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CONSELHO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO Curso de Graduação: Licenciatura e Bacharelado em Educação Física Readequação Curricular: Licenciatura em Educação Física Outubro 2015

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CONSELHO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Curso de Graduação: Licenciatura e Bacharelado em Educação Física

Readequação Curricular: Licenciatura em Educação Física

Outubro

2015

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SUMÁRIO

I - INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1

1.1 - A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CAMPO ACADÊMICO E PROFISSIONAL .................................................... 1

1.2 - A TRADIÇÃO DE INTERVENÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ....................................................................... 5

II - CONCEITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................... 6

2.1 - MOTRICIDADE HUMANA .................................................................................................................. 7

2.2 - QUALIDADE E VALOR ...................................................................................................................... 9

III - AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA OS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ................. 11

3.1 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS........................................................................ 15

3.2 – REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO............................................................................................... 17

IV - PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROJETO PEDAGÓGICO DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA ................................................................................................................................................... 18

V - OBJETIVO GERAL DAS MODALIDADES DA GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA .......... 20

VI – PERÍODOS DE OFERECIMENTOS E TOTAL DE VAGAS POR MODALIDADE ..................... 20

VII – CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA ......................................................... 25

7.1 - A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ..................................................................................................... 25

7.2 - A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ................................................................. 28

7.3- OBJETIVOS ................................................................................................................................... 36

7.4 - EIXOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR .................................................................. 36

7.4.1 - Desenvolvimento de Competências ................................................................................... 36

7.4.2 - Concepção de Conteúdo .................................................................................................... 37

7.4.3 - Concepção de Aprendizagem ............................................................................................. 38

7.4.4 - Simetria Invertida ................................................................................................................ 39

7.4.5 - Conhecimento das Competências a Serem Desenvolvidas nos Alunos das Diferentes

Etapas e Modalidades da Educação Básica .................................................................................. 40

7.4.6 - A Prática como Eixo Central ............................................................................................... 40

7.4.7 - Pesquisa e Atitude Investigativa ......................................................................................... 41

7.4.8 - Concepção de Avaliação .................................................................................................... 42

7.5 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS ....................................................................... 44

7.5.1 - Competências Referentes ao Comprometimento com os Valores Inspiradores da

Sociedade Democrática ................................................................................................................. 44

7.5.2 - Competências Referentes à Compreensão do Papel Social da Escola ............................. 44

7.5.3 - Competências Referentes ao Domínio dos Conteúdos Básicos e Específicos da

Educação Física como Área de Conhecimento ............................................................................. 45

7.5.4 - Competências Referentes ao Domínio do Conhecimento Didático-Pedagógico ............ 45

7.5.5 - Competências Referentes ao Conhecimento de Processos de Investigação ................ 46

7.5.6 - Competências Referentes ao Gerenciamento do Próprio Desenvolvimento Profissional

46

7.6 – ORGANIZAÇÃO CURRICULAR ........................................................................................................ 47

7.6.1 - Dimensões do Conhecimento ............................................................................................. 47

7.6.2 - Organização Temática ........................................................................................................ 48

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7.6.3 – Outras Atividades de Formação ........................................................................................ 60

7.6.3.1 - Atividades Optativas .................................................................................................... 60

7.6.3.2 - Atividade Obrigatória .................................................................................................... 63

7.6.4 – A Dimensão da Prática ...................................................................................................... 63

7.6.5 – Matriz Curricular ................................................................................................................. 66

IX – DEMANDA DE INFRAESTRUTURA ............................................................................................. 81

X – REINGRESSO ................................................................................................................................ 84

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I - INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, houve mudanças importantes na área acadêmico-

profissional da Educação Física: desenvolvimento do conhecimento teórico-científico

e prático, reconhecimento social do valor das atividades físicas como meio de

educação, saúde e lazer, a ampliação do mercado de trabalho, e, por fim, o

reconhecimento legal da profissão. Identifica-se uma demanda profissional mais

especializada: além da atuação na educação básica, típica do Licenciado, há espaço

para profissionais com atuação mais específica na área de Saúde e Aptidão Física,

Esporte e Lazer e Rendimento Esportivo. As resoluções e pareceres do Conselho

Nacional de Educação que estabeleceram parâmetros para as Licenciaturas, bem

como as diretrizes curriculares para os cursos de graduação em Educação Física

fixam perfis profissionais diferenciados para o Licenciado e o Bacharel em Educação

Física. Por fim, resoluções do Conselho Federal de Educação Física, passaram a

exigir formação especializada do graduado (Licenciatura ou Bacharelado) para o

exercício profissional, na área escolar ou não escolar.

1.1 - A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CAMPO ACADÊMICO E PROFISSIONAL

As bases filosóficas do moderno conceito de Educação Física foram

lançadas, no mundo ocidental, entre os séculos XVII e XIX, por pensadores como F.

Bacon, J. Locke e J.J. Rousseau, os quais abordaram a importância dos cuidados

com o corpo e dos exercícios físicos na formação dos indivíduos, no contexto do

surgimento e consolidação da sociedade burguesa.

No século XIX, filósofos ocupados com questões da educação das crianças e

jovens, e sob influência das idéias racionalistas e liberalistas do Iluminismo, do

conceito pedagógico de natureza de Rousseau e dos avanços da Medicina, referem-

se à necessidade da “educação física”, que deveria se justapor e relacionar à

educação moral, à educação intelectual etc.; sob essas idéias, escolas pioneiras

introduzem a ginástica em seu currículos.

No século XIX, obras que propõem a sistematização científica (com base na

medicina e na biologia) e pedagógica da ginástica utilizam explicitamente a

expressão “educação física”. O termo “Educação Física” pode, então, ser referido à

sistematização científica ocorrida em torno dos exercícios físicos, jogos e esporte, e

o termo “ginástica” na obras do século XIX pode ser considerado sinônimo de

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Educação Física. Essa “teorização” da Educação Física foi realizada a partir de um

olhar pedagógico (seja médico-pedagógico ou moral pedagógico), quer dizer, as

práticas corporais (em especial a ginástica), eram construídas e vistas como

instrumentos para a educação para a saúde e para a educação moral.

No século XX, o período compreendido entre as décadas de 1960 e 1980

assinala uma ruptura nessa tradição pedagógica, com a ascensão do discurso

científico como referencial privilegiado para a Educação Física. Na Europa e na

América do Norte, colocou-se a questão do estatuto científico da Educação Física,

se ela seria ou não uma disciplina acadêmica ou científica, qual seria seu objeto de

estudo etc., gerando as oposições e tensões que, daí em diante, iriam percorrer o

entendimento que a área busca construir de si própria.

Nos EUA, F. Henry1 propõe a Educação Física como “disciplina acadêmica”,

entendida como um corpo organizado de conhecimentos incluído num curso formal

de aprendizagem, diferenciada das disciplinas que tradicionalmente lhe dão suporte

(fisiologia, psicologia, antropologia, sociologia etc.), e em oposição ao caráter de

aplicação profissional (em especial no campo educacional) que lhe era tradicional.

Tal conhecimento seria organizado em torno da compreensão da função do corpo

humano praticando exercício.

Na Alemanha, ao final dos anos 1960, sob influência da importância social e

política do esporte, o conceito de pedagogia esportiva (Sportpädagogik) opõe-se e

põe fim ao conceito de teoria da Educação Física (Leibeserziehung) orientada nas

teorias da educação, iniciando o processo de “cientifização” da Educação Física.

Sob influência de precursores franceses, como J. Le Boulch e P. Parlebas,

Sérgio2 buscou fundamentar epistemologicamente uma “Ciência da Motricidade

Humana” ou “Cineantropologia”, entendida como uma ciência da compreensão e da

explicação das condutas motoras, que estuda as constantes tendências da

motricidade humana, tendo em vista o desenvolvimento global do indivíduo e da

sociedade, e como fundamento simultâneo o físico, o biológico e o

antropossociológico. O termo “educação motora” aparece como substituto de

“Educação Física”, e é proposto como ramo pedagógico daquela Ciência da

1 HENRY, F. M. Physical education: an academic discipline. Journal of Health, Physical Education and

Recreation, v. 35, p. 32-38, 1964.

2 SÉRGIO, M. Uma nova ciência do homem - a quinantropologia. Desportos, n. 7 (separata). Direção

Geral dos Desportos, Lisboa, 1983; SÉRGIO, M. Para uma epistemologia da motricidade humana:

prolegômenos a uma ciência do homem. Lisboa: Compendium, 1987.

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Motricidade Humana, que busca o desenvolvimento das faculdades motoras

imanentes no indivíduo.

São comuns a essas proposições a ideia da interdisciplinaridade, que supõe a

superação de um modelo muldisciplinar das ciências em direção à interação ou

sínteses entre diversas ciências, tendo em vista o interesse por um objeto,

diferentemente definido em cada uma daquelas proposições.

Tal tendência repercute intensamente no Brasil desde meados da década de

1980. Na esteira do “movimento disciplinar” norte-americano, Tani3, por exemplo,

propõe a “Cinesiologia”, como uma área do conhecimento que objetiva investigar de

forma abrangente e profunda o fenômeno movimento humano, mais especificamente

o estudo de movimentos genéricos (postura, locomoção, manipulação) e específicos

do esporte, exercício, ginástica, jogo e dança, contemplando as sub-áreas

biodinâmica do movimento humano, comportamento motor e estudos socioculturais

do movimento humano. A Educação Física é definida como área de pesquisa(s)

eminentemente aplicada(s), que, fundamentada nos conhecimentos “básicos”

oriundos da Cinesiologia, possui preocupação pedagógica e profissionalizante,

produzindo conhecimentos que serviriam de base para a elaboração e

desenvolvimento de programas de Educação Física em nível formal (escolar) e não

formal. Nessa proposição, como em outras, a Educação Física aparece em posição

adjacente ou dependente, como ramo pedagógico ou aplicado da uma ciência

“básica”.

Já outros restringem a Educação Física ao ambiente escolar. Bracht4, por

exemplo, distingue a Educação Física em sentido restrito, que abrange as atividades

pedagógicas, tendo como tema o movimento corporal e que toma lugar na instituição

educacional; e em sentido amplo, que designaria todas as manifestações ligadas a

ludomotricidade humana, mas que seriam melhor abarcadas por termos como

cultura corporal ou cultura de movimento. Em Soares et alii5, a Educação Física é

definida como uma disciplina escolar que trata pedagogicamente do conhecimento

de uma área denominada “cultura corporal”, configurada com temas e formas de

atividades (jogo, esporte, ginástica, danças, lutas etc.) que constituem seu conteúdo.

3 TANI, G. Perspectivas da educação física como disciplina acadêmica. In: SIMPÓSIO PAULISTA DE

EDUCAÇÃO FÍSICA, 2, Rio Claro. Anais... Rio Claro: Universidade Estadual Paulista, 1989. p. 2-12; TANI, G.

Cinesiologia, educação física e esporte; ordem emanente do caos na estrutura acadêmica. Motus Corporis, v.3,

n.2, p. 9-50, 1996. 4 BRACHT, V. Educação física & ciência: cenas de um casamento (in)feliz. Ijuí: Editora Unijuí, 1999.

5 SOARES, C. L. et al. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez, 1994.

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Em uma tentativa de superar os dualismos, a “Teoria da Educação Física” é

concebida por Betti6 como um campo dinâmico de pesquisa e reflexão, que

sistematiza e critica conhecimentos científicos e filosóficos, recebe e envia

demandas à prática pedagógica e às ciências/filosofias, a partir de problemáticas

que emergem da prática, e que questionam as ciências e a filosofia. O princípio

integrador nesse processo não seria um “objeto científico” (movimento humano,

motricidade humana etc.), porque cada ciência recorta seu objeto sob diferentes

óticas, mas seriam as problemáticas que se articulam desde a prática social

envolvida no jogo, esporte, dança, ginásticas etc., e que são axiologicamente

condicionadas, quer dizer, são os valores eleitos pelo pesquisador que o fazem (ou

não), delimitar uma problemática que possa ser abordada pelas teorias/métodos de

uma dada ciência ou pela filosofia.

A “prática” passa então a configurar-se como possibilidade de mediação entre

a “matriz científica” e a “matriz pedagógica” que se apresentam no debate sobre a

identidade epistemológica da Educação Física, entre a “teoria” e a “prática”, entre o

“fazer corporal” e o “saber sobre esse fazer”.

Bracht7 realizou significativo avanço nesse debate, ao perceber a Educação

Física como campo acadêmico que teoriza a prática pedagógica e que tematiza as

manifestações da cultura corporal de movimento. O objeto da Educação Física é o

saber específico de que trata essa prática, e a definição desse objeto/saber

específico define o tipo de conhecimento buscado para sua fundamentação, e este

por sua vez determina a função atribuída à Educação Física. Haveria três

entendimentos desse saber próprio da Educação Física:

(i) atividades físicas ou atividades físico-esportivas e recreativas – a função da

Educação Física é o desenvolvimento da aptidão física, e as referências teórico-

conceituais provém das ciências biológicas;

(ii) movimento humano, movimento corporal, motricidade humana ou

movimento humano consciente – o objetivo da Educação Física é o desenvolvimento

integral do educando; o referencial provém da aprendizagem motora e

desenvolvimento motor, e, em certo sentido, da antropologia filosófica;

(iii) cultura corporal, cultura de movimento ou cultura corporal de movimento –

movimentar-se é forma de comunicação com o mundo, constituinte e construtora de

6 BETTI, M. Por uma teoria da prática. Motus Corporis, v.3, n.2, p. 73-127, 1996.

7 BRACHT, op. cit.

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cultura, mas também possibilitada por ela; é linguagem, que enquanto cultura habita

o mundo do simbólico.

1.2 - A TRADIÇÃO DE INTERVENÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

É Lovisolo8 quem propõe o resgate da importância da tradição, que para a

Educação Física lhe parece ser a formulação de propostas ou programas de

intervenção no plano das atividades corporais que possibilitam a realização de

valores sociais. A Educação Física não é uma disciplina ou ciência como a

matemática ou a química, embora estas e outras disciplinas contribuam no processo

de formação dos profissionais da Educação Física. Isso não diminuiria sua

importância e significado, pois a sociedade moderna, complexa e plural, não poderia

funcionar sem os especialistas da intervenção. Em sua prática, os educadores

físicos deveriam produzir um "arranjo” das disciplinas num programa de atividade

corporal, combinando conhecimentos, técnicas e saberes para alcançar objetivos

sociais que se expressam em programas ligados ao treinamento, lazer, educação,

etc.

Segundo Lovisolo, a intervenção pode basear-se nos conhecimentos

científicos das disciplinas que a auxiliam, mas nem a definição dos valores

orientadores da intervenção nem a seleção das disciplinas ou conhecimentos

auxiliadores seriam decisões científicas. Como a Educação Física busca realizar

objetivos sociais, e não produzir conhecimentos, a principal discussão na Educação

Física diz respeito aos objetivos sociais que ela deve promover, e "não podemos

cientificamente decidir se a educação física deve perseguir o objetivo da

emancipação política ou o da saúde ou o da estética do corpo" 9.

A racionalidade e a cientificidade foram os critérios que legitimaram

socialmente áreas profissionais como a medicina, a engenharia e a economia. Tal

pretensão colocou-se também à Educação Física. Contudo, os seus limites situar-

se-iam na relação não racional e nem calculável entre meios e objetivos, e não na a-

cientificidade ou a-racionalidade dos objetivos. Embora os objetivos, no

entendimento de Lovisolo sejam valores socialmente compartilhados, os valores

também permeiam os meios na ação educacional, e relação meios-objetivos

apresenta-se como racional, quando, na realidade, é uma relação segundo valores.

8 LOVISOLO, H. Educação física: a arte da mediação. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.

9 LOVISOLO, op.cit., p. 25.

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Por isso, para ele, as discussões sobre o objeto de estudo da Educação

Física têm-se destinado apenas à obtenção da legitimidade acadêmica, enquanto as

discussões sobre os valores e objetivos "destinam-se à obtenção da legitimidade

social, da possibilidade de intervenção e de suas modalidades"10.

Enfim, Lovisolo propõe uma “arte da mediação” à Educação Física; mediação

entre diferentes demandas, entre objetivos e meios, entre intenções e efeitos, entre

conhecimentos, técnicas e saberes. Portanto, nessa perspectiva, a Educação Física

é uma área de intervenção, que se propõe a realizar valores nos campos da

educação, esporte, saúde e lazer, e o debate central na área deveria ocorrer em

torno da articulação entre objetivos, meios e valores.

II - CONCEITOS FUNDAMENTAIS

A Educação Física, então, pode ser entendida simultaneamente como área de

conhecimento, profissão e disciplina escolar na educação básica. Como área de

conhecimento, produz conhecimentos de natureza científica e filosófica em torno de

seu objeto de estudo, diferentemente definido por diversos teóricos: movimento

humano, motricidade humana, exercício, cultura corporal ou de movimento etc. Na

qualidade de profissão, possui o caráter de intervenção, elaborando, executando e

avaliando programas de atividades físicas e esportivas para diversos grupos,

atendendo demandas sociais que se avolumaram no Brasil desde a década de

1980, diversificando o campo de intervenção profissional da Educação Física nas

dimensões da educação, saúde e lazer e rendimento esportivo. Por fim, em sua

vinculação fortemente estabelecida com a instituição escolar desde as primeiras

décadas do século XX no Brasil, a Educação Física é um componente curricular

formalmente integrado ao ensino fundamental e médio, alcançando também a

educação infantil; enquanto tal, busca contribuir, por seus meios e conteúdos

específicos, com a formação e o desenvolvimento dos alunos.

O desafio maior que se coloca hoje é como articular esses diferentes

entendimentos, superando dualismos e divisões que opõem a teoria à prática, os

valores educacionais àqueles ligados a saúde/aptidão física, que distanciam a teoria

10

Ibid., p. 143

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da prática, a educação básica da universidade, a formação profissional do mercado

de trabalho e os profissionais dos pesquisadores.

Propomos articular a formação profissional a partir dos conceitos de cultura

corporal de movimento e motricidade humana, entendendo a Educação Física como

área de conhecimento e intervenção profissional-pedagógica, que lida com a cultura

corporal de movimento, objetivando a melhoria qualitativa das diferentes

manifestações daquela cultura, mediante referenciais científicos, filosóficos e

estéticos11. Tal entendimento busca a ampliação da concepção de Educação Física

como prática pedagógica, não a percebendo como restrita à Escola. O conceito de

qualidade aqui referido é compreendido como valorativo, quer dizer, exige a opção

por valores, entendidos estes como possibilidades de escolha.

Por cultura corporal de movimento entende-se aquela parcela da cultura geral

que abrange as formas culturais que se vêm historicamente construindo, nos planos

material e simbólico, mediante a exercitação (em geral, intencionada e sistemática)

da motricidade humana: jogo, esporte, ginásticas, práticas de aptidão física,

atividades rítmicas/expressivas, dança e lutas/artes marciais12. A motricidade

humana é entendida, a partir de Sérgio13, como capacidade de movimento do ser

humano para a transcendência14, e como agente e criadora de cultura.

Para melhor compreensão deste “ponto de partida”, faz-se necessário

aprofundar os conceitos de motricidade humana, qualidade e valor.

2.1 - MOTRICIDADE HUMANA

A motricidade humana, para Sérgio15 supõe que: (i) o ser humano é um ser

não-especializado e carente, aberto ao mundo, aos outros e à transcendência; (ii) o

ser humano é um ser práxico, que procura encontrar (e produzir) o que lhe permite a

unidade e a realização; (iii) como ser práxico, é agente e criador de cultura, “projeto

originário de todo sentido”16. Por isso a motricidade humana constitui processo

adaptativo de um ser não-especializado, cujo ritmo evolutivo é lento; constitui

processo evolutivo de um ser com predisposição à interioridade e à cultura, que

11

BETTI, M.. Educação física escolar: do idealismo à pesquisa-ação. 2002. 336 f. Tese (Livre-Docência

em Métodos e Técnicas de Pesquisa em Educação Física e Motricidade Humana) - Faculdade de Ciências,

Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2003 12

Idem. 13

SÉRGIO, M. Para uma epistemologia da motricidade humana: prolegômenos a uma ciência do

homem. Lisboa: Compendium, 1987. 14

“Transcendência” é aqui entendida como “ir além de”, como “ultrapassar”, “superar”. 15

SÉRGIO, M. idem 16

Ibid., p. 109.

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integra, progressivamente, padrões de comportamento necessários à criação e

manutenção de um meio artificial necessário à sua sobrevivência e

desenvolvimento; e constitui processo criativo de um ser, “em que as práxis lúdicas,

agonísticas, simbólicas e produtivas traduzem a vontade e as condições de o

Homem se realizar como sujeito, ou seja, como autor responsável dos seus actos”17.

A necessidade de encontrar soluções sempre novas, diante das infindas

contradições da vida, torna a motricidade de uma riqueza imprevisível e opulenta. Ao

passo que o animal, envolvido com necessidades predominantemente fisiológicas,

realiza-se plenamente com sua satisfação, o ser humano, ser práxico, ruma sempre

em direção à transcendência, infinitos possíveis apresentam-se a ele, mesmo que

estejam satisfeitas suas necessidades. Transcendência é “ascenção do Homem ao

mais humano”, e a motricidade “garante o dinamismo revelador e comunicativo da

procura e conquista de mais ser; o Homem é “um apelo à transcendência,

transcendência que nunca tem e sempre almeja; daí o seu sentimento de carência,

daí o radical fundante da motricidade”18.

A carência de especialização motora do ser humano exige a cultura como

exercício criador e de aprendizagem porque, “sem órgãos superespecializados, o

homem precisa, inelutavelmente, da chamada educação física e dá à sua

motricidade, mais do que um meio de luta pela vida, mais do que um esforço de

adaptação da Natureza às suas necessidades imediatas, a expressão dos anseios

do homem ao mais ser”19. Como ser de cultura, a motricidade do homem -

movimento jamais acabado e sempre a recomeçar, porque nela há mais do que

movimento - visa o desenvolvimento não só do indivíduo, mas da espécie humana,

já que a motricidade acentua a vida de relação.

Por isso, então, a motricidade é definida como “processo adaptativo, evolutivo

e criativo de um ser práxico, carente dos outros, do mundo e da transcendência”20.

Daí o homem ser predisposto a uma abundância incalculável de condutas

motoras e conduta motora é “o comportamento motor enquanto portador de

significação, de intencionalidade, de consciência clara e expressa e onde há vida,

vivência e convivência”21. Uma conduta motora é uma significação vivida e, portanto,

única, irrepetível, intransferível, que se expressa pela linguagem corporal ou motora,

17

Ibid., p. 110. 18

SÉRGIO, op. cit., p. 155. 19

Ibid., p. 143. 20

Ibid., p.156 21

Ibid, p.154.

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que é a “matéria prima” da motricidade. Toda linguagem é expressão e

comunicação, porém a linguagem corporal “remonta às verdades primigênias e

fundamentais do ser humano” – é neste sentido uma experiência original (no sentido

de “origem”), em dois sentidos: “como experiência radical das origens do ser e

experiência que inaugura realmente uma realidade nova”, porque “nenhum saber lhe

pré-existe”22. A linguagem corporal “é uma surpresa do ser, porque apresenta uma

densidade própria e se inicia por um ato de vontade criadora”23.

Já a cultura motora é entendida por Sérgio como “nível de humanização,

alcançado pela assimilação das condutas motoras, sistemáticas e livremente

adquiridas, através da instrução e da educação, e também pode entender-se como o

conjunto de comportamentos representativos de uma determinada sociedade ou

grupo natural”24.

Portanto, motricidade humana e cultura se imbricam; o ser humano, como ser

carente que é, exercita sua motricidade em busca da transcendência (por isso é um

ser práxico, que busca sempre superar sua condição, tornar-se mais ser, mais

humano), e nessa dinâmica torna-se agente e criador de cultura. A motricidade

manifesta-se em condutas motoras (que expressam significações e, portanto, são

linguagens: a linguagem corporal), que podem ser assimiladas pela cultura, em um

dado contexto sócio-histórico. A partir daí, pode-se falar na cultura corporal ou

cultura corporal de movimento de uma determinada sociedade ou grupo, em

determinado contexto histórico. Então, o esporte, as ginásticas, a dança etc.

constituem algumas das formas culturais assumidas pela motricidade no âmbito da

nossa cultura – manifestações estas que guardam uma relação histórica com a

cultura profissional e a tradição da Educação Física.

2.2 - QUALIDADE E VALOR

Muitas vezes, no âmbito da Educação Física, o termo “qualidade” tem sido

usado de modo restrito ao seu sentido comum de aspecto positivo de alguma coisa,

que a torna superior à média, enquanto que no seu sentido filosófico é um caráter

geral do objeto, nada nos diz a princípio sobre ele, sobre suas propriedades; ou,

então indica apenas as possibilidades do objeto. Portanto, "qualidade" pode

significar qualquer coisa, inclusive má qualidade, dependendo do ponto de vista. O

22

Ibid., p. 144. 23

Ibid., p. 144. 24

Ibid., p. 155.

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10

correto seria, então, falar em propriedades da Educação Física, propriedades do

esporte etc.

Para Abbagnano25 uma das determinações e distinções sobre a qualidade

refere-se ao aspecto disposicional, ou seja, compreende disposições, hábitos,

costumes, capacidades, faculdades, virtudes, tendências, ou qualquer outro nome

que se queira dar às determinações constituídas por possibilidades do objeto.

Essa determinação permite articular o conceito de “qualidade” com o de

“valor” – articulação fundamentada pelo fato de que as determinações disposicionais

são constituídas por possibilidades do objeto.

Também segundo Abbagnano, valor, em geral, designa o que deve ser,

objeto de preferência ou de escolha. O conceito filosófico contemporâneo de valor

indica que o valor pode ser definido como possibilidade de escolha, isto é, “como

uma disciplina inteligente das escolhas, que pode conduzir a eliminar algumas delas

ou a declará-las irracionais ou nocivas, e pode conduzir (e conduz) a privilegiar

outras”26. Daí decorre que existe uma multiplicidade de valores que continuamente

exigem escolhas por parte do homem, e historicamente haveria uma luta constante

entre diferentes valores oferecidos ao homem. Ou seja, quando se elegem as

propriedades ou determinações disposicionais (possibilidades do objeto) do que

estamos chamando “melhoria qualitativa” do esporte, das ginásticas etc., se está

fazendo uma opção por valores. E como há uma multiplicidade de valores no objeto

“esporte”, por exemplo, pode-se fazer escolhas diferentes - o que em última

instância implica em optar por entendimentos de homem, sociedade, educação.

Contudo, isso coloca um problema para a Educação Física, pois o que é

“melhorar qualitativamente” uma determinada prática profissional-pedagógica pode

ser diferentemente entendido por diferentes profissionais. Tal nos leva a considerar

a exigência de haver valores minimamente consensuais, compartilhados por todos

os profissionais. Se tal possibilidade é duvidosa, é imperativo que a Educação

Física, como profissão que realiza intervenções profissionais de natureza

pedagógica, demonstre a racionalidade das suas escolhas, explicite por que uma

escolha (ou seja, um valor) é melhor do que outra. Mesmo porque, conforme ensina

Abbagnano27, valor não é um mero ideal, mas é guia ou norma das escolhas e, em

todo caso, seu critério de juízo. Portanto coloca-se ainda a necessidade de

25

ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1982. 26

ABBAGNANO, op. cit., p. 993. 27

Idem.

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articulação entre meios e fins – se elejo um valor, devo propor os meios coerentes

para realizá-lo. Se digo que “esporte é saúde”, devo ser capaz de demonstrar

racionalmente que tal possibilidade existe (quer dizer, é uma determinação

disposicional do objeto “esporte”), e articular uma prática que concretize a realização

daquele valor28.

Quando consagrados inter-subjetivamente, em diferentes teorizações e

práticas pedagógicas, tais valores e correspondentes articulações entre meios e fins

concretizam-se em princípios (por exemplo, o princípio da inclusão, amplamente

aceito hoje na Educação Física Escolar; ou ainda o princípio da individualidade, na

prática do exercício físico, quando se fala em adequação da sobrecarga e da

intensidade).

Todo esse processo reflexivo deve se dar com o auxilio explícito de

referenciais científicos, filosóficos e estéticos. As ciências contribuem com a

dimensão factual (o que é), a filosofia com a dimensão normativa-axiológica (o que

deve ou pode ser), e a dimensão estética, conforme busca evitar o excessivo

comprometimento com uma postura racionalista, no sentido cognitivista, “que não

abre espaço para a ampliação do conceito de verdade”.29

III - AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA OS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

As novas referências legais emanadas do Conselho Nacional de Educação,

ao estabelecer Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em

Educação Física, espelham, ao menos em parte, o rico debate acadêmico que se

tem desenrolado na área. O Parecer CNE/CES Nº 58/2004 caracteriza a Educação

Física a partir de três dimensões interdependentes: (i) a dimensão da prática de

atividades físicas, recreativas e esportivas; (ii) a dimensão do estudo e da formação

acadêmico-profissional e (iii) a dimensão da intervenção acadêmico-profissional.

A dimensão da prática de atividades físicas, recreativas e esportivas refere-se

ao direito dos indivíduos conhecerem e terem acesso às manifestações e

expressões culturais que constituem a tradição da Educação Física, tematizadas nas

diferentes formas e modalidades de exercícios físicos, da ginástica, do jogo, do

28

Conforme demonstram inúmeros estudos: não há relação entre esporte de alto rendimento/espetáculo e

“boa saúde”. 29

BRACHT, op. cit., p. 53

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esporte, da luta/arte marcial, da dança. Na perspectiva da Educação Física, a prática

das manifestações e expressões culturais do movimento humano são orientadas

para a promoção, a prevenção, a proteção e a recuperação da saúde, para a

formação cultural, para a educação e reeducação motora, para o rendimento físico-

esportivo e para o lazer.

A dimensão do estudo e da formação acadêmico-profissional refere-se às

diferentes possibilidades de formação, em consonância com a legislação vigente,

que objetivem qualificar e habilitar os indivíduos interessados em intervir acadêmica

e profissionalmente na realidade social, por meio das manifestações e expressões

culturais do movimento humano, visando a formação, a ampliação e o

enriquecimento cultural das pessoas.

A dimensão da intervenção acadêmico-profissional refere-se ao exercício

político-social, ético-moral, técnico-profissional e científico da graduação em

Educação Física no sentido de diagnosticar os interesses e necessidades das

pessoas, de modo a planejar, prescrever, ensinar, orientar, assessorar,

supervisionar, controlar e avaliar a eficiência, a eficiência, a eficácia e os efeitos de

programas de exercícios e de atividades físicas, recreativas e esportivas, assim

como participar, assessorar, coordenar, liderar e gerenciar equipes multiprofissionais

de discussão, de definição e de operacionalização de políticas públicas de

institucionais nos campos da saúde, do lazer, do esporte, da educação, da

segurança, do urbanismo, do ambiente, da cultura, do trabalho, entre os afetos

direta e indiretamente à prática de exercícios e atividades físicas, recreativas e

esportivas.

Como desdobramento desse entendimento, a Resolução CNE/CES Nº 7/2004

concebe a Educação Física como “uma área de conhecimento e intervenção

acadêmico-profissional que tem como objeto de estudo o movimento humano, com

foco nas diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica, do jogo,

do esporte, das luta/arte marcial, da dança, nas perspectivas da prevenção de

problemas de agravo da saúde, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da

formação cultural, da educação e da reeducação motora, do rendimento físico-

esportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às atividades

físicas, recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizem ou

venham a oportunizar a práticas de atividades físicas, recreativas e esportivas”. O

Parecer CNE/CES 58/2004 esclarece que a finalidade é possibilitar a todo(a)

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cidadão(ã) o direito inalienável de acesso a esse acervo cultural, importante

patrimônio histórico da humanidade e do processo de construção da individualidade

humana.

Também o Parecer CNE/CES 58/2004 reconhece que diferentes termos e

expressões vêm sendo defendidos e utilizados pela comunidade da Educação Física

com o propósito de definir seu objeto de estudo e de intervenção acadêmico-

profissional: exercício físico, atividade física, movimento humano, atividade físico-

esportiva, atividade corporal, cultura corporal, cultura corporal de movimento,

corporeidade, motricidade etc. Alerta o referido Parecer que estes termos e

expressões, bem como seus respectivos significados, foram propostos a partir de

diferentes, e, às vezes concorrentes, constructos de pretensão epistemológica e/ou

de motivação ideológica e, portanto, a sua utilização nos documentos legais, que

instituem as Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação em Educação Física,

não deve ser vista como referência impositiva, cabendo a cada Instituição de Ensino

Superior eleger aqueles julgados mais adequados e identificadores da matriz

epistemológica e/ou ideológica definida em seus respectivos projetos pedagógicos.

Tal entendimento encontra respaldo no princípio da “autonomia institucional”,

definido pela legislação superior.

A Resolução CNE/CES 7/2004 estabelece que “A graduação em Educação

Física deverá estar qualificado para analisar criticamente a realidade social, para

nela intervir acadêmica e profissionalmente por meios das diferentes manifestações

e expressões do movimento humano, visando a formação, a ampliação e o

enriquecimento cultural das pessoas, para aumentar as possibilidades de adoção de

um estilo de vida fisicamente ativo e saudável”. Para tal, o curso de graduação em

Educação Física “deverá assegurar uma formação generalista, humanista e crítica,

qualificadora da intervenção acadêmico-profissional, fundamentada no rigor

científico, na reflexão filosófica e na conduta ética”. O projeto pedagógico dos cursos

de graduação em Educação Física deverá estar pautado nos seguintes princípios:

autonomia institucional; articulação entre ensino, pesquisa e extensão; graduação

como formação inicial; formação continuada; ética pessoal e profissional; ação

crítica, investigativa e reconstrutiva do conhecimento; construção e gestão coletiva

do projeto pedagógico; abordagem interdisciplinar do conhecimento;

indissociabilidade teoria-prática; e articulação entre conhecimentos da formação

ampliada e específica. As competências de natureza político-social, ético-moral,

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técnico-profissional e científica deverão constituir a concepção nuclear do projeto

pedagógico de formação da graduação em Educação Física.

A estrutura e organização curricular dos cursos de graduação em Educação

Física deverão articular duas unidades de conhecimento: formação específica e

formação ampliada. A formação específica abrange os conhecimentos

identificadores da Educação Física, que deve compreender e integrar as dimensões

culturais, didático-pedagógicas e técnico instrumentais das manifestações e

expressões do movimento humano, com o propósito de qualificar e habilitar a

intervenção acadêmico–profissional em face das competências e das habilidades

específicas da graduação em Educação Física. A formação ampliada deve

compreender o estudo da relação do ser humano, em todos os ciclos vitais, com a

sociedade, a natureza, a cultura e o trabalho. Deverá possibilitar uma formação

cultural abrangente para a competência acadêmico-profissional de um trabalho com

seres humanos em contextos histórico-sociais específicos, promovendo um contínuo

diálogo entre as áreas de conhecimento científico afins e a especificidade da

Educação Física. Em resumo, a formação ampliada deve abranger as seguintes

dimensões do conhecimento: relação ser humano-sociedade, biológica do corpo

humano e produção do conhecimento científico e tecnológico; e a formação

específica as dimensões culturais do movimento humano, técnico-instrumental e

didático-pedagógico.

O trato das unidades de conhecimento deverá ser guiado pelo critério da

orientação e da formação crítica, investigativa e reconstrutiva, pelo princípio da

indissociabilidade entre teoria e prática, bem como orientado por valores sociais,

morais, éticos e estéticos próprios de uma sociedade plural e democrática.

As questões pertinentes às peculiaridades regionais, às identidades culturais,

à educação ambiental, ao trabalho, às necessidades das pessoas portadoras de

deficiência e de grupos e comunidades especiais deverão ser abordados no trato

dos conhecimentos da formação da Educação Física.

Refere-se ainda a Resolução 7/2004 especificamente ao “Professor de

Educação Básica, Licenciatura plena em Educação Física”, que deverá estar

qualificado para a docência deste componente curricular na educação básica, tendo

como referência a legislação própria do Conselho Nacional de Educação, bem como

as orientações específicas para esta formação tratadas naquela própria Resolução.

Estabelece também a referida Resolução que a definição das competências e

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habilidades gerais e específicas que devem caracterizar o perfil acadêmico-

profissional do professor da educação básica, Licenciatura plena em Educação

Física, deverá pautar-se na legislação própria do CNE30.

3.1 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS

Conforme o Parecer CNE/CES 58/2004, a identidade acadêmico-profissional

em Educação Física deve partir da compreensão de competências que abranjam as

dimensões político-social, ético-moral, técnico-profissional e científica, considerando

que a intervenção do profissional pressupõe a mediação com seres humanos

historicamente situados. A configuração de tais competências deve ser a concepção

nuclear na orientação dos projetos pedagógicos de formação inicial em Educação

Física. Reconhecer as competências como núcleo do projeto pedagógico significa

dizer que é imperioso que o graduado saiba mobilizar os conhecimentos que

fundamentam e orientam sua intervenção acadêmico-profissional transformando-as

em ação.

O graduado deve compreender as questões e as situações-problema

envolvidas no seu trabalho, identificando-as e resolvendo-as. Precisa demonstrar

autonomia para tomar decisões, bem como se responsabilizar pelas opções feitas e

pelos efeitos da sua intervenção acadêmico-profissional. Precisa também avaliar

criticamente sua própria atuação e o contexto em que atua, bem como interagir

cooperativamente tanto com a comunidade acadêmico-profissional, quanto com a

sociedade em geral.

A aquisição das competências requeridas na formação do graduado em

Educação Física deverá ocorrer a partir de experiências de interação teoria-prática,

em que toda a sistematização teórica deve ser articulada com as situações de

intervenção acadêmico-profissional e que estas sejam balizadas por

posicionamentos reflexivos que tenham consistência e coerência conceitual. As

competências não podem ser adquiridas apenas no plano teórico, nem no

estritamente instrumental. É imprescindível, portanto, que haja coerência entre a

formação oferecida, as exigências práticas esperadas do futuro profissional e as

necessidades de formação, de ampliação e de enriquecimento cultural das pessoas.

Portanto, nos termos do Parecer 58/2204 e respectiva Resolução 7/2004, a

formação do graduado em Educação Física deverá ser concebida, planejada, 30

É importante observar que o Parecer CNE 58/2004 e respectiva Resolução 7/2004, não diferenciam

“Bacharelado” e “Licenciatura”.

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operacionalizada e avaliada visando a aquisição e o desenvolvimento das seguintes

competências específicas:

- Dominar os conhecimentos conceituais, procedimentais e atitudinais específicos da

Educação Física e aqueles advindos das ciências afins, orientados por valores

sociais, morais, éticos e estéticos próprios de uma sociedade plural e democrática.

- Pesquisar, conhecer, compreender, analisar e avaliar a realidade social para nela

intervir acadêmica e profissionalmente, por meio das manifestações e expressões do

movimento humano, com foco nas diferentes formas e modalidades do exercício

físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da dança, visando a

formação, ampliação e o enriquecimento cultural da sociedade, para aumentar as

possibilidades de adoção de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável.

- Intervir acadêmica e profissionalmente de forma deliberada, adequada e

eticamente balizada nos campos da prevenção de problemas de agravo da saúde,

promoção, proteção e reabilitação da saúde; da formação cultural, da educação e da

reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer, da gestão de

empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e esportivas, além

de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividades

físicas, recreativas e esportivas.

- Participar, assessorar, coordenar, liderar e gerenciar equipes multiprofissionais de

discussão, de definição e de operacionalização de políticas públicas e institucionais

nos campos da saúde, do lazer, do esporte, da educação, da segurança, do

urbanismo, do ambiente, da cultura, do trabalho, dentre outros.

- Diagnosticar os interesses, as expectativas e as necessidades das pessoas

(crianças, jovens, adultos, idosos, pessoas portadoras de deficiências, de grupos e

comunidades especiais) de modo a planejar, prescrever, ensinar, orientar,

assessorar, supervisionar, controlar e avaliar projetos e programas de atividades

físicas, recreativas e esportivas nas perspectivas da prevenção, da promoção, da

proteção e da reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e da

reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer e de outros campos que

oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e

esportivas.

- Conhecer, dominar, produzir, selecionar, e avaliar os efeitos da aplicação de

diferentes técnicas, instrumentos, equipamentos, procedimentos e metodologias

para a produção e a intervenção acadêmico-profissional em Educação Física nos

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campos da prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação

cultural, da educação e reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer,

da gestão de empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e

esportivas, além de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a

prática de atividades físicas, recreativas e esportivas.

- Acompanhar as transformações acadêmico-científicas da Educação Física e de

áreas afins, mediante a análise crítica da literatura especializada, com o propósito de

contínua atualização e produção acadêmico-profissional.

- Utilizar recursos da tecnologia da informação e da comunicação, de forma a

ampliar e diversificar as formas de interagir com as fontes de produção e de difusão

de conhecimentos específicos da Educação Física e de áreas afins, com o propósito

de contínua atualização e produção acadêmico-profissional.

3.2 – REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO

No uso de suas atribuições estatutárias, o Conselho Federal de Educação

Física (CONFEF), aprovou pela Resolução nº 182/2009 as Diretrizes Curriculares

Nacionais diferenciadas para os Cursos Superiores de Licenciatura e de Graduação

(bacharelado) nas áreas acadêmica e profissional de Educação Física. A inscrição

junto ao Sistema CONFEF/CREFs (Conselhos Regionais de Educação Física) será

feita mediante requerimento, em formulário próprio, devidamente preenchido e

acompanhado de Documento da Instituição de Ensino Superior indicando a data de

autorização e reconhecimento do curso, a data de ingresso e conclusão do referido

curso, bem como a base legal do respectivo curso de Educação Física, qual seja: a)

Licenciatura - se instituído pela Resolução CNE/CP nº 1/2002, Resolução CFE nº

03/1987 ou anteriores; b) Bacharelado - se instituído pela Resolução CFE nº

03/1987; c) Graduação (Bacharelado) – se instituído pela Resolução CNE/CES nº

7/2004. Desta forma, estabelece cinco Identidades Profissionais de atuação no

campo da Educação Física: (a) Categoria Licenciatura, atuação: Educação Básica

(amparada pela Resolução 01/2002 CFE e campo de atuação restrito à escola); (b)

Categoria Bacharel, atuação: Bacharelado (amparado pela Resolução 07/2004 CFE,

e campo de atuação abrangendo todo o mercado de trabalho exceto a escola); (c)

Categoria Licenciado/Bacharel, atuação: Plena (graduado que obtiver as formações

amparadas pelas Resoluções 01/2002 e 07/2004 CFE); (d) Categoria Licenciado,

atuação Plena (amparado pelas Resoluções 03/1987 e 69/1969 do CFE e campo de

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atuação irrestrito na Educação Física); e (e) Categoria Bacharel, atuação Militar

(amparado pela formação em cursos Militares).

IV - PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROJETO PEDAGÓGICO DOS

CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

A Educação Física - entendida não como uma “ciência” no sentido tradicional

da palavra, mas, mas como área de conhecimento e intervenção - contando com o

auxílio das diversas ciências e da filosofia, busca examinar a cultura corporal de

movimento com o olhar interessado de projetos que expressam valores (ligados à

educação, esporte, saúde e lazer). “Projeto” é uma idéia, um desejo, a intenção de

fazer ou realizar algo no futuro; provém etimologicamente do latim projectus “ação

de lançar para a frente”31. Portanto, refere-se a algo que ainda não se tem, que

ainda não existe, mas que é desejada, planejada, intencionada por alguém. Um

projeto é um conjunto de ideologias, teorias (científicas ou não),

informações/conhecimentos, valores, expectativas, que refletem o interesse de

grupos sobre uma dada prática social.

Então, um projeto de Educação Física dirige o olhar que irá “recortar” a

cultura corporal de movimento segundo seus valores (e também, eventualmente,

segundo sua tradição) e, retroativamente, os dados científicos e filosóficos que irão

fundamentar tal projeto.

Isso conduz, então, a outro problema: como conceber um curso de formação

profissional no campo da Educação Física que não se feche em um único projeto,

quer dizer, um modo único de “olhar” a cultura corporal de movimento e optar

apenas por certos valores – ou ligados à educação, ou a saúde, ou ao esporte e

etc.? Por outro lado, “abrir o leque” para muitos projetos pode levar a uma formação

excessivamente genérica, aos moldes da conhecida licenciatura “ampliada”,

situação que ainda existe em muitas instituições.

Para fugir a esta armadilha, dois pontos são vitais:

(i) A delimitação do objetivo da formação tendo em vista a(s) especificidade(s)

de atuação do graduado (educação formal, saúde, lazer, esporte de alto rendimento

31

HOUAISS, A. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Objetiva, 2001. 1 CD-

ROM

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etc.), sem, todavia, limitar a formação geral do profissional (científica, filosófica. ética

e estética) e a apropriação da cultura corporal de movimento. Tal formação geral

deve incluir igualmente o estudo da motricidade humana como linguagem corporal

(experiência original do ser humano) e as linguagens da cultura corporal de

movimento (jogo, ginásticas, esporte etc.). As diversas ciências e a filosofia

contribuem para esta “formação ampliada” por intermédio dos seus próprios olhares

dirigidos à cultura corporal de movimento.

(ii) A prática profissional/pedagógica em Educação Física (quer dizer, os

contextos de intervenção) deve constituir-se em eixo central do currículo, garantindo

a especificidade da formação. Tal prática profissional/pedagógica deve manter

diálogo privilegiado com as ciências e a filosofia, no sentido de que seus respectivos

instrumentais teóricos-metodológicos auxiliem a prescrutar os valores (ou

possibilidades, se preferirmos) presentes na cultura corporal de movimento,

apontando sua adequação a determinados projetos (quer dizer, articulando meios e

fins).

Um currículo assim concebido deverá conter duas características principais:

(i) Organizar-se a partir de temas, oriundos do projeto de Educação Física

adotado, da tradição acadêmico-profissional da Educação Física, das novas

tendências presentes na cultura corporal de movimento, que resultam da dinâmica

social mais ampla, assim como das direções apontadas pela pesquisa científica e

pela reflexão filosófica na área, e das competências gerais que se deseja

desenvolver.

(ii) Tomar como eixo central a dimensão da prática profissional-pedagógica,

buscando o desenvolvimento das competências específicas à habilitação pretendida

(Bacharelado ou Licenciatura). Esta dimensão da prática deveria ser a referência em

todas as disciplinas, no sentido de que devem buscar um permanente diálogo com a

Educação Física como área de intervenção acadêmico- profissional.

Assim, além de eixos norteadores comuns, teremos, em decorrência da

necessidade de uma formação geral, um núcleo comum aos Cursos de Bacharelado

e Licenciatura, (que inclui temas, desenvolvimento de competências e disciplinas

comuns) e desenvolvimento de competências, temas, disciplinas e vivências

profissionais-pedagógicas diferenciadas, tendo em vista a especificidade da

habilitação pretendida.

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V - OBJETIVO GERAL DAS MODALIDADES DA GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

As modalidades Licenciatura e Bacharelado em Educação Física da

Faculdade de Ciências buscam a formação de licenciados e profissionais capazes

de, por meio das diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica,

do jogo, do esporte, das lutas e das atividades rítmicas e dança, efetivar

intervenções fundamentadas científica, filosófica, ética e esteticamente, de modo a

realizar objetivos definidos nos diversos contextos de atuação.

No curso de Licenciatura em Educação Física buscar-se-á na cultura corporal

de movimento os valores que permitam ao licenciado a intervenção pedagógica no

âmbito da Educação básica, de modo a realizar os objetivos da disciplina “Educação

Física” nos diversos níveis escolares.

No curso de Bacharelado, com núcleo temático de aprofundamento em

Aptidão Física e Saúde, trata-se de prescrutar a cultura corporal de movimento em

busca dos valores que permitam ao graduado a intervenção profissional no campo

da saúde e da aptidão física para o desempenho ótimo (esportivo ou não), com

vistas aos aspectos de promoção de hábitos saudáveis de vida, bem como da

prevenção e reabilitação de distúrbios funcionais e metabólicos em indivíduos

manifestos, com necessidades especiais de saúde, naqueles aparentemente

saudáveis e, ainda, em portadores de deficiências.

A seguir são apresentados, respectivamente, os projetos específicos dos

cursos de Licenciatura em Educação Física e Bacharelado em Educação Física com

núcleo temático de aprofundamento em Exercício Físico e Saúde.

VI – PERÍODOS DE OFERECIMENTOS E TOTAL DE VAGAS POR MODALIDADE

As modalidades Bacharelado e Licenciatura em educação Física serão

oferecidas em dois períodos: integral e noturno. Serão oferecidas quarenta (40)

vagas em cada período, totalizando oitenta (80) vagas. Destas 40 vagas de cada

período, 20 vagas serão para o Bacharelado e 20 serão para a Licenciatura, onde a

escolha da habilitação a ser cursada deverá ser feita pelo aluno no momento da

inscrição no vestibular.

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VII – CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

7.1 - A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Integrante do currículo das escolas brasileiras desde as primeiras décadas do

século XX, a Educação Física, do ponto de vista de suas finalidades educacionais,

passou de preocupações eugênicas/higiênicas nas décadas de 1930 e 1940 para

objetivos relacionados à formação esportiva e desenvolvimento da aptidão física na

década de 1970. A década de 80 caracterizou-se por uma crise de valores, que

questionou profundamente as bases filosóficas e pedagógicas da Educação Física,

instaurando um debate sobre suas finalidades e metodologia, do que resultou a

elaboração de inúmeras proposições teórico-metodológicas fortemente baseadas

nas ciências humanas, tendo como ponto comum a busca de uma Educação Física

que articulasse as múltiplas dimensões do ser humano.

O conceito de cultura corporal de movimento revelou-se capaz de integrar

muitas das novas concepções de Educação Física surgidas nas décadas de 1980 e

1990, culminando com a adoção do conceito pelos Parâmetros Curriculares

Nacionais propostos pelo governo federal em 1998.

Nessa perspectiva, a Educação Física passa a ser vista como uma disciplina

ou componente curricular que tem por finalidade introduzir e integrar o aluno no

âmbito da cultura corporal de movimento, visando formar o cidadão que possa

usufruir criticamente das formas culturais do exercício da motricidade humana, no

sentido de sua produção, reprodução, compartilhamento e transformação,

instrumentalizando-o para identificar os valores de saúde e lazer presentes nas

diversas práticas físicas e esportivas. Por motricidade humana entende-se a

capacidade de movimento que possui o ser humano para expressar-se e agir com

intencionalidades; o movimento humano portanto, sempre contextualizado histórica

e culturalmente, é pleno de expressividade e sentidos.

Em tal concepção fica implícito um determinado entendimento de ser humano:

o educando há de ser visto como uma totalidade, em suas dimensões afetivo-social,

cognitiva e físico-motora. Isso implica, portanto, que o trabalho pedagógico em

Educação Física deve objetivar atingir todas essas dimensões, à despeito da sua

especificidade como disciplina escolar privilegiar aparentemente o aspecto físico-

motor. Todavia, a finalidade definida para a Educação Física Escolar, qual seja a da

introdução e integração do aluno no âmbito da cultura corporal de movimento,

visando formar o cidadão que possa usufruir criticamente das formas culturais do

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exercício da motricidade humana, só pode ser alcançada se o trabalho pedagógico

envolver o aluno como um todo: sua vontade, sua emoção, seu intelecto. Em relação

ao envolvimento com as atividades físicas e esportivas que compõem a cultura

corporal de movimento, a Educação Física deve levar o aluno a descobrir os motivos

para praticá-las, favorecer o desenvolvimento de atitudes positivas para com elas,

levar à aprendizagem de comportamentos adequados para a sua prática, dirigir sua

vontade e sua emoção para a prática e a apreciação do corpo em movimento nas

diversas práticas, e por fim levar ao conhecimento, compreensão e análise de seu

intelecto as informações relacionadas à cultura corporal de movimento. Para isto,

não basta aprender habilidades motoras-esportivas e desenvolver capacidades

físicas; é preciso capacitar o aluno a construir autonomamente suas próprias

práticas corporais – o que implica na aprendizagem de conceitos, atitudes e valores.

Em síntese, no âmbito da cultura corporal de movimento a Educação Física deve

contribuir para a formação da autonomia e o exercício crítico da cidadania.

A noção de totalidade, por sua vez, dirige-se também à própria cultura

corporal de movimento; portanto, a Educação Física Escolar dever buscar incluir,

como objeto de ensino e aprendizagem, a maior parcela possível daquela cultura.

Também a integração à cultura corporal de movimento há de ser para todos os

alunos, implicando no princípio da inclusão ou não exclusão, ou seja, a Educação

Física na escola, por intermédio de seus conteúdos e estratégias, deve buscar

incluir, antes que excluir uns ou outros, todos os alunos.

Ora, não é diferente o preconizado nos Parâmetros Curriculares Nacionais,

que incorporou muito das reflexões e avanços teóricos produzidos na comunidade

acadêmica da Educação Física desde o final da década de 1980, ao definir os

princípios que devem nortear a Educação Física no Ensino Fundamental: princípio

da inclusão, princípio da diversidade e categorias de conteúdo. Segundo o

documento do governo federal, o princípio da inclusão indica que a sistematização

de objetivos, conteúdos, processos de ensino e aprendizagem e avaliação tem como

meta a inclusão do aluno na cultura corporal de movimento, por meio da participação

e reflexão concreta e efetivas, buscando reverter o quadro histórico da área, de

seleção entre alunos aptos e inaptos para as práticas corporais, resultante da

valorização exacerbada do desempenho e da eficiência. O princípio da diversidade

aplica-se na construção dos processos de ensino e aprendizagem e orienta a

escolha de objetivos e conteúdos, visando ampliar as relações entre os

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conhecimentos da cultura corporal de movimento e os sujeitos da aprendizagem,

buscando legitimar as diversas possibilidades de aprendizagem que se estabelecem

com a consideração das dimensões afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais

dos alunos. Já os conteúdos são categorizados, em consonância com as diretrizes

gerais dos Parâmetros Curriculares, em conceituais (fatos, conceitos e princípios),

procedimentais (ligados ao fazer) e atitudinais (normas, valores e atitudes); os

conteúdos conceituais e procedimentais giram em torno do fazer, do compreender e

do sentir com o corpo, e os atitudinais apontam para a necessidade dos alunos

vivenciarem valores e atitudes de modo concreto nas aulas de Educação Física.

A dimensão conceitual se caracteriza pela abordagem de conceitos, fatos e

princípios e refere-se à construção das capacidades intelectuais para operar com

símbolos, signos, ideias, imagens que permitem representar a realidade. Para O. L.

Ferraz32, especificamente na Educação Física, significa a aquisição de um corpo de

conhecimentos objetivos (p. e., aspectos nutricionais, aspectos socioculturais como

a violência no esporte ou o corpo como mercadoria de trabalho no âmbito dos

contratos esportivos). Tal dimensão, além do valor cultural e informacional, possui

um significado educacional, pois são passíveis de serem aplicados às situações do

dia a dia como orientação na compreensão dos mecanismos que regulam os

movimentos.

Conceitos aqui não são somente os históricos e/ou as regras das

brincadeiras, jogos e esportes. Muito mais que isso, dizem respeito a aprender sobre

determinados assuntos; por exemplo, qual a importância da ingestão de água para

se fazer atividade física, ou, quais os horários e períodos mais adequados para se

realizar atividade física, ou ainda, o que é brincadeira hoje e o que foi para os pais,

tios e avós dos alunos.

As aulas de Educação Física, nesse contexto, não precisam ser

desenvolvidas somente de maneira teórica e expositiva na sala de aula, fator que

muitas vezes contribui para a desmotivação dos alunos. Alternativas interessantes

podem ser baseadas em aulas que envolvam pesquisas sobre a cultura corporal de

movimento, realizadas pelos alunos – na biblioteca da escola, nas suas casas, com

os colegas, nas revistas e jornais, na televisão – orientadas, retomadas e discutidas

32

FERRAZ, O. L. Educação física escolar: conhecimento e especificidade, a questão da pré-escola.

Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, supl. 2, p.16-22, 1996

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pelo professor até para se construir novas atividades para as aulas de Educação

Física.

A dimensão procedimental está intimamente relacionada ao saber fazer,

envolvendo, portanto, o aprender a se movimentar. Na escola, muitas vezes a

Educação Física se limita em desenvolver os conteúdos nesta dimensão. Um

exemplo é quando se ensina o aluno a fazer um gesto técnico do voleibol ou do

basquetebol.

As atitudes aparecem nas reflexões feitas pelos alunos a partir dessas duas

dimensões: conceitual (o saber sobre) e procedimental (o saber fazer), envolvendo

normas, regras e valores. Neste contexto o movimento passa a ser um meio para

que o aluno aprenda sobre seus limites, seu potencial, sobre o outro. Tais elementos

caracterizam a dimensão atitudinal do conteúdo.

Essa dimensão envolve questões de aprendizagem bastante ricas nas aulas

de Educação Física, e é importante lembrar que os alunos não aprendem

espontaneamente a serem cooperativos, solidários, reflexivos, criativos e autônomos

só porque brincam ou jogam nas aulas de Educação Física. Para que esses valores

sejam incorporados, é fundamental que o professor esteja aberto para discutir e

problematizar os conflitos que surgem nas aulas. Por exemplo, quando meninos e

meninas não conseguem jogar juntos, o professor tem a importante tarefa de discutir

com eles quais os motivos que os fazem se separar, e buscar alternativas conjuntas

para encaminhar esse conflito.

7.2 - A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Nem sempre acompanhando as rápidas transformações teórico-

epistemológicas pelas quais passou a Educação Física nos últimos 25 anos, a

formação de professores/profissionais na área tem-se redirecionado sob múltiplas

influências: do esporte espetáculo, do discurso científico, das novas demandas

sociais, do surgimento de um novo “mercado do corpo”. É bem conhecida a

influência da instituição esportiva na determinação de conteúdos e objetivos nos

cursos de Licenciatura em Educação Física desde final da década de 60, quando a

ele somava-se, inclusive, a formação do Técnico Desportivo, conforme preconizava

a Resolução CFE 69/1969, que então definiu um currículo mínimo para os cursos.

Essa influência perpassou a criação de mais de uma centena de cursos até o início

da década de 1980, caracterizando o currículo de orientação tradicional-esportiva,

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que enfatiza as chamadas disciplinas “práticas” (especialmente as esportivas),

sendo que o conceito de “prática” está baseado na execução e demonstração, por

parte do graduando, de habilidades técnicas e capacidades físicas. Outra

característica do currículo tradicional-esportivo é a separação entre teoria e prática;

teoria é o conteúdo apresentado verbalmente, ou por meio de textos na sala de aula,

e prática é a atividade física na quadra, piscina etc. A maior carga horária da

fundamentação teórica costuma ser dedicada às disciplinas da área biológica:

biologia, fisiologia etc.

Nos primeiros anos da década de 80 formulam-se diagnósticos críticos da

Educação Física e da formação profissional na área, oriundos de órgãos

governamentais, associações de classe e universidades. Evidenciou-se que os

cursos de Licenciatura em Educação Física favoreciam a formação de professores

sem visão crítica da realidade brasileira, com pouca fundamentação científica e

filosófica, limitados a um enfoque puramente técnico-esportivo. A necessidade de

desatrelar os objetivos da Educação Física do sistema esportivo formal, a ênfase na

importância da Educação Física nas séries iniciais da escolarização e a

caracterização da Educação Física enquanto área do conhecimento, foram pontos

sempre presentes nesse debate.

A década de 80 também assiste, além dessa revisão crítica da área e da

ascensão do discurso científico como principal referência para a construção dos

currículos, a diversificação do mercado de trabalho, quando a intervenção

profissional dos licenciados e técnicos desportivos transpõe os muros das escolas

de 1º e 2º graus e do esporte formal nos clubes para alcançar uma variedade de

instituições e clientelas: academias, idosos, centros esportivos públicos, portadores

de deficiências, hospitais e clínicas médicas, escolas maternais, centros de lazer etc.

Os currículos que se constituem ou revisam à época nas Universidades cuja reflexão

sobre a questão estava mais avançada refletem essas influências. De um lado, o

currículo adquire uma orientação técnico-científica, com aumento da carga horária

das disciplinas “teóricas”, com destaque para as ciências humanas/filosofia, que

ganham espaço, mantendo-se todavia o forte embasamento na área biológica.

Espera-se que a teoria fundamente a prática, ou seja, a prática é a aplicação direta e

mecânica dos conhecimentos científicos. O conceito de “prática pedagógica” adquire

ainda outra dimensão: trata-se de “ensinar a ensinar” – um exemplo são as

“sequencias pedagógicas”. Trata-se, todavia, de um conceito ainda limitado, pois

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30

espera-se que o graduando aprenda a “executar” tais sequencias, e não apreendê-la

no contexto da prática pedagógica na escola, pois esta seria uma preocupação

exclusiva da Prática de Ensino, entendida como disciplina isolada e responsável

pela aplicação e integração dos conhecimentos adquiridos nas demais. Por outro,

introduz-se uma série de disciplinas “profissionalizantes”, que buscavam abarcar a

diversificação do mercado de trabalho: educação física adaptada, recreação e lazer,

ginásticas de academia etc., além de manter ênfase no fenômeno esportivo formal.

Tal situação acaba por gerar um relativo distanciamento dos Cursos de Licenciatura

em Educação Física do que deveria ser seu locus privilegiado - a Escola – em favor

de outros espaços de trabalho.

Em 1987, o Parecer CEF 215 e a consequente Resolução CFE 03 identificam

o problema, mas não o resolvem adequadamente, já que mantinham a possibilidade

da Licenciatura como um curso “ampliado” para a área não escolar, mesmo com a

proposição do curso de Bacharelado em Educação Física. Permanece a tendência a

uma orientação técnico-científica, com resquícios do modelo tradicional-esportivo.

Todavia, consolida-se, agora de maneira legalmente expressa, a concepção da

formação teórica multidisciplinar (conhecimento filosófico, do ser humano e da

sociedade) e a ideia de que a formação do graduado em Educação Física deveria

considerar o desenvolvimento de atitudes éticas, reflexivas, críticas, inovadoras e

democráticas. Assim, definem-se como objetivos para os cursos de graduação em

Educação Física: (1) aquisição integrada de conhecimentos e técnicas no campo da

Educação Formal e Não Formal; (2) desenvolvimento de atitudes éticas, reflexivas,

críticas, inovadoras e democráticas; (3) aprofundamento em áreas do conhecimento

de interesse do aluno; e (4) realização pessoal e profissional.

Na década de 90, consolidou-se um novo “mercado do corpo” em que os

cuidados com a saúde e a beleza acirram-se no imaginário e nos hábitos de vida de

amplas parcelas das camadas médias urbanas, diversificando e especializando as

intervenções profissionais dos professores de Educação Física. Isso reforçou a

concepção do curso de licenciatura como preparação para o mercado de trabalho

escolar e não escolar.

A partir de 1997, a situação altera-se substancialmente com a edição de uma

série de orientações e documentos legais emanados do Ministério da Educação e do

Conselho Nacional de Educação, já como reflexos do novo ordenamento legal da

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área educacional instaurado a partir da promulgação da LDBEN/199633. Assim,

como em consequência de novos referenciais teóricos e dados provenientes da

pesquisa pedagógica – em especial a orientação do “ensino reflexivo” – demonstrou-

se o esgotamento do modelo técnico-científico. Indica-se fortemente, dentre outros

aspectos, a necessidade dos cursos de licenciatura em constituir cursos específicos

para a formação de professores da educação básica, e não mais caminharem a

reboque da formação profissionalizante da área específica (bacharelados), e que a

dimensão da prática profissional permeie todo o currículo, e não seja tratada de

modo isolado ao final do curso.

O MEC e o CNE consolidaram a direção da formação ao nível de graduação

para três categorias de carreira: bacharelado acadêmico, bacharelado

profissionalizante e licenciatura. Tal direção faz com que a licenciatura passe a ter

um projeto específico, com currículo próprio, que não se confunda com o

bacharelado, eliminando, também, a possibilidade da obtenção do título de

licenciado mediante habilitação.

Desta maneira, "(...) formação de profissionais do magistério deve assegurar

a base comum nacional, pautada pela concepção de educação como processo

emancipatório e permanente, bem como pelo reconhecimento da especificidade do

trabalho docente, que conduz à práxis como expressão da articulação entre teoria e

prática e à exigência de que se leve em conta a realidade dos ambientes das

instituições educativas da educação básica e da profissão” (Resolução CNE/CP n.

02/2015, Art. 5o). Assim sendo, a educação básica (educação infantil, ensino

fundamental, ensino médio e modalidades, educação de jovens e adultos, educação

especial, educação profissional e técnica de nível médio, educação escolar indígena,

educação do campo, educação escolar quilombola e educação à distância) é a

referência principal para a formação dos profissionais de educação.

A partir dessas caracterizações que buscam superar os modelos tradicionais

das licenciaturas, os campos institucional e curricular são destacados para o

estabelecimento de necessidades e orientações referentes a essa nova perspectiva

formativa.

Quanto ao aspecto institucional, é preciso:

- Articular as diferentes etapas da educação básica na formação docente; 33

Entre os documentos referidos encontram-se os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino

Fundamental e o Ensino Médio, as Referências Curriculares para a Educação Infantil, Pareceres CNE/CES

n.776/97, CNE/CP n. 009/2001, CNE/CP n. 21/2001, CNE/CP n. 28/2001e CNE/CP n. 02/2015 e as Resoluções

CNE/CP n. 01/2002, CNE/CP n. 02/2002 e CNE/CP n. 02/2015.

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32

- Estabelecer ligação estreita entre a proposta pedagógica e a organização

institucional;

- Que as instituições formadoras penetrem na dinâmica cultural e social da escola;

- Familiarizar o futuro-professor aos documentos referentes às políticas públicas

municipais, estaduais e federais de educação;

Quanto ao aspecto curricular, faz-se necessário:

- Considerar os conhecimentos prévios dos futuros professores como o ponto de

partida para o planejamento das ações formativas, bem como, vê-los como

recurso para identificar e, quando for o caso, suprir eventuais deficiências da

educação básica;

- Distinguir e valorizar as dimensões do conhecimento como objeto de ensino

(conhecimento científico) e como transposição pedagógica (conhecimento

ensinável), estabelecendo as diferenças entre o que o futuro professor está

aprendendo e o que ele irá ensinar;

- Ampliar o acesso cultural do futuro docente, considerando as produções culturais

de natureza diversa;

- Trabalhar a formação inicial não só no campo da regência de classe, mas

também na atuação, participação e discussão dos elementos que constituem a

profissão docente (projeto educativo, sistema educacional, relacionamento com a

comunidade etc.);

- Superar a concepção de prática como aplicação de teoria, entendendo-a,

portanto, como uma dimensão do conhecimento que deve estar presente tanto na

reflexão sobre a atividade profissional quanto no exercício da mesma. Estabelece-

se que a prática seja desenvolvida em todos os componentes curriculares e não

só nas disciplinas pedagógicas, tendo como procedimento a observação e a

reflexão, contextualizando as diversas situações de trabalho e permitindo a

resolução de situações-problemas. Contudo, a legislação estabelece uma

distinção entre prática e estágio supervisionado. A prática, que corresponde ao

mínimo de 400 horas da carga horária total do curso, deverá estar presente desde

o início do curso e permear toda a formação docente. Já o estágio

supervisionado, que corresponde, no mínimo, a outras 400 horas da carga horária

total do curso, deverá ser desenvolvido a partir do início da segunda metade do

curso. Quanto a este último sugere-se que ele seja realizado por meio de

períodos contínuos de acompanhamento e participação nas escolas, viabilizando

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33

a observação da diversidade escolar, bem como, favorecendo um processo

progressivo de aprendizado do futuro professor;

- Desenvolver a prática da pesquisa de modo que os futuros docentes possam

compreender seus procedimentos de investigação e sua produção como processo

histórico, entendendo a atuação profissional não só como reprodução, mas

também, como criação e recriação do conhecimento;

- Inserir os conteúdos relativos às tecnologias da informação e das comunicações

nesse processo formativo de modo que o futuro professor possa interagir e

compartilhar com/em ambientes reais e virtuais;

- Trabalhar as especificidades próprias dos níveis (infantil, fundamental e médio) e

das modalidades de ensino (educação de jovens e adultos, educação especial,

educação profissional e técnica de nível médio, educação escolar indígena,

educação do campo, educação escolar quilombola e educação à distância) nas

quais os alunos da educação básica estão inseridos;

- Desenvolver as diferentes disciplinas a partir das múltiplas linguagens que cada

uma delas abrange, sem contudo, deixar de situar estes saberes disciplinares no

conjunto do conhecimento escolar

Outros princípios orientadores ainda devem ser destacados:

- Conceber o professor como um profissional que faz julgamentos de suas próprias

ações e toma decisões a partir dos conhecimentos sobre a docência, portanto,

sua formação não deve se pautar por perspectivas exclusivamente genérica ou

acadêmica;

- Prestigiar na formação inicial a concepção de competência como algo que só

existe “em situação”. Competência é entendida como a capacidade de mobilizar

conhecimentos de diferentes naturezas, transformando-os em ação. Deste modo,

o exercício das práticas profissionais e a reflexão sistemática das mesmas

ocupam um lugar de destaque neste processo formativo. Assim, ao invés de se

estabelecer primeiro as disciplinas e a carga horária das mesmas – como se fazia

nos modelos formativos tradicionais – as competências se destacam como

referência inicial para a organização curricular, devendo, portanto, serem

definidas e tomadas como norteadoras do projeto pedagógico. O Parecer

009/2001 aponta seis direções para as competências a serem desenvolvidas: (i)

competências referentes ao comprometimento com os valores inspiradores da

sociedade democrática; (ii) competências referentes à compreensão do papel

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social da escola; (iii) competências referentes ao domínio dos conteúdos a serem

socializados, de seus significados em diferentes contextos e de sua articulação

interdisciplinar; (iv) competências referentes ao domínio do conhecimento

pedagógico; (v) competências referentes ao conhecimento de processos de

investigação que possibilitem o aperfeiçoamento da prática pedagógica; (vi)

competências referentes ao gerenciamento do próprio desenvolvimento

profissional Trabalhar a simetria invertida, o que significa reconhecer que o futuro

docente aprende no mesmo lugar onde irá atuar e, por isso, é preciso que os

formadores tenham coerência, fazendo com que as experiências proporcionadas

na formação inicial sejam semelhantes às experiências de aprendizagem que

esse futuro professor irá oferecer aos seus alunos;

- Conceber a aprendizagem como um processo que depende da interação entre o

indivíduo e o meio a partir de uma perspectiva metodológica que enfoque

situações-problemas e o desenvolvimento de projetos interdisciplinares;

- Ampliar a concepção de conteúdo, entendendo as suas dimensões conceituais,

procedimentais e atitudinais, bem como, a articulação imprescindível entre

conteúdo e método;

- Desenvolver o conceito de avaliação tendo em vista que os instrumentos

avaliativos só cumprem sua finalidade se puderem diagnosticar o uso funcional e

contextualizado dos conhecimentos;

- Reconhecer e desenvolver os elementos referentes ao desenvolvimento

profissional (cultural, social, econômico, psicológico, dentre outros). Vale destacar

o conhecimento advindo da experiência que é um tipo de conhecimento que não

pode ser construído de outra forma senão na prática profissional e de modo

algum pode ser substituído pelo conhecimento “sobre” esta prática. Saber – e

aprender – um conceito, ou uma teoria é diferente de saber – e aprender – a

exercer um trabalho. Trata-se, portanto, de aprender a “ser professor”. Tal

conhecimento reforça a necessidade da prática no processo de formação inicial,

mas não uma prática espontaneísta e sim uma prática que tenha a reflexão como

base.

Em coerência com essas orientações (e com as orientações que vieram

posteriormente ao Parecer CNE 009/2001), a Resolução CNE/CP 02/2015, que

instituiu a duração e a carga horária dos Cursos de Licenciatura em nível superior

definiu a carga horária mínima total de 3.200 horas, nas quais a articulação teoria-

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prática deverá garantir as seguintes dimensões: 2.200 horas para os conteúdos

curriculares de formação geral e de aprofundamento natureza científico-cultural; 400

horas de prática como componente curricular, vivenciadas ao longo do curso; 400

horas de estágio curricular supervisionado e 200 horas para outras formas de

atividades acadêmico-científico-culturais.

A Resolução 7/2004 também se refere, especificamente, ao “Professor de

Educação Básica, licenciatura plena em Educação Física”, que deverá estar

qualificado para a docência deste componente curricular na educação básica, tendo

como referência a legislação própria do Conselho Nacional de Educação, bem como

as orientações específicas para esta formação tratadas naquela própria Resolução.

Estabelece também a referida Resolução que a definição das competências e

habilidades gerais e específicas que devem caracterizar o perfil acadêmico-

profissional do professor da educação básica, licenciatura plena em Educação

Física, deverá pautar-se na legislação própria do CNE.

Assim, a proposição de um Curso de Formação de Professores de Educação

Física para a educação básica, em nível superior, na modalidade Licenciatura, de

graduação plena, no atual contexto histórico, deve levar em conta, necessariamente,

tanto as diretrizes curriculares gerais estabelecidas para a formação de professores,

como a tradição e as experiências/reflexões acumuladas na área específica, desde a

década de 80, quando se revisam de modo intenso e profundo a questão da

formação dos profissionais em Educação Física, atualmente espelhada, do ponto de

vista legal, nos já citados Parecer CNE 58/2004 e Resolução CNE/CES 7/2004.

Para a superação dos equívocos e limitações dos modelos curriculares

vigentes na formação de professores de Educação Física, dois pontos são vitais: (i)

a delimitação do objetivo da formação tendo em vista o locus privilegiado da atuação

do licenciado – a Escola - sem todavia limitar a formação geral do profissional

(científica, filosófica e ética) e o acesso à cultura corporal de movimento; (ii) a

redefinição das relações entre “teoria” e “prática”, redefinindo a prática

profissional/pedagógica como eixo central do currículo, a qual deve manter um

diálogo privilegiado com as teorias científicas e filosóficas, caracterizando um

processo de reflexão e ação nos diversos espaços e tempos da organização

curricular.

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7.3- OBJETIVOS

Formação inicial de professores aptos a desenvolver programas de Educação

Física Escolar no ensino infantil, fundamental e médio, visando o desenvolvimento

das competências exigidas no processo de ensino e aprendizagem de

conhecimentos, atitudes e habilidades por parte dos alunos dos diversos níveis e

modalidades da educação básica, e que permitam orientá-los em direção ao

exercício da cidadania crítica e à autonomia no usufruto da cultura corporal de

movimento.

7.4 - EIXOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

7.4.1 - Desenvolvimento de Competências

A concepção de "competência", entendida como a capacidade de mobilizar

conhecimento dos de diferentes naturezas, transformando-os em ação permite

superar a conhecida dicotomia entre teoria e prática na formação de professores,

dicotomia particularmente agudizada na Educação Física, pela tradicional distinção

entre aulas "práticas" (esporte, ginástica etc.) e aulas "teóricas" na sala de aula

(fisiologia, sociologia etc). Ademais, reconhece-se que os conhecimentos que o

professor mobiliza para responder às diferentes demandas das situações de

trabalho inclui não só os conhecimentos cientificamente elaborados, mas também os

construídos na vida profissional e pessoal. Particularmente na Educação Física o

denominado "conhecimento de trabalho" ou "saber docente", nem sempre passível

de verbalização ou teorização, parece desempenhar o importante papel na história

de professores bem-sucedidos no ensino de habilidades motoras e esportivas,

dando respaldo à afirmação de que "profissionais sabem mais do que conseguem

dizer". Se nem todas as competências podem ser "ensinadas" nas situações formais

de sala de aula, por outro lado, elas podem ser "aprendidas", desde que a

organização curricular propicie situações adequadas para tal aos graduandos - é o

que se deve pretender com as "vivências didáticas" planejadas nas disciplinas

diretamente ligadas à “Dimensão da Prática” e nos Estágios Supervisionados.

Portanto, a perspectiva do desenvolvimento de competências profissionais

deve ser central na organização curricular do curso de Licenciatura em Educação

Física, refletindo-se nos objetivos, conteúdos e metodologias das diversas

disciplinas, bem como na definição dos tempos e espaços da dimensão prática, que

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adquire assim o sentido de prática profissional, e não prática de exercícios físicos.

Assim, espera-se, ao longo do curso, o desenvolvimento de competências

gerais que abranjam todas as dimensões da atuação profissional referentes: (i) ao

comprometimento com valores estéticos, políticos e éticos inspiradores da

sociedade democrática; (ii) à compreensão do papel social da escola (iii) ao domínio

dos conteúdos, de seus significados em diferentes contextos e de sua articulação;

(iv) ao domínio do conhecimento pedagógico; (v) ao conhecimento de processos de

investigação; e (vi) ao gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional.

7.4.2 - Concepção de Conteúdo

Embora se saiba que a educação escolarizada selecione e sistematize

saberes e conhecimentos que provém da cultura, assim como a Educação Física na

escola “recorta” e tematiza, com propósitos pedagógicos, conteúdos da cultura

corporal de movimento, adequando-os às atividades escolares próprias das

diferentes etapas e modalidades da educação básica e às características dos

próprios alunos e do contexto escolar, a formação do docente há de ser mais ampla.

Quer dizer, os conteúdos que compõe o currículo da graduação são mais amplos do

que os conteúdos do programa desenvolvido pelo professor na educação básica. No

caso da Educação Física, há dois aspectos a serem considerados: (i) a

fundamentação filosófica e científica (sendo que esta última inclui as abordagens

biológica, psicológica e sociocultural), não é integralmente objeto de ensino e

aprendizagem na educação básica, mas nem por isso menos importante para que o

profissional compreenda seu próprio trabalho, o papel da Educação Física na escola

e, principalmente, tal fundamentação guarda relação – embora nem sempre direta –

com a identificação dos conteúdos conceituais e atitudinais a serem trabalhados na

educação infantil e nos ensino fundamental e médio; e (ii) a Educação Física Escolar

trabalha com conteúdos “clássicos”, instaurados pela tradição (é o caso das diversas

modalidades esportivas e de algumas práticas de aptidão física), mas não se pode

descuidar das práticas “emergentes” na cultura corporal de movimento, como é o

caso dos “esportes radicais” e novas modalidades ginásticas;

Portanto, a matriz curricular do Curso de Licenciatura deve conter forte

fundamentação – científica e filosófica –, com enfoque biológico, psicológico e

sociocultural. Parte importante e volumosa dos conteúdos curriculares provém das

diversas práticas da cultura corporal, atendendo ao princípio da diversidade, inclui

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conhecimentos, vivências e didáticas específicas em jogos, esportes, ginásticas e

práticas de aptidão física, atividades rítmicas e dança, e lutas/artes marciais, não

necessariamente restritos ao universo da atual tradição escolar brasileira, o que

significaria empobrecer a formação e limitar futuras possibilidades de mudança e

enriquecimento daquela tradição.

7.4.3 - Concepção de Aprendizagem

É necessário inicialmente distinguir “informação” de “conhecimento”.

Informação refere-se à ação de manter alguém informado (sobre acontecimentos,

por exemplo), refere-se a dados sobre alguém ou alguma coisa. Mas a informação

também instrui, orienta, dirige, por que “informar”, quer dizer dar forma, formalizar,

construir uma realidade a partir de alguns códigos. É uma forma de ordenar o caos,

organizar ou estruturar elementos dispersos procedentes do meio ambiente.

Já “conhecimento” é o ato ou efeito de compreender, de conhecer as

propriedades, as características, os traços específicos de alguma coisa; são as

operações pelas quais a mente procede à análise de um objeto, de uma realidade,

de modo a definir sua natureza. Segundo Abbagnano34, do ponto de vista filosófico,

conhecimento é a técnica para verificação de um objeto, é o procedimento que

possibilite a descrição, o cálculo ou a previsão controlável de um objeto (entidade,

fato, coisa, realidade ou propriedade).

Portanto, quando falamos em educação, informação e conhecimento estão

envolvidos, porque a informação é uma forma de estruturação e organização de

elementos do meio ambiente que pré-orienta um sentido, embora não esgote todos

os sentidos possíveis. Já o conhecimento é um procedimento construído pelo

sujeito, para o qual a informação é necessária, mas não suficiente.

Os indivíduos constroem seus conhecimentos em interação com a cultura na

qual vivem, com os demais indivíduos e colocando em uso suas capacidades

pessoais. O que se pode aprender em dado momento depende das formas de

pensamento de que se dispõem dos conhecimentos já construídos e das situações

de aprendizagem vivenciadas. Por isso, fala-se em constituição de competências, na

medida em que o indivíduo se apropria de elementos com significação na cultura. É

importante observar que não há oposição entre conhecimentos e competências, pois

34

ABAGNANNO, op. cit.

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39

não há real construção de conhecimentos sem que resulte, do mesmo movimento, a

construção de competências.

Situações escolares de ensino e aprendizagem são situações comunicativas,

nas quais alunos e professores são coparticipes, concorrendo igualmente para o

êxito do processo. Embora o professor, os colegas e os materiais didáticos

contribuam muito para que a aprendizagem se efetive, nada substitui a atuação do

próprio aluno na tarefa de construir significados sobre os conteúdos da

aprendizagem. É ele que modifica, enriquece e, portanto, constrói novos e mais

potentes instrumentos de ação e interpretação. Nesse processo, é importante levar

em conta as características individuais e as experiências de vida dos futuros

professores, inclusive as experiências profissionais.

Tal implica que, do ponto de vista metodológico, é necessário propiciar

situações de aprendizagem focadas em situações-problema ou no desenvolvimento

de projetos que possibilitem a interação dos diferentes conhecimentos, organizados

estes em áreas ou disciplinas. É preciso que os futuros professores sejam

desafiados por situações-problemas que os confrontem com obstáculos que exijam

superação, e que experienciem situações didáticas nas quais possam refletir,

experimentar e agir, a partir dos conhecimentos que possuem.

7.4.4 - Simetria Invertida

A formação do professor possui duas características diferenciais em relação a

outros cursos. Em primeiro lugar, ele aprende a profissão no lugar similar àquele em

que vai atuar, porém numa situação invertida; isso exige coerência entre o que se

faz na formação e o que dele se espera como profissional. A segunda característica

é que o professorando já viveu como aluno a etapa de escolaridade na qual irá

atuar. A aceitação da “simetria invertida” como um fato evidencia a necessidade de

que o futuro professor experiencie, como aluno, durante o processo de formação, as

atitudes, modelos didáticos, capacidades e modos de organização que se pretende

venham ser concretizados em suas práticas pedagógicas; ou seja, a formação inicial

do professor deve ser uma experiência análoga – mas não cópia mecânica – à

experiência de aprendizagem que ele deve facilitar a seus futuros alunos.

No curso de formação de professores de Educação Física, a questão da

simetria invertida é particularmente importante nas disciplinas que incluem a vivência

corporal das atividades por parte dos graduandos, pois sabe-se que as experiências

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de movimento vividas por um professor ao longo da sua vida influenciam

decisivamente o modo como ele as valoriza e transmite aos alunos, tendendo a

reproduzir na sua prática pedagógica o modo como ele próprio as vivenciou.

Portanto, os docentes responsáveis por essas disciplinas devem privilegiar

conteúdos, estratégias de ensino e formas de avaliação compatíveis – mas não

necessariamente restritas – com as que recomendam desenvolver nas escolas

voltadas para a educação básica; por exemplo, favorecer, nas vivências corporais, a

participação de todos os graduandos, sem discriminação de qualquer espécie,

adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade, avaliar, do ponto de

vista do desempenho físico-motor, segundo o progresso individual de cada um etc.

7.4.5 - Conhecimento das Competências a Serem Desenvolvidas nos Alunos

das Diferentes Etapas e Modalidades da Educação Básica

Conhecimentos relativos aos processos de crescimento, desenvolvimento e

de aprendizagem do ser humano, com ênfase na faixa etária do zero aos 18 anos,

que cobre o período da educação básica, são fundamentais na formação do

professor de Educação Física. Portanto, além das disciplinas específicas, devem ser

tratados, de maneira aplicada, nas disciplinas didático-pedagógicas e nas que tratam

das manifestações da cultura corporal de movimento, na medida em que diferentes

faixas etárias demandam processos de ensino e aprendizagem diferenciados.

Além disso, os futuros professores devem conhecer com profundidade as

competências que deverão devolver nos seus alunos da educação básica, assim

como os conteúdos (procedimentais, atitudinais e conceituais) que dão suporte para

tal desenvolvimento, e os objetivos gerais e específicos dos vários ciclos de

escolarização. Tais conhecimentos deverão ser amplamente abordados nas

disciplinas didático-pedagógicas, e contextualizados na especificidade da Educação

Física e suas abordagens de ensino.

7.4.6 - A Prática como Eixo Central

A articulação entre teoria e prática (entendida como prática pedagógica, e não

prática de exercícios físicos) não pode ficar sob a responsabilidade restrita de uma

ou outra disciplina isolada (em geral sob a forma de “Prática de Ensino/Estágio

Supervisionado”), desarticulada do restante do Curso, sob pena de continuar

reproduzindo a dicotomia entre teoria e prática, questão historicamente problemática

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na Educação Física. A prática transcende o estágio, e o Curso deve contemplar uma

diversidade de situações didáticas em que os futuros professores não só mobilizem

os conhecimentos que aprenderam, transformando-os em ação, mas também

possam mobilizar outros, de diferentes naturezas e, principalmente, tenham a

oportunidade de refletir sobre a prática docente, sua e de outrem, no sentido de

avaliá-la, criticá-la, adquirindo a competência de permanentemente construí-la e

reconstruí-la. Assim o exercício da prática docente e da reflexão sistemática sobre

elas deve ocupar lugar central na matriz curricular, não se confundindo com uma

disciplina que transmite conteúdos “sobre” a prática.

Nessa perspectiva, a dimensão da prática, na organização curricular do Curso

de Licenciatura em Educação Física (denominada por Práticas Formativas) deverá

estar presente nas disciplinas das dimensões do conhecimento da formação

ampliada (o corpo humano, o ser humano e a sociedade, a produção do

conhecimento), que problematizarão a prática a partir de diferentes “olhares”, e nas

disciplinas das dimensões do conhecimento da formação específica (manifestações

da cultura corporal de movimento e técnico-instrumental), que deverão explicitar os

conteúdos e estratégias que garantam, sob diferentes enfoques e vivências, o

diálogo com a prática docente em Educação Física. Como eixo central da dimensão

da prática, as disciplinas ligadas à intervenção didático-pedagógica no âmbito da

escola estabelecerão interação com o “Estágio Supervisionado” a ser concretizado

em escolas de educação básica, quando o futuro professor toma conhecimento do

real em situação de trabalho.

7.4.7 - Pesquisa e Atitude Investigativa

A pesquisa ou investigação que se desenvolve no âmbito do trabalho do

professor diz respeito, principalmente, a uma atitude cotidiana de busca de

compreensão dos processos de aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos e

à autonomia na interpretação da realidade e dos conhecimentos que constituem

seus objetos de ensino.

Para forjar a autonomia dos professores, é indispensável que eles saibam

como são produzidos os conhecimentos que ensinam, quer dizer, conheçam

minimamente os contextos e métodos de investigação usados pelas diferentes

ciências, para que não se tornem meros repassadores de informações. Para isso é

necessário conhecer e saber usar procedimentos de pesquisa: levantamento de

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hipóteses, delimitação de problemas, registro e análise de dados, etc., além de

familiarizar-se com os diferentes delineamentos de pesquisa: experimental, estudos

de campo, pesquisas qualitativas etc. Também é importante considerar que o

acesso aos conhecimentos e métodos da investigação acadêmica nas diferentes

áreas que compõem seu conhecimento profissional alimenta o seu desenvolvimento

profissional e possibilita ao professor manter-se atualizado. O desenvolvimento de

tais competências deve ser preocupação constante das disciplinas da unidade de

formação ampliada, fortemente ligadas às ciências-mães (biologia, psicologia,

sociologia etc.).

Todavia, o foco principal do ensino da pesquisa nos curso de formação

docente deve ser o próprio processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos

escolares na educação básica. Assim, as disciplinas que lidam especificamente com

o conhecimento didático-pedagógico deverão referenciar-se às pesquisas que

tratam do trabalho pedagógico do professor, no sentido de evidenciar como o próprio

professor, em seu cotidiano também produz, ele próprio, conhecimentos e saberes

docentes quando investiga, reflete, seleciona, planeja, organiza, integra, avalia, cria

e recria formas de intervenção didática junto aos seus alunos. As disciplinas que

tratam das manifestações da cultura corporal de movimento devem buscar as

pesquisas pedagógicas que têm buscado desvelar a prática pedagógica da

Educação Física, a fim de tornar mais evidentes aos professorandos os

procedimentos de ensino utilizados, facilitando a reflexão e integração de

conhecimentos pedagógicos a ser realizada nas disciplinas relativas ao

conhecimento didático-pedagógico.

Por fim, como etapa que finaliza a integração do trabalho científico e

pedagógico, tem-se o trabalho de conclusão do curso, explorando temas específicos

do campo educacional.

7.4.8 - Concepção de Avaliação

A avaliação é um processo útil para problematizar a ação pedagógica,

reorientar o processo de ensino e facilitar a autoavaliação do professor, assim como

atribuir conceitos aos alunos, de modo a situá-los com relação aos seus progressos

e às exigências institucionais e culturais. A avaliação há de entendida como parte do

processo de formação, e destina-se à análise da aprendizagem dos futuros

professores, visando favorecer seu percurso e regular as ações de sua formação,

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além de destinar-se a certificar sua própria formação profissional. Portanto, o

conhecimento dos critérios utilizados e a análise dos resultados e dos instrumentos

de avaliação e autoavaliação são imprescindíveis, ao favorecerem a consciência do

professor em formação sobre o seu processo de aprendizagem. Deve-se avaliar não

só conhecimento adquirido, mas a capacidade de acioná-lo e de buscar outros para

realizar o que é proposto, ou seja, a avaliação só cumpre plenamente o seu papel se

diagnosticar o uso funcional e contextualizado dos conhecimentos.

No caso específico da Educação Física, há a questão sempre problemática

da avaliação do desempenho físico-motor, e é aspecto crítico no fenômeno da

“simetria invertida”. Uma nova concepção de Educação Física, baseada no conceito

de "cultura corporal de movimento", exige uma melhoria de qualidade nos

procedimentos de avaliação. Isso inclui a avaliação da dimensão cognitiva mesmo

nas disciplinas que têm nas vivências corporais (esporte, dança, jogos etc.) parte

importante dos seus conteúdos/estratégias, assim como uma explicitação e

diferenciação entre os aspectos a serem considerados para a atribuição de

conceitos aos alunos, e os que serão úteis para a autoavaliação do professor e do

próprio ensino. Além disso, uma parte dos processos avaliativos deverão ser

similares aos que se recomendam sejam utilizados na Educação Física Escolar, ou

seja, não se pode apresentar determinados procedimentos como mais adequados

para a Educação Básica, e utilizar outros nas próprias disciplinas do curso de

graduação.

Assim, na atribuição de conceitos aos graduandos, recomenda-se:

A avaliação deve ser contínua, compreendendo as fases que se convencionou

denominar: diagnóstica ou inicial, formativa e somativa;

A avaliação deve englobar os domínios cognitivo, afetivo ou emocional, social e

motor;

A avaliação deve referir-se aos conhecimentos científicos relacionados à prática

das atividades corporais de movimento;

A avaliação deve levar em conta os objetivos específicos propostos pelo

programa de ensino;

A avaliação deve operacionalizar-se na aferição da capacidade do aluno

expressar-se, pela linguagem escrita e falada, sobre a sistematização dos

conhecimentos relativos à cultura corporal de movimento, e, quando for o caso,

da sua capacidade de movimentar-se nas formas elaboradas por esta cultura.

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Os processos avaliativos incluem aspectos informais e formais, concretizados

em observação sistemática/assistemática e anotações sobre o interesse,

participação e capacidade de cooperação do aluno, autoavaliação, trabalhos e

provas escritas, testes para avaliação qualitativa e quantitativa de habilidades e

capacidades físicas, resolução de situações problemáticas propostas pelo professor,

elaboração e apresentação de coreografias de dança, exercícios ginásticos ou

táticas de esportes coletivos, etc. Evidentemente, os instrumentos e exigências da

avaliação deverão estar em sintonia com o nível de desenvolvimento da turma e o

conteúdo efetivamente ministrado. É necessário que a avaliação inclua ao longo do

ano várias destas estratégias. É importante informar ao aluno quais são os

momentos de avaliação formal, e quais aspectos serão avaliados e transformados

em conceito.

7.5 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS

7.5.1 - Competências Referentes ao Comprometimento com os Valores

Inspiradores da Sociedade Democrática

Pautar-se por princípios da ética democrática: dignidade humana, justiça,

respeito mútuo, participação, responsabilidade, diálogo e solidariedade, para

atuação como profissional e cidadão;

Orientar escolhas e decisões metodológicas e didáticas por valores

democráticos e por pressupostos epistemológicos coerentes;

Reconhecer e respeitar a diversidade manifestada pelos alunos, em seus

aspectos sociais, culturais e físicos, detectando e combatendo todas as formas de

discriminação.

7.5.2 - Competências Referentes à Compreensão do Papel Social da Escola

Compreender o processo de sociabilidade e de ensino e aprendizagem na

escola e suas relações com o contexto no qual se inserem as instituições de ensino

e atuar sobre ele;

Utilizar conhecimentos sobre a realidade econômica, cultural, política e

social, para compreender o contexto e as relações em que está inserida a prática

educativa;

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Promover uma prática educativa que leve em conta as características dos

alunos e de seu meio social, seus temas e necessidades do mundo contemporâneo

e os princípios, prioridades e objetivos do projeto educativo e curricular.

7.5.3 - Competências Referentes ao Domínio dos Conteúdos Básicos e

Específicos da Educação Física como Área de Conhecimento

Conhecer e dominar os conteúdos básicos relacionados às áreas de

conhecimento que serão objeto da atividade docente (o corpo humano, o ser

humano e a sociedade, produção do conhecimento, manifestações da cultura

corporal de movimento, técnico-instrumental, intervenção didático-pedagógica) de

modo a: (a) reconhecer nos conteúdos suas dimensões conceituais, procedimentais

e atitudinais; (b) adequá-los às atividades escolares próprias das diferentes etapas e

modalidades da educação básica;

Relacionar os conteúdos básicos referentes às áreas de conhecimento

com: (a) os fatos, tendências, fenômenos ou movimentos da atualidade; (b) fatos

significativos da vida pessoal, social e profissional dos alunos;

Ser proficiente no uso de diferentes linguagens (verbal e corporal) nas

tarefas, atividades e situações relevantes no âmbito do exercício profissional

Fazer uso de recursos da tecnologia da informação e da comunicação, e

de produções das diferentes mídias, de forma a aumentar as possibilidades de

aprendizagem dos alunos;

7.5.4 - Competências Referentes ao Domínio do Conhecimento Didático-

Pedagógico

Criar, planejar, realizar, gerir e avaliar situações didáticas eficazes para a

aprendizagem e para o desenvolvimento dos alunos, utilizando o conhecimento das

áreas ou disciplinas a serem ensinadas, das temáticas sociais transversais ao

currículo escolar (em especial as temáticas da Ética, Saúde e Orientação Sexual),

dos contextos sociais considerados relevantes para a aprendizagem escolar, bem

como as especificidades didáticas envolvidas no ensino das diferentes

manifestações da cultura corporal de movimento;

Utilizar modos diferentes e flexíveis de organização do tempo, do espaço e

de agrupamento dos alunos, para favorecer e enriquecer seu processo de

desenvolvimento e aprendizagem;

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Manejar diferentes estratégias de comunicação dos conteúdos, sabendo

eleger as mais adequadas considerando a diversidade dos alunos, os objetivos das

atividades propostas e as características dos próprios conteúdos;

Identificar, analisar e produzir materiais e recursos para utilização didática,

diversificando as possíveis atividades e potencializando seu uso em diferentes

situações;

Gerir a classe, a organização do trabalho, estabelecendo uma relação de

autoridade e confiança com os alunos;

Intervir nas situações educativas com sensibilidade, acolhimento e

afirmação responsável de sua autoridade;

Utilizar estratégias diversificadas de avaliação da aprendizagem e, a partir

de seus resultados, formular propostas de intervenção pedagógica, considerando o

desenvolvimento de diferentes capacidades dos alunos.

7.5.5 - Competências Referentes ao Conhecimento de Processos de

Investigação

Analisar situações e relações interpessoais que ocorrem na escola, com o

distanciamento profissional necessário à sua compreensão;

Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática docente, investigando o

contexto educativo e analisando a própria prática profissional;

Utilizar-se dos conhecimentos para manter-se atualizado em relação aos

conteúdos de ensino e ao conhecimento pedagógico;

Utilizar resultados de pesquisa para o aprimoramento de sua prática

profissional.

7.5.6 - Competências Referentes ao Gerenciamento do Próprio

Desenvolvimento Profissional

Utilizar as diferentes fontes e veículos de informação, adotando uma atitude

de disponibilidade e flexibilidade para mudanças, gosto pela leitura e empenho no

uso da escrita como instrumento de desenvolvimento profissional;

Elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho,

empenhando-se em compartilhar a prática e produzir coletivamente;

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Utilizar o conhecimento sobre a organização, gestão e financiamento dos

sistemas de ensino, sobre a legislação e as políticas públicas referentes à educação

para uma inserção profissional crítica.

7.6 – ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

7.6.1 - Dimensões do Conhecimento

Formação Ampliada

A formação ampliada compreende o estudo da relação do ser humano, em

todos os ciclos vitais, com a sociedade, a natureza, a cultura e o trabalho. Deverá

possibilitar uma formação cultural abrangente para a competência acadêmico-

profissional de um trabalho com seres humanos em contextos histórico-sociais

específicos, promovendo um contínuo diálogo entre as áreas de conhecimento

científico afins e a especificidade da Educação Física. É constituída por três

dimensões do conhecimento:

A) O corpo humano

Enfoca o corpo humano como fenômeno biológico e social. As

representações do corpo na anatomia, na fisiologia e na biomecânica. O corpo e o

discurso filosófico. O corpo como produtor de linguagem. A saúde como fenômeno

biológico. O corpo e o processo de crescimento e desenvolvimento humano.

B) O ser humano e a sociedade

Enfoca os possíveis diálogos entre as Ciências Humanas/Sociais e a

especificidade da Educação Física em suas dimensões socioculturais e

educacionais, sob as perspectivas da psicologia, história, antropologia, sociologia e

filosofia da educação. Estuda a saúde como fenômeno social e histórico.

C) Produção do conhecimento

Estuda as formas e processos de produção e comunicação do conhecimento.

Discute os fundamentos epistemológicos da Educação Física como área de

conhecimento e as relações entre o conhecimento e a intervenção profissional em

Educação Física. A pesquisa científica em Educação Física.

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Formação Específica

A formação específica abrange os conhecimentos identificadores da

Educação Física, que deve compreender e integrar as dimensões culturais, didático-

pedagógicas e técnico-instrumentais das manifestações e expressões do movimento

humano, com o propósito de qualificar e habilitar a intervenção acadêmico–

profissional em face das competências e das habilidades específicas do licenciado

em Educação Física. É constituída por três dimensões do conhecimento:

A) Manifestações da cultura corporal de movimento

Aborda as manifestações da cultura corporal de movimento, possibilitando

sua transmissão por meio de vivências e aprendizagem de habilidades motoras

específicas, buscando a construção e transformação dos conhecimentos nas

dimensões conceitual, atitudinal e procedimental dos conteúdos, por meio do estudo

dos contextos, valores, princípios e métodos de ensino envolvidos.

B) Técnico-instrumental

Estuda os mecanismos de adaptação, ajustes e alteração do comportamento

biológico, motor e da aprendizagem, frente ao esforço físico e ao treinamento, de

técnicas, de atividades motoras sistematizadas ou não, buscando também a

compreensão e desenvolvimento de meios de avaliação

C) Intervenção didático-pedagógica no âmbito da Escola

Busca possibilitar o desenvolvimento de atitudes e conceitos que subsidiem

as tomadas de decisões políticas e metodológicas no planejamento, na intervenção

e na avaliação profissional no âmbito escolar, levando em consideração a

diversidade humana. Estuda as abordagens teóricas referentes à didática e à

psicologia do ensino escolar. Aborda as especificidades didático-pedagógicas da

Educação Física na educação básica, tratando da delimitação e sistematização dos

conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais dos programas de Educação

Física nos diversos níveis de ensino infantil, fundamental e médio. Inter-relaciona

conhecimentos da Psicologia, Pedagogia e Educação Física, necessários para a

atuação do professor. Estuda o funcionamento e organização do sistema escolar.

7.6.2 - Organização Temática

Cada dimensão do conhecimento guia-se pelas competências específicas que

se deseja desenvolver, e desdobra-se em temas, oriundos da concepção de

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Educação Física adotada, da tradição acadêmico-profissional da Educação Física e

das novas direções apontadas pela pesquisa científica e pela reflexão filosófica na

área.

Dimensão do Conhecimento: O Corpo Humano

Competências específicas desejadas:

- Abordar e dominar os conteúdos básicos referentes ao corpo humano,

compreendendo sua estrutura e funcionamento como fenômeno biológico;

- Utilizar os conhecimentos aprendidos para compreender o processo de

crescimento e desenvolvimento humano no âmbito motor, cognitivo, afetivo e

social;

- Fazer uso da tecnologia e informação para aumentar as possibilidades de

aprendizagem e ensino dos fenômenos relacionados ao corpo humano: suas

capacidades e limites;

- Abordar os conteúdos básicos referentes às diferentes formas de linguagem

corporal, facilitando a compreensão das manifestações da cultura corporal do

movimento;

- Analisar e utilizar estratégias diversificadas para conhecer os limites do corpo

humano, articulando exercícios específicos que visem a manutenção da saúde e

prevenção de doenças;

- Discutir e criticar o ensino sobre o corpo humano no ensino fundamental e médio;

- Analisar e discutir criticamente as relações entre o corpo humano e a sociedade.

Temas:

O corpo anátomo-fisiológico

Estuda aspectos anatômicos e funcionais do ser humano e sua relação com a

prática da atividade física, procurando estabelecer conexão destes conhecimentos

com o desenvolvimento e desempenho motor.

O corpo mecânico

Estuda a relação das estruturas de sustentação do corpo humano e sua

interação com o exercício. O papel da mecânica como ferramenta de estudo na

atividade física e a relação da Física com as manifestações da cultura corporal do

movimento.

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O corpo como conceito filosófico

Estuda o conceito de corpo nos vários sistemas ou escolas filosóficas. O

corpo como presença humana no mundo e sinal de pertencimento social.

O corpo como linguagem

Aborda o corpo como meio primário de comunicação e como produtor de

linguagem e significados. Estuda a linguagem corporal como matéria prima da

motricidade e base das manifestações da cultura corporal de movimento.

Corpo e autoconhecimento

Estuda princípios e elementos comuns das diferentes práticas corporais, nas

dimensões: da cultura; da sensibilidade; dos sentimentos; dos sentidos; da

percepção; do conhecimento; dos significados; da apropriação e transformação de

si, do outro e do mundo vivido e almejado.

O crescimento e o desenvolvimento humano

Estuda os conceitos básicos envolvidos no processo de crescimento e

desenvolvimento humano nas esferas motora, cognitiva, afetivo-social e suas inter-

relações. Enfoca as alterações que ocorrem ao longo do ciclo vital e suas

implicações para a Educação Física.

Dimensão do Conhecimento: O Ser Humano e a Sociedade

Competências específicas desejadas:

- Dominar, contextualizar e relacionar os conteúdos básicos referentes às

dimensões históricas, socioculturais, antropológicas, filosóficas, educacionais e

psicológicas no âmbito da educação escolar;

- Articular os conteúdos básicos referentes ao Ser Humano e à Sociedade com: (a)

os fatos, tendências, fenômenos ou movimentos da atualidade; (b) fatos

significativos da vida pessoal, social e profissional dos alunos;

- Analisar situações e relações interpessoais que ocorrem na escola, com o

distanciamento profissional necessário à sua compreensão;

- Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática docente, investigando o

contexto educativo e analisando a própria prática profissional;

- Utilizar-se dos conhecimentos relativos ao ser humano e a sociedade para

manter-se atualizado em relação aos conteúdos de ensino e ao conhecimento

pedagógico;

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- Utilizar resultados de pesquisas sobre o ser humano e a sociedade para o

aprimoramento de sua prática profissional.

- Utilizar os conhecimentos apreendidos referentes ao Ser Humano e à Sociedade

para uma inserção profissional crítica no âmbito escolar.

Temas:

As dimensões históricas e socioculturais da Educação Física

Aborda conteúdos históricos e socioculturais referentes às manifestações da

cultura corporal do movimento no processo da civilização humana;

A dimensão psicológica da Educação Física

Estuda as principais abordagens psicológicas e suas implicações para a

Educação Física. Enfoca a relação Indivíduo/Sociedade e Educação;

A dimensão educacional da Educação Física

Estuda as tendências filosóficas no campo da Educação e implicações na

Educação Física. Aborda as inter-relações entre Escola, Estado, Indivíduo e

Sociedade;

A saúde como fenômeno social e histórico

Estuda as abordagens teóricas referentes ao conceito de saúde, numa

perspectiva social e histórica. Discute as inter-relações entre saúde, sociedade,

educação e o papel do profissional da Educação Física.

Dimensão do Conhecimento: Produção do Conhecimento

Competências específicas desejadas:

- Ser proficiente no uso da língua materna nas tarefas, atividades e situações

relevantes no âmbito do exercício profissional;

- Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática docente, investigando o

contexto educativo e analisando a própria prática profissional;

- Utilizar-se dos conhecimentos para manter-se atualizado em relação aos

conteúdos de ensino e ao conhecimento pedagógico;

- Utilizar resultados de pesquisa para o aprimoramento de sua prática profissional.

- Utilizar as diferentes fontes e veículos de adotando uma atitude de disponibilidade

e flexibilidade para mudanças, gosto pela leitura, investigação e empenho no uso

da escrita como instrumento de desenvolvimento profissional;

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- Elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho, empenhando-se

em compartilhar a prática e produzir coletivamente assuntos relacionados à

cultura corporal do movimento;

- Utilizar os conhecimentos apreendidos para uma inserção profissional crítica no

âmbito escolar;

- Dominar, contextualizar e relacionar os conteúdos básicos referentes às

dimensões históricas, socioculturais, antropológicas, filosóficas, educacionais e

psicológicas no âmbito da educação escolar, relevando os fenômenos da saúde e

da cultura corporal do movimento;

- Articular os conteúdos básicos referentes ao Ser Humano e à Sociedade com: (a)

os fatos, tendências, fenômenos ou movimentos da atualidade; (b) fatos

significativos da vida pessoal, social e profissional dos alunos;

Temas:

A teoria do conhecimento e a epistemologia

Analisa os fundamentos/pressupostos que permitem ao homem acessar e

“conhecer” os fenômenos. As diferenças epistemológicas entre Ciências Naturais e

Ciências Humanas/Sociais.

A teoria da Educação Física

Estuda o universo de discurso e práticas da Educação Física como área do

conhecimento e profissão, analisando os principais conceitos envolvidos. Analisa

criticamente as relações da Educação Física com as demandas sociais e o contexto

histórico.

Os processos de produção do conhecimento científico e a Educação Física

Apresenta a ciência como um projeto humano e histórico, e o conhecimento

científico como uma das formas possíveis de produção do conhecimento. Estuda as

etapas do trabalho científico, os tipos e delineamentos de pesquisa relevantes para

a pesquisa em Educação Física e as formas de comunicação do conhecimento.

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Dimensão do Conhecimento: Manifestações da Cultura Corporal de Movimento

Competências específicas desejadas:

- Utilizar jogos, brinquedos, brincadeiras, esportes, danças, atividades rítmicas e

expressivas, ginásticas e lutas para a aprendizagem e desenvolvimento dos

alunos;

- Planejar, implementar, gerir e avaliar atividades de ensino que envolvam as

diversas manifestações da cultura corporal de movimento;

- Manejar diferentes estratégias de ensino na utilização das várias manifestações

da cultura corporal de movimento considerando: a diversidade dos alunos, as

dimensões dos conteúdos (atitudinal, conceitual e procedimental) e o contexto

escolar;

- Articular as manifestações da cultura corporal de movimento com as dimensões

históricas, sociais, antropológicas, psicológicas, políticas, filosóficas e econômicas

que envolvem a vida humana, buscando compreender suas construções e as

relações com a atualidade;

- Identificar e analisar as distintas manifestações da cultura corporal de movimento,

reconhecendo e criando possibilidades para as manifestações de outras formas

de movimentação e sentidos corporais, bem como oferecer aos alunos tais

possibilidades de criação.

Temas:

O fenômeno lúdico

Estuda o fenômeno lúdico como manifestação humana. Discute as inter-

relações entre Educação e o Lúdico. Aborda os jogos, brinquedos e as brincadeiras

na Educação Física.

O fenômeno esportivo

Estuda a história, especificidades, técnicas, táticas, regras, organização,

princípios pedagógicos e métodos de ensino dos esportes, assim como as

transformações didático-pedagógicas articuladas com a finalidade e o contexto da

instituição escolar.

As danças e atividades rítmicas/expressivas

Estuda a história e os processos pedagógicos da dança e os seus

estilos/ritmos, articuladas com a finalidade e o contexto da instituição escolar.

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A ginástica

Estuda a história e os processos pedagógicos da Ginástica Geral, apresenta

as principais variações atuais das ginásticas especializadas, em termos de princípios

e técnicas, articuladas com a finalidade e o contexto da instituição escolar.

As lutas

Estuda a história, especificidades, técnicas, táticas, regras, organização,

princípios pedagógicos, métodos de ensino das lutas corporais-desportivas, assim

como as transformações didático-pedagógicas, articuladas com a finalidade e o

contexto da instituição escolar.

Dimensão do Conhecimento: Técnico-Instrumental

Competências específicas desejadas:

- Abordar, contextualizar e discutir problemas, situações, e processos relacionados

a comportamento motor e treinamento físico, sob o ponto de vista da variáveis

fisiológicas e da aprendizagem;

- Compreender, discutir e relacionar os princípios das repostas fisiológicas do

organismo, frente aos programas de atividade física na infância e adolescência;

- Compreender os princípios para formulação de programas de atividades físicas

voltadas para na infância e adolescência;

- Conhecer e dominar os princípios, métodos e técnicas, históricos e

contemporâneos do treinamento físico;

- Conhecer e dominar os princípios fundamentais, os métodos e as técnicas de

avaliação das capacidades físico motoras na infância e adolescência;

- Elaborar, discutir, executar e avaliar programas de treinamento físico voltados

para necessidades específicas na infância e adolescência;

- Planejar, organizar, e manejar e administrar o uso da instrumentalização técnica

adequada no emprego da avaliação e treinamento físico e comportamento motor;

- Planejar e organizar o espaço físico e as instalações do ambiente escolar para a

prática do treinamento.

Temas:

Comportamento motor

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Estuda os princípios e bases teóricas que regem os processos de controle e

aprendizagem da ação motora. Aborda aspectos didático-metodológicos importantes

no processo ensino-aprendizagem do movimento na Educação Física.

A fisiologia do exercício

Estuda as adaptações dos diferentes sistemas orgânicos frente às diferentes

formas do exercício físico.

Os princípios básicos do condicionamento físico

Estuda os fundamentos do condicionamento físico, abordando as noções

gerais dos princípios de treinamento, adaptações e periodização nas diversas

formas de atividades físicas, bem como a análise de variáveis que influenciam o

desempenho físico.

Os princípios e as técnicas da avaliação físico-motora

Estuda a história da medição na Educação Física. Trata dos testes e

instrumentos para avaliação das capacidades físicas, habilidades esportivas e

aptidão física, da medição aplicada e prescrição de atividade física, das técnicas e

instrumentação associadas a medição do homem em movimento, bem como da

inter-relação da avaliação com a estatística.

Dimensão do Conhecimento: Intervenção Didático-Pedagógica no Âmbito da

Escola

Competências específicas desejadas:

- Criar, planejar, implementar, gerir e avaliar situações didático-pedagógicas

eficazes para a aprendizagem e para o desenvolvimento dos alunos;

- Utilizar os conhecimentos das áreas ou disciplinas a serem ensinadas, das

temáticas sociais transversais ao currículo escolar, das especificidades didáticas

envolvidas no ensino das diferentes manifestações da cultura corporal de

movimento e dos contextos sociais relevantes para a aprendizagem escolar;

- Utilizar modos diferentes e flexíveis de organização do tempo, do espaço e de

agrupamento dos alunos, para favorecer e enriquecer seu processo de

desenvolvimento e aprendizagem;

- Manejar diferentes estratégias de comunicação dos conteúdos considerando a

diversidade dos alunos, os objetivos das atividades propostas e as características

dos próprios conteúdos;

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56

- Identificar, analisar e produzir materiais e recursos para utilização didático-

pedagógica, diversificando as atividades e potencializando seus usos em

diferentes situações;

- Gerir a classe, a organização do trabalho, estabelecendo uma relação de

autoridade e confiança com os alunos;

- Intervir nas situações educativas com sensibilidade, acolhimento e afirmação

responsável de sua autoridade;

- Utilizar estratégias diversificadas de avaliação da aprendizagem e, a partir de

seus resultados, formular propostas de intervenção pedagógica, considerando o

desenvolvimento de diferentes capacidades dos alunos;

- Utilizar o conhecimento sobre a organização, gestão e financiamento dos

sistemas de ensino, sobre a legislação e as políticas públicas referentes à

educação para uma inserção profissional crítica;

- Reconhecer a instituição escolar como um espaço coletivo de trabalho,

empenhando-se na elaboração e no desenvolvimento de trabalhos em grupo;

- Reconhecer a prática docente como um espaço de construção de saberes, se

autovalorizando como profissional que tem autonomia sobre suas ações;

- Analisar, relacionar e avaliar os saberes produzidos na prática docente com os

conhecimentos científicos por meio de reflexões que resultem em uma atuação de

melhor qualidade;

- Adotar uma atitude de investimento na própria profissão, vendo-a como algo que

se desenvolve ao longo do tempo de atuação, em prol de novas aprendizagens

profissionais;

- Analisar a escola como um espaço que estabelece condições objetivas para o

trabalho docente, seus contextos, suas características, estruturas, hierarquias, de

modo a reconhecer que as mudanças buscadas vão além da responsabilidade

individual do professor e a buscar estratégias que envolvam toda a comunidade

escolar;

- Analisar situações e relações interpessoais que ocorrem na escola, com o

distanciamento profissional necessário à sua compreensão

- Fazer uso de estratégias que possibilitem a inclusão e a participação efetiva de

todos os alunos nas aulas;

- Fazer uso de recursos da tecnologia da informação e da comunicação, de

produções das diferentes mídias, objetos e fontes (documentais e orais), de forma

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a aumentar as possibilidades de aprendizagem dos alunos;

- Manejar diferentes estratégias que permitam integrar os conteúdos conceituais,

atitudinais e procedimentais nas aulas de Educação Física para favorecer aos

alunos uma aprendizagem mais ampliada e articulada no que se refere à cultura

corporal de movimento;

Temas:

Estrutura e funcionamento da educação básica

Analisa de modo crítico a estrutura e funcionamento da educação infantil,

ensino fundamental e ensino médio no Brasil, em suas relações com o Estado e a

sociedade civil. Busca fornecer subsídios para a atuação no contexto escolar.

Psicologia da educação

Relaciona as teorias da aprendizagem ao ensino da Educação Física, bem

como enfoca a relação professor-aluno.

Didática e metodologia do ensino em Educação Física

Estuda os objetivos, conteúdos, estratégias metodológicas e os processos

avaliativos que subsidiem a intervenção na construção do projeto político-

pedagógico na instituição escolar e o planejamento do ensino da Educação Física,

levando em conta as políticas públicas e as várias concepções teórico-

metodológicas da área.

Educação física na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio

Estuda os objetivos, conteúdos, estratégias metodológicas e os processos

avaliativos da Educação Física mais adequados para os diferentes níveis de ensino.

Busca possibilitar a construção e a análise de propostas de implementação da

Educação Física para estes níveis de ensino, bem como conhecer e refletir sobre a

prática pedagógica.

Educação física para alunos com deficiências

Aborda os aspectos relacionados a prática da atividade física para alunos

com deficiências, no âmbito da escola, seja em situação de inclusão ou não. São

estudados os conhecimentos relacionados as características da especificidade das

deficiências, assim como, as implicações para a prática da atividade física, com

ênfase nas estratégias de ensino adaptadas.

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58

As dimensões do conhecimento não podem ser vistas isoladamente, mas em

interação. Os temas sugeridos em cada dimensão do conhecimento não se

confundem com as disciplinas que irão compor a matriz curricular, e devem ser

entendidos como os núcleos em torno das quais deverão reunir-se as vivências

didáticas planejadas ao longo do curso, sejam as obrigatórias, sejam as eleitas pelo

próprio aluno, na forma de disciplinas optativas ou de outras atividades de formação.

O Quadro 1, logo abaixo, busca sintetizar a organização curricular das

dimensões do conhecimento e dos temas em cada uma telas.

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QUADRO 1. DIMENSÕES DO CONHECIMENTO / TEMAS

FORMAÇÃO AMPLIADA

FORMAÇAO ESPECÍFICA

O CORPO HUMANO

. o corpo anátomo-fisiológico

. o corpo mecânico

. o corpo como conceito filosófico

. o corpo como linguagem

. corpo e auto-conhecimento

. o crescimento e o desenvolvimento

humano

O SER HUMANO E A SOCIEDADE

. as dimensões psicológicas da Educação Física

. as dimensões históricas e socioculturais da

Educação Física

. as dimensões educacionais da Educação Física

. a saúde como fenômeno social e histórico

A PRODUÇAO DO CONHECIMENTO

. a teoria do conhecimento e a epistemologia

. a teoria da Educação Física

. os processos de produção do conhecimento e a Educação Física

A INTERVENÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NO ÂMBITO DA ESCOLA

estrutura e funcionamento da educação básica - psicologia da educação -didática e metodologia do ensino da Educação Física

educação física infantil - Educação Física no ensino fundamental e médio - Educação Física para alunos com deficiências

- Estágio Supervisionado

MANIFESTAÇÕES DA CULTURA CORPORAL DE

MOVIMENTO

. o fenômeno lúdico

. o fenômeno esportivo

. a dança e atividades rítmicas/expressivas

. a ginástica

. as lutas

TÉCNICO-INSTRUMENTAL

. comportamento motor

. a fisiologia do exercício

. os princípios e as técnicas do condicionamento físico

. os princípios e as técnicas da avaliação físico- motora

A DIMENSÃO DA PRÁTICA

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60

7.6.3 – Outras Atividades de Formação

Constituída por atividades de natureza acadêmica-científica-cultural diversas,

totalizando 210 horas articuladas à formação específica e ampliada. Permitem a

diversificação e ampliação das situações de ensino e aprendizagem vivenciadas pelo

graduando, bem como atualização em assuntos de interesse educacional geral e

especialização em temáticas de interesse específico. Inclui o Trabalho de Conclusão

de Curso.

7.6.3.1 - Atividades Optativas

Serão programadas e indicadas pelo Conselho de Curso, ou selecionadas

pelo próprio aluno, a partir do segundo termo (semestre) do Curso, totalizando 120

horas dentre os seguintes grupos de atividades:

A) Participação em evento acadêmico-científico

O graduando poderá participar de eventos de natureza acadêmico-científica,

pré-selecionados anualmente pela Coordenação de Curso. Podem ser citados como

exemplo: Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (promovido pelo Colégio

Brasileiro de Ciências do Esporte), Simpósio Paulista de Educação Física (promovido

pelo UNESP/Rio Claro), Congresso Científico Latino-Americano da Fiep/Unimep

(promovido pela UNIMEP), Seminário de Educação Física Escolar (promovido pela

USP), e a “Reunião Científica da Educação Física”, promovida pelo Centro Acadêmico

de Educação Física/Coordenação do Curso de Educação Física da Faculdade de

Ciência. A participação em evento acadêmico-científico contabilizará um determinado

número de horas, a ser estabelecido pelo Conselho de Curso, e deverá ser

comprovada mediante comprovante emitido pela instituição promotora. A apresentação

de trabalho nestes eventos contabilizará bônus em horas, a ser quantificado pelo

Conselho de Curso.

B) Participação em eventos técnicos (clínicas, workshops, mini-cursos e Cursos

de Extensão)

A área de Educação Física conta com grande oferta de eventos e cursos nas

mais variadas temáticas, promovidos por diversas entidades (instituições de ensino

superior, SESC, associações profissionais etc.), os quais costumam contar com maciça

participação de graduandos em Educação Física. São eventos e cursos que em geral

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61

abordam aspectos fisiológicos, didático-metodológicos ou socioculturais da Educação

Física. Além de aprofundar, ampliar e atualizar o leque de conteúdos na formação,

inclusive abordando temáticas emergentes, tais eventos e cursos podem atender aos

interesses específicos dos graduandos. Propõe-se, então, mediante critérios

estabelecidos pelo Conselho de Curso, o aproveitamento da carga horária dispendido

pelo aluno em tais atividades de formação, exigindo-se, além de certificado emitido

pela entidade promotora. Tais eventos e cursos poderão ser ofertados pela própria

Faculdade de Ciência, voltando-se a uma dupla finalidade: formação inicial e formação

continuada, o que traria a vantajosa situação, do ponto de vista pedagógico, de

interação entre profissionais e graduandos.

C) Assistência a palestras

Promovidas pela própria instituição, e proferidas por especialistas em temas

ligados à Educação e Educação Física. Os palestrantes convidados podem ser

estranhos ao corpo docente do Curso, ou a ele pertencentes (neste caso, devendo

tratar de tema diferenciado ou complementar às disciplinas que ministra no Curso), a

fim de propiciar novos pontos de vista sobre temas da área, enriquecendo assim a

formação do futuro professor. A Coordenação de Curso, em articulação com os

diversos Departamentos envolvidos no Curso, programará pelo menos uma palestra

por semestre, no período regular de aulas.

D) Participação em Grupo de Estudos ou Laboratório de Pesquisa/Bolsa de

iniciação científica/Monitoria de Ensino ou Participação em Projetos de Extensão

Estas atividades objetivam uma abordagem mais aprofundada e sistemática de

uma temática da área, a partir de uma perspectiva científica e/ou didático-pedagógica,

quer na forma de grupo de estudo orientado por docente do curso, Bolsa de Monitoria,

estágio em Laboratório de Pesquisa, participação em projeto de pesquisa mediante

Bolsa de Iniciação Científica de órgãos de fomento e participação em Projetos de

extensão sob coordenação de docente do Curso. O Departamento de Educação Física

e os demais departamentos envolvidos no curso já mantém diversos grupos de estudos

e Laboratórios, com temáticas definidas em função de linhas de pesquisa

departamentais ou em decorrência de interesses específicos, aos quais podem se

agregar os graduandos, a partir de suas preferências. Atualmente, existem os

seguintes grupos de estudo/Laboratórios no Departamento de Educação Física.:

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Laboratório de Pesquisas em Educação Física, Laboratório de Estudos Socioculturais e

Históricos da Educação Física, Laboratório de Avaliação e Prescrição de Exercícios,

Laboratório de Informação, Visão e Ação e o Laboratório de Fisiologia Experimental. O

Departamento de Educação Física mantém também projetos de extensão que

oferecerem programas de atividades físico-esportivas para a comunidade (iniciação

esportiva para crianças e adolescentes, ginástica, natação etc.), nos quais os

graduandos assumem a regência de turmas numa situação mais controlada e

simplificada, com menor grau de dificuldade em relação à situações “reais” (por

exemplo, com relação a espaço físico, material, número de alunos, pressão

institucional e financeira etc.) sob a supervisão do docente responsável, em geral

especializado na área. Tal ação propicia o contexto adequado à experiência inicial de

“ser professor”. O Conselho de Curso estabelecerá quais atividades deverão ser

minimamente cumpridas em cada tipo de atividade, para possibilitar a contabilização de

um determinado número de horas, bem como regulamentará as horas despendidas

pelos alunos. Em qualquer caso, o aluno deverá apresentar relatório constando as

atividades desenvolvidas, com parecer favorável do docente responsável pelo estágio,

projeto, bolsa etc.

A previsão destas atividades expressa o entendimento de que a formação do

graduando não se esgota na situação formal de ensino e aprendizagem na sala de

aula, com a presença do docente, mas devem incluir vivências didáticas diversificadas,

com maior ou menor grau de formalidade e obrigatoriedade.

Assim, um determinado tema poderá incluir uma ou mais das seguintes

vivências: disciplina(s) obrigatória(s), disciplina(s) optativa(s), participação em evento

acadêmico, minicursos, workshops, palestras, grupos de estudo, participação em

projetos de pesquisa e de extensão etc. Tal estratégia facilita também a integração

ensino-pesquisa-extensão.

Por outro lado, para que essas atividades complementares não se tornem mera

formalidade burocrática ou laissez-faire, é necessário que a Coordenação/Conselho de

Curso exerça algum tipo de direcionamento que as compatibilizem com o projeto

pedagógico. Desse modo, todas elas deverão, direta ou indiretamente, referir-se aos

temas propostos neste projeto.

Tal organização facilita ainda a flexibilidade necessária à formação de um

profissional para atuar em uma sociedade em constante mutação, e caracterizada pela

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63

crescente importância do conhecimento. Novos temas podem ser facilmente agregados

ao projeto, por intermédio de disciplinas optativas, palestras , mini-cursos etc.

7.6.3.2 - Atividade Obrigatória

Trabalho de Conclusão de Curso (90 horas):

A ser orientado por docente do curso, terá caráter monográfico, entendendo-se

por “monografia” um trabalho de cunho acadêmico que trata de modo estruturado de

um determinado tema, devidamente especificado, delimitado e aprofundado35. O

Trabalho de Conclusão de Curso deverá necessariamente contemplar tema ligado ao

campo educacional. A carga horária de 90 horas será distribuída ao longo dos últimos

três termos (semestres) do Curso, visando garantir suficiente tempo de interação entre

orientador e aluno. No termo anterior ao início do Trabalho de Conclusão de Curso, a

disciplina “Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física–II”

tratará da elaboração do projeto do Trabalho, e nos três últimos semestres do Curso

haverá o desenvolvimento do Trabalho propriamente dito, sob orientação de um

docente previamente aprovado pelo Conselho de Curso. A disciplina “Processos de

Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I e II” deverão subsidiar,

com conhecimentos básicos, a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso.

Deverá ser garantido, pelo Departamento ao qual se vincula o orientador, encontros

periódicos entre orientadores e orientados.

7.6.4 – A Dimensão da Prática

Na organização curricular do Curso de Licenciatura em Educação Física da

Faculdade de Ciências, a dimensão da prática (as Práticas Formativas) deverá estar

presente:

a) Em todas as disciplinas, no sentido de que deverão sempre buscar um

diálogo com a Educação Física como área de intervenção acadêmico-profissional.

b) No interior das disciplinas que tratam das diferentes manifestações da

cultura corporal de movimento (jogo, esporte, ginásticas, dança, lutas etc.).

Nessas disciplinas é que se manifesta em especial o fenômeno da “simetria invertida”,

pois nelas a apresentação dos conteúdos procedimentais (quer dizer, os “movimentos”

em si) implica em didáticas específicas; muitas vezes, o graduando encontra-se em

35

Cf. SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho científico. 20ª ed. São Paulo: Cortez, 1996.

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64

situação similar aos alunos ao quais futuramente ensinará – ou seja é um iniciante

naquela modalidade e portanto, é simultaneamente “sujeito” e “objeto” da prática

pedagógica. Portanto, é preciso alertar o futuro professor sobre as distinções e

similaridades de tais processos, assim como é necessário a integração entre a

disciplinas da dimensão “manifestações da cultura corporal de movimento” e da

dimensão “didático-pedagógica”, a fim de que não haja contradições entre a teorização

e a prática efetiva no plano das didáticas específicas. Essas disciplinas, para além do

mero ensino dos gestos motores (dimensão procedimental), envolvem as dimensões

conceituais e ações dos conteúdos, possibilitando reflexões sobre os princípios

pedagógicos e as transformações didático-pedagógicas possíveis em cada um das

manifestações corporais específicas. A dimensão da prática deverá enfatizar

procedimentos de observação e reflexão para compreender e atuar em situações

contextualizadas, envolvendo observação e registro de aulas, resolução de situações-

problemas no ensino das manifestações corporais específicas, entrevistas com

profissionais, situações simuladas, estudos de caso, participação na organização de

eventos esportivos e recreativos etc., que podem, inclusive extrapolar os limites das

escolas onde se dá mais diretamente a relação professor-aluno para alcançar outros

órgãos e entidades normativas e executivas do sistema educacional, inclusive

assinalando presença em agências educacionais não escolares – no caso da

Educação Física pode-se relacionar: SESC, SESI, Secretarias de Esporte e Lazer

municipal e estadual etc.

c) De modo mais sistematizado e contabilizado em carga horária, a dimensão da

prática estará presente sob a denominação “práticas formativas” associadas às

disciplinas referentes às Manifestações da Cultura Corporal de Movimento (jogo,

esporte, ginásticas, dança, lutas etc), Concepções Teórico-Metodológicas no Ensino da

Educação Física, Educação Física para Alunos com Deficiências, Educação Física

Infantil, Educação Física no Ensino Fundamental e Educação Física no Ensino Médio,

na medida em que são disciplinas de síntese, integração e aplicação em relação aos

conteúdos que serão objeto da atividade docente, adequando-os às atividades próprias

da Educação Física na qualidade de disciplina escolar nas diferentes etapas e

modalidades da educação básica. Nos conteúdos desenvolvidos em tais disciplinas,

além dos conteúdos específicos, próprios a cada uma delas, algumas das práticas

docentes vivenciadas pelos alunos nas atividades de Estágio Supervisionado poderão

ser recuperadas, na sala de aula, por intermédio de filmagens em vídeo, depoimentos,

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situações simuladas, discussão de problemas encontrados etc., propiciando uma

reflexão crítica sobre a prática, balizada pelas orientações didático-pedagógicas

oferecidas pelas disciplinas envolvidas. O conjunto dessas disciplinas envolvidas no

desenvolvimento da dimensão da prática do Curso de Licenciatura em Educação Física

da Faculdade de Ciências, abaixo relacionadas, totalizam 450 horas, como mostra a

Tabela 1.

Tabela 1: Distribuição da prática formativa como componente curricular entre as disciplinas da Grade Curricular do curso de Licenciatura em Educação Física.

PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR

NC Carga Horária

Práticas Formativas em Atletismo 1 15

Práticas Formativas em Futebol 1 15

Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 1 15

Práticas Formativas em Primeiros Socorros 1 15

Práticas Formativas em Handebol 1 15

Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 1 15

Práticas Formativas em Biomecânica do Sistema Locomotor 1 15

Práticas Formativas em Crescimento e Desenvolvimento Humano 1 15

Práticas Formativas em Jogos Atividades Lúdicas e de Lazer 2 30

Práticas Formativas em Voleibol 1 15

Práticas Formativas em Capoeira 1 15

Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 1 15

Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física 1 15 Práticas Formativas em Bases Teórico-Prática do Treinamento Físico

1 15

Práticas Formativas em Karatê 1 15

Práticas Formativas em Dança 1 15

Práticas Formativas em Basquetebol 1 15

Práticas Formativas em Educação em Saúde 1 15

Práticas Formativas em Ginástica 2 30

Práticas Formativas em Educação Física Escolar I 2 30 Práticas Formativas em Educação Física para Pessoas com Deficiência 1 15

Práticas Formativas em Educação Física Escolar II 2 30

Práticas Formativas em Educação Física Escolar III 2 30 Práticas Formativas em Tecnologias da Informação e Comunicação, Mídias e Educação Física

2 30

d) Nos estágios supervisionados a serem concretizados em escolas de

educação básica, quando o futuro professor toma conhecimento do real em situação de

trabalho, e testa suas competências por um determinado tempo, mediante projeto

planejado e avaliado conjuntamente pelo Conselho de Curso/Departamento de

Educação e as escolas de educação básica conveniadas, o que pressupõe uma

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relação pedagógica entre um professor experiente no âmbito escolar e um aluno

estagiário. O estágio é o momento de efetivar, sob a supervisão daquele professor

experiente, o processo de ensino e aprendizagem que tornar-se-á futuramente

autônomo. O estagiário, além de assumir efetivamente o papel de professor, deve

envolver-se também com outros espaços e tempos do projeto pedagógico da unidade

escolar em que se faz presente (planejamento, aspectos administrativos etc.). O

estágio supervisionado terá duração de 405 horas, concentradas nos dois últimos anos

dos cursos integral e noturno, e deverá dividir-se entre o ensino infantil, fundamental e

médio.

7.6.5 – Matriz Curricular

A. Dimensão do conhecimento: O corpo humano

Disciplinas Obrigatórias:

Anatomia Humana Geral

Anatomia do Sistema Locomotor

Bases Biológicas da Educação Física

Fisiologia Humana Geral

Biomecânica do Sistema Locomotor

Fisiologia do Exercício I

Crescimento e Desenvolvimento Humano

Disciplinas Optativas: a serem definidas

B. Dimensão do Conhecimento: O Ser Humano e a Sociedade

Disciplinas Obrigatórias:

Psicologia e Educação Física

História da Educação Física

Sociologia e Educação Física

Filosofia e Educação Física

Antropologia Cultural e Educação Física

Filosofia da Educação

Psicologia da Educação

História da Educação

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67

Sociologia da Educação

Lazer e Educação

Disciplinas Optativas: a serem definidas

C. Dimensão do Conhecimento: Produção do Conhecimento

Disciplinas Obrigatórias:

Teoria da Educação Física

Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I

Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II

Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

Noções Básicas de Estatística

Disciplinas Optativas: a serem definidas

D. Dimensão do Conhecimento: Manifestações da Cultura Corporal de Movimento

Disciplinas Obrigatórias:

Atividades Rítmicas

Atletismo

Futebol

Handebol

Atividades Aquáticas

Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer

Voleibol

Capoeira

Karatê

Dança

Basquetebol

Ginástica

Disciplinas Optativas: a serem definidas

E. Dimensão do Conhecimento: Técnico-Instrumental

Disciplinas Obrigatórias:

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68

Primeiros Socorros

Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais

Aprendizagem Motora

Medidas e Avaliação em Educação Física

Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico

Educação em Saúde

Tecnologias da Informação e Comunicação, Mídias e Educação Física

Disciplinas Optativas: a serem definidas

F. Dimensão do Conhecimento: Intervenção didático-pedagógica no âmbito da

escola

Disciplinas Obrigatórias:

Concepções Teórico-Metodológicas no Ensino da Educação Física

Didática e Educação Física

Estrutura e Política da Educação Básica

Educação Física Escolar I

Educação Física Escolar II

Educação Física Escolar III

Educação Física para Pessoas com Deficiência

Disciplinas Optativas: a serem definidas

A grade e fluxo curricular da Licenciatura para os períodos Integral e Noturno

são apresentados nas Tabelas 2 e 3.

Tabela 2: Disciplinas e fluxo curricular para a Licenciatura em Educação Física, período Integral.

Licenciatura em Educação Física

Período Integral – (para ingressantes a partir do ano de 2015)

Estrutura Curricular: Resolução Unesp Nº 58, de 13/7/2017

Reconhecido pela Portaria CEE/GP N° 509, de 29/9/2017, Publicada no D.O.E. de 30/9/2017

Cód. Depto. Disciplina NC Pré-

Requisito Curso

1º Termo

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69

BIO Anatomia Humana Geral 04 TC

DEF Bases Biológicas da Educação Física 02 TC

DEF História da Educação Física 04 TC

DEF Atletismo 03 TC

DEF Práticas Formativas em Atletismo 01 TC

DEF Futebol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Futebol 01 TC

CHU Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

02 TC

DEF Atividades Rítmicas 03 TC

DEF Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 01 TC

Créditos 24

2º Termo

BIO Anatomia do Sistema Locomotor 04 TC

DEF Fisiologia Humana Geral 04 TC

DEF Primeiros Socorros 03 TC

DEF Práticas Formativas em Primeiros Socorros 01 TC

DEF Teoria da Educação Física 02 TC

CHU Filosofia e Educação Física 02 TC

DEF Handebol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Handebol 01 TC

DEF Atividades Aquáticas 03 TC

DEF Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 01 TC

Créditos 24

3º Termo

DEF Biomecânica do Sistema Locomotor 03 TC

DEF Práticas Formativas em Biomecânica do Sistema Locomotor

01 TC

DEF Crescimento e Desenvolvimento Humano 03 TC

DEF Práticas Formativas em Crescimento e Desenvolvimento

01 TC

DEF Fisiologia do Exercício I 02 TC

DEF Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer 04 TC

DEF Práticas Formativas em Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer

02 TC

DEF Voleibol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Voleibol 01 TC

EP Noções Básicas de Estatística 02 TC

CHU Antropologia Cultural e Educação Física 02 TC

EDU Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais

04 TC

Créditos 28

4º Termo

DEF Capoeira 03 TC

DEF Práticas Formativas em Capoeira 01 TC

DEF Aprendizagem Motora 03 TC

DEF Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 01 TC

DEF Medidas e Avaliação em Educação Física 03 TC

DEF Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física

01 TC

DEF Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico 03 TC

DEF Práticas Formativas em Bases Teórico-Prática do Treinamento Físico

01 TC

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70

DEF Processos de Produção e do Conhecimento Científico em Educação Física I

02 TC

DEF Karatê 03 TC

DEF Práticas Formativas em Karatê 01 TC

DEF Dança 03 TC

DEF Práticas Formativas em Dança 01 TC

Créditos 26

5º Termo

DEF Basquetebol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Basquetebol 01 TC

PSI Psicologia e Educação Física 02 TC

CHU Sociologia e Educação Física 02 TC

DEF Educação em Saúde 03 TC

DEF Práticas Formativas em Educação em Saúde 01 TC

DEF Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II

02 PPCCEF -I TC

DEF Ginástica 04 TC

DEF Práticas Formativas em Ginástica 02 TC

Créditos 20

6º Termo

DEF Concepções Teórico-Metodológicas no Ensino da Educação Física

04 L

EDU História da Educação 02 L

EDU Psicologia da Educação 02 L

EDU Didática e Educação Física 04 L

DEF Educação Física Escolar I 04 L

DEF Práticas Formativas em Educação Física Escolar I

02 L

EDU Estágio Supervisionado em Educação Física na Educação Infantil e no 1º ao 5º anos do Ensino Fundamental

09 L

DEF Trabalho de Conclusão de Curso I 02 L

Créditos 29

7º Termo

DEF Educação Física para Pessoas com Deficiência

03 L

DEF Práticas Formativas em Educação Física para Pessoas com Deficiência

01 L

EDU Estrutura e Política da Educação Básica 02 L

EDU Filosofia da Educação 02 L

EDU Sociologia da Educação 02 L

DEF Educação Física Escolar II 04 L

DEF Práticas Formativas em Educação Física Escolar II

02 L

EDU Estágio Supervisionado em Educação Física do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental

09 L

DEF Optativa I 04 L

A DEF Trabalho de Conclusão de Curso II 02 L

Créditos 31

8º Termo

EDU Lazer e Educação 04 L

DEF Educação Física Escolar III 04 L

DEF Práticas Formativas em Educação Física Escolar III

02 L

Page 70: PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO · Bracht7 realizou significativo avanço nesse debate, ao perceber a Educação Física como campo acadêmico que teoriza a prática pedagógica e que

71

EDU Estágio Supervisionado em Educação Física no Ensino Médio

09 L

DEF Tecnologias da informação e comunicação, mídias e Educação Física

04 L

DEF Práticas Formativas em Tecnologias da informação e comunicação, mídias e Educação Física

02 L

DEF Optativa II 04 L

DEF Trabalho de Conclusão de Curso II 02 L

Créditos 31

CHU: Departamento de Ciências Humanas; DEF: Departamento de Educação Física; EDU: Departamento de Educação; EP: Departamento de Engenharia de Produção; PSI: Departamento de Psicologia; TC: disciplinas do Tronco Comum aos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física; L: disciplinas específicas do Curso de Licenciatura em Educação Física.

Licenciatura em Educação Física: Integral – Duração do Curso: 4 Anos (Mínimo) / 7 Anos (Máximo)

- Créditos em Disciplinas do Currículo de Licenciatura 142 Créditos – 2130 H/A - Créditos em Disciplinas Optativas 08 Créditos – 120 H/A - Créditos em Estágio Supervisionado em Licenciatura 27 Créditos – 405 H/A - Créditos em Práticas Formativas em Licenciatura 30 Créditos – 450 H/A - Atividades Acadêmico-Científico-Culturais 14 Créditos – 210 H/A

Total de Créditos Exigidos na Licenciatura 221 Créditos – 3315 H/A

Tabela 3: Disciplinas e fluxo curricular para a Licenciatura em Educação Física, período Noturno.

Licenciatura em Educação Física

Período Noturno – (para ingressantes a partir do ano de 2015)

Estrutura Curricular: Resolução Unesp Nº 58, de 13/7/2017

Reconhecido pela Portaria CEE/GP N° 509, de 29/9/2017, Publicada no D.O.E. de 30/9/2017

Cód. Depto. Disciplina Nc Pré-

Requisito Curso

1º Termo

BIO Anatomia Humana Geral 04 TC

DEF Bases Biológicas da Educação Física 02 TC

DEF História da Educação Física 04 TC

DEF Atletismo 03 TC

DEF Práticas Formativas em Atletismo 01 TC

DEF Futebol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Futebol 01 TC

CHU Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

02 TC

Créditos 20

2º Termo

BIO Anatomia do Sistema Locomotor 04 TC

DEF Fisiologia Humana Geral 04 TC

DEF Primeiros Socorros 03 TC

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DEF Práticas Formativas em Primeiros Socorros 01 TC

DEF Teoria da Educação Física 02 TC

DEF Atividades Aquáticas 03 TC

DEF Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 01 TC

EP Noções Básicas de Estatística 02 TC

Créditos 20

3º Termo

DEF Crescimento e Desenvolvimento Humano 03 TC

DEF Práticas Formativas em Crescimento e Desenvolvimento

01 TC

DEF Atividades Rítmicas 03 TC

DEF Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 01 TC

DEF Fisiologia do Exercício I 02 TC

DEF Jogo, Atividades Lúdicas e Lazer 04 TC

DEF Práticas Formativas em Jogo, Atividades Lúdicas e Lazer

02 TC

DEF Biomecânica do Sistema Locomotor 03 TC

DEF Práticas Formativas em Biomecânica do Sistema locomotor

01 TC

Créditos 20

4º Termo

DEF Aprendizagem Motora 03 TC

DEF Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 01 TC

EDU Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais

04 TC

DEF Karatê 03 TC

DEF Práticas Formativas em Karatê 01 TC

DEF Handebol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Handebol 01 TC

DEF Capoeira 03 TC

DEF Práticas Formativas em Capoeira 01 TC

Créditos 20

5º Termo

DEF Ginástica 04 TC

DEF Práticas Formativas em Ginástica 02 TC

CHU Antropologia Cultural e Educação Física 02 TC

DEF Voleibol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Voleibol 01 TC

DEF Educação em Saúde 03 TC

DEF Práticas Formativas em Educação em Saúde 01 TC

CHU Sociologia e Educação Física 02 TC

PSI Psicologia e Educação Física 02 TC

DEF Processos de Produção e do Conhecimento Científico em Educação Física I

02 TC

Créditos 22

6º Termo

DEF Medidas e Avaliação em Educação Física 03 TC

DEF Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física

01 TC

DEF Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico 03 TC

DEF Práticas Formativas em Bases Teórico-Prática do Treinamento Físico

01 TC

DEF Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II

02 PPCCEF -I TC

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DEF Dança 03 TC

DEF Práticas Formativas em Dança 01 TC

DEF Basquetebol 03 TC

DEF Práticas Formativas em Basquetebol 01 TC

CHU Filosofia e Educação Física 02 TC

Créditos 20

7º Termo

EDU Estrutura e Política da Educação Básica 02 L

EDU Didática e Educação Física 04 L

DEF Concepções Teórico-Metodológicas no Ensino da Educação Física

04 L

EDU Sociologia da Educação 02 L

EDU Filosofia da Educação 02 L

EDU História da Educação 02 L

EDU Psicologia da Educação 02 L

Créditos 18

8º Termo

EDU Estágio Supervisionado em Educação Física na Educação Infantil e no 1º ao 5º anos do Ensino Fundamental

09 L

DEF Educação Física Escolar I 04 L

DEF Práticas Formativas em Educação Física Escolar I

02 L

DEF Tecnologias da informação e comunicação, mídias e Educação Física

04 L

DEF Práticas Formativas em Tecnologias da informação e comunicação, mídias e Educação Física

02 L

DEF Trabalho de Conclusão de Curso I 02 L

Créditos 23

9º Termo

DEF Educação Física para Pessoas com Deficiência

03 L

DEF Práticas Formativas em Educação Física para Pessoas com Deficiência

01 L

DEF Educação Física Escolar II 04 L

DEF Práticas Formativas em Educação Física Escolar II

02 L

EDU Estágio Supervisionado em Educação Física do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental

09 L

DEF Optativa I 04 L

DEF Trabalho de Conclusão de Curso II 02 L

Créditos 25

10º Termo

DEF Educação Física Escolar III 04 L

DEF Práticas Formativas em Educação Física Escolar III

02 L

EDU Estágio Supervisionado em Educação Física no Ensino Médio

09 L

EDU Lazer e Educação 04 L

DEF Optativa II 04 L

DEF Trabalho de Conclusão de Curso II 02 L

Créditos 25

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CHU: Departamento de Ciências Humanas; DEF: Departamento de Educação Física; EDU: Departamento de Educação; EP: Departamento de Engenharia de Produção; PSI: Departamento de Psicologia; TC: disciplinas do Tronco Comum aos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física; L: disciplinas específicas do Curso de Licenciatura em Educação Física.

Licenciatura em Educação Física – Noturno: duração do Curso: 5 Anos (Mínimo) / 9 Anos (Máximo)

- Créditos em Disciplinas do Currículo 142 Créditos – 2130 H/A - Créditos em Disciplinas Optativas 08 Créditos – 120 H/A - Créditos em Estágio Supervisionado em Licenciatura 27 Créditos – 405 H/A - Créditos em Práticas Formativas em Licenciatura 30 Créditos – 450 H/A - Atividades Acadêmico-Científico-Culturais 14 Créditos – 210 H/A

Total de Créditos Exigidos 221 Créditos – 3315 H/A

Na Tabela 4 estão distribuídas as disciplinas do Curso de Licenciatura em

Educação Física e a carga horária por docente responsável.

Tabela 4: Disciplinas por docente no Curso de Licenciatura em Educação Física.

NOME

TITULAÇÃO ACADÊMICA

REGIME DE TRABALHO

DISCIPLINA(S)

HORAS

SEMANAIS

Anderson Saranz Zago

Doutor RDIDP

Educação em Saúde Medidas e Avaliação em Educação Física

08

08

Andresa Ugaya Doutora RDIDP Atividades Rítmicas Dança

08

08

Carlos Eduardo Lopes Verardi

Doutor RDIDP Ginástica 12

Cassiano Merussi Neiva

Livre-docente RTC Fisiologia do Exercício I 04

Dagmar Aparecida Cyntia França Hunger

Livre-docente RDIDP

História da Educação Física Basquetebol

08

08

Dalton Muller Pessôa Filho

Livre-docente RDIDP Biomecânica do Sistema Locomotor

08

Denise Aparecida Corrêa

Doutora RDIDP Jogo, Atividades Lúdicas e Lazer

12

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Educação Física Escolar I 12

Emmanuel Gomes Ciolac

Livre-docente RDIDP

Primeiros Socorros Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico

08

04

Fábio Augusto Barbirei

Doutor RDIDP Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I e II

08

Henrique Luiz Monteiro

Doutor RDIDP Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico

04

José Roberto Bosqueiro

Doutor RDIDP

Bases Biológicas da Educação Física

Fisiologia Humana Geral

04

08

Júlio Wilson dos Santos

Doutor RDIDP Futebol 08

Lílian Aparecida Ferreira

Doutora RDIDP Handebol Educação Física Escolar II

08

12

Márcio Pereira da Silva

Doutor RDIDP Atletismo 08

Marli Nabeiro Doutora RDIDP Educação Física para Pessoas com Deficiência

08

Mauro Betti Livre-docente RDIDP

Concepções Teórico-Metodológicas no Ensino da Educação Física Tecnologias da Informação e Comunicação, Mídias e Educação Física

08

12

Milton Vieira do Prado Junior

Doutor RDIDP Atividades Aquáticas Voleibol

08

08

Paula Favaro Polastri Zago

Doutora RDIDP Crescimento e Desenvolvimento Humano

08

Sérgio Tosi Rodrigues

Livre-docente RDIDP Aprendizagem Motora Karatê

08

08

Willer Soares Maffei

Doutor RDIDP Teoria da Educação Física Educação Física Escolar III

04

12

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Departamento de Educação Física

Capoeira Optativas Trabalho de Conclusão de Curso I e II

08

16

12

Departamento de Ciências Biológicas

Anatomia Humana Geral Anatomia do Sistema Locomotor

08

08

Departamento de Educação

Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais Lazer e Educação Psicologia da Educação História da Educação Sociologia da Educação Filosofia da Educação Didática e Educação Física Estrutura e Política da Educação Básica Estágio Supervisionado: em Educação Física na Educação Infantil e no 1o ao 5o anos do Ensino Fundamental Estágio Supervisionado em Educação Física do 6o ao 9o anos do Ensino Fundamental Estágio Supervisionado em Educação Física no Ensino Médio

08

08

04

04

04

04

08

04

18

18

18

Departamento de Psicologia

Psicologia e Educação Física

04

Departamento de Ciências Humanas

Filosofia e Educação Física Sociologia e Educação Física Antropologia Cultural e Educação física

04

04

04

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Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

04

Departamento de Engenharia de Produção

Noções Básicas de Estatística

04

Obs. Está computado a soma da carga para os períodos Integral e Noturno.

VIII – CARGA HORÁRIA DOCENTE E DEMANDA DE CONTRATAÇÃO

Na Tabela 5 está apresentada a carga horária anual de disciplinas dos docentes

do Departamento de Educação Física nos cursos de Bacharelado e Licenciatura em

Educação Física, nos cursos de pós-graduação, bem como a demanda de carga

horária sobre o Departamento de Educação Física sem docente responsável,

demonstrando uma carga horária média de 19,1 horas anuais de aulas na graduação,

visto que tem havido um rodízio entre os docentes para se ministrar as disciplinas

Optativas I e II dos cursos de licenciatura e bacharelado. Levando em consideração as

disciplinas ministradas na pós-graduação, esta carga horária média sobe para 23,7

horas anuais.

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Tabela 5: Carga horária anual dos docentes do Departamento de Educação Física.

Docente Carga Horária Anual

TC Lic. Bac. Estágio* Total

Graduação Pós Total

Alessandro M. Zagatto - - 16 04 20 06 26

Anderson S. Zago 16 - - - 16 06 22

Andresa Ugaya 16 - - - 16 - 16

Carlos E. L. Verardi 12 - - - 12 06 18

Cassiano M. Neiva 04 - 12 - 16 06 22

Dagmar A. C. F. Hunger 16 - - - 16 12 28

Dalton M. Pêssoa Filho 08 - 08 02 18 04 22

Denise A. Corrêa 12 12 - - 24 - 24

Emmanuel G. Ciolac 12 - - - 12 06 18

Fábio A. Barbieri 08 - 08 - 16 06 22

Henrique L. Monteiro 04 - 08 02 14 06 20

José R. Bosqueiro 12 - 04 02 18 04 22

Júlio W. Santos 08 - 04 - 12 06 18

Lilian A. Ferreira 08 12 - - 20 08 28

Márcio P. Silva 08 - 08 03 19 - 19

Marli Nabeiro - 08 04 02 14 - 14

Mauro Betti - 20 - - 20 04 24

Milton V. Prado Júnior 16 - - - 16 - 16

Paula F. P. Zago 08 - 08 - 16 04 20

Rubens Venditti Júnior - - 08 04 12 09 21

Sandra L. A. Cardoso - - 12 05 17 06 23

Sérgio T. Rodrigues 16 - - - 16 06 22

Willer S. Maffei 04 - 12 - 16 - 16

Departamento de EDUCAÇÃO FÍSICA

08 28 28 - 64 - 64

Carga horária anual média por docente

19.1 23,7

*Os Estágios Supervisionados foram computados na fração de 50% na carga horária do docente.

Devido às adequações no currículo do curso de Licenciatura, ocorridas em

atendimento às alterações de legislação recentes (Deliberação CEE n. 111/2012,

Deliberação CEE n. 126/2014 e Deliberação CEE n. 132/2015), houve a criação de

disciplinas ("Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais" e "Tecnologias da

Informação e Comunicação, Mídias e Educação Física"), bem como o aumento de

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79

carga horária de algumas disciplinas já existentes ("Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer",

"Educação Física Escolar I", "Educação Física Escolar II" e "Educação Física Escolar

III"). Com isso, os docentes atuantes (ou com perfil de atuação) no Curso de

Licenciatura apresentam uma carga horária média de 21,1 horas anuais de aulas na

graduação, a qual sobe 24,8 horas anuais quando levado em consideração as

disciplinas ministradas pós-graduação (Tabela 6). Com isso, evidencia-se a

necessidade de se contratar ao menos 2 (dois) docentes em regime de RDIDP para

atender às demandas do Curso de Licenciatura, em virtude das adequações ocorridas

em atendimento às alterações de legislação acima mencionadas.

Tabela 6: Carga horária anual dos docentes do Departamento de Educação Física

atuantes ou com perfil de atuação no Curso de Licenciatura.

Docente Carga Horária Anual

TC Lic. Bac. Estágio* Total

Graduação Pós Total

Andresa Ugaya 16 - - - 16 - 16

Dagmar A. C. F. Hunger 16 - - - 16 12 28

Denise A. Corrêa 12 12 - - 24 - 24

Lilian A. Ferreira 08 12 - - 20 08 28

Marli Nabeiro - 08 04 02 14 - 14

Mauro Betti - 20 - - 20 04 24

Milton V. Prado Júnior 16 - - - 16 - 16

Rubens Venditti Júnior - - 08 04 12 09 21

Willer S. Maffei 04 - 12 - 16 - 16

Departamento de EDUCAÇÃO FÍSICA

08 28 - 36 - 36

Carga horária anual média por docente

21,1 24,8

*Os Estágios Supervisionados foram computados na fração de 50% na carga horária do docente.

Há ainda 2 (dois) docentes atuantes no Curso de Licenciatura irão se aposentar

nos próximos 12 meses, sendo um (Mauro Betti) em dezembro de 2016 e outro (Marli

Nabeiro) em julho de 2017. Dada a impossibilidade de outros docentes ministrarem as

disciplinas sob a responsabilidades dos docentes que se aposentarão, seja pela

sobrecarga de carga horária, bem como devido a especificidade dos conteúdos das

disciplinas em questão, a necessidade de contratação de docentes em RDIP fica maior

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80

e ainda mais evidente. Ressalta-se ainda que uma das disciplinas sob responsabilidade

do docente Mauro Betti foi criada para atender às recentes alterações de legislação

(Tecnologias da Informação e Comunicação, Mídias e Educação Física), enquanto que

uma das disciplinas sob responsabilidade da docente Marli Nabeiro (Educação Física

para Pessoas com Deficiência), embora já presente na grade curricular anterior,

também atende às recentes alterações de legislação. Com isso, fica evidente a

necessidade de se contratar 4 (quatro) docentes em regime de RDIDP para atender às

alterações curriculares do Curso de Licenciatura presentes neste projeto político-

pedagógico, levando-se em consideração as 2 (duas) aposentadorias citadas.

Os docentes de outros Departamentos de Ensino que atenderão à nova

proposta de Projeto Político Pedagógico da Educação Física, estão apresentados na

Tabela 7.

Tabela 7: Docentes de outros Departamentos de Ensino que atuam nos cursos de

Licenciatura e Bacharelado em educação Física.

NOME (DEPARTAMENTO)

TITULAÇÃO REGIME DE TRABALHO

DISCIPLINA(S)* CARGA

HORÁRIA

Carlos Alberto Vicentini (BIO) Sergio Pereira (BIO)

Livre-docente

Doutor

RDIDP

RDIDP

Anatomia Humana Geral (TC) Anatomia do Sistema Locomotor (TC)

08

08

Departamento de Ciências Humanas Caroline Kraus Luvizotto (CHU) Larissa Maués Pelúcio Silva (CHU) Departamento de Ciências Humanas

Doutora

Doutora

RDIDP

RDIDP

RDIDP

RDIDP

Filosofia e Educação Física (TC) Sociologia e Educação Física (TC) Antropologia Cultural e Educação Física (TC) Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa (TC)

04

04

04

04

Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação

Introdução ao Estudo da Língua Brasileira de Sinais Psicologia da Educação (L) História da Educação (L)

08

04

04

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81

Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação Departamento de Educação Luciene Ferreira da Silva (EDU) Fernanda Rossi (EDU) Luciene Ferreira da Silva (EDU) Fernanda Rossi (EDU)

Doutora

Doutora

Doutora

Doutora

RDIDP

RDIDP

RDIDP

RDIDP

Sociologia da Educação (L) Filosofia da Educação (L) Didática e Educação Física (L) Estrutura e Política da Educação Básica (L) Lazer e Educação (L) Estágio Supervisionado em Educação Física Infantil e no 1o ao 5o anos do Ensino Fundamental (L) Estágio Supervisionado em Educação Física do 6o ao 9o anos do Ensino Fundamental (L) Estágio Supervisionado em Educação Física no Ensino Médio (L)

04

04

08

04

08

18

18

18

Departamento de Engenharia de Produção

Doutor RDIDP Noções Básicas de Estatística (TC)

04

Departamento de Psicologia

Doutor RDIDP Psicologia e Educação Física (TC)

04

BIO: Departamento de Ciências Biológicas; EDU: Departamento de Educação; TC: disciplinas do tronco comum às modalidades; L: disciplinas específica da Licenciatura; B: disciplinas específicas do Bacharelado.

IX – DEMANDA DE INFRAESTRUTURA

O processo de aprovação dos novos cursos (integral e noturno) de Bacharelado

em Educação Física em adição aos de Licenciatura já existentes (chamados de BAC-

LIC) da Faculdade de Ciências, que tramitou nos colegiados no ano de 2010, foi

aprovado no Conselho Universitário em 28/04/2011, tendo seu início em março de

2012 (currículos 2608 e 2609). No Projeto Político Pedagógico do curso em questão foi

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82

aprovada a necessidade de infraestrutura no valor total de R$ 900.000,00 (novecentos

mil reais - valores não corrigidos) para a construção de quatro salas de aula,

construção da sala de artes marciais, ampliação da sala de musculação e reforma da

pista de atletismo. No ano de 2013, o ofício circular 06/2013 da PROGRAD, assinado

pelo Prof. Dr. Laurence Duarte Colvara - Pró-Reitor de Graduação, indicava a liberação

da verbas para as obras do BAC-LIC.

Os primeiros passos do processo chegaram a ser realizados, havendo a

realização de sondagem do terreno da Praça de Esportes (conforme fotos presentes no

documento do ANEXO 2) para tal finalidade. No entanto, surpreendentemente, as

obras não ocorreram e as informações e explicicações ao Departamento de Educação

Física sobre a interrupção desse processo nunca foram claras e suficientes.

Uma lista de anexos (vide ANEXO 2) qualifica e detalha o histórico de

comunicação sobre as referidas necessidades de infraestrutura, conforme segue:

- Ata da 205a Sessão Ordinária do Conselho Universitário da Universidade

Estadual Paulista, realizada no dia 28/04/2011 (página 6, linhas 9-19;

Aprovação da Reestruturação do Curso de Licenciatura em Educação

Física, com a Criação da Modalidade Bacharelado);

- Documentos analisados e aprovados na 205a Sessão Ordinária do

Conselho Universitário da Universidade Estadual Paulista, realizada no

dia 28/04/2011: Informação no 11/2011-PROGRAD; Parecer no 41/2011-

CCG/SG; Despacho no 25/2011-CCG/SG; Despacho no 35/2011

CEPE/SG; Ofício no 24/2011-APE; Parecer no 110/2011-CCD;

- Ofício no 080/2011-D.FC sobre a Necessidade de infraestrutura com

criação do curso de Bacharelado em Educação Física, encaminhado

pelo Diretor da FC Prof. Dr. Olavo Speranza de Arruda ao MD. Vice-

Reitor da UNESP no exercício da Reitoria Prof. Dr. Julio Cezar Durigan,

datado de 01/07/2011, contendo ofício no 042/2011-D.EF do Chefe do

DEpartamento de Educação Física Prof. Dr. Milton Vieira do Prado

Júnior, datado de 16/06/2011;

- Ofício Circular no 152/2011-D.FC sobre reiteração de solicitação

encaminhada através do Ofício 080/2011-D.FC, encaminhado pelo

Diretor da FC Prof. Dr. Olavo Speranza de Arruda ao Assessor Chefe da

APLO-UNESP/Reitoria Prof. Dr. Roberval Daiton Vieira, datado de

15/12/2013;

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83

- Ofício no 06/2013-PROGRAD sobre liberação de verbas, encaminhada

pelo Prof. Dr. Laurence Duarte Colvara- Pró-Reitor de Graduação,

datado de 22/02/2013;

- Ofício no 023/2013-D.FC sobre Atendimento ao Ofício Circular 06/2013-

PROGRAD, encaminhado pelo Diretor da FC Prof. Dr. Olavo Speranza

de Arruda ao MD. Pró-Reitor de Graduação da UNESP Prof. Dr.

Laurence Duarte Colvara, datado de 20/03/2013, contendo Ofício no

031/2013-D.EF do Chefe do Departamento de Educação Física Prof. Dr.

Milton Vieira do Prado Júnior, datado de 20/03/2013, no qual há

descrição das obras aprovadas a serem realizadas, no valor total de R$

900.000,00 (novecentos mil reais);

- Ofício no 013/2014-D.FC sobre Construção do Prédio para Salas de Aula

do Departamento de Educação Física, encaminhado pela Diretora da FC

Profa. Dra. Dagmar Aparecida Cynthia França Hunger a MD. Vice-

Reitora da UNESP Profa. Dra. Marilza Vieira Cunha Rudge, datado de

05/02/2014, contendo ofício no 009/2014-D.EF do Chefe do

Departamento de Educação Física Prof. Dr. Julio Wilson dos Santos,

datado de 04/02/2014.

Em suma, a documentação resgata acima, e apresentada de maneira detalhada

no ANEXO 2, mostra com clareza que a construção de prédio com quatro salas de aula

(a primeira prioridade entre as obras planejadas), bem como da construção da sala de

artes marciais, ampliação da sala de musculação e reforma da pista de atletismo, foi

prevista como necessária à implantação do Bacharelado em Educação Física em

adição aos de Licenciatura já existentes (BAC-LIC currículos 2608 e 2609), teve seu

mérito avaliado pela PROGRAD, foi aprovada pelo Conselho Universitário, teve

recursos previstos em orçamento da Universidade e, de modo inexplicável, não

ocorreu. Uma

vez que, após esses cinco anos de espera, a necessidade pelas referidas construções

aumentaram ainda mais devido ao aumento no número de turmas (cursos em

andamento desde 2012), ao impacto negativo da infraestrutura atual na formação do

aluno de graduação, conforme observado pelos relatórios das Comissões Externas de

Avaliação (vide ANEXO 2), bem como à falta de segurança para os alunos dos Cursos

de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física (vide ANEXO 2). Sendo assim,

Page 83: PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO · Bracht7 realizou significativo avanço nesse debate, ao perceber a Educação Física como campo acadêmico que teoriza a prática pedagógica e que

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reiteramos a necessidade da referida infraestrutura para implantação do presente

Projeto Político Pedagógico.

X – REINGRESSO

Conforme a Resolução UNESP nº 27 de 04 de maio de 1995, fica estabelecido o

reingresso para que os alunos integralizem ambas as modalidades (Licenciatura e

Bacharelado), a partir de seu ingresso inicial via vestibular. Para tanto, os alunos de

deverão observar as seguintes disposições:

a) os alunos serão selecionados e cursarão a outra modalidade,

conforme as normas fixadas pelo Conselho de Curso, aprovadas pela

Congregação da Faculdade de Ciências e homologadas pelo CEPE;

b) os alunos deverão obter o grau oferecido pela outra modalidade,

observando o prazo máximo para a integralização prevista no

currículo inicial de sua entrada;

c) serão disponibilizadas até vinte (20) vagas em cada modalidade para

o reingresso do aluno que já tenha concluído uma das modalidades,

tendo como limite o número de 40 vagas em cada modalidade, após o

núcleo comum do curso, sem a necessidade de duplicação de

salas/turmas por modalidade, em cada período de oferecimento.