“Fotonovelas, um jeito diferente de se comunicar”Camila Olivia de MeloOficina de ComunicaçãoCentro Social Marista Ecológica - 08/2010 - Curitiba-PR

Projeto:Vale a pena ver de novo! Fotonovelas, um jeito diferente de se comunicar

OFICINA: Comunicação ORIENTADORA: Camila Olivia de MeloTEMA GERAL: A TV e a novela, formadores de opiniãoTEMA ESPECÍFICO: Transgredindo o cotidiano com as FotonovelasTURMAS: G3, G4 e G5 – 5 e 6 séries

“Se a novela promove identificações, como em um mecanismo de espelho - eu me vejo no outro, eu me compreendo de acordo com os termos propostos pelo outro etc. - ela

também influencia desejos, sonhos, estilos de vida.”Maria Rita Kehl

1- Sinopse

A construção da Fotonovela pode ser avaliada como uma forma criativa e popular de passar uma informação. Em nosso caso, o projeto pretende despertar o olhar crítico a esse tipo de comunicação de massa e ao mesmo tempo desenvolver habilidades ligadas à criatividade, trabalhos manuais e reflexão dos padrões e ideais inalcançáveis de imagem, além de discutir situações cotidianas com um olhar transformador. Os ideais de beleza são cada vez mais impostos pelas mídias, faz-se necessário questionar essa prática através desse projeto pois, numa sociedade utópica não haveriam padrões estéticos, ou ao menos seria mais criticado.

2- Análise do problema

Os veículos de comunicação de massa, em especial a TV, assumiram um espaço de grande importância na família brasileira. Como uma “janela para o mundo” a programação dos canais abertos são além de repetitivos, de certa forma formadores de opinião. De acordo com ALMEIDA (2002) é ela, a telenovela, que ao longo de sua narrativa transmite valores e estereótipos sociais. Os programas televisivos fazem parte da rotina dos brasileiros, mais especificamente também dos moradores de Almirante Tamandaré.

A TV é considerada o veículo de maior propagação de preconceitos e abstração da realidade, o horário nobre está recheado de mini séries e novelas, que fantasiam todos os dias seu telespectador/a. Para Campedelli (2001), Todos vêem novela, esse meio de ficção não é mais apenas para mulheres, atualmente todos a assistem e é

principalmente o assunto cotidiano. Seguindo o questionamento da autora, a TV junto com a novela tem essa capacidade de absorver o real entrelaçando o telespectador ao sonhos à fantasia independente de tempo, distancia, identidade nem ao mesmo barreira a não ser as que já “existam” na elaboração do enredo. Dessa forma Campedelli (2001) trás o questionamento de que tudo na telenovela tende a ser percebido como real, pois trabalha com o sonho, provoca inversão e acentuação de valores estabelecendo uma lógica impossível na realidade.

A respeito da absorção das mensagens “telenoveladas” ela questiona a naturalidade com que o telespectador recebe seus conceitos dentro de casa. Podemos avaliar que o aparelho televisivo oferece uma distração leve e de fácil entendimento, prática e de custo baixo além de não precisar se locomover. Justamente por esse fácil acesso às novelas, o receptor não costuma diferenciar o real da fantasia, e acaba crendo no “real” da cena, com a autora mesmo afirma.

“a telenovela é imbatível (mais do que qualquer outro programa de televisão; mais do que teatro e cinema), enquanto penetração de mensagem: é o fascínio ao alcance de todos/as.” Campedelli (2001, p. 17).

Em análise ao Centro Social Ecológica, numa pesquisa realizada dentro da sala da Oficina de Comunicação, numa turma de 25 educandos/as 100% deles possui o aparelho e 80% deles assistem (e gostam de) novelas.Diante do cenário de grande escassez de informação e cultura da cidade é possível trabalhar a temática Telenovelas através das Fotonovelas. Uma linguagem simples e acessível com fotografias e história em quadrinhos dentro do mesmo trabalho.

A problemática das telenovelas envolve a falta de senso crítico diante assuntos quentes, moldes para um ideal de beleza inalcançável, explícita exposição da violência (drogas), erotização, trabalho infantil e principalmente distanciamento da realidade Tamandareense. Para discutir e inverter de certa maneira essa realidade, as fotonovelas são meios de comunicação livre em que são possíveis discutir e transformar através da auto imagem e produção artística, além de proporcionar o desenvolvimento da criatividade e criticidade a respeito dos assuntos gerados pelo debate social. Por ser produzido através de imagens pode-se também através delas exercitar o saber através do desenvolvimento da opinião própria.

Um pouco sobre as Fotonovelas

A fotonovela é além de uma produção, distribuição e consumo de uma narrativa em quadrinhos. É uma forma de representação simplificada totalmente coerente com uma ideologia que pode ser infiltrada no questionar o cotidiano. De acordo com Habert (1973) num estudo histórico, a fotonovela nasceu na Itália e é um subproduto do

cinema, “o sucesso do cinema e as dificuldades econômicas que impediam um maior difusionismo e um aumento da produção fizeram surgir revistas com resumos de filmes.”

É um meio de comunicação de massa dentro de uma linguagem de história em quadrinhos, porém acrescenta-se a foto, podemos destacar então um dos primeiros meios de comunicação a se utilizar da imagem. A fotonovela vem de origem popular com temas diversos, porém sempre com o enfoque ao cotidiano, ligado ao que acontece na sociedade do momento.

No Brasil a primeira edição de uma revista fotonovela foi em 1951 em São Paulo, a Encanto. No ano seguinte veio a Capricho, que incluía naquela época fotonovelas dentro de conteúdo editorial. Começou-se então a produção de um imaginário através de situações cotidianas e romanescas, o que difundiu também a imagem de ídolos nacionais no rádio e TV.

Para se produzir Fotonovelas é necessário uma equipe que construa um roteiro textual e imagético para orientação das tomadas, conhecidas como fotogramas, que podem ser reveladas ou impressas (preto e branco ou coloridas), depois encaminhadas à montagem. Seguem alguns critérios da linguagem fotonovelas:

- tamanho das fotos;- tradução: adaptação do tamanho do texto;- início: as estórias começam nas fotos verticais a direita;- disposição das páginas: devem ser separadas por molduras contrapondo a cor de fundo, além de serem coladas com colas que não venham a danificar a imagem;- balão de diálogo: deve indicar a ordem dos interlocutores, o primeiro diálogo sempre está na parte superior a direita;- texto: deve evitar de cobrir partes vitais e principalmente textos curtos.

3- Justificativa

Levando em consideração que as Novelas são os canais de maior acesso à informação e que são elas que trazem novos temas à família brasileira é necessário questionar a maneira como essa informação é divulgada. Da mesma maneira que a informação chega à família Tamandareense, chega também com ela conceitos, pré conceitos e padrões socais estabelecidos pelas principais emissoras de TV.

Para que a linguagem novela possa ser um instrumento de questionamento social e ampliação cultural é necessário através da fotonovela enxergar-se como mediador da história, visualizar os próprios educandos/as nas páginas e principalmente parte da construção.

4-Objetivo geral

Com a participação do processo de criação, execução e finalização das Fotonovelas, a intenção é dar suporte para que os educandos/as interajam com diferentes meios de comunicação, despertar o interesse em modificar o meio através das próprias ações deixando de ser apenas telespectadores da vida passando então a fazer parte, produzir e serem sujeitos de ações. Como foco também do projeto são os valores sociais e morais, que serão trabalhados através da auto imagem.

5- Objetivos específicos

Despertar o senso crítico a partir de situações corriqueiras;Questionar padrões estéticos e comportamentais;Identificar as fantasias e diferenciar o real do imaginário;Exercitar a cidadania produzindo cultura popular;Ter visibilidade através das mídias;Autonomia e respeito quanto ao próprio corpo;Aguçar a curiosidade por livros e revistas;

6- Indicadores

Perceber a diferença entre os temas de novela e temas sociais;Valorizar a beleza real, não apenas a idealizada e fabricada pelos personagens de TV;Acreditar nas próprias ações e com elas modificar o seu redor;Discutir de maneira divertida temas de grande impacto;Construir através da fotografia uma imagem positiva de si mesmo/a;Resgate da cultura das fotonovelas;

7 – Avaliação

A avaliação será realizada através da documentação pedagógica e da reflexão sobre ela.

8 - Cronograma de ação Mês a Mês:

Agosto Visualização para tomar conhecimento de Fotonovelas;Apresentação de novelas ícones para base produtiva;

Setembro Produção de roteiros e desenvolvimento da temática;Oficinas expositivas e exibição de filmes;

Outubro Trabalho em conjunto com a Oficina de teatro e música;Produção das fotografias na mesma linguagem;Montagem e Exposição do material produzido;

Novembro Distribuição das fotonovelas a comunidade;Saídas e aulas externas.

Bibliografia

ALMEIDA, B. H. Telenovela, consumo e gênero. Santa Catarina: EDUSC, 2002

BRETON, P. A utopia da comunicação. Lisboa: Instituto Piaget, 1992.

CAMPEDELLI, Y. S. A telenovela. São Paulo: Ática, 2001.

COGO, D; GOMES, G. P. Televisão escola e juventude. Porto Alegre: Mediação, 2001.

FREIRI, P. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura).

FREIRI, P. Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: UNESP, 2001.

_______. Pedagogia da Indignação: Cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000.

_______. Pedagogia da esperança: Um reencontro com a pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra S.A., 1993.

HABERT, B. A. Fotonovela e Indústria Cultural – Estudo de uma forma de literatura sentimental fabricada para milhões. Petrópolis: Vozes, 1974.

KEHL, M. R.; BUCCI, E. (Videologias: ensaios sobre televisão.) São Paulo: Boitempo, 2004

Considerações da educadora:

Mostra de novelas (Vamp, Que rei sou eu)Leitura e familiarização de fotonovelasTema disparador: Beoncy (como utópica transformadora) – na mídia mas passou por dificuldades, fora do padrão de beleza. Goleiro Ídolos de Futebol - Bruno caso de violência. (quem é ele? O que fazer com o poder e fama?) Graffite Gêmeos – como exemplo de transformação social através do trabalho artístico – o que era considerado pixação hoje é considerado Graffite Arte. Levar em sala trabalho deles, e incentivar o desenho para a capa da fotonovela com a cara deles.Eleições presidenciais – políticos – positivo e negativo (atividade de recorte dos políticos)Radio novela – meninos (terror e policial)Proposta do MercadinhoPasseios Biblioteca Bondinho (inauguração em Agosto – pesquisar)

Filmes pro dia nascer feliz -