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VASTY VERUSKA RODRIGUES FERRAZ CARLOS ROBERTO PIRES CAMPOS QUANDO OS SABERES DOS PESCADORES(AS) E MARISQUEIROS(AS) DE CARIACICA-ES VÃO À ESCOLA Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo Vitória, Espírito Santo 2017

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VASTY VERUSKA RODRIGUES FERRAZ

CARLOS ROBERTO PIRES CAMPOS

QUANDO OS SABERES

DOS PESCADORES(AS) E

MARISQUEIROS(AS) DE CARIACICA-ES

VÃO À ESCOLA

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo

Vitória, Espírito Santo

2017

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Instituto Federal do Espírito Santo

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS EMATEMÁTICA

Mestrado Profissional em Educação em Ciências e Matemática

Vasty Veruska Rodrigues Ferraz

Carlos Roberto Pires Campos

QUANDO OS SABERES POPULARES DOS(AS) PESCADORES(AS) E MARISQUEIROS(AS)

DO MUNICÍPIO DE CARIACICA -ES VÃO À ESCOLA

Vitória 2017

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FICHA CATALOGRÁFICA

(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)

F381q

Ferraz, Vasty Veruska Rodrigues.

Quando os saberes populares dos(as) pescadores(as) e

mariqueiros(as) do município de Cariacica-ES vão à escola /

Vasty Veruska Rodrigues Ferraz, Carlos Roberto Pires

Campos. – Vitória: Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Espírito Santo, 2017.

85 p. : il. ; 21 cm.

ISBN: 978-85-8263-207-9

1. Saberes populares. 2. Espaços não formais. 3.

Educação Ambiental Crítica. 4. Manguezal. I. Campos, Carlos

Roberto Pires. II. Instituto Federal do Espírito Santo. III. Título

Copyright @ 2015 by Instituto Federal do Espírito Santo

Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto nº. 1.825 de 20 de dezembro de 1907. O conteúdo dos textos é de inteira responsabilidade dos respectivos autores.

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Material bibliográfico eletrônico.

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Programa de Pós- graduação em Educação

em Ciências e Matemática

Av. Vitória, 1729 – Jucutuquara.

Prédio Administrativo, 3oandar. Sala do

Programa Educimat. Vitória – Espírito Santo –

CEP 29040780

Comissaõ Científica

Dr. Carlo Roberto Pires Campos, D.Ed. – IFES

Dr. Carlos Frederico Bernardo Loureiro, D.Ed. - UFRJ

Dra. Manuella Villar Amado, D.Ed. – IFES

Coordenação Editorial

Sidnei Quezada Meireles Leite Maria Alice Veiga Ferreira de Souza

Revisão de Texto

Carlos Roberto Pires Campos

Fotografia Vasty Veruska Ferraz

Capa e Editoração Eletrônica

Welington Batista dos Anjos

Produção e Divulgação Programa Educimat,Ifes

Instituto Federal do Espírito Santo Denio Rebello Arantes Reitor Araceli Verônica Flores Nardy Ribeiro Pró-Reitor de Ensino Márcio Almeida Có Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação Renato Tannure Rotta de Almeida Pró-Reitor de Extensão e Produção Lezi José Ferreira Pró-Reitor de Administração e Orçamento Ademar Manoel Stange Pró-Reitora de Desenvolvimento Institucional Diretoria do Campus Vitória do Ifes Ricardo Paiva Diretor Geral do Campus Vitória – Ifes Hudson Luiz Cogo Diretor de Ensino Marcia Regina Pereira Lima

Diretora de Pesquisa e Pós-graduação Sergio Zavaris Diretor de Extensão Roseni da Costa Silva Pratti Diretor de Administração

Editora do Ifes

Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Espírito Santo Pró-Reitoria de

Extensão e Produção

Av. Rio Branco, nº 50, Santa Lúcia Vitória –

Espírito Santo - CEP 29056255 Tel. (27)3227-

5564

E-mail:[email protected]

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Autores

Vasty Veruska Rodrigues Ferraz:

Professora da Educação Básica da Prefeitura Municipal de Cariacica. Licenciada em Geografia pela Universidade Federal do Espírito Santo. Especialista em Educação e Gestão Ambiental, mestre pelo Programa de Mestrado Profissional em Educação em Ciências e Matemática (Educimat) do IFES. Pesquisadora dos saberes populares dos(as) pescadores(as) e marisqueiros(as) do município de Cariacica e dos espaços não formais, Educadora Ambiental e componente do grupo de pesquisa DIVIPOP, que trata das relações entre a Divulgação Científica e popularização da Ciência em espaços educativos não formais da perspectiva CTSA.

Carlos Roberto Pires Campos:

Pós-doutor em Ciência, Tecnologia e Educação pelo Programa de Pós-graduação em Ciência, Tecnologia e Educação do CEFET/RJ (2015). Possui doutorado em História Social da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC (2003), Mestrado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1995), Mestrado em Arqueologia pelo Museu Nacional da UFRJ, (2012). Especialização Latu Senso em Geologia do Quaternário pelo Museu Nacional da UFRJ (2015), Graduação em Ciências Sociais pela Newton Paiva/MG (1988) e Graduação em Letras pela FAFI/MG (1990). Atualmente é professor permanente do Programa de Mestrado em Educação em Ciências e Matemática, do Programa de Mestrado em Ensino de Humanidades e do PROFLETRAS, todos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, Campus Vitória. É Líder do Grupo de Pesquisa DIVIPOP, que trata das relações entre a Divulgação Científica em espaços educativos não formais da perspectiva CTSA.

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Da nascente o rio corre E o meandro vem após Afluentes se agregam Entrelaçam como nós E o seu leito cresce mais Quando forma manguezais Já chegando pela foz E fornece alimentos Pra toda a população Pois nele tem a lagosta Caranguejo e camarão O robalo e a sardinha Caramujo na conchinha E também o mexilhão Quem vive nesse bioma Depende em toda a via Do que o mangue fornece Para a sua economia Que tem a sua essência E sua subsistência Forjadas no que ele cria Cada ser tem seu papel E cada bioma é uma lar Todo homem deve ter A razão de preservar Pras futuras gerações Não sofrerem nas ações Que fazemos sem pensar

(Trechos do cordel de Robson Renato)

O M

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Dedico este trabalho a todos os pescadores(as) e marisqueiros(as) tradicionais do município de Cariacica – ES e do litoral brasileiro, que compõem a nossa diversidade cultural, que fazem deste país uma verdadeira profusão de vida, saberes e sabores.

S

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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 9

INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 12

SABERES POPULARES E CIDADANIA ..................................................................... 15

ECOSSISTEMA MANGUEZAL .................................................................................... 21

SABERES POPULARES DOS (AS) PESCADORES(AS) E MARISQUEIROS(AS)

DE CARIACICA ETNOGRAFADOS............................................................................. 29

A ELABORAÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA ...................................................... 36

AULAS DE CAMPO ......................................................................................................... 39

A SEQUÊNCIA DIDÁTICA .......................................................................................... 45

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 57

APÊNDICES A: RESUMO DOS VÍDEOS DA SD .................................................. ..61

ANEXO A: MÚSICA ENCONTRO (GRUPO CANTAROLAMA) .......................... ..63

ANEXO B: TRECHOS DO LIVRO CARIACICA: NOSSO MUNICÍPIO –

NOÇÕES HISTÓRICAS E GEOGRÁFICAS ..................................... ..64

ANEXO C: IMAGEM DO GOOGLE EARTH LOCALIZANDO A ESCOLA E O

MANGUEZAL ......................................................................................... ..67

ANEXO D: HISTÓRA EM QUADRINHOS DO ALMANAQUE MENINO

CARANGUEJO ....................................................................................... ..68

ANEXO E: TEXTO – O TEMPO E A HISTÓRIA .................................................. ..77

ANEXO F: A RODA DOS PROBLEMAS – CASO DO CARANGUEJO -UÇÁ .... ..80

ANEXO G: ATIVIDADE – PEGADA DE GIGANTE .............................................. ..84

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APRESENTAÇÃO

Este material de apoio pedagógico compõe a dissertação de

mestrado da geógrafa e professora pesquisadora em Educação

e Ensino de Ciências Vasty Veruska R. Ferraz. Destina-se

principalmente a professores que visam a trabalhar com

saberes populares de pescadores(as) e marisqueiros(as) que

tiram o seu sustento do universo da lama, dos frutos do

manguezal, onde a sua sobrevivência está intimamente

relacionada a existência desse ecossistema e de sua

manutenção em boas condições. A proposta do material é

destacar os saberes adquiridos durante anos de idas e vindas à

maré, como é comumente chamado o manguezal pelos

trabalhadores do município de Cariacica - Espírito Santo, e

como é possível articular os saberes populares aos saberes

científicos por meio de uma Sequência Didática (SD). É

importante destacar que as tarefas são sugestões que podem

ser adaptadas de acordo com o grupo eleito para se trabalhar o

tema, qual seja, níveis e modalidades de ensino distintas.

Todas as propostas são minuciosamente caracterizadas e

acompanhadas da descrição dos elementos necessários à sua

aplicação. Ressaltamos que a SD completa com

problematização, objetivo geral, objetivos específicos e

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dinâmicas, encontra-se no apêndice do material de apoio

pedagógico. As atividades que compõem o material foram

pensadas levando em consideração a perspectiva da

Educação Dialógica Freiriana, o Pensamento Complexo de

Edgar Morin e os pressupostos da Educação Ambiental Crítica

(EAC) de Carlos Frederico Loureiro. Freire evidencia o diálogo

como eixo fundamental para uma educação libertadora, a

ausência de diálogo pode consolidar o “eu” como detentor da

verdade plena, sem troca de experiências e saberes que

emanam do processo coletivo de libertação. A educação

libertadora prima pela formação de um cidadão consciente, que

compreenda os problemas que permeiam a nossa sociedade,

um cidadão que seja capaz de intervir na sua realidade,

participando de decisões que irão afetar direta ou indiretamente

a sua vida. A EAC postulada por Loureiro é uma Educação

Ambiental que considera que é preciso haver mudanças na

esfera individual e coletiva, com cidadãos situados socialmente,

é entender e levar em conta que os sujeitos possuem nomes,

história, vontades, paixões, sonhos, desejos, interesses e

necessidades próprias. O Meio Ambiente (MA) e sua

degradação estão sendo o escopo de preocupação nas últimas

décadas, o padrão econômico adotado pelos países tem sido

questionado, pois além de devastar, deteriorar e poluir, ele gera

desigualdades, exclusão social e fome em todas as partes do

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planeta. Loureiro expressa que para superarmos o modelo de

sociedade existente é primordial que os cidadãos entendam o

seu papel social e quais são as influências da sociedade no

seu modo de vida. Morin profere que o pensamento complexo

seria, pois uma espécie de articulador de diferentes disciplinas

primando por um saber não fragmentado, que reconhece que o

conhecimento é algo incompleto, imperfeito, passível de ser

reformulado. O pensamento simplificador, ao contrário, anula a

diversidade, fragmenta o conhecimento, não possibilitando

associação entre ele. Morin (2008), em sua abordagem,

defende que é preciso realizar a interlocução entre o físico, o

biológico, o social e o cultural e histórico, visto que, transmite a

ideia de compartilhamento de saberes que considera o ser

humano uma organização sistêmica complexa.

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INTRODUÇÃO

A proposta deste material de apoio pedagógico foi elaborada a

partir da dissertação de mestrado de Vasty Veruska Ferraz

(2017) cuja a pesquisa é intitulada “Abordagem Pedagógica

dos Saberes Populares dos(as) Pescadores(as) e

Marisqueiros(as) do Município de Cariacica-ES da Perspectiva

da Educação Ambiental Crítica”.

A sustentabilidade e a EA, a priori, não depende de formação

acadêmica, elas podem ser um modo de vida assumido por um

determinado grupo, podem ser uma prática diária realizada em

uma determinada comunidade.

Os saberes das comunidades litorâneas acabam por não

ocupar um lugar no currículo escolar já que, os materiais

didático pedagógicos não se referem a zona costeira como um

área onde existem diversos estilos de vida tradicionais e

portanto, um universo de diferentes conhecimentos. Os

materiais pedagógicos trabalham em geral com o conceito do

que são as áreas litorâneas, quais atividades econômicas são

comumente desenvolvidas nelas como atividade industrial,

comercial e turística. Os(as) pescadores(as) e marisqueiros(as)

tradicionais, mesmo que empiricamente, possuem um grande

conhecimento da arte de pescar, das embarcações, do

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beneficiamento do pescado, das espécies de peixes, dos

ventos, do clima, das marés, do período de acasalamento e de

desova, do sexo dos animais e sua anatomia, da dieta da

fauna, da biologia da flora, da técnica de coleta de sururus,

ostras e caranguejos, dos problemas das pessoas que

sobrevivem do manguezal. Esses saberes não são

sistematizados nos livros didáticos e poderiam ser ótimos

aliados das aulas de ciências, geografia, história, matemática,

português, educação física e artes.

A realidade do mundo litorâneo não ocupa muito espaço nos materiais curriculares; consequentemente, nas instituições escolares em que os livros-texto são o instrumento prioritário de informações, os estudantes dificilmente conhecerão essa realidade silenciada [...] (SANTOMÉ, 1998, p.145).

Os conhecimentos populares em geral, não possuem a mesma

notoriedade que os conhecimentos científicos, uma vez que,

comumente as populações que o produzem ocupam na

hierarquia social, a porção mais baixa da pirâmide. Outro

elemento marcante é o fato de que esses povos criaram uma

relação de dependência da natureza, dado que, sua

sobrevivência e seu modo de vida estão totalmente associados

a ela. É no mínimo interessante que os conhecimentos

tradicionais e populares de um determinado grupo sejam

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valorizados, reconhecidos, etnografados, pois é uma maneira

de difundi-los e contribuir para a sua permanência no tempo.

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SABERES POPULARES E CIDADANIA

Ao tratarmos do meio ambiente e as intrincadas relações que

se desenvolvem neste contexto, devemos incluir toda

sociedade neste debate. Embora pareça óbvio, na maioria das

vezes, é comum haver muitas representações que defendem a

concepção naturalista de Meio Ambiente (MA). As pessoas

pensam apenas nos aspectos naturais, pensam em uma

natureza intocada, como algo distante do seu cotidiano.

Manguezal de Cariacica-ES

Fonte: Arquivo pessoal da autora (2016)

Ao abordarmos a EA em sala de aula, devemos destacar nossa

responsabilidade para com a formação crítica de cidadãos de

modo a se posicionarem diante dos problemas reais que

afetam diretamente a sua vida, de modo a buscarem soluções,

mitigarem ou proporem alternativas que visem ao benefício

para o meio. "[...] A cidadania que queremos é aquela que

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passa a ser exercida mediante posturas críticas na busca de

modificações do ambiente natural – e que estas sejam,

evidentemente, para melhor”. (CHASSOT, 2010, p.140).

Como estamos abordando o ecossistema manguezal, seguem

algumas ilustrações de Cariacica dos principais problemas que

afetam esse ecossistema.

Esgoto

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Aterro e desmatamento

Pesca Predatória

Estamos familiarizados com a Ciência elaborada por

intelectuais, pessoas que passam muito tempo trancafiadas em

um laboratório e o que elas dizem não pode ser posto em

dúvida. A ciência vista como algo produzido por homens

comuns, e não "deuses", como uma pesquisa sujeita à falhas,

probabilidades e incertezas, é algo ainda muito recente para o

público leigo e isso abala, muitas vezes, alguns princípios.

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Todavia, os saberes populares1 são frequentemente produzidos

fora das universidades, por uma classe social desfavorecida e

são baseados em observações, vivências, experimentações.

Sofrem alguns preconceitos, dado que, o saber científico é um

tanto quanto elitista, pois somente um grupo seleto possui a

autoridade para fazê-lo. No entanto, não podemos deixar de

reconhecer que, inúmeras vezes, a academia se fez presente

no meio popular para entender melhor como um determinado

evento ou fenômeno ocorre, para tentar examiná-los por meio

dos olhos da ciência e até mesmo incluí-los no meio

acadêmico.

Para que as culturas ou vozes dos grupos sociais minoritários

sejam consideradas em sala de aula, é primordial que a

discussão sobre a elaboração do currículo e a seleção dos

conteúdos escolares inclua toda comunidade educativa, pois a

responsabilidade pela educação precisa ser compartilhada.

Segundo Santomé (1998), para que os alunos pratiquem e se

exercitem de maneira apropriada para viver e unir-se a sua

comunidade, é preciso planejar projetos curriculares em que

eles sejam compelidos a argumentar, examinar, opinar e tomar

decisões.

1 O que Chassot denomina de Saber Popular, autor como Jurjo Torres Santomé

em seu livro Globalização e Interdisciplinaridade - o currículo integrado, (1998)

define como culturas ou vozes dos grupos sociais minoritários.

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Observamos que no cenário atual há necessidade de

repensarmos nossos fazeres, estratégias e metodologias na

abordagem dos conteúdos, tanto em sala de aula quanto nos

espaços educativos não formais. O ato de investigar e

solucionar problemas, por exemplo, colabora de maneira

significativa para o processo de emancipação do indivíduo, pois

ele desenvolve sua autonomia, seu raciocínio, levando-o a

elaborar hipóteses e a propor resoluções para uma

determinada situação. A consciência crítica e o ato político que

a educação demanda se fortalecerão quando a comunidade

participar dos projetos curriculares escolares.

Portanto, a ação educacional pretende, além de desenvolver capacidades para tomada de decisões, oferecer aos estudantes e ao próprio corpo docente uma reconstrução reflexiva e crítica da realidade, tomando como ponto de partida as teorias, conceitos, procedimentos, costumes, etc., que existem nessa comunidade e aos quais se deve facilitar o acesso [...] (SANTOMÉ, 1998, p.130).

A escola normalmente está incluída em uma determinada

comunidade e um dos seus papéis é envolver esta comunidade

para que ela participe efetivamente das decisões que afetam

tanto o ensino dos discentes, quanto o entorno. Criar uma

relação em que predomine a gestão participativa configura-se

como uma ação fulcral para caracterizar elementos peculiares

e valiosos daquela população, os quais poderão dar sentido à

educação, tornando-a crítica. O saber popular é uma das

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ferramentas que pode ser adotada pelos docentes, pois

representam a prática, a vida e as narrativas dos moradores de

um determinado local. Passados de pai e mãe para os filhos,

ou até mesmo de geração em geração, estes saberes estão

repletos de significados das práticas que os caracterizam,

estão presentes nas memórias e histórias de grupos que

comumente, são caracterizados como humildes e sem

escolaridade.

Os saberes do qual estamos tratando, é fruto de experiências

cotidianas com o manguezal, por isso vamos discorrer sobre as

suas principais características.

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ECOSSISTEMA MANGUEZAL

Os manguezais ocorrem na zona tropical e subtropical do

planeta, em áreas estuarinas, no encontro do rio com o mar. No

Brasil ele ocupa as áreas costeiras do estado do Amapá ao

estado de Santa Catarina. O manguezal é um dos

ecossistemas mais produtivos e mais resilientes do mundo,

porém vem sofrendo em virtude da falta de planejamento

urbano, problema que atinge inúmeras cidades brasileiras. A

definição adotada para descrever esse ecossistema foi

desenvolvida por Novelli

Ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, característicos de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime de marés. É constituído de espécies vegetais lenhosas típicas (angiospermas), além de micro e macroalgas (criptógamas), adaptadas à flutuação de salinidade e caracterizadas por colonizarem sedimentos predominantemente lodosos, com baixos teores de oxigênio [...] ocorre em regiões costeiras abrigadas e apresenta condições propícias para alimentação, proteção e reprodução de muitas espécies animais, sendo considerado importante transformador de nutrientes em matéria orgânica e gerador de bens e serviços (NOVELLI, 1995, p. 07).

Entre os recursos naturais do Estado do Espírito Santo,

destacam-se as áreas de manguezal por retratarem um

patrimônio importante, pois constituem zonas de elevada

produtividade biológica. Ocupam uma área aproximada de 70

km², sendo os bosques mais extensos encontrados no entorno

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da Baía de Vitória e nos estuários dos rios Piraquê-Açu e São

Mateus (VALE; FERREIRA, 1998).

Manguezal de Cariacica

Curiosidade: Dos 172.000 quilômetros quadrados de manguezais

existentes no mundo, o Brasil responde por 15% do total, ou seja,

26.000 quilômetros quadrados distribuídos em todo litoral brasileiro,

partindo do Amapá até Santa Catarina.

Por Eduardo de Freitas

Conforme informações retiradas do site oficial da Prefeitura

Municipal de Cariacica (PMC), o manguezal de Cariacica se

localiza entre um dos rios mais importantes do Espírito Santo, o

Santa Maria da Vitória, com 122 quilômetros até sua foz. Os

manguezais apresentam em toda sua extensão porções de

áreas bem preservadas que são utilizadas por diversas famílias

que sobrevivem da pesca e da coleta de caranguejos e

crustáceos. A foz deste rio é dividida em dois braços, uma que

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deságua na praia de Camburi, no município de Vitória; e outro,

conhecido como braço sul, que contorna toda a baía de

Cariacica, até desaguar no mar.

O site oficial da PMC também fala sobre o rio Bubu, que nasce

na Reserva Florestal de Duas Bocas, na porção oeste do

município e desemboca no braço sul do rio Santa Maria da

Vitória, após um curso de cerca de 18 km. Ele percorre um

trajeto bastante urbanizado e atravessa os bairros de Flexal e

Vila Prudêncio, ambos localizados em Cariacica.

Rio Bubu

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Segundo o Guia “Os Maravilhosos Manguezais do Brasil”

(2008), o litoral brasileiro apresenta quatro espécies de

vegetação, que são denominadas de mangue: Rhizophora

mangle (mangue vermelho), Laguncularia racemosa (mangue

branco), Avicenia schaueriana (mangue preto, canoé) e

Conocarpus erectus (mangue de botão). Em Cariacica há uma

predominância do mangue vermelho, sendo encontrado um

número menor de indivíduos das outras espécies que foram

citadas acima. Em relação à tolerância ao sal pelas plantas,

Fernandes e Peria (1995) verificaram que o gênero

Rhizophora, é menos tolerante (desenvolvendo-se melhor em

locais onde há 50 partes de sal por 1.000 partes de água),

sendo o gênero Avicennia mais tolerante (conseguindo

sobreviver em locais onde as águas intersticiais chegam a

conter 65 a 90 partes de sal por 1.000 partes de água ) e

Laguncularia com tolerância intermediária.

Mangue vermelho-Cariacica

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Em conformidade com o Os Maravilhosos Manguezais do

Brasil” (2008), a fauna possui uma grande variedade e é

encontrada no corpo aquático, no substrato lodoso, nos troncos

e copas das árvores. Na água, encontraremos siris, peixes e

camarões, no sedimento é possível identificar anelídeos,

moluscos e crustáceos. Sobre o sedimento, pode-se observar

mamíferos e na vegetação encontram-se moluscos,

crustáceos, insetos, e aracnídeos. O interessante é que as

aves habitam por todos os meios, em determinados momentos

elas estão em busca de alimentos na água ou nos sedimentos

decantados e na camada lamosa, e em outros elas se abrigam

ou se reproduzem no mangue.

Colhereiro Camarão

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Caranguejo Sururu

Os manguezais são de suma importância econômica,

ecológica, cultural e pedagógica para as populações humanas,

sobretudo para aquelas que se encontram no seu entorno, na

sua área de influência ou sobrevivem do extrativismo dos frutos

desse ecossistema.

O trabalho buscou reconhecer a importância da preservação

dos manguezais para a manutenção da cultura e sobrevivência

do modo de vida adotado por inúmeras famílias cariaciquenses,

enfatizando a importância desses povos para manterem vivos

os conhecimentos produzidos de geração em geração,

conhecimentos que só o convívio diário e constante pode

proporcionar.

Foto

: Veru

ska

Fer

raz

Foto

: Veru

ska

Fer

raz

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Família coletando sururu

Os manguezais também sofrem com o processo de

degradação antrópica que ocorre diariamente, pois eles

representam locais oportunos para o estabelecimento de

alguns empreendimentos que atendem aos interesses

individuais em detrimento aos interesses coletivos.

Os manguezais de Cariacica estão sujeitos a essas condições

que podem variar de acordo com mercado, premissa de

funcionamento da nossa economia, ainda mais se levarmos em

consideração que as áreas que envolvem esse ecossistema

estão fragilizadas.

Foto

: Veru

ska

Fer

raz

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O município de Cariacica - E.S possui um grande território

ocupado por manguezais. Em 2007, foram criadas duas

unidades protegidas destinadas à conservação dos mesmos: a

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Municipal dos

Manguezais de Cariacica (740,51 ha) e o Parque Natural

Municipal Manguezais do Itanguá (31,34 ha). Porém vale

ressaltar que, como o plano de manejo das duas áreas

supracitadas não foi elaborado até o atual momento, e os seus

limites territoriais não foram delimitados, elas se encontram em

uma situação vulnerável ao desmatamento, aterro, pesca

predatória, despejo de lixo e esgoto, entre outros. Isso

compromete todas as formas de vida que dependem da

manutenção equilibrada desse ecossistema.

Nesse contexto torna-se muito importante apresentar todo o

potencial ecológico, produtivo e paisagístico que envolve os

manguezais em questão, a fim de, possibilitar novas leituras de

mundo.

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SABERES POPULARES DOS (AS)

PESCADORES(AS) E MARISQUEIROS(AS) DE

CARIACICA ETNOGRAFADOS

A partir de entrevistas, anotações em diário de campo e

observação participante, foi possível etnografar alguns saberes

populares do grupo pesquisado. Estes foram elencados abaixo

e serão acompanhados por atividades sugeridas na SD,

lembrando que elas não representam um modelo a ser

seguido. Leve em consideração a turma, a modalidade de

ensino, características específicas da série onde será aplicada,

a comunidade onde a escola está inserida, entre outros. As

aulas serão descritas abaixo de maneira sintetizada por se

tratar de uma turma de 5°ano, onde o professor regente

permanece praticamente as cinco aulas com os discentes,

exceto quando eles participam da aula de artes e de Educação

Física, porém o número de aulas exato se encontra na SD.

A aula 01, 02 e 03 foi a PI, cujo tema trabalhado será o

manguezal, em todos os seus aspectos e componentes. Uma

das atividades é a elaboração do mapa conceitual falado,

destacando o que os alunos conhecem sobre o manguezal e

estabelecendo uma associação entre as falas. Para fechar

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comentários relacionados às frases foi recomendada a

execução de uma música que se chama Encontro do grupo

Cantarolama (Anexo A). Está disponível no canal Youtube do

Google. Não se esqueçam de projetar a letra da música e

imagens do ecossistema manguezal, isso pode facilitar a

aprendizagem.

Saber - Maré

Tipos de saberes - Maré de enchente, de vazante, de

lançamento, morta, quebra para morta, maré espraiando,

grande, baixa, alta.

Influência - Correnteza, navegação, no horário da pesca,

quantidade de maruí.

Saber – Lua

Tipos de saberes - Minguante, nova, cheia, crescente.

Influência - Na altura da maré, no tamanho do marisco e no

tipo de peixe a disposição, na quantidade do pescado e na

correnteza.

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Saber – Vento

Tipos de saberes - Nordeste, nordestão, norte, sul, leste.

Influência - Navegação, agita as águas, o mar fica grosso,

aumenta as ondas, deixa as águas tranquilas, não produz

ondas, na disponibilidade de peixes.

Saber – Localização

Tipos de saberes - Onde estão os pesqueiros, o melhor

horário para localizar os mariscos, peixes e camarões,

temperatura das águas.

Influência - Na quantidade e tipos de peixes pescados,

precisão na retirada dos mariscos, melhor aproveitamento

do tempo de trabalho.

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Saber – Período reprodutivo

Tipos de saberes - Tipos de peixes disponíveis e meses do

período reprodutivo das espécies, tempo de duração do

defeso, mariscos que podem ser coletados, período da

desova do camarão, período de andada,dos caranguejos,

ausência de fiscalização dos órgãos públicos responsáveis.

Influência - Na rotina de trabalho, renda familiar, interrupção

da coleta de mariscos e da pesca, maior quantidade de

indivíduos de uma determinada espécie em uma determinada

época do ano, pescado mais manso e maior.

Saber – Cadeia alimentar

Tipos de saberes - Sabem que não se pode pescar filhotes,

que é preciso manter o equilíbrio do ambiente para

continuidade da vida.

Influência - Disponibilidade e tamanho dos mariscos e

pescado.

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Saber – Produção de ferramentas artesanais

Tipos de saberes - Confecção de tarrafas, iscas artificiais e

naturais, anzóis, apetrechos para facilitar a retirada do

sururu da casca, adaptação de bombona para coleta de

mariscos.

Influência - Diminuição no custo da pesca, maior

aproveitamento, apropriação de métodos tradicionais no

manejo do ambiente.

Saber – Beneficiamento do pescado

Tipos de saberes - Como manter os mariscos e os peixes

frescos, como retirar as casquinhas do sururu, como

manter o camarão vivo, quais são as etapas para que o

marisco fique pronto para o consumo e comercialização,

como abrir ostras.

Influência - Melhor qualidade do pescado e mariscos.

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Saber – Saúde e higiene

Tipos de saberes - Noção de valores nutricionais dos

mariscos, destino adequado das partes dos mariscos e peixes

que não são consumidas, percepção de tempo em que

mariscos e peixes podem ficar fora da geladeira e sem

congelar.

Influência - Na qualidade de mariscos e peixes

comercializados.

Saber – Legislação/Prática Social/ Direitos Humanos

Tipos de saberes - Conhecem seus direitos e deveres, todos

possuem carteirinha de pescador artesanal.

Influência - Sazonalidade do pescado, período de defeso,

tipo de pesca, , local de retirada de mariscos e pesca,

petrechos que podem ser portados, tipo de rede, tipo de

embarcação, tempo para aposentadoria.

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Saber – Preservação

Tipos de saberes - Importância de se preservar o manguezal

para a manutenção das diversas formas de vida, para o

sustento de suas famílias, para perpetuação de sua cultura e

de seu modo de vida, conhecem os impactos negativos

causados pela pesca de balão, consciência da ausência do

Estado na fiscalização dos baloeiros, ciência de que espécies

da fauna e da flora podem desaparecer, de que alguns

profissionais contribuem para a destruição do ambiente, de

que os mariscos precisam estar maiores para serem

coletados.

Influência - Poluição das águas, invasão desmatamento,

aterro, lixo cuidado com os animais de uma maneira geral,

proibição da pesca do camarão lameirão, riqueza da maré,

conhecimento da fauna e da flora, diminuição do número de

indivíduos de espécies da fauna e da flora.

Fonte: Elaborado pela autora 2016

Uma sequência didática foi planejada com o objetivo de

articular os saberes populares aos conhecimentos científicos, a

fim de, valorizar a comunidade onde está inserida a escola

onde foi validada SD e também com o intuito de contextualizar

os conhecimento imbuídos nos alunos enquanto atores sociais

pertencentes a um meio que possui uma cultura própria.

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A ELABORAÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA

A Sequência Didática (SD) foi fundamentada na proposta de

Delizoicov et all. (2011), os quais apontam ser preciso planejar

nossas tarefas de modo a considerar os conhecimentos prévios

dos alunos sobre o assunto apresentado. Assim sendo, a SD

foi elaborada conforme os três momentos pedagógicos

importantes e necessários para a mediação do conhecimento.

Primeiro momento é a Problematização Inicial (PI), quando os

alunos são provocados a manifestar suas opiniões sobre uma

determinada questão. O objetivo é que eles percebam que não

possuem argumentos suficientes para responder aos

questionamentos e sintam a necessidade de adquirir outros

conhecimentos.

Neste primeiro momento, caracterizado pela apreensão e compreensão da posição dos alunos ante as questões em pauta, a função coordenadora do professor concentra-se mais em questionar posicionamentos – até mesmo fomentando a discussão das distintas respostas dos alunos – e lançar dúvidas sobre o assunto do que em responder ou fornecer explicações [...] (DELIZOICOV et al., p. 200-201, 2011).

Segundo momento é a Organização do Conhecimento (OC), é

o momento em que o professor, como mediador do processo

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ensino-aprendizagem, organiza os conceitos a serem

trabalhados com informações e orientações que subsidiem os

discentes para a compreensão destes.

Os conhecimentos selecionados como necessários para a compreensão dos temas e da problematização inicial são sistematicamente estudados neste momento, sob a orientação do professor. As mais variadas atividades são então empregadas, de modo que o professor possa desenvolver a conceituação identificada como fundamental para uma compreensão científica das situações problematizadas (DELIZOICOV et al., p. 201, 2011).

Terceiro momento configura-se como o momento da Aplicação

do Conhecimento (AC), cujos elementos pedagógicos serão

empregados para resolução da problematização inicial.

Destina-se, sobretudo, a abordar sistematicamente o conhecimento que vem sendo incorporado pelo aluno, para analisar e interpretar tanto as situações iniciais que determinaram seu estudo como outras situações que, embora não estejam diretamente ligadas ao motivo inicial, podem ser compreendidas pelo mesmo conhecimento [...] (DELIZOICOV et al., p. 202, 2011).

Nesta perspectiva foi tecida a SD para que atendesse às

demandas da comunidade local, da qual fazem parte os alunos,

que são os personagens principais da educação. Contudo o

material contempla uma aula de campo, visto que in loco, os

alunos poderão reconhecer elementos que foram apresentados

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à turma e terão um contato que poderá despertar tanto a

curiosidade como outros sentimentos. Sendo assim

elaboramos um breve texto sobre a importância da aula de

campo e suas implicações.

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AULAS DE CAMPO

As aulas de campo são atividades desenvolvidas fora do

espaço escolar e proporcionam uma interação entre diferentes

conceitos, temas, percepções, atitudes; favorece aos sujeitos

estabelecerem vínculos entre teoria e prática e permitem a

relação entre sujeito e ambiente, surge como uma proposta de

divulgação da ciência no que tange à oferta de informações

teórico/práticas, referentes ao tema que se propõe a estudar.

Utilizar espaços alternativos institucionalizados, ou não, para

práticas pedagógicas se configura como uma ferramenta pouco

explorada por alguns profissionais da educação; talvez pela

dificuldade em romper com abordagens que extrapolem os

muros escolares e o uso do livro didático. Esse tema requer,

todavia uma discussão mais ampla e aprofundada. As aulas de

campo podem ocorrer em espaços não formais os quais podem

ser:

Na categoria Instituições, podem ser incluídos os espaços que são regulamentados e que possuem equipe técnica responsável pelas atividades executadas, sendo o caso dos Museus, Centro de Ciências, Parques Ecológicos, Parques Zoobotânicos, Jardins Botânicos, Planetários, Instituições de Pesquisa, Aquários, Zoológicos, dentre outros. Já os ambientes naturais ou urbanos que não dispõem de estruturação institucional, mas onde é possível adotar práticas educativas, englobam a categoria não-instituições. Nessa categoria, podem ser incluídos teatro, parque, casa, rua, praça,

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terreno, cinema, praia, caverna, rio, lagoa, campo de futebol, dentre outros inúmeros espaços (JACOBUCCI, 2008, p. 56-57).

Antes da aula de campo é importante que o professor faça uma

visita prévia ao local para identificar as potencialidades,

planejar os momentos, estabelecer os objetivos, orientar os

discentes, abordar as relações socioambientais e socioculturais

que envolvem a área sujeita à intervenção, contribuindo para

uma reflexão crítica da realidade. Este tipo de atividade

demanda da escola e de toda comunidade escolar mobilização,

empenho e trabalho em equipe, pois a rotina escolar será

afetada. Além de colaborar para que os estudantes

desenvolvam uma conduta cooperativa, um sentimento de

pertencimento ao grupo e elaborem trabalhos coletivos, as

aulas de campo fortalecem laços de confiança, de amizade,

eleva à autoestima, melhora a relação professor/aluno,

desperta a sensibilidade e a emoção.

Vale ressaltar que fora da escola, surge uma profusão de

sentimentos, e reações ao ambiente: encantamento,

alumbramento, estranheza, medo, desconforto, incômodo,

tranquilidade, curiosidade, sensação de liberdade, paz, calma,

pavor. Esses sentimentos são propícios para fazer fluir no

grupo mais união, carinho, proteção e cuidado uns com os

outros. […] “as emoções e sensações presentes nas situações

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de ensino podem influenciar de forma decisiva a aprendizagem

dos alunos” […]. (SENICIATO, CAVASSAN, 2004, p. 03). As

aulas de campo inserem os estudantes em um universo de

possibilidades por intermédio de vivências e descobertas, as

quais só são possíveis por meio do contato com elementos da

natureza, por meio de novos achados, do (re)conhecimento in

loco de assuntos e fenômenos trabalhados em sala de aula.

A educação Não Formal deve ser diferenciada de espaço de

educação não formal, pois embora as nomenclaturas se

assemelhem, são conceitos diferentes. A educação pode

ocorrer em diversos espaços, e a própria Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional reconhece isso em seu art. 1°

que diz: "A educação abrange os processos formativos que se

desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no

trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos

movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas

manifestações culturais".

Gohn (2010) defende que a educação não formal articula

escola e comunidade, ocorre em territórios que já compõem a

trajetória de vida dos grupos e indivíduos, propicia o contato

com diversos tipos de fenômenos que ocorrem em locais

informais, mas nem por isso deixa de ter intencionalidade. Ela

não é um legado, mas é adquirida. "A educação não formal

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capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do mundo, no

mundo” (GOHN, 2010, p. 19).

Gohn (2010) não menospreza o saber institucionalizado pela

educação formal, ela se posiciona reconhecendo o mérito que

o mesmo possui na formação dos indivíduos, porém ressalta

que a educação não formal pode acontecer em ambientes e

situações construídas coletivamente e pode ocorrer inclusive,

dentro das unidades de ensino. Porém, a dimensão que a

educação representa atualmente transpõe os espaços

escolares e não se centraliza mais na figura do professor.

Os espaços não formais podem ser ótimas alternativas para

superação da aula tradicional, para mediar o conhecimento em

contexto onde inúmeras teorias já foram defendidas, ideias

postas em mesas redondas, e recursos didáticos elaborados

para propiciar a inovação. Na aula puramente tradicional, os

conteúdos trabalhados não são pautados na realidade dos

discentes, predominam conceitos e dados que requerem

memorização e não discussão e questionamentos. As aulas de

campo são apropriadas para práticas da interdisciplinaridade,

pois ampliam a visão do aluno, o qual passa a observar para

além do senso comum, promovendo interface com diferentes

conhecimentos em diferentes ambientes e contextos sociais.

Essa metodologia pedagógica faz do participante um agente

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ativo no processo ensino e aprendizagem, provocando

diferentes linguagens, diferentes leituras de mundo,

ressignificando os conteúdos estudados, auxiliando na

construção de um cidadão atuante e em uma formação de

caráter verdadeiramente humano.

O ambiente escolar pode em alguns momentos limitar a

atuação dos seus atores, ainda mais se considerarmos que

grande parte das escolas da rede pública carece de recursos

didático-pedagógicos. Os recursos podem ser bons aliados na

ilustração de algumas matérias, podem proporcionar aos

educandos formas distintas de pensar e transformar as

informações e os conhecimentos. Quando explanamos algum

assunto, podemos recorrer a termos técnicos com certa

naturalidade, porém algumas dessas palavras ou mesmo

conceitos ficam vagos, não são bem elucidados e apreendidos

pelos alunos. Em campo, a experiência de professores e

alunos favorece uma ação formativa que ultrapassa a visão

simplista, cria novos significados e uma integração que gera

experiências únicas. É um ambiente oportuno para

identificação de alguns princípios, de elementos, de objetos

concretos, com um olhar científico, de cunho educacional e

dialógico.

Defendemos, assim, uma pedagogia que esteja voltada à inserção dos educandos em seu processo de ensino e

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aprendizagem, que os constitua como sujeitos no mundo e que gire em torno das relações existentes entre sociedade, cultura e natureza (TORRES et al. 2014,

p.15).

Desta forma compreendemos que os docentes terão algum

aporte teórico para oferecer o suporte necessário para que sua

aula de campo seja ainda mais proveitosa, interessante e

atraente para os discentes.

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A SEQUÊNCIA DIDÁTICA

INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - Campus Vitória

Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática Mestrado Profissional em Educação

em Ciências e Matemática

www.google.com.br

SEQUÊNCIA DIDÁTICA INTERDISCIPLINAR

Quadro baseado no modelo estrutural de uma Sequência Didática proposta por Guimarães e Giordan (2011) Mestre: Vasty Veruska Rodrigues Ferraz Orientador: Carlos Roberto Pires Campos

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Tema gerador: SABERES POPULARES DOS PESCADORES(AS) E

MARISQUEIROS(AS) TRADICIONAIS DO MUNICÍPIO DE CARIACICA

TÍTULO: MANGUEZAIS: SABERES E FAZERES NO IR E VIR DA MARÉ

Público Alvo: Alunos do 5° ano da EMEF Hilda Scarpino Cariacica-ES

Problematização:

Nas sociedades pré-industriais o tempo era marcado respeitando a sucessão

dos dias e noites, as mudanças climáticas e os ciclos da natureza. Para isso,

eles observavam os movimentos do Sol, da Lua e os períodos que seriam

adequados para o plantio e para colheita, ou seja, seguiam o tempo da

natureza. Já a sociedade ocidental e o seu modelo econômico adotado por

inúmeros países, mudou bastante o ritmo da vida dos trabalhadores após a

Revolução Industrial, que ocorreu a partir do século XVIII. Os operários

formais passaram a realizar seus afazeres, seguindo principalmente o tempo

cronometrado pelo relógio, mecanismo que acaba por controlar suas vidas.

Todavia, alguns pescadores e marisqueiras do município de Cariacica-ES vão

de encontro a esse padrão preestabelecido e organizam a sua rotina de

trabalho e a sua vida de acordo com os fenômenos naturais, em uma

verdadeira simbiose com o meio. Portanto, a partir de situações que retratam a

realidade local dos educandos serão abordados temas contextualizados ao

município de Cariacica como: Será que todos necessitam recorrer ao relógio

para realizar seu trabalho? Existem profissões que ainda utilizam o tempo

marcado pelos processos cíclicos da natureza? Se não utilizam o relógio,

como eles organizam suas tarefas diárias? Como essas pessoas identificam

fenômenos naturais com marés, ventos, fases da Lua? Essas profissões

podem colaborar para a manutenção mais equilibrada do meio ambiente?

Objetivo Geral:

Reconhecer a importância da conservação dos manguezais para a

manutenção dos saberes populares de pescadores(as) e marisqueiros(as)

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tradicionais de Cariacica que estão imbuídas de valores culturais, assim como,

para o equilíbrio das áreas costeiras e do planeta.

Conteúdos e Métodos

N° de aulas PI*

03

Objetivos Específicos

- Identificar os conhecimentos prévios dos alunos sobre manguezal por meio

da experiência social inerente a cada indivíduo. - Entender que o ecossistema manguezal é característico de zonas de clima quente ocorre em áreas estuarinas e que necessitam de água salobra. - Compreender a importância do manguezal para o equilíbrio do planeta. - Apresentar a importância da fauna e da flora que compõem o manguezal e suas relações ecológicas. - Reconhecer o manguezal como ecossistema presente na comunidade na qual está inserida a escola.

Conteúdos

- Ecossistema manguezal

- Construir no quadro branco um mapa conceitual falado dos principais elementos identificados pelos alunos do ecossistema manguezal - Passar a música: o rio se encontra com o mar https://www.youtube.com/watch?v=0wLsdciLX4M (3'09”) e trocar ideias sobre a formação, composição e funções do manguezal (ANEXO A). - Perguntar aos alunos se eles já comeram algum fruto do mar ou marisco. - Apresentar por meio de imagens a fauna e flora que compõem o manguezal. - Utilizar o livro Cariacica: Nosso Município- Noções Históricas e Geográficas páginas 09, 10, e 11 para localizá-los espacialmente no Brasil, E.S. e em Cariacica (ANEXO B). - Apresentar uma imagem do Google earth localizando a escola e o manguezal para demonstrar a proximidade um do outro (ANEXO C). - Solicitar aos educandos que desenhem como eles imaginam que seja o

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manguezal.

Tarefa para casa: Anotar no caderno como eles organizam suas atividades

diárias, como eles administram o seu tempo, desde que acordam até o

momento de dormir.

Conteúdos e Métodos

Nº Aulas OC**

03

Objetivos Específicos

- Destacar os principais impactos sofridos pelo manguezal.

- Articular informações sobre a elaboração de calendários baseados nos

movimentos dos astros ao relógio e ao tempo cronológico que determina o

desempenho da sociedade contemporânea.

Conteúdos - Principais impactos apresentados nas áreas de manguezal, tempo cronológico: concepções do passado e do presente e movimentos de translação e rotação da Terra e da Lua.

Dinâmicas

- Relacionar os principais impactos causados ao manguezal recorrendo aos

desenhos elaborados pelos estudantes, a fim de, identificar se em alguma das

ilustrações os impactos foram evidenciados.

- Utilizar a história em quadrinhos do almanaque Menino Caranguejo, ano 1,

N°16 (ANEXO D).

- Projetar o vídeo A Lunática Vida de um Marisqueiro (produzido pelos alunos

da EMEF Hilda Scarpino em 2011), roda de conversa sobre a importância do

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manguezal para as diversas formas de vida que dependem dele e chamar a

atenção para o nome do vídeo, pois em seguida haverá um momento para

esclarecer como os astros eram importantes e ainda são na organização do

tempo para diversos povos e culturas, inclusive para os pescadores (as) e

marisqueiros (as) tradicionais de Cariacica.

- Dialogar com os alunos sobre a tarefa de organização das suas atividades

diárias estabelecendo uma conexão com o vídeo que mostra a rotina de um

marisqueiro e abordar como os povos antigos marcavam o tempo e como no

presente nós marcamos o tempo. Segue texto de apoio (ANEXO E).

Sugestão do vídeo https://www.youtube.com/watch?v=0C_w0WnjIVA (8'),

sobre as fases da Lua, e/ou realizar com os alunos um esquema (um aluno

representa a Terra, o outro aluno representa a Lua e uma lanterna representa

o Sol) para mostrar que a Lua possui quatro fases e essas fases foram as

responsáveis pela organização dos dias em semanas, meses e ano.

- Entregar um desenho contendo as fases da Lua e requisitar aos estudantes

que pintem as diferentes fases do nosso satélite natural.

Questões que podem ser mediadas:

- No penúltimo quadrinho da história em quadrinhos, o personagem Caranga

fala que mesmo longe dos humanos o lixo aparece. E o manguezal que

conhecemos, está longe dos humanos ou há uma interação entre eles e o

meio?

- No último quadrinho o jacaré diz que eles devem aproveitar ao máximo o

manguezal antes que acabe.

- E nós, devemos aproveitar ao máximo ou ter atitudes responsáveis que

colabore para sua conservação?

- Nossa rotina diária é seguida independente da estação do ano, do tempo, do

clima, da maré, da Lua, do vento, pois somos conduzidos pelo relógio. E os

pescadores(as) e marisqueiros(as) tradicionais, será que eles marcam o

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tempo somente por meio do relógio?

- A Lua influi vida deles? A Lua exerce alguma influência nas marés?

- Como os pescadores(as) e marisqueiros(as) tradicionais identificam as

diferente fases da Lua e sua atuação nos fenômenos naturais?

- Os pescadores estão sujeitos aos ciclos naturais? De que forma?

Tarefa de casa: Trazer uma receita que utilize algum marisco como

ingrediente.

Conteúdos e Métodos

N° de aulas OC**

02

Objetivos Específicos

- Associar que dependendo da época/estação do ano o vento sopra mais forte

e não é possível sair para pescar ou coletar mariscos, pois há o risco da

embarcação virar e o pescado vai procurar águas mais mornas, então ele

desaparece nessa época.

- De que maneira os pescadores(as) e marisqueiros(as) tradicionais

reconhecem os diferentes tipos de vento e suas implicações no mundo da

pesca?

-Os mariscos também diminuem de tamanho no período frio.

- Esclarecer que é fundamental para a manutenção da vida o período

reprodutivo, portanto, é essencial respeitar o defeso e andada dos animais.

Conteúdos

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- Movimento de rotação e translação, marés, estações do ano, período reprodutivo dos animais.

Dinâmica

- Passar a música ou o vídeo: o vento de Vinícius de Moraes

https://www.letras.mus.br/vinicius-de-moraes/87237/ (2'19"), desenvolver uma

tempestade de ideias relacionando a translação da Terra, as estações do ano

e as marés. O globo terrestre será utilizado como material de apoio

pedagógico. -Questionar sobre a influência do vento para a profissões em que

as atividades se realizam à céu aberto e estão subordinadas aos fenômenos

naturais e fazer a conexão com os pescadores(as) e marisqueiros(as)

tradicionais.

- Solicitar aos alunos que digam qual ou quais marisco(s) estão incluídos em

suas receitas e contextualizar com o período de reprodução e defeso que deve

ser acatado por todos, inclusive, pelos consumidores.

- Comentar sobre o valor nutritivo desses alimentos para a nossa dieta.

- Diferenciar defeso de andada.

- Chamar a atenção para o fato de que as pessoas que forem flagradas

desrespeitando a proibição, as penalidades previstas vão desde multa a

detenção, além de apreensão dos petrechos de pesca (conforme a Lei n°

9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e o Decreto nº 6.514, de 22 de julho de

2008).

- Os pescadores colaboram para o aumento dos impactos nas áreas de

manguezal ou para sua preservação? De que maneira?

Conteúdos e Métodos

N° de aulas OC**

05

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52

Objetivos Específicos

- Entender que o homem rompeu com o ciclo natural.

- Re(conhecer) os saberes dos pescadores(as) e marisqueiros(as) tradicionais

sobre o ambiente.

- Identificar que os pescadores(as) e marisqueiros(as) dependem do

manguezal preservado e dos frutos da maré para sobreviver.

- Compreender que alguns pescadores(as) e marisqueiros(as) tradicionais

podem ter uma atuação relevante para a manutenção do equilíbrio de áreas

costeiras e que outros, a depender de sua prática, podem contribuir para

degradação do ambiente.

Conteúdos

- Saberes populares dos pescadores(as) e marisqueiros(as) tradicionais do município de Cariacica- ES.

Dinâmica

- Convidar um pescador(a) ou marisqueiro(a) tradicional da região para relatar

sua rotina de trabalho, seus saberes sobre Lua, marés, período de reprodução

e defeso, importância do manguezal para as diversas formas de vida incluindo

a vida humana.

- Dividir os alunos em grupo para que eles possam realizar a atividade: A roda

dos problemas – O caso do caranguejo-uçá, pág. 3-22, 3-23, 3-24 e 3-25 do

guia “Os Maravilhosos Manguezais do Brasil.” (ANEXO F)

- Questões para serem pensadas:

- Qual o habitat do caranguejo-uçá?

-Quais são as características reprodutivas?

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53

- Quais são as principais ameaças?

- Como podemos ajudar a resolver os principais problemas que podem levar a

diminuição da área de ocupação do caranguejo-uçá, a diminuição do número

de indivíduos e até mesmo a sua extinção?

Conteúdos e Métodos

N° de aulas AC***

Aula de campo (05)

Objetivos Específicos

- Observar in loco os elementos que compõem o manguezal, sua fauna, flora e

todo o seu esplendor.

- Despertar a curiosidade epistemológica nos educandos sobre as questões

que envolvem o ecossistema.

- Aguçar o sentimento de proteção e pertencimento relacionado a esse

ecossistema.

- Integrar alunos com seus pares e professores.

Conteúdos

- O tema que foi trabalhado nas aulas anteriores ao campo.

Dinâmica

- Realizar a atividade: Pegada de Gigante do guia “os Maravilhosos

Manguezais do Brasil”, pág.4-21 (ANEXO G), que consiste em reproduzir uma

pegada enorme e vazada para que os alunos em grupo possam colocar em

uma determinada área do manguezal. Os estudantes receberão além da

pegada uma folha com informações e espaço para anotar as observações e

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uma lupa. Eles deverão identificar e registrar se a maré está alta ou baixa,

elementos vistos a olho nu como tocas, tipo de solo, vegetação, sementes,

animais, insetos que pousarem, pássaros que voarem, sons que ouvirem

entre outros dentro da pegada. Deverão também identificar os organismos

minúsculos, que só é possível visualizar com o uso da lupa. Deverão elencar

os impactos resultantes da ação humana na área. - Logo após o (a)

professor(a) deverá reunir os alunos para que socializem o que identificaram,

para que, possam comparar os diferentes organismos e elementos

encontrados em uma mesma área.

- Refletir sobre os impactos causados pelo rompimento da cadeia trófica e

comentar sobre a quantidade de organismos que não são visíveis a olho nu,

porém também são atingidos ou mortos.

- Pedir para que os alunos sugiram como poderemos mitigar os impactos

antrópicos no manguezal enquanto sujeitos sociais que se apropria da

natureza e interage com o ambiente.

Cuidados importantes:

- Conhecer previamente o local a ser visitado.

- Estar acompanhado por pessoas que agreguem mais informações sobre o

manguezal.

- Preparar uma atividade para ser realizada in loco.

- Elaborar uma lista contendo os trajes adequados e o tipo de alimentos que

os educandos poderão levar.

- Estar de posse das autorizações dos responsáveis.

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Conteúdos e Métodos

N° de aulas AC***

01

Objetivos Específicos

- Oportunizar a socialização dos conhecimentos, sentimentos, observações e

percepções dos alunos sobre a área de manguezal visitada.

Conteúdos

Pós-campo

Dinâmica

Finalizar o momento acima com o vídeo: Filhote do filhote

https://www.youtube.com/watch?v=_oKyhkOj5aI (3'43”)

Sugestões: Organizar uma mostra cultural para socializar os conhecimentos e

produções elaboradas pelos discentes.

Avaliação Produções individuais e em grupo, interações com os grupos, participação nas rodas de conversa, intervenção no manguezal.

Bibliografia

DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A., PERNAMBUCO, M. M. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos, 4 ed. São Paulo: Cortez, 2011. Filhote do filhote. Produção: Proximus Silva. Clipe, 3’43”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_oKyhkOj5aI. Acesso em agosto de 2016. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: sete saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

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Grupo Cantarolama- Encontro. Produção: Zevaldo Sousa. Música, 3’08”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0wLsdciLX4M. Acesso em agosto de 2016. Instituto Bioma Brasil. Os Maravilhosos Manguezais do Brasil – 2008. Cariacica, 2008. 266 p. LOUREIRO, C.F.B. Premissas teóricas para uma educação ambiental transformadora. Rio Grande: Ambiente e Educação: 8, p. 37-54. 2003. LOUREIRO, C.F.B. Trajetórias e fundamentos da educação ambiental. São Paulo: Coetez, 2004. MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo; tradução Dulce Matos. - 5ª ed. - Lisboa: Stória Editores, 2008. NOVELLI, Yara Schaeffer. Manguezal: Ecossistema entre a Terra e o Mar. São Paulo:USP, 1995 O Ar (O Vento) - CD e DVD Chico & Vinicius para Crianças. Produção: Universal Music Brasil. Clipe, 2’26”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2A1vPVoGcrk. Acesso em agosto de 2016. Por que a lua muda de fase? #Ticolicos|EP21. Produção: Tricolicos-Canal Infantil. Animação, 3’36”. Disponível em: https://www.letras.mus.br/vinicius-de-moraes/87237/. Acesso em agosto de 2016. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Manguezais Educar Para Proteger – 2001. Rio de Janeiro, 2001. 96 p.

* Problematização Inicial

**Organização do conhecimento

***Aplicação do Conhecimento

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1998). Constituição da República

Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro

Gráfico, 1988. 292 p.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCNs): introdução aos parâmetros

nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CHASSOT, Attico. Alfabetização Científica: questões e

desafios para a educação. Rio Grande do Sul: Unijuí, 2010.

DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A., PERNAMBUCO, M. M.

Ensino de Ciências: fundamentos e métodos, 4 ed. São

Paulo: Cortez, 2011.

GOHN, Maria da Glória. Educação Não Formal e o Educador

Social: atuação no desenvolvimento de projetos sociais. São

Paulo: Cortez, 2010.

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58

JACOBUCCI, D. F. C. Contribuições dos espaços não formais

de educação para a formação da cultura científica. Em

extensão. Uberlândia, v.7, 2008.

LOUREIRO, C.F.B. (Org.); TORRES, J.R. (Org.). Educação

Ambiental: dialogando com Paulo Freire. São Paulo: Cortez,

2014.

MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo; tradução

Dulce Matos. - 5ª ed. - Lisboa: Stória Editores, 2008.

NOVELLI, Yara Schaeffer. Manguezal: Ecossistema entre a

Terra e o Mar. São Paulo:USP, 1995.

Os Maravilhosos Manguezais do Brasil / Renato de Almeida,

Clemente Coelho Junior, Elaine Corets, organizadores –

Cariacica: Instituto Bioma Brasil (IBB), 2008.

PREFEITURA MUNICIPAL DE CARIACICA. Agenda

Cariacica: Planejamento Sustentável da Cidade 2010-2030.

Pesquisa Identidade Cariaciquense. Tot Capita. Cariacica,

2012.

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59

Disponível em: <http://www.cariacica.es.gov.br/wp-

content/uploads/2014/05/PesquisadeIdentidadeCariaciquense.

pdf>. Acesso em: 28 de jun. 2016

SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e

Interdisciplinaridade: o currículo integrado; tradução Cláudia

Schilling. - Porto Alegre: Artes Médicas Editográfica, 1998.

SENICIATO, T. e CAVASSAN, O. Aulas de campo em

ambientes naturais e aprendizagem em ciências: um estudo

com alunos do ensino fundamental. São Paulo: Ciência e

Educação, v.10, n. 1, p. 133-147. 2004.

VALE, C. C.; FERREIRA, R. D. Os manguezais do litoral do

Estado do Espírito Santo. In: Anais do Simpósio de

Ecossistemas da Costa Brasileira. São Paulo: ACIESP, v. 1,

p. 88-94,1998.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A: Resumo dos Vídeos da SD

Vídeo: 1 O vídeo da música Encontro do grupo Cantarolama, apresenta em sua letra como se forma o manguezal, quais são as condições ideais para o seu desenvolvimento e fala da fauna e da flora que compõe esse ecossistema.

Vídeo: 2

No vídeo Por que a Lua muda de fase, o personagem Ludi entrevista algumas

crianças para identificar o que elas sabem sobre as fases da Lua. Logo após ele

entrevista o astrônomo Ednilson Oliveira que fornece uma explicação científica

sobre as fases da Lua que é ilustrada com animações alusivas ao tema.

Vídeo: 3

O vídeo da música o vento de Vinícius de Moraes, retrata as características do

vento, demonstra de uma forma lúdica todos os atributos deste fenômeno natural

de maneira criativa e articulada com a percepção humana e sua utilização em

inúmeras atividades e situações cotidianas.

Vídeo: 4

O vídeo filhote do filhote mescla imagens do meio ambiente natural com imagens de crianças em contato e fazendo parte da natureza. Sensibiliza pela delicadeza da letra e manifesta todo o carinho e cuidado que temos que ter com a Terra, porque somos parte integrante das formas de vida que compõem esse lindo e magnífico planeta.

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ANEXOS

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ANEXO A: MÚSICA ENCONTRO (GRUPO

CANTAROLAMA)

O rio se encontra com o mar Veja como é rica a lama que dá

Cresce o mangue e com ele a criação Peixes e marisco é alimentação

Não corte o mangue porque

Pode morrer a vida que tem dentro do mar O pescador tem no mangue sua vida seu sangue

Morando no pra lhe ajudar Não corte o mangue porque

Pode morrer a vida que tem dentro do mar

O rio se encontra com o mar Veja como é rica a lama que dá

Cresce o mangue e com ele a criação Peixes e marisco é alimentação

Não corte o mangue porque

Pode morrer a vida que tem dentro do mar O pescador tem no mangue sua vida seu sangue

Morando no pra lhe ajudar Não corte o mangue porque

Pode morrer a vida que tem dentro do mar.

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ANEXO B: TRECHOS DO LIVRO CARIACICA: NOSSO

MUNICÍPIO – NOÇÕES HISTÓRICAS E

GEOGRÁFICAS

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ANEXO C: IMAGEM DO GOOGLE EARTH

LOCALIZANDO A ESCOLA E O MANGUEZAL

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ANEXO D: HISTÓRIA EM QUADRINHOS DO

ALMANAQUE MENINO CARANGUEJO

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ANEXO E: TEXTO - O TEMPO E A HISTÓRIA

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ANEXO F: A RODA DOS PROBLEMAS – O CASO DO

CARANGUEJO-UÇÁ

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ANEXO G: ATIVIDADE - PEGADA DE GIGANTE

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