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    3. Qualidade em ServiosUma caracterstica proeminente da mudana na economia e na sociedade o

    crescimento expressivo do setor de servios em termos de competitividade e de

    mercado de trabalho, sendo indicador importante no Produto Interno Bruto mundial.

    Esse crescimento, segundo Bachmann (2002), est relacionado ao desenvolvimentode novas tecnologias e a melhoria da qualidade de vida.

    Para Loures (2003), assiste-se hoje em dia, principalmente nos pases desenvolvidos,

    ao estabelecimento da chamada economia de servios ou sociedade de servios,

    assim denominada devido presena dos servios no dia-a-dia das pessoas e ao peso

    que passaram a ter em diversas economias ao redor do mundo, ultrapassando o setor

    de manufatura, principal responsvel pela gerao de riqueza at boa parte do sculo

    XX.

    De acordo com Reynoso (1999), a contribuio do estado da arte mais importante na

    rea de gesto de servios vem se desenvolvendo nas ltimas dcadas no somente naEuropa e nos Estados Unidos, mas tambm vem se tornando indicador importante de

    crescimento da economia em pases em desenvolvimento como na Amrica Latina.

    Ao discutir os papis dos servios na sociedade, diferentes estgios do

    desenvolvimento econmico podem ser identificados.

    Baseado no socilogo Daniel Bells, Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000) destacam

    trs estgios principais na sociedade: prindustrial, industrial e ps-industrial, como

    mostra o Quadro 3.1: 42

    Para Reynoso (1999), a sociedade pr-industrial, caracterizada como sobrevivncia,

    era principalmente de subsistncia. Neste estgio, a fora de trabalho era empregada

    na agricultura, extrao e pesca. A sociedade industrial definia os padres de

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    economia e tambm o interesse em oferecer continuamente qualidade na prestao de

    seus servios.

    importante destacar que a expanso do interesse na utilizao da gesto da

    qualidade no setor de servios para melhorar a performance organizacional, deve ser

    realizada considerando as caractersticas especficas deste setor. Sendo assim, este

    captulo descreve o setor de servios, apresentando: - Definio - Caractersticas -Qualidade em servios - Sistemas de gesto da qualidade em servios.

    3.1 Definio de Servios A definio de um produto ou um bem no

    difcil de se descrever, pois suas caractersticas so tangveis, e de fcil visualizao.

    Definir servios, porm no uma tarefa das mais fceis, por se tratar de algo

    intangvel e emocional. Pode-se verificar que a definio de servios composta por

    duas palavras-chave fundamentais: intangibilidade e interao entre pessoas. Alguns

    autores empregam sempre um ou os dois unitermos para definio de servios:

    - O servio uma atividade ou uma srie de atividades de natureza mais ou menos

    intangvel que normalmente, mas no necessariamente, acontece durante as

    interaes entre clientes e prestadores de servio que contribui como soluo ao

    problema do cliente (GRNROOS, 1994).

    - Para Nguyen e Leblanc (2002) e Snoj e Patermanec (2001), servio o resultado da

    interao entre cliente, prestadores de servios e o sistema de suporte fsico. -

    Servios so quaisquer atos ou desempenhos que uma parte possa oferecer outra e

    que sejam essencialmente intangveis e no resultem na propriedade de nada(AMBONI, 2002; SOUZA, Sidney, 2000).

    A partir dessas definies, pode-se concluir que um servio a interao entre

    clientefornecedor, oferecendo bens tangveis ou no. Alm disso, essas definies

    conduzem s suas caractersticas, que so diferentes de manufatura e que devem ser

    consideradas quando uma organizao de servio deseja implementar um sistema de

    gesto eficaz. O item a seguir identifica algumas caractersticas de servios,

    comparando-as com algumas caractersticas de produtos.

    3.2 Caractersticas e Tipos de Servios

    As caractersticas de servios, segundo Silva (2003) so o conjunto de propriedades

    de um servio que visa atender certas necessidades do cliente. Na literatura, as

    caractersticas de servios so classificadas com algumas distines, porm com o

    mesmo fundamento.

    Destacam-se entre elas a intangibilidade, a inseparabilidade, a participao do cliente

    na produo do servio, a variabilidade e a perecibilidade que so descritas nos

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    trabalhos de Souza, Antonio (2002), Grnroos (2001), Santos, Luciano (2000), Souza,

    Sidney (2000), Edvardsson (1998), Gianesi e Corra (1994), Ghobadian (1994),

    Gadelha (1992) e Gummesson (1991):

    - Intangibilidade: os servios no podem ser tocados ou possudos pelo cliente da

    mesma forma que os produtos. Assim, o cliente vivencia o servio que lhe

    prestado, o que torna difcil sua avaliao pelo cliente e sua explicao pelofornecedor.

    - Participao do cliente: o cliente participa do processo de produo do servio, pois

    ele quem determina o momento de ao do servio a ser oferecido.

    - Inseparabilidade: a produo do servio ocorre ao mesmo tempo que seu consumo.

    Desta forma, qualquer erro na produo de um servio imediatamente percebido

    pelo cliente.

    - Variabilidade: os processos so variveis medida que dependem de quem, quando

    e onde so executados.

    - Perecibilidade: servios no podem ser estocados, o que dificulta a utilizaoeficiente da capacidade produtiva de um sistema, uma vez que o servio produzido e

    no demandado perdido para sempre. Essas caractersticas diferenciam os servios

    de produtos, ou seja, seu modo de produo, consumo e avaliao.

    Gupta e Chen (1995) e MacDonald (1994) propem uma comparao das

    caractersticas que distinguem o produto de um servio como mostra o Quadro 3.2:

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    Muitos fatores que diferenciam produtos de servios reforam a utilizao das

    palavras-chave essenciais para definio de servios, ou seja, intangibilidade e

    interao entre pessoas. Esses unitermos so essenciais quando o setor de servios

    abordado sendo utilizado para sua definio, caractersticas e distino entre produtos.

    Dessa forma, quando uma organizao de servios deseja implementar um sistema degesto da qualidade, ela deve estar atenta a buscar a excelncia principalmente nas

    interaes entre pessoas (de modo especial no fornecedor do servio) e, o que mais

    complexo, a padronizao e a excelncia dos aspectos intangveis do servio.

    Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000) destacam que uma das caractersticas singulares

    dos servios a participao do cliente no seu processo de produo.

    Albrecht (1994) afirma que essa interao do servio com o cliente denominada

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    momento da verdade que ir conduzir uma experincia positiva ou negativa para o

    cliente. Para o autor, o momento da verdade qualquer episdio onde o cliente entra

    em contato com qualquer aspecto da organizao e cria uma opinio com relao

    qualidade do servio. Pode-se identificar vrios momentos da verdade durante o

    fornecimento do servio, que vai desde o encontro do cliente com a estrutura fsica do

    local onde o servio fornecido at o momento da sada do ambiente, sendo que essesmomentos so intensificados principalmente quando o cliente est em contato com o

    funcionrio, ou seja, o fornecedor do servio.

    Amboni (2002) descreve o momento da verdade onde, de um lado, h o cliente e, de

    outro, o funcionrio ambos com atitudes, crenas, desejos, sentimentos e expectativas;

    e a interao, ou seja, o relacionamento entre os dois seres humanos, pode ter um

    efeito profundo sobre as pessoas assim como sobre o resultado. importante ressaltar

    que as organizaes de servios devem estar preparadas, bem como melhorar

    periodicamente o ambiente fsico onde o servio realizado e a capacitao do

    potencial humano a fim de que as percepes do cliente, em todo processo defornecimento do servio, sejam positivas. O grau de interao entre pessoas, a

    intangibilidade e as caractersticas dos servios podem variar de acordo com o tipo de

    servios que uma organizao oferece.

    Gaither e Frazier (2002) e Gupta e Chen (1995) identificam trs tipos de operaes

    em servios:

    1. Quasi-manufatura: A produo ocorre de forma similar manufatura. A nfase est

    nos custos de produo, tecnologia e materiais fsicos e produtos, qualidade do

    produto e pronta entrega. Bens fsicos so dominantes sobre os servios intangveis;os produtos podem ser padronizados ou personalizados e h pouco contato ou

    envolvimento com o cliente. Operaes internas de bancos, servios de manuteno

    area so exemplos deste tipo de operao.

    2. Cliente como participante: H um alto grau de envolvimento do cliente neste tipo

    de operao de servio. Bens fsicos podem ou no ser uma parte significante, e os 48

    servios podem ser personalizados ou padronizados. Vendas a varejo e revenda so

    exemplos deste tipo de servio.

    3. Cliente como produto: Os clientes esto to envolvidos que o servio executado

    diretamente sobre eles. Bens fsicos podem ser ou no uma parte significante, e osservios so usualmente personalizados. Exemplos deste tipo de servio so sales de

    beleza, clnicas mdicas e hospitais. Muitas organizaes realizam atividades as quais

    se enquadram em dois ou nos trs tipos de servios. Bibliotecas e restaurantes, por

    exemplo, possuem tanto uma linha de frente que desenvolve servios de cliente

    como participante e atividades internas com pouco ou nenhum contato com o cliente,

    ou seja, o servio quasi-manufatura .

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    No caso de bibliotecas, servios de quasi-manufatura so o processamento tcnico

    (classificao, catalogao, tombamento, indexao) e os servios de restaurao de

    materiais. Em servios de clientes como participante est o atendimento ao usurio,

    auxilio a pesquisa, emprstimo, devoluo de materiais, entre outras. Da mesma

    forma, sales de beleza, por exemplo, podem oferecer no somente servios decliente com produto, mas tambm cliente como participante, ao comercializar

    produtos utilizados no fornecimento do servio para seus clientes. Para cada tipo de

    servios, segundo Bitner et al (1997) h um nvel de participao do cliente com

    apresenta o Quadro 3.3:

    Independente do tipo de servio fornecido, o resultado do processo sempre ser

    avaliado pelo cliente, seja esse consumo do servio com alto ou baixo grau de

    interao. Ressalta-se tambm que a perspectiva do cliente no processo de interao

    subjetiva, ou seja, se relacionam a questes psicolgicas e emocionais, podendo variarde cliente a cliente, tornando o servio flexvel e personalizado. Assim, para oferecer

    um servio de maneira eficaz, as organizaes de servios devem investir no seu

    potencial humano, desenvolvendo e estimulando habilidades para a qualidade nesse

    processo. A avaliao do cliente em relao aos servios oferecidos pela organizao

    ir indicar se h qualidade no servio oferecido ou no. O sub-item a seguir apresenta

    a definio, segundo a literatura, de qualidade em servios identificando o

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    instrumento desenvolvido para medir essa qualidade entre os clientes.

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    3.3. Qualidade em Servios Diferente da qualidade de um produto, a

    qualidade de um servio apresenta dimenses humanas alm de possuir caractersticas

    definidas tais como a interao direta com o cliente e o retorno simultneo. Segundo

    Gianesi e Corra (1994), a intangibilidade, juntamente com a necessidade da presenado cliente e a simultaneidade da produo e consumo, formam as principais

    caractersticas das operaes de servios, que iro definir a avaliao dos resultados e

    a qualidade dos servios prestados. Muitas vezes, essa avaliao dificultada pela

    intangibilidade, uma vez que difcil a padronizao dos servios, tornando os

    processos mais complexos. Na literatura, apesar de suas peculiaridades, a definio de

    qualidade em servios no divergente: - Qualidade em uma organizao de servios

    a medida da extenso em que o servio desenvolvido encontra as necessidades e

    expectativas do cliente. (FITZSIMMONS e FITZSIMMONS, 2002; HERNON,

    NITECKI e ALTMAN, 1999; GIANESI e CORRA, 1994; GHOBADIAN, 1994).

    Seguindo a posio dos autores acima, Slack et al (1997) apresentam trs

    possibilidades nas relaes entre as expectativas e as percepes do cliente:

    Expectativa < Percepes: a qualidade percebida boa.

    Expectativa = Percepes: a qualidade percebida aceitvel.

    Expectativas > Percepes: a qualidade percebida pobre.

    - No contexto de servio, qualidade o cliente receber o servio certo e a todo tempo

    (SELVI, 2003; ALEMNA, 2001).

    - Em uma organizao de servios, as aes das pessoas so a chave para, e a essncia

    da qualidade, ou seja, a qualidade depende, em um grau extremamente elevado, do

    aspecto humano envolvido no processo (RAUSH, 1999).

    A qualidade em servios percebida pelos clientes atravs de componentes tangveis

    e intangveis. A tangibilidade de um servio consiste naquilo que o cliente v, ou seja,

    a aparncia fsica da organizao que oferece o servio: equipamentos, mobilirios,iluminao, aparncia fsica dos funcionrios, sinalizao, decorao.

    Os componentes intangveis se referem ao que o cliente sente quando entra em

    contato com a organizao prestadora de servios, ou seja, a ateno, simpatia,

    disponibilidade, entre outros. Apesar dos aspectos fsicos serem importantes nas

    organizaes, a qualidade em servios est basicamente nas pessoas que as executam,

    pois a eficincia das pessoas no processo de produo de servios ir oferecer sempre

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    o servio certo no momento certo, satisfazendo as necessidades e expectativas do

    cliente. Portanto, quando se fala de qualidade em servios, fala-se de qualificao

    profissional, do comportamento, comprometimento e envolvimento das pessoas. Para

    Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000) e Amboni (2002), a qualidade em servios

    focaliza os funcionrios ao definir padres explcitos de desempenho e, o que mais

    importante, constri uma base de clientes fiis. Fornecer um timo servio, segundoos autores, implica em colocar habilidades e conhecimentos a servio dos usurios.

    Os fornecedores de servios devem, assim, possuir habilidades e conhecimentos e ter

    a vontade de us-los em benefcio do cliente.

    Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000) e Gianesi e Corra (1994) afirmam que a

    qualidade em servios surge ao longo do processo de seu fornecimento, que

    geralmente ocorre no encontro entre um cliente e o fornecedor. A satisfao do cliente

    com a qualidade dos servios ento definida pela comparao da percepo do

    servio prestado com a expectativa do servio desejado.Para isso, os clientes utilizam alguns critrios para avaliar servios:

    - Consistncia: conformidade com experincias anteriores, ausncia de variabilidade

    no resultado ou processo;

    - Competncia: habilidade e conhecimento para executar o servio. Relaciona-se com

    as necessidades tcnicas dos clientes;

    - Rapidez no atendimento: prontido da empresa e seus funcionrios em prestar

    servios;

    - Atendimento: ateno personalizada aos clientes, boa comunicao, cortesia,

    ambiente;- Flexibilidade: ser capaz de mudar e adaptar a operaes, devido a mudana nas

    necessidades do cliente, no processo ou no suprimento de recursos;

    - Credibilidade/Segurana: baixa percepo de risco, habilidade de transmitir

    confiana;

    - Tangibilidade: qualidade e/ou aparncia de qualquer evidncia fsica (bens

    facilitadores, equipamentos, instalaes, etc).

    Desta forma, as organizaes devem sempre procurar aperfeioar continuamente seus

    servios principalmente atravs da capacitao de seus funcionrios a fim de queesses critrios sejam sempre percebidos pelos clientes de maneira positiva, como

    tambm devem cuidar da aparncia fsica do ambiente para oferecer um local

    agradvel e seguro ao cliente. Apesar do esforo das organizaes em oferecer o

    melhor servio, Ghobadiam (1994) identifica alguns fatores que podem interferir na

    melhoria da qualidade em servios, como:

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    - Ausncia de visibilidade: problemas em qualidade de servios no so sempre

    visveis ao fornecedor.

    - Dificuldades em determinar a responsabilidade especfica: a percepo completa do

    cliente dos servios influenciada pela experincia em estgios diferentes do servio

    oferecido.

    - Tempo requerido para melhorar qualidade em servios: problemas de qualidade emservios freqentemente requerem maior esforo por um longo perodo de tempo para

    serem resolvidas, pois a qualidade em servios mais dependente de pessoas que

    sistemas e procedimentos.

    - Incertezas oferecidas: controle do servio oferecido e qualidade complicado, pois a

    natureza das pessoas imprevisvel. Esses obstculos podem ser superados atravs de

    avaliaes peridicas pelas organizaes de seus servios, no somente entre clientes

    externos como tambm entre a equipe que fornece o servio.

    Dessa forma, necessrio que as organizaes de servios busquem medir aqualidade dos servios oferecidos, considerada uma das grandes dificuldades entre o

    setor. Segundo Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), medir qualidade em servios um

    desafio, pois a satisfao dos clientes determinada por muitos fatores intangveis.

    Ao contrrio de um produto com caractersticas fsicas que podem ser objetivamente

    mensurveis, a qualidade em servios contm muitas caractersticas psicolgicas. 53

    Uma das ferramentas utilizadas para medir a qualidade em servios o SERVQUAL,

    que foi desenvolvida por Parasuramann et al (1988) e apresentada no sub-item a

    seguir.

    3.3.1 SERVQUAL Garvin (1992), como apresentado no captulo anterior,identificou oito atributos para qualidade direcionados ao setor de manufatura. A

    utilizao desses atributos em servios complexa devido suas caractersticas

    prprias (intangibilidade, participao do cliente na produo de servios,

    inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade). Segundo Jannadi e Al-Saggaf (2000),

    qualidade em servios definida em termos de satisfao do cliente: o grau de

    alinhamento entre as expectativas do cliente e suas percepes do servio recebido.

    Segundo os autores, o cliente deve determinar que aspectos dos servios so mais

    benficos, sendo que as organizaes devem estar atentas para descobrir os requisitosde seus clientes. A qualidade em servios percebida interpretada pela diferena no

    grau e direo entre percepo e expectativa. Empregando uma variedade de mtodos

    de pesquisa, Parasuaraman et al (1988) procuraram determinar dimenses comuns de

    servios oferecidos.

    Os autores iniciaram suas pesquisas atravs de entrevistas com grupos de foco com os

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    clientes. Da pesquisa, resultaram dez dimenses da qualidade em servios, que eram:

    - Tangibilidade; - Confiabilidade; - Competncia; - Compreenso; - Cortesia; -

    Credibilidade; - Segurana; - Acesso; - Comunicao; e - Conhecimento (WONG e

    SOHAL, 2002; WEL-LIPS, VEN e PIETERS, 1998; AKAN, 1995,

    PARASURAMAN et al, 1988).

    No prosseguimento da pesquisa, Parasuraman et al (1991) mostraram que algumas das

    dez dimenses estavam correlacionadas e propuseram uma reduo das dez

    dimenses originais para cinco dimenses da qualidade. Os pesquisadores

    argumentaram que a escala foi projetada para ser aplicada em todos os setores do

    servio.

    As cinco dimenses so:

    - Confiabilidade: a capacidade de prestar servio prometido com confiana e

    exatido. O desempenho de um servio confivel uma expectativa do cliente e

    significa um servio cumprido no prazo, sem modificaes e sem erros.- Responsividade: a disposio para auxiliar os clientes e fornecer o servio

    prontamente.

    - Segurana: o conhecimento e a cortesia dos funcionrios bem como sua

    capacidade de transmitir confiabilidade.

    - Empatia: demonstrar interesse, ateno personalizada aos clientes. A empatia

    inclui as seguintes caractersticas: acessibilidade, sensibilidade e esforo para

    entender as necessidades dos clientes.

    - Aspectos Tangveis: a aparncia das instalaes fsicas, equipamentos, pessoal e

    materiais para comunicao. A condio do ambiente uma evidncia tangvel docuidado e da ateno aos detalhes exibidos pelo fornecedor do servio (MADU e

    MADU, 2000; SOUZA, Antonio, 2002; WONG E SOHAL, 2002; FITZSIMMONS E

    FITZSIMMONS, 2000; NITECKI e HERNON, 2000; WELS-LIPS, VEN e PIETERS,

    1998; AKAN, 1995; EDWARDS e BROWNE, 1995; GHOBADIAN, 1994;

    PARASURAMAN et al, 1991).

    No sentido de operacionalizar o modelo, os autores desenvolveram 22 itens que foram

    projetados para capturar, em duas colunas separadas, percepes e expectativas do

    cliente em um servio, somando 44 questes.A primeira seo usada para medir as expectativas do cliente, enquanto a segunda

    usada para avaliar a qualidade no servio percebida pelo cliente. Os respondentes

    completam uma srie de escalas que medem suas expectativas em relao ao servio

    de uma organizao. Subseqentemente, eles so questionados para identificar suas

    percepes da performance em relao quelas caractersticas.

    Quando a nota da performance percebida menor que as expectativas, ento a

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    avaliao da qualidade em servios. Nesse sentido, conclui-se que o entendimento das

    expectativas e satisfao do cliente por parte das organizaes, buscando a excelncia

    em servios faz com que essas organizaes possuam um maior entendimento sobre

    quem so seus clientes. No entanto, a busca pela excelncia requer a definio de

    mtodos de trabalho eficientes e o aperfeioamento de recursos fsicos e humanos.

    Sendo assim, algumas organizaes procuram implementar sistemas de gesto daqualidade buscando no somente atender as expectativas de seus clientes, mas

    tambm os objetivos da prpria organizao. O item a seguir descreve a aplicao

    desses sistemas de gesto no setor de servios, destacando sempre as caractersticas

    naturais deste setor no processo de implementao.

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    3.4 Sistemas de Gesto da Qualidade em Servios

    Gerenciar servios tarefa similar a gerenciar a produo de bens, pois tambm

    requer uma mudana cultural na organizao e o reconhecimento da importncia damelhoria contnua para excelncia das organizaes. No entanto, as caractersticas

    especficas do setor de servios deve m ser consideradas para o desenvolvimento dos

    procedimentos de um sistema de gesto da qualidade.

    Para Pergoraro (1999), necessrio compreender quais so as caractersticas especiais

    dos servios que fazem com que a gesto de suas operaes seja adequada.

    Grnroos (1990; 1994) identifica algumas caractersticas especficas do

    gerenciamento de servios que so entender:

    - O servio recebido pelo cliente, focalizando servios oferecidos e os bens fsicos ou

    outros tipos de produtos que contribuem para este servio, ou seja, entender como aqualidade total percebida no relacionamento com o cliente e como isto muda

    durante o tempo;

    - Como a organizao (pessoas, tecnologia e recursos fsicos, sistemas e clientes)

    estar apta a produzir e oferecer seus servios com qualidade;

    - Como a organizao deveria desenvolver servio pretendido. De acordo com

    Jannadi e Al-Saggaf (2000), um aspecto essencial de gerenciar qualidade em servios

    a identificao das expectativas do cliente e o projeto do sistema de servios para o

    foco nesses requisitos.

    Segundo Ferguson (1999), o objetivo da gesto de servios ter clientes que julguem

    a qualidade dos servios, que estejam satisfeitos, que recomendem a empresa para

    outros e que pretendam adquirir novamente os servios da empresa.

    Do ponto de vista da gesto de servios, para Nguyen e Leblanc (2002), o contato

    pessoal e o ambiente fsico so considerados como os dois elementos cruciais que

    determinam o sucesso do processo de servio oferecido. Alm disso, eles servem para

    atrair grupos alvo e ajudam a definir a imagem corporativa. Mesmo para uma pessoa

    que nunca tenha feito negcios com uma organizao, a imagem sua primeira

    impresso e pode ter uma grande influncia na sua inteno de compra. Para melhordescrever a integralidade de uma organizao que busca a excelncia na prestao de

    seus servios atravs do aperfeioamento contnuo,

    Longo e Vergueiro (2003) e Albrecht (1994) apresentam um tringulo, denominado

    triangulo de servios, (Figura 3.2) onde o desenvolvimento coeso das vrtices

    devem atuar em funo do benefcio almejado, buscando a satisfao do cliente. A

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    diferena entre os tringulos apresentados pelos autores que em Longo e Vergueiro

    (2003) h a incluso do ciclo PDCA no processo (Figura 3.3). Nos tringulos de

    Longo e Vergueiro (1998) e Albrecht (1994), a estratgia, ou O QUE, deve garantir

    que todos os envolvidos entendam o valor de servios para o cliente e como a

    organizao deve prov-lo, identificados em sua viso de futuro, sua misso, seu

    negcio e valores objetivos. As pessoas encarregadas pela prestao de servios, ouQUEM, devem possuir um esprito de servios, o conhecimento e a qualificaes

    necessrias para criao de uma experincia positiva para o cliente. No terceiro

    vrtice, Albrecht (1994), indica que os sistemas devem apoiar todos os fornecedores

    de servios e seus esforos para criar e entregar valor aos clientes, evitando todos os

    elementos que lhe possam trazer desconforto ou frustrao.

    Longo e Vergueiro (1998) apontam a gesto da qualidade que indica COMO fazer

    com que a organizao atinja seus objetivos cumprindo sua razo de ser mediante

    uma filosofia gerencial eficiente e eficaz.

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    A partir dessa viso, pode-se destacar que gerenciar servios com qualidade

    buscar continuamente atender e identificar as necessidades e expectativas de seus

    clientes e gerencialas atravs de recursos fsicos, humanos e estratgicos. Esse

    gerenciamento encontrado nas teorias administrativas e nos instrumentos e mtodos

    necessrios para o gerenciamento efetivo de servios em busca da qualidade. As atividades de servios representam, segundo Feigenbaum (1994), uma rea cada

    vez mais expressiva para prtica da gesto da qualidade. Princpios, conceitos e

    tecnologias da qualidade tm sido aplicados com xito a um extenso espectro de

    servios.

    Segundo Longo e Vergueiro (2003) e Gadelha (2002), apesar da gesto da qualidade

    ter origem na indstria de manufatura, principalmente pela aplicao das idias de

    Deming e Juran, sua aplicao rea de servios tem-se intensificado nos ltimos

    anos, evidenciando que a utilizao de conceitos da qualidade em todas as atividades

    humanas j faz parte de um consenso geral entre autores e empresrios. No entanto necessrio o desenvolvimento de procedimentos de adaptao de modo a aplicar

    corretamente as proposies da gesto da qualidade no setor de servios.

    Essa adaptao do modo de aplicar as proposies da qualidade est relacionada s

    caractersticas do servio, ou seja:

    - Intangibilidade: Como gerenciar e medir a produo de um servio, visto que seu

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    resultado intangvel?

    - Participao do cliente: Como fazer do cliente um colaborador no aperfeioamento

    dos servios? Que ferramentas sero utilizadas para avaliar os servios oferecidos a

    seus clientes?

    - Inseparabilidade: Como avaliar se os resultados da produo de um servio foram

    satisfatrios? Como padronizar o processo de produo do servio, identificar falhas eno conformidades?

    - Variabilidade: Como padronizar os servios preservando o atendimento

    personalizado e flexvel de acordo com as caractersticas e desejos prprios do

    cliente?

    De acordo com Longenecker e Scazzero (2000), o processo de melhoria da qualidade

    no setor de servios segue o mesmo processo lgico usado na manufatura, com alguns

    ajustes, incluindo:

    - Definio de qualidade;- Desenvolvimento de padres de qualidade;

    - Medida de qualidade;

    - Desenvolvimento efetivo de procedimentos de aes corretivas;

    - Tomada de deciso para eliminar problemas de qualidade;

    - Integrao de todos os fatores que afetam a qualidade.

    Segundo Ferguson (1999), uma empresa deve reconhecer o papel importante do

    contato pessoal, pois esse contato que dar os aspectos funcionais da qualidade do

    servio e freqentemente a caracterstica mais visvel do servio oferecido.

    Para Belluzzo e Macedo (1993) um sistema de qualidade em servios dever

    responder aos aspectos humanos envolvidos no fornecimento dos servios mediante:

    a) Gerenciamento dos processos sociais envolvidos com os servios;

    b) Ateno s interaes humanas como ponto crucial da qualidade dos servios;

    c) Reconhecimento da importncia da percepo dos clientes em relao imagem,

    cultura e desempenho da organizao de servios;

    d) Motivao dos recursos humanos e desenvolvimento de suas habilidades para

    atender s expectativas dos clientes.

    Atendendo aos aspectos humanos do servio, a aplicao de sistemas de gesto da

    qualidade uma alternativa efetiva para melhoria dos servios realizados e satisfao

    do cliente.

    Atualmente, muitas organizaes do setor de servios vm procurando implementar

    sistemas de gesto da qualidade. Essa preocupao da aplicao do sistema de gesto

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    se intensificou a partir da importncia econmica do setor de servios na sociedade

    psindustrial, que coincidiram com os estgios evolutivos da qualidade e seus

    mtodos de produtividade voltados ao gerenciamento do processo de produo. Dessa

    forma, encontram-se na literatura relatos de aplicao de sistemas de gesto da

    qualidade como TQM e ISO 9000 neste setor, como descreve o sub-item a seguir.

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    3.4.1 GQT em ServiosApesar de sua origem em empresas de manufatura, a GQT vem sendo utilizada

    tambm no setor de servios, devido melhoria do ambiente interno, bem como um

    melhor relacionamento com o mercado externo e seus clientes. Segundo McDonnell

    (1994), quando a Gesto da Qualidade Total aplicada indstria de servios, aimportncia do cliente se torna at melhor definida do que em manufatura.

    Como os programas de GQT se tornam universalmente implementados e sofisticados,

    realmente verdade que alguns aspectos de sua filosofia podem ser aplicadas a

    servios. Mas, os resultados de estudos feitos em manufatura no podem ser aplicados

    diretamente ao setor de servios devido a certas discrepncias inerentes bem

    conhecidas e contradies entre organizaes de manufatura e servios

    (SURESHCHANDAR, REJADRAN e ANANTHARAMAN, 2001).

    Para implementar efetivamente a GTQ no setor de servios, Sureshchandar, Rejadrane Anantharaman (2001), Mohanty e Behara (1996) e Lakhe e Mohanty (1995)

    enfatizam a necessidade em entender as caractersticas nicas de operaes de

    servios, o papel dos clientes to bem como dos fornecedores e a aplicao de

    conceitos de controle, ferramentas e tcnicas apropriadas da qualidade.

    Huq e Stolen (1998) reforam afirmando que, embora os conceitos da GQT so

    genricos, eles devem ser implementados diferentemente em indstrias de servios e

    manufatura e, que certas diferenas entre essas indstrias devem ser consideradas

    como o julgamento individual dos funcionrios de servios, a participao do cliente

    no processo do servio e a natureza intangvel dos servios. Um dos conceitos principais da GQT refere-se ao foco no cliente, que deve ser considerado pelas

    organizaes de servios como a fundamentao para implementao do sistema de

    gesto em seu ambiente, por causa de suas caractersticas peculiares que identificam

    sempre a participao do cliente no processo e a intangibilidade.

    Para Lemak e Reed (2000), o cliente o centro para proviso dos servios e

    necessrio o entendimento das caractersticas especficas dos servios oferecidos por

    causa da flexibilidade necessria demandada por diferentes tipos de envolvimento

    com o cliente. Um dos setores de servios que so mais encontrados na literatura

    sobre a aplicao de sistemas de gesto da qualidade so os hospitais e centros desade.

    Lim e Tang (2000) afirmam que, como uma resposta a demanda dos clientes, muitas

    organizaes de sade esto atentas na adoo de uma filosofia GQT e uma estratgia

    orientada ao cliente. Segundo os autores, um estudo emprico conduzido em 1997 em

    Singapura revelou que todos os respondentes, ou seja, 80% dos hospitais, vinham

    adotando algumas prticas de gesto da qualidade como uma resposta a demanda do

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    cliente. Alm de hospitais, tambm so encontrados na literatura relatos referentes

    aplicao efetiva da GQT em organizaes de servios como bibliotecas, servios de

    internet, agncias bancrias, clinicas dentrias e hotis.

    A implementao da GQT nessas organizaes definida por motivos bem

    semelhantes, com algumas limitaes e vrios benefcios, como relatam

    Longenecker e Scazzero (2000), Harr (2001), Chattopadhyay (1999), Yasin e Alavi(1999), Masters (1996), Lakhe e Mohanty (1995) apresentados no Quadro 3.4:

    Analisando o Quadro 3.4 pode-se verificar que os benefcios obtidos pelas

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    organizaes esto fortemente relacionados com os motivos de implementao da

    GQT. As limitaes encontradas referem-se, basicamente, a questes envolvendo os

    recursos humanos. De fato, como gerenciar qualidade no setor de servios significa

    gerenciar de forma efetiva os recursos humanos, as limitaes encontradas pelas

    organizaes podem ser superadas atravs de motivao contnua do pessoal,

    envolvimento e comprometimento da liderana e melhor conhecimento de teoriasgerenciais relacionadas qualidade, como relataram os autores que implementaram o

    sistema de gesto.

    Baseado em uma reviso completa da literatura prescritiva, conceitual, prtica e

    emprica de gesto da qualidade, Sureshchandar, Rejadran e Anantharaman, (2001)

    identificaram 12 dimenses de gesto da qualidade como fatores crticos para a

    instituio de um ambiente GQT em organizaes de servios.

    Essas dimenses foram identificadas como:

    - Comprometimento da alta gesto e liderana visionria;- Gesto de recursos humanos;

    - Sistema tcnico;

    - Sistema de anlise e informao;

    - Benchmarking;

    - Melhoria continua;

    - Foco no cliente;

    - Satisfao do empregado;

    - Interveno de sindicatos;

    - Responsabilidade social;- Viso do servio;

    - Cultura do servio.

    De modo particular em bibliotecas, a aplicao da GQT j obteve bons resultados,

    como descreve Masters (1996) que aplicou o sistema de gesto na biblioteca da

    Universidade de Harvard. Segundo o autor, a Biblioteca reescreveu sua viso

    considerando as mudanas necessrias no sentido de desenvolver uma nova cultura

    organizacional e, com a ajuda dos consultores, aprendeu sobre a GQT e incorporou

    seus princpios de excelncia de servios, grupos de trabalho, treinamento,habilidades, foco no sistema e processos e melhoria contnua. 65 Da mesma forma da

    implementao da GQT no setor de servios, a aplicao dos padres ISO 9000 vem

    obtendo resultados satisfatrios, melhorando seus processos e conquistando grande

    participao e envolvimento dos recursos humanos como descreve o sub-item a

    seguir.

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    3.4.2 ISO 9000 em ServiosO crescimento de empresas em servios com registro ISO 9001 sugere que a viso da

    qualidade neste setor vem conquistando reconhecimento considervel.

    Segundo Chan, Neailey e Ip (1998), a necessidade por um sistema de gesto

    estruturado tem sido reconhecida pelas organizaes de servios como indicado pela

    crescente tendncia de implementao da ISO 9000 no setor. Assim, como naaplicao do TQM em servios, a aplicao da ISO 9000 no setor, segundo Blind e

    Hipp (2003), requer que algumas caractersticas especficas sejam descritas e

    desenvolvidas, como:

    - Interao entre produo e consumo;

    - O alto contedo de informaes e a natureza intangvel do resultado do servio;

    - O papel chave de recursos humanos na proviso dos servios;

    - Inovao nos produtos em servios;

    - Padronizao na capacidade de execuo do servio;

    - Padronizao do processo de produo de servio;- Padronizao do resultado do servio.

    Por mais prolixo que seja, importante que as organizaes de servios descrevam

    seus processos e busquem padroniza-los. Os resultados obtidos atravs dessa

    padronizao com caractersticas personalizadas, beneficiam no somente o cliente

    externo, mas tambm os clientes internos e a organizao como um todo. Em

    indstrias de servios, o levantamento mundial de registros de sistemas de gesto da

    qualidade para padres ISO 9000 tem aumentado rapidamente com mais de 71.000

    organizaes de servios registrada no incio do ano de 2000, sendo que em algunssetores como administrao pblica, hotis, e restaurantes dobrou o nmero de

    registros em 1999, 66 enquanto outros como atacado e varejo tem aumentado para ser

    o quinto maior setor da industria (DICK, GALLIMORE e BROWN, 2002).

    O aumento de empresas de servios que buscam a certificao ISO 9001:2000 se

    intensificou a partir da reviso da norma em Dezembro de 2000, pois a ISO

    9001:2000 estabelece princpios que auxiliam a aplicao no setor:

    - Foco no cliente - Liderana

    - Envolvimento de pessoas

    - Abordagem do processo- Abordagem do sistema para gesto

    - Tomada de deciso baseada em fatos

    - Benefcio mtuo na relao com os fornecedores

    - Melhoria contnua.

    O sistema de qualidade ISO 9001:2000 declara ser aplicvel em qualquer organizao,

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    grande ou pequena, no importa o produto independente se seu produto um

    servio em qualquer setor de atividade, se uma empresa de negcios, uma

    administrao pblica ou um departamento do governo.

    A especificao dos critrios de qualidade na ISO 9001:1994 refere-se a todas aquelas

    caractersticas de um produto que requisitado pelo cliente, enquanto gesto da

    qualidade na ISO 9001:2000 significa que a organizao garante seus produtosconforme os requisitos do cliente (DICK, GALLIMORE e BROWN, 2002).

    Segundo Karapetrovic e Willborn (1998), h inmeros benefcios atravs da

    implementao de um sistema de gesto na indstria de servios. Os autores,

    juntamente com Gadelha (2002) e Chan, Neailey e Ip (1998), afirmam que, como um

    guia para gesto da qualidade, a ISO 9004-2:1994 enfatizava a importncia do

    relacionamento interpessoal no processo e a influncia humana na qualidade do

    servio, fornecendo a oportunidade para melhorar a produtividade e a eficincia,

    reduzindo custos e aumentando a participao no mercado. Entretanto, no era possvel a certificao atravs da ISO 9004-2:1994 e, junto com o guia, a ISO

    9001:1994 era um padro de escolha de gesto da qualidade em servios.

    No entanto, a aplicao da norma ISO 9000:1994 encontrada na literatura pela

    escolha das organizaes de servios principalmente pela ISO 9002:1994.

    A aplicao da ISO 9002:1994 e, conseqentemente a ISO 9001:2000 foram

    identificadas na literatura, por vrios motivos, obtendo vrios benefcios e com

    algumas limitaes ocorridas. A maioria das organizaes de servios que

    implementaram a ISO 9002:1994 vem buscando a certificao ISO 9001:2000 devido

    aos resultados positivos obtidos atravs da implementao da norma, segundo aliteratura.

    Sendo assim, o Quadro 3.5 identifica alguns motivos de aplicao da norma,

    benefcios e limitaes, segundo o relato de caso de alguns autores:

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    Como demonstrado no Quadro 3.4 da aplicao do TQM no setor de servios, a

    implementao de sistemas de gesto da qualidade normalizados tambm obteve, e

    continuam a obter, resultados positivos tanto para os clientes como para as relaes

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    internas e externas da organizao.

    Da mesma forma que no Quadro 3.4, os benefcios obtidos esto relacionados com os

    motivos de implementao da norma, assegurando a qualidade nos servios

    oferecidos atravs da satisfao dos clientes, das relaes internas da organizao e do

    relacionamento com fornecedores e com o mercado competitivo. As limitaes

    encontradas esto relacionadas basicamente questes humanas da organizao.Essas limitaes foram superadas, segundo a literatura, atravs de treinamentos e

    motivao dos funcionrios, bem como um melhor entendimento do sistema de gesto

    da qualidade em relao a terminologias, benefcios, requisitos, entre outros. Da

    mesma forma, os treinamentos tambm se relacionaram a formas de auxiliar na

    correo e preveno de falhas que poderiam ocorrer. Nesse sentido, pode-se verificar

    a efetividade da aplicao das normas para sistemas de gesto no setor de servios,

    contribuindo para melhorias internas e externas da organizao.

    A aplicao da ISO 9001:2000 em empresas de servios, descrita por Dick, Gallimore

    e Brown (2002) considera que a certificao da qualidade tem uma nfase importantee com resultados diferentes de outras empresas de servios no certificadas. Em uma

    survey, os autores mostraram que as empresas tinham aumentado o uso e a nfase de

    medidas de qualidade interna e baseada no cliente.

    No setor de bibliotecas em particular, Johansen (1996) afirma que o objetivo primrio

    de comear um programa de qualidade no a certificao por si, mas o desejo de

    melhoria do processo da gesto de servios aos clientes.

    Segundo Clausen (1995), nos incios dos anos de 1990, assuntos de qualidade foram

    destacados em muitas bibliotecas e setores de servios.Em 1991, um nmero de profissionais da informao dinamarqus comeou a discutir

    assuntos de qualidade, e, em 1992, o centro de informaes e negcios da Dinamarca,

    recebeu 24.000 libras de concesso da NORDINFO (Conselho Nrdico para

    Informao Cientfica e Bibliotecas de Pesquisa) para o projeto Desenvolvimento de

    sistemas de gesto da qualidade certificados em bibliotecas e setores da informao.

    O projeto foi finalizado em 1994 e, em 1995, foi publicado ISO 9000 para

    bibliotecas e centros de informao: um guia, cujo objetivo era contribuir para:

    - Melhoria da qualidade geral de servios e produtos de informao;

    - Desenvolvimento de novas ferramentas para melhoria da qualidade;- Aumento da competitividade no campo da informao;

    - Promoo do processo de certificao das instituies no campo de biblioteca e

    informao;

    - Difuso do entendimento sobre certificao da qualidade de instituies no campo

    da informao e desenvolvimento europeu geral.

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    Johannsen (1996) afirma que o resultado de uma survey da gesto da qualidade

    Nrdica indica que aproximadamente 10% dos profissionais da informao de

    negcios do setor pblico ou privado tem atualmente se envolvido em um processo de

    avaliao ISO 9000.

    De acordo com Selvi (2002), para a implementao e execuo do sistema de gesto

    da qualidade total para o sistema, os profissionais de bibliotecas tm de entender osconceitos principais de TQM e ISO 9000 por eles mesmos e tm de ser treinados

    nesta nova filosofia e tcnica. O autor afirma ainda que a ISO 9000 formaliza

    sistemas que j esto em uso e podem ajudar bibliotecas a executar melhores servios

    aos clientes. O autor identifica algumas vantagens da ISO 9000 em bibliotecas, que

    so:

    - Reduo de custos;

    - Preveno de erros;

    - Reduo da tenso entre os empregados, porque eles sabem o que esperado deles;

    - Oferecimento de servios de biblioteca mais eficientemente e diretamente; - Maiororganizao e consistncia da biblioteca;

    - Melhor comunicao e projeto;

    - Senso de ordem aos negcios e servios e preveno de problemas;

    - Controle e boa comunicao.

    Em uma aplicao da ISO 9002:1994 na Biblioteca da Universidade Autnoma de

    Barcelona, Balague Mola (2002) concluiu que a implementao da norma significou

    mudanas no sistema de trabalho e no comprometimento pessoal da equipe.

    Para a autora, um sistema de qualidade regido pela ISO 9002 deve demonstrar queseus requisitos se cumprem a todo momento, no se tratando de fazer mais coisas em

    menos tempo e nem de faze-las de modo espetacular, mas em descrever o que se faz,

    faz-lo e demonstrar a todo momento que se tem feito tal como documentado.

    A afirmao de Balague Mola (2002) est relacionada verso da norma ISO 9000 de

    1994, sendo que tal forma de trabalho foi redefinida na nova verso da norma em

    2000, que enfatiza a melhoria continua dos processos em busca da excelncia. Sendo

    assim, a afirmao da autora no pode mais ser considerada como preceito.

    Clausen (1995) e Johannsen (1996) afirmam que um dos principais obstculos para

    entendimento da ISO era que havia mal entendidos terminolgicos e, pelo fato dovocabulrio da ISO 8402:1994 ser tipicamente tcnico, era necessrio traduzir o texto

    padro para o uso dos profissionais da informao. Por isso, o autor sugere que muita

    preparao deveria ser realizada antes que a linguagem tcnica da ISO 9000:1994

    pudesse ser entendida por todos dos servios de informao.

    Balague Mola (2002) na aplicao da ISO 9002 na Biblioteca, identificou como

    dificuldades no processo a complacncia com o status quo, o medo de mudana pelos

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    funcionrios e a falta de reconhecimento na administrao pblica. Existem poucos

    relatos de aplicao da ISO 9001:2000 no setor de servios no Brasil.

    Extrado do trabalho de :

    SIMONE ANGLICA DEL-DUCCA BARBDOhttp://adm-net-a.unifei.edu.br/phl/pdf/0031036.pdf

    SISTEMA DE GESTO DA QUALIDADE EM

    SERVIOS: ESTUDO DE CASO EM UMA

    BIBLIOTECA UNIVERSITRIA