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(RE) SIGNIFICANDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA: Estudo e Reflexão sobre Teoria

e Prática e o Uso de Materiais Didáticos

Autora: Magda Cristhina Fonseca da Costa1

Orientadora: Melissa Rodrigues da Silva2

Resumo

O principal objetivo deste trabalho foi proporcionar momentos de estudo e reflexão com os professores das disciplinas específicas e Estágio Supervisionado do curso de Formação de Docentes do Colégio Estadual Padre Sigismundo de Quedas do Iguaçu, sobre a importância da teoria para a prática, levando a uma reflexão transformadora da práxis pedagógica. Este artigo contempla uma análise, de caráter qualitativo que mostrou a importância da formação profissional, e o aprofundamento teórico para uma prática de qualidade, com um estudo através da história da educação na formação do professor da Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental, nos baseando em autores tais como: Aranha (1993) , Ghiraldelli Jr, (2001), Libâneo (1994 e 1998), Saviani (2003), Pimenta (2010), entre outros. Mesmo com todos os avanços tecnológicos na educação, o grande desafio do professor é diversificar suas aulas com recursos didático-pedagógicos que despertem o interesse e atenção dos alunos, promovendo um ensino de qualidade

Palavras Chaves: Reflexão; Teoria e Prática; Estágio Supervisionado;

Recursos didático-pedagógicos

1- INTRODUÇÃO

1 Participante do Programa de desenvolvimento Educacional – PDE. Pedagoga, especialização em

Orientação Escolar e também em Psicopedagogia Institucional e Clínica.

2 Mestre em Educação, pedagoga e professora de Departamento de Pedagogia – DEPED da

Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO.

Este artigo foi elaborado mediante trabalho desenvolvido no Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, e teve como objetivo ressaltar a relevância do

estudo das metodologias para a prática pedagógica, analisando e discutindo textos

que demonstraram a importância e a relação da teoria e da prática, oportunizando

momentos de reflexão e avaliação da prática docente na disciplina de Estágio

Supervisionado.

Esse estudo se direcionou aos professores do Curso de Formação de

Docentes e Pedagogos, do Colégio Estadual Padre Sigismundo, de Quedas do

Iguaçu, os quais atuam na disciplina de estágio supervisionado.

Observando as dificuldades dos alunos no momento do estágio na

Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental do curso de Formação de

Docentes, nota-se a necessidade de trabalhar com diferentes recursos didáticos

para facilitar e oportunizar um melhor processo de ensino aprendizagem,

relacionando-os à prática do estágio.

Mas,quando nos voltamos para nossa realidade, cabe a nós professores de

Estágio Supervisionado e pedagogos das escolas que oferecem o curso Normal,

ajudar e preparar os nossos alunos em formação, porém percebemos a necessidade

de momentos de aprofundamento teórico, estudo e reflexão aos professores das

disciplinas específicas do curso em questão para que ocorra uma formação de

qualidade.

Segundo Pimenta (2010) “formar o profissional da educação exige um

investimento competente e crítico nas ofertas do conhecimento, da ética e da

política”. (PIMENTA e LIMA, 2010, p. 17).

Quando estamos envolvidos no processo de formação de professores, em

específico nesse momento a formação docente em nível médio, fica notório o

descaso com a qualidade e a falta de compromisso com a docência, no momento do

estágio supervisionado, onde os alunos não se interessam em utilizar, diversificar ou

até mesmo em conhecer os recursos metodológicos disponíveis para uso, e estes

muitas vezes se encontram na própria escola.

Diante disso, é necessário que a prática docente, através do Estágio

Supervisionado, seja o mais próximo possível da realidade em que o estagiário

atuará, fazendo com que o aluno se envolva e interfira de forma positiva e atuante,

para que haja a sua contribuição efetiva nas escolas onde fará o primeiro contato

com a realidade escolar, no momento do estágio.

Portanto, “considerar o estágio como campo de conhecimento significa

atribuir-lhe um estatuto epistemológico que supere sua tradicional redução à

atividade prática instrumental.” (PIMENTA e LIMA, 2010, p. 29). É com a prática

docente que o estagiário do magistério desenvolverá uma postura crítica e reflexiva

para atuar e responder às situações que surgem no dia a dia do profissional.

Portanto, esta pesquisa apresenta-se como um estudo de caráter qualitativo,

onde se buscou conhecer e aprimorar a relação entre a formação profissional e a

prática.

Mesmo com todos os avanços na educação, o grande desafio dos

professores é diversificar suas aulas utilizando recursos didático-pedagógicos que

despertem o interesse e atenção dos alunos, promovendo um ensino de qualidade,

e este se faz através de estudo e aprofundamento teórico. Segundo Pimenta (2010)

a teoria e a prática estão associadas no processo educativo, sendo que a teoria é o

suporte, a intenção para a prática na educação

Diante do contexto histórico da educação brasileira, percebe-se a evolução

na formação dos professores, segundo Aranha (1993) “a educação nacional, desde

o século passado se volta para a formação do cidadão”. Para tanto, o magistério

assume formas de profissão e inicia o investimento na qualificação dos profissionais

da educação. (ARANHA, 1993, p.78).

Acordamos com Pimenta (2010) quando descreve que: “Para enfrentar os

desafios das situações de ensino, o profissional da educação precisa da

competência, do conhecimento, de sensibilidade ética e de consciência política.

(PIMENTA e LIMA, 2010, p.15)

Com intenção de alcançar os objetivos dessa pesquisa, apresentamos

inicialmente a formação de professores e o seu contexto histórico na educação

brasileira, logo o curso de Formação de docentes.

Em seguida, através do diálogo e contato com referenciais teóricos

direcionados nossas considerações sobre o estágio supervisionado, e como essa

prática se constitui no curso de formação de docentes.

No próximo item traremos a metodologia da pesquisa, apresentamos como

esse trabalho se organizou, bem como os instrumentos de pesquisa utilizados para

a coleta de dados, seguida de análise e algumas considerações.

Por fim, as considerações finais, que objetivam sintetizar os encontros

realizados com os professores de estágio que atuam no curso de formação de

docentes.

2. Formação de professores no Brasil e o curso de Formação de Docentes.

Para nos situarmos na história da educação brasileira e na formação do

Curso Normal, apresentamos aqui um breve recorte histórico sobre a trajetória da

formação de professores, que sempre foi um instrumento de interesse nas mãos de

pessoas que achavam que a situação de dependência do Brasil deveria ser mantida.

Os jesuítas, nossos primeiros educadores – da Companhia de Jesus,

fundada por Inácio de Loyola, em 1556, e que citada por Pilleti (1995) tinham por

objetivo:

[...] a pregação da fé católica e o trabalho educativo, onde permaneceram por mais de dois séculos. [...] o ensino brasileiro, ao iniciar-se o séc.XIX, estava reduzido a pouco mais que nada, em parte como conseqüência do desmantelamento do sistema jesuítico, sem que nada similar fosse organizado em seu lugar. (PILLETI, 1995.p.13)

No período imperial grande era a preocupação sobre a formação das elites

dirigentes e muito pouco foi feito na formação de professores. Esses eram

selecionados seguindo os seguintes critérios: maioridade, moralidade e capacidade,

que nem sempre era avaliada.

A Lei de 15 de outubro de 1827 definiu e regulamentou a formação e o

exercício da docência, onde em 1830 surgiram as primeiras escolas normais nas

províncias da Bahia e Rio de Janeiro. Desde o início, o curso normal enfrentou

inúmeras dificuldades, entre elas a falta de professores qualificados e a inexistência

da prática de ensino.

O período entre 1889 a 1930 foi rico em reformas educacionais, onde o

ensino secundário foi o alvo principal. A Reforma Benjamin Constant atendeu a

interesses de modernização do ensino da elite brasileira, devido a isso Aranha

(1993, p.78) cita que: “A educação nacional, desde o século passado, se volta para

a formação do cidadão”.

A partir do período republicano no Brasil, com as reformas de Francisco

Campos (1931) o curso normal passou a fazer parte de um curso de segundo ciclo.

Na década de 30, período da revolução, vários avanços na educação aconteceram:

a criação do Ministério da Educação e das Secretarias da Educação, o que

contribuiu para dar uma maior unidade educacional nos estados; outro marco na

educação foi o Manifesto dos Pioneiros e 1932, que teve como objetivo a

reconstrução educacional no Brasil, pois a educação deveria ser vista como o maior

instrumento de reconstrução da democracia, através da integração de todos os

grupos sociais e raciais, deveria ser pública, obrigatória, gratuita, leiga e com

unidade nacional.

O ensino normal foi regulamentado em 1946 através do Decreto Lei nº8530,

de 02 de janeiro, mas a verdadeira equivalência, ou seja, o Curso Normal (técnico-

profissionalizante) teria a mesma validade que o ensino médio a partir da Lei nº4024

de 20 de dezembro de 1961, que foi a primeira Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional - LDBEN que atingiu todos os níveis educacionais.

No período dos anos 60, Ghiraldelli(2001) cita que:

A febre em prol da educação pelo desenvolvimento levou JK não deixar faltar em seus discursos um item valorizando o ensino técnico-profissional. Todos os níveis, desde o primário, deveriam “educar para o trabalho”. E a escola passou a ser sob os desígnios diretos do mercado de trabalho. (GHIRALDELLI, 2001, p.131)

O país na época estava passando pela euforia da classe média com o

milagre econômico, em contrapartida, o terror militar inibia qualquer posicionamento

contra a Ditadura instaurada. (GHIRALDELLI JR, 2001)

Após 1966, o curso passou a se chamar novamente de Curso Normal.

Esses cursos eram os principais espaços para formação de professores com

qualificação para trabalharem com a educação das crianças, que antes era exercida

por mulheres que queriam ajudar na renda familiar, mas sem formação específica. A

partir desse momento a atividade de educar crianças passou a ter uma dimensão

maior e mais complexa, fazendo com que os profissionais percebessem a

necessidade e importância do aprofundamento nos estudos pedagógicos,

psicológicos e metodológicos.

Na década de 1970 houve uma grande expansão do curso de Pedagogia, o

que contribuiu, através de discussões e pesquisas, para um enriquecimento na

formação de professores das séries iniciais do Ensino Fundamental.

No Paraná, o curso de Magistério passou por todas essas reformas.

A discussão sobre a reformulação do Curso de magistério no Paraná inicia-se já em 1983, [...] onde já aparecem críticas e sugestões de superação para o curso concebido e concretizado durante os anos da ditadura militar. (PARANÁ, 1993)

Muitas discussões ocorreram em torno da elaboração de uma nova

proposta, com duração de quatro anos, e esta pretendia:

[...] superar o tecnicismo, psicologismo e positivismo que se faziam presentes na década de 80 [...] Essa proposta foi aprovada pela Deliberação 02/90 do CEE, tendo como relatora a Conselheira Maria Dativa

Salles Gonçalves. (PARANÁ, 1992)

Á partir de 1996, com as mudanças nos rumos da educação, a SEED-PR,

fecha a matrícula em todos os cursos profissionalizantes, inclusive o Magistério,

impondo o Programa de melhora e Expansão do ensino Médio – PROEM. O ensino

profissionalizante funcionaria como um pós- médio.

O estado do Paraná, apesar de todas as pressões, ficou aproximadamente

8 anos à deriva do Curso de Formação de Docentes.

Só após 2003, baseado na política da gestão do governo 2003-2006, foi

assumida a responsabilidade de ofertar o ensino de Formação de Docentes em nível

médio, pelo Departamento da Educação Profissional.

3. A prática Docente e o Estágio Supervisionado

O curso de Formação de Docentes tem como proposta de currículo uma visão

educacional, onde o trabalho é o eixo do processo educativo, pois o homem deve:

Compreender a natureza da relação que os homens estabelecem com o natural e social, bem como as relações sociais em suas tessituras institucionais [...]. Assim, a educação é também uma manifestação histórica

do estar e do fazer humano que fundamentam o processo de socialização. (PARANÁ, 2006)

A proposta deste curso é preparar jovens para a profissão de educador da

Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental. Para isso, de um lado, a

formação do professor pressupõe “o domínio dos conteúdos que serão objeto do

processo ensino-aprendizagem e, por outro, o domínio das formas através das quais

ele realiza este processo.” (PARANÁ, 2006)

Segundo Libâneo (1994), a preparação das crianças e jovens para

participação ativa na vida social é o objetivo imediato da escola pública. Esse

objetivo é atingido pela instrução e ensino, tarefas que caracterizam o trabalho do

professor. A instrução proporciona o domínio dos conhecimentos sistematizados e

promove o desenvolvimento das capacidades intelectuais dos alunos. O ensino

corresponde às ações indispensáveis para a realização da instrução; é a atividade

conjunta do professor e dos alunos no qual transcorre o processo de assimilação

ativa de conhecimentos, habilidades e hábitos, tendo em vista a instrução e a

educação.

A profissão de professor também é prática. E o modo de aprender a profissão; [...], será a partir da observação, imitação, reprodução e, às vezes, reelaboração dos modelos existentes, na prática consagrados como bons. (PIMENTA e LIMA, 2010.p.35)

Dessa forma destacamos a posição do estágio supervisionado no curso de

formação de docentes, que possibilita o aluno em formação o conhecimento do seu

futuro campo de atuação.

Segundo Pimenta (2010):

Só pode ser conseguido se o estágio for uma preocupação, um eixo de todas as disciplinas do curso, todas as disciplinas são ao mesmo tempo “teóricas e práticas”. Num curso de formação de professores, todas as disciplinas devem contribuir para sua finalidade, que é formar professores a partir da análise, da crítica e da proposição de novas maneiras de fazer

educação. (PIMENTA e LIMA, 2010.p.44)

Através do estágio, o aluno irá observar e se apropriar da realidade

educacional observada, para, a partir daí, poder analisá-la, discuti - lá e, se

necessário, modificá-la, porém sempre deve haver respaldo teórico para não cair na

fundamentação vazia, no “achismo’.

A prática do estágio se dá através da teoria resultante das disciplinas

específicas do curso, como as metodologias e os fundamentos da educação.

A prática de formação é obrigatória, no Curso de Formação de Docentes,

perfazendo um total de 800h, ou seja, 200h/ano, num total de 4 anos, conforme

legislação vigente (Del. 010/99 do CEE). A prática de formação é um trabalho

coletivo de todos os profissionais responsáveis pela formação de professores da

Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental, onde o Estágio

Supervisionado fará a articulação da teoria com a prática.

Para isso:

No estágio dos cursos de formação de professores, compete possibilitar que os futuros professores compreendam a complexidade das práticas institucionais e das ações aí praticadas por seus profissionais como alternativas no preparo para sua inserção profissional. (PIMENTA E LIMA, 2010, p.43)

Muitos são os princípios que abrangem a formação de um profissional, mas é

fundamental a reflexão dos conhecimentos teóricos relacionados ao conhecimento

prático, que vai se operacionalizando à medida que o aluno do curso de formação de

docentes vai participando desse universo e do cotidiano escolar, na sua prática de

formação, mediante a interação em sala de aula, proporcionando um maior preparo

para sua inserção profissional.

4. Metodologia da Pesquisa

O projeto foi desenvolvido mediante uma pesquisa qualitativa que, segundo

Chizzoti (1995):

A abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. (CHIZZOTI,1995,p.79)

É justamente por essa relação dinâmica entre professores envolvendo teoria

e prática que a abordagem qualitativa é fundamental, porque aprofunda-se no

mundos dos significados das ações humanas e suas relações.

De acordo com Minayo (2004) “ela responde a questões muito particulares.

Ela se preocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ser

quantificado”. (MINAYO. 2004, p.21).

Então, com o intuito de repensarmos a nossa prática docente no Curso de

Formação de Docentes, foram praticadas ações envolvendo estudos, discussões,

reflexões e debates sobre teoria e prática, que abrangem o estágio supervisionado,

com suportes teóricos fundamentados em autores dedicados aos estudos na área

da educação direcionada para a formação de professores da Educação Infantil e

séries iniciais do Ensino Fundamental.

Durante as ações realizadas no colégio, participaram os pedagogos e

professores que ali atuam, também contamos com a presença de pedagogos e

professores de outras escolas, visto que a temática em questão se mostrou

importante diante do trabalho pedagógico como um todo.

Iniciamos as atividades do grupo, em forma de debate, primeiramente nos

baseando no artigo intitulado: “Apontamentos sobre o trabalho da Docência”, da

autoria do Grupo de pesquisa Educação, Trabalho e Formação de Professores –

GETFOP, da UNICENTRO (2009) , que nos remete para uma reflexão sobre a

importância das práticas escolares para a formação docente e sua atividade

profissional, diante disso pontuamos que a atividade do professor é de natureza

social, e visa não só o desenvolvimento pessoal do educando como também o

desenvolvimento em uma dimensão coletiva, porque o profissional docente é

responsável pelo desenvolvimento das múltiplas capacidades de seus alunos.

De acordo com Gadotti (1994, p.47) “Ser professor hoje é viver intensamente

o seu tempo, conviver; é ter consciência e sensibilidade.”

A formação de professores tem sido muito discutida, mas no meio

educacional existem muitos mitos em relação à qualificação do professor, em

especial, que a falta dela é um dos maiores empecilhos para o país ter uma

educação de qualidade. Mas nem tudo é mito, pois quem procura manter esse

pensamento, o faz para enfraquecer a classe e usá-la como forma de dominação

política.

A tarefa docente consiste em trabalhar o conteúdo científico e contrastá-lo com o cotidiano, a fim de que os alunos, ao executarem a mesma ação do professor, através das operações mentais apropriem-se dos conceitos científicos e neles incorporem os anteriores, transformando-os também em

científicos, constituindo uma nova síntese mais elaborada. (GASPARIN. 2003, p.58)

Após este debate, ficou acordado que é importante e necessário defender

uma maior seriedade na formação e preparo profissional dos professores da

educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental, porque só assim será

possível construir uma escola com profissionais com identidade social e política.

Segundo Pimenta (2010), a identidade do professor é construída:

[...] a partir da significação social da profissão; da revisão constante dos significados sociais da profissão; da revisão das tradições. Mas também da reafirmação das práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas. Práticas que resistem a inovações porque prenhes de saberes válidos às necessidades da realidade. Do confronto entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas à luz das teorias existentes, da construção de novas teorias. (PIMENTA, 2010, p.19)

Posteriormente, foi discutido sobre a importância de (re) significar a prática do

professor, onde concordamos que essa (re) significação não se trata somente em se

apropriar de novos recursos tecnológicos, mas sim em (re) utilizar práticas simples,

como jogos e brincadeiras, por exemplo, que ensinem de uma maneira alternativa e

diferenciada aos alunos.

Esses recursos didáticos devem subsidiar, enriquecer e complementar nosso

trabalho, pois, antes de qualquer coisa é preciso dominar o que ensinamos, porque

em um mundo cada vez mais competitivo e exigente, o que nos possibilitará avançar

é estarmos preparados para os desafios; esta é uma das principais tarefas da

escola, além de cativar e aceitar o aluno.

Neste trabalho foi também discutido sobre a formação dos profissionais que

atuam no Curso de Formação de Docentes, na disciplina de Estágio Supervisionado,

onde concluímos que, em muitas situações, o professor sai da licenciatura somente

com suporte teórico, e que na sua bagagem não trouxe a prática como experiências

vivenciadas e a teoria por si só não oferece o suporte necessário para formar bons

professores.

No curso em questão, o professor da Prática de Formação – Estágio

Supervisionado, precisa necessariamente dispor em sua prática docente de vários

recursos e materiais para, a princípio, servir de exemplos aos alunos e, ao mesmo

tempo, dar suporte na atuação como estagiários, além da fundamentação teórica,

pois, sem dúvida, o aprofundamento teórico é requisito inerente a uma prática

pedagógica de qualidade.

Pimenta (2010) salienta que o estágio é uma atividade prática e teórica onde,

numa compreensão filosófica e sociológica, a noção de ação é sempre referida a

objetivos, finalidades e meios, implicando a consciência dos sujeitos para essas

escolhas, supondo certo saber e conhecimento. Podemos dizer então que toda ação

ou prática tem por apoio uma teoria.

Outro ponto importante que foi colocado nessa pesquisa e que deve ser

considerado, é que quando ingressamos no mercado de trabalho como profissionais

da educação e nos distanciamos um pouco da teoria, que é o nosso referencial,

talvez por sobrecarga de trabalho ou, muitas vezes, falta de cobrança.

Com isso, o grupo concluiu que temos que repensar a nossa prática para

oportunizar uma aprendizagem efetiva nas aulas de estágio, associando que:

”Refletir sobre o próprio ensino exige espírito aberto, responsabilidade e seriedade”.

(ZEICHNER.1993,p.17)

Neste trabalho pontuamos sobre a importância do professor reflexivo, que

caminha com passos acertados com a evolução contínua.

Para Vasconcellos (1995, p.67) “o espaço de reflexão crítica, coletiva e

constante sobre a prática é essencial para um trabalho que se quer transformador”.

E para termos um aluno crítico, observador, exigente, dinâmico e criativo, é

necessário professores críticos de sua ação e prontos a questionar-se para

progredir.

5. Considerações Finais

O foco de atuação dessa pesquisa foi o curso de Formação de Docentes do

Colégio Estadual Padre Sigismundo, de Quedas do Iguaçu e os sujeitos envolvidos

foram pedagogos que atuam como professores das Disciplinas específicas do curso,

a equipe pedagógica do colégio e professores de outras disciplinas da base nacional

comum, porém atuantes no curso de formação de docentes.

Para atingirmos os objetivos e identificar aspectos relevantes sobre a

importância e relação da teoria para a prática e a utilização de recursos didáticos,

oportunizamos momentos de reflexão e avaliação da prática docente no Estágio

Supervisionado, assim como estudamos diversos autores, citados no artigo, para

nos proporcionar um melhor embasamento teórico e permear nossas discussões.

O fracasso escolar tem se apresentado como um grande problema, sendo

que sempre se procura achar uma solução ou culpado para explicar a situação. Um

dos fatores preponderantes é o despreparo do profissional, o que faz com que a

categoria se torne fraca. Portanto, se faz necessário defender o maior e o melhor

domínio do saber sobre o seu trabalho, pois somente dessa forma a classe será

fortalecida.

No curso de Formação de Docentes, o estágio supervisionado proporciona a

aprendizagem da profissão docente para a Educação Infantil e séries iniciais do

Ensino Fundamental e a construção da identidade profissional.

Como componente curricular, o estágio pode não ser uma completa preparação para o magistério, mas é possível, nesse espaço, professores, alunos e comunidade escolar [...] trabalharem questões básicas de alicerce, a saber: o sentido da profissão, o que é ser professor na sociedade em que vivemos, como ser professor, a escola concreta, a realidade dos alunos nas escolas de ensino fundamental [...], a realidade dos professores nessas escolas...” (Pimenta e Lima. 2010, p.100)

Apesar de no momento atual, o princípio seja superar uma educação

centralizadora, temos dificuldade de nos libertar das concepções tradicionais,

centrada no conhecimento do professor, portanto, essa superação se faz necessária

para que possamos cumprir com nosso papel de construir uma sociedade atuante e

democrática, para isso, a inovação é uma das armas que dispomos, desde que seja

centrada no conhecimento significativo, para que possamos ser também detentores

de argumentos para defendermos nossas convicções.

Fica notório que a análise sobre os impasses e mudanças necessárias no

processo de formação de professores deve atender aos novos desafios do mundo

do trabalho, deve-se repensar a formação inicial desses profissionais, levando em

conta os diferentes saberes, refletindo especificamente sobre a formação dos

professores da Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental.

Para relacionar teoria e prática, são necessárias algumas considerações, leis,

normas, regulamentos e experiências e, após um preparo teórico, chegar à prática

desenvolvida no estágio supervisionado. E este momento deve relatar a prática e o

desenvolvimento teórico, avaliar os resultados obtidos que irão somar na sua

aprendizagem e crescimento profissional, articular teoria e prática, contemplar a

análise que reflita os desafios que a carreira do magistério oferece, para assim ter

maturidade em assumir a profissão.

O profissional do magistério que se vê diante do estágio supervisionado em um curso de formação de docentes precisa, em primeiro lugar, compreender o sentido e os princípios dessa disciplina, que, nesse caso, assume o caráter de formação contínua, tendo como base a idéia de emancipação humana. (PIMENTA e LIMA. 2010 p.126).

Pontuamos também que é necessário fazer com que o aluno, futuro

professor, entenda o significado do aprender, valorizando-o enquanto ação humana

e transformadora da sua realidade.

Embora os cursos de formação de docentes estejam sucateados por tantas

mudanças e desencontros filosóficos e ideológicos, ainda é através deles que

podemos ter a esperança de promover uma mudança, pois a qualidade passa pela

qualificação, que deve ser contínua e permanente.

Após leituras de diferentes autores, ficou evidente que no contexto educativo

é fundamental estabelecer a estreita relação entre os materiais didáticos, a

criatividade e os objetivos educacionais. Nesta direção percebe-se que há muito

ainda o que se fazer no que se refere a constituição de maior correlação entre o

sistema de ensino com o trabalho desenvolvido no contexto da sala de aula.” O

que indica a necessidade de explicitar e valorizar o estágio como um campo de

conhecimentos necessários aos processos formativos”.(PIMENTA e LIMA.

2010,p.101).

As considerações descritas afirmam que, a formação de professores passa

por uma crise na qualidade, por isso, precisamos de forma coletiva e urgente (re)

pensar nossa prática e provar para os alunos, futuros professores, que o

conhecimento deve fazer parte da formação docente.

Precisamos formar alunos leitores, pesquisadores e inquietos, pois só dessa

forma poderão criar seus próprios recursos, isto é, materiais didático-pedagógicos

que possibilitem explorar os conteúdos, sem deixar de lado a fundamentação

teórica.

Consideramos finalmente, que é de extrema importância elaborar e executar

projetos que despertem nos futuros docentes a importância de associar a teoria com

a prática e que o uso de material didático é de fundamental importância para a sua

prática, portanto, os cursos de formação precisam repensar e desenvolver nos

alunos a habilidade de manusear os materiais com domínio e segurança, pois eles

complementam a aprendizagem.

6. Referências

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna

LTDA, 1993. CHIZZOTI, A. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. São Paulo: Cortez, 1995. GASPARIN, João Luiz. Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. São

Paulo: Autores Associados. 2003 GHIRALDELLI JR., Paulo. História da Educação. São Paulo. Cortez. 2001. LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora. São Paulo: Cortez, 1998. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

MINAYO, Maria Cecilia de Souza (Org.). Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. Petrópolis: Vozes, 2004. PARANÁ. FUNDEPAR. Magistério para as Séries iniciais do Ensino de 1º Grau. Anais do Seminário. Curitiba: SEED- PR, 1993. _______. Secretaria de Estado da Educação. Proposta Curricular do Curso de Magistério, 1992. _______. Departamento de Educação Profissional. Proposta Pedagógica do Curso de Formação de Docentes. Curitiba, 2006.

PILETTI, Nelson e Claudino. História da Educação. São Paulo: Ática, 1995.

PIMENTA, Selma Garrido. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez, 2010.

SAVIANI, Demerval. Pedagogia Histórico-Crítica. São Paulo: Autores Associados,

2003. VASCONCELLOS, Celso dos S. Construção do Conhecimento em Sala de Aula. São Paulo: Libertad, 1995.

ZEICHNER, Kenneth M. A Formação Reflexiva de Professores: idéias e práticas. Lisboa: EDUCA, 1993.