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POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: UM ESTUDO DE AVALIABILIDADE NUMA REGIÃO DE SAÚDE NO NORDESTE BRASILEIRO SOBRAL CE Junho - 2014 REDE NORDESTE DE FORMAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA

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POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: UM ESTUDO DE

AVALIABILIDADE NUMA REGIÃO DE SAÚDE NO NORDESTE BRASILEIRO

SOBRAL – CE

Junho - 2014

REDE NORDESTE DE FORMAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA

2

IRLANDA PONTES DE OLIVEIRA

POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: UM ESTUDO SOBRE A

AVALIABILIDADE NUMA REGIÃO DE SAÚDE NO NORDESTE BRASILEIRO

Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional

em Saúde da Família pela Rede Nordeste de

Formação em Saúde da Família, Nucleadora

Universidade Estadual Vale do Acaraú, como

requisito para a obtenção do título de Mestre em

Saúde da Família, modalidade profissional.

Linha de Pesquisa: Promoção da Saúde

Orientadora: Profª. Maria Socorro de Araújo Dias,

Doutora.

SOBRAL-CE

Junho - 2014

3

Bibliotecária Responsável: Iara Queiroz CRB 3/1325

O45p

Oliveira, Irlanda Pontes de

Política nacional de promoção da saúde: um estudo de avaliabilidade numa região de

saúde no nordeste brasileiro/ Irlanda Pontes de Oliveira. -- Sobral, 2014.

96 f.

XXf.

Orientadora: Dra. Maria Socorro de Araújo Dias

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Vale do Acaraú / Centro

de Ciências da Saúde / Mestrado Profissional em Saúde da Família da Rede

Nordeste em Saúde da Família, 2014.

1. Políticas Públicas. 2. Avaliabilidade – Promoção de Saúde. I. Dias, Maria Socorro

de Araújo. II. Universidade Estadual Vale do Acaraú, Centro de Ciências da Saúde. IV.

Título.

CDD 610

4

5

Dedico esse trabalho à minha família,

Marcelo, Katryn, Samuel e Gabriel, por todo o

amor e compreensão dedicada para comigo,

foram fundamentais para que eu tenha

concluído este trabalho.

6

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela força e equilíbrio nos momentos difíceis desta caminhada.

A Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família/Nucleadora Universidade Estadual Vale

do Acaraú (UVA).

A Secretaria Municipal de Saúde de Ibiapina por ter propiciado a oportunidade da realização

deste curso de Mestrado Profissional em Saúde da Família.

Aos Secretários de Saúde, Coordenadores da Atenção Básica, Coordenadores da Vigilância

Epidemiológica e Coordenadora da 13ª CRES por toda colaboração oferecida para o

desenvolvimento deste trabalho.

A minha orientadora Maria Socorro de Araújo Dias pelo incentivo e contribuições.

Ao Secretário de Saúde Grijalva Parente da Costa pelo apoio.

Aos meus colegas de mestrado, pelo grande apoio, companheirismo e amizade.

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Oliveira, Irlanda Pontes de, Política Nacional de Promoção da Saúde: Um Estudo sobre a

Avaliabilidade numa Região de Saúde no Nordeste Brasileiro, 2014. Dissertação Mestrado

Profissional em Saúde da Família - Universidade Estadual Vale do Acaraú, Sobral, 2014.

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo realizar uma análise da avaliabilidade da Política

Nacional de Promoção da Saúde - PNPS. O processo da pesquisa desenvolveu-se em quatro

etapas, focados a luz do referencial de avaliabilidade proposto por Leviton et. al. (1998).

Possibilitou a elaboração do modelo lógico que contribuiu para um melhor entendimento da

PNPS e os movimentos de sua institucionalização, implantação e implementação numa

Região de Saúde através de análise documental do período de 2006 a 2012, período que

transcorre a publicação da Política até o início do estudo e a realização de entrevistas com 18

informantes-chave, gestores da Região envolvidos diretamente com a execução da PNPS nos

oito municípios que compõe a referida Região. Os resultados indicaram que a PNPS ainda não

está suficientemente implantada, ou seja, ainda se encontra em processo de implantação e/ou

implementação na 13ª Região de Saúde, apontado como necessidade à incorporação de

instrumentos de monitoramento e avaliação específicos para as ações da PNPS. O estudo

também apontou algumas recomendações para implementação da política como: realizar um

diagnóstico de como a política acontece nos municípios brasileiros; investir na política em sua

totalidade, não apenas em ações desvinculados umas das outras; incluir mais indicadores da

PNPS nas pactuações do SUS; expandir para todos os municípios os sistemas de informação

que visam coletar informações para a avaliação desta; revisar periodicamente o modelo lógico

da PNPS.

Palavras-chave: Políticas Públicas, Avaliabilidade, Promoção de Saúde.

8

Oliveira, Ireland Bridges, National Policy for the Promotion of Health: A Study on a

Evaluability Health Region in Northeast Brazil, 2014 Master Professional Master in Family

Health - Acaraú Valley State University, Sobral, 2014.

ABSTRACT

This study aimed to carry out an analysis of the evaluability of the National Health

Promotion Policy - PNPS . The research process was developed in four stages, focused the

light of evaluability framework proposed by Leviton et . al . (1998). Enabled the development

of the logic model which contributed to a better understanding of PNPS and the movements of

its institutionalization , deployment and implementation in Health Region through

documentary analysis of the period from 2006 to 2012 , a period that elapses the publication

of the policy until the early study and interviews with 18 key informants , the region managers

directly involved with the implementation of PNPS in eight municipalities that make up this

Region . The results indicated that the PNPS is not yet sufficiently implemented , or is still

being implemented and / or implementation at the 13th Health Region , appointed as need the

incorporation of specific monitoring and evaluation tools for the actions of PNPS . The study

also pointed out some recommendations for implementation of the policy as a diagnosis of

how politics happens in Brazilian municipalities ; invest in the policy in its entirety, not just

on actions unrelated to each other ; include more indicators of PNPS in SUS pacts ; expand to

all municipalities information systems aimed at collecting information for its evaluation ;

periodically review the logical model of PNPS .

Keywords: Public Policy, Evaluability, Health Promotion

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 13

1.1 Objeto de estudo: A Política Nacional de Promoção da Saúde .......................................... 13

1.2 Itinerário da pesquisadora rumo a problematização do objeto ........................................... 18

1.3 Potencial relevância do estudo ........................................................................................... 23

2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 25

2.1 Geral .................................................................................................................................. 25

2.2 Específicos ......................................................................................................................... 25

3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 26

3.1 Política Nacional de Promoção da Saúde ........................................................................... 26

3.2 Avaliação de Programas/Políticas em Saúde...................................................................... 29

3.3 Avaliabilidade enquanto estratégia de pré-avaliação ......................................................... 33

4 REFERENCIAL TEÓRICO E METODOLÓGICO ............................................................. 38

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................... 48

5.1 A PNPS na agenda do SUS ............................................................................................... 48

5.2 A PNPS numa Região de Saúde do Ceará ......................................................................... 56

5.3 Concepções de Promoção da Saúde expressas pelos gestores na 13ª Região de Saúde .... 63

5.4 Implementação da PNPS na 13ª Região de Saúde ............................................................ 66

5.5 Modelo Lógico da PNPS ................................................................................................... 74

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................. 78

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 80

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO - TCLE ........ 87

APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA ............................ 91

APÊNDICE C – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA ............................ 92

APÊNDICE D – TERMO DE FIEL DEPOSITÁRIO.............................................................. 93

APÊNDICE E – CARTA DE ANUÊNCIA ............................................................................. 95

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Componente da Intervenção e a Pesquisa Avaliativa .............................................. 36

Figura 2 - Localização e Composição da Macrorregião de Saúde de Sobral e da Região de

Saúde de Tianguá. Estado do Ceará, 2012 ............................................................................... 42

Figura 3 - Matriz da PNPS à luz da Portaria Nº 687 de 30 de março de 2006 ......................... 49

Figura 4 - Interface da PNPS com as demais políticas, programas e projetos no âmbito do

Sistema Único de Saúde ........................................................................................................... 52

Figura 5 - Modelo Lógico da Política Nacional de Promoção da Saúde .................................. 76

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Etapas do Estudo de Avaliabilidade segundo objetivo e sua relação com as fontes

de dados e técnicas/instrumentos utilizados na pesquisa.......................................................... 43

Quadro 2 - Categorização da análise das percepções dos Informantes-Chave ........................ 46

Quadro 3 - Distribuição das ações específicas da PNPS nos Instrumentos de Gestão dos

Municípios da 13ª CRES Região de Saúde .............................................................................. 58

Quadro 4 - Distribuição dos recursos financeiros à execução de ações da PNPS -

Brasil/Ceará/13ª Região de Saúde ............................................................................................ 59

Quadro 5 - Comparação entre os objetivos da PNPS e os objetivos citados pelos gestores da

13ª Região de Saúde, 2014 ....................................................................................................... 63

Quadro 6 - Responsabilidades dos gestores na implantação da PNPS. 13ªRegião de Saúde,

2014. ......................................................................................................................................... 67

Quadro 7 - Recursos necessários para a execução das ações da PNPS nos municípios. 13ª

Região de Saúde, 2014. ............................................................................................................ 69

Quadro 8 - Facilidades e dificuldades no processo de execução da PNPS. 13ª Região de

Saúde, 2014. ............................................................................................................................. 71

Quadro 9 - Resultados reconhecidos pelos gestores quanto à implementaçãoPNPS. 13ª Região

de Saúde, 2014. ......................................................................................................................... 73

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva

CAPS - Centro de Atenção Psicossocial

CEO - Centro de Especialidades Odontológicas

CEREST - Centro de Atenção a Saúde do Trabalhador

CGDANT - Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis

CNES - Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

CNS - Conferência Nacional de Saúde

COAP - Contrato Organizativo de Ação Pública

CONASEMS - Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde

CONASS - Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde

CRES - Coordenadoria Regional de Saúde

DCNT - Doenças Crônicas Não Transmissíveis

DENASUS - Departamento de Informática do SUS

EAD - Educação à Distância

GM - Gabinete do Ministro

MS - Ministério da Saúde

NASF - Núcleo de Apoio à Saúde da Família

NOAS - Norma Operacional da Assistência à Saúde

OMS - Organização Mundial de Saúde

OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde

PAS - Programação Anual de Saúde

PDR - Plano Diretor de Regionalização

PNPS - Política Nacional de Promoção da Saúde

RAG - Relatório Anual de Saúde

RENASF - Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família

SARGSUS - Sistema de Apoio ao Relatório de Gestão

SISPACTO - Aplicativo de Pactuação dos Indicadores do Pacto pela Saúde

SVS - Secretaria de Vigilância em Saúde

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SUS - Sistema Único de Saúde

TCG - Termo de Compromisso de Gestão

UnB - Universidade de Brasília

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância

UVA - Universidade Estadual Vale do Acaraú

13

1 INTRODUÇÃO

Este capítulo introdutório apresenta dados referentes ao objeto de investigação: a

Política Nacional de Promoção da Saúde, a partir de uma contextualização da história de sua

promulgação, tomando em consideração os movimentos internacionais e nacionais que a

antecederam. Discorre sobre a problematização de sua implantação numa região de saúde

(recorte do estudo) e explicita as motivações da pesquisadora para eleição do objeto. Destaca

ainda a potencial relevância que os produtos deste estudo poderão apresentar.

1.1 Objeto de Estudo: A Política Nacional de Promoção da Saúde

Desde o século XIX as mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais que

ocorreram, produziram alterações significativas para a vida em sociedade. Esse processo de

transformação da sociedade afetou diretamente o processo de produção da saúde (CASTRO,

et.al., 2010).

Durante a década de 1960, vários países realizaram debate sobre a determinação

econômica e social da saúde, processo que contribuiu na perspectiva de uma abordagem

positiva da saúde, a qual visava superar a orientação predominantemente centrada no controle

da enfermidade (BRASIL, 2002).

Com a abertura da China Nacionalista ao mundo exterior, a Organização Mundial de

Saúde (OMS) realizou duas missões de observação de especialistas ocidentais, tendo como

líder Halfdan Mahler (1973-1974). Estas missões visavam realização de observações relativas

ao cuidado da saúde que extrapolasse a tradicional abordagem da atenção médica. O relato

dessas missões enviadas à China indicou que os chineses desde 1965, realizavam um conjunto

de atividades em um ambiente predominantemente rural, tal fato foi considerado inovador e

potencialmente saudável, algumas atividades para realizadas para a época foram: organização

da comunidade local; promoção do desenvolvimento de indústrias caseiras, incluindo o uso de

ervas medicinal; cuidados com a saúde ambiental; apoio à manutenção da ordem social no

tráfego, promoção de campanhas de saúde em todos os níveis visando substituir velhos

costumes e mobilizar a comunidade para movimentos contra as “quatro pestes”, ações de

higiene das casas, quintais e ruas, orientação de hábitos higiênicos; dentre outros. As

atividades foram desenvolvidas pelos Comitês Comunais, todos sob a orientação dos

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responsáveis pela saúde - que normalmente eram os chamados “médicos descalços” (barefoot

doctors) (BRASIL, 2002).

Neste percurso de identificação de momentos históricos que contribuíram para a

reorientação da saúde, destaca-se o Movimento de Promoção à Saúde no Canadá, o qual foi à

base da reformulação das políticas de saúde canadenses (CASTRO et al, 2010 in.

CARVALHO, 2002; CASTRO, 2003). Tal movimento iniciou-se diante do crescimento das

doenças crônicas não transmissíveis e das dificuldades financeiras para manter o Estado, na

década de 1970. Dada à constatação, o então Ministro da Saúde canadense, Lalonde,

questionou os investimentos realizados por governos anteriores na área da saúde (RADDATZ

et al, 2011).

Este evento motivou a produção do documento, mais conhecido como Informe Lalonde

“Uma Nova Perspectiva na Saúde dos Canadenses”, lançado em 1974 com a caracterização

do campo da saúde e a evidência de que o tradicional padrão assistencial tinha menos efeito

para promover uma melhor saúde (BRASIL, 2002). O Informe Lalonde reconheceu que

existiam vários fatores que determinavam o processo saúde/doença, definindo o modelo no

campo da saúde sistematizado na biologia humana, na organização dos serviços, no ambiente

e no estilo de vida (CATRIB e col., 2011); tendo sido esse o primeiro documento oficial a

usar o termo promoção da saúde (LOPES et al., 2010). Para Rodrigues e Ribeiro (2012), esse

documento estabelece um pensamento estratégico com o objetivo de informar, influenciar e

assistir a indivíduos e organizações para que assumissem maior responsabilidade em relação à

saúde.

Estes dois acontecimentos estabeleceram as bases para importantes movimentos que

convergiram na conformação de um novo paradigma formalizado na Conferência de Alma-

Ata (1978) com a proposta “Saúde Para Todos no Ano 2000” e a estratégia de Atenção

Primária de Saúde (BRASIL, 2002). A partir destes foram desencadeados várias séries de

iniciativas que se configuraram em conferências internacionais de promoção da saúde.

A Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (1986), ocorrida em

Ottawa apresentou como produto a Carta de Ottawa a qual apresentou cinco eixos de ação

para a promoção da saúde: construção de políticas públicas saudáveis, criação de ambientes

favoráveis à saúde, reforço da ação comunitária, desenvolvimento de habilidades pessoais e

reorientação dos serviços de saúde (BRASIL, 2002). Desta forma ocorreram conferências

15

internacionais em várias partes do mundo sobre a temática, resultante de uma construção

coletiva sobre os conceitos fundamentais abordados no contexto da Promoção da Saúde; os

quais estão expressos em: Declaração de Adelaide (Austrália, 1988); Declaração de Sundsvall

(Suécia, 1991); Declaração de Bogotá (Colômbia, 1992); Declaração de Jacarta

(Indonésia,1997), Conferência do México (2000); Carta de Bangkok (Tailândia, 2005)

(LOPES et al., 2010) e Carta de Nairobi (Kenya, 2009) (CASTRO et al, 2010).

No Brasil, desde meados da década de 1980, vários acontecimentos contribuíram para

que a Promoção da Saúde fosse incorporada como uma nova filosofia na prática das políticas

de saúde (CASTRO et al., 2010). Dentre elas garantir a saúde da população significou pensar

a redemocratização do país e a formação de um sistema de saúde inclusivo. Em 1986,

aconteceu a 8ª. Conferência Nacional de Saúde (CNS) cujo tema foi “Democracia é Saúde”,

esse espaço passou a ser um fórum de luta pela descentralização do sistema de saúde e pela

implantação de políticas sociais que defendessem e cuidassem da vida das pessoas (BRASIL,

1986). O Movimento da Reforma Sanitária Brasileira sofre as mesmas influências sociais e

históricas da construção da promoção da saúde a nível internacional (ANDRADE;

BARRETO; PAULA, 2011). Para Campos et al. (2004) esse movimento delineou a promoção

da saúde como política que deve ser apresentada em todos os níveis de complexidade na

gestão e na atenção do sistema de saúde. O relatório final da 8ª CNS lançou os fundamentos

da proposta do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 1990).

Na Constituição Federal de 1988, o Estado brasileiro assume como seus objetivos

precípuos a redução das desigualdades sociais e regionais, a promoção do bem de todos e a

construção de uma sociedade solidária sem quaisquer formas de discriminação. Tais objetivos

marcam o modo de conceber os direitos de cidadania e os deveres do Estado no país, dentre

os quais a saúde (BRASIL, 1988). A Reforma Constitucional que criou o SUS transfere do

nível federal aos municípios a responsabilidade de programar, atribuir os recursos, gerenciar,

coordenar e avaliar os serviços de saúde oferecidos (GOULART, 1988 apud HARTZ et al.,

1997).

A partir das definições constitucionais, da legislação que regulamenta o SUS, das

deliberações das conferências nacionais de saúde, que representa a participação popular, o

Ministério da Saúde propõe um movimento indutor para definição de uma Política Nacional

de Promoção da Saúde (PNPS) representando um esforço para o enfrentamento dos desafios

de produção da saúde num cenário sócio histórico cada vez mais complexo e que exige a

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reflexão e qualificação contínua das práticas sanitárias e do sistema de saúde (BUSS, 2000).

Assim a Promoção da Saúde passa a ser um eixo transversal para o SUS, no sentido de

garantir a integralidade do sistema (RADDATZ et al, 2011).

Consoante com este entendimento é instituída em 2006 a PNPS, a qual se propõe a ser

uma política transversal que faça dialogar os diversos setores do governo, os setores privados

e a sociedade, compondo redes de compromisso e corresponsabilidade quanto à qualidade de

vida da população, em que todos sejam participantes no cuidado com a saúde (RODRIGUES

e RIBEIRO, 2012).

Para o Ministério da Saúde do Brasil, a PNPS foi elaborada considerando as

necessidades e implementação de diretrizes e ações para promoção da saúde segundo os

princípios do SUS. A publicação da PNPS representa um marco no processo cotidiano de

construção do SUS, uma vez que retoma o debate sobre as condições necessárias para que a

população seja mais saudável, propondo que haja discussões sobre os determinantes sociais da

saúde e abandonemos a “culpabilização” das pessoas pelo seu adoecimento (MALTA E

CASTRO, 2009).

A PNPS foi oficialmente divulgada através da Portaria do Ministério da Saúde

(MS)/Gabinete do Ministro (GM) Nº 687/2006, que apresentava a intenção de reconhecer e

operacionalizar a promoção da saúde, ratificando o compromisso do SUS com a promoção da

saúde e a concordância entre os princípios e diretrizes da política.

A Promoção da Saúde também se fez presente entre as prioridades e diretrizes do Pacto

pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão através da Portaria MS/GM n. 399/2006 (BRASIL,

2006). Como resultado dos debates coordenado pela Secretaria Executiva do MS em

articulação com Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e Conselho Nacional

de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) sobre os indicadores da Promoção da

Saúde no Pacto Pela Vida (MALTA E CASTRO, 2009), que de acordo com o Ministério da

Saúde (2009), o propósito do Pacto na sua totalidade é alcançar maior efetividade, eficiência e

qualidade de suas respostas, redefinindo responsabilidades coletivas por resultados sanitários,

em função das necessidades de saúde da população e na buscada equidade social. A

formalização do Pacto pela Saúde se deu quando Municípios, Estado e União assinam o

Termo de Compromisso de Gestão (TCG), firmando os objetivos, metas, atribuições e

responsabilidades dos seus gestores. A adesão de Estados e Municípios ao Pacto é uma das

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formas da acompanhar como os princípios e diretrizes da PNPS estão presentes nas ações

públicas em saúde.

No TCG Municipal, uma das responsabilidades diretamente vinculadas à Política

Nacional de Promoção da Saúde está no item 1.17. Seu enunciado diz que todo

município deve elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saúde,

considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional. Já no TCG Estadual, a

responsabilidade diretamente ligada à PNPS está no item 1.19, que institui elaborar,

pactuar e implantar a política de promoção da saúde, considerando as diretrizes

estabelecidas no âmbito nacional (BRASIL, 2009).

O Pacto pela Saúde veio fortalecer o processo de descentralização e organização do

SUS, expresso na Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOAS) SUS 01/2002 a qual

estabeleceu o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de

saúde e de busca de maior equidade; dentre outras competências (BRASIL, 2002).

No mesmo ano de implantação da PNPS, constituiu a estratégia para a descentralização

desta, a liberação de recursos financeiros com vistas ao desenvolvimento de ações de

Promoção da Saúde; tendo o MS repassado aproximadamente cinco milhões de reais para as

capitais do país (CASTRO, 2010).

O processo de descentralização da PNPS visa fortalecer a corresponsabilidade dos

municípios na promoção da melhoria da qualidade de vida de seus munícipes, assumindo

novos compromissos com vistas à implantação e implementação desta política no sistema

local e regional de saúde.

Neste curso histórico de fortalecimento das responsabilidades regionais/locais com a

promoção da saúde, registra-se a publicação do Decreto N 7.508/2011 que regulamentou a Lei

Nº 8080 de 19 de setembro de 1990, com o objetivo de organizar a ação pública da saúde foi

acordado a colaboração dos entes federativos para a organização da rede assistencial de

atenção à saúde firmada através do Contrato Organizativo de Ação Pública (COAP), cujo

objeto é organizar e integrar as ações e os serviços de saúde, sob a responsabilidade dos entes

federativos em uma Região de Saúde, com a finalidade de garantir a integralidade da

assistência aos usuários. No COAP houve a inclusão das responsabilidades sanitárias

definidas no Pacto pela Saúde. Neste, o município continua sendo responsável pelo

desenvolvimento de ações e serviços de saúde locais, porém de forma

pactuada/corresponsabilizada com o conjunto dos outros municípios que compões sua Região

de Saúde.

18

Reconhece-se que o termo Região de Saúde esteve presente nos documentos oficiais

Pós-SUS desde a NOAS 2001, entretanto a observância a esta na operacionalização das

Políticas de Saúde se dá com mais veemência a partir do Decreto 7508/2011. O Estado do

Ceará assumiu, desde 1998, em seu processo de organização a regionalização de saúde como

diretriz, desta forma passou a ser protagonista no processo de regionalização. Sendo assim

considerando-se que dependendo do modelo de regionalização adotado, um Estado pode se

dividir em macrorregiões, regiões e/ou microrregiões de saúde (BRASIL, 2000); o Estado do

Ceará dividiu-se em 4 Macrorregiões e 22 Microrregionais de Saúde (estas últimas passaram a

ser denominadas de Regiões de Saúde, a partir de 2011 com a implantação do Decreto 7508).

Região de Saúde é definida no Plano Diretor de Regionalização (PDR) do Estado do

Ceará como base territorial de planejamento da atenção à saúde, de acordo com as

especificidades e estratégias de cada região, considerando as características demográficas,

socioeconômicas, geográficas, sanitárias, epidemiológicas, oferta de serviços, relações entre

municípios, entre outras (CEARÁ, 2006).

Consoante, o Decreto 7508/2011 define Região de Saúde como:

Espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de Municípios limítrofes,

que se delimita a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de

comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de

integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde

(BRASIL, 2011).

A funcionalidade da Região de Saúde objetiva garantir a integralidade da assistência e o

acesso da população aos serviços e ações de saúde de acordo com suas necessidades, dentre

essas ações está inserido as ações de promoção da saúde e prevenção de doenças (BRASIL,

2000). Infere-se, portanto, que a Região de Saúde assume papel estratégico para consolidação

da PNPS nos municípios de sua jurisdição.

1.2 Itinerário da Pesquisadora Rumo a Aproximação do Objeto

O interesse pela temática Promoção da Saúde tem seu nascedouro em minha primeira

experiência profissional como coordenadora da Atenção Básica em 1999, num município na

Serra da Ibiapaba, por considerar a intrínseca relação entre estas. Vivenciando uma prática

profissional que buscava aproximar as ações desenvolvidas com os princípios da promoção da

saúde apresentados na Carta de Otawa, ao realizar, em 2002, um curso de Pós-Graduação,

19

Especialização em Saúde Pública, desenvolvi o trabalho de conclusão intitulado: “As ações

intersetoriais nas Equipes Saúde da Família no município de Croatá” (OLIVEIRA, 2002). Até

então não tinha conhecimento das discussões nacionais da proposta de construção de uma

política de promoção da saúde.

Outro momento de destaque na aproximação com o tema ocorreu na vigência de minha

experiência enquanto coordenadora da atenção básica no Município de Ibiapina, no ano de

2007. Naquele ano, o município de Ibiapina passou da gestão básica ampliada para a gestão

plena do sistema municipal, sendo necessária, por parte do gestor municipal a assinatura do

TCG Municipal, o qual expressava as novas responsabilidades assumidas enquanto gestor

pleno das ações de saúde. Neste processo, assumi o compromisso de elaborar, pactuar e

implantar a Política de Promoção da Saúde no âmbito municipal. Prospectivamente,

anualmente, as metas eram repactuadas e alimentadas no Aplicativo de Pactuação dos

Indicadores do Pacto pela Saúde (SISPACTO).

Nesta aproximação progressiva com a PNPS, em 2010, coordenei um Projeto de

Prevenção de Violências e Promoção da Cultura de Paz financiado pela esfera federal e

percebi na prática que as ações de promoção da saúde contidas na PNPS se bem

desenvolvidas podem influenciar na melhoria de vida das pessoas, mas sentia falta de

processos de monitoramento e avaliação das ações priorizadas da PNPS.

No ano seguinte, 2011, tive a oportunidade de participar de um curso na modalidade de

Educação à Distância (EAD) sobre Curso de Extensão para Gestores do SUS em Promoção da

Saúde, no mesmo ano participei de outro curso sobre Impactos da Violência na Saúde. Nos

estudos destes, percebi a potencialidade da PNPS se articulada com as demais políticas de

saúde e quiçá outras políticas públicas, em geral. Entretanto, percebo que a PNPS precisa ser

mais bem incorporada nos espaços de atenção e gestão à saúde.

Ainda em 2011 participei de um processo seletivo para o Mestrado Profissional em

Saúde da Família pela Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (RENASF),

Nucleadora Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Ao definir a linha de pesquisa não

hesitei em optar pela linha Promoção da Saúde. O primeiro módulo do mestrado foi Promoção

da Saúde, diante de todas as discussões em grupos, tive então, a certeza que havia escolhido

uma linha de pesquisa onde pude deixar minha contribuição. Ainda nesse contexto, ao

participar do módulo Avaliação na Atenção Básica em Saúde, a partir das discussões os meus

20

conhecimentos sobre a temática foi fundamental para delimitar o objeto que ora apresento do

meu estudo.

Válido ressaltar que no curso do desenvolvimento deste estudo, identificamos e

participamos de um processo de revisão da PNPS. Processo este coordenado pela Secretaria

de Vigilância à Saúde do MS, Comitê Gestor PNPS, Organização Pan-Americana de Saúde

(OPAS-BRA) e Grupo Temático da Promoção da Saúde da Associação Brasileira de Pós

Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO); os quais coordenaram, a partir de setembro de

2013, um conjunto de atividades simultâneas. Este processo de revisão da PNPS envolveu

oficinas regionais envolvendo gestores, trabalhadores, conselheiros, movimentos sociais e

profissionais de Instituições de Ensino Superior das cinco regiões brasileiras e uma Oficina

com conselheiros nacionais e estaduais de saúde que emitiram opiniões sobre diretrizes,

valores, objetivos da PNPS; formulário eletrônico (consulta FORMSUS) com mais de 1.300

respondentes que captaram opiniões sobre a PNPS; rodadas da técnica Delphi que captaram a

percepção de gestores da saúde, de outros setores e de pesquisadores sobre o texto da PNPS e

Encontros de sistematização que reuniram gestores do MS e membros do GT de Promoção da

Saúde da ABRASCO para analisar os resultados obtidos pelos vários movimentos

empreendidos, pactuar a estrutura do texto da nova Política e verificar sua coerência interna

(BRASIL, 2014).

O novo texto da PNPS está transitando nos fóruns deliberativos do MS para fins de

aprovação e publicização.

Uma busca preliminar de estudos realizados acerca da PNPS, consegui identificar o

quanto é incipiente os estudos que abordam a implementação, o monitoramento e a avaliação

desta. Após pesquisa bibliográfica nos bancos de dados da Biblioteca Virtual de Saúde

(BVS), usando os descritores “Promoção da Saúde”, “Avaliação”, “Avaliação de Programas e

Projetos de Saúde” e “Políticas Públicas de Saúde”, identifiquei apenas quatro estudos. Dos

quais se destacam: uma avaliação de PNPS realizado por Campos (2004) que apresenta as

bases da PNPS em sua fase de construção; avanços e resultados na implementação da PNPS;

um segundo estudo coordenado pelo MS a Universidades Federais que visava avaliar a

efetividade de programas de promoção da saúde na área prioritária relativa às práticas

corporais/atividade física nas cidades de Recife, Aracajú e Curitiba nos anos de 2007 e 2008,

descritas por Malta e Castro (2009); o terceiro estudo uma Análise do Discurso da PNPS

realizado por Raddatz et al. (2011), no qual os autores sinalizam a necessidade de discussão

21

das propostas da PNPS e constante reavaliação das ações e metas atingidas; e um estudo que

relata a experiência de avaliação do processo de construção de políticas públicas de promoção

de saúde em Curitiba realizado por Moysés, S. J. et al. 2004, nesse artigo, foi relatado

questões conceituais e experiências e/ou proposições avaliativas concretas, focadas na

intersetorialidade e na Promoção da Saúde, foram discutidas no estudo de caso. Para os

referidos autores, faz-se necessário avaliar o processo de implantação da PNPS e sugerem a

articulação com instituições de ensino e pesquisa, redes colaborativas, apoiadas na

diversidade de atores e instituições para tal fim.

Diante da busca sistemática sobre os temas citados foi possível encontrar a produção

acadêmica de Silva et al. (2011) intitulada: Política Nacional de Promoção da Saúde no

contexto da Estratégia Saúde da Família que trata sobre a história da Promoção da Saúde e os

dilemas de sua institucionalização registrada num capítulo do Livro Promoção da Saúde no

contexto da Estratégia Saúde da Família.

Diante do contexto anunciado, foi constatado que a PNPS precisa ser avaliada para

identificar as potencialidades e fragilidades das ações desenvolvidas, inferindo assim, os

produtos e resultados oriundos e desencadeado por esta política. Além do investimento

financeiro, percebemos o potencial existente nas áreas priorizadas pela PNPS (ainda que

possam transmitir uma idéia reducionista da promoção da saúde) se forem subsidiadas por

bons projetos que visem a melhorar a qualidade de vida das pessoas e desencadear

corresponsabilidade das pessoas residentes na mesma região de saúde.

Para Costa e Castanhar (2002) a avaliação sistemática, contínua e eficaz dos programas

pode ser um instrumento fundamental para se alcançar melhores resultados e proporcionar

uma melhor utilização e controle dos recursos neles aplicados, além de fornecer aos

interessados dados importantes para o desenho de políticas mais consistentes e para a gestão

pública mais eficaz.

A definição do que seja avaliação parece ser quase consensual. De acordo, com

opondo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF, por exemplo, trata-se do

exame sistemático e objetivo de um projeto ou programa, finalizado ou em curso,

que contemple o seu desempenho, implementação e resultados, com vistas à

determinação de sua eficiência, efetividade, impacto, sustentabilidade e a relevância

de seus objetivos. O propósito da avaliação é guiar os tomadores de decisão,

orientando-os quanto à continuidade, necessidade de correções ou mesmo suspensão

de uma determinada política ou programa (COSTA E CASTANHAR, 2002).

22

Para Contrandriopoulos et al., (1997) as grandes zonas de incerteza que existem nas

relações entre os problemas de saúde e as intervenções possíveis de resolvê-las, do

desenvolvimento muito rápido das novas tecnologias médicas e das expectativas crescentes da

população, é considerável a necessidade de informação sobre o funcionamento e a eficácia do

sistema de saúde e a avaliação parece ser a uma solução.

A avaliação do programa é fundamental para verificar sua efetividade, adotar estratégias

diversificadas e específicas, assim como contribuir para melhorar seu desempenho. Contudo,

para possibilitar uma avaliação, o programa precisa ser avaliável. Portanto, torna-se

imprescindível passar por um processo de avaliabilidade prévio para evitar gastos

desnecessários no que se referem a tempo, recursos humanos e materiais que envolvem uma

avaliação desse porte. Avaliabilidade é uma pré-avaliação realizada para identificar a real

situação do programa se é bem concebido e consistentemente implementado de forma a poder

submeter-se a uma avaliação sistemática (COSTA, et al 2011).

Ao analisarmos as características da perspectiva de Promoção de Saúde presente na

PNPS foi possível verificar a esperada complexidade de um conjunto de diretrizes e ações

propostas, as quais refletem as diferentes vozes da sociedade e áreas da gestão pública, além

do setor saúde impregnadas das idéias de construção da polissemia da Promoção da Saúde ao

longo das últimas décadas (RADDATZ, et al., 2011).

Diante da complexidade da PNPS propomos a avaliabilidade desta. A avaliabilidade,

conforme já mencionado, se configura como um processo de avaliação preliminar e

sistemática de um programa, em seu campo teórico e em sua prática, demonstrando a

necessidade de ajustes nos seus componentes e identificação de pontos a serem verificados

durante a avaliação mais extensa do mesmo (HARTZ, 1997; SILVA, 2007). Mesmo

reconhecendo que se trata de uma política, e não de um projeto, consideramos que o estudo de

avaliabilidade é aplicável a esta.

Para compreensão do processo de implementação de uma política faz-se necessário

descrevê-la a partir da identificação de seus objetivos, diretrizes, estratégias de implantação e

desenvolvimento do modelo lógico (NATAL et al., 2010). Estes autores recomendam ainda

alguns questionamentos orientadores, tais como: a Política está suficientemente estruturada

para ser objeto de uma avaliação? Seus objetivos e ações prioritárias estão bem definidos e

compreendidos por todos? Como a política está funcionando? Quais os elementos

23

dificultadores e facilitadores no processo de execução das ações da Política? Que aspectos do

programa precisam ser avaliados? Os autores referidos aplicaram a premissa apresentada num

estudo de avaliabilidade da Política Participa SUS. No nosso entendimento o propósito e os

questionamentos apresentados poderão subsidiar o presente estudo orientado para

avaliabilidade da PNPS.

Com base nesta intencionalidade passamos a discorrer, o que em nosso entendimento,

evidencia a potencial relevância deste estudo.

1.3 Relevância do Estudo

A PNPS tem potencial para se transformar num marco na história do SUS. Sabemos o

quanto esta política representou um esforço de integração interna e externa ao MS,

envolvendo vários setores do próprio MS bem como dos outros ministérios, se constituindo

numa construção conjunta e tripartite com o CONASS e CONASEMS, significando o

fortalecimento do SUS (BOARETTO, 2009). Capucci (2009) acrescenta que, sendo a PNPS

construída tripartidamente e publicada como documento oficialmente, induz a necessidade de

reflexão sobre a sua operacionalização.

Considerando a relevância da implantação da PNPS para a consolidação do SUS; o

tempo de implantação desta; a necessidade de compreensão acerca dos elementos

dificultadores e facilitadores no processo de execução de suas ações; a prioridade do tema na

agenda pública dos gestores do SUS em todas as esferas de governo e a possibilidade que os

estudos de avaliação de políticas e programas governamentais apresentam de ampliar a

capacidade de formuladores e implementadores em tomar decisões com maior qualidade e

eficiência; torna-se oportuno realizar um estudo de avaliabilidade da PNPS.

Os resultados advindos da avaliabilidade da PNPS poder contribuir para melhor

compreensão, organização e reorientação da implementação de ações de promoção de saúde

para a gestão da política. Desta forma, propor um estudo de avaliabilidade da PNPS servirá

para uma futura avaliação quanto a sua real efetividade, para ajudar a interpretar e organizar

os dados coletados quanto sejam eles externos ou internos à Política (GUERRERO, 2010).

A construção do modelo lógico (Ferreira; Cassiolato; Gonzalez, 2009) como parte do

estudo de avaliabilidade torna-se relevante para que uma política possa ser avaliada e até

24

comparada com outras Políticas Públicas no âmbito da Saúde. Espera-se que a sistematização

de um modelo lógico possa servir de referência para estudos avaliativos acerca do processo de

implantação da PNPS no Brasil.

Neste sentido, diante dos questionamentos deste estudo sobre a compreensão do

processo de implantação da PNPS, visualizamos seu potencial com vistas a contribuir para a

reflexão crítica da avaliabilidade desta nos municípios de uma região de saúde. Reiteramos

que Região de Saúde se configura com um papel articulador do processo de fortalecimento

das ações e serviços de saúde dos municípios.

O estudo também tem a possibilidade de fornecer subsídios para uma análise crítica dos

gestores que trabalham diretamente com a referida Política nos municípios que se constituirão

campo de investigação e o papel da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde –

CRES/Tianguá/CE, como articuladora da Região de Saúde. Podendo, por generalização

naturalística, se constituir numa ferramenta de gestão não só para a região da 13ª CRES, mas

também para os demais municípios brasileiros, como subsídio para uma posterior avaliação da

PNPS nas três esferas federativas (municipal, regional e nacional).

25

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Realizar uma análise da avaliabilidade da Política Nacional de Promoção da Saúde

numa Região de Saúde no Nordeste Brasileiro.

2.2 Objetivos Específicos

Examinar a conexão da PNPS com as demais políticas, programas e projetos do SUS;

Identificar na Programação Anual da Saúde (PAS) e no Relatório Anual de Gestão

(RAG), 2010 a 2012, dos municípios que integram a região de saúde da Ibiapaba as

ações da PNPS;

Identificar a compreensão dos gestores sobre a PNPS;

Identificar os mecanismos utilizados pela Região de Saúde para a implementação da

PNPS na Região da Ibiapaba;

Desenvolver e analisar o Modelo Lógico da PNPS;

Identificar os elementos dificultadores e facilitadores no processo de execução das

ações da PNPS.

26

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Política Nacional de Promoção da Saúde – PNPS

O processo de criação do SUS surgiu a partir do conceito ampliado de saúde, que para a

OMS, em 1976, propõe “O completo bem-estar biológico, psíquico e social” (ANDRADE;

BARRETO; PAULA, 2011). Evidencia a necessidade de criar políticas públicas para

promovê-la, com o imperativo da participação social na construção do sistema e das políticas

de saúde e a impossibilidade do setor sanitário responder sozinho à transformação dos

determinantes e condicionantes para garantir opções saudáveis para a população. Neste

sentido, o SUS, como política do Estado brasileiro busca a melhoria da qualidade de vida e a

afirmação do direito à vida e à saúde, dialogando com as reflexões e os movimentos no

âmbito da promoção da saúde.

Para Lopes e col., (2010, p. 466) a promoção da saúde é considerada um componente

importante das políticas e programas do sistema público em todos os países na busca de

equidade e saúde de qualidade para todos. No Brasil, a promoção da saúde trouxe a reflexão

sobre a criação e a luta que foi travada pela melhoria do SUS (CAMPOS, et al. 2004). Assim,

a promoção da saúde nos últimos vinte anos representa uma estratégia promissora para

enfrentamento de vários problemas de saúde que acometem várias populações (LIRA, et al.

2009).

Os princípios e experiências internacionais, de países ditos desenvolvidos, notadamente

do Canadá e da Europa, adotados como modelo de promoção da saúde contribuíram para

iniciar institucionalmente o debate da Promoção da Saúde, abrindo importantes espaços de

reflexão, formulação e implementação de programas e projetos direcionados para a melhoria

da qualidade de vida de indivíduos e coletividades (CASTRO et al.,2010),.

Discussões preliminares acerca da institucionalização de uma Política de Promoção da

Saúde no Brasil levou Campos e col. (2004) a defender algumas proposições, tais quais: uma

Política de Promoção da Saúde precisava ser transversal, articulando e integrando as várias

áreas técnicas especializadas, os vários níveis de complexidade existentes, precisavam ser

efetivos e eficazes para a melhoria da qualidade de vida da população, com possibilidade para

avaliar, opinar e provocar o conceito ampliado de saúde de tal modo a intensificar um modo

mais proativo de operar a promoção da saúde.

27

Para Castro et al.(2010), a construção da PNPS no Brasil implicou num processo amplo

de discussão com todas as áreas do MS, os gestores locais do SUS, universidades, etc. Desta

forma um intenso processo de escuta dos diferentes atores sociais envolvidos na conjugação

da clínica e da Promoção da Saúde. Para tanto, primeiramente, as ações de Promoção da

Saúde existentes em vários municípios e/ou vinculadas às universidades, buscando assegurar

a elaboração de um documento que atendesse à realidade brasileira.

Discussões internas no MS se intensificaram a partir do ano de 2000 divergindo entre

técnicos que negavam e outros que defendiam a institucionalização da Promoção da Saúde

baseada numa política. A indecisão sobre a natureza dessa institucionalização pairava um

dilema (seria uma política, teoria, ideologia ou apenas discussão) da Promoção da Saúde. Para

alguns institucionalizá-la seria retroceder reduzindo o potencial de sua transversalidade que a

diferenciava de estratégias e ações centradas na prevenção e tratamento de doenças de forma

individual e setorial. Por outro lado havia os que advogavam a necessidade de oferecer aos

executores das ações de Promoção da Saúde subsídios tornando exequíveis os objetivos e

diretrizes preconizadas por esse movimento (SILVA, et al, 2011).

Nesse mesmo ano, quando muitas experiências e debates haviam sido feitos, foi pela

primeira vez, elaborado um documento básico que propunha a criação de uma PNPS. Esse

documento refletiu todo o processo que foi sendo construído e articulado entre os diversos

atores envolvidos com o tema no país, na última década (BRASIL, 2002).

A Secretaria Executiva, então responsável pela área de Promoção da Saúde

regulamentou a transferência de recursos como incentivo para estruturação das ações de

Vigilância e Prevenção de Doenças e Agravos Não Transmissíveis, no teto financeiro da

Vigilância à Saúde. Já havia, portanto, uma intencionalidade no MS para considerar que as

ações de Promoção da Saúde estavam intimamente ligadas a Vigilância à Saúde (SILVA, et.

al, 2011).

Diante das discussões no âmbito nacional para a construção da PNPS, o acúmulo de

conhecimento efetivado no período e a primeira versão da PNPS transferida no final de 2004,

para a Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (CGDANT), na

Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), a coordenação da promoção da saúde. A

CGDANT, dando continuidade à construção da Política Nacional, realizou uma revisão dos

documentos ministeriais a fim de fortalecer o caráter integrador e intersetorial do texto da

28

Política, com ênfase no próprio Plano Nacional de Saúde 2004/2007. Sendo assim trabalhou a

ratificação da perspectiva transversal da Promoção da Saúde de maneira que o Ministério da

Saúde publicou a Portaria n. 1190 MS/GM, em 14 de julho de 2005, instituindo o Comitê

Gestor da Política Nacional de Promoção da Saúde, formado por diferentes secretarias e

órgãos do MS, tendo como principal atribuição consolidar proposta da PNPS e coordenar a

sua implantação e a articulação com demais setores governamentais e não governamentais

(CASTRO et al., 2010).

De acordo com Malta e Castro (2009) o Comitê Gestor da PNPS, em seu primeiro ano

de trabalho, debateu o texto da PNPS e articulou uma forma de mobilizar os recursos

necessários à aprovação da política nas instâncias decisórias do SUS. Assim, organizou o I

Seminário Nacional sobre a PNPS, que envolveu 300 participantes entre profissionais e

gestores do SUS e representantes de instituições de ensino e pesquisa brasileiras.

Oficialmente a PNPS foi publicada em 30 de março de 2006 através da Portaria Nº 687,

com o objetivo principal:

Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados

aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho,

habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais

(BRASIL, 2006 in TRAVERSO-YÉPEZ, 2006).

Dentre seus objetivos específicos, diretrizes, estratégias de implantação com as

responsabilidades de cada esfera de gestão do SUS – MS, estados e municípios, destacaram as

ações específicas priorizadas para: divulgação e implementação da PNPS; alimentação

saudável; prática corporal/atividade física; prevenção e controle do tabagismo; redução da

morbimortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras drogas; redução da

morbimortalidade por acidentes de trânsito; prevenção da violência e estímulo à cultura de

paz e promoção do desenvolvimento sustentável a serem trabalhadas por todas as esferas de

gestão.

Nos anos de 2006 e 2007, começou a publicação de editais de concorrência pública para

os municípios e Distrito Federal, com o objetivo de financiar propostas de ação vinculadas

inicialmente à atividade física e à prevenção de violências e promoção da cultura de paz. Já no

ano de 2008, houve um avanço na integração das temáticas prioritárias à PNPS. Após análises

conjuntas com CONASS, CONASEMS e o Departamento de Atenção Básica/ Secretaria de

Assistência à Saúde, propôs-se que o investimento de recursos para a PNPS abarcasse toda a

29

agenda temática da PNPS, que fortalecesse o processo de articulação e integração dos

processos de trabalho locais e garantisse a sustentabilidade das propostas financiadas nos anos

anteriores. Assim, foi publicada a Portaria n°79, 23/09/2008. Ainda no ano de 2008 foi

investido na formação de profissionais e gestores e nos anos seguintes foram ofertados vários

cursos presenciais e na modalidade EAD (MALTA E CASTRO, 2009).

Para ampla divulgação e implantação/implementação da PNPS o MS publicou as

diretrizes desta como: Reconhecer na promoção da saúde uma parte fundamental da busca da

eqüidade, da melhoria da qualidade de vida e de saúde; Estimular as ações intersetoriais,

buscando parcerias que propiciem o desenvolvimento integral das ações de promoção da

saúde; Fortalecer a participação social como fundamental na consecução de resultados de

promoção da saúde, em especial a equidade e o empoderamento individual e comunitário;

Promover mudanças na cultura organizacional, com vistas à adoção de práticas horizontais de

gestão e estabelecimento de redes de cooperação intersetoriais; Incentivar a pesquisa em

promoção da saúde, avaliando eficiência, eficácia, efetividade e segurança das ações

prestadas; e divulgar e informar as iniciativas voltadas para a promoção da saúde para

profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS, considerando metodologias participativas

e o saber popular e tradicional. Tais diretrizes subsidiaram as estratégias de

implantação/implementação as três esferas de gestão (BRASIL, 2006).

Assim, a PNPS é também marcada pela complexidade de seu objeto e de sua produção

negociada entre os diversos setores da sociedade. Espera-se, então, que a PNPS inclua um ou

mais discursos reveladores dessa complexidade e definidores de suas potencialidades ou

limitações quando de sua efetivação sob a forma de ações em saúde (RADDATZ et al. 2011).

O processo se revisão instaurado e iniciativas avaliativas como esta pode ser um caminho.

Prossegue-se, pois, discorrendo sobre avaliação no cenário de processos instituídos

(Programas/Políticas).

3.2 Avaliação de Programas/Políticas em Saúde

A avaliação é uma atividade tão remota quanto o mundo e inerente ao processo de

aprendizagem. Hoje, a avaliação é também um conceito que está na moda, com contornos

ainda irresolutos e que agrupa realidades múltiplas e diversas, consistindo, basicamente, na

30

realização de um julgamento sobre determinadas questões, programas, produtos e/ou

atividades (CONTANDRIOPOULOS et al.,1997; SILVA, 2007).

É no contexto, pós Segunda Guerra Mundial que surge o conceito de avaliação dos

programas públicos, devido à necessidade de melhorar o uso dos recursos pelo Estado. De

certa forma, foi neste período que o Estado começou a desempenhar seu papel avaliativo nas

áreas da educação, do social, da saúde, da economia e etc. Os economistas foram os pioneiros

no desenvolvimento dos métodos para analisar as vantagens e os custos de programas

públicos. Entretanto, as abordagens desenvolvidas revelaram ser insuficientes, especialmente

quanto à aplicação em programas sociais e à educação (CONTANDRIOPOULOS et al., 1997;

UCHIMURA; BOSI, 2002).

A partir dos anos 60, ocorre um aumento de demanda para a realização de avaliações

em programas sociais. Isso decorreu, especialmente, a partir de uma cobrança por parte de

organismos financiadores internacionais (HARTZ, 1997; MATIDA E CAMACHO, 2004

apud SILVA 2007).

No decorrer dos anos 70 a necessidade de avaliar as ações sanitárias passaram a ser

impostas. O período de implantação dos grandes programas, baseados no seguro médico,

estava terminado. A diminuição do crescimento econômico e o papel do Estado no

financiamento dos serviços de saúde tornavam-se indispensável para o controle dos custos do

sistema de saúde, questionando a qualidade da acessibilidade suficiente de todos a serviços.

As decisões necessárias para que essa dupla exigência seja respeitada são particularmente

difíceis de tomar, por causa do caráter muito complexo do sistema de saúde.

(CONTANDRIOPOULOS et al., 1997)

A partir da década de 80, segundo Hartz (1997), o processo de avaliação de programas

em saúde veio superar as chamadas avaliações de modelo caixa preta, onde a intervenção era

tratada como uma variável dicotômica (ausência ou presença da intervenção), que

desconsiderava os contextos políticos e organizacionais onde se davam as intervenções sob

avaliação.

Em um mundo real, onde clientes recebem várias quantidades de serviços, onde a

natureza do tratamento dado é sujeito a ser diferente de local para local ou até de um

responsável pelo programa para outro, e onde o programa é sujeito a ser um

amálgama de vários serviços e componentes, cada um dos quais pode ter um efeito

diferente, o modelo dicotômico da caixa preta dos programas é lamentavelmente

inadequado (MARK, 1987 apud DENIS e CHAMPAGNE, 1997).

31

A avaliação em saúde, ao se constituir em uma área ainda em construção conceitual e

metodológica poderia ser encontrada na literatura de forma muito diversificada (HOUSE,

1980 apud NOVAES, 2000).

Guba e Lincoln, (1990) apud Contandriopoulos et al., (1997) identificam quatro

estágios na história da avaliação. Primeiro estágio é baseado na medida (dos resultados

escolares, da inteligência, da produtividade dos trabalhadores). O avaliador é essencialmente

um técnico que tem que saber construir e saber usar os instrumentos que permitem medir os

fenômenos estudados. O segundo estágio trata de identificar e descrever como os programas

permitem atingir seus resultados. O terceiro estágio é fundamentado no julgamento. A

avaliação deve permitir o julgamento de uma intervenção. O quarto estágio está emergindo. A

avaliação é então feita como um processo de negociação entre os atores envolvidos na

intervenção a ser avaliada.

O exposto tende a denotar a importância de avaliação de sistemas, a descrição das

intervenções em saúde, que de acordo com Contandriopoulos et al. (1997) constituem “o

conjunto dos meios (físicos, humanos, financeiros, simbólicos) organizados em um contexto

específico, em um dado momento, para produzir bens ou serviços com o objetivo de

modificar uma situação problemática”.

Também vale ressaltar a importância deste contexto para a avaliação de programas em

saúde que têm como focos de análise processos complexos de organização de práticas

dirigidas para objetivos específicos (NOVAES, 2000). São considerados programas, tanto

aquelas propostas voltadas para a realização de um macro objetivo, a exemplo da implantação

de formas de atenção para populações específicas (atenção domiciliar para idosos, vacinação e

procedimentos de “screening” para grupos de risco para problemas de saúde determinados,

propostas terapêuticas para doenças e doentes priorizados etc.) e que envolvem instituições,

serviços e profissionais diversos, como atividades desenvolvidas em serviços de saúde, que

têm por objetivo prestar um determinado tipo de atendimento para uma dada clientela

(SHORTELL; RICHARDSON, 1978 apud NOVAES, 2000).

As definições da avaliação são tão numerosas que pode-se até chegar a dizer que cada

avaliador constrói a sua (CONTANDRIOPOULOS et. al., 1997). Estes autores sugerem a

adoção do conceito que se segue como definidor de avaliação, por ser este objeto de um

32

amplo consenso. Para avaliar intervenções deve ser lançado mão de dois tipos de estudos

avaliativos:

Avaliar consiste fundamentalmente em fazer um julgamento de valor a respeito de

uma intervenção ou sobre qualquer um de seus componentes, com o objetivo de

ajudar na tomada de decisões. Este julgamento pode ser resultado da aplicação de

critérios e de normas (avaliação normativa) ou se elaborar a partir de um

procedimento científico (pesquisa avaliativa). Uma intervenção, qualquer que seja,

pode sofrer os dois tipos de avaliação. Podemos, por um lado, buscar estudar cada

um dos componentes da intervenção em relação a normas e critérios. Trata-se, então,

de uma avaliação normativa. Por outro, podemos querer examinar, por um

procedimento científico, as relações que existem entre os diferentes componentes de

uma intervenção. Trata-se, então, de pesquisa avaliativa (CONTANDRIOPOULOS

et al., 1997 p. 31).

Outros autores complementam a definição de avaliação normativa apresentando como

principais características proporcionar apoio aos gestores e profissionais na rotina dos

estabelecimentos, podendo ser realizada por pessoas diretamente envolvidas no programa.

Enquanto a pesquisa avaliativa se refere a um procedimento que se estima em fazer um

julgamento de uma intervenção usando métodos científicos (FIGUERÓ; FRIAS; NAVARRO,

2010).

No Brasil, de um modo geral, apenas os procedimentos voltadas para a realização de um

macro objetivo, a exemplo da implantação de formas de atenção para populações específicas

são considerados programas no âmbito da avaliação em saúde, mas já se observa uma maior

variabilidade no seu uso, o que faz com que a avaliação de programa deva se iniciar com uma

clara explicitação dos contornos do objeto a ser avaliado: propostas, ações programáticas,

atividades gerenciais, serviços, procedimentos, profissionais etc. (NOVAES, 2000).

Assim, ao final de um programa ou qualquer intervenção, quando há interesse sobre os

efeitos ou impactos que foram alcançados para o processo decisório pela continuação,

ampliação ou finalização da intervenção, projetando então para as avaliações chamadas

somativas. No entanto, um estudo avaliativo pode ser realizado com o objetivo de aprofundar

um tema ainda pouco explorado ou abordagens teóricas e metodológicas novas (FIGUERÓ;

FRIAS; NAVARRO, 2010).

A avaliação é uma função de gestão destinada a auxiliar o processo decisório visando

torná-lo mais racional e efetivo possível (HARTZ, 1997; SAMICO; FIGUERÓ; FRIAS,

2010). Os avaliadores só devem avaliar políticas e programas que tenham explicitado sua

33

teoria e as medidas ou indicadores correspondentes (HARTZ, 1999). Trata-se de contribuição

para a reprodutibilidade ou validade externa da intervenção governamental em larga escala.

Sendo assim é possível entender que as estratégias de avaliação devem ser uma

expressão prática do quadro teórico construído e do desenvolvimento do modelo lógico, esta

etapa considerada importante na apreciação da viabilidade de qualquer programa. Os modelos

lógicos ajudam a estabelecer e testar a razão do programa bem como a conceber um

instrumento de avaliação adequado (HARTZ, 1997; SAMICO; FIGUERÓ; FRIAS, 2010).

A necessidade de informação sobre o modo de funcionamento, qualidade, efetividade,

segurança e satisfação dos usuários do sistema de saúde é cada vez mais reconhecida e a

avaliação parece ser uma alternativa adequada (FIQUERÓ; FRIAS; NAVARRO, 2010).

Além disso, é imprescindível salientar que provavelmente quanto mais uma avaliação é

bem-sucedida, mais haverá possibilidades para realização de novas perguntas, contudo, a

avaliação é uma atividade dinâmica abrindo espaços para novas indagações envolvendo vários

atores com interesses diversificados.

Contudo é fundamental verificar se a política/programa possibilita uma avaliação, isto é,

se é considerada avaliável. Para isso, torna-se indispensável passar por um prévio estudo de

avaliabilidade, evitando assim, gastos desnecessários que envolvem uma avaliação mais

complexa. O estudo de avaliabilidade precede a etapa de avaliação propriamente dita e

favorece o consenso quanto ao interesse na realização de uma avaliação (PATTON, 2002

apud COSTA et al., 2010; SILVA et al., 2012).

3.3 Avaliabilidade Enquanto Estratégia de Pré-Avaliação

A avaliabilidade é o exame sistemático e preliminar de um programa, em sua teoria e

em sua prática, a fim de estabelecer se há justificativa para uma avaliação extensa e/ou para

melhor delimitar os objetivos do programa, bem como identificar área criticas a serem

priorizadas na avaliação (FERREIRA LIMA, 2004).

Para Youtie, Bozeman e Shapira (1999) apud Silva (2007) a Análise de Avaliabilidade

estuda o nível em que as características de cada programa afetam a possibilidade de realização

de uma avaliação eficaz. A pré-avaliação pergunta, a que extensão é possível avaliar os

efeitos do programa? O que deve ser medido? E, o que realmente pode ser medido?

34

Silva, et. al. (2012) compreendem o estudo de avaliabilidade ou pré-avaliação como as

ações que antecedem a etapa inicial de um processo avaliativo para estabelecer se um

programa está pronto para receber uma avaliação em algum momento, proporcionando aos

interessados pelo programa um maior entendimento sobre o mesmo.

Ainda sobre o Estudo de Avaliabilidade, este deve ser utilizado no aperfeiçoamento de

aspectos relacionados ao desenho e ao gerenciamento de programas e, ao mesmo tempo,

sistematizar a demanda por avaliações de resultados das ações do governo (FERREIRA;

CASSIOLATO; GONZALEZ, 2009).

O estudo de avaliabilidade foi idealizado na década de 1970 por Joseph Wholey, que

recomendava que esse estudo devesse ser conduzido em primeiro lugar, como uma pré-

avaliação. Esse autor definiu que o objetivo do Estudo de Avaliabilidade é identificar em que

medida os objetivos do programa são mensuráveis e partilhados pelos principais interessados,

se a estrutura e recursos são razoáveis e suficientes para atingir os objetivos, e se os gestores

do programa irão utilizar os resultados das avaliações do programa. Como método, sugere

entrevistas com gestores e técnicos, observação não participativa de programas em operação

com visitas ao local, e a análise dos documentos do programa (NATAL et al., 2010).

Além do que já foi proposto por Wholey (1977) para o Estudo de Avaliabilidade,

Leviton et. al. (1998) propõe um processo cíclico buscando: Esclarecer os objetivos e metas

do programa, recorrendo aos documentos oficiais, normas, portarias e relatórios, informações

dos coordenadores e profissionais diretamente envolvidos com a sua implementação;

Desenvolvimento e pactuação do modelo lógico, este considerado como um dos principais

produtos do estudo, a elaboração dessa etapa deve contar com os interessados pelo programa;

Análise e comparação entre a realidade do programa e o modelo lógico, esta análise permite

identificar se todos os elementos identificados pelos informantes-chave ou descritos nos

documentos oficiais do programa foram considerados no modelo lógico e Recomendações

que se refere à necessidade de melhorar a clareza e adequação dos objetivos e metas do

programa, identificação de áreas para a melhoria do programa, componentes do programa que

podem ser avaliados e questões de avaliação que são pertinentes e factíveis.

Nesse sentido Ferreira, Cassiolato e Gonzalez (2009) corroboram com esse processo

quando propõe a Análise de Avaliabilidade em quatro etapas:

35

(a) Clarificação dos objetivos do programa, realizado pela revisão dos seus

documentos e por entrevistas com o gerente do programa e demais interessados; (b)

Desenvolvimento de um modelo de programa, incluindo objetivos imediatos,

intermediários e finais, e indicadores de performance, seguidos da apresentação

para o coordenador do programa como feedback; (c) Exploração da realidade do

programa por métodos tais como o exame das operações do programa e entrevistas

com clientes e fornecedores. Esse passo inclui a comparação da realidade do

programa com o programa modelo e a revisão do mesmo, seguido novamente pela

apresentação para o coordenador do programa como feedback; e (d) Elaboração das

Recomendações para: 1) Identificar áreas para o melhoramento do programa; 2)

Identificar componentes do programa que podem ser avaliados; 3) Identificar quais

questões avaliativas são úteis e praticáveis (FERREIRA; CASSIOLATO;

GONZALEZ, 2009).

Este estudo é indicado como um processo preliminar antes de uma avaliação e é

particularmente recomendado para identificar as necessidades de informação e conhecimento

das partes interessadas no programa, com o objetivo de recomendar o foco e os métodos da

avaliação (LEVITON, et al., 1998).

No fluxo elaborado por Gris (figura 1), da Universidade de Montreal, que representa a

pesquisa avaliativa, após uma adaptação realizada por Silva (2007), demonstrou os seis tipos

de análises descritos por Contandriopoulos et al. (1997), na qual foi inserida a análise de

avaliabilidade. Constata-se, na figura 1, que a análise estratégica não está representada. Isto se

deve ao fato de a análise de avaliabilidade ou pré-avaliação incorporar este tipo de análise.

36

Figura 1 - Componente da Intervenção e a Pesquisa Avaliativa

Para Mendes et. al. (2010) a existência de uma situação problema na área da saúde é o

motivo pelo qual se constroem e implementam programas e intervenções, portanto, os

envolvidos na execução dos programas muitas vezes não conhecem ou conhecem pouco as

informações sobre a magnitude, transcendência e dados epidemiológicos do problema,

importantes para definir objetivos, metas e ações a serem desenvolvidas.

Desta forma fica indispensável que esses programas e intervenções sejam avaliados para

serem conhecidas em sua totalidade. Para Denis e Champagne (1990) apud Hartz et. al.

(1997):

A importância de avaliar a implantação de um programa revela-se indispensável

para se chegar a conhecer a totalidade das intervenções, no que se relaciona à

validade de seu conteúdo (intensidade com a qual as atividades são realizadas e sua

adequação em relação às normas existentes), e aos fatores explicativos das

Serviços

Recursos

Efeitos Objetivos

Análise da

produtividade

Contexto

Análise do

rendimento

Análise da

intervenção

Análise dos

efeitos

Situação

Problemática

Análise de Avaliabilidade/

Pré-Avaliação

Análise da

implantação

Adaptado de Gris, Universidade de Montreal, 1992 (SILVA, 2007)

37

defasagens observadas entre a planificação e a execução das ações. Ela obriga a

construir, a priori, a teoria do programa, especificando sua "natureza"

(componentes, práticas) e o contexto requerido como etapas prévias aos resultados

esperados.

A avaliação das intervenções de uma política é fundamental para verificar sua

efetividade, adotar estratégias diversas e específicas, assim como contribuir para melhorar seu

desempenho. Contudo, para possibilitar uma avaliação, a política precisa ser avaliável.

Portanto, torna-se indispensável passar por um estudo de avaliabilidade prévio para evitar

gastos desnecessários relacionados a tempo, recursos humanos e materiais que envolvem uma

avaliação mais complexa (PATTON, 2002 apud COSTA et al., 2010).

Uma descrição completa do programa, os modelos lógicos e/ou teóricos, as questões

fundamentais a serem abordadas pela avaliação, um plano de avaliação e o acordo entre as

partes interessadas sobre todos eles, são os produtos desejados de um Estudo de

Avaliabilidade (NATAL, 2010).

O desenvolvimento do modelo lógico do programa é entendido como uma das etapas

fundamentais no processo de realização da análise de avaliabilidade (SILVA, 2007). Para

Mendes et. al. (2010) este é considerado um dos principais produtos do estudo de

avaliabilidade.

O Estudo de Avaliabilidade, na perspectiva de Leviton et al. (1998) foi eleito como

subsídio técnico para desenvolvimento deste trabalho, o qual será mais detalhado no capítulo

4 (quatro) Referencial Teórico e Metodológico.

38

4 REFERENCIAL TEÓRICO E METODOLÓGICO

4.1 Delineamento do Estudo

Minayo (1994, p. 16) afirma entender que a metodologia é “o caminho do pensamento e

a prática exercida na abordagem da realidade”. A autora também define como as concepções

teóricas da abordagem, o conjunto de teorias que possibilitam a apreensão da realidade e

também o potencial criativo do pesquisador.

Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, pois tenta compreender a natureza de

um fenômeno social, a Política de Promoção da Saúde. A abordagem qualitativa norteia

estudos quando se quer captar algo dos aspectos subjetivos da realidade social

(RICHARDSON et. al. 2009).

Diante as possibilidades de estudos classificados na tipologia de estudos orientados pela

abordagem qualitativa, optamos pelo estudo de avaliabilidade para referenciar o estudo em

apreço.

4.1.1 Estudo de avaliabilidade

Estudos de avaliabilidade, conforme já referido nos capítulos introdutório e de revisão

de literatura, permitem saber em que medida um programa/política está em condições de ser

submetido a uma avaliação. Esta premissa também é reforçada por Mendes et. al., (2010).

Concernente ao exposto e tomando em consideração o objeto deste estudo, a

avaliabilidade da PNPS na 13ª Região de Saúde do Ceará, será examinada a luz do referencial

de avaliabilidade proposto por Leviton et. al. (1998).

Este autor considera que um estudo de avaliabilidade é um processo cíclico e dinâmico

que consiste em: a) esclarecimentos sobre os objetivos e metas do programa; b)

desenvolvimento e pactuação do modelo lógico com os interessados; c) análise e comparação

entre a realidade da política e o modelo lógico; d) elaboração de recomendações

(MEDEIROS, et al., 2010; MENDES, et al. 2010).

39

Neste sentido Silva et al. (2012) corrobora com esse processo quando afirma que na

avaliabilidade, deve ser feita a análise exploratória de questões como: verificar objetivos do

programa que não estão bem definidos ou que não ficaram claros para os profissionais que

atuam nos diversos níveis; verificar a implantação que não foi feita conforme previsto no

plano e que não há ainda tempo técnico para que os resultados esperados possam ter sido

produzidos; analisar concepções distintas acerca dos objetivos do programa, assim como

sobre os aspectos mais frágeis que requerem avaliação, bem como sobre os possíveis usos dos

resultados obtidos pelos diversos gestores e profissionais responsáveis pela implementação da

política.

O estudo de avaliabilidade da PNPS precede a etapa de avaliação propriamente dita e

tem como finalidades proporcionar um ambiente favorável para a avaliação, construir

entendimentos entre os envolvidos sobre as características, os objetivos, as expectativas e as

necessidades de informação sobre uma intervenção, além de buscar o consenso quanto ao

interesse na realização da avaliação, maximizando a potencialidade, a oportunidade e a

utilidade desta (SILVA et al., 2012).

4.1.2 Modelo Lógico – ML

Segundo Rowan (2000) apud Bezerra, et al., (2011) modelo lógico é um esquema

visual de um programa a ser implementado. Para o autor, o modelo lógico constitui uma

importante ferramenta de planejamento e avaliação nas diversas áreas de intervenção tanto

públicas quanto privadas. Ela demonstra o fluxo de relações existentes entre os recursos,

atividades, resultados e os impactos esperados. Nas versões mais completas se torna possível

ampliar esta relação causal, tendo como ponto de partida a intervenção na situação inicial que

a justifique no contexto, seja ele social, físico, político e institucional. De acordo com

Bezerra, Cazarin e Alves (2010: p77).

Modelo lógico possibilita aos gestores e avaliadores uma visão mais clara acerca da

racionalidade da construção da intervenção e das relações causais empregadas na sua

elaboração. Além disso, auxilia na construção de um entendimento comum entre

todos os envolvidos na intervenção a respeito do problema que se quer resolver, dos

objetivos e dos resultados esperados.

Para finalizar a construção do modelo lógico, é preciso refletir sobre as possíveis

influências do contexto sobre a implementação do programa. Deve ser identificado fator

relevante de contexto que podem contribuir ou comprometer o desenvolvimento das ações.

40

Este é um dado importante da realidade do programa, o qual irá permitir conhecer a

sustentabilidade das hipóteses assumidas na sua estruturação lógica para o alcance de

resultados. É importante mencionar que a apreciação sobre os fatores de contexto deve ser

continuamente atualizada (FERREIRA; CASSIOLATO; GONZALEZ, 2009).

Silva (2007) a partir da análise da teoria de um programa destaca a importância do

Modelo Lógico para a identificação de deficiências ou problemas em seu fluxo que poderão

interferir no seu desempenho. Avaliar a qualidade da teoria significa verificar se o programa

está bem desenhado e se apresenta um plano plausível de alcance dos resultados esperados

(SILVA, 2007). Desta forma, é necessária a articulação das idéias, hipóteses e expectativas

nas quais se baseiam o programa e o funcionamento esperado. Em muitos casos, segundo

Silva (2007), a teoria não é detalhada nos documentos oficiais, dificultando uma análise

adequada.

O objetivo do modelo lógico é ser um desenho funcional de como o programa poderá se

desenvolver, de sua possível execução em um determinado cenário e como pretende resolver

os problemas iniciais identificados. O modelo lógico poderá ser o ponto inicial de uma base

para um convincente relato do desempenho esperado, ressaltando onde está o problema objeto

do programa e como este se organiza para enfrentá-lo (SILVA, 2007).

Segundo Ferreira, Cassiolato e Gonzalez (2009), os elementos que compõem um

modelo lógico deverão ser os recursos (humanos, financeiros, intelectuais, tecnológicos, etc.)

existentes para desenvolver o programa; as operações/ações que deverão ser realizadas para

atingir a meta do programa; os produtos, resultados intermediários e finais, assim como as

hipóteses que sustentam as relações existentes; e as possíveis variáveis de contexto que devam

ser levadas em conta.

A sequência lógica, de como os princípios que indicam os recursos e as ações leva aos

resultados esperados, é com frequência indicada como a teoria do programa. De acordo com

Ferreira, Cassiolato e Gonzalez (2009), as hipóteses são de que os recursos certos serão

transformados em ações necessárias para os beneficiários certos, e isso, em um contexto

favorável, irá conduzir aos resultados que o programa pretende alcançar. Ao se explicitar

hipóteses de como o programa se desenvolverá, cria uma referência de como poderá ser

realizada tanto a gestão quanto a avaliação do programa.

41

No Canadá, os modelos teóricos, popularmente conhecidos como modelos lógicos,

constituem uma exigência governamental para avaliação das intervenções federais, desde o

início dos anos 80, e são considerados extremamente práticos pelos avaliadores, ajudando-os

a estabelecer e testar a razão do programa bem como a conceber um instrumento de avaliação

adequado (MONTAGUE, 1997 apud HARTZ, 1999).

No Brasil, atualmente o Ministério do Planejamento vem aplicando metodologia de

construção do modelo lógico em diversos órgãos Federais como forma de avaliar a

implantação e os progressos dos diversos Programas de Governo (FERREIRA;

CASSIOLATO; GONZALEZ, 2009).

Em se tratando de avaliação – relevância, eficiência, eficácia, impacto e

sustentabilidade, a utilização do modelo lógico pode contribuir no intuito de localizar e

sistematizar questões a serem avaliadas (GUERRERO, 2010). Este considerado por Mendes

et al. (2010) como uma das principais etapas do estudo de avaliabilidade de um programa.

4.1.3 Local do estudo

A pesquisa realizou-se na Região de Saúde de Tianguá, que se localiza na Região

Noroeste do estado do Ceará, distante 350 km de Fortaleza, por via terrestre, mas

precisamente, no Planalto da Ibiapaba, através da BR 222. Denominada 13ª CRES. A

população da região é de 298.017 habitantes (IBGE, 2011).

A região é composta por oito municípios assim denominados como nos mostra a figura

2: Carnaubal, Croatá, Guaraciaba do Norte, Ibiapina, São Benedito, Tianguá, Ubajara e

Viçosa do Ceará. Apresenta uma distância de sua sede para os municípios de sua jurisdição da

seguinte forma: 18 km para Ubajara, 27 km para Ibiapina, 42 km para São Benedito, 52 km

para Guaraciaba do Norte, 32 km para Carnaubal, 60 km para Croatá e 30 km para Viçosa do

Ceará, em rodovias com bom estado de conservação.

A Região possui vocação para desenvolver o potencial turístico direcionando-o para o

turismo ecológico, de lazer, cultural, esportivo (trekking, rappel, vôo livre, tirolesa, etc.) e de

recomposição.

42

Figura 2 - Localização e Composição da Macrorregião de Saúde de Sobral e da Região de

Saúde de Tianguá. Estado do Ceará, 2012.

A Região de Saúde possui o nível básico e secundário, possui como porta de entrada na

rede básica as Unidades Básicas de Saúde (Estratégia Saúde da Família) e os serviços de

Vigilância à Saúde. Na atenção secundária possui hospitais municipais de pequeno porte e

médio para atendimentos locais e um Hospital de referência, Centros de Atenção Psicossocial

(CAPS), um Centro de Atenção a Saúde do Trabalhador (CEREST), um Centro de

Especialidades Odontológicas (CEO). Todos os municípios desta Região de Saúde foram

contemplados no estudo para um potencial alcance da Política.

4.1.4 Período do estudo

A coleta de dados foi realizada após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da UVA durante o período dos meses de outubro de 2013 a fevereiro de 2014.

4.1.5 Sujeitos do estudo

Foram entrevistados 18 informantes-chave envolvidos diretamente com a execução da

PNPS nos oito municípios e Região de Saúde, conforme roteiro de entrevista semiestruturada

04 Macrorregiões de Saúde

Viçosa do Ceará

Tianguá

Ubajara

Ibiapina

São Benedito

Carnaubal

Guaraciaba do Norte

Croatá

13ª Região de Saúde – 8 Municípios

43

(Continua)

(Apêndice B e C), sendo que, destes sujeitos, oito são secretários municipais de saúde, seis

são coordenadores da Atenção Básica, dois coordenadores da Vigilância Epidemiológica, um

coordenador regional geral e um coordenador regional da atenção básica.

4.1.6 Técnicas e instrumentos para coleta de dados

Segue os passos metodológicos que conduziram a presente investigação, considerando

as etapas do Estudo de Avaliabilidade e correlacionando-as aos objetivos da referida pesquisa,

ao tempo em que sinalizamos as fontes que subsidiaram as técnicas e instrumentos de coleta

dos dados.

Quadro 1 - Etapas do Estudo de Avaliabilidade segundo objetivo e sua relação com as fontes

de dados e técnicas/instrumentos utilizados na pesquisa.

Objetivos Específicos da pesquisa Passos Fonte dos

dados Técnica/ins

trumentos

01

Examinar a conexão da PNPS

com a agenda de pactuação da

gestão do SUS;

Esclarecer

objetivos,

metas e ações

prioritárias da

PNPS

Documentos

oficiais, normas,

portarias,

programações e

relatórios sobre

a PNPS

Roteiro de

coleta nas

fontes

documentais

02

Identificar na Programação

Anual da Saúde - PAS, 2010 a

2012, dos municípios que

integram a região de saúde da

Ibiapaba as ações específicas

da PNPS;

03

Identificar no Relatório Anual

de Gestão - RAG, 2010 a 2012,

dos municípios que integram a

região de saúde da Ibiapaba as

ações específicas da PNPS;

04 Identificar a compreensão dos

gestores sobre a PNPS;

Desenvolvi

mento e

pactuação do

modelo lógico

Documentos

disponíveis

sobre a PNPS

Roteiro de

entrevista

05

Identificar os mecanismos

utilizados pela Região de

Saúde para a implementação da

PNPS na Região da Ibiapaba;

Entrevista

semiestruturada

para os

informantes-

chave (Apêndice

B e C)

Roteiro de

entrevista

06 Desenvolver o modelo lógico

da PNPS;

Modelo lógico

construído

Fontes

documentais e

Roteiro de

entrevista

44

(Conclusão)

Quadro 1 - Etapas do Estudo de Avaliabilidade segundo objetivo e sua relação com as fontes

de dados e técnicas/instrumentos utilizados na pesquisa.

Objetivos Específicos da pesquisa Passos Fonte dos

dados

Técnica/ins

trumentos

07 Analisar o Modelo Lógico

construído com a realidade

local;

Análise e

comparação

entre a

realidade do

programa e o

modelo lógico

Informações dos

documentos

oficiais do

programa e

Modelo lógico

construído

Fontes

documentais e

Modelo lógico

08

Identificar os elementos

dificultadores e facilitadores no

processo de execução das

ações da PNPS.

Recomenda

ções

Entrevista dos

informantes-

chave

Modelo lógico

Fonte: Elaborado pela autora a luz do referencial de avaliabilidade proposto por Leviton et. al. (1998).

Pesquisas a fontes documentais, técnica orientadora deste estudo, é um procedimento

metodológico que têm o documento como objeto de investigação. Este pode ser escrito e não

escrito, tais como: filmes, vídeos, slides, fotografias ou pôsteres (SÁ-SILVA, ALMEIDA e

GUINDANI, 2009). Nestas, os documentos são utilizados como fontes de informações,

indicações e esclarecimentos que trazem seu conteúdo para elucidar determinadas questões e

servir de prova para outras, de acordo com o interesse do pesquisador (FIGUEIREDO, 2007).

O roteiro de entrevista foi outra técnica que subsidiou a coleta de dados. O mesmo foi

direcionado aos gestores dos municípios e 13ª CRES da região de saúde, que abordaram

aspectos acerca da implantação da PNPS.

Este método tem a vantagem primordial de que são os mesmos atores sociais que

proporcionam os dados relativos à suas condutas, opiniões, desejos e expectativas

(LEOPARDI, 2001). Para esta autora ninguém melhor do que a própria pessoa envolvida para

falar sobre tudo aquilo que pensa ou sente do que tem experimentado.

De acordo com Tobar e Yalour (2001, p. 101) a entrevista baseia-se numa listagem de

perguntas ou temas a serem abordados em seu discurso. O ordenamento das perguntas e a

redação podem variar para cada entrevistado. “O pesquisador pode encontrar e seguir pistas e

novos temas, que surgem no curso da entrevista, mas o guia é um conjunto de instruções

claras às principais perguntas a serem feitas ou aos temas a serem explorados”.

Foram utilizados, na exploração da técnica de análise documental, os documentos

oficiais produzidos pelo Ministério da Saúde entre 2006 e dezembro de 2012. Os principais

45

critérios de escolha foram: documentos publicados em diário oficial, seminários e/ou

encontros que se encontram publicadas na página do Ministério da Saúde na internet,

publicações oficiais, informações dos diversos bancos de dados do Ministério da Saúde:

SISPACTO e Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Foram também fonte de

pesquisa os TCG e COAP assinados entre as secretarias estaduais e municipais de saúde com

o Ministério da Saúde.

4.1.7 Organização e análise dos dados

Como etapa inicial do processo avaliativo foi analisada os dados e informações de 2006

a dezembro de 2012. Este período foi selecionado, pois nele transcorreram as ações

específicas da PNPS desde a sua publicação até a data de início desta pesquisa.

Nessa etapa foi realizada uma primeira leitura flutuante dos documentos com o objetivo

de proporcionar destaque a dados julgados relevantes e estabelecer uma primeira

categorização. Após esta categorização, os textos foram relidos, sendo destacadas dos

mesmos as informações relevantes para a descrição da Política e contribuição para a

construção do modelo lógico da PNPS.

Nesta análise documental, foi possível identificar os objetivos da política, as ações

específicas e estratégicas de implantação para o seu desenvolvimento e implementação.

Na segunda etapa foi desenvolvido o modelo lógico e analisado com o propósito de

descrever de forma clara e coerente o modo de funcionamento da PNPS através de

documentos disponíveis sobre a PNPS no MS já analisados na etapa inicial e documentos dos

municípios (PAS e RAG). Paralelamente foi aplicado à entrevista semiestruturada para os

informantes-chave (APÊNDICE B e C) envolvidos diretamente na implementação da política.

Obteve-se o consentimento dos participantes para a realização das entrevistas, que foram

gravadas, transcritas e analisadas. O anonimato dos entrevistados e o sigilo das informações

foram garantidos.

Com o objetivo de analisar o conteúdo das informações coletadas a partir das entrevistas

com os informantes-chave foi utilizado o quadro 02 para categorizar as informações.

46

Quadro 2 - Categorização da Análise das Percepções dos Informantes-Chave.

Concepção dos gestores Implementação da PNPS na Região de Saúde

Formação/

Função/

tempo

Objetivos

da PNPS

Responsabi

lidades

Recursos

necessários

Facilidades

Dificuldades Resultados

Fonte: Elaborado pela autora

Após análise documental e categorização das informações dos informantes-chave foi

construída uma matriz com o modelo lógico da PNPS. Este produto foi apresentado aos

informantes-chave numa reunião da CIR, em uma das reuniões que acontecem mensalmente.

A terceira etapa foi constituída a partir da análise das informações dos participantes e

documentos oficiais do programa onde foi realizada a comparação entre a realidade do

programa e o modelo lógico, com o propósito de identificar se todos os elementos

identificados pelos informantes-chave ou descritos nos documentos oficiais do programa

foram considerados no modelo lógico.

A quarta etapa foi realizada a análise quanto à clareza e adequação dos objetivos e

metas da PNPS, buscou identificar possibilidades de superação de fragilidades e sugestões de

inclusões.

4.1.8 Aspectos éticos e legais da pesquisa

Quanto aos procedimentos éticos, esse estudo seguiu o que estabelece a Resolução Nº

466/2012 do CNS que trata dos princípios éticos em pesquisa com seres humanos que são: a

beneficência, a não maleficência, a autonomia e justiça.

Como garantia do sigilo das informações colhidas junto aos informantes-chave da

pesquisa em caso de uso das palavras destes, os mesmos tiveram sua identidade preservada.

Foi garantida no decorrer do estudo toda informação necessária. Não houve ocorrência que

ferisse a dignidades dos participantes ou que os expusesse.

Ressaltamos que a participação do sujeito no estudo foi registrada por meio da

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecida (TCLE - APÊNDICE A) dos

mesmos após leitura do texto do Termo e anuência a este. Subsidiamos, também, o estudo no

47

que concerne à observância aos princípios éticos, por meio da Carta de Anuência assinada

pela Coordenadora da 13ª Região de Saúde e do Termo de Fiel Depositário que foi anuído

pelos municípios de Viçosa do Ceará, Tianguá, Ubajara, Ibiapina, São Benedito, Carnaubal,

Guaraciaba do Norte e Croatá quanto à disponibilidade dos documentos sobre sua guarda

(APÊNDICE D e F).

Diante do exposto, acredita-se que houve a garantia dos preceitos éticos que envolvem a

pesquisa em seres humanos. O projeto de pesquisa foi inserido na Plataforma Brasil, avaliado

pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UVA, tendo sido recomendado pelo parecer Nº 384.441

de 04 de setembro de 2013.

4.1.9 Vivência da pesquisadora

Como primeiro passo para a coleta de dados solicitei a Coordenação Geral da Regional

de Saúde relação nominal e contatos telefônicos dos gestores e coordenadores da Atenção

Básica dos municípios da Região para agendamento para a realização da fase de campo das

entrevistas. O agendamento das entrevistas ocorria a partir da disponibilidade do sujeito. Em

três municípios entrevistamos o secretário de saúde e o coordenador da Atenção Básica no

mesmo dia. Nos demais, tornou-se necessário haver mais de um deslocamento para conseguir

o pleito.

Merece ressaltar que em dois municípios os gestores solicitaram antecipadamente o

roteiro de entrevista, solicitação que foi atendida por via impressa ou e-mail. Salientamos que,

foi necessário citar para os sujeitos as sete áreas específicas da PNPS para fins de

compreensão das perguntas norteadoras.

Houve dificuldade de inserção da entrevista na agenda dos gestores, principalmente os

secretários de saúde, diante as demandas diárias. Apesar do pouco tempo dos gestores, não

encontrei dificuldades em conseguir adesão de todos e fui muito bem recebida em todos os

municípios da 13ª Região de Saúde.

48

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo discorrem-se os resultados do estudo de avaliabilidade da PNPS,

orientados pelos objetivos específicos, os quais retomamos: Exame da conexão da PNPS com

a agenda de pactuação da gestão do SUS; identificação na Programação Anual da Saúde e nos

Relatórios Anuais de Gestão, 2010 a 2012, dos municípios que integram a região de saúde da

Ibiapaba as ações da PNPS; compreensão e implementação da PNPS na 13ª região de saúde: a

lente dos gestores; desenvolvimento e análise do Modelo Lógico da PNPS avançando na

identificação de elementos dificultadores e facilitadores no processo de execução das ações da

PNPS na região da Ibiapaba - CE.

5.1 A PNPS na Agenda do SUS

O texto da PNPS é visto em sua versão oficial, de seguinte forma: objetivos geral e

específicos, diretrizes, estratégias de implantação, responsabilidades das esferas de gestão e

ações específicas. Com a finalidade de dar mais visibilidade as conexões entre estes

elementos constituintes, elaborou-se uma matriz, expressa na Figura 3, a seguir. Evidenciam-

se, movimentos internos que demonstram a complexidade da mesma, porém, como afirma

Campos (2004), só se podia conceber a proposição de uma PNPS de modo transversal,

operando de forma articulada e integrada com diversas áreas especializadas, vários níveis de

complexidade e, em interface também com várias outras políticas.

As Responsabilidades de Gestão na Implementação da PNPS são distribuídas em 25

responsabilidades no total, sendo que 10 se apresentam como responsabilidades dos três entes.

Foi possível identificar 15 responsabilidades do ente federal, 16 do ente estadual e 19 do ente

municipal, conforme ilustrado na Figura 3. É importante está sob o ente municipal o maior

número de responsabilidades. Para Traverso-Yépez (2007), as orientações para a

implementação da PNPS, em sua grande maioria, estão voltadas para os gestores, realçando

que é no território lócus-regional que uma Política se faz viva.

49

(Continua)

* Elaborada pelas autoras

OBJETIVO

GERAL

Promover a

qualidade de

vida

Reduzir

vulnerabilidades

e riscos à saúde

relacionados aos

seus

determinantes e

condicionantes

AÇÕES

ESPECÍFICAS

Promoção da

Sustentabilidade

Incorporar ações de Promoção da

Saúde na AB

Ampliar os processos de integração,

com base na cooperação, solidariedade

e gestão democrática

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Prevenir fatores determinantes e/ou

condicionantes de doenças e agravos

Estimular a adoção de modos de viver

não-violentos

Desenvolver uma cultura de paz no

país

Ampliar autonomia e co-

responsabilidade de sujeitos,

coletividades e poder público para

minimizar e/ou extinguir as

desigualdades

Promover entendimento da concepção

ampliada de saúde entre trabalhadores

de saúde

Contribuir para resolubilidade do

sistema (qualidade – eficácia –

eficiência – segurança das ações de

PS)

Estimular alternativas inovadoras e

socialmente inclusivas das ações de PS

Valorizar o uso de espaços públicos

para o desenvolvimento das ações de

PS

Favorecer a preservação do meio

ambiente e promoção de ambientes

mais seguros e saudáveis

Contribuir a elaboração de políticas

públicas integradas para a melhoria da

qualidade de vida

ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO RESPONSABILIDADE DAS

ESFERAS DE GESTÃO DIRETRIZES

Reconhecer na promoção

da saúde uma parte

fundamental da busca da

eqüidade, da melhoria da

qualidade de vida e de

saúde

Estimular as ações

intersetoriais, buscando

parcerias que propiciem o desenvolvimento

integral das ações de

promoção da saúde

Divulgar e informar das

iniciativas voltadas para

a promoção da saúde

para profissionais de

saúde, gestores e

usuários do SUS,

considerando

metodologias

participativas e o saber

popular e tradicional

Estruturação e fortalecimento das ações de promoção da saúde no

Sistema Único de Saúde, privilegiando as práticas de saúde

sensíveis à realidade do Brasil

Estímulo à inserção de ações de promoção da saúde em todos os

níveis de atenção, com ênfase na atenção básica, voltadas às ações

de cuidado com o corpo e a saúde; alimentação saudável e

prevenção, e controle ao tabagismo

Desenvolvimento de estratégias de qualificação em ações de

promoção da saúde para profissionais de saúde inseridos no

Sistema Único de Saúde;

Apoio técnico e/ou financeiro a projetos de qualificação de

profissionais para atuação na área de informação, comunicação e

educação popular referentes à promoção da saúde que atuem na

Estratégia Saúde da Família e Programa de Agentes Comunitários

de Saúde:

Apoio a estados e municípios que desenvolvam ações voltadas

para a implementação da Estratégia Global, vigilância e prevenção

de doenças e agravos não transmissíveis

Apoio à criação de Observatórios de Experiências Locais

referentes à Promoção da Saúde

Criação e divulgação da Rede de Cooperação Técnica para

Promoção da Saúde

Inclusão das ações de promoção da saúde na agenda de atividades

da comunicação social do SUS;

Inclusão da saúde e de seus múltiplos determinantes e

condicionantes na formulação dos instrumentos ordenadores do

planejamento urbano e/ou agrário (planos diretores, agendas 21

locais, entre outros)

Apoio ao desenvolvimento de estudos referentes ao impacto na

situação de saúde considerando ações de promoção da saúde

Estabelecimento de intercâmbio técnico-científico visando ao

conhecimento e à troca de informações decorrentes das

experiências no campo da atenção à saúde, formação, educação

permanente e pesquisa com unidades federativas e países onde as

ações de promoção da saúde estejam integradas ao serviço público

de saúde:

Promover mudanças na

cultura organizacional,

com vistas à adoção de

práticas horizontais de

gestão e estabelecimento

de redes de cooperação

intersetoriais

Fortalecer a participação

social como fundamental

na consecução de

resultados de promoção

da saúde, em especial a

eqüidade e o

empoderamento

individual e comunitário

Incentivar a pesquisa em

promoção da saúde,

avaliando eficiência,

eficácia, efetividade e

segurança das ações

prestadas

Alimentação Saudável

Prática corporal/

Atividade física

Prevenção/Controle

do Tabagismo

Redução da

morbimortalidade em

decorrência do uso de

Álcool e drogas

Redução da

morbimortalidade por

acidentes de Trânsito

Estímulo à Cultura de

Paz

ESFERA FEDERAL 15 responsabilidades

ESFERA

MUNICIPAL 19 responsabilidades

ESFERA ESTADUAL 16 responsabilidades

Figura 3 - Matriz da PNPS de acordo com a Portaria Nº 687 de 30 de março de 2006.

50

(Conclusão)

Figura 3 - Matriz da PNPS à luz da Portaria Nº 687 de 30 de março de 2006.

Fonte: Elaborado pela autora

51

A complexidade da implementação da PNPS, como podemos inferir, requer a

articulação de vários segmentos, setores e atores que precisam trabalhar de forma integrada

tanto no que se refere aos três entes federados quanto na articulação interna e externa as

Políticas, Ações e Estratégias do Ministério da Saúde.

As fontes documentais examinadas demonstram a amplitude da PNPS, se examinada

por meio de lentes que permita enxergá-la para além das ações específicas anunciadas no

texto da própria PNPS. Para cada ação específica pode-se identificar interfaces com outras

políticas, programas e/ou projetos.

Para Traverso-Yépez (2007) a PNPS como uma das estratégias de produção de saúde

aparece articulada com as outras políticas e tecnologias do SUS, possibilitando então o foco

nos determinantes sociais da saúde. A inferência pode ser compreendida se tomarmos em

consideração o referencial de Promoção da Saúde expresso no texto introdutório da PNPS que

a define como: uma intenção de reconhecer e operacionalizar a promoção da saúde,

ratificando o compromisso do SUS com a promoção da saúde, a inserindo nas demais

políticas nacionais. Tal conceito sinaliza para uma necessária reflexão que a estruturação da

operacionalização da PNPS não está subscrita apenas às ações específicas, mas em processos

desencadeados pelo Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.

Tomando em consideração a transversalidade da Promoção da Saúde, foi identificada a

interface da PNPS com as demais Políticas, Programas e Projetos vinculados a Política

Nacional de Saúde, embora se reconheça que o campo da Promoção da Saúde não tem seus

limites contornados no setor saúde. A Figura 4 visa apresentar estas conexões.

52

A Figura 4 nos conduz a interpretação que as interfaces da PNPS com outras Políticas

e/ou Projetos estratégicos da Política Nacional de Saúde se dá, fundamentalmente, a partir da

aproximação com as áreas específicas expressas na PNPS. Ao tempo em que este dado pode

evidenciar uma clara priorização da Política de Saúde trabalhar com problemas emergentes;

visto que estes se encontram presentes tanto em iniciativas específicas quanto em Políticas

mais abrangentes; também é possível problematizar se esta direção não revela uma visão

comportamentalista da Promoção da Saúde e, consequentemente da própria PNPS, visto que,

Figura 4 - Interface da Política Nacional de Promoção da Saúde (Portaria Nº 687 MS/GM, de 30 de março de 2006) com demais programas e projetos do SUS

Objetivos Diretrizes Estratégia de

Implementação Responsabilidades

federativas AÇÕES

Alimentação Saudável

Prática

corporal/Atividade

física

Tabagismo

Álcool e drogas

Prevenção da Violência e

Estímulo a Cultura de

Paz

Sustentabilidade

Acidentes de Trânsito

Divulgação e

implementação da

PNPS

Inserção no Pacto pela Saúde –

2006; Realização Seminários;

Publicação de Anais; Inserção

no COAP

Política Nacional de

Alimentação e Nutrição

Programa Academia da Saúde

Programa Nacional de Controle

do Tabagismo no Brasil

Política do MS para a Atenção

Integral aos Usuários de Álcool

e outras Drogas

Política Nacional de Redução da

Morbimortalidade por Acidentes

de Trânsito

Princípios da Cultura de Paz

Interface entre saúde e meio

ambiente

Fonte: Elaborado pela autora

53

ao tema promoção da saúde, apresenta duas tendências de abordagens principais, conforme

descrito por Buss (2009): uma com enfoque comportamental, guiada pelos hábitos e estilos de

vida e outra guiada pela concepção de qualidade de vida e pelos determinantes gerais das

condições de vida e saúde da sociedade.

Outra leitura que a Figura 4 nos permite é a inferência da interface da promoção da

saúde com documentos de gestão orientadores da Política Nacional de Saúde. Neste sentido,

destaca-se o Pacto pela Saúde e, mais recentemente o Contrato Organizativo de Pública.

No ano de 2006, o Pacto pela Saúde foi publicado através da Portaria/GM nº 399, de 22

de fevereiro e consolidou no Sistema Único de Saúde. Desta forma um Pacto firmado entre os

gestores do SUS, em três dimensões: Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de

Gestão. Esse Pacto é resultante de um intenso trabalho de discussão de cerca de dois anos, e

apresentou mudanças significativas para a execução do SUS. Este processo de habilitação das

competências e atribuições dos entes federado foi substituído pela adesão solidária aos

Termos de Compromisso de Gestão (BRASIL, 2006).

Ainda que o Pacto pela Saúde tenha sido publicado anterior a PNPS, pode ser

visualizada na dimensão do Pacto pela Vida, a promoção da saúde como responsabilidade das

três esferas de gestão. O compromisso dos gestores do SUS com a promoção da saúde é

perceptível neste documento, com ênfase na atividade física regular e alimentação saudável.

O trecho a seguir, extraído do texto do Pacto pela Saúde, revela o dito:

Elaborar e implementar uma Política de Promoção da Saúde, de responsabilidade

dos três gestores; Enfatizar a mudança de comportamento da população brasileira de

forma a internalizar a responsabilidade individual da prática de atividade física

regular, alimentação adequada e saudável e combate ao tabagismo; Articular e

promover os diversos programas de promoção de atividade física já existentes e

apoiar a criação de outros; Promover medidas concretas pelo hábito da alimentação

saudável; Elaborar e pactuar a Política Nacional de Promoção da Saúde que

contemple as especificidades próprias dos estados e municípios devendo iniciar sua

implementação em 2006 (BRASIL, 2006).

Em 30 de março de 2006, a Política Nacional de Promoção da Saúde é instituída por

meio da Portaria Nº 687, com o objetivo principal de promover a qualidade de vida e reduzir

vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes,

conforme já referenciamos anteriormente.

Evidencia-se que o texto da PNPS enfatiza o que foi proposto pelo Pacto como

elaboração, divulgação e implementação da PNPS; alimentação saudável; prática

54

corporal/atividade física; prevenção e controle do tabagismo a serem trabalhadas por todas as

esferas de gestão. Lembrando que ambos foram instituídos quase que concomitantemente,

tendo o pacto antecedido dias a PNPS. A convergência entre processos orientadores da

Política Nacional de Saúde é por nós vista como uma fortaleza para potencializá-la.

Neste ínterim de apresentar a PNPS e correlacioná-la com os demais movimentos e

processos da Política Nacional de Saúde, registramos que, passados seis anos da

institucionalização da PNPS, temos a regulamentação pelo Poder Executivo Federal da Lei nº

8.080, por meio do Decreto nº 7.508, de 2011 visando dar transparência à gestão do SUS, por

intermédio do Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde. Neste, são definidas, entre

outros aspectos, as responsabilidades e as atribuições de cada ente federado na provisão de

ações e serviços de saúde, os investimentos na rede de serviços, além dos critérios de

avaliação dos resultados e formas de monitoramento permanente (BRASIL, 2011).

Dentre as diretrizes e metas pactuadas identificamos na diretriz 2 – Aprimoramento da

Rede de Atenção às Urgências, com expansão e adequação de Unidades de Pronto

Atendimento (UPA), de Serviços de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), de prontos-

socorros e centrais de regulação, articulada às outras redes de atenção, como indicador

universal: Proporção de unidades de saúde com serviço de notificação de violência

implantada; na diretriz 7 – Redução dos riscos e agravos à saúde da população, por meio das

ações de promoção e vigilância em saúde, como indicador específico a proporção de polos do

Programa Academia da Saúde com profissional de saúde vinculado e na diretriz 12 –

Implementação de novo modelo de gestão e instrumentos de relação federativa, com

centralidade na garantia do acesso, gestão participativa com foco em resultados, participação

social e financiamento estável, como indicador específico a proporção de municípios da

região com ações ou políticas de promoção de equidade contempladas nos respectivos planos

de saúde.

Identifica-se nestes indicadores uma relação com as ações específicas da PNPS.

Inferência que reforça a centralidade das ações específicas no módus operandi da referida

Política. Este olhar de algum modo “reducionista” da PNPS é problematizado nos

movimentos de revisão a que esta foi submetida. Como dito anteriormente, desde final de

2013, a PNPS vem passando por um processo de revisão. Em texto preliminar para a reedição

da PNPS, objeto de estudo e discussão no Seminário Nacional de revisão da PNPS, ocorridos

nos dias 15 e 16 de maio deste ano (2014), foi argumentado que nos últimos anos o MS

55

assumiu novas demandas e compromissos nacionais e internacionais que o impulsionaram a

um processo de revisão da PNPS; com destaque para algumas ações sociais coordenadas pela

Casa Civil com vistas ao enfrentamento da Pobreza e Segurança viável. É referido ainda

mudanças na legislação, como a publicação do Decreto nº 7.508, de 2011, que regulamentou a

Lei orgânica da Saúde (Lei no.

8.080/90), dispondo sobre a articulação interfederativa com

ênfase na equidade entre as regiões de saúde, e da Lei Complementar nº 141, de 2012, que

regulamentou a Emenda Constitucional nº 29 e estabeleceu os critérios de rateio dos recursos

de transferências para a saúde (BRASIL, 2012).

No âmbito Internacional, eventos importantes promovidos pela Organização das Nações

Unidas – ONU e suas agências, cujas Declarações foram ratificadas pelo Governo Brasileiro,

também trouxeram desafios e propostas a serem consideradas nas políticas públicas, em

particular para a PNPS. É citado como exemplos: o Fórum Global ocorrido em abril de 2011

em Moscou, cujo objetivo foi enfrentar o desafio das Doenças Crônicas Não Transmissíveis; a

Reunião de Alto Nível da ONU sobre Doenças Crônicas Não Transmissíveis ocorrida em

Nova York, setembro de 2011; a conferência sediada pelo estado brasileiro da Cúpula

Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde, ocorrida no Rio de Janeiro, em outubro de

2011; a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável também ocorrida

no Rio de Janeiro em junho de 2012; e finalmente a Conferência Global de Promoção da

Saúde, tematizada Saúde em todas as Políticas que ocorreu em Helsinque em junho de 2013

(BRASIL, 2014).

A estrutura prevista para a “nova” PNPS é orientada por Princípios e Valores que

representam o fundamental de todas as práticas e ações na esfera de atuação da PNPS;

Objetivos que sinalizam a imagem objetivo; Diretrizes, compreendidas como linhas que

fundamentam as ações e explicitam as finalidades da PNPS; Eixos Transversais enquanto

referências para a formulação da agenda de promoção da saúde, seguidos as Estratégias

Operacionais e Temas Prioritários para a operacionalização da PNPS (BRASIL, 2014).

Esta estrutura sinaliza a ampliação do alcance das ações de promoção da saúde

orientado por princípios e valores latos consonantes com uma promoção da saúde definida por

Buss (2000) como uma abordagem guiada pela concepção de qualidade de vida e pelos

determinantes gerais das condições de vida e saúde da sociedade. Entretanto, entendemos que

a estrutura de uma Política representa uma intencionalidade, uma norma, mas, por si só não

garantirá sua efetivação. Os temas prioritários não podem ser lidos unilateralmente como

56

única possibilidade de implementação/financiamento da PNPS, para que não seja equiparada

ao desenho de ações estratégicas da versão anterior da PNPS. A expectativa é que a nova

versão da PNPS amplie as possibilidades de ações em Promoção da Saúde fundada nos

determinantes da saúde e, que seja tomada em considerações os contextos territoriais e a

capacidade inventiva destes como respostas as suas necessidades e desejos.

Tendo registrado a PNPS no seu contexto nacional, prossegue-se a análise da

implementação desta com um olhar mais focado na Região de Saúde, lócus desta

investigação.

5.2 A PNPS numa Região de Saúde do Ceará

A Região de Saúde da Ibiapaba está localizada no Noroeste do estado do Ceará, distante

350 km de Fortaleza, por via terrestre, mais precisamente, no Planalto da Ibiapaba, através da

BR 222. Denominada 13ª CRES. A população da região é de 298.017 habitantes (IBGE,

2011). É composta por oito municípios assim denominados: Carnaubal, Croatá, Guaraciaba

do Norte, Ibiapina, São Benedito, Tianguá, Ubajara e Viçosa do Ceará.

A Região de Saúde dispõe dos níveis básico e secundário de atenção à saúde, estabelece

como porta de entrada na rede básica as Unidades Básicas de Saúde (Estratégia Saúde da

Família) e os serviços de Vigilância à Saúde. Na atenção secundária possui hospitais

municipais de pequeno porte e médio para atendimentos locais e um Hospital de referência,

Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, um Centro de Atenção a Saúde do Trabalhador -

CEREST, um Centro de Especialidades Odontológicas – CEO. A região conta com 278

estabelecimentos de saúde entre Unidades Básicas de Saúde e estabelecimentos de média

complexidade, cadastrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES

(competência março/14). Todos os municípios desta Região de Saúde foram contemplados no

estudo para um potencial alcance da PNPS.

Nos oito municípios da Região de Saúde foi assinado o Termo de Compromisso de

Gestão – TCG. Recorda-se que no item 1 do TCG foi definido as responsabilidades gerais da

gestão do SUS, e, mais especificamente no subitem 1.2 define-se as ações de promoção da

saúde, prevenção de riscos, danos e agravos. Foi averiguado no TCG do ano de 2010, que

todos os municípios da região estudada pactuaram em seus termos de compromisso que

realizavam as ações descritas no item 1.2 em seus territórios.

57

Outro instrumento de pactuação na Região de Saúde foi o COAP, documentos este

assinada em 2012 pelos prefeitos e gestores de saúde, firmando um compromisso regional

para cumprimento das diretrizes e metas firmadas no Contrato. Relacionado à PNPS, e a

Região de Saúde estudada assumiu, em seu contrato, o compromisso com o indicador:

Proporção de unidades de saúde com serviço de notificação de violência implantada.

Considera-se, entretanto, que a expectativa de implementação da PNPS monitorada por

um único indicador é insuficiente. Sendo assim ainda que este indicador diz respeito apenas a

uma das ações específicas. Nos discursos dos gestores evidencia-se o desconhecimento destes

em relação a esse indicador pactuado no COAP em 2013, embora, esse instrumento tenha sido

pactuado pelos próprios gestores da Região. (Ainda neste tópico discute-se os indicadores

identificados pelos gestores referentes à implementação da PNPS).

Além do COAP, durante a fase de análise dos documentos, foram acessados dois

instrumentos fundamentais para a gestão municipal: Programação Anual de Saúde - PAS e

Relatório Anual de Gestão-RAG, visto que estes se constituem como pré-requisitos para o

financiamento da Política de Saúde no âmbito municipal, além de, mais recentemente terem

sido inseridos na Lei 141/2012 que Regulamenta o Art. 198 da Constituição Brasileira, que

dispõe sobre os valores mínimos a serem aplicados pelos entes federados e estabelece as

normas de fiscalização, avaliação e despesas com saúde (BRASIL, 2012).

A leitura da PAS e do RAG foi orientada no sentido de identificar se as ações previstas

pela PNPS constavam nestes instrumentos estratégicos de gestão. O quadro 3, apresenta o

resultado deste processo de busca nos anos de 2010, 2011 e 2012. O ano de 2013 não foi

incluído nesta etapa do estudo em função da data em que os municípios apresentaram seus

Relatórios de Gestão, março de 2014. Quanto a Programação Anual alguns municípios ainda

não haviam aprovado no Conselho Municipal de Saúde, o referido instrumento estava em

processo de construção. Portanto, posterior à saída de campo das pesquisadoras.

58

Quadro 3 - Distribuição das ações específicas da PNPS nos Instrumentos de Gestão (PAS e

RAG) dos Municípios da 13ª CRES Região de Saúde.

Fonte: Elaborado pela autora

LEGENDA:

Ao todo foram analisados 48 instrumentos de gestão dos municípios da Região de

Saúde, sendo 24 Programações Anuais de Saúde – PAS relativas aos anos de 2010, 2011 e

2012 e 24 Relatórios Anuais de Gestão – RAG também relativos ao mesmo período.

Constata-se que dos 08 municípios estudados, 5 pactuaram ações da PNPS em seus

Instrumentos de Gestão, no eixo Atenção Integral à Saúde e/ou Vigilância à Saúde. Este dado

nos permite inferir que a PNPS ainda precisa está presente de forma mais específica em 3

municípios, para se tornar uma Política organicamente incorporada às demais Políticas do

SUS, no âmbito da região estudada.

Considerando uma relação próxima entre financiamento e implementação de uma

Política nos cenários municipais/regional; em seguida foi realizada uma análise do

investimento da PNPS na 13ª Região de Saúde no Ceará.

Registra-se que os repasses aconteceram do Fundo Nacional de Saúde (Ministério da

Saúde) para o Fundo Estadual do Ceará e ou Fundo Municipal. Enfatiza ainda que o

financiamento era orientado pela lógica das Ações Específicas. Neste sentido, identificou que

houve mais investimentos para algumas Ações Específicas da PNPS.

MUNICÍPIOS 2010 2011 2012

PAS RAG PAS RAG PAS RAG

Município A S S S S S S

Município B S S S S S S

Município C N N N N N N

Município D S S S S S S

Município E N N N N N N

Município F N N N N N N

Município G S S S S S S

Município H S S S S S S

Municípios que possuem ações específicas da PNPS na PAS e RAG

Municípios que não possuem ações específicas da PNPS na PAS e RAG

S-SIM

N-NÃO

59

(Continua)

O quadro 4, a seguir, visa dimensionar quais as Ações Específicas da PNPS que foram

financiadas, no âmbito nacional, estadual e regional e os respectivos valores financeiros

investidos desde sua institucionalização (2006) até o ano de 2012.

Quadro 4 - Distribuição dos recursos financeiros destinados à execução de ações da PNPS

Brasil/Ceará/ 13ª Região de Saúde.

Ano Áreas específicas

Recursos Investidos

Brasil Estado do

Ceará

13ª Região de

Saúde/CE

População (DATASUS/ANO 2012)

193.976.530

(100%)

8.606.005

(4,4%)

306.828

(3,5%)

2006 I - Redução da Morbimortalidade

por acidentes de trânsito;

II - Prevenção da Violência e

estímulo à cultura de paz.

R$ 824.031,00 R$ 42.258,00 R$ 0,00

2007 I - Alimentação Saudável

II - Prática corporal/ atividade

física.

III - Redução da Morbimortalidade

por acidentes de trânsito.

IV - Prevenção da Violência e

estímulo à cultura de paz.

R$ 18.581.773,00

R$ 1.402.258,00

R$ 100.000,00

20081 I - Alimentação saudável;

II - Prevenção e controle do

tabagismo;

III- Prática corporal/ atividade

física.

IV- Redução da Morbimortalidade

em decorrência do uso abusivo do

álcool e outras drogas;

V- Redução da Morbimortalidade

por acidentes de trânsito;

VI - Prevenção da Violência e

estímulo à cultura de paz;

VII – Promoção do

desenvolvimento sustentável.

R$ 35.712.639,41

R$ 1.280.229,73

R$ 52.643,67

1As portarias constavam as sete ações da PNPS, os municípios da 13ª Região de Saúde ao enviar o projeto

optaram por trabalhar as ações: Prática corporal/ atividade física; Redução da Morbimortalidade por acidentes de

trânsito; Prevenção da Violência e estímulo à cultura de paz.

60

(Continuação)

Quadro 4 - Distribuição dos recursos financeiros destinados à execução de ações da PNPS –

Brasil/Ceará/ 13ª Região de Saúde.

Ano Áreas específicas

Recursos Investidos

Brasil Estado do

Ceará

13ª Região de

Saúde/CE

População (DATASUS/ANO 2012)

193.976.530

(100%)

8.606.005

(4,4%)

306.828

(3,5%)

2009¹ I - Alimentação saudável;

II - Prevenção e controle do

tabagismo;

III- Prática corporal/ atividade

física.

IV- Redução da Morbimortalidade

em decorrência do uso abusivo do

álcool e outras drogas;

V- Redução da Morbimortalidade

por acidentes de trânsito;

VI - Prevenção da Violência e

estímulo à cultura de paz;

VII – Promoção do

desenvolvimento sustentável.

R$ 64.195.950,00 R$ 2.574.850,00 R$ 240.000,00

2010¹

I - Alimentação saudável;

II - Prevenção e controle do

tabagismo;

III- Prática corporal/ atividade

física.

IV- Redução da Morbimortalidade

em decorrência do uso abusivo da

álcool e outras drogas;

V- Redução da Morbimortalidade

por acidentes de trânsito;

VI - Prevenção da Violência e

estímulo à cultura de paz;

VII – Promoção do

desenvolvimento sustentável.

R$ 55.070.000,00

R$ 1.481.875,00

R$ 175.000,00

2011¹-2

I - Alimentação saudável;

II - Prevenção e controle do

tabagismo;

III- Prática corporal/ atividade

física.

IV- Redução da Morbimortalidade

em decorrência do uso abusivo do

álcool e outras drogas;

V- Redução da Morbimortalidade

por acidentes de trânsito;

VI - Prevenção da Violência e

estímulo à cultura de paz;

VII – Promoção do

desenvolvimento sustentável.

R$

135.211.500,00

Academia de

Saúde

R$ 73.500.000,00

R$ 4.703.000,00

Academia de

Saúde

R$ 2.140.000,00

R$ 197.000,00

2 Apesar dos recursos para construção e custeio de academia de saúde não serem oriundos do Piso Variável de

Vigilância e Promoção, consideramos a sua inclusão importante por fomentar, implantar e implementar ações

específicas da PNPS como a Prática corporal/atividade física.

61

(Conclusão)

Quadro 4 - Distribuição dos recursos financeiros destinados à execução de ações da PNPS –

Brasil/Ceará/ 13ª Região de Saúde.

Ano Áreas específicas

Recursos Investidos

Brasil Estado do

Ceará

13ª Região de

Saúde/CE

População (DATASUS/ANO 2012)

193.976.530

(100%)

8.606.005

(4,4%)

306.828

(3,5%) 2012¹-²

I - Alimentação saudável;

II - Prática corporal/ atividade

física.

III - Redução da Morbimortalidade

por acidentes de trânsito;

IV - Prevenção da Violência e

estímulo à cultura de paz.

R$

181.208.000,00

Academia da

Saúde

R$ 98.760.000,00

R$ 5.382.000,00

Academia da

Saúde

R$ 1.340.000,00

R$ 240.000,00

TOTAL DE RECURSOS R$ 490.803.893,41

(100%)

R$ 16.866.470,73

(3,4%)

R$ 1.004.643,67

(6,0%)

Fonte: Elaborado pela autora

Ressalta-se que, para fins deste registro, foi consultado 65 normas, sendo 3 editais e 62

portarias de financiamento da PNPS para fins de análise do valor dos recursos destinados a

execução da PNPS, visto que, não há disponibilidade de dados estratificados por região nos

documentos oficiais. Entrou em cena, portanto, o ofício do pesquisador de contabilizar todas

as informações.

Para fins de entendimento do quadro 4, registramos que no período de 2008 a 2011 foi

disponibilizada aos municípios a possibilidade de definir as ações específicas da PNPS a

serem trabalhadas, dentre as sete Áreas Específicas da PNPS. O município construía o

projeto na área considerada de maior relevância para ser desenvolvida em seus territórios. Nos

documentos verificados não identificamos em quais áreas os municípios optaram para

trabalhar. Neste sentido, para fins de análise da priorização das Áreas Específicas financiadas,

consideramos as sete áreas.

A análise do quadro 4, nos permite identificar que os recursos transferidos do Fundo

Nacional de Saúde para o Estado do Ceará representou 3,4% do total de recursos investidos

pelo Ministério da Saúde para fins de implementação das ações específicas da PNPS. Ao

analisarmos proporcionalmente, a população cearense em relação à população brasileira. Pode

se identificar que o Ceará responde por 4,4% do total da população brasileira (IBGE/2012).

62

Por esta lente, identifica-se que o recurso financeiro repassado para o Ceará é inferior ao

esperado, se tiver com referência a base populacional. Se for ampliada esta lente para outras

interpretações, podemos relacionar o investimento financeiro com o número de Equipes da

Estratégia Saúde da Família no Estado do Ceará (ESF, ESF M1, ESF M2). O Ceará dispõe de

1.789 equipes, representando 3,8% do total de equipes no Brasil. Novamente existe um

investimento menor para o Estado, se tomado em consideração, o número de equipe da ESF.

Ou seja, em ambas as situações, o repasse não foi fator impulsionador da Política no estado.

Caberia aqui ainda uma discussão sobre o princípio da equidade, se considerar os indicadores

sociais do estado. Mas, nos limitamos, para este momento com as reflexões apresentadas.

Prosseguindo com a análise do quadro 4, quando se segmenta a análise comparativa

para a região de saúde em estudo, constatamos que a 13ª Região de Saúde representa 3,5% da

população cearense (DATASUS/IBGE/2012), e que recebeu em recursos financeiros para

implementar as ações da PNPS o equivalente a 6% dos recursos disponibilizados para o

Estado do Ceará. Assim, contrariamente ao dito na relação ao Ceará/Brasil, identifica-se um

investimento para efetivação da Política na 13ª Região superior a média estadual. No entanto,

é preciso verificar que um dos municípios da Região de Saúde não recebeu financiamento

para tal fim, visto que não submeteu projeto aos editais e portarias publicados pelo Ministério

da Saúde para investimento das ações específicas da PNPS, no período avaliado. O exposto

nos coloca a frente de um questionamento (não possível de ser respondido neste estudo), será

que a proporção de financiamento para os municípios cearenses inferior a média nacional se

deveu a não apresentação de projetos? Todos os projetos apresentados foram financiados?

Como referido anteriormente, a construção de Academia de Saúde com o objetivo de

fomentar Prática Corporal e Atividade Física foi considerada como ação de promoção da

saúde incentivada pelo Ministério da Saúde. Igualmente, elucida-se que até o ano de 2012,

não foi localizado investimentos com esta finalidade na Região estudada.

O exposto até aqui nos conduz a concordar com Malta e Castro (2009), ao afirmarem

que apesar do enorme avanço para a consolidação da PNPS, o investimento com recursos

financeiros para a implementação desta são inferiores aos desejáveis. Acrescentamos ainda

que além da insuficiência de financiamento, ensejamos que outras insuficiências sejam

suplantadas, como aquelas relacionadas à própria compreensão de promoção da saúde e a

incorporação desta nas práticas de atenção, gestão, formação e controle social.

63

(Continua)

Neste sentido nos direcionamos ao próximo tópico que visa apresentar os gestores da

Região de Saúde, sujeitos deste estudo, e suas concepções sobre promoção da saúde.

5.3 Concepções de Promoção da Saúde expressas pelos gestores da 13ª Região de

Saúde

Os gestores (Coordenador regional, secretários municipais de saúde e coordenadores de

atenção básica e de vigilância) da 13ª. Região de Saúde constituem-se como profissionais com

formação universitária, predominando a categoria enfermeiro; embora tenhamos

farmacêutico, administrador de empresa, pedagogo e fisioterapeuta; todos com mais de dez

(10) anos de trabalho no SUS, sempre na mesma região de saúde.

Esta permanência significativa de tempo de trabalho no SUS e na região pode se

configurar como um potencializador de vínculo e de uma relação de pertencimento ao

território, características consideradas importantes para a promoção da saúde.

Oportunamente indagamos a estes gestores suas concepções acerca da Promoção da

Saúde. Partimos de uma análise da PNPS. Inicialmente, indagamos acerca dos objetivos da

referida Política. O quadro 5 apresenta a relação entre os objetivos expressos pela PNPS

(Brasil, 2006) e os objetivos anunciados pelos gestores como objetivos da referida política.

Quadro 5 - Comparação entre os objetivos da PNPS e os objetivos citados pelos gestores da

13ª Região de Saúde, 2014.

Objetivos da PNPS Objetivos apontados pelos gestores da 13ª

Região de Saúde

1. Promover a qualidade de vida e reduzir

vulnerabilidades e riscos à saúde

relacionados aos seus determinantes e

condicionantes

- Melhorar a questão da qualidade de vida da

população

- Melhorar a qualidade de vida dos usuários

- Promover a qualidade de vida e reduzir as

vulnerabilidades e riscos à saúde

- Melhor qualidade de vida pra população

2. Incorporar ações de Promoção da Saúde

na AB

- Promover a política de trabalho da

promoção à saúde nas unidades básicas

64

(Conclusão)

Quadro 5 - Comparação entre os objetivos da PNPS e os objetivos citados pelos gestores da

13ª Região de Saúde, 2014.

Objetivos da PNPS Objetivos apontados pelos gestores da 13ª

Região de Saúde

3. Ampliar autonomia e

corresponsabilidade de sujeitos,

coletividades e poder público para

minimizar e/ou extinguir as desigualdades.

- Levar informação ao nosso usuário

- Estimular a população a cuidar da sua saúde

através das ações propostas pela política

- Orientação e a educação da população em

relação a sua parcela de participação na saúde

4. Promover entendimento da concepção

ampliada de saúde entre trabalhadores de

saúde

- Não relatado pelos gestores

5. Contribuir para resolubilidade do

sistema (qualidade – eficácia – eficiência –

segurança das ações de PS)

- Mudar o paradigma nos modelos

assistenciais e curativos

6. Estimular alternativas inovadoras e

socialmente inclusivas das ações de PS

- Não relatado pelos gestores

7. Valorizar o uso de espaços públicos para

o desenvolvimento das ações de PS

- Não relatado pelos gestores

8. Favorecer a preservação do meio

ambiente e promoção de ambientes mais

seguros e saudáveis

- Não relatado pelos gestores

9. Contribuir a elaboração de políticas

públicas integradas para a melhoria da

qualidade de vida

- Não relatado pelos gestores

10. Ampliar os processos de integração,

com base na cooperação, solidariedade e

gestão democrática

- Não relatado pelos gestores

11. Prevenir fatores determinantes e/ou

condicionantes de doenças e agravos

- Promover a saúde e prevenir as doenças;

- Esclarecer a população e alertar para as

ações de prevenção

12. Estimular a adoção de modos de viver

não-violentos

- Adotar hábitos saudáveis de vida

13. Desenvolver uma cultura de paz no

país

- Não relatado pelos gestores

Foi possível concluir que os gestores apresentaram conhecimento parcial acerca da

intencionalidade da PNPS, sem, contudo, reproduzir literalmente os objetivos. De um objetivo

geral e 12 objetivos específicos expressos na PNPS, infere-se correspondência aos objetivos

manifestados pelos gestores no objetivo geral e em 04 (quatro) específicos.

65

Considerando que o objetivo geral denota a imagem-objetiva de um processo. É válido

destacar o entendimento de alguns gestores que a PNPS se configura como uma possibilidade

de contribuição para uma mudança paradigmática do modelo assistencial. Destaca-se ainda

que também fosse sinalizado por estes, a perspectiva da PNPS contribuir para a melhoria da

qualidade de vida e ação sobre as vulnerabilidades, sinalizando uma leitura sobre a ação dos

determinantes da saúde na promoção da saúde da população.

No que concerne à correspondência aos objetivos específicos, entendendo-os como

orientadores do módus operandi, portanto, fundamental para a gestão em saúde, identifica-se

uma incipiência quanto ao conhecimento dos gestores, sendo os objetivos referidos aqueles

mais relacionados diretamente a incorporação da promoção da saúde na atenção básica, na

ampliação da autonomia e corresponsabilização, na prevenção de fatores determinantes e ou

condicionantes de agravos e na adoção de modos de viver não-violentos. Estes objetivos

revelam uma tendência de uma perspectiva de promoção da saúde que dialoga mais

proximamente da abordagem comportamental com ênfase preventivista ao focá-la em um

processo de trabalho voltado, predominantemente, para uma visão de atribuir o cuidado como

responsabilidade do indivíduo e orientada pela prevenção de doenças. Esta inferência coaduna

com o que já foi expresso anteriormente respaldado em Buss (2009), ao enfatizar que esta

abordagem está orientada por ações de promoção da saúde relacionada a hábitos e estilos de

vida, não considerando a determinação de fatores macro estruturais.

Valores orientadores da Promoção da Saúde e que dialogam com um conceito lato de

saúde, tais como: ações inovadoras e inclusivas, preservação do meio ambiente, promoção de

ambientes seguros e saudáveis, integração de políticas, solidariedade, gestão democrática e

cultura de paz não foram mencionadas pelos gestores. Entendimento que reforça o dito

anteriormente que a concepção orientadora de promoção da saúde expressa pelos gestores da

13ª Região não coadunam com uma abordagem que tem como fim a promoção da qualidade

de vida, tomando em consideração as ações sobre os determinantes. Para Buss (2009) há uma

tendência que caracteriza a moderna promoção da saúde, sendo esta guiada pela concepção de

qualidade de vida e direcionada pelos determinantes gerais das condições de vida e saúde da

sociedade. Nesta perspectiva, as ações estão mais voltadas ao coletivo de indivíduos e ao

ambiente, por meio de políticas públicas focadas no desenvolvimento da saúde e na

capacitação dos indivíduos e comunidades.

66

Ao tempo em que os objetivos revelam a imagem objetivo, os indicadores representam

sinalizações de monitoramento num processo de gestão. Orientadas por este entendimento,

consultamos os gestores sobre os indicadores que norteavam a implementação da PNPS nos

municípios sobre suas responsabilidades. Dos 18 gestores ouvidos, 08 afirmaram não existir

indicador de monitoramento no município relacionado à PNPS, 02 reconheciam a existência,

porém não recordavam quais eram. Os demais (08) afirmaram existir indicador e os

relacionaram. Os indicadores expressos por estes estavam predominante vinculados ao

Programa Saúde na Escola (PSE) e assim era citado pelos gestores “tem os indicadores do

PSE”, foram citados também indicadores relativos à atividade física, redução da

morbimortalidade por acidente e prevenção da violência.

O exposto demonstra o quanto o PSE tem se incorporado nas agendas locais. Para

Malta e Castro (2009), houve um movimento intenso para divulgação do PSE para adesão dos

municípios, bem como da PNPS no seu âmbito, por meio de diversos espaços e eventos.

Reconhecemos, no entanto, que a implementação do PSE por si só não garante a

implementação da PNPS.

Neste ínterim, prossegue-se com a descrição dos movimentos de implementação da

PNPS na 13ª Região de Saúde do Ceará.

5.4 Implementação da PNPS na 13a

Região de Saúde

A PNPS é apresentada como uma das estratégias de produção de saúde e mantém

interface com algumas políticas e tecnologias do SUS, como já discutido anteriormente. Com

o objetivo de compreender a implementação da PNPS na 13ª Região de Saúde desta forma foi

realizada a análise das responsabilidades reconhecidas pelos gestores como de sua

incumbência no processo de implementação da PNPS; as ações e recursos necessários a

realização destas no âmbito municipal; os resultados e fatores potencializadores e

dificultadores relativos ao processo de execução da PNPS.

O quadro 6 apresenta as responsabilidades reconhecidas pelos gestores da 13ª. Região

de Saúde como responsabilidades de sua competência no processo de implementação da

PNPS.

67

Quadro 6 - Responsabilidades dos gestores na implantação da PNPS. 13ª Região de Saúde,

2014.

Coordenadores

da 13ª Região

de Saúde

- Implementar, orientar, monitorar, incrementar a Política na região;

- Partir pra esse trabalho junto às Equipes de Saúde da Família

Secretários de

Saúde

- Contribuir pra amenizar os problemas, e tentar prevenir as

consequências que interfere diretamente na saúde da população;

- Promover e executar todo o elenco de atividades que estão previstas na

política nacional de promoção à saúde;

- Garantir recursos à população/pessoas que trabalham com a gente;

- Fazer com que as ações definidas no plano sejam cumpridas;

- São integrais, totalmente voltados durante o período do trabalho pra a

execução;

- Montar uma estrutura, uma equipe, recursos humanos e materiais pra

facilitar todo o trabalho da equipe de saúde;

- Apoiar à equipe de atenção básica, de atenção secundária, tanto técnico

como financeiro pra implementar essas ações;

- Pactuar e alocar recursos financeiros pra implementação da política

através dos instrumentos de gestão e capacitar equipe multidisciplinar

pra desenvolver as ações de política.

Coordenadores

da Atenção

Básica e

Vigilância

Epidemiológica

- Supervisionar as ESF quanto às atividades de promoção, de prevenção

à saúde;

- Trabalhar o projeto de vigilância, prevenção de violência e acidentes;

- Incentivar as equipes a trabalhar, e cobrar as ações;

- Quando estava à frente do projeto, tanto na elaboração como

coordenação das ações;

- Organizar e planejar os trabalhos educativos como sessões educativas;

- Divulgar sobre essa política; Criar grupos para articular essa política no

município, e avaliar se essas ações estão sendo desenvolvidas;

- Acompanhar os indicadores, trabalhar pra que todo o material

necessário pra que as equipes desempenhem suas funções;

- Articular e facilitar junto com a equipe de saúde da família as ações

que porventura podem ser inseridas, implementadas ou implantadas na

política.

Os discursos dos gestores acerca de suas responsabilidades frente à implementação da

PNPS aproximam das responsabilidades dos gestores descritas na PNPS para a

implementação desta.

68

Os gestores (Coordenadora da Região de Saúde e Coordenadora da Atenção Básica) da

13ª CRES apresentaram como responsabilidades para implementação da PNPS na Região de

Saúde implementar, orientar, monitorar, incrementar a Política na região, bem como trabalhar

a implementação junto às Equipes de Saúde da Família. Vale ressaltar que a 13ª CRES

representa a Secretaria de Saúde do Estado na Região de Saúde, e como descrito na PNPS às

responsabilidades do Estado para a implementação da política são divulgar, pactuar e alocar

recursos orçamentários e financeiros; criar referência e desenvolver ações de planejamento,

articulação e monitoramento e avaliação das ações de promoção da saúde nas secretarias

estaduais de saúde, estabelecendo indicadores e divulgando sistematicamente os resultados

dos processos avaliativos; implementar as diretrizes e manter articulação com os municípios;

implementar as diretrizes de capacitação e educação permanente, viabilizando as linhas de

financiamento da política de educação permanente; promover articulação intersetorial com o

estabelecimento de parcerias; Elaborar materiais de divulgação; identificar, articular e apoiar

as experiências de educação popular (BRASIL, 2006)

Diante do exposto, infere-se que as responsabilidades descritas pelos gestores da 13ª.

Região de Saúde constituem-se em reponsabilidades gerais de incumbência dos gestores em

processos de implementação de Políticas Públicas, não evidenciando singularidades de

responsabilidades que guardam mais proximidades com a PNPS, a exemplo da promoção de

articulação intersetorial com o estabelecimento de parcerias e articulação e apoio as

experiências de educação popular, desenvolvimento de processos de educação permanente,

dentre outras. Chama-se a atenção para ações específicas do ente estadual e que não foram

reconhecidas por estes, a saber: manter articulação com municípios para apoio à implantação

e supervisão das ações de promoção da saúde e desenvolvimento de ações de

acompanhamento e avaliação das ações de promoção da saúde para instrumentalização de

processos de gestão. Situação que denota a necessidade de alinhamento entre as

responsabilidades assumidas e as responsabilidades incorporadas pelos gestores.

Igualmente, quando comparamos às responsabilidades inerentes ao ente municipal

expressas na PNPS com as responsabilidades manifestadas pelos gestores municipais,

identifica-se que os gestores municipais evidenciaram responsabilidades que comungam mais

proximamente com as descritas na PNPS. Entretanto, mais uma vez, responsabilidades que

expressam a uma identidade forte da PNPS não foram apontadas pelos gestores municipais, a

exemplo da articulação intersetorial com o estabelecimento de parcerias e o apoio as

experiências de educação popular e reforço da ação comunitária.

69

O reconhecimento e cumprimento das responsabilidades de implementação da PNPS

pelos três entes federativos contribuiria para a execução da referida Política. Para Traverso-

Yépez (2007), as orientações para a implementação da PNPS, na sua grande maioria, estão

voltadas para os gestores. Situação que denota, segundo a autora e com a qual concorda-se,

há a necessidade expressa de qualificar esse segmento de profissionais, configurando assim

uma possibilidade de fortalecimento da promoção da saúde no campo da atenção básica, mais

especificamente na ESF.

Prossegue-se com a descrição da análise da implementação da PNPS na 13ª região,

desta vez focada na descrição dos recursos necessários. O quadro 7 tem, portanto, a intenção

de apresentar a visão dos gestores acerca dos recursos necessários à implementação da PNPS,

no âmbito da 13ª. Região de Saúde do Ceará.

Quadro 7 - Recursos necessários para a execução das ações da PNPS nos municípios. 13ª

Região de Saúde, 2014.

Municípios Recursos Necessários

Município A

- Estrutura física adequada (Mini auditório nas UBS para as

palestras/sessões educativas); locais para a pratica de atividade física;

material didático e de informática; sensibilização dos gestores quanto à

importância da PNPS.

Município B

- Capacitação de todos os nossos técnicos voltados para cada área

específica da PNPS; estrutura física; um coordenador só para a PNPS;

recursos financeiros para a execução da política.

Município C - Mais recursos para estruturar as unidades; material educativo e

equipamentos de informática.

Município D - Contratação de mais profissionais; um profissional habilitado; um

transporte.

Município E - Melhor estrutura física e recursos humanos; contratação de profissionais

para auxiliar a ESF; material didático.

Município F - Mais recursos humanos, materiais e financeiros; articulação e

mobilização de todas as secretarias.

Município G

- Incentivo e apoio aos profissionais; precisa transporte, matérias de

expediente, materiais de suporte e apoio; envolvimento dos gestores

(secretário de saúde e prefeito).

Município H

- Estrutura física adequada e recursos humanos capacitados; parceria com

a secretaria de educação, com os professores, coordenadores, os pais dos

alunos, a população em geral.

Dentre os recursos identificados pelos gestores como necessários à efetiva

implementação da PNPS está à estrutura física. Entretanto, esta é considerada insuficiente

para realização das ações de promoção da saúde, embora um gestor municipal tenha relatado a

70

melhora da estrutura requerida, a partir do Programa do Requalifica UBS, o qual se configura

como uma iniciativa do ente federal denominado de Programa de Requalificação de Unidades

Básicas de Saúde (UBS), nos componentes reforma, ampliação e construção, onde os

municípios cadastram as propostas no Sistema de Monitoramento das Obras – SISMOB, se

aprovadas, são publicadas através de portarias federais. (BRASIL, 2013).

Além da insuficiência da estrutura física relatada pelos gestores, também foi referido

que os recursos financeiros destinados a PNPS são parcos, situação reafirmada pela

insuficiência de material de apoio as atividades. Reafirma-se que o financiamento de uma

Política não deve ficar unicamente sobre a égide de um ente financiador. Pelas características

de um estado federado como o Brasil, o financiamento das Políticas de Saúde deve ser de

financiamento tripartite. Em discussão anterior analisamos o financiamento da PNPS.

O capital humano (embora tratado pelos gestores como recurso) também foi

mencionado como insuficiente e inadequado. Situação que requer maior capilaridade de

processos de educação permanente. Sendo assim é bom lembrar que a educação permanente

como foco na promoção da saúde é uma das responsabilidades do componente gestão para

implementação da PNPS.

Gestores também compreenderam que fazem parte dos recursos necessários à

implementação da PNPS, a partir da compreensão e da sensibilização destes para efetiva

implementação.

Porém excetua-se a compreensão de um gestor municipal não faz parte da estrutura

necessária de dispor profissionais compromissados para a implementação das ações da PNPS.

Vale ressaltar que não se pode desconsiderar a importância de ambientes adequados

com infraestrutura e materiais de apoio para ações promotoras de saúde, a essência da

promoção da saúde está no diálogo com o outro (outra pessoa, outro setor, outra prática). Não

se constitui, portanto, situação sine qua non, a existência de infraestrutura para a realização de

ações de promoção da saúde; visto que o espaço da promoção da saúde é o espaço onde a vida

acontece, portanto, as ações devem ocorrer predominantemente no território. Realinha-se

ainda que o a prática da promoção da saúde está ligada diretamente ao campo atitudinal.

71

(Continua)

Para Sousa et al.(2011), é no território que ocorre os movimentos da vida social, suas

particularidades, seus desafios e suas potencialidades, o que configura-o como pré-requisito

para a elaboração de estratégias de intervenção promotoras de saúde.

Os gestores prosseguiram sua análise sobre a implementação da PNPS, sinalizando

fatores que contribuíram e outros que configuraram como dificultadores para a execução da

PNPS. Para alguns gestores a relação que as secretarias de saúde possuem com as demais

secretarias permitem o exercício da intersetorialidade, fundamento da promoção da saúde. Os

gestores expressam ainda que a existências de profissionais capacitados, a cobertura da ESF e

implementação do NASF; convênios como com instituições de ensino, adesão da população

às ações que são implementadas, principalmente em atividades físicas, como também adesão

dos profissionais; contratação de profissional específico para a PNPS e compromisso dos

profissionais são expressões de potencialidades para implementação da PNPS.

Com relação às situações limites ou dificuldades, mais uma vez, emergiu o componente

financeiro, seja para implementação de ações, seja para a capacitação dos profissionais.

Merece ressaltar ainda dificuldades citadas relatadas como: falta de estrutura na atenção

básica; ausência de cobrança da aplicação dos recursos; a falta de avaliação da política;

escassez de recursos humanos; dificuldade de transportes; falta de adesão da população;

burocratização dos processos de trabalho, sobrecarga de atividades para atenção básica;

desconhecimento da PNPS por trabalhadores e população.

É importante relatar que algumas situações ora emergem como potencialidade e ora

como dificuldade, configurando movimentos e momentos diferentes vivenciados pelos

gestores; conforme revela o quadro 8.

Quadro 8 - Facilidades e dificuldades no processo de execução da PNPS. 13ª Região de

Saúde, 2014.

Municípios Facilidades Dificuldades

Município A

São as parcerias com as secretarias

de agricultura e meio ambiente,

cultura, esporte e educação;

profissionais capacitados (educação

continuada em outros temas,

trabalho em grupos.

A estrutura da atenção básica,

equipamentos, questão financeira

específica para a PNPS, não há

cobrança da aplicação do recurso,

profissionais da atenção básica são

muito sobrecarregados.

72

(Conclusão)

Quadro 8 - Facilidades e dificuldades no processo de execução da PNPS. 13ª Região de

Saúde, 2014.

Municípios Facilidades Dificuldades

Município B

Uma rede disponível, número de

profissionais capacitados, apoio da

Gestão, a intersetorialidade.

Questão financeira pra gente

capacitar todo esse corpo profissional

falta de uma coordenação específica,

a falta de avaliação da política, não

divulgação dessa política pra

população.

Município C Equipe do NASF e cobertura da

ESF.

Falta de recursos para estruturar as

UBS, muita burocracia pra gente

fazer.

Município D

Nosso próprio usuário, contratação

de profissional específico, as

parcerias que nós tivemos, guarda

municipal, com as escolas, com o

conselho tutelar, com as equipes do

CRAS, do CREAS.

Precisa de profissionais para está lá,

em cada localidade fazendo essas

ações acontecer, tinha só um

transporte, seriam mais profissionais

e mais transportes.

Município E

Apoio da administração, boa equipe

de saúde, cobertura superior a 80%

da ESF, bons convênios como com

a Universidade Federal do Ceará e

da UNIFOR, implementação do

NASF, gestão do coordenador da

Atenção Básica.

Questão cultural da população;

algumas categorias profissionais que

ainda são dificultosas de trabalhar a

promoção da saúde de ir pra escolas,

de sair do consultório em si, pra

desenvolver ações nas escolas, na

comunidade.

Município F

Integração que a gente tem num

município todas as secretarias

profissionais são compromissados,

a sensibilidade do gestor.

Escassez de recursos humanos e

financeiros, são várias as prioridades,

e você termina sem saber o que

priorizar.

Município G

Pessoal que é do NASF apoio que a

gente tem tido do gestor maior, do

prefeito.

Ausência de material devido os

processos de licitação problema de

licitação, licitação na compra de

materiais permanentes, licitação na

questão das gráficas.

Município H

Adesão da população às ações que

são implementadas, principalmente

em atividades físicas adesão dos

profissionais, as parcerias.

Ausência de espaços físicos

adequados e ausência de profissionais

capacitados, necessidade de

capacitação específica pra essa área;

hábitos culturais.

Elucida-se ainda os resultados reconhecidos pelos gestores municipais (secretários e

coordenadores) como oriundos da implementação da PNPS na 13ª. Região de Saúde do Ceará,

conforme consta no quadro 9.

73

Quadro 9 - Resultados reconhecidos pelos gestores quanto à implementação da PNPS. 13ª

Região de Saúde, 2014.

Municípios Secretários de Saúde Coordenadores

Município A Melhorou muito a questão do cigarro

e a questão da atividade física.

Teve um resultado muito bom com

as atividades desenvolvidas pelo

NASF.

Município B

O município está implantando a

política aos poucos, não há

resultados.

Tenho visto poucos resultados.

Município C

A população está ficando mais

consciente em relação à prevenção

de doenças, ao tabagismo, até mesmo

esses acidentes de trânsito.

A gente não teve muito ganho.

Município D Os resultados ainda não são visíveis,

o número de acidentes é enorme.

A adesão das pessoas à prática de

atividades físicas..

Município E Melhorou a qualidade de vida das

pessoas.

Desencadeou uma série de ações e

programas que reordenou as ações

no município; Investimento na

formação dos profissionais de

saúde.

Município F

Houve um aumento dos acidentes,

porém, houve uma redução na

mortalidade por acidentes.

Foi um avanço na época que foi

trabalhado o Projeto de Redução da

Morbimortalidade por Acidentes de

Trânsito.

Município G Grupos de idosos e jovens unidos e

fortalecidos.

Melhora de qualidade de vida das

pessoas.

Município H

Redução do número de pacientes que

fazem o uso de medicamentos

antidepressivos devido a Atividade

física.

Melhora da saúde da população do

município.

Os resultados evidenciados pelos gestores municipais transitam pelas áreas prioritárias

da PNPS, expressas nas ações específicas, principalmente naquelas relacionadas ao controle

do tabagismo, incorporação de práticas atividades físicas influenciando inclusive o uso de

medicamentos antidepressivos além da diminuição no número de óbitos por acidentes de

trânsito influenciado por ações educativas que visavam entre outros objetivos incentivar o uso

de capacetes pelos motoqueiros (apesar de que o número de acidentes cresceu). Foi

mencionada também a influência na PNPS na formação de grupos de diferentes faixas etárias

com o objetivo de desenvolver práticas promotoras de saúde. Os gestores sinalizaram ainda

que a estratégia do Núcleo de Apoio à Saúde da Família muito colaborou com a

74

implementação da PNPS. Por fim, é referido por gestores que a PNPS cumpre seu papel

maior ao apresentar como resultado a contribuição para melhoria da qualidade de vida das

pessoas.

É válido salientar, entretanto, que alguns gestores verbalizaram não reconhecerem

resultados diretos da implementação da PNPS na Região de Saúde estudada. Situação que

denota que o campo da promoção da saúde é um campo em constante movimento e que

precisa ser analisado para que possa ser aprimorado e que seus desdobramentos sejam

incorporados na produção de saúde. Buss (2009) anuncia que tomando em consideração as

atuais bases políticas, sociais e científicas, existem fortes indicações de que o campo da

promoção da saúde seguirá em trajetória ascendente no País. Embora reconheça que este

campo assume diferentes contornos em diferentes lugares.

Tendo percorrido as etapas de exploração dos documentos oficiais relativos a

institucionalização e implementação da PNPS e escutado os gestores estratégicos no processo

de implementação desta na 13ª Região, seguimos, orientados pelo referencial da

avaliabilidade com a apresentação do Modelo Lógico da PNPS na região.

5.5 Modelo Lógico da PNPS

A construção do modelo lógico da PNPS possibilita descrever o caminho percorrido

pela PNPS desde a sua implantação até a execução nos municípios estudados.

O modelo lógico retrata um quadro que pode ser uma referência para ajudar a todos os

envolvidos na implementação da PNPS para dá mais clareza a racionalidade de sua

elaboração, desta forma é criada uma possibilidade de rever a política, reforçando a

necessidade de um processo participativo na revisão desta, ouvindo gestores e executores das

ações nos territórios. Como afirma Silva (2007), a teoria não é detalhada nos documentos

oficiais, dificultando uma análise adequada. Segundo o autor a partir da análise da teoria de

um programa destaca a importância do Modelo Lógico para a identificação de deficiências ou

problemas em seu fluxo que poderão interferir no seu desempenho. Avaliar a qualidade da

teoria significa verificar se o programa está bem desenhado e se apresenta um plano plausível

de alcance dos resultados esperados, por isso, a pesquisa procurou ouvir os gestores regionais

75

e municipais, pois estes são diretamente responsáveis pela implementação da PNPS em seus

territórios, conhecendo as potencialidade e limites que permeiam a realidade local.

Modelo Lógico possibilita aos gestores e avaliadores uma visão mais clara acerca da

racionalidade da construção da intervenção e das relações causais empregadas na sua

elaboração. Além disso auxilia na construção de um entendimento comum entre

todos os envolvidos na intervenção a respeito do problema que se quer resolver, dos

objetivos e dos resultados esperados (BEZERRA, CAZARIN E ALVES, 2010:p77)

A construção do Modelo Lógico permite refletir sobre as possíveis influências do

contexto sobre a implementação da PNPS. A identificação destes fatores é relevante no

sentido de contribuir para compreensão de fatores intervenientes que podem comprometer o

desenvolvimento das ações da PNPS. A partir da construção do Modelo Lógico é possível

inferir a sustentabilidade das hipóteses assumidas na sua estruturação de uma Política e o

alcance de resultados.

Como afirmam Ferreira, Cassiolato e Gonzalez (2009), o processo não se finda num

Modelo Lógico, é importante mencionar que a apreciação sobre os fatores de contexto deve

ser continuamente atualizada. Orientadas por esta premissa, seguimos com a apresentação do

Modelo Lógico da PNPS na 13ª. Região de Saúde do Ceará.

76

ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO DA PNPS INDICADOR

Ampliar os processos de

integração, com base na

cooperação, solidariedade e

gestão democrática

Prevenir fatores determinantes

e/ou condicionantes de

doenças e agravos

Estimular a adoção de modos

de viver não-violentos

Desenvolver uma cultura de

paz no país

Valorizar o uso de espaços

públicos p/ o desenvolvimento

das ações de PS

Favorecer a preservação do

meio ambiente e promoção de

ambientes mais seguros e

saudáveis

Contribuir a elaboração de

políticas públicas integradas

para a melhoria da qualidade

de vida

Figura 5. Modelo Lógico da Política Nacional de Promoção da Saúde, 13ª Região de Saúde, Ceará, 2014.

Promover a qualidade de

vida e reduzir

vulnerabilidades e riscos à

saúde

Promover a política de

trabalho da promoção à

saúde nas unidades básicas

Promover a saúde e

prevenir as doenças Esclarecer a população e

alertar para as ações de

prevenção

Adotar hábitos saudáveis

de vida

Estimular a população a

cuidar da sua saúde

através das ações

propostas pela política

Não foi relatado por

nenhum gestor

Mudar o paradigma nos

modelos assistenciais e

curativos

PRODUTOS

Não foram relatados por

nenhum gestor

Não foi relatado por

nenhum município

OBJETIVOS DA PNPS

Promover a qualidade de vida

e reduzir vulnerabilidades e

riscos à saúde relacionados aos

seus determinantes e

condicionantes (Geral)

Incorporar ações de Promoção

da Saúde na AB

Ampliar autonomia e co-

responsabilidade de sujeitos,

coletividades e poder público

para minimizar e/ou extinguir

as desigualdades

Promover entendimento da

concepção ampliada de saúde

entre trabalhadores de saúde

Contribuir para resolubilidade

do sistema (qualidade –

eficácia – eficiência –

segurança das ações de PS)

Estimular alternativas

inovadoras e socialmente

inclusivas das ações de PS

AÇÕES

ESPECÍFICAS

DA PNPS

Promo ção da

Sustentab

ilidade

Alimenta ção Saudável

Prática corporal/

Atividade física

Prevenção/

Controle

do Tabagis mo

Redução

da

morbimor

talidade

em

decorrên cia do uso

de Álcool

e drogas

Redução

da morbi mortalida

de por

acidentes

de

Trânsito

Estímulo

à Cultura

de Paz

Indicadores

do PSE

Atividade

física

(número

absoluto)

Redução na

mortalidade

por acidentes

de trânsito

Indicador

das

notificações

de violência

Sessões

educativas

/mapas

Relatados

pelos 8

municípios/R

egião:

Consta no

COAP da

Região:

Proporção de

unidades de

saúde com

serviço de

notificação

de violência

implantada

RESULTADOS INTERMEDIÁRIOS

Estruturação e fortalecimento das ações de promoção

da saúde no Sistema Único de Saúde, privilegiando

as práticas de saúde sensíveis à realidade do Brasil

Estímulo à inserção de ações de promoção da saúde

em todos os níveis de atenção, com ênfase na atenção

básica, voltadas às ações de cuidado com o corpo e a

saúde; alimentação saudável e prevenção, e controle

ao tabagismo

Desenvolvimento de estratégias de qualificação em

ações de promoção da saúde para profissionais de

saúde inseridos no Sistema Único de Saúde;

Apoio técnico e/ou financeiro a projetos de

qualificação de profissionais para atuação na área de

informação, comunicação e educação popular

referentes à promoção da saúde que atuem na

Estratégia Saúde da Família e Programa de Agentes

Comunitários de Saúde:

Apoio a estados e municípios que desenvolvam ações

voltadas para a implementação da Estratégia Global,

vigilância e prevenção de doenças e agravos não

transmissíveis

Apoio à criação de Observatórios de Experiências

Locais referentes à Promoção da Saúde

Criação e divulgação da Rede de Cooperação Técnica

para Promoção da Saúde

Inclusão das ações de promoção da saúde na agenda

de atividades da comunicação social do SUS;

Inclusão da saúde e de seus múltiplos determinantes e

condicionantes na formulação dos instrumentos

ordenadores do planejamento urbano e/ou agrário

(planos diretores, agendas 21 locais, entre outros)

Apoio ao desenvolvimento de estudos referentes ao

impacto na situação de saúde considerando ações de

promoção da saúde

Estabelecimento de intercâmbio técnico-científico

visando ao conhecimento e à troca de informações

decorrentes das experiências no campo da atenção à

saúde, formação, educação permanente e pesquisa

com unidades federativas e países onde as ações de

promoção da saúde estejam integradas ao serviço

público de saúde:

Insuficiência de recursos financeiros,

materiais e humanos p/ as ações da PNPS;

Inadequação da estrutura física para a

prática da PS; Sensibilização dos gestores e maior

acompanhamento da PNPS; Adesão da população à práticas de atividade

física

Insuficiência de capacitação para os

profissionais da ESF; Participação incipiente do controle social na

implementação da PNPS

Não houve evidências de resultados

Não houve evidências de resultados

Fortalecimento da PNPS em todos os níveis

de atenção

Não houve evidências de resultados

Necessidade de divulgação de boas práticas

de promoção da saúde

Apropriação de técnicos e gestores da

PNPS; Insuficiência de capacitação para os

profissionais do SUS em relação a PNPS

Redução do número de óbitos por acidentes

RESULTA

DO FINAL

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Convênios com instituições de ensino; Insuficiência de processos de

desenvolvimento de trabalhadores

77

Considerando que o objetivo de um modelo lógico é ser um desenho funcional que

apresente visualmente como um Programa/Política poderá se desenvolver, de sua possível

execução em um determinado cenário e como pretende resolver os problemas iniciais

identificados (Silva, 2007), o Modelo Lógico apresentado teve como pretensão apresentar a

implementação da PNPS na 13ª. Região de Saúde do estado do Ceará.

A PNPS constitui como já referida, enquanto estratégia de produção de saúde, ou seja,

como um modo de pensar e de operar articulada às demais políticas do sistema de saúde,

contribuindo na construção de ações que possibilitam responder às necessidades sociais em

saúde. Retomando a matriz da PNPS, apresentada no inicio desta discussão e coloca em

diálogo com o Modelo Lógico da implementação da PNPS na 13ª Região de Saúde, sendo

assim infere-se que a PNPS está em processo de implementação, com registros de alguns

resultados, porém com um desejo expresso de ampliação de recursos materiais e imateriais

com vistas à consolidação deste processo.

Destaca-se ainda uma intencionalidade dos gestores de implementar e incorporar a

promoção da saúde nos processos de produção de saúde.

78

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O estudo de avaliabilidade da PNPS contribuiu para um melhor entendimento do campo

da promoção da saúde e os movimentos de institucionalização, implantação e implementação

desta. O referencial teórico-metodológico que orientou este estudo de avaliabilidade nos

ajudou a elaborar respostas aos questionamentos inicialmente postou e visualizar a exiguidade

dos objetivos.

O recorte estudado, 13ª região de saúde, nos permitiu conhecer os desafios dos

movimentos macro e micro vivenciados na implementação da PNPS. Colocando em destaque

a insuficiência de apropriação da PNPS por parte dos gestores. Ao tempo que apresentam um

desejo manifesto de potenciá-la.

A análise dos instrumentos de gestão permitiu também averiguar que não há indicadores

para as ações de promoção da saúde nos municípios, situação que denota a insuficiência de

instrumentos de monitoramento e avaliação, podendo contribuir para a invisibilidade de

alguns resultados. Portanto, é possível compreender que há necessidade de se estabelecer

indicadores de acompanhamento para as ações de promoção da saúde, devendo estas estar

expressas nos instrumentos orientadores de gestão.

Na 13ª Região de Saúde verificou-se que a PNPS ainda não está suficientemente

implantada, ou seja, ainda se encontra em processo de implantação e/ou implementação, da

PNPS. A maioria dos municípios possui em seus instrumentos de gestão ações específicas da

política, mas na prática ainda há muitas dificuldades para a efetivação desta, como foi

apresentado pelos gestores.

Porém, algumas recomendações poderiam ser feitas para a implementação da PNPS

como: realizar um diagnóstico de como a política acontece nos municípios brasileiros; investir

na política em sua totalidade, não apenas em ações desvinculados umas das outras; Incluir

mais indicadores da PNPS nas pactuações do SUS; Expandir para todos os municípios os

sistemas de informação que visam coletar informações para a avaliação desta; Revisar

periodicamente o modelo lógico da PNPS; disseminar os resultados desta pesquisa para

gestores, técnicos e profissionais da Estratégia Saúde da Família; Promover maior interação

entre os objetivos, diretrizes e ações da PNPS com os gestores, profissionais da ESF, controle

79

social; meio acadêmico e com a sociedade em geral; Melhorar a divulgação e o financiamento

a cerca da PNPS.

Além disso, a PNPS precisa ser reformulada, até porque as suas ações específicas foi

para o biênio 2006-2007, além de ser reformulada, precisa ser retomada quanto a sua adesão,

implantação e implementação. De acordo com Buss (2009), a “Política Nacional de Promoção

da Saúde nunca teve vigência integral real no interior do sistema de saúde”.

Nesse sentido, é importante que a promoção da saúde no Brasil possa pensar em

políticas públicas saudáveis voltadas para a diminuição das iniquidades sociais, evidenciadas

nas desigualdades em saúde na vida individual e coletiva, visando alcançar o fortalecimento

da ação comunitária necessária ao exercício da autonomia. Valorizando o conhecimento

popular e da participação social, já que estas estão na base da promoção da saúde.

Ressalta-se como limitação do estudo que o resultado final apresentado no Modelo

Lógico foi baseado no discurso dos gestores, pois não temos indicadores formalizados nos

municípios para o monitoramento e avaliação da PNPS.

O modelo lógico construído nesse estudo pode ser estudado e revisado a qualquer

momento, à medida que novas diretrizes, estratégias de implementação e forem inovando ou

que outras lentes analíticas e ou avaliativas direcionem para a PNPS.

80

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86

APÊNDICES

87

APÊNDICE A

REDE NORDESTE DE FORMAÇÃO SAÚDE DA FAMÍLIA

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA

MESTRADO PROFISSIOANL EM SAÚDE DA FAMÍLIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Caro colega, você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário (a), em uma

pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte

do estudo, rubrique todas as folhas e assine ao final deste documento, com as folhas

rubricadas pelo pesquisador, e assinadas pelo mesmo, na última página. Este documento está

em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável.

Em caso de recusa você não será penalizado (a) de forma alguma.

Pesquisa: POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: UM ESTUDO

SOBRE A AVALIABILIDADE NUMA REGIÃO DE SAÚDE NO NORDESTE

BRASILEIRO

Irlanda Pontes de Oliveira (mestranda) – [email protected]

Maria Socorro de Araújo Dias (orientadora) – [email protected]

Considerando a relevância da implantação da Política Nacional de Promoção da Saúde

– PNPS para a consolidação do SUS; o tempo de implantação desta; a necessidade de

compreensão acerca dos elementos dificultadores e facilitadores no processo de execução de

suas ações. Esta proposta de pesquisa tem por meta a realização de um estudo de

avaliabilidade sobre a PNPS. Avaliabilidade é o exame sistemático e preliminar de um

programa, em sua teoria e em sua prática, a fim de estabelecer se há justificativa para uma

avaliação extensa e/ou para melhor delimitar os objetivos do programa, bem como identificar

área criticas a serem priorizadas na avaliação. Diante desse contexto, o objetivo geral da

pesquisa é analisar a avaliabilidade da Política Nacional de Promoção da Saúde numa Região

de Saúde do Estado do Ceará.Sua participação na pesquisa ocorrerá durante aplicação de um

roteiro de entrevista semiestruturado e uma reunião de apresentação e discussão do modelo

lógico construído durante a pesquisa, que terá um total de 02 horas de trabalhos:

88

Primeiro momento: Aplicação de um roteiro de entrevista semiestruturado;

Segundo momento: Exposição oral do modelo lógico da PNPS construído a partir das

pesquisas em documentos oficiais, normas, portarias, programações, relatórios sobre a PNPS

e os resultados do roteiro de entrevista semiestruturado.

Durante a entrevista e a reunião a reunião suas respostas estarão sendo gravadas e também

estaremos fotografando o grupo. Se você não quiser aparecer nas imagens, solicitamos que

nos informe para que façamos fotografias sem identificação frontal da sua pessoa. A

princípio, os riscos relacionados à pesquisa serão de caráter intelectual por constrangimento

caso os participantes se sintam incomodados com a perspectiva de responderem as questões

deforma coletiva. Gostaria de informá-lo que o pesquisador fará de tudo para evitar, conforme

Barbour (2009) pressão para respostas, o julgamento das respostas, o menosprezo das

informações repassadas, o uso de termos pejorativos ou expressões incorretas politicamente. É

importante também que você se sinta livre para o uso da palavra com sugestões e correção de

conteúdos apresentados pela pesquisadora.

A relevância do estudo configura-se na possibilidade de fornecer subsídios para uma

análise crítica dos gestores que trabalham diretamente com a referida Política nos municípios

que se constituirão campo de investigação e o papel da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde

– CRES/Tianguá/CE, como articuladora da Região de Saúde. Podendo, por generalização

naturalística, se constituir numa ferramenta de gestão não só para a região da 13ª CRES, mas

também para os demais municípios brasileiros, como subsídio para uma posterior avaliação da

PNPS nas três esferas federativas (municipal, regional e nacional).

Os benefícios da pesquisa estão relacionados ao desenvolvimento de um Modelo

Lógico da PNPS; validação desse Modelo Lógico com especialistas; identificação da

compreensão dos gestores sobre a PNPS; identificação na Programação Anual da Saúde, 2010

a 2013, dos municípios que integram a região de saúde da Ibiapaba as ações específicas da

PNPS; identificação no Relatório Anual de Gestão, 2010 a 2013, dos municípios que integram

a região de saúde da Ibiapaba as ações específicas da PNPS; identificação dos mecanismos

utilizados pela Região de Saúde para a implementação da PNPS na Região da Ibiapaba e

identificação dos elementos dificultadores e facilitadores no processo de execução das ações

da PNPS.

O percurso metodológico é um estudo de avaliabilidade com abordagem qualitativa,

pois tenta compreender a natureza de um fenômeno social, a Política de Promoção da Saúde.

Concernente ao exposto e tomando em consideração o objeto deste estudo, a avaliabilidade da

89

PNPS na 13ª Região de Saúde do Ceará, será examinada a luz do referencial de avaliabilidade

proposto por Leviton et. al. (1998). Este autor considera que um estudo de avaliabilidade é um

processo cíclico e dinâmico que consiste em: a) esclarecimentos sobre os objetivos e metas do

programa; b) desenvolvimento e pactuação do modelo lógico com os interessados; c) análise e

comparação entre a realidade da política e o modelo lógico; d) elaboração de recomendações.

Os resultados da pesquisa serão divulgados durante a defesa de dissertação da

mestranda Irlanda Pontes de Oliveira e em reuniões da Comissão Intergestora Regional –

CIR. Solicitaremos pauta à Presidente da CIR nas reuniões que já acontecem mensalmente.

Comunicaremos a data quando autorizado pela CIR (13ª CRES) com o objetivo de

proporcionar a presença aos mesmos. Garantimos que durante estas divulgações dos

resultados seu nome será resguardado e a não ser que deseje não se fará menção ao seu nome,

município do qual faz parte ou outros dados que identifique.

Garantimos que a referida pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa da

Universidade Estadual Vale do Acaraú, situado à Avenida Comandante Maurocélio Rocha

Pontes nº 186, Bairro Derby Club - Sobral-CE, telefone para contato: (88)3677 42 55.

Finalmente, que você entenda que a sua participação é livre e que a retirada de seu

nome como informante não implicará em nenhum prejuízo nas relações profissionais e/ou

pessoais que mantemos na instituição ou fora dela. Também desejamos explicar que não

haverá qualquer remuneração a ser paga por sua participação.

Muito obrigada pela sua participação!

____________________________________

Pesquisadora: Irlanda Pontes de Oliveira

Rua Pedro Aragão, S/N, Centro - Ibiapina-CE

Telefone: (88) 92392826

E-mail: [email protected]

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO

Eu, _____________________________________________, RG____________________,

CPF___________________ abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo

como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos

90

nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha

participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento,

sem que isto leve a qualquer penalidade ou interrupção de acompanhamento, assistência e

tratamento.

Local e data: ________________________________________________________________

Nome do sujeito: _____________________________________________________________

Assinatura do Sujeito ou Responsável: ____________________________________________

Telefone para contato: _________________________________________________________

Nome da Pesquisadora: Irlanda Pontes de Oliveira

Assinatura da Pesquisadora Responsável: _________________________________________

Endereço: Rua Pedro Aragão, S/N, Centro - Ibiapina-CE

Telefone para contato: (88) 92392826

E-mail: [email protected]

91

APÊNDICE B

REDE NORDESTE DE FORMAÇÃO SAÚDE DA FAMÍLIA

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA

MESTRADO PROFISSIOANL EM SAÚDE DA FAMÍLIA

ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

(MUNICÍPIOS)

1. Qual a sua formação? E sua função na instituição?

2. Há quantos anos você trabalha na instituição?

3. E nessa função?

4. Na sua opinião, quais são os principais objetivos da PNPS?

5. Quais são suas responsabilidades com a implementação da PNPS?

6. Qual é a população alvo da PNPS?

7. O que está sendo feito do que foi proposto nos instrumentos de gestão para execução da

PNPS?

8. Descreva as atividades que são desenvolvidas no município referentes à política. Cite

exemplos.

9. Possui algum indicador trabalhado no município relacionado à PNPS?

10. Das ações priorizadas para a PNPS, quais ações o município trabalha?

11. Que estrutura você precisa para executar as ações prioritárias da PNPS?

12. Em sua opinião, quais os principais resultados da PNPS observados por você no

município?

13. Quais seriam as suas principais recomendações para a implementação da PNPS?

14. Quais as facilidades encontradas no município para a execução das ações da Política

Nacional de Promoção da Saúde? E quais as dificuldades?

14. A CRES tem participado na implantação e/ou implementação da PNPS na região de

saúde?

92

APÊNDICE C

REDE NORDESTE DE FORMAÇÃO SAÚDE DA FAMÍLIA

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA

MESTRADO PROFISSIOANL EM SAÚDE DA FAMÍLIA

ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

(REGIÃO DE SAÚDE – 13ª CRES)

1. Qual a sua formação? E sua função na instituição?

2. Há quantos anos você trabalha na instituição?

3. E nessa função?

4. Na sua opinião, quais são os principais objetivos da PNPS?

5. Quais são suas responsabilidades com a implementação da PNPS na região de saúde?

6. Qual é a população alvo da PNPS?

7. O que está sendo feito do que foi proposto nos instrumentos de gestão para execução da

PNPS na região de saúde?

8.Quais seriam as suas principais recomendações para a implementação da PNPS na região de

saúde?

9. Quais as facilidades encontradas na região de saúde para a execução das ações da Política

Nacional de Promoção da Saúde? E quais as dificuldades?

10. Como a CRES tem participado na implantação e/ou implementação da PNPS na região de

saúde?

93

APÊNDICE D

REDE NORDESTE DE FORMAÇÃO SAÚDE DA FAMÍLIA

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA

MESTRADO PROFISSIOANL EM SAÚDE DA FAMÍLIA

TERMO DE FIEL DEPOSITÁRIO

Aos 05 (cinco) do mês de julho de 2013 (dois mil e treze), fica Irlanda Pontes de

Oliveira, CPF: 726.378.203-06, residente à Rua Pedro Aragão, n° 225, bairro: Centro, no

Município de Ibiapina-CE, constituído como fiel depositário dos instrumentos de gestão

Programação Anual de Saúde – PAS e Relatório Anual de Gestão - RAG dos municípios de

Viçosa do Ceará, Tianguá, Ubajara, São Benedito, Carnaubal, Guaraciaba do Norte e Croatá.

Ressalto que estou ciente de que serão garantidos os direitos, dentre outros

assegurados pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, de:

1) Garantia de confidencialidade, do anonimato e da não utilização das informações

em prejuízo dos outros.

2) Que não haverá riscos para o sujeito da pesquisa.

3) Emprego dos dados somente para fins previstos nesta pesquisa.

4) Retorno dos benefícios obtidos através deste estudo para as pessoas e a

comunidade onde o mesmo foi realizado.

5) Responsabiliza-se pela boa guarda dos documentos acima elencados, pelo prazo de

XX dias;

6) Está ciente de que, nos casos de extravio sem causa justificável dos documentos

sob a sua guarda, será tido como infiel depositário sujeito à prisão civil nos termos

do inciso LXVII do artigo 5º da Constituição Federal.

Informo-lhe ainda, que a pesquisa somente será iniciada após a aprovação do Comitê

de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, para garantir a todos

os envolvidos os referenciais básicos da bioética, isto é, autonomia, não maleficência,

beneficência e justiça.

Ibiapina-CE, 05 de Julho de 2013.

Município de Viçosa do Ceará__________________________________________

94

Município de Tianguá ______________________________________

Município de Ubajara ______________________________________

Município de São Benedito ______________________________________

Município de Carnaubal__________________________________________

Município de Guaraciaba do Norte ___________________________________

Município de Croatá ______________________________________

Município de Ibiapina ______________________________________

______________________________________

Assinatura do fiel depositário

95

APÊNDICE E

REDE NORDESTE DE FORMAÇÃO SAÚDE DA FAMÍLIA

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA

MESTRADO PROFISSIOANL EM SAÚDE DA FAMÍLIA

CARTA DE ANUÊNCIA

Pelo presente instrumento vimos informar que o projeto de pesquisa intitulado: POLÍTICA

NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: UM ESTUDO DE AVALIABILIDADE

NUMA REGIÃO DE SAÚDE NO NORDESTE BRASILEIRO, pesquisa esta que acontecerá

na Serra da Ibiapaba (13ª Coordenadoria Regional de Saúde - CRES/Tianguá-CE), autoria de

Irlanda Pontes de Oliveira e orientação da Profª Drª Maria Socorro de Araújo Dias,

classificado como pesquisa de dissertação de mestrado foi submetido à Coordenadoria

Regional de Saúde da 13ª CRES – Tianguá/CE, tendo sido aprovado a permissão para realizar

a pesquisa na Região da Saúde.

Recomendamos que ao término da pesquisa, cópia do relatório final seja encaminhada a esta

CRES.

Tianguá, 03 de Julho de 2013

___________________________________________

Coordenadora da 13ª Região de Saúde