PURIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CATALÍTICA DE … · substrato e ions; • Espectometria...

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PURIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CATALÍTICA DE PLA 2 ISOLADA A PARTIR DE VENENO DE BOTHROPS BARNETTI SOUZA, R. S. C.; Ponce-Soto, L.A.; Huancahuire-Vega, S.; Marangoni, S. Departamento de Bioquímica, Instuto de Biologia (IB), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Conselho Nacional de Desenvolvimento Cienfico e Tecnológico Palavras – chave: PLA2, Veneno, Fosfolipase Introdução Os venenos de serpentes são misturas complexas de substâncias bioquímicas e farmacologicamente avas, sendo aproximadamente 90% do peso seco formado por compostos protéicos e o restante compreende carboidratos, cáons metálicos, nucleosídeos, aminas biogênicas (bradicinina, histamina, 4-hidroxitriptamina) e níveis menores de aminoácidos livres e lipídios (Kini, 2003). Dentre todos estes compostos, as Fosfolipases A 2 (PLA 2 ) são proteínas largamente estudadas e descritas na literatura. PLA 2 são enzimas amplamente espalhadas na natureza, podendo ser encontradas em bactérias, plantas, tecidos de mamíferos (pulmão, gado, baço e coração). No entanto, as mais conhecidas são aquelas encontradas nos tecidos pancreácos de mamíferos e nos venenos de insetos e répteis, sendo estes úlmo uma das fontes mais ricas dessa protease. Uma das caracteríscas mais marcantes das é a ampla gama de efeitos farmacológicos, tais como neurotoxicidade pré e pós-sinápca, miotoxicidade local e sistêmica, cardiotoxicidade, efeitos ancoagulantes, avidade hemolíca, avidade edemazante, mionecrose, convulsionante, hipotensiva e inibição da agregação plaquetária (Kini 2003; Guérrez e Lomonte, 1997). Este trabalho descreve a purificação e caracterização bioquímica de PLA 2 obda do veneno de Bothrops barne. Metodologia Veneno bruto de Bothrops barne; • Sephadex G-75; • Eletroforese em PAGE-SDS HPLC de fase Reversa com coluna µ-Bondapack-C18 (0.78 x 30 cm) Water; • Avidade catalíca PLA 2 em substrato substrato ácido 4-nitro-(3-octanoiloxi) benzóico (NOAB); • Avidade catalíca em diferentes parâmetros de pH, temperatura, concentração de substrato e ions; • Espectometria de Massa MALDI-TOF; Resultados Discussão e Conclusão A fim de se isolar a PLA 2 , fez necessário a aplicação e duas metodologias de purificação: a cromatografia de exclusão molecular com Sephadex G75 (2,83 x 91,5 cm) e HPLC de fase reversa em coluna µ-Bondapack-C18 (0.78 x 30 cm) Water. Como resultado do primeiro método, o veneno total de Bothrops barne pôde ser inicialmente decomposto em 4 frações protéicas principais (A), dentre as quais aquela nomeada de BbtII foi a única a apresentar significava avidade catalíca (H). Dessa forma, aplicou-se a técnica de HPLC na fração BbtII, o que resultou no isolamento de 8 novas frações (B), das quais a BbtII-5 foi a única a apresentar avidade PLA 2 (H). Os ensaios enzimácos revelaram que a enzima BbtII-5 apresenta seu ómo de avidade catalíca no pH equivalente a 8,0 (C). A temperatura óma para avidade da BbtII-5 se deu em uma faixa de 35°C a 40°C, e mesmo no intervalo de 40 a 45°C, esta ainda não havia sofrido uma queda brusca sua avidade (D). A capacidade da PLA 2 em manter avidade catalíca em diferentes condições de temperatura e pH são condizente com as caracteríscas fisiológicas das serpentes, que por serem animais pecilotérmicos adéquam sua temperatura corpórea segundo as condições do ambiente e hábitos comportamentais. Dessa forma, os resultados permitem afirmar que as caracteríscas sico-químicas da PLA 2 de Bothrops barnei conferem ao veneno a capacidade de manter sua função biológica na nas mais variadas condições fisiológicas da serpente. Tratando-se de uma enzima monomérica, o esperado para avidade PLA 2 de BBtII-5 em diferentes concentrações de substrato é um comportamento predominantemente hiperbólico, fato este que só foi constato em altas concentrações de substrato (E), pois em baixas concentrações observou-se uma curva sigmóide. A análise da avidade catalíca na presença de diferentes íons (F) revelou que a PLA 2 BbtII-5 é dependente de Ca 2+ . A análise por Espectrometria de Massas por Maldi-Tof (G) obteve-se que a fração BbtII-5 possui massa molecular de 14,250kDa. Por fim, os dados desse trabalho são de vital importância para futuros trabalhos acerca das aplicações farmacológicas e bioquímicas dessa nova PLA 2 até então não descrita na literatura. A) B) Figura 1 – Perfil cromatográfico monitorado em 280nm da cromatografia de exclusão molecular em coluna Sephadex G75 (2,83 x 91,5 cm) do veneno total de B. barne. Obteve-se 5 frações principais. Figura 2 – Perfil cromatográfico em HPLC de fase reversa da fração BbtII O perfil de eluição foi monitorado a 280nm e foram idenficados 8 picos protéicos principais. O único pico com avidade PLA2 foi o BbtII-5. C) D) Figura 3 – Efeito da variação do pH na avidade enzimáca da PLA2 (fração BbtII-5) isolada de Bothrops barne. Figura 4 – Efeito da temperatura na avidade enzimáca da PLA2 da fração BbtII-5 isolada do veneno de Bothops barne E) F) Figura 6 – Efeito dos íons divalentes Ca2+, Mn2+, Mg2+, Cd2+ e Zn2+ sobre a avidade da avidade enzimáca da PLA2 da fração BbtII-5. Figura 5 - Efeito da concentração do avidade PLA2 da BbtII-5. Os experimentos foram realizados em triplicata e as barras representam o desvio padrão. G) H) Figura 8 - Avidade de PLA2 do veneno total de B. barne e frações BbtII-1, BbtII-2, BbtII-3, BbtII-4 e BbtII-5 obdas através da purificação por HPLC de fase reversa da fração BbtII. Figura 7 – A massa molecular da fração BbtII-5 de B. barne foi analisadas por Espectrometria de Massa, ulizando-se um Voyager DE PRO Maldi-TOF espectrômetro de massas.

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PURIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CATALÍTICA DE PLA2 ISOLADA A PARTIR DE VENENO DE BOTHROPS BARNETTI

SOUZA, R. S. C.; Ponce-Soto, L.A.; Huancahuire-Vega, S.; Marangoni, S. Departamento de Bioquímica, Instituto de Biologia (IB), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoPalavras – chave: PLA2, Veneno, Fosfolipase

IntroduçãoOs venenos de serpentes são misturas complexas de substâncias bioquímicas e farmacologicamente ativas, sendo aproximadamente 90% do peso seco formado por compostos protéicos e o restante compreende carboidratos, cátions metálicos, nucleosídeos, aminas biogênicas (bradicinina, histamina, 4-hidroxitriptamina) e níveis menores de aminoácidos livres e lipídios (Kini, 2003). Dentre todos estes compostos, as Fosfolipases A2 (PLA2) são proteínas largamente estudadas e descritas na literatura. PLA2 são enzimas amplamente espalhadas na natureza, podendo ser encontradas em bactérias, plantas, tecidos de mamíferos (pulmão, fígado, baço e coração). No entanto, as mais conhecidas são aquelas encontradas nos tecidos pancreáticos de mamíferos e nos venenos de insetos e répteis, sendo estes último uma das fontes mais ricas dessa protease. Uma das características mais marcantes das é a ampla gama de efeitos farmacológicos, tais como neurotoxicidade pré e pós-sináptica, miotoxicidade local e sistêmica, cardiotoxicidade, efeitos anticoagulantes, atividade hemolítica, atividade edematizante, mionecrose, convulsionante, hipotensiva e inibição da agregação plaquetária (Kini 2003; Gutiérrez e Lomonte, 1997). Este trabalho descreve a purificação e caracterização bioquímica de PLA2 obtida do veneno de Bothrops barnetti.

Metodologia• Veneno bruto de Bothrops barnetti;• Sephadex G-75;• Eletroforese em PAGE-SDS • HPLC de fase Reversa com coluna µ-Bondapack-C18 (0.78 x 30 cm) Water;• Atividade catalítica PLA2 em substrato substrato ácido 4-nitro-(3-octanoiloxi) benzóico

(NOAB);• Atividade catalítica em diferentes parâmetros de pH, temperatura, concentração de

substrato e ions;• Espectometria de Massa MALDI-TOF;

Resultados Discussão e ConclusãoA fim de se isolar a PLA2, fez necessário a aplicação e duas metodologias de purificação:

a cromatografia de exclusão molecular com Sephadex G75 (2,83 x 91,5 cm) e HPLC de fase reversa em coluna µ-Bondapack-C18 (0.78 x 30 cm) Water. Como resultado do primeiro método, o veneno total de Bothrops barnetti pôde ser inicialmente decomposto em 4 frações protéicas principais (A), dentre as quais aquela nomeada de BbtII foi a única a apresentar significativa atividade catalítica (H). Dessa forma, aplicou-se a técnica de HPLC na fração BbtII, o que resultou no isolamento de 8 novas frações (B), das quais a BbtII-5 foi a única a apresentar atividade PLA2 (H).

Os ensaios enzimáticos revelaram que a enzima BbtII-5 apresenta seu ótimo de atividade catalítica no pH equivalente a 8,0 (C). A temperatura ótima para atividade da BbtII-5 se deu em uma faixa de 35°C a 40°C, e mesmo no intervalo de 40 a 45°C, esta ainda não havia sofrido uma queda brusca sua atividade (D).

A capacidade da PLA2 em manter atividade catalítica em diferentes condições de temperatura e pH são condizente com as características fisiológicas das serpentes, que por serem animais pecilotérmicos adéquam sua temperatura corpórea segundo as condições do ambiente e hábitos comportamentais. Dessa forma, os resultados permitem afirmar que as características físico-químicas da PLA2 de Bothrops barnetti conferem ao veneno a capacidade de manter sua função biológica na nas mais variadas condições fisiológicas da serpente.

Tratando-se de uma enzima monomérica, o esperado para atividade PLA2 de BBtII-5 em diferentes concentrações de substrato é um comportamento predominantemente hiperbólico, fato este que só foi constato em altas concentrações de substrato (E), pois em baixas concentrações observou-se uma curva sigmóide. A análise da atividade catalítica na presença de diferentes íons (F) revelou que a PLA2 BbtII-5 é dependente de Ca2+. A análise por Espectrometria de Massas por Maldi-Tof (G) obteve-se que a fração BbtII-5 possui massa molecular de 14,250kDa.

Por fim, os dados desse trabalho são de vital importância para futuros trabalhos acerca das aplicações farmacológicas e bioquímicas dessa nova PLA2 até então não descrita na literatura.

A) B)

Figura 1 – Perfil cromatográfico monitorado em 280nm da cromatografia de exclusão molecular em coluna Sephadex G75 (2,83 x 91,5 cm) do veneno total de B. barnetti. Obteve-se 5 frações principais.

Figura 2 – Perfil cromatográfico em HPLC de fase reversa da fração BbtII O perfil de eluição foi monitorado a 280nm e foram identificados 8 picos protéicos principais. O único pico com atividade PLA2 foi o BbtII-5.

C) D)

Figura 3 – Efeito da variação do pH na atividade enzimática da PLA2 (fração BbtII-5) isolada de Bothrops barnetti.

Figura 4 – Efeito da temperatura na atividade enzimática da PLA2 da fração BbtII-5 isolada do veneno de Bothops barnetti

E) F)

Figura 6 – Efeito dos íons divalentes Ca2+, Mn2+, Mg2+, Cd2+ e Zn2+ sobre a atividade da atividade enzimática da PLA2 da fração BbtII-5.

Figura 5 - Efeito da concentração do atividade PLA2 da BbtII-5. Os experimentos foram realizados em triplicata e as barras representam o desvio padrão.

G) H)

Figura 8 - Atividade de PLA2 do veneno total de B. barnetti e frações BbtII-1, BbtII-2, BbtII-3, BbtII-4 e BbtII-5 obtidas através da purificação por HPLC de fase reversa da fração BbtII.

Figura 7 – A massa molecular da fração BbtII-5 de B. barnetti foi analisadas por Espectrometria de Massa, utilizando-se um Voyager DE PRO Maldi-TOF espectrômetro de massas.