso de espessura vari-ável em torno de 5m.

Esta unidade geomorfológica foi enquadrada na classe de VulnerabilidadeAlta.

5.3 - Domínio Morfoestrutural Coberturas Molassóides e Vulcanitos Associados

Este domínio corresponde a uma sucessão de camadas e estratos sedimentares,com manifestações vulcânicas intercaladas, tendo sido ou não afetadas por ligeiro me-tamorfismo (anquimetamorfismo), formadas no Neoproterozóico nas bordas do Domí-nio Morfoestrutural Embasamento em Estilos Complexos, recobrindo-as total ou par-cialmente.

As coberturas preencheram bacias e grabens que surgiram após as principaisfases diastróficas brasileiras, sendo consideradas como aproximadamente síncronas aoplutonismo granítico da Serra do Mar, ou seja posicionadas no Neoproterozóico se-gundo datações recentes obtidas pelo método Rb-Sr (Rubídio-Estrôncio). Elas englo-bam as unidades litoestratigráficas denominadas de Grupos Itajaí e Campo Alegre.

No contexto deste domínio morfoestrutural as litologias sedimentares que cor-respondem fundamentalmente a conglomerados, arenitos e filitos predominam sobre asvulcânicas cuja composição mais freqüente é a riolítica.

Entre as litologias sedimentares ocorrem também siltitos, folhelhos, arenitos earcósios; já entre as vulcânicas além dos riolitos que aparecem sob a forma de derra-mes e intrusões hipoabissais (diques e sills), ocorrem também rochas básicas afaníticasdo tipo basalto e andesitos e rochas piroclásticas como tufos, tufitos e brechas vulcâni-cas.

As rochas vulcânicas que ocorrem neste domínio tem suas origens relaciona-das ou a fusões de um manto litosférico modificado por processos de subducção, ou aprocessos de fusão crustal. Geoquimicamente este vulcanismo representa as manifesta-ções alcalinas pós-orogênicas relacionadas ao final do ciclo Brasiliano.

As estruturas mais importantes estão representadas por uma antefossa molássi-ca do Cinturão Móvel Dom Feliciano, onde foi depositado o Grupo Itajaí e por umabacia e um graben preenchido pelo Grupo Campo Alegre. A antefossa corresponde aum grande monoclinal com caimento topográfico para SE e que foi afetado por duasfases de deformação originando dobras normais e inclinadas e grandes inflexões des-contínuas. O Grupo Campo Alegre preenche duas estruturas distintas, quais sejam, aBacia de Campo Alegre com aproximadamente 500 km2 e o Gráben de Corupá com 50

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km2. Alguns autores consideram os depósitos de Campo Alegre mais jovens que os deCorupá. No presente trabalho prevalece o conceito de que ambos tem a mesma idade.

Na região do Grábren de Corupá as camadas mostram mergulhos entre 20º e40º por vezes subverticalizadas, caracterizando a intensa atividade tectônica ocorridanesta estrutura.

Outra importante estrutura deste domínio corresponde a uma complexa zonade falhas conhecida como Lineamento Blumenau e que afeta além deste domínio, tam-bém os domínios morfoestruturais Embasamento em Estilos Complexos e Bacia Sedi-mentar do Paraná.

O Domínio Morfoestrutural Coberturas Molassóides e Vulcanitos Associadosencerra no Setor 3 as seguintes unidades geomorfológicas: Serrania do Alto e MédioItajaí-Açu, Morros e Colinas do Médio e Baixo Itajaí-Açu e Planalto de São Bento doSul.

5.3.1F - Unidade Geomorfológica Serrania do Alto e Médio Itajaí-Açu

Esta unidade constitui a área onde as litologias sedimentares aparecem maisdissecadas em toda a extensão do domínio morfoestrutural ao qual se subordina.

A intrusão anarogênica que afeta a unidade na região situada entre Ibirama -Lontras e que é representada pelo Granito Subida, foi considerada como pertencente aesta unidade, não sendo portanto individualizada.

A partir da cidade de Blumenau no sentido sudoeste os relevos apresentam-secada vez mais dissecados com elevações conformando serras e montanhas que exibemvertentes de alta declividade e fina densidade de drenagem, conferindo à paisagemnum aspecto muito diferenciado dos relevos localizados mais a leste, junto ao litoral.

Trata-se de uma região verdadeiramente montanhosa com contrastes altimétri-cos acentuados e vales profundos normalmente balizados por planos aluviais descontí-nuos, localizados nos altos cursos de rios que pertencem a bacia hidrográfica de Itajaí-Açu.

A profundidade de alguns vales fluviais cuja forma predominante é em “V”,chega a atingir 300m, revelando as condições de intensidade erosiva ocorrentes emtoda a unidade; as vertentes são na maioria das vezes sulcadas e separadas por ressal-tos e descontinuidades topográficas, apresentando nichos erosivos e cicatrizes de ar-ranque de material, provocados por movimentos de massa que podem ser tanto locali-zados e esporádicos, quanto generalizados e constantes.

As vertentes exibem também especialmente em suas porções média e inferior,cones de dejeção.

As dificuldades de escoamento devidas às características dos vales fluviais,emprestam à drenagem, nos períodos de precipitação pluviométrica mais abundante,um caráter que se assemelha muito ao torrencial, determinando a ocorrência freqüentede inundações catastróficas, pela extensão dos estragos ambientais e dos prejuízos cau-sados a economia da área e aos seus habitantes como um todo (Vide Figs. 10A, 10B e10C).

O fenômeno das cheias em território catarinense não está restrito à bacia doItajaí-Açu; é, contudo, nesta bacia hidrográfica que elas ocorrem com maior intensida-

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de e freqüência, tendo sido registradas mais de 60 enchentes desde os primórdios desua ocupação.

As causas destas inundações são bastante discutíveis; sabe-se no entanto que oelevado índice de densidade de drenagem associado às altas declividades do curso su-perior dos rios especialmente os da vertentes atlântica e o alto grau de degradação am-biental, contribuíram enormemente para o agravamento do problema.

Com relação à degradação ambiental é importante considerar ainda o papel dacobertura vegetal como fator atenuante do fenômeno das cheias dos rios. Como amesma se encontra bastante reduzida em relação área original e com tendência a cadavez mais se rarefazer, seria oportuno a adoção de programas que tenham como objetivorecompor a cobertura vegetal do estado, como forma de mitigar os impactos decorren-tes das cheias.

As condições de Vulnerabilidade desta unidade geomorfológica variam entreMédia e Muito Alta.

5.3.2G - Unidade Geomorfológica Morros e Colinas do Médio e Baixo Itajaí-Açu

Esta unidade de ocorrência espacial muito restrita é caracterizada pela alter-nância entre tipos de modelados que resultaram em colinas e morrarias de pequenaamplitude altimétrica; ambas se posicionam em um nível topográfico rebaixado emrelação aos relevos circunvizinhos, em especial aqueles localizados ao norte e que fa-zem parte da Unidade Geomorfológica Serras Cristalinas Litorâneas.

Os modelados ocorrem nucleados, isolados uns dos outros por amplos vales defundo plano que correspondem à níveis de terraceamento do rio Itajaí-Açu.

Os morros e colinas são constituídos litologicamente por conglomerados, are-nitos e filitos pertencentes ao Grupo Itajaí. As formas predominantes conhecidas naliteratura geomorfológica como meias-laranjas, apresentam vertentes convexizadas emdecorrência do intenso intemperismo químico ligado a atuação de um sistema morfo-genético super-úmido sobre as litologias friáveis que constituem o arcabouço geológi-co desta unidade geomorfológica.

O contacto entre esta unidade e as Planícies Aluviais é bem marcado na paisa-gem; os rios que drenam as planícies apresentam geralmente vale de fundo plano eeventualmente em “V” aberto. O padrão geral da drenagem é dendrítico, com os riosde maior ordem de grandeza apresentando curso sinuoso e pouco meandrantes.

As vertentes convexizadas de morros e colinas apresentam geralmente o terçosuperior recoberto por uma vegetação secundária do tipo capoeira ou mais restrita-mente capoeirão; o terço médio e inferior das vertentes na maioria das vezes é utiliza-do como pastagem.

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As condições de Vulnerabilidade desta unidade variam entre Moderada aMuito Alta, esta última especialmente onde predomina um relevo dissecado em morra-rias, com declividades podendo atingir 45%.

5.3.3H - Unidade Geomorfológica Planalto de São Bento Sul

Esta unidade localizada no extremo norte do Setor 3, corresponde ao prolon-gamento em território catarinense do Primeiro Planalto ou Planalto de Curitiba segun-do a denominação criada por Maack (1947).

Litologicamente a área é constituída fundamentalmente por riolitos além debasaltos e andesitos e secundariamente por rochas piroclásticas.

O aspecto mais geral do relevo é o de modelado em colinas, que revelam vezpor outra os interflúvios nivelados topograficamente, sugerindo corresponderem a res-tos de uma paleosuperfície de aplanamento.

Altimetricamente o Planalto de São Bento do Sul está posicionado entre 850 e950m.

A dissecação do planalto caracteriza-se como homogênea, resultante dos pro-cessos erosivos comandados pelas águas de escoamento superficial. Os modelados ge-rados por essa dissecação apresentam pequenas variações com relação a densidade eaprofundamento da drenagem; observam-se com freqüência em toda a extensão daunidade geomorfológica, trechos onde o relevo acha-se densamente cortado por canaisde drenagem curtos e pouco aprofundados.

O alto curso do rio Itapocuzinho constitui o traço fundamental da drenagemdesta unidade. As principais características desta drenagem são a sinuosidade do canalfluvial e a ocorrência de níveis de terraços e várzeas onde aparecem solos escuros, ri-cos em matéria orgânica que correspondem a Solos Orgânicos e Gleis.

Esta unidade geomorfológica foi avaliada na classe de Vulnerabilidade Média.

5.4 - Domínio Morfoestrutural Rochas Granitóides

As litologias que compõem este domínio correspondem basicamente a uma as-sembléia de rochas graníticas fortemente diferenciadas, com teores de SiO2 variandoentre 72 e 78%, revelando um quimismo alcalino a perialcalino.

Do ponto de vista petrográfico correspondem, na sua maior parte, a álcali-feldspato granitos que sofreram a ação de falhamentos, dobramentos e foram forte-mente afetadas por atividades magmáticas durante o Evento Geodinâmico Brasiliano.

As direções estruturais predominantes são NE-SW e secundariamente NW-SE.Ocorrem predominantemente como “stocks” ou batólitos de formato alongado, sendointerpretados como produto de um episódio distencional de crosta terrestre.

Os “stocks” e os corpos alongados destacam-se sobremaneira na topografia,edificando feições geomorfológicas muito marcantes na paisagem das regiões sul e su-deste do Brasil.

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A grande variedade de litotipos reunidos em sete suítes intrusivas associada acomplexidade estrutural se traduz no relevo pela heterogeneidade dos tipos de modela-dos e pelo condicionamento imposto à rede de drenagem.

Além das suítes intrusivas foi incluído neste domínio morfoestrutural um com-plexo ígneo conhecido como Batólito Paranaguá, constituído fundamentalmente porgranitóides e secundariamente por corpos métricos a decamétricos de litologias gnaís-sicas, xistos, quartzitos e anfibolitos. Estes corpos que ocorrem em toda a extensão doBatólito representam restos de encaixantes preservadas em meio dos granitóides.

As rochas intrusivas graníticas de idade referente ao Proterozóico Superior ouNeoproterozóico, apresentam em função de sua composição mineralógica, grande re-sistência ao intemperismo. Este fato associado à tectônica rígida que afetou indistinta-mente todo o domínio morfoestrutural, faz com que nele se encontrem as áreas maisdissecadas do Setor 3.

Outro fator que contribui para a intensa dissecação do relevo, reside no fato dalinha de costa seccionar diagonalmente estruturas geológicas muito antigas, gerandoem conseqüência um conjunto de serras paralelas e/ou sub-paralelas sem que tenhamsido preservados em muitos pontos os planaltos de reverso.

O Domínio Morfoestrutural das Rochas Granitóides engloba no Setor 3 asunidades geomorfológicas Serras do Leste Catarinense e Serra do Mar.

5.4.1I - Unidade Geomorfológica Serras do Leste Catarinense

A denominação adotada neste Relatório Técnico foi utilizada inicialmente porJustus, Machado e Franco (1986) e deriva daquela proposta por Monteiro (1968) quechamou a unidade de Serras Cristalinas Litorâneas de Santa Catarina.

A unidade teve seus limites redefinidos excluindo-se da área inicialmente con-siderada como a ela pertencente todo o trecho compreendido entre os vales dos riosItajaí-Açu e Itapocu, que passa a constituir outra unidade geomorfológica (SerrasCristalinas Litorâneas).

A redefinição dos seus limites teve como base a execução de trabalhos decampo e de foto-interpretação bem como um delineamento mais acurado dos limitesque correspondem ao Domínio Morfoestrutural Embasamento em Estilos Complexos,ao qual a unidade estava subordinada quando de sua primeira definição.

Muito embora a literatura geomorfológica a considere como sendo a Serra doMar, Almeida (1952) foi quem primeiro chamou a atenção para a diversidade dos as-pectos geológicos e especialmente geomorfológicos existente entre elas.

As Serras do Leste Catarinense são constituídas por um agrupamento de eleva-ções paralelas e sub-paralelas orientadas preferencialmente para NE e separadas porvales muito profundos. O sub-paralelismo das cristas que coroam as elevações confe-rem à unidade um aspecto semelhante aos relevos apalacheanos, especialmente no ex-tremo sul do Setor 3.

Os interflúvios são orientados segundo zonas de fraturas ou falhas do emba-samento cristalino, muitas das quais foram reativadas pelo mecanismo ligado ao “rifte-amento” do Atlântico Sul (Vide Fig. 11).

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As maiores altitudes em torno de 900m são registradas nos limites ocidentaisda unidade; à medida que se aproximam da linha de costa, as cotas altimétricas dimi-nuem gradativamente para 100m ou menos, e as elevações passam a constituir colinas,pontais, penínsulas e ilhas, muitas das quais já ligadas ao continente pela sedimentaçãomarinha quaternária.

Entre os relevos que configuram as serras desta unidade geomorfológica, ocor-re um tipo de modelado de dissecação em áreas altimetricamente mais baixas, chegan-do a cotas inferiores a 200m nos vales, enquanto nos interflúvios elas são superiores a400m. Estas áreas apresentam relevos muito dissecados, com densidade de drenagemfina ou média e formas de topos convexizados com vertentes de alta declividade, apre-sentando ressaltos topográficos e nichos erosivos (Vide Fig. 12).

Os vales dos rios de maior ordem de grandeza são geralmente profundos, emforma de “V” e em alguns trechos controlados estruturalmente. Os planos alveolaresocorrem com freqüência e foram retrabalhados pelos rios que estão encaixados neles.Muitos destes planos ou terraços alveolares são amplos o suficiente para permitir a suautilização agrícola.

Nas vertentes observa-se com muita freqüência a presença de blocos rochososenvolvidos por material eluvial. A exposição dos blocos é resultante da ação das águasde escoamento superficial que promoveram a retirada do material de granulação maisfina. Em algumas vertentes observam-se também depósitos coluviais formados peloacúmulo de material rudáceo bem como blocos e seixos angulosos e sub-angulosos en-volvidos por uma matriz de material argilo-siltoso sem esboçar nenhum indício deacamamento. No terço inferior e no sopé das vertentes é comum a presença de conesde dejeção.

Ao longo dos vales do rios Itajaí-Mirim e Tijucas ocorrem freqüentemente doisníveis de terraços constituídos por areias, siltes e argilas; o nível inferior que corres-ponde à várzeas atuais é freqüentemente inundado durante as cheias, enquanto o se-gundo nível ocorre de maneira descontínua e apresenta um grau de umidade menor.

A alta declividade das vertentes associada à espessura das formações superfi-ciais em particular nas áreas onde ocorrem solos Podzólicos, determina a ocorrênciageneralizada e constante de movimentos de massa provocados pela solifluxão.

Nas áreas ocupadas pela pecuária, o pisoteio do gado forma degraus (terrace-tes) nas vertentes que em muitos pontos evoluem para formas erosivas do tipo sulcos eravinas.

À exceção das áreas urbanas, a Unidade Geomorfológica Serras do Leste Cata-rinense apresenta baixa densidade demográfica. A atividade agrícola é inibida pelassuas características morfopedológicas. Face a susceptibilidade erosiva das formaçõessuperficiais é imprescindível a adoção de técnicas sofisticadas de manejo

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quando de sua utilização; nas áreas onde ocorrem Solos Litólicos deve-se considerartambém a ocorrência de pedregosidade na superfície ou massa do solo.

Os modelados que compõem esta unidade foram enquadrados na classe deVulnerabilidade Moderada e Alta.

5.4.2J - Unidade Geomorfológica Serra do Mar

Localizada no extremo norte do Setor 3 esta unidade se apresenta como umconjunto de cristas, picos, serras, montanhas e escarpas separadas por vales profundosem “V” com encostas de alta declividade e nítido controle estrutural orientado prefe-rencialmente nas direções NE-SO e NO-SE.

É nesta unidade geomorfológica que se encontram as maiores altitudes de todoo litoral catarinense, com picos que atingem 1.500m; a amplitude altimétrica devida aoencaixamento dos talvegues pode ultrapassar 400m, fato este mais freqüente em suaface leste onde a serra se alça vigorosamente sobre as planícies costeiras.

Os relevos montanhosos que compõem a unidade constituem um importantetestemunho do tectonismo cenozóico que afetou as regiões sul e sudeste do Brasil. Acomplexidade tectônica e o condicionamento estrutural deram origem a vários com-partimentos que funcionam como divisores de drenagem para o interior e para as baci-as hidrográficas da vertente atlântica, estas últimas mais diretamente ligadas à unidadeem tela. São rios de pequena extensão, com perfil longitudinal acentuado, encachoei-rados e com muitos seixos e blocos rochosos em seus leitos.

O modelado alcantilado encontrado em toda a sua extensão decorre principal-mente da atuação de um sistema morfoclimático quente e úmido, associado a uma redehidrográfica com rios de forte gradiente que submeteram toda a unidade a uma erosãofluvial intensa.

Situada no extremo nordeste do Setor 3 e separada por lineamentos tectônicosdos terrenos de alto grau metamórfico que constituem o Craton de Luís Alves (Domí-nio Morfoestrutural Embasamento em Estilos Complexos), ocorre uma porção destaunidade que se distingue do restante por sua condição altimétrica mais rebaixada e pelasua localização bem a leste da serra propriamente dita.

Esta porção se prolonga para o sul pela Ilha de São Francisco, compreendendoos relevos em forma de colinas e morros que ocorrem junto ao centro da cidade homô-nima e que se destacam em meio à topografia esbatida das planícies costeiras quaterná-rias que formam a ilha, emergindo como um relevo residual e realçando a amplitudealtimétrica entre ambos.

No contacto entre as planícies e as colinas e morrarias existem depósitos colu-viais de significativa expressão espacial que dão origem a solos do tipo Cambissolo;estes depósitos tem sido interpretados por muitos autores como correlativos de umafase de pedimentação extensiva que ocorreu em toda a unidade.

Os relevos montanhosos que constituem a Serra do Mar são correlacionáveispossivelmente a Orogênia Andina e a desequilíbrios isostáticos entre porções conti-nentais e oceânicas que resultaram em deslocamento de blocos com surgimento de no-vos falhamentos e reativação de antigos.

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A Unidade Geomorfológica Serra do Mar pode ser classificada como umafrente dissecada de bloco falhado resultando da combinação entre fatores/fenômenostectônicos tais como falhamentos e/ou flexuras monoclinais e erosivos. O caimentoabrupto da vertente leste é uma evidência marcante da influência estrutural que a mes-ma sofreu. À idéia de falhamento é acrescido o papel exercido pelas oscilações climá-ticas quaternárias no modelado contemporâneo da Serra do Mar. As vertentes escarpa-das cresceram em amplitude altimétrica devido à epirogênese positiva, à retomada daerosão fluvial ligada à mudanças climáticas e à interferência de movimentos eustáticosde natureza glacial.

Os locais onde se processaram os fenômenos tectônicos estariam localizadosbem mais para leste, na área da atual plataforma continental, achando-se pois distantedas escarpas atuais que seriam resultantes da atuação de processos erosivos remodela-dores da feição original.

Outra hipótese sugerida para explicar o aparecimento da Serra do Mar seria aocorrência de basculamento de blocos crustais resultante de deslizamento gravitacionalao longo de direções de foliação e de falhamentos transversais pré-cambriânicos, pro-vocados por desequilíbrio isostático entre a margem continental e a oceânica. Nestahipótese também deve ser ressaltado o papel erosivo posterior na elaboração do mo-delado alcantilado da unidade geomorfológica.

O quadro natural inibiu sobremaneira a ocupação humana e é justamente nes-tas condições de baixa densidade demográfica que melhor se conservaram os princi-pais remanescentes da Floresta Ombrófila Densa - Mata Atlântica em toda a fachadaatlântica de Santa Catarina. Trata-se de áreas com uso agrícola restrito a pastagens ecom razoáveis extensões recobertas por vegetação primária e secundária em diversosestágios de regeneração.

A unidade foi avaliada na classe de Vulnerabilidade Moderada e Alta.

5.5 - Domínio Morfoestrutural Rochas Metavulcanosedimentares

Sob o ponto de vista estrutural este domínio é definido por uma sucessão dedobras com eixos orientados predominantemente na direção geral NE-SW e caimentospara NE ou SW, além de um grande número de falhas transcorrentes normais e inver-sas, tendo sido reconhecidas e identificadas em pesquisas bibliográficas e trabalhos decampo três fases de dobramentos.

O domínio constitui um elemento tectônico intermediário entre os Cratons deLuís Alves (Domínio Morfoestrutural Embasamento em Estilos Complexos) e o Cintu-rão Móvel Dom Feliciano, assomando como uma faixa externa curvilínea longa e es-treita, com cerca de 80km de extensão por 40km de largura, orientada, grosso modo,segundo a direção geral NE-SW que corresponde ao principal “trend” estrutural dodomínio.

As principais litologias que constituem o arcabouço geológico fundamental sãorepresentadas por metapelitos, filitos, xistos e gnaisses subordinados, secundados porquartzitos, metabasitos, metarenitos, metarcósios e “cherts” turmalínicos piritosos.

A exposição destas litologias ocorre desde o litoral entre as localidades de Ti-jucas e Balneário Camboriú até o interior com ocorrências em Major Gercino e Vidal

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Ramos, prolongando-se para Sudoeste onde são recobertas transgressivamente pelossedimentos glaciogênicos da cobertura sedimentar gonduânica (Domínio Morfoestrutu-ral Bacia Sedimentar do Paraná).

Este contexto morfoestrutural apresenta além dos dobramentos já menciona-dos, metamorfismo de baixo grau e um relevo muito irregular com ocorrência de coli-nas e morrarias onde se destacam picos e cristas longilíneas aguçadas com ressaltostopográficos e escarpas erosivas, evidenciando intenso pregueamento com nítida ver-gência para noroeste. Em toda a extensão do domínio são constatados falhamentos ealinhamentos longitudinais e transversais em regime de tectogênese compressional comfalhas de empurrão e transcorrentes.

O Domínio Morfoestrutural das Rochas Metavulcanosedimenares engloba noSetor 3 uma única unidade geomorfológica reconhecida com o nome de MorrariaCosteira.

5.5.1K - Unidade Geomorfológica Morraria Costeira

Esta unidade é constituída por um conjunto de elevações dispostas segundo di-reções estruturais bem definidas, onde ocorrem freqüentemente formas residuais comobarras de relevo dobrado, marcas de enrugamento e estruturas falhadas. Relevos resi-duais do tipo morro-testemunho com interflúvios convexizados e vertentes de alta de-clividade ocorrem também generalizadamente em toda a sua extensão.

A rede de drenagem é composta por rios de talvegue encaixado, orientados pordireções estruturais que determinam a ocorrência de sulcos e vales estruturais profun-dos. O encaixamento da drenagem determina especialmente na porção mais ocidentalda unidade geomorfológica, amplitudes altimétricas elevadas com a predominância deinterflúvios convexizados e vertentes interrompidas por ressaltos topográficos e nichoserosivos provocados pelas águas de escoamento superficial e por movimentos de massageneralizados e esporádicos.

O escoamento superficial difuso promove o carreamento do material de menorgranulometria das formações superficiais que correspondem basicamente a solos Po-dzólicos e Cambissolos. A lavagem dos horizontes superficiais faz com que em algu-mas vertentes apareçam “boulders” produzidos pela desagregação cortical, muitos dosquais se encontram em situação precária de equilíbrio.

No terço inferior das vertentes é comum a presença de cones de dejeção quedão origem a depósitos de material rudáceo envolvidos por uma matriz argilo-siltosacom lentes de areias arcoseanas; o modelado de colinas existente junto à rede de dre-nagem foi elaborado, em alguns locais, sobre estes depósitos.

As características dos vales fluviais, especialmente em seus altos cursos ondeocorrem vales encaixados e o perfil longitudinal é bem acentuado, propiciam um cará-ter de torrencialidade determinando a ocorrência freqüente de cheias nas áreas locali-zadas a juzante, tanto nas vertentes do Itajaí-Mirim quanto nas vertentes do Tijucas.

A análise da Vulnerabilidade determina a ocorrência de modelados enquadra-dos nas classes Baixa e Moderada.

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5.6 - Domínio Morfoestrutural Embasamento em Estilos Complexos

O Domínio Morfoestrutural Embasamento em Estilos Complexos é o segundomaior domínio da área desta pesquisa em extensão territorial, sendo superado apenaspelo Domínio Morfoestrutural Bacia Sedimentar do Paraná. Sua área de abrangênciacompreende uma superfície de conformação extremamente irregular, que se estende docentro da área até o extremo norte, já na divisa com o estado do Paraná.

A superfície constituída por esse domínio corresponde à mais antiga porção dacrosta terrestre no Sul do Brasil compreendendo terrenos pré-cambriânicos que corres-pondem fundamentalmente, do ponto de vista litoestratigráfico, a rochas de carátermetamórfico originadas essencialmente no Arqueano, inicialmente como rochas de ca-racterísticas ígneas. No final do Arqueano Tardio e durante o Proterozóico Inferiorpassaram por diferentes processos de metamorfismo regional.

As investigações sobre as litologias metamórficas do domínio, revelaram tra-tar-se de rochas de composição básica a intermediária, tendo raramente composiçãoultrabásica e, mais raramente ainda, composição ácida.

Este grupo de rochas caracterizadas por um conjunto definido de mineraisformados em condições metamórficas particulares é constituído por granulito, anfibo-lito, epidoto-anfibolito e xisto-verde, além de litologias cataclásticas, agrupadas e re-conhecidas como Complexo Luís Alves ou Complexo Granulítico de Santa Catarina.Predominam, grandemente entre estas litologias, aquelas da fácies Granulito.

A gênese das litologias granulíticas envolve, provavelmente, fusão parcial domanto e posterior diferenciação do magma por cristalização fracionada.

Os dados geocronológicos disponíveis atualmente apontam para uma idade dostratos rochosos variando entre 2.200 e 2.700 milhões de anos. São áreas que em funçãode sua idade desde há muito tempo encontram-se tectonicamente estáveis, tendo se en-volvido apenas parcialmente na tectônica do Ciclo Brasileiro (neoproterozóico) queatuou nas áreas adjacentes.

Datações mais recentes obtidas pelo método Potássio-Argônio (K-Ar) refe-rentes ao Arqueano e ao Paleoproterozóico obtidas em área próxima a Barra Velha,sugerem a existência de núcleos antigos que não foram afetados nem pelo CicloTransamazônico (Paleoproterozóico).

A superimposição de diferentes eventos geodinâmicos resultam num padrão dedobramentos de difícil resolução, que ocasionaram fortes transposições, diferentesgraus de metamorfismo, diaftorese ou retrometamorfismo e intensa tectônica rígida dotipo fraturamentos e cisalhamentos, além de vários tipos de microdobras que podemser observadas nos afloramentos rochosos que ocorrem em vários pontos do domínio.

Os principais sistemas de falhamentos estão relacionados a faixas cataclásticassendo que em certos segmentos eles correspondem a falhas normais e em outros a fa-lhas de cisalhamento, fato este já destacado por vários autores e corroborado pelas ob-servações obtidas em campo e a partir da análise de imagens de sensores remotos.

A partir de sua estabilização os terrenos do Domínio Morfoestrutural Emba-samento em Estilos Complexos se submeteram somente a transformações em regimedistencional, anarogênico incluindo processos de “rifting” continental, intensa granito-gênese alcalina, sedimentogênese e vulcanismo tipicamente continental, além de me-

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tamorfismo dinâmico traduzido por intensa cataclase, recristalização e metassomatismopotássico.

As unidades geomorfológicas que pertencem a este domínio - Colinas Costei-ras e Serras Cristalinas Litorâneas, guardam muitas semelhanças com as unidades con-tíguas, exibindo uma fisiografia parecida com a do Domínio Morfoestrutural RochasGranitóides.

5.6.1L - Unidade Geomorfológica Colinas Costeiras

Esta unidade constitui um prolongamento para o norte da área de morros e co-linas encontrados no baixo curso do rio Itajaí-Açu. Embora pertençam a domínios mor-foestruturais diferentes, guardam muita semelhança nos tipos de modelados, padrõesde drenagem, formações superficiais e nos tipos de uso da terra.

Trata-se de uma área como o próprio nome sugere caracterizada por apresentaruma sucessão de morros e colinas de pequena amplitude altimétrica geralmente sepa-radas por planos aluviais amplos e que em função de suas características morfopedoló-gicas foi avaliada como pertencendo à classe de Vunerabilidade Baixa e Moderada.

A convexidade das vertentes está relacionada ás sucessivas fases de retomadaserosivas ocasionadas pela recorrência das oscilações climáticas de longa duração queocorreram ao longo de todo o período Quaternário.

Os morros e colinas apresentam amplitude altimétrica reduzida, dificilmenteultrapassando 50 metros de desnível entre a base no contacto com o plano aluvial e otopo.

Os planos aluviais ocorrem com muita freqüência, são geralmente úmidos e asvezes conformam áreas sem drenagem definida; quando há um rio drenando-os corres-pondem a várzea ou ao terraço fluvial.

No sentido leste os morros e colinas que constituem esta unidade reduzemgradativamente sua amplitude altimétrica em função principalmente do maior vigor dosprocessos morfogenéticos, perdem sua identidade como unidade geomorfológica echegam, por vezes, a coalescer com as unidades limítrofes.

Esta unidade apresenta baixa densidade demográfica e seus modelados sãoocupados principalmente por pastagens que se constituem no tipo de uso mais comum,especialmente no terço médio e inferior das vertentes policonvexas. O restante da ver-tente apresenta vegetação secundária em diversos estágios de regeneração.

5.6.2M - Unidade Geomorfológica Serras Cristalinas Litorâneas

Esta unidade que ocorre na porção setentrional do Setor 3, corresponde a umaárea com relevo montanhoso e escarpado onde predominam Cambissolos Húmicos eSolos Litólicos; em função de suas características morfoestruturais e morfopedológicasos modelados que a constituem foram avaliados como pertencendo a Classe de Vulne-rabilidade Alta e Muito Alta. A pluviosidade intensa observada nesta unidade geomor-

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fológica é determinada pela influência dos relevos montanhosos que ao barrarem osventos úmidos provenientes do oceano contribuem para que nesta área ocorram os se-gundos maiores totais de precipitação pluviométrica anual registrados em Santa Cata-rina.

Em diversos trabalhos anteriores desenvolvidos pelo IBGE, a área que corres-ponde a esta unidade foi considerada como pertencente à Unidade GeomorfológicaSerras do Leste Catarinense. Em função de um maior detalhamento decorrente da es-cala utilizada neste mapeamento e principalmente levando-se em consideração as ob-servações levantadas em trabalhos de campo e a integração temática com os dados for-necidos pelos levantamentos geológicos, é que se optou por redefinir a compartimenta-ção geomorfológica do litoral de Santa Catarina o que levou à criação desta nova uni-dade.

O quadro natural muito semelhante ao encontrado na Unidade GeomorfológicaSerra do Mar, é amplamente desfavorável à ocupação humana, sendo a exemplo doque ocorre naquela unidade, uma área com baixa densidade demográfica e conseqüen-temente com um nível de atividade econômica reduzida. Esta peculiaridade acaba semostrando útil à conservação dos recursos naturais, visto que as pressões decorrentesdos diferentes tipos de uso sobre os ambientes de Alta Vulnerabilidade que compõem aunidade são mitigadas.

Os modelados montanhosos (Dm) e escarpados (De) que ocorrem freqüente-mente resultaram da intensa erosão fluvial a que esteve submetida toda a unidade emdecorrência da atuação de um sistema morfoclimático quente e úmido atuante na áreadesde o final do último período glacial quaternário.

As linhas gerais da hidrografia desta unidade começaram a ser delineadas noTerciário Inferior, com o surgimento de condições climáticas mais úmidas em funçãoda evolução das placas litosféricas Sul-Americana e Africana, como conseqüência defenômenos tectonotérmicos que culminaram com a fragmentação do Gonduana e aabertura do proto-oceano Atlântico Sul.

A rede hidrográfica constituída pelos altos cursos dos rios que formam as ba-cias do Itapocu e do Cubatão, apresenta talvegues encaixados relacionados a aspectosestruturais e forte gradiente vertical, fato este que associado ao alto índice pluviométri-co determina um elevado potencial hidráulico.

Muito embora os rios tenham exercido um papel importante na conquista eocupação desta parcela do território catarinense, a ocorrência de vales suspensos e cas-catas tipo “véus de noiva” impossibilitam a sua utilização hidroviária.

A hidrografia desta unidade geomorfológica em decorrência de mudanças cli-máticas e tectônicas associadas às alterações de natureza antrópica, tem um cunho ex-tremamente dinâmico, sendo observadas evidências deste fato pela presença freqüentede formas herdadas ou relictas e pelo caracter de instabilidade que ocorre em quase todos os rios das duas bacias supra-citadas, assim como de resto em toda a vertenteatlântica de Santa Catarina.

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6 - AVALIAÇÃO DO RELEVO - ANÁLISE MORFODINÂMICA DASCATEGORIAS DE MODELADOS

A análise das categorias compreende considerações relativas às característicasgeomorfológicas, formações superficiais, processos predominantes e atividades antró-picas, concluindo sobre a morfodinâmica atual do relevo e suas restrições de uso. Aintrodução da variável antropismo nesta análise, baseia-se no fato de que a mesma éaltamente representativa no Setor 3 do litoral catarinense e conseqüentemente na ma-nutenção do equilíbrio ambiental.

A base para a obtenção das Classes de Relevo é o Mapa Geomorfológico, ondeas diferentes categorias de modelados foram agrupadas ou divididas de acordo com su-as peculiaridades; o agrupamento ou divisão dos diferentes tipos genéticos de modela-dos constitui a base sobre a qual se identificaram as principais características geomor-fológicas da área.

No que diz respeito a avaliação morfodinâmica se distinguiram graus relativosa estabilidade em decorrência dos processos morfogenéticos atuantes.

A relação morfologia/morfodinâmica constitui o referencial teórico funda-mental sobre o qual se avaliou o relevo com vistas aos diferentes tipos de uso, tendosido definidas cinco Classes de Relevo; a saber: Bom, Regular, Restrito, Impróprio eInapto.

6.1 - Classes de Relevo

Abrangendo uma série de tipos de modelados cada classe caracteriza-se porpossuir relações morfológicas e morfodinâmicas próprias que lhe conferem um balançoque varia do positivo ao negativo com referência à sua utilização agrícola ou urbana.Por requerer estudos específicos de proteção ambiental, a atividade extrativa mineralnão foi considerada. A extração mineral no Setor 3 corresponde basicamente a explo-ração de areia e argila; as jazidas de areia correspondem a depósitos sedimentares,tanto fluviais quanto marinhos. Já as argilas ocorrem também em depósitos resultantesda alteração de algumas litologias do Grupo Campo Alegre (Domínio MorfoestruturalCoberturas Molassóides e Vulcanitos Associados) e do Complexo Luís Alves (Domí-nio Morfoestrutural Embasamento em Estilos Complexos).

a) Bom

Nesta classe, os modelados com declividade inferior a 8% (<5º) submetidos afraca intensidade dos processos morfogenéticos, não apresentam nenhuma restrição aoseu pleno uso.

b) Regular

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Nesta classe os modelados não constituem um obstáculo ao uso pleno, porém aatuação dos processos morfogenéticos, apesar de sua pouca intensidade (média a fra-ca), requer o uso de técnicas de manejo adequadas a cada caso.

c) Restrito

Nesta classe tanto os modelados quanto os processos morfogenéticos podem seconstituir em fatores restritivos ao uso pleno, em caráter localizado.

d) Impróprio

O caráter restrito passa a ser generalizado chegando a ser inapto ao uso emáreas localizadas. A utilização de técnicas de manejo adequadas a cada caso é impres-cindível sob pena de degradação ambiental acelerada.

e) Inapto

Áreas de preservação permanente por imposição legal e/ou pelas característi-cas dos modelados e dos processos morfogenéticos. Os processos morfogenéticos atu-antes são de forte intensidade quando sobre modelados ativos podendo vir a sê-lo so-bre modelados herdados, quando reativados pela ação antrópica.

7 - TIPOS DE MODELADOS

7.1 - Modelado de Dissecação - D

Dissecação fluvial e/ou pluvial que não obedece necessariamente a controleestrutural.

São classificados de acordo com as formas dominantes do relevo, com a am-plitude altimétrica e com a declividade das vertentes em:

Dc - Colinoso - Dissecação com vales pouco encaixados, abertos, com ampli-tude altimétrica pequena constituindo elevações convexo-côncavas conformando coli-nas. Declividade varia entre 8 e 20% ou 5 a 11º.

Do - Morraria (outeiro) - Dissecação com vales encaixados, mais fechados ecom amplitudes altimétricas maiores que no colinoso, constituindo elevações convexo-côncavas, conformando morros. Declividade das vertentes variando entre 20 e 45%que correspondem em graus a uma variação entre 11 e 24º.

Dm - Montanhas - Dissecação com vales bem encaixados, fechados, podendoconter terraços alveolares; topos extensos convexo-côncavos e vertentes com diferen-tes graus de inclinação por vezes desdobradas em patamares. As amplitudes altimétri-

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cas superiores a 200m conferem a qualificação de montanhas às elevações aí existen-tes. A declividade varia entre 45% e 75%. (24º a 37º)

De - Escarpado - Dissecação em borda de planaltos elevados conformandoescarpas com amplitudes altimétricas de algumas centenas de metros, vales em “V”fechados e profundamente encaixados, com prolongamentos de relevos de topo angu-loso formando esporões. A declividade das vertentes é superior a 75% ou 37º.

7.2 - Modelado de Acumulação - A

Constituído por formas de relevo geradas em ambientes de deposição mari-nhos, eólicos, lacustres, torrenciais e fluviais.

De acordo com a característica dominante do relevo e com a natureza dos se-dimentos que os constituem, os modelados de acumulação são classificados em:

Am - Planície Marinha - Área plana ou levemente ondulada resultante de processosde acumulação marinha; as variações do nível médio do mar pela ação das marés, oca-siona afloramentos localizados e esporádicos do lençol freático. Corresponde as praiasatuais.

Atm - Terraço Marinho - Área plana, levemente inclinada para o mar, apresentandogeralmente ruptura de declive em relação às áreas contíguas. Localmente ocorrem seto-res deprimidos com deficiência de drenagem, formando lagoas nos períodos de preci-pitação pluviométrica mais abundantes. De acordo com a idade, posição altimétrica ecaracterísticas geomorfológicas atuais, podem ser identificados vários níveis de terra-ços marinhos, que ocorrem concomitante ou isoladamente. O nível 1 corresponde aomais atual sendo conseqüentemente o mais baixo e assim sucessivamente.

Atfm - Terraço Flúvio-Marinho - Área plana, levemente inclinada, resultante de pro-cessos fluviais associados à dinâmica marinha. Pode se apresentar dissecada face amudanças no nível de base e conseqüentes retomadas erosivas.

Af - Planície Aluvial - Área plana, sujeita a inundações periódicas, corresponde àsvárzeas atuais.

Atf - Terraço Aluvial - Área plana, levemente inclinada, apresentando rupturas de de-clive em relação ao leito do rio e às várzeas. Pode apresentar-se dissecado devido amudanças no nível de base e conseqüentes retomadas erosivas.

Atfl - Terraço Flúvio-Lacustre - Área plana resultante da combinação de processosde acumulação flúvio-lacustre. Pode apresentar superfície levemente dissecada, devi-do a mudanças no nível de base, com acúmulo de material orgânico, típico de áreaspantanosas.

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Afl - Planície Flúvio-Lacustre - Superfície plana ou levemente dissecada resultante dacombinação de processos fluviais e lacustres.

Al - Planície Lacustre - Morfologia planar típica das áreas de acumulação lacustre,eventualmente alagada, associada lateral e verticalmente com sedimentos provenientesde modelados contíguos.

Atl - Terraço Lacustre - Área plana resultante de processos de acumulação lacustre,associada lateral e verticalmente com depósitos de leques aluviais.

Ac - Torrencial - Área rampeada e levemente convexizada, resultante da concentraçãode depósitos de enxurradas nas partes distais de pedimentos e/ou de leques e cones dedejeção.

Acc - Torrencial Colinosa - Constituída por elevações com vertentes convexizadasque conformam colinas modeladas em depósitos constituídos por material heterométri-co de textura rudácea, proveniente de fenômenos associados às flutuações glácio-eustáticas quaternárias.

Are - Rampas Colúvio-Eluviais - Superfície rampeada constituída basicamente porsedimentos areno-argilosos com grânulos e seixos de litologias predominantementequartzíticas, depositados em fluxos de regime torrencial.

Ard - Rampas de Dissipação - Superfície rampeada com declividade variável em tor-no de 10º, formada da dissipação de dunas de captação. Presença de materiais intempe-rizados oriundos de vertentes cristalinas circunvizinhas.

Aea - Eólica Ativa - Depósitos arenosos trabalhados pelo vento, apresentando formascaracterísticas de dunas e/ou planícies arenosas.

Aee - Eólica Estabilizada - Depósitos arenosos originados pela ação do vento, fitoes-tabilizados, configurando dunas e/ou planícies arenosas.

Aed - Eólica Dissipada - Depósitos arenosos originados pelo vento e posteriormentedissipados pela ação dos processos morfogenéticos pluviais.

Amg - Planície de Maré - Áreas planas levemente inclinadas em direção ao mar loca-lizadas junto a foz dos rios; periodicamente inundadas pelo ingresso da água do marem decorrência das marés. Solos predominantemente halomórficos, geralmente reco-bertos por uma vegetação típica dos manguezais.

Apr - Planície de Restinga - Sucessão de cordões de restinga intercalados por áreasdeprimidas (cavados) de aspecto brejoso, drenadas artificialmente em direção à praia.

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7.3 - Modelado de Aplanamento - P

Relevo plano resultante da atuação de processos de pediplanação podendoocorrer em diversos tipos de litologia. A declividade nas áreas onde ocorre este tipo demodelado não deve ser superior a 8% (aproximadamente 5º).

7.4 - Modelado de Degradação Ambiental - H

Formas irregulares resultantes do revolvimento do solo. As áreas de aterro e asutilizadas para empréstimo também se incluem neste tipo especial de modelado.

Os sambaquis depósitos predominantemente conchíferos atribuídos aos primi-tivos habitantes do litoral catarinense, também foram mapeados com a letra “H”.

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8 – DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

FOTO 1 - Barra Velha - criação de estruturas sólidas em área de restinga, com acelera-ção de processos erosivos; prejuízos para o cidadão e para o poder público. Foto: EquipeDIASC – Diagnóstico Ambiental do Litoral de Santa Catarina. Abr./Maio 1997.

FOTO 2 - Barra Velha: construção de estruturas sólidas (prédios e vias de circu-lação) na retropraia altera a dinâmica marinha; prejuízos para o cidadão e para opoder público. Foto: Equipe DIASC, Abr./Maio 1997.

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FOTO 3 - Piçarras: construções na retropraia impedem fornecimento de sedimen-tos para a praia, que tem sua largura reduzida, o que dificulta seu aproveitamentopara o lazer. Foto: Equipe DIASC, Abr./Maio1997.

FOTO 4 - Balneário Camboriú: prédios altos construídos na orla, formam um pa-redão, criando cones de sombra na praia, afetando o microclima e prejudicandoseu uso. Foto: Equipe DIASC, Abr./Maio 1997.

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FOTO 5 - Barra Velha: Lagoa de Barra Velha - edificações em ambientes instáveis (restinga) com alteração da dinâmica marinha e mo-dificação da paisagem. Foto: Equipe DIASC, Abr./Maio 1997.

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FOTO 6 - Camboriú: processo de favelização na periferia urbana, em área comencostas de alta declividade, provoca desmatamentos e acelera os processos ero-sivos. Foto: Equipe DIASC, Abr./Maio 1997.

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FOTO 7 – Araquari. Barra do Itapocu - ocupação irregular e desordenada emárea de preservação permanente(mangue). Foto: Rogério de O. Rosa, Jul.1997.

FOTO 8 - Navegantes. Bairro São Pedro - favelização de antigo bairro de pesca-dores, com ocupação desordenada por população de baixa renda; assoreamento ecomprometimento dos recursos hídricos. Foto: Equipe DIASC, Abr./Maio 1997.

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FOTO 9 - Itapoá. Bairro Samambaial - expansão urbana desordenada, na reta-guarda de áreas turísticas. Destruição dos remanescentes de cobertura vegetal,representada por espécies pertencentes a Mata Atlântica. Foto: Equipe DIASC,Abr./Maio 1997.

FOTO 10 - Joinville - Baía de Babitonga - suas águas (ao fundo) estão seriamen-te comprometidas pelo lançamento de esgoto doméstico e industrial e por óleose resíduos provenientes das embarcações. Foto: Equipe DIASC, Abr./Maio 1997.

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FOTO 11 – Joinville. Baía de Babitonga - ocupação dos mangues: assoreamentoe poluição das águas da baía. Foto: Rogério de Oliveira Rosa, 1997.

FOTO 12 - Balneário Camboriú. Barra Sul - ocupação intensa das margens dorio e da praia: poluição e assoreamento do canal, afetando a balneabilidade. Foto:Equipe DIASC, Abr./Maio 1997.

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FOTO 13 - Itapoá - falta de fiscalização adequada: edificação de hotel na retro-praia e tentativa de contenção da erosão marinha, com agressão ambiental. Foto:Equipe DIASC, Abr./Maio 1997.

FOTO 14 - Barra Velha. Praia de Itajuba - persistência na sociedade de atitudes fal-sas de desconhecimento das leis, com expansão de ocupações cênicas do espaço(praia e costão). Foto: Equipe DIASC, Abr./Maio 1997.

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FOTO 15 - O modelado alcantilado da vertente leste da Unidade Geomorfológi-ca Serra do Mar, se destaca em meio a topografia esbatida das planícies costeirasquaternárias. Foto: Rogério de Oliveira Rosa, 1997.

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FOTO 16 - As variações glacio-eustáticas quaternárias determinaram a ocor-rência de várias gerações de terraços marinhos ao longo do litoral. Região dafoz do Rio Itajaí-Açu. Foto: Rogério de Oliveira Rosa, 1997.

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FOTO 17 - Os depósitos praiais que formam os terraços marinhos e planícies derestinga constituem a área-fonte dos sedimentos responsáveis pelo equilíbrio en-tre agradação e degradação existente na maioria das praias do Setor 3. Foto: Rogé-rio de Oliveira Rosa, 1997.

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FOTO 18 - Rio Cubatão. A ocorrência de vales suspen-sos e leitos com lajedos e corredeiras, impossibilita a uti-lização hidroviária dos rios da vertente atlântica. Foto: Ro-gério de Oliveira Rosa, 1997.

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9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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