Publico.24.11.2014

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d240c6ed-b7c1-47e7-b498-8d2792bce2bf EDUCAÇÃO HÁ ESCOLAS QUE DÃO A CADA ALUNO O SEU PRÓPRIO TEMPO Portugal, 16/17 Dois dias de convenção não bastaram. No próximo fim-de-semana, nova mesa nacional reúne-se para resolver o impasse p6 e 8 Contribuintes questionam desproporcionalidade das coimas aplicadas face ao valor da portagem. Sistema dificulta contestação p20/21 Bloco de Esquerda adia decisão da liderança Justiça com vaga de impugnações por causa das portagens PAULO PIMENTA PUBLICIDADE Movimento Estado Islâmico terá recrutado 550 alemães p25 SEG 24 NOV 2014 EDIÇÃO LISBOA Ano XXV | n.º 8991 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos ISNN:0872-1548 Motorista de Sócrates ia de carro levar dinheiro a Paris Boa articulação com as autoridades francesas foi fulcral | Documentação bancária é a grande base da investigação | João Araújo, o advogado de defesa goês do ex-primeiro-ministro, trabalha sozinho | As formas clássicas de lavagem de dinheiro Destaque, 2 a 4 PRÉMIOS 2014 JORNAL EUROPEU DO ANO JORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL Soluções que são a sua cara

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Publico 24 11 2014

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d240c6ed-b7c1-47e7-b498-8d2792bce2bf

EDUCAÇÃOHÁ ESCOLAS QUE DÃO A CADA ALUNO O SEU PRÓPRIO TEMPO Portugal, 16/17

Dois dias de convenção não bastaram. No próximo fi m-de-semana, nova mesa nacional reúne-se para resolver o impasse p6 e 8

Contribuintes questionam desproporcionalidade das coimas aplicadas face ao valor da portagem. Sistema difi culta contestação p20/21

Bloco de Esquerda adia decisão da liderança

Justiça com vaga de impugnações por causa das portagens

PAULO PIMENTA

PUBLICIDADE

Movimento Estado Islâmico terá recrutado 550 alemães p25SEG 24 NOV 2014EDIÇÃO LISBOA

Ano XXV | n.º 8991 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos

ISNN:0872-1548

Motoristade Sócrates ia de carro levar dinheiro a ParisBoa articulação com as autoridades francesas foi fulcral | Documentação bancária é a grande base da investigação | João Araújo, o advogado de defesa goês do ex-primeiro-ministro, trabalha sozinho | As formas clássicas de lavagem de dinheiro Destaque, 2 a 4

PRÉMIOS 2014JORNAL EUROPEU DO ANOJORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL

Soluções que são

a sua cara

2 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

DETENÇÃO DE SÓCRATES

Motorista de Sócrates ia periodicamente a Paris entregar-lhe dinheiro vivo

O motorista do ex-primeiro-

ministro José Sócrates, João

Perna, detido desde a pas-

sada quinta-feira, ia perio-

dicamente de automóvel

a Paris entregar dinheiro

vivo ao político, em quantias que

atingiam as dezenas de milhares de

euros.

A informação resulta de escutas

efectuadas no âmbito da investigação

aberta pelo Departamento Central de

Investigação e Acção Penal (DCIAP),

há cerca de um ano, em que João

Perna é apanhado a falar sobre esse

esquema, que, contudo, terá sido

abandonado pelo antigo governan-

te há alguns meses. Haverá também

vigilâncias ao motorista que trans-

portaria o dinheiro até à luxuosa

casa que o antigo primeiro-ministro

habitava no centro de Paris.

Sócrates, que desde Janeiro de

2013 se tornou consultor da em-

presa farmacêutica Octapharma

recebendo pelo serviço 12 mil eu-

ros mensais, passou a determinada

altura a receber outros 12 mil euros

de uma nova avença, como o Sema-

nário Sol noticiou.

Numa complexa sucessão de mo-

vimentações bancárias, o dinheiro

que Sócrates detinha (não se sabe

qual a origem dele, mas os inves-

tigadores suspeitam que terá sido

fruto de luvas face aos indícios de

branqueamento de capitais recolhi-

dos) e que era transaccionado pelo

seu amigo de infância e empresário

Carlos Santos Silva, passaria através

de off shores para a conta do repre-

sentante da Octapharma, que o en-

tregaria a Sócrates para pagar uma

falsa avença, inventada apenas para

branquear o dinheiro.

A farmacêutica foi alvo de buscas

na quinta-feira, como a própria em-

presa confi rmou em comunicado,

mostrando-se “totalmente disponí-

vel” para colaborar com as autori-

dades portuguesas.

Numa nota enviada às redacções,

a Octapharma AG, a casa-mãe, com

sede na Suíça, revela que as insta-

lações da empresa em Portugal fo-

ram alvo de diligências judiciais na

quinta-feira, 20 de Novembro, dia

em que foram detidas as primeiras

pessoas implicadas neste caso: o

empresário Carlos Santos Silva, o

advogado Gonçalo Trindade Ferrei-

ra e o motorista João Perna.

“Destas diligências não resultou

nenhum impedimento para o nor-

mal funcionamento da empresa”,

diz a Octapharma AG, garantindo

que a Octapharma Portugal “pres-

tou desde o primeiro momento total

colaboração às entidades”.

Nesse sentido, a “Octapharma

AG está totalmente disponível para

colaborar com as autoridades, es-

clarecendo toda e qualquer questão

que possa surgir, por parte destas,

em qualquer âmbito”.

A empresa garantiu igualmente

que “nenhum colaborador da Oc-

tapharma Portugal foi detido ou

constituído arguido no âmbito das

investigações em curso” e que, por

isso, “as notícias do envolvimento

da empresa com as alegadas irregu-

nomeadamente extractos que pode-

rão ser relevantes para consolidar

a prova recolhida neste processo.

O mesmo ocorreu numa box que

Sócrates tinha alugada numa em-

presa em Alvalade, onde guardava

documentos.

Fonte próxima do processo garan-

tiu ao PÚBLICO que a investigação

foi aturada e é consistente, fazendo

crer que a detenção do ex-primeiro-

ministro só foi decidida quando um

extenso conjunto de provas cabais

estava já reunido. Neste ponto, os in-

vestigadores tiveram cuidados acres-

cidos. A operação não pode, na pers-

pectiva dos investigadores, revelar a

mínima falha, até por estar em causa

um ex-primeiro-ministro que passa

a estar na mira da justiça.

Como a Procuradoria-Geral da

República já confi rmou, o inquéri-

to teve na sua origem uma comuni-

cação bancária feita ao abrigo da lei

de prevenção do branqueamento de

capitais, que terá ocorrido no fi nal

do ano passado. Depois de reunida

alguma informação, o DCIAP abriu

uma averiguação preventiva que te-

Há cerca de um ano, escutas efectuadas no âmbito da investigação aberta pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) apanharam João Perna a falar sobre o esquema, que terá sido entretanto abandonado

Mariana Oliveira,Romana Borja-Santose Pedro Sales Dias

laridades em investigação não têm

qualquer fundamento”.

Segundo a farmacêutica, o ex-pri-

meiro-ministro integra o conselho

consultivo para a América Latina,

funções que “não envolvem qual-

quer actividade em Portugal ou rela-

cionamento com fi lial portuguesa”,

sublinhando que a relação profi ssio-

nal entre as duas partes “sempre se

pautou pelo estrito cumprimento da

lei e por um vínculo contratual claro

e transparente”.

Apesar de existirem escutas tele-

fónicas no processo, a base da pro-

va do inquérito é essencialmente

de natureza documental, incluin-

do diversa informação bancária, o

que poderá ajudar a explicar a ra-

zão pela qual Sócrates escolheu o

advogado João Araújo (ver texto ao

lado), com uma vasta experiência

em direito bancário, para o repre-

sentar neste caso.

Aliás, nas buscas realizadas na re-

sidência do ex-primeiro-ministro,

no edifício da Rua Braancamp, em

Lisboa, os investigadores apreende-

ram vasta documentação bancária,

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | DESTAQUE | 3

rá sido convertida num inquérito já

em 2014.

Até agora os investigadores ten-

taram reconstituir o percurso do

dinheiro, numa investigação que

contou com o apoio da autoridade

tributária nacional e de algumas

congéneres europeias, que têm co-

operado com o Ministério Público

através de canais mais simples e

ágeis, evitando assim o recurso às

burocráticas cartas rogatórias, que

implicam pedidos formais através

do Ministério dos Negócios Estran-

geiros, que depois os remete para as

embaixadas do país às quais se pede

cooperação internacional.

Importante terá sido igualmente o

diálogo directo entre as autoridades

judiciais portuguesas e francesas, a

quem foram solicitadas inúmeras in-

formações, incluindo os documen-

tos relacionados com a compra da

primeira casa que Sócrates habitou

em Paris, um imóvel que, segundo o

semanário Sol, terá custado 2,8 mi-

lhões de euros e sido formalmente

adquirido por Carlos Santos Silva,

suspeito de ser há vários anos o testa

de ferro de José Sócrates, ajudando

o político a branquear dinheiro que

não poderia ser justifi cado por acti-

vidades lícitas.

Segundo dia no tribunal O segundo dia de José Sócrates no

Campus da Justiça durou 12 horas,

com o frio e chuva a estragarem

os planos dos curiosos, com cada

aguaceiro a gerar desistências. Eram

8h35 quando o antigo governante foi

levado directamente dos calabouços

da PSP para o Tribunal Central de

Instrução Criminal, voltando para

Moscavide perto das 21h.

Os outros três arguidos também

chegaram praticamente à mesma

hora, mas têm passado as noites

na Polícia Judiciária, para onde re-

gressaram mais cedo, cerca das 19h.

Quando foram detidos, na quinta-

feira, ainda passaram a primeira

noite no Comando Metropolitano

da PSP, mas aquando da chegada do

quarto arguido na sexta-feira, tive-

ram de mudar de instalações.

Quanto tempo durou o interroga-

tório de José Sócrates ninguém dis-

Um defensor de “excelência

e de gabarito”, mas com um

“estilo gozão”. É desta for-

ma que Artur Marques, co-

nhecido advogado de Braga

e defensor da antiga autarca

Fátima Felgueiras, descreve o colega

João Araújo - natural de Goa e agora

advogado de José Sócrates.

O também advogado do empresá-

rio de sucatas Manuel Godinho no

processo de corrupção Face Oculta

destaca, ainda, o “sentido de ironia

extremamente cáustico” de alguém

com uma capacidade de intervenção

invulgar na barra dos tribunais.

O retrato traçado, pelo menos no

que à parte da ironia diz respeito,

combina com a postura com que o

representante de Sócrates se tem

apresentado no Campus da Justiça,

onde no primeiro dia se identifi cou

aos jornalistas como “advogado es-

tagiário”, utilizando a expressão

“azarucho” num comentário sobre

a falta de informação. Para ontem

tinha prometido uma “eventual” de-

claração para o fi nal do dia, mas, à

semelhança do que aconteceu no

sábado, limitou-se a repetir frases

soltas. João Araújo confi rmou que o

seu cliente tem respondido às per-

guntas do juiz Carlos Alexandre,

justifi cando: “se não respondesse

Da “excelência” em direito bancário ao “estilo gozão”

não estávamos aqui a esta hora”.

Sobre o estado de espírito de Jo-

sé Sócrates repetiu por várias vezes

“está melhor ele do que eu” e ga-

rantiu que o interrogatório está a

correr “muito bem”. Em relação às

suas impressões sobre o processo,

João Araújo afi rmou que “os advo-

gados não se espantam, não têm

estados de espírito e não têm sen-

timentos”.

Depois, mantendo a atitude inu-

sitada com que se apresentou no

primeiro dia, solicitou a ajuda dos

jornalistas para tentar encontrar o

seu carro. Localizado o veículo dis-

se que não entrava com as câmaras

ligadas. “Fico ridículo porque sou

gordo e o meu Smart é pequenino”,

justifi cou, em mais uma despedida

insólita - depois de no sábado ter

explicado que precisava de “sopas

e descanso” e que tem “problemas

sérios e complicados”.

Um comportamento que Artur

Marques assegura que apenas dis-

trai da experiência que João Araújo

adquiriu com a passagem pela Caixa

de Crédito Agrícola Central e que

pode ser fundamental no processo.

Foi aqui que foi consultor na déca-

da de 1990, prestando assessoria

jurídica no banco com poderes de

supervisão das restantes Caixas de

Crédito Agrícola instaladas a nível

concelhio. Tem também experiência

na área do direito comercial, bancá-

rio e cível. Além disso, o advogado

de Braga já sabia “há meses” que

o colega estava a representar o ex-

primeiro-ministro.

Porém, várias fontes da advocacia

contactadas pelo PÚBLICO manifes-

taram a sua surpresa face à interven-

ção do advogado neste processo já

que, existindo poucas referências

sobre a sua presença noutros pro-

cessos-crime anteriores, não terá

uma experiência considerável na

área do Direito Penal.

Marques classifi ca Araújo como

um advogado à moda antiga, uma

caracterização com a qual também

se identifi ca. E esclarece: “Fazemos

um trabalho artesanal”. Artur Mar-

ques possui um pequeno escritório

de advocacia em Braga. Araújo, de

65 anos, também trabalha sozinho,

partilhando as instalações com um

colega, mas de quem não é sócio.

RAFAEL MARCHANTE/REUTERS

Mariana Oliveira,Romana Borja-Santose Pedro Sales Dias

Ontem, pelas 21h00, Sócrates saiu do tribunal e regressou aos calabouços da PSP em Moscavide

João Araújo

se, mas as brechas das janelas do

rés-do-chão do edifício espalhado

deixaram, à semelhança de sábado,

perceber que o dia do juiz Carlos

Alexandre foi mais movimentado.

Pela porta principal do tribunal

não houve tantas entradas e saídas

dos advogados João Araújo e Pau-

la Lourenço. Mas, lá dentro, José

Sócrates deixou-se ver pelo menos

quatro vezes - sempre que saiu da

divisão onde decorreu o interrogató-

rio para na sala de testemunhas falar

em privado com o seu advogado e

consultar papéis que se pressupõe

pertencerem ao processo.

A pausa mais longa teve lugar às

17h30, altura em que durante quase

dez minutos andou de um lado para

o outro nessa mesma sala, acompa-

nhado do lado de fora pelo olhar,

máquinas fotográfi cas e câmaras da

comunicação social. Uma das inter-

rupções coincidiu com a abertura

dos telejornais.

No exterior, o domingo foi atípico,

com entradas e saídas de motos da

PSP. Sócrates continua hoje a ser ou-

vido pelo juiz Carlos Alexandre.

4 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

DETENÇÃO DE SÓCRATES

Al Capone gostava de lavan-

darias. Era através do ne-

gócio nas inocentes lojas

de que era proprietário

que, segundo a lenda, es-

condia o rasto do dinhei-

ro que ganhou com a lei seca nos

Estados Unidos, vendendo álcool

e praticando toda uma panóplia

de crimes, do jogo clandestino à

prostituição.

Consagrado na lei como bran-

queamento de capitais, o termo

“lavagem de dinheiro” terá tido

origem precisamente nesta práti-

ca. É após a sua condenação em

1931, por evasão fi scal, que um dos

fundadores de Las Vegas, o gangs-

ter Meyer Lansky, passa a usar os

bancos suiços, que lhe garantiam o

anonimato das contas, e as recor-

rer à infi ndável teia das socieda-

des “off shore”. Terão sido estes os

primeiros tempos daquilo que um

procurador do Ministério Público

ligado à investigação da criminali-

dade económica hoje designa por

sistema de matrioskas: quando o

dinheiro proveniente de activida-

des ilícitas como tráfi co de droga

ou corrupção, por exemplo, é pago

a uma empresa off shore e as auto-

ridades tentam descobrir quem é

o último benefi ciário dessa socie-

dade, deparam muitas vezes com

uma teia infi ndável de fi rmas que

são proprietárias umas das outras

sem conseguir chegar a um suspei-

to digno desse nome no fi nal.

A lavagem de dinheiro começa

com a chamada colocação: o dinhei-

ro sujo, vindo de lucros originados

no mundo do crime, é transferido

para o circuito económico legal,

através de grandes investimentos,

como o imobiliário ou as jóias. Nu-

ma tese de mestrado sobre o tema

apresentada da Universidade Autó-

noma de Lisboa há menos de um

ano, Sofi a Azambuja descreve como

as operações de branqueamento in-

cluem uma segunda fase, designada

por camufl agem: fazem-se “conse-

cutivas operações”, num género de

‘cirurgia plástica’ de carácter fi nan-

ceiro, que visam impedir o conjun-

to de elementos documentais que

possibilitariam a reconstrução das

transacções praticadas”. É preciso

fazer desaparecer a ligação entre

o criminoso e os bens. “Uma das

formas mais conhecidas de actu-

ar nessa modalidade é a execução

de consecutivas transferências pa-

ra contas desconhecidas, em dife-

rentes instituições fi nanceiras, de

diversos países, sobretudo aqueles

em que a sua fi scalização e legisla-

ção são benéfi cas a tal prática” - os

paraísos fi scais.

Outra possibilidade, refere a mes-

ma autora, “é o depósito em contas-

fantasma pertencentes à própria

organização criminosa, em que no

processo de transferência o dinhei-

ro ilícito é misturado com quantias

mobilizadas legalmente de forma a

A mala tornou-se no símbolo clássico do tráfico de capitais, mas não é o único

RUI GAUDÊNCIO

Ana Henriques

Al Capone gostava de lavandarias

A lavagem de dinheiro começa com a chamada colocação: o dinheiro sujo, vindo do mundo do crime, é transferido para o circuito económico legal, através de grandes investimentos, como o imobiliário ou as jóias

ter a sua origem confusa”. Um mé-

todo potenciado pela Internet e pelo

surgimento do dinheiro digital. Na

terceira fase do branqueamento, as

verbas já recicladas são reintroduzi-

das nos circuitos económicos legíti-

mos e usadas outra vez na aquisição

de bens e serviços. Os estudiosos das

organizações mafi osas fazem gosto

em manter uma terminologia muito

peculiar : quando o dinheiro sujo é

usado para comprar bens e serviços

para a própria organização crimi-

nosa, chama-se “lavado à mão”; já

a “tinturaria” são os actos através

dos quais uma rede criminosa dá

às suas congéneres um serviço de

branqueamento de capitais com dis-

tintos ciclos: o ciclo curto só para

limpar o dinheiro ou o ciclo longo,

que contém todas as actividades,

desde a ocultação até ao investi-

mento em negócios lícitos.

dinheiro que originaram, o bran-

queamento revela-se particular-

mente difícil de provar quando es-

tá associado a ilícitos fi nanceiros,

como a corrupção, refere aquele

magistrado. Provar corrupção é,

habitualmente, mais difícil do que

provar tráfi co de droga. E quando

os suspeitos alegam que a avultada

soma que lhes apareceu de repente

nas mãos nada mais era, afi nal, do

que o empréstimo de um amigo, e

esse amigo o confi rma, os investi-

gadores podem fi car de repente de

mãos a abanar. Especialmente se o

dinheiro foi levantado em numerá-

rio num banco, e não movimentado

por transferência. As heranças tam-

bém são alibis usados com alguma

frequência para explicar súbitos

enriquecimentos.

Em 2009 um ofi cial da Marinha

foi condenado a sete anos de prisão

efectiva por corrupção passiva e

branqueamento. Os concursos que

realizava para aquisição de material

bélico rendiam-lhe dinheiro extra,

que lhe chegava através de uma

conta que uma familiar sua tinha

em França. Daqui os pagamentos

que lhe fazia um empresário norte-

americano seguiam para uma conta

sua na Alemanha, e depois para o

seu banco em Portugal.

Vale e Azevedo também foi con-

denado no ano passado pelo mes-

mo crime no processo de trans-

ferência de jogadores do Benfi ca,

mas no passado havia escapado: até

2005 a lei subsumia o branquea-

mento de capitais nos crimes que

lhe davam origem, explica um ins-

pector da Polícia Judiciária. “Fazia

parte das consequências do crime

que o criminoso tentasse ocultar

as provas”, resume esta fonte de

informação, acrescentando que

hoje em dia os paraísos fi scais já

colaboram mais com as autorida-

des policiais que no passado, espe-

cialmente quando está em causa

corrupção. “Na prática, a operação

Furacão implicava branqueamento

de capitais provenientes da frau-

de fi scal”, exemplifi ca o inspector.

“Mas tudo se resolveu com multas

e pagamentos de impostos”.

Os métodos para levar a cabo

este tipo de operações são muitos,

desde a criação de sociedades-fan-

tasma em paraísos fi scais - “que se

podem comprar e cuja existência

se resume aos estatutos, sede e re-

gisto social”, refere a mesma tese

de mestrado - à compra de em di-

nheiro de elevadas quantias de fi -

chas de jogo nos casinos. Nalguns

países existem sistemas bancários

clandestinos. “O agente branquea-

dor entrega o dinheiro ao banquei-

ro”, que o transmite a um sócio seu

noutro país, entregando em troca

ao seu dono um recibo especial,

que este pode apresentar no país

estrangeiro. Assim, o dinheiro nun-

ca sai fi sicamente do território on-

de se encontra.

Implicando sempre a existência

de outros crimes prévios que dão

origem à necessidade de limpar o

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6 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

Semedo adia decisão da liderança, mas chama Pedro Filipe Soares

ENRIC VIVES-RUBIO

Foi uma convenção simbólica. Do

princípio ao fi m. O IX conclave do

BE terminou ontem em Lisboa, pra-

ticamente como começou, ou seja,

sem uma decisão soberana acerca da

liderança do partido para os próxi-

mos dois anos. A nova mesa nacional

deverá reunir-se no fi m-de-semana

para debater o desfecho deste im-

passe.

Ao que o PÚBLICO apurou, a so-

lução será trabalhada nos próximos

dias e poderá passar por um acor-

do. Tudo indica que João Semedo e

ção. Para já, parece pouco provável

que estes 11 delegados da moção B

e R estejam dispostos a “desempa-

tar”. Mas, mais uma vez, tudo pode

acontecer.

Foi num gesto simbólico e pura-

mente político que João Semedo en-

cerrou a convenção, chamando ao

palco do pavilhão do Casal Vistoso

os 79 membros da mesa nacional.

Ficou assim ladeado por Pedro Fili-

pe Soares e os seus apoiantes, que o

aplaudiram ao longo do discurso.

Num discurso conciliatório, Seme-

do garantiu que “este é o partido de

todos os bloquistas” e que o debate

que os trouxe até à convenção de-

ve agora terminar. “Esta disputa

No fi nal da IX Convenção, o Bloco continuou dividido e sem líder. Mesa nacional deve reunir-se no fi m-de--semana. Luís Fazenda é o único fundador do partido que se mantém na direcção. Louçã e Rosas saem

PartidosRita Brandão Guerra

voltou a fi car baralhado, com os

que vaticinaram um empate mais

perto de saírem vencedores: 259

votos para a mesa nacional, órgão

máximo do partido entre conven-

ções, ditaram 34 lugares para cada

uma das listas. Porém, a votação das

moções de orientação política, que

é feita de braço no ar, resultou nu-

ma vantagem de oito votos para os

coordenadores do partido nos últi-

mos dois anos. Os 40 minutos que

se seguiram foram preenchidos por

conversas em círculo e o impasse

permaneceu.

Na mesa nacional, a lista B terá se-

te dirigentes e a lista R outros quatro,

completando assim o órgão de direc-

Catarina Martins devem manter-se

na coordenação. Entretanto, o líder

da bancada de oito deputados já

afi rmou a sua disponibilidade para

continuar, “enquanto o partido achar

que vale a pena”. A reunião da mesa

nacional servirá, assim, para encer-

rar este capítulo.

Pedro Filipe Soares tinha partido

para o embate da convenção com

uma vantagem de meia dúzia de

delegados. No primeiro dia do con-

clave somou outra pequena vitória,

ao alcançar alterações estatutárias

propostas pelo seu núcleo duro de

apoiantes, casos dos referendos in-

ternos subscritos por 500 militan-

tes. Mas ontem o xadrez político

“O convite que fazemos é que essa disputa interna, que nos trouxe a esta convenção, acabe”, disse João Semedo aos delegados à convenção

c

Discussão atrasou em meia hora encerramento da Convenção do BE

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8 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

O encerramento da Convenção

do BE atrasou-se meia hora,

enquanto, no palco do Pavilhão

das Olaias, um conjunto de

dirigentes discutia. Perante o

resultado das votações em que

a moção de Catarina Martins e

João Semedo tinha conseguido

mais oito votos que a de Pedro

Filipe Soares, mas em que as duas

listas tinham fi cado empatadas

com exactamente 259 votos cada,

entre quem assistia colocou-se

a hipótese de que Pedro Filipe

Soares estava a contestar o

direito de Catarina Martins e João

Semedo poderem continuar.

Uma expectativa que foi desfeita

pela explicação de um assessor: a

discussão devia-se ao facto de que,

pela contagem de votos, tinham

sido eleitos apenas 79 membros,

quando a mesa nacional tem 80

lugares, e a discussão em curso

era para saber se entrava ou não

mais uma pessoa ou se se fi cava

pelos 79.

A história parece bizarra ou

mesmo absurda, mas é verdadeira

e serve de forma simbólica

para demonstrar o que foi esta

convenção do Bloco: um partido

em perda eleitoral e dividido, que,

em vez de tentar colar os cacos

e encontrar uma estratégia de

afi rmação, fi ca com as divergências

e as feridas mais expostas.

As duas tendências que se

confrontaram na convenção

herdam o passado de 15 anos.

De um lado, o grupo Socialismo,

protagonizado por Catarina

Martins e João Semedo, do outro, a

associação UDP, protagonizado por

Pedro Filipe Soares. E prolongam

uma diversidade interna que no

Bloco existiu desde a fundação,

quando PSR, UDP e Política XXI

se juntaram no novo partido/

movimento em 1999.

Mas se as tendências internas

são mais ou menos as mesmas,

já que o grupo Socialismo junta

a linha do PSR com a Política

XXI, a realidade é que o Bloco,

hoje, está exaurido. Pedeu

rasgo criativo, originalidade de

apresentação de propostas e de

discurso. Quem atentou no que se

passou nesta convenção percebeu

como o discurso – quer no tom,

quer no léxico – se fechou numa

retórica de extrema-esquerda que

quase surge como desajustada

num partido que nasceu com a

tentativa de inovar politicamente.

A forma como o Bloco chegou

exausto a esta convenção é

demonstrado até pela forma

como se posicionam dois dos

principais fundadores. O antigo

dirigente da UDP Luís Fazenda não

teve hesitação em ser o mentor

da candidatura de Pedro Filipe

Soares. E mesmo no momento

fi nal, quando Semedo chamou

à unidade no palco, Fazenda

manteve-se ligeiramente afastado e

isolado do grupo.

Já Francisco Louçã, ex-

líder do PSR e durante anos o

coordenador do BE, deixou a

atitude equidistante de antigo

líder e apelou à unidade em

volta do grupo Socialismo,

protagonizado por Catarina

Martins e João Semedo. E afastou-

se em defi nitivo da direcção, não

deixando de deixar o rastro da

diferença abissal entre o que são

as suas capacidades de tribuno

e as dos novos protagonistas do

poder partidário no Bloco de

Esquerda.

Sem o cimento do poder, que

se foi esvaindo a cada uma das

últimas derrotas eleitorais que o BE

tem sofrido, sob a ameaça de ver

esse poder esfarelar-se ainda mais

nas próximas legislativas, o BE

enfrenta um dos momentos mais

difíceis da sua curta existência. E

quando, no domingo, os trabalhos

encerraram, foram negativos os

indícios de que será conseguida a

conjugação de esforços para que o

Bloco recupere politicamente.

É possível que sim, que o Bloco

venha a ter sucesso. Mas, por mais

que João Semedo, no discurso

de encerramento, garantisse

“Este Bloco é melhor e mais

forte do que há três dias”, quem

estava no Pavilhão das Olaias não

pôde deixar de ver que, quando

Semedo, numa inteligente atitude

de quem percebe que teve uma

vitória de Pirro, chamou todos os

membros da mesa nacional para

junto de si no palco, Pedro Filipe

Soares recusou apertar-lhe a mão.

À procura do 80.º membro

ComentárioSão José Almeida

ENRIC VIVES-RUBIO

Pedro Filipe Soares da tendência associação UDP

No momento fi nal, quando Semedo chamou à unidade no palco, Fazenda manteve-se ligeiramente afastado e isolado

Francisco Louçã apelou à unidade em volta do grupo protagonizado por Catarina Martins e João Semedo

interna deve encerrar”, disse. “O

convite que fazemos é que essa dis-

puta interna, que nos trouxe a esta

convenção, acabe. A mesa nacional

deve defi nir o modelo de representa-

ção pública que melhor responda ao

que saiu desta convenção e ao resul-

tado das votações que aqui fi zemos.

É esse o nosso apelo”, acrescentou.

Assumindo que as diferenças dão

“unidade” e que essa é uma mar-

ca identitária, Semedo reforçou a

“responsabilidade especial” desta

mesa nacional. “Nós falamos muito

sobre os outros, e bem, mas tam-

bém temos de começar por dar o

exemplo na nossa casa, no nosso

Bloco”, alegou.

A convenção foi marcada por um

debate tenso com empate de posi-

ções, aplausos e assobios. Até ao

último instante, o resultado foi im-

previsível e a divisão permaneceu já

depois das cadeiras arrumadas e do

palco desmontado.

Ainda antes do anúncio dos resul-

tados, Catarina Martins teve tempo

para dizer que a moção dos até agora

coordenadores “fez tudo para evitar

a contagem de espingardas”. Pedro

Filipe Soares elogiou o debate “pro-

fundo” e “sério”, mas deixou o aviso

de que no Bloco não há espaço “para

essa ideia que mandam os de cima

para os de baixo obedecerem”.

Minutos antes do pano cair, Seme-

do chegou mesmo a afi rmar que pa-

recia, fi ndos os trabalhos, que todo o

debate não tinha, afi nal, servido para

nada. “Mas há uma grande diferença:

este Bloco é melhor e mais forte do

que era há três dias”, concluiu.

Fazenda continua dirigenteOs fundadores Francisco Louçã, Fer-

nando Rosas e Luís Fazenda fi zeram

leituras distintas. E tomaram opções

diferentes. Enquanto Rosas e Lou-

çã abandonaram a direcção do BE,

Fazenda é o único dos fundadores

que permanece membro da mesa

nacional.

Louçã defendeu que a mesa tem

agora a “obrigação de olhar para o

debate político” e fazer “o melhor en-

tendimento possível” do que se pas-

sou no congresso. O ex-líder acenava

assim com a diferença de oito braços

no ar a favor da moção de Semedo e

Catarina, que subscreveu.

Por outro lado, Fazenda, apoian-

te de Pedro Filipe Soares, afi rmou

que é “prematuro” falar acerca do

desenlace, mas sublinhou que essa

será uma “escolha política”.

Sem “dramas inultrapassáveis”,

Fernando Rosas referiu que a mesa

terá que encontrar uma solução para

o “problema”, mas que “é certo que

a moção vencedora foi a de João Se-

medo e a de Catarina Martins”.

Ao PS, o Bloco deixou o mesmo

recado da véspera, desfazendo a

ilusão de qualquer possibilidade de

compromisso com o partido de Antó-

nio Costa. Se o secretário-geral do PS

vier a constituir Governo, em 2015,

e afi rmar que “não há dinheiro para

criar emprego e baixar impostos”, te-

rá pela frente o protesto dos bloquis-

tas. “Nesse primeiro dia terá o BE nas

ruas”, garantiu João Semedo.

Marcos Perestrello, em represen-

tação do PS, reagiu lamentando a

“deriva sectária do Bloco” que cria

obstáculos ao diálogo à esquerda.

Já Armindo Miranda, do PCP, disse

manter “intacta” a disponibilidade

para o diálogo e para levar “a felici-

dade a casa dos portugueses”.

Para fora, o BE deixou ontem três

compromissos políticos: derrotar a

austeridade, defi nindo esse combate

como a luta central para as legislati-

vas do ano que vem; apostar numa

maior mobilização social; reverter

a relação de forças entre o trabalho

e o capital. “É onde temos perdido

que precisamos de passar a ganhar”,

rematou João Semedo.

34 contra 34A mesa nacional do BE terá 79 membros nos próximos dois anos, menos um do que habitualmente. A lista U, liderada por João Semedo e Catarina Martins, conseguiu 34 assentos, exactamente os mesmos que a moção E, assinada à cabeça por Pedro Filipe Soares. A lista B elegeu sete dirigentes e a lista R outros quatro.

266 contra 258A votação das moções de orientação política, que decorreu de braço no ar, determinou uma vantagem de oito votos para o documento liderado por João Semedo e Catarina Martins: 266 delegados contra 258. Pedro Filipe Soares tinha chegado à convenção com uma vantagem de seis delegados. Conseguiu aprovar alterações aos estatutos, como os referendos internos. R.B.G.

Empate na mesa nacional do BE

c

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | PORTUGAL | 9

PUBLICIDADE

Os professores contratados com me-

nos de cinco anos de serviço podem

começar hoje a inscrever-se para a

segunda edição da Prova de Ava-

liação de Conhecimentos e Capaci-

dades (PACC), que decorre a 19 de

Dezembro. A inscrição volta a custar

20 euros e, desta vez, o Governo pro-

mete que haverá componente espe-

cífi ca da avaliação, mas só depois de

Fevereiro. Os docentes aprovados no

ano passado não precisam de voltar

a responder ao teste.

Professores começam a inscrever-se na prova de avaliação esta segunda-feira

As inscrições na prova são feitas

online, no portal criado pelo IAVE

(http://pacc.iave.pt/) e prolonga-se

até às 18h00 de sexta-feira. A can-

didatura terá que ser validada pelos

docentes, sob perigo de exclusão do

processo. No momento da inscrição,

será também gerada uma referência

para o pagamento dos 20 euros, o

que poderá ser feito através das cai-

xas Multibanco ou de serviços ban-

cários online. Se algum dos profes-

sores quiser candidatar-se a mais do

que um grupo de recrutamento, terá

que pagar mais 15 euros por cada um

deles. O despacho do Ministério da

Educação e Ciência (MEC) estabelece

também a tabela de preços para a

consulta da prova (15 euros) e para os

pedidos de reapreciação (20 euros),

sendo este valor reembolsado no ca-

so de ser dada razão ao candidato.

A componente comum da PACC

realiza-se no dia 19 de Dezembro.

AvaliaçãoSamuel Silva

PACC volta a custar 20 euros e realiza-se a 19 de Dezembro. Componente específica terá lugar em Fevereiro

que ainda não tenham integrado a

carreira. Em 2013, inscreveram-se

13.551 professores, tendo sido apro-

vados 8747 candidatos. Os candida-

tos aprovados no ano passado estão

dispensados do exame nos próximos

cinco anos, caso não tenham um ano

completo de serviço durante aquele

período. Apesar de, no ano passado,

só ter sido realizada a componente

geral, o IAVE garante que os candi-

datos aprovados em 2013/2014 não

necessitam de realizar a prova espe-

cífi ca este ano.

Para a edição 2014/2015 da prova

não há previsões quanto ao número

de candidatos. Além dos professores

que optaram por não entrar na pri-

meira edição e daqueles que não fo-

ram aprovados, podem também ser

acolhidos os recentemente diploma-

dos pelas instituições de ensino supe-

rior e que pretendam candidatar-se a

ingressar na carreira docente.

O Governo chegou a admitir a sua

realização no dia seguinte, um sába-

do, e em instalações de instituições

de ensino superior, mas acabou por

recuar. Tal como em 2013, a prova

deverá realizar-se em escolas do en-

sino obrigatório. O aviso do IAVE faz

ainda referência a seis cidades fora

do país onde será possível realizar

o teste: Díli, Luanda, Joanesburgo,

Macau, Maputo e São Tomé.

Ao contrário do que aconteceu no

ano passado, este ano o MEC prevê a

realização da componente específi ca

da prova para cada área disciplinar

ou grupo de recrutamento, que de-

verá realizar-se a partir do dia 1 de

Fevereiro.

A PACC destina-se a professores

contratados com menos de cinco

anos de serviço. A aprovação nesta

prova é requisito obrigatório para os

candidatos a concursos de selecção

e recrutamento de pessoal docente

Breve

Jogos da sorte

Portuguesa ganha mansão em prémio de lotaria no CanadáUma luso-descendente venceu o primeiro prémio da lotaria do Hospital Princess Margaret de Toronto, Canadá, uma casa no valor de 2,9 milhões de euros. Lucy Resendes, residente em Mississauga, de uma família natural de S. Miguel, nos Açores, afirmou que “adquiriu os bilhetes apenas para ajudar o hospital”. Além da mansão, com 220m2, mobilada e ajardinada, Lucy Resendes receberá também 25 mil dólares para a ajudar a pagar o primeiro ano de IMI.

10 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

Corria o ano de 1976, Maria Antó-

nia Palla foi buscar o fi lho António

Costa à escola. Raramente o fazia,

mas naquele dia chegou à porta da

Escola Fernão Lopes, já instalada

no Palácio dos Condes de Cabral,

no Largo António de Sousa Macedo,

em Lisboa, e perguntou pelo fi lho

a um contínuo. Depois de alguma

insistência, o homem lá percebeu

quem era a criança cuja mãe ali se

apresentava e soltou a frase: “Ah,

é o preto!”

Maria Antónia fi ca pasmada. Mas

também muitíssimo preocupada. À

noite, já em casa com o fi lho, deci-

de falar-lhe sobre o que via como

um problema: a hipótese de o seu

fi lho ser vítima de racismo. Com

cuidado redobrado, pergunta ao

rapaz como é que o tratam na esco-

la. Ele responde pronto: “António!”

Ela insiste: ele acrescenta o apeli-

do e diz que também o tratam por

António Costa. Como a conversa

não evoluía, Maria António Palla

relata ao fi lho o sucedido à porta

da escola e a reacção do contínuo.

Tranquilo, António Costa pergun-

ta-lhe: “Ó mãe, tu já olhaste para

mim? Já viste a minha cor? Eu sou

escuro mesmo.”

António Costa nasceu em Lisboa

a 17 de Julho de 1961, fi lho da jor-

nalista Maria Antónia Palla e do es-

critor Orlando da Costa. E se Maria

Antónia era de uma família portu-

guesa, republicana e laica do Seixal,

Orlando era fi lho de uma família go-

esa, brâmane e católica de Margão,

território que foi integrado na Índia

em 1961, com a anexação das pos-

sessões portuguesas Goa, Damão

e Diu. Filho de uma portuguesa da

metrópole, branca, e de um goês

de Margão, indiano portanto, An-

tónio Costa herdou características

fenotípicas do pai, ou seja, a cor da

sua pele é castanha, como é próprio

das populações da Índia.

“Nunca me limitou”Hoje, como na sua adolescência,

António Costa vive bem com a cor

da sua pele. Ao PÚBLICO afi rma: Orlando da Costa e o filho António Costa com três ou quatro anos, no Jard

António Costa, um políticopara além da cor da pele

Será a eleição do novo líder do PS e candidato a primeiro-ministro uma vitória sobre uma barreira de racismo? Especialistas dizem que não. Trata-se de um descendente de goeses brâmanes católicos, os portugueses da Índia

PSSão José Almeida

“A cor da pele nunca me limitou,

nunca.” Perante a pergunta sobre

se alguma vez se sentiu discrimi-

nado, vítima de racismo, garante:

“Eu, pessoalmente, nunca senti.

Posso ter ouvido uma ou outra vez

chamarem-me ‘monhé’, mas é epi-

sódico.” E explica que a cor da pele

sempre foi vivida por si “com nor-

malidade” e sem se sentir diferente

ou especial por isso: “Também não

era motivo de orgulho.”

O candidato a primeiro-ministro

diz mesmo que só agora surgiu “um

grande interesse dos jornalistas so-

bre isso”, o que atribui ao facto de

a sua vitória nas primárias ter sido

noticiada em jornais indianos como

o Hindustan Times (29/09/2014) e o

Economic Times (30/09/2014), que

salientaram o facto de, pela primei-

ra-vez, um candidato a primeiro-

ministro no Ocidente ser de origem

indiana.

“Na Índia o assunto é notícia

porque há actualmente uma nova

atitude em relação aos goeses”, ex-

plica António Costa. “Há uma coisa

nova, os indianos têm uma relação

mais descomplexada com os goeses

e Goa já tem governos hindus.” E

sublinha que há um novo interesse

“sobretudo em relação aos goeses

que tinham vindo para Portugal,

que eram mal vistos, havia uma

barreira contra os goeses em geral,

porque consideravam que eles esta-

vam feitos com os colonialistas”.

O secretário-geral do PS conside-

ra mesmo que a sua ascensão a este

cargo e a sua escolha em eleições

primárias como candidato a primei-

ro-ministro nada têm que ver com

a quebra de uma barreira contra

o racismo na política portuguesa.

Esta posição de Costa é confi rma-

da ao PÚBLICO pelo antropólogo

goês e investigador do Centro de

Estudos Internacionais do ISCTE,

Jason Keith Fernandes. “A vitória

de António Costa não significa

que não há racismo”, afi rma este

investigador. E lembra: “Os ingle-

ses quase ‘inventaram’ o racismo,

mas estavam na Índia com o seu

império e tratavam os fi lhos dos

rajás como brancos, estes estuda-

vam em Oxford, como os fi lhos da

elite inglesa, eram completamente

ingleses. Em qualquer império as

elites dos territórios são tratadas

como as elites do centro.”

Jason Keith Fernandes afi rma que

“para perceber o racismo é preci-

so analisar como são tratados os

goeses de classes baixas, onde as

pessoas não têm poder, não são

especiais”. O facto de um fi lho de

um goês de elite ser candidato a

primeiro-ministro não altera nada

em relação ao racismo quer seja na

política, quer seja na sociedade em

geral. E avança com um exemplo:

“A Índia teve uma mulher primeira-

ministra, Indira Gandhi, e isso nada

indica sobre o estatuto da mulher

na Índia.”

Pelo contrário, este investigador

defende que só a existência da dú-

vida sobre se há diferença em Costa

já mostra que o racismo permane-

ce. “Conta-se a história de uma se-

nhora goesa que se ofendeu porque

num restaurante de Lisboa ouviu

comentar que ela comia como os

portugueses e falava como os por-

tugueses”, conta Jason Keith Fer-

nandes. E conclui: “Ela ofendeu-

se por terem duvidado. O espanto

vem da dúvida de que possa ser

verdade. O dilema é esse, a dúvi-

da mostra que não estamos num

espaço sem racismo. Estamos to-

dos marcados pelo racismo. Basta

o facto de dizermos que não somos

racistas para já estarmos a levantar

o problema. Há racismo e o que há

a fazer é falarmos disso.”

“Para perceber o racismo é preciso analisar como são tratados os goeses de classes baixas, pessoas que não têm poder”

Jason Keith FernandesInvestigador do ISCTE

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | PORTUGAL | 11

im Zoológico, em Lisboa c

eram só a elite, à qual o meu pai

pertencia. Ele e alguns amigos co-

mo Bruto da Costa, Narana Coisoró

e Kalidás Barreto”, conta António

Costa.

Pela poesia e por PessoaOrlando da Costa (1929-2006) nas-

ceu em Lourenço Marques quase

por acaso. “A minha avó Amélia te-

ve uma doença pulmonar e foi tra-

tar-se na Suíça. No regresso pára em

Lourenço Marques para visitar uma

irmã. Engravida na viagem e acaba

por fi car dois anos em Moçambique

para ter o fi lho.” Cresce em Goa,

na cidade de Margão, na casa da

família, na “Rua Abade Faria, onde

ainda hoje vive Anna Karina Pim-

pula”, sua prima, adianta António

Costa. E Rosa Maria Perez frisa que

“a família é da elite local, a casa de

família é uma casa indo-portuguesa

típica, há ascendentes de António

Costa que se destacaram na Escola

Médico-Cirúrgica de Goa”.

Quando jovem, “Orlando da

Costa fez parte do movimento an-

ticolonialista, sai de Goa por isso,

chegou a estar preso”, conta Rosa

Maria Perez. António Costa acres-

centa: “Depois da anexação [1961],

o meu pai era um dos únicos - se

não o único - que eram considera-

dos freedom fi ghters [lutadores pe-

la liberdade]”. Assim, aos 18 anos,

Orlando da Costa sai de Goa. “O pai

queria que ele fosse estudar para

Bombaim ou para Inglaterra, mas

ele quis vir para Lisboa, pela lite-

ratura portuguesa e por Fernando

Pessoa”, relata António Costa. E

prossegue: “Veio em 1948 e só foi

lá em 1975. Esteve muitos anos sem

contacto. O irmão, meu tio, voltou

a Goa em 1965. Já eu só fui em 1979,

tinha 18 anos, e o meu irmão [o jor-

nalista Ricardo Costa] 11 anos.”

Também Sandra Ataíde Lobo, in-

vestigadora do Centro de História

da Cultura da Universidade Nova de

Lisboa, adverte que “os goeses, pa-

ra os portugueses, são só esta elite,

os outros não são vistos como go-

eses, são vistos como indianos”. E

frisa que, “aliás, os próprios goeses

não se vêem como indianos”. Os

outros indianos que chegam a Por-

tugal após a descolonização de Mo-

çambique é que são os vistos como

os “monhés”. Quanto aos goeses,

“sempre houve mais curiosidade

cultural do que racismo de pele”,

defende Sandra Ataíde Lobo, ela

também goesa.

Assim, embora numa socieda-

de racista, o que distingue Antó-

nio Costa é o facto de ele ser um

português com origem goesa. Lo-

go, integra uma elite que está aci-

ma de classifi cações com base na

cor da pele. Como confirma ao

PÚBLICO a antropóloga profes-

sora no ISCTE e investigadora do

Centro de Estudos Internacionais,

em Lisboa, e no Indian Institute of

Technology, na Índia, Rosa Maria

Perez, “há uma componente fe-

notípica que não tem incidência

social; em relação aos goeses em

Portugal, quer cultural, quer so-

cialmente, nunca houve uma di-

cotomia baseada na componente

racial ou fenotípica”. E frisa: “Os

goeses distinguem-se de todos os

indianos. Os goeses eram portugue-

ses, não eram indianos. O racismo

é estranheza pela cor. Mas o goês

não era visto com a condição estra-

nha de diferença pela cor da pele.”

António Costa explicita o que dis-

tingue os goeses: “Há logo a distin-

ção social entre os goeses vindos

para Portugal continental antes de

1961e os outros indianos que vieram

depois, tal como os africanos. A co-

munidade goesa e indiana cresceu

cá, mas apenas com a descoloni-

zação a partir de Moçambique.” E

acrescenta: “Na Índia, cruzam-se

muitas coisas, e os goeses sempre

usaram a religião católica e a língua

portuguesa como diferença. Os go-

eses sentem-se tão diferentes que

dizem, por exemplo, ‘os indianos’,

quando falam dos outros naturais

da Índia.”

Apesar de a elite goesa se ver co-

mo portuguesa, o próprio António

Costa também se identifi ca com a

sua ascendência goesa. “Percebi

desde sempre, tanto que em miú-

do era chamado babush [garoto]”,

afi rma o secretário-geral do PS.

“Lembro-me da minha avó Amélia.

Na altura os goeses eram poucos,

DRDREm Lisboa, Orlando da Costa ade-

re em 1954 ao PCP, partido de que é

militante até morrer. Um ano antes

casara-se com Maria Antónia Palla,

feminista e militante do PS depois

do 25 de Abril. A relação entre am-

bos já existia antes, mas optam por

se casar a seguir à primeira prisão

de Orlando da Costa pela PIDE.

Casados pelo civil, Maria Antónia

poderia visitá-lo, se voltasse a ser

preso. O facto de ambos os pais “te-

rem história política em Portugal”

é uma das razões pelas quais “não

é estranho que António Costa seja

secretário-geral do PS”, diz Sandra

Ataíde Lobo.

Mas o que o distingue acima de

tudo Orlando da Costa é ele “per-

tencer à elite goesa”, sublinha Rosa

Maria Perez, insistindo em que “ele

não é indo-português, ele é um brâ-

mane católico goês”. E Jason Keith

Fernandes precisa: “António Cos-

ta é eleito devido ao trabalho dos

brâmanes que desde o século XVIII

lutaram para que os seus direitos

como cidadãos fossem efectivos.”

O antropólogo goês explica que “os

goeses foram cidadãos portugueses

desde o início da soberania portu-

guesa em Goa” e desde o início há

uma fusão da estratifi cação social

europeia com a indiana, dando ori-

gem a uma nova elite. Essa elite es-

pecífi ca que se formou em Goa “era

composta pelos luso-descendentes

que eram poucos, eram chamados

‘reinóis’ e tinham antepassados no

reino, mas nessa elite tinham um

peso central as elites nativas: os

brâmanes e os chardós” - os pri-

meiros são a casta dos sacerdotes,

que transportam a palavra sagrada,

os segundos os guerreiros, sendo

ambas as castas terratenentes.

Sandra Ataíde Lobo lembra que

“existe todo o tipo de goeses, os go-

eses não são só uma elite”, mas su-

blinha também que “as castas que

formavam as elites nativas goesas

eram os brâmanes e os chardós”.

“Para Portugal, o fl uxo maior era de

brâmanes, que vinham estudar”,

adianta.

Peso brâmaneNum território em que “os indo-por-

tugueses eram poucos, os brâmanes

dominaram sempre a sociedade go-

esa e dominavam o poder em Goa”.

De resto, frisa a historiadora, “ti-

nham o domínio da propriedade”.

Com a soberania portuguesa sobre

Goa, os brâmanes assimilaram o ca-

tolicismo e “eram maioritariamen-

te católicos, só no século XVIII é

que começa a haver brâma-

António Costa aos 14 anos, no Jardim do Príncipe Real (em cima)Orlando da Costa em 2001 (em baixo)

“Os goeses distinguem-se de todos os indianos. Os goeses eram portugueses, não eram indianos. O racismo é estranheza pela cor”Rosa Maria PerezAntropóloga

12 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

nes hindus em Goa”. Assim, ex-

plica historiadora, “é o núcleo de

brâmanes católicos que domina

sempre e se expande para a me-

trópole e para as outras colónias”.

Também Rosa Maria Perez de-

fende que “uma singularidade do

colonialismo português em relação

a Goa é que sempre houve uma

grande circulação de elites”. E pros-

segue: “Os goeses de elite estuda-

vam em Lisboa ou Coimbra. Eram

as elites administrativas, tanto as

elites católicas como as hindus.

Em Goa, a elite católica absorveu

a casta superior, os católicos são

os brâmanes. O colonialismo na

Índia discriminou entre católicos

e hindus, e brâmanes e outros.

Os lugares da administração colo-

nial eram ocupados por brâmanes

católicos. A circulação de goeses

é antiga, acentua-se com a Repú-

blica e continua no Estado Novo.”

Por outro lado, Sandra Ataíde Lo-

bo lembra que os brâmanes “são

muito educados”: “A educação é

para eles um programa de classe.

Estudam e através do estudo com-

batem a discriminação e procuram

ter oportunidades. Eram cidadãos

do império, tinham direitos e para

os usufruir tinham de estudar.” É

isso que possibilita a situação ex-

cepcional de Goa e das elites goesas

em relação aos restantes territórios

do império, conclui a historiadora,

acentuando o facto de que mesmo

em Cabo Verde, onde se salienta-

ram elites criolas, elas não adqui-

rem nunca o estatuto dos goeses.

“Os goeses impunham-se como

administração local, sempre dispu-

taram com luso-descendentes o es-

paço político, e em Portugal sempre

houve goeses, tiveram margem pa-

ra conquistar espaço. Sempre hou-

ve integração e miscigenação. Em

todo o lado há goeses em Portugal”,

afi rma Sandra Ataíde Lobo.

A singulariedade goesa no im-

pério era tal que após a revolução

liberal de 1820, quando é eleito o

primeiro Parlamento, é em Goa que

são eleitos os primeiros e únicos, na

época, deputados nativos: são elei-

tos dois brâmanes católicos. “Logo

da primeira vez foram eleitos nati-

vos como deputados de Goa. Nas

outras colónias eram eleitos bran-

cos. Em Goa, quando eram bran-

cos da metrópole, era negociado

com os goeses, com a elite brâmane

católica de Goa”, destaca Sandra

Ataíde Lobo.

Os dois primeiros deputados

goeses são Constâncio Roque da

Costa, ascendente de Alfredo Bru-

NUNO FERREIRA SANTOS

Maria Antónia Palla, em 2014, (em cima) eAntónio Costa com 16 anos, num Congresso da JS

to da Costa, e Bernardo Peres da

Silva. Este último, segundo Sandra

Ataíde Lobo, “durante as lutas li-

berais exila-se no Brasil, acompa-

nha a causa liberal”. E, “quando D.

Pedro ascende ao poder, faz uma

exposição ao rei sobre o estado da

Índia. É nomeado governador. É o

primeiro nativo a ser governador -

é inédito até então -, embora o se-

ja por pouco tempo, pois, quando

chega a Goa, os luso-descendentes

fazem uma revolta.”

Sandra Ataíde Lobo conclui assim

que, “a partir do século XIX, há da

parte das elites goesas mais inves-

timento sistemático na educação

e nas estruturas de representação

liberais”: “Os brâmanes católicos

de Goa são formados nas ideias

liberais e com o objectivo de reti-

rarem daí consequências.” Jason

Keith Fernandes remata: “O facto

de António Costa ser candidato a

primeiro-ministro é a conclusão de

um projecto de poder dos brâma-

nes desde o seculo XVIII.”

“A cor da pele nunca me limitou, nunca. ”António CostaSecretário-geral do PS

DR

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | PORTUGAL | 13

Mais de 500 pessoas mudaram de

nome nos primeiros nove meses des-

te ano, muitas delas para acrescentar

apelidos, um processo que envolve

tanto adultos como crianças e que

custa 200 euros.

Até Setembro, tinham sido deci-

didos 536 processos de alteração de

nome, segundo o Instituto dos Regis-

tos e Notariado. Os números não di-

ferem muito dos registados em anos

anteriores: em 2013 mudaram o no-

me 661 pessoas, em 2012 foram 881

e em 2011 chegou-se aos 856 casos.

O processo de mudança de nome

foi simplifi cado na década passada,

mas é dos emolumentos mais caros,

fazendo-se mediante requerimento à

Conservatória dos Registos Centrais.

Os motivos apresentados são di-

versos, mas destaca-se a vontade

de adicionar apelidos de família ao

registo de nascimento. “Muitas ve-

zes, em casa, os avós e outra família

confrontam [os pais do bebé] com

a falta de apelidos”, explicou a con-

servadora adjunta da Conservatória

dos Registos Centrais, Sandra Mon-

teiro. Outro dos motivos, adiantou,

é a harmonização de nomes de luso-

descendentes. Até 1982, a lei não per-

mitia que fi lhos de emigrantes usas-

sem em Portugal nomes próprios

estrangeiros. Silvie, por exemplo,

tinha obrigatoriamente de passar

a Sílvia. Hoje, a Silvie que passou a

Sílvia pode pedir para passar a Silvie

de novo. Os pedidos de mudança do

nome próprio só por uma questão

de gosto são residuais. Mais comuns

são os casos de pessoas que querem

suprimir um apelido paterno ou ma-

terno, ou ainda adultos que querem

acabar com um primeiro nome que

nunca usaram e que só têm porque

foi a escolha dos padrinhos. “Havia

um peso muito grande dos padrinhos

na escolha do primeiro nome. Nes-

ses casos muitas pessoas acabaram

sendo tratadas pelo segundo nome,

com o qual se identifi cam”, diz San-

dra Monteiro.

Estes números não incluem as al-

terações motivadas por mudança de

sexo. A Lei de Identidade de Género

entrou em vigor em Março de 2011 e

até Março de 2012 mudaram de sexo

e de nome 78 pessoas.

Mais de 500 portugueses mudaram de nome

Identidade

Desde 2009 até agora, 4605 pessoas mudaram de nome. Acrescentar ou suprimir um apelido são os pedidos mais frequentes

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O aviso é sério: Francisco Pinto Bal-

semão, fundador da Impresa, dona

da SIC e do Expresso, deixou a pre-

sidência do Conselho Europeu de

Editores (EPC – European Publishers

Council)ao fi m de 15 anos e diz que é

preciso ter atenção aos novos players

“Se não existir igualdade de concorrência, muitas empresas de media não sobreviverão”

do mercado, como os agregadores

de conteúdos e as redes sociais. “Se

não existir igualdade de concor-

rência com os novos jogadores que

desafi am o jornalismo profi ssional,

muitas empresas não sobreviverão”.

O EPC é o grupo mais infl uente de

empresas europeias de media e os úl-

timos 15 anos, admite o próprio con-

selho, foi um “tempo de revolução

digital sem precedentes e de trans-

formação radical na produção, divul-

gação e consumo” de informação.

Em resposta escrita às perguntas do

PÚBLICO, Balsemão sublinhou que,

“actualmente, uma empresa de co-

municação social é um negócio de al-

ta tecnologia que fornece conteúdos

ao segundo, em todas as plataformas

imagináveis, interagindo com os seus

leitores/público numa escala inimagi-

nável antes do advento da Internet.”

Talvez por isso Balsemão defenda:

“É essencial que exista um campo

de jogo equilibrado para garantir

que temos a liberdade de adaptar-

mos os nossos modelos de negócio

ao ambiente da comunicação social,

em permanente mudança; a liberda-

de de competir de forma justa com

gigantes tecnológicos ou empresas

de comunicação fi nanciadas com

fundos públicos; a liberdade de nos

podermos regular a nós próprios”.

Apesar dos passos já dados – vários

países forçaram a Google a acordos

MediaMaria Lopes

Balsemão deixa Conselho Europeu de Editores ao fim de 15 anos. Afirma que os maiores desafios para os media ainda estão para vir

para pagar direitos de autor –, Balse-

mão considera que “existe sempre o

perigo de uma má regulamentação”.

Na nota ao novo colégio de comis-

sários, defendeu os “benefícios” do

mercado único digital posto ao ser-

viço da diversidade dos media, cultu-

ras e línguas que “enriquecem” a UE.

“Exorto o novo chefe digital a consi-

derar que não pode haver nenhuma

abordagem ‘tamanho único’ em rela-

ção a qualquer regulamentação dos

meios de comunicação social; as nos-

sas diferenças são os nossos pontos

fortes e aquilo que proporciona valor

à sociedade. A nossa diversidade de-

ve ser apoiada e alimentada; é ela que

sustenta a liberdade de expressão.”

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14 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

Faltam 1779 enfermeiros nos cuidados continuados só na região Sul

Faz hoje uma semana que António

Carlos Evangelista conseguiu voltar

a ser o Dr. Evangelista – e que dei-

xassem de lado o tratamento por Sr.

António, que lhe foi apresentado no

exacto momento em que foi inter-

nado no hospital, no dia 27 de Ou-

tubro, na sequência de um acidente

vascular cerebral (AVC). Aos 84 anos,

para este médico reformado, doutor

não é apenas um título, é a ligação a

uma vida dedicada a uma profi ssão

e uma memória que se sobrepõe à

fala entaramelada, às alterações de

consciência e à perda de alguns mo-

vimentos que o AVC lhe trouxe, conta

o fi lho José Grillo Evangelista.

No dia 17 de Novembro o pai te-

ve alta do Hospital Garcia de Orta,

em Almada, e os próximos tempos

serão passados numa unidade de Al-

mada da Rede Nacional de Cuidados

Continuados Integrados, destinada

às reabilitações consideradas de

média duração, e onde está há uma

semana.

“Temos de ter uma visão holística

da pessoa, que é mais do que um

doente, tem a sua cultura e vida”, re-

sume a enfermeira Cidália Martins,

que coordena a equipa que gere a re-

de destes cuidados nos concelhos de

Almada e Seixal e que funciona no

Centro de Saúde Corroios, numa re-

ferência à importância de se adaptar

a reabilitação consoante o doente

com que se está a trabalhar. Porém,

a enfermeira reconhece que é cada

vez mais difícil conseguir dar res-

posta aos casos que chegam à rede

e que se depara sobretudo com três

problemas: falta de vagas, carência

de recursos humanos e utentes cada

vez mais dependentes e a necessitar

de mais apoio nas actividades diá-

rias mais simples, como comer ou

tomar banho.

Estes foram precisamente os pro-

blemas identifi cados pelo estudo

Rede Nacional de Cuidados Continu-

ados Integrados: Sustentabilidade e

Segurança, conduzido pela Secção

Regional do Sul da Ordem dos En-

fermeiros, e que é apresentado esta

segunda-feira. Os dados disponibi-

lizados ao PÚBLICO mostram que

nas 44 unidades da região Sul que

integraram a amostra faltam 659 en-

fermeiros. Extrapolando os núme-

ros para as 117 unidades desta zona,

seriam necessários mais 1779 enfer-

meiros em Beja, Évora, Faro, Lisboa,

Portalegre, Santarém e Setúbal. Além

disso, o número de profi ssionais es-

pecializados em reabilitação ainda

é muito baixo – o que condiciona a

especifi cidade da resposta que pode

ser dada. O número de enfermeiros

necessários foi calculado tendo em

consideração o número de doentes,

o seu risco, nível de dependência e

potencial de recuperação, o que se

traduz no número de horas de enfer-

magem necessárias.

“Compreendemos que haja um

processo evolutivo gradual na dota-

ção de equipas, mas hoje temos 97%

de taxas de ocupação, o que signifi -

ca que as vagas não estão à espera e

que as equipas têm difi culdade em

colocar a pessoa na rede a tempo. E

se a equipa tem défi ce de recursos,

ainda que seja obrigada a garantir

a segurança mínima dos cuidados,

não consegue garantir, por exem-

plo, a recuperação e a reabilitação

das pessoas”, salienta Alexandre

Tomás, coordenador do estudo e

presidente da Secção Regional do

Sul da Ordem dos Enfermeiros. “Os

doentes estão a fi car mais tempo nas

unidades para além daquilo que era

expectável, pois não há intervenção

na recuperação da pessoa, e se fi cam

mais tempo o potencial de recupera-

ção é menor”, salienta.

“Ainda considerámos durante o

internamento no hospital procurar

uma unidade privada após a alta. Mas

entre isso e uma de cuidados conti-

nuados, prefi ro mil vezes esta e nem

é por uma questão económica, por-

que o meu pai está no escalão mais

alto e paga perto de 800 euros. É por-

As camas nos cuidados continuados foram reforçadas em 12,4%, mas continuam a faltar enfermeiros

RUI GAUDÊNCIO

A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados tem vindo a aumentar o número de camas disponíveis (6642 camas, no fi nal de 2013). Mas faltam enfermeiros, profi ssionais especializados na reabilitação e uma aposta mais sustentada nos cuidados domiciliários

SaúdeRomana Borja-Santos

que não a considero um lar, conside-

ro uma unidade de reabilitação e foi

isso que expliquei ao meu pai. Isso

faz toda a diferença”, completa José

Grillo Evangelista.

No caso de António Carlos Evan-

gelista não foi necessário atrasar a

alta do hospital ou optar por uma

resposta privada por falta de vagas

na rede pública. Ainda durante o in-

ternamento, a equipa de gestão de

altas referenciou o doente à rede ge-

rida por Cidália Martins e foi possível

encontrar uma cama no tipo de uni-

dade mais indicada, que prevê que

os doentes recuperem num período

máximo de 90 dias. “Sinceramente

penso que o meu pai não precisará

de tanto tempo. A recuperação está

a ser mais difícil do que no AVC que

teve há dois anos, mas pela evolução

que tem tido penso que irá para casa

mais cedo”, explica José Grillo Evan-

gelista, que destaca o lado “humano”

como fundamental para a recupe-

ração. “Quando chegou à unidade,

no dia 17 de Novembro, vieram per-

guntar-lhe como queria ser tratado.

Encolheu os ombros. Eu disse: ‘Ex-

perimentem chamar Sr. António ou

doutor e vão ver a diferença’. Chama-

ram senhor e ele só abriu um olho.

Disseram doutor e ele abriu logo os

olhos e sorriu.”

A Rede Nacional de Cuidados Con-

tinuados Integrados inclui institui-

ções públicas, privadas e do sector

social e disponibiliza várias tipologias

de prestação de cuidados. Quando

a expectativa é de que seja necessá-

rio mais tempo do que os 90 dias ou

outro tipo de cuidados existem as

Unidades de Longa Duração e Ma-

nutenção e para as recuperações que

podem ser feitas em 30 dias existem

as chamadas Unidades de Convales-

cença, destinadas a casos como frac-

turas do colo do fémur, em que ainda

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | PORTUGAL | 15

há, por exemplo, um penso que é

necessário trocar de forma diária e

em casa o doente não consegue ou

quando é preciso ensinar o utente a

lidar com um saco de colostomia.

Há ainda as Unidades de Cuida-

dos Paliativos onde não estão de-

fi nidos limites máximos de dias de

internamento, dada a gravidade das

patologias – na maior parte das ve-

zes, oncológicas. Em qualquer dos

casos há também os cuidados domi-

ciliários prestados pela rede e que

podem ser accionados tanto antes

de ser encontrada a vaga numa das

unidades, ou após a saída, quando

o resto da recuperação pode ser em

casa. Esta é, segundo Cidália Martins,

a “solução ideal e em que se deve

apostar”. Ao todo, têm mais de 80

vagas deste tipo.

O estudo apurou, ainda, que os

2749 lugares de internamento na

região Sul estão praticamente sem-

pre com taxas de ocupação próximas

dos 100% e que a população atendida

é muito envelhecida e dependente.

“Neste momento, as pessoas nas uni-

dades de internamento da rede em

57,4% dos casos têm dependência to-

tal. Isso signifi ca que são incapazes

de qualquer actividade associada à

mobilidade e mais 39,5% têm depen-

dência ligeira, moderada ou severa, o

que signifi ca um total de 97%”, subli-

nha Alexandre Tomás, defendendo

que é para estes dados que importa

olhar no momento de ponderar as

dotações de enfermeiros.

“Duas pessoas que tenham tido

um AVC tiveram a mesma circuns-

tância fi siopatológica. Mas é o que

aconteceu depois do AVC, que de-

termina a necessidade de cuidados

de saúde e que depende do nível de

dependência da pessoa. Não posso

chegar a uma unidade e perguntar

simplesmente quantas pessoas tive-

ram um AVC”, reforça. O enfermei-

ro entende que é preciso inverter o

paradigma de prestação de cuida-

dos. Mas, mais do que abrir apenas

vagas de internamento, Alexandre

Tomás considera que o futuro passa

por manter os doentes em casa e ter

profi ssionais de enfermagem dispo-

níveis para “formar e dar mais apoio

aos cuidadores”.

Neste momento, as pessoas que

cuidam do doente, familiares ou não,

têm direito a interná-lo durante 90

dias, para poderem descansar. “É

no Natal, Páscoa e Verão que temos

mais pedidos”, refere Cidália Mar-

tins, que, no global de todos os inter-

namentos, deu resposta a 1064 em

2013. Este ano, o número no início de

Novembro ia já em 996. Cidália Mar-

tins considera que para haver mais

respostas no domicílio é necessário

reforçar a capacidade de articulação

entre os apoios da comunidade e as

autarquias, para ser mais fácil esta-

belecer “parcerias com as câmaras

ou as juntas de freguesia” para dar

resposta a coisas simples como adap-

tar a casa dos doentes e tornar pos-

sível que os cuidados sejam dados

no domicílio.

“Não defendemos que as autar-

quias façam a gestão das unidades de

saúde, mas podem criar as condições

habitacionais para que as pessoas es-

tejam em segurança nas suas casas”,

completa Alexandre Tomás. Essa é a

vontade de José Grillo Evangelista,

que acredita que num par de meses

o pai recuperará o sufi ciente em ter-

mos cognitivos e de marcha para po-

der voltar para junto da mulher.

Olhando para os lugares de inter-

namento a nível nacional, segundo

os dados que constam do último Re-

latório Anual Sobre o Acesso a Cuida-

dos de Saúde nos Estabelecimentos do

SNS e Entidade Convencionadas, pu-

blicado em Julho, entre 2012 e 2013

houve um aumento de 731 lugares

em todo o país, o que representa um

crescimento de 12,4%, para um total

de 6642 camas. A subida na região

de Lisboa e Vale do Tejo atingiu os

20,3% (chegando às 1524 camas). Foi

o segundo maior aumento do país,

depois do de 26,5% no Algarve.

Mas, ainda assim, a região de Lis-

boa (onde se inclui Almada e Seixal)

tinha a menor cobertura: 219 camas

por cada 100 mil habitantes com

mais de 65 anos. A média nacional

é de 343. A maior cobertura popu-

lacional em camas existe na região

do Alentejo (593 camas por 100 mil

habitantes com 65 ou mais anos),

seguindo-se o Algarve e o Centro.

Quanto a equipas domiciliárias, o ce-

nário repete-se: na região de Lisboa e

Vale do Tejo existem 525 lugares por

100 mil habitantes com 65 ou mais

anos. A média é 707.

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659enfermeiros faltam nas 44 unidades que foram estudadas. Extrapolando para as 117 unidades da região Sul, seriam precisos mais 1779 enfermeiros

100%é a taxa de ocupação das 2749 camas de internamento da região Sul. E 57,4% das pessoas internadas têm dependência total

16 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

O dia começa com uma roda. De

mãos dadas, cantam, saltam à cor-

da, dizem poemas. A professora toca

fl auta, fala do vento, eles rodopiam.

Só depois vão para a aula. A Casa

da Floresta Verdes Anos, colégio em

Lisboa onde não há computadores

nem quadros interactivos, não é a

única a seguir uma via menos con-

vencional.

N’Os Aprendizes, em Cascais,

além do edifício onde decorrem

as aulas, há uma casa, o Reino dos

Sentidos, dedicada sobretudo à arte-

terapia: não é só para meninos com

necessidades educativas especiais,

qualquer criança pode ir lá e tentar

ultrapassar uma difi culdade através

da pintura, música, neuroterapia,

entre outras hipóteses.

Estes colégios são privados, mas

a Escola da Ponte, Santo Tirso, do

pré-escolar ao 3.º ciclo, é pública.

Sem aulas expositivas, são os alunos

que escolhem as matérias e quando

querem ser avaliados.

São três exemplos, entre outros

que não encaixam no sistema con-

vencional. Não se vangloriam de se-

rem os melhores nos rankings, mas

garantem que as crianças aprendem

e trabalham a criatividade, o espírito

crítico, a cidadania, a liberdade, a

responsabilidade.

“Não acreditamos na avaliação

quantitativa, mas qualitativa. O pro-

fessor olha para cada criança e vê

se brinca, se come, se resolve um

problema na sala, lá fora, se tem di-

fi culdade a Português, a Matemática.

Não há um melhor do que outro”,

diz Rita Dacosta, directora da Casa

da Floresta, colégio até ao 1.º ciclo

que segue a pedagogia Waldorf.

Além desta pedagogia, Os Apren-

dizes cruza o método High Scope e o

Movimento Escola Moderna. À fusão

chamaram “Pedagogia do Amor”:

“Está na moda falar em sucesso, não

em amor. Mas preparar os miúdos

para a vida não é só prepará-los tec-

nicamente. Ser bem-sucedido pro-

fi ssionalmente é ser feliz, realizado,

trabalhar em algo produtivo, é cada

um alcançar o máximo do seu po-

tencial”, diz Sofi a Borges, directora

deste colégio até ao 2.º ciclo.

A gestora da Escola da Ponte,

Eugénia Tavares, frisa que naquele

estabelecimento – que funde várias

correntes, mas tem forte infl uência

do Movimento Escola Moderna –, “o

aluno tem uma atitude mais activa

na procura do conhecimento”. A co-

ordenadora de projecto, Ana Morei-

ra, acrescenta: “Nas aulas conven-

cionais, um assunto é dado e quem

apanhou, apanhou.”

Sérgio Niza, um dos fundadores

do Movimento Escola Moderna e que

já fez parte do Conselho Nacional de

Educação (CNE), diz que o “método

simultâneo” da maioria das escolas

“resume-se a ensinar a muitos como

se fossem um só”: “A monstruosi-

dade disto é não haver respeito por

cada um.”

Ludovina Silva é presidente da

Associação de Pais da Escola da

Ponte, tem lá dois fi lhos: “Quan-

do saem da Ponte, são mais inter-

ventivos, questionam mais.” Nes-

ta escola, há comissões de ajuda,

uma assembleia: os alunos iden-

tificam os problemas da escola,

debruçam-se sobre as soluções.

Admite que se sentiu “insegu-

ra” quando, no fi m do 1.º ano, a

fi lha não sabia ler: “Mas ela teve

de lidar com a timidez e, na Pon-

te, trabalharam isso. É uma esco-

la que respeita o tempo de cada

aluno. Hoje é excelente aluna.”

Efeito “perverso”Rita DaCosta assume que a Casa da

Floresta é avessa à lógica dos melho-

res e piores: “Quando uma criança

tem um ‘não satisfaz’, acha que é ela

que não satisfaz. A partir daqui, é

muito difícil trabalhar a criatividade

e a auto-estima.”

Para o docente da Faculdade de

Psicologia e de Ciências da Educa-

ção da Universidade do Porto e do

Centro de Investigação e Interven-

ção Educativas, Rui Trindade, há um

“efeito educativo perverso da valori-

zação de um tipo de competitividade

que poderá ser adequada para o des-

porto de alta competição”, mas, na

escola, é “um obstáculo educativo”

– é uma lógica em que o sucesso não

é em função das “aprendizagens”,

mas das notas.

No ano passado, a Casa da Flores-

ta não teve exames nacionais. Mas,

segundo o ranking do PÚBLICO, que

inclui as notas dos alunos internos

na 1.ª fase dos exames, n’Os Apren-

dizes, a média do 4.º foi 2,75 e, na

Ponte, 3,67 – a média nacional foi

2,8. Ainda na Ponte, no 6.º foi 3, aci-

ma dos 2,71 nacionais e no 9.º foi 2,5,

a mesma do país.

Rui Trindade ressalva que “bons

resultados nos exames não signi-

fi cam, obrigatoriamente”, alunos

“mais inteligentes, cultos e atentos

aos outros e ao mundo”. E Sérgio

Niza defende mesmo que há “um

desvio de sentido” do Governo que,

“sob a capa de um suposto rigor, é de

um populismo desenfreado”: “Não

compreende nada do que é essen-

cial na escola, compreende tudo no

plano empresarial. Joga com os alu-

nos como se fossem mercadorias.

Os exames sucessivos fazem fugir a

escola da cultura e põem-na a repe-

tir, a treinar, como se fosse treino

desportivo”, nota, frisando que es-

se caminho forma pessoas “acéfalas

e repetitivas” em vez de “criativas,

críticas, imaginativas”.

Rui Trindade levanta outra ques-

tão: como se valoriza o erro enquan-

to forma de aprendizagem? Defende

que a “qualidade da formação acadé-

mica e técnica das pessoas” depende

do modo como “se gere o erro como

um desafi o pedagógico tão inevitá-

vel quanto expectável”. E como se

promove o autoconhecimento e a

criatividade.

Para este investigador, “o proble-

ma” da escola convencional não

é só “marginalizar” as disciplinas

artísticas, mas “não aproveitar” as

potencialidades do Português ou da

Matemática. Incluir Os Maias ou as

equações de 2.º grau nos programas

não garante que os alunos cresçam

de forma “signifi cativa”: “É a relação

que estabelecem com Os Maias ou as

Escolas que questionam o sistema e dão a cada aluno o seu tempo

Há escolas que não têm manuais, nem aulas expositivas. Em algumas são os alunos que escolhem o que estudar e quando querem ser avaliados. Noutras, as notas não contam mais do que aprender a conhecer-se e a ser feliz

EducaçãoMaria João Lopes

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | PORTUGAL | 17

equações e o modo como tal relação

é apoiada e gerida que pode consti-

tuir-se como oportunidade.”

Já o professor coordenador princi-

pal da Escola Superior de Santarém

e membro do CNE, Ramiro Marques,

é a favor dos exames no fi m de cada

ciclo: “Criam uma pressão adicional

no desempenho de professores e es-

colas. Como as classifi cações podem

ser comparadas entre escolas, per-

mitem um sistema mais competiti-

vo e permitem aos pais um conhe-

cimento das escolas.”

Ramiro Marques considera que a

pedagogia Waldorf ou o Movimento

Escola Moderna são propostas peda-

gógicas que podem ter “resultados

favoráveis”: “Mas necessitam de uma

Na maioria destas escolas, a avaliação é qualitativa e os manuais são dispensados na aprendizagem das matérias

militância muito grande dos profes-

sores. Se aplicadas a escolas sem li-

derança muito forte, não atingem os

resultados esperados. Não são pro-

postas facilmente generalizáveis a to-

do o país”, nota, ressalvando ser “a

favor da diversidade metodológica”

desde que haja metas curriculares

nacionais.

Trepar às árvoresNa Casa da Floresta, letras e núme-

ros andam lado a lado com ecologia

e criação. Não há bonecos que não

sejam feitos pelas crianças, profes-

sores ou artesãos. Os miúdos não

levam telemóveis nem iPads. Nas

aulas, “estão três semanas a traba-

lhar Português, três semanas a tra-

balhar Matemática, sempre com a

componente artística presente”. E

vão muito lá para fora: “Temos uma

horta de 600 metros quadrados,

para onde eles vão com galochas,

enxadas, ancinhos. Fazem activi-

dades de Matemática e Português

no meio das árvores, da nature-

za.” Têm Música, Inglês, Costura,

Capoeira, Carpintaria. Não têm

manuais nem trabalhos de casa.

Na pedagogia Waldorf, valoriza-

se a época do ano: “O equinócio de

Outono, o solstício de Inverno, o

equinócio da Primavera, o solstício

de Verão. Falamos sobre as colheitas

nos problemas de Matemática. Toda

a actividade vai beber a estes ritmos

da terra”, diz Rita DaCosta.

Estarão as crianças demasiado

protegidas, afastadas das exigên-

cias de uma sociedade cada vez mais

competitiva? Pelo contrário, diz a di-

rectora, para quem esta dimensão

onírica é “uma semente” que os

alunos transportarão pela vida fora

e que os ajudará a enfrentar as ad-

versidades de outra forma.

Também n’Os Aprendizes foram

buscar à pedagogia Waldorf a “edu-

cação pela arte” e o “desenvolvimen-

to espiritual”. Do método High Scope

retiraram a “aprendizagem activa”:

“É aprender agindo sobre o mun-

do que me rodeia, com workshops,

experiências”, diz Sofia Borges.

Quando no 3.º ano se deu a rosa-

dos-ventos, os meninos foram para

a rua e “perderam-se”: “Claro que o

professor sabia onde estavam, mas

era para perceberem onde era o or-

te, o Sul, o Este e o Oeste.” Já ao Mo-

vimento Escola Moderna foram bus-

car a vertente comunitária que faz,

por exemplo, com que as crianças

participem na defi nição das regras.

Nesta escola também se respeita a

“individualidade de cada um”. Não

estão à espera que aprendam todos

ao mesmo tempo. E defende-se que

não é só na sala de aula que se incen-

tiva a aprendizagem: “Uma criança

que trepa às árvores está a desenvol-

ver-se, a ultrapassar confl itos. Se não

consegue trepar, vai ter de vencer

uma frustração. É tão importante

como o problema de Matemática.

E, se calhar, com essa aprendizagem

da árvore, vai olhar para o problema

de Matemática de outra forma”, diz

Sofi a Borges.

Ali, antes das aulas, os miúdos

fazem o brain gym, “pequenos

exercícios físicos que predispõem

o cérebro para as aprendizagens”.

Depois, sentam-se em mesas re-

dondas e podem ir circulando pe-

las actividades propostas pelo do-

cente. “Há regras discutidas com

as crianças, mas os adultos são

os orientadores. Há um horário,

uma estrutura, mas dentro dela

há liberdade”, explica a directora.

Nesta escola, entre outras discipli-

nas, têm Filosofi a, Expressão Plás-

tica, Expressão Dramática, Música,

Educação Física, Ioga, Meditação. À

sexta-feira, é dia de Trabalhos Manu-

ais, Horta e Culinária, de visitar lares

de idosos. Manuais, só a História e

Inglês. São os alunos que vão “cons-

truindo o conhecimento”: “No fi m

do ano têm um manual feito por eles.

Os manuais [instituídos] afunilam a

aprendizagem. Todas as crianças

têm de ler os mesmos textos? Aqui

vão à biblioteca e escolhem. O que

me interessa é que desenvolvam gos-

to pela leitura”, nota Sofi a Borges.

Mas os modelos alternativos fun-

cionam do ponto de vista da apren-

dizagem das matérias? É evidente,

diz Rui Trindade, que são “projectos

onde o nível de risco pedagógico é

maior”, mas “é inevitável que assim

seja, tendo em conta o espaço de di-

álogo, de descoberta e de interpela-

ção” que os caracteriza.

Ressalvando que só fala do que

conhece – Movimento da Escola

Moderna, Escola da Ponte, projec-

to Osmope e Colégio Tangerina, no

Porto –, Rui Trindade diz que são

espaços que geram “aprendizagens

signifi cativas” e contribuem para

que os alunos se tornem, através do

currículo, “mais inteligentes, cultos

e humanamente mais capazes.”

“Raios de luz”Sendo um dos casos mais conheci-

dos, a Escola da Ponte recebe inú-

meros visitantes. São os alunos que

fazem as visitas. Rafaela Oliveira, de

16 anos, no 9.º, já esteve noutra es-

cola, mas prefere a Ponte: “Quando

cheguei, era a aluna mais envergo-

nhada, era impossível estar a falar

com uma visita. Foram os profes-

sores, principalmente o meu tutor,

que me incentivaram a fazer estas

visitas. Agora, de vez em quando,

até recebo elogios.”

Rafaela Oliveira e David Braga, de

10 anos, do 5.º ano, vão explicando

que a escola funciona em três níveis

de projecto: iniciação, consolidação

e aprofundamento. Os miúdos vão

passando de um nível para o outro,

mas não todos ao mesmo tempo.

Não há testes; notas, só no 3.º perí-

odo. Nas salas, sentam-se em mesas

redondas, em grupos de várias ida-

des. Estudam as matérias que defi ni-

riam, no chamado plano do dia e da

quinzena, e orientadores e colegas

ajudam. Para a professora Alexandra

Ferreira, coordenadora do núcleo de

aprofundamento, o maior desafi o é

ser abordada por alunos de anos di-

ferentes: “Há um tipo de ajuda para

um, outro para outro.”

Ana Moreira defende que o ensino

convencional assenta numa “pers-

pectiva fechada” sobre a educação:

“Mas há pequenos raios de luz como

a Ponte. E uma discussão grande na

comunidade académica, em várias

partes do mundo, sobre o rumo da

educação e vontade de o mudar.”

Para Sérgio Niza, é “por preguiça

mental e medo” que os governantes

em Portugal não avançam “para no-

vas formas de encarar a escola”, que

sai “empobrecida” ao tentar satisfa-

zer “a efi cácia da sociedade de mer-

cado”. Ao contrário da “acelerada ló-

gica do lucro”, diz, “o tempo de nos

formarmos como cidadãos, apren-

dermos, sermos pessoas que amam

a cultura, é longo”. No fundo, não se

pode confundir ortografi a com escri-

ta: “A ortografi a é uma coisa míni-

ma, ridícula, em relação à escrita. É

a escrita, como discurso crítico, que

pode mudar as pessoas e o mundo.”

MIGUEL MANSO PEDRO NUNES

18 | LOCAL | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

ICNF investiga projecto de agricultura intensiva na Rede Natura 2000

BRUNO SIMÕES CASTANHEIRA

No extenso terreno desmatado, destaca-se apenas a maquinaria usada para fazer os furos de água

A Cropinvest — Agrícola Lda, empre-

sa sediada em Almeirim, destruiu o

coberto vegetal, através de gradagem

do solo, numa área superior a 500

hectares que tomou por arrenda-

mento na herdade de Monte Novo do

Sul. A propriedade tem uma super-

fície total de 1070 hectares, que está

afecta à Rede Natura 2000 e se situa

no concelho de Alcácer do Sal.

A desmatação afectou espécies ve-

getais consideradas prioritárias pela

Directiva Habitats, documento apro-

vado pela União Europeia em 1992,

para salvaguardar a preservação dos

habitats naturais, da fauna e fl ora sel-

vagens. Na herdade de Monte Novo

do Sul estão identifi cadas, entre ou-

tras espécies consideradas prioritá-

rias da fl ora natural, a Armeria rou-

yana, um endemismo português, e

o Thymus capitatus, uma variedade

de tomilho selvagem.

O Instituto de Conservação da Na-

tureza e Floresta (ICNF) confi rmou

ao PÚBLICO a situação, frisando que

tomou conhecimento dos factos “no

decurso de uma acção de vistoria téc-

nica” no início de Novembro. A inter-

venção da Cropinvest, acrescentou

o ICNF, determinou o levantamento

de um “auto de notícia”.

O ICNF explica que a empresa de

Almeirim pretende instalar um “pro-

jecto agrícola para uma área de cerca

de 560 hectares” e que o respectivo

processo já “deu entrada” no ICNF

através da Agência Portuguesa do

Ambiente (APA). Entretanto, esta

última entidade “já licenciou a aber-

tura de furos” na herdade de Monte

Novo do Sul para posterior captação

de água para regadio de hortícolas.

Os furos já estão a ser abertos e,

numa extensão a perder de vista da

qual desapareceu toda a vegetação,

deixando exposto o solo arenoso,

destaca-se a maquinaria usada na

abertura dos furos.

Contudo, na análise do ICNF ao

projecto apresentado pela Cropinvest

confi rmou-se a “obrigatoriedade” de

avaliação de impacte ambiental da

exploração, no termo da qual será

tomada uma decisão sobre a viabili-

dade ou não da actividade agrícola

prevista para o local.

Tiago Evaristo, gestor da Cropin-

vest, diz que o arrendamento da

noura, brócolos, batata-doce, alface,

amendoim, pimento, milho e outras,

destinadas à exportação.

O PÚBLICO apurou que já foram

accionados quatro “autos de notí-

cia”, por irregularidades cometidas

na Herdade da Comporta, com a ins-

talação de culturas hortícolas e de pi-

vots de rega em paisagem protegida.

O INCF não respondeu às perguntas

que lhe foram dirigidas sobre as in-

fracções detectadas. A Herdade da

Comporta, Actividades Agro-Silvíco-

las e Turísticas, S.A., a empresa que

gere a herdade, também não respon-

deu às perguntas feitas.

Dário Cardador, delegado da Quer-

cus no Litoral Alentejano, questiona

as opções agrícolas que “passam pe-

la destruição de áreas afectas à Re-

de Natura 2000”, garantindo que a

lei “está a ser violada”. O dirigente

ambientalista adianta que os pivots

de rega nestas áreas da Herdade da

Comporta “foram instalados sem au-

torização ou licenciamento”.

A Rede Natura 2000 ocupa no con-

celho de Alcácer do Sal uma área su-

perior a 60 mil hectares. Na Herdade

da Comporta, uma das maiores pro-

priedades privadas do país, cerca de

90% dos seu 12.000 hectares estão

em zonas de paisagem protegida.

É para este imenso território inte-

grado na Rede Natura que começam

a despertar as empresas do ramo

agro-alimentar, visando a instala-

ção de novos projectos de agricul-

tura intensiva em solos arenosos que

exigem o uso maciço de fertilizantes.

Este modelo de produção esteve, há

duas décadas e meia, na origem do

projecto do francês Thierry Roussel

para 550 hectares, no concelho de

Odemira. O empreendimento faliu

em 1994, deixando dívidas aos tra-

balhadores e extensa destruição do

meio ambiente, em área protegida.

Empresa quer instalar 560 hectares de hortícolas em paisagem protegida e já desmatou uma vasta área. Instituto da Conservação da Natureza levantou auto de notícia e exige avaliação de impacte ambiental

Álcacer do Sal Carlos Dias

herdade em Alcácer do Sal se deve

à “falta de terrenos no Ribatejo, onde

todo o espaço agrícola é muito procu-

rado e está muito retalhado”. Acresce

ainda, afi rma, que o litoral alentejano

“não é afectado por grandes geadas e

as ribeiras no concelho de Alcácer do

Sal têm água em abundância”.

Problemas na Comporta “Temos dois meses para apurar as

potencialidades da reserva de água

subterrânea e apurar a aptidão agrí-

cola da área”, adianta Tiago Evaristo,

frisando que, se “houver água com

abundância”, irá apresentar um pro-

jecto para culturas regadas para cer-

ca de 500 hectares.

A experiência que a empresa de Al-

meirim pretende iniciar em Alcácer

do Sal surge na sequência das con-

cretizadas na Herdade da Comporta,

naquele concelho, por uma empresa

integrada na Rioforte, a holding do

Grupo Espírito Santo que gere os ac-

tivos não fi nanceiros do grupo.

Em 2013, a empresa anunciou um

investimento de quase 15 milhões de

euros, que seria efectuado até 2016

e visava a instalação de mil hectares

de hortícolas, o aumento da área de

plantação de arroz e a refl orestação

de extensas áreas na Herdade da

Comporta.

O Relatório de Actividades da Rio-

forte de 2013 refere que a Herdade da

Comporta já tem cerca de 500 hec-

tares preenchidos com hortícolas,

milho e relva, frisando que o projecto

baseado em culturas regadas está a

desenvolver-se em “terras improdu-

tivas e abandonadas”.

O objectivo principal deste pla-

no de expansão, lê-se no relatório

da Rioforte, passa pela exploração

directa, mas também por arrenda-

mento de parcelas onde serão intro-

duzidas novas culturas, batata, ce-

20 | ECONOMIA | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

Contra-ordenações nas mãos do fisco

Fonte: IMT; Ascendi; PÚBLICO

A operadora da auto-estrada

identifica o proprietáriodo veículo

É enviada uma carta para a morada do

Registo Automóvel

A cada viagem não paga é adicionado um custo administrativo de 2,21 euros

Processo da portagem

Valor da portagem +custos processuais

FISCO

O automobilistapassa na portagemsem pagar

Pagamento dentro do prazo

Se a portagem não for paga...

Via VerdeScut

5dias

MB

PAYSHOP

CTT

15dias

MB

CTT

PAYSHOP

O fisco é a única entidade que instauraos processos de contra-ordenação a quem não pagou portagem. Cabe às Finanças a cobrança coerciva da portagem, custos administrativos, juros, coima e outros encargos. Muitosdos processos chegam a condutores que passaram na Via Verde e o sistema acendeuum sinal luminoso amarelo (por falha técnicaou por falta de contrato, por exemplo).

Cobrança de portagens pelo fi sco gera vaga de impugnações na Justiça

Ao mesmo tempo que a máquina

fi scal trabalha a todo o gás para co-

brar coimas de taxas de portagem de

concessionárias de auto-estradas, os

tribunais fi scais enchem-se de pro-

cessos de impugnação judicial, prati-

camente o único meio de defesa dos

contribuintes quando são confronta-

dos com a cobrança coerciva por par-

te das Finanças nestas situações.

Se um contribuinte não pagar

uma portagem a uma concessioná-

ria de auto-estrada (na Via Verde ou

nos pórticos das Scut), o processo é

remetido para a Autoridade Tribu-

tária e Aduaneira (AT), que desde

2013 assumiu a competência directa

de instaurar o processo de contra-

ordenação, com a possibilidade de

reter devoluções de impostos, de pe-

nhorar depósitos bancários, salários

ou outros bens. E nos últimos anos

tem-se assistido a uma ampliação do

tipo de dívidas cobradas através de

processos de execução fi scal.

O processo de cobrança coerciva

de portagens pode difi cultar o recur-

so à justiça por parte de cidadãos

envolvidos nestes processos. É que

Contribuintes questionam desproporcionalidade das coimas aplicadas face ao valor da portagem. Sistema de cobrança coerciva pelas Finanças difi culta a contestação

TransportesRosa Soares e Pedro Crisóstomo

cada taxa de portagem não paga pelo

contribuinte, mesmo que no mesmo

dia ou com diferença de poucas ho-

ras, dá origem a um processo autó-

nomo por parte da concessionária e,

numa segunda fase, a um processo

por parte da administração fi scal.

Isto implica que cada portagem não

paga terá associado um custo admi-

nistrativo e uma coima — o que faz

disparar os valores a pagar — e signi-

fi ca ainda que as impugnações têm

de ser feitas individualmente.

Por exemplo, se um contribuinte

individual ou empresa fi zer 20 passa-

gens sem pagar, vai ter 20 processos

de cobrança coerciva; e se quiser pe-

dir a impugnação, vai ter de apresen-

tar 20 contestações, sobre as quais

vai pagar 20 taxas de justiça.

Nos tribunais fi scais haverá nes-

te momento alguns milhares de

processos. O advogado Rui Falcão,

que admite ter entregado entre 500

e 600 processos em tribunal sobre

esta matéria, disse ao PÚBLICO que

apenas para cidadãos ou empresas

com muitos processos pode compen-

sar o recurso à justiça. Dos casos que

representa, o número de processos

por cliente supera uma centena e a

contestação judicial assenta funda-

mentalmente no argumento da des-

proporcionalidade das coimas aplica-

ENRIC VIVES-RUBIO

Pagamentos em atraso passaram para a alçada do fisco em 2013

das, que são dez a 20 vezes superio-

res ao valor da taxa de portagem não

paga (com um mínimo de 25 euros).

“Há uma clara desproporcionalidade

entre a aplicação da pena e o direito

tutelado”, defende Rui Falcão.

Num caso relatado ao PÚBLICO,

em que o contribuinte tinha por pa-

gar uma portagem de 1,5 euros e só

mais tarde foi confrontado com a si-

tuação (porque a carta da operadora

da auto-estrada foi parar a uma an-

tiga morada, que constava na Con-

servatória do Registo Automóvel), o

processo de contra-ordenação cul-

minava já num total de 104,25 euros,

entre coima e custas processuais.

Para o fi scalista Samuel Fernandes

de Almeida, da sociedade Miranda

Correia Amendoeira & Associados,

“uma penalização desta ordem de

grandeza é manifestamente despro-

porcional face ao prejuízo sofrido pe-

la concessionária e no limite pode ser

inconstitucional”. E pode ser “tanto

mais grave quanto nas situações de

múltiplas infracções o InIR [Institu-

to de Infra-Estruturas Rodoviárias,

actualmente IMT)] não aplica uma

única coima (para as infracções con-

tinuadas), o que pode gerar coimas

absolutamente absurdas”.

A junção, num só processo, de to-

das as taxas não pagas num determi-

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | ECONOMIA | 21

Cátia Mendonça, Pedro Crisóstomo e Rosa Soares

O contribuinte é notificado

pelas FinançasO contribuinte é

mais uma vez notificado

Processo de contra-ordenaçãoCoima + custos processuais

COIMA Particulares Empresas

10x o valor da portagem (mínimo

de 25 euros)

20x o valor da portagem

O contribuinte decide pagar(com redução para mínimo legale os custos para metade). Acaba o processo.

Paga o novo valormais elevado

Processo de contra-ordenaçãorelatado ao PÚBLICO Data da passagem: Dezembro de 2012

A3 – Nó de Famalicão – Maia Valor da portagem: 1,50 euros

O proprietário não recebeu a carta da concessionária da auto-estrada, que foi enviada para a antiga morada, que constava na Conservatória do Registo Automóvel

1.ª notificação das FinançasAgosto de 2014

Montante mínimo da coima: 25 euros Custos processuais: 38,25 eurosTotal a pagar: 63,25 euros

2.ª notificação das Finanças Outubro de 2014

Coima: 27,75 eurosCustos processuais: 76,50 eurosTotal: 104,25 euros

20dias

10dias

O contribuinte é sujeito à execuçãodo processo e pode

ser penhorado

Pode apresentardefesa verbalou escrita podendo fazer-se acompanhar de advogado

Apresentarecurso judicial

Não paga

nado período, o que implicaria cus-

tos administrativos e coimas muito

mais reduzidos para os cidadãos,

não acontece. O prazo dado aos

contribuintes para reclamarem são

curtos e esses pedidos não têm efei-

tos suspensivos. Na prática, apenas

o recurso aos tribunais suspende o

agravamento das coimas e dos custos

administrativos.

Ao provedor de Justiça já chega-

ram, desde o início do ano, 179 quei-

xas por processos de cobrança coer-

civa de portagens, sendo a questão

da desproporcionalidade das coimas

uma das matérias visadas.

Muitos dos processos surgem pela

passagem na Via Verde. O InIR refere

no seu site que “a maior percenta-

gem” das infracções se deve a utentes

que passam nesta via sem terem con-

trato ou porque este está inválido. Po-

de acontecer que um condutor com

o contrato da Via Verde válido receba

em casa uma notifi cação para pagar

a portagem. Isso acontece quando

há uma falha técnica ou quando a

cobrança não é efectuada porque o

débito não foi feito na conta. Nestes

casos, quando o automobilista está a

passar a portagem, o sistema acende

um sinal luminoso amarelo.

O PÚBLICO enviou ao Ministério

das Finanças, a 25 de Setembro, um

conjunto de questões — nomeada-

mente sobre o número de multas já

cobradas este ano e sobre quantas

ordens de penhora foram emitidas —,

mas ainda não obteve resposta, ape-

sar da insistência junto da Secretaria

de Estado dos Assuntos Fiscais.

A tarefa dos funcionários do fi sco

na cobrança das taxas de porta-

gens não pagas pelos contribuintes

às concessionárias de auto-estradas

está a levar a Autoridade Tributária

e Aduaneira a descurar “outros pro-

cessos”. A denúncia é do presiden-

te do Sindicato dos Trabalhadores

dos Impostos (STI), Paulo Ralha, que

considera que o esforço feito pelas

Finanças nesta cobrança “está a pôr

em causa a efi cácia no combate à

fraude e à evasão fi scal”.

Segundo o dirigente sindical, “do

universo de funcionários afectos à

justiça tributária [onde caem as co-

branças coercivas], 90% estão a tra-

tar dos processos relativos às dívidas

e contra-ordenações relacionadas

com taxas de portagem”.

Ou seja, de um total de cerca de

2400 funcionários associados a

este departamento, cerca de 2160

dedicam-se em exclusivo à cobrança

coerciva de multas. Nesse mesmo

serviço, apenas 10% dos funcioná-

rios estarão a tratar de processos

relacionados com património e

rendimentos, onde cabem as dívi-

das relativas a impostos, como IMI,

IMT e IRS, denuncia Paulo Ralha.

Mais de 2000 funcionários do fisco na cobrança das portagens

InIR — Instituto de Infra-Estruturas

Rodoviárias (agora denominado

IMT) e 15% para as operadoras das

auto-estradas. Às concessionárias

e entidades de cobrança das porta-

gens, o fi sco entrega todos os meses

o montante das taxas de portagem,

das coimas e dos custos administra-

tivas incorridos na identifi cação e

notifi cações dos proprietários dos

veículos que passaram pelas vias

com portagens sem pagar.

A legitimidade da colocação de

um serviço público a cobrar este

tipo de taxas é uma das questões

que se têm levantado. Para Paulo

Ralha, mais do que a legitimidade da

questão, o que está em causa “é uma

decisão política”. A mesma opinião

tem Óscar Afonso, vice-presidente

do Observatório para a Fraude, da

Faculdade de Economia do Porto,

que defende que “a afectação dos

recursos é uma decisão política”.

Já Luís Sousa da Fábrica, professor

de Direito Público na Universidade

Católica, não vê problemas em que

as Finanças cobrem coercivamente

dívidas de portagens para empresas

privadas.

O docente lembra que, neste caso,

as empresas envolvidas são conces-

sionárias de um serviço público. “O

serviço é do Estado, que apenas o

concedeu a um particular. Não se

trata de empresas privadas vulga-

res”, afi rma Sousa da Fábrica, que

também é membro do Conselho Su-

perior dos Tribunais Administrati-

vos e Fiscais.

Até ao fi nal de 2012, o fi sco re-

cebia apenas as cartas precatórias

para a cobrança dos valores em pro-

cesso executivo. No antigo modelo

de cobrança, cabia às operadoras a

instauração do processo de contra-

ordenação, sendo a intervenção do

fi sco apenas requerida no fi nal da

execução fi scal da dívida.

No novo modelo, a Autoridade

Tributária assumiu esta competên-

cia directa. Foi a partir de 2013 que

o fi sco passou a ser o único respon-

sável pela instauração dos processos

de contra-ordenação (relativamente

às infracções cometidas depois de

1 de Janeiro de 2012). E em Agosto

desse mesmo ano, a máquina fi scal

começou a “trabalhar em pleno”,

como relata Paulo Ralha. com Ma-riana Oliveira

Rosa Soares e Pedro Crisóstomo

“Está-se a orientar a nossa acção pa-

ra uma tarefa que dá tostões para a

máquina fi scal, porque a cobrança

é irrisória [no total da receita do Es-

tado], ocupando recursos que de-

viam estar centrados na inspecção

tributária”.

O presidente do STI denuncia ain-

da que os funcionários são muitas

vezes alvo de insultos e ameaças

por parte de contribuintes, incon-

formados com os custos e coimas

aplicados. “Estas situações causam

grande confl itualidade. As pessoas,

muitas vezes, estão de cabeça per-

dida e descarregam em quem está

à frente nos serviços de Finanças”,

alerta.

O PÚBLICO pediu ao Ministério

das Finanças números sobre traba-

lhadores afectos a este serviço, sobre

o montante de taxas de portagem e

respectivas coimas cobradas mas

não obteve resposta. O presidente

do STI não tem números sobre a re-

ceita arrecadada, mas admite que,

depois de deduzidos todos os cus-

tos, os montantes estarão na ordem

dos 5% do total.

O valor da coima arrecadada pelo

fi sco é distribuído pelas várias enti-

dades envolvidas no processo: 40%

do montante para o Estado, 35% é

entregue à Direcção-Geral dos Im-

postos (DGCI), 10% segue para o

Sindicato afirma que a questão das portagens desvia recursos que deviam estar centrados na inspecção

40%O valor arrecadado com as coimas é repartido por diversas entidades, cabendo ao Estado o correspondente a 40% e às concessionárias 15%

104Um contribuinte que tinha 1,5 euros por pagar acabou por ser alvo de um processo de contra--ordenação que culminava num total de 104,25 euros

22 | ECONOMIA | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

Jacob Soll entrou num jogo

delicado: explicar como os

contabilistas governam o mundo,

como o bom ou mau uso dos

números determina a ascensão

ou queda das nações e empresas.

Na obra O Ajuste de Contas,

lançada em Portugal na semana

passada pela Lua de Papel, o

historiador norte-americano

destrinça a complexa relação entre

contabilidade, transparência e

responsabilização fi nanceira.

Faz um retrato casuístico,

percorrendo vários séculos – dos

funcionários que supervisionavam

os cofres públicos na Roma antiga,

ao papel dos Médicis na ascensão

de Florença, passando pela

infl uência da literacia fi nanceira

nos impérios holandês e britânico.

Na edição portuguesa do livro, Soll

recua à governação do marquês

de Pombal para mostrar como a

reforma centralizada das fi nanças

públicas permitiu avanços, mas

não foi totalmente efi caz. Porque

sem “números correctos a partir

das bases” e sem uma sociedade

com literacia fi nanceira, o sistema

não funciona. Em entrevista ao

PÚBLICO, o historiador assinala

as “diferentes tradições de

responsabilidade” fi nanceira na

Europa. A história – frisa – ajuda-o

a suportar a ideia de como o BES é

um caso de má contabilidade e de

falhas de supervisão.

No livro, sublinha como a contabilidade pode determinar a ascensão e queda das nações. Na Europa, os Governos europeus vivem hoje sob forte controlo da UE, mas o escrutínio não impediu o aparecimento da crise nem o colapso de bancos. O problema é de transparência?As instituições não bastam para

fazer esse escrutínio. É preciso

haver participação cívica, uma

cultura de responsabilização e

transparência sobre a informação

pública. Um exemplo – alguém

afrontou o Banco Espírito Santo

(BES) e disse: “Queremos ter

acesso às contas de todas as

holdings no Luxemburgo, da

família”? Ninguém o fez. Na

Europa, as instituições estão a

tornar-se muito complexas, ao

ponto de tornarem o controlo

muito difícil. Precisamos de uma

imprensa económica forte e de

exercer pressão pública sobre

os partidos políticos, exigindo

reformas para que as regras de

regulação funcionem. É possível.

Basta haver vontade pública e

uma sociedade com uma cultura

de literacia fi nanceira. Na era de

ouro da Holanda, na Inglaterra

do século XVIII e na Alemanha do

século XIX, as pessoas aprendiam

contabilidade na escola e

registavam as contas todos os dias

à noite, antes de dormir. Perdemos

este hábito de transparência.

“Abram os livros, quero que haja

uma auditoria!”.

Estamos a viver uma crise de confi ança nas instituições?Absolutamente. Ninguém tem

confi ança nas instituições e isso

paralisa a democracia. Não nos

questionamos sobre questões

básicas da democracia. Esse é o

problema. Juntem-se e avancem

com um movimento popular.

Pode parecer despropositada, mas

esta ideia de escrutínio público já

tem centenas e centenas de anos.

Esperar que as culturas fi nanceiras

se reformem por si próprias é o

mais difícil de concretizar.

Que lições da história nos ajudam a lidar com estas falhas?Recuemos ao Charles Dickens

e à Inglaterra do século XIX – o

período que mais se aproxima

do tempo que estamos a viver.

Os problemas sucediam-se e

ninguém acreditava em nada.

Tudo se revelava ser uma fraude.

Os bancos, as companhias públicas

tornavam-se multinacionais

e estavam presentes em

todo o lado. A literatura, a

imprensa económica, fi rmas de

contabilidade independentes, a

contabilidade estão representadas

na pintura. Havia uma cultura

de transparência que não era

apenas uma expressão, mas

uma prática enraizada no dia-a-

dia. Hoje, quando abrimos um

jornal ou procuramos alguma

coisa no YouTube, o que é que

encontramos sobre contabilidade?

Parece paranóico e estúpido, mas

é verdade. Balzac era fascinado

por contabilidade.

Hoje, temos muito mais formas de escrutínio sobre os poderes públicos.A questão é que hoje tudo se

desenrola com mais rapidez e o

acesso à informação é tão vasto.

Não nos focamos em coisas

que exigem tempo, como a

contabilidade. Quando estamos

a passar por uma crise, temos

de reclamar transparência e

responsabilidade. É, desde logo,

preocupante o facto de este ser o

primeiro livro sobre a história da

contabilidade.

Na Europa, os países do Norte e os do Sul têm formas diferentes de encarar a contabilidade?Cada país tem a sua tradição. O

que há são diferentes tradições

de responsabilidade, não de

contabilidade.

O que é que isso signifi ca?Podemos perguntar-nos: os

banqueiros são mais responsáveis

na Alemanha ou aqui? É uma

pergunta difícil. Há países mais

responsáveis, o que signifi ca

melhor contabilidade. Na Holanda,

as pessoas são muito rigorosas

em relação à contabilidade.

Portugal talvez tenha uma cultura

de responsabilidade menor; a

Grécia não tem uma verdadeira

cultura de contabilidade – nenhum

partido, da esquerda à direita,

quer que se “abram os livros”.

Há pouco falava da complexidade das instituições europeias. No sector bancário, o recém-criado mecanismo de supervisão, na alçada do BCE, pode ajudar a prevenir problemas?Sou muito céptico em relação a

isso. Não digo que sou contra,

mas tenho algumas dúvidas.

As instituições europeias

passaram completamente ao

lado dos problemas do BES.

Com foi possível? Nos mercados

fi nanceiros, algumas pessoas

saberiam o que se passava.

Escrutinar o banco não era apenas

uma responsabilidade portuguesa,

era também europeia. Se calhar

até era mais da Europa do que

de Portugal. O banco faliu. E

outros hão-de falir [na Europa].

Os testes de stress à banca foram

uma decisão inteligente, mas

ainda há zonas cinzentas. Se

vivêssemos num mundo com

mais transparência, talvez a

nossa confi ança nas instituições

regressasse.

Não é garantido que não haja outros bancos “Espírito Santo” escondidos na Europa?Ah, claro que não! Espero estar

errado. É o meu feeling, basta

ler sobre produtos fi nanceiros,

a recapitalização dos bancos...

Vemos aqui as mesmas causas que

estiveram na origem da crise de

2008 (e ainda não saímos dela).

Não foi por acaso que o Banco

Central Europeu fez os testes de

stress a todos os bancos. Para quê?

Para criar confi ança. Mas vamos

Jacob Soll, historiador da contabilidade, gostaria de estar errado quando pensa que há outros “Espírito Santo” na Europa. O caso BES, diz, é paradigmático pelas falhas de transparência e aos cidadãos cabe exigir mais transparência pública

“Os portugueses não podem esperar que a Europa resolva os problemas”

“As auditoras até podem querer ir mais longe, mas os bancos têm mais poder. Na maioria dos países só há quatro grandes fi rmas de auditoria. Na Austrália e na Nova Zelândia há mais de cem fi rmas, mais pequenas, num mercado competitivo e concorrencial”

EntrevistaPedro Crisóstomo Texto Miguel Manso Fotografia

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | ECONOMIA | 23

assistir à queda de outros bancos.

O que podemos fazer contra isso?

Não sei. Mas a primeira coisa é

exigir uma regulação efi caz.

Mais do que o poder dos reguladores, há quem sublinhe o poder das fi rmas de auditoria dos bancos e empresas.É preciso ver a questão de dois

ângulos. Por um lado, as empresas

de auditoria querem cumprir

os seus contratos. Por outro,

estão extremamente limitadas:

podem fazer uma auditoria, mas

a conclusão que apresentarem é

tão limitada que não se vêem os

riscos nas contas. Muitas vezes,

as auditoras até podem querer ir

mais longe, mas os bancos têm

mais poder. Na maioria dos países,

só há quatro grandes fi rmas de

auditoria; na Austrália e na Nova

Zelândia, há mais de cem – fi rmas

mais pequenas num mercado

competitivo e concorrencial. E

é o que precisamos. Quais são

os argumentos para não haver

uma maior regulação das fi rmas

“A sociedade precisa de partidos políticos que promovam a transparência”

que nos diz a história. “Queremos

ver os livros”. É esse o padrão que

encontramos quando percorremos

a história da contabilidade ao

longo dos séculos. Qualquer pessoa

tem de saber como manter os

livros contabilísticos. Faz parte de

uma cultura e de uma linguagem

de transparência. Os cidadãos

perderam esse hábito. Vocês fazem

a vossa contabilidade regular? Este

hábito cultural fl oresceu em locais

como Florença e Veneza. Mesmo

no século XVIII em Portugal o

marquês de Pombal procurou,

de alguma forma, implementar a

contabilidade. Os países com maior

literacia fi nanceira têm maior

estabilidade ao longo do tempo.

Quando olha para o caso português, o que é que as autoridades – governo, reguladores, instituições – podem fazer para melhorar a transparência nas contas públicas?É uma questão difícil, porque se

pensa sempre que um Governo

vai fazer alguma coisa. Nunca

coloquei a questão nesses termos.

A sociedade precisa de partidos

políticos que promovam a

transparência e que realmente

acreditem nela. A cultura de

poder mudou. Em França,

François Mitterrand nunca

enriqueceu à conta da política.

Usou o poder. Gostava do poder.

Hoje, poder é dinheiro. Temos

uma cultura de poder diferente.

Encontramos na história países

onde a literacia fi nanceira teve

o poder de reformar um país e

tornar uma sociedade mais aberta.

Portugal tem de se tornar num

país com maior responsabilização

fi nanceira. Sou pró-Europa,

acreditei no sonho europeu,

acompanhei a construção

europeia, mas as instituições

europeias não respondem aos

cidadãos. A Europa precisa de uma

base democrática [sufi ciente] para

conciliar países tão diferentes. Os

portugueses não podem esperar

que seja a Europa a resolver

os seus problemas. Os países

com a maior fl uência fi nanceira

eram aqueles que tinham uma

cultura de literacia maior: a

Suíça dos séculos XVII e XVIII, a

Holanda dos séculos XVIII e XIX,

a Alemanha dos XIX. A educação

produz literacia e a literacia

leva à transparência. É sempre

assim? Bem, a Rússia tem um

determinado nível de alfabetização

e zero de transparência.

de auditoria? Em vez de se

preocuparem em promover um

mercado aberto, com empresas

que compitam entre si, [os

Governos e reguladores] vivem

obcecados com a possibilidade de

colapso das “quatro grandes”. É

um mercado fechado.

O problema é maior do que pensamos?As grandes auditoras e as

armas que a maioria das fi rmas

de contabilidade tem para

escrutinar as empresas são claras

e transparentes. No entanto, têm

por vezes um relacionamento

complicado com as empresas

auditadas e, aí, as auditorias são

mais complexas. Vivemos num

tempo de medos, de fragilidade

fi nanceira. Não se pode imputar

este vazio apenas aos Governos. Se

as pessoas não quiserem saber, os

Governos não se preocupam com

isso.

Mas o que é que um cidadão comum pode fazer?Exigir que se “abram os livros”, é o

A semana que agora se inicia

deverá contribuir para a

consolidação do cenário de

divergência do outlook para as

principais economias. Se, por

um lado, são crescentes os sinais

de desempenho robusto da

economia nos Estados Unidos e

no Reino Unido, por outro lado,

são sucessivamente renovados

os indícios de uma perda de

momentum na zona euro e de um

arrefecimento (suave) da China.

Nos Estados Unidos, serão

conhecidos diversos indicadores

referentes ao consumo, de entre

os quais se destaca o índice de

confi ança dos consumidores

de Novembro (amanhã) e as

estatísticas de Outubro das

encomendas de bens duradouros

(quarta-feira). O bom desempenho

do mercado de trabalho norte-

americano, a queda dos preços

dos produtos energéticos e

as boas perspectivas para a

economia deverão suportar

a melhoria da confi ança das

famílias e, consequentemente, do

consumo. Assim, prevê-se que as

encomendas de bens duradouros

(excluindo transportes) deverão

recuperar no arranque do 4.º

trimestre, ainda que de modo

modesto, após o recuo de

0,1% observado em Setembro.

Incluindo as encomendas de bens

de transporte, o registo deverá

ser, uma vez mais, de queda,

infl uenciado pelo recuo das

encomendas de aviões

Na zona euro, os principais

focos de atenção, em termos

de indicadores económicos,

surgirão no fi nal da semana, com

a publicação, na quinta-feira,

dos indicadores de confi ança

empresarial apurados pela

Comissão Europeia (CE) para

Dezembro e, na sexta-feira, da

estimativa fl ash para a infl ação

em Novembro. Os índices

deverão revelar uma deterioração

moderada do sentimento dos

empresários europeus, depois da

pequena recuperação observada

em Outubro, prolongando, assim,

a tendência observada desde o

fi nal do 1.º trimestre.

No plano dos preços, a

estimativa rápida do Eurostat

deverá apontar para um ligeiro

recuo da taxa de infl ação

homóloga, de 0,4% para 0,3%,

penalizada pela recente queda dos

preços do petróleo. Excluindo os

preços dos produtos mais voláteis,

como os bens energéticos e a

alimentação, a taxa de infl ação

homóloga core deverá permanecer

inalterada em 0,7%. A confi rmar-

se, estes valores revelarão a

persistência de níveis de infl ação

baixos, face ao target de 2% do

BCE, aumentando a pressão

sobre os policy makers da zona

euro para que adoptem novas

medidas de estímulo à economia.

Para a Alemanha é esperada

uma estabilização do índice de

preços no consumidor, com

abrandamento da taxa homóloga

de 0,8% para 0,6%, e para Espanha

é previsto um agravamento do

recuo dos preços face ao mesmo

período do ano anterior, de -0,1%

para -0,3%.

Em Portugal, o principal

destaque será a publicação, na

sexta-feira, das Contas Nacionais

Trimestrais, onde poderemos

conhecer a evolução das diferentes

componentes do PIB no 3.º

trimestre. Recorde-se que, no

início do mês, foi revelado o

crescimento trimestral de 0,2% do

PIB (+0.9% em termos homólogos)

no referido período. De acordo

com os indicadores revelados

nos últimos meses, os números

do INE deverão revelar uma

melhoria da procura interna e

um enfraquecimento da procura

externa líquida, dado o recente

abrandamento das exportações.

Por último, nota para os

números do PIB do 3.º trimestre

no Brasil, a serem conhecidos

na sexta-feira. Depois de dois

trimestres consecutivos de queda

do produto, que colocaram

a economia num cenário de

recessão técnica, prevê-se que o

PIB brasileiro tenha recuperado

o dinamismo, registando um

crescimento de 0,1% entre Julho e

Setembro. Em termos homólogos,

o PIB deverá manter-se em terreno

de queda, com um recuo de 0,2%

(-0.7% registado no 2º trimestre).

Uma semana para confirmar as diferenças entre economias boas e economias más

Pré-abertura Catarina Silva

Novo Banco Research Económico

Andamento da economia portuguesa será conhecido na sexta-feira

24 | MUNDO | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

Sem acordo à vista, ganha força a opção de prolongar negociações nucleares

ATTA KENARE/AFP

Manifestação ontem em Teerão a favor do programa nuclear do país

Ninguém quer deitar a toalha ao chão

e admitir que não será ainda desta

vez que o acordo que permitiria ul-

trapassar as suspeitas sobre o pro-

grama nuclear iraniano e mudar a

paisagem política no Médio Oriente

será assinado. Mas com o tempo a

esgotar-se e sem que nenhuma das

partes tenha cedido em aspectos

essenciais, é cada vez mais provável

que o Irão e as potências internacio-

nais optem pelo menor dos males:

prolongar a validade do acordo inte-

rino assinado há um ano, mantendo

vivas as negociações.

Em Viena, as reuniões e conversas

em privado sucederam-se a um rit-

mo frenético durante todo o dia de

ontem, véspera de expirar o prazo

fi xado pelo Irão e o Grupo 5+1 (os cin-

co membros permanentes do Con-

selho de Segurança, a que se junta

a Alemanha) para chegarem a um

entendimento defi nitivo.

O secretário de Estado norte-

americano, John Kerry, reuniu-se

por duas vezes com o ministro dos

Negócios Estrangeiros iraniano, Mo-

hammad Javad Zarif, recebeu ao fi nal

da tarde o chefe da diplomacia rus-

sa, Sergei Lavrov, e jantou com os

três homólogos europeus. Pelo meio

conversou com os aliados árabes e o

primeiro-ministro israelita, Benjamin

Netanyahu, para os manter a par do

andamento das negociações que to-

dos encaram com desconfi ança. Mas

de nenhuma das conversas saíram

sinais de que um acordo esteja mais

próximo do que quando as delega-

ções chegaram a Viena.

De forma cada vez mais aberta, as

delegações admitem que “continuam

a existir divergências importantes”,

apesar de insistirem que nada está

fechado. E a coberto do anonimato

o pessimismo instala-se. “Tendo em

conta o pouco tempo que falta até

ao fi nal do prazo e a quantidade de

assuntos que precisam de ser discu-

tidos e resolvidos, é impossível che-

gar a um acordo” até à meia-noite de

hoje, disse um membro da delegação

iraniana à agência Isna.

Ao fi nal do dia, um diplomata nor-

te-americano citado pelas agências

internacionais adiantou que, no

encontro da tarde, Kerry e Zarif

discutiram pela primeira vez a pos-

que visam pessoas e entidades liga-

das ao programa nuclear) à medida

que for cumprindo o que fi car esta-

belecido.

Interesse mútuoÀ partida para esta última ronda,

as expectativas alimentavam-se da

noção de que, pela primeira vez em

muito tempo, tanto os iranianos co-

mo os norte-americanos estavam

empenhados num acordo, com be-

nefícios para ambos — para o Irão, o

fi m do isolamento e o alívio da asfi -

xia económica; para a Administração

Obama, um trunfo político, que resol-

veria uma fonte de instabilidade e lhe

daria maior liberdade para cooperar

com Teerão na luta contra o Estado

Islâmico. Fontes iranianas garantiam

que o líder supremo do Irão, o aya-

tollah Ali Khamenei, tinha dado luz

verde ao Presidente Hassan Rohani

para chegar a um acordo defi nitivo,

apesar dos protestos cada vez mais

audíveis da oposição conservadora.

O Presidente norte-americano sabe,

por seu lado, que em Janeiro perde o

controlo do Senado e que os republi-

canos ameaçam reforçar as sanções

ao Irão em caso de impasse.

Neste contexto, as duas partes

sabem que ao adiarem um acordo

estão a torná-lo mais difícil de obter

num futuro próximo. Numa derra-

deira pressão, Barack Obama avisou

o regime iraniano de que “tem a co-

munidade internacional do seu lado,

enquanto eles estão sozinhos”. E Te-

erão permitiu uma rara manifestação

contra a forma como estão a ser con-

duzidas as negociações. No entanto,

estão conscientes de que manter o

acordo preliminar válido por mais

alguns meses (ou um ano) é, como

disse um diplomata iraniano, “o me-

nor dos males”. Pior seria o regresso

do “clima de confrontação”.

Prazo para um entendimento defi nitivo expira hoje. Sem notícias de concessões signifi cativas, manter em vigor o acordo interino negociado em Novembro do ano passado é o “menor dos males”

IrãoAna Fonseca Pereira

sibilidade de estender as negocia-

ções. “Continuamos concentrados

em discutir medidas com vista a um

acordo, mas a 24 horas do prazo é

natural que estejamos a discutir um

leque de opções”, explicou.

Os temas que bloqueiam um con-

senso são os mesmos desde que as

negociações arrancaram, meses de-

pois do acordo preliminar assinado

em Novembro de 2013, o primeiro

em 12 anos de diferendo, e que le-

vou ao levantamento de uma frac-

ção das sanções adoptadas contra o

Irão, que em troca suspendeu parte

do seu programa nuclear.

O objectivo central do Grupo 5+1,

sobretudo dos países ocidentais, é

garantir que o Irão, se assim o deci-

dir, demorará mais tempo a fabricar

armas nucleares do que o tempo ne-

cessário para montar uma resposta

internacional — a previsão actual é

que os cientistas iranianos precisam

de apenas seis meses para enrique-

cer urânio na quantidade e concen-

tração necessária ao fabrico de uma

bomba. Para limitar a ameaça, os

ocidentais querem que Teerão ab-

dique de grande parte das suas 19 mil

centrifugadoras; o regime iraniano

recusa restrições que ponham em

causa a sua capacidade para produ-

zir energia nuclear.

O outro obstáculo centra-se no rit-

mo a que as sanções aplicadas ao país

serão levantadas em caso de acor-

do. A exportar metade do crude que

vendia antes das medidas adoptadas

pelo Ocidente, o Irão quer um fi m

rápido do cerco que asfi xia a econo-

mia do país. Europeus e americanos

estão dispostos a extinguir no prazo

de meses as medidas unilaterais com

que atingiram o sector petrolífero e

a banca iraniana. Mas dizem que o

Irão só conseguirá o fi m das sanções

aprovadas pela ONU desde 2006 (e

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | MUNDO | 25

O Presidente do Zimbabwe, Robert

Mugabe, concretizou um plano pa-

ra ser ele a escolher quem lhe suce-

derá à frente do partido no poder, a

ZANU-PF (União Nacional Africana

do Zimbabwe — Frente Patriótica),

apostando que essa será também a

pessoa que vai ocupar o seu lugar na

chefi a de Estado.

Numa reunião que durou toda a

noite de sábado e madrugada de on-

tem, o Politburo do ZANU-PF apro-

vou uma alteração substancial aos

estatutos do partido, acabando com

a eleição dos dois vice-presidentes.

Estes eram eleitos por delegados das

dez regiões do país; a partir de agora,

os dois cargos serão preenchidos por

quem Mugabe quiser.

“Foi decidido que deixa de haver

eleição de vice-presidentes. Estes se-

rão nomeados e esta decisão deixa o

partido mais unido e coeso”, disse à

Reuters uma fonte do ZANU-PF.

Na origem desta decisão está o que

Mugabe considera ser uma tentativa

de golpe. Uma das vice-presidentes,

Joice Mujuru, foi acusada pelo chefe

de Estado, pela primeira-dama e por

Robert Mugabe vai decidir quem lhe sucede e a mulher é uma séria candidata

toda a imprensa estatal de querer o

lugar de Mugabe e de já estar a contar

espingardas dentro do partido, para

quando chegasse o momento (ou se-

ja, quando o Presidente, cujo regime

é classifi cado de ditadura e dura há

33 anos, se retirar ou morrer).

Em Outubro, Grace Mugabe ata-

cou Mujuru em público chamando-

lhe uma série de nomes: “Ingrata,

corrupta, tola, divisionista... uma

miserável.” Mujuru era considerada

como uma das possíveis sucessoras

de Mugabe à frente do partido — jun-

tamente com o ministro da Justiça,

Emmerson Mnangagwa —, mas eis

que um terceiro nome de grande

peso surgiu na corrida, o de Grace

Mugabe. “Dizem que quero ser Pre-

sidente. E por que não?”, disse a mu-

lher do chefe de Estado no discurso

em que atacou Mujuru.

A sucessão é um assunto sobre a

mesa no Zimbabwe. Robert Mugabe,

que em 2013 iniciou o sétimo man-

dato, tem 90 anos e não está bem

de saúde. Majuru foi aconselhada a

demitir-se — Grace tem sido a fi gura

que mais tem insistido neste ponto.

Mas a vice-presidente disse estar

determinada a manter-se no cargo,

considerando que as pressões de que

está a ser alvo são inconstitucionais.

Resta saber se resistirá ao Congresso

do partido, que começa dia 2 de De-

zembro, onde Mugabe voltará a ser

proclamado líder incontestado e a

quem serão dados plenos poderes

de decisão.

Zimbabwe

“Dizem que quero ser Presidente. E por que não?”, disse Grace, que abriu uma campanha contra a principal rival

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AFP

Há 15 mil estrangeiros nas fileiras do EI na Síria e no Iraque

Os serviços secretos alemães revela-

ram ter conhecimento de um número

crescente de cidadãos do país que se

têm juntado ao autoproclamado Es-

tado Islâmico (EI). Nos últimos tem-

pos, o número de combatentes na Sí-

ria e no Iraque terá chegado aos 550.

A preocupação pelo aumento de

jihadistas alemães foi manifestada

pelo chefe dos serviços secretos,

Hans-Georg Maassen, durante uma

entrevista ao jornal Welt am Sonntag.

O aumento de alemães nas fi leiras do

EI deu-se “especialmente nas últimas

seis semanas”, disse Maassen.

As estimativas dos serviços secre-

tos apontam para 550 cidadãos de

nacionalidade alemã que viajaram

para a Síria e para o Iraque para in-

tegrar o grupo terrorista que contro-

la vastas regiões no Norte dos dois

países. Desses, cerca de 180 já terão

regressado à Europa.

A revelação faz da Alemanha um

dos países europeus com mais com-

batentes junto do Estado Islâmico. A

última contabilização apontava para

Serviços secretos dizem que 550 alemães já se juntaram ao Estado Islâmico

450, mas agora o contingente alemão

atinge a dimensão do francês, do bel-

ga ou do britânico.

Os serviços secretos têm também

conhecimento de que 60 alemães

morreram durante os combates, no-

ve dos quais em atentados suicidas.

À semelhança de outros países

ocidentais, a Alemanha tem tentado

travar a atracção exercida pelo movi-

mento jihadista, sobretudo entre os

seus jovens com raízes muçulmanas.

Na semana passada, as autoridades

detiveram nove pessoas sob suspeita

de apoiar movimentos terroristas na

Síria. Os novos números são, porém,

vistos com apreensão. “É uma triste

vitória da propaganda islamista”, la-

mentou Maassen. As preocupações

centram-se agora em travar as saídas

de cidadãos para se juntarem aos mo-

vimentos terroristas e assegurar que

aqueles que regressam não represen-

tem ameaças à segurança nacional.

A Alemanha é “naturalmente” um

alvo para atentados terroristas, con-

fi rmou o chefe das secretas, uma vez

que integra a coligação internacional

que tem bombardeado posições es-

tratégicas do Estado Islâmico.

Há cerca de 15 mil estrangeiros a

combater no seio do EI, de acordo

com um relatório do Conselho de Se-

gurança da ONU, revelado no fi nal

de Outubro. As suas proveniências

são muito variadas, acreditando-se

que vêm de mais de 80 países di-

ferentes, com o Médio Oriente e o

Norte de África a terem prevalência.

Uma estimativa mais conservadora

foi apresentada pelo Centro Inter-

nacional para o Estudo da Radica-

lização e da Violência Política, que

apontava para um máximo de 11 mil

combatentes estrangeiros na Síria e

no Iraque, recrutados entre o fi nal

de 2011 e Dezembro de 2013. Mais de

1900 seriam provenientes da Europa

ocidental, com a França e o Reino

Unido a encabeçarem a lista de paí-

ses de origem.

Há igualmente notícias de estran-

geiros que se têm juntado às forças

que combatem os jihadistas. O jor-

nal The Guardian revelava ontem a

história de dois britânicos que inte-

graram as Unidades de Protecção

Popular (YPG) — a guerrilha curda

que tem enfrentado o Estado Islâmi-

co na Síria.

Um deles é um ex-militar que ser-

viu no Afeganistão e o outro recebeu

treino no exército francês, conta o

jornal. Há ainda o relato de uma jo-

vem de 17 anos, de origem curda, que

estará a caminho da Síria para se jun-

tar às Unidades de Protecção Femi-

ninas, a divisão armada composta

por mulheres e que se notabilizou na

defesa da cidade de Kobani, perto da

fronteira turca.

Não há dados ofi ciais, mas fontes

curdas ouvidas pelo Guardian refe-

rem dezenas de mercenários britâni-

cos que terão viajado para o Médio

Oriente para lutar contra o EI.

JihadismoJoão Ruela Ribeiro

Crescimento acelerado no recrutamento nas últimas semanas. “É uma triste vitória da propaganda islamista”

ASSEMBLEIA GERALCONVOCATÓRIA

No uso dos poderes que me são conferidos pelo Artigo 18.º, n.º 3, e para os fi ns do disposto nos Artigos 17.º e 18.º, n.º 1, do Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos, convoco a Assembleia Geral da Ordem dos Farmacêuticos para reunir no dia 19 de Dezembro de 2014, pelas catorze horas e trinta minutos, na Sede da Ordem dos Farmacêuticos, Rua da Sociedade Farmacêutica, n.º 18, Lisboa, com a seguinte Ordem de Trabalhos.

ORDEM DE TRABALHOS1. Informações;2. Defi nição da distribuição do número de delegados a eleger por cada Assembleia

Regional para a composição das Assembleias Gerais da Ordem dos Farmacêuticos a realizar em 2015;

3. Discussão e deliberação sobre o Plano de Actividades da Direcção Nacional para 2015;

4. Discussão e deliberação sobre o Orçamento da Direcção Nacional para 2015;5. Discussão e deliberação sobre o Orçamento da Ordem dos Farmacêuticos para 2015;6. Apreciação e discussão de outros assuntos que os Delegados considerem relevantes

para a profi ssão.

Se à hora designada não estiver presente o número sufi ciente de Delegados, a Assembleia realizar-se-á meia hora depois com qualquer número.

Lisboa, 14 de Novembro de 2014

O Presidente da Mesa da Assembleia GeralDr. João Gonçalves da Silveira

26 | MUNDO | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

Crianças com defi ciências fechadasem jaulas de instituição na Grécia

JORGE DAN LOPEZ/REUTERS

Catarina Neves: “Tudo é feito para que sobrevivam sem se magoarem e sem darem chatice”

São 65 pessoas, crianças e adultos.

Têm vários graus de defi ciência, pro-

blemas como autismo ou síndrome

de Down. Vivem todos no mesmo

edifício nos confi ns do Sul da Grécia,

numa pequena aldeia. São tratados

por seis funcionários. Os que têm

alguma autonomia passam os dias

numa sala, e à noite recolhem-se em

camas gradeadas, como jaulas. Os

outros passam todos os dias, todo

o dia, dentro de jaulas. São alimen-

tados através das grades, dormem

num colchão de plástico, tomam

banhos raros e apressados.

“Tudo é feito para que sobrevi-

vam, sem se magoarem e sem darem

o mínimo de chatice”, comenta Ca-

tarina Neves, uma psicóloga portu-

guesa que fez voluntariado no centro

de Lechaina em 2008.

Nessa altura, um grupo de dez

voluntários internacionais, que es-

tiveram no local através do serviço

de voluntariado europeu, fi zeram

uma campanha para chamar a aten-

ção para o que se passava no centro.

Fizeram queixas a todas as entidades

que conseguiram, escreveram um

blogue. O primeiro efeito prático

foi que o centro deixou de receber

voluntários.

Entretanto, o provedor das crian-

ças grego criticou as condições do

centro e disse que contrariavam os

direitos humanos básicos. A respon-

sabilidade anda a mudar do Ministé-

rio da Saúde, que foi quem respon-

deu pelo centro em 2011, na altura

deste relatório, e o Ministério dos

Serviços Sociais, que é quem é hoje

apontado como responsável.

Nestes cinco anos, houve duas mu-

danças, aponta uma reportagem da

semana passada da BBC: as barras

de madeira das jaulas foram pinta-

das de cores mais alegres, e há duas

meninas que vão à escola. De resto,

continua tudo na mesma.

Catarina descreve: o edifício tem

três pisos. No primeiro estão os re-

sidentes que têm alguma autono-

mia; são entre 20 e 30 e passam o

dia numa sala, juntos, embora sem

qualquer distracção ou actividade. À

noite são metidos nas suas jaulas. Os

restantes estão divididos nos outros

dois pisos, e estão sempre dentro das

suas jaulas, excepto quando passam

para estarem calmos, e os compri-

midos são caros”, argumenta. E na

Grécia há um problema com a aceita-

ção de pessoas com defi ciência. “Há

casos ali em que os pais e os funcio-

nários das maternidades disseram

às mães que os fi lhos morreram e

deixaram-nos aqui.”

Chamar a atençãoApesar de longe da Grécia, Catarina

continua ainda a fazer campanha e

a divulgar a situação dos residentes

neste centro. “Sei que para mudar

era preciso muito, mas gostava que

pelo menos não continuassem a

mandar pessoas para lá. Há pessoas

a viver neste sítio há 20 anos.” E “há

lá pessoas que poderiam ter a possi-

bilidade de ter uma vida diferente”.

A maioria dos que estão dados co-

mo incapazes não tem limitações fí-

sicas. Poderiam fazer uma vida mais

activa se tivessem alguns cuidados.

O facto de não saírem, não terem es-

tímulos, é que os deixa naquele es-

tado. “Em Espanha há pessoas com

síndrome de Down a estudar.”

Para Catarina Neves, o mais im-

portante era assegurar que quem

trabalha no centro tem formação

para lidar com pessoas com defi ciên-

cia, já que os que lá trabalham hoje

não têm, e não querem trabalhar ali.

Isso seria o início para, pelo menos,

mudar o foco da mera sobrevivência

das pessoas com o mínimo de pro-

blemas para os funcionários.

Mas a questão só fi ca sob os holo-

fotes uns instantes, para depois de-

saparecer. Foi assim em 2008, em

2011, e agora, com a reportagem da

BBC, uma crítica da Human Rights

Watch e uma petição. “No início tí-

nhamos dez antigos voluntários ac-

tivos” a fazer campanha pela melho-

ria das condições no centro. “Agora

somos duas.”

São alimentados através das grades, deitam-se em colchões forrados a plástico, vestem macacões de ganga. Lechaina fi ca na Europa e os responsáveis usam a crise para justifi car a desumanidade

Direitos humanosMaria João Guimarães

Quem lá vive foi abandonado. Nos

oito meses em que esteve no centro,

Catarina viu apenas uma visita: um

pai que foi ver um fi lho. “Disseram-

me que vai lá duas vezes por ano.”

Catarina Neves conta como inicial-

mente fi cou chocada com a atitude

de quem trabalha neste centro, tra-

tando tudo como normal. Mas ao

sair não conseguiu “apontar o dedo

a ninguém”. São seis funcionários

para 70 pessoas. Os directores ro-

dam — a actual já não é a que Cata-

rina conheceu. Vítima dos cortes, a

actual directora, Gona Tsoukala, não

recebe salário há um ano. Explica à

BBC: “Obviamente não devíamos ter

as jaulas, mas é impossível não as ter

com tão pouco pessoal no centro.”

Mas Catarina não culpa a crise

pela situação que se vive no centro.

“Penso que o problema é sobretudo

cultural”, diz. “Porque há residentes

que tomam 30 comprimidos por dia

uma meia hora cá fora com um dos

funcionários, o que acontece cerca

de duas vezes por semana.

AbandonadosSão alimentados com colheradas

através das grades (porque se os

funcionários entram dentro da jau-

la para os alimentar podem-se sujar,

e têm de ir lavar a roupa de segui-

da, lembra Catarina). Recebem dois

sumos por dia. “Tentámos que lhes

dessem água, mas responderam que

não havia copos sufi cientes e que

eles não podiam beber todos do

mesmo copo”, comenta Catarina.

Deitam-se em colchões forrados a

plástico — não há lençóis porque um

dos residentes morreu ao comer te-

cido, são vestidos com macacões de

ganga com um fecho atrás, para que

não possam tirar bocados. A casa de

banho são as fraldas, que os poucos

funcionários mudam.

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | MUNDO | 27

Netanyahu preparou uma versão mais suave da lei

O Governo israelita aprovou ontem

uma controversa lei que defi ne Israel

como um Estado judaico e que deve-

rá aumentar a tensão vivida no país.

Os opositores à lei falam em racismo

e temem maior discriminação dos

árabes israelitas.

O diploma identifi ca Israel como a

pátria dos judeus, institucionaliza a

lei judaica como uma fonte legislativa

e retira ao árabe o carácter de língua

ofi cial, passa apenas a contar com

um “estatuto especial”. A proposta

tem de ser aprovada pelo Knesset

(Parlamento), mas o mais provável

é que o diploma que venha a ter luz

verde seja uma versão mais suave,

elaborada pelo próprio primeiro-

ministro, Benjamin Netanyahu.

Segundo o jornal Yedioth, a versão

de Netanyahu não abrange a questão

linguística e refere-se a Israel como

um Estado judaico e democrático.

Os preceitos da proposta já se encon-

tram na Declaração da Independên-

cia de Israel, mas as preocupações

principais centram-se na ausência de

um garante do tratamento igualitário

para todos os cidadãos. A lei “colo-

ca os cidadãos árabes do Estado nu-

ma posição inferior ao estatuto dos

judeus, a quem também são dados

direitos colectivos”, nota o jornal Ha-

aretz em editorial.

Para os defensores da lei, a prio-

Governo de Netanyahu aprova lei que se refere a Israel como Estado judaico

ridade é a defesa do direito de auto-

determinação do povo judeu. “A lei

do Estado judaico é muito necessária

neste momento, não só para assegu-

rar a viabilidade a longo prazo de Is-

rael, mas também como percursora

de uma futura solução para a ampla

crise de legitimidade que mina to-

do o sistema de Estados no Médio

Oriente”, escreve no Times of Israel

o presidente do Instituto Herzl, Yo-

ram Hazoni.

A própria forma como o diploma

foi discutido na reunião do Conse-

lho de Ministros é sintomática do seu

carácter problemático. Apesar de a

proposta ter sido discutida à porta

fechada, os gritos dos ministros eram

“altos o sufi ciente para os repórteres

no corredor poderem ouvir grande

parte da discussão”, escreveu o Ti-

mes of Israel. O diploma foi aprovado

com o voto contra de seis ministros

da coligação — que abrange partidos

nacionalistas, sionistas, de centro e

de direita.

Yariv Levin, o deputado do Likud

(direita) que propôs o diploma, su-

blinhou a importância da decisão.

“Hoje demos um passo de signifi cado

histórico para fazer regressar Israel

às suas raízes sionistas, após anos de

danos contínuos feitos pelo sistema

de justiça aos princípios sobre os

quais este Estado foi fundado.”

Por trás da decisão de Netanyahu

está a crescente pressão dos secto-

res mais conservadores do Likud,

em plena convulsão interna e com

eleições primárias marcadas para o

início de Janeiro. O ministro das Fi-

nanças, Yair Lapid, que votou contra,

disse que a versão aprovada no Con-

selho de Ministros foi formulada com

“as primárias no Likud em mente”.

O procurador-geral, Yehuda Weins-

tein, foi uma das vozes mais críticas

em relação à nova lei, que diz colocar

em causa a natureza democrática de

Israel. Mesmo a versão mais suavi-

zada implica “mudanças signifi cati-

vas nos princípios fundadores da lei

constitucional”, afi rmou num artigo

publicado pelo site noticioso Walla.

Também as organizações árabes

criticaram a proposta que dizem

confi rmar “a institucionalização do

racismo, que é já uma realidade nas

ruas, tanto na lei como no coração

do sistema político”.

A decisão promete incendiar ainda

mais os ânimos entre os israelitas e a

comunidade árabe (entre 17% e 20%

da população), numa altura em que

se sucedem os episódios de violência

em Jerusalém. Na semana passada,

dois palestinianos mataram cinco ju-

deus num ataque a uma sinagoga.

PolémicaJoão Ruela Ribeiro

Coligação altamente dividida. Comunidade árabe corre o risco de ser discriminada, alertam críticos do diploma

Um agricultor da Faixa de Gaza foi

morto a tiro por soldados israelitas

estacionados na fronteira com aquele

território palestiniano, no primeiro

incidente mortal desde o cessar-fogo

acordado após 50 dias de guerra nes-

te Verão.

A morte foi anunciada pelas autori-

dades de saúde em Gaza, que identi-

fi caram a vítima como Fadel Moham-

med Halawa, de 32 anos. Um porta-

voz disse à AFP que o palestiniano

estava a cultivar as suas terras, junto

ao campo de refugiados de Jabalya,

Palestiniano mortoa tiro por soldadosna Faixa de Gaza

rockets contra o seu território, duran-

te a qual as Nações Unidas afi rmam

que mais de 2100 palestinianos e 67

soldados israelitas foram mortos. Os

rockets do Hamas mataram também

seis civis israelitas.

Este incidente surge num momen-

to de tensão elevada entre israelitas e

palestinianos depois de uma série de

ataques em Jerusalém e na Cisjordâ-

nia que mataram nove civis israelitas.

Acções aparentemente não coorde-

nadas mas que expressam a revolta

palestiniana com novos planos de co-

lonização do Governo israelita e uma

campanha de activistas de direita para

que os judeus possam rezar no recin-

to conhecido por Pátio das Mesquitas.

Ontem, uma casa de palestinianos

junto a Ramallah foi incendiada e a

inscrição “Morte aos árabes” inscrita

numa das paredes. Ninguém fi cou fe-

rido, mas o proprietário da habitação

atribui o ataque a colonos israelitas.

no Norte de Gaza, quando foi alveja-

do por um sentinela militar israelita.

Mas familiares de Halawa contaram à

Reuters que o homem tinha ido pro-

curar pequenos pássaros que fazem

ninho em árvores situadas próximo

da fronteira, muito procurados nos

mercados de Gaza.

Israel retirou-se da Faixa de Gaza

em 2005, mas o seu Exército con-

tinua a controlar a fronteira, tendo

imposto zonas de exclusão numa

parcela de território junto à veda-

ção electrifi cada, por receio de in-

fi ltrações ou atentados contra as suas

patrulhas.

O incidente é o primeiro desde que

a 26 de Agosto um acordo de cessar-

fogo mediado pelo Egipto pôs fi m ao

mais recente embate entre o Exér-

cito israelita e as forças do Hamas,

movimento palestiniano que con-

trola o território. Israel lançou uma

incursão para pôr fi m ao disparo de

Médio Oriente

O incidente, o primeiro desde o conflito do último Verão, coincide com momento de tensão elevada na região

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28 | CIÊNCIA | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

Telemóveis fornecem mapas da densidade populacional portuguesa quase em tempo real

Bastaram registos anónimos de milhões de chamadas móveis para se conseguir cartografar as deslocações dos portugueses no dia-a-dia, ao fi m-de-semana ou nas férias. A técnica poderá ser utilizada, por exemplo, em caso de urgência humanitária ou de catástrofe natural, em regiões do mundo onde não existem dados demográfi cos fi áveis ou actualizados

As grandes cidades

portuguesas esva-

ziam-se em Julho e

Agosto, com toda a

gente fugir para as

praias — sobretu-

do as do Algarve. A

maioria dos portu-

gueses trabalha em

meio urbano — e,

ao fi m-de-semana, muitos citadinos

vão passear para o campo ou para a

serra. Uma equipa internacional de

cientistas conseguiu visualizar estes

movimentos populacionais, com uma

resolução espacial e temporal sem

precedentes, simplesmente com base

em milhões de dados (anónimos) da

actividade de utilizadores de telemó-

veis residentes em Portugal. Os seus

resultados foram publicados recen-

temente na revista Proceedings of the

National Academy of Sciences.

Saber onde estão as pessoas num

dado território é muito importante

— por exemplo em caso de catástrofe

natural, de epidemia ou de confl ito

armado. Normalmente, a cartografi a

da densidade populacional é obtida

a partir dos censos. Mas, para além

de os censos nacionais serem caros

e espaçados no tempo (em Portugal,

faz-se um censo nacional de dez em

dez anos), eles só fornecem uma

imagem estática da distribuição da

população.

E mais: ao passo que os países

mais desenvolvidos realizam regu-

larmente censos, há zonas inteiras

do mundo onde as autoridades da

protecção civil ou os responsáveis

pela saúde pública locais não sabem

ao certo quantos habitantes há e co-

mo se distribuem geografi camente.

Nomeadamente em África, onde se

situam alguns dos países mais po-

bres e, portanto, mais vulneráveis

em situações de emergência huma-

nitária.

É fácil perceber o quão difícil se

torna, na ausência de dados de dis-

tribuição geográfi ca das populações,

montar efi cientemente o combate a

epidemias como o ébola ou a malá-

ria em localidades remotas ou junto

de comunidades isoladas — ou ainda

a assistência alimentar ou sanitária

aos refugiados vindos de zonas de

confl ito.

As imagens de detecção remota

por satélite têm permitido melhorar

muito o conhecimento desta “geo-

grafi a” das populações humanas. Em

particular, permitem distinguir zonas

urbanas, rurais, montanhosas, de-

sertas ou fl orestais, bem como, nas

zonas construídas, os prédios altos,

baixos, as moradias... Daí que, com

base no censo, seja possível estimar

a densidade da população em cada

área com um maior nível de porme-

nor graças às imagens fornecidas por

satélites.

Mas Andrew Tatem, da Univer-

sidade de Southampton (Reino

Ana GerschenfeldUnido), juntamente com colegas

da Bélgica, França, EUA e Suécia,

quiseram saber se a informação de

localização constantemente recolhi-

da, em todo o mundo, pelas antenas

que permitem a comunicação en-

tre telemóveis poderia ser utilizada

para obter este tipo de estimativas

de forma mais económica, rápida

e precisa.

Hoje em dia, fazem notar estes

autores no seu artigo, a taxa de pe-

netração dos telemóveis nos países

desenvolvidos atinge os 121%. E nos

países em desenvolvimento, a mé-

dia é de 90% e continua aumentar.

Mesmo em países como a Repúbli-

ca Democrática do Congo, onde o

último censo remonta a 1984, 69%

da população já tem telemóvel (em-

bora possa aqui haver um certo ní-

vel de enviesamento em função da

categoria socioeconómica das pes-

soas, admitem os cientistas).

Todavia, “a abordagem [via tele-

móveis] signifi caria uma melhoria

substancial no conhecimento da

distribuição da população naquele

país”, escrevem. Entre não ter ne-

nhuma informação fi dedigna e saber

onde estão os donos de telemóveis

— que representam mais de dois ter-

ços da população —, a melhor opção

parece clara.

Satélites ou antenas?Para realizar o estudo, os cientistas

utilizaram milhões de registos de

chamadas móveis fornecidos por

operadores de telecomunicações

móveis de Portugal e França. “Em

Portugal, tivemos acesso aos da-

dos de dois milhões de utilizadores

(cerca de 20% da população) e em

França aos de 17 milhões de utiliza-

dores (perto de 30% da população)”,

disse ao PÚBLICO Catherine Linard,

co-autora da Universidade Livre de

Bruxelas (Bélgica). Porquê Portugal?

“Escolhemos Portugal simplesmente

porque tínhamos acesso a uma base

de dados de chamadas e os dados do

censo português são sufi cientemente

precisos”, explica a cientista.

Os dados de recenseamento são

necessários para calibrar os parâme-

tros do método que permite mapear

a população a partir das chamadas

móveis. E serão sempre necessários,

salienta ainda, uma vez que os com-

portamentos ligados à utilização do

telemóvel podem evoluir. “Precisa-

mos deles nem que seja para conhe-

cer o número total de habitantes” de

um país.

O método dos telemóveis tem con-

tudo uma clara vantagem em relação

ao das imagens de satélite: é mais ro-

busto quando não há dados de re-

censeamento, diz Catherine Linard.

Claro que é sempre melhor dispor

desses dados, mas mesmo quando

eles não existem, consegue-se obter

uma boa estimativa da população di-

rectamente a partir dos registos de

chamadas e da taxa de penetração

dos telemóveis. Algo que não é possí-

vel com o método da detecção remo-

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | CIÊNCIA | 29

Distribuição da população(pessoas por km2 )

Período de trabalho

Férias em Julho e Agosto

12000

76000

Fonte: Catherine Linard e PÚBLICO

Onde estão os portugueses quando trabalham e vão de férias?ta, em que o cálculo das densidades

populacionais só pode ser feito com

base nos censos.

Voltando ao estudo, os dados de

telemóveis utilizados pelos cientistas

eram registos (tornados anónimos

pelo operador) de chamadas efec-

tuadas ao longo de vários meses em

2007 e 2008. “Cada vez que uma

pessoa faz uma chamada, o seu te-

lemóvel envia informação para uma

antena receptora, fornecendo a sua

localização aproximada”, explica An-

drew Tatem em comunicado da sua

universidade. “E quando essa infor-

mação é enviada múltiplas vezes por

milhões de utilizadores, consegui-

mos dali extrair uma imagem porme-

norizada da densidade da população

e da sua variação ao longo do tempo

numa dada área.”

Os cientistas também geraram

mapas com base nos mais recentes

censos de França e Portugal, cujos

dados lhes foram fornecidos, respec-

tivamente, pelo Instituto de Estatís-

tica e Estudos Económicos francês

(INSEE) e pelo Instituto Nacional de

Estatística português (INE). E cons-

tataram que os mapas de telefone

móvel eram semelhantes aos mapas

baseados nos censos. O novo método

fornecia, portanto, resultados coe-

rentes com a realidade.

Também compararam a qualidade

dos mapas de telefone móvel à dos

mapas obtidos a partir de dados de

detecção remota por satélite. “Em

geral, o método baseado nas imagens

de satélite possui uma melhor resolu-

ção espacial, mas isso também varia

de uma região para outra, porque a

resolução espacial do método dos

telemóveis depende da densidade

das antenas”, explica ainda Cathe-

rine Linard.

“Nas zonas urbanas, essa densi-

dade é alta e portanto a resolução

dos telemóveis é melhor do que a

das imagens de satélite e do que os

dados de recenseamento. Mas nas

zonas rurais, a resolução dos telemó-

veis é nitidamente inferior.”

Seja como for, a escalas pequenas

e em zonas urbanas, a abordagem

dos cientistas revelou-se poderosa

em termos de resolução espacial. Vê-

se isso muito bem na zona da Gran-

de Lisboa, por exemplo, quando se

compara o mapa obtido à escala das

freguesias a partir do censo portu-

guês com o mapa obtido a partir

dos dados de telefone móvel e dos

de imagens por satélite (ver imagem

em baixo).

“No nosso artigo, também evo-

camos a possibilidade de combinar

os dois métodos (telemóveis e ima-

gens de satélite) para optimizar os

mapas”, frisa Catherine Linard.

Os mapas com base nos telemóveis

apresentam, porém, uma vantagem

única: não são estáticos e permitem

revelar as variações ao longo do tem-

po da densidade da população de um

país quase em tempo real.

dos mapas é muito rápida”, respon-

de-nos Catherine Linard. “Podem ser

obtidos em menos de uma hora.”

E foi desta forma que os cientis-

tas conseguiram comparar as den-

sidades de população em Portugal

e França de dia e à noite, durante a

semana e ao fi m-de-semana, duran-

te o Verão e o resto do ano — e daí

deduzir os padrões temporais da de-

mografi a portuguesa que referimos

no início deste texto.

Mapear o mundoA equipa está neste momento a

tentar estender o seu trabalho a

regiões mais pobres, por exemplo

para combater a malária na Namí-

bia, identifi cando as comunidades

mais expostas à doença, lê-se no

comunicado. E mais recentemen-

te tem utilizado dados de telemó-

veis para ajudar as autoridades

dos países de África Ocidental a

prever o alastramento do vírus do

ébola (quanto maior a densidade

populacional, maior o risco de

contágio).

“O método que testámos em

França e Portugal poderia ser

aplicado imediatamente a outros

países europeus”, diz-nos Catheri-

ne Linard. Pelo contrário, noutros

contextos (por exemplo, em Áfri-

ca) é preciso fazer alguns ajusta-

mentos. “Em particular, devemos

ter em conta os enviesamentos so-

cioeconómicos: uma região pobre

poderá ser sub-representada de-

vido à menor de penetração dos

telemóveis. Também é preciso

considerar as diferenças de com-

portamento dos utilizadores de

telemóveis, que fazem com que,

em certas regiões, os SMS sejam

mais utilizados do que as chama-

das de voz.”

A equipa já está em contacto

com operadores de telemóveis na

Namíbia, Senegal, Costa do Mar-

fi m e Quénia, que também lhes

estão a fornecer dados para fi ns

de investigação científi ca. Porém,

ainda não foram feitos contactos

com os organismos nacionais de

protecção civil. “Estamos actual-

mente a testar o nosso método na

Namíbia — e eu diria que ele pode-

rá estar operacional daqui a uns

meses”, diz Catherine Linard.

O estudo também mostra, con-

cluem os autores, que é possível

utilizar dados vindos dos opera-

dores de comunicações móveis

“garantindo a privacidade dos

utilizadores de telemóveis” — uma

questão ética e de respeito das li-

berdades que tem constituído um

obstáculo a este tipo de investi-

gação. E escrevem que uma apli-

cação como esta, “com dados de

telemóveis agregados e tornados

anónimos”, tem o potencial de

“fornecer, todos os meses, mapas

exactos da distribuição da popu-

lação em todos os países”.

“O mapeamento de populações

[mesmo a partir de imagens de saté-

lite] tem sido até aqui constrangido

pela logística dos censos, que ape-

nas fornecem um ‘instantâneo’ da

distribuição populacional de dez em

dez anos”, diz Andrew Tatem no já

referido comunicado. “Pelo contrá-

rio, os registos anónimos das chama-

das móveis podem ser examinados

regularmente para mapear altera-

ções diárias, semanais ou mensais

à escala de todo um país, a menor

custo e com maior fl exibilidade.”

Quanto tempo demora um mapa a

ser gerado? “Uma vez disponíveis os

dados de telefone móvel, a produção

A distribuição da população na região da Grande Lisboa mapeada com base no último censo (à esquerda), nas chamadas de telemóvel (ao centro) e nas imagens de satélite (à direita)

30 | CULTURA | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

Há 55 anos, Lisboa festejava o seu grande hotel de luxo

O mestre ceramista Querubim La-

pa entra calmamente pelo hall do

Hotel Ritz, em Lisboa, virando a ca-

beça para um lado e para o outro,

observando o espaço à sua volta.

Há mais de uma década que não

vinha aqui, mas agora, a propósito

do artigo que o PÚBLICO estava a

preparar para o 55.º aniversário do

hotel — a inauguração foi a 24 de

Novembro de 1959 —, os responsá-

veis do Ritz convidaram-no a voltar

para ver a obra que há mais de meio

século criou para uma coluna no

fi nal de uma belíssima escadaria.

“Era uma coluna de suporte, e

o que o arquitecto pensou foi em

disfarçá-la”, conta, satisfeito por

este regresso inesperado. “Está

num sítio muito visível, quem en-

tra no salão [na parte de baixo do

hotel] passa pela coluna”. Já não se

recorda exactamente desses dias

em 1959 que terá passado aqui a tra-

balhar. Sabe que havia vários outros

artistas a circular pelo hotel — uma

das características do Ritz é preci-

samente o facto de, como salienta a

arquitecta Ana Magalhães, que nos

acompanha nesta visita, ser uma es-

pécie de “museu”, tal a quantidade

de obras de arte que alberga.

“Este foi o hotel que naquela épo-

ca mais decoração teve”, confi rma

Querubim Lapa. “E acho que mes-

mo depois nunca se fez um hotel

com tanta colaboração de artistas

tão diversos. Aqui a decoração nas-

ce com a própria construção do ho-

tel.” Mas desse rodopio de artistas

não se recorda bem. Estava concen-

trado no trabalho na sua coluna,

explica enquanto atravessamos o

Salão Almada, com as grandes tape-

çarias de Almada Negreiros. Saímos

por um momento para o exterior,

a ampla varanda de onde se vê o

Parque Eduardo VII, em frente, e,

mais à direita, a Rotunda do Mar-

quês de Pombal.

“Este hotel é um compromisso

entre a modernidade e a tradição.

É um edifício moderno, mas é um

moderno tardio”, explica Ana Ma-

galhães. “Naquela altura não havia

nenhum grande hotel em Lisboa,

havia um de luxo, o Hotel Aviz, mas

era de pequenas dimensões. Desde

há muito tempo que havia este de-

sejo de fazer um grande hotel de

luxo, e esta era a zona de cresci-

mento da cidade.”

A ideia partiu de um construtor

civil, Casimiro Antunes Paulo, que,

através do Secretariado Nacional de

Informação (SNI), começa a pedir

apoio ao Governo. “Manda uma sé-

rie de cartas, mas numa primeira

fase ninguém lhe liga nenhuma, até

que, a determinada altura, a pro-

posta chega aos ouvidos de Salazar.

E, de repente, passa a ser um tema

interessante.”

Projecto Casa do ImpérioJá na altura da Exposição do Mun-

do Português, em 1940, em plena II

Guerra Mundial, o Governo pensara

na necessidade de ter um hotel pa-

ra receber os eventuais turistas. “A

ideia era chamar-lhe Casa do Impé-

rio, mas acabou por nunca se con-

cretizar”, recorda a arquitecta, que

fez uma tese sobre o Hotel Ritz.

Mas, terminada a guerra, e com a

Europa em recuperação, “o turismo

era uma actividade económica em

expansão”. Salazar adere, portan-

to, à ideia. Forma-se um consórcio

de capitalistas (em que se destacam

as famílias Espírito Santo e Queiroz

Pereira), e o projecto é entregue ao

arquitecto Porfírio Pardal Monteiro,

autor, entre outros, da Biblioteca

Nacional, ou da Cidade Universi-

tária. “Era o arquitecto óbvio para

uma obra como esta”. Mas morrerá

em 1957, antes de a ver terminada.

Conta, no entanto, com uma equipa

de arquitectos mais jovens, entre os

quais Jorge Ferreira Chaves e Rodri-

go Santana, que desempenharão

um papel importante, como o pró-

prio Pardal Monteiro reconhece.

Com baile, banquete e festa até de madrugada, inaugurou há 55 anos o histórico Hotel Ritz de Lisboa, projecto do arquitecto Pardal Monteiro, decidido por vontade de Salazar, para um país que, no pós-guerra, se queria modernizar e abrir ao turismo

TurismoAlexandra Prado Coelho

Uma das características do Hotel Ritz é o facto de ser uma espécie de “museu”, tal a quantidade de obras de arte que alberga

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | CULTURA | 31

Estão reunidas as condições para

avançar para o projecto ao qual ini-

cialmente se pensou chamar Palá-

cio da Rotunda. Em primeiro lugar,

a localização: o terreno escolhido

era ideal, “era uma escolha que fa-

zia todo o sentido, o Marquês de

Pombal ia ser o novo centro em-

presarial da cidade, e além disso o

terreno fi cava próximo da recém-

construída auto-estrada em direc-

ção a Cascais, e não muito longe do

aeroporto de Lisboa, dois pontos

importantes para o turismo.”

Querubim Lapa também se lem-

bra da impressão que causou. “As

pessoas aderiram logo, o que é

curioso. É um volume enorme, dá

O projecto do Ritz é um paralelepípedo levantado sobre pilotis, o que dá a impressão de leveza a um edifício muito grande

FOTOS: ENRIC VIVES-RUBIO

muito nas vistas, quando passáva-

mos no Marquês víamos logo o Ritz,

o grande hotel.”

Depois, o Governo criou condi-

ções excepcionais. Ana Magalhães

recorda: “Ficou assegurado que du-

rante vinte anos não se pagavam

impostos sobre o terreno, e os cons-

trutores estavam também isentos

dos direitos alfandegários sobre

tudo o que importavam, desde os

mármores, que vieram da Escandi-

návia, aos pianos, ao mobiliário.”

E, por fi m, havia os artistas. Pa-

ra além do extraordinário trabalho

de decoração feito pela Fundação

Ricardo Espírito Santo, havia a arte

encomendada especialmente para

o local. O que, aliás, não foi com-

pletamente pacífi co. “O movimen-

to moderno falava da obra global,

da integração das artes”, conta a

arquitecta. “E o facto de aqui a in-

tervenção artística ser mais decora-

tiva, ser mais uma justaposição do

que uma integração, levou a que

surgissem críticas da geração mais

jovem. O [pintor] Nikias Skapinakis

chamou-lhe mesmo uma ‘manta de

retalhos’”.

Para a inauguração do Ritz foi

organizado um baile de gala para

dois mil convidados. “O país vi-

brou, as grandes lojas de alta cos-

tura encheram-se, jóias há muito

esquecidas foram retiradas dos

seus estojos. Mais de uma centena

de estrangeiros chegaram dos mais

variados países para essa noite de

festa. Uma ceia memorável, conce-

bida por Pierre Gachet, foi servida

com os pratos mais sofi sticados. As

baixelas vindas de Paris brilharam

em uníssono com os cristais dese-

nhados especialmente para o ho-

tel num décor memorável”, escreve

Helder Carita no livro Ritz – Quatro

Décadas de Lisboa, editado para as-

sinalar os 40 anos.

O contrato de exploração foi as-

sinado com Georges Marquet, pre-

sidente da sociedade Les Grands

Hotels Européens, que, segundo

Carita, se empenha em ajudar a

conceber o “hotel perfeito”. Havia

boutiques, uma barbearia, restau-

rantes e até uma boîte com duas or-

questras, a Carrossel, que encerrou

em 1974. “Opulento de grandeza,

o Hotel Ritz” foi o título da notícia

do jornal O Século a propósito da

inauguração. E, três anos depois,

o Ritz era capa da revista Life num

artigo sobre os novos hotéis de luxo

no mundo.

Uma coluna-totemContinuamos a percorrer os espa-

ços, passamos em frente à sala de

refeições com duas paredes-janelas

abrindo-se ao exterior, atravessa-

mos um longo corredor do qual

se vê, à nossa direita e em baixo,

o Salão Nobre, encontramos uma

parede com um cartão de Pedro

Leitão e lacagem de António Louro

de Almeida, descemos a escadaria

cheia de efeito cénico, e chegamos

fi nalmente à coluna do mestre ce-

ramista. Querubim observa-a aten-

tamente, acha-a bem preservada,

e diz que, apesar de não a ver há

muito tempo, se lembrava perfei-

tamente dela.

“Este rosto, talvez a luz”, diz,

referindo-se a umas das fi guras da

coluna, “está voltado para quem

desce as escadas, o outro rosto está

voltado para a grande sala. É uma

coluna que pode ser vista por di-

versos ângulos. É uma composição

fragmentada. E porquê? Porque é

vista de passagem e por isso nunca

temos a noção da totalidade dela.

Tem um ar de totem. Não temos a

sensação de que está ali para escon-

der uma coluna”. Confessa que es-

sa foi a sua principal preocupação.

Mas, passado meio século, continua

a achar que foi um trabalho conse-

guido — o seu e o dos outros artis-

tas. “Havia a necessidade de encon-

trar uma decoração para que estes

espaços não vivessem silenciosos.

Porque elas falam. A obra de arte

fala connosco, faz-nos parar. Uma

das virtudes da obra de arte é essa,

podemos parar, olhar e pensar.”

E, no caso do Ritz, faz todo o sen-

tido falar nesta ideia de um percur-

so pontuado por obras de arte, que

nos vão acompanhando, distraindo,

surpreendendo. Voltamos a ouvir

Ana Magalhães: “É muito eviden-

te aqui a ideia de percurso, que

podemos associar ao [arquitecto

francês] Le Corbusier e à sua pro-

menade architecturale que, no fun-

do, é o que fazemos aqui quando

percorremos estes espaços. É um

percurso que se vai descobrindo

pela arquitectura.”

Um dos espaços em que melhor

percebemos isso, e de uma forma

surpreendentemente discreta, é nas

escadas de serviço junto à zona dos

quartos, que quase ninguém utili-

za porque geralmente os hóspedes

usam o elevador. É até aí que Ana

Magalhães nos leva para mostrar

como as janelas rasgadas na pare-

de exterior nos vão revelando, de

diferentes ângulos e conforme o

ponto de onde olhamos, a cidade

lá fora.

Depois, há o facto de a entrada

não ser evidente. “O terreno tem

uma certa inclinação, e a entrada

principal do hotel é feita pela Rodri-

go da Fonseca, uma rua secundária

que foi escolhida por ser mais res-

guardada e ter menos trânsito. Pela

Rua Castilho faz-se apenas a entra-

da para o salão de festas, que está

dois pisos abaixo.” O que temos,

no projecto do Ritz, é um parale-

lepípedo levantado sobre pilotis,

o que dá a impressão de leveza a

um edifício muito grande.

“O grande problema deste ter-

reno era a exposição aos ventos”,

conta Ana Magalhães. “Pardal Mon-

teiro cria estas varandas, em vez de

abrir as janelas na fachada, criando

assim um espaço de recuo que pro-

tege os quartos do vento. Mas isto

era uma justifi cação, porque o que

resulta é a imagem do edifício com

estas caixas e este claro-escuro que

se vê na fachada do Ritz.” É destas

varandas dos quartos, visto de ci-

ma, que o jardim elevado, voltado

para a Rua Castilho, frente ao Par-

que Eduardo VII, ganha a sua maior

expressão. “Foi desenhado precisa-

mente para ser visto de cima”.

Subimos ainda até à cobertura,

à zona onde posteriormente foi

instalado o spa, e, saindo para o

exterior, descobrimos, olhando

para cima, e agora muito perto de

nós, as grandes letras com a pala-

vra RITZ.

Uma última coisa, que não é visí-

vel para a maioria das pessoas, mas

que é fundamental para se perceber

o Ritz, é “a quantidade de espaços

que não se vêem, que estão nos bas-

tidores e que garantem a qualidade

do serviço”, diz Ana Magalhães. Há,

por exemplo, 16 elevadores, quatro

para os hóspedes, e 12 de serviço,

há sete entradas, das quais apenas

duas dos hóspedes, há toda uma

estrutura escondida que permite

o funcionamento de tudo.

O edifício do Ritz é um museu,

mas é também uma efi caz “máqui-

na de habitar”. Moderna há mais

de meio século.

CulturaVer vídeo emwww.publico.pt

O projecto do Hotel Ritz foi entregue ao arquitecto Porfírio Pardal Monteiro, autor, entre outros, da Biblioteca Nacional e da Cidade Universitária. “Era o arquitecto óbvio para uma obra como esta”, diz a arquitecta Ana Magalhães. Mas morreria em 1957, antes de a ver terminada

32 PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014CLASSIFICADOS Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19HSábado 11H às 17H

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Anúncio n.º 01/2014HASTA PÚBLICA

Atribuição da Concessão de Espaços Comerciaisno Mercado Municipal de Loulé

A Loulé Concelho Global, E.M., na qualidade de entidade gestora do Mercado Mu-nicipal de Loulé, no âmbito das competências delegadas pela Câmara Municipal de Loulé, torna público que, no dia 17 de dezembro de 2014, vão ser concessionados espaços comerciais, constituídos por 05 módulos, no Mercado Municipal de Loulé, em regime de ocupação permanente, através da modalidade de hasta pública, de acordo com o disposto no n.º 1, do art.º 11.º e 12.º, do Regulamento dos Mercados Municipais do Concelho de Loulé.

1. ENTIDADE CONCEDENTEA entidade concedente é a Loulé Conce-lho Global, E.M., Unipessoal, S.A., com sede na Praça da República - Mercado Municipal, 8100-270 Loulé, telefone 289401080 e endereço de correio eletró-nico: [email protected]. ESPAÇOS A CONCESSIONAR E VALOR-BASE DE LICITAÇÃO2.1 Os espaços a concessionar e o valor-base de licitação são os seguintes:Bancas n.ºs 8 e 10 .........................€550,00Bancas n.ºs 45 e 49 .......................€800,00Banca n.º 79 ...............................€1.200,002.2 O valor da adjudicação será acrescido de IVA à taxa legal em vigor.2.3 As propostas apresentadas devem indicar um valor superior à base de licita-ção, não sendo admitidas propostas cujo valor seja igual ou inferior ao valor-base indicado.2.4 O valor de cada lanço será de €50,00 (cinquenta euros).3. CONSULTA E INFORMAÇÕES3.1 O programa do procedimento e o caderno de encargos, assim como o Re-gulamento dos Mercados Municipais do Concelho de Loulé, encontram-se dis-poníveis para consulta no Gabinete Ad-ministrativo do Mercado Municipal de Loulé, durante o horário de expediente, desde a data do respetivo anúncio até à data de entrega das propostas, e no sítio de internet do Mercado Municipal de Loulé, através do endereço www.lcglo-bal.pt.3.2 Durante o prazo que decorre entre a publicação do anúncio e a data da reali-zação da hasta pública, todos os interes-sados poderão, no horário de expediente do Mercado Municipal de Loulé, visitar os espaços comerciais que vão ser objeto de hasta pública.4. FORMA E LOCAL DE APRESEN-TAÇÃO DA PROPOSTA4.1 A proposta deve ser elaborada de acordo com o programa do procedimen-to e entregue diretamente (por mão pró-pria), acompanhada da guia de entrega da proposta (anexo II do programa do procedimento), no Mercado Municipal de Loulé - Gabinete Administrativo - Praça da República, 8100-270 Loulé, nos

dias úteis e aos sábados, das 09:00h às 17.30h, ou através dos CTT, sob registo e com aviso de receção.4.2 No caso de a proposta ser remetida pelo correio, o interessado será o único responsável pelos atrasos que porventura ocorram, não podendo apresentar qual-quer reclamação, caso a entrada dos do-cumentos se tenha verifi cado após o pra-zo fi xado para a entrega das propostas.5. PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DA PROPOSTAA proposta e os documentos que a acom-panham devem ser entregues, da forma e no local de apresentação da proposta, até às 17.30 horas, do dia 16 de dezembro de 2014.6. LOCAL, DATA E HORA DA PRA-ÇAO ato é público e terá lugar na Biblioteca Municipal de Loulé - Sofi a Mello Brey-ner - Sala Polivalente, sita na Rua José Afonso, em Loulé, no dia 17 dezembro, pelas 10.00H.7. CONDIÇÕES DE PAGAMENTO7.1 No acto de adjudicação provisória, o adjudicatário deverá proceder de imedia-to ao pagamento de 25% (vinte e cinco por cento) do valor da adjudicação, em numerário ou através de cheque emiti-do à ordem da Loulé Concelho Global, E.M., Unipessoal, S.A.7.2 Os restantes 75% (setenta e cinco por cento), podem ser liquidados a pronto ou em prestações trimestrais, até o máximo de três, sendo estas acrescidas de juros à taxa aplicável ao pagamento de dívidas ao Estado. 7.3 O pagamento da arrematação será efetuado através de cheque ou transfe-rência bancária.7.4 A concessão dos espaços comerciais fi ca sujeito ao pagamento de uma taxa mensal, de acordo com o estipulado no Regulamento e Tabela de Taxas e Licen-ças da Câmara Municipal de Loulé.8. Recomenda-se aos interessados a lei-tura atenta do presente anúncio, do pro-grama do procedimento e do caderno de encargos.Loulé, 01 de dezembro de 2014.

O Conselho de Administração

Empresa Municipal

COMARCA DE LISBOA OESTE

Cascais - Inst. Local- Secção Cível - J3

Processo: 1793/14.3T8CSC

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Comarca de Lis-boa Oeste - Ministério Público de CascaisRequerido: Ricardo Nuno Cas-tanho CarochinhoFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerido Ricardo Nuno Castanho Carochinho, com residência em domicílio: Rua Raúl Solnado, N.º 17 - R/c D, Polima, 2785-350 S. Domingos de Rana, para efeito de ser de-cretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 85186539

Cascais, 20-11-2014.

A Juíza de DireitoDr.ª Ana Rodrigues da Silva

A Ofi cial de JustiçaMaria José Ventura

Público, 24/11/2014

TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE

LISBOA OESTECascais - Instância Local

- Secção Cível - Unidade Orgânica 1Processo: 841/14.0T8CSC

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blico de CascaisRequerido: Pedro Miguel Lúcio de Sousa CostaFaz-se saber que foi distri-buída neste tribunal, a acção de Interdição / Inabilitação em que é requerido Pedro Miguel Lúcio de Sousa Cos-ta, com domicílio em: Rua Vasco da Gama, 13, São João do Estoril, 2765-512 Estoril, para efeito de ser de-cretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 84928604

Cascais, 10-11-2014.

A Juíza de DireitoMaria Madalena Martins

LopesA Ofi cial de Justiça

Clara Martins

Público, 24/11/2014

TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE

LISBOA OESTECascais - Instância Local

- Secção Cível - Unidade Orgânica 1Processo: 839/14.0T8CSC

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Isabel Maria Leitão Belo Salgueiro de Almeida Ri-beiroFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal a acção de Inter-dição / Inabilitação em que é re-querida Isabel Maria Leitão Belo Salgueiro de Almeida Ribeiro, fi lha de Emanuel Francisco Co-trim Belo Salgueiro e de Maria Hortência Conceição Courela Belo Tavares Leitão Salgueiro, nascida em 09-10-1944, domicí-lio: Rua Ribeira das Vinhas, N.º 3 - 2.º Dt.º, 2750-477 Cascais, para efeito de ser decretada a sua in-terdição por anomalia psíquica.N/ Referência: 85022523Cascais, 13-11-2014.

A Juíza de DireitoMaria Madalena Martins Lopes

O Ofi cial de JustiçaJorge Manuel Salvador Santos

Público, 24/11/2014

ANNE THERAPY -Consultório de massa-gens. À descoberta dospontos erógenos. Lisboa.Tel.: 918 047 446

COMARCA DE COMARCA DE LISBOA OESTELISBOA OESTECascais - Inst. Local- Secção Cível - J2

Processo: 838/14.1T8CSC

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerido: Bernardino de Car-valho Palmeirão dos SantosFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Inter-dição / Inabilitação em que é requerido Bernardino de Car-valho Palmeirão dos Santos, fi lho(a) de Abel dos Santos e de Armanda Dionísia Sousa Carvalho Santos, nascido(a) em 26-04-1970, domicílio: Rua Amílcar Cabral, n.º 49, Viv.ª Mariscas B, 2775-012 Cascais, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 85023590

Cascais, 13/11/2014

A Juíza de DireitoDr.ª Luciana MateusO Ofi cial de Justiça

Jorge Manuel Salvador Santos

Público, 24/11/2014

COMARCA DE LISBOA NORTE

Loures - Inst. Local- Secção Cível - J3

Processo: 6000/14.6T8LRS

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Públi-co - LouresRequerida: Ivone de Jesus Chiote PintoFaz-se saber que foi distribu-ída nesta Comarca, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Ivone de Jesus Chiote Pinto, com re-sidência em domicílio: Bairro Dr. Mário Moreira, 198, 1675-000 Pontinha, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.

N/ Referência: 120502887

Loures, 12-11-2014.

A Juíza de DireitoDr.ª Fernanda Coelho

A Ofi cial de JustiçaFilomena de Jesus

Pécurto Bilro

Público, 24/11/2014

COMARCA DE COMARCA DE LISBOA OESTELISBOA OESTECascais - Inst. Local- Secção Cível - J3

Processo: 4814/14.6TBCSC

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Arminda Gon-çalves Vicente VarelaRequerida: Maria Juliana Constantino GonçalvesFaz-se saber que foi distri-buída neste tribunal, a ação de Interdição/Inabilitação em que é requerida Maria Juliana Constantino Gon-çalves, com residência em domicílio: Rua Doutor João de Barros, 183, 2750-567 CASCAIS, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.

N/ Referência: 85063286

Cascais, 14/11/2014

A Juíza de DireitoDr.ª Ana Rodrigues da

SilvaA Ofi cial de JustiçaMaria José Ventura

Público, 24/11/2014

Pelo presente aviso a Universidade do Minho dá a co-nhecer que vai ser publicitada, na Bolsa de Emprego Pú-blico, a abertura do procedimento concursal para sele-ção de candidato, tendo em vista o provimento no cargo de Chefe de Divisão do Gabinete de Apoio ao Ensino.

O AdministradorPedro J. Camões

AVISOM/FDireção de Recursos Humanos

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e sábados das 11h às 17hEdifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte,

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34 | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

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CINEMALisboa @CinemaAv. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 14h10, 16h40, 19h10, 21h50 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 13h25, 16h, 18h35, 21h30; Interstellar M12. 15h25, 17h50, 21h20; De Qualquer LugarM16. 13h40, 15h40, 21h50; Belle M12. 13h20, 15h15, 18h45; The Deep - Sobrevivente M12. 13h10, 19h40; Os Maias M12. 21h40; Os Gatos Não Têm Vertigens 17h20 Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295Fado Camané M6. 16h15; Interstellar M12. 21h15; A Viagem a Itália M12. 14h15, 17h30; Campo de Flamingos sem Flamingos M12. 19h30 CinemaCity Campo PequenoCentro de Lazer do Campo Pequeno. T. 217981420Os Monstros das Caixas M6. 13h25, 15h35, 17h25 (V.Port.); Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 13h45, 15h40, 17h40; Serena M12. 13h20, 15h25, 19h20, 21h45, 00h05; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 13h25, 15h20, 16h, 17h55, 18h35, 21h30, 22h, 00h10, 00h30; Interstellar M12. 15h30, 17h35, 21h, 21h40, 23h55; Belle M12. 13h15, 15h45, 17h50, 19h55; Em Parte Incerta M16. 17h55, 21h30; Dei-te o Melhor de Mim 13h35; John Wick M16. 13h30, 15h55, 19h30, 21h55, 00h20; O 7.º Anão - O Pequeno Herói M6. 13h35 (V.Port.); Annabelle M16. 00h30; Fúria M16. 21h35, 00h20; Get On Up: A História de James Brown M12. 18h50 Cinemas Nos Alvaláxia Est. José Alvalade, Campo Grande. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 16h, 18h45, 21h30; Serena M12. 16h10, 18h40, 21h10; John Wick M16. 16h20, 18h55, 21h20; Os Gatos Não Têm Vertigens 16h05, 18h55, 21h40; Em Parte Incerta M16. 17h, 21h; Interstellar M12. 16h50, 20h40; Annabelle M16. 21h45; Os Monstros das Caixas M6. 15h50, 18h10 (V.Port.); Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 16h30, 19h, 21h25; Fúria M16. 16h40, 21h20; Dei-te o Melhor de Mim 16h15, 18h50, 21h50; Mau Mau Maria M12. 15h30, 18h, 21h35; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 15h20, 17h30; Deixa o Amor Entrar M12. 21h15 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; Os Maias M12. 17h30; Em Parte Incerta M16. 14h, 21h, 00h10; Interstellar M12. 13h20,17h, 20h30, 24h; Amar, Beber e Cantar19h10; Rio, Eu Te Amo M12. 13h50, 16h30, 21h45, 00h20; Get On Up: A História de James Brown M12. 18h20; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 13h10, 15h50, 21h25, 00h05; Orgulho M12. 12h40, 15h20, 20h50, 23h30; As Pontes de Sarajevo M12. 18h; A Viagem a Itália M12. 13h30, 16h10, 18h40, 21h05, 23h50 Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996Mau Mau Maria M12. 18h; Serena M12. 13h15, 15h50, 18h25, 21h10, 23h45; Deixa o Amor Entrar M12. 12h55, 15h20, 21h20, 24h; Os Monstros das Caixas M6. 13h05

(V.Port./2D); Fúria M16. 12h40, 15h40, 22h; Get On Up: A História de James Brown M12. 18h40; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 12h50, 15h35, 15h55, 18h25, 18h45, 21h15, 21h35, 00h05, 00h25; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 13h10; Interstellar M12. 15h25, 19h, 22h35; A Viagem a Itália M12. 13h20, 16h, 18h30, 21h15, 23h50; Interstellar M12. 13h30, 17h, 21h, 00h30 ; John Wick M16. 13h, 15h30, 18h05, 21h25, 23h55 Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Os Monstros das Caixas M6. 13h10, 15h30 (V.Port.); Serena M12. 12h50, 15h20, 18h, 21h20, 23h50; John Wick M16. 13h30, 16h, 18h20, 21h50, 00h10; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 18h10, 21h10 , 23h40; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 13h, 15h40, 18h30, 21h30, 00h20; Fúria M16. 12h40, 15h50, 21h40,00h30; Mau Mau Maria M12. 18h40;Interstellar M12. 13h20, 17h10, 21h, 00h30 Cinemateca PortuguesaR. Barata Salgueiro, 39 . T. 213596200A Companhia M12. 15h30; Antes que o Diabo Saiba que Morreste M12. 19h; Palermo ou Wolfsburg 21h30; Macbeth M16. 19h30; A Mãe 22h Medeia Fonte NovaEst. Benfica, 503. T. 217145088Interstellar M12. 14h30, 18h, 21h15; Os Maias M12. 16h20; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 14h, 19h, 21h30; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 14h15, 16h45, 19h15, 21h45 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Dois Dias, Uma Noite M12. 12h, 14h, 16h, 18h, 20h, 22h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 14h15, 16h45, 19h15, 21h45; O Quarto Azul M16. 19h30; Serena M12. 13h, 15h10, 17h20, 21h30; Interstellar M12. 12h40, 15h50, 21h30; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 19h NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 21357436220.000 Dias na Terra M12. 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. 16h55, 21h45; Os Gatos Não Têm Vertigens 19h10; Get On Up: A História de James Brown M12. 14h, 00h15; Os Maias M12. 19h; John Wick M16. 14h10, 16h40, 21h55, 00h30; Magia ao Luar M12. 19h15; Dei-te o Melhor de Mim 14h, 16h30, 21h30, 00h10; Fúria M16. 16h, 18h45, 21h35, 00h20; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 14h; Em Parte Incerta M16. 17h30, 21h15, 00h15; Duas Vidas M12. 14h20; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 14h05, 16h50, 19h15, 21h50, 00h30; Orgulho M12. 14h05, 16h35; Rio, Eu Te Amo M12. 14h05, 16h30, 19h05, 21h35, 24h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 14h, 16h35, 19h10, 21h50, 00h30; Interstellar M12. 23h55; Belle M12. 14h10, 16h35, 19h, 21h40; O Juiz M12. 16h45, 21h20, 00h20; Getúlio M12. 14h15; Interstellar M12. 14h30, 18h, 21h30; Serena M12. 14h10, 16h45, 19h10, 21h40, 00h05; A Viagem a Itália M12. 14h15, 16h40, 19h05, 21h45, 00h15

Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 12h30, 12h45, 15h20, 15h40, 18h10, 18h35, 21h10, 21h30, 00h10,

20.000 Dias na TerraDe Iain Forsyth, Jane Pollard. EUA. 2014. 97m. Doc. M12. Realidade e fi cção misturam-se

em 24 horas da existência de um

dos mais emblemáticos músicos

da actualidade: Nick Cave. Com

início no momento em que o

protagonista desperta para o

seu 20.000.º dia no planeta

Terra, a câmara segue-o desde o

despertar até às últimas horas da

noite. Ideias surpreendentes são

reveladas num retrato intimista

que pretende analisar o processo

artístico e o poder transformador

do espírito criativo. Narrado

pelo próprio, o fi lme expõe a sua

visão do mundo e da vida, bem

como a fi losofi a em que assenta a

sua obra.

A Viagem a ItáliaDe Michael Winterbottom. Com Steve Coogan, Rob Brydon, Rosie Fellner. GB. 2014. 108m. Comédia Dramática. M12. Cansado das responsabilidades

da paternidade, Rob anseia por

um momento de tranquilidade

longe da família. Steve, por

seu lado, tem levado uma

vida de trabalho árduo, sem

qualquer disponibilidade para

si próprio. Quando o jornal

“The Observer“ lhes pede que

vão a Itália fazer uma série de

críticas gastronómicas, os dois

encontram aí a oportunidade por

que esperavam. Seguem viagem

de carro, percorrendo Ligúria,

Toscana, Roma, Amalfi e Capri,

onde terão de parar para um

repasto nos mais interessantes

restaurantes das cidades.

Campo de Flamingos sem FlamingosDe André Príncipe. POR. 2013. 92m. Documentário. M12. Estreado no IndieLisboa de

2013, um documentário que

resulta de uma viagem de

caravana feita entre Setembro

e Dezembro de 2011. Sem

programa defi nido, o fotógrafo

e cineasta André Príncipe, o

director de fotografi a Takashi

Sugimoto e o operador de som

Manuel Sá percorreram Portugal

num périplo que, segundo as

palavras do realizador, partiu de

duas premissas: “A inexistência

de uma unidade cultural em

Portugal e a constatação do

desconhecimento que temos

do país“.

Dois Dias, Uma NoiteDe Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne. Com Marion Cotillard, Fabrizio Rongione, Pili Groyne. FRA/BEL/ITA. 2014. 95m. Drama. M12. Sandra volta ao trabalho

depois de uma baixa médica

prolongada. O patrão, que na sua

ausência redistribuiu o trabalho

pelos restantes empregados,

deixa-os com um dilema: podem

escolher entre o regresso dela

ou um bónus pelas tarefas extra

que fi zeram nesse período.

Desesperada por manter o

emprego, ela sabe que tem de

convencer os colegas a votar em

seu favor.

SerenaDe Susanne Bier. Com Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Toby Jones. FRA/EUA. 2014. 109m. Drama. M12. EUA, década de 1930. George

e Serena deixam a cidade de

Boston (EUA) para se instalarem

numa propriedade nas

montanhas, onde se dedicam

à exploração de madeira.

Apesar de ter sido educada na

cidade segundo os preceitos

da época, Serena demonstra

uma força interior fora do

comum, descobrindo em si uma

vocação para o negócio. Juntos,

constroem um enorme império,

que fl oresce a cada ano. Mas a

felicidade do casal é assombrada

quando ela sofre um aborto e

descobre que nunca mais poderá

voltar a engravidar.

The Hunger Games: A Revolta - Parte 1De Francis Lawrence. Com Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth , Elizabeth Banks, Philip Seymour Hoffman, Julianne Moore, Stanley Tucci. EUA. 2014. 123m. Drama, Aventura. M12. Depois de uma luta desesperada

na 75.ª edição dos jogos da fome,

Katniss Everdeen é resgatada

da arena e enviada para o 13.º

Distrito, que agora lidera uma

rebelião organizada contra o

Capitólio. Vista como o símbolo

de um povo que anseia pela

liberdade, Katniss entrega-se de

corpo e alma ao que sabe ser a

última oportunidade de revolta

contra o poder instituído, na

esperança de constituir uma

sociedade justa em Panen.

Em [email protected]@publico.pt

20.000 Dias na Terra

00h25; Interstellar M12. 13h, 14h, 16h40, 17h40, 20h20, 21h40, 23h55; John Wick M16. 13h05, 15h50, 18h20, 21h, 23h30; Os Monstros das Caixas M6. 13h20, 15h45, 18h10 (V.Port.); Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 21h40, 00h15; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 12h55, 15h10, 17h20, 19h30; Annabelle M16. 21h10, 23h50; Deixa o Amor Entrar M12. 13h10, 15h40, 21h, 23h40; De Qualquer Lugar M16. 18h45; Os Gatos Não Têm Vertigens 18h25; Fúria M16. 12h30, 15h25, 18h20, 21h20, 00h20; Mau Mau Maria M12. 13h, 15h35, 21h15, 23h45; Serena M12. 13h20, 16h, 18h50, 21h50, 00h25; Rio, Eu Te Amo M12. 18h15; Dei-te o Melhor de Mim 12h45, 15h30, 21h15, 24h; Get On Up: A História de James Brown M12. 18h20; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 12h45, 15h35, 21h35, 00h20; A Viagem a Itália M12. 13h15, 15h50, 18h55, 21h35, 00h10

Amadora UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, EN 249/1. T. 707232221Os Monstros das Caixas M6. 14h05, 16h20 (V.Port.); Mau Mau Maria M12. 21h35; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 13h45, 16h25, 19h, 21h40; John Wick M16. 14h05, 16h35, 19h15, 21h50; O 7.º Anão - O Pequeno Herói M6. 13h55 (V.Port.); Fúria M16. 16h15, 19h, 21h45; O Gang do Parque M6. 14h05, 16h20 (V.Port.); Dei-te o Melhor de Mim 13h40, 16h15, 18h55, 21h30; O Carteiro Paulo - O Filme M6. 13h45 (V.Port.); Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 14h, 16h30, 19h05, 21h35; Serena M12. 13h50, 16h20, 19h, 21h25; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 13h55, 16h25, 19h05, 21h20; Interstellar M12. 14h30, 18h, 21h30; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h, 18h, 21h10; Drácula: A História Desconhecida M16. 21h40; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 14h15, 16h35 (2D), 19h10 (3D)

Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 760789789The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12.15h30, 18h30, 21h30; Tartarugas Ninja:Heróis Mutantes 16h10, 21h40;Interstellar M12. 18h20; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 18h40; Interstellar M12. 15h20, 21h20

Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingEN 9, Alcabideche. T. 16996Dei-te o Melhor de Mim 21h10, 23h50; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 13h10, 15h50, 18h50; Serena M12. 13h, 15h30, 18h, 21h40, 00h20; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 12h30, 15h20, 18h10, 21h, 24h; Interstellar M12. 12h50, 16h30, 20h30, 00h10; John Wick M16. 12h40, 15h10, 18h40, 21h20, 23h40; Os Monstros das Caixas M6. 13h20 (V.Porto); Fúria M16. 12h45, 15h40, 21h30, 00h25; Get On Up: A História de James Brown M12. 18h30; Deixa o Amor Entrar M12. 16h, 18h20, 21h05, 23h30

Caldas da Rainha Vivacine - Caldas da RainhaC.C. Vivaci. T. 262840197Interstellar M12. 17h, 21h10; Mau Mau Maria M12. 15h25, 17h55, 21h30; The Hunger

2000 DDD

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | 35

Conhecido internacionalmente pelo virtuosismo, musicalidade, sensibilidade e inteligência das suas interpretações, Artur Pizarro (na foto) está habituado a frequentar os grandes palcos, a arrecadar prémios e a conviver com as maiores orquestras, maestros e intérpretes mundiais. Hoje, às 19h, na Fundação Calouste Gulbenkian, em

Lisboa, o músico português (n. 1968) prossegue o ambicioso projecto de interpretação integral das obras para piano de um dos mais marcantes compositores da sua carreira: Sergei Rachmaninov. O ciclo continua a 14 de Dezembro, com o sexto recital. O preço dos bilhetes varia entre 14€ e 27€. Mais informações em www.gulbenkian.pt.

Ao som de RachmaninovDR

Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h30, 18h, 21h15; Dei-te o Melhor de Mim 15h25, 18h, 21h25; Os Monstros das Caixas M6. 15h30, 18h (V.Port.); Fúria M16. 21h20

Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. C. Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653Serena M12. 15h30, 21h30; Orgulho M12. 15h30, 21h30

Sintra Cinema City BelouraBeloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h20, 16h, 17h55, 18h35, 21h35, 22h; Os Monstros das Caixas M6. 15h35, 17h40 (V.Port.); Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 17h50; Fúria M16. 21h45; Dei-te o Melhor de Mim 15h25, 18h45; Interstellar M12. 15h30, 17h45, 21h, 21h30; Deixa o Amor Entrar M12. 15h50, 19h45; Em Parte Incerta M16. 21h40; O Juiz M12. 18h30, 21h20; De Qualquer Lugar M16. 15h55, 20h, 21h50; Belle M12. 15h35, 17h35, 19h35 Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Serena M12. 15h40, 18h40, 21h40; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 18h50 (2D); Interstellar M12. 15h30, 21h20; John Wick M16. 15h20, 17h25, 19h30, 21h50; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h50, 18h30, 21h30; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 16h; Interstellar M12. 18h10; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 21h25; Os Monstros das Caixas M6. 15h, 17h (V.Port.); Fúria M16. 19h, 21h45; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 15h15, 17h10, 19h10, 21h10

Leiria Cinema City LeiriaR. Dr. Virgílio Vieira da Cunha. T. 244845071The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h20, 16h, 17h50, 18h35, 22h; Os Monstros das Caixas M6. 15h30, 17h40 (V.Port.); Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 15h55, 17h45, 19h50, 21h35; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 21h50; Mau Mau Maria M12. 15h45, 18h55, 21h45; Interstellar M12. 15h35, 17h55, 21h40; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 15h50, 21h55; De Qualquer Lugar M16. 19h35; Fúria M16. 18h30 Cineplace - Leiria ShoppingCC Leiria Shopping, IC2. The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 16h10, 18h50, 21h30; Interstellar M12. 14h30, 17h50, 21h10; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 14h20 (3D), 16h30 (2D);Dei-te o Melhor de Mim 18h40, 21h20; Os Monstros das Caixas M6. 15h20; Mau Mau Maria M12. 17h30, 19h45, 22h; Fúria M16. 15h50, 21h20; Belle M12. 18h30; Serena M12. 14h40, 17h, 19h20, 21h40; John Wick M16. 15h10, 17h20, 19h30, 21h50

Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003. Os Monstros das Caixas M6. 15h10 (3D), 17h20 (2D); Deixa o Amor Entrar M12. 19h40, 21h50; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 15h40 (3D), 17h50 (2D); Mau Mau Maria M12. 20h, 22h10; Fúria M16.

16h20, 19h, 21h40; Serena M12. 14h10, 16h30, 18h50, 21h20; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 16h10, 18h50, 21h30; Interstellar M12. 14h20, 17h40, 21h; O Carteiro Paulo - O Filme M6. 15h30; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 17h30, 19h20, 21h10

Montijo Cinemas Nos Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 20h50; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h50, 18h40, 21h30; Os Monstros das Caixas M6. 16h10, 18h20 (V.Port.); Interstellar M12. 14h20, 17h40, 21h; Fúria M16. 15h40, 18h30, 21h20; Dei-te o Melhor de Mim 16h, 18h50, 21h40; John Wick M16. 15h30, 18h, 21h10

Odivelas Cinemas Nos Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h40, 18h20, 21h10; Os Monstros das Caixas M6. 15h30, 17h50 (V.Port.); Fúria M16. 15h10, 18h10, 21h; Dei-te o Melhor de Mim 15h50, 18h30, 21h20; Mau Mau Maria M12. 21h40; Interstellar M12. 14h40, 18h, 21h30

Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 12h40, 15h30, 18h30, 21h30, 00h20; Fúria M16. 13h, 15h55, 18h50, 21h50; John Wick M16. 13h15, 16h, 18h40, 21h45, 00h15 ; Os Monstros das Caixas M6. 13h05, 15h20, 18h (V.Port.); Dei-te o Melhor de Mim 12h45, 15h25, 18h10; Interstellar M12. 12h55, 16h30, 20h50, 00h25; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 21h40, 00h30; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 21h10, 00h10; Serena M12. 13h10, 15h50, 18h20, 21h20, 24h

Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita MirafloresAv. das Túlipas. T. 707 CINEMAThe Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h30, 18h30, 21h30; Os Monstros das Caixas M6. 15h20, 18h (V.Port.); Dei-te o Melhor de Mim 15h10, 18h10, 21h10; Mau Mau Maria M12. 21h20; Interstellar M12. 15h, 18h20, 22h

Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 13h, 15h40, 18h30, 21h30; Os Monstros das Caixas M6. 15h55 (V.Port.); Fúria M16. 21h15; Interstellar M12. 12h40, 18h05; Os Monstros das Caixas M6. 13h10 (V.Port.); Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 18h45; Interstellar M12. 15h30, 21h20

Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h40, 18h45, 21h35; John Wick M16. 16h15, 19h, 21h25; Os Monstros das Caixas M6. 16h, 18h30 (V.Port.); Fúria M16.

21h10; Mau Mau Maria M12. 15h50, 18h15, 21h50; Interstellar M12. 17h15, 21h

Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Os Monstros das Caixas M6. 15h50 (V.Port.); Dei-te o Melhor de Mim 18h50, 21h40; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 15h10, 17h10, 19h10, 21h25; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h40, 18h30, 21h30; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 18h40 (3D); Interstellar M12. 15h20, 21h10; Fúria M16. 15h30, 18h20, 21h; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 16h, 21h20; Interstellar M12. 18h10

Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 21h30

Seixal Cineplace - SeixalQta. Nova do Rio Judeu. The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 16h10, 18h50, 21h30; John Wick M16. 15h10, 17h20, 19h30, 21h40; Serena M12. 14h10, 16h40, 19h, 21h20; Interstellar M12. 14h20, 17h40, 21h; Drácula: A História Desconhecida M16. 21h50; Annabelle M16. 19h40; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 15h20 (3D), 17h30 (2D); Os Monstros das Caixas M6. 14h20, 16h30, 18h40; Fúria M16. 21h20; O 7.º Anão - O Pequeno Herói M6. 15h10; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 17h10, 19h10, 21h10

Tomar Cine-Teatro Paraíso - TomarRua Infantaria, 15. T. 249329190Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. 21h30

Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Fúria M16. 21h30, 00h25; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 13h10, 15h30, 17h30,

19h30; Interstellar M12. 13h20, 17h20, 21h, 00h30; Serena M12. 12h45, 16h, 18h40, 21h10, 23h50; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 12h55, 15h40,18h30, 21h20, 00h10; Os Monstros das Caixas M6. 13h30 (V.Port.); John Wick M16. 15h50, 18h10, 21h40, 24h

Lagos Algarcine - Cinema de Lagos R. Cândido dos Reis. T. 282799138The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 14h45, 17h, 19h30, 21h45; Os Monstros das Caixas M6. 19h45 (V.Port.); Interstellar M12. 16h45; John Wick M16. 14h40, 21h30

Albufeira Cineplace - AlgarveShoppingEstrada Nacional 125 - Vale Verde. Os Monstros das Caixas M6. 14h10 (3D), 16h20 (2D); Deixa o Amor Entrar M12. 18h30, 21h10; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 16h10, 18h50, 21h30; Dei-te o Melhor de Mim 15h10, 17h20, 19h30, 21h40; Fúria M16. 15h40, 18h20, 21h10; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 15h50, 20h; Belle M12. 17h40, 21h50; Rio, Eu Te Amo M12. 21h20; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 14h50, 17h (2D), 19h10 (3D); John Wick M16. 15h30, 17h40, 19h50, 22h; Interstellar M12. 14h20, 17h40, 21h; Serena M12. 14h, 16h20, 18h40, 21h20

Olhão Algarcine - Cinemas de OlhãoC.C. Ria Shopping. T. 289703332The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 15h30, 18h30, 21h30; Dei-te o Melhor de Mim 19h15; John Wick M16. 15h15, 17h15,21h30; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes18h15; Interstellar M12. 15h15, 21h15

Portimão Algarcine - Cinemas de PortimãoAv. Miguel Bombarda. T. 282411888The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 14h45, 17h, 19h30, 21h45; Os Monstros das Caixas M6. 20h; Interstellar M12. 17h; John Wick M16. 15h, 21h45 Cineplace - PortimãoQuinta Malata, Lote 1 - C. C. Continente. Interstellar M12. 14h20, 17h40, 21h; Os

AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

Campo de Flamingos... mmmmm mmmmm mmmmm

Dois Dias, Uma Noite – mmmmm mmmmm

As Duas Faces de Janeiro mmmmm mmmmm –Fúria mmmmm – mmmmm

Get On Up mmmmm – –Interstellar mmmmm mmmmm mmmmm

Pontes de Sarajevo mmmmm mmmmm –Saint Laurent mmmmm – mmmmm

A Viagem a Itália mmmmm – –20.000 Dias na Terra mmmmm mmmmm –

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

Monstros das Caixas M6. 16h30; Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia M12. 14h40, 18h10, 20h, 22h; Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 15h10, 17h20; Mau Mau Maria M12. 19h30, 21h50; Nightcrawler - Repórter na Noite M16. 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Fúria M16. 15h50, 18h30, 21h10; The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 M12. 16h10, 18h50, 21h30

Tavira Cinemas Nos TaviraR. Almirante Cândido dos Reis. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 1M12. 15h50, 18h30, 21h10; Os Monstrosdas Caixas M6. 15h40,18h20 (V.Port.);Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes 21h; Dei-te o Melhor de Mim 16h, 18h40, 21h20;Mau Mau Maria M12. 16h10, 18h50, 21h40; Interstellar M12. 14h35,18h, 21h30

TEATROLisboaClube EstefâniaRua Alexandre Braga, 24A. T. 217780987 Tri Sestri De Anton Tchekhov. Enc. São José Lapa, Inês Lapa. De 20/11 a 29/11. 2ª a Sáb às 21h. Dom às 16h. M/12. Teatro da LuzLargo da Luz. T. 217120600 Antes de Começar Comp. da Esquina. Enc. Jorge Gomes Ribeiro. De 13/10 a 17/12. 2ª, 3ª e 4ª às 10h30 e 14h30 (escolas). M/4. Reservas: 213555275, 917549448, 917811367. Teatro TurimEstrada de Benfica, 723A. T. 217606666 Ponto de Partida Enc. António Marques. De 11/11 a 25/11. 2ª e 3ª às 21h30. M/14.

EXPOSIÇÕESLisboaAppleton SquareRua Acácio Paiva, 27 - r/c. T. 210993660 Segmentos De Ricardo Jacinto. De 13/11 a 6/12. 2ª a Sáb das 14h às 19h.Biblioteca Nacional de PortugalCampo Grande, 83. T. 217982000 9000 formas da felicidade: as edições Pulcinoelefante De 23/10 a 31/1. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. A Biblioteca do Embaixador: os livros de D. García de Silva y Figueroa (1614-1624) De 7/10 a 24/1. 2ª a 6ª das 10h às 19h30. Sáb das 10h às 17h30. Documental, Objectos. Biografias de Teixeira de Pascoaes De 15/10 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Do manuscrito ao espectáculo: a colecção de teatro de António José de Oliveira De 1/10 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental. José Pedro Machado (1914-2005) De 17/10 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Muitas e muito estranhas cousas que viu e ouviu... De 4/11 a 31/1. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental. Café do ImpérioAv. Almirante Reis, 205 A/B/C. T. 218476052 Diálogos a Carvão De Luís Dourdil. De 8/11 a 30/9. Todos os dias das 12h às 00h. Desenho.

36 | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

SAIRCaroline Pagès GalleryRua Tenente Ferreira Durão, 12 - 1º Dto. T. 213873376 Survivances e Fallacious memory De Yazid Oulab, AnaMary Bilbao. De 11/10 a 6/12. 2ª a Sáb das 15h às 20h. Desenho, Escultura. Casa da Liberdade - Mário CesarinyRua das Escolas Gerais, 13. T. 218822607 Teixeira de Pascoaes - Obra Plástica, Documentos Inéditos e Afinidades Contemporâneas De vários autores. De 31/10 a 20/12. 2ª a Sáb das 14h às 20h. Casa dos BicosRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 Núcleo Arqueológico da Casa dos Bicos A partir de 14/7. 2ª a Sáb das 10h às 18h.Casa Fernando PessoaRua Coelho da Rocha, 16 - Campo de Ourique. T. 213913270 Viagem na Pintura, no Pensamento De Manuel Casimiro. De 23/10 a 24/1. 2ª a Sáb das 10h às 18h (Última entrada 17h30).CulturgestR. Arco do Cego - CGD. T. 217905155 Querido, Reorganizei a Colecção... Por Artista De Jean Dubuffet, Claes Oldenburg, Robert Rauschenberg, Andy Warhol, Richard Hamilton, entre outros. De 1/11 a 15/3. 2ª a 6ª das 11h às 19h. Sáb, Dom e feriados das 14h às 20h. Fnac (Chiado)R. Nova do Almada. T. 213221800 25 Anos, 25 Autores, 25 Cartazes De vários autores. De 14/10 a 14/1. Todos os dias das 10h às 22h. Ilustração, Design. AmadoraBD - Festival Internacional de Banda Desenhada. Fundação José SaramagoRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 José Saramago: a Semente e os Frutos A partir de 13/6. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 10h às 14h.Galeria 36Rua S. Filipe Nery, 36. T. 918972966 Pintura De Ana Faria. De 5/11 a 20/12. 2ª a Sáb das 16h às 19h. Pintura. Galeria Carlos ParedesR. Gonçalves Crespo, 62. T. 213594453 Aquilino Desconhecido De 11/11 a 30/1. 2ª a 6ª das 09h às 19h.Galeria do Museu da CarrisR. 1º de Maio, 101-103. Prova II De Anabela Bravo, Daniel Antunes

Almada

Galeria Municipal de Arte de AlmadaAvenida Dom Nuno Álvares Pereira, 74B. T. 212724724 Caminhos do Ferro e da Prata - Linhas do Douro e do Minho De Emílio Biel. De 1/11 a 29/11. 2ª a 6ª das 10h às 12h30 e das 14h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Fotografia.

EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 Intrarte - exposição itinerante de arte De 17/11 a 25/11. Todos os dias das 15h às 03h. Galeria de Arte do Casino do EstorilPç. José Teodoro dos Santos. T. 214667700 XXVIII Salão de Outono De 20/11 a 15/1. Todos os dias das 15h às 00h.

LouresGaleria Municipal Vieira da SilvaParque da Cidade de Loures. T. 219820878 O Inferno não são os outros De Vasco Araújo. De 26/7 a 17/1. 2ª a Sáb das 10h às 13h e das 14h às 18h. Vídeo, Instalação, Outros.

Monte de CaparicaFaculdade de Ciências e Tecnologia Monte de Caparica. T. 212948300 Retratar as Doenças Tropicais: imagens escolhidas de histórias diversas De 10/11 a 19/12. 2ª a 6ª das 09h às 20h.

ÓbidosGaleria NovaOgivaR Direita. T. 262955500 Francisco Klinger Carvalho De 24/10 a 25/1. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h.

Oeiras

Palácio Marquês de PombalQuintas de Baixo e de Cima. T. 214465300 Esculturas no Palácio Até 13/12. 2ª a Sáb.

TomarConvento de CristoConvento de Cristo. T. 249313481 Reino De Pedro Valdez Cardoso. De 1/11 a 18/1. Todos os dias das 09h às 17h30.

Torres VedrasCooperativa de Comunicação e CulturaRua da Cruz, 9. T. 261338931 Lanzarote, a Janela de Saramago De João Francisco. De 8/11 a 3/1. 2ª a Sáb das 14h às 20h. Fotografia, Outros. Galeria Municipal de Torres VedrasPaços do Concelho. T. 261310400 Abstracção, Arte Partilhada Millennium BCP De Vieira da Silva, Arpad Szenes entre outros. Até 17/1. 2ª a Sáb das 09h30 às 19h.

MÚSICALisboaCasino LisboaParque das Nações. T. 218929000 Os Azeitonas Dia 24/11 às 22h30. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Artur Pizarro Dia 24/11 às 19h. Palácio FozPç. dos Restauradores. T. 213221200 António Hamrol Dia 24/11 às 18h.

FESTAS E FEIRASCadavalCadavalFesta das Adiafas De 22/11 a 30/11. 2ª a 6ª às 18h. Sáb e Dom às 12h.

SAIRPinheiro, Inês Velez. De 13/10 a 14/12. 2ª a Sáb das 10h às 17h. Outros. Galeria Luís Serpa - ProjectosRua Tenente Raúl Cascais, 1B. T. 213977794 Skate.Exe De André Sier. De 20/11 a 31/12. 2ª a 6ª das 15h às 19h. Fotografia, Escultura. Galeria MillenniumRua Augusta, nº84. Júlio Pomar - Obras da Colecção Millennium BCP De 4/10 a 6/1. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Pintura. Galeria RattonR. Academia das Ciências, 2C. T. 213460948 Pós de Perlim-Pim-Pim De António Dacosta. De 17/10 a 9/1. 2ª a 6ª das 15h às 19h30. Cerâmica, Desenho. Galeria São MamedeRua da Escola Politécnica, 167. T. 213973255 Guache e Tinta da China De Armanda Passos. De 13/11 a 11/12. 2ª a 6ª das 10h às 20h. Sáb das 11h às 19h. Desenho, Pintura. Galeria ValbomAvenida Conde Valbom, 89. T. 217801110 Paisagem - O Elogio da Solidão De Carlos Barão. De 15/11 a 30/1. 2ª a Sáb das 13h às 19h30. Pintura. GiefarteRua Arrábida, 54B. T. 213880381 Colophon De Ana Isabel Miranda Rodrigues. De 18/11 a 13/1. 2ª a 6ª das 11h às 14h e das 15h às 20h. Desenho. Imprensa Nacional Casa da MoedaAv. António José de Almeida. T. 217810700 O Dinheiro no Tempo de Fernão Mendes Pinto De 7/10 a 29/12. 2ª a 6ª das 09h às 18h.Lisboa Story Centre Terreiro do Paço. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h. Museu das ComunicaçõesRua do Instituto Industrial, 16. T. 213935000 Casa do Futuro A partir de 1/3. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb às 16h. Futuro Infinito. Transformação Digital. O Céu não é o Limite De 17/5 a 30/4. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Mala Posta A partir de 1/12. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Tapeçarias de Portalegre - Arte com Selo Português De 10/10 a 31/12. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Vencer a Distância - Cinco Séculos de Comunicações em Portugal A partir de 2/5. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h.

Museu do CombatenteForte do Bom Sucesso. T. 213017225 A História da Aviação Militar A partir de 16/10. Todos os dias das 10h às 17h. Guerra do Ultramar - 50 anos depois A partir de 11/2. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb, Dom e feriados das 10h às 17h. O Combatente Português do Século XX Todos os dias das 10h às 17h.Museu GeológicoRua Academia das Ciências, 19. T. 213463915 The Flying Shadows De Nuno Moreira Inácio. Até 28/11. 2ª a Sáb das 10h às 17h. Palácio de São BentoPç. São Bento . T. 213919000 Salgueiro Maia: Contributos para uma biografia de um Herói de Abril De 12/11 a 28/11. 2ª a 6ª das 09h às 18h (marcação T. 213919625). Documental, Objectos. Perve Galeria de AlfamaRua Escolas Gerais, 17/19/23. T. 218822607 Agostinho Santos. Da profundidade da cor e outras matérias sensíveis De 20/11 a 20/12. 2ª a Sáb das 14h às 20h.Sociedade Nacional de Belas ArtesRua Barata Salgueiro, 36. T. 213138510 Um cadáver esquisito para o século XXI De 30/10 a 5/12. 2ª a 6ª das 12h às 19h.Universidade de LisboaAv. Professor Gama Pinto. T. 217932579 José Sebastião e Silva: O Homem, O Cientista, O Professor De 23/10 a 16/1. Todos os dias das 10h às 17h. Universidade Nova de LisboaCampus de Campolide. T. 213715600 Portugal e a Europa em Cartoons De 27/6 a 31/12. 2ª a 6ª das 10h30 às 18h30.

AlcanenaBiblioteca Dr. Carlos Nunes FerreiraR. 25 Abril. T. 249891207 Aquedutos de Portugal De Pedro Inácio. De 22/11 a 11/12. 2ª a 6ª das 10h às 19h.

Tri Sestri no Clube Estefânia, em Lisboa

FARMÁCIASLisboaServiço PermanenteAlves Carvalho (Caminhos de Ferro) - Rua do Vale de Santo António, 7-9 - Tel. 218140125 Figueiras (Avenidas Novas) - Av. Conde Valbom, 29 A - Tel. 213560223 Oriental de Lisboa (Igreja de Arroios - Chile) - Rua Alves Torgo, 2 - B de Lisboa - Tel. 213545079 Roma (Alvalade) - Avenida de Roma, 85 - B - Tel. 217972466 Soc. Higilux (Pedrouços) - Rua de Pedrouços, 50-52 - Tel. 213110280 Zil (Alvalade) - Avenida da Igreja, 9 - D/E - Tel. 218491780

Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Santos (Rossio ao Sul do Tejo) Alandroal - Santiago Maior , Alandroalense Albufeira - Piedade Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Epifânio Alcochete - Cavaquinha , Póvoas (Samouco) Alenquer - Catarino , Cuco Aljustrel - Pereira Almada - Carlos (Costa da Caparica) , Louro (Cova da Piedade) Almeirim - Central Almodôvar - Ramos Alpiarça

- Leitão Alter do Chão - Alter , Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama , Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Amadora , Damaia Ansião - Teixeira Botelho , Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista , Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva , Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Moderna Batalha - Ferraz , Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Central Belmonte - Costa , Central (Caria) Benavente - Miguens Bombarral - Miguel Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Central , Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Central Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Pereira Suc. Cascais - Alcoitão (Alcoitão) , D’Aldeia, do Junqueiro (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco

- Ferrer Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Chamusca - Pinto Rodrigues (Parreira) Constância - Baptista , Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Misericórdia Covilhã - da Alameda Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Elvas - Moutta Entroncamento - Almeida Gonçalves Estremoz - Carapeta Irmão Évora - Misericórdia Faro - Almeida Ferreira do Alentejo - Singa Ferreira do Zêzere - Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda) , Serra Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Diamantino Gavião - Gavião , Pimentel Golegã - Salgado Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) , Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Sousa Pires Lagos - Neves Leiria - Lis (Gandara dos Olivais) Loulé - Chagas , Maria Paula (Quarteira), Paula (Salir) Loures - Sálvia Lourinhã - Quintans (Foz do Sousa) , Liberal (Reguengo Grande) Mação - Catarino Mafra - Rolim (S. Cosme) ,

Falcão (Vila Franca do Rosário) Marinha Grande - Roldão Marvão - Roque Pinto Moita - Silva Rocha Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Novalentejo Montijo - Higiene Mora - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão, Central (Pavia) Moura - Rodrigues Mourão - Central Nazaré - Ascenso , Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Gonçalves , Santa Rita Oeiras - Mota Capitão (Carnaxide) , Alcântara Guerreiro, Leal Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Olhanense Ourém - Leitão Ourique - Nova (Garvão) , Ouriquense Palmela - Tavares de Matos (Pinhal Novo) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Central Pombal - Barros Ponte de Sor - Cruz Bucho Portalegre - Portalegrense Portel - Fialho Portimão - Carvalho Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo -

Casa do Povo de Redondo Reguengos de Monsaraz - Paulitos Rio Maior - Candido Barbosa Salvaterra de Magos - Martins Santarém - Sá da Bandeira Santiago do Cacém - Jerónimo Sardoal - Passarinho Serpa - Oliveira Carrasco Sertã - Lima da Silva , Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - Nurei , Lopes Setúbal - Dos Bairros , Nova Silves - Dias Neves , Edite Sines - Atlântico , Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Cristina , Domus Massamá, Mira Sintra (Mira Sintra), Crespo (Várzea de Sintra) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Montepio Artistico Tavirense Tomar - Torres Pinheiro Torres Novas - Aliança (Lamarosa/Torres Novas) Torres Vedras - São Gonçalo Vendas Novas - Ribeiro Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Mercado (Alverca) , Roldão Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) Vila Real de Santo António - Carmo Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Monte Alvito - Baronia

DR

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | 37

RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 Agora Nós 13.00 Jornal da Tarde 14.15 Os Nossos Dias 14.45 Há Tarde 18.00 Portugal em Directo 19.00 O Preço Certo 19.45 Direito de Antena 20.00 Telejornal 20.45 Sete Pecados Mortais 21.00 Bem-vindos a Beirais 21.45 Água de Mar 22.45 Prós e Contras 00.45 Portugueses Pelo Mundo 1.30 Nome de Código: Sintra 2.30 Sinais de Vida

RTP27.00 Repórter África 2014 7.30 Zig Zag 11.00 Euronews 12.30 Corpo Clínico 13.00 Mulheres de Abril 14.00 Sociedade Civil 15.30 A Fé dos Homens 16.00 Retratos Contemporâneos: Ary dos Santos 17.00 Zig Zag 20.30 Triângulo Jota 20.54 A Hora da Sorte 21.00 Jornal 2 21.43 Página 2 22.00 Visita Guiada 22.30 Shuga 23.00 Tanto Para Conversar 23.30 Licínio de Azevedo, Crónicas de Moçambique 1.00 Escola das Artes da Universidade Católica do Porto - “Não Linear” 1.30 Sociedade Civil 3.00 Euronews

SIC6.00 SIC Notícias 7.00 Edição da Manhã 8.45 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.00 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.30 Duas Caras 15.30 Grande Tarde 19.00 Alto Astral (Estreia) 20.00 Jornal da Noite 22.00 Mar Salgado 22.45 Império 23.45 Lado a Lado 00.45 C.S.I Las Vegas 1.30 A Vingadora 2.30 Jura

TVI 6.30 Diário da Manhã 10.13 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.47 Flor do Mar 16.00 A Tarde é Sua 18.13 Feitiço do Amor 19.16 Casa dos Segredos 5 - Diário da Tarde 20.00 Jornal das 8 21.45 Casa dos Segredos 5 - Diário da Noite 22.49 Jardins Proibidos 23.30 Mulheres 00.30 Casa dos Segredos 5 - Extra 2.00 O Teu Olhar

TVC1 11.25 O Mascarilha 13.55 Enigma 15.35 Relatório Europa 17.10 Aprovado 19.00 O Mascarilha 21.30 Golpada Americana 23.45 Isto é o Fim! 1.30 Justin e a Espada da Coragem (V.P) 3.05 Golpada Americana

FOXMOVIES11.16 El Mariachi 12.36 Super-Homem

IV - Em Busca da Paz 14.04 Ultimato 15.56 Espécie Mortal III 17.45 Elas Não Me Largam 19.24 Bem-Vindo a Casa Roscoe Jenkins 21.15 Scary Movie - Um Susto de Filme 22.41 Gritos 00.30 Fumo Sagrado 2.21 O Mundo Perdido - Jurassic Park

HOLLYWOOD10.00 Diários de Che Guevara 12.05 Filadélfia 14.10 Nunca Fui Beijada 16.00 Tu Matas-me 17.35 O Repórter - A Lenda de Ron Burgundy 19.15 Space Cowboys 21.30 Godzilla 23.55 Romeo Deve Morrer 2.00 Rebeldes de Bairro 3.50 Missão a Marte

AXN14.43 Castle 15.32 Investigação Criminal 16.22 Investigação Criminal 17.12 Mentes Criminosas 18.01 Mentes Criminosas 18.50 Castle 19.40 Castle 20.30 Investigação Criminal 21.20 Inesquecível 22.15 Forever 23.10 Resurrection 00.06 Mentes Criminosas 00.53 Mentes Criminosas 1.41 Castle 2.27 Castle

AXN BLACK14.34 Chuck 15.21 Velas Negras 16.21 Filme: The Stranger- O Estranho 17.52 Chuck 18.39 Chuck 19.26 Chuck 20.13 Chuck 21.00 Velas Negras 22.00 Filme: À Boleia Pela Galáxia 23.51 Filme: Assalto e Intromissão 1.52 Chuck 2.38 Chuck

AXN WHITE14.08 Suburgatory 14.32 Filme: À Deriva 16.12 Gossip Girl 17.00 Doutora no Alabama 17.48 Doutora no Alabama 18.36 Doutora no Alabama 19.24 Era Uma Vez 20.12 Era Uma Vez 21.00 Era Uma Vez 21.50 Filme: A Namorada do Meu Melhor Amigo 23.31 Filme: Uma Boa Companhia 1.22 Era Uma Vez 2.09 Era Uma Vez

FOX 14.01 Investigação Criminal: Los Angeles 14.46 Investigação Criminal: Los Angeles 15.32 House 16.25 House 17.13 Flashpoint 18.00 Investigação Criminal: Los Angeles 18.50 Investigação Criminal: Los Angeles 19.38 House 20.30 House 21.20 The Walking Dead 22.15 The Walking Dead 23.02 American Horror Story 00.00 The Walking Dead 00.56 Investigação Criminal: Los Angeles 1.45 Spartacus: A Revolta dos Escravos 2.49 Dexter

FOX LIFE 14.00 Filme: Chris Bohjalian’s Secrets of Eden 15.30 Em Contacto 16.15 Em Contacto 17.01 Clínica Privada 17.48 Filme: She Made Them Do It 19.16 Masterchef USA 20.04 Scandal 20.51 Uma Família Muito Moderna 21.19 Uma Família Muito Moderna 21.45 Filme: A Coisa Mais Doce 23.28 Filme: Romeo Killer: The Chris Porco Story 1.12 Masterchef USA 1.59 Scandal

DISNEY16.35 Recreio 16.47 Recreio 17.00 Phineas e Ferb 17.12 Phineas e Ferb 17.30 Sabrina: Segredos de Uma Bruxa 18.00 Violetta 18.55 Liv e Maddie 19.20 O Meu Cão Tem Um Blog 19.44 Austin & Ally 20.07 Jessie 20.30 Violetta 21.25 A.N.T. Farm - Escola De Talentos

DISCOVERY17.20 Pesca Radical 18.15 A Febre do Ouro 19.10 A Febre do Ouro 20.05 Guerra de Propriedades 20.30 Guerra de Propriedades 21.00 A História do Universo 22.00 Segredos do Universo com Morgan Freeman 23.00 Perdido, Vendido 23.25 Perdido, Vendido 23.55 Perdido, Vendido 00.20 Perdido, Vendido 00.45 A História do Universo

HISTÓRIA 18.59 Os Homens Que Construíram a América: O Início de uma Nova Guerra 19.42 Caça Tesouros: Reunião Motard 20.28 Caça Tesouros: Um Chevrolet Urgente 21.14 Caça Tesouros: A Caixa de Pandora 22.00 Tecnologia Impossível: Tecnologia de Guerra 22.45 Tecnologia Impossível: Monumentos Monstruosos 23.30 O Preço da História: Cêntimo a Cêntimo 23.52 O Preço da História: Plano Disparatado 00.15 O Preço da História: Filho, O Meu Carro? 00.37 O Preço da História: Dar à Música 1.00 O Preço da História: Buffalo Bull

ODISSEIA18.47 Patrulha Caimão II: O Ataque do Caimão Zombie 19.32 Cars that Rock: Rolls Royce 20.18 Cars that Rock: Lamborghini 21.04 Viajantes Acidentados Ep.1 21.25 Viajantes Acidentados Ep.2 21.46 A Origem das Coisas Ep.1 22.08 A Origem das Coisas Ep.2 22.30 Cars that Rock: Bentley 23.15 Cars that Rock: Porsche 00.01 Cars that Rock: Bentley 00.47 Cars that Rock: Porsche Acidentados

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FICAROs mais vistos da TVSábado, 22

FONTE: CAEM

SICTVITVISICTVI

12,911,411,2

10,69,3

Aud.% Share

27,824,524,022,823,9

RTP1

RTP2

SICTVI

Cabo

16,4%%

1,8

16,9

20,1

33,7

Mar SalgadoSecret Story 5Jornal das 8Jornal da NoiteMulheres

CINEMALaranja Mecânica [A Clockwork Orange]TVC4, 20h45Stanley Kubrick apresenta

uma comédia negra com uma

interpretação visual da anarquia

sádica e do cinismo profundo

do poder governamental.

Alex (Malcolm McDowell) é o

protagonista da história. Lidera

um grupo de delinquentes que

passa as noites a roubar carros, a

lutar contra gangs rivais, a assaltar

casas e a violar mulheres. Numa

noite, é apanhado pela polícia. Na

condição de reduzir a sua pena de

prisão, concorda em ser utilizado

como cobaia numa experiência

governamental. Uma terapia

que não é mais do que uma

rápida cura para uma sociedade

constantemente ameaçada pelo

mal.

Godzilla [Godzilla]Hollywood, 21h30A excessiva radiação resultante

dos testes nucleares franceses na

Polinésia acaba por provocam

mutações nas plantas e animais.

O Dr. Niko Tatopoulos (Matthew

Broderick) é chamado para

avaliar a subida de temperatura

num local de Tahiti, onde foram

encontrados trilhos de um lagarto

de dimensões superiores às

habituais. Entretanto, Godzilla,

que ressuscitou na sequência dos

testes, dirige-se para Manhattan,

onde chega num dia de chuva.

A cidade é cercada por militares

que, com a ajuda de cientistas,

tentam livrar-se da ameaça.

Realizado por Roland Emmerich.

Biutiful [Biutiful]Cinemundo, 1h50A odisseia de Uxbal ( Javier

Bardem), um pai solteiro entre

confl itos, que se perde e encontra

pelos labirintos do submundo

de Barcelona, e que tudo fará

para salvar os seus fi lhos e

reconciliar-se com um amor

perdido, enquanto a sua morte

parece cada vez mais próxima.

Amor, espiritualidade, crime e

culpa conjugam-se para levar

Uxbal, com negócios escuros na

exploração de imigrantes ilegais

e uma suposta capacidade de

comunicar com os mortos, até ao

seu destino de herói trágico... “É

um requiem”, resume o realizador

Alejandro González Iñárritu.

INFANTILFlip & FlashBaby TV, 10h46, 13h46 e 18h47A borboleta bebé e os seus

amigos apresentam mais de

250 primeiras palavras, usando

cartões coloridos, e convidam

os pequenos espectadores a

participar nos jogos de adivinhas

que aparecem no ecrã.

SÉRIE

Saving HopeTVSéries, 21h15Estreia da terceira temporada do

drama sobrenatural que gira à

volta do quotidiano dos médicos

e enfermeiros do Hospital Hope

Zion. É a vez da Dr.ª Alex Reid

fi car entre a vida e a morte na

sala de operações. Segue-se um

estado de coma e é certo que este

acontecimento vai ser um ponto

de viragem de toda a temporada.

Entretanto, o seu agressor está

à mercê de Dr. Joel, que batalha

entre a ética e o plano pessoal.

DOCUMENTÁRIOS

Tecnologia ImpossívelHistória, 22h00Série documental onde se revelam

feitos tecnológicos, monumentos

colossais e obras de engenharia

tão precisas que mostram como

a tecnologia moderna tem a sua

planta inicial no mundo ancestral.

No episódio Tecnologia de Guerra,

analisa-se o equipamento dos

actuais soldados, em comparação

com as defesas dos guerreiros

ancestrais.

Aprofundar com David ReesNational Geographic, 23h45David explica por que razão

não gosta de moscas. E, para

ajudar à sua frustração, estas

parecem estar sempre um

passo à sua frente. O humorista

está determinado em tornar-

se um mestre assassino de

moscas, o que signifi ca que

terá de aprender a manusear os

melhores instrumentos, o melhor

movimento de mata-moscas e

a melhor maneira de entrar na

cabeça do inimigo. De seguida,

uma moeda pode ser a melhor

maneira de resolver uma decisão

difícil, mas qual será a melhor

maneira de atirar a moeda ao ar?

Cars that Rock, Odisseia, 19.32

38 | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

JOGOSCRUZADAS 8991

BRIDGE SUDOKU

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

Lua

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com

PontaDelgada

Funchal

Sol

18º

Viana do Castelo

Braga9º 21º

Porto12º 20º

Vila Real9º 16º

11º 19º

Bragança8º 16º

Guarda7º 12º

Penhas Douradas7º 12º

Viseu11º 16º

Aveiro13º 19º

Coimbra12º 19º

Leiria11º 21º

Santarém12º 19º

Portalegre11º 17º

Lisboa12º 18º

Setúbal9º 21º Évora

10º 19º

Beja12º 20º

Castelo Branco12º 17º

Sines13º 19º

Sagres12º 18º

Faro16º 19º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

12º 17º

12º 17º

Flores

Terceira11º 16º

15º 19º

15º 21º

12º 17º

18º

18º

07h28

Crescente

17h18

10h0629 Nov.

1-1,5m

3-4m

18º

2m

23º1-1,5m

22º2,5-3m

15h53 3,304h14* 3,5

09h44 0,522h00 0,5

15h33 3,303h52* 3,5

09h19 0,621h34 0,7

15h41 3,204h02* 3,4

09h13 0,521h28 0,5

2-2,5m

2-2,5m

4m

17º

18º

*de amanhã

Horizontais: 1. Pedaço de barrote em que os escultores assentam a pedra em que trabalham. Leito. 2. Centésima parte do hectare. Limpar ou cortar os ramos inúteis das árvores. 3. Inspecção, geralmente nocturna, feita por agentes de segurança em instalações e edifí-cios. Enganar-se. 4. Malhadouro. Cada um dos pequenos orifícios da derme. 5. Antes de Cristo (abrev.). Fatigada. 6. Vazia. Acto ou procedimento levia-no. 7. Oitavo mês do calendário da 1.ª República Francesa, de 20 de Abril a 19 de Maio. Pequeno poema da Idade Média, narrativo ou lírico, em versos oc-tossilábicos. 8. Espaço de um mês. Fala muito alto. 9. Elemento de formação que exprime a ideia de inglês ou referen-te à Inglaterra. Parte da pele subjacente à epiderme. 10. Quinto mês do ano. Que tem saúde. Antes do meio-dia (abrev.). 11. Penhor. Capela (ant.).

Verticais: 1. Mãe de Jesus. Chama. 2. Argola. Que tem forma de coluna ou que lhe diz respeito. 3. Suave. Obrigar. 4. Consagrar. Elogio. 5. Limalha. Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de eu. 6. Variante do pronome “o”. Preparar com pele de anta. 7. Preposição que designa posse. Estado de quem es-tá só. 8. Relativo ao carpo. Texto ou con-teúdo de um escrito. 9. Dar forma de ro-dela. 10. Terra lavrada. Madeira (abrev.). 11. Africano. Muito oiro.

Depois do problema resolvido en-contre o título de uma obra de Isabel Prates (5 palavras).

Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Acabar. Anca. 2. Tatua. Briol. 3. Alas. Rei. Mi. 4. Ril. Mimar. 5. FALAR. Des. 6. Paiol. ANTES. 7. Ar. Crer. 8. Re. Opar. OPA. 9. QUE. Álea. Or. 10. Musa. Raça. 11. Elar. Ruela.Verticais: 1. Atar. Porque. 2. Califa. Eu. 3. Atalaia. Ema. 4. Bus. Loro. Ur. 5. Aa. MAL. Pás. 6. Rir. CALAR. 7. BEM. Arre. 8. Ariadne. Are. 9. Ni. Retro. Al. 10. Com. Se. Poça. 11. Alia. Seara.Provérbio: Antes bem calar que mal falar.

Oeste Norte Este Sul passo 1♥passo 2ST (1) passo 4♥ (2)Todos passam

Leilão: Equipas ou partida livre. (1) Jacoby – 12 ou mais pontos e fit de qua-tro cartas a copas (2) Mínimo e sem sin-gletons

Carteio: Saída: 2♦. Qual o seu plano pa-ra cumprir esta partida?

Solução: A decisão a tomar na primei-ra vaza é crucial. Apesar de o contra-to parecer à prova de bala, existe uma possibilidade que pode comprometer o contrato: o Rei de ouros em Este e o nai-pe de paus dividido 4-1 (28%). Jogando com cuidado é possível garantir o jogo a 100%. A primeira carta a jogar do mor-to tem de ser o Ás de ouros. De seguida procedemos à eliminação dos trunfos, três voltas bastam para o fazer. E agora, a outra jogada chave do jogo, o Rei de paus da mão. Por fim, a estocada final: ouro para fora! A defesa faz a vaza, não importa de que lado, e terá uma de três hipóteses: - jogar espadas, o que nos

Dador: EsteVul: EO

Problema 5762 Dificuldade: fácil

Problema 5763 Dificuldade: médio

Solução do problema 5760

Solução do problema 5761

NORTE♠ Q74♥ AQ93♦ A4♣ A972

SUL♠ J6♥ KJ1075♦ Q6♣ KQ85

OESTE♠ A1085♥ 642♦ J9752♣ 3

ESTE♠ K932♥ 8♦ K1083♣ J1064

João Fanha/Pedro Morbey ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

apurará uma vaza nesse naipe e, con-sequentemente passaremos a ter uma balda para o quarto pau da mão; - jogar paus, se os paus estiverem 4-1 captu-raremos sempre os paus restantes. Se a defesa jogar pequeno pau fazemos o 7 de paus do morto, se a defesa atacar com o Valete deixamos correr para a fi-gura da mão mais distante e seguimos com a passagem ao 10 para a outra mão; - jogar ouros, para corte e balda, corta-mos do morto e baldamos uma espada da mão. Ainda testamos os paus para uma eventual vaza a mais.

Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul?

O que marca com a seguinte mão?♠Q8742 ♥A6 ♦Q965 ♣K8

Resposta: Hoje em dia é popular abrir o leilão com mãos de 11 pontos de figura. No entanto, é importante definir com que mãos se o pode fazer. A primeira exigência prende-se com o facto de a mão não ser balançada (as mãos 4-3-3-3, 4-4-3-2 e 5-3-3-2 devem conter um mínimo de 12 pontos para que possam justificar uma abertura. Exceção feita a mãos com dois ases e um Rei). Uma boa combinação de figuras e a presen-ça de cartas intermédias (dezes e no-ves) também é uma exigência. A mão de hoje não deverá servir como um bom exemplo para se abrir em 1 espada, os valores estão dispersos e a mão é quase balançada. Se mudarmos a colocação das figuras para ficar com ♠AQ742 ♥96 ♦KQ65 ♣82, então a abertura em 1 es-pada é perfeitamente justificada. A boa voz: passe.

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40 | DESPORTO | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

CAREN FIROUZ/REUTERS

Lewis Hamilton volta a reinar na Fórmula 1 seis anos depois

Seis anos depois de ter conquistado

o primeiro título da carreira, Lewis

Hamilton comemorou ontem o bi-

campeonato de Fórmula 1 (F1), so-

mando no circuito de Yas Marina,

em Abu Dhabi, a 11.ª vitória da tem-

porada. Ao cortar a linha de chega-

da, recebeu os parabéns, via rádio,

do príncipe Harry, quarto na linha

sucessória da coroa britânica: “És

uma lenda.”

Ainda na pista, Hamilton realizou

a volta de consagração empunhando

a bandeira do Reino Unido, foi às

boxes comemorar com a namorada

e os familiares mais próximos e, an-

tes de subir ao pódio, isolou-se um

pouco para chorar. Digeridas todas

as emoções, partilhou então o que

lhe ia na alma: “Foi a melhor corrida

da minha vida.”

“Na noite passada fi quei a pen-

sar que amanhã [domingo] seria o

grande dia, que poderia acontecer

alguma coisa com o carro e o cam-

peonato fi caria comprometido. Na-

turalmente, pensamos em todas as

coisas negativas que podem acon-

tecer, mas eu tentei arduamente

concentrar-me em todas as coisas

positivas”, confessou o piloto da

Mercedes, em declarações citadas

pelo site ofi cial da F1. E, na realida-

de, tudo correu bem melhor do que

o britânico poderia antever.

Hamilton partia para este Gran-

de Prémio (GP) de Abu Dhabi com

17 pontos de vantagem sobre Nico

Rosberg, seu colega na Mercedes e

principal rival ao longo da época na

luta pelo título, na classifi cação ge-

ral. Mas a pole position garantida pelo

alemão na véspera e a originalida-

de de os pontos contarem a dobrar

nesta última corrida (uma inovação

introduzida esta temporada) colo-

cavam alguma pressão em cima do

britânico.

Uma pressão que Hamilton co-

meçou a sacudir logo nos primeiros

metros do GP, com uma excelente

partida que o fez saltar do segun-

do lugar da grelha para a liderança.

Começavam também a esfumar-se

as esperanças de Rosberg em con-

quistar o título mundial. E tudo foi

piorando para o alemão, que só a

muito custo terminou a prova, num

inesperado 14.º lugar. “Estou muito

da Mercedes. O piloto da Willia-

ms acabaria por ser o único com

andamento para pressionar o bri-

tânico, nomeadamente nas voltas

fi nais, tendo mesmo liderado pro-

visoriamente a prova após as duas

paragens do britânico para trocar

de pneus. Terminaria na segunda

posição, com o seu companheiro de

equipa, Valtteri Bottas, a ocupar o

último lugar do pódio.

Pelo meio, o motor do monolugar

de Rosberg foi perdendo potência,

devido a um problema no sistema de

recuperação de energia (ERS), com o

alemão a ceder sucessivas posições,

até sair dos lugares pontuáveis. Nes-

sa altura, já nem uma desistência de

Hamilton poderia valer-lhe.

“Lewis venceu de forma justa.

Mereceu ganhar hoje [domingo] e

também merece ganhar o campe-

onato”, admitiu no fi nal, com fair

play, antes de comentar a intensa ri-

validade que protagonizou esta tem-

porada com o antigo companheiro

dos karts e amigo da adolescência:

“Fui melhor do que ele [Hamilton]

nas qualifi cações nos últimos dois

anos e preciso melhorar um pouco

nas corridas para ir mais além. Vou-

me esforçar por isso.”

O segundo título de Hamilton aca-

bou por ser bem menos complicado

do que o primeiro, conquistado em

2008, também decidido na derra-

deira prova. Na altura o piloto in-

glês cumpria o seu segundo ano na

modalidade e apenas confi rmou o

campeonato na última curva de um

GP do Brasil em que esteve muito

próximo de ser surpreendido por

Massa, vencedor dessa corrida e que

era virtual campeão quando cortou

a meta.

Com este triunfo, Hamilton junta-

se ao selecto grupo de bicampeões

mundiais, composto pelo italiano

Alberto Ascari (1952 e 1953), os

também britânicos Jim Clark (1963

e 1965) e Graham Hill (1962 e 1968),

o brasileiro Emerson Fittipaldi (1972

e 1974), o fi nlandês Mika Hakkinen

(1998 e 1999) e o espanhol Fernando

Alonso (2005 e 2006). A Mercedes

está igualmente em festa, juntando

o título de pilotos (o primeiro para

a equipa alemã desde o triunfo do

argentino Juan Manuel Fangio, em

1955) ao de construtores.

Lewis Hamilton festejou emocionado o segundo título da sua carreira

Corrida perfeita do piloto britânico em Abu Dhabi rendeu o 11.º triunfo da temporada e o bicampeonato. Nico Rosberg viu esfumar-se cedo o sonho do título e terminou, em difi culdades, na 14.º posição

Automobilismo Paulo Curado

“Na noite passada fi quei a pensar que amanhã [domingo] seria o grande dia, que poderia acontecer alguma coisa com o carro e o campeonato fi caria comprometido. Tentei arduamente concentrar-me em todas as coisas positivas”

CLASSIFICAÇÕES

GP de Abu Dhabi

Mundial de construtores

Campeões com mais títulos

Mundial de pilotos

1.º L. Hamilton Mercedes 1h39m02,619s

2.º F. Massa Williams a 2,5s

3.º V. Bottas Williams a 28,8s

4.º D. Ricciardo Red Bull a 37,2s

5.º J. Button McLaren a 1m00,3s

6.º N. Hulkenberg Force India a 1m02,1s

7.º S. Perez Force India a 1m11,0s

8.º S. Vettel Red Bull a 1m12,0s

9.º F. Alonso Ferrari a 1m25,8s

10.º K. Räikkönen Ferrari a 1m27,8s

11.º K. Magnussen McLaren a 1m30,3s

12.º J. Vergne Toro Rosso a 1m31,9s

13.º R. Grosjean Lotus a 1 volta

14.º N. Rosberg Mercedes a 1 volta

15.º E. Gutierrez Sauber a 1 volta

16.º A. Sutil Sauber a 1 volta

17.º W. Stevens Caterham a 1 volta

1.º Lewis Hamilton 384 pts2.º Nico Rosberg 3173.º Daniel Ricciardo 2384.º Valtteri Bottas 1865.º Sebastian Vettel 167

1.º Mercedes 701 pts2.º Red Bull 4053.º Williams 3204.º Ferrari 2165.º McLaren 181

* Os restantes concorrentes não seclassificaram

7

5

4

3

2

Michael Schumacher (Ale)

Juan Manuel Fangio (Arg)

Alain Prost (Fra), Sebastian Vettel (Ale)

Alberto Ascari (Ita), Jim Clark (Esc), Graham Hill (Ing), Emerson Fittipaldi (Bra), Mika Häkkinen (Fin), Fernando Alonso (Esp), Lewis Hamilton (Ing)

Jack Brabham (Aus), Jackie Stewart (Esc), Niki Lauda (Aut), Nelson Piquet (Bra), Ayrton Senna (Bra)

desapontado. A oportunidade [de

ser campeão] estava lá, mas tudo

correu mal. No fi nal, a minha corri-

da não fez diferença”, lamentou.

Na frente do pelotão, Hamilton

foi dilatando a diferença para o seu

colega de equipa, com o brasileiro

Filipe Massa a seguir atrás da dupla

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | DESPORTO | 41

ALEXANDRE RIBEIRO/NFACTOS

No jogo entre o V. Guimarães e o Sp. Braga foram mostrados 13 cartões

Sp. Braga vinga 2013 e deixa o rival de Guimarães fora da Taça de Portugal

Como tinha prometido Sérgio Con-

ceição, o Sporting de Braga conse-

guiu o primeiro triunfo da tempora-

da fora de portas ontem (2-1). E esta

é uma vitória especial por ser con-

seguida no terreno do seu rival de

sempre, o Vitória de Guimarães, e

em jogo da Taça de Portugal, deixan-

do o adversário fora da competição.

Num clássico de grandes emo-

ções, os bracarenses tiveram a feli-

cidade de ter feito dois golos em dois

minutos num momento de desnorte

do adversário e depois souberam so-

frer para garantir o apuramento.

Há quase dois anos, nos quartos-

de-fi nal da prova, as duas equipas

tinham-se defrontado no mesmo es-

tádio. Nessa altura, o Vitória venceu

por 2-1, após prolongamento, e deu

um passo decisivo para a conquista

da sua primeira Taça de Portugal.

Desta vez, o resultado foi o mesmo,

mas a favor dos “arsenalistas”.

O Vitória entrou no jogo como

uma equipa de ego insufl ado pela

boa temporada que está a realizar.

E essa confi ança passou para o rel-

vado. A formação da casa entrou

a mandar no jogo, explorando as

armas que lhe têm valido muitos

pontos nesta temporada. Foi assim

causando perigo junto da baliza de

Kritciuk, em remates de fora da área

de Hernâni (6’) e Alex (11’) ou, na se-

quência de um canto, por Saré (34’).

O Sp. Braga até tinha sido a pri-

meira equipa a criar perigo. Logo

ao segundo minuto, Éder atirou de

cabeça para a baliza vazia, depois de

uma má saída de Assis, mas a defesa

da casa conseguiu sacudir. Mas não

conseguiu voltar a mostrar-se na pri-

meira meia hora face ao futebol mais

apoiado e efi caz dos vitorianos.

Éder voltou a avisar aos 32 minu-

tos, num remate cruzado que saiu

ao lado. Depois disso, foi o excesso

de confi ança dos jovens treinados

por Rui Vitória que benefi ciou o Sp.

Braga, com uma sucessão de perdas

de bola que se revelou fatal.

Bruno Gaspar não foi lesto a des-

pachar a bola na defensiva e ela

acabou por chegar aos pés de Rafa.

O internacional português fez um

grande golo num remate forte e

colocado, de fora da área, estavam

jogados 39 minutos.

No lance seguinte, o Vitória po-

dia ter chegado ao empate, de bola

parada, mas Alex não deu a melhor

sequência à ocasião. No contra-ata-

que, Traoré não foi efi caz na inter-

cepção e, depois de um ressalto, a

bola chegou a Pardo que fez segun-

do golo bracarense.

A equipa da casa estava a jogar

melhor e Rui Vitória não quis mexer

ao intervalo. Aos cinco minutos do

segundo tempo, Hernâni, o melhor

em campo, não bateu com força su-

fi ciente na bola depois de ter fugido

a Goiano. Era o primeiro aviso do

extremo responsável pelo lance que

marcou a segunda parte: aos 70 mi-

nutos, voltou a fugir ao lateral do Sp.

Braga e foi carregado dentro da área.

Penálti para o Vitória (concretiza-

do por André André) e expulsão pa-

ra o homem do Sp. Braga. Com um

homem a mais, Rui Vitória apostou

tudo no ataque — terminou o jogo

com apenas dois defesas e cinco

avançados —, mas o Sp. Braga segu-

rou a vantagem até ao fi nal.

V. Guimarães 1André André 71’ (g.p.)

Sp. Braga 2Rafa 39’, Pardo 41’

Positivo/Negativo

Jogo no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães.

Assistência Cerca de 20.000 espectadores

V. Guimarães Assis, Bruno Gaspar, Josué a19’ (Crivellaro, 77’), João Afonso, Traoré (Álvez, 55’), Bouba Saré a73’, André André a88’, Bernard, Alex (Ricardo, 84’), Hernâni e Tomané a58’. Treinador Rui Vitória.

Sp. Braga Kritciuk, Baiano a22’, Santos a67’, André Pinto, Marcelo Goiano a60’ e 70’ a70’, Danilo, Pedro Tiba a36’, Rúben Micael a62’ (Pedro Santos, 75’ a80’), Rafa a50’ (Salvador Agra, 75’), Pardo e Éder a13’ (Sasso, 83’). Treinador Sérgio Conceição.

Árbitro Duarte Gomes (Lisboa)

HernâniFoi sempre uma flecha do lado direito do ataque vimaranense e a sua unidade mais produtiva em todo o encontro. Ganhou o lance do penálti e a expulsão de Goaiano e obrigou Conceição a ir reconstruindo a equipa para evitar que fosse por ali que o Sp. Braga cedia.

PardoFez um golo pleno de oportunidade, que foi crucial para o apuramento. Andou nas alas, ajudou a defender quando foi preciso, e acabou a ocupar o eixo do ataque na fase de maior aflição, nunca virando a cara à luta.

Laterais do VitóriaGaspar e Traoré ficam ligados à eliminação do vice-líder da Liga. Em dois lances consecutivos, não foram eficazes a aliviar bolas aparentemente fáceis e esses lances resultaram nos dois golos do Sp. Braga.

Crónica de jogoSamuel Silva

Domingos Paciência, treinador do V. Setúbal

O Oriental, da II Liga de futebol,

protagonizou ontem a única surpre-

sa da quarta eliminatória da Taça

de Portugal, ao vencer na recepção

ao Vitória de Setúbal, do primeiro

escalão, por 1-0.

Benefi ciando de um golo na pró-

pria baliza de François, aos 47 mi-

nutos, o Oriental qualifi cou-se para

os oitavos-de-fi nal da competição,

após um jogo em que foi claramen-

te superior ao Vitória de Setúbal.

A formação secundária entrou

melhor no encontro perante um

Vitória de Setúbal com muitas di-

fi culdades para assumir o jogo. O

Oriental mostrou vontade de sur-

preender a equipa comandada por

Domingos Paciência e, por duas

vezes, esteve perto de inaugurar o

marcador em remates de meia dis-

tância, que foram defendidos por

Ricardo Batista.

Aos 17 minutos, Valdo caminhou

meio relvado e disparou para uma

defesa difícil do guarda-redes sadi-

no, que voltou a estar em destaque

ao defender novo remate de fora

da área, desta feita efectuado por

Tiago Mota, aos 34.

Um minuto depois, Zequinha fez

o primeiro remate do Vitória, mas

a bola saiu por cima da baliza do

Oriental, que se batia de igual para

igual com a formação primodivi-

sionária.

Na segunda parte, o Oriental en-

Oriental elimina Vitória de Setúbale é o único“tomba-gigantes”

trou melhor e chegou ao golo aos

47 minutos, num lance em que o

defesa François introduziu a bola

na sua própria baliza.

O lateral João Pedro conduziu o

ataque pela esquerda, cruzou ras-

teiro para a grande área, e Fran-

çois, na tentativa de corte, acabou

por “trair” o guarda-redes Ricardo

Batista.

Quando se esperava uma respos-

ta por parte do Vitória de Setúbal,

foi o Oriental quem continuou a

atacar, dispondo das melhores

ocasiões de golo para ampliar a

contagem, todas elas negadas por

Ricardo Batista.

Aos 64 minutos, Tom tentou um

“golo olímpico”, obrigando o guar-

da-redes sadino a aplicar-se. Ricar-

do Batista voltaria a superiorizar-se

ao médio cabo-verdiano dois mi-

nutos mais tarde, ao defender um

remate cruzado.

O Vitória de Setúbal teve nos pés

de Dani o melhor lance para empa-

tar, aos 72’, mas Janota defendeu

o remate do médio, que viria a ser

expulso por acumulação de ama-

relos, aos 85’.

Nas outras partidas, o maior des-

taque vai para a goleada obtida pelo

Paços de Ferreira sobre o Riachen-

se. A equipa de Paulo Fonseca mos-

trou na Taça de Portugal que o bom

momento que atravessa no campe-

onato não é fruto do acaso.

Bem mais difícil foi o apuramento

do Gil Vicente. A equipa orientada

por José Mota, apesar de jogar em

casa e perante uma equipa de um

escalão inferior, precisou dos pe-

náltis para se superiorizar ao Var-

zim, mostrando que o último lugar

que ocupa na I Liga é um real sinal

de difi culdades.

Futebol

Um autogolo deu o triunfo à equipa da II Liga. Paços de Ferreira obteve a maior goleada da eliminatória

TAÇA DE PORTUGALSexta-feiraSp. Espinho-Sporting (I) 0-5SábadoAtlético (II)- Marítimo (I) 0-2Famalicão (CNS)-Fafe (CNS) 4-0Rio Ave (I)-Oliveirense (II) 2-0Trofense (II)-Belenenses (I) 0-5Benfica (I)-Moreirense (I) 4-1DomingoVieira (CNS)-Freamunde (II) 0-1Vizela (CNS)-Operário (CNS) 1-1 (4-2 g.p.)Santa Maria (CNS)-Santa Eulália (CNS) 2-1Nacional (I)-Ribeirão (CNS) 2-0Feirense (II)-Desportivo de Chaves (II) 0-2Paços de Ferreira (I)-Riachense (CNS) 9-0Penafiel (I)-Desportivo Aves (II) 1-0Gil Vicente (I)-Varzim (CNS) 1-1 (3-1 g.p.)Oriental (II)-V. Setúbal (I) 1-0V. Guimarães (I)-Sp. Braga (I) 1-2

Triunfo feliz dos bracarenses em Guimarães (2-1) num clássico de grandes emoções

42 | DESPORTO | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

O trintão Antonio Di Natale chegou aos 200 golos na Série A

OLIVIER MORIN/AFP

Antonio Di Natale, aqui numa partida contra o Sporting de Braga, no play-off da Liga dos Campeões

Quando comemorou o seu 30.º

aniversário, em Outubro de 2007,

Antonio Di Natale tinha “apenas” 48

golos marcados no principal campe-

onato italiano. Ontem, o internacio-

nal italiano, de 37 anos, chegou aos

200, um número signifi cativo.

Em média, o capitão da Udinese,

clube que representa desde 2004,

marca um golo a cada dois jogos

na Série A. A conta é fácil de fazer,

porque ontem foi o seu 400.º jogo

na prova. O avançado colocou a sua

equipa na frente do marcador antes

do intervalo com um bom remate,

mas o Chievo Verona conseguiu sair

de Udine com um ponto, graças a

um golo de Ivan Radovanovic a 15

minutos do fi m.

O goleador, que viveu os seus me-

lhores anos já depois dos 30, che-

gou a anunciar a sua reforma na

última época, mas depois mudou

de ideias. Em 2014-15, já soma sete

golos na Série A. Di Natale já anotou

182 golos na Série A pela Udinese,

clube em que está a cumprir a 11.ª

temporada e que ajudou a ter anos

serenos. A equipa de Udine nunca

ganhou o campeonato ou a Taça

de Itália na sua história. Os outros

18 foram registados ao serviço do

Empoli, em duas épocas. No cur-

riculum constam também 49 golos

distribuídos pelo segundo e terceiro

escalão italianos no início da car-

reira.

“Quero agradecer a todos os cole-

gas de equipa e treinadores que me

ajudaram a atingir este número”,

afi rmou Di Natale, que não colocou

de parte a hipótese de continuar a

jogar para lá desta temporada.

O recorde de golos no principal

campeonato transalpino pertence

há muito a Silvio Piola, com 290 go-

los. O homem que se segue ao avan-

çado campeão mundial pela Itália

em 1938 ainda está em actividade:

Francesco Totti regista 237 golos,

todos pela Roma. Seguem-se o sue-

co Gunnar Nordahl (225), Giuseppe

Meazza (216) e o italo-brasileiro Jo-

sé Altafi ni (216). Na sexta posição

aparece Roberto Baggio (205), que

poderá ser igualado em breve por Di

Natale, o sétimo com mais golos.

O atacante, que nas oito épocas

anteriores superou sempre a mar-

ca dos dez golos no campeonato,

sagrou-se melhor marcador da Série

A em 2009-10 (29) e 2010-11 (28). A

sua capacidade para marcar e assis-

tir os seus colegas também o levou

à selecção italiana, pela qual fez

42 jogos (11 golos) e participou no

Mundial 2010 e em dois Europeus

(2008 e 2012).

Ontem, também foi dia de Milan-

Inter, um derby que, na perspectiva

da luta pelo título, perdeu algum

signifi cado em Itália nos últimos

anos, por causa do momento me-

nos positivo das duas equipas. A

corrida pelo scudetto parece cada

vez mais uma corrida a dois entre

Juventus e Roma.

Ao fi m de 12 jornadas, Milan e

Inter parecem defi nitivamente ar-

redados dessas contas. Para não

destoar, atrasaram-se um ao outro

com o empate a uma bola. Primeiro

marcou o Milan, através do francês

Jérémy Ménez (23’). O Inter igualou

aos 61’, por intermédio do nigeriano

Joel Obi. O Milan está no 7.º lugar, a

13 pontos da líder e tricampeã Juve.

O Inter está ainda pior: 9.º, a 14.

Em Espanha, o Valência visitou

o rival da cidade, o Levante, e não

conseguiu evitar somar a segun-

da derrota no campeonato. Como

consequência do desaire por 2-1,

desceu de 3.º para 4.º, por troca

com o Atlético de Madrid, que ti-

nha vencido na véspera. A equipa

treinada por Nuno Espírito Santo

continua com 24 pontos, a dois do

campeão e a seis do comandante

Real Madrid.

Cruzeiro bicampeãoO Cruzeiro revalidou o título de

campeão brasileiro, ao vencer o

Goiás, por 2-1, Ricardo Goulart, aos

13’, e Everton Ribeiro, aos 63’, mar-

caram os golos da equipa de Belo

Horizonte. que festejou diante do

seu público, no Estádio Governador

Magalhães Pinto.

Samuel, aos 23’, marcou o golo

dos visitantes.

Com 76 pontos a duas jornadas

do fi m, o Cruzeiro já não pode ser

apanhado pelo São Paulo (69) e

conquistou assim o quarto título

da sua história, depois dos obtidos

em 1966, 2003 e 2013. O curriculum

do Cruzeiro apresenta ainda duas

Taças Libertadores e quatro Taças

do Brasil, além de muitos outros

títulos.

Aos 37 anos, o avançado italiano continua a ajudar a Udinese. No Brasil, o Cruzeiro está em festa: o clube de Belo Horizonte revalidou o título de campeão, que conquistou pela quarta vez na sua história

Futebol internacionalManuel Assunção

CLASSIFICAÇÕES

J V E D M-S P

INGLATERRA

Jornada 12Chelsea-West Bromwich Albion 2-0Everton-West Ham 2-1Leicester-Sunderland 0-0Manchester City-Swansea 2-1Newcastle-Queens Park Rangers 1-0Stoke-Burnley 1-2Arsenal-Manchester United 1-2Crystal Palace-Liverpool 3-1Hull-Tottenham 1-2Aston Villa-Southampton 20h, BTV2

Chelsea 12 10 2 0 30-11 32Southampton 11 8 1 2 23-5 25Manchester City 12 7 3 2 24-13 24Manchester United 12 5 4 3 19-15 19Newcastle 12 5 4 3 14-15 19West Ham 12 5 3 4 20-16 18Swansea City 12 5 3 4 16-13 18Arsenal 12 4 5 3 20-15 17Everton 12 4 5 3 22-19 17Tottenham 12 5 2 5 16-17 17Stoke City 12 4 3 5 13-15 15Liverpool 12 4 2 6 15-18 14West Bromwich 12 3 4 5 13-17 13Sunderland 12 2 7 3 12-19 13Crystal Palace 12 3 3 6 17-21 12Hull City 12 2 5 5 14-17 11Aston Villa 11 3 2 6 5-16 11Leicester City 12 2 4 6 11-18 10Burnley 12 2 4 6 8-20 10Queens Park Rangers 12 2 2 8 11-23 8

J V E D M-S P J V E D M-S P

ESPANHA FRANÇAJornada 12Athletic Bilbau-Espanyol 3-1Atlético de Madrid-Málaga 3-1Eibar-Real Madrid 0-4Barcelona-Sevilha 5-1Deportivo-Real Sociedad 0-0Rayo Vallecano-Celta de Vigo 1-0Levante-Valência 2-1Elche-Córdoba 2-2Villarreal-Getafe 2-1Granada-Almería 19h45

Jornada 14Metz-Paris Saint-Germain 2-3Bastia-Lyon 0-0Guingamp-Rennes 0-1Lorient-Lens 1-0Mónaco-Caen 2-2Nice-Stade de Reims 0-0Nantes-Saint-Étienne 0-0Montpellier-Toulouse 2-0Marselha-Bordéus 3-1Lille-Évian 7 Janeiro

Real Madrid 12 10 0 2 46-11 30Barcelona 12 9 1 2 30-6 28Atlético de Madrid 12 8 2 2 23-12 26Valência 12 7 3 2 24-11 24Sevilha 12 7 2 3 19-16 23Málaga 12 6 3 3 15-12 21Celta de Vigo 12 5 5 2 17-12 20Villarreal 12 5 3 4 17-14 18Athletic Bilbau 12 4 3 5 10-13 15Getafe 12 4 2 6 9-16 14Rayo Vallecano 12 4 2 6 15-24 14Eibar 12 3 4 5 13-19 13Levante 12 3 3 6 9-26 12Espanyol 12 2 5 5 12-16 11Real Sociedad 12 2 4 6 12-16 10Deportivo Corunha 12 2 4 6 12-21 10Granada 11 2 4 5 6-17 10Elche 12 2 4 6 12-24 10Almería 11 2 3 6 9-14 9Córdoba 12 0 7 5 10-20 7

Marselha 14 10 1 3 30-13 31Paris Saint-Germain 14 8 6 0 28-10 30Lyon 14 8 3 3 27-11 29Nantes 14 6 6 2 13-9 24Bordéus 14 7 3 4 21-18 24Saint-Étienne 14 6 5 3 13-12 23Rennes 14 6 4 4 16-14 22Mónaco 14 5 5 4 17-16 20Montpellier 14 6 2 6 13-13 20Stade de Reims 14 5 4 5 14-21 19Nice 14 5 3 6 17-19 18Metz 14 5 3 6 15-18 18Toulouse 14 5 2 7 17-19 17Lille 13 4 4 5 9-12 16Bastia 14 3 5 6 11-17 14Caen 14 3 4 7 17-19 13Lorient 14 4 1 9 11-17 13Évian 13 4 1 8 12-22 13Guingamp 14 4 0 10 10-25 12Lens 14 3 2 9 12-18 11

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | DESPORTO | 43

Numa partida emocionante até ao

apito fi nal, acabou por valer o golo

solitário do brasileiro Diogo para

o Sporting derrotar os espanhóis

do Inter Movistar e garantir o apu-

ramento para a fase fi nal da UEFA

Futsal Cup, equivalente à Liga dos

Campeões do futebol. O fi m do en-

contro trouxe uma explosão de ale-

gria entre os adeptos “leoninos” que

preencheram os 2100 lugares do Pa-

vilhão Multiusos de Odivelas, confi r-

mado o primeiro lugar dos lisboetas

no Grupo A da Ronda de Elite.

Mas foi preciso a equipa portugue-

sa sofrer bastante, especialmente

nos últimos segundos, quando o

campeão espanhol procurava de-

sesperadamente o empate, que eli-

minaria os “leões” (face à vantagem

na diferença entre golos marcados e

sofridos), chegando mesmo a atirar

uma bola ao poste. Com este triunfo

suado, o Sporting junta-se ao Dína-

mo de Moscovo, Barcelona e Kairat

na fi nal a quatro, onde estará pela

quarta vez no seu historial.

“Não me recordo de um lance no

jogo todo em que a nossa equipa se

tenha desconcentrado, que tenha

estado menos bem. Foi um dos as-

pectos fundamentais. Dei os para-

béns a todos eles, sem excepção,

por essa forma magnífi ca como jo-

garam”, referiu no fi nal da partida o

treinador Nuno Dias, sem esconder

alguma emoção.

Um golo bastou para o Sporting passarà fase final da UEFA Futsal Cup

Depois de uma primeira par-

te sem golos, com o Inter a trocar

bem a bola e a controlar os acon-

tecimentos, o Sporting regressou

mais determinado para a segunda

metade. Caio Japa e Alex deram os

primeiros avisos, mas seria Diogo,

aos 35’, a chegar ao golo, num rema-

te que ainda ressaltou num adversá-

rio antes de entrar na baliza. Foi a

primeira grande festa dos adeptos

em Odivelas.

Em desvantagem, os espanhóis,

que ainda não tinham sofrido golos

nas duas primeiras partidas (6-0 ao

Pro Varna e 4-0 ao Charleroi), pro-

curaram chegar à igualdade, mas o

conjunto lisboeta soube ser coeso a

defender a curta vantagem. O maior

susto surgiu a dez segundos do api-

to fi nal, quando o Inter acertou no

poste da baliza de Cristiano.

“Este golo tem um sabor muito

bom, inexplicável”, comentou Dio-

go pouco depois da confi rmação do

triunfo: “Nunca joguei numa fi nal

four e vou ter a oportunidade. É

uma sensação indescritível.”

A euforia dos jogadores “leoni-

nos” contrastava com o desânimo

de Jesús Velasco Tejada, treinador

dos campeões espanhóis. “Creio

que foi um detalhe que deu o jogo ao

Sporting, mas dou-lhes os parabéns,

creio que lutaram e que merecem”,

concluiu.

FutsalPaulo Curado

“Leões” batem Inter Movistar e juntam-se a D. Moscovo, Barcelona e Kairat na final a quatroA equipa suíça com a “saladeira”, a Taça Davis, nas mãos

Bruno de Carvalho juntou-se aos festejos dos jogadores do Sporting

Stan Wawrinka já o tinha projectado,

em Janeiro, ao conquistar o Open da

Austrália, mas faltava a rubrica de

Roger Federer para ofi cializar o Ano

da Suíça: o número dois do ranking

assinou uma exibição de grande ní-

vel para derrotar Richard Gasquet

na fi nal da Taça Davis e dar o ter-

ceiro ponto aos suíços, que assim

conquistaram o primeiro título na

centenária competição.

“Já tenho títulos sufi cientes na mi-

nha carreira, não preciso de preen-

cher alguns buracos em aberto. No

fi nal, este foi mais para os rapazes;

para o Seve e o Stan e a equipa e to-

dos os envolvidos”, frisou Federer,

de lágrimas nos olhos, reforçando

o espírito de equipa por detrás des-

ta conquista, na qual pontifi caram

igualmente o capitão Severin Luthi

e Wawrinka, vencedor do primeiro

singular, na sexta-feira, e parceiro

de Roger no par vitorioso de sába-

do. “Não consigo mostrar o quanto

estou agradecido ao Stan pelo em-

penho que ele colocou e por tudo o

que fez durante este fi m-de-semana”,

acrescentou mais tarde.

No primeiro singular do derradeiro

dia da fi nal, Federer serviu a um nível

excepcional, perdendo somente 14

pontos em 13 jogos de serviço e não

enfrentando qualquer break-point.

Gasquet jogou bem, mas nem o apoio

inequívoco dos milhares de compa-

Ano da Suíçacom a assinaturade Roger Federer

triotas presentes em Lille compen-

sou a falta de argumentos.

Uma semana depois de ter desis-

tido da jogar a fi nal do Masters de

Londres, devido a uma lesão nas

costas, Federer mostrou-se livre de

qualquer problema físico e exibiu um

ténis agressivo com amorties, como

o que lhe deu a vitória por 6-4, 6-2

e 6-2. E a concentração patenteada

durante uma hora e 52 minutos deu

lugar à emoção, partilhada por toda

a selecção da Suíça.

Federer encerrou a época com 85

encontros disputados (72 ganhos e

13 perdidos) — máximo este ano no

ATP World Tour —, cinco títulos e

pelo 10.º ano consecutivo no “top-

2”. O melhor suíço é também o 21.º

jogador dos 25 que já ocuparam o

primeiro lugar do ranking a triunfar

na Taça Davis.

Para Wawrinka, 2014 foi inesque-

cível, pois conquistou um primeiro

título do Grand Slam e a Taça Davis,

um feito só alcançado por Rafael

Nadal neste século — o último a con-

quistar o seu primeiro major e a Taça

Davis no mesmo ano foi Andre Agas-

si, em 1992. Já a Suíça é o 14.º país a

inscrever o nome na base da “saladei-

ra” de prata, o emblemático troféu

da competição criada em 1900.

Do outro lado, os franceses não

conseguiram esconder a desilusão

por perderem a terceira fi nal na pro-

va (após as de 2002 e 2010). “A quen-

te, penso que fi zemos tudo bem feito,

tanto eu como os jogadores, mas a

Suíça foi melhor do que nós. O que

nos falta são as vitórias regulares nos

grandes torneios. Parece pouco mas

também é muito”, frisou o capitão da

França, Arnaud Clément.

Agora, seguem-se seis semanas de

paragem no circuito profi ssional, até

ao início da época de 2015.

DENIS CHARLET/AFP

ENRIC VIVES-RUBIO

TénisPedro Keul

Suíços fazem história ao conquistar primeiro título na Taça Davis, enquanto os franceses adiaram pela terceira vez novo triunfo

14Foram os golos apontados pelo Sporting nesta fase de grupos, tendo sofrido cinco. Os “leões” somaram três triunfos e foram a equipa mais concretizadora.

Magnus Carlsen renovou o título de

campeão mundial absoluto de xa-

drez derrotando de novo o indiano

Viswanathan Anand, a quem tinha

arrebatado o ceptro há um ano. Tal

como em Chennai, também agora,

em Sochi, Carlsen, que tem apenas

23 anos, não necessitou das 12 par-

tidas previstas para vencer o con-

fronto, mas desta vez teve de se

esforçar muito mais.

De facto, comparativamente ao

confronto disputado na Índia, em

que Anand foi humilhado, com três

derrotas sem resposta nas dez par-

tidas disputadas, desta vez o india-

no surgiu muito melhor prepara-

do, tendo ripostado de imediato à

derrota sofrida na segunda ronda,

repondo a igualdade na partida se-

guinte.

O momento crucial do encontro

seria a sexta partida, quando o jo-

vem norueguês de 23 anos voltou

a vencer, numa partida em que,

por um instante, Anand poderia

ter conseguido o resultado inver-

so. Na altura o alívio manifestado

pelo norueguês foi bem evidente,

na conferência de imprensa que

se seguiu ao jogo, e este resultado

condicionaria a abordagem nas par-

tidas seguintes. Carlsen foi muito

mais conservador que o habitual,

enquanto Anand tentou complicar

as partidas procurando forçar um

erro do adversário.

Quatro empates consecutivos

punham Carlsen a um ponto do tí-

tulo, à falta de duas partidas e, na

11.ª, Anand arriscaria demasiado,

rendendo-se ao 45.º lance.

A fi nal de Sochi foi transmitida

em directo pelo canal público NRK

e conseguiu audiências idênticas às

do esqui nórdico e superiores às da

selecção de futebol, contribuindo

um pouco mais para a aura de es-

trela que Carlsen tem no seu país.

Carlsen de novo campeão do mundo

XadrezJorge Guimarães

O indiano Viswanathan Anand foi impotente para roubar o estatuto ao jovem xadrezista

O norueguês Magnus Carlsen tem apenas 23 anos, mas já revalidou o título de campeão do mundo de xadrez

44 | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

ESPAÇOPÚBLICO

EDITORIAL

CARTAS À DIRECTORA 24/11

Os dois caminhosda Justiça

Temos em cima da mesa o caso mais

grave da democracia portuguesa. Um

ex-primeiro-ministro foi detido pelas

autoridades judiciais no âmbito de

um inquérito que investiga suspeitas

de crimes de fraude fi scal, branqueamento

de capitais e corrupção. Ainda mal refeitos

das buscas e prisões de altos quadros da

Administração Pública e da demissão de

um ministro na sequência do escândalo dos

vistos gold, eis que outra vaga de detenções

acontece, com José Sócrates no epicentro

deste novo caso. Mas é preciso não esquecer

que não passaram ainda muitos meses desde

que o centro das atenções foi o banqueiro

do regime, que acabou por sair arguido

do Campus da Justiça sob a imposição

de uma caução milionária. Este tipo de

acontecimentos provoca sentimentos mistos:

Um pilar do Estado de direito não poder descer ao terreno da luta partidária

por um lado, a satisfação de se perceber que

o longo braço da lei não se inibe perante

ninguém; por outro, a incomodidade de

se constatar que nem sempre ao frenesim

da justiça correspondeu a descoberta da

verdade. Isto também acontece porque os

interesses são grandes e os mecanismos

de fi scalização e escrutínio são já muitas

vezes construídos com fragilidades úteis

para serem aproveitadas por quem tem a

informação necessária para as aproveitar.

A facilidade com que o dinheiro se desloca

e “foge” é inversamente proporcional à

capacidade da justiça para acompanhar esses

movimentos e cooperar entre si. Mas esse

não é, de todo, um problema da justiça, mas,

antes, um problema decisivo da política.

Estes epifenómenos de mediatização

da justiça, a que muitas vezes se seguem

períodos de refl uxo e de esvaziamento

dos casos que lhes dão origem, são

extremamente negativos, pois geram

sentimentos de frustração e de impunidade

que acabam por fragilizar a democracia. É

por isso que um processo destes não pode

falhar. Deve estar construído na base de

elementos de prova sólidos, obtidos através

de meios legais inequívocos e garantidos

os direitos de todos os envolvidos. Mas

temos que convir que não começou bem,

e não só porque, na hora da detenção,

lá estavam as câmaras televisivas para

garantir o espectáculo. Repare-se que só

se soube da existência de mais três detidos

depois de ser conhecida a situação de

José Sócrates. Mas desde há cerca de um

mês que circulavam informações sobre

a iminência da detenção do ex-primeiro-

ministro e corriam rumores dando conta

de investigações em curso. Também havia

teorias da conspiração para todos os

gostos e gente de mais a dar a entender ter

conhecimento de movimentações judiciais

que, à luz dos acontecimentos actuais, se

percebe terem extravasado as fronteiras

das diligências em curso. É absolutamente

relevante que esse tipo de informações

circulasse nos meios políticos e muitas

vezes fosse apresentada como forma de

atingir ou ser atingido no terreno da luta

partidária. A justiça deveria pensar bem

se quer ser parte nessa guerra ou se, pelo

contrário, consegue resistir a essa voragem

exibicionista e cumprir apenas o papel

fundamental que lhe compete no Estado

de direito.

Subvenções vitalícias aos ex-políticos!Só terem pensado na ideia e

ter sido expressa pública e

publicadamente de voltarem a ser

repostas as subvenções vitalícias

aos ex-políticos, fez arrepiar

todo o país que não foi, não é, e

espera nunca ser “político”. E isto

pela simples razão de que todos

nós, “não-políticos”, estamos a

sofrer na pele cortes em tudo,

a começar pela decadência do

país, e se podemos ser culpados

por “passividade” excessiva,

nunca o seremos por actividade

demasiada, dado “isso” competir

a todos os políticos que por lá

andam, andaram e se calhar,

se nada mudar, andarão. E não

há que ter medo de dizer que

só a ideia de “isto” ser possível

acontecer, esta reposição

acontecer, deveria fazer corar

todo e qualquer político. Mais

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

Email: [email protected]

Contactos do provedor do Leitor

Email: [email protected]

Telefone: 210 111 000

que não fosse, por continuarem a

não entender qual é a sua função,

e como a não estão a cumprir.

Não estão, por o país ir de mal a

pior, a cada dia que passa. Não

estão, por não terem conseguido/

sabido passar uma imagem de

credibilidade das políticas e dos

próprios políticos. Não estão,

por não terem dado, nunca,

justifi cações exactas, em tempo

certo, do que se estava a passar,

de facto, com o nosso país, e

por terem, sempre ou quase,

usada a táctica de nunca, nunca

assumirem culpas próprias, de as

atirarem preferencialmente para

todos os outros políticos. (...) De

facto, enquanto assim quiserem

continuar, o país não se vai

levantar, não vamos melhorar, não

vamos “dar a volta por cima”, e a

cada dia vamos menos acreditar

em política e em políticos. (...)

Augusto Küttner de Magalhães,

Porto

Podemos ou Oxalá?

Corre por aí a anedota que diz

que na Espanha há o Podemos

e que em Portugal vai haver o

Oxalá. Tem alguma graça porque

caracteriza bem a índole do povo

português, mas não deixa de

ter, implicitamente, uma crítica

aos novos movimentos que têm

surgido, ultimamente, no panorama

político português. A plataforma

anunciada, há dias, por Ana Drago

e Rui Tavares, entre outros, tem

na sua origem algo parecido com

o Podemos, mas não pode ser

confundida (...) A plataforma cidadã

(...) é um projeto de esquerda que

tem pernas para andar porque

vem ao encontro dos desejos de

uma grande franja do eleitorado

que está cansada da alternativa

entre os partidos ditos do arco

do poder e os partidos marxistas-

leninistas da extrema-esquerda. O

eleitorado português (...) precisa

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

de ter o seu tempo para conhecer

o projeto e para ganhar confi ança

nos seus protagonistas e por isso

de facto é este o “tempo para

avançar”. Muitas críticas vão surgir

de todos os quadrantes porque

este projeto traz grandes novidades

em termos de participação cívica

(...) Neste aspeto está bem longe

do culto da personalidade do

Podemos e da ambiguidade do seu

posicionamento ideológico (...)

Veremos se é desta vez que a voz da

cidadania se faz ouvir ao mais alto

nível político. Oxalá!

José Carlos Palha, Gaia

PÚBLICO ERROUO médico cardiologista que o

PÚBLICO ontem referiu, na

página 12, como genro de Almeida

Santos já não é casado com uma

das fi lhas do ex-presidente do PS.

Os dois divorciaram-se em 2005.

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | 45

BARTOON LUÍS AFONSO

O facto de ser filha do primeiro-ministro não a impediu de integrar as forças militares britânicas

Homenagem a Mary Churchill Soames

A notícia da detenção para

interrogatório do ex-primeiro-

ministro José Sócrates — à

chegada ao Aeroporto de

Lisboa, com pré-aviso à

imprensa — atingiu-me com

estupefacção em Londres.

Por mais poderosas que

sejam as razões — e muito

poderosas terão de ser —, é

difícil compreender tamanha exibição de

força e publicidade num Estado de direito

democrático. Mais preocupantes ainda

têm sido as incendiárias reacções, a favor

e contra, na chamada “blogosfera” — um

estabelecimento que frequento apenas

moderadamente.

Ao contrário dessa atmosfera

revolucionária, o evento que me

trouxe a Londres terá sido tudo menos

revolucionário: a homenagem a Lady (Mary

Churchill) Soames, fi lha mais nova de

Winston Churchill, que morreu com 91 anos

no dia 31 de Maio.

A cerimónia teve lugar na Abadia de

Westminster, na quinta-feira, pelas 12h,

com cerca de um milhar de pessoas — todas

previamente inscritas e credenciadas,

bem como submetidas a controlo de

metais à entrada. Apesar da envergadura

logística, tudo decorreu com a habitual

tranquilidade britânica: sem surpresas, nem

entusiasmos, nem ruídos de telemóvel ou

outros intrusivos instrumentos modernos,

incluindo câmaras de televisão.

Às 11h30, as pessoas tinham ocupado

os seus lugares. Começaram a chegar os

convidados ofi ciais, encabeçados pela

embaixadora de França, onde Mary Soames

tinha sido embaixatriz e a cuja Legião

de Honra pertencia. Às 11h55, entrou

o príncipe de Gales, em representação

da Rainha e do duque de Edimburgo,

acompanhado pela duquesa de Cornwall.

Às 12h em ponto, o coro de Westminster

deu início à cerimónia. Às 13h em ponto, os

sinos de Westminster tocaram a rebate. A

cerimónia terminara.

Mary Churchill Soames nasceu em 1922,

a fi llha mais nova de Winston e Clementine

Churchill. O facto de ser fi lha do primeiro-

ministro não a impediu de, com apenas 18

anos, ter sido uma das primeiras mulheres

a integrar as forças militares britânicas na

frente de batalha. Serviu em várias baterias

antiaéreas, designadamente no Hyde Park

de Londres, onde escapou por um triz a

um bombardeamento nazi. Participou nas

forças do D-Day e desempenhou missões

em Bruxelas e Hamburgo. Recebeu várias

condecorações por coragem em combate

e acompanhou o pai em vários encontros

marcantes — com Roosevelt e Staline, entre

outros.

Mary casou-se em 1947 com o capitão

Christopher Soames, mais tarde deputado

conservador, embaixador britânico em

Paris, comissário europeu em Bruxelas e

último governador da Rodésia. Depois da

morte do marido, em 1987, Mary prosseguiu

activa participação em associações

voluntárias de intervenção cívica.

Foi presidente do conselho de

administração do Winston Churchill

Memorial Trust entre 1991 e 2002.

Totalmente baseado em donativos privados,

este fundo foi criado em 1965 — ano da

morte de Churchill — para oferecer bolsas de

estudo a cidadãos britânicos que quisessem

estudar ou investigar no estrangeiro, na

condição de depois regressarem ao país.

Desde 1965, foram atribuídas 4950 bolsas

Winston Churchill, estando previstas mais

50 para o próximo ano — no cinquentenário

da morte de Churchill.

Mary Soames era também a “Patron” da

International Churchill Society/Churchill

Centre, outra instituição puramente privada

dedicada ao estudo e à divulgação da fi gura

e da obra de Winston Churchill. Foi aí

que a conheci, nas iniciativas da Churchill

Society, a que quase sempre presidia. Era

uma presença encantadora, despretensiosa,

bem humorada, mas com opiniões fortes

sobre muitos temas políticos — sobretudo se

tivessem alguma relação, ainda que remota,

com os seus pais.

Mary Soames escreveu, aliás, uma

excelente biografi a de sua mãe, Clementine

Churchill, que obteve em 1979 o Wolfson

Prize for History. Entre vários outros livros,

destaca-se em 1990

Winston Churchill:

His Life as a Painter,

e, em 1998, Speaking

for Themselves —

uma impressionante

colecção de cartas

entre Winston

e Clementine

Churchill.

Finalmente, um

livro absolutamente

incontornável é o de

2011: A Daughter’s

Tale: the Memoir of

Winston Churchill’s

Youngest Daughter.

Mary Soames

representava o

melhor de uma

velha tradição

britânica que

muitos receiam ter

caído em desuso: o espírito patriótico de

dever e serviço, exercido graciosamente,

discretamente, apenas para servir a causa

da liberdade ordeira sob a lei. Essa foi

sem dúvida a tradição que celebrámos na

quinta-feira, na Abadia de Westminster. Sem

publicidade, sem televisão, sem fotos para

“facebooks” e outras substâncias tóxicas da

presente era das celebridades mediáticas.

Mary Soames representava o melhor de uma velha tradição britânica do espírito patriótico

Professor universitário, IEP-UCP Escreve à segunda-feira

João Carlos EspadaCartas do Atlântico

Viva T.E. Hulme!

O artigo mais surpreendente

deste Outono é o de Patrick

McGuinness sobre T.E. Hulme

no TLS de 21 de Novembro. Para

quem só conhece Hulme como

poeta modernista e imagista,

elogiado por Ezra Pound e

morto em Flandres em 1917,

com 34 anos, é interessante

saber que era um democrata

conservador, céptico e realista, com opiniões

“do mal o menos” que continuam aplicáveis

até aos dias de hoje.

Hulme era um poeta que gostava de

andar à porrada (uma vez pendurou

Wyndham Lewis pelas bainhas das calças

por causa de uma coincidência amorosa).

Era um gorila letrado. Quando ele morreu, o

inteligentíssimo mas amoral Bertrand Russell

disse que era uma boa notícia porque Hulme

era “evil”. Hulme reconhecia que a ideia e

a prática da democracia liberal são gostos

desejáveis mas minoritários. Outras culturas

têm (grande surpresa!) noções diferentes de

progresso e de decadência.

Pound (tal como Eliot) é um grande poeta

cujo anti-semitismo entrou muito nalguns

poucos poemas deles. Wyndham Lewis era

um artista menor com espírito fascista e

Marinetti (que Hulme também combateu)

era um génio publicitário que tentou fazer

passar o fascismo, nostálgico e romanista,

por modernista. É preciso comprar o

último TLS (custa cinco euros) para ler o

maravilhoso artigo. Mas, caso não esteja para

isso, vá gratuitamente ao The TLS blog e leia

“T.E. Hulme’s ways of seeing” de Alan Jenkins.

Ouça também 15 minutos do mesmo autor a

falar de Hulme. Que sorte a nossa: viva T.E.

Hulme!

Miguel Esteves CardosoAinda ontem

46 | PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014

O Ministério da Saúde gastou menos recursos públicos, mas retirou mais dinheiro às famílias

As contas da Saúde

Em meados de Setembro, o

INE tornou públicas as contas

da Saúde, sob a forma de

conta-satélite, de publicação

trimestral, com os dados mais

recentes ainda provisórios.

Esta publicação regista a

evolução das prioridades de

fi nanciamento e despesa,

públicos e privados, permitindo

avaliar a política de saúde prosseguida.

Ela confi rma o defi nhamento do modelo

público do sistema de saúde defi nido na

Constituição.

A despesa corrente total em saúde,

pública e privada que havia subido, em

termos nominais, de 9,4% a 9,8% do

PIB, entre 2007 e 2010, baixou sempre a

partir de então, para 9,5% em 2011, 9,2%

em 2012 e 8,9% em 2013. Apesar de o

denominador, o PIB nominal, ter baixado

2,1% em 2011, 3,6% em 2012 e ter registado

uma pequena subida de 0,9% em 2013. Ou

seja, nos anos de 2011 e 2012, a redução

real do compromisso público com a saúde

foi ainda mais acentuada que o atrás

registado.

A que se deveu esta redução? A menor

despesa pública ou a menos gastos das

famílias? Claramente, a primeira explicação

predomina: nos quatro anos que

decorreram, entre 2010 e 2013, a despesa

corrente em saúde não só baixou mais

que o PIB, com a parte pública a descer

de 70% para 66% no total da despesa

corrente, enquanto a contribuição privada

aumentou, ainda que moderadamente, de

24,8% para 28,6. Em quatro anos, entre

2010 e 2013, a despesa corrente pública

em saúde, em termos nominais, perdeu

18,3 pontos da sua importância; a despesa

corrente privada baixou também, mas

apenas 1,6 pontos percentuais.

No que respeita à divisão da despesa

por agente fi nanciador, o SNS continua

a dominar, mas diminui de 59,5% em

2010, para 57,9% em 2013. A despesa

privada das famílias, pelo contrário,

aumentou de 24,8% para 28%, atingindo

32%, se incluirmos seguros privados (que

aumentam a sua importância de 3% para

3,5%), subsistemas de saúde privados,

fundos de Segurança Social e deduções à

colecta. A despesa corrente do SNS, em

termos nominais, baixou em 2011 e 2012,

8,7% e 7,9%, respectivamente, refl ectindo

uma redução de 7,9% e 9,1% da despesa

em hospitais públicos, de 11,4% e 14,1% em

ambulatório e ainda de 19,1% e 11,6% em

farmácias.

Se a análise partir do ano de 2007,

a despesa corrente em saúde, na sua

componente pública, reduziu-se em

quase cinco pontos percentuais do

total da despesa corrente em saúde. O

fi nanciamento pelo SNS, apesar de ter

diminuído em termos nominais, como a

redução do total foi maior, manteve a sua

posição relativa no conjunto da despesa

corrente em saúde, isto é, à volta de 58%. O

total da despesa privada das famílias subiu

de 27% para quase 32%. O destino destes

recursos foi o seguinte: na parte a cargo do

SNS, os hospitais públicos consumiram,

em seis anos, apenas mais 12% do que

consumiram em 2007. O ambulatório

reduziu o seu consumo em 4%, e as

farmácias em 5%. Ou seja, o sector público

prestador teve um

comportamento

de elevado mérito,

pelo prisma

da contenção

da despesa,

provavelmente à

custa de perda de

atributos.

Na parte a cargo

das famílias, os

hospitais privados

consumiram mais

50% entre 2007

e 2012, e a clínica

privada e meios

complementares

de diagnóstico

privados, mais

18%. Hospitais e

ambulatório público

retiraram às famílias

mais 31% e 37%,

devido ao aumento e rigorosa cobrança de

taxas moderadoras. Em compensação, nas

farmácias, tal como aconteceu com o SNS,

as famílias gastaram menos 8% nesses seis

anos.

Em resumo, não é possível culpar a

Saúde, em especial o SNS, de não ter

colaborado no ajustamento fi nanceiro. O

Ministério da Saúde gastou menos recursos

públicos, mas retirou mais dinheiro às

famílias. Uma política de redução de

preços nos medicamentos e meios de

diagnóstico serviu de compensação.

Redução de tabelas de prestadores

Não é possível culpar a Saúde, em especial o SNS, de não ter colaborado no ajustamento financeiro

Professor catedrático reformado.Escreve à segunda-feira

convencionados, restrições no transporte

de doentes, suborçamentação de hospitais

e ambulatório contribuíram largamente

para a contenção da despesa pública.

Reduções de recursos tiveram, certamente,

consequências na efectividade, efi ciência,

equidade, qualidade e produtividade no

sector público prestador, aumentando

a importância relativa do sector privado

hospitalar e de ambulatório. Importaria

analisá-las.

O multiplicador de Juncker

Esta semana, Juncker anuncia o pacote de 300 mil milhões de euros de investimentos adicionais para os próximos três anos. A nova agenda económica equivale a 0,8% do PIB da

União. 220 mil milhões destinam-se a infra-estruturas energéticas, transportes e digital e 80 mil milhões às PME. A Comissão aposta em baixo investimento público e na forte alavancagem do investimento privado. O novo Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos parte de 16 mil milhões de euros do orçamento da União, dados como garantia, e cinco mil milhões do BEI com capacidade que se espera mobilize os restantes capitais. O efeito multiplicador esperado é de um por cada 15, até atingir os

300 mil milhões. Os investidores privados são determinantes. Sem confi ança, com expectativas económicas revistas em baixa, com o falhanço das negociações do orçamento da União para 2015, o multiplicador corre o risco de ser irreal. É muito superior ao de anteriores co-investimentos, por exemplo, na compra de dívida soberana (2011) o factor foi um para cinco, quando se procedeu ao aumento da capacidade fi nanceira do BEI para 60 mil milhões de euros (2012) foi um para seis. A nova agenda económica exige volume e liquidez imediata. A fl exibilidade é necessária para que o garrote das regras orçamentais não asfi xie. Mas o contexto é deprimente: a política monetária parece esgotada, a taxa de juro baixa, a tender

para o zero; medidas não convencionais do BCE são insuficientes. Os socialistas europeus apresentaram outra solução. Um plano de investimento para 2015-2020, fi nanciado por um fundo — Instrumento Europeu de Investimento — com cem mil milhões de euros, reunido pelos Estados-membros e excluídos do défi ce e da dívida, com capacidade para mobilizar até 800 mil milhões. Os multiplicadores são mais prudentes, variam entre um para 1,25 e um para quatro. Retirar a Europa da estagnação, do desemprego elevado, da defl ação, do empobrecimento é urgente. O plano Juncker depende do compromisso, mas não pode ser um cheque em branco. João Ferreira da Cruz, economista

DANIEL ROCHA

António Correia de CamposTerra e Lua

PÚBLICO, SEG 24 NOV 2014 | 47

Por que não pode a Catalunha votar?

A dose, as farmácias e a desertificação

O direito ao voto é um dos

direitos mais valorizados por

qualquer democracia. Todos

os outros direitos são mais

ou menos consequência da

oportunidade que é dada aos

cidadãos para expressar a sua

opinião acerca de questões

importantes, através dos seus

votos.

Na Catalunha há uma abrangente maioria

de cidadãos que quer votar e decidir o futuro

político deste território no que respeita a

continuar parte de Espanha ou tornar-se um

Estado independente. Por esta razão, a 9 de

Novembro, 2.305.290 pessoas votaram num

processo participativo único e exemplar. Foi

único porque teve lugar, apesar da oposição

clara do Governo espanhol. Único também

porque foi realizado durante um ciberataque

profi ssional com intenções políticas claras

e que também colocou em risco os serviços

básicos prestados aos cidadãos pelo governo

catalão. E único porque o Governo espanhol

tentou, por todos os meios possíveis,

afugentar os cidadãos de votar através de

ameaças legais. Mas o voto foi exemplar

porque mais de 2,3 milhões de pessoas não

tiveram medo e, apesar das ameaças, foram

votar em números semelhantes à afl uência

nas recentes eleições para o Parlamento

Europeu, que foram organizadas sem

quaisquer obstáculos e com todo o apoio

ofi cial. Novos e velhos, pessoas nascidas

aqui e nascidas fora, todos com mais de

16 anos e residentes na Catalunha foram

convidados a expressar a sua opinião. Com

o voto, tal como é feito pelo mundo fora.

Foi exemplar porque as pessoas foram votar

com um sorriso nas suas caras e emoção

nos seus olhos, fossem avós de 90 anos

que viveram a Guerra Civil Espanhola, ou

jovens que só com algum esforço recordam

quem foi o ditador Franco. Foi exemplar

porque foi mais uma mobilização popular

pacífi ca, como poucas se podem encontrar

pelo mundo. Na sua declaração fi nal, uma

delegação de observadores internacionais

interpartidária afi rmou que “o voto foi bem

conduzido sob circunstâncias desafi antes”.

A dose foi uma das grandes

descobertas da ciência

farmacêutica em favor da

humanidade. Com a prata,

metal associado à saúde e

à purifi cação, os romanos

não cunharam só moedas,

mas também colheres para

administrar terapêuticas. No

Museu da Farmácia, em Lisboa,

podemos admirar outra arma revolucionária

contra a doença: um conta-gotas do século

I ou II, com origem na região do Sudoeste

Asiático onde hoje encontramos a Síria. As

civilizações antigas descobriram que a dose

e a duração de um tratamento são critérios

decisivos para alcançar a cura. E para

evitarmos a fronteira de todos os perigos, a

partir da qual um medicamento passa a ser

mais nocivo do que benéfi co. “A posologia

correcta diferencia o remédio do veneno”,

resumiu, no Renascimento, Paracelso,

considerado o fundador da toxicologia.

O conceito de dose, nos últimos

anos, foi referido algumas vezes na TV,

principalmente pelos economistas que

evitaram o discurso a preto e branco sobre

a austeridade. Mas, se reparamos bem, o

problema decisivo da dose, em regra, não

faz parte do debate político. As medidas,

ou as reformas, são “boas” ou “más”

consoante a fi liação ideológica e partidária

dos comentadores. É raro ouvirmos um

deputado da oposição dizer “essa medida

até era boa, senhor ministro, mas foi longe

de mais”.

Qualquer profi ssional de saúde sabe

que, em momentos de urgência, como o

da iminência de bancarrota, nem sempre

se pode respeitar a posologia. Perante um

doente afl ito, os médicos e enfermeiros mais

experientes sentem-se forçados a arriscar.

Em muitos casos, esse risco é recompensado

com a suprema alegria de mais uma vida

salva. Passado o momento crítico e resgatado

um doente que parecia condenado, em regra

volta-se a respeitar a dose farmacológica

indicada, que por alguma razão alcançou

o consenso científi co depois de anos de

ensaios clínicos. Uma dose exagerada pode,

em circunstâncias especiais, mostrar-se

acertada. Mas torna a ser inaceitável perante

a evidência de que está a ter efeitos tóxicos.

As farmácias sofreram uma dose

de austeridade seis vezes superior à

recomendada. No memorando da troika foi

previsto um corte de 50 milhões de euros no

sector, mas o corte real foi de 314 milhões.

Profundas razões culturais podem explicar

a aparente resignação dos farmacêuticos,

que não fi zeram greves nem manifestações.

Por um lado, as farmácias são micro e

pequenas empresas portuguesas. Para elas,

a falência de Portugal seria pior do que

A pergunta que todos fazem agora é

porque não podem os catalães votar num

referendo legal, tal como os realizados na

Escócia e no Quebeque. Somos cidadãos

de segunda categoria? Pelo respeito pelos

valores democráticos que partilhamos com

o resto da Europa, acredito que chegámos

ao ponto em que precisamos de fazer esta

pergunta para lá das nossas fronteiras e ir

além do ponto em que esta “é uma questão

interna para Espanha resolver”. Por que

não podem os catalães votar? Não estamos

a pedir que apoiem o “sim” ou o “não”,

mas apenas que o nosso direito a votar seja

reconhecido.

O presidente Rajoy e o Governo espanhol

repetem a mesma ideia sem fi m; que é ilegal

porque a Constituição espanhola o proíbe.

Não é verdade. A Constituição pode proibir

a secessão, mas não proíbe que se conheça

a opinião dos cidadãos sobre uma questão

tão importante como esta. Além disso, a

Constituição é na verdade apenas uma lei,

muito importante,

mas mesmo assim

uma lei. E para

funcionarem bem,

as leis são feitas para

servirem os cidadãos

e não o oposto.

Na Catalunha

fi caríamos muito

agradados por ver o

Governo espanhol

utilizar uma

campanha como a

que o Reino Unido

fez com a “Better

Together” antes do

referendo escocês,

em que tentasse

persuadir-nos a

continuar como

parte de Espanha.

Mas em vez disso

temos um Governo que despreza e ameaça

a Catalunha, que, além disso, designa uma

das maiores mobilizações públicas a ter

lugar na Europa como “uma farsa inútil”

e “antidemocrática”. Como é óbvio, isto

apenas faz aumentar o número de pessoas a

favor da independência.

A Catalunha é um país antigo, uma nação

obstinada e resistente, que lutou para

manter a sua língua, cultura e identidade,

assim como um desejo de autogoverno

no quadro de uma União Europeia mais

integrada. Agora, estamos decididos a ter um

voto defi nitivo sobre o nosso futuro, que não

pode ser uma consulta não vinculativa, mas

um referendo como o da Escócia ou o do

Quebeque. Não queremos magoar ninguém,

muito menos os nossos vizinhos espanhóis.

Mas a Catalunha merece uma resposta, e que

essa resposta seja na forma de um boletim

de voto e de uma urna eleitoral.

qualquer terapia. Por outro, a maioria das

farmácias continua a ser o negócio familiar

de farmacêuticos, profi ssionais com pelo

menos cinco anos de formação universitária

e 40 anos de serviço inovador à sociedade

portuguesa. Os farmacêuticos portugueses

acreditam no futuro e confi am que a

evidência tem sempre consequências.

Como alertou o Banco Mundial, num

relatório de Outubro de 2013, a austeridade

seis vezes superior à dose indicada pela

troika introduziu em Portugal o risco, inédito,

de “ruptura da rede de farmácias”. Nas

contas da Universidade de Aveiro, 2414 das

2915 farmácias portuguesas deram prejuízo

em 2012, o que corresponde a 83% da rede.

As 415 farmácias mais pequenas têm, em

média, 50 mil euros de prejuízo anual por

manterem a porta aberta. Ora, muitas dessas

farmácias são o serviço de saúde que resta às

populações, rurais ou urbanas, mais isoladas

e desfavorecidas. Na última década fecharam,

em Portugal, 763 extensões de centros de

saúde e 200 serviços

de atendimento

permanente ou de

urgência básica.

Desapareceram,

também, 1330 postos

dos correios e três

em cada quatro

escolas do primeiro

ciclo, as antigas

escolas primárias.

O sociólogo

António Barreto

sempre defendeu

que o

despovoamento

e a concentração

de serviços são

fenómenos próprios

do desenvolvimento

económico, mas

também alertou para

o problema da dose. “Os ministérios perdem

a cabeça, os directores-gerais perdem a

cabeça e em vez de quatro escolas é dez,

depois em vez de dez são 20, depois das 20

passa a 40, e depois não se repara, não se

faz a diferença”, declarou, numa recente

entrevista ao Diário de Notícias.

É evidente que Portugal, para dar a

volta ao envelhecimento da população e

à desertifi cação do território, tem de criar

condições para que os portugueses possam

constituir família, ter iniciativa empresarial

e emprego. As farmácias são a maior — e

melhor distribuída — rede de combate à

desertifi cação. O facto de serem o serviço de

saúde mais próximo da esmagadora maioria

dos portugueses tem de ser aproveitado.

Com urgência, porque nenhuma pequena

empresa resiste a 50 mil euros de prejuízo

por ano.

Muitas farmácias são o serviço de saúde que resta às populações

A Constituição é na verdade apenas uma lei, muito importante, mas mesmo assim uma lei

Presidente do governo da CatalunhaPresidente da Associação Nacional das Farmácias

PAUL HANNA/REUTERS

Debate SaúdeDebate ReferendoPaulo Cleto DuarteArtur Mas

d240c6ed-b7c1-47e7-b498-8d2792bce2bf

CONSOANTE MUDA

Terra incógnita

Tenho saudades do tempo

em que sorria ao ler

outros cronistas escrever

sobre o fi m do regime.

Sorria porque os achava

exagerados, e hoje eu uso

as mesmas palavras esperando

estar a exagerar.

Mas não há como minimizar o

que se passou este fi m-de-semana.

A detenção e interrogatório

do ex-primeiro-ministro José

Sócrates, com o tipo de suspeitas

de que ele é alvo, põem um

enorme peso sobre o sistema

político e o sistema judicial. Muito

difi cilmente sairá incólume um,

ou o outro, ou ambos.

Entramos em terra incógnita. As

frases começam todas por se: “Se

isto for verdade”, diz-se, “se isto

não for verdade”, acrescenta-se –

e assim será durante algum tempo

ainda. Mas de algumas coisas

podemos já estar certos.

Estava fora do país quando

soube da detenção de Sócrates,

e tive no sábado de manhã um

primeiro indício do que isto

pode provocar a um país ao

tentar responder às perguntas de

estrangeiros sobre o que se estava

a passar em Portugal. Há uma

carga injusta de humilhação e

Rui Tavares

vergonha que só será ultrapassada

se o país, as suas instituições,

os seus magistrados, os seus

políticos, os seus jornalistas e

os seus cidadãos souberem ser

exemplares.

Dá-me confi ança no futuro

próximo o facto de

Portugal não viver uma

crise constitucional como

a que vive Espanha, e

ter sobre o regime o tipo

de consenso que nos faltou, por

exemplo, na I República.

Há muitas coisas no nosso

país que não estão bem, mas

não temos uma Constituição

que nos impeça de as encarar

(como em Espanha com a

questão da monarquia ou

das independências). A

nossa Constituição tem sido

sufi cientemente fl exível para

permitir vários tipos de governo,

todos os tipos de debates, e ainda

assim sufi cientemente sólida para

nos proteger e se legitimar. O

modelo semipresidencial, mesmo

que vago e ambivalente, durou o

sufi ciente para ser interiorizado

por toda a gente e não constituir

obstáculo para o país (ao contrário

da I República, que deu guinadas

sucessivas entre parlamentarismo

e presidencialismo).

Os portugueses gostam do

regime saído do 25 de Abril de

1974. Querem melhorá-lo, querem

que os partidos, a justiça e o

debate público estejam à altura

das exigências da cidadania e

das necessidades dos tempos

presentes, sentem que a realidade

concreta das práticas políticas,

judiciais e jornalísticas no país

deixam por vezes muito a desejar,

mas não há uma proporção

considerável da população (ao

contrário, por exemplo, da

França) que deseje o colapso do

regime.

Pode então ser que as suspeitas

que recaem sobre José Sócrates

venham a encontrar o seu lugar

devido na nossa história – que

não será pequeno –, sem porem

em causa o que conquistámos

em democracia. As primeiras

declarações de partidos e

responsáveis políticos foram, na

sua maioria, auspiciosas, dizendo

que respeitariam o princípio da

presunção de inocência e que

deixariam a justiça trabalhar. Mas

também já há alguns maus sinais:

julgamentos na praça pública,

câmaras de televisão para fi lmar

detenções, processos de intenção

sobre a oportunidade ou agenda

dos procedimentos judiciais,

jornalistas que pontifi cam

certezas onde há dúvidas, e

um ou outro político que se

entusiasma por ver o circo pegar

fogo.

A palavra-chave, em terra

incógnita, é responsabilidade. A

lição que os curtos 16 anos da I

República tem para nos dar é que

os regimes acabam minados por

dentro.

Historiador e dirigente do Livre

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ESCRITO NA PEDRA

“Só aquele que não está a remar é que tem tempo para balançar o barco” Jean-Paul Sartre, (1905-1980), filósofo e escritor francês

SEG 24 NOV 2014

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Numa instituição na Grécia, crianças são alimentadas através das grades p26

Ganha força a opção de prolongar o diálogo. Prazo expira hoje p24

Eleição de Costa, de origem brâmane católica, não é vitória sobre o racismo p10/12

Crianças com deficiências fechadas em jaulas

Negociações nucleares no Irão sem acordo à vista

António Costa, um político para alémda cor da pele

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10.700.000€1.º Prémio

SOBE E DESCE

Lewis Hamilton

Aos 29 anos, o piloto britânico saboreou ontem, pela segunda

vez, o travo da conquista do título de campeão mundial de F1. Lewis Hamilton, que chegou a Abu Dhabi como líder da classificação, venceu a derradeira corrida da época, não deixando dúvidas de que o título estava bem entregue. Depois de cortar a linha de meta, o mais recente bicampeão do mundo teve direito a ouvir, via rádio, pela boca do príncipe Harry, quarto na linha sucessória da coroa britânica: “És uma lenda.” (Pág. 40)

Roger Federer

Durante a já longa, mas vitoriosa carreira do tenista suíço, poucos

eram os troféus que lhe tinham escapado. Um deles era a Taça Davis, competição na qual Roger Federer não dependia

apenas de si. Mas nem esta prova disputada por selecções nacionais escapou ao tenista helvético que, ontem, permitiu à Suíça conquistar a sua primeira “saladeira”, vencendo o seu encontro. Agora, só lhe falta o ouro olímpico. (Pág. 43)

Paulo Macedo

A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados tem vindo

a aumentar o número de camas disponíveis, mas faltam enfermeiros, profissionais especializados na reabilitação e uma aposta mais sustentada nos cuidados domiciliários. Um estudo da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros conclui que faltam 1779 enfermeiros nas 117 unidades desta zona. Além disso, o número de profissionais especializados em reabilitação ainda é muito baixo. (Pág. 14/15)

Benjamin Netanyahu

A lei que define Israel como um Estado judaico e que discrimina 17%

da sua população, que é a comunidade árabe, está ainda sob a forma de proposta a levar ao Parlamento israelita. Mas mesmo que acabe numa versão mais suave, a ser redigida pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, tem tudo para aumentar a tensão vivida no país, numa altura em que se sucedem os episódios de violência em Jerusalém. (Pág. 27)

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