Publico.24.11.2014
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EDUCAÇÃOHÁ ESCOLAS QUE DÃO A CADA ALUNO O SEU PRÓPRIO TEMPO Portugal, 16/17
Dois dias de convenção não bastaram. No próximo fi m-de-semana, nova mesa nacional reúne-se para resolver o impasse p6 e 8
Contribuintes questionam desproporcionalidade das coimas aplicadas face ao valor da portagem. Sistema difi culta contestação p20/21
Bloco de Esquerda adia decisão da liderança
Justiça com vaga de impugnações por causa das portagens
PAULO PIMENTA
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Movimento Estado Islâmico terá recrutado 550 alemães p25SEG 24 NOV 2014EDIÇÃO LISBOA
Ano XXV | n.º 8991 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos
ISNN:0872-1548
Motoristade Sócrates ia de carro levar dinheiro a ParisBoa articulação com as autoridades francesas foi fulcral | Documentação bancária é a grande base da investigação | João Araújo, o advogado de defesa goês do ex-primeiro-ministro, trabalha sozinho | As formas clássicas de lavagem de dinheiro Destaque, 2 a 4
PRÉMIOS 2014JORNAL EUROPEU DO ANOJORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL
Soluções que são
a sua cara
2 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
DETENÇÃO DE SÓCRATES
Motorista de Sócrates ia periodicamente a Paris entregar-lhe dinheiro vivo
O motorista do ex-primeiro-
ministro José Sócrates, João
Perna, detido desde a pas-
sada quinta-feira, ia perio-
dicamente de automóvel
a Paris entregar dinheiro
vivo ao político, em quantias que
atingiam as dezenas de milhares de
euros.
A informação resulta de escutas
efectuadas no âmbito da investigação
aberta pelo Departamento Central de
Investigação e Acção Penal (DCIAP),
há cerca de um ano, em que João
Perna é apanhado a falar sobre esse
esquema, que, contudo, terá sido
abandonado pelo antigo governan-
te há alguns meses. Haverá também
vigilâncias ao motorista que trans-
portaria o dinheiro até à luxuosa
casa que o antigo primeiro-ministro
habitava no centro de Paris.
Sócrates, que desde Janeiro de
2013 se tornou consultor da em-
presa farmacêutica Octapharma
recebendo pelo serviço 12 mil eu-
ros mensais, passou a determinada
altura a receber outros 12 mil euros
de uma nova avença, como o Sema-
nário Sol noticiou.
Numa complexa sucessão de mo-
vimentações bancárias, o dinheiro
que Sócrates detinha (não se sabe
qual a origem dele, mas os inves-
tigadores suspeitam que terá sido
fruto de luvas face aos indícios de
branqueamento de capitais recolhi-
dos) e que era transaccionado pelo
seu amigo de infância e empresário
Carlos Santos Silva, passaria através
de off shores para a conta do repre-
sentante da Octapharma, que o en-
tregaria a Sócrates para pagar uma
falsa avença, inventada apenas para
branquear o dinheiro.
A farmacêutica foi alvo de buscas
na quinta-feira, como a própria em-
presa confi rmou em comunicado,
mostrando-se “totalmente disponí-
vel” para colaborar com as autori-
dades portuguesas.
Numa nota enviada às redacções,
a Octapharma AG, a casa-mãe, com
sede na Suíça, revela que as insta-
lações da empresa em Portugal fo-
ram alvo de diligências judiciais na
quinta-feira, 20 de Novembro, dia
em que foram detidas as primeiras
pessoas implicadas neste caso: o
empresário Carlos Santos Silva, o
advogado Gonçalo Trindade Ferrei-
ra e o motorista João Perna.
“Destas diligências não resultou
nenhum impedimento para o nor-
mal funcionamento da empresa”,
diz a Octapharma AG, garantindo
que a Octapharma Portugal “pres-
tou desde o primeiro momento total
colaboração às entidades”.
Nesse sentido, a “Octapharma
AG está totalmente disponível para
colaborar com as autoridades, es-
clarecendo toda e qualquer questão
que possa surgir, por parte destas,
em qualquer âmbito”.
A empresa garantiu igualmente
que “nenhum colaborador da Oc-
tapharma Portugal foi detido ou
constituído arguido no âmbito das
investigações em curso” e que, por
isso, “as notícias do envolvimento
da empresa com as alegadas irregu-
nomeadamente extractos que pode-
rão ser relevantes para consolidar
a prova recolhida neste processo.
O mesmo ocorreu numa box que
Sócrates tinha alugada numa em-
presa em Alvalade, onde guardava
documentos.
Fonte próxima do processo garan-
tiu ao PÚBLICO que a investigação
foi aturada e é consistente, fazendo
crer que a detenção do ex-primeiro-
ministro só foi decidida quando um
extenso conjunto de provas cabais
estava já reunido. Neste ponto, os in-
vestigadores tiveram cuidados acres-
cidos. A operação não pode, na pers-
pectiva dos investigadores, revelar a
mínima falha, até por estar em causa
um ex-primeiro-ministro que passa
a estar na mira da justiça.
Como a Procuradoria-Geral da
República já confi rmou, o inquéri-
to teve na sua origem uma comuni-
cação bancária feita ao abrigo da lei
de prevenção do branqueamento de
capitais, que terá ocorrido no fi nal
do ano passado. Depois de reunida
alguma informação, o DCIAP abriu
uma averiguação preventiva que te-
Há cerca de um ano, escutas efectuadas no âmbito da investigação aberta pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) apanharam João Perna a falar sobre o esquema, que terá sido entretanto abandonado
Mariana Oliveira,Romana Borja-Santose Pedro Sales Dias
laridades em investigação não têm
qualquer fundamento”.
Segundo a farmacêutica, o ex-pri-
meiro-ministro integra o conselho
consultivo para a América Latina,
funções que “não envolvem qual-
quer actividade em Portugal ou rela-
cionamento com fi lial portuguesa”,
sublinhando que a relação profi ssio-
nal entre as duas partes “sempre se
pautou pelo estrito cumprimento da
lei e por um vínculo contratual claro
e transparente”.
Apesar de existirem escutas tele-
fónicas no processo, a base da pro-
va do inquérito é essencialmente
de natureza documental, incluin-
do diversa informação bancária, o
que poderá ajudar a explicar a ra-
zão pela qual Sócrates escolheu o
advogado João Araújo (ver texto ao
lado), com uma vasta experiência
em direito bancário, para o repre-
sentar neste caso.
Aliás, nas buscas realizadas na re-
sidência do ex-primeiro-ministro,
no edifício da Rua Braancamp, em
Lisboa, os investigadores apreende-
ram vasta documentação bancária,
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | DESTAQUE | 3
rá sido convertida num inquérito já
em 2014.
Até agora os investigadores ten-
taram reconstituir o percurso do
dinheiro, numa investigação que
contou com o apoio da autoridade
tributária nacional e de algumas
congéneres europeias, que têm co-
operado com o Ministério Público
através de canais mais simples e
ágeis, evitando assim o recurso às
burocráticas cartas rogatórias, que
implicam pedidos formais através
do Ministério dos Negócios Estran-
geiros, que depois os remete para as
embaixadas do país às quais se pede
cooperação internacional.
Importante terá sido igualmente o
diálogo directo entre as autoridades
judiciais portuguesas e francesas, a
quem foram solicitadas inúmeras in-
formações, incluindo os documen-
tos relacionados com a compra da
primeira casa que Sócrates habitou
em Paris, um imóvel que, segundo o
semanário Sol, terá custado 2,8 mi-
lhões de euros e sido formalmente
adquirido por Carlos Santos Silva,
suspeito de ser há vários anos o testa
de ferro de José Sócrates, ajudando
o político a branquear dinheiro que
não poderia ser justifi cado por acti-
vidades lícitas.
Segundo dia no tribunal O segundo dia de José Sócrates no
Campus da Justiça durou 12 horas,
com o frio e chuva a estragarem
os planos dos curiosos, com cada
aguaceiro a gerar desistências. Eram
8h35 quando o antigo governante foi
levado directamente dos calabouços
da PSP para o Tribunal Central de
Instrução Criminal, voltando para
Moscavide perto das 21h.
Os outros três arguidos também
chegaram praticamente à mesma
hora, mas têm passado as noites
na Polícia Judiciária, para onde re-
gressaram mais cedo, cerca das 19h.
Quando foram detidos, na quinta-
feira, ainda passaram a primeira
noite no Comando Metropolitano
da PSP, mas aquando da chegada do
quarto arguido na sexta-feira, tive-
ram de mudar de instalações.
Quanto tempo durou o interroga-
tório de José Sócrates ninguém dis-
Um defensor de “excelência
e de gabarito”, mas com um
“estilo gozão”. É desta for-
ma que Artur Marques, co-
nhecido advogado de Braga
e defensor da antiga autarca
Fátima Felgueiras, descreve o colega
João Araújo - natural de Goa e agora
advogado de José Sócrates.
O também advogado do empresá-
rio de sucatas Manuel Godinho no
processo de corrupção Face Oculta
destaca, ainda, o “sentido de ironia
extremamente cáustico” de alguém
com uma capacidade de intervenção
invulgar na barra dos tribunais.
O retrato traçado, pelo menos no
que à parte da ironia diz respeito,
combina com a postura com que o
representante de Sócrates se tem
apresentado no Campus da Justiça,
onde no primeiro dia se identifi cou
aos jornalistas como “advogado es-
tagiário”, utilizando a expressão
“azarucho” num comentário sobre
a falta de informação. Para ontem
tinha prometido uma “eventual” de-
claração para o fi nal do dia, mas, à
semelhança do que aconteceu no
sábado, limitou-se a repetir frases
soltas. João Araújo confi rmou que o
seu cliente tem respondido às per-
guntas do juiz Carlos Alexandre,
justifi cando: “se não respondesse
Da “excelência” em direito bancário ao “estilo gozão”
não estávamos aqui a esta hora”.
Sobre o estado de espírito de Jo-
sé Sócrates repetiu por várias vezes
“está melhor ele do que eu” e ga-
rantiu que o interrogatório está a
correr “muito bem”. Em relação às
suas impressões sobre o processo,
João Araújo afi rmou que “os advo-
gados não se espantam, não têm
estados de espírito e não têm sen-
timentos”.
Depois, mantendo a atitude inu-
sitada com que se apresentou no
primeiro dia, solicitou a ajuda dos
jornalistas para tentar encontrar o
seu carro. Localizado o veículo dis-
se que não entrava com as câmaras
ligadas. “Fico ridículo porque sou
gordo e o meu Smart é pequenino”,
justifi cou, em mais uma despedida
insólita - depois de no sábado ter
explicado que precisava de “sopas
e descanso” e que tem “problemas
sérios e complicados”.
Um comportamento que Artur
Marques assegura que apenas dis-
trai da experiência que João Araújo
adquiriu com a passagem pela Caixa
de Crédito Agrícola Central e que
pode ser fundamental no processo.
Foi aqui que foi consultor na déca-
da de 1990, prestando assessoria
jurídica no banco com poderes de
supervisão das restantes Caixas de
Crédito Agrícola instaladas a nível
concelhio. Tem também experiência
na área do direito comercial, bancá-
rio e cível. Além disso, o advogado
de Braga já sabia “há meses” que
o colega estava a representar o ex-
primeiro-ministro.
Porém, várias fontes da advocacia
contactadas pelo PÚBLICO manifes-
taram a sua surpresa face à interven-
ção do advogado neste processo já
que, existindo poucas referências
sobre a sua presença noutros pro-
cessos-crime anteriores, não terá
uma experiência considerável na
área do Direito Penal.
Marques classifi ca Araújo como
um advogado à moda antiga, uma
caracterização com a qual também
se identifi ca. E esclarece: “Fazemos
um trabalho artesanal”. Artur Mar-
ques possui um pequeno escritório
de advocacia em Braga. Araújo, de
65 anos, também trabalha sozinho,
partilhando as instalações com um
colega, mas de quem não é sócio.
RAFAEL MARCHANTE/REUTERS
Mariana Oliveira,Romana Borja-Santose Pedro Sales Dias
Ontem, pelas 21h00, Sócrates saiu do tribunal e regressou aos calabouços da PSP em Moscavide
João Araújo
se, mas as brechas das janelas do
rés-do-chão do edifício espalhado
deixaram, à semelhança de sábado,
perceber que o dia do juiz Carlos
Alexandre foi mais movimentado.
Pela porta principal do tribunal
não houve tantas entradas e saídas
dos advogados João Araújo e Pau-
la Lourenço. Mas, lá dentro, José
Sócrates deixou-se ver pelo menos
quatro vezes - sempre que saiu da
divisão onde decorreu o interrogató-
rio para na sala de testemunhas falar
em privado com o seu advogado e
consultar papéis que se pressupõe
pertencerem ao processo.
A pausa mais longa teve lugar às
17h30, altura em que durante quase
dez minutos andou de um lado para
o outro nessa mesma sala, acompa-
nhado do lado de fora pelo olhar,
máquinas fotográfi cas e câmaras da
comunicação social. Uma das inter-
rupções coincidiu com a abertura
dos telejornais.
No exterior, o domingo foi atípico,
com entradas e saídas de motos da
PSP. Sócrates continua hoje a ser ou-
vido pelo juiz Carlos Alexandre.
4 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
DETENÇÃO DE SÓCRATES
Al Capone gostava de lavan-
darias. Era através do ne-
gócio nas inocentes lojas
de que era proprietário
que, segundo a lenda, es-
condia o rasto do dinhei-
ro que ganhou com a lei seca nos
Estados Unidos, vendendo álcool
e praticando toda uma panóplia
de crimes, do jogo clandestino à
prostituição.
Consagrado na lei como bran-
queamento de capitais, o termo
“lavagem de dinheiro” terá tido
origem precisamente nesta práti-
ca. É após a sua condenação em
1931, por evasão fi scal, que um dos
fundadores de Las Vegas, o gangs-
ter Meyer Lansky, passa a usar os
bancos suiços, que lhe garantiam o
anonimato das contas, e as recor-
rer à infi ndável teia das socieda-
des “off shore”. Terão sido estes os
primeiros tempos daquilo que um
procurador do Ministério Público
ligado à investigação da criminali-
dade económica hoje designa por
sistema de matrioskas: quando o
dinheiro proveniente de activida-
des ilícitas como tráfi co de droga
ou corrupção, por exemplo, é pago
a uma empresa off shore e as auto-
ridades tentam descobrir quem é
o último benefi ciário dessa socie-
dade, deparam muitas vezes com
uma teia infi ndável de fi rmas que
são proprietárias umas das outras
sem conseguir chegar a um suspei-
to digno desse nome no fi nal.
A lavagem de dinheiro começa
com a chamada colocação: o dinhei-
ro sujo, vindo de lucros originados
no mundo do crime, é transferido
para o circuito económico legal,
através de grandes investimentos,
como o imobiliário ou as jóias. Nu-
ma tese de mestrado sobre o tema
apresentada da Universidade Autó-
noma de Lisboa há menos de um
ano, Sofi a Azambuja descreve como
as operações de branqueamento in-
cluem uma segunda fase, designada
por camufl agem: fazem-se “conse-
cutivas operações”, num género de
‘cirurgia plástica’ de carácter fi nan-
ceiro, que visam impedir o conjun-
to de elementos documentais que
possibilitariam a reconstrução das
transacções praticadas”. É preciso
fazer desaparecer a ligação entre
o criminoso e os bens. “Uma das
formas mais conhecidas de actu-
ar nessa modalidade é a execução
de consecutivas transferências pa-
ra contas desconhecidas, em dife-
rentes instituições fi nanceiras, de
diversos países, sobretudo aqueles
em que a sua fi scalização e legisla-
ção são benéfi cas a tal prática” - os
paraísos fi scais.
Outra possibilidade, refere a mes-
ma autora, “é o depósito em contas-
fantasma pertencentes à própria
organização criminosa, em que no
processo de transferência o dinhei-
ro ilícito é misturado com quantias
mobilizadas legalmente de forma a
A mala tornou-se no símbolo clássico do tráfico de capitais, mas não é o único
RUI GAUDÊNCIO
Ana Henriques
Al Capone gostava de lavandarias
A lavagem de dinheiro começa com a chamada colocação: o dinheiro sujo, vindo do mundo do crime, é transferido para o circuito económico legal, através de grandes investimentos, como o imobiliário ou as jóias
ter a sua origem confusa”. Um mé-
todo potenciado pela Internet e pelo
surgimento do dinheiro digital. Na
terceira fase do branqueamento, as
verbas já recicladas são reintroduzi-
das nos circuitos económicos legíti-
mos e usadas outra vez na aquisição
de bens e serviços. Os estudiosos das
organizações mafi osas fazem gosto
em manter uma terminologia muito
peculiar : quando o dinheiro sujo é
usado para comprar bens e serviços
para a própria organização crimi-
nosa, chama-se “lavado à mão”; já
a “tinturaria” são os actos através
dos quais uma rede criminosa dá
às suas congéneres um serviço de
branqueamento de capitais com dis-
tintos ciclos: o ciclo curto só para
limpar o dinheiro ou o ciclo longo,
que contém todas as actividades,
desde a ocultação até ao investi-
mento em negócios lícitos.
dinheiro que originaram, o bran-
queamento revela-se particular-
mente difícil de provar quando es-
tá associado a ilícitos fi nanceiros,
como a corrupção, refere aquele
magistrado. Provar corrupção é,
habitualmente, mais difícil do que
provar tráfi co de droga. E quando
os suspeitos alegam que a avultada
soma que lhes apareceu de repente
nas mãos nada mais era, afi nal, do
que o empréstimo de um amigo, e
esse amigo o confi rma, os investi-
gadores podem fi car de repente de
mãos a abanar. Especialmente se o
dinheiro foi levantado em numerá-
rio num banco, e não movimentado
por transferência. As heranças tam-
bém são alibis usados com alguma
frequência para explicar súbitos
enriquecimentos.
Em 2009 um ofi cial da Marinha
foi condenado a sete anos de prisão
efectiva por corrupção passiva e
branqueamento. Os concursos que
realizava para aquisição de material
bélico rendiam-lhe dinheiro extra,
que lhe chegava através de uma
conta que uma familiar sua tinha
em França. Daqui os pagamentos
que lhe fazia um empresário norte-
americano seguiam para uma conta
sua na Alemanha, e depois para o
seu banco em Portugal.
Vale e Azevedo também foi con-
denado no ano passado pelo mes-
mo crime no processo de trans-
ferência de jogadores do Benfi ca,
mas no passado havia escapado: até
2005 a lei subsumia o branquea-
mento de capitais nos crimes que
lhe davam origem, explica um ins-
pector da Polícia Judiciária. “Fazia
parte das consequências do crime
que o criminoso tentasse ocultar
as provas”, resume esta fonte de
informação, acrescentando que
hoje em dia os paraísos fi scais já
colaboram mais com as autorida-
des policiais que no passado, espe-
cialmente quando está em causa
corrupção. “Na prática, a operação
Furacão implicava branqueamento
de capitais provenientes da frau-
de fi scal”, exemplifi ca o inspector.
“Mas tudo se resolveu com multas
e pagamentos de impostos”.
Os métodos para levar a cabo
este tipo de operações são muitos,
desde a criação de sociedades-fan-
tasma em paraísos fi scais - “que se
podem comprar e cuja existência
se resume aos estatutos, sede e re-
gisto social”, refere a mesma tese
de mestrado - à compra de em di-
nheiro de elevadas quantias de fi -
chas de jogo nos casinos. Nalguns
países existem sistemas bancários
clandestinos. “O agente branquea-
dor entrega o dinheiro ao banquei-
ro”, que o transmite a um sócio seu
noutro país, entregando em troca
ao seu dono um recibo especial,
que este pode apresentar no país
estrangeiro. Assim, o dinheiro nun-
ca sai fi sicamente do território on-
de se encontra.
Implicando sempre a existência
de outros crimes prévios que dão
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6 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
Semedo adia decisão da liderança, mas chama Pedro Filipe Soares
ENRIC VIVES-RUBIO
Foi uma convenção simbólica. Do
princípio ao fi m. O IX conclave do
BE terminou ontem em Lisboa, pra-
ticamente como começou, ou seja,
sem uma decisão soberana acerca da
liderança do partido para os próxi-
mos dois anos. A nova mesa nacional
deverá reunir-se no fi m-de-semana
para debater o desfecho deste im-
passe.
Ao que o PÚBLICO apurou, a so-
lução será trabalhada nos próximos
dias e poderá passar por um acor-
do. Tudo indica que João Semedo e
ção. Para já, parece pouco provável
que estes 11 delegados da moção B
e R estejam dispostos a “desempa-
tar”. Mas, mais uma vez, tudo pode
acontecer.
Foi num gesto simbólico e pura-
mente político que João Semedo en-
cerrou a convenção, chamando ao
palco do pavilhão do Casal Vistoso
os 79 membros da mesa nacional.
Ficou assim ladeado por Pedro Fili-
pe Soares e os seus apoiantes, que o
aplaudiram ao longo do discurso.
Num discurso conciliatório, Seme-
do garantiu que “este é o partido de
todos os bloquistas” e que o debate
que os trouxe até à convenção de-
ve agora terminar. “Esta disputa
No fi nal da IX Convenção, o Bloco continuou dividido e sem líder. Mesa nacional deve reunir-se no fi m-de--semana. Luís Fazenda é o único fundador do partido que se mantém na direcção. Louçã e Rosas saem
PartidosRita Brandão Guerra
voltou a fi car baralhado, com os
que vaticinaram um empate mais
perto de saírem vencedores: 259
votos para a mesa nacional, órgão
máximo do partido entre conven-
ções, ditaram 34 lugares para cada
uma das listas. Porém, a votação das
moções de orientação política, que
é feita de braço no ar, resultou nu-
ma vantagem de oito votos para os
coordenadores do partido nos últi-
mos dois anos. Os 40 minutos que
se seguiram foram preenchidos por
conversas em círculo e o impasse
permaneceu.
Na mesa nacional, a lista B terá se-
te dirigentes e a lista R outros quatro,
completando assim o órgão de direc-
Catarina Martins devem manter-se
na coordenação. Entretanto, o líder
da bancada de oito deputados já
afi rmou a sua disponibilidade para
continuar, “enquanto o partido achar
que vale a pena”. A reunião da mesa
nacional servirá, assim, para encer-
rar este capítulo.
Pedro Filipe Soares tinha partido
para o embate da convenção com
uma vantagem de meia dúzia de
delegados. No primeiro dia do con-
clave somou outra pequena vitória,
ao alcançar alterações estatutárias
propostas pelo seu núcleo duro de
apoiantes, casos dos referendos in-
ternos subscritos por 500 militan-
tes. Mas ontem o xadrez político
“O convite que fazemos é que essa disputa interna, que nos trouxe a esta convenção, acabe”, disse João Semedo aos delegados à convenção
c
Discussão atrasou em meia hora encerramento da Convenção do BE
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Co-financiado por Organização
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8 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
O encerramento da Convenção
do BE atrasou-se meia hora,
enquanto, no palco do Pavilhão
das Olaias, um conjunto de
dirigentes discutia. Perante o
resultado das votações em que
a moção de Catarina Martins e
João Semedo tinha conseguido
mais oito votos que a de Pedro
Filipe Soares, mas em que as duas
listas tinham fi cado empatadas
com exactamente 259 votos cada,
entre quem assistia colocou-se
a hipótese de que Pedro Filipe
Soares estava a contestar o
direito de Catarina Martins e João
Semedo poderem continuar.
Uma expectativa que foi desfeita
pela explicação de um assessor: a
discussão devia-se ao facto de que,
pela contagem de votos, tinham
sido eleitos apenas 79 membros,
quando a mesa nacional tem 80
lugares, e a discussão em curso
era para saber se entrava ou não
mais uma pessoa ou se se fi cava
pelos 79.
A história parece bizarra ou
mesmo absurda, mas é verdadeira
e serve de forma simbólica
para demonstrar o que foi esta
convenção do Bloco: um partido
em perda eleitoral e dividido, que,
em vez de tentar colar os cacos
e encontrar uma estratégia de
afi rmação, fi ca com as divergências
e as feridas mais expostas.
As duas tendências que se
confrontaram na convenção
herdam o passado de 15 anos.
De um lado, o grupo Socialismo,
protagonizado por Catarina
Martins e João Semedo, do outro, a
associação UDP, protagonizado por
Pedro Filipe Soares. E prolongam
uma diversidade interna que no
Bloco existiu desde a fundação,
quando PSR, UDP e Política XXI
se juntaram no novo partido/
movimento em 1999.
Mas se as tendências internas
são mais ou menos as mesmas,
já que o grupo Socialismo junta
a linha do PSR com a Política
XXI, a realidade é que o Bloco,
hoje, está exaurido. Pedeu
rasgo criativo, originalidade de
apresentação de propostas e de
discurso. Quem atentou no que se
passou nesta convenção percebeu
como o discurso – quer no tom,
quer no léxico – se fechou numa
retórica de extrema-esquerda que
quase surge como desajustada
num partido que nasceu com a
tentativa de inovar politicamente.
A forma como o Bloco chegou
exausto a esta convenção é
demonstrado até pela forma
como se posicionam dois dos
principais fundadores. O antigo
dirigente da UDP Luís Fazenda não
teve hesitação em ser o mentor
da candidatura de Pedro Filipe
Soares. E mesmo no momento
fi nal, quando Semedo chamou
à unidade no palco, Fazenda
manteve-se ligeiramente afastado e
isolado do grupo.
Já Francisco Louçã, ex-
líder do PSR e durante anos o
coordenador do BE, deixou a
atitude equidistante de antigo
líder e apelou à unidade em
volta do grupo Socialismo,
protagonizado por Catarina
Martins e João Semedo. E afastou-
se em defi nitivo da direcção, não
deixando de deixar o rastro da
diferença abissal entre o que são
as suas capacidades de tribuno
e as dos novos protagonistas do
poder partidário no Bloco de
Esquerda.
Sem o cimento do poder, que
se foi esvaindo a cada uma das
últimas derrotas eleitorais que o BE
tem sofrido, sob a ameaça de ver
esse poder esfarelar-se ainda mais
nas próximas legislativas, o BE
enfrenta um dos momentos mais
difíceis da sua curta existência. E
quando, no domingo, os trabalhos
encerraram, foram negativos os
indícios de que será conseguida a
conjugação de esforços para que o
Bloco recupere politicamente.
É possível que sim, que o Bloco
venha a ter sucesso. Mas, por mais
que João Semedo, no discurso
de encerramento, garantisse
“Este Bloco é melhor e mais
forte do que há três dias”, quem
estava no Pavilhão das Olaias não
pôde deixar de ver que, quando
Semedo, numa inteligente atitude
de quem percebe que teve uma
vitória de Pirro, chamou todos os
membros da mesa nacional para
junto de si no palco, Pedro Filipe
Soares recusou apertar-lhe a mão.
À procura do 80.º membro
ComentárioSão José Almeida
ENRIC VIVES-RUBIO
Pedro Filipe Soares da tendência associação UDP
No momento fi nal, quando Semedo chamou à unidade no palco, Fazenda manteve-se ligeiramente afastado e isolado
Francisco Louçã apelou à unidade em volta do grupo protagonizado por Catarina Martins e João Semedo
interna deve encerrar”, disse. “O
convite que fazemos é que essa dis-
puta interna, que nos trouxe a esta
convenção, acabe. A mesa nacional
deve defi nir o modelo de representa-
ção pública que melhor responda ao
que saiu desta convenção e ao resul-
tado das votações que aqui fi zemos.
É esse o nosso apelo”, acrescentou.
Assumindo que as diferenças dão
“unidade” e que essa é uma mar-
ca identitária, Semedo reforçou a
“responsabilidade especial” desta
mesa nacional. “Nós falamos muito
sobre os outros, e bem, mas tam-
bém temos de começar por dar o
exemplo na nossa casa, no nosso
Bloco”, alegou.
A convenção foi marcada por um
debate tenso com empate de posi-
ções, aplausos e assobios. Até ao
último instante, o resultado foi im-
previsível e a divisão permaneceu já
depois das cadeiras arrumadas e do
palco desmontado.
Ainda antes do anúncio dos resul-
tados, Catarina Martins teve tempo
para dizer que a moção dos até agora
coordenadores “fez tudo para evitar
a contagem de espingardas”. Pedro
Filipe Soares elogiou o debate “pro-
fundo” e “sério”, mas deixou o aviso
de que no Bloco não há espaço “para
essa ideia que mandam os de cima
para os de baixo obedecerem”.
Minutos antes do pano cair, Seme-
do chegou mesmo a afi rmar que pa-
recia, fi ndos os trabalhos, que todo o
debate não tinha, afi nal, servido para
nada. “Mas há uma grande diferença:
este Bloco é melhor e mais forte do
que era há três dias”, concluiu.
Fazenda continua dirigenteOs fundadores Francisco Louçã, Fer-
nando Rosas e Luís Fazenda fi zeram
leituras distintas. E tomaram opções
diferentes. Enquanto Rosas e Lou-
çã abandonaram a direcção do BE,
Fazenda é o único dos fundadores
que permanece membro da mesa
nacional.
Louçã defendeu que a mesa tem
agora a “obrigação de olhar para o
debate político” e fazer “o melhor en-
tendimento possível” do que se pas-
sou no congresso. O ex-líder acenava
assim com a diferença de oito braços
no ar a favor da moção de Semedo e
Catarina, que subscreveu.
Por outro lado, Fazenda, apoian-
te de Pedro Filipe Soares, afi rmou
que é “prematuro” falar acerca do
desenlace, mas sublinhou que essa
será uma “escolha política”.
Sem “dramas inultrapassáveis”,
Fernando Rosas referiu que a mesa
terá que encontrar uma solução para
o “problema”, mas que “é certo que
a moção vencedora foi a de João Se-
medo e a de Catarina Martins”.
Ao PS, o Bloco deixou o mesmo
recado da véspera, desfazendo a
ilusão de qualquer possibilidade de
compromisso com o partido de Antó-
nio Costa. Se o secretário-geral do PS
vier a constituir Governo, em 2015,
e afi rmar que “não há dinheiro para
criar emprego e baixar impostos”, te-
rá pela frente o protesto dos bloquis-
tas. “Nesse primeiro dia terá o BE nas
ruas”, garantiu João Semedo.
Marcos Perestrello, em represen-
tação do PS, reagiu lamentando a
“deriva sectária do Bloco” que cria
obstáculos ao diálogo à esquerda.
Já Armindo Miranda, do PCP, disse
manter “intacta” a disponibilidade
para o diálogo e para levar “a felici-
dade a casa dos portugueses”.
Para fora, o BE deixou ontem três
compromissos políticos: derrotar a
austeridade, defi nindo esse combate
como a luta central para as legislati-
vas do ano que vem; apostar numa
maior mobilização social; reverter
a relação de forças entre o trabalho
e o capital. “É onde temos perdido
que precisamos de passar a ganhar”,
rematou João Semedo.
34 contra 34A mesa nacional do BE terá 79 membros nos próximos dois anos, menos um do que habitualmente. A lista U, liderada por João Semedo e Catarina Martins, conseguiu 34 assentos, exactamente os mesmos que a moção E, assinada à cabeça por Pedro Filipe Soares. A lista B elegeu sete dirigentes e a lista R outros quatro.
266 contra 258A votação das moções de orientação política, que decorreu de braço no ar, determinou uma vantagem de oito votos para o documento liderado por João Semedo e Catarina Martins: 266 delegados contra 258. Pedro Filipe Soares tinha chegado à convenção com uma vantagem de seis delegados. Conseguiu aprovar alterações aos estatutos, como os referendos internos. R.B.G.
Empate na mesa nacional do BE
c
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | PORTUGAL | 9
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Os professores contratados com me-
nos de cinco anos de serviço podem
começar hoje a inscrever-se para a
segunda edição da Prova de Ava-
liação de Conhecimentos e Capaci-
dades (PACC), que decorre a 19 de
Dezembro. A inscrição volta a custar
20 euros e, desta vez, o Governo pro-
mete que haverá componente espe-
cífi ca da avaliação, mas só depois de
Fevereiro. Os docentes aprovados no
ano passado não precisam de voltar
a responder ao teste.
Professores começam a inscrever-se na prova de avaliação esta segunda-feira
As inscrições na prova são feitas
online, no portal criado pelo IAVE
(http://pacc.iave.pt/) e prolonga-se
até às 18h00 de sexta-feira. A can-
didatura terá que ser validada pelos
docentes, sob perigo de exclusão do
processo. No momento da inscrição,
será também gerada uma referência
para o pagamento dos 20 euros, o
que poderá ser feito através das cai-
xas Multibanco ou de serviços ban-
cários online. Se algum dos profes-
sores quiser candidatar-se a mais do
que um grupo de recrutamento, terá
que pagar mais 15 euros por cada um
deles. O despacho do Ministério da
Educação e Ciência (MEC) estabelece
também a tabela de preços para a
consulta da prova (15 euros) e para os
pedidos de reapreciação (20 euros),
sendo este valor reembolsado no ca-
so de ser dada razão ao candidato.
A componente comum da PACC
realiza-se no dia 19 de Dezembro.
AvaliaçãoSamuel Silva
PACC volta a custar 20 euros e realiza-se a 19 de Dezembro. Componente específica terá lugar em Fevereiro
que ainda não tenham integrado a
carreira. Em 2013, inscreveram-se
13.551 professores, tendo sido apro-
vados 8747 candidatos. Os candida-
tos aprovados no ano passado estão
dispensados do exame nos próximos
cinco anos, caso não tenham um ano
completo de serviço durante aquele
período. Apesar de, no ano passado,
só ter sido realizada a componente
geral, o IAVE garante que os candi-
datos aprovados em 2013/2014 não
necessitam de realizar a prova espe-
cífi ca este ano.
Para a edição 2014/2015 da prova
não há previsões quanto ao número
de candidatos. Além dos professores
que optaram por não entrar na pri-
meira edição e daqueles que não fo-
ram aprovados, podem também ser
acolhidos os recentemente diploma-
dos pelas instituições de ensino supe-
rior e que pretendam candidatar-se a
ingressar na carreira docente.
O Governo chegou a admitir a sua
realização no dia seguinte, um sába-
do, e em instalações de instituições
de ensino superior, mas acabou por
recuar. Tal como em 2013, a prova
deverá realizar-se em escolas do en-
sino obrigatório. O aviso do IAVE faz
ainda referência a seis cidades fora
do país onde será possível realizar
o teste: Díli, Luanda, Joanesburgo,
Macau, Maputo e São Tomé.
Ao contrário do que aconteceu no
ano passado, este ano o MEC prevê a
realização da componente específi ca
da prova para cada área disciplinar
ou grupo de recrutamento, que de-
verá realizar-se a partir do dia 1 de
Fevereiro.
A PACC destina-se a professores
contratados com menos de cinco
anos de serviço. A aprovação nesta
prova é requisito obrigatório para os
candidatos a concursos de selecção
e recrutamento de pessoal docente
Breve
Jogos da sorte
Portuguesa ganha mansão em prémio de lotaria no CanadáUma luso-descendente venceu o primeiro prémio da lotaria do Hospital Princess Margaret de Toronto, Canadá, uma casa no valor de 2,9 milhões de euros. Lucy Resendes, residente em Mississauga, de uma família natural de S. Miguel, nos Açores, afirmou que “adquiriu os bilhetes apenas para ajudar o hospital”. Além da mansão, com 220m2, mobilada e ajardinada, Lucy Resendes receberá também 25 mil dólares para a ajudar a pagar o primeiro ano de IMI.
10 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
Corria o ano de 1976, Maria Antó-
nia Palla foi buscar o fi lho António
Costa à escola. Raramente o fazia,
mas naquele dia chegou à porta da
Escola Fernão Lopes, já instalada
no Palácio dos Condes de Cabral,
no Largo António de Sousa Macedo,
em Lisboa, e perguntou pelo fi lho
a um contínuo. Depois de alguma
insistência, o homem lá percebeu
quem era a criança cuja mãe ali se
apresentava e soltou a frase: “Ah,
é o preto!”
Maria Antónia fi ca pasmada. Mas
também muitíssimo preocupada. À
noite, já em casa com o fi lho, deci-
de falar-lhe sobre o que via como
um problema: a hipótese de o seu
fi lho ser vítima de racismo. Com
cuidado redobrado, pergunta ao
rapaz como é que o tratam na esco-
la. Ele responde pronto: “António!”
Ela insiste: ele acrescenta o apeli-
do e diz que também o tratam por
António Costa. Como a conversa
não evoluía, Maria António Palla
relata ao fi lho o sucedido à porta
da escola e a reacção do contínuo.
Tranquilo, António Costa pergun-
ta-lhe: “Ó mãe, tu já olhaste para
mim? Já viste a minha cor? Eu sou
escuro mesmo.”
António Costa nasceu em Lisboa
a 17 de Julho de 1961, fi lho da jor-
nalista Maria Antónia Palla e do es-
critor Orlando da Costa. E se Maria
Antónia era de uma família portu-
guesa, republicana e laica do Seixal,
Orlando era fi lho de uma família go-
esa, brâmane e católica de Margão,
território que foi integrado na Índia
em 1961, com a anexação das pos-
sessões portuguesas Goa, Damão
e Diu. Filho de uma portuguesa da
metrópole, branca, e de um goês
de Margão, indiano portanto, An-
tónio Costa herdou características
fenotípicas do pai, ou seja, a cor da
sua pele é castanha, como é próprio
das populações da Índia.
“Nunca me limitou”Hoje, como na sua adolescência,
António Costa vive bem com a cor
da sua pele. Ao PÚBLICO afi rma: Orlando da Costa e o filho António Costa com três ou quatro anos, no Jard
António Costa, um políticopara além da cor da pele
Será a eleição do novo líder do PS e candidato a primeiro-ministro uma vitória sobre uma barreira de racismo? Especialistas dizem que não. Trata-se de um descendente de goeses brâmanes católicos, os portugueses da Índia
PSSão José Almeida
“A cor da pele nunca me limitou,
nunca.” Perante a pergunta sobre
se alguma vez se sentiu discrimi-
nado, vítima de racismo, garante:
“Eu, pessoalmente, nunca senti.
Posso ter ouvido uma ou outra vez
chamarem-me ‘monhé’, mas é epi-
sódico.” E explica que a cor da pele
sempre foi vivida por si “com nor-
malidade” e sem se sentir diferente
ou especial por isso: “Também não
era motivo de orgulho.”
O candidato a primeiro-ministro
diz mesmo que só agora surgiu “um
grande interesse dos jornalistas so-
bre isso”, o que atribui ao facto de
a sua vitória nas primárias ter sido
noticiada em jornais indianos como
o Hindustan Times (29/09/2014) e o
Economic Times (30/09/2014), que
salientaram o facto de, pela primei-
ra-vez, um candidato a primeiro-
ministro no Ocidente ser de origem
indiana.
“Na Índia o assunto é notícia
porque há actualmente uma nova
atitude em relação aos goeses”, ex-
plica António Costa. “Há uma coisa
nova, os indianos têm uma relação
mais descomplexada com os goeses
e Goa já tem governos hindus.” E
sublinha que há um novo interesse
“sobretudo em relação aos goeses
que tinham vindo para Portugal,
que eram mal vistos, havia uma
barreira contra os goeses em geral,
porque consideravam que eles esta-
vam feitos com os colonialistas”.
O secretário-geral do PS conside-
ra mesmo que a sua ascensão a este
cargo e a sua escolha em eleições
primárias como candidato a primei-
ro-ministro nada têm que ver com
a quebra de uma barreira contra
o racismo na política portuguesa.
Esta posição de Costa é confi rma-
da ao PÚBLICO pelo antropólogo
goês e investigador do Centro de
Estudos Internacionais do ISCTE,
Jason Keith Fernandes. “A vitória
de António Costa não significa
que não há racismo”, afi rma este
investigador. E lembra: “Os ingle-
ses quase ‘inventaram’ o racismo,
mas estavam na Índia com o seu
império e tratavam os fi lhos dos
rajás como brancos, estes estuda-
vam em Oxford, como os fi lhos da
elite inglesa, eram completamente
ingleses. Em qualquer império as
elites dos territórios são tratadas
como as elites do centro.”
Jason Keith Fernandes afi rma que
“para perceber o racismo é preci-
so analisar como são tratados os
goeses de classes baixas, onde as
pessoas não têm poder, não são
especiais”. O facto de um fi lho de
um goês de elite ser candidato a
primeiro-ministro não altera nada
em relação ao racismo quer seja na
política, quer seja na sociedade em
geral. E avança com um exemplo:
“A Índia teve uma mulher primeira-
ministra, Indira Gandhi, e isso nada
indica sobre o estatuto da mulher
na Índia.”
Pelo contrário, este investigador
defende que só a existência da dú-
vida sobre se há diferença em Costa
já mostra que o racismo permane-
ce. “Conta-se a história de uma se-
nhora goesa que se ofendeu porque
num restaurante de Lisboa ouviu
comentar que ela comia como os
portugueses e falava como os por-
tugueses”, conta Jason Keith Fer-
nandes. E conclui: “Ela ofendeu-
se por terem duvidado. O espanto
vem da dúvida de que possa ser
verdade. O dilema é esse, a dúvi-
da mostra que não estamos num
espaço sem racismo. Estamos to-
dos marcados pelo racismo. Basta
o facto de dizermos que não somos
racistas para já estarmos a levantar
o problema. Há racismo e o que há
a fazer é falarmos disso.”
“Para perceber o racismo é preciso analisar como são tratados os goeses de classes baixas, pessoas que não têm poder”
Jason Keith FernandesInvestigador do ISCTE
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | PORTUGAL | 11
im Zoológico, em Lisboa c
eram só a elite, à qual o meu pai
pertencia. Ele e alguns amigos co-
mo Bruto da Costa, Narana Coisoró
e Kalidás Barreto”, conta António
Costa.
Pela poesia e por PessoaOrlando da Costa (1929-2006) nas-
ceu em Lourenço Marques quase
por acaso. “A minha avó Amélia te-
ve uma doença pulmonar e foi tra-
tar-se na Suíça. No regresso pára em
Lourenço Marques para visitar uma
irmã. Engravida na viagem e acaba
por fi car dois anos em Moçambique
para ter o fi lho.” Cresce em Goa,
na cidade de Margão, na casa da
família, na “Rua Abade Faria, onde
ainda hoje vive Anna Karina Pim-
pula”, sua prima, adianta António
Costa. E Rosa Maria Perez frisa que
“a família é da elite local, a casa de
família é uma casa indo-portuguesa
típica, há ascendentes de António
Costa que se destacaram na Escola
Médico-Cirúrgica de Goa”.
Quando jovem, “Orlando da
Costa fez parte do movimento an-
ticolonialista, sai de Goa por isso,
chegou a estar preso”, conta Rosa
Maria Perez. António Costa acres-
centa: “Depois da anexação [1961],
o meu pai era um dos únicos - se
não o único - que eram considera-
dos freedom fi ghters [lutadores pe-
la liberdade]”. Assim, aos 18 anos,
Orlando da Costa sai de Goa. “O pai
queria que ele fosse estudar para
Bombaim ou para Inglaterra, mas
ele quis vir para Lisboa, pela lite-
ratura portuguesa e por Fernando
Pessoa”, relata António Costa. E
prossegue: “Veio em 1948 e só foi
lá em 1975. Esteve muitos anos sem
contacto. O irmão, meu tio, voltou
a Goa em 1965. Já eu só fui em 1979,
tinha 18 anos, e o meu irmão [o jor-
nalista Ricardo Costa] 11 anos.”
Também Sandra Ataíde Lobo, in-
vestigadora do Centro de História
da Cultura da Universidade Nova de
Lisboa, adverte que “os goeses, pa-
ra os portugueses, são só esta elite,
os outros não são vistos como go-
eses, são vistos como indianos”. E
frisa que, “aliás, os próprios goeses
não se vêem como indianos”. Os
outros indianos que chegam a Por-
tugal após a descolonização de Mo-
çambique é que são os vistos como
os “monhés”. Quanto aos goeses,
“sempre houve mais curiosidade
cultural do que racismo de pele”,
defende Sandra Ataíde Lobo, ela
também goesa.
Assim, embora numa socieda-
de racista, o que distingue Antó-
nio Costa é o facto de ele ser um
português com origem goesa. Lo-
go, integra uma elite que está aci-
ma de classifi cações com base na
cor da pele. Como confirma ao
PÚBLICO a antropóloga profes-
sora no ISCTE e investigadora do
Centro de Estudos Internacionais,
em Lisboa, e no Indian Institute of
Technology, na Índia, Rosa Maria
Perez, “há uma componente fe-
notípica que não tem incidência
social; em relação aos goeses em
Portugal, quer cultural, quer so-
cialmente, nunca houve uma di-
cotomia baseada na componente
racial ou fenotípica”. E frisa: “Os
goeses distinguem-se de todos os
indianos. Os goeses eram portugue-
ses, não eram indianos. O racismo
é estranheza pela cor. Mas o goês
não era visto com a condição estra-
nha de diferença pela cor da pele.”
António Costa explicita o que dis-
tingue os goeses: “Há logo a distin-
ção social entre os goeses vindos
para Portugal continental antes de
1961e os outros indianos que vieram
depois, tal como os africanos. A co-
munidade goesa e indiana cresceu
cá, mas apenas com a descoloni-
zação a partir de Moçambique.” E
acrescenta: “Na Índia, cruzam-se
muitas coisas, e os goeses sempre
usaram a religião católica e a língua
portuguesa como diferença. Os go-
eses sentem-se tão diferentes que
dizem, por exemplo, ‘os indianos’,
quando falam dos outros naturais
da Índia.”
Apesar de a elite goesa se ver co-
mo portuguesa, o próprio António
Costa também se identifi ca com a
sua ascendência goesa. “Percebi
desde sempre, tanto que em miú-
do era chamado babush [garoto]”,
afi rma o secretário-geral do PS.
“Lembro-me da minha avó Amélia.
Na altura os goeses eram poucos,
DRDREm Lisboa, Orlando da Costa ade-
re em 1954 ao PCP, partido de que é
militante até morrer. Um ano antes
casara-se com Maria Antónia Palla,
feminista e militante do PS depois
do 25 de Abril. A relação entre am-
bos já existia antes, mas optam por
se casar a seguir à primeira prisão
de Orlando da Costa pela PIDE.
Casados pelo civil, Maria Antónia
poderia visitá-lo, se voltasse a ser
preso. O facto de ambos os pais “te-
rem história política em Portugal”
é uma das razões pelas quais “não
é estranho que António Costa seja
secretário-geral do PS”, diz Sandra
Ataíde Lobo.
Mas o que o distingue acima de
tudo Orlando da Costa é ele “per-
tencer à elite goesa”, sublinha Rosa
Maria Perez, insistindo em que “ele
não é indo-português, ele é um brâ-
mane católico goês”. E Jason Keith
Fernandes precisa: “António Cos-
ta é eleito devido ao trabalho dos
brâmanes que desde o século XVIII
lutaram para que os seus direitos
como cidadãos fossem efectivos.”
O antropólogo goês explica que “os
goeses foram cidadãos portugueses
desde o início da soberania portu-
guesa em Goa” e desde o início há
uma fusão da estratifi cação social
europeia com a indiana, dando ori-
gem a uma nova elite. Essa elite es-
pecífi ca que se formou em Goa “era
composta pelos luso-descendentes
que eram poucos, eram chamados
‘reinóis’ e tinham antepassados no
reino, mas nessa elite tinham um
peso central as elites nativas: os
brâmanes e os chardós” - os pri-
meiros são a casta dos sacerdotes,
que transportam a palavra sagrada,
os segundos os guerreiros, sendo
ambas as castas terratenentes.
Sandra Ataíde Lobo lembra que
“existe todo o tipo de goeses, os go-
eses não são só uma elite”, mas su-
blinha também que “as castas que
formavam as elites nativas goesas
eram os brâmanes e os chardós”.
“Para Portugal, o fl uxo maior era de
brâmanes, que vinham estudar”,
adianta.
Peso brâmaneNum território em que “os indo-por-
tugueses eram poucos, os brâmanes
dominaram sempre a sociedade go-
esa e dominavam o poder em Goa”.
De resto, frisa a historiadora, “ti-
nham o domínio da propriedade”.
Com a soberania portuguesa sobre
Goa, os brâmanes assimilaram o ca-
tolicismo e “eram maioritariamen-
te católicos, só no século XVIII é
que começa a haver brâma-
António Costa aos 14 anos, no Jardim do Príncipe Real (em cima)Orlando da Costa em 2001 (em baixo)
“Os goeses distinguem-se de todos os indianos. Os goeses eram portugueses, não eram indianos. O racismo é estranheza pela cor”Rosa Maria PerezAntropóloga
12 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
nes hindus em Goa”. Assim, ex-
plica historiadora, “é o núcleo de
brâmanes católicos que domina
sempre e se expande para a me-
trópole e para as outras colónias”.
Também Rosa Maria Perez de-
fende que “uma singularidade do
colonialismo português em relação
a Goa é que sempre houve uma
grande circulação de elites”. E pros-
segue: “Os goeses de elite estuda-
vam em Lisboa ou Coimbra. Eram
as elites administrativas, tanto as
elites católicas como as hindus.
Em Goa, a elite católica absorveu
a casta superior, os católicos são
os brâmanes. O colonialismo na
Índia discriminou entre católicos
e hindus, e brâmanes e outros.
Os lugares da administração colo-
nial eram ocupados por brâmanes
católicos. A circulação de goeses
é antiga, acentua-se com a Repú-
blica e continua no Estado Novo.”
Por outro lado, Sandra Ataíde Lo-
bo lembra que os brâmanes “são
muito educados”: “A educação é
para eles um programa de classe.
Estudam e através do estudo com-
batem a discriminação e procuram
ter oportunidades. Eram cidadãos
do império, tinham direitos e para
os usufruir tinham de estudar.” É
isso que possibilita a situação ex-
cepcional de Goa e das elites goesas
em relação aos restantes territórios
do império, conclui a historiadora,
acentuando o facto de que mesmo
em Cabo Verde, onde se salienta-
ram elites criolas, elas não adqui-
rem nunca o estatuto dos goeses.
“Os goeses impunham-se como
administração local, sempre dispu-
taram com luso-descendentes o es-
paço político, e em Portugal sempre
houve goeses, tiveram margem pa-
ra conquistar espaço. Sempre hou-
ve integração e miscigenação. Em
todo o lado há goeses em Portugal”,
afi rma Sandra Ataíde Lobo.
A singulariedade goesa no im-
pério era tal que após a revolução
liberal de 1820, quando é eleito o
primeiro Parlamento, é em Goa que
são eleitos os primeiros e únicos, na
época, deputados nativos: são elei-
tos dois brâmanes católicos. “Logo
da primeira vez foram eleitos nati-
vos como deputados de Goa. Nas
outras colónias eram eleitos bran-
cos. Em Goa, quando eram bran-
cos da metrópole, era negociado
com os goeses, com a elite brâmane
católica de Goa”, destaca Sandra
Ataíde Lobo.
Os dois primeiros deputados
goeses são Constâncio Roque da
Costa, ascendente de Alfredo Bru-
NUNO FERREIRA SANTOS
Maria Antónia Palla, em 2014, (em cima) eAntónio Costa com 16 anos, num Congresso da JS
to da Costa, e Bernardo Peres da
Silva. Este último, segundo Sandra
Ataíde Lobo, “durante as lutas li-
berais exila-se no Brasil, acompa-
nha a causa liberal”. E, “quando D.
Pedro ascende ao poder, faz uma
exposição ao rei sobre o estado da
Índia. É nomeado governador. É o
primeiro nativo a ser governador -
é inédito até então -, embora o se-
ja por pouco tempo, pois, quando
chega a Goa, os luso-descendentes
fazem uma revolta.”
Sandra Ataíde Lobo conclui assim
que, “a partir do século XIX, há da
parte das elites goesas mais inves-
timento sistemático na educação
e nas estruturas de representação
liberais”: “Os brâmanes católicos
de Goa são formados nas ideias
liberais e com o objectivo de reti-
rarem daí consequências.” Jason
Keith Fernandes remata: “O facto
de António Costa ser candidato a
primeiro-ministro é a conclusão de
um projecto de poder dos brâma-
nes desde o seculo XVIII.”
“A cor da pele nunca me limitou, nunca. ”António CostaSecretário-geral do PS
DR
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | PORTUGAL | 13
Mais de 500 pessoas mudaram de
nome nos primeiros nove meses des-
te ano, muitas delas para acrescentar
apelidos, um processo que envolve
tanto adultos como crianças e que
custa 200 euros.
Até Setembro, tinham sido deci-
didos 536 processos de alteração de
nome, segundo o Instituto dos Regis-
tos e Notariado. Os números não di-
ferem muito dos registados em anos
anteriores: em 2013 mudaram o no-
me 661 pessoas, em 2012 foram 881
e em 2011 chegou-se aos 856 casos.
O processo de mudança de nome
foi simplifi cado na década passada,
mas é dos emolumentos mais caros,
fazendo-se mediante requerimento à
Conservatória dos Registos Centrais.
Os motivos apresentados são di-
versos, mas destaca-se a vontade
de adicionar apelidos de família ao
registo de nascimento. “Muitas ve-
zes, em casa, os avós e outra família
confrontam [os pais do bebé] com
a falta de apelidos”, explicou a con-
servadora adjunta da Conservatória
dos Registos Centrais, Sandra Mon-
teiro. Outro dos motivos, adiantou,
é a harmonização de nomes de luso-
descendentes. Até 1982, a lei não per-
mitia que fi lhos de emigrantes usas-
sem em Portugal nomes próprios
estrangeiros. Silvie, por exemplo,
tinha obrigatoriamente de passar
a Sílvia. Hoje, a Silvie que passou a
Sílvia pode pedir para passar a Silvie
de novo. Os pedidos de mudança do
nome próprio só por uma questão
de gosto são residuais. Mais comuns
são os casos de pessoas que querem
suprimir um apelido paterno ou ma-
terno, ou ainda adultos que querem
acabar com um primeiro nome que
nunca usaram e que só têm porque
foi a escolha dos padrinhos. “Havia
um peso muito grande dos padrinhos
na escolha do primeiro nome. Nes-
ses casos muitas pessoas acabaram
sendo tratadas pelo segundo nome,
com o qual se identifi cam”, diz San-
dra Monteiro.
Estes números não incluem as al-
terações motivadas por mudança de
sexo. A Lei de Identidade de Género
entrou em vigor em Março de 2011 e
até Março de 2012 mudaram de sexo
e de nome 78 pessoas.
Mais de 500 portugueses mudaram de nome
Identidade
Desde 2009 até agora, 4605 pessoas mudaram de nome. Acrescentar ou suprimir um apelido são os pedidos mais frequentes
PUBLICIDADE
O aviso é sério: Francisco Pinto Bal-
semão, fundador da Impresa, dona
da SIC e do Expresso, deixou a pre-
sidência do Conselho Europeu de
Editores (EPC – European Publishers
Council)ao fi m de 15 anos e diz que é
preciso ter atenção aos novos players
“Se não existir igualdade de concorrência, muitas empresas de media não sobreviverão”
do mercado, como os agregadores
de conteúdos e as redes sociais. “Se
não existir igualdade de concor-
rência com os novos jogadores que
desafi am o jornalismo profi ssional,
muitas empresas não sobreviverão”.
O EPC é o grupo mais infl uente de
empresas europeias de media e os úl-
timos 15 anos, admite o próprio con-
selho, foi um “tempo de revolução
digital sem precedentes e de trans-
formação radical na produção, divul-
gação e consumo” de informação.
Em resposta escrita às perguntas do
PÚBLICO, Balsemão sublinhou que,
“actualmente, uma empresa de co-
municação social é um negócio de al-
ta tecnologia que fornece conteúdos
ao segundo, em todas as plataformas
imagináveis, interagindo com os seus
leitores/público numa escala inimagi-
nável antes do advento da Internet.”
Talvez por isso Balsemão defenda:
“É essencial que exista um campo
de jogo equilibrado para garantir
que temos a liberdade de adaptar-
mos os nossos modelos de negócio
ao ambiente da comunicação social,
em permanente mudança; a liberda-
de de competir de forma justa com
gigantes tecnológicos ou empresas
de comunicação fi nanciadas com
fundos públicos; a liberdade de nos
podermos regular a nós próprios”.
Apesar dos passos já dados – vários
países forçaram a Google a acordos
MediaMaria Lopes
Balsemão deixa Conselho Europeu de Editores ao fim de 15 anos. Afirma que os maiores desafios para os media ainda estão para vir
para pagar direitos de autor –, Balse-
mão considera que “existe sempre o
perigo de uma má regulamentação”.
Na nota ao novo colégio de comis-
sários, defendeu os “benefícios” do
mercado único digital posto ao ser-
viço da diversidade dos media, cultu-
ras e línguas que “enriquecem” a UE.
“Exorto o novo chefe digital a consi-
derar que não pode haver nenhuma
abordagem ‘tamanho único’ em rela-
ção a qualquer regulamentação dos
meios de comunicação social; as nos-
sas diferenças são os nossos pontos
fortes e aquilo que proporciona valor
à sociedade. A nossa diversidade de-
ve ser apoiada e alimentada; é ela que
sustenta a liberdade de expressão.”
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14 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
Faltam 1779 enfermeiros nos cuidados continuados só na região Sul
Faz hoje uma semana que António
Carlos Evangelista conseguiu voltar
a ser o Dr. Evangelista – e que dei-
xassem de lado o tratamento por Sr.
António, que lhe foi apresentado no
exacto momento em que foi inter-
nado no hospital, no dia 27 de Ou-
tubro, na sequência de um acidente
vascular cerebral (AVC). Aos 84 anos,
para este médico reformado, doutor
não é apenas um título, é a ligação a
uma vida dedicada a uma profi ssão
e uma memória que se sobrepõe à
fala entaramelada, às alterações de
consciência e à perda de alguns mo-
vimentos que o AVC lhe trouxe, conta
o fi lho José Grillo Evangelista.
No dia 17 de Novembro o pai te-
ve alta do Hospital Garcia de Orta,
em Almada, e os próximos tempos
serão passados numa unidade de Al-
mada da Rede Nacional de Cuidados
Continuados Integrados, destinada
às reabilitações consideradas de
média duração, e onde está há uma
semana.
“Temos de ter uma visão holística
da pessoa, que é mais do que um
doente, tem a sua cultura e vida”, re-
sume a enfermeira Cidália Martins,
que coordena a equipa que gere a re-
de destes cuidados nos concelhos de
Almada e Seixal e que funciona no
Centro de Saúde Corroios, numa re-
ferência à importância de se adaptar
a reabilitação consoante o doente
com que se está a trabalhar. Porém,
a enfermeira reconhece que é cada
vez mais difícil conseguir dar res-
posta aos casos que chegam à rede
e que se depara sobretudo com três
problemas: falta de vagas, carência
de recursos humanos e utentes cada
vez mais dependentes e a necessitar
de mais apoio nas actividades diá-
rias mais simples, como comer ou
tomar banho.
Estes foram precisamente os pro-
blemas identifi cados pelo estudo
Rede Nacional de Cuidados Continu-
ados Integrados: Sustentabilidade e
Segurança, conduzido pela Secção
Regional do Sul da Ordem dos En-
fermeiros, e que é apresentado esta
segunda-feira. Os dados disponibi-
lizados ao PÚBLICO mostram que
nas 44 unidades da região Sul que
integraram a amostra faltam 659 en-
fermeiros. Extrapolando os núme-
ros para as 117 unidades desta zona,
seriam necessários mais 1779 enfer-
meiros em Beja, Évora, Faro, Lisboa,
Portalegre, Santarém e Setúbal. Além
disso, o número de profi ssionais es-
pecializados em reabilitação ainda
é muito baixo – o que condiciona a
especifi cidade da resposta que pode
ser dada. O número de enfermeiros
necessários foi calculado tendo em
consideração o número de doentes,
o seu risco, nível de dependência e
potencial de recuperação, o que se
traduz no número de horas de enfer-
magem necessárias.
“Compreendemos que haja um
processo evolutivo gradual na dota-
ção de equipas, mas hoje temos 97%
de taxas de ocupação, o que signifi -
ca que as vagas não estão à espera e
que as equipas têm difi culdade em
colocar a pessoa na rede a tempo. E
se a equipa tem défi ce de recursos,
ainda que seja obrigada a garantir
a segurança mínima dos cuidados,
não consegue garantir, por exem-
plo, a recuperação e a reabilitação
das pessoas”, salienta Alexandre
Tomás, coordenador do estudo e
presidente da Secção Regional do
Sul da Ordem dos Enfermeiros. “Os
doentes estão a fi car mais tempo nas
unidades para além daquilo que era
expectável, pois não há intervenção
na recuperação da pessoa, e se fi cam
mais tempo o potencial de recupera-
ção é menor”, salienta.
“Ainda considerámos durante o
internamento no hospital procurar
uma unidade privada após a alta. Mas
entre isso e uma de cuidados conti-
nuados, prefi ro mil vezes esta e nem
é por uma questão económica, por-
que o meu pai está no escalão mais
alto e paga perto de 800 euros. É por-
As camas nos cuidados continuados foram reforçadas em 12,4%, mas continuam a faltar enfermeiros
RUI GAUDÊNCIO
A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados tem vindo a aumentar o número de camas disponíveis (6642 camas, no fi nal de 2013). Mas faltam enfermeiros, profi ssionais especializados na reabilitação e uma aposta mais sustentada nos cuidados domiciliários
SaúdeRomana Borja-Santos
que não a considero um lar, conside-
ro uma unidade de reabilitação e foi
isso que expliquei ao meu pai. Isso
faz toda a diferença”, completa José
Grillo Evangelista.
No caso de António Carlos Evan-
gelista não foi necessário atrasar a
alta do hospital ou optar por uma
resposta privada por falta de vagas
na rede pública. Ainda durante o in-
ternamento, a equipa de gestão de
altas referenciou o doente à rede ge-
rida por Cidália Martins e foi possível
encontrar uma cama no tipo de uni-
dade mais indicada, que prevê que
os doentes recuperem num período
máximo de 90 dias. “Sinceramente
penso que o meu pai não precisará
de tanto tempo. A recuperação está
a ser mais difícil do que no AVC que
teve há dois anos, mas pela evolução
que tem tido penso que irá para casa
mais cedo”, explica José Grillo Evan-
gelista, que destaca o lado “humano”
como fundamental para a recupe-
ração. “Quando chegou à unidade,
no dia 17 de Novembro, vieram per-
guntar-lhe como queria ser tratado.
Encolheu os ombros. Eu disse: ‘Ex-
perimentem chamar Sr. António ou
doutor e vão ver a diferença’. Chama-
ram senhor e ele só abriu um olho.
Disseram doutor e ele abriu logo os
olhos e sorriu.”
A Rede Nacional de Cuidados Con-
tinuados Integrados inclui institui-
ções públicas, privadas e do sector
social e disponibiliza várias tipologias
de prestação de cuidados. Quando
a expectativa é de que seja necessá-
rio mais tempo do que os 90 dias ou
outro tipo de cuidados existem as
Unidades de Longa Duração e Ma-
nutenção e para as recuperações que
podem ser feitas em 30 dias existem
as chamadas Unidades de Convales-
cença, destinadas a casos como frac-
turas do colo do fémur, em que ainda
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | PORTUGAL | 15
há, por exemplo, um penso que é
necessário trocar de forma diária e
em casa o doente não consegue ou
quando é preciso ensinar o utente a
lidar com um saco de colostomia.
Há ainda as Unidades de Cuida-
dos Paliativos onde não estão de-
fi nidos limites máximos de dias de
internamento, dada a gravidade das
patologias – na maior parte das ve-
zes, oncológicas. Em qualquer dos
casos há também os cuidados domi-
ciliários prestados pela rede e que
podem ser accionados tanto antes
de ser encontrada a vaga numa das
unidades, ou após a saída, quando
o resto da recuperação pode ser em
casa. Esta é, segundo Cidália Martins,
a “solução ideal e em que se deve
apostar”. Ao todo, têm mais de 80
vagas deste tipo.
O estudo apurou, ainda, que os
2749 lugares de internamento na
região Sul estão praticamente sem-
pre com taxas de ocupação próximas
dos 100% e que a população atendida
é muito envelhecida e dependente.
“Neste momento, as pessoas nas uni-
dades de internamento da rede em
57,4% dos casos têm dependência to-
tal. Isso signifi ca que são incapazes
de qualquer actividade associada à
mobilidade e mais 39,5% têm depen-
dência ligeira, moderada ou severa, o
que signifi ca um total de 97%”, subli-
nha Alexandre Tomás, defendendo
que é para estes dados que importa
olhar no momento de ponderar as
dotações de enfermeiros.
“Duas pessoas que tenham tido
um AVC tiveram a mesma circuns-
tância fi siopatológica. Mas é o que
aconteceu depois do AVC, que de-
termina a necessidade de cuidados
de saúde e que depende do nível de
dependência da pessoa. Não posso
chegar a uma unidade e perguntar
simplesmente quantas pessoas tive-
ram um AVC”, reforça. O enfermei-
ro entende que é preciso inverter o
paradigma de prestação de cuida-
dos. Mas, mais do que abrir apenas
vagas de internamento, Alexandre
Tomás considera que o futuro passa
por manter os doentes em casa e ter
profi ssionais de enfermagem dispo-
níveis para “formar e dar mais apoio
aos cuidadores”.
Neste momento, as pessoas que
cuidam do doente, familiares ou não,
têm direito a interná-lo durante 90
dias, para poderem descansar. “É
no Natal, Páscoa e Verão que temos
mais pedidos”, refere Cidália Mar-
tins, que, no global de todos os inter-
namentos, deu resposta a 1064 em
2013. Este ano, o número no início de
Novembro ia já em 996. Cidália Mar-
tins considera que para haver mais
respostas no domicílio é necessário
reforçar a capacidade de articulação
entre os apoios da comunidade e as
autarquias, para ser mais fácil esta-
belecer “parcerias com as câmaras
ou as juntas de freguesia” para dar
resposta a coisas simples como adap-
tar a casa dos doentes e tornar pos-
sível que os cuidados sejam dados
no domicílio.
“Não defendemos que as autar-
quias façam a gestão das unidades de
saúde, mas podem criar as condições
habitacionais para que as pessoas es-
tejam em segurança nas suas casas”,
completa Alexandre Tomás. Essa é a
vontade de José Grillo Evangelista,
que acredita que num par de meses
o pai recuperará o sufi ciente em ter-
mos cognitivos e de marcha para po-
der voltar para junto da mulher.
Olhando para os lugares de inter-
namento a nível nacional, segundo
os dados que constam do último Re-
latório Anual Sobre o Acesso a Cuida-
dos de Saúde nos Estabelecimentos do
SNS e Entidade Convencionadas, pu-
blicado em Julho, entre 2012 e 2013
houve um aumento de 731 lugares
em todo o país, o que representa um
crescimento de 12,4%, para um total
de 6642 camas. A subida na região
de Lisboa e Vale do Tejo atingiu os
20,3% (chegando às 1524 camas). Foi
o segundo maior aumento do país,
depois do de 26,5% no Algarve.
Mas, ainda assim, a região de Lis-
boa (onde se inclui Almada e Seixal)
tinha a menor cobertura: 219 camas
por cada 100 mil habitantes com
mais de 65 anos. A média nacional
é de 343. A maior cobertura popu-
lacional em camas existe na região
do Alentejo (593 camas por 100 mil
habitantes com 65 ou mais anos),
seguindo-se o Algarve e o Centro.
Quanto a equipas domiciliárias, o ce-
nário repete-se: na região de Lisboa e
Vale do Tejo existem 525 lugares por
100 mil habitantes com 65 ou mais
anos. A média é 707.
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659enfermeiros faltam nas 44 unidades que foram estudadas. Extrapolando para as 117 unidades da região Sul, seriam precisos mais 1779 enfermeiros
100%é a taxa de ocupação das 2749 camas de internamento da região Sul. E 57,4% das pessoas internadas têm dependência total
16 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
O dia começa com uma roda. De
mãos dadas, cantam, saltam à cor-
da, dizem poemas. A professora toca
fl auta, fala do vento, eles rodopiam.
Só depois vão para a aula. A Casa
da Floresta Verdes Anos, colégio em
Lisboa onde não há computadores
nem quadros interactivos, não é a
única a seguir uma via menos con-
vencional.
N’Os Aprendizes, em Cascais,
além do edifício onde decorrem
as aulas, há uma casa, o Reino dos
Sentidos, dedicada sobretudo à arte-
terapia: não é só para meninos com
necessidades educativas especiais,
qualquer criança pode ir lá e tentar
ultrapassar uma difi culdade através
da pintura, música, neuroterapia,
entre outras hipóteses.
Estes colégios são privados, mas
a Escola da Ponte, Santo Tirso, do
pré-escolar ao 3.º ciclo, é pública.
Sem aulas expositivas, são os alunos
que escolhem as matérias e quando
querem ser avaliados.
São três exemplos, entre outros
que não encaixam no sistema con-
vencional. Não se vangloriam de se-
rem os melhores nos rankings, mas
garantem que as crianças aprendem
e trabalham a criatividade, o espírito
crítico, a cidadania, a liberdade, a
responsabilidade.
“Não acreditamos na avaliação
quantitativa, mas qualitativa. O pro-
fessor olha para cada criança e vê
se brinca, se come, se resolve um
problema na sala, lá fora, se tem di-
fi culdade a Português, a Matemática.
Não há um melhor do que outro”,
diz Rita Dacosta, directora da Casa
da Floresta, colégio até ao 1.º ciclo
que segue a pedagogia Waldorf.
Além desta pedagogia, Os Apren-
dizes cruza o método High Scope e o
Movimento Escola Moderna. À fusão
chamaram “Pedagogia do Amor”:
“Está na moda falar em sucesso, não
em amor. Mas preparar os miúdos
para a vida não é só prepará-los tec-
nicamente. Ser bem-sucedido pro-
fi ssionalmente é ser feliz, realizado,
trabalhar em algo produtivo, é cada
um alcançar o máximo do seu po-
tencial”, diz Sofi a Borges, directora
deste colégio até ao 2.º ciclo.
A gestora da Escola da Ponte,
Eugénia Tavares, frisa que naquele
estabelecimento – que funde várias
correntes, mas tem forte infl uência
do Movimento Escola Moderna –, “o
aluno tem uma atitude mais activa
na procura do conhecimento”. A co-
ordenadora de projecto, Ana Morei-
ra, acrescenta: “Nas aulas conven-
cionais, um assunto é dado e quem
apanhou, apanhou.”
Sérgio Niza, um dos fundadores
do Movimento Escola Moderna e que
já fez parte do Conselho Nacional de
Educação (CNE), diz que o “método
simultâneo” da maioria das escolas
“resume-se a ensinar a muitos como
se fossem um só”: “A monstruosi-
dade disto é não haver respeito por
cada um.”
Ludovina Silva é presidente da
Associação de Pais da Escola da
Ponte, tem lá dois fi lhos: “Quan-
do saem da Ponte, são mais inter-
ventivos, questionam mais.” Nes-
ta escola, há comissões de ajuda,
uma assembleia: os alunos iden-
tificam os problemas da escola,
debruçam-se sobre as soluções.
Admite que se sentiu “insegu-
ra” quando, no fi m do 1.º ano, a
fi lha não sabia ler: “Mas ela teve
de lidar com a timidez e, na Pon-
te, trabalharam isso. É uma esco-
la que respeita o tempo de cada
aluno. Hoje é excelente aluna.”
Efeito “perverso”Rita DaCosta assume que a Casa da
Floresta é avessa à lógica dos melho-
res e piores: “Quando uma criança
tem um ‘não satisfaz’, acha que é ela
que não satisfaz. A partir daqui, é
muito difícil trabalhar a criatividade
e a auto-estima.”
Para o docente da Faculdade de
Psicologia e de Ciências da Educa-
ção da Universidade do Porto e do
Centro de Investigação e Interven-
ção Educativas, Rui Trindade, há um
“efeito educativo perverso da valori-
zação de um tipo de competitividade
que poderá ser adequada para o des-
porto de alta competição”, mas, na
escola, é “um obstáculo educativo”
– é uma lógica em que o sucesso não
é em função das “aprendizagens”,
mas das notas.
No ano passado, a Casa da Flores-
ta não teve exames nacionais. Mas,
segundo o ranking do PÚBLICO, que
inclui as notas dos alunos internos
na 1.ª fase dos exames, n’Os Apren-
dizes, a média do 4.º foi 2,75 e, na
Ponte, 3,67 – a média nacional foi
2,8. Ainda na Ponte, no 6.º foi 3, aci-
ma dos 2,71 nacionais e no 9.º foi 2,5,
a mesma do país.
Rui Trindade ressalva que “bons
resultados nos exames não signi-
fi cam, obrigatoriamente”, alunos
“mais inteligentes, cultos e atentos
aos outros e ao mundo”. E Sérgio
Niza defende mesmo que há “um
desvio de sentido” do Governo que,
“sob a capa de um suposto rigor, é de
um populismo desenfreado”: “Não
compreende nada do que é essen-
cial na escola, compreende tudo no
plano empresarial. Joga com os alu-
nos como se fossem mercadorias.
Os exames sucessivos fazem fugir a
escola da cultura e põem-na a repe-
tir, a treinar, como se fosse treino
desportivo”, nota, frisando que es-
se caminho forma pessoas “acéfalas
e repetitivas” em vez de “criativas,
críticas, imaginativas”.
Rui Trindade levanta outra ques-
tão: como se valoriza o erro enquan-
to forma de aprendizagem? Defende
que a “qualidade da formação acadé-
mica e técnica das pessoas” depende
do modo como “se gere o erro como
um desafi o pedagógico tão inevitá-
vel quanto expectável”. E como se
promove o autoconhecimento e a
criatividade.
Para este investigador, “o proble-
ma” da escola convencional não
é só “marginalizar” as disciplinas
artísticas, mas “não aproveitar” as
potencialidades do Português ou da
Matemática. Incluir Os Maias ou as
equações de 2.º grau nos programas
não garante que os alunos cresçam
de forma “signifi cativa”: “É a relação
que estabelecem com Os Maias ou as
Escolas que questionam o sistema e dão a cada aluno o seu tempo
Há escolas que não têm manuais, nem aulas expositivas. Em algumas são os alunos que escolhem o que estudar e quando querem ser avaliados. Noutras, as notas não contam mais do que aprender a conhecer-se e a ser feliz
EducaçãoMaria João Lopes
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | PORTUGAL | 17
equações e o modo como tal relação
é apoiada e gerida que pode consti-
tuir-se como oportunidade.”
Já o professor coordenador princi-
pal da Escola Superior de Santarém
e membro do CNE, Ramiro Marques,
é a favor dos exames no fi m de cada
ciclo: “Criam uma pressão adicional
no desempenho de professores e es-
colas. Como as classifi cações podem
ser comparadas entre escolas, per-
mitem um sistema mais competiti-
vo e permitem aos pais um conhe-
cimento das escolas.”
Ramiro Marques considera que a
pedagogia Waldorf ou o Movimento
Escola Moderna são propostas peda-
gógicas que podem ter “resultados
favoráveis”: “Mas necessitam de uma
Na maioria destas escolas, a avaliação é qualitativa e os manuais são dispensados na aprendizagem das matérias
militância muito grande dos profes-
sores. Se aplicadas a escolas sem li-
derança muito forte, não atingem os
resultados esperados. Não são pro-
postas facilmente generalizáveis a to-
do o país”, nota, ressalvando ser “a
favor da diversidade metodológica”
desde que haja metas curriculares
nacionais.
Trepar às árvoresNa Casa da Floresta, letras e núme-
ros andam lado a lado com ecologia
e criação. Não há bonecos que não
sejam feitos pelas crianças, profes-
sores ou artesãos. Os miúdos não
levam telemóveis nem iPads. Nas
aulas, “estão três semanas a traba-
lhar Português, três semanas a tra-
balhar Matemática, sempre com a
componente artística presente”. E
vão muito lá para fora: “Temos uma
horta de 600 metros quadrados,
para onde eles vão com galochas,
enxadas, ancinhos. Fazem activi-
dades de Matemática e Português
no meio das árvores, da nature-
za.” Têm Música, Inglês, Costura,
Capoeira, Carpintaria. Não têm
manuais nem trabalhos de casa.
Na pedagogia Waldorf, valoriza-
se a época do ano: “O equinócio de
Outono, o solstício de Inverno, o
equinócio da Primavera, o solstício
de Verão. Falamos sobre as colheitas
nos problemas de Matemática. Toda
a actividade vai beber a estes ritmos
da terra”, diz Rita DaCosta.
Estarão as crianças demasiado
protegidas, afastadas das exigên-
cias de uma sociedade cada vez mais
competitiva? Pelo contrário, diz a di-
rectora, para quem esta dimensão
onírica é “uma semente” que os
alunos transportarão pela vida fora
e que os ajudará a enfrentar as ad-
versidades de outra forma.
Também n’Os Aprendizes foram
buscar à pedagogia Waldorf a “edu-
cação pela arte” e o “desenvolvimen-
to espiritual”. Do método High Scope
retiraram a “aprendizagem activa”:
“É aprender agindo sobre o mun-
do que me rodeia, com workshops,
experiências”, diz Sofia Borges.
Quando no 3.º ano se deu a rosa-
dos-ventos, os meninos foram para
a rua e “perderam-se”: “Claro que o
professor sabia onde estavam, mas
era para perceberem onde era o or-
te, o Sul, o Este e o Oeste.” Já ao Mo-
vimento Escola Moderna foram bus-
car a vertente comunitária que faz,
por exemplo, com que as crianças
participem na defi nição das regras.
Nesta escola também se respeita a
“individualidade de cada um”. Não
estão à espera que aprendam todos
ao mesmo tempo. E defende-se que
não é só na sala de aula que se incen-
tiva a aprendizagem: “Uma criança
que trepa às árvores está a desenvol-
ver-se, a ultrapassar confl itos. Se não
consegue trepar, vai ter de vencer
uma frustração. É tão importante
como o problema de Matemática.
E, se calhar, com essa aprendizagem
da árvore, vai olhar para o problema
de Matemática de outra forma”, diz
Sofi a Borges.
Ali, antes das aulas, os miúdos
fazem o brain gym, “pequenos
exercícios físicos que predispõem
o cérebro para as aprendizagens”.
Depois, sentam-se em mesas re-
dondas e podem ir circulando pe-
las actividades propostas pelo do-
cente. “Há regras discutidas com
as crianças, mas os adultos são
os orientadores. Há um horário,
uma estrutura, mas dentro dela
há liberdade”, explica a directora.
Nesta escola, entre outras discipli-
nas, têm Filosofi a, Expressão Plás-
tica, Expressão Dramática, Música,
Educação Física, Ioga, Meditação. À
sexta-feira, é dia de Trabalhos Manu-
ais, Horta e Culinária, de visitar lares
de idosos. Manuais, só a História e
Inglês. São os alunos que vão “cons-
truindo o conhecimento”: “No fi m
do ano têm um manual feito por eles.
Os manuais [instituídos] afunilam a
aprendizagem. Todas as crianças
têm de ler os mesmos textos? Aqui
vão à biblioteca e escolhem. O que
me interessa é que desenvolvam gos-
to pela leitura”, nota Sofi a Borges.
Mas os modelos alternativos fun-
cionam do ponto de vista da apren-
dizagem das matérias? É evidente,
diz Rui Trindade, que são “projectos
onde o nível de risco pedagógico é
maior”, mas “é inevitável que assim
seja, tendo em conta o espaço de di-
álogo, de descoberta e de interpela-
ção” que os caracteriza.
Ressalvando que só fala do que
conhece – Movimento da Escola
Moderna, Escola da Ponte, projec-
to Osmope e Colégio Tangerina, no
Porto –, Rui Trindade diz que são
espaços que geram “aprendizagens
signifi cativas” e contribuem para
que os alunos se tornem, através do
currículo, “mais inteligentes, cultos
e humanamente mais capazes.”
“Raios de luz”Sendo um dos casos mais conheci-
dos, a Escola da Ponte recebe inú-
meros visitantes. São os alunos que
fazem as visitas. Rafaela Oliveira, de
16 anos, no 9.º, já esteve noutra es-
cola, mas prefere a Ponte: “Quando
cheguei, era a aluna mais envergo-
nhada, era impossível estar a falar
com uma visita. Foram os profes-
sores, principalmente o meu tutor,
que me incentivaram a fazer estas
visitas. Agora, de vez em quando,
até recebo elogios.”
Rafaela Oliveira e David Braga, de
10 anos, do 5.º ano, vão explicando
que a escola funciona em três níveis
de projecto: iniciação, consolidação
e aprofundamento. Os miúdos vão
passando de um nível para o outro,
mas não todos ao mesmo tempo.
Não há testes; notas, só no 3.º perí-
odo. Nas salas, sentam-se em mesas
redondas, em grupos de várias ida-
des. Estudam as matérias que defi ni-
riam, no chamado plano do dia e da
quinzena, e orientadores e colegas
ajudam. Para a professora Alexandra
Ferreira, coordenadora do núcleo de
aprofundamento, o maior desafi o é
ser abordada por alunos de anos di-
ferentes: “Há um tipo de ajuda para
um, outro para outro.”
Ana Moreira defende que o ensino
convencional assenta numa “pers-
pectiva fechada” sobre a educação:
“Mas há pequenos raios de luz como
a Ponte. E uma discussão grande na
comunidade académica, em várias
partes do mundo, sobre o rumo da
educação e vontade de o mudar.”
Para Sérgio Niza, é “por preguiça
mental e medo” que os governantes
em Portugal não avançam “para no-
vas formas de encarar a escola”, que
sai “empobrecida” ao tentar satisfa-
zer “a efi cácia da sociedade de mer-
cado”. Ao contrário da “acelerada ló-
gica do lucro”, diz, “o tempo de nos
formarmos como cidadãos, apren-
dermos, sermos pessoas que amam
a cultura, é longo”. No fundo, não se
pode confundir ortografi a com escri-
ta: “A ortografi a é uma coisa míni-
ma, ridícula, em relação à escrita. É
a escrita, como discurso crítico, que
pode mudar as pessoas e o mundo.”
MIGUEL MANSO PEDRO NUNES
18 | LOCAL | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
ICNF investiga projecto de agricultura intensiva na Rede Natura 2000
BRUNO SIMÕES CASTANHEIRA
No extenso terreno desmatado, destaca-se apenas a maquinaria usada para fazer os furos de água
A Cropinvest — Agrícola Lda, empre-
sa sediada em Almeirim, destruiu o
coberto vegetal, através de gradagem
do solo, numa área superior a 500
hectares que tomou por arrenda-
mento na herdade de Monte Novo do
Sul. A propriedade tem uma super-
fície total de 1070 hectares, que está
afecta à Rede Natura 2000 e se situa
no concelho de Alcácer do Sal.
A desmatação afectou espécies ve-
getais consideradas prioritárias pela
Directiva Habitats, documento apro-
vado pela União Europeia em 1992,
para salvaguardar a preservação dos
habitats naturais, da fauna e fl ora sel-
vagens. Na herdade de Monte Novo
do Sul estão identifi cadas, entre ou-
tras espécies consideradas prioritá-
rias da fl ora natural, a Armeria rou-
yana, um endemismo português, e
o Thymus capitatus, uma variedade
de tomilho selvagem.
O Instituto de Conservação da Na-
tureza e Floresta (ICNF) confi rmou
ao PÚBLICO a situação, frisando que
tomou conhecimento dos factos “no
decurso de uma acção de vistoria téc-
nica” no início de Novembro. A inter-
venção da Cropinvest, acrescentou
o ICNF, determinou o levantamento
de um “auto de notícia”.
O ICNF explica que a empresa de
Almeirim pretende instalar um “pro-
jecto agrícola para uma área de cerca
de 560 hectares” e que o respectivo
processo já “deu entrada” no ICNF
através da Agência Portuguesa do
Ambiente (APA). Entretanto, esta
última entidade “já licenciou a aber-
tura de furos” na herdade de Monte
Novo do Sul para posterior captação
de água para regadio de hortícolas.
Os furos já estão a ser abertos e,
numa extensão a perder de vista da
qual desapareceu toda a vegetação,
deixando exposto o solo arenoso,
destaca-se a maquinaria usada na
abertura dos furos.
Contudo, na análise do ICNF ao
projecto apresentado pela Cropinvest
confi rmou-se a “obrigatoriedade” de
avaliação de impacte ambiental da
exploração, no termo da qual será
tomada uma decisão sobre a viabili-
dade ou não da actividade agrícola
prevista para o local.
Tiago Evaristo, gestor da Cropin-
vest, diz que o arrendamento da
noura, brócolos, batata-doce, alface,
amendoim, pimento, milho e outras,
destinadas à exportação.
O PÚBLICO apurou que já foram
accionados quatro “autos de notí-
cia”, por irregularidades cometidas
na Herdade da Comporta, com a ins-
talação de culturas hortícolas e de pi-
vots de rega em paisagem protegida.
O INCF não respondeu às perguntas
que lhe foram dirigidas sobre as in-
fracções detectadas. A Herdade da
Comporta, Actividades Agro-Silvíco-
las e Turísticas, S.A., a empresa que
gere a herdade, também não respon-
deu às perguntas feitas.
Dário Cardador, delegado da Quer-
cus no Litoral Alentejano, questiona
as opções agrícolas que “passam pe-
la destruição de áreas afectas à Re-
de Natura 2000”, garantindo que a
lei “está a ser violada”. O dirigente
ambientalista adianta que os pivots
de rega nestas áreas da Herdade da
Comporta “foram instalados sem au-
torização ou licenciamento”.
A Rede Natura 2000 ocupa no con-
celho de Alcácer do Sal uma área su-
perior a 60 mil hectares. Na Herdade
da Comporta, uma das maiores pro-
priedades privadas do país, cerca de
90% dos seu 12.000 hectares estão
em zonas de paisagem protegida.
É para este imenso território inte-
grado na Rede Natura que começam
a despertar as empresas do ramo
agro-alimentar, visando a instala-
ção de novos projectos de agricul-
tura intensiva em solos arenosos que
exigem o uso maciço de fertilizantes.
Este modelo de produção esteve, há
duas décadas e meia, na origem do
projecto do francês Thierry Roussel
para 550 hectares, no concelho de
Odemira. O empreendimento faliu
em 1994, deixando dívidas aos tra-
balhadores e extensa destruição do
meio ambiente, em área protegida.
Empresa quer instalar 560 hectares de hortícolas em paisagem protegida e já desmatou uma vasta área. Instituto da Conservação da Natureza levantou auto de notícia e exige avaliação de impacte ambiental
Álcacer do Sal Carlos Dias
herdade em Alcácer do Sal se deve
à “falta de terrenos no Ribatejo, onde
todo o espaço agrícola é muito procu-
rado e está muito retalhado”. Acresce
ainda, afi rma, que o litoral alentejano
“não é afectado por grandes geadas e
as ribeiras no concelho de Alcácer do
Sal têm água em abundância”.
Problemas na Comporta “Temos dois meses para apurar as
potencialidades da reserva de água
subterrânea e apurar a aptidão agrí-
cola da área”, adianta Tiago Evaristo,
frisando que, se “houver água com
abundância”, irá apresentar um pro-
jecto para culturas regadas para cer-
ca de 500 hectares.
A experiência que a empresa de Al-
meirim pretende iniciar em Alcácer
do Sal surge na sequência das con-
cretizadas na Herdade da Comporta,
naquele concelho, por uma empresa
integrada na Rioforte, a holding do
Grupo Espírito Santo que gere os ac-
tivos não fi nanceiros do grupo.
Em 2013, a empresa anunciou um
investimento de quase 15 milhões de
euros, que seria efectuado até 2016
e visava a instalação de mil hectares
de hortícolas, o aumento da área de
plantação de arroz e a refl orestação
de extensas áreas na Herdade da
Comporta.
O Relatório de Actividades da Rio-
forte de 2013 refere que a Herdade da
Comporta já tem cerca de 500 hec-
tares preenchidos com hortícolas,
milho e relva, frisando que o projecto
baseado em culturas regadas está a
desenvolver-se em “terras improdu-
tivas e abandonadas”.
O objectivo principal deste pla-
no de expansão, lê-se no relatório
da Rioforte, passa pela exploração
directa, mas também por arrenda-
mento de parcelas onde serão intro-
duzidas novas culturas, batata, ce-
20 | ECONOMIA | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
Contra-ordenações nas mãos do fisco
Fonte: IMT; Ascendi; PÚBLICO
A operadora da auto-estrada
identifica o proprietáriodo veículo
É enviada uma carta para a morada do
Registo Automóvel
A cada viagem não paga é adicionado um custo administrativo de 2,21 euros
Processo da portagem
Valor da portagem +custos processuais
FISCO
O automobilistapassa na portagemsem pagar
Pagamento dentro do prazo
Se a portagem não for paga...
Via VerdeScut
5dias
MB
PAYSHOP
CTT
15dias
MB
CTT
PAYSHOP
O fisco é a única entidade que instauraos processos de contra-ordenação a quem não pagou portagem. Cabe às Finanças a cobrança coerciva da portagem, custos administrativos, juros, coima e outros encargos. Muitosdos processos chegam a condutores que passaram na Via Verde e o sistema acendeuum sinal luminoso amarelo (por falha técnicaou por falta de contrato, por exemplo).
Cobrança de portagens pelo fi sco gera vaga de impugnações na Justiça
Ao mesmo tempo que a máquina
fi scal trabalha a todo o gás para co-
brar coimas de taxas de portagem de
concessionárias de auto-estradas, os
tribunais fi scais enchem-se de pro-
cessos de impugnação judicial, prati-
camente o único meio de defesa dos
contribuintes quando são confronta-
dos com a cobrança coerciva por par-
te das Finanças nestas situações.
Se um contribuinte não pagar
uma portagem a uma concessioná-
ria de auto-estrada (na Via Verde ou
nos pórticos das Scut), o processo é
remetido para a Autoridade Tribu-
tária e Aduaneira (AT), que desde
2013 assumiu a competência directa
de instaurar o processo de contra-
ordenação, com a possibilidade de
reter devoluções de impostos, de pe-
nhorar depósitos bancários, salários
ou outros bens. E nos últimos anos
tem-se assistido a uma ampliação do
tipo de dívidas cobradas através de
processos de execução fi scal.
O processo de cobrança coerciva
de portagens pode difi cultar o recur-
so à justiça por parte de cidadãos
envolvidos nestes processos. É que
Contribuintes questionam desproporcionalidade das coimas aplicadas face ao valor da portagem. Sistema de cobrança coerciva pelas Finanças difi culta a contestação
TransportesRosa Soares e Pedro Crisóstomo
cada taxa de portagem não paga pelo
contribuinte, mesmo que no mesmo
dia ou com diferença de poucas ho-
ras, dá origem a um processo autó-
nomo por parte da concessionária e,
numa segunda fase, a um processo
por parte da administração fi scal.
Isto implica que cada portagem não
paga terá associado um custo admi-
nistrativo e uma coima — o que faz
disparar os valores a pagar — e signi-
fi ca ainda que as impugnações têm
de ser feitas individualmente.
Por exemplo, se um contribuinte
individual ou empresa fi zer 20 passa-
gens sem pagar, vai ter 20 processos
de cobrança coerciva; e se quiser pe-
dir a impugnação, vai ter de apresen-
tar 20 contestações, sobre as quais
vai pagar 20 taxas de justiça.
Nos tribunais fi scais haverá nes-
te momento alguns milhares de
processos. O advogado Rui Falcão,
que admite ter entregado entre 500
e 600 processos em tribunal sobre
esta matéria, disse ao PÚBLICO que
apenas para cidadãos ou empresas
com muitos processos pode compen-
sar o recurso à justiça. Dos casos que
representa, o número de processos
por cliente supera uma centena e a
contestação judicial assenta funda-
mentalmente no argumento da des-
proporcionalidade das coimas aplica-
ENRIC VIVES-RUBIO
Pagamentos em atraso passaram para a alçada do fisco em 2013
das, que são dez a 20 vezes superio-
res ao valor da taxa de portagem não
paga (com um mínimo de 25 euros).
“Há uma clara desproporcionalidade
entre a aplicação da pena e o direito
tutelado”, defende Rui Falcão.
Num caso relatado ao PÚBLICO,
em que o contribuinte tinha por pa-
gar uma portagem de 1,5 euros e só
mais tarde foi confrontado com a si-
tuação (porque a carta da operadora
da auto-estrada foi parar a uma an-
tiga morada, que constava na Con-
servatória do Registo Automóvel), o
processo de contra-ordenação cul-
minava já num total de 104,25 euros,
entre coima e custas processuais.
Para o fi scalista Samuel Fernandes
de Almeida, da sociedade Miranda
Correia Amendoeira & Associados,
“uma penalização desta ordem de
grandeza é manifestamente despro-
porcional face ao prejuízo sofrido pe-
la concessionária e no limite pode ser
inconstitucional”. E pode ser “tanto
mais grave quanto nas situações de
múltiplas infracções o InIR [Institu-
to de Infra-Estruturas Rodoviárias,
actualmente IMT)] não aplica uma
única coima (para as infracções con-
tinuadas), o que pode gerar coimas
absolutamente absurdas”.
A junção, num só processo, de to-
das as taxas não pagas num determi-
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | ECONOMIA | 21
Cátia Mendonça, Pedro Crisóstomo e Rosa Soares
O contribuinte é notificado
pelas FinançasO contribuinte é
mais uma vez notificado
Processo de contra-ordenaçãoCoima + custos processuais
COIMA Particulares Empresas
10x o valor da portagem (mínimo
de 25 euros)
20x o valor da portagem
O contribuinte decide pagar(com redução para mínimo legale os custos para metade). Acaba o processo.
Paga o novo valormais elevado
Processo de contra-ordenaçãorelatado ao PÚBLICO Data da passagem: Dezembro de 2012
A3 – Nó de Famalicão – Maia Valor da portagem: 1,50 euros
O proprietário não recebeu a carta da concessionária da auto-estrada, que foi enviada para a antiga morada, que constava na Conservatória do Registo Automóvel
1.ª notificação das FinançasAgosto de 2014
Montante mínimo da coima: 25 euros Custos processuais: 38,25 eurosTotal a pagar: 63,25 euros
2.ª notificação das Finanças Outubro de 2014
Coima: 27,75 eurosCustos processuais: 76,50 eurosTotal: 104,25 euros
20dias
10dias
O contribuinte é sujeito à execuçãodo processo e pode
ser penhorado
Pode apresentardefesa verbalou escrita podendo fazer-se acompanhar de advogado
Apresentarecurso judicial
Não paga
nado período, o que implicaria cus-
tos administrativos e coimas muito
mais reduzidos para os cidadãos,
não acontece. O prazo dado aos
contribuintes para reclamarem são
curtos e esses pedidos não têm efei-
tos suspensivos. Na prática, apenas
o recurso aos tribunais suspende o
agravamento das coimas e dos custos
administrativos.
Ao provedor de Justiça já chega-
ram, desde o início do ano, 179 quei-
xas por processos de cobrança coer-
civa de portagens, sendo a questão
da desproporcionalidade das coimas
uma das matérias visadas.
Muitos dos processos surgem pela
passagem na Via Verde. O InIR refere
no seu site que “a maior percenta-
gem” das infracções se deve a utentes
que passam nesta via sem terem con-
trato ou porque este está inválido. Po-
de acontecer que um condutor com
o contrato da Via Verde válido receba
em casa uma notifi cação para pagar
a portagem. Isso acontece quando
há uma falha técnica ou quando a
cobrança não é efectuada porque o
débito não foi feito na conta. Nestes
casos, quando o automobilista está a
passar a portagem, o sistema acende
um sinal luminoso amarelo.
O PÚBLICO enviou ao Ministério
das Finanças, a 25 de Setembro, um
conjunto de questões — nomeada-
mente sobre o número de multas já
cobradas este ano e sobre quantas
ordens de penhora foram emitidas —,
mas ainda não obteve resposta, ape-
sar da insistência junto da Secretaria
de Estado dos Assuntos Fiscais.
A tarefa dos funcionários do fi sco
na cobrança das taxas de porta-
gens não pagas pelos contribuintes
às concessionárias de auto-estradas
está a levar a Autoridade Tributária
e Aduaneira a descurar “outros pro-
cessos”. A denúncia é do presiden-
te do Sindicato dos Trabalhadores
dos Impostos (STI), Paulo Ralha, que
considera que o esforço feito pelas
Finanças nesta cobrança “está a pôr
em causa a efi cácia no combate à
fraude e à evasão fi scal”.
Segundo o dirigente sindical, “do
universo de funcionários afectos à
justiça tributária [onde caem as co-
branças coercivas], 90% estão a tra-
tar dos processos relativos às dívidas
e contra-ordenações relacionadas
com taxas de portagem”.
Ou seja, de um total de cerca de
2400 funcionários associados a
este departamento, cerca de 2160
dedicam-se em exclusivo à cobrança
coerciva de multas. Nesse mesmo
serviço, apenas 10% dos funcioná-
rios estarão a tratar de processos
relacionados com património e
rendimentos, onde cabem as dívi-
das relativas a impostos, como IMI,
IMT e IRS, denuncia Paulo Ralha.
Mais de 2000 funcionários do fisco na cobrança das portagens
InIR — Instituto de Infra-Estruturas
Rodoviárias (agora denominado
IMT) e 15% para as operadoras das
auto-estradas. Às concessionárias
e entidades de cobrança das porta-
gens, o fi sco entrega todos os meses
o montante das taxas de portagem,
das coimas e dos custos administra-
tivas incorridos na identifi cação e
notifi cações dos proprietários dos
veículos que passaram pelas vias
com portagens sem pagar.
A legitimidade da colocação de
um serviço público a cobrar este
tipo de taxas é uma das questões
que se têm levantado. Para Paulo
Ralha, mais do que a legitimidade da
questão, o que está em causa “é uma
decisão política”. A mesma opinião
tem Óscar Afonso, vice-presidente
do Observatório para a Fraude, da
Faculdade de Economia do Porto,
que defende que “a afectação dos
recursos é uma decisão política”.
Já Luís Sousa da Fábrica, professor
de Direito Público na Universidade
Católica, não vê problemas em que
as Finanças cobrem coercivamente
dívidas de portagens para empresas
privadas.
O docente lembra que, neste caso,
as empresas envolvidas são conces-
sionárias de um serviço público. “O
serviço é do Estado, que apenas o
concedeu a um particular. Não se
trata de empresas privadas vulga-
res”, afi rma Sousa da Fábrica, que
também é membro do Conselho Su-
perior dos Tribunais Administrati-
vos e Fiscais.
Até ao fi nal de 2012, o fi sco re-
cebia apenas as cartas precatórias
para a cobrança dos valores em pro-
cesso executivo. No antigo modelo
de cobrança, cabia às operadoras a
instauração do processo de contra-
ordenação, sendo a intervenção do
fi sco apenas requerida no fi nal da
execução fi scal da dívida.
No novo modelo, a Autoridade
Tributária assumiu esta competên-
cia directa. Foi a partir de 2013 que
o fi sco passou a ser o único respon-
sável pela instauração dos processos
de contra-ordenação (relativamente
às infracções cometidas depois de
1 de Janeiro de 2012). E em Agosto
desse mesmo ano, a máquina fi scal
começou a “trabalhar em pleno”,
como relata Paulo Ralha. com Ma-riana Oliveira
Rosa Soares e Pedro Crisóstomo
“Está-se a orientar a nossa acção pa-
ra uma tarefa que dá tostões para a
máquina fi scal, porque a cobrança
é irrisória [no total da receita do Es-
tado], ocupando recursos que de-
viam estar centrados na inspecção
tributária”.
O presidente do STI denuncia ain-
da que os funcionários são muitas
vezes alvo de insultos e ameaças
por parte de contribuintes, incon-
formados com os custos e coimas
aplicados. “Estas situações causam
grande confl itualidade. As pessoas,
muitas vezes, estão de cabeça per-
dida e descarregam em quem está
à frente nos serviços de Finanças”,
alerta.
O PÚBLICO pediu ao Ministério
das Finanças números sobre traba-
lhadores afectos a este serviço, sobre
o montante de taxas de portagem e
respectivas coimas cobradas mas
não obteve resposta. O presidente
do STI não tem números sobre a re-
ceita arrecadada, mas admite que,
depois de deduzidos todos os cus-
tos, os montantes estarão na ordem
dos 5% do total.
O valor da coima arrecadada pelo
fi sco é distribuído pelas várias enti-
dades envolvidas no processo: 40%
do montante para o Estado, 35% é
entregue à Direcção-Geral dos Im-
postos (DGCI), 10% segue para o
Sindicato afirma que a questão das portagens desvia recursos que deviam estar centrados na inspecção
40%O valor arrecadado com as coimas é repartido por diversas entidades, cabendo ao Estado o correspondente a 40% e às concessionárias 15%
104Um contribuinte que tinha 1,5 euros por pagar acabou por ser alvo de um processo de contra--ordenação que culminava num total de 104,25 euros
22 | ECONOMIA | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
Jacob Soll entrou num jogo
delicado: explicar como os
contabilistas governam o mundo,
como o bom ou mau uso dos
números determina a ascensão
ou queda das nações e empresas.
Na obra O Ajuste de Contas,
lançada em Portugal na semana
passada pela Lua de Papel, o
historiador norte-americano
destrinça a complexa relação entre
contabilidade, transparência e
responsabilização fi nanceira.
Faz um retrato casuístico,
percorrendo vários séculos – dos
funcionários que supervisionavam
os cofres públicos na Roma antiga,
ao papel dos Médicis na ascensão
de Florença, passando pela
infl uência da literacia fi nanceira
nos impérios holandês e britânico.
Na edição portuguesa do livro, Soll
recua à governação do marquês
de Pombal para mostrar como a
reforma centralizada das fi nanças
públicas permitiu avanços, mas
não foi totalmente efi caz. Porque
sem “números correctos a partir
das bases” e sem uma sociedade
com literacia fi nanceira, o sistema
não funciona. Em entrevista ao
PÚBLICO, o historiador assinala
as “diferentes tradições de
responsabilidade” fi nanceira na
Europa. A história – frisa – ajuda-o
a suportar a ideia de como o BES é
um caso de má contabilidade e de
falhas de supervisão.
No livro, sublinha como a contabilidade pode determinar a ascensão e queda das nações. Na Europa, os Governos europeus vivem hoje sob forte controlo da UE, mas o escrutínio não impediu o aparecimento da crise nem o colapso de bancos. O problema é de transparência?As instituições não bastam para
fazer esse escrutínio. É preciso
haver participação cívica, uma
cultura de responsabilização e
transparência sobre a informação
pública. Um exemplo – alguém
afrontou o Banco Espírito Santo
(BES) e disse: “Queremos ter
acesso às contas de todas as
holdings no Luxemburgo, da
família”? Ninguém o fez. Na
Europa, as instituições estão a
tornar-se muito complexas, ao
ponto de tornarem o controlo
muito difícil. Precisamos de uma
imprensa económica forte e de
exercer pressão pública sobre
os partidos políticos, exigindo
reformas para que as regras de
regulação funcionem. É possível.
Basta haver vontade pública e
uma sociedade com uma cultura
de literacia fi nanceira. Na era de
ouro da Holanda, na Inglaterra
do século XVIII e na Alemanha do
século XIX, as pessoas aprendiam
contabilidade na escola e
registavam as contas todos os dias
à noite, antes de dormir. Perdemos
este hábito de transparência.
“Abram os livros, quero que haja
uma auditoria!”.
Estamos a viver uma crise de confi ança nas instituições?Absolutamente. Ninguém tem
confi ança nas instituições e isso
paralisa a democracia. Não nos
questionamos sobre questões
básicas da democracia. Esse é o
problema. Juntem-se e avancem
com um movimento popular.
Pode parecer despropositada, mas
esta ideia de escrutínio público já
tem centenas e centenas de anos.
Esperar que as culturas fi nanceiras
se reformem por si próprias é o
mais difícil de concretizar.
Que lições da história nos ajudam a lidar com estas falhas?Recuemos ao Charles Dickens
e à Inglaterra do século XIX – o
período que mais se aproxima
do tempo que estamos a viver.
Os problemas sucediam-se e
ninguém acreditava em nada.
Tudo se revelava ser uma fraude.
Os bancos, as companhias públicas
tornavam-se multinacionais
e estavam presentes em
todo o lado. A literatura, a
imprensa económica, fi rmas de
contabilidade independentes, a
contabilidade estão representadas
na pintura. Havia uma cultura
de transparência que não era
apenas uma expressão, mas
uma prática enraizada no dia-a-
dia. Hoje, quando abrimos um
jornal ou procuramos alguma
coisa no YouTube, o que é que
encontramos sobre contabilidade?
Parece paranóico e estúpido, mas
é verdade. Balzac era fascinado
por contabilidade.
Hoje, temos muito mais formas de escrutínio sobre os poderes públicos.A questão é que hoje tudo se
desenrola com mais rapidez e o
acesso à informação é tão vasto.
Não nos focamos em coisas
que exigem tempo, como a
contabilidade. Quando estamos
a passar por uma crise, temos
de reclamar transparência e
responsabilidade. É, desde logo,
preocupante o facto de este ser o
primeiro livro sobre a história da
contabilidade.
Na Europa, os países do Norte e os do Sul têm formas diferentes de encarar a contabilidade?Cada país tem a sua tradição. O
que há são diferentes tradições
de responsabilidade, não de
contabilidade.
O que é que isso signifi ca?Podemos perguntar-nos: os
banqueiros são mais responsáveis
na Alemanha ou aqui? É uma
pergunta difícil. Há países mais
responsáveis, o que signifi ca
melhor contabilidade. Na Holanda,
as pessoas são muito rigorosas
em relação à contabilidade.
Portugal talvez tenha uma cultura
de responsabilidade menor; a
Grécia não tem uma verdadeira
cultura de contabilidade – nenhum
partido, da esquerda à direita,
quer que se “abram os livros”.
Há pouco falava da complexidade das instituições europeias. No sector bancário, o recém-criado mecanismo de supervisão, na alçada do BCE, pode ajudar a prevenir problemas?Sou muito céptico em relação a
isso. Não digo que sou contra,
mas tenho algumas dúvidas.
As instituições europeias
passaram completamente ao
lado dos problemas do BES.
Com foi possível? Nos mercados
fi nanceiros, algumas pessoas
saberiam o que se passava.
Escrutinar o banco não era apenas
uma responsabilidade portuguesa,
era também europeia. Se calhar
até era mais da Europa do que
de Portugal. O banco faliu. E
outros hão-de falir [na Europa].
Os testes de stress à banca foram
uma decisão inteligente, mas
ainda há zonas cinzentas. Se
vivêssemos num mundo com
mais transparência, talvez a
nossa confi ança nas instituições
regressasse.
Não é garantido que não haja outros bancos “Espírito Santo” escondidos na Europa?Ah, claro que não! Espero estar
errado. É o meu feeling, basta
ler sobre produtos fi nanceiros,
a recapitalização dos bancos...
Vemos aqui as mesmas causas que
estiveram na origem da crise de
2008 (e ainda não saímos dela).
Não foi por acaso que o Banco
Central Europeu fez os testes de
stress a todos os bancos. Para quê?
Para criar confi ança. Mas vamos
Jacob Soll, historiador da contabilidade, gostaria de estar errado quando pensa que há outros “Espírito Santo” na Europa. O caso BES, diz, é paradigmático pelas falhas de transparência e aos cidadãos cabe exigir mais transparência pública
“Os portugueses não podem esperar que a Europa resolva os problemas”
“As auditoras até podem querer ir mais longe, mas os bancos têm mais poder. Na maioria dos países só há quatro grandes fi rmas de auditoria. Na Austrália e na Nova Zelândia há mais de cem fi rmas, mais pequenas, num mercado competitivo e concorrencial”
EntrevistaPedro Crisóstomo Texto Miguel Manso Fotografia
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | ECONOMIA | 23
assistir à queda de outros bancos.
O que podemos fazer contra isso?
Não sei. Mas a primeira coisa é
exigir uma regulação efi caz.
Mais do que o poder dos reguladores, há quem sublinhe o poder das fi rmas de auditoria dos bancos e empresas.É preciso ver a questão de dois
ângulos. Por um lado, as empresas
de auditoria querem cumprir
os seus contratos. Por outro,
estão extremamente limitadas:
podem fazer uma auditoria, mas
a conclusão que apresentarem é
tão limitada que não se vêem os
riscos nas contas. Muitas vezes,
as auditoras até podem querer ir
mais longe, mas os bancos têm
mais poder. Na maioria dos países,
só há quatro grandes fi rmas de
auditoria; na Austrália e na Nova
Zelândia, há mais de cem – fi rmas
mais pequenas num mercado
competitivo e concorrencial. E
é o que precisamos. Quais são
os argumentos para não haver
uma maior regulação das fi rmas
“A sociedade precisa de partidos políticos que promovam a transparência”
que nos diz a história. “Queremos
ver os livros”. É esse o padrão que
encontramos quando percorremos
a história da contabilidade ao
longo dos séculos. Qualquer pessoa
tem de saber como manter os
livros contabilísticos. Faz parte de
uma cultura e de uma linguagem
de transparência. Os cidadãos
perderam esse hábito. Vocês fazem
a vossa contabilidade regular? Este
hábito cultural fl oresceu em locais
como Florença e Veneza. Mesmo
no século XVIII em Portugal o
marquês de Pombal procurou,
de alguma forma, implementar a
contabilidade. Os países com maior
literacia fi nanceira têm maior
estabilidade ao longo do tempo.
Quando olha para o caso português, o que é que as autoridades – governo, reguladores, instituições – podem fazer para melhorar a transparência nas contas públicas?É uma questão difícil, porque se
pensa sempre que um Governo
vai fazer alguma coisa. Nunca
coloquei a questão nesses termos.
A sociedade precisa de partidos
políticos que promovam a
transparência e que realmente
acreditem nela. A cultura de
poder mudou. Em França,
François Mitterrand nunca
enriqueceu à conta da política.
Usou o poder. Gostava do poder.
Hoje, poder é dinheiro. Temos
uma cultura de poder diferente.
Encontramos na história países
onde a literacia fi nanceira teve
o poder de reformar um país e
tornar uma sociedade mais aberta.
Portugal tem de se tornar num
país com maior responsabilização
fi nanceira. Sou pró-Europa,
acreditei no sonho europeu,
acompanhei a construção
europeia, mas as instituições
europeias não respondem aos
cidadãos. A Europa precisa de uma
base democrática [sufi ciente] para
conciliar países tão diferentes. Os
portugueses não podem esperar
que seja a Europa a resolver
os seus problemas. Os países
com a maior fl uência fi nanceira
eram aqueles que tinham uma
cultura de literacia maior: a
Suíça dos séculos XVII e XVIII, a
Holanda dos séculos XVIII e XIX,
a Alemanha dos XIX. A educação
produz literacia e a literacia
leva à transparência. É sempre
assim? Bem, a Rússia tem um
determinado nível de alfabetização
e zero de transparência.
de auditoria? Em vez de se
preocuparem em promover um
mercado aberto, com empresas
que compitam entre si, [os
Governos e reguladores] vivem
obcecados com a possibilidade de
colapso das “quatro grandes”. É
um mercado fechado.
O problema é maior do que pensamos?As grandes auditoras e as
armas que a maioria das fi rmas
de contabilidade tem para
escrutinar as empresas são claras
e transparentes. No entanto, têm
por vezes um relacionamento
complicado com as empresas
auditadas e, aí, as auditorias são
mais complexas. Vivemos num
tempo de medos, de fragilidade
fi nanceira. Não se pode imputar
este vazio apenas aos Governos. Se
as pessoas não quiserem saber, os
Governos não se preocupam com
isso.
Mas o que é que um cidadão comum pode fazer?Exigir que se “abram os livros”, é o
A semana que agora se inicia
deverá contribuir para a
consolidação do cenário de
divergência do outlook para as
principais economias. Se, por
um lado, são crescentes os sinais
de desempenho robusto da
economia nos Estados Unidos e
no Reino Unido, por outro lado,
são sucessivamente renovados
os indícios de uma perda de
momentum na zona euro e de um
arrefecimento (suave) da China.
Nos Estados Unidos, serão
conhecidos diversos indicadores
referentes ao consumo, de entre
os quais se destaca o índice de
confi ança dos consumidores
de Novembro (amanhã) e as
estatísticas de Outubro das
encomendas de bens duradouros
(quarta-feira). O bom desempenho
do mercado de trabalho norte-
americano, a queda dos preços
dos produtos energéticos e
as boas perspectivas para a
economia deverão suportar
a melhoria da confi ança das
famílias e, consequentemente, do
consumo. Assim, prevê-se que as
encomendas de bens duradouros
(excluindo transportes) deverão
recuperar no arranque do 4.º
trimestre, ainda que de modo
modesto, após o recuo de
0,1% observado em Setembro.
Incluindo as encomendas de bens
de transporte, o registo deverá
ser, uma vez mais, de queda,
infl uenciado pelo recuo das
encomendas de aviões
Na zona euro, os principais
focos de atenção, em termos
de indicadores económicos,
surgirão no fi nal da semana, com
a publicação, na quinta-feira,
dos indicadores de confi ança
empresarial apurados pela
Comissão Europeia (CE) para
Dezembro e, na sexta-feira, da
estimativa fl ash para a infl ação
em Novembro. Os índices
deverão revelar uma deterioração
moderada do sentimento dos
empresários europeus, depois da
pequena recuperação observada
em Outubro, prolongando, assim,
a tendência observada desde o
fi nal do 1.º trimestre.
No plano dos preços, a
estimativa rápida do Eurostat
deverá apontar para um ligeiro
recuo da taxa de infl ação
homóloga, de 0,4% para 0,3%,
penalizada pela recente queda dos
preços do petróleo. Excluindo os
preços dos produtos mais voláteis,
como os bens energéticos e a
alimentação, a taxa de infl ação
homóloga core deverá permanecer
inalterada em 0,7%. A confi rmar-
se, estes valores revelarão a
persistência de níveis de infl ação
baixos, face ao target de 2% do
BCE, aumentando a pressão
sobre os policy makers da zona
euro para que adoptem novas
medidas de estímulo à economia.
Para a Alemanha é esperada
uma estabilização do índice de
preços no consumidor, com
abrandamento da taxa homóloga
de 0,8% para 0,6%, e para Espanha
é previsto um agravamento do
recuo dos preços face ao mesmo
período do ano anterior, de -0,1%
para -0,3%.
Em Portugal, o principal
destaque será a publicação, na
sexta-feira, das Contas Nacionais
Trimestrais, onde poderemos
conhecer a evolução das diferentes
componentes do PIB no 3.º
trimestre. Recorde-se que, no
início do mês, foi revelado o
crescimento trimestral de 0,2% do
PIB (+0.9% em termos homólogos)
no referido período. De acordo
com os indicadores revelados
nos últimos meses, os números
do INE deverão revelar uma
melhoria da procura interna e
um enfraquecimento da procura
externa líquida, dado o recente
abrandamento das exportações.
Por último, nota para os
números do PIB do 3.º trimestre
no Brasil, a serem conhecidos
na sexta-feira. Depois de dois
trimestres consecutivos de queda
do produto, que colocaram
a economia num cenário de
recessão técnica, prevê-se que o
PIB brasileiro tenha recuperado
o dinamismo, registando um
crescimento de 0,1% entre Julho e
Setembro. Em termos homólogos,
o PIB deverá manter-se em terreno
de queda, com um recuo de 0,2%
(-0.7% registado no 2º trimestre).
Uma semana para confirmar as diferenças entre economias boas e economias más
Pré-abertura Catarina Silva
Novo Banco Research Económico
Andamento da economia portuguesa será conhecido na sexta-feira
24 | MUNDO | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
Sem acordo à vista, ganha força a opção de prolongar negociações nucleares
ATTA KENARE/AFP
Manifestação ontem em Teerão a favor do programa nuclear do país
Ninguém quer deitar a toalha ao chão
e admitir que não será ainda desta
vez que o acordo que permitiria ul-
trapassar as suspeitas sobre o pro-
grama nuclear iraniano e mudar a
paisagem política no Médio Oriente
será assinado. Mas com o tempo a
esgotar-se e sem que nenhuma das
partes tenha cedido em aspectos
essenciais, é cada vez mais provável
que o Irão e as potências internacio-
nais optem pelo menor dos males:
prolongar a validade do acordo inte-
rino assinado há um ano, mantendo
vivas as negociações.
Em Viena, as reuniões e conversas
em privado sucederam-se a um rit-
mo frenético durante todo o dia de
ontem, véspera de expirar o prazo
fi xado pelo Irão e o Grupo 5+1 (os cin-
co membros permanentes do Con-
selho de Segurança, a que se junta
a Alemanha) para chegarem a um
entendimento defi nitivo.
O secretário de Estado norte-
americano, John Kerry, reuniu-se
por duas vezes com o ministro dos
Negócios Estrangeiros iraniano, Mo-
hammad Javad Zarif, recebeu ao fi nal
da tarde o chefe da diplomacia rus-
sa, Sergei Lavrov, e jantou com os
três homólogos europeus. Pelo meio
conversou com os aliados árabes e o
primeiro-ministro israelita, Benjamin
Netanyahu, para os manter a par do
andamento das negociações que to-
dos encaram com desconfi ança. Mas
de nenhuma das conversas saíram
sinais de que um acordo esteja mais
próximo do que quando as delega-
ções chegaram a Viena.
De forma cada vez mais aberta, as
delegações admitem que “continuam
a existir divergências importantes”,
apesar de insistirem que nada está
fechado. E a coberto do anonimato
o pessimismo instala-se. “Tendo em
conta o pouco tempo que falta até
ao fi nal do prazo e a quantidade de
assuntos que precisam de ser discu-
tidos e resolvidos, é impossível che-
gar a um acordo” até à meia-noite de
hoje, disse um membro da delegação
iraniana à agência Isna.
Ao fi nal do dia, um diplomata nor-
te-americano citado pelas agências
internacionais adiantou que, no
encontro da tarde, Kerry e Zarif
discutiram pela primeira vez a pos-
que visam pessoas e entidades liga-
das ao programa nuclear) à medida
que for cumprindo o que fi car esta-
belecido.
Interesse mútuoÀ partida para esta última ronda,
as expectativas alimentavam-se da
noção de que, pela primeira vez em
muito tempo, tanto os iranianos co-
mo os norte-americanos estavam
empenhados num acordo, com be-
nefícios para ambos — para o Irão, o
fi m do isolamento e o alívio da asfi -
xia económica; para a Administração
Obama, um trunfo político, que resol-
veria uma fonte de instabilidade e lhe
daria maior liberdade para cooperar
com Teerão na luta contra o Estado
Islâmico. Fontes iranianas garantiam
que o líder supremo do Irão, o aya-
tollah Ali Khamenei, tinha dado luz
verde ao Presidente Hassan Rohani
para chegar a um acordo defi nitivo,
apesar dos protestos cada vez mais
audíveis da oposição conservadora.
O Presidente norte-americano sabe,
por seu lado, que em Janeiro perde o
controlo do Senado e que os republi-
canos ameaçam reforçar as sanções
ao Irão em caso de impasse.
Neste contexto, as duas partes
sabem que ao adiarem um acordo
estão a torná-lo mais difícil de obter
num futuro próximo. Numa derra-
deira pressão, Barack Obama avisou
o regime iraniano de que “tem a co-
munidade internacional do seu lado,
enquanto eles estão sozinhos”. E Te-
erão permitiu uma rara manifestação
contra a forma como estão a ser con-
duzidas as negociações. No entanto,
estão conscientes de que manter o
acordo preliminar válido por mais
alguns meses (ou um ano) é, como
disse um diplomata iraniano, “o me-
nor dos males”. Pior seria o regresso
do “clima de confrontação”.
Prazo para um entendimento defi nitivo expira hoje. Sem notícias de concessões signifi cativas, manter em vigor o acordo interino negociado em Novembro do ano passado é o “menor dos males”
IrãoAna Fonseca Pereira
sibilidade de estender as negocia-
ções. “Continuamos concentrados
em discutir medidas com vista a um
acordo, mas a 24 horas do prazo é
natural que estejamos a discutir um
leque de opções”, explicou.
Os temas que bloqueiam um con-
senso são os mesmos desde que as
negociações arrancaram, meses de-
pois do acordo preliminar assinado
em Novembro de 2013, o primeiro
em 12 anos de diferendo, e que le-
vou ao levantamento de uma frac-
ção das sanções adoptadas contra o
Irão, que em troca suspendeu parte
do seu programa nuclear.
O objectivo central do Grupo 5+1,
sobretudo dos países ocidentais, é
garantir que o Irão, se assim o deci-
dir, demorará mais tempo a fabricar
armas nucleares do que o tempo ne-
cessário para montar uma resposta
internacional — a previsão actual é
que os cientistas iranianos precisam
de apenas seis meses para enrique-
cer urânio na quantidade e concen-
tração necessária ao fabrico de uma
bomba. Para limitar a ameaça, os
ocidentais querem que Teerão ab-
dique de grande parte das suas 19 mil
centrifugadoras; o regime iraniano
recusa restrições que ponham em
causa a sua capacidade para produ-
zir energia nuclear.
O outro obstáculo centra-se no rit-
mo a que as sanções aplicadas ao país
serão levantadas em caso de acor-
do. A exportar metade do crude que
vendia antes das medidas adoptadas
pelo Ocidente, o Irão quer um fi m
rápido do cerco que asfi xia a econo-
mia do país. Europeus e americanos
estão dispostos a extinguir no prazo
de meses as medidas unilaterais com
que atingiram o sector petrolífero e
a banca iraniana. Mas dizem que o
Irão só conseguirá o fi m das sanções
aprovadas pela ONU desde 2006 (e
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | MUNDO | 25
O Presidente do Zimbabwe, Robert
Mugabe, concretizou um plano pa-
ra ser ele a escolher quem lhe suce-
derá à frente do partido no poder, a
ZANU-PF (União Nacional Africana
do Zimbabwe — Frente Patriótica),
apostando que essa será também a
pessoa que vai ocupar o seu lugar na
chefi a de Estado.
Numa reunião que durou toda a
noite de sábado e madrugada de on-
tem, o Politburo do ZANU-PF apro-
vou uma alteração substancial aos
estatutos do partido, acabando com
a eleição dos dois vice-presidentes.
Estes eram eleitos por delegados das
dez regiões do país; a partir de agora,
os dois cargos serão preenchidos por
quem Mugabe quiser.
“Foi decidido que deixa de haver
eleição de vice-presidentes. Estes se-
rão nomeados e esta decisão deixa o
partido mais unido e coeso”, disse à
Reuters uma fonte do ZANU-PF.
Na origem desta decisão está o que
Mugabe considera ser uma tentativa
de golpe. Uma das vice-presidentes,
Joice Mujuru, foi acusada pelo chefe
de Estado, pela primeira-dama e por
Robert Mugabe vai decidir quem lhe sucede e a mulher é uma séria candidata
toda a imprensa estatal de querer o
lugar de Mugabe e de já estar a contar
espingardas dentro do partido, para
quando chegasse o momento (ou se-
ja, quando o Presidente, cujo regime
é classifi cado de ditadura e dura há
33 anos, se retirar ou morrer).
Em Outubro, Grace Mugabe ata-
cou Mujuru em público chamando-
lhe uma série de nomes: “Ingrata,
corrupta, tola, divisionista... uma
miserável.” Mujuru era considerada
como uma das possíveis sucessoras
de Mugabe à frente do partido — jun-
tamente com o ministro da Justiça,
Emmerson Mnangagwa —, mas eis
que um terceiro nome de grande
peso surgiu na corrida, o de Grace
Mugabe. “Dizem que quero ser Pre-
sidente. E por que não?”, disse a mu-
lher do chefe de Estado no discurso
em que atacou Mujuru.
A sucessão é um assunto sobre a
mesa no Zimbabwe. Robert Mugabe,
que em 2013 iniciou o sétimo man-
dato, tem 90 anos e não está bem
de saúde. Majuru foi aconselhada a
demitir-se — Grace tem sido a fi gura
que mais tem insistido neste ponto.
Mas a vice-presidente disse estar
determinada a manter-se no cargo,
considerando que as pressões de que
está a ser alvo são inconstitucionais.
Resta saber se resistirá ao Congresso
do partido, que começa dia 2 de De-
zembro, onde Mugabe voltará a ser
proclamado líder incontestado e a
quem serão dados plenos poderes
de decisão.
Zimbabwe
“Dizem que quero ser Presidente. E por que não?”, disse Grace, que abriu uma campanha contra a principal rival
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AFP
Há 15 mil estrangeiros nas fileiras do EI na Síria e no Iraque
Os serviços secretos alemães revela-
ram ter conhecimento de um número
crescente de cidadãos do país que se
têm juntado ao autoproclamado Es-
tado Islâmico (EI). Nos últimos tem-
pos, o número de combatentes na Sí-
ria e no Iraque terá chegado aos 550.
A preocupação pelo aumento de
jihadistas alemães foi manifestada
pelo chefe dos serviços secretos,
Hans-Georg Maassen, durante uma
entrevista ao jornal Welt am Sonntag.
O aumento de alemães nas fi leiras do
EI deu-se “especialmente nas últimas
seis semanas”, disse Maassen.
As estimativas dos serviços secre-
tos apontam para 550 cidadãos de
nacionalidade alemã que viajaram
para a Síria e para o Iraque para in-
tegrar o grupo terrorista que contro-
la vastas regiões no Norte dos dois
países. Desses, cerca de 180 já terão
regressado à Europa.
A revelação faz da Alemanha um
dos países europeus com mais com-
batentes junto do Estado Islâmico. A
última contabilização apontava para
Serviços secretos dizem que 550 alemães já se juntaram ao Estado Islâmico
450, mas agora o contingente alemão
atinge a dimensão do francês, do bel-
ga ou do britânico.
Os serviços secretos têm também
conhecimento de que 60 alemães
morreram durante os combates, no-
ve dos quais em atentados suicidas.
À semelhança de outros países
ocidentais, a Alemanha tem tentado
travar a atracção exercida pelo movi-
mento jihadista, sobretudo entre os
seus jovens com raízes muçulmanas.
Na semana passada, as autoridades
detiveram nove pessoas sob suspeita
de apoiar movimentos terroristas na
Síria. Os novos números são, porém,
vistos com apreensão. “É uma triste
vitória da propaganda islamista”, la-
mentou Maassen. As preocupações
centram-se agora em travar as saídas
de cidadãos para se juntarem aos mo-
vimentos terroristas e assegurar que
aqueles que regressam não represen-
tem ameaças à segurança nacional.
A Alemanha é “naturalmente” um
alvo para atentados terroristas, con-
fi rmou o chefe das secretas, uma vez
que integra a coligação internacional
que tem bombardeado posições es-
tratégicas do Estado Islâmico.
Há cerca de 15 mil estrangeiros a
combater no seio do EI, de acordo
com um relatório do Conselho de Se-
gurança da ONU, revelado no fi nal
de Outubro. As suas proveniências
são muito variadas, acreditando-se
que vêm de mais de 80 países di-
ferentes, com o Médio Oriente e o
Norte de África a terem prevalência.
Uma estimativa mais conservadora
foi apresentada pelo Centro Inter-
nacional para o Estudo da Radica-
lização e da Violência Política, que
apontava para um máximo de 11 mil
combatentes estrangeiros na Síria e
no Iraque, recrutados entre o fi nal
de 2011 e Dezembro de 2013. Mais de
1900 seriam provenientes da Europa
ocidental, com a França e o Reino
Unido a encabeçarem a lista de paí-
ses de origem.
Há igualmente notícias de estran-
geiros que se têm juntado às forças
que combatem os jihadistas. O jor-
nal The Guardian revelava ontem a
história de dois britânicos que inte-
graram as Unidades de Protecção
Popular (YPG) — a guerrilha curda
que tem enfrentado o Estado Islâmi-
co na Síria.
Um deles é um ex-militar que ser-
viu no Afeganistão e o outro recebeu
treino no exército francês, conta o
jornal. Há ainda o relato de uma jo-
vem de 17 anos, de origem curda, que
estará a caminho da Síria para se jun-
tar às Unidades de Protecção Femi-
ninas, a divisão armada composta
por mulheres e que se notabilizou na
defesa da cidade de Kobani, perto da
fronteira turca.
Não há dados ofi ciais, mas fontes
curdas ouvidas pelo Guardian refe-
rem dezenas de mercenários britâni-
cos que terão viajado para o Médio
Oriente para lutar contra o EI.
JihadismoJoão Ruela Ribeiro
Crescimento acelerado no recrutamento nas últimas semanas. “É uma triste vitória da propaganda islamista”
ASSEMBLEIA GERALCONVOCATÓRIA
No uso dos poderes que me são conferidos pelo Artigo 18.º, n.º 3, e para os fi ns do disposto nos Artigos 17.º e 18.º, n.º 1, do Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos, convoco a Assembleia Geral da Ordem dos Farmacêuticos para reunir no dia 19 de Dezembro de 2014, pelas catorze horas e trinta minutos, na Sede da Ordem dos Farmacêuticos, Rua da Sociedade Farmacêutica, n.º 18, Lisboa, com a seguinte Ordem de Trabalhos.
ORDEM DE TRABALHOS1. Informações;2. Defi nição da distribuição do número de delegados a eleger por cada Assembleia
Regional para a composição das Assembleias Gerais da Ordem dos Farmacêuticos a realizar em 2015;
3. Discussão e deliberação sobre o Plano de Actividades da Direcção Nacional para 2015;
4. Discussão e deliberação sobre o Orçamento da Direcção Nacional para 2015;5. Discussão e deliberação sobre o Orçamento da Ordem dos Farmacêuticos para 2015;6. Apreciação e discussão de outros assuntos que os Delegados considerem relevantes
para a profi ssão.
Se à hora designada não estiver presente o número sufi ciente de Delegados, a Assembleia realizar-se-á meia hora depois com qualquer número.
Lisboa, 14 de Novembro de 2014
O Presidente da Mesa da Assembleia GeralDr. João Gonçalves da Silveira
26 | MUNDO | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
Crianças com defi ciências fechadasem jaulas de instituição na Grécia
JORGE DAN LOPEZ/REUTERS
Catarina Neves: “Tudo é feito para que sobrevivam sem se magoarem e sem darem chatice”
São 65 pessoas, crianças e adultos.
Têm vários graus de defi ciência, pro-
blemas como autismo ou síndrome
de Down. Vivem todos no mesmo
edifício nos confi ns do Sul da Grécia,
numa pequena aldeia. São tratados
por seis funcionários. Os que têm
alguma autonomia passam os dias
numa sala, e à noite recolhem-se em
camas gradeadas, como jaulas. Os
outros passam todos os dias, todo
o dia, dentro de jaulas. São alimen-
tados através das grades, dormem
num colchão de plástico, tomam
banhos raros e apressados.
“Tudo é feito para que sobrevi-
vam, sem se magoarem e sem darem
o mínimo de chatice”, comenta Ca-
tarina Neves, uma psicóloga portu-
guesa que fez voluntariado no centro
de Lechaina em 2008.
Nessa altura, um grupo de dez
voluntários internacionais, que es-
tiveram no local através do serviço
de voluntariado europeu, fi zeram
uma campanha para chamar a aten-
ção para o que se passava no centro.
Fizeram queixas a todas as entidades
que conseguiram, escreveram um
blogue. O primeiro efeito prático
foi que o centro deixou de receber
voluntários.
Entretanto, o provedor das crian-
ças grego criticou as condições do
centro e disse que contrariavam os
direitos humanos básicos. A respon-
sabilidade anda a mudar do Ministé-
rio da Saúde, que foi quem respon-
deu pelo centro em 2011, na altura
deste relatório, e o Ministério dos
Serviços Sociais, que é quem é hoje
apontado como responsável.
Nestes cinco anos, houve duas mu-
danças, aponta uma reportagem da
semana passada da BBC: as barras
de madeira das jaulas foram pinta-
das de cores mais alegres, e há duas
meninas que vão à escola. De resto,
continua tudo na mesma.
Catarina descreve: o edifício tem
três pisos. No primeiro estão os re-
sidentes que têm alguma autono-
mia; são entre 20 e 30 e passam o
dia numa sala, juntos, embora sem
qualquer distracção ou actividade. À
noite são metidos nas suas jaulas. Os
restantes estão divididos nos outros
dois pisos, e estão sempre dentro das
suas jaulas, excepto quando passam
para estarem calmos, e os compri-
midos são caros”, argumenta. E na
Grécia há um problema com a aceita-
ção de pessoas com defi ciência. “Há
casos ali em que os pais e os funcio-
nários das maternidades disseram
às mães que os fi lhos morreram e
deixaram-nos aqui.”
Chamar a atençãoApesar de longe da Grécia, Catarina
continua ainda a fazer campanha e
a divulgar a situação dos residentes
neste centro. “Sei que para mudar
era preciso muito, mas gostava que
pelo menos não continuassem a
mandar pessoas para lá. Há pessoas
a viver neste sítio há 20 anos.” E “há
lá pessoas que poderiam ter a possi-
bilidade de ter uma vida diferente”.
A maioria dos que estão dados co-
mo incapazes não tem limitações fí-
sicas. Poderiam fazer uma vida mais
activa se tivessem alguns cuidados.
O facto de não saírem, não terem es-
tímulos, é que os deixa naquele es-
tado. “Em Espanha há pessoas com
síndrome de Down a estudar.”
Para Catarina Neves, o mais im-
portante era assegurar que quem
trabalha no centro tem formação
para lidar com pessoas com defi ciên-
cia, já que os que lá trabalham hoje
não têm, e não querem trabalhar ali.
Isso seria o início para, pelo menos,
mudar o foco da mera sobrevivência
das pessoas com o mínimo de pro-
blemas para os funcionários.
Mas a questão só fi ca sob os holo-
fotes uns instantes, para depois de-
saparecer. Foi assim em 2008, em
2011, e agora, com a reportagem da
BBC, uma crítica da Human Rights
Watch e uma petição. “No início tí-
nhamos dez antigos voluntários ac-
tivos” a fazer campanha pela melho-
ria das condições no centro. “Agora
somos duas.”
São alimentados através das grades, deitam-se em colchões forrados a plástico, vestem macacões de ganga. Lechaina fi ca na Europa e os responsáveis usam a crise para justifi car a desumanidade
Direitos humanosMaria João Guimarães
Quem lá vive foi abandonado. Nos
oito meses em que esteve no centro,
Catarina viu apenas uma visita: um
pai que foi ver um fi lho. “Disseram-
me que vai lá duas vezes por ano.”
Catarina Neves conta como inicial-
mente fi cou chocada com a atitude
de quem trabalha neste centro, tra-
tando tudo como normal. Mas ao
sair não conseguiu “apontar o dedo
a ninguém”. São seis funcionários
para 70 pessoas. Os directores ro-
dam — a actual já não é a que Cata-
rina conheceu. Vítima dos cortes, a
actual directora, Gona Tsoukala, não
recebe salário há um ano. Explica à
BBC: “Obviamente não devíamos ter
as jaulas, mas é impossível não as ter
com tão pouco pessoal no centro.”
Mas Catarina não culpa a crise
pela situação que se vive no centro.
“Penso que o problema é sobretudo
cultural”, diz. “Porque há residentes
que tomam 30 comprimidos por dia
uma meia hora cá fora com um dos
funcionários, o que acontece cerca
de duas vezes por semana.
AbandonadosSão alimentados com colheradas
através das grades (porque se os
funcionários entram dentro da jau-
la para os alimentar podem-se sujar,
e têm de ir lavar a roupa de segui-
da, lembra Catarina). Recebem dois
sumos por dia. “Tentámos que lhes
dessem água, mas responderam que
não havia copos sufi cientes e que
eles não podiam beber todos do
mesmo copo”, comenta Catarina.
Deitam-se em colchões forrados a
plástico — não há lençóis porque um
dos residentes morreu ao comer te-
cido, são vestidos com macacões de
ganga com um fecho atrás, para que
não possam tirar bocados. A casa de
banho são as fraldas, que os poucos
funcionários mudam.
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | MUNDO | 27
Netanyahu preparou uma versão mais suave da lei
O Governo israelita aprovou ontem
uma controversa lei que defi ne Israel
como um Estado judaico e que deve-
rá aumentar a tensão vivida no país.
Os opositores à lei falam em racismo
e temem maior discriminação dos
árabes israelitas.
O diploma identifi ca Israel como a
pátria dos judeus, institucionaliza a
lei judaica como uma fonte legislativa
e retira ao árabe o carácter de língua
ofi cial, passa apenas a contar com
um “estatuto especial”. A proposta
tem de ser aprovada pelo Knesset
(Parlamento), mas o mais provável
é que o diploma que venha a ter luz
verde seja uma versão mais suave,
elaborada pelo próprio primeiro-
ministro, Benjamin Netanyahu.
Segundo o jornal Yedioth, a versão
de Netanyahu não abrange a questão
linguística e refere-se a Israel como
um Estado judaico e democrático.
Os preceitos da proposta já se encon-
tram na Declaração da Independên-
cia de Israel, mas as preocupações
principais centram-se na ausência de
um garante do tratamento igualitário
para todos os cidadãos. A lei “colo-
ca os cidadãos árabes do Estado nu-
ma posição inferior ao estatuto dos
judeus, a quem também são dados
direitos colectivos”, nota o jornal Ha-
aretz em editorial.
Para os defensores da lei, a prio-
Governo de Netanyahu aprova lei que se refere a Israel como Estado judaico
ridade é a defesa do direito de auto-
determinação do povo judeu. “A lei
do Estado judaico é muito necessária
neste momento, não só para assegu-
rar a viabilidade a longo prazo de Is-
rael, mas também como percursora
de uma futura solução para a ampla
crise de legitimidade que mina to-
do o sistema de Estados no Médio
Oriente”, escreve no Times of Israel
o presidente do Instituto Herzl, Yo-
ram Hazoni.
A própria forma como o diploma
foi discutido na reunião do Conse-
lho de Ministros é sintomática do seu
carácter problemático. Apesar de a
proposta ter sido discutida à porta
fechada, os gritos dos ministros eram
“altos o sufi ciente para os repórteres
no corredor poderem ouvir grande
parte da discussão”, escreveu o Ti-
mes of Israel. O diploma foi aprovado
com o voto contra de seis ministros
da coligação — que abrange partidos
nacionalistas, sionistas, de centro e
de direita.
Yariv Levin, o deputado do Likud
(direita) que propôs o diploma, su-
blinhou a importância da decisão.
“Hoje demos um passo de signifi cado
histórico para fazer regressar Israel
às suas raízes sionistas, após anos de
danos contínuos feitos pelo sistema
de justiça aos princípios sobre os
quais este Estado foi fundado.”
Por trás da decisão de Netanyahu
está a crescente pressão dos secto-
res mais conservadores do Likud,
em plena convulsão interna e com
eleições primárias marcadas para o
início de Janeiro. O ministro das Fi-
nanças, Yair Lapid, que votou contra,
disse que a versão aprovada no Con-
selho de Ministros foi formulada com
“as primárias no Likud em mente”.
O procurador-geral, Yehuda Weins-
tein, foi uma das vozes mais críticas
em relação à nova lei, que diz colocar
em causa a natureza democrática de
Israel. Mesmo a versão mais suavi-
zada implica “mudanças signifi cati-
vas nos princípios fundadores da lei
constitucional”, afi rmou num artigo
publicado pelo site noticioso Walla.
Também as organizações árabes
criticaram a proposta que dizem
confi rmar “a institucionalização do
racismo, que é já uma realidade nas
ruas, tanto na lei como no coração
do sistema político”.
A decisão promete incendiar ainda
mais os ânimos entre os israelitas e a
comunidade árabe (entre 17% e 20%
da população), numa altura em que
se sucedem os episódios de violência
em Jerusalém. Na semana passada,
dois palestinianos mataram cinco ju-
deus num ataque a uma sinagoga.
PolémicaJoão Ruela Ribeiro
Coligação altamente dividida. Comunidade árabe corre o risco de ser discriminada, alertam críticos do diploma
Um agricultor da Faixa de Gaza foi
morto a tiro por soldados israelitas
estacionados na fronteira com aquele
território palestiniano, no primeiro
incidente mortal desde o cessar-fogo
acordado após 50 dias de guerra nes-
te Verão.
A morte foi anunciada pelas autori-
dades de saúde em Gaza, que identi-
fi caram a vítima como Fadel Moham-
med Halawa, de 32 anos. Um porta-
voz disse à AFP que o palestiniano
estava a cultivar as suas terras, junto
ao campo de refugiados de Jabalya,
Palestiniano mortoa tiro por soldadosna Faixa de Gaza
rockets contra o seu território, duran-
te a qual as Nações Unidas afi rmam
que mais de 2100 palestinianos e 67
soldados israelitas foram mortos. Os
rockets do Hamas mataram também
seis civis israelitas.
Este incidente surge num momen-
to de tensão elevada entre israelitas e
palestinianos depois de uma série de
ataques em Jerusalém e na Cisjordâ-
nia que mataram nove civis israelitas.
Acções aparentemente não coorde-
nadas mas que expressam a revolta
palestiniana com novos planos de co-
lonização do Governo israelita e uma
campanha de activistas de direita para
que os judeus possam rezar no recin-
to conhecido por Pátio das Mesquitas.
Ontem, uma casa de palestinianos
junto a Ramallah foi incendiada e a
inscrição “Morte aos árabes” inscrita
numa das paredes. Ninguém fi cou fe-
rido, mas o proprietário da habitação
atribui o ataque a colonos israelitas.
no Norte de Gaza, quando foi alveja-
do por um sentinela militar israelita.
Mas familiares de Halawa contaram à
Reuters que o homem tinha ido pro-
curar pequenos pássaros que fazem
ninho em árvores situadas próximo
da fronteira, muito procurados nos
mercados de Gaza.
Israel retirou-se da Faixa de Gaza
em 2005, mas o seu Exército con-
tinua a controlar a fronteira, tendo
imposto zonas de exclusão numa
parcela de território junto à veda-
ção electrifi cada, por receio de in-
fi ltrações ou atentados contra as suas
patrulhas.
O incidente é o primeiro desde que
a 26 de Agosto um acordo de cessar-
fogo mediado pelo Egipto pôs fi m ao
mais recente embate entre o Exér-
cito israelita e as forças do Hamas,
movimento palestiniano que con-
trola o território. Israel lançou uma
incursão para pôr fi m ao disparo de
Médio Oriente
O incidente, o primeiro desde o conflito do último Verão, coincide com momento de tensão elevada na região
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28 | CIÊNCIA | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
Telemóveis fornecem mapas da densidade populacional portuguesa quase em tempo real
Bastaram registos anónimos de milhões de chamadas móveis para se conseguir cartografar as deslocações dos portugueses no dia-a-dia, ao fi m-de-semana ou nas férias. A técnica poderá ser utilizada, por exemplo, em caso de urgência humanitária ou de catástrofe natural, em regiões do mundo onde não existem dados demográfi cos fi áveis ou actualizados
As grandes cidades
portuguesas esva-
ziam-se em Julho e
Agosto, com toda a
gente fugir para as
praias — sobretu-
do as do Algarve. A
maioria dos portu-
gueses trabalha em
meio urbano — e,
ao fi m-de-semana, muitos citadinos
vão passear para o campo ou para a
serra. Uma equipa internacional de
cientistas conseguiu visualizar estes
movimentos populacionais, com uma
resolução espacial e temporal sem
precedentes, simplesmente com base
em milhões de dados (anónimos) da
actividade de utilizadores de telemó-
veis residentes em Portugal. Os seus
resultados foram publicados recen-
temente na revista Proceedings of the
National Academy of Sciences.
Saber onde estão as pessoas num
dado território é muito importante
— por exemplo em caso de catástrofe
natural, de epidemia ou de confl ito
armado. Normalmente, a cartografi a
da densidade populacional é obtida
a partir dos censos. Mas, para além
de os censos nacionais serem caros
e espaçados no tempo (em Portugal,
faz-se um censo nacional de dez em
dez anos), eles só fornecem uma
imagem estática da distribuição da
população.
E mais: ao passo que os países
mais desenvolvidos realizam regu-
larmente censos, há zonas inteiras
do mundo onde as autoridades da
protecção civil ou os responsáveis
pela saúde pública locais não sabem
ao certo quantos habitantes há e co-
mo se distribuem geografi camente.
Nomeadamente em África, onde se
situam alguns dos países mais po-
bres e, portanto, mais vulneráveis
em situações de emergência huma-
nitária.
É fácil perceber o quão difícil se
torna, na ausência de dados de dis-
tribuição geográfi ca das populações,
montar efi cientemente o combate a
epidemias como o ébola ou a malá-
ria em localidades remotas ou junto
de comunidades isoladas — ou ainda
a assistência alimentar ou sanitária
aos refugiados vindos de zonas de
confl ito.
As imagens de detecção remota
por satélite têm permitido melhorar
muito o conhecimento desta “geo-
grafi a” das populações humanas. Em
particular, permitem distinguir zonas
urbanas, rurais, montanhosas, de-
sertas ou fl orestais, bem como, nas
zonas construídas, os prédios altos,
baixos, as moradias... Daí que, com
base no censo, seja possível estimar
a densidade da população em cada
área com um maior nível de porme-
nor graças às imagens fornecidas por
satélites.
Mas Andrew Tatem, da Univer-
sidade de Southampton (Reino
Ana GerschenfeldUnido), juntamente com colegas
da Bélgica, França, EUA e Suécia,
quiseram saber se a informação de
localização constantemente recolhi-
da, em todo o mundo, pelas antenas
que permitem a comunicação en-
tre telemóveis poderia ser utilizada
para obter este tipo de estimativas
de forma mais económica, rápida
e precisa.
Hoje em dia, fazem notar estes
autores no seu artigo, a taxa de pe-
netração dos telemóveis nos países
desenvolvidos atinge os 121%. E nos
países em desenvolvimento, a mé-
dia é de 90% e continua aumentar.
Mesmo em países como a Repúbli-
ca Democrática do Congo, onde o
último censo remonta a 1984, 69%
da população já tem telemóvel (em-
bora possa aqui haver um certo ní-
vel de enviesamento em função da
categoria socioeconómica das pes-
soas, admitem os cientistas).
Todavia, “a abordagem [via tele-
móveis] signifi caria uma melhoria
substancial no conhecimento da
distribuição da população naquele
país”, escrevem. Entre não ter ne-
nhuma informação fi dedigna e saber
onde estão os donos de telemóveis
— que representam mais de dois ter-
ços da população —, a melhor opção
parece clara.
Satélites ou antenas?Para realizar o estudo, os cientistas
utilizaram milhões de registos de
chamadas móveis fornecidos por
operadores de telecomunicações
móveis de Portugal e França. “Em
Portugal, tivemos acesso aos da-
dos de dois milhões de utilizadores
(cerca de 20% da população) e em
França aos de 17 milhões de utiliza-
dores (perto de 30% da população)”,
disse ao PÚBLICO Catherine Linard,
co-autora da Universidade Livre de
Bruxelas (Bélgica). Porquê Portugal?
“Escolhemos Portugal simplesmente
porque tínhamos acesso a uma base
de dados de chamadas e os dados do
censo português são sufi cientemente
precisos”, explica a cientista.
Os dados de recenseamento são
necessários para calibrar os parâme-
tros do método que permite mapear
a população a partir das chamadas
móveis. E serão sempre necessários,
salienta ainda, uma vez que os com-
portamentos ligados à utilização do
telemóvel podem evoluir. “Precisa-
mos deles nem que seja para conhe-
cer o número total de habitantes” de
um país.
O método dos telemóveis tem con-
tudo uma clara vantagem em relação
ao das imagens de satélite: é mais ro-
busto quando não há dados de re-
censeamento, diz Catherine Linard.
Claro que é sempre melhor dispor
desses dados, mas mesmo quando
eles não existem, consegue-se obter
uma boa estimativa da população di-
rectamente a partir dos registos de
chamadas e da taxa de penetração
dos telemóveis. Algo que não é possí-
vel com o método da detecção remo-
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | CIÊNCIA | 29
Distribuição da população(pessoas por km2 )
Período de trabalho
Férias em Julho e Agosto
12000
76000
Fonte: Catherine Linard e PÚBLICO
Onde estão os portugueses quando trabalham e vão de férias?ta, em que o cálculo das densidades
populacionais só pode ser feito com
base nos censos.
Voltando ao estudo, os dados de
telemóveis utilizados pelos cientistas
eram registos (tornados anónimos
pelo operador) de chamadas efec-
tuadas ao longo de vários meses em
2007 e 2008. “Cada vez que uma
pessoa faz uma chamada, o seu te-
lemóvel envia informação para uma
antena receptora, fornecendo a sua
localização aproximada”, explica An-
drew Tatem em comunicado da sua
universidade. “E quando essa infor-
mação é enviada múltiplas vezes por
milhões de utilizadores, consegui-
mos dali extrair uma imagem porme-
norizada da densidade da população
e da sua variação ao longo do tempo
numa dada área.”
Os cientistas também geraram
mapas com base nos mais recentes
censos de França e Portugal, cujos
dados lhes foram fornecidos, respec-
tivamente, pelo Instituto de Estatís-
tica e Estudos Económicos francês
(INSEE) e pelo Instituto Nacional de
Estatística português (INE). E cons-
tataram que os mapas de telefone
móvel eram semelhantes aos mapas
baseados nos censos. O novo método
fornecia, portanto, resultados coe-
rentes com a realidade.
Também compararam a qualidade
dos mapas de telefone móvel à dos
mapas obtidos a partir de dados de
detecção remota por satélite. “Em
geral, o método baseado nas imagens
de satélite possui uma melhor resolu-
ção espacial, mas isso também varia
de uma região para outra, porque a
resolução espacial do método dos
telemóveis depende da densidade
das antenas”, explica ainda Cathe-
rine Linard.
“Nas zonas urbanas, essa densi-
dade é alta e portanto a resolução
dos telemóveis é melhor do que a
das imagens de satélite e do que os
dados de recenseamento. Mas nas
zonas rurais, a resolução dos telemó-
veis é nitidamente inferior.”
Seja como for, a escalas pequenas
e em zonas urbanas, a abordagem
dos cientistas revelou-se poderosa
em termos de resolução espacial. Vê-
se isso muito bem na zona da Gran-
de Lisboa, por exemplo, quando se
compara o mapa obtido à escala das
freguesias a partir do censo portu-
guês com o mapa obtido a partir
dos dados de telefone móvel e dos
de imagens por satélite (ver imagem
em baixo).
“No nosso artigo, também evo-
camos a possibilidade de combinar
os dois métodos (telemóveis e ima-
gens de satélite) para optimizar os
mapas”, frisa Catherine Linard.
Os mapas com base nos telemóveis
apresentam, porém, uma vantagem
única: não são estáticos e permitem
revelar as variações ao longo do tem-
po da densidade da população de um
país quase em tempo real.
dos mapas é muito rápida”, respon-
de-nos Catherine Linard. “Podem ser
obtidos em menos de uma hora.”
E foi desta forma que os cientis-
tas conseguiram comparar as den-
sidades de população em Portugal
e França de dia e à noite, durante a
semana e ao fi m-de-semana, duran-
te o Verão e o resto do ano — e daí
deduzir os padrões temporais da de-
mografi a portuguesa que referimos
no início deste texto.
Mapear o mundoA equipa está neste momento a
tentar estender o seu trabalho a
regiões mais pobres, por exemplo
para combater a malária na Namí-
bia, identifi cando as comunidades
mais expostas à doença, lê-se no
comunicado. E mais recentemen-
te tem utilizado dados de telemó-
veis para ajudar as autoridades
dos países de África Ocidental a
prever o alastramento do vírus do
ébola (quanto maior a densidade
populacional, maior o risco de
contágio).
“O método que testámos em
França e Portugal poderia ser
aplicado imediatamente a outros
países europeus”, diz-nos Catheri-
ne Linard. Pelo contrário, noutros
contextos (por exemplo, em Áfri-
ca) é preciso fazer alguns ajusta-
mentos. “Em particular, devemos
ter em conta os enviesamentos so-
cioeconómicos: uma região pobre
poderá ser sub-representada de-
vido à menor de penetração dos
telemóveis. Também é preciso
considerar as diferenças de com-
portamento dos utilizadores de
telemóveis, que fazem com que,
em certas regiões, os SMS sejam
mais utilizados do que as chama-
das de voz.”
A equipa já está em contacto
com operadores de telemóveis na
Namíbia, Senegal, Costa do Mar-
fi m e Quénia, que também lhes
estão a fornecer dados para fi ns
de investigação científi ca. Porém,
ainda não foram feitos contactos
com os organismos nacionais de
protecção civil. “Estamos actual-
mente a testar o nosso método na
Namíbia — e eu diria que ele pode-
rá estar operacional daqui a uns
meses”, diz Catherine Linard.
O estudo também mostra, con-
cluem os autores, que é possível
utilizar dados vindos dos opera-
dores de comunicações móveis
“garantindo a privacidade dos
utilizadores de telemóveis” — uma
questão ética e de respeito das li-
berdades que tem constituído um
obstáculo a este tipo de investi-
gação. E escrevem que uma apli-
cação como esta, “com dados de
telemóveis agregados e tornados
anónimos”, tem o potencial de
“fornecer, todos os meses, mapas
exactos da distribuição da popu-
lação em todos os países”.
“O mapeamento de populações
[mesmo a partir de imagens de saté-
lite] tem sido até aqui constrangido
pela logística dos censos, que ape-
nas fornecem um ‘instantâneo’ da
distribuição populacional de dez em
dez anos”, diz Andrew Tatem no já
referido comunicado. “Pelo contrá-
rio, os registos anónimos das chama-
das móveis podem ser examinados
regularmente para mapear altera-
ções diárias, semanais ou mensais
à escala de todo um país, a menor
custo e com maior fl exibilidade.”
Quanto tempo demora um mapa a
ser gerado? “Uma vez disponíveis os
dados de telefone móvel, a produção
A distribuição da população na região da Grande Lisboa mapeada com base no último censo (à esquerda), nas chamadas de telemóvel (ao centro) e nas imagens de satélite (à direita)
30 | CULTURA | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
Há 55 anos, Lisboa festejava o seu grande hotel de luxo
O mestre ceramista Querubim La-
pa entra calmamente pelo hall do
Hotel Ritz, em Lisboa, virando a ca-
beça para um lado e para o outro,
observando o espaço à sua volta.
Há mais de uma década que não
vinha aqui, mas agora, a propósito
do artigo que o PÚBLICO estava a
preparar para o 55.º aniversário do
hotel — a inauguração foi a 24 de
Novembro de 1959 —, os responsá-
veis do Ritz convidaram-no a voltar
para ver a obra que há mais de meio
século criou para uma coluna no
fi nal de uma belíssima escadaria.
“Era uma coluna de suporte, e
o que o arquitecto pensou foi em
disfarçá-la”, conta, satisfeito por
este regresso inesperado. “Está
num sítio muito visível, quem en-
tra no salão [na parte de baixo do
hotel] passa pela coluna”. Já não se
recorda exactamente desses dias
em 1959 que terá passado aqui a tra-
balhar. Sabe que havia vários outros
artistas a circular pelo hotel — uma
das características do Ritz é preci-
samente o facto de, como salienta a
arquitecta Ana Magalhães, que nos
acompanha nesta visita, ser uma es-
pécie de “museu”, tal a quantidade
de obras de arte que alberga.
“Este foi o hotel que naquela épo-
ca mais decoração teve”, confi rma
Querubim Lapa. “E acho que mes-
mo depois nunca se fez um hotel
com tanta colaboração de artistas
tão diversos. Aqui a decoração nas-
ce com a própria construção do ho-
tel.” Mas desse rodopio de artistas
não se recorda bem. Estava concen-
trado no trabalho na sua coluna,
explica enquanto atravessamos o
Salão Almada, com as grandes tape-
çarias de Almada Negreiros. Saímos
por um momento para o exterior,
a ampla varanda de onde se vê o
Parque Eduardo VII, em frente, e,
mais à direita, a Rotunda do Mar-
quês de Pombal.
“Este hotel é um compromisso
entre a modernidade e a tradição.
É um edifício moderno, mas é um
moderno tardio”, explica Ana Ma-
galhães. “Naquela altura não havia
nenhum grande hotel em Lisboa,
havia um de luxo, o Hotel Aviz, mas
era de pequenas dimensões. Desde
há muito tempo que havia este de-
sejo de fazer um grande hotel de
luxo, e esta era a zona de cresci-
mento da cidade.”
A ideia partiu de um construtor
civil, Casimiro Antunes Paulo, que,
através do Secretariado Nacional de
Informação (SNI), começa a pedir
apoio ao Governo. “Manda uma sé-
rie de cartas, mas numa primeira
fase ninguém lhe liga nenhuma, até
que, a determinada altura, a pro-
posta chega aos ouvidos de Salazar.
E, de repente, passa a ser um tema
interessante.”
Projecto Casa do ImpérioJá na altura da Exposição do Mun-
do Português, em 1940, em plena II
Guerra Mundial, o Governo pensara
na necessidade de ter um hotel pa-
ra receber os eventuais turistas. “A
ideia era chamar-lhe Casa do Impé-
rio, mas acabou por nunca se con-
cretizar”, recorda a arquitecta, que
fez uma tese sobre o Hotel Ritz.
Mas, terminada a guerra, e com a
Europa em recuperação, “o turismo
era uma actividade económica em
expansão”. Salazar adere, portan-
to, à ideia. Forma-se um consórcio
de capitalistas (em que se destacam
as famílias Espírito Santo e Queiroz
Pereira), e o projecto é entregue ao
arquitecto Porfírio Pardal Monteiro,
autor, entre outros, da Biblioteca
Nacional, ou da Cidade Universi-
tária. “Era o arquitecto óbvio para
uma obra como esta”. Mas morrerá
em 1957, antes de a ver terminada.
Conta, no entanto, com uma equipa
de arquitectos mais jovens, entre os
quais Jorge Ferreira Chaves e Rodri-
go Santana, que desempenharão
um papel importante, como o pró-
prio Pardal Monteiro reconhece.
Com baile, banquete e festa até de madrugada, inaugurou há 55 anos o histórico Hotel Ritz de Lisboa, projecto do arquitecto Pardal Monteiro, decidido por vontade de Salazar, para um país que, no pós-guerra, se queria modernizar e abrir ao turismo
TurismoAlexandra Prado Coelho
Uma das características do Hotel Ritz é o facto de ser uma espécie de “museu”, tal a quantidade de obras de arte que alberga
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | CULTURA | 31
Estão reunidas as condições para
avançar para o projecto ao qual ini-
cialmente se pensou chamar Palá-
cio da Rotunda. Em primeiro lugar,
a localização: o terreno escolhido
era ideal, “era uma escolha que fa-
zia todo o sentido, o Marquês de
Pombal ia ser o novo centro em-
presarial da cidade, e além disso o
terreno fi cava próximo da recém-
construída auto-estrada em direc-
ção a Cascais, e não muito longe do
aeroporto de Lisboa, dois pontos
importantes para o turismo.”
Querubim Lapa também se lem-
bra da impressão que causou. “As
pessoas aderiram logo, o que é
curioso. É um volume enorme, dá
O projecto do Ritz é um paralelepípedo levantado sobre pilotis, o que dá a impressão de leveza a um edifício muito grande
FOTOS: ENRIC VIVES-RUBIO
muito nas vistas, quando passáva-
mos no Marquês víamos logo o Ritz,
o grande hotel.”
Depois, o Governo criou condi-
ções excepcionais. Ana Magalhães
recorda: “Ficou assegurado que du-
rante vinte anos não se pagavam
impostos sobre o terreno, e os cons-
trutores estavam também isentos
dos direitos alfandegários sobre
tudo o que importavam, desde os
mármores, que vieram da Escandi-
návia, aos pianos, ao mobiliário.”
E, por fi m, havia os artistas. Pa-
ra além do extraordinário trabalho
de decoração feito pela Fundação
Ricardo Espírito Santo, havia a arte
encomendada especialmente para
o local. O que, aliás, não foi com-
pletamente pacífi co. “O movimen-
to moderno falava da obra global,
da integração das artes”, conta a
arquitecta. “E o facto de aqui a in-
tervenção artística ser mais decora-
tiva, ser mais uma justaposição do
que uma integração, levou a que
surgissem críticas da geração mais
jovem. O [pintor] Nikias Skapinakis
chamou-lhe mesmo uma ‘manta de
retalhos’”.
Para a inauguração do Ritz foi
organizado um baile de gala para
dois mil convidados. “O país vi-
brou, as grandes lojas de alta cos-
tura encheram-se, jóias há muito
esquecidas foram retiradas dos
seus estojos. Mais de uma centena
de estrangeiros chegaram dos mais
variados países para essa noite de
festa. Uma ceia memorável, conce-
bida por Pierre Gachet, foi servida
com os pratos mais sofi sticados. As
baixelas vindas de Paris brilharam
em uníssono com os cristais dese-
nhados especialmente para o ho-
tel num décor memorável”, escreve
Helder Carita no livro Ritz – Quatro
Décadas de Lisboa, editado para as-
sinalar os 40 anos.
O contrato de exploração foi as-
sinado com Georges Marquet, pre-
sidente da sociedade Les Grands
Hotels Européens, que, segundo
Carita, se empenha em ajudar a
conceber o “hotel perfeito”. Havia
boutiques, uma barbearia, restau-
rantes e até uma boîte com duas or-
questras, a Carrossel, que encerrou
em 1974. “Opulento de grandeza,
o Hotel Ritz” foi o título da notícia
do jornal O Século a propósito da
inauguração. E, três anos depois,
o Ritz era capa da revista Life num
artigo sobre os novos hotéis de luxo
no mundo.
Uma coluna-totemContinuamos a percorrer os espa-
ços, passamos em frente à sala de
refeições com duas paredes-janelas
abrindo-se ao exterior, atravessa-
mos um longo corredor do qual
se vê, à nossa direita e em baixo,
o Salão Nobre, encontramos uma
parede com um cartão de Pedro
Leitão e lacagem de António Louro
de Almeida, descemos a escadaria
cheia de efeito cénico, e chegamos
fi nalmente à coluna do mestre ce-
ramista. Querubim observa-a aten-
tamente, acha-a bem preservada,
e diz que, apesar de não a ver há
muito tempo, se lembrava perfei-
tamente dela.
“Este rosto, talvez a luz”, diz,
referindo-se a umas das fi guras da
coluna, “está voltado para quem
desce as escadas, o outro rosto está
voltado para a grande sala. É uma
coluna que pode ser vista por di-
versos ângulos. É uma composição
fragmentada. E porquê? Porque é
vista de passagem e por isso nunca
temos a noção da totalidade dela.
Tem um ar de totem. Não temos a
sensação de que está ali para escon-
der uma coluna”. Confessa que es-
sa foi a sua principal preocupação.
Mas, passado meio século, continua
a achar que foi um trabalho conse-
guido — o seu e o dos outros artis-
tas. “Havia a necessidade de encon-
trar uma decoração para que estes
espaços não vivessem silenciosos.
Porque elas falam. A obra de arte
fala connosco, faz-nos parar. Uma
das virtudes da obra de arte é essa,
podemos parar, olhar e pensar.”
E, no caso do Ritz, faz todo o sen-
tido falar nesta ideia de um percur-
so pontuado por obras de arte, que
nos vão acompanhando, distraindo,
surpreendendo. Voltamos a ouvir
Ana Magalhães: “É muito eviden-
te aqui a ideia de percurso, que
podemos associar ao [arquitecto
francês] Le Corbusier e à sua pro-
menade architecturale que, no fun-
do, é o que fazemos aqui quando
percorremos estes espaços. É um
percurso que se vai descobrindo
pela arquitectura.”
Um dos espaços em que melhor
percebemos isso, e de uma forma
surpreendentemente discreta, é nas
escadas de serviço junto à zona dos
quartos, que quase ninguém utili-
za porque geralmente os hóspedes
usam o elevador. É até aí que Ana
Magalhães nos leva para mostrar
como as janelas rasgadas na pare-
de exterior nos vão revelando, de
diferentes ângulos e conforme o
ponto de onde olhamos, a cidade
lá fora.
Depois, há o facto de a entrada
não ser evidente. “O terreno tem
uma certa inclinação, e a entrada
principal do hotel é feita pela Rodri-
go da Fonseca, uma rua secundária
que foi escolhida por ser mais res-
guardada e ter menos trânsito. Pela
Rua Castilho faz-se apenas a entra-
da para o salão de festas, que está
dois pisos abaixo.” O que temos,
no projecto do Ritz, é um parale-
lepípedo levantado sobre pilotis,
o que dá a impressão de leveza a
um edifício muito grande.
“O grande problema deste ter-
reno era a exposição aos ventos”,
conta Ana Magalhães. “Pardal Mon-
teiro cria estas varandas, em vez de
abrir as janelas na fachada, criando
assim um espaço de recuo que pro-
tege os quartos do vento. Mas isto
era uma justifi cação, porque o que
resulta é a imagem do edifício com
estas caixas e este claro-escuro que
se vê na fachada do Ritz.” É destas
varandas dos quartos, visto de ci-
ma, que o jardim elevado, voltado
para a Rua Castilho, frente ao Par-
que Eduardo VII, ganha a sua maior
expressão. “Foi desenhado precisa-
mente para ser visto de cima”.
Subimos ainda até à cobertura,
à zona onde posteriormente foi
instalado o spa, e, saindo para o
exterior, descobrimos, olhando
para cima, e agora muito perto de
nós, as grandes letras com a pala-
vra RITZ.
Uma última coisa, que não é visí-
vel para a maioria das pessoas, mas
que é fundamental para se perceber
o Ritz, é “a quantidade de espaços
que não se vêem, que estão nos bas-
tidores e que garantem a qualidade
do serviço”, diz Ana Magalhães. Há,
por exemplo, 16 elevadores, quatro
para os hóspedes, e 12 de serviço,
há sete entradas, das quais apenas
duas dos hóspedes, há toda uma
estrutura escondida que permite
o funcionamento de tudo.
O edifício do Ritz é um museu,
mas é também uma efi caz “máqui-
na de habitar”. Moderna há mais
de meio século.
CulturaVer vídeo emwww.publico.pt
O projecto do Hotel Ritz foi entregue ao arquitecto Porfírio Pardal Monteiro, autor, entre outros, da Biblioteca Nacional e da Cidade Universitária. “Era o arquitecto óbvio para uma obra como esta”, diz a arquitecta Ana Magalhães. Mas morreria em 1957, antes de a ver terminada
32 PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014CLASSIFICADOS Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19HSábado 11H às 17H
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Anúncio n.º 01/2014HASTA PÚBLICA
Atribuição da Concessão de Espaços Comerciaisno Mercado Municipal de Loulé
A Loulé Concelho Global, E.M., na qualidade de entidade gestora do Mercado Mu-nicipal de Loulé, no âmbito das competências delegadas pela Câmara Municipal de Loulé, torna público que, no dia 17 de dezembro de 2014, vão ser concessionados espaços comerciais, constituídos por 05 módulos, no Mercado Municipal de Loulé, em regime de ocupação permanente, através da modalidade de hasta pública, de acordo com o disposto no n.º 1, do art.º 11.º e 12.º, do Regulamento dos Mercados Municipais do Concelho de Loulé.
1. ENTIDADE CONCEDENTEA entidade concedente é a Loulé Conce-lho Global, E.M., Unipessoal, S.A., com sede na Praça da República - Mercado Municipal, 8100-270 Loulé, telefone 289401080 e endereço de correio eletró-nico: [email protected]. ESPAÇOS A CONCESSIONAR E VALOR-BASE DE LICITAÇÃO2.1 Os espaços a concessionar e o valor-base de licitação são os seguintes:Bancas n.ºs 8 e 10 .........................€550,00Bancas n.ºs 45 e 49 .......................€800,00Banca n.º 79 ...............................€1.200,002.2 O valor da adjudicação será acrescido de IVA à taxa legal em vigor.2.3 As propostas apresentadas devem indicar um valor superior à base de licita-ção, não sendo admitidas propostas cujo valor seja igual ou inferior ao valor-base indicado.2.4 O valor de cada lanço será de €50,00 (cinquenta euros).3. CONSULTA E INFORMAÇÕES3.1 O programa do procedimento e o caderno de encargos, assim como o Re-gulamento dos Mercados Municipais do Concelho de Loulé, encontram-se dis-poníveis para consulta no Gabinete Ad-ministrativo do Mercado Municipal de Loulé, durante o horário de expediente, desde a data do respetivo anúncio até à data de entrega das propostas, e no sítio de internet do Mercado Municipal de Loulé, através do endereço www.lcglo-bal.pt.3.2 Durante o prazo que decorre entre a publicação do anúncio e a data da reali-zação da hasta pública, todos os interes-sados poderão, no horário de expediente do Mercado Municipal de Loulé, visitar os espaços comerciais que vão ser objeto de hasta pública.4. FORMA E LOCAL DE APRESEN-TAÇÃO DA PROPOSTA4.1 A proposta deve ser elaborada de acordo com o programa do procedimen-to e entregue diretamente (por mão pró-pria), acompanhada da guia de entrega da proposta (anexo II do programa do procedimento), no Mercado Municipal de Loulé - Gabinete Administrativo - Praça da República, 8100-270 Loulé, nos
dias úteis e aos sábados, das 09:00h às 17.30h, ou através dos CTT, sob registo e com aviso de receção.4.2 No caso de a proposta ser remetida pelo correio, o interessado será o único responsável pelos atrasos que porventura ocorram, não podendo apresentar qual-quer reclamação, caso a entrada dos do-cumentos se tenha verifi cado após o pra-zo fi xado para a entrega das propostas.5. PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DA PROPOSTAA proposta e os documentos que a acom-panham devem ser entregues, da forma e no local de apresentação da proposta, até às 17.30 horas, do dia 16 de dezembro de 2014.6. LOCAL, DATA E HORA DA PRA-ÇAO ato é público e terá lugar na Biblioteca Municipal de Loulé - Sofi a Mello Brey-ner - Sala Polivalente, sita na Rua José Afonso, em Loulé, no dia 17 dezembro, pelas 10.00H.7. CONDIÇÕES DE PAGAMENTO7.1 No acto de adjudicação provisória, o adjudicatário deverá proceder de imedia-to ao pagamento de 25% (vinte e cinco por cento) do valor da adjudicação, em numerário ou através de cheque emiti-do à ordem da Loulé Concelho Global, E.M., Unipessoal, S.A.7.2 Os restantes 75% (setenta e cinco por cento), podem ser liquidados a pronto ou em prestações trimestrais, até o máximo de três, sendo estas acrescidas de juros à taxa aplicável ao pagamento de dívidas ao Estado. 7.3 O pagamento da arrematação será efetuado através de cheque ou transfe-rência bancária.7.4 A concessão dos espaços comerciais fi ca sujeito ao pagamento de uma taxa mensal, de acordo com o estipulado no Regulamento e Tabela de Taxas e Licen-ças da Câmara Municipal de Loulé.8. Recomenda-se aos interessados a lei-tura atenta do presente anúncio, do pro-grama do procedimento e do caderno de encargos.Loulé, 01 de dezembro de 2014.
O Conselho de Administração
Empresa Municipal
COMARCA DE LISBOA OESTE
Cascais - Inst. Local- Secção Cível - J3
Processo: 1793/14.3T8CSC
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Comarca de Lis-boa Oeste - Ministério Público de CascaisRequerido: Ricardo Nuno Cas-tanho CarochinhoFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerido Ricardo Nuno Castanho Carochinho, com residência em domicílio: Rua Raúl Solnado, N.º 17 - R/c D, Polima, 2785-350 S. Domingos de Rana, para efeito de ser de-cretada a sua interdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 85186539
Cascais, 20-11-2014.
A Juíza de DireitoDr.ª Ana Rodrigues da Silva
A Ofi cial de JustiçaMaria José Ventura
Público, 24/11/2014
TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE
LISBOA OESTECascais - Instância Local
- Secção Cível - Unidade Orgânica 1Processo: 841/14.0T8CSC
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blico de CascaisRequerido: Pedro Miguel Lúcio de Sousa CostaFaz-se saber que foi distri-buída neste tribunal, a acção de Interdição / Inabilitação em que é requerido Pedro Miguel Lúcio de Sousa Cos-ta, com domicílio em: Rua Vasco da Gama, 13, São João do Estoril, 2765-512 Estoril, para efeito de ser de-cretada a sua interdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 84928604
Cascais, 10-11-2014.
A Juíza de DireitoMaria Madalena Martins
LopesA Ofi cial de Justiça
Clara Martins
Público, 24/11/2014
TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE
LISBOA OESTECascais - Instância Local
- Secção Cível - Unidade Orgânica 1Processo: 839/14.0T8CSC
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Isabel Maria Leitão Belo Salgueiro de Almeida Ri-beiroFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal a acção de Inter-dição / Inabilitação em que é re-querida Isabel Maria Leitão Belo Salgueiro de Almeida Ribeiro, fi lha de Emanuel Francisco Co-trim Belo Salgueiro e de Maria Hortência Conceição Courela Belo Tavares Leitão Salgueiro, nascida em 09-10-1944, domicí-lio: Rua Ribeira das Vinhas, N.º 3 - 2.º Dt.º, 2750-477 Cascais, para efeito de ser decretada a sua in-terdição por anomalia psíquica.N/ Referência: 85022523Cascais, 13-11-2014.
A Juíza de DireitoMaria Madalena Martins Lopes
O Ofi cial de JustiçaJorge Manuel Salvador Santos
Público, 24/11/2014
ANNE THERAPY -Consultório de massa-gens. À descoberta dospontos erógenos. Lisboa.Tel.: 918 047 446
COMARCA DE COMARCA DE LISBOA OESTELISBOA OESTECascais - Inst. Local- Secção Cível - J2
Processo: 838/14.1T8CSC
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerido: Bernardino de Car-valho Palmeirão dos SantosFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Inter-dição / Inabilitação em que é requerido Bernardino de Car-valho Palmeirão dos Santos, fi lho(a) de Abel dos Santos e de Armanda Dionísia Sousa Carvalho Santos, nascido(a) em 26-04-1970, domicílio: Rua Amílcar Cabral, n.º 49, Viv.ª Mariscas B, 2775-012 Cascais, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 85023590
Cascais, 13/11/2014
A Juíza de DireitoDr.ª Luciana MateusO Ofi cial de Justiça
Jorge Manuel Salvador Santos
Público, 24/11/2014
COMARCA DE LISBOA NORTE
Loures - Inst. Local- Secção Cível - J3
Processo: 6000/14.6T8LRS
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Públi-co - LouresRequerida: Ivone de Jesus Chiote PintoFaz-se saber que foi distribu-ída nesta Comarca, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Ivone de Jesus Chiote Pinto, com re-sidência em domicílio: Bairro Dr. Mário Moreira, 198, 1675-000 Pontinha, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.
N/ Referência: 120502887
Loures, 12-11-2014.
A Juíza de DireitoDr.ª Fernanda Coelho
A Ofi cial de JustiçaFilomena de Jesus
Pécurto Bilro
Público, 24/11/2014
COMARCA DE COMARCA DE LISBOA OESTELISBOA OESTECascais - Inst. Local- Secção Cível - J3
Processo: 4814/14.6TBCSC
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Arminda Gon-çalves Vicente VarelaRequerida: Maria Juliana Constantino GonçalvesFaz-se saber que foi distri-buída neste tribunal, a ação de Interdição/Inabilitação em que é requerida Maria Juliana Constantino Gon-çalves, com residência em domicílio: Rua Doutor João de Barros, 183, 2750-567 CASCAIS, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.
N/ Referência: 85063286
Cascais, 14/11/2014
A Juíza de DireitoDr.ª Ana Rodrigues da
SilvaA Ofi cial de JustiçaMaria José Ventura
Público, 24/11/2014
Pelo presente aviso a Universidade do Minho dá a co-nhecer que vai ser publicitada, na Bolsa de Emprego Pú-blico, a abertura do procedimento concursal para sele-ção de candidato, tendo em vista o provimento no cargo de Chefe de Divisão do Gabinete de Apoio ao Ensino.
O AdministradorPedro J. Camões
AVISOM/FDireção de Recursos Humanos
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e sábados das 11h às 17hEdifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte,
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34 | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
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CINEMALisboa @CinemaAv. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 14h10, 16h40, 19h10, 21h50 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 13h25, 16h, 18h35, 21h30; Interstellar M12. 15h25, 17h50, 21h20; De Qualquer LugarM16. 13h40, 15h40, 21h50; Belle M12. 13h20, 15h15, 18h45; The Deep - Sobrevivente M12. 13h10, 19h40; Os Maias M12. 21h40; Os Gatos Não Têm Vertigens 17h20 Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295Fado Camané M6. 16h15; Interstellar M12. 21h15; A Viagem a Itália M12. 14h15, 17h30; Campo de Flamingos sem Flamingos M12. 19h30 CinemaCity Campo PequenoCentro de Lazer do Campo Pequeno. T. 217981420Os Monstros das Caixas M6. 13h25, 15h35, 17h25 (V.Port.); Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 13h45, 15h40, 17h40; Serena M12. 13h20, 15h25, 19h20, 21h45, 00h05; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 13h25, 15h20, 16h, 17h55, 18h35, 21h30, 22h, 00h10, 00h30; Interstellar M12. 15h30, 17h35, 21h, 21h40, 23h55; Belle M12. 13h15, 15h45, 17h50, 19h55; Em Parte Incerta M16. 17h55, 21h30; Dei-te o Melhor de Mim 13h35; John Wick M16. 13h30, 15h55, 19h30, 21h55, 00h20; O 7.º Anão - O Pequeno Herói M6. 13h35 (V.Port.); Annabelle M16. 00h30; Fúria M16. 21h35, 00h20; Get On Up: A História de James Brown M12. 18h50 Cinemas Nos Alvaláxia Est. José Alvalade, Campo Grande. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 16h, 18h45, 21h30; Serena M12. 16h10, 18h40, 21h10; John Wick M16. 16h20, 18h55, 21h20; Os Gatos Não Têm Vertigens 16h05, 18h55, 21h40; Em Parte Incerta M16. 17h, 21h; Interstellar M12. 16h50, 20h40; Annabelle M16. 21h45; Os Monstros das Caixas M6. 15h50, 18h10 (V.Port.); Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 16h30, 19h, 21h25; Fúria M16. 16h40, 21h20; Dei-te o Melhor de Mim 16h15, 18h50, 21h50; Mau Mau Maria M12. 15h30, 18h, 21h35; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 15h20, 17h30; Deixa o Amor Entrar M12. 21h15 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; Os Maias M12. 17h30; Em Parte Incerta M16. 14h, 21h, 00h10; Interstellar M12. 13h20,17h, 20h30, 24h; Amar, Beber e Cantar19h10; Rio, Eu Te Amo M12. 13h50, 16h30, 21h45, 00h20; Get On Up: A História de James Brown M12. 18h20; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 13h10, 15h50, 21h25, 00h05; Orgulho M12. 12h40, 15h20, 20h50, 23h30; As Pontes de Sarajevo M12. 18h; A Viagem a Itália M12. 13h30, 16h10, 18h40, 21h05, 23h50 Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996Mau Mau Maria M12. 18h; Serena M12. 13h15, 15h50, 18h25, 21h10, 23h45; Deixa o Amor Entrar M12. 12h55, 15h20, 21h20, 24h; Os Monstros das Caixas M6. 13h05
(V.Port./2D); Fúria M16. 12h40, 15h40, 22h; Get On Up: A História de James Brown M12. 18h40; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 12h50, 15h35, 15h55, 18h25, 18h45, 21h15, 21h35, 00h05, 00h25; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 13h10; Interstellar M12. 15h25, 19h, 22h35; A Viagem a Itália M12. 13h20, 16h, 18h30, 21h15, 23h50; Interstellar M12. 13h30, 17h, 21h, 00h30 ; John Wick M16. 13h, 15h30, 18h05, 21h25, 23h55 Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Os Monstros das Caixas M6. 13h10, 15h30 (V.Port.); Serena M12. 12h50, 15h20, 18h, 21h20, 23h50; John Wick M16. 13h30, 16h, 18h20, 21h50, 00h10; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 18h10, 21h10 , 23h40; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 13h, 15h40, 18h30, 21h30, 00h20; Fúria M16. 12h40, 15h50, 21h40,00h30; Mau Mau Maria M12. 18h40;Interstellar M12. 13h20, 17h10, 21h, 00h30 Cinemateca PortuguesaR. Barata Salgueiro, 39 . T. 213596200A Companhia M12. 15h30; Antes que o Diabo Saiba que Morreste M12. 19h; Palermo ou Wolfsburg 21h30; Macbeth M16. 19h30; A Mãe 22h Medeia Fonte NovaEst. Benfica, 503. T. 217145088Interstellar M12. 14h30, 18h, 21h15; Os Maias M12. 16h20; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 14h, 19h, 21h30; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 14h15, 16h45, 19h15, 21h45 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Dois Dias, Uma Noite M12. 12h, 14h, 16h, 18h, 20h, 22h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 14h15, 16h45, 19h15, 21h45; O Quarto Azul M16. 19h30; Serena M12. 13h, 15h10, 17h20, 21h30; Interstellar M12. 12h40, 15h50, 21h30; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 19h NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 21357436220.000 Dias na Terra M12. 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. 16h55, 21h45; Os Gatos Não Têm Vertigens 19h10; Get On Up: A História de James Brown M12. 14h, 00h15; Os Maias M12. 19h; John Wick M16. 14h10, 16h40, 21h55, 00h30; Magia ao Luar M12. 19h15; Dei-te o Melhor de Mim 14h, 16h30, 21h30, 00h10; Fúria M16. 16h, 18h45, 21h35, 00h20; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 14h; Em Parte Incerta M16. 17h30, 21h15, 00h15; Duas Vidas M12. 14h20; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 14h05, 16h50, 19h15, 21h50, 00h30; Orgulho M12. 14h05, 16h35; Rio, Eu Te Amo M12. 14h05, 16h30, 19h05, 21h35, 24h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 14h, 16h35, 19h10, 21h50, 00h30; Interstellar M12. 23h55; Belle M12. 14h10, 16h35, 19h, 21h40; O Juiz M12. 16h45, 21h20, 00h20; Getúlio M12. 14h15; Interstellar M12. 14h30, 18h, 21h30; Serena M12. 14h10, 16h45, 19h10, 21h40, 00h05; A Viagem a Itália M12. 14h15, 16h40, 19h05, 21h45, 00h15
Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 12h30, 12h45, 15h20, 15h40, 18h10, 18h35, 21h10, 21h30, 00h10,
20.000 Dias na TerraDe Iain Forsyth, Jane Pollard. EUA. 2014. 97m. Doc. M12. Realidade e fi cção misturam-se
em 24 horas da existência de um
dos mais emblemáticos músicos
da actualidade: Nick Cave. Com
início no momento em que o
protagonista desperta para o
seu 20.000.º dia no planeta
Terra, a câmara segue-o desde o
despertar até às últimas horas da
noite. Ideias surpreendentes são
reveladas num retrato intimista
que pretende analisar o processo
artístico e o poder transformador
do espírito criativo. Narrado
pelo próprio, o fi lme expõe a sua
visão do mundo e da vida, bem
como a fi losofi a em que assenta a
sua obra.
A Viagem a ItáliaDe Michael Winterbottom. Com Steve Coogan, Rob Brydon, Rosie Fellner. GB. 2014. 108m. Comédia Dramática. M12. Cansado das responsabilidades
da paternidade, Rob anseia por
um momento de tranquilidade
longe da família. Steve, por
seu lado, tem levado uma
vida de trabalho árduo, sem
qualquer disponibilidade para
si próprio. Quando o jornal
“The Observer“ lhes pede que
vão a Itália fazer uma série de
críticas gastronómicas, os dois
encontram aí a oportunidade por
que esperavam. Seguem viagem
de carro, percorrendo Ligúria,
Toscana, Roma, Amalfi e Capri,
onde terão de parar para um
repasto nos mais interessantes
restaurantes das cidades.
Campo de Flamingos sem FlamingosDe André Príncipe. POR. 2013. 92m. Documentário. M12. Estreado no IndieLisboa de
2013, um documentário que
resulta de uma viagem de
caravana feita entre Setembro
e Dezembro de 2011. Sem
programa defi nido, o fotógrafo
e cineasta André Príncipe, o
director de fotografi a Takashi
Sugimoto e o operador de som
Manuel Sá percorreram Portugal
num périplo que, segundo as
palavras do realizador, partiu de
duas premissas: “A inexistência
de uma unidade cultural em
Portugal e a constatação do
desconhecimento que temos
do país“.
Dois Dias, Uma NoiteDe Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne. Com Marion Cotillard, Fabrizio Rongione, Pili Groyne. FRA/BEL/ITA. 2014. 95m. Drama. M12. Sandra volta ao trabalho
depois de uma baixa médica
prolongada. O patrão, que na sua
ausência redistribuiu o trabalho
pelos restantes empregados,
deixa-os com um dilema: podem
escolher entre o regresso dela
ou um bónus pelas tarefas extra
que fi zeram nesse período.
Desesperada por manter o
emprego, ela sabe que tem de
convencer os colegas a votar em
seu favor.
SerenaDe Susanne Bier. Com Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Toby Jones. FRA/EUA. 2014. 109m. Drama. M12. EUA, década de 1930. George
e Serena deixam a cidade de
Boston (EUA) para se instalarem
numa propriedade nas
montanhas, onde se dedicam
à exploração de madeira.
Apesar de ter sido educada na
cidade segundo os preceitos
da época, Serena demonstra
uma força interior fora do
comum, descobrindo em si uma
vocação para o negócio. Juntos,
constroem um enorme império,
que fl oresce a cada ano. Mas a
felicidade do casal é assombrada
quando ela sofre um aborto e
descobre que nunca mais poderá
voltar a engravidar.
The Hunger Games: A Revolta - Parte 1De Francis Lawrence. Com Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth , Elizabeth Banks, Philip Seymour Hoffman, Julianne Moore, Stanley Tucci. EUA. 2014. 123m. Drama, Aventura. M12. Depois de uma luta desesperada
na 75.ª edição dos jogos da fome,
Katniss Everdeen é resgatada
da arena e enviada para o 13.º
Distrito, que agora lidera uma
rebelião organizada contra o
Capitólio. Vista como o símbolo
de um povo que anseia pela
liberdade, Katniss entrega-se de
corpo e alma ao que sabe ser a
última oportunidade de revolta
contra o poder instituído, na
esperança de constituir uma
sociedade justa em Panen.
Em [email protected]@publico.pt
20.000 Dias na Terra
00h25; Interstellar M12. 13h, 14h, 16h40, 17h40, 20h20, 21h40, 23h55; John Wick M16. 13h05, 15h50, 18h20, 21h, 23h30; Os Monstros das Caixas M6. 13h20, 15h45, 18h10 (V.Port.); Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 21h40, 00h15; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 12h55, 15h10, 17h20, 19h30; Annabelle M16. 21h10, 23h50; Deixa o Amor Entrar M12. 13h10, 15h40, 21h, 23h40; De Qualquer Lugar M16. 18h45; Os Gatos Não Têm Vertigens 18h25; Fúria M16. 12h30, 15h25, 18h20, 21h20, 00h20; Mau Mau Maria M12. 13h, 15h35, 21h15, 23h45; Serena M12. 13h20, 16h, 18h50, 21h50, 00h25; Rio, Eu Te Amo M12. 18h15; Dei-te o Melhor de Mim 12h45, 15h30, 21h15, 24h; Get On Up: A História de James Brown M12. 18h20; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 12h45, 15h35, 21h35, 00h20; A Viagem a Itália M12. 13h15, 15h50, 18h55, 21h35, 00h10
Amadora UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, EN 249/1. T. 707232221Os Monstros das Caixas M6. 14h05, 16h20 (V.Port.); Mau Mau Maria M12. 21h35; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 13h45, 16h25, 19h, 21h40; John Wick M16. 14h05, 16h35, 19h15, 21h50; O 7.º Anão - O Pequeno Herói M6. 13h55 (V.Port.); Fúria M16. 16h15, 19h, 21h45; O Gang do Parque M6. 14h05, 16h20 (V.Port.); Dei-te o Melhor de Mim 13h40, 16h15, 18h55, 21h30; O Carteiro Paulo - O Filme M6. 13h45 (V.Port.); Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 14h, 16h30, 19h05, 21h35; Serena M12. 13h50, 16h20, 19h, 21h25; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 13h55, 16h25, 19h05, 21h20; Interstellar M12. 14h30, 18h, 21h30; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h, 18h, 21h10; Drácula: A História Desconhecida M16. 21h40; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 14h15, 16h35 (2D), 19h10 (3D)
Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 760789789The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12.15h30, 18h30, 21h30; Tartarugas Ninja:Heróis Mutantes 16h10, 21h40;Interstellar M12. 18h20; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 18h40; Interstellar M12. 15h20, 21h20
Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingEN 9, Alcabideche. T. 16996Dei-te o Melhor de Mim 21h10, 23h50; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 13h10, 15h50, 18h50; Serena M12. 13h, 15h30, 18h, 21h40, 00h20; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 12h30, 15h20, 18h10, 21h, 24h; Interstellar M12. 12h50, 16h30, 20h30, 00h10; John Wick M16. 12h40, 15h10, 18h40, 21h20, 23h40; Os Monstros das Caixas M6. 13h20 (V.Porto); Fúria M16. 12h45, 15h40, 21h30, 00h25; Get On Up: A História de James Brown M12. 18h30; Deixa o Amor Entrar M12. 16h, 18h20, 21h05, 23h30
Caldas da Rainha Vivacine - Caldas da RainhaC.C. Vivaci. T. 262840197Interstellar M12. 17h, 21h10; Mau Mau Maria M12. 15h25, 17h55, 21h30; The Hunger
2000 DDD
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | 35
Conhecido internacionalmente pelo virtuosismo, musicalidade, sensibilidade e inteligência das suas interpretações, Artur Pizarro (na foto) está habituado a frequentar os grandes palcos, a arrecadar prémios e a conviver com as maiores orquestras, maestros e intérpretes mundiais. Hoje, às 19h, na Fundação Calouste Gulbenkian, em
Lisboa, o músico português (n. 1968) prossegue o ambicioso projecto de interpretação integral das obras para piano de um dos mais marcantes compositores da sua carreira: Sergei Rachmaninov. O ciclo continua a 14 de Dezembro, com o sexto recital. O preço dos bilhetes varia entre 14€ e 27€. Mais informações em www.gulbenkian.pt.
Ao som de RachmaninovDR
Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h30, 18h, 21h15; Dei-te o Melhor de Mim 15h25, 18h, 21h25; Os Monstros das Caixas M6. 15h30, 18h (V.Port.); Fúria M16. 21h20
Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. C. Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653Serena M12. 15h30, 21h30; Orgulho M12. 15h30, 21h30
Sintra Cinema City BelouraBeloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h20, 16h, 17h55, 18h35, 21h35, 22h; Os Monstros das Caixas M6. 15h35, 17h40 (V.Port.); Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 17h50; Fúria M16. 21h45; Dei-te o Melhor de Mim 15h25, 18h45; Interstellar M12. 15h30, 17h45, 21h, 21h30; Deixa o Amor Entrar M12. 15h50, 19h45; Em Parte Incerta M16. 21h40; O Juiz M12. 18h30, 21h20; De Qualquer Lugar M16. 15h55, 20h, 21h50; Belle M12. 15h35, 17h35, 19h35 Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Serena M12. 15h40, 18h40, 21h40; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 18h50 (2D); Interstellar M12. 15h30, 21h20; John Wick M16. 15h20, 17h25, 19h30, 21h50; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h50, 18h30, 21h30; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 16h; Interstellar M12. 18h10; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 21h25; Os Monstros das Caixas M6. 15h, 17h (V.Port.); Fúria M16. 19h, 21h45; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 15h15, 17h10, 19h10, 21h10
Leiria Cinema City LeiriaR. Dr. Virgílio Vieira da Cunha. T. 244845071The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h20, 16h, 17h50, 18h35, 22h; Os Monstros das Caixas M6. 15h30, 17h40 (V.Port.); Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 15h55, 17h45, 19h50, 21h35; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 21h50; Mau Mau Maria M12. 15h45, 18h55, 21h45; Interstellar M12. 15h35, 17h55, 21h40; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 15h50, 21h55; De Qualquer Lugar M16. 19h35; Fúria M16. 18h30 Cineplace - Leiria ShoppingCC Leiria Shopping, IC2. The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 16h10, 18h50, 21h30; Interstellar M12. 14h30, 17h50, 21h10; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 14h20 (3D), 16h30 (2D);Dei-te o Melhor de Mim 18h40, 21h20; Os Monstros das Caixas M6. 15h20; Mau Mau Maria M12. 17h30, 19h45, 22h; Fúria M16. 15h50, 21h20; Belle M12. 18h30; Serena M12. 14h40, 17h, 19h20, 21h40; John Wick M16. 15h10, 17h20, 19h30, 21h50
Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003. Os Monstros das Caixas M6. 15h10 (3D), 17h20 (2D); Deixa o Amor Entrar M12. 19h40, 21h50; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 15h40 (3D), 17h50 (2D); Mau Mau Maria M12. 20h, 22h10; Fúria M16.
16h20, 19h, 21h40; Serena M12. 14h10, 16h30, 18h50, 21h20; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 16h10, 18h50, 21h30; Interstellar M12. 14h20, 17h40, 21h; O Carteiro Paulo - O Filme M6. 15h30; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 17h30, 19h20, 21h10
Montijo Cinemas Nos Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 20h50; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h50, 18h40, 21h30; Os Monstros das Caixas M6. 16h10, 18h20 (V.Port.); Interstellar M12. 14h20, 17h40, 21h; Fúria M16. 15h40, 18h30, 21h20; Dei-te o Melhor de Mim 16h, 18h50, 21h40; John Wick M16. 15h30, 18h, 21h10
Odivelas Cinemas Nos Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h40, 18h20, 21h10; Os Monstros das Caixas M6. 15h30, 17h50 (V.Port.); Fúria M16. 15h10, 18h10, 21h; Dei-te o Melhor de Mim 15h50, 18h30, 21h20; Mau Mau Maria M12. 21h40; Interstellar M12. 14h40, 18h, 21h30
Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 12h40, 15h30, 18h30, 21h30, 00h20; Fúria M16. 13h, 15h55, 18h50, 21h50; John Wick M16. 13h15, 16h, 18h40, 21h45, 00h15 ; Os Monstros das Caixas M6. 13h05, 15h20, 18h (V.Port.); Dei-te o Melhor de Mim 12h45, 15h25, 18h10; Interstellar M12. 12h55, 16h30, 20h50, 00h25; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 21h40, 00h30; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 21h10, 00h10; Serena M12. 13h10, 15h50, 18h20, 21h20, 24h
Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita MirafloresAv. das Túlipas. T. 707 CINEMAThe Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h30, 18h30, 21h30; Os Monstros das Caixas M6. 15h20, 18h (V.Port.); Dei-te o Melhor de Mim 15h10, 18h10, 21h10; Mau Mau Maria M12. 21h20; Interstellar M12. 15h, 18h20, 22h
Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 13h, 15h40, 18h30, 21h30; Os Monstros das Caixas M6. 15h55 (V.Port.); Fúria M16. 21h15; Interstellar M12. 12h40, 18h05; Os Monstros das Caixas M6. 13h10 (V.Port.); Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 18h45; Interstellar M12. 15h30, 21h20
Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h40, 18h45, 21h35; John Wick M16. 16h15, 19h, 21h25; Os Monstros das Caixas M6. 16h, 18h30 (V.Port.); Fúria M16.
21h10; Mau Mau Maria M12. 15h50, 18h15, 21h50; Interstellar M12. 17h15, 21h
Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Os Monstros das Caixas M6. 15h50 (V.Port.); Dei-te o Melhor de Mim 18h50, 21h40; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 15h10, 17h10, 19h10, 21h25; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h40, 18h30, 21h30; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 18h40 (3D); Interstellar M12. 15h20, 21h10; Fúria M16. 15h30, 18h20, 21h; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 16h, 21h20; Interstellar M12. 18h10
Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 21h30
Seixal Cineplace - SeixalQta. Nova do Rio Judeu. The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 16h10, 18h50, 21h30; John Wick M16. 15h10, 17h20, 19h30, 21h40; Serena M12. 14h10, 16h40, 19h, 21h20; Interstellar M12. 14h20, 17h40, 21h; Drácula: A História Desconhecida M16. 21h50; Annabelle M16. 19h40; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 15h20 (3D), 17h30 (2D); Os Monstros das Caixas M6. 14h20, 16h30, 18h40; Fúria M16. 21h20; O 7.º Anão - O Pequeno Herói M6. 15h10; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 17h10, 19h10, 21h10
Tomar Cine-Teatro Paraíso - TomarRua Infantaria, 15. T. 249329190Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. 21h30
Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Fúria M16. 21h30, 00h25; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 13h10, 15h30, 17h30,
19h30; Interstellar M12. 13h20, 17h20, 21h, 00h30; Serena M12. 12h45, 16h, 18h40, 21h10, 23h50; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 12h55, 15h40,18h30, 21h20, 00h10; Os Monstros das Caixas M6. 13h30 (V.Port.); John Wick M16. 15h50, 18h10, 21h40, 24h
Lagos Algarcine - Cinema de Lagos R. Cândido dos Reis. T. 282799138The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 14h45, 17h, 19h30, 21h45; Os Monstros das Caixas M6. 19h45 (V.Port.); Interstellar M12. 16h45; John Wick M16. 14h40, 21h30
Albufeira Cineplace - AlgarveShoppingEstrada Nacional 125 - Vale Verde. Os Monstros das Caixas M6. 14h10 (3D), 16h20 (2D); Deixa o Amor Entrar M12. 18h30, 21h10; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 16h10, 18h50, 21h30; Dei-te o Melhor de Mim 15h10, 17h20, 19h30, 21h40; Fúria M16. 15h40, 18h20, 21h10; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 15h50, 20h; Belle M12. 17h40, 21h50; Rio, Eu Te Amo M12. 21h20; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 14h50, 17h (2D), 19h10 (3D); John Wick M16. 15h30, 17h40, 19h50, 22h; Interstellar M12. 14h20, 17h40, 21h; Serena M12. 14h, 16h20, 18h40, 21h20
Olhão Algarcine - Cinemas de OlhãoC.C. Ria Shopping. T. 289703332The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h30, 18h30, 21h30; Dei-te o Melhor de Mim 19h15; John Wick M16. 15h15, 17h15,21h30; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes18h15; Interstellar M12. 15h15, 21h15
Portimão Algarcine - Cinemas de PortimãoAv. Miguel Bombarda. T. 282411888The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 14h45, 17h, 19h30, 21h45; Os Monstros das Caixas M6. 20h; Interstellar M12. 17h; John Wick M16. 15h, 21h45 Cineplace - PortimãoQuinta Malata, Lote 1 - C. C. Continente. Interstellar M12. 14h20, 17h40, 21h; Os
AS ESTRELAS DO PÚBLICO
JorgeMourinha
Luís M. Oliveira
Vasco Câmara
Campo de Flamingos... mmmmm mmmmm mmmmm
Dois Dias, Uma Noite – mmmmm mmmmm
As Duas Faces de Janeiro mmmmm mmmmm –Fúria mmmmm – mmmmm
Get On Up mmmmm – –Interstellar mmmmm mmmmm mmmmm
Pontes de Sarajevo mmmmm mmmmm –Saint Laurent mmmmm – mmmmm
A Viagem a Itália mmmmm – –20.000 Dias na Terra mmmmm mmmmm –
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
Monstros das Caixas M6. 16h30; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 14h40, 18h10, 20h, 22h; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 15h10, 17h20; Mau Mau Maria M12. 19h30, 21h50; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Fúria M16. 15h50, 18h30, 21h10; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 16h10, 18h50, 21h30
Tavira Cinemas Nos TaviraR. Almirante Cândido dos Reis. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1M12. 15h50, 18h30, 21h10; Os Monstrosdas Caixas M6. 15h40,18h20 (V.Port.);Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 21h; Dei-te o Melhor de Mim 16h, 18h40, 21h20;Mau Mau Maria M12. 16h10, 18h50, 21h40; Interstellar M12. 14h35,18h, 21h30
TEATROLisboaClube EstefâniaRua Alexandre Braga, 24A. T. 217780987 Tri Sestri De Anton Tchekhov. Enc. São José Lapa, Inês Lapa. De 20/11 a 29/11. 2ª a Sáb às 21h. Dom às 16h. M/12. Teatro da LuzLargo da Luz. T. 217120600 Antes de Começar Comp. da Esquina. Enc. Jorge Gomes Ribeiro. De 13/10 a 17/12. 2ª, 3ª e 4ª às 10h30 e 14h30 (escolas). M/4. Reservas: 213555275, 917549448, 917811367. Teatro TurimEstrada de Benfica, 723A. T. 217606666 Ponto de Partida Enc. António Marques. De 11/11 a 25/11. 2ª e 3ª às 21h30. M/14.
EXPOSIÇÕESLisboaAppleton SquareRua Acácio Paiva, 27 - r/c. T. 210993660 Segmentos De Ricardo Jacinto. De 13/11 a 6/12. 2ª a Sáb das 14h às 19h.Biblioteca Nacional de PortugalCampo Grande, 83. T. 217982000 9000 formas da felicidade: as edições Pulcinoelefante De 23/10 a 31/1. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. A Biblioteca do Embaixador: os livros de D. García de Silva y Figueroa (1614-1624) De 7/10 a 24/1. 2ª a 6ª das 10h às 19h30. Sáb das 10h às 17h30. Documental, Objectos. Biografias de Teixeira de Pascoaes De 15/10 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Do manuscrito ao espectáculo: a colecção de teatro de António José de Oliveira De 1/10 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental. José Pedro Machado (1914-2005) De 17/10 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Muitas e muito estranhas cousas que viu e ouviu... De 4/11 a 31/1. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental. Café do ImpérioAv. Almirante Reis, 205 A/B/C. T. 218476052 Diálogos a Carvão De Luís Dourdil. De 8/11 a 30/9. Todos os dias das 12h às 00h. Desenho.
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SAIRCaroline Pagès GalleryRua Tenente Ferreira Durão, 12 - 1º Dto. T. 213873376 Survivances e Fallacious memory De Yazid Oulab, AnaMary Bilbao. De 11/10 a 6/12. 2ª a Sáb das 15h às 20h. Desenho, Escultura. Casa da Liberdade - Mário CesarinyRua das Escolas Gerais, 13. T. 218822607 Teixeira de Pascoaes - Obra Plástica, Documentos Inéditos e Afinidades Contemporâneas De vários autores. De 31/10 a 20/12. 2ª a Sáb das 14h às 20h. Casa dos BicosRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 Núcleo Arqueológico da Casa dos Bicos A partir de 14/7. 2ª a Sáb das 10h às 18h.Casa Fernando PessoaRua Coelho da Rocha, 16 - Campo de Ourique. T. 213913270 Viagem na Pintura, no Pensamento De Manuel Casimiro. De 23/10 a 24/1. 2ª a Sáb das 10h às 18h (Última entrada 17h30).CulturgestR. Arco do Cego - CGD. T. 217905155 Querido, Reorganizei a Colecção... Por Artista De Jean Dubuffet, Claes Oldenburg, Robert Rauschenberg, Andy Warhol, Richard Hamilton, entre outros. De 1/11 a 15/3. 2ª a 6ª das 11h às 19h. Sáb, Dom e feriados das 14h às 20h. Fnac (Chiado)R. Nova do Almada. T. 213221800 25 Anos, 25 Autores, 25 Cartazes De vários autores. De 14/10 a 14/1. Todos os dias das 10h às 22h. Ilustração, Design. AmadoraBD - Festival Internacional de Banda Desenhada. Fundação José SaramagoRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 José Saramago: a Semente e os Frutos A partir de 13/6. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 10h às 14h.Galeria 36Rua S. Filipe Nery, 36. T. 918972966 Pintura De Ana Faria. De 5/11 a 20/12. 2ª a Sáb das 16h às 19h. Pintura. Galeria Carlos ParedesR. Gonçalves Crespo, 62. T. 213594453 Aquilino Desconhecido De 11/11 a 30/1. 2ª a 6ª das 09h às 19h.Galeria do Museu da CarrisR. 1º de Maio, 101-103. Prova II De Anabela Bravo, Daniel Antunes
Almada
Galeria Municipal de Arte de AlmadaAvenida Dom Nuno Álvares Pereira, 74B. T. 212724724 Caminhos do Ferro e da Prata - Linhas do Douro e do Minho De Emílio Biel. De 1/11 a 29/11. 2ª a 6ª das 10h às 12h30 e das 14h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Fotografia.
EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 Intrarte - exposição itinerante de arte De 17/11 a 25/11. Todos os dias das 15h às 03h. Galeria de Arte do Casino do EstorilPç. José Teodoro dos Santos. T. 214667700 XXVIII Salão de Outono De 20/11 a 15/1. Todos os dias das 15h às 00h.
LouresGaleria Municipal Vieira da SilvaParque da Cidade de Loures. T. 219820878 O Inferno não são os outros De Vasco Araújo. De 26/7 a 17/1. 2ª a Sáb das 10h às 13h e das 14h às 18h. Vídeo, Instalação, Outros.
Monte de CaparicaFaculdade de Ciências e Tecnologia Monte de Caparica. T. 212948300 Retratar as Doenças Tropicais: imagens escolhidas de histórias diversas De 10/11 a 19/12. 2ª a 6ª das 09h às 20h.
ÓbidosGaleria NovaOgivaR Direita. T. 262955500 Francisco Klinger Carvalho De 24/10 a 25/1. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h.
Oeiras
Palácio Marquês de PombalQuintas de Baixo e de Cima. T. 214465300 Esculturas no Palácio Até 13/12. 2ª a Sáb.
TomarConvento de CristoConvento de Cristo. T. 249313481 Reino De Pedro Valdez Cardoso. De 1/11 a 18/1. Todos os dias das 09h às 17h30.
Torres VedrasCooperativa de Comunicação e CulturaRua da Cruz, 9. T. 261338931 Lanzarote, a Janela de Saramago De João Francisco. De 8/11 a 3/1. 2ª a Sáb das 14h às 20h. Fotografia, Outros. Galeria Municipal de Torres VedrasPaços do Concelho. T. 261310400 Abstracção, Arte Partilhada Millennium BCP De Vieira da Silva, Arpad Szenes entre outros. Até 17/1. 2ª a Sáb das 09h30 às 19h.
MÚSICALisboaCasino LisboaParque das Nações. T. 218929000 Os Azeitonas Dia 24/11 às 22h30. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Artur Pizarro Dia 24/11 às 19h. Palácio FozPç. dos Restauradores. T. 213221200 António Hamrol Dia 24/11 às 18h.
FESTAS E FEIRASCadavalCadavalFesta das Adiafas De 22/11 a 30/11. 2ª a 6ª às 18h. Sáb e Dom às 12h.
SAIRPinheiro, Inês Velez. De 13/10 a 14/12. 2ª a Sáb das 10h às 17h. Outros. Galeria Luís Serpa - ProjectosRua Tenente Raúl Cascais, 1B. T. 213977794 Skate.Exe De André Sier. De 20/11 a 31/12. 2ª a 6ª das 15h às 19h. Fotografia, Escultura. Galeria MillenniumRua Augusta, nº84. Júlio Pomar - Obras da Colecção Millennium BCP De 4/10 a 6/1. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Pintura. Galeria RattonR. Academia das Ciências, 2C. T. 213460948 Pós de Perlim-Pim-Pim De António Dacosta. De 17/10 a 9/1. 2ª a 6ª das 15h às 19h30. Cerâmica, Desenho. Galeria São MamedeRua da Escola Politécnica, 167. T. 213973255 Guache e Tinta da China De Armanda Passos. De 13/11 a 11/12. 2ª a 6ª das 10h às 20h. Sáb das 11h às 19h. Desenho, Pintura. Galeria ValbomAvenida Conde Valbom, 89. T. 217801110 Paisagem - O Elogio da Solidão De Carlos Barão. De 15/11 a 30/1. 2ª a Sáb das 13h às 19h30. Pintura. GiefarteRua Arrábida, 54B. T. 213880381 Colophon De Ana Isabel Miranda Rodrigues. De 18/11 a 13/1. 2ª a 6ª das 11h às 14h e das 15h às 20h. Desenho. Imprensa Nacional Casa da MoedaAv. António José de Almeida. T. 217810700 O Dinheiro no Tempo de Fernão Mendes Pinto De 7/10 a 29/12. 2ª a 6ª das 09h às 18h.Lisboa Story Centre Terreiro do Paço. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h. Museu das ComunicaçõesRua do Instituto Industrial, 16. T. 213935000 Casa do Futuro A partir de 1/3. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb às 16h. Futuro Infinito. Transformação Digital. O Céu não é o Limite De 17/5 a 30/4. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Mala Posta A partir de 1/12. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Tapeçarias de Portalegre - Arte com Selo Português De 10/10 a 31/12. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Vencer a Distância - Cinco Séculos de Comunicações em Portugal A partir de 2/5. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h.
Museu do CombatenteForte do Bom Sucesso. T. 213017225 A História da Aviação Militar A partir de 16/10. Todos os dias das 10h às 17h. Guerra do Ultramar - 50 anos depois A partir de 11/2. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb, Dom e feriados das 10h às 17h. O Combatente Português do Século XX Todos os dias das 10h às 17h.Museu GeológicoRua Academia das Ciências, 19. T. 213463915 The Flying Shadows De Nuno Moreira Inácio. Até 28/11. 2ª a Sáb das 10h às 17h. Palácio de São BentoPç. São Bento . T. 213919000 Salgueiro Maia: Contributos para uma biografia de um Herói de Abril De 12/11 a 28/11. 2ª a 6ª das 09h às 18h (marcação T. 213919625). Documental, Objectos. Perve Galeria de AlfamaRua Escolas Gerais, 17/19/23. T. 218822607 Agostinho Santos. Da profundidade da cor e outras matérias sensíveis De 20/11 a 20/12. 2ª a Sáb das 14h às 20h.Sociedade Nacional de Belas ArtesRua Barata Salgueiro, 36. T. 213138510 Um cadáver esquisito para o século XXI De 30/10 a 5/12. 2ª a 6ª das 12h às 19h.Universidade de LisboaAv. Professor Gama Pinto. T. 217932579 José Sebastião e Silva: O Homem, O Cientista, O Professor De 23/10 a 16/1. Todos os dias das 10h às 17h. Universidade Nova de LisboaCampus de Campolide. T. 213715600 Portugal e a Europa em Cartoons De 27/6 a 31/12. 2ª a 6ª das 10h30 às 18h30.
AlcanenaBiblioteca Dr. Carlos Nunes FerreiraR. 25 Abril. T. 249891207 Aquedutos de Portugal De Pedro Inácio. De 22/11 a 11/12. 2ª a 6ª das 10h às 19h.
Tri Sestri no Clube Estefânia, em Lisboa
FARMÁCIASLisboaServiço PermanenteAlves Carvalho (Caminhos de Ferro) - Rua do Vale de Santo António, 7-9 - Tel. 218140125 Figueiras (Avenidas Novas) - Av. Conde Valbom, 29 A - Tel. 213560223 Oriental de Lisboa (Igreja de Arroios - Chile) - Rua Alves Torgo, 2 - B de Lisboa - Tel. 213545079 Roma (Alvalade) - Avenida de Roma, 85 - B - Tel. 217972466 Soc. Higilux (Pedrouços) - Rua de Pedrouços, 50-52 - Tel. 213110280 Zil (Alvalade) - Avenida da Igreja, 9 - D/E - Tel. 218491780
Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Santos (Rossio ao Sul do Tejo) Alandroal - Santiago Maior , Alandroalense Albufeira - Piedade Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Epifânio Alcochete - Cavaquinha , Póvoas (Samouco) Alenquer - Catarino , Cuco Aljustrel - Pereira Almada - Carlos (Costa da Caparica) , Louro (Cova da Piedade) Almeirim - Central Almodôvar - Ramos Alpiarça
- Leitão Alter do Chão - Alter , Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama , Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Amadora , Damaia Ansião - Teixeira Botelho , Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista , Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva , Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Moderna Batalha - Ferraz , Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Central Belmonte - Costa , Central (Caria) Benavente - Miguens Bombarral - Miguel Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Central , Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Central Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Pereira Suc. Cascais - Alcoitão (Alcoitão) , D’Aldeia, do Junqueiro (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco
- Ferrer Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Chamusca - Pinto Rodrigues (Parreira) Constância - Baptista , Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Misericórdia Covilhã - da Alameda Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Elvas - Moutta Entroncamento - Almeida Gonçalves Estremoz - Carapeta Irmão Évora - Misericórdia Faro - Almeida Ferreira do Alentejo - Singa Ferreira do Zêzere - Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda) , Serra Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Diamantino Gavião - Gavião , Pimentel Golegã - Salgado Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) , Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Sousa Pires Lagos - Neves Leiria - Lis (Gandara dos Olivais) Loulé - Chagas , Maria Paula (Quarteira), Paula (Salir) Loures - Sálvia Lourinhã - Quintans (Foz do Sousa) , Liberal (Reguengo Grande) Mação - Catarino Mafra - Rolim (S. Cosme) ,
Falcão (Vila Franca do Rosário) Marinha Grande - Roldão Marvão - Roque Pinto Moita - Silva Rocha Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Novalentejo Montijo - Higiene Mora - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão, Central (Pavia) Moura - Rodrigues Mourão - Central Nazaré - Ascenso , Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Gonçalves , Santa Rita Oeiras - Mota Capitão (Carnaxide) , Alcântara Guerreiro, Leal Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Olhanense Ourém - Leitão Ourique - Nova (Garvão) , Ouriquense Palmela - Tavares de Matos (Pinhal Novo) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Central Pombal - Barros Ponte de Sor - Cruz Bucho Portalegre - Portalegrense Portel - Fialho Portimão - Carvalho Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo -
Casa do Povo de Redondo Reguengos de Monsaraz - Paulitos Rio Maior - Candido Barbosa Salvaterra de Magos - Martins Santarém - Sá da Bandeira Santiago do Cacém - Jerónimo Sardoal - Passarinho Serpa - Oliveira Carrasco Sertã - Lima da Silva , Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - Nurei , Lopes Setúbal - Dos Bairros , Nova Silves - Dias Neves , Edite Sines - Atlântico , Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Cristina , Domus Massamá, Mira Sintra (Mira Sintra), Crespo (Várzea de Sintra) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Montepio Artistico Tavirense Tomar - Torres Pinheiro Torres Novas - Aliança (Lamarosa/Torres Novas) Torres Vedras - São Gonçalo Vendas Novas - Ribeiro Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Mercado (Alverca) , Roldão Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) Vila Real de Santo António - Carmo Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Monte Alvito - Baronia
DR
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | 37
RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 Agora Nós 13.00 Jornal da Tarde 14.15 Os Nossos Dias 14.45 Há Tarde 18.00 Portugal em Directo 19.00 O Preço Certo 19.45 Direito de Antena 20.00 Telejornal 20.45 Sete Pecados Mortais 21.00 Bem-vindos a Beirais 21.45 Água de Mar 22.45 Prós e Contras 00.45 Portugueses Pelo Mundo 1.30 Nome de Código: Sintra 2.30 Sinais de Vida
RTP27.00 Repórter África 2014 7.30 Zig Zag 11.00 Euronews 12.30 Corpo Clínico 13.00 Mulheres de Abril 14.00 Sociedade Civil 15.30 A Fé dos Homens 16.00 Retratos Contemporâneos: Ary dos Santos 17.00 Zig Zag 20.30 Triângulo Jota 20.54 A Hora da Sorte 21.00 Jornal 2 21.43 Página 2 22.00 Visita Guiada 22.30 Shuga 23.00 Tanto Para Conversar 23.30 Licínio de Azevedo, Crónicas de Moçambique 1.00 Escola das Artes da Universidade Católica do Porto - “Não Linear” 1.30 Sociedade Civil 3.00 Euronews
SIC6.00 SIC Notícias 7.00 Edição da Manhã 8.45 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.00 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.30 Duas Caras 15.30 Grande Tarde 19.00 Alto Astral (Estreia) 20.00 Jornal da Noite 22.00 Mar Salgado 22.45 Império 23.45 Lado a Lado 00.45 C.S.I Las Vegas 1.30 A Vingadora 2.30 Jura
TVI 6.30 Diário da Manhã 10.13 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.47 Flor do Mar 16.00 A Tarde é Sua 18.13 Feitiço do Amor 19.16 Casa dos Segredos 5 - Diário da Tarde 20.00 Jornal das 8 21.45 Casa dos Segredos 5 - Diário da Noite 22.49 Jardins Proibidos 23.30 Mulheres 00.30 Casa dos Segredos 5 - Extra 2.00 O Teu Olhar
TVC1 11.25 O Mascarilha 13.55 Enigma 15.35 Relatório Europa 17.10 Aprovado 19.00 O Mascarilha 21.30 Golpada Americana 23.45 Isto é o Fim! 1.30 Justin e a Espada da Coragem (V.P) 3.05 Golpada Americana
FOXMOVIES11.16 El Mariachi 12.36 Super-Homem
IV - Em Busca da Paz 14.04 Ultimato 15.56 Espécie Mortal III 17.45 Elas Não Me Largam 19.24 Bem-Vindo a Casa Roscoe Jenkins 21.15 Scary Movie - Um Susto de Filme 22.41 Gritos 00.30 Fumo Sagrado 2.21 O Mundo Perdido - Jurassic Park
HOLLYWOOD10.00 Diários de Che Guevara 12.05 Filadélfia 14.10 Nunca Fui Beijada 16.00 Tu Matas-me 17.35 O Repórter - A Lenda de Ron Burgundy 19.15 Space Cowboys 21.30 Godzilla 23.55 Romeo Deve Morrer 2.00 Rebeldes de Bairro 3.50 Missão a Marte
AXN14.43 Castle 15.32 Investigação Criminal 16.22 Investigação Criminal 17.12 Mentes Criminosas 18.01 Mentes Criminosas 18.50 Castle 19.40 Castle 20.30 Investigação Criminal 21.20 Inesquecível 22.15 Forever 23.10 Resurrection 00.06 Mentes Criminosas 00.53 Mentes Criminosas 1.41 Castle 2.27 Castle
AXN BLACK14.34 Chuck 15.21 Velas Negras 16.21 Filme: The Stranger- O Estranho 17.52 Chuck 18.39 Chuck 19.26 Chuck 20.13 Chuck 21.00 Velas Negras 22.00 Filme: À Boleia Pela Galáxia 23.51 Filme: Assalto e Intromissão 1.52 Chuck 2.38 Chuck
AXN WHITE14.08 Suburgatory 14.32 Filme: À Deriva 16.12 Gossip Girl 17.00 Doutora no Alabama 17.48 Doutora no Alabama 18.36 Doutora no Alabama 19.24 Era Uma Vez 20.12 Era Uma Vez 21.00 Era Uma Vez 21.50 Filme: A Namorada do Meu Melhor Amigo 23.31 Filme: Uma Boa Companhia 1.22 Era Uma Vez 2.09 Era Uma Vez
FOX 14.01 Investigação Criminal: Los Angeles 14.46 Investigação Criminal: Los Angeles 15.32 House 16.25 House 17.13 Flashpoint 18.00 Investigação Criminal: Los Angeles 18.50 Investigação Criminal: Los Angeles 19.38 House 20.30 House 21.20 The Walking Dead 22.15 The Walking Dead 23.02 American Horror Story 00.00 The Walking Dead 00.56 Investigação Criminal: Los Angeles 1.45 Spartacus: A Revolta dos Escravos 2.49 Dexter
FOX LIFE 14.00 Filme: Chris Bohjalian’s Secrets of Eden 15.30 Em Contacto 16.15 Em Contacto 17.01 Clínica Privada 17.48 Filme: She Made Them Do It 19.16 Masterchef USA 20.04 Scandal 20.51 Uma Família Muito Moderna 21.19 Uma Família Muito Moderna 21.45 Filme: A Coisa Mais Doce 23.28 Filme: Romeo Killer: The Chris Porco Story 1.12 Masterchef USA 1.59 Scandal
DISNEY16.35 Recreio 16.47 Recreio 17.00 Phineas e Ferb 17.12 Phineas e Ferb 17.30 Sabrina: Segredos de Uma Bruxa 18.00 Violetta 18.55 Liv e Maddie 19.20 O Meu Cão Tem Um Blog 19.44 Austin & Ally 20.07 Jessie 20.30 Violetta 21.25 A.N.T. Farm - Escola De Talentos
DISCOVERY17.20 Pesca Radical 18.15 A Febre do Ouro 19.10 A Febre do Ouro 20.05 Guerra de Propriedades 20.30 Guerra de Propriedades 21.00 A História do Universo 22.00 Segredos do Universo com Morgan Freeman 23.00 Perdido, Vendido 23.25 Perdido, Vendido 23.55 Perdido, Vendido 00.20 Perdido, Vendido 00.45 A História do Universo
HISTÓRIA 18.59 Os Homens Que Construíram a América: O Início de uma Nova Guerra 19.42 Caça Tesouros: Reunião Motard 20.28 Caça Tesouros: Um Chevrolet Urgente 21.14 Caça Tesouros: A Caixa de Pandora 22.00 Tecnologia Impossível: Tecnologia de Guerra 22.45 Tecnologia Impossível: Monumentos Monstruosos 23.30 O Preço da História: Cêntimo a Cêntimo 23.52 O Preço da História: Plano Disparatado 00.15 O Preço da História: Filho, O Meu Carro? 00.37 O Preço da História: Dar à Música 1.00 O Preço da História: Buffalo Bull
ODISSEIA18.47 Patrulha Caimão II: O Ataque do Caimão Zombie 19.32 Cars that Rock: Rolls Royce 20.18 Cars that Rock: Lamborghini 21.04 Viajantes Acidentados Ep.1 21.25 Viajantes Acidentados Ep.2 21.46 A Origem das Coisas Ep.1 22.08 A Origem das Coisas Ep.2 22.30 Cars that Rock: Bentley 23.15 Cars that Rock: Porsche 00.01 Cars that Rock: Bentley 00.47 Cars that Rock: Porsche Acidentados
FICAROs mais vistos da TVSábado, 22
FONTE: CAEM
SICTVITVISICTVI
12,911,411,2
10,69,3
Aud.% Share
27,824,524,022,823,9
RTP1
RTP2
SICTVI
Cabo
16,4%%
1,8
16,9
20,1
33,7
Mar SalgadoSecret Story 5Jornal das 8Jornal da NoiteMulheres
CINEMALaranja Mecânica [A Clockwork Orange]TVC4, 20h45Stanley Kubrick apresenta
uma comédia negra com uma
interpretação visual da anarquia
sádica e do cinismo profundo
do poder governamental.
Alex (Malcolm McDowell) é o
protagonista da história. Lidera
um grupo de delinquentes que
passa as noites a roubar carros, a
lutar contra gangs rivais, a assaltar
casas e a violar mulheres. Numa
noite, é apanhado pela polícia. Na
condição de reduzir a sua pena de
prisão, concorda em ser utilizado
como cobaia numa experiência
governamental. Uma terapia
que não é mais do que uma
rápida cura para uma sociedade
constantemente ameaçada pelo
mal.
Godzilla [Godzilla]Hollywood, 21h30A excessiva radiação resultante
dos testes nucleares franceses na
Polinésia acaba por provocam
mutações nas plantas e animais.
O Dr. Niko Tatopoulos (Matthew
Broderick) é chamado para
avaliar a subida de temperatura
num local de Tahiti, onde foram
encontrados trilhos de um lagarto
de dimensões superiores às
habituais. Entretanto, Godzilla,
que ressuscitou na sequência dos
testes, dirige-se para Manhattan,
onde chega num dia de chuva.
A cidade é cercada por militares
que, com a ajuda de cientistas,
tentam livrar-se da ameaça.
Realizado por Roland Emmerich.
Biutiful [Biutiful]Cinemundo, 1h50A odisseia de Uxbal ( Javier
Bardem), um pai solteiro entre
confl itos, que se perde e encontra
pelos labirintos do submundo
de Barcelona, e que tudo fará
para salvar os seus fi lhos e
reconciliar-se com um amor
perdido, enquanto a sua morte
parece cada vez mais próxima.
Amor, espiritualidade, crime e
culpa conjugam-se para levar
Uxbal, com negócios escuros na
exploração de imigrantes ilegais
e uma suposta capacidade de
comunicar com os mortos, até ao
seu destino de herói trágico... “É
um requiem”, resume o realizador
Alejandro González Iñárritu.
INFANTILFlip & FlashBaby TV, 10h46, 13h46 e 18h47A borboleta bebé e os seus
amigos apresentam mais de
250 primeiras palavras, usando
cartões coloridos, e convidam
os pequenos espectadores a
participar nos jogos de adivinhas
que aparecem no ecrã.
SÉRIE
Saving HopeTVSéries, 21h15Estreia da terceira temporada do
drama sobrenatural que gira à
volta do quotidiano dos médicos
e enfermeiros do Hospital Hope
Zion. É a vez da Dr.ª Alex Reid
fi car entre a vida e a morte na
sala de operações. Segue-se um
estado de coma e é certo que este
acontecimento vai ser um ponto
de viragem de toda a temporada.
Entretanto, o seu agressor está
à mercê de Dr. Joel, que batalha
entre a ética e o plano pessoal.
DOCUMENTÁRIOS
Tecnologia ImpossívelHistória, 22h00Série documental onde se revelam
feitos tecnológicos, monumentos
colossais e obras de engenharia
tão precisas que mostram como
a tecnologia moderna tem a sua
planta inicial no mundo ancestral.
No episódio Tecnologia de Guerra,
analisa-se o equipamento dos
actuais soldados, em comparação
com as defesas dos guerreiros
ancestrais.
Aprofundar com David ReesNational Geographic, 23h45David explica por que razão
não gosta de moscas. E, para
ajudar à sua frustração, estas
parecem estar sempre um
passo à sua frente. O humorista
está determinado em tornar-
se um mestre assassino de
moscas, o que signifi ca que
terá de aprender a manusear os
melhores instrumentos, o melhor
movimento de mata-moscas e
a melhor maneira de entrar na
cabeça do inimigo. De seguida,
uma moeda pode ser a melhor
maneira de resolver uma decisão
difícil, mas qual será a melhor
maneira de atirar a moeda ao ar?
Cars that Rock, Odisseia, 19.32
38 | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
JOGOSCRUZADAS 8991
BRIDGE SUDOKU
TEMPO PARA HOJE
A M A N H Ã
Açores
Madeira
Lua
NascentePoente
Marés
Preia-mar
Leixões Cascais Faro
Baixa-mar
Fonte: www.AccuWeather.com
PontaDelgada
Funchal
Sol
18º
Viana do Castelo
Braga9º 21º
Porto12º 20º
Vila Real9º 16º
11º 19º
Bragança8º 16º
Guarda7º 12º
Penhas Douradas7º 12º
Viseu11º 16º
Aveiro13º 19º
Coimbra12º 19º
Leiria11º 21º
Santarém12º 19º
Portalegre11º 17º
Lisboa12º 18º
Setúbal9º 21º Évora
10º 19º
Beja12º 20º
Castelo Branco12º 17º
Sines13º 19º
Sagres12º 18º
Faro16º 19º
Corvo
Graciosa
FaialPico
S. Jorge
S. Miguel
Porto Santo
Sta Maria
12º 17º
12º 17º
Flores
Terceira11º 16º
15º 19º
15º 21º
12º 17º
18º
18º
07h28
Crescente
17h18
10h0629 Nov.
1-1,5m
3-4m
18º
2m
23º1-1,5m
22º2,5-3m
15h53 3,304h14* 3,5
09h44 0,522h00 0,5
15h33 3,303h52* 3,5
09h19 0,621h34 0,7
15h41 3,204h02* 3,4
09h13 0,521h28 0,5
2-2,5m
2-2,5m
4m
17º
18º
*de amanhã
Horizontais: 1. Pedaço de barrote em que os escultores assentam a pedra em que trabalham. Leito. 2. Centésima parte do hectare. Limpar ou cortar os ramos inúteis das árvores. 3. Inspecção, geralmente nocturna, feita por agentes de segurança em instalações e edifí-cios. Enganar-se. 4. Malhadouro. Cada um dos pequenos orifícios da derme. 5. Antes de Cristo (abrev.). Fatigada. 6. Vazia. Acto ou procedimento levia-no. 7. Oitavo mês do calendário da 1.ª República Francesa, de 20 de Abril a 19 de Maio. Pequeno poema da Idade Média, narrativo ou lírico, em versos oc-tossilábicos. 8. Espaço de um mês. Fala muito alto. 9. Elemento de formação que exprime a ideia de inglês ou referen-te à Inglaterra. Parte da pele subjacente à epiderme. 10. Quinto mês do ano. Que tem saúde. Antes do meio-dia (abrev.). 11. Penhor. Capela (ant.).
Verticais: 1. Mãe de Jesus. Chama. 2. Argola. Que tem forma de coluna ou que lhe diz respeito. 3. Suave. Obrigar. 4. Consagrar. Elogio. 5. Limalha. Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de eu. 6. Variante do pronome “o”. Preparar com pele de anta. 7. Preposição que designa posse. Estado de quem es-tá só. 8. Relativo ao carpo. Texto ou con-teúdo de um escrito. 9. Dar forma de ro-dela. 10. Terra lavrada. Madeira (abrev.). 11. Africano. Muito oiro.
Depois do problema resolvido en-contre o título de uma obra de Isabel Prates (5 palavras).
Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Acabar. Anca. 2. Tatua. Briol. 3. Alas. Rei. Mi. 4. Ril. Mimar. 5. FALAR. Des. 6. Paiol. ANTES. 7. Ar. Crer. 8. Re. Opar. OPA. 9. QUE. Álea. Or. 10. Musa. Raça. 11. Elar. Ruela.Verticais: 1. Atar. Porque. 2. Califa. Eu. 3. Atalaia. Ema. 4. Bus. Loro. Ur. 5. Aa. MAL. Pás. 6. Rir. CALAR. 7. BEM. Arre. 8. Ariadne. Are. 9. Ni. Retro. Al. 10. Com. Se. Poça. 11. Alia. Seara.Provérbio: Antes bem calar que mal falar.
Oeste Norte Este Sul passo 1♥passo 2ST (1) passo 4♥ (2)Todos passam
Leilão: Equipas ou partida livre. (1) Jacoby – 12 ou mais pontos e fit de qua-tro cartas a copas (2) Mínimo e sem sin-gletons
Carteio: Saída: 2♦. Qual o seu plano pa-ra cumprir esta partida?
Solução: A decisão a tomar na primei-ra vaza é crucial. Apesar de o contra-to parecer à prova de bala, existe uma possibilidade que pode comprometer o contrato: o Rei de ouros em Este e o nai-pe de paus dividido 4-1 (28%). Jogando com cuidado é possível garantir o jogo a 100%. A primeira carta a jogar do mor-to tem de ser o Ás de ouros. De seguida procedemos à eliminação dos trunfos, três voltas bastam para o fazer. E agora, a outra jogada chave do jogo, o Rei de paus da mão. Por fim, a estocada final: ouro para fora! A defesa faz a vaza, não importa de que lado, e terá uma de três hipóteses: - jogar espadas, o que nos
Dador: EsteVul: EO
Problema 5762 Dificuldade: fácil
Problema 5763 Dificuldade: médio
Solução do problema 5760
Solução do problema 5761
NORTE♠ Q74♥ AQ93♦ A4♣ A972
SUL♠ J6♥ KJ1075♦ Q6♣ KQ85
OESTE♠ A1085♥ 642♦ J9752♣ 3
ESTE♠ K932♥ 8♦ K1083♣ J1064
João Fanha/Pedro Morbey ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
apurará uma vaza nesse naipe e, con-sequentemente passaremos a ter uma balda para o quarto pau da mão; - jogar paus, se os paus estiverem 4-1 captu-raremos sempre os paus restantes. Se a defesa jogar pequeno pau fazemos o 7 de paus do morto, se a defesa atacar com o Valete deixamos correr para a fi-gura da mão mais distante e seguimos com a passagem ao 10 para a outra mão; - jogar ouros, para corte e balda, corta-mos do morto e baldamos uma espada da mão. Ainda testamos os paus para uma eventual vaza a mais.
Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul?
O que marca com a seguinte mão?♠Q8742 ♥A6 ♦Q965 ♣K8
Resposta: Hoje em dia é popular abrir o leilão com mãos de 11 pontos de figura. No entanto, é importante definir com que mãos se o pode fazer. A primeira exigência prende-se com o facto de a mão não ser balançada (as mãos 4-3-3-3, 4-4-3-2 e 5-3-3-2 devem conter um mínimo de 12 pontos para que possam justificar uma abertura. Exceção feita a mãos com dois ases e um Rei). Uma boa combinação de figuras e a presen-ça de cartas intermédias (dezes e no-ves) também é uma exigência. A mão de hoje não deverá servir como um bom exemplo para se abrir em 1 espada, os valores estão dispersos e a mão é quase balançada. Se mudarmos a colocação das figuras para ficar com ♠AQ742 ♥96 ♦KQ65 ♣82, então a abertura em 1 es-pada é perfeitamente justificada. A boa voz: passe.
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40 | DESPORTO | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
CAREN FIROUZ/REUTERS
Lewis Hamilton volta a reinar na Fórmula 1 seis anos depois
Seis anos depois de ter conquistado
o primeiro título da carreira, Lewis
Hamilton comemorou ontem o bi-
campeonato de Fórmula 1 (F1), so-
mando no circuito de Yas Marina,
em Abu Dhabi, a 11.ª vitória da tem-
porada. Ao cortar a linha de chega-
da, recebeu os parabéns, via rádio,
do príncipe Harry, quarto na linha
sucessória da coroa britânica: “És
uma lenda.”
Ainda na pista, Hamilton realizou
a volta de consagração empunhando
a bandeira do Reino Unido, foi às
boxes comemorar com a namorada
e os familiares mais próximos e, an-
tes de subir ao pódio, isolou-se um
pouco para chorar. Digeridas todas
as emoções, partilhou então o que
lhe ia na alma: “Foi a melhor corrida
da minha vida.”
“Na noite passada fi quei a pen-
sar que amanhã [domingo] seria o
grande dia, que poderia acontecer
alguma coisa com o carro e o cam-
peonato fi caria comprometido. Na-
turalmente, pensamos em todas as
coisas negativas que podem acon-
tecer, mas eu tentei arduamente
concentrar-me em todas as coisas
positivas”, confessou o piloto da
Mercedes, em declarações citadas
pelo site ofi cial da F1. E, na realida-
de, tudo correu bem melhor do que
o britânico poderia antever.
Hamilton partia para este Gran-
de Prémio (GP) de Abu Dhabi com
17 pontos de vantagem sobre Nico
Rosberg, seu colega na Mercedes e
principal rival ao longo da época na
luta pelo título, na classifi cação ge-
ral. Mas a pole position garantida pelo
alemão na véspera e a originalida-
de de os pontos contarem a dobrar
nesta última corrida (uma inovação
introduzida esta temporada) colo-
cavam alguma pressão em cima do
britânico.
Uma pressão que Hamilton co-
meçou a sacudir logo nos primeiros
metros do GP, com uma excelente
partida que o fez saltar do segun-
do lugar da grelha para a liderança.
Começavam também a esfumar-se
as esperanças de Rosberg em con-
quistar o título mundial. E tudo foi
piorando para o alemão, que só a
muito custo terminou a prova, num
inesperado 14.º lugar. “Estou muito
da Mercedes. O piloto da Willia-
ms acabaria por ser o único com
andamento para pressionar o bri-
tânico, nomeadamente nas voltas
fi nais, tendo mesmo liderado pro-
visoriamente a prova após as duas
paragens do britânico para trocar
de pneus. Terminaria na segunda
posição, com o seu companheiro de
equipa, Valtteri Bottas, a ocupar o
último lugar do pódio.
Pelo meio, o motor do monolugar
de Rosberg foi perdendo potência,
devido a um problema no sistema de
recuperação de energia (ERS), com o
alemão a ceder sucessivas posições,
até sair dos lugares pontuáveis. Nes-
sa altura, já nem uma desistência de
Hamilton poderia valer-lhe.
“Lewis venceu de forma justa.
Mereceu ganhar hoje [domingo] e
também merece ganhar o campe-
onato”, admitiu no fi nal, com fair
play, antes de comentar a intensa ri-
validade que protagonizou esta tem-
porada com o antigo companheiro
dos karts e amigo da adolescência:
“Fui melhor do que ele [Hamilton]
nas qualifi cações nos últimos dois
anos e preciso melhorar um pouco
nas corridas para ir mais além. Vou-
me esforçar por isso.”
O segundo título de Hamilton aca-
bou por ser bem menos complicado
do que o primeiro, conquistado em
2008, também decidido na derra-
deira prova. Na altura o piloto in-
glês cumpria o seu segundo ano na
modalidade e apenas confi rmou o
campeonato na última curva de um
GP do Brasil em que esteve muito
próximo de ser surpreendido por
Massa, vencedor dessa corrida e que
era virtual campeão quando cortou
a meta.
Com este triunfo, Hamilton junta-
se ao selecto grupo de bicampeões
mundiais, composto pelo italiano
Alberto Ascari (1952 e 1953), os
também britânicos Jim Clark (1963
e 1965) e Graham Hill (1962 e 1968),
o brasileiro Emerson Fittipaldi (1972
e 1974), o fi nlandês Mika Hakkinen
(1998 e 1999) e o espanhol Fernando
Alonso (2005 e 2006). A Mercedes
está igualmente em festa, juntando
o título de pilotos (o primeiro para
a equipa alemã desde o triunfo do
argentino Juan Manuel Fangio, em
1955) ao de construtores.
Lewis Hamilton festejou emocionado o segundo título da sua carreira
Corrida perfeita do piloto britânico em Abu Dhabi rendeu o 11.º triunfo da temporada e o bicampeonato. Nico Rosberg viu esfumar-se cedo o sonho do título e terminou, em difi culdades, na 14.º posição
Automobilismo Paulo Curado
“Na noite passada fi quei a pensar que amanhã [domingo] seria o grande dia, que poderia acontecer alguma coisa com o carro e o campeonato fi caria comprometido. Tentei arduamente concentrar-me em todas as coisas positivas”
CLASSIFICAÇÕES
GP de Abu Dhabi
Mundial de construtores
Campeões com mais títulos
Mundial de pilotos
1.º L. Hamilton Mercedes 1h39m02,619s
2.º F. Massa Williams a 2,5s
3.º V. Bottas Williams a 28,8s
4.º D. Ricciardo Red Bull a 37,2s
5.º J. Button McLaren a 1m00,3s
6.º N. Hulkenberg Force India a 1m02,1s
7.º S. Perez Force India a 1m11,0s
8.º S. Vettel Red Bull a 1m12,0s
9.º F. Alonso Ferrari a 1m25,8s
10.º K. Räikkönen Ferrari a 1m27,8s
11.º K. Magnussen McLaren a 1m30,3s
12.º J. Vergne Toro Rosso a 1m31,9s
13.º R. Grosjean Lotus a 1 volta
14.º N. Rosberg Mercedes a 1 volta
15.º E. Gutierrez Sauber a 1 volta
16.º A. Sutil Sauber a 1 volta
17.º W. Stevens Caterham a 1 volta
1.º Lewis Hamilton 384 pts2.º Nico Rosberg 3173.º Daniel Ricciardo 2384.º Valtteri Bottas 1865.º Sebastian Vettel 167
1.º Mercedes 701 pts2.º Red Bull 4053.º Williams 3204.º Ferrari 2165.º McLaren 181
* Os restantes concorrentes não seclassificaram
7
5
4
3
2
Michael Schumacher (Ale)
Juan Manuel Fangio (Arg)
Alain Prost (Fra), Sebastian Vettel (Ale)
Alberto Ascari (Ita), Jim Clark (Esc), Graham Hill (Ing), Emerson Fittipaldi (Bra), Mika Häkkinen (Fin), Fernando Alonso (Esp), Lewis Hamilton (Ing)
Jack Brabham (Aus), Jackie Stewart (Esc), Niki Lauda (Aut), Nelson Piquet (Bra), Ayrton Senna (Bra)
desapontado. A oportunidade [de
ser campeão] estava lá, mas tudo
correu mal. No fi nal, a minha corri-
da não fez diferença”, lamentou.
Na frente do pelotão, Hamilton
foi dilatando a diferença para o seu
colega de equipa, com o brasileiro
Filipe Massa a seguir atrás da dupla
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | DESPORTO | 41
ALEXANDRE RIBEIRO/NFACTOS
No jogo entre o V. Guimarães e o Sp. Braga foram mostrados 13 cartões
Sp. Braga vinga 2013 e deixa o rival de Guimarães fora da Taça de Portugal
Como tinha prometido Sérgio Con-
ceição, o Sporting de Braga conse-
guiu o primeiro triunfo da tempora-
da fora de portas ontem (2-1). E esta
é uma vitória especial por ser con-
seguida no terreno do seu rival de
sempre, o Vitória de Guimarães, e
em jogo da Taça de Portugal, deixan-
do o adversário fora da competição.
Num clássico de grandes emo-
ções, os bracarenses tiveram a feli-
cidade de ter feito dois golos em dois
minutos num momento de desnorte
do adversário e depois souberam so-
frer para garantir o apuramento.
Há quase dois anos, nos quartos-
de-fi nal da prova, as duas equipas
tinham-se defrontado no mesmo es-
tádio. Nessa altura, o Vitória venceu
por 2-1, após prolongamento, e deu
um passo decisivo para a conquista
da sua primeira Taça de Portugal.
Desta vez, o resultado foi o mesmo,
mas a favor dos “arsenalistas”.
O Vitória entrou no jogo como
uma equipa de ego insufl ado pela
boa temporada que está a realizar.
E essa confi ança passou para o rel-
vado. A formação da casa entrou
a mandar no jogo, explorando as
armas que lhe têm valido muitos
pontos nesta temporada. Foi assim
causando perigo junto da baliza de
Kritciuk, em remates de fora da área
de Hernâni (6’) e Alex (11’) ou, na se-
quência de um canto, por Saré (34’).
O Sp. Braga até tinha sido a pri-
meira equipa a criar perigo. Logo
ao segundo minuto, Éder atirou de
cabeça para a baliza vazia, depois de
uma má saída de Assis, mas a defesa
da casa conseguiu sacudir. Mas não
conseguiu voltar a mostrar-se na pri-
meira meia hora face ao futebol mais
apoiado e efi caz dos vitorianos.
Éder voltou a avisar aos 32 minu-
tos, num remate cruzado que saiu
ao lado. Depois disso, foi o excesso
de confi ança dos jovens treinados
por Rui Vitória que benefi ciou o Sp.
Braga, com uma sucessão de perdas
de bola que se revelou fatal.
Bruno Gaspar não foi lesto a des-
pachar a bola na defensiva e ela
acabou por chegar aos pés de Rafa.
O internacional português fez um
grande golo num remate forte e
colocado, de fora da área, estavam
jogados 39 minutos.
No lance seguinte, o Vitória po-
dia ter chegado ao empate, de bola
parada, mas Alex não deu a melhor
sequência à ocasião. No contra-ata-
que, Traoré não foi efi caz na inter-
cepção e, depois de um ressalto, a
bola chegou a Pardo que fez segun-
do golo bracarense.
A equipa da casa estava a jogar
melhor e Rui Vitória não quis mexer
ao intervalo. Aos cinco minutos do
segundo tempo, Hernâni, o melhor
em campo, não bateu com força su-
fi ciente na bola depois de ter fugido
a Goiano. Era o primeiro aviso do
extremo responsável pelo lance que
marcou a segunda parte: aos 70 mi-
nutos, voltou a fugir ao lateral do Sp.
Braga e foi carregado dentro da área.
Penálti para o Vitória (concretiza-
do por André André) e expulsão pa-
ra o homem do Sp. Braga. Com um
homem a mais, Rui Vitória apostou
tudo no ataque — terminou o jogo
com apenas dois defesas e cinco
avançados —, mas o Sp. Braga segu-
rou a vantagem até ao fi nal.
V. Guimarães 1André André 71’ (g.p.)
Sp. Braga 2Rafa 39’, Pardo 41’
Positivo/Negativo
Jogo no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães.
Assistência Cerca de 20.000 espectadores
V. Guimarães Assis, Bruno Gaspar, Josué a19’ (Crivellaro, 77’), João Afonso, Traoré (Álvez, 55’), Bouba Saré a73’, André André a88’, Bernard, Alex (Ricardo, 84’), Hernâni e Tomané a58’. Treinador Rui Vitória.
Sp. Braga Kritciuk, Baiano a22’, Santos a67’, André Pinto, Marcelo Goiano a60’ e 70’ a70’, Danilo, Pedro Tiba a36’, Rúben Micael a62’ (Pedro Santos, 75’ a80’), Rafa a50’ (Salvador Agra, 75’), Pardo e Éder a13’ (Sasso, 83’). Treinador Sérgio Conceição.
Árbitro Duarte Gomes (Lisboa)
HernâniFoi sempre uma flecha do lado direito do ataque vimaranense e a sua unidade mais produtiva em todo o encontro. Ganhou o lance do penálti e a expulsão de Goaiano e obrigou Conceição a ir reconstruindo a equipa para evitar que fosse por ali que o Sp. Braga cedia.
PardoFez um golo pleno de oportunidade, que foi crucial para o apuramento. Andou nas alas, ajudou a defender quando foi preciso, e acabou a ocupar o eixo do ataque na fase de maior aflição, nunca virando a cara à luta.
Laterais do VitóriaGaspar e Traoré ficam ligados à eliminação do vice-líder da Liga. Em dois lances consecutivos, não foram eficazes a aliviar bolas aparentemente fáceis e esses lances resultaram nos dois golos do Sp. Braga.
Crónica de jogoSamuel Silva
Domingos Paciência, treinador do V. Setúbal
O Oriental, da II Liga de futebol,
protagonizou ontem a única surpre-
sa da quarta eliminatória da Taça
de Portugal, ao vencer na recepção
ao Vitória de Setúbal, do primeiro
escalão, por 1-0.
Benefi ciando de um golo na pró-
pria baliza de François, aos 47 mi-
nutos, o Oriental qualifi cou-se para
os oitavos-de-fi nal da competição,
após um jogo em que foi claramen-
te superior ao Vitória de Setúbal.
A formação secundária entrou
melhor no encontro perante um
Vitória de Setúbal com muitas di-
fi culdades para assumir o jogo. O
Oriental mostrou vontade de sur-
preender a equipa comandada por
Domingos Paciência e, por duas
vezes, esteve perto de inaugurar o
marcador em remates de meia dis-
tância, que foram defendidos por
Ricardo Batista.
Aos 17 minutos, Valdo caminhou
meio relvado e disparou para uma
defesa difícil do guarda-redes sadi-
no, que voltou a estar em destaque
ao defender novo remate de fora
da área, desta feita efectuado por
Tiago Mota, aos 34.
Um minuto depois, Zequinha fez
o primeiro remate do Vitória, mas
a bola saiu por cima da baliza do
Oriental, que se batia de igual para
igual com a formação primodivi-
sionária.
Na segunda parte, o Oriental en-
Oriental elimina Vitória de Setúbale é o único“tomba-gigantes”
trou melhor e chegou ao golo aos
47 minutos, num lance em que o
defesa François introduziu a bola
na sua própria baliza.
O lateral João Pedro conduziu o
ataque pela esquerda, cruzou ras-
teiro para a grande área, e Fran-
çois, na tentativa de corte, acabou
por “trair” o guarda-redes Ricardo
Batista.
Quando se esperava uma respos-
ta por parte do Vitória de Setúbal,
foi o Oriental quem continuou a
atacar, dispondo das melhores
ocasiões de golo para ampliar a
contagem, todas elas negadas por
Ricardo Batista.
Aos 64 minutos, Tom tentou um
“golo olímpico”, obrigando o guar-
da-redes sadino a aplicar-se. Ricar-
do Batista voltaria a superiorizar-se
ao médio cabo-verdiano dois mi-
nutos mais tarde, ao defender um
remate cruzado.
O Vitória de Setúbal teve nos pés
de Dani o melhor lance para empa-
tar, aos 72’, mas Janota defendeu
o remate do médio, que viria a ser
expulso por acumulação de ama-
relos, aos 85’.
Nas outras partidas, o maior des-
taque vai para a goleada obtida pelo
Paços de Ferreira sobre o Riachen-
se. A equipa de Paulo Fonseca mos-
trou na Taça de Portugal que o bom
momento que atravessa no campe-
onato não é fruto do acaso.
Bem mais difícil foi o apuramento
do Gil Vicente. A equipa orientada
por José Mota, apesar de jogar em
casa e perante uma equipa de um
escalão inferior, precisou dos pe-
náltis para se superiorizar ao Var-
zim, mostrando que o último lugar
que ocupa na I Liga é um real sinal
de difi culdades.
Futebol
Um autogolo deu o triunfo à equipa da II Liga. Paços de Ferreira obteve a maior goleada da eliminatória
TAÇA DE PORTUGALSexta-feiraSp. Espinho-Sporting (I) 0-5SábadoAtlético (II)- Marítimo (I) 0-2Famalicão (CNS)-Fafe (CNS) 4-0Rio Ave (I)-Oliveirense (II) 2-0Trofense (II)-Belenenses (I) 0-5Benfica (I)-Moreirense (I) 4-1DomingoVieira (CNS)-Freamunde (II) 0-1Vizela (CNS)-Operário (CNS) 1-1 (4-2 g.p.)Santa Maria (CNS)-Santa Eulália (CNS) 2-1Nacional (I)-Ribeirão (CNS) 2-0Feirense (II)-Desportivo de Chaves (II) 0-2Paços de Ferreira (I)-Riachense (CNS) 9-0Penafiel (I)-Desportivo Aves (II) 1-0Gil Vicente (I)-Varzim (CNS) 1-1 (3-1 g.p.)Oriental (II)-V. Setúbal (I) 1-0V. Guimarães (I)-Sp. Braga (I) 1-2
Triunfo feliz dos bracarenses em Guimarães (2-1) num clássico de grandes emoções
42 | DESPORTO | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
O trintão Antonio Di Natale chegou aos 200 golos na Série A
OLIVIER MORIN/AFP
Antonio Di Natale, aqui numa partida contra o Sporting de Braga, no play-off da Liga dos Campeões
Quando comemorou o seu 30.º
aniversário, em Outubro de 2007,
Antonio Di Natale tinha “apenas” 48
golos marcados no principal campe-
onato italiano. Ontem, o internacio-
nal italiano, de 37 anos, chegou aos
200, um número signifi cativo.
Em média, o capitão da Udinese,
clube que representa desde 2004,
marca um golo a cada dois jogos
na Série A. A conta é fácil de fazer,
porque ontem foi o seu 400.º jogo
na prova. O avançado colocou a sua
equipa na frente do marcador antes
do intervalo com um bom remate,
mas o Chievo Verona conseguiu sair
de Udine com um ponto, graças a
um golo de Ivan Radovanovic a 15
minutos do fi m.
O goleador, que viveu os seus me-
lhores anos já depois dos 30, che-
gou a anunciar a sua reforma na
última época, mas depois mudou
de ideias. Em 2014-15, já soma sete
golos na Série A. Di Natale já anotou
182 golos na Série A pela Udinese,
clube em que está a cumprir a 11.ª
temporada e que ajudou a ter anos
serenos. A equipa de Udine nunca
ganhou o campeonato ou a Taça
de Itália na sua história. Os outros
18 foram registados ao serviço do
Empoli, em duas épocas. No cur-
riculum constam também 49 golos
distribuídos pelo segundo e terceiro
escalão italianos no início da car-
reira.
“Quero agradecer a todos os cole-
gas de equipa e treinadores que me
ajudaram a atingir este número”,
afi rmou Di Natale, que não colocou
de parte a hipótese de continuar a
jogar para lá desta temporada.
O recorde de golos no principal
campeonato transalpino pertence
há muito a Silvio Piola, com 290 go-
los. O homem que se segue ao avan-
çado campeão mundial pela Itália
em 1938 ainda está em actividade:
Francesco Totti regista 237 golos,
todos pela Roma. Seguem-se o sue-
co Gunnar Nordahl (225), Giuseppe
Meazza (216) e o italo-brasileiro Jo-
sé Altafi ni (216). Na sexta posição
aparece Roberto Baggio (205), que
poderá ser igualado em breve por Di
Natale, o sétimo com mais golos.
O atacante, que nas oito épocas
anteriores superou sempre a mar-
ca dos dez golos no campeonato,
sagrou-se melhor marcador da Série
A em 2009-10 (29) e 2010-11 (28). A
sua capacidade para marcar e assis-
tir os seus colegas também o levou
à selecção italiana, pela qual fez
42 jogos (11 golos) e participou no
Mundial 2010 e em dois Europeus
(2008 e 2012).
Ontem, também foi dia de Milan-
Inter, um derby que, na perspectiva
da luta pelo título, perdeu algum
signifi cado em Itália nos últimos
anos, por causa do momento me-
nos positivo das duas equipas. A
corrida pelo scudetto parece cada
vez mais uma corrida a dois entre
Juventus e Roma.
Ao fi m de 12 jornadas, Milan e
Inter parecem defi nitivamente ar-
redados dessas contas. Para não
destoar, atrasaram-se um ao outro
com o empate a uma bola. Primeiro
marcou o Milan, através do francês
Jérémy Ménez (23’). O Inter igualou
aos 61’, por intermédio do nigeriano
Joel Obi. O Milan está no 7.º lugar, a
13 pontos da líder e tricampeã Juve.
O Inter está ainda pior: 9.º, a 14.
Em Espanha, o Valência visitou
o rival da cidade, o Levante, e não
conseguiu evitar somar a segun-
da derrota no campeonato. Como
consequência do desaire por 2-1,
desceu de 3.º para 4.º, por troca
com o Atlético de Madrid, que ti-
nha vencido na véspera. A equipa
treinada por Nuno Espírito Santo
continua com 24 pontos, a dois do
campeão e a seis do comandante
Real Madrid.
Cruzeiro bicampeãoO Cruzeiro revalidou o título de
campeão brasileiro, ao vencer o
Goiás, por 2-1, Ricardo Goulart, aos
13’, e Everton Ribeiro, aos 63’, mar-
caram os golos da equipa de Belo
Horizonte. que festejou diante do
seu público, no Estádio Governador
Magalhães Pinto.
Samuel, aos 23’, marcou o golo
dos visitantes.
Com 76 pontos a duas jornadas
do fi m, o Cruzeiro já não pode ser
apanhado pelo São Paulo (69) e
conquistou assim o quarto título
da sua história, depois dos obtidos
em 1966, 2003 e 2013. O curriculum
do Cruzeiro apresenta ainda duas
Taças Libertadores e quatro Taças
do Brasil, além de muitos outros
títulos.
Aos 37 anos, o avançado italiano continua a ajudar a Udinese. No Brasil, o Cruzeiro está em festa: o clube de Belo Horizonte revalidou o título de campeão, que conquistou pela quarta vez na sua história
Futebol internacionalManuel Assunção
CLASSIFICAÇÕES
J V E D M-S P
INGLATERRA
Jornada 12Chelsea-West Bromwich Albion 2-0Everton-West Ham 2-1Leicester-Sunderland 0-0Manchester City-Swansea 2-1Newcastle-Queens Park Rangers 1-0Stoke-Burnley 1-2Arsenal-Manchester United 1-2Crystal Palace-Liverpool 3-1Hull-Tottenham 1-2Aston Villa-Southampton 20h, BTV2
Chelsea 12 10 2 0 30-11 32Southampton 11 8 1 2 23-5 25Manchester City 12 7 3 2 24-13 24Manchester United 12 5 4 3 19-15 19Newcastle 12 5 4 3 14-15 19West Ham 12 5 3 4 20-16 18Swansea City 12 5 3 4 16-13 18Arsenal 12 4 5 3 20-15 17Everton 12 4 5 3 22-19 17Tottenham 12 5 2 5 16-17 17Stoke City 12 4 3 5 13-15 15Liverpool 12 4 2 6 15-18 14West Bromwich 12 3 4 5 13-17 13Sunderland 12 2 7 3 12-19 13Crystal Palace 12 3 3 6 17-21 12Hull City 12 2 5 5 14-17 11Aston Villa 11 3 2 6 5-16 11Leicester City 12 2 4 6 11-18 10Burnley 12 2 4 6 8-20 10Queens Park Rangers 12 2 2 8 11-23 8
J V E D M-S P J V E D M-S P
ESPANHA FRANÇAJornada 12Athletic Bilbau-Espanyol 3-1Atlético de Madrid-Málaga 3-1Eibar-Real Madrid 0-4Barcelona-Sevilha 5-1Deportivo-Real Sociedad 0-0Rayo Vallecano-Celta de Vigo 1-0Levante-Valência 2-1Elche-Córdoba 2-2Villarreal-Getafe 2-1Granada-Almería 19h45
Jornada 14Metz-Paris Saint-Germain 2-3Bastia-Lyon 0-0Guingamp-Rennes 0-1Lorient-Lens 1-0Mónaco-Caen 2-2Nice-Stade de Reims 0-0Nantes-Saint-Étienne 0-0Montpellier-Toulouse 2-0Marselha-Bordéus 3-1Lille-Évian 7 Janeiro
Real Madrid 12 10 0 2 46-11 30Barcelona 12 9 1 2 30-6 28Atlético de Madrid 12 8 2 2 23-12 26Valência 12 7 3 2 24-11 24Sevilha 12 7 2 3 19-16 23Málaga 12 6 3 3 15-12 21Celta de Vigo 12 5 5 2 17-12 20Villarreal 12 5 3 4 17-14 18Athletic Bilbau 12 4 3 5 10-13 15Getafe 12 4 2 6 9-16 14Rayo Vallecano 12 4 2 6 15-24 14Eibar 12 3 4 5 13-19 13Levante 12 3 3 6 9-26 12Espanyol 12 2 5 5 12-16 11Real Sociedad 12 2 4 6 12-16 10Deportivo Corunha 12 2 4 6 12-21 10Granada 11 2 4 5 6-17 10Elche 12 2 4 6 12-24 10Almería 11 2 3 6 9-14 9Córdoba 12 0 7 5 10-20 7
Marselha 14 10 1 3 30-13 31Paris Saint-Germain 14 8 6 0 28-10 30Lyon 14 8 3 3 27-11 29Nantes 14 6 6 2 13-9 24Bordéus 14 7 3 4 21-18 24Saint-Étienne 14 6 5 3 13-12 23Rennes 14 6 4 4 16-14 22Mónaco 14 5 5 4 17-16 20Montpellier 14 6 2 6 13-13 20Stade de Reims 14 5 4 5 14-21 19Nice 14 5 3 6 17-19 18Metz 14 5 3 6 15-18 18Toulouse 14 5 2 7 17-19 17Lille 13 4 4 5 9-12 16Bastia 14 3 5 6 11-17 14Caen 14 3 4 7 17-19 13Lorient 14 4 1 9 11-17 13Évian 13 4 1 8 12-22 13Guingamp 14 4 0 10 10-25 12Lens 14 3 2 9 12-18 11
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | DESPORTO | 43
Numa partida emocionante até ao
apito fi nal, acabou por valer o golo
solitário do brasileiro Diogo para
o Sporting derrotar os espanhóis
do Inter Movistar e garantir o apu-
ramento para a fase fi nal da UEFA
Futsal Cup, equivalente à Liga dos
Campeões do futebol. O fi m do en-
contro trouxe uma explosão de ale-
gria entre os adeptos “leoninos” que
preencheram os 2100 lugares do Pa-
vilhão Multiusos de Odivelas, confi r-
mado o primeiro lugar dos lisboetas
no Grupo A da Ronda de Elite.
Mas foi preciso a equipa portugue-
sa sofrer bastante, especialmente
nos últimos segundos, quando o
campeão espanhol procurava de-
sesperadamente o empate, que eli-
minaria os “leões” (face à vantagem
na diferença entre golos marcados e
sofridos), chegando mesmo a atirar
uma bola ao poste. Com este triunfo
suado, o Sporting junta-se ao Dína-
mo de Moscovo, Barcelona e Kairat
na fi nal a quatro, onde estará pela
quarta vez no seu historial.
“Não me recordo de um lance no
jogo todo em que a nossa equipa se
tenha desconcentrado, que tenha
estado menos bem. Foi um dos as-
pectos fundamentais. Dei os para-
béns a todos eles, sem excepção,
por essa forma magnífi ca como jo-
garam”, referiu no fi nal da partida o
treinador Nuno Dias, sem esconder
alguma emoção.
Um golo bastou para o Sporting passarà fase final da UEFA Futsal Cup
Depois de uma primeira par-
te sem golos, com o Inter a trocar
bem a bola e a controlar os acon-
tecimentos, o Sporting regressou
mais determinado para a segunda
metade. Caio Japa e Alex deram os
primeiros avisos, mas seria Diogo,
aos 35’, a chegar ao golo, num rema-
te que ainda ressaltou num adversá-
rio antes de entrar na baliza. Foi a
primeira grande festa dos adeptos
em Odivelas.
Em desvantagem, os espanhóis,
que ainda não tinham sofrido golos
nas duas primeiras partidas (6-0 ao
Pro Varna e 4-0 ao Charleroi), pro-
curaram chegar à igualdade, mas o
conjunto lisboeta soube ser coeso a
defender a curta vantagem. O maior
susto surgiu a dez segundos do api-
to fi nal, quando o Inter acertou no
poste da baliza de Cristiano.
“Este golo tem um sabor muito
bom, inexplicável”, comentou Dio-
go pouco depois da confi rmação do
triunfo: “Nunca joguei numa fi nal
four e vou ter a oportunidade. É
uma sensação indescritível.”
A euforia dos jogadores “leoni-
nos” contrastava com o desânimo
de Jesús Velasco Tejada, treinador
dos campeões espanhóis. “Creio
que foi um detalhe que deu o jogo ao
Sporting, mas dou-lhes os parabéns,
creio que lutaram e que merecem”,
concluiu.
FutsalPaulo Curado
“Leões” batem Inter Movistar e juntam-se a D. Moscovo, Barcelona e Kairat na final a quatroA equipa suíça com a “saladeira”, a Taça Davis, nas mãos
Bruno de Carvalho juntou-se aos festejos dos jogadores do Sporting
Stan Wawrinka já o tinha projectado,
em Janeiro, ao conquistar o Open da
Austrália, mas faltava a rubrica de
Roger Federer para ofi cializar o Ano
da Suíça: o número dois do ranking
assinou uma exibição de grande ní-
vel para derrotar Richard Gasquet
na fi nal da Taça Davis e dar o ter-
ceiro ponto aos suíços, que assim
conquistaram o primeiro título na
centenária competição.
“Já tenho títulos sufi cientes na mi-
nha carreira, não preciso de preen-
cher alguns buracos em aberto. No
fi nal, este foi mais para os rapazes;
para o Seve e o Stan e a equipa e to-
dos os envolvidos”, frisou Federer,
de lágrimas nos olhos, reforçando
o espírito de equipa por detrás des-
ta conquista, na qual pontifi caram
igualmente o capitão Severin Luthi
e Wawrinka, vencedor do primeiro
singular, na sexta-feira, e parceiro
de Roger no par vitorioso de sába-
do. “Não consigo mostrar o quanto
estou agradecido ao Stan pelo em-
penho que ele colocou e por tudo o
que fez durante este fi m-de-semana”,
acrescentou mais tarde.
No primeiro singular do derradeiro
dia da fi nal, Federer serviu a um nível
excepcional, perdendo somente 14
pontos em 13 jogos de serviço e não
enfrentando qualquer break-point.
Gasquet jogou bem, mas nem o apoio
inequívoco dos milhares de compa-
Ano da Suíçacom a assinaturade Roger Federer
triotas presentes em Lille compen-
sou a falta de argumentos.
Uma semana depois de ter desis-
tido da jogar a fi nal do Masters de
Londres, devido a uma lesão nas
costas, Federer mostrou-se livre de
qualquer problema físico e exibiu um
ténis agressivo com amorties, como
o que lhe deu a vitória por 6-4, 6-2
e 6-2. E a concentração patenteada
durante uma hora e 52 minutos deu
lugar à emoção, partilhada por toda
a selecção da Suíça.
Federer encerrou a época com 85
encontros disputados (72 ganhos e
13 perdidos) — máximo este ano no
ATP World Tour —, cinco títulos e
pelo 10.º ano consecutivo no “top-
2”. O melhor suíço é também o 21.º
jogador dos 25 que já ocuparam o
primeiro lugar do ranking a triunfar
na Taça Davis.
Para Wawrinka, 2014 foi inesque-
cível, pois conquistou um primeiro
título do Grand Slam e a Taça Davis,
um feito só alcançado por Rafael
Nadal neste século — o último a con-
quistar o seu primeiro major e a Taça
Davis no mesmo ano foi Andre Agas-
si, em 1992. Já a Suíça é o 14.º país a
inscrever o nome na base da “saladei-
ra” de prata, o emblemático troféu
da competição criada em 1900.
Do outro lado, os franceses não
conseguiram esconder a desilusão
por perderem a terceira fi nal na pro-
va (após as de 2002 e 2010). “A quen-
te, penso que fi zemos tudo bem feito,
tanto eu como os jogadores, mas a
Suíça foi melhor do que nós. O que
nos falta são as vitórias regulares nos
grandes torneios. Parece pouco mas
também é muito”, frisou o capitão da
França, Arnaud Clément.
Agora, seguem-se seis semanas de
paragem no circuito profi ssional, até
ao início da época de 2015.
DENIS CHARLET/AFP
ENRIC VIVES-RUBIO
TénisPedro Keul
Suíços fazem história ao conquistar primeiro título na Taça Davis, enquanto os franceses adiaram pela terceira vez novo triunfo
14Foram os golos apontados pelo Sporting nesta fase de grupos, tendo sofrido cinco. Os “leões” somaram três triunfos e foram a equipa mais concretizadora.
Magnus Carlsen renovou o título de
campeão mundial absoluto de xa-
drez derrotando de novo o indiano
Viswanathan Anand, a quem tinha
arrebatado o ceptro há um ano. Tal
como em Chennai, também agora,
em Sochi, Carlsen, que tem apenas
23 anos, não necessitou das 12 par-
tidas previstas para vencer o con-
fronto, mas desta vez teve de se
esforçar muito mais.
De facto, comparativamente ao
confronto disputado na Índia, em
que Anand foi humilhado, com três
derrotas sem resposta nas dez par-
tidas disputadas, desta vez o india-
no surgiu muito melhor prepara-
do, tendo ripostado de imediato à
derrota sofrida na segunda ronda,
repondo a igualdade na partida se-
guinte.
O momento crucial do encontro
seria a sexta partida, quando o jo-
vem norueguês de 23 anos voltou
a vencer, numa partida em que,
por um instante, Anand poderia
ter conseguido o resultado inver-
so. Na altura o alívio manifestado
pelo norueguês foi bem evidente,
na conferência de imprensa que
se seguiu ao jogo, e este resultado
condicionaria a abordagem nas par-
tidas seguintes. Carlsen foi muito
mais conservador que o habitual,
enquanto Anand tentou complicar
as partidas procurando forçar um
erro do adversário.
Quatro empates consecutivos
punham Carlsen a um ponto do tí-
tulo, à falta de duas partidas e, na
11.ª, Anand arriscaria demasiado,
rendendo-se ao 45.º lance.
A fi nal de Sochi foi transmitida
em directo pelo canal público NRK
e conseguiu audiências idênticas às
do esqui nórdico e superiores às da
selecção de futebol, contribuindo
um pouco mais para a aura de es-
trela que Carlsen tem no seu país.
Carlsen de novo campeão do mundo
XadrezJorge Guimarães
O indiano Viswanathan Anand foi impotente para roubar o estatuto ao jovem xadrezista
O norueguês Magnus Carlsen tem apenas 23 anos, mas já revalidou o título de campeão do mundo de xadrez
44 | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
ESPAÇOPÚBLICO
EDITORIAL
CARTAS À DIRECTORA 24/11
Os dois caminhosda Justiça
Temos em cima da mesa o caso mais
grave da democracia portuguesa. Um
ex-primeiro-ministro foi detido pelas
autoridades judiciais no âmbito de
um inquérito que investiga suspeitas
de crimes de fraude fi scal, branqueamento
de capitais e corrupção. Ainda mal refeitos
das buscas e prisões de altos quadros da
Administração Pública e da demissão de
um ministro na sequência do escândalo dos
vistos gold, eis que outra vaga de detenções
acontece, com José Sócrates no epicentro
deste novo caso. Mas é preciso não esquecer
que não passaram ainda muitos meses desde
que o centro das atenções foi o banqueiro
do regime, que acabou por sair arguido
do Campus da Justiça sob a imposição
de uma caução milionária. Este tipo de
acontecimentos provoca sentimentos mistos:
Um pilar do Estado de direito não poder descer ao terreno da luta partidária
por um lado, a satisfação de se perceber que
o longo braço da lei não se inibe perante
ninguém; por outro, a incomodidade de
se constatar que nem sempre ao frenesim
da justiça correspondeu a descoberta da
verdade. Isto também acontece porque os
interesses são grandes e os mecanismos
de fi scalização e escrutínio são já muitas
vezes construídos com fragilidades úteis
para serem aproveitadas por quem tem a
informação necessária para as aproveitar.
A facilidade com que o dinheiro se desloca
e “foge” é inversamente proporcional à
capacidade da justiça para acompanhar esses
movimentos e cooperar entre si. Mas esse
não é, de todo, um problema da justiça, mas,
antes, um problema decisivo da política.
Estes epifenómenos de mediatização
da justiça, a que muitas vezes se seguem
períodos de refl uxo e de esvaziamento
dos casos que lhes dão origem, são
extremamente negativos, pois geram
sentimentos de frustração e de impunidade
que acabam por fragilizar a democracia. É
por isso que um processo destes não pode
falhar. Deve estar construído na base de
elementos de prova sólidos, obtidos através
de meios legais inequívocos e garantidos
os direitos de todos os envolvidos. Mas
temos que convir que não começou bem,
e não só porque, na hora da detenção,
lá estavam as câmaras televisivas para
garantir o espectáculo. Repare-se que só
se soube da existência de mais três detidos
depois de ser conhecida a situação de
José Sócrates. Mas desde há cerca de um
mês que circulavam informações sobre
a iminência da detenção do ex-primeiro-
ministro e corriam rumores dando conta
de investigações em curso. Também havia
teorias da conspiração para todos os
gostos e gente de mais a dar a entender ter
conhecimento de movimentações judiciais
que, à luz dos acontecimentos actuais, se
percebe terem extravasado as fronteiras
das diligências em curso. É absolutamente
relevante que esse tipo de informações
circulasse nos meios políticos e muitas
vezes fosse apresentada como forma de
atingir ou ser atingido no terreno da luta
partidária. A justiça deveria pensar bem
se quer ser parte nessa guerra ou se, pelo
contrário, consegue resistir a essa voragem
exibicionista e cumprir apenas o papel
fundamental que lhe compete no Estado
de direito.
Subvenções vitalícias aos ex-políticos!Só terem pensado na ideia e
ter sido expressa pública e
publicadamente de voltarem a ser
repostas as subvenções vitalícias
aos ex-políticos, fez arrepiar
todo o país que não foi, não é, e
espera nunca ser “político”. E isto
pela simples razão de que todos
nós, “não-políticos”, estamos a
sofrer na pele cortes em tudo,
a começar pela decadência do
país, e se podemos ser culpados
por “passividade” excessiva,
nunca o seremos por actividade
demasiada, dado “isso” competir
a todos os políticos que por lá
andam, andaram e se calhar,
se nada mudar, andarão. E não
há que ter medo de dizer que
só a ideia de “isto” ser possível
acontecer, esta reposição
acontecer, deveria fazer corar
todo e qualquer político. Mais
As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar
e eventualmente reduzir os textos
não solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: [email protected]
Contactos do provedor do Leitor
Email: [email protected]
Telefone: 210 111 000
que não fosse, por continuarem a
não entender qual é a sua função,
e como a não estão a cumprir.
Não estão, por o país ir de mal a
pior, a cada dia que passa. Não
estão, por não terem conseguido/
sabido passar uma imagem de
credibilidade das políticas e dos
próprios políticos. Não estão,
por não terem dado, nunca,
justifi cações exactas, em tempo
certo, do que se estava a passar,
de facto, com o nosso país, e
por terem, sempre ou quase,
usada a táctica de nunca, nunca
assumirem culpas próprias, de as
atirarem preferencialmente para
todos os outros políticos. (...) De
facto, enquanto assim quiserem
continuar, o país não se vai
levantar, não vamos melhorar, não
vamos “dar a volta por cima”, e a
cada dia vamos menos acreditar
em política e em políticos. (...)
Augusto Küttner de Magalhães,
Porto
Podemos ou Oxalá?
Corre por aí a anedota que diz
que na Espanha há o Podemos
e que em Portugal vai haver o
Oxalá. Tem alguma graça porque
caracteriza bem a índole do povo
português, mas não deixa de
ter, implicitamente, uma crítica
aos novos movimentos que têm
surgido, ultimamente, no panorama
político português. A plataforma
anunciada, há dias, por Ana Drago
e Rui Tavares, entre outros, tem
na sua origem algo parecido com
o Podemos, mas não pode ser
confundida (...) A plataforma cidadã
(...) é um projeto de esquerda que
tem pernas para andar porque
vem ao encontro dos desejos de
uma grande franja do eleitorado
que está cansada da alternativa
entre os partidos ditos do arco
do poder e os partidos marxistas-
leninistas da extrema-esquerda. O
eleitorado português (...) precisa
Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores
de ter o seu tempo para conhecer
o projeto e para ganhar confi ança
nos seus protagonistas e por isso
de facto é este o “tempo para
avançar”. Muitas críticas vão surgir
de todos os quadrantes porque
este projeto traz grandes novidades
em termos de participação cívica
(...) Neste aspeto está bem longe
do culto da personalidade do
Podemos e da ambiguidade do seu
posicionamento ideológico (...)
Veremos se é desta vez que a voz da
cidadania se faz ouvir ao mais alto
nível político. Oxalá!
José Carlos Palha, Gaia
PÚBLICO ERROUO médico cardiologista que o
PÚBLICO ontem referiu, na
página 12, como genro de Almeida
Santos já não é casado com uma
das fi lhas do ex-presidente do PS.
Os dois divorciaram-se em 2005.
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | 45
BARTOON LUÍS AFONSO
O facto de ser filha do primeiro-ministro não a impediu de integrar as forças militares britânicas
Homenagem a Mary Churchill Soames
A notícia da detenção para
interrogatório do ex-primeiro-
ministro José Sócrates — à
chegada ao Aeroporto de
Lisboa, com pré-aviso à
imprensa — atingiu-me com
estupefacção em Londres.
Por mais poderosas que
sejam as razões — e muito
poderosas terão de ser —, é
difícil compreender tamanha exibição de
força e publicidade num Estado de direito
democrático. Mais preocupantes ainda
têm sido as incendiárias reacções, a favor
e contra, na chamada “blogosfera” — um
estabelecimento que frequento apenas
moderadamente.
Ao contrário dessa atmosfera
revolucionária, o evento que me
trouxe a Londres terá sido tudo menos
revolucionário: a homenagem a Lady (Mary
Churchill) Soames, fi lha mais nova de
Winston Churchill, que morreu com 91 anos
no dia 31 de Maio.
A cerimónia teve lugar na Abadia de
Westminster, na quinta-feira, pelas 12h,
com cerca de um milhar de pessoas — todas
previamente inscritas e credenciadas,
bem como submetidas a controlo de
metais à entrada. Apesar da envergadura
logística, tudo decorreu com a habitual
tranquilidade britânica: sem surpresas, nem
entusiasmos, nem ruídos de telemóvel ou
outros intrusivos instrumentos modernos,
incluindo câmaras de televisão.
Às 11h30, as pessoas tinham ocupado
os seus lugares. Começaram a chegar os
convidados ofi ciais, encabeçados pela
embaixadora de França, onde Mary Soames
tinha sido embaixatriz e a cuja Legião
de Honra pertencia. Às 11h55, entrou
o príncipe de Gales, em representação
da Rainha e do duque de Edimburgo,
acompanhado pela duquesa de Cornwall.
Às 12h em ponto, o coro de Westminster
deu início à cerimónia. Às 13h em ponto, os
sinos de Westminster tocaram a rebate. A
cerimónia terminara.
Mary Churchill Soames nasceu em 1922,
a fi llha mais nova de Winston e Clementine
Churchill. O facto de ser fi lha do primeiro-
ministro não a impediu de, com apenas 18
anos, ter sido uma das primeiras mulheres
a integrar as forças militares britânicas na
frente de batalha. Serviu em várias baterias
antiaéreas, designadamente no Hyde Park
de Londres, onde escapou por um triz a
um bombardeamento nazi. Participou nas
forças do D-Day e desempenhou missões
em Bruxelas e Hamburgo. Recebeu várias
condecorações por coragem em combate
e acompanhou o pai em vários encontros
marcantes — com Roosevelt e Staline, entre
outros.
Mary casou-se em 1947 com o capitão
Christopher Soames, mais tarde deputado
conservador, embaixador britânico em
Paris, comissário europeu em Bruxelas e
último governador da Rodésia. Depois da
morte do marido, em 1987, Mary prosseguiu
activa participação em associações
voluntárias de intervenção cívica.
Foi presidente do conselho de
administração do Winston Churchill
Memorial Trust entre 1991 e 2002.
Totalmente baseado em donativos privados,
este fundo foi criado em 1965 — ano da
morte de Churchill — para oferecer bolsas de
estudo a cidadãos britânicos que quisessem
estudar ou investigar no estrangeiro, na
condição de depois regressarem ao país.
Desde 1965, foram atribuídas 4950 bolsas
Winston Churchill, estando previstas mais
50 para o próximo ano — no cinquentenário
da morte de Churchill.
Mary Soames era também a “Patron” da
International Churchill Society/Churchill
Centre, outra instituição puramente privada
dedicada ao estudo e à divulgação da fi gura
e da obra de Winston Churchill. Foi aí
que a conheci, nas iniciativas da Churchill
Society, a que quase sempre presidia. Era
uma presença encantadora, despretensiosa,
bem humorada, mas com opiniões fortes
sobre muitos temas políticos — sobretudo se
tivessem alguma relação, ainda que remota,
com os seus pais.
Mary Soames escreveu, aliás, uma
excelente biografi a de sua mãe, Clementine
Churchill, que obteve em 1979 o Wolfson
Prize for History. Entre vários outros livros,
destaca-se em 1990
Winston Churchill:
His Life as a Painter,
e, em 1998, Speaking
for Themselves —
uma impressionante
colecção de cartas
entre Winston
e Clementine
Churchill.
Finalmente, um
livro absolutamente
incontornável é o de
2011: A Daughter’s
Tale: the Memoir of
Winston Churchill’s
Youngest Daughter.
Mary Soames
representava o
melhor de uma
velha tradição
britânica que
muitos receiam ter
caído em desuso: o espírito patriótico de
dever e serviço, exercido graciosamente,
discretamente, apenas para servir a causa
da liberdade ordeira sob a lei. Essa foi
sem dúvida a tradição que celebrámos na
quinta-feira, na Abadia de Westminster. Sem
publicidade, sem televisão, sem fotos para
“facebooks” e outras substâncias tóxicas da
presente era das celebridades mediáticas.
Mary Soames representava o melhor de uma velha tradição britânica do espírito patriótico
Professor universitário, IEP-UCP Escreve à segunda-feira
João Carlos EspadaCartas do Atlântico
Viva T.E. Hulme!
O artigo mais surpreendente
deste Outono é o de Patrick
McGuinness sobre T.E. Hulme
no TLS de 21 de Novembro. Para
quem só conhece Hulme como
poeta modernista e imagista,
elogiado por Ezra Pound e
morto em Flandres em 1917,
com 34 anos, é interessante
saber que era um democrata
conservador, céptico e realista, com opiniões
“do mal o menos” que continuam aplicáveis
até aos dias de hoje.
Hulme era um poeta que gostava de
andar à porrada (uma vez pendurou
Wyndham Lewis pelas bainhas das calças
por causa de uma coincidência amorosa).
Era um gorila letrado. Quando ele morreu, o
inteligentíssimo mas amoral Bertrand Russell
disse que era uma boa notícia porque Hulme
era “evil”. Hulme reconhecia que a ideia e
a prática da democracia liberal são gostos
desejáveis mas minoritários. Outras culturas
têm (grande surpresa!) noções diferentes de
progresso e de decadência.
Pound (tal como Eliot) é um grande poeta
cujo anti-semitismo entrou muito nalguns
poucos poemas deles. Wyndham Lewis era
um artista menor com espírito fascista e
Marinetti (que Hulme também combateu)
era um génio publicitário que tentou fazer
passar o fascismo, nostálgico e romanista,
por modernista. É preciso comprar o
último TLS (custa cinco euros) para ler o
maravilhoso artigo. Mas, caso não esteja para
isso, vá gratuitamente ao The TLS blog e leia
“T.E. Hulme’s ways of seeing” de Alan Jenkins.
Ouça também 15 minutos do mesmo autor a
falar de Hulme. Que sorte a nossa: viva T.E.
Hulme!
Miguel Esteves CardosoAinda ontem
46 | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014
O Ministério da Saúde gastou menos recursos públicos, mas retirou mais dinheiro às famílias
As contas da Saúde
Em meados de Setembro, o
INE tornou públicas as contas
da Saúde, sob a forma de
conta-satélite, de publicação
trimestral, com os dados mais
recentes ainda provisórios.
Esta publicação regista a
evolução das prioridades de
fi nanciamento e despesa,
públicos e privados, permitindo
avaliar a política de saúde prosseguida.
Ela confi rma o defi nhamento do modelo
público do sistema de saúde defi nido na
Constituição.
A despesa corrente total em saúde,
pública e privada que havia subido, em
termos nominais, de 9,4% a 9,8% do
PIB, entre 2007 e 2010, baixou sempre a
partir de então, para 9,5% em 2011, 9,2%
em 2012 e 8,9% em 2013. Apesar de o
denominador, o PIB nominal, ter baixado
2,1% em 2011, 3,6% em 2012 e ter registado
uma pequena subida de 0,9% em 2013. Ou
seja, nos anos de 2011 e 2012, a redução
real do compromisso público com a saúde
foi ainda mais acentuada que o atrás
registado.
A que se deveu esta redução? A menor
despesa pública ou a menos gastos das
famílias? Claramente, a primeira explicação
predomina: nos quatro anos que
decorreram, entre 2010 e 2013, a despesa
corrente em saúde não só baixou mais
que o PIB, com a parte pública a descer
de 70% para 66% no total da despesa
corrente, enquanto a contribuição privada
aumentou, ainda que moderadamente, de
24,8% para 28,6. Em quatro anos, entre
2010 e 2013, a despesa corrente pública
em saúde, em termos nominais, perdeu
18,3 pontos da sua importância; a despesa
corrente privada baixou também, mas
apenas 1,6 pontos percentuais.
No que respeita à divisão da despesa
por agente fi nanciador, o SNS continua
a dominar, mas diminui de 59,5% em
2010, para 57,9% em 2013. A despesa
privada das famílias, pelo contrário,
aumentou de 24,8% para 28%, atingindo
32%, se incluirmos seguros privados (que
aumentam a sua importância de 3% para
3,5%), subsistemas de saúde privados,
fundos de Segurança Social e deduções à
colecta. A despesa corrente do SNS, em
termos nominais, baixou em 2011 e 2012,
8,7% e 7,9%, respectivamente, refl ectindo
uma redução de 7,9% e 9,1% da despesa
em hospitais públicos, de 11,4% e 14,1% em
ambulatório e ainda de 19,1% e 11,6% em
farmácias.
Se a análise partir do ano de 2007,
a despesa corrente em saúde, na sua
componente pública, reduziu-se em
quase cinco pontos percentuais do
total da despesa corrente em saúde. O
fi nanciamento pelo SNS, apesar de ter
diminuído em termos nominais, como a
redução do total foi maior, manteve a sua
posição relativa no conjunto da despesa
corrente em saúde, isto é, à volta de 58%. O
total da despesa privada das famílias subiu
de 27% para quase 32%. O destino destes
recursos foi o seguinte: na parte a cargo do
SNS, os hospitais públicos consumiram,
em seis anos, apenas mais 12% do que
consumiram em 2007. O ambulatório
reduziu o seu consumo em 4%, e as
farmácias em 5%. Ou seja, o sector público
prestador teve um
comportamento
de elevado mérito,
pelo prisma
da contenção
da despesa,
provavelmente à
custa de perda de
atributos.
Na parte a cargo
das famílias, os
hospitais privados
consumiram mais
50% entre 2007
e 2012, e a clínica
privada e meios
complementares
de diagnóstico
privados, mais
18%. Hospitais e
ambulatório público
retiraram às famílias
mais 31% e 37%,
devido ao aumento e rigorosa cobrança de
taxas moderadoras. Em compensação, nas
farmácias, tal como aconteceu com o SNS,
as famílias gastaram menos 8% nesses seis
anos.
Em resumo, não é possível culpar a
Saúde, em especial o SNS, de não ter
colaborado no ajustamento fi nanceiro. O
Ministério da Saúde gastou menos recursos
públicos, mas retirou mais dinheiro às
famílias. Uma política de redução de
preços nos medicamentos e meios de
diagnóstico serviu de compensação.
Redução de tabelas de prestadores
Não é possível culpar a Saúde, em especial o SNS, de não ter colaborado no ajustamento financeiro
Professor catedrático reformado.Escreve à segunda-feira
convencionados, restrições no transporte
de doentes, suborçamentação de hospitais
e ambulatório contribuíram largamente
para a contenção da despesa pública.
Reduções de recursos tiveram, certamente,
consequências na efectividade, efi ciência,
equidade, qualidade e produtividade no
sector público prestador, aumentando
a importância relativa do sector privado
hospitalar e de ambulatório. Importaria
analisá-las.
O multiplicador de Juncker
Esta semana, Juncker anuncia o pacote de 300 mil milhões de euros de investimentos adicionais para os próximos três anos. A nova agenda económica equivale a 0,8% do PIB da
União. 220 mil milhões destinam-se a infra-estruturas energéticas, transportes e digital e 80 mil milhões às PME. A Comissão aposta em baixo investimento público e na forte alavancagem do investimento privado. O novo Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos parte de 16 mil milhões de euros do orçamento da União, dados como garantia, e cinco mil milhões do BEI com capacidade que se espera mobilize os restantes capitais. O efeito multiplicador esperado é de um por cada 15, até atingir os
300 mil milhões. Os investidores privados são determinantes. Sem confi ança, com expectativas económicas revistas em baixa, com o falhanço das negociações do orçamento da União para 2015, o multiplicador corre o risco de ser irreal. É muito superior ao de anteriores co-investimentos, por exemplo, na compra de dívida soberana (2011) o factor foi um para cinco, quando se procedeu ao aumento da capacidade fi nanceira do BEI para 60 mil milhões de euros (2012) foi um para seis. A nova agenda económica exige volume e liquidez imediata. A fl exibilidade é necessária para que o garrote das regras orçamentais não asfi xie. Mas o contexto é deprimente: a política monetária parece esgotada, a taxa de juro baixa, a tender
para o zero; medidas não convencionais do BCE são insuficientes. Os socialistas europeus apresentaram outra solução. Um plano de investimento para 2015-2020, fi nanciado por um fundo — Instrumento Europeu de Investimento — com cem mil milhões de euros, reunido pelos Estados-membros e excluídos do défi ce e da dívida, com capacidade para mobilizar até 800 mil milhões. Os multiplicadores são mais prudentes, variam entre um para 1,25 e um para quatro. Retirar a Europa da estagnação, do desemprego elevado, da defl ação, do empobrecimento é urgente. O plano Juncker depende do compromisso, mas não pode ser um cheque em branco. João Ferreira da Cruz, economista
DANIEL ROCHA
António Correia de CamposTerra e Lua
PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | 47
Por que não pode a Catalunha votar?
A dose, as farmácias e a desertificação
O direito ao voto é um dos
direitos mais valorizados por
qualquer democracia. Todos
os outros direitos são mais
ou menos consequência da
oportunidade que é dada aos
cidadãos para expressar a sua
opinião acerca de questões
importantes, através dos seus
votos.
Na Catalunha há uma abrangente maioria
de cidadãos que quer votar e decidir o futuro
político deste território no que respeita a
continuar parte de Espanha ou tornar-se um
Estado independente. Por esta razão, a 9 de
Novembro, 2.305.290 pessoas votaram num
processo participativo único e exemplar. Foi
único porque teve lugar, apesar da oposição
clara do Governo espanhol. Único também
porque foi realizado durante um ciberataque
profi ssional com intenções políticas claras
e que também colocou em risco os serviços
básicos prestados aos cidadãos pelo governo
catalão. E único porque o Governo espanhol
tentou, por todos os meios possíveis,
afugentar os cidadãos de votar através de
ameaças legais. Mas o voto foi exemplar
porque mais de 2,3 milhões de pessoas não
tiveram medo e, apesar das ameaças, foram
votar em números semelhantes à afl uência
nas recentes eleições para o Parlamento
Europeu, que foram organizadas sem
quaisquer obstáculos e com todo o apoio
ofi cial. Novos e velhos, pessoas nascidas
aqui e nascidas fora, todos com mais de
16 anos e residentes na Catalunha foram
convidados a expressar a sua opinião. Com
o voto, tal como é feito pelo mundo fora.
Foi exemplar porque as pessoas foram votar
com um sorriso nas suas caras e emoção
nos seus olhos, fossem avós de 90 anos
que viveram a Guerra Civil Espanhola, ou
jovens que só com algum esforço recordam
quem foi o ditador Franco. Foi exemplar
porque foi mais uma mobilização popular
pacífi ca, como poucas se podem encontrar
pelo mundo. Na sua declaração fi nal, uma
delegação de observadores internacionais
interpartidária afi rmou que “o voto foi bem
conduzido sob circunstâncias desafi antes”.
A dose foi uma das grandes
descobertas da ciência
farmacêutica em favor da
humanidade. Com a prata,
metal associado à saúde e
à purifi cação, os romanos
não cunharam só moedas,
mas também colheres para
administrar terapêuticas. No
Museu da Farmácia, em Lisboa,
podemos admirar outra arma revolucionária
contra a doença: um conta-gotas do século
I ou II, com origem na região do Sudoeste
Asiático onde hoje encontramos a Síria. As
civilizações antigas descobriram que a dose
e a duração de um tratamento são critérios
decisivos para alcançar a cura. E para
evitarmos a fronteira de todos os perigos, a
partir da qual um medicamento passa a ser
mais nocivo do que benéfi co. “A posologia
correcta diferencia o remédio do veneno”,
resumiu, no Renascimento, Paracelso,
considerado o fundador da toxicologia.
O conceito de dose, nos últimos
anos, foi referido algumas vezes na TV,
principalmente pelos economistas que
evitaram o discurso a preto e branco sobre
a austeridade. Mas, se reparamos bem, o
problema decisivo da dose, em regra, não
faz parte do debate político. As medidas,
ou as reformas, são “boas” ou “más”
consoante a fi liação ideológica e partidária
dos comentadores. É raro ouvirmos um
deputado da oposição dizer “essa medida
até era boa, senhor ministro, mas foi longe
de mais”.
Qualquer profi ssional de saúde sabe
que, em momentos de urgência, como o
da iminência de bancarrota, nem sempre
se pode respeitar a posologia. Perante um
doente afl ito, os médicos e enfermeiros mais
experientes sentem-se forçados a arriscar.
Em muitos casos, esse risco é recompensado
com a suprema alegria de mais uma vida
salva. Passado o momento crítico e resgatado
um doente que parecia condenado, em regra
volta-se a respeitar a dose farmacológica
indicada, que por alguma razão alcançou
o consenso científi co depois de anos de
ensaios clínicos. Uma dose exagerada pode,
em circunstâncias especiais, mostrar-se
acertada. Mas torna a ser inaceitável perante
a evidência de que está a ter efeitos tóxicos.
As farmácias sofreram uma dose
de austeridade seis vezes superior à
recomendada. No memorando da troika foi
previsto um corte de 50 milhões de euros no
sector, mas o corte real foi de 314 milhões.
Profundas razões culturais podem explicar
a aparente resignação dos farmacêuticos,
que não fi zeram greves nem manifestações.
Por um lado, as farmácias são micro e
pequenas empresas portuguesas. Para elas,
a falência de Portugal seria pior do que
A pergunta que todos fazem agora é
porque não podem os catalães votar num
referendo legal, tal como os realizados na
Escócia e no Quebeque. Somos cidadãos
de segunda categoria? Pelo respeito pelos
valores democráticos que partilhamos com
o resto da Europa, acredito que chegámos
ao ponto em que precisamos de fazer esta
pergunta para lá das nossas fronteiras e ir
além do ponto em que esta “é uma questão
interna para Espanha resolver”. Por que
não podem os catalães votar? Não estamos
a pedir que apoiem o “sim” ou o “não”,
mas apenas que o nosso direito a votar seja
reconhecido.
O presidente Rajoy e o Governo espanhol
repetem a mesma ideia sem fi m; que é ilegal
porque a Constituição espanhola o proíbe.
Não é verdade. A Constituição pode proibir
a secessão, mas não proíbe que se conheça
a opinião dos cidadãos sobre uma questão
tão importante como esta. Além disso, a
Constituição é na verdade apenas uma lei,
muito importante,
mas mesmo assim
uma lei. E para
funcionarem bem,
as leis são feitas para
servirem os cidadãos
e não o oposto.
Na Catalunha
fi caríamos muito
agradados por ver o
Governo espanhol
utilizar uma
campanha como a
que o Reino Unido
fez com a “Better
Together” antes do
referendo escocês,
em que tentasse
persuadir-nos a
continuar como
parte de Espanha.
Mas em vez disso
temos um Governo que despreza e ameaça
a Catalunha, que, além disso, designa uma
das maiores mobilizações públicas a ter
lugar na Europa como “uma farsa inútil”
e “antidemocrática”. Como é óbvio, isto
apenas faz aumentar o número de pessoas a
favor da independência.
A Catalunha é um país antigo, uma nação
obstinada e resistente, que lutou para
manter a sua língua, cultura e identidade,
assim como um desejo de autogoverno
no quadro de uma União Europeia mais
integrada. Agora, estamos decididos a ter um
voto defi nitivo sobre o nosso futuro, que não
pode ser uma consulta não vinculativa, mas
um referendo como o da Escócia ou o do
Quebeque. Não queremos magoar ninguém,
muito menos os nossos vizinhos espanhóis.
Mas a Catalunha merece uma resposta, e que
essa resposta seja na forma de um boletim
de voto e de uma urna eleitoral.
qualquer terapia. Por outro, a maioria das
farmácias continua a ser o negócio familiar
de farmacêuticos, profi ssionais com pelo
menos cinco anos de formação universitária
e 40 anos de serviço inovador à sociedade
portuguesa. Os farmacêuticos portugueses
acreditam no futuro e confi am que a
evidência tem sempre consequências.
Como alertou o Banco Mundial, num
relatório de Outubro de 2013, a austeridade
seis vezes superior à dose indicada pela
troika introduziu em Portugal o risco, inédito,
de “ruptura da rede de farmácias”. Nas
contas da Universidade de Aveiro, 2414 das
2915 farmácias portuguesas deram prejuízo
em 2012, o que corresponde a 83% da rede.
As 415 farmácias mais pequenas têm, em
média, 50 mil euros de prejuízo anual por
manterem a porta aberta. Ora, muitas dessas
farmácias são o serviço de saúde que resta às
populações, rurais ou urbanas, mais isoladas
e desfavorecidas. Na última década fecharam,
em Portugal, 763 extensões de centros de
saúde e 200 serviços
de atendimento
permanente ou de
urgência básica.
Desapareceram,
também, 1330 postos
dos correios e três
em cada quatro
escolas do primeiro
ciclo, as antigas
escolas primárias.
O sociólogo
António Barreto
sempre defendeu
que o
despovoamento
e a concentração
de serviços são
fenómenos próprios
do desenvolvimento
económico, mas
também alertou para
o problema da dose. “Os ministérios perdem
a cabeça, os directores-gerais perdem a
cabeça e em vez de quatro escolas é dez,
depois em vez de dez são 20, depois das 20
passa a 40, e depois não se repara, não se
faz a diferença”, declarou, numa recente
entrevista ao Diário de Notícias.
É evidente que Portugal, para dar a
volta ao envelhecimento da população e
à desertifi cação do território, tem de criar
condições para que os portugueses possam
constituir família, ter iniciativa empresarial
e emprego. As farmácias são a maior — e
melhor distribuída — rede de combate à
desertifi cação. O facto de serem o serviço de
saúde mais próximo da esmagadora maioria
dos portugueses tem de ser aproveitado.
Com urgência, porque nenhuma pequena
empresa resiste a 50 mil euros de prejuízo
por ano.
Muitas farmácias são o serviço de saúde que resta às populações
A Constituição é na verdade apenas uma lei, muito importante, mas mesmo assim uma lei
Presidente do governo da CatalunhaPresidente da Associação Nacional das Farmácias
PAUL HANNA/REUTERS
Debate SaúdeDebate ReferendoPaulo Cleto DuarteArtur Mas
d240c6ed-b7c1-47e7-b498-8d2792bce2bf
CONSOANTE MUDA
Terra incógnita
Tenho saudades do tempo
em que sorria ao ler
outros cronistas escrever
sobre o fi m do regime.
Sorria porque os achava
exagerados, e hoje eu uso
as mesmas palavras esperando
estar a exagerar.
Mas não há como minimizar o
que se passou este fi m-de-semana.
A detenção e interrogatório
do ex-primeiro-ministro José
Sócrates, com o tipo de suspeitas
de que ele é alvo, põem um
enorme peso sobre o sistema
político e o sistema judicial. Muito
difi cilmente sairá incólume um,
ou o outro, ou ambos.
Entramos em terra incógnita. As
frases começam todas por se: “Se
isto for verdade”, diz-se, “se isto
não for verdade”, acrescenta-se –
e assim será durante algum tempo
ainda. Mas de algumas coisas
podemos já estar certos.
Estava fora do país quando
soube da detenção de Sócrates,
e tive no sábado de manhã um
primeiro indício do que isto
pode provocar a um país ao
tentar responder às perguntas de
estrangeiros sobre o que se estava
a passar em Portugal. Há uma
carga injusta de humilhação e
Rui Tavares
vergonha que só será ultrapassada
se o país, as suas instituições,
os seus magistrados, os seus
políticos, os seus jornalistas e
os seus cidadãos souberem ser
exemplares.
Dá-me confi ança no futuro
próximo o facto de
Portugal não viver uma
crise constitucional como
a que vive Espanha, e
ter sobre o regime o tipo
de consenso que nos faltou, por
exemplo, na I República.
Há muitas coisas no nosso
país que não estão bem, mas
não temos uma Constituição
que nos impeça de as encarar
(como em Espanha com a
questão da monarquia ou
das independências). A
nossa Constituição tem sido
sufi cientemente fl exível para
permitir vários tipos de governo,
todos os tipos de debates, e ainda
assim sufi cientemente sólida para
nos proteger e se legitimar. O
modelo semipresidencial, mesmo
que vago e ambivalente, durou o
sufi ciente para ser interiorizado
por toda a gente e não constituir
obstáculo para o país (ao contrário
da I República, que deu guinadas
sucessivas entre parlamentarismo
e presidencialismo).
Os portugueses gostam do
regime saído do 25 de Abril de
1974. Querem melhorá-lo, querem
que os partidos, a justiça e o
debate público estejam à altura
das exigências da cidadania e
das necessidades dos tempos
presentes, sentem que a realidade
concreta das práticas políticas,
judiciais e jornalísticas no país
deixam por vezes muito a desejar,
mas não há uma proporção
considerável da população (ao
contrário, por exemplo, da
França) que deseje o colapso do
regime.
Pode então ser que as suspeitas
que recaem sobre José Sócrates
venham a encontrar o seu lugar
devido na nossa história – que
não será pequeno –, sem porem
em causa o que conquistámos
em democracia. As primeiras
declarações de partidos e
responsáveis políticos foram, na
sua maioria, auspiciosas, dizendo
que respeitariam o princípio da
presunção de inocência e que
deixariam a justiça trabalhar. Mas
também já há alguns maus sinais:
julgamentos na praça pública,
câmaras de televisão para fi lmar
detenções, processos de intenção
sobre a oportunidade ou agenda
dos procedimentos judiciais,
jornalistas que pontifi cam
certezas onde há dúvidas, e
um ou outro político que se
entusiasma por ver o circo pegar
fogo.
A palavra-chave, em terra
incógnita, é responsabilidade. A
lição que os curtos 16 anos da I
República tem para nos dar é que
os regimes acabam minados por
dentro.
Historiador e dirigente do Livre
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ESCRITO NA PEDRA
“Só aquele que não está a remar é que tem tempo para balançar o barco” Jean-Paul Sartre, (1905-1980), filósofo e escritor francês
SEG 24 NOV 2014
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Numa instituição na Grécia, crianças são alimentadas através das grades p26
Ganha força a opção de prolongar o diálogo. Prazo expira hoje p24
Eleição de Costa, de origem brâmane católica, não é vitória sobre o racismo p10/12
Crianças com deficiências fechadas em jaulas
Negociações nucleares no Irão sem acordo à vista
António Costa, um político para alémda cor da pele
Joker
1 2 9 1 1 3 7
10.700.000€1.º Prémio
SOBE E DESCE
Lewis Hamilton
Aos 29 anos, o piloto britânico saboreou ontem, pela segunda
vez, o travo da conquista do título de campeão mundial de F1. Lewis Hamilton, que chegou a Abu Dhabi como líder da classificação, venceu a derradeira corrida da época, não deixando dúvidas de que o título estava bem entregue. Depois de cortar a linha de meta, o mais recente bicampeão do mundo teve direito a ouvir, via rádio, pela boca do príncipe Harry, quarto na linha sucessória da coroa britânica: “És uma lenda.” (Pág. 40)
Roger Federer
Durante a já longa, mas vitoriosa carreira do tenista suíço, poucos
eram os troféus que lhe tinham escapado. Um deles era a Taça Davis, competição na qual Roger Federer não dependia
apenas de si. Mas nem esta prova disputada por selecções nacionais escapou ao tenista helvético que, ontem, permitiu à Suíça conquistar a sua primeira “saladeira”, vencendo o seu encontro. Agora, só lhe falta o ouro olímpico. (Pág. 43)
Paulo Macedo
A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados tem vindo
a aumentar o número de camas disponíveis, mas faltam enfermeiros, profissionais especializados na reabilitação e uma aposta mais sustentada nos cuidados domiciliários. Um estudo da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros conclui que faltam 1779 enfermeiros nas 117 unidades desta zona. Além disso, o número de profissionais especializados em reabilitação ainda é muito baixo. (Pág. 14/15)
Benjamin Netanyahu
A lei que define Israel como um Estado judaico e que discrimina 17%
da sua população, que é a comunidade árabe, está ainda sob a forma de proposta a levar ao Parlamento israelita. Mas mesmo que acabe numa versão mais suave, a ser redigida pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, tem tudo para aumentar a tensão vivida no país, numa altura em que se sucedem os episódios de violência em Jerusalém. (Pág. 27)
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ÉDITO