PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE … · ... produção e interpretação de texto,...
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PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR
DA DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA
APRESENTAÇÃO
“Na realidade, toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo fato de que precede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém. Ela constitui justamente o produto da interação do locutor e do ouvinte. Toda palavra serve de expressão a um em relação ao outro.” (Mikhail Bakhtin)
A escola, principalmente, a pública é o espaço em que o aluno deve
encontrar meios para aprimorar sua linguagem, para que possa se inserir
ativamente e de maneira crítica na sociedade.
Porém, percebemos que muitos resquícios históricos ainda influenciam o
ensino da língua, refletindo o poderio da classe dominante, pois sabemos que a
linguagem é um poderoso instrumento de manipulação.
“Historicamente, o processo de ensino de Língua Portuguesa no Brasil
iniciou-se com a educação jesuítica. Essa educação era instrumento
fundamental na formação da elite colonial.” (DCE,p.39) Pois servia para
manipular os índios e despi-los de sua cultura e incutir-lhes a do dominador.
“No período colonial, a língua mais utilizada pela população era o tupi. O
português era a língua da burocracia, ou seja, a língua das transações
comerciais, dos documentos legais. A interação entre colonizados e
colonizadores resultou na constituição da Língua Geral (tupi-guarani), utilizada
pelos portugueses num primeiro momento.”(DCE,p.40) Dessa forma
conseguiam comunicar-se visando a dominação da terra. Essas línguas
continuaram sendo faladas na informalidade pelas pessoas não escolarizadas.
A partir do século XVIII, para garantir domínio sobre o solo brasileiro, os
colonizadores portugueses começaram a proibir o uso do tupi e impuseram o
português como língua nacional. Um decreto do Marquês de Pombal garantiu
isso. Houve a expulsão dos jesuítas do Brasil porque produziram literatura para
catequização em língua indígena, ou seja, “essa hegemonia foi conseguida,
historicamente, a ferro e fogo: com decretos e proibições, expulsões e prisões,
perseguições e massacres (BAGNO, 2003,p. 74)” (DCE,p.40)
Tivemos as primeiras instituições de ensino superior com a corte no Rio
de Janeiro, que visava as camadas superiores da sociedade, com ensino nos
moldes europeus, já a população analfabeta e desfavorecida economicamente
continuava negligenciada às margens da sociedade.
Nesse período, as aulas eram no modelo do ensino de latim, eram
isoladas, descontextualizadas e criadas pelo rei. Fragmentando o ensino em
Gramática, Retórica e Poética, tendo professores autodidatas que estudavam a
língua e sua literatura.
“Ainda no final do século XIX, e com o advento da República, a
preocupação com a nascente industrialização influenciou a estrutura curricular:
tendo em vista a formação profissional, as Humanidades não eram
consideradas prioritárias, fortalecendo-se o caráter utilitário da educação”
(DCE,p.42)
Nesse época, houve o aumento dos estudantes vindo das camadas
populares, que encontravam na escola um ensino de língua que era
hierarquizador e seletivo, pois atendia a uma classe abastada que queria se
diferenciar dos demais pelo uso de uma linguagem mais rebuscada, que por
isso era opressora e exclusora.
Durante muito tempo manteve-se o ensino da gramática, da retórica e da
poética, pois atendia aos interesses de grupos privilegiados. Ainda hoje,
décadas depois, vemos raízes dessa tradição no ensino da língua, que tende a
manter a hegemonia de uma elite privilegiada, representante do capitalismo.
Portanto, cabe a nós, professores de Língua Portuguesa,
desenraizarmos essa tradição, tornando nossos alunos que são pertencentes a
uma classe com pouco poder aquisitivo, em falantes eficientes da língua,
dando “a oportunidade de aprimoramento de sua competência linguística, de
forma a garantir uma inserção ativa e crítica na sociedade.”(DCE)
Os modernistas retomaram a importância de um falar brasileiro,
deixando o tradicional de lado. A revolução que proporcionaram na literatura,
aproximou o português escrito do português falado. Mas o ensino da língua
continuou elitista até o século XX, quando houve expansão de vagas no ensino
primário público, aumentando os alunos vindo das classes trabalhadoras, que
traziam consigo uma variedade linguística distante da ensinada na escola que
era tradicional e artificial, havendo choque entre esses modelos. Foi preciso
propostas pedagógicas que visassem atender as necessidades desses alunos.
Na escola tecnicista continuamos a ver, a distância entre a língua falada
pelos alunos de classe popular e o português elitizado, ensinado na escola.
Aqui a “Língua Portuguesa, pautava-se na concepção de linguagem como meio
de comunicação (cujo objeto é a língua vista como código), com um viés mais
pragmático e utilitário em detrimento do aprimoramento das capacidades
linguísticas do falante.” (DCE,p.42)
“A disciplina de Português passou a denominar-se, a partir da Lei
5692/71, no primeiro grau, Comunicação e Expressão (nas quatro primeiras
séries) e Comunicação em Língua Portuguesa (nas quatro últimas séries).”
(DCE,p.42)
Na década de 70, passaram a discutir sobre teorias da linguagem como:
a Sociolinguística, a Análise do Discurso, a Semântica e a Linguística Textual,
as quais questionavam a eficácia das aulas de gramática. Porém, os livros
didáticos continuaram a disseminar o ensino tradicional.
No início da década de 80 com o Círculo de Bakhtin, houve um avanço
em relação a uma visão sociológica da linguagem, pois “a língua constitui um
processo de evolução ininterrupto, que se realiza através da interação verbal
social dos locutores (Bakhtin/Volochinov, 1999, p.127)” (DCE,p.46). Pois uma
língua sem falantes não existe por si só, é uma língua morta.
“O livro O texto na sala de aula, organizado por João Wanderley Geraldi,
em 1984, marcou as discussões sobre o ensino de Língua Portuguesa no
Paraná, incluindo artigos de linguistas com Carlos Alberto Faraco, Sírio
Possenti, Percival Leme Britto e o próprio Geraldi, presentes até hoje nos
estudos e pesquisas.” (DCE,p.46) Através desses autores os professores são
mobilizados a repensar o ensino da língua, até então, realizados através de
exercícios repetitivos nos moldes tradicionais.
Essas discussões acerca do ensino da língua “influenciaram os
programas de reestruturação do Ensino de 2º Grau, de 1988, e do Currículo
Básico, de 1990.(...) O Currículo de Língua Portuguesa orientava os
professores a um trabalho de sala de aula focado na leitura e na produção,
buscava romper com o ensino tradicionalista.” (DCE,p.46)
Notamos em nossas aulas, a deficiência que muitos de nossos alunos
tem nesses três eixos de Língua Portuguesa, porque ainda encontramos esse
tradicionalismo presente, ou seja, ensinar a gramática separada de sua
verdadeira função dentro de um texto, é ensinar algo inútil aos olhos do
alunado que não aceita mais “decorar” listas de verbos, porque não vê utilidade
alguma nisso, mesmo memorizando tais listas os alunos continuam conjugando
errado os verbos em sua fala e escrita. Outro exemplo, é o ensino isolado das
classes gramaticais, que dependendo do contexto mudam de classe, tendo
outra função que só pode ser entendida dentro de um contexto.
Então, é necessário utilizarmos a proposta da DCE “uma concepção
histórico-discursiva de sujeito, para ele, a interação verbal constitui a realidade
fundamental da língua. O aprendizado envolve sempre a interação com outros
indivíduos e a interferência direta ou indireta deles.”
A linguagem só existe efetivamente no contexto de seus falantes, é nas
relações sociais que ela se estabelece e faz sentido, pois a linguagem é
dinâmica não está cristalizada e não “podemos ser compreendidos como
meros aplicadores de regras de um sistema gramatical, (...) a linguagem não é
um instrumento externo a nós.” (Faraco, 2005, Português: língua e cultura)
Portanto, para comunicar-se claramente, o falante não precisa
memorizar regras gramaticais, pois ela já está implícita, todo falante tem
internalizado um conjunto de regras, porque nenhuma frase compreensível é
dita sem essas regras. O que a escola deve fazer é o ensino da língua
baseados na leitura, produção e interpretação de texto, porque a gramática
explícita ensinada durante muito tempo não consegue prover ao alunado a boa
comunicação.
Com tudo isso, verificamos que a linguagem tem natureza social, é
através dela que se dão a maioria das relações sociais e é através dela que o
ouvinte é persuadido pelo bom falante. Como explicita Geraldi “a linguagem só
se realiza por meio da interação, dentro de situações concretas de produção.”
(O texto na sala de aula, 2005,p.41). Por isso, constata-se que os gêneros são
a materialização do discurso, surgido na relação entre os falantes no uso na
língua.
Os gêneros são instrumentos importantes para trabalharmos a
linguagem inserida num contexto social e que circulam entre nossos
estudantes, também através dos diferentes gêneros poderemos analisar a
gramática contida em cada um e a sua função que é adequada de acordo com
o objetivo que o texto pretende alcançar.
Dessa forma, poderemos melhorar e enriquecer nossas aulas, tornando
o aprendizado da linguagem contextualizado, próximo do aluno, tornando-o um
individuo competente no uso da língua nos seus diferentes âmbitos, sendo
agente de mudanças individuais e sociais, já que será capaz de analisar melhor
sua realidade e contestar diante das situações adversas de suas relações
sociais.
Conteúdo Estruturante
O conteúdo que será trabalhado no dia a dia, está relacionado “com o
momento histórico-social, (...) tendo o discurso como prática social.” (DCE p.
62, 63). Pois, a nossa comunidade escolar é composta por indivíduos que não
dominam a norma padrão e por isso mesmo, precisam de conteúdos que se
estruturem de maneira a vir suprir essa carência normativa que lhes foi
suprimida pela classe dominante. “A Sociolinguística não classifica as
diferentes variantes linguísticas como boas ou ruins, melhores ou piores,
primitivas ou elaboradas, pois constituem sistemas linguísticos eficazes, falares
que atendem a diferentes propósitos comunicativos, dadas as práticas sociais e
os hábitos culturais das comunidades.” (DCE p.56)
6º Ano
LEITURA
• Tema do texto;
• Interlocutor;
• Finalidade;
• Argumentos do texto
• Discurso direto e indireto;
• Elementos composicionais do gênero;
• Léxico;
• Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais
no texto, pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito),
figuras de linguagem.
ESCRITA
• Contexto de produção;
• Interlocutor;
• Finalidade do texto;
• Informatividade;
• Argumentatividade;
• Discurso direto e indireto;
• Elementos composicionais do gênero;
• Divisão do texto em parágrafos;
• Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais
no texto, pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito),
figuras de linguagem;
• Processo de formação de palavras;
• Acentuação gráfica;
• Ortografia;
• Concordância verbal/nominal.
ORALIDADE
• Tema do texto;
• Finalidade;
• Argumentos;
• Papel do locutor e interlocutor;
• Elementos extralinguísticos: entonação, pausas, gestos...;
• Adequação do discurso ao gênero;
• Turnos de fala;
• Variações linguísticas;
• Marcas linguísticas: coesão, coerência, gírias, repetição, recursos
semânticos.
GÊNEROS DISCURSIVOS
História em Quadrinhos, Quadrinhas, Lenda, Fábula, Conto de Fadas, Poema,
Foto- legenda, Texto Instrucional, Carta Pessoal, Provérbios e Haicai.
7ºAno
LEITURA
• Tema do texto;
• Interlocutor;
• Finalidade do texto;
• Argumentos do texto;
• Contexto de produção;
• Intertextualidade;
• Informações explícitas e implícitas;
• Discurso direto e indireto;
• Elementos composicionais do gênero;
• Repetição proposital de palavras;
• Léxico;
• Ambiguidade;
• Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais
no texto, pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito),
figuras de linguagem;
ESCRITA
• Contexto de produção;
• Interlocutor;
• Finalidade do texto;
• Informatividade;
• Discurso direto e indireto;
• Elementos composicionais do gênero;
• Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais
no texto, pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito),
figuras de linguagem;
• Processo de formação de palavras;
• Acentuação gráfica;
• Ortografia;
• Concordância verbal / nominal.
ORALIDADE
• Tema do texto;
• Finalidade;
• Papel do locutor e interlocutor;
• Elementos extralinguísticos: entonação, pausas, gestos, etc.
• Adequação do discurso ao gênero;
• Turnos de fala;
• Variações linguísticas;
• Marcas linguísticas: coesão, coerência, gírias, repetição;
• Semântica.
GÊNEROS DISCURSIVOS
Relato, Anúncio Publicitário, Cartão Postal, Causo, Cordel, Cartum, Diário,
Crônica, Entrevista, Conto, Texto de Opinião e Notícia.
8ºAno
LEITURA
• Interlocutor;
• Intencionalidade do texto;
• Argumentos do texto;
• Contexto de produção;
• Intertextualidade;
• Vozes sociais presentes no texto;
• Elementos composicionais do gênero;
• Relação de causa e consequência entre as partes e elementos do texto;
• Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais
no texto, pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito);
• Semântica:
-- operadores argumentativos;
-- ambiguidade;
-- sentido figurado;
-- expressões que denotam ironia e humor no texto.
ESCRITA
• Conteúdo temático;
• Interlocutor;
• Intencionalidade do texto;
• Informatividade;
• Contexto de produção;
• Intertextualidade;
• Vozes sociais presentes no texto;
• Elementos composicionais do gênero;
• Relação de causa e consequência entre as partes e elementos de texto;
• Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais
no texto, pontuação, recursos gráficos como aspas, travessão, negrito;
• Concordância verbal e nominal;
• Papel sintático e estilístico dos pronomes na organização, retomadas e
sequenciação do texto;
• Semântica:
-- operadores argumentativos;
-- ambiguidades;
-- significado das palavras;
-- sentido figurado;
-- expressões que denotam ironia e humor no texto.
ORALIDADE
• Conteúdo temático;
• Finalidade;
• Argumentos;
• Papel do locutor e interlocutor;
• Elementos extralinguísticos: entonação, expressões facial, corporal e
gestual, pausas...
• Adequação do discurso ao gênero;
• Turnos de fala;
• Variações linguísticas (lexicais, semânticas, prosódicas, entre outras);
• Marcas linguísticas: coesão, coerência, gírias, repetição;
• Elementos semânticos;
• Adequação da fala ao contexto (uso de conectivos, gírias, repetições,
etc.);
• Diferenças e semelhanças entre o discurso oral e o escrito.
GÊNEROS DISCURSIVOS
Mitos, Paródia, Artigo de Opinião, Crônica, Debate, Memórias, Classificados,
manuais, letras de música, msn e Anedotas.
9ºAno
LEITURA
• Conteúdo temático;
• Interlocutor;
• Intencionalidade do texto;
• Argumentos do texto;
• Contexto de produção;
• Intertextualidade;
• Discurso ideológico presente no texto;
• Vozes sociais presentes no texto;
• Elementos composicionais do gênero;
• Relação de causa e consequência entre as partes e elementos do texto;
• Partículas conectivas do texto;
• Progressão referencial no texto;
• Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais
no texto, pontuação, recursos gráficos como aspas, travessão, negrito;
• Semântica:
-- operadores argumentativos;
-- polissemia;
-- expressões que denotam ironia e humor no texto.
ESCRITA
• Conteúdo temático;
• Interlocutor;
• Intencionalidade do texto;
• Informatividade;
• Contexto de produção;
• Intertextualidade;
• Vozes sociais presentes no texto;
• Elementos composicionais do gênero;
• Relação de causa e consequência entre as partes e elementos do texto;
• Partículas conectivas do texto;
• Progressão referencial no texto;
• Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais
no texto, pontuação, recursos gráficos como aspas, travessão, negrito;
• Sintaxe de concordância;
• Sintaxe de regência;
• Processo de formação de palavras;
• Vícios de linguagem;
• Semântica:
-- operadores argumentativos;
-- modalizadores;
-- polissemia.
ORALIDADE
• Conteúdo temático;
• Finalidade;
• Argumentos;
• Papel do locutor e interlocutor;
• Elementos extralinguísticos: entonação, expressões facial, corporal e
gestual, pausas ...;
• Adequação do discurso ao gênero;
• Turnos de fala;
• Variações linguísticas (lexicais, semânticas, prosódicas entre outras);
• Marcas linguísticas: coesão, coerência, gírias, repetição, conectivos;
• Semântica;
• Adequação da fala ao contexto (uso de conectivos, gírias, repetições,
etc.);
• Diferenças e semelhanças entre o discurso oral e o escrito.
GÊNEROS DISCURSIVOS
Artigo Informativo, Romance, Texto Teatral, Novelas, Folders, Roteiros, Texto
Argumentativo, Debate, Textos Jornalísticos e E-mail.
ENSINO MÉDIO
LEITURA
• Conteúdo temático;
• Interlocutor;
• Intencionalidade do texto;
• Informatividade;
• Contexto de produção;
• Intertextualidade;
• Vozes sociais presentes no texto;
• Discurso ideológico presente no texto;
• Elementos composicionais do gênero;
• Contexto de produção da obra literária;
• Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais
no texto, pontuação, recursos gráficos como aspas, travessão, negrito;
• Progressão referencial;
• Partículas conectivas do texto;
• Relação de causa e consequência entre partes e elementos do texto;
• Semântica;
-- operadores argumentativos;
-- modalizadores;
-- figuras de linguagem.
ESCRITA
• Conteúdo temático;
• Interlocutor;
• Finalidade do texto;
• Informatividade;
• Contexto de produção;
• Intertextualidade;
• Referência textual;
• Vozes sociais presentes no texto;
• Ideologia presente no texto;
• Elementos composicionais do gênero;
• Progressão referencial;
• Relação de causa e consequência entre as partes e elementos do texto;
• Semântica:
-- operadores argumentativos;
-- modalizadores;
-- figuras de linguagem;
• Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais
no texto, pontuação, recursos gráficos como aspas, travessão, negrito;
• Vícios de linguagem;
• Sintaxe de concordância;
• Sintaxe de regência.
ORALIDADE
• Conteúdo temático;
• Finalidade;
• Intencionalidade;
• Argumentos;
• Papel do locutor e interlocutor;
• Elementos extralinguísticos: entonação, expressões facial, corporal e
gestual, pausas ...;
• Adequação do discurso ao gênero;
• Turnos de fala;
• Variações linguísticas (lexicais, semânticas, prosódicas entre outras);
• Marcas linguísticas: coesão, coerência, gírias, repetição, conectivos;
• Semântica;
• Adequação da fala ao contexto (uso de conectivos, gírias, repetições,
etc.);
• Diferenças e semelhanças entre o discurso oral e o escrito.
GÊNEROS DISCURSIVOS 1º ANO
Narrativa Histórica, Canção Popular, Textos Icônico-verbais, Relato de Viagem,
Diário Pessoal, Panfletos, Resenhas Informativas,Carta do Leitor e Editorial de
Jornal e Revista.
GÊNEROS DISCURSIVOS 2º ANO
Romance, Narrativa de Suspense, Texto Instrucional, Artigo Científico, Ensaio,
Textos Imagéticos e Avisos.
GÊNEROS DISCURSIVOS 3º ANO
Canções, Biografias e Relatos de Vida, Correspondência Formal
Argumentativa, Discurso Político, Blog, Outdoors, pautas de reuniões tabelas e
gráficos e Resenha Crítica Argumentativa.
Encaminhamentos Metodológicos
Uma metodologia para ensino de língua portuguesa deve levar em
consideração as modalidades da oralidade, da leitura e da escrita como
saberes a serem desenvolvidos pelos alunos ao longo de seus anos
escolares. Apesar da oralidade ser aprendida mais naturalmente do que a
escrita, a última é uma competência importante que cabe à escola ensinar.
Inclusive, porque a escrita possibilita uma nova ferramenta de interação
social e de exposição de ideias e conceitos a um grupo.
E para a aprendizagem de cada uma dessas modalidades da língua
(oralidade, leitura, e escrita) o texto é o elemento fundamental, que será o
ponto de partida na construção e elaboração das experiências vivenciadas
pelos alunos, bem como para as reflexões linguísticas necessárias na
construção do saber pelo educando.
O Colégio Estadual Jardim Interlagos é um colégio de periferia na região
Norte da cidade de Cascavel. É um bairro com muitos problemas sociais,
culturais, econômicos e de violência. Lecionar Língua Portuguesa para
esses alunos é pensar que o ambiente escolar é privilegiado, às vezes,
como uma das poucas fontes de cultura, leitura e literatura a esses
indivíduos.
Por isso, o trabalho com gêneros textuais é muito significativo em
sala de aula. A leitura de textos é redescoberta na aula, pois o hábito de
leitura nem sempre é incentivado em casa, na família.
Os gêneros textuais apresentados aos educandos precisam contemplar
as possíveis situações de uso social da linguagem nas atividades propostas
tendo por objetivo identificar a finalidade do texto, posição assumida pelo
autor, o contexto social, político, histórico, econômico, filosófico, entre outros,
com destaque para as variedades linguísticas, os mecanismos gramaticais e
os lexicais na construção do texto.
Nesse contexto, salienta - se a importância de apreender os dados sobre
o autor (biografia), a fonte referencial (data, local, suporte de texto, além do
interlocutor a quem se destina o texto.
O trabalho com os gêneros textuais explora as modalidades da
oralidade, leitura e escrita. A oralidade tem um espaço privilegiado em sala
de aula, pois seu uso é sempre constante. A fala do educador que utiliza a
norma padrão é um momento importante na vivência do aluno, pois muitas
vezes esses espaços ficam apenas restrito à escola, ou outros poucos
canais de comunicação que o educando tem acesso.
Por meio de atividades em sala, o aluno tem oportunidade de expor suas
ideias na oralidade. Dessa forma, nas aulas de Língua Portuguesa é
incentivado declamações de poesias, oratória e leituras feitas pelo aluno.
Também, atividades em que ele possa participar com suas opiniões, como
debates e seminários. O aluno, também é convidado a fazer resumos orais
de textos, livros lidos ou até mesmo contar episódios da sua vivência
pessoal. Entretanto, de uma forma cotidiana, durante as aulas e nas leituras
de diversos gêneros e assuntos, os educandos e o professor dialogam sobre
interpretações, comentários, opiniões, isso de forma simples e direta. É
importante porque o aluno pode utilizar a sua variedade linguística de seu
meio social, sendo respeitado e aceito. Contudo o objetivo também é que o
aluno se aproprie de um vocabulário mais rico, ampliando o seu repertório
vocabular com a ajuda do professor e dos textos.
A modalidade da leitura é incentivada em sala, levando em consideração
que a escola é o espaço privilegiado para isso. A leitura está presente a todo
o momento, tanto no livro didático, em textos que o professor traz, jornais,
revistas, literatura e até no laboratório de informática que se faz uso. Ainda
assim, pode-se destinar um espaço das aulas para aula de leitura,
dependendo da série pode-se fazer semanal ou quinzenal. Nesse espaço,
pode-se fazer leitura coletiva, os alunos leem, o professor lê, pode-se
teatralizar a leitura, declamar, pode-se fazer leitura individual também,
dependendo do ano escolar. Na leitura a literatura tanto no fundamental
como no médio é inserida.
A modalidade da escrita está vinculada com as demais, a oralidade e a
leitura, porém é a escola o seu meio de aprendizagem por excelência. A
escrita tem que estar vinculada a um interlocutor e a uma possível situação
de produção. O aluno é incentivado à produção de texto, por meio de
situações criadas pelo professor baseadas em necessidades concretas de
escrita. Também é dada importância a escrita como forma de registro, por
isso a prática de resumos, anotações etc. Enfim a prática de produção de
texto deve dar importância a todos os gêneros textuais. Alguns trabalhos da
escrita são feitos para serem expostos, como cartazes, textos, histórias em
quadrinho, etc...
Além dessas modalidades, o uso dos recursos tecnológicos que a escola
dispõe são ferramentas essenciais para as aulas de língua portuguesa. O
laboratório de informática é uma fonte de pesquisa e de leitura para as
aulas, além de motivá-los porque eles gostam muito de usar o computador e
a internet. Outros recursos são: músicas, filmes e a TV multimídia. As
músicas são usadas para trabalhar com o gênero canção, para motivá-los,
ensinar cultura, arte e pode iniciar assuntos e debates sobre temas variados.
Os filmes podem ser usados como motivação, autoestima, abordar assuntos
variados, estudo do enredo, elementos da ficção, literatura (filmes de obras
literárias, ensino médio), debates de assuntos. Entretanto, os filmes não tem
um fim em si, devem ser aplicados como mais um recurso a ser explorado
antes e depois pelo professor. A TV multimídia é um recurso visual para
motivar o aluno e poder assistir a pequenos vídeos, propagandas, músicas,
apresentações e até textos de autoestima ou mensagens. As imagens são
bem recebidas pelos alunos para a apropriação do conhecimento.
Já a prática da análise linguística, os mecanismos gramaticais e lexicais
não são estudados de forma descontextualizados ou com a intenção da
apropriação da metalinguagem, mas a partir do texto para que o educando
possa reconhecê-los como elementos da construção textual dos gêneros
estilísticos e do cotidiano, uma vez que o objetivo do ensino da língua é
orientar para o uso social da linguagem de acordo com a norma padrão.
Em relação à literatura, essa deverá consistir na formação de um aluno
leitor crítico e autônomo, capaz de fazer suas próprias intervenções, pois ela
traz em si apontamentos que denotam em sua estrutura aspectos culturais e
históricos na constituição do pensamento da humanidade.
Iniciamos a partir do ano de 2011 com um projeto de literatura chamado:
“Conhecendo Autores”. O primeiro objetivo desse projeto foi batizar cada
sala de aula com um autor de literatura brasileira (privilegiamos
paranaenses). Isso ocorreu com sucesso durante o ano de 2011. Na mesma
ocasião, os alunos pesquisaram sobre o autor de sua sala. O Objetivo maior
do projeto é despertar o gosto pela literatura conhecendo autores brasileiros,
por meio de pesquisas, confecção de cartazes, desenhos de caricatura
desses autores, declamação de poesias, oratórias e apresentação para
outras salas da biografia e de obras do autor.
Começando por esse projeto, o intuito é de despertar a curiosidade pela
literatura desde o ensino fundamental, conhecendo um pouco da biografia
do autor para chegar em suas obras. A literatura no ensino fundamental é
incentivada nas aulas de leitura, nos textos do livro didático que podem
conter fábulas, contos, fragmentos de obras, histórias de fada etc... Também
no laboratório de informática, por meio de leitura e imagens. A biblioteca é
de uso essencial para que o aluno se familiarize com esse local de leitura e
possa estar sempre emprestando livros. O professor pode estar cobrando as
leituras por meio de exposições orais das obras lidas, cartazes,
propagandas da obra, resumos de obras etc...
A literatura no ensino médio aprofunda um estudo sobre a literatura
brasileira, e outras literaturas, tanto do passado como a literatura
contemporânea. Estudando o texto literário, o leitor tem contato com as
ideias, a cultura, elementos sociais, políticos, históricos e filosóficos que
compõe a obra. Por isso, estudar o autor e o seu contexto de produção, a
intencionalidade sejam tão importantes. A literatura do ensino médio pode
utilizar de obras completas, poesias, contos, e até de fragmentos de obras
presentes nos livros didáticos ou na internet. A pesquisa no laboratório de
informática é essencial para completar o estudo sobre o momento de
produção da obra e de seu autor.
Além das aulas de língua portuguesa, os educandos contam com outros
recursos de aprendizagem: a sala de apoio e aprendizagem e a sala de
recursos.
A sala de apoio, além da metodologia dissertada até aqui, traz atividades
diferenciadas para motivar alunos com algumas dificuldades essenciais. O
aluno que é encaminhado para a sala de apoio já é por si só desmotivado
por conta de vários fatores. O atendimento precisa também ser mais
individualizado, avaliando diariamente o progresso do aluno.
O trabalho desenvolvido na Sala de Recursos visa potencializar a
capacidade do aluno que apresenta uma deficiência intelectual, utilizando
recursos diversificados estimulando o aluno para a assimilação da
aprendizagem. Focaliza que o aluno se desenvolva sob formas, estratégias
e recursos de ensino diferenciados de acordo com sua necessidade.
Acrescentando um outro assunto vinculado a educação e ao
desenvolvimento de uma cultura mais humana, tem-se o tema dos desafios
contemporâneos. A Lei n0 9.795/99 introduz esses assuntos de serem
discutidos no âmbito escolar. O objetivo é desenvolver uma cultura mais
universal com consciência do outro e respeito a todos os seres, livre de
qualquer preconceito. A língua portuguesa pode trabalhar com textos de
diversos autores e gêneros variados que sejam compatíveis com os
assuntos, para promover conversações, debates e posteriormente
produções de texto, inclusive oratórias, concurso de redação, uma gincana,
que envolva perguntas sobre o assunto, pesquisa de campo com coleta de
dados. Alguns temas dos desafios contemporâneos são:
Educação Ambiental: deve ser um processo permanente de formação
e de busca de informação voltada para a preservação do equilíbrio
ambiental, a partir de uma compreensão crítica e histórica das questões
relacionadas ao meio ambiente.
Educação Fiscal: visa despertar a consciência dos estudantes sobre
direitos e deveres em relação ao valor social dos tributos e do controle social
do estado democrático.
Enfrentamento à violência: tentar ampliar a compreensão e formação
crítica sobre a violência, bem como as causas da mesma.
História e Cultura Afro- brasileira, Africana e Indígena: faz-se
necessário o reconhecimento da identidade, história e cultura africana e
indígena, promovendo a igualdade de valorização desses povos, bem como
sua contribuição para a formação de nosso país, destacando suas raízes na
cultura e história brasileira.
Prevenção ao uso indevido de drogas: é importante conhecer a
legislação, debater assuntos presentes em nosso cotidiano como:
drogadição, vulnerabilidade, preconceito e discriminação ao usuário de
drogas, narcotráfico, violência, influência da mídia, etc.
Sexualidade deve ser entendida como uma construção social, histórica
e cultural, discutida para conscientização e orientação.
Avaliação e recuperação paralela.
Embasados na Proposta Pedagógica Histórico-Crítica, concebe-se a
aprendizagem como a construção do conhecimento. Dessa forma na avaliação
o professor terá como objetivos a análise e interpretação do conhecimento
elaborado com a finalidade de propiciar momentos de aprendizagens.
A avaliação, parte integrante do processo educacional é um dos
aspectos do ensino pelo qual o professor estuda e interpreta os dados da
aprendizagem e de seu próprio trabalho com o objetivo de reencaminhar as
ações pedagógicas a fim de aperfeiçoar as situações de aprendizagem. A
avaliação incidirá sobre diferentes situações de aprendizagem. A partir do uso
de diferentes técnicas e instrumentos, a fim de avaliar a elaboração crítica, a
capacidade de síntese, de argumentação e a elaboração pessoal de forma
diagnóstica e com a averiguação.
A avaliação não deve ser entendida como uma forma de julgar o
sucesso ou o fracasso dos alunos. Nas práticas pedagógicas sociais, ela é
interpretada como um meio, pelo qual torna-se possível verificar se o
processo de ensino-aprendizagem está sendo satisfatório ou se necessita
sofrer alterações, a fim de alcançar os objetivos preestabelecidos.
Em se tratando de avaliação, é preciso ter em mente que esta não
recai somente sobre a aprendizagem dos alunos. Ela também fornece ao
professor os elementos necessários para que reflita sobre sua própria prática
pedagógica e tome conhecimento sobre aspectos que devem ser
retomados ou reorganizados e trabalhados individual ou coletivamente.
A avaliação jamais deve ter caráter depreciativo, em que se apontam os
erros dos educandos como resultantes de seu fracasso ou de sua
incapacidade. Ao contrário, o erro dos alunos devem ser corrigidos sim,
porém a correção deve caracterizar uma situação de aprendizagem , e não
de condenação.
A avaliação necessita ser permanente, uma vez que a aprendizagem, é
um processo contínuo e constante, diferente do sistema de notas de provas
ocasionais, e, sobretudo necessita apresentar um caráter diagnóstico,
conhecendo a realidade heterogenia de cada aluno, para se chegar a um
prognóstico e trabalhar para atingir resultados satisfatórios, vendo o erro como
tentativas de acerto e aprendizagem, pontos de partida, para reorganizar a
aprendizagem e nunca um meio de punição, de aferição de certo ou errado, de
inclusão ou de exclusão.
A proposta de avaliação do Colégio Jardim Interlagos, ficou assim
definido pelo grupo: as apresentações dos resultados finais serão bimestrais,
sendo 50% da nota, obtida através de provas, com datas preestabelecidas
e definidas pelo coordenação do colégio, e envolverão todas as disciplinas;
“semana de provas” . A prova não poderá conter apenas questões objetivas e
sim, deverá consistir em questões objetivas e subjetivas, a qual dará
oportunidade a expressão individual de cada aluno, que poderá demonstrar
com suas palavras, em que grau assimilou, interpretou e estabeleceu
relação do conteúdo estudado.
Em qualquer modalidade escolhida de avaliação, deve-se definir
previamente os critérios, pois o objetivo da avaliação é reconstruir, devem ser
do conhecimento de todos que integra a comunidade escolar. São
fundamentais para que o aluno entenda a proposta do professor, devem ser
claras, organizadas, objetivas e criativas, na qual o aluno possa sentir-se
seguro na realização e apresentar resultados significativos.
O restante das notas, por meio de outros critérios avaliativos, tais
como; trabalhos individuais ou em grupos, apresentações de pesquisas,
seminários, debates, relatórios, síntese, leituras, cruzadinhas, entre outros,
atingindo os outros 50% da nota.
A avaliação deve atender os seguintes critérios:
I - Valorizar a integração do aluno com o grupo;
II - Considerar a realidade do aluno, dando maior importância aos aspectos
qualitativos na avaliação;
III - Despertar o senso crítico do aluno dando ênfase à criatividade e sua
interpretação e não a sua memorização;
IV - Não fazer comparação entre os alunos respeitando a sua individualidade;
V - É vedada a avaliação em que os alunos são submetidos a uma só
oportunidade de aferição;
VI - A avaliação deve utilizar procedimentos que assegurem a comparação com
os parâmetros indicados pelos conteúdos necessários de ensino, evitando-se a
comparação dos alunos entre si.
A recuperação será realizada a cada conteúdo trabalhado e
paralela a continuação das atividades. Se a cada etapa concluída, o
professor sentiu que não houve aprendizado, o conteúdo deverá ser
retomado, sempre que necessário. E o resultado da prova bimestral, se
os alunos não atingiram nota superior a 60 ( sessenta), todos terão direito
de uma nova avaliação, com os mesmo conteúdos, e o mesmo valor da
prova aplicada. Então, o professor deverá retomar aos conteúdos, após
revisá-los, aplicará então, uma nova avaliação, fazendo-se uso de outros
instrumentos avaliativos.
A avaliação, como parte constitutiva da prática educativa, deve ser
realizada de forma contínua, durante todo o ano letivo, supondo diferentes
momentos de avaliação a serem definidos pelo professor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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TRAVAGLIA, L.C. Gramática e interação. São Paulo: Cortez, 1997.