REA "O que a internet está a fazer aos nossos cérebros"

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O que a Internet está a fazer aos nossos cérebros Rea baseado no livro de Nicholas Carr “Os Superficiais”

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O que a Internet está a fazer aos nossos cérebros

Rea baseado no livro de Nicholas Carr “Os Superficiais”

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• Pretende-se que este trabalho seja um REA e que sejautilizado, reutilizado, pensado, repensado, remixado de formalivre na rede e fora dela de forma a que esta reflexão possacolher diversas opiniões em volta do tema proposto, “ o que ainternet está a fazer aos nossos cérebros”, e que nos permitirárefletir, discutir e repensar "O presente e o futuro daeducação online: perspectivas e desafios“ será que a rede sevai tornar um entrave?

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Introdução

• O livro tem 321 páginas, cinco capítulos e dez secções.Durante esta viagem que o autor faz onde as hiperligaçõesestão presentes e não faltam referências científicas, sociais ehistóricas, metáforas, citações, discursos, descobertas eestudos, sobre a plasticidade do nosso cérebro ecorrelacionando a evolução das tecnologias com a própriaevolução do cérebro e as repercussões que este fator está ater em nós. Carr argumenta e contrapõe pontos de vistas dos”a favor” e dos “menos a favor” da Rede. Nicholas Carr vaifazendo referência ao deixarmos de usar a escrita, o mapa, orelógio mecânico, o livro palpável, e o que estes fatoresinfluênciam o funcionamento do cérebro humano, acaba pornos encaminhar para as inquietantes e irreversíveismudanças, por influência da Internet, no nosso cérebro.

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Prólogo - “O Cão de guarda e o ladrão”

• Durante estas páginas iniciais o autor refere que a ideia queapresenta neste seu livro não é original, pois já em 1964Marshall McLuhan tinha referenciado que os novos mediaestavam a alterar o modo de pensar, alertando para osperigos que estes poderiam apresentar. As pessoas ficariamreféns dos meios de comunicação. Quando se debatiam sobreo efeito dos seus conteúdos que não se debatia sobre o meioem si e os seus efeitos, dispersavamo-nos em volta dosconteúdos esquecendo o interior da nossa cabeça, nãopercebendo, esquecendo, não tendo em conta os efeitos queestes têm em nós.

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• O autor demonstra como se está a transformar no HAL, osupercomputador do filme “2001: Uma odisseia no espaço”.

• Refere as dificuldades em manter concentração ao realizartarefas mais longas, não sendo capaz de ler continuamenteum livro como já fez. A web criou um método de leitura comtextos curtos e interligados, onde clicando passamos depágina, muitas vezes sem reter a totalidade da informaçãomas recolhendo o que consideramos essencial.

• Recordou como cresceu na geração analógica, como foicontactando com os computadores, como alcançou a idadeadulta digital, como o seu primeiro computador alterou o seumodo de trabalho e o transformou, abandonando o lápis e opapel.

1- HAL E EU

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• Ao aparecer o primeiro modem surge um mundo novo, uma nova forma de comunicar e partilhar, contudo foi a Web 2.0 que tudo mudou, a publicação instantânea e o contacto direto com os leitores transformou a sua atividade profissional e a sua/nossa vida.

• Hoje o autor reconhece muita dificuldade em concentrar-se em atividades mais de 2 minutos em algo que requeira atenção, e reconhece como está viciado na internet, sentindo uma atração constante em consultá-la e utilizá-la.

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2 - CAMINHOS VITAIS

• Durante este capítulo o autor percorre o cérebro e o seufuncionamento e com a descoberta da plasticidade docérebro e as implicações a nível médico, cultural e mesmofilosófico, estabelece um ponto de contacto entre oempirismo e o racionalismo. O primeiro considerava que oconhecimento era adquirido apenas através daexperiência, sendo os indivíduos produtos puramenteculturais. O racionalismo defende a natureza determinísticado conhecimento enquanto estando pré-programado nocérebro humano. A plasticidade do cérebro, em conjunto comos avanços na genética tem demonstrado acomplementaridade entre as duas escolas filosóficas nesteponto.

• O cérebro tem a capacidade para se adaptar e responder acondições externas. A história da máquina de escrever deNietzche ilustra esta afirmação que, tendo sido adquirida como intuito de auxiliar o filósofo na escrita, acabou por inflênciara escrita.

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• A plasticidade ou adaptabilidade do cérebro explicatambém a melhoria nas funções sensoriais de indivíduosque se vêem privados de alguma delas. O cérebro tem acapacidade de se reorganizar de modo a optimizar osseus recursos para maximizar a quantidade e qualidadede informação que recebe do exterior, desativandoligações neurais que se tornam desnecessárias ereforçando outras com mais relevância.

• A compreensão das funções do cérebro tem sofrido umagrande evolução, resultado da evolução tecnológica ecultural da humanidade.

• A evolução tecnológica não parece ter ainda eliminadouma certa resistência, de isolamento básico do cérebroem relação ao mundo exterior.

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3 - FERRAMENTAS DA MENTE• Como afirma Carr, a capacidade de desenhar do ser humano

foi e vai evoluindo com o treino. Rabiscamos em criança, vai-se evoluindo e, por vezes, pode vir-se a desenhar mapasperfeitos. Esta evolução pode ser conetada com a evolução dahumanidade.

• O que o mapa fez com o espaço, o relógio fez com o tempo.Observou-se as estações do ano, o movimento do sol, até aorelógios de pulso, ganhou-se um conhecimento preciso dotempo.

• Com a tecnologia a evoluir aparece o “determinismotecnológico” que vê o progresso tecnológico como uma forçafora do controlo humano que irá ganhar vontade própria edescartar o Homem, e o “instrumentalismo” que vê osartefactos tecnológicos como neutros, às ordens dos seusutilizadores.

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• É difícil perceber qual a influência da tecnologia nocérebro das pessoas. As descobertas relativas àneuroplasticidade, refere que a utilização de tecnologiasintelectuais altera os fluxos químicos das nossas sinapses.

• Ler e escrever foi possível com o desenvolvimento doalfabeto. O ler e escrever implica uma modificaçãointencional do cérebro. Ao ler e escrever em diferenteslínguas são acionadas partes diferentes do cérebro. Aescrita existe há 10.000 anos. Com os gregos, em 750A.C., inventa-se o primeiro alfabeto fonéticocompleto, transfornando-o num sistema completo eeficiente para a escrita e leitura. Com este avanço aleitura começa a ativar uma parte consideravelmentemenor do cérebro do que a leitura de símbolospictóricos. O alfabeto grego originou o alfabeto romano.Com a descoberta do alfabeto fonético, a cultura passoua ser literária.

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• O autor referencía “Fedro” de Platão e ao diálogo que Fedrotem com Aristóteles. Para Aristóteles, a escrita iriatransformar as pessoas em pensadores superficiais. Platãocriticava a poesia porque esta era declamada e não eraescrita. A escrita mostrou o conhecimento das limitações damemória individual, abrindo a mente a novas fronteiras dopensamento e expressão. Temos de referir que nestestempos, a escrita estava ainda só reservada às elites. Teve dese inventar outras opções para que os benefícios do alfabetopudessem vir a ser distribuídos às massas.

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4 - A PÁGINA DO APROFUNDAMENTO

• Neste capítulo onde são referidos que os primeiros suportesde escrita eram básicos, frágeis e de difícil arrumação, na suamaioria não reutilizáveis e caros, o que apenas possibilitava oseu acesso às elites.

• As leituras dos livros continuavam reservadas a essas elites efeitas em voz alta. Os textos eram corridos, sem separação depalavras ou regras gramaticais (a scriptura continua) o quedificultava a sua percepção.

• Intensifica-se a transmissão escrita, surge a pontuação ecomeça a ser comum. A escrita passa assim, a ser pensadapara a vista e não apenas para o ouvido.

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• Ao colocar os espaços entre palavras, o alívio, o esforçocognitivo envolvido na leitura, tornou possível a leitura rápida,silenciosa e com uma maior compreensão. Claro que istorequereu mudanças complexas nos circuitos do cérebro quesegundo alguns estudos, desenvolveu zonas especializadaspara o processo de leitura. Torna-se assim possível adedicação de mais recursos para a interpretação do sentido.Os leitores não só se tornaram mais eficientes mas tambémmais atentos.

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• Com os parágrafos, com o espaço entre palavras, com aescrita a evoluir, a tecnologia do livro para além de mudaremas experiências pessoais de escrever e ler trouxeram tambémconsequências sociais com o alargar das possibilidades deacesso às matérias escritas mudando a natureza da educaçãonas escolas e universidades, passando as bibliotecas adesempenhar um papel mais relevante.

• Com a invenção da imprensa por Gutenberg, que permite amassificação do livro ou texto escrito, passamos a ter o livrode indole popular.

• Estudos recentes dos efeitos neurológicos da leituraconcentrada apontam que os leitores estimulammentalmente cada nova situação que encontram nanarrativa, integrando-as nas suas experiências pessoais.

• A leitura de livros aumentou e refinou as experiências daspessoas no que respeita à vida e à natureza.

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5 - UM MEIO DE NATUREZA MUITO GERAL

• O matemático, Alan Turing suicida-se em 1954. Este criador damáquina de cálculo imaginária que resultou no atualcomputador compreendeu a ilimitada adaptabilidade de umcomputador digital. Nunca sonhou foi com a sua rápidaevolução e que este se iria transformar num meio decomunicação universal.

• A internet é constituída por milhões de computadores earquivos de dados interligados. A Rede é uma máquina comum poder enorme que está a substituir parte das nossastecnologias intelectuais dada a conexão e comparação com amáquina de escrever, o mapa, o relógio, a calculadora, otelefone, o correio, a biblioteca, a rádio, a televisão, utilizamosa rede para praticamente tudo o que necessitamos no nossodia-a-dia.

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• A Rede permite-nos trabalhar em qualquer lugar. Inicialmenteestas máquinas eram muito lentas. Hoje a internet é um meiode comunicação que está em constante evolução a umavelocidade estonteante.

• Reparemos nos primeiros websites e nos atuais. A evolução éenorme.

• Hoje lê-se mais que antigamente graças ao fácil acesso aPcs, telemóveis, tablets, smartphones, e ao acesso áinternet, mas tem diminuído o tempo que se passa a lermateriais impressos, nomeadamente livros, jornais e revistas.As novas tecnologias fazem parte das nossas vidas. Estamosna geração sempre ligada. As própras bibliotecas têm apresença das novas tecnologias: “enquanto antigamentepredominava o silêncio e as pessoas liam livros, atualmentepredomina o som das teclas de um computador”.

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6 - A PRÓPRIA IMAGEM DO LIVRO• O livro resistiu à supremacia da Internet, pelo menos, durante

muito tempo.• O livro em papel tem várias vantagens senão vejamos: é mais

portátil, não fica sem bateria, quando se estraga o prejuízo émais contido, pode apanhar areia, ler-se ao sol e cair aochão, podemos deixá-lo aberto na página onde parámos aleitura e retomar mais tarde, tomar notas nas margens, aleitura em papel cansa menos a visão e a “navegação” é maisintuitiva e flexível. O prazer de arrumar o livro naestante, emprestar a um amigo, folheá-lo em busca da páginaprocurada ou ter a primeira página assinada pelo autor, éincontornável.

• Já existem livros eletrónicos, mas ainda não conseguiramimpor-se. O preço é consideravelmente mais baixo nestasedições. Segundo dados divulgados pela Amazon.com, oritmo de venda de livros eletrónicos tem vindo a crescermuito mais do que a venda de livros impressos desde2008, ano em que apenas 10% dos livros vendidos eram emformato digital, contra 35% em 2009.

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• A Amazon possui um leitor digital que com uma ligação àInternet permite a incorporação de hiperligações nostextos, transformando as palavras em hipertexto onde com umclique nos lança para a Wikipédia, para o Google ou para odicionário.

• Com a introdução das hiperligações, do conteúdo extra, dasnarrações, dos vídeos, das conversas, o livro eletrónico quaseque adquire a configuração de um website, com todos os pólosde distração inerentes, a leitura perdeu a atenção que prende oleitor. A forma como lemos um livro eletrónico é diferente da dolivro impresso.

• As editoras já estão a transformar os livros eletrónicos emmaterial multimédia, tendo já surgido um novo conceito, osvooks, textos com vídeos incorporados.

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• É verdade que o livro já sobreviveu ao fonógrafo, ao cinema, àrádio e à televisão mas vivemos na era do imediatismo quereduz os tempos de concentração necessários à leituraprofunda. Como afirma um investigador da Universidade deToronto, Mark Federman, chegou o tempo de professores ealunos entrarem no mundo da “conectividade omnipresente eproximidade penetrante” da web, onde a competênciamáxima é conseguir “descobrir significados emergentes emcontextos que fluem continuamente”.

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7 - O CÉREBRO DO MALABARISTA

• Dados de investigação demonstram que normalmente quando oindividuo está online o pensamento torna-se apressado e distraídoe a aprendizagem superficial. A internet domina a nossaatenção, ela agarra a nossa atenção para depois a dispersar.Ganhamos novas competências, mas perdemos outras.

• Temos dois tipos de memória: a de curto prazo e a de longo prazo.A memória de trabalho só é capaz de guardar uma pequenaquantidade de informação. Estudos indicam que quando atingimoso limite da nossa memória de trabalho torna-se difícil distinguir ainformação relevante da irrelevante, passamos assim aconsumidores irrefletidos de dados.

• Ao navegarmos na internet, temos uma forma particularmenteintensa de multitarefas mentais. Sempre que deslocamos a nossaatenção, o cérebro tem que se reorientar novamente, exercendomais pressão sobre os nossos recursos mentais.

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• Muitos estudos demonstram que a alternância entre duastarefas pode incrementar substancialmente a nossa cargacognitiva, impedindo o nosso pensamento e aumentando aprobabilidade de nos esquecermos, ou que interpretemosmal, informações muito importantes.

• Como é afirmado por investigadores alemães a maioria daspáginas da Web são vistas em dez segundos ou menos.Durante dois meses, a empresa Cliektale (israelita) recolheudados sobre o comportamento de um milhão de visitantes desites do mundo inteiro. Os resultados foram na maioria dospaíses, as pessoas gastam, em média, entre dezanove a vintee sete segundos a analisar uma página antes de passarempara a próxima, incluindo o tempo que a página demora aabrir.

• Sam Anderson em “In Defense of Distraction” um artigo de2009 da revista New York ” os nossos empregos dependem daconectividade” e “os nossos ciclos de prazer estão cada vezmais ligados a ela”. Quanto mais funcionamos emmultitarefa, menos capazes somos de pensar e raciocinarsobre um problema.

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• Nos anos 80, James Flynn, avaliou dados estatísticos de QIentre gerações e constatou que o QI aumentava de geraçãopara geração. Ficou conhecido como o efeito Flynn.

• Flynn conclui que houve uma mudança no modo deconsiderar a inteligência, mas nós não somos maisinteligentes do que nossos antepassados, apenas aplicamos anossa inteligência a outros problemas os nossos cérebros nãosão melhores, são diferentes.

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8- A Igreja Google

• Segundo Carr, a internet segue os mesmos fundamentos doTaylorismo na procura de “um método ótimo - o algoritmoperfeito - para realizar os movimentos mentais daquilo a queagora chamamos trabalho do conhecimento’” através daquantificação dos dados, argumentando que “aquilo queTaylor fez para o trabalho manual, a Google está a fazer para otrabalho mental” (p.189) e “de acordo com a visão daGoogle, a informação é uma espécie de mercadoria, umrecurso utilitário que pode, e deve, ser extraído e processadocom eficiência industrial” (p.191).

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• Carr é defendido pelos executivos da Google que afirmam que“temos de tentar tornar as palavras menos humanas e maiscomo uma parte de uma máquina” (p.190), esta ideia éreforçada nas palavras de Larry Page, “o cérebro humano nãose parece apenas com um computador, ele é umcomputador”, e cujo pensamento pode ser considerado comovisão ou embrião de Inteligência Artificial (pp. 214-215).

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• Na ideia de que o computador pode substituir o cérebro, ou amáquina o humano é falsa pois “ignoram a naturezafundamentalmente orgânica da memória biológica, que estánum perpétuo estado complexo de renovação” (p.237), que“memórias a curto e a longo prazo implicam processosbiológicos diferentes” (p. 229) ou que “o número de sinapsesaltera-se com a aprendizagem” (p. 230).

• Neste capítulo nota-se a inquietação do autor com a internet,e como esta pode ameaçar a identidade do indivíduo, da“profundidade e a especificidade do eu” e a “profundidade eespecificidade da cultura que todos partilhamos” (p. 243);com a “concepção oprimida da mente humana que dáorigem” ao desejo de se criar uma máquina que seja capaz de“suplantar os seus criadores”, que os fundadores/criadores daGoogle manifestam ter na sua procura da Inteligência Artificial(p. 220).

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9 – Procura, memória• Ao contrário dos livros, que proporcionam um suplemento à

memória e, segundo Eco: “desafiam e melhoram amemória, não a anestesiam”, o autor defende que, pelos seusefeitos na nossa memória, a internet é “uma tecnologia doesquecimento”, anestesia a memória, a imaginação e acriatividade. (pp. 222-239)

• O que é que determina o que lembramos e o queesquecemos? (p. 239) Na opinião de Carr, a respostaencontra-se na atenção, neste mecanismo através do qual anossa memória se consolida e onde a internet influifortemente. O fluxo de informação que corre quando estamosonline, não só sobrecarrega a nossa memória de trabalhocomo também torna mais difícil a nossa concentração, ouseja, como afirma o autor, devido à plasticidade das nossassinapses, “quanto mais utilizamos a internet, mais treinamoso nosso cérebro para ser distraído”. (p. 240)

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• Efetivamente, a nossa memória alterou-se com a Internet, atéporque o mecanismo mais importante da memória é aatenção. Ora, a Internet dispersa a nossa atenção, tendocomo consequência a não retenção do material que éadquirido ou das aprendizagens que realizamos.

• A Internet foi vista (e ainda é) como um bem supremo umaforma de conseguirmos aumentar a nossa memória pessoal ea nossa capacidade de trabalho mas isso tem um preço, comoo autor refere: “A internet proporciona um suplementoconveniente e irresistível à memória pessoal, mas quandocomeçamos a utilizá-la como substituto da memóriapessoal, sem passar pelos processos interiores deconsolidação, corremos o risco de esvaziar as nossas mentesdas suas riquezas.” (p. 238)

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10 - Uma coisa igual a mim

• Nicholas Carr, está ciente que existem muitos aqueles queapontam, e defendem, efeitos benéficos da internet sobre asnossas mentes “nós poderemos vir a perder a nossacapacidade de concentração numa tarefa complexa no inicio eno fim, mas em compensação ganharemos novascompetências, tais como a capacidade de envolvermo-nossimultaneamente em 34 conversas através de 6 meios decomunicação diferentes” (p. 279), e, ainda mais, aqueles quegostariam de nestes acreditar. Mas, segundo o autor, nãopodemos esquecer ”o preço que pagamos para assumir opoder da tecnologia é a alienação” (p. 258), “mais informaçãopode significar menos conhecimento” (p. 262), e que “aotransferir para o software a maior parte do trabalho árduo depensar, estamos provavelmente a diminuir o nosso própriopoder mental de um modo subtil mas significativo” (p.265).

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Epílogo, Posfácio e Notas

• Este livro começa por constatar a forma como se processamas suas leituras e a sua força no poder de concentração ecomo esta se alterou, relacionando estes fatos com a internet.Defende esta ideia, dando exemplos de outros autores quetambém descrevem a mesma situação. “A Cultura da internetnão é a cultura da juventude; é a cultura dominante.”(p.279), isto hoje está presente na sociedade actual e emtodos os utilizadores da Internet.

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• Carr refere que o reconhecimento de alterações trazidas pelaInternet, surge tembém um certo mecanismo de auto defesaem relação à mesma, “ Começa a formar-se, ao queparece, um movimento de resistência à internet...” (p.278)mas isto é quase impossível de fazer, pois somosbombardeados por todos os mecanismos e softwares que nosfacilitam a vida.

• Existe “quem se sinta animado com a facilidade com que asnossas mentes se estão a adaptar à ética intelectual dainternet” (p. 271) mas Carr termina o livro deixando um apeloà manutenção da lucidez, reflexão e espírito crítico sobre oque a internet nos está a fazer, sobre como esta está atransformar o nosso cérebro -memória, atenção, pensamento,…-, e termina, fazendo-nosum convite pedindo para entrar no seu barco, pegarmos numremo e remarmos contra corrente.

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Reflexão• Ao fazermos um pequeno exercício de memória todos nos

conseguimos lembrar de como eram a vida e hábitos antes docomputador e da internet. A minha geração e superiores, ouseja quem tem 30 anos ou mais, praticamente viveu semacesso à internet na infância.

• Fomos então numa fase adulta “obrigados” ou porcompromissos profissionais ou por obrigação da educação, oupor laser, ou por contaminação a usar a tecnologia doscomputadores, smartphones, telemóveis, tabletes, internet…Isto trouxe-nos mudanças positivas e as negativas.

• Ao lermos o livro sentimos e refletimos que as mudanças queo autor refere no livro são uma realidade em todos nós quegastamos tecnologia, e se nada fizermos a esserespeito, continuarão assim.

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• É verdade que sentimos ansiedade exagerada, trabalhamosmais em multitarefas, mudamos a concepção dotempo, aumentou-se o nível de exigência, resposta aestímulos fragmentada, vivemos numa pressãoconstante, entre outras. Carr demonstra de forma elucidativao efeito que a tecnologia tem nas nossas vidas e no nossocérebro.

• Considero o livro interessantíssimo e completamente atual.

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• Como leitores sentimos dificuldade em ler um livro de formaconcentrada e continua. Fazemos apenas uma leituravertical, geralmente sem muitoaprofundamento, identificando palavras-chaves de um texto elogo passamos para a ideia seguinte. Não refletimos sobre oque lemos.

• Quem já não sentiu esta sensação? Parou para refletir?Provavelmente já sentiu a sensação, mas não parou pararefletir. O autor vai enumerando as transformações e comoelas realmente afetam a nossa vida. A falta de memória é umadelas. Para quê decorar um autor se a informação está àdistância de um click? Mais informação pode significar menosconhecimento.Internet, youtube, blogues, facebook, tweeter, motores debusca, são todo um mundo de possibilidades que podemosexplorar. As vantagens da partilha de informação e de estarligado são conhecidas, mas Carr escreve sobre algumasdesvantagens.

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• Ao sermos bombardeados por informação constante estamosa influenciar os nossos cérebros para que estes percam quer acapacidade de concentração, quer a capacidade de reflexão.

• O cérebro possui neuroplasticidade. O cérebro não é umproduto acabado e reage aos estímulos que vai recebendo.

• O livro é claro e preciso o que torna a sua leitura agradável.

• O próprio Carr confessa ter um blogue, conta no Facebook eoutras tecnologias virtuais o que o torna completamente“normal” e atual, entrosado por completo na tecnologia.

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• O próprio Carr afirma que não vai deixar de usar a Internet atépensa que tal já nem é possível para ele e muitos de nós. Masvale a pena reflectir sobre o uso que dela fazemos.

• O excesso de informações oferecidas na internet tem causadoimpacto negativo na nossa capacidade de reterinformações, tornando-nos “superficiais”.

• Com a internet somos incapazes de manter a concentraçãopor mais de dois parágrafos, numa leitura de qualquer artigoou livro pois somos interrompidos na leitura para visitaralguma das outras janelas nas quais estamos conectadossimultaneamente. Paramos constantemente para verificar oe-mail, ver um vídeo, responder a um SMS, ver o Twitter ou oFacebook. Esta é a atitude típica entre utilizadores deinternet. Para Nicholas Carr a rede está a mudar, para pior, aforma como pensamos e a própria estrutura e funcionamentodo nosso cérebro. Estamos a ficar incapazes de articularraciocínios complexos.

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• O próprio Carr reconhece que o uso da internet estimula ainteligência visual e espacial, mas para Nicholas Carr “A web éa tecnologia do esquecimento”.

• A memorização da informação depende da atenção dedicadaa ela no momento da aquisição. A dispercidade da internetnão favorece a concentração. Podemos navegar em váriasjanelas ao mesmo tempo, mas não temos a capacidadenecessária para processar em simultaneo tantassolicitações, chamadas, hiperlinks com que a internet nosdistrai. Assim podemos considerar que não somos “multitask”.

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• Hoje em dia enfrentamos a cultura do multitask característicada internet que representa uma ameaça à tradição da leituraprofunda e solitária. A web está a transformar-nos em leitoresincapazes de manter a atenção.

• Carr explica, com base na sua própria experiência, de amigose colegas da sua geração que já estamos habituados a lêrsaltitando na Net.

• O Google ganha dinheiro em publicidade a cada “clic” quenós fazemos.

• Para se ser intelectualmente capaz nas nossas actividadesprofissionais, temos que ler livros habitualmente, uns mais,outros menos, mas a leitura de bons livros é essencial à saúdeintelectual.

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• A capacidade de termos desenvolvido novas capacidades demultitarefas e de ser tecnologicamente mais hábeis, maisdotados nem sempre é positivo.

• Carr termina apelando para “pegarmos num remo e remarcontra esta maré.”

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Bibliografia

• Carr, N. (2012) - Os Superficiais - O que a Internet está a fazer aos nossos cérebros. Lisboa, Gradiva.

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• Docente: Professor José Mota

• Aluno: Ricardo Carvalho

• Universidade Aberta 2013

• Disciplina: Materiaias e Recursos para elearning

• Mestrado em Pedagogia do elearning 2012/2014