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KATHY KOCH

REDES E ADOLESCENTES

CONECTANDO-SE COM NOSSOS FILHOS EM UM MUNDO DIGITAL

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KATHY KOCH

REDES E ADOLESCENTES

CONECTANDO-SE COM NOSSOS FILHOS EM UM MUNDO DIGITAL

Traduzido por Catarina Müller

Editado pela Graça Artes Gráficas e Editora Ltda.

Rio de Janeiro, 2017


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A TECNOLOGIA

E AS NECESSIDADES

HUMANAS MAIS PROFUNDAS

A maioria dos adolescentes de hoje viu máquinas de escrever elétricas apenas em fi lmes antigos ou retrôs ambientados em

épocas passadas, e eles podem até nunca ter visto as manuais. Entre-tanto, tenho idade sufi ciente para me lembrar das primeiras máqui-nas de escrever da minha família tanto as manuais como as elétricas. Aquele objeto tecnológico grande, pesado, cinza e branco era uma dádiva lustrosa e brilhante. Eu amava as mudanças que ele trazia! Proporcionava, dentre tantas inovações, uma digitação rápida, com apenas uma leve batida nas teclas, e o uso da tecla de retrocesso em vez de puxar o reboque pesado da máquina. Adaptar-me àquela tec-nologia valeu muito a pena!

De fato, percorremos uma longa distância. Hoje carregamos computadores minúsculos em nossos bolsos e bolsas, escrevemos, deletamos e acessamos um mundo de informação com apenas um clique ou dois. As mudanças têm sido velozes desde as máquinas de escrever elétricas até as atuais ferramentas tecnológicas eficien-


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tes e de pequena espessura. Essas transformações ocorrem mais rápido do que em qualquer momento da História e tal celeridade me deixa sem fôlego!

A velocidade da mudança tem inf luenciado nossos filhos? Seria essa uma das razões pelas quais eles se chateiam quando devem agir sem aparelhos tecnológicos? É por esse motivo que eles fazem fila em uma loja à meia-noite quando um novo jogo, filme ou aparelho chega ao mercado? É por isso que insistem para comprarmos o melhor e mais recente smartphone ou outro aparelho digital, mesmo que o deles esteja funcionando perfeitamente?

As mudanças que ocorrem no mundo seguem a tecnologia. Isso parece tão inofensivo quanto abandonar o corretivo líquido para corrigir os erros de digitação e usar a tecla “delete” do laptop! Porém, essas mudanças têm causado impacto no comportamento

e nas crenças dos nossos filhos ou em nós mesmos? Sim! Com seus rápidos avanços, o mundo tecno-lógico está moldando a persona-lidade, o caráter e a trajetória de vida dos mais jovens, de maneiras positivas e negativas.

Os adolescentes sempre expe-rimentam pressões por parte dos

colegas, e essas, muitas vezes, são intensifi cadas pela necessidade de acompanhar os avanços tecnológicos. Os jovens de hoje têm um sen-timento de urgência, como se estivessem sendo deixados de fora, a não ser que possuam o que há de melhor, mais novo, mais rápido e o mais fácil em seu círculo de relacionamentos.

Existe a competição para ser o mais feliz, o mais bonito e o mais talentoso. Você percebe algum desses sentimentos ou vê alguma dessas atitudes em sua casa?

Todos nós somos afetados pela saturação

da tecnologia, mas os jovens experimentam

esses efeitos com uma intensidade feroz.


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“Minha foto teve mais curtidas noite passada do que a de qualquer dos meus amigos. Eu sabia que ia ser assim.”

“Eu não estou sendo mal-educado. Apenas faço várias coisas ao mesmo tempo e sou bom nisso!”

“Ninguém espera que eu use isso. É tão velho! Eu tenho que comprar um igual ao da Alicia.”

“Isso é muito difícil. Não tem um app para facilitar?”“Meus pais estão exagerando! Eu apenas estou enviando

mensagens!”“Essa coisa que eles estão nos fazendo ler é ridícula! Esse

livro é velho demais!”

Se você ainda não ouviu frases como essas em sua casa, espere um pouco mais. Provavelmente irá ouvi-las! São atitudes que vêm à tona, repetidamente, nesse mundo movido à tecnologia. Ouça e observe as pessoas que seus filhos tanto desejam imitar, e conside-re quanta pressão eles têm colocado sobre si e como isso também a está inf luenciando.

Vivendo em um mundo de telas, eles têm:

Aparelhos digitais e smarts Internet/Rede mundial de computadores Redes sociais Jogos TV/Filmes/Rádio/Serviços de transmissão ao vivo

Este livro não trata de tecnologia, e sim da sua influência nas crenças e no comportamento dessa geração, além de como os pais devem conectar-se com seus filhos para influenciá-los positivamen-te. Todos nós somos afetados pela saturação da tecnologia, mas os jovens experimentam esses efeitos com uma intensidade feroz.

A TECNOLOGIA E AS NECESSIDADES HUMANAS MAIS PROFUNDAS



Vejo os sinais do estresse do mundo moderno em mim mesma – e já estou na meia-idade. Talvez eu perceba isso mais claramente na minha impaciência ao pensar: por que essa luz ficou vermelha?! Ou em meu desejo de vencer todas as vezes que jogo paciência. Eu admito! Posso ficar irritada caso me esqueça de programar a gravação de um vídeo. Além disso, tenho uma variedade de músicas para ouvir, embora às vezes me sinta tão perdida com a quantidade de opções que acabo não escolhendo coisa alguma. Dependo da facilidade da internet para pesquisar, mas também me sinto frustrada porque há muita informação disponível.

As telas do mundo digital são parte da nossa vida, e elas chegaram para ficar. Porém, desejamos uma conexão profunda com os adolescentes que amamos. Isso significa priorizarmos nossos relacionamentos mantendo um contato pessoal.

Ser honesto e reconhecer as influências da tecnologia são atitudes capazes de ajudá-lo a melhorar a relação com os seus filhos. Vocês podem conversar sobre o que têm em comum em vez de se frustrarem pelas diferenças.

Um especialista em efeitos da mídia e tecnologia na cultura afirma: a tecnologia “é rápida, barata, eficaz e legal. Essa é a parte boa. A parte má é que ela é rápida, barata, eficaz e legal”1. O mundo digital não é um pro-blema, a maneira como o utilizamos pode ser uma fonte maravilhosa de vida por meio de suas ferramentas, das quais precisamos, e como entre-tenimento. Todavia, o conteúdo e o uso tecnológico causam problemas quando começam a prejudicar o desenvolvimento de cinco áreas fun-damentais que os adolescentes compartilham.

A TECNOLOGIA E NOSSAS CINCO NECESSIDADES FUNDAMENTAIS

Meu interesse em tecnologia deu um grande salto quando minha equipe e eu nos encontramos com Scott Degraffenreid,


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um analista e estatístico das redes sociais. Ele, que se tornou meu amigo de confiança e mentor, ajudou-nos a entender como os jovens têm sido afetados por nossa cultura digital e as suas constantes mudanças.

Aplicamos os conhecimentos aprendidos sobre a cultura tecnológica ao que sabíamos sobre as necessidades básicas dos jovens quanto à segurança, identidade, ao pertencimento, propósito e à competência. De repente, os comportamentos e problemas recém- -observados nos jovens começaram a fazer sentido.

Deus criou cada ser humano com necessidades fundamentais e profundas sobre as quais, por mais de 25 anos, ensino o modo ideal de preenchê-las. Sempre há problemas quando as pessoas tentam suprir essas cinco áreas de maneiras não saudáveis ou com “falsificações”. Um bom exemplo que percebi são os adolescentes, os quais se voltam para a tecnologia e a cultura digital.

Podemos começar conhecendo melhor essas cinco necessidades fundamentais. Você as achará familiares porque também as possui!

SegurançaSegurança é a nossa primeira necessidade fundamental, e ela

se define pela pergunta: em quem eu posso confiar? Somos mais saudáveis quando suprimos nossa necessidade de segurança em Deus, em Jesus e no Espírito Santo,2 em pessoas de confiança e em nós, à medida que aprendemos a ser e a agir corretamente, mesmo quando o fardo é pesado. A segurança está fundamentada no perdão de Deus, dos outros e, especialmente, de nós mesmos.

Todos nós precisamos nos sentir seguros, isso apenas é um problema quando buscamos estabilidade em lugares errados. Alguns jovens acreditam que a segurança da tecnologia e da sua disponibilidade irá supri-los e nunca decepcioná-los, diferentemente do que acontece nos relacionamentos interpessoais!

A TECNOLOGIA E AS NECESSIDADES HUMANAS MAIS PROFUNDAS



Talvez essa confi ança se deva ao fato de que os desastres em nosso computador não são reais. Clique na opção desfazer para cor-rigir seu erro; desligue ou reinicie o computador, e você está pronto

para recomeçar. Já presenciou ado-lescentes sofrendo com a falta de energia ou por estarem na casa da avó, onde o sinal do celular é fraco? Essas interrupções na conectivida-de digital têm grande importância para eles, não importa quantas vezes digamos que não deveria ser

assim. Quando eles não têm acesso imediato à tecnologia, sua segu-rança parece ameaçada.

Muitos dos jovens de hoje se sentem seguros se as coisas são rápidas, perfeitas e fáceis. Eles confi am que o acesso do qual precisam sempre estará disponível, além de não necessitarem de orientações para chegar a lugar algum, porque têm um apli-cativo de GPS; também não precisam lembrar o número do telefone de um amigo, porque está guardado na agenda do celular.

Os adolescentes são muito confiantes e seguros em sua habilidade de vencer e ser feliz. Para eles, o importante é no que confiam, não em quem. Isso é potencialmente prejudicial, pois a tecnologia não é o meio que Deus preparou para suprir essa necessidade de segurança.

Confi ar em pessoas não é natural para os jovens, pois seus relacionamentos são por meio das mídias sociais e das trocas de mensagens. Eles tentam preencher essa necessidade com o número de “amigos” que possuem. Não entendem que a segurança não se encontra na quantidade das múltiplas conexões on-line, mas, sim, na qualidade dos relacionamentos reais e fi éis. É difícil realmente conhecer as pessoas e desenvolver uma amizade com discernimento.

Pois a tecnologia não é o meio que Deus

preparou para suprir essa necessidade

de segurança.


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Os pais cristãos têm esperança de que Deus suprirá todas as necessidades relacionadas à segurança de seus fi lhos. Contudo, se eles confi arão em Deus ou não para isso é uma questão que pode ser infl uenciada pela tecnologia, levando-se em conta que a internet fornece fácil acesso às ideias sobre muitas religiões e muitos deuses.

Alguns adolescentes seguem pessoas que não conhecemos por meio de redes sociais, como o Twitt er, podendo acessar todo tipo de sites, e não teremos conhecimento disso. Talvez, sem que procurem, serão apresentadas informações a eles via propagandas ou links em seus feeds nas redes sociais. As pessoas que eles seguem ou os sites visitados podem ir de encontro à maneira que escolhemos para criar nossos fi lhos, ao fornecerem ensinamentos errados sobre o Deus da Bíblia ou declararem que Ele não é o Único digno de ser adorado.

O que é adoração, afinal? É atribuir o senhorio a Deus, assim como dar a atenção e o louvor – e confiar a Ele a primazia dos nossos dias.3 Alguma vez já percebeu adolescentes com seus aparelhos eletrônicos e se perguntou se eles adoram a tecnologia que utilizam? É ali que eles buscam as respostas para suas questões e resolvem os seus problemas. Outros, involuntariamente, rebaixam Deus, tratando-O casualmente como um amigo do Facebook que pode ou não “curtir” a atualização de status deles. À medida que os jovens se tornam cada vez mais acostumados com as respostas velozes via internet, torna-se mais difícil esperar em Deus a resposta de sua oração, se é que oram. Eles ficarão satisfeitos com um aplicativo da Bíblia que forneça um devocional toda manhã, tomando aquela pequena porção das Escrituras como todo alimento espiritual do qual precisam.

Os pais cristãos têm esperança de que Deus suprirá todas as necessidades relacionadas à segurança de seus filhos.

A tecnologia e as necessidades humanas mais profundas


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