Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLIGICA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL LUAN HELDER GOMES DA SILVA RODRIGO OLIVEIRA VALENTE REFORÇO A FLEXÃOEM VIGA DE CONCRETO ARMADO COM TECIDOS DE FIBRA DE CARBONO BELÉM - PA 2013

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TCC SOBRE A UTILIZAÇÃO DE TECIDOS DE CARBONO NO REFORÇO DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO

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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLIGICA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

LUAN HELDER GOMES DA SILVA

RODRIGO OLIVEIRA VALENTE

REFORÇO A FLEXÃOEM VIGA DE CONCRETO ARMADO COM TECIDOS DE

FIBRA DE CARBONO

BELÉM - PA

2013

Page 2: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

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LUAN HELDER GOMES DA SILVA

RODRIGO OLIVEIRA VALENTE

REFORÇO A FLEXÃO EM VIGA DE CONCRETO ARMADO COM TECIDOS DE

FIBRA DE CARBONO

Trabalho de conclusão de curso apresentado a

coordenação do curso de engenharia civil do

centro de ciências exatas e tecnológica da

Universidade da Amazônia com requisito para

obtenção de titulo em Bacharel em Engenharia

Civil.

Orientador: Prof. MSc. Evaristo Clementino

Rezende dos Santos Junior.

BELÉM - PA

2013

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3

LUAN HELDER GOMES DA SILVA

RODRIGO OLIVEIRA VALENTE

REFORÇO A FLEXÃOEM VIGA DE CONCRETO ARMADO COM TECIDOS DE

FIBRA DE CARBONO

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à coordenação do curso de

engenharia civil do centro de ciências

exatas e tecnológica da Universidade da

Amazônia com requisito para obtenção de

titulo em Bacharel em Engenharia Civil.

Banca Examinadora

_________________________________________________

Prof. MSc. Evaristo Clementino Rezende dos Santos Junior

Orientador – UNAMA

_________________________________________________

Prof. MSc. Antonio Massoud Salame

UNAMA

__________________________________________________

Prof. MSc. Clementino José dos Santos Filho

UNAMA

Apresentado em: ___ /___ /___

Conceito: _________________

BELÉM – PA

2013

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DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho primeiramente aos nossos pais, pois sem eles não

teríamos chegado até aqui, em segundo lugar ao nosso grande Mestre e Professor

Evaristo Clementino Rezende dos Santos Junior pela orientação, incentivo e valiosa

contribuição durante este trabalho, a todos os demais professores e funcionários da

Universidade da Amazônia aos colegas de classe que sem eles nossa caminhada

teria sido muito mais árdua.

Dedicamos principalmente a Raimundo Nonato Ribeiro da Silva (In

Memoriam), pai do meu companheiro de jornada Luan Helder, que tem hoje o seu

sonho realizado que é ver seu filho tornar-se Engenheiro Civil.

Luan Helder Gomes da Silva e Rodrigo Oliveira Valente.

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AGRADECIMENTOS

Queremos agradecer, em primeiro lugar, a Deus, pela força e coragem

durante toda esta longa caminhada.

Agradecemos também a todas as pessoas que direta ou indiretamente

contribuíram para essa nossa vitória em especial ao grande Professor MSc. Evaristo

Clementino Rezende dos Santos Junior, por conceder a oportunidade de nos

orientar mostrando-se sempre paciente e solicito nos momentos mais precisos do

trabalho pesquisado.

Agradecemos esta, bem como todas as nossas demais conquistas, aos

nossos amados familiares e pais Jorge da Costa Valente e Rosangela Maria Oliveira

Valente, Raimundo Nonato Ribeiro da Silva (In Memoriam) e Raimunda Pereira

Gomesque não mediram esforços para ver nossos sonhos realizados.

Rodrigo Oliveira Valente e Luan Helder Gomes da Silva

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RESUMO

O número de patologias em estruturas de Concreto Armado (CA) é recorrente,

surgindo com isso, à necessidade de reforço nas estruturas e consequentemente

estudos para sanar tais deficiências. O estudo será direcionado para a solução de

tais problemas através da aplicação da fibra de carbono na estrutura de CA com

necessidade de reforço, o objetivo é o ganho de resistência na peça reforçada,

objeto do nosso estudo. Nas últimas décadas os compósitos Reforçados com Fibra

de Carbono (CRFC) têm despertado o interesse de pesquisadores no mundo inteiro

para a utilização no reforço de estruturas em substituição aos métodos tradicionais,

pois apresentam maior resistência e menor massa específica que o aço.

Palavra Chave: Concreto Armado, Estudo, Reforço com Fibra de Carbono

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ABSTRACT

The number ofconditions inReinforced ConcreteStructures(CA) is recurrent,

appearing with it, the need tostrengthenthe structures andconsequentlystudiesto

remedysuchdeficiencies. The studywill be directed tothe solutionof

suchproblemsthrough the application ofcarbon fiberin the structureofCAin need

ofstrengthening, the goal is togainstrengthin the playenhancedobjectof our study. In

recent decadesthe compositesreinforced withcarbon fiber(CRFC) haveattracted the

interestof researchersworldwidefor usein reinforcingstructuresto replacetraditional

methods, since they have higher strength andlowerdensitythan steel.

Keyword: Concrete, Study, StrengtheningwithCarbon Fiber

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LISTA DE QUADROS

Quadro1 - Variação das propriedades físicas e mecânicas de diversas fibras 20

Quadro 2 - Comparativo entre as características dos diversos tipos de fibras 20

Quadro 3 - Características de instalação de mantas de fibras de carbono 25

Quadro 4- Modo de rupturas possíveis 30

Quadro 5– Características das vigas 34

Quadro 6- Caracteristicas do viapol Carbon Primer 37

Quadro 7 – Caracteristicas do viapol Carbon Stuc 37

Quadro 8 - Caracteristicas do viapol Carbon Stuc 38

Quadro 9– Caracteristicas do viapol Carbon CFW 300 39

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1-Diagrama de tensão x deformação especifica desse compósito 21

Figura 2-Compósito de epóxi com fibras de carbono 21

Figura 3-Fios de fibras de carbono 23

Figura 4-Chapas pulturadas 24

Figura 5-Tecidos de fibras de carbono 24

Figura 6-Diagrama de tensão x deformação especifica de tecido 25

Figura 7-Modo de ruptura possível 31

Figura 8-Efeito pelling off na interface do concreto 32

Figura 9-Betoneira utilizada na concretagem 35

Figura 10-Viga modelo armada 35

Figura 11-Detalhamento e relação do aço utilizado nas vigas modelos 36

Figura 12-Produtos do sistema de reforço estrutural 36

Figura 13-Foto da viapol carbon CFW 300 38

Figura 14-Agregados na Estufa 40

Figura 15-Agregados na peneira 40

Figura 16-Aplicação de espaçadores 41

Figura 17-Aplicação do desmoldante 41

Figura 18-Slump teste 42

Figura 19-Moldagem dos CP cilíndricos 10x 20 42

Figura 20-Modelo de aparelho de apoio utilizado no experimento 43

Figura 21-Viga VR1 sobre o apoio 44

Figura 22-Viga VR1 rompida a flexão 44

Figura 23-Viga VR3 em estado inicial de colapso 45

Figura 24-Preparo da superfície e processo de mistura das resinas 46

Figura 25-Aplicação dos produtos e MFC da viapol sobre a viga 47

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Figura 26-Viga VR2 48

Figura 27-Viga VR3 48

Figura 28-Gráfico dos resultados alcançados através das rupturas das vigas 49

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LISTA DE ABREVIATURAS

CRF Compósito Reforçado com Fibras de Carbono

PRFC Polímero Reforçado com Fibra de Carbono

CA Concreto Armado

MFC Manta com Fibra de Carbono

MPa Mega Pascal

cm Centímetro

m Metro

PRF Polímero Reforçado com Fibra

Tnf Tonelada Força

VR1 Viga de Referencia do Grupo 1

VR2 Viga de Referencia do Grupo 2

VR3 Viga de Referencia do Grupo 3

GPa Giga Pascal

mm Milímetro

Kn Kilo Newton

m³ Metro Cúbico

°C Graus Celsius

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 14

2. OBJETIVOS 15

2.1. OBJETIVO GERAL 15

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 15

3. JUSTIFICATIVA 16

4. METODOLOGIA 17

4.1.SISTEMA DE REFORÇO COM FIBRA DE CARBONO 17

4.2. USO DE FIBRAS NO CONCRETO ARMADO 17

4.3.COMPÓSITO COM FIBRA DE CARBONO 18

4.4.RESINA EPOXÍDICA 25

5. REFORÇO ESTRUTURAL 28

5.1 PROBLEMAS ESTRUTURAIS 29

5.2 TIPOS DE RUPTURA DE VIGAS REFORÇADAS 29

5.3. REFORÇO À FLEXÃO 32

6. ESTUDO DO CASO 34

6.1 MATERIAL UTILIZADO 34

6.1.1 Concreto 34

6.1.2 Aço 35

6.1.3 Sistema de Reforço com MFC 36

7. PREPARAÇÃO DO EXPERIMENTO 39

7.1.APLICAÇÃO DO REFORÇO 39

7.2.PREPARO DA SUPERFÍCIE 39

7.3APLICAÇÃO DA MFC 39

7.4SEGURANÇA 40

8. DESCRIÇÃO DO ENSAIO 40

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13

8.1MODELAGGEM DAS VIGAS E CORPOS DE PROVA 41

9. MONTAGEM DO ENSAIO 42

10. EXECUÇÃO 43

11. ANÁLISE DOS RESULTADOS 44

11.1VIGA DE REFERÊNCIA VR1 44

11.2 VIGA DE REFORÇO COM MANTA DE CARBONO VR2 E VR3 47

11.3 VIGA REFORÇADA VR2 47

11.4 VIGA REFORÇADA VR3 48

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS 50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 51

ANEXO A - RELATÓRIO DE ENSAIO 53

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1. INTRODUÇÃO

A Construção Civil sempre existiu desde os primórdios da humanidade, a

história nos mostra isso, com o intuito de suprir as necessidades básicas imediatas

do ser humano, no primeiro momento não havia uma preocupação com a técnica

devido aos deslocamentos constantes por motivos diversos. O homem é o único ser,

entre as inúmeras espécies de seres vivos, que tem a capacidade de transformar e

produzir suas técnicas continuamente aperfeiçoando-as, através do experimento e

estudo, para obter melhores resultados.

O fato de o homem ser um ser social houve a necessidade de criar

aglomerados humanos que mais tarde foram chamados de cidades, para a

construção das cidades o homem precisou criar técnicas mais avançadas e

apropriadas para construir moradias, onde no mesmo espaço, fosse acomodado o

maior número de pessoas e que resistisse às intempéries, surgem assim às

moradias mais elaboradas com técnicas mais ousadas.

Em uma estrutura de Concreto Armado (CA) um dos elementosfundamentais

é a Viga, por tal motivo deve ser dimensionada visando resistir a esforços de flexões,

dentre outros, estruturas em concreto armado são as maisusadas na construção civil

no Brasil, o seu uso vai de pequenas construções até os grandes arranha-céus. O

número de patologias em estruturas de CA é recorrente, surgindo com isso, à

necessidade de reforço nas estruturas e consequentemente estudos para sanar tais

deficiências.

O estudo será direcionado para a solução de tais problemas através da aplicação da

fibra de carbono na estrutura de CA com necessidade de reforço, o objetivo é o

ganho de resistência na peça reforçada, objeto do nosso estudo. O sistema de

reforço com as fibras de carbono são usadas com o intuito de reparar algumas

fragilidades que a estrutura possa apresentar e que não reparadas,

consequentemente levarão a interdição total ou parcial da estrutura podendo chegar

até o seu colapso total.

Nas últimas décadas os compósitos reforçados com fibra de carbono (CRFC)

têm despertado o interesse de pesquisadores no mundo inteiro para a utilização no

reforço de estruturas em substituição aos métodos tradicionais, pois apresentam

maior resistência e menor massa específica que o aço.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Apresentar, através de experimentos práticos e pesquisa bibliográfica o uso de

polímeros reforçados com fibra de carbono como opção de tecnologia a ser aplicada

como reforço em estruturas de concreto armado quando submetido a esforço de

flexão.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Apresentar as características técnicas do Polímero Reforçado com fibras de

Carbono (PRFC), como sua estrutura interage com peças de concreto armado em

especial vigas retangulares e qual o procedimento correto a ser adotado para aplicar

o PRFC como reforço estrutural.

Estabelecer o ganho de resistência adquirindo com o reforço de uma camada

de Manta de Fibra de Carbono (MFC), este ganho será avaliado através de um

comparativo realizado por um experimento prático feito com três vigas CA, obtido

pela ruptura das vigas modelo de CA e vigas modelo CA com reforço de MFC.

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3. JUSTIFICATIVA

Segundo (ROCHA-CARVALHO CARLOS, 2000), o reforço estrutural com fibra de

carbono tem sua origem no Japão por volta da segunda metade da década de 1980

em face dos problemas e danos estruturais originados por abalos sísmicos, pois as

estruturas necessitavam de recuperação e reforço num curto intervalo de tempo.

Foram executados reforços em pilares com fibras de carbono, de modo a enrijecer

os nós das estruturas, buscando-se sanar os danos causados pelos abalos

sísmicos. Nos Estados Unidos da América esse tipo de material foi utilizado em

projetos aeroespaciais.

Posteriormente sua utilização estendeu-se à indústria automobilística, como

revestimento dos carros de Fórmula 1, para a proteção contra batidas frontais

evitando o esmagamento das pernas dos pilotos em caso de acidentes.

O sistema de reforço com compósitos é indicado para aplicações em vigas,

lajes, paredes, silos, reservatórios, túneis e demais elementos estruturais sujeitos à

deterioração, ou para possibilitar o acréscimo de sua capacidade de carga ou para

diminuir as flechas.

Devido ao conjunto de materiais empregados nessa técnica, em que é

utilizado compósito de fibra de carbono e resina epóxi, a colagem externa do reforço

possibilita um aumento significativo na resistência das estruturas, de modo a

possibilitar uma mudança de uso das mesmas, corrigir erros de projeto ou de

execução, recuperação estrutural face ao tempo de uso ou por algum acidente

durante a vida útil da estrutura.

O reforço com compósitos de fibra de carbono, além de possuir

características semelhantes às encontradas em sistemas de reforços realizados com

chapas de aço tais como a enorme variedade de casos em que podem ser

empregadas, é uma técnica rápida, fácil e de eficaz aplicação. O fato das dimensões

das estruturas permanecerem praticamente inalteradas é um fator determinante na

adoção desse tipo de reforço. O baixo peso específico do sistema de reforço é uma

grande vantagem em relação à adoção de chapas metálicas.

Page 17: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

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4. METODOLOGIA

Serão analisados os fatores que geram a necessidade de reforço, diversas

técnicas e materiais que podem ser utilizados, descrevendo alguns estudos

realizados sobre comportamento de vigas reforçadas à flexão.

O trabalho tem como desenvolvimento o estudo a respeito da utilização da

fibra de carbono para reforço de vigas de concreto armado à flexão, com base em

estudos realizados através de livros, pesquisas, normas técnicas e cálculos têm-se

como intuito realizar experimentos com varias amostras, usando modelos simples e

de uma escala menor de vigas (15x20x50 cm) de CA.

O dimensionamento da viga será realizado com a utilização do Software

‘’Eberick V6’’e a utilização de normas técnicas como a NBR 6118:2003 para a

confecção das vigas de concreto armado.

4.1. SISTEMA DE REFORÇO COM FIBRA DE CARBONO

O desenvolvimento de materiais poliméricos avançados possibilitou a

utilização dos mesmos em diversificada áreas de aplicação industrial e comercial.

Por diversos anos esses materiais têm sido empregados nas industriais

aeroespaciais e de defesa, nas construções navais, na indústria automotiva e até

mesmo na de equipamentos esportivos.

Por causa do alto custo inicial da produção desses materiais, junto com a falta

da mão de obra especializada e aliado à falta de pesquisa e informações técnicas

adequadas, limitaram e inibiram por logo prazo a utilização dos materiais poliméricos

avançados na indústria da construção civil.

4.2. USO DE FIBRAS NO CONCRETO ARMADO

Usados em grande escala na construção civil, o concreto armado que e à

união do aço e do concreto em uma mesma peça, tem como finalidade de formar as

mais diversas estruturas idealizadas pelos engenheiros e arquitetos. Nada mais justo

já que se trata de um material que tem como característica a boa trabalhabilidade,

boa durabilidade, boa resistência mecânica além dos custos acessível que se tornou

bastante popular.

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18

As peças de concreto armado são projetadas para resistirem a esforços

solicitantes segundo a NBR – 6118:2003, sendo que seu estado limite de serviço é

quem determina as máximas cargas que a peça resistirá.

Quando as peças de concreto armado não suportam aos esforços

solicitantes, seja por erro de cálculos, uso indevido ou imprevisões, começa a

apresentar sinais da deficiência, como flechas acima do previsto, fissuras, trincas ou

até mesmo seu rompimento por completo.

Na maioria dos casos de deficiência estrutural, é possível a recuperação da

mesma sem necessidade de substituição da peça, ou seja, pode ser executada

acrescentando mais área de secção aço, fibra de carbono, etc.

4.3. COMPÓSITOS DE FIBRA DE CARBONO

As fibras são as responsáveis pela resistência e rigidez do compósito, que

varia em função do tipo, tamanho, grau de concentração e disposição das mesmas

na matriz.

As fibras contínuas, como as de carbono, têm como utilização mais comum os

reforços estruturais em sistemas compósitos (concreto armado, por exemplo). As

fibras têm como papel principal colaborar com as características de resistência e

espessura podendo ser consideradas o “esqueleto” do sistema.

Os compósitos são constituídos de uma matriz termoplástica ou matriz com

cura térmica (termofixos) e fibras contínuas dispostas aleatoriamente ou em direções

definidas. A resistência da matriz é menor que a das fibras, sendo que essas devem

resistir às cargas para obter-se um ganho maior na resistência do compósito, mas o

inconveniente que deve ser realçado é a ruptura brusca das fibras. A função da

matriz é colar as fibras e transmitir as ações externas para as mesmas por meio de

tensões tangenciais.

O comportamento e as propriedades dos materiais compósitos dependem da

natureza, da forma, do arranjo estrutural e da interação entre os componentes. As

propriedades e características de cada componente determinam as propriedades

gerais do compósito.

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Segundo (MACHADO, 2002) as fibras de carbono resultam do processo de

carbonização de fibras de polímeros, como o poliacrilonitril, sendo suas

características mecânicas diretamente dependentes da estrutura molecular obtida.

Dependendo do tipo de tratamento da fibra básica que inclui carbonização,

grafitização e oxidação, é possível fabricar fibras de carbono com diversas

configurações de resistência e algumas delas podem chegar a ser várias vezes mais

resistentes que o aço. A produção dessas fibras exige exposição ao ar das fibras

base, seguida de processamento a altas temperaturas (da ordem de 1000ºC a

1500ºC para as fibras de carbono). Essa característica confere à fibra resistência à

tração da ordem de 3500 MPa com uma deformação específica de 1,5%.

A fibra de carbono é um material baseado na força das ligações carbono-

carbono, no grafite, e na leveza do átomo de carbono. A fibra de carbono é

caracterizada por uma combinação de baixo peso, alta resistência e grande rigidez o

seu alto módulo de elasticidade e alta resistência dependem do grau de orientação

das fibras, ou seja, do paralelismo entre os eixos dessas.

As fibras têm diâmetros entre, 0,07mm e 0,10mm. Elas podem ser longas,

quando forem contínuas, ou curtas, quando forem fios cortados (com comprimentos

de 03 mm a 50 mm). A relação entre o comprimento e o diâmetro médio das fibras

curtas é chamada de fator de tamanho. As propriedades de um compósito com fibras

curtas são muito dependentes dessa relação, pois quanto maior o fator de tamanho,

maior será a resistência do compósito.

Os compósitos de fibras contínuas mais utilizadas atualmente são os de vidro,

os de carbono e a aramida. As propriedades físicas e mecânicas variam

consideravelmente para os diferentes tipos de compósitos e podem variar

significativamente para o mesmo tipo de material. (Quadro1)

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20

Quadro 1- variação das propriedades físicas e mecânicas de diversas fibras.

Fonte: MATHYS 2000.

Quadro 2 – comparativo entre as características dos diversos tipos de fibras.

* PAN = Fibras obtidas por pirólise e oxidação de fibras sintéticas de Poliacrilonitrilla.

**Picth = fibras obtidas pela pirolise do petróleo destilado ou pinche convertido do cristal liquido.

Fonte: MATHYS, 2000.

Observa-se que na Figura 1. que os compósitos de fibras de carbono (CRFC)

são os materiais mais indicados para o reforço de vigas de concreto armado, pois

apresentam alto desempenho mecânico e o aumento na seção transversal original é

praticamente desprezível.

Page 21: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

21

Figura1 – Diagrama de Tensão x Deformação especifica desses compósitos de aço.

Fonte: Machado, 2002.

A Figura 2 mostra a foto de um material compósito com matriz epóxicom

fibras de carbono.

Figura 2 – Compósito de epóxi com fibras de carbono.

Fonte: Machado, 2002.

São adequados para o reforço de vigas de concreto armado, devido ao alto

desempenho mecânico dessas fibras.

Os compósitos de fibra de carbono permitem uma significativa redução nas

dimensões dos elementos de reforço, além de sua elevada resistência à tração e

módulo de elasticidade da ordem de grandeza do módulo de elasticidade do aço.

As características dessa técnica de reforço incorporam algumas vantagens,

como o acréscimo insignificante na carga permanente e uma espessura mínima do

reforço. A boa flexibilidade do material permite adaptação a várias formas e a

facilidade de aplicação reduz os custos e o tempo de paralisação do uso da

Page 22: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

22

estrutura, além de ser um material não corrosivo, o que garante maior durabilidade e

menor manutenção.

Os compósitos de fibra de carbono permitem uma significativa redução nas

dimensões dos elementos de reforço, além de sua elevada resistência à tração e

módulo de elasticidade da ordem de grandeza do módulo de elasticidade do aço.

Os polímeros são materiais compósitos não homogêneos, anisotrópicos e de

comportamento perfeitamente elástico até a ruína. Os Polímeros Reforçados com

Fibras (PRF) são constituídos por um componente estrutural (as fibras) e por uma

componente matricial (a resina polimérica) e geralmente por alguns fillers e aditivos.

O desempenho de um PRF é determinado pelas propriedades e características dos

materiais que o constituem, pela interação entre esses materiais e pelas condições

da execução do reforço, daí sua enorme versatilidade.

Os polímeros reforçados com fibras de carbono (PRFC), ou carbon fiber

reiforced polymers (CFRP), são apropriados para o reforço de estruturas de concreto

armado devido ao elevado desempenho mecânico das fibras de carbono.

O PRFC é um subproduto de materiais com base em poliacrilonitril, oriundo

da indústria de refinação, oxidado a 1500°C. O resultado é um material com base

em carbono, em forma de fibra, na qual os átomos ficam perfeitamente alinhados ao

longo da fibra.

Os compósitos de PRFC destacam-se principalmente por quê:

Em temperatura ambiente as fibras de carbono não são afetadas pela

umidade e ação de vários solventes, ácidos e base;

Mantém a alta resistência e rigidez sobre temperaturas elevadas;

Não são afetadas pela corrosão por se tratar de um produto inerte;

Estabilidade térmica e reológica;

Bom comportamento a fadiga e atuação de cargas cíclicas;

Resistência mecânica;

Peso específico da ordem de 1,8g/cm³o que lhe confere extrema leveza.

Page 23: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

23

Inicialmente utilizados para o reforço de pilares submetidos a ações sísmicas,

esses polímeros já se encontram em aplicações práticas no reforço de lajes, vigas,

pilares e paredes, em estruturas de edifícios e de pontes. Uma vez garantida à boa

qualidade do concreto e a ausência de corrosão nas armaduras, tais reforços

possibilitam limitar a abertura das fissuras e reduzir as flechas, além de aumentar a

resistência à flexão e à força cortante.

Os PRFC possuem baixa condutividade térmica transversal e a sua

resistência ao fogo é limitada pela instabilidade da resina exposta a elevadas

temperaturas. Os compósitos utilizados em reforço estrutural apresentam-se sobre

diversas formas, tais como:

Fios de fibra de carbono: são enrolados sobre tensão e colados sobre a

superfície do concreto (Figura 3)

Figura 3- Fios de Fibras de Carbono

Fonte: www.masterbuilds.com.br/fibras

Chapas pultrudadas: são chapas de polímeros reforçados com fibras de

carbono impregnadas com resina epóxi ou poliéster, que resultam em perfis

contínuos com formatos diversos e complexos, que são colados sobre a

superfície de concreto com adesivo (Figura 4).

Page 24: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

24

Figura 4-Chapas Pultrudadas

Fonte: www.masterbuilds.com.br/fibras

Tecidos de fibra de carbono: Os tecidos de fibras de carbono são pré-

impregnados (prepreg), com espessura similar a do papel de parede, colados

sobre a superfície do concreto com resina epóxi, seguindo exatamente a

curvatura do elemento e permitindo a aplicação em arestas (Figura 5)

Figura 5 - Tecido de Fibras de Carbono

Fonte: www.masterbuilds.com.br/fibras

A Figura 6 mostra curvas tensão-deformação de dois tipos de tecidos

comercializados atualmente.

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25

Figura 6 – Diagrama Tensão x Deformação Especifica de tecidos de fibras de carbono

Fonte: www.masterbuildstecnologics.com.br; 1996.

As principais características e aspectos de instalação de sistemasde reforços com

mantas e tecidos de fibra de carbono são apresentados no Quadro 3.

Quadro 3 - características e aspectos de instalação de mantas e tecidos de fibras de carbono

Fonte: Araújo, 2002.

4.4. RESINA EPOXÍDICA

A matriz dos compósitos reforçados com fibras é responsável pela união das fibras

que compõem o compósito, atuando como o meio pelo qual as solicitações externas

Page 26: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

26

são transmitidas e distribuídas para as fibras. Apenas uma parcela muito pequena

desta solicitação é absorvida pela matriz.

As resinas sintéticas estão entre os materiais mais empregados na recuperação

e no reforço de estruturas. Essas resinas são formadas por monômeros, que ao

reagirem com catalisadores formam polímeros de cadeias de grande extensão. As

características desses polímeros variam de acordo com o monômero e o catalisador

utilizado, e com as proporções desses para a formação dos polímeros.

As resinas epóxi, dentre as resinas sintéticas utilizadas na construção, tais como

as resinas acrílicas, as de poliéster, as poliuretânicas, são as mais utilizadas sem

reforços e recuperações de estruturas de concreto devido a uma série de vantagens

que essas apresentam sobre as outras. Dentre as vantagens dessas resinas

enfatizam-se as suas excelentes propriedades de aderência e durabilidade, além da

compatibilidade entre esses materiais e o concreto. Possuem excelente resistência à

tração, boa resistência à fluência, boa resistência química e a solventes, forte

adesão com as fibras e baixa retração durante a cura. O preço e o longo período de

cura são as desvantagens. As elevadas temperaturas comprometem a resina

epóxica, que se torna elastomérica, o que acarreta reduções consideráveis de

resistência.

As resinas epóxi (etoxileno) são derivadas do petróleo, resultante da combinação

da epicloridrina e do bisfenol “A”. A primeira é proveniente de gases do petróleo, e a

segunda da condensação de fenol com acetona. Essas resinas representam uma

importante classe dos polímeros termorrígidos e têm sido comercializadas desde a

década de 1940.

As resinas epóxi empregadas em aplicações da engenharia estrutural por si só

não apresentam características físicas para utilização prática. Geralmente são

formulações do tipo bi-componente, ou seja, compostas por um agente principal (a

própria resina) e um catalisador (endurecedor). Dessa forma, o catalisador reage

com as resinas gerando uma “formulação epóxi”.

Cada “formulação epóxi” possui propriedades físicas e químicas bem definidas,

dentre elas destacam-se:

Page 27: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

27

Intervalo de tempo variando de 30 minutos a 10 horas para adquirir

resistência, sendo que a resistência máxima é obtida aos sete dias;

Resistência a tração variando de 55 Mpa a 130 MP, e a compressão variando

de 120 Mpa a 210 Mpa;

Modulo de elasticidade: 2,5 GPa a 4,1 GPa;

Peso especifico: 10,8 Kn/m³ a 12,7 Kn/m³;

Deformação especifica na ruptura: 1% a 9%;

Resistencia a flexão; 131 Mpa;

Excelente adesão ao concreto com resistência entre 30 MPa e 50 MPa;

Retração inferior à do concreto.

A resina epóxi tem como finalidade atuar como adesivo, ou seja, fazer com que o

material atinja sua resistência própria em uma hora, apresentando excelente

resistência química, elevada capacidade de liga, resistência final muito elevada, e

garantir a aderência do compósito ao substrato de concreto, transferindo as tensões

tangenciais desse para o substrato, de modo a estabelecer a integridade do arranjo

compósito-epóxi-concreto, ou atuar como selante, para uso com diversos materiais

de construção, possuindo durabilidade e elasticidade muito maiores do que os

materiais usuais.

O epóxi puro formado exclusivamente por resina e catalisador é o material

utilizado no reforço e recuperação de estruturas de concreto. Por ser um material

isolante, influencia na estrutura dando a ela uma maior resistência à ruptura do

conjunto compósito-concreto, uma vez que esses dois materiais apresentam

coeficientes de dilatação térmica diferentes. A camada de epóxi não deve exceder a

3 mm de espessura para que o seu endurecimento no interior da pasta não seja

reduzido, prejudicando assim o reforço realizado. Na prática a sua espessura final

fica em torno de 1,5 mm. . A escolha do tipo de adesivo é fundamental, pois o

comportamento mecânico do reforço depende muito dele.

A temperatura que leva a passagem de um estado vítreo para um estado elástico e

dúctil é chamada temperatura de transição vítrea e a aproximação desta temperatura

Page 28: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

28

faz com que as propriedades mecânicas, como a resistência e a rigidez da resina,

diminuam acentuadamente. Esse problema pode ser amenizado com o uso de

sprinklers, e/ou de pintura especial no acabamento do reforço, buscando-se

aumentar a resistência ao fogo.

O período em que a resina mantém suas características de aderência e pode ser

manipulada sem dificuldade, são chamadas de tempo de utilização (pot life).

Quanto maior a temperatura e quantidade de material a ser preparado, menor o

tempo de utilização. Isso ocorre em função da maior quantidade de calor e

consequente aceleração das reações. O tempo de endurecimento (open time) é o

tempo que a resina leva para endurecer, e é o intervalo no qual o compósito deve

ser colado para que suas propriedades se desenvolvam satisfatoriamente. Esse

tempo é influenciado pelas temperaturas do ambiente, do compósito e da superfície

a ser reforçada.

Além da resina, fillers e aditivos comumente também compõem a matriz. Os fillers

têm a função de diminuir o custo e melhorar as propriedades da matriz (controlar a

retração, melhorar a capacidade de transferência de tensões e controlar a tixotropia

da resina). Vários tipos de aditivos podem ser usados para aumentar a resistência

da matriz e facilitar a fabricação do compósito. Os mais comuns são os inibidores da

ação dos raios ultravioleta, os antioxidantes, os catalisadores e os desmoldante.

5. REFORÇO ESTRUTURAL

A necessidade de intervenção surge quando determinado elemento estrutural ou

a estrutura como um todo, não é mais capaz de resistir aos esforços provocados por

ações externas, cabendo ao especialista em recuperação de estruturas fazer uma

avaliação econômica para escolher entre abandonar a estrutura, demoli-la ou

recuperá-la. O reforço também pode ser utilizado quando há necessidade de

aumentar a carga atuante devido a modificações em seu regime de utilização, ou

através do aumento de solicitações, ou por alterações em sua geometria.

Page 29: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

29

5.1. PROBLEMAS ESTRUTURAIS

Os problemas estruturais podem se manifestar de diversas formas e podem ser

atribuídos a erros de origem humana, à deterioração dos materiais e aos acidentes.

Os erros humanos podem ser identificados em vários estágios da concepção de

um empreendimento, e geralmente a ruína de elementos estruturais ocorre pela

combinação de falhas nas diversas fases. Estas falhas podem ser devidas em: falta

de qualidade técnica na execução, seleção inadequada dos materiais, projetos e

detalhes incompletos, modelos de cálculo incorretos, erro na avaliação do

carregamento e instalações não previstas.

A deterioração dos materiais pode ser atribuída ao envelhecimento natural, aos

ataques químicos (cloretos, sais, ácidos e sulfatos) e biológicos (raízes, fungos e

esgotos), a má utilização e à falta de manutenção necessária nas estruturas.

Quanto aos acidentes, eles podem ser de origem humana (explosões, incêndios,

choques, aterros, dragagem, etc.) ou natural (cheias, sismos, etc.).

5.2.TIPOS DE RUPTURA DE VIGAS REFORÇADAS

A aplicação efetiva dos compósitos no reforço estrutural de elementos de

concreto armado somente será válida quando o comportamento e os mecanismos

de ruptura dos sistemas estruturais reforçados com compósitos de fibra de carbono

forem conhecidos e entendidos satisfatoriamente.

Os incrementos na resistência à flexão, empregando-se compósitos de fibra de

carbono, podem ser considerados bastante significativos. Entretanto os modos de

ruptura podem limitar estes incrementos. Os modos de ruptura ocorrem geralmente

de forma frágil, citando-se o destacamento do reforço, o arrancamento da camada

longitudinal de concreto e o colapso da viga por força cortante, sendo que essas

rupturas podem ocorrer sobre cargas significativamente menores que aquelas

previstas pelos modelos teóricos.

As vigas de concreto armado solicitadas à flexão, reforçadas com compósitos de

fibras de carbono, podem apresentar modos de ruptura variados. Quando as taxas

de armadura e a quantidade de reforço forem significativamente reduzidas, o

Page 30: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

30

escoamento da armadura longitudinal poderá ser seguido da ruptura à tração do

reforço. Se estes valores forem elevados, a ruptura poderá ocorrer por

esmagamento do concreto no bordo comprimido, enquanto o aço poderá ou não ter

atingido o escoamento, dependendo da taxa de armadura. Além disso, a ligação

entre o compósito e o concreto pode falhar. O descolamento pode ocorrer em função

da propagação rápida de fissuras no adesivo (as resinas apresentam ruptura frágil).

Muitos programas experimentais sobre a aplicação de tecido, mantas e

laminados de fibras de carbono no reforço de peças fletidas de concreto armado,

fazem referência a diversos modos de ruptura.

De forma geral, estes modos de ruptura podem ser divididos em três categorias,

apresentadas no Quadro4 e ilustrada na Figura 7

Quadro 4 .Modo de rupturas possíveis

Fonte: Beber, 2003.

Existem ainda outros modos de ruptura possíveis, inerentes aos compósitos, do tipo:

Ruptura do adesivo na interface adesivo / compósito (8);

Ruptura do adesivo na interface adesivo / concreto (9);

Cisalhamento interlaminar do compósito (10).

A Figura 7 representa as indicações do quadro, especificamente a linha dois

(destacamento do reforço).

Page 31: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

31

Figura7- Modo de Ruptura Possível.

Fonte: BEEBER, 2003

As fissuras iniciais surgem na região de maior solicitação, originando uma

concentração de tensões ao seu redor. Essas tensões devem ser transferidas pelo

compósito de fibra de carbono a outras regiões do concreto, surgindo tensões

tangenciais nas interfaces concreto-epóxi-compósito, que são transferidas da região

fissurada para outras regiões capazes de absorvê-las. Alguns dos mecanismos

citados acima estão descritos a seguir:

Ruptura do compósito: a área do reforço é insuficiente para absorver as

tensões de tração na região mais solicitada;

Ruptura por esmagamento do concreto: a fissuração da peça se

desenvolve diminuindo a zona comprimida, até o momento no qual a

tensão de compressão no concreto atinge seu valor máximo, acarretando

a ruptura brusca dessa região;

Ruptura por força cortante: a fissura ocorre no extremo do reforço e se

desenvolve de forma inclinada, ao longo da altura da viga devido à

transferência das tensões tangenciais para os extremos do compósito de

fibra de carbono. Geralmente, ocorre em vigas com armadura transversal

insuficiente;

Page 32: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

32

Ruptura por separação do substrato de concreto: esse tipo de ruptura

ocorre quando um valor excessivo para a espessura do reforço é adotado,

gerando um acréscimo de tensões na extremidade e caso essas tensões

ultrapassem a tensão de aderência admissível adesivo-concreto, o reforço

separa inicialmente seu extremo, reduzindo seu comprimento efetivo,

provocando uma ruptura horizontal devido ao aumento imediato da tensão

de separação, representando uma ruptura brusca. Pode ocorrer também

por falha na aplicação ou por escolha inadequada do adesivo;

Os mecanismos de ruptura da ligação são do tipo frágil e resultam no

destacamento localizado do compósito (peeling off), a partir de sua zona de

ancoragem ou de zonas com fissuração excessiva, como pode ser observado na

Figura 9. Este tipo de ruptura pode ser dividido em três categorias, de acordo com a

região e a solicitação que a produz, isto é, descolamento no extremo do reforço

proveniente da força cortante, descolamento na região de momento fletor máximo e

descolamento iniciado por uma fissura de cortante numa região de momento fletor

de magnitude média.

Figura 8 - Efeito peeling off na interfaçe concreto/compósito

Fonte: BEEBER, 2003

5.3. REFORÇO À FLEXÃO

A aplicação de compósitos de fibra de carbono no reforço à flexão de vigas de

concreto armado constitui-se em uma técnica já consolidada. Porém, incrementos de

resistência são somente alcançados se os modos de ruptura prematuros, falhas de

aderência ou colapso por força cortante forem evitados.

A metodologia para o dimensionamento e verificação do comportamento de

vigas de concreto armado reforçadas com compósitos de fibra de carbono baseia se

nos princípios e hipóteses do Estado Limite Último.

Page 33: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

33

A capacidade resistente à flexão correspondente aos modos de ruptura

clássicos pode ser avaliada supondo-se que além das hipóteses básicas da flexão,

seja adicionada a hipótese de aderência perfeita entre o concreto e o reforço.

Os procedimentos utilizados no dimensionamento consideram apenas a

ruptura à flexão por falha do compósito à tração ou esmagamento do concreto, sem

ruptura prematura por descolamento.

O modo de ruptura a ser considerado no dimensionamento deve ser o

esmagamento do concreto após o escoamento da armadura longitudinal e a ruptura

do compósito após o escoamento da armadura. Nos dois casos, o escoamento da

armadura longitudinal precede a ruptura do compósito ou esmagamento do

concreto, o que garante que o colapso ocorrerá após a formação de fissuras de

flexão.

O elemento reforçado apresenta uma fissuração de flexão mais distribuída, e

fissuras com menores aberturas, pois após o escoamento da armadura longitudinal

da peça, o crescimento da abertura da fissura fica controlado pelo reforço, ou seja, o

reforço “costura” as fissuras.

O dimensionamento do reforço deve garantir a resistência e a ductilidade do

elemento estrutural e perfeitas condições de transmissão dos esforços nos extremos

do compósito, os quais devem ser bem ancorados.

O efeito do carregamento inicial, antes da aplicação de um reforço à flexão,

deve ser considerado no cálculo do elemento reforçado. Na prática, a presença de

algum tipo de carregamento sobre a estrutura, ou apenas a ação de seu peso

próprio é o caso usual. Além disso, sem contar as situações em que todas as cargas

são removidas (peso-próprio, forças de pretensão, etc.), o substrato, no qual será

aplicado o reforço, apresentará alguma deformação. Esta deformação inicial deve

ser deduzida da deformação do compósito de reforço.

Deve-se ressaltar que, em função da consideração do carregamento

existente, o modo de ruptura de uma viga reforçada pode modificar-se, de ruptura do

reforço para esmagamento do concreto. Uma ruptura por esmagamento do concreto

sem o escoamento da armadura longitudinal deve ser evitada.

Page 34: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

34

6. ESTUDO DE CASO

No total foram Moldadas três Vigas de CA com propriedades iguais e seção

transversal de 15x20cm e comprimento de 50 cm. Estas três vigas foram divididas

em três grupos, cada grupo será composto por uma viga e receberá características

distintas conforme tabela abaixo:

Quadro 5. – Características das vigas

VIGAS CARACTERISTICAS

VR1 Viga em CA, sem reforço.

VR2 Viga em CA reforçada com uma camada de

MFC CFW300 Viapol Carbon.

VR3

Viga em CA com fissuras originadas por

esforço a flexão, sendo reforçada com uma

camada de MFC CFW300 Viapol Carbon

O grupo de Vigas sem reforço VR1 é a viga de referência para as demais que foram

reforçadas. A partir do grupo de vigas VR1 foi estabelecida a relação de incremento

da resistência proporcionada pelo reforço com MFC. Essa viga foi dimensionada

com reduzida taxa de armadura longitudinal de modo que o seu estado limite último

fosse caracterizado pela deformação excessiva da armadura.

O grupo de vigas VR2 foi reforçado com uma camada de MFC, já o grupo de vigas

VR3 foi submetido a esforços de flexão ate apresentarem fissuras, depois de

identificado essas fissuras esse grupo também ganhou uma camada de MFC para

reforço, as fissuras no grupo VR3 simularão uma estrutura em fase inicial de

colapso, para observação do ganho de resistência que a MFC proporcionará nesta

condição.

6.1.MATERIAIS UTILIZADOS

6.1.1. concreto

Page 35: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

35

Optou-se por concreto com fck de 25 MPa. Foi utilizado cimento Portland II –

Z-32-RS, para Obter-se a resistência desejada, foi utilizado o traço 1; 1,85; 2,85 com

o fator de água/cimento 0,57.

Figura 9- Betoneira utilizada na concretagem

Fonte: Pessoal

6.1.2.aço

O Aço foi dimensionado utilizando o programa Eberick V6 da altoqi, foi adotado

todas as orientações da ABNT NBR 6118-2003 neste dimensionamento foi

considerado o peso próprio da viga e uma carga distribuída de 2592 kgf/m. A

armadura longitudinal inferior é composta de 2 barras de 6.3 mm CA-50 , a armadura

longitudinal superior é composta de duas barras de 6.3 mm CA-50 e os estribos são

de 5.00 mm CA-60 de diâmetro espaçados a cada 10cm, Na armadura transversal o

reduzido espaçamento entre os estribos é proposital, para que não ocorra ruptura da

viga por cisalhamento.

Figura 10- viga modelo armada

Fonte Pessoal

Page 36: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

36

Figura 11 – Detalhamento e relação do Aço Utilizado nas Vigas Modelo

Fonte: EberickV6

6.1.3. sistema de reforço com mfc

O sistema compósito de reforço com fibra de carbono utilizado, e de fabricação

da VIAPOL, é composto por quatro componentes:

Figura 12 Produtos do sistema de reforço estrutural viapol Carbon

Fonte Pessoal

Page 37: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

37

Viapol Carbon Primer

O viapol carbon Primer serve para tampar a porosidade do concreto,

promover uma aderência adequada no substrato e prepará-lo par receber as

próximas etapas e possui as características descritas no Quadro 6.

Quadro 6 – Caracteristicas do viapol Carbon Primer

Fonte: Manual Técnico Viapol, 2013.

Viapol Carbon Stuc

O viapol carbon Stuc de ser utilizado somente em superfícies que

possuam buracos ou falhas de concretagem que necessitem de

preenchimento profundo

Quadr: 7 – Caracteristicas do viapol Carbon Stuc

Fonte: Manual Técnico Viapol, 2013.

Viapol Carbon Saturante

O Viapol Carbon Saturante e uma resina epóxi que possui alto poder

de aderência que faz a ligação entre a manta e o elemento a ser reforçado,

possui alta resistência mecânica e química.

Page 38: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

38

Quadro8 – Caracteristicas do viapol Carbon Stuc

Fonte: Manual Técnico Viapol, 2013.

Viapol Carbon CFW300

As propriedades e características da MFC, fornecidas pelo fabricante, são

apresentados naFigura 13.

Figura13 –foto do viapol Carbon CFW 300

Fonte Pessoal

Page 39: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

39

Quadro9 – Caracteristicas do viapol Carbon CFW 300

Fonte: Manual Técnico Viapol, 2013.

7. PREPARAÇÃO DO EXPERIEMENTO

7.1. APLICAÇÃO DO REFORÇO

A aplicação do sistema compósito de reforço com manta de carbono requer

as etapas descritas a seguir, de acordo com as recomendações do fabricante.

7.2. PREPARO DA SUPERFÍCIE

Primeiramente a superfície deverá estar sólida, sem partículas soltas, limpa, livre

de impregnações, tais como óleos, graxas, nata de cimento, ferrugens, películas de

cura química, pinturas existentes e endurecedores de superfície deverão ser

removidas mecanicamente, em se tratando de substratos cimentícios poderá haver

umidade de até 4%.

Superfícies lisas de concreto devem ser lixadas, de forma a se obter uma

superfície porosa e sem rebarbas ou imperfeições superiores a 0,5 mm.

A superfície deve receber uma imprimação com viapol carbon primer para

tampar as porosidade do concreto e promover a aderência necessária na viga

preparando-a para receber as próximas etapas.

Caso existam falhas de concretagem na viga que necessitem de

preenchimento profundo deve se utilizar o viapol carbono Stuc.

7.3. APLICAÇÃO DA MFC

Page 40: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

40

Com a ajuda de um rolo deve ser aplicado de 0,3 a 0,4 kg /m² de viapol Carbon

Saturante e colando imediatamente a MFC sobre o material ainda no estado plástico

a MFC deve ser pressionada firmemente sobre o local de aplicação com a ajuda de

um rolo preferencialmente com ranhuras metálicas e após 40 minutos deve ser

aplicada uma nova camada de viapol carbon saturante de mesmo consumo que a

anterior

7.4. SEGURANÇA

Deve-se utilizar EPI's adequados como: luvas, botas impermeáveis e óculos de

segurança química. Deve-se também evitar contato com a pele e olhos. O contato

prolongado com a pele pode causar dermatites.

8. DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS

Primeiramente foi realizado um estudo para definir o traço e a qualidade dos

materiais a serem utilizados, para concretar as vigas modelos e seus respectivos

corpos de prova seguindo as normas ABNT NBR 5738:2003 e 5739:2007.

Quanto ao material, foi utilizado cimento tipo Portland II – Z-32-RS, areia fina,

seixo graúdo. Os agregados foram levados para a peneira mecânica visando à

caracterização da sua granulometria, e depois foram levados a estufa por 24h para a

retirada da umidade excessiva, conforme ilustra as Figuras 14 e 15 Após a

caracterização dos materiais utilizados foi adotado o traço 1; 1,85; 2,85 com o fator

de água cimento 0,57.

Figura14-Agregados na estufa Figura15- Agregados na peneira

Fonte PessoalFonte Pessoal

Page 41: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

41

8.1. MOLDAGEM DAS VIGAS E CORPOS DE PROVA

Com o traço definido pode-se prosseguir para a montagem das vigas e seus

respectivos corpos de prova, primeiramente deve-se ter o preparo da forma, a

aplicação do desmoldante e a colocação de espaçadores plásticos de 1,5 cm

conforme as figuras 16 e 17.

Figura 16- Aplicação de espaçadoresFigura 17- Aplicação do desmoldante

Fonte: Pessoal Fonte: Pessoal

Assim foi feita a concretagem de acordo com as especificações determinadas nas

etapas anteriores, após a mistura dos componentes do traço foi adotado o ensaio de

determinação de consistência do abatimento pelo tronco de cone, conforme

recomendação da ABNT NM 67:1998, para poder verificar a consistência do

concreto, sendo este comprovado ser um concreto de boa consistência e atendendo

a ABNT NBR 6118:2003, o concreto foi derramado na forma da viga e adensado

manualmente com uma haste de ferro de 16.0 mm os corpos de prova cilíndricos

foram moldados em duas camadas aplicando em cada camada 12 golpes com haste

metálica de 16.0 mm com mostra as figuras 18 e 19.

Page 42: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

42

Figura 18 –Slump testeFigura 19-Moldagem dos CP cilíndricos 10x20

Fonte: Pessoal Fonte: Pessoal

9. MONTAGEM DOS ENSAIOS

As vigas foram colocadas, sob uma prensa mecânica localizadas no laboratório

de materiais de construção da UNAMA, sendo posicionada sobre um aparelho de

apoio como mostra à Figura 20.

Para a aplicação do carregamento foi utilizado um macaco hidráulico com

capacidade de 100Tnf e ligado ao sistema de controle de carga e deslocamento. O

nivelamento das vigas sobre os apoios foi realizado com o auxilio de uma fina

camada de argamassa de alta resistência na face superior da viga.

Page 43: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

43

Figura 20- Modelo de aparelho de apoio utilizado no experimento

Fonte: pessoal

10. EXECUÇÃO

Após o posicionamento das vigas sobre os apoios e ligada ao sistema de controle

de carga e deslocamento. Foi iniciada a aplicação das cargas.

As vigas foram ensaiadas em dois ciclos de carregamento uma até a sua ruína

com incrementos variando de 7104 Kgf ate 10667 Kgf e a outra ate o aparecimento

de fissuras ocasionadas especialmente por esforços de flexão.

Page 44: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

44

11. ANALISE DOS RESULTADOS

Os resultados apresentados a seguir foram feitos a partir das medições

realizadas durante os ensaios, cujos resultados se encontram nas tabelas de

n°8201, 8202, 8203, 8227, 7814, 8116 localizado no anexo de relatórios.

11.1. VIGA DE REFERENCIA VR1

A viga de referência VR1 foi carregada a 7104 Kgf, como é mostrado no Anexo

n° 8201 de relatórios, até seu estado limite último apresentando a ruptura por

deformação plástica excessiva da armadura de flexão. Na Figura 21.

Figura 21- Viga VR1 sobre o apoio

Fonte Pessoal

São mostradas na Figura 22as fissurações na viga na face inferior, após a sua

ruptura. Observa-se na figura que a fissura seguiu um padrão linear, que significa

que fissurou completamente por flexão.

Figura 22- Viga VR1 rompida à flexão

Fonte:Pessoal

Page 45: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

45

11.2. VIGAS REFORÇADAS COM MANTA DE CARBONO VR2 E VR3

As vigas em questão seriam as VR2, viga reforçada com uma camada de MFC

CFW300 Viapol Carbon e VR3, com fissuras originadas por esforços à flexão, sendo

reforçada com uma camada de MFC CFW300 Viapol Carbon.

Primeiramente a VR3 sofreu um carregamento crescente até chegar em 6751

Kgf, como mostrado no relatório do Anexo n° 8116, esta carga equivale a

aproximadamente 95% da sua carga de ruptura conforme comprovado pela viga

VR1, nesta condição houve o aparecimento de fissuras por meios de esforços à

flexão estas fissuras eram desejadas para dar continuidade no experimento já que

este grupo de vigas possui a intenção de simular uma viga em estado inicial de

colapso como mostra a Figura 23, após o surgimento de fissuras na VR3 temos os

dois grupos de vigas preparados para ensaiar o reforço. Iniciaram-se assim as

outras etapas do experimento que será a aplicação do sistema de reforço com MFC

nas vigas VR2 e VR3.

Figura 23- Viga VR3 em estado inicial de colapso

Fonte Pessoal

O reforço das vigas foi executado segundo as recomendações do fabricante

(VIAPOL). A viga VR2 e VR3 tiveram suas superfícies regularizadas para receber o

reforço. O preparo da superfície neste caso constituiu em limpeza e regularização da

base de aplicação da manta. A manta foi previamente cortada com uma tesoura

comum nas medidas equivalentes a áreas de aplicação da viga. Com exceção da

manta todos os produtos do sistema são bi componentes, onde o componente A é a

resina e o componente B é o catalisador. Estes componentes foram separados,

Page 46: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

46

pesados e homogeneizados manualmente, conforme as orientações do fabricante,

mostradas nas figuras 23.

Figura 24- Preparo da superfície e processo de mistura das resinas

Fonte Pessoal

Sobre a superfície das vigas preparadas foi aplicada uma camada de Carbon

Primer. Após a aplicação do produto, aplicou-se uma camada de Carbon saturante

sobre a camada de primer, aplicada a camada de Carbon saturante imediatamente

se coloca a MFC CFW300, é necessário passar um rolo sobre a MFC para o

saturante refluir através dos fios da MFC. Para finalizar o processo após 40 minutos

aplica-se uma nova camada de Carbon saturante. Todas as etapas foram realizadas

conforme a orientação do fabricante, como demostra asFigura 25.

Page 47: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

47

Figura 25- Aplicação dos produtos e MFC da Viapol sobre a viga

Fonte Pessoal

11.3. VIGA REFORÇADA VR2

Viga reforçada com uma camada de manta de carbono VR2 recebeu um

carregamento de 10667 Kgf como é mostrado no relatório do Anexo n°8203

localizado no relatório, até seu estado limite último apresentando a ruptura por

deformação plástica excessiva da armadura de flexão. Na Figura 26.

Page 48: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

48

Figura26- Viga VR2

Fonte Pessoal

11.4. VIGA REFORÇADA VR3

Viga com fissuras originadas por esforço à flexão sendo reforçada com uma

camada de manta de carbono VR3 foi carregada a 10230 Kgf como é mostrado no

relatório do Anexo n°8202, até seu estado limite último apresentando a ruptura por

deformação plástica excessiva da armadura de flexão. Na Figura 27.

Figura 27- Viga V3

Fonte Pessoal

Page 49: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

49

Com base na Figura 27 e os dados obtidos foram possíveis comparar por meio

das curvas os comportamentos das vigas VR1, VR2 e VR3. Apos a fissuração do

concreto, é nítido o aumento da rigidez nas vigas reforçadas em relação à viga sem

reforço. Observa-se maior rigidez e capacidade de carga foram verificadas para a

viga VR2 em relação principalmente à viga de concreto armado VR3 reforçada com

a mesma área de reforço.

Pode se observar que na viga VR1 houve quase nenhum acréscimo de força

após o escoamento da armadura longitudinal. Já nas vigas reforçadas se vê

claramente que ocorre acréscimo de força após o escoamento da armadura

longitudinal. Nesse sentido, Percebe-se que na viga VR2 indica que o reforço foi

mais solicitado nessa viga que na viga VR3 que já havia recebido uma carga antes

de seu escoamento por completo.

Figura 28- Gráfico dos resultados alcançados através das rupturas das vigas

Fonte: pessoal

Page 50: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

50

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada teve como objetivo geral avaliar uma técnica construtiva

para reforço à flexão de vigas de concreto armado. Essa técnica compreende um

processo de previa recuperação das vigas com um compósito de alto desempenho.

Após a realização de diversas etapas de analise teórica e experimental,

concluímos que a técnica de reforço estrutural com a utilização da manta de fibra de

carbono proposto pela viapol, mostrou-se eficiente tanto na reconstituição de vigas

de concreto armado tracionadas, como na melhoria do desempenho da viga como

um todo, com os seguintes resultados da figura 28, que traduzido seria que, a viga

VR2 após reforçado com uma camada de MFC obteve ganho de resistência de

aproximadamente 50% em relação a carga de ruptura da VR1, viga de referencia,

que comparado a viga VR3 que após ser submetida a uma carga de ruptura de 95%

da VR1 apresentou fissuras e foi reforçada com uma camada de MFC e obteve

apenas 44% de ganho de resistência em relação a viga VR1.

Embora tenha sido indicado pela empresa viapol o software SKY SAP da SK

Total Strengthening Materials, Encontramos dificuldades em operar o programa por

falta de suporte técnico e tempo hábil para pesquisas mais aprofundadas da

manipulação do programa, desta forma sugerimos que em trabalhos futuros com a

utilização da fibra de carbono, seja utilizado o programa para comparar os resultados

práticos dos teóricos.

Entre os problemas encontrados para maior exploração da soma de dados do

experimento e consequentemente maior credibilidade dos resultados encontramos o

equipamento inutilizado para o ensaio de resistência de esforços à flexão de corpos

de prova prismáticos, outro fator importante foi o tempo exíguo para a manutenção

do mesmo impossibilitando a realização de outros ensaios com a aplicação de mais

camadas de MFC.

O desenvolvimento da pesquisa não se limitou ao teste de comparação de vigas

reforçadas e não reforçadas, mais procurou abranger diversos fundamentos e

avaliação cientifica que focalizou o problema como também as diversificadas formas

e maneiras de serem utilizadas. Da analise conjunta de todos os resultados obtidos.

E que se pode concluir que o objetivo pretendido foi alcançado.

Page 51: Reforço a Flexãoem Viga de Concreto Armado Com Tecidos de Fibra de Carbono

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REFERÊNCIAS BILBIOGRAFICAS

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em:<www.maua.br/arquivos/artigo/> Acesso em: 10 out. 2012.

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MACHADO, ARI DE PAULA – “Reforço a sísmicos de estrutural de concreto

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NBR 6118 – “Projeto de estrutura de concreto” - 2003.

MASTER BUILD – “Estudo com reforço de concreto armado” -

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BEBER – “Ruptura de vigas de concreto armado” – 2003.

FALCÃO BAUER, L. A.- Materiais de Construções. Ed. Livros Técnicos e

Científicos Ltda., Ed V. 1 e 2 – 2003.

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METHS, P. K. e MONTEIRO, P. J. - Concreto: Estrutura, Propriedades e

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Viapol Carbon, Departamento Técnico – Disponivel em:

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NBR 5738- Concreto - Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-

prova

NBR NM 33 -Amostragem de concreto fresco

ABNT NBR 12142:2010 Concreto – Determinação da resistência á tração na

flexão de corpos de prova prismáticos