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Quanto vale um Neurocirurgião

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Quanto vale umNeurocirurgião

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EditorialEx

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PresidenteJosé Carlos Saleme

Secretário-geralPedro Motta

Vice-presidenteSérgio Pinheiro Ottoni

1º SecretárioAlonso Luis de Sousa

Secretário AuxiliarJosé Carlos Esteves Veiga

TesoureiroPaulo Roberto de Paiva

Presidente do CBN 2008Evandro Pinto de Oliveira

Presidente Eleito da SBN 2008/2010Luiz Carlos de Alencastro

Presidente CBN 2010Silvio Porto de Oliveira

BOLETIM SBN

Editor-chefe Jair Leopoldo Raso

Projeto Gráfico e ExecuçãoDUALUP Texto & Design([email protected])

Jornalista ResponsávelAdimilson Cerqueira (MTB 21.597-SP)

ReportagensAdimilson CerqueiraAna Maria Ribeiro

DesignerRui Augusto

Tiragem2.500 Exemplares

ImpressãoVan Moorsel

O Boletim SBN é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, distribuído gratuita-mente aos membros da sociedade. Os artigos publicados não representam, necessariamente, a opinião da diretoria. É autorizada a reprodução, desde que citada a fonte.

A Medicina, nos últimos 50 anos, avançou em qualidade e abrangência. Nossa especialidade poderia facilmente ser o representante dessa assertiva. Era de se esperar que nós, neurocirurgiões, estivéssemos colhendo os frutos de tanto empenho. No entanto, observa-se o oposto, como demonstra a edição desse boletim “Quanto vale um neurocirurgião?”. Se, numa vertente, os neurocirurgiões viram o avanço na qualidade dos serviços que prestam, em outra, percebem o vilipêndio expresso em seus honorários.

A Medicina de hoje é cara. Atrelada aos avanços tecnológicos de ponta é de se esperar que seu custo continue alto num primeiro momento. Reza nossa Constituição que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Portanto, já sabemos legalmente de quem cobrar a fatura. Acontece que a constituição é rasgada diariamente na prática médica. Parece até que a redação foi simplesmente invertida: a saúde como um dever de todo cidadão e um direito do Estado. Os avanços da Medicina chegam aos serviços públi-cos sempre com atraso.

A percepção do problema sob o ponto de vista do médico não é, como superficialmente possa parecer, apenas uma reivindicação da parcela do bolo da saúde destinada aos profissionais. Aliás, está claro que, da fatia do bolo que nos cabe, estão nos oferecendo, há muito, apenas a cereja. Os médicos em geral, e nós, neurocirurgiões, endossamos, lutam pela equanimidade da distribuição dos avanços tecnológicos, por dignas condições de trabalho para benefício de parcelas cada vez maiores da população e, é claro, por melhor remuneração de seus serviços.

Sobre os avanços e o vilipêndio não há disputa. O que nos incomoda é o atraso com que as questões da saúde são sempre abordadas. Basta refletir sobre a mais recente e uma das maiores lutas da classe médica, a implementação da CBHPM. O atraso é tamanho que a proposta já começa a caducar em sua eficácia de reparação antes mesmo que fosse universal-mente aceita e praticada.

O atual modelo de saúde não é interessante para os médicos. Não é inte-ressante para a população. Sem atraso, o bolo indigesto da saúde precisa de nova receita, sob pena de não haver no futuro quem cuide adequadamente da indigestão.

Avanço, Atraso e Vilipêndio

Jair RasoEditor-chefe

4Maio 2008

Quanto valeum Neurocirurgião?

Crise na saúde, falta de investimento e denúncias de vários tipos, como a que trouxe à tona, em outubro de 2007, o uso de instrumental inadequado em neurocirurgias realizadas em hospitais públicos. Fatos como estes, revelando a caótica situação do sistema brasileiro de saúde pública, são retratados pela imprensa de várias partes do país todos os dias, desnudam as dificuldades do médico em exercer sua profissão de

forma digna e os impedem de prestar atendimento de qualidade

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Nos bastidores deste quadro lamentável existe uma realidade pouco conhecida pela população em

geral: a difícil e sacrificante rotina dos profissionais de saúde que atuam nos hospitais, pronto-socorros e postos de saúde da rede pública. Falta de medicamentos, leitos e equipamentos, além de salários aviltantes e sem nenhum aumento justo há muitos anos, são apenas alguns exemplos de problemas enfrentados diariamente pelos médicos.

Para a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia é impor-tante que a população saiba que os neurocirurgiões têm se esforçado para prestar um atendimento de qualidade, apesar das péssimas condições de trabalho. “O pouco de qualidade no atendimento dos estabelecimentos públicos de saúde se deve à aceitação e à submissão que nós, médi-cos, nos sujeitamos há muitos anos, ao atender pacientes no chão, em macas, em corredores superlotados, em situa-ções subumanas, sem condições de um exame detalhado e um diagnóstico preciso”, diz José Carlos Saleme.

Após anos aceitando passivamente a permanente política de desvalorização dos profissionais de saúde e o descaso dos gestores públicos com relação às condições de trabalho em seus hospitais, a classe médica tem realizado movimentos reivindicatórios isolados em vários estados brasileiros.

Nos últimos meses do ano, teve início um movimento de âmbito nacional, liderado pelas entidades representa-tivas médicas (CFM, FENAM e AMB), visando a resgatar a dignidade do profissional médico. “Estamos vivendo um momento sem precedente na história da medicina nacio-nal”, afirmou o coordenador da Comissão de Exercício Profissional da SBN, Geraldo Gonsalves.

Essa mobilização ganhou dimensão ainda maior com o

lançamento da campanha “Quanto vale o médico?” pelo Cremerj. “Acredito que chegou a hora de nos juntarmos a eles e nos perguntar: Quanto vale um Neurocirurgião?”, observou Gonsalves.

Gonçalves lembrou que, no XIII Congresso de Atualização em Neurocirurgia (realizado em setembro de 2007, em Vitória), o tema “Exercício Profissional” foi amplamente discutido. “Naquele momento, já tínhamos o diagnóstico da realidade do problema: baixos salários e condições precárias de trabalho”, enfatizou.

Na ocasião, os participantes propuseram e elaboraram a “Carta de Vitória”, com medidas de impacto para resgatar a dignidade aviltada do profissional neurocirurgião, contendo várias sugestões: • Exigência de editais claros e valores definidos de salários;• Negociação direta com os diversos planos de saúde e ope-

radoras; • Revisão e correção dos valores da CBHPM; • Revisão de valores dos procedimentos do Sipac/SUS.

No entanto, na opinião de Gonsalves, a adoção dessas medidas depende da conscientização e de uma ação coorde-nada de todos os neurocirurgiões. “Precisamos nos unir aos colegas do Rio de Janeiro, divulgando o quadro comparativo dos salários de vários profissionais (publicado nesta matéria) e o índice de confiabilidade nos médicos, verificado pelo Ibope em 85%”, ressaltou o médico.

Atualmente, o salário médio dos médicos no sistema público de saúde é de R$ 1.500,00. No último ENEM (Encontro Nacional de Entidades Médicas), foi estabelecido como valor básico inicial de carreira do médico R$ 7.503,18, por uma carga de 20 horas semanais, além da exigência de luta por um Plano de Cargos e Salários, específico para os médicos.

Quadro comparativo de salários

Valores em Reais

Médicos do Serviço Público (salário médio atual) 1.500,00

Garçom 1.389,00

Motorista 1.285,00

Pintor de obra 1.008,00

Policial rodoviário (nível médio) 5.084,00

Fiscal de renda 7.587,00

Médico Inmetro de 9.846,77 a 11.392,07

Juizes (Federal, Vara Trabalhista, Auditor, MIlitar e de Direito) 21.005,69

Salário inicial proposto no último ENEM para 20 horas 7.503,18

Fonte: Datafolha/Cremesp/2007

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Com até 29 anos: 76%

Mais de R$ 12.000: 57%50 anos ou mais: 53%

50 anos ou mais: 32%

Mais de R$ 12.000: 23%

Mais de R$ 12.000: 14%

(*) Respostas espontâneas

Locais onde trabalham (%)

Fonte: Datafolha/Cremesp/2007

Salários baixos, carga horária alta

Baseado em dados reais dos próprios médicos, que viven-ciam situações de dificuldade nas unidades do sistema público de saúde do Rio de Janeiro, o Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) lançou, em outubro do ano passado, a campanha “Quanto vale o médico”.

O objetivo da iniciativa é a valorização do médico e de suas condições de trabalho, por meio da união de forças entre entidades médicas e sociedade civil. Desta forma, o Cremerj pretende estimular a discussão sobre o assunto e dar visibili-dade às condições precárias de trabalho na saúde pública.

O Cremerj mantém um site específico da campanha (www.quantovaleomedico.com.br), onde os profissionais de saúde e demais interessados podem encontrar mais detalhes sobre essa iniciativa, comercial de TV e spots de rádio, dados esta-tísticos, notícias veiculadas pela imprensa, entrevistas e artigos com opiniões de médicos.

Além disso, os médicos que quiserem se engajar no movimento podem incluir

seus nomes no abaixo-assinado, que, até o fechamento desta matéria, contava com quase 5.500 assinaturas. O site traz ainda o seguinte “Alerta aos Médicos’: diante dos irrisórios vencimentos de R$ 669,48, oferecidos aos médicos no edital do concurso público da Prefeitura do Rio de Janeiro, o Cremerj recomenda que os médicos não se inscrevam neste concurso até que a Prefeitura proponha salários dignos”.

Em São Paulo uma pesquisa encomendada pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) ao Instituto Datafolha revelou que o acúmulo de empregos, carga horária excessiva, restrições dos planos de saúde e condições de trabalho precárias demonstram a mazela dos médicos:

Dr. Geraldo Gonsalves

• A carga de trabalho média é de 52 horas. Um terço dos profissionais trabalha mais de 60 horas semanais.

• Um terço dos profissionais tem quatro empregos ou mais.• O SUS é o maior empregador, com 51% dos médicos. Os

jovens são a maioria nos hospitais públicos e minoria nos consultórios.

• O valor médio de uma consulta é de R$ 145,00 (particular) e de R$ 30,00 (convênios).

• Um terço dos médicos mais jovens ganham até R$ 3 mil.

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Esta pergunta vem a pro-pósito de uma campanha

feita pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, no dia do médico, no ano passado, cujo mote era saber quanto vale um médico. A pesquisa comparou os médicos com outras classes de profissionais, tendo em vista critérios como tempo necessário para uma formação adequada,

condições de trabalho e honorários recebidos, entre outros.Quanto você acha que vale o neurocirurgião após seis

anos de graduação, cinco anos de residência, provas anuais, provas para título de especialista e uma cobrança enorme da sociedade? Quanto vale um profissional que, após dedicar, em média, 12 anos de aprendizado, ainda precisa freqüentar con-

gressos, cursos, simpósios, tantas outras formas de educação médica continuada para ter seu diploma revalidado?

Afinal, quanto valemos? Que critérios podemos utilizar para avaliar se somos ou não valorizados? Se tais critérios forem remuneração digna, boas condições de trabalho e oportunida-des de crescimento, a notícia é péssima. Sem deméritos, vale-mos menos que um policial rodoviário de nível médio, menos que os ascensoristas do Congresso Nacional, menos do que os fiscais de renda e menos, muito menos do que os nossos juízes. Se considerarmos o tempo investido na nossa formação, proporcionalmente valeremos menos do que um motorista.

Neste boletim estamos abordando vários assuntos correla-tos à nossa atuação profissional para que você reflita e auxilie a diretoria da SBN para que possamos lutar cada vez mais para termos o justo reconhecimento pelo nosso trabalho. Traga suas idéias e sugestões. O momento é esse: de ação!

Quanto vale umNeurocirurgião?

José Carlos SalemePresidente da SBN

8Maio 2008

Encontro marca o cinqüentenário do I Congresso da SBN

O encontro comemorativo pelo Cinqüentenário do I Congresso Brasileiro de Neurocirurgia, realizado de 21 a 23 de março, no Palácio Quintandinha, em Petrópolis (Rio de Janeiro),

superou as expectativas dos organizadores e recebeu elogios de especialistas presentes

Com a presença de cerca de 230 pessoas, entre neu-rocirurgiões, acompanhantes e parceiros comerciais,

a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia realizou um evento comemorativo em Petrópolis, Rio de Janeiro, para marcar o Cinquentenário do I Congresso Brasileiro de Neurocirurgia, realizado em 1958, no Hotel Quintadinha. “O encontro não apenas atendeu como superou nossas expectativas, pois tivemos um grande auxílio daqueles que durante cinqüenta anos foram nossos verdadeiros parceiros: as empresas ligadas à área neurocirúrgica”, ressaltou Marco Marzullo, organizador do evento.

O presidente da SBN, José Carlos Saleme, também fez uma avaliação positiva do encontro comemorativo. “Pudemos contar com a presença da maioria dos líderes da Neurocirurgia de todo o Brasil. Tivemos a representatividade de todos os

Estados e creio que todos os colegas entenderam a importân-cia de trazer à memória aquele momento histórico, que foi a realização do nosso I Congresso”, comentou Saleme.

Na opinião de Cid Célio Jayme Carvalhaes, o resgate de uma história de 50 anos tem um grande significado. “Além de homenagear os artífices da fundação da Sociedade, o encontro fez uma reconstituição da evolução histórica, que servirá para indicar os erros e acertos visando à construção de um futuro mais sólido e melhor”, ressaltou o médico.

O presidente do Conselho Deliberativo da SBN, Jorge Luiz Kraemer, afirmou que foi uma oportunidade de confraterni-zação e consolidação da representatividade da SBN entre os neurocirurgiões brasileiros. “Foi revista a história, desde os pioneiros, mostrando a evolução do espírito associativo, até os dias de hoje, com projeções de futuro, permitindo antever

Neurocirurgiões reunidos em frente ao Hotel Quitandinha, em Petrópolis, RJ

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uma organização madura, bem estruturada, promovendo o progresso do neurocirurgião e defendendo o exercício da Especialidade”, resumiu.

Considerando o encontro “simplesmente maravilhoso”, o especialista Mário Brock o classificou como um marco funda-mental na Neurocirurgia Brasileira. “As festividades foram de um estilo ímpar, a atmosfera foi maravilhosa, o espírito que cunhou a efeméride foi de uma fraternidade inigualável e o resultado final foi um fortalecimento da tradição da SBN”, disse ele. Outro comentário positivo foi o de Djacir Figueiredo: “Foi um dos eventos mais marcantes da história da SBN.

Ficou demonstrado que a SBN valoriza sua brilhante história”, observou.

O neurocirurgião e historiador Sebastião Gusmão afirmou que o Encontro não poderia ter deixado de acontecer, tendo em vista o orgulho da epopéia da SBN no último meio século. “Do sonho visionário de doze pioneiros nasceu a SBN, que em poucas décadas transformou-se na terceira maior do mundo entre suas congêneres. O que se fez em Quitandinha foi render tributo aos mestres do passado, avaliar o caminho percorrido nestas cinco décadas e vislumbrar os desafios do futuro. Assim é a história: ver o passado com os olhos do presente e mirando o futuro”, disse.

O Coral “As Princesas de Petrópolis” emocionou os participantes na abertura do encontro

Fachada do Hotel Quitandinha e o Salão de Gala, onde ocorreram as comemorações pelo Cinquentenário do I Congresso da SBN

Fotos: Adimilson Cerqueira

10Maio 2008

Da esquerda para a direita: Mário Brock, Djacir Figueiredo, Pedro Sampaio e Cotta Pacheco são testemunhas vivas do I Congresso Brasileiro de Neurocirurgia

Da esquerda para a direita: Mário Brock, Djacir Figueiredo e Cotta Pacheco são testemunhas vivas do I Congresso Brasileiro de Neurocirurgia

Eles estavam lá!Um grupo muito seleto de neurocirurgiões participou do I Congresso Brasileiro de Neurocirurgia, realizado em 1958. Cinqüenta anos depois, eles retornaram ao Hotel Quitandinha para participar com justiça, das comemorações pelo Cinqüentenário do I Congresso Brasileiro de Neurocirurgia. Estes especialistas são testemunhas vivas da

História da SBN e de seu congresso maior

Palestras de alto nível

A abertura do encontro comemorativo, ocorrida na noite do dia 21/03, incluiu a Conferência “Desenvolvimento do Sistema Nervoso”, além da apresentação do coral “As princesas de Petrópolis” e de um coquetel de boas vindas. No dia seguinte

houve a exposição de 18 palestras que abordaram a história da SBN, a profissionalização da Sociedade, o relacionamento com outras entidades do mundo Neurocirúrgico, a moderniza-ção do ensino e aperfeiçoamento dos jovens neurocirurgiões e a evolução da Neurocirurgia desde os primórdios do ato cirúrgico sem a tecnologia atual. “Ministradas por renomados professores, as palestras foram de alto nível, deixando a platéia atenta, empolgada e presente durante todo o dia”, afirmou Marco Marzullo.

A participação de quatro neurocirurgiões – Pedro Sampaio, Cotta Pacheco, Djacir Figueiredo e Mário Brock – que estive-ram presentes no Congresso de 1958 foi um dos destaques do encontro. Marzullo citou ainda, como momento marcante do evento, a homenagem a vários presidentes de Congressos e da SBN, que receberam uma placa comemorativa e de agradeci-mento, contendo uma coroa, símbolo da única cidade imperial das Américas. “Também foi emocionante a apresentação do coral, que fez uma homenagem à amizade entre os neuroci-rurgiões”, informou o organizador. Ao final do encontro, houve um jantar dançante com o “glamour dos anos 50”.

O presidente da SBN, José Carlos Saleme, com Marco Marzullo, que organizou o encontro de Petrópolis: trabalho conjunto

Fotos: Adimilson Cerqueira

11Maio 2008

Acesse www.sbn.com.br e saiba como participar dos Prêmios SBN 2008. Todos os sócios em dia com a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia podem se inscrever.

IMPORTANTE:

Para participar dos PRÊMIOS SBN 2008 é preciso estar em conformidade com o regulamento, disponível em:

www.sbn.com.br/cbn/regulamento_dos_premios_sbn.php

PRAZO PARA INSCRIÇÕES: 12 DE JUNHO DE 2008

Prêmios SBN

PRÊMIO ELISEU PAGLIOLITrabalho original, experimental ou clínico, sobre o tema “Novas Técnicas e Aquisições em Neurocirurgia” que não

tenha sido publicado ou apresentado em congressos. O trabalho deverá ter sido integralmente elaborado no país. PREMIAÇÃO: Apresentação em sessão plenária no Congresso da SBN; Patrocínio para participação em congresso da especialidade, até um valor máximo de US$ 2.500,00; publicação nos Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia e no site da SBN.

PRÊMIO JOVEM NEUROCIRURGIÃOConferido a cada dois anos a trabalho experimental ou clínico publicado, no prelo ou submetido à publicação

no período de gestão da Diretoria da SBN em exercício, em periódico nacional ou internacional, em que o autor principal seja um jovem neurocirurgião, membro Titular da SBN ou portador do Título de especialista outorgado por esta Sociedade e em dia com suas obrigações societárias. PREMIAÇÃO: O autor receberá um diploma da SBN e um prêmio em material cirúrgico patrocinado pela CODMAN, de valor equivalente a US$ 2.000,00.

PRÊMIO SBN EXERCÍCIO PROFISSIONALO Prêmio SBN Exercício Profissional Codman foi concebido para contemplar Membros Titulares e Efetivos da SBN

que estejam com suas obrigações associativas quitadas perante a Tesouraria. Para tal, é preciso enviar, no prazo abaixo definido, monografia acerca de um dos temas indicados, a serem selecionados por Comissão Especial para este fim designada. A premiação será realizada durante o XXVII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia. A monografia versará, necessariamente, sobre um dos temas abaixo definidos, deverá ser inédita, preferencialmente, de um único concor-rente, admitindo-se, no entanto, participação por grupo de pessoas. TEMAS PROPOSTOS: a) Prontuário Médico. b) Título de Especialista, sua importância. c) Revalidação do Título de Especialista. d) Documentos médicos. e) Exercício Profissional e Neurocirurgia. f) Relacionamento médico-paciente. g) Ato médico definição e importância. h) Conselhos de Medicina. Concepção e relevância. i) Entidades médicas, sua importância. j) SUS, implantação e problemas existen-tes. PREMIAÇÃO: 1º Colocado - R$ 2.000,00 (Dois mil reais). 2º Colocado – R$ 1.500,00 (Um mil e quinhentos reais). 3º Colocado – R$ 1.000,00 (Um mil reais). Os prêmios serão pagos em livros científicos. A Codman patrocinará estes prêmios nos valores acima mencionados, através da SBN, que administrará os valores respectivos de cada prêmio. Na data da solenidade será feita a entrega de uma placa a cada vencedor.

12Maio 2008

Uma especialidade masculina?

Palestra apresentada em Buenos Aires pela especialista Ana Luiza de OliveiraMachado Aires questiona fato de haver poucas mulheres neurocirurgiãs atuando

no Brasil

As mulheres são minoria na Neurocirurgia, representando pouco mais de 5% do total de médicos desta espe-

cialidade no Brasil, realidade semelhante aos Estados Unidos, onde a porcentagem está no mesmo patamar (cerca de 5,6%). Apesar disso, na atual gestão da SBN a neurocirurgiã Elisa Leal Suzano ocupa posição de destaque. “Ela é meu braço direito e meu hemisfério esquerdo. Quando o direito fantasia e sai um pouco da realidade, é ela quem me traz de volta ao chão” diz o presidente José Carlos Saleme.

Mas, por que existem poucas mulheres neurocirurgiãs? Com o intuito de aprofundar a discussão e a análise sobre a reduzida participação feminina na Neurocirurgia, a especialista Ana Luiza de Oliveira Machado, de Brasília, apresentou uma palestra sobre o assunto, apontando algumas dificuldades que desestimulam e afetam as mulheres neste mercado de trabalho.

Ministrada durante o II Fórum de Transformação Socioeconô-mica em Neurocirurgia na América Latina (realizado em outu-bro de 2007, em Buenos Aires), a palestra mostrou que, entre os problemas enfrentados pelas mulheres durante a formação médico-residente nesta especialidade, estão a ausência de repouso médico feminino e de vestiário no centro cirúrgico, o mito de que é necessário “ter força física” para realizar uma Neurocirurgia, a pressão da vida familiar (marido e filhos) e a pressão dos homens com relação ao fato de que a maioria das mulheres cumpre um “segundo turno” de trabalho ao chegar em casa.

Formada em Medicina há 22 anos e, como Neurocirurgiã, há 18 anos, Ana Luiza contou que foi a primeira mulher a passar numa prova de Residência Médica para Neurocirurgia no Distrito Federal e também a primeira mulher “staff” da

Unidade de Neurocirurgia do Hospital de Base. “O grande problema na residência foi a reação dos colegas mais jovens. Surpreendentemente, foram eles que tiveram maior dificuldade de aceitação”, afirmou a médica.

A neurocirurgiã Maria Laura Bezerra de Menezes conta que também sentiu preconceito dos colegas homens. “Quando che-guei, o chefe me recebeu dizendo: - Mais uma mulher. Vamos ver se ela vai conseguir terminar a Residência”, conta. Nascida em Recife, a especialista concluiu a faculdade de Medicina em 1988, fez Residência no Rio de Janeiro e na França e, há 10 anos, reside em Vitória (Espírito Santo).

Ela ressalta que esse tipo de comportamento masculino não acontece apenas no Brasil. “Quando morei na França, um médico árabe me perguntou como eu fazia para abrir um fosso posterior durante uma cirurgia. Respondi com outra pergunta: o senhor quer saber qual a técnica que eu uso? Ele disse: Não, é que as neurocirurgiãs do meu país não conseguem. Falei que ou elas são mal treinadas ou o material que elas usam não é de boa qualidade”, relatou, afirmando que, atualmente, não sente mais essa discriminação em sua rotina diária de trabalho.

Para Nelci Zanon, de São Paulo, as dificuldades relatadas tiveram um valor maior no final da década de 80, época em que não conhecia mulheres na Neurocirurgia para comparti-lhar ou seguir o exemplo. “No entanto”, diz, “o trabalho de nossa formação inicial foi tão árduo que essas questões foram absolutamente secundárias”.

Formada há 22 anos, Nelci fez Residência em Neurocirurgia no Rio de Janeiro, em 1991, e especialização em Neurocirurgia Pediátrica em Marseille, na França, em 1993. “No primeiro hospital que trabalhei em Marseille, na França, eu era a única mulher neurocirurgiã. Naquela época, os vestiários masculino e feminino eram no mesmo compartimento, independente de ser anestesista, cirurgião, maqueiro ou enfermeira”, contou. Hoje, segundo a médica, em vários hospitais privados, já existem vestiários para as mulheres cirurgiãs e vestiários para os médi-cos e enfermeiros. “É sinal dos tempos. Algo está mudando, e para melhor”, observou.

Em Belo Horizonte, a neurocirurgiã Audrey Beatriz Santos Araújo chegou a pensar em desistir da idéia de seguir a espe-cialidade. “Durante o internato no HC, havia muita pressão no sentido de que mulher não daria conta de fazer Neurocirurgia, ficar 14 ou 15 horas em pé. Acabei fazendo prova para neuroclí-nica na Santa Casa de Belo Horizonte por causa disso. Mesmo porque, na Santa Casa, eles não eram a favor de mulher em

Ana Luiza de Oliveira Machado

13Maio 2008

Neurocirurgia. Na entrevista, foram claros quanto a isso, perguntando-me se eu não achava que essa é uma espe-cialidade masculina”, relatou Audrey.

A especialista acredita que a resistência dos homens faz parte da cultura machista que vigorava no meio médico há algumas décadas, muitas vezes retratadas através de piadas. “Certa vez, durante um jantar do qual participei com um grupo de residentes e preceptores, um neurocirurgião de São Paulo perguntou-me o que eu faria se o aneurisma rompesse. Ele mesmo respondeu à pergunta, em tom de chacota: grita e puxa o cabelo?”. Com 15 anos de formada, dos quais 11 com atuação em Neurocirurgia, Audrey Araújo atualmente é chefe do Serviço de Neurocirurgia e Neurologia do Hospital Municipal Odilon Behrens e preceptora de Residência do Hospital Socor, em Belo Horizonte.

Expansão da participação feminina

O que leva uma médica residente a desistir de sua car-reira após anos de formação altamente especializada é uma incógnita. “Faltam estudos estatísticos mais profundos que nos permitam realizar uma análise real da situação das mulhe-res Neurocirurgiãs no Brasil”, afirma Ana Luiza de Oliveira Machado. Para ela, somente a partir dessas informações, será possível saber por que é pequeno o número de mulheres nesta especialidade.

O primeiro passo seria, em sua opinião, a formação de um Capítulo / Departamento dentro das Sociedades de Neuro-cirurgia da América Latina pertencentes à FLANC. “Espero que, no futuro, eu possa apresentar dados mais precisos e contribuir para a expansão da participação feminina na Neurocirurgia que, com sua capacidade intuitiva e sensibilidade aguçada, certamente permitirá um aprimoramento mais amplo de nossa especialidade”, finalizou.

Desistindo da profissão

Segundo Ana Luiza de Oliveira Machado, após concluir a Residência Médica e se lançar no mercado de trabalho a mulher se depara com outros obstáculos que, muitas vezes, a levam a desistir de optar pela Neurocirurgia. “As melhores oportunidades de trabalho estão no serviço público, onde o processo de seleção oferece as mesmas chances para qualquer indivíduo, independente do gênero, e onde a mulher está amparada pela Lei (licença maternidade e amamentação)”, explicou. “O problema do setor público são os péssimos salá-rios”, completa.

Ela acredita que nos hospitais e clínicas privadas os homens têm mais espaço do que as mulheres. “Isto leva algumas colegas a desistirem da Neurocirurgia ao final da Residência, indo tra-balhar em áreas afins como a Neuroradiologia, Neuroradiologia Intervencionista, Neuropatologia e Neurologia”.

Atuando em serviços público e privado em São Paulo, Nelci Zanon acredita que ingressar em um bom hospital particular é difícil para profissionais dos dois sexos, porque a oferta de vagas é inferior à procura. “O diferencial é a formação e o con-tínuo aperfeiçoamento. No início, ser mulher pode até ser uma barreira, mas o tempo, o trabalho constante e a persistência podem ser um diferencial a favor, pela dedicação, carinho e cuidado com as relações humanas”, ressaltou.

Para a neurocirurgiã baiana Maria da Glória Pabst, um dos fatores que afasta a mulher é a natureza da Neurocirurgia que, segundo ela, exige certa agressividade. “Quando comecei a trabalhar em hospital público, cheguei a ficar com calos nos dedos. Hoje já não temos mais esse problema, porque dispo-mos de equipamentos adequados para realizar as cirurgias, o que exige menos esforço físico”, disse a médica.

Aldrey Beatriz Santos Araujo

Nelci Zanon

Maria LauraBezerra de Menezes

Maria da Glória Pabst

14Maio 2008

Comissão deExercício Profissional:Balanço de 2007 e propostas para 2008

Tendo como objetivo lutar por condições de trabalho e remuneração digna para o neurocirurgião brasileiro,

a Comissão de Exercício Profissional da SBN encerrou o ano 2007 com um importante instrumento para colocar em prá-ticas ações fundamentais. “Por meio de reuniões freqüentes, a Comissão realizou um levantamento para identificar os problemas dos neurocirurgiões, resultando em um relatório com sugestões e ações”, informou o presidente da Comissão, Geraldo Gonsalves.

A partir de consulta aos associados, a Comissão encaminhou à Câmara Temática da CBHPM (Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos), da Associação Médica Brasileira, sugestões de alterações, inclusão e revisão de valores dos procedimentos atuais da 4ª. Edição. Além disso, participou do XXIII Congresso Nacional de Atualização, em Vitória (Espírito Santo), em mesa-redonda que contou com a participação do presi-dente da AMB, abordando e discutindo importantes temas e problemas atuais.

Para 2008, a Comissão traçou uma série de ações, algumas das quais são descritas pelo Boletim da SBN a seguir. Na questão dos concursos públicos, por exemplo, a Comissão irá lutar pela garantia do piso salarial nacional inicial de R$ 6.963,20 por quatro horas diárias de trabalho (20 horas semanais/80 horas mensais), conforme propõe a Federação Nacional dos Médicos (FENAM).

Também propõe que os editais de concurso incluam as seguintes informações: definição do valor total do salário

a ser pago, da carga horária e número de vagas para admissão imediata; exigência de título de especialista da SBN; definição do regime jurídico. Neste item, a Comissão sugere a unificação da data-base de aumento salarial para os servidores públicos (médicos) nos três níveis de governo (federal, estadual e muni-cipal) e ainda que o médico não se inscreva em qualquer con-curso (municipal, estadual, federal e privado) até a publicação das normas definidas.

De acordo com Geraldo Gonsalves, até a adoção de novos concursos, a Comissão faz as seguintes recomendações:• Propor negociação para ajustar novos valores, com definição de prazo e cronograma de implantação para os

neurocirurgiões já em exercício (efetivos e/ou comissionados), a exemplo da negociação de Brasília, que resultou na criação da Lei do PCCS dos Médicos, em 18 de fevereiro de 2004;

• Encaminhar as negociações, através da SBN ou de suas Regionais, aos sindicatos e associações médicas regionais;

• Estimular a formação de cooperativas da especialidade, sem, contudo, substituir os concursos públicos;• Inibir a contratação de residentes em Neurocirurgia, para ocupar cargo efetivo privativo de neurocirurgião com

titulo da SBN;• Condenar e desestimular a substituição de profissionais, em campanha de melhoria de trabalho e honorários, por

profissionais de outras regiões com oferta de trabalho temporário, fora das normas aprovadas neste documento;• Lutar pela implantação do PCCS, como carreira de Estado, para os médicos do quadro permanente do Ministério

da Saúde, com recomposição salarial a níveis equivalentes aos do Judiciário/Ministério Público/Polícia Federal.

15Maio 2008

Fortalecer a CBHPM é uma das metas

Atualmente, está em vigor a 4a edição da CBHPM (de 2005). Apesar disso, a maioria das operadoras de saúde ainda adota a 3ª edição. É o caso, por exemplo, das Caixas de Autogestão, que fazem parte da Unidas, e do Sistema Unimed. As opera-doras dos grupos Abramge e Fesaseg resistem à adoção da CBHPM e utilizam tabela própria ou tabela editada pela AMB, ambas baseadas em parâmetros de 1992.

Entre as propostas previstas para 2008, estão o fortale-cimento da 4a edição da CBHPM, adotando-a para fins de negociação e implantando-a nos locais de trabalho; a defini-ção de valores mínimos, aceitos pela SBN, como sendo os da CBHPM Plena, com banda superior de 20% e corrigida pelo índice inflacionário entre sete de agosto de 2003 (3a edição) até a presente data.

Em 2008, a Comissão de Exercício Profissional propõe ainda que seja exigida a revisão imediata dos valores pactuados para a 5a edição da CBHPM, a ser editada pela AMB. “Além disso, iremos sugerir a inclusão de novos procedimentos não contemplados na 4a edição”, informou o presidente Geraldo Gonsalves.

Estimular as Sociedades Regionais ou Estaduais de Neurocirurgia para que realizem negociações e incentivar e insistir na criação de Câmaras Técnicas Regionais, visando diri-mir dúvidas para ambas as partes (prestadores e credenciados) também estão entre as ações metas da Comissão.

16Maio 2008

Com a expectativa de receber grande número de partici-pantes, o XXVII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia

já está com as inscrições abertas. Segundo informações do presidente do 27º CBN, Evandro de Oliveira, entre os principais atrativos da edição de 2008 estão os eventos paralelos, como 4th International Symposium on Microneurosurgical Anatomy e Annual Meeting of the World Academy of Neurological Surgery – WANS. “Estamos adiantados em relação ao crono-grama e a procura por informações está intensa”, comentou.

O Congresso será realizado no período de 13 a 18 de setembro, no Rafain Palace Hotel & Convention Center, em Foz do Iguaçu, Paraná. O programa científico já está pronto e foi elaborado para privilegiar a atuação do neurocirurgião na sala operatória, tendo em vista o slogan A Neurocirurgia Revisitada. “Teremos a participação de 41 palestrantes, entre eles, americanos, canadenses, europeus e japoneses”, infor-mou o presidente do CBN.

A área de exposições já conta com 28 expositores, número que pode aumentar ainda mais. “A adesão de expositores ultra-passou a nossa estimativa inicial, nossa meta foi alcançada e, com certeza, ainda teremos outras empresas interessadas em participar”, espera Evandro de Oliveira.

Programação e Cursos Pré-Congresso

Anatomia Microcirúrgica, Vascular, Neuroendoscopia, Neurocirurgia Pediátrica e Epilepsia são alguns dos temas dos 15 cursos pré-congresso que fazem parte da programa-ção do XXVII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia. Com o objetivo de oferecer uma atualização sistematizada das várias áreas da Neurocirurgia, os cursos serão realizados nos dias 13 e 14, abordando os seguintes temas: Coluna 1 e 2, TCE, Meningiomas, Nervos Periféricos, Gliomas e Neurinomas do

INSCRIÇÕES ABERTAS!

O hotel onde será realizado o CBN 2008: alto padrão.

17Maio 2008

O presidente do CBN 2008,Evandro de Oliveira

Acústico. Uma das atividades mais esperadas será a sessão Como eu Faço, com exemplos práticos abordados por diversos especialistas. Os cursos terão duração de um ou dois dias, dependendo do tema.

Durante o congresso serão realizados seminários matinais, através dos quais conceituados especialistas irão mostrar refinadas técnicas cirúrgicas no tratamento das doenças neurocirúrgicas, com destaque para a Microneuroanatomia Cirúrgica, que fará parte do 4th International Symposium on Microneurosurgical Anatomy.

No período da tarde serão apresentados módulos de controvérsias nas diferentes áreas da Neurocirurgia, além de palestras dedicadas ao exercício profissional e ao ensino da Neurocirurgia. No último dia do evento será realizado o encon-tro da World Academy of Neurosurgery, onde especialistas de várias partes do mundo irão debater alguns dos temas mais polêmicos em neurocirurgia. Ao final de cada sessão, haverá tempo para discussão e esclarecimentos.

Palestrantes Estrangeiros JÁ CONFIRMADOSErdener Timurkayhak TurquiaMicroanatomia

Joahnnes SchrannAlemanhaEpilepsia

Michael LawtonEstados UnidosNeurocirurgia

Toshio MatsushimaJapãoMicroanatomia

Helmut BerthalanffySuiçaCavernoma de Tronco

James RutkaCanadáBiologia Molecular / Pediátrica

Roberto HerosEstados UnidosRelação Médico-Indústria

Informações e InscriçõesSecretaria Executiva: Cerne Consultoria de Eventos

Fones: (11) 3812-4845 / 3812-7904 – e-mail: [email protected] do Congresso: http://www.sbn.com.br/cbn

JOINT-MEETINGCNS E SBN

Pela primeira vez o Congress of Neurological Surgeons patrocinará um joint-meeting com a SBN, durante seu próximo congresso em Orlando, Flórida, entre os dias 20 e 25 de setem-bro de 2008, logo após o término do Congresso Brasileiro em Foz do Iguaçu. Vinte e cinco neurocirurgiões brasileiros foram convidados a darem palestras na programação científica. Maiores informações: www.cns.org/meetings/2008/index.asp

18Maio 2008

lutamente essenciais a uma especialidade complexa como a Neurocirurgia. Os critérios são os mesmos para diferentes disciplinas. Quanto ao currículo, são levados mais em conside-ração os aspectos epidemiológicos da especialidade.

Isto acarreta grandes distorções na formação dos nossos neurocirurgiões. E, enquanto a SBN despende fortunas para manter uma comissão atuante, visitando, fiscalizando siste-maticamente e credenciando serviços de qualidade, o MEC, muitas vezes “permite” a formação de neurocirurgiões sem preparo adequado que vão competir no mercado de trabalho com o mesmo peso, visto que o título de especialista não é devidamente valorizado, nem sequer por instituições públi-cas. Pior, estes serviços são legalmente credenciados. Duplo engodo: os médicos que de boa fé cursam residências ina-dequadas e a população em geral que se submete às mãos destes profissionais.

Vez por outra comissões estaduais de RM nos convidam (SBN) para fazer parte de juntas médicas para fiscalizar ou cre-denciar algum serviço. Aceitamos com prazer esta concessão, mas temos de acatar os critérios do MEC, na verdade nem criteriosamente estabelecidos, e acabamos por tornarmos coni-ventes e cúmplices desta forma de credenciamento, contrária aos princípios da SBN. Por outro lado, o Conselho Deliberativo da SBN está por rediscutir os critérios de credenciamento, con-siderando as constantes mudanças na especialidade, avanços tecnológicos, novas demandas epidemiológicas etc.

Não seria interessante que a SBN adiasse a discussão de novos critérios para estudar esta realidade cada vez mais pre-ocupante e grave? Poderíamos suspender temporariamente a visitação sistemática da comissão de credenciamento, visto que muito dispendiosa, re-visitando apenas os serviços onde se constatem problemas mais graves. E, canalizarmos todas as energias no sentido de que, em Neurocirurgia, sejam ane-xados aos critérios do MEC, os critérios estabelecidos pela SBN, tornando-os oficiais, ou ainda, conseguir junto ao MEC o desiderato de fiscalizar os serviços de Neurocirurgia, usando os critérios de avaliação da SBN.

Claro que se trata de objetivo extremamente difícil e neces-sitaria de toda uma elaboração política com envolvimento da diretoria da SBN, das forças interinstitucionais, institucionais e políticas. Seria mais um desafio para a sociedade. Mas, como médico, neurocirurgião, chefe de serviço, preceptor, membro da Comissão de Credenciamento da SBN, professor universitário e, principalmente, como potencial usuário de serviços médicos, considero que seria uma grande conquista para a população e forte afirmação da SBN como gestor da política de formação e atuação da Neurocirurgia no país.

Residência & Treinamento

MEC X SBNRoberto Colichio Gabarra *

*Roberto Colichio GabarraMembro da Comissão de Credenciamento da SBNChefe do Serviço de Neurocirurgia do HC da FMB

Residência e treinamento são termos que se confundem e poderiam ter o mesmo significado, mas na verdade

têm objetivos diferentes. RESIDÊNCIA MÉDICA é coordenada pelo MEC, tem como objetivo a especialidade e confere o “cer-tificado de residência médica”, enquanto que TREINAMENTO objetiva a formação do especialista e confere o “título da especialidade”, e é da alçada da AMB através das associações de classe, no nosso caso a SBN, que regulamenta e credencia serviços.

O MEC credencia serviços para oferecer Residência, mas este credenciamento tem critérios próprios, mais relaciona-dos com os serviços públicos, universitários ou não, e com as demandas populacionais de uma especialidade em uma região. O credenciamento, em geral, é feito por uma junta médica, nomeada pelo MEC, através das comissões estaduais de RM que nada tem a ver com as especialidades, podendo ser formada por sanitaristas, generalistas ou profissionais de quaisquer especialidades.

Já a SBN tem uma comissão de credenciamento formada por neurocirurgiões de diferentes partes do país, eleitos entre seus pares, com critérios que avaliam principalmente o ser-viço, o programa, o corpo de preceptores e objetiva manter o padrão de qualidade e homogeneidade de programas entre os serviços credenciados. Resumindo, existem duas formas de credenciamento gerando, portanto, serviços credenciados pelo MEC e credenciados pela SBN, com diferentes critérios, protocolos, objetivos gerais e imediatos. Nada contra os cre-denciados pelo MEC, até porque existem entre eles excelentes serviços. Alguns, inclusive, credenciados pelas duas entidades.

Os critérios da SBN são mais rigorosos, já que pautados na qualidade. Exige corpo de cinco ou mais preceptores com título de especialista; uma relação mínima cirurgias/residentes; percentual mínimo para cada tipo de cirurgia; diversificação de procedimentos; aumento progressivo de dificuldades para cada ano de residência; participação efetiva dos residentes em cirurgias; monitoramento cirúrgico e ambulatorial por parte dos preceptores; equipamentos adequados e compatíveis com o momento da Neurocirurgia nacional; enfim, um protocolo mais rígido.

A SBN estabelece um currículo mínimo, baseado na Neurocirurgia atual a ser desenvolvida hierárquica e progres-sivamente nos cinco anos previstos. Já o MEC, não tem esta preocupação voltada para a qualidade. Ele examina o serviço, independente da especialidade e apenas vê se o hospital tem condições de ensino. Não há preocupação em relação ao número de residentes/ano, ao volume cirúrgico do hospital, aos tipos de cirurgias realizadas, e a outros critérios abso-

19Maio 2008

20Maio 2008

Há dias circulou a notícia de que o Ministério da Saúde

planeja implantar “um novo perfil para a Medicina”, por intermédio de sua Secretaria de Gestão do Trabalho da Educação na Saúde. A proposta está centrada no curso de graduação em Medicina. Por conhecermos a filosofia ideológica desta Secretaria, somos obrigados a trazer a público a realidade dos fatos. O objetivo é formar médicos para o SUS, e desde já salientamos a contramão da realidade em que se encontra este projeto.

Contestamos tal posicionamento, pois a prioridade deve ser a formação de médicos competentes, éticos, prontos para trabalhar no SUS e também nos diversos locais que o mer-cado oferece. O paciente do Sistema Único de Saúde também merece um médico qualificado, por isso, a formação deve ser de excelência. A proposta do Ministério da Saúde mostra des-conhecimento sobre o ensino médico e o exercício profissional; afronta princípios do ensino preconizados por quem exerce a medicina e busca a excelência acadêmica e a competência profissional.

O correto e bom ensino médico é complexo. Envolve currículo humanista, modelo pedagógico, estrutura acadê-mico-administrativa, metodologia de ensino e de avaliação, e recursos humanos e materiais condizentes. É necessário ainda que haja quem ensine, pois a Medicina é uma profissão em que só se aprende ao lado de quem sabe, assim como é fun-damental o ambiente em que se dá o aprendizado. Este fato, com a grande expansão do ensino médico na última década, pode ser um complicador, pois não há docentes qualificados para todas as escolas recém-criadas, sendo que a maioria não possui condições minimamente adequadas.

Como sabemos, um grande número dos postos de saúde apresenta condições precárias de atendimento e não tem estrutura para o ensino da Medicina. As filas são enormes, as condições de higiene precárias, o atendimento ao paciente dura menos de dez minutos, pessoas morrem em filas de espera, as doenças não são tratadas, mas sim os sintomas, e os resultados dos exames só chegam quando a situação clínica do paciente já é totalmente diferente da inicial. É, portanto, claro que este não é um ambiente adequado para o ensino da Medicina. Porém, é evidente que os alunos da graduação devem ter no seu currículo o estágio no SUS, até mesmo para aprender o que não se deve fazer, mas isso nunca pode ser prioridade.

Se o escopo do Ministério da Saúde é propor mudanças no ensino da Medicina, o que não é da sua alçada, com o objetivo de garantir mão-de-obra barata, não conseguirá. Se pretende sensibilizar o aluno a se compromissar com o SUS, certamente o amedrontará. Inclusive corremos o risco de a decepção o levar a abandonar o curso médico, tão desejado dentro de

seu idealismo louvável. Se tal proposta fosse boa, não deveria envolver repasse de verbas, uma vez que as instituições, que possuem a massa pensante, já estariam centrando o ensino na rede pública de saúde. Que não se confunda ensino da medicina com mercadoria que pode ser “comprada”.

Entendemos ser o SUS o melhor sistema de saúde já idea-lizado e lutamos por sua valorização, mas somos testemunhas dos problemas que o tornam inviável para a transmissão de conhecimento e a formação médica. Concordamos que o ensino deva ser baseado na comunidade, e não apenas como ocorre em algumas instituições, em que está centrado em casos ditos “interessantes”, pois todos o são, e o que ocorre são médicos desinteressados, cujo desinteresse possui explicações que escapam ao escopo deste artigo.

Para agravar a situação, a Secretaria de Gestão do Trabalho da Educação na Saúde do Ministério da Saúde tenta trans-formar a residência médica em política de saúde, quando é política de educação. É a educação a serviço da saúde, e por isso está alocada no MEC. Além de a Secretaria tentar interferir no ensino da graduação, quer usar o residente para solucionar os problemas de saúde do país, por ser mão-de-obra barata, comprometendo o aprendizado em serviço que caracteriza a residência, que não tem como objetivo sanar as dificuldades da graduação, mas o faz uma vez ser esta totalmente deficiente.

A referida Secretaria lamenta ser a residência médica pura-mente curativa, propondo um perfil mais preventivo. Porém, o atendimento médico só poderá ser preventivo, como todos queremos, quando as doenças e o sofrimento das pessoas estiverem sob controle, e os pacientes tiverem atendimento médico digno, que priorize a relação médico-paciente e o humanismo. Infelizmente, os que defendem arduamente a Medicina Preventiva têm demonstrado incompetência no controle da dengue, da febre amarela e de outras doenças pre-valentes. Também por falta de conhecimento não sabem que a Medicina Curativa está compromissada e vinculada à Medicina preventiva, porém em níveis secundário e terciário.

Respeitamos a opinião do Ministério da Saúde por garantia ao estado democrático de direito. Contudo, a desqualificamos com base no exposto. Esperamos que o ministro da Educação, Fernando Haddad, que tem lutado pela busca da excelência na educação, trabalhando com seriedade e propostas louváveis, interfira imediatamente nessa questão.

Dentro de uma intelectualidade delirante, talvez tenham concluído que a medicina de Cuba seja a solução para o Brasil, advogando para o atendimento médico bacharéis em medicina que não conhecem as características do SUS e da medicina brasileira, com formação (se é que ela existe) funda-mentalmente sanitarista. Talvez, no curto prazo, a busca desse novo perfil para a Medicina leve nossos estudantes a ter como professores tais bacharéis cubanos, que nem revalidaram seus diplomas, colocando em risco o ensino e a graduação.

(*) Antônio Carlos Lopes Ex-secretário-executivo da Comissão Nacional de ResidênciaMédica

Atentado ao ensino médico(*) Antônio Carlos Lopes

21Maio 2008

A Associação Médica Brasileira (AMB) foi fundada em 1951 e tem a missão de defender a dignidade

profissional do médico e a assistência de qualidade à saúde da população brasileira. Possui 27 Associações Médicas Estaduais e 396 Associações Regionais. Além disso, compõem o seu Conselho Científico 53 Sociedades Médicas que repre-sentam as Especialidades reconhecidas no Brasil. A AMB integra o Conselho da Associação Médica Mundial (World Medical Association) e é co-fundadora da Comunidade Médica de Língua Portuguesa. Buscando o aprimoramento científico e a valorização profissional do médico, desde 1971, a AMB concede Títulos de Especialista e Certificados de Área de Atuação aos médicos aprovados em rigorosas avaliações teóricas e práticas. Por meio de sua Comissão Nacional de Acreditação, a AMB também trabalha na atualização dos Títulos, administrando os créditos necessários.

A Associação tem atuado junto ao Ministério da Educação e no Congresso Nacional para combater a abertura de cursos de Medicina de má qualidade e rever as autorizações de funcionamento dos hoje existentes. Uma faculdade qua-lificada precisa ter requisitos básicos como: corpo docente capacitado na área médica, oferta de vagas de residência, unidades próprias de internação, ambulatorial e de emer-gência, centros cirúrgicos e obstétricos. Desde 2000, a AMB

tem uma equipe que elabora diretrizes médicas baseadas em evidências científicas para padronizar condutas e auxiliar o médico na decisão clínica de diagnóstico e tratamento. Até hoje foram elaboradas mais de 300 diretrizes, disponíveis no site www.projetodiretrizes.org.br. O Programa de Educação Médica Continuada (EMC) atualiza o conhecimento cientí-fico. É gratuito, à distância e aberto à participação de todos os médicos brasileiros.

Por meio da Comissão de Assuntos Parlamentares, a AMB tem participado ativamente do Projeto de Lei 7703/06, que regulamenta a Medicina. Elaborada e revista continuamente pela AMB, CFM e Sociedades de Especialidade, a CBHPM relaciona todos os procedimentos médicos comprovados cientificamente, tornando-se referencial como oferta de saúde de qualidade. Ao lado da representação médica junto às operadoras de plano de saúde e à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a Associação Médica Brasileira tem ainda trabalhado no Congresso Nacional para aprovar o projeto de lei nº 39/2007, que considera a CBHPM como referencial na fixação da remuneração do médico no sistema suplementar. A AMB também integra a Comissão criada com o objetivo de elaborar uma proposta de Plano de Cargos, Carreira e Salários no SUS para que as entidades médicas possam negociar sua implantação nos estados e municípios.

AMB: um panorama

José Luiz Gomes do Amaral é presidente da AMB

(*) José Luiz Gomes do Amaral

22Maio 2008

Concurso para Concessão do Título de Especialista em Neurocirurgia25 e 26 de Julho de 2008Edital Completo no Site da SBN: www.sbn.com.br

Eventos

Fique atualizado acessando nosso site: www.sbn.com.br

PRÓXIMOS CONGRESSOS SBN

•Setembro de 2008: Foz do Iguaçu, PR•Setembro de 2009: Porto Alegre, RS•Setembro de 2010: Savador, BA•Setembro de 2011: Porto de Galinhas, PE

Eventos nacionais IX CONGRESSO DA SOCIEDADE DE NEUROCIRURGIA DO RIO DE JANEIRO / JOINT MEETING DA JORNADA DA SOCIEDADE DE CIRURGIA NEUROLÓGICA DO CONE SUL25-28 de Junho de 2008Hotel Sofitel • Rio de Janeiro, RJ www.sncrj.com.br

XXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROLOGIA16-21 de Agosto de 2008Centro de Convenções • Belém, PA Tel/ Fax: (71)2104-3477 www.neuro2008.com.br

COMINCO - CONGRESSO BRASILEIRO DE CIRURGIA E TÉCNICAS MINIMAMENTE INVASIVAS DA COLUNA VERTEBRAL28-30 de Agosto de 2008Centro de Convenções • Gramado, RS www.vjs.com.br/cominco

CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROINTENSIVISMO23-25 de Outubro de 2008Hotel Plaza São Rafael • Porto Alegre, RS http://www.vjs.com.br

Eventos internacionaisXXXIII CLAN – CONGRESSO LATINOAMERICANO DE NEUROCIRUGÍABogotá, Colombia 26 a 30 de Outubro 2008

DGNC 2008 – DEUTSCHEN GESELLSCHAFT FÜR NEUROCHIRURGIE01-04 de Junho de 2008Congress Centrum Würzburg • Wurtzburgo, Alemanhawww.dgnc.de/2008

5TH WORLD CONGRESS FOR NEUROREHABILITATION (WCNR)24-27 de Setembro de 2008Rio de Janeiro, RJ • Brasilhttp://www.sarah.br/wfnr-rio2008/

Projeto DiretrizesMais uma turma de neu-rocirurgiões participaram de curso sobre o Projeto Diretrizes, na sede da AMB, no dia 08 de março de 2008

Simpósio discutiu formação médicaEntidades médicas organiza-ram o simpósio “O Futuro das Escolas Médicas no Brasil”, no dia 4 de abril, em São Paulo, com participação de parlamentares e lideres das entidades médicas nacionais. O presidente da SBN, José Carlos Saleme, participou do encontro.

23Maio 2008