Química_Forense 1
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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIAPortal Educação
CURSO DE
QUÍMICA FORENSE
Aluno:EaD - Educação a Distância Portal Educação
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CURSO DE
QUÍMICA FORENSE
MÓDULO I
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para estePrograma de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuiçãodo mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contidosão dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
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SUMÁRIO
MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO À QUÍMICA FORENSE
1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA QUÍMICA FORENSE
1.2 A IMPORTÂNCIA DA QUÍMICA FORENSE
1.3 A BIOLOGIA MOLECULAR NA QUÍMICA FORENSE
1.4 A AMOSTRAGEM E COLETA DE MATERIAL
1.4.1 Coleta de Fluidos Corporais
1.4.2 Coleta de Tecidos Ósseos
1.4.3 Coleta de Tecidos Moles
MÓDULO II
2 ENTENDENDO O DNA
2.1 INTRODUÇÃO
2.2 O DNA NUCLEAR
2.3 O DNA MITOCONDRIAL
2.4 EXAMES UTILIZANDO O DNA
MÓDULO III
3 METODOLOGIA E TÉCNICAS VOLTADAS À QUÍMICA FORENSE
3.1 TÉCNICAS ANALÍTICAS MAIS USUAIS
3.2 DETECÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE RESÍDUOS
3.2.1 O Exame Residuográfico de Disparo de Armas de Fogo
3.2.2 O Exame Químico Metalográfico e de Tintas
3.2.3 Revelações de Impressões Digitais: do Clássico à Nanotecnologia
3.2.4 Identificação de Sangue e Outros Fluidos Biológicos
3.2.5 O Bafômetro e Outras Técnicas de Quantificação do Etanol
3.3 AS DROGAS DE ABUSO
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3.3.1 Aspectos Históricos Relacionados às Drogas de Abuso
3.3.2 Preparação e Métodos de Detecção
MÓDULO IV
4 A ABORDAGEM PERICIAL EM OPERAÇÕES POLICIAIS
4.1 EXAMES PERICIAIS
4.1.1 Exame Pericial em Alimentos
4.1.2 Exame Pericial em Locais de Incêndios
4.1.3 Exame Pericial em Medicamentos, Cosméticos e Saneantes
4.1.4 Exame Pericial em Combustíveis – Análise de Adulteração
4.2 ANÁLISE DE PLANTAS ALUCINÓGENAS E DE MATERIAIS SUSPEITOS DE
SEREM ENTORPECENTES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO À QUÍMICA FORENSE
1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA QUÍMICA FORENSE
Um conhecimento imprescindível ao entendimento da Química Forense é a
etimologia da palavra “forense”. Forense vem do latim forensis, que significa público,
ao fórum ou à discussão pública. Dessa forma, ciência forense é a ciência utilizada
em um sistema judiciário, ou seja, para finalidades da lei.
As ciências forenses são responsáveis pelo apoio científico nas
investigações de danos, mortes e crimes inexplicados; ou seja, aplicam o
conhecimento e a tecnologia da ciência no cumprimento das leis sociais, utilizando-
se de provas materiais recolhidas no momento da perícia criminal.
A Ciência Forense é uma área interdisciplinar na qual estão envolvidas
várias outras ciências, dentre elas a Química Forense, responsável pela realização
de análises voltadas à identificação e constituição dos elementos como: análises de
disparos de armas de fogo, identificação de adulterações em veículos, revelação de
impressões digitais, identificação de sangue em locais de crime, constatação de
substâncias entorpecentes e várias outras apreciações que contribuem fortemente
para solucionar os crimes.
Na Química Forense, todo e qualquer tipo de contato gera um vestígio, um
rastro, uma pista. O trabalho de um químico forense é encontrar essas pistas e
determinar o seus significados. A utilização da prática forense na investigação
criminal é muito antiga e relatos da literatura indicam a China como berço dessa
prática. No século VII, durante a dinastia Tang, Ti Yen Chieh utilizou a lógica e a
prova forense, baseando-se em estudos da cena do crime, exames das pistas e
conversas com testemunhas.
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No século XIII, foi publicado na China um livro com explicações de como
realizar o reconhecimento de sinais de afogamento, pela presença de água nos
pulmões, e estrangulamento, pela partição da cartilagem do pescoço, ou explicaçõesde como feridas podiam revelar o tipo e o tamanho da arma utilizada no crime. Os
sete séculos seguintes foram marcados pelo baixo nível de desenvolvimento. Uma
exceção foi o trabalho do químico belga Jean Servais Stas (1813 – 1891) (FIGURA
1).
FIGURA 1 - JEAN SERVAIS STAS (1813 - 1891)
FONTE: Disponível em: <http://www.probertencyclopaedia.com>. Acesso em: 26 set. 2012.
Stas, então professor de química na Universidade de Bruxelas e
considerado líder no país por seus experimentos sobre determinação de venenosvegetais no corpo humano, teve seus conhecimentos solicitados na busca pelo
entendimento de um crime ocorrido. Os órgãos da vítima foram analisados e pôde
ser concluído que havia ocorrido um envenenamento por um produto natural, no
caso a nicotina. Portanto, seus conhecimentos químicos serviram de prova na
solução do crime em questão. Hoje em dia, a detecção de alcaloides é realizada por
testes que utilizam a espectrofotometria.
Em meados do século XIX, iniciou-se o progresso da Química Forense. Em1863, o químico Christian Friedrich Schönbein (1799 –1868) (FIGURA 2) descobriu o
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primeiro método confiável para a identificação de sangue humano. Schönbein expôs
que ao adicionar peróxido de hidrogênio em manchas de sangue, o local era tomado
por uma espécie de espuma. Essa descoberta permitiu um avanço considerável naépoca, pois havia muita dúvida na identificação de manchas já quando secas, pois
vários tipos apresentavam o mesmo padrão das de sangue.
FIGURA 2 - CHRISTIAN FRIEDRICH SCHÖNBEIN (1799 - 1868)
FONTE: Disponível em: <http://www.probertencyclopaedia.com>. Acesso em: 26 set. 2012.
Por mais de séculos o arsênio é conhecido pela sua capacidade de
envenenamento e até o século XIX não era possível a sua identificação no corpo
humano. Vários pesquisadores procuraram a solução para o problema, porém o
primeiro a obter sucesso nesta empreitada foi o químico britânico James Marsh
(1794 –1846) (FIGURA 3).
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FIGURA 3 - JAMES MARSH (1794 - 1846)
FONTE: Disponível em: <http://www.probertencyclopaedia.com>. Acesso em: 26 set. 2012.
Marsh levou cerca de quatro anos para desenvolver o método infalível na
detecção do arsênio no corpo humano. Para isso construiu um aparato que ficou
conhecido por Aparato de Marsh (FIGURA 4). Esse método ainda é usado na
atualidade e leva o seu nome, o então chamado Teste de Marsh.
FIGURA 4 - APARATO DO TESTE DE MARSH
FONTE: Disponível em: <http://www.probertencyclopaedia.com>. Acesso em: 26 set. 2012.
O teste consiste no seguinte: obtida a amostra a ser analisada, deve-se
colocá-la em contato com zinco metálico puro e ácido sulfúrico. Caso a amostra
contenha arsênio, ele irá ser reduzido pelo zinco, conforme a equação abaixo:
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As2O3 + 6Zn + 6H+ k 2As3- + 6Zn2+ + 3H2O
Os íons As3 – resultantes da reação química acima se combinam com os íons
hidrogênio do ácido sulfúrico, havendo a formação de um gás chamado arsina
(AsH3):
A arsina é decomposta por ação do calor, acarretando na formação de um
filme prateado escuro de arsênio e gás hidrogênio, como pode ser observada pela
equação abaixo:
A determinação quantitativa do veneno está relacionada com o tamanho do
espelho formado. Uma maior quantidade de veneno no corpo é descoberta por
espelhos maiores de arsênio.
Em 1835, Henry Goddard tentou utilizar as marcas de bala encontradas no
corpo de um homem para localizar o seu assassino. Goddard percebeu que a balapossuía uma inusitada marcação e por meio dessa evidência foi possível encontrar o
criminoso. Atualmente essa prática é muito utilizada nas investigações criminais
pelos padrões de estrias de cada arma.
O avanço tecnológico da ciência, em especial o aprimoramento das técnicas
analíticas, permitiu o desenvolvimento dos equipamentos, métodos e técnicas que
são fundamentais à Química Forense.
1.2 A IMPORTÂNCIA DA QUÍMICA FORENSE
O combate ao crime no Brasil e no mundo conta com o auxílio de várias
áreas científicas na análise das cenas que o compõem. Os vestígios encontrados
devem ser analisados e avaliados pelos peritos e, assim que possível, identificados
para um melhor entendimento do fato criminoso.
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Quando, para o entendimento de um crime, for necessária a determinação
da presença ou ausência de alguma substância ou mesmo a determinação de sua
natureza, torna-se imprescindível a utilização de métodos químicos de análise. Daí aimportância da Química Forense como ferramenta na área criminalística.
Os métodos utilizados pelos químicos forenses são inúmeros e sempre
variam de acordo com a situação específica do crime. Métodos esses que vão desde
simples análises à utilização de equipamentos de alta tecnologia.
A Ciência Forense, em especial a Química Forense, é uma área bastante
avançada nos países desenvolvidos. No Brasil, é uma disciplina ainda em expansão.
Diversas pesquisas científicas estão sendo conduzidas no país e a criação de
cursos universitários específicos na área tende a dinamizar esse processo na busca
pelo aperfeiçoamento.
As principais análises realizadas pela Química Forense são: análise de
resíduos de armas de fogo, análise de manchas de sangue, identificação de
adulteração em veículos e vários outros exames que serão descritos ao longo do
curso.
1.3 A BIOLOGIA MOLECULAR NA QUÍMICA FORENSE
As técnicas de identificação e análise de DNA foram as responsáveis pelo
avanço da ciência e tecnologia em nível forense na década de 80. Essas técnicas
demonstraram ser uma importante ferramenta na investigação criminal. A Biologia
Molecular é responsável pelo estudo da estrutura e da função do material genético e
também dos produtos gerados na expressão, que são as proteínas.
O DNA pode ser utilizado na área forense e diversos aspectos, os principais
são:
Para demonstrar a culpa de criminosos;
Na exoneração dos inocentes;
Na identificação de corpos e restos humanos em desastres;
Na determinação de paternidade;
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Na elucidação de trocas de bebês em berçários;
Na detecção de substituições e erros de rotulação em laboratórios de
patologia clínica; Na distinção de crimes isolados e crimes em série.
O DNA apresenta várias características que permitem que ele seja utilizado
na investigação criminal. As mais importantes são:
Apresenta alta estabilidade;
Apresenta alto potencial discriminatório;
Está presente em todas as células nucleadas do organismo humano,
facilitando a obtenção do mesmo.
É uma molécula resistente a fatores ambientais.
O DNA pode ser obtido de diversos espécimes biológicos, dentre eles,
amostras de sangue, ossos, sêmen, cabelos, dentes, unhas, saliva, urina e etc.,
presentes em quaisquer tipos de substrato na cena do crime. As técnicas de
identificação baseadas no DNA são chamadas de DNA fingerprint ou perfil de DNA.
O perfil de DNA ou DNA fingerprint se baseia no fato de os únicos indivíduos
possuírem cópias idênticas do genoma, ou serem os gêmeos univitelinos.
Dessa forma, no genoma humano ocorrem vários polimorfismos que diferem
os membros da população. Portanto, cada indivíduo é único. Assim, a técnica utiliza
esse padrão de variação na identificação. Esses polimorfismos são também
chamados de marcadores genéticos e são responsáveis pela diferenciação dos
indivíduos na população.
Dentre os marcadores genéticos mais utilizados, estão os seguintes:
a) VNTRs ou Minissatélites
VNTR significa “número variável de repetições em tandem”. Do inglês
variable number of tandem repeats são polimorfismos de DNA que consistem em
uma série de comprimento de repetições de fragmentos de DNA. Uma região VNTRapresenta cerca de 500 a 100pb (pb-pares de bases) repetidas em sequências e
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apresentam grande importância nos processos de identificação humana por exibirem
um enorme número de alelos diferentes. A importância justifica-se no fato de que
seja provável que não existam dois indivíduos aparentados com o mesmo genótipo.
b) STRs ou microssatélites
Do inglês short tandem repeats ou “repetições curtas em tandem” os STRs
ou microssatélites são polimorfismos de até 200pb que apresentam grande
importância na identificação humana por serem muito abundantes no genoma
humano.
c) Marcadores bialélicos
São exemplos de marcadores bialélicos:
Os SNPs (polimorfismos de substituição de nucleotídeos únicos - single
nucleotide polymorphisms);
Os polimorfismos de inserção ou deleção de um ou mais nucleotídeos
(polimorfismos de inserção – deleção; ins/del ).
Ambos apresentam a grande vantagem de poderem ser estudados em
produtos de amplificação muito curtos (50 pb ou menos) e, assim, apresentam
distintas vantagens sobre os microssatélites no estudo de DNA extremamente
degradado. Os ins/del são muito mais fáceis de serem tipados porque seus alelos
diferem somente no tamanho.
As principais técnicas moleculares utilizadas na identificação de DNA, ou
seja, na identificação dos polimorfismos acima descritos, são:
Eletroforese
A eletroforese é uma técnica por meio da qual é feita a separação das
moléculas do material genético em função da sua massa (tamanho), forma e
compactação. É uma técnica rápida, sensível e precisa.
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O procedimento da eletroforese (FIGURA 5) consiste na migração da
molécula em questão em suportes (géis) por ação de uma corrente elétrica, com
diferentes velocidades, dependendo do seu tamanho e forma. Quando submetidas aum campo elétrico, as moléculas migram para o polo positivo, pois são carregadas
negativamente, e como força oposta à migração existe o atrito com o suporte (gel).
FIGURA 5 - ELETROFORESE
FONTE: SKOOG, 2004.
Moléculas maiores promovem maiores atritos com o gel e, portanto,
apresentam uma migração mais lenta. A visualização da migração é realizada por
meio da revelação do gel na presença de compostos intercalantes, como o brometo
de etídio (FIGURA 6).
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FIGURA 6 - PADRÕES DE BANDAS EM GEL REVELADO
FONTE: Disponível em: <http://www.ufla.br>. Acesso em: 26 set. 2012.
Southern blot t ing
O Southern blotting (FIGURA 7) é uma técnica que utiliza a capacidade de a
nitrocelulose ligar-se fortemente ao DNA fita simples, mas não à fita dupla.
Os passos do Southern blotting são os seguintes:
1º Passo: Clivagem do DNA genômico com enzimas de restrição;
2º Passo: Realização da eletroforese com o DNA genômico total;
3º Passo: Conversão do DNA na sua forma simples pela ação do NaOH;
4º Passo: Transferência das moléculas do gel para a folha de nitrocelulose por
capilaridade;
5º Passo: Secagem a 80ºC.
6º Passo: Contato da membrana de nitrocelulose com uma sonda (sequência de
DNA conhecida) marcada radioativamente;
7º Passo: Hibridização da sonda à sequência alvo;
8º Passo: Remoção da sonda por lavagem;
9º Passo: Autorradiografia pela exposição a um filme de raio-X.
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FIGURA 7- SOUTHERN BLOTTING
FONTE: SKOOG, 2004.
Reação em cadeia da polimerase (PCR)
A reação em cadeia da DNA-polimerase (do inglês Polimerase Chain
Reaction) é um método (FIGURA 8) in vitro rápido e versátil para a amplificação de
sequências-alvo de DNA definidas, presentes em uma preparação de DNA. A
técnica de PCR promove a amplificação seletiva de uma determinada sequência de
DNA. Para que isso ocorra é necessário o contato entre o DNA extraídopreviamente, os primers específicos para a sequência alvo, a DNA polimerase
termoestável e os quatro desoxirribonucleosídeos trifosfatos (dATP, dCTP, dGTP e
dTTP). Esses componentes são colocados em um termociclador e após um tempo
definido ocorre a produção de várias sequências de DNA idênticas à sequência alvo.
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FIGURA 8 - TÉCNICA DE PCR
FONTE: SKOOG, 2004.
A técnica de PCR é uma técnica extremamente simples e de fácil realização.
Permite resultados em pouco tempo, o que garante a sua preferência pelos
pesquisadores, quando comparado ao tempo gasto com a técnica Southern.
Vantagens da técnica de PCR:
Velocidade e facilidade de utilização;
Sensibilidade;
Robustez;
Possibilidade de análise de amostras degradadas.
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1.4 A AMOSTRAGEM E COLETA DE MATERIAL
A identificação humana por meio da análise do material genético envolve
vários processos para que os resultados obtidos sejam fidedignos. O material em
questão deve ser coletado, manipulado e armazenado de forma a não perder as
suas características intrínsecas responsáveis pela identificação.
A coleta é uma etapa extremamente importante em uma investigação
criminal, portanto, deve ser feita por profissionais habilitados e sempre que possível
em até 24 horas após a ocorrência do delito em questão. As condições adequadas
de coleta de vestígios e indícios criminais dependem também do material utilizado
na coleta pelos profissionais.
Esse ponto é de extrema importância para garantir a qualidade da amostra,
ou seja, é responsável por impedir que ocorra qualquer tipo de contaminação. Diante
disso, é necessário que os profissionais da área possuam um kit próprio de coleta,
em que os principais materiais são:
Maleta – destinada para transporte e armazenamento do material de coleta;
Swab e/ou Cotonete (algodão ou dracon) – utilizado na coleta de material
líquido ou em manchas secas. Pode ser utilizado cotonete comercial;
Água destilada estéril – utilizada para umedecer o swab (ou cotonete);
Pinças – coleta de cabelo ou material sólido;
Luvas descartáveis (de procedimento);
Máscara cirúrgica;
Touca cirúrgica;
Envelopes – transporte e armazenamento das amostras;
Seringas descartáveis – coleta de líquidos;
Coletor universal – acondicionamento e transporte de amostras;
Tubos plásticos – acondicionamento de transporte de amostras;
Espátula descartável – para coleta de amostras sólidas;
Estilete (com lâminas descartáveis) – efetuar cortes em tecidos, couro, etc.;
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Bisturi (com lâminas descartáveis) – efetuar pequenos cortes e raspagem de
amostras secas;
Tesoura – efetuar cortes em geral; Palito de cutícula – para coleta de amostras sob as unhas;
Algodão hidrófilo;
Fita adesiva – coleta de amostras;
Papel (tipo ofício/A4) – coleta e acondicionamento de amostras;
Isopor (pedaços) – fixar swab ou cotonetes para secar e transportar;
Sacos plásticos – transporte e armazenamento de amostras;
Sacos de papel - transporte e armazenamento de amostras;
Caixa para transporte de swab;
Caixa de isopor pequena – transporte das amostras.
O método de coleta depende do estado e das condições da amostra. A
amostra deve ser representativa para que os resultados obtidos sejam confiáveis.
Cada tipo de material biológico exige um método de coleta específico, daí a
importância em se ter profissionais capacitados e material adequado sempre em
mãos.
Os tipos de coleta, portanto, estão relacionados aos tipos de materiais
biológicos. Abaixo serão descritos os métodos de coleta de acordo com cada tipo de
material biológico a ser analisado.
1.4.1 Coleta de Fluidos Corporais
Exemplos: Sangue, esperma, saliva, etc.
Os fluidos corporais em estado líquido, quando em pequenas quantidades,
devem ser coletados por meio de swab estéril. Já em grandes quantidades devemser utilizadas seringas descartáveis estéreis. Todo material de coleta deve ser
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armazenado em condições adequadas para garantir a qualidade da amostra. Em
situações em que os fluidos corporais estiverem secos, o procedimento de coleta vai
depender do tamanho e do tipo de objeto em questão. Quando os objetos forempequenos e de fácil deslocamento, são enviados inteiros para a análise; exemplos
de fluidos encontrados em roupas e objetos pessoais.
Já quando estiverem em grandes superfícies de metal, paredes e móveis,
devem ser retirados com o auxílio de espátulas e bisturis estéreis e acondicionados
em sacos plásticos estéreis. Muitas vezes, é necessária a utilização de swab
umedecido com água estéril para facilitar a remoção do fluido. Todo procedimento é
documentado, descrito e fotografado para fins da investigação.
1.4.2 Coleta de Tecidos Ósseos
Exemplos: ossos e dentes.
Os tecidos duros funcionam como fonte de DNA. Todo material ósseo
coletado deve ser armazenado em locais estéreis e submetido a baixas
temperaturas, preferencialmente a -20ºC, para evitar o crescimento microbiano. Se o
congelamento não for possível, o material coletado deve ser armazenado em local o
mais fresco e seco possível para evitar a degradação do DNA.
1.4.3 Coleta de Tecidos Moles
Exemplos: Músculo, gordura, pele, unhas, fios de cabelo, etc.
As amostras devem ser coletadas utilizando-se de pinças estéreis, em
condições controladas, para evitar possível contaminação, e devem ser
armazenadas em condições que limitem a degradação do DNA. Quando possível, as
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amostras devem ser submetidas ao congelamento (-20ºC a -80ºC). Quando essa
forma de armazenamento não for possível, as amostras devem ser armazenadas em
locais estéreis em solução de etanol 95% ou soluções tamponantes comerciais. A coleta de materiais biológicos deve sempre levar em conta as questões de
biossegurança, visando à proteção do profissional envolvido na pesquisa e a
garantia de resultados fidedignos.
FIM DO MÓDULO I