Reciclagem gera renda e auxilia na conscientização · legendas e fios: - Leonardo Amorim - Laura...

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Jornal Em Foco - Campo Grande - MS - setembro de 2009 - Ano VIII - Edição 123 Edição de títulos, legendas e fios: - Leonardo Amorim - Laura Peres Santi Renata Volpe Reciclar significa transfor- mar objetos materiais usados em novos produtos para o consumo. Esse jeito de ajudar a conservação do mundo tam- bém está na arte. Em Campo Grande artistas transformam o que era lixo em peças que embelezam e também têm uti- lidade no dia a dia dos cida- dãos. Vanda Lúcia de Sousa, Dirce Coin e Terezinha Bezer- ra estão entre os campo- grandenses que reciclam e tra- balham em prol de um mun- do melhor utilizando a arte como meio de geração de ren- da e conscientização, ajudan- do a natureza, pois nada se perde tudo se refaz. A professora Vanda Lúcia, que trabalha há mais de 12 anos com reciclagem criou um pro- jeto chamado “O luxo do lixo”, um desfile de moda tendo como principais peças artigos fabricados com garrafas pets, jornais, revistas e tampas de garrafa. Segundo ela, esse tra- balho tem uma importância social gigantesca, uma vez que, desperta nos alunos um espí- rito de economia, reutilização, e consciência ambiental. Terezinha Bezerra trabalha há 25anos com artesanato. Desde criança, a artesã fabri- cava panelas de barro. E com o passar do tempo foi aprimo- rando seus talentos, até que descobriu que poderia fazer belas peças com materiais recicláveis, sementes, cedro, jacarandá, folhas de coco, pal- meira imperial, dando prefe- rência a matéria prima do Es- tado. “Quando vejo um galho caído na rua, já visualizo um belo trabalho”, afirma. Terezinha, que possui a loja número 22 na Praça dos Imigrantes, ganhou dois con- cursos promovidos pela Pre- feitura Municipal de Campo Grande – Arte de Natal, e guar- da com carinho o reconheci- mento de seu esforço. Dom Dirce Coin, artista plástica, carrega no sangue o gosto pela arte. Desde adolescente apren- deu que toda sucata pode ser reaproveitada, por isso utiliza em seus trabalhos tampas de garrafa pet, de latinhas de massa de tomate além de se- mentes, vidros, ferro, dentre outros. “Acredito que o que crio é um dom que tenho, pois ape- nas ao olhar para algo que muitos desprezariam, vejo algo que possa me servir, por exemplo, uma garrafa de vidro enfeitei com palmeira imperi- al e transformei em um porta- Crescimento aliado à preservação SUSTENTABILIDADE Renata Volpe A necessidade de reciclar é recente para a população mundi- al – década de 80, e foi despertada após o aumento significati- vo da produção de lixo, a diminuição dos recursos natu- rais, e da conscienti- zação de que estes são finitos, principal- mente nos países de- senvolvidos. Campo Grande produz 560 toneladas por dia de lixo, um total de 17 mil tonela- das por mês. E apenas 1,5% do material sólido é reciclado. Atualmente existe uma preocupação significativa com o meio ambiente e tanto os governos quanto as ONGs estão cobrando das empresas posturas responsáveis: sustentabilidade - o cresci- mento econômico deve estar aliado à preservação ambien- tal. Ao contrário do que mui- tos pensam a reciclagem gera riqueza e renda além de con- tribuir para a diminuição sig- nificativa da poluição do solo, da água e do ar. Os materiais mais reciclados são o vidro, o alumínio, o papel e o plástico. Anos 80 - Mais lixo levou a necessidade de reciclar Artistas de Campo Grande utilizam lixo e matéria orgânica para criar peças decorativas Artesanato Reciclagem gera renda e auxilia na conscientização Foto: Renata Volpe controle”, afirma Dirce. A arte vinda de materiais recicláveis agrada aos consu- midores. Como Geraldina Nazareth, mais conhecida como Dona Dina, que é fã de objetos reciclados, principal- mente de utensílios domésti- cos e decorativos. “Gosto de objetos que te- nham utilidade em minha casa e dou preferência para aque- les que são reciclados, pois contribuo para a diminuição da devastação ambiental”, diz. Todas essas mulheres se destacam pela preocupação ambiental, e buscam além do retorno financeiro, um retor- no maior: a satisfação de esta- rem contribuindo para o de- senvolvimento sustentável. Criatividade - Cadeado transformado em objeto decorativo, mostra como é possível a reciclagem Foto: Renata Volpe Foto: Renata Volpe Reconhecimento - Terezinha é artesã há 25 anos e já venceu por duas vezes o concurso Arte de Natal

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Jornal Em Foco - Campo Grande - MS -setembro de 2009 - Ano VIII - Edição 123

Edição de títulos,legendas e fios:

- Leonardo Amorim- Laura Peres Santi

Renata Volpe

Reciclar significa transfor-mar objetos materiais usadosem novos produtos para oconsumo. Esse jeito de ajudara conservação do mundo tam-bém está na arte. Em CampoGrande artistas transformam oque era lixo em peças queembelezam e também têm uti-lidade no dia a dia dos cida-dãos.

Vanda Lúcia de Sousa,Dirce Coin e Terezinha Bezer-ra estão entre os campo-grandenses que reciclam e tra-balham em prol de um mun-do melhor utilizando a artecomo meio de geração de ren-da e conscientização, ajudan-do a natureza, pois nada seperde tudo se refaz.

A professora Vanda Lúcia,que trabalha há mais de 12 anoscom reciclagem criou um pro-jeto chamado “O luxo do lixo”,um desfile de moda tendocomo principais peças artigosfabricados com garrafas pets,jornais, revistas e tampas degarrafa. Segundo ela, esse tra-balho tem uma importânciasocial gigantesca, uma vez que,desperta nos alunos um espí-rito de economia, reutilização,e consciência ambiental.

Terezinha Bezerra trabalhahá 25anos com artesanato.Desde criança, a artesã fabri-cava panelas de barro. E como passar do tempo foi aprimo-rando seus talentos, até quedescobriu que poderia fazerbelas peças com materiaisrecicláveis, sementes, cedro,jacarandá, folhas de coco, pal-meira imperial, dando prefe-rência a matéria prima do Es-tado.

“Quando vejo um galhocaído na rua, já visualizo umbelo trabalho”, afirma.

Terezinha, que possui aloja número 22 na Praça dosImigrantes, ganhou dois con-cursos promovidos pela Pre-feitura Municipal de CampoGrande – Arte de Natal, e guar-da com carinho o reconheci-mento de seu esforço.

D o mDirce Coin, artista plástica,

carrega no sangue o gosto pelaarte. Desde adolescente apren-deu que toda sucata pode serreaproveitada, por isso utilizaem seus trabalhos tampas degarrafa pet, de latinhas demassa de tomate além de se-mentes, vidros, ferro, dentreoutros.

“Acredito que o que crio éum dom que tenho, pois ape-

nas ao olhar para algo quemuitos desprezariam, vejoalgo que possa me servir, porexemplo, uma garrafa de vidroenfeitei com palmeira imperi-al e transformei em um porta-

Crescimento aliado

à preservação

SUSTENTABILIDADE

Renata Volpe

A necessidade dereciclar é recente paraa população mundi-al – década de 80, efoi despertada após oaumento significati-vo da produção delixo, a diminuiçãodos recursos natu-rais, e da conscienti-zação de que estessão finitos, principal-mente nos países de-senvolvidos.

Campo Grandeproduz 560 toneladaspor dia de lixo, umtotal de 17 mil tonela-das por mês. E apenas

1,5% do material sólido éreciclado.

Atualmente existe umapreocupação significativacom o meio ambiente e tantoos governos quanto as ONGsestão cobrando das empresasposturas responsáveis:sustentabilidade - o cresci-mento econômico deve estaraliado à preservação ambien-tal.

Ao contrário do que mui-tos pensam a reciclagem gerariqueza e renda além de con-tribuir para a diminuição sig-nificativa da poluição dosolo, da água e do ar. Osmateriais mais reciclados sãoo vidro, o alumínio, o papele o plástico.

A n o s 8 0 -Mais lixo levou a necessidade de reciclar

Artistas de Campo Grande utilizam lixo e matéria orgânica para criar peças decorativas

Artesanato

Reciclagem gera renda eauxilia na conscientização

Foto: Renata Volpe

controle”, afirma Dirce.A arte vinda de materiais

recicláveis agrada aos consu-midores. Como GeraldinaNazareth, mais conhecidacomo Dona Dina, que é fã de

objetos reciclados, principal-mente de utensílios domésti-cos e decorativos.

“Gosto de objetos que te-nham utilidade em minha casae dou preferência para aque-les que são reciclados, poiscontribuo para a diminuiçãoda devastação ambiental”, diz.

Todas essas mulheres sedestacam pela preocupaçãoambiental, e buscam além doretorno financeiro, um retor-no maior: a satisfação de esta-rem contribuindo para o de-senvolvimento sustentável.

C r i a t i v i d a d e - Cadeado transformado em objeto decorativo, mostra como é possível a reciclagem

Foto: Renata Volpe

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R e c o n h e c i m e n t o - Terezinha é artesã há 25 anos e já venceu por duas vezes o concurso Arte de Natal

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10CULTURA

C o s t u m e - O jejum de ramadã deve ser feito por todos os mulçumanos a partir da puberdade

A l c o r ã o - Badr mostra a paixão pela religião através do Livro Sagrado Islâmico, que traz todos os ensinamentos e comemorações muçulmanas, inclusive o Ramadã, feriado em que aprendem a dar valor a vida

Feriado de ramadã proporciona nova essência à vida dos muçulmanos

Religião

Jejum e oraçãofortalecem a alma

Paula Maciulevicius

“Olha! Amanhã vou fazerjejum!” comenta alegrementea muçulmana Badr AbuGhaddara, de 19 anos, a res-peito do feriado de Ramadã.Para a jovem que carrega osangue libanês e a paixão peloislamismo, o jejum doRamadã tem de ser feito comintenção. “O sentido não é ode passar fome, e sim pelaúnica razão de adorar a Deus”,completa Badr.

O tradicional feriadoislâmico nasceu da revelação doAlcorão, no 9° mês do ano, atra-vés do anjo Gabriel ao profetaMohamad. E desde então, gera-ções muçulmanas têm comemo-rado com jejum os trinta diasde Ramadã. Segundo o livro sa-grado Alcorão, todos os muçul-manos devem jejuar no perío-do, a partir da puberdade.

O Ramadã tem seu iníciode acordo com o calendáriolunar e a cada ano a data é di-ferenciada. Segundo Badr háduas maneiras de saber queA m o r - A jovem mostra a dedicação pelos costumes

dia começa o mês de jejuns.“Se algum muçulmano verídi-co viu a Lua nova, é sinal deque o próximo dia já é de je-jum”, explica. “Outra forma éde esperar, caso ninguém te-nha visto a Lua, o 9° mês com-pletar 30 dias. O primeiro diaapós esse tempo já é oRamadã”, completa. No calen-dário ocidental o Ramadãacontece, aproximadamente11 dias antes de começar omês de setembro.

J e j u mEntre as proibições da fase

de jejum estão comer, beber,manter relação sexual e vomi-tar forçadamente da alvorada atéo pôr-do-sol. “É um mês certi-nho, das 4 e 40 da manhã atéàs 5 e meia da tarde, de jejum”,ressalta Badr. Com o costumediário de cinco orações, umapela alvorada, no horário dealmoço, às três horas da tarde,no pôr-do-sol, e para finalizar,a noite, no mês de Ramadã, háuma salat [oração] voluntária,realizada preferencialmente namesquita depois da noite.

Tr a d i ç ã oBadr, filha mais velha da

família campo-grandense AbuGhaddara, explica a culturaislâmica e resume como é sermuçulmana. “Para mim étudo, eu não seria o que sou,nem teria a personalidade quetenho. A religião influenciacomo a pessoa vai ser e os seuscostumes”, comenta. No perí-odo de Ramadã, a estudantede Odontologia diz aprendera dar valor a tudo o que tem.

Para a mãe, Amira HijaziGhaddara, de 43 anos, a pai-xão de Badr pelo islamismo étransmitida para todos. “Elapassa até para mim, que quasenão tenho tempo, então ela lê,e cria tempo para a religião”,diz a mãe que ocupa posiçãoprimordial na família. Nos cos-tumes médios orientais, é amãe a chefe da família. “Ela queensina a rezar e o bom cami-nho. Os pais carregam tudoaquilo que os filhos não cum-prem”, resume Badr quanto aos

filhos muçulmanos.

D i a - a - d i aConforme o Instituto Bra-

sileiro de Geografia e Estatís-tica (IBGE) estima-se que 1,3bilhão de fiéis participem dosritos de Ramadã. Só em MatoGrosso do Sul a comunidademuçulmana é de cinco milpessoas. E para o cotidiano noperíodo das festividades, sãofeitas adaptações para quem,por muitas vezes, não conse-gue cumprir uma das virtudesdo Islã. O jejum é opcionalpara lactantes, grávidas, via-jantes há mais de 81 quilôme-tros de casa e doentes queacharem não ter condição.Para a universitária Badr, amaneira é repor as orações nãorealizadas durante o dia. “Nafaculdade não tem nenhumcanto, se tivesse eu levavaminhas roupas, meu tapete erezava lá”, brinca a jovem.

E i d a l F i t rPara finalizar o Ramadã,

um ou dois dias antes da datade término, cada membro dafamília deve doar de dois atrês quilos de um alimentocomum a pessoa muçulmanacarente mais próxima, é a cha-mada “Zakat Al Fitr”, onde orepresentante da família doaos alimentos ou o valor emdinheiro. A festa de desjejumEid al Fitr é realizada após oúltimo dia de Ramadã, ondemuçulmanos festejam agrade-cendo a Deus pela oportuni-dade de ter feito o jejum. “Éassim que a gente sente quesem Deus, você não é nada. Oferiado nada mais é do quesentir na pele, como sentequem não tem condições decomer”, desabafa Badr. “Eusinto um alívio, minha almamais leve”, finaliza a mãeAmira, com um sorriso dedever cumprido.

A d o r a ç ã o - A paixão pelo Islamismo começa muito cedo

Edição de títulos,legendas e fios:

- Edeusa Centurião- Valeska Medeiros

Foto: Paula Maciulevicius

Foto:Paula Maciulevicius

Foto:Paula Maciulevicius

Foto: Paula Maciulevicius

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ESPORTE

Atletas depeso dãoum showde bola

Treinamento

Balança é a inimiga do jogador

Foto:colunistas.ig.com.br

S u p e r a ç ã o -Mesmo fora de forma, Ronaldo continua surpreendendo seus fãs, provando que o talento é mais importante que o peso

Edição de títulos,legendas e fios:

- Otávio Cavalcante- Laziney Martins

Laura Peres Santi

O peso dos atletas é umimportante fator que influen-cia no desempenho da moda-lidade que praticam. Porém hácasos em que alguns atletasestão com quilos a mais que oideal e mesmo sabendo desuas condições continuam apraticar o esporte ou toma adecisão de acertar os pontei-ros com a balança para a prá-tica de sua categoria.

Em esportes como vôlei,futebol, basquete e handball,o peso pode ser bastante vari-ado, pois o valor total não cor-responde somente a gordura,deve-se levar em consideraçãoo peso dos órgãos, esqueletoe músculos.

É por esse motivo que aforma utilizada para medir opeso dos atletas é porimpedância bioelétrica, que éa oposição ao fluxo de corren-te elétrica no corpo humanoque consequentemente é asoma vetorial da resistência ereatância (oposição à circula-ção da corrente elétrica). Ou-tro modo para medir o peso éa soma das dobras cutâneas,método que dá uma noção dadistribuição da gordura corpo-ral.

De acordo com o educador

físico Lucas Lopes Paniago, de21 anos, os atletas que estive-rem acima do peso correm orisco de sobrecarregar a mus-culatura, ocasionando lesão,por não estar preparado deforma adequada. Paniago con-ta também que a vantagem depossuir o peso equilibrado éque ele gasta menos energiapara realizar movimentos, porisso tornam-se mais ágeis e sedesenvolve mais rápido.

Os “gordinhos” atletas tam-bém conseguem se destacarnas categorias de maior peso,conhecida como o peso pesa-do, no caso do boxe. Confor-me o educador físico Paniago,nos esportes que precisam deforça os “gordinhos” que pra-ticam e fazem um treinamentorigoroso possuem uma chancemaior de se destacar do queum atleta magro. “Em qualquermodalidade para se destacar épreciso ter uma técnica maisapurada, raciocínio, coordena-ção motora, independente desua forma física”, conta o Edu-cador Físico.

No caso do ex-atleta, Leo-nardo Rojas, de 22 anos, eleentrou no time de vôlei naépoca em que fazia o EnsinoMédio no Colégio Santa Te-reza, pesando 120 quilos etendo 1,89m de altura. Ape-

sar de não estar no padrãodo peso ideal o jovem pos-suía um bom desempenho ededicação no time. Com ostreinamentos realizados pelotime, o jovem acabou emagre-cendo cerca de 25 quilos. Em2002, Rojas entrou pra Sele-ção de Vôlei de Corumbá ese manteve até 2005. Depoisque saiu da seleção, passoua treinar voluntariamente alu-nos de uma escola próximaa sua casa.

Parado há três meses e

meio por conta de uma con-tusão causada por uma falta,o estudante José Luiz AlvesNeto, de 20 anos, já treinouem times como CEINTRE,CEI, SESC, Dom Bosco eUCDB, também participou decampeonatos amadores ondeocupava a posição de goleiro.Nas famosas “peladas”, Netoconta que ia para posição deatacante para não enjoar e sesurpreende por ser bem rápi-do e conta que possui bastan-te explosão muscular e que

suas articulações são muitobem adaptadas ao seu peso.

Neto ainda conta que ini-ciou um regime devido o au-mento da taxa de colesterol etriglicerídeo na corrente san-guínea, conseqüência do seuafastamento gerado pela con-tusão no joelho. “Não é umalesão grave, mas resolvi aca-bar com todos esses proble-mas de uma vez”, diz o estu-dante. Por indicação médica,Neto faz uma rigorosa dieta háum mês, e continua seus exer-

cícios há três sema-nas numa academia,e foi dessa forma quejá emagreceu 6,5kg.“Nunca fui tão tristenesse período que euestou sem jogar”, la-menta o estudante.

Natação contribui na coordenação motora das crianças

Thierre Monaco

Natação é um esporte bas-tante procurado pela maioriadas pessoas, a atividade ofe-rece a integração do recém-nascido ao meio social e esti-mula principalmente o desen-volvimento do corpo. A de-manda de mães que procuramlugares especializados em na-tação desde o início da vidaé grande. Elas procuram o pe-diatra que indicam o proces-so de ensino principalmentea partir do sexto mês.

“Depende do desenvolvi-mento do bebê, e se não hánenhum fator de risco”,acrescenta o pediatra AntônioFaro.

A natação para recém nas-cidos compreende basica-mente um processo de desen-volvimento e maturação. Pormeio de aulas lúdicas, as cri-anças associam a música aosmovimentos feitos durante aprática de ensino.

“Trabalhamos com a coor-denação motora, identificaçãodas coisas. Nem toda criançatêm a experiência agradável,mas se as que gostam segui-rem este esporte e talvez com-petir, o objetivo está alcança-do”, comenta a educadora fí-sica Aretusa Salomão que temuma academia especializadano esporte.

Em alguns estabelecimen-tos as aulas são divididas deacordo com a idade e outraspor desenvolvimento. Quan-do o bebê é recém nascido, apresença de mãe é imprens-cíndível, pois a confiança éfundamental para o desenvol-vimento das aulas. Logo queo bebê cresce e tem o domí-nio da respiração, imersão e

batimento de pernas, ele jáestá apto a passar para outraetapa, só que dessa vez sem apresença da mãe.

“Com a natação há um es-tímulo visual, motor, auditi-vo e cognitivo, além de pro-porcionar noções de espaço etempo, preparando a criançapsicologicamente e neurologi-camente para o auto-salva-mento”, comenta o professore educador físico Estevão Me-nezes.

A busca pelo desenvolvi-mento do corpo não é o úni-co benefício procurado pelaspessoas, mas também o de-senvolvimento da mente e aintegração da criança ao meiosocial.

“Em tempos de hoje, ondea tecnologia é introduzidamuito cedo na vida das cri-anças, deixando-as às vezesmuito sentadas em frente aocomputador, video-game porexemplo, a natação é um es-porte que socializa e coloca acriança em contato com pes-soas, com o meio social mes-mo”, diz Jesusa Ferreira, mãeda Gabriela de apenas 8 me-ses. Ela destaca a interação dobebê com o meio aquático ecom o social, e por isso pre-fere que a filha pratique esseesporte desde cedo.

Além de proporcionar umbem-estar ao corpo, a nataçãoé um esporte que possibilitaque o ser humano seja capazde se salvar, se manter vivoquando se encontra em peri-go em alto mar, e é claro deproduzir bons competidorese vencedores, como o cam-peão Mundial César Ciello, obrasileiro que têm o recordemundial na categoria 100 me-tros livres. I n t e g r a ç ã o - Crianças e recém-nascidos recebem estímulos para o desenvolvimento do corpo em atividades aquáticas em CG

Foto:Thierre Mônaco

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12UNIVERSIDADE

Biotério desenvolve pesquisasSerpentes e roedores são mantidos em condições adequadas para utilização em experimentos acadêmicos

Ciência

Assessoria de Imprensa

A Universidade Ca-tól ica Dom Bosco(UCDB) é reconhecidapela excelência de suasinstalações e por man-ter em funcionamentolaboratórios e locaisapropriados para pes-quisas acadêmicas.Um deles é o BiotérioUCDB, eleito por trêsvezes pelo Ministérioda Educação (MEC)como o melhor em

infraestrutura debiotérios do Cen-tro-Oeste. O localestá em funciona-mento desde maiode 2003, auxiliandoem pesquisas cien-tíficas desenvolvi-das na Católica eem outras institui-ções parceiras. Umatroca técnico-cientí-fica deve ser firma-da para o processa-mento do venenode jararaca liofiliza-do (transformadoem pó) para utiliza-ção em estudos con-tra o câncer.

Biotér ios sãoambientes em quese mantêm animaisem condições ade-quadas para seremutilizados em expe-rimentos científi-cos, na produçãode vacinas e soros,entre outros usos.Na UCDB, são man-tidos roedores e ser-

pentes, com autoriza-ção do Instituto Brasi-leiro do Meio Ambien-te e dos Recursos Na-turais Renováveis(Ibama). “A Católica éa única instituição doCentro-Oeste que rea-liza o manejo de ser-pentes. Nos biotériosconvencionais , so-mente os roedores sãomantidos para uso empesquisas científicas”,explicou a coordena-dora do local, médicaveterinária e biólogaPaula Helena SantaRita.

Os roedores são uti-lizados nas mais diver-sas áreas de pesquisados cursos de Medici-na Veterinária, Biolo-gia, Farmácia, Nutri-

ção, Fisioterapia, Engenha-ria, entre outros. São cercade quatro mil animais queatendem à demanda da gra-duação e da pós-graduação.Todos os projetos de pesqui-sa que envolvem o uso deanimais passam previamen-te pelo Comitê de Ética daInstituição.

Além do processamento eexportação do veneno dasserpentes, elas também sãomantidas para estudos. Atu-almente, são 389 animais

adultos e filhotes, de espé-cies variadas, como, porexemplo, jararacas (urutu,boca-de-sapo, jararacuçu ejararaquinha ou caiçaca),sucuris, cascavéis, jiboias.“A fauna ofídica brasileira émuito rica, incluindo os es-pécimes do Cerrado. Alémdisso, mantendo esses ani-mais, incentivamos as pes-soas a conhecerem mais so-bre eles e a constatarem osbenefícios que trazem, res-peitando-os”, enfatizouPaula. Um dos exemplos ci-tados é que o extermínio dasserpentes pode causar asuperpopulação de ratos ede outros animais que sãonocivos ao homem.

L i o f i l i z a ç ã oCom a utilização de apa-

relhos modernos, a UCDBdesenvolveu protocolo parao aproveitamento do venenodas serpentes. Todo o pro-cedimento é fei to noBiotério, com a extração doveneno dos animais e o pro-cesso de liofilização. “Desen-volvemos um método pró-prio, em que levamos emconsideração a idade do ani-mal e o sexo, porque cadaum deles produz o venenocom uma característica dis-tinta”, contou a coordenado-ra do Biotério. SegundoPaula, esse protocolo é resul-tado de muitas pesquisas,que consideram todas as va-riações e características dosanimais.

“Foram seis meses de tes-tes até chegarmos a um re-sultado muito bom. Conse-guimos produzir uma médiade dez gramas de veneno dejararaca a cada 45 dias. Nos-so objetivo é chegar a 40 gra-mas, no mesmo período.Pesquisas constataram queum dos componentes do ve-neno da jararaca do Cerra-do pode ser utilizado con-

tra tumores de mama emratas”, explicou.

A bióloga e médica vete-rinária explicou ainda que,mesmo em animais da mes-ma espécie, mas de regiõesbrasileiras diferentes, hámudanças na composição doveneno.

Entre os diferenciais doBiotério da UCDB estão índi-ces de mortalidade baixos enatalidade alta, bom manejo euso de uma autoclave hospi-talar - usada para esterilizartodo o material do laboratórioe garantir o padrão de higie-

CAPTURA

Parcerias sãomantidas com aPolícia MilitarA m b i e n t a l(PMA), ExércitoBrasileiro, Polí-cia RodoviáriaFederal (PRF),Centro de Con-trole de Zoono-ses de CampoGrande, comproprietários ru-rais e institui-ções de ensino

Biotério atende

comunidadepossibilitam o aumento donúmero de animais mantidosno Biotério da UCDB. Repre-sentantes dessas parceriasforam capacitados para cap-turar as serpentes que, de-pois, são encaminhadas paraa Católica.

Por mês, há uma média dedez a 15 chamadas para acaptura de cobras. “Chega-mos a receber um pedido pararetirar uma cobra que estavano segundo andar de um pré-dio!”.

S o r o - No Biotério UCDB existem hoje 389 serpentes adultas e filhotes; manejo adequado destes animais permite melhor aproveitamento do veneno que é liofilizado

E m c a s a - UCDB recebe 15 chamados por mês

ne. Essa infraestrutura garan-te um ambiente favorável aosanimais.

As cobras têm capacida-de de retardar a gestação egerar os filhotes somentequando se sentirem em am-biente seguro e, na UCDB,alguns animais conseguiramse reproduzir, aumentandoo número de serpentes dis-poníveis para pesquisa eprodução de veneno.

N o v i d a d e sEntre os projetos em de-

senvolvimento pela equipe

do Biotério da UCDB, forma-da por funcionários e acadê-micos extensionistas, está aformação de um museu bio-lógico itinerante, para favo-recer a educação ambiental.

O local também está se es-pecializando em medicina derépteis e animais selvagens,já que está se tornando maiscomum a aquisição de ani-mais como iguanas, pítons ejiboias como animais de esti-mação. “Esses pets precisamser tratados e, por isso, co-meçamos a dar assistência eorientação”, disse Paula.

Qualquer que seja oevento, feira ou expo-sição, a presença deanimais do Biotério daUCDB é certeza de su-cesso de público. “Acuriosidade é maiorque a aversão”, comen-tou Paula Helena San-ta Rita. Os representan-tes do setor da Católi-ca já estiveram em pelomenos onze municípi-os do Estado e maiscinco do Paraná. “Nãoexiste animal bom ouruim. O veneno que ascobras têm não é paradefesa, mas para ali-mentação. Nenhumanimal está lá para fe-rir o ser humano”, afir-mou.

Com o lema “Co-nhecer para respeitar epreservar”, o Biotérioapresenta os animais eensina sobre suas ca-racterísticas mais vari-adas, como troca depele, as presas, os pa-rasitas que atacam es-ses animais.

As visitas também ocorremin loco, isto é, no campus daCatólica. Semanalmente, alu-nos do ensino médio que par-ticipam do Dia de Campus —um projeto da Agência do Fu-turo Acadêmico (AFA) daUCDB — fazem parada obri-gatória no Biotério e se encan-tam com a estrutura que abri-

SUCESSO

Exposições atraem público

ga os animais. Visitantes deoutras instituições de ensinosuperior de Mato Grosso doSul e de outros Estados, as-sim como pesquisadores e vi-sitantes internacionais, tam-bém vêm até a UCDB para co-nhecer o setor e buscar ori-entação para implantação deseus próprios biotérios.

E v e n t o - Na Expogrande a grande atração foram as serpentes

Foto: Arquivo

Foto: Arquivo

Foto: Ana Maria Assis

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FUTURIDADE

Tecnologia

Biometria é a identificação de pessoas através de características biológicas

Jovens desenvolvemprojeto biométricopara identificação

E s t u d o s - Avanços tecnológicos na área de biometria trazem segurança na identificação de pessoas através de reconhecimento digital da geometria das mãos, íris e retina

Foto: www.defenselink.mil Foto: www.kimaldi.com

plo autorização de consultassão feitas pela identificaçãodas digitais dos dedos dos cli-entes. Nas últimas eleiçõesbrasileiras também foram rea-lizados testes em urnas eletrô-nicas digitais.

Uma informação importan-te é que a biometria não é ape-nas digital, pois é a ciência ba-seada na medição precisa detraços biológicos, sendo queela pode ser realizada atravésda impressão digital, geome-tria da mão, íris, retina e re-conhecimento facial. Em al-guns países já é feita a identi-ficação do sistema de análiseda impressão digital para en-trar em Institutos oficiais,como na Alemanha e EstadosUnidos.

Na Europa judicialmentesão necessárias 12 minúciaspara saber quem é a pessoa,sendo que um leitor digitalsimples é capaz de reprodu-zir com tanta precisão os pon-tos de identificação a partir daimpressão digital, bifurcação,fim de linha, ilha, delta e cen-tro do olho.

Na Capital empresas comoAnita Calçados usam o pontodigital para registrar a entra-

da e saída de seus fun-cionários. Para MariaEduarda, vendedoraessa forma de ponto émelhor que as anteri-ores, porque não temcomo burlar o sistema.

O Sistema Brasi-leiro do Agronegócioestá em fase de testecom o ponto digital,para as jornalistasBianca Bianchi eMayara Teodoro essaferramenta é muitoimportante porqueninguém se passapor você na empresa,trazendo assim maissegurança. Algumaspessoas que não que-rem ser identificadassão contra a era doponto digital, porque assim fica difícilsair mais cedo doemprego.

Edição de título,legendas e fios:

- Nilda Fernandes- Mirian de Araújo

Tiéli Fernandes

Você já ouviu falar emBiometria? Tenho certeza quesim, mas não está ligando onome ao sistema pois já assis-tiu filmes em que funcionári-os ou agentes secretos sãoidentificados por leitores deíris, através de reconhecimen-to da impressão digital ou pelavoz, que passa ser a senha do

futuro.Em Campo Grande existe

um estudo sobre o reconhe-cimento de pessoas utilizan-do a biometria em sistemasde informação, realizado pordois acadêmicos de Análisede Sistemas. Segundo Lean-dro Mello Vecchi a idéia doprojeto surgiu quando al-guns de seus clientes passa-ram a cobrar mais segurançana identificação de seus usu-

ários, assim começou o estu-do sobre a biometria quenada mais é que juntar siste-ma de informações e a lin-guagem do programa Java evale ressaltar que essa tecno-logia não é antiga, o novo éapenas o uso da identifica-ção biométrica em computa-dores. A ideia é substituir asinfinitas senhas numéricasque são digitadas em compu-tadores pessoais, empresas

e até caixas eletrônicos pelaidentificação dos dígitos, daface das pessoas e dos olhos.

Para o criador de sistemaCarlos Eduardo da SilvaSotolani, no prazo de cincoanos essa ferramenta realmen-te fará parte do nosso dia-a-dia, empresas como bancos, jáestão criando sistemas deidentificação a partir dabiometria digital. Na Unimedem Campo Grande, por exem-

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Cada um de nós compõe a sua história...

“Pare, olhe e pense: Cidade Morena!”

“Na rua, na chuva, ou na FAZENDA, ounuma casinha de sapê”...

“Ando devagar porque já tive pressa”

“E levo esse sorriso porque já chorei demais”

Cada ser em si, carrega o dom de ser feliz!

Diversidadecultural e aCapital doPantanal

Textos:Rebeca Arrudae Renata Volpe

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RESENHA

Edição de títulos,legendas e fios:

- Paula Maciulevicius- Thierre Monaco

Foto: Reprodução

Gabriela Paniago

1968: O ano que não ter-minou do jornalista ZuenirVentura, é um dos livros maisimportantes sobre a históriarecente do Brasil, retrata emforma de livro-reportagem his-tórico, os anos de DitaduraMilitar, revoluções que coman-daram o Brasil com um gol-pe, o movimento dos intelec-tuais, as organizações estu-dantis e as passeatas, utilizan-do diversas entrevistas quemostram o início de algunsmomentos que tão profunda-mente marcaram nossa histó-ria acompanhado de detalhesdeste movimento, cheio deidealismos, divisões internase muito carregado deintenso romantismo que étranscorrido em tom narrati-vo.

Nada mais justo do quecomeçar o livro com uma dasmais belas festas do mundo,o Réveillon. Zuenir Venturafaz questão de iniciar seu li-vro comentando sobre a festapromovida pelo casal Luís eHeloísa Buarque de Hollanda.A festa que dava um fim a um

Geração de 68marca históriapela rebeldia

O grito e a ânsia pela liberdade movia jovens da época

Revolução

R e b e l d i a - Jovens, protestam contra o período da ditadura militar ocorrido no Brasil na década de 1960

passado. E para o futuro, no-vas inspirações que traziamconsigo o sonho e o desejo.Porém, antes de toda essa be-leza, houve a antecipação e acondenação deste novo movi-mento, do espírito e do climaque contagiavam a geração.

No Brasil, iniciou um go-verno nunca vivido de pesa-do autoritarismo. Greves,protestos e falatórios feitospor universitários. Até mor-tes por causa desses feitiosocorreram. As palavras usa-das em guerra não eram qual-quer uma, muito menos emqualquer momento, elas secombinavam e seguiam umritmo. O ritmo da música. Aarte musical nessa época nãoera apenas uma distração esim uma opção de combatero governo militar e suas cen-suras, já que os jornais daépoca não podiam fazer de-núncias sobre os comandosdo governo. Voltando à mú-sica, cantores e compositoreschegaram a ser exilados, porcausa dos seus versos críti-cos. De exemplo, são eles:Chico Buarque, Gilberto Gil,Caetano Veloso.

O governo de Costa e Sil-va, encerra o ano de 68 como Ato Institucional Nº 5, sen-do decretado em 13 de de-zembro desse mesmo ano. Odecreto deu ao poder Execu-tivo liberdade total para inter-ferir nos demais poderes. Demodo mais específico, o pre-sidente poderia decretar re-cesso do Congresso Nacional,cassar mandatos de parlamen-tares, decretar confisco debens que acreditava serem ilí-citos, intervir nos municípi-os e Estados, suspender ohabeas-corpus e por dez anosdecretar suspensas os direi-tos políticos de qualquer ci-dadão. Desse modo, o gover-no militar deixa de ser gestãoopressora, para se tornar emuma ditadura, o qual o fimtodos desconheciam.

O autor deixa claro em suaobra o que movia os jovensem 68, que era a rebeldia, mi-litância política (tão aborda-da no contexto da história), aimpaciência, contestação,voluntarismo e uma série desentimentos aflorados. Sem-pre com a pergunta que dei-xa espairecer no ar: o ano de

1968 terminou ou não? Essainterrogação permanente nosleva a questionar o mundo emque vivemos hoje, que apon-ta a despolitização e o indivi-dualismo. Apenas uma con-clusão é nítida, a esperançavivida naquela época ficou notempo, como lembrança deum ano que começou cheiode promessas, mas que nãose completaram.

Em termos políticos o anode 1968 deixou a desejar pornão cumprir suas propostas,contudo, a transformação deideias e de toda a geração quese seguiu, se analisarmos aenorme ambição de transfor-mar as pessoas, o país e omundo de uma hora para ou-tra, torna o referido ano, pe-queno para tantas conquistas.Para alguns, uma derrota, paraoutros, uma história surpre-endente vivida a curto prazo.O que devemos lembrar, sãojovens brasileiros lutando edesafiando, uma geração pre-sa e censurada que perdeuanos de sua juventude embusca de um sonho. Foi umaépoca de grandes modifica-ções, derrotas e vitórias segui-

das de lutas, de heróis e devilões, de dramas e de muitaspaixões que desencadearamuma revolução cultural.

Do mesmo modo que o li-vro é iniciado, ele se encerracom uma festa de Réveillon,porém sem a alegria do últi-mo e com a intranqüilidadecausada pelos exílios. Ao ter-minar o livro, Zuenir ressal-ta que outro Réveillon comoaquele não terá mais, e quepor mais que o ano tenha che-gado ao fim, não queria dizerque as ações ocorridas duran-te aquele período tambémchegara ao fim, pois as con-seqüências ainda estavam porvir, nos próximos anos e ge-rações.

Como herança restou sobreesse período, a democracia enão mais a ditadura. O livroremete ao pensamento: O quefizemos de nós? Quando nota-mos os jovens anestesiadospela falta de projetos e objeti-vos concretos, ou até mesmo apergunta: O que faremos daquipra frente? Já que nos depara-mos com uma massa coletivaempurrados pela mídia que tro-ca a ética pela estética e cida-

dãos sem modelopolítico que sirva deexemplo.

O objetivo princi-pal é mostrar quemesmo depois de 40anos, os sonhos edecepções daquelesque acreditaram nasmudanças culturais epolíticas ainda per-manecem inesqueci-dos, por isso, Zuenirtrata com carinhoessa geração, mesmoem alguns comentá-rios duros e de críti-cas, seu olhar não é nos-tálgico e nos faz crerque sempre é possívelrevisitar um passado etirar dele novos concei-tos. 1968 foi um anomarcado por audacio-sas experimentações,não só na política comotambém no comporta-mento.

Por que 1968 não ter-minou? O livro enume-ra algumas peculiarida-des que ficaram paratrás em 1968 como o co-munismo e seus princí-pios que serviram deameaça militar para ame-drontar a população as-sim como as idéias deMao, Marx e Marcuse.A lista de coisas que vi-raram passado vai des-de coisas fúteis como osexo sem camisinha, atétemas culturais como osfilmes de Godard. Con-tudo o número do queprevaleceu é gigantesco.Notamos primeiramen-te o capitalismo cres-cente e a pílula anticon-cepcional que contri-buiu para a revoluçãosexual e, hoje as mes-mas são vendidas semreceita médica ou mui-tas vezes distribuídasgratuitamente pelo go-verno. Sem contar asminissaias e principal-mente os sonhos.

Somos frutos da ge-ração inquieta de 68,ou da geração Paz eAmor, como o autorgosta de definir. O li-vro responde que ossonhos não se realiza-ram, apenas ficaramadormecidos ao meiode mudanças mundi-ais, mas a verdade éque muitos dos sonhosficaram pendentes naesperança de que ou-tras gerações os reali-zem.

Livro compara o antes e depois da revolução

HISTÓRIA

Caroline Maldonado

Em a A Ilha- Umrepórter brasileiro nopaís de Fidel Castro,o jornalista FernandoMorais discorre sobreo antes e depois daRevolução Cubanaem 1954, por meiode relatos de fatosocorridos, alguns co-mentários de quemvivência a nova or-dem do país e entre-vistas com o chefe deEstado Fidel Castro ecom vice-primeiro-ministro Carlos Ra-fael Rodrigues.

Este não é um li-vro que vai agradarquem procure críticasou veneração da his-tória de Cuba a partirde 1954, mas a quemse interessa em des-cobrir a vida do cuba-no, duas décadas apósa revolução. Aqueleque nasceu sem co-nhecer a vida capita-lista ou as guerrilhase também, o simplescotidiano do velhocubano, que não sequeixa ou elogia o sis-tema comunista, masapenas fala de seu dia-a-dia.

Morais trata a po-

lêmica, mas de outro ângulo.Extraordinário parece ser aqualidade que melhor definea obra de Morais que, certa-mente, traz nas entrelinhasuma mensagem vermelha, maspor um meio inédito, sem acu-sações, defesa ou argumenta-ções sobre o polêmico “mun-do” de Fidel Castro e seuscompañeros.

As estatísticas são fre-quentes no decorrer do livropara comparar a situação dasociedade cubana do gover-no de Fulgêncio Batista até1954, e a atualidade 1976,quando foi publicada a 1ºedição da obra. As técnicasde pesquisa e entrevista ca-racterizam A Ilha como livro-reportagem. O tipo de abor-dagem esclarece e dá veraci-dade aos próprios relatos doautor, bem como aos de suasfontes. Talvez a polêmica emtorno dos meios de produ-ção comunista que sustentao Estado Cubano e instigacríticas de todos os grandespaíses capitalistas, tenhasido a motivação do repórterbrasileiro para ir ao país emuma entusiasmada pesquisade campo. Num único paísda América Latina que nãotem favelas e nem há infla-ção, não existe extremos so-ciais, tais como, miséria e ri-queza. A sociedade constituiuma só classe com diferen-

ças pequenas de salários.Serviços como educação, saú-de, segurança, habitação, sãode inteira responsabilidadedo Estado e gratuitos, nãohavendo margem para cria-ção de serviços privados, jáque são considerados satis-fatórios e assim, reconheci-dos mundialmente.

O retrato do país é consti-tuído por Morais, por meio davoz de pessoas comuns, auto-ridades e de resgate histórico.Fragmentos do cotidiano cu-bano traçam o cenário que oautor pretende elucidar. Po-rém, Morais revela um paíscontado por cubanos que nãotêm grandes críticas a fazercom relação à ordem político-social instaurada com a revo-lução. O depoimento de suasfontes, escolhidas a dedo, emnada lembram o perfil traçadopela mídia em relação ao país,considerado não democrático.

O critério utilizado paraescolha das fontes, além demostrar as qualidades da or-ganização social cubana, cer-tamente, conduz o leitor a con-cluir que o país tão distintoda, quase que totalidade dosdemais países do mundo, éum bom lugar para se viver.A Cuba de Fernando Morais,diferente da que vemos noscanais de televisão ou, da quelemos na opinião dos capita-listas atuantes no cenário da

política mundial, é abri-go de uma gente satisfei-ta com a ordem social,que no máximo pensa queo sistema absorve melhoros mais jovens, filhos dadécada de 50, mas nemde longe crítica as deci-sões e o resultado do tra-balho de Fidel Castro,seu chefe de Estado.

Na política instauradapela revolução cada cida-dão tem uma quota de ali-mentação e vestimentas,os excedentes têm o pre-ço elevado. Preço esteque, segundo um moto-rista que acompanhouFernando em Cuba, “ga-rante (por lei) o leite detoda criança de até sete anosde idade e todo velho de maisde 65 anos. Uma coisa paga aoutra”. Cada supermercadoabastece uma determinada re-gião. Somente para os produ-tos não essenciais o governoaderiu ao mercado negro, es-tes podem ser comprados emqualquer lugar, porém maiscaros, para desestimular oconsumo interno de produtosde exportação, como o charu-to, o rum e os cigarros.

Para ilustrar a consciênciae a aceitação desta medida pelapopulação o depoimento so-bre o assunto fica por contado amigo de Fidel que fumade 10 a 15 charutos por dia e

como qualquer outro cubano,paga caro por isso. “Sinto-mecomo se estivesse sustentan-do um filho que vivesse emParis, o preço é o mesmo”,contou.

A ordem e classificaçãodos capítulos do livro tornama leitura agradável e didática,de modo a despertar a curio-sidade pelas próximas laudasdo pequeno livro do autorque se atreve a, em menos de200 páginas, retratar o cotidi-ano cubano. Aliás, sua inten-ção parece mesmo ser de mos-trar a outra face do país co-munista, a voz, o pensamen-to e a rotina de quem, sim-plesmente, vive na ilha.

Foto: Arquivo Foto: Arquivo Foto: Reprodução

Foto: Arquivo

Livro - A Ilha de Fernando Moraisdescreve a revolução cubana de 54

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Instituto que materializa sonhos

Igualdade

Instituição oferece educação de qualidade e gratuita para jovens que estudaram em escolas públicas

Míriam de Araújo

Eu tenho um so-nho... Que meus filhossejam julgados pela suacapacidade e não pelacor de sua pele, (MartinLuther King). Foi atra-vés dessa frase que ojuiz aposentado AleixoParaguassú Neto, resol-veu realizar seu sonhotambém, que era encon-trar um local para ofe-recer educação de qua-lidade e gratuita para

pessoas oriundas deescolas públicas,mas principalmentenegros, que segundoele já traz dentro desi um preconceito so-cial e econômico quea própria sociedadeembutiu no indiví-duo, então criou oInstituto Luther King,no ano de 2003.

“Os negros trazemconsigo um precon-ceito que a própriasociedade lhe ofere-ceu. Se formos anali-sar os números, a mai-oria dos negros estános serviços braçais”,diz Paraguassú.

Segundo o presi-

dente da ONG, são poucos osnegros nas universidades.“Devido ao alto índice de eva-são escolar, o estudante temque escolher entre trabalhar ouestudar, e infelizmente nãopode se dar ao luxo de ape-

nas estudar, deixa a escola evai trabalhar, na esperança deter um futuro promissor, mas,infelizmente não acontece, elecontinua trabalhando por todaa sua vida e na mesma situa-ção”, relata

Há seis anos o professorTsinduka Uta, ensina históriada África para os 160 estudan-tes do curso pré-vestibular ofe-recido pelo Insituto LutherKing. Ele explica que o pre-conceito destinado aos negrose pobres afetou a auto-estimadessas populações. “Eles nãose sentem capazes de concor-rer a uma vaga no mercado detrabalho, ainda mais na faltade estudo, o que dificulta ain-da mais a vaga, mas esse pre-conceito não é algo da moder-nidade ele acompanha os ne-gros desde a abolição, foi dadaa liberdade, mas infelizmen-te, ela não veio acompanhadade terras e educação, deixaramos escravos livres, mas joga-dos, eles se tornaram desem-pregados livres, surgindo aí oestereótipo ‘negro é vagabun-do”, explicou Uta. Com maisde 5 anos o Instituto como écarinhosamente chamado pe-los alunos e ex-alunos, já au-xiliou no ingresso de mais de250 jovens nas universidadepúblicas e privadas.

Segundo a coordenadoraJanilce, “hoje o instituto con-ta com 160 alunos distribuí-

dos em 4 salas”, relata.Mas além de oferecer edu-

cação de qualidade, a institui-ção oferece também, aconche-go familiar, como relata o ex-aluno Bruno de Oliveira, hojeacadêmico do curso de Ciên-cias Sociais na UniversidadeFederal de Mato Grosso doSul. “Minha vida se resumeem dois períodos, um antesdo instituto e outro após oinstituto, ele na minha histó-ria serviu como divisor deáguas, ele representou umadas partes mais importantesna minha história, aqui nãoéramos apenas alunos, nosconsiderávamos como umafamília, o pai era o doutorAleixo, que em todos os mo-mentos importantes estavapróximos a nós”, conclui.

Ana Paula Roque, tambémex-aluna, acadêmica do cursode Ciências Contábeis na Uni-versidade Católica Dom Bosco(UCDB), relata que antes nãoachava que poderia cursar oensino superior. “Eu tinha umsonho de cursar o ensino su-perior, mas devido às condi-ções financeiras da minha fa-mília, meu pai gastava muito

em remédio, por que semprefoi muito doente, minha mãese virava nos 30, de repentesurge a oportunidade de fazerum curso pré-vestibular gra-tuito, me inscrevi e conseguia vaga, foi um dos melhoresanos da minha vida, fiz ami-gos de verdade, além de tudo,ainda consegui bolsa de estu-dos para cursar a faculdade,foi um sonho realizado”, fina-liza

A esperança de ter o tãosonhado diploma fez com quejovens como Bruno e AnaPaula, fossem inseridos nocontexto social da sociedadesul-mato-grossense.

Mas os anos passam e es-ses alunos agora acadêmicos,e chamados de ex-alunos doinstituto, continuam frequen-tando a antiga escola. “É umprazer tê-los aqui, diariamen-te recebemos a visita de umex-aluno, sempre deixamosclaro que nossa família nãoacaba no final do ano, ela per-siste por todos os anos, nascomemorações fazemos ques-tão de convidá-los, por que éum privilégio contar com apresença de pessoas que fize-ram parte de nosso desenvol-vimento e nos proporcionoumomentos de grande alegria”,relata Paraguassú.

“Não vou deixar jamais deir no instituto, lá me sintocomo se estivesse em casa,sou sempre bem recebida, lá énosso ponto de encontro, mar-camos de sair mas antes nosencontramos no ILK, não temcomo vir ao centro e não daruma passadinha rápida”, fina-liza Ana Paula.

Eu tenho um sonho... “Eurealmente tive um sonho, egraças à Deus consegui reali-zar meu sonho, mas continu-amos na busca de realizar osonho de Martin LutherKing”, conclui Aleixo Para-guassú Neto.

Rebeca Arruda

O engajamento so-cial é algo muito co-mentado nos dias dehoje, sociedades filan-trópicas crescem cadavez mais no mundo emque vivemos. Ajudarao próximo parece sero lema do mundo mo-derno, e tem atingidopessoas de todas asclasses sociais, etnias,tribos, povos ao redordo planeta. O egocen-trismo perde espaço,enquanto a humani-zação ganha território,e se for assim pelospróximos vinte anos,as sociedades mundoafora podem comemo-rar mais um grandeavanço conquistadopelo ser humano.

Não é preciso ir mui-to longe para conseguirentender a dimensão doque se fala. IsaiasBosco, de 27 anos, nas-cido em Campo Gran-de, e criado no Rio deJaneiro, é fundador deuma Organização NãoGovernamental quepromove a educação ajovens e crianças caren-

Edição de títulos,legendas e fios:

- Haryon Caetano

Preocupação social favorece o

surgimento de Ong’s sócioeducativas

tes. O projeto surgiu no finalde 2008, mas ganhou forçaesse ano, em fevereiro, quan-do ele com o apoio de amigosque tinham inclinação para otrabalho filantrópico reuniramforças para levar o sonho adi-ante. O objetivo principal doprojeto “Educar Nova Alian-ça” é promover o acesso à edu-cação, em parceria com cre-ches, escolas e cursos profis-sionalizantes.

Isaías conta com a colabo-ração de Vinicius Machado,Claudio Bosco Junior, Sabrina,Tyara Rodrigues, Jana Mon-teiro, Claudia Torres, Adan,Waldir, e outros jovens cam-po-grandenses que o ajudama tornar este projeto uma rea-lidade.

A Ong ainda dá seus pri-meiros passos em direção auma caminhada de ajuda so-cial, promove seus primeiroseventos, ainda há muito porfazer, e por enquanto o proje-to se mantém de doações detodo tipo, mas Isaías tem um

plano de patrocínio para em-presas e colaboradores, comprojetos de auto-sustentação,o que ajudará muito na per-manência da Ong no futuro.

“Temos recebido o apoiode praticamente todos, fizuma enquete em meu blog epude perceber que a maioriadas pessoas gostam ou apro-vam este tipo de trabalho,metade delas gostaria de par-ticipar de um trabalho seme-lhante, e mesmo quem nãoquer participar acha interes-sante”, afirma o fundador daOng.

O jovem que é empresáriose dedica a manter o projetoque nasceu, segundo ele, deum profundo sentimento deresponsabilidade pela mu-dança da situação educacio-nal, emocional,física, social eeconômica em que se encon-tram muitas crianças e ado-lescentes no nosso País.“Nosso projeto tem como ob-jetivo principal promover oacesso à educação, devido a

grande importância que da-mos à ela”.

Acreditando na teoria deque a educação está intima-mente ligada às possibilidadesque uma pessoa tem de me-lhorar de vida, ele acrescenta:“Acredito nela como oportu-nidade de crescimento pesso-al, social e profissional à novageração e até mesmo aos paisdestas crianças e jovens aten-didos”.

Os familiares apóiam e aju-dam de várias maneiras, comdoações, participando ativa-mente para incentivar e nãodeixar morrer esse que é umdos mais belos projetos navida de um ser humano: aju-dar ao próximo.

“Um ato de amor necessá-rio”: assim Isaias define emuma única frase a iniciativa daONG Educar Nova Aliança.

Para ajudar o projeto “Edu-car Nova Aliança” o contatoé: educarnovaalianca @engre-ne. com.br (67)3029.4403 e(67)9267.6814.

A t i t u d e - Juiz aposentado Aleixo Paraguassú Neto, presidente e idealizador do Instituto Luther King recebe homenagem

L u t a -O sonho de igualdade de Luther King serviu de exemplo para fundação da ONG em CG

Foto: www.lutherking.com

Foto: www.msc.navy