Rabiscos de Deus

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Um trágico acidente aéreo, a morte de um líder religioso, o impacto do inesperado sobre uma comunidade inteira. O início de uma revolução espiritual vai afetar a vida de uma cidade e, a partir daí, de todo o país. Rabiscos de Deus desvenda a ação do mundo espiritual e sua influência sobre os acontecimentos do cotidiano das pessoas e até das instituições, em uma trama recheada de ação, suspense e respostas sobre os eventos comuns e as injustiças da vida. A ação do 'Bem e do Mal' é deflagrada, passando a ser vista de forma dinâmica, objetiva e abrangente. E há propósitos que estão além da nossa visão circunstancial. Será que você compreende o que está acontecendo? Sua visão espiritual, seu ministério e sua vida serão impactados pelas revelações deste livro. Nada acontece por acaso. Afinal, você não está só!

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Aluísio Nogueira

Rabiscos de DeusNem mesmo a igreja está livre

das tentativas do inimigo

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Copyright © 2013 by Aluísio Nogueira

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo no. 54, de 1995)

Nogueira, AluísioRabiscos de Deus / Aluísio Nogueira - Barueri, SP : Ágape, 2013.

1. Ficção brasileira 2. Ficção cristã I. Título.

13-07166 cdd-869.93

Índices para catálogo sistemático:1. Ficção cristã : Literatura brasileira 869.93

Coordenação Editorial Nair Ferraz Diagramação Edivane Andrade de Matos/Efanet Design Capa Monalisa Morato Preparação Mila Martins Revisão Rita Costa

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

2013IMPRESSO NO BRASIL

PRINTED IN BRAZILDIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À ÁGAPE EDITORA LTDA

CEA - Centro Empresarial Araguaia IIAlameda Araguaia, 2190 – 11o. andar – Bloco A – Sala 1112

CEP 06455-000 – Alphaville – SPTel. (11) 3699-7107 – Fax (11) 3699-7323

[email protected]

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N inguém se constrói sozinho, muito menos uma obra como esta, fruto das experiências de uma vida inteira. Agradeço às pessoas que oraram e

oram por mim e por meu Ministério, muitos sem que eu jamais soubesse, e outros com quem muito aprendi. Agradeço aos espelhos que tive, àqueles que tiveram paciência, acreditaram e me incentivaram. Somos fruto do que aprendemos, do que vivemos e nem nos damos conta, muitas vezes, de to-dos que nos influenciaram. Faço menção de alguns nomes, mas certamente muitos outros, não menos importantes, faltarão nesta lista. Que Deus retri-bua, cem vezes mais a você, tudo o que fez por nós: pastor João Olímpio de Araújo, pastor Neto, pastor Jason Carlos de Moraes, pastor Sebastião, mis-sionário Antonio Cláudio e pastor Edison Queirós de Oliveira – Ministros do Evangelho e pessoas que influenciaram minha vida –, Maria Lúcia Jablausky – minha querida irmã, que se ligou ativamente em nosso Ministério.

Eu talvez não saiba, mas Deus sabe quem é você que participa desse Ministério e ora por nós!

Meu muito obrigado!

Agradecimentos

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R abiscos de Deus é um tema acertado para este livro, através de um drama em que o autor descreve ações humanas da vida cotidiana, as

quais não conseguimos discernir as influências divinas ou malignas. No de-correr de nossas vidas, muitas vezes estamos envolvidos de tal forma nas dificuldades que a história nos envolve a ponto de esquecer que temos uma luta espiritual – “contra as potestades do mal” –, e assim, nos questionamos se é válido viver para um Deus que muitas vezes se silencia diante de tais sofrimentos.

O autor neste livro descreve essas dificuldades e os desdobramentos dos problemas familiares, sociais, eclesiásticos e políticos através da história de uma viúva (Celina), com dois filhos; e como se dá a vitória sobre as di-ficuldades acometidas e sobre os tropeços. Esta história intrigante mistura realidade e ficção: a ganância de alguns pastores auxiliares para substituir o pastor sênior, morto tragicamente, por causa da fama de sua igreja e de seu trabalho filantrópico; a paixão de um político corrupto (Navarro), o qual usa de seu poder opressivo e tenta de várias formas atrair a protagonista da história, para estar com ela a qualquer custo; além da cegueira de uma paixão envolvida com a possessão demoníaca que pode destruir até mesmo uma cidade.

O autor demonstra, através de sua história, como as articulações políti-cas aliadas ao sistema religioso são gananciosas e demonizadas, por meio da elaboração de planos para destruir vidas, em troca de cargos e riquezas ilíci-tas – isto acontece com a vida de alguns cristãos, que se dedicam ao Cristo e não se vendem às vitórias dos homens sem escrúpulos. Isto fica evidente por meio da personagem Marcio, um homem que tenta de todas as formas não

Prefacio´

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se envolver com a malignidade da cidade e luta pela verdade, mesmo que esta batalha lhe custe o fim de seu Ministério.

No pensamento do autor existe uma realidade demoníaca que permeia a vida dos seres humanos envolvidos nestas estruturas sociais, mas a fidelidade ao Senhor, a força da amizade, o amor e a oração são forças invencíveis, mesmo que perdurem por longos tempos de angústia, tristezas, prisões e mortes; a vitória está garantida e a paz irá reinar sobre as pessoas que vivem o Evangelho.

Pastor Paulo Cappelletti é conferencista e ativista social. Pastor atuante na área social e presidente das “Missões Urbanas” – Missão Sal.

Contato: <http://www.facebook.com/paulo.cappelletti.3>.

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L er e escrever são dádivas. Deus é o maior dos autores e minha maior inspiração. Agradeço a Ele pelo privilégio de compartilhar com você as

visões do mundo e da vida, que resultam na Sua Glória.A você que escolheu esta leitura, minha oração. Para que sua vida seja

edificada, seus olhos espirituais abertos, para que contemple sob a perspec-tiva de Deus e sob a unção do Espírito Santo, que se concretize tudo o que Ele tem reservado a você.

Oro para que nada o impeça de alcançar a bênção e a graça que Ele tem a lhe proporcionar por meio deste livro. Peço que ore antes e durante a leitura. Fale com Deus, peça-lhe para abrir o seu entendimento e falar ao seu coração.

E, finalmente, que prospere em ti a visão da graça, capaz de impactar sua vida, seu Ministério (função espiritual) e seu relacionamento com Deus.

Querido leitor

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Um dos principais objetivos deste romance é levar ao leitor, de uma for-ma prática e clara, uma visão do mundo espiritual e sua interação com

o mundo físico, segundo a Bíblia Sagrada e a orientação cristã. Objeti- va-se, também, esclarecer algumas dúvidas, sob ponto de vista cristão, como: Deus existe? Se existe, por que o mal e a injustiça não são eliminados? Como é possível amar quem me odeia? Por que pessoas más prosperam e pessoas boas sofrem? Qual é o propósito do sofrimento do justo? Como enfrentar e vencer o mal e os problemas da vida? Por que pessoas que estão na igreja nem sempre são justas? Como saber quem são os exploradores da fé? Como é possível ter paz em meio às tribulações e problemas da vida? A fé e a religião estão em crise? Quem está no controle? O que precisa acontecer?

Muitas outras questões poderão ser ministradas em sua vida pelo Es-pírito, por meio dos personagens e suas histórias em Rabiscos de Deus.

Boa leitura!

Apresentacao~

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As mensagens aqui transmitidas são baseadas em textos bíblicos e na orientação cristã. Todas as histórias, nomes, lugares e personagens deste li-vro, quando não citadas as fontes, são fictícios. Por conseguinte, fatos, pes-soas ou notícias reais serão identificados, durante a leitura, por pequenas marcações alfanuméricas, serão devidamente explicadas ao final de cada pá-gina, em notas de rodapé. Toda e qualquer semelhança com fatos reais, com exceção das notícias da mídia, são mera coincidência.

Baseado no Texto Sagrado do Profeta Isaías

Porém ainda ficarão nele alguns rabiscos, como no sacudir da oliveira: duas ou três azeitonas na mais alta

ponta dos ramos, e quatro ou cinco nos seus ramos mais frutíferos, diz o SENHOR Deus de Israel. (Is 17:6)

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Aeroporto de Congonhas, São Paulo, Brasil.

Na movimentada metrópole, numa tarde típica, a “Terra da Garoa”, como ficou conhecida a capital paulista pela chuva fina, fazia jus ao apelido

carinhoso, ao menos naquela tarde de inverno. Parecia apenas mais um final de tarde intenso, como acontecia todos os dias no mais movimentado aero-porto do país na temporada.1

O sobe e desce das aeronaves, os congestionamentos na Avenida Washington Luiz e na Avenida dos Bandeirantes, os inúmeros táxis brancos que entravam e saíam da área de embarque e desembarque, pessoas circu-lavam pelo saguão, viam as vitrines das lojas, liam seu jornal, revista ou, simplesmente, tomavam seu café para passar o tempo, esperar seu voo ou recepcionar quem aguardava. Ouviam ao fundo a tradicional voz feminina que ecoava nos ambientes internos e se misturavam aos outros sons vindos de fora: as buzinas no trânsito, as turbinas das aeronaves que cortavam o ar de São Paulo, tudo estava normal; mas aquela não seria mais uma tarde rotineira como tudo indicava.

A pista estava molhada e a atenção na torre de controle seria maior e mais intensa; grandes aeronaves continuavam a decolar e a pousar, o mau tempo não impedia nem sinalizava para maiores problemas.

O Fokker 100 de uma grande companhia aérea trafegava tranquilamen-te, tudo dentro da normalidade, e os pilotos aguardavam a autorização para 1 O Aeroporto de Congonhas foi o mais movimentado do país em transporte de passa-

geiros à época do acidente. Atualmente, o mais movimentado do país fica na cidade de Guarulhos, em São Paulo, com grande fluxo de pessoas e cargas.

Parte I

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o pouso. Todos a bordo estavam ansiosos para chegar ao seu destino, pes- soas de várias localidades, a grande maioria a trabalho. O comandante avi-sou a tripulação e os passageiros para se prepararem para a aterrissagem e agradeceu a preferência. Os comissários sorrindo, sempre atenciosos, verifi-caram se tudo estava em ordem com os passageiros.

O comandante posicionou a aeronave para o pouso. Antes mesmo de tocar na pista, os controladores observaram que algo não estava de acordo e tentaram contato com o piloto; a aeronave estava acelerada demais para o pouso e lenta demais para arremeter. Foi tudo muito rápido, alguns ins-tantes somente. O que se viu, a seguir, mudaria a história do aeroporto: um dos maiores acidentes aéreos do mundo, uma explosão que ressoou e repercutiu não só na mídia, na história da aviação mundial, mas que afetou a vida e a história das pessoas envolvidas direta ou indiretamente com esse acontecimento.

A aeronave de grande porte atravessou a pista e chocou-se com o prédio da própria companhia aérea. A explosão destruiu o edifício, provocando um grande incêndio. A aeronave atravessou a movimentada Avenida Washington Luiz sem atingir os carros parados na pista congestionada. Os motoristas viram de seus veículos toda a tragédia sobre suas cabeças. Não podiam acre-ditar no que viam... Naquele início de noite, cento e noventa e nove pessoas morreram, vítimas do acidente aéreo que marcaria o aeroporto, a cidade e a vida de muitas pessoas, pelo país inteiro.

a a bEm uma pequena cidade no interior de São Paulo, a tragédia atingiu uma

comunidade inteira. Um pastor evangélico era um dos passageiros do voo.Paulo nasceu naquela cidade, ali fez amigos, estudou, namorou, com-

pletou o seminário e casou-se ainda muito jovem. Rapaz humilde, de per-sonalidade forte, impetuoso e carismático. Sempre muito ativo e à frente de seu tempo, sonhador, idealista, queria mudar o mundo; era profundamente apaixonado pelo evangelho e por seu autor.

Ultimamente sentia-se cansado. No aeroporto, enquanto aguardava o embarque, refletia sobre sua agitada vida de pastor, na igreja que ele assumiu

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ainda tão jovem, substituindo o pai que falecera num acidente de automó-vel. Desde então, não havia descanso, sua vida entre a família e o Ministério pastoral não o permitia parar. Viajava por todo o Brasil e alguns países da América e da África, levando a palavra de salvação. Era forte, vibrante e de feições serenas; iluminado por sua paixão pela vida, pelo amor à esposa, filhos e por sua igreja.

A igreja histórica no centro da cidade ficava sempre lotada de fiéis. To-dos amavam as mensagens fervorosas pregadas pelo pastor Paulo, um jovem de apenas trinta e oito anos de idade.

Ninguém esperava pela morte tão precoce dele. Apesar da vida pastoral agitada e das constantes viagens, ele jamais apresentou qualquer problema de saúde, sempre foi um homem saudável, aparentemente tranquilo, sempre lidava com os problemas dos fiéis, como é comum a um pastor. Ninguém estava preparado. O tumulto inicial deu lugar à tristeza, ao choro e à perple-xidade dos fiéis, que o admiravam pela dedicação e amor ao evangelho e pela obra social que mantinha na comunidade.

O pastor Paulo era casado com Celina e tinham dois filhos adoles-centes. O corpo do jovem pastor só foi velado duas semanas depois, após a identificação por exame de DNA, pois o corpo fora carbonizado no aci-dente. Mesmo com a urna lacrada, o velório aconteceu na própria igreja da comunidade, a pedido da viúva, numa despedida simples. Ela dispensou o discurso, pediu aos fiéis que apenas acompanhassem a homenagem com os louvores e hinos que o pastor tanto amava.

a a bDias depois do sepultamento, o conselho eclesiástico se reuniu diante

da necessidade de substituir Paulo; havia pressa da parte de alguns... A ques-tão inicial foi: a substituição deveria ser feita imediatamente ou deveriam aguardar? Outra questão: quem assumiria, de imediato, as funções do pastor Paulo – alguém de fora ou algum dos pastores “auxiliares”?

Sem consenso entre os irmãos sobre quem deveria assumir, ainda sob o forte impacto emocional pela perda do jovem pastor, aceitaram o parecer da viúva, que sugeriu a toda a igreja que jejuasse e orasse até que Deus desse

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a direção. Muitos ali queriam assumir a posição de liderança na igreja, mas não houve clima e muito menos um consenso sobre o nome. O período de jejum e oração serviria para acalmar os ânimos, deixar assentar a poeira, já que os fiéis estavam sob uma forte comoção.

As disputas começariam de qualquer forma, tanto entre os líderes da igreja como, principalmente, no mundo espiritual.

a a bNos altos da cidade, entre as florestas e montanhas, nas escuras e géli-

das cavernas escondidas entre as matas, os espíritos malignos travam seus planos de influência, dominação e destruição sobre a cidade. Khossus con-sultou o príncipe Lucyus sobre seus planos; deveria influenciar na escolha do novo pastor. Lucyus ficou entusiasmado com a morte do jovem religioso, ele era o seu maior problema na cidade, o seu principal desafeto.

Aquela era uma cidade dominada pelo inferno. Grande parte dos jovens se envolveram com os vícios, drogas, álcool e com a prostituição. Muitos ca-sos de adultério e divórcio, a promiscuidade era generalizada. A influência mundana atingia e tornava superficial a vida dos cristãos, a capacidade de im-pacto da igreja na sociedade e na vida daquela cidade ficou muito reduzida.

Na igreja sempre houve muitas discordâncias e disputas. Seus frequen-tadores se envolviam em maledicências, heresias ou se comportavam de forma hipócrita, sectária e até dissimulada. Alguns a frequentavam por cos-tume, outros por interesse em cargos, benefícios ou apenas gostavam de can-tar nos coros e da vida social.

Muitas adolescentes criadas em igreja tornaram-se mães solteiras, seus bebês criados em creche, por avós e até por vizinhos. As mulheres dividiam seu tempo entre as novelas, as fofocas e a igreja. Os homens passavam a maior parte do tempo no trabalho ou no futebol.

Lucyus era muito elogiado por seu trabalho naquela cidade; seus rela-tórios eram repletos de conquistas. Todos os dias, jovens perdiam suas vidas, vítimas do crack, assassinados pelo tráfico de drogas ou presos por pequenos delitos. Nas igrejas, Lucyus plantou divisão, ódio, mágoa e rancor entre os ir-mãos, líderes e famílias dos fiéis. Por sua ambição e sede por sangue, Lucyus

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conseguiu chamar a atenção de Satã para si, passou a ser observado de perto e seria incluído em um projeto ambicioso que envolvia todo o país.

O pastor Paulo sofria muito com esses ataques. Suas pregações eram fervorosas e, por mais que se esforçasse, pareciam não surtir efeito sobre parte dos fiéis; percebia que o povo recebia a Palavra, porém pouco mudava. No dia seguinte, todos seguiam suas vidas, faziam as mesmas coisas de antes.

Ele sofria com as calúnias constantes de outros líderes e de outras igre-jas. As mentiras e falta de compromisso da maioria dos irmãos, que estavam sempre ocupados com seus problemas e afazeres, o deixavam em desalento. Estava cansado, mas jamais desanimou.

Apesar de ser um ministro sincero, o pastor Paulo já não encontrava muito apoio para avançar com seus projetos. Sempre convidado para pregar em cruzadas e seminários, ele jamais esquecia a igreja local e seguia com a assistência às famílias desamparadas, distribuindo cestas de alimentos e orando pelos doentes. Sua morte foi um duro golpe para aquela cidade do-minada pelo inferno.

a a bO ambicioso Lucyus estava em alta com seus comandantes e ansiava

por subir de posição; entre os principados e potestades malignas seu nome ganhou destaque. Seus feitos foram elogiados por Satã, principalmente por conseguir neutralizar várias igrejas locais. Quase não havia mais Escolas Bíblicas e na maioria das igrejas conseguiu implantar o erro teológico, dou-trinas de homens e falsos ensinos. Os pastores se tornaram concorrentes, legalistas, atacavam uns aos outros, se desentendiam por questões políticas e até mesmo por causa de um ou outro membro que deixava sua congrega-ção. A intolerância entre os líderes era cada vez mais insuportável ao pastor Paulo, e muitos até comentavam que esse seria o motivo do seu cansaço e da estafa que aparentava dias antes da sua inesperada morte.

a a bA ansiedade de Lucyus era exatamente porque tudo estava perfeito para

seus planos demoníacos. Qualquer mudança naquele momento poderia atrapalhar seus ambiciosos projetos de poder.

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Havia dois nomes preferidos de Lucyus para executar seu plano contra a Igreja Central: o pastor Roberson e o pastor Marlon. Ambos perderam sua fé na caminhada, mas o pastor Roberson foi o seu escolhido. Era mais duro e legalista, excluiu a maioria dos jovens das igrejas por onde passou, proibiu o namoro entre eles, criou doutrinas que os afastaram, acabou com as reuniões de oração e com os cultos de libertação. Também acabou com o culto infan-til e obrigava as crianças a ficarem quietas no templo ou só participarem das atividades de entretenimento, assistir TV ou brincar numa sala isolada.

A maioria dos jovens e crianças que cresciam fora da igreja seriam, no futuro, presas fáceis para Lucyus; a maior parte se envolveria nos vícios, be-bidas e drogas, mas alguns acabariam no crime que proliferava na cidade.

Já o pastor Marlon era um homem de escândalos, sempre acusado de envolvimento com mulheres, “novas convertidas”, ou na implantação de erros teológicos e falsos ensinamentos bíblicos. Muitos cristãos se desviaram com suas falaciosas doutrinas de sucesso e mundanismo. Mas o pastor Marlon era preterido pelo pastor Paulo.

a a bSozinha e com tristeza em seu olhar, Celina, a viúva do pastor Paulo,

vestia luto e estava inconsolável naquele jardim imenso rodeado de flores, onde repousava o corpo de seu marido. Ela não conseguia conter suas lágri-mas, jamais se imaginou em tal situação... Só conseguia pensar no que seria de sua vida sem o seu companheiro, seu amigo... Como seriam suas noites agora? Antes tão cheias de alegria... Em sua mente as lembranças das noi-tes que passavam em claro, conversando... Quase só ele falava, impetuoso, vibrante... Paulo amava falar do Senhor, falava por horas, noite adentro... Agora, Celina sentiria falta de sua empolgação, de sua forma apaixonada de falar, gesticulando... Todo o seu entusiasmo, seus projetos. Ah, a saudade...

Por alguns dias, no seu luto, os dois filhos adolescentes e Celina ficaram na casa de sua mãe, uma adorável senhora, doce e gentil, que muito amava ao Senhor. Celina clamava diante de Deus suas angústias e tristezas. A mor-te repentina de Paulo foi um golpe duro demais, mesmo para uma mulher de muita fé e sincera diante do Senhor. Ela, logo após o enterro, bradava

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diante do Senhor e queria entender o propósito de Deus diante de sua dor. Ah, Deus... O que seria de sua vida e de seu Ministério na igreja a partir de então? Seus dois filhos ficaram com a avó materna.

Seus filhos adolescentes, Davi, de quinze anos, e Samuel, quase dois anos mais velho, adoravam o Senhor com louvor e vida na Palavra de Deus. Paulo e Celina criaram bem seus filhos, no conhecimento e na graça de Cristo, educados no serviço ao Senhor e na Sua doutrina.

Davi era o mais alegre entre os dois, gostava de louvar ao Senhor todo o tempo, como àquele que lhe inspirou o nome. Já Samuel era mais tímido, gostava de tocar o órgão eletrônico da igreja e sempre acompanhava os pais na obra e nas visitas pastorais.

O pastor Roberson foi até a casa da irmã Leonor, mãe de Celina. Davi ficou de canto todo o tempo; não gostava do dissimulado pastor, nem con-seguia deixar de pensar nos seus amigos de infância expulsos da igreja. Fi-cava imaginando o que tinha acontecido com eles. Roberson chegou com o pretexto de dar apoio à viúva Celina, porém não demorou a dizer que estava disposto a assumir a igreja e conduzir os trabalhos deixados por seu esposo.

Celina agradeceu e pediu para que ele aguardasse a direção que o Senhor mostraria através das orações dos irmãos. Mas Roberson insistiu que deveria assumir a igreja e não deixá-la sem uma liderança de imediato. Celina respondeu-lhe com brandura e firmeza:

– Pastor Roberson, meu marido acabou de ser enterrado. Só peço que aguarde o tempo de Deus, por favor, não faça nada por enquanto.

– Mas, irmã Celina, a senhora há de convir que eu... Celina o interrompeu e disse:– Por favor, pastor Roberson, me entenda, eu preciso que o senhor

aguarde a resposta de Deus.– As coisas não funcionam assim, irmã Celina, temos de seguir as

normas! – retrucou.Celina levantou-se e fixou os olhos firmemente sobre o pastor e lhe

disse: – Trinta dias apenas, pastor, então saberemos o que fazer!Desviando o olhar e visivelmente incomodado, Roberson respondeu-lhe:

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– Não me parece razoável aguardar tanto tempo, o Conselho é que deve decidir sobre isso! – Muito irritado, se retirou em seguida.

Celina apenas abaixou a cabeça e fechou a porta, inconformada com a pressão do pastor.

O Conselho se reuniria nos próximos dias para decidir. Celina se ante-cipou e fez uma reunião com o grupo de oração que ela liderava, pediu que todas as irmãs orassem e clamassem por uma resposta de Deus. As irmãs ficaram comovidas ao ver a viúva, aos prantos, clamar pela resposta de Deus. Todas se comprometeram a jejuar e a orar; durante aquela semana choravam aos pés do Senhor, com corações contritos, tristes pela morte de seu líder espiritual.

a a bLucyus ficou indignado com os atrasos em seus planos. Já havia três

dias que Celina e as irmãs se reuniam na igreja para orar. Elas clamavam a Deus por sua ação na condução da igreja local. Khossus foi incumbido de acelerar as coisas, criar obstáculos para impedir a realização das reuniões de oração.

Lucyus determinou: – Pare esse pessoal agora! Faça o que for preciso antes que eles ganhem

força e atrasem meus projetos. Eu tenho pressa, preciso colocar meu plano em ação e logo!

a a bSarah era a melhor amiga de Celina. Elas se encontraram à noite na

igreja para a reunião de oração. Sarah estava ansiosa para contar o sonho que teve na noite anterior:

– O sonho foi nítido e muito forte! Nele, o Senhor mostrou-me uma criança que crescia rapidamente, logo se tornava um jovem. Ele usava rou-pas de um guerreiro e uma espada que levantava acima da cabeça, montado num leão que resplandecia como fogo. Eu fiquei maravilhada com a ima-gem; você sabe o que significa, Celina?

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– Não sei ainda, Sarah. Mas Deus ouve as nossas orações e com certeza agirá. Não conte o sonho a ninguém mais, apenas vamos continuar a orar e buscar no Senhor. Ele vai nos mostrar o que espera de nós.

A irmã Ivani, esposa do pastor Roberson, entrou em seguida na igre-ja. Ela abraçou Celina com pesar, demonstrando seu sentimentalismo e lhe disse:

– Soube que se reuniram para orar e vim apoiá-la, minha querida.– Obrigada, irmã – respondeu Celina educadamente. Ivani ainda continuou, apoiou as mãos sobre o ombro de Celina e disse: – Meu esposo está muito triste por sua perda. Estamos todos conster-

nados; como pôde acontecer algo assim com um homem tão jovem? Enquanto a irmã Ivani conversava, chegavam as outras irmãs para a

reunião de oração. Era já o quarto dia.– Me dê licença, irmã Ivani, precisamos iniciar a reunião! – disse de

forma branda, mas tentando livrar-se das mãos apoiadas em seu ombro.A irmã Ivani pediu a palavra e fez um discurso sobre a vida e morte do

pastor Paulo. Com forte teor emocional, lembrou as condições trágicas de sua morte; todas as irmãs choravam. A tristeza tomou conta daquele am-biente. Uma das presentes se emocionou e chorou compulsivamente, conta-giando as demais. Por diversos momentos ela lembrou a juventude do pastor morto e suas palavras causavam comoção cada vez maior. Celina sentiu-se mal, uma profunda tristeza em seu espírito a impediu de continuar na ora-ção naquela noite.

No dia seguinte, Celina estava deprimida, sem ânimo algum. A lem-brança constante do trauma sofrido lhe aprisionou a mente, aquelas palavras tristes e emocionadas trouxeram-lhe uma profunda tristeza na alma e a de-pressão tomou conta do seu ser.

a a bKhossus disse a Lucyus que tudo corria de acordo com seus planos, que

tudo estava preparado para o pastor Roberson assumir, assim não haveria o menor risco de as coisas mudarem, aliás, mudariam para melhor. Sem o

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pastor Paulo e com Roberson à frente da igreja, os planos de Lucyus cami-nhavam melhor que o esperado; radiante, Lucyus comentou:

– Não temos notícia de nenhuma movimentação contrária na cidade. Muito bem, meu caro Khossus, logo você assumirá a cidade e eu assumirei posições maiores. Estou com sede hoje, vamos brindar com sangue e quero ser muito bem alimentado nesta noite!

Naquela noite, no motel da cidade, um assalto e um confronto com a polícia local fizeram várias vítimas fatais: três pessoas morreram baleadas. Do outro lado da cidade, uma prostituta foi esfaqueada e seu corpo deixado em um matagal.

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