Redução Benzofenona Boro Hidreto Pg35

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1 MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA QUÍMICA TRABALHOS PRÁTICOS DE QUÍMICA E SÍNTESE ORGÂNICA DEPARTAMENTO DE QUÍMICA 2008-2009

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MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA QUÍMICA

TRABALHOS PRÁTICOS

DE

QUÍMICA E SÍNTESE

ORGÂNICA

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

2008-2009

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2

ÍNDICE

SEGURANÇA NO LABORATÓRIO 1

SIGNIFICADO DAS FRASES DE RISCOS E SEGURANÇA

4

TÉCNICAS LABORATORIAIS 9

Trabalho 1: Separação de Compostos Orgânicos por

Extracção Líquido-Líquido

9

OS HIDROCARBONETOS 11

Trabalho 2: Hidrocarbonetos Saturados 11

Trabalho 3: Hidrocarbonetos Insaturados

15

HALOGENETOS DE ALQUILO 21

Trabalho 4: Substituição Nucleofílica Bimolecular vs.

Substituição Nucleofílica Unimolecular

21

Trabalho 5: Síntese de um Halogeneto de Alquilo Terciário

26

REACTIVIDADE DO GRUPO CARBONILO 29

Trabalho 6: Síntese e Caracterização de um Salen 29

Trabalho 7: Redução da Benzofenona 31

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3

SEGURANÇA NO LABORATÓRIO

As regras de segurança essenciais no laboratório são resumidas

seguidamente.

Deve:

familiarizar-se com os procedimentos de emergência no laboratório

usar bata e óculos de protecção

lavar as mãos depois de sair do laboratório

ler cuidadosamente os procedimentos experimentais antes de iniciar o

trabalho

manusear os produtos químicos com cuidado

manter a área de trabalho limpa

em caso de dúvida perguntar ao professor

Não deve:

comer ou beber no laboratório

fumar no laboratório

inalar, provar ou cheirar produtos químicos

trabalhar sozinho no laboratório

fazer experiências não autorizadas

Óculos de Protecção

O uso de óculos de protecção no laboratório é obrigatório. Mesmo quando faz

registos no caderno o seu colega do lado pode estar a manusear substâncias

perigosas. Os olhos são particularmente vulneráveis, quer a acidentes provocados por

vidros partidos, quer por produtos químicos.

Vestuário

No laboratório é obrigatório o uso de bata, contudo deve também cuidado na

escolha da roupa que veste no laboratório. Não deve usar as suas melhores roupas,

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uma vez que, por mais cuidado que tenha, são praticamente inevitáveis salpicos de

produtos orgânicos ou ácidos. Por esta razão também não deve vestir no laboratório

calções ou saias curtas.

Luvas

O uso de luvas é recomendado para evitar o contacto de qualquer produto

químico com a pele. A sua utilização é particularmente importante no manuseamento

de ácidos corrosivos e produtos químicos que são rapidamente absorvidos pela pele.

Manuseamento de produtos químicos

Os produtos químicos representam vários perigos, podem ser tóxicos,

irritantes, corrosivos, inflamáveis ou explosivos, por isso devem ser sempre

manuseados com bastante cuidado. Na figura 1 são apresentados os símbolos de

perigo que se encontram mais frequentemente nos rótulos das embalagens.

E :

Explosivo

O :

Comburente

F+ : Extremamente

inflamável

F : Facilmente

inflamável

T+ : Muito tóxico

T : Tóxico C : Corrosivo Xn : Nocivo Xi : Irritante N : Perigoso

para o ambiente

Figura 1- Símbolos de perigo frequentes nos rótulos de produtos químicos

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O maior perigo no laboratório é o incêndio, uma vez que a maioria dos

compostos orgânicos ardem em contacto com uma chama e muitos deles,

particularmente os solventes, sempre presentes em grande quantidade, são muito

inflamáveis. Nunca deve ligar um bico de Bunsen sem antes confirmar se não há nas

proximidades garrafas de solventes abertas.

Deve também evitar inalar vapores dos compostos orgânicos trabalhando

sempre que possível no nicho. Reacções que envolvem vapores irritantes e/ou tóxicos

devem ser realizadas dentro do nicho.

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SIGNIFICADO DAS FRASES DE RISCOS E SEGURANÇA

Riscos

Significado dos códigos das frases de risco:

o R1 Explosivo quando seco.

o R2 Risco de explosão por fricção, fogo, choque e outras fontes de

ignição.

o R3 Extremo risco de explosão por choque, fricção, fogo ou outras fontes

de ignição.

o R4 Formas muito sensíveis há explosão por compostos metálicos.

o R5 Aquecimento pode causar explosão.

o R6 Explosão com ou sem contacto com o ar.

o R7 Pode causar incêndio.

o R8 Contacto com materiais combustíveis pode causar incêndio.

o R9 Explosivo quando misturado com materiais combustíveis.

o R10 Inflamáveis.

o R11 Altamente inflamáveis.

o R12 Extremamente inflamável.

o R13 Extremamente inflamável gás liquefeito.

o R14 Reagem violentamente com água.

o R15 Contacto com água libera gás extremamente inflamável.

o R16 Explosivo quando misturado com substâncias oxidantes.

o R17 Espontaneamente inflamável no ar.

o R18 Em uso, pode formar misturas inflamáveis/explosivas com vapor-

ar.

o R19 Pode formar peróxidos explosivos.

o R20 Nocivo por inalação.

o R21 Nocivo em contacto com a pele.

o R22 Nocivo se ingerido.

o R23 Tóxico por inalação.

o R24 Tóxico em contacto com a pele.

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o R25 Tóxico se ingerido.

o R26 Muito tóxico por inalação.

o R27 Muito tóxico em contacto com a pele.

o R28 Muito tóxico se ingerido.

o R29 Contacto com água liberta gás tóxico.

o R30 Pode tornar-se altamente inflamável, quando utilizado.

o R31 Contacto com ácido liberta gás tóxico.

o R32 Contacto com ácido liberta gás muito tóxico.

o R33 Perigo de efeitos cumulativos.

o R34 Causa queimadura.

o R35 Causa severas queimaduras.

o R36 Irritante para os olhos.

o R37 Irritante para o sistema respiratório.

o R38 Irritante para a pele.

o R39 Perigo de efeitos irreversíveis muito sérios.

o R40 Possíveis riscos de efeitos irreversíveis.

o R41 Riscos de sério prejuízo para os olhos.

o R42 Pode causar sensibilização por inalação.

o R43 Pode causar sensibilização pelo contacto com a pele.

o R44 Risco de explosão se armazenado a alta temperatura.

o R45 Pode causar cancro.

o R46 Pode causar prejuízos hereditários.

o R47 Pode causar defeitos ao feto.

o R48 Perigo de sérios prejuízos para saúde por exposição prolongada.

o R49 Pode causar cancro por inalação.

o R50 Muito tóxico para organismos aquáticos.

o R51 Tóxico para organismos aquáticos.

o R52 Nocivo para organismos aquáticos.

o R53 Pode causar efeitos negativos no ambiente aquático durante longo

período.

o R54 Tóxico para a flora.

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o R55 Tóxico para a fauna.

o R56 Tóxicos para organismos no solo.

o R57 Tóxico para abelhas.

o R58 Pode causar efeitos negativos no ambiente durante longo período.

o R59 Perigosos para a camada de ozono.

o R60 Pode prejudicar a fertilidade.

o R61 Pode causar danos em recém nascidos.

o R62 Risco de prejudicar a fertilidade.

o R63 Possível risco de dano para recém nascidos.

o R64 Pode causar dano para crianças amamentadas.

o R65 Nocivo: pode causar prejuízo para os pulmões se inalado.

o R66 A exposição repetida pode causar pele seca e rachada.

o R67 Vapores podem causar tonturas e sonolência.

Segurança

Os códigos das frases de segurança são os seguintes:

o S1 Manter fechado.

o S2 Manter fora do alcance de crianças.

o S3 Manter em lugar fresco.

o S4 Manter à distância de alojamentos.

o S5 Manter o conteúdo imerso em ... (Seguido pelo nome do líquido).

o S6 Manter em atmosfera de ... (Seguido pelo nome do gás inerte).

o S7 Manter o recipiente rigorosamente fechado.

o S8 Manter o recipiente seco.

o S9 Manter o recipiente em um lugar bem ventilado.

o S12 Manter o recipiente selado.

o S13 Manter à distância de alimentos, bebidas e animais.

o S14 Manter à distância de ... (Uma lista de materiais incompatíveis

deverá ser seguida).

o S15 Manter à distância de fontes de calor.

o S16 Manter à distância de fontes de ignição.

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o S17 Manter à distância de material combustível.

o S18 Manusear e abrir o recipiente com cuidado.

o S20 Quando estiver a utilizar, não comer ou beber.

o S21 Quando estiver a utilizar, não fumar.

o S22 Não respirar o pó.

o S23 Não respirar o vapor.

o S24 Evitar o contacto com a pele.

o S25 Evitar o contacto com os olhos.

o S26 Em caso de contacto com os olhos lave imediatamente com água

corrente e procure um médico.

o S27 Tirar imediatamente todo o vestuário contaminado.

o S28 Depois do contacto com a pele lavar imediatamente com bastante

espuma de sabão.

o S29 Não atirar no esgoto.

o S30 Nunca adicionar água a este produto.

o S33 Tomar precauções contra descargas estáticas.

o S35 Este material e recipiente devem ser colocados em lugar seguro.

o S36 Usar vestuário adequado de protecção.

o S37 Usar luvas apropriadas.

o S38 Em caso de ventilação insuficiente usar equipamento respiratório

adequado.

o S39 Usar óculos/máscara de protecção.

o S40 Para limpar o chão e todos os objectos contaminados com este

material, use... (Material de limpeza adequado).

o S41 Em caso de fogo e / ou explosão não respirar a fumo.

o S42 Durante a pulverização / Usar um equipamento respiratório

adequado.

o S43 Em caso de incêndio use ... (Um equipamento adequado deve ser

usado para combater o fogo).

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o S45 Em caso de acidente ou se não se estiver a sentir bem, procurar

conselho de um médico imediatamente (mostrar a etiqueta do produto

se possível).

o S46 Se ingeriu, procurar conselho de um médico imediatamente e

mostrar o produto ingerido ou a etiqueta.

o S47 Manter a temperatura abaixo de ...

o S48 Deve ser mantido em local húmido (Seguido do nome do material).

o S49 Manter apenas no recipiente original.

o S50 Não misturar com ...

o S51 Usar apenas em áreas bem ventiladas.

o S52 Não recomendado para o interior: usar em áreas de grande

superfície.

o S53 Evitar exposição - obter instrução especial antes de utilizar.

o S56 Este material e o seu recipiente devem ser colocados com os

materiais perigosos.

o S57 Usar recipiente apropriado para evitar contaminação do meio

ambiente.

o S59 Recorrer para o fabricante/Fornecedor para informações sobre

recuperação/reciclagem.

o S60 Este material e seu recipiente devem ser colocados com os

resíduos perigosos.

o S61 Evitar a liberação no meio ambiente. Recorrer para instruções

especiais/dados de segurança.

o S62 Se ingerido, deve ser induzir-se o vómito; procurar conselho médico

imediatamente.

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TÉCNICAS LABORATORIAIS

Trabalho 1: Separação de Compostos Orgânicos por Extracção Líquido-Líquido

Um problema comum encontrado em síntese orgânica é a separação de

compostos. Por vezes o produto duma determinada reacção encontra-se contaminado

com reagentes devido a reacções incompletas ou devido à formação de pequenas

quantidades de produtos secundários. Para isolar o produto pretendido puro é

necessário um domínio de técnicas de purificação, nomeadamente de processos de

extracção líquido-líquido. Para utilizar esta técnica é necessário conhecer e tirar

partido da reactividade dos compostos envolvidos, conhecer a sua solubilidade e tirar

partido destas informações.

No presente trabalho será efectuada a separação de três componentes de uma

mistura, mais especificamente de ácido benzóico (a), -naftol (b) e p-xileno (c). As

extracções basear-se-ão nas transformação dos compostos com base nas suas

características ácido-base. Para além do processo de extracção líquido-líquido, serão

utilizados também como formas de purificação a recristalização e a destilação.

CO2H OH CH3

H3C

(a) (b) (c)

Riscos e segurança:

HCl Corrosivo R:36 S:26

NaHCO3 R:- S:-

NaOH Corrosivo R:35 S:26-37/39-45

Acetato de etilo Inflamável R:11 S:16-23-29-33

Ácido benzóico Corrosivo R:22-36 S:26

-naftol corrosivo, perigoso para o ambiente R:20/22-50 S:24/25-61

p-xileno Corrosivo R:10-20/21-38 S:25

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Procedimento Experimental

Colocar 50 ml da mistura de três componentes fornecida (fase orgânica, acetato

de etilo) num funil de separação de 100 mL e extrair 2 vezes com 20 mL de uma

solução de NaHCO3 aquosa a 10%. Acidificar de seguida as fases aquosas conjuntas

até pH = 1 por adição de HCl concentrado. Precipita assim um sólido, o composto X.

Filtrar o sólido com sucção, lavar com um pouco de água gelada e secar.

Retomar a fase orgânica e extrair 2 vezes com 20 mL de uma solução de NaOH

1M. Acidificar as fases aquosas conjuntas até pH = 1 por adição de HCl concentrado.

Com este tratamento precipita um segundo sólido, o composto Y. Filtrar o sólido com

sucção, lavar com um pouco de água gelada e secar.

Secar a fase orgânica com um agente secante, filtrar e transferir para um balão

de fundo redondo de 100 mL previamente tarado. Evaporar o solvente. Obtém-se

assim o composto Z, um líquido incolor.

Q1. Pesar a quantidade de X obtida e determinar o seu ponto de fusão.

Q2. Pesar a quantidade de Y obtida e determinar o seu ponto de fusão.

Q3. Pesar a quantidade de Z.

Q4. O que é um agente secante? Dar alguns exemplos de agentes secantes.

Q5. A composição inicial da mistura utilizada encontra-se na seguinte tabela.

Com base nos valores indicados, calcular o rendimento de cada componente e concluir

sobre a eficiência do processo de extracção realizado.

Rendimento teórico

X 1,22 g

Y 1,0 g

Z 2,65 mL

Q6. Apresentar as reacções ocorridas que permitiram a separação e isolamento

dos compostos.

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OS HIDROCARBONETOS

Trabalho 2: Hidrocarbonetos Saturados

Os alcanos ou parafinas são os compostos orgânicos mais simples, constituídos

apenas por carbono e hidrogénio ligados entre si por ligações covalentes simples.

Os alcanos formam uma série homóloga de fórmula molecular geral CnH2n+2. Os

mais simples estão indicados na Tabela 1, que regista também os respectivos pontos

de ebulição e fórmulas moleculares. O símbolo "n-" é uma abreviatura de "normal" e

indica uma cadeia carbonada não ramificada.

Tabela 1

Alcano Fórmula Molecular Ponto de Ebulição

metano CH4 -161 °C

etano C2H6 -89 °C

propano C3H8 -42 °C

n-butano C4H10 0 °C

n-pentano C5H12 36 °C

n-hexano C6H14 69 °C

Reactividade de Alcanos

Alcanos: Processos de Substituição Radicalares

Uma molécula é uma estrutura física estável, mas pode converter-se noutra que

será uma nova estrutura também estável. Quando tal acontece, ocorre uma reacção

química. Uma forma de se alterarem as estruturas moleculares envolve a intervenção

de espécies radicalares, isto é, espécies contendo electrões não emparelhados. Estes

podem resultar da ocorrência de cisão homolítica duma ligação covalente.

A radiação electromagnética de comprimento de onda adequado pode fornecer a

energia necesssária para que ocorra a cisão homolítica da ligação covalente de uma

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molécula, por exemplo de bromo, produzindo-se assim dois átomos livres. Os átomos

de bromo podem remover um átomo de hidrogénio duma molécula de metano

formando uma molécula de HBr e uma espécie com um electrão não partilhado, isto é,

um radical.

Também o cloro ataca os alcanos quando em condições semelhantes às

descritas para o bromo. Como todas as ligações C-H desses compostos têm

aproximadamente a mesma energia, o processo de cloração é muito pouco selectivo.

Daí resulta que o etano possa dar origem a cloreto de etilo e também a outros

derivados policlorados.

Forças Intermoleculares

As moléculas são associações estáveis de átomos. Essas associações e a sua

estabilidade podem interpretar-se com base na existência de ligações químicas entre

os átomos. Uma molécula não é, contudo, indiferente à presença de outras moléculas

próximas. Ocorrem interacções intermoleculares que resultam de forças

intermoleculares de diferentes tipos.

As interacções intermoleculares são responsáveis por propriedades

macroscópicas dos compostos tais como solubilidade, pontos de fusão e pontos de

ebulição e estão por sua vez directamente relacionadas com a polaridade das

moléculas.

As interacções intermoleculares podem agrupar-se em tipos que merecem

designações clássicas e correspondem a diferentes ordens de grandeza de

intensidades. Ordenando das mais fracas para as mais fortes teremos: interacções ou

forças de van der Waals, interacções dipolo-dipolo e ligações de hidrogénio.

As forças intermoleculares mais fortes envolvem a interacção entre um

hidrogénio ligado a um átomo electronegativo e um átomo electrogenativo possuindo

um par de electrões não ligantes. Este tipo de interacção é designado por ligações de

hidrogénio ou por pontes de hidrogénio.

Entre moléculas com momento dipolar, moléculas polares, existem interacções

que podem resultar da presença de ligações polares ou da pares de electrões não

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ligantes. O polo positivo de uma molécula atrai o polo negativo da outra e vice-versa

resultando em interacções que se designam por dipolo-dipolo.

As moléculas apolares também são influenciadas pela presença de moléculas

vizinhas provocando distorções mútuas das distribuições electrónicas e criando assim

dipolos induzidos. Estes dipolos induzidos provocam também atracções entre

moléculas vizinhas, necessariamente mais fracas que as que ocorrem entre dipolos

permanentes, e designam-se por interacções ou forças de van der Waals.

Os alcanos são moléculas apolares. Apesar das ligações C-H, nas quais a

partilha do par de electrões não é exactamente equitativa, apresentarem uma pequena

polarização, a orientação tetraédrica das ligações na molécula leva à anulação desses

momentos dipolares. Assim, as forças intermoleculares nos alcanos são forças de van

der Waals.

Riscos e segurança:

H2SO4 Corrosivo R:35 S:26-30-45

NaOH Corrosivo R:35 S:26-37/39-45

Petróleo leve Inflamável R:11-65 S:9-16-29-33-62

Hexano Inflamável R:11-38-48/20-51/53-62-65-67 S:9-16-29-33-36/37-61-62

CCl4 Tóxico, Nocivo p/o ambiente R:23/24/25-40-48/23-52/53-59 S:23-36/37-45-59-61

Bromo Tóxico, Corrosivo, Nocivo p/ ambiente R:26-35-50 S:7/9-26-45-61

Procedimento Experimental

Dentro do nicho, adicionar aproximadamente 1 mL de hexano a cada um de dois

tubos de ensaio. Envolver um deles em papel preto e em seguida adicionar

rapidamente a cada um igual volume de bromo em tetracloreto de carbono (± 0,5 mL)

e rolhar os tubos, prendendo no cimo de cada um uma tira de papel indicador para

detectar a presença de ácidos. Colocar, durante 30 minutos, o tubo envolvido em

papel preto ao escuro e o outro à luz de forma a apanhar o máximo de luz possível.

Q1. Após os 30 minutos, observar os dois tubos, registar e explicar as

diferenças entre eles.

Q2. Apresentar o mecanismo da reacção que ocorre nesta experiência.

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Observar amostras de petróleo leve, parafina líquida e parafina sólida. Todas são

constituídas por misturas de hidrocarbonetos, obtidos por destilação do petróleo bruto.

Q3. Prever a ordem crescente dos pesos moleculares das três amostras com

base na intensidade das forças intermoleculares.

Estudar a solubilidade de petróleo leve em água e de parafina em petróleo leve.

Q4. Explicar os resultados observados e tirar conclusões..

Dentro do nicho, colocar 5-6 gotas de petróleo leve numa cápsula de porcelana e

incendiá-lo com cuidado. Repetir com parafina líquida.

Q5. Qual das substâncias arde mais facilmente e porquê?

Verificar o efeito de hidróxido de sódio diluído sobre 5-6 gotas de parafina líquida.

Verificar o efeito de ácido sulfúrico diluído sobre 5-6 gotas de parafina líquida. Verificar

o efeito de ácido sulfúrico concentrado sobre 5-6 gotas de parafina líquida.

Se nada se verificar a frio em qualquer destes ensaios, aquecer as misturas num

banho de água e observar se há alguma alteração.

Q6. Interpretar os resultados obtidos nos ensaios com hidróxido de sódio e com

ácido sulfúrico.

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Trabalho 3: Hidrocarbonetos Insaturados

A série mais simples de hidrocarbonetos insaturados é a dos compostos de

fórmula geral CnH2n que se designam por alquenos, alcenos ou olefinas. Os primeiros

cinco membros desta série homóloga são os que constam da Tabela 2, onde se

registam os nomes triviais e sistemáticos (IUPAC) para esses compostos, assim como

os respectivos pontos de ebulição.

Tabela 2

Alqueno Fórmula Molecular Ponto de Ebulição

etileno (eteno) C2H4 -104 °C

propileno (propeno) C3H6 -48 °C

butileno

(buteno-1)

C4H8 -6 °C

penteno-1 C5H10 30 °C

hexeno-1 C6H12 64 °C

Os alquenos são compostos em que existe uma ligação dupla carbono-carbono.

H2C CH2

(Eteno)H2C CH CH3

(Propeno)

A designação de insaturados resulta do facto dos alquenos não possuirem o

número máximo possível de átomos de hidrogénio por átomo de carbono, o que

acontece com os alcanos. A dupla ligação também se designa por ligação etilénica ou

olefínica. O carbono pode também estabelecer ligações duplas com outros elementos.

Há outra série de compostos insaturados, designada por alquinos ou alcinos, de

fórmula genérica CnH2n-2. A série começa com o acetileno (etino), composto de ponto

de ebulição -84 °C, e é constituída por compostos em que a estrutura possui uma

ligação tripla carbono-carbono (Tabela 3).

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Tabela 3

Alquino Fórmula Molecular Ponto de Ebulição

acetileno (etino) C2H2 -84 °C

propino C3H4 -23 °C

butino-1 C4H6 8 °C

butino-2 C4H6 27 °C

Tal como os alcanos, os alquenos e os alquinos são moléculas de baixa

polaridade pelo que as forças intermoleculares dominantes são as de van der Waals.

Nos alquenos, dependendo da sua geometria específica, as polaridades poderão

ser ligeiramente diferentes, o que resultará em forças intermoleculares de diferentes

intensidades. Assim, enquanto nos isómeros trans (ver secção seguinte) os

momentos de dipolo são geralmente nulos, nos isómeros cis existe um pequeno

momento de dipolo. Consequentemente, os isómeros cis possuem um ponto de

ebulição mais elevado que os trans. Contudo por apresentarem menor simetria,

ordenam-se mais dificilmente segundo uma rede cristalina e por isso exibem menor

ponto de fusão que os isómeros trans.

Alquenos: Isomeria geométrica

As estruturas moleculares não têm liberdade de rotação sobre o eixo da ligação

olefínica como sucede com a ligação simples. Pode dizer-se que as moléculas têm

rigidez em relação à ligação olefínica. Isto dá origem a um tipo de isomeria que se

designa por isomeria geométrica. Para alquenos dissubstituídos em posições vicinais,

tal como o 1,2-dicloroeteno, o isómero com os dois substituintes do mesmo lado da

ligação dupla é designado por isómero cis, enquanto que o que possui os substituintes

em lados opostos da ligação é o isómero trans.

Cl

H

H

Cl

cis-1,2-dicloroeteno

Cl

H

Cl

H

trans-1,2-dicloroeteno

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A classificação cis e trans é difícil de aplicar para casos em que os substituintes

do alqueno sejam muito “semelhantes”. Por essa razão existe uma nomenclatura

alternativa: quando os átomos de maior número atómico em cada carbono estão do

mesmo lado da dupla ligação o alqueno tem a configuração Z, quando estão em lados

opostos tem a configuração E, tal como para os isómeros do 1-bromo-2-cloro-1-

fluoroeteno.

Cl

H

Br

F

Cl

H

F

Br

Z-1-bromo-2-cloro-1-fluoroeteno. E-1-bromo-2-cloro-1-fluoroeteno.

O impedimento à rotação sobre o eixo numa ligação dupla resulta do facto de os

átomos que a constituem não poderem rodar livremente sem destruir a orbital . Este

processo requer uma quantidade apreciável de energia e portanto não ocorre

facilmente. A rotação em torno de uma ligação simples não exige a destruição de

qualquer ligação e é por isso muito mais fácil, isto é, à temperatura ambiente é

possível ultrapassar a barreira de energia rotacional correspondente.

Pode-se então partir de uma cis-olefina (rotação impedida), promover uma adição

à ligação dupla para que se forme uma ligação simples (rotação possível) e finalmente

regenerar a dupla ligação, através de uma reacção de eliminação, que pode ter a

configuração original (cis) ou uma nova configuração (trans).

A desidro-halogenação de halogenetos de alquilo é um dos métodos comuns de

preparação de alquenos. Trata-se de uma reacção de eliminação 1,2 ou eliminação :

os elementos H+ e X-, são eliminados de átomos de carbono adjacentes.

Interferência Cis-Trans

Quando dois grupos volumosos se encontram em posição cis, as suas nuvens

electrónicas interpenetram-se, originando alguma repulsão. No caso dos isómeros

trans, os dois grupos encontram-se mais afastados pelo que a interferência diminui,

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conduzindo a uma situação de menor repulsão e conferindo maior estabilidade à

molécula.

Interferência cis Interferência trans

X

HH

X

X

HX

H

A sequência adição-eliminação efectuada neste trabalho constitui um caso

particular em que as reacções são reversíveis. Usualmente os produtos de adição são

muito estáveis, sendo difícil inverter o seu processo de formação. Neste caso,

considerando os ácidos maleico e fumárico, o equilíbrio é deslocado no sentido da

formação do ácido fumárico de acordo com a regra geral de que os isómeros trans

são mais estáveis do que os cis.

HOOC COOH

H H

HOOC H

H COOH

H

X

COOH

COOH

H

H

HOOC

H

X

COOH

H

H

+HX-HX

-HX+HX

ácido maleico ácido fumárico

aducto

Reactividade de Alquenos

Alquenos: Reacções de Adição Electrofílica

Ao contrário dos alcanos, os alquenos pelo facto de possuirem átomos que

compartilham entre si mais do que um par de electrões, podem adicionar outras

moléculas à sua estrutura de carbono. A ligação dupla é formada por uma ligação σ

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mais forte e por uma ligação mais fraca que sofre facilmente ruptura dando lugar à

formação de duas ligações σ mais fortes. A ligação dupla funciona assim como fonte

de electrões, sendo facilmente atacada por reagentes electrofílicos.

Riscos e segurança:

Bromo Tóxico, Corrosivo, Nocivo para o ambiente R:26-35-50 S:7/9-26-45-61

Ácido acético glacial Irritante R:10-35 S:23-26-45

Estilbeno Irritante R:22-37/38 S:22-36/39

Etanol Inflamável R:11 S:7-16

Ácido maleico Irritante R:22-36/37/38 S:26-28-37

Ácido fumárico Irritante R:26 S:26

HCl Corrosivo R:36 S:26

Procedimento Experimental

Isomerização do ácido maleico: Dissolver num balão de 50 mL, 0,5 g de ácido

maleico em 8 mL de água. Adicionar 12 mL de ácido clorídrico concentrado e

aquecer suavemente até ao refluxo, durante 30 minutos.

Os cristais do ácido fumárico formado cristalizam a partir da solução quente por

arrefecimento. Filtrar o produto e secar.

Bromação do estilbeno: Colocar estilbeno (1 g) num frasco cónico de 50 mL e

juntar ácido acético glacial (20 mL) de forma a não deixar partículas de sólido

aderentes às paredes do frasco. Aquecer a mistura em banho de água até completa

solubilização. Tirar o frasco do banho e adicionar em pequenas porções, uma solução

de bromo em ácido acético (5 mL)[no nicho]. Quando a adição estiver terminada,

aquecer a mistura durante 1 ou 2 minutos e deixar arrefecer. Quando a mistura

estiver bem fria, recolher os cristais usando um funil de Buchner e secá-los o máximo

possível por sucção. Interromper a sucção e adicionar um pouco de etanol para lavar

os cristais. Reiniciar a sucção e secar de novo os cristais. Repetir a lavagem e a

secagem novamente. Colocar o sólido obtido entre folhas de papel de filtro para

completar a secagem. O produto, dibrometo de estilbeno é pouco solúvel nos

solventes vulgares e por isso não é facilmente recristalizável. Felizmente a reacção é

tão selectiva que o composto obtido deve ser virtualmente puro.

Page 22: Redução Benzofenona Boro Hidreto Pg35

22

Q1. Pesar os cristais de ácido fumárico e calcular o rendimento.

Q2. Determinar o ponto de fusão do ácido fumárico.

Q3. Escrever o mecanismo das reacções de adição e eliminação que originam o

ácido fumárico.

Q4. Escrever o nome sistemático do dibrometo de estilbeno.

Q5. Pesar o dibrometo de estilbeno obtido, registar o aspecto dos cristais e

calcular o rendimento da reacção.

Q6. Determinar o ponto de fusão do dibrometo de estilbeno e comentar.

Q7. Escrever o mecanismo da reacção de formação do dibrometo de estilbeno.

Page 23: Redução Benzofenona Boro Hidreto Pg35

23

HALOGENETOS DE ALQUILO

Trabalho 4: Substituição Nucleofílica Bimolecular vs. Substituição Nucleofílica

Unimolecular

Os halogenetos de alquilo são importantes intermediários em sequências

sintéticas para obtenção de compostos com aplicação directa no dia a dia. Como

exemplos citam-se o fármaco Prozac, anestésicos diversos, herbicidas,

intensificadores de sabores, solventes inócuos para perfumaria, etc. A utilidade dos

halogenetos de alquilo como intermediários sintéticos resulta da grande versatilidade

de uma das suas reacções mais características, a substituição nucleófilica (SN). Esta

envolve nucleófilos (Nu:-) diversos que transformam os halogenetos de alquilo numa

grande variedade de outros compostos.

As reacções de substituição nucleofílica podem processar-se por dois

mecanismos diferentes: a substituição nucleofílica bimolecular (SN2) e a substituição

nucleofílica unimolecular (SN1). A ocorrência de um ou outro mecanismo depende da

estrutura do halogeneto de alquilo.

Na substituição nucleofílica bimolecular o passo determinante da velocidade de

reacção envolve a formação de um estado de transição a partir do halogeneto de

alquilo e do nucleófilo (S---R---X na curva de progresso da reacção) pelo que a lei da

velocidade da reacção é dada por: v=k[R-X][Nu:-]. Nas reacções SN2, o estado de

transição é tanto mais estável quanto menor o volume dos subtituíntes do carbono

que sofre a substituição, o que acontece em halogenetos de alquilo primários ou

secundários.

Na substituição nucleofílica unimolecular o passo determinante da velocidade

de reacção envolve a formação de um carbocatião a partir apenas do halogeneto de

alquilo (R+ na curva de progresso da reacção). A expressão da lei da velocidade da

reacção é v=k[R-X]. Nas reacções SN1, um carbocatião estável resulta de um

halogeneto terciário ou secundário.

Page 24: Redução Benzofenona Boro Hidreto Pg35

24

A estereoespecificidade é um factor importante nas reacções de substituição

nucleofílica, sendo a inversão de configuração característica das reacções SN2, e a

racemização característica das reacções SN1.

O solvente é outro factor importante nas reacções de substituição: enquanto

as SN2 são favorecidas por solventes polares apróticos, as reacções SN1 são

favorecidas por solventes polares próticos.

Pretende-se, com este trabalho, fazer uso de duas reacções de substituição

nucleofílica conhecidas, a síntese de Williamson e a reacção de Filkenstein para

determinar se um halogeneto de alquilo é primário, secundário ou terciário A

síntese de Williamson consiste na reacção de um halogeneto de alquilo com um

alcóxido para originar um éter.

Nu: + RX

+NuR + X-

Nu---R---X +

-

Marcha da reacção

Ep

SN2

Nu: + RX

+NuR + X-

R----X +

-

Marcha da reacção

SN1

R+ + X-

+ Nu

Ep

Page 25: Redução Benzofenona Boro Hidreto Pg35

25

R C XR

R+ AgNO3 AgX+ CH3 CH2 OH+ R C O

R

R

CH2 CH3 + HNO3

A reacção de Finklestein envolve a transformação de fluoretos, cloretos ou

brometos de alquilo nos correspondentes derivados iodados.

R CH2 X + NaI

O

NaX+ R CH2 I

Em ambas as reacções, a ocorrência de reacção do halogeneto de alquilo é

identificada pela simples observação da formação dum precipitado no meio de

reacção. Na reacção de Williamson forma-se um halogeneto de prata, que é

insolúvel em etanol. Na reacção de Finkelstein tira partido dos cloretos e brometos

de sódio serem insolúveis em acetona enquanto os iodetos são solúveis.

O objectivo deste trabalho é estudar a reactividade de halogenetos

desconhecidos nas reacções referidas para determinar se são primários, secundários

ou terciários.

Riscos e segurança:

1-clorobutano Inflamável R:11 S:9-16-29

1-bromobutano Inflamável, nocivo, perigoso para o ambiente R:11-36/37/38-51/53 S:16-26-60

2-clorobutano Inflamável R:11 S:16-29-7/9

2-bromobutano Inflamável R:11 S:16-23-24/25

2-cloro-2-metilpropano Inflamável R:11 S:16-29-33-7/9

2-bromo-2-metilpropano Inflamável R:11 S:16-33

Iodeto de sódio Nocivo R:36/38 S:26

acetona Corrosivo, inflamável R:11-36-66-67 S:9-16-26

nitrato de prata Corrosivo, perigoso para o ambiente R:34-50/53 S:26-45-60-61

Etanol Inflamável R:11 S:7-16

Procedimento Experimental

Utilizar amostras dos seguintes halogenetos de alquilo:

1-clorobutano 1-bromobutano

2-clorobutano 2-bromobutano

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2-cloro-2-metilpropano 2-bromo-2-metilpropano

Reacção de Finkelstein (Ensaio para a identificação da ocorrência do mecanismo

SN2):

Rotular sete tubos de ensaio muito bem secos (atenção: havendo humidade os

ensaios não serão fidedignos) e colocar em cada um 3 gotas de um halogeneto de

alquilo, rolhando rapidamente os tubos. Adicionar 1 mL de uma solução de NaI a

15% em acetona seca ao primeiro tubo. Rolhar novamente e agitar até obter uma

mistura completa dos reagentes. Tomar nota do início da reacção e registar o tempo

que decorre até ao aparecimento do precipitado. Se após 5 minutos não ocorrer

formação de precipitado, aquecer o tubo num banho a 50 °C. Se não se observar

formação de um precipitado durante 15 minutos de aquecimento, considerar que não

ocorreu reacção.

Repetir o procedimento com as restantes amostras fornecidas.

Reacção de Williamson (Ensaio para a identificação da ocorrência do mecanismo

SN1):

Rotular sete tubos de ensaio muito bem secos e colocar em cada um 3 gotas

de um halogeneto de alquilo, rolhando rapidamente os tubos. Adicionar 1 ml de uma

solução de AgNO3 a 1% em etanol ao primeiro tubo. Rolhar novamente e agitar até à

completa mistura dos reagentes. Tomar nota do início da reacção e registar o tempo

que decorre até ao aparecimento do precipitado. Se após 5 minutos não ocorrer

formação de precipitado, aquecer o tubo num banho a 50 °C. Se durante 15 minutos

de aquecimento não se observar formação de um precipitado, considerar que não

ocorreu reacção.

Repetir o procedimento com as restantes amostras fornecidas.

Q1. Explique a estabilidade relativa dos carbocatiões primários, secundários e

terciários.

Q2. Qual a relação entre a velocidade das reacções SN1 e SN2 e a estabilidade

dos intermediários envolvidos?

Page 27: Redução Benzofenona Boro Hidreto Pg35

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Q3. Elabore uma tabela com os resultados dos ensaios efectuados. Peça ao

docente a identificação das amostras desconhecidas que utilizou de modo a confirmar

os resultados que obteve. Comente.

Q4. Escolha um halogeneto de alquilo que dê resultado positivo para a reacção

do tipo SN2 e apresente o respectivo mecanismo.

Q5. Escolha um halogeneto de alquilo que dê resultado positivo para a reacção

do tipo SN1 e apresente o respectivo mecanismo.

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Trabalho 5: Síntese de um Halogeneto de Alquilo Terciário

Os álcoois são compostos importantes e úteis como intermediários em síntese

orgânica. De forma identical aos halogenetos de alquilo, também estes compostos

podem sofrer reacções de substituição nucleofílica unimolecular e bimolecular. Uma

diferença importante é o facto de o grupo hidroxilo ser um abandonante mais fraco,

tornando assim o processo menos favorável. Uma forma de contornar este problema

é transformar o grupo hidroxilo num abandonante mais eficiente, por exemplo por

protonação. Na presença de ácidos fortes do tipo HCl, HBr e HI, é possível fazer esta

protonação. Simultaneamente, como os iões halogeneto são bons nucleófilos, ocorre

substituição para originar o halogeneto de alquilo correspondente.

Um exemplo deste tipo de transformação é a reacção de um álcool terciário

com ácido clorídrico aquoso para originar o correspondente cloreto de alquilo. Devido

à estrutura do álcool, esta substituição será, necessariamente, unimolecular:

HCl H2OR C OHR1

R2

R C ClR1

R2

Neste trabalho pretende-se sintetizar o cloreto de terc-butilo por reacção do

terc-butanol com HCl através de uma substituição nucleofílica unimolecular.

Riscos e segurança:

HCl Corrosivo R:36 S:26

terc-butanol Inflamável, Nocivo R:11-20 S:9-16

KOH Corrosivo R:22-35 S:26-36/37/39-45

Éter etílico Inflamável, Nocivo R:12-19-22-66-67 S:9-16-29-33

Etanol Inflamável R:11 S:7-16

Nitrato de prata Corrosivo, Nocivo R:34-50/53 S:26-45-60-61

Sulfureto de carbono Inflamável, Tóxico R:11-36/38-48/23-62-63 S:16-33-36/37-45

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Num balão de fundo redondo de 100 mL, colocar 65 mL de ácido clorídrico

concentrado e arrefecer até 0-5 °C num banho de gelo. Transferir o ácido para um

Page 29: Redução Benzofenona Boro Hidreto Pg35

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funil de separação de 100 mL, e adicionar 15 g (19 mL) de álcool terc-butílico (este

álcool tem um p.f. de 25 °C podendo ser necessário fundi-lo aquecendo-o ligeiramente).

Rolhar e agitar a mistura ocasionalmente durante 15 minutos. Deixar separar as duas

camadas e recolher o produto.

Transferir o cloreto de terc-butilo para um funil de separação e lavar

sucessivamente com 15 mL de água, 2 porções de 15 mL de solução de

hidrogenocarbonato de sódio a 5% e finalmente com mais 15 mL de água. Secar o

composto com um agente secante. Filtrar a pressão reduzida e pesar o produto

obtido.

O produto pode ser purificado através de uma destilação simples utilizando um

balão de 50 mL e recolhendo a fracção que destila entre 45-52 °C.

O ensaio do xantato e o ensaio do nitrato de prata alcoólico são ensaios

qualitativos que podem ser utilizados para confirmar a presença de grupos funcionais

específicos. O ensaio do xantato, quando positivo, indica a presença de um álcool. Um

ensaio do nitrato de prata positivo confirma a presença de um halogénio. Efectuar

cada um destes ensaios sobre o reagente e produto.

Ensaio do Xantato: Num tubo de ensaio colocar uma palheta de KOH e 1 mL de

composto em 1 mL de tetra-hidrofurano. Aquecer até dissolver completamente.

Arrefecer o tubo e adicionar 1,5 mL de tetra-hidrofurano seguido de sulfureto de

carbono gota a gota até um máximo de 0,5 mL. A formação de um sólido amarelo

pálido indica a presença do grupo hidroxilo.

Ensaio do nitrato de prata alcoólico: A 0,5 mL de uma solução saturada de

nitrato de prata alcoólico adicionar 0,5 mL de composto. Se após 3-4 minutos não

houver qualquer alteração, aquecer à ebulição durante 1 minuto. O aparecimento de

um precipitado indica a ocorrência de reacção.

Q1. Pesar o produto obtido e calcular o rendimento da reacção.

Q2. Escrever o mecanismo da formação do cloreto de terc-butilo.

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Q3. Qual o objectivo de lavar o produto com água e hidrogeno-carbonato de

sódio?

Q4. Seria possível transformar o cloreto de terc-butilo novamente em álcool

terc-butílico? Escrever o mecanismo desta reacção.

Q5. Interpretar os resultados observados nos ensaios do xantato e nitrato de

prata e escrever as equações das reacções ocorridas nos testes positivos.

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REACTIVIDADE DO GRUPO CARBONILO

Trabalho 6: Síntese e Caracterização de um Salen

A condensação de um aldeído ou de uma cetona com uma amina primária dá

origem a uma imina, com libertação de uma molécula de água. Devido à grande

contribuição de Schiff para o estudo destas reacções, as iminas passaram a ser

conhecidas como bases de Schiff.

O

R1 R2

RNH2 NR1

R2 RH2O

Os reagentes utilizadas nestas reacções podem ter estruturas diversificadas,

tanto no que respeita à amina como relativamente ao aldeído. De especial

importância, contudo, são as bases de Schiff formadas entre diaminas e derivados do

salicilaldeído. A primeira base de Schiff deste tipo foi formada por reacção da

etilenodiamina (en) com o salicilaldeído (sal). Daí estas di-iminas se designarem

genericamente por Salens, independentemente da diamina e do aldeído que o origina.

Os Salens formam facilmente complexos tetradentados com diversos metais de

transição. Estes complexos têm variadas aplicações, nomeadamente como

catalisadores em numerosas reacções e em processos terapêuticos. Estes

compostos possuem actividade antioxidante: podem ajudar a combater o excesso de

radicais livres (tais como HO e O2-) que são responsáves pelo envelhecimento e por

muitas patologias no organismo humano.

O objectivo deste trabalho será a preparação do salen derivado da etilenodiamina

e do salicilaldeído utilizando as condições habituais para estas transformações.

Procedimento Experimental

Num balão de fundo redondo de 50 mL colocar 25 mL de etanol e etilenodiamina

(3 mmol). Colocar num banho de gelo e adicionar o salicilaldeído (6 mmol). Refluxar

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32

com agitação. Controlar o evoluir da reacção por tlc utilizando como eluente uma

mistura de acetato de etilo:hexano (3:2). Quando a reacção estiver completa (cerca

de 1 hora) evaporar parte do etanol (aproximadamente metade) e adicionar algumas

gotas de água. O produto cristaliza por arrefecimento. Filtrar o produto cristalizado e

secar.

Q1. Determinar o rendimento da reacção efectuada e o ponto de fusão do

produto obtido.

Q2. Apresentar o mecanismo para a formação da di-imina.

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Trabalho 7: Redução da Benzofenona

Os álcoois são compostos muito úteis em síntese. Os processos mais

frequentemente utilizados para a síntese de álcoois envolvem a reacção de aldeídos ou

cetonas com reagentes organometálicos e a redução de aldeídos, cetonas, ésteres e

ácidos carboxílicos com agentes de transferência de hidreto.

A redução de uma cetona com boro-hidreto de sódio ou hidreto de alumínio e lítio

é um método simples e rápido que permite obter álcoois secundários. Na redução é

preferencialmente utilizado o NaBH4, o agente redutor mais suave e de mais fácil

manipulação.

O presente trabalho envolve a redução da benzofenona com boro-hidreto de sódio

para preparar o difenilmetanol, um álcool secundário. O acompanhamento da reacção

será efectuado por cromatografia de camada fina.

O HO

+ NaBH4

H

A cromatografia é um processo de separação de compostos que se baseia na

diferença de velocidade de deslocamento dos componentes duma mistura quando

transportados por uma fase móvel (líquida ou gasosa) que se desloca sobre uma fase

estacionária (sólida ou líquida). Cada composto possui capacidade de retenção

diferente pela fase estacionária em função do tipo e intensidade das interacções que

com ela forma que podem resultar de adsorção, partilha interfases ou algum outro

fenómeno fisico-químico.

Um dos tipos de cromatografia é a cromatografia em camada fina, tlc (do inglês

“thin layer chromatography”). Apesar deste método permitir a separação de pequenas

quantidades de compostos em misturas, este tipo de cromatografia é geralmente mais

utilizado para análise qualitativa do que para purificação. A técnica de tlc é simples, e

permite obter uma resposta rápida acerca de quantos componentes temos numa

mistura. Muitas vezes o tlc pode ser utilizado para identificar os compostos de uma

Page 34: Redução Benzofenona Boro Hidreto Pg35

34

mistura através de comparações com amostras conhecidas. Esta técnica também é

muito utilizada em síntese química para seguir o evoluir das reacções químicas: através

do desaparecimento dos reagentes e aparecimento dos produtos.

Na figura 1a é exemplificada a preparação duma placa para o tlc indicando o

ponto de aplicação da amostra a separar. A câmara onde é desenvolvido o tlc está

representada na figura 1b. O interior da câmara de tlc deve ser forrado com papel de

filtro para saturar o ambiente com vapor do solvente.

(a) (b)

Figura 1- (a) Preparação de uma placa de tlc; (b) câmara de tlc

A mistura que se pretende separar através de tlc tem de ser previamente

dissolvida, sendo depois aplicada na placa recorrendo a um tubo capilar. A quantidade

de amostra a aplicar não pode ser muito pequena (os compostos eluídos vão

apresentar manchas muito pequenas e ténues quando observados com luz ultravioleta)

e também não muito grande (a placa ficará sobrecarregada perdendo-se a resolução)

(figura 2).

(a) (b)

Figura 2- Placa de tlc com três quantidades diferentes de amostra: (a) antes e (b) depois da

eluição.

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35

Além da quantidade de amostra utilizada outros factores podem afectar o

aspecto da mancha de um composto após eluição. Na figura 3 são apresentados os

tipos mais frequentes de distorção de manchas para compostos puros.

Neste trabalho será utilizada a cromatografia em camada fina, na qual a fase

estacionária sólida (sílica, SiO2) se dispõe como uma fina camada sobre um suporte

plano de alúminio. A fase móvel líquida será constituída por uma mistura de solventes.

A escolha do solvente é bastante importante na eficiência da separação da mistura.

Geralmente quanto mais polar for um solvente, mais eficiente é na eluição de

compostos, polares ou não-polares. Isto acontece porque um solvente polar compete

mais efectivamente com os componentes da mistura para a adsorção na superfície

relativamente polar do adsorvente (sílica).

(a) (b) (c)

Figura 3- Formatos distorcidos mais comuns de manchas de compostos puros: (a) substância que

contem grupos muito acídicos ou básicos; (b) superfície do adsorvente danificada durante a aplicação;

(c) composto aplicado em solução de solvente muito polar

Riscos e segurança:

Etanol Inflamável R:11 S:7-16

Acetato de etilo Inflamável R:11 S:16-23-29-33

NaOH Corrosivo R:35 S:26-37/39-45

Diclorometano Nocivo R:40 S:23-24/25-36/37

Boro-hidreto de sódio Inflamável, Corrosivo R.15-34 S:26-36/37/39-43.12-45

Benzofenona Irritante, Nocivo para o ambiente R:36/37/38-50/53 S:26-36-60-61

Hexano Inflamável R:11-38-48/20-51/53-62-65-67 S:9-16-29-33-36/37-61-62

Procedimento Experimental

Num elenmeyer de 50 mL, colocar 0,5 g de benzofenona e 10 mL de etanol.

Adicionar 0,3 g de boro-hidreto de sódio. Manter a reacção à temperatura ambiente

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com agitação magnética. Controlar o evoluir da redução por tlc utilizando como

eluente hexano/acetato de etilo (6:1), comparando a reacção com o reagente.

Após completa a reacção (não mais de 45 min) adicionar gota a gota 10 mL de

uma solução de NaOH 10%. Transferir a mistura para um funil de separação e

adicionar mais 5 ml de água. Extrair a solução aquosa com 10 mL de CH2Cl2. Repetir

a extracção mais duas vezes. Secar as fases orgânicas conjuntas com um agente

secante. Filtrar e evaporar o solvente. O produto pode ser recristalizado numa

mistura de etanol/água.

Q1. Pesar o produto e determinar o rendimento da reacção.

Q2. Determinar o ponto de fusão do difenilmetanol e comentar.

Q3. Calcular os Rf dos compostos.

Q4. Apresentar o mecanismo da reacção de redução da cetona ao álcool

correspondente com boro-hidreto de sódio.

Q5. O hidreto de alumínio e lítio é outro dador de hidretos. Quais as diferenças

entre este o boro-hidreto de sódio utilizado neste trabalho?