Psicopatologia I Trabalho

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FACISAS – FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DE SINOP - UNIC SINOP – CAMPUS AEROPORTO CURSO DE PSICOLOGIA MILTON MAUAD DE CARVALHO CÂMERA PSICOPATOLOGIA 0

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FACISAS – FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DE SINOP - UNIC SINOP – CAMPUS AEROPORTO

CURSO DE PSICOLOGIA

MILTON MAUAD DE CARVALHO CÂMERA

PSICOPATOLOGIA

SINOP/MT2014

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MILTON MAUAD DE CARVALHO CÂMERA

PSICOPATOLOGIA

Projeto de Pesquisa apresentado à Disciplina de Psicopatologia I do Curso de Pós Graduação em Psicologia da FACISAS – Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Sinop.

Professor Rafael Prado.

SINOP/MT2014

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PSICOPATOLOGIA

O termo psicopatologia é de origem grega – psykhé, alma; pathos, doença; logos, estudo. Literalmente, seria uma patologia do espírito. Essa concepção poderia levar a uma conceituação errônea do problema. A alma, o psíquico, no sentido de espírito não poderia adoecer e, desse modo, é impróprio falar de enfermidades da alma, o que constituiria uma “metáfora inaudita”, conforme a enigmática expressão de Kronfeld. Só existe enfermidade no biológico, ou melhor, no antropológico. Por essa razão, Binswanger nos fala de uma “antropose”, com o objetivo de indicar a preponderância dos sintomas psíquicos. É mais ou menos o conceito de Kurt Schneider, quando afirma que só existe enfermidade no corporal: “Os fenômenos psíquicos são patológicos somente quando sua existência está condicionada por alterações patológicas do corpo”.

Segundo Eugen Minkoviski, o termo psicopatologia corresponde mais a uma “psicologia do patológico” do que a uma “patologia do psicológico”. Em sua opinião, a psicologia do patológico refere-se à descrição global da experiência vivida pelo enfermo, como expressão original da vida interior tal como o doente a constitui. Minkoviski admite que uma parte das pesquisas de L. Binswanger e de V. Von Gebsattel representa um exemplo desse tipo, como também as concepções de Bleuler quando estuda o conjunto da existência do paciente como forma de adaptação original à enfermidade. Neste sentido, a psicopatologia procura compreender os elementos específicos do Erlebnisse patológico do enfermo psíquico, permanecendo aberta a questão de se determinar qual tipo de compreensão que se torna pertinente.

A preocupação por esses problemas data de mais de meio século. Já em 1914, o psicólogo e médico francês Charles Blondel, em sua obra la conscience morbide, chamava a atenção para o fato de que, em sua opinião, os psiquiatras não compreendiam o que se passava com os doentes mentais. Considerava que, quando se define alucinação como “uma percepção sem objeto” ou quando se diz que “o delírio é um juízo falso ao qual se aferra o enfermo apesar de todas as provas em contrário”, recorre-se a fórmulas verbais que, sem serem tecnicamente falsas, não levam a compreensão do que significa de fato, para o paciente, a experiência alucinatória ou delirante e o que realmente experimenta no curso de tais experiências. Blondel mostra que o enfermo psíquico vive em um mundo diferente, inacessível aos métodos de experimentação e introspecção. Considerava ainda que isto se aplica não só às psicoses maiores, como também aos sutis sentimentos de vagas ameaças e de despersonalização que ocorrem nos estados iniciais da esquizofrenia.

Foram essas dificuldades que levaram os psiquiatras a procurar apoio na fenomenologia, método de investigação que possibilita penetrar no mundo subjetivo dos enfermos psíquicos. É através da comparação entre as próprias vivências e aquelas captadas no indivíduo examinado que se pode chegar a uma verdadeira investigação fenomenológica. A essa metodologia, Jasper denomina “penetração empática”.

Para isso, é necessário interpretar os gestos, o comportamento, as expressões do enfermo. Não se trata de registrá-los, de maneira objetiva, mas de ensaiá-los, como faz um ator. Além disso, o interrogatório dirigido pelo examinador conduz à captação de confidências, autodescrições, através das quais se revelam as suas vivências.

Posteriormente, a fenomenologia aplicada à Psicopatologia seguiu rumos diferentes dos preconizados por Jaspers. Ao invés de centralizar a atenção no fenômeno psíquico elementar, a vivência, como recomendava Jaspers, o psicopatologista toma, em primeiro lugar, como objeto de estudo, grandes conexões psíquicas, inclusive a totalidade da história vital interna. Nessas conexões psíquicas se inclui o vivido pelo enfermo, mesmo quando não tenha sido experimentado como um saber preciso. Em segundo lugar, o seu objetivo consiste na apreensão de significações essenciais e de estruturas básicas, o que defere da descrição

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estática exigida por Jaspers. E, por último, impõe uma completa transformação do método fenomenológico, que passa a ter como ponto culminante o ato fenomenológico, em que o psicopatologista exercita as suas possibilidades de intuição e reflexão – para extrair significações essenciais e estruturas básicas daquilo que foi vivenciado pelo enfermo, do seu mundo interior.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PAIM, Isaías. Curso de Psicopatologia / Isaías Paim. 11 ed. São Paulo: EPU, 1993.

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