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A Revista Interdisciplinar, criada em outubro de 2008, órgão oficial de divulgação da Faculdade NOVAFAPI, com periodicidade trimestral, tem a finalidade de divulgar a produção científica das diferentes áreas do saber que seja de interesse das áreas da saúde, ciências humanas e tecnológicas.

The Interdisciplinary Journal, founded in October of 2008, is the official publishing organ for NOVAFAPI School with publication every three months and has the objective of making public the scientific production in different areas of knowledge that are of interest to health areas, human sciences and technology.

La revista interdisciplinar, creada en Octubre de 2008, órgano oficial de divulgación de la Facultad NOVAFAPI, con periodicidad trimestral, tiene la finalidad de propagar la producción científica de las diferentes áreas del saber que sea de interés de las áreas de la salud, ciencias humanas y tecnológicas.

COMISSÃO DE PUBLICAÇÃOPUBLISHING COMMITTEE/COMISIÓN DE PUBLICACIÓN

Diretora/Head/DirectoraCristina Maria Miranda de Sousa

Editora Científica/Scientific Editor/Redactor CientíficoMaria Eliete Batista Moura

[email protected]

Editor Associado/Associate Editor/Redactor AsociadoClaudete Ferreira de Souza Monteiro

Membros/Members/MiembrosAna Maria Ribeiro dos Santos

Fabrício Ibiapina Tapety

CONSELHO EDITORIALEDITORIAL BOARD/CONSEJO EDITORIAL

Ana Maria Escoval SilvaUniversidade Nova de Lisboa - Portugal

Antônia Oliveira Silva UFPB

Adriana Castelo Branco de Siqueira UFPI

Carlos Alberto Monteiro FalcãoFaculdade NOVAFAPI

Eucário Leite Monteiro AlvesFaculdade NOVAFAPI

Gerardo Vasconcelos MesquitaFaculdade NOVAFAPI/UFPI

Gillian Santana de Carvalho MendesFaculdade NOVAFAPI

Luis Fernando Rangel TuraUFRJMaria do Carmo de Carvalho MartinsFaculdade NOVAFAPI/UFPI Maria do Socorro Costa Feitosa AlvesUFRNJosé Nazareno Pearce de Oliveira Brito Faculdade NOVAFAPI Norma Sueli Marques da Costa AlbertoFaculdade NOVAFAPIPaulo Henrique da Costa PinheiroFaculdade NOVAFAPIRoberto A. MedronhoUFRJ

REVISTA INTERDISCIPLINAR

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Telma Maria Evangelista de AraújoFaculdade NOVAFAPI/UFPI

Bibliotecário/Librarian/Bibliotecario:Secretária/Secretary/Secretaria:

Capa/Cover/Capa:Editoração/Lay-out/Diagramación:

Tiragem/Number of Issues/Tiraja:Projeto/Project/Projecto:

Endereço/Mail adress/Dirección: Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123 • Bairro Uruguai • 64057-100 • Teresina • Piauí • BrasilWeb site: www.novafapi.com.br • E-mail: [email protected]

Yúla Pires da Silveira Fontenele de MenesesFaculdade NOVAFAPI

Francisco Renato Sampaio da SilvaElizângela de Jesus Oliveira de Sousa VieiraPrimeira Imagem - www.pimagem.com.brPrimeira Imagem - www.pimagem.com.br200 exemplaresFaculdade NOVAFAPI

R454 Revista Interdisciplinar [publicação da] Faculdade NOVAFAPI. Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação v.4, n. 2, 2011. Teresina: Faculdade NOVAFAPI, 2011

Trimestral ISSN 1983-9413

Saúde Ciências Humanas Tecnologia CDD 613.06

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SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO

EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL

Trauma no idoso: uma responsabilidade no cuidar em enfermagem ................................................................... 5Trauma in the elderly: a responsibility in nursing care

Trauma en el anciano: una responsabilidad en el cuidado de enfermería

Ana Maria Ribeiro dos Santos

PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN

A assistência de enfermagem perioperatória e a satisfação do paciente .................................................9Operative nursig assistance and patient satisfaction

Un assistência de enfermagem perioperatória e a satisfação hace paciente

Maria Zélia de Araújo Madeira, Érika Farias Veloso de Oliveira, Nicole Pereira, Paula de Carvalho Martins, Fernando José Guedes da Silva Júnior

A percepção da equipe de enfermagem sobre a dor do recém-nascido ................................................. 16Perceptions of nursing staff on the pain of newborn

Percepción del personal de enfermería en el dolor de recién nacido

Mayara Caicy de Sousa Paixão, Thatiana Araújo Maranhão, Belisa Maria da Silva Melo, Taiane Soares Vieira, Claudete Ferreira de Souza Monteiro

A visita domiciliar do enfermeiro à puérpera e ao recém-nascido ........................................................................21The home visits of nurses to given birth and to the newborn

Las visitas domiciliarias de las enfermeras y de dar a luz al recién nacido

Tânia Maria Melo Rodrigues, Lídia Maria Oliveira do Vale, Raimunda Andréa Rodrigues Leitão, Rhavena Maria Oliveira da Silva, Silvana Santiago da Rocha, José Ivo dos Santos Pedrosa

Análise do conhecimento das mulheres sobre a prevenção do câncer de mama .................................. 27Analysis of women´s knowledge about the prevention of breast cancer

Análisis del conocimiento de las mujeres sobre la prevención del cáncer de mama

Denise Soares Valente, Sônia Maria dos Santos Carvalho

Experiência de mães no cuidado com filhos autistas ................................................................................ 35The experience of mothers in the care of autistic children

Experiencia de las madres con el cuidado de los hijos autistas

Alcineide Mendes de Sousa, Mariza Ozório da Rocha, Walérye Cavalcante Santos

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI • Teresina-PIISSN 1983-9413

v. 4, n. 2, 2011.

SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO

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SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO

Avaliação da qualidade da assistência pré-natal prestada às gestantes usuárias do sistema único de saúde 40Quality evaluation of prenatal care provided to pregnant women of national health system

Evaluación de la calidad de la atención prenatal proporcionada a las mujeres embarazadas usuarias del sistema de salud

Lia Andréa Costa da Fonsêca, Liceana Barbosa de Pádua, João de Deus Valadares Neto

Caracterização sóciodemográfica das mães dos recém-nascidos admitidos na UTI de uma materni-dade pública de Teresina-PI .......................................................................................................................... 46Socio demographic newborns’ mothers admitted to the ICU of a public maternity hospital in Teresina-PI

Socio demográficos madres de los recién nacidos ingresados en la UCI de maternidad pública de Teresina-PI

Carla Danielle Silva Ribeiro, Joseane Cléia Oliveira de Sousa, Karla Joelma Bezerra Cunha, Tatiana Melo Guimarães Santos, Maria Eliete Batista Moura

Comunicação em enfermagem no aconselhamento em amamentação: ênfase na observação sistemática ..................................................................................................................................................... 51Communication in nursing during the breastfeeding counseling: focus on systematic observation

Comunicación en enfermería de enfermería en ningún consejo: focus on observación sistemática

Lorena Sousa Soares, Grazielle Roberta Freitas da Silva, Márcia Teles de Oliveira Gouveia, Erlayne Camapum Brandão

Condutas adotadas pelos profissionais de enfermagem após acidentes com materiais perfurocortantes .. 58Conduct adopted by nursing professionals after accidents sharps materials

Conducta adoptados por los profesionales de enfermería después de los accidentes con objetos punzantes

Lidiane Monte Lima, Francisco Braz Milanez Oliveira, Maria Eliete Batista Moura, Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes, Cinara Maria Feitosa Beleza

Diagnóstico sorológico de infecção por human lymphotropic cell-t vírus types 1 and 2 (HTLV) em pacientes com malária .................................................................................................................................. 63Serological diagnosis of infection for human lymphotropic cell-t vírus types 1 and 2 (HTLV) in patients with malaria

Diagnóstico serológico de infección por HTLV-1 / 2 en pacientes con malaria

Fabiana Teixeira de Carvalho, Aline Barreto dos Santos, Rita do Socorro Uchôa da Silva, Ricardo Ishak, Antonio Carlos R. Vallinoto

Auto-exame das mamas: conhecimento e prática entre estudantes de medicina de uma instituição privada de ensino de Teresina, PI ................................................................................................................. 68Breast self-examination: knowledge and practice among medical students at a private university in Teresina, PI

Autoexamen de las mamas: conocimiento y práctica entre estudiantes de medicina de una instituición particular de enseñanza de Teresina, PI

João de Deus Valadares Neto, Lara Bona da Paz

REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN

Assistência de enfermagem a pacientes vítimas de queimaduras: uma revisão da literatura ............. 74Nursing care to patients victims of burns: a review of the literature

Asistencia de enfermeria a pacientes victimas de quemaduras: una revisión de literatura

Johnata da Cruz Matos, Fabrícia Castelo Branco de Andrade, Maria Zélia Araújo Madeira

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO ..............................................................................................................................................................79

PUBLISHING NORMS ............................................................................................................................................................................82

NORMAS PARA PUBLICACIÓN.............................................................................................................................................................85

FICHA DE ASSINATURA ........................................................................................................................................................................88

SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO

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EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.5, Jan-Fev-Mar. 2011.

EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL

Ana Maria Ribeiro dos SantosDocente da Faculdade NOVAFAPI e da UFPI.

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em

Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem

de Ribeirão Preto/Universidade de São Paulo.

anasantos@ ufpi.edu.br

O processo de envelhecimento tornou-se um desafio mundial consequente ao crescimento da população idosa no mundo, estimado pela Organização Mundial de Saúde (2005), em dois bi-lhões de pessoas no ano de 2050, concentrando-se 80% nos países em desenvolvimento. No Brasil, esse fenômeno manifesta-se de forma rápida e com diferenças entre as regiões do País, projetando--se para 2020, segundo Camarano, Kanso e Melo (2004), uma população de 30,9 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o que representará 14% da população brasileira.

Paralelo a isso, Biazin e Rodrigues (2008) afirmam que a prevalência do trauma em idosos aumentou de forma significativa nos últimos anos, especialmente nos grandes centros urbanos. Embora pesquisas desenvolvidas no País evidenciem que a mortalidade por causas externas con-centra-se no adulto jovem, os acidentes de trânsito representam fenômeno digno de investigação na população idosa, pois ocuparam a terceira ou quarta posição entre as causas de óbito, no período de 1998 a 2002. Além disso, há estimativas de que, em meados do século XXI, esta referida popula-ção representará cerca de 40% das pessoas acometidas pelo trauma.

Grande parte dos traumas presentes na população geriátrica relaciona-se à vulnerabilidade dos idosos aos acidentes e violências devido as deficiências próprias da senescência e por necessita-rem desenvolver atividades cotidianas nos espaços públicos, muitos deles ainda inadequados, o que os expõe a tais eventos mais intensamente.

O trauma aumenta a freqüência de internações de idosos em hospitais e, em decorrência das comorbidades associadas, aumenta a sua permanência em unidades de terapia intensiva, resultan-do em custo maior do que os demais pacientes de outras faixas etárias.

Em Teresina, estudo que identificou a mortalidade por causas externas em idosos no período de 2005 a 2007, evidenciou que dentre os óbitos por causas externas acidentais destacaram-se os acidentes de transporte, representando 46,3% do total dessas causas nos anos estudados, seguidos das outras causas externas de lesões acidentais, dentre elas as quedas, que corresponderam a 24,5%, número também significativo.

Nesse sentido, embora se reconheça que as políticas de saúde devam contemplar todo o ciclo da vida, é preciso reforçar que os idosos possuem demandas específicas e diferenciadas que necessitam de atenção e cuidado especiais da enfermagem a fim de promover um envelhecimento ativo e saudável.

Assim, é necessário incentivar e promover pesquisas sobre as questões ligadas ao envelhecimento. Os profissionais de enfermagem

envolvidos no cuidado aos idosos desempenham importante papel no diagnóstico dos aspectos fisiológicos e fatores de risco a que essa população está exposta, como também no planejamento e implementação de estratégias de proteção e prevenção contra tal agravo nesse grupo etário es-pecífico.

Trauma no idoso: uma responsabilidade no cuidar em enfermagem

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EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.6 Jan-Fev-Mar. 2011.

The aging process has become a global challenge to the consequent growth of the elderly population in the world, estimated by the World Health Organization (2005), in two billion people in 2050, concentrating 80% in developing countries. In Brazil, this phenomenon manifests itself quickly and with differences between regions of the country, projecting to 2020, Camarano, Kansas and Melo (2004), a population of 30.9 million people over 60 years , which represent 14% of population.

Parallel to this, Biazin and Rodrigues (2008) argue that the prevalence of trauma in the elder-ly has increased significantly in recent years, especially in large urban centers. Although research conducted in the country show clearly that mortality from external causes is concentrated in young adults, traffic accidents represent a phenomenon worthy of investigation in the elderly, as they occu-pied the third or fourth among the causes of death in the period 1998 to 2002. Moreover, estimates that in mid-century, this population represents about 40% of people affected by trauma.

Most of these injuries in the geriatric population is related to the vulnerability of older people from accidents and violence due to the inherent deficiencies of senescence and need to develop daily activities in public spaces, many of them still inadequate, and exposes them to such events more intensely.

Trauma increases the frequency of hospitalization of the elderly in hospitals and, due to co-morbidities, increases their stay in intensive care units, resulting in greater cost than the other pa-tients in other age groups.

In Teresina, a study that identified the mortality from external causes in the elderly in the pe-riod 2005 to 2007, showed that among the external causes of accidental deaths stood out transport accidents, accounting for 46.3% of these causes in the years studied, followed by other external causes of accidental injury, among them the falls, which accounted for 24.5%, also significant.

In this sense, although it is recognized that health policies should cover the entire cycle of life, we must emphasize that the elderly have specific and differentiated demands that require special attention and nursing care to promote an active and healthy aging.

Thus, it is necessary to encourage and promote research on aging issues. Nurses involved in caring for the elderly play an important role in the diagnosis of the physiological aspects and risk factors to which the population is exposed, as well as in planning and implementing strategies to protect against such injury and prevention in this specific age group.

Trauma in the elderly: a responsibility in nursing care

Ana Maria Ribeiro dos SantosCollege Professor NOVAFAPI and UFPI. PhD student

through the Program Graduate Nursing Fundamental

Nursing School of Ribeirão Preto / University of Sao

Paulo. E-mail: anasantos@ ufpi.edu.br

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EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p7 Jan-Fev-Mar. 2011.

Ana Maria Ribeiro dos SantosDocente de la Facultad NOVAFAPI y de la UFPI.

Estudiante de Doctorado por el Programa de

Posgrado en Enfermería de Escuela Primaria de

Enfermería de Ribeirão Preto / Universidad de São

Paulo. E-mail: anasantos@ ufpi.edu.br

El proceso de envejecimiento se ha convertido en un desafío global para el consiguiente crecimiento de la población de edad avanzada en el mundo, estimado por la Organización Mundial de la Salud (2005), en dos mil millones de personas en 2050, concentrando el 80% en los países en desarrollo. En Brasil, este fenómeno se manifiesta de forma rápida y con diferencias entre las regiones del país, con una proyección al 2020, Camarano, Kansas y Melo (2004), una población de 30,9 millo-nes de personas mayores de 60 años , que representan el 14% de la población.

Paralelo a esto, Biazin y Rodrigues (2008) sostienen que la prevalencia de trauma en las per-sonas mayores se ha incrementado significativamente en los últimos años, especialmente en los grandes centros urbanos. A pesar de las investigaciones realizadas en el país muestran claramente que la mortalidad por causas externas se concentra en los adultos jóvenes, los accidentes de tráfico representan un fenómeno digno de investigación en los ancianos, ya que ocupa el tercer o cuarto lugar entre las causas de muerte en el período 1998 a 2002. Por otra parte, estima que a mediados de siglo, que esta población representa alrededor del 40% de las personas afectadas por el trauma.

La mayoría de estas lesiones en la población geriátrica está relacionado con la vulnerabilidad de las personas mayores por accidentes y violencia, debido a las deficiencias inherentes al envejeci-miento y la necesidad de desarrollar las actividades cotidianas en los espacios públicos, muchos de ellos siguen siendo insuficientes, y los expone a tales eventos con mayor intensidad.

El Trauma aumenta la frecuencia de hospitalización de los ancianos en los hospitales y, de-bido a las comorbilidades, el aumento de su estancia en unidades de cuidados intensivos, lo que resulta en un mayor costo que los otros pacientes en otros grupos de edad.

En Teresina, un estudio que identificó la mortalidad por causas externas en las personas mayores en el período 2005 a 2007, mostró que entre las causas externas de muerte accidental se destacaron los accidentes de transporte, que representan el 46,3% de estas causas en los años estudiados, seguida por otras causas externas de lesiones accidentales, entre ellas las cataratas, que representaron el 24,5%, también es significativo.

En este sentido, aunque se reconoce que las políticas de salud debe cubrir todo el ciclo de la vida, hay que destacar que los ancianos tienen necesidades específicas y diferenciadas que requie-ren especial atención y cuidados de enfermería para promover un envejecimiento activo y saludable.

Por lo tanto, es necesario fomentar y promover la investigación sobre temas de envejecimien-to. Las enfermeras que participan en el cuidado de los ancianos juegan un papel importante en el diagnóstico de los aspectos fisiológicos y los factores de riesgo a que está expuesta la población, así como en la planificación e implementación de estrategias para protegerse contra tales lesiones y la prevención en este grupo de edad específico.

Trauma en el anciano: una responsabilidad en el cuidado de enfermería

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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN

Submissão: 13.09.2010Aprovação: 14.12.2010

A assistência de enfermagem perioperatória e a satisfação do pacienteOperative nursig assistance and patient satisfactionUn assistência de enfermagem perioperatória e a satisfação hace paciente

RESUMO

Estudo descritivo comparativo, desenvolvido a partir de uma abordagem quantitativa, na modalida-de de coorte, cujos objetivos foram verificar e comparar a satisfação do paciente quanto à assistência de enfermagem no perioperatório. Esta pesquisa foi realizada, no período de março a maio de 2009, em um hospital público, de ensino e de grande porte no município de Teresina. Os dados foram coletados através de dois grupos de controle de pacientes (X e Y), submetidos à cirurgia eletiva e mostram a predominância de pacientes do sexo masculino. As análises evidenciam que quanto menor a escolaridade maior a satisfação do paciente e descrevem que os pacientes, em ambos os grupos, estão satisfeitos com a assistência de enfermagem perioperatória, correspondendo a um índice acima de 90%. Ressalta-se que a assistência de enfermagem perioperatória é fundamental para o paciente, abrangendo um referencial teórico relacionado à assistência holística, sistematizada, continuada, participativa, individualizada, documentada e avaliada.Descritores: Enfermagem perioperatória. Assistência perioperatória. Enfermagem.

ABSTRACT

Comparative and descritive study, developed through quantitative approach, in coorte modality, which objectives were verify and compare patient satisfaction about nursing assistance in operati-ve period. This research was realized, between march and may at 2009, in a public, teaching great aspect hospital in Teresina. Die were collect through two control patient groups (X and Y), who was submit to elective surgery and show prevail of male. Analysis evidence who as smaller scholar larger patient satisfaction and describe what patient, in both groups, are satisfied with operative nursing assistance, corresponding a index above 90%. Stand up who operative nursing assistance is funda-mental to patient, comprehending teorical reference refered to holistic, systematized, continued, participative individuality, documented and valued assistance.Descriptors: Nursing operative. Perioperative care. Nursing.

RESUMEN

Estudio descriptivo comparativo, desarrollado de subir cuantitativo, en la modalidad del coorte, que objetivos habían sido verificar y comparar la satisfacción del paciente cuánto con la ayuda del cui-dado en el perioperatório. Esta investigación fue llevada a través, en el período de marcha el mayo de 2009, en un hospital público, de la educación y del gran transporte en la ciudad de Teresina. Los datos habían sido recogidos a través de dos grupos de control de pacientes (X y Y), sometieron a la cirugía electiva y demuestran el predominio de pacientes del sexo masculino. Los análisis evidencian que cuánto menos el escolaridade más grande la satisfacción del paciente y describen que los pa-cientes, en ambos los grupos, están satisfechos con la ayuda del oficio de enfermera del periopera-tória, correspondiendo a un índice arriba de el 90%. Es standed hacia fuera que la ayuda del oficio de enfermera del perioperatória es básica para el paciente, incluyendo un referencial teórico relaciona-do a la ayuda holística, sistematiza, continuado, participativa, individualizada, colocado y evaluado.Descriptores: Enfermería perioperatoria. Atención perioperativa. Enfermería.

Maria Zélia de Araújo Madeira Mestre em Educação pela Universidade Federal do

Piauí – UFPI, Docente do Curso de Bacharelado em

Enfermagem da UFPI e da NOVAFAPI. Endereço:

Rua Humberto de Campos, nº 1291, Bairro Lourival

Parente, Teresina-PI, CEP: 64023-600, e-mail:

[email protected]. Telefone: (86)

3227.2033.

Érika Farias Veloso de Oliveira Enfermeira pela Faculdade de Saúde, Ciências

Humanas e Tecnológica do Piauí – NOVAFAPI. e-mail:

[email protected]

Nicole PereiraEnfermeira pela Faculdade de Saúde, Ciências

Humanas e Tecnológica do Piauí – NOVAFAPI.

e-mail: [email protected]

Paula de Carvalho Martins

Enfermeira pela Faculdade de Saúde, Ciências

Humanas e Tecnológica do Piauí – NOVAFAPI.

e-mail: [email protected]

Fernando José Guedes da Silva JúniorEnfermeiro pela Faculdade de Saúde, Ciências

Humanas e Tecnológica do Piauí – NOVAFAPI. Email:

[email protected]

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.9-15, Abr-Mai-Jun. 2011.

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Madeira, M. Z. A.; et al.

1 INTRODUÇÃO

A satisfação do paciente é considerada uma avaliação pessoal do serviço recebido, baseada em padrões subjetivos de ordem cognitiva e afetiva, sendo estabelecida pela comparação entre a experiência vivida e critérios subjetivos do paciente. Esses critérios englobam a combinação dos seguintes elementos: um ideal de serviço; uma noção de serviço merecido; uma média da experiência passada em situações de serviços similares; e um nível subjetivo mínimo da qualidade de serviços a ser al-cançada para se tornar aceitável (ESPIRIDIÃO; TRAD, 2005).

Existem vários modelos que medem a satisfação do paciente, os quais apresentam como pressupostos as percepções do paciente em relação às expectativas, valores e desejos. Cabe ressaltar que satisfação do paciente pode ser conceituada como avaliações positivas individuais de distintas di-mensões do cuidado à saúde. Essas avaliações expressam uma atitude, ou seja, uma resposta afetiva baseada na crença de que o cuidado possui certos atributos que podem ser avaliados pelos pacientes (DONABEDIAN, 1990).

Nesta pesquisa utilizou-se como referencial metodológico o estu-do de Donabedian (1990), no qual a satisfação é avaliada de acordo com o ponto de vista dos pacientes. Para a avaliação, optou-se pela categoria aceitabilidade, que se refere à conformidade dos serviços oferecidos em relação ás expectativas e aspirações dos pacientes e seus familiares.

Para satisfazer o cliente é necessário, primeiro, ter uma compreen-são profunda de suas necessidades e, em seguida, possuir os processos de trabalho que possam, de forma efetiva e consistente, resolver essas neces-sidades. Para isso, a organização deverá traduzir essas necessidades em requisitos e cumprir esses fatores, sempre, continuamente. Nessa perspec-tiva, serão exigidos recursos para coletar e analisar os dados e as informa-ções, sistematicamente, a fim de entender os requisitos e as percepções do paciente (VAITSMAN; ANDRADE, 2005).

A experiência cirúrgica engloba três fases: pré-operatório, intra--operatório ou trans-operatório e pós-operatório (SMELTZER; BARE, 2005). E abe ressaltar que a assistência de enfermagem perioperatória é fundamen-tal para o bom andamento dessa experiência. Cada fase começa e termina em um ponto particular na seqüência de eventos e a cada uma compreen-de uma ampla gama de atividades que a enfermagem realiza. A fase pré--operatória começa quando se toma a decisão de ser realizado um procedi-mento anestésico cirúrgico e conclui com a transferência do paciente para a mesa da sala de cirurgia. A fase intra-operatória ou trans-operatória inicia quando o paciente é transferido para a sala de cirurgia e finaliza quando é encaminhado à sala de recuperação pós-anestésica (SRPA). A fase pós--operatória se dá com a admissão do paciente na SRPA e termina com uma avaliação de acompanhamento no ambiente clínico ou em casa.

Em um estudo sobre o relacionamento enfermeiro-paciente à luz da Teoria da Relação Interpessoal de Joyce Travelbee, evidencia-se que o paciente ao ser internado para uma cirurgia traz consigo ansiedades e dúvidas ao saber que será submetido a um procedimento invasivo e desconhecido, significando uma situação crítica, além de uma indefini-ção de fatos que irão advir (CHISTÓFORO; ZAGONEL; CARVALHO, 2006). Nessa perspectiva, planejar o cuidado de enfermagem a pacientes que serão submetidos à cirurgia requer do enfermeiro habilidades e conheci-mentos sobre as possíveis alterações e reações emocionais que o paciente pode apresentar frente a esta situação. Na fase pré-operatória, o paciente se apresenta mais vulnerável, suas necessidades fisiológicas, psicológicas e sociológicas são alteradas, tornando-se propenso a um desequilíbrio

físico-emocional, necessitando de cuidados especiais. Assim, o inter-re-lacionamento com a equipe de enfermagem torna-se fundamental para que suas demandas sejam atendidas.

Partindo desse enfoque, que dimensiona e descreve sobre a atuação do profissional enfermeiro na assistência de enfermagem, constituiu objeto deste estudo: satisfação do paciente em relação à assistência de enferma-gem no perioperatório. E com base neste objeto, esta pesquisa teve como objetivos: verificar, comparar e analisar a satisfação do paciente quanto à as-sistência de enfermagem no perioperatório através de dois grupos controle.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo comparativo, desenvolvido a par-tir de uma abordagem quantitativa, na modalidade de coorte. Foi reali-zado em um hospital público, de ensino, geral e de referência em saúde para o Estado do Piauí e demais estados da região norte e nordeste do país. É importante destacar que o atendimento cirúrgico prestado por esse hospital aos pacientes corresponde, dentre outras, às seguintes especiali-dades: ortopédicas, urológicas, gastrintestinais, renais, neurológicas, vas-culares, oftalmológicas, ginecológicas, plásticas, proctológicas.

Para o levantamento de dados, foram escolhidos sujeitos que se encontravam no pré-operatório de cirurgias urológicas, ginecológicas, vasculares e gastrintestinais, considerando-se que constituem procedi-mentos cirúrgicos que possibilitam, na maioria das vezes, um pós-opera-tório no qual o paciente pode se comunicar facilmente e colaborar com os cuidados que lhe serão prestados. Essas medidas foram tomadas no intuito de realizar um estudo comparativo dos achados da forma mais ob-jetiva possível.

Os sujeitos selecionados foram maiores de dezoito anos, de ambos os sexos, em condições de comunicação verbal, que permaneceram no hos-pital até pelo menos o 4º dia de pós-operatório (DPO), que se mostraram favoráveis a participar deste estudo e que estiveram em condições de assinar ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) sem dificuldades.

O tamanho da amostra permitiu estimar o grau de satisfação, com margem de erro de 6,79% para mais ou para menos, com nível de confian-ça de 95%. A escolha dos pacientes foi em meio de amostragem simples, cujo critério de seleção foi a ordem numérica de entrada para cirurgia.

A amostra foi composta por 200 pacientes, divididos em dois gru-pos (X e Y). E definida a amostra, os dados foram coletados em dois mo-mentos, no primeiro os pacientes foram divididos em dois grupos (X e Y), cujo grupo X foi composto por 100 pacientes que receberam visitas pré e pós-operatórias de enfermagem.

Em relação ao grupo X, os dados foram coletados através de um rotei-ro, aplicado no período diurno, durante os dias de domingo, segunda e ter-ça-feira, ou seja, três dias por semana, nos meses de março a maio de 2009.

Já em relação ao grupo Y (100 pacientes), composto por pacientes que não receberam nenhum tipo de visita de enfermagem perioperatória, o controle da admissão destes pacientes foi realizado nos dias de quarta, quinta e sexta-feira. Ressalta-se que aos sábados não há internações neste hospital, que constituiu o cenário desta pesquisa.

No segundo momento da coleta, estando os pacientes do grupo X e Y na fase pós-operatória mediata, foi aplicado um questionário para ambos os grupos, no intuito de verificar a assistência de enfermagem pe-rioperatória prestada aos pacientes cirúrgicos do grupo X, em comparação aos pacientes do grupo Y. Esses momentos foram guiados pela escala ci-rúrgica do dia de cada clínica do estudo.

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.9-15, Abr-Mai-Jun. 2011.

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A assistência de enfermagem perioperatória e a satisfação do paciente

O questionário foi composto por 18 questões que apresentavam dados pessoais como gênero, idade, estado civil, escolaridade, e informa-ções sobre os procedimentos realizados no pré, trans e pós-operatórios.

É importante acrescentar que os dados foram coletados, mediante aprovação do projeto de pesquisa, o qual foi encaminhado à Comissão de Ética em Pesquisa do Hospital e ao Comitê de Ética e Pesquisa da Faculda-de de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI), obe-decendo aos critérios da Resolução 196/96 que regulamenta a Pesquisa Envolvendo Seres Humanos e foi aprovado com CAAE 0037.0.043.000-09.

3 RESULTADOS

Os resultados apresentados partem de uma amostra de 200 pacientes entrevistados, sendo que 141 (70,5%) eram do sexo masculino e 59 (29,5%) do sexo feminino. Esses sujeitos tinham idade entre 18 e 86 anos, com média para homens de 43,6 anos e para as mulheres de 32,8 anos. Sobre o estado civil desses sujeitos, houve a predominância dos solteiros, seguido dos casa-dos e logo depois os que possuíam união estável. A maioria dos pacientes possuía a escolaridade de ensino fundamental incompleto e médio completo nas porcentagens de 24% e 20%, respectivamente. Para tanto, ressalta-se que essas informações encontram-se apresentadas na Tabela 1, que indica tam-bém que o número de analfabetos corresponde a 17,5% dos entrevistados.Tabela 1 - Perfil da amostra por sexo, idade, estado civil e escolaridade por grupo Teresina (PI), 2009.

A seguir, tem-se o Gráfico 1, que corresponde a informações dos entrevistados do Grupo X, 98%, que segundo evidencia-se estão satisfei-tos com a assistência de enfermagem oferecida no pré-operatório, em contraposição a uma pequena parcela, 2% do total, que se mostraram insatisfeitos. Do Grupo Y, 95% dos pacientes estão satisfeitos e 5% insatis-feitos com a assistência oferecida.

Através do questionário, foi avaliada a assistência no pré-operató-rio com os questionamentos sobre as seguintes orientações recebidas: procedimento cirúrgico, medicação pré-anestésica, sinais vitais, tricoto-mia, preparo de pele, retirada de prótese, preparo gastrintestinal e jejum.

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No gráfico 3, os entrevistados do Grupo X, 100% encontram-se sa-tisfeitos com a assistência de enfermagem oferecida no pós-operatório. Do Grupo Y, 98% dos pacientes estão satisfeitos e apenas 2% revelaram a insatisfação com a assistência oferecida.

Através desse questionário, foi avaliada a assistência no pós-ope-ratório com o questionamento sobre as seguintes orientações recebidas: qual profissional o recebeu na enfermaria após a cirurgia, sobre analgesia, ferida operatória e alta hospitalar.

No Gráfico 2, dos entrevistados do Grupo X, 97% revelaram es-tarem satisfeitos com a assistência de enfermagem oferecida no trans--operatório e apenas 3% se mostraram insatisfeitos. Do Grupo Y, 94% dos pacientes denotaram estarem satisfeitos e 6% insatisfeitos com a assistên-cia prestada.

Através do questionário, foi avaliada a assistência no trans-opera-tório com os questionamentos sobre as seguintes orientações recebidas: encaminhamento ao centro cirúrgico, qual profissional o recebeu no centro cirúrgico e quais procedimentos realizados e quais profissionais os realizaram.

Madeira, M. Z. A.; et al.

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A assistência de enfermagem perioperatória e a satisfação do paciente

O gráfico 4 mostra o tipo de profissional que prestou a assistência perioperatória em relação a todos os pacientes entrevistados. No pré--operatório, houve a predominância de 76 entrevistados serem assistidos por auxiliares e técnicos de enfermagem; 37 não sabiam informar o tipo de profissional; 33 pacientes foram assistidos por estudantes; e 15 por médicos.

No trans-operatório, verificou-se que a assistência maior foi feita a

No estudo verificou-se, além da predominância de pessoas com pouco grau de escolaridade, o fato de que quanto menor a escolaridade dos entrevistados, maior a satisfação com a assistência de enfermagem re-cebida. Essas constatações também foram feitas em estudos como o que foi realizado com 200 pacientes da clínica integrada do curso de odonto-logia da Universidade Federal do Pará (CICOUFPA) sobre satisfação dos pa-cientes e em uma outra pesquisa que avaliou o perfil socioeconômico e o nível de satisfação dos pacientes na clínica integrada do curso de odonto-logia da UNIFOR (ARAÚJO, 2003; FERNANDES; COUTINHO; PEREIRA, 2008).

O estudo de Mascarenhas (2001) revela que o fator socioeconômi-co influencia no grau de satisfação do paciente atendido em instituição--escola, em que o baixo custo do tratamento faz com que os pacientes apresentem baixa expectativa em relação ao tratamento ou faz com que sejam mais tolerantes. Em uma revisão sobre as formas de medir a quali-dade e a humanização da assistência à saúde, as autoras do estudo pon-tuam que o simples fato dos pacientes serem atendidos já pode produzir satisfação (VAITSMAN; ANDRADE, 2005).

Em outro estudo relatando o fator socioeconômico, os pacientes de classes sociais menos favorecidas avaliam positivamente os serviços que

92 pacientes pelos auxiliares e técnicos de enfermagem, 50 entrevistados foram assistidos por estudantes, 42 não sabiam informar o profissional, 16 foram assistidos por médicos e não houve resposta da assistência prestada por enfermeiro. No pós-operatório 65 dos entrevistados foram assistidos por enfermeiros, 64 por auxiliares e técnicos de enfermagem, 36 por mé-dicos e 35 dos entrevistados não sabiam informar o tipo de profissional.

4 DISCUSSÃO

Durante a realização desta pesquisa, ressalta-se que foram encon-tradas algumas dificuldades, dentre essas o fato de que de 23 pacientes recusaram-se a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, ale-gando não saberem o que estavam assinando, mesmo após receberem as devidas orientações sobre os objetivos, a metodologia as importantes con-tribuições desta pesquisa. Outra justificativa para a não adesão e assinatura do termo se caracterizou pelo medo e ou receio de estarem prejudicando algum profissional.

Outra dificuldade encontrada foi a paralisação dos cirurgiões por causas trabalhistas, o que culminou com a suspensão de algumas cirurgias. É importante enfatizar que no período da realização do estudo 12 cirurgias foram canceladas por motivos adversos como: ausência de exame pré--operatório, paciente com hipertensão arterial e ausência do cirurgião.

Contatou-se no estudo que os pacientes dos dois grupos de con-trole estão satisfeitos com a assistência de enfermagem em todas as fases do período cirúrgico (pré, trans e pós-operatório). Essa satisfação equivale a uma percentual acima de 90%.

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Madeira, M. Z. A.; et al.

lhes são prestados e têm relacionado à satisfação do paciente quando o tratamento tem um caráter de gratuidade, pois, quando o serviço é cobrado, em geral, os pacientes demonstram insatisfação (LEMME; NO-RONHA; ARAÚJO, 1991).

Os entrevistados do Grupo X, que receberam visita pré e pós--operatória, tiveram maior facilidade em responder ao questionário que avaliou a assistência de enfermagem perioperatória. Além disso, encontravam-se mais calmos, confiantes e satisfeitos com a equipe de enfermagem do que os do Grupo Y, o que mostra a importância da visita pré e pós-operatória de enfermagem.

É válido lembrar que, durante as visitas, quando era feita uma pergunta e o entrevistado não sabia responder ou tinha dúvidas, as mesmas eram esclarecidas pelas pesquisadoras. Com relação a isso, revela-se que com a realização das visitas pré e pós-operatórias de en-fermagem é possível observar uma mudança acentuada de comporta-mento na maioria dos pacientes, havendo diminuição marcante no ní-vel de ansiedade e complicações nos pós-operatório imediato a tardio, fazendo com os pacientes se sintam mais satisfeitos com a equipe de enfermagem (JORGETTO; NORONHA; ARAÚJO, 2005).

A avaliação do paciente no pré-operatório deve ser feita pelo en-fermeiro de forma criteriosa, analisando todos os riscos na tentativa de prevenir ou minimizar as complicações, levando em conta o porte da cirurgia, a duração do procedimento, o tipo de anestesia, o estado físico geral do indivíduo, sua idade, seu peso e altura, seu estado nutricional, a gravidade da doença cirúrgica, os riscos no trans-operatório e as possí-veis complicações no pós-operatório imediato (SOBECC, 2007).

Nessa perspectiva, enfatiza-se a importância do conhecimento desta fase pelos profissionais, pois uma situação cirúrgica envolve não apenas o ato cirúrgico em si, mas envolve mudança da rotina diária do ser humano, separando-o do contexto a que está habituado e expondo--o ao estresse de uma hospitalização carregada de características e sin-gularidades. Dentre essas características destacam-se: a solidão, o medo, a ansiedade, a esperança, a mudança de hábitos e principalmente a ne-cessidade imposta de se relacionar com a diversidade de pessoas, em princípio, desconhecidas, entregando-se aos seus cuidados (CHISTÓFO-RO; ZAGONEL; CARVALHO, 2006).

No período do pós-operatório, o cuidado de enfermagem dá ên-fase ao restabelecimento do equilíbrio fisiológico, o alívio da dor, a pre-venção das complicações e a orientação do autocuidado do paciente. O enfermeiro tem um papel fundamental no período pós-operatório, pois é considerado o profissional mais próximo ao paciente e o elo entre os outros membros da equipe multiprofissional (SMELTZER; BARE, 2005). Além disso, é responsável pela verificação das condições clínicas do pa-ciente por meio da entrevista feita com ele, pela aferição dos sinais vitais, checagem da presença ou ausência de infecção na ferida cirúrgica, as intercorrências quanto à venóclise, ao posicionamento e integridade da pele, a fixação de drenos e cateteres e as orientações quanto à alta hos-pitalar (JORGETTO, NORONHA; ARAÚJO, 2005).

Cabe destacar que o plano de alta hospitalar de um paciente deve ser preparado pelo enfermeiro através de um roteiro sistematiza-do, constituído de atividades de ensino e avaliação do entendimento do paciente para uma vida independente. As orientações que são dadas ao paciente acerca do plano de alta, é parte integrante do processo edu-cativo, necessitando da compreensão do mesmo e considerando seus aspectos biopsicosocioespirituais (POMPEO et al., 2007). A SAEP visa pla-nejar os cuidados de modo sistemático (organizado e planejado) para

que, possa ser efetivo na ajuda ao paciente e na melhoria da assistência de enfermagem a esse paciente.

Em estudos desenvolvidos, verificou-se que o profissional en-fermeiro não foi citado pelos sujeitos no período do trans-operatório. Desse modo, corroborando com a presente pesquisa, no estudo sobre a humanização da assistência de enfermagem em centro cirúrgico, as autoras perceberam que no trans-operatório há a necessidade do en-fermeiro acolher calorosamente o paciente encaminhando-o à sala de cirurgia, porém, no cotidiano das atividades cirúrgicas há uma in-satisfação por parte dos pacientes quanto à ausência do profissional enfermeiro em relação à prontidão ao atender chamados, ao apoio, às orientações recebidas, desde a recepção até a sala operatória e durante o ato cirúrgico (BEDIN; RIBEIRO; BARRETO, 2004). Isso leva a inferir que os cuidados de enfermagem no trans-operatório, na maioria das vezes, não estão incorporados ao cotidiano das atividades desenvolvidas por esse profissional.

Foi observada uma falha ou ausência de comunicação entre enfermeiro-paciente em todos os períodos que envolvem o periope-ratório, porém essa falha se intensificou no período do intra-operatório. Diante dessa questão, é importante ressaltar que o profissional de saúde só estabelece um plano de cuidado adequado e coerente com as neces-sidades do paciente, quando consegue decodificar, decifrar e perceber o significado da mensagem quando o paciente envia (SILVA, 2005). Por isso, é importante estar atento aos sinais de comunicação verbal e não verbal emitido pelo paciente.

O enfermeiro por interagir diretamente com o paciente mais do que os outros profissionais da área da saúde precisa estar mais atento ao uso adequado das técnicas de comunicação interpessoal, ajudando o paciente a conceituar seus problemas, enfrentá-los, visualizar sua par-ticipação na experiência e alternativas de ação dos mesmos, além de auxiliá-lo a encontrar novos padrões de comportamento. Destaca-se que, nessa perspectiva, a comunicação adequada é aquela que tenta diminuir conflitos, mal-entendidos e atingir objetivos definidos para a solução de problemas detectados na interação com os pacientes.

E decorrente de uma comunicação deficiente entre enfermeiro--paciente, observou-se que os entrevistados fazem confusão acerca da identidade profissional dos profissionais de enfermagem, ou seja, o pa-ciente não consegue diferenciar qual o profissional de enfermagem que lhe assiste, muitas vezes confundindo os diversos profissionais que lhe prestam assistência. É comum haver não apenas a confusão identiária, mas, sobretudo, profissional, entre técnicos, auxiliares e enfermeiros. E por se tratar de um hospital de ensino, essas controvérsias se intensi-ficaram se estendendo até os acadêmicos das áreas de medicina e en-fermagem.

A enfermagem possui imagens dúbias ao longo de sua cons-trução como profissão parece existir uma não diferenciação, por parte da sociedade, entre o enfermeiro e a equipe de enfermagem (GOMES; OLIVEIRA, 2005). Cabe aqui enfatizar que a identidade é uma construção que se dá através da seleção de um sistema axiológico que tem a pro-priedade de definir determinado grupo perante a realidade subjetiva. Assim, a enfermagem possui dificuldades próprias à explicitação desse axioma, o que se constitui também em dificuldades no estabelecimento de um espaço próprio de exercício de poder, quer seja na instância gera-dora da forma quer seja como a profissão se relaciona com a sociedade, com a equipe de saúde e com as instituições (RODRIGUES, 1999; VILLA; CADETE, 2000).

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A assistência de enfermagem perioperatória e a satisfação do paciente

5 CONCLUSÃO

Com base nos objetivos e nas análises deste estudo, é importante destacar que houve predominância do sexo masculino e foi percebido que quanto menor a escolaridade maior a satisfação do paciente. Além disso, foram verificadas algumas falhas na relação profissional-paciente, no que diz respeito à comunicação e a falta de identidade profissional dos

profissionais de enfermagem, sendo necessário para alguns profissionais o reforço da importância de compartilhar o plano de tratamento, os proce-dimentos realizados com o paciente. Também ficou evidente que a maio-ria dos pacientes está satisfeita com a assistência de enfermagem ofere-cida no perioperatório, sobretudo, por haver uma ideologia de que por ser gratuito não se deve esperar tanto da assistência e por fazer parte da cultura de que quando se paga por um procedimento pode-se exigir mais.

REFERÊNCIAS

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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.16-20, Abr-Mai-Jun. 2011.

Submissão: 25.02.2011Aprovação: 10.03.2011

A percepção da equipe de enfermagem sobre a dor do recém-nascidoPerceptions of nursing staff on the pain of newbornPercepción del personal de enfermería en el dolor de recién nacido

RESUMO

Objetivou-se analisar a percepção da equipe de enfermagem a respeito da dor do recém-nascido (RN). Trata-se de uma pesquisa de campo descritiva, de abordagem qualitativa realizada com sete sujeitos da equipe de enfermagem que trabalhavam no berçário de cuidados intermediários de uma maternidade de Teresina-PI. Os dados foram coletados por meio de um questionário contendo ques-tões abertas e fechadas, posteriormente, os dados foram analisados e subdivididos em categorias analíticas. Todos os sujeitos acreditam que o RN é capaz de sentir dor e a maioria deles afirmou que o choro é o melhor parâmetro para identificar algias. Foram citadas como medidas não farmacológi-cas para o alívio da dor dos neonatos a utilização da chupeta de glicose, o incentivo ao aleitamento materno, posicionamento correto no leito e o ato de manusear o bebê o mínimo possível. Os sujeitos não possuem dificuldades para reconhecer a dor e os agentes que podem desencadeá-la, no entan-to, apresentam limitações na avaliação do evento álgico e os métodos existentes para quantificá-lo. É necessário, portanto, um melhor preparo da equipe para trabalhar com esta clientela.Descritores: Dor. Recém-nascido. Enfermagem.

ABSTRACT

This study aimed to analyze the perception of nursing staff about the pain of newborn (NB). This is a descriptive field research, qualitative study conducted with seven individuals from nursing sta-ff working in intermediate care nursery of a maternity hospital in Teresina-PI. Data were collected through a questionnaire with open and closed, then the data were analyzed and subdivided into analytical categories. All subjects believe that the newborn is capable of feeling pain and most said that crying is the best parameter to identify pains. Were cited as non-pharmacological measures for pain relief in newborns pacifier use glucose, the encouragement of breastfeeding, proper po-sitioning in bed and the act of handling the baby to a minimum. The subjects have no difficulty recognizing the pain and agents that can initiate it, however, have limitations in assessing the painful event and the existing methods to quantify it. It is therefore necessary to better prepare the team for working with this clientele.Descriptors: Pain. Newborn. Nursing.

RESUMEN

Este estudio tuvo como objetivo analizar la percepción del personal de enfermería sobre el dolor del recién nacido (RN). Se trata de una investigación de campo descriptivo, estudio cualitativo realizado con siete personas de personal de enfermería que trabajan en la guardería de cuidados intermedios de un hospital de maternidad de Teresina-PI. Los datos fueron recolectados a través de un cuestio-nario abierto y cerrado, los datos fueron analizados y se subdividen en categorías de análisis. Todos los sujetos creen que el recién nacido es capaz de sentir el dolor y la mayoría dijo que el llanto es el mejor parámetro para identificar los dolores. Fueron citados como las medidas no farmacológicas para el alivio del dolor en recién nacidos chupete usar la glucosa, el fomento de la lactancia materna, la posición correcta en la cama y el acto de manejar al bebé a un mínimo. Los sujetos no tienen

Mayara Caicy de Sousa Paixão Enfermeira. Especialista em Saúde da Família

pela Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e

Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI), Teresina (PI), Brasil.

Rua Tomás Tajra, 331, Jockey, Teresina (PI), Brasil. CEP:

64048-380.

E-mail: [email protected]

Thatiana Araújo MaranhãoEnfermeira. Mestranda do Programa de Mestrado

Acadêmico em Ciências e Saúde da Universidade

Federal do Piauí, Teresina (PI), Brasil.

Belisa Maria da Silva MeloEnfermeira. Mestranda do Programa de Mestrado

Acadêmico em Enfermagem da Universidade Federal

do Piauí, Teresina (PI), Brasil.

Taiane Soares VieiraEnfermeira. Mestranda em Enfermagem pela UFPI.

E-mail: [email protected]

Claudete Ferreira de Souza MonteiroDoutora em Enfermagem. Docente do Programa

de Mestrado Profissional em Saúde da Família da

Faculdade NOVAFAPI e do Programa de Mestrado

Acadêmico em Enfermagem da Universidade Federal

do Piauí, Teresina (PI), Brasil.

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17Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.16-20, Abr-Mai-Jun. 2011. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.15-19, Abr-Mai-Jun. 2011.

dificultades para reconocer el dolor y los agentes que pueden iniciar, sin embargo, tienen limitaciones en la evaluación de la situación dolorosa y los métodos existentes para cuantificar. Por tanto, es necesario preparar mejor al equipo para trabajar con esta clientela.Descriptores: Dolor. Recién nacido. Enfermería.

1 INTRODUÇÃO

A Associação Internacional do Estudo da Dor define a sensação dolorosa como uma experiência sensorial e emocional desagradável, as-sociada à lesão tecidual e/ou real, sendo sempre subjetiva (NICOLAU et al., 2008).

No que diz respeito ao recém-nascido (RN), a dor não foi motivo de preocupação de clínicos e investigadores durante muito tempo, pois exis-tia a crença de que o neonato era incapaz de sentir dor. Foi observado que as enfermeiras também tinham as mesmas crenças e creditavam índices mais altos de intensidade de dor aos neonatos nascidos a termo que aos prematuros (SOUSA et al., 2006).

De acordo com Branco et al. (2006), até a década de 1970, o RN era tido como insensível à dor e vários procedimentos hospitalares dolorosos, como cortar a pele para inserir um cateter ou até mesmo cirurgias eram realizados sem a preocupação de usar alguma analgesia.

No entanto, atualmente as pesquisas têm documentado que o neonato possui todos os componentes funcionais e neuroquímicos ne-cessários para a recepção e transmissão do estímulo doloroso (SOUSA et al., 2006). Durante a vida fetal e neonatal todo complexo responsável pela transmissão da dor está em desenvolvimento e os mecanismos modula-tórios do sistema de transmissão da dor amadurecem mais tardiamente. Assim o RN, especialmente o prematuro, é capaz de responder a estímulos dolorosos e, na maioria das vezes, essa resposta é exagerada e generaliza-da (GASPARY; ROCHA, 2004).

Estas descobertas indicam que os recém-nascidos, tanto prematu-ros como a termo, percebem e reagem á dor quase da mesma maneira que as crianças e adultos. As evidências indicam que as vias da dor, os centros corticais e subcorticais necessários para a percepção da dor e os sistemas neuroquímicos associados com transmissão e modulação da dor estão intactos e funcionais no neonato, onde a velocidade mais lenta de condução das fibras não-mielinizadas é sobrepujada pelas distâncias mais curtas entre os neurônios que o impulso tem de percorrer (WHALEY; WONG, 2007).

Nas últimas décadas, houve grandes avanços no cuidado ao RN, porém, a avaliação e o manejo da dor ainda não têm merecido devi-da atenção. A dificuldade de mensuração e avaliação da dor no lactente pré-verbal constitui-se no maior obstáculo ao tratamento adequado da dor nas unidades de terapia intensiva neonatal (SOUSA et al., 2006). Isso acontece devido à ausência da comunicação verbal desses pacientes, dos seus diferentes níveis cognitivos e das suas reações similares aos inúmeros tipos de estímulos, tornando subjetiva a mensuração da dor. Sendo assim, a disponibilidade de métodos para avaliação da dor do RN é a base para o tratamento adequado da mesma e garantia de uma assistência mais hu-manizada (SCHOCHI et al., 2006).

A dificuldade de avaliação do RN evidencia-se pelo fato de não haver aplicação dos instrumentos de avaliação ou respostas verbais. A avaliação comportamental da dor baseia-se na alteração de determina-das expressões comportamentais após um estímulo doloroso, parecendo

ser mais sensível e específico na detecção da dor quando comparada às medidas fisiológicas. Dentre os comportamentos que podem indicar dor no RN estão: o choro, a expressão facial e a agitação (SOUSA et al., 2006).

Além das características de quem observa a dor do neonato, fato-res inerentes ao paciente como idade gestacional, gênero, raça, aparência física, presença de dano tecidual e gravidade do diagnóstico clínico e ci-rúrgico, também podem alterar a inferência da presença e magnitude de dor pelo observador (ELIAS et al., 2008).

No entanto, quando se trata de observar a dor, ser profissional da saúde nem sempre significa ser a pessoa mais apta para identificar as expressões faciais dos bebês, uma vez que a experiência e o tempo de atividade na área também contam como fatores influenciadores desta ha-bilidade (ROCHA et al., 2005).

Em face do exposto, o presente estudo tem por objetivo conhecer e analisar a percepção da equipe de enfermagem sobre a dor do recém--nascido e descrever as intervenções de enfermagem para o alivio da dor.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de campo descritivo, de caráter qualitativo realizado com sete membros da equipe de enfermagem, sendo duas en-fermeiras e cinco técnicas de enfermagem que trabalhavam no berçário de cuidados intermediários da maior maternidade pública do estado do Piauí, localizada no município de Teresina.

Os sujeitos que aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que dispõe sobre pesquisas com seres humanos.

Nos meses de março e abril de 2009 foi realizada a coleta de dados por meio de entrevista com roteiro contendo questões a respeito dos dados pessoais dos sujeitos e sobre o conhecimento técnico e prático dos profissionais de enfermagem no manejo da dor do recém-nascido.

Sempre que se fazia a abordagem dos sujeitos, eram explica-dos os objetivos da investigação, assim como a permanência do anoni-mato dos participantes. Ressalta-se que as entrevistas foram feitas ao final da jornada de trabalho em uma sala de forma a manter a privacidade dos depoentes.

A análise permitiu que os dados fossem agrupadas em três categorias referentes a percepção da dor do recém-nascido pela equipe de enfermagem, bem como a identificação das causas, avaliação e as principais intervenções adotadas para o alívio dos eventos álgicos do RN.

O presente estudo foi aprovado pelos Comitê de Ética em Pesqui-sa da Faculdade Santo Agostinho sob protocolo de nº 81/09, bem como autorizado pela instituição foco do estudo, cumprindo com todas as exigências éticas e legais das pesquisas que envolvem seres humanos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A caracterização dos sete sujeitos entrevistados mostrou que todos eram do sexo feminino e possuíam idade entre 24 e 40 anos. Além disso, o tempo de trabalho na área de neonatologia encontrava-se entre me-nos de um ano e seis anos e apenas duas profissionais, (uma enfermeira e uma técnica de enfermagem), possuíam algum curso específico na área do estudo.

A percepção da equipe de enfermagem sobre a dor do recém-nascido

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18 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.16-20, Abr-Mai-Jun. 2011.

Paixão, M. C. S.; et al.

Percepção da dor do Recém-nascido pela equipe de enfermagem

Nessa categoria, procurou-se analisar a percepção da equipe de enfermagem no que diz respeito a dor do neonato. Os depoimentos mos-tram que as entrevistadas acreditam que o RN é capaz de sentir estímulos dolorosos como qualquer outro ser humano e que a principal maneira de perceber o evento álgico é através do choro.

‘Sim, ele sente dor porque ele chora quando o manuseamos. (S1)

Sim, o RN sente dor como qualquer ser humano e o choro dele mostra isso. (S3)

O recém-nascido é capaz de sentir dor. É possível percebe-la pela reação dele, choro, enfim, manifestações a dor. (S5)

O homem foge à dor e procura nas ciências da saúde todos os meios para combatê-la. No entanto, a dor é útil na medida em que atua como um indicativo de que algo não está bem (HORTA, 1976). Segundo Barbosa e Valle (2006), os conhecimentos atuais sobre a dor revelam que no RN qualquer estímulo doloroso é gerado, interpretado e transmitido da mesma forma como em indivíduos adultos, pois ele apresenta todos os componentes anatômicos, funcionais e neuroquímicos necessários à nocicepção.

O estresse produzido pelo ambiente e pelos procedimentos acaba resultando em alterações fisiológicas como apnéia, bradicardia e aumento das demandas calóricas, comprometendo o desenvolvimento neurológi-co do bebê (ANDRIOLA; OLIVEIRA, 2006).

O choro do RN pode ter muitos significados, entretanto, quando expressa dor adquire uma tonalidade mais aguda, perde o padrão meló-dico que normalmente possui e apresenta uma duração mais prolongada. Portanto, percebe-se que o choro associado à dor é mais intenso e estri-dente (BRANCO et al., 2006).

O choro é considerado uma forma primária de comunicação dos recém-nascidos e a sua presença diante do estresse mobiliza o adulto, po-rém este sinal é pouco específico, uma vez que cerca de 50% dos recém--nascidos não choram devido a um procedimento doloroso. Além disso, ele pode ser desencadeado por outros estímulos não dolorosos, como fome ou desconforto (SILVA et al., 2007).

Outra forma útil de perceber a dor do RN citada pela equipe de enfermagem é por meio da irritabilidade do bebê demonstrada pelo au-mento dos movimentos corporais.

A dor é percebida durante o choro e quando o RN fica inquieto. (S6)

O bebê fica muito inquieto quando ele sente dor. (S7)

A análise da atividade motora parece ser um método sensível de identificação da dor, pois os recém-nascidos prematuros e a termo demonstram um repertório organizado de movimentos após a estimu-lação nociceptiva. Todavia, alguns bebês podem sentir muitas dores e apresentarem-se quietos e com os olhos fechados (WHALEY; WONG, 2007).

A dor no recém-nascido tem conseqüências a curto e longo prazo tais como alterações fisiológicas e comportamentais que levam ao aumento da morbidade e mortalidade neonatais e alterações no-ciceptivas, cognitivas, comportamentais e psiquiátricas (MARGOTTO; RODRIGUES, 2004). Além disso, a exposição repetida á dor no período neonatal pode aumentar a vulnerabilidade ao estresse e a ansiedade na vida adulta (GUIMARÃES; VIEIRA, 2008).

Identificando causas e avaliando a dor do recém-nascido

Nessa categoria, procurou-se analisar como a equipe de enferma-gem percebe o que poderia causar dor no RN e as formas de avaliá-la. As-sim, foram relatados vários eventos adversos que poderiam desencadear estímulos dolorosos, desde um acesso infiltrado até a falta do aconchego materno.

A dor é causada principalmente pelas punções venosas e assaduras. (S1)

A dor é causada pela fome ou por um acesso infiltrado. (S2)

Quando os medicamentos não são administrados da forma correta pode lesio-nar a pele e causar dores no bebê. (S3)

A dor é causada em razão da imaturidade dos seus mecanismos de defesa e da não presença da mãe durante as 24 horas do dia para poder ajudá-lo a adaptar--se a nova situação. (S4)

A dor é desencadeada pela sensação de frio e calor, decúbito incorreto e a punção venosa. (S7)

Analisando as respostas dos entrevistados é possível perceber que a punção venosa foi citada na maioria das vezes. Dittz e Malloy-Diniz (2006) ressaltam que, ao mesmo tempo em que os procedimentos realiza-dos no RN possibilitam a sua sobrevida, eles podem ser fatores estressores e causadores de dor. Nesse sentido, é de fundamental importância que os profissionais saibam quais são as fontes produtoras de dor no neonato (MARGOTTO; RODRIGUES, 2004).

Quando perguntado quanto à forma de avaliação dos eventos ál-gicos dos bebês, as entrevistadas, citaram a expressão facial, no entanto nenhuma delas referiu como medida de avaliação a utilização de escalas de mensuração da dor, sendo a avaliação dessa característica bastante subjetiva.

Avalio a dor pela expressão facial e pelo choro. (S4)

Avalio com base no desconforto que eles demonstram nas expressões faciais. (S5)

A observação da expressão facial é um método não invasivo de avaliação da dor sensível e útil na clínica diária. Trata-se também de um método específico para a avaliação da dor em recém-nascidos prematuros e a termo.

Observou-se que nenhum sujeito referiu o uso das escalas de dor como método de avaliação. Nesse sentido, Viana, Dupas e Pedreira (2006) enfatizam que, para obter maior objetividade na avaliação é necessário o uso das escalas de dor, que consistem em métodos multidimensionais de avaliação que buscam obter o máximo de informações a respeito das respostas individuais à dor, através das interações com o ambiente e a combinação de variáveis objetivas e subjetivas.

A utilização de escalas de avaliação reduz a possibilidade de in-terpretação errônea da dor no RN (PULLER; MADUREIRA, 2003). Há uma gama dessas escalas de avaliação de dor desenvolvidas e disponíveis na literatura. Porém, a mais conhecida é a Neonatal Facial Coding System (NFCS) que avalia a dor por observação da expressão facial com oito parâ-metros quantificados como zero ou um, e o escore máximo de oito pontos considera a presença de dor quando três ou mais movimentos faciais apa-recem durante a avaliação (GUIMARÃES; VIEIRA, 2008).

Conforme Guinsburg et al. (1997), as escalas comportamentais de dor permitem a diferenciação dos neonatos que receberam estímulos do-

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19Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.16-20, Abr-Mai-Jun. 2011.

lorosos daqueles que foram submetidos a estímulos desagradáveis. Entre-tanto, para que as escalas sejam adequadamente utilizadas, há a necessi-dade de treinamento do pessoal envolvido no cuidado do RN, visto que, como anteriormente citado, apenas dois profissionais dos sete que foram entrevistados possuíam algum tipo de treinamento na área específica de neonatologia.

Intervenções de enfermagem no alívio da dor do recém-nascido

Nessa categoria, procurou-se abordar as principais intervenções da equipe de enfermagem realizadas no berçário para aliviar a dor do RN. Dessa forma, alguns sujeitos citaram a importância de proporcionar con-forto ao RN e, principalmente, promover o contato pele a pele entre mãe e filho.

Acho que a partir do momento em que nos colocamos no lugar do bebê e o aco-lhemos e lhe damos conforto o tratamento torna-se diferenciado. (S2)

É de suma importância a promoção do contato entre mãe e filho, principalmente durante a amamentação, para que ele se sinta protegido e responda melhor aos procedimentos invasivos que causam dor. (S3)

Eu procuro acalentar o RN para aliviar a sua dor. (S4)

A Enfermagem pode aproveitar o toque que é realizado nos proce-dimentos invasivos, tratando-o como um cuidado especial. O ato de tocar possui uma complexidade e um valor capaz de tornar-se aliado para o enfrentamento da dor (GAMA; SOARES; OLIVEIRA, 2007).

Nesse sentido, o ato de tocar é uma linguagem. Desde o nasci-mento todas as pessoas têm necessidades de contato tátil, uma vez que consiste em um elemento essencial para o desenvolvimento (FIGUEIREDO et al., 2003). Assim, a equipe de enfermagem poderá ampliar as ações de humanização do cuidado naquilo que é abstrato, mas sensível, tais como o toque, o afago, o olhar. Este é um caminho importante para a conquista do respeito à profissão e indispensável na recuperação do bebê (ROLIM; CARDOSO, 2006).

O incentivo ao método mãe-canguru que, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), consiste em um tipo de assistência neonatal que implica no contato pele a pele entre a mãe e o RN de baixo peso, tam-bém é valido. Esse método abrange questões como os cuidados técnicos com o bebê, ou seja, o manuseio, a atenção às necessidades individuais, os cuidados com a luz, som, odor, o acolhimento à família, a promoção do vínculo do binômio mãe-bebê e do aleitamento materno (GUIMARÃES; VIEIRA, 2008).

O alívio da dor é potencializado mediante situações de combina-ção de tratamentos, podendo-se considerar que a amamentação é o prin-cipal deles, pois intensifica o contato pele a pele reduzindo a dor aguda dos recém-nascidos.

Outras entrevistadas ressaltaram a importância da utilização da chupeta de glicose na tentativa de reduzir os eventos álgicos dos bebês.

No berçário usamos muito a chupeta de glicose, como o processo de sucção é prazeroso eles focam a atenção nesta atividade de sugar e esquecem, por exem-plo, o acesso venoso que estamos tentando conseguir, o curativo doloroso, etc. (S5)

Antes dos procedimentos também usamos chupetas de glicose, pois já se sabe que a sacarose provoca liberação de endorfinas, dando sensação de bem-estar. (S4)

O tratamento da dor baseia-se em medidas farmacológicas e não farmacológicas. Dentre as medidas não farmacológicas podemos citar a

sucção não nutritiva e o uso de soluções glicosadas. A solução glicosada exerce sua função através da liberação de endorfinas endógenas levando a diminuição do tempo de choro e atenuando a mímica facial de dor. Em relação à sucção não nutritiva, ressalta-se que a chupeta não diminui a dor, mas inibe a hiperatividade e ajuda a criança a se organizar após o estímulo doloroso.

Convém assinalar que a sucção não nutritiva com chupeta antes do início de procedimentos dolorosos repetidos, como punções do calcanhar, pode ser inapropriada, visto que pode ocorrer condicionamento aversivo á chupeta (MACDONALD, MULLETT e SESHIA, 2007).

Foi citada também a importância de manusear o RN o mínimo possível de forma a reduzir o desconforto durante a realização dos pro-cedimentos.

Sempre manipulo os recém-nascidos com delicadeza para não machucá-los ainda mais. (S1)

Eu procuro agir com bastante rapidez durante os procedimentos para não causar tanta dor no bebê. (S6)

A prevenção da dor implica em uma série de detalhes de fácil reali-zação, tais como evitar manipulação desnecessária, minimizar a quantida-de de esparadrapo colocado para a fixação de acessos vasculares, cânulas traqueais e protetores oculares e estimular o uso de micropore, colocando o esparadrapo apenas por cima deste. Além disso, as coletas de sangue devem ser planejadas a fim de se evitar punções desnecessárias e dar pre-ferência aos cateteres centrais, principalmente nas crianças mais graves, para facilitar a colheita indolor de amostras de sangue.

Apesar de várias medidas de intervenção serem relatadas, nenhum dos sujeitos entrevistados ressaltou a importância da manutenção do equilíbrio do ambiente. O ambiente físico jamais pode ser desvalorizado, pois tem se mostrado ser uma importante fonte de estresse. As condições ambientais afetam o estado fisiológico e neurocomportamental do bebê e a familiarização do ambiente consiste em torná-lo mais humanizado e agradável e menos assustador. O ambiente humanizado favorece a esti-mulação visual do bebê, desenvolvendo a maturação neurológica e psí-quica, prevenindo atrasos no desenvolvimento psicomotor e social.

É necessário promover um ambiente adequado, familiarizando-o e diminuindo a quantidade e intensidade de estímulos excessivos de ruído e luz. O ruído na UTI neonatal é produzido pelos aparelhos, pelos cuidados diretos com o RN e por outros ruídos como vozes, telefone, passos, etc. Todos esses ruídos podem lesar estruturas do aparelho auditivo, interferir no sono, causar estresse, choro, fadiga e irritabilidade.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa revelou que o recém-nascido é capaz de sentir estímulos dolorosos e que a dor é percebida, na maioria das vezes, através do choro. A expressão facial e ato do neonato retrair-se também foram percebidos como características para identificação da dor. A punção ve-nosa se mostrou como principal fator desencadeante da dor em RN e não foi relatada nenhuma medida ou utilização de escala para mensuração de dor.

Percebeu-se uma grande dificuldade de mensuração e avaliação da dor em recém-nascidos. Essa mensuração não é feita de forma eficaz contribuindo assim para uma assistência menos humana a esse grupo de indivíduos. Isso demonstra um grande obstáculo ao tratamento adequado da dor nas unidades de terapia intensiva neonatal. A falta de escalas ou

A percepção da equipe de enfermagem sobre a dor do recém-nascido

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medidas para mensuração da dor em RN demonstra ainda a falta de co-nhecimento desses dispositivos por parte da enfermagem. Foi evidencia-do que o RN é capaz de sentir dor, porém os profissionais de enfermagem não estão preparados para avaliar sistematicamente essa dor utilizando instrumentos padronizados.

As principais intervenções de enfermagem para alívio da dor em RN foram o uso da chupeta de glicose, incentivo ao aleitamento materno

e o posicionamento correto no leito. Foi citada também a importância de manusear o RN causando o mínimo de desconforto quando da realização de procedimentos. Não foi ressaltada a importância do ambiente como in-tervenção para minimização da dor no RN. Esses métodos não farmacoló-gicos para alivio da dor se mostram importantes e devem ser incentivados, pois aliados a terapia farmacológica tornará menos agressivo o tratamento das patologias dos recém-nascidos.

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Paixão, M. C. S.; et al.

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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN

Submissão: 24.03.2010Aprovação: 13.09.2010

A visita domiciliar do enfermeiro à puérpera e ao recém-nascidoThe home visits of nurses to given birth and to the newbornLas visitas domiciliarias de las enfermeras y de dar a luz al recién nacido

RESUMO

Este estudo teve como objetivos conhecer e descrever a prática da Visita Domiciliar do enfermeiro à puérpera e ao Recém-nascido na Estratégia Saúde da Família e discutir se essa prática atende às nor-mas do Ministério da Saúde. Na produção dos dados utilizou-se a entrevista semiestruturada, com dez enfermeiros do município de Teresina. Na análise, as falas foram distribuídas em três categorias: a prática da visita domiciliar do enfermeiro à puérpera; a prática da visita domiciiar ao recém nascido e instrumentos mediadores do cuidado domiciliar do enfermeiro à puérpera e ao recém nascido. Os resultados indicam que os enfermeiros realizam a prática da visita domiciliar à puérpera e ao recém nascido, mas priorizam o exame físico da puérpera. Sugere-se que o enfermeiro, ao realizar a visita domiciliar, tenha um cuidado mais ampliado que possibilite ir além da dimensão obstétrica.Descritores: Visita domiciliar. Saúde da Família. Puerpério. Recém-nascido. Enfermagem.

ABSTRACT

This study aimed to understand and describe the practice of home visits of the nurse and given birth to the newborn in the Family Health Strategy and discuss whether the practice meets the standards of the Ministry of Health. In generating the data using the semi-interview with ten nurses from the city of Teresina. In the analysis, the words were divided into three categories: the practice of home visits given birth to the nurse; the practice of the home visits and newborn instruments mediators of the home care nurse and given birth to newborns. The results indicate that nurses carry out the practice of the home visits given birth and the newborn, but prioritize the physical examination of puerperal women. It is suggested that the nurse, to perform the home visits, have a more extended care beyond enabling the size obstetric.Descriptors: Home visits. Family Health. Puerperium. Newborn. Nursing.

RESUMEN

Este estudio tuvo como objetivo comprender y describir la práctica de visitas a domicilio de la enfer-mera y de dar a luz al recién nacido en la Estrategia Salud de la Familia y se examinará si la práctica cumple las normas del Ministerio de Salud. En la generación de los datos mediante la entrevista semi-con diez enfermeras de la ciudad de Teresina. En el análisis, las palabras se dividen en tres categorías: la práctica de la visitas a domicilio ha dado a luz a la enfermera, la práctica de la visitas a domicilio y recién nacido instrumentos mediadores de la enfermera de cuidados en el hogar y de dar a luz a los recién nacidos. Los resultados indican que las enfermeras realizan la práctica de la visitas a domicilio dado a luz y el recién nacido, sino priorizar el reconocimiento físico de puérperas. Se sugiere que la enfermera, para llevar a cabo la visitas a domicilio, con una atención más extendido más allá de que el tamaño obstétrica.Descriptores: Visitas a domicilio. Salud de la Familia. Puerperio. Recién nacido. Enfermería.

Tânia Maria Melo Rodrigues Enfermeira, Mestre em Enfermagem pela

Universidade Federal do Piauí (UFPI). Enfermeira da

ESF e da Maternidade Dona Evangelina Rosa em

Teresina (PI). End. Rua Major Osmar Félix, 24. Conj.

DER. Monte Castelo. Email: tmelorodrigues@hotmail.

com

Lídia Maria Oliveira do Vale Enfermeira Graduada na Faculdade NOVAFAPI –

Teresina/PI.

Raimunda Andréa Rodrigues Leitão Enfermeira Graduada na Faculdade NOVAFAPI –

Teresina/PI.

Rhavena Maria Oliveira da SilvaEnfermeira Graduada na Faculdade NOVAFAPI –

Teresina/PI.

Silvana Santiago da RochaDoutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem

Anna Nery na Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ). Professora do Programa de Pós Graduação

Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal

do Piauí.

José Ivo dos Santos Pedrosa

Doutor pela Universidade Estadual de Campinas/

UNICAMP. Docente do Mestrado em Enfermagem

da UFPI.

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.21-26, Abr-Mai-Jun. 2011.

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Rodrigues, T. M. M.; et al.

1 INTRODUÇÃO

Em 1994, como forma de reorientar o modelo de atenção no es-paço político-operacional, o Ministério da Saúde lançou o Programa de Saúde da Família (PSF). Em 1998 esse programa passou a ser chamado de Estratégia Saúde da Família (ESF), com o objetivo de implementar os princípios do Sistema Único de Saúde (integralidade, universalidade, equidade e participação social) e inclui como um dos instrumentos a vi-sita domiciliar entre as atividades atribuídas à equipe de Saúde da Família (SAKATA et al., 2007; SCHERER; MARINHO; RAMOS, 2005).

A Visita Domiciliar (VD) é um instrumento de intervenção fun-damental na saúde da família e na continuidade de qualquer forma de assistência e/ou atenção domiciliar à saúde, sendo programada e utiliza-da com o intuito de subsidiar intervenções ou o planejamento de ações (GIACOMOZZI; LACERDA, 2006; SOUSA; LOPES; BARBOSA, 2004; FERNAN-DEZ et al., 2003).

O atendimento em domicílio, realizado pelos profissionais que in-tegram a equipe de saúde, pode ser dividido nas seguintes modalidades: Atendimento Domiciliar, Internação Domiciliar, Acompanhamento Do-miciliar e Vigilância Domiciliar (GIACOMOZZI; LACERDA, 2006; FERNAN-DEZ et al., 2003). Define-se Vigilância Domiciliar como sendo o compare-cimento de um integrante da equipe no domicílio, para realizar ações de promoção, prevenção, educação e busca ativa da população de sua área de responsabilidade. Dentre essas ações, podem-se citar: ações preventi-vas, como as visitas às puérperas, e busca de recém-nascidos, e também ações de acompanhamento dos egressos hospitalares (FERNANDEZ et al., 2003; SAVASSI; DIAS, 2006).

A visita puerperal constitui uma das atividades que compõem a atuação da equipe de enfermagem na ESF. Ela deve se realizar no pri-meiro momento da assistência à criança, constituindo o trinômio “mãe--filho-família”, quando são observados e abordados fatores relacionados à puérpera, ao bebê e à família. Nessa ocasião, a mãe já é orientada a levar seu filho, com 15 dias de vida, à Unidade de Saúde da Família (USF), para que se inicie o acompanhamento (MELLO; ANDRADE, 2006).

O Ministério da Saúde recomenda uma visita domiciliar na primei-ra semana após alta do bebê. No entanto, se o recém-nascido (RN) estiver classificado como de risco, essa visita deverá acontecer nos primeiros três dias após a alta. Com relação à visita puerperal, esta tem como objetivos: avaliar o estado de saúde da mulher e do RN, assim como a interação entre eles; orientar e apoiar a família para amamentação e cuidados bási-cos com o RN; orientar o planejamento familiar e identificar situações de riscos ou possíveis intercorrências para a adoção de condutas adequadas (BRASIL, 2006; GUIMARÃES; PRATES, 2006).

Assim, o instrumento da VD, no contexto da atenção à saúde, tem-se apresentado como uma prática importante para os profissionais da ESF, e, em particular, ao enfermeiro, na possibilidade do cuidar da fa-mília e especialmente ao binômio puérpera e RN. No entanto, durante as práticas realizadas nas visitas domiciliares à puérpera e ao RN, observou--se que não é utilizado um instrumento como roteiro para sistematizar o cuidado de forma objetiva, atendendo às reais necessidades do grupo em estudo.

Nesse sentido, pretende-se conhecer e descrever a prática da Visi-ta Domiciliar do enfermeiro à puérpera e ao recém-nascido na Estratégia Saúde da Família e discutir se essa prática atende às normas do Ministé-rio da Saúde, para assistência domiciliar ao grupo em estudo.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, descritiva, realizado com as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) inseridas na Coor-denadoria Regional de Saúde da zona Sul do município de Teresina (PI), setor B (equipes localizadas nas áreas centrais). Esta Coordenadoria possui atualmente 32 equipes, compostas por médicos, enfermeiros, odontólo-gos, agentes comunitários de saúde, agentes de consultórios dentários e auxiliares de enfermagem.

Os sujeitos da pesquisa foram os 10 enfermeiros da ESF, da zona sul, setor B, do município de Teresina. Utilizou-se como critério de inclusão desses sujeitos que eles tivessem no mínimo dois anos de experiência de ESF. O motivo desta delimitação deve-se ao fato de se achar que a partir desse momento os enfermeiros em estudo já terão uma maior experiên-cia com as atividades realizadas na Atenção Básica e maior vínculo com a comunidade, podendo assim, contribuir com o objeto de estudo da pes-quisa.

A produção dos dados ocorreu nos meses de março e abril de 2009, por meio de entrevista semiestruturada, utilizando como instrumento um gravador do tipo Mp4. Esses dados foram analisados no período de abril a maio de 2009, onde foram apresentados na forma de categorias.

Antes da produção dos dados, o estudo foi submetido à Comissão de Ética da Fundação Municipal de Saúde e, após aprovação do mesmo, foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológica do Piauí – NOVAFAPI, em que foi devi-damente aprovado pelo parecer n°. 0029.043.000-09, obedecendo aos critérios da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após leitura minuciosa dos dados coletados, as falas foram classi-ficadas através dos discursos e agrupadas em idéias comuns. Em seguida, estas foram agrupadas em três categorias: a prática da visita domiciliar do enfermeiro à puérpera; a prática da visita domiciliar do enfermeiro ao recém-nascido e instrumentos mediadores do cuidado domiciliar do en-fermeiro à puérpera e ao recém-nascido.

A prática da visita domiciliar do enfermeiro à puérpera

Em relação à primeira categoria, que aborda a prática da VD do en-fermeiro à puérpera, trazemos uma descrição do período puerperal, que compreende a um período de mudanças e adaptações na vida da mulher (CLAUDIA, 2002; REZENDE; MONTENEGRO, 2003; RAVELLI, 2008; RODRI-GUEZ et al., 2006). Mudanças essas que variam de acordo com o meio em que vivem e com as necessidades próprias. Entre elas, observam-se as necessidades educativas relacionadas aos cuidados de si e do recém--nascido.

Assim, o domicílio é considerado um importante cenário para a ex-tensão do cuidado de enfermagem, onde a enfermeira tem como objetivo primordial favorecer o bem-estar da puérpera, através do planejamento de cuidados, considerando sempre o atendimento de forma individualizada e mantendo-se alerta para discutir as eventuais dúvidas e preocupações vivenciadas ao longo do puerpério (RODRIGUEZ et al., 2006; RODRIGUES; SILVA; FERNANDES, 2006; NÍVEA, 2004).

Portanto, o enfermeiro, na visita puerperal, deve estar observando na puérpera as modificações biológicas como: involução uterina, elimi-

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A visita domiciliar do enfermeiro à puérpera e ao recém-nascido

nações dos lóquios, distensão da musculatura abdominal, diminuição do volume sanguíneo, risco de retenção uterina, diminuição da motilidade gastrointestinal e lactação (CLAUDIA, 2002; REZENDE; MONTENEGRO, 2003; RAVELLI, 2008).

Pode-se afirmar que o puerpério possui três períodos: imediato, tar-dio e remoto, em que ocorrem mudanças fisiológicas e psicológicas logo após o parto, permanecendo até a sexta semana. Numa dessas mudanças o útero se encontra dilatado e esvaziado, causando um processo de in-volução uterina, para voltar ao seu tamanho pré-gestacional (REZENDE; MONTENEGRO, 2003; RAVELLI, 2008). Em relação aos lóquios, estes come-çam rubros, passam a serosos e, por fim, albos. Por sua vez, as mamas apre-sentam notáveis alterações em que o simples ato de amamentar poderá trazê-las sensação de dor, incômodo e de sofrimento materno, deixando de ser um momento de alegria. Diante disso, as orientações do enfermeiro na VD, nesse momento, torna-se imprescindível para a minimização de riscos referentes ao desmame precoce.

No entanto, percebeu-se nas falas dos depoentes que, durante a VD à puérpera, os enfermeiros seguem uma avaliação própria, não tendo pre-ocupação em seguir um roteiro sistematizado durante a VD, o que pode ser demonstrado nos depoimentos abaixo:

Em relação à mãe a gente verifica como é que está realmente o andamento do puerpério. Como é que está a loquiação. Se foi parto normal, se está tudo tranqüi-lo, se houve a episio, se não houve faz as orientações referentes aos cuidados com o corpo dela, higiene pessoal. Se houve cesária a gente verifica como é que está a incisão. Se tem quadro febril, como é que estão as mamas [...] e principalmente verifica a pressão arterial. Então são coisas assim bem básicas que você tenta ver o estado geral da mãe pra captar alguma intercorrência, alguma anormalidade. (D 01)

A gente observa também, se foi cesariana, se está bem a cicatriz, se ela está tendo alguma queixa [...] a gente já marca a primeira consulta dela pra fazer planeja-mento. Então a gente aproveita essa visita no máximo que a gente pode. (D 04)

Primeiro a gente solicita o cartão da gestante pra ver como é que está as doses da vacina [...]. No exame físico, se ela tem edema, se ela tem pressão alta, se ela tem algum corrimento [...] a gente tem que verificar sobre os lóquios, o mau cheiro, se ela tem episódios de febre, se ela tem cefaléia. Náuseas, vômitos podem ter tam-bém como conseqüência de uma infecção e aí a gente faz as intervenções. (D 05)

Bem na visita nos empenhamos no sentido das orientações, principalmente aleitamento materno, questão das vacinas e todas as orientações higiênico--dietéticas tanto para essa puérpera. (D 07)

Vale ressaltar que neste período do pós-parto além das modifica-ções biológicas a mulher depara-se com novos desafios a serem enfrenta-dos, ou seja, cuidar de si e do bebê, necessitando do apoio de profissionais capacitados para auxiliarem e orientarem em suas dúvidas, seus medos e anseios (RAVELLI, 2008).

No entanto, durante as entrevistas foi observado que apenas um dos depoentes citou a preocupação em questionar a puérpera sobre suas dúvi-das, o que mostra que na avaliação puerperal o foco está mais direcionado para o exame físico. Tal fato pode ser vivenciado no seguinte depoimento:

A gente pergunta sobre algumas dúvidas que ela tem, ou algum problema que ela tenha e que a gente não perceba no exame físico dela [...]. (D 06)

Estudos abordam a importância da avaliação da puérpera envol-vendo uma prática individualizada, humanizada, centrada na integrali-dade do ser humano, a partir de suas necessidades biofisiológicas e psi-cossociais, tendo em vista a promoção do bem-estar e a prevenção de complicações (RAVELLI, 2008; RODRIGUEZ et al., 2006; RODRIGUES; SILVA; FERNANDES, 2006). Uma vez que a mulher na fase do puerpério experi-menta modificações biofisiológicas, psicológicas, sociais e culturais.

Os enfermeiros, em seus depoimentos, relataram algumas dificul-dades no que se refere às puérperas seguirem as orientações recebidas desde o pré-natal. Este fato pode estar ocorrendo pela interferência do poder que as mães e/ou avós exercem no convívio familiar. Fato demons-trado nos depoimentos abaixo:

[...], mas mesmo assim com todo esse aparato que a gente tem algumas não conseguem amamentar exclusivamente. Tabus, influências do meio, recomen-dações de outras pessoas que tem aquela influência muito grande sobre ela, mas a tendência é que o objetivo seja atingido o mais frequente. (D 04)

[...] a avó da criança já tinha dado “óleo de riso” pra criança, já estava introduzin-do o leite, a fórmula, aí a criança já estava com diarréia, já estava ficando com desidratação [...]. Em decorrência dessas ações, a puérpera já estava com as ma-mas ingurgitadas, hiperemiadas. (D 06)

Na realidade cotidiana percebe-se o poder do conhecimento po-pular da família sobre a puérpera, o que pode causar confronto entre o saber popular com o saber científico, trazendo insegurança para a mulher. No entanto, os enfermeiros demonstram preocupação durante a troca de informações na VD puerperal, pela dificuldade em associar conhecimento profissional às práticas de cuidado popular. Logo, mitos, tabus, cultos e mistérios que envolvem a gestação e o puerpério, são desenvolvidos com frequência, apesar da influência profissional em tentar impor o seu saber (acreditam ser cientificamente corretos), entrando em conflito com a cul-tura popular (RAVELLI, 2008).

O enfermeiro, na prática da VD puerperal, deve apropriar-se do reconhecimento das informações, crenças e valores familiares positivos e buscar desmistificar o que lhe parecer negativo. Portanto, considera--se importante a participação do companheiro e familiares, inserindo-os nos cuidados à mãe e ao bebê, proporcionando esclarecimentos por eles solicitados, uma vez que a puérpera necessita de apoio durante todo o processo pelo qual a mesma está passando.

A prática da visita domiciliar do enfermeiro ao RN

A prática do enfermeiro ao RN na ESF, utilizando o instrumento da VD, tem como objetivo observar e avaliar os parâmetros fisiológicos do RN para orientar a mãe sobre os cuidados essenciais com o bebê nos primór-dios de sua vida.

Autores afirmam que o atendimento de enfermagem domiciliar é realizado na busca de trabalhar conhecimentos, hábitos e relações fami-liares, em prol da saúde e da promoção da qualidade de vida da criança (MELLO; ANDRADE, 2006; GUIMARÃES; PRATES, 2006).

Nas falas dos depoentes observou-se que os enfermeiros entrevis-tados demonstram conhecimento da importância da visita domiciliar ao RN. Os relatos a seguir mostram alguns parâmetros utilizados pelos enfer-meiros para avaliar o RN durante a visita:

[...] o cartão de vacina, vê se tomou as primeiras vacinas e procuro verificar no geral dele como é que ele está, que é o exame físico na criança [...]. (D 01)

[...] a gente avalia o estado geral do RN, a freqüência respiratória, a presença dos reflexos. Perguntamos a mãe à questão das eliminações fisiológicas, se já estão freqüentes, principalmente com relação à diurese [...]. (D 02)

[...] é avaliado nessa visita o cartão de vacina, tanto o da gestante como o do recém-nascido, é enfocada a importância do aleitamento materno e a impor-tância também das imunizações, a higiene dessa criança [...]. (D 03)

[...] a gente preenche a ficha do RN, como foi que nasceu, choro, se teve alguma complicação nesse período do nascimento até a visita [...]. (D 04)

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Em conformidade com o Ministério da Saúde, o profissional en-fermeiro desempenha algumas atividades durante a visita puerperal, tais como: avaliar o estado de saúde da mulher e do RN, assim como a intera-ção entre eles; orientar e apoiar a família para a amamentação e cuidados básicos com o RN; orientar o planejamento familiar e identificar situações de riscos ou possíveis intercorrências, para adoção de condutas adequa-das (BRASIL, 2006).

No que diz respeito ao atendimento prestado ao bebê nas consul-tas de enfermagem, busca-se conhecer: o estado geral do recém-nascido e seu comportamento, situação do aleitamento, realizar avaliação física, higiene e reflexos adequados à idade, bem como proporcionar à puérpera a realização de cuidados práticos com o bebê, através de demonstrações e orientações fornecidas (GUIMARÃES; PRATES, 2006).

[...] do recém-nascido eu quero vê como é que nasceu essa criança, qual foi o tipo de parto, quando nasceu, quantos dias de vida tem, como é que está a amamen-tação, se está colocando alguma coisa no coto umbilical, se está seco, se já caiu, a questão de assadura, da higiene, do corte da unha, tudo isso é orientado, como é que está a fontanela, as eliminações fisiológicas, se está só em aleitamento exclusivo. Oriento também o banho, o asseio, vejo a questão de IRA na criança, a importância que tem que arrotar, as cólicas, oriento massagens pra aliviar as cólicas, pra questão da eliminação dos flatos, vejo o cartão da criança, o peso.[...]. Como foi o nascimento dessa criança, se teve alguma intercorrência no parto, se ele ta abaixo peso, se tem icterícia, oriento o banho de sol para a mãe e para o RN, o banho de sol da mama.[...] a questão do RN também eu vejo como foi o Apgar, como foi o primeiro minuto de vida dele [...]. (D 09)

No que se refere ao tempo da realização da VD do enfermeiro ao RN, observou-se que é realizada entre a primeira e a segunda semana após o nascimento.

[...] a gente estabelece que até no máximo sete dias do puerpério a gente deva realizar essa visita como forma de evitar que aconteça algumas intercorrências tanto com a mãe como com o bebê. Então esse tempo é o tempo limite que a gente estabelece porque se houver alguns agravos à gente tem que estar perce-bendo de forma mais rápida e tentando intervir tanto com a mãe como com o bebê[...] (D 01)

[...] A solicitação é feita pelo agente comunitário o mais precoce possível porque ele é orientado a visitar a puérpera nas primeiras vinte e quatro horas após a chegada dela da maternidade, logo após o parto, principalmente nesses dois dias, então ele comunica a equipe. Nós temos um dia fixo por semana de visita domiciliar, que normalmente é a terça-feira. As visitas domiciliares a puérpera acontecem a cada uma vez por semana se for o caso ou, normalmente, a gente chega entre a primeira e a segunda semana após o nascimento[...]. (D 02)

[...] nós tentamos fazer essa visita, nos empenhando em realizar até no máximo dez dias. Nós sabemos que o ideal, pelo menos, era sete dias, mas às vezes nem sempre dá sete dias [...]. (D 07)

O Ministério da Saúde recomenda uma visita domiciliar na primeira semana após a alta do bebê (BRASIL, 2006). No entanto, se o RN tiver sido classificado como de risco, essa visita deverá acontecer nos primeiros três dias após a alta do bebê.

Constataram-se algumas dificuldades no cumprimento do tempo preconizado pelo Ministério da Saúde.

[...] a gente já encontrou casa fechada. Muitas vezes, a gente vai fazer a visita puerperal e a paciente está viajando, está em outro endereço, porque isso ge-ralmente ocorre quando a puérpera, ela não faz o pré-natal com a gente, e aí depois do parto volta pra sua área de origem. Às vezes está fazendo o acompa-nhamento do pré-natal porque a mãe mora dentro da nossa área, então ela está durante a gravidez na casa da mãe, o marido está viajando ou está no trabalho e ela sente-se muito só. Depois do parto ela volta pra área dela de origem e isso atrapalha a vivencia e o acompanhamento (D 05)

[...] eu vou no meu carro porque o carro da Fundação geralmente não é dispo-nível, porque no dia que a gente quer não tem, tem que se programar. Se eu for esperar a programação do carro da Fundação aí é quinze dias, vinte dias, um mês pra se visitar uma puérpera e aí demora muito [...] (D 08)

[...] A dificuldade que é encontrada é o transporte que não vem da Coordenação semanalmente e às vezes eu desço até no meu transporte pra realizar a visita no período determinado [...] (D 10)

Podem-se destacar como dificultadores da assistência domiciliária: ausência de saneamento básico e do cuidador, locais de difícil acesso e dificuldades estruturais, culturais e financeiras (KAWAMOTO; SANTOS; MA-TOS, 1995; SOUSA; LOPES; BARBOSA, 2004; KLOCK; HECK; CASARIM, 2005; MERHY; ONOCKO, 2007).

Instrumentos mediadores do cuidado domiciliar do enfermei-ro à puérpera e ao RN

Essa categoria mostra que os enfermeiros utilizam instrumentos como: tensiômetro e estetoscópio, termômetro, pacote de curativo, luva, Ficha de Avaliação do recém-nascido, prontuários da puérpera e do bebê, ficha perinatal, livro de registro, mapa do MDA (mapa de registro diário) e ficha de acompanhamento. Isso pode ser evidenciado nas falas abaixo:

Basicamente o aparelho de pressão pra aferir a pressão arterial. O termômetro e no máximo é isso. Ás vezes a gente levava o pacote de curativo pra vê se tem alguma coisa. Você leva a luva pra fazer alguma inspeção mais detalhada da mama. A gente tem uma Ficha de Avaliação do Recém-nascido e os próprios instrumentos do posto que são aqueles prontuários da mãe. Levamos a ficha da mãe onde a gente faz o registro da visita domiciliar e abre o prontuário do bebê e tem uma ficha específica, como se fosse um “check list” onde você vai verificando algumas coisas bem pontuais em relação ao bebê [...]. (D 01)

A gente já leva os impressos, que é a Visita domiciliar do Recém-nascido, que a gente têm que preencher e o cartão da gestante a gente pede na hora lá, e o prontuário a gente leva daqui mesmo que a gente não tenha feito o pré-natal [...]. (D 05)

[...] nós utilizamos uma ficha perinatal que é da Fundação Municipal de Saúde. Essa ficha a gente preenche, a gente faz essa avaliação baseada nesse instru-mento, nesse formulário padronizado pela saúde da família. (D 07)

[...] O aparelho de pressão, geralmente eu não levo o prontuário, eu levo o livro de registro, o mapa do MDA pra registrar a visita [...]. (D 08)

De acordo com o Ministério da Saúde, esses instrumentos são utili-zados com o objetivo de permitir um acompanhamento sistematizado da evolução da gravidez, do parto e do puerpério, com vistas à identificação dos problemas de saúde, da puérpera e do RN (BRASIL, 2006).

No entanto, percebe-se nas falas dos depoentes que a utilização da ficha visita domiciliar de recém-nascido em alta é trabalhada de forma sis-temática pelos enfermeiros durante as VDs, o que comprova um cuidado orientado e direcionado para este grupo.

Utilizamos um instrumento que é a ficha de acompanhamento do RN, onde nós fazemos a avaliação do RN e pra a avaliação da puérpera, os registros da avalia-ção da puérpera o prontuário dela da unidade [...]. (D 02)

Utilizo aquele roteiro do recém-nascido de alta, que você faz uma avaliação rá-pida e precisa dele como um todo, além de fazer a avaliação de todos os reflexos, avaliação da criança como um todo, a vacina [...]. (D 06)

Ao falar de instrumentos, entendemos estes como um recurso em-pregado para se conseguir um objetivo, para se alcançar um resultado. Portanto, instrumento básico é visto como o conjunto de conhecimentos e habilidades fundamentais para o exercício de todas as atividades profis-sionais (MERHY; ONOCKO, 2007).

Com este entendimento, identificou-se que os enfermeiros sujeitos da pesquisa utilizam os termos instrumento e equipamento como sinô-nimos, ao expressar a utilização do tensiômetro, do estetoscópio e o do termômetro como instrumentos, o que destoa do que é preconizado na

Rodrigues, T. M. M.; et al.

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literatura. Para o Ministério da Saúde, no acompanhamento periódico e contínuo de todas as mulheres na gestação e no puerpério, tanto na Uni-dade de saúde como em seu domicílio, devem ser utilizados como equi-pamentos principais o estetoscópio e o termômetro e como instrumentos de registro o cartão da gestante, a ficha perinatal, ficha de cadastramento da gestante e o mapa de registro diário (BRASIL, 2006).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste estudo possibilitou conhecer como é a prática da VD do enfermeiro à puérpera e ao RN na ESF. Nesta pesquisa os resul-tados mostraram que os enfermeiros, durante a visita puerperal, realizam o exame físico na puérpera e no RN, porém, em relação à puérpera, perce-beu-se em seus depoimentos que nesse momento não é utilizado pelos enfermeiros um instrumento como roteiro para sistematizar um cuidado de forma objetiva, atendendo às reais necessidades da puérpera.

No que diz respeito ao RN, foi possível identificar que, durante essa avaliação, o enfermeiro utiliza como instrumento a ficha visita domiciliar de recém nascido em alta, indicada pelo Ministério de Saúde (MS), que prioriza os parâmetros fisiológicos essenciais na avaliação do RN que ser-vem para orientação e direcionamento dessa prática.

Verificou-se que os enfermeiros, durante a visita pós-parto, priori-zam mais o exame físico da puérpera, sem questionar suas dúvidas, pre-ocupações, medos e anseios. Nesse sentido, entende-se que, durante a assistência de enfermagem à mulher no período puerperal, é importante que os profissionais enfermeiros atendam tanto suas necessidades físi-cas como as psicossociais, uma vez que a mulher nesse período vivencia muitas dúvidas frente aos cuidados no pós-parto, com o RN, aleitamento materno e planejamento familiar.

Constatou-se também que os enfermeiros, durante as VDs, se de-param em alguns momentos com dificuldades durante a troca de infor-mações e experiências no domicílio da puérpera, devido à interferência familiar em querer exercer influência no processo de cuidar.

Considerando o tempo de realização da visita puerperal, confir-mou-se que os enfermeiros têm conhecimento do tempo que é preconi-zado pelo Ministério da Saúde e procuram realizar esta visita respeitando este período. No entanto, foi possível identificar algumas dificuldades no cumprimento desse tempo, como: Transporte em quantidade insuficiente para atender à demanda da ESF nas VDs agendadas semanalmente. Outro ponto importante é a saída da puérpera da maternidade para outro domi-cilio, fora da área de abrangência da equipe. Fato que impossibilita ao pro-fissional enfermeiro realizar este cuidado no período preconizado pelo MS.

Em relação ao entendimento dos enfermeiros sobre os instrumen-tos e equipamentos utilizados na VD puerperal, observou-se que estes profissionais usam estes termos de forma errônea, não sabendo diferen-ciar o que caracteriza um instrumento de um equipamento, apesar de sa-ber sua importância na utilização de sua prática.

Portanto, entendemos que o enfermeiro, durante a VD à mulher no período puerperal, deve prestar uma assistência integral e humaniza-da, enfocando informações sobre o puerpério que minimizem os anseios e medos da cliente e família, promovendo um ambiente saudável para adaptação física e emocional da mulher. Nesse sentido, ao realizar uma assistência domiciliar com estes princípios, podemos proporcionar o bem--estar materno-infantil, reduzindo possíveis interocorrências vivenciadas durante o período puerperal. Desta forma, esperamos que a partir deste estudo ter contribuído para construção de um corpo de conhecimento próprio da enfermagem que venha a dá os subsídios necessários para prá-tica profissional do enfermeiro.

A visita domiciliar do enfermeiro à puérpera e ao recém-nascido

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26 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.21-26, Abr-Mai-Jun. 2011.

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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN

Submissão: 14.09.2010Aprovação: 09.11.2010

Análise do conhecimento das mulheres sobre a prevenção do câncer de mamaAnalysis of women´s knowledge about the prevention of breast cancerAnálisis del conocimiento de las mujeres sobre la prevención del cáncer de mama

RESUMO

O estudo objetivou analisar o grau de conhecimento das mulheres sobre a prevenção do câncer de mama. Foram empregados questionários estruturados em 384 mulheres atendidas no Centro Inte-grado de Saúde da Faculdade NOVAFAPI. Os resultados mostraram que 79,6% das mulheres vão uma vez ao ano no ginecologista, 98,7% atribui grande importância aos problemas das mamas, 42,7% são sempre questionadas sobre as mamas durante as consultas médicas, 47,4% têm as mamas exa-minadas nas consultas, enquanto somente 37,5% afirmaram serem orientadas pelos médicos para realizarem o autoexame. 73,2% das mulheres realizam o autoexame, sendo que a maioria tem idade entre 36-49anos. A realização de mamografia anterior foi presente em 31,8% das mulheres. Quando perguntadas sobre a idade de início de realização de mamografia e a frequência do exame, através das informações recebidas pela mídia, campanhas e pelos médicos 98,2% afirmaram que deveria ser a partir dos 40 anos e 91,1% que deveria ser anual. A aplicação do teste quiquadrado demos-trou existir associação estatística (p<0,05) entre consulta ginecológica e importância atribuída pelas mulheres ao problemas das mamas com grau de escolaridade e estado marital, o médico realizar o exame clínico das mamas com grau de escolaridade, a realização do autoexame e de mamografia anterior com idade e estado marital. Para que a prática de medidas preventivas consiga alcançar seu objetivo de detecção precoce do câncer de mama e conseqüente queda da mortalidade, as campa-nhas sobre as mesmas devem ser realizadas de modo a fornecer informações mais completas sobre a técnica e a importância do auto-cuidado, concomitante ao incentivo na área educativa, para que essas informações se incorporem ao comportamento da mulher. Descritores: Mama. Câncer de mama. Prevenção do câncer de mama. Conhecimento. Saúde da mulher.

ABSTRACT

The study aims to analyze the degree of knowledge of women on the prevention of breast cancer. Structured questionnaires were used in 384 women treated at the Integrated Health Centre (CIS) Faculty NOVAFAPI and analyzed using the chi-square significance level of 5%. The results obtained in the study showed that 79.6% of women will once a year to the gynecologist, 98.7% attaches great importance to the problems of the breasts, 42.7% were ever asked about their breasts during medical visits, 47.4% have their breasts examined in consultations, while only 37.5% reported being targeted by the doctors to carry out self-examination. 73.2% of women carry the self-examination, and most are aged between 36-49anos. The performance of previous mammography was present in 31.8% of women. When asked about the age of onset of mammography and frequency of exa-mination by the information received by the media, campaigns and doctors 98.2% said it should be from 40 anos 91.1% and that the examination should be annual . The application of chi-square test demonstrated significant association (p <0.05) between gynecological and importance given to women breast problems with education level and marital status, the physician perform the clinical breast exam with education, the achievement of self-examination and mammography prior to age and marital status. For the practice of preventive measures to reach his goal of early detection of breast cancer and subsequent decrease in mortality, the campaigns on the same should be done to provide more complete information about the technique and the importance of self-care concomi-

Denise Soares Valente Acadêmica do Curso de Medicina da Faculdade de

Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí-

NOVAFAPI- Teresina (PI), Brasil.

Sônia Maria dos Santos Carvalho Doutorado em Ginecologia pela Universidade

Federal do Rio de Janeiro- UFRJ- Rio de Janeiro (RJ),

Brasil.

Professora Adjunta de Ginecologia da Universidade

Federal do Piauí- UFPI- Teresina (PI), Brasil.

Professora Titular de Ginecologia da Faculdade de

Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí-

NOVAFAPI- Teresina (PI), Brasil.

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.27-34, Abr-Mai-Jun. 2011.

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tant to the incentive in the education area for which such information to incorporate women’s behavior.Descriptors: Brest. Breast cancer. Prevention of breast cancer. Knowledge. Women’s health.

RESUMEN

EL estudio tiene como objetivo analisar el grado de conocimiento de las mujeres sobre la prevención del cáncer de mama. Fueron empregados cuestionarios estructurados para 384 mujeres atendidas en el Centro In-tegrado de Salud (CIS) de la Facultad NOVAFAPI y analisados por medio del teste qui-quadrado, con nivel de significancia de 5%. Los resultados obtenidos en el estudio mostraron que 79,6% de las mujeres van una vez al año en el ginecologista, 98,7% atribui grande importancia a los pro-blemas de las mamas, 42,7% son siempre cuestionadas sobre las mamas durante las consultas médicas, 47,4% tiene las mamas examinadas en las consultas, mientras solamente 37,5% afirmaron ser orientadas por médi-cos para realizaren el autoexame. El 73,2% de las mujeres realizan el auto-exame, siendo que la mayoría tiene edad entre 36-49 años. La realización de mamografia anterior fue presente en 31,8% de las mujeres. Cuando preguntadas sobre la edad de inicio de realización de mamografía y la fre-cuencia del examen, a través de las informaciones recebidas por la mídia, campanas y por médicos 98,2% afirmaron que debería ser a partir de los 40 años y 91,1% que el examen debería ser anual. La aplicación del teste qui quadrado demostró existir asociación estadística (p<0,05) entre con-sulta ginecológica e importância atribuída por las mujeres a los problemas de las mamas con grado de escolaridad y estado marital, el médico realiza el examen clínico de las mamas con grado de escolaridad, la realización del auto-exame y de mamografía anterior con edad y estado marital. Para que la práctica de medidas preventivas consiga alcanzar su objetivo de detección precoce del cáncer de mama y consecüente declinación de la mortalidad, las campanas sobre las mismas deben ser realizadas de modo a fornecer informaciones más completas sobre la técnica y la importancia del auto-cuidado, concomitante al incentivo en el área educativa, para que esas informaciones se incorporen al comportamiento de la mujer.Descriptores: Mama. Cáncer de mama. Prevención del cáncer de mama. Conocimiento. Salud de la mujer.

1 INTRODUÇÃO

O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres, devido à sua alta freqüência e, sobretudo pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a própria imagem pessoal da mulher, sendo a primeira causa de morte, por câncer, entre as mulheres (BRASIL, 2009).

A Organização Mundial da Saúde estima que, por ano, ocorram mais de 1.050.000 casos novos de câncer de mama em todo o mundo, o que o torna o câncer mais comum entre as mulheres (BRASIL, 2004). No Brasil, em 2009, dos 235 mil novos casos de câncer estimados para o sexo feminino, 49 mil são de câncer de mama, sendo que este tipo de tumor foi o que mais aumentou entre as mulheres nos últimos anos. Em 2006, de acordo com o Ministério da Saúde, 10.950 brasileiras morreram devido ao câncer de mama (BRASIL, 2009).

Internacionalmente, tem-se observado, em alguns países desen-volvidos, como é o caso dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Holan-

da, Dinamarca e Noruega, um aumento da incidência do câncer de mama acompanhado de uma redução da mortalidade por esse câncer, o que está associado à detecção precoce por meio da introdução da mamografia para rastreamento e à oferta de tratamento adequado2. Em outros países, como no caso do Brasil, o aumento da incidência tem sido acompanha-do do aumento da mortalidade, registrando-se uma variação percentual relativa de mais de 80 % em pouco mais de duas décadas: a taxa de mor-talidade padronizada por idade, por 100.000 mulheres, aumentou de 5,77 em 1979, para 9,74 em 2000. O que pode ser atribuído, principalmente, a um retardamento no diagnóstico e na instituição de terapêutica adequa-da (BRASIL, 2004).

Com base em dados disponíveis em registros hospitalares, 60% dos tumores mamários em média são diagnosticados em fases avançadas. Investimentos tecnológicos e em recursos humanos no âmbito de progra-mas estruturados para detecção precoce dessa neoplasia e a implantação do sistema nacional de informações constituem estratégias importantes no sentido de reverter esse quadro (BRASIL, 2004).

Os métodos disponíveis para detecção precoce incluem auto-exa-me mamário, exame clínico da mama realizado por profissional habilitado, ultra-sonografia, mamografia, ressonância magnética, espectroscopia por ressonância magnética, punção aspirativa por agulha fina (PAAF) e core biopsy (FOGAÇA, GARROTE, 2004).

Embora tenham sido identificados alguns fatores ambientais ou comportamentais associados a um risco aumentado de desenvolver o câncer de mama, estudos epidemiológicos não fornecem evidências con-clusivas que justifiquem a recomendação de estratégias específicas de prevenção. É recomendação que alguns fatores de risco, especialmente a obesidade e o tabagismo, sejam alvo de ações visando à promoção à saúde e a prevenção das doenças crônicas não transmissíveis, em geral. De acordo com o Consenso de Mama (documento elaborado em 2004 por gestores, ONGs, sociedades médicas e universidades), a estratégia de controle da doença é a realização do exame clínico anual das mamas em mulheres de 40 a 49 anos. As mulheres pertencentes a grupos popula-cionais com risco elevado de desenvolver câncer de mama devem fazer exame clínico e mamografia anual a partir dos 35 anos. Para rastreamento, a recomendação é a realização de mamografia na faixa de 50 a 69 anos, com intervalo de até dois anos. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) e o Ministério da Saúde seguem as mesmas recomendações (BRASIL, 2004).

O American College of Radiology e a American Câncer Society re-comendam para rastreamento o auto-exame mensal e exame clínico a cada três anos para mulheres de 18 a 39 anos; mamografia e exame clínico anuais para mulheres de 40anos ou mais. No Brasil, o Colégio Brasileiro de Radiologia e a Sociedade Brasileira de Mastologia adotam praticamente os mesmos critérios, acrescido de mamografia anual em mulheres de alto risco após 35 anos e também naquelas com predisposição genética após os 25 anos.

Frente às limitações práticas para a implementação, junto à popu-lação, de estratégias efetivas para a prevenção do câncer de mama, as in-tervenções, do ponto de vista da Saúde Pública, passam a ser direcionadas a sua detecção precoce (BRASIL, 2004).

O Ministério da Saúde anunciou novas medidas para o controle do câncer de mama, recursos adicionais no âmbito do Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama visam ao aumento de uma média de 24,6% ao ano no número de mamografias no país, em re-lação a 2008, a outra medida foi a implementação do SISMAMA (Sistema de Informação do Controle do Câncer de Mama) que permite o geren-

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ciamento das ações de rastreamento de câncer e o monitoramento dos procedimentos em relação à doença em todo o país (BRASIL, 2009)

Se, por um lado, as maiores esperanças de controle do câncer de mama estão na sua detecção precoce, por outro, observa-se que, não obs-tante os esforços na divulgação dessas formas de prevenção, estas têm pouca penetração no público alvo (QUINTANA, BORGES, TONETTO, 2004).

Este estudo teve como objetivo analisar o grau de conhecimento das mulheres sobre a prevenção do câncer de mama.

2 MÉTODOS

O presente estudo foi tipo analítico observacional transversal, de-senvolvido na população de mulheres usuárias do Centro Integrado de Saúde (CIS) da Faculdade NOVAFAPI- Teresina-Piauí, que atende ambulato-rialmente comunidades carentes nas áreas de fonoaudiologia, fisioterapia, odontologia, dermatologia, ginecologia, oftalmologia, otorrinolaringolo-gia, cirurgia e apresenta uma equipe do Programa de Saúde da Família. As atividades desenvolvidas no seu plexo são de natureza propedêutica, terapêutica, preventiva e curativa.

Segundo a Central de Processamento de dados (CPD) da NOVAFA-PI em média, são atendidas 300 mulheres por mês no CIS. Considerando uma variância máxima de P= 0,05, margem de erro de 5% e nível se con-fiança de 95%, o tamanho da amostra foi:

N = 1,962 x ( 0,5 x 0,5 ) = 384 0,052onde 1,96 é o escore da curva normal para o nível de confiança

estabelecido.Empregamos um questionário estruturado, codificado e pré-testa-

do adaptado pelos autores. De acordo com o cronograma o levantamento de dados ocorreu num período de seis meses, portanto foram pesquisa-das 64 mulheres por mês, 16 mulheres por semana. Sendo sorteado um dia na semana para serem realizada as 16 entrevistas. O critério de escolha

das mulheres a serem entrevistadas foi a ordem de chegada. Incluímos as mulheres que estiveram no CIS, escolhidas aleatoriamente, com idade su-perior a 16 anos e que aceitaram participar da pesquisa. Excluímos apenas aquelas que se recusaram a participar do estudo.

A participação das mulheres na pesquisa deu-se nos bancos de espera do ambulatório, após abordagem dos pesquisadores, momento em que lhes foi explicado os objetivos e importância do estudo, sendo a participação espontânea, com garantia de anonimato diante dos achados. Tais esclarecimentos foram pautados no consentimento livre e esclarecido, observando-se o previsto na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que trata de pesquisas envolvendo seres humanos.

A pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética em pesquisa da Fa-culdade NOVAFAPI, cadastrado no sistema Nacional de Ética em Pesquisa. Os dados coletados foram processados via programa SPSS 16.0, que for-neceu os resultados em tabelas e gráficos. O Teste estatístico utilizado foi o qui-quadrado, com nível de significância de 5%.

3 RESULTADOS

A população feminina submetida ao questionário apresentou ida-de inferior a 35 anos (55,47%); entre 36 e 49anos (25%) e superior a 50anos (19,53%). Em relação à escolaridade eram analfabetas (4,69%); possuíam primeiro grau (33,85%),segundo grau (33,85%) e (27,6 %) o superior.O es-tado marital revelou que 54,95% das mulheres vivia com companheiro, enquanto 45,05% vivia sem companheiro.

Das mulheres entrevistadas 4,2% nunca realizaram consulta gi-necológica, (16,2%) só comparece ao ginecologista quando apresentam algum problema ginecológico e 79,6% tem o hábito de ir uma vez ao ano no ginecologista. As que nunca foram ao ginecologista a maioria são analfabetas 16,67% e vivem sem companheiro 8,14%.Enquanto a maior parte das que vão anualmente ao ginecologista apresentou idade entre 36 e 49anos (84,38%), tem o nível superior de escolaridade (85,85%) e vive com o companheiro 83,89% (Tabela 1).

Análise do conhecimento das mulheres sobre a prevenção do câncer de mama

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.27-34, Abr-Mai-Jun. 2011.

Tabela 1: Realização de consulta ginecológica por Idade, escolaridade e estado marital.Teresina (PI), 2009.

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FONTE: Pesquisa direta nas mulheres atendidas no CIS da NOVAFAPI

A maioria das mulheres atribui muita importância aos problemas das mamas (98,7%), só (0,52%) atribui pouca importância e (0,78%) atribui nenhum grau de importância ou não tem opinião sobre o tema. As que não atribuíram importância ou não tiveram opinião (1,33%) tinham mais

de 50anos, (5,56%) eram analfabetas e 1,73% vivem sem companheiro. Contudo, as que atribuíram grande importância aos problemas das ma-mas (98,96%) tinham entre 36 e 49anos, estudaram até o primeiro (100%) e segundo grau (100%) e vivem com o companheiro (100%). (Tabela 2)

FONTE: Pesquisa direta nas mulheres atendidas no CIS da

Em relação à opinião das mulheres sobre a preocupação dos médi-cos com os problemas das mamas 63,8% delas acreditam que há uma gran-de preocupação, (35,7%) acreditam em uma pequena preocupação e 0,5% não acredita que a classe médica se preocupe com os problemas relacio-nados as mamas. As que consideram grande a preocupação (73,33%) têm mais de 50 anos, (77,78%) são analfabetas e (66,35%) vivem com o compa-nheiro, e as que acreditam que existe uma pequena preocupação médica com os problemas das mamas (38,54%) tem entre 36 e 49anos, (40%) tem o segundo grau de nível escolar e (38,73%) vivem sem o companheiro, as que acreditam não existir nenhuma preocupação dos médicos com os proble-mas das mamas (1,04%) tem idade entre 36 e 49anos, ( 0,94%) tem o nível superior de escolaridade e (0,58%) vive sem companheiro.

Durante as consultas ginecológicas 42,71% dos médicos sempre fazem perguntas sobre as mamas, (27,08%) ocasionalmente e (30,21%)

nunca perguntam, na opinião das mulheres. Em relação ao exame clínico das mamas durante a consulta gine-

cológica 47,4% das mulheres afirmaram que são examinadas em todas as consultas, (29,2%) só ocasionalmente e 23,4% nunca tiveram as mamas examinadas durante consultas ginecológicas. Dentre as mulheres que são sempre examinadas (53,33%) tem idade acima dos 50anos, (40%) fizeram o primeiro grau escolar e (51,45%) vivem com o companheiro; as que são examinadas só em algumas consultas (33,33%) tem mais de 50anos, (37,69%) fizeram o segundo grau escolar e (30,33%) vivem com o com-panheiro; as mulheres que revelaram nunca terem tido as mamas exami-nadas em consultas ginecológicas (27,7%) tem idade inferior à 35anos, (33,33%) são analfabetas e (25,59%) vivem com o companheiro (Tabela 3).

Tabela 3: Médico examina as mamas por idade, escolaridade e estado marital.Teresina (PI), 2009.

FONTE: Pesquisa direta nas mulheres atendidas no CIS da NOVAFAPI

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Valente, D. S.; Carvalho, S. M. S.

Tabela 2: Importância atribuída aos problemas da mama por idade, escolaridade e estado marital.Teresina (PI), 2009.

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Sobre a orientação para realização do auto-exame das mamas duran-te as consultas ginecológicas 37,5% das mulheres afirmaram serem sempre orientadas, (22,92%) só são orientadas ocasionalmente e 39,58% nunca fo-ram orientadas. As mulheres que em todas as consultas foram orientadas a realizarem o auto-exame das mamas (46,67%) tem mais de 50anos, (38,68%) tem o nível superior de escolaridade e (39,81%) vivem com o companheiro; as mulheres que são orientadas ocasionalmente (25%) tem idade entre 36-49 anos, (27,78%) são analfabetas e (27,75%) vivem sem o companheiro; as que nunca foram orientadas para realizarem o auto-exame (45,07%) tem menos

de 35anos, (44,44%) são analfabetas e (41,23%) vivem com o companheiro.A maioria das mulheres entrevistadas 73,2% realiza o auto-exa-

me, (7,8%) não realiza porque nunca foi orientada pelo médico, (2,1%) apesar de ter sido orientada, não faz auto-exame por não atribuir im-portância e (0,26%) por terem medo de se auto-examinarem; enquanto (16,7%) não realizam auto-exame por outros motivos. As mulheres que realizam auto-exame (85,42%) têm idade entre 36-49anos, (76,92%) estudaram até o segundo grau e (76,78%) vivem com o companheiro (Tabela 4).

Tabela 4: Realiza autoexame das mamas por idade, escolaridade e estado marital.Teresina (PI), 2009.

FONTE: Pesquisa direta nas mulheres atendidas no CIS da NOVAFAPI

A realização de mamografia foi presente em 24% das mulheres há menos de dois anos e (7,8%) há mais de dois anos, em (67,7%) das mulhe-res a mamografia não foi realizada por não ter sido solicitada pelo médico e em (0,5%) não foi realizada, mesmo tendo sido solicitada.

As mulheres que realizaram mamografia há mais de dois anos (16%)

tem mais de 50anos, (22,22%) são analfabetas e (8,09%) vivem sem com-panheiro; as que realizaram há menos de dois anos (65,33%) tem mais de 50anos, (33,33%) são analfabetas e (28,91%) vivem com companheiro; as mu-lheres que não realizaram mamografia por não ter sido solicitada pelo médico (92,96%) tem menos de 35anos, (82,08%) estudaram ate o ensino superior e (73,99%) vivem sem companheiro; e as mulheres que não fizeram mamogra-fia apesar da solicitação (1,04%) tem idade entre 36-49anos, (0,94%) fizeram até o ensino superior e (0,95%) vivem com o companheiro (Tabela 5).

FONTE: Pesquisa direta nas mulheres atendidas no CIS da NOVAFAPI

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Análise do conhecimento das mulheres sobre a prevenção do câncer de mama

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Tabela 5: Realiza mamografia por idade, escolaridade e estado marital.Teresina (PI), 2009.

Quando perguntadas a respeito de com idade deveria se iniciada a realização da mamografia para detecção precoce do câncer de mama, de acordo com a informações recebidas pelos médicos e pelas campanhas de prevenção 98,2% das mulheres afirmaram que deveria ser a partir dos 40anos e (1,8%) a partir dos 50 anos. As mulheres que opinaram que a ida-de do início do rastreio deveria ser 40 anos (99,06%) tem menos 35 anos, (99,23%) tinham até o segundo grau de nível escolar e (98,27%) vivem sem companheiro; as que afirmaram que a idade deveria ser a partir dos 50anos (4%) têm mais de 50anos, (5,56%) são analfabetas e (1,9%) vivem com companheiro.

As mulheres foram perguntadas sobre com que freqüência a ma-mografia deveria ser realizada para detecção precoce do câncer de mama, de acordo com as informações recebidas pelos médicos e campanhas de prevenção, (91,1%) relataram que deveria ser anual e 8,9% bienal. As mu-lheres que opinaram a freqüência da mamografia ser anual (92,96%) tem menos de 35anos, (92,31%) fizeram até o segundo grau de nível escolar e (91,91%) vivem sem companheiro; as que opinaram sobre a periodicidade ser bienal (11,46%) tem idade entre 36-49anos, (11,11%) são analfabetas e (9,48%) vivem com companheiro.

A aplicação do teste quiquadrado demostrou existir associação estatística (p<0,05) entre consulta ginecológica e importância atribuída pelas mulheres ao problemas das mamas com grau de escolaridade e estado marital, o médico realizar o exame clínico das mamas com grau de escolaridade, a realização do autoexame e de mamografia anterior com idade e estado marital. O teste não pôde ser realizado entre as va-riáveis realização de autoexame e de mamografia anterior com o grau de escolaridade, porque aconteceram casos com freqüência inferior a 5 casos.

4 DISCUSSÃO

Atualmente, o câncer de mama é uma das doenças de maior im-pacto devido à elevada e preocupante incidência, enormes custos sociais, desastrosas conseqüências físicas e psíquicas e altas taxas de mortalidade. Apesar de todo investimento realizado pelos governos, sociedades e or-ganizações não governamentais, essa neoplasia constitui um grave pro-blema de saúde pública no Brasil, mostrando a precariedade das ações preventivas (FOGAÇA, GARROTE, 2004).

A existência de poucos estudos sobre o conhecimento das mulhe-res sobre as medidas de prevenção para detecção precoce do câncer de mama e a sua indiscutível importância para aumentar a sobrevida, foram grande estímulo para realização do presente estudo.

O estudo evidenciou que o maior contingente de entrevistadas do Centro Integrado de Saúde da Faculdade NOVAFAPI tinha idade inferior a 35anos (55,47%), nível de escolaridade entre o primeiro e segundo grau (33,85%) e vivem com companheiro (54,95%).

O hábito de comparecer à consulta ginecológica anualmente e a importância atribuída pelas mulheres aos problemas relacionados às mamas tiveram relação significativa com o grau de escolaridade e estado marital.

A maioria das mulheres entrevistadas revelou que a classe médi-ca demonstra uma grande preocupação com os problemas das mamas (63,8%), entretanto somente (42,71%) são questionadas sobre problemas com as mamas, (47,4%) têm as mamas examinadas e (39,58%) nunca fo-

ram orientadas pelos médicos para realizarem o autoexame das mamas durante as consultas, mostrando concordância com outros autores em que entre as pacientes que responderam já ter ido pelo menos uma vez ao ginecologista, (58,7%) referiram que este não incentiva a prática do au-toexame, tampouco examina suas mamas (63,8%) (MONTEIRO, ARRAES, PONTES, 2003).

Estudo em Pelotas-RS mostrou o crescimento da adesão dos pa-cientes às políticas públicas em saúde, com mudanças positivas na prática de autoexame pelas pacientes, de 1995 para 2005, havendo aumento de 50% para 80%, como fruto de campanhas específicas e consultas com profissionais envolvidos com a atenção à saúde (SCLOWITZ, MENEZES, GIGANTE, 2005). E diferente da mamografia, a maior adesão aumentou com o nível social, o crescimento do hábito de autoexame ocorreu mes-mo entre as mulheres de nível socioeconômico baixo (BORGES, MORAES, BORGES, 2008)

Não é possível dissociar o papel dos responsáveis pela adoção de políticas públicas e dos profissionais de saúde da responsabilidade de atu-ar quanto ao aspecto da educação da população para a saúde. Os dados mostraram que os centros de saúde foram as principais fontes de infor-mação para a realização do autoexame das mamas (56,2%). No entanto, a maioria das mulheres apresentou tanto conhecimento inadequado (92,6%) quanto prática inadequada (83,2%) para a realização deste pro-cedimento (MARINHO et al., 2003). Resultados semelhantes ocorreram em outros estudos até mesmo em países mais desenvolvidos (DIGNAN, 1986; PERAGALLO; FOX; ALBA, 2000).

Este estudo mostrou que a maioria das mulheres que praticam o autoexame das mamas (85,42%) tem idade entre 36 e 49 anos, e as que menos praticam têm menos de 35anos. Estes achados são diferentes de outros autores que encontraram maior prática de autoexame antes dos 40 anos e no qual as mulheres acima de 60 anos não examinavam suas mamas (MONTEIRO; ARAES; PONTES, 2003).

Em relação à idade, achado positivo foi o fato de que as mu-lheres que mais realizam o exame corretamente ou com freqüência preconizada localizam-se principalmente na faixa etária de 35 a 49 anos, em que há maior incidência da doença, o que pode proporcio-nar diagnóstico precoce, importante num período em que a mulher é economicamente ativa e pode estar constituindo família. O fato de as mulheres idosas não realizarem o exame é explicado por terem dificul-dades como: diminuição do tato, da visão e da sensibilidade; aumento do pudor em se despir e se tocar, e maior incidência de osteoartrite (FREITAS JUNIOR et al., 1996). Além disso, mulheres nessa faixa etária são menos receptivas a novas informações e já não apresentam auto-cuidado tão pronunciado com as mamas, associando isto ao fato de terem entrado na menopausa. Notou-se, ainda, que quase metade das mulheres jovens (20 a 29 anos) também não realizam o autoexame, fato atribuído à idéia de que pela pouca idade não há necessidade de prevenção nem risco de apresentar a doença. (MONTEIRO, ARRAES, PONTES, 2003)

É importante notar que dentre os motivos da não-realização, en-contraram-se justificativas como “não achar necessário” e “falta de interes-se”, demonstrando que apenas transmitir a informação não é suficiente para a mudança de comportamento, já que a prática do autoexame de-pende da decisão da cliente, a partir da compreensão e interpretação que tem da possibilidade de prevenir e ser responsável pela sua própria saúde (CAETANO, HELENE, 2001).

Segundo Monteiro a maioria das entrevistadas (59%) tomou co-

Valente, D. S.; Carvalho, S. M. S.

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nhecimento do autoexame pela imprensa, seguido pelos demais profis-sionais de saúde (17,9%) e médico (14,8%), contudo, o meio que levou a prática mais correta foi a orientação médica. Outros autores também afirmam ser o serviço de saúde e os meios de comunicação em massa os maiores disseminadores do conhecimento e ensino da prática do autoexa-me (LAGANÁ et al., 1990).

É importante que a detecção precoce do câncer de mama por meio do ensino do autoexame seja de responsabilidade de todos os que assis-tem pacientes do sexo feminino, e não apenas daqueles que atuam em programas específicos para esse fim (HOOD; VARGENS, 1995).

O estudo discorda com a literatura a respeito da influência da es-colaridade sobre a prática do auto-exame, pois as mulheres que menos realizam auto-exame foram as analfabetas e com nível superior de esco-laridade. Portanto, torna-se de fundamental importância o conhecimento de quais os grupos populacionais que necessitam de maior atenção e, a partir daí, identificar qual seria o melhor método de alcançá-los para a di-fusão da prática do auto-exame (FREITAS JUNIOR et al., 1996).

Para que a prática do auto-exame consiga alcançar seu objetivo de detecção precoce do câncer e conseqüente queda da mortalidade, as campanhas sobre o mesmo devem ser realizadas de modo a fornecer informações mais completas sobre a técnica e a importância do auto--cuidado, concomitante ao incentivo na área educativa, para que essas informações se incorporem ao comportamento da mulher. A divulgação do método deve ser estimulada em todos os níveis assistenciais, tanto por médicos quanto por demais profissionais de saúde, ressaltando-se a sua importância dentro do contexto assistencial ao sexo feminino, para que sejam alcançados os diferentes grupos sociais de forma efetiva (MONTEI-RO; ARRAES, PONTES, 2003)

O estudo evidenciou que a realização do auto-exame e de mamo-grafia anterior teve uma associação significativa com idade e estado mari-tal, estando conforme a literatura. A prevalência de (65,33%) das mulheres que realizaram mamografia há menos de 2 anos terem mais de 50 anos reflete a possibilidade desta prática preventiva estar, adequadamente, sendo direcionada para as mulheres da faixa etária de maior risco para o câncer de mama.

Alguns fatores podem ser determinantes da relação inversa entre a prática do auto-exame e a realização de mamografia. São eles, o temor em detectar anormalidades; dificuldades sexológicas e culturais; o descrédito na capacidade de detectar doenças, associado, muitas vezes, a uma super-valorização da capacidade diagnóstica do exame realizado pelo médico e da mamografia (SCLOWITZ; MENEZES; GIGANTE, 2005).

Há, portanto, tendência a se valorizar o bom exame clínico das ma-mas pelo médico e a solicitação de possíveis exames para detecção de

tumores, necessitando-se de mudança de comportamento deste profis-sional e conscientização de seu papel importante neste contexto (MON-TEIRO; ARRAES; PONTES, 2003).

O conhecimento das mulheres sobre a idade de início do rastrea-mento mamográfico e a frequência da realização da mamografia como prática preventiva, de acordo com as informações recebidas pela mídia, campanhas e profissionais de saúde não mostrou nenhuma relação com as variáveis estudadas.

O presente estudo possui como possíveis limitações o viés de me-mória, já que foram colhidas informações sobre fatos ocorridos no pas-sado e, o viés da causalidade reversa, pela impossibilidade, neste tipo de desenho metodológico, de determinar relações de causa e consequência ou cronologia entre exposição e o desfecho.

No Brasil, como país em desenvolvimento, onde os recursos para a saúde são escassos, não havendo ainda mamógrafos disponíveis neces-sários para atender às necessidades da população feminina, e com uma saúde pública que tem dificuldade em obter profissionais treinados nos mais longínquos municípios do país para realizar o exame clínico das ma-mas das mulheres, o autoexame pode representar importante forma de detecção menos tardia do câncer de mama, e talvez viável em momento prévio à implantação dos programas de rastreamento. Principalmente, como meio de despertar preocupação com questões da mama (BORGES ; MORAES ; BORGES, 2008).

5 CONCLUSÃO

Concluímos, que para a prática de medidas preventivas consiga al-cançar seu objetivo de detecção precoce do câncer de mama e conseqüente queda da mortalidade, as campanhas sobre as mesmas devem ser realizadas de modo a fornecer informações mais completas sobre a técnica e a impor-tância do auto-cuidado, concomitante ao incentivo na área educativa, para que essas informações se incorporem ao comportamento da mulher.

Torna-se imprescindível à capacitação dos médicos de família para realizarem exame clínico das mamas. Sabendo-se que a baixa adesão das mulheres assintomáticas aos programas ambulatoriais é devida ao medo e preconceitos com relação a essa doença. A divulgação do método deve ser estimulada em todos os níveis assistenciais, tanto por médicos quanto por demais profissionais de saúde, ressaltando-se a sua importância den-tro do contexto assistencial ao sexo feminino, para que sejam alcançados os diferentes grupos sociais de forma efetiva.

É necessário, no entanto, salientar que o foco principal é, além do exame clínico das mamas, a implantação dos programas de rastreamento mamográfico acessíveis às brasileiras, com ampla cobertura da população.

Análise do conhecimento das mulheres sobre a prevenção do câncer de mama

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34 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.27-34, Abr-Mai-Jun. 2011.

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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN

Submissão: 25.05.2010Aprovação: 10.11.2010

Experiência de mães no cuidado com filhos autistasThe experience of mothers in the care of autistic childrenExperiencia de las madres con el cuidado de los hijos autistas

RESUMO

Estudo descritivo, exploratório e de campo, com abordagem qualitativa, que objetivou descrever a experiência das mães no cuidado com filhos autistas. Os dados foram coletados na Associação de Amigos Autistas, em Teresina - PI através de um roteiro de entrevista semi-estruturado. Os sujeitos foram 10 mães com experiência no cuidado de filhos autistas há pelo menos seis meses. As mães revelaram suas dificuldades e o sofrimento ao descobrirem as limitações de seus filhos, o grande empenho exigido delas no cuidado com eles, bem como a longa trajetória em busca de uma me-lhor qualidade de vida para os mesmos, demonstrando, porém, que é gratificante o carinho deles, a satisfação quando aprendem algo novo e o orgulho que elas sentem por eles.Descritores: Enfermagem. Autismo infantil. Relações mãe-filho.

ABSTRACT

Descriptive study, including exploratory and field research with a qualitative approach, that attempts to describe the experience of mothers in caring for autistic children. The data was collected at the Association of Friends of the Autistic, in Teresina, PI, through a semi-structured, scripted interview. The subjects were ten (10) mothers with at least six (6) months experience in caring for autistic children. The mothers revealed their difficulties and suffering upon learning of their children’s limi-tations, the great effort that the care demands of them, as well as the long search for a better quality of life for themselves. This demonstrates, despite all this, the gratification of caring for them, the satisfaction of seeing them learn something new and the pride they feel for them.Descriptors: Nursing. Childhood autism. Mother-Child Relations .

RESUMEN

Esta investigación está compuesta de un estudio descriptivo, exploratorio y de campo, con enfoque cualitativo, que tienen como objetivo describir la experiencia de las madres con el cuidado de los hijos autistas. Los datos fueron colectados en la Asociación de Amigos Autistas, en Teresina – PI a tra-vés de un guión de entrevista semiestructurado. Las entrevistadas fueron 10 madres con experiencia en el cuidado de hijos autistas hace por lo menos seis meses. Las madres revelaron sus dificultades y el sufrimiento al descubrir las limitaciones de sus hijos, el gran empeño exigido de ellas en el cuidado respectivo, bien como, la larga trayectoria en busca de una mejor calidad de vida para los mismos, demostrando, sin embargo, que es gratificante el cariño construido, la satisfacción cuando aprenden algo nuevo y el orgullo que las madres sienten por sus hijos.Descriptores: Enfermería. Autismo infantil. Relaciones Madre-Hijo .

Alcineide Mendes de SousaEspecialista em Saúde da Criança e do Adolescente,

Docente da Faculdade NOVAFAPI, Teresina, Piauí,

Brasil. [email protected].

Mariza Ozório da Rocha

Aluna de Graduação do curso de Enfermagem da

Faculdade NOVAFAPI, Teresina, Piauí, Brasil. Rua Sete

de setembro n° 876 Centro – sul. Email: marizabn@

hotmail.com

Walérye Cavalcante Santos

Aluna de Graduação do curso de Enfermagem da

Faculdade NOVAFAPI, Teresina, Piauí, Brasil. Rua Jorn.

Helder Feitosa n° 1131 Cond. Sta Mônica Bl. 07 Apto.

301 Ininga. Email: [email protected]

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.35-39, Abr-Mai-Jun. 2011.

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Sousa, A. M.; Rocha, O. M.; Santos, W. C.

1 INTRODUÇÃO

O autismo infantil (AI) é considerado um transtorno global em que há um desenvolvimento anormal e/ou comprometido, que se manifesta antes dos três anos de idade, sendo mais frequente em meninos do que em meninas (MATAS; GONÇALVES, MAGLIARO, 2009).

Segundo Lira et al. (2009), o quadro clínico desse problema é carac-terizado por prejuízos em diversas áreas do desenvolvimento, entre elas, a interação social recíproca, e a comunicação. Os indivíduos acometidos por esses transtornos podem demonstrar capacidades cognitivas e lingüísti-cas atípicas e peculiares, tais como excelente memória para detalhes.

Na concepção de Sadock e Sadock (2007), as crianças autistas são atraentes e, à primeira vista, não apresentam nenhum sinal indicando o problema. Elas têm altas taxas de anomalias físicas menores, como mal-formações das orelhas; muitas permanecem ambidestras (utilizam as duas mãos com a mesma facilidade) em uma idade na qual a dominância ce-rebral está estabelecida em crianças normais e apresentam sinais sutis de interação social com seus pais e outras pessoas.

Em relação ao comportamento das referidas crianças, os autores acima mencionam que quando bebês, muitas carecem de um sorriso social e de uma postura antecipatória para serem seguradas quando um adulto se aproxima. Às vezes, não reconhecem ou não diferenciam as pes-soas mais importantes de sua vida – pais, irmãos e professores – e podem mostrar ansiedade extrema quando sua rotina é interrompida. Na idade escolar, seu retraimento pode ter diminuído e ser menos óbvio, entretan-to, há um déficit notável na capacidade de brincar com seus pares e fazer amigos.

O tratamento do AI visa tornar o indivíduo o mais independente possível em todas as áreas de atuação. Todos os indivíduos afetados reque-rem alguma forma específica de educação e algumas intervenções com-portamentais. Crianças autistas, excepcionalmente bem dotadas e que têm sido capazes de acompanhar o currículo normal em escolas regulares, representam exceções à regra geral. Algumas poderão se beneficiar de tratamento medicamentoso que vise melhoras comportamentais. Porém, em nenhuma hipótese, esta forma de tratamento será a única nem a mais importante (SCHWARTZMAN, 2003).

A intervenção terapêutica para criança com autismo é uma área es-pecializada que envolve profissionais com treinamento avançado. Como não existe cura, o objetivo do tratamento é promover um reforço positivo, aumentar a percepção social, ensinar técnicas de comunicação verbais e reduzir os comportamentos inaceitáveis. Estabelecer uma rotina estrutura-da para a criança seguir é fundamental na conduta do autismo, conforme comentam Hhockenberry e Winkelstein (2006).

Há uma alteração relevante na vida familiar diante da experiência de conviver com uma criança autista, pois os portadores de autismo de-vem receber um acompanhamento diferenciado, sendo necessária uma preparação para quem irá acompanhá-los, inclusive as mães, que mudam seu estilo de vida para adaptar-se a nova condição, buscando um meio alternativo de comunicação com um mundo que parece não existir.

O autismo é um transtorno de interesse social que vale a pena ser estudado, pois, favorecerá um melhor interesse para as mães que buscam informações que até o momento são vagas e contribuirá para a socializa-ção do conhecimento sobre o assunto. Questionamentos sobre o autismo continuam sem respostas e o envolvimento dos profissionais, juntamente com a participação da mãe, com esses seres humanos, está em constante construção.

É importante, então, encontrar novas condutas que possam garan-tir às mães uma maior segurança no cuidar do filho, tornando-se protago-nistas nesse processo. Isso deve incluir informações que venham esclare-cer dúvidas e reduzir temores sobre o autismo, para que seja prestada uma assistência qualificada à criança.

Nesse sentido, o diálogo entre o profissional de saúde e as mães de filhos autistas é a base fundamental no que se denomina aliança terapêu-tica, considerada como uma troca ou negociação para garantir maiores benefícios na assistência da mãe e da criança

Diante do exposto, objetivou-se descrever a experiência das mães no cuidado com filhos autistas.

2 METODOLOGIA

Estudo descritivo, exploratório com abordagem qualitativa reali-zado na Associação de Amigos Autistas (AMA), uma entidade sem fins lucrativos que atende pessoas com a Síndrome do Autismo, em Teresina – PI.

Os sujeitos foram 10 mães de crianças autistas com experiência no cuidado de seus filhos há, pelo menos, seis meses. Para a coleta de dados utilizou-se um roteiro de entrevista semi-estruturada e de um aparelho de MP3. Na fase de interpretação, os dados foram organizados em categorias, conforme a convergência dos discursos das depoentes, analisados e interpretados à luz do referencial teórico pertinente ao tema.

Atendendo às normas da Resolução 196/96, o projeto de pesqui-sa foi autorizado pela Associação de Amigos Autistas – AMA e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí – NOVAFAPI (CAAE nº. 0201.0.043.000-10). Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Es-clarecido (TCLE), que garante seu anonimato e a liberdade de recusa ou exclusão em qualquer momento da pesquisa (BRASIL, 1996). Baseado nisso, foram atribuídos aos participantes o nome de pedras preciosas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A maioria das entrevistadas tem ensino fundamental incompleto, são todas casadas, com idade entre 23 e 51 anos. Quanto ao número de filhos, uma tem 8 filhos, uma tem 4 filhos, três tem 3 filhos, quatro tem 2 filhos e uma tem 1 filho. Vale ressaltar que a maioria delas teve que abdicar de atividades ocupacionais fora de casa, devido à necessidade de cuida-dos especiais que o filho requer.

Os discursos foram lidos e agrupados os depoimentos que se en-quadravam na mesma linha de interpretação. As categorias que emergi-ram foram: o impacto do diagnóstico de autismo, o cuidar de uma criança autista: dedicação x abdicação e os desafios cuidar.

3.1 O impacto do diagnóstico de autismo

Quando engravida, toda mãe espera a vinda de uma criança sau-dável, forte e bonita. Afinal, quando se planeja a chegada de um bebê, a expectativa não é de uma criança doente. Assim, as reações manifestadas pela mãe, após saber que seu filho é autista, são imprevisíveis:

[...] foi muito difícil, ainda hoje é difícil porque no fundo a gente não aceita direito (RUBI).

Tive que aceitar logo, foi logo no momento da notícia (PÉROLA).

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Experiência de mães no cuidado com filhos autistas

Como afirma Monteiro et al. (2008), a mulher, ao engravidar, planeja um novo mundo, no qual o filho passa a ocupar o centro, mas sempre ima-ginando um filho saudável. Ter um filho autista não é para a futura mãe algo imaginável e essa realidade muda a compreensão de sua própria existência.

Geralmente, o diagnóstico de uma criança autista é informado às mães anos após o nascimento do filho. Assim, elas acabam se adaptando à maneira de viver do filho e aceitando o problema com maior facilidade.

Mudou bastante meu pensamento em relação às pessoas diferentes. Como eu soube bem depois, eu já era acostumada com o jeito dele e no momento em que você não conhece você não tem como aceitar e entender, depois que você co-nhece é que você analisa e percebe que precisa compartilhar com aquela pessoa independente dela ser diferente ou não. Aí aceitei logo (OPALA).

De acordo com o depoimento acima, os familiares que recebem o diagnóstico mais tardiamente consideram que já estão acostumados ao “jeito de ser” das crianças em questão, demonstrando sentimento de acei-tação, como postula Silva (2007).

Lord (1995) comenta que o diagnóstico preciso do autismo não é uma tarefa fácil para o profissional, já que pode haver problemas na dis-tinção entre crianças com autismo e crianças não-verbais com déficits de aprendizado ou prejuízo da linguagem.

Mães de crianças autistas costumam passar por um período de sofrimento, momento este, que surge devido a um sentimento de culpa que elas depositam dentro de si, atribuindo isso a um castigo por algo cometido.

Eu só me perguntei o porquê [...] Minha gravidez não teve problema nenhum, às vezes me pergunto que castigo é esse, depois de um tempo, aceitei (DIAMANTE).

Às vezes me sinto culpada, como se eu tivesse feito alguma coisa errada e estou pagando (RUBI).

Para Klin et al. (2006), muitas vezes, os pais ficam perplexos com relação às interações com seus filhos e, frequentemente, surge um senti-mento de grande ansiedade, isolamento, e, às vezes, de culpa. Ao observar as dificuldades da criança dentro do contexto da ciência clínica, os pais normalmente são reforçados, apesar da rispidez inicial e contínua associa-da à comunicação.

Ao discorrer sobre o assunto, Schmidt (2003), comenta que o nas-cimento de uma criança autista gera diversos sentimentos na família, pois esta se vê confrontada com o desafio de ajustar seus planos e expectativas quanto ao futuro, com as limitações dessa condição e com a necessidade de adaptar-se à intensa dedicação e prestação de cuidados específicos ao filho.

Muitas mães sentem-se frágeis e procuram forças em um ser su-premo para enfrentar o problema e conviver com as limitações dos seus filhos, aceitando a situação, confiantes de que tudo vai melhorar.

Eu chorava muito pedindo a Deus que dê uma resposta pras pessoas que estu-dam sobre o autismo, mas tudo vai se ajeitando (ÁGATA).

Nas palavras de Salimena e Cadete (2002), é na fé e confiança em um ser sobrenatural que se desvela no discurso como um presente e uma dádiva de Deus. A força provém da crença em um ser superior que funcio-na como auxílio e minimizam sentimentos de nulidade.

3.2 O cuidar de uma criança autista: dedicação x abdicação

O cuidar é mais que um ato, é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma ati-

tude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro (BOFF, 1999). Para Waldow (2004) a experiência de cui-dar é também percebida como uma doação que envolve um sentimento de dever e a responsabilidade em fazer o melhor possível.

As depoentes admitiram que cuidar de uma criança autista exige atenção e total paciência, por se tratar de pessoas que sempre manifesta-rão comportamentos infantis.

É muito difícil, muito dispendioso [...] Para sair com ele, é um aperreio, ele quer passear, eu me desgasto muito e ele depende de mim pra tudo, tudo mesmo (ÁGATA).

[...] é a mesma coisa que cuidar de um bebê, a diferença é que um bebê normal você sabe que vai crescer e aquilo vai mudar, o autismo não, infelizmente você vai ter um bebê a vida inteira, pode ser comprometido ou leve [...] (OPALA).

Segundo Manfezolli (2004), a infantilização autista pode impactar de forma negativa o posicionamento do sujeito frente à sociedade e, con-sequentemente, compromete a construção da identidade, levando-o a ocupar eternamente o lugar de criança, pouco capaz de entendimento e ação perante o grupo social.

Schmidt (2003) explica que as características clínicas do autismo afetam as condições físicas e mentais do indivíduo, aumentando a deman-da por cuidados e, conseqüentemente, o nível de dependência em rela-ção aos pais e/ou cuidadores. Este fato é evidenciado no discurso abaixo:

O momento mais difícil no dia a dia dele são as atividades de vida diária: tomar banho, trocar de roupa e comer sozinho, por mais que eu tente essa independên-cia, tem essa questão da mãe ser muito protetora e mesmo assim ele sempre vai ser dependente (CRISTAL).

Existem ainda momentos em que a criança precisa ser mais obser-vada, principalmente quando o ambiente em que se encontra apresenta perigo à sua integridade ou favorece comportamentos de risco. A atenção dos pais nesses lugares deve ser redobrada, para que se evitem acidentes com seus filhos.

Ele tem manias que pode prejudicar ele, quando ele mexe na tomada, sobe no vaso sanitário, coloca o dedo no ventilador (OPALA).

Neste contexto, pode-se comprovar a total dedicação das mães, que terminam por abdicar de sua vida pessoal, de seu trabalho e de seus projetos em virtude do filho. Nas palavras de Monteiro et al. (2008) no de-correr do processo vivencial, as mães vão se despersonificando, perdendo características do seu cotidiano e assumindo o cotidiano do filho, ficando, desse modo, fechadas para as possibilidades que a vida oferece.

Ele dá muito trabalho. Tive que largar o trabalho por causa dele (JADE).

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, as entrevistadas re-conhecem que conviver com uma criança autista é uma experiência pra-zerosa.

[...] é prazeroso, porque é filho da gente, ele fica criança o tempo todo, cada coisa que ele aprende eu fico muito feliz, eu gosto de cuidar dele, eu já me acostumei (SAFIRA).

O portador do autismo é muito sensível e, dependendo do nível, tem habilidades que, se bem trabalhadas, ele poderá exercê-las com maior facilidade, aprender a se expressar melhor e ter uma comunicação mais favorável, porém, sempre dependerá da supervisão de um cuidador.

A importância de ter um apoio em casa foi lembrada pelas depo-entes, pois, o cuidado compartilhado, com a colaboração da família torna--se menos difícil e não sobrecarrega tanto a mãe.

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.35-39, Abr-Mai-Jun. 2011.

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Todo mundo lá em casa me ajuda, o pai dele, a minha sobrinha, a família toda participa das atividades com ele, ainda bem (SAFIRA).

Comungando com Rodrigues, Fonseca e Silva (2008) entende-se que a doença afeta a família como unidade, havendo um contínuo inter-câmbio entre seus membros e um intenso grau de envolvimento de todos com os cuidados da criança autista, distribuindo as responsabilidades ao longo do sistema.

A adaptação da família está relacionada com o grau e intensidade do comprometimento de uma criança autista. Isso explica suas limitações no aprendizado e desenvolvimento, como relatado a seguir:

É uma experiência difícil, porque depende do grau do autismo. O do meu filho é nível médio, pra mim foi difícil, mas eu não vou dizer que foi tão difícil assim com-parado com as outras. Você sabe que ele não vai ter o desenvolvimento normal que os outros, então qualquer coisa que ele aprenda, já é uma coisa maravilhosa e eu reconhecia cada coisa que ele aprendia (CRISTAL).

Segundo Klin (2006) há uma variação notável na expressão de sintomas no autismo. As crianças com funcionamento mais baixo são ca-racteristicamente mudas por completo ou, em grande parte, isoladas da interação social e com realização de poucas incursões sociais. No próximo nível, as crianças podem aceitar a interação social passivamente, mas não a procuram. Nesse nível, pode-se observar alguma linguagem espontâ-nea.

Klin (2006) afirma que o autismo é um comprometimento perma-nente e a maioria dos indivíduos afetados por esta condição permanece incapaz de viver de forma independente, e requer o apoio familiar, da co-munidade ou da institucionalização. No entanto, a maioria das crianças com autismo apresenta melhora nos relacionamentos sociais, na comuni-cação e nas habilidades de autocuidado quando crescem.

3.3 Os desafios do cuidar

Entre os maiores desafios do cuidar de uma criança autista está o déficit que ela apresenta no processo de comunicação. Diante disso, a convivência com o filho possibilita à mãe desenvolver habilidades que permitem entendê-lo. Assim, elas passam a compreender os desejos ma-nifestados por eles e a conduzir da melhor forma a mensagem que que-rem transmitir.

[...] um dos sintomas do autismo é a dificuldade de comunicação, com a convi-vência a gente consegue perceber o que ele quer. Que é angustiante é, é muito melhor você chegar num filho e ter um diálogo que você quer, por outro lado ele pode não se comunicar com palavras, mas se comunica com maneiras e gestos (CRISTAL).

Ela não fala nada, mas eu entendo quando quer comer ou beber água, ir ao ba-nheiro. É através de gestos (PÉROLA).

Para Gardia (2004) inúmeras crianças autistas nunca fazem uso da fala, e aquelas que falam apresentam anormalidades. O desenvolvimen-to das habilidades lingüísticas nas crianças autistas é muito diferente das crianças ditas “normais” e daquelas que apresentam desordens na lingua-gem.

Em relação aos sentimentos dos autistas, a maioria das mães rela-tou que seus filhos são bastante afetivos e trocam carinhos com elas:

Ela é carinhosa, dengosa, abraça. A família se uniu mais (PÉROLA).

Ele é muito carinhoso, me abraça, me beija. É mais carinhoso do que os bons do juízo (TOPÁZIO).

Entretanto uma depoente informa a indiferença do filho em relação a ela, demonstrando uma rejeição da mãe, deixando-a mãe muito sentida.

[...] Ele não aceita abraço nem carinho. Ele empurra, ele sai. Minha vida mudou pra pior, mudança total (RUBI).

Segundo Travis e Sigman (1998) crianças autistas têm falhas em exibir responsividade típica às emoções dos outros, o que sugere falên-cias na função de um sistema especializado na interpretação e resposta a sinais de emoções. Com isso, muitas crianças apresentam dificuldades nos relacionamentos com os outros, podendo surgir momentos de interações afetivas que, segundo Camargo (2002), da mesma forma que elas surgem, desaparecem.

Para muitas mães, o autista representa um presente divino e elas se sentem privilegiadas por assumirem a responsabilidade de ser cuidadora de uma criança autista.

Eu me sinto privilegiada, acho que foi um presente de Deus, porque se Deus man-dou uma criança assim pra mim, é porque ele sabia que eu teria capacidade de cuidar. Ruim é a mãe que tem um filho bandido ou drogado (ESMERALDA).

Em concordância com Boff (1999) acredita-se que o cuidado so-mente surge quando a existência de alguém tem importância; a dedica-ção ao outro, a participação de seu destino, de suas buscas, de seus sofri-mentos e de seus sucessos, enfim, de sua vida.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo mostrou que o autismo não é o que os pais esperam e se preparam quando planejam a chegada de uma criança. Assim, ao toma-rem conhecimento de que seu filho é autista, passam por um período de sofrimento diante das dificuldades enfrentadas e também por sentimen-tos de culpa e de difícil aceitação, principalmente às mães, que muitas vezes abdicam de suas atividades para assumir dedicação integral ao filho.

Foi possível identificar as dificuldades enfrentadas pelas mães no cuidar de uma criança autista, envolvendo a comunicação limitada dessas crianças e a dependência na realização de atividades básicas. Por outro lado, mesmo diante das atribulações, o amor materno incondicional sente orgulho e prazer a cada dia-a-dia de evolução do filho.

Os resultados demonstraram ainda, que as limitações da criança autista estão relacionadas ao seu grau de comprometimento mental. Per-cebeu-se, assim, a necessidade de novos estudos sobre o autismo, a fim de modificar a imagem que muitos estudos divulgam o autista como um ser incapaz de expressar afeto e descobrir novos instrumentos que auxiliem as mães no cuidado com seus filhos.

Sousa, A. M.; Rocha, O. M.; Santos, W. C.

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.35-39, Abr-Mai-Jun. 2011.

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Experiência de mães no cuidado com filhos autistas

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.35-39, Abr-Mai-Jun. 2011.

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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN

Submissão: 13.09.2010Aprovação: 14.12.2010

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.40-45, Abr-Mai-Jun. 2011.

Avaliação da qualidade da assistência pré-natal prestada às gestantes usuárias do sistema único de saúde Quality evaluation of prenatal care provided to pregnant women of national health system Evaluación de la calidad de la atención prenatal proporcionada a las mujeres embarazadas usuarias del sistema de salud

RESUMO

Pesquisa com objetivo de avaliar a qualidade da assistência pré-natal prestada às gestantes pelo Sistema Único de Saúde. Trata-se de um estudo quantitativa. A coleta de dados foi feita por meio de aplicação de questionário, do cartão pré-natal e do prontuário médico. Das 150 gestantes pesqui-sadas, 56% iniciaram o pré-natal antes de 14 semanas de idade gestacional e realizaram 6 ou mais consultas; 23% realizaram os exames laboratoriais conforme recomendado pelo Ministério da Saúde e 5% tiveram um exame obstétrico adequado em suas consultas. Os resultados revelaram que o iní-cio precoce do pré-natal juntamente com o número adequado de consultas não garante assistência pré-natal de qualidade, necessitando também de um número adequado de exames obstétricos e laboratoriais.Descritores: Gestante. Qualidade. Pré-natal.

ABSTRACT

Survey to evaluate the quality of prenatal care provided to pregnant women at the Unified Health System This is a quantitative study. Data collection was done through questionnaires, card and pre--natal medical records. Of the 150 pregnant women surveyed, 56% began prenatal care before 14 weeks’ gestation and underwent six or more visits, 23% had laboratory tests as recommended by the Ministry of Health and 5% had an obstetric examination proper in your queries. The results showed that early initiation of prenatal care with the appropriate number of queries does not guarantee prenatal care quality, we also need an adequate number of obstetric examinations and laboratory.Descriptors: Pregnant. Quality. Prenatal care.

RESUMEN

Encuesta para evaluar la calidad de la atención prenatal a mujeres embarazadas en el Sistema Único de Salud Este es un estudio cuantitativo. La recolección de datos se realiza a través de cuestionarios, la tarjeta de pre-natal y registros médicos. De las 150 mujeres embarazadas encuestadas, el 56% comenzó la atención prenatal antes de la gestación de 14 semanas y se sometió a seis o más visitas, el 23% había pruebas de laboratorio según lo recomendado por el Ministerio de Salud y el 5% tenía un examen obstétrico adecuado en sus consultas. Los resultados mostraron que el inicio temprano de la atención prenatal con el número apropiado de consultas no garantiza la calidad de la atención prenatal, también es necesario un número adecuado de exámenes obstétricos y de laboratorio.Descriptores: Embarazo. Calidad. Prenatales.

Lia Andréa Costa da Fonsêca Graduando de Medicina da Faculdade NOVAFAPI.

Liceana Barbosa de Pádua Graduando de Medicina da Faculdade NOVAFAPI.

João de Deus Valadares Neto Doutor em Ginecologia e Obstetrícia pela Escola

Paulista de Medicina (Unifesp). Professor titular da

Universidade Federal do Piauí (UFPI). Professor do

curso de Medicina da Faculdade NOVAFAPI. Rua

Deusa Rocha, 1855 – Ilhotas 64014-180 – Teresina –

PI. Email: [email protected]

1 INTRODUÇÃO

Na história da Saúde Pública, a atenção materno-infantil tem sido considerada uma área prio-ritária, principalmente no que diz respeito aos cuidados da mulher durante a gestação, que engloba: o pré-natal, o parto e o puerpério, a fim de manter um ciclo gravídico-puerperal com o menor risco possível para o binômio mãe-filho (SHIMIZU; LIMA, 2009).

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41Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.40-45, Abr-Mai-Jun. 2011.

A assistência pré-natal compreende um conjunto de cuidados e procedimentos que visa preservar a saúde da gestante e do concepto, as-segurando a profilaxia e a detecção precoce das complicações próprias da gestação e o tratamento adequado de doenças maternas pré-existentes (GRANGEIRO; DIÓGENES; MOURA, 2008). Além disso, o pré-natal pode re-presentar a única oportunidade para as mulheres receberem assistência médica (GONÇALVES et al.., 2008).

No Brasil, vem ocorrendo um aumento no número de consultas de pré-natal por mulher que realiza o parto no Sistema Único de Saúde (SUS), partindo de 1,2 consultas por parto em 1995 para 5,45 consultas por parto em 2005 (BRASIL, 2006). Entretanto, 98% dos óbitos maternos no parto poderiam ter sido evitados com adoção de medidas simples, ou seja, uma maior assistência pré-natal poderia reduzir essa taxa de mortalidade materna (BRASIL, 2008). No Piauí, os dados de 2004, apontaram a razão da mortalidade materna bastante alta com um percentual de 56,81 para 100 mil nascidos vivos (BRASIL, 2004).

Como diretrizes para reduzir as elevadas taxas de mortalidade ma-terna, o Ministério da Saúde (MS) estabeleceu algumas recomendações; dentre essas destacam-se a primeira consulta de pré-natal até o quarto mês de gestação e no mínimo seis consultas de pré-natal; escuta ativa da mulher e seus acompanhantes, esclarecendo dúvidas e informando sobre o que vai ser feito na consulta e as condutas a serem adotadas; atividades educativas a serem realizadas em grupo ou individualmente; estímulo ao parto normal; anamnese e exame clínico-obstétrico e exames laborato-riais (BRASIL, 2006).

Como exames laboratoriais devem ser realizados ABO-Rh, hemo-globina/hematócrito VDRL, sumário de urina; glicemia de jejum; testagem anti-HIV; sorologia para hepatite B (HBsAg); Sorologia para toxoplasmo-se; aplicação de vacina antitetânica; avaliação do estado nutricional da; prevenção ou diagnóstico precoce do câncer de colo uterino e de mama; tratamento das intercorrências da gestação; classificação do risco gesta-cional; encaminhamento para atendimento especializado quando neces-sário; registro de dados em prontuário e cartão da gestante (BRASIL, 2006).

Portanto, garantir uma assistência adequada significa prevenir, diagnosticar e tratar os

eventos indesejáveis na gestação, no parto e nos cuidados com o recém-nascido. Estudos que visem avaliar a qualidade dos serviços de saúde prestados em nosso país ainda são escassos. (GONÇALVES et al.., 2008). Coutinho apud Fernandes (2006), criou alguns critérios, usando como base o índice desenvolvido por Kessner apud Fernandes (2006), analisando a qualidade do pré-natal através de categorização em três ní-veis complementares e de complexidade crescentes (níveis 1, 2 e 3) e sub-divide cada nível em adequado, intermediário e inadequado, que facilita a identificação da origem dos problemas porventura existentes.

Assim o Nível 1 relaciona-se com o início e o número de consultas: adequado – início do pré-natal antes de 14 semanas de gestação e 6 ou mais consultas de pré-natal; inadequado – início do pré-natal após a 27 semana de gestação ou duas ou menos consultas de pré-natal; interme-diário – todas as situações intermediárias entre adequada e inadequada. O Nível 2 – relaciona-se aos exames complementares tidos como básicos: classificação sanguínea ABO-Rh, hemoglobina e hematócrito, glicemia de jejum, VDRL e urina tipo 1. Adequado – um registro de tipagem ABO-Rh, hematócrito e hemoglobina; dois registros de glicemia, VDRL e urina tipo 1. Inadequado – nenhum registro de exame laboratorial. Intermediário – quaisquer exames básicos e o Nível 3 – avalia a utilização do cartão do pré-natal no que se relaciona a procedimentos clínico-obstétricos con-

siderados essenciais para adequação do prénatal: as aferições da idade gestacional, da altura uterina, da pressão arterial (PA), do peso e do edema maternos, além dos batimentos cardíacos e apresentação fetal. Adequado – altura uterina, idade gestacional, edema e peso, cinco ou mais registros; batimentos cardio-fetais (BCF), quatro ou mais registros; apresentação fe-tal, dois ou mais registros. Inadequado – duas ou menos anotações de al-tura uterina, idade gestacional, pressão arterial, edema, peso e batimento cardio-fetal ou nenhum registro da apresentação fetal. Intermediárias – as demais situações (COUTINHO apud FERNANDES, 2006).

Portanto, o pré-natal destaca-se como sendo o primeiro alvo a ser atingido quando se busca reduzir as altas taxas de morbimortalidade ma-terna e perinatal e, para tanto, a viabilização dos programas exige atuação profissional competente (GONÇALVES et al.. 2008).

No estado do Piauí, a Unidade de Saúde Wall Ferraz (CIAMCA) re-presenta o segundo

maior centro de Obstetrícia. Porém, não existem, nesta Materni-dade, pesquisas sobre a qualidade da assistência pré-natal. Através deste estudo, procurou-se avaliar o programa de assistência pré-natal da institui-ção a fim de apresentar estratégias que possam melhorar sua qualidade e, conseqüentemente, gerar melhores índices de saúde para o Estado.

Assim, este estudo objetivou avaliar a qualidade da assistência pré-natal ofertada pela rede SUS às gestantes cujo parto foi realizado no CIAMCA, em Teresina-PI, e relacionar essa informação com a ocorrência de operação cesariana, partos pré-termo, a termo e pós-termo, morbidade materna e complicações fetais.

2 METODOLOGIA

Estudo prospectivo quantitativo com amostragem não probabilís-tica e intencional, realizado com mulheres internadas na Maternidade Wall Ferraz para realização do parto.

A amostra contou com 150 mulheres cujo pré-natal foi realizado através do Sistema Único de Saúde, sendo esta amostra selecionada para uma estimativa de 450 partos por semestre na Maternidade Wall Ferraz, que permitiu estimar uma margem de erro de 5% e nível de confiança de 95%.

O instrumento de coleta de dados foi um questionário para registrar as variáveis obtidas através de entrevista com a gestante, do car-tão da gestante e do prontuário médico de admissão para o parto, colhi-dos pelos autores da pesquisa. A coleta de dados foi realizada no período de maio a outubro de 2010.

Para processar as informações, utilizou-se o programa Microsoft Excel versão 2007 e o teste qui-quadrado. As proporções foram considera-das significativas quando as probabilidades das mesmas foram menor ou igual a 0,05 (valor p<0,05).

A pesquisa foi baseada nos Termos da Resolução nº 196/96 do Con-selho Nacional de Saúde (CNS), fazendo uso do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido das participantes e somente foi iniciada após a apro-vação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade NOVAFAPI (CAAE: nº 0274.0.000.043-10), que garantiu a todos os envolvidos os referenciais básicos da bioética, isto é, autonomia, não maleficência, benevolência e justiça.

3 RESULTADOS

Avaliação da qualidade da assistência pré-natal prestada às gestantes usuárias do sistema único de saúde

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A avaliação da qualidade da assistência pré-natal foi realizada se-gundo os critérios de Coutinho modificado para classificar o pré-natal em adequado ou inadequado a partir dos seguintes parâmetros: Nível 1: foi considerado adequado o pré-natal que teve início antes de quatorze se-manas de gestação e que tenha realizado 6 ou mais consultas; Nível 2: o pré-natal adequado foi aquele que realizou pelo menos 1 tipagem ABO--Rh, 1 hematócrito, 1 hemoglobina, 2 glicemia de jejum, 2 VDRL, 2 teste anti-HIV, 2 sumário de urina, 1 HbsAg, 1 sorologia para toxoplasmose e Ní-

vel 3: o pré-natal adequado foi aquele que tenha feito 5 ou mais registros de altura uterina, idade gestacional, edema, peso, PA, e índice de massa corpórea (IMC) e 3 ou mais registros dos BCF. Em relação aos três níveis de classificação, foram consideradas inadequadas as demais situações de assistência pré-natal.

Assim, verificou-se que 56% das puérperas foram consideradas adequadas para o nível 1; 23%, adequadas para o nível 2; e 5%, adequadas para o nível 3. (Tabela 1)

Fonsêca, L. A. C.; Pádua, L. B.; Neto, J. D. V.

Observou-se uma maior incidência de cesarianas entre as pa-cientes cujo pré-natal foi considerado inadequado para o nível 1 (45%) quando comparado com aquelas com pré-natal adequado (32%). A di-ferença não foi estatisticamente significativa (0,05 < p < 0,10). No nível 2 a proporção de cesarianas entre as pacientes com pré-natal considerado

adequado ou inadequado foi praticamente igual (37% x 38% ). No nível 3, houve maior número de cesarianas entre as pacientes com pré-natal considerado adequado que no grupo de pré-natal considerado inade-quado (43% x 38%), no entanto, esta diferença não foi estatisticamente significativa (Tabela 2)

Ao analisar a idade gestacional através do exame dos recém-nas-cidos segundo método de Capurro, observou-se que a era a termo (98%), não havendo diferença significativa entre adequado e inadequado nos três níveis de classificação (Tabela 2).

Ainda de acordo com a Tabela 2 das 150 puérperas, 87 (58%) apre-sentaram algum tipo de morbidade, sendo 36% para infecção urinária, 17% para anemia e 16% para hipertensão. As puérperas com prénatal inadequado apresentaram maior incidência de morbidades nos níveis 1 e 3, com 60% e 59%, respectivamente, não havendo diferença significa-tiva entre os adequados e os inadequados (p > 0,1). Entretanto, no nível 2, houve mais morbidade entre as puérperas consideradas adequadas

(71%), gerando uma diferença possivelmente significativa ( 0,05 < p < 0,10). (Tabela 2, 3, 4 e 5).

Em 25% dos recém-nascidos, ocorreram complicações. A presença de mecônio ocorreu em 21% dos RN, hipóxia (21%), macrossomia (25%), baixo peso (14%) e outras (19%), como tocotraumatismo, bossa sangui-nolenta e icterícia. Os recém-nascidos de mães classificadas nos níveis 1 e 2 apresentaram porcentagens semelhantes de complicações entre os adequados e inadequados. Em contrapartida, o nível 3 mostrou mais com-plicações no grupo considerado inadequados (25%). Não houve diferença significativa em nenhum dos níveis. (Tabela 3 e 5).

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.40-45, Abr-Mai-Jun. 2011.

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Avaliação da qualidade da assistência pré-natal prestada às gestantes usuárias do sistema único de saúde

Observou-se que dos pré-natais avaliados foram realizados pelo menos 1 vez hemograma (97%), tipagem sanguínea (93%), sorologia para hepatite B (92%) e toxoplasmose (91%), além de pelo menos dois registro

de exames de VDRL (55%), glicemia (47%), sumário de urina (53%) e teste anti-HIV (38%).

Mediante análise do nível 3, verificou-se que não houve registro de IMC (71%), edema (85%), BCF (23%), altura do fundo uterino (9%), idade gestacional (5%), pressão arterial (3%) e peso (1%) no cartão da gestante.

Legenda: A= adequado; I= inadequado; RN=recém-nascido.

Observou-se ainda que foram registrados de forma adequada IMC (2%), ede-ma (11%), pressão arterial (62%), idade gestacional (58%), peso (62%), da altura uterina (45%) e BCF (64%), segundo Coutinho modificado (Tabela 5).

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.40-45, Abr-Mai-Jun. 2011.

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Fonsêca, L. A. C.; Pádua, L. B.; Neto, J. D. V.

4 DISCUSSÃO

Na literatura científica, muitos trabalhos têm avaliado o efeito pro-tetor do pré-natal levando em consideração somente o número de con-sultas e a idade gestacional do início do pré-natal. Neste estudo, foi avalia-do, além disso, os exames básicos e os procedimentos clínico-obstétricos considerados essenciais para adequada assistência do pré-natal.

Analisando o pré-natal das puérperas em estudo, observamos que, na maioria das vezes (56%), seu início ocorreu antes de 14 semanas de idade gestacional e foram feitas pelo menos 6 consultas, sendo classificado, como adequado segundo o nível 1 dos critérios de Coutinho modificado. Estes dados estão de acordo com os publicados por Moimaz et al. (2010), no qual 56 (82,35%) de um total de 68 gestantes procuram o atendimento até com-pletarem 14 semanas de gestação e por Gonçalves, Cesar e Mendoza-Sassi (2009), no qual 75,3% das 2.557 entrevistadas tiveram 6 ou mais consultas.

No que se refere aos exames laboratoriais, ou seja, nível 2, o pré--natal foi considerado inadequado em sua maioria (77%). Este fato pode ser explicado pela não realização dos exames no terceiro trimestre, em destaque o anti-HIV, o qual somente 38% das gestantes repetiram tal exa-me, como recomenda o Ministério da Saúde (2006). Segundo Grangeiro, Diógenes e Moura (2008), somente 21,11% de 166 gestantes fizeram o exame anti-HIV e apenas metade de sua amostra tive acesso aos exames laboratoriais básicos. Em estudo realizado por Gonçalves et al. (2009), ape-nas 25,3% das gestantes realizaram os dois exames sorológicos para sífilis durante a gestação e, em nosso trabalho, 55 % realizaram pelo menos 2 vezes este exame.

Outro fator que justifica a alta incidência de pré-natais inadequa-dos para o nível 2 é o não preenchimento do cartão da gestante e o início tardio do pré-natal, que dificulta a repetição dos exame. Nogueira (2008) observou que dos exames sem resultado registrado mais de 57% foi soli-citado e que a falta do resultado pode ser decorrente de subregistro ou a ausência do retorno da gestante a unidade de saúde.

Ao analisarmos o nível 3 referente ao exame físico obstétrico tam-bém encontramos limitações que vieram a considerar a grande maioria (95%) dos pré-natais inadequado; devido, principalmente, a nenhum re-gistro de Índice de Massa Corpórea (IMC) em 71% e edema em 85% dos cartões pré-natais. Segundo Cunha et al. (2009), a avaliação do edema e do estado nutricional nas gestantes foi realizada em mais de 60% e 24,59% das consultas, respectivamente. Em nosso trabalho, a altura uterina foi examinada de forma adequada segundo Coutinho modificado em penas 45% das gestantes. Em contrapartida, em Cunha et al. (2009), observou-se que a verificação da altura uterina foi uma habilidade desenvolvida pelos profissionais na maioria das consultas (90,16%).

A morbidade materna esteve presente em 58% das puérperas. Dentre elas, destacaram-se infecção urinária (36%), anemia (17%) e hiper-

tensão arterial (16%). Vale ressaltar que o grande número de morbidades maternas não implicou, significativamente, em complicações obstétricas e perinatais, provavelmente, devido à assistência eficaz a estas morbidades. Duarte et al. apud Silva (2009), reafirma esta evidência ao relatar que a infecção urinária e anemia, logo que diagnosticadas, eram tratadas para evitar complicações ao feto, tais como: restrição de crescimento intra--uterino, parto pré-termo, recém-nascido de baixo peso, óbito perinatal, defeitos no tubo neural, hipertensão, pré-eclâmpsia, entre outras. Em Silva (2009), 42,7% das mulheres referiram patologias durante o período graví-dico, destacando infecção urinária (19,5%) e anemia (17%) e hipertensão arterial (3,7%).

A alta taxa (71%) de diagnóstico das morbidades maternas entre as puérperas consideradas adequadas para o nível 2 pode ser explicada pelo manejo eficaz dos exames laboratoriais básicos deste grupo.

A taxa de partos cesarianos neste estudo foi de 38%. Este tipo de parto relacionou-se

inversamente com o número de pré-natais adequados para o nível 1. Fato semelhante ao ocorrido no trabalho de Nogueira (2008) em que 66% de sua amostra teve no mínimo 6 consultas e o percentual de parto cesariano foi de 27% .

No tocante a idade gestacional, os recém-nascidos nasceram em quase sua totalidade a termo (98%). Isto se justifica devido à maternidade em estudo ser qualificada para atender gestantes de baixo risco.

O desfecho do pré-natal pode ser verificado pelo número de com-plicações no recémnascido. Neste estudo somente (25%) dos recém-nas-cidos apresentaram algum tipo de

complicação, reforçando que apesar do elevado número de pré--natais inadequados no nível 2 e 3, estes eram de baixo risco. Das 150 puérperas do presente estudo, 6 tiveram filhos nascidos com baixo peso (abaixo de 2.500g) e, de acordo com, Gonçalves et al. (2008) apenas 1 das 97 puérperas tiveram filhos com baixo peso.

5 CONCLUSÃO

Os dados do presente estudo permitem concluir que o início pre-coce do pré-natal juntamente com o número adequado de consultas, nes-ta pesquisa, não garante assistência prénatal de qualidade, necessitando também de um número adequado de exames laboratoriais e avaliação obstétrica criteriosa e que, apesar de uma alta prevalência de pré-natais inadequados, não houve uma repercussão negativa significativa no des-fecho da gestação.

A pequena casuística estudada também pode ter sido um fator li-mitante na avaliação dos resultados da gravidez o que torna necessário a continuação desta pesquisa envolvendo maior número de casos e tam-bém gestações consideradas de risco.

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.40-45, Abr-Mai-Jun. 2011.

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Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.40-45, Abr-Mai-Jun. 2011.

Avaliação da qualidade da assistência pré-natal prestada às gestantes usuárias do sistema único de saúde

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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.46-50, Abr-Mai-Jun. 2011.

Caracterização sóciodemográfica das mães dos recém-nascidos admitidos na UTI de uma maternidade pública de Teresina-PISocio demographic newborns’ mothers admitted to the ICU of a public maternity hospital in Teresina-PISocio demográficos madres de los recién nacidos ingresados en la UCI de maternidad pública de Teresina-PI

Submissão: 04.01.2011Aprovação: 08.02.2011

Carla Danielle Silva Ribeiro Graduando em Enfermagem pela Faculdade Santo

Agostinho – FSA.

Joseane Cléia Oliveira de Sousa Graduando em Enfermagem pela Faculdade Santo

Agostinho – FSA.

Karla Joelma Bezerra Cunha Enfermeira, Mestranda no Programa de Mestrado

em Enfermagem da UFPI, Docente da FSA.

Tatiana Melo Guimarães Santos

Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Docente da FSA

e Enfermeira do ESF/FMS.

Maria Eliete Batista Moura Pós-Doutora pela Universidade Aberta de Lisboa

– Portugal. Doutora em Enfermagem pela UFRJ.

Professora da Graduação e do Programa de Mestrado

Profissional em Saúde da Família da Faculdade

NOVAFAPI. Professora da Graduação e do Programa

de Mestrado em Enfermagem da UFPI.

RESUMO

Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo, documental e retrospectivo, realizado na maternidade de referência do Estado do Piauí, com a população de 463 recém-nascidos admitidos na UTI no ano de 2009. A amostra foi composta por 376 prontuários em consonância com os critérios de exclusão. Para processamento dos dados utilizou-se software SPSS 17.0, além disso, segue os preceitos éticos da Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde. O objetivo foi caracterizar as mães de recém--nascidos admitidos na UTI de uma maternidade pública de Teresina-PI. Os resultados mostram que 43,4% das mães dos recém-nascidos encontravam-se na faixa etária de 19 a 25 anos, 83,5% eram do Estado do Piauí, 60,4% eram do interior e 73,7% residiam em zona urbana; 52,4% possuíam nível pri-mário de escolaridade e 66,2% viviam com companheiro. Desta forma, percebe-se que apesar dessas mães apresentarem características favoráveis ao desenvolvimento de um concepto saudável, exceto pelo baixo nível de escolaridade, seus filhos necessitaram de uma assistência mais especializada.Descritores: Enfermagem neonatal. Recém-nascido. UTI neonatal.

ABSTRACT

This is a descriptive, quantitative, documentary and retrospective maternity reference the Piaui state, with a population of 463 newborns admitted to the ICU in 2009. The sample consisted for 376 me-dical records in accordance with the exclusion criterion. For data processing we used SPSS 17.0, also follows the Resolution precepts 196/1996 the National Health. The objective was to characterize mo-thers of newborns admitted to the ICU on a public maternity Teresina-PI. The results show that 43.4% of newborns mothers were aged 19 to 25 years, 83.5% were from the Piaui State, 60.4% were from inside and 73.7% lived in urban areas, 52.4% had primary level education and 66.2% lived with a par-tner. Thus, we find that although these mothers having characteristics favorable to the development to a healthy fetus, except for the low level education, their children needed a more specialized care. Descriptors: Neonatal nursing. Newborn. NICU.

RESUMEN

Esta es una referencia descriptiva cuantitativa documental y retrospectiva, de la maternidad del es-tado de Piauí, con una población de 463 recién nacidos ingresados en la UCI en 2009. La muestra consistió de 376 historias clínicas de acuerdo con los criterios de exclusión. Para el procesamiento de datos se utilizó SPSS 17.0, también sigue los preceptos eticos de la Resolución 196/1996 del Sistema Nacional de Salud. El objetivo fue caracterizar las madres de los recién nacidos ingresados en la UCI de una maternidad pública de Teresina-PI. Los resultados muestran que el 43,4% de las madres de los recién nacidos fueron de 19 a 25 años, 83,5% eran del Estado de Piauí, el 60,4% fueron del interior y el 73,7% vivían en las zonas urbanas, el 52,4% tenía estudios primarios y el 66,2% vivía con un com-pañero. Por lo tanto, nos encontramos con que, si bien estas madres con características favorables para el desarrollo de un feto sano, a excepción del bajo nivel de educación, sus hijos necesitan de una atención más especializada.Descriptores: Enfermería neonatal. Recién nacido. UCIN.

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47Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.46-50, Abr-Mai-Jun. 2011.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Desde a fecundação até o nascimento ocorrem diversas transfor-mações para que uma vida se torne viável. Inicia-se com a fusão do óvulo e do espermatozóide que se divide em várias células para dar origem, em aproximadamente quarenta semanas gestacionais, a um ser extremamen-te complexo em realizar funções vitais. Essas alterações devem ser acom-panhadas e avaliadas ao longo da gestação, para o nascimento de um bebê saudável.

O acompanhamento da gestação deve ser realizado por profissio-nais habilitados baseados nos protocolos desenvolvidos pelo Ministério da Saúde (MS), como o programa de assistência desde o estado concep-cional, pré-natal, parto e puerpério, que tem por objetivo garantir acolhi-mento à mulher desde a gravidez até o parto e nascimento, com a realiza-ção de uma assistência segura e de qualidade (BRASIL, 2006).

Segundo Barone e Crossetti (2007), através da assistência prestada durante a gravidez é possível detectar intercorrências que possam anteci-par ou prolongar o nascimento da criança. Desta forma é importante clas-sificar o recém-nascido (RN) de acordo com a idade gestacional (IG) em RN pré-termo ou prematuro, que é aquele que nasce antes da 37ª semana de gestação, o de nascimento a termo entre a 38ª e 41ª semanas de gestação e o pós-termo após a 42ª semana gestacional.

Outra classificação importante utiliza o peso e a IG como parâme-tros. Para designar os recém-nascidos (RNs) como adequados para a ida-de gestacional (AIG), os pequenos para a idade gestacional (PIG), e por último; grandes para a idade gestacional (GIG), sendo esta outra forma de avaliação do neonato importante para seu crescimento e desenvolvi-mento (DUTRA, 2006).

De acordo com Lima e Braga (2004), essas classificações são úteis para o profissional de saúde, avaliar a viabilidade do feto, e se este está preparado para o nascimento ou se vai necessitar de algum cuidado espe-cífico ao nascer. Haja vista que no momento do parto irão ocorrer adapta-ções respiratórias, circulatórias e metabólicas, para que o feto, imerso em líquido amniótico, e dependente da placenta para realizar todas as suas funções de forma efetiva e independente, com o objetivo de suprir as suas necessidades fisiológicas.

Nesse sentido, o RN deve receber um atendimento especializado ainda na sala de parto, que consiste em manter a temperatura corporal, estabelecer uma via aérea pérvia e estimular o inicio da respiração. Isso porque cerca de 10% dos RNs apresentam dificuldades na transição da vida intra-uterina para vida extra-uterina, e podem necessitar de alguma intervenção e ou manobra de reanimação (SEGRE, 2002).

No seu 1º e 5º minutos de vida, é rotina a avaliação de parâmetros como frequência cardíaca, esforço respiratório, tônus muscular, irritabilida-de reflexa e coloração da pele, segundo o Boletim de Apgar. Se o neonato estiver com esses escores estáveis, deve ser colocado em contato pele a pele com a mãe e se possível estimulada à primeira mamada já na primeira meia hora após o parto. Este processo é útil para descrever a vitalidade da criança ao nascimento e sua consequente adaptação a vida fora do útero, além de prevenir a morbimortalidade neonatal (MARCONDES et al., 2003).

Para Dutra (2006) faz parte dessa avaliação a construção de um his-tórico sobre a vida perinatal desse neonato, que contenham informações fornecidas pela mãe em momento oportuno, antes ou após o parto, no qual devem constar dados sobre a história materna, obstétrica, familiar e fatores de risco no pré-parto.

Em seguida, na recepção da sala do RN, serão prestados os cui-

dados necessários para a sua vida futura, com a realização das medidas antropométricas, avaliação da postura, das fáceis, do choro, a coloração da pele e anexos e seu aspecto, além da identificação da criança com o nome da mãe, realização de um exame físico minucioso de todos os sistemas corporais, aplicação da vitamina K e Credê. Todos esses dados são necessá-rios para o diagnóstico precoce de determinados agravos e consequente prevenção de óbitos no período neonatal (LIMA; BRAGA, 2004).

De acordo com Carvalho et al. (2007), essa prevenção é necessária, pois a mortalidade infantil é um importante indicador de saúde pública que vem decrescendo nas últimas décadas, mas que ainda apresenta-se como um grande desafio para o país devido ao elevado índice de óbitos no período neonatal. Neste período pode-se diferenciar os fatores neona-tais precoces, referentes aos menores de seis dias de vida e os tardios, do 7º ao 28º dia de vida. Os primeiros estão associados às falhas na assistência ao pré-natal, ao parto e ao RN. Os tardios por sua vez, referem-se às condi-ções sócio-econômicas da população.

Os óbitos precoces são determinados principalmente por malfor-mações congênitas, por causas perinatais, como baixo peso ao nascer, pre-maturidade, problemas relacionados ao parto e pós-parto imediato, pre-cariedade nos serviços de saúde de pré-natal e parto. Os óbitos neonatais tardios, por sua vez estão relacionados às doenças infecciosas, respiratórias e anomalias congênitas (HELENA; SOUSA; SILVA, 2005).

Conforme Dutra (2006) todos esses determinantes podem levar o RN a uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) para observação ou assistência de maior complexidade. Este é um espaço que concentra os principais recursos humanos e materiais, necessários para dar suporte ininterrupto às funções vitais dos RNs de risco e que precisam ser interna-dos para a recuperação de sua saúde.

Observou-se que no Piauí há um grande número de internações nessas unidades e que existem poucas pesquisas sobre o tema, que são importantes na aquisição de conhecimentos novos pautados em dados fidedignos e que expressem a real situação dos RNs nessas unidades de internação. Conhecimentos esses que poderão subsidiar as ações dos pro-fissionais de saúde a fim de minimizar essas admissões, prevenir os agra-vos e a consequente mortalidade neonatal.

Desta forma este estudo teve por objetivos caracterizar sociode-mograficamente as mães dos recém-nascidos admitidos na UTI de uma maternidade pública de Teresina-PI.

2 METODOLOGIA

Este estudo é de natureza descritiva, quantitativa, documental e retrospectiva, realizada em uma maternidade pública do Estado do Piauí, que é referência no atendimento das mais diversas complexidades da atenção à saúde da gestante e da criança.

No ano de 2009 foram admitidos 569 RNs na UTI da maternidade em estudo, destes 87 prontuários não foram encontrados na instituição. Desta forma a população da pesquisa foi composta de 463 prontuários, dos quais foram excluídos da pesquisa 106 que não possuiam todos os dados referentes às variáveis selecionadas para a realização da pesquisa. Com isso, a amostra foi composta por 376 prontuários de neonatos que deram entrada na UTI no período estudado.

Para a coleta dos dados utilizou-se de um formulário que enume-rava as seguintes variáveis, relacionadas aos dados sociodemográficos da mãe que tiveram seus RNs internadados na UTI: idade, procedência, esco-laridade e situação conjugal. A coleta por sua vez foi realizada nos meses

Caracterização sóciodemográfica das mães dos recém-nascidos admitidos na UTI de uma maternidade pública de Teresina-PI

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de julho a setembro de 2010 pelas pesquisadoras, junto ao Serviço de Ar-quivo e Estatística (SAME) da maternidade, que forneceu os prontuários dos RNs admitidos na UTI no ano de 2009.

Após a coleta de dados dos prontuários, os mesmos foram organi-zados no software Excel 2007 e em seguida, processados com a utilização do aplicativo Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) for Windo-ws, versão 17.0. As informações de importância para o estudo foram distri-buídas na tabela e posteriormente analisadas de forma descritiva.

Foi respeitado os critérios da Resolução 196/1996 do Conselho Na-cional de Saúde que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, este estudo foi submetido, inicial-mente, a Comissão de Avaliação de Pesquisa da maternidade em questão que autorizou a realização do trabalho sob protocolo de número 910/10. Feito isso, a declaração de aceite e o projeto de pesquisa foram encami-nhados ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Santo Agostinho que emitiu um parecer favorável sob protocolo de número 322/10, em respeito a todos os preceitos éticos e legais contidos nesta Resolução (BRASIL, 1996).

3 RESULTADOS

Dos 569 prontuários dos RNs admitidos na UTI durante o ano de 2009, 376 compuseram a amostra do estudo de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Dentre estes foram observados características referen-tes às condições sóciodemográficas das mães desses neonatos.

Em relação às características sóciodemográficas (Tabela 1), das mães dos RNs admitidos na UTI, observou-se que 43,4% delas encontra-vam-se na faixa etária de 19 a 25 anos e que 20,2% tinham entre 13 e 18 anos. No que se refere à procedência, 83,5% eram do Estado do Piauí e 16,2% tinham origem do vizinho Estado do Maranhão, sendo que 60,4% eram do interior e 39,6% pertenciam à capital. Além disso, 73,7% residiam em zona urbana e 26,3% na zona rural.

No que tange a escolaridade, observa-se que 52,4% possuíam bai-xa nível primário e 39,1% tinham o nível médio. A situação conjugal é ou-tra característica importante dentro da tabela 1, no qual 66,2% das mães possuíam companheiro e 33,8% não tinham companheiro.

Tabela 1. Dados sóciodemográficos de mães que tiveram seus RNs admitidos na UTI. Teresina-PI, 2009

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.46-50, Abr-Mai-Jun. 2011.

Ribeiro, C. D. S..; et al.

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4 DISCUSSÃO

Vários fatores, tradicionalmente conhecidos, podem determinar o risco de óbitos no período neonatal, como a prematuridade, o baixo peso ao nascer e a asfixia grave ao nascer (índice de Apgar entre 0-3 no 1º minu-to). Estes RNs necessitam de uma assistência mais especializada e podem apresentar a maior probabilidade de admissão na UTIN. Alguns fatores relacionados às mães também podem contribuir direta ou indiretamente para essas indicações como, alta paridade, baixo nível de escolaridade ma-terna, baixa renda familiar e a idade materna avançada (OLIVEIRA; GAMA; SILVA, 2010).

Os resultados obtidos nesse estudo reafirmam que os fatores sócio--demográficos estão relacionados com a internação de RNs na UTI. Com isso, foi observado que a maioria das mães destes neonatos apresentava--se na faixa etária de adultas jovens entre 19 e 25 anos, com média de 24,4 anos, fase de vida considerada ideal para a reprodução. Porém as adoles-centes de 13 a 18 anos apresentaram-se também com número significa-tivo na pesquisa.

Dados semelhantes a estes também foram descritos no estudo de Ramos e Cuman (2009) que constataram que a maioria das mães de RNs prematuros estava na faixa etária de 20 a 34 anos e que as adolescentes somavam um considerável percentual de 34%. Santos, Martins e Sousa (2008) encontraram um percentual ainda mais significativo em pesquisa realizada no Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão, em que as mães adultas (20 a 34 anos) representavam 72,8% da população em estudo e as adolescentes apenas 27,1% desta amostra.

Apesar desses com percentuais menores, é importante ressaltar que a gravidez na adolescência é considerada um problema de saúde pú-blica, quando comparada com países desenvolvidos e sendo referida por vários autores como um fator de risco para o nascimento de um neonato prematuro e de baixo peso ao nascer (CHALEM et al., 2007).

Entre as gestantes adolescentes existe uma maior possibilidade da realização de um pré-natal inadequado, já que esse fenômeno é muito mais presente em grupos sociais excluídos, em que são desprovidas do apoio familiar, do companheiro e da própria sociedade. Com isso, a grá-vida adolescente inicia mais tardiamente o acompanhamento pré-natal e termina por fazer um menor número de consultas, quando comparada às mulheres com vinte anos e mais (GAMA et al., 2004).

Em relação à procedência, um número significante de mulheres residia no Estado do Piauí, fato que pode ser explicado pela localização da maternidade em estudo. Porém, a maioria das mães era proveniente do interior dos Estados do Piauí, Maranhão e Pará, e da zona urbana destes. Essas variáveis não tinham relação direta na admissão do RN na UTI, no entanto o fato delas residirem fora das capitais pode dificultar o seu acesso a assistência pré-natal de boa qualidade, ou seja, essas condições podem estar diretamente ligadas ao baixo número de consultas de pré-natal que elas realizaram durante a gestação. Fator que dificulta a realização de uma assistência efetiva e de qualidade. O MS mostra que apesar do aumento na cobertura de assistência ao pré-natal, a continuidade dessas consultas ainda é pequena e de baixa qualidade (BRASIL, 2001).

Outro fato que pode influenciar nas consultas de pré-natal é a baixa escolaridade materna das crianças que irão necessitar de assistência inten-siva, pois é considerado pelo MS como fator de risco obstétrico. Esta, de acordo com alguns trabalhos epidemiológicos, é apresentada como peri-go para a mãe e para o RN, devido ao desconhecimento da importância

do pré-natal, do intervalo maior entre as gestações, do acompanhamento de rotina de seu filho, assim como uma menor condição social por causa da baixa escolaridade (HAIDAR; OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2001).

Duarte e Mendonça (2005) consideram a escolaridade materna baixa como um indicativo de nível sócio-econômico desfavorável, sendo estes associados diretamente ao nascimento de RNs prematuros e de bai-xo peso. Esse risco de morbimortalidade também pode está aumentado em crianças com maior peso de nascimento.

No estudo realizado por Geib et al. (2010), a escolaridade materna é vista como uma variável independente na determinação do óbito infantil e revela uma taxa de mortalidade de 14% e de 53,5% entre crianças nascidas de mães com nível primário nas regiões Sul/Sudeste e no Nordeste, res-pectivamente que mães com maior tempo de estudo é considerado fator de proteção ao óbito infantil, pois influenciam na menor paridade, maior acesso ao conhecimento sobre os cuidados infantis, aos bens e serviços.

Outro aspecto sóciodemográfico observado neste estudo é que a maioria das gestantes vive com seus companheiros, o que se configura como um aspecto positivo, o qual foi descrito no estudo de Spindola, Penna e Progianti (2006). De acordo com Pinto (2008) viver com o pai da criança pode influenciar no psicológico dessas mulheres, sendo isso traduzido por alguns autores como uma segurança emocional, financeira e psicossocial para elas. Por outro lado, a ausência desse companheiro pode ser um fator de risco, já que elas podem sentir-se mais inseguras, fragilizadas e muitas vezes negar a gravidez, o que colabora para efeitos indesejáveis da gestação.

5 CONCLUSÕES

A neonatologia é uma sub-especialidade da pediatria que tem se desenvolvido bastante nas últimas décadas, principalmente no que se refe-re à assistência aos RNs cada vez mais prematuros e portadores de afecções consideradas graves e de difícil manejo. Isso ocorre devido às várias pes-quisas nesta área que tem propiciado avanços nos insumos e nas técnicas cada vez mais modernas que aumentam a sobrevida desses pacientes.

Estes devem receber cuidados especiais em ambientes altamente específicos, por profissionais treinados capazes de oferecer a melhor assis-tência possível. Todos os avanços podem ser percebidos através da redu-ção nos índices de morbimortalidade infantil em todo o mundo. Porém, essa realidade ainda é preocupante em países em desenvolvimento, como o Brasil, que tem no componente neonatal a permanência do aumento da taxa de mortalidade infantil.

Nessa pesquisa, foram levantadas as principais características só-ciodemográficas das mães dos RNs admitidos na UTI através da análise da idade materna, procedência, nível de escolaridade e situação conjugal.

Com estes dados, foi possível constatar que a maioria das mães que teve seus filhos internados na UTI encontrava-se em idade reprodutiva fa-vorável ao desenvolvimento de um feto saudável, eram procedentes da zona urbana de municípios do interior do Estado do Piauí, tinham baixo nível de escolaridade e viviam com seu companheiro.

Desta forma, percebe-se que apesar dessas mães apresentarem características favoráveis ao desenvolvimento de um concepto saudável, exceto pelo baixo nível de escolaridade, seus filhos necessitaram de uma assistência mais especializada.

Observou-se ainda que há uma grande demanda dessas mulheres da zona urbana dos municípios do interior para o centro de referência na capital, fato que poderia ser evitado, se alguns problemas fossem detecta-dos e tratadas precocemente na assistência pré-natal. Observou-se tam-

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Caracterização sóciodemográfica das mães dos recém-nascidos admitidos na UTI de uma maternidade pública de Teresina-PI

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Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.46-50, Abr-Mai-Jun. 2011.

Ribeiro, C. D. S..; et al.

bém que existe um grave problema na descentralização dos serviços de saúde, que é um dos princípios do Sistema Único de Saúde.

Com isso há uma necessidade urgente de integração entre os pro-fissionais de saúde, no sentido de buscar soluções que possam garantir

uma assistência de qualidade nos pólos regionais de atenção a saúde no interior do Estado, a partir da valorização das informações sócio-demo-gráficas maternas que podem ajudar na melhoria do acompanhamento pré-natal e assim reduzir o número de internações dos RNs na UTI.

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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN

Submissão: 04.01.2011Aprovação: 09.02.2011

Comunicação em enfermagem no aconselhamento em amamentação: ênfase na observação sistemáticaCommunication in nursing during the breastfeeding counseling: focus on systematic observationComunicación en enfermería de enfermería en ningún consejo: focus on observación sistemática

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.51-57, Abr-Mai-Jun. 2011.

RESUMO

Objetivou-se caracterizar a comunicação no processo de aconselhamento em amamentação. Foi realizado mediante observação sistemática dos momentos de aconselhamentos realizados por discentes, vinculados a um projeto de extensão desenvolvido pelo Departamento de enfermagem da Universidade Federal do Piauí, e enfermeiros de uma maternidade pública da cidade de Teresi-na- Piauí. Os dados foram apresentados de forma descritiva, identificando as principais habilidades de comunicação e suas principais barreiras. Não houve efetiva aplicabilidade dos conhecimentos pessoais, teóricos e técnicos sobre como deve ser realizada esta comunicação e uma boa interação interpessoal, durante os aconselhamentos em amamentação. Conclui-se que outras perspectivas importantes, interligadas com a própria deficiência no processo da comunicação podem ser corre-lacionadas com os achados: fragilidade da atenção básica, especificamente, das consultas pré-natal; deficiência no ensino de enfermagem, com a formação discente despreparada e desqualificada; pro-fissionais desestimulados e com excesso de cargas de trabalho e formação técnica desestruturada.Descritores: Amamentação. Enfermagem. Comunicação. Aconselhamento.

ABSTRACT

This study aimed to characterize the communication in the process of breastfeeding counseling. It was performed by systematic observation of the moments of counseling performed by students, linked to an extension project developed by the Department of Nursing, Federal University of Piauí, and nurses in a public maternity of Teresina-Piauí. The data were presented in a descriptive way, identifying the key skills of communication and their main barriers. There was no effective personal applicability of knowledge, theoretical and technical as it should be done about this communication and good interpersonal interaction, for the advice on breastfeeding. It follows that other important perspectives, linked with the impairment in the communication process can be correlated with the findings: weakness of primary care in particular of prenatal visits; disabilities in nursing education, with training students unprepared and unqualified ; professionals and discouraged with excessive workloads and technical training unstructured.Descriptors: Breastfeeding. Nursing. Communication. Counseling.

RESUMEN

Este estudio tuvo como objetivos caracterizar la comunicación en el proceso de consejería en lactan-cia materna. Fue realizada por la observación sistemática de los momentos de asesoramiento reali-zadas por los estudiantes, vinculados a un proyecto de extensión desarrollado por el Departamento de Enfermería de la Universidad Federal de Piauí (UFPI), y las enfermeras en una maternidad pública de Teresina (PI). Los datos fueron presentados de manera descriptiva, identificando las habilidades básicas de comunicación y sus principales obstáculos. No había personal de aplicabilidad efectiva de los conocimientos, teóricos y técnicos, ya que se debe hacer sobre esta comunicación y la inte-racción interpersonal bueno, para el asesoramiento sobre la lactancia materna. De ello se deduce que otras perspectivas importantes, relacionados con el deterioro en el proceso de comunicación se

Lorena Sousa Soares Discente do curso de enfermagem da Universidade

Federal do Piauí – UFPI. Bolsista PIBIC/UFPI. Endereço:

Rua Joel da Cunha Mendes, 1066, B-H A-201, bairro

Monte Castelo. Teresina(PI). E-mail: lorenacacaux@

hotmail.com

Grazielle Roberta Freitas da Silva Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente do

Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da

UFPI. Coordenadora do projeto.

Márcia Teles de Oliveira GouveiaEnfermeira. Mestre em Saúde da Criança e do

Adolescente. Coordenadora do projeto de extensão

da UFPI: ações integradas de enfermagem na

promoção do aleitamento materno exclusivo.

Erlayne Camapum Brandão

Discente do curso de enfermagem da Universidade

Federal do Piauí – UFPI. Bolsista PIBIC/CNPq/UFPI.

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pueden correlacionar con los hallazgos: debilidad de la atención primaria, en particular, de las visitas prenatales; discapacidad en la educación de enfermería, con la formación de estudiantes sin preparación y sin reservas , profesionales y desalentado con cargas de trabajo excesivas y la formación técnica no estructurada.Descriptores: Lactancia materna. Enfermería. Comunicación. Consejería.

1 INTRODUÇÃO

A comunicação pode ser apontada como um elemento mediador do equilíbrio da vida em sociedade e, por o enfermeiro ser o profissional da saúde que mais tempo permanece junto ao paciente, a comunicação permeia todas as ações no desempenho do seu papel (STEFANELLI; CAR-VALHO, 2005). Na assistência de enfermagem, no contexto da promoção a amamentação, o enfermeiro deve proporcionar apoio e proteção à mãe, colocando-se disponível para compartilhar as situações que envol-vem a experiência de amamentar.

O aleitamento não é a simples ação de colocar a criança ao peito da mãe, é um processo complexo que envolve vários determinantes in-fluenciado pelas experiências culturais, sociais, psíquicas e biológicas da mulher. Como uma tarefa, há ser cumprida em prol da saúde da criança, existe uma cobrança social para que a mulher amamente, porém obser-vam-se vários fatores que dificultam ou inviabilizam esta prática, como: complicações no parto ou pós-parto, falta de apoio da família ou do côn-juge, insegurança no emprego, além de questões subjetivas da própria mulher. Os significados da prática do aleitamento materno são diferentes para cada mãe, cabendo à enfermagem compreendê-la dentro do seu contexto social e história de vida, e auxiliá-la na tomada de decisões, livre de julgamentos.

Uma das iniciativas no sentido de valorizar a mulher, enquanto agente da amamentação, é o programa de treinamento em “Aconselha-mento em amamentação”, idealizado e implantado pela United Nation’s Internacional Children’s Emergenoy Fund – UNICEF, em parceria com a Organização Mundial de Saúde – OMS, direcionado aos profissionais que prestam assistência à mulher nos serviços de apoio e incentivo à amamentação. O objetivo desse curso é capacitar profissionais de saú-de que atuam na assistência à amamentação para aplicar habilidades de apoio e proteção da amamentação, ajudando as mães a superarem dificuldades. Esse programa destina-se ao desenvolvimento de várias habilidades, nesses profissionais, como “Ouvir e aprender, dar confiança e apoio à mulher”. Tal programa foi implementado no Brasil a partir de 1995, e vem sendo difundido em todos os Estados até hoje (LEITE; SILVA; SCOCHI, 2004).

No estado do Piauí, os problemas de saúde materna e infantil in-trínsecos ao aleitamento materno são relevantes. Em um estudo sobre o diagnóstico situacional do aleitamento materno no Estado, com amostra de 1.963 crianças menores de um ano provenientes de 45 municípios, identificou-se que: 16% estavam em aleitamento materno exclusivo, 18% em aleitamento predominante na idade de 180 dias e 58% em alei-tamento materno aos 361 dias. A duração mediana foi de 67 dias para o aleitamento exclusivo e 200 para aleitamento materno (RAMOS et al., 2008). As prevalências encontram-se aquém das recomendações e refle-tem a necessidade de priorização das ações voltadas para o aleitamento no Piauí. Assim muitos investimentos devem ser direcionados para mu-dar essa realidade.

A comunicação é uma competência essencial dos profissio-nais de enfermagem no aconselhamento em amamentação, sendo fator determinante na relação de ajuda e um indicador na avaliação da quali-dade dos cuidados prestados ao binômio mãe-filho.

Com a caracterização desta comunicação será possível efeti-var ações mais diretivas na amamentação para melhoria dos seus indi-cadores. Assim objetivou-se, neste estudo, caracterizar a comunicação no processo de aconselhamento em amamentação, identificando as habilidades de comunicação verbal e não-verbal utilizada pelos aconse-lhadores, bem como as barreiras existentes nesse processo.

2 MÉTODOS

Estudo descritivo, exploratório e observacional, realizado em uma maternidade pública de Teresina, no estado do Piauí. Essa instituição foi escolhida, visto à aproximação da equipe executora com a mesma, em decorrência de atividades de ensino e extensão executadas pela Univer-sidade Federal do Piauí (UFPI). O cenário do estudo foi o alojamento con-junto da maternidade (com 5 enfermarias e um total de 23 leitos), local onde a promoção do aleitamento deve ser priorizada, em decorrência da mesma ser credenciada com a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC).

A população constituiu-se de 06 discentes do curso de graduação em enfermagem, duas enfermeiras e 09 mães internadas durante o pe-ríodo de coleta.

Os critérios de inclusão para os aconselhadores foram: habi-litação pelo projeto de extensão da UFPI (Ações integradas de enferma-gem na promoção do aleitamento materno exclusivo: uma abordagem biopsicossocial) ou outro treinamento da IHAC. Já para as mães, foram critérios de inclusão: estarem internadas no período de coleta (outubro de 2009 a fevereiro de 2010), com quadro clínico estável, sem intercorrên-cias, com ausência de sinais álgicos e seus filhos terem nascidos a termo, estarem junto às mesmas, sendo amamentados exclusivamente.

A coleta de dados ocorreu de outubro de 2009 a fevereiro de 2010, durante o turno da tarde, segundo a disponibilidade e agendamento pré-vio com os aconselhadores em amamentação da instituição.

Para as observações sistemáticas da comunicação durante o aconselhamento em aleitamento materno, utilizou-se um instrumento tipo check-list adaptado de Bassichetto e Rea (2008) no qual, além da data, do local e do tempo de duração do aconselhamento, cada item era devidamente enumerado de acordo com a freqüência assim observada: continuamente, freqüentemente, algumas vezes, nunca e não foi ob-servado. Mais informações sobre as mães foram colhidas, como: dados sócio-demográficos, história obstétrica e dados da criança.

Inicialmente, observou-se os aconselhadores e coletou-se os da-dos da comunicação advindos de suas atuações. Só em seguida apresen-tou-se o objetivo e a finalidade da pesquisa e resgatou-se a aceitação de participação por meio do termo de consentimento pós-esclarecimento. Escolheu-se esta estratégia para evitar que durante a coleta de dados, os participantes mudassem sua conduta e comprometessem o estudo. Essa conduta metodológica é realizada por alguns pesquisadores para evitar viéses nos estudos observacionais, como Leite, Silva e Scochi (2004).

O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFPI vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG-UFPI), com número CAAE 0113.0.045.000-09.

Soares, L. S.; et al.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente, serão apresentadas as informações referentes às mães participantes e em seguida, as observações realizadas durante o aconselhamento em aleitamento materno.

3.1 Perfil das mães observadas

Participaram do estudo nove mães, a idade mínima foi de 19, a má-xima de 30 anos, e a média de 25,4 anos. Todas realizaram o pré-natal e compareceram de duas a nove consultas, contrariando o que é preconi-zado pelo Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) (2005), um número mínimo de 06 consultas de pré-natal.

Em um estudo realizado na cidade de Belo Horizonte (MG), Alves et al. (2008) apontam que o percentual de mães que foram orientadas a amamentar no pré-natal correspondeu a menos de 70% e o de mães que receberam orientação para amamentar na maternidade foi de 88,1%. A di-ficuldade para amamentar no pós-parto foi apresentada como o resultado de um conjunto de deficiências na orientação da mãe para aspectos prá-ticos da amamentação e isso é, portanto, um bom indicador da qualidade da abordagem e do aconselhamento recebido pelas mães em relação ao aleitamento materno.

A abordagem das gestantes e mães depende da capacidade do profissional de saúde para lidar com as diferenças, comunicar-se e alcan-çar o objetivo de fazer as orientações tornarem-se efetivas na prática do aleitamento materno exclusivo.

Quanto aos dados socioeconômicos, sete mães viviam em união consensual com o atual parceiro; oito eram donas de casa e quatro possu-íam o ensino médio incompleto. A presença do parceiro pode ser pautada no possível apoio econômico e psicossocial neste momento de vida.

Em relação à história obstétrica, três mães eram primíparas e foram submetidas ao parto normal. Vários serviços de saúde do Brasil, de modo geral, tem taxas de cesáreas superiores às preconizadas pelo Ministério da Saúde, o que não se evidencia na maternidade em estudo, que é creden-ciada como IHAC e que incentiva o parto normal e à prática da amamen-tação na primeira hora de vida.

O fato de não amamentar a criança na meia hora de vida pode intensificar e acelerar o desmame precoce, como mostram Pinheiro et al. (2010), no estudo desenvolvido em Quixadá (CE), no qual os motivos relatados pelas mães para o desmame precoce foram: 6,1% retorno ao trabalho; 5,5% não queriam amamentar; 3,3% problemas com a mama; 1,7 % falta de apoio de familiares e profissionais; e 43% outros problemas. Dentre estes outros motivos re¬feridos, 60% relataram que o bebê não queria mais mamar ou a mãe não tinha leite suficiente; 10% das mães es-tavam utilizando algum medicamento; 10% se sepa¬raram do filho; 10% dos casos o bebê completou seis meses; 5% retornaram aos estudos e 5% engravidaram.

3.2 Descrição dos aconselhamentos realizados pelos discentes

Ajudar o binômio mãe-filho no processo de amamentação é um fenômeno psicossomático complexo, que requer um conjunto de habili-dades e atitudes de empatia chamado aconselhamento. Os princípios bá-sicos do aconselhamento devem incluir: escutar ativamente, linguagem corporal, atenção e empatia, tomada de decisão e seguimento (TAMEZ, 2002).

3.2.1 Abordagem inicial dos discentes e duração dos aconse-lhamentos

Foram acompanhados seis discentes durante o aconselhamento de nove mulheres, que totalizou em 111 minutos de interação total, com média de 12,3 minutos para cada aconselhamento. O tempo mínino de aconselhamento foi de cinco minutos e máximo de 24. O de menor du-ração ocorreu desta forma, pois a mãe não estava receptiva ao diálogo e indiferente ao esforço do aconselhador que enfatizou várias vezes a im-portância da amamentação. Todos os discentes individualizaram o acon-selhamento, identificaram-se, citando seus nomes, função e instituição de ensino de origem.

Conhecer a comunicação como processo colabora com a qualida-de dos relacionamentos que deverão ser estabelecidos nas relações de trabalho, seja com a equipe de saúde, no registro das atividades de enfer-magem, ou na assistência ao paciente, família e comunidade. Além disso, evita que barreiras de comunicação comprometam a eficácia do processo de cuidar e do próprio exercício de enfermagem (BITTES; MATHEUS, 2005).

O enfermeiro comunica-se constantemente com o paciente, quer pela maneira como conversa, como ouve, pela entonação da voz, gestos e expressão facial, pelo silêncio, enfim, por todos seus comportamentos (STEFANELLI; CARVALHO, 2005).

O aconselhamento de maior duração, 24 minutos, foi extremamen-te cansativo para mãe, pois o aconselhador iniciou abordando a assistên-cia pré-natal e cuidados no pós-parto, com a finalidade de conquistar a credibilidade da mãe, que estava receptiva, porém ansiosa a espera do marido e o aconselhador não considerou tal situação, insistiu no aconse-lhamento, o que irritou visivelmente a mãe.

Em estudo realizado na cidade de Londrina (PR), Fioravante et al. (2007) destacam a duração dos procedimentos, incluindo as orientações e aconselhamentos. Com bebês e crianças cooperativas, os procedimentos eram rápidos, duravam, em média, dez minutos, enquanto, com as não--cooperativas, o tempo aumentava para 14 a 18 minutos, tornando o trata-mento mais dificultoso e aumentando o estresse pediátrico e profissional.

Percebe-se que nesse tipo de situação, na qual o paciente não está receptivo ao diálogo, deve ser considerado por todos os profissionais de saúde, seja nos procedimentos, nas orientações de alta e nos aconselha-mentos em saúde.

A prática do aconselhamento em amamentação, com base na nos-sa experiência, necessita considerar os seguintes aspectos: ser personali-zada, respeitando as especificidades de cada mãe; individualizada; rápida e objetiva. Haja vista a mãe está em processo de adaptação de papéis, muitas vezes mostrando-se ansiosa ao retorno do lar e dos familiares.

Na comparação do aconselhamento em amamentação com a con-sulta ginecológica de enfermagem, Linard, Rodrigues e Fernandes (2009) citam um aspecto relevante, a duração da consulta, que deve acontecer em aproximadamente 20 minutos e que possa oportunizar o estabeleci-mento do elo de confiança tão necessário para a motivação que impulsio-nará uma mudança de comportamento.

Devido às mães observadas estarem no período puerperal, a dura-ção ideal para o aconselhamento foi de aproximadamente dez minutos, tempo satisfatório e proveitoso tanto à mãe e ao aconselhador.

Os dados coletados a partir da observação realizada com os discen-tes foram divididos em tópicos: comunicação; acolhimento e ambiência e habilidades para o aconselhamento em amamentação. A freqüência e a maneira com que eles foram executados pelos discentes durante o acon-

Comunicação em enfermagem no aconselhamento em amamentação: ênfase na observação sistemática

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selhamento em amamentação serão abordadas e explicadas, de forma detalhada, em cada tópico a seguir.

3.2.2 Comunicação

Nas nove observações, a comunicação que prevaleceu foi a verbal. Em oito, os aconselhadores usaram uma linguagem adequada e de for-ma contínua, assim, mantiveram as mães no mesmo assunto e colocaram em foco as idéias principais. Informações relevantes e apropriadas para o momento foram fornecidas continuamente. Em cinco ocasiões, as mães foram reconhecidas e elogiadas, pois enfatizaram a importância do aleita-mento materno exclusivo e relataram aos aconselhadores experiências de sucesso com filhos anteriores.

Comunicação verbal refere-se às mensagens escritas e faladas que ocorrem na forma de palavras como elementos da linguagem que usamos para nos comunicar (STEFANELLI; CARVALHO, 2005).

Conforme Ministério da Saúde, o auxílio para uma nutriz significa uma pessoa atenciosa que possa fazer visitas freqüentes; auxiliar nas tare-fas diárias e evitar críticas; assegurar que ela pode amamentar e que seu leite é perfeito e adequado; elogiar pelo que ela faz corretamente; explicar o que é normal; dar orientação se ela não souber o que fazer; auxiliar se ela tiver problemas e encorajar a mãe a persistir (BRASIL, 2001).

Importante considerar que em todos os aconselhamentos obser-vados, os discentes ofereceram sugestões às mães quanto às vantagens da amamentação para elas, aos pais, à própria criança e à família/comu-nidade.

Estudo realizado com mães e recém-nascidos em um hospital público de São Paulo, Pinheiro et al. (2008) mostraram que a comunica-ção interpessoal (verbal e não-verbal) é um componente primordial dos profissionais de enfermagem para gerarem apoio à mãe e toda à família. Identificaram que algumas enfermeiras, caracterizadas como facilitadoras das habilidades das mães, estabeleceram interações em nível pessoal e amigável, já aquelas que conduziram suas conversas de modo superficial e curto, limitaram a participação das mães no diálogo, inibindo a verbali-zação de suas necessidades e preocupações.

Os profissionais de saúde têm grande responsabilidade nas mater-nidades, devendo colocar a criança junto à mãe imediatamente após o parto; ter certeza de que a criança permanece perto dela, mama sob livre demanda e não recebe nenhum outro alimento; estimular a confiança da mãe e orientar a técnica do aleitamento. Para o Ministério da Saúde (BRA-SIL, 2001), todos esses aspectos refletem positivamente na linguagem profissional bem como na mudança de comportamento materno.

3.2.3 Acolhimento e ambiênciaO acolhimento é considerado para além da influência do contexto

físico no qual o cuidado se dá, uma vez que um ambiente acolhedor se objetiva em um conjunto de ações, dentre elas, na construção da relação com o outro. Nesse sentido, as enfermeiras reforçam a necessidade de preparo de um ambiente que proporcione prazer, conforto e bem-estar ao paciente, a despeito das características intrínsecas do hospital como ambiente frio e impessoal (SILVA et al., 2008).

Em estudo de análise dos aspectos interativos da consulta gine-cológica de enfermagem, Linard, Rodrigues e Fernandes (2009) apontam que o espaço físico da sala de atendimento também é um fator que influ-ência. Existindo, assim, uma relação entre privacidade de cada paciente e dimensões físicas da sala de atendimento (incluindo banheiro e mesa ginecológica), ou seja, quanto menor as dimensões da sala menor será o

espaço destinado à passagem das pessoas dentro da sala. Visto que po-derá haver momentos em que a paciente, sentindo-se inibida não revele seus anseios de ordem ginecológica por meio da linguagem, talvez ape-nas pela comunicação não verbal.

Nos momentos de aconselhamento em amamentação, esta indi-vidualização e privacidade são essenciais para o estabelecimento de uma interação ideal e para o desenvolvimento de uma comunicação interpes-soal, com uso da linguagem, livre de barreiras e erros de interpretações, independente do tipo de atendimento de enfermagem.

A comunicação representa a base e o fundamento para as relações enfermeira-paciente, constituindo um instrumento básico para a enferma-gem no desenvolvimento de suas funções assistenciais. Portanto, deverá acontecer em um espaço físico com privacidade e longe de ruídos exter-nos ou interrupções periódicas (LINARD; RODRIGUES; FERNANDES, 2009).

O profissional de enfermagem deve compreender a ação interativa do aconselhamento em amamentação como modelo de cuidado, desen-volvendo assim uma assistência voltada para o subjetivo, no qual a lin-guagem pode fazer toda a diferença durante a assistência. Dentro desses princípios, fisiológicos e comportamentais, a linguagem humana é mola propulsora das interações entre mães e enfermeiros.

3.2.4 Habilidades para o aconselhamento em amamentaçãoA partir dos nove momentos de aconselhamento observados, em

sete deles não foi observado o oferecimento de qualquer ajuda prática às mães; em seis, perguntas abertas foram feitas sobre o pré-natal e a experi-ência da amamentação com filhos anteriores. Em oito, os aconselhadores ficaram, continuamente e freqüentemente, olhando nos olhos das mães enquanto conversavam, demonstrando atenção e dedicação. Já em cinco aconselhamentos, existiram barreiras entre as mães e os discentes, como canetas ou papéis para anotações, o que pode demonstrar a burocracia dos registros na assistência de enfermagem.

No puerpério imediato, a habilidade mais importante do aconse-lhamento é a ajuda prática, como observar o ambiente da mãe para que ela se acomode e descanse, além de sentir-se apoiada (providenciar tra-vesseiros e poltronas; oferecer água e aplicar analgésicos) (FIORAVANTE et al., 2007).

Para Bueno e Teruya (2004), usar comunicação não-verbal útil; manter a cabeça no mesmo nível da mãe; prestar atenção; remover bar-reiras; dedicar tempo; tocar de forma apropriada; fazer perguntas abertas; repetir o que a mãe diz com as próprias palavras; usar expressões e gestos que demonstrem interesse; demonstrar empatia e evitar palavras que de-monstrem julgamento são habilidades de ouvir e aprender. Já as habilida-des para aumentar a confiança e dar apoio são: aceitar o que a mãe pensa e o que ela sente; reconhecer e elogiar o que a mãe estiver fazendo; dar ajudar prática; dar poucas informações, selecionando as que são relevan-tes; usar linguagem simples e dar sugestões e não ordens.

Dos aconselhamentos observados, em cinco os aconselhadores não mantiveram a cabeça no mesmo nível que as mães, pois estes ficaram em pé e as mães encontravam-se sentadas ou deitadas no leito; deram respostas e fizeram gestos que demonstraram interesse, como a própria tentativa de individualização e privacidade no momento de aconselha-mento, e aceitaram, algumas vezes, o que a mãe pensava e como ela se sentia.

Assim, nos nove aconselhamentos em amamentação realizados pelos discentes, observados no presente estudo, algumas habilidades recomendadas foram obedecidas e seguidas, entretanto, outras recomen-dações não foram observadas, evidenciando possível deficiência da apli-

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Soares, L. S.; et al.

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cabilidade prática dos princípios teóricos adquiridos dentro da sala de aula e no treinamento do projeto de extensão.

3.3 Observações sobre o aconselhamento realizado pelos pro-fissionais

Serão descritos e discutidos os dados advindos das observações dos aconselhamentos realizados pelas enfermeiras da instituição.

3.3.1 O aconselhamento na rotina de trabalho, abordagem inicial dos profissionais e duração dos aconselhamentos

Antes das observações, vários contatos foram feitos para a mar-cação prévia da coleta de dados, com a finalidade de que a pesquisa não atrapalhasse a rotina da maternidade, entretanto, a quantidade dos dados coletados junto às profissionais ficou resumida, o que pode, ao nosso ver, ser reflexo da rotina e da insatisfação no trabalho do enfer-meiro no Brasil.

Assim, foram acompanhados três momentos de aconselhamen-tos de enfermeiras lotadas no alojamento conjunto da instituição, que no total duraram 26 minutos e média de 8,66 minutos. Apenas um acon-selhamento foi realizado pela enfermeira efetiva da maternidade, dentro da sua rotina de trabalho; os outros dois, foram realizados por outra en-fermeira, professora de uma escola de ensino técnico de enfermagem de Teresina (PI), que realiza estágios curriculares na devida instituição.

Ao fazer uma análise do tempo disponível aos aconselhamentos e consultas de enfermagem, Silva et al. (2010), num estudo avaliativo realizado em Curitiba (PR) mostraram que o profissional utiliza 16% de sua jornada diária, com base em 6h/diárias ou 40h/semanais otimizadas, ou o equivalente à uma hora de trabalho. Entretanto, os autores tam-bém abordam algumas dificuldades quanto à otimização da agenda de consulta do enfermeiro, dentre elas: consultórios compartilhados; tempo previsto para a consulta; pressão da demanda por consulta médica ou especialidade e a compreensão equivocada da equipe, que interrompe o atendimento do enfermeiro por não conhecer esta face do seu trabalho e não saber a quem recorrer para solucionar dúvidas, quando o mesmo realiza consultas.

Quanto à abordagem inicial dos profissionais, das três observa-ções, em apenas uma, a enfermeira individualizou e cumprimentou a mãe dizendo seu nome. O aconselhamento em amamentação entra na rotina de alta hospitalar da maternidade, por isso, estes momentos são bem breves e outras informações gerais também são fornecidas às mães: uso e importância do sulfato ferroso, teste do pezinho, vacinas, cuidados com o bebê e no puerpério e alimentação.

Sobre os aconselhamentos e as orientações no momento da alta, em Campo Mourão (PR), as ações de promoção do aleitamento estive-ram ligadas principalmente às atividades posteriores ao nascimento, na visita à maternidade (ALMEIDA et al., 2010). A equipe vai ao encontro da mãe e seu recém-nascido e oportuniza a orientação de cuidados na amamentação, em grande parte, no puerpério imediato. Neste período, alguns fatores relacionados à mãe podem dificultar a absorção de co-nhecimentos sobre a amamentação fornecidos pela equipe durante a visita, tais como a dor da incisão, seja de cesariana ou episiotomia; a an-siedade no pós-parto, que pode incluir o primeiro contato com o bebê e a descida de leite; a preocupação com o parceiro e filhos que ficaram em casa.

3.3.2 Descrição do aconselhamento

A seguir, apenas o aconselhamento realizado pela enfermeira da instituição, será descrito, sendo esse também o único a ser individualizado, com duração total de cinco minutos. A enfermeira fez, freqüentemente, perguntas abertas, relacionadas ao pré-natal e às experiências anteriores das amamentações. A mãe enfatizou já ter conhecimento, haja vista, já era seu sexto filho.

Para dispor de tempo, ambiente agradável e fatores gerais que fa-voreçam o aconselhamento em amamentação, a pesquisa sobre consultas de enfermagem às crianças, de Saparolli e Adami (2010), destacou que para que esta prática assistencial tenha a qualidade esperada é essencial que os serviços de saúde disponham de estruturas adequadas abran-gendo: áreas físicas e instalações; materiais e equipamentos; número adequado de enfermeiras com preparo específico e, que interajam com o paciente e família na perspectiva da criação de vínculo construído pela afetividade e, respeito à autonomia dos usuários.

A enfermeira iniciou o aconselhamento, usando freqüentemente uma linguagem adequada, citando informações gerais sobre: o uso do sulfato ferroso; a importância do teste do pezinho e das vacinas; o Projeto Plantar (projeto desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente de Tere-sina em associação com a maternidade) e, finalmente, a amamentação, de forma bem superficial, falando apenas do não oferecimento de chás e água. Além disso, alguns papéis foram entregues rapidamente à mãe: receituário (com prescrição do sulfato ferroso) e um folheto sobre a do-ação do leite humano, e, estes se transformaram em barreiras durante o aconselhamento.

Todo o tempo a enfermeira ficou distante da mãe, usou tom de voz alto e raramente manteve a cabeça no mesmo nível da mãe, pois esta es-tava sentada e a aconselhadora em pé, assim como, algumas vezes, a en-fermeira olhou no olho da mãe enquanto conversava; forneceu informa-ções relevantes e apropriadas para o momento continuamente; ofereceu sugestões, demonstrou dedicar tempo à consulta e deu oportunidade da mãe falar algumas vezes e manteve a mãe no mesmo assunto e colocou em foco a idéia principal.

Poucos profissionais de saúde conhecem e praticam as habilidades de aconselhamento. A maioria não sabe ouvir a mulher, não conquista a sua confiança e assim não consegue dar o apoio necessário à mãe que amamenta. Sem essas habilidades, preconizadas pelo Ministério da Saúde (2001), os profissionais podem não estar habilitados para avaliar adequa-damente a amamentação, ajudar as mulheres a amamentar plenamente e se comunicar de uma maneira eficiente com a gestante, mãe e familiares.

Quanto ao comportamento e à comunicação verbal e não-verbal da mãe observada, esta demonstrou/verbalizou interesse e dúvidas e fez perguntas algumas vezes ou raramente, apenas perguntou sobre o teste do pezinho e respondeu às perguntas realizadas pela enfermeira, refe-rentes exclusivamente sobre as orientações recebidas no pré-natal, além disso, a mãe, freqüentemente, ouviu o aconselhamento; algumas vezes, se dispersou, observando o filho e demonstrando ansiedade e angústia com a grande quantidade de papéis recebidos e direcionou o olhar ao aconselhador.

Estudo sobre o ato de ouvir no contexto prático da enfermagem, de Costa, Teodoro e Araújo (2009), mostrou que, no modelo biomédico há pouca preocupação em relação ao que o indivíduo pensa, sente e expres-sa, empregando-se muito tempo com as técnicas e a tecnologia material, levando à massificação e seriação dos cuidados, à despersonalização do

Comunicação em enfermagem no aconselhamento em amamentação: ênfase na observação sistemática

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paciente, reconhecido pela patologia e não por seu nome, e à indisponibi-lidade para o relacionamento interpessoal com o paciente caracterizando um cuidar humano não adequado.

Os pontos citados pelos autores, principalmente de despersona-lização e indisponibilidade para relacionamento, ficam bem destacados nos vários parâmetros que não foram observados durante o aconselha-mento, como: a mãe não pediu “conselhos” sobre outros assuntos; não fez uma “bateria” de perguntas à aconselhadora; não menosprezou o acon-selhamento; não demonstrou constrangimento/vergonha e não pediu que a aconselhadora lhe tocasse durante alguma explicação, o que pode evidenciar uma interação pobre, sem a troca e o estabelecimento de rela-ções e vínculos de confiança e segurança entre a paciente e a enfermeira, prejudicando, assim, qualquer forma de prestação de cuidado.

A formação dos profissionais de saúde, enquanto restrita ao mo-delo biomédico, encontra-se impossibilitada de considerar a experiência do sofrimento como integrante da sua relação profissional. Quanto à gra-duação em enfermagem, um princípio bastante propagado nas institui-ções de ensino, enquanto excelência de qualidade de assistência é o de assistir o indivíduo como ser integral (biopsicossociocultural e espiritual), porém, as ações ficam aquém das expectativas, uma vez que, é priorizado o aspecto tecnicista. Não se trata de discutir a necessidade de desenvolver a competência técnica do discente, que terá a garantia de um trabalho

seguro e eficaz como profissional. Porém, há que se atentar para o de-senvolvimento de habilidades não só no agir, mas também no ouvir e no sentir. Se a função precípua do enfermeiro é o cuidado ao ser humano, é necessário enfatizar a complexidade humana, focando a compreensão e o respeito ao outro, por meio de uma escuta atenta e sensível (CAMILLO; NOBREGA; THEO, 2010).

4 CONSIDERAÇOES FINAIS

Os resultados mostraram que não houve uma completa aplicabi-lidade dos conhecimentos pessoais, teóricos e técnicos sobre como deve ser realizada a comunicação e uma boa interação paciente-profissional, durante os aconselhamentos em amamentação, mesmo que os acon-selhadores tenham sidos treinados para tal. Isto remete e destaca a im-portância da educação permanente para a habilidade de comunicar-se eficazmente no contexto de cuidar em enfermagem, como também a ne-cessidade de uma padronização dos aconselhamentos e do reforço destes, principalmente, nas consultas de pré-natal. Assim, os resultados apontam para o desenvolvimento de novos estudos, que podem ser correlaciona-dos com o processo de comunicação, ou, junto aos aconselhamentos, per-mitindo assim maior visibilidade e fortalecimento da Enfermagem para a promoção do aleitamento materno.

Soares, L. S.; et al.

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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN

Submissão: 18.05.2010Aprovação: 14.09.2010

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.58-62, Abr-Mai-Jun. 2011.

Condutas adotadas pelos profissionais de enfermagem após acidentes com materiais perfurocortantesConduct adopted by nursing professionals after accidents sharps materialsConducta adoptados por los profesionales de enfermería después de los accidentes con objetos punzantes

RESUMO

O estudo objetiva analisar a relação da conduta adotada pelos profissionais de enfermagem em acidentes com materiais perfurocortantes com o que é preconizado pelo Ministério da Saúde. Trata--se de uma pesquisa de abordagem qualitativa desenvolvida com profissionais de enfermagem, nas Unidades de Terapia Intensiva de um Hospital público. A produção de dados foi realizada através da entrevista semi-estruturada, com o uso do gravador e da observação participante, até abril de 2009. Os resultados revelaram que a grande maioria dos acidentes envolveram a agulha como o principal instrumento e os membros superiores foram os únicos locais do corpo a serem atingidos. Ainda vale ressaltar que, os profissionais não seguem as recomendações preconizadas pelo Ministério da Saúde. Portanto, a pesquisa mostra aos profissionais de Enfermagem a importância da notificação dos acidentes na CCIH e o seguimento das condutas que devem ser adotadas em caso de acidentes com perfurocortantes.Descritores: Infecção hospitalar. Terapia intensiva. Incidência.

ABSTRACT

The study aimed to analyze the relationship of the conduct adopted by nursing professionals that suffered accident with sharps materials, with what is made for Ministry of Healthy. This is a camp research, quantitative approach developed in the Intensive Care Units of a Public Hospital with nur-sing professionals. The production of the data was realized through semi-structured interview and of the observation, from January to April of 2009. The results showed that the major of the accidents involved the needle as the principal instrument sharps materials and the superior members were the locals of the body to be arrived at all the register cases. It is noteworthy that the nursing professionals do not follow the recommendations made by the Ministry of Health. Therefore, the research shows the importance of the notification of the accidents to the Committee on Hospital Infection Control - HICC and the follow of the conducts that must be taken in cases of accidents with sharps materials.Descriptors: Infection. Intensive care. Incidence.

RESUMEN

El estudio tiene como objetivo analizar el procedimiento adoptado por personal de enfermería des-pués de los accidentes con objetos punzantes. Se trata de un enfoque de investigación cualitativa desarrollada con las enfermeras en las unidades de cuidados intensivos de un hospital público. Los datos fueron recolectados a través de entrevistas semi-estructuradas y observación participante. Los resultados revelaron que la mayoría de los accidentes involucraron a la aguja como el instrumento principal. Los miembros superiores eran los únicos lugares en el cuerpo la alcanzar. Los profesionales no siguen las recomendaciones emitidas por el Ministerio de Salud, por lo tanto, la encuesta muestra a los profesionales de enfermería de la importancia de la comunicación de accidentes de la Comisi-ón de Control de Infecciones y vigilancia de la conducta que se deben tomar en caso de accidentes con objetos punzantes.Descriptores: Infección hospitalaria. Cuidados intensivos. Incidencia.

Lidiane Monte LimaAcadêmica do curso de Enfermagem da Universidade

Federal do Piauí; Departamento de Enfermagem;

Campus Universitário Ministro Petrônio Portela Bairro

Ininga, Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – E-mail:

[email protected];

Francisco Braz Milanez Oliveira Acadêmico do curso de Enfermagem da Universidade

Federal do Piauí; Teresina – PI;

Maria Eliete Batista MouraPós Doutora pela Universidade Aberta, Lisboa –

Portugal. Doutora em Enfermagem pela UFRJ.

Professora da Graduação e do Programa de Mestrado

Profissional em Saúde da Família da Faculdade

NOVAFAPI. Professora da Graduação e do Programa

de Mestrado em Enfermagem da UFPI.

Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes

Doutora em Enfermagem pela UFRJ. Professora

da Graduação e do Programa de Mestrado em

Enfermagem da UFPI.

Cinara Maria Feitosa BelezaAcadêmico do curso de Enfermagem da Universidade

Federal do Piauí; Teresina – PI.

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1 INTRODUÇÃO

O controle das infecções hospitalares (IH) engloba vários aspectos, como: políticas de saúde e administrativas, recursos econômicos, planta física, capacidade e engajamento profissional, conhecimento das caracte-rísticas dos microrganismos e das inter-relações existentes entre eles. Esta multiplicidade de fatores tem dificultado a implementação de um efetivo programa de prevenção e controle das infecções hospitalares e representa desafios cada vez maiores aos profissionais de saúde que se propõem a eliminá-las.

É recomendada a utilização das precauções padrão na assistência a todos os pacientes, independente do estado presumível de infecção, no manuseio de equipamentos e artigos contaminados ou sob suspeita de contaminação, nas situações em que haja riscos de contatos com: sangue, líquidos corpóreos, secreções e excreções, exceto o suor, sem considerar ou não a presença de sangue visível e pele com solução de continuidade e mucosas (GARNER, 1996a).

As mãos devem ser lavadas com técnica adequada, que envolve a aplicação de água antes do sabão. O sabão líquido deve ser aplicado com as mãos úmidas e ocupar toda a superfície das mãos. Estas devem ser friccionadas vigorosamente, no mínimo por 10 a 15 segundos, com particular atenção para a região entre os dedos e as unhas (GOLDMANN; LARSON, 1992).

Luvas estéreis e não-estéreis (procedimentos) devem estar disponí-veis em todas as áreas clínicas dos hospitais. As luvas não-estéreis devem ser utilizadas para proteção do profissional, coleta de sangue ou poten-ciais contatos com sangue e secreções, e quando indicadas para proce-dimentos não-estéreis em pacientes em isolamento de contato (GARNER, 1996b).

Máscara, óculos de proteção e avental devem ser usados em pro-cedimentos com risco de contato com sangue ou secreção no rosto e nos olhos (cirurgias, entubação, drenagem, entre outros). O risco de transmis-são de patógenos através de um único acidente ocupacional perfuro--cortante com sangue contaminado é de 33,3% para o vírus da hepatite B, 3,3% para o vírus da hepatite C e 0,31% para o vírus da imunodeficiência humana (IPPOLITO; PURO; DE CARLI, 1993).

Os profissionais direta ou indiretamente envolvidos com cuidado de pacientes hospitalizados estão expostos a inúmeros riscos ocupacio-nais. Os riscos do ambiente de trabalho são classificados em reais, de res-ponsabilidade do empregador; supostos, quando o trabalhador conhece os riscos de agravos, e os residuais, quando é de responsabilidade do pró-prio empregado (MARZIALE; RODRIGUES, 2002).

A Lei 8.213, de 1991, publicada no Diário Oficial da União (DOU) do dia 14/08/1991, em seu artigo 19, define acidente de trabalho como aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, pelo exercício do trabalho provocando lesão corporal ou perturbação funcio-nal que cause a morte, a perda ou a redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. Também são considerados acidentes de trabalho, aqueles que ocorrem durante o trajeto entre a residência do tra-balhador e o local de trabalho, doença produzida ou desencadeada por um tipo específico de trabalho e doenças adquiridas ou causadas pelas condições de trabalho (BRASL, 1991).

Todo profissional de saúde que sofrer uma exposição com material contaminado com sangue ou secreção deve procurar imediatamente o serviço de saúde ocupacional ou a comissão de controle de infecção hos-pitalar para orientação sobre vacinação e quimioprofilaxia, se necessário,

pois o caso deve ser tratado como emergência médica (BRASIL, 2004).Diante dessa problemática, este estudo tem como objeto a con-

duta dos profissionais de Enfermagem, que trabalham no ambiente hos-pitalar, após acidente com material perfurocortante, considerando que a maioria dos profissionais desconhece a conduta correta, de acordo com o que é preconizado pelo Ministério da Saúde.

2 METODOLOGIA

O presente estudo foi de abordagem qualitativa por ser a mais adequada para investigar a problemática da pesquisa. Segundo Minayo (2003), a pesquisa qualitativa corresponde a um aprofundamento no mundo dos significados, motivos e crenças, valores de ações e relações humanas, relativo a um aspecto não perceptível e não captável em equa-ções, médias e estatísticas.

O cenário de pesquisa foi constituído pelas Unidades de Terapia Intensiva do Hospital Getúlio Vargas (HGV), onde são realizados proce-dimentos invasivos com uso de material perfurocortante. O HGV é um hospital geral, de base, que atende diversas especialidades em níveis pre-ventivo e curativo. Possui quatrocentos e vinte e sete leitos, distribuídos em oito Serviços Especializados, dos quais quatorze são destinados a UTIs. A UTI geral possui sete leitos, separados por boxes e fechados na parte anterior por cortinas de plástico. Cada leito possui um lavatório com sa-bão líquido e papel toalha, além de cesto de lixo e caixas para material perfurocortante.

Foram analisados todos os acidentes ocupacionais com perfuro-cortantes notificados na Central de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH), ocorridos entre dezembro de 1994 a maio de 2003 e de janeiro de 2006 a maio de 2009. As notificações referentes no intervalo entre estes períodos não foram encontradas na CCIH.

Os sujeitos da pesquisa foram os profissionais da Enfermagem das UTIs do HGV. O critério para inclusão dos sujeitos foi pertencer ao quadro de funcionários desse serviço há mais de um ano.

A produção de dados foi realizada através de entrevista semi-es-truturada, com o uso do gravador e da observação participante. Segundo Minayo (2003), a entrevista é o procedimento mais usual na prática de campo e tem por propósito a coleta de informações sobre determinado tema científico. Deve ser encarada não só como uma conversa despreten-siosa e neutra, mas um instrumento em que se propõe obter informações contidas nas falas dos atores sociais sobre uma determinada realidade que está sendo focalizada.

Para garantir o anonimato profissional, as falas foram codificadas para as classes Enfermeiros, Técnicos em Enfermagem, Auxiliares de En-fermagem, utilizando-se números arábicos na ordem em que foram en-trevistados.

Os dados produzidos foram categorizados, agrupando elementos, idéias ou expressões relacionadas com as condutas adotadas pelos profis-sionais de Enfermagem após acidentes com materiais perfurocortantes. Posteriormente foram analisados à luz do referencial teórico.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pode-se definir material perfurocortante como objetos ou ins-trumentos contendo cantos, bordas, pontos ou protuberâncias rígidas e agudas capazes de cortar ou perfurar. Os resíduos perfurocortantes, se-gundo as legislações sanitárias e ambientais, são compostos por lâminas

Condutas adotadas pelos profissionais de enfermagem após acidentes com materiais perfurocortantes

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de barbear, bisturis, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, vidrarias e outros assemelhados (ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2007).

Os acidentes com materiais perfurocortantes envolvendo o pessoal de Enfermagem no ambiente hospitalar, especialmente na UTI, tem con-tribuído para aumentar o risco ocupacional desses profissionais. De modo geral, a maior freqüência de acidentes entre os trabalhadores dessa área, quando comparada a outras categorias profissionais, decorre da comple-xidade do processo de trabalho da Enfermagem, que requer uma proxi-midade maior com os pacientes, realizando o cuidado direto a doentes nas 24 horas-dia de todo o ano (GIOMO et al., 2009). O estudo no HGV mostrou que quanto à categoria profissional, os Técnicos em Enfermagem contribuíram com 33,3% dos acidentes com materiais perfurocortantes, os Enfermeiros com 22,2% e os Auxiliares de Enfermagem com 44,5%.

De acordo com Vieira e Padilha (2008) os acidentes ocupacionais ocasionados por materiais perfurocortantes entre os trabalhadores de Enfermagem são freqüentes, devido ao número elevado da manipulação com agulhas e tais riscos representam prejuízos, tanto para os trabalhado-res, como para a instituição. Neste sentido acredita-se que tal fato leva a considerar que os trabalhadores e as instituições de trabalho necessitam dar maior atenção ao problema, direcionar medidas para a notificação dos acidentes, melhorar o encaminhamento dos trabalhadores acidentados e, principalmente, adotar medidas preventivas para redução dos números destes tipos de acidentes ocupacionais.

Os resultados do estudo serão apresentados em duas categorias, a saber: acidente com material perfurocortante e conduta frente ao aci-dente.

Acidente com material perfurocortante

Esta categoria foi dividida em duas sub-categorias: local do corpo e tipo de material do acidente.

Na sub-categoria local do corpo, observou-se que todos os aciden-tes com perfurocortantes ocorreram nos membros superiores, sendo que 88,9% foram nas mãos dos profissionais. Além disso, pôde-se observar que 66,7% dos acidentes acometeram o dedo da mão esquerda, 22,2% o dedo da mão direita e somente 11,1% o antebraço.

Devido à falta de informações muitos trabalhadores se consideram culpados pela ocorrência do acidente, no entanto, estudos mostram que as questões de ordem pessoal, como desatenção, pressa e despreparo, estão, na maioria das vezes, associados aos fatores provenientes das con-dições de trabalho oferecidas (MARZIALE, 2003).

Ainda de acordo com Marziale (2003) são inúmeros os fatores que podem estar associados à ocorrência de acidentes percutâneos: grande manipulação de agulhas, sobrecarga de atividades, o estresse, a pressa, comportamento agressivo de pacientes, urgência, falta de programas de capacitação do pessoal, disposição e inadequação das caixas de descarte do material, não oferta de equipamentos de segurança, desconsideração às precauções padrão, desconhecimento do risco de infecção e reencape ativo de agulhas e o não oferecimento de material com agulhas retráteis e seguras devem ser consideradas em conjunto, quando da investigação do motivo do acidente.

Pinheiro e Zeitoune (2008) recomendam um conjunto de medidas para a prevenção da transmissão de doenças no ambiente de trabalho, tais como: o uso rotineiro de barreiras de proteção (luvas, capotes, óculos de proteção ou protetores faciais) e precauções necessárias na manipulação

de agulhas ou materiais cortantes para prevenir exposições em procedi-mentos invasivos.

Na sub-categoria tipo de material os entrevistados apontaram a agulha (77,8%) como principal material envolvido nos acidentes. Foi cons-tatado também que 11,1% dos acidentes foram provocados por dente dos pacientes e 11,1% por estilhaços de tubos de ensaio. Assim, as agulhas apareceram como principal causa de acidente perfurante entre os traba-lhadores de enfermagem. Esses achados estão de acordo com a literatura que aponta ser a manipulação de agulha o maior risco de acidente por material penetrante entre trabalhadores hospitalares (NISHIDI; BENATTI; ALEXANDRE, 2004).

Recomenda-se que os resíduos devam ser descartados em reci-pientes de paredes rígidas, com tampa resistentes ao processo de esteri-lização e identificados com o símbolo internacional de risco biológico. As agulhas e outros objetos perfurocortantes nunca devem ser descartados em locais impróprios como bandeja de medicação e muito menos no lixo comum. Vale ressaltar que as agulhas não devem ser re-encapadas nem desconectadas das seringas antes de serem jogadas dentro das caixas co-letoras (ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2007).

Conduta frente ao acidente.

Para análise desta categoria tomou-se como base as normas de condutas preconizadas pelo Ministério da Saúde e pelo Hospital Getúlio Vargas. Os dados considerados na análise foram: os acidentes notificados na Central de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH); os profissionais que lavaram a parte do corpo acidentada com água e sabão ou álcool a 70%; os que notificaram o acidente até 24 horas; e os que solicitaram exames à fonte conhecida e repetiram a sorologia no 3º e 6º mês.

Assim, dos 9 acidentes relatados pelos trabalhadores das UTIs do Hospital Getúlio Vargas, 88,9% foram notificados na CCIH e 11,1% não notificados.

Notificar um acidente de trabalho significa registrá-lo na CCIH, em vista disso a notificação do acidente é extremamente importante para o planejamento de estratégias preventivas; além disso, ela é um recurso que assegura ao trabalhador o direito de receber avaliação médica especializa-da, tratamento adequado e benefícios trabalhistas. A sub-notificação da exposição ocupacional a doenças infecciosas é uma grande barreira para entender os riscos e os fatores associados coma exposição ocupacional a sangue e fluidos corpóreos (MARZIALLE, 2003).

Apesar de legalmente obrigatória a notificação dos acidentes de trabalho, na prática, está sujeita a sub-notificação, devido ao sistema de informação usado e a concepção fragmentada das relações saúde e traba-lho. Outro fator que tem contribuído para a sub-notificação pelos traba-lhadores de Enfermagem, especificamente das injúrias percutâneas, está relacionada à falta de importância atribuída pelos próprios trabalhadores às pequenas lesões causadas pelas agulhas (MARZIALE, 2003).

De acordo com os passos a serem seguidos após exposição com material biológico, 100% dos entrevistados após exposição em pele ínte-gra, lavaram o local com água e sabão ou álcool a 70%. Assim também, dos que notificaram o acidente à CCIH, todos o fizeram até 24 horas após o acidente.

A higienização das mãos é reconhecida, mundialmente, como uma medida primária, mas muito importante no controle de infecções relacio-nadas à assistência à saúde. Por este motivo, tem sido considerada como um dos pilares da prevenção e controle de infecções dentro dos serviços

Lima, L. M.; et al.

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.58-62, Abr-Mai-Jun. 2011.

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de saúde, incluindo aquelas decorrentes da transmissão cruzada de mi-crorganismos multirresistentes. A finalidade da higienização simples das mãos é remover os microrganismos que colonizam as camadas superfi-ciais da pele, assim como o suor, a oleosidade e as células mortas, retiran-do a sujidade propícia à permanência e à proliferação de microrganismos (ANVISA, 2008).

Sobre esta prática, a fala do Profissional 8 representou de forma mais detalhada todas as outras:

Após esse procedimento, eu lavei minhas mãos com água e sabão e fui procu-rar a enfermeira e comunicar para a enfermeira que eu havia me furado com a agulha após ter administrado a medicação, aí procurei a enfermeira da CCIH. (Profissional 8)

Dois profissionais informaram que somente buscaram o serviço após o plantão, como exemplificado abaixo:

Eu lavei e coloquei álcool iodado para fazer a desinfecção do local. Como foi à noite, porque eu trabalhava à noite, foi pela manhã que eu tomei as providências. (Profissional 4)

Depois tirei a luva, lavei com álcool a 70 %. Aí no final do plantão, é melhor eu ir na CCIH. (Profissional 7)

Um dos profissionais entrevistados apresentou uma conduta que merece atenção por sua gravidade. Pelo que foi constatado este profis-sional espremeu o ferimento, o que não é preconizado pelo Ministério da Saúde, conforme o Manual de Infecção relacionada à assistência à saúde (ANVISA, 2004), não se pode apertar ou espremer o local, pois este proce-dimento aumenta a superfície de contato. Abaixo, o trecho que confirma essa situação:

A primeira medida, eu peguei lavei as mãos. Exprimi o ferimento. Só foi com agulha de insulina. Eu lavei e coloquei álcool iodado para fazer a desinfecção do local. (Profissional 4)

Sobre os procedimentos aos quais os acidentados deverão ser sub-metidos, 50% dos profissionais de Enfermagem não solicitaram os exames (anti-HIV, HBsAg e anti-HCV) à fonte (paciente) conhecida. Quanto à soli-citação de sorologia logo após exposição com material biológico, apenas um acidentado não a fez porque tratava-se de uma mordedura humana, considerada como exposição de risco quando envolve a presença de san-gue, devendo ser avaliada tanto para o indivíduo que provocou a lesão quanto àquele que tenha sido exposto.

Como nessa situação não houve perfuração, o profissional recebeu orientações quanto à quimioprofilaxia do tétano. Nos demais acidentados solicitou-se Anti-HIV e Anti-HCV. Se não estiver com o esquema de vacina-ção completo para hepatite B, solicitar HBsAg.

Os depoimentos a seguir ilustram as situações mencionadas.

Eu num sabia qual era o paciente, né, o paciente tinha ido a óbito no momento que foi..., não sabia o diagnóstico do paciente. (Profissional 6)

Aí, faz só registrar, porque o paciente ta isolado, isolamento, não sabe o que vai causar ou não. Aí eu fui no HDIC, tomei uma vacina anti-tetânica, aí pronto. (Pro-fissional 7)

No caso de paciente-fonte desconhecido (material encontrado no lixo, expurgo etc), o acidente será avaliado criteriosamente conforme a gravidade da exposição e a probabilidade de infecção. Geralmente, não está recomendada a quimioprofilaxia nestes casos, porém os riscos devem ser avaliados individualmente (ANVISA, 2004).

Os profissionais não vacinados ou não respondedores ao esquema vacinal (anti-HBs < 10 U/ml), deverão ser encaminhados para vacinação

e/ou uso de imunoglobulina específica para hepatite tipo B (HBIg) - que deve ser administrada o mais rápido possível, preferencialmente nas pri-meiras 24 horas após o acidente, podendo ser oferecida em até sete dias (ANVISA, 2004).

Quanto a repetir as sorologias no 3º e 6º mês após acidente com perfurocortante, apenas 12,5% dos acidentados as repetiram, sendo que os motivos alegados pelos 87,5% restantes, a não repetição dos exames estava relacionada ao fato dos resultados iniciais terem dado negativos, o que demonstra um julgamento errôneo feito por estes profissionais. Afinal, existe a possibilidade de não haver uma manifestação inicial do infectante, caso o indivíduo esteja contaminado. O depoimento a seguir ilustra essa situação.

Duas sorologias dela. Aí já veio, aí ela chegou até ir a óbito, e daí fui vê o resultado e deu negativo, aí eu me tranqüilizei. Mas eu tento até que fazer esses exames, eu fui relapsa. (Profissional 1).

De acordo com as diretrizes da Anvisa (2004) o profissional deverá ser submetido a acompanhamento laboratorial com coleta das sorologias para HIV, Hepatite tipo B e Hepatite tipo C no momento do acidente, três e seis meses após o acidente, em caso de exposição Ocupacional a Pacien-te-Fonte Desconhecido. O profissional deverá ser submetido a acompa-nhamento laboratorial com coleta das sorologias para HIV, hepatite tipo B e hepatite tipo C no momento do acidente, e sorologia para hepatite tipo B no terceiro e sexto mês após o acidente - nos casos de indivíduos não imunes e em que paciente-fonte der positivo para Hepatite tipo B.

Embora se constitua uma prática legalmente exigida, foi consta-tado que muitos trabalhadores apresentam déficit de informações sobre a obrigatoriedade e a importância do registro do acidente, pois através do número de ocorrência se torna possível diagnosticar a gravidade do problema e planejar medidas específicas de prevenção à população tra-balhadora da instituição em cada ambiente de trabalho (MARZIALE, 2003).

O estudo mostrou que, mesmo conhecendo os riscos, os profis-sionais não seguem as recomendações preconizadas pelo Ministério da Saúde, não prosseguindo com as medidas que devem ser adotadas pelo acidentado quanto a repetições dos exames. Dessa forma, a sub-notifica-ção está presente na realidade hospitalar, devido a falta de informação ou a pouca importância dada ao risco do acidente ocupacional.

4 CONCLUSÃO

O estudo constatou que acidentes com materiais perfurocortantes nas UTIs de um hospital público é uma realidade inerente ao cotidiano dos profissionais de Enfermagem, portanto, deve ser tratado com a devida importância tanto por parte da instituição quanto pelos profissionais. O que mais chamou a atenção na pesquisa foi o descuido dos profissionais de Enfermagem, pois não seguem o que é preconizado pelo Ministério da Saúde em termos de acidentes com materiais perfurocortantes, apesar de terem conhecimento das etapas que devem ser seguidas. Assim também, sabe-se que a sub-notificação ocorre, mesmo com os esforços da Central de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) para atenuar tais índices.

Por conseguinte, a pesquisa mostra aos profissionais de Enferma-gem a importância da notificação dos acidentes na CCIH e o seguimen-to das condutas preconizadas pelo Ministério da Saúde, que devem ser adotadas em caso de acidentes com perfurocortantes. A notificação é fundamental para o controle de acidentes, e a conduta correta protege o profissional de Enfermagem das infecções hospitalares a que está sujeito, bem como a diversos fatores de risco.

Condutas adotadas pelos profissionais de enfermagem após acidentes com materiais perfurocortantes

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REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN

Submissão: 16.03.2010Aprovação: 14.09.2010

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.63-67, Abr-Mai-Jun. 2011.

Diagnóstico sorológico de infecção por human lymphotropic cell-t vírus types 1 and 2 (HTLV) em pacientes com maláriaSerological diagnosis of infection for human lymphotropic cell-t vírus types 1 and 2 (HTLV) in patients with malariaDiagnóstico serológico de infección por HTLV-1 / 2 en pacientes con malaria

RESUMO

Esse estudo investigou a eficácia de dois testes sorológico para HTLV-1 e HTLV-2 em pacientes com malária do tipo falciparum e vivax no município de Cruzeiro do Sul, Acre, onde as amostras foram coletadas de 136 pacientes atendidos no Hospital do Juruá, Posto de Saúde Igarapé Preto e Mater-nidade Pública de Cruzeiro do Sul. Amostras de sangue foram coletadas em tudos contendo EDTA como anticoagulante, para a extração do plasma e leucócitos (PBMC). As amostras de plasmas fo-ram testadas para a presença de anti-HTLV-1/2, usando um ensaio imunoenzimático (ELISA), que foi confirmado pelo Western blot. Apenas 1 (0,7%) dos 136 sujeitos foram positivos para HTLV, enquan-to outros 7 apresentaram valores de densidade óptica próximo ao valor de cut-off. Os resultados do Western blot indicaram que duas amostras tinham o perfil sorológico de HTLV-2. Uma amostra apresentou um perfil de co-infecção de HTLV-1/HTLV-2, duas foram indeterminadas e três foram negativas. Os resultados do presente estudo indicam que embora o ELISA seja o teste de triagem, faz-se necessário a realização de testes confirmatórios e discriminatórios para infecção por HTLV-1/2, como o Western blot.Descritores: Diagnóstico sorológico. HTLV. Malária.

ABSTRACT

This study investigated the effectiveness of two serological tests to HTLV-1 and HTLV-2 in patients with falciparum and vivax malaria in the municipality of Cruzeiro do Sul, in the Brazilian state of Acre, where samples were collected from 136 patients at the Juruá Hospital, Igarapé Preto health center and the Public Maternity Unit. Blood samples were collected in tubes containing EDTA as an anticoagulant, for the extraction of plasma and leukocytes (PBMC). Plasma samples were tested for the presence of anti-HTLV-1/2, using an enzyme immunoassay (ELISA), which was confirmed by Western blot. Only one (0.7%) of the 136 subjects was positive for HTLV, while seven others presentd values of optical density close to the cut-off value. The results of the Western blot indicated that two samples had the serological profile of HTLV-2. One sample presented a profile of HTLV-1/HTLV-2 co-infection, two were indeterminate and three were negative. The results of the present study indicate that although the ELISA is a screening test, it is necessary to conduct confirmatory and discriminatory tests for HTLV-1 / 2, as the Western Blot.Descriptors: Serological diagnosis. HTLV. Malária.

RESUMEN

Este estudio investigó la eficacia de dos pruebas serológicas de la infección por HTLV-y HTLV-2 en pacientes con paludismo por P. falciparum y el tipo vivax en Cruzeiro do Sul, Acre, donde se colecta-ron muestras de 136 pacientes atendidos em el Hospital deJuruá Tour Salud y educación de los hijos ricos Negro PúblicaCruzeiro do Sul. Las muestras de sangre fueron recogidas en los estudios que contiene EDTA como anticoagulante para la extracción de plasmay leucocitos (CMSP). Las muestras de plasma se analizaron para detectar la presencia de anticuerpos anti-HTLV-1 / 2, mediante unin-munoensayo enzimático (ELISA), que fue confirmada por Western blot. Sólo 1 (0,7%) de 136 suje-

Fabiana Teixeira de CarvalhoMestre em Biologia de Agentes Infecciosos e

Parasitários (UFPA) e Doutoranda em Engenharia

Biomédica (Unicastelo).

Aline Barreto dos SantosMestre em Biologia de Agentes Infecciosos e

Parasitários (UFPA).

Rita do Socorro Uchôa da Silva

Doutora em Biologia de Agentes Infecciosos e

Parasitários (UFPA).

Ricardo Ishak Pós-Doutor pela London School Of Hygiene And

Tropical Medicine. Professor da Universidade Federal

do Pará, UFPA.

Antonio Carlos R. VallinotoBiomédico. Pós-Doutor University of Miami Miller

School of Medicine. Professor da Universidade Federal

do Pará, UFPA

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tos fueron positivos para HTLV,mientras que otros 7 presentaron valores de densidad óptica valorcerca de la corte. Los resultados de Western blot mostraron quedos muestras tenían un perfil serológico del HTLV-2. Una de las muestras mostraron un rango de HTLV-1/HTLV-2 co-infección,dos no estaban seguros, y tres fueron negativos. Los resultados de este estudio indican que aunque la prueba ELISA es la prueba de detección, es nece-sario llevar a cabopruebas de confirmación y discriminatorio a HTLV-1 / 2, como elWestern blot.Descriptores: Diagnóstico serológico. HTLV. La malaria

1 INTRODUÇÃO

Os retrovírus HTLV-1 e HTLV-2 integram a família Retroviridae, subfamília Orthoretrovirinae, gênero Deltaretrovirus. Estes retrovírus têm sido classificados nessa família baseados em seqüências genéticas e ho-mologias estruturais, caracterizando-se por serem os únicos vírus diplói-des de polaridade positiva (BURKE, 1997; LEMOS et al., 2006).

A transmissão do HTLV-1 ocorre, principalmente, por três vias: a) a sexual, sendo a infecção mais freqüentemente transmitida do homem para a mulher. Presume-se que a infecção adquirida através da atividade sexual seja conseqüente dos linfócitos infectados presentes no sêmen e na secreção vaginal; b) vertical (da mãe para o filho), caracterizada por transmissão transplacentária, durante o parto e pela amamentação; e c) parenteral, ocorrendo através da transfusão de sangue contaminado e seus produtos, bem como do uso de seringas contaminadas (SANTOS et al., 2005). A infecção por HTLV-2 transmite-se pelos mesmos mecanismos. Destaca-se nesse caso a veiculação do agente pelo uso comum de serin-gas e agulhas contaminadas (HALL et al., 1992).

A região amazônica brasileira é endêmica tanto para a malária quan-to para infecções por HTLV-1/2 (BRASIL, 2005; ISHAK et al., 1995; VALLINOTO et al., 2002). Estudos anteriores mostraram a ocorrência atípica de padrões sorológicos para o HTLV-2 em populações locais (ISHAK et al., 2007).

O diagnóstico sorológico do HTLV está baseado na detecção de an-ticorpos específicos para o vírus, que estão presentes nos fluidos do corpo e são gerados de uma resposta imune dirigida contra antígenos codifica-dos por genes estruturais e reguladores (BRASIL, 2004).

Na investigação da infecção pelo HTLV-1/2, o teste ELISA (Ensaio imununoenzimático) é o mais utilizado, especialmente na triagem soroló-gica em bancos de sangue; porém, apesar da alta sensibilidade, tem baixa especificidade e reatividade cruzada entre os tipos 1 e 2 do vírus. Devido a tais características é observado um grande número de resultados falso--positivos (BRADY et al., 1987).

Uma vez que os métodos de triagem sorológica para HTLV e os ensaios imunoenzimáticos apresentam freqüentes reações falso-positivas (CATERINO-DE-ARAÚJO et al., 1998; POIESZ et al., 2000), o imunodiagnósti-co dessa retrovirose depende de confirmação da sororreatividade, através de WB (Western-Blot) ou PCR (Reação em Cadeia da Polimerase).

Assim, o presente estudo investigou a eficácia de dois testes soro-lógicos para infecção por HTLV-1 e HTLV-2 em pacientes com malária, em Cruzeiro do Sul, Acre.

2 MATERIAL E MÉTODO

O estudo foi do tipo transversal e a análise dos dados foi descritiva, com a contagem direta dos números de casos com o cálculo das freqüências.

Analisou-se uma amostra de 136 indivíduos portadores de malá-ria, sendo 72 homens e 64 mulheres, atendidos no setor de Endemias do Posto de Saúde do Igarapé Preto, do Hospital do Juruá e da Maternidade Pública de Cruzeiro do Sul - Acre, com idades acima de 12 anos. O Proje-to foi submetido ao Conselho de Ética em Pesquisa (CEP) da Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre) e aprovado sob o parecer final nº 125/2008, de acordo com a Resolução nº 196/96 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Todos os pacientes foram informados acerca do projeto e, posteriormente, assinaram um termo de consentimento livre esclarecido e responderam um formulário.

Coletou-se amostras de sangue (5 ml) de 136 indivíduos com diag-nóstico de malária através da gota espessa, as quais foram obtidas em um sistema de colheita a vácuo, em tubos contendo EDTA como anticoagu-lante, para a obtenção do plasma e de leucócitos (PBMC). Os espécimes foram estocados a –20º C, primeiramente, no Hemonúcleo de Cruzeiro do Sul, posteriormente no Hemoacre, em Rio Branco e, posteriormente, foram transportadas para o Laboratório de Virologia da UFPA, Belém – PA, para a análise das amostras.

Realizou-se a coleta das amostras no período de 12 de agosto à 10 de setembro de 2008. Dos 136 participantes, 106 tinham malária por P. vivax, 29 por P. falciparum e 1 apresentou infecção mista.

Incluiu-se na pesquisa pacientes portadores de malária, que assina-ram o termo de consentimento livre e esclarecido. Excluiu-se da pesquisa pacientes que não tinham diagnóstico confirmado de malária, crianças menores de 12 anos, grávidas, pacientes que se declararam HIV positivos, pacientes indígenas (pois possuem uma Legislação própria para a partici-pação em pesquisas) e pacientes que fizeram uso de anti-maláricos nos últimos 7 dias anteriores a coleta.

As amostras de soro foram testadas para a presença de anticorpos anti-HTLV-1 e anti-HTLV-2, por meio do uso de um ensaio imunoenzimá-tico, ELISA (HTLV-1/2 Ab-Capture ELISA Test System, Ortho Diagnostic Sys-tems Inc., USA), no Laboratório de Virologia da UFPA, em Belém - PA.

As amostras soropositivas e as que ficaram na zona cinza do cut--off (20% acima ou abaixo do cut-off ) foram submetidas a confirma-ção por meio de um Western blot (HTLV Blot 2.4, GeneLab diagnostics Ltd.,Singapore) que permite a confirmação de sororreatividade e a discri-minação entre HTLV-1 e HTLV-2

O critério discriminatório do Western blot seguiu as recomenda-ções do fabricante de reatividade para p19, p24 e para os peptídeos sinté-ticos adicionados ao Kit, que reage especificamente com o HTLV-1 (MTA, rgp 46-I) e HTLV-2 (K55, rgp 46-II).

3 RESULTADOS

Um total de 136 amostras de pacientes portadores de malária (106 do tipo vivax, 29 do tipo falciparum e 1 por infecção mista) foi analisado objetivan-do demonstrar a eficácia de dois testes sorológicos para infecção por HTLV-1/2.

Dos 136 pacientes, 72 eram do sexo masculino, com faixa etária entre 12 e 72 anos (média de 30,90 anos) e 64 eram do sexo feminino, com idades entre 12 e 72 anos (média de 29,42 anos) totalizando uma faixa etária geral de 30,16 anos.

Todas as amostras foram testadas para a presença de anticorpos anti-HTLV-1 e anti-HTLV-2 (Tabela 1), por meio de um teste imunoenzimá-tico tipo ELISA. Das 136 amostras, apenas uma (#21014) foi positiva (0,7%) e sete apresentaram valores de densidade óptica (D.O.) em uma faixa re-presentativa de 20% abaixo do valor de Cut-off (0,263).

Carvalho, F. T. ; et al.

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Tabela 1. Resultados dos testes ELISA e WB para a presença de anti-corpos anti-HTLV-1 e anti-HTLV-2

*DO = Densidade Óptica da amostra

Considerando que o objetivo do estudo que era o de verificar a eficácia de dois testes sorológicos, as oito amostras foram subseqüente-mente submetidas à análise por Western blot.

O resultado do Western blot (Figura 1) revelou que das oito amos-tras duas (#21019 e #21005) apresentavam perfil sorológico típico de in-fecção pelo HTLV-2, com a presença de reação imunológica para antígeno recombinante rgp46-II, além de reação para GD21 e/ou p19. Uma das amostras (#21037) apresentou perfil raro de co-infecção HTLV-1/HTLV-2 ao revelar reação imune para rgp46-I e rgp46-II, além de reatividade para GD21 e p24. A amostra #21006 apresentou reatividades sorológicas para GD21 e p24, e a amostra # 21014 revelou uma reação fraca para p19 e p24 o que é definido, em ambos os casos, como padrão indeterminado. Três amostras apresentaram perfil negativo, segundo critérios do fabricante do teste (Tabela 1).

Diagnóstico sorológico de infecção por human lymphotropic cell-t vírus types 1 and 2 (HTLV) em pacientes com malária

Figura 1. Resultado do WB para a presença de anticorpos anti-HTLV-1 e anti-HTLV-2

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As análises de confirmação pelo WB demonstraram que as duas amostras positivas para anticorpos anti-HTLV-2, eram ambas de pacien-tes portadores de P. falciparum, as duas amostvras negativas eram de um paciente portador de P. vivax e de outro com P. falciparum, as duas amos-tras com padrão indeterminado de pacientes portadores de P. vivax e P. falciparum, respectivamente, e duas amostras com padrão de co-infecção pelo HTLV-1 e HTLV-2, apresentando infecção pelo P. vivax e a outra por P. falciparum. A única amostra positiva no ELISA apresentou um padrão indeterminado no WB.

No presente estudo investigou-se a eficácia de dois testes soroló-gicos para infecção por HTLV-1 e 2 em amostras de pacientes portadores de malária (P. vivax e P. falciparum) de uma população de Cruzeiro do Sul – Acre, um município localizado a 650 km de Rio Branco, capital do Acre, onde a incidência de malária é a maior dentre os demais municípios do estado.

4 DISCUSSÃO

O diagnóstico sorológico da infecção pelo HTLV baseia-se na detec-ção de anticorpos específicos contra o vírus. Nos hemocentros e nos servi-ços de hemoterapia nacionais, a triagem sorológica para HTLV-1 e HTLV-2 tornou-se obrigatória somente a partir de 1993, por meio da Portaria nº 1376 do Ministério da Saúde (POIESZ et al., 2000).

Na investigação da infecção pelo HTLV-1/2, o teste ELISA (Ensaio imununoenzimático) é o mais utilizado, especialmente na triagem soroló-gica em bancos de sangue; porém, apesar da alta sensibilidade, tem baixa especificidade e reatividade cruzada entre os tipos 1 e 2 do vírus. Devido a tais características é observado um grande número de resultados falso--positivos (BRADY et al., 1987).

Uma vez que os métodos de triagem sorológica para HTLV e os ensaios imunoenzimáticos apresentam freqüentes reações falso-positivas, o imunodiagnóstico dessa retrovirose depende de confirmação da soror-reatividade, através de WB (Western-Blot) ou PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) (POIESZ et al., 2000).

Tem-se observado que alguns indivíduos com resultados positivos no ELISA apresentam uma reação incompleta de anticorpos contra antí-genos do HTLV-1 ou HTLV-2; esses indivíduos são considerados terem um padrão soroindeterminado no WB. Demonstrou-se, também, que indiví-duos negativos no ELISA poderiam ter padrão soroindeterminado no WB, o que sugere que a prevalência desse padrão pode ser maior do que tem sido estimado (BERINI et al., 2007).

Dentre as causas de sorologia indeterminada para o HTLV são ci-tadas as infecções por: cepas divergentes do HTLV, Vírus linfotrópicos de símios – STLV e outros retrovírus, Plasmodium, bem como em outras condições biológicas (CATALAN-SOARES et al., 2001). Reações sorológicas cruzadas com P. falciparum tem sido proposta como um exemplo para os resultados soroindeterminado para HTLV-1/2 em áreas onde a malária é endêmica. Para a grande maioria das amostras indeterminadas originadas de áreas tropicais, supõe-se que a reatividade indeterminada é resultado de seqüências homólogas entre epítopos Gag do HTLV e outras proteínas ou causada por vírus relacionados ao HTLV-1 ou raros casos de infecção transitória por HTLV-1 (MAHIEUX et al., 2000).

O Plasmodium falciparum é capaz de induzir anticorpos que rea-gem com proteínas do HTLV-1 e dar resultados falso-positivos no ensaio imunoenzimático e padrões indeterminado no Western blot. Esses anti-corpos responsáveis pela reação-cruzada reconhecem um epítopo na

proteína p19 do HTLV. A seqüência desse epítopo é similar a uma extensão de sete aminoácidos localizados na proteína Exp-1 do Plasmodium falcipa-rum, sugerindo que essa proteína tem um papel na geração de anticorpos que realizam reação cruzada com HTLV-1. Contudo, como no presente es-tudo este padrão de reatividade, também, foi observado em outra amostra de paciente infectado pelo P. vivax, é possível sugerir assim a ocorrência, também, de similaridade da proteína Exp-1 ou de outro peptídeo desta espécie de plasmodium com o epítopo da proteína p19 (YAO et al., 2006).

Estudos têm demonstrado uma possível correlação entre a ocor-rência de reação cruzada para HTLV-1 em pacientes portadores de malária por P. falciparum, mas nenhuma correlação foi observada com o P. vivax, sendo esses resultados atribuídos a maior prevalência do P. falciparum. Em nosso estudo, a infecção por P. vivax foi mais prevalente do que por P. falciparum, contudo o padrão de reatividade no Western blot ocorreu em três portadores de P. falciparum e em apenas um de P. vivax, sugerindo assim poder não haver correlação com a prevalência espécie de plasmo-dium. Embora a maioria dos estudos que correlacionam a ocorrência de reação cruzada entre antígenos do HTLV-1 com o Plasmodium falciparum, os resultados aqui apresentados demonstram o predomínio do HTLV-2 em relação a presença do perfil para HTLV-1, fato este que poderia estar asso-ciado ao fato deste tipo viral ser o mais prevalente na região Amazônica (VALLINOTO et al., 2002).

Assim sendo, é possível inferir que essa reação cruzada seja decor-rente de uma similaridade de proteínas do Plasmodium falciparum com epítopos do HTLV-2, a semelhança do que tem sido descrito para a prote-ína Exp-1 desta espécie de plasmodium com o epítopo da proteína p19 do HTLV-1, considerando que os antígenos transmembrana do HTLV-1 e do HTLV-2 apresentam extensa homologia e apresentam elevado nível de reação cruzada, enquanto que as demais regiões representam epítopos tipo específico (POIESZ et al., 1980).

Um ponto importante a ser destacado é que o resultado aqui apre-sentado refere-se à ausência de sororeatividade para infecção pelo HTLV-1 pelo teste de ELISA, o qual é usado rotineiramente como método de triagem sorológica nos bancos de sangue. Em comparação ao observado por Ishak et al. (2007), os resultados aqui obtidos têm um impacto mui-to maior uma vez que o prognóstico da infecção pelo HTLV-1 é diferente daquele para o HTLV-2, visto que doenças neurodegenerativas (CASTRO--COSTA et al., 1991) e linfoproliferativas (POIESZ et al., 1980) têm sido asso-ciadas ao estado de portador do HTLV-1 e, raramente, àqueles infectados pelo HTLV-2.

Por fim, os resultados gerados no presente estudo reforçam a ne-cessidade da realização de novos estudos que possam contribuir para um melhor conhecimento acerca da epidemiologia da infecção pelo HTLV, assim como da ocorrência de resultados sorológicos falso-positivos decor-rentes de reações cruzadas com antígenos de outros patógenos comuns na região Amazônica e de falso-negativos relacionados a baixa sensibilida-de dos testes sorológicos de triagem para a infecção.

5 CONCLUSÃO

O teste sorológico ELISA é um teste sorológico de triagem para in-fecções por HTLV-1/2. No entanto, pode resultar em muitos resultados falso--positivos. Uma vez que os métodos de triagem sorológica para HTLV e os ensaios imunoenzimáticos apresentam freqüentes reações falso-positivas, o imunodiagnóstico dessa retrovirose depende de confirmação da sororreativi-dade, através de WB (Western-Blot) ou PCR (Reação em Cadeia da Polimerase).

Carvalho, F. T. ; et al.

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.63-67, Abr-Mai-Jun. 2011.

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Diagnóstico sorológico de infecção por human lymphotropic cell-t vírus types 1 and 2 (HTLV) em pacientes com malária

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.63-67, Abr-Mai-Jun. 2011.

Os testes confirmatórios para infecção pelo HTLV podem ser reali-zados a partir de diferentes métodos sorológicos, dos quais, o mais utiliza-do é o Western Blot. Assim, já é possível a diferenciação entre os tipos 1 e 2 em muitos casos, mas resultados indeterminados, que não preenchem os critérios de positividade, ainda continuam existindo.

O diagnóstico molecular de infecção por HTLV-1 ou HTLV-2 é indi-cado para o esclarecimento de casos inconclusivos aos testes sorológicos,

quer seja por apresentarem resultados indeterminados ao WB ou mesmo quando este, embora positivo, seja incapaz de distinguir a infecção causa-da por HTLV-1 daquela causada por HTLV-2 (SANTOS et al., 2005).

Embora a infecção por P. vivax fosse mais prevalente do que por P. falciparum, o padrão de reatividade no Western blot ocorreu em três portadores de P. falciparum e em apenas um de P. vivax, sugerindo assim poder não haver correlação com a prevalência espécie de plasmodium.

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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN

Submissão: 04.11.2010Aprovação: 05.01.2011

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.68-73, Abr-Mai-Jun. 2011.

Auto-exame das mamas: conhecimento e prática entre estudantes de medicina de uma instituição privada de ensino de Teresina, PIBreast self-examination: knowledge and practice among medical students at a private university in Teresina, PIAutoexamen de las mamas: conocimiento y práctica entre estudiantes de medicina de una instituición particular de enseñanza de Teresina, PI

RESUMO

Objetivo: identificar a freqüência do conhecimento e prática do auto-exame da mama entre es-tudantes do curso de Medicina de uma instituição privada de ensino em Teresina-PI, bem como caracterizar alguns fatores que favorecem ou limitam sua prática. Métodos: Foram entrevistadas 152 alunas do curso de Medicina de uma instituição privada de ensino em Teresina-PI por meio de um questionário referente ao conhecimento, a prática do auto-exame da mama e possíveis fatores associados. As acadêmicas foram selecionadas através de um sorteio aleatório e assina-ram o termo de consentimento livre e esclarecido para participação da pesquisa. Os dados foram processados no programa Microsoft Excel e verificou-se a correlação entre as variáveis através do teste Qui-Quadrado (x2) com nível de significância de 5%. Resultados: A maioria das acadêmicas eram solteiras (90,7%) e tinham entre 17 a 22 anos (64,4%). A totalidade das alunas entrevista-das referia conhecer o auto-exame da mama. Dentre essas, 51,3% conheceram-no pela imprensa. Apenas 15,7% das mulheres realizavam o exame mensalmente. O principal motivo apontado para não realização foi o esquecimento (47,4%). A prática do auto-exame não mostrou significância estatística com a história familiar positiva para câncer de mama entre as acadêmicas. Conclusão: o auto-exame da mama é conhecido por todas as entrevistadas, embora quase um terço destas não o realize. Acredita-se que este exame deve ser estimulado nos mais diversos setores da sociedade, incluindo as faculdades de medicina, tendo em vista que este método possa servir como um vetor que leva as mulheres a conhecerem melhor o seu próprio corpo e perceber possíveis alterações em estágios mais precoces.Descritores: Auto-exame de mama. Conhecimento. Diagnóstico precoce.

ABSTRACT

Purpose: To identify the frequency of knowledge and practice of breast self-examination among me-dical students of a private university in Teresina, Piauí and to characterize some factors that enhance or limit this practice. Methods: We surveyed 152 students of the medical school of a private universi-ty in Teresina-PI through a questionnaire relating to knowledge, practice of breast self-examination and possible associated factors. The students were selected through a random drawing and signed a consent form for participation in the research. The data were processed using Microsoft Excel pro-gram and found the correlation between variables using Chi-square (x2) with a significance level of 5%. Results: Most academics were single (90.7%) and had between 17 to 22 years (64.4%). All the students interviewed stated to know the self-breast examination. Among these, 51.3% learned about it in the press. Only 15.7% of the women performed the examination monthly. The main reason reported for non-completion was forgetfulness (47.4%). The practice of self-examination did not show statistical significance with a positive family history of breast cancer among academics. Conclusion: Breast self-examination is known to all the respondents, while almost a third of them do not realize. It is believed that this examination should be encouraged in various sectors of society, including medical colleges, in order that this method can serve as a vector that makes women more aware of your own body and understand possible changes in stages earlier.Descriptors: Self-breast examination. Knowledge. Diagnosis.

João de Deus Valadares Neto Doutor em Ginecologia e Obstetrícia pela Escola

Paulista de Medicina (Unifesp). Professor titular da

Universidade Federal do Piauí (UFPI). Professor do

curso de Medicina da Faculdade NOVAFAPI. Rua

Deusa Rocha, 1855 – Ilhotas 64014-180 – Teresina –

PI. Email: [email protected]

Lara Bona da Paz Graduada em Medicina pela Faculdade NOVAFAPI.

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RESUMEN

Objetivo: identificar la frecuencia del conocimiento y práctica del au-toexamen de la mama entre estudiantes del curso de Medicina de una instituición particular de enseñanza en Teresina-PI, así como caracterizar algunos factores que favorecen ou limitan su práctica. Métodos: fueron entrevistadas 152 alumnas del curso de Medicina de una instituición par-ticular de enseñanza en Teresina-PI a través de un cuestionario referente al conocimiento, a la práctica del autoexamen de la mama y posibles facto-res relacionados. Las estudiantes fueron seleccionadas a través de un sor-teo aleatorio y firmaron el término de consentimiento libre y esclarecido para la participación de la investigación. Los datos fueron procesados en el programa Microsoft Excel y se verificó la correlación entre las variables a través del test Qui-Quadrado (x2) con nivel de significación de 5%. Resul-tados: La mayoría de las estudiantes era soltera (90,7%) y tenía entre 17 a 22 años (64,4%). En un total de alumnas entrevistadas refería conocer el autoexamen de la mama. Entre esas, 51,3% lo conocieron por la prensa. Sólo 15,7% de las mujeres realizan el examen mensualmente. El principal motivo citado para no realización fue el olvido (47,4%). La práctica del autoexamen no mostró significación estadística con a história familiar po-sitiva para cáncer de mama entre las estudiantes. Conclusión: El autoexa-men de la mama es conocido por todas las entrevistadas, aunque casi un tercio de estas no lo realice. Se cree que este examen debe ser estimulado em los más distintos sectores de la sociedad, incluyendo las facultades de medicina, teniendo en cuenta que este método pueda servir como un vector que lleva las mujeres a conocer mejor su proprio cuerpo e percibir posibles alteraciones en niveles iniciales.Descriptores: Autoexamen de las mamas. Conocimiento. Diagnóstico precoz.

1 INTRODUÇÃO

O câncer de mama tem sido um dos maiores problemas de saú-de pública em todo o mundo, sendo provavelmente o mais temido pelas mulheres devido a sua alta freqüência e pelos seus efeitos psico-lógicos (SILVA et al., 2009). É considerado a neoplasia maligna de maior incidência e maior causa de morte na mulher brasileira, representando cerca de 20% dos casos de neoplasia na mulher e 15% das mortes (FERNANDES et al., 2007).

Os fatores de risco compreendem idade, história familiar do cân-cer de mama envolvendo parentes em primeiro grau, fatores reprodu-tivos como idade de menarca menor de 12 anos, idade da menopausa acima de 55 anos, idade do primeiro parto acima de 30 anos, nulipari-dade, a falta de lactação, tabagismo, consumo de álcool, terapia de re-posição hormonal por mais de 10 anos, radiações ionizantes, dieta rica em gordura e pobre em fibras e vitaminas e obesidade (FERNANDES et al., 2007). Ainda que se tenha conhecimento dos fatores de risco, a única ação efetiva que se tem é a prevenção secundária em termos de diagnóstico em estágios iniciais da doença (MONTEIRO et al., 2003).

Considerando a letalidade do câncer de mama e as seqüelas físicas e emocionais para a mulher, é de absoluta e imprescindível im-portância a sua detecção precoce. A sobrevida das mulheres é inversa-mente proporcional ao estágio de descoberta da doença. Além disso, é preciso computar os problemas psicológicos, sociais e econômicos advindos da patologia (BORGHESAN et al., 2003).

O diagnóstico precoce do câncer de mama está ligado, indubita-velmente, ao acesso à informação para as mulheres, conscientizando--as sobre a realização do auto-exame da glândula mamária, do exame clínico e da mamografia, tríade na qual deve se basear o rastreamento dessa neoplasia. Partindo do princípio da utilização de métodos mais simples para os de maior complexidade, encontram- se na literatura médica estudos que demonstram a eficácia do auto-exame da mama (AEM) e a recomendação da sua utilização como prática adequada (MARINHO et al., 2003).

O auto-exame caracteriza-se como um processo simples e indo-lor que auxilia na detecção do câncer em seu estágio inicial, podendo esse aparecer na forma de pequenos nódulos nas mamas (FRASSON; SAGGIN; HERMES, 2000). A realização correta do auto-exame dá--se uma vez ao mês, entre o sétimo e o décimo dia após o início da menstruação, sendo que as mulheres amenorréicas devem fixar uma data para tal prática. É importante salientar que a realização fora deste período poderá detectar falsas impressões. Um achado anormal deve levar a mulher à procura de um especialista, o mais breve possível, a fim de evitar maiores danos, facilitar o tratamento e, possivelmente, a cura (BRASIL, 2004).

A realização da prevenção por meio do auto-exame também implica o conhecimento das mulheres sobre seu corpo. A detecção de alguma anormalidade, no momento do auto-exame, é facilitada quan-do as mulheres já apresentam certa intimidade com o mesmo. Nos casos em que este procedimento não ocorre, o câncer acaba sendo descoberto num estágio mais avançado, necessitando muitas vezes de uma intervenção mais evasiva, como a retirada de um quadrante da mama ou até mesmo de toda a mama. Uma intervenção dessa magni-tude pode trazer um desequilíbrio emocional muito grande na vida da mulher, visto que se refere ao seio, órgão que traz embutidos, além da questão da saúde, aspectos ligados à feminilidade, beleza e sensuali-dade da mulher (MULLER et al., 2005).

A mamografia identifica lesões não palpáveis, mas apresenta alto custo e seus resultados operacionais não têm sido factíveis para o uso em grandes massas populacionais nos países pobres como os da América Latina. Assim, além do exame clínico das mamas realizado pelo médico, a realização do auto-exame alcança grande importância em países onde os recursos para a saúde pública são menores e o aces-so a métodos diagnósticos apresenta várias barreiras, como é o caso do Brasil. É fundamental implementar uma boa cobertura mamográfica e insistir na necessidade do exame clínico no atendimento primário. Está claro que o exame clínico e a mamografia são medidas efetivas e superiores ao auto-exame, mas acrescentá-lo ao cotidiano feminino seria boa política para saúde mamária, inclusive para um melhor co-nhecimento do câncer de mama (BORGES et al., 2008).

No Brasil, as recentes Normas e Recomendações do Ministério da Saúde para o Controle do Câncer de Mama recomendam que o Sistema Único de Saúde (SUS) desenvolva ações de educação para o ensinamento da palpação das mamas pela própria mulher como estra-tégia dos cuidados com o próprio corpo. As organizações médicas em Mastologia, no Brasil e no mundo, mantêm o auto-exame mamário in-cluído em seus programas para câncer de mama (GOMES et al., 2008).

Nesse contexto, o auto-exame também serve para difusão e di-vulgação de informações a respeito do câncer de mama, desde os seus fatores de risco até a redução dos mitos sobre o seu tratamento. Assim, utilizando-o para chamar atenção das mulheres, é possível que elas

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acabem por se interessar mais pelo tema, tendo acesso às informações e aprendendo sobre câncer de mama (FREITAS JÚNIOR et al., 2006).

Em um país emergente, onde os recursos para a saúde são pre-cários, com um número inadequado de mamógrafos para atender à massa de mulheres acima de 40 anos e na impossibilidade de destinar profissionais treinados aos vários rincões do país para realizar o exame físico, o auto-exame da mama pode representar uma importante for-ma, talvez a única, para detecção precoce do câncer de mama (FREITAS JÚNIOR et al., 2006).

Tendo em vista a importância do AEM como elemento facili-tador do diagnóstico precoce da neoplasia mamária e baseado na informação de que muitas mulheres não o fazem e sequer o conhe-cem, objetiva-se identificar a freqüência do conhecimento e prática do auto-exame da mama entre estudantes do curso de Medicina de uma instituição privada de ensino em Teresina-PI bem como caracterizar al-guns fatores que favorecem ou limitam sua prática; uma vez que como futuras profissionais de saúde e formadoras de opinião, serão em sua maioria as responsáveis pela divulgação do conhecimento, indepen-dente da especialidade a ser seguida no futuro.

2 MÉTODOS

Trata-se de um estudo observacional, transversal realizado com 152 estudantes do gênero feminino do curso de Medicina da faculda-de Novafapi. Este tamanho da amostra tem margem de erro de 5,8% para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

A amostragem é do tipo probabilística, casual simples. Os dados foram levantados mediante uma entrevista por meio de um questio-nário estruturado com perguntas abertas e fechadas aplicadas pela autora do trabalho. As alunas entrevistadas assinaram o termo de con-sentimento livre e esclarecido para participação da pesquisa.

Os elementos da população foram listados e enumerados para posterior sorteio, totalizando 322 acadêmicas matriculadas no curso. O sorteio deu-se por meio da geração de 152 números aleatórios feitos através da planilha Microsoft Excel. As variáveis do estudo foram: faixa

etária, estado civil, conhecimento e forma de conhecimento sobre o auto-exame das mamas (AEM), prática e freqüência de realização do AEM, motivos de não realização do exame e casos de CA de mama na família.

As 152 alunas sorteadas foram procuradas pela pesquisadora, que realizou o questionário no local onde cada uma delas se encon-trava. Dessa maneira, o questionário foi aplicado dentro da própria instituição de ensino (cantina, biblioteca, corredores), bem como em ambiente externo (hospitais, em domicílio), caso as alunas seleciona-das estivessem no Internato. Ressalta-se aqui a garantia de que a entre-vista foi realizada de modo a não atrapalhar as atividades curriculares dessas alunas.

Os dados foram processados no programa Microsoft Excel que forneceu os resultados com tabelas e gráficos. O teste estatístico utili-zado foi o Qui-Quadrado (x2) com nível de significância de 5%.

Este trabalho foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Novafapi (CAAE-0094.0.043.000-10) e contem-plou os princípios básicos da ética em pesquisa previsto na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Vale salientar que os questio-nários não trouxeram riscos aos participantes da pesquisa e que foram fornecidos os esclarecimentos pertinentes. Foi também garantida a confidencialidade dos dados colhidos.

3 RESULTADOS

A idade das alunas entrevistadas variou de 17 a 32 anos, sendo que 64,4% destas encontravam-se no intervalo de 17 a 22 anos. Quan-to ao estado civil, 90,7% das acadêmicas referiram ser solteiras, 6,5% casadas e 2,6% referiram ter uma união estável.

A totalidade das acadêmicas conhecia o AEM, contudo apenas 15,7% o realizavam com freqüência preconizada (Tabela 1).

Dentre as que não o realizavam, o principal motivo apontado foi o esquecimento (47,4%), seguido do fato das entrevistadas julga-rem não possuir idade de risco para neoplasia mamária em 39,5% dos casos (Gráfico1).

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Ao correlacionar a presença de história familiar positiva para câncer de mama entre as estudantes, não foi demonstrado que esse fato pudesse estar associado à prática do auto-exame de forma sistemática (p>0,10).

Auto-exame das mamas: conhecimento e prática entre estudantes de medicina de uma instituição privada de ensino de Teresina, PI

A maioria das entrevistadas (51,3%) tomou conhecimento do AEM por meio da imprensa, seguido pelo ginecologista em 34,2% do total (Gráfico2).

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4 DISCUSSÃO

A mortalidade pelo câncer de mama ainda tem se mantida inal-terada em vários países. Isso se deve à inexistência de um método de prevenção primária adequada, bem como às dificuldades da prevenção secundária. Dentre os métodos de detecção precoce do câncer de mama em nosso meio, o único que tem se mostrado efetivo na redução da mor-talidade por esta neoplasia é a mamografia (FREITAS JÚNIOR et al.,1999).

Apesar dos vários estudos não terem demonstrado, até o mo-mento, que o auto-exame das mamas pode reduzir as taxas de mortalidade, este método tem sido exaustivamente comentado na li-teratura e mundialmente ensinado às pacientes na esperança de que possa trazer algum benefício na detecção do câncer de mama (FREITAS JUNIOR et al., 1999). Acredita-se que o auto-exame das mamas,quando realizado periodicamente, tem grande importância na detecção de alte-rações e neoplasias mamárias, por ser este o método mais prático entre todos os exames e por proporcionar à mulher a oportunidade de parti-cipar do processo de promoção do bem-estar social e mental, além de prevenção de agravos à saúde atentando para os fatores de risco (SILVA et al., 2009).

O fator responsável pela grande eficiência do auto-exame das mamas é a sensibilidade táctil proprioceptiva denominada componente sensorial psicofísico. Graças a estímulos introceptivos, as mulheres conse-guem detectar pequenas modificações das condições físicas das mamas, tendo grande importância o limiar para distinguir nódulos com reduzidas dimensões (PIATO, 1988).

Um estudo realizado em Campinas/SP durante o ano de 2003 teve o objetivo de avaliar o conhecimento, a atitude e a prática do auto-exame das mamas entre usuárias de centros de saúde. As mulheres pesquisadas, em sua maioria, estavam em idade avançada e apresentavam baixa es-colaridade. Após um estudo observacional descritivo com 663 mulheres, os pesquisadores chegaram aos seguintes resultados: a amostra apresen-tou uma atitude adequada e favorável à realização do auto-exame, isto é, as mulheres reconheceram a importância do auto-exame como fator de diagnóstico precoce, no entanto, quanto à prática elas mostraram-se inadequadas (MARINHO et al., 2003). Este resultado mostrou-se bastan-te similar à pesquisa aqui realizada, embora a população estudada tenha sido jovem e de alta escolaridade.

No presente estudo, observou-se que a totalidade das acadêmi-cas de medicina entrevistada conhece o auto-exame de mamas e, como formadores de opinião, possivelmente poderão passar estas informações para a população leiga. Não obstante, é importante lembrar que aproxi-madamente um terço das acadêmicas não pratica o auto-exame, apesar de conhecêlo. Os resultados obtidos ratificam estudos encontrados na li-teratura sobre o tema (FREITAS JÚNIOR et al.,1996).

A frequência de realização do auto-exame influencia diretamente a acurácia do mesmo (BORBA et al., 1998). Quando realizado de maneira esporádica, os resultados são possivelmente tão ineficientes quanto aos realizados de maneira incorreta (SILVA et al., 2009). Segundo um estudo analisado, para mulheres que nunca realizaram o AEM, geralmente os nó-dulos cancerígenos identificados medem 3,5cm; para as que praticavam eventualmente, os nódulos têm cerca de 2,5 cm; e para as que o fazem mensalmente, são identificados com aproximadamente 2 cm ou menos (LAGANÁ et al., 1990).

Vários aspectos têm sido pesquisados sobre as causas para a não realização ou a realização incorreta do AEM. Um aspecto frequentemen-

te mencionado diz respeito àqueles de natureza cultural envolvendo sua prática. Estudo realizado no Canadá entre diferentes grupos étnicos reve-lou que a resistência à prática do AEM, ao exame clínico das mamas e à realização da mamografia é mais elevada entre populações nativas (indí-genas) que nas comunidades de origem ucraniana, finlandesa e italiana. Por outro lado, existem relatos de

que, entre grupos com acesso pleno a informações correlatas, a prática do AEM não apresenta diferenças entre mulheres de diferentes bagagens culturais (FREITAS JÚNIOR et al., 2006).

Constatou-se que a maioria das alunas entrevistadas realiza o AEM em frequência não preconizada e que aproximadamente um ter-ço delas não o realiza. O principal motivo apontado para não realização foi o esquecimento, seguido do fato das alunas considerarem que não apresentam idade de risco para neoplasia mamária. Possivelmente, isso se deve ao fato de que elas são jovens, fase em que a preocupação com câncer de mama ainda não passou a ser prioridade. Pode ser no-tada nas respostas das acadêmicas que houve um grande desinteresse das mesmas a respeito do tema e também uma enorme incredulidade no sentido de que o câncer talvez pudesse acometer alguma delas. É possível que essas mesmas alunas, quando em faixa etária mais avan-çada, passem a executar o exame de maneira sistemática.

O fato da grande incidência do esquecimento apontado pelas entrevistadas sugere que apenas transmitir a informação não é su-ficiente para mudança de comportamento, já que a prática do AEM depende da decisão da paciente, a partir da compreensão e interpre-tação que elas têm da possibilidade de prevenir e ser responsável pela própria saúde (LAGANÁ et al., 1990).

Também chamou a atenção o fato de que 7,9% das acadêmicas disseram não realizar o auto-exame devido ao receio de encontrar al-guma lesão focal. Considerando que se trata de pessoas esclarecidas ou em fase de esclarecimento a respeito do tema, esse é um número expressivo, e entre as mulheres da comunidade, é possível que esta cifra seja bastante maior, em razão do desconhecimento a respeito das lesões mamárias.

A mídia tem um papel cada vez mais relevante na divulgação de informações sobre a história natural da neoplasia mamária; porém, sua importância se limita à transmissão de dados corretos, ajudando a desmitificar questões relacionadas à doença. Um estudo australiano, analisando o impacto da mídia em noticiar o diagnóstico de câncer de mama em uma artista, mostrou um aumento de 20 vezes na cobertura sobre a doença e de 40% na ida a serviços de saúde, mantendo níveis elevados de procura das pacientes mesmo após cessação do assunto (BRITO et al., 2010). No presente trabalho, a mídia foi a principal fonte de conhecimento sobre o auto-exame das mamas, de forma seme-lhante a outro estudo da mesma região19 e diferentemente de um trabalho na região sudeste5, onde o profissional de saúde foi o mais prevalente.

Apesar da orientação pela imprensa ter atingido a maioria das mulheres, a informação fornecida não se mostrou eficiente, por não en-sinar a prática correta do exame, visto que grande parte delas realiza o exame com frequência incorreta ou não o realiza. Desse modo, as cam-panhas que atingem a maior parte da população não orientam a prática de forma adequada, além de não haver programas eficientes de ensino do AEM em serviços de atendimento à mulher (MONTEIRO et al., 2003). É importante que a detecção precoce do câncer de mama por meio do ensino do auto-exame seja de responsabilidade de todos os que assis-

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.68-73, Abr-Mai-Jun. 2011.

Neto, J. D. V.; Paz, L. B.

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REFERÊNCIAS

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Ao correlacionar a presença de história familiar positiva para câncer de mama entre as estudantes, não foi demonstrado que esse fato pudesse estar associado à prática do auto-exame de forma sis-temática, conforme constatado em trabalhos encontrados na lite-ratura (MONTEIRO et al., 2003; FREITAS JÚNIOR et al., 1999; MULLER et al., 2005). Percebeu-se que as jovens entrevistadas reconhecem a importância do auto-exame, entretanto, mostram uma ação incorreta no que se refere à prática do mesmo, ainda que tenham parentes que já tiveram ou têm câncer de mama, o que significa que podem ocorrer riscos devido ao componente genético da doença.

Dessa forma, a presença de câncer na família não representa um fator de maior autocuidado, evidenciando-se a distância entre a possi-

bilidade de ocorrência do câncer e a sua percepção, o que pode estar relacionado ao medo e a mística do câncer, seu tratamento e a morte (FREITAS JÚNIOR et al., 1996).

5 CONCLUSÃO

Acredita-se que o auto-exame das mamas deve ser estimula-do nos mais diversos setores da sociedade, incluindo as faculdades de medicina, tendo em vista que este método possa servir como um vetor que leva as mulheres a conhecerem melhor o seu próprio corpo e perceber possíveis alterações em estágios mais precoces, além de ser um bom mecanismo de discussão e troca de idéias no seio familiar no quais mães e filhas possam trocar experiências de maneira amena, aberta e direta.

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.68-73, Abr-Mai-Jun. 2011.

Auto-exame das mamas: conhecimento e prática entre estudantes de medicina de uma instituição privada de ensino de Teresina, PI

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REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.74-78, Abr-Mai-Jun. 2011.

Submissão: 12.01.2011Aprovação: 23.02.2011

Assistência de enfermagem a pacientes vítimas de queimaduras: uma revisão da literaturaNursing care to patients victims of burns: a review of the literatureAsistencia de enfermeria a pacientes victimas de quemaduras: una revisión de literatura

RESUMO

As queimaduras são um dos problemas de saúde mais significativos no Brasil, além dos danos físicos que podem levar a morte, pode acarretar também problemas de ordem psicológica e social. Esta pesquisa pretende avaliar a participação da equipe de enfermagem na intervenção assistencial ao paciente queimado, tendo em vista que essa assistência prestada alcance o alívio da dor do cliente, a prevenção de infecções e de seqüelas físicas e emocionais. O presente estudo tem como objetivos fazer a revisão da literatura sobre a assistência de enfermagem a pacientes vítimas de queimaduras e descrever tipos, classificações e causas das queimaduras. Realizou-se um levantamento bibliográfico delimitado no período de 2000 a 2010 em fontes bibliográficas adequadas ao desenvolvimento da pesquisa, consultadas em artigos do banco de dados da SCIELO e sites da internet. Sendo assim, este estudo pretende alicerçar o tratamento dos pacientes queimados e subsidiar discussões e propostas assistenciais junto aos profissionais de saúde e serviços que atendam essa população.Descritores: Queimaduras. Enfermagem. Unidade de queimados. Cuidados de enfermagem.

ABSTRACT

Burns are one of the most significant health problems in Brazil, besides physical damage that can lead to death, it can also cause psychological and social problems. This research aims to evaluate the team’s participation in the intervention nursing care to burn patients in order that such assistance reaches the customer’s pain relief, prevention of infections and severe physical and emotional sequels. This study aims to review the literature on the nursing care of burn patients and to describe types, classifications and causes of burns. We conducted a limited literature in the period from 2000 to 2010 in bibliographic sources appropriated to the development of research articles found in the database SCIELO and web-sites. Thus, this study aims to underpin the treatment of burn patients and give support to health care proposals and discussions with health professionals and services that meet this population.Descriptors: Burns. Nursing. Nursing and caring. Burned people.

RESUMEN

Las quemaduras son uno de los problemas de salud más significativos en el Brasil, además de los daños físicos que pueden llevar a la muerte, puede acarrear también problemas de orden sicológica y social. Esta investigación pretende evaluar la participación de un equipo de enfermería en la intervención asis-tencial al paciente quemado, teniendo en vista que esa asistencia prestada logre alivio del dolor causado al cliente, la prevención de infecciones y de secuelas físicas y emocionales. El presente estudio tiene como objetivos hacer la revisión de literatura sobre la asistencia de enfermería a pacientes víctimas de quemaduras y describir tipos, clasificaciones y causas de las quemaduras. Fue realizada una revisión bibliográfica delimitada en el período de 2000 a 2010 en fuentes bibliográficas adecuadas al desarrollo de la investigación, consultadas en artículos del banco de datos del sitio SCIELO y otros en el internet. Siendo así, este estudio pretende mejorar el tratamiento de los pacientes quemados y provocar discusio-nes y propuestas asistenciales junto a los profesionales de salud y servicios que atiendan a la población.Descriptores: Quemaduras. Enfermería. Unidad de quemados. Cuidados de enfermería.

Johnata da Cruz Matos Enfermeiro. Coordenador Pedagógico do Centro

Técnico de Educação em Saúde. Docente pelo

Instituto Metropolitano de Ensino. Pós graduado em

Formação Pedagógica para o Ensino Superior na Área

de Saúde e pós graduado em Saúde Mental pela

NOVAFAPI.

Fabrícia Castelo Branco de Andrade Enfermeira. Pós graduada em Urgência e Emergência

pela Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e

Tecnológicas do Piauí – NOVAFAPI.

Maria Zélia Araújo Madeira

Mestre em Enfermagem. Docente pela

Universidade Federal do Piauí. Docente da Faculdade

de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí

– NOVAFAPI.

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1 INTRODUÇÃO

A queimadura é uma lesão dos tecidos orgânicos em decorrência de um trauma de origem térmica, elétrica e química. Sendo que a maioria são de pequena extensão autotratáveis, tendo também as lesões graves de maior extensão, as quais exigem tratamentos invasivos e de reabilita-ção (CARVALHO et al., 2008).

Segundo Ferreira et al. (2003) as lesões resultantes de queimadu-ras podem ser descritas de acordo com a profundidade sendo classificada como de primeiro grau, quando as lesões celulares ocorrem apenas na epiderme, causando reação inflamatória e dor ao toque; de segundo grau, quando compromete a epiderme e camada superficial da derme, provo-cando a formação de flictenas; e de terceiro grau, quando acomete todas as camadas epidérmicas e dérmicas, apresentando-se esbranquiçada, com diminuição da elasticidade tecidual e ressecamento. Quanto ao trata-mento de escolha deve-se levar em consideração além da profundidade a fase evolutiva da lesão.

Os autores citados afirmam ainda que as queimaduras de primeiro grau evoluem mais rapidamente, regenerando-se em até cinco dias. As queimaduras de segundo grau são classificadas como superficial e pro-funda e sua evolução dependerá do grau de profundidade e da ocorrência de complicações. Assim como as de terceiro grau que também poderão evoluir mais lentamente a depender da presença ou não de complicações, como infecção ou qualquer processo de intervenção que necessite na as-sistência.

Pereira et al. (2002) dissertam que pacientes vitimas de queimadu-ras merece atenção especial não só por sua real debilidade física e psico-lógica, mas também pelo seu grande potencial na aquisição de infecções hospitalares, já que além de apresentarem lesão, possuem condições fa-voráveis para a proliferação bacteriana. Daí a importância de se ter um controle eficaz das condutas a serem tomadas diante de uma queimadura. Diante desta complexidade e gravidade, exige-se competência, habilida-de e conhecimentos atualizados para a assistência de enfermagem ao paciente queimado.

O atendimento inicial ao portador de queimaduras é sempre feita em caráter emergencial começando imediatamente pelo tratamento das condições que colocam a vida do paciente em risco e em seguida a ava-liação da área queimada.

Para uma boa assistência de enfermagem os cuidados devem ser prestados nas 24 horas de serviço, visando reduzir as dores físicas e emo-cionais, medos e ansiedades participando de toda sua assistência, proce-dimentos técnicos e administrativos. Para isto a equipe de enfermagem deve ser portadora de um conhecimento global do processo fisiopatoló-gico e da terapêutica a ser ministrada ao paciente queimado, para oferecer um atendimento primário adequado, seguindo com os demais cuidados durante todo o tratamento (CONCEIÇÃO et al., 2008).

Para Pereira et al. (2003) os cuidados de enfermagem prestados a uma pessoa queimada podem ser divididos em três fases: fase de reani-mação, fase aguda e de reabilitação. A fase de reanimação do tratamen-to acontece nas primeiras 48-72 horas do incidente, visando resolver os problemas imediatos provocados pela queimadura. A aguda começa logo após o final da fase de reanimação, prolongando-se até que todas as le-sões estiverem cobertas, seja por enxertos ou por tecido de cicatrização. Já a fase de reabilitação do tratamento visa a restauração das funções das partes cicatrizadas e a assistência emocional que tanto o doente como a família necessitam.

O impacto emocional de uma queimadura leva ao desenvolvimen-to de problemas psicológicos que afetam a vida da vítima e de sua família, podendo permanecer por tempos prolongados ou por toda sua vida. Con-ceição et al. (2008) afirmam que a internação em Unidade de Tratamento de Queimados – UTQ traz alterações principalmente psicológicas por cau-sa da aparência e cicatrizes que nem sempre com cirurgia reparadora se desfazem, devendo os profissionais de enfermagem estar preparados para atuarem junto ao paciente e a sua família de forma a reduzir os efeitos e transtornos da longa internação.

De acordo com Costa e Rossi (2003) é bastante complexa para a equipe de enfermagem a convivência com pacientes que permanecem internados por um longo período e que são sujeitos a procedimentos do-lorosos. Rotineiramente, o paciente que sofreu queimaduras é submetido à higiene corporal, à limpeza da área atingida, a curativos e estimulado a realizar exercícios fisioterápicos e todos estes procedimentos geram dor. São os profissionais de enfermagem que presenciam a queixa de dor, ava-liam a sua manifestação e agem com a finalidade de dar alívio ao paciente.

2 METODOLOGIA

Este estudo trata-se de um levantamento bibliográfico sobre a as-sistência de enfermagem a pacientes vítimas de queimaduras. De acor-do Marconi e Lakatos (2003) é um levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita sobre determinado tema. Este tipo de pesquisa compreende oito fases distintas: escolha do tema, elaboração do plano de trabalho, identi-ficação, localização, compilação, fichamento, análise e interpretação e por último a redação.

Segundo Gil (2009) o desenvolvimento de uma pesquisa biblio-gráfica varia em função de seus objetivos, ou seja, como os demais tipos de pesquisas, esta é norteada pelos seus objetivos procurando dar conta, através da literatura pesquisada e, posteriormente analisada, de respostas que venham a contribuir com a realidade da problemática enfocada.

Para atingir os objetivos propostos foi realizado uma busca no Banco de dados SCIELO, acervo da Faculdade NOVAFAPI, bem como em livros e sites da internet para complementar a bibliografia. Foram utiliza-dos publicações do período 2000 a 2010 utilizando palavras-chaves como: queimaduras, enfermagem, unidade de queimados e cuidados de enfer-magem.

3 RESULTADOS

Dos 10 artigos selecionados, quatro abordam os tipos, classifica-ções e causas das queimaduras, os demais artigos discorrem sobre a as-sistência de enfermagem prestada a pacientes queimados. Quanto ao ano de publicação, foram utilizados artigos compreendidos entre os anos de 2000 a 2010 (Tabela 1).

Para Varela et al. (2009), a queimadura é problema grave, repre-sentando um dos maiores desafios dos cuidados de saúde, ocorrendo na maioria das vezes de forma grave necessitando de longos períodos de internação hospitalar. Sendo a gravidade de uma queimadura mensura-da pela extensão da superfície corpórea queimada (SCQ) e pela sua pro-fundidade, além de outros aspectos como o agente causador, o período evolutivo e complicações durante o tratamento.

Assistência de enfermagem a pacientes vítimas de queimaduras: uma revisão da literatura

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Tabela 1: Artigos selecionados segundo revista e ano de publicação

Fonte: Trabalhos sobre queimaduras publicados no período de 2000 a 2010, disponíveis no banco de dados SCIELO

As queimaduras são classificadas de acordo com o agente causador, a extensão da superfície corpórea queimada e a profundidade ou grau. Os agentes causadores podem ser agrupados em: agentes químicos (queima-duras causadas por álcali, ácidos, álcool, etc), agentes físicos (queimaduras causadas por agentes inflamáveis, líquidos quentes, chama direta, corrente elétrica, radiação solar, nucleares,etc) e agentes biológicos (por exemplo, água-viva, urtiga, etc). Quanto a extensão da superfície corpórea queimada (SCQ) classifica-se em leve ou pequeno queimado, em que menos de 15% da superfície corporal é atingida; médio ou médio queimado, entre 15 e menos de 40% da pele coberta; e grave ou grande queimado, que repre-senta mais de 40% do corpo queimado (SILVA et al., 2008).

Segundo ainda as autoras citadas acima as queimaduras podem ainda ser classificadas quanto à profundidade ou grau, sendo agrupadas nas seguintes categorias: primeiro grau ou queimadura superficial que afetam apenas a epiderme e caracterizam-se por uma reação eritemato-sa na pele; segundo grau ou queimadura superficial de espessura parcial que envolve toda a epiderme e parte da derme, com formação de bolhas e edema da área queimada; terceiro grau ou queimadura de espessura integral que atingem toda a epiderme, derme e tecidos profundos, sur-gindo a cor preta, devido a carbonização dos tecidos. Casos ocorrem em que a queimadura, além da derme e epiderme, atinge o fáscia, músculos, tendões, articulações, ossos, cavidades, são gravíssimas e recebem deno-minação de 4º grau.

Para uma avaliação mais precisa da área total da superfície quei-mada, o método mais aceito e empregado é a regra dos noves de Wallace (Tabela 2), em que a superfície corporal é dividida em múltiplos de nove, sendo que esse método deve ser ajustado para crianças menores de 10 anos (Tabela 3) (VALE, 2005). A percentagem da área corporal queimada, assim como a profundidade, sexo e faixa etária são fatores indicativos de gravidade das lesões.

Tabela 2: Regra dos Noves de Wallace para adultos e crianças a partir de 10 anos de idade

Fonte: Trabalhos sobre atendimento a queimaduras publicados no período de 2000 a 2010, disponíveis no banco de dados SCIELO.

Segundo Piccolo et al.(2002) a internação hospital está indicada para pacientes vítimas de queimaduras que apresentem lesões de 3° grau que atingem mais de 2% de superfície corporal na criança e mais de 5% de superfície corporal no adulto; lesões de 2° grau que atingem área superior a 10% na criança e superior a 15% no adulto; queimaduras de face, pé, mão ou pescoço; queimaduras de região perineal ou genitália; queima-duras por descarga elétrica; intoxicações por fumaça ou lesões das vias aéreas.

A internação na unidade de terapia intensiva (UTI) fica indicada nos casos de pacientes na com áreas queimadas acima de 30% da superfície corporal no adulto e acima de 20% na criança menor de 12 anos.

Tabela 3: Regra dos noves (Wallace), para cálculo da superfície queimada em crianças até 10 anos de idade

Fonte: Trabalhos sobre atendimento a queimaduras publicados no período de 2000 a 2010, disponíveis no banco de dados SCIELO.

Santana et al. (2008) afirmam que tanto o enfermeiro como toda a equipe que prestar assistência a pacientes queimados são responsáveis pela identificação de todas as alterações físicas e psicológicas que possam ocorrer, com o objetivo de reduzir possíveis situações que levem a piora do quadro clínico ou até mesmo óbito desses pacientes. Estes profissio-nais também são responsáveis pela avaliação diária do doente por meio do exame físico, avaliação da tolerância física e emocional, realização da balneoterapia e curativos tópicos, além da avaliação e cuidado com a dor física e psicológica do paciente queimado.

Conforme o Projeto de Diretrizes da Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Federal de Medicina (CFM) o primeiro atendimento ao paciente queimado deve ser feito por meio da avaliação primária com observância das via aéreas superiores que são bastante susceptíveis a queimaduras e atentar para suspeitas de lesão inalatória; a avaliação da mecânica respiratória e das trocas gasosas devem ser feitas de forma rá-pida e precisa; fazer controle de hemorragias e reposição volêmica; reali-zar avaliação do estado neurológico do paciente; e remoção das vestes queimadas. A realização de curativos das áreas queimadas requer técnica estéril e pode ser desenvolvida no leito do paciente, na sala de curativo, na sala de balneoterapia ou no centro cirúrgico, sendo feito sob ação de analgésicos, sedativos ou anestesias (PICCOLO et al., 2002).

Para Carreiro (2008) a balneoterapia é o tratamento das doenças por meio de banhos, que consiste na limpeza mecânica, com fricção ma-nual sobre os locais atingidos pela queimadura, utilizando técnicas assép-ticas para o controle de infecções. Para a realização deste procedimento o paciente deve estar sob efeito de sedação e anestesia, a fim de minimizar a dor no momento da manipulação dos curativos durante o banho.

O paciente vítima de queimadura está sujeito a enfrentar dores intensas durante a realização de atividades específicas tais como debrida-mentos, banho e limpeza das lesões, troca de curativos e procedimentos fisioterápicos. O grau e duração da dor dependem da extensão e localiza-ção da queimadura, nível de ansiedade e da tolerância à dor. Dessa forma, o enfermeiro deve estar preparado para lidar com a dor do outro e com o fato de que os procedimentos de enfermagem ao serem executados podem potencializar a dor (ROSSI et al., 2000).

Matos, C. M.; Andrade, F. C. B.; Madeira, Z. A. M.

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Os autores citados afirmam ainda que os profissionais de enferma-gem por estarem em contato permanente com os pacientes participam mais ativamente dos processos que envolvem a dor na unidade de queima-dos, seja como agentes potencializadores, com a realização de procedimen-tos que desencadeiam a dor, seja como agente que auxiliam no alívio da dor.

De acordo com Costa e Rossi (2003) os procedimentos realizados nos pacientes vítimas de queimaduras são altamente dolorosos provo-cando reações tanto nos nesses como em toda a equipe. As reações do doente são manifestações de dor, desencadeando também reações nos profissionais, que muitas vezes laçam mão de recursos para enfrentar tal situação, como ser firme com o paciente para conseguir realizar o proce-dimento de forma correta.

A atividade de enfermagem em uma unidade de queimados pode ser considerada um trabalho prazeroso frente à possibilidade de aprender ou um trabalho composto de desgaste físico, mental e emocional. O maior causador de estresse na equipe de enfermagem atuante nestas unidades é o convívio com as queixas constantes de dor da clientela, manifestadas através altos e intensos gritos, assim como alucinações e delírios devido às medicações sedativas (ARAÚJO; COELHO, 2010).

Segundo as autoras supracitadas a convivência com o cliente quei-mado, presenciando diariamente o seu esforço de luta pela vida, estimula a ocorrência de desgastes emocionais na equipe, representados por sen-timentos de compaixão, medo, dúvida, decepção, tristeza e preocupação, sendo todo esse sofrimento suprimido, procurando passar autoconfiança para o paciente durante o cuidado. Apesar do sofrimento relacionado à atividade desenvolvida na unidade de queimados, também é percebida a alegria pela alta dos clientes, que reflete o êxito do empenho da equipe em desenvolver um cuidado de enfermagem efetivo.

Portanto o compromisso maior da equipe de uma unidade de tra-tamento de queimados é promover a melhoria da qualidade de vida dos pacientes vítimas de queimaduras, o que constitui uma árdua tarefa, ten-do a dedicação e a perseverança na assistência prestada como os maiores atributos dessa equipe. Para tanto, se faz necessário procurar entender o paciente enquanto pessoa com necessidades e dificuldades decorrentes de uma situação traumática.

4 CONCLUSÃO

De acordo com o levantamento cientifico das 10 produções cienti-ficas analisada, considerando o intervalo de tempo de dez anos, pôde-se perceber que as queimaduras são um dos problemas de saúde mais sig-nificativos no Brasil, apresentando como causas mais freqüentes líquidos superaquecidos em idosos, escaldadura em crianças até 3 anos de idade, desta idade até a adolescência o agente causador mais comum é a chama direta, e nos adolescentes o que mais ocorrem são acidentes com líquidos inflamáveis, como por exemplo, o álcool.

Ressalta-se que a determinação da área corporal atingida pela queimadura pode ser feita por meio da “regra dos noves”, que é o método mais rápido, utilizado nos casos de emergência, para calcular a profundi-dade e o grau da área queimada. O resultado dessa análise da superfície corporal atingida pelo fogo será de grande importância tanto para o prog-nóstico como para o tratamento do paciente.

Os danos físicos que podem levar a morte, causados pela queima-dura, pode acarretar também problemas de ordem psicológica e social, daí a necessidade de uma atenção voltada para a melhoria da qualidade de vida do paciente durante sua reintegração na sociedade. A prestação de cuidados de enfermagem é essencial na recuperação e reabilitação do paciente, além de minimizar as possíveis seqüelas que o mesmo possa adquirir.

O enfermeiro é o responsável direto por aliviar a dor do pacien-te queimado, uma vez este passa a conviver diariamente com o doen-te presenciando todas suas queixas nos momentos de procedimentos dolorosos. Apesar do estresse sofrido pela exaustão do trabalho, estes profissionais procuram desempenhar suas atividades de forma eficaz vi-sando aumentar a sobrevida e melhorar as condições de reabilitação do paciente.

Nota-se a importância da realização de pesquisas a cerca desse tema como forma de aprimoramento para as equipes de enfermagem que atuam em centros especializados para queimados, com o intuito de melhorar a qualidade da assistência prestada e consequentemente o prognostico do paciente assistido.

Assistência de enfermagem a pacientes vítimas de queimaduras: uma revisão da literatura

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.2, p.74-78, Abr-Mai-Jun. 2011.

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CATEGORIAS DE ARTIGOS

A Revista Interdisciplinar publica artigos originais, revisões, relatos de casos, resenhas e página do estudante, nas áreas da saúde, ciências humanas e tecnológicas.

Artigos originais: são contribuições destinadas a divulgar resul-tados de pesquisa original inédita. Digitados (Times New Roman 12) e impressos em folhas de papel A4 (210 X 297 mm), com espaço duplo, margem superior e esquerda de 3,0 cm e inferior e direita de 2,0 cm, per-fazendo um total de no mínimo 15 páginas e no máximo 20 páginas para os artigos originais (incluindo em preto e branco as ilustrações, gráficos, tabelas, fotografias etc). As tabelas e figuras devem ser limitadas a 5 no conjunto. Figuras serão aceitas, desde que não repitam dados contidos em tabelas. Recomenda-se que o número de referências bibliográficas seja de, no máximo 20. A estrutura é a convencional, contendo introdução, metodologia, resultados e discussão e conclusões ou considerações finais.

Revisões: avaliação crítica sistematizada da literatura ou reflexão sobre determinado assunto, devendo conter conclusões. Os procedimen-tos adotados e a delimitação do tema devem estar incluídos. Sua extensão limita-se a 15 páginas.

Relatos de casos: estudos avaliativos, originais ou notas prévias de pes-quisa contendo dados inéditos e relevantes. A apresentação deve acompanhar as mesmas normas exigidas para artigos originais, limitando-se a 5 páginas.

Resenhas: resenha crítica de obra, publicada nos últimos dois anos, limitando-se a 2 páginas.

Página do Estudante: espaço destinado à divulgação de estudos desenvolvidos por alunos de graduação, com explicitação do orientador em nota de rodapé. Sua apresentação deve acompanhar as mesmas nor-mas exigidas para artigos originais, com extensão limitada a 5 páginas.

Todos os manuscritos deverão vir acompanhados de ofício iden-tificando o nome dos autores, titulação, local de trabalho, cargo atual, endereço completo, incluindo o eletrônico e indicação de um dos autores como responsável pela correspondência.

O aceite para publicação está condicionado à transferência dos di-reitos autorais e exclusividade de publicação (ver anexo).

Os trabalhos serão avaliados pelo Conselho Editorial e pela Comissão de Publicação. Os trabalhos recusados não serão devolvidos e os autores receberão parecer sobre os motivos da recusa.

Todos os conceitos, idéias e pressupostos contidos nas matérias publicadas por este periódico são da inteira responsabilidade de seus au-tores.

Nas pesquisas que envolvem seres humanos, os autores deverão deixar claro se o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), bem como o processo de obtenção do consentimento livre e es-clarecido dos participantes de acordo com a Resolução nº 196 do Con-selho Nacional de Saúde de 10 de outubro de 1996.

FORMA E PREPARO DO MANUSCRITO

A Revista Interdisciplinar recomenda que os trabalhos sigam as ori-entações das Normas da ABNT para elaborar lista de referências e indicá-las junto às citações.

Os manuscritos deverão ser encaminhados em três cópias impres-sas e uma cópia em CD com arquivo elaborado no Editor de Textos MS Word.

Página de identificação: título e subtítulo do artigo com máximo de 15 palavras (conciso, porém informativo) nos três idiomas (português, inglês e espanhol); nome do(s) autor(es), máximo 06 (seis) indicando em nota de rodapé o(s) título(s) universitário(s), cargo(s) ocupado(s), nome da Instituição aos quais o trabalho deve ser atribuído, Cidade, Estado e endereço completo incluindo o eletrônico do pesquisador proponente.

Resumos e Descritores: o resumo em português, inglês e espanhol, deverá conter de 100 a 200 palavras em espaço simples, com objetivo da pesquisa, metodologia, principais resultados e as conclusões. Deverão ser destacados os novos e mais importantes aspectos do estudo. Abaixo do resumo, incluir 3 a 5 descritores alusivos à temática. Apresentar seqüencialmente os três resumos na primeira página incluindo títulos e descritores nos respectivos idiomas.

Ilustrações: as tabelas devem ser numeradas consecutivamente com algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Os quadros são identificados como tabelas, seguindo uma única numeração

REVISTA INTERDISCIPLINAR - NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

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em todo o texto. O mesmo deve ser seguido para as figuras (fotografias, desenhos, gráficos, etc). Devem ser numeradas consecutivamente com algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto.

Notas de Rodapé: deverão ser indicadas em ordem alfabética, iniciadas a cada página e restritas a no máximo 03 notas de rodapé por artigo.

Depoimentos: seguir as mesmas regras das citações, porém em itálico. O código que representa cada depoente deve ser apresentado en-tre parênteses e sem grifo.

Citações no texto: Nas citações, as chamadas pelo sobrenome do autor, pela instituição responsável ou título incluído na sentença devem ser em caixa-alta baixa, e quando estiverem entre parênteses caixa-alta. Ex.:

Exemplos:

Conforme Frazer (2006), a música sempre foi o ponto central na vida de Madame Antoine

“No caso de Madame Antoine, o gosto pela música foi, desde a in-fância, central em sua vida.” (FRASER, 2006, p.37)

As citações diretas, no texto, de até três linhas, devem estar conti-das entre aspas duplas. As aspas simples são utilizadas para indicar citação no interior da citação. Ex:

“Ele se conservava a estibordo do passadismo, tão longe quanto possível” (CONRAD, 1988, p.77)

As citações diretas, no texto, com mais de três linhas, devem ser de-stacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda, espaço simples, com letra menor que a do texto utilizado e sem as aspas. No caso de documen-tos datilografados, deve-se observar apenas o recuo. Ex:

A sete pessoas, Daniel Seleagio e sua mulher Giovanni Du-rant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel e Paulo Reynaud, encheram a boca de cada um com pólvora, a qual, inflamada, fez com que suas cabeças voassem em pedaços (FOX, 2002, p.125)

LISTAGEM DAS REFERÊNCIAS - EXEMPLOS

Livros como um todo

SILVA, A. F. M. Genética humana. 7.ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2005. 384p.

Capítulo de livro

a. Autor do capítulo diferente do responsável pelo livro no todo.ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangência e dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioé-

tica: alguns desafios. São Paulo: Loyola, 2001. p.17-34.

b. Único autor para o livro todo – Substitui-se o nome do autor por um travessão de seis toques após o “In.”:PESSINI, L. Fatores que impulsionam o debate sobre a dis-tanásia In: _____.Distanásia: até quando prolongar a vida? São Paulo: Loyola, 2001. p.67-93.

Congressos, simpósios, jornadas, etc.

CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 5., 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:ABRASCO, 1999.

Trabalhos apresentados em congressos, simpósios, jornadas, etc.

SOUZA, G. T. Valor proteíco da laranja. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO. 3., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: Associação Brasileira de Nutrição. 2000. p.237-55.

Dissertações, Teses e Trabalhos acadêmicos

BUENO, M.S.S. O salto na escuridão: pressupostos e desdo-bramentos das políticas atuais para o ensino médio. 1998 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília.

Publicações periódicas consideradas no todo (relativo à coleção)

CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz, 1965- . Semestral

Artigo de publicações periódicas

LIMA, J. Saúde pública: debates. Revista Saúde. Rio de Ja-neiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989.

Partes de revista, boletim, etc.

Inclui volume, fascículo, números especiais e suplementos, entre outros, sem título próprio. Ex:

VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p.

Artigo de Jornal

ALVES, Armando. Minha Teresina não troco jamais. Meio Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Caderno 10, p. 16.

Legislações - Constituição

BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995

Leis e decretos

BRASIL., Decreto n.89.271, de 4 de janeiro de 1984. Dispõe sobre documentos e procedimentos para despacho de

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aeronave em serviço internacional. Lex: Coletânea de Legis-lação e Jurisprudência. São Paulo, v.48,p.3-4, jan./mar. 1984.

Documentos em Meio Eletrônico

Artigos de periódicos (revistas, jornais, boletim)

SOUZA. A. F. Saúde em primeiro lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. jun.2000. Disponível em: www.sus.inf.br/frame-artig.html. Acesso em: 31 jul.2000.

XIMENES, Moacir. O que é uma biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponível em: http://www.biblioteca.htm. Acesso em: 19 mar. 2008.

TERMO DE RESPONSABILIDADE

Cada autor deve ler e assinar os documentos (1) Declaração de Responsabilidade e (2) Transferência de Direitos Autorais.

Primeiro autor: ______________________________________________________________________________________

Título do manuscrito: _________________________________________________________________________________

Todas as pessoas relacionadas como autores devem assinar declaração de responsabilidade nos termos abaixo:

• Certifico que participei suficientemente do trabalho para tornar pública minha responsabilidade pelo conteúdo;

• Certifico que o artigo representa um trabalho original e que não foi publicado ou está sendo considerado para publicação em outra revista, que seja no formato impresso ou no eletrônico;

Assinatura do(s) autor(es) Data: __________________________________________________________________________

TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS AUTORAIS

Declaro que em caso de aceitação do artigo, concordo que os direitos autorais a ele referentes se tornarão propriedade exclusiva da Revista Inter-disciplinar.

Assinatura do(s) autor(es) Data: __________________________________________________________________________

ENVIO DE MANUSCRITOS

Os manuscritos devem ser endereçados para a Revista Interdisciplinar, em 3 vias impressas, juntamente com o CD ROM gravado para o seguinte endereço:

Revista InterdisciplinarRua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro UruguaiTeresina – Piauí - BrasilCEP: 64057-100Telefone: + 55 (86) 2106-0726Fax: + 55 (86) 2106-0740E-mail: [email protected]

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ARTICLE CATEGORIES

The Interdisciplinary Magazine publishes original articles, reviews, case studies, and also a student’s page, all this in the areas of health, hu-man sciences and technology.

Original articles: contributions destined to reveal results of new research. They are typewritten (using New Roman Times, #12) and printed on sheets of A4 sized (210 X 297 mm) paper, double spaced, with an upper left margin of 3.0 cm., and a lower right one of 2.0 cm. The original ar-ticles are at least 15 pages long, and at most 20 pages (including black and white illustrations, graphics, charts, photographs etc.) The charts and fig-ures should be limited to five per group. Figures will be accepted, as long as they do not repeat data contained in the tables. It is recommended that the number of bibliographic references be twenty at most. The structure is conventional and is made up of an introduction, methodology, results, discussion and final conclusions.

Reviews: systemized critical evaluations of scientific literature or opinions about certain subjects, with conclusions. The procedures ad-opted and the delimitation of the theme should be included. Its length is limited to fifteen pages.

Original case studies: evaluated studies, or brief notes on research containing new and relevant subjects, they should follow the same norms as the original articles and are limited to five pages.

The Student Page: dedicated to publishing articles developed by undergraduate students. These articles will have footnotes written by su-pervising professors. Their presentations follow the same norms as those demanded by the original articles, limited to five pages.

All manuscripts will be turned in with an information sheet which will have the names of the authors, their academic backgrounds, employ-ers, current positions, complete addresses and e-mails. One of the authors will take responsibility for any needed correspondence.

Once the article is accepted for publication, it is with the condition that the copyright belongs exclusively to the magazine, (see attachment).

The papers will be evaluated by the Editorial Council, and the Pub-lishing Commission. The articles that are rejected will not be returned. The authors will receive a written explanation for the refusal.

INTERDISCIPLINARY MAGAZINE - NORMS FOR PUBLICATION

All concepts, ideas, and prejudices contained in the publications are the sole responsibility of its authors.

In research involving persons, the authors should clearly state whether or not their project was approved by the Research Ethics Commit-tee (CEP) It is also necessary to show clearly that the participants involved give their total consent, in accordance with resolution number 196 of the National Health Council of October 10, 1996.

THE FORM AND PREPARATION OF THE MANUSCRIPT

The Interdisciplinary Magazine recommends that the papers follow the orientations of the norms of the ABNT to make a list of references and indicate them together with the quotes.

THE MANUSCRIPTS

Three copies of the manuscript should be printed, and one put on CD with an archive developed on the MS WORD TEXT EDITOR.

The Identification Page: title and subtitle of the article with a maxi-mum of fifteen words, concise, though informative, in three languages (Portuguese, English and Spanish);with the name(s) of the author(s), six maximum, their university status, position(s), the name of the institution the work should be attributed to, city, state, complete address, including the e-mail of the researcher responsible for the group.

The Abstracts and Key words: the abstract, written in the three languages mentioned above, should contain one hundred to two hundred words, be single spaced, stating the objective of the research, methodol-ogy, along with the main results and conclusions. The newest and most important aspects of the study should be emphasized. Underneath the abstract should be three to five keywords related to the theme. The three abstracts will be presented in sequence on the first page, including titles and keywords in their respective languages.

The Illustrations: Charts should be consecutively numbered using algorisms, in the order which they are mentioned in the text, charts use only one set of numerations for the whole text. The same should be done for any images (Photographs, designs, graphics, etc) they are to follow the same rules as mentioned for charts.

The Footnotes: should be mentioned in alphabetical order, appe

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aring at the beginning of the page, and be restricted to three foot-notes per article.

Testimonies: follow the same rules as quotes, but are in italics. The code which each testimony represents should be in parenthesis, and un-marked.

Quotes in the text:

Examples

In the quotes where the last name of the author, or the responsible institution is mentioned, the name should begin with a capital letter, the rest small., but when in parenthesis should be completely in Capital letters..

According to Frazer (2006), music was always a main part of Ma-dame Antoine’s life.

“In the case of Madame Antoine, her love of music was, since child-hood, a main part of her life” (FRASER, 2006, p.37)

Direct quotes of up to three lines in the text, should be between double quotation marks. Singular quotation marks are to be used for quotes within quotes. Ex:

“He maintained himself to the starboard of living in the past, as far away as possible.” (CONRAD, 1988, p.77)

Direct quotes from the text with more than three lines, should have a left margin of 4 cm, be single spaced, with a smaller sized letter than the text, and without quotation marks, in the case of typed documents, the margin is all that must be done. Ex:

The seven people, Daniel Seleagio and his woman Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel and Paulo Reynaud, filled their mouths with gunpowder, which when lit, blew their heads apart. (FOX, 2002, p.125)

REFERENCE LISTS - EXAMPLES

Entire Books

SILVA, A. F. M. Genética humana. 7. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2005. 384p.

The Chapter of a Book

a. The author of the chapter not being the author of the bookANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangência e dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioé-tica: alguns desafios. São Paulo: Loyola, 2001. P.17-34.

b. The book having only one author – substitute the name of the author with an underline of six spaces after the word IN:PESSINI, L. Fatores que impulsionam o debate sobre a dis-tanásia In: _____.Distanásia: até quando prolongar a vida?

São Paulo: Loyola, 2001.p.67-93.

Congresses, symposiums, etc.

CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 5, 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ABRASCO, 1999.

Work presented in congresses, symposiums, etc

SOUZA, G. T. Valor proteíco da laranja. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO. 3., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: Associação Brasileira de Nutrição. 2000. p.237-55.

Dissertations, Theses and Academic papers.

BUENO, M.S.S. O salto na escuridão: pressupostos e desdo-bramentos das políticas atuais para o ensino médio. 1998 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília. 5

Periodical Publications considered as one.

CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz, 1965- . Semestral

Publication of a periodical article

LIMA, J. Saúde pública: debates. Revista Saúde. Rio de Ja-neiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989.

Parts of a magazine, bulletin, etc.

Include volume, number, and special editions, without a specific title,.:

VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p.

Articles from Journals

ALVES, Armando. Minha Teresina não troco jamais. Meio Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Caderno 10, p. 16.

Legislations – Constitution

BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995

Laws and Decrees

BRASIL, Decreto n.89.271, de 4 de janeiro de 1984. Dispõe sobre documentos e procedimentos para despacho de aero-nave em serviço internacional. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência. São Paulo, v.48,p.3-4, Jan./mar. 1984.

Documents in the Electronic Medium.

Articles in periodicals (magazines, journals)

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SOUZA. A. F. Saúde em primeiro lugar. Saúde em Foco, Cam-pus, V.4 n.33. jun.2000. Disponível em: HYPERLINK “http://www.sus.inf.br/frame-artig.html” www.sus.inf.br/frame-artig.html. Acesso em: 31 jul.2000.

XIMENES, Moacir. O que é uma biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponivel em http www.biblioteca.htm. Accesso em 19. mar. 2008.

TERMS OF RELEASE

Each author should read and sign the documents (1) Declaration of

Responsibility and) Transference of Copyright

First author: ________________________________________________________________________________________

Title of the manuscript: ________________________________________________________________________________

All the people involved in the project with the authors should sign and swear to the release form below.

• I certify that I participated sufficiently enough in this research to sign a term of release making the content of my work public.

• I certify that the article is an original paper and was not, nor is being considered to be published in any form, printed or electronic

Signature of the author(s) Date: __________________________________________________________________________

TRANSFER OF COPYRIGHT:

I declare, in the case of my article being accepted, to agree to the copyright being signed over exclusively to the magazine, Revista Interdisciplinary.

Signature of the author (s) Date:

SHIPPING OF MANUSCRIPTS

Three printed copies of the manuscripts should be sent to Revista Interdisciplinary, together with a copy on CD to the following address:

Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro UruguaiTeresina – Piauí - BrasilCEP: 64057-100Telefone: + 55 (86) 2106-0726Fax: + 55 (86) 2106-0740E-mail: [email protected]

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CATEGORIAS DE ARTICULOS

La Revista Interdisciplinar publica articulos originales, revisiones, relatos de casos, reseñas y página del estudiante, en las áreas de la salud, ciencias humanas y tecnológicas.

Articulos originales: son contribuciones destinadas a divulgar re-sultados de investigación original inédita. Digitados (Times New Roman 12) e impresos en hojas de papel A4 (210 X 297 mm), con espacio duplo, margen superior y izquierda de 3,0cm e inferior y derecha de 2,0 cm, ha-ciendo un total mínimo de 15 páginas y máximo de 20 páginas para los articulos originales (incluyendo en negro y blanco las ilustraciones, gráfi-cos, tablas, fotografias etc). Las tablas y figuras deben ser limitadas a 5 en el conjunto. Figuras serán aceptas, desde que no repitan datos contidos en tablas. Se recomenda que el número de referencias bibliográficas sea el máximo 20. La estructura es la convencional, conteniedo introdución, metodología, resultados y discusión y conclusiones o consideraciones fi-nales.

Revisiones: evaluación crítica sistematizada de la literatura o reflex-ión sobre determinado asunto, debendo contener conclusiones. Los pro-cedimientos adoptados y la delimitación del tema deben estar inclusos. Su extensión se limita a 15 páginas.

Relatos de casos: estudios evaluativos, originales o notas prévias de pesquisa conteniedo datos inéditos y relevantes. La presentación debe acompañar las mismas normas exigidas para articulos originales, limitan-dose a 5 páginas.

Reseñas: reseña crítica de la obra, publicada en los últimos dos años, limitandose a 2 páginas.

Página del Estudiante: espacio destinado a la divulgación de es-tudios desarrollados por alumnos de la graduación, con explicitación del orientador en nota de rodapie. Su presentación debe acompañar las mis-mas normas exigidas para articulos originales, con extensión limitada a 5 páginas.

Todos los manuscritos deverán venir acompañados de ofício iden-tificando el nombre de los autores, titulación, lugar de trabajo, cargo atual, dirección completa, incluyendo el eletrónico e indicación de uno de los autores como responsable por la correspondencia.

REVISTA INTERDISCIPLINAR - NORMAS PARA PUBLICACIÓN

La aceptación para publicación está condicionado a la transferencia de los derechos autorales y exclusividad de la publicación (ver anexo).

Los trabajos serán evaluados por el Consejo Editorial y por la Comis-ión de Publicación. Los trabajos recusados no serán devueltos y los autores receberán parecer sobre los motivos de la recusa.

Todos los conceptos, ideas y presupuestos contidos en las materias publicadas por este periódico son de intera responsabilidad de sus autores.

En las pesquisas que envolucran seres humanos, los autores de-berán dejar claro se el proyecto fue aprovado por el Comité de Ética en Pesquisa (CEP), así como el proceso de obtención del consentimiento libre y aclarado de los participantes de acuerdo con la Resolución nº 196 del Consejo Nacional de Salud de 10 de octubre de 1996.

FORMA Y PREPARO DEL MANUSCRITO

La Revista Interdisciplinar recomenda que los trabajos sigan las ori-entaciones de las Normas de la ABNT para elaborar lista de referencias e indicarlas junto a las citaciones.

Los manuscritos deverán ser encamiñados en tres copias impresas y una copia en CD con arquivo elaborado en el Editor de Textos MS Word.

Página de identificación: título y subtítulo del articulo con máximo de 15 palabras (conciso, pero informativo) en tres idiomas (portugués, in-glés y español); nombre de lo(s) autor(es), máximo 06 (seis) indicando en nota de rodapié lo(s) título(s) universitario(s), cargo(s) ocupado(s), nombre de la Institución a los cuales el trabajo debe ser atribuído, Ciudad, Estado y dirección completos incluyendo el eletrónico del pesquisador proponi-ente.

Resumenes y Descriptores: el resumen en portugués, inglés y español, deberá contener de 100 a 200 palabras en espacio simples, con objetivo de la pesquisa, metodología, principales resultados y las conclu-siones. Deverán ser destacados los nuevos y más importantes aspectos del estudio. Abajo del resumen, incluir 3 a 5 descriptores alusivos a la temática. Presentar secuencialmente los tres resumenes en la primera página incluy-endo títulos y descriptores en los respectivos idiomas.

Ilustraciones: las tablas deben ser numeradas consecutivamente con algarismos arábicos, en el orden en que fueron citadas en el texto. Los cuadros son identificados como tablas, siguiendo una única numeración

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en todo el texto. El mismo debe ser seguido para las figuras (foto-grafias, dibujos, gráficos, etc). Deben ser numeradas consecutivamente con algarismos arábicos, en el orden en que fueron citadas en el texto.

Notas de Rodapie: deverán ser indicadas en ordem alfabética, ini-ciadas a cada página y restrictas al máximo de 03 notas de rodapie por artículo.

Testimonios: seguir las mismas reglas de las citaciones, pero en itálico. El código que representa cada depoente debe ser presentado entre parentesis y sin grifo.

Citaciones en el texto: En las citaciones, las llamadas por el so-brenombre del autor, por la institución responsable o título incluso en la sentencia deven ser en caja-alta baja, y cuando estea entre parentesis caja-alta. Ex.:

Ejemplos:

Conforme Frazer (2006), la música siempre fue el punto central en la vida de Madame Antoine

“En el caso de Madame Antoine, el gusto por la música fue, desde la infancia, central en su vida.” (FRASER, 2006, p.37)

Las citaciones directas, en el texto, de hasta tres líneas, deben estar contenidas entre aspas duplas. Las aspas simples son utilizadas para indicar citación en el interior de la citación. Ex:

“Él se conserbaba a estibordo del pasadismo, tan lejos cuanto po-síble” (CONRAD, 1988, p.77)

Las citaciones directas, en el texto, con más de tres línas, deben ser destacadas con recuo de 4 cm de la margen izquierda, espacio simples, con letra menor que la del texto utilizado y sin las aspas. En el caso de documentos datilografados, se debe observar sólo el recuo. Ex:

Las siete personas, Daniel Seleagio y su mujer Giovanni Du-rant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel y Paulo Reynaud, rellenaron la boca de cada un con pólvora, la cual, inflamada, hizo con que sus cabezas volasen en ped-azos (FOX, 2002, p.125).

Listagen de las Referências - Ejemplos

Libros como todo

SILVA, A. F. M. Genética humana. 7.ed. Rio de Janeiro: Libros Técnicos y Científicos, 2005. 384p.

Capítulo de libro

a. Autor del capítulo diferente del responsable por todo el li-bro.ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangencia y dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioé-

tica: algunos desafios. São Paulo: Loyola, 2001. p.17-34.

b. Único autor para todo el libro – Se sustituye el nombre del autor por una raya de seis toques después del “In.”:PESSINI, L. Fatores que impulsionan el debate sobre la dis-tanásia In: _____.Distanásia: ¿hasta cuando prolongar la vida? São Paulo: Loyola, 2001. p.67-93.

Congresos, simposios, jornadas, etc.

CONGRESO BRASILIERO DE EPIDEMIOLOGÍA, 5., 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:ABRASCO, 1999.

Trabajos presentados en congresos, simposios, jornadas, etc.

SOUZA, G. T. Valor proteíco de la naranja. In: CONGRESSO BRASILIERO DE NUTRICIÓN. 3., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: Asociación Brasiliera de Nutrición. 2000. p.237-55.

Disertaciones, Tesis y Trabajos académicos

BUENO, M.S.S. El salto en la oscuridad: presupuestos y desdo-bramientos de las políticas atuales para la enseñanza media. 1998 f. Tesis (Doctorado en Educación) – Facultad de Filoso-fia y Ciencias, Universidad Estatal Paulista, Marília.

Publicaciones periódicas consideradas en el todo (relativo a la colección)

CUADERNOS DE SALUD PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz, 1965-. Semestral

Articulos de publicaciones periódicas

LIMA, J. Salud pública: debates. Revista Salud. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989.

Partes de la revista, boletín, etc.

Incluye volumen, fascículo, números especiales y suplemen-tos, entre otros, sin título próprio. Ex:

VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p.

Artículo de Periodico

ALVES, Armando. Mi Teresina no cambio jamás. Meio Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Cuaderno 10, p. 16.

Legislaciones - Constitución

BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995

Leyes y decretos

BRASIL. Decreto n.89.271, de 4 de enero de 1984. Dispõe so-

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bre documentos y procedimientos para despacho de aero-nave en servicio internacional. Lex: Coletanea de Legislación y Jurisprudencia. São Paulo, v.48,p.3-4, ener./mar. 1984.

Documentos en Meio Eletrónico

Artículos de periódicos (revistas, periodicos, boletín)

SOUZA. A. F. Salud en primero lugar. Saúde em Foco, Cam-pus, V.4 n.33. Jun.2000. Disponible en: www.sus.inf.br/frame-artig.html. Aceso en: 31 jul.2000.

XIMENES, Moacir. Qué es una biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponible en: http://www.biblioteca.htm. Aceso en: 19 mar. 2008.

Termo de Responsabilidad

Cada autor debe leer y asinar los documentos (1) Declaración de Responsabilidad y (2) Transferencia de Derechos Autorales.

Primer autor: _______________________________________________________________________________________

Título del manuscrito: _________________________________________________________________________________

Todas las personas relacionadas como autores deben asinar declaración de responsabilidad en los termos abajo:

• Certifico que participé suficientemente del trabajo para tornar pública mi responsabilidad por el contenido;

• Certifico que el artículo representa un trabajo original y que no fue publicado o está siendo considerado para publicación en otra revista, que sea en el formato impreso o en el eletrónico;

Asinatura de lo(s) autor(es) Fecha: ________________________________________________________________________

Transferencia de Derechos Autorales

Declaro que en caso de aceptación del artículo, concordo que los derechos autorales a él referentes se tornaron propiedad exclusiva de la Revista Interdisciplinar.

Asinatura do(s) autor(es) Fecha: _________________________________________________________________________

Envio de manuscritos

Los manuscritos deben ser direccionados para la Revista Interdisciplinar, en 3 vias impresas, juntamente con el CD ROM gravado para la siguiente dirección:

Revista InterdisciplinarRua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro UruguaiTeresina – Piauí - BrasilCEP: 64057-100Telefone: + 55 (86) 2106-0726Fax: + 55 (86) 2106-0740E-mail: [email protected] 

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NÚMERO AVULSO _______________________________________________________________R$ 35,00

Número avulso desejado – Volume ___________________________________ Número ____________________________

INSTRUÇÕES DE PAGAMENTO

O valor referente à assinatura ou número avulso deverá ser depositado em favor de:

Faculdade NOVAFAPIBanco do Brasil S/A Conta Corrente: 8000-4 Agência: 3178-X Teresina – PiauíENDEREÇO PARA ENVIO DO COMPROVANTE

Endereço/Mail adress//Dirección: Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123 • Bairro Uruguai • 64057-100 • Teresina - Piauí - BrasilWeb site: www.novafapi.com.br • E-mail: [email protected]: 86 2106.0726 • FAX: 86 2106.0740

FORMULÁRIO DE ASSINATURA

Caro leitor: Para ser assinante da Revista Interdisciplinar, destaque esta folha, preencha-a e envie por correio ou fax, anexando cópia do depósito bancário.

NOME: ____________________________________________________________________________________________

ENDEREÇO: ________________________________________________________________________________________

BAIRRO: ___________________________________________________________________________________________

CEP: ______________ CIDADE: ___________________________________________________________ UF: _________

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FONE: _____________________________________________FAX: ___________________________________________

E-MAIL: ___________________________________________________________________________________________

TIPO DE ASSINATURA DESEJADA

REVISTA INTERDISCIPLINAR

Tipo de Assinatura (anual) Valor

Profissional R$ 100,00

Estudante R$ 50,00

Institucional R$ 200,00

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