Punição Funciona

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.'.: 4 .! . '. ~ :J l ;~: JL punição funciona? .., .i.: »:.- .. -r:.:..~""">S!-~. -~~=~~. ék:l""}--------. c~- '--"~ Q ';S ~. Q o que há nela para nós? Por que punImos? O que queremos obter? A principal razão é controlar outras pessoas. Aqueles que relutam em admitir a possibi- lidade de controle comportamental deveriam se perguntar porque desejam ver multas, ordens de prisão e talvez morte distribuídas para aqueles que praticam crimes contra a sociedade. Se o propósito da punição não é controlar comportamento - desencorajar infrato- res e outros criminosos potenciais de fazer a mesma coisa outra vez - então a motivnção para a punição só pode ser rcvanchc. Mas seguramente não procuramos revanche ao punir a criança que se comporta mal. ou aquela criança que coloca em perigo a si mesma ou aos outros ao brincar com o fogo, ou aquela que impulsivamente atravessa correndo uma rua que tem tráfego intenso. Se não espe- rássemos impedi-Ias de se comportar mal, ou de arriscar tolamente suas vidas, deveríamos encarar a punição de crianças como nada a não ser crueldade. Punimos pessoas baseados na crença de que as levaremos a agir diferentemente. Usualmente queremos parar ou evitar ações particulares. Punimos alguém cuja conduta consideramos má para' a ~~~l':~U: ~lf'i i~1fL \~~?;:;:. <~ ~, .: rl~' \~fj ...' . tl·,;rlt .' , j~',:., :';~ " ~~ .'. 4.~~ :I:.!i Coerção e suas implicações' .~'~'' . , SI comunidade, má para algum outro' 'Indivíduo. ou mesmo para 8. própria pessoa. Querel11os~olocar um fil~ à conduta indesejável. .Algumas vezes punimos usando a remoção de reforçadores positivos:reUramos brinquedos de crianças depois que elas se com- portaram, mal; mandamos Infratores para a prisão, isolando-os da- quclcs que os amam, de familiares e amigos; respondemos à agres- são socíal.jeconõrmca e físlca de um outro pais apropriando-nos de parte de seu território. Algumas vezes, .crn vez de retirar reforçadores positivos, .tentamos parar uma atividade aplicando rcforçadores ne- gaUvos: 'e'spancamos, repreendemos ou ridicularizamos uma criança que se comporta mal. batemos em prisioneiros que desrespeitam as regras, 'atiramos bombasern cidades de um outro país ernrctalíaçào por seusataques. Admi~lstramos todos ostípos de punição de for- ma à. controlar outras pessoas a fim deparar ou impedir quaisquer de suasiações que nos,:inachueam, privam, insultam 'ouüesagra- ,'I .. ,. damo Por sua vez, outros usam punição para nos controlar, a fim de parar ou impedir quaisquer de nossas ações que os machucam. privam, insultam ou desagradam, Ninguém gosta de ser punido. Ainda assim, prontamente, usamos ou toleramos punição. Raramente perguntamos se puníçào éa ú nlca ou mesmo a melhor maneira ele fazer as pessoas agirem como queremos. Por meIo de leis e costumes sociais cada um de nós tem até mesmo concordado que punição é uma maneira aceitável para a comunidade controlar nossas próprias ações. Esperamos que outros façam Justiça e concordamos em fazê-Ia nós mesmos. Raramente inv.. ' justiça como uma razão para dar al- guma coisa boa para ~tlL~ .. [l que tenha se comportado bem. Alguém que obtém "apenas sobremesa" não recebeu algo doce como um retorno .razoávcl por bom comportamento. Ao contrário, recebeu uma puníçào por agir mal. Justiça passou a significar punição. O princípio, "a justiça prevalecerá", nos faz sentir seguros já que sabe- 1l10~; que a purução será aplicada a outros que se comportam mal. Na medida em que o princípio se aplica também a nós, ele é uma ameaça. O alerta de que seremos ameaçados com justiça serve como LIma muleta para o autocontrolc, ajuda-nos a nos manter na linha quando somos tentados a nos desviar. . Punição é trivial ern nosso mundo. Ela funciona? Ela atinge seus propósitos? Ela é realmente uma maneira efetiva para impedir ou nos livrar de comportamento? Seria conveniente se essas pcr guntas tivessem simplesmente "sim" ou "não" como respostas. Elas não têm. O tópico é excessiva- mente complexo. Sua resolução requer algo mais do que mera cspe-

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behavirismo

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o que há nela para nós?

Por que punImos? O que queremos obter? A principal razão écontrolar outras pessoas. Aqueles que relutam em admitir a possibi-lidade de controle comportamental deveriam se perguntar porquedesejam ver multas, ordens de prisão e talvez morte distribuídaspara aqueles que praticam crimes contra a sociedade. Se o propósitoda punição não é controlar comportamento - desencorajar infrato-res e outros criminosos potenciais de fazer a mesma coisa outra vez- então a motivnção para a punição só pode ser rcvanchc. Masseguramente não procuramos revanche ao punir a criança que secomporta mal. ou aquela criança que coloca em perigo a si mesmaou aos outros ao brincar com o fogo, ou aquela que impulsivamenteatravessa correndo uma rua que tem tráfego intenso. Se não espe-rássemos impedi-Ias de se comportar mal, ou de arriscar tolamentesuas vidas, deveríamos encarar a punição de crianças como nada anão ser crueldade.

Punimos pessoas baseados na crença de que as levaremos aagir diferentemente. Usualmente queremos parar ou evitar açõesparticulares. Punimos alguém cuja conduta consideramos má para' a

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positivos:reUramos brinquedos de crianças depois que elas se com-portaram, mal; mandamos Infratores para a prisão, isolando-os da-quclcs que os amam, de familiares e amigos; respondemos à agres-são socíal.jeconõrmca e físlca de um outro pais apropriando-nos departe de seu território. Algumas vezes, .crn vez de retirar reforçadorespositivos, .tentamos parar uma atividade aplicando rcforçadores ne-gaUvos: 'e'spancamos, repreendemos ou ridicularizamos uma criançaque se comporta mal. batemos em prisioneiros que desrespeitam asregras, 'atiramos bombasern cidades de um outro país ernrctalíaçàopor seusataques. Admi~lstramos todos ostípos de punição de for-ma à. controlar outras pessoas a fim deparar ou impedir quaisquerde suasiações que nos,:inachueam, privam, insultam 'ouüesagra-

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damo Por sua vez, outros usam punição para nos controlar, a fim deparar ou impedir quaisquer de nossas ações que os machucam.privam, insultam ou desagradam,

Ninguém gosta de ser punido. Ainda assim, prontamente,usamos ou toleramos punição. Raramente perguntamos se puníçàoé a ú nlca ou mesmo a melhor maneira ele fazer as pessoas agiremcomo queremos. Por meIo de leis e costumes sociais cada um de nóstem até mesmo concordado que punição é uma maneira aceitávelpara a comunidade controlar nossas próprias ações. Esperamos queoutros façam Justiça e concordamos em fazê-Ia nós mesmos.

Raramente inv.. ' justiça como uma razão para dar al-guma coisa boa para ~tlL~ .. [l que tenha se comportado bem. Alguémque obtém "apenas sobremesa" não recebeu algo doce como umretorno .razoávcl por bom comportamento. Ao contrário, recebeuuma puníçào por agir mal. Justiça passou a significar punição. Oprincípio, "a justiça prevalecerá", nos faz sentir seguros já que sabe-1l10~; que a purução será aplicada a outros que se comportam mal.Na medida em que o princípio se aplica também a nós, ele é umaameaça. O alerta de que seremos ameaçados com justiça serve comoLIma muleta para o autocontrolc, ajuda-nos a nos manter na linhaquando somos tentados a nos desviar.

. Punição é trivial ern nosso mundo. Ela funciona? Ela atingeseus propósitos? Ela é realmente uma maneira efetiva para impedirou nos livrar de comportamento?

Seria conveniente se essas pcr guntas tivessem simplesmente"sim" ou "não" como respostas. Elas não têm. O tópico é excessiva-mente complexo. Sua resolução requer algo mais do que mera cspe-

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; ,. Ninguém gosta de ser punido e alguns clescobrem desprazerem aplicar punição. O argumento 'de que punição não deveria serusada é freqüentemente sustentado por apelos à religião, moralídadee decência comum. Por outro lado, aqueles que acreditam que apunição é necessária e desejável também sustentam sua posição por

. apelos a religião, moralidade e, senão decência' comum. senso co-. murn. Só ocasionalmente ouvirriossolícttaçõcs de dados. O que real-mente acontece á conduta que é punida? '.

CertaIll(~ntc, a punição capital climlna comportamentosfaz isto bastante diretamente, exterminando aquele que se compor-ta. O assassinato pela sociedade realmente reduz o assassinato porIndivíduos? Colocar pessoas na prisão tambcm pode eliminar com-portamentos -:-:-:é mais difícil, embora certamente não impossívelcometer assassinato, roubo, fraude ou estupro' atrás das grades. Ocncarccr.uncuto uupcdc pessoas de cometer esses. crimes depois queelas saem? Penalidades financeiras podem acabar com o lucro dossone~adorcs. Confiscos ocasionais os mantêm honestos entre audi-torias ou clh nl nu a cvasáo de Impostos por outros que' têm mais aganhar?

Eslatísllc:1s sociais podem ajudar a rcspoudcr tais questões,mas estão notoriamente abertas à manipulação e viés interpretativo.Se mais a ssas stmatos ocorressem em estados que proibiram a penacapital. isto stgníücarta que a pena capital é necessária? Não neces-sariamente. Assassinatos freqüentes poderiam refletir uma econo-mia em depressão, escolas inefetivas ou simplesmente uma popula-ção mais densa. Por outro lado, a baixa incidência de crimes violen-tos em estados que proibiram a pena capital justificaria esta políti-ca? Mais uma vez, não necessariamente. Talv: z a conformidade apa-rentemente não-coagida dos cidadãos reflita outros tipos de coerção_ o estado pode ter leis estritas de controle de armas ou a políciapode realizar u m programa ele prevenção ele crimes mais efetivo.Inúmeros fatores devem ser considerados. Dados colctados em si-tuações não-cOlltroladas podem fornecer indicações valiosas e hipó-teses interessantes sobre questões sociais nnportantcs. 111<1S pode-mos sempre discordar das interpretações e conclusões. Quando opi-nião pessoal c política pública são sustentadas por estatísticas cor-relacionais o ceticismo é justíflcado.

É aqui que a análise do comportamento pode contribuir. No. laboratório é possível dividir o mundo, descobrir como cada elemen-

to trabalha Independentemente dos outros e, então, colocar as par-

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tcs juntas novamente, t1l11U de cada vez~para ver como elas Intera-gem umas com as outras. Em vez de basear nossa opinião sobre aelesejabilielade da punição em nossos sentimentos, convicções reli-giosas ou morais. ou dados incorretos, podemos chegar a conclusõ.:sracionais baseadas em. evidência válida.' Os dados de laboratór. osustentam' fortemente a posição de que punição, emboraclaramenteefetiva no controle do comportamento, . tem sérias desvantagens, eque nós precisamos desesperadamente de, alternativas. ,'.:."

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Como se estuda a pun:ç{':"....?

_ Que tipos de experimentos tornam possível anaÜsa~'os efei-tos da puníçáo? Uma exigência é um sujeito que esteja fazendo algoregularmente e previsivelmente; uma linha de base de atívídade es-tável em andamento nos dá um instrumento de medida conflável. Namedida em que a linha ele base é estável, sabemos que nenhum fatordcsconhccldo está fazendo o sujcíto mudarseu comportamento,

Reforçamento é um instrumento poderoso para produzir li-nhas de base comporlamentaIs que facilitarão a análise e· pcrmlttrãogeneralizações a partir de sujeitos Individuais. Um arranjo. porexemplo, usa pelotas de alimento como reforçadores para ensinarum rato ele laboratório a pressionar um botão - uma barra de metalmontada na parede acima do dispensador de alimentos. Os reforça-dores alimentares, então, mantêm o animal pressionando 'a barraem uma taxa estável. Com este comportamento confiável como Umalinha de base, podemos então punir o animal em vez de (ou emadição a) dar-lhe alimento quando ele pressiona a barra. A puniçãofaz com que ele pare de pressionar a barra? Comumente, quandouma linha de base comportamental permanece constante, podemosconfiavelmente atribuir quaisquer variações a qualquer novo ele-mento que o experimentador introduza ---: neste caso, a punição.

Alimento é freqüentemente o reforçador positivo que gera emantém a atividade ele linha ele: base ele um sujeito. Choque elétricoé um puriídor cornumcnte usado. Choques quase sempre funcionamcorno rcforcadorcs negativos para atos que os terminam, E comopunídorcs para atos que os produzem. (Mais tarde teremos oportuni-dade de considerar as circunstâncias nas quaís choques funcionamrealmente como reforçadores positivos, tornando mais provável ocomportamento que os produz.)

Os choques usados como punidores no laboratório não sãocomo os choques clctroconvulstvos usados algumas vezes nas tenta-tivas para aliviar depressão severa e dcbl li tan te ele pessoas. Na tera-