Reforma protestante e contra reforma
Click here to load reader
-
Upload
fatima-freitas -
Category
Documents
-
view
24.898 -
download
2
Transcript of Reforma protestante e contra reforma
ESCOLA ESTADUAL “JOSÉ ALVES RIBEIRO”
Profª. Fatima Freitas
A REFORMA PROTESTANTE E A CONTRA REFORMA
A REFORMA RELIGIOSA A Reforma religiosa foi o movimento que,
dividindo os cristãos do Ocidente no século XVI, originou diversas novas Igrejas chamadas protestantes, as quais não mais seguiriam o comando e a orientação do papa de Roma.
Quebrando a unidade religiosa cristã, a Reforma protestante estabeleceu o fim da quase milenar supremacia eclesiástica na Europa.
AS ORIGENS DO MOVIMENTO REFORMISTA A posição que a Igreja conservava de maior
proprietá ria de terras em toda a Europa: controlava, por exem plo, perto de 1/3 das terras francesas e mais de 40% das terras férteis alemãs.
O papa era visto como um estrangeiro que arrecada va os impostos cobrados nos feudos da Igreja, além de diversos outros tributos extraídos de todos os cristãos, para enviá-los a Roma, dificultando as finanças nacionais.
Os reis, fortalecidos com o desenvolvimento dos Estados nacionais, opunham-se a tal situação, favorecendo atitudes contrárias à Igre ja e seus eclesiásticos.
O desregramento moral que predominava na hierarquia eclesiástica como a prática consante a venda de cargos eclesiásticos, levando sacerdotes, bispos, arcebispos e até papas a exercerem seus cargos pela ambição do título e da posição, estimulando o mau comportamento dos clérigos e o descrédito entre os fiéis.
A venda de indulgências, por parte das autoridades da Igreja, comercializando o perdão a pecados cometidos, com promessas de redução das penas do purgatório.
A venda cargos eclesiásticos e até "relíquias sagradas", como milhares de "lascas da cruz de Cristo" ou "ossos do burrico de São José".
Essa comercialização desregrada transformou-se no estopim do movimento protestante.
Venda de indulgências
João Tetzel
OS PRECURSORES DA REFORMA John Wyclif, professor da Universidade de
Oxford, condenava a venda de indulgências e defendia a formação de uma igreja nacional.
Essas propostas foram retomadas pelo professor da Universidade de Praga, John Huss.
Tanto Wyclif quanto Huss foram perseguidos e excomungados pela Igreja de Roma.
Suas ideias, porém, foram assimiladas por muitos cristãos que passaram a contestar enfaticamente a autoridade do papa.
O REFORMISMO DE LUTERO NA ALEMANHA
Em 1517, na Alemanha, o monge e professor da Universidade de Wittenberg, Martinho Lutero, rebelou-se contra o vendedor de indulgências João Tetzel, dominicano a serviço do papa Leão X, que recolhia recursos para a construção da basílica de São Pedro.
Lutero, revoltado com a desmoralização da Igreja, fixou na porta de sua igreja as 95 teses, ern que criticava ferozmente a Igreja papal.
Em 1520, Leão X ordenou a sua retratação, sob pena de ser considerado um herege. Lutero quei mou em praça pública a ordem papal, sendo excomungado em 1521.
Lutero afixando as 95 teses na Catedral de Witemberg
As ideias luteranas espalharam-se rapidamen te por toda a Alemanha, onde encontraram condições particularmente favoráveis para a sua difusão.
Nobres e camponeses apoiaram Lutero; os nobres, ambicionando apoderarem-se das terras da Igreja para ampliar seus poderes apoiados com a decadência feudal; os camponeses, desejando escapar da situação de miséria em que viviam.
Parte destes camponeses, conhecidos por anabatistas e comandados por um seguidor de Lutero, chamado Thomas Múntzer, reivindicava a divisão das terras da Igreja entre os mais pobres.
Lutero acusou-os de radicais e apoiou violenta repressão da nobreza sobre eles, resultando na morte de mais de 100 mil camponeses.
O imperador alemão, Carlos V, inquieto corn a evolução reformista, apoiou o papa, pois julgava o luteranismo um fortalecedor dos nobres.
Depois de muitos confrontos entre as tropas imperiais e os luteranos alemães liderados pela nobreza, Carlos V convocou uma Dieta (assembléia), realizada em Spira (1529).
Nela, o imperador tentou fazer valer sua autoridade e determinou a submissão dos luteranos.
Os partidários de Lutero, contudo, protestaram contra a decisão imperial, passando, a partir de en tão, a ser chamados de protestantes.
Somente em 1555 os príncipes alemães ganharam o direito de escolher a religião que desejavam em suas terras, confirmando o triunfo do luteranismo na Alemanha.
Essa decisão foi alcançada graças a um acordo assinado entre o imperador católico e os nobres protestantes, o que foi chamado de Paz de Augsburgo.
Em meio à expansão luterana na Alemanha e aos conflitos com o imperador Carlos V, em 1530, Felipe de Melanchton, discípulo de Lutero, redigiu a Confissão de Augsburgo, definindo a doutrina dos protestantes, sendo elas:
A doutrina tinha por base a teologia agostiniana, defendendo a fé como única fonte de salvação.
Para os luteranos, a Bíblia era a autêntica base da religião e, portanto, o culto devia reduzir-se à leitura e ao comentário das Sagradas Escrituras.
Reconhecendo apenas dois sacramentos: batismo e comunhão.
Não aceitavam o culto da Virgem e dos santos e negavam a existência do purgatório.
Nos cultos religiosos adotaram a língua nacional no lugar do latim, e os ministros religiosos deveriam integrar-se o mais possível na comunidade dos fiéis.
Aboliu o celibato clerical, isto é os sacerdotes podem se casar.
O CALVINISMO
João Calvino
O CALVINISMO Inspirado no luteranismo alemão, o francês João
Calvino publicou, em 1536, uma obra chamada Instituição Cristã, na qual se acham apresentados os pontos centrais do que, mais tarde, viria a cons tituir-se na doutrina calvinista.
Suas pregações obtiveram rápido sucesso em Genebra, Suíça, onde conquistou a posição de chefe político e religioso.
Governando Genebra como senhor absoluto e de forma intransigente, Calvino criou o Consistório, órgão que controlava a política, a economia e os costumes dos seus cidadãos.
O culto e as práticas religiosas estabelecidos pelos calvinistas eram simples, resumindo-se apenas no comentário da Bíblia, preces e cantos.
Também não se admitiam imagens e só se aceitavam os sacramentos da eucaristia e do batismo.
Defendendo a predestinação, Calvino via no sucesso econômico a indicação divina dos escolhidos para a salvação eterna.
Para ele, a miséria era a fonte de todos os males e pecados. Reconhecendo e exaltando o lucro e o trabalho, passou a ser considerado o pregador espiritual do ideal burguês.
A doutrina calvinista, adequada as expectativas capitalistas, conseguiu rápida assimilação pelo segmento burguês em toda a Europa.
As pregações de João Calvino encontraram seguidores em vários países.
HENRIQUE VIII
Catarina de Aragão
Ana Bolena
HENRIQUE VIII E O ANGLICANISMO O líder da Reforma protestante na
Inglaterra foi o próprio rei, Henrique VIII. Desejando apoderar-se das terras da Igreja
inglesa, retirando, assim, a base de seu poder temporal, o monarca inglês rompeu com o papa.
O pretexto usado para isso foi o fato de o rei precisar casar-se novamente, pois, do casamento com Catarina de Aragão, não tivera filhos para sucedê-lo no trono.
Isso não podia ser autorizado pela Igreja, que defendia a indissolubilidade do sacramen to do matrimônio.
Diante de tal situação, Henrique VIII proclamou-se, por meio do Ato de Supremacia, de 1534, chefe da Igreja inglesa, suprimindo os mosteiros católicos e confiscando os bens eclesiásticos, que foram incorporados ao Estado.
Muito parecida com a Igreja católica em sua estru tura eclesiástica e no cerimonial, a Igreja inglesa, chamada anglicana, só se consolidaria durante o reinado de Elizabeth I.
Em 1563 organizou-se a Lei dos 39 artigos, a verdadeira carta do anglicanismo, incorporando muitos princípios da doutrina calvinista.
A CONTRA REFORMA
CATÓLICA
A CONTRA-REFORMA OU A REFORMA CATÓLICA A expansão do protestantismo abalou
seriamente a tradicional hegemonia religiosa de Roma sobre o continente europeu.
Para conter a difusão das idéias protestantes surgiu um movimento de nominado Contra-reforma, que ao mesmo tempo buscava fortalecer a Igreja papal e moralizá-la, adotando medidas que compuseram a Reforma católica.
O catolicismo foi obrigado a adequar-se aos novos valores, decorrentes do desenvolvimento do capitalis mo comercial, dentre os quais citamos:
Criação da Companhia de Jesus, idealizada pelo espanhol Ignácio de Loyola, onde os jesuítas seguiam disciplina militar, constituindo um grupo bem formado e disciplinado, cuja missão principal era combater infiéis e protestantes.
A importância que esses religiosos atribuíram à educação fez com que monopolizassem as instituições de ensino de diversas regiões, visando primordialmente difundir a ideologia católica romana.
O Concílio de Trento (1545-1563), convocado pelo papa Paulo III, no qual se discutiram os problemas do cristianismo e se definiu a atuação da Igreja diante da expansão protestante, também fez parte do movimento contra-reformista e de Reforma católica.
Reorganização do Tribunal do Santo Ofício: que consistia em vigiar e normatizar a f é e a vida dos fiéis.
A perseguição inquisitorial a todos os que, de acordo com seus critérios, pusessem em risco a fé em Cristo assumiu muitas vezes urn caráter de tortura e morte de milhares de pessoas.
Publicação do catecismo: resumo da doutrina católica, usada para orientar os fiéis, principalmente crianças e jovens, nas escolas de evangelização.
A elaboração do índex (relação de livros proibidos aos católicos), a igreja católica buscava impedir a difusão das idéias pro testantes e das vozes discordantes do seu ideário religioso.
Dele constavam as bíblias luterana, calvinista e anglicana e diversas obras de intelectuais da época, como Galileu Galilei, Giordano Bruno, Isaac Newton, etc.
A censura estabelecida com o Index ao longo do tempo revelou-se um sério entrave ao progresso cultural e científico da Idade Moderna.
A EUROPA SE DIVIDE
Em meados do século XVI, a cristandade na Europa estava dividida em várias igrejas.
Dentro de cada país as pessoas eram obrigadas a seguir a religião do rei.
Por exemplo, nas regiões da Alemanha em que o luteranismo havia sido adotado, os católicos foram perseguidos.
Na Espanha e em Portugal, a Inquisição perseguiu protestantes, judeus, cristãos-novos e muçulmanos.
CATÓLICOS E CALVINISTAS NA FRANÇA
Na França, a divisão entre católicos e protestantes se manifestou de forma violenta.
A divisão mais acirrada opunha os católicos aos calvinistas, chamados na França de huguenotes.
Apesar da perseguição movida pelo governo católico, os protestantes se expandiram pelo reino, concentrando-se nos centros comerciais mais importantes, como Paris, Lion e Orleans.
As tensões entre católicos e calvinistas se agravaram no reinado de Carlos IX (1560-1574).
O momento mais grave da crise ocorreu em 24 de agosto de 1572, a chamada Noite de São Bartolomeu, quando cerca de 3 mil huguenotes foram massacrados em Paris a mando da mãe do rei, a católica Catarina de Médicis.
O terrível episódio desencadeou uma onda de guerras religiosas na França que provocou a morte de milhares de pessoas.
O conflito só terminou com a promulgação do Edito de Nantes, em 1598, que concedeu liberdade de culto no país.
Na Escócia, os calvinistas tiveram como principal pregador John Knox e adotaram o nome de presbiterianos, por organizarem sua Igreja a partir de conselhos, chamados presbíteros.
Na Inglaterra, os calvinistas foram chamados de puritanos, os predestinados, e na França, huguenotes.
Em outros países, como Holanda e Dinamarca, o calvinismo ganhou inúmeros adeptos, confirmando o sucesso da doutrina diante do progresso econômico capitalista.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS História Global – Cotrim Gilberto História e Vida – Pilletti Nelson e Pilleti
Claudino Imagens google.
SUGESTÕES DE FILMES
Henrique VII Lutero Ana dos mil dias Henrique VIII