“Projeto Integrador Final: Contribuições sociais, econômicas e ambientais para o Projeto...

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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina Departamento Acadêmico de Construção Civil Curso Técnico em Saneamento Integrado PROJETO INTEGRADOR FINAL CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS, ECONÔMICAS E AMBIENTAIS PARA O PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS Comunidade Chico Mendes Florianópolis/SC Autores: Débora Niemeyer de Andrade Érika Farcili Fernandez Gabriela Maria Peres Helena Fonseca Oliveira Jaiani Kloppel Joice Ane Turati Josué Marco Costa Lenise Câmara Franco Marina Silva de Oliveira Marisa Martins Moisés Bernardino Nicholas Antunes di Lucia Rodolfo Zanin Samantha Mangrich de Assunção Florianópolis - SC 2011

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Autores: Débora Niemeyer de Andrade, Érika Farcili Fernandez, Gabriela Maria Peres, Helena Fonseca Oliveira, Jaiani Kloppel, Joice Ane Turati, Josué Marco Costa, Lenise Câmara Franco, Marina Silva de Oliveira, Marisa Martins, Moisés Bernardino, Nicholas Antunes di Lucia, Rodolfo Zanin, Samantha Mangrich de Assunção, 2011 – IFSC

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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

Departamento Acadêmico de Construção Civil

Curso Técnico em Saneamento Integrado

PROJETO INTEGRADOR FINAL

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS, ECONÔMICAS E AMBIENTAIS PARA O

PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS

Comunidade Chico Mendes – Florianópolis/SC

Autores:

Débora Niemeyer de Andrade

Érika Farcili Fernandez

Gabriela Maria Peres

Helena Fonseca Oliveira

Jaiani Kloppel

Joice Ane Turati

Josué Marco Costa

Lenise Câmara Franco

Marina Silva de Oliveira

Marisa Martins

Moisés Bernardino

Nicholas Antunes di Lucia

Rodolfo Zanin

Samantha Mangrich de Assunção

Florianópolis - SC

2011

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

Departamento Acadêmico de Construção Civil

Curso Técnico em Saneamento Integrado

PROJETO INTEGRADOR FINAL

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS, ECONÔMICAS E AMBIENTAIS PARA O

PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS

Comunidade Chico Mendes – Florianópolis/SC

Autores: Débora Niemeyer de Andrade, Érika Farcili Fernandez, Gabriela Maria

Peres, Helena Fonseca Oliveira, Jaiani Kloppel, Joice Ane Turati, Josué Marco

Costa, Lenise Câmara Franco, Marina Silva de Oliveira, Marisa Martins, Moisés

Bernardino, Nicholas Antunes di Lucia, Rodolfo Zanin , Samantha Mangrich de

Assunção.

Projeto Integrador apresentado como pré-requisito de

conclusão do curso de Saneamento Integrado ao Ensino Médio

ao Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de

Santa Catarina, orientado pelos Professores Rolando Córdova

Nunes e Claudi Ariane Gomes Fonseca.

Florianópolis - SC

2011

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 6

2 OBJETIVO GERAL ............................................................................... 7

3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................. 7

4 JUSTIFICATIVA .................................................................................... 8

5 COMUNIDADE CHICO MENDES ......................................................... 9

6 DADOS E CARACTERÍSTICAS DA COMUNIDADE .......................... 10

6.1 Origem da comunidade ........................................................................ 11

6.2 Procedência dos moradores ................................................................ 11

6.3 Organização comunitária ..................................................................... 12

6.4 População ............................................................................................ 12

6.5 Problemas sociais mais comuns .......................................................... 12

6.6 Características da área ........................................................................ 13

7 BREVE HISTÓRICO SOBRE O PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS

14

8 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS URBANOS ............................ 16

8.1 Caracterização dos resíduos orgânicos no Brasil ................................ 16

8.2 Caracterização dos resíduos orgânicos em Florianópolis .................... 16

9 ANÁLISE DO SISTEMA DE MANEJO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

EXISTENTES ............................................................................................ 17

10 ESTUDO DE CONCEPÇÃO DO SISTEMA DE MANEJO DE RESÍDUOS

SÓLIDOS - NORMAS TÉCNICAS APLICÁVEIS ....................................... 19

11 O LIXO E A COMPOSTAGEM ......................................................... 21

12 O COMPOSTO ORGÂNICO NA AGRICULTURA ........................... 22

13 HISTÓRIA DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM ......................... 23

14 COMPOSTAGEM ............................................................................ 24

15 PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS FUNDAMENTAIS NO PROCESSO

DE COMPOSTAGEM ................................................................................ 28

15.1 Aeração ............................................................................................. 28

15.2 Temperatura ...................................................................................... 28

15.3 Umidade ............................................................................................ 29

15.4 Relação Carbono/Nitrogênio (C/N) .................................................... 29

15.5 Estrutura ............................................................................................ 29

15.6 pH ...................................................................................................... 30

16 MONTAGEM DAS LEIRAS .............................................................. 31

16.1 Impermeabilização do solo e drenagem ............................................ 32

16.2 Armazenamento do composto produzido .......................................... 33

17 ALTERNATIVAS DE CONCEPÇÃO DAS LEIRAS .......................... 34

17.1 Sistema de leiras revolvidas (windrow) .............................................. 35

17.2 Sistema de leiras estáticas aeradas (static pile) ................................ 36

17.3 Sistemas fechados ou reatores biológicos (In-vessel) ....................... 38

18 CHORUME - LIXIVIADO .................................................................. 40

18.1 Resultados da caracterização química do composto orgânico .......... 40

18.2 Textura ............................................................................................... 40

18.3 pH ...................................................................................................... 41

18.4 Fósforo ............................................................................................... 41

18.5 Potássio ............................................................................................. 42

18.6 Outros Atributos ................................................................................. 42

18.7 Resultados da caracterização do lixiviado ......................................... 44

19 CONTROLES AMBIENTAIS ............................................................ 45

19.1 Pátio de compostagem ...................................................................... 45

19.2 Materiais necessários ........................................................................ 46

20 ASPECTOS SANITÁRIOS EPIDEMIOLÓGICOS ............................ 48

20.1 Epidemiologia .................................................................................... 48

21. SISTEMAS DE MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS .......................... 59

22. MOBILIZAÇÃO SOCIAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL ..................... 61

21 ANEXOS .......................................................................................... 62

21.2 Orçamento do Projeto ........................................................................ 64

22 CONCLUSÃO .................................................................................. 67

23 REFERÊNCIAS ............................................................................... 69

6

1 INTRODUÇÃO

Alguns dos assuntos frequentemente discutidos nos últimos tempos são

as soluções para os desafios da humanidade, como a escassez dos recursos

naturais e a poluição. Os resíduos orgânicos produzidos pela população da cidade

representam cerca de 90 toneladas dos resíduos totais, sendo na maioria das vezes

destinados aos lixões a céu aberto. Espera-se que as respostas para essas

questões venham de grandes ações governamentais. Assim, ficamos cegos para

pequenas iniciativas que já estão em andamento; projetos reais que ajudam as

pessoas a lidar melhor com problemas cotidianos, e que resultam em um futuro

melhor para milhares de famílias.

A “Revolução dos Baldinhos” é uma dessas iniciativas, e começou em

2009 pelas mãos dos próprios moradores da comunidade, que sofria com a

presença de ratos e outros animais vetores de doenças nas latas e sacolas de lixo

deixadas pela rua. A solução apareceu com a ajuda do Centro de Estudos e

Promoção da Agricultura de Grupo (CEPAGRO), uma organização não

governamental formada por entidades de apoio à agricultura familiar, que percebeu

que o lixo orgânico poderia ter um destino diferente do convencional, servindo de

adubo para hortas cultivadas pela comunidade. A idéia era muito simples: os

moradores levariam o lixo a um posto de coleta e este seria encaminhado para um

pátio de compostagem, cedido pela prefeitura, e mantido pelos participantes e

voluntários do projeto. Alguns meses depois, o lixo se transformaria em um rico

condicionador de solo para nutrir hortas nos quintais das famílias participantes do

projeto, e o chorume serviria como fertilizante.

Este projeto visa oferecer contribuições para o projeto que já está em

andamento há dois anos, através da melhoria da qualidade de vida da população, da

adequação do processo de compostagem, da educação social das famílias e de

melhores condições sanitárias para prevenção de doenças.

7

2 OBJETIVO GERAL

Apresentar propostas de ordem técnica que tragam melhorias ao projeto

comunitário de compostagem “Revolução dos Baldinhos”, praticado na comunidade

Chico Mendes, na cidade de Florianópolis, Santa Catarina.

3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Ao final da execução do projeto os objetivos, para fins contribuitivos, são:

Acompanhar a mobilização social envolvida na comunidade;

Descrever sugestões para a concepção das leiras de compostagem e

soluções para os problemas de geração e tratamento do chorume;

Apresentar as patologias e os vetores que vêm acompanhados da incorreta

disposição de matéria orgânica.

8

4 JUSTIFICATIVA

A implantação de um processo de compostagem reduz a quantidade de

lixo orgânico que é enviado para os aterros e diminui os custos da coleta. Coletar,

transportar e dispor uma tonelada de lixo custa à COMCAP - Companhia de

Melhoramentos da Capital – R$ 196,00.

É possível, também, fazer o reaproveitamento orgânico de tudo que é

consumido e que, de outra maneira, apodreceria em montanhas de lixo nos aterros

sanitários.

O lixo orgânico pode ser visto como fonte de riqueza, pois enriquece o

solo com nutrientes para as plantas, ajuda na aeração e retenção de água, melhora

a drenagem da terra como combate a enchentes em áreas de difícil absorção de

água e reduz a necessidade do uso de herbicidas e pesticidas, visto que os animais

e agentes vetores de doenças são imediatamente eliminados.

Outro aspecto a ser observado é o envolvimento da comunidade na

execução do projeto. Quem atua em qualquer uma das etapas está ajudando de

forma voluntária. Pouco se ganha, financeiramente, na comunidade destacada,

devido à falta de apoio de entidades governamentais, porém o conhecimento, as

ações sustentáveis e a preservação do meio ambiente são ganhos eternos para

todos os envolvidos.

Segundo Dantes Torres (APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS

ORGÂNICOS NA AGRICULTURA URBANA, 1ª Ed., 2003), “A separação na fonte

dos RSU (resíduos sólidos urbanos) poupa gastos de transporte, aumenta a vida útil

dos sistemas de tratamento sanitários e facilita o aproveitamento dos resíduos

orgânicos.” A educação ambiental e a sensibilização da comunidade permitem

incorporar a população nestes processos. Nesse sentido, propostas de manejo dos

resíduos sólidos produzidos nessas comunidades devem ser adotadas levando em

conta o baixo custo, a adaptação à realidade local, a autonomia, a utilização de

equipamentos de fácil manuseio e de mão de obra local com gestão comunitária.

9

5 COMUNIDADE CHICO MENDES

Não só em Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, como na

maioria das grandes cidades, a ocupação da população pobre aconteceu de forma

mais intensa nas áreas de relevos altos e acidentados, com riscos de deslizamentos

e alagamentos. De acordo com ALVES (2009), de 1987 a 1996, a população nas

comunidades periféricas da Ilha e do Continente, em Florianópolis, aumentou em

cerca de 20 mil moradores, passando de 20 para 40 mil pessoas. Em 2004, esse

número cresceu para 61.445, representando um percentual de 15,8%, em relação à

população total do município nesse período, que era de 386.913 habitantes. A

população de Florianópolis cresce intensamente todos os anos e, segundo IBGE, a

população chegou a 421.203 pessoas no ano de 2010, aumentando em 35 mil o

número de habitantes em apenas 6 anos.

A acelerada urbanização da cidade consolidou o processo de

periferização nos morros da capital catarinense, em especial da comunidade Chico

Mendes, que junto com outras comunidades, formam o bairro Monte Cristo. O

processo de ocupação do local teve início em 1970, e vem crescendo desde então.

Segundo dados do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento),

Florianópolis apresenda índice de Desenvolvimento Humano (IDH) igual a 0,875. A

região da comunidade Chico Mendes apresenta IDH menor que a média das outras

microregiões do estado, 0, 765.

Mesmo com inúmeros programas de urbanização implantados pela

prefeitura da capital, observam-se problemas diversos envolvendo pobreza,

violência e falta de saneamento básico, tais como mau cheiro, excesso de lixo

orgânico espalhado nas ruas e a consequente infestação de animais e vetores de

doenças.

10

6 DADOS E CARACTERÍSTICAS DA COMUNIDADE

O projeto Chico Mendes compreende uma área caracterizada como

favela, localizada no Bairro Monte Cristo (Figura 1). A área abrange três

comunidades com associações distintas: Nossa Senhora da Glória, Chico Mendes e

Novo Horizonte.

Figura 1: Bairro Monte Cristo – Florianópolis/SC

11

Figura 2: Localização da comunidade (GOOGLE EARTH, 2009).

6.1 Origem da comunidade

A formação das comunidades apresenta três momentos distintos: Nossa

Senhora da Glória (1975), Chico Mendes (1980) e Novo Horizonte (1985).

6.2 Procedência dos moradores

As famílias procedem de diversos pontos do país, e o processo de

ocupação inicou-se com famílias oriundas sobretudo do oeste-catarinense.

12

6.3 Organização comunitária

As três comunidades que constituem o bairro Monte Criste possuem

associações de moradores, porém apresentam problemas de organização. Estes

problemas incluem falta de apoio de entidades públicas, como a Prefeitura

Municipal, ausência de verba ou bolsas de apoio a voluntários e, consequentemente,

número insuficiente de pessoas dispostas a trabalhar de modo voluntário em

projetos comunitários.

6.4 População

A associação de moradores do bairro Monte Cristo realizou um cadastro

de moradores nos anos de 1998 e 2000. Em 1998, o bairro apresentava 1.109

famílias, o que representa 4.800 pessoas. Em 2000, a comunidade já somava 1.360

famílias, cerca de 5000 pessoas. Com o crescimento populacional apresentado nos

dados da pesquisa, observa-se grande mobilidade urbana.

6.5 Problemas sociais mais comuns

Os problemas sociais mais comuns observados na comunidade Chico

Mendes são o alto índice de violência, o tráfico de drogas e baixos níveis de

escolaridade e de renda médios apresentados pelos moradores da comunidade

como um todo. Tais problemas, entretanto, não são exclusivos desta comunidade,

sendo observados na maioria das localidades que apresentam situação

socioeconômica semelhante à de Chico Mendes.

13

6.6 Características da área

Tamanho da área

Área aproximada: 127.000,00 m2

Condições Urbanísticas

A comunidade apresenta malha viária caótica, grande quantidade de

terrenos irregulares com co-habitações, existência de grande número de habitações

precárias e considerável número de pessoas vivendo sob situação de risco.

Condições da Infra-estrutura urbana

Parte da infra-estrutura urbana funciona de forma precária, especialmente

as redes de esgoto sanitário e de drenagem pluvial.

Condições da Infra-estrutura social

Existência de uma escola, creche, entidades assistenciais e diversas

igrejas. As maiores carências são em relação à saúde e educação infantil, geração

de renda e espaço comunitário.

14

7 BREVE HISTÓRICO SOBRE O PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS

Em outubro de 2008, profissionais do Centro de Saúde do Bairro Monte

Cristo convocaram uma reunião com representantes da comunidade e técnicos da

CEPAGRO para debater a presença de animais indesejáveis na comunidade, entre

eles os ratos, evidenciada por muitos casos de doenças causadas por esses

animais.

Nesta reunião chegou-se à conclusão de que não bastava apenas

eliminar os ratos, mas também tomar medidas preventivas, através da

conscientização da população em diminuir o hábito de jogar restos alimentares nas

ruas, em sacolas ou sem acondicionamento. Este ato provoca mau cheiro, denigre a

imagem do bairro e favorece a proliferação de doenças.

Visto que a CEPAGRO já realizava compostagem de resíduos em outras

instituições educativas da comunidade e que nestes locais observou-se a diminuição

da incidência de ratos, sugeriu-se a idéia da extensão deste projeto para toda a

comunidade, através do recolhimento de resíduos orgânicos gerados pelas famílias

do local em bombonas de plástico. Em troca, as famílias contribuintes receberiam

adubo e fertilizante provenientes das leiras de compostagem para abastecer as

hortas individuais de cada residência.

A idéia foi aceita e começou a ser implantada na comunidade com

participação de jovens voluntárias do local. Duas moradoras da comunidade, Eunice

Brasil e Rose Helena Oliveira Rodrigues, receberam instruções teóricas e práticas

de técnicos e estagiários do CEPAGRO sobre trabalhos ambientais e compostagem

e mostraram-se dispostas a participar do grupo gestor para a concepção e

implantação do movimento.

A prefeitura também auxiliou o projeto com a doação de um terreno, ao

lado do Hipermercado BIG, para a construção das leiras de compostagem. Porém, o

local que foi ocupado pelo projeto não é o correto, o que significa que uma mudança

de local será necessária em breve.

Desde a implantação do projeto, as agentes comunitárias visitam as

famílias, estimulando a participação dos moradores.

15

O trabalho de mobilização social que precedeu a implantação do projeto

foi realizado voluntariamente pelo período de 3 meses, de dezembro de 2008 a

fevereiro de 2009.

O projeto foi escrito e recebeu apoio do fundo social de uma empresa

catarinense de energia, possibilitando o pagamento de bolsas no valor de R$ 216,35

para duas agentes locais pelo período de 6 meses a partir de março de 2009.

Atualmente, participam deste projeto cerca de 90 famílias e 9 instituições

públicas da comunidade. As famílias participantes utilizam o composto nas hortas

mantidas nos fundos das casas, e instituições educativas como creches e escolas

utilizam-no em seu processo pedagógico, mantendo hortas nos pátios.

16

8 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS URBANOS

8.1 Caracterização dos resíduos orgânicos no Brasil (ABRELPE, 2010)

Em média, o material orgânico produzido pela população brasileira é

constituído em 52% de matéria orgânica, 25% de papel, 2% de metal, 2% de vidro,

3% de plástico e 16% outros materiais. Em se tratando de resíduos orgânicos,

apenas 3% destes são reciclados.

8.2 Caracterização dos resíduos orgânicos em Florianópolis (COMCAP, 2002)

A cidade de Florianópolis gera diariamente 347 toneladas de resíduos

sólidos, em média 0,851 Kg por habitante. Deste valor, 42% correspondem ao

material orgânico.

No ano de 2010, foi aprovada a nova Política Nacional de Resíduos

Sólidos que, segundo o Ministério do Meio Ambiente, promete revolucionar a gestão

destes resíduos, ampliando a reciclagem e acabando com os lixões a céu aberto. No

prazo de 4 anos, todos os municípios brasileiros deverão construir um plano de

gestão de acordo com a lei.

Esta política determina que os sistemas públicos de limpeza e manejo de

resíduos sólidos priorizem a geração de trabalho e renda para cooperativas de

catadores, através da implantação e incentivo de um sistema de coleta seletiva.

Quanto ao lixo orgânico, deve ser implantado um sistema de

compostagem, utilizando o composto produzido de forma que seja útil em programas

que visam à melhoria econômica e social. (TRS AMBIENTAL, 2010)

17

9 ANÁLISE DO SISTEMA DE MANEJO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

EXISTENTES

Em 2010 foi lançado o Plano Nacional de Resíduos sólidos urbanos, que

deverá ter implantação completa no país até o ano de 2014. Este tem como principal

objetivo conscientizar e mover a sociedade a uma melhoria na produção e, também,

na redução de resíduos.

A quantidade de resíduos sólidos coletados pela empresa responsável em

Florianópolis aumentou cerca de 4% no ano de 2010 quando comparada a 2009,

segundo análise realizada pela COMCAP.

Também segundo dados obtidos no endereço virtual da COMCAP, foram

coletadas pelo sistema porta-a-porta 155.123,82 toneladas de resíduos sólidos no

ano. Deste total, 149.020,26 toneladas foram recolhidas pela coleta convencional e

destinadas ao aterro sanitário (96%), e 6.103,56 toneladas foram recolhidas pela

coleta seletiva e destinadas às associações de catadores de materiais recicláveis do

município e, depois, à indústria da reciclagem (4%).

A coleta seletiva também aumentou gradativamente de 2009 para 2010,

cerca de 35% somente em Florianópolis. Este aumento mostra a preocupação da

sociedade e os investimentos que estão sendo feitos para manter o potencial dos

produtos recicláveis e a vida útil dos aterros sanitários.

Os resíduos sólidos urbanos são classificados pelas Normas da ABNR

(NBRs) NBR 10.004; NBR 10.005 e NBR 10.006.

Conforme a NBR 10.004, a classificação é feita pela origem dos materiais

que constituintes e características do resíduo. Os impactos ambientais (depois de

depositados no solo) e de saúde gerados por este produto também levam a uma

classificação nesta norma.

Conforme a NBR 10.005, a classificação realizada é pelos riscos que

estes materiais podem causar ao meio ambiente e a saúde da sociedade, com a

finalidade de possibilitar a movimentação e também um destino adepto ao material.

Os produtos são classificados em:

Resíduos de Classe I, perigosos;

Resíduos de Classe II, não inertes e;

18

Resíduos de Classe III, inertes.

Conforme a NBR 10.006, a classificação é feita para obter a concentração

dos resíduos sólidos com o objetivo de diferenciar os resíduos da NBR 10.004.

Ainda existem algumas leis que regem a forma que or resíduo é atrado

antes de chegar a sua destinação final. A Lei nº 03.290/89 diz que devem existir

lixeiras rentes as muros e na parte interna da propriedade em todas as residências

uni familiares e multifamiliares. A Lei nº 3.812/92 fala sobre a separação dos

resíduos conforme suas características químicas ou físicas. Todos os resíduos

devem ser separados em lixo seco, orgânico e os rejeitos. Há, além disso, um

Programa de Educação e Orientação que poderá ser futuramente implantado nesta

Lei. A Resolução CONAMA nº 5 de 05/08/93 define a destinação final do resíduo de

acordo com sua origem. Em seus conformes, são classificados em Grupo A (que

possuem agentes biológicos), Grupo B (que possuem características químicas),

Grupo C (rejeitos radioativos) e Grupo D (resíduos comuns que não entram em

nenhum grupo anterior).

A construção de aterros sanitários e incineradores, juntamente com a

produção de composteiras e a reciclagem, são dados pelo PNRSU como a melhor

forma de destinação final.

19

10 ESTUDO DE CONCEPÇÃO DO SISTEMA DE MANEJO DE RESÍDUOS

SÓLIDOS - NORMAS TÉCNICAS APLICÁVEIS

A compostagem é o método mais antigo de reciclagem e tratamento de

lixo orgânico. Neste processo ocorre a decomposição da matéria orgânica através

da ação de microorganismos com a adição de oxigênio. Temperaturas elevadas e a

liberação de energia são características fortes da compostagem. O composto gerado

esta estabilizado e poderá ser utilizado também como fertilizante.

Os materiais que devem ser lançados nas leiras podem ser de dois tipos.

Alguns contem mais carbono, como palha, serradura, relva seca. Outros possuem

mais azoto, que são restos de cozinha e relva fresca. O composto final de boa

qualidade do processo de compostagem é proporcional aos materiais depositados

nas leiras. Ou seja, quando os resíduos são separados corretamente, e chegam às

leiras somente os orgânicos (comida, vegetais), o adubo produzido é de ótima

qualidade.

Conforme a NBR 13951 são usados alguns critérios para a instalação de

uma leira. Na manutenção o planejamento, supervisão, fiscalização, coleta,

transporte, entre outros. A aeração pode ser feita manual ou mecanicamente e tem

como principal objetivo a adição de ar ao composto. No Projeto Revolução dos

Baldinhos esta aeração é feita manualmente.

O local escolhido deve ser adequado para as composteiras, para proteção

ao meio ambiente e também a população que residir próximo. Pede-se que seja uma

construção fechada, projetada para que atenda as exigências de proteção ao meio

ambiente, com equipamentos e tecnologia apropriados para o desenvolvimento do

processo nas composteiras. Ainda na etapa de elaboração do projeto deve ser

calculada a quantidade de resíduos tratados por hora, dia e ano. Este cálculo é

essencial para obter um controle de volume de resíduos e, conseqüentemente, a

qualidade do processo de compostagem.

O acompanhamento de temperaturas termófilas (próxima a 60º C) até

determinado momento do processo, no mínimo 20 dias, é feito para garantir que

microorganismos patógenos sejam totalmente eliminados e, conseqüentemente, o

composto terá resultado aprovado. Com resultados de qualidade, este processo tem

20

grandes vantagens. A quantidade de lixo que é encaminhado ao aterro diminui

significativamente, levando ao aumento de vida útil dos aterros. Com relação ao

meio ambiente, não há impactos negativos, já que controlado, representa uma

solução eficiente para o material orgânico. Ainda tem a vantagem de resultar em um

produto com aplicação direta na agricultura. Este processo gera uma valorização

dos resíduos com baixo custo, sem necessitar de grande espaço ou grande

investimento, e é economicamente viável para sua construção e manutenção.

21

11 O LIXO E A COMPOSTAGEM

A maior parte dos resíduos orgânicos gerados no Brasil é descartada em

aterros sanitários. Diariamente no país são geradas 170 toneladas de resíduos

sólidos urbanos, o que permite estabelecer uma relação de produção de 1 kg de

resíduos orgânicos por habitante, sem contar com os resíduos líquidos

correspondentes às fezes e a urina diluídas (ABRELPE, 2010).

Desde 1990, o pensamento voltado para o desenvolvimento sustentável

vem sendo difundido entre as organizações ambientais, e o processo de utilização

de resíduos orgânicos para geração de fertilizantes tem alcançado novos patamares,

principalmente pela falta de locais para destinação correta desses resíduos e pela

pressão exercida por entidades ambientais para utilização de métodos com menor

impacto ambiental (BRITO, 2006).

22

12 O COMPOSTO ORGÂNICO NA AGRICULTURA

O composto orgânico apresenta nutrientes fornecidos pelos vegetais

vindos do processo de decomposição, fornecendo estrutura nutricional às plantas,

através das raízes.

Com relação às propriedades químicas, o composto orgânico condiciona

o solo por conter todos os macro e micronutrientes interessantes para as plantas

(KIEHL, 1985) como Ferro, Zinco, Cobre, Manganês e outros.

O composto orgânico ainda tem efeito de aumentar a capacidade do solo

de reter água, controlando a erosão, aumentando a diversidade da vida no solo, a

saúde das plantas e do ambiente. Além disso, a presença de matéria orgânica no

solo aumenta o número de minhocas, insetos e microorganismos desejáveis, o que

reduz a incidência de doenças nas plantas (MARÍN et al., 2005).

23

13 HISTÓRIA DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM

Desde a idade antiga a compostagem era utilizada, porém sua pratica não

tinha nenhum embasamento técnico. Povos como os gregos e romanos perceberam

que os resíduos de seus alimentos, poderiam ajudar a enriquecer o solo. Permitindo,

assim, uma melhora, significativa, na agricultura.

Em 1920 Albert Howard começou a fazer estudos do processo de

compostagem. Os estudos de Howard acrescentaram um caráter cientifico ao

processo. As décadas seguintes foram de suma importância, surgiram muitos

estudos científicos direcionada a compostagem. Estudos esse que contribuíram para

que essa tecnologia, nos tempos atuais, pudesse ser utilizada, ate mesmo, em

escala industrial.

24

14 COMPOSTAGEM

Pode-se definir compostagem como “bio-oxidação aeróbia exotérmica de

um substrato orgânico heterogêneo, no estado sólido, caracterizado pela produção

de CO2, água, liberação de substâncias minerais e formação de matéria orgânica

estável. (Manual Prático para a Compostagem de Biossólidos). Esse processo nada

mais é que a transformação de resíduos orgânicos em condicionante de solo. Uma

característica importante do composto é a ausência de microorganismos

patogênicos e características físicas como o odor desagradável.

A compostagem é um processo bioquímico de alta complexidade, onde a

matéria orgânica biodegradável sobre transformações ao longo do processo através

de microorganismos. Nesse processo a aeração das leiras, os nutrientes e a

umidade são fatores decisivos na eficácia da compostagem. Outro fator importante é

a temperatura. Ela é decisiva, principalmente, na eliminação dos patógenos e na

aceleração do processo. Carbono, principal fonte energética, e o nitrogênio, de suma

importância para a síntese celular, são os principais nutrientes envolvidos na

compostagem, os principais responsáveis pelo crescimento das bactérias presentes

no processo. Outros nutrientes presentes são o fósforo e o enxofre e os

micronutrientes (Ferro, Magnésio, Zinco e Sódio).

A metodologia da compostagem é representada de forma simplificada

através do seguinte esquema:

Figura 3 - Esquema simplificado do processo de compostagem(manual prático para compostagem de

biossolo)

No decorrer do processo de compostagem ocorre a proliferação de

organismos, os mais comuns são os fungos e bactérias. O desenvolvimento desses

organismos é propiciado através da característica do meio. Os microorganismos,

com base na temperatura, são classificados em psicrófilos ( 0 a 20°C), mesófilos (15

a 43°C) e termófilos(40 a 85°C). Estas temperaturas para cada micrrorganismo

25

possuem uma faixa ótima, que é a que geralmente se alcança no processo de

compostagem. Estas faixas estão expressas na tabela abaixo:

Tabela 1 – Temperaturas mínimas, ótimas e máximas para as bactérias em ºC (Fonte: Institute Solid

Wastes of American Public Works Association, 1970)

Os microorganismos mesófilos existem em quantidade considerável na

fase inicial da compostagem, isso ocorre, pois esses microorganismos têm uma

faixa de temperatura mais baixa. Com o decorrer do processo a temperatura na leira

vai aumentando gradativamente, propiciando assim, uma queda considerável na

população dos mesófilos. Alem disso o aumento na temperatura eleva a quantidade

de microorganismos termófilos.

Este aumento da população termófila é de suma importância, pois, esta

população acelera a degradação dos resíduos orgânicos e eleva a temperatura na

leira. Este aumento de temperatura é como já vimos antes, extremamente

importantes para a eliminação dos microorganismos patogênicos.

Quando a maior parte da matéria orgânica for transformada, ocorre então,

a queda de temperatura. Com essa queda a população termófila também diminui,

reaparecendo os microorganismos mesófilos. Neste ponto do processo a grande

maioria das moléculas que são facilmente biodegradáveis já foi transformada.

Ocorre, também, o inicio da humificação no composto caracterizando assim o inicio

da fase de maturação.

26

Figura 4 - Exemplo genérico da evolução da temperatura de uma leira em compostagem (Manual

pratico para compostagem de biosolo)

Como visto anteriormente a compostagem tem duas fases a degradação

rápida e a maturação. Na primeira fase a atividade dos microorganismos é bem

como o consumo de oxigênio é intenso. Nessa fase a matéria orgânica se

transforma rapidamente, a temperatura é elevada e o composto sobre mudanças

visíveis. Mesmo com essa mudança o composto ainda não está pronto ele tem que

passar pela fase da maturação. Na maturação a atividade microbiológica e o

consumo de oxigênio caem consideravelmente. Essa fase a temperatura na leira é a

mesma que a ambiente e as transformação ocorridas são, em sua maioria,

químicas. Transformação que se resume a “polimerização de moléculas orgânicas

estáveis no processo conhecido como humificação”.

Na degradação rápida o volume de matéria orgânica diminui

consideravelmente, fato este, que diminui a área necessária para a maturação. Com

isso é possível perceber que as etapas bem executadas influenciam diretamente na

estrutura do pátio ou usina de compostagem.

Na fase seguinte, maturação, são realizados alguns testes capazes de

definir o grau de maturação do material. Dependendo do grau o composto pode ou

não ser liberado para o uso. Se liberado o composto é peneirado e acondicionado,

para depois ser utilizado.

Para um resultado satisfatório no processo de compostagem alguns

parâmetros físicos químicos devem ser respeitados. Esse parâmetros são

27

importantes para proporcionar aos microorganismos condições adequadas para seu

desenvolvimento.

28

15 PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS FUNDAMENTAIS NO PROCESSO DE

COMPOSTAGEM

Para que o processo de compostagem se desenvolva de maneira

satisfatória, é necessário que alguns parâmetros físico-químicos sejam respeitados,

permitindo que os microrganismos encontrem condições favoráveis para se

desenvolverem e transformarem a matéria orgânica.

15.1 Aeração

A compostagem depende dos processos aeróbios para o desenvolvimento da

atividade microbiana, que irá desempenhar papel importante na bio-degradação;

para a oxidação da matéria orgânica, que servirá como fonte de energia; e para a

diminuição dos maus odores. A presença de ar na massa do composto é, portanto,

de importância primordial para a compostagem rápida e eficiente. Para que a

circulação de ar nas leiras ocorra, a estrutura deve ser devidamente montada, de

forma a permitir a passagem de ar internamente.

15.2 Temperatura

Durante o processo de compostagem, como dito anteriormente, ocorrem

estágios de aquecimento e resfriamento interno das leiras. As temperaturas

termofílicas (45 a 85ºC) e mesofílicas (25 a 43ºC) possibilitam o surgimento de

bactérias fundamentais para a bio-degradação. O equilíbrio de todas as fases

térmicas das leiras é de suma importância, tanto para a eliminação de

microorganismos patogênicos no aquecimento, quanto para a maturação do

composto no resfriamento. A eficiência do processo depende do monitoramento

29

periódico da temperatura, que pode ser controlada e ajustada com a aeração, caso

não esteja adequada.

15.3 Umidade

A presença de água é fundamental para o desenvolvimento da vida

microbiana. Durante o processo é preciso manter o teor de umidade em ótimos

níveis, com a recirculação de chorume e a aeração. A umidade do composto inicia

alta nos primeiros dias de montagem da leira, e vai diminuindo conforme o composto

for maturado. Este parâmetro deve ser monitorado periodicamente durante o

processo, para que o processo se desenvolva satisfatoriamente.

15.4 Relação Carbono/Nitrogênio (C/N)

Os microorganismos necessitam de carbono, como fonte de energia, e de

nitrogênio para síntese de proteínas. É por esta razão que a relação C/N é

considerada como fator que melhor caracteriza o equilíbrio dos substratos. A falta de

nitrogênio ou de carbono limita a atividade microbiológica. Como resultado, o

processo de compostagem será mais lento.

15.5 Estrutura

Antes da montagem das leiras é necessário um estudo do solo, para

verificação da granulometria do local onde as composteiras serão instaladas.

Dependendo do tipo de solo a ser trabalhado, não é necessária impermeabilização.

30

Para dar sustentação as leiras, são usados resíduos vegetais, como serragem,

palha e galhos.

15.6 pH

Assim como todos os outros parâmetros, o pH deve ser mantido totalmente

em equilíbrio, porque dele depende a atividade microbiana. Níveis muito baixos ou

muito altos reduzem ou até inibem este processo. Um teor aceitável para a

manutenção do pH é entre 5.5 e 6.0.

31

16 MONTAGEM DAS LEIRAS

(FARIAS, Eduardo. ABREU, Marcos José de. 2011)

O sistema de leiras montadas na comunidade Chico Mendes, pelo projeto

Revolução dos Baldinhos, utiliza galhos, serragem, resíduos orgânicos e palha. O

material orgânico, como já é conhecido, é recolhido pelos voluntários do projeto. A

aquisição dos outros materiais é feita pelo CEPAGRO. O método foi escolhido por

ser mais eficiente e necessitar de poucos recursos financeiros para a implantação.

GALHOS

A colocação dos galhos nas leiras é responsável pela aeração. O fluxo de

ar no monte de composto acontece de baixo para cima, gerado pelo aquecimento do

ar no interior da leira, que mais leve que o do exterior, sobe e força a renovação do

ar.

SERRAGEM

A serragem é responsável por dar estrutura de aeração e diminuir a perda

de água por lixiviação. Também contribui para a relação C/N por misturar-se aos

restos de alimento e equilibrar os níveis significantes de nitrogênio e carbono. O

material é proveniente da cavalaria de Barreiros, São José –SC.

PALHA

A palha é utilizada na parede e cobertura externa de leira. O material evita

a entrada de moscas no interior do monte, além de auxiliar na retenção do calor

produzido, juntamente à aeração. O recolhimento deste estruturante é feito no

CEASA (Central de Abastecimento do Estado de Santa Catarina).

32

16.1 Impermeabilização do solo e drenagem

A Impermeabilização do solo é importante para evitar que o chorume

gerado nos dias de chuvas intensas não percole e atinja o lençol freático. Por isso

antes de se preparar as leiras, é importante fazer um estudo do solo e uma

sistematização do local onde se deseja implantá-las. Em pátios de compostagem de

pequeno porte onde o solo é argiloso e de difícil percolação pode-se montar as leiras

diretamente no solo. Em caso de pátios de grande porte, como os industriais e

terrenos que tenham solo mais permeável, pode-se realizar a terraplanagem e

colocar uma manta de fibra impermeabilizante.

Para a drenagem de chorume das leiras é necessário a construção de

uma vala á ser escavada no sentido do escoamento do chorume, passando por

baixo das leiras. Essa vala pode ser impermeabilizada, para que se obtenha o

máximo de recolhimento de chorume liberado pelas leiras. Dentro da vala deve-se

colocar britas dentro das valas por cima da manta para que no escoamento, não

venha junto materiais que possam obstruir a passagem, como palha, serragem,

pedaços de galhos, entre outros. Outra vala deve ser feita transversalmente á frente

das leiras conduzindo o chorume a um reservatório.

Do reservatório esse líquido poderá ser coletado e recirculado na leira, ou

então ser utilizado como biofertilizante com a adição de 1 litro de água para 2 mL de

chorume. Como biofertilizante diluído, o chorume pode ser utilizado em hortaliças e

plantas mais sensíveis, ainda no seu estado mais concentrado pode ser usado na

fertilização de bananeiras, ou plantas do tipo.

O sistema de construção de valas descrito acima, é um bom sistema pelo

qual o projeto da “Revolução dos baldinhos” poderia adequar-se ao seu sistema

atual. Visto que no local onde estão instaladas as leiras do projeto, as valas são

rasas, sem impermeabilização e existe dificuldade em se coletar o chorume.

33

16.2 Armazenamento do composto produzido

O final do processo termofílico de compostagem é evidenciado pela

diminuição da temperatura da leira e pela humificação, com o aparecimento de

minhocas, tatus-bola, baratas-da-terra, entre outros. Após este processo, a leira

pode ser desmontada, o composto é separado dos animais por peneiramento e

enviado para as famílias e instituições participantes.

34

17 ALTERNATIVAS DE CONCEPÇÃO DAS LEIRAS

Um bom composto pode ser obtido tanto por tecnologias simples quanto

complexas, desde que os resíduos sejam adequados e o processo biológico ocorra

em equilíbrio. Os processos de compostagem podem ser divididos em três grandes

grupos:

• Sistema de leiras revolvidas (windrow): a mistura de resíduos é disposta em leiras,

com a aeração fornecida pelo revolvimento dos resíduos e pela entrada de ar em

contato com o composto. Este processo é o utilizado atualmente nas leiras do

projeto “Revolução dos Baldinhos”.

• Sistema de leiras estáticas aeradas (static pile): onde a mistura a ser compostada é

colocada sobre uma tubulação perfurada que injeta o ar na massa do composto, não

sendo necessário o revolvimento mecânico das leiras.

• Sistemas fechados ou reatores biológicos (In-vessel): onde os resíduos são

colocados dentro de sistemas fechados, que permitem o controle de todos os

parâmetros do processo de compostagem.

Os dois primeiros sistemas geralmente são realizados ao ar livre, sendo

possível a realização em áreas cobertas. A compostagem em reatores biológicos,

representada no terceiro sistema citado, apresenta várias alternativas de reatores.

35

17.1 Sistema de leiras revolvidas (windrow)

O sistema de leiras revolvidas é o mais simples. A mistura de resíduos

orgânicos com palha e serragem é disposta em leiras que são periodicamente

revolvidas.

A aeração é feita pela entrada do ar naturalmente na massa do composto,

ou através do revolvimento. No momento em que é feito o revolvimento, o composto

entra em contato com a atmosfera rica em O2, o que permite suprir

momentaneamente as necessidades de aeração do processo biológico.

A compostagem da matéria orgânica pelo sistema de leiras revolvidas

segue o fluxo mostrado na Figura 5.

Figura 5 - Esquema genérico aplicável à compostagem de resíduos orgânicos pelo sistema de leiras

revolvidas.

Existe a possibilidade de realizar o revolvimento mecânico, através de

máquinas específicas para misturar e revolver o composto:

• Implementos tracionados por tratores agrícolas;

• Pás carregadeiras convencionais;

36

Figura 6 - Exemplo de sistema de leiras revolvidas

“Durante a compostagem, as leiras devem ser revolvidas no mínimo três vezes por semana, sendo que esta operação tem vários objetivos: • Aerar a massa de resíduos em compostagem; • Aumentar a porosidade do meio, que sofre uma compactação natural devido ao peso próprio; • Homogeneizar a mistura; • Expor as camadas externas às temperaturas mais elevadas do interior da leira, melhorando a eficiência da desinfecção; • Em alguns casos, reduzir a granulometria dos resíduos; • Diminuir o teor de umidade do composto;” (KUTER, 1995).

17.2 Sistema de leiras estáticas aeradas (static pile)

Neste sistema a leira é colocada sobre uma tubulação perfurada,

conectada a um soprador, que injeta ar sob pressão ou sucção.

37

Figura 7 - Esquema simplificado do sistema de compostagem em leiras estáticas aeradas

“A aeração deve ser dimensionada de acordo com os objetivos visados:

a) Satisfazer às demandas de oxigênio do processo de bio-degradação aeróbia; b) Remover o excesso de umidade; c) Remover o excesso de calor para manter a temperatura em torno de 60

0 C; ’’ (EPA, 1995).

O sistema de aeração também pode alternar injeção e aspiração de ar. A

tubulação de aeração pode ser constituída por tubos de PVC branco de 100 mm de

diâmetro, sendo os orifícios de saída de ar espaçados de no máximo 18 cm (EPA,

1978).

Este sistema de compostagem também permite a formação de leiras em

duas configurações:

a) Leiras isoladas, como as descritas para o sistema de leiras revolvidas;

b) Leiras agrupadas, onde a massa de resíduos é colocada em blocos compactados

de grandes dimensões (Figura 8).

38

Figura 8 – Compostagem em leiras aeradas agrupadas

17.3 Sistemas fechados ou reatores biológicos (In-vessel)

A compostagem realizada em reatores biológicos (In-Vessel) oferece a

possibilidade de maior controle sobre todos os parâmetros importantes para o

processo de compostagem, e o ciclo de aquecimento das leiras é maior, o que reduz

o tempo de maturação do composto e atribui o nome a este sistema de

“compostagem acelerada”. Também pelo fato do maior tempo de aquecimento, este

sistema é mais eficiente no controle contra patógenos e agentes causadores de

odor.

A aeração é controlada, feita sob pressão, com atributos tecnológicos

mais desenvolvidos. (UEL, 2008) De modo geral os vários tipos de reator se

enquadram em três grandes categorias:

39

17.4 Reatores de fluxo vertical

São constituídos por aberturas verticais onde os resíduos geralmente

entram pela parte superior e percorrem o reator no neste sentido. O ar pode ser

injetado em vários níveis ou apenas na parte inferior do reator.

O dimensionamento é feito de tal forma que quando o composto chega á

parte inferior do reator, a fase termófila terminou. O composto então é descarregado

e transportado ao pátio de maturação.

17.5 Reatores de fluxo horizontal

São dispostos horizontalmente, como túneis, no mesmo sentido da

injeção de ar. Os resíduos entram por uma extremidade do reator e saem pela outra,

com tempo de detenção suficiente para a realização da fase termófila. O ar é

injetado sob pressão ao longo do trajeto.

17.6 Reatores de batelada

Diferem dos anteriores pelo fato do composto ficar confinado no mesmo

local, sem se deslocar. O reator geralmente é dotado de um sistema de agitação da

massa de resíduos, que rotaciona em torno de seu próprio eixo. O revolvimento é

feito por um dispositivo específico desses tipos de reatores, de forma automatizada.

40

18 CHORUME - LIXIVIADO

(FARIAS, Eduardo. ABREU de, Marcos José. 2011)

É gerado pela da decomposição, juntamente com a ação da infiltração da

água da chuva, no meio dos resíduos orgânicos. Em geral é composto por muitos

nutrientes que, em grande concentração, se tornam poluentes do solo e também de

lençóis freáticos. Alguns desses nutrientes são: Fósforo, Amônia, Nitrato, e outros.

No caso das leiras, quando liberada grande quantidade de chorume sem

que essa mesma não tenha sido encharcada com água da chuva, pode ser um

indicador de que há algum problema de temperatura. Nesse caso deve-se adicionar

mais palha ou mais serragem para que ela possa absorver o máximo possível de

umidade.

18.1 Resultados da caracterização química do composto orgânico

Os resultados das análises mostraram valores aproximados, até mesmo

com qualidades superiores a insumos agrícolas muito utilizados como esterco

bovino e substrato comercial. Como na comunidade Chico Mendes há baixa

disponibilidade de solo para plantio, fez-se a interpretação do laudo tratando o

composto orgânico produzido como substrato para cultivo, considerando-o um solo.

18.2 Textura

A textura refere-se ao tamanho das partículas presentes no composto,

mais precisamente o teor de argila, silte e areia no material. Dessas diferentes

frações foi analisada a argila (partículas de diâmetro < 0,002 mm) que possui maior

41

superfície específica (área de contato) e é de natureza coloidal com alta retenção de

cátions e adsorção de fósforo. (ROLAS, 2004)

Este material tem baixo teor de argila 10%, o que poderia indicar baixa

capacidade de retenção de nutrientes e água, porém além da argila há grande teor

de matéria orgânica, que também confere alta retenção de cátions.

18.3 pH

O pH do composto em torno de 6,5 encontra-se próximo da zona mais

indicada para o desenvolvimento das principais culturas agrícolas, na faixa entre 6 e

7, aonde há maior disponibilidade dos principais nutrientes, além disso o pH nessa

faixa lixivia o Alumínio, que poderia provocar toxidez para as raízes das plantas.

O pH do material no início da compostagem é ácido, causado pelo

acúmulo de ácidos orgânicos existentes. Valores baixos de pH são indicativos de

falta de maturação devido a curta duração do processo ou à ocorrência de

processos anaeróbios no interior da pilha em compostagem (KIEHL, 2002). Ao longo

do processo de compostagem estes ácidos são metabolizados, provocando

aumento no valor de pH, indicando que este composto encontra-se bem maturado.

(JAHNEL et al, 1999)

18.4 Fósforo

O fósforo trata-se de um recurso natural finito (ODUM, 1988). É um

elemento essencial a todas as formas de vida, pois faz parte de moléculas de ácidos

nucléicos e ATP. Portanto sua reciclagem se mostrou eficiente no reaproveitamento

deste nutriente, com mais de 50 ppm de P retidos.

A interpretação do teor de fósforo acontece conforme o teor de argila e

segundo ROLAS (2004), é muito alto e portando supre com sobra altas produções

42

se utilizado como substrato em culturas de sequeiro. Porém, RAIJI (1996) diz que

para hortaliças, muito exigentes em fósforo, valores muito altos são apenas aqueles

acima de 120 ppm de P.Níveis exagerados desse nutriente podem diminuir o

rendimento, pois o excesso de fósforo inibe a absorção, por exemplo, de Zn e Cu,

mesmo que o nível do nutriente no solo seja adequado para a planta.

18.5 Potássio

Segundo Kiehl (1985), o potássio, mesmo constituindo até 10% do peso

seco de algumas plantas, não forma compostos orgânicos, está presente nas

plantas somente ativas, influenciando na respiração, transpiração, ativação de

enzimas e sendo facilmente liberados de restos mortos vegetais. Fator que explica

elevados teores desse nutriente no composto.

ROLAS (2004) recomenda interpretação das quantidades de Potássio

observando-se a CTC, levando isto em conta, as análises indicaram valores muito

altos, bem acima de 180 ppm de k, considerado valor mais que suficiente.

O excesso de K disponível no solo pode intensificar o efeito competitivo

sobre a absorção do Ca e do Mg, uma vez que durante o processo de absorção

radicular estes nutrientes utilizaram os mesmos sítios carregadores (Malavolta et al.,

1997). Mas, o teor desses nutrientes encontra-se com altos valores no composto,

amenizando esse efeito.

18.6 Outros Atributos

Nos demais atributos, o composto se mostrou um substrato com alta e

boa CTC, devido a alta saturação de bases, baixa concentração de H+, ausência de

alumínio e pH próximo da neutralidade. Este substrato tem nas superfícies das

partículas coloidais da fração argila, do húmus e nos organismos vivos que o

43

habitam uma boa quantidade de nutrientes fixados, ótimos requisitos para o

crescimento das principais plantas cultivadas.

Os micronutrientes encontram-se em teor médio no solo. No caso do

Zinco e do Cobre, que além de funcionarem como nutrientes para as plantas,

também são metais pesados, encontram-se em teor baixo, muito aquém do limites

delimitados por países europeus.

Análises Referências

DETERMINAÇÃO Amostra 1 Amostra 2 Esterco Bov.* Plantmax* Unidade

Textura 13 12 % Argila

PH 6.7 6.5 8.3 5.2

Fósforo >50.00 >50.00 20.6 130 Ppm

Potássio 349.00 527.00 100 6.7 Ppm

Mat. Orgânica > 10.00 > 10.00 15.5 12.9 % (m/v)

Alumínio 0.00 0.00 0.00 cmolc/L

Cálcio 8.90 9.2 3,0 11.5 cmolc/L

Magnésio 2.2 2.5 8.9 3.8 cmolc/L

Sódio 97.00 187.00 3.0 Ppm

H + Al 1.74 1.95 0.7 cmolc/L

CTC 14.17 15.84 cmolc/L

Saturação Bases 87.72 87.69 95.6 77.26 %

Ferro 0.004 0.012 0.05 0,027 %

Zinco 9.64 5.76 19,2 3.5 Ppm

Manganês 14.04 13.32 165 24.5 Ppm

Boro 0.19 0.87 12.5 0.3 Ppm

Cobre 0.17 0.07 0.5 0.8 Ppm

Tabela 2: Resultado análises composto e comparação com outros substratos* (Santos et al,

2009)

44

18.7 Resultados da caracterização do lixiviado

Data de início: 26/09 Data de término: 29/09

Coliformes fecais: 2000 = NMP/100 ml = 2000

Coliformes totais: 110000 = NMP / 100 mL = 110000

Nos resultados das análises do lixiviado é possível observar a grande

quantidade de nutrientes que podem ser perdidos na ocasião de chuvas intensas. O

nitrogênio (N) e o fósforo (P) são importantes constituintes do lixiviado sob o ponto

de vista nutricional de plantas, mas, preocupam com relação ao risco de

contaminação das águas.

A maior parte do nitrogênio encontra-se na fase amoniacal, proveniente

da transformação de compostos orgânicos nitrogenados e da redução de nitratos em

condições anaeróbicas.

O lixiviado pode ser utilizado como biofertilizante líquido pois possui

menores concentrações de nutrientes em comparação com fertilizantes líquidos

comumente usados na agricultura, como o esterco líquido suíno e bovino.

DETERMINAÇÃO

Análise Referências

Lixiviado ¹Esterco Líq.

Suíno

²Esterco Líq.

Bovino

³Lixiviado

UFSC

Nitrito NO-2 (mg/L) 0 - -

Nitrato NO-3 (mg/L) 5.5 - -

Amônia NH4 (mg/L) 468 - -

Nitrogênio Total (mg/L) 473.5 2.374.3 870 970

Fósforo Total (mg/L) 252.166 577.8 550 190

Tabela 3: Resultado análises do lixiviado e comparação com outros substratos (¹ SILVA, 1996;

² MORI et al, 2009; Miller et al, 2005)

45

19 CONTROLES AMBIENTAIS

As comunidades mais pobres de Florianópolis sofrem com o descaso do

poder público. No caso da comunidade Chico Mendes, a prefeitura auxiliou o projeto

"Revolução dos Baldinhos" com a doação de um terreno aberto, ao lado do

hipermercado BIG, para a instalação das leiras de compostagem. O fato de o terreno

ser aberto contribui para que vários animais, entre eles cachorros, entrem no local e

mexam nas leiras em busca de alimento. A solução para isso seria o fechamento do

terreno. Porém, como dito anteriormente, o terreno ocupado não é o correto, o que

não permite os cercamentos.

Como contribuição ao projeto aqui descrito, apresenta-se uma proposta

de adequação para um novo pátio de compostagem:

19.1 Pátio de compostagem

Será necessária uma área de 1.500 m2 de área, devidamente cercada,

com portão de acesso e sinalização. O novo local deve contar com:

• Sistema de coleta do chorume das leiras de compostagem;

• Drenagem e impermeabilização nas leiras;

• Tratamento do efluente gerado no pátio por filtro plantado;

• Geração de condicionador de solo;

• Geração de biofertilizante através do lixiviado recirculado;

• Cobertura da leira com telhas transparentes para proteção dos trabalhadores e

redução na produção de líquidos percolados;

• Controle da temperatura das leiras para garantir higienização do composto;

46

• Equipamento e instrumentação adequada para os operadores;

• Banheiro ecológico.

19.2 Materiais necessários

- Muro para cercar a área: 52 metros lineares de 1,5m de altura, mais divisórias;

- Portões: 1 portão de 4 metros de ferro de duas folhas com cadeados e travas, 1

portão 1 metro de ferro com cadeados e travas;

- Piso para lavação das bombonas: 4 metros quadrados de piso, 2 m² com

drenagem para um tratamento de zona de raízes;

- Ponto de água: dois pontos de água, um na lavação de bombonas e outro próximo

da horta para irrigação;

- Lona de impermeabilização: 94 m² de PEAD 0,8 mm para impermeabilização do

lixiviado das leiras e do filtro plantando;

- Bombonas de 50 litros;

- Serviço de máquinas para fazer os canais de drenagem e escavação de 1 metro

para tratamento com filtro de plantas;

- Bambu, telas e peneiras para os canais de drenagem;

- Ponto de luz: lâmpada geral do pátio e iluminação no banheiro ou para uma bomba

de irrigação da horta ou para bombear o chorume na recirculação;

- Local para armazenamento de palha, ferramentas e afins: Necessidade de

cobertura destes materiais para proteção de chuvas e desgaste no tempo;

- Lona para Cobertura das Leiras: 8 m² de lonas para cobrir as leiras quando há

chuvas torrenciais. Reduz o alto volume de lixiviados;

47

- Termômetro: monitoramento da temperatura nas leiras, verificação da higienização

do composto;

48

20 ASPECTOS SANITÁRIOS EPIDEMIOLÓGICOS

20.1 Epidemiologia

A sociedade descarta seus resíduos sem se preocupar de que maneira e,

principalmente, onde estão descartando. Essa prática irracional favorece o

aparecimento de vetores de doenças, como ratos, baratas, moscas pombos, etc. O

descarte incorreto de resíduos orgânicos causa impacto, não só na saúde pública,

mas também no meio ambiente, porque favorece a proliferação de patógenos, causa

mau cheiro e, principalmente, a poluição do solo e de águas subterrâneas e

superficiais.

No chorume, que é gerado pela decomposição de matéria orgânica,

existem algumas substancias tóxicas que colaboram para o aparecimento de vetores

de doenças.

O projeto de adequação da “Revolução dos Baldinhos” aqui descrito visa

colaborar com a comunidade através da análise de chorume e dos possíveis riscos

do contato com o lixiviado. O projeto também tem como objetivo chamar a atenção

dos moradores para alguns cuidados necessários, como a correta disposição dos

resíduos orgânicos e o uso de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual). Estes

acessórios são de suma importância, porém a comunidade enfrenta problemas

financeiros, o que impede a aquisição desses instrumentos.

Acredita-se que a conscientização é a melhor maneira de trazer melhorias

ao projeto, portanto, foram feitas pesquisa de mobilização social, epidemiológica e a

realização de visitas na comunidade. Nos locais atendidos pelo projeto houve

diminuição considerável do número de ratos.

Quanto mais famílias forem atendidas, melhores serão as condições da

comunidade, quando considerados os combates às patologias e infestação de

animais. Ainda existem muitas famílias mal orientadas, mas são necessários mais

investimentos, para o melhor atendimento da comunidade.

49

“As ruas agora estão mais limpas não se vêem mais ratos como antes e nem lixo

pelas ruas”.

Moradores da comunidade

20.2 Aplicação de questinário

Abaixo seguem os gráficos da pesquisa realizada na comunidade com

vinte moradores.

O gráfico mostra a atual situação dos ratos na comunidade. Segundo a

pesquisa, 85% dos entrevistados disseram que houve significativa redução no

número dos roedores, e 15% afirmaram que não houve mudanças, pois, próximo às

suas residências, ainda há grande quantidade de resíduos deixados por famílias mal

orientadas.

50

Nesse gráfico observa-se que 75% da população afirma que ainda há a

presença de ratos na comunidade. Essas pessoas, além de apoiarem o projeto, são

a favor da expansão e divulgação da idéia. A outra porcentagem, representada em

números de 25% dos entrevistados, disse que não há mais indícios de ratos.

“Antes se via muitos ratos pelas ruas.”

Moradora

Mais da metade das pessoas entrevistadas acham que o posto de saúde

não atende as necessidades da comunidade, pois existem casos de doenças

causadas pela falta de saneamento. Ainda segundo as pessoas pesquisadas, há

falta de médicos e os atendentes do posto de saúde não prestam a devida atenção.

51

Neste gráfico percebe-se que o número de mortes em relação ao número

de pessoas entrevistadas é significativo, portanto, a quantidade de pessoas que

perdem a vida por falhas no sistema de saneamento e vetores, é preocupante.

O problema mais comum é a morte causada por Leptospirose. “A

Leptospirose é uma doença infecciosa, febril, aguda, potencialmente grave, causada

por uma bactéria chamada Leptospira, presente na urina do rato, que contamina

através do contato com a pele. É considerada uma zoonose, transmitida por

animais, que tem casos no mundo inteiro, com exceção das regiões polares. Nos

seres humanos, todas as pessoas, de ambos os sexos e idades podem ser

atingidos.” (VARELLA, Dráuzio. 2009)

Outra doença existente na comunidade é a Criptococose, transmitida por

pombos. Criptococose é uma doença causa pelo fungo Cyptococus neoformans. É

transmitida pela inalação da poeira contendo fezes secas de pombos e canários.

Compromete o pulmão e pode afetar o sistema nervoso central, causando alergias,

micose profunda e até meningite subaguda ou crônica. Seus sintomas são: febre,

tosse, dor torácica, podendo ocorrer também dor de cabeça, sonolência, rigidez da

nuca, acuidade visual diminuída, agitação e confusão mental. (GARCIA, Maurício.

MARTINS, Luciana Sutti. 2011).

52

20.3 Origem e formação do lixo

20.3.1 Definição

Para definir o lixo gerado por uma comunidade, ou até mesmo no meio

urbano, é preciso reunir algumas informações do local a ser estudado. Tais como:

Variações sazonais;

Condições climáticas;

Variações na economia;

Hábitos e costume das pessoas que ali vivem.

Erroneamente, mas de forma comum, definimos como “lixo” todo e

qualquer resíduo resultante das atividades diárias humanas na sociedade. Nestes

resíduos descartados pelo homem no meio ambiente, estão presentes:

Restos de alimento;

Papéis;

Papelões;

Plásticos;

Trapos;

Madeira;

Lata;

Vidro;

Gases;

Vapores;

Poeiras;

Sabões;

Detergente;

53

53

20.3.2 Fatores que influenciam a origem e formação do lixo

Alguns fatores já foram citados anteriormente, mas para título de

informação, citam-se outros abaixo:

Número de habitantes do local;

Área relativa de produção;

Condições climáticas;

Hábitos e costumes da população;

Nível educacional;

Poder aquisitivo;

Tipo de equipamento de coleta;

Segregação na origem;

Sistematização da origem e etc.

20.4 Conceito de poluição

É qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente (ar, água e solo), causado por qualquer forma de energia ou por qualquer substância sólida, líquida ou gasosa, ou combinação de elementos, despejados no meio ambiente em níveis de, direta ou indiretamente:

I. Prejudicar a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II. Criar condições inadequadas para fins domésticos, agropecuários, industriais, prejudicando as atividades sociais ou econômicas;

III. Ocasionar danos relevantes à fauna, à flora e a outros recursos naturais.

(ART.1 DECRETO 76.389 DE 03/10/1975), DOU 06/10/1975 – RET EM

13/10/1975.

54

54

20.5 Lixo e poluição

20.5.1 Poluição do solo

A disposição inadequada do lixo, sem qualquer tipo de tratamento

preliminar até sua disposição final, acarreta na poluição do solo, alterando suas

características físicas, químicas e biológicas e, principalmente, constitui um

grava problema à saúde pública.

O lixo, por conter substâncias de alto valor energético e, por ser

simultaneamente de fácil disponibilidade à água, alimento e abrigo; é preferido

por inúmeros organismos vivos, desde patogênicos até saprófitos

(decompositores), utilizando-o como nicho ecológico. Podemos então destacar

dois grupos de seres que atuam constantemente nos lixos: macrovetores e

microvetores. Os primeiros se referem a ratos, baratas, moscas, cães, aves, e

até mesmo o próprio ser homem, o catador de lixo. No segundo grupo estão

englobados vermes, bactérias, fungos, actinomicetos (procarióticos e aeróbios)

e, vírus; organismos patogênicos, portanto, nocivos à saúde pública.

“O lixo passa a ser uma fonte contínua de agentes patogênicos e, por tanto,uma ameaça à sobrevivência do homem.”(LIMA QUEIROZ. Luiz Mário), p. 29 - Tratamento e Biorremediação.

A tabela 4 mostra o tempo de vida de alguns desses microvetores.

Organismos

Tempo (dias)

Salmonella Typhi

29 - 70

Endamoeba Histolytica

8 - 12

Ascaris Lumbricoides

2000 - 2500

Leptospira Interrogans

15 - 43

Polio Virus

20 - 170

55

55

Bacilo Tuberculose

150 - 180

Larvas de vermes

25 - 40

Tabela 4 - Tempo de sobrevivência de microvetores no lixo.

Fonte: K.F. Suberkropp & M. J. Klug.

O contado dos seres humanos com estes vetores causa o

surgimento de doenças respiratórias, epidérmicas, intestinais e outras mais

lesivas e até letais.

- Salmonella Typhi: agente da febre tifóide;

- Endamoeba Histolytica: responsável pela amebíase;

- Ascaris Lumbricoides: surgimento de lumbrigas intestinais;

- Leptospira Interrogans: um dos tipos de leptospirose;

- Polio Virus: entrovírus responsável pela poliomelite;

- Bacilo Tuberculose: bactéria mais frequente que provoca a

tuberculose.

Quanto aos macrovetores, os que apresentam maior risco ao ser

humano e ao meio ambiente são ratos, moscas e baratas. Devido ao alto índice

de reprodução dos ratos, somado às condições favoráveis que o lixo oferece,

lhes dá vantagem para a formação de uma grande família; podendo ser

chamado de proliferação e infestação se concentrado em lugar único; caso da

comunidade Monte Cristo, que com a implementação do projeto Revolução dos

Baldinhos, a proliferação destes macrovetores está sob controle, porém não

esento da manifestação desses roedores.

Para explicar de uma maneira simplificada, o desenvolvimento da

população de ratos é exposto pelo ciclo na figura 9.

56

56

Figura 9 : Ciclo de desenvolvimento da população de ratos

Para mostrar que essa entidade epidemiológica não é da idade

contemporânea, alguns fatos históricos serão citados:

Peste Bubônica ou Peste Negra, no Egito (anos 540 – 542);

Povo europeu vitimado pela peste (meados do século XIV), 43

milhões de pessoas vieram a falecer;

O povo brasileiro também foi vítima da Peste Bubônica, sendo o

maior número de casos registrados nas cidades litorâneas.

A seguir, na tabela 5, serão mostrados algumas características das

famílias dos ratos: Muridae, Equinimidae e Cricetidae.

Tabela 5 - Características de alguns roedores

Nome

científico Nome vulgar

Gestação

(em dias)

Nº de

filhos

(p/ cria)

procriações

(p/ ano)

Rattus

Rattus R. Telhado 18 - 22 4 - 8 2 - 3

57

57

R.

Novergicus R. Esgoto 22 - 30 8 - 12 2 - 3

M.

Muscullus Camundongo 19 - 24 4 - 8 1,5 - 2

M. Minutus R. do mato 20 - 30 8 - 12 2 - 3

Fonte: (LIMA QUEIROZ. Luiz Mário), p. 30 - Tratamento e

Biorremediação.

Tabela 6 - Algumas doenças propagadas pelos roedores.

Enfermidade

Agente

pidemiológico Transmissão

Meningite

Linfocitária

Vírus Linfócito

Coriomeningite

Urina e secreção

nasal

Gastrenterite Salmonellas SP Fezes

Riquetiose

Vesicular Rickettsia Akari Mordedura

Leptospirose Leptospira

Icterohemorragiae Urina

Tifo Murino Rickettsia Typhi Pulga (sugamento)

Brucelose Brucella Melintensis Urina

Triquinose Trichinella Spirallis Rato-suíno-homem

Tularemia Pasteurella

Tularensis Mordedura

Febre Haverhill Streptobacillus

Monilifomis Mordedura

Febre Sôdoku Spirillum Minus Mordedura

Fonte: : (LIMA QUEIROZ. Luiz Mário), p. 30 - Tratamento e Biorremediação.

58

58

Considerando os fatos históricos, literatura técnica e aprendizagem,

não há dúvidas de que a disposição inadequada do lixo é nociva ao homem e

ao meio ambiente.

59

59

21. SISTEMAS DE MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

O manejo de resíduos sólidos depende de como são gerados,

acondicionando na fonte, coleta, transformação, transporte, processamento,

recuperação e disposição final. Exige um sistema, com princípios de

engenharia e técnicas de projeto, que possibilite a construção de obras e

dispositivos a proporcionar segurança sanitária às comunidades contra os

efeitos danosos do lixo.

A importância deste sistema é notada quando se leva em conta o

problema do manejo considerando os impactos ecológicos produzidos pelo lixo,

o modo de geração na sociedade e sua grandeza em termos de quantidade

produzida.

Nas sociedades primitivas os impactos ecológicos não eram

notados, porque sua produção de lixo era bem menor comparado após o

desenvolvimento tecnológico proveniente da revolução industrial no século XIX.

21.1 Lixo e sua geração

Os resíduos sólidos, constituídos de lixo, se apresentam nos estados

sólidos e semi-sólidos, resultantes das atividades diárias do homem e até,

muitas vezes, de animais abandonados.

A produção desse residual deve-se a um ciclo: aproveitamento inicial

das matérias-primas, confecção de utensílios primários, secundários e na

decorrência de consumo e disposição final.

60

60

Embalagens plásticas, por exemplo, influem diretamente para a

disposição final após o seu período de uso, já que são materiais não-

biodegradáveis.

21.2 Tipos e quantidades de lixo

Os lixos produzidos pelas comunidades é uma mistura heterogênea

constituída dos seguintes resíduos sólidos:

Restos de alimentos;

Cisco que compreendem materiais diversos como panos, metais, vidros

e varreduras de residências;

Cinzas;

Entulhos provenientes de demolições e construções;

Cadáveres de pequenos animais;

Excrementos humanos e de animais.

A quantidade de lixo resultante de uma comunidade é estimada em

função da sua população, considerando-se uma contribuição per capita.

61

61

22. MOBILIZAÇÃO SOCIAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Para que o projeto fosse divulgado à toda a comunidade e para que

mais participantes aderissem, foi realizada a mobilização social e a educação

ambiental por meio dos alunos. Uma é complemento do outra; a educação

ambiental serve para ensinar as pessoas, através do projeto, como colaborar

com o meio ambiente, e que contribuições sustentáveis esse projeto produz. A

mobilização social é uma ação que integra a sociedade ao projeto e motiva os

moradores a participarem dele.

A educação ambiental, realizada pelos voluntários da comunidade,

foi feita através de palestras nas escolas e nas creches. Foram feitas, também,

visitas nas casas dos moradores, para ensinar como deve ser feita a separação

dos compostos.

A mobilização social foi realizada durante as palestras, onde as

agentes apresentavam o projeto aos moradores e, caso a família aceite, um

cadastro da família é realizado e ela passa a receber um balde para recolher

seus resíduos, assinando um termo de responsabilidade por este.

Hoje existem, contribuindo com o projeto, cerca de 200 famílias.

Visto que a demanda de resíduos orgânicos é maior do que a que o projeto

esta conseguindo suportar, a mobilização social e o cadastramento de novas

famílias não esta sendo realizado.

No projeto atual, aqui descrito, um acompanhamento foi realizado

acerca da mobilização social e da educação ambiental para verificar se a forma

realizada anteriormente era satisfatória aos moradores, e em que aspectos as

mobilizações poderiam melhorar.

Um questionário com 8 questões sobre o conceito do projeto foi

aplicado para 20 moradores da comunidade Chico Mendes, a fim de saber a

opinião deles sobre o projeto. (Anexo)

62

62

Conhece o projeto

95%

5%

SIM

NAO

Escolaridade

50%

45%

5%

1 A 4 SERIE

5 A 8 SERIE

ANALFABETOS

21 ANEXOS

21.1 - Questionário de Mobilização Social e Educação Ambiental

Número de entrevistados: 20 pessoas

Faixa etária: De 15 a 68 anos

Grau de Escolaridade:

PERGUNTAS:

1) Conhece o projeto?

63

63

3) Utiliza o composto?

Utiliza o composto

70%

30%

SIM

NAO

Além dos resultados acima apresentados, os entrevistados foram

unânimes ao responder que consideravam o projeto Revolução dos Baldinhos

bom, que têm resultado satisfatório na utilização do composto proveniente da

compostagem, que a mobilização social é realizada de maneira satisfatória

sobre o projeto e que é importante o trabalho de mobilização em escolas e

creches.

21.1.1 Conclusão do questionário

A maior parte das pessoas entrevistadas disse que seria bom se as

agentes as levassem para ver o funcionamento das leiras no local em que

estas estão instaladas. Em todas as entrevistas, não foi relatado nenhum

problema sobre a implantação delas.

64

64

21.2 Orçamento do Projeto

Os números exatos da venda do composto pronto não estão

disponíveis, porque não existe nenhum controle por parte do projeto, sendo

que seria necessário um período maior que o fornecido para este

levantamento.

Quanto ao volume do lixiviado, este varia de acordo com a

quantidade de chuvas e do tipo de solo. O controle para este parâmetro

também não é realizado.

Segue em anexo a planilha com um orçamento completo dos custos

de implantação do projeto.

65

65

ORÇAMENTO DAS OBRAS DE MELHORIAS PROPOSTAS

Atividade:

Custo

Unitário(R$) Quantidade

1. Implantação

1.1

Construção da sede do projeto 300.000,00 1

1.2 Construção do pátio de compostagem 150.000,00 1

1.3 Automóveis 80.000,00 -

Total 530.000,00

2.

Manutenção

2.1

Bolsa no valor de R$ 500,00 (mensal) 10.000,00 20

2.2 Bolsa no valor de R$ 1.000,00 (mensal) 5.000,00 5

2.3 Alimentação no valor de R$ 80,00 (mensal) 2.000,00 25

2.4 Administração (mensal) 4.000,00 -

2.5 Logística (mensal) 2.000,00 -

2.6 Assessoria Técnica (mensal) 4.000,00 -

Total 27.000,00

3.

Monitoramento dos Impactos Sociais

3.1

Contratação de sociólogo semestralmente para

monitoramento 1.500,00 1

4.

Gestão

4.1

Administrativo 1.800,00 1

4.2 Materiais de escritório 1.450,00 -

4.3 Estagiário em administração 500,00 1

Total 3.750,00

5.

Materiais e Equipamentos

5.1

Capas de Chuva (transparente) 20,00 25 un.

5.2 Botas de borracha 30,00 25 pares

5.3 Luvas Palma borracha 6,90 25 pares

5.4 Mascara Respirador Facial 2,90 25 un.

5.5 Avental de segurança em raspa de couro 17,90 50 un.

66

66

Total geral: R$ 565.850,60

Fonte Itens 1 a 4.3 e 6: NATURA '' Plano de trabalho Revolução dos Baldinhos'' Página 1- Projeto Energético. 201;

Fonte Item 5: Pesquisas de mercado;

5.6 Ancinho 11,9 10 un.

5.7 Pá Dobrável Nautika de Aço Militar 4x4 43,00 10 un.

5.8 Enxada 68,00 5 un.

5.9 Carrinhos 80,00 5 un.

Total 280,60

6.

Outros

6.1

Materiais de limpeza 120,00 -

6.2 Impostos 3.200,00 -

Total 3.320,00

67

67

22 CONCLUSÃO

Assunto que vem ganhando espaço na mídia ultimamente, o

acondicionamento de resíduos sólidos urbanos é um dos principais problemas

enfrentados no que diz respeito ao saneamento básico. Com o volume de lixo

crescendo proporcionalmente ao aumento da população, lixões e aterros

sanitários vêm deixado de ser suficientes para armazenar os rejeitos

produzidos pela atividade humana.

O Projeto Revolução dos Baldinhos, responsável pela compostagem

do lixo orgânico na comunidade Chico Mendes, localizada em Florianópolis,

Santa Catarina, é um exemplo de medida que deve ser tomada senão para

erradicar o problema, ao menos suavizá-lo. Ao reciclar a matéria orgânica

produzida no local, toneladas de lixo deixam de serem mandadas ao aterro

sanitário, contribuindo para o aumento da vida útil do mesmo.

A partir de dados existentes e pesquisas realizadas em campo,

estudou-se o projeto existente atualmente, a fim de propor propostas de

melhoria ao sistema de reciclagem empregado. Foram utilizados materiais

bibliográficos da área técnica, aplicados questionários e realizadas diversas

entrevistas com os principais responsáveis e com moradores do local, no intuito

de recolher material suficiente que permitisse a realização de estudo de caso e

conseguinte sugestão de melhorias técnicas.

Como contribuições de ordem social, sugere-se a realização de

visitas com os moradores, participantes do projeto e escolas ao local de

instalação das leiras. Com a visita, o compreendimento e envolvimento dos

moradores com o processo aumentaria, assim como o interesse e, talvez, de

famílias contribuintes.

No âmbito econômico, foram propostas alternativas de concepção

de leiras e de um novo pátio de compostagem, visando o aumento da

produtividade do processo e a melhoria das condições de higiene e segurança

dos voluntários.

68

68

Ambientalmente, aponta-se a importância da execução de processos

de impermeabilização das valas coletoras de chorume, evitando assim a sua

percolação no solo e possibilitando a coleta de modo mais eficiente. Deixa-se

também registrada a necessidade de realizar periodicamente a análise

laboratorial do líquido lixiviado, a fim de determinar se o produto obtido

encontra-se dentro das normas estabelecidas e se é seguro para o uso.

Devido a problemas no local de instalação das leiras, não foi

possível a realização do ensaio de percolação do solo, a fim de determinar a

necessidade ou não da impermeabilização do mesmo. Tal procedimento seria,

contudo, de essencial importância para medir a infiltração do chorume no solo

e, a partir dos resultados, determinar o tipo de impermeabilização a ser

adotado no local.

69

69

23 REFERÊNCIAS

Universidade Estadual de Londrina - UEL - PROSAB - programa de

Pesquisa em saneamento Básico - MANUAL PRÁTICO PARA A

COMPOSTAGEM DE BIOSSÓLIDOS - 2008 - Londrina/PR.

CEPAGRO – Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo -

Comunidade Chico Mendes - PROJETO: REVOLUÇÃO DOS

BALDINHOS - 2010 -Florianópolis/SC.

Universidade Federal de Santa Catarina - Centro de Ciências Agrárias -

Curso de Agronomia - REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS: UM MODELO

DE GESTÃO COMUNITÁRIA DE RESÍDUOS ORGÂNICOS QUE

PROMOVE A AGRICULTURA URBANA - FARIAS, Eduardo; ABREU de,

Marcos José. 2011. Florianópolis/SC.

Prefeitura Municipal de Florianópolis - Secretaria Municipal de Habitação

e Saneamento Ambiental - Programa Habitar Brasil - PROJETO:

URBANIZAÇÃO, HABITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

DA REGIÃO CHICO MENDES - 2004 - Florianópolis/SC.

LOPES, João Maria. - PROJETO CHICO MENDES: UMA

EXPERIÊNCIA DE URBANIZAÇÃO, HABITAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS -

Pesquisa de Avaliação apresentada como requisito parcial à obtenção do

Certificado de Conclusão do Curso de Especialização em Gestão Pública

Municipal, Faculdade de Administração da Universidade do Sul de Santa

Catarina – UNISUL, 2004.

RESOLUÇÃO CONAMA 357/2005: capítulo IV.

70

70

BARROS, R. T. et al – MANUAL DE SANEAMENTO E PROTEÇÃO

AMBIENTAL PARA MUNICÍPIOS – vol.2 – Saneamento. Belo Horizonte.

Escola de Engenharia da UFMG, 1995, 221 p.

EME, Francílio Paes. ENGENHARIA DO SANEAMENTO AMBIENTAL,

LTC - Livros técnicos e científicos, 1982.