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    FACULDADE DE CINCIAS SOCIAIS APLICADAS FASA

    CURSO: COMUNICAO SOCIAL

    HABILITAO: PROPAGANDA E PUBLICIDADE

    PROPAGANDA E PERSUASO NA ALEMANHA NAZISTA

    THIAGO PAZ GUTERMAN

    RA N 20415552

    ORIENTADORA: Renata Innecco Bittencourt de Carvalho

    Braslia/DF, Outubro de 2007

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    THIAGO PAZ GUTERMAN

    PROPAGANDA E PERSUASO NA ALEMANHA NAZISTA

    Monografia apresentada como um dos requisitos para

    concluso do curso de Comunicao Social do Centro

    Universitrio de Braslia UniCEUB

    Orientadora: Renata Innecco Bittencourt de Carvalho

    Braslia/DF, Outubro de 2007

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    THIAGO PAZ GUTERMAN

    PROPAGANDA NAZISTA: A PERSUASO E SUAS TCNICAS

    Monografia apresentada como um dos requisitos para

    concluso do curso de Comunicao Social do Centro

    Universitrio de Braslia UniCEUB

    Orientadora: Renata Innecco Bittencourt de Carvalho

    Banca examinadora:

    ______________________________________

    Profa. Renata Innecco Bittencourt de Carvalho

    Orientadora

    ______________________________________

    Profa. rsula Betina Diesel

    Examinadora

    ______________________________________

    Prof. Bruno Assuno Nalon

    Examinador

    Braslia/DF, Outubro de 2007

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    Aos judeus que morreramnos campos de concentrao,

    e aos que sobreviveram e puderam contarao mundo sua luta pela sobrevivncia

    a cada dia, hora, minuto e segundo.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a minha orientadora pelaboa vontade e pelos puxes de orelha.

    A minha irm e minha me pela pacincia de ter um serem estado de estresse em casa durante este semestre.

    Aos meus amigos que no me deixaram trancar esta matria.

    Ao criador da Coca-Cola.

    Aos russos que conseguiram cercar Berlim e o Fhrerbunker

    causando o suicdio do Fhrer e dos mentores da Schutzstaffel (SS)e que conseguiram invadir o Reichstag, hasteando a Bandeira Vermelha no topo.

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    Perdoar? Sim. Esquecer? Nunca.(Eva Mozes Kor, sobrevivente de Auschwitz)

    Uma mentira dita cem vezes, tem mais fora que uma verdade dita somenteuma. (Josef Goebbels).

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    RESUMO

    Este trabalho abrange a Propaganda Nazista que foi feita durante o perodopr-Segunda Guerra Mundial at o fim da campanha alem, no final da guerra,

    em 1945, a fim de entender quais foram as influncias que esta propaganda tevedireta e indiretamente no chamado Terceiro Reich, as maneiras como foiexecutada, como chegou a afetar e influenciar os alemes e os judeus, e osmecanismos para que todo o processo de mudana estrutural da Alemanhapudesse ocorrer.

    Para se chegar a este objetivo, foi feito um levantamento da histria daAlemanha, da situao social, poltica e econmica desde quando as primeirastendncias Nazistas apareceram. O motivo de este levantamento ser feito quepartiu-se do suposto de que, este processo de mudana governamental e deideologia muito tinha a ver com a situao alem naquele momento (criseseconmicas, sociais e polticas, alm da humilhao perante os outros pases

    pelo fato da Alemanha ter perdido a Primeira Guerra Mundial e ter sido obrigada aassinar o Tratado de Versalhes).

    Concluiu-se que, como a Alemanha tinha entrado em um regime totalitrio,a Propaganda Nazista foi de extrema importncia para que esta realidade fosseimplantada, uma vez que o totalitarismo depende de certa manipulao emanuteno de crenas por parte da populao. E foi exatamente o que aPropaganda Nazista executou. Atravs de tcnicas de persuaso bemimplantadas, o pas funcionava como uma mquina de guerra ideolgica queparecia ser imbatvel. Esta manipulao foi to efetiva que manipulou at a mentedos prprios homens que estavam no poder

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    SUMRIO

    1 INTRODUO 8

    1.1 CONTEXTUALIZAO DO ASSUNTO 8

    1.2 JUSTIFICATIVAS 8

    1.3 FORMULAO DO PROBLEMA 9

    1.4 OBJETIVO GERAL 9

    1.5 OBJETIVOS ESPECFICOS 9

    1.6 DESCRIO SUCINTA DA METODOLOGIA 9

    1.7 APRESENTAO DA ESTRUTURA E DA ORGANIZAO DA MONOGRAFIA 9

    2 DESENVOLVIMENTO 112.1 EMBASAMENTO TERICO 11

    2.2 Fundamentao terica 31

    2.3 DESCRIO DETALHADA DA METODOLOGIA 32

    2.3.1 Paradigma escolhido 32

    2.3.2 Estratgia de verificao utilizada 32

    2.3.3 Instrumentos 32

    2.3.4 Sujeitos 332.3.5 Procedimentos/operacionalizao 33

    2.3.5.1 Cronograma 33

    2.4 APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS 33

    3 CONCLUSO OU CONSIDERAES FINAIS 39

    4 REFERNCIAS 41

    5 ANEXO 42

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    1 INTRODUO

    1.1 CONTEXTUALIZAO DO ASSUNTO

    Com a Alemanha devastada depois da Primeira Guerra Mundial, Hitler e o

    Partido Nazista conseguiram o que parecia ser impossvel: restaurar a ordem e a

    chama da esperana alem. Tudo isso por um preo caro: um regime totalitrio e

    a Segunda Guerra Mundial. Porm este preo parecia ser unanimemente aceito

    pela populao.

    Mas, o que levou tantas pessoas a abraarem o movimento? O que fez

    milhes de pessoas se sentirem to superiores ao resto da humanidade? O que

    poderia ter feito parecer normal a perseguio de um povo que, embora fosse

    odiado, nunca teria sofrido nenhuma represlia vinda diretamente da lei?

    possvel mudar a ideologia das pessoas simplesmente com uma boa oratria e

    tcnicas de persuaso? So estas questes que este trabalho tentar explicar,

    como Hitler e seu Partido (NSDAP) conseguiram fazer, da Alemanha, um pas

    movido por uma s vontade: se sobressair dentre os demais como soberanos.

    1.2 JUSTIFICATIVAS

    intrigante saber que, com a Alemanha devastada depois da 1 Guerra

    Mundial, um lder populista a reergueu com total apoio do povo devido, tambm,

    propaganda feita na poca. Ento, faz-se pensar at que ponto a propaganda tem

    influncia na vida das pessoas e at onde aquele povo foi influenciado por ela.

    Outra coisa que intrigou at hoje, pessoas do mundo inteiro, o dio que

    os alemes tinham pelos judeus, como eles viraram o bode-expiatrio daqueles

    tempos de crises. O dio um sentimento difcil de entender, principalmente

    quando este dio compartilhado, quase que de forma unnime, dentro de uma

    nao inteira.

    Uma justificativa extremamente pessoal do aluno pesquisador foi a

    descendncia de famlia polonesa (Guterman, que significa homem bom),

    sempre tendo contato com histrias de como minha famlia fugiu da Polnia para

    o Brasil com medo do Holocausto promovido pelos alemes. Apesar de no ser

    judeu, os avs, os bisavs, por parte de pai, todos so. Portanto, o executar deste

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    trabalho, querendo ou no, ajudar-lhe- a entender melhor sua prpria histria.

    Tendo as justificativas citadas em vista, tentou-se detalhar qual foi o papel desta

    formidvel arma de guerra que pode ser a propaganda.

    1.3 FORMULAO DO PROBLEMA

    Qual foi a importncia da propaganda nazista durante a campanha alem

    na 2 Guerra Mundial?

    1.4 OBJETIVO GERAL

    O objetivo final deste trabalho foi o detalhamento da importncia da

    propaganda de guerra nazista durante a campanha alem na 2 Guerra Mundial.

    1.5 OBJETIVOS ESPECFICOS

    - pesquisar as formas de persuaso nazista;

    - entender o porqu de a ideologia ariana ter sido to difundida na Alemanha

    (situao alem ps-primeira guerra).

    1.6 DESCRIO SUCINTA DA METODOLOGIA

    Para entender os processos da Propaganda Nazista, foi feita uma pesquisa

    bibliogrfica (livros publicados sobre o tema) e anlise documental (documentos

    originais, peas publicitrias, filmes etc.). O paradigma escolhido foi qualitativo,

    pela prpria natureza da pesquisa.

    1.7 APRESENTAO DA ESTRUTURA E DA ORGANIZAO DA

    MONOGRAFIA

    A pesquisa foi divida em trs partes:

    Levantamento de dados (reviso bibliogrfica), onde foram estudados

    sobre vrios assuntos que precisavam ser entendidos antes de comear a

    anlise;

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    A anlise de dados, onde, de acordo com a fundamentao terica

    escolhida, o material que foi levantado, passou por um processo de

    observao;

    Concluso, onde finalmente o material que foi analisado teve uma

    aplicao na tentativa de responder o problema que deu incio pesquisa.

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    2 DESENVOLVIMENTO

    2.1 EMBASAMENTO TERICO

    2.1.1 Retrica Clssica

    Citelli (2002) diz que, persuadir, antes de mais nada, sinnimo de

    submeter [] Quem persuade leva o outro aceitao de uma dada idia. De

    acordo o autor, para falar de persuaso preciso falar de discurso clssico. Ele

    explica que

    A preocupao com o domnio da expresso verbal nasceu com osgregos. E no poderia ser diferente, pois, praticando um certo conceitode democracia, e tendo de exporem publicamente suas idias, aohomem grego cabia manejar com habilidade as formas deargumentao. (CITELLI, 2002, p. 7)

    O autor diz que os gregos utilizavam estas habilidades discursivas para

    [...] inflamar multides, alterar pontos de vista, mudar conceitos pr-formados. O

    discurso, na Grcia Clssica, era to levado a srio que, nas escolas, eram

    ministradas aulas de disciplinas como a eloqncia, a gramtica e a retrica.Citelli (2002) diz que o ato de falar no era o problema, e sim como o fazer [...] de

    modo convincente e elegante, unindo arte e esprito [...] A disciplina que cuidava

    especialmente de buscar tal harmonia era a retrica. Ducrot e Todorov dizem que

    O aparecimento da retrica como disciplina especfica o primeirotestemunho, na tradio ocidental, duma reflexo sobre alinguagem. Comea-se a estudar a linguagem no enquantolngua, mas enquanto discurso (1976 apud CITELLI, 2002, p. 8).

    Aristteles escreveu o livro Arte retrica, o qual, at hoje, de acordo comCitelli (2002), referncia para estudos acerca de [...] questes vinculadas aos

    processos compositivos dos textos. Ele afirma que a retrica no aplica suas

    regras a um gnero prprio e determinado, pois ela, em cada caso, parece ser

    capaz de ver teoricamente o que pode gerar a persuaso (VOILQUIN apud

    CITELLI, 2002). A partir desta constatao de Aristteles, Citelli (2002) deduz que

    1. a retrica no a persuaso;2. a retrica pode revelar como se faz a persuaso3. os discursos institucionais da medicina, da matemtica, ou, da

    histria, do judicirio, da famlia etc. so o lugar da persuaso;

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    4. a retrica analtica (descobrir o que prprio parapersuadir);

    5. a retrica uma espcie de cdigo dos cdigos, est acima docompromisso estritamente persuasivo (ela no aplica suasregras a um gnero prprio e determinado) pois abarca todas

    as formas discursivas.

    2.1.2 Tcnicas de Persuaso

    Brown (1976) exemplifica as tcnicas mais usadas na propaganda. Estas

    tcnicas podem servir desde para eleger polticos, passando por propaganda de

    guerra, at vender produtos. A primeira de todas o uso de esteretipos. um

    mtodo bastante eficiente quando se quer tachar algum de algo sem se

    preocupar com muitas verdades, pois fcil diminuir algum simplesmente o

    categorizando e o jogando com o resto daquela classe discriminada.

    O emprego de esteretipos: uma tendncia natural classificaras pessoas em tipos, e com o tempo essa classificao podetornar-se uma impresso fixa, quase impermevel experinciareal. Da os esteretipos do negro, do judeu, do capitalista, dolder sindical, ou de comunista, e as reaes dos membros dessesgrupos passam a ser explicadas no em funo deles mesmocomo indivduos originais, mas em funo do esteretipo.(BROWN, 1976, p. 27-28)

    O prximo mtodo a substituio de nomes. Apelando por um lado

    emocional, a substituio de nomes pode influenciar de acordo com o contexto e

    a inteno do propagandista.

    A substituio de nomes: o propagandista frequentemente procurainfluenciar seu pblico pela substituio de termos favorveis oudesfavorveis, com uma conotao emocional, no lugar de termosneutros inadequados a seu propsito. Da vermelho em vez decomunista ou russo; donos em vez de diretores; hunos emvez de alemes [...] o redator de material publicitrio

    comumente adepto de recorrer a palavras grandes e ressonantespara ocultar a verdadeira identidade dos relativamente simpleselementos componentes de remdios ou cosmticos. (BROWN,1976, p. 28)

    A seleo um mtodo bastante usado por crticas de cinema ou at

    mesmo polticos. retirado um pequeno pedao de um contexto para fazer

    sentido em um outro contexto completamente diferente, sendo favorvel ou, se for

    a inteno do propagandista, completamente desfavorvel a algo ou algum.

    Seleo: O propagandista, do meio da grande quantidade de fatoscomplexos, seleciona apenas os adequados ao fim em vista. []

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    Censura uma forma de seleo e, por isso, de propaganda.(BROWN, 1976, p. 28)

    A mentira descarada um mtodo que exagera. Porm, um exagero

    que d resultado, uma vez que o propagandista pode j contar com uma situao

    que j est favorvel a este tipo de informao exagerada. Pois, de acordo com o

    autor, ningum [...] pode criar emoes ainda no existentes [...].

    Mentira descarada: Desde as estrias de atrocidades contra ossarracenos durante as Cruzadas e as ridculas descries depadres belgas usados como badalos de sinos ou das fbricas desabo humano durante a I Guerra Mundial at o conselho de Hitlerpara se mentir em grande escala, a falsidade sempre fez partedo cabedal do propagandista. (BROWN, 1976, p. 28)

    A repetio foi um mtodo bastante utilizado por Goebbels na II Guerra

    Mundial. Alis, foi ele quem disse que uma mentira repetida muitas vezes era

    mais eficaz do que a verdade dita uma nica vez (CITELLI, 2002, p. 48). A partir

    desta premissa, este mtodo pode ser desvendado. Repetio: O propagandista

    confia em que, se repetir uma afirmao muitas vezes, com o tempo ela ser

    aceita por seu pblico (BROWN, 1976, p. 28-29).

    A afirmao uma tcnica simples, mas eficiente. Consiste no fato de que

    propagandistas no discutem suas ousadas afirmaes. Eles fazem afirmaes,

    porm no as discutem, deixando, assim, um ar de verdade incontestvel.

    Afirmao: O propagandista raramente discute, mas faz afirmaes usadas em

    favor de suas teses (BROWN, 1976, p. 29).

    De acordo com Brown (1963), apontar o inimigo , talvez, uma das tcnicas

    mais eficientes, devido ao fato de que [...] o dio quando compartilhado com

    outros a mais poderosa de todas as emoes unificadoras.

    Apontar o inimigo: valioso ao propagandista poder apresentaruma mensagem que no seja apenas a favor de algo, mastambm contra um inimigo real ou imaginrio, supostamentecontrrio vontade de seu pblico. Da as campanhas nazistascontra os judeus e as plutodemocracias que, mediantecuidadosa seleo de alvos coerentes com as tradies jexistentes do grupo, tiveram o duplo efeito de: a) desviar aagresso do propagandista e de seu partido; b) fortalecersentimentos de integrao do grupo, melhorando, portanto, omoral do partido. (BROWN, 1976, p. 29)

    O apelo autoridade funciona como uma premissa totalmente verdadeira.

    Quando dizemos algo, evocamos a figura de algum com uma boa credibilidade e

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    agregamos a informao a esta figura, a informao passa a ter muito mais

    credibilidade do que antes. comum ver este tipo de apelo na publicidade. Por

    exemplo, Oral B, 90% dos dentistas recomendam.

    A sugesto [...] por sua prpria natureza um apelo autoridade.A autoridade apelada pode ser religiosa, a de uma figura polticaproeminente, ou, particularmente na publicidade comercial, aautoridade da cincia e das profisses liberais [] Outra forma deque se reveste o apelo autoridade o dirigido multido, oucomo os norte-americanos chamam, a tcnica de todo mundo,segundo a qual todo mundo est fazendo isso e quem no fazest por fora. (BROWN, 1976, p. 29)

    2.1.3 PROPAGANDA

    De acordo com o Dicionrio Aurlio da Lngua Portuguesa (1993, p.446),

    propaganda Propagao de princpios, idias, conhecimentos ou teorias.

    Propagar, tambm de acordo com o Aurlio, significa Multiplicar, difundir-se,

    propalar. E, por fim, Propalar, tornar pblico, divulgar, propagar. Sendo

    assim, propaganda vem do ato de propagar, que significa espalhar algo.

    A propaganda pode parecer nova, como algo do sculo XX que veio junto

    com o consumismo, porm, ela existe h muito mais tempo que isso. Sampaio

    (2003, p. 22) diz que [...] na Roma antiga, a propaganda tinha um espao

    garantido na vida do Imprio. As paredes das casas, que ficavam de frente para

    as ruas de maior movimento nas cidades, eram disputadssimas [...]. E, mesmo

    nessa poca, j se tinha uma noo de como executar tais propagandas.

    Pintava-se a parede de branco e, sobre esse fundo, a mensagem publicitria. De

    preferncia em vermelho ou preto, cores que chamavam mais a ateno sobre o

    branco (SAMPAIO, 2003, p. 22). O autor diz que a prpria Igreja criou uma []

    congregao religiosa para propagar a f, origem, alis, da palavra propaganda.

    Essa propagao de f foi feita com muito empenho e, hoje, absoluta maioria, o

    Ocidente cristo.

    Tais noes que os romanos tinham naquela poca deixaram claro que a

    Propaganda funciona. Hoje em dia, uma rea muito difundida e sua essncia

    pode ser estudada com base na persuaso, na psicologia, entre outras.

    Se verdade que a propaganda teve grande impulso a partir do

    final do sculo passado nas economias industriais maisdesenvolvidas, e que foi apenas nos ltimos cinqenta anos queseu impacto realmente passou a ser enorme na vida econmica,

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    social e cultural das comunidades mais avanadas, tambm certo que, mesmo nas economias mais primitivas, a propagandasempre ocupou um papel significativo como impulsionadora daeconomia, por um lado, e como instrumento de desenvolvimentocultural, por outro. (SAMPAIO, 2003, p. 22)

    A Propaganda pode ser usada para vrios fins, como promover produtos,

    eleger candidatos, propagar idias, teorias e ideologias, convencer algum de

    algo, mudar opinies, entre outros. correto afirmar que [...] todos os integrantes

    das modernas sociedades de consumo [...] (SAMPAIO, 2003, p. 23) so

    atingidos pela Propaganda, em nveis diferentes, sim, porm impossvel negar

    sua influncia.

    A propaganda seduz nossos sentidos, mexe com nossos desejos,resolve nossas aspiraes, fala com nosso inconsciente, nosprope novas experincias, novas atitudes, novas aes. Por maisbarreiras que possamos construir, por mais barreiras quelevantemos, sempre h o anncio que fura o cerco, o comercialque ultrapassa os muros, a idia que interfere em nossa vontade.(SAMPAIO, 2003, p. 23)

    Na propaganda bem planejada, a maioria destes efeitos provocados no

    ocorre ao acaso. Seu objetivo fazer com que seja planejada, estudada, ritmada,

    orquestrada, por uma agncia que, pelo menos se presume, conhece seu

    pblico-alvo e sabe como atingi-lo. Por este fator, muito se fala da (falta de) tica

    nas peas publicitrias. Por exemplo, comerciais televisivos de cerveja que

    utilizavam animaes 3D de animais foram muito criticados por estarem fazendo

    apelo, mesmo sem querer, s crianas, que so, comprovadamente, mais

    suscetveis a esse tipo de apelo publicitrio que adultos.

    Por isso, a Propaganda no deve ser levada de modo leviano. Isso, por

    que, de acordo com Sampaio (2003, p. 24):[...] seu mecanismo de funcionamento parece simples e seu poderde fogo prova de qualquer defesa ou contra-ataque. Nada maisenganoso. A Propaganda hoje uma atividade bastantecomplexa, que conta com alta tecnologia, muita experinciaacumulada e requer talentos especficos para manipul-la daforma mais convincente.

    Desde o incio da Propaganda, tudo est mudando. Atualmente, esta

    poderosa arma est mais requintada, e esta a tendncia com o passar do

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    tempo. As aes feitas hoje em dia ultrapassam a barreira de simples comerciais

    e anncios engraados com uma boa sacada.

    Por outro lado, medida que a propaganda evolui, as barreiras

    levantadas pelos consumidores se aprimoram. Por isso, apropaganda precisa sempre estar descobrindo novas maneiras deromper essas defesas. (SAMPAIO, 2003, p. 24)

    Sampaio define a Propaganda como [...] a manipulao planejada da

    comunicao visando, pela persuaso, promover comportamentos em benefcio

    do anunciante que a utiliza. Diz tambm que papel da Propaganda [...]

    informar e despertar interesse de compra/uso de produtos/servios, nos

    consumidores. (2003, p. 27).No processo de gerao e realizao da propaganda temos, noincio, o anunciante. Ele tem alguma coisa a comunicar e algumainteno de influenciar o consumidor, que o final do processo.Entre o anunciante e o consumidor existe o veculo decomunicao. Este o meio (televiso, jornal, revista, cartaz etc.)que torna a mensagem do anunciante acessvel ao consumidor, oqual pode ou no - se interessar por ela. (SAMPAIO, 2003, p.27)

    A receptividade da mensagem depende de vrios fatores, entre eles a

    atratividade que o anncio pode vir a possuir. A partir disso,

    [...] desenvolveu-se vasta tecnologia sobre propaganda, fazendouso de diversos ramos do conhecimento humano como as artesplsticas, literatura, cinema, msica, dana, administrao,estatstica, sociologia, psicologia etc. para gerao e realizaode propaganda eficiente e eficaz (SAMPAIO, 2003, p. 28).

    Todos estes fatores mostram como a Propaganda uma rea que requer

    muita cautela. Pois, quem lida com Propaganda, lida diretamente com as

    pessoas. E, como sabido que a mdia exerce forte poder no mundo todo,

    preciso agir com extremo cuidado para no incorrer em erros, que podem ser

    facilmente cometidos.

    2.1.4 ALEMANHA PR-TOTALITRIA

    A Alemanha no comeo do sculo 20 estava passando e ainda passaria

    por vrias transformaes que, mais adiante, iriam modificar a histria do mundotodo. Por volta de 1914, a Alemanha no tinha grande importncia no quadro

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    econmico mundial, s fazia parte de uma pequena fatia da economia da Europa,

    enquanto que a Frana e a Inglaterra despontavam como grandes potncias e, do

    outro lado do mundo, os Estados Unidos da Amrica prometiam ser uma futura

    potncia mundial. Nas vsperas da Primeira Grande Guerra, a situao

    internacional alem estava praticamente estagnada. Ento a Alemanha viu, na

    guerra, uma oportunidade de alavancar-se como potncia mundial.

    Neste quadro internacional esttico, cresce dentro do pas aopinio de que s existe uma sada: lutar. Para a aristocracia, osmilitares e a grande parte da burguesia alem, a guerra apossibilidade de conquistas e anexaes territoriais, compensando[...] o atraso alemo no desenvolvimento capitalista. (DIEHL, 1996,p. 20)

    A Alemanha declarou-se em estado de guerra quando a ofensiva por parte

    da Rssia contra a ustria foi feita. No comeo de tudo, essa opinio era unnime

    dentro do pas: a guerra era vista como algo bom, uma oportunidade para

    expandir territrios, ganhar reconhecimento mundial, se estabelecer como um

    pas forte.

    O cidado comum, sacudido pela onda nacionalista que avanapor vrios pases da Europa, v na guerra uma oportunidade deabraar a causa nacional e defender a ptria dos inimigos

    externos, uma ocasio em que ele pode se sentir til e viril, umaexperincia que o faz realmente ativo. Ela d ao cidado ordinrioa importncia de um heri que, em tempos de paz, lhe negada(DIEHL, 1996, p. 21)

    Logo aps o furor da notcia da entrada na Guerra, a Alemanha iria

    experienciar situaes que, qualquer pas que estivesse participando de uma

    guerra, no poderia. Em 1916, uma crise econmica e uma repentina falta de

    alimentos abalam os alemes de uma forma que, em 17 de junho deste ano, uma

    manifestao contra a misria e a m diviso dos produtos alimentcios rene

    vrias pessoas em Munique. A situao piora ainda mais com o inverno e em

    1917 as greves se multiplicam (DIEHL, 1996, p. 21).

    A verdade que, como a verba destinada a vrias partes de manuteno

    do pas foram desviadas para a indstria blica, a Alemanha cavaria a sua

    prpria cova na guerra. O desvio de mo-de-obra foi estrondoso. A indstria txtil

    e alimentcia sofreu terrveis perdas de mo-de-obra para a operria. Isto viria a

    piorar a situao scio-econmica alem.

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    As conseqncias desse desvio de mo-de-obra o inevitveldesequilbrio econmico, com resultados sociais desastrosos. Caio poder aquisitivo dos trabalhadores, crescem a fome e asdoenas. Em Berlim, as sopas populares passam a alimentar maisde 200 mil pessoas. Mesmo assim, a maior parte da populao

    no recebe o mnimo de calorias dirias, o que ocasiona um surtode epidemias que mata milhares de berlinenses. (DIEHL, 1996, p.22)

    Com a entrada dos Estados Unidos da Amrica na guerra e o

    enfraquecimento dos seus aliados, as chances de vitria alem caem

    drasticamente. Caem ao ponto de dividir o pas em dois grandes blocos: os que

    queriam o fim da guerra e os que queriam lutar at a morte. As manifestaes

    pela paz eclodem por todo o pas junto com as bandeiras pela democracia

    (DIEHL, 1996, p. 22). A situao do pas no melhora, at que, em sete de

    novembro de 1918, o pas assina a rendio.

    Pouco antes do final da guerra, os soldados que conseguiam voltar da

    fronte de batalha rebelaram-se contra o governo. Revoltas explodiram em todo o

    pas, obrigando, assim, o Kaiser Guilherme II a renunciar. Com o Kaiser fora do

    poder, as esquerdas travaram uma guerra pelo poder. Os spartakistas queriam

    fazer da Alemanha, [...] uma repblica nos moldes soviticos [...] (DIEHL, 1996,

    p. 25).

    Enquanto todos comemoravam a queda do Kaiser,

    [...] um grupo dirigido pelos social-democratas Friedrich Ebert ePhilipp Scheidemann se rene no prdio do Parlamento. Ebert,que havia sido nomeado chanceler pelo prncipe Max von Baden, o chefe de governo de uma monarquia parlamentar recmcriada. s 2 horas da tarde, enquanto o grupo discute a formaodo novo governo, Scheidemann, ao saber das intenes dorevolucionrio Karl Liebknecht, da Liga Spartakus, em fazer daAlemanha uma repblica nos moldes soviticos, antecipa-se semcomunicar a Ebert e proclama a Repblica Alem. Essa atitudeprecipitada torna-se o marco da distncia intransponvel entre ossocial-democratas e os comunistas. (DIEHL, 1996, p. 24-25)

    Logo em seguida, Weimar tomaria o lugar de Berlim como sede do

    governo. O governo alemo, em uma astuta estratgia, concede mais poder aos

    militares para que lidem com o problema dos spartakistas, que ainda queriam

    uma revoluo socialista e, portanto, representavam uma ameaa ao novo

    governo.

    Para os spartakistas, a nova repblica no passa de uma farsa.Desviando a capital de Berlim para Weimar, onde mais seguro,

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    ela rompe com a monarquia, mas mantm as mesmas estruturasconservadoras. Os comunistas acreditam que a burguesia j notem foras para exercer o seu papel dominante, seu poder estariahistoricamente falido. Trata-se, portanto, do momento exato para averdadeira revoluo, a socialista. (DIEHL, 1996, p. 26)

    D-se incio ento, a uma batalha sangrenta que duraria vrios meses. Os

    militares, com mais poderes, ento, executam as ordens com perfeio a l

    ditadura brasileira (prises, fechamento de jornais, torturas, assassinatos etc.):

    prendem e matam suspeitos e lderes da revoluo, fecham jornais etc.

    Ao mesmo tempo, voltam a crescer os grupos radicais de direita.Em janeiro de 1919, j no se fala mais na Repblica SocialistaAlem e, no dia 16 desse mesmo ms, so assassinados KarlLiebknecht e Rosa Luxemburgo (lderes da Liga Spartakus).

    Weimar se sobrepe a Berlim. (DIEHL, 1996, p. 27)

    Vencida, a Alemanha teve que sujeitar-se s duras clusulas do Tratado de

    Versalhes, que, sem dvidas, contribuiu para a debilitao econmica do pas.

    O Tratado obrigava os alemes a se declararem os causadores daguerra, os agressores; esse pargrafo do artigo 231 era chamadode a Clusula de Culpa da Guerra. Isso s contribuiu paraaumentar a fora das tendncias direitistas e anti-semitas, queviram no Tratado de Versalhes um avano franco-judaico sobre aAlemanha. (DIEHL, 1996, p. 27)

    O Tratado assinado fazia com que a Alemanha perdesse 13% do seu

    territrio, perde o direito s colnias, perde a Alscia-Lorena, o corredor polons e

    o norte de Schleswig-Holstein. Eles tambm teriam que se desarmar e pagar

    grandes indenizaes. Tudo isso, aumentaria a crise econmica alem que,

    depois da Primeira Guerra Mundial, saiu devastada e empobrecida.

    Para piorar a situao, o governo social-democrata no estava

    conseguindo conter e reverter os problemas scio-econmicos do pas. A misria

    decorrente das turbulncias do pas em guerra s aumentava. A burguesia

    industrial no tinha poder suficiente para retomar os investimentos e a produo

    agrcola estava estagnada.

    Por conta destes fatores, o governo alemo, cada vez mais, estava

    deixando tanto a direita quanto a esquerda infelizes. Ambas as partes entraram

    em oposio ao governo. Nessa poca, greves estouraram no pas. A Alemanha

    se encontrava beira do caos. Nos anos 20, o caos estaria mais perto ainda.

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    Em maro de 1920, o general Ludendorf e o Dr. Wolfgang Kapp e um

    exrcito de revoltosos, marcham em direo ao Reichstag (parlamento). As

    tropas do governo se recusam a atirar nos revoltosos e os social-democratas

    fogem [...] (DIEHL, 1996, p. 33). Porm, o chamado Putsch Kapp no durou

    muito. Aps uma greve geral, o [] governo recm-empossado [...] (DIEHL,

    1996, p. 33), renuncia no quarto dia, fazendo com que o governo anterior retorne

    ao poder.

    Em 1923, ocorre uma outra tentativa de golpe direitista, o Putsch de

    Munique, tambm conhecido como Golpe das Cervejarias. O golpe liderado por

    Adolf Hitler no chegou a ter grande peso, mas,

    [] a explorao propagandstica dos fatos de importnciacrucial para todo o movimento que ocorrer anos depois. O golpefunciona como um spot para Hitler, uma vitrine por onde osalemes podem observar o crescimento do nacional-socialismo.(DIEHL, 1996, p. 33)

    Ainda neste ano, haveria outra tentativa de golpe, desta vez, liderado por

    Hitler, Ludendorf e Gring. Sem nenhum resultado, o golpe falha. Hitler foi

    condenado por alta traio, mas tem uma pena de apenas cinco anos. Porm os

    rebeldes viram, no julgamento de Adolf Hitler, uma chance de fazer uma terrvelcrtica ao governo social-democrata. Diehl (1996) diz que o judicirio foi

    extremamente generoso com os golpistas e isso fez com que a estrutura de

    Weimar fosse desmoralizada.

    Aliado a isso, as situaes scio-econmica e poltica s pioravam. Ainda

    em 23, a Frana invadiu uma regio industrial alem, Ruhr, pelo fato de que a

    Alemanha no estava mais conseguindo pagar as indenizaes remanescentes

    da Primeira Guerra Mundial. Isso gerou uma inflao com propores alarmantes,

    desvalorizando absurdamente a moeda alem. Nesta poca, cresciam os []

    pensamentos direitistas e xenfobos (DIEHL, 1996, p. 35).

    Em 1924, a Alemanha esboaria uma reao econmica.

    Para solucionar os problemas econmicos do pas, criado, em1924, o marco fundirio. A Alemanha sobrevive com a duplamoeda e, graas ao plano Dawes, em acordo com os EUA,milhes de dlares americanos so injetados na economia. Em1925, a situao financeira j est equilibrada, o nmero dedesempregados diminui e os salrios aumentam. Com o controleda economia, tambm a situao scio-poltica volta a seestabilizar. (DIEHL, 1996, p. 35)

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    Mas a Alemanha parecia que nadava para morrer na praia. Em 1929, com

    o crack da Bolsa de Nova Iorque, a economia alem voltaria a entrar em

    declnio. Os Estados Unidos da Amrica prometeram um novo plano para ajudar aeconomia alem, porm este nunca foi efetivado. O sistema financeiro alemo

    estava, novamente, precrio. Em 1932, ndices alarmantes de desemprego,

    prostituio, furtos, mendicncia e altas taxas de suicdio comearam a aparecer.

    O que causou uma mudana no Parlamento:

    Nesse ano, os social-democratas perdem 3% dos votos emrelao a 1930 (de 24,5% para 21,6%), os comunistas ganhammais e 1% (de 13,1% para 14,1%) e os nazistas passam de 18,3%a 37,3%, tornando-se os mais fortes no Parlamento. O terreno

    totalitrio j estava preparado. (DIEHL, 1996, p. 36, grifo nosso)

    Para entender o porqu de o nazismo ter sido to difundido na Alemanha,

    vlido finalizar com uma citao de Nlson Jahr Garcia (autor que traduziu o livro

    de Hitler, Mein Kampf): Certa vez perguntei a um ex-capito do exrcito

    mecanizado nazista: Como foi possvel que um dos povos mais cultos da Europa

    apoiasse um projeto neurtico e genocida como o dos nazis? Respondeu-me,

    com certa simplicidade: Perdramos a I Grande Guerra, engenheiros, mdicos e

    tantos reviravam latas de lixo para encontrar comida, os judeus, comerciantes em

    sua maioria, expunham suas mercadorias sugerindo serem beneficiados pela

    situao, era solo frtil para as pregaes anti-semitas.

    2.1.5 HITLER

    Em 1907, Hitler tinha dezoito anos. Tinha se transferido para Viena em

    tentativa de ingressar na escola de Belas-Artes. Hitler falhou ao fazer a prova deadmisso. Aps isso, volta casa de sua famlia em Linz e sua me falece. Volta

    para Viena em 1908 e tenta novamente ingressar na Belas-Artes porm, acaba

    falhando mais uma vez.

    Retornando Viena, vive de uma penso de rfo e da herana deixada

    pelo pai, ele [...] vivia na ociosidade dos cafs e no conforto das peras (DIEHL,

    1996, p. 55). No ano seguinte, gastando os ltimos centavos da herana, o futuro

    Fhrer obrigado a pintar e vender cartes-postais para sobreviver.

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    Em 1913, ele parte para Munique, onde faria seus primeiros contatos

    polticos e onde continuaria como pintor de cartes-postais. Em dezembro, do

    mesmo ano, ele procurado como desertor, pois, fugiu do servio militar. Hitler s

    comeou sua carreira militar aps a declarao de guerra da Alemanha, quando

    ele, apesar de ser austraco, [...] solicitou admisso junto a um regimento do

    Exrcito da Baviera (DIEHL, 1996, p. 56). Diehl afirma que na guerra, ele obtm

    seus primeiros sucessos: em dezembro de 14 recebe a condecorao com a

    Cruz-de-Ferro de II Classe e, no final da guerra, a Cruz-de-Ferro de I Classe.

    Essas condecoraes asseguram quele austraco uma espciede direito de cidadania de primeira classe na Alemanha e criam,assim, as premissas para a sua carreira poltica, garantindo elegitimando suas pretenses de participar da poltica alem e dedirigir um movimento que lhe era estreitamente associado (FEST,1991, p. 77 apud DIEHL, 1996, p. 57)

    Aps a derrota alem na Primeira Grande Guerra, Adolf Hitler retorna

    Munique. l onde ele comea sua vida poltica e [...] em setembro de 1919,

    entra para o que seria o futuro Partido Nacional-Socialista Alemo (DIEHL, 1996,

    p. 57). Logo quando entra, consegue ganhar a confiana do partido, participa das

    reunies e, mais tarde, um posto fixo. Hitler vai ganhando espao dentro do DAP

    at que recebe a funo de propagandista oficial do partido. O DAP mudaria de

    nome em 1920 para NSDAP (Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores

    Alemes). Um ano e meio mais tarde, Hitler chega presidncia do partido

    (DIEHL, 1996, p. 42). Adolf Hitler, em seus discursos, dava s pessoas o que elas

    precisavam: um alvo. Algum para culpar sobre os problemas alemes.

    Hitler praticaria seus primeiros discursos nas cervejarias locais. Diehl

    (1996) afirma que ele tinha um temperamento explosivo e uma obsesso

    patolgica pelo poder da oratria. Devido a isso, ele sabia lidar com as massas,era carismtico, a eloqncia em pessoa. Detalhista, ele prestava ateno nos

    mnimos detalhes, [...] desde a preparao da sala at as palavras a serem

    empregadas (DIEHL, 1996, p. 57).

    Em 1923, Hitler sai do anonimato com a tentativa de golpe ao governo

    social-democrata, junto com seus companheiros Ludendorf e Rhm. O golpe

    controlado e Hitler condenado a cinco anos na priso, porm s cumpre oito

    meses. Nestes oito meses, ele escreve Mein Kampf, que, futuramente serviriacomo um [] manual de conduta para o partido e seus membros (DIEHL, 1996,

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    p. 42). Inicia-se, ento, a fase de teorizao e programao do movimento

    nazista. Em 1924, quando Adolf Hitler saiu da priso, ele se mostra um poltico

    carismtico e d incio, novamente, a sua escalada ao poder. At que, no comeo

    dos anos 30, os social-democratas perdem grande parte do poder dentro do

    Parlamento para os Nazistas que, nesta altura, j tinham grande aceitao entre o

    povo alemo. Em 1933, Hitler sobe ao poder.

    2.1.6 PARTIDO NAZISTA

    O Partido Nazista teve como primrdio, o Partido dos Trabalhadores

    Alemes (DAP), que foi criado em 1919 por Anton Drexler e Karl Harrer. Dentreseus ideais, o partido contava com o anti-semitismo, nacionalismo extremo e

    anticomunismo. Ainda em 1919, Adolf Hitler, a mando de seus superiores do

    exrcito, entra no partido a fim de saber do que se tratava.

    No incio, Hitler teve uma impresso negativa do partido, era

    desorganizado, no tinha nenhum programa, cartazes, panfletos etc. Mas, com o

    tempo, ele foi se interessando pelos ideais dos membros. Lembrando que, doze

    anos antes ele j partilhava dos ideais nacionalistas, ele ento decidiu fazer partedo partido. A entrada de Adolf Hitler no DAP foi, talvez, o acontecimento

    primordial para a implantao do totalitarismo nazista na Alemanha.

    A partir da entrada do futuro Fhrer, o DAP ganhou fora e ao. Hitler,

    ainda em 1919, foi ganhando a confiana dos dirigentes e acabou virando

    propagandista do partido.

    Em novembro de 19, o Partido inicia uma srie de comcios, detrs a seis por ms, com temas como a humilhao do ps-

    guerra, o anti-semitismo e o nacionalismo. (DIEHL, 1996, p. 42)

    No ano seguinte, o Partido muda seu nome para NSDAP (Partido Nacional-

    Socialista dos Trabalhadores Alemes). Em 21, Hitler chega presidncia do

    Partido. O NSDAP comea se organizar como um grupo de luta, reforando sua

    tendncia paramilitar. A partir da, o NSDAP promove alguns levantes contra o

    governo de Weimar, quase sempre com Hitler encabeando os movimentos.

    Aps a priso de Hitler, o Partido entra na fase de teorizao e

    programao do movimento.

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    A grande novidade trazida pelo NSDAP a utilizao das massascomo elemento decorativo e de mobilizao. At ento, nenhumpartido havia-se preocupado tanto com as grandes multides.Mesmo o Partido Comunista (do qual Hitler apropriou muitosmtodos e tcnicas de propaganda e organizao) no havia

    desenvolvido a tal ponto essa idia. A possibilidade de setrabalhar com as massas como matria modelvel era entoclaramente definida e teorizada. (DIEHL, 1996, p. 43)

    Apesar disto, Diehl (1996) lembra que seria um erro falar apenas em

    controle e manipulao das massas, pois o papel que elas desempenham no

    nacional-socialismo mais importante que isso: elas no eram s dirigidas

    politicamente, como tambm faziam parte integrante da realidade nazista (que

    s se realiza no coletivo). Diehl (1996) acrescenta: Sem a participao das

    massas, os sistemas totalitrios no seriam possveis.

    Os principais objetivos do NSDAP se baseavam na captao das massas

    para o levante nacional, que Hitler define como rebelio ou revoluo, fatores,

    segundo ele, indispensveis para o reerguimento de um Estado alemo com

    soberania prpria (HITLER, 1924), e isso se devia pelo fato de que, o Partido

    acreditava que a massa pudesse ser seduzida e manipulada.

    Para alcanar seus objetivos, a propaganda do Partido deve

    realizar-se unicamente no sentido da conquista das grandesmassas. (DIEHL, 1996, p. 44)

    Outra importantssima ideologia do NSDAP era o suposto arianismo dos

    alemes, que por serem uma raa pura, deveriam se impor como dominantes.

    Hitler dizia que a pureza racial era [] a garantia de supremacia sobre os demais

    grupos e justificava quaisquer atos que pudessem favorecer seu poder

    hegemnico [] (DIEHL, 1996, p 45).

    Diehl (1996) diz que, com a situao Ps-guerra, havia na Alemanha umacrise poltico-econmica, certo complexo de inferioridade, uma clima de

    humilhao em relao aos pases vizinhos. Em contraposio a isso tudo, o

    nacional-socialismo fazia com que os homens comuns tivessem a sensao de

    pertencer elite apenas por ser de uma raa escolhida. A xenofobia pode ser

    assim facilmente despertada, diz Diehl (1996). Por este fator, o arianismo se

    instala facilmente.

    Hitler diz que o NSDAP combatia o [] horror da ditadura odiosa da

    Internacional Comunista (Hitler, em um discurso). Para Adolf Hitler, o comunismo

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    era um dos maiores inimigos do nacional-socialismo, no s por questo de

    guerras ideolgicas mas, tambm, pelo fato de que o KPD (Partido Comunista

    Alemo) disputava uma mesma parcela do eleitorado que o NSDAP, com suas

    propagandas.

    Outra questo importante era o combate aos judeus, o maior inimigo do

    NSDAP, que constantemente se referia a este povo por expresses como inimigo

    mortal do nosso povo, praga e peste. O anti-semitismo herana do imprio.

    importante ressaltar que o nazismo sempre se posicionou contratoda e qualquer minoria, fosse ela a dos homossexuais,deficientes fsicos ou de grupos tnicos ou raciais, porm,nenhuma delas sofreu um dio to virulento quanto aqueledestinado aos judeus. (DIEHL, 1996, p. 47)

    O partido e Hitler apontavam algumas metas como a nacionalizao de

    toda a massa abertamente anti-nacional (HITLER, 1924). Na primeira fase do

    movimento, o NSDAP procurava conquistar simpatizantes em todos os grupos,

    at mesmo nos de ideais opostos ao nacional-socialismo. A idia era divulgar o

    NSDAP no como um inimigo poltico, mas como uma alternativa para os adeptos

    inseguros. A expresso massa anti-nacional empregada de modo impreciso

    justamente para que no haja um descarte da camada eleitoral oposta.Conquistar a alma do povo (HITLER, 1924). Hitler dizia que para se

    dominar as massas preciso faz-lo pela emoo e no pela razo, pois

    a fora motriz das grandes evolues, em todos os tempos, no foio conhecimento cientfico das grandes massas, mas sim umfanatismo entusiasmado e, s vezes, uma onda histrica que asimpulsionava. Quem quiser conquistar as massas, deve conhecera chave que abre as portas do seu corao. Esta chave no sechama objetividade, isto , debilidade, mas sim vontade e fora(HITLER, 1924).

    Diehl afirma que, Hitler considerava abertamente a manipulao das

    massas como instrumento poltico. Para Hitler, era preciso, alm de empolgar as

    massas, mostrar a elas a fora do movimento. Era necessrio impressionar de tal

    forma que o pblico se sentisse to intimidado a ponto de tender

    automaticamente ao NSDAP (DIEHL, 1996, p. 78). As propagandas sempre

    deveriam transmitir uma imagem enrgica e agressiva, por isso a importncia dos

    grandes desfiles nazistas que intimidavam e fascinavam adversrios e

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    simpatizantes. Por medo ou admirao, a sensao de conforto transmitida pela

    grandeza do partido era um coletivo protetor.

    2.1.7 ALEMANHA NAZISTA

    Hitler chega ao poder como um heri messinico. Berlim, que viviaas dificuldades e o desnimo da Repblica de Weimar, levanta-seao som dos acordes e tambores nazistas. a ltima esperanaque lhes resta: o Fhrer cuidar da nao alem. (DIEHL, 1996, p.61)

    Em 1933, os nazistas formavam o maior partido do Parlamento, com 230

    deputados. Aps o presidente Hindenburg obrigar o general Von Schleicher arenunciar, Hitler nomeado para ocupar o cargo de Chanceler. A Alemanha

    comemorava a chegada do Fhrer. Apesar de ser to ovacionado, sua subida ao

    poder no foi to fcil. Hitler tinha inimigos externos e, nesta ocasio, internos

    tambm: existia um compl dentro do prprio NSDAP contra ele. Ernst Rhm

    planejara um golpe contra o Fhrer horas antes de sua nomeao mas, Hitler,

    com a ajuda de Himmler, cria sua guarda pessoal (a SS) e consegue contornar a

    crise.Os nazistas, quando chegaram ao poder, j davam indcios que mudanas

    bruscas iriam ocorrer. As bases totalitrias estavam sendo formadas. Em um

    clima de insegurana, os nazistas arquitetam um incndio no Reichstag

    (Parlamento Alemo) para culpar os comunistas.

    No dia seguinte, o KPD posto na ilegalidade e os jornaiscomunistas e social-democratas interditados. Comea a caa sbruxas. Na semana que se segue, as AS e SS tomam as ruas dacapital, membros da Hitlerjugend (juventude hitlerista) desfilam

    uniformizados portando uma nova bandeira alem, no maispreto-vermelho-ouro, mas a preto-vermelho-branca com o smboloda sustica no centro. (DIEHL, 1996, p. 63)

    Hitler falava abertamente sobre usar as massas como elemento decorativo

    e de mobilizao (DIEHL, 1996, p. 43). Pensando nisso, em 13 de maro do

    mesmo ano, ele cria o Ministrio da Propaganda, chefiado por Joseph Goebbels.

    O Ministrio recebe o nome oficial de Reichministerium fr Volksaufklrung und

    Propaganda (Ministrio do Reich para o Esclarecimento do Povo e Propaganda).

    Esta medida foi tomada para que o Reich tivesse maior ndice de popularidade e

    aceitao entre a nao alem.

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    No mesmo ms, Hitler apresenta um pacote poltico (chamado

    Ermchtigungsgesetz) no Parlamento, que concentrava quase todas as decises

    de competncia parlamentar nas mos do Poder Executivo. Aprovado quase que

    unanimemente, este pacote poltico fez com que Adolf Hitler pudesse criar, alterar

    e invalidar leis. Alm de deter o controle completo do governo, o chanceler tem

    poder para firmar contratos com naes estrangeiras, decidindo dessa forma o

    rumo da poltica externa (DIEHL, 1996, p. 64).

    Os seus cinco breves pargrafos tomaram o poder da legislao,inclusive o controle do Oramento do Reich, aprovao detratados com estados estrangeiros e a iniciao das emendasconstitucionais, tirados do Parlamento e entregue ao escritrio doReich por um perodo de quatro anos. (SHIRER, 1960, p. 176)

    Hindeburg, acomodado em seu cargo, permanece at sua morte sem

    interferir nas decises do Chanceler. As bases da ditadura militar esto

    montadas. Mais tarde, em julho do mesmo ano, o NSDAP declarado o nico

    Partido legal na Alemanha (DIEHL, 1996, p. 64).

    Hitler e o partido nazista, em um ato para instaurar o domnio totalitrio,

    buscam o controle do campo cultural. No dia 10 de maio de 1933, celebrada a

    queima de livros antigermnicos. Este ato fazia parte da Campanha da Queimados Livros (Bcherverbrennung). A populao alem foi encorajada a limpar

    suas bibliotecas queimando os ttulos subversivos neste dia. Um ato simblico

    que pretendia manipular, cada vez mais, as massas, dizendo o que a nao

    deveria entender por cultura, j que ttulos marxistas, pacifistas ou ttulos de

    autores judeus foram julgados antigermnicos.

    A nova era Nazista da cultura alem foi iluminada no s pelasfogueiras ao ar livre de livros e o mais eficaz, se menos simblico,medidas de proscrever a venda ou a circulao de biblioteca de

    centenas de volumes e a publicao de muitos novos, mas pelaarregimentao da cultura em uma escala que nenhuma naoOcidental moderna tinha experimentado alguma vez. J em 22 deSetembro de 1933, a Cmara da Cultura do Reich tinha sidofundada por lei na direo de Goebbels. O seu objetivo foidefinido, nas palavras da lei, como se segue: para perseguir umapoltica da cultura alem, necessrio juntar os artistas criativosem todas as esferas em uma organizao unificada embaixo daliderana do Reich. O Reich s no deve determinar as linhas doprogresso, mental e espiritual, mas tambm conduzir e organizaras profisses. (SHIRER, 1960, p. 214)

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    No filme Arquitetura da Destruio possvel entender como o Fhrer se

    preocupava com a nazificao da cultura alem. Ele condenava toda arte

    moderna (como o dadasmo, o cubismo etc.) e apoiava os padres estticos

    clssicos, os quais ele julgava corresponder com a suposta superioridade

    gentica germnica.

    Alm disso, havia uma preocupao na educao dos alemes, pois como

    Diehl (1996) afirma, a nao de homens perfeitos do nacional-socialismo

    deveria comear na famlia. Nela, o pai visto como um lutador (Kmpfer) e a

    me como sua companheira de luta (Kmpfgefahrtin). As mes eram a base

    reprodutora do sistema e suas atividades eram designadas pelas iniciais KKK:

    Kinder, Kche, Kirche (DIEHL, 1996, p. 66), respectivamente crianas,cozinha e igreja.

    As crianas eram vistas como a garantia do futuro. Sua educao era

    feita pelo Estado. A Hitlerjugendera o rgo especializado para jovens e crianas

    que tomava conta da educao no III Reich. Este programa de educao j tinha

    sido planejado pelo partido antes mesmo de subir ao poder.

    A educao no Terceiro Reich, como Hitler planejou, no seriaconfinada a salas de aula abafadas, e sim promovida por um

    treinamento espartano, poltico e marcial nos grupos juvenis eatingiria o seu clmax no nas universidades e colgios deengenharia, que absorveram somente uma pequena minoria, masprimeiro, com dezoito anos de idade, no servio de trabalhoobrigatrio e ento no servio [] nas foras armadas. (SHIRER,1960, p. 220)

    Diehl diz que, em 1936, so feitas mudanas na escola nacional-socialista:

    as crianas passariam mais tempo na escola, o curso de histria sofreria

    alteraes para [] seguir a linha do Estado nacional-socialista e a nova

    matria Conhecimentos Raciais seria includa no currculo.

    J na Hitlerjugend, as crianas teriam que se acostumar com a hierarquia

    militar.

    Uma forte hierarquia estabelecida entre os jovens, cadapequeno grupo dispe de um chefe, que submetido a um outromaior, que, por sua vez, coordena vrios outros grupos, seguindoos princpios militares. Para cada grau de hierarquia a crianarecebia um smbolo, broche ou fita, que designava sua funo eposto. [] Ainda em 1936, o ingresso na Hitlerjugend passa a serobrigatrio. (DIEHL, 1996, p. 67)

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    A Alemanha Nazista tinha outra preocupao: os judeus. Mas esta

    preocupao no foi de exclusividade nazista, o anti-semitismo j existia na

    Europa h anos. Os judeus, no comeo da Alemanha Nazista, detinham grande

    parte do ramo bancrio, o que os faziam ricos. Porm, logo aps a tomada do

    poder pelo NSDAP, uma [] propaganda macia de boicote a estabelecimentos

    judeus [] (DIEHL, 1996, p. 69) teve incio. Neste boicote, a populao

    incentivada a no mais freqentar mdicos, advogados, comerciantes ou qualquer

    tipo de profissional ou estabelecimento judeu. Marabini (1989, p.34 apud DIEHL,

    1996, p. 69) diz que dentre a comunidade judaica, que no se sentiu ameaada,

    [] mesmo os mais pessimistas no imaginam o que acontecer com a

    comunidade israelita em Berlim.Em 7 de abril de 1933, judeus, comunistas e opositores ao governo so

    demitidos das administraes pblicas e, [] em 1935, o uso das piscinas

    pblicas proibido para todos os judeus. Aps a volta do congresso de

    Nuremberg, em setembro, Hitler aprova uma lei que retira dos judeus nascidos na

    Alemanha a cidadania germnica (DIEHL, 1996, p. 70). , tambm, criada a Lei

    para a Proteo do Sangue Alemo, que proibia casamentos mistos.

    Baseando-se na mesma lei, os judeus so proibidos de participar das olimpadasde Berlim. Casamentos mistos so anulados, estabelecimentos judeus e os

    prprios judeus so marcados com a estrela de Davi, os privando assim de []

    toda e qualquer freqncia a estabelecimentos pblicos (DIEHL, 1996, p. 70).

    A partir da, a situao s pioraria para os judeus: na chamada Noite de

    Cristal (virada do dia 9 para 10 de novembro de 1938), as sinagogas so

    incendiadas, cemitrios profanados, as vitrines de suas lojas quebradas etc.

    Foi uma noite do horror em todas as partes da Alemanha. Assinagogas, as casas judaicas e as lojas desabaram em chamas evrios judeus, homens, mulheres e crianas, foram baleados oumortos de outra maneira tentando evitar a morte pelo fogo.(SHIRER, 1960, p. 385-386)

    Reinhard Heydrich foi quem arquitetou os atos desta terrvel noite.

    respeito dele, Shirer (1960) ainda diz que

    1:20 da manh de 10 de novembro ele mandou uma mensagemurgente para todos os quartis generais da polcia estadual e aSicherheitsdienst(S.D, Servio de Segurana, a inteligncia da SS

    e do NSDAP) os instruindo para se agruparem com o Partido e oslderes da SS para discutir a organizao das demonstraes

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    a. Tais medidas s devem ser tomadas se no implicarem o perigode vida ou propriedade alem. (Por exemplo as sinagogas sdevem ser incendiadas quando no houver nenhum perigo de fogoao redor.)

    b. Os apartamentos privados e comerciais de Judeus podem serdestrudos mas no pilhados.... []d. As manifestaes que sero realizadas no devem serimpedidas pela polcia... []5. Sero capturados os judeus, especialmente ricos, de acordocom as capacidades nas prises existentes. A partir de suadeteno, os campos de concentrao apropriados devem sercontatados imediatamente, para confin-los nesses campos tologo que for possvel.

    Nesta mesma noite, as SS prendem 20 mil judeus e matam 36. No dia

    seguinte, so colocados cartazes anti-semitas, por toda a Alemanha, que diziamos judeus so a nossa desgraa, o ar puro no suporta o cheiro de judeus.

    Diehl (1996) afirma que esta ao foi feita na esperana de causar um xodo da

    comunidade israelita da Alemanha. Portanto, foi permitida a sada dos judeus do

    pas, contanto que levassem apenas 5% de seus bens. Apesar disso, 90% da

    populao judaica continuaria na Alemanha.

    A partir da dcada de 1940, as deportaes em massa de judeus para os

    campos de concentrao so iniciadas. Em 28 de novembro do mesmo ano, ofilme Der ewige Jude (O Eterno Judeu) (fig. 2) lanado e exibido inmeras

    vezes por dia nas salas de cinema, com entrada franca. J em 1942, os SS

    determinam a Soluo Final, que consistia em extinguir os judeus da Europa os

    embarcando aos milhes, em trens, at os Vernichtungslager (campos de

    concentrao) e l os matando. Auschwitz foi o campo de concentrao mais

    eficiente, chegando marca de 6 mil mortes por dia (SHIRER, 1960, p. 870).

    Apesar deste massivo massacre, a populao alem nunca seria informada

    oficialmente desses assassinatos (DIEHL, 1996, p. 71).

    E esta omisso fez sentido, levando em conta que Hitler queria o poder

    total de seu pas (j que, na verdade, ele era austraco) e para isso ele precisava

    do apoio dos alemes. Para atingir este poder total, em 14 de outubro de 1933, o

    Fhrer dissolve o parlamento, que para ele era [] um dos mais graves sintomas

    da decadncia da humanidade (HITLER, 1962, p.221 apud DIEHL, 1996, p.74).

    Com a morte de Hindeburg, em agosto de 1934, Hitler anexa o cargo de

    Presidente ao de Chanceler, acumulando mais poderes. Aps a vitria

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    esmagadora da Alemanha nas olimpadas de 36 e a exibio do filme Olympia, de

    Leni Riefenstahl que tinha por tagline o triunfo da raa ariana no esporte, a

    grande maioria apoiava o NSDAP. Com isso, os alemes ficaram embriagados

    com a euforia hitlerista e, cegamente, apoiaram o [] Anschlu (anexao)

    sobre a ustria em 1938 (DIEHL, 1996, p. 75). E logo no ano seguinte,

    aps vrias investidas contra pases dos arredores, a Alemanha estava

    oficialmente em estado de guerra.

    2.2 Fundamentao terica

    A teoria da comunicao escolhida para fundamentar a tica reflexiva da

    problemtica, foi a Teoria Crtica. Isto se deu, dentre as outras, pelo fato de que,

    para a teoria crtica, dados de fato [] so produtos de uma situao histrico-

    social especfica (WOLF, 2003, p. 73). Horkheimer (1937 apud WOLF, 2003, p.

    73) diz que,

    desemprego, crises econmicas, militarismo, terrorismo, a inteiracondio das massas [] no se baseia nas poucaspossibilidades tcnicas, como podia ser para o passado, mas nas

    relaes produtivas, no mais adequadas situao atual.

    Em suma, a Teoria Crtica estuda os fenmenos sociais de acordo com o

    prprio contexto em que estes ocorrem e, basicamente, o intuito deste trabalho foi

    entender um fenmeno buscando uma possvel explicao no contexto social,

    poltico e econmico em que ocorreu.

    2.3 DESCRIO DETALHADA DA METODOLOGIA

    2.3.1 Paradigma escolhido

    O paradigma escolhido foi qualitativo, pois, este trabalho se disps a

    pesquisar um assunto de essncia subjetiva que no pode ser mensurado, mas

    analisado e entendido. Para sustentar isto, Alves-Mazzoti e Gewandszajder

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    (2002) afirmam que, "[...] nos estudos qualitativos, a coleta sistemtica de dados

    deve ser precedida por uma imerso do pesquisador no contexto a ser estudado".

    2.3.2 Estratgia de verificao utilizada

    As estratgias de verificao utilizadas foram pesquisa bibliogrfica e

    anlise documental. Pois, para explicar a influncia da Propaganda Nazista, foi

    preciso pesquisar e se basear em livros, artigos, entre outras publicaes, o que

    caracteriza a pesquisa bibliogrfica.

    [] A pesquisa bibliogrfica [] abrange toda bibliografia jtornada pblica em relao ao tema de estudo, desde publicaes

    avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias,teses, material cartogrfico etc. [] (LAKATOS e MARCONI,2001, p. 183).

    Alm disso, tambm foram analisadas peas que foram veiculadas naquela

    poca, como cartazes, psteres e filmes, destacando assim, tambm, uma

    anlise documental. [] A anlise documental compreende a identificao, a

    verificao e a apreciao de documentos para determinado fim []; verifica o

    teor, o contedo do material selecionado para anlise (MOREIRA In: DUARTE eBARROS, 2005, p. 271-272).

    2.3.3 Instrumentos

    Para se chegar a um resultado nesta pesquisa, utilizou-se a observao.

    Este mtodo foi apropriado para esta pesquisa, pois [] observando que nos

    situamos, orientamos nossos deslocamentos []. essencialmente um olhar

    ativo sustentado por uma questo e por uma hiptese cujo papel essencial []

    mais uma vez reconhecemos (LAVILLE & DIONNE, 1999, p. 176).

    2.3.4 Sujeitos

    O nico sujeito envolvido na monografia foi o aluno pesquisador, Thiago

    Guterman. Todas as etapas foram executadas pelo mesmo.

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    2.3.5 Procedimentos/operacionalizao

    2.3.5.1 Cronograma

    PERODOETAPA

    JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO

    Pesquisa para seleo de tema X

    Reviso Bibliogrfica X x

    Finalizao da Monografia X

    Finalizao e Apresentao da

    Monografia

    X

    As pesquisas para seleo de tema foram partes importantes para todo oprocesso, pois, foi nessa etapa que foi feita uma verificao da viabilidade da

    pesquisa, de acordo com livros e publicaes que pudessem embasar o projeto.

    Na parte de reviso bibliogrfica foram coletados livros e outros materiais

    para servirem de embasamento terico atravs de todo o processo de pesquisa e

    constataes finais.

    A etapa de finalizao da monografia englobou os ajustes necessrios

    para a entrega final da monografia.

    2.4 APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS

    2.4.1 Manipulao e ascenso ao poder

    A Alemanha, aps a Primeira Grande Guerra, estava devastada. Os

    alemes sofriam com as recesses econmicas e crises polticas. Alm disso,

    havia a humilhao perante o Tratado de Versalhes, que, com suas rgidasclusulas, impedia a Alemanha de se reerguer novamente como uma potncia

    europia. Para piorar a situao, a instabilidade do governo transformava o pas

    em uma bomba-relgio, pronta para explodir a qualquer momento.

    Foi diante deste quadro precrio que surgiu uma figura indispensvel para

    o episdio mais tenebroso da histria alem. Um austraco chamado Adolf Hitler,

    que possua uma oratria digna de lderes natos, se destacou dentro do Partido

    dos Trabalhadores Alemes (DAP) que, futuramente se chamaria Partido

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    Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemes. Pouco a pouco, Hitler ganhou

    espao dentro do Partido, foi de Propagandista at virar o Presidente do mesmo.

    Em seus discursos, Hitler utilizava vrias tcnicas de persuaso descritas

    por James Alexander Campbell, como a mentira descarada, o uso de

    esteretipos, repetio, o identificao de inimigo em comum etc. O futuro

    Fhrer sabia da importncia da propaganda na construo de um ideal. Ele

    chegou a dizer que [] a propaganda estimulava a coletividade no sentido de

    uma idia, preparando-a para a vitria da mesma (HITLER apud DIEHL, 1996, p.

    82).

    No final da dcada de 1920, o Partido era grande e possua vrios adeptos.

    Hitler era visto como um messias poltico (fig. 1) que chegara para levantar amoral alem diante de tudo o que havia passado anos atrs. A importncia da

    propaganda para a aquisio e manuteno dos seguidores do NSDAP era

    evidente. A cada ms que se passava, os comcios Nacional-socialistas

    aumentavam. Diehl (1996) afirma que para o NSDAP, a propaganda a principal

    base do partido, sendo responsvel tanto pela converso dos simpatizantes como

    pela manuteno da ordem artificial criada por ele. De acordo com Diehl (1996),

    neste caso, a propaganda no se restringia apenas aos meios de comunicao demassa, mas todas as atividades sociais.

    Diante da grandeza do partido, adeptos e mais adeptos apareciam na

    multido. evidente que, diante a desordem e o caos, quando aparece um lder

    com tantas promessas, argumentos, tcnicas de persuaso e a aparente

    sabedoria e convico, no de se espantar que este consiga extrair o

    sentimento de unificao e unio entre pessoas que passavam por extremas

    dificuldades. Hitler inspirava as pessoas e, juntamente propaganda feita peloPartido, as pessoas comearam a acreditar que o Nacional-socialismo era a nica

    chance da Alemanha de se reerguer. No foi a toa que ele conseguiu fazer com

    que o povo alemo se sentisse intocavelmente superior.

    2.4.2 O compl judeu

    Hitler, j nos cargos de Chanceler e Presidente, continuava a manter a

    ordem totalitria e a manipular diversas opinies ao favor do Partido. Josef

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    Goebbels, chefe do Ministrio da Propaganda, disse que uma mentira repetida

    muitas vezes era mais eficaz do que a verdade dita uma nica vez (GOEBBELS

    apud CITELLI, 2002, p. 48). E esta era apenas uma das tcnicas usadas.

    Um bode expiatrio foi encontrado para a maioria dos problemas da

    Alemanha: os judeus. Esta tcnica, identificao do inimigo, aliada criao de

    esteretipos, foi uma das atividades mais executadas pelo Partido. Cartazes,

    filmes, experincias cientficas, mostras de arte foram feitos para difundir o anti-

    semitismo como regra geral, j que no era um preconceito unicamente nazista,

    ou seja, j existia h muitos anos. impressionante pensar a forma que aquele

    povo foi manipulado ao ponto de aceitar e participar de aes que resultariam em

    crimes de guerra, apesar de que o massacre nos campos de concentrao nuncafoi tornado pblico pelo governo alemo.

    Os cartazes anti-semitas eram a sntese do preconceito. Todos eles

    carregavam mensagens de dio e desprezo pelos judeus, culpando-os pelas

    desgraas que aconteceram na Alemanha e alertando que eles eram a praga da

    civilizao ariana. Os judeus eram retratados em situaes humilhantes e

    distorcidas para que fossem vistos como seres inferiores (fig. 3). E, de acordo

    com a afirmativa de Goebbels feita acima, como uma mentira dita vrias vezes,passa a ser vista como verdade, a populao (que ainda no era totalmente anti-

    semita, apesar de o anti-semitismo ser mais velho que o Terceiro Reich) comeou

    a v-los como eram retratados pelos propagandistas nazistas: um povo que

    lucrava com o sofrimento dos outros, capitalistas desalmados que s ligavam para

    dinheiro. Estes eram retratados como seres carrancudos, toscos, sisudos, de

    aparncia e olhar ameaadores (apesar de algumas vezes serem retratados

    como dbeis e frgeis), justamente no intuito de propagar o dio contra este povona populao alem.

    Em Der Ewige Jude (O Eterno Judeu) (fig. 2), filme produzido a mando da

    Propaganda Nazista, pode-se ver como este dio infundado se tornou totalmente

    fundado entre os alemes simpatizantes do anti-semitismo. Fritz Hippler, o diretor

    do documentrio, conseguiu colocar na tela uma seqncia de motivos para se ter

    nojo e desprezo deste povo. preciso assistir com muito ceticismo e cuidado a

    este filme, pois a maneira manipulada em que os judeus so mostrados pode ter

    grande influncia em mentes frgeis. A campanha na Polnia nos deu a

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    oportunidade de realmente conhecer o povo Judeu. [] Agora nos reconhecemos

    que existe uma praga aqui; uma praga que ameaa a sade do povo Ariano, diz

    a narrao no incio do filme. Neste filme, as tcnicas mentira descarada e uso

    de esteretipo so usadas de maneira exagerada, o que funcionou muito bem

    para se chegar tcnica identificao de inimigo em comum. Alemes

    chegaram a jogar panfletos anti-semitas (fig. 4) sob territrio russo na tentativa de

    convenc-los de que deveriam se juntar Alemanha contra este povo.

    2.4.3 Propaganda pr-Alemanha e pr-guerra

    As propagandas pr-Alemanha e pr-guerra sempre tentavam elevar oesprito de unio, de vitria iminente e confiana entre os alemes. Procurando

    atingir todos e fazer com que todos se sentissem importantes no programa

    Nazista, o Ministrio da Propaganda do Reich tratou de produzir peas que

    incluam de trabalhadores (fig. 5), crianas (fig. 6) e at mulheres (fig. 7) na

    campanha Nazista. Assim, cada vez mais, conquistava adeptos entre os alemes

    que passariam a acreditar cegamente em seu Fhrer.

    Seguindo a mesma linha do filme Triumph des Willens de LeniRiefenstahl, os cartazes exaltavam a grandiosidade do movimento e do partido. A

    ordem, a organizao, a convico, a superioridade e a potncia dos exrcitos

    eram descritos nos cartazes de uma maneira que at o mais ctico se

    convenceria de que Hitler e o Partido eram imbatveis e, portanto, iriam ter xito

    em sua jornada em direo ao resto da Europa.

    Um dos efeitos destas peas era a manuteno da confiana em tudo que

    estava sendo proposto desde a poca em que Adolf Hitler ainda era o presidentedo DAP. Um governo que manipula informaes e veicula somente o que julga

    necessrio para seus cidados, consegue fazer com que sigam qualquer

    empreitada governamental, at mesmo uma guerra, como foi o caso. No filme

    Der Untergang (A queda! As ltimas horas de Hitler), podemos ver crianas no

    front, lutando cegamente pelo Terceiro Reich, exemplo perfeito de que tudo o que

    foi feito s foi possibilitado por uma extensa e determinada manipulao de

    informaes e uma persuaso propagandstica digna de gnios da oratria.

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    Tcnicas de persuaso como a repetio e identificao de inimigo em

    comum foram muito empregadas nas propagandas pr-Alemanha e pr-guerra.

    O uso de esteretipos tambm foi utilizado: os soldados alemes eram sempre

    retratados como homens fortes, loiros e de olhos azuis, postura imponente e com

    olhar de determinao. O fato que, as mensagens passadas de fora (fig. 14),

    coragem inabalvel (fig. 8), unio (fig. 9), vitria (fig. 10), superioridade blica (fig.

    12) e racial (fig. 13), avano (fig. 11), organizao, etc., eram armas

    poderosssimas quando se tratava de persuadir e manipular um povo para se

    chegar a uma finalidade, que no caso era garantir que tudo que estava sendo feito

    pelo governo totalitrio daquela poca era o certo e no poderia estar

    acontecendo de outra maneira.

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    3 CONCLUSO OU CONSIDERAES FINAIS

    A Propaganda feita pelo NSDAP, em todos seus estgios e formas, serviu

    a um propsito: preparar o terreno totalitrio que Hitler j havia planejado

    enquanto crescia dentro do Partido. A propaganda serviu como um

    amaciamento das massas para que o ideal nazista fosse implantado, para que

    ningum se opusesse s vontades do Fhrer. Numa sociedade totalitria, a

    propaganda exerce importante fator. Aps a subida de Hitler ao poder e a

    instalao do regime totalitrio, a propaganda serviria no apenas como uma

    funo estratgica, mas tambm introduzir um ideal de maneira manipulativa na

    populao. Afinal, o regime totalitrio depende da propaganda na medida em que[] se constri em torno de uma realidade artificial caracterizada pela

    manipulao dos fatos pela abordagem propagandstica. (DIEHL, 1996, p. 83).

    Esta falsa realidade frgil, pois se confrontada e percebida como artificial, uma

    falha no sistema pode vir a ocorrer. Ento, o papel da propaganda proteger

    estas falhas estruturais.

    As aes de Hitler, que j haviam sido pensadas e programadas, s foram

    possibilitadas por conta da propaganda nazista feita desde a poca que o NSDAPainda se chamava DAP. Dizem que a voz do povo a voz de Deus. Se algum

    consegue manipular o povo, esse tem todo o poder nas mos. Um timo exemplo

    disto o prprio Hitler, que, em questo de anos, deixou de ser um austraco

    desempregado que freqentava cafs e assistia a peras de Wagner (compositor

    favorito que era anti-semita fervoroso) para virar Chanceler e Presidente de uma

    nao recm restaurada.

    Os prprios nazistas se perderam na realidade criada por eles mesmos.Constatando que o Terceiro Reich havia sido derrotado, Goebbels e sua esposa,

    no quartel general de Hitler, chegaram a drogar seus seis filhos e, em seguida, os

    matar com uma dose letal de veneno enquanto dormiam. O motivo, dado pela

    esposa do Ministro da Propaganda do Reich, foi que ela achava desumano fazer

    com que suas crianas vivessem em um mundo sem o nacional-socialismo

    alemo. O Partido Nazista conseguiu fazer com que sua prpria verdade

    penetrasse na mente at dos que estavam do lado do poder.

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    Alm deste papel no regime totalitrio, a Propaganda Nazista tambm foi

    importante para reconstruir o ego do povo alemo, que estava abalado desde a

    derrota na Primeira Guerra Mundial. Para fazer isto, Hitler e Goebbels utilizaram-

    se das propagandas pr-Alemanha, que faziam as pessoas crerem que o povo

    germnico era superior, que a grandeza do pas e do partido garantiria um futuro

    prspero sem precedentes e que, finalmente, a Alemanha tinha, por questes

    raciais, um respaldo para se impor perante os outros pases da Europa e do

    mundo.

    Conclui-se, ento, que a Propaganda Nazista serviu de alicerce para as

    bases totalitrias que regiam a Alemanha nos anos Hitler e a reconstruo

    ideolgica, supostamente superior, que o Fhrer tanto defendia. Todos os filmes,panfletos e cartazes anti-semitas, pr-guerra e pr-Alemanha, as experincias

    cientficas que tiveram resultados publicados e comcios nazistas serviram para

    toda essa mudana estrutural que a Alemanha viria a sofrer. E serviram seu

    propsito com louvor: a Alemanha ovacionava os ideais do partido e seu lder

    supremo, Adolf Hitler, at o final, quando o Fhrer cometeu suicdio dentro do

    Fhrerbunker, seu quartel general, em Berlim.

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    4 REFERNCIAS

    4.1 Referncias Bibliogrficas:

    ALVES-MAZZOTTI, A.J.; GEWANDSZNAJDER, F. O Mtodo nas Cincias

    Naturais e Sociais. So Paulo: Thomson Learning, 2002.

    BROWN, J.A.C. Tcnicas de Persuaso. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.

    CITELLI, A. Linguagem e Persuaso.So Paulo: tica, 2002.

    DIEHL, P. Propaganda e Persuaso na Alemanha Nazista. So Paulo:Annablume, 1996.

    LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de Metodologia Cientfica

    So Paulo: Atlas, 2001.

    LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construo do saber: manual de metodologia da

    pesquisa. em cincias humanas. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999.

    MOREIRA, S. V. Anlise documental como mtodo e como tcnica. In:

    DUARTE, J.; BARROS, A. Mtodos e tcnicas de pesquisa em

    Comunicao. So Paulo: Atlas, 2005.

    SAMPAIO, R. Propaganda de A Z. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

    WOLF, M. Teorias das Comunicaes de Massa. So Paulo: Martins Fontes,

    2003.

    4.2 Filmografia:

    - Architecture of Doom (Arquitetura da Destruio), Peter Cohen, Cult Filmes,

    1995.

    - Der Ewige Jude (O Eterno Judeu), Fritz Hippler, 1940.

    - Der Untergang (A Queda! As ltimas horas de Hitler), Oliver Hirschbiegel, 2005.

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    41

    - Forgiving Dr. Mengele, Bob Hercules e Cheri Pugh, 2006.

    - Triumph des Willens (Triunfo da Vontade), Leni Riefenstahl, 1935.

    4.3 Referncias Eletrnicas:

    HITLER, A. Mein Kampf. Ebook transcrito disponvel em:

    (Traduzido por Nlson Jahr Garcia) Acesso em 09 de setembro de 2007, s

    14h10.

    NETO, Vulmeron Borges Maral. A Propaganda Nazista: Seus instrumentos e

    estratgias. Disponvel em:. Acesso em

    09 de setembro de 2007, s 14h40.

    SHIRER, W. L. Rise and Fall of The Third Reich. Ebook transcrito disponvel

    em Acesso em 09 de setembro de 2007, s 15h10.

    CALVIN COLLEGE. http://www.calvin.edu/academic/cas/gpa/posters2.htm.

    Acesso em 06 de outubro de 2007, s 20h41.

    DR. REX CURRY. http://rexcurry.net/socialist-propaganda/posters1.html. Acesso

    em Acesso em 06 de outubro de 2007, s 20h55.

    SUFFOLK COUNTY COMMUNITY COLLEGE.http://depthome.sunysuffolk.edu/Library/HDHU/collection.asp. Acesso em 06 de

    outubro de 2007, s 21h25.

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    ANEXO:

    Fig. 1 Fig. 2

    Fig. 3 Fig. 4

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    Fig. 5 Fig. 6

    Fig. 7 Fig. 8

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    Fig. 9 Fig. 10

    Fig. 11 Fig. 12

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    Fig. 13 Fig. 14

    Fig. 1

    Uma imagem totalmente idealizada do Fhrer, que foi retratado como um messias

    poltico que viria para colocar ordem na Alemanha. Podemos observar que, atrs

    de Hitler, existem milhares de alemes, at o horizonte, o seguindo e o

    reverenciando. Em uma referncia bblica, ao topo da imagem existe uma guia

    voando e, atrs dela, raios solares que atravessam as nuvens. O lettering diz

    "Vida longa Alemanha!".

    Fig. 2

    Pster do filme "O Eterno Judeu", onde judeus so retratados de maneira

    ameaadora, sisuda, tosca, deixando um ar pejorativo contra os judeus.

    Fig. 3

    Exemplo de como os propagandistas utilizavam a tcnica "recorte" e "uso de

    esteretipo". Pode-se observar que foi feita uma seleo proposital de seres que

    iam contra o padro esttico alemo, sendo considerados, portanto, "feios". O

    letteringdizendo "Os judeus so o nosso infortnio".

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    Fig. 4

    Panfleto que foi jogado de avies em territrio russo na tentativa de convenc-los

    a se juntar com a Alemanha contra os judeus. Mais uma vez o "uso de

    esteretipo" fica evidente. O judeu, no caso, sendo retratado como um capitalista

    que s liga para seu prprio lucro.

    Fig. 5

    Pea que foi produzida no intuito de elevar o esprito de unio dos trabalhadores

    e, ao mesmo tempo, ressaltar o padro esttico alemo.

    Fig. 6Esta pea era totalmente segmentada para os jovens que faziam parte dos

    centros de treinamento para a juventude hitlerista. O lettering diz "A juventude

    servindo o Fhrer". Isto fez com que at os grupos que no estavam diretamente

    ligados guerra se sentissem inclusos no movimento nazista.

    Fig. 7

    Pea direcionada para as mulheres do Terceiro Reich. O letteringas encorajava aentrar no RAD (Reichsarbeitdienst, Servio de Trabalho do Reich). Hitler tinha

    uma grande preocupao com o trabalho manual do RAD. Pois nele, o Fhrervia

    a possibilidade de quebrar as barreiras sociais entre os alemes.

    Fig. 8

    No intuito de propagar a idia de superioridade blica, da coragem inabalvel e da

    vitria iminente, esta pea retrata soldados da SS no front. O lettering diz"Infantaria: A Rainha dos Servios".

    Fig. 9

    O intuito desta pea era fazer com que os trabalhadores manuais alemes se

    sentissem to importantes quanto os soldados que estavam no front, fazendo com

    que estes abraassem a causa da guerra. Foi feito o paralelo entre os dois,

    retratando soldados na parte superior e os trabalhadores na parte inferior, dando

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    a idia de que os trabalhadores manuais eram a base de tudo. O lettering diz

    "Uma luta, uma vontade, um alvo: Vitria a todos os custos!".

    Fig. 10

    Ideais como superioridade blica, unio, vitria iminente foram retratados nesta

    pea. O letteringdiz "Vitria a todos os custos".

    Fig. 11

    Esta pea retratava os avanos que a Alemanha teve sob o comando dos

    nazistas. No caso, as ferrovias foram retratadas como avano tecnolgico. Uma

    famlia faz o gesto usado pelos nazistas para reverenciar o Fhrer. O letteringdiz"Nossas rodovias alems".

    Fig. 12

    Pster de recrutamento da SS que foi usado nos Pases Baixos. Demonstra a

    suposta superioridade blica alem. O letteringdiz "Pela sua honra e conscincia!

    Contra o Bolchevismo. A Waffen-SSte chama!".

    Fig. 13

    Pea que claramente retratava os alemes dentro do esteretipo de loiros, fortes,

    bonitos, imponentes, determinados e superiores. O lettering diz "Firme,

    determinado para lutar, certeza de vitria!".

    Fig. 14

    Pster do filme "S.A. Mann Brand" (Mann: homem; Brand: Fogo). Seguindo omesmo padro das outras peas que elevavam o esprito de superioridade racial

    e blica, imponncia, vitria iminente, determinao e coragem inabalvel.