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1 RELATO DE EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS DURANTE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ENSINO DE MATEMÁTICA (ARACAJUSERGIPE) Quelen dos Santos Cruz 1 Eloar Barreto Feitoza Sá 2 GT 8 Espaços Educativos, Currículo e Formação Docente (Saberes e Práticas) RESUMO O presente trabalho foi desenvolvido baseado nas experiências vivenciadas na nossa primeira inserção como professoras de Matemática em uma turma da 1ª série do ensino médio do Colégio Estadual Professor João Costa em Aracaju SE. E tem como objetivo relatar à inserção, o planejamento, as observações e a regência realizada como estagiárias. O entendimento de estágio supervisionado foi definido a partir de autores como Santos (2005), Lopes, Traldi e Ferreira (2015). Na UFS 3 foram realizadas leituras, reflexões e discussões sobre a influência do estágio na vida acadêmica do licenciando em Matemática, além de micro aulas como uma forma de treinar e aprimorar metodologias a serem aplicadas durante o exercício da docência. Por meio desse Estágio, adquirimos a noção de que é necessário estar preparado para as mais diversas perguntas; ter em mente que preparar a aula é fundamental; saber planejar o tempo de forma que não fique exíguo para o professor. Palavras-chave: Estágio. Experiência Docente. Ensino de Matemática. ABSTRACT This paper was developed based on aspects experienced in a 1 st year High School class during the third supervised internship discipline at Colégio Estadual Professor João Costa in Aracaju-Se. It has as aim to portray the insertion, planning, observations and teaching practice while being Math trainees. The understanding of supervised internship was defined from authors like Santos (2005), Lopes, Traldi and Ferreira (2015). In UFS readings, reflections and discussions were done about the influence exercised by this kind of internship in the future Math teacher‟s academic life, in addition to micro-lessons as a way to train and improve methodologies that are supposed to be applied during the teaching practice. By means of this internship we acquired the notion that it is necessary to be prepared to all sort of questions; besides that getting in mind the importance of preparing lessons; organizing the class time in order to offer better possibilities to our teaching. Keywords: Internship. Teaching experience. Math teaching. 1 Graduanda de Matemática Licenciatura, da Universidade Federal de Sergipe, Bolsista do PIBID. E-mail: <[email protected]> 2 Formação em Psicologia pela Universidade Federal de Sergipe, com especialização em Gestão de Recursos Humanos pela UNINTER. Atualmente, graduanda de Matemática Licenciatura, da Universidade Federal de Sergipe. E-mail: <[email protected]> 3 Universidade Federal de Sergipe

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RELATO DE EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS DURANTE O ESTÁGIO

SUPERVISIONADO EM ENSINO DE MATEMÁTICA (ARACAJU–SERGIPE)

Quelen dos Santos Cruz1

Eloar Barreto Feitoza Sá2

GT 8 – Espaços Educativos, Currículo e Formação Docente (Saberes e Práticas)

RESUMO O presente trabalho foi desenvolvido baseado nas experiências vivenciadas na nossa primeira inserção como professoras de Matemática em uma turma da 1ª série do ensino médio do Colégio Estadual

Professor João Costa em Aracaju – SE. E tem como objetivo relatar à inserção, o planejamento, as observações e a regência realizada como estagiárias. O entendimento de estágio supervisionado foi

definido a partir de autores como Santos (2005), Lopes, Traldi e Ferreira (2015). Na UFS3 foram

realizadas leituras, reflexões e discussões sobre a influência do estágio na vida acadêmica do licenciando em Matemática, além de micro aulas como uma forma de treinar e aprimorar

metodologias a serem aplicadas durante o exercício da docência. Por meio desse Estágio, adquirimos a

noção de que é necessário estar preparado para as mais diversas perguntas; ter em mente que preparar a aula é fundamental; saber planejar o tempo de forma que não fique exíguo para o professor. Palavras-chave: Estágio. Experiência Docente. Ensino de Matemática.

ABSTRACT

This paper was developed based on aspects experienced in a 1st year High School class during the

third supervised internship discipline at Colégio Estadual Professor João Costa in Aracaju-Se. It has

as aim to portray the insertion, planning, observations and teaching practice while being Math trainees. The understanding of supervised internship was defined from authors like Santos (2005),

Lopes, Traldi and Ferreira (2015). In UFS readings, reflections and discussions were done about the

influence exercised by this kind of internship in the future Math teacher‟s academic life, in addition to micro-lessons as a way to train and improve methodologies that are supposed to be applied during

the teaching practice. By means of this internship we acquired the notion that it is necessary to be

prepared to all sort of questions; besides that getting in mind the importance of preparing lessons;

organizing the class time in order to offer better possibilities to our teaching.

Keywords: Internship. Teaching experience. Math teaching.

1 Graduanda de Matemática Licenciatura, da Universidade Federal de Sergipe, Bolsista do PIBID. E-mail: <[email protected]> 2 Formação em Psicologia pela Universidade Federal de Sergipe, com especialização em Gestão de Recursos

Humanos pela UNINTER. Atualmente, graduanda de Matemática Licenciatura, da Universidade Federal de

Sergipe. E-mail: <[email protected]> 3 Universidade Federal de Sergipe

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INTRODUÇÃO

Por meio do presente trabalho é apresentado um relato das experiências

vivenciadas na nossa primeira inserção como professoras de Matemática em uma turma da 1ª

série do ensino médio do Colégio Estadual Professor João Costa em Aracaju – SE. Tais

experiências fazem parte da Atividade de Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática

III da Universidade Federal de Sergipe. Desse modo, tem-se como objetivo relatar à inserção,

o planejamento, as observações e a regência realizada como estagiárias.

A atividade de Estágio é um momento fundamental para os alunos do Curso de

Licenciatura Plena em Matemática, por meio da aproximação com o ambiente escolar, pois

visa a preparação para o efetivo exercício da profissão docente. Por meio dessa disciplina os

futuros docentes têm o contato com a realidade da sala de aula. De acordo com Santos (2005):

[...] o Estágio Supervisionado Curricular, juntamente com as disciplinas

teóricas desenvolvidas na licenciatura, é um espaço de construções significativas no processo de formação de professores, contribuindo com o

fazer profissional do futuro professor. O estágio deve ser visto como uma oportunidade de formação contínua da prática pedagógica.

Dessa forma, o estágio é o momento em que somos inseridos por um período

determinado no futuro campo de trabalho sob a perspectiva de docente, para o caso das

licenciaturas. É quando experimentamos práticas da profissão e é neste aspecto, que está

concentrada a sua importância. Segundo Lopes, Traldi e Ferreira (2015, p.7):

Nesse sentido, [o estágio supervisionado] pode potencializar diversas

aprendizagens docentes, ao propiciar aos futuros professores o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e reflexões necessários para

a prática profissional.

A prática supervisionada é necessária para a formação dos futuros professores.

Por meio dessa prática, os estagiários podem tomar consciência das teorias estudadas,

sabendo que, em hipótese alguma, essas teorias que estão relacionadas ao saber, serão

suficientes para o pleno exercício à docência.

Também é necessário o auxílio do professor/supervisor pedagógico4 juntamente

com o professor/supervisor técnico5, no direcionamento do trabalho a ser desenvolvido no

período do estágio pelos futuros docentes. Conforme afirma Pimenta (1999):

4 Professor orientador do Estágio Supervisionado 5 Professor regente da turma

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É imprescindível, assim, a imersão nos contextos reais de ensino, para

vivenciar a prática docente mediada por professores já habilitados, no caso, os orientadores dentro das universidades em parceria com os professores que

já atuam nas salas de aula, essa é a maneira mais efetiva de proporcionar aos

estagiários um contato com o ambiente em que irão atuar.

Entretanto, não basta apenas que os estagiários realizem as observações e as

regências, é fundamental que eles também busquem momentos de reflexão dos dilemas

encontrados na sala de aula e das experiências que foram vivenciadas durante o período do

estágio. Segundo Pereira e Baptista (2009), a partir dessa reflexão, os futuros professores

serão capazes de avaliar a sua própria prática, diagnosticar suas principais limitações e

encontrar soluções para resolver problemas.

Desse modo, para a concretização deste trabalho, foi realizada uma análise do

relatório do Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática III e extraído do mesmo as

experiências relevantes para a reflexão da prática docente.

DESCRIÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO

O Colégio Professor João Costa, localizado na avenida Augusto Franco s/n, bairro

Getúlio Vargas, em Aracaju, foi fundado em 1970 a partir do decreto de criação número 157 –

Lei n 307/70, sendo denominado Colégio Estadual Presidente Costa e Silva até 2016, quando

houve alteração de seu nome a partir de decreto assinado pelo governador do Estado de

Sergipe para mudança de nomes de escolas que homenageavam ex-presidentes da ditadura. O

decreto assinado decorreu de orientação presente no Relatório Final da Comissão Nacional da

Verdade6.

Quando o Colégio foi informado sobre a mudança, o nome inicialmente sugerido

foi de um político. No entanto, não houve boa aceitação ocorrendo, por parte da equipe

pedagógica e professores da instituição, a sugestão de homenagear o professor sergipano João

Costa substituindo o nome Colégio Presidente Costa e Silva por Colégio Professor João

Costa. Mantendo-se, assim, o codinome “Costão” (denominação popular/informal) inalterado.

6Mais informações a respeitos podem ser obtidas em:

http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2016/01/governador-assina-decreto-que-muda-nome-de-escolas-publicas.html (acessado em: 25/02/2017).

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Atualmente o Colégio possui 22 salas de aula e 1753 alunos matriculados7 (173

no fundamental maior, 250 no ensino médio convencional e 1330 no ensino médio inovador).

Além disso, possui uma diretoria, um mini auditório e dois banheiros no primeiro andar. No

térreo, possui uma secretaria, dois arquivos uma sala de coordenação pedagógica com

aparelhos de som, Datashow e impressoras, uma sala de professores, um almoxarifado, uma

sala de rádio, uma sala do comitê pedagógico, um laboratório de informática, uma sala de

vídeo com televisor, aparelho de DVD, caixa amplificadora e retroprojetor, biblioteca com

acervo de onze mil títulos, laboratório científico de química e biologia e outro de física e

matemática, mini auditório, uma cozinha, um refeitório, sete banheiros (dois para alunos e

demais funcionários), uma sala de Arte e uma cantina. Na área externa ficam uma quadra

poliesportiva, salas de educação física e sala de dança e dois sanitários. A quadra, segundo

consta no PPP do Colégio encontra-se interditada por questões estruturais.

A equipe diretiva do Colégio é composta por 1 diretora, 3 coordenadores e 1

secretária. O Comitê Pedagógico possui ao todo 10 funcionários. Além disso, o Colégio

dispõe de 124 professores, 7 agentes administrativos e 9 funcionários como pessoal de apoio.

PLANEJAMENTO E OBSERVAÇÕES

A atividade Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática III tem uma carga

horária de 150 horas, sendo estas divididas em aulas presenciais na Universidade Federal de

Sergipe sob a orientação do professor/supervisor pedagógico e em atividades na escola como

planejamento, observações de aula e regências. Na sala de aula da universidade foram

realizadas leituras, reflexões e discussões sobre as influências do estágio na vida acadêmica

do licenciando em Matemática. No decorrer do estágio algumas ações foram desenvolvidas no

colégio como observações de aula e regências na sala de aula da 1ª série “A”, turma a qual

fomos designadas.

Antes de serem iniciadas as observações, elaboramos um plano de aula, assim que

a professora da turma informou que o conteúdo seria Matemática Financeira e que

iniciaríamos a regência a partir de Juros Simples. Após essa elaboração, apresentamos uma

micro aula para a turma de estágio, como uma forma de treinar e aprimorar metodologias a

serem aplicadas durante o exercício da docência, sendo sugeridas pela turma algumas

7 Informações obtidas em: http://www.seed.se.gov.br

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mudanças no planejamento. As mesmas não serão abordadas nesse trabalho pelo fato de não

haver um detalhamento do respectivo plano.

Para o planejamento tomamos como base o livro didático8 que a

professora/supervisora técnica nos cedeu. Através dele, fizemos um cronograma inicial, mas

devido alguns imprevistos, algumas alterações foram necessárias. Também foi utilizado

outros livros didáticos que continha o conteúdo Matemática Financeira, retirando problemas

para as atividades não tradicionais (jogos com os conteúdos juros simples e juros compostos,

servindo para a fixação dos conteúdos) e a lista de exercícios. Para a elaboração de alguns

planos, não houve um encontro físico entre nós, sendo elaborados por meio de comunicação

virtual, mas sempre buscamos o melhor entendimento para os alunos. Já os planos de

atividades não tradicionais, foram adaptações de jogos que envolvem outros conteúdos, mas

confeccionados por nós mesmas.

Para dar início às atividades de estágio realizamos as observações. Vale ressaltar

que foram as nossas primeiras observações, já que tratava de nosso primeiro estágio9. Durante

as aulas de observações, frequentavam em média de vinte alunos e percebemos que os eless

estavam sempre separados em grupos (alguns sentados na frente um do lado do outro, outros

no fundo, outros nos cantos). Na primeira observação a professora iniciou o conteúdo

Porcentagem, com alguns exemplos e passou uma lista de exercícios, valendo nota, que

corrigiu, no segundo dia de observação, junto com seus alunos, pedindo-lhes para lhe entregar

após a correção. A professora sempre demonstrou dominar o conteúdo, interagindo com seus

alunos lhes fazendo alguns questionamentos, e alguns alunos respondiam a esses

questionamentos, muitas vezes fazendo o cálculo mentalmente. Em alguns momentos a

professora interrompia a aula, pois muitas vezes as conversas entre os alunos atrapalhavam o

desenvolvimento da aula.

Esse período de observação foi importante para nós, pois nos proporcionou

momentos de convivência com a rotina da sala de aula, dando para conhecer (em partes) o

comportamento dos alunos e a metodologia que a professora regente da turma utilizava.

8 Os livros didáticos citados nesse trabalho encontram-se nas referências. 9 Solicitamos quebra de pré-requisito para a atividade de Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática III.

Dessa forma realizamos este estágio concomitantemente com o Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática I.

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REGÊNCIA E DIFICULDADES ENCONTRADAS NO ESTÁGIO

Após as observações, iniciamos a regência. Devido as alterações no cronograma,

o planejamento de duas aulas (Denominações dos Termos Importantes da Matemática

Financeira e Juros Simples) acabou se tornando uma. Pretendíamos iniciar com uma dinâmica

com o objetivo de interagir com os alunos, mas não foi possível por conta do tempo.

Entramos na sala e a professora nos apresentou e nos deu total autonomia, pedindo que os

alunos acompanhassem a aula com atenção, pois ela ficaria observando e nós além de

ministrarmos as próximas aulas até o fim da unidade, também aplicaríamos a prova

correspondente. Buscamos seguir o planejamento e interagir bastante com os alunos. Os

alunos acompanhavam, tomavam nota do que estava sendo escrito no quadro e respondiam as

breves perguntas que fizemos. No fundo da sala, alguns alunos não pareciam muito

interessados em fazer o mesmo. Inclusive, um deles pediu para se retirar por cerca de 10

minutos para resolver com outra professora sua situação quanto à recuperação que teria que

fazer de outra matéria. Outra aluna que estava próxima à professora, chamou uma de nós e

perguntou qual era o conteúdo da aula que estávamos iniciando e quando foi informada de

que primeiramente eram termos que seriam importantes para começarmos a ver juros simples

e compostos, ela disse conhecer o assunto, mas não lembrar direito. Disse que sabia apenas

que juros simples eram melhores de se calcular que o composto e por isso não gostava muito

dos compostos.

Tínhamos planejado convidar um aluno ao quadro, mas depois notamos que o

melhor era todos nos ajudarem a identificar os dados do problema proposto nessa primeira

aula. Ficamos entusiasmadas ao notar alunos que ficavam calados na aula da professora,

responderam os nossos questionamentos. Foi importante para nós vermos os alunos

participando da aula. Os alunos pediam permissão para sair da sala como no caso em que

alguns precisaram sair antes do término da aula devido ao horário do ônibus. Quando tocou o

sinal, um dos alunos levantou discretamente o braço direito e o movimentou como se

estivesse vibrando com o fim da aula. Ele fez esse gesto olhando para a professora que estava

no lado oposto da sala em relação ao local onde ele estava. Como estávamos quase chegando

à fórmula de juros simples, pedimos mais cinco minutos para apresentar-lhe a fórmula.

Avisamos no final da aula que na próxima aula retomaríamos essas fórmulas e faríamos uma

atividade valendo nota. Pedimos para que os que ficaram até o fim da aula avisarem aos

demais.

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Ao final, a sensação foi de que foi uma aula muito acelerada, sendo que tínhamos

a preocupação de cumprir o cronograma que já havia sido alterado duas vezes. Apesar de não

termos finalizado, faltando apenas um exemplo proposto, saímos satisfeitas pela participação

dos alunos durante a aula.

Na segunda regência, retomamos o final da aula anterior concluindo o que havia

ficado pendente (um exemplo para explicar a diferença entre juro comercial e juro exato).

Como nesse dia teríamos dois horários, planejamos uma atividade não tradicional (jogo

Verdadeiro ou Falso) envolvendo resolução de problemas e uma aula sobre juros compostos.

Após a conclusão da aula anterior, explicamos como funcionaria a atividade sobre juros

simples seguindo o planejamento. Solicitamos que formassem duplas, em seguida

construímos no quadro branco uma tabela e fomos preenchendo com as iniciais das duplas e

um trio, pois um aluno chegou após o início da aula.

Avisamos que eles teriam um tempo de três minutos após a entrega dos problemas

de cada rodada para concluir a resolução dos dois problemas e podermos solicitar que

levantassem as placas. Quando íamos de dupla em dupla, percebíamos que eles estavam se

atrapalhando tanto em identificar os dados dos problemas quanto em realizar operações após a

substituição das variáveis nas fórmulas. Escrevemos as três fórmulas no quadro. Mesmo

assim eles tinham dificuldade até de transformar a taxa da forma percentual em decimal.

Fomos novamente ao quadro para relembrar como a professora regente havia ensinado.

Continuamos indo de mesa em mesa e questionando se de fato estava correto ou

pedir para eles identificarem primeiro quais os dados que havia nas questões e o que estava

sendo pedido. Percebemos que eles tinham dificuldades em multiplicar como por exemplo:

1000x (1+0,1i). E também tinham dificuldade em resolver, como por exemplo: 2000 = 1000

+ 100 i.

A professora nos avisou que o sinal estava prestes a tocar e eles teriam um

intervalo de quinze minutos. Falamos para eles levantarem a primeira placa e depois do

intervalo eles voltariam para a segunda rodada e eles preferiram continuar. A professora então

combinou de liberar quinze minutos antes de terminar a aula. Mesmo com as nossas

intervenções apenas quatro duplas (das nove) conseguiram acertar a primeira rodada.

Na segunda rodada eles também sentiram muita dificuldade, mais especificamente

para perceber o termo dobro como sendo um dos dados tendo ainda acreditado que esse termo

se referia ao capital. Além disso, surgiram dúvidas com as operações básicas como na

primeira rodada se fizeram presentes e todos ficaram nos chamando de minuto a minuto. As

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duplas estavam envolvidas com a atividade e ficaram calculando até que, foi interrompido

devido o sinal de fim de aula. Logo após, solicitamos que levantassem as placas que cada

dupla selecionou e marcamos as pontuações na tabela construída no quadro. Dessa vez todas

as duplas levantaram a placa corretamente. Ao fim, recolhemos as folhas com as soluções

para corrigirmos, com o intuito de pontuar as duplas que responderam e levantaram as placas

corretamente.

Após a aula, não esperávamos que eles tivessem tanta dificuldade. Acreditávamos

que eles haviam entendido o conteúdo, visto que na aula anterior eles interagiram. Assim,

para as próximas aulas buscamos novas alternativas para que mais alunos participassem da

aula, a exemplo perguntando a alunos específicos.

No primeiro dia de nossa regência, nós havíamos decidido que iríamos ministrar

as aulas juntas. Mas, após conversarmos entre nós e com outras duplas para sabermos das

experiências em sala de aula, pois esse foi o nosso primeiro estágio, decidimos que ficaria

melhor tanto para a gente, quanto para a aprendizagem dos alunos, que cada uma ficaria

responsável por ministrar cada aula tradicional e no dia de aula não tradicional ambas seriam

responsáveis.

Assim, na regência após a aula não tradicional apenas uma ministrou a aula

referente a juros compostos, enquanto a outra observava como os alunos estavam se

comportando. Nesta aula nosso professor/supervisor pedagógico estava presente. Antes de a

aula ser iniciada a professora da turma o apresentou. Os alunos sorriram bastante

direcionando os olhares para nós duas ao saberem que aquele era o nosso professor.

Aquela que ficou encarregada de observar o comportamento dos alunos, durante a

aula, solicitava aos alunos que estavam dispersos para ficarem atentos de forma a não

interromper o andamento da aula. Faltando pouco mais de cinco minutos para o término da

aula, uma das alunas disse “já vai tocar” em tom de brincadeira. Mas estávamos

acompanhando o horário e a aula foi concluída no tempo.

Contudo, a aula saiu como o planejado, sempre questionando e indagando os

alunos para eles participarem, porém percebemos que eles dizem que entendem o que é

explicado, mas na hora da atividade alguns ficam perdidos.

Para as próximas regências, planejamos que as duas aulas seriam de atividade

sobre juros compostos, ao percebemos a necessidade de eles praticarem o conteúdo, havendo

mais uma alteração no cronograma. Explicamos a atividade de juros compostos (jogo Trilha

dos Juros Compostos) e pedimos que eles formassem grupos de seis e se subdividissem em

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grupos de três. Teve um grupo que inicialmente havia cinco alunos, mas depois um acabou

saindo da sala, ficando apenas quatro pessoas no grupo. Alguns alunos criaram resistência,

uns por não querer deslocar-se para outro lugar, outros por dizer que a atividade seria chata.

Quando estávamos organizando a sala, uma aluna, que já não havia participado da atividade

da semana anterior, comunicou que não queria participar dessa atividade pois estava faltando

apenas um ponto para passar nessa disciplina. Tentamos convencê-la a participar

argumentando que seria importante para o aprendizado dela, mas não podíamos obrigá-la.

Sendo assim, ela se retirou da sala, e retornou em outro momento, mas ficou sentada apenas

lendo algo não referente a disciplina de Matemática.

Foram formados três grupos e tínhamos que ficar revezando entre os grupos para

observar se estavam respondendo corretamente e conferir as respostas. Percebemos que

alguns alunos não estavam tendo dificuldades para resolver, enquanto outros apresentavam

muita dificuldade. Questionamos em alguns momentos se as passagens da solução eram

daquele jeito mesmo, esperando que eles percebessem onde estavam sendo equivocados.

Semelhante a atividade anterior eles preferiram continuar a atividade, sem sair

para o intervalo. Um grupo terminou a trilha primeiro. Perguntamos se eles não queriam

revanche para começar a jogar novamente e eles disseram que não. Já os outros dois grupos,

só quiseram terminar quando chegassem ao final da trilha. Como o outro horário não tinha

aula, ficamos aguardando o último grupo terminar.

Após o término do jogo, eles nos informaram que tinham gostado dessa atividade.

Mas alguns se chatearam por não poderem ajudar os demais membros do seu grupo na

resolução do problema selecionado dizendo que dessa forma não estavam sendo um grupo e

esclarecemos que não podiam auxiliarem os demais visto que era um jogo, loho havia

competição. Uma das alunas também se irritou por não ter acertado as questões selecionadas

por seu grupo. A mesma tentou resolver mesmo que fosse questão para outro membro do

grupo, mas sem quebrar a regra do jogo. Apenas por ter interesse em tentar também. Outro

aluno ficou frequentemente dizendo que estava com fome. Mas manteve-se no jogo até o

final.

Novamente pensávamos que eles não teriam tanta dificuldade em resolver os

problemas. Dessa vez, percebemos que eles estavam conseguindo identificar os dados da

questão e que a dificuldade maior estava em desenvolver a conta. Quando víamos que eles

estavam errando a conta, questionávamos se eles tinham certeza se estavam fazendo de uma

forma correta.

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Após a aula da semana anterior, a professora disse que poderíamos apenas nos

concentrar em revisão. Mas apesar de sabermos que já tínhamos dado os conteúdos da prova

(porcentagem – ministrado pela professora regente, juros simples e juros compostos),

dissemos que pretendíamos prosseguir com uma aula relacionando juros simples e juros

compostos com funções: função afim e função exponencial, conforme posto no livro sugerido

pela professora regente da turma. Reservamos a aula posterior, com duas horas/aula para a

realização da revisão. A professora não se opôs e assim fizemos. Dessa forma, enquanto uma

ministrava a aula, a outra ficava observando a turma, analogamente a aula anterior.

Nesta aula, tivemos novamente a presença de nosso professor/supervisor

pedagógico. Nos primeiros minutos, os alunos estavam um pouco dispersos, pois uma aluna

estava distribuindo uma atividade que outro professor havia pedido. Dessa forma a atenção

inicialmente estava voltada para atividade entregue. Contudo, enquanto isso ocorria,

iniciamos a aula escrevendo um problema no quadro conforme plano de aula. Ao iniciar a

explicação do conteúdo programado, eles começaram a interagir conforme planejamos.

Antes de sair, nosso professor/supervisor pedagógico pediu que a aquela que

estava ministrando aula fosse informada sobre um pequeno equívoco ao mencionar a função

polinomial do primeiro e do segundo grau sem o termo polinomial, embora fosse de seu

conhecimento que a denominação requeria tal termo. Provavelmente essa omissão tenha sido

por nervosismo. Percebemos que alguns alunos não estavam copiando o que estava escrito no

quadro, e quando perguntado por aquela que observava o comportamento da turma sobre o

porquê de não está copiando, respondeu que depois pegaria o caderno do colega.

A aula seguiu conforme o planejado, ou seja, buscamos a participação dos alunos,

fazendo questionamentos e indagações. Entregamos uma lista de exercícios com seis questões

e pedimos que respondessem para que na próxima aula corrigíssemos. Como alguns alunos

faltaram, entregamos aos amigos e pedimos a alguns alunos que entregassem a estes. Após o

término da aula, a professora nos informou que já havia elaborado a prova por solicitação da

secretaria.

No último dia de regência, como havíamos entregado uma lista de exercícios,

perguntamos se eles tinham conseguido responder. Para nossa surpresa, quase ninguém havia

tentado responder. Dissemos que não tinha problema e que todos nós iríamos responder

juntos. Perguntamos se alguém queria resolver a primeira questão no quadro, e depois de

alguma resistência, um aluno se prontificou a respondê-la. Pedimos que ele lesse a questão e

que os outros o ajudassem na resolução. Alguns ajudaram, outros ficaram calados.

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Para a segunda questão, ninguém se prontificou a responder, pois era uma questão

que solicitava o cálculo do tempo que seria necessário para que um certo Capital triplicasse o

seu valor, mas na questão não dava nem o Capital e nem o Montante, informando apenas que

o valor aplicado teria que ser triplicado. Assim explicamos que nesse caso eles poderiam

utilizar qualquer valor para o capital, desde que o valor para o montante fosse o triplo.

Perguntamos qual valor iríamos utilizar e decidimos que faríamos para o capital de

R$1.000,00. Assim, resolvemos com a ajuda deles.

Para as outras questões, outros alunos mesmo com alguma resistência acabaram

indo ao quadro. Após a terceira questão, eles saíram para o intervalo. Durante o intervalo, um

jovem se aproximou de uma de nós e perguntou se poderia pegar o caderno para tirar uma

dúvida. Ainda que não reconhecesse sua fisionomia e acreditando ser um aluno que poderia

ter faltado às aulas anteriores, a resposta foi positiva. Contudo, quando ele apresentou o

caderno, sua dúvida era sobre combinação (sobre anagramas). Ou seja, tratava-se de um aluno

da segunda série do ensino médio. Na tentativa de ajuda-lo ainda no intervalo e diante de sua

dificuldade em entender, informamos de que poderíamos retomar após a aula, pois já

estávamos retornando à aula. Mesmo não sendo um aluno da turma, vimos a necessidade de

ajuda-lo, pois faz parte de nossa futura profissão.

Demos continuidade à resolução dos problemas da lista. Na última questão que

era para calcular a taxa, eles sentiram dificuldade para entender e perguntaram à professora se

iria „cair‟ esse tipo de questão na prova. Anotamos no quadro todas as fórmulas que tínhamos

utilizado durante as aulas ressaltando a importância de estarem cientes delas. Após a

resolução da lista, anotamos no quadro três questões sobre porcentagem para que eles

pudessem relembrar esse assunto.

Na primeira questão uma aluna perguntou se dava tal valor, como a resposta

estava correta, convidamo-la ao quadro, mas como ela não quis ir, questionamos como tinha

resolvido e fomos anotando no quadro. Ela tinha feito por regra de três, depois explicamos

mais duas formas de responder. Na segunda questão eles tiveram um pouco de dificuldade em

interpretar a questão para aplicar a regra de três e também em entender sobre aumento e

desconto. A última questão trata de aumento, e eles também tiveram dificuldade para

entender. Portanto, explicamos novamente a questão, com o intuito de minimizar tais

dificuldades.

Após isso, por ser nosso último dia, preparamos uma dinâmica que consistia em

entregar um presente para alguém da turma. Só que tinha um bilhete no presente, no qual

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pedia que o entregasse a pessoa que tivesse aquela característica, por exemplo: timidez,

liderança, inteligência... E assim sucessivamente, até a última pessoa que seria a da paz. Essa

última pessoa teria que dividir o presente, que no nosso caso foi um chocolate, a todos da

turma. Distribuímos uma caixa contendo uma serenata de amor a todos os alunos na sala.

Agradecemos e nos despedimos.

Ao final de todas as aulas a nossa maior preocupação era saber se eles realmente

estavam entendendo e compreendendo o conteúdo. Pois não bastava participar durante a aula

expositiva, visto que na hora de praticar por meio das atividades não tradicionais, eles sentiam

dificuldades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática III é uma atividade obrigatória do

currículo do Curso de Licenciatura em Matemática que busca proporcionar aos licenciandos

oportunidades para relacionar a teoria com a prática inserida na realidade do cotidiano

escolar. O estágio nos proporcionou a oportunidade de observar as aulas e as metodologias

utilizadas naquela sala de aula, bem como, ministrar aulas. Enfim, ter contato com a realidade

docente no Colégio Estadual Professor João Costa, na disciplina de Matemática na 1ª série do

ensino médio.

Devido as greves tanto da rede Estadual de Ensino da cidade de Aracaju quanto das

Universidades Federais promoveram, de certa forma, uma incompatibilidade entre calendários

escolares e acadêmico. Isto refletiu diretamente no andamento do Estágio Supervisionado em

Ensino de Matemática III. Assim, a impressão inicial foi de que tudo (procura por escola,

preparação e entrega de ofício, planejamento, etc.) estava acontecendo muito rápido. Dessa

forma, a sensação inicial que tivemos foi de falta de preparação, especialmente pelo fato de

que seria nossa primeira experiência como estagiárias, seja para observar, seja para reger.

Durante os planejamentos, houve dificuldades em relação a estarmos juntas em alguns

momentos, o que não nos impediu de mantermos uma comunicação frequente em prol de um

melhor resultado.

Devido a nossa inexperiência, acreditamos inicialmente que não haveria problema em

ministrarmos as aulas juntas. Mas, após o primeiro dia de regência, percebemos que o mais

viável seria cada uma ficar responsável por ministrar aula individualmente, ao passo que à

outra caberia observar a turma. Ressaltamos que as aulas não tradicionais foram ministradas

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por ambas.

Em relação a execução de atividades não tradicionais, havíamos superestimado a

turma, pois durante as aulas de conteúdo, os alunos demonstravam fácil entendimento,

conseguindo fazer cálculo mental e tecendo comentários em sala de aula do tipo “se colocar

numa planilha fica fácil”, “com uma calculadora dá para calcular rapidinho”, além do fato de

estarem do terceiro e último ano do Ensino Médio. Entretanto, nos surpreendemos já na

primeira atividade ao verificarmos que não sabiam identificar e relacionar dados bem como

realizar operações básicas.

Por meio do Estágio Supervisionado III, adquirimos a noção de que é necessário ter

paciência; estar preparado para as mais diversas perguntas, mas sabendo reconhecer que não

domina todas as respostas; ter em mente que preparar a aula é fundamental e o plano b,

indispensável; saber planejar o tempo de forma que não fique exíguo e extenuante para o

professor no que se refere à transição de uma aula para a outra em turmas distintas.

Em linhas gerais, reconhecemos a importância do estágio para nossa formação e de

sua realização com a presença do professor/supervisor pedagógico e técnico, não apenas como

avaliadores do processo, mas como suporte nos servindo de base e espelho para nossa

formação docente. Assim, com a realização desse estágio, adquirimos um pouco o

aprendizado referente à prática docente, pois durante esse momento foi possível perceber

todos os aspectos implícitos em uma sala de aula e na função de educador.

REFERÊNCIAS

DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto & aplicações. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2013.

GIOVANNI, José Ruy; BONJORNO, José Roberto; GIOVANNI JUNIOR, José Ruy.

Matemática fundamental: uma nova abordagem ensino médio: volume único. São Paulo: FTD, 2002.

LOPES, Celi Espasandin; TRALDI, Armando; FERREIRA Ana Cristina (Org.). O estágio

na formação inicial do professor que ensina matemática. Campinas, SP: Mercado

deLetras, 2015.

PEREIRA, Helenadja Mota Rios; BAPTISTA, Geilsa Costa Santos. Uma reflexão acerca do estágio supervisionado na formação dos professores de ciências biológicas, In: VII ENPEC,

2009, Florianópolis. Não paginado.

PIMENTA, Selma Garrido (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 1999. Não paginado.

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SANTOS, Helena Maria dos. O estágio curricular na formação de professores: diversos olhares. In: 28ª Reunião anual da ANPED, GT 8- Formação de Professores, 2005, Caxambu. Não paginado.

SOUZA, Joalmir Roberto de. Novo olhar matemática. 1ª ed. São Paulo: FTD, 2010.