Relatório Lentes Esféricas physics work fisica lentes esfericas
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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Ciências da Saúde
Relação Entre a Adição em Lentes Progressivas e a Realização do Teste ADEMd
Anabela Serrano Antunes
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Optometria em Ciências da Visão
(2º Ciclo de estudos)
Orientador: Prof. Doutor Pedro Miguel Lourenço Monteiro
Covilhã, Outubro de 2011
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Agradecimentos
Aos meus pais, que sempre lutaram pelo melhor para mim, e por isso fizeram de mim a
pessoa que sou. Pela sua grande ajuda ao longo destes 2 anos de Mestrado.
Ao meu irmão que sempre esteve ao meu lado, pelos conselhos e força que me deu.
Ao Professor Doutor Pedro Monteiro, meu orientador, por me ter proporcionado a realização
deste trabalho, pela disponibilidade e orientação que me prestou.
À Professora Doutora Amélia Nunes por toda a ajuda e tempo dispensados.
A todos os colegas do 1º ano do 2º Ciclo de Optometria em Ciências da Visão do ano lectivo
2010/2011 e à Vânia Santos pela sua contribuição na recolha de dados.
À Academia Sénior da Covilhã, Universidade Sénior de Castelo Branco e todas as outras
entidades que permitiram a recolha de dados.
A todos os participantes no estudo, que permitiram a utilização dos seu dados.
A todos aqueles que, de uma maneira ou outra, contribuíram para realização desta
dissertação.
Muito Obrigado
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Resumo
Com o intuito de avaliar os movimentos oculares sacádicos em crianças até aos 13 anos de
idade, Garcia et al desenvolveram, em 1990, um teste denominado de Developmental Eye
Movement (DEM). Posteriormente, Sampedro et al (2003) criaram uma versão para adultos
entre os 14 e os 68 anos de idade, o ADEM. Já em 2009, Monteiro e Sampedro, completaram o
teste ADEM com uma nova placa contendo letras de distracção, a este novo teste deram o
nome de ADEMd.
Neste estudo, analisámos a oculomotricidade e capacidade de atenção em usuários de lentes
progressivas entre os 41 e os 65 anos de idade, averiguando a influência da adição no
desempenho do teste ADEMd.
Foram analisados 227 sujeitos, criando um grupo de controlo constituído por usuários de
lentes monofocais e bifocais e não usuários e um grupo de estudo com sujeitos usuários de
lentes progressivas.
Cada um dos parâmetros do teste foi correlacionado com a adição em lentes progressivas,
verificando-se a existência de uma correlação alta entre a adição e a idade e uma correlação
baixa da adição com o factor cansaço (Fcaj) e com o tempo da placa Hd (Hdaj).
No total dos sujeitos, para além da idade e adição, não se encontraram diferenças
estatisticamente significativas em nenhum dos outros parâmetros, entre usuários e não
usuários de lentes progressivas. Já no grupo do sexo feminino, encontrou-se também
diferença estatisticamente significativa para o parâmetro Haj.
Podemos, então, dizer que, no geral, o valor da adição em lentes progressivas não influencia
os parâmetros do teste ADEMd. No sexo feminino, poderá influenciar na leitura da placa H.
Palavras-chave
Developmental Eye Movement Test (DEM), Adult Developmental Eye Movement (ADEM), Adult
Developmental Eye Movement with distractors (ADEMd), Movimentos oculares, Sacádicos,
Atenção, Lentes progressivas.
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Abstract
In order to evaluate the saccadic eye movements in children up to age 13, Garcia et al
developed in 1990, a test called the Developmental Eye Movement (DEM). Later, Sampedro et
al (2003) created a version for adults between 14 and 68 years old, the ADEM. In 2009,
Monteiro and Sampedro, ADEM completed the test with a new plate containing letters of
distraction, this new test they called ADEMd.
In this study, we analyzed the oculomotricity and ability to focus on users of progressive
lenses between 41 and 65 years of age by examining the influence of the addition in test
performance ADEMd.
We analyzed 227 subjects, creating a control group consisting of users of bifocal and
monofocal and non-users and a group of study subjects with progressive lens wearers.
Each of the test parameters were correlated with the addition of progressive lenses, which
verified the existence of a high correlation between age and adding and adding a low
correlation with the fatigue factor (Fcaj) and time card Hd (Hdaj).
In all subjects, in addition to age and addition, there were no statistically significant
differences in any of the other parameters, between users and nonusers of progressive lenses.
In the female group, was also found statistically significant parameter for the Haj.
We can then say that, in general, the value of the item in progressive lenses does not
influence the test parameters ADEMd. In females, may influence the reading of the plate H.
Keywords
Developmental Eye Movement Test (DEM), Adult Developmental Eye Movement (ADEM), Adult
Developmental Eye Movement with distractors (ADEMd), Eye movements, Saccadic, Attention,
Progressive lenses.
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Índice
Lista de Figuras................................................................................................ xi
Lista de Tabelas ............................................................................................. xiii
Lista de Gráficos ............................................................................................. xv
Lista de Acrónimos.......................................................................................... xvii
1 Introdução .................................................................................................... 1
1.1 Objectivo ................................................................................................ 2
1.2 Movimentos oculares .................................................................................. 2
1.3 Teste DEM e as diferentes versões .................................................................. 3
1.3.1 DEM ................................................................................................. 3
1.3.2 ADEM ............................................................................................... 6
1.3.3 ADEMd .............................................................................................. 7
1.4 Presbiopia e sua compensação ...................................................................... 7
1.5 Design das lentes progressivas ...................................................................... 9
1.6 Influência de Lentes Progressivas nos Movimentos Oculares ................................. 15
2 Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd ................ 17
2.1 Estudo .................................................................................................. 17
2.2 Material utilizado .................................................................................... 17
2.3 Método ................................................................................................. 18
2.3.1 Caracterização da Amostra................................................................... 19
2.3.2 Estímulo ......................................................................................... 22
2.3.3 Procedimento ................................................................................... 22
2.3.4 Normas para ADEM ............................................................................. 26
2.3.5 Análise estatística ............................................................................. 27
2.4 Resultados............................................................................................. 33
2.4.1 Análise estatística da amostra de usuários de lentes progressivas .................... 34
2.4.2 - Análise estatística da amostra de não usuários de lentes progressivas ............ 48
2.4.3 Influência do uso de lentes progressivas na realização do teste ADEMd ............. 51
2.5 Discussão .............................................................................................. 53
3 Conclusão ................................................................................................... 56
Anexos ......................................................................................................... 60
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xi
Lista de Figuras
Figura 1- Sub-teste vertical DEM (3) ........................................................................ 4
Figura 2 Sub-teste horizontal DEM (3) ...................................................................... 4
Figura 3- Sub-teste vertical V1 e V2 do ADEM (2) ........................................................ 6
Figura 4- Sub-teste horizontal H do ADEM (2) ............................................................ 6
Figura 5- Sub-teste horizontal com letras de distracção do ADEMd (10) ............................. 7
Figura 6- Perfil de potência para uma lente progressiva com a lei de potência linear, 0.00 Add
+2.00 D (15) ..................................................................................................... 9
Figura 7- Leis de potência para adições de +1.00, +2.00 e +3.00 D para séries multi-design de
potência para lentes progressivas (15) ................................................................... 10
Figura 8-Conceito de uma superfície progressiva. A secção do elipsóide oblato é inserida entre
dois hemisférios de raios de curvatura, rD para a parte de longe e rN para a parte de perto.
(15) ............................................................................................................. 10
Figura 9- Campo útil em lente progressiva com adição de 2.00 D. (16) ........................... 11
Figura 10- (a) Linhas de Isoastigmatismo e (b) linhas de isopotência para lente progressiva,
plano com Add +2.00 D. Os intervalos entre as linhas representam uma mudança de 0.25 D.
(15) ............................................................................................................. 12
Figura 11- Simetria horizontal em pontos correspondentes na lente. (15) ........................ 13
xii
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 1- Normas do DEM para a idade (3) ................................................................ 5
Tabela 2- Valores de adição para cada idade dentro do período visual da presbiopia (11) ...... 8
Tabela 3- Organização das faixas etárias por grupos .................................................. 19
Tabela 4- Normas do ADEM para os intervalos de idade (2) .......................................... 26
Tabela 5- Médias e desvios padrão da amostra total de usuários de lentes progressivas, TU
(SPSS) .......................................................................................................... 34
Tabela 6- Estatísticas descritivas das adições TU (SPSS) ............................................. 41
Tabela 7- Estatísticas de ordem quadro das adições TU (SPSS) ..................................... 42
Tabela 8- Moda adições TU (SPSS) ........................................................................ 42
Tabela 9- Distribuição de frequências da adição TU (SPSS) .......................................... 42
Tabela 10- Teste K-S à normalidade para a distribuição, em relação à adição TU (SPSS) ...... 43
Tabela 11- Valores de Ró para a população TU (SPSS) ................................................ 44
Tabela 12 - Médias e desvios padrão para os homens, usuários de progressivos, MU (SPSS) ... 44
Tabela 13 - Valores de R para os homens usuários de progressivos, MU (SPSS) ................... 45
Tabela 14- Valores de Ró para os homens usuários de progressivos, MU (SPSS) .................. 45
Tabela 15- Médias e desvios padrão para as mulheres usuárias de progressivos, FU (SPSS) .... 46
Tabela 16- Valores de R para as mulheres usuárias de progressivos, FU (SPSS) .................. 46
Tabela 17- Valores de Ró para as mulheres usuárias de progressivos, FU (SPSS) ................. 47
Tabela 18- Diferenças entre sexos, para usuários de progressivos (MU e FU), calculadas
através do Teste t (SPSS) ................................................................................... 47
Tabela 19- Médias e desvios padrão da amostra, TNU (SPSS) ........................................ 48
Tabela 20- Médias e desvios padrão para os homens, não usuários de progressivos, MNU (SPSS)
.................................................................................................................. 49
Tabela 21- Médias e desvios padrão para as mulheres não usuárias de progressivos, FNU (SPSS)
.................................................................................................................. 50
Tabela 22- Diferenças entre sexos, para não usuários de progressivos (MNU e FNU), calculadas
através do Teste t (SPSS) ................................................................................... 50
Tabela 23- Mann-Whitney entre todos os usuários (TU) e todos os não usuários (TNU) de
progressivos (SPSS) .......................................................................................... 52
Tabela 24- Mann-Whitney entre usuários e não usuários de progressivos do sexo feminino (FU
e FNU) (SPSS) ................................................................................................. 52
Tabela 25- Mann-Whitney entre usuários e não usuários de progressivos do sexo masculino (MU
e MNU) (SPSS) ................................................................................................. 53
xiv
xv
Lista de Gráficos
Gráfico 1- Distribuição da amostra por idades (Excel) ................................................ 20
Gráfico 2- Distribuição da amostra de usuários de lentes progressivas por sexo e idade (Excel)
.................................................................................................................. 20
Gráfico 3- Distribuição da amostra de não usuários de lentes progressivas por sexo e idade
(Excel) ......................................................................................................... 21
Gráfico 4- Distribuição da amostra consoante o uso ou não de lentes progressivas, sexo e
idade (Excel) .................................................................................................. 22
Gráfico 5- Caixas de bigodes dos valores da idade consoante o sexo e o uso ou não de
progressivos (SPSS) .......................................................................................... 35
Gráfico 6- Caixas de bigodes dos valores da adição consoante o sexo e o uso ou não de
progressivos (SPSS) .......................................................................................... 35
Gráfico 7- Caixas de bigodes dos valores de Vaj consoante o sexo e o uso ou não de
progressivos (SPSS) .......................................................................................... 36
Gráfico 8- Caixas de bigodes dos valores de Haj consoante o sexo e o uso ou não de
progressivos (SPSS) .......................................................................................... 36
Gráfico 9- Caixas de bigodes dos valores do rácio Haj/Vaj consoante o sexo e o uso ou não de
progressivos (SPSS) .......................................................................................... 37
Gráfico 10- Caixas de bigodes dos valores de FCaj consoante o sexo e o uso ou não de
progressivos (SPSS) .......................................................................................... 37
Gráfico 11- Caixas de bigodes dos valores de Hdaj consoante o sexo e o uso ou não de
progressivos (SPSS) .......................................................................................... 38
Gráfico 12- Caixas de bigodes dos valores do rácio Hdaj/Vaj consoante o sexo e o uso ou não
de progressivos (SPSS) ...................................................................................... 38
Gráfico 13- Caixas de bigodes dos valores de FCdaj consoante o sexo e o uso ou não de
progressivos (SPSS) .......................................................................................... 39
Gráfico 14- Caixas de bigodes dos valores de Fadaj consoante o sexo e o uso ou não de
progressivos (SPSS) .......................................................................................... 39
Gráfico 15- Caixas de bigodes dos valores dos erros V consoante o sexo e o uso ou não de
progressivos (SPSS) .......................................................................................... 40
Gráfico 16- Caixas de bigodes dos valores dos erros H consoante o sexo e o uso ou não de
progressivos (SPSS) .......................................................................................... 40
Gráfico 17- Caixas de bigodes dos valores dos erros Hd consoante o sexo e o uso ou não de
progressivos (SPSS) .......................................................................................... 41
xvi
xvii
Lista de Acrónimos
DEM Developmental Eye Movement Test
ADEM Adult Developmental Eye Movement
ADEMd Adult Developmental Eye Movement with distractors
Seg Segundos
Add Adição
SPSS Statistical Package for Social Sciences
TNU Todos os não usuários de lentes progressivas
FNU Não usuários de lentes progressivas do sexo feminino
MNU Não usuários de lentes progressivas do sexo masculino
TU Todos os usuários de lentes progressivas
FU Usuários de lentes progressivas do sexo feminino
MU Usuários de lentes progressivas do sexo masculino
Sig Significância
D Dioptrias
xviii
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
1
1 Introdução
A estrita relação entre a visão e o conhecimento faz da visão o sentido mais importante para
o Ser Humano.
É através da visão que é transmitida ao cérebro a maior parte da informação sobre tudo o que
nos rodeia, sendo, por isso, responsável pela nossa percepção do Mundo. Deste modo,
podemos inferir a sua importância no processo de aprendizagem.
Para que a informação transmitida pela visão não seja deturpada, é fundamental o seu bom
funcionamento e, para isso, contribui em grande parte a boa coordenação dos movimentos
oculares. São estes que nos permitem obter a máxima nitidez dos detalhes visuais e
contribuem para o fluxo eficiente de processamento da informação visual. (1)
Sabe-se que o bom funcionamento dos movimentos oculares sacádicos contribui, em grande
parte, para uma leitura eficiente e precisa. (1,2,3)
Com o intuito de avaliar os movimentos oculares sacádicos em crianças foi desenvolvido, em
1990, um teste denominado de Developmental Eye Movement (DEM) (3). Posteriormente,
surgiu uma versão para adultos, o ADEM (2), que desencadeou, por sua vez, a versão ADEM
normal e de atenção (ADEMd), ainda em estudo.
No seguimento dos estudos já efectuados acerca do teste ADEMd (4), que incluem sujeitos até
aos 40 anos de idade, surge a necessidade de alargarmos o estudo a faixas etárias mais altas,
pois, já em estudos anteriores, se verificou que a idade pode ter influência no desempenho
dos movimentos oculares. (2)
A partir dos 45 anos de idade, a presbiopia afecta praticamente 100% da população mundial
(5). Uma das soluções cada vez mais usual para a presbiopia passa pela compensação óptica
com adição em lentes progressivas.
Apesar da evolução do design das lentes progressivas ao longo dos tempos, existem estudos
que mostram que a limitada zona óptica de visão de perto e a distâncias intermédias
contribui para a difícil adaptação e satisfação com estas lentes (6, 7, 8). Por este motivo,
neste estudo, coloca-se a questão da forma como a adição neste tipo de lentes interfere no
desempenho do teste ADEMd.
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
2
1.1 Objectivo
Este estudo tem como objectivo a análise da oculomotricidade e capacidade de atenção em
usuários de lentes progressivas entre os 41 e os 65 anos de idade e verificar se o valor da
adição interfere no desempenho do teste ADEMd.
1.2 Movimentos oculares
Dos movimentos oculares fazem parte: os movimentos horizontais do olho, os movimentos
verticais e o nistagmo.
Os movimentos horizontais dividem-se em quatro sistemas supranucleares: o sistema
sacádico, o sistema dos movimentos de seguimento, sistema de vergência e sistema óculo
vestibular. (2, 4, 9)
- Sistema sacádico: tem como função situar com rapidez, na fóvea, o objecto de interesse. (2)
- Sistema dos movimentos de seguimento : permite manter a fixação no objecto, após ter sido
localizado pelos movimentos sacádicos.
- Sistema de vergência: controla o grau de convergência dos olhos, de modo a que o objecto
esteja na fóvea de ambos os olhos, qualquer que seja a distância.
- Sistema óculo vestibular: mantém a posição do olho em relação com qualquer alteração da
postura da cabeça e do corpo.
Os movimentos verticais são também compostos por movimentos rápidos, lentos e
vestibulares parecidos com os movimentos horizontais.
Apesar de, tanto os movimentos horizontais como os verticais serem aplicados na leitura,
geralmente os horizontais têm maior ênfase em todos os estudos pois pensa-se serem os que
desempenham um papel mais importante nesta tarefa. Os movimentos verticais não são tão
relevantes como os horizontais. (7)
Os movimentos oculares sacádicos contribuem para a leitura eficiente e precisa com
movimentos dos olhos ao longo das linhas de texto. (1)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
3
1.3 Teste DEM e as diferentes versões
1.3.1 DEM
Este teste destina-se à avaliação dos movimentos oculares sacádicos em crianças dos 6 aos 13
anos de idade. (1, 3)
O teste é composto por um pré-teste e tem como estímulo três placas de números, apenas de
um dígito, com medidas de 8.5" × 11". (3)
O pré-teste consiste numa sequência de 10 números dispostos na horizontal. (3)
Em relação ao estímulo, duas das placas são compostas por 40 números cada, distribuídos por
duas colunas verticais com a mesma altura (sub-teste vertical 1 e 2, figura1). Os números são
gerados por um programa de computador que produz sequências de números pseudoaleatórios
não permitindo que dois números consecutivos sejam idênticos. (3)
As cartas são observadas pelo sujeito a uma distância de 33 cm, as dimensões verticais dos
números são de 31,2 minutos de arco e as horizontais de 20,8 minutos de arco, o mínimo
detalhe é de 3,1 minutos de arco. O espaçamento vertical entre os números é de 1,0º. (3)
A terceira placa é constituída por 80 números dispostos na horizontal em 16 linhas de 5
números cada (sub-teste horizontal H, figura 2). À distância visual de 33 cm, o comprimento
de cada linha subtende um ângulo de 19,3º. O primeiro e o quinto números de cada linha
foram colocados sempre na mesma posição horizontal que os da linha anterior e o
espaçamento entre os outros três números internos de cada linha foi aleatório. A máxima
sacada requerida para a direita foi 8,75º e a mínima 2,2º. (3)
Com estas combinações, cada sujeito lê 80 números em arranjo vertical e 80 em horizontal,
como se pode observar na figura 1 e 2. (3)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
4
Figura 1- Sub-teste vertical DEM (3)
No que diz respeito ao procedimento, os testes devem ser efectuados de forma individual em
ambiente fechado, bem iluminado, calmo e sem factores de distracção. O sujeito deve estar
sentado confortavelmente à secretária. (3)
Inicialmente, antes de iniciar o teste propriamente dito, é apresentado o pré-teste para
determinar o conhecimento dos números e a sua vocalização. É pedido ao sujeito que leia a
linha dos algarismos em voz alta o mais rápido possível. (3)
Começa-se o teste com as placas verticais. É pedido ao sujeito que leia de forma cuidadosa e
o mais rápido possível em voz alta, as colunas de números que lhe são apresentados em cada
uma das duas primeiras placas, sem seguir com o dedo ou movimentar a cabeça. Registam-se
os tempos ao décimo de segundo e os erros cometidos pelo sujeito em cada placa. (3)
Figura 2 Sub-teste horizontal DEM (3)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
5
É mostrada a terceira placa ao sujeito e é-lhe pedido que leia os números linha a linha de
forma cuidada, o mais rápido possível e em voz alta, sem seguir com o dedo ou movimentar a
cabeça. São novamente anotados os tempos e os erros. (3)
O tempo vertical é obtido somando os tempos das duas primeiras placas (V1 +V2) de modo a
que se registem os tempos de leitura de 80 números na vertical.
No resultado final, apenas são considerados os erros horizontais dado que os erros verticais
são raros. São considerados 4 tipos de erro: substituição (s), omissão (o), adição (a) e
transposição (t). A ocorrência de omissão ou adição altera a quantidade de números lidos dos
80 previstos, havendo a necessidade de ajustar os resultados obtidos, fazendo-se uma
previsão matemática do tempo que seria se o indivíduo tivesse lido os 80 números (3),
segundo a seguinte fórmula:
Tempo horizontal ajustado (THaj) (seg.) = Tempo horizontal (seg.)× 80 / (80 - nº omissões + nº adições) (1)
O rácio da pontuação final é obtido pela divisão entre o tempo horizontal ajustado e tempo
vertical.
Este rácio dá-nos o índice de incremento na condição horizontal em relação à vertical.
Deficiências oculomotoras durante a performance horizontal incrementam a discrepância em
relação à performance vertical, incrementando o rácio da pontuação final. (3)
Na tabela 1, apresentam-se as normas para o teste DEM desenvolvidas, em 1990, por Garzia
RP (3) e seus colaboradores que qualificam e quantificam o estado oculomotor de crianças
com idades entre os 6 e 13 anos.
Tabela 1- Normas do DEM para a idade (3)
Idade (Anos)
Tempo Vertical (Seg.)
Tempo Horizontal Ajustado (Seg.)
Rácio Erros
8 9 10 11 12 13
61 59 57 53 49 43
81 94 74 65 61 50
1.35† 1.60 1.29 1.21† 1.25* 1.18†
15 10 7 7 8 2†
*p<0,02 † sem significância (todos os valores têm níveis de significância p<0,001)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
6
1.3.2 ADEM
Este teste é uma versão modificada do teste DEM para adultos entre os 14 e os 68 anos de
idade desenvolvido em 2003, por Sampedro AG e associados. (2)
A diferença entre o teste DEM e o ADEM reside no número de dígitos de cada número, neste
teste, as três placas têm números de dois dígitos e não de um apenas (figura 3 e 4), devendo
o sujeito ler o número inteiro e não dígito a dígito.
O procedimento é o mesmo que no teste DEM, com excepção de que o pré-teste não foi
incluído neste teste.
Figura 3- Sub-teste vertical V1 e V2 do ADEM (2)
Figura 4- Sub-teste horizontal H do ADEM (2)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
7
1.3.3 ADEMd
O ADEMd é outra versão modificada do teste DEM, tem as mesmas características que o ADEM
com a diferença de que este inclui mais uma placa, Hd, que tem como objectivo testar a
capacidade de atenção. Nesta placa os números aparecem alternados com letras de
distracção, como se pode ver na figura 5. Apenas devem ser nomeados os números e não as
letras, se alguma letra for nomeada é apontada como erro. No final do teste pede-se ao
voluntário que indique quais as letras presentes no teste. (4, 10)
1.4 Presbiopia e sua compensação
A presbiopia é uma condição fisiológica normal em que há perda progressiva da capacidade de
acomodação do olho com a idade, o que se traduz na dificuldade de focar com nitidez
objectos próximos. Sob o ponto de vista fisiológico, a perda de acomodação deve-se à perda
de elasticidade do corpo ciliar e do cristalino. (11, 13, 14)
Manifesta-se entre os 40 e os 45 anos de idade (5, 11, 12, 13). O uso de óculos para visão ao
perto inicia-se por volta dos 45 anos e atinge a graduação máxima por volta dos 65 anos. (11)
Normalmente no sexo feminino, a presbiopia tem início cerca de 3 anos mais cedo do que no
sexo masculino, necessitando de adições ligeiramente mais altas em todas as faixas etárias.
Figura 5- Sub-teste horizontal com letras de distracção do ADEMd (10)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
8
Este facto é consequência da coincidência com a menopausa e da longitude dos braços,
geralmente menor no sexo feminino. (11)
A compensação da presbiopia é obtida através de uma ajuda óptica em forma de adição
esférica positiva.
A adição pode ser determinada por vários métodos, entre os quais, o método baseado na
idade do indivíduo. A cerca deste método, Donders e Duane, relacionando a amplitude de
acomodação com a idade dos indivíduos obtiveram valores de adição para cada idade dentro
do período visual da presbiopia, como se pode observar na tabela 2. (11)
Tabela 2- Valores de adição para cada idade dentro do período visual da presbiopia (11)
Idade Adições às seguintes distâncias de leitura, em centímetros
25 35 40
40 1.00 0.00 0.00
45 2.00 0.75 0.50
50 3.00 1.75 1.50
55 3.25 2.00 1.75
60 3.50 2.25 2.00
65 3.75 2.50 2.25
Mais recentemente recorre-se também à cirurgia, para correcção da presbiopia, que está
ainda em estudo para aperfeiçoamento. (14)
Existem vários tipos de lentes para a compensação desta condição visual, sendo as mais
usuais, as lentes monofocais para visão de perto, lentes bifocais e lentes progressivas. Com o
progresso tecnológico que se tem vindo a assistir ao longo dos últimos anos em relação a este
último tipo de lentes, a sua utilização tem-se expandido rapidamente nos últimos anos.
As lentes progressivas permitem uma visão nítida a qualquer distância, ao contrário de todas
as outras lentes, mas o seu maior problema é o período de adaptação a elas, já que obrigam a
movimentos da cabeça para olhar pela zona adequada. (13)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
9
1.5 Design das lentes progressivas
A lente progressiva teve origem em França, em 1959. É constituída por uma zona superior de
visão de longe, uma zona intermédia de progressão e uma zona inferior de visão de perto,
aumentando a potência progressivamente, de forma continua de cima para baixo. (15, 16)
Segundo Jalie M (15), a lente progressiva pode ser considerada como tendo as superfícies
esféricas de visão ao longe e visão ao perto conectadas por uma superfície com raios de
curvatura tangenciais e sagitais que diminuem de acordo com uma lei específica de potência
entre as zonas de visão de longe e de visão perto da lente. Isto proporciona uma curvatura
contínua à lente e consequente progressão da potência.
A lei de potência que determina a progressão pode ser linear (figura 6), ou pode ser mais
complexa para proporcionar um aumento maior ou menor da potência no inicio da progressão
(figura 7).
DP= Zona de longe PZ= Zona de progressão NP= Zona de perto
Figura 6- Perfil de potência para uma lente progressiva com a lei de potência linear, 0.00 Add +2.00 D(15)
:
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
10
Figura 7- Leis de potência para adições de +1.00, +2.00 e +3.00 D para séries multi-design de potência para lentes progressivas (15)
Na figura 8 apresenta-se uma ideia simples desta superfície através de uma secção retirada
de um elipsóide oblato, em que os raios de curvatura das superfícies esféricas que
representam a parte de longe e a parte de perto são representadas por rD e rN,
respectivamente.
Pode ver-se que o sólido ovóide obtido pela inserção da secção elipsoidal entre os dois
hemisférios mostrados na figura 8 resulta numa superfície sem descontinuidades.
Ao longo da linha central, LL', um corte transversal através da superfície é circular e os raios
dos círculos num plano paralelo com os círculos da zona de longe ou de perto, certamente,
diminuem de forma contínua de rD para rN.
DRP= Ponto de referência de longe NRP= Ponto de referência de perto
Figura 8-Conceito de uma superfície progressiva. A secção do elipsóide oblato é inserida entre dois hemisférios de raios de curvatura, rD para a parte de longe e rN para a parte de perto. (15)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
11
O design destas lentes permite as seguintes vantagens:
- possibilidade de visualizar entre todas as distâncias de forma contínua (figura 9);
- permite o uso mais natural da acomodação, pois esta não necessita flutuar quando a visão é
transferida de uma zona para outra;
- ausência de salto de imagem dado que não há mudanças abruptas da potência;
- aparecimento de uma lente única de visão, sem linhas divisórias na lente. (15, 16, 17)
Apesar dos benefícios trazidos por estas lentes, elas apresentam ainda algumas limitações.
Sabe-se, pelas leis da física, que qualquer variação da curvatura de uma superfície contínua
origina obrigatoriamente aberrações ópticas. Isto explica as variações indesejáveis
essencialmente de esférico e de cilíndrico (aberrações de segunda ordem) presentes nas áreas
laterais das lentes progressivas. (16, 17)
A zona da lente varrida pelo olhar é determinada pela coordenação natural dos movimentos
oculares e da cabeça no sentido horizontal, o que define a largura da zona da lente
naturalmente usada para visão foveal (geralmente menos de 15º) (16). Para que a visão seja
nítida na área central da lente, as aberrações devem ser reduzidas ao mínimo possível e
desviadas para a periferia da lente.
O corredor de visão nítida através da zona de progressão é muitas vezes descrito como a
região na zona em que o astigmatismo não exceda 1.00 D. (15)
Quanto menor a adição e maior a zona de progressão, menor se torna o astigmatismo. (15)
Figura 9- Campo útil em lente progressiva com adição de 2.00 D. (16)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
12
É comum, os fabricantes de lentes progressivas, usarem diagramas de isoastigmatismo e
diagramas de isopotência (figura 10), o que permite uma melhor compreensão das
características ópticas destas lentes.
No diagrama de isoastigmatismo, os contornos ilustram a distribuição do astigmatismo nas
diferentes zonas da superfície da lente, sendo que as linhas apresentam valor dióptrico
constante. Na superfície da lente representada na figura 10 a) com um limite de astigmatismo
de 1.00D, considera-se um corredor de largura de 20 milímetros a 10 milímetros abaixo do
centro geométrico da lente.
O diagrama de isopotência (figura 10 b) ilustra o aumento da potência na superfície da lente,
com o olho ligeiramente rodado para cima do centro geométrico da lente, o que resulta do
método escolhido para se misturar a superfície entre a zona de visão ao longe e a de visão ao
perto. A adição completa para leitura de 2.00D é atingida num ponto 20 milímetros abaixo do
centro geométrico da lente. (15)
a) Linhas de isoastigmatismo b) linhas de isopotência
Outra característica importante do design das lentes progressivas diz respeito à simetria da
distribuição de potência na lente. Na figura 11, os olhos devem estar a observar um objecto
situado no ponto B, os eixos visuais intersectam as lentes no ponto P no olho direito e P' no
olho esquerdo. Se a potência da superfície no ponto P e no ponto P' diferir muito em
magnitude ou orientação, ocorrerão diferentes efeitos prismáticos nos dois pontos. Para
facilitar a fusão em todas as direcções do olhar, os efeitos prismáticos verticais devem ser
aproximadamente iguais em pontos correspondentes. Para que isto se cumpra, cada lente
deve ser projectada individualmente para os olhos direito e esquerdo, em vez de se produzir
um design único que é girado para dentro, em sentidos opostos para os dois olhos. Desenhos
Figura 10- (a) Linhas de Isoastigmatismo e (b) linhas de isopotência para lente progressiva, plano com Add +2.00 D. Os intervalos entre as linhas representam uma mudança de 0.25 D. (15)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
13
de lentes progressivas que apresentam efeitos prismáticos verticais aproximadamente iguais
em pontos correspondentes diz-se que têm simetria horizontal. (15)
Figura 11- Simetria horizontal em pontos correspondentes na lente. (15)
Na concepção das lentes progressivas existem algumas exigências ópticas (16). As mais
relevantes para o nosso estudo são:
- a progressão da potência tem que ser feita de modo a não interferir na coordenação natural
dos movimentos oculares verticais e da cabeça, assim como com a orientação do horoptero
vertical1 relacionado com a inclinação natural dos documentos durante a leitura;
- a posição horizontal da zona de visão de perto deve ajustar-se à convergência natural dos
olhos, ao valor da adição e à correcção para visão de longe.
Apesar da melhoria do design das lentes progressivas ao longo dos tempos, a adaptação e
satisfação com a adição neste tipo de lentes é ainda difícil em comparação com a adição em
lentes monofocais. Este problema deve-se, em parte, à zona óptica limitada que faz com que
a leitura, a distâncias intermédias e próximas, seja complicada. (6)
Quanto mais estreito é o corredor de visão nítida na lente progressiva, maior tendência existe
para um aumento na frequência dos movimentos da cabeça compensatórios, o que leva á
inadaptação a estas lentes por parte de muitos sujeitos (6).
Jalie M (15) salienta que a adaptação a lentes progressivas é mais fácil se estas forem usadas
logo no início da presbiopia, em que o valor da adição ainda é baixo.
1 Lugar geométrico de todos os pontos do espaço cujas imagens se formam sobre pontos correspondentes da retina (13)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
14
A selecção de usuários de lentes progressivas de modo a que haja sucesso com as mesmas
deve incluir (15):
• usuários actuais que estão satisfeitos com os óculos anteriores;
• presbitas jovens que necessitam de uma primeira adição de perto;
• indivíduos que necessitem de visão nítida a distâncias intermédias, além de correcção para
longe e para perto;
• indivíduos que não querem que sejam visíveis linhas de divisão nas suas lentes;
• pessoas cujo estilo de vida, ou hobbies não exigem amplas zonas de visão nítida de perto ou
distâncias intermédias nas suas lentes;
• aqueles que beneficiariam com o facto de não existir salto de imagem nas lentes;
• potenciais usuários de lentes progressivas que estão com expectativa positiva em relação á
adaptação a estas lentes.
Pacientes não susceptíveis de ter sucesso com lentes progressivas (15):
• presbitas não usuários de lentes progressivas;
• pacientes que necessitam de uma grande área de visão de perto e não estão preparados
para fazer movimentos com a cabeça para a visão lateral;
• pacientes que estão satisfeitos com lentes monofocais, bifocais ou trifocais;
• pacientes que não estão preparados para passar pelo período de adaptação às lentes ou que
não estão dispostos a esperar um tempo indeterminado para que ocorra a adaptação.
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
15
1.6 Influência de Lentes Progressivas nos Movimentos Oculares
Sabendo que o design das lentes progressivas apresenta um campo de visão limitado para
tarefas de visão intermédia, Selenow A. e colaboradores (6) compararam, em 2002, o
desempenho visual de usuários de lentes progressivas com o de usuários de lentes monofocais
em quatro tipos de tarefas de leitura diferentes em ambiente que simula as condições de
trabalho em computador.
Chegaram à conclusão que a diferença no desempenho visual entre progressivas e monofocais
é maior quando o estímulo de leitura subtende um ângulo visual mais amplo, porque a área
através da qual os estímulos são vistos, ou seja, a zona intermediária, é muito mais estreita
em progressivas do que em monofocais. Por isso, quando o estímulo cai fora do corredor de
visão nítida da progressiva, há um aumento dos movimentos da cabeça de modo a centrar a
imagem no corredor, implicando diminuição do desempenho visual. (6)
Em 2003, Han Y e colaboradores (7) estudaram as diferenças dos movimentos dos olhos e da
cabeça em três tipos de lentes: duas progressivas, uma com zona de visão intermédia
relativamente grande e outra com zona de visão intermédia relativamente estreita e uma
monofocal, durante a leitura em folha simples e folha dupla.
Concluíram que ambas as lentes progressivas exigem mais movimentos combinados cabeça-
olho do que a monofocal e que entre as progressivas os movimentos são maiores na lente de
zona de visão mais estreita, tanto em folha simples como dupla. Este facto levou-os a afirmar
que a adaptação e satisfação com a adição em lentes progressivas são prejudicadas em parte
pelas limitadas zonas que podem dificultar a leitura incluindo na distância intermédia de
trabalho do típico usuário de computador. Verificaram ainda que a magnitude dos
movimentos oculares verticais e movimentos verticais e torcionais da cabeça foi muito
pequena e, por isso, irrelevante neste estudo. (7)
Na continuidade do estudo anterior, ainda em 2003, Han Y e colaboradores (8) sentiram a
necessidade de avaliar as interacções dinâmicas dos movimentos oculares e da cabeça
durante a leitura em usuários de lentes progressivas e monofocais em ambiente simulado por
computador. Observaram que, sendo o ângulo visual subtendido relativamente pequeno (14º),
os movimentos oculares são iniciados antes dos movimentos da cabeça. Se o ângulo visual
subtendido for maior (37º), verifica-se o inverso com os três tipos de lentes. Verificaram
também que os movimentos oculares são mais lentos quando a zona de visão nítida diminui e
os movimentos da cabeça são mais lentos com a progressiva de corredor estreito do que com
a monofocal, independentemente do ângulo visual subtendido. Concluíram ainda que o pico
de velocidade dos movimentos oculares foi maior com a lente monofocal do que com a
progressiva, quando o ângulo visual subtendido é maior.
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
16
Apesar dos poucos estudos existentes todos apontam para a limitação dos movimentos
oculares em lentes progressivas como causa da inadaptação às mesmas. Por isso, existe a
necessidade do estudo do desempenho visual de sujeitos usuários destas lentes no teste
ADEMd.
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
17
2 Relação entre a adição em lentes progressivas e
a realização do teste ADEMd
2.1 Estudo
Estamos na presença de um estudo prospectivo internacional da Universidade da Beira
Interior em colaboração com a Universidade de Valência, com o intuito de estudar a relação
entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd.
O objectivo do estudo é analisar a oculomotricidade e capacidade de atenção em usuários de
lentes progressivas entre os 41 e os 65 anos de idade e verificar se o valor da adição interfere
no desempenho do teste ADEMd.
A escolha deste intervalo de idades baseia-se nas seguintes condições:
- Já foram avaliados os movimentos oculares e capacidade de atenção através do teste ADEMd
em sujeitos dos 14 aos 40 anos de idade (4);
- O início de idade aos 41 anos coincide, aproximadamente, com o início da presbiopia (11);
- O limite de idade até aos 65 anos coincide, aproximadamente, com a estabilização da
presbiopia (11);
- Nestas idades, a maioria dos sujeitos utilizam adição (11);
- A partir desta idade, começa o uso do progressivo, podendo o tipo de lente ter alguma
influência no teste.
2.2 Material utilizado
- Carta explicativa ao participante
- Consentimento livre e informado
- Questionário-N
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
18
- Folha exemplo a mostrar ao participante
- Teste ADEMd
- Gravador
- Cronómetro
- Relação de letras a mostrar ao voluntário
- Manual "Instruções para realizar o Teste ADEMd"
- Folha resumo informativa "Instruções para realizar o Teste ADEMd"
- Quadro de respostas
2.3 Método
A primeira fase deste estudo passou pela homogeneização da realização das provas através do
manual "Instruções para realizar o teste ADEM-d" (10), distribuído aos examinadores que
participaram no estudo e dar a conhecer o funcionamento do teste.
A segunda fase consistiu na fase experimental. Nesta fase, o examinador explicou o objectivo
do estudo e os procedimentos ao voluntário e apresentou o consentimento informado e o
questionário a preencher.
Após aceitação da participação no estudo, o conjunto de provas a realizar consta de:
1) Consentimento informado (anexo 1)
2) Questionário a preencher pelo voluntário (anexo 2)
3) Prova ADEM normal e de atenção (figuras 3, 4 e 5)
A última fase do estudo consistiu no tratamento dos dados, cronometrando e anotando os
tempos e erros, através da audição das gravações.
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
19
2.3.1 Caracterização da Amostra
Em investigação, é fundamental definir o grupo sobre o qual o estudo vai incidir.
Hill (19) considera que todas as investigações pressupõem recolha de dados. Esta incide sobre
determinada População ou Universo, que o autor define como o conjunto total dos casos
sobre os quais se pretende retirar conclusões.
O nosso estudo incide num Universo de indivíduos, de todo o país, usuários e não usuários de
lentes progressivas, cujas idades estão compreendidas entre os 41 e os 65 anos de idade.
Segundo Hill (19), uma amostra do Universo é uma parte dos casos que constituem o Universo.
O que se pretende, é então estudar uma amostra do Universo definido anteriormente.
No seguimento do que foi feito em estudos anteriores (2,4), organizámos a amostra em faixas
etárias de 5 anos, perfazendo um total de 6 grupos de idades, como mostra a tabela 3.
Tabela 3- Organização das faixas etárias por grupos
Grupo Idade Faixa Etária 1 39-43 2 44-48 3 49-53 4 54-58 5 59-63 6 64-68
Ao analisarmos a nossa amostra, verificamos que na faixa etária entre os 41 e os 43 anos
(grupo 1), não existia nenhum indivíduo que usasse lentes progressivas, não satisfazendo
assim os critérios específicos pelos quais tínhamos interesse. Por este motivo, foi eliminada
essa faixa etária e iniciámos o estudo a partir dos 44 anos.
A amostra que vamos estudar é, então, constituída por 227 indivíduos, com distribuição por
idades, conforme se observa no gráfico 1. Destes indivíduos, 77 usam lentes progressivas e
150 não usam, 126 são do sexo feminino e 101 do sexo masculino. Nos 150 indivíduos que não
usam lentes progressivas, estão incluídos os indivíduos que usam lentes monofocais, bifocais e
os que não usam nenhum tipo de compensação.
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
20
Gráfico 1- Distribuição da amostra por idades (Excel)
Verifica-se, no gráfico 1, uma diminuição, não linear, do número de sujeitos com o aumento
da idade.
Conhecida a dimensão da amostra, esta foi dividida em duas subamostras: numa foram
englobados todos os indivíduos usuários de lentes progressivas (gráfico 2) e na outra todos os
não usuários (gráfico 3).
Gráfico 2- Distribuição da amostra de usuários de lentes progressivas por sexo e idade (Excel)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
21
Como se observa no gráfico 2, as faixas etárias em que se obteve maior número de indivíduos
usuários de lentes progressivas foi nas três centrais, ou seja entre os 49 e os 63 anos de idade.
A distribuição por sexo, dentro da amostra de usuários de lentes progressivas, foi
relativamente equilibrada nas três últimas faixas etárias, o que não se verificou tanto nas
duas primeiras.
Gráfico 3- Distribuição da amostra de não usuários de lentes progressivas por sexo e idade (Excel)
No gráfico 3, observa-se o maior número de indivíduos não usuários de lentes progressivas na
faixa etária dos 44 aos 48 anos, seguido da faixa etária entre os 49 e 53 anos. Neste caso, não
se verifica um grande equilíbrio entre o número de indivíduos do sexo feminino e do sexo
masculino.
Comparando os gráficos 2 e 3, verifica-se que, no geral, o número de indivíduos não usuários
de lentes progressivas é superior ao dos usuários, com excepção da faixa etária dos 54 aos 58
anos de idade.
No gráfico 4, apresenta-se a distribuição da amostra global tendo em conta todos os
parâmetros, ou seja, o uso ou não de lentes progressivas, o sexo e a idade. No fundo, este
gráfico é o resumo dos gráficos 1, 2 e 3.
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
22
Gráfico 4- Distribuição da amostra consoante o uso ou não de lentes progressivas, sexo e idade (Excel)
Todos os indivíduos que participaram neste estudo fizeram-no de forma voluntária.
Os indivíduos usuários de compensação, efectuaram os testes com a mesma.
Os sujeitos em estudo eram saudáveis, não sendo conhecidos problemas cognitivos,
neurológicos ou patologias oculares.
Foram dispensados sujeitos com problemas manifestos na fala, diminuição visual significativa,
cirurgia ou anestesia geral no último mês e quaisquer outras alterações, como abuso de
substâncias ou problemas psiquiátricos.
Todos os sujeitos eram inexperientes nos testes.
2.3.2 Estímulo
O estímulo utilizado é o mesmo do teste ADEM com adição da placa Hd.
O teste foi efectuado à distância de leitura de cada sujeito.
2.3.3 Procedimento
Após informado da finalidade do estudo e da sua aceitação na participação no mesmo, o
voluntário, deve assinar o consentimento livre e informado e preencher o questionário.
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
23
Procede-se, então, à realização da prova visual específica, denominada de ADEM normal e de
atenção. É constituída por 4 placas, V1 e V2, nas quais o sujeito deve ler os números na
vertical e 2 placas, H e Hd, em que deve ler os números na horizontal.
O grau de dificuldade dos testes vai aumentando em cada placa, desde uma habilidade básica
a uma habilidade mais difícil, e devem efectuar-se pela seguinte ordem: V1, V2, H, Hd.
Para a realização do teste deve ter-se em conta as seguintes condições (10):
1- O voluntário a avaliar deve posicionar-se a uma distância de leitura cómoda, dispondo de
boa iluminação que facilite a leitura dos números;
2- A prova realiza-se com os dois olhos abertos e com óculos, se utilizar óculos para ler;
3- O voluntário pode posicionar o texto a ler entre as suas mãos, ou apoiá-lo sobre a mesa, de
modo a que não existam reflexos incomodativos sobre o teste em qualquer das suas fases;
4- O sujeito não pode seguir a leitura com o dedo;
5- Antes de avaliar a leitura em voz alta de cada folha, parte-se de uma posição de repouso
(com a folha voltada para baixo);
6- Inicia-se a contagem do tempo que demora a ler todos os números da prova, quando
nomeie o primeiro número ao voltar a folha;
7- Caso seja verificado um erro ao identificar algum número, a prova deve ser continuada
normalmente;
8- Devem anotar-se os erros cometidos ao nomear os números em cada folha;
9- As letras do teste Hd não devem ser nomeadas, mas caso sejam, devem ser anotadas como
erro.
Mostra-se ao voluntário a parte superior da folha de exemplos "V y H" (anexo 3) e indicam-se
as seguintes instruções (10):
..."deve ler em voz alta e o mais rápido possível uma série de números na vertical,
começando pela coluna esquerda e de cima para baixo. Ao finalizar essa coluna, (apontar
com o dedo), continuar sem parar com a coluna direita de cima para baixo. Caso se engane
em algum número, não se preocupe, deve continuar o teste".
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
24
Quando o voluntário estiver preparado, o examinador posiciona a placa V1 (figura 3), com os
números voltados para baixo, e dão-se as seguintes instruções:
..."Quando eu indicar, volte a folha e comece a ler os números da forma que lhe expliquei,
de cima para baixo e o mais rápido possível. O tempo começará a contar assim que ler o
primeiro número".
Cronometra-se o tempo que demora a ler em voz alta os 40 números da placa, começando a
contagem do tempo no momento em que o sujeito ler o primeiro número e parando no último
da segunda coluna. Anota-se na folha de respostas o tempo em segundos (com uma margem
de 0,5 segundos) e os erros que cometeu na identificação dos números.
Procede-se da mesma forma com a segunda placa, V2 (figura 3), e anota-se o tempo em
segundos e os erros.
Para o teste seguinte, explica-se que os números que deve ler agora, em voz alta e rápido,
estão na horizontal. Mostra-se a parte inferior da folha exemplo "V y H" (anexo 3) e dão-se as
seguintes instruções:
..."agora deve ler em voz alta e o mais rápido possível uma série de números na horizontal,
começando por cima, da esquerda para a direita, passando para a linha seguinte, e
continuando até ao final, (assinalar com o dedo sobre a folha exemplo). Caso se engane em
algum número, não se preocupe, deve continuar a realizar o teste".
Quando o voluntário estiver preparado, mostra-se a terceira placa, a placa H (figura 4).
Inicia-se a contagem do tempo quando o primeiro número for lido e, no final, anota-se o
tempo em segundos e os erros.
Após terminar o teste H, indicar que no próximo teste (Hd) existem letras e números,
aumentando a dificuldade (apenas devem ser nomeados os números e não as letras). No final,
anota-se o tempo de realização deste teste e os erros cometidos.
Considera-se igualmente um erro se for nomeada alguma das letras e estes erros são anotados
na parte inferior direita do quadro de respostas (anexo 4).
Para a realização do teste, mostra-se ao voluntário a parte inferior direita da folha de
exemplo "V y H" (anexo 3), e dão-se as seguintes instruções:
..." agora o teste vai ser efectuado com números e letras, por isso vai ser mais difícil. Vamos
proceder da mesma forma que no teste anterior lendo em voz alta e o mais rápido possível
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
25
na horizontal só os números, começando por cima da esquerda para a direita, passando para
a linha seguinte e continuando até ao final. Não deve nomear as letras entre os números,
devendo apenas prestar atenção às letras utilizadas, uma vez que no final do teste será
pedido para as identificar. Caso se engane em algum número ou nomeie uma letra, não se
preocupe, deve continuar a realizar o teste".
Quando o voluntário estiver preparado, o examinador posiciona a placa Hd (figura 5) com os
números voltados para baixo e dão-se as seguintes instruções:
..."Assim que eu disser, volte a folha e comece a ler como foi indicado, recorde-se que deve
apenas nomear os números da esquerda para a direita, o mais rápido possível. O tempo
começará a contar quando nomear o primeiro número".
Cronometra-se o tempo que leva a completar o teste, começando quando o voluntário ler o
primeiro número e terminando no último. Anota-se na folha de respostas o tempo em
segundos (com uma margem de 0,5 segundos) e os erros na identificação de números e/ou
nomeação de letras.
Finalizada esta prova, pede-se ao voluntário que indique quais as letras presentes no teste.
Assinalam-se, na folha de respostas, as letras mencionadas com um círculo á volta (anexo 4)
na secção "1- recorda memória" de "perguntas sobre letras de distracção" (parte inferior
esquerda). Se for mencionada alguma letra adicional, anotá-la na secção "outras letras
nomeadas". Esperar um máximo de 10 segundos para que o voluntário pense nas respostas.
Caso não se recorde ou falhe alguma, não há problema.
Após respondida a primeira questão, efectua-se a segunda. Para esse efeito mostra-se um
conjunto de 12 letras, devendo o voluntário dizer quais as que apareciam no teste Hd (anexo
5). Caso não se recorde ou falhe alguma, não há problema.
Devido à rapidez com que algumas pessoas nomeiam os números, procedeu-se à gravação do
teste através de um gravador de voz, para posterior revisão dos tempos e erros cometidos
pelos sujeitos, de modo a conseguirmos maior precisão no tratamento dos dados.
O registo dos dados foi efectuado no programa Excel 2007, no qual se efectuaram também os
cálculos e gráficos.
Os dados necessários foram transferidos para o programa SPSS, versão 17, onde se efectuou o
respectivo tratamento estatístico. Foram calculadas as médias e desvios padrão de cada
subamostra, usuários (TU) e não usuários de lentes progressivas (TNU); e dentro dessas
subamostras, foram efectuados os mesmos cálculos para o sexo feminino (FU e FNU) e para o
sexo masculino (MU e MNU). Analisaram-se todas as variáveis através do diagrama caixa de
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
26
bigodes e os respectivos testes de normalidade usando o teste Kolmogorov-Smirnov e o
Shapiro-Wilk, quando aplicável.
Aplicou-se a Correlação de Pearson entre a adição e todas as variáveis, quando verificados os
pressupostos, e a correlação de Spearman quando não verificados.
Aplicou-se o teste de Levene para estudo da igualdade de variâncias.
Quando verificados os pressupostos, efectuou-se um Teste t e uma One-Way Anova entre
sexos dentro dos usuários de progressivos e dentro dos não usuários, para estudar possíveis
diferenças entre sexos. Quando os pressupostos não se verificaram, recorreu-se ao teste de
Mann-Whitney e Kruskal-Wallis.
Finalmente, e centrando-nos no objectivo do estudo, recorreu-se ao Mann-Whitney e Kruskal-
Wallis para estudar as diferenças entre usuários e não usuários de lentes progressivas.
2.3.4 Normas para ADEM
Sampedro e associados (2) publicaram no seu estudo, em 2003, as normas para o teste ADEM
para indivíduos com idades compreendidas entre os 14 e os 68 anos. Como se pode ver, na
tabela 4, a amostra foi organizada em grupos com intervalos de idades de 5 anos e calcularam
as médias e desvio padrão do tempo horizontal ajustado, tempo vertical ajustado e rácio
H/V.
Tabela 4- Normas do ADEM para os intervalos de idade (2)
Grupos Idade (anos)
Tempo Vertical Tempo Horizontal Rácio H/V
Média Desvio padrão
Média Desvio padrão
Média Desvio padrão
1 14-18 50.50 8.64 51.21 12.85 1.01 0.10 2 19-23 45.23 6.60 49.93 8.23 1.08 0.12 3 24-28 44.93 7.22 47.63 7.32 1.06 0.13 4 29-33 47.43 7.46 48.61 7.73 1.03 0.11 5 34-38 47.18 7.88 50.09 10.47 1.06 0.11 6 39-43 51.24 7.64 51.34 6.92 1.01 0.09 7 44-48 54.58 10.01 56.80 10.78 1.05 0.11 8 49-53 57.64 11.18 57.82 9.45 1.01 0.11 9 54-58 57.04 12.46 58.01 10.95 1.03 0.10 10 59-63 64.37 8.43 65.18 10.87 1.01 0.08 11 64-68 66.00 10.44 69.46 10.14 1.06 0.10
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
27
2.3.5 Análise estatística
Para decidirmos quais as correlações a aplicar entre as variáveis e os testes estatísticos mais
adequados para o tratamento dos dados, analisámos cada variável, individualmente, através
do diagrama de caixa de bigodes.
A caixa de bigodes é, segundo Pestana (18), uma representação gráfica útil para explorar e
sumariar os dados, permite analisar as frequências e identificar as observações aberrantes ou
outliers, que tendem a distorcer a média e o desvio padrão.
A caixa ou rectângulo situa os quartis da distribuição tratados. Nos extremos de cada bigode
posicionam-se as observações mínima e máxima. Todas as observações situadas para além dos
bigodes chamam-se aberrantes ou outliers.
A caixa estende-se do 1º Quartil (Percentil25 ou Q1) ao 3º Quartil (Percentil75 ou Q3), que são
respectivamente as bases inferior e superior do rectângulo, descrevendo, deste modo, as
observações centrais, que correspondem a 50% das observações totais. A linha grossa dentro
da caixa representa a mediana (Percentil50 ou Q2).
Um dos bigodes prolonga-se para baixo de Q1 até à observação mínima não outlier e o outro
prolonga-se para cima de Q3 até à observação máxima não outlier. O comprimento máximo
dos bigodes vai até 1,5 vezes o valor da amplitude inter-quartil, abaixo de Q1 e acima de Q3.
Para auxiliar a interpretação da caixa de bigodes, recorre-se também à interpretação das
tabelas das estatísticas descritivas, das estatísticas de ordem quadro, da moda e da
distribuição de frequências.
Para Pestana (18), a estatística descritiva utiliza-se para descrever os dados através de
indicadores denominados de estatísticas, tal como o caso da média, moda e desvio padrão.
Relativamente à tabela de frequências, Pestana (18), refere que as frequências absolutas
(frequency) indicam o número de vezes que cada valor da variável idade se repete. A
frequência relativa (valid percent) representa o número de vezes que a idade é observada em
relação ao total de observações. A frequência relativa acumulada (cumulative percent) dá
para cada valor da variável idade a frequência de observações até esse valor.
Um dos pressupostos, geralmente, exigido para aplicação de muitos testes estatísticos é a
normalidade. Segundo Pestana (18), uma distribuição normal é simétrica e mesocúrtica. Uma
distribuição é simétrica quando o quociente entre a skewness e o seu std error está
compreendido entre -1,96 e 1,96 e as três medidas de tendência central, média, mediana e
média aparada a 5 % estão contidas no intervalo de confiança a 95 %. É mesocúrtica quando
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
28
|Kurtosis/stdKurtosis| < 1,96. Estas são condições necessárias, mas não suficientes, para a
distribuição ser considerada normal. Para analisar a normalidade da distribuição, utiliza-se o
teste não paramétrico de aderência à normal Kolmogorov-Smirnov (K-S), com a correcção de
Lilliefors; quando a amostra é menor que 50 deve usar-se o teste Shapiro-Wilk, pois este é,
segundo Pestana (18) e Hill (19), mais adequado para amostras pequenas. A hipótese da
distribuição ser normal rejeita-se quando o nível de significância é inferior a 0,05.
O coeficiente de variação (CV) obtém-se através do quociente entre o desvio padrão e a
média amostral multiplicado por 100. Quando CV ≤ 15 % a dispersão da distribuição é fraca;
quando 15 % < CV ≤ 30 % a dispersão é média e quando CV > 30 % a dispersão é elevada. (18)
Uma vez que, em algumas variáveis, se verifica a existência de outliers na caixa de bigodes,
fazemos, em seguida, uma abordagem de como interpretá-los.
Segundo Pestana (18), os outliers são observações aberrantes que podem existir numa
distribuição de frequências e são classificados como severos ou moderados consoante o seu
afastamento em relação às outras observações seja mais ou menos pronunciado. São
marcados no gráfico com um círculo caso sejam moderados ou com um asterisco caso sejam
severos.
Os outliers moderados encontram-se entre 1,5 e 3 amplitudes inter-quartis para baixo do
primeiro quartil ou para cima do terceiro quartil. Os outliers severos encontram-se para
valores superiores ou iguais a 3 amplitudes inter-quartis para baixo do primeiro quartil ou
para cima do terceiro quartil.
Os outliers moderados podem calcular-se através da expressão (18):
Q1 - 3aQ < xi ≤ Q1- 1,5aQ (2), quando se encontram para baixo do 1º quartil,
e da expressão:
Q3 + 1,5aQ ≤ xi < Q3 + 3aQ (3), quando se encontram para cima do 3º quartil,
onde: xi - observação i;
aQ - amplitude inter-quartil = Q3 - Q1 (4)
Os outliers severos podem calcular-se através da expressão:
xi ≤ Q1 - 3 aQ (5), quando se encontram para baixo do 1º quartil,
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
29
e da expressão:
xi ≥ Q3 + 3 aQ (6), quando se encontram para cima do 3º quartil.
Uma vez que os outliers são observações aberrantes, levam a uma maior dispersão dos dados.
Os outliers podem representar erros de introdução de dados, caso em que devem ser
eliminados; ou fazer parte do fenómeno em estudo, caso em que devem ser mantidos,
assinalando-se a sua existência.
Sempre que existam outliers, deve proceder-se ao estudo com e sem outliers dado que estes
tendem a distorcer a média e o desvio padrão.
Quando os outliers afectam muito os resultados, não devem ser usados a variância e o desvio
padrão como medidas de dispersão, mas sim estatísticas robustas.
Porque neste estudo vão ser aplicados vários testes estatísticos, apresenta-se em seguida a
sua descrição.
Para Pestana (18) e Hill (19), as técnicas estatísticas podem classificar-se em técnicas
paramétricas e técnicas não paramétricas.
As técnicas paramétricas são estatísticas que trabalham com parâmetros, sendo um
parâmetro uma característica de um Universo, como exemplo, o valor médio de uma variável.
Assumem o pressuposto forte de que, no Universo, os valores de uma variável têm
distribuição normal. Para além deste pressuposto, assumem também outros, tal como o que
diz que os valores de uma variável são medidos numa escala de intervalo ou rácio. Este é um
dos mais importantes.
As técnicas não paramétricas não trabalham com parâmetros nem assumem que os valores de
uma variável têm uma distribuição normal. Permitem analisar variáveis com valores numa
escala ordinal ou numa escala nominal. Estas só devem ser aplicadas quando não se verificam
os pressupostos das paramétricas, pois geralmente as técnicas paramétricas são mais
potentes.
No nosso estudo, pretende-se investigar a relação entre a adição TU e as variáveis idade, Vaj,
Haj, Rácio Haj/Vaj, FCaj, Hdaj, Rácio Hdaj/Vaj, FCdaj, FAdaj, erros V, erros H, erros Hd.
Para tal, recorremos a testes de correlação.
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
30
Segundo Hill (19), um coeficiente de correlação é uma estatística descritiva que indica a
natureza da relação entre os valores de duas variáveis que provêem de um só grupo de casos,
fornecendo duas amostras.
Pestana (18) diz que o coeficiente de correlação parcial mede a contribuição que uma
variável independente tem na variação da dependente, controlando os efeitos das outras
variáveis que influenciem a relação.
O coeficiente de correlação R de Pearson é um teste paramétrico e exige duas condições (18):
1- relação linear entre as duas variáveis,
2- que os dados sejam oriundos de uma distribuição normal bidimensional.
Aplica-se a variáveis de nível intervalo ou rácio.
Pestana (18) e Hill (19) consideram que a dimensão mínima de uma amostra, quando se
pretende calcular o coeficiente de correlação de Pearson, deve ser 30 (para p < 0,05) ou 40
(para p = 0,10).
O coeficiente de correlação R de Pearson é uma medida de associação linear entre variáveis
quantitativas e varia entre -1 e 1. As observações devem estar emparelhadas. Quanto mais
próximo estiver dos valores extremos, tanto maior é a associação linear.
Se a variação entre as variáveis for em sentido contrário, a associação é negativa, o que
significa que os aumentos de uma variável estão associados, em média, a diminuições da
outra. Se a variação entre as variáveis for no mesmo sentido, a associação é positiva. (18)
Segundo Pestana (18), R menor que 0,2 indica uma associação muito baixa; entre 0,2 e 0,39
baixa; entre 0,4 e 0,69 moderada; entre 0,7 e 0,89 alta; e entre 0,9 e 1 uma associação muito
alta.
Quando não se verificam as condições exigidas para aplicação da correlação de Pearson,
recorre-se ao teste não paramétrico alternativo, o Ró de Spearman.
O coeficiente de correlação Ró de Spearman aplica-se em variáveis intervalo/rácio como
alternativa ao R de Pearson, quando neste se viola a normalidade.
O coeficiente Ró de Spearman mede a intensidade da relação entre variáveis ordinais. Utiliza
apenas a ordem das observações, em vez do valor nele observado. Não é sensível a
assimetrias na distribuição, nem à presença de outliers, não exigindo que os dados provenham
de duas populações normais (18). Este coeficiente varia também entre -1 e 1. A associação
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
31
linear entre as variáveis será tanto maior quanto mais próximo o coeficiente estiver destes
extremos. O sinal negativo da correlação significa que as variáveis variam em sentido
contrário.
Para analisar a influência do género nas médias, ou seja, se as diferenças observadas nos
tempos médios dos dois grupos, em cada caso, são ou não estatisticamente significativas, o
teste estatístico mais apropriado é o Teste t, tal como se pode ver mais à frente, embora
também se possa recorrer ao One-Way Anova. Isto, sempre que se verifiquem os pressupostos
dos mesmos, quando isso não acontecer, recorre-se aos testes não paramétricos alternativos,
o Mann-Whitney e o Kruskal-Wallis, respectivamente. Como todos estes testes vão ser usados,
apresenta-se em baixo uma breve descrição dos mesmos.
Pestana (18) e Hill (19) dizem-nos que no Teste t para duas amostras independentes,
compara-se a média de uma variável num grupo com a média da mesma variável noutro
grupo. Considera que, quando a dimensão de ambos os grupos é maior que 30, não é
necessário verificar-se a normalidade em nenhum dos grupos para aplicação do Teste t. Para
um intervalo de confiança de 95%, rejeita-se a hipótese nula quando p≤0,05. Caso o nível de
significância, no Teste t, leve à rejeição da hipótese nula, significa que a diferença nas
médias dos dois grupos não é zero. Se levar à não rejeição da hipótese nula, significa que a
diferença nas médias dos dois grupos é zero.
O One-Way Anova é um teste paramétrico também designado por "Análise de Variância
univariada" ou "Análise de Variância simples". É uma extensão do Teste t, uma vez que se
aplica quando o factor tem duas categorias, mas também quando tem mais de duas. Esta
técnica permite verificar qual o efeito de uma variável independente, de natureza qualitativa
(factor), numa variável dependente ou de resposta, cuja natureza é quantitativa. Isto diz-nos
se as populações têm ou não médias iguais. (18,19)
Pestana (18) considera que, para a aplicação do teste F (factor) da One-Way Anova é
necessário verificar os seguintes pressupostos:
- As observações dentro de cada grupo têm distribuição normal,
- As observações são independentes entre si,
- As variâncias de cada grupo são iguais entre si, ou seja, há homocedasticidade.
A normalidade não é limitativa para a aplicação da One-Way Anova quando o número de
elementos em cada grupo é relativamente elevado, pois as consequências da não normalidade
são mínimas na interpretação dos resultados a não ser que a distribuição seja muito
enviesada. O teste F é também vigoroso a violações da homocedasticidade quando o número
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
32
de observações em cada grupo é igual ou aproximadamente igual, considerando-se grupos de
dimensão semelhante quando o quociente entre a maior dimensão e a menor for inferior a
1,5.
Quando os n não são iguais ou semelhantes e há grandes afastamentos da normalidade e da
homocedasticidade, devem utilizar-se testes não paramétricos como, por exemplo, o Kruskal
- Wallis pois colocam-se em risco as informações tiradas na análise de variância.
A homocedasticidade testa-se com os testes de Levene ou de Bartlett. O teste de Levene só
dá resultados correctos quando em cada grupo os n são iguais. Neste teste, quando o nível de
significância é inferior a 0,05, rejeita-se a hipótese nula, que indica que as variâncias das
duas populações são iguais, não havendo assim homocedasticidade. Quando o nível de
significância é superior a 0,05 não se rejeita a hipótese nula, sendo as variâncias de cada
grupo iguais entre si, cumprindo, os dados, o pressuposto da homocedasticidade de variância.
(19)
De acordo com Pestana (18) e Hill (19), o Mann-Whitney, é um teste não paramétrico,
alternativo ao Teste t, quando não se verifica a normalidade, quando os n's são pequenos, ou
quando as variáveis são de nível pelo menos ordinal. Este teste compara o centro de
localização das duas amostras, de modo a detectar diferenças entre as duas populações
correspondentes. Permite observar a igualdade de comportamentos de dois grupos de casos
ou a existência de diferenças no pós-teste entre duas condições experimentais. Baseia-se nas
ordenações da variável.
Para se poder aplicar o teste de Mann-Whitney, a forma das duas distribuições tem que ser
igual. Para se averiguar a igualdade, deve recorrer-se às caixas de bigodes, ao teste de
igualdade das variâncias e ao estudo da simetria. (18)
O teste Kruskal-Wallis assume, segundo Pestana (18), que as distribuições tenham a mesma
forma, embora possa ser uma distribuição não normal. É um teste não paramétrico que se
aplica a variáveis de nível, pelo menos, ordinal, e também quando não se verificam os
pressupostos do teste One-Way Anova, como alternativa a este.
É utilizado para testar a hipótese de igualdade no que se refere à localização. Possibilita a
verificação da existência de diferenças no pós-teste entre três ou mais condições
experimentais. (18)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
33
2.4 Resultados
Após recolhida toda a informação, foi organizada uma base de dados no programa Excel 2007
e os dados necessários foram transferidos para o programa estatístico SPSS versão 17, onde se
efectuou todo o tratamento estatístico.
Teve-se em conta a escala de medida das variáveis para a escolha da estatística utilizada.
Para a análise dos dados, usámos estatísticas descritivas com o cálculo das médias e desvios
padrão, e usámos a caixa de bigodes, como representação gráfica, para explorar e sumariar
os dados. Todo este conjunto, permitiu-nos analisar as frequências, média, mediana,
máximos e mínimos, identificar observações aberrantes ou outliers, entre outras conclusões.
Em todas as situações onde existiam outliers, foram efectuados cálculos com e sem outliers.
Utilizámos o coeficiente de correlação de Pearson e Spearman para associação da idade com
todas as variáveis tempo.
Para verificar possíveis diferenças entre sexos e entre usuários e não usuários de progressivos,
foram utilizados: o Teste t, o One-Way Anova, o Mann-Whitney e o Kruskal-Wallis.
As variáveis analisadas foram a idade, o tempo vertical ajustado (Vaj), o tempo horizontal
ajustado (Haj), rácio Haj/Vaj, factor de cansaço ajustado da placa H (Fcaj), tempo horizontal
ajustado da placa Hd (Hdaj), rácio Hdaj/Vaj, factor de cansaço ajustado do teste Hd (Fcdaj),
factor de adaptação ajustado do teste Hd (Fadaj), erros cometidos no teste vertical (eV), no
teste horizontal (eH) e no teste horizontal com letras de distracção (eHd) e a adição (Add).
Estas variáveis foram calculadas através das seguintes fórmulas (4):
���� Vaj=V1aj+V2aj (7), sendo que V1aj=(V1*40)/(40-nº omissões+nº adições) (8) e
V2aj=(V2*40)/(40-nºomissões+nº adições) (9);
���� Haj=(H*80)/(80- nº omissões+nº adições) (10);
���� FCaj=Hm2aj/Hmaj (11), sendo Hmaj o tempo que o sujeito leva a ler a primeira metade
do teste H; e Hm2aj o tempo que o sujeito leva a ler a segunda metade;
���� Hdaj=(Hd*80)/(80- nº omissões+nº adições) (12);
���� FCdaj=Hdm2aj/Hdmaj (13), sendo Hdmaj o tempo que o sujeito leva a ler a primeira
metade do teste Hd; e Hdm2aj o tempo que o sujeito leva a ler a segunda metade;
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
34
���� FAaj=4*Hd2laj/Hdmaj (14), sendo Hd2laj o tempo que o sujeito leva a ler duas linhas do
teste Hd; e Hdmaj o tempo que o sujeito leva a ler metade do teste;
���� Erros V – Soma dos erros cometidos nas placas V1 e V2
���� Erros H – Soma dos erros cometidos na placa H
���� Erros Hd - Soma dos erros cometidos na placa Hd
2.4.1 Análise estatística da amostra de usuários de lentes progressivas
Na tabela 5 apresentam-se as médias e desvios padrão de todas as variáveis estudadas para os
77 indivíduos que participaram no estudo, que usam lentes progressivas (TU).
Tabela 5- Médias e desvios padrão da amostra total de usuários de lentes progressivas, TU (SPSS)
N = 77 Média Desvio Padrão Idade 55,73 6,09 Add 2,19 0,56 Vaj (seg) 61,91 14,81 Haj (seg) 68,02 17,44 Rácio Haj/Vaj 1,10 0,13 Fcaj 1,04 0,09 Hdaj (seg) 71,42 16,94 Rácio Hdaj/Vaj 1,16 0,15 Fcdaj 1,04 0,07 Fadaj 0,97 0,07 Erros V 0,47 0,72 Erros H 1,56 3,14 Erros Hd 1,13 2,29
Observa-se, na tabela 5, que para uma idade média de 55,73 anos a adição média é de 2,19.
O tempo médio que os sujeitos, usuários de lentes progressivas, demoram a ler os números da
placa Hd é superior ao da placa H, que, por sua vez, também é superior ao da placa V.
Sendo a média do rácio Haj/Vaj igual a 1,10, pode dizer-se que é necessário mais 10% do
tempo para ler os números da placa H em relação aos da placa V. Com a placa Hd, este valor
aumenta para 16%.
O factor cansaço (Fc) é 1,04 tanto na placa H como na Hd.
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
35
A média dos erros cometidos é maior na placa H do que na placa Hd, que por sua vez é maior
do que na placa V.
Apresentam-se, nos gráficos 5 a 17, os diagramas de caixa de bigodes para todos os
parâmetros em estudo. Embora neste ponto, 2.4.1, nos iremos debruçar apenas nas caixas de
bigodes TU.
Gráfico 5- Caixas de bigodes dos valores da idade consoante o sexo e o uso ou não de progressivos (SPSS)
Gráfico 6- Caixas de bigodes dos valores da adição consoante o sexo e o uso ou não de progressivos
(SPSS)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
36
Gráfico 7- Caixas de bigodes dos valores de Vaj consoante o sexo e o uso ou não de progressivos (SPSS)
Gráfico 8- Caixas de bigodes dos valores de Haj consoante o sexo e o uso ou não de progressivos (SPSS)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
37
Gráfico 9- Caixas de bigodes dos valores do rácio Haj/Vaj consoante o sexo e o uso ou não de
progressivos (SPSS)
Gráfico 10- Caixas de bigodes dos valores de FCaj consoante o sexo e o uso ou não de progressivos (SPSS)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
38
Gráfico 11- Caixas de bigodes dos valores de Hdaj consoante o sexo e o uso ou não de progressivos (SPSS)
Gráfico 12- Caixas de bigodes dos valores do rácio Hdaj/Vaj consoante o sexo e o uso ou não de
progressivos (SPSS)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
39
Gráfico 13- Caixas de bigodes dos valores de FCdaj consoante o sexo e o uso ou não de progressivos
(SPSS)
Gráfico 14- Caixas de bigodes dos valores de Fadaj consoante o sexo e o uso ou não de progressivos
(SPSS)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
40
Gráfico 15- Caixas de bigodes dos valores dos erros V consoante o sexo e o uso ou não de progressivos
(SPSS)
Gráfico 16- Caixas de bigodes dos valores dos erros H consoante o sexo e o uso ou não de progressivos
(SPSS)
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
41
Gráfico 17- Caixas de bigodes dos valores dos erros Hd consoante o sexo e o uso ou não de progressivos
(SPSS)
Apresentamos agora, o estudo da variável adição na amostra de todos os usuários de
progressivos (TU) (gráfico 6), com a finalidade de mostrar o modo como foi efectuada a
análise das variáveis, cuja sua exposição não foi efectuada para não tornar o trabalho
demasiado extenso e exaustivo.
Na tabela 6, apresentam-se as estatísticas descritivas das adições, relativas a TU, que serão
analisadas à frente.
Tabela 6- Estatísticas descritivas das adições TU (SPSS)
Descriptives
Statistic Std. Error
Add
Mean 2,195 ,063
95% Confidence Interval for Mean
Lower Bound 2,069 Upper Bound 2,321
5% Trimmed Mean 2,203 Median 2,250 Variance 0,309 Std. Deviation ,556 Minimum 1,000 Maximum 3,250 Range 2,250 Interquartile Range ,750 Skewness -0,098 0,274 Kurtosis -0,945 0,541
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
42
Pode verificar-se na tabela 6 que a média aritmética das adições é 2,195, o que significa que
a adição média usada pelos inquiridos (TU) é de ≈ 2,25 D.
Tabela 7- Estatísticas de ordem quadro das adições TU (SPSS)
Percentiles
Percentiles 5 10 25 50 75 90 95
Weighted Average(Definition 1)
Add 1,250 1,500 1,750 2,250 2,500 3,000 3,000
Tukey's Hinges Add 1,750 2,250 2,500
Tabela 8- Moda adições TU (SPSS)
Add
N Valid 77 Missing 0
Mode 2,50
A tabela 8 mostra que existe apenas uma moda na distribuição. Por isso, e confirmando na
tabela 9, pode dizer-se que a maioria dos inquiridos usa uma adição de 2,50 D nos seus óculos
progressivos, uma vez que se trata do valor das adições com maior frequência (Fi = 16).
Tabela 9- Distribuição de frequências da adição TU (SPSS)
Add
Frequency Percent Valid Percent
Cumulative Percent
Valid
1,00 1 1,3 1,3 1,3 1,25 4 5,2 5,2 6,5 1,50 11 14,3 14,3 20,8 1,75 7 9,1 9,1 29,9 2,00 12 15,6 15,6 45,5 2,25 9 11,7 11,7 57,1 2,50 16 20,8 20,8 77,9 2,75 5 6,5 6,5 84,4 3,00 11 14,3 14,3 98,7 3,25 1 1,3 1,3 100,0 Total 77 100,0 100,0
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
43
Podemos observar na tabela 9 que a amostra contém 16 indivíduos que têm adição de 2,50 D
nos seus óculos progressivos, o que corresponde a 20,8 % dos inquiridos. Pode ainda verificar-
se, por exemplo, que 77,9 % dos inquiridos têm uma adição até 2,50 D.
A caixa de bigodes da variável adição referente a todos os usuários de progressivos, TU, do
gráfico 6, mostra que não existem outliers. A base inferior da caixa corresponde a Q1 = 1,75 D
e a base superior a Q3 = 2,50 D, a mediana é 2,25 D, o bigode superior corresponde a 3,25 D e
o inferior a 1,00 D.
O quociente entre a skewness e o seu std error (tabela 6) é -0,36, pelo que, não se rejeita a
simetria da distribuição. O |Kurtosis/stdKurtosis|= 1,75, confirmando que a distribuição é
mesocúrtica. Deste modo, pode dizer-se que a distribuição é simétrica e mesocúrtica.
Pode afirmar-se, através do intervalo de confiança, que se tem 95 % de confiança que a
verdadeira adição média usada pelos inquiridos se situa entre 2,069 e 2,321 D. As três
medidas de tendência central, média, mediana e média aparada a 5 %, estão contidas nesse
intervalo, de amplitude 0,252 D, o que é outro indicador de simetria.
Aplicando o teste Kolmogorov-Smirnov (K-S), com a correcção de Lilliefors obtiveram-se os
valores da tabela 10, que sugerem a rejeição da normalidade da distribuição.
Tabela 10- Teste K-S à normalidade para a distribuição, em relação à adição TU (SPSS)
Tests of Normality
Kolmogorov-Smirnova Shapiro-Wilk
Statistic df Sig. Statistic df Sig.
Add ,137 77 ,001 ,952 77 ,005 a. Lilliefors Significance Correction
Após esta análise pode dizer-se que a distribuição não é normal.
Dado que as adições variam entre 1,00 (Minimum) e 3,25 D (Maximum), a amplitude total da
distribuição é 2,25 D (Range).
A amplitude inter-quartil (interquartile range), aQ = Q3 - Q1 = 0,75 D, evidencia que das 77
observações, a dispersão das 38,5 (50% das observações totais) idades centrais é de 0,75 D.
O coeficiente de variação é igual a 25,33%, logo a dispersão das adições é média.
Pretende-se agora estudar a relação entre a adição TU e as variáveis idade, Vaj, Haj, Rácio
Haj/Vaj, FCaj, Hdaj, Rácio Hdaj/Vaj, FCdaj, FAdaj, erros V, erros H, erros Hd. Quando
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
44
efectuámos o estudo de cada variável, individualmente, verificámos que a maioria não segue
uma distribuição normal, sendo a adição (TU) uma dessas variáveis. Logo temos que recorrer
a testes não paramétricos para efectuarmos o tratamento estatístico. Vamos, então, usar a
correlação de Spearman para estudar a correlação entre a adição (TU) e todas as outras
variáveis.
Tabela 11- Valores de Ró para a população TU (SPSS)
Correlação Ró de Spearman
N=77 Add Idade Vaj Haj Rácio Haj/ Vaj
FCaj Hd aj
Racio Hdaj/Vaj
FCdaj Fad aj eV eH eHd
Add
CC 1,000 ,795** ,201 ,218 ,037 -,253* ,262* ,005 -,151 ,156 ,143 ,019 ,004
Sig . ,000 ,079 ,057 ,750 ,026 ,021 ,965 ,191 ,175 ,214 ,869 ,972
**. Correlação significativa para o nível 0.01. *. Correlação significativa para o nível 0.05.
Ao observarmos a tabela 11 verificámos que existe uma correlação alta entre a adição e a
idade, e uma correlação baixa entre a adição e FCaj e Hdaj.
2.4.1.1 Tratamento estatístico por sexo
Homens (MU)
A tabela 12 mostra-nos os valores das médias e desvios padrão para os 34 homens, usuários de
progressivos (MU), que participaram no estudo
Tabela 12 - Médias e desvios padrão para os homens, usuários de progressivos, MU (SPSS)
N = 34 Média Desvio Padrão Idade 56,65 5,91 Add 2,21 0,58 Vaj (seg) 55,62 9,88 Haj (seg) 61,87 13,04 Rácio Haj/Vaj 1,11 0,13 Fcaj 1,05 0,11 Hdaj (seg) 66,37 12,34 Rácio Hdaj/Vaj 1,20 0,15 Fcdaj 1,03 0,07 Fadaj 0,98 0,07 Erros V 0,50 0,62 Erros H 1,41 3,32 Erros Hd 0,74 1,29
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
45
Todas as caixas de bigodes relativas a MU podem ser observadas nos gráficos 5 a 17.
Efectuando uma correlação R de Pearson para as variáveis que obedecem às condições da
mesma, obtém-se os seguintes valores:
Tabela 13 - Valores de R para os homens usuários de progressivos, MU (SPSS)
Correlação R de Pearson
N=34 Add Idade Vaj Hdaj FCdaj
Add
CC 1 ,825** ,323 ,352* -,314
Sig ,000 ,062 ,041 ,071
**. Correlação significativa para o nível 0.01.
*. Correlação significativa para o nível 0.05.
Na tabela 13 verifica-se a existência de uma correlação alta entre a adição e a idade e uma
correlação baixa entre a adição e o tempo Hdaj.
Não há correlação da adição com Vaj e FCdaj.
Às variáveis que não respeitam as condições da correlação anterior, aplicámos o Ró de
Spearman:
Tabela 14- Valores de Ró para os homens usuários de progressivos, MU (SPSS)
Correlação Ró de Spearman
N=34 Add Haj Rácio Haj/ Vaj
FCaj Racio Hdaj/ Vaj
Fadaj eV eH eHd
Add
CC 1,000 ,403* ,100 -,294 -,008 ,302 ,156 -,045 ,036
Sig . ,018 ,575 ,091 ,963 ,082 ,377 ,800 ,840
*. Correlação significativa para o nível 0.05.
Neste caso, tabela 14, podemos observar a existência de uma correlação moderada entre a
adição e o tempo Haj.
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
46
Mulheres (FU)
Apresentam-se, em baixo (tabela 15), os valores das médias e desvios padrão para as 43
mulheres, usuárias de progressivos (FU), que participaram no estudo.
Tabela 15- Médias e desvios padrão para as mulheres usuárias de progressivos, FU (SPSS)
N = 43 Média Desvio Padrão
Idade 55,00 6,19 Add 2,19 0,55 Vaj (seg) 66,88 16,22 Haj (seg) 72,88 19,03
Rácio Haj/Vaj 1,10 0,13
Fcaj 1,03 0,08
Hdaj (seg) 75,40 19,05
Rácio Hdaj/Vaj 1,13 0,14
Fcdaj 1,05 0,07
Fadaj 0,96 0,06 Erros V 0,44 0,80 Erros H 1,67 3,01
Erros Hd 1,44 2,82
Todas as caixas de bigodes referentes a FU podem ser observadas nos gráficos 5 a 17.
Aplicando a correlação R Pearson para as mulheres usuárias de progressivos, obtêm-se os
seguintes valores:
Tabela 16- Valores de R para as mulheres usuárias de progressivos, FU (SPSS)
Correlação R de Pearson
N= 43 Add Idade Racio Hdaj/Vaj
FCdaj Fadaj
Add
CC 1 ,758** -,015 -,062 ,058
Sig ,000 ,925 ,693 ,712
**. Correlação significativa para o nível 0.01.
Mais uma vez se observa (tabela 16) uma correlação alta entre a idade e a adição.
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
47
Aplicando a correlação Ró de Spearman obtém-se:
Tabela 17- Valores de Ró para as mulheres usuárias de progressivos, FU (SPSS)
Correlação Ró de Spearman
N=43 Add Vaj Haj Rácio Haj/Vaj
FCaj Hdaj eV eH eHd
Add
CC 1,000 ,155 ,111 -,020 -,241 ,169 ,125 ,061 -,015
Sig . ,321 ,479 ,897 ,119 ,278 ,426 ,699 ,924
Não existe nenhuma correlação, estatisticamente significativa, na tabela 17.
Apesar de não se verificar a normalidade na maioria das variáveis, esse facto não é condição
impeditiva para aplicação do Teste t, como visto anteriormente, uma vez que a dimensão de
ambos os grupos, feminino e masculino é superior a 30. (19)
Tabela 18- Diferenças entre sexos, para usuários de progressivos (MU e FU), calculadas através do Teste
t (SPSS)
Variáveis Significância Estatística Teste t
Média Homens (N=34)
Média Mulheres (N=43)
Idade n.s. 56,65 55,00 Add n.s. 2,21 2,19 Vaj sig. 55,62 66,88 Haj sig. 61,87 72,88 RácioHaj/Vaj n.s. 1,11 1,10 FCaj n.s. 1,05 1,03 Hdaj sig. 66,37 75,40 RácioHdaj/Vaj sig. 1,20 1,13 FCdaj n.s. 1,03 1,05 Fadaj n.s. 0,98 0,96 eV n.s. 0,50 0,44 eH n.s. 1,41 1,67 eHd n.s. 0,74 1,44
n.s. = não significativo sig. = significativo para p≤0,05
Sendo as hipóteses:
H0: As variáveis médias dos homens e das mulheres não diferem
Ha: As variáveis médias dos homens e das mulheres diferem
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
48
Observa-se na tabela 18, que existe significância estatística para Vaj, Haj, Hdaj e Rácio
Hdaj/Vaj, rejeitando-se H0. Isto significa que existe diferença estatisticamente significativa
entre os dois sexos, demorando, em média, as mulheres mais tempo do que os homens a ler
os números das placas V, H e Hd. Já o Rácio Hdaj/Vaj tem uma média mais alta nos homens
do que nas mulheres.
Efectuou-se também o teste One-Way Anova, a partir do qual se tiraram as mesmas
conclusões que no Teste t.
Como na variável Vaj não há igualdade de variâncias, aplicámos ainda os testes não
paramétricos Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, nos quais se verificou o mesmo resultado que
nos testes paramétricos para essa variável. Já em relação à variável Rácio Hdaj/Vaj,
obtiveram-se resultados diferentes nos testes não paramétricos, uma vez que nestes, não há
diferença estatisticamente significativa entre sexos, para esta variável. Neste caso, tendo em
conta que esta variável obedece aos pressupostos para aplicação de testes paramétricos, e
uma vez que estes são mais potentes (18, 19), consideramos o resultado obtido nos testes
paramétricos.
2.4.2 - Análise estatística da amostra de não usuários de lentes progressivas
Na tabela 19, apresentam-se as médias e desvios padrão de todas as variáveis estudadas para
os 150 indivíduos que participaram no estudo, que não usam lentes progressivas (TNU).
Tabela 19- Médias e desvios padrão da amostra, TNU (SPSS)
N = 150 Média Desvio Padrão Idade 52,63 6,66 Vaj (seg) 60,89 16,26 Haj (seg) 66,23 18,56 Rácio Haj/Vaj 1,09 0,11 Fcaj 1,05 0,10 Hdaj (seg) 69,79 18,28 Rácio Hdaj/Vaj 1,16 0,15 Fcdaj 1,04 0,08 Fadaj 0,97 0,08 Erros V 0,44 1,01 Erros H 1,61 3,43 Erros Hd 1,49 3,20
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
49
Tal como acontece com os usuários de lentes progressivas, nos não usuários também se
verifica que o tempo médio que os sujeitos demoram a ler os números da placa Hd é superior
ao da placa H, que, por sua vez, também é superior ao da placa V.
Sendo a média do rácio Haj/Vaj igual a 1,09, pode dizer-se que é necessário mais 9% do
tempo para ler os números da placa H em relação aos da placa V. Com a placa Hd, este valor
aumenta para 16%. Estes valores são semelhantes aos da amostra dos usuários de
progressivos.
O factor cansaço (Fc) é 1,05 na placa H e 1,04 na Hd. Mais uma vez, valores muito
semelhantes aos dos usuários de lentes progressivas.
2.4.2.1 - Tratamento estatístico por sexo
Homens (MNU)
Na tabela seguinte, apresentam-se os valores das médias e desvios padrão para os 67 homens,
não usuários de progressivos (MNU), que participaram no estudo.
Tabela 20- Médias e desvios padrão para os homens, não usuários de progressivos, MNU (SPSS)
N = 67 Média Desvio Padrão Idade 52,60 6,45 Vaj (seg) 57,86 14,07 Haj (seg) 63,61 15,53 Rácio Haj/Vaj 1,10 0,11 Fcaj 1,05 0,11 Hdaj (seg) 67,15 14,91 Rácio Hdaj/Vaj 1,17 0,15 Fcdaj 1,03 0,08 Fadaj 0,97 0,07 Erros V 0,45 0,96 Erros H 1,36 3,44 Erros Hd 1,39 3,11
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
50
Mulheres (FNU)
Podem observar-se, na tabela seguinte, os valores das médias e desvios padrão para as 83
mulheres, não usuárias de progressivos (FNU), que participaram no estudo.
Tabela 21- Médias e desvios padrão para as mulheres não usuárias de progressivos, FNU (SPSS)
N = 83 Média Desvio Padrão
Idade 52,66 6,85 Vaj (seg) 63,34 17,52 Haj (seg) 68,35 20,54 Rácio Haj/Vaj 1,08 0,11 Fcaj 1,05 0,09 Hdaj (seg) 71,93 20,44 Rácio Hdaj/Vaj 1,14 0,14 Fcdaj 1,04 0,09 Fadaj 0,97 0,08 Erros V 0,43 1,05 Erros H 1,81 3,43 Erros Hd 1,58 3,28
Todas as caixas de bigodes podem ser observadas nos gráficos 5 a 17.
Para analisar a influência do género nas médias recorre-se, mais uma vez, ao Teste t.
Tabela 22- Diferenças entre sexos, para não usuários de progressivos (MNU e FNU), calculadas através do
Teste t (SPSS)
Variáveis Significância Estatística Teste t
Média Homens (N=67)
Média Mulheres (N=83)
Idade n.s. 52,60 52,66 Vaj sig. 57,86 63,34 Haj n.s. 63,61 68,35 RácioHa n.s. 1,10 1,08 FCaj n.s. 1,05 1,05 Hdaj n.s. 67,15 71,93 RácioHdaj n.s. 1,17 1,14 FCdaj n.s. 1,03 1,04 Fadaj n.s. 0,97 0,97 eV n.s. 0,45 0,43 eH n.s. 1,36 1,81 eHd n.s. 1,39 1,58
n.s. = não significativo sig. = significativo para p≤0,05
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
51
No caso da amostra de não usuários de lentes progressivas, tabela 22, verifica-se a existência
de diferença estatisticamente significativa apenas para a variável Vaj, demorando mais uma
vez, em média, as mulheres, mais tempo do que os homens na leitura dos números.
Efectuou-se também o teste One-Way Anova, no qual se verificaram as mesmas conclusões
que no Teste t. Já nos testes não paramétricos Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, os resultados
foram diferentes, não se verificando diferenças estatisticamente significativas para nenhuma
variável.
2.4.3 Influência do uso de lentes progressivas na realização do teste ADEMd
Neste ponto, pretendemos analisar a influência do uso de lentes progressivas na amostra total
(TU e TNU), dentro do grupo sexo feminino (FU e FNU) e dentro do grupo sexo masculino (MU
e MNU).
Para efectuar esta análise, e uma vez que não se reúnem as condições necessárias para
aplicação de testes paramétricos, pois o quociente entre a amostra maior e a menor é, nas
três situações, superior a 1,5, aplicou-se o teste não paramétrico Mann-Whitney.
Neste caso, as hipóteses do teste são:
H0: As duas populações são iguais em tendência central
Ha: As duas populações não são iguais em tendência central
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
52
Tabela 23- Mann-Whitney entre todos os usuários (TU) e todos os não usuários (TNU) de progressivos
(SPSS)
Variáveis Significância Estatística Mann-Whitney
Idade sig. Add sig. Vaj n.s Haj n.s. RácioHa n.s. FCaj n.s. Hdaj n.s. RácioHdaj n.s. FCdaj n.s. Fadaj n.s. eV n.s. eH n.s. eHd n.s.
n.s. = não significativo sig. = significativo para p≤0,05
Verifica-se apenas significância estatística para a idade e a adição (tabela 23). Isto mostra
que apenas existe diferença significativa entre os usuários e não usuários de progressivos,
relativamente a estas variáveis. Os valores das idades e da adição são mais altos nos usuários
de progressivos do que nos não usuários.
Tabela 24- Mann-Whitney entre usuários e não usuários de progressivos do sexo feminino (FU e FNU)
(SPSS)
Variáveis Significância Estatística Mann-Whitney
Idade sig. Add sig. Vaj n.s Haj sig. RácioHa n.s. FCaj n.s. Hdaj n.s. RácioHdaj n.s. FCdaj n.s. Fadaj n.s. eV n.s. eH n.s. eHd n.s.
n.s. = não significativo sig. = significativo para p≤0,05
Na tabela 24, encontra-se significância estatística nas variáveis idade, Add e Haj. Isto
significa que, no sexo feminino, existe diferença na idade, na adição e no tempo de leitura da
placa H entre usuários e não usuários de progressivos. As mulheres usuárias de progressivos
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
53
têm valores mais elevados de idade, adição e de tempo de leitura dos números da placa H do
que as não usuárias.
Tabela 25- Mann-Whitney entre usuários e não usuários de progressivos do sexo masculino (MU e MNU)
(SPSS)
Variáveis Significância Estatística Mann-Whitney
Idade sig. Add sig. Vaj n.s Haj n.s. RácioHa n.s. FCaj n.s. Hdaj n.s. RácioHdaj n.s. FCdaj n.s. Fadaj n.s. eV n.s. eH n.s. eHd n.s.
n.s. = não significativo sig. = significativo para p≤0,05
Observa-se, na tabela 25, que apenas a idade e a Add têm significância estatística, tendo
ambas maiores valores nos usuários do que nos não usuários de progressivos.
Aplicámos também o teste Kruskal-Wallis para o mesmo efeito, no qual se verificaram os
mesmos resultados que no Mann-Whitney.
2.5 Discussão
Neste estudo, tal como em estudos anteriores, realizados por Sampedro AG e colaboradores
(2), agrupou-se a amostra de 227 indivíduos em intervalos de 5 anos de idade, como se pode
ver na tabela 3. O nosso grupo 1, dos 39 aos 43 anos, foi eliminado devido ao facto de não
existir nenhum indivíduo analisado que usasse lentes progressivas dentro destas idades.
Verificámos que, na nossa amostra, o uso de lentes progressivas se iniciava a partir dos 44
anos de idade. No grupo 6 apenas fazem parte do nosso estudo as idades de 64 e 65 anos,
idade aproximada de estabilização da presbiopia.
Em relação à amostra de usuários de progressivos, nas faixas etárias menos preenchidas foram
analisados mais 25 sujeitos, no entanto, alguns dos examinadores que participaram na recolha
de dados não conseguiram retirar o valor da adição das lentes progressivas usadas por esses
sujeitos, pelo que não os pudemos incluir no estudo. Caso não tivesse ocorrido este problema,
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
54
a diferença entre o número de indivíduos usuários e não usuários de lentes progressivas seria
bastante menor.
Tendo em conta o método de determinação da adição baseado na idade do indivíduo, de
Donders e Duane (11), neste estudo verificou-se, como se pode ver na tabela 5, que para uma
idade média de 55,73 anos, a adição média usada pelos indivíduos é de 2,19 D. Estes valores
de adição aproximam-se dos valores que Donders e Duane consideram normais para esta idade
(tabela 2).
Ao analisarmos as caixas de bigodes referentes a todas as variáveis em estudo, verificámos,
no geral, a existência de muitos outliers, que após analisados, se concluiu que fazem parte do
fenómeno em estudo. Não se tratando de erros na introdução dos dados, não foram
eliminados. Estes outliers devem-se a vários factores que não foram controlados no estudo,
tais como: nível de escolaridade, problemas de saúde, tipo de medicação, tempo de leitura
semanal e problemas oculomotores. Foi efectuada a análise dos dados sem os outliers, não se
tendo verificado diferenças significativas nos resultados.
Em todas as correlações efectuadas, neste estudo, entre a adição e a idade se obteve um
valor alto de correlação, estatisticamente significativo. Isto justifica-se com a perda
progressiva da capacidade de acomodação do olho com o aumento da idade. Diminuindo a
amplitude de acomodação, o ponto próximo também se afasta de modo proporcional a tal
diminuição. É então necessário um aumento da adição, à medida que a amplitude de
acomodação vai diminuindo, para que o indivíduo consiga focar com nitidez os objectos
próximos. (11) Tudo isto justifica também as caixas de bigodes obtidas para os valores da
idade de usuários e não usuários de lentes progressivas, sendo a média das idades dos
usuários mais alta do que a dos não usuários.
Em todos os grupos (TU, FU, MU, TNU, FNU, MNU), o tempo médio necessário para leitura dos
números, foi maior na placa Hd do que na placa H, que, por sua vez, também foi maior que
na placa V, tal como Sampedro AG (2) e Raimundo S (4) já tinham verificado em estudos
anteriores. O incremento do tempo de leitura na placa Hd pode ser devido à existência de um
factor de adaptação à tarefa.
Quando efectuámos o estudo para identificar as possíveis diferenças dos resultados entre
sexos, na amostra de usuários de lentes progressivas (TU), através do Teste t, verificámos,
que existe diferença estatisticamente significativa entre homens e mulheres nos tempos Vaj,
Haj e Hdaj, demorando as mulheres, em média, mais tempo do que os homens na leitura dos
números da placa V, H e Hd. Existe também diferença estatisticamente significativa no rácio
Hdaj/Vaj, sendo neste caso, a média mais alta nos homens do que nas mulheres, pois
enquanto as mulheres necessitam mais 13% do tempo para ler os números da placa Hd, em
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
55
relação à placa V, os homens necessitam 20 %. No caso da amostra de não usuários de lentes
progressivas, apenas houve significância estatística entre sexos para o tempo Vaj, demorando
também as mulheres mais tempo do que os homens.
Em relação ao objectivo principal do estudo, verificou-se diferença estatisticamente
significativa entre usuários e não usuários, para a idade e a adição. Esta diferença já era
esperada, uma vez que o número de sujeitos em cada faixa etária é bastante diferente entre
os usuários e não usuários, estando isto relacionado com a amostra conseguida. Em relação à
adição, também se percebe esta diferença, tendo em conta que nos não usuários de
progressivos, o valor de adição foi considerado zero. Esta diferença entre usuários e não
usuários de progressivos verificou-se tanto na totalidade dos indivíduos como apenas dentro
do sexo feminino e dentro do sexo masculino.
Quanto à diferença entre usuários e não usuários de progressivos, dentro do sexo feminino
obteve-se, neste estudo, uma significância estatística para o tempo Haj. O que indica que no
sexo feminino o uso de progressivos interfere com o tempo de leitura da placa H. Não
podemos aplicar tal afirmação para o Universo, pois estamos apenas a trabalhar com uma
amostra e sabe-se que, por vezes, as amostras não são adequadamente representativas do
Universo. (19) Neste caso, é importante ter atenção ao tamanho das amostras de usuários e
não usuários do sexo feminino (FU e FNU), que não respeita a homocedasticidade.
Para além das diferenças já referidas entre usuários e não usuários de progressivos, não se
verificou qualquer outra diferença estatisticamente significativa.
Relativamente aos estudos existentes sobre a influência de lentes progressivas nos
movimentos oculares, para além de existirem poucos, dos que existem, nenhum deles se
refere à distância de leitura de perto, mas sim à distância intermédia. Por esta razão,
estamos na presença de estudos diferentes que não podem ser comparados. No entanto, seria
interessante aplicar estudos semelhantes para averiguar mais pormenorizadamente os
movimentos oculares em visão ao perto.
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
56
3 Conclusão
A boa coordenação dos movimentos oculares é fundamental para uma boa percepção visual.
Por este motivo, e porque cada vez mais o nosso estilo de vida tanto exige dos movimentos
oculares, têm-se desenvolvido muitas investigações com a finalidade de os estudar. Com esse
objectivo, e na continuidade de vários estudos já existentes se desenvolveu esta investigação.
Neste estudo, foram apresentadas as médias e os desvios padrão associados para o teste
ADEMd, numa amostra de indivíduos usuários de lentes progressivas e noutra amostra de
indivíduos não usuários de lentes progressivas. Em ambas as amostras se verificou que os
tempos médios para leitura dos números da placa Hd é superior aos da placa H, que é
também superior aos da placa V. Relativamente a esses tempos, também se verificou que nos
usuários de progressivos, as médias são mais altas do que nos não usuários, apesar de não
serem diferenças estatisticamente significativas.
Ao observar as médias dos rácios Haj/Vaj e Hdaj/Vaj, tanto na amostra de usuários como na
de não usuários de progressivos verifica-se que é necessário mais tempo para a leitura da
placa H em relação à placa V, tempo esse que aumenta ainda mais para a leitura da placa Hd
em relação à V. Em ambas as amostras, os valores dos rácios são semelhantes.
A média dos erros cometidos na leitura foi maior na placa H do que na placa Hd que, por sua
vez, foi maior que na placa V. Mais uma vez, não se nota diferença estatisticamente
significativa entre usuários e não usuários.
Dentro da amostra dos usuários de lentes progressivas, verificou-se uma correlação alta entre
a adição e a idade e uma correlação baixa entre a adição e o factor cansaço (Fcaj) e o tempo
da placa Hd (Hdaj).
Enquanto no grupo masculino de usuários de progressivos (MU) se verificou correlação da
adição, alta com a idade, baixa com Hdaj e moderada Haj; no grupo feminino (FU), apenas se
verificou correlação alta entre a adição e a idade.
No grupo de usuários de progressivos, quando comparado o sexo feminino com o sexo
masculino, obtiveram-se diferenças estatisticamente significativas entre os sexos para Vaj,
Haj, Hdaj e rácio Hdaj/Vaj, sendo o sexo masculino mais rápido na leitura da placa V, H e Hd,
mas demorando mais tempo para ler a placa Hd em relação à V do que o sexo feminino. O
facto do sexo feminino demorar em média mais tempo do que o masculino, na leitura dos
números, poderá estar relacionado com factores psicológicos entre sexos. No senso comum,
sabe-se, que existem diferenças entre o cérebro da mulher e o do homem. Normalmente, a
mulher é mais metódica, reflexiva e introspectiva e o homem é mais impulsivo. Esta, é uma
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
57
questão que fica ainda para ser explorada em estudos futuros, uma vez que nos estudos sobre
este tema não há referência à diferenciação entre sexos.
No grupo de não usuários de lentes progressivas, apenas se verificou significância estatística
para Vaj, sendo mais rápido o sexo masculino, mais uma vez.
No que diz respeito ao objectivo principal do estudo, apenas se encontrou diferença entre
usuários e não usuários relativamente à idade e à adição tanto no grupo total de indivíduos
(TU e TNU) como no grupo masculino (MU e MNU). A excepção encontrada foi a diferença
entre usuários e não usuários de progressivos para o tempo Haj dentro do grupo feminino (FU
e FNU), o que leva a concluir que no sexo feminino o uso de lentes progressivas pode
interferir no desempenho do teste ADEMd. O facto da diferença se encontrar no tempo Haj e
não no Hdaj, por exemplo, justifica-se com a maior exigência dos sacádicos na placa H. Já no
que diz respeito a esta diferença se encontrar apenas dentro do sexo feminino, pensamos que
possa estar relacionado com a distância de leitura, que, tal como foi referido no ponto 1.4
deste estudo, há tendência para a distância de leitura ser menor no sexo feminino do que no
sexo masculino devido à longitude dos braços, o que pode influenciar nos movimentos
oculares com lentes progressivas. Seria vantajoso controlar melhor a distância de leitura num
estudo próximo. Isto é apenas uma suposição, ficando ainda em aberto a explicação para tal
situação.
A elaboração deste estudo despertou-nos interesse para vários outros estudos redireccionados
por este, o que faz parte da investigação.
Como trabalho futuro, poderiam incluir-se outras variáveis no estudo, tal como, o nível de
escolaridade, tipo de medicação, problemas de saúde, tempo de leitura semanal, tempo de
adaptação a progressivos e experiência com o uso dos mesmos.
Seria útil complementar este estudo com mais sujeitos na faixa etária dos 41 aos 43 anos de
idade, grupo 1.
Com a realização deste estudo, percebemos que, para um estudo mais profundo acerca da
influência da adição em lentes progressivas nos movimentos oculares, deveria recorrer-se a
um sistema objectivo de registo dos movimentos oculares e da cabeça, embora isto seja
complicado em estudos que envolvem um grande número de indivíduos devido ao tempo
necessário.
Fica também ainda em aberto o estudo das normas para as idades entre os 41 e os 65 anos
para o teste ADEMd.
Relação entre a adição em lentes progressivas e a realização do teste ADEMd
58
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60
Anexos
61
Anexo 1 - Consentimento Informado
62
Anexo 2 - Questionário a preencher pelo voluntário
63
Anexo 3 - Folha de exemplos "V y H"
64
Anexo 4 - Quadro de respostas
65
Anexo 5 - Relação de letras a mostrar ao voluntário A B D H M O P T U V X Z