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PROPOSTA DE UM MÉTODO PARA O DIMENSIONAMENTO DE PRAZO DE PROJETOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Indara Santos de Souza (UESC) [email protected] Thiago Francisco de Souza (UESC) [email protected] Priscila Pereira Suzart de Carvalho (UESC) [email protected] Frente à crescente necessidade de se ter um maior controle dos prazos para projetos no setor de construção civil, de forma a se evitar atrasos e consequentemente desperdícios de recursos e altos custos, desenvolveu-se um método com o editor de planilhas Microsoft Excel® que permite estimar de forma objetiva, esse parâmetro relacionado ao projeto. A proposta foi elaborada através da abordagem de Hirschfeld (1985) e suas etapas de implementação do PERT/CPM, permitindo obter resultados simulados relacionados aos prazos de acordo com as especificidades do projeto, de forma que se tenha um maior controle da execução das etapas, a fim de que seja executado e finalizado de forma equivalente ao planejamento. Palavras-chave: Dimensionamento; Construção; Prazos; PERT/CPM. XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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PROPOSTA DE UM MÉTODO PARA O

DIMENSIONAMENTO DE PRAZO DE

PROJETOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Indara Santos de Souza (UESC)

[email protected]

Thiago Francisco de Souza (UESC)

[email protected]

Priscila Pereira Suzart de Carvalho (UESC)

[email protected]

Frente à crescente necessidade de se ter um maior controle dos prazos

para projetos no setor de construção civil, de forma a se evitar atrasos

e consequentemente desperdícios de recursos e altos custos,

desenvolveu-se um método com o editor de planilhas Microsoft Excel®

que permite estimar de forma objetiva, esse parâmetro relacionado ao

projeto. A proposta foi elaborada através da abordagem de Hirschfeld

(1985) e suas etapas de implementação do PERT/CPM, permitindo

obter resultados simulados relacionados aos prazos de acordo com as

especificidades do projeto, de forma que se tenha um maior controle da

execução das etapas, a fim de que seja executado e finalizado de forma

equivalente ao planejamento.

Palavras-chave: Dimensionamento; Construção; Prazos; PERT/CPM.

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1. Introdução

As exigências dos consumidores dos empreendimentos da Construção Civil são crescentes,

sempre buscando qualidade e menor custo. Para se atingir uma melhor qualidade e

lucratividade em um empreendimento de construção civil, recomenda-se que este seja bem

planejado e gerenciado, principalmente na fase de projetos (MONTEIRO; SANTOS, 2010).

Uma das alternativas gerenciais que ultimamente tem se ressaltado como opção, para os

executivos das empresas é o gerenciamento de projetos (CARVALHO; RABECHINI JR.,

2008).

Utilizando o gerenciamento de projetos, as organizações podem aperfeiçoar suas habilidades

em planejar, implementar e controlar suas atividades, além da forma como utilizam seu

pessoal e os recursos (MEREDITH; MANTEL JR, 2003). Altos custos e baixos níveis de

qualidade, comprometendo a realização do projeto, são algumas das consequências quando

não se atinge o que foi planejado, dentro do prazo estipulado (KEELLING, 2002).

O entendimento da importância de uma boa gestão de projetos ainda é deficiente no setor da

construção civil nacional (BARBOSA JUNIOR, 2009). As empresas costumam gerenciar

seus empreendimentos se baseando apenas no conhecimento dos seus engenheiros, não

existindo uma estrutura que planeje ou controle os seus projetos (LUIZ, 2011).

De acordo com Campêlo (2002), os gerentes de projetos ainda têm inúmeras dúvidas quando

se trata de dimensionamento de prazo dos projetos, e conforme o mesmo aumenta, ficando

mais complexo e com uma equipe maior, aumenta também a dificuldade de gerenciá-lo, bem

como de acompanhar seus prazos e custos.

Diante dessa dificuldade em gerenciar projetos de empreendimentos de construção civil,

foram desenvolvidas técnicas para que a execução da obra aconteça em conformidade com as

especificações do planejamento (SANTOS et al., 2008). Técnicas como o cronograma físico-

financeiro, cronograma de Gantt, redes PERT/CPM, dentre outras, que permitem um melhor

gerenciamento e controle do empreendimento (SANTOS et al., 2008, apud ALBERTON;

ENSSLIN, 1994).

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A técnica PERT/CPM é uma forma de representação do projeto que se fundamenta na

precedência das atividades. Para tanto, elas são organizadas em sequência, de acordo com as

suas precedências, formando uma cadeia produtiva, sendo que a maior é conhecida como

caminho crítico (SILVA, 2006).

Esta técnica possui uma ampla aplicabilidade, sendo utilizada para a manutenção preventiva

de helicópteros (COSTA; BARREIROS, 2010), para melhoria do processo produtivo em

empresa de fast food (MOREIRA et al., 2010), no setor de construção civil para Planejamento

e controle da produção (SANTOS et al., 2008; MONTEIRO; SANTOS, 2010), Planejamento

e controle físico/financeiro (SILVA, 2006), Planejamento operacional (MARTINES, 2006), e

Otimização da relação tempo-custo (LUIZ, 2011).

Com isso, este estudo tem por objetivo desenvolver uma proposta para dimensionar o prazo

de projetos de construção civil, utilizando como auxílio a técnica PERT/CPM. Com o modelo

desenvolvido, será possível calcular o tempo esperado para a conclusão do projeto, a partir de

parâmetros predeterminados, contribuindo assim para reduzir as incertezas de finalização do

projeto e aumento da confiabilidade por parte do solicitante junto àquele que desenvolverá o

projeto.

2. Revisão teórica

2.1 Gestão de projetos na construção civil

Na construção civil, a preocupação com o projeto tornou-se recentemente maior por ser ele

considerado uma das principais fontes de melhoria para o desempenho do produto edificação

e por propiciar a diminuição dos custos de produção (OLIVEIRA, 2005). Com isso, os

projetos têm assumido um papel relevante na construção civil como uma ferramenta

importante, agregando eficiência e qualidade ao produto final do empreendimento (AVILA,

2010). Ainda assim, os projetos têm sido considerados uma atividade secundária pelas

empresas de construção civil, que priorizam o preço do serviço para contratar gestores de

projetos independentes (FABRICIO et al., 1998).

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Também, as falhas no desempenho dos projetos estão diretamente ligadas a pouca integração

entre os envolvidos na gestão de projetos do setor (FABRICIO et al., 1998). Nesse contexto, a

relação entre a empresa e os projetistas é fundamental quando se pretende alcançar resultados

de melhor qualidade, melhoria de desempenho e diferencial competitivo para as empresas de

construção civil (FABRICIO; MELHADO, 1998).

Desta forma, uma abordagem dada por Gouvêa (2014), traz as etapas necessárias para a

execução de um projeto de construção civil, conforme se pode observar no quadro abaixo:

Quadro 1 – Etapas necessárias para a execução de um projeto de construção civil

ETAPAS DESCRIÇÃO

Levantamento de

informações/dados

Definem-se as necessidades e preferências dos clientes, objetivos, e

características do terreno em que se deseja executar o empreendimento.

Estudo preliminar Analisa-se a viabilidade do projeto, e elabora-se uma planta-baixa, em seu

esboço inicial, através das informações levantadas. É uma etapa que necessita da

aprovação do cliente.

Anteprojeto (Detalhamento) Elaboração da planta-baixa com informações mais específicas, por exemplo, de

cada ambiente, cada pavimento como dimensões, pilares, cálculo das áreas,

volumetria, estrutura, planta de cobertura, instalações, etc. Também é uma etapa

que necessita da aprovação do cliente.

Projeto legal/ Autorização O projeto deve atender as normas e legislações locais para ser aprovado pela

prefeitura (Alvará de construção).

Projeto de execução É o aprofundamento do anteprojeto, englobando todas as informações

necessárias para que se inicie a execução do projeto. Então, somente com ele

pronto é que se inicia a obra.

Fonte: Autor

2.2 PERT/CPM

As técnicas PERT e CPM relacionam as atividades de acordo com as suas interdependências,

determinando o caminho crítico, ou seja, a sequência de atividades que, se sofrer algum

atraso, causará danos a todo projeto (HIRSCHFELD, 1985). A PERT tem sido utilizada em

projetos de pesquisa e desenvolvimento, enquanto a CPM vem sendo normalmente

empregada na indústria de construção civil (MEREDITH; MANTEL JR, 2003). Essas

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técnicas se diferem basicamente pela forma como é tratado o tempo, pois CPM utiliza valores

determinísticos, enquanto PERT é um modelo probabilístico (CASAROTTO FILHO, 1999).

Com o passar dos anos, as duas técnicas se fundiram, passando-se a usar a denominação

PERT/CPM (MARTINES, 2006). A técnica PERT/CPM consiste em organizar um

empreendimento numa rede, projetada através de atividades representadas por setas, que

indicam as relações de correspondência e a sequência entre todas as atividades do

empreendimento que devem ser executadas (KIENEN, 2000).

2.3 Implementação da técnica PERT/CPM

Existem diversas abordagens utilizadas para a implementação da técnica PERT/CPM em

projetos (VERZUH, 2000; FERNANDES; GODINHO FILHO, 2010; HIRSCHFELD, 1985;

CARVALHO; RABECHINI JR, 2008). Apesar de possuir semelhança entre si, essas

abordagens diferem na quantidade de etapas e suas correspondências. O Quadro 1 apresenta

uma correspondência entre as etapas de cada uma dessas abordagens para a implementação do

PERT/CPM identificadas na literatura.

Quadro 2 – Etapas para a implementação da técnica PERT/CPM

Autores Verzuh (2000) Fernandes; Godinho Filho

(2010)

Hirschfeld

(1985)

Carvalho;

Rabechini Jr.

(2008)

ETAPAS

---------------- Organizar o projeto ------------ --------------

Criar a definição do

projeto

Definir os objetivos do

projeto

Objetivo do

programa

--------------

Desenvolver estratégia

de gerenciamento de

riscos

Análise do projeto

Plano de

Trabalho

Definir todas as

atividades

significativas

ou tarefas Construir estrutura de

desmembramento do

trabalho

Identificar as relações

das tarefas

Prazos de

execução

Definir

precedências

Fazer estimativas dos

pacotes de trabalho

Definir as

responsabilidades e

recursos disponíveis para o

projeto

----------

Atribuir

estimativas de

tempos e

recursos para

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cada atividade

Calcular o cronograma

inicial Desenhar o diagrama de

rede para representar o

projeto

Elaboração da

rede

Fazer a

representação

em rede

Atribuir e nivelar

recursos

Calcular o

caminho crítico

da rede

Fonte: Autor

Pode-se notar que as abordagens são muito próximas entre si, sem muitas diferenças, sendo

assim a revisão da literatura sobre as etapas do método está estruturada segundo Hirschfeld

(1985), por possuir uma abordagem consolidada e bem referenciada na literatura (BACHEGA

et al., 2004; CESARE, 2009), conforme se especifica a seguir.

2.3.1 Objetivo do programa

Determina-se qual a finalidade que se deseja alcançar (HIRSCHFELD, 1985). Pode-se definir

também o escopo do projeto, contendo uma descrição mais detalhada do que precisa ser feito

para entregar o projeto de acordo com as especificações (TRENTIM, 2011).

2.3.2 Plano de trabalho

Nessa etapa são determinadas as atividades do projeto que se deseja elaborar, estabelecendo

uma relação de dependência entre as mesmas (CARVALHO; RABECHINI JR, 2008). A

partir disso são estabelecidas as atividades e elas se relacionam entre si, identificando quais

são as precedentes e sequentes (HIRSCHFELD, 1985)..

2.3.3 Prazos de execução

São determinadas as durações das atividades, estimando-se a quantidade de períodos que

serão necessários para a execução das mesmas (CARVALHO; RABECHINI JR, 2008).

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2.3.3.1 Dimensionamento de prazo utilizando PERT

O PERT utiliza um sistema probabilístico para estimar os prazos das atividades/etapas de um

projeto. Dessa forma, são encontradas três estimativas, considerando que a execução de uma

etapa não interfere no tempo de execução de outras, sendo elas (CARVALHO; RABECHINI

JR., 2011):

Mais provável: duração baseada no cenário mais provável, observando recursos e

premissas do projeto;

Mais otimista: duração baseada no cenário mais positivo;

Mais pessimista: duração baseada no cenário mais negativo.

Figura 1 - Utilização da distribuição contínua Beta para o dimensionamento do prazo de

execução de um projeto

Fonte: Carvalho; Rabechini Jr. (2011).

Então, após encontrar as estimativas, com a distribuição Beta de probabilidades, calcula-se a

duração esperada da etapa, bem como o desvio padrão e a variância desses dados, adotando-se

as seguintes equações (1), (2) e (3) (TRENTIM, 2011):

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(1)

Onde:

Te= Tempo esperado da etapa.

Sd = (2)

Onde:

Sd = Desvio padrão;

(3)

Onde:

V = Variância da duração da etapa

Assim, através dos dados obtidos pelas equações acima, é possível calcular um prazo para a

conclusão do projeto, utilizando a probabilidade estabelecida, o somatório dos tempos

esperados e o somatório da variância, como é possível observar na equação (4) abaixo.

(MEREDITH; MANTEL JR, 2003). No caso, no momento do cálculo, é feita a substituição

dos valores encontrados, e isola-se a incógnita “D”, que é o valor que se deseja obter.

(4)

Onde:

Z = Probabilidade;

D = Prazo estabelecido para a conclusão do projeto;

2.3.3.2 Elaboração da rede

Corresponde ao esboço do projeto por meio de nós e setas. É a base para a programação e

acompanhamento do projeto. Através do diagrama é possível realizar melhor as alterações,

prevenir atrasos, balancear os recursos e analisar as consequências, melhorar a coordenação

do projeto focando em determinadas atividades, entre outros (FERNANDES; GODINHO

FILHO, 2010).

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3. Metodologia

3.1 Desenvolvimento das etapas do PERT/CPM

3.1.1 Objetivo do programa

O objetivo deste trabalho é desenvolver uma proposta para dimensionar o prazo de projetos de

construção civil.

3.1.2 Plano de trabalho

Será realizado de acordo com as etapas descritas anteriormente por Gouvêa (2014), para

execução de um projeto de construção civil: (i) Levantamento das informações; (ii) Estudo

Preliminar; (iii) Anteprojeto; (iv) Projeto Legal; (v) Projeto de Execução.

3.1.3 Prazos de execução

Definidas essas atividades, optou-se por obter os prazos de execução através das equações (1),

(2), (3), e (4) de dimensionamento de prazo utilizando PERT, que foram revisadas na

literatura. Então, estimando-se em horas os tempos otimista, mais provável e pessimista, para

a execução do m² do projeto, pode-se encontrar o tempo esperado para a execução de cada

etapa do projeto e do mesmo como um todo, além da variância e desvio padrão desses dados.

Com base na distribuição normal padrão, conforme Cancho (2004), atribuindo um nível de

95% de confiança, têm-se um valor de Z= 1,64. Logo, utilizando-se dessa probabilidade, e

dos dados obtidos com o somatório dos tempos esperados e das variâncias, será possível obter

enfim um prazo para a conclusão do projeto, bem como os prazos de conclusão para cada uma

das etapas.

3.1.4 Elaboração da rede

Identificadas às atividades a serem realizadas e suas relações, é possível elaborar a rede geral

correspondente aos projetos, conforme representado na Figura 2 abaixo:

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Figura 2 – Rede de projetos de construção civil

Fonte: Autor

4. Proposta do método de dimensionamento de prazos

Para auxiliar a proposta do método de dimensionamento de prazos, foi desenvolvida uma

interface no editor de planilhas Microsoft Excel®, contendo a escolha e inserção das

informações específicas do projeto a ser executado, e um setup de dados, para assim obter os

resultados desejados (conforme Figura 3 abaixo). Utilizou-se como referência, para critério de

demonstração da proposta, a categoria de projetos residenciais.

Figura 3 – Interface da proposta

DATA DE INICIO

DA ATIVIDADE

DATA DE FIM DA

ATIVIDADE

DURAÇÃO EM

DIAS ÚTEIS CÓDIGO DA

ATIVIDADE

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Fonte: Autor

4.1 Escolha e inserção das informações específicas do projeto

4.1.1 Escolha da categoria do projeto

Nesta parte seleciona-se a categoria do projeto que será executado, sendo que as opções de

categorias já estarão disponíveis para serem escolhidas, então basta selecioná-la, como é

possível observar na figura 4 abaixo:

Figura 4 – Escolha da categoria do projeto

Fonte: Autor

4.1.2 Inserção da metragem quadrada do projeto

Após a escolha da categoria de projeto, insere-se no espaço em branco o tamanho do projeto

que será executado em m², por exemplo, uma residência que pode ser considerada de alto

padrão, com 250m²:

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Figura 5 – Inserção da metragem quadrada do projeto

Fonte: Autor

4.1.3 Inserção das horas de serviço/dia

Neste espaço, inserem-se as horas de serviço que serão trabalhadas por dia no projeto, por

exemplo, convencionou-se uma jornada de trabalho de 8h:

Figura 6 – Inserção das horas de serviço/dia

Fonte: Autor

4.1.4 Peso correspondente às etapas do projeto

Convencionou-se colocar pesos nas etapas do projeto, o que indicará a relevância de cada uma

para o mesmo, bem como a sua influência no prazo obtido para a conclusão do projeto e para

a conclusão de cada etapa. Então, de acordo com a categoria de projeto escolhida bem como

sua dimensão, é possível selecionar os pesos para as etapas do projeto de 0 a 100%, conforme

mostra a figura 7 a seguir:

Figura 7– Escolha dos pesos das etapas do projeto

Fonte: Autor

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Observando figura 8 abaixo, pode-se perceber que existe uma lacuna “à prova de erros” que

indicará se a distribuição dos pesos é “possível” ou ”impossível”, sendo que será “impossível”

sempre que a soma dos pesos for diferente de 100%.

Figura 8– Distribuição dos pesos das etapas do projeto

Fonte: Autor

4.2 Setup

Na aba de setup estão os dados fixos, como as estimativas de tempo por m², estabelecidas por

um profissional da área, o coeficiente de confiança para a distribuição normal, e as fórmulas

que combinam esses dados fixos com as informações específicas do projeto que serão

inseridas ao utilizar a proposta, para a geração dos resultados que aparecerão na interface do

dimensionamento de prazo.

No caso da categoria residencial essa estimativa de tempo foi com base em um consultor,

profissional formado na área de arquitetura, sendo estabelecidas 6, 4, e 3 horas para os tempos

pessimista, mais provável e otimista, respectivamente. Como já foi citado anteriormente,

escolheu-se trabalhar com um nível de 95% de confiança para os resultados, ou seja, com Z=

1,64.

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Quanto às fórmulas, são utilizadas as equações (1), (2), (3), e (4), revisadas na literatura, e

como os resultados de tempos estimados e os prazos obtidos estarão em horas/m², é feita uma

conversão de unidades. Primeiro, é realizada uma multiplicação desse resultado pela

metragem quadrada inserida, para obter esses dados proporcionalmente ao tamanho do

projeto, obtendo-se um prazo em horas. Por fim, multiplica-se esse resultado pela jornada de

trabalho por dia, também inserida, e têm-se então um prazo em dias, para a conclusão do

projeto, bem como de suas etapas (Figura 9).

Figura 9 – Setup da proposta

Fonte: Autor

4.3 Simulação

Para demonstração da proposta, simulou-se um dimensionamento de prazo de um projeto

residencial considerado de alto padrão, com 250m², 8 horas de jornada de serviço por dia, e

pesos de 5%, 5%, 15%, 5% e 70% respectivamente, para a execução das etapas que foram

estabelecidas em ordem.

Estimativas de tempo

Conversão

de unidades

Prazo para a conclusão das etapas

∑Te

∑V

Z

Prazo para a

conclusão do

projeto em

horas/m²

Prazo para a

conclusão do

projeto em

dias

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Figura 10 – Simulação para a categoria residencial

Fonte: Autor

Dessa forma, pôde-se chegar a um prazo estabelecido de 149 dias de trabalho para a

conclusão do projeto. Sendo que esse prazo é dividido em: 7 dias para o levantamento de

informações principais e dados, que serão fornecidos pelo cliente, 7 dias para a etapa de

estudo preliminar, 22 dias para a etapa do anteprojeto, 7 dias para a legalização, e 104 dias

para a execução.

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Figura 11 – Setup da simulação

Fonte: Autor

5. Conclusão

A proposta desenvolvida neste trabalho permite ressaltar a importância do uso de técnicas

como PERT/CPM, bem como da execução de suas etapas, para o desenvolvimento e

implementação de uma ferramenta que se mostra não só simples e rápida em sua aplicação,

mas que também possui como vantagem o baixo custo. Permite também, obter resultados

objetivos e que levam em consideração as especificidades de cada etapa do projeto, o que

facilita o controle do projeto como um todo, tendo como consequência positiva principal uma

maior confiabilidade na comparação entre o planejado e o real.

Com os resultados obtidos na realização deste trabalho, assim como o conhecimento

adquirido no desenvolvimento do mesmo e as suas limitações, sugere-se que se desenvolva

em trabalhos futuros um setup mais abrangente, que contenha as estimativas de tempo das

principais categorias de projetos, e que essas informações funcionem como um banco de

dados, executando apenas os dados da categoria escolhida naquele momento pelo usuário. O

presente trabalho limitou-se apenas às informações relacionadas a uma categoria, então em

termos de melhorias, seria fundamental ampliar à aplicação da proposta.

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Outra sugestão é que a partir do dimensionamento de prazo se calcule também os custos do

projeto, tais como fixos e variáveis, ou seja, que se realize um gerenciamento de custos a

partir desse tempo de execução, sendo possível dimensionar a execução do projeto no tempo

adequado, tendo-se também um custo ótimo. Além disso, as etapas de projeto, que são

generalizadas, podem ser pesquisadas mais a fundo, de modo que sejam separadas em outras

mais específicas, sendo possível ter um melhor acompanhamento e controle da execução

dessas atividades.

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