Relato e questões de uma pesquisa: diagnóstico sobre o PROERD
Relato de Pesquisa de Campo
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LABORATRIO DE INFORMTICA NAS ESCOLAS: DESCOBRINDO ESSE
ESPAO
Foi realizada na cidade de Campina Grande-PB, uma pesquisa de campo nas
escolas da rede pblica estadual e municipal, cujo objetivo principal era descobrir como
estava sendo utilizado o laboratrio de informtica em tais escolas. Sendo assim, foi
tomado por espao amostral o nmero de 35 (trinta e cinco) escolas, as quais foram
visitadas por 4 (quatro) alunos do curso de Licenciatura em Computao, oferecido pela
UEPB (Universidade Estadual da Paraba).
A pesquisa foi realizada no segundo semestre letivo do corrente ano, sob a
orientao da professora Ms. Rosrio Germano Maciel, a qual faz parte do quadro
permanente de professores da instituio de ensino j referida anteriormente. Tal
pesquisa foi objeto de estudo da disciplina de Prtica de Ensino para Computao VIII.
Tal pesquisa teve como motivao, o discurso de que ainda precrio a situao
dos formandos do curso referido, no cenrio trabalhista do estado da Paraba, onde o
mesmo ainda no est conseguindo absorver os alunos recm formados, pelo curso, no
mercado de trabalho.
De maneira concorrentemente, percebe-se que as escolas pblicas do estado
paraibano ainda encontra srios problemas quanto utilizao dos laboratrios de
informtica, quanto espao de construo colaborativa de conhecimento. Com a
realizao da pesquisa percebemos que muitas das escolas possuem a sala de
informtica, mas que ela tem sido utilizada de forma obsoleta, sem muita importncia e
esmero quanto espao educacional valiosssimo na era social em que atualmente
estamos vivenciando.
Como natureza da pesquisa, o grupo de pesquisadores optou por desenvolver
uma pesquisa emprica, de natureza descritiva e de levantamento de dados, abordando
aspectos qualitativos e quantitativos, no intuito de compreender e interpretar o universo
de significados, valores, atitudes, motivos e aspiraes que os dados recolhidos, atravs
de questionrio, roteiro, entrevistas semi-estruturadas e observaes, revelaram.
Para o trabalho de pesquisa em campo, foi construdo um cronograma de visitas
em que estabelecemos determinados dias para visitar as escolas, tornando assim esse
processo mais eficiente e organizado. Dessa forma, a professora orientadora da pesquisa
elaborou uma lista com as principais escolas da cidade que tivesse laboratrio de
informtica presente em suas instalaes.
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Para a elaborao do cronograma foi tomado por base essa listagem. No
cronograma continha os seguintes dados de cada escola: nome completo, endereo,
bairro, telefone para contato e ponto de referncia. Tais dados foram de suma
importncia para a localizao das escolas, o que nos permitiu classific-las em grupos
de proximidade fazendo com que em um nico dia pudssemos visitar as escolas
prximas uma das outras, otimizando assim a nossa pesquisa.
Antes de comear as visitas, elaboramos um questionrio para a coleta de dados
e documentao da pesquisa. Tal questionrio foi desenvolvido pelo prprio grupo de
pesquisadores juntamente com a professora orientadora, em reunies presenciais antes
do incio da pesquisa. Foi elaborado tambm um documento (declarao) para os
alunos, onde em posse do mesmo, os pesquisadores poderiam ter acesso ao laboratrio e
a elaborao da pesquisa, sem eventuais problemas. Esse documento, formalizava a
pesquisa, denunciando que tais alunos faziam parte da UEPB e estavam representando-a
nas visitas.
Ao visitar as escolas, adotamos a seguinte metodologia de pesquisa:
O grupo de pesquisadores se dividiu em dois menores grupos para agilizar o
processo de visitas, tentando atingir o mximo de escolas possveis, tendo em
vista o curto prazo para essa etapa;
Ao chegar nas escolas, nos direcionamos logo para entrevistar a direo da
mesma, mais especificamente o(a) diretor(a) ou um professor responsvel pelo
laboratrio de informtica na escola;
A entrevista acontecia da seguinte forma: inicialmente era apresentado o grupo
de pesquisadores e o projeto de pesquisa (objetivos e justificativa), depois era
realizada a entrevista com o apoio do roteiro-guia/questionrio, e por fim era
visitado o laboratrio de informtica para recolhimento dos dados.
Anlise dos Dados
Para melhor anlise dos dados e comparao igualitria, as escolas visitadas
foram divididas em 2 (dois) grupos: Escolas Municipais e Estaduais. Tal motivo foi por
levar em considerao de que as instalaes fsicas desses dois mbitos so, em sua
maioria, diferentes, onde atravs da pesquisa podemos observar que as instalaes das
escolas estaduais so maiores e mais espaosas do que as escolas municipais. Levando
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em considerao o objetivo da nossa pesquisa, tal fato reflete-se no tamanho da sala de
informtica, onde atravs de observao do espao, podemos classific-las em tamanho
mdio, grande e pequeno (Fig. 1). Tal julgamento teve a considerao dos seguintes
aspectos:
Tamanho da sala, levando em considerao o nmero de computadores e
mobilirio que a mesma dispe;
Organizao fsica do mobilirio (bancadas, mesas e cadeiras), provendo a
facilidade de movimentao satisfatria dos alunos e/ou professores no
ambiente;
Disposio fsica das bancadas e computadores, levando em considerao a
forma em que tais equipamentos esto distribudos na sala, ou seja, em forma de
semicrculo ou em forma similar a uma sala de aula.
Figura 1: Comparao entre o tamanho das salas de informticas na escola (espao fsico)
O estudo comparativo desse quesito pode proporcionar que atualmente os
laboratrios de informtica nas escolas possuem um espao fsico relevante (tamanho
mdio), onde a disposio do mobilirio das salas esto em forma de semicrculo,
favorecendo o contato e orientao do professor com o aluno e tornando possvel a
visualizao pelo professor, do que o alunado est fazendo no computador. Isso faz com
que o aluno seja um pouco que inibido de realizar tarefas que no sejam pertinentes
aula, j que ele saber que o professor est visualizando o contedo visto em seu
monitor.
Outra considerao pertinente que esse tamanho de sala proporciona um estado
aprazvel e aconchegante para o aluno, favorecendo-o como um espao de
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aprendizagem colaborativa, j que possvel a movimentao dos alunos sem muita
dificuldade.
Foi ainda possvel perceber que algumas escolas estaduais ainda esto
encontrando dificuldades em oferecer aos alunos um espao eficiente. Analisando o
nmero de alunos dessas escolas (Fig. 2), percebemos que esse nmero
consideravelmente grande em relao ao contexto das escolas municipais (Fig. 3) e que,
por esse motivo, tem uma instalao fsica, quanto espao organizacional, relativamente
grande para comportar todos os alunos.
Figura 2: Classificao das escolas estaduais
por n de alunos
Figura 3: Classificao das escolas municipais
por n de alunos
A partir da realizao das entrevistas com a direo da escola, podemos observar
que os laboratrios de informtica ainda so espaos obsoletos, onde a construo de
conhecimento possvel por esses espaos no tem atingido sua potencialidade
conhecida. Na maioria das escolas visitadas (Fig. 4), percebemos que o laboratrio de
informtica tem sido visitado apenas pelos alunos e com a motivao de instrumentos
de diverso e entretenimento, onde a maioria das polticas escolares de liberar o
acesso dos alunos aos laboratrios apenas nas aulas vagas para no deixar o aluno
sem fazer nada.
Bem constrangedor ainda ser conhecedor de que muitas escolas possuem o
laboratrio de informtica, mas no passa da teoria, pois na prtica os laboratrios esto
com as portas fechadas. Essa a realidade de um nmero expressivo das escolas
municipais pesquisadas (Fig. 5), onde o principal motivo disso acontecer a falta de
equipe de manuteno. Os computadores esto parados, sem ter nenhuma aula no
laboratrio por simplesmente estarem com defeito e no ter equipe disponvel para dar o
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suporte s mquinas, visto que esse suporte dado pela equipe tcnica da 3 regio de
ensino da Paraba, que no caso apenas um tcnico para atender todas as escolas de
Campina Grande e cidades satlite, como Galante, Lagoa Seca, Queimadas, etc. Tal
prtica inaceitvel, pois no h em hiptese alguma, um tcnico apenas cobrir uma
rea to extensa. Por isso que ao visitar 8 (oito) escolas municipais a realidade foi a
mesma: laboratrio montado, porm com mquinas paradas, sem uso algum, espera
de um possvel conserto sem data nem hora conhecidas.
Figura 4: Utilizao do laboratrio de
informtica nas escolas estaduais
Figura 5: Utilizao do laboratrio de
informtica nas escolas municipais
Ainda no tocante desse assunto, percebemos que os professores no tem
freqentado esse espao. Na sua maioria encontramos professores totalmente alheios a
essa realidade. Segundo explicitaes da prpria coordenao, os professores no vo
ao laboratrio de informtica, nem muito menos levam suas turmas. Tal motivo pode
ser encarado de muitas formas como falta de capacitao para o uso das novas
tecnologias, medo ou repugnncia s tecnologias digitais, falta de domnio e
intimidade com o computador, falta de tempo disponvel para um planejamento
consistente para a aula, falta de incentivo e/ou cobrana at da prpria instituio de
ensino, falta de motivao para atividades extras, etc.
Segundo a realidade da nossa pesquisa, podemos excluir algumas das hipteses
levantadas anteriormente, reduzindo assim o nmero de alternativas para a nossa
problemtica. Conforme a entrevista realizada, a direo de todas as escolas visitadas
nos assegurou que todos os seus professores j tiveram ou esto passando por um curso
de capacitao do uso das novas tecnologias na educao. Dessa forma, podemos
concluir que todos eles tm o conhecimento da potencialidade do uso dessa ferramenta
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no ensino, e que todos tambm so conhecedores, pelo menos do bsico, quanto a
utilizao e manuseio dessas ferramentas.
Logo, o que nos leva a concluir que tal espao ainda tem sido pouco habitado
pelos professores, a falta de tempo disponvel para um planejamento de aula
diversificado, significativo domnio da ferramenta, e a falta de condies
organizacionais que o professor encontra para levar o seu alunado para o laboratrio de
informtica. Esse ltimo quesito diz respeito falta de profissional qualificado e
disponvel na escola para ajudar o professor com os alunos no laboratrio.
O que recolhemos de dados (Fig. 6 e Fig. 7), de maneira significativa nas
entrevistas, que os professores reclamam da falta de orientador especializado na rea
de informtica para dar suporte s possveis aulas ministradas no laboratrio. Esse fator
contribui para a resposta dada pelos professores, de que no tem condio de um nico
professor ministrar aulas de informtica com uma turma de alunos que em sua maioria,
vo de turmas de 20 alunos. O professor no possui arcabouo terico nem prtico para
atender essa demanda, nem muito menos ser obrigado tal.
Figura 6: Presena do professor de informtica
nas escolas estaduais
Figura 7: Presena do professor de informtica
nas escolas municipais
A partir da anlise dos dados, podemos inferir que as escolas municipais ainda
possuem certo descaso com o laboratrio, no se preocupando em oferecer ou prover
melhores condies para o alunado. Esse julgamento admissvel analisando se os
laboratrios possuem acesso ou no a internet e fazendo uma comparao com a
situao das escolas estaduais (Fig. 8). Grande nmero de escolas municipais no possui
acesso internet nos laboratrios de informtica, o que nos induz a deduzir que a escola
no tem uma preocupao favorvel quanto melhor prestao de condies para o
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alunado, ou ento est a merc das polticas pblicas, as quais prometem muito mais
do que as cumpri. Essa fala foi redigida pela diretora de uma escola municipal visitada,
a qual est a espera dos equipamentos para instalao da internet mais de 6 (seis)
meses.
Figura 8: Nmero de laboratrios que possuem acesso internet
Um dos motivos favorveis e motivador nessa pesquisa conhecer que as
escolas esto sendo contempladas com laboratrios de informtica. Segundo a fala de
uma diretora da rede estadual de ensino, a qual teve escola visitada, mais fcil
conseguir implantar na escola um laboratrio de informtica do que um laboratrio
experimental de fsica ou biologia, por exemplo. Esse motivo nos leva a concluir que
as polticas pblicas tem incentivado a disseminao dos meios tecnolgicos nas
escolas, principalmente atravs do Programa Nacional de Informtica na Educao
(PROINFO), que tem esse objetivo.
Os computadores instalados por esse programa do MEC (Ministrio de
Educao e Cultura), tem por ideologia o uso de software livre, j que para o governo
federal muito mais vivel o uso de software livre, que no tem custeio para o seu uso,
ou seja, no preciso a compra de licena ou pacote de servios, do que a usabilidade
dos softwares pagos, como por exemplo o Windows. Sendo assim, percebemos que
grande nmero de escolas possuem o Linux como sistema operacional padro, sendo
este um software livre.
Ainda redigindo sobre o sistema operacional, foi constatado grande uso do
sistema Linux Educacional nas mquinas dos laboratrios (Fig. 9). O motivo que o
PROINFO incentiva o uso desse sistema, visto ser livre e tambm oferecer vrias
ferramentas e pacotes totalmente voltados ao contexto educacional, facilitando assim o
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processo ensino/aprendizagem nas escolas. Esse sistema possui vrias verses e a mais
encontrada nos laboratrios foi a verso 3.0.
Figura 9: Comparao entre os sistemas operacionais dos computadores nas escolas