PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO · Bracht7 realizou significativo avanço nesse debate, ao perceber a...
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CONSELHO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
Curso de Graduação: Licenciatura e Bacharelado em Educação Física
Readequação Curricular: Licenciatura em Educação Física
Outubro
2015
SUMÁRIO
I - INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1
1.1 - A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CAMPO ACADÊMICO E PROFISSIONAL .................................................... 1
1.2 - A TRADIÇÃO DE INTERVENÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ....................................................................... 5
II - CONCEITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................... 6
2.1 - MOTRICIDADE HUMANA .................................................................................................................. 7
2.2 - QUALIDADE E VALOR ...................................................................................................................... 9
III - AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA OS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ................. 11
3.1 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS........................................................................ 15
3.2 – REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO............................................................................................... 17
IV - PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROJETO PEDAGÓGICO DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO
FÍSICA ................................................................................................................................................... 18
V - OBJETIVO GERAL DAS MODALIDADES DA GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA .......... 20
VI – PERÍODOS DE OFERECIMENTOS E TOTAL DE VAGAS POR MODALIDADE ..................... 20
VII – CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA ......................................................... 25
7.1 - A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ..................................................................................................... 25
7.2 - A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ................................................................. 28
7.3- OBJETIVOS ................................................................................................................................... 36
7.4 - EIXOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR .................................................................. 36
7.4.1 - Desenvolvimento de Competências ................................................................................... 36
7.4.2 - Concepção de Conteúdo .................................................................................................... 37
7.4.3 - Concepção de Aprendizagem ............................................................................................. 38
7.4.4 - Simetria Invertida ................................................................................................................ 39
7.4.5 - Conhecimento das Competências a Serem Desenvolvidas nos Alunos das Diferentes
Etapas e Modalidades da Educação Básica .................................................................................. 40
7.4.6 - A Prática como Eixo Central ............................................................................................... 40
7.4.7 - Pesquisa e Atitude Investigativa ......................................................................................... 41
7.4.8 - Concepção de Avaliação .................................................................................................... 42
7.5 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS ....................................................................... 44
7.5.1 - Competências Referentes ao Comprometimento com os Valores Inspiradores da
Sociedade Democrática ................................................................................................................. 44
7.5.2 - Competências Referentes à Compreensão do Papel Social da Escola ............................. 44
7.5.3 - Competências Referentes ao Domínio dos Conteúdos Básicos e Específicos da
Educação Física como Área de Conhecimento ............................................................................. 45
7.5.4 - Competências Referentes ao Domínio do Conhecimento Didático-Pedagógico ............ 45
7.5.5 - Competências Referentes ao Conhecimento de Processos de Investigação ................ 46
7.5.6 - Competências Referentes ao Gerenciamento do Próprio Desenvolvimento Profissional
46
7.6 – ORGANIZAÇÃO CURRICULAR ........................................................................................................ 47
7.6.1 - Dimensões do Conhecimento ............................................................................................. 47
7.6.2 - Organização Temática ........................................................................................................ 48
7.6.3 – Outras Atividades de Formação ........................................................................................ 60
7.6.3.1 - Atividades Optativas .................................................................................................... 60
7.6.3.2 - Atividade Obrigatória .................................................................................................... 63
7.6.4 – A Dimensão da Prática ...................................................................................................... 63
7.6.5 – Matriz Curricular ................................................................................................................. 66
IX – DEMANDA DE INFRAESTRUTURA ............................................................................................. 81
X – REINGRESSO ................................................................................................................................ 84
1
I - INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, houve mudanças importantes na área acadêmico-
profissional da Educação Física: desenvolvimento do conhecimento teórico-científico
e prático, reconhecimento social do valor das atividades físicas como meio de
educação, saúde e lazer, a ampliação do mercado de trabalho, e, por fim, o
reconhecimento legal da profissão. Identifica-se uma demanda profissional mais
especializada: além da atuação na educação básica, típica do Licenciado, há espaço
para profissionais com atuação mais específica na área de Saúde e Aptidão Física,
Esporte e Lazer e Rendimento Esportivo. As resoluções e pareceres do Conselho
Nacional de Educação que estabeleceram parâmetros para as Licenciaturas, bem
como as diretrizes curriculares para os cursos de graduação em Educação Física
fixam perfis profissionais diferenciados para o Licenciado e o Bacharel em Educação
Física. Por fim, resoluções do Conselho Federal de Educação Física, passaram a
exigir formação especializada do graduado (Licenciatura ou Bacharelado) para o
exercício profissional, na área escolar ou não escolar.
1.1 - A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CAMPO ACADÊMICO E PROFISSIONAL
As bases filosóficas do moderno conceito de Educação Física foram
lançadas, no mundo ocidental, entre os séculos XVII e XIX, por pensadores como F.
Bacon, J. Locke e J.J. Rousseau, os quais abordaram a importância dos cuidados
com o corpo e dos exercícios físicos na formação dos indivíduos, no contexto do
surgimento e consolidação da sociedade burguesa.
No século XIX, filósofos ocupados com questões da educação das crianças e
jovens, e sob influência das idéias racionalistas e liberalistas do Iluminismo, do
conceito pedagógico de natureza de Rousseau e dos avanços da Medicina, referem-
se à necessidade da “educação física”, que deveria se justapor e relacionar à
educação moral, à educação intelectual etc.; sob essas idéias, escolas pioneiras
introduzem a ginástica em seu currículos.
No século XIX, obras que propõem a sistematização científica (com base na
medicina e na biologia) e pedagógica da ginástica utilizam explicitamente a
expressão “educação física”. O termo “Educação Física” pode, então, ser referido à
sistematização científica ocorrida em torno dos exercícios físicos, jogos e esporte, e
o termo “ginástica” na obras do século XIX pode ser considerado sinônimo de
2
Educação Física. Essa “teorização” da Educação Física foi realizada a partir de um
olhar pedagógico (seja médico-pedagógico ou moral pedagógico), quer dizer, as
práticas corporais (em especial a ginástica), eram construídas e vistas como
instrumentos para a educação para a saúde e para a educação moral.
No século XX, o período compreendido entre as décadas de 1960 e 1980
assinala uma ruptura nessa tradição pedagógica, com a ascensão do discurso
científico como referencial privilegiado para a Educação Física. Na Europa e na
América do Norte, colocou-se a questão do estatuto científico da Educação Física,
se ela seria ou não uma disciplina acadêmica ou científica, qual seria seu objeto de
estudo etc., gerando as oposições e tensões que, daí em diante, iriam percorrer o
entendimento que a área busca construir de si própria.
Nos EUA, F. Henry1 propõe a Educação Física como “disciplina acadêmica”,
entendida como um corpo organizado de conhecimentos incluído num curso formal
de aprendizagem, diferenciada das disciplinas que tradicionalmente lhe dão suporte
(fisiologia, psicologia, antropologia, sociologia etc.), e em oposição ao caráter de
aplicação profissional (em especial no campo educacional) que lhe era tradicional.
Tal conhecimento seria organizado em torno da compreensão da função do corpo
humano praticando exercício.
Na Alemanha, ao final dos anos 1960, sob influência da importância social e
política do esporte, o conceito de pedagogia esportiva (Sportpädagogik) opõe-se e
põe fim ao conceito de teoria da Educação Física (Leibeserziehung) orientada nas
teorias da educação, iniciando o processo de “cientifização” da Educação Física.
Sob influência de precursores franceses, como J. Le Boulch e P. Parlebas,
Sérgio2 buscou fundamentar epistemologicamente uma “Ciência da Motricidade
Humana” ou “Cineantropologia”, entendida como uma ciência da compreensão e da
explicação das condutas motoras, que estuda as constantes tendências da
motricidade humana, tendo em vista o desenvolvimento global do indivíduo e da
sociedade, e como fundamento simultâneo o físico, o biológico e o
antropossociológico. O termo “educação motora” aparece como substituto de
“Educação Física”, e é proposto como ramo pedagógico daquela Ciência da
1 HENRY, F. M. Physical education: an academic discipline. Journal of Health, Physical Education and
Recreation, v. 35, p. 32-38, 1964.
2 SÉRGIO, M. Uma nova ciência do homem - a quinantropologia. Desportos, n. 7 (separata). Direção
Geral dos Desportos, Lisboa, 1983; SÉRGIO, M. Para uma epistemologia da motricidade humana:
prolegômenos a uma ciência do homem. Lisboa: Compendium, 1987.
3
Motricidade Humana, que busca o desenvolvimento das faculdades motoras
imanentes no indivíduo.
São comuns a essas proposições a ideia da interdisciplinaridade, que supõe a
superação de um modelo muldisciplinar das ciências em direção à interação ou
sínteses entre diversas ciências, tendo em vista o interesse por um objeto,
diferentemente definido em cada uma daquelas proposições.
Tal tendência repercute intensamente no Brasil desde meados da década de
1980. Na esteira do “movimento disciplinar” norte-americano, Tani3, por exemplo,
propõe a “Cinesiologia”, como uma área do conhecimento que objetiva investigar de
forma abrangente e profunda o fenômeno movimento humano, mais especificamente
o estudo de movimentos genéricos (postura, locomoção, manipulação) e específicos
do esporte, exercício, ginástica, jogo e dança, contemplando as sub-áreas
biodinâmica do movimento humano, comportamento motor e estudos socioculturais
do movimento humano. A Educação Física é definida como área de pesquisa(s)
eminentemente aplicada(s), que, fundamentada nos conhecimentos “básicos”
oriundos da Cinesiologia, possui preocupação pedagógica e profissionalizante,
produzindo conhecimentos que serviriam de base para a elaboração e
desenvolvimento de programas de Educação Física em nível formal (escolar) e não
formal. Nessa proposição, como em outras, a Educação Física aparece em posição
adjacente ou dependente, como ramo pedagógico ou aplicado da uma ciência
“básica”.
Já outros restringem a Educação Física ao ambiente escolar. Bracht4, por
exemplo, distingue a Educação Física em sentido restrito, que abrange as atividades
pedagógicas, tendo como tema o movimento corporal e que toma lugar na instituição
educacional; e em sentido amplo, que designaria todas as manifestações ligadas a
ludomotricidade humana, mas que seriam melhor abarcadas por termos como
cultura corporal ou cultura de movimento. Em Soares et alii5, a Educação Física é
definida como uma disciplina escolar que trata pedagogicamente do conhecimento
de uma área denominada “cultura corporal”, configurada com temas e formas de
atividades (jogo, esporte, ginástica, danças, lutas etc.) que constituem seu conteúdo.
3 TANI, G. Perspectivas da educação física como disciplina acadêmica. In: SIMPÓSIO PAULISTA DE
EDUCAÇÃO FÍSICA, 2, Rio Claro. Anais... Rio Claro: Universidade Estadual Paulista, 1989. p. 2-12; TANI, G.
Cinesiologia, educação física e esporte; ordem emanente do caos na estrutura acadêmica. Motus Corporis, v.3,
n.2, p. 9-50, 1996. 4 BRACHT, V. Educação física & ciência: cenas de um casamento (in)feliz. Ijuí: Editora Unijuí, 1999.
5 SOARES, C. L. et al. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez, 1994.
4
Em uma tentativa de superar os dualismos, a “Teoria da Educação Física” é
concebida por Betti6 como um campo dinâmico de pesquisa e reflexão, que
sistematiza e critica conhecimentos científicos e filosóficos, recebe e envia
demandas à prática pedagógica e às ciências/filosofias, a partir de problemáticas
que emergem da prática, e que questionam as ciências e a filosofia. O princípio
integrador nesse processo não seria um “objeto científico” (movimento humano,
motricidade humana etc.), porque cada ciência recorta seu objeto sob diferentes
óticas, mas seriam as problemáticas que se articulam desde a prática social
envolvida no jogo, esporte, dança, ginásticas etc., e que são axiologicamente
condicionadas, quer dizer, são os valores eleitos pelo pesquisador que o fazem (ou
não), delimitar uma problemática que possa ser abordada pelas teorias/métodos de
uma dada ciência ou pela filosofia.
A “prática” passa então a configurar-se como possibilidade de mediação entre
a “matriz científica” e a “matriz pedagógica” que se apresentam no debate sobre a
identidade epistemológica da Educação Física, entre a “teoria” e a “prática”, entre o
“fazer corporal” e o “saber sobre esse fazer”.
Bracht7 realizou significativo avanço nesse debate, ao perceber a Educação
Física como campo acadêmico que teoriza a prática pedagógica e que tematiza as
manifestações da cultura corporal de movimento. O objeto da Educação Física é o
saber específico de que trata essa prática, e a definição desse objeto/saber
específico define o tipo de conhecimento buscado para sua fundamentação, e este
por sua vez determina a função atribuída à Educação Física. Haveria três
entendimentos desse saber próprio da Educação Física:
(i) atividades físicas ou atividades físico-esportivas e recreativas – a função da
Educação Física é o desenvolvimento da aptidão física, e as referências teórico-
conceituais provém das ciências biológicas;
(ii) movimento humano, movimento corporal, motricidade humana ou
movimento humano consciente – o objetivo da Educação Física é o desenvolvimento
integral do educando; o referencial provém da aprendizagem motora e
desenvolvimento motor, e, em certo sentido, da antropologia filosófica;
(iii) cultura corporal, cultura de movimento ou cultura corporal de movimento –
movimentar-se é forma de comunicação com o mundo, constituinte e construtora de
6 BETTI, M. Por uma teoria da prática. Motus Corporis, v.3, n.2, p. 73-127, 1996.
7 BRACHT, op. cit.
5
cultura, mas também possibilitada por ela; é linguagem, que enquanto cultura habita
o mundo do simbólico.
1.2 - A TRADIÇÃO DE INTERVENÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA
É Lovisolo8 quem propõe o resgate da importância da tradição, que para a
Educação Física lhe parece ser a formulação de propostas ou programas de
intervenção no plano das atividades corporais que possibilitam a realização de
valores sociais. A Educação Física não é uma disciplina ou ciência como a
matemática ou a química, embora estas e outras disciplinas contribuam no processo
de formação dos profissionais da Educação Física. Isso não diminuiria sua
importância e significado, pois a sociedade moderna, complexa e plural, não poderia
funcionar sem os especialistas da intervenção. Em sua prática, os educadores
físicos deveriam produzir um "arranjo” das disciplinas num programa de atividade
corporal, combinando conhecimentos, técnicas e saberes para alcançar objetivos
sociais que se expressam em programas ligados ao treinamento, lazer, educação,
etc.
Segundo Lovisolo, a intervenção pode basear-se nos conhecimentos
científicos das disciplinas que a auxiliam, mas nem a definição dos valores
orientadores da intervenção nem a seleção das disciplinas ou conhecimentos
auxiliadores seriam decisões científicas. Como a Educação Física busca realizar
objetivos sociais, e não produzir conhecimentos, a principal discussão na Educação
Física diz respeito aos objetivos sociais que ela deve promover, e "não podemos
cientificamente decidir se a educação física deve perseguir o objetivo da
emancipação política ou o da saúde ou o da estética do corpo" 9.
A racionalidade e a cientificidade foram os critérios que legitimaram
socialmente áreas profissionais como a medicina, a engenharia e a economia. Tal
pretensão colocou-se também à Educação Física. Contudo, os seus limites situar-
se-iam na relação não racional e nem calculável entre meios e objetivos, e não na a-
cientificidade ou a-racionalidade dos objetivos. Embora os objetivos, no
entendimento de Lovisolo sejam valores socialmente compartilhados, os valores
também permeiam os meios na ação educacional, e relação meios-objetivos
apresenta-se como racional, quando, na realidade, é uma relação segundo valores.
8 LOVISOLO, H. Educação física: a arte da mediação. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.
9 LOVISOLO, op.cit., p. 25.
6
Por isso, para ele, as discussões sobre o objeto de estudo da Educação
Física têm-se destinado apenas à obtenção da legitimidade acadêmica, enquanto as
discussões sobre os valores e objetivos "destinam-se à obtenção da legitimidade
social, da possibilidade de intervenção e de suas modalidades"10.
Enfim, Lovisolo propõe uma “arte da mediação” à Educação Física; mediação
entre diferentes demandas, entre objetivos e meios, entre intenções e efeitos, entre
conhecimentos, técnicas e saberes. Portanto, nessa perspectiva, a Educação Física
é uma área de intervenção, que se propõe a realizar valores nos campos da
educação, esporte, saúde e lazer, e o debate central na área deveria ocorrer em
torno da articulação entre objetivos, meios e valores.
II - CONCEITOS FUNDAMENTAIS
A Educação Física, então, pode ser entendida simultaneamente como área de
conhecimento, profissão e disciplina escolar na educação básica. Como área de
conhecimento, produz conhecimentos de natureza científica e filosófica em torno de
seu objeto de estudo, diferentemente definido por diversos teóricos: movimento
humano, motricidade humana, exercício, cultura corporal ou de movimento etc. Na
qualidade de profissão, possui o caráter de intervenção, elaborando, executando e
avaliando programas de atividades físicas e esportivas para diversos grupos,
atendendo demandas sociais que se avolumaram no Brasil desde a década de
1980, diversificando o campo de intervenção profissional da Educação Física nas
dimensões da educação, saúde e lazer e rendimento esportivo. Por fim, em sua
vinculação fortemente estabelecida com a instituição escolar desde as primeiras
décadas do século XX no Brasil, a Educação Física é um componente curricular
formalmente integrado ao ensino fundamental e médio, alcançando também a
educação infantil; enquanto tal, busca contribuir, por seus meios e conteúdos
específicos, com a formação e o desenvolvimento dos alunos.
O desafio maior que se coloca hoje é como articular esses diferentes
entendimentos, superando dualismos e divisões que opõem a teoria à prática, os
valores educacionais àqueles ligados a saúde/aptidão física, que distanciam a teoria
10
Ibid., p. 143
7
da prática, a educação básica da universidade, a formação profissional do mercado
de trabalho e os profissionais dos pesquisadores.
Propomos articular a formação profissional a partir dos conceitos de cultura
corporal de movimento e motricidade humana, entendendo a Educação Física como
área de conhecimento e intervenção profissional-pedagógica, que lida com a cultura
corporal de movimento, objetivando a melhoria qualitativa das diferentes
manifestações daquela cultura, mediante referenciais científicos, filosóficos e
estéticos11. Tal entendimento busca a ampliação da concepção de Educação Física
como prática pedagógica, não a percebendo como restrita à Escola. O conceito de
qualidade aqui referido é compreendido como valorativo, quer dizer, exige a opção
por valores, entendidos estes como possibilidades de escolha.
Por cultura corporal de movimento entende-se aquela parcela da cultura geral
que abrange as formas culturais que se vêm historicamente construindo, nos planos
material e simbólico, mediante a exercitação (em geral, intencionada e sistemática)
da motricidade humana: jogo, esporte, ginásticas, práticas de aptidão física,
atividades rítmicas/expressivas, dança e lutas/artes marciais12. A motricidade
humana é entendida, a partir de Sérgio13, como capacidade de movimento do ser
humano para a transcendência14, e como agente e criadora de cultura.
Para melhor compreensão deste “ponto de partida”, faz-se necessário
aprofundar os conceitos de motricidade humana, qualidade e valor.
2.1 - MOTRICIDADE HUMANA
A motricidade humana, para Sérgio15 supõe que: (i) o ser humano é um ser
não-especializado e carente, aberto ao mundo, aos outros e à transcendência; (ii) o
ser humano é um ser práxico, que procura encontrar (e produzir) o que lhe permite a
unidade e a realização; (iii) como ser práxico, é agente e criador de cultura, “projeto
originário de todo sentido”16. Por isso a motricidade humana constitui processo
adaptativo de um ser não-especializado, cujo ritmo evolutivo é lento; constitui
processo evolutivo de um ser com predisposição à interioridade e à cultura, que
11
BETTI, M.. Educação física escolar: do idealismo à pesquisa-ação. 2002. 336 f. Tese (Livre-Docência
em Métodos e Técnicas de Pesquisa em Educação Física e Motricidade Humana) - Faculdade de Ciências,
Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2003 12
Idem. 13
SÉRGIO, M. Para uma epistemologia da motricidade humana: prolegômenos a uma ciência do
homem. Lisboa: Compendium, 1987. 14
“Transcendência” é aqui entendida como “ir além de”, como “ultrapassar”, “superar”. 15
SÉRGIO, M. idem 16
Ibid., p. 109.
8
integra, progressivamente, padrões de comportamento necessários à criação e
manutenção de um meio artificial necessário à sua sobrevivência e
desenvolvimento; e constitui processo criativo de um ser, “em que as práxis lúdicas,
agonísticas, simbólicas e produtivas traduzem a vontade e as condições de o
Homem se realizar como sujeito, ou seja, como autor responsável dos seus actos”17.
A necessidade de encontrar soluções sempre novas, diante das infindas
contradições da vida, torna a motricidade de uma riqueza imprevisível e opulenta. Ao
passo que o animal, envolvido com necessidades predominantemente fisiológicas,
realiza-se plenamente com sua satisfação, o ser humano, ser práxico, ruma sempre
em direção à transcendência, infinitos possíveis apresentam-se a ele, mesmo que
estejam satisfeitas suas necessidades. Transcendência é “ascenção do Homem ao
mais humano”, e a motricidade “garante o dinamismo revelador e comunicativo da
procura e conquista de mais ser; o Homem é “um apelo à transcendência,
transcendência que nunca tem e sempre almeja; daí o seu sentimento de carência,
daí o radical fundante da motricidade”18.
A carência de especialização motora do ser humano exige a cultura como
exercício criador e de aprendizagem porque, “sem órgãos superespecializados, o
homem precisa, inelutavelmente, da chamada educação física e dá à sua
motricidade, mais do que um meio de luta pela vida, mais do que um esforço de
adaptação da Natureza às suas necessidades imediatas, a expressão dos anseios
do homem ao mais ser”19. Como ser de cultura, a motricidade do homem -
movimento jamais acabado e sempre a recomeçar, porque nela há mais do que
movimento - visa o desenvolvimento não só do indivíduo, mas da espécie humana,
já que a motricidade acentua a vida de relação.
Por isso, então, a motricidade é definida como “processo adaptativo, evolutivo
e criativo de um ser práxico, carente dos outros, do mundo e da transcendência”20.
Daí o homem ser predisposto a uma abundância incalculável de condutas
motoras e conduta motora é “o comportamento motor enquanto portador de
significação, de intencionalidade, de consciência clara e expressa e onde há vida,
vivência e convivência”21. Uma conduta motora é uma significação vivida e, portanto,
única, irrepetível, intransferível, que se expressa pela linguagem corporal ou motora,
17
Ibid., p. 110. 18
SÉRGIO, op. cit., p. 155. 19
Ibid., p. 143. 20
Ibid., p.156 21
Ibid, p.154.
9
que é a “matéria prima” da motricidade. Toda linguagem é expressão e
comunicação, porém a linguagem corporal “remonta às verdades primigênias e
fundamentais do ser humano” – é neste sentido uma experiência original (no sentido
de “origem”), em dois sentidos: “como experiência radical das origens do ser e
experiência que inaugura realmente uma realidade nova”, porque “nenhum saber lhe
pré-existe”22. A linguagem corporal “é uma surpresa do ser, porque apresenta uma
densidade própria e se inicia por um ato de vontade criadora”23.
Já a cultura motora é entendida por Sérgio como “nível de humanização,
alcançado pela assimilação das condutas motoras, sistemáticas e livremente
adquiridas, através da instrução e da educação, e também pode entender-se como o
conjunto de comportamentos representativos de uma determinada sociedade ou
grupo natural”24.
Portanto, motricidade humana e cultura se imbricam; o ser humano, como ser
carente que é, exercita sua motricidade em busca da transcendência (por isso é um
ser práxico, que busca sempre superar sua condição, tornar-se mais ser, mais
humano), e nessa dinâmica torna-se agente e criador de cultura. A motricidade
manifesta-se em condutas motoras (que expressam significações e, portanto, são
linguagens: a linguagem corporal), que podem ser assimiladas pela cultura, em um
dado contexto sócio-histórico. A partir daí, pode-se falar na cultura corporal ou
cultura corporal de movimento de uma determinada sociedade ou grupo, em
determinado contexto histórico. Então, o esporte, as ginásticas, a dança etc.
constituem algumas das formas culturais assumidas pela motricidade no âmbito da
nossa cultura – manifestações estas que guardam uma relação histórica com a
cultura profissional e a tradição da Educação Física.
2.2 - QUALIDADE E VALOR
Muitas vezes, no âmbito da Educação Física, o termo “qualidade” tem sido
usado de modo restrito ao seu sentido comum de aspecto positivo de alguma coisa,
que a torna superior à média, enquanto que no seu sentido filosófico é um caráter
geral do objeto, nada nos diz a princípio sobre ele, sobre suas propriedades; ou,
então indica apenas as possibilidades do objeto. Portanto, "qualidade" pode
significar qualquer coisa, inclusive má qualidade, dependendo do ponto de vista. O
22
Ibid., p. 144. 23
Ibid., p. 144. 24
Ibid., p. 155.
10
correto seria, então, falar em propriedades da Educação Física, propriedades do
esporte etc.
Para Abbagnano25 uma das determinações e distinções sobre a qualidade
refere-se ao aspecto disposicional, ou seja, compreende disposições, hábitos,
costumes, capacidades, faculdades, virtudes, tendências, ou qualquer outro nome
que se queira dar às determinações constituídas por possibilidades do objeto.
Essa determinação permite articular o conceito de “qualidade” com o de
“valor” – articulação fundamentada pelo fato de que as determinações disposicionais
são constituídas por possibilidades do objeto.
Também segundo Abbagnano, valor, em geral, designa o que deve ser,
objeto de preferência ou de escolha. O conceito filosófico contemporâneo de valor
indica que o valor pode ser definido como possibilidade de escolha, isto é, “como
uma disciplina inteligente das escolhas, que pode conduzir a eliminar algumas delas
ou a declará-las irracionais ou nocivas, e pode conduzir (e conduz) a privilegiar
outras”26. Daí decorre que existe uma multiplicidade de valores que continuamente
exigem escolhas por parte do homem, e historicamente haveria uma luta constante
entre diferentes valores oferecidos ao homem. Ou seja, quando se elegem as
propriedades ou determinações disposicionais (possibilidades do objeto) do que
estamos chamando “melhoria qualitativa” do esporte, das ginásticas etc., se está
fazendo uma opção por valores. E como há uma multiplicidade de valores no objeto
“esporte”, por exemplo, pode-se fazer escolhas diferentes - o que em última
instância implica em optar por entendimentos de homem, sociedade, educação.
Contudo, isso coloca um problema para a Educação Física, pois o que é
“melhorar qualitativamente” uma determinada prática profissional-pedagógica pode
ser diferentemente entendido por diferentes profissionais. Tal nos leva a considerar
a exigência de haver valores minimamente consensuais, compartilhados por todos
os profissionais. Se tal possibilidade é duvidosa, é imperativo que a Educação
Física, como profissão que realiza intervenções profissionais de natureza
pedagógica, demonstre a racionalidade das suas escolhas, explicite por que uma
escolha (ou seja, um valor) é melhor do que outra. Mesmo porque, conforme ensina
Abbagnano27, valor não é um mero ideal, mas é guia ou norma das escolhas e, em
todo caso, seu critério de juízo. Portanto coloca-se ainda a necessidade de
25
ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1982. 26
ABBAGNANO, op. cit., p. 993. 27
Idem.
11
articulação entre meios e fins – se elejo um valor, devo propor os meios coerentes
para realizá-lo. Se digo que “esporte é saúde”, devo ser capaz de demonstrar
racionalmente que tal possibilidade existe (quer dizer, é uma determinação
disposicional do objeto “esporte”), e articular uma prática que concretize a realização
daquele valor28.
Quando consagrados inter-subjetivamente, em diferentes teorizações e
práticas pedagógicas, tais valores e correspondentes articulações entre meios e fins
concretizam-se em princípios (por exemplo, o princípio da inclusão, amplamente
aceito hoje na Educação Física Escolar; ou ainda o princípio da individualidade, na
prática do exercício físico, quando se fala em adequação da sobrecarga e da
intensidade).
Todo esse processo reflexivo deve se dar com o auxilio explícito de
referenciais científicos, filosóficos e estéticos. As ciências contribuem com a
dimensão factual (o que é), a filosofia com a dimensão normativa-axiológica (o que
deve ou pode ser), e a dimensão estética, conforme busca evitar o excessivo
comprometimento com uma postura racionalista, no sentido cognitivista, “que não
abre espaço para a ampliação do conceito de verdade”.29
III - AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA OS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
As novas referências legais emanadas do Conselho Nacional de Educação,
ao estabelecer Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em
Educação Física, espelham, ao menos em parte, o rico debate acadêmico que se
tem desenrolado na área. O Parecer CNE/CES Nº 58/2004 caracteriza a Educação
Física a partir de três dimensões interdependentes: (i) a dimensão da prática de
atividades físicas, recreativas e esportivas; (ii) a dimensão do estudo e da formação
acadêmico-profissional e (iii) a dimensão da intervenção acadêmico-profissional.
A dimensão da prática de atividades físicas, recreativas e esportivas refere-se
ao direito dos indivíduos conhecerem e terem acesso às manifestações e
expressões culturais que constituem a tradição da Educação Física, tematizadas nas
diferentes formas e modalidades de exercícios físicos, da ginástica, do jogo, do
28
Conforme demonstram inúmeros estudos: não há relação entre esporte de alto rendimento/espetáculo e
“boa saúde”. 29
BRACHT, op. cit., p. 53
12
esporte, da luta/arte marcial, da dança. Na perspectiva da Educação Física, a prática
das manifestações e expressões culturais do movimento humano são orientadas
para a promoção, a prevenção, a proteção e a recuperação da saúde, para a
formação cultural, para a educação e reeducação motora, para o rendimento físico-
esportivo e para o lazer.
A dimensão do estudo e da formação acadêmico-profissional refere-se às
diferentes possibilidades de formação, em consonância com a legislação vigente,
que objetivem qualificar e habilitar os indivíduos interessados em intervir acadêmica
e profissionalmente na realidade social, por meio das manifestações e expressões
culturais do movimento humano, visando a formação, a ampliação e o
enriquecimento cultural das pessoas.
A dimensão da intervenção acadêmico-profissional refere-se ao exercício
político-social, ético-moral, técnico-profissional e científico da graduação em
Educação Física no sentido de diagnosticar os interesses e necessidades das
pessoas, de modo a planejar, prescrever, ensinar, orientar, assessorar,
supervisionar, controlar e avaliar a eficiência, a eficiência, a eficácia e os efeitos de
programas de exercícios e de atividades físicas, recreativas e esportivas, assim
como participar, assessorar, coordenar, liderar e gerenciar equipes multiprofissionais
de discussão, de definição e de operacionalização de políticas públicas de
institucionais nos campos da saúde, do lazer, do esporte, da educação, da
segurança, do urbanismo, do ambiente, da cultura, do trabalho, entre os afetos
direta e indiretamente à prática de exercícios e atividades físicas, recreativas e
esportivas.
Como desdobramento desse entendimento, a Resolução CNE/CES Nº 7/2004
concebe a Educação Física como “uma área de conhecimento e intervenção
acadêmico-profissional que tem como objeto de estudo o movimento humano, com
foco nas diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica, do jogo,
do esporte, das luta/arte marcial, da dança, nas perspectivas da prevenção de
problemas de agravo da saúde, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da
formação cultural, da educação e da reeducação motora, do rendimento físico-
esportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às atividades
físicas, recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizem ou
venham a oportunizar a práticas de atividades físicas, recreativas e esportivas”. O
Parecer CNE/CES 58/2004 esclarece que a finalidade é possibilitar a todo(a)
13
cidadão(ã) o direito inalienável de acesso a esse acervo cultural, importante
patrimônio histórico da humanidade e do processo de construção da individualidade
humana.
Também o Parecer CNE/CES 58/2004 reconhece que diferentes termos e
expressões vêm sendo defendidos e utilizados pela comunidade da Educação Física
com o propósito de definir seu objeto de estudo e de intervenção acadêmico-
profissional: exercício físico, atividade física, movimento humano, atividade físico-
esportiva, atividade corporal, cultura corporal, cultura corporal de movimento,
corporeidade, motricidade etc. Alerta o referido Parecer que estes termos e
expressões, bem como seus respectivos significados, foram propostos a partir de
diferentes, e, às vezes concorrentes, constructos de pretensão epistemológica e/ou
de motivação ideológica e, portanto, a sua utilização nos documentos legais, que
instituem as Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação em Educação Física,
não deve ser vista como referência impositiva, cabendo a cada Instituição de Ensino
Superior eleger aqueles julgados mais adequados e identificadores da matriz
epistemológica e/ou ideológica definida em seus respectivos projetos pedagógicos.
Tal entendimento encontra respaldo no princípio da “autonomia institucional”,
definido pela legislação superior.
A Resolução CNE/CES 7/2004 estabelece que “A graduação em Educação
Física deverá estar qualificado para analisar criticamente a realidade social, para
nela intervir acadêmica e profissionalmente por meios das diferentes manifestações
e expressões do movimento humano, visando a formação, a ampliação e o
enriquecimento cultural das pessoas, para aumentar as possibilidades de adoção de
um estilo de vida fisicamente ativo e saudável”. Para tal, o curso de graduação em
Educação Física “deverá assegurar uma formação generalista, humanista e crítica,
qualificadora da intervenção acadêmico-profissional, fundamentada no rigor
científico, na reflexão filosófica e na conduta ética”. O projeto pedagógico dos cursos
de graduação em Educação Física deverá estar pautado nos seguintes princípios:
autonomia institucional; articulação entre ensino, pesquisa e extensão; graduação
como formação inicial; formação continuada; ética pessoal e profissional; ação
crítica, investigativa e reconstrutiva do conhecimento; construção e gestão coletiva
do projeto pedagógico; abordagem interdisciplinar do conhecimento;
indissociabilidade teoria-prática; e articulação entre conhecimentos da formação
ampliada e específica. As competências de natureza político-social, ético-moral,
14
técnico-profissional e científica deverão constituir a concepção nuclear do projeto
pedagógico de formação da graduação em Educação Física.
A estrutura e organização curricular dos cursos de graduação em Educação
Física deverão articular duas unidades de conhecimento: formação específica e
formação ampliada. A formação específica abrange os conhecimentos
identificadores da Educação Física, que deve compreender e integrar as dimensões
culturais, didático-pedagógicas e técnico instrumentais das manifestações e
expressões do movimento humano, com o propósito de qualificar e habilitar a
intervenção acadêmico–profissional em face das competências e das habilidades
específicas da graduação em Educação Física. A formação ampliada deve
compreender o estudo da relação do ser humano, em todos os ciclos vitais, com a
sociedade, a natureza, a cultura e o trabalho. Deverá possibilitar uma formação
cultural abrangente para a competência acadêmico-profissional de um trabalho com
seres humanos em contextos histórico-sociais específicos, promovendo um contínuo
diálogo entre as áreas de conhecimento científico afins e a especificidade da
Educação Física. Em resumo, a formação ampliada deve abranger as seguintes
dimensões do conhecimento: relação ser humano-sociedade, biológica do corpo
humano e produção do conhecimento científico e tecnológico; e a formação
específica as dimensões culturais do movimento humano, técnico-instrumental e
didático-pedagógico.
O trato das unidades de conhecimento deverá ser guiado pelo critério da
orientação e da formação crítica, investigativa e reconstrutiva, pelo princípio da
indissociabilidade entre teoria e prática, bem como orientado por valores sociais,
morais, éticos e estéticos próprios de uma sociedade plural e democrática.
As questões pertinentes às peculiaridades regionais, às identidades culturais,
à educação ambiental, ao trabalho, às necessidades das pessoas portadoras de
deficiência e de grupos e comunidades especiais deverão ser abordados no trato
dos conhecimentos da formação da Educação Física.
Refere-se ainda a Resolução 7/2004 especificamente ao “Professor de
Educação Básica, Licenciatura plena em Educação Física”, que deverá estar
qualificado para a docência deste componente curricular na educação básica, tendo
como referência a legislação própria do Conselho Nacional de Educação, bem como
as orientações específicas para esta formação tratadas naquela própria Resolução.
Estabelece também a referida Resolução que a definição das competências e
15
habilidades gerais e específicas que devem caracterizar o perfil acadêmico-
profissional do professor da educação básica, Licenciatura plena em Educação
Física, deverá pautar-se na legislação própria do CNE30.
3.1 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS
Conforme o Parecer CNE/CES 58/2004, a identidade acadêmico-profissional
em Educação Física deve partir da compreensão de competências que abranjam as
dimensões político-social, ético-moral, técnico-profissional e científica, considerando
que a intervenção do profissional pressupõe a mediação com seres humanos
historicamente situados. A configuração de tais competências deve ser a concepção
nuclear na orientação dos projetos pedagógicos de formação inicial em Educação
Física. Reconhecer as competências como núcleo do projeto pedagógico significa
dizer que é imperioso que o graduado saiba mobilizar os conhecimentos que
fundamentam e orientam sua intervenção acadêmico-profissional transformando-as
em ação.
O graduado deve compreender as questões e as situações-problema
envolvidas no seu trabalho, identificando-as e resolvendo-as. Precisa demonstrar
autonomia para tomar decisões, bem como se responsabilizar pelas opções feitas e
pelos efeitos da sua intervenção acadêmico-profissional. Precisa também avaliar
criticamente sua própria atuação e o contexto em que atua, bem como interagir
cooperativamente tanto com a comunidade acadêmico-profissional, quanto com a
sociedade em geral.
A aquisição das competências requeridas na formação do graduado em
Educação Física deverá ocorrer a partir de experiências de interação teoria-prática,
em que toda a sistematização teórica deve ser articulada com as situações de
intervenção acadêmico-profissional e que estas sejam balizadas por
posicionamentos reflexivos que tenham consistência e coerência conceitual. As
competências não podem ser adquiridas apenas no plano teórico, nem no
estritamente instrumental. É imprescindível, portanto, que haja coerência entre a
formação oferecida, as exigências práticas esperadas do futuro profissional e as
necessidades de formação, de ampliação e de enriquecimento cultural das pessoas.
Portanto, nos termos do Parecer 58/2204 e respectiva Resolução 7/2004, a
formação do graduado em Educação Física deverá ser concebida, planejada, 30
É importante observar que o Parecer CNE 58/2004 e respectiva Resolução 7/2004, não diferenciam
“Bacharelado” e “Licenciatura”.
16
operacionalizada e avaliada visando a aquisição e o desenvolvimento das seguintes
competências específicas:
- Dominar os conhecimentos conceituais, procedimentais e atitudinais específicos da
Educação Física e aqueles advindos das ciências afins, orientados por valores
sociais, morais, éticos e estéticos próprios de uma sociedade plural e democrática.
- Pesquisar, conhecer, compreender, analisar e avaliar a realidade social para nela
intervir acadêmica e profissionalmente, por meio das manifestações e expressões do
movimento humano, com foco nas diferentes formas e modalidades do exercício
físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da dança, visando a
formação, ampliação e o enriquecimento cultural da sociedade, para aumentar as
possibilidades de adoção de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável.
- Intervir acadêmica e profissionalmente de forma deliberada, adequada e
eticamente balizada nos campos da prevenção de problemas de agravo da saúde,
promoção, proteção e reabilitação da saúde; da formação cultural, da educação e da
reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer, da gestão de
empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e esportivas, além
de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividades
físicas, recreativas e esportivas.
- Participar, assessorar, coordenar, liderar e gerenciar equipes multiprofissionais de
discussão, de definição e de operacionalização de políticas públicas e institucionais
nos campos da saúde, do lazer, do esporte, da educação, da segurança, do
urbanismo, do ambiente, da cultura, do trabalho, dentre outros.
- Diagnosticar os interesses, as expectativas e as necessidades das pessoas
(crianças, jovens, adultos, idosos, pessoas portadoras de deficiências, de grupos e
comunidades especiais) de modo a planejar, prescrever, ensinar, orientar,
assessorar, supervisionar, controlar e avaliar projetos e programas de atividades
físicas, recreativas e esportivas nas perspectivas da prevenção, da promoção, da
proteção e da reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e da
reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer e de outros campos que
oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e
esportivas.
- Conhecer, dominar, produzir, selecionar, e avaliar os efeitos da aplicação de
diferentes técnicas, instrumentos, equipamentos, procedimentos e metodologias
para a produção e a intervenção acadêmico-profissional em Educação Física nos
17
campos da prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação
cultural, da educação e reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer,
da gestão de empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e
esportivas, além de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a
prática de atividades físicas, recreativas e esportivas.
- Acompanhar as transformações acadêmico-científicas da Educação Física e de
áreas afins, mediante a análise crítica da literatura especializada, com o propósito de
contínua atualização e produção acadêmico-profissional.
- Utilizar recursos da tecnologia da informação e da comunicação, de forma a
ampliar e diversificar as formas de interagir com as fontes de produção e de difusão
de conhecimentos específicos da Educação Física e de áreas afins, com o propósito
de contínua atualização e produção acadêmico-profissional.
3.2 – REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO
No uso de suas atribuições estatutárias, o Conselho Federal de Educação
Física (CONFEF), aprovou pela Resolução nº 182/2009 as Diretrizes Curriculares
Nacionais diferenciadas para os Cursos Superiores de Licenciatura e de Graduação
(bacharelado) nas áreas acadêmica e profissional de Educação Física. A inscrição
junto ao Sistema CONFEF/CREFs (Conselhos Regionais de Educação Física) será
feita mediante requerimento, em formulário próprio, devidamente preenchido e
acompanhado de Documento da Instituição de Ensino Superior indicando a data de
autorização e reconhecimento do curso, a data de ingresso e conclusão do referido
curso, bem como a base legal do respectivo curso de Educação Física, qual seja: a)
Licenciatura - se instituído pela Resolução CNE/CP nº 1/2002, Resolução CFE nº
03/1987 ou anteriores; b) Bacharelado - se instituído pela Resolução CFE nº
03/1987; c) Graduação (Bacharelado) – se instituído pela Resolução CNE/CES nº
7/2004. Desta forma, estabelece cinco Identidades Profissionais de atuação no
campo da Educação Física: (a) Categoria Licenciatura, atuação: Educação Básica
(amparada pela Resolução 01/2002 CFE e campo de atuação restrito à escola); (b)
Categoria Bacharel, atuação: Bacharelado (amparado pela Resolução 07/2004 CFE,
e campo de atuação abrangendo todo o mercado de trabalho exceto a escola); (c)
Categoria Licenciado/Bacharel, atuação: Plena (graduado que obtiver as formações
amparadas pelas Resoluções 01/2002 e 07/2004 CFE); (d) Categoria Licenciado,
atuação Plena (amparado pelas Resoluções 03/1987 e 69/1969 do CFE e campo de
18
atuação irrestrito na Educação Física); e (e) Categoria Bacharel, atuação Militar
(amparado pela formação em cursos Militares).
IV - PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROJETO PEDAGÓGICO DOS
CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
A Educação Física - entendida não como uma “ciência” no sentido tradicional
da palavra, mas, mas como área de conhecimento e intervenção - contando com o
auxílio das diversas ciências e da filosofia, busca examinar a cultura corporal de
movimento com o olhar interessado de projetos que expressam valores (ligados à
educação, esporte, saúde e lazer). “Projeto” é uma idéia, um desejo, a intenção de
fazer ou realizar algo no futuro; provém etimologicamente do latim projectus “ação
de lançar para a frente”31. Portanto, refere-se a algo que ainda não se tem, que
ainda não existe, mas que é desejada, planejada, intencionada por alguém. Um
projeto é um conjunto de ideologias, teorias (científicas ou não),
informações/conhecimentos, valores, expectativas, que refletem o interesse de
grupos sobre uma dada prática social.
Então, um projeto de Educação Física dirige o olhar que irá “recortar” a
cultura corporal de movimento segundo seus valores (e também, eventualmente,
segundo sua tradição) e, retroativamente, os dados científicos e filosóficos que irão
fundamentar tal projeto.
Isso conduz, então, a outro problema: como conceber um curso de formação
profissional no campo da Educação Física que não se feche em um único projeto,
quer dizer, um modo único de “olhar” a cultura corporal de movimento e optar
apenas por certos valores – ou ligados à educação, ou a saúde, ou ao esporte e
etc.? Por outro lado, “abrir o leque” para muitos projetos pode levar a uma formação
excessivamente genérica, aos moldes da conhecida licenciatura “ampliada”,
situação que ainda existe em muitas instituições.
Para fugir a esta armadilha, dois pontos são vitais:
(i) A delimitação do objetivo da formação tendo em vista a(s) especificidade(s)
de atuação do graduado (educação formal, saúde, lazer, esporte de alto rendimento
31
HOUAISS, A. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Objetiva, 2001. 1 CD-
ROM
19
etc.), sem, todavia, limitar a formação geral do profissional (científica, filosófica. ética
e estética) e a apropriação da cultura corporal de movimento. Tal formação geral
deve incluir igualmente o estudo da motricidade humana como linguagem corporal
(experiência original do ser humano) e as linguagens da cultura corporal de
movimento (jogo, ginásticas, esporte etc.). As diversas ciências e a filosofia
contribuem para esta “formação ampliada” por intermédio dos seus próprios olhares
dirigidos à cultura corporal de movimento.
(ii) A prática profissional/pedagógica em Educação Física (quer dizer, os
contextos de intervenção) deve constituir-se em eixo central do currículo, garantindo
a especificidade da formação. Tal prática profissional/pedagógica deve manter
diálogo privilegiado com as ciências e a filosofia, no sentido de que seus respectivos
instrumentais teóricos-metodológicos auxiliem a prescrutar os valores (ou
possibilidades, se preferirmos) presentes na cultura corporal de movimento,
apontando sua adequação a determinados projetos (quer dizer, articulando meios e
fins).
Um currículo assim concebido deverá conter duas características principais:
(i) Organizar-se a partir de temas, oriundos do projeto de Educação Física
adotado, da tradição acadêmico-profissional da Educação Física, das novas
tendências presentes na cultura corporal de movimento, que resultam da dinâmica
social mais ampla, assim como das direções apontadas pela pesquisa científica e
pela reflexão filosófica na área, e das competências gerais que se deseja
desenvolver.
(ii) Tomar como eixo central a dimensão da prática profissional-pedagógica,
buscando o desenvolvimento das competências específicas à habilitação pretendida
(Bacharelado ou Licenciatura). Esta dimensão da prática deveria ser a referência em
todas as disciplinas, no sentido de que devem buscar um permanente diálogo com a
Educação Física como área de intervenção acadêmico- profissional.
Assim, além de eixos norteadores comuns, teremos, em decorrência da
necessidade de uma formação geral, um núcleo comum aos Cursos de Bacharelado
e Licenciatura, (que inclui temas, desenvolvimento de competências e disciplinas
comuns) e desenvolvimento de competências, temas, disciplinas e vivências
profissionais-pedagógicas diferenciadas, tendo em vista a especificidade da
habilitação pretendida.
20
V - OBJETIVO GERAL DAS MODALIDADES DA GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
As modalidades Licenciatura e Bacharelado em Educação Física da
Faculdade de Ciências buscam a formação de licenciados e profissionais capazes
de, por meio das diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica,
do jogo, do esporte, das lutas e das atividades rítmicas e dança, efetivar
intervenções fundamentadas científica, filosófica, ética e esteticamente, de modo a
realizar objetivos definidos nos diversos contextos de atuação.
No curso de Licenciatura em Educação Física buscar-se-á na cultura corporal
de movimento os valores que permitam ao licenciado a intervenção pedagógica no
âmbito da Educação básica, de modo a realizar os objetivos da disciplina “Educação
Física” nos diversos níveis escolares.
No curso de Bacharelado, com núcleo temático de aprofundamento em
Aptidão Física e Saúde, trata-se de prescrutar a cultura corporal de movimento em
busca dos valores que permitam ao graduado a intervenção profissional no campo
da saúde e da aptidão física para o desempenho ótimo (esportivo ou não), com
vistas aos aspectos de promoção de hábitos saudáveis de vida, bem como da
prevenção e reabilitação de distúrbios funcionais e metabólicos em indivíduos
manifestos, com necessidades especiais de saúde, naqueles aparentemente
saudáveis e, ainda, em portadores de deficiências.
A seguir são apresentados, respectivamente, os projetos específicos dos
cursos de Licenciatura em Educação Física e Bacharelado em Educação Física com
núcleo temático de aprofundamento em Exercício Físico e Saúde.
VI – PERÍODOS DE OFERECIMENTOS E TOTAL DE VAGAS POR MODALIDADE
As modalidades Bacharelado e Licenciatura em educação Física serão
oferecidas em dois períodos: integral e noturno. Serão oferecidas quarenta (40)
vagas em cada período, totalizando oitenta (80) vagas. Destas 40 vagas de cada
período, 20 vagas serão para o Bacharelado e 20 serão para a Licenciatura, onde a
escolha da habilitação a ser cursada deverá ser feita pelo aluno no momento da
inscrição no vestibular.
25
VII – CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
7.1 - A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Integrante do currículo das escolas brasileiras desde as primeiras décadas do
século XX, a Educação Física, do ponto de vista de suas finalidades educacionais,
passou de preocupações eugênicas/higiênicas nas décadas de 1930 e 1940 para
objetivos relacionados à formação esportiva e desenvolvimento da aptidão física na
década de 1970. A década de 80 caracterizou-se por uma crise de valores, que
questionou profundamente as bases filosóficas e pedagógicas da Educação Física,
instaurando um debate sobre suas finalidades e metodologia, do que resultou a
elaboração de inúmeras proposições teórico-metodológicas fortemente baseadas
nas ciências humanas, tendo como ponto comum a busca de uma Educação Física
que articulasse as múltiplas dimensões do ser humano.
O conceito de cultura corporal de movimento revelou-se capaz de integrar
muitas das novas concepções de Educação Física surgidas nas décadas de 1980 e
1990, culminando com a adoção do conceito pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais propostos pelo governo federal em 1998.
Nessa perspectiva, a Educação Física passa a ser vista como uma disciplina
ou componente curricular que tem por finalidade introduzir e integrar o aluno no
âmbito da cultura corporal de movimento, visando formar o cidadão que possa
usufruir criticamente das formas culturais do exercício da motricidade humana, no
sentido de sua produção, reprodução, compartilhamento e transformação,
instrumentalizando-o para identificar os valores de saúde e lazer presentes nas
diversas práticas físicas e esportivas. Por motricidade humana entende-se a
capacidade de movimento que possui o ser humano para expressar-se e agir com
intencionalidades; o movimento humano portanto, sempre contextualizado histórica
e culturalmente, é pleno de expressividade e sentidos.
Em tal concepção fica implícito um determinado entendimento de ser humano:
o educando há de ser visto como uma totalidade, em suas dimensões afetivo-social,
cognitiva e físico-motora. Isso implica, portanto, que o trabalho pedagógico em
Educação Física deve objetivar atingir todas essas dimensões, à despeito da sua
especificidade como disciplina escolar privilegiar aparentemente o aspecto físico-
motor. Todavia, a finalidade definida para a Educação Física Escolar, qual seja a da
introdução e integração do aluno no âmbito da cultura corporal de movimento,
visando formar o cidadão que possa usufruir criticamente das formas culturais do
26
exercício da motricidade humana, só pode ser alcançada se o trabalho pedagógico
envolver o aluno como um todo: sua vontade, sua emoção, seu intelecto. Em relação
ao envolvimento com as atividades físicas e esportivas que compõem a cultura
corporal de movimento, a Educação Física deve levar o aluno a descobrir os motivos
para praticá-las, favorecer o desenvolvimento de atitudes positivas para com elas,
levar à aprendizagem de comportamentos adequados para a sua prática, dirigir sua
vontade e sua emoção para a prática e a apreciação do corpo em movimento nas
diversas práticas, e por fim levar ao conhecimento, compreensão e análise de seu
intelecto as informações relacionadas à cultura corporal de movimento. Para isto,
não basta aprender habilidades motoras-esportivas e desenvolver capacidades
físicas; é preciso capacitar o aluno a construir autonomamente suas próprias
práticas corporais – o que implica na aprendizagem de conceitos, atitudes e valores.
Em síntese, no âmbito da cultura corporal de movimento a Educação Física deve
contribuir para a formação da autonomia e o exercício crítico da cidadania.
A noção de totalidade, por sua vez, dirige-se também à própria cultura
corporal de movimento; portanto, a Educação Física Escolar dever buscar incluir,
como objeto de ensino e aprendizagem, a maior parcela possível daquela cultura.
Também a integração à cultura corporal de movimento há de ser para todos os
alunos, implicando no princípio da inclusão ou não exclusão, ou seja, a Educação
Física na escola, por intermédio de seus conteúdos e estratégias, deve buscar
incluir, antes que excluir uns ou outros, todos os alunos.
Ora, não é diferente o preconizado nos Parâmetros Curriculares Nacionais,
que incorporou muito das reflexões e avanços teóricos produzidos na comunidade
acadêmica da Educação Física desde o final da década de 1980, ao definir os
princípios que devem nortear a Educação Física no Ensino Fundamental: princípio
da inclusão, princípio da diversidade e categorias de conteúdo. Segundo o
documento do governo federal, o princípio da inclusão indica que a sistematização
de objetivos, conteúdos, processos de ensino e aprendizagem e avaliação tem como
meta a inclusão do aluno na cultura corporal de movimento, por meio da participação
e reflexão concreta e efetivas, buscando reverter o quadro histórico da área, de
seleção entre alunos aptos e inaptos para as práticas corporais, resultante da
valorização exacerbada do desempenho e da eficiência. O princípio da diversidade
aplica-se na construção dos processos de ensino e aprendizagem e orienta a
escolha de objetivos e conteúdos, visando ampliar as relações entre os
27
conhecimentos da cultura corporal de movimento e os sujeitos da aprendizagem,
buscando legitimar as diversas possibilidades de aprendizagem que se estabelecem
com a consideração das dimensões afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais
dos alunos. Já os conteúdos são categorizados, em consonância com as diretrizes
gerais dos Parâmetros Curriculares, em conceituais (fatos, conceitos e princípios),
procedimentais (ligados ao fazer) e atitudinais (normas, valores e atitudes); os
conteúdos conceituais e procedimentais giram em torno do fazer, do compreender e
do sentir com o corpo, e os atitudinais apontam para a necessidade dos alunos
vivenciarem valores e atitudes de modo concreto nas aulas de Educação Física.
A dimensão conceitual se caracteriza pela abordagem de conceitos, fatos e
princípios e refere-se à construção das capacidades intelectuais para operar com
símbolos, signos, ideias, imagens que permitem representar a realidade. Para O. L.
Ferraz32, especificamente na Educação Física, significa a aquisição de um corpo de
conhecimentos objetivos (p. e., aspectos nutricionais, aspectos socioculturais como
a violência no esporte ou o corpo como mercadoria de trabalho no âmbito dos
contratos esportivos). Tal dimensão, além do valor cultural e informacional, possui
um significado educacional, pois são passíveis de serem aplicados às situações do
dia a dia como orientação na compreensão dos mecanismos que regulam os
movimentos.
Conceitos aqui não são somente os históricos e/ou as regras das
brincadeiras, jogos e esportes. Muito mais que isso, dizem respeito a aprender sobre
determinados assuntos; por exemplo, qual a importância da ingestão de água para
se fazer atividade física, ou, quais os horários e períodos mais adequados para se
realizar atividade física, ou ainda, o que é brincadeira hoje e o que foi para os pais,
tios e avós dos alunos.
As aulas de Educação Física, nesse contexto, não precisam ser
desenvolvidas somente de maneira teórica e expositiva na sala de aula, fator que
muitas vezes contribui para a desmotivação dos alunos. Alternativas interessantes
podem ser baseadas em aulas que envolvam pesquisas sobre a cultura corporal de
movimento, realizadas pelos alunos – na biblioteca da escola, nas suas casas, com
os colegas, nas revistas e jornais, na televisão – orientadas, retomadas e discutidas
32
FERRAZ, O. L. Educação física escolar: conhecimento e especificidade, a questão da pré-escola.
Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, supl. 2, p.16-22, 1996
28
pelo professor até para se construir novas atividades para as aulas de Educação
Física.
A dimensão procedimental está intimamente relacionada ao saber fazer,
envolvendo, portanto, o aprender a se movimentar. Na escola, muitas vezes a
Educação Física se limita em desenvolver os conteúdos nesta dimensão. Um
exemplo é quando se ensina o aluno a fazer um gesto técnico do voleibol ou do
basquetebol.
As atitudes aparecem nas reflexões feitas pelos alunos a partir dessas duas
dimensões: conceitual (o saber sobre) e procedimental (o saber fazer), envolvendo
normas, regras e valores. Neste contexto o movimento passa a ser um meio para
que o aluno aprenda sobre seus limites, seu potencial, sobre o outro. Tais elementos
caracterizam a dimensão atitudinal do conteúdo.
Essa dimensão envolve questões de aprendizagem bastante ricas nas aulas
de Educação Física, e é importante lembrar que os alunos não aprendem
espontaneamente a serem cooperativos, solidários, reflexivos, criativos e autônomos
só porque brincam ou jogam nas aulas de Educação Física. Para que esses valores
sejam incorporados, é fundamental que o professor esteja aberto para discutir e
problematizar os conflitos que surgem nas aulas. Por exemplo, quando meninos e
meninas não conseguem jogar juntos, o professor tem a importante tarefa de discutir
com eles quais os motivos que os fazem se separar, e buscar alternativas conjuntas
para encaminhar esse conflito.
7.2 - A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Nem sempre acompanhando as rápidas transformações teórico-
epistemológicas pelas quais passou a Educação Física nos últimos 25 anos, a
formação de professores/profissionais na área tem-se redirecionado sob múltiplas
influências: do esporte espetáculo, do discurso científico, das novas demandas
sociais, do surgimento de um novo “mercado do corpo”. É bem conhecida a
influência da instituição esportiva na determinação de conteúdos e objetivos nos
cursos de Licenciatura em Educação Física desde final da década de 60, quando a
ele somava-se, inclusive, a formação do Técnico Desportivo, conforme preconizava
a Resolução CFE 69/1969, que então definiu um currículo mínimo para os cursos.
Essa influência perpassou a criação de mais de uma centena de cursos até o início
da década de 1980, caracterizando o currículo de orientação tradicional-esportiva,
29
que enfatiza as chamadas disciplinas “práticas” (especialmente as esportivas),
sendo que o conceito de “prática” está baseado na execução e demonstração, por
parte do graduando, de habilidades técnicas e capacidades físicas. Outra
característica do currículo tradicional-esportivo é a separação entre teoria e prática;
teoria é o conteúdo apresentado verbalmente, ou por meio de textos na sala de aula,
e prática é a atividade física na quadra, piscina etc. A maior carga horária da
fundamentação teórica costuma ser dedicada às disciplinas da área biológica:
biologia, fisiologia etc.
Nos primeiros anos da década de 80 formulam-se diagnósticos críticos da
Educação Física e da formação profissional na área, oriundos de órgãos
governamentais, associações de classe e universidades. Evidenciou-se que os
cursos de Licenciatura em Educação Física favoreciam a formação de professores
sem visão crítica da realidade brasileira, com pouca fundamentação científica e
filosófica, limitados a um enfoque puramente técnico-esportivo. A necessidade de
desatrelar os objetivos da Educação Física do sistema esportivo formal, a ênfase na
importância da Educação Física nas séries iniciais da escolarização e a
caracterização da Educação Física enquanto área do conhecimento, foram pontos
sempre presentes nesse debate.
A década de 80 também assiste, além dessa revisão crítica da área e da
ascensão do discurso científico como principal referência para a construção dos
currículos, a diversificação do mercado de trabalho, quando a intervenção
profissional dos licenciados e técnicos desportivos transpõe os muros das escolas
de 1º e 2º graus e do esporte formal nos clubes para alcançar uma variedade de
instituições e clientelas: academias, idosos, centros esportivos públicos, portadores
de deficiências, hospitais e clínicas médicas, escolas maternais, centros de lazer etc.
Os currículos que se constituem ou revisam à época nas Universidades cuja reflexão
sobre a questão estava mais avançada refletem essas influências. De um lado, o
currículo adquire uma orientação técnico-científica, com aumento da carga horária
das disciplinas “teóricas”, com destaque para as ciências humanas/filosofia, que
ganham espaço, mantendo-se todavia o forte embasamento na área biológica.
Espera-se que a teoria fundamente a prática, ou seja, a prática é a aplicação direta e
mecânica dos conhecimentos científicos. O conceito de “prática pedagógica” adquire
ainda outra dimensão: trata-se de “ensinar a ensinar” – um exemplo são as
“sequencias pedagógicas”. Trata-se, todavia, de um conceito ainda limitado, pois
30
espera-se que o graduando aprenda a “executar” tais sequencias, e não apreendê-la
no contexto da prática pedagógica na escola, pois esta seria uma preocupação
exclusiva da Prática de Ensino, entendida como disciplina isolada e responsável
pela aplicação e integração dos conhecimentos adquiridos nas demais. Por outro,
introduz-se uma série de disciplinas “profissionalizantes”, que buscavam abarcar a
diversificação do mercado de trabalho: educação física adaptada, recreação e lazer,
ginásticas de academia etc., além de manter ênfase no fenômeno esportivo formal.
Tal situação acaba por gerar um relativo distanciamento dos Cursos de Licenciatura
em Educação Física do que deveria ser seu locus privilegiado - a Escola – em favor
de outros espaços de trabalho.
Em 1987, o Parecer CEF 215 e a consequente Resolução CFE 03 identificam
o problema, mas não o resolvem adequadamente, já que mantinham a possibilidade
da Licenciatura como um curso “ampliado” para a área não escolar, mesmo com a
proposição do curso de Bacharelado em Educação Física. Permanece a tendência a
uma orientação técnico-científica, com resquícios do modelo tradicional-esportivo.
Todavia, consolida-se, agora de maneira legalmente expressa, a concepção da
formação teórica multidisciplinar (conhecimento filosófico, do ser humano e da
sociedade) e a ideia de que a formação do graduado em Educação Física deveria
considerar o desenvolvimento de atitudes éticas, reflexivas, críticas, inovadoras e
democráticas. Assim, definem-se como objetivos para os cursos de graduação em
Educação Física: (1) aquisição integrada de conhecimentos e técnicas no campo da
Educação Formal e Não Formal; (2) desenvolvimento de atitudes éticas, reflexivas,
críticas, inovadoras e democráticas; (3) aprofundamento em áreas do conhecimento
de interesse do aluno; e (4) realização pessoal e profissional.
Na década de 90, consolidou-se um novo “mercado do corpo” em que os
cuidados com a saúde e a beleza acirram-se no imaginário e nos hábitos de vida de
amplas parcelas das camadas médias urbanas, diversificando e especializando as
intervenções profissionais dos professores de Educação Física. Isso reforçou a
concepção do curso de licenciatura como preparação para o mercado de trabalho
escolar e não escolar.
A partir de 1997, a situação altera-se substancialmente com a edição de uma
série de orientações e documentos legais emanados do Ministério da Educação e do
Conselho Nacional de Educação, já como reflexos do novo ordenamento legal da
31
área educacional instaurado a partir da promulgação da LDBEN/199633. Assim,
como em consequência de novos referenciais teóricos e dados provenientes da
pesquisa pedagógica – em especial a orientação do “ensino reflexivo” – demonstrou-
se o esgotamento do modelo técnico-científico. Indica-se fortemente, dentre outros
aspectos, a necessidade dos cursos de licenciatura em constituir cursos específicos
para a formação de professores da educação básica, e não mais caminharem a
reboque da formação profissionalizante da área específica (bacharelados), e que a
dimensão da prática profissional permeie todo o currículo, e não seja tratada de
modo isolado ao final do curso.
O MEC e o CNE consolidaram a direção da formação ao nível de graduação
para três categorias de carreira: bacharelado acadêmico, bacharelado
profissionalizante e licenciatura. Tal direção faz com que a licenciatura passe a ter
um projeto específico, com currículo próprio, que não se confunda com o
bacharelado, eliminando, também, a possibilidade da obtenção do título de
licenciado mediante habilitação.
Desta maneira, "(...) formação de profissionais do magistério deve assegurar
a base comum nacional, pautada pela concepção de educação como processo
emancipatório e permanente, bem como pelo reconhecimento da especificidade do
trabalho docente, que conduz à práxis como expressão da articulação entre teoria e
prática e à exigência de que se leve em conta a realidade dos ambientes das
instituições educativas da educação básica e da profissão” (Resolução CNE/CP n.
02/2015, Art. 5o). Assim sendo, a educação básica (educação infantil, ensino
fundamental, ensino médio e modalidades, educação de jovens e adultos, educação
especial, educação profissional e técnica de nível médio, educação escolar indígena,
educação do campo, educação escolar quilombola e educação à distância) é a
referência principal para a formação dos profissionais de educação.
A partir dessas caracterizações que buscam superar os modelos tradicionais
das licenciaturas, os campos institucional e curricular são destacados para o
estabelecimento de necessidades e orientações referentes a essa nova perspectiva
formativa.
Quanto ao aspecto institucional, é preciso:
- Articular as diferentes etapas da educação básica na formação docente; 33
Entre os documentos referidos encontram-se os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio, as Referências Curriculares para a Educação Infantil, Pareceres CNE/CES
n.776/97, CNE/CP n. 009/2001, CNE/CP n. 21/2001, CNE/CP n. 28/2001e CNE/CP n. 02/2015 e as Resoluções
CNE/CP n. 01/2002, CNE/CP n. 02/2002 e CNE/CP n. 02/2015.
32
- Estabelecer ligação estreita entre a proposta pedagógica e a organização
institucional;
- Que as instituições formadoras penetrem na dinâmica cultural e social da escola;
- Familiarizar o futuro-professor aos documentos referentes às políticas públicas
municipais, estaduais e federais de educação;
Quanto ao aspecto curricular, faz-se necessário:
- Considerar os conhecimentos prévios dos futuros professores como o ponto de
partida para o planejamento das ações formativas, bem como, vê-los como
recurso para identificar e, quando for o caso, suprir eventuais deficiências da
educação básica;
- Distinguir e valorizar as dimensões do conhecimento como objeto de ensino
(conhecimento científico) e como transposição pedagógica (conhecimento
ensinável), estabelecendo as diferenças entre o que o futuro professor está
aprendendo e o que ele irá ensinar;
- Ampliar o acesso cultural do futuro docente, considerando as produções culturais
de natureza diversa;
- Trabalhar a formação inicial não só no campo da regência de classe, mas
também na atuação, participação e discussão dos elementos que constituem a
profissão docente (projeto educativo, sistema educacional, relacionamento com a
comunidade etc.);
- Superar a concepção de prática como aplicação de teoria, entendendo-a,
portanto, como uma dimensão do conhecimento que deve estar presente tanto na
reflexão sobre a atividade profissional quanto no exercício da mesma. Estabelece-
se que a prática seja desenvolvida em todos os componentes curriculares e não
só nas disciplinas pedagógicas, tendo como procedimento a observação e a
reflexão, contextualizando as diversas situações de trabalho e permitindo a
resolução de situações-problemas. Contudo, a legislação estabelece uma
distinção entre prática e estágio supervisionado. A prática, que corresponde ao
mínimo de 400 horas da carga horária total do curso, deverá estar presente desde
o início do curso e permear toda a formação docente. Já o estágio
supervisionado, que corresponde, no mínimo, a outras 400 horas da carga horária
total do curso, deverá ser desenvolvido a partir do início da segunda metade do
curso. Quanto a este último sugere-se que ele seja realizado por meio de
períodos contínuos de acompanhamento e participação nas escolas, viabilizando
33
a observação da diversidade escolar, bem como, favorecendo um processo
progressivo de aprendizado do futuro professor;
- Desenvolver a prática da pesquisa de modo que os futuros docentes possam
compreender seus procedimentos de investigação e sua produção como processo
histórico, entendendo a atuação profissional não só como reprodução, mas
também, como criação e recriação do conhecimento;
- Inserir os conteúdos relativos às tecnologias da informação e das comunicações
nesse processo formativo de modo que o futuro professor possa interagir e
compartilhar com/em ambientes reais e virtuais;
- Trabalhar as especificidades próprias dos níveis (infantil, fundamental e médio) e
das modalidades de ensino (educação de jovens e adultos, educação especial,
educação profissional e técnica de nível médio, educação escolar indígena,
educação do campo, educação escolar quilombola e educação à distância) nas
quais os alunos da educação básica estão inseridos;
- Desenvolver as diferentes disciplinas a partir das múltiplas linguagens que cada
uma delas abrange, sem contudo, deixar de situar estes saberes disciplinares no
conjunto do conhecimento escolar
Outros princípios orientadores ainda devem ser destacados:
- Conceber o professor como um profissional que faz julgamentos de suas próprias
ações e toma decisões a partir dos conhecimentos sobre a docência, portanto,
sua formação não deve se pautar por perspectivas exclusivamente genérica ou
acadêmica;
- Prestigiar na formação inicial a concepção de competência como algo que só
existe “em situação”. Competência é entendida como a capacidade de mobilizar
conhecimentos de diferentes naturezas, transformando-os em ação. Deste modo,
o exercício das práticas profissionais e a reflexão sistemática das mesmas
ocupam um lugar de destaque neste processo formativo. Assim, ao invés de se
estabelecer primeiro as disciplinas e a carga horária das mesmas – como se fazia
nos modelos formativos tradicionais – as competências se destacam como
referência inicial para a organização curricular, devendo, portanto, serem
definidas e tomadas como norteadoras do projeto pedagógico. O Parecer
009/2001 aponta seis direções para as competências a serem desenvolvidas: (i)
competências referentes ao comprometimento com os valores inspiradores da
sociedade democrática; (ii) competências referentes à compreensão do papel
34
social da escola; (iii) competências referentes ao domínio dos conteúdos a serem
socializados, de seus significados em diferentes contextos e de sua articulação
interdisciplinar; (iv) competências referentes ao domínio do conhecimento
pedagógico; (v) competências referentes ao conhecimento de processos de
investigação que possibilitem o aperfeiçoamento da prática pedagógica; (vi)
competências referentes ao gerenciamento do próprio desenvolvimento
profissional Trabalhar a simetria invertida, o que significa reconhecer que o futuro
docente aprende no mesmo lugar onde irá atuar e, por isso, é preciso que os
formadores tenham coerência, fazendo com que as experiências proporcionadas
na formação inicial sejam semelhantes às experiências de aprendizagem que
esse futuro professor irá oferecer aos seus alunos;
- Conceber a aprendizagem como um processo que depende da interação entre o
indivíduo e o meio a partir de uma perspectiva metodológica que enfoque
situações-problemas e o desenvolvimento de projetos interdisciplinares;
- Ampliar a concepção de conteúdo, entendendo as suas dimensões conceituais,
procedimentais e atitudinais, bem como, a articulação imprescindível entre
conteúdo e método;
- Desenvolver o conceito de avaliação tendo em vista que os instrumentos
avaliativos só cumprem sua finalidade se puderem diagnosticar o uso funcional e
contextualizado dos conhecimentos;
- Reconhecer e desenvolver os elementos referentes ao desenvolvimento
profissional (cultural, social, econômico, psicológico, dentre outros). Vale destacar
o conhecimento advindo da experiência que é um tipo de conhecimento que não
pode ser construído de outra forma senão na prática profissional e de modo
algum pode ser substituído pelo conhecimento “sobre” esta prática. Saber – e
aprender – um conceito, ou uma teoria é diferente de saber – e aprender – a
exercer um trabalho. Trata-se, portanto, de aprender a “ser professor”. Tal
conhecimento reforça a necessidade da prática no processo de formação inicial,
mas não uma prática espontaneísta e sim uma prática que tenha a reflexão como
base.
Em coerência com essas orientações (e com as orientações que vieram
posteriormente ao Parecer CNE 009/2001), a Resolução CNE/CP 02/2015, que
instituiu a duração e a carga horária dos Cursos de Licenciatura em nível superior
definiu a carga horária mínima total de 3.200 horas, nas quais a articulação teoria-
35
prática deverá garantir as seguintes dimensões: 2.200 horas para os conteúdos
curriculares de formação geral e de aprofundamento natureza científico-cultural; 400
horas de prática como componente curricular, vivenciadas ao longo do curso; 400
horas de estágio curricular supervisionado e 200 horas para outras formas de
atividades acadêmico-científico-culturais.
A Resolução 7/2004 também se refere, especificamente, ao “Professor de
Educação Básica, licenciatura plena em Educação Física”, que deverá estar
qualificado para a docência deste componente curricular na educação básica, tendo
como referência a legislação própria do Conselho Nacional de Educação, bem como
as orientações específicas para esta formação tratadas naquela própria Resolução.
Estabelece também a referida Resolução que a definição das competências e
habilidades gerais e específicas que devem caracterizar o perfil acadêmico-
profissional do professor da educação básica, licenciatura plena em Educação
Física, deverá pautar-se na legislação própria do CNE.
Assim, a proposição de um Curso de Formação de Professores de Educação
Física para a educação básica, em nível superior, na modalidade Licenciatura, de
graduação plena, no atual contexto histórico, deve levar em conta, necessariamente,
tanto as diretrizes curriculares gerais estabelecidas para a formação de professores,
como a tradição e as experiências/reflexões acumuladas na área específica, desde a
década de 80, quando se revisam de modo intenso e profundo a questão da
formação dos profissionais em Educação Física, atualmente espelhada, do ponto de
vista legal, nos já citados Parecer CNE 58/2004 e Resolução CNE/CES 7/2004.
Para a superação dos equívocos e limitações dos modelos curriculares
vigentes na formação de professores de Educação Física, dois pontos são vitais: (i)
a delimitação do objetivo da formação tendo em vista o locus privilegiado da atuação
do licenciado – a Escola - sem todavia limitar a formação geral do profissional
(científica, filosófica e ética) e o acesso à cultura corporal de movimento; (ii) a
redefinição das relações entre “teoria” e “prática”, redefinindo a prática
profissional/pedagógica como eixo central do currículo, a qual deve manter um
diálogo privilegiado com as teorias científicas e filosóficas, caracterizando um
processo de reflexão e ação nos diversos espaços e tempos da organização
curricular.
36
7.3- OBJETIVOS
Formação inicial de professores aptos a desenvolver programas de Educação
Física Escolar no ensino infantil, fundamental e médio, visando o desenvolvimento
das competências exigidas no processo de ensino e aprendizagem de
conhecimentos, atitudes e habilidades por parte dos alunos dos diversos níveis e
modalidades da educação básica, e que permitam orientá-los em direção ao
exercício da cidadania crítica e à autonomia no usufruto da cultura corporal de
movimento.
7.4 - EIXOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
7.4.1 - Desenvolvimento de Competências
A concepção de "competência", entendida como a capacidade de mobilizar
conhecimento dos de diferentes naturezas, transformando-os em ação permite
superar a conhecida dicotomia entre teoria e prática na formação de professores,
dicotomia particularmente agudizada na Educação Física, pela tradicional distinção
entre aulas "práticas" (esporte, ginástica etc.) e aulas "teóricas" na sala de aula
(fisiologia, sociologia etc). Ademais, reconhece-se que os conhecimentos que o
professor mobiliza para responder às diferentes demandas das situações de
trabalho inclui não só os conhecimentos cientificamente elaborados, mas também os
construídos na vida profissional e pessoal. Particularmente na Educação Física o
denominado "conhecimento de trabalho" ou "saber docente", nem sempre passível
de verbalização ou teorização, parece desempenhar o importante papel na história
de professores bem-sucedidos no ensino de habilidades motoras e esportivas,
dando respaldo à afirmação de que "profissionais sabem mais do que conseguem
dizer". Se nem todas as competências podem ser "ensinadas" nas situações formais
de sala de aula, por outro lado, elas podem ser "aprendidas", desde que a
organização curricular propicie situações adequadas para tal aos graduandos - é o
que se deve pretender com as "vivências didáticas" planejadas nas disciplinas
diretamente ligadas à “Dimensão da Prática” e nos Estágios Supervisionados.
Portanto, a perspectiva do desenvolvimento de competências profissionais
deve ser central na organização curricular do curso de Licenciatura em Educação
Física, refletindo-se nos objetivos, conteúdos e metodologias das diversas
disciplinas, bem como na definição dos tempos e espaços da dimensão prática, que
37
adquire assim o sentido de prática profissional, e não prática de exercícios físicos.
Assim, espera-se, ao longo do curso, o desenvolvimento de competências
gerais que abranjam todas as dimensões da atuação profissional referentes: (i) ao
comprometimento com valores estéticos, políticos e éticos inspiradores da
sociedade democrática; (ii) à compreensão do papel social da escola (iii) ao domínio
dos conteúdos, de seus significados em diferentes contextos e de sua articulação;
(iv) ao domínio do conhecimento pedagógico; (v) ao conhecimento de processos de
investigação; e (vi) ao gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional.
7.4.2 - Concepção de Conteúdo
Embora se saiba que a educação escolarizada selecione e sistematize
saberes e conhecimentos que provém da cultura, assim como a Educação Física na
escola “recorta” e tematiza, com propósitos pedagógicos, conteúdos da cultura
corporal de movimento, adequando-os às atividades escolares próprias das
diferentes etapas e modalidades da educação básica e às características dos
próprios alunos e do contexto escolar, a formação do docente há de ser mais ampla.
Quer dizer, os conteúdos que compõe o currículo da graduação são mais amplos do
que os conteúdos do programa desenvolvido pelo professor na educação básica. No
caso da Educação Física, há dois aspectos a serem considerados: (i) a
fundamentação filosófica e científica (sendo que esta última inclui as abordagens
biológica, psicológica e sociocultural), não é integralmente objeto de ensino e
aprendizagem na educação básica, mas nem por isso menos importante para que o
profissional compreenda seu próprio trabalho, o papel da Educação Física na escola
e, principalmente, tal fundamentação guarda relação – embora nem sempre direta –
com a identificação dos conteúdos conceituais e atitudinais a serem trabalhados na
educação infantil e nos ensino fundamental e médio; e (ii) a Educação Física Escolar
trabalha com conteúdos “clássicos”, instaurados pela tradição (é o caso das diversas
modalidades esportivas e de algumas práticas de aptidão física), mas não se pode
descuidar das práticas “emergentes” na cultura corporal de movimento, como é o
caso dos “esportes radicais” e novas modalidades ginásticas;
Portanto, a matriz curricular do Curso de Licenciatura deve conter forte
fundamentação – científica e filosófica –, com enfoque biológico, psicológico e
sociocultural. Parte importante e volumosa dos conteúdos curriculares provém das
diversas práticas da cultura corporal, atendendo ao princípio da diversidade, inclui
38
conhecimentos, vivências e didáticas específicas em jogos, esportes, ginásticas e
práticas de aptidão física, atividades rítmicas e dança, e lutas/artes marciais, não
necessariamente restritos ao universo da atual tradição escolar brasileira, o que
significaria empobrecer a formação e limitar futuras possibilidades de mudança e
enriquecimento daquela tradição.
7.4.3 - Concepção de Aprendizagem
É necessário inicialmente distinguir “informação” de “conhecimento”.
Informação refere-se à ação de manter alguém informado (sobre acontecimentos,
por exemplo), refere-se a dados sobre alguém ou alguma coisa. Mas a informação
também instrui, orienta, dirige, por que “informar”, quer dizer dar forma, formalizar,
construir uma realidade a partir de alguns códigos. É uma forma de ordenar o caos,
organizar ou estruturar elementos dispersos procedentes do meio ambiente.
Já “conhecimento” é o ato ou efeito de compreender, de conhecer as
propriedades, as características, os traços específicos de alguma coisa; são as
operações pelas quais a mente procede à análise de um objeto, de uma realidade,
de modo a definir sua natureza. Segundo Abbagnano34, do ponto de vista filosófico,
conhecimento é a técnica para verificação de um objeto, é o procedimento que
possibilite a descrição, o cálculo ou a previsão controlável de um objeto (entidade,
fato, coisa, realidade ou propriedade).
Portanto, quando falamos em educação, informação e conhecimento estão
envolvidos, porque a informação é uma forma de estruturação e organização de
elementos do meio ambiente que pré-orienta um sentido, embora não esgote todos
os sentidos possíveis. Já o conhecimento é um procedimento construído pelo
sujeito, para o qual a informação é necessária, mas não suficiente.
Os indivíduos constroem seus conhecimentos em interação com a cultura na
qual vivem, com os demais indivíduos e colocando em uso suas capacidades
pessoais. O que se pode aprender em dado momento depende das formas de
pensamento de que se dispõem dos conhecimentos já construídos e das situações
de aprendizagem vivenciadas. Por isso, fala-se em constituição de competências, na
medida em que o indivíduo se apropria de elementos com significação na cultura. É
importante observar que não há oposição entre conhecimentos e competências, pois
34
ABAGNANNO, op. cit.
39
não há real construção de conhecimentos sem que resulte, do mesmo movimento, a
construção de competências.
Situações escolares de ensino e aprendizagem são situações comunicativas,
nas quais alunos e professores são coparticipes, concorrendo igualmente para o
êxito do processo. Embora o professor, os colegas e os materiais didáticos
contribuam muito para que a aprendizagem se efetive, nada substitui a atuação do
próprio aluno na tarefa de construir significados sobre os conteúdos da
aprendizagem. É ele que modifica, enriquece e, portanto, constrói novos e mais
potentes instrumentos de ação e interpretação. Nesse processo, é importante levar
em conta as características individuais e as experiências de vida dos futuros
professores, inclusive as experiências profissionais.
Tal implica que, do ponto de vista metodológico, é necessário propiciar
situações de aprendizagem focadas em situações-problema ou no desenvolvimento
de projetos que possibilitem a interação dos diferentes conhecimentos, organizados
estes em áreas ou disciplinas. É preciso que os futuros professores sejam
desafiados por situações-problemas que os confrontem com obstáculos que exijam
superação, e que experienciem situações didáticas nas quais possam refletir,
experimentar e agir, a partir dos conhecimentos que possuem.
7.4.4 - Simetria Invertida
A formação do professor possui duas características diferenciais em relação a
outros cursos. Em primeiro lugar, ele aprende a profissão no lugar similar àquele em
que vai atuar, porém numa situação invertida; isso exige coerência entre o que se
faz na formação e o que dele se espera como profissional. A segunda característica
é que o professorando já viveu como aluno a etapa de escolaridade na qual irá
atuar. A aceitação da “simetria invertida” como um fato evidencia a necessidade de
que o futuro professor experiencie, como aluno, durante o processo de formação, as
atitudes, modelos didáticos, capacidades e modos de organização que se pretende
venham ser concretizados em suas práticas pedagógicas; ou seja, a formação inicial
do professor deve ser uma experiência análoga – mas não cópia mecânica – à
experiência de aprendizagem que ele deve facilitar a seus futuros alunos.
No curso de formação de professores de Educação Física, a questão da
simetria invertida é particularmente importante nas disciplinas que incluem a vivência
corporal das atividades por parte dos graduandos, pois sabe-se que as experiências
40
de movimento vividas por um professor ao longo da sua vida influenciam
decisivamente o modo como ele as valoriza e transmite aos alunos, tendendo a
reproduzir na sua prática pedagógica o modo como ele próprio as vivenciou.
Portanto, os docentes responsáveis por essas disciplinas devem privilegiar
conteúdos, estratégias de ensino e formas de avaliação compatíveis – mas não
necessariamente restritas – com as que recomendam desenvolver nas escolas
voltadas para a educação básica; por exemplo, favorecer, nas vivências corporais, a
participação de todos os graduandos, sem discriminação de qualquer espécie,
adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade, avaliar, do ponto de
vista do desempenho físico-motor, segundo o progresso individual de cada um etc.
7.4.5 - Conhecimento das Competências a Serem Desenvolvidas nos Alunos
das Diferentes Etapas e Modalidades da Educação Básica
Conhecimentos relativos aos processos de crescimento, desenvolvimento e
de aprendizagem do ser humano, com ênfase na faixa etária do zero aos 18 anos,
que cobre o período da educação básica, são fundamentais na formação do
professor de Educação Física. Portanto, além das disciplinas específicas, devem ser
tratados, de maneira aplicada, nas disciplinas didático-pedagógicas e nas que tratam
das manifestações da cultura corporal de movimento, na medida em que diferentes
faixas etárias demandam processos de ensino e aprendizagem diferenciados.
Além disso, os futuros professores devem conhecer com profundidade as
competências que deverão devolver nos seus alunos da educação básica, assim
como os conteúdos (procedimentais, atitudinais e conceituais) que dão suporte para
tal desenvolvimento, e os objetivos gerais e específicos dos vários ciclos de
escolarização. Tais conhecimentos deverão ser amplamente abordados nas
disciplinas didático-pedagógicas, e contextualizados na especificidade da Educação
Física e suas abordagens de ensino.
7.4.6 - A Prática como Eixo Central
A articulação entre teoria e prática (entendida como prática pedagógica, e não
prática de exercícios físicos) não pode ficar sob a responsabilidade restrita de uma
ou outra disciplina isolada (em geral sob a forma de “Prática de Ensino/Estágio
Supervisionado”), desarticulada do restante do Curso, sob pena de continuar
reproduzindo a dicotomia entre teoria e prática, questão historicamente problemática
41
na Educação Física. A prática transcende o estágio, e o Curso deve contemplar uma
diversidade de situações didáticas em que os futuros professores não só mobilizem
os conhecimentos que aprenderam, transformando-os em ação, mas também
possam mobilizar outros, de diferentes naturezas e, principalmente, tenham a
oportunidade de refletir sobre a prática docente, sua e de outrem, no sentido de
avaliá-la, criticá-la, adquirindo a competência de permanentemente construí-la e
reconstruí-la. Assim o exercício da prática docente e da reflexão sistemática sobre
elas deve ocupar lugar central na matriz curricular, não se confundindo com uma
disciplina que transmite conteúdos “sobre” a prática.
Nessa perspectiva, a dimensão da prática, na organização curricular do Curso
de Licenciatura em Educação Física (denominada por Práticas Formativas) deverá
estar presente nas disciplinas das dimensões do conhecimento da formação
ampliada (o corpo humano, o ser humano e a sociedade, a produção do
conhecimento), que problematizarão a prática a partir de diferentes “olhares”, e nas
disciplinas das dimensões do conhecimento da formação específica (manifestações
da cultura corporal de movimento e técnico-instrumental), que deverão explicitar os
conteúdos e estratégias que garantam, sob diferentes enfoques e vivências, o
diálogo com a prática docente em Educação Física. Como eixo central da dimensão
da prática, as disciplinas ligadas à intervenção didático-pedagógica no âmbito da
escola estabelecerão interação com o “Estágio Supervisionado” a ser concretizado
em escolas de educação básica, quando o futuro professor toma conhecimento do
real em situação de trabalho.
7.4.7 - Pesquisa e Atitude Investigativa
A pesquisa ou investigação que se desenvolve no âmbito do trabalho do
professor diz respeito, principalmente, a uma atitude cotidiana de busca de
compreensão dos processos de aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos e
à autonomia na interpretação da realidade e dos conhecimentos que constituem
seus objetos de ensino.
Para forjar a autonomia dos professores, é indispensável que eles saibam
como são produzidos os conhecimentos que ensinam, quer dizer, conheçam
minimamente os contextos e métodos de investigação usados pelas diferentes
ciências, para que não se tornem meros repassadores de informações. Para isso é
necessário conhecer e saber usar procedimentos de pesquisa: levantamento de
42
hipóteses, delimitação de problemas, registro e análise de dados, etc., além de
familiarizar-se com os diferentes delineamentos de pesquisa: experimental, estudos
de campo, pesquisas qualitativas etc. Também é importante considerar que o
acesso aos conhecimentos e métodos da investigação acadêmica nas diferentes
áreas que compõem seu conhecimento profissional alimenta o seu desenvolvimento
profissional e possibilita ao professor manter-se atualizado. O desenvolvimento de
tais competências deve ser preocupação constante das disciplinas da unidade de
formação ampliada, fortemente ligadas às ciências-mães (biologia, psicologia,
sociologia etc.).
Todavia, o foco principal do ensino da pesquisa nos curso de formação
docente deve ser o próprio processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos
escolares na educação básica. Assim, as disciplinas que lidam especificamente com
o conhecimento didático-pedagógico deverão referenciar-se às pesquisas que
tratam do trabalho pedagógico do professor, no sentido de evidenciar como o próprio
professor, em seu cotidiano também produz, ele próprio, conhecimentos e saberes
docentes quando investiga, reflete, seleciona, planeja, organiza, integra, avalia, cria
e recria formas de intervenção didática junto aos seus alunos. As disciplinas que
tratam das manifestações da cultura corporal de movimento devem buscar as
pesquisas pedagógicas que têm buscado desvelar a prática pedagógica da
Educação Física, a fim de tornar mais evidentes aos professorandos os
procedimentos de ensino utilizados, facilitando a reflexão e integração de
conhecimentos pedagógicos a ser realizada nas disciplinas relativas ao
conhecimento didático-pedagógico.
Por fim, como etapa que finaliza a integração do trabalho científico e
pedagógico, tem-se o trabalho de conclusão do curso, explorando temas específicos
do campo educacional.
7.4.8 - Concepção de Avaliação
A avaliação é um processo útil para problematizar a ação pedagógica,
reorientar o processo de ensino e facilitar a autoavaliação do professor, assim como
atribuir conceitos aos alunos, de modo a situá-los com relação aos seus progressos
e às exigências institucionais e culturais. A avaliação há de entendida como parte do
processo de formação, e destina-se à análise da aprendizagem dos futuros
professores, visando favorecer seu percurso e regular as ações de sua formação,
43
além de destinar-se a certificar sua própria formação profissional. Portanto, o
conhecimento dos critérios utilizados e a análise dos resultados e dos instrumentos
de avaliação e autoavaliação são imprescindíveis, ao favorecerem a consciência do
professor em formação sobre o seu processo de aprendizagem. Deve-se avaliar não
só conhecimento adquirido, mas a capacidade de acioná-lo e de buscar outros para
realizar o que é proposto, ou seja, a avaliação só cumpre plenamente o seu papel se
diagnosticar o uso funcional e contextualizado dos conhecimentos.
No caso específico da Educação Física, há a questão sempre problemática
da avaliação do desempenho físico-motor, e é aspecto crítico no fenômeno da
“simetria invertida”. Uma nova concepção de Educação Física, baseada no conceito
de "cultura corporal de movimento", exige uma melhoria de qualidade nos
procedimentos de avaliação. Isso inclui a avaliação da dimensão cognitiva mesmo
nas disciplinas que têm nas vivências corporais (esporte, dança, jogos etc.) parte
importante dos seus conteúdos/estratégias, assim como uma explicitação e
diferenciação entre os aspectos a serem considerados para a atribuição de
conceitos aos alunos, e os que serão úteis para a autoavaliação do professor e do
próprio ensino. Além disso, uma parte dos processos avaliativos deverão ser
similares aos que se recomendam sejam utilizados na Educação Física Escolar, ou
seja, não se pode apresentar determinados procedimentos como mais adequados
para a Educação Básica, e utilizar outros nas próprias disciplinas do curso de
graduação.
Assim, na atribuição de conceitos aos graduandos, recomenda-se:
A avaliação deve ser contínua, compreendendo as fases que se convencionou
denominar: diagnóstica ou inicial, formativa e somativa;
A avaliação deve englobar os domínios cognitivo, afetivo ou emocional, social e
motor;
A avaliação deve referir-se aos conhecimentos científicos relacionados à prática
das atividades corporais de movimento;
A avaliação deve levar em conta os objetivos específicos propostos pelo
programa de ensino;
A avaliação deve operacionalizar-se na aferição da capacidade do aluno
expressar-se, pela linguagem escrita e falada, sobre a sistematização dos
conhecimentos relativos à cultura corporal de movimento, e, quando for o caso,
da sua capacidade de movimentar-se nas formas elaboradas por esta cultura.
44
Os processos avaliativos incluem aspectos informais e formais, concretizados
em observação sistemática/assistemática e anotações sobre o interesse,
participação e capacidade de cooperação do aluno, autoavaliação, trabalhos e
provas escritas, testes para avaliação qualitativa e quantitativa de habilidades e
capacidades físicas, resolução de situações problemáticas propostas pelo professor,
elaboração e apresentação de coreografias de dança, exercícios ginásticos ou
táticas de esportes coletivos, etc. Evidentemente, os instrumentos e exigências da
avaliação deverão estar em sintonia com o nível de desenvolvimento da turma e o
conteúdo efetivamente ministrado. É necessário que a avaliação inclua ao longo do
ano várias destas estratégias. É importante informar ao aluno quais são os
momentos de avaliação formal, e quais aspectos serão avaliados e transformados
em conceito.
7.5 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS
7.5.1 - Competências Referentes ao Comprometimento com os Valores
Inspiradores da Sociedade Democrática
Pautar-se por princípios da ética democrática: dignidade humana, justiça,
respeito mútuo, participação, responsabilidade, diálogo e solidariedade, para
atuação como profissional e cidadão;
Orientar escolhas e decisões metodológicas e didáticas por valores
democráticos e por pressupostos epistemológicos coerentes;
Reconhecer e respeitar a diversidade manifestada pelos alunos, em seus
aspectos sociais, culturais e físicos, detectando e combatendo todas as formas de
discriminação.
7.5.2 - Competências Referentes à Compreensão do Papel Social da Escola
Compreender o processo de sociabilidade e de ensino e aprendizagem na
escola e suas relações com o contexto no qual se inserem as instituições de ensino
e atuar sobre ele;
Utilizar conhecimentos sobre a realidade econômica, cultural, política e
social, para compreender o contexto e as relações em que está inserida a prática
educativa;
45
Promover uma prática educativa que leve em conta as características dos
alunos e de seu meio social, seus temas e necessidades do mundo contemporâneo
e os princípios, prioridades e objetivos do projeto educativo e curricular.
7.5.3 - Competências Referentes ao Domínio dos Conteúdos Básicos e
Específicos da Educação Física como Área de Conhecimento
Conhecer e dominar os conteúdos básicos relacionados às áreas de
conhecimento que serão objeto da atividade docente (o corpo humano, o ser
humano e a sociedade, produção do conhecimento, manifestações da cultura
corporal de movimento, técnico-instrumental, intervenção didático-pedagógica) de
modo a: (a) reconhecer nos conteúdos suas dimensões conceituais, procedimentais
e atitudinais; (b) adequá-los às atividades escolares próprias das diferentes etapas e
modalidades da educação básica;
Relacionar os conteúdos básicos referentes às áreas de conhecimento
com: (a) os fatos, tendências, fenômenos ou movimentos da atualidade; (b) fatos
significativos da vida pessoal, social e profissional dos alunos;
Ser proficiente no uso de diferentes linguagens (verbal e corporal) nas
tarefas, atividades e situações relevantes no âmbito do exercício profissional
Fazer uso de recursos da tecnologia da informação e da comunicação, e
de produções das diferentes mídias, de forma a aumentar as possibilidades de
aprendizagem dos alunos;
7.5.4 - Competências Referentes ao Domínio do Conhecimento Didático-
Pedagógico
Criar, planejar, realizar, gerir e avaliar situações didáticas eficazes para a
aprendizagem e para o desenvolvimento dos alunos, utilizando o conhecimento das
áreas ou disciplinas a serem ensinadas, das temáticas sociais transversais ao
currículo escolar (em especial as temáticas da Ética, Saúde e Orientação Sexual),
dos contextos sociais considerados relevantes para a aprendizagem escolar, bem
como as especificidades didáticas envolvidas no ensino das diferentes
manifestações da cultura corporal de movimento;
Utilizar modos diferentes e flexíveis de organização do tempo, do espaço e
de agrupamento dos alunos, para favorecer e enriquecer seu processo de
desenvolvimento e aprendizagem;
46
Manejar diferentes estratégias de comunicação dos conteúdos, sabendo
eleger as mais adequadas considerando a diversidade dos alunos, os objetivos das
atividades propostas e as características dos próprios conteúdos;
Identificar, analisar e produzir materiais e recursos para utilização didática,
diversificando as possíveis atividades e potencializando seu uso em diferentes
situações;
Gerir a classe, a organização do trabalho, estabelecendo uma relação de
autoridade e confiança com os alunos;
Intervir nas situações educativas com sensibilidade, acolhimento e
afirmação responsável de sua autoridade;
Utilizar estratégias diversificadas de avaliação da aprendizagem e, a partir
de seus resultados, formular propostas de intervenção pedagógica, considerando o
desenvolvimento de diferentes capacidades dos alunos.
7.5.5 - Competências Referentes ao Conhecimento de Processos de
Investigação
Analisar situações e relações interpessoais que ocorrem na escola, com o
distanciamento profissional necessário à sua compreensão;
Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática docente, investigando o
contexto educativo e analisando a própria prática profissional;
Utilizar-se dos conhecimentos para manter-se atualizado em relação aos
conteúdos de ensino e ao conhecimento pedagógico;
Utilizar resultados de pesquisa para o aprimoramento de sua prática
profissional.
7.5.6 - Competências Referentes ao Gerenciamento do Próprio
Desenvolvimento Profissional
Utilizar as diferentes fontes e veículos de informação, adotando uma atitude
de disponibilidade e flexibilidade para mudanças, gosto pela leitura e empenho no
uso da escrita como instrumento de desenvolvimento profissional;
Elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho,
empenhando-se em compartilhar a prática e produzir coletivamente;
47
Utilizar o conhecimento sobre a organização, gestão e financiamento dos
sistemas de ensino, sobre a legislação e as políticas públicas referentes à educação
para uma inserção profissional crítica.
7.6 – ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
7.6.1 - Dimensões do Conhecimento
Formação Ampliada
A formação ampliada compreende o estudo da relação do ser humano, em
todos os ciclos vitais, com a sociedade, a natureza, a cultura e o trabalho. Deverá
possibilitar uma formação cultural abrangente para a competência acadêmico-
profissional de um trabalho com seres humanos em contextos histórico-sociais
específicos, promovendo um contínuo diálogo entre as áreas de conhecimento
científico afins e a especificidade da Educação Física. É constituída por três
dimensões do conhecimento:
A) O corpo humano
Enfoca o corpo humano como fenômeno biológico e social. As
representações do corpo na anatomia, na fisiologia e na biomecânica. O corpo e o
discurso filosófico. O corpo como produtor de linguagem. A saúde como fenômeno
biológico. O corpo e o processo de crescimento e desenvolvimento humano.
B) O ser humano e a sociedade
Enfoca os possíveis diálogos entre as Ciências Humanas/Sociais e a
especificidade da Educação Física em suas dimensões socioculturais e
educacionais, sob as perspectivas da psicologia, história, antropologia, sociologia e
filosofia da educação. Estuda a saúde como fenômeno social e histórico.
C) Produção do conhecimento
Estuda as formas e processos de produção e comunicação do conhecimento.
Discute os fundamentos epistemológicos da Educação Física como área de
conhecimento e as relações entre o conhecimento e a intervenção profissional em
Educação Física. A pesquisa científica em Educação Física.
48
Formação Específica
A formação específica abrange os conhecimentos identificadores da
Educação Física, que deve compreender e integrar as dimensões culturais, didático-
pedagógicas e técnico-instrumentais das manifestações e expressões do movimento
humano, com o propósito de qualificar e habilitar a intervenção acadêmico–
profissional em face das competências e das habilidades específicas do licenciado
em Educação Física. É constituída por três dimensões do conhecimento:
A) Manifestações da cultura corporal de movimento
Aborda as manifestações da cultura corporal de movimento, possibilitando
sua transmissão por meio de vivências e aprendizagem de habilidades motoras
específicas, buscando a construção e transformação dos conhecimentos nas
dimensões conceitual, atitudinal e procedimental dos conteúdos, por meio do estudo
dos contextos, valores, princípios e métodos de ensino envolvidos.
B) Técnico-instrumental
Estuda os mecanismos de adaptação, ajustes e alteração do comportamento
biológico, motor e da aprendizagem, frente ao esforço físico e ao treinamento, de
técnicas, de atividades motoras sistematizadas ou não, buscando também a
compreensão e desenvolvimento de meios de avaliação
C) Intervenção didático-pedagógica no âmbito da Escola
Busca possibilitar o desenvolvimento de atitudes e conceitos que subsidiem
as tomadas de decisões políticas e metodológicas no planejamento, na intervenção
e na avaliação profissional no âmbito escolar, levando em consideração a
diversidade humana. Estuda as abordagens teóricas referentes à didática e à
psicologia do ensino escolar. Aborda as especificidades didático-pedagógicas da
Educação Física na educação básica, tratando da delimitação e sistematização dos
conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais dos programas de Educação
Física nos diversos níveis de ensino infantil, fundamental e médio. Inter-relaciona
conhecimentos da Psicologia, Pedagogia e Educação Física, necessários para a
atuação do professor. Estuda o funcionamento e organização do sistema escolar.
7.6.2 - Organização Temática
Cada dimensão do conhecimento guia-se pelas competências específicas que
se deseja desenvolver, e desdobra-se em temas, oriundos da concepção de
49
Educação Física adotada, da tradição acadêmico-profissional da Educação Física e
das novas direções apontadas pela pesquisa científica e pela reflexão filosófica na
área.
Dimensão do Conhecimento: O Corpo Humano
Competências específicas desejadas:
- Abordar e dominar os conteúdos básicos referentes ao corpo humano,
compreendendo sua estrutura e funcionamento como fenômeno biológico;
- Utilizar os conhecimentos aprendidos para compreender o processo de
crescimento e desenvolvimento humano no âmbito motor, cognitivo, afetivo e
social;
- Fazer uso da tecnologia e informação para aumentar as possibilidades de
aprendizagem e ensino dos fenômenos relacionados ao corpo humano: suas
capacidades e limites;
- Abordar os conteúdos básicos referentes às diferentes formas de linguagem
corporal, facilitando a compreensão das manifestações da cultura corporal do
movimento;
- Analisar e utilizar estratégias diversificadas para conhecer os limites do corpo
humano, articulando exercícios específicos que visem a manutenção da saúde e
prevenção de doenças;
- Discutir e criticar o ensino sobre o corpo humano no ensino fundamental e médio;
- Analisar e discutir criticamente as relações entre o corpo humano e a sociedade.
Temas:
O corpo anátomo-fisiológico
Estuda aspectos anatômicos e funcionais do ser humano e sua relação com a
prática da atividade física, procurando estabelecer conexão destes conhecimentos
com o desenvolvimento e desempenho motor.
O corpo mecânico
Estuda a relação das estruturas de sustentação do corpo humano e sua
interação com o exercício. O papel da mecânica como ferramenta de estudo na
atividade física e a relação da Física com as manifestações da cultura corporal do
movimento.
50
O corpo como conceito filosófico
Estuda o conceito de corpo nos vários sistemas ou escolas filosóficas. O
corpo como presença humana no mundo e sinal de pertencimento social.
O corpo como linguagem
Aborda o corpo como meio primário de comunicação e como produtor de
linguagem e significados. Estuda a linguagem corporal como matéria prima da
motricidade e base das manifestações da cultura corporal de movimento.
Corpo e autoconhecimento
Estuda princípios e elementos comuns das diferentes práticas corporais, nas
dimensões: da cultura; da sensibilidade; dos sentimentos; dos sentidos; da
percepção; do conhecimento; dos significados; da apropriação e transformação de
si, do outro e do mundo vivido e almejado.
O crescimento e o desenvolvimento humano
Estuda os conceitos básicos envolvidos no processo de crescimento e
desenvolvimento humano nas esferas motora, cognitiva, afetivo-social e suas inter-
relações. Enfoca as alterações que ocorrem ao longo do ciclo vital e suas
implicações para a Educação Física.
Dimensão do Conhecimento: O Ser Humano e a Sociedade
Competências específicas desejadas:
- Dominar, contextualizar e relacionar os conteúdos básicos referentes às
dimensões históricas, socioculturais, antropológicas, filosóficas, educacionais e
psicológicas no âmbito da educação escolar;
- Articular os conteúdos básicos referentes ao Ser Humano e à Sociedade com: (a)
os fatos, tendências, fenômenos ou movimentos da atualidade; (b) fatos
significativos da vida pessoal, social e profissional dos alunos;
- Analisar situações e relações interpessoais que ocorrem na escola, com o
distanciamento profissional necessário à sua compreensão;
- Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática docente, investigando o
contexto educativo e analisando a própria prática profissional;
- Utilizar-se dos conhecimentos relativos ao ser humano e a sociedade para
manter-se atualizado em relação aos conteúdos de ensino e ao conhecimento
pedagógico;
51
- Utilizar resultados de pesquisas sobre o ser humano e a sociedade para o
aprimoramento de sua prática profissional.
- Utilizar os conhecimentos apreendidos referentes ao Ser Humano e à Sociedade
para uma inserção profissional crítica no âmbito escolar.
Temas:
As dimensões históricas e socioculturais da Educação Física
Aborda conteúdos históricos e socioculturais referentes às manifestações da
cultura corporal do movimento no processo da civilização humana;
A dimensão psicológica da Educação Física
Estuda as principais abordagens psicológicas e suas implicações para a
Educação Física. Enfoca a relação Indivíduo/Sociedade e Educação;
A dimensão educacional da Educação Física
Estuda as tendências filosóficas no campo da Educação e implicações na
Educação Física. Aborda as inter-relações entre Escola, Estado, Indivíduo e
Sociedade;
A saúde como fenômeno social e histórico
Estuda as abordagens teóricas referentes ao conceito de saúde, numa
perspectiva social e histórica. Discute as inter-relações entre saúde, sociedade,
educação e o papel do profissional da Educação Física.
Dimensão do Conhecimento: Produção do Conhecimento
Competências específicas desejadas:
- Ser proficiente no uso da língua materna nas tarefas, atividades e situações
relevantes no âmbito do exercício profissional;
- Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática docente, investigando o
contexto educativo e analisando a própria prática profissional;
- Utilizar-se dos conhecimentos para manter-se atualizado em relação aos
conteúdos de ensino e ao conhecimento pedagógico;
- Utilizar resultados de pesquisa para o aprimoramento de sua prática profissional.
- Utilizar as diferentes fontes e veículos de adotando uma atitude de disponibilidade
e flexibilidade para mudanças, gosto pela leitura, investigação e empenho no uso
da escrita como instrumento de desenvolvimento profissional;
52
- Elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho, empenhando-se
em compartilhar a prática e produzir coletivamente assuntos relacionados à
cultura corporal do movimento;
- Utilizar os conhecimentos apreendidos para uma inserção profissional crítica no
âmbito escolar;
- Dominar, contextualizar e relacionar os conteúdos básicos referentes às
dimensões históricas, socioculturais, antropológicas, filosóficas, educacionais e
psicológicas no âmbito da educação escolar, relevando os fenômenos da saúde e
da cultura corporal do movimento;
- Articular os conteúdos básicos referentes ao Ser Humano e à Sociedade com: (a)
os fatos, tendências, fenômenos ou movimentos da atualidade; (b) fatos
significativos da vida pessoal, social e profissional dos alunos;
Temas:
A teoria do conhecimento e a epistemologia
Analisa os fundamentos/pressupostos que permitem ao homem acessar e
“conhecer” os fenômenos. As diferenças epistemológicas entre Ciências Naturais e
Ciências Humanas/Sociais.
A teoria da Educação Física
Estuda o universo de discurso e práticas da Educação Física como área do
conhecimento e profissão, analisando os principais conceitos envolvidos. Analisa
criticamente as relações da Educação Física com as demandas sociais e o contexto
histórico.
Os processos de produção do conhecimento científico e a Educação Física
Apresenta a ciência como um projeto humano e histórico, e o conhecimento
científico como uma das formas possíveis de produção do conhecimento. Estuda as
etapas do trabalho científico, os tipos e delineamentos de pesquisa relevantes para
a pesquisa em Educação Física e as formas de comunicação do conhecimento.
53
Dimensão do Conhecimento: Manifestações da Cultura Corporal de Movimento
Competências específicas desejadas:
- Utilizar jogos, brinquedos, brincadeiras, esportes, danças, atividades rítmicas e
expressivas, ginásticas e lutas para a aprendizagem e desenvolvimento dos
alunos;
- Planejar, implementar, gerir e avaliar atividades de ensino que envolvam as
diversas manifestações da cultura corporal de movimento;
- Manejar diferentes estratégias de ensino na utilização das várias manifestações
da cultura corporal de movimento considerando: a diversidade dos alunos, as
dimensões dos conteúdos (atitudinal, conceitual e procedimental) e o contexto
escolar;
- Articular as manifestações da cultura corporal de movimento com as dimensões
históricas, sociais, antropológicas, psicológicas, políticas, filosóficas e econômicas
que envolvem a vida humana, buscando compreender suas construções e as
relações com a atualidade;
- Identificar e analisar as distintas manifestações da cultura corporal de movimento,
reconhecendo e criando possibilidades para as manifestações de outras formas
de movimentação e sentidos corporais, bem como oferecer aos alunos tais
possibilidades de criação.
Temas:
O fenômeno lúdico
Estuda o fenômeno lúdico como manifestação humana. Discute as inter-
relações entre Educação e o Lúdico. Aborda os jogos, brinquedos e as brincadeiras
na Educação Física.
O fenômeno esportivo
Estuda a história, especificidades, técnicas, táticas, regras, organização,
princípios pedagógicos e métodos de ensino dos esportes, assim como as
transformações didático-pedagógicas articuladas com a finalidade e o contexto da
instituição escolar.
As danças e atividades rítmicas/expressivas
Estuda a história e os processos pedagógicos da dança e os seus
estilos/ritmos, articuladas com a finalidade e o contexto da instituição escolar.
54
A ginástica
Estuda a história e os processos pedagógicos da Ginástica Geral, apresenta
as principais variações atuais das ginásticas especializadas, em termos de princípios
e técnicas, articuladas com a finalidade e o contexto da instituição escolar.
As lutas
Estuda a história, especificidades, técnicas, táticas, regras, organização,
princípios pedagógicos, métodos de ensino das lutas corporais-desportivas, assim
como as transformações didático-pedagógicas, articuladas com a finalidade e o
contexto da instituição escolar.
Dimensão do Conhecimento: Técnico-Instrumental
Competências específicas desejadas:
- Abordar, contextualizar e discutir problemas, situações, e processos relacionados
a comportamento motor e treinamento físico, sob o ponto de vista da variáveis
fisiológicas e da aprendizagem;
- Compreender, discutir e relacionar os princípios das repostas fisiológicas do
organismo, frente aos programas de atividade física na infância e adolescência;
- Compreender os princípios para formulação de programas de atividades físicas
voltadas para na infância e adolescência;
- Conhecer e dominar os princípios, métodos e técnicas, históricos e
contemporâneos do treinamento físico;
- Conhecer e dominar os princípios fundamentais, os métodos e as técnicas de
avaliação das capacidades físico motoras na infância e adolescência;
- Elaborar, discutir, executar e avaliar programas de treinamento físico voltados
para necessidades específicas na infância e adolescência;
- Planejar, organizar, e manejar e administrar o uso da instrumentalização técnica
adequada no emprego da avaliação e treinamento físico e comportamento motor;
- Planejar e organizar o espaço físico e as instalações do ambiente escolar para a
prática do treinamento.
Temas:
Comportamento motor
55
Estuda os princípios e bases teóricas que regem os processos de controle e
aprendizagem da ação motora. Aborda aspectos didático-metodológicos importantes
no processo ensino-aprendizagem do movimento na Educação Física.
A fisiologia do exercício
Estuda as adaptações dos diferentes sistemas orgânicos frente às diferentes
formas do exercício físico.
Os princípios básicos do condicionamento físico
Estuda os fundamentos do condicionamento físico, abordando as noções
gerais dos princípios de treinamento, adaptações e periodização nas diversas
formas de atividades físicas, bem como a análise de variáveis que influenciam o
desempenho físico.
Os princípios e as técnicas da avaliação físico-motora
Estuda a história da medição na Educação Física. Trata dos testes e
instrumentos para avaliação das capacidades físicas, habilidades esportivas e
aptidão física, da medição aplicada e prescrição de atividade física, das técnicas e
instrumentação associadas a medição do homem em movimento, bem como da
inter-relação da avaliação com a estatística.
Dimensão do Conhecimento: Intervenção Didático-Pedagógica no Âmbito da
Escola
Competências específicas desejadas:
- Criar, planejar, implementar, gerir e avaliar situações didático-pedagógicas
eficazes para a aprendizagem e para o desenvolvimento dos alunos;
- Utilizar os conhecimentos das áreas ou disciplinas a serem ensinadas, das
temáticas sociais transversais ao currículo escolar, das especificidades didáticas
envolvidas no ensino das diferentes manifestações da cultura corporal de
movimento e dos contextos sociais relevantes para a aprendizagem escolar;
- Utilizar modos diferentes e flexíveis de organização do tempo, do espaço e de
agrupamento dos alunos, para favorecer e enriquecer seu processo de
desenvolvimento e aprendizagem;
- Manejar diferentes estratégias de comunicação dos conteúdos considerando a
diversidade dos alunos, os objetivos das atividades propostas e as características
dos próprios conteúdos;
56
- Identificar, analisar e produzir materiais e recursos para utilização didático-
pedagógica, diversificando as atividades e potencializando seus usos em
diferentes situações;
- Gerir a classe, a organização do trabalho, estabelecendo uma relação de
autoridade e confiança com os alunos;
- Intervir nas situações educativas com sensibilidade, acolhimento e afirmação
responsável de sua autoridade;
- Utilizar estratégias diversificadas de avaliação da aprendizagem e, a partir de
seus resultados, formular propostas de intervenção pedagógica, considerando o
desenvolvimento de diferentes capacidades dos alunos;
- Utilizar o conhecimento sobre a organização, gestão e financiamento dos
sistemas de ensino, sobre a legislação e as políticas públicas referentes à
educação para uma inserção profissional crítica;
- Reconhecer a instituição escolar como um espaço coletivo de trabalho,
empenhando-se na elaboração e no desenvolvimento de trabalhos em grupo;
- Reconhecer a prática docente como um espaço de construção de saberes, se
autovalorizando como profissional que tem autonomia sobre suas ações;
- Analisar, relacionar e avaliar os saberes produzidos na prática docente com os
conhecimentos científicos por meio de reflexões que resultem em uma atuação de
melhor qualidade;
- Adotar uma atitude de investimento na própria profissão, vendo-a como algo que
se desenvolve ao longo do tempo de atuação, em prol de novas aprendizagens
profissionais;
- Analisar a escola como um espaço que estabelece condições objetivas para o
trabalho docente, seus contextos, suas características, estruturas, hierarquias, de
modo a reconhecer que as mudanças buscadas vão além da responsabilidade
individual do professor e a buscar estratégias que envolvam toda a comunidade
escolar;
- Analisar situações e relações interpessoais que ocorrem na escola, com o
distanciamento profissional necessário à sua compreensão
- Fazer uso de estratégias que possibilitem a inclusão e a participação efetiva de
todos os alunos nas aulas;
- Fazer uso de recursos da tecnologia da informação e da comunicação, de
produções das diferentes mídias, objetos e fontes (documentais e orais), de forma
57
a aumentar as possibilidades de aprendizagem dos alunos;
- Manejar diferentes estratégias que permitam integrar os conteúdos conceituais,
atitudinais e procedimentais nas aulas de Educação Física para favorecer aos
alunos uma aprendizagem mais ampliada e articulada no que se refere à cultura
corporal de movimento;
Temas:
Estrutura e funcionamento da educação básica
Analisa de modo crítico a estrutura e funcionamento da educação infantil,
ensino fundamental e ensino médio no Brasil, em suas relações com o Estado e a
sociedade civil. Busca fornecer subsídios para a atuação no contexto escolar.
Psicologia da educação
Relaciona as teorias da aprendizagem ao ensino da Educação Física, bem
como enfoca a relação professor-aluno.
Didática e metodologia do ensino em Educação Física
Estuda os objetivos, conteúdos, estratégias metodológicas e os processos
avaliativos que subsidiem a intervenção na construção do projeto político-
pedagógico na instituição escolar e o planejamento do ensino da Educação Física,
levando em conta as políticas públicas e as várias concepções teórico-
metodológicas da área.
Educação física na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio
Estuda os objetivos, conteúdos, estratégias metodológicas e os processos
avaliativos da Educação Física mais adequados para os diferentes níveis de ensino.
Busca possibilitar a construção e a análise de propostas de implementação da
Educação Física para estes níveis de ensino, bem como conhecer e refletir sobre a
prática pedagógica.
Educação física para alunos com deficiências
Aborda os aspectos relacionados a prática da atividade física para alunos
com deficiências, no âmbito da escola, seja em situação de inclusão ou não. São
estudados os conhecimentos relacionados as características da especificidade das
deficiências, assim como, as implicações para a prática da atividade física, com
ênfase nas estratégias de ensino adaptadas.
58
As dimensões do conhecimento não podem ser vistas isoladamente, mas em
interação. Os temas sugeridos em cada dimensão do conhecimento não se
confundem com as disciplinas que irão compor a matriz curricular, e devem ser
entendidos como os núcleos em torno das quais deverão reunir-se as vivências
didáticas planejadas ao longo do curso, sejam as obrigatórias, sejam as eleitas pelo
próprio aluno, na forma de disciplinas optativas ou de outras atividades de formação.
O Quadro 1, logo abaixo, busca sintetizar a organização curricular das
dimensões do conhecimento e dos temas em cada uma telas.
59
QUADRO 1. DIMENSÕES DO CONHECIMENTO / TEMAS
FORMAÇÃO AMPLIADA
FORMAÇAO ESPECÍFICA
O CORPO HUMANO
. o corpo anátomo-fisiológico
. o corpo mecânico
. o corpo como conceito filosófico
. o corpo como linguagem
. corpo e auto-conhecimento
. o crescimento e o desenvolvimento
humano
O SER HUMANO E A SOCIEDADE
. as dimensões psicológicas da Educação Física
. as dimensões históricas e socioculturais da
Educação Física
. as dimensões educacionais da Educação Física
. a saúde como fenômeno social e histórico
A PRODUÇAO DO CONHECIMENTO
. a teoria do conhecimento e a epistemologia
. a teoria da Educação Física
. os processos de produção do conhecimento e a Educação Física
A INTERVENÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NO ÂMBITO DA ESCOLA
estrutura e funcionamento da educação básica - psicologia da educação -didática e metodologia do ensino da Educação Física
educação física infantil - Educação Física no ensino fundamental e médio - Educação Física para alunos com deficiências
- Estágio Supervisionado
MANIFESTAÇÕES DA CULTURA CORPORAL DE
MOVIMENTO
. o fenômeno lúdico
. o fenômeno esportivo
. a dança e atividades rítmicas/expressivas
. a ginástica
. as lutas
TÉCNICO-INSTRUMENTAL
. comportamento motor
. a fisiologia do exercício
. os princípios e as técnicas do condicionamento físico
. os princípios e as técnicas da avaliação físico- motora
A DIMENSÃO DA PRÁTICA
60
7.6.3 – Outras Atividades de Formação
Constituída por atividades de natureza acadêmica-científica-cultural diversas,
totalizando 210 horas articuladas à formação específica e ampliada. Permitem a
diversificação e ampliação das situações de ensino e aprendizagem vivenciadas pelo
graduando, bem como atualização em assuntos de interesse educacional geral e
especialização em temáticas de interesse específico. Inclui o Trabalho de Conclusão
de Curso.
7.6.3.1 - Atividades Optativas
Serão programadas e indicadas pelo Conselho de Curso, ou selecionadas
pelo próprio aluno, a partir do segundo termo (semestre) do Curso, totalizando 120
horas dentre os seguintes grupos de atividades:
A) Participação em evento acadêmico-científico
O graduando poderá participar de eventos de natureza acadêmico-científica,
pré-selecionados anualmente pela Coordenação de Curso. Podem ser citados como
exemplo: Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (promovido pelo Colégio
Brasileiro de Ciências do Esporte), Simpósio Paulista de Educação Física (promovido
pelo UNESP/Rio Claro), Congresso Científico Latino-Americano da Fiep/Unimep
(promovido pela UNIMEP), Seminário de Educação Física Escolar (promovido pela
USP), e a “Reunião Científica da Educação Física”, promovida pelo Centro Acadêmico
de Educação Física/Coordenação do Curso de Educação Física da Faculdade de
Ciência. A participação em evento acadêmico-científico contabilizará um determinado
número de horas, a ser estabelecido pelo Conselho de Curso, e deverá ser
comprovada mediante comprovante emitido pela instituição promotora. A apresentação
de trabalho nestes eventos contabilizará bônus em horas, a ser quantificado pelo
Conselho de Curso.
B) Participação em eventos técnicos (clínicas, workshops, mini-cursos e Cursos
de Extensão)
A área de Educação Física conta com grande oferta de eventos e cursos nas
mais variadas temáticas, promovidos por diversas entidades (instituições de ensino
superior, SESC, associações profissionais etc.), os quais costumam contar com maciça
participação de graduandos em Educação Física. São eventos e cursos que em geral
61
abordam aspectos fisiológicos, didático-metodológicos ou socioculturais da Educação
Física. Além de aprofundar, ampliar e atualizar o leque de conteúdos na formação,
inclusive abordando temáticas emergentes, tais eventos e cursos podem atender aos
interesses específicos dos graduandos. Propõe-se, então, mediante critérios
estabelecidos pelo Conselho de Curso, o aproveitamento da carga horária dispendido
pelo aluno em tais atividades de formação, exigindo-se, além de certificado emitido
pela entidade promotora. Tais eventos e cursos poderão ser ofertados pela própria
Faculdade de Ciência, voltando-se a uma dupla finalidade: formação inicial e formação
continuada, o que traria a vantajosa situação, do ponto de vista pedagógico, de
interação entre profissionais e graduandos.
C) Assistência a palestras
Promovidas pela própria instituição, e proferidas por especialistas em temas
ligados à Educação e Educação Física. Os palestrantes convidados podem ser
estranhos ao corpo docente do Curso, ou a ele pertencentes (neste caso, devendo
tratar de tema diferenciado ou complementar às disciplinas que ministra no Curso), a
fim de propiciar novos pontos de vista sobre temas da área, enriquecendo assim a
formação do futuro professor. A Coordenação de Curso, em articulação com os
diversos Departamentos envolvidos no Curso, programará pelo menos uma palestra
por semestre, no período regular de aulas.
D) Participação em Grupo de Estudos ou Laboratório de Pesquisa/Bolsa de
iniciação científica/Monitoria de Ensino ou Participação em Projetos de Extensão
Estas atividades objetivam uma abordagem mais aprofundada e sistemática de
uma temática da área, a partir de uma perspectiva científica e/ou didático-pedagógica,
quer na forma de grupo de estudo orientado por docente do curso, Bolsa de Monitoria,
estágio em Laboratório de Pesquisa, participação em projeto de pesquisa mediante
Bolsa de Iniciação Científica de órgãos de fomento e participação em Projetos de
extensão sob coordenação de docente do Curso. O Departamento de Educação Física
e os demais departamentos envolvidos no curso já mantém diversos grupos de estudos
e Laboratórios, com temáticas definidas em função de linhas de pesquisa
departamentais ou em decorrência de interesses específicos, aos quais podem se
agregar os graduandos, a partir de suas preferências. Atualmente, existem os
seguintes grupos de estudo/Laboratórios no Departamento de Educação Física.:
62
Laboratório de Pesquisas em Educação Física, Laboratório de Estudos Socioculturais e
Históricos da Educação Física, Laboratório de Avaliação e Prescrição de Exercícios,
Laboratório de Informação, Visão e Ação e o Laboratório de Fisiologia Experimental. O
Departamento de Educação Física mantém também projetos de extensão que
oferecerem programas de atividades físico-esportivas para a comunidade (iniciação
esportiva para crianças e adolescentes, ginástica, natação etc.), nos quais os
graduandos assumem a regência de turmas numa situação mais controlada e
simplificada, com menor grau de dificuldade em relação à situações “reais” (por
exemplo, com relação a espaço físico, material, número de alunos, pressão
institucional e financeira etc.) sob a supervisão do docente responsável, em geral
especializado na área. Tal ação propicia o contexto adequado à experiência inicial de
“ser professor”. O Conselho de Curso estabelecerá quais atividades deverão ser
minimamente cumpridas em cada tipo de atividade, para possibilitar a contabilização de
um determinado número de horas, bem como regulamentará as horas despendidas
pelos alunos. Em qualquer caso, o aluno deverá apresentar relatório constando as
atividades desenvolvidas, com parecer favorável do docente responsável pelo estágio,
projeto, bolsa etc.
A previsão destas atividades expressa o entendimento de que a formação do
graduando não se esgota na situação formal de ensino e aprendizagem na sala de
aula, com a presença do docente, mas devem incluir vivências didáticas diversificadas,
com maior ou menor grau de formalidade e obrigatoriedade.
Assim, um determinado tema poderá incluir uma ou mais das seguintes
vivências: disciplina(s) obrigatória(s), disciplina(s) optativa(s), participação em evento
acadêmico, minicursos, workshops, palestras, grupos de estudo, participação em
projetos de pesquisa e de extensão etc. Tal estratégia facilita também a integração
ensino-pesquisa-extensão.
Por outro lado, para que essas atividades complementares não se tornem mera
formalidade burocrática ou laissez-faire, é necessário que a Coordenação/Conselho de
Curso exerça algum tipo de direcionamento que as compatibilizem com o projeto
pedagógico. Desse modo, todas elas deverão, direta ou indiretamente, referir-se aos
temas propostos neste projeto.
Tal organização facilita ainda a flexibilidade necessária à formação de um
profissional para atuar em uma sociedade em constante mutação, e caracterizada pela
63
crescente importância do conhecimento. Novos temas podem ser facilmente agregados
ao projeto, por intermédio de disciplinas optativas, palestras , mini-cursos etc.
7.6.3.2 - Atividade Obrigatória
Trabalho de Conclusão de Curso (90 horas):
A ser orientado por docente do curso, terá caráter monográfico, entendendo-se
por “monografia” um trabalho de cunho acadêmico que trata de modo estruturado de
um determinado tema, devidamente especificado, delimitado e aprofundado35. O
Trabalho de Conclusão de Curso deverá necessariamente contemplar tema ligado ao
campo educacional. A carga horária de 90 horas será distribuída ao longo dos últimos
três termos (semestres) do Curso, visando garantir suficiente tempo de interação entre
orientador e aluno. No termo anterior ao início do Trabalho de Conclusão de Curso, a
disciplina “Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física–II”
tratará da elaboração do projeto do Trabalho, e nos três últimos semestres do Curso
haverá o desenvolvimento do Trabalho propriamente dito, sob orientação de um
docente previamente aprovado pelo Conselho de Curso. A disciplina “Processos de
Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I e II” deverão subsidiar,
com conhecimentos básicos, a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso.
Deverá ser garantido, pelo Departamento ao qual se vincula o orientador, encontros
periódicos entre orientadores e orientados.
7.6.4 – A Dimensão da Prática
Na organização curricular do Curso de Licenciatura em Educação Física da
Faculdade de Ciências, a dimensão da prática (as Práticas Formativas) deverá estar
presente:
a) Em todas as disciplinas, no sentido de que deverão sempre buscar um
diálogo com a Educação Física como área de intervenção acadêmico-profissional.
b) No interior das disciplinas que tratam das diferentes manifestações da
cultura corporal de movimento (jogo, esporte, ginásticas, dança, lutas etc.).
Nessas disciplinas é que se manifesta em especial o fenômeno da “simetria invertida”,
pois nelas a apresentação dos conteúdos procedimentais (quer dizer, os “movimentos”
em si) implica em didáticas específicas; muitas vezes, o graduando encontra-se em
35
Cf. SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho científico. 20ª ed. São Paulo: Cortez, 1996.
64
situação similar aos alunos ao quais futuramente ensinará – ou seja é um iniciante
naquela modalidade e portanto, é simultaneamente “sujeito” e “objeto” da prática
pedagógica. Portanto, é preciso alertar o futuro professor sobre as distinções e
similaridades de tais processos, assim como é necessário a integração entre a
disciplinas da dimensão “manifestações da cultura corporal de movimento” e da
dimensão “didático-pedagógica”, a fim de que não haja contradições entre a teorização
e a prática efetiva no plano das didáticas específicas. Essas disciplinas, para além do
mero ensino dos gestos motores (dimensão procedimental), envolvem as dimensões
conceituais e ações dos conteúdos, possibilitando reflexões sobre os princípios
pedagógicos e as transformações didático-pedagógicas possíveis em cada um das
manifestações corporais específicas. A dimensão da prática deverá enfatizar
procedimentos de observação e reflexão para compreender e atuar em situações
contextualizadas, envolvendo observação e registro de aulas, resolução de situações-
problemas no ensino das manifestações corporais específicas, entrevistas com
profissionais, situações simuladas, estudos de caso, participação na organização de
eventos esportivos e recreativos etc., que podem, inclusive extrapolar os limites das
escolas onde se dá mais diretamente a relação professor-aluno para alcançar outros
órgãos e entidades normativas e executivas do sistema educacional, inclusive
assinalando presença em agências educacionais não escolares – no caso da
Educação Física pode-se relacionar: SESC, SESI, Secretarias de Esporte e Lazer
municipal e estadual etc.
c) De modo mais sistematizado e contabilizado em carga horária, a dimensão da
prática estará presente sob a denominação “práticas formativas” associadas às
disciplinas referentes às Manifestações da Cultura Corporal de Movimento (jogo,
esporte, ginásticas, dança, lutas etc), Concepções Teórico-Metodológicas no Ensino da
Educação Física, Educação Física para Alunos com Deficiências, Educação Física
Infantil, Educação Física no Ensino Fundamental e Educação Física no Ensino Médio,
na medida em que são disciplinas de síntese, integração e aplicação em relação aos
conteúdos que serão objeto da atividade docente, adequando-os às atividades próprias
da Educação Física na qualidade de disciplina escolar nas diferentes etapas e
modalidades da educação básica. Nos conteúdos desenvolvidos em tais disciplinas,
além dos conteúdos específicos, próprios a cada uma delas, algumas das práticas
docentes vivenciadas pelos alunos nas atividades de Estágio Supervisionado poderão
ser recuperadas, na sala de aula, por intermédio de filmagens em vídeo, depoimentos,
65
situações simuladas, discussão de problemas encontrados etc., propiciando uma
reflexão crítica sobre a prática, balizada pelas orientações didático-pedagógicas
oferecidas pelas disciplinas envolvidas. O conjunto dessas disciplinas envolvidas no
desenvolvimento da dimensão da prática do Curso de Licenciatura em Educação Física
da Faculdade de Ciências, abaixo relacionadas, totalizam 450 horas, como mostra a
Tabela 1.
Tabela 1: Distribuição da prática formativa como componente curricular entre as disciplinas da Grade Curricular do curso de Licenciatura em Educação Física.
PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR
NC Carga Horária
Práticas Formativas em Atletismo 1 15
Práticas Formativas em Futebol 1 15
Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 1 15
Práticas Formativas em Primeiros Socorros 1 15
Práticas Formativas em Handebol 1 15
Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 1 15
Práticas Formativas em Biomecânica do Sistema Locomotor 1 15
Práticas Formativas em Crescimento e Desenvolvimento Humano 1 15
Práticas Formativas em Jogos Atividades Lúdicas e de Lazer 2 30
Práticas Formativas em Voleibol 1 15
Práticas Formativas em Capoeira 1 15
Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 1 15
Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física 1 15 Práticas Formativas em Bases Teórico-Prática do Treinamento Físico
1 15
Práticas Formativas em Karatê 1 15
Práticas Formativas em Dança 1 15
Práticas Formativas em Basquetebol 1 15
Práticas Formativas em Educação em Saúde 1 15
Práticas Formativas em Ginástica 2 30
Práticas Formativas em Educação Física Escolar I 2 30 Práticas Formativas em Educação Física para Pessoas com Deficiência 1 15
Práticas Formativas em Educação Física Escolar II 2 30
Práticas Formativas em Educação Física Escolar III 2 30 Práticas Formativas em Tecnologias da Informação e Comunicação, Mídias e Educação Física
2 30
d) Nos estágios supervisionados a serem concretizados em escolas de
educação básica, quando o futuro professor toma conhecimento do real em situação de
trabalho, e testa suas competências por um determinado tempo, mediante projeto
planejado e avaliado conjuntamente pelo Conselho de Curso/Departamento de
Educação e as escolas de educação básica conveniadas, o que pressupõe uma
66
relação pedagógica entre um professor experiente no âmbito escolar e um aluno
estagiário. O estágio é o momento de efetivar, sob a supervisão daquele professor
experiente, o processo de ensino e aprendizagem que tornar-se-á futuramente
autônomo. O estagiário, além de assumir efetivamente o papel de professor, deve
envolver-se também com outros espaços e tempos do projeto pedagógico da unidade
escolar em que se faz presente (planejamento, aspectos administrativos etc.). O
estágio supervisionado terá duração de 405 horas, concentradas nos dois últimos anos
dos cursos integral e noturno, e deverá dividir-se entre o ensino infantil, fundamental e
médio.
7.6.5 – Matriz Curricular
A. Dimensão do conhecimento: O corpo humano
Disciplinas Obrigatórias:
Anatomia Humana Geral
Anatomia do Sistema Locomotor
Bases Biológicas da Educação Física
Fisiologia Humana Geral
Biomecânica do Sistema Locomotor
Fisiologia do Exercício I
Crescimento e Desenvolvimento Humano
Disciplinas Optativas: a serem definidas
B. Dimensão do Conhecimento: O Ser Humano e a Sociedade
Disciplinas Obrigatórias:
Psicologia e Educação Física
História da Educação Física
Sociologia e Educação Física
Filosofia e Educação Física
Antropologia Cultural e Educação Física
Filosofia da Educação
Psicologia da Educação
História da Educação
67
Sociologia da Educação
Lazer e Educação
Disciplinas Optativas: a serem definidas
C. Dimensão do Conhecimento: Produção do Conhecimento
Disciplinas Obrigatórias:
Teoria da Educação Física
Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I
Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II
Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa
Noções Básicas de Estatística
Disciplinas Optativas: a serem definidas
D. Dimensão do Conhecimento: Manifestações da Cultura Corporal de Movimento
Disciplinas Obrigatórias:
Atividades Rítmicas
Atletismo
Futebol
Handebol
Atividades Aquáticas
Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer
Voleibol
Capoeira
Karatê
Dança
Basquetebol
Ginástica
Disciplinas Optativas: a serem definidas
E. Dimensão do Conhecimento: Técnico-Instrumental
Disciplinas Obrigatórias:
68
Primeiros Socorros
Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais
Aprendizagem Motora
Medidas e Avaliação em Educação Física
Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico
Educação em Saúde
Tecnologias da Informação e Comunicação, Mídias e Educação Física
Disciplinas Optativas: a serem definidas
F. Dimensão do Conhecimento: Intervenção didático-pedagógica no âmbito da
escola
Disciplinas Obrigatórias:
Concepções Teórico-Metodológicas no Ensino da Educação Física
Didática e Educação Física
Estrutura e Política da Educação Básica
Educação Física Escolar I
Educação Física Escolar II
Educação Física Escolar III
Educação Física para Pessoas com Deficiência
Disciplinas Optativas: a serem definidas
A grade e fluxo curricular da Licenciatura para os períodos Integral e Noturno
são apresentados nas Tabelas 2 e 3.
Tabela 2: Disciplinas e fluxo curricular para a Licenciatura em Educação Física, período Integral.
Licenciatura em Educação Física
Período Integral – (para ingressantes a partir do ano de 2015)
Estrutura Curricular: Resolução Unesp Nº 58, de 13/7/2017
Reconhecido pela Portaria CEE/GP N° 509, de 29/9/2017, Publicada no D.O.E. de 30/9/2017
Cód. Depto. Disciplina NC Pré-
Requisito Curso
1º Termo
69
BIO Anatomia Humana Geral 04 TC
DEF Bases Biológicas da Educação Física 02 TC
DEF História da Educação Física 04 TC
DEF Atletismo 03 TC
DEF Práticas Formativas em Atletismo 01 TC
DEF Futebol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Futebol 01 TC
CHU Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa
02 TC
DEF Atividades Rítmicas 03 TC
DEF Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 01 TC
Créditos 24
2º Termo
BIO Anatomia do Sistema Locomotor 04 TC
DEF Fisiologia Humana Geral 04 TC
DEF Primeiros Socorros 03 TC
DEF Práticas Formativas em Primeiros Socorros 01 TC
DEF Teoria da Educação Física 02 TC
CHU Filosofia e Educação Física 02 TC
DEF Handebol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Handebol 01 TC
DEF Atividades Aquáticas 03 TC
DEF Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 01 TC
Créditos 24
3º Termo
DEF Biomecânica do Sistema Locomotor 03 TC
DEF Práticas Formativas em Biomecânica do Sistema Locomotor
01 TC
DEF Crescimento e Desenvolvimento Humano 03 TC
DEF Práticas Formativas em Crescimento e Desenvolvimento
01 TC
DEF Fisiologia do Exercício I 02 TC
DEF Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer 04 TC
DEF Práticas Formativas em Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer
02 TC
DEF Voleibol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Voleibol 01 TC
EP Noções Básicas de Estatística 02 TC
CHU Antropologia Cultural e Educação Física 02 TC
EDU Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais
04 TC
Créditos 28
4º Termo
DEF Capoeira 03 TC
DEF Práticas Formativas em Capoeira 01 TC
DEF Aprendizagem Motora 03 TC
DEF Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 01 TC
DEF Medidas e Avaliação em Educação Física 03 TC
DEF Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física
01 TC
DEF Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico 03 TC
DEF Práticas Formativas em Bases Teórico-Prática do Treinamento Físico
01 TC
70
DEF Processos de Produção e do Conhecimento Científico em Educação Física I
02 TC
DEF Karatê 03 TC
DEF Práticas Formativas em Karatê 01 TC
DEF Dança 03 TC
DEF Práticas Formativas em Dança 01 TC
Créditos 26
5º Termo
DEF Basquetebol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Basquetebol 01 TC
PSI Psicologia e Educação Física 02 TC
CHU Sociologia e Educação Física 02 TC
DEF Educação em Saúde 03 TC
DEF Práticas Formativas em Educação em Saúde 01 TC
DEF Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II
02 PPCCEF -I TC
DEF Ginástica 04 TC
DEF Práticas Formativas em Ginástica 02 TC
Créditos 20
6º Termo
DEF Concepções Teórico-Metodológicas no Ensino da Educação Física
04 L
EDU História da Educação 02 L
EDU Psicologia da Educação 02 L
EDU Didática e Educação Física 04 L
DEF Educação Física Escolar I 04 L
DEF Práticas Formativas em Educação Física Escolar I
02 L
EDU Estágio Supervisionado em Educação Física na Educação Infantil e no 1º ao 5º anos do Ensino Fundamental
09 L
DEF Trabalho de Conclusão de Curso I 02 L
Créditos 29
7º Termo
DEF Educação Física para Pessoas com Deficiência
03 L
DEF Práticas Formativas em Educação Física para Pessoas com Deficiência
01 L
EDU Estrutura e Política da Educação Básica 02 L
EDU Filosofia da Educação 02 L
EDU Sociologia da Educação 02 L
DEF Educação Física Escolar II 04 L
DEF Práticas Formativas em Educação Física Escolar II
02 L
EDU Estágio Supervisionado em Educação Física do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental
09 L
DEF Optativa I 04 L
A DEF Trabalho de Conclusão de Curso II 02 L
Créditos 31
8º Termo
EDU Lazer e Educação 04 L
DEF Educação Física Escolar III 04 L
DEF Práticas Formativas em Educação Física Escolar III
02 L
71
EDU Estágio Supervisionado em Educação Física no Ensino Médio
09 L
DEF Tecnologias da informação e comunicação, mídias e Educação Física
04 L
DEF Práticas Formativas em Tecnologias da informação e comunicação, mídias e Educação Física
02 L
DEF Optativa II 04 L
DEF Trabalho de Conclusão de Curso II 02 L
Créditos 31
CHU: Departamento de Ciências Humanas; DEF: Departamento de Educação Física; EDU: Departamento de Educação; EP: Departamento de Engenharia de Produção; PSI: Departamento de Psicologia; TC: disciplinas do Tronco Comum aos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física; L: disciplinas específicas do Curso de Licenciatura em Educação Física.
Licenciatura em Educação Física: Integral – Duração do Curso: 4 Anos (Mínimo) / 7 Anos (Máximo)
- Créditos em Disciplinas do Currículo de Licenciatura 142 Créditos – 2130 H/A - Créditos em Disciplinas Optativas 08 Créditos – 120 H/A - Créditos em Estágio Supervisionado em Licenciatura 27 Créditos – 405 H/A - Créditos em Práticas Formativas em Licenciatura 30 Créditos – 450 H/A - Atividades Acadêmico-Científico-Culturais 14 Créditos – 210 H/A
Total de Créditos Exigidos na Licenciatura 221 Créditos – 3315 H/A
Tabela 3: Disciplinas e fluxo curricular para a Licenciatura em Educação Física, período Noturno.
Licenciatura em Educação Física
Período Noturno – (para ingressantes a partir do ano de 2015)
Estrutura Curricular: Resolução Unesp Nº 58, de 13/7/2017
Reconhecido pela Portaria CEE/GP N° 509, de 29/9/2017, Publicada no D.O.E. de 30/9/2017
Cód. Depto. Disciplina Nc Pré-
Requisito Curso
1º Termo
BIO Anatomia Humana Geral 04 TC
DEF Bases Biológicas da Educação Física 02 TC
DEF História da Educação Física 04 TC
DEF Atletismo 03 TC
DEF Práticas Formativas em Atletismo 01 TC
DEF Futebol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Futebol 01 TC
CHU Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa
02 TC
Créditos 20
2º Termo
BIO Anatomia do Sistema Locomotor 04 TC
DEF Fisiologia Humana Geral 04 TC
DEF Primeiros Socorros 03 TC
72
DEF Práticas Formativas em Primeiros Socorros 01 TC
DEF Teoria da Educação Física 02 TC
DEF Atividades Aquáticas 03 TC
DEF Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 01 TC
EP Noções Básicas de Estatística 02 TC
Créditos 20
3º Termo
DEF Crescimento e Desenvolvimento Humano 03 TC
DEF Práticas Formativas em Crescimento e Desenvolvimento
01 TC
DEF Atividades Rítmicas 03 TC
DEF Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 01 TC
DEF Fisiologia do Exercício I 02 TC
DEF Jogo, Atividades Lúdicas e Lazer 04 TC
DEF Práticas Formativas em Jogo, Atividades Lúdicas e Lazer
02 TC
DEF Biomecânica do Sistema Locomotor 03 TC
DEF Práticas Formativas em Biomecânica do Sistema locomotor
01 TC
Créditos 20
4º Termo
DEF Aprendizagem Motora 03 TC
DEF Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 01 TC
EDU Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais
04 TC
DEF Karatê 03 TC
DEF Práticas Formativas em Karatê 01 TC
DEF Handebol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Handebol 01 TC
DEF Capoeira 03 TC
DEF Práticas Formativas em Capoeira 01 TC
Créditos 20
5º Termo
DEF Ginástica 04 TC
DEF Práticas Formativas em Ginástica 02 TC
CHU Antropologia Cultural e Educação Física 02 TC
DEF Voleibol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Voleibol 01 TC
DEF Educação em Saúde 03 TC
DEF Práticas Formativas em Educação em Saúde 01 TC
CHU Sociologia e Educação Física 02 TC
PSI Psicologia e Educação Física 02 TC
DEF Processos de Produção e do Conhecimento Científico em Educação Física I
02 TC
Créditos 22
6º Termo
DEF Medidas e Avaliação em Educação Física 03 TC
DEF Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física
01 TC
DEF Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico 03 TC
DEF Práticas Formativas em Bases Teórico-Prática do Treinamento Físico
01 TC
DEF Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II
02 PPCCEF -I TC
73
DEF Dança 03 TC
DEF Práticas Formativas em Dança 01 TC
DEF Basquetebol 03 TC
DEF Práticas Formativas em Basquetebol 01 TC
CHU Filosofia e Educação Física 02 TC
Créditos 20
7º Termo
EDU Estrutura e Política da Educação Básica 02 L
EDU Didática e Educação Física 04 L
DEF Concepções Teórico-Metodológicas no Ensino da Educação Física
04 L
EDU Sociologia da Educação 02 L
EDU Filosofia da Educação 02 L
EDU História da Educação 02 L
EDU Psicologia da Educação 02 L
Créditos 18
8º Termo
EDU Estágio Supervisionado em Educação Física na Educação Infantil e no 1º ao 5º anos do Ensino Fundamental
09 L
DEF Educação Física Escolar I 04 L
DEF Práticas Formativas em Educação Física Escolar I
02 L
DEF Tecnologias da informação e comunicação, mídias e Educação Física
04 L
DEF Práticas Formativas em Tecnologias da informação e comunicação, mídias e Educação Física
02 L
DEF Trabalho de Conclusão de Curso I 02 L
Créditos 23
9º Termo
DEF Educação Física para Pessoas com Deficiência
03 L
DEF Práticas Formativas em Educação Física para Pessoas com Deficiência
01 L
DEF Educação Física Escolar II 04 L
DEF Práticas Formativas em Educação Física Escolar II
02 L
EDU Estágio Supervisionado em Educação Física do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental
09 L
DEF Optativa I 04 L
DEF Trabalho de Conclusão de Curso II 02 L
Créditos 25
10º Termo
DEF Educação Física Escolar III 04 L
DEF Práticas Formativas em Educação Física Escolar III
02 L
EDU Estágio Supervisionado em Educação Física no Ensino Médio
09 L
EDU Lazer e Educação 04 L
DEF Optativa II 04 L
DEF Trabalho de Conclusão de Curso II 02 L
Créditos 25
74
CHU: Departamento de Ciências Humanas; DEF: Departamento de Educação Física; EDU: Departamento de Educação; EP: Departamento de Engenharia de Produção; PSI: Departamento de Psicologia; TC: disciplinas do Tronco Comum aos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física; L: disciplinas específicas do Curso de Licenciatura em Educação Física.
Licenciatura em Educação Física – Noturno: duração do Curso: 5 Anos (Mínimo) / 9 Anos (Máximo)
- Créditos em Disciplinas do Currículo 142 Créditos – 2130 H/A - Créditos em Disciplinas Optativas 08 Créditos – 120 H/A - Créditos em Estágio Supervisionado em Licenciatura 27 Créditos – 405 H/A - Créditos em Práticas Formativas em Licenciatura 30 Créditos – 450 H/A - Atividades Acadêmico-Científico-Culturais 14 Créditos – 210 H/A
Total de Créditos Exigidos 221 Créditos – 3315 H/A
Na Tabela 4 estão distribuídas as disciplinas do Curso de Licenciatura em
Educação Física e a carga horária por docente responsável.
Tabela 4: Disciplinas por docente no Curso de Licenciatura em Educação Física.
NOME
TITULAÇÃO ACADÊMICA
REGIME DE TRABALHO
DISCIPLINA(S)
HORAS
SEMANAIS
Anderson Saranz Zago
Doutor RDIDP
Educação em Saúde Medidas e Avaliação em Educação Física
08
08
Andresa Ugaya Doutora RDIDP Atividades Rítmicas Dança
08
08
Carlos Eduardo Lopes Verardi
Doutor RDIDP Ginástica 12
Cassiano Merussi Neiva
Livre-docente RTC Fisiologia do Exercício I 04
Dagmar Aparecida Cyntia França Hunger
Livre-docente RDIDP
História da Educação Física Basquetebol
08
08
Dalton Muller Pessôa Filho
Livre-docente RDIDP Biomecânica do Sistema Locomotor
08
Denise Aparecida Corrêa
Doutora RDIDP Jogo, Atividades Lúdicas e Lazer
12
75
Educação Física Escolar I 12
Emmanuel Gomes Ciolac
Livre-docente RDIDP
Primeiros Socorros Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico
08
04
Fábio Augusto Barbirei
Doutor RDIDP Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I e II
08
Henrique Luiz Monteiro
Doutor RDIDP Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico
04
José Roberto Bosqueiro
Doutor RDIDP
Bases Biológicas da Educação Física
Fisiologia Humana Geral
04
08
Júlio Wilson dos Santos
Doutor RDIDP Futebol 08
Lílian Aparecida Ferreira
Doutora RDIDP Handebol Educação Física Escolar II
08
12
Márcio Pereira da Silva
Doutor RDIDP Atletismo 08
Marli Nabeiro Doutora RDIDP Educação Física para Pessoas com Deficiência
08
Mauro Betti Livre-docente RDIDP
Concepções Teórico-Metodológicas no Ensino da Educação Física Tecnologias da Informação e Comunicação, Mídias e Educação Física
08
12
Milton Vieira do Prado Junior
Doutor RDIDP Atividades Aquáticas Voleibol
08
08
Paula Favaro Polastri Zago
Doutora RDIDP Crescimento e Desenvolvimento Humano
08
Sérgio Tosi Rodrigues
Livre-docente RDIDP Aprendizagem Motora Karatê
08
08
Willer Soares Maffei
Doutor RDIDP Teoria da Educação Física Educação Física Escolar III
04
12
76
Departamento de Educação Física
Capoeira Optativas Trabalho de Conclusão de Curso I e II
08
16
12
Departamento de Ciências Biológicas
Anatomia Humana Geral Anatomia do Sistema Locomotor
08
08
Departamento de Educação
Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais Lazer e Educação Psicologia da Educação História da Educação Sociologia da Educação Filosofia da Educação Didática e Educação Física Estrutura e Política da Educação Básica Estágio Supervisionado: em Educação Física na Educação Infantil e no 1o ao 5o anos do Ensino Fundamental Estágio Supervisionado em Educação Física do 6o ao 9o anos do Ensino Fundamental Estágio Supervisionado em Educação Física no Ensino Médio
08
08
04
04
04
04
08
04
18
18
18
Departamento de Psicologia
Psicologia e Educação Física
04
Departamento de Ciências Humanas
Filosofia e Educação Física Sociologia e Educação Física Antropologia Cultural e Educação física
04
04
04
77
Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa
04
Departamento de Engenharia de Produção
Noções Básicas de Estatística
04
Obs. Está computado a soma da carga para os períodos Integral e Noturno.
VIII – CARGA HORÁRIA DOCENTE E DEMANDA DE CONTRATAÇÃO
Na Tabela 5 está apresentada a carga horária anual de disciplinas dos docentes
do Departamento de Educação Física nos cursos de Bacharelado e Licenciatura em
Educação Física, nos cursos de pós-graduação, bem como a demanda de carga
horária sobre o Departamento de Educação Física sem docente responsável,
demonstrando uma carga horária média de 19,1 horas anuais de aulas na graduação,
visto que tem havido um rodízio entre os docentes para se ministrar as disciplinas
Optativas I e II dos cursos de licenciatura e bacharelado. Levando em consideração as
disciplinas ministradas na pós-graduação, esta carga horária média sobe para 23,7
horas anuais.
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Tabela 5: Carga horária anual dos docentes do Departamento de Educação Física.
Docente Carga Horária Anual
TC Lic. Bac. Estágio* Total
Graduação Pós Total
Alessandro M. Zagatto - - 16 04 20 06 26
Anderson S. Zago 16 - - - 16 06 22
Andresa Ugaya 16 - - - 16 - 16
Carlos E. L. Verardi 12 - - - 12 06 18
Cassiano M. Neiva 04 - 12 - 16 06 22
Dagmar A. C. F. Hunger 16 - - - 16 12 28
Dalton M. Pêssoa Filho 08 - 08 02 18 04 22
Denise A. Corrêa 12 12 - - 24 - 24
Emmanuel G. Ciolac 12 - - - 12 06 18
Fábio A. Barbieri 08 - 08 - 16 06 22
Henrique L. Monteiro 04 - 08 02 14 06 20
José R. Bosqueiro 12 - 04 02 18 04 22
Júlio W. Santos 08 - 04 - 12 06 18
Lilian A. Ferreira 08 12 - - 20 08 28
Márcio P. Silva 08 - 08 03 19 - 19
Marli Nabeiro - 08 04 02 14 - 14
Mauro Betti - 20 - - 20 04 24
Milton V. Prado Júnior 16 - - - 16 - 16
Paula F. P. Zago 08 - 08 - 16 04 20
Rubens Venditti Júnior - - 08 04 12 09 21
Sandra L. A. Cardoso - - 12 05 17 06 23
Sérgio T. Rodrigues 16 - - - 16 06 22
Willer S. Maffei 04 - 12 - 16 - 16
Departamento de EDUCAÇÃO FÍSICA
08 28 28 - 64 - 64
Carga horária anual média por docente
19.1 23,7
*Os Estágios Supervisionados foram computados na fração de 50% na carga horária do docente.
Devido às adequações no currículo do curso de Licenciatura, ocorridas em
atendimento às alterações de legislação recentes (Deliberação CEE n. 111/2012,
Deliberação CEE n. 126/2014 e Deliberação CEE n. 132/2015), houve a criação de
disciplinas ("Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais" e "Tecnologias da
Informação e Comunicação, Mídias e Educação Física"), bem como o aumento de
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carga horária de algumas disciplinas já existentes ("Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer",
"Educação Física Escolar I", "Educação Física Escolar II" e "Educação Física Escolar
III"). Com isso, os docentes atuantes (ou com perfil de atuação) no Curso de
Licenciatura apresentam uma carga horária média de 21,1 horas anuais de aulas na
graduação, a qual sobe 24,8 horas anuais quando levado em consideração as
disciplinas ministradas pós-graduação (Tabela 6). Com isso, evidencia-se a
necessidade de se contratar ao menos 2 (dois) docentes em regime de RDIDP para
atender às demandas do Curso de Licenciatura, em virtude das adequações ocorridas
em atendimento às alterações de legislação acima mencionadas.
Tabela 6: Carga horária anual dos docentes do Departamento de Educação Física
atuantes ou com perfil de atuação no Curso de Licenciatura.
Docente Carga Horária Anual
TC Lic. Bac. Estágio* Total
Graduação Pós Total
Andresa Ugaya 16 - - - 16 - 16
Dagmar A. C. F. Hunger 16 - - - 16 12 28
Denise A. Corrêa 12 12 - - 24 - 24
Lilian A. Ferreira 08 12 - - 20 08 28
Marli Nabeiro - 08 04 02 14 - 14
Mauro Betti - 20 - - 20 04 24
Milton V. Prado Júnior 16 - - - 16 - 16
Rubens Venditti Júnior - - 08 04 12 09 21
Willer S. Maffei 04 - 12 - 16 - 16
Departamento de EDUCAÇÃO FÍSICA
08 28 - 36 - 36
Carga horária anual média por docente
21,1 24,8
*Os Estágios Supervisionados foram computados na fração de 50% na carga horária do docente.
Há ainda 2 (dois) docentes atuantes no Curso de Licenciatura irão se aposentar
nos próximos 12 meses, sendo um (Mauro Betti) em dezembro de 2016 e outro (Marli
Nabeiro) em julho de 2017. Dada a impossibilidade de outros docentes ministrarem as
disciplinas sob a responsabilidades dos docentes que se aposentarão, seja pela
sobrecarga de carga horária, bem como devido a especificidade dos conteúdos das
disciplinas em questão, a necessidade de contratação de docentes em RDIP fica maior
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e ainda mais evidente. Ressalta-se ainda que uma das disciplinas sob responsabilidade
do docente Mauro Betti foi criada para atender às recentes alterações de legislação
(Tecnologias da Informação e Comunicação, Mídias e Educação Física), enquanto que
uma das disciplinas sob responsabilidade da docente Marli Nabeiro (Educação Física
para Pessoas com Deficiência), embora já presente na grade curricular anterior,
também atende às recentes alterações de legislação. Com isso, fica evidente a
necessidade de se contratar 4 (quatro) docentes em regime de RDIDP para atender às
alterações curriculares do Curso de Licenciatura presentes neste projeto político-
pedagógico, levando-se em consideração as 2 (duas) aposentadorias citadas.
Os docentes de outros Departamentos de Ensino que atenderão à nova
proposta de Projeto Político Pedagógico da Educação Física, estão apresentados na
Tabela 7.
Tabela 7: Docentes de outros Departamentos de Ensino que atuam nos cursos de
Licenciatura e Bacharelado em educação Física.
NOME (DEPARTAMENTO)
TITULAÇÃO REGIME DE TRABALHO
DISCIPLINA(S)* CARGA
HORÁRIA
Carlos Alberto Vicentini (BIO) Sergio Pereira (BIO)
Livre-docente
Doutor
RDIDP
RDIDP
Anatomia Humana Geral (TC) Anatomia do Sistema Locomotor (TC)
08
08
Departamento de Ciências Humanas Caroline Kraus Luvizotto (CHU) Larissa Maués Pelúcio Silva (CHU) Departamento de Ciências Humanas
Doutora
Doutora
RDIDP
RDIDP
RDIDP
RDIDP
Filosofia e Educação Física (TC) Sociologia e Educação Física (TC) Antropologia Cultural e Educação Física (TC) Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa (TC)
04
04
04
04
Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação
Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais Psicologia da Educação (L) História da Educação (L)
08
04
04
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Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação Luciene Ferreira da Silva (EDU) Fernanda Rossi (EDU) Luciene Ferreira da Silva (EDU) Fernanda Rossi (EDU)
Doutora
Doutora
Doutora
Doutora
RDIDP
RDIDP
RDIDP
RDIDP
Sociologia da Educação (L) Filosofia da Educação (L) Didática e Educação Física (L) Estrutura e Política da Educação Básica (L) Lazer e Educação (L) Estágio Supervisionado em Educação Física Infantil e no 1o ao 5o anos do Ensino Fundamental (L) Estágio Supervisionado em Educação Física do 6o ao 9o anos do Ensino Fundamental (L) Estágio Supervisionado em Educação Física no Ensino Médio (L)
04
04
08
04
08
18
18
18
Departamento de Engenharia de Produção
Doutor RDIDP Noções Básicas de Estatística (TC)
04
Departamento de Psicologia
Doutor RDIDP Psicologia e Educação Física (TC)
04
BIO: Departamento de Ciências Biológicas; EDU: Departamento de Educação; TC: disciplinas do tronco comum às modalidades; L: disciplinas específica da Licenciatura; B: disciplinas específicas do Bacharelado.
IX – DEMANDA DE INFRAESTRUTURA
O processo de aprovação dos novos cursos (integral e noturno) de Bacharelado
em Educação Física em adição aos de Licenciatura já existentes (chamados de BAC-
LIC) da Faculdade de Ciências, que tramitou nos colegiados no ano de 2010, foi
aprovado no Conselho Universitário em 28/04/2011, tendo seu início em março de
2012 (currículos 2608 e 2609). No Projeto Político Pedagógico do curso em questão foi
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aprovada a necessidade de infraestrutura no valor total de R$ 900.000,00 (novecentos
mil reais - valores não corrigidos) para a construção de quatro salas de aula,
construção da sala de artes marciais, ampliação da sala de musculação e reforma da
pista de atletismo. No ano de 2013, o ofício circular 06/2013 da PROGRAD, assinado
pelo Prof. Dr. Laurence Duarte Colvara - Pró-Reitor de Graduação, indicava a liberação
da verbas para as obras do BAC-LIC.
Os primeiros passos do processo chegaram a ser realizados, havendo a
realização de sondagem do terreno da Praça de Esportes (conforme fotos presentes no
documento do ANEXO 2) para tal finalidade. No entanto, surpreendentemente, as
obras não ocorreram e as informações e explicicações ao Departamento de Educação
Física sobre a interrupção desse processo nunca foram claras e suficientes.
Uma lista de anexos (vide ANEXO 2) qualifica e detalha o histórico de
comunicação sobre as referidas necessidades de infraestrutura, conforme segue:
- Ata da 205a Sessão Ordinária do Conselho Universitário da Universidade
Estadual Paulista, realizada no dia 28/04/2011 (página 6, linhas 9-19;
Aprovação da Reestruturação do Curso de Licenciatura em Educação
Física, com a Criação da Modalidade Bacharelado);
- Documentos analisados e aprovados na 205a Sessão Ordinária do
Conselho Universitário da Universidade Estadual Paulista, realizada no
dia 28/04/2011: Informação no 11/2011-PROGRAD; Parecer no 41/2011-
CCG/SG; Despacho no 25/2011-CCG/SG; Despacho no 35/2011
CEPE/SG; Ofício no 24/2011-APE; Parecer no 110/2011-CCD;
- Ofício no 080/2011-D.FC sobre a Necessidade de infraestrutura com
criação do curso de Bacharelado em Educação Física, encaminhado
pelo Diretor da FC Prof. Dr. Olavo Speranza de Arruda ao MD. Vice-
Reitor da UNESP no exercício da Reitoria Prof. Dr. Julio Cezar Durigan,
datado de 01/07/2011, contendo ofício no 042/2011-D.EF do Chefe do
DEpartamento de Educação Física Prof. Dr. Milton Vieira do Prado
Júnior, datado de 16/06/2011;
- Ofício Circular no 152/2011-D.FC sobre reiteração de solicitação
encaminhada através do Ofício 080/2011-D.FC, encaminhado pelo
Diretor da FC Prof. Dr. Olavo Speranza de Arruda ao Assessor Chefe da
APLO-UNESP/Reitoria Prof. Dr. Roberval Daiton Vieira, datado de
15/12/2013;
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- Ofício no 06/2013-PROGRAD sobre liberação de verbas, encaminhada
pelo Prof. Dr. Laurence Duarte Colvara- Pró-Reitor de Graduação,
datado de 22/02/2013;
- Ofício no 023/2013-D.FC sobre Atendimento ao Ofício Circular 06/2013-
PROGRAD, encaminhado pelo Diretor da FC Prof. Dr. Olavo Speranza
de Arruda ao MD. Pró-Reitor de Graduação da UNESP Prof. Dr.
Laurence Duarte Colvara, datado de 20/03/2013, contendo Ofício no
031/2013-D.EF do Chefe do Departamento de Educação Física Prof. Dr.
Milton Vieira do Prado Júnior, datado de 20/03/2013, no qual há
descrição das obras aprovadas a serem realizadas, no valor total de R$
900.000,00 (novecentos mil reais);
- Ofício no 013/2014-D.FC sobre Construção do Prédio para Salas de Aula
do Departamento de Educação Física, encaminhado pela Diretora da FC
Profa. Dra. Dagmar Aparecida Cynthia França Hunger a MD. Vice-
Reitora da UNESP Profa. Dra. Marilza Vieira Cunha Rudge, datado de
05/02/2014, contendo ofício no 009/2014-D.EF do Chefe do
Departamento de Educação Física Prof. Dr. Julio Wilson dos Santos,
datado de 04/02/2014.
Em suma, a documentação resgata acima, e apresentada de maneira detalhada
no ANEXO 2, mostra com clareza que a construção de prédio com quatro salas de aula
(a primeira prioridade entre as obras planejadas), bem como da construção da sala de
artes marciais, ampliação da sala de musculação e reforma da pista de atletismo, foi
prevista como necessária à implantação do Bacharelado em Educação Física em
adição aos de Licenciatura já existentes (BAC-LIC currículos 2608 e 2609), teve seu
mérito avaliado pela PROGRAD, foi aprovada pelo Conselho Universitário, teve
recursos previstos em orçamento da Universidade e, de modo inexplicável, não
ocorreu. Uma
vez que, após esses cinco anos de espera, a necessidade pelas referidas construções
aumentaram ainda mais devido ao aumento no número de turmas (cursos em
andamento desde 2012), ao impacto negativo da infraestrutura atual na formação do
aluno de graduação, conforme observado pelos relatórios das Comissões Externas de
Avaliação (vide ANEXO 2), bem como à falta de segurança para os alunos dos Cursos
de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física (vide ANEXO 2). Sendo assim,
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reiteramos a necessidade da referida infraestrutura para implantação do presente
Projeto Político Pedagógico.
X – REINGRESSO
Conforme a Resolução UNESP nº 27 de 04 de maio de 1995, fica estabelecido o
reingresso para que os alunos integralizem ambas as modalidades (Licenciatura e
Bacharelado), a partir de seu ingresso inicial via vestibular. Para tanto, os alunos de
deverão observar as seguintes disposições:
a) os alunos serão selecionados e cursarão a outra modalidade,
conforme as normas fixadas pelo Conselho de Curso, aprovadas pela
Congregação da Faculdade de Ciências e homologadas pelo CEPE;
b) os alunos deverão obter o grau oferecido pela outra modalidade,
observando o prazo máximo para a integralização prevista no
currículo inicial de sua entrada;
c) serão disponibilizadas até vinte (20) vagas em cada modalidade para
o reingresso do aluno que já tenha concluído uma das modalidades,
tendo como limite o número de 40 vagas em cada modalidade, após o
núcleo comum do curso, sem a necessidade de duplicação de
salas/turmas por modalidade, em cada período de oferecimento.