Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ INSTITUTO DE CULTURA E ARTE CURSO DE DANÇA CURSO DE DANÇA Bacharelado em Dança Equipe de Elaboração do Projeto: Prof. Dr. Elvis de Azevedo Matos – Educação Musical – ICA/UFC Prof. Dr. Antonio Wellington de Oliveira Júnior – Comunicação Social – ICA/UFC Profa. Dra. Sylvia Beatriz Bezerra Furtado – Cinema e Audiovisual – ICA/UFC Prof. Ms. Gilson Brandão Costa – Artes Cênicas – ICA/UFC Profa. Ms. Rosa Cristina Primo Gadelha – Artes Cênicas – ICA/UFC Assessoria Técnico-Pedagógica/PROGRAD: Profa.Inês Cristina de Melo Mamede – Coordenadora de Projetos e Acompanhamento Curricular Téc.-Admin.Yangla Kelly Oliveira Rodrigues – Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento Curricular FORTALEZA, JUNHO DE 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

INSTITUTO DE CULTURA E ARTE

CURSO DE DANÇA

CURSO DE DANÇA

Bacharelado em Dança

Equipe de Elaboração do Projeto:

Prof. Dr. Elvis de Azevedo Matos – Educação Musical – ICA/UFC

Prof. Dr. Antonio Wellington de Oliveira Júnior – Comunicação Social – ICA/UFC

Profa. Dra. Sylvia Beatriz Bezerra Furtado – Cinema e Audiovisual – ICA/UFC

Prof. Ms. Gilson Brandão Costa – Artes Cênicas – ICA/UFC

Profa. Ms. Rosa Cristina Primo Gadelha – Artes Cênicas – ICA/UFC

Assessoria Técnico-Pedagógica/PROGRAD:

Profa.Inês Cristina de Melo Mamede – Coordenadora de Projetos e

Acompanhamento Curricular

Téc.-Admin.Yangla Kelly Oliveira Rodrigues – Diretora de Pesquisa e

Desenvolvimento Curricular

FORTALEZA, JUNHO DE 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

INSTITUTO DE CULTURA E ARTE

CURSO DE DANÇA

CURSO DE DANÇA

Bacharelado em Dança

Equipe de Revisão do Projeto:

Prof. Denise Parra – Dança – ICA

Prof. Leonel Brum – Dança – ICA

Prof. Pablo Assumpção– Dança – ICA

Prof. Paulo Caldas– Dança – ICA

Prof. Rosa Primo– Dança – ICA

Prof. Thaís Gonçalves– Dança – ICA

Prof. Thereza Rocha– Dança – ICA

Assessoria Técnico-Pedagógica/PROGRAD:

Profa.Inês Cristina de Melo Mamede – Coordenadora de Projetos e

Acompanhamento Curricular

Téc.-Admin. Karla Karoline Vieira Lopes – Diretora de Pesquisa e

Desenvolvimento Curricular

FORTALEZA, AGOSTO DE 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

INSTITUTO DE CULTURA E ARTE

CURSO DE DANÇA

CURSO DE DANÇA

Bacharelado em Dança

Equipe de Revisão do Projeto:

Prof. Denise Parra – Dança – ICA

Prof. Leonel Brum – Dança – ICA

Prof. Pablo Assumpção– Dança – ICA

Prof. Patricia Caetano – Dança - ICA

Prof. Paulo Caldas– Dança – ICA

Prof. Rosa Primo– Dança – ICA

Prof. Thaís Gonçalves– Dança – ICA

Prof. Thereza Rocha– Dança – ICA

Assessoria Técnico-Pedagógica/PROGRAD:

Profa. Bernadete Porto – Coordenadora de Projetos e Acompanhamento

Curricular

Téc.-Admin. Yangla Kelly Oliveira Rodrigues – Diretora de Pesquisa e

Desenvolvimento Curricular

FORTALEZA, JUNHO DE 2013

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SUMÁRIO

1. Apresentação

2. Histórico de contextualização da dança no Ceará

3. Justificativa

4. Princípios Norteadores

5. Objetivos do Curso

6. Competências e Habilidades a serem Desenvolvidas

7. Missão do Curso

8. Perfil do Profissional a ser Formado (Perfil do Egresso)

9. Áreas de Atuação

10. Metodologia adotada para a estruturação do curso

11. Organização Curricular

11.1. Estrutura do Currículo

11.2. A dança e o plano dos corpos

11.3. Transversalidade da corporeidade dançante

11.4. Referências curriculares

11.5. Horário e locais de funcionamento do curso

11.6. Ementa das disciplinas

11.7. Relações das disciplinas

11.8. Integralização curricular

12. Acompanhamento e avaliação

12.1. Princípios básicos

12.2. Avaliação do projeto pedagógico

12.3. Dos processos de ensino e de aprendizagem

12.4. A extensão como eixo de encontro

12.5. Corpo docente

13. Infra-estrutura

13.1. Ambientes didáticos

13.2. Recursos materiais

13.3. Projeto de melhoria das condições de oferta do curso

14. Compromisso institucional

15. Referências bibliográficas

16. Anexos

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LISTA DE ABREVIATURAS

• Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)

• Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (SECULT)

• Fundação Nacional de Artes (FUNARTE)

• Instituo de Cultura e Arte (ICA)

• Universidade Federal do Ceará (UFC)

• Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

• Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ)

• Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC)

• Fórum Internacional de Dança (FID)

• Organização Não Governamental (ONG)

• Serviço Social do Comércio (SESC)

• Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)

• Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC)

• Associação de Bailarinos, Coreógrafos e Professores de Dança do Ceará

(PRODANÇA)

• Secretaria Municipal de Educação (SME)

• Secretaria de Cultura de Fortaleza (SECULTFOR)

• Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza (FUNCET)

• Plano Nacional de Dança (PND)

• Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

• Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

• Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

• Universidade Federal de Sergipe (UFS)

• Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

• Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP)

• Educação à Distância (EAD)

• Universidade Federal da Bahia (UFBA)

• Atividades Complementares (AC)

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1. Apresentação

As circunstâncias histórico-político-sociais, no início do século XX, evidenciam,

como características das sociedades modernas, a mudança rápida e permanente.

Com isso, podemos perceber a reconfiguração da posição do sujeito na sociedade.

Segundo Hall (2006), a idéia do sujeito iluminista – caracterizado como um

indivíduo centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, de consciência e de

ação, e que permitia considerar o centro essencial do “eu” a identidade de uma pessoa

– vai se desintegrando.

O novo sujeito sociológico que surge com a modernidade ainda tem um núcleo

ou essência interior, vista como o "eu real", mas formado e modificado num diálogo

contínuo com os mundos culturais "exteriores" e as identidades que esses mundos

oferecem. Segundo essa concepção, a identidade preenche o espaço entre o ‘interior’

e o ‘exterior’, entre o mundo pessoal e o mundo público, e é formada na interação

entre o “eu” e a sociedade.

As mudanças estruturais e institucionais na sociedade provocaram, ainda, o

colapso nas paisagens sociais configuradas até então, culminando num sujeito pós-

moderno fragmentado, composto não de uma única, mas de várias identidades,

algumas vezes contraditórias e não-resolvidas. Com isso, a identidade deixa de ser

entendida como uma definição biológica, fixa, essencial ou permanente, e passa a ser

vista como uma construção histórica, sempre aberta e provisória.

Na esteira de tantas transformações, grandes rupturas estéticas marcam o

século XX – o século dos “ismos” – aproximando arte e vida, ética e estética, e

evidenciando as grandes mudanças sofridas pelo ser humano nos mais variados

processos de desterritorialização, enfrentados a partir da modernidade.

Não à toa, a fenomenologia da segunda metade do século XX retoma a

atenção para o corpo. Merleau-Ponty (1999, p. 212), num esforço para superar o

dualismo corpo-mente, define o corpo como um conjunto de significações vividas, um

“sistema de potências motoras ou de potências perceptivas”, e o espaço como “a

potência universal de suas conexões”. Junto com isso, traz-nos a noção de

corporeidade, para indicar diferentes estados de um corpo vivo em ação no mundo.

Mais especificamente em dança, Michel Bernard (1990, p. 68) define corporeidade

como: “(...) uma rede plástica instável, as vezes sensorial, motora, pulsional,

imaginária e simbólica que resulta de uma interferência de uma dupla história: de uma

parte, aquela coletiva da cultura a qual pertencemos e que forjamos nos primeiros

hábitos de nutrição, de higiene, do andar, de contatos, etc., e aquela, essencialmente

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individual e contingente, de nossa história libidinal que modelou a singularidade de

nossos fantasmas e de nossos desejos”.

O corpo que dança passa a ansiar, então, por novos discursos, novas técnicas

e novas abordagens. A mera reprodução de sequências de passos organizados

harmoniosamente numa música não basta mais para definir os processos de

composição coreográfica, assim como as categorias de “bailarino”, “professor” e

“coreógrafo” não abarcam todo o campo que se abre para o artista da Dança. Crítica,

curadoria, performance, dramaturgia, pesquisa são algumas das funções surgidas no

bojo de tantas transformações ético-estéticas acontecidas no século XX.

Nos dias atuais, as noções de descontinuidade, fragmentação, ruptura e

deslocamento evidenciam alguns dos impactos da globalização1, e incorporam-se aos

processos criativos da arte contemporânea, que se instauram em fronteiras borradas e

dimensões processuais cada vez mais contestadoras e politizadas, questionando os

sistemas de arte vigentes.

Questões como habitação, construção, permanência, formas de reunião ou de

solidão, próteses, sujeito autobiográfico, desterritorialização, ciborgues, convertem-se

em dramaturgia na Dança e na arte contemporânea, em geral, possibilitando a

produção de novos significados que nunca estão postos a priori, na obra artística, mas

se constituem sempre em relação.

O filósofo francês Jacques Rancière (2005) sinaliza-nos que a política tem

sempre uma dimensão estética, sendo ambas – estética e política – maneiras de

organizar o sensível. Entendendo as práticas estéticas como “formas de visibilidade

das práticas de arte”, Rancière situa a “partilha do sensível” como cerne da política,

procedimento através do qual podemos construir a inteligibilidade dos acontecimentos.

Considerando ainda o contexto terceiro-mundista em que estamos situados,

arte, criação e política não podem ser instâncias pensadas separadamente. Mais do

que ensinar, trata-se de pensar em como ensinar, em como investir em partilhas, a fim

de que nossos processos artístico-educativos favoreçam o desenvolvimento de um

pensamento e de uma atitude mais críticos e mais autônomos, tanto dos educadores e

educandos, quanto criadores, pesquisadores, curadores e diretores artísticos. Esse é

um desafio do qual não podemos nos apartar. O trânsito por estas questões é

determinante na formação do artista e pesquisador da Dança, considerando que se

torna cada vez mais evidente o quanto as práticas corporais podem contribuir para

1 Cuja característica central, segundo Mike Featherstone, é a transnacionalização de culturas, “direcionadas para além das fronteiras nacionais”. (FEATHERSTONE, Mike. 1990, p. 12).  

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autonomia – como nos recomenda Paulo Freire (1996) – ou para o dilaceramento da

subjetividade. Pensar a Dança é pensar numa política do corpo.

Sob essa perspectiva, a Dança não deve ser reduzida a mais uma atividade

física, a serviço de objetivos de natureza técnica meramente aplicativa, como a

modelagem de corpos. Sobre isso, Strazzacappa (2006) adverte que “um corpo que

dança” é diferente de “um corpo na dança”. Um corpo que dança adquire e exercita

possibilidades diferenciadas de percepção e cognição, investindo, sobretudo, no

desenvolvimento criativo, além das habilidades físicas específicas.

A concepção equivocada de que “bailarino não pensa: dança!”, tantas vezes

repetida e fortalecida pelos próprios artistas da Dança, fez com que durante muito

tempo, na Dança, se sofresse um “analfabetismo teórico-reflexivo”. Este quadro vai

sendo visivelmente revertido, basta observar a inclusão da categoria “pesquisa” em

diversos editais de financiamento, inclusive o Edital de Incentivo às Artes da Secretária

de Cultura do Estado do Ceará (SECULT) e o aumento considerável de publicações

de caráter científico na área da Dança, nos últimos anos.

Vale ressaltar que o universo de pesquisa e de trabalhos acadêmicos na área

de Dança tem hoje um perfil bem diferenciado em relação a anos recentes, quando os

profissionais dessa área não tinham formação acadêmica. Um balanço sobre a dança

nas universidades brasileiras, entre os anos de 1987 e 2006, realizado por Rita

Aquino, e disponibilizado no site www.idanca.net, indica que, foram produzidas no país

111 teses e 553 dissertações em dança, havendo um considerável crescimento anual,

principalmente a partir de meados da década de 1990. Somente no ano de 2002 o

número de tese de doutorado em dança foi quatro vezes maior que nos anos

anteriores. Em relação aos ambientes de produção, identificam-se hoje sessenta

instituições de ensino superior e oitenta e nove programas de pós-graduação com

pesquisas em dança. Ou seja, já podemos afirmar que existe uma produção teórica e

prática significativa, apesar de esses dados ainda não estarem consolidados.

Trabalhar a Dança nesse contexto implica em superar a idéia convencional que

situa a linguagem artística da Dança numa dimensão essencialmente dependente de

outras linguagens, como a Música e o Teatro, alijando-a de suas especificidades, de

outras conexões possíveis e de seu potencial como linguagem em si. Também implica

ultrapassar a idéia redutora que insiste em situar a Dança unicamente no campo da

técnica, desconsiderando a complexidade implícita aos processos criativos e na

produção da linguagem.

Nesse sentido, pode-se dizer que pensar em arte e dança é pensar na

invenção de um lugar, delimitado mais por intensidades do que por geografias, onde

maneiras de fazer contribuem determinantemente para a reconfiguração de

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pertinências, relevâncias, territórios. Os corpos que dançam são os mesmos que

aprendem e criam, protestam, redefinem espaços-tempo e se redefinem neles. São

eles que convocam e provocam novas condições que permitam sua própria existência.

A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), atualizada em 2002,

renomeou o profissional da Dança como “Artista da Dança”, evidenciando o amplo

campo de atuação desse profissional, que ultrapassa o interpretar (bailarino) e o criar

(coreógrafo) coreografias. O Artista da Dança engloba a atuação de Professor de

Dança, Assistente de Coreografia, Coreógrafo, Bailarino, Criador-Intérprete, Curador,

Crítico, Produtor, Dramaturgo de Dança, Ensaiador de Dança e Pesquisador em

Dança; e indica que a formação desse artista segue uma tendência que vem

ocorrendo no mundo das artes em geral, rumo à profissionalização. Nesse sentido,

torna-se cada vez mais desejável que o profissional tenha curso superior na área.

Na década de 1980, acompanhando o desenvolvimento das discussões

estéticas, filosóficas, pedagógicas e epistemológicas, a Dança passou a ser, tanto

quanto as demais linguagens, reconhecida como área de conhecimento, em

detrimento das concepções que viam o ensino da arte como simples expressão

subjetiva, desvinculada da realidade social e política e, sobretudo, distante de bases

científicas. Como diz Annie Suquet (2008, p. 538), “através da exploração do corpo

como matéria sensível e pensante, a dança do século XX não cessou de deslocar e

confundir as fronteiras entre o consciente e o inconsciente, o eu e o outro, o interior e

o exterior. E também participa plenamente na redefinição do sujeito contemporâneo.

Ao longo do século, a dança contribuiu para desafiar a própria noção de corpo, a tal

ponto se tornou difícil ver no corpo dançante essa entidade fechada em que a

identidade encontraria os seus contornos. O bailarino contemporâneo vive a sua

corporeidade à maneira de uma geografia multidirecional de relações consigo e com o

mundo, uma rede móvel de conexões sensoriais que desenha uma paisagem de

intensidades”.

A compreensão da arte como área de conhecimento (SÃO PAULO, 1991)

preconiza que “fazer arte torna-se tão importante quanto pensar e entender arte”

(MARQUES, 2001, p. 35). Desta forma, não somente seus conteúdos formativos

ganham relevância, mas, principalmente, reforça-se a necessidade do ensino de artes

passar a ser entendido como ensino em artes, levando o aluno a vivenciar e articular

as informações de arte, fazendo arte. Essa orientação dá relevo às especificidades da

linguagem da Dança e aponta a necessidade de investimento em conteúdos para a

coerente formação do artista, do pesquisador, do professor, do crítico, do produtor e

curador nessa área artística.

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Tal reivindicação integra um conjunto de ações nacionais dos artistas da Dança

que visam gerar maior conhecimento da importância e necessidades do setor –

regulamentação da profissão e melhoria do acesso à formação especializada para

dançarinos e docentes. Nesse sentido, representantes de todas as regiões do Brasil,

reunidos na Câmara Setorial de Dança, conselho consultivo da Fundação Nacional de

Artes (FUNARTE), aprovaram 14 moções2 que, em 2005, definiam as prioridades para

o setor da Dança, entre as quais se destacava a necessidade de ampliação do acesso

à formação especializada e criação de cursos de graduação de dança em

universidades públicas. Esse documento foi entregue ao Ministério da Cultura, ao

Ministério da Educação e integrou a pauta de reuniões no Senado Federal e na

Câmara dos Deputados, em Brasília, durante a Conferência Nacional de Cultura, em

2005.

As reflexões e questionamentos apontados constituem o arcabouço da

proposta do Projeto Pedagógico do Curso de Dança (Bacharelado) que se segue, e o

qual propomos funcionar vinculado ao Instituo de Cultura e Arte (ICA) da Universidade

Federal do Ceará (UFC).

2. Histórico de contextualização da dança no Ceará

Uma análise do cenário atual da dança cênica3 no Ceará, e especificamente em

Fortaleza, mostra que esta área do conhecimento4 tem passado por profundas e

significativas transformações desde 1997, ano da I Bienal Internacional de Dança do

Ceará. Este evento gerou, à época de sua realização, uma ampla discussão por parte

da categoria de Dança em torno das necessidades mais urgentes ligadas à atuação

profissional no setor. Nesta ocasião, foi diagnosticada a falta de acesso, informações,

espaços formativos e de exibição, bem como políticas culturais que oportunizassem a

consistência necessária à profissão em Dança no Estado do Ceará. Bailarinos,

brincantes, dançarinos, coreógrafos, professores e pesquisadores, além de outros

interessados, mobilizaram-se, então, com o intuito de articular a criação de uma

instância de formação que promovesse a qualificação e o aperfeiçoamento em dança,

vindo a suprir esta lacuna. Na inexistência de Cursos de Formação, inclusive Superior, 2 O texto com as moções localiza-se no item 16, em Anexos. 3 A forma de dança aqui esboçada, ou seja, cênica, não compreende as danças voltadas ao entretenimento – dançadas em festas, casas de shows, bares ou casa noturnas. Trata-se da dança cênica incorporada pelos reis na sociedade de corte, codificada nos termos do balé clássico, ao qual cabia uma métrica racional, que ao atualizar-se conforme o registro no tempo-espaço, acabou por deixar o contexto dos bailes nobres e passou a ser composta para os palcos dos teatros que iam surgindo na modernidade; prosseguindo com a chamada dança moderna, pós-moderna e variantes da dança cênica contemporânea. 4 Letras, Linguística e Artes, conforme classificação adotada tanto pela CAPES como CNPQ.

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como medida paliativa para suprir esta necessidade emergente, surgiu o Colégio de

Dança do Ceará, oficializado em dezembro de 1998 e efetivado pela SECULT –

através de uma parceria entre o Instituto Dragão do Mar e a FUNARTE.

Estruturado com o intuito de incrementar e incentivar a criação, o pensamento, o

ensino, a produção, a crítica, e ampliar a performance em Dança no Estado, o Colégio

de Dança do Ceará iniciou suas atividades em fevereiro de 1999, tendo contribuído

para gerar uma significante mudança qualitativa e quantitativa em todos os âmbitos de

atuação da dança cênica cearense, especialmente a de Fortaleza. Os cursos

oferecidos pela instituição, abrangendo qualificação nas habilidades de bailarino,

coreógrafo e professor de Dança, exerceram um papel de extrema importância na

formação e no aperfeiçoamento técnico-artístico dos profissionais ligados à área.

Entre os vários resultados obtidos, direta e indiretamente ligados à atuação do

Colégio de Dança do Ceará em seus quatro anos de existência, de 1999 e 2002, é

possível evidenciar alguns mais significativos, indicativos tanto da expansão do

mercado como da qualificação e projeção profissional daqueles que concluíram seus

cursos:

• Vários grupos independentes de Dança se articularam a partir do Colégio

de Dança. Para citar apenas quatro exemplos: Adão Cia. De Dança, Companhia Etra

de Dança Contemporânea, Cia. Dita, de Fortaleza, e a Cia. Balé Baião de Dança

Contemporânea, que atua em Itapipoca, além de artistas com carreira solo como Karin

Virgínia, Andréa Sales, entre outras;

• Alunos passaram a ser selecionados e convidados a participar de

importantes mostras nacionais e internacionais de Dança, tais como o Itaú Cultural

Rumos Dança; a Bienal SESC de Dança – em São Paulo; o Ateliê de Coreógrafos

Brasileiros, em Salvador; a Bienal Internacional de Dança do Ceará; o Panorama de

Dança do Rio de Janeiro; o Move Berlim, na Alemanha; o FID – Fórum Internacional

de Dança, de Minas Gerais; o Festival Internacional de Dança do Recife, em

Pernambuco, entre outros festivais;

• Alunos foram agraciados com prêmios, editais e bolsas de incentivo à

pesquisa e produção como Bolsa Vitae, Edital de Incentivo às Artes do Ceará,

Caravana Funarte de Circulação, Prêmio Funarte Klauss Vianna de Dança, Palco

Giratório do SESC, entre outros;

• Na ausência de grupos de profissionais com nível superior, alunos que

cursaram o Colégio de Dança passaram a ser requisitados como professores,

intérpretes e coreógrafos nas escolas, academias e nos festivais de dança;

• Vários alunos do Colégio de Dança foram contratados como bailarinos,

coreógrafos e instrutores para atuar no terceiro setor (ONGs);

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• Devido à carência de professores em nível de graduação, o Colégio de

Dança formou alunos que têm sido frequentemente solicitados como coreógrafos e

professores no interior do Estado, em cidades como Horizonte, Beberibe, Sobral,

Crato, Guaiúba, Guaramiranga, Itapipoca, Paracuru, Itapajé, Nova Olinda, São

Gonçalo do Amarante, entre outras;

• Vários alunos prosseguiram suas carreiras como estudantes ou

profissionais em escolas superiores (Rio de Janeiro, Salvador/Bahia e

Amsterdam/Holanda) e companhias de dança do Brasil (Salvador, Recife...) e exterior

(Bruxelas, Amsterdam);

• A produção de espetáculos de dança em Fortaleza aumentou sensível e

significativamente, bem como a projeção dos mesmos nos âmbitos nacional e

internacional.

Contudo, devido às mudanças políticas no Governo do Estado, o Colégio de

Dança do Ceará foi extinto, restando, a partir de suas ações, o Curso Técnico em

Dança, que tem como um de seus objetivos incentivar a produção de performances,

solos, duos, grupos e companhias de dança em diversos espaços cênicos, bem como

desenvolver habilidades técnicas, artísticas e corporais para executar diversos estilos

de dança cênica. O curso está em sua segunda turma e apresenta-se como iniciativa

do IACC/SECULT/SENAC. É necessário ressaltar que na última seleção, em 2008, o

processo contou com 145 inscritos (mais que o dobro de inscritos para a primeira

turma, que contabilizou 66 inscritos), para um total de 40 vagas disponibilizadas. A

média de idade ficou entre 18 e 23 anos. Muitos já atuavam como professores e

coreógrafos, sem terem tido, no entanto, formação adequada para tal.

Outra iniciativa que visa suprir as demandas da formação em Dança é a Escola

Pública de Dança de Fortaleza, na Vila das Artes – equipamento mantido pela

Prefeitura de Fortaleza. Trata-se de uma escola que surgiu a partir de reivindicações e

discussões, ao longo de dois anos, de componentes da Associação de Bailarinos,

Coreógrafos e Professores de Dança do Ceará (PRODANÇA), bem como pelo Fórum

de Dança do Ceará. A Escola Pública de Dança da Vila das Artes tem como foco a

formação prática e teórica em Dança, contando ainda com diversas atividades

paralelas. Em sua estrutura, a Escola divide-se em três programas: o Curso Básico de

Dança, denominado Dançando na Escola – que teve início em setembro de 2009,

numa parceria com 21 escolas públicas da Prefeitura de Fortaleza, numa ação

conjunta das Secretarias Municipal de Educação (SME) e de Cultura de Fortaleza

(SECULTFOR); o programa Aulas Abertas, aperfeiçoamento técnico e artístico para

profissionais em atuação; e o Curso de Prática e Teoria Aplicada à Dança,

denominado Dança e Pensamento (extensão realizada em parceria com a UFC).

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A participação da UFC nesse processo é fundamental, certificando e fomentando

no espaço acadêmico o desenvolvimento do fazer artístico em Dança. Para tanto, um

acordo com a UFC, através da sua Pró-Reitoria de Extensão e do extinto

Departamento de Comunicação Social – hoje parte do Instituto de Cultura e Arte (ICA)

– se fez necessário no sentido de promover a realização do curso de extensão Dança

e Pensamento, cuja primeira turma findou suas atividades em julho de 2009. Em

termos numéricos, constatou-se no ano de 2008, segundo dados da Vila das Artes,

que o público atingido pelo Dança e Pensamento foi de 1.011 (mil e onze) pessoas

atendidas em 14 módulos. Além das 120 vagas reservadas à grade formal, houve

ainda a participação de um grande público nas atividades abertas: aulas, debates,

oficinas e palestras. Contudo, não se tem perspectiva para a abertura da segunda

turma.

Para atuar na Escola Pública de Dança de Fortaleza buscou-se o melhor dos

formadores no Brasil e em Centros de intercâmbio que interagem nesta formação.

Com efeito, todas as atividades foram orientadas por professores com formação em

Dança. O objetivo pautou-se em convidar profissionais e estudiosos, também de fora

do Ceará, que ministraram 18 disciplinas no curso Dança e Pensamento e

desenvolveram, sempre que possível, oficinas, palestras e debates nos centros

periféricos de Fortaleza. A intenção foi de aproveitar ao máximo a vinda de

profissionais para que os alunos e o público em geral interessado em Dança na cidade

pudessem ter contato direto, trocando informações e discutindo questões relacionadas

à Dança.

Como se observa, os organismos públicos empreendem ações e instituem

iniciativas rumo ao pensamento e execução de políticas públicas nas diversas áreas

da arte e da cultura, conscientes de que uma política conseqüente para a Dança no

Ceará deverá priorizar, entre outras ações, a promoção e otimização de processos

formativos profissionalizantes de excelência.

Após anos de lutas, conjuntamente com a atuação do Fórum de Dança do Ceará

e da PRODANÇA, constatamos que a dança no Ceará, sobretudo em Fortaleza,

tornou-se referência internacional de produção, articulação e mobilização política em

Dança. Em resumo, podemos ressaltar os pontos a seguir:

NO ÂMBITO ESTADUAL:

• Desde 1997, a realização da Bienal Internacional de Dança do Ceará –

festival que fomenta a circulação de espetáculos e o acesso às produções

internacionais e às residências artísticas, com todas as atividades gratuitas;

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• A criação do extinto Colégio de Dança – importante espaço de formação

que estimulou a profissionalização dos artistas da dança no Ceará;

• A criação da Coordenação em Dança do CDMAC, que atuou entre 2003 e

2007, sendo um fundamental gestor e articulador de diversos cursos de formação em

Fortaleza e cidades do interior com professores de reconhecido saber em níveis

nacional e internacional, suprindo em parte a carência local pela extinção do Colégio

de Dança, além da realização do projeto Quinta com Dança, espaço de difusão de

espetáculos que contam com a qualidade técnica do CDMAC;

• A implementação e manutenção do Edital de Incentivo às Artes,

contemplando a pesquisa teórica e prática, circulação e montagem de espetáculos em

Dança, desde 2003;

• A implantação de cursos de Dança no Centro Cultural Bom Jardim, bem

como do projeto Sexta com Dança, abrindo mais um canal de difusão da produção em

Dança;

• A realização do I, II e III Festival de Dança Litoral Oeste (2006, 2007 e

2009), nas cidades de Paracuru, Trairi e Itapipoca, respondendo a uma demanda da

região e descentralizando as ações em Dança;

• A implementação do Curso Técnico em Dança, com parceria do IACC,

através da SECULT e SENAC, que chega a sua segunda turma, depois de uma

concorrida seleção contando com candidatos de várias cidades do interior.

NO ÂMBITO MUNICIPAL:

• A criação da Coordenação em Dança da Fundação de Cultura, Esporte e

Turismo de Fortaleza (FUNCET), em 2005, rendendo em ações como a realização do

projeto Quarta em Movimento, primeira iniciativa municipal de fomento à difusão de

espetáculos em dança;

• A implementação e manutenção do Edital das Artes, contemplando a dança

nas categorias manutenção de grupos e apresentações no programa Quarta em

Movimento, que teve a sua segunda edição em 2008;

• A implementação da Escola Pública de Dança de Fortaleza, em 2007, que

conta com três ações: o Curso de Extensão Dança e Pensamento, em parceria com a

UFC, o Programa de Aulas Abertas, voltado para o aperfeiçoamento corporal dos

profissionais da dança e o Dançando na Escola, com a oferta de aulas de Dança para

alunos da rede pública municipal;

Page 15: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

15

• Melhoria das instalações do Mercado dos Pinhões para o Projeto Quarta

em Movimento, que contou com palco, linóleo, luz e som mais adequados para a

apresentação de espetáculos.

Em consonância com movimentos organizados do Brasil, somam-se outras

conquistas, a saber:

NO ÂMBITO FEDERAL

• A implantação de uma Coordenadoria de Dança na Funarte, reconhecendo

a Dança como área específica de conhecimento;

• A criação da Câmara Setorial de Dança, na qual o Ceará conta com

assento entre os dez primeiros estados que puderam estar representados;

• A criação dos programas Caravana Funarte de Circulação e Prêmio

Funarte Klauss Vianna de Dança, realizados por meio de editais públicos. Na edição

de 2006/2007, com uma verba de R$ 7.810.000,00, o prêmio Klauss Vianna

contemplou 140 grupos em todo o Brasil, selecionados por comissões nas cinco

regiões do país. Na Edição de 2008 o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna contou

com a verba R$ 3.000.000,00 e contemplou 69 premiados de todas as regiões do país.

Foram criadas ainda as modalidades Bolsa Funarte de Estímulo à Criação Artística em

Dança (coreografia), com dez prêmios de R$ 30.000,00, sendo dois por região, e a

Bolsa Funarte de Estímulo à Criação Crítica em Dança, com cinco prêmios de R$

30.000,00, sendo um por região e no qual o Ceará foi um dos contemplados.

• Representação do Ceará nas discussões do Plano Nacional de Dança

(PND), do qual faz parte do eixo Formação em Dança e de Público a diretriz

“ampliação da oferta nas instâncias públicas e privadas para a formação do

profissional em Dança em nível técnico e superior”, cuja ação referente é estimular a

implantação de cursos técnicos e superiores e de pós-graduação em Dança.

Diante desse quadro, a Dança no Ceará é bastante representativa no cenário

nacional em suas mobilizações e ações, no que tange ao fomento e à formação,

produção e criação. Em nível internacional, tem-se feito presente a partir da Bienal

Internacional de Dança do Ceará, que é um dos quatro festivais de maior referência na

área no país, integrando, desde 2005, o Circuito Brasileiro de Festivais Internacionais

de Dança, ao lado do Panorama de Dança do Rio de Janeiro, o Fórum Internacional

de Dança (FID), em Minas Gerais, e o Festival Internacional de Dança do Recife, em

Pernambuco. Através desta parceria, o público cearense tem assistido a espetáculos

Page 16: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

16

de importantes criadores da cena contemporânea advindos da França, Alemanha,

Holanda, Suíça, Bélgica, Portugal, África do Sul, Cabo Verde, Argentina, Guiana

Francesa, Estados Unidos, Costa Rica, Canadá, Inglaterra; além de diversos estados

brasileiros, como Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás,

Pernambuco, Piauí, entre outros. São ações que reverberam para além dos

profissionais da área, contando com público diverso para as apresentações e cursos

ofertados.

3. Justificativa

Compete à Universidade responder às demandas emergentes quanto à

produção de conhecimento, em seus diferentes ramos científicos, tecnológicos, social

e cultural. Isto impõe à Universidade um diálogo permanente com a sociedade,

compreendendo em que medida há uma demanda de formação de quadros

profissionais e de recursos humanos que atendam a um modelo de desenvolvimento

justo, coletivo e múltiplo na produção de um pensamento contemporâneo.

Em relação à Dança, as exigências vão não apenas no sentido da técnica, mas

também no sentido de pensar a sociedade contemporânea como sociedade do

conhecimento. Não por acaso, a discussão sobre a formação na área da dança, vem

sendo acompanhada por diversas pesquisas acadêmicas e pelos diferentes fóruns e

coletividades em dança no Brasil. O diagnóstico que resulta dessa análise é preciso

em afirmar que, face ao rumo conferido pelas mudanças no campo das relações entre

corpo, projetos estéticos e sociedade, reforça-se e acentua-se a urgência em estimular

a criação de novos cursos na área da dança, novas corpografias, e suas

convergências como um campo específico.

O ensino na Dança, por consequência, solicita novos posicionamentos e

metodologias que atentem para a desierarquização das relações ensino-aprendizagem

(tal como propôs o coreógrafo Merce Cunningham, na década de 50, ao desierarquizar

o espaço cênico nas suas proposições estéticas), potencializando a criatividade e

investindo na interface com outras linguagens e áreas de conhecimento.

Somente o investimento na construção e no fortalecimento do pensamento e do

conhecimento poderá fornecer uma base de sustentação sólida para o processo de

desenvolvimento e florescimento que a área da Dança atualmente experimenta no

Ceará. Nesse sentido, evidencia-se a necessidade urgente de iniciativas que

possibilitem não só a formação de futuros profissionais em Dança, o aperfeiçoamento

daqueles que já atuam no mercado de trabalho, mas também o acesso de jovens que

Page 17: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

17

não podem migrar para outros centros em busca de formação superior a fim de se

tornar um profissional de Dança que sua região necessita.

Como exemplo, dos 40 alunos selecionados no Curso Técnico em Dança do

IACC/ SECULT /SENAC (aumento de cinco vagas em relação à primeira turma), 25%

do total (10 vagas) foram preenchidas por alunos de outros municípios (Paracuru,

Guaiúba, Russas, Horizonte e Caucaia). Alguns contam com o apoio das prefeituras

para transporte diário, outros se comprometem a arcar com as despesas. Tais dados

expressam em números a necessidade da existência de curso superior oferecido por

instituições públicas

Sobre o perfil dos que buscam o curso, a grande maioria adveio de bairros

periféricos de Fortaleza, registrando passagem por projetos sociais, academias (como

bolsistas, a maioria) e de grupos independentes, profissionais e amadores, com renda

familiar equivalente ou pouco superior a um salário mínimo – o que ratifica a

necessidade de um curso de graduação em instituições públicas. Este perfil revela que

a grande demanda de profissionalização na área da dança realmente provém das

classes D e E – esta última, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), com renda per capita familiar de até dois salários mínimos.

Constando-se, ainda, a inviabilidade da grande maioria dos inscritos poder arcar com

o pagamento de um curso de formação profissional, caso não fosse gratuito. O que

pode ser percebido, também, pela experiência da Faculdade Gama Filho, hoje,

Faculdade Grande Fortaleza (FGF), que implantou a graduação em Dança, porém

sem formar turma, por se tratar de uma iniciativa privada.

Ainda que ações do Curso Técnico em Dança, da atual Escola Pública de Dança

de Fortaleza, dentre outras iniciativas, possibilitem suprir as necessidades de forma

paliativa, persiste a lacuna da ausência da formação superior em Dança na região,

evitando que os profissionais cearenses que busquem se desenvolver no ensino e na

pesquisa na área do conhecimento sobre Dança migrem para as regiões vizinhas ou

para outros países em virtude da ausência de formação neste âmbito na própria

cidade, que é cada dia mais premente.

O Curso Técnico em Dança, bem como as ações da Escola Pública de Dança de

Fortaleza, assumindo e tomando a si uma tarefa que não era feita, de modo

sistemático, por outras agências formadoras, conseguiu manter e aprofundar

experimentações e estudos na prática formadora em dança. Contudo, a realidade de

cursos de graduação em dança no país – como a criação de quatro graduações em

dança nas universidade federais (UFPE, UFRN, UFAL, UFS), somente no nordeste do

Brasil, nos últimos três anos – evidenciam, cada vez mais, a necessidade de

profissionais graduados. Ou seja, estamos diante de uma outra realidade, cujas

Page 18: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

18

mudanças são velozes e já não se sustentam em modelos estabelecidos há pelo

menos três anos atrás. Além disso, as novas diretrizes da Educação Nacional

orientam as instituições de nível superior para a criação de cursos que venham a

suprir as necessidades formadoras das gerações, em nível de graduação e de pós-

graduação.

Por tudo isso, é imprescindível que o Ceará amplie sua qualificação em Dança,

contando com um curso em nível superior em universidade pública, como modo de

tornar potente um fazer artístico que permeia o cenário das artes no Estado em

diversas iniciativas. Um curso superior virá somar-se aos anseios expressos no Plano

Nacional da Dança, que está sendo elaborado no âmbito do Ministério da Cultura e

que prevê interfaces de ações com o Ministério da Educação, no que tange à

formação profissional.

Em termos numéricos, através de dados obtidos do Censo da Educação Superior

do Brasil, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira –

INEP (2007), encontramos um total de 2.398 Instituições de Ensino Superior no Brasil

que oferecem 25.824 cursos, organizados em graduações presenciais e graduações

com Educação à Distância (EAD). Desse montante de cursos apenas 2,75% referem-

se a cursos no campo das Artes, o que corresponde a um total de 712 cursos, sendo

aí inclusos licenciaturas, bacharelados e cursos tecnológicos, não havendo ainda

registro nesse censo de cursos de EAD na área de Artes. Quando analisamos esse

total de 712 cursos, presentes no censo de 2007, a área da Dança só atinge 4,39% do

total.

Há, além disso, o problema da locação desses cursos de Dança no Brasil, sendo

alguns deles abrigados em departamentos, faculdades ou escolas que não pertencem

a mesma área de conhecimento da Dança (Letras, Linguística e Artes), conforme

classificação adotada tanto pela CAPES como CNPQ, o que aponta distorções na

abordagem do conhecimento e interfere na consolidação da produção de

conhecimento em Dança, já que as produções realizadas são contabilizadas para

outras áreas e não para o campo das Artes/Dança

Esse cenário demonstra que, mesmo passados 50 anos da implantação do

primeiro curso superior de Dança no Brasil, localizado na Escola de Dança da

Universidade Federal da Bahia (UFBA), ainda não conseguimos disseminar, de forma

satisfatória, a Dança no Ensino Superior. Apesar de apontarmos a Dança como uma

área de conhecimento autônoma, o reconhecimento dessa autonomia ainda

permanecerá abalado enquanto não conseguirmos ampliar

quantitativa/qualitativamente os cursos na área específica, bem como seus resultados

de pesquisa e sua inserção no âmbito escolar.

Page 19: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

19

Ainda pelo cadastro atual de cursos do INEP (2009), a Dança abarca 24

instituições, com um total de 33 cursos (19 licenciaturas, 11 bacharelados e 03 cursos

tecnológicos). Do total de 24 instituições de Ensino Superior, 09 são universidades

federais, 04 estaduais e 11 são faculdades e universidades particulares, o que

demonstra que atualmente os cursos de Dança estão divididos entre o investimento da

iniciativa privada e a instância governamental, e que o problema da expansão na

oferta de cursos necessita urgentemente ser assumido como um papel do Governo

Federal.

Torna-se, portanto, urgente que as universidades públicas analisem as

demandas na área da Dança em seus respectivos estados e implantem cursos que

possibilitem a adequada formação do artista e pesquisador profissional em Dança

(Bacharelado).

Repensar metodologias para a Criação/ Experimentação/ Pesquisa em Dança

implica em relacionar a formação do artista da Dança com os rápidos processos de

transformação social, política e cultural no mundo globalizado, com as inovações

tecnológicas, com as mudanças nas noções de corpo, tempo, espaço, entre outros

elementos que não podem mais ser ignorados nas atividades de formação. Dessa

forma, o ensino da Dança pode comportar em seu bojo toda a complexidade da

criação artística contemporânea, de uma sensibilidade e compreensão de mundo,

aliados a uma nova concepção de corpo, bem como de uma percepção

redimensionada do lugar do corpo, da corporeidade e da Arte nos processos de

comunicação humanos.

Considerando o cenário acima descrito, pode-se inferir que estudos

aprofundados das relações entre dança e corpo adquirem relevância e certa urgência.

Levando em conta os dados apresentados e as demandas que surgem de forma

crescente e contínua no âmbito local, propomos a realização do curso de Bacharelado

em Dança no ICA da UFC que, certamente, poderá fornecer recursos aos alunos para

pensar e problematizar questões de diversas naturezas vinculadas à pesquisa e ao

fazer artístico da Dança. Sendo assim, trata-se de uma forte contribuição para que a

formação do artista em dança possa realizar-se através de sólidas bases científicas e

artísticas, assumindo uma rigorosa compreensão do fazer artístico, em seus

processos criativos, e da sociedade em que atua.

Ao tomar a iniciativa de responder a uma conjuntura que reúne a urgência de

uma situação emergente que demanda a responsabilidade e a competência da

universidade, na formação em Dança, a UFC configurará um movimento nacional,

tomando para si a tarefa de alavancar um processo que é fundamental para a

sociedade brasileira e atenderá um pressuposto basilar da instituição de cumprir com

Page 20: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

20

a sua missão de dialogar com a sociedade e ao mesmo tempo apontar caminhos

inovadores.

Finalmente, a criação do Curso de Bacharelado em Dança é uma resposta aos

desafios que decorrem do entendimento nacional de que a dança é uma fronteira

estratégica do desenvolvimento cultural; é fonte de conhecimento e área de atuação

de inovação científica; é ferramenta de ensino para todos os níveis de educação; é

área estratégica para as políticas públicas no Brasil, voltada para a expansão do

conhecimento e para a inclusão social, fornecendo modelos para o desenvolvimento

de produções e de difusão de corpografias e sons em movimento.

4. Princípios Norteadores

Destacamos nesse projeto o empenho político pedagógico para efetivar um

processo de formação que tenha por base a produção do conhecimento que supere as

falsas dicotomias entre teoria e prática, técnica e estética. De outro, o processo de

formação deve dar ênfase à formação de coreógrafos, criadores-intérpretes,

performers, pesquisadores e de realizadores de projetos voltados às artes

contemporâneas, que considere o corpo como uma de suas centralidades, tendo como

propósito a experimentação de linguagens, a investigação de novas dramaturgias do

corpo, a pesquisa teórico-crítica sobre o corpo e a dança, bem como o entendimento

da dança como lugar de práticas artísticas. Finalmente, essa prática artística de

realização em dança deve, necessariamente, estar vinculadas à pesquisa acadêmica,

às teorias da dança, do movimento e da corporeidade dançante, às relações com as

artes visuais, cênicas, performativas, literárias, etc. e conectada com as áreas de

humanas e tecnológicas.

Esses princípios devem possibilitar, portanto:

- que a dança seja entendida como um processo que tem bases na corporeidade

dançante que dá respaldo à pesquisa, a experimentação e a busca de novas

linguagens;

- que a dança seja compreendida nas relações com outras práticas artísticas, tais

como as artes visuais, a música, a literatura, as artes performativas, o teatro, etc;

- que a corporeidade dançante possa expressar-se dentro de uma perspectiva

contemporânea, atualizada com as novas práticas e suportes, tais como o vídeo, o

cinema, a instalação, e entendida em suas variáveis,

- que prevaleça o compromisso com novos processos de produção, que efetivem um

diálogo amplo e direto com a vida, na prática cotidiana pautada pela ética das

Page 21: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

21

relações, nunca pondo acima de qualquer interesse os compromissos com sociedades

mais justas;

- o compromisso contra qualquer tipo de violação do direito às diferenças individuais,

raciais, de orientações sexuais, de práticas culturais e de tudo que diga respeito à vida

humana.

5. Objetivos do curso

Geral:

Considerando a Dança como área específica de conhecimento, pretende-se

habilitar e desenvolver competências críticas, metodológicas, artísticas e criativas,

para que o bacharel em Dança possa atuar como criador-intérprete, performer e

coreógrafo, em espetáculos, eventos e produções de teatro, performance, cinema e

vídeo; como pesquisador, seja em projetos estéticos e/ou em campos teóricos; como

curador, gestor, e programador cultural em departamentos públicos ou privados de

Artes e Cultura, dentre outros segmentos que requeiram um profissional ético,

responsável, competente, eficiente em termos técnicos e consciente de seu papel

criativo, crítico e participativo no campo da Dança e nas sociedades em que atuam.

Específicos:

a) Implementar um projeto educacional comprometido com o exercício das atividades

de Ensino, Pesquisa e Extensão, pertinentes ao Curso de Bacharelado em Dança;

b) Criar novas possibilidades de experimentação e aprendizagem em Dança;

c) Formar artistas capazes de refletir criticamente sobre seu trabalho e exercê-lo de

modo criativo, contribuindo, assim, para que a Arte da Dança seja mais presente na

vida das pessoas e assuma seu papel de agente de transformação social;

d) Desenvolver o senso crítico, a ética e a consciência das responsabilidades

psicológicas, fisiológicas e sociais da arte da Dança;

e) Capacitar o aluno para responder às demandas plurais do mercado de trabalho,

acompanhando as mudanças aceleradas que têm lugar na sociedade e no campo

artístico, bem como nas diversas áreas de conhecimento afins;

f) Desenvolver a compreensão e formas de aplicação prática da inseparabilidade da

teoria e da prática no cotidiano do artista e público de Dança;

g) Estimular o aluno a estabelecer um diálogo entre a Dança e outras expressões

artísticas, permitindo uma interação entre diversas áreas do conhecimento;

h) Integrar a expressividade e criatividade à formação;

Page 22: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

22

i) Estimular experiências de convívio plural que permitam ampliar referenciais de visão

acerca da Dança;

j) Levar o aluno a explorar o contexto social e cultural numa perspectiva histórica e

artística;

l) Desenvolver a capacidade de estabelecer relações de comunicação, levando em

consideração a experiência particular de sua cultura;

m) Estabelecer relações entre a Dança e demais áreas do conhecimento de modo a

ampliá-la.

6. Competências e Habilidades a serem Desenvolvidas

• Compreender os elementos da linguagem da dança como forma de expressão

cultural, desenvolvendo aptidão para criar, interpretar e refletir essa expressão

artística;

• Capacidade de problematizar os métodos, técnicas e teorias artísticas, filosóficas

e sócio-culturais da dança, com pleno domínio sobre a linguagem da dança e

expressividade corporal em seus contextos, conhecendo as várias interfaces que

contextualizam suas identidades culturais;

• Conhecer a produção teórica e artística da área;

• Fomentar a pesquisa da e sobre Dança; incluindo a investigação de métodos e

estratégias coreográficas, e poder, assim, desenvolver uma capacidade para a

estruturação dos elementos da composição artística;

• Dominar novas tecnologias e suas aplicações nas manifestações coreográficas e

nas artes do corpo;

• Estimular a capacidade de fruição, análise e descrição dos componentes

compositivos e coreográficos;

• Desenvolver a capacidade de leitura e escrita direcionadas à produção acadêmica

e pesquisa científica;

• Formar a reflexão crítica e compreensão histórica, elementos indispensáveis para

um bom desempenho na identificação, descrição, leitura, análise e articulação dos

componentes da linguagem da dança, vinculadas a ações individuais ou coletivas.

7. Missão do Curso

O curso de Bacharelado em Dança da UFC, em Fortaleza, tem por missão formar

profissionais e criar um ambiente propício para o fazer artístico, a partir de aspectos

Page 23: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

23

teóricos-práticos da corporeidade dançante, tendo como eixo principal a pesquisa por

novas linguagens, as experiências estéticas inovadoras e base teórica para realização

de produtos, objetos, interfaces e projetos engajados com a corporeidade dançante,

que sejam consoantes com a atualidade desse campo ao mesmo tempo que vinculado

com suas matrizes fundantes.

8. Perfil do profissional a ser formado

A produção em dança na contemporaneidade implica um amplo espectro de

ação, tendo como elemento estratégico as novas configurações das artes do corpo e

sua matriz mediada pela corporeidade dançante. Tais ações atingem um vasto campo

que perpassa a teatralidade física em espetáculos e outros tipos de intervenções

artísticas; a criação de espetáculos cênicos, partindo de novas investigações de

elaboração corporal; a pesquisa de novos procedimentos cênicos para o corpo que

dança, para o corpo que atua cenicamente e para o performer; a criação de obras e/ou

personagens atuando como pensadores-pesquisadores e não apenas como

executores (intérpretes-criadores e/ou criadores-intérpretes); a atuação no âmbito do

audiovisual e de espetáculos em ambientes não convencionais; o desenvolvimento de

pesquisa teórico-crítica sobre o corpo dançante; a organização e o desenvolvimento

de projetos na área das artes cênicas; a investigação, a criação e a execução de obras

que realizam um diálogo com as novas tecnologias; a investigação e experimentação

de novas dramaturgias do corpo.

Desse modo, o bacharel em dança deverá estar apto a desenvolver e realizar

projetos na área das artes do corpo, ter as habilidades técnicas, mas, principalmente,

deve ser um profissional que tem uma compreensão ampla e rigorosa de todo

processo de criação, produção, realização, que envolve a corporeidade dançante,

dentro de uma perspectiva estética, ética, política e cultural. O perfil do egresso do

curso de Bacharelado em Dança deve, portanto, obedecer à dupla perspectiva de ao

mesmo tempo ser um profissional habilitado a exercer funções técnicas profissionais

em Dança, com ênfase em Direção, Criação e Interpretação, e ter uma ampla

compreensão estética, política e social de suas atividades.

O aluno também deve estar apto à criação e pesquisa estética-teórica em

dança/artes do corpo, como intérprete, coreógrafo, performer, em espetáculos,

eventos e produções de teatro, cinema e vídeo, bem como em projetos artísticos

envolvendo relações com outras linguagens da arte.

Ao ingressar no Bacharelado em Dança o estudante encontrará a possibilidade

de compreender as várias interfaces do fenômeno da Dança, área de conhecimento

Page 24: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

24

que vem estruturando-se no ambiente acadêmico, formado por leis e diretrizes

artísticas próprias, com profissionais aptos a definir seus próprios destinos, o que será

importante para ele tanto como profissional criador, crítico, curador, performer,

dramaturgo e pesquisador de Dança atuante junto às coletividades.

9. Áreas de atuação

Como afirma o filósofo José Gil (2001), a tarefa do dançarino é desvencilhar-se

dos modelos sensórios-motores interiorizados. Tal procedimento só se faz possível

mediada por uma escuta implicada na realidade, no presente atual. Ora, o corpo é o

dispositivo mais apto para detectar, apreender e acolher tais movimentos. O corpo é a

caixa de ressonância mais sensível das tendências mais obscuras de uma época.

Trata-se de abrir essa caixa, de abrir o corpo. Porque este pode encontrar-se fechado,

insensível às pequenas percepções, educado para as tarefas mais exigentes e rígidas

da realidade. Abrir o corpo é torná-lo hipersensível, despertar nele todos os seus

poderes de hiperpercepção, e transformá-lo em máquina de pensar – quer dizer

reativá-lo enquanto corpo paradoxal, o que todos os regimes de poder sobre o corpo

procuraram apagar, esforçando-se por produzir o corpo unitário, sensato, finalizado

das práticas e das representações sociais que lhes são necessárias. A área de

atuação do egresso do curso de Bacharelado em Dança é cada vez mais ampla e sua

ação se conecta a muitas áreas do conhecimento.

Assim, o egresso do curso de Dança terá um papel importante como agente de

invenção e transformação da realidade, mas sobretudo, de produzir a inversão das

lógicas dominantes, que operam não apenas mas, sobretudo, com fins disciplinares

(padronização de modelos e técnicas), sem compreender o papel do corpo em sua

singularidade dentro de um contexto maior de sociedade, onde as relações humanas

devam se dar em práticas de inserção solidárias.

O curso de Dança vai criar as condições necessárias para que os que dele

ingressem possam:

1. ter domínio das técnicas e formação prática que habilitam o aluno a atuar

profissionalmente nas áreas de Direção, Criação e Interpretação e tenham noções

básicas em outras áreas, tais como a Produção, o Videodança, a Curadoria,

Cenografia e Figurino;

2. ter domínio em Dramaturgias do Corpo, voltadas para o desenvolvimento de

projetos de produção de obras de diferentes gêneros e formatos, destinado a

veiculação nas mídias contemporâneas;

Page 25: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

25

3. ser capaz de analisar, realizar a critica e formular conceitos no campo teórico,

podendo realizar a pesquisa acadêmica nos campo das teorias em dança, das

artes e da estética.

10. Metodologias adotadas para a estruturação do curso

O Curso de Dança em Bacharelado está estruturado com disciplinas obrigatórias

e optativas, ofertadas no modo semestral e modular, nas quais estão contidas

atividades teóricas, laboratoriais, práticas e complementares, todas elas articuladas de

maneira a oferecer uma formação integrada entre a teoria, a prática e a realidade

profissional. Possibilitando uma reflexão crítica, criativa e diferenciada com relação às

técnicas e procedimentos adotados. Com isso, ao estudante será oferecida, desde o

primeiro semestre, uma atuação articulada entre teoria e prática.

O projeto prevê ainda o uso do ambiente virtual em Ensino a Distancia (EaD),

desde que não ultrapasse o valor de 20% da carga horária prevista na disciplina,

ficando facultado ao professor de qualquer disciplina disponibilizar este recurso de

aprendizagem, conforme a Portaria MEC no 4.059, de 10 de dezembro de 2004.

É intrínseco ao Curso de Dança em Bacharelado a promoção da interface

dinâmica entre a academia e a sociedade, uma vez que o contato com diferentes

profissionais e suas áreas atuação é fundamental para a formação integrada e atual.

Outra estratégia importante a ser implementada é a promoção de intercâmbios,

com a presença de profissionais reconhecidos no meio da dança, assim como o

acesso da comunidade acadêmica (estudantes, professores e técnicos) aos ambientes

onde esses profissionais atuam.

Tendo em vista uma articulação orgânica entre universidade e sociedade,

garantida pelo currículo do curso, este projeto utiliza como uma das principais formas

de integralização curricular o sistema modular. Os módulos tanto podem ser uma

atividade curricular, oferecida como disciplina para o aluno do curso, assim como um

projeto de extensão, para pessoas interessadas na temática do módulo e não

pertencentes ao curso de dança, previamente selecionadas para cursá-lo.

As disciplinas obrigatórias e optativas, semestrais e modulares, as atividades

laboratoriais e as atividades complementares (ACs) foram pensadas, estruturadas e

articuladas de forma a oferecer aos alunos a permanente integração entre teorias e

práticas, ao longo do curso, e a fomentar a reflexão crítica simultaneamente à

aquisição das técnicas e habilidades necessárias ao exercício profissional.

Com isso, espera-se que os estudantes desenvolvam, ao longo da sua formação,

as seguintes habilidades:

Page 26: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

26

• Assimilar criticamente conceitos que permitam a apreensão de teorias;

• Usar tais conceitos e teorias em análises críticas da realidade;

• Deter um conjunto significativo de conhecimentos e informações sobre a

atualidade;

• Formar e expressar opiniões a partir de pontos de vista ético-políticos;

• Conhecer as novas concepções científicas do corpo humano, assim como sua

construção histórica;

• Conhecer aspectos da cinesiologia e anatomia necessários para instrumentalizar o

profissional de dança;

• Compreender fundamentos e princípios da ciência do movimento humano, da

estética, dos contextos social e cultural da atualidade e das demandas e

perspectivas observadas no mercado de trabalho onde os profissionais da dança

atuarão;

• Dominar as linguagens habitualmente usadas nos processos de comunicação, nas

dimensões de criação, de produção, de interpretação e da técnica em dança;

• Conhecer teorias estéticas e da criação artística que fundamentem a investigação

da dança como linguagem, assim como sua produção no cenário artístico;

• Experimentar e inovar no uso desta linguagem;

• Refletir criticamente sobre as práticas profissionais nos campos das Artes;

• Tratar problemas teóricos da Dança e problemas profissionais de sua área de

atuação, estabelecendo relações factuais e conceituais diante de questões

concretas pertinentes à área;

• Desenvolver competências para formação e estímulo à aprendizagem na área da

Dança, e das especialidades incluídas em sua experiência.

11.Organização curricular

11.1. Estrutura do currículo

A estrutura essencial do Projeto Pedagógico do Curso de Dança compreende o

estudo do corpo e do movimento, o desenvolvimento de técnicas para dança, o

desenvolvimento de linguagens em dança; desenvolvimento de habilidades que

propiciem instrumentos para pensar a singularidade corporal, geradoras de linguagens

em dança; processos criativos como área de conhecimento através do coreográfico,

teatral, musical, plástico; história e pesquisa em dança.

Page 27: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

27

As disciplinas estão distribuídas no sistema semestral e modular. A justificativa

de utilização deste sistema misto deve-se pelas características intrínsecas do curso

em permitir uma mobilidade curricular, sobretudo para as disciplinas ofertadas na

forma modular. Os módulos deverão ser ofertados à medida que houver

disponibilidade e oportunidade em torno do tema a ser abordado. Embora haja um

professor, vinculado institucionalmente à UFC, responsável pelo módulo, parte da

carga horária pode ser ministradas por profissionais da área. As disciplinas no sistema

modular poderão ainda ser ofertadas para os membros da comunidade universitária

como atividade de extensão, possibilitando a interação dos integrantes do curso com

os demais setores acadêmicos e com a sociedade em geral.

Para as disciplinas optativas, está previsto um total máximo de 66créditos, em

1.056 horas, que estão inseridos na integralização curricular, semestral ou em

módulos. Os módulos funcionarão como disciplinas intensivas, com carga horária

distribuída em um período de duas a quatro semanas, e incluirão disciplinas tais como

Tópicos Especiais em Dança: Articulações, Tópicos Especiais em Dança: Políticas,

Tópicos Especiais: em Dança Percepções e Tópicos Especiais em Dança: Poéticas,

entre outras. No caso dos módulos, poderá haver uma reserva de vagas para alunos

de outros cursos que queiram cursá-los como disciplinas optativas livres.

11.2. A dança e o plano dos corpos

A dança é uma conjunção de elementos heterogêneos que se interferem ao

redor, para e pelos corpos. O agenciamento da dança trabalha na maquinaria de cada

corpo: na junção das práticas que fazem a dança se recortar em torno do corpo que

dança. Fora do corpo que dança, a dança não mais existe. É isso que possibilita os

vários discursos sobre os corpos-dançantes. Em dança, movimento, imagem, forma do

corpo se agenciam sobre um mesmo plano. As práticas que fazem a dança juntam-se

justamente em corpo, na dança. As imagens tocam os corpos porque elas intervêm

sobre isso que chamamos “plano dos corpos”. Esse plano não repousa sobre a

superfície corporal. Ele é, ao contrário, denso, espesso, consistente como a matéria

corporal.

Daí a noção de singularidade, que se engaja numa compreensão que abrange

cada corpo-dançante como matéria singular, composta de sua bagagem técnica, sua

morfologia, sua história corporal, psicológica, sociológica... É isso que Michel Bernard

exprime sob o conceito de “corporeidade dançante”. É a partir desse conceito que

estrutura-se o eixo condutor do curso de bacharelado em Dança aqui exposto.

Page 28: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

28

Nesse sentido, o primeiro semestre apresenta essa corporeidade. As disciplinas

em questão formam uma espécie de composição dos elementos a serem trabalhados

em dança, seus aspectos ligados à história e à estética, o corpo que a compõe, sua

anatomia e fisiologia, suas singularidades perceptivas, os movimentos que se

estruturam em dança, bem como sua disposição rítmica. Ao longo do curso, essa

corporeidade irá adensar-se como campo de pesquisa, experimentação e criação.

11.3. Transversalidade da corporeidade dançante

Os conteúdos do curso serão abordados de forma eminentemente transversal,

por meio de um permanente diálogo entre as diversas áreas de conhecimento que

atravessam e configuram os campos da corporeidade dançante. As disciplinas devem,

assim, versar sobre questões de ordem histórica, antropológica, sociológica, filosófica,

estética, biológica, epistemológica, política, ética, cultural e artística, permitindo

problematizar crenças, saberes, práticas, hábitos e tradições específicos da dança – à

luz de questões fundamentais ao fazer artístico e às noções de corpo na sociedade

contemporânea.

Tendo como horizonte de referência a formação do artista da dança, o ensino

proposto nesse curso deve dialogar com questões que surgem em meio à

complexidade do campo artístico na contemporaneidade, percebendo de forma

ampliada o lugar do corpo, da corporeidade e da arte na vida do ser humano. Para

tanto, será importante considerar as múltiplas e mutantes redes de relações passíveis

de serem traçadas entre a sala de aula, a dança como manifestação artística e a

sociedade. Assim, nesse processo formativo, deverão ser levados em conta vários

fatores que atravessam a vida contemporânea e concorrem para configurar nossas

formas de perceber e estar no mundo: os rápidos processos de transformação social,

política e cultural que perpassam o mundo globalizado, as inovações tecnológicas, as

mudanças nas noções de corpo, tempo, espaço, entre outros elementos.

Percebendo os alunos como sujeitos dos processos de aprendizagem, essa

formação deverá direcionar atenção especial a questões de ordem metodológica,

estabelecendo estratégias e procedimentos de ensino que levem em conta a

diversidade morfológica dos corpos, seus diferentes contextos sociais e culturais, entre

outros aspectos. O curso deve abrir espaço para que o aluno, através de suas

escolhas ao longo do percurso formativo, desenvolva suas aptidões pessoais e

comece a delinear um horizonte artístico singular em consonância com seus desejos e

anseios. Deve funcionar ainda como um lugar de vivências que permita aos alunos o

Page 29: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

29

desenvolvimento do pensamento autônomo, da capacidade crítica, de princípios éticos

e de valores.

Com efeito, a estrutura curricular do curso permitirá, numa perspectiva

transdisciplinar, o acesso a conteúdos fundamentais que permeiam os saberes e

fazeres da dança cênica, em permanente diálogo com outras linguagens artísticas e

áreas de conhecimento. No que tange às manifestações da dança, serão valorizadas e

estudadas tanto expressões que historicamente vêm constituindo o patrimônio desse

campo artístico como formas emergentes dessa linguagem que surgem atualmente.

11.4. Referências curriculares

O Curso que tem na transversalidade seu grande mote de aprendizagem, cuja

corporeidade dançante se insere como escolha e prioridade de ação pedagógica,

encontra no ensino e nas opções de estudo (por disciplinas – obrigatórias e optativas,

livre e modulares – estágio curricular, trabalho de término de curso e atividades

complementares) a organização de seu currículo – cujas unidades curriculares darão a

forma que o personalizará. Com efeito, para alcançar seus objetivos e metas, o

currículo terá três áreas de estudos, compreendidas aqui como Unidades Curriculares.

• Área – Unidade Curricular – das Técnicas e Práticas;

• Área – Unidade Curricular – de Criação e Investigação;

• Área – Unidade Curricular – dos Estudos sobre Ética e Estética.

A Área das Técnicas e Práticas abrigará os estudos histórico das Técnicas

Corporais e as Práticas em dança, visando o desenvolvimento corporal/expressivo em

dança (Corpo, análise Cinesiologica, Anatomia, Estudo do Movimento em seu aspecto

bio-pisco-social, monografia e estágio).

A Área de Criação e Investigação abrigará os estudos ligados Criação em dança,

suas diversas formas de Experimentação e Investigação Compositivas, como de

relação com outras Linguagens Artísticas, pesquisas dos elementos constitutivos e

estruturais da criação em dança Teorias e Práticas para criação cênica.

A Área dos Estudos sobre Ética e Estética abrigará os fundamentos éticos,

filosóficos, sociológicos, históricos e antropológicos da corporeidade dançante para

compreender epistemologicamente a teia em que a dança se insere.

Estas Áreas tornarão visível o sentido da unidade curricular, tão necessária à

composição do Curso e integralizarão o Currículo a partir de setores cujos conteúdos

transversais se distinguem como:

Page 30: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

30

- Setor de Técnicas Corporais: estudos dos conhecimentos de técnicas corporais

diversificadas, desenvolvimento de habilidades motoras e estudo histórico das

técnicas de dança;

- Setor de Experimentação e Criação: Composição Coreográfica, Improvisação,

Prática e Análise;

- Setor de Pesquisa e Encenação: Dramaturgias do Corpo, Imagens e Linguagens

Artísticas, investigação das relações da dança e outras formas artísticas;

- Setor de Teoria Crítico-Analítico, com estudos históricos, filosóficos, sociológicos,

antropológicos, das ciências cognitivas, que possibilitem a construção de um aporte

teórico que privilegia a Dança como área de conhecimento.

A Matriz Curricular poderá, assim, abranger programas e disciplinas que

contemplem as especificidades dos estudos, das práticas, das pesquisas e dos

fundamentos da Dança, sempre na perspectiva de que a Dança é relevante em todo e

qualquer processo, projetos e ações voltados à corporeidade no âmbito

artístico/cultural e o Currículo do Curso se configurará sempre no anseio de formar

profissionais que saberão atuar nesta perspectiva.

Livre – disciplina selecionável de qualquer curso da universidade.

Atividades Curriculares Complementares

Total de carga horária permitido: 160 horas

São consideradas Atividades Complementares: Iniciação à docência, à

pesquisa e extensão; ações artístico-culturais e esportivas; participação e/ou

organização de eventos; experiências ligadas à formação profissional e/ou correlatas;

produção técnica e/ou científica; vivências de gestão; e outras atividades,

estabelecidas de acordo com o art. 3° da Resolução N°07/CEPE de 17 de junho de

2005.

Para efeito do cômputo no histórico escolar do estudante, a análise das

Atividades Complementares ocorrerá em duas etapas: a primeira ao final dos dois (02)

primeiros anos do curso e a segunda, no último semestre, até sessenta (60) dias antes

da conclusão do curso. A análise será feita por comissão de cinco (05) professores

instituída pela Coordenação, além do próprio coordenador, e com a participação de

três (03) estudantes do Curso de Dança (Bacharelado/Licenciatura).

Page 31: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

31

As Atividades desenvolvidas pelos alunos serão devidamente validadas,

somente se iniciadas a partir do ingresso do aluno na UFC, salvo as referentes ao

Projeto Recém-Ingresso da Pró-Reitoria de Graduação.

As Atividades Curriculares Complementares do Curso de Dança não poderão

conflitar com os horários das disciplinas obrigatórias, opcionais ou livres que o aluno

está cursando no semestre e são as seguintes:

1) Atividades de Iniciação à Docência, à Pesquisa e/ou à Extensão

a) Programa de Iniciação à Docência – PID / Monitoria de Iniciação à Docência

(Remunerada e Voluntária) da Pró-Reitoria de Graduação

b) Programa de Iniciação Científica, com bolsa ou como voluntário, vinculado à

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação e/ou à pesquisa de um professor,

cadastrada em um dos departamentos acadêmicos da UFC

c) Laboratório ou Grupo de Pesquisa cadastrado na Pró-Reitoria de Pesquisa e

Pós-Graduação

d) Participação em pesquisas de campo vinculadas a Pesquisa Registrada em

Instituição de Ensino Superior.

e) Participação em ambiências do Projeto CASa – Comunidade de Cooperação e

Aprendizagem Significativa.

f) Participação em programas de intercâmbio institucional, nacional e/ou

internacional.

g) Participação em viagens técnico-científicas.

h) Participação em concursos que visam premiação na área de formação.

i) Participação em Núcleo, Programa e/ou Projeto de Extensão cadastrado na Pró-

Reitoria de Extensão.

2) Atividades artísticas, culturais e/ou esportivas

a) Participação em projetos culturais cadastrados no Instituto de Cultura e Arte

(ICA) da UFC e/ou nos equipamentos culturais da universidade, a exemplo da

Rádio Universitária, Casa Amarela Eusélio Oliveira, Conservatório de Música

Alberto Nepomuceno, Curso de Arte Dramática (CAD) e Teatro Universitário,

Camerata da UFC, Cordão Brincantes do Caroá e outros grupos lítero-musicais da

UFC.

b) Participação em atividades esportivas cadastradas no Pólo Esportivo da UFC.

Page 32: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

32

c) Participação em produção de obras artísticas, nas suas mais diversas

modalidades e em qualquer etapa ou função, desde que divulgadas por meio

impresso e/ou eletrônico, vinculadas a e atestadas por produtoras, companhias,

grupos, escolas, editoras e outras instituições de reconhecida inserção na área

específica e/ou afim à formação do discente.

d) Apresentação de obra artística em salões, exposições (individuais ou coletivas),

festivais e outros eventos de natureza artística desde que divulgadas por meio

impresso e/ou eletrônico, e atestadas pela instituição promotora do evento.

e) Seleção em editais de natureza artística desde que comprovado em Diário

Oficial ou mediante apresentação de documento de igual teor e valor

comprobatório.

f) Participação em Cine Clubes.

g) Participação em atividades da Pastoral Universitária.

h) Exposição de trabalhos artísticos desenvolvidos no Programa Bolsa Arte.

i) Participação nos Programas Comunidade Solidária, Escola Solidária, Projeto

Amigos da Escola ou afins.

j) Participação em Projetos Sociais.

k) Ser bolsista do Programa Bolsa Arte.

3) Atividades de participação e/ou organização de eventos

a) Participação em eventos científicos, artísticos e/ou culturais.

b) Organização em eventos científicos, artísticos e/ou culturais.

c) Participação em cursos, workshops, oficinas, palestras e correlatos, promovidos

pelo curso de Dança.

d) Participação em cursos, workshops, oficinas, palestras e correlatos, promovidos

pela UFC

e) Participação no Programas de Apoio e Fomento aos Eventos de Arte,

Comunicação, Cultura e Design.

4) Atividades de iniciação profissional e/ou correlatas, acompanhadas por

professores designados pela Coordenação do Curso e atestadas por um

profissional da área de Dança mediante preenchimento de um formulário padrão

a ser depositado na Coordenação.

Page 33: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

33

5) Produção técnica e/ou científica

a) Publicação de artigo científico em periódico indexado, livro e/ou anais de

congresso ou evento assemelhado (simpósio, seminário, encontro)

b) Apresentação de trabalho acadêmico e/ou de natureza técnico-profissional em

congresso ou evento assemelhado (simpósio, encontro, seminário), contemplando

comunicação e painel

c) Publicação e/ou Edição de Catálogos e Livros de Arte

d) Publicação e/ou Edição de livro ou revista acadêmica

e) Publicação em periódicos não indexados

f) Livro Publicado

g) Desenvolvimento de material gráfico (cartazes, folders, encartes, capas, etc)

h) Desenvolvimento de sites, softwares, etc.

6) Vivências ou experiências de gestão

a) Representação estudantil nas instâncias da UFC, tais como CEPE e Conselho

Universitário (CONSUNI)

b) Participação na gestão do Diretório Acadêmico (DA) e/ou Diretório Central dos

Estudantes (DCE).

c) Participação na gestão de entidades representativas à área das artes, como

PRODANÇA e Fórum de Dança do Ceará.

d) Participação em Empresa Júnior

7) Casas de Cultura e Grupos de Estudos

a) Participação em curso de línguas ligado à UFC.

b) Participação em grupos de estudo, sob a responsabilidade de um professor e

vinculado a um dos departamentos acadêmicos da UFC

Estágio curricular supervisionado

O estágio curricular supervisionado, na modalidade obrigatória, deve ser estimulado

como um meio de aprendizagem complementar, a ser realizado preferencialmente em

organizações que possuam programas de estágio supervisionado, em horários e

condições compatíveis com o funcionamento do curso para cada habilitação.

Page 34: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

34

É importante também incluir nos espaços aptos para a realização de estágios

participação em companhias independentes atuantes no Estado.

Estágios que representem ocupação do estudante como mão-de-obra barata, em

substituição de profissionais, deverão ser rejeitados pela Coordenação do Curso.

As normatizações e detalhamentos estão disponibilizados no Manual de Estágio,

aditivo à este Projeto Pedagógico de curso.

Trabalho de Conclusão de Curso – Projeto Experimental

Projeto Experimental

O Projeto Experimental compreende o Trabalho de Conclusão do Curso de

Bacharelado em Dança e poderá ser desenvolvido em uma das seguintes

modalidades:

a) Monografia;

b) Expressões Contemporâneas em Dança.

O Projeto Experimental tem como objetivo oferecer ao aluno a oportunidade de

elaborar um trabalho autoral com caráter conclusivo de seu processo formativo,

podendo ser desenvolvido individualmente ou em equipe. Em qualquer uma das

modalidades, o Projeto Experimental deverá constituir-se acerca da corporeidade

dançante, seguindo uma abordagem crítica, histórica, política, técnica, conceitual ou

tratar-se de vivência pessoal do aluno relacionada ao campo profissional.

O Projeto Experimental deverá ser desenvolvido e executado em (2) dois semestres

compreendendo os componentes curriculares Orientação Projeto Experimental

(Semestre VII) e Projeto Experimental (Semestre VIII) que constituem pré-requisitos

entre si. A necessidade de pré-requisito, neste caso, justifica-se pela possibilidade

aberta ao graduando de vincular diretamente o processo de elaboração do projeto,

realizado no componente curricular Orientação Projeto Experimental, à pesquisa que

será efetivamente realizada no decurso do componente curricular Projeto

Experimental, contando assim com tempo mínimo de dois semestres para

amadurecimento artístico e metodológico de sua proposição.

O componente curricular Orientação Projeto Experimental deverá reunir os recursos e

condições adequados à elaboração dos Projetos de Pesquisa, sejam eles

Page 35: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

35

pertencentes à modalidade Projeto Experimental/Monografia ou Projeto

Experimental/Expressões Contemporâneas em Dança, escolha sinalizada pelos

alunos no decurso da mesma. Ao final do componente curricular Orientação Projeto

Experimental, o graduando deverá apresentar o Projeto de Pesquisa finalizado a uma

banca responsável pelo Exame de Qualificação do Projeto e por sua habilitação para

ingresso no componente curricular Projeto Experimental. A banca do Exame de

Qualificação do Projeto, realizada ao final do componente curricular Orientação Projeto

Experimental, contará com dois integrantes, um deles sendo o futuro orientador do

Trabalho de Conclusão, de livre escolha do aluno, pertencente a qualquer

departamento da UFC, e o outro, integrante do Colegiado dos cursos de dança do

ICA|UFC.

Uma vez habilitado pelo Exame de Qualificação do Projeto, o aluno ingressará no

componente curricular Projeto Experimental, responsável pela inscrição formal de sua

pesquisa a ser desenvolvida em dias e horários acordados com o seu orientador.

Tendo concluído o processo de orientação, o graduando deverá apresentar o seu

Trabalho de Conclusão finalizado ao orientador que, julgando a suficiência do material

apresentado, o encaminhará, junto à coordenação do curso, para defesa pública. Na

defesa, os autores da pesquisa deverão realizar uma exposição oral do trabalho

apresentado como requisito à conclusão do curso, seja ele pertencente à modalidade

Monografia ou à modalidade Expressões Contemporâneas em Dança. A defesa do

Trabalho de Conclusão contará com uma banca examinadora composta por três

integrantes, sendo um destes o orientador da pesquisa e, dentre os outros, ao menos

um professor integrante do Colegiado dos cursos de dança do ICA|UFC.

Tanto os Projetos de Pesquisa quanto os Projetos Experimentais serão avaliados

através de nota única conferida pelas bancas examinadoras dentre os graus Zero e

10,0 (dez), sendo aprovados os trabalhos que obtiverem grau igual ou superior a 7,0

(sete).

As linhas gerais para a elaboração do Projeto Experimental abaixo discriminadas

servirão de base para a elaboração dos regulamentos específicos, a serem aprovados

pelo Colegiado do Curso.

DETALHAMENTO

Projeto Experimental / MONOGRAFIA

Page 36: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

36

Objetivo

Desenvolver uma monografia acerca da corporeidade dançante devidamente

justificada e fundamentada teórico-metodologicamente.

Definição do Projeto Experimental/Monografia

Considera-se como trabalho de conclusão de curso o Projeto Experimental/

Monografia que desenvolva uma reflexão a partir de atividades de pesquisa, e

procedimentos metodológicos, organizados de forma técnica adequada às normas de

produção de um trabalho científico em arte. Como resultado final da formação

acadêmica em Dança (Bacharelado), o projeto monográfico realizado deverá

expressar uma boa integração entre pesquisa e referencial teórico-metodológico

empregado, apresentando qualidade e complexidade necessárias a um trabalho de

conclusão de curso.

Sobre o formato

A Monografia poderá ser desenvolvida individualmente e deverá apresentar um texto

acabado, expressão do desenvolvimento do projeto executado, cujo corpo textual,

compreendendo Introdução, Capítulos e Conclusão, deverá conter um mínimo de 20

laudas digitadas em fonte Times New Roman ou Arial tamanho 12, em espaço 1,5 (um

e meio) e atender as normas presentes no Guia de Normalização de Trabalhos

Acadêmicos da UFC.

Sobre os critérios para a avaliação do Projeto Experimental/Monografia

a. Coerência entre a proposição e a pesquisa realizada;

b. Empenho investigativo e aplicação de procedimentos metodológicos

adequados;

c. Apropriação pelo graduando da pesquisa realizada;

d. Problematização da pesquisa diante das questões estéticas que informam a

arte na contemporaneidade;

e. Qualidade e relevância do trabalho para a área da Dança;

f. Adequação do Trabalho de Conclusão ao perfil do egresso do Curso de

Bacharelado em Dança do ICA|UFC;

g. Correção gramatical e observância das normas de apresentação de um

trabalho científico em arte;

h. Coerência entre exposição oral e texto;

i. Coerência na argumentação das questões propostas pela banca.

Page 37: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

37

Sobre a Orientação

O trabalho deverá ser orientado por um professor, vinculado a qualquer departamento

da UFC, escolhido pelo aluno, desde que responsável por componente curricular

relacionado a um dos conteúdos de estudos previstos para o desenvolvimento da

pesquisa monográfica. Caberá ao orientador acompanhar todas as fases de

elaboração da monografia, auxiliando o aluno com indicações bibliográficas e outras

fontes de informação, sugerindo os rumos possíveis a serem tomados, examinando o

texto produzido a cada capítulo, sempre respeitando as ideias e o enfoque adotados

pelo aluno, zelando, ao mesmo tempo, pela autenticidade do trabalho.

Sobre a finalização do processo

Após a defesa, o aluno deverá apresentar imediatamente à Coordenação do curso de

Bacharelado em Dança, uma cópia do parecer assinado por todos os integrantes da

banca. Em seguida, terá 30 (trinta) dias para apresentar a versão final da monografia,

conforme as especificações previstas no regulamento, como condição necessária para

a Colação de Grau.

Projeto Experimental / EXPRESSÕES CONTEMPORÂNEAS EM DANÇA

Objetivo

Desenvolver projeto relacionado às poéticas de criação em dança, podendo referir-se

ao processo de criação de uma obra ou a processos investigativos relacionados às

metodologias de trabalho em dança.

Definição do Projeto Experimental/Expressões Contemporâneas em Dança

Diante da pluralidade das manifestações que informam aquilo que aqui chamamos de

corporeidade dançante, definimos um eixo temático que possa contemplar a

diversidade que caracteriza os processos de invenção estética na atualidade:

Expressões Contemporâneas em Dança. Assim, amplamente definido, o eixo temático

pode abrigar projetos de criação de obras ou projetos investigativos de metodologias

de criação e de pesquisa em dança. Nos dois casos, fica franqueado ao projeto

proposto a definição do suporte, este podendo ser de natureza cênica, videodança,

performance, intervenções, instalações, direção, coreografia etc. para os mais

diversos tipos de espaço e mídias.

Sobre mídias e formatos

Page 38: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

38

O Projeto Experimental/Expressões Contemporâneas em Dança poderá ser

desenvolvido individualmente ou em grupo de no máximo 6 integrantes e contemplar

os mais diversos gêneros, linguagens, materiais, tecnologias, processos artísticos e as

possibilidades de combinação entre eles. Os grupos poderão ser formados por

integrantes matriculados em Projeto Experimental, todos portanto concludentes do

Curso de Bacharelado em Dança e, assim, considerados autores da pesquisa.

Poderão outrossim ser formados por intérpretes ou colaboradores do trabalho dos

autores da pesquisa, provenientes de outros períodos, outros cursos ou mesmo da

cena artística externa aos contextos universitários. Os trabalhos devem ser

apresentados ao vivo ou por meio de registro audiovisual à banca examinadora no dia

de sua defesa. As especificações dos formatos das mídias impressas e/ou

audiovisuais relativas à pesquisa ficam a critério da equipe em comum acordo com a

orientação, informadas, sempre que pertinente, pelas normas presentes no Guia de

Normalização de Trabalhos Acadêmicos da UFC.

Sobre os critérios para avaliação do Projeto Experimental/Expressões

Contemporâneas em Dança

a. Coerência entre a proposição e a pesquisa realizada;

b. Empenho investigativo e aplicação de procedimentos metodológicos

adequados;

c. Apropriação pelo graduando da pesquisa realizada;

d. Problematização da pesquisa realizada diante das questões estéticas que

informam a arte na contemporaneidade;

e. Qualidade e relevância do trabalho para a área da Dança;

f. Adequação do Trabalho de Conclusão ao perfil do egresso do Curso de

Bacharelado em Dança do ICA|UFC;

g. Coerência entre exposição oral e o trabalho apresentado;

h. Coerência entre os formatos de apresentação do trabalho e a pesquisa

realizada;

i. Coerência na argumentação das questões propostas pela banca.

Sobre a Orientação

O trabalho deverá ser orientado por um professor, vinculado a qualquer departamento

da UFC, escolhido pelo aluno, desde que responsável por componente curricular ou

pesquisa em arte relacionada aos processos de pesquisa/criação previstos para o

desenvolvimento do Projeto Experimental em questão. Caberá ao orientador

Page 39: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

39

acompanhar todas as fases de elaboração do trabalho, auxiliando o aluno com

indicações bibliográficas e outras fontes de informação, sugerindo os rumos possíveis

a serem tomados, examinando o texto produzido, quando for este o caso, sempre

respeitando as ideias e o enfoque adotados pelo aluno, zelando, ao mesmo tempo,

pela autenticidade do trabalho.

Sobre a finalização do processo

Após a defesa, o aluno deverá apresentar imediatamente à Coordenação do curso de

Bacharelado em Dança, uma cópia do parecer assinado por todos os integrantes da

banca. Em seguida, terá 30 (trinta) dias para apresentar a versão final do trabalho,

conforme as especificações previstas no regulamento, como condição necessária para

a Colação de Grau.

11.5. Horário e locais de funcionamento do curso

O Curso será implantado em período integral, a serem realizadas inicialmente

nas próprias dependências do Teatro Universitário, depois sendo deslocado para o

Instituto de Cultura e Arte. Podendo também dispor de outras dependências do

Campus do Benfica, onde se dá a ambiência dos outros cursos bacharelado, como no

Instituto de Educação Física e Esportes (IEFES), por estes espaços disporem de

algumas salas particularmente propícias às artes cênicas, e, eventualmente, poderá

contar com o auditório, o acervo bibliográfico da Biblioteca do Centro de

Humanidades.

Em sua primeira turma o curso receberá vinte (20) estudantes. De acordo com as

melhoras de condições de funcionamento (contratação de professores e ampliação da

infra-estrutura), este número poderá aumentar.

11.6. Ementas das disciplinas (sugestões abaixo)

Área das Técnicas e Práticas

A dança e as bases neurais da

aprendizagem motora

Noção de corpo, capacidade proprioceptiva e

elaboração postural. Funções do sistema nervoso e

sua relação com os movimentos e ritmos do corpo.

Bases neurais da aprendizagem motora. Processo de

Page 40: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

40

construção consciente e inconsciente dos

movimentos e posturas corporais relacionando-os à

aprendizagem motora e à prática da dança.

Abordagens do ensino em

dança

Panorama atual das investigações em Arte e

Educação. Relações entre Arte e Ensino no contexto

pedagógico. Práticas artístico-pedagógicas em

dança.

Análise e Percepção Musical Estruturas rítmicas e sonoras. Percepção do som e

seus parâmetros, de estruturas rítmicas e melódicas

e sua análise segundo as concepções estéticas das

linguagens musicais, relacionando-as à pesquisa do

movimento criativo e expressivo.

Anatomia e fisiologia humana

básica

Introdução ao estudo do organismo humano, através

de uma abordagem de conceitos anátomo-fisiológicos

relacionados à produção de movimentos voluntários

complexos e à aquisição de habilidades motoras, a

partir de noções básicas dos aspectos referentes às

vias de transmissão periférica e anátomo-fisiologia

dos sistemas esquelético, muscular, articular,

nervoso, cardiovascular e respiratório.

Cinesiologia Conceitos básicos para a análise de movimento

articular; Cinesiologia dos músculos, articulações e

ossos e controle neural do movimento humano;

Estudo da estrutura e funcionamento das articulações

e dos músculos do membro superior, inferior e da

coluna vertebral.

Corpo e Espaço Investigação das inscrições do corpo em movimento

no espaço. Percepção das linhas de força do

movimento como parâmetros geométricos do espaço;

análise do movimento.

Dança – investigação técnica:

dinâmicas

Apoios que propiciem um ativo suporte nas quedas e

recuperação relativos ao solo. Relação do peso, do

tempo e do contratempo. Importância da respiração

Page 41: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

41

integrada ao movimento e a percepção do uso

consistente da energia. Exploração do espaço com

ritmos variados e dinâmica.

Dança – investigação técnica:

elementos básicos

Três elementos básicos da dança: eixo, equilíbrio e

alinhamento dinâmico. Organização do corpo em

movimento enfatizando o apoio da musculatura

profunda nos trabalhos de transferência de peso.

Mobilidade do eixo central em suas direções básicas -

frente, trás e lado. Adequação do tônus muscular

através de variadas dinâmicas, buscando a

construção de uma percepção tridimensional do

corpo no espaço.

Dança – investigação técnica:

esforço

Performance corporal como linguagem da arte

contemporânea. Aspectos do estudo da dinâmica,

das qualidades de movimento e da experiência como

referenciais para o domínio de habilidades motoras e

interpretativas (sistema Laban).

Dança – investigação técnica:

espaço

Elementos da dança relacionados ao espaço.

Princípios fundamentais para a qualificação da

performance, conhecimento e aplicação do parâmetro

espaço na dança com o desenvolvimento dos

seguintes conteúdos: planos, direções, sentidos e

níveis, relativos às partes do corpo e ao corpo como

um todo no espaço (noções de volume, profundidade,

tamanho), suas aplicações em diferentes bases e

relações entre espaço interno, kinesfera e espaço

global (sistema Laban).

Dança – investigação técnica:

memória

Registro dos movimentos em seqüências e variações.

Memória espacial do trabalho de percepção

tridimensional do corpo no espaço. O foco e sua

projeção no movimento. Estruturas de movimento e

as complexidades das dinâmicas e rítmicas.

Page 42: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

42

Dança – investigação técnica:

percepção

Independência articular, qualidade do movimento e

coordenação motora. Investigações variadas de

movimentos com ênfase em deslocamentos no

espaço. Domínio do movimento e a capacidade de

responder a sequências que integrem complexidade

técnica, expressividade e desempenho performático.

Estudo de Poéticas Populares Movimentos provindos de manifestações tradicionais

e populares brasileiras. Manifestações culturais e a

história pessoal do aluno.

Estudo do Movimento: sistema

Laban

Movimento corporal e seus elementos estruturais.

Habilidade de execução, conceituação e observação

do movimento ao Sistema Laban.

Estudo do Movimento: técnicas

somáticas

Técnicas somáticas integradas à dança. O potencial

técnico/expressivo do corpo. O corpo como uma

unidade psico-física. Reeducação do movimento

humano e de organização corporal e a exploração do

movimento.

Estudos Técnicos Contextuais:

comandos

Fundamentos de técnicas corporais específicas.

Princípios técnico-criativos e suas possibilidades e

contextos em comandos direcionados a construções

rítmicas e temporais do movimento dançado.

Estudos Técnicos Contextuais:

dispositivos

Fundamentos de técnicas corporais específicas.

Princípios técnico-criativos e suas possibilidades e

contextos a partir de dispositivos impulsionadores do

movimento.

Estudos Técnicos Contextuais:

eixos

Fundamentos de técnicas corporais específicas.

Princípios técnico-criativos e suas possibilidades e

contextos, tendo como elemento central os eixos de

direcionamento, estabilidade e desequilíbrio do

movimento.

Page 43: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

43

Estudos Técnicos Contextuais:

mediações

Fundamentos de técnicas corporais específicas.

Princípios técnico-criativos e suas possibilidades e

contextos atravessados pelas mediações estruturais

da corporeidade dançante em construções espaciais.

Técnica vocal: articulações Anatomia e fisiologia do aparelho fonador. Atributos e

possibilidades da voz. Relaxamento, respiração,

apoio (diafragmático, intercostal e torácico) e

impostação (articulação) da voz em contextos

individuais e coletivos, na perspectiva do artista-

docente.

Técnica vocal: interpretações A voz na educação e reeducação vocal do artista da

dança. Fundamentação e estruturação de exercícios

de técnica vocal. Junção de aspectos técnicos e

interpretativos de emissão vocal através da prática de

canto solo e em grupo.

Voz e Canto: laboratório Introdução à organologia. Técnica vocal. Laboratório

coral, profilaxia vocal. Técnicas de canto solo e em

grupo. Acústica e música eletrônica aplicada a dança.

Voz e Canto: noções básicas Técnicas básicas de relaxamento e respiração.

Noções básicas de teoria musical, uso da caixa de

ressonância. Profilaxia vocal. Técnicas de impostação

vocal para o canto solo ou em grupo. Exercício de

apreciação musical.

Voz e Movimento Técnica respiratória de apoio à produção de

intensidades vocais. Coordenação fono-respiratória,

potencializando: o reconhecimento dos aspectos

materiais da voz; conhecimentos básicos sobre

produção e emissão vocal; a conscientização do

esquema e da imagem corporal e vocal; a

coordenação fono-respiratória em movimento e

identificação de movimento intrínseco à voz.

Área - Criação e Investigação Cênica

Análise de obras

coreográficas: contextos

Metodologias em crítica de dança. Contextos diversos

da escrita sobre a dança e os diferentes discursos.

Page 44: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

44

Análise de obras

coreográficas: elementos

básicos

Panoramas da crítica de dança. Lógicas da percepção

e a ordem dos discursos que respondem a obra de

arte.

Análise dos Elementos da

Composição coreográfica

Métodos de composição em dança. Espaço, peso,

forma, tempo e estrutura musical.

Audiovisual e Artes do Corpo

Análise da produção artística contemporânea com

enfoque nas interfaces entre as artes do corpo (teatro,

performance, dança, etc.) e as novas tecnologias de

produção e linguagens do audiovisual.

Caracterização: Figurino História do figurino no teatro ocidental. O figurino como

signo cênico. O figurino e a composição do

personagem no teatro.

Caracterização: Máscaras e

Adereços

Os significados da máscara. Estudo e uso das

máscaras teatrais, nas culturas oriental e ocidental. Uso

da máscara nas diversas linguagens de teatro.

Caracterização com máscaras e adereços nas práticas

populares. Criação, confecção e uso de máscaras e

adereços.

Criação e Produção Artística

em Redes Telemáticas

Investigação sobre processos criativos em suportes

multimídia incluindo os procedimentos de disjunção,

deriva, construção de hipertexto e matrizes

intersemióticas. No estudo da performance estão

enfatizadas as passagens contemporâneas entre

mediações primárias (corpo, texto, lugar) e

agenciamentos no ciberespaço implicando

virtualização, prismação e descontinuidade narrativa.

Dança, cinema e vídeo:

construções

O corpo e a câmera. Linguagem videográfica. Roteiro,

direção e edição. Iluminação e gravação em estúdio e

palco.

Dança, cinema e vídeo:

noções básicas

Iniciação ao aspecto plástico e cenográfico da imagem

em vídeo e no cinema. Especificidades da criação em

videodança.

Page 45: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

45

Dança e multimídia:

espacialidades

Percursos temáticos centrados sobre as diversas

modalidades de cruzamentos e de contaminação entre

os diferentes suportes, linguagens, multimídias e os

sistemas perceptivos que as teorizações e práticas

artísticas experimentaram e propuseram, colocando em

tensão a corporeidade e as artes.

Dança e Multimídia:

temporalidades

Estratégias de convergência das artes no palco e no

espaço de instalações interativas. História das artes

visuais e da música no século XX no ponto de contato e

fricção com a dança e a performance.

Dramaturgias da Dança:

dispositivos

Projetos criativos em dança e seus modos específicos

de elaboração dramatúrgica.

Dramaturgias da Dança:

passagens

Noções de “dramaturgia” e seus possíveis

procedimentos para construir uma dramaturgia da

dança.

Etnocenologia Conceito de Etnocenologia. Aplicação do conceito.

Práticas populares organizadas no Ceará: Maracatu,

Bumba-meu-boi, Pastoril, etc.

Iluminação Cênica Estudo de elementos básicos de iluminação cênica.

Informações sobre tipos de refletores e suas texturas

de luz; desenvolvimento de plano de luz.

Improvisação: elementos

básicos

Improvisação na Dança e seu contexto histórico. As

diversas estratégias de improvisação, recursos,

procedimentos e instrumentalizações para estruturas

improvisacionais.

Improvisação: elementos

compositivos

Contextualização e exploração da improvisação como

procedimento compositivo em Dança.

Introdução à composição

coreográfica

Elementos básicos do processo criativo para a

construção coreográfica. Estruturas auxiliares no

processo de composição coreográfica.

Laboratório de Criação:

corpografias

Criação coreográfica e estratégias diversas de

pesquisa corporal. Linguagens artísticas na construção

de corpografias em diferentes meios e dispositivos.

Page 46: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

46

Laboratório de Criação:

estudos compositivos

Criação coreográfica e estratégias diversas de

pesquisa corporal. Linguagens artísticas e elementos

compositivos.

Laboratório de Criação:

pesquisa corporal

Pesquisa corporal como estratégia para o

desenvolvimento de estudos coreográficos e de

dramaturgias do movimento.

Performance Arte da performance. Desconstrução da representação.

Limites e deslimites entre arte e vida. Dramaturgias

pessoais e/ou auto-biográficas. Dramaturgias do corpo.

Políticas de identidade. Presença do performer.

Relações entre performer e espectador. Desconstrução

de mecânicas clássicas do espetáculo,

irreprodutibilidade e suas conseqüências. Veios

políticos da performance.

Produção Cultural nas Artes

Cênicas

As leis municipal, estadual e federal de incentivo às

Artes Cênicas; criação de projetos; procedimentos no

processo de produção de montagem e circulação de

espetáculos. Curadoria.

Projetos Estéticos

contemporâneos em Dança

Movimentos contemporâneos de dança e suas ligações

entre poética e política. Teorias de movimento,

concepções de corpo dançante, procedimentos

criativos e técnicos e de composições e concepções da

cena.

Realização em Cinema e

Audiovisual I (Fundamentos

gerais da direção)

Curso de iniciação à Direção Cinematográfica, com

ênfase na realização. Desenvolvimento dos conceitos e

processos de produção e direção. Início, meio e fim da

realização de um filme.

Teorias da Interpretação

Tendências. Estudo da Poética de Stanilawsky. O

Teatro Épico de Brecht, O Teatro da Crueldade de

Artaud. O Teatro ritualístico de Grotowsky. O Teatro

Antropológico de Barba. A Performance.

Área dos Estudos sobre Ética e Estética.

Page 47: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

47

Análise do Texto e do

Discurso Jornalísticos

Noções de linguagem e semiologia. Conceito de texto.

Conceitos de intertexto e transtextos. Processos de

leitura. Conceito de discurso. Enunciação e Pragmática.

Cena discursiva, ideologia e discurso. Polifonia e

heterogeneidade discursiva. O discurso jornalístico e o

jogo de vozes no texto. Práticas de análise de material

textual.

Antropologia do corpo O corpo enquanto resultado provisório das convergências

entre técnica e sociedade, sentimentos e objetos,

pertence menos à natureza do que à cultura. Corpo como

algo que varia historicamente, de acordo com as épocas e

culturas. Corpo na cultura contemporânea, atuando como

uma nova fronteira, como palco privilegiado da marcação

de diferenças étnicas, culturais e simbólicas.

Cena e Dramaturgia

Contemporâneas

O estudo da história do teatro e da literatura dramática na

segunda metade do século XX. Evolução do teatro

contemporâneo: a relação entre dramaturgia e

espetáculo. Estudo de textos dramáticos

contemporâneos. Estudo da performance na pós-

modernidade.

Corpo e Fundamentos

Filosóficos

O que é Filosofia? As oposições metafísicas corpo x alma,

sensível x supra-sensível na filosofia de Platão:

desdobramentos para as artes e a educação; O não-lugar

do corpo e a educação da alma na metafísica do

cristianismo; O cogito cartesiano e a emergência da

subjetividade na filosofia moderna; Kant e o sujeito

transcendental; a relação sujeito-objeto e o papel da

representação na filosofia e ciência modernas; Nietzsche

e a reviravolta metafísica do platonismo: o corpo como

uma “grande razão”; Corpo próprio e metafísica da carne

em Merleau-Ponty; Heidegger e a desconstrução do

humanismo: ressonâncias para a educação.

Corpo e Tecnologias Corpo, cibernética, biologia molecular e tecnologias da

informação; Ontologia, digitalização da vida e biopolítica;

Medicina biomolecular, dispositivo do DNA e processos

Page 48: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

48

de subjetivação; Corpo pós-orgânico, corpo informação e

pós-humanismo cibernético; Pós-humanismo e o universo

das artes tecnológicas; Corpo ciborgue e ciberfeminismo;

Teoria social contemporânea e tecnologia; A vontade (de

poder) cibernética e a estética de desaparição corporal;

Tecnologia e finitude.

Cultura Brasileira Fundamentos históricos da formação sócio-cultural

brasileira; conceitos básicos: cultura, raça, nacionalismo,

identidade, diversidade, tradição e modernidade; a

dinâmica social e o movimento da cultura; a pluralidade

cultural brasileira: algumas expressões.

Cultura Clássica Elementos da cultura clássica greco-romana formadores

da cultura ocidental, com especial destaque para a ética,

a organização política e as artes. O legado da cultura

clássica para os renascimentos culturais europeus na

Idade Média, Renascimento e o período neo-clássico.

Culturas Populares Propiciar uma leitura crítica da literatura sobre cultura

popular. Exercitar a análise das formas teatrais populares,

a partir de registros etnográficos e/ou documentos

históricos. Compreender os contextos mais amplos nos

quais se inserem as manifestações culturais e em função

dos quais elas se transformam. Desenvolver a prática da

pesquisa de campo na busca de subsídios para releituras

e estudo da cultura popular. Repensar o estatuto do que

compreendemos por cultura popular a partir da análise

dos contextos históricos em que surgiram, se

desenvolveram e se desenvolvem as danças populares

brasileiras.

Dança e pensamento:

dispositivos

Aspectos filosóficos do espaço-tempo na dança. Aspectos

da linguagem referentes à construção do espaço-tempo

nos seguintes conceitos: virtual, atual, simulação,

fabulação, movimento, potência do falso. A corporeidade

dançante e a construção da cena na relação espaço-

temporal. Perspectiva filosófica.

Dança e pensamento:

passagens

Criação de conceitos e a dança. O que pensa na dança:

Movimento, Espaço, Tempo, Duração, Forma. A lógica da

Page 49: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

49

sensação. O visível. O dizível. O Sensível. O intensivo. A

Percepção. Matéria. Memória. A imanência. O Sentido, as

cores, as imagens e os sons. O figurativo. A Sombra. O

pensamento e os signos óticos e sonoros. Do regime ético

ao regime estético da corporeidade dançante. A dança e o

plano dos corpos. Agenciamento heterogêneo da

corporeidade dançante. As forças corporais. Imagem e

Experiência.

Dança e pensamento:

textualidades

A escrita como processo de elaboração de si e do mundo.

A escrita e a dança. Produção de escrita acadêmica.

Compreensão leitora e análise textual.

Discursos sobre o corpo:

agenciamentos

A dança nos contextos sociológico e antropológico.

Percursos e discursos que colocam em questão o corpo.

Discursos sobre o corpo:

corporeidades

A dança no contexto das artes do corpo. Percursos e

discursos que colocam o movimento como questão da

corporeidade dançante.

Estética Tematização do conceito de Arte ou de Belo. Delinear o

conjunto das demais categorias envolvidas com o

conceito de Arte, tais como: de catarse, mímese,

subjetividade artística, criação, etc.

Estética e história da arte:

especificidades

Panorama geral da história da arte no século XX, das

vanguardas históricas à cibercultura, contemplando os

principais artistas, escolas, conceitos, teorias e

metodologias da história da arte e da estética.

Estética e história da arte:

panoramas

Panorama geral da história da arte desde a pré-história

até o século XIX, contemplando os principais artistas,

escolas, conceitos, teorias e metodologias da história da

arte e da estética.

Ética Conceitos e noções fundamentais. A ética e as teorias

sobre os princípios éticos. Ética, estética, educação e

dança. Ética e meio ambiente.

Page 50: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

50

Filosofia da Linguagem

A importância da linguagem para a Filosofia. A linguagem

como “horizonte do ser” na filosofia contemporânea (o giro

lingüístico). Abordagens contemporâneas da filosofia da

linguagem (teorias da verdade e do significado,

concepção de jogos de linguagem, dos atos de fala e de

comunidade de comunicação).

História e Temporalidade

na dança: especificidades

Dança e outras manifestações artísticas e culturais em

aspectos sociais, políticos, econômicos e científicos.

Panorama histórico da dança. Dança no século XX

(Isadora Ducan – Loïer Fuller – Denishawn School, A

escola alemã: Laban, Mary Wigman, Kurt Jooss, Pina

Bausch), dança pós-moderna norte-americana, happening

e performance, novas danças (nouvelles danses francesa,

belga, canadense, A new dance holandesa –

improvisação), Butô, dança-teatro no mundo, novas

tendências, dança e novas mídias.

História e Temporalidade

na dança: localidades

Dança e outras manifestações artísticas e culturais em

seus aspectos sociais, políticos, econômicos e científicos.

Panorama histórico da dança no Brasil e no Ceará.

História e Temporalidade

na dança: panoramas

Dança e outras manifestações artísticas e culturais em

seus aspectos sociais, políticos, econômicos e científicos.

Panorama histórico da dança. Balé e primórdios:

renascença, dança de corte, balé barroco - o mundo

dicotômico de Descartes e a dança de Luiz XIV, ópera e

comédia-balé, balé de ação (Noverre: apresentação e

suas cartas), os pré-românticos, o romântico, dança

cênica ocidental do final do século XIX; a revolução russa,

A Modernidade no balé: a obra de arte aurática – Os

balés Russos de Diaghilev, Balanchine e Massine.

Identidade, diferença e

diversidade

Imagens do pensamento (noologia) e suas relações com

a educação; identidade, diferença e diversidade na

imagem dogmática do pensamento (Representação

Clássica); identidade, diferença e diversidade no

pensamento sem Imagem (Filosofias da Diferença);

Page 51: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

51

processos de disciplinarização, individualização e

normalização nas sociedades disciplinares e nas

sociedades de controle; novos movimentos sociais;

biopolítica dos processos de inclusão-exclusão.

Iniciação à prática teatral Noções básicas de corpo e voz. Exercícios práticos de

criação de cenas. Noções de espaço-tempo da cena.

Improvisação. Leitura dramática de textos dramáticos,

poéticos e literários.

Língua Brasileira de Sinais:

LIBRAS

Desenvolvimento da expressão visual e espacial para

comunicação através da Língua Brasileira de Sinais.

Introdução ao léxico, fonologia, morfologia e sintaxe da

Língua Brasileira de Sinais.

Metodologia de Pesquisa

em Arte, Filosofia e

Ciências

Arte, Filosofia, Ciências, produção e comunicação do

conhecimento. Ética e estética na pesquisa científica e

social. Pesquisa acadêmica em Artes, Filosofia e Ciências

(investigações históricas, problematizações teórico-

metodológicas e experimentações estéticas). Modalidades

de pesquisa, métodos e procedimentos de estudo,

aprendizagem e difusão do conhecimento. Projeto de

Pesquisa-Estudo: objeto de estudo, problema – pergunta,

“estado da arte”- revisão bibliográfica. Elaboração e

apresentação de Projeto de Pesquisa-Estudo em Arte,

Filosofia e Ciências.

Metodologia da pesquisa

em dança

Relação entre ciência e arte. Noções básicas de

metodologia de pesquisa. A pesquisa em dança.

Seminário em Estética Examinar a singularidade e eventual universalidade das

diversas formas de criação artística (música, pintura,

literatura, etc.). A dificuldade /impossibilidade de uma

delimitação estanque destas esferas. Discussão acerca

da relação entre filosofia e artes a partir da perspectiva

contemporânea Gilles Deleuze.

Tópico Especial em

Estética

As principais teorias filosóficas sobre o fazer artístico;

questões que permitam pensar esta atividade de criação

nos dias de hoje, a exemplo de questão da mimesis

(Platão e Aristóteles), o problema do juízo estético (Kant),

“o problema da morte da arte” (Hegel), problema da arte

Page 52: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

52

trágica (Nietzsche).

Tópicos Especiais em

Dança: Articulações

O corpo como elemento constitutivo nas diversas poéticas

contemporâneas, na cena e na imagem.

Tópicos Especiais em

Dança: Hibridizações

Dança e transversalidade no contexto da cena

contemporânea. Hibridização como elemento constituinte

do corpo e da cena.

Tópicos Especiais em

Dança: Percepções

Abordagens sobre as relações entre arte e experiência.Os

diversos estatutos da fruição artística.

Tópicos Especiais em

Dança: Poéticas

Estudo de poéticas cênicas contemporâneas; as

dramaturgias do corpo e do movimento; os elementos da

encenação.

Tópicos Especiais em

Dança: Políticas

Estudo das relações entre arte e política a partir do

contexto da dança. Corpo, saberes e poderes.

Orientação projeto

experimental

Acompanhamento, elaboração das tarefas de produção

de um trabalho de pesquisa em Dança

Projeto experimental

Acompanhamento e orientação das tarefas de produção

do trabalho de conclusão de curso (monografia ou

expressões contemporâneas em dança) voltadas aos

múltiplos modos de apresentação da corporeidade

dançante na sociedade contemporânea: corpo e novas

mídias, performance, corpo instalação, videodança,

dentre outros.

11.7. Relações das disciplinas

Disciplinas obrigatórias

Semestre I

Estudo do Movimento: técnicas somáticas

Dança – investigação técnica: elementos básicos

Dança e pensamento: passagens

História e temporalidade na dança: panoramas

Semestre II

Anatomia e fisiologia humana básica

Improvisação: elementos básicos

Page 53: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

53

Dança e pensamento: dispositivos

Análise e percepção musical

História e temporalidade na dança: especificidades

Semestre III

Cinesiologia

Introdução a composição coreográfica

Discursos sobre o corpo: agenciamentos

Estética e história da arte: panoramas

Semestre IV

Análise dos elementos da composição coreográfica

Análise de obras coreográficas: elementos básicos

Metodologia da pesquisa em Arte, Filosofia e

Ciências

Semestre V

Performance

Dramaturgias da Dança: passagens

Antropologia do Corpo

Estudos de Poéticas Populares

Dança e Multimídia: temporalidades

Semestre VI

Corpo e Espaço

Dança cinema e vídeo: noções básicas

Laboratório de Criação: pesquisa corporal

Semestre VII

Orientação projeto experimental

Laboratório de Criação: estudos compositivos

Semestre VIII

Projeto experimental

Estágio

Page 54: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

54

11.8. Integralização curricular 5

1º Período Carga Horária Semanal

Cód. Disciplinas Obrigatórias AT AP CR. TOT Pré-requisito

Estudo do Movimento: técnicas

somáticas

16 48 04 64

Dança – investigação técnica:

elementos básicos

16

48

04

64

Dança e pensamento: passagens 64 04 64

História e temporalidade na dança:

panoramas

64 04 64

Horas totais obrigatórias do período 160 96 16 256

Horas necessárias para o semestre

2º Período Carga Horária Semanal

Cód. Disciplinas Obrigatórias AT AP CR. TOT Pré-requisito

Dança e pensamento: dispositivos 64 04 64

Analise e Percepção Musical 16 16 02 32

História e temporalidade na dança:

especificidades

64 04 64

Anatomia e fisiologia humana

básica

64

04

64

Improvisação: elementos básicos 32 02 32

Horas totais obrigatórias do período 208 48 16 256

Horas necessárias para o semestre

3º Período Carga Horária Semanal

Cód. Disciplinas Obrigatórias AT AP CR. TOT Pré-requisito

Cinesiologia 40 24 04 64

Introdução a composição

coreográfica

16 16 02 32

Discursos sobre o corpo: 64 04 64

5 Legenda: AT – Aulas Teóricas; AP – Aulas Práticas; EST- Estágio; CR- Crédito; TOT – Total de horas da disciplina.  

Page 55: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

55

agenciamentos

Estética e história da arte:

panoramas

64

04

64

Horas totais obrigatórias do período 184 40 14 224

Horas necessárias para o semestre

4º Período

Carga Horária Semanal

Cód. Disciplinas Obrigatórias AT AP CR. TOT Pré-requisito

Metodologia de Pesquisa em Arte,

Filosofia e Ciências

48 16 04 64

Análise dos elementos da

composição coreográfica

16

48

04

64

Análise de obras coreográficas:

elementos básicos

64 04 64

Horas totais obrigatórias do período 128 64 12 192

Horas necessárias para o semestre

5º Período Carga Horária Semanal

Cód. Disciplinas Obrigatórias AT AP CR. TOT Pré-requisito

Performance 48 16 04 64

Dramaturgias da Dança:

passagens

16

48

04

64

Antropologia do Corpo 32 02 32

Estudos de Poéticas Populares 16 48 04 64

Dança e Multimídia:

temporalidades

32 02 32

Horas totais obrigatórias do período 144 112 16 256

Horas necessárias para o semestre

6º Período Carga Horária Semanal

Cód. Disciplinas Obrigatórias AT AP CR. TOT Pré-requisito

Corpo e Espaço 48 03 48

Dança cinema e vídeo: noções 16 16 02 32

Page 56: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

56

básicas

Laboratório de Criação: pesquisa

corporal

64 04 64

Horas totais obrigatórias do período 16 128 9 144

Horas necessárias para o semestre

7º Período Carga Horária Semanal

Cód. Disciplinas Obrigatórias AT AP CR. TOT Pré-requisito

Orientação projeto experimental 48 48 06 96

Laboratório de Criação: estudos

compositivos

64 04 64

Horas totais obrigatórias do período 48 112 10 160

Horas necessárias para o semestre

8º Período Carga Horária Semanal

Cód. Disciplinas Obrigatórias AT AP CR. TOT Pré-requisito

Projeto experimental 80 80 10 160 Orientação

projeto

experimental

Estágio 208 208

Horas totais obrigatórias do período 80 80 10 368

Horas necessárias para o semestre

Disciplinas optativas

Disciplinas Optativas Carga Horária Semanal

AT AP CR. Total Pré-

requisito

Abordagens do ensino em dança 32 32 04 64

A dança e as bases neurais da

aprendizagem motora

64 04 64

Page 57: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

57

Análise de obras coreográficas:

contextos

64 04 64

Análise do Texto e do Discurso

Jornalísticos

64 04 64

Audiovisual e artes do corpo 02 32

Caracterização: Figurino 32 32 04 64

Caracterização: Máscaras e

adereços

32 02 32

Cena e Dramaturgia

Contemporâneas

32 02 32

Corpo e Fundamentos filosóficos 64 04 64

Corpo e Tecnologias 64 04 64

Criação e Produção Artística em

Redes Telemáticas

02 32

Cultura Brasileira 64 04 64

Cultura Clássica 64 04 64

Culturas Populares 64 04 64

Dança e pensamento: textualidades 32 02 32

Dança, cinema e vídeo: construções 32 32 04 64

Dança e multimídia: espacialidades 32 32 04 64

Dança - Investigação Técnica:

dinâmicas

16 48 04 64

Dança - Investigação Técnica:

esforço

16 48 04 64

Dança - Investigação Técnica:

espaço

16 48 04 64

Dança - Investigação Técnica:

memória

16 48 04 64

Dança - Investigação Técnica:

percepção

16 48 04 64

Discursos sobre o corpo:

corporeidades

32 32 04 64

Dramaturgias da dança: dispositivos 64 04 64

Estética e história da arte:

especificidades

64 04 64

Estudo do movimento: sistema 32 32 04 64

Page 58: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

58

Laban

Estudos técnicos contextuais:

comandos

32 02 32

Estudos técnicos contextuais:

dispositivos

32 02 32

Estudos técnicos contextuais: eixos 32 02 32

Estudos técnicos contextuais:

mediações

32 02 32

Estética 64 04 64

Ética 64 04 64

Etnocenologia 32 02 32

Filosofia da Linguagem 64 04 64

História e temporalidade na dança:

localidades

64 04 64

Laboratório de criação: corpografias 32 32 04 64

Língua brasileira de sinais: libras 32 32 04 64

Identidade, diferença e diversidade 64 04 64

Iluminação cênica 16 16 02 32

Improvisação: elementos

compositivos

32 02 32

Iniciação à prática teatral 64 4 64

Introdução a Educação Especial 32 02 32

Metodologia da Pesquisa em Dança 32 32 04 64

Psicologia do desenvolvimento e

aprendizagem na adolescência

64 04 64

Produção Cultural nas Artes

Cênicas

32 32 04 64

Projetos Estéticos Contemporâneos

em Dança

64 04 64

Realização em Cinema e

Audiovisual I (Fundamentos gerais

da direção)

04 64

Seminário em Estética 32 02 32

Técnica vocal: articulações 32 02 32

Técnica vocal: interpretações 32 02 32

Teorias da Interpretação 64 04 64

Page 59: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

59

Tópicos Especiais em Dança:

Articulações

16 16 02 32

Tópicos Especiais em Dança:

Hibridizações

32 32 04 64

Tópicos Especiais em Dança:

Percepções

16 16 02 32

Tópicos Especiais em Dança:

Poéticas

32 32 04 64

Tópicos Especiais em Dança:

Políticas

16 16 02 32

Tópico Especial em Estética 64 04 64

Voz e Canto: laboratório 32 02 32

Voz e Canto: noções básicas 32 02 32

Voz e Movimento 16 16 02 32

Horas totais

RESUMO GERAL DO CURRÍCULO EM BACHARELADO

DURAÇÃO DO CURSO CONFORME AS DIRETRIZES

CURRICULARES NACIONAIS PARA O CURSO

CARGA HORÁRIA

MINIMO 3.200 MÁXIMO 3.300

DISTRIBUIÇÃO DA CARGA HORÁRIA DOS

COMPONENTES CURRICULARES HORAS

1 DISCIPLINAS DO NÚCLEO

OBRIGATÓRIO 1.648

2 DISCIPLINAS OPTATIVAS 1.184*

3 ESTÁGIO SUPERVISIONADO 208

4 ATIVIDADES COMPLEMENTARES 160

Page 60: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

60

TOTAL DE CARGA HORÁRIA DO

CURRÍCULO 3.200

INTEGRAÇÃO CURRICULAR

1 PRAZO MÍNIMO PARA INTEGRALIZAÇÃO

CURRICULAR 4 Anos

2 PRAZO MÁXIMO PARA

INTEGRALIZAÇÃO CURRICULAR 6 Anos

* Até 128 horas do total da carga horária destinada às disciplinas optativas poderão

ser cursadas como disciplinas livres.

12. Acompanhamento e avaliação

12.1. Princípios básicos

A metodologia de avaliação dos processos de ensino e aprendizagem deve,

sobretudo, ter um caráter criativo no qual o estudante seja avaliado no início do

processo (avaliação diagnóstica) e durante o mesmo (avaliação processual) sempre

através da produção e da apreciação crítica e reflexiva de material cênico:

corporeidade dançante.

Os estudantes, durante o processo de estudo, serão estimulados a criar

performances, cenas, montagens, utilizando técnicas de improvisação, interpretação e

direção cênica que deverão ser discutidos em sala de aula. Deverão também adquirir

desenvoltura na condução de criação cênica de seus próprios colegas, principalmente

nas disciplinas de improvisação, interpretação e direção, dramaturgias do corpo e

práticas de montagens.

As discussões sobre o fenômeno cênico e sua inserção nos processos de

formação humana deverão ser uma constante nos processos avaliativos e em tais

discussões os estudantes deverão expressar aprofundamento teórico adquirido ao

longo do curso.

Os estudantes também serão avaliados por suas produções como artistas em

dança, através de performances, sketes e espetáculos, bem como através de suas

produções de caráter acadêmico que serão apresentadas em encontros, seminários e

simpósios.

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61

A vida artística e intelectual intensamente produtiva dirá como os estudantes

estão transformando os estudos em produção significativa para suas vidas e para o

cotidiano da comunidade no qual estão inseridos.

Seguindo as orientações do regimento geral da UFC, especialmente as descritas

no capítulo V, a avaliação do processo de ensino e aprendizagem abrange em seu

percurso a assiduidade e a eficiência em seu cômputo, de acordo com o detalhamento

exposto abaixo:

- A verificação da eficiência em cada disciplina será realizada progressivamente

durante o período letivo e, ao final deste, de forma individual ou coletiva, utilizando

formas e instrumentos de avaliação indicados no plano de ensino e aprovados pelo

Colegiado do curso. Os resultados das verificações deste rendimento serão expressos

em notas na escala de 0 (zero) a 10 (dez) e será aprovado por média o aluno que, em

cada disciplina, apresentar média aritmética das notas resultantes das avaliações

progressivas igual ou superior a 07 (sete). O aluno que apresentar a média igual ou

superior a 04 (quatro) e inferior a 07 (sete), será submetido à avaliação final, sendo

que, nesta avaliação final, o aluno será aprovado quando obtiver nota igual ou superior

a 04 (quatro) e média final igual ou superior a 05 (cinco).

- Na verificação da assiduidade, será aprovado o aluno que frequentar 75%

(setenta e cinco por cento) ou mais da carga horária da disciplina.

12.2. Avaliação do projeto pedagógico

A proposta de Acompanhamento e de Avaliação deste Projeto Pedagógico do

Curso de Bacharelado em Dança terá como objetivo acompanhar as ações e as

atividades do projeto pedagógico por meio dos segmentos docente, técnico e discente

envolvidos.

O acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico que propomos, visa

ampliar os momentos de interlocução, a construção coletiva do conhecimento, a

descentralização das decisões, a construção e a revitalização de espaços políticos. O

alcance desses objetivos leva ao entendimento de que esse acompanhamento e

avaliação não pode constar de atos solitários e isolados. Qualquer instrumento neste

sentido não renderia qualquer resultado, pois invalidaria as formulações e as

iniciativas aqui apresentadas e outras que poderão surgir ao longo do processo de

implantação deste projeto.

Assim, entendemos o Projeto Pedagógico e o seu acompanhamento como um

instrumento coletivo que legitimará as ações de implantação e as transformações e

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62

inovações que, certamente, poderão surgir durante o processo, sendo válido deixar

margem para estas previsões.

Desse modo, a avaliação do Projeto Pedagógico deve contemplar, antes de tudo,

a conscientização e a disponibilidade por parte de todos os que fazem o curso, ou

seja, o docente, o técnico e o discente. Esta participação será relevante e poderá

configurar as novas lógicas de atuações que pretendemos instalar. Poderá favorecer a

intensificação de laços afetivos, a valorização do papel de cada um dos segmentos, o

estabelecimento dos compromissos pedagógicos e artístico-cênicos aqui previstos,

tanto entre as partes como no desempenho de cada função e papel e, até, através de

estudos comparativos entre outros cursos afins. Portanto, o acompanhamento das

ações do Projeto Pedagógico é a maneira mais ampla e pertinente na avaliação de

sua atuação.

As características desta atuação será a transparência, no sentido de incentivar

as manifestações construtivas e as novas iniciativas que visam o enriquecimento

pedagógico do curso.

Cada proposta de acompanhamento e de avaliação deverá ser idealizada a partir

da realidade em que o projeto pedagógico se realiza: o espaço de atuação na sala de

aula, os estágios dos estudantes (e as análises e respostas das partes envolvidas no

espaço de atuação), os seminários de estudos e ações, as atividades

complementares, as defesas e apresentações de trabalhos de término de curso, as

práticas cênicas, as relações entre docentes, discentes e técnicos envolvidos e as

ações particulares e individuais. Portanto, o curso e o seu respectivo projeto

pedagógico terá uma avaliação em consonância com suas peculiaridades e as

singularidades de sua ação.

Os meios e instrumentos serão variados – questionários, entrevistas, auto-

avaliações, análises de representações, análise de momentos de culminâncias e de

apresentações de trabalhos artísticos, pedagógicos e acadêmicos – públicos ou

internos – seminários de avaliação, dados estatísticos e tantos outros.

O importante é que o instrumento usado seja um elemento de mensuração de

ações, de sentimentos expressos e de produções que apontem os caminhos positivos

– ou negativos – do Projeto do Curso de Bacharelado em Dança e sejam propostas de

novos encaminhamentos ou certeza dos ganhos adquiridos. Importante será avaliar o

alcance dos objetivos e de sua proposta pedagógica. Imprescindível que se possam

destacar os caminhos da formação profissional do artista e educador em dança,

estudante do curso, sua competência criativa e que as ponderações vislumbrem

encontros e caminhos, sobre suas ações, as atividades do curso e dos docentes e

técnicos envolvidos no projeto.

Page 63: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

63

É Importante também que este acompanhamento e avaliação sejam

permanentes, sistemáticos e contínuos. Individualizados e coletivos, conduzindo a

momentos de trocas semestrais, num grande encontro coletivo e que estes encontros

sejam como festas de colheitas, onde todos possam sentir o resultado de seus feitos e

frutos.

É fundamental que os anais destes encontros de avaliação sejam amplamente

publicados entre os envolvidos e interessados. Importante que a característica deste

todo de acompanhamento e avaliação seja sempre conseqüente de discussões e

diálogos, construídos dentro de princípios democráticos, qualitativamente humanos e

rigorosamente técnicos.

12.3. Dos processos de ensino e de aprendizagem

A prática de pesquisa que percorre e singulariza o curso, torna os vários âmbitos

teóricos que dão sustentação ao Curso de Dança fundamento e via de

aprofundamento da prática cênica. Para caminhar nessa direção, pensamos que os

fundamentos teóricos devam ser trabalhados mediante um olhar pesquisador que vai

se adensando à medida que o estudante avança no curso.

Também partimos da idéia de que é preciso que as várias disciplinas, em cada

semestre, devam ser unidas em uma prática disciplinar voltada à pesquisa, capaz de

nuclear olhares e suscitar perguntas sobre a corporeidade dançante, que, desde

então, é tomada como campo de investigação.

Os fundamentos teóricos contemplados nas diversas atividades de formação do

curso devem ser tratados por um viés prático e aplicado. Desde o primeiro semestre,

disciplinas semestrais ou modulares, devem possibilitar ao estudante estímulos tanto à

atividade teórica quanto à prática profissional.

No que se refere ao acompanhamento discente, propositamos também, a

atividade tutorial, sendo esta mediada por um Professor responsável em assistir o

percurso e as escolhas formativas do discente. As atividades de tutoria desenvolvidas

devem contribuir para o desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem

e para o acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico.

Diante dos procedimentos acima descritos se busca atingir as seguintes metas:

1. Aprovação de 90% dos alunos por período do curso;

2. Redução máxima do fator de evasão;

3. Rendimento escolar acima da média institucional.

Para o cumprimento destes critérios serão desenvolvidas as ações:

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1. Estudar os Planos de Aulas das Disciplinas visando a analisar a coerência e a

aderência entre a ementa, os conteúdos programáticos, a metodologia de ensino e de

aprendizagem;

2. Verificar de há coerência entre os conteúdos programáticos curriculares propostos

com o perfil delineado no Projeto Pedagógico, conforme os eixos temáticos;

3. Avaliar o desempenho do Professor na percepção dos alunos e dos alunos na

percepção do Professor;

4. Coletar sugestões para melhoria das disciplinas ministradas no período anterior;

5. Socializar os resultados junto aos Professores do Curso e a PROGRAD para

posterior tomada de decisões no que se refere à adequação da matriz em processo;

12.4. A extensão como eixo de encontro

As facetas diversas e complexas da corporeidade dançante desvenda-se com

mais rigor e profundidade quanto mais, no fazer da universidade, se articula

intimamente teoria e prática. Por percebermos que a prática em dança também

necessita comportar o vigor, a multiplicidade e o dinamismo que se dá no

acontecimento da vida social, é que a Extensão, no caso do Curso de Bacharelado em

Dança, é parte da própria completude do fazer, que necessita da categoria do

espectador (que também pode ser atuante) para realizar-se, efetivamente.

A encenação é construção estética da prática em dança que, para se realizar

necessita do Outro que é o espectador, ainda que ele possa interagir de diversos

modos com o intérprete e/ou encenador. Considerar esta relação que se instaura na

realização do fenômeno cênico, de modo mais sistemático e dentro de um contexto

formador, é aspecto basilar de um pensamento em extensão, que envolve as práticas

artísticas na universidade.

Também pelo fato de considerarmos a Extensão um modo de comportar a

interação do fazer da universidade no seio das manifestações artísticas na sociedade,

se faz vital que ela seja pensada nesses termos, em seu poder de encontro e

relações. Nesse quadro de interações, a Dança tem lugar valioso: a singularidade

corporal mediada pelo encontro. Com efeito, nosso curso, como Bacharelado, deve

ampliar-se, na extensão, para abranger suas várias faces.

A Extensão na Universidade pode ampliar consideravelmente o contato

imprescindível do fazer universitário com as manifestações artísticas e com a Escola,

nessa medida, tornando mais profícuo a Dança enquanto criação e

pesquisa/investigação. A Extensão assume assim a tarefa de se situar em dança nos

espaços sociais diversos e nos espaços específicos das artes.

Page 65: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

65

12.5. Corpo docente

O Perfil do corpo docente é fundamental para que o projeto pedagógico do curso

de Dança se efetive. Em termos gerais, é necessário que o corpo de professores seja

formado por um número mínimo de mestres e doutores, conforme os indicadores de

qualidade do MEC, para que o curso possa ter um perfil de pesquisadores e

pensadores em Dança, com interlocução entre seus pares nas instâncias e encontros

nacionais e internacionais da área.

Além disso, é bastante interessante que a composição do corpo docente consiga

ser múltipla e plural, atendendo especificidades da área técnica (composição

coreográfica, improvisação, consciência corporal e técnicas somáticas alternativas)

tecnológica (relação com os novos suportes, tais como: o audiovisual, mídia interativas

e digitais), do pensamento e da crítica em dança e, finalmente, das práticas artísticas,

tanto na própria área quanto nas artes de um modo geral.

Nesse sentido, a Universidade Federal do Ceará conta hoje com um quadro de

professores em diferentes cursos, tais como a Comunicação Social, a Arquitetura, o

Estilismo e Moda, a Educação Musical, Teatro, entre outros, que poderão vir a

compor, junto com aos novos professores, a serem contratados, em concurso público,

o conjunto de professores do próprio curso de Dança.

Outro aspecto relevante para efetivação desse projeto pedagógico é que o corpo

docente tenha um regime de trabalho de acordo com a especificidade da instituição de

ensino superior, com disponibilidade integral de forma a permitir o desenvolvimento

das atividades de ensino, pesquisa e extensão relacionadas à área do Bacharelado

em Dança.

13. Infra-Estrutura:

13.1. Ambientes Didáticos:

* Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno

Capacidade para 100 pessoas, com palco, camarins, iluminação ar-refrigerado

* Sala de Teatro Gracinha Soares

Capacidade para 30 pessoas

* Sala de Aula 1

Capacidade para 30 pessoas

* 03 salas de dança, estrutura do piso em madeira e espelho

Page 66: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

66

Capacidade para 30 pessoas

* 04 salas pequenas para uso da coordenação, secretaria e biblioteca

* Sala de depósito para figurinos e adereços

* 02 banheiros,

13.2. Recursos Materiais

UNIDADE MATERIAL JUSTIFICATIVA

45 Carteiras com prancheta e

base fixas

O Teatro não dispõe de carteiras

suficientes para receber os novos

alunos da graduação.

02 Quadros-brancos (medida 3m x

1m)

Indispensável em sala de aula.

03 Birôs

Comodidade para o professor, bem

como suporte para notebook,

datashow etc.

03 Flanelógrafos Melhoria da Comunicação entre

Coordenação, Professores e Alunos.

15 Cestos de Lixo pequenos O Teatro não dispõe de quantidade

suficiente.

05 Cestos de Lixo grandes O Teatro não dispõe de quantidade

suficiente.

02 Mesa para reuniões Necessária na sala da coordenação

para reuniões de colegiado.

04 DataShow

Para ser utilizada em conferências,

simpósios, seminários e aulas.

Necessário para a dinamização das

aulas, visto que o conteúdo visual é

de extrema importância para as Artes

Cênicas.

02 Tela para projeção Para ser utilizada em conferências,

simpósios, seminários e aulas.

02 Câmera Digital

O registro fotográfico de ensaios e de

eventos são fundamentais para o

processo da pesquisa cênica. A

Page 67: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

67

fotografia também constituirá fonte

histórica para o curso.

02 Filmadora Digital 16 gb zoo

optico, handicam dgr dvd 850

É fundamental para o registro dos

processos de pesquisa em sala de

aula, bem como para registro de

apresentações dos espetáculos. O

registro em imagem também constitui

fonte histórica.

02 Retroprojetor Necessário à dinamização das aulas.

04

Armário de Aço (3 prateleiras,

cor platina, abertura 180 graus;

medidas (mm) L 800X p 500 a

1600)

Em virtude de não termos salas para

professores, serão utilizadas para

guardar material de pesquisa dos

professores.

08

aparelhos de ar-condicionado

tipo split

quantidade insuficiente para a

demanda do Teatro Universitário e

salas anexas

01

ar-condiconado tipo split de

18000 BTU’s na Cabine de

Operação de Luz e Som

os equipamentos eletrônicos ali

utilizados necessitam de temperatura

ideal para um perfeito funcionamento

e durabilidade

04

computadores comprocessador

PENTIUM 4 de 3.0Hz; 2Gb de

memória, HD de 160 Gb e

gravador de CD/DVD;

acompanhado de monitor LCD

13”, teclado, mouse e caixas de

som.

auxílio acadêmico tanto dos

professores como dos alunos

03

Impressoras multifuncionais

com funções de impressão, fax,

scanner e cópia.

auxílio acadêmico tanto dos

professores como dos alunos

04

mesas para professor de

dimensões 1,20 x 0,60 x 0,75

com duas gavetas,

Necessária aos professores

Page 68: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

68

13.3. Projeto de melhoria das condições de oferta do curso

Para que ocorra uma expansão e melhoria das atividades do Curso de

Bacharelado em Dança será necessário que no todo do corpo docente, professores

efetivos sejam contratados e que estes tenham gabinetes de trabalho. Os setores de

estudo necessários, conforme levantamento são:

• Técnicas e Práticas de Dança

• Criação e Dramaturgia em Dança

• Metodologia do Ensino e da Pesquisa em Dança

revestimento laminado

melanínico de cor bege, perfil

de PVC de cor preto em

estrutura metálica pintada em

epox pó cor preta.

04

cadeiras giratórias de

secretária tipo executiva com

braço regulável e altura

regulável e

Necessária aos professores

08

cadeiras de secretária fixas

sem braço com revestimento

de cor azul escuro.

Camarins

08

Ventiladores de teto Alternativa para o teatro no caso das

aulas práticas, que são impróprias ao

uso de ar-condicionados.

04 Notebook Apoio ao DataShow

20

Rolos de linóleo modelo

Arlequim

Cor: Branca & grafite – Largura

2,0 mts – Espessura 1,8mm

Rolos com: 25 metros de

comprimento

Necessárias ao piso tanto do teatro

quanto das salas.

Page 69: Projeto pedagógico do Curso de Dança bacharelado da UFC

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• Estudos Teóricos-Filosóficos em Dança

Será necessário também um laboratório de informática com computares e

sistema wireless de internet para pesquisa dos estudantes.

De suma importância será a aquisição de material bibliográfico para que os

estudantes possam realizar estudos e consultas. A aquisição deste material é

imprescindível para o reconhecimento do curso junto ao MEC. Livros de Teoria e

História da Dança, Dramaturgias do corpo, entre outros que possam ser comprados

para estruturação de uma biblioteca.

Necessitaremos também de um técnico de palco para luz e som, bem como

quatro assistentes administrativos com competências nessa área para que

possamos dinamizar e tornar viável o funcionamento do Curso.

O revestimento em madeira para o piso da Sala Gracinha Soares e para o

piso da Sala 2 do Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno será extremamente

importante, pois as aulas práticas necessitam desse aporte. Além disso, será

necessário também a ampliação dos respectivos espaços (Sala Gracinha Soares e

Sala 2), em cerca de 3 (três) metros.

14. Compromisso institucional

O Curso de Dança, modalidade Bacharelado, do Campus da UFC em

Fortaleza, terá uma entrada de 20 (vinte) estudantes. De acordo com as melhorias de

condições de funcionamento (contratação de professores e ampliação da infra-

estrutura), este número poderá ser aumentado. O curso deverá iniciar suas atividades

acadêmicas no primeiro semestre de 2011.

15. Referências bibliográficas:

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Petrópolis: Vozes. Vol. 3., 2008.

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16. Anexos: TEXTOS DAS MOÇÕES6 A CÂMARA SETORIAL DE DANÇA, órgão consultivo da FUNARTE/MINC, reconhecendo a conquista que a Dança obteve no ano de 2005 ao ser considerada pelo Ministério da Cultura Área Autônoma de Conhecimento, com linguagem artística específica, ao final dos trabalhos realizados no ano de 2005, RECOMENDA 1. Que todas as instâncias públicas ou privadas, em todas as esferas da Federação, evitem o uso da nomenclatura ARTES CÊNICAS, como expressão generalizadora de áreas distintas como Teatro, Dança, Circo e Ópera. 2. Que os cursos de Graduação e Pós-Graduação em Dança estejam vinculados à área de Arte. 3. Às Universidades Federais e Estaduais a criação de cursos de Dança para ampliar a formação acadêmica em Dança. 4. Seja implementada a Dança como disciplina de Arte nas Redes Estaduais e Municipais de Ensino, conforme previsto no artigo 26, parágrafo 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96), com atuação dos licenciados em dança, através da realização de concursos públicos específicos para a área. 5. O poder público nas esferas federal, estadual e municipal considerem as diretrizes elaboradas pela Câmara Setorial de Dança da Funarte/MinC elemento norteador para a formulação de políticas públicas para a Área de Dança. 6. Os coletivos da sociedade civil, com atuações específicas na área de Dança, sejam reconhecidos como interlocutores na discussão e consolidação de políticas públicas para a Área. 7. Em cada estado da Federação e Distrito Federal seja implementado pelo menos um curso público profissionalizante em Dança de nível técnico. 8. Seja garantida a permanência de programas públicos de incentivo à Dança nas esferas governamentais - federal, estadual e municipal, que configurem uma política de Estado para a área. 9. Cargos e funções relacionados à área da Dança na gestão pública, sejam ocupados por especialistas da própria área. 10. Os acervos públicos da área da Dança sejam protegidos, conservados, difundidos e ampliados através de programas específicos. 11. As Universidades que oferecem Cursos de Dança apliquem o dispositivo presente no parágrafo 2º do artigo 47 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96),

6 O texto das moções pode ser encontrado no Plano Nacional de Dança, ou acessado em: <http://www.conexaodanca.art.br/imagens/textos/Plano%20Nacional%20de%20Dança_elaboração.pdf>

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para fins de aceleração curricular de profissionais com comprovada competência na área que estejam cursando a graduação. 12. As empresas públicas Estatais considerem para fins de investimentos na área cultural as diretrizes propostas pela Câmara Setorial de Dança da Funarte/MinC. 13. Os festivais de Dança, baseados em modelos competitivos para crianças e adolescentes, não recebam aporte de recursos públicos, diretos ou indiretos, devido à distorção da natureza artístico-educativa dessa atividade. 14. Os órgãos gestores da cultura das capitais, dos estados da Federação e de municípios com mais de duzentos mil habitantes tenham um setor ou coordenação responsável pela área de Dança.