Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

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Relatório de Actividades do Projecto Pensas 2010.

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Relatório de Actividades

2010

Universidade de Aveiro, Portugal

Fevereiro de 2011

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Conteúdo

1 Localização e Contexto Sócio-educativo 7

1.1 Indicadores Sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

1.2 Os jovens e escola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2 O Projecto Pensas 13

2.1 Localização dos Centros Pensas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.2 Alianças Estratégias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3 Actividades desenvolvidas 17

3.1 II Reunião de Centros Pensas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3.2 Formação de Professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.2.1 Dados Estatísticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.3 ForLíngu@MOZ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.3.1 O projecto e os seus objectivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

3.3.2 Actividades desenvolvidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.3.3 Pós-graduações em Língua Portuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa . 26

3.4 Criação de Manuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3.5 Competições regionais Matmoz e Pensar@Língua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.6 Formação em Acção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

3.7 OUTclass - Geminar pela Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

3.7.1 História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

3.7.2 Rede de Escolas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

3.7.3 Ano lectivo de 2009 - 2010 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

3.7.4 Promoção da leitura e do livro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

3.8 Pensas Science Show . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

3.9 Bancada Móvel de Ciências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

3.9.1 Protocolos de Ciência e Produção de Material Didáctico Audiovisual para Ensino

a Distância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

3.9.2 Ensino Experimental das Ciências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

3.10 Revista Pensas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4 PIC Portugal-Moçambique (2007-2010) - Avaliação Final 45

5 Conclusões 47

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Equipa

António Batel Anjo, Coordenador Geral Projecto Matemática Ensino da Universidade de

Aveiro, Coordenador do Projecto Pensas@moz em Moçambique Professor Auxiliar no

Departamento de Matemática da Universidade de Aveiro.

Carlos Morais, Coordenador da Língua Portuguesa do Projecto Matemática Ensino da Uni-

versidade de Aveiro, Coordenador da Língua Portuguesa do Projecto Pensas@moz em

Moçambique, Professor Auxiliar no Departamento de Línguas e Culturas da Universi-

dade de Aveiro.

Maria Paula Oliveira, Coordenadora de Conteúdos do Projecto Matemática Ensino da Uni-

versidade de Aveiro, Coordenadora de Conteúdos de Matemática do Projecto Pen-

sas@moz em Moçambique, Professora Auxiliar no Departamento de Matemática da

Universidade de Aveiro.

Joana Miriam da Silva, Bolseira do Projecto Matemática Ensino da Universidade de Aveiro,

Formadora da Língua Portuguesa do Projecto Pensas em Moçambique.

Olga Lima, Bolseira do Projecto Matemática Ensino da Universidade de Aveiro, Formadora

de Matemática do Projecto Pensas em Moçambique.

Paula Rocha, Bolseira do Projecto Matemática Ensino da Universidade de Aveiro, responsável

pela ligação Pensas com a equipa do Ensino Técnico-Pro�ssional.

Maria do Rosário e Graça Veiga, Secretaria do Projecto Matemática Ensino da Universidade

de Aveiro, responsável pela Contabilidade do Projecto Pensas.

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Introdução

Este relatório pretende fazer uma síntese do trabalho desenvolvido em 2010 pelo Projecto

Pensas, em Moçambique. O arranque das aulas do Curso de Especialização em Língua Portu-

guesa e Literaturas de Expressão Portuguesa, nas cidades da Beira e Nampula, a publicação

do segundo manual �Pens@r a Língua Portuguesa�, a realização do Pensas Science Show e a

aposta no Ensino Experimental das Ciências são temas que importa destacar neste relatório,

atendendo à importância que têm para a consolidação do Projecto Pensas.

A par destas actividades, desenvolveu-se ao longo de todo o ano lectivo, as acções de forma-

ção para professores. Em 2010, o Pensas esteve presente em cinco províncias moçambicanas,

trabalhando directamente com 155 professores das áreas do Português e da Matemática, o que

perfaz um total de 37.375 alunos que bene�ciarão da formação do Pensas.

Importa ainda destacar a actividade Formação em Acção que permitiu que professores

moçambicanos de Português e Matemática se deslocassem a Portugal onde tiveram a oportu-

nidade de ver de perto o funcionamento de uma escola portuguesa e conhecer os métodos de

aprendizagem utilizados pelos docentes da Cooperativa de Ensino Didaxis, de Riba de Ave.

Acções que à semelhança de anos anteriores contribuíram e continuarão a contribuir para

a melhoria das condições de ensino em Moçambique e para a capacitação dos professores

moçambicanos e que continuam a dar ao projecto Pensas um carácter ainda mais abrangente

e diversi�cado, dando resposta aos muitos problemas identi�cados e que é cada vez mais

urgente combater.

A actividade gerada no facebook1 é de realçar. Embora tenha exigido um grande esforço

na sua actualização o interesse demonstrado pelos muitos �amigos� tem sido bastante enco-

rajadora. A Plataforma de Ensino Assistido está em funcionamento em pleno sendo um dos

instrumentos de gestão dos vários projectos.

1http://www.facebook.com/pensas.mz

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1 Localização e Contexto Sócio-educativo

Geogra�camente, Moçambique é um vasto País, que cobre uma área de 799.380 quilómetros

quadrados com mais de 20 milhões de habitantes, sendo que 70, 2% vivem em zonas rurais

e apenas 29, 8% da população vive nas zonas urbanas . De acordo com os dados divulgados

pelo Instituto Nacional Estatística de Moçambique, referentes a 2007, a distribuição da sua

população segundo género é a que se apresenta na tabela seguinte:

População 20.226.296

Homens 9.734.678

Mulheres 10.491.618

Tabela 1: Distribuição da população por género.

A distribuição da população pelas províncias é dada pela seguinte tabela:

Sofala 1.642.636

Inhambane 1.252.479

Gaza 1.226.272

Niassa 1.169.837

Cabo Delgado 1.605.649

Nampula 3.985.285

Zambézia 3.848.274

Téte 1.783.967

Manica 1.412.029

Maputo Província 1.205.553

Maputo Cidade 1.094.315

Tabela 2: Distribuição da população pelas províncias.

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8 Projecto Pensas

1.1 Indicadores Sociais

Apresentamos agora alguns indicadores sociais que consideramos serem de extrema importân-

cia para a implantação de projectos, em especial na área da educação, chamando a atenção

para a elevada taxa de analfabetismo que se continua a registar em Moçambique2:

Taxa de analfabetismo (%) 51.9

Esperança de vida ao nascer (anos) 49.4

Taxa de natalidade (per 1 000) 37.9

Taxa de mortalidade (per 1 000) 20.7

Mortalidade Infantil (per 1 000) 105.8

Tabela 3: Indicadores sociais.

Apesar de todos os esforços que têm vindo a ser realizados e da aposta que tem sido feita

na educação, o analfabetismo continua a ser um dos maiores problemas do País e torna-se cada

vez mais urgente combater estes números (51.9% da população não sabe ler nem escrever).

Apesar da língua portuguesa ser a língua o�cial deste país, as crianças, principalmente nas

zonas rurais, falam a(s) língua(s) nativa(s), prevalecente(s) na sua zona, o que di�culta o

trabalho que está a ser desenvolvido.

Outro factor que está na origem desta di�culdade é a falta de preparação dos professores,

principalmente os do 1.o Ciclo, formados, maioritariamente, nos Institutos de Formação de

Professores (IFP) espalhados pelo País. Sendo uma das principais di�culdades as diferentes

línguas faladas em Moçambique.

Echuwabo Xironga Gitonga Elomwe Emakhuwa

Cinyanja Xichangana Xitshwa Cisena Shona

Ciyao Cimanika Ciwutewe Shimakonde Ciniyungwe

Cindau

Tabela 4: Línguas maternas.

2INE/CENSOS 2007 / www.unicef.org

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Pensas: Relatório de Actividades 2010 9

1.2 Os jovens e escola

Os dados revelados pelo Censos realizados em 2007 revelam um crescimento da população que

frequenta o sistema de escolaridade, quer falemos do Ensino Primário, Secundário e Técnico-

Pro�ssional. Uma tendência de crescimento que se tem vindo a manter ao longo dos anos.

Em apenas uma década o número de alunos inscritos no 1.o Grau do Ensino Primário quase

duplicou, passando de 209.230, em 2000, para 752.884, em 2009. A tabela que agora apresen-

tamos permite veri�car a evolução do número de alunos inscritos no Ensino Primário, de 2000

a 2009:

1o Grau 2o Grau

(1 � 5o anos) (6 � 7o anos)

2000 2.271.265 209.230

2001 2.508.611 262.134

2002 2.644.405 302.912

2003 2.826.362 351.224

2004 3.071.564 409.279

2005 3.393.677 452.888

2006 3.597.392 496.031

2007 3.866.906 616.091

2008 4.109.298 704.506

2009 4.233.454 752.884

Tabela 5: Alunos no Ensino Primário Público.

O mesmo se veri�ca ao nível do Ensino Secundário Público, que regista também um forte

crescimento ao nível do número de alunos inscritos, nos últimos dez anos. Um aumento

registado nos dois níveis de ensino: 1o e 2o Ciclos.

Olhando agora para o Ensino Técnico e Pro�ssional, veri�camos, mais uma vez, que o

número de alunos a frequentar o sistema de ensino tem vindo a aumentar gradualmente, entre

2000 e 2009. É no nível Básico que se encontram matriculados mais alunos, embora no global,

o maior aumento de número de alunos a frequentar o Ensino Técnico e Pro�ssional se tenha

veri�cado, entre 2000 e 2009, no nível Elementar.

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10 Projecto Pensas

1o Ciclo 2o Ciclo

(8 � 10o anos) (11 � 12o anos)

2000 78.192 10.057

2001 94.561 12.000

2002 116.342 14.019

2003 141.802 18.291

2004 168.798 21.350

2005 210.128 25.737

2006 255.567 35.450

2007 311.903 47.388

2008 366.345 58.727

2009 426.573 71.748

Tabela 6: Alunos no Ensino Secundário Público.

Contudo, importa realçar que 34,3% das crianças entre os seis e os 17 anos, em 2007 (altura

da realização do Censos), não frequentavam a escola. Desse total que continua sem ter acesso

ao ensino básico, 63,6% têm apenas seis anos e 41,5% têm sete anos, sendo que 31,7% são

rapazes e 37% raparigas. Segundo os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio , espera-

se que em 2015 a totalidade das crianças moçambicanas alcancem a escolaridade primária

universal, isto é, pretende-se que 100

No ano de 2008 perto de 4.116.678 alunos moçambicanos frequentaram o Ensino Primário

do 1o Grau, o que segundo os dados divulgados pela UNICEF representa um

crescimento de 6, 5% comparativamente ao ano de 2007. Ainda de acordo com o relatório

da UNICEF para Moçambique, a taxa líquida de escolarização no Ensino Primário (EP1+EP2)

foi de 99,2

Já no Ensino Primário do 2o Grau, o número de alunos cresceu em 14,4

A diferença em termos de género no ensino primário (EP1) continua a ser reduzida gra-

dualmente: o rácio de raparigas por rapazes no EP1 melhorou substancialmente de 0,71 em

1997 para 0,9 em 2007.

A relação professor/aluno é outro dos grandes obstáculos quando se trata de abordar a

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Pensas: Relatório de Actividades 2010 11

Elementar Básico Médio

2000 771 15.732 3.633

2001 942 16.783 3.461

2002 875 17.854 3.481

2003 937 19.149 3.516

2004 1.268 17.505 3.996

2005 1.794 19.958 �

2006 1.811 22.958 4.363

2007 1.954 23.666 4.293

2008 3.068 20.286 5.309

2009 5.810 23.136 5.481

Tabela 7: Alunos no Ensino Técnico Pro�ssional.

questão da inovação no processo de ensino. Por muito esforço que se faça, no intuito de

uma melhoria na formação de professores e, por maior que seja esta aposta, estes têm muitas

di�culdades em pôr em prática os novos métodos aprendidos.

Na tabela 8 apresentamos a relação do número de professores por cada nível de ensino.

1o Grau 2o Grau 1o Cic. 2o Cic. Elementar Básico Médio

1995 24.575 3.035 1.135 188 14 682 257

2000 35.069 5.382 2.444 450 69 778 259

2005 45.887 11.011 5.004 861 180 848 ...

2009 61.242 19.192 9.156 2.245 451 1145 ...

Tabela 8: Relação Professor/Aluno.

O insucesso escolar demonstra a crise que muitos sistemas de educação têm vindo a sofrer

devido à falta de adequação da escola perante as realidades da sociedade e o tempo em que

vivemos.

A educação deve formar cidadãos, capazes de enfrentar e vencer os desa�os de um mundo

tão diverso, quanto imprevisível. Por essa razão, é importante providenciar a todos uma

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12 Projecto Pensas

educação ampla, que lhes forneça as ferramentas para o seu auto-desenvolvimento na vida.

São frequentes as críticas quer ao sistema de ensino superior em geral, sobretudo pelo seu

imobilismo e desfasamento em relação ao mundo empresarial, quer aos professores porque não

ensinam o que deviam, quer ainda aos estudantes que não se empenham o su�ciente. Desta

feita, as escolas não podem alhear-se dos debates cada vez mais frequentes em torno da falta

de qualidade do ensino superior, em particular, sobre as quali�cações e competências que este

deve proporcionar e sobre o elevado insucesso escolar, cujas culpas não poderão recair apenas

sobre os estudantes.

E não se pode �car indiferente ao elevado número de jovens licenciados que, após con-

cluírem os seus cursos, continuam no desemprego, ao não se ajustarem pro�ssionalmente

parecendo, por vezes, existir um divórcio completo entre o ensino e a sociedade. Numa altura

em que são cada vez mais os jovens a frequentar o Ensino Superior, importa criar condições

ao nível do mercado que permita a integração destes estudantes.

No plano do Ensino Superior torna-se, assim, crucial ter em conta a questão das compe-

tências, quali�cações ou capacidades dos alunos, no momento em que entram no mundo do

trabalho, munidos de um diploma.

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2 O Projecto Pensas

O Projecto Pensas, implementado há cinco em Moçambique, resulta de uma parceria entre a

Universidade de Aveiro/PmatE, o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento e o Mi-

nistério da Educação de Moçambique. Tem como principal objectivo a melhoria da qualidade

do Ensino, da Formação e da Aprendizagem da Matemática, da Língua Portuguesa e das Ci-

ências. O público-alvo do Projecto Pensas são os professores do 1o Ciclo de Moçambique, com

enfoque nas áreas do Português e da Matemática, indo desta forma ao encontro da política

de�nida pelo governo moçambicano de modernização dos métodos de ensino e aprendizagem,

através das novas tecnologias. Aquando da sua implementação em Moçambique, o Projecto

Pensas de�niu como uma das prioridades a identi�cação das debilidades do sistema de ensino

moçambicano. A insu�ciente formação dos professores, sobretudo nas áreas do Português e da

Matemática, foi uma das necessidades identi�cadas e daí a aposta forte na formação. Como

ferramenta de auxílio às formações, o Projecto Pensas, com o apoio da Universidade de Aveiro,

desenvolveu um manual de Língua Portuguesa e um de Matemática que têm a particularidade

de irem ao encontro das necessidades dos professores. Os conteúdos foram cuidadosamente

estudados, a �m de não se criar uma ruptura com o público-alvo e com a realidade cultu-

ral moçambicana. Estes conteúdos cientí�cos e didácticos, criados pelo Projecto Pensas para

colmatar as necessidades do Sistema de Ensino Moçambicano, irão ser disponibilizados, em

breve, através de uma plataforma de ensino assistido, a todo o País. Actualmente o Pensas

tem dez centros a funcionar em todo o País, abrangendo todas as províncias moçambicanas.

Os centros estão localizados nas cidades da Beira, Nampula, Chokwé, Inhambane, Chimoio,

Quelimane, Nacala, Moatize, Lichinga e Pemba, e, em cinco anos, já deram formação a mais

de 500 professores, num total de mais de 52 mil alunos do ensino básico que irão bene�ciar

desta formação. Importa referir que as dez salas dos Centros Pensas estão todas equipadas

com computadores e acesso à Internet, permitindo assim que professores e alunos tenham

acesso às novas tecnologias, numa política clara de combate à infoexclusão. O Projecto Pen-

sas destaca-se pela sua abrangência nacional, criando, desta forma, uma rede de escolas que se

encontram interligadas através dos Centros Pensas. Nesse sentido, tem sido feito um esforço

de criar condições de sustentabilidade desta rede, apostando no desenvolvimento de iniciativas

que tornem o projecto cada mais autónomo. Uma dessas acções foi a criação dos Cursos de

Especialização e Mestrado em Língua Portuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa, que

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14 Projecto Pensas

para além de permitirem uma melhoria da qualidade do ensino, criam condições para a obten-

ção de uma fonte de receitas extra que permita o desenvolvimento dos Centros. Paralelamente

à formação que é dada nos centros, o Projecto Pensas tem, nos últimos anos, alargado a sua

actuação a novos projectos. De destacar a actividade �Formação em Acção� que envolveu pro-

fessores portugueses e moçambicanos numa troca de experiências, métodos de aprendizagem

e leccionação em contexto de sala de aula. Mais virado para os alunos, o Pensas dinamiza,

desde 2007, o projecto OUTclass. Trata-se de um projecto que envolve crianças de Portugal

e Moçambique, da escola de Á-dos-Ferreiros, em Águeda e do Colégio Académico da Beira,

que desenvolvem actividades conjuntas, partilhando experiências e conhecimento, através da

internet. Foi criada uma e-comunidade, na qual interagem alunos e professores em torno de

um tema semanal lançado pelo PmatE. Para este efeito todas as escolas foram equipadas com

todas as ferramentas necessárias à prossecução deste projecto, nomeadamente computadores

e ligação à internet.

2.1 Localização dos Centros Pensas

Os Centros Pensas encontram-se localizados em Escolas Secundárias ou Institutos de Formação

de Professores, espalhados por dez províncias de Moçambique, como podemos ver no mapa

da Figura (1).

2.2 Alianças Estratégias

As alianças que se foram estabelecendo em Moçambique ao longo destes anos foram muitas

e variadas e vão desde organismos públicos e privados até às empresas dos mais variados

ramos de actividade. Sem exagero, pode-se a�rmar que o Pensas é bem conhecido por toda

a comunidade académica e, nas localidades onde existem Centros, estes são apontados como

sendo locais onde se faz formação de qualidade. Neste capítulo é imperioso referir o Colégio

Académico da Beira, na Cidade da Beira, e que se transformou na sede do Pensas. Esta

instituição suporta as despesas de instalação das professoras deslocadas em Moçambique e

actua como charneira em todo o processo de formação oferecido aos restantes Centros. A

Bytes&Pieces, empresa moçambicana de informática sediada em Maputo que, além de todo

o suporte que fornece aos centros, aloja e faz manutenção dos servidores do Pensas. Este

apoio vai muito para além daquilo que está contratualizado. A Embaixada de Portugal e os

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Pensas: Relatório de Actividades 2010 15

Figura 1: Lichinga (Niassa) - IFP de Lichinga

(a ser instalado durante 2011). Pemba (Cabo Del-

gado) - IFP de Pemba. Nacala (Nampula) - Escola

Luís de Camões. Nampula (Nampula) - Escola Lu-

sófona de Nampula. Moatize (Tete) - Escola Heróis

Moçambicanos. Quelimane (Zambézia) - IFP de

Quelimane. Chimoio (Manica) - Escola Secundá-

ria Samora Moisés Machel. Beira (Sofala) - Colé-

gio Académico da Beira. Inhambane (Inhambane)

- Escola Emília Daússe. Chokwé (Gaza) - Escola

Secundária do Chokwé.

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16 Projecto Pensas

serviços da Cooperação dirigidos pelo Dr. Diogo Franco, Conselheiro para a Cooperação, e em

particular a Dra. Mónica Tavares cujo trabalho junto do Ministério de Educação e Cultura

tem ajudado a ultrapassar muitos obstáculos.

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3 Actividades desenvolvidas

Nesta secção apresentam-se as principais actividades desenvolvidas no ano 2010. As pessoas

que se deslocam a Moçambique ao serviço do Pensas tentam sempre que possível congregar

um conjunto de actividades de apoio ás actividades da cooperação portuguesa. Este é um dos

aspectos importantes em todo o trabalho deste projecto. Deste modo não será exagerado dizer

que o Pensas está ao serviço da Cooperação Portuguesa e que esta pode contar com todas as

pessoas que trabalham neste projecto.

3.1 II Reunião de Centros Pensas

Realizou-se nos dias 26 e 27 de Maio de 2010, a II Reunião de Centros Pensas, desta feita

na cidade da Beira. O encontro contou com a presença dos responsáveis do Projecto Pen-

sas, dos directores dos Centros, elementos do Ministério da Educação de Moçambique e do

Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento. Tinha como principal objectivo fazer um

balanço ao trabalho desenvolvido pelo projecto e apresentar os desa�os e propostas para 2011.

Na sessão de abertura, o coordenador o Pro-

jecto Pensas, António Batel Anjo, destacou

os 500 professores que já foram formados pelo

Pensas, para além da aposta que tem sido

feita ao nível do ensino experimental (para

além do ensino da matemática e do portu-

guês) e da formação pós-graduada. Rogério

Cossa, do Ministério da Educação, realçou o

trabalho que tem vindo a ser desenvolvido ao

nível da formação de professores. Considera que tem sido feito �um esforço enorme para ca-

pacitar os professores em exercício�, acreditando que �esse esforço irá contribuir para uma

melhoria da qualidade de ensino�.

Mónica Tavares, do IPAD, reconheceu também o trabalho realizado pelo Pensas nos últi-

mos cinco anos, apesar das di�culdades que foram detectadas no terreno (e que se prendem

sobretudo com o acesso à internet). Entendeu ser impossível estar no mesmo nível de forma-

ção em todos os centros, atendendo às di�culdades sentidas, mas deixou como sugestão que

a formação fosse dada ao nível local, isto é, de todas as escolas de cada província. E esta foi

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18 Projecto Pensas

uma das conclusões que saíram da II Reunião de Centros Pensas, onde foram apresentadas

diversas propostas para 2011 relacionadas com as mais variadas áreas de actuação do projecto.

Replicar a formação para todas as escolas foi uma das principais propostas para desenvolver

no próximo ano.

No que respeita à distribuição do material didáctico �cou decidido que a partir do próximo

ano esta função passaria para a responsabilidade das Direcções Provinciais de Educação. Serão

as DPE's o canal de contacto entre as escolas e os centros. Foi ainda defendida uma maior

aproximação entre os centros e as escolas de cada província através da observação das aulas

dos professores que receberam formação. O objectivo passa por analisar essas mesmas aulas

e identi�car problemas que possam existir e que necessitem de uma reformulação ao nível da

formação.

Os directores dos centros consideram que este acompanhamento é fundamental para a

avaliação dos professores e para a identi�cação dos pontos fortes e fracos da formação que é

dada em cada centro. Consideram que seria importante a monitorização das aulas de forma a

serem identi�cadas as principais di�culdades dos professores. Ficou ainda decidida a realização

das Competições Regionais de Português e Matemática nos centros da Beira e Nampula e a

possibilidade de se vir a realizar também em Inhambane. Pretende-se ainda integrar algumas

escolas do interior das respectivas províncias, de forma a alargar o projecto à comunidade.

Foi então solicitado apoio para o transporte dos alunos dessas escolas que �caria sob a

responsabilidade das DPE's. Ficou acordado que as DPE's iriam entrar em contacto com as

escolas no sentido de se encontrar uma solução para transportar as crianças das escolas mais

distantes, com a ressalva de que cada delegação só assegurará o transporte dos alunos da sua

província. Para 2011 �cou ainda o compromisso da entrada em funcionamento da plataforma

do projecto Pensas, permitindo assim que todos os professores e responsáveis envolvidos no

projecto possam aceder, via internet, a todos os conteúdos disponibilizados. Pretende-se com

esta plataforma criar a possibilidade de acesso, em qualquer parte do país, e utilizá-la como um

meio de difusão dos conteúdos do Pensas. Os directores dos Centros Pensas alertaram ainda

para a necessidade de se delinear uma maior intervenção ao nível do Ministério da Educação

e das Delegações Provinciais, no sentido de se conseguir uma melhor articulação entre os

diferentes organismos estatais. Rogério Cossa como desa�o para 2011 deixou a sugestão de

se alargar a formação a outras áreas do conhecimento. Também os directores pediram mais

Page 21: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

Pensas: Relatório de Actividades 2010 19

formação na área das ciências experimentais. Considera importante o desenvolvimento do

gosto pelas ciências e pelas experiências cientí�cas. Ficou ainda o compromisso de colocar em

funcionamento assim que as condições técnicas de ligação à internet o permitam, os centros

de Moatize, Nacala e Lichinga.

Durante a reunião foi ainda abordada a Sustentabilidade da Rede Pensas, isto é, depois

de implementado o projecto, com todos os centros a funcionar será preciso garantir apoios

para que a formação continue a ser uma opção para os professores. Os directores dos centros

mostraram-se preocupados com o futuro na medida em que receiam que os equipamentos

deixem de ter manutenção, e por consequência, deixem de funcionar. O coordenador do

Projecto Pensas disse ser �urgente pensar na sustentabilidade dos centros�. Um primeiro passo

já está a ser dado no sentido da sustentabilidade. Trata-se da entrada em funcionamento do

Mestrado em Língua Português e Literaturas de Expressão Portuguesa, que irá funcionar nos

centros da Beira e de Nampula. Os mestrados e cursos de pós-graduação foram apontados

como uma forma de rentabilizar e garantir a sustentabilidade dos centros. Uma outra sugestão,

e que deverá começar a ser trabalhada nos próximos anos, é uma maior aproximação às

comunidades, tendo em vista a sustentabilidade do projecto. Outra ideia que saiu da reunião

foi a de se rentabilizar os centros com acções de formação de formadores, vista como uma

forma de dinamizar e desenvolver os centros, ao alargar-se as actividades. Em Março de 2011

irá realizar-se a III Reunião de Centros Pensas, em data e local ainda a de�nir, mas com o

objectivo principal de se debater a utilização da plataforma Pensas e a Sustentabilidade da

Rede Pensas.

Page 22: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

20 Projecto Pensas

3.2 Formação de Professores

Nos períodos de Fevereiro a Abril e de Julho a Outubro de 2010, no âmbito do Projecto Pensas,

realizaram-se cinco acções de formação de Língua Portuguesa e quatro de Matemática. Nessas

sessões, exploraram-se duas novas unidades temáticas, abaixo referidas, e recorreu-se, como

instrumento auxiliar didáctico, ao equipamento informático existente em cada centro. No que

respeita à Língua Portuguesa, o objectivo de cada formação (dividida em cinco blocos de 3

horas) foi o de promover o acto de inferição, por parte dos professores, que, através de um

processo indutivo de raciocínio, descortinaram as regras subjacentes aos diferentes exercícios.

Pretende-se também que esta seja uma fórmula a levar para o contexto de sala de aula:

demonstrar que esta é uma estratégia capaz de desenvolver a atitude lógica dos alunos.

O estudo da epítome das regras foi auxiliado pela exposição, através do recurso do power

point e do projector, para que assim se tornasse mais pro�ciente a discussão em grupo dos

diferentes assuntos. O manual: Pens@r a língua portuguesa- a ortogra�a1 foi um recurso per-

manente ao longo de toda a formação. Este consistia numa versão digital, onde os formandos

puderam resolver os exercícios, e numa outra em papel, que por sua vez serviu para o registo

das resoluções e, por consequência, para consulta em momentos posteriores à formação. Nele,

encontram-se também descritos os conteúdos informativos analisados em power point. Já no

que concerne às formações de Matemática, estas organizaram-se, de igual modo, em cinco

blocos teórico-práticos cada.

Cada Bloco foi constituído por três fases:

1. apresentação dos conteúdos

• Apresentação de conteúdos didácticos associados à proporcionalidade directa e in-

versa.

• Demonstração das funcionalidades do excell e do graph e as suas aplicações na

resolução dos problemas

2. realização de trabalhos de grupo

Os formandos, divididos em grupos de dois ou três elementos cada, deverão proceder à

análise/resolução de problemas, à troca de ideias com alguns dos outros grupos de traba-

lho e à argumentação. Pretende-se, com esta acção de formação, incentivar os formandos

Page 23: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

Pensas: Relatório de Actividades 2010 21

na organização e tratamento de dados através do cálculo das medidas estatísticas (de

centralidade e de dispersão), da sua interpretação e representação grá�ca. A resolução

desses exercícios podem ser resolvidos manualmente e/ou com recurso ao Excel.

3. apresentação dos trabalhos

Pretende-se, nesta fase, observar o modo como os formandos expõem os resultados ob-

tidos, fazer uma análise crítica sobre a apresentação dos trabalhos e partilhar sugestões

metodológicas para melhorar o ensino-aprendizagem do conteúdo em questão.

3.2.1 Dados Estatísticos

Apresentam-se em seguida alguns dados estatísticos referentes à formação efectuada nos Cen-

tros Pensas em 2010. De salientar que todos os dados apresentados estão em valores absolutos

dada a muita dispersão e a pouca relevância estatística que teriam outras análises.

Dos grá�cos anteriores pode observar-se uma disparidade grande entre os Centros Pensas

da Beira e de Nampula comparando, por exemplo, com Quelimane. Esta assimetria tem que

ver sobretudo com a dinâmica própria dos Centros bem como na facilidade de contacto com as

estruturas locais do Ministério de Educação e Cultura. Assim, durante as acções de formação,

sempre que oportuno, lançou-se aos professores o desa�o �Simulação de aula�. Este exercício

consistia na proposta de uma abordagem pedagógica relativa a um conteúdo matemático

especí�co. Deste modo, criou-se um espaço de re�exão e discussão sobre estratégias através

das quais o professor pode induzir o aluno a construir o seu conhecimento matemático e

desenvolver raciocínios geométricos. Estimativa dos alunos abrangidos por este conjunto de

formações Considerando que cada turma do Ensino Secundário tem em média 65 alunos (entre

60 a 70) e que, cada professor, em regime normal, tem a seu cargo 5 turmas, estima-se, assim,

uma média de 325 alunos por professor. Segue-se a Tabela (??) com o número total de

professores e de alunos abrangidos indirectamente pelo Projecto em cada Cidade/Província:

3.3 ForLíngu@MOZ

ForLíngu@MOZ � Formação em Rede para o Desenvolvimento da Língua Portuguesa em

Moçambique - é um projecto de cooperação desenvolvido pela Universidade de Aveiro/Projecto

Pensas, e que conta com a parceria do Ministério da Educação e Cultura de Moçambique e

do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD).

Page 24: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

22 Projecto Pensas

Figura 2: Distribuição de escolas e profes-

sores envolvidos na formação em 2010.

Figura 3: Número de escolas envolvidas na formação em 2009.

Page 25: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

Pensas: Relatório de Actividades 2010 23

Figura 4: Distribuição dos professores pelas Províncias.

Page 26: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

24 Projecto Pensas

Cidade No Professores No Alunos

Quelimane 33 10.725

Nampula 25 8.125

Inhambane 26 8.450

Beira 10 3.250

Chimoio 21 6.825

Total 115 37.375

Tabela 9: Total de alunos abrangidos.

São objectivos especí�cos deste projecto, contribuir para a formação de professores moçam-

bicanos de Língua Portuguesa, para além de promover a aprendizagem da Língua Portuguesa,

das Literaturas de Expressão Portuguesa (com particular incidência nas africanas) e das Tec-

nologias e sua certi�cação.

3.3.1 O projecto e os seus objectivos

Com o intuito de cooperar num plano estratégico de consolidação, expansão e melhoria do

sistema de formação dos professores de Português em Moçambique e dos licenciados moçam-

bicanos nas áreas das Humanidades, a Universidade de Aveiro, em parceria com o Ministério

da Educação e Cultura de Moçambique e com o apoio do IPAD (Cooperação Portuguesa),

deu início, no dia 26 de Julho de 2010, aos cursos de Especialização em Língua Portuguesa

e Literaturas de Expressão Portuguesa, que vão complementar, tal como o Mestrado com o

mesmo nome que arranca em meados do próximo ano, as acções de formação de professores

Português, iniciadas em 2007, nos diferentes Centros da Rede Pensas. Integrados no projecto

ForLíngu@MOZ, estes cursos visam dar um contributo para suprir a reduzida capacidade

Page 27: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

Pensas: Relatório de Actividades 2010 25

das instituições de ensino superior moçambicanas na atribuição de graus académicos de pós-

graduação reconhecidos internacionalmente, bem como a insu�ciência de condições logísticas e

humanas que permitam a progressão académica dos professores e licenciados de Moçambique.

Enquadram-se, assim, numa estratégia de desenvolvimento cientí�co e cultural deste país de

língua o�cial portuguesa e têm como objectivo contribuir para o dotar de recursos humanos

quali�cados que respondam às múltiplas necessidades de ensino do Português.

Período Actividade 15 de Fevereiro a 27 de Março Candidaturas ao Curso de Especiali-

zação em Língua Portuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa. 27 de Março de 2010

Entrevistas aos candidatos ao Curso de Especialização em Língua Portuguesa e Literaturas

de Expressão Portuguesa, no Colégio Académico da Beira e na Escola Lusófona de Nampula.

Abril Seriação dos candidatos ao Curso de Especialização. Foram seriados 30 candidatos em

Nampula e outros 30 na Beira. 20 de Maio a 11 de Junho Período de inscrição dos candidatos

seriados para frequentarem o Curso de Especialização.

3.3.2 Actividades desenvolvidas

• 15 de Fevereiro a 27 de Março � Candidaturas ao Curso de Especialização em Língua

Portuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa.

• 27 de Março � Entrevistas aos candidatos ao Curso de Especialização em Língua Por-

tuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa, no Colégio Académico da Beira e na

Escola Lusófona de Nampula.

• Abril � Seriação dos candidatos ao Curso de Especialização. Foram seriados 30 candi-

datos em Nampula e outros 30 na Beira.

• 20 Maio a 11 de Junho � Período de inscrição dos candidatos seriados para frequentarem

o Curso de Especialização.

• 26 de Julho a 6 de Agosto � Aulas presenciais do 1.o semestre do Curso de Especialização:

� Colégio Académico da Beira � 26 de Julho � 6 de Agosto: Português Avançado

I (Carlos Morais), Conteúdos e Ferramentas para o Ensino do Português I (João

Torrão), Técnicas de Expressão do Português (António Moreno)

Page 28: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

26 Projecto Pensas

� Escola Lusófona de Nampula � 26 de Julho � 6 de Agosto: Conteúdos e Ferramentas

para o Ensino do Português I (João Torrão), Técnicas de Expressão do Português

(António Moreno), Português Avançado I (Carlos Morais)

• 1 de Setembro a 30 de Novembro � Actividades à distância no âmbito das três disciplinas

leccionadas.

• Dezembro � Avaliação.

3.3.3 Pós-graduações em Língua Portuguesa e Literaturas de Expressão Portu-

guesa

Desenhados para funcionar em regime de b-learning, tanto o Curso de Especialização como

o Mestrado repartem as suas aulas por sessões a distância e por sessões presenciais, que

decorrerão nas cidades da Beira (Colégio Académico) e de Nampula (Escola Lusófona).

Em 2010, o Pensas arrancou com o Curso de Especialização em Língua Portuguesa e

Literaturas de Expressão Portuguesa, que teve uma procura acima das expectativas. Concor-

reram 34 licenciados para a Beira e 59 para Nampula, que realizaram, no dia 27 de Março,

uma entrevista escrita, prevista nos critérios de seriação que estariam na base da escolha dos

60 candidatos admitidos (30 em cada cidade), com idades compreendidas entre os 22 e os 69

anos e oriundos, sobretudo, do norte e centro de Moçambique.

Ainda que maioritariamente residentes nas cidades seleccionadas para acolher o Curso (23

na Beira e 26 em Nampula) ou em cidades próximas, os alunos, têm as suas raízes nas 10

províncias de Moçambique e ainda em Portugal (1).

Isso explica que a paleta de línguas maternas seja muito variada, predominando o Emakhuwa

entre os alunos de Nampula (14 falantes) e a Língua Portuguesa entre os da Beira (8).

Igualmente merecedor de registo é o facto de o grupo da Beira, com metade dos alunos

na casa dos 20-30 anos e uma média de idades a rondar os 35 anos, ser mais jovem do que o

de Nampula, que apresenta uma média de idades acima dos 43 anos, situando-se metade dos

alunos entre os 40 e os 50 anos.

Não obstante a heterogeneidade cultural, linguística e etária de cada grupo, os alunos,

formalizadas as inscrições em Junho de 2010, aderiram com grande entusiasmo ao Curso

(ver entrevistas ao lado), em regime de b-learning, cujas aulas presenciais do 1.o semestre,

Page 29: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

Pensas: Relatório de Actividades 2010 27

Províncias CE Beira CE Nampula

Naturais Residentes Naturais Residentes

Niassa 1 3

Cabo Delgado 7 4

Nampula 9 26

Tete 4

Zambézia 5 4 6

Sofala 6 23 1

Manica 4 3

Inhambane 3 1

Gaza 2

Maputo 4 2

Tabela 10: Origem dos alunos inscritos no Curso de Especialização.

ministradas pelos Professores Carlos Morais (Português Avançado I), João Torrão (Conteúdos

e Ferramentas para o Ensino do Português I) e António Moreno (Técnicas de Expressão do

Português), decorreram entre 26 de Julho e 6 de Agosto de 2010. Destaque-se que o início

do Curso, em Nampula, foi precedido por uma cerimónia festiva com rituais, danças e cantos

típicos do Norte do país, encerrando com discursos de representantes locais, da Escola Lusófona

e da Universidade de Aveiro e com os hinos português e moçambicano, interpretados por um

coro de crianças macuas.

As aulas presenciais do 2.o semestre, incidindo não tanto na vertente linguística mas mais

na área das literaturas de língua portuguesa, foram asseguradas, entre os dias 10 e 21 de

Janeiro de 2011, pelos Professores António Manuel Ferreira (Literatura Moçambicana), Paulo

Pereira (Literaturas em Língua Portuguesa) e Carlos Morais (Conteúdos e Ferramentas para

o ensino do Português II), do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro.

Com a duração de um ano ou dois semestres lectivos, correspondentes a 48 ECTS, o Curso

de Especialização em Língua Portuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa, incremen-

tando o uso das novas Tecnologias no processo de ensino e aprendizagem, pretende responder

a necessidades de formação especí�ca nas áreas cientí�cas (AC) de Língua Portuguesa (L), de

Page 30: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

28 Projecto Pensas

Línguas Maternas CE Beira CE Nampula

Cinyanja 1

Ciyao 1 2

Shimakonde 3

Emakhuwa 14

Elomwe 1

Echuwabo 1 5

Shona 1

Cisena 2 2

Ciniyungwe 2

Cindau 3

Ciwutewe 1

Cimanika 2

Xitshwa 4 1

Xichangana 2

Gitonga 1

Xironga 1 2

Tabela 11: Línguas maternas dos alunos inscritos no Curso de Especialização.

Ciências da Linguagem (CL) e de Estudos Literários (EL), estando a sua estrutura modular

orientada para pro�ssionais ou futuros pro�ssionais que procuram formação complementar

especí�ca ou actualização de competências nestes domínios.

No seguimento do Curso de Especialização surge o Mestrado em Língua Portuguesa e

Literaturas de Expressão Portuguesa que responde igualmente a necessidades de formação

especí�ca nas áreas cientí�cas (AC) de Língua Portuguesa (L), de Ciências da Linguagem

(CL) e de Estudos Literários (EL).

Este ciclo de estudos, que confere o grau de Mestre pela Universidade de Aveiro, tem

como objectivos especí�cos desenvolver a capacidade de conciliar a re�exão teórica com a

capacidade de aprofundar competências de análise literária; desenvolver as competências oral

e escrita em Português; fomentar o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no

Page 31: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

Pensas: Relatório de Actividades 2010 29

processo de ensino e aprendizagem; e contribuir para a divulgação e a�rmação do Português

como língua internacional, respeitando as suas variantes nacionais. Registe-se que, no 2.o ano,

o aluno poderá optar entre a área de Ciências da Linguagem e a área de Estudos Literários

para fazer a sua dissertação de Mestrado.

Estes dois ciclos de estudos constituem, assim, um instrumento de valorização pro�ssi-

onal e de actualização de conhecimentos e competências, bem como um meio privilegiado

de formação cientí�ca necessária ao exercício de docência e a uma investigação autónoma por

parte dos professores de Português em Moçambique, abrindo-lhes caminhos para uma eventual

prossecução de estudos ao nível do 3.o ciclo (Doutoramento).

3.4 Criação de Manuais

Para uma adequada formação dos professores abrangidos pelo projecto Pensas, todas as acções

desenvolvidas tiveram como suporte físico manuais: dois de Língua Portuguesa e outro de Ma-

temática, intitulados, respectivamente, �PENSAR A LÍNGUA PORTUGUESA - A ortogra�a

I� ; �PENSAR A LÍNGUA PORTUGUESA - A ortogra�a II� e �MAT1,2,3: proporcionalidade

directa e inversa�. No seguimento das formações anteriores, os conteúdos destes manuais foram

cuidadosamente estudados, com o propósito de não se criar uma ruptura com seu público-alvo

e desta forma se ir ao encontro das suas mais profundas necessidades. Assim, trabalharam-

se os enunciados dos exercícios e os exemplos relativos aos esclarecimentos teóricos, que se

basearam, sempre que possível, na realidade cultural moçambicana. Apostando na máxima

interacção dos formados com o programa das formações, a probabilidade de os conhecimen-

tos serem devidamente apreendidos aumenta. No processo de ensino-aprendizagem, o manual

serve de guia aos formandos e de auxiliar nas suas actividades como docentes. No que respeita

à Língua Portuguesa, o segundo manual (dividido em capítulos I e II) abordou a temática da

ortogra�a. A entrada em vigor do novo acordo ortográ�co em todos os PALOP, aliada ao já

de�citário domínio da ortogra�a da língua portuguesa por parte dos professores moçambica-

nos, aguçou uma necessidade de discriminar, analisando atentamente, todas as bases do novo

acordo contempladas por esta mudança. Mais do que dissecar todas estas regras, com esta

acção pretendeu-se também:

1. Perspectivar, de molde panorâmico, a história da ortogra�a da língua portuguesa;

Page 32: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

30 Projecto Pensas

2. Analisar, em jeito comparativo, o acordo de 1945 e o de 1990;

3. Re�ectir sobre os motivos subjacentes à imposição das novas regras;

4. Estimular uma atitude crítica /activa por parte dos formandos;

5. Fornecer modelos de exercícios atractivos e adaptados às di�culdades do processo de

ensino moçambicano.

O Projecto Pensas é um projecto aberto e receptivo a opiniões e solicitações e, por isso,

grande parte destas temáticas são escolhidas em virtude das necessidades demonstradas pelos

professores participantes nas acções de formação. No que diz respeito à estrutura do manual de

Ortogra�a I e II, pode-se dizer que, numa primeira fase, se procedeu à exploração dos conteúdos

através de propostas de exercícios que visaram uma perspectiva e análise comparativa (entre

os acordos de 1945 e 1990). O objectivo pretendido é que sejam os professores a inferir, através

de um processo indutivo de raciocínio, as regras subjacentes aos diferentes exercícios e, desta

feita, não se apresentem apenas como meras entidades absorventes. Pretende-se também que

esta seja uma fórmula a levar para o contexto de sala de aula. Estimular os professores a

não seguirem somente a estrutura plasmada no manual; demonstar que esta é uma estratégia,

capaz de desenvolver a atitude lógica dos alunos. Esta foi, sem dúvida, a linha precípua que

perpassou toda a estrutura dos manuais criados: por meio da resolução de um conjunto de

exercícios subordinados ao mesmo tema, inferir conclusões e conduzir, num momento último

à construção da regra. De referir ainda que, à semelhança do que anteriormente foi feito,

na elaboração dos manuais, foi destinado um espaço para a resolução dos exercícios e sua

respectiva correcção.

As soluções de todos os exercícios são disponibilizadas, no �m das sessões, na Plataforma

de Ensino do Projecto Pensas. O objectivo é que, ao possuírem um manual de cada formação,

com exercícios, respostas e �chas informativas, os professores recolham e possam guardar a

informação que receberam e possam partilhá-la, inclusive, com outros professores das suas

Escolas. No caso da disciplina de Matemática, a �nalidade da brochura, intitulada �Propor-

cionalidade Directa e Inversa� foi essencialmente a de suprir algumas lacunas na formação

cientí�ca e didáctica dos professores, e complementá-la com algumas novas abordagens de

aprendizagem e ensino na área da proporcionalidade, nomeadamente com conteúdos teóricos,

exemplos, modelos de exercícios e resoluções diferentes daqueles que �guram nos tradicionais

Page 33: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

Pensas: Relatório de Actividades 2010 31

manuais do Currículo moçambicano. Apostar, no fundo, em novas formas de pensar a Mate-

mática. Estas novas abordagens baseiam-se na análise de situações e problemas da vida real e,

também, na identi�cação de problemas relacionados com a proporcionalidade que permitem

a sua interpretação e resolução.

Os próximos manuais contemplarão temas como a �Estatística� (formação III), �Funções�

(formação IV) e �Trigonometria� (formação V). A presença das formadoras no terreno é de má-

xima importância. Assim, o acompanhamento e apoio aos professores não se centraliza apenas

nas horas que são cedidas às formações, mas estende-se a outras alturas em que o professor

possa necessitar de apoio. Essa troca de informação pode ser feita in praesentia ou recorrendo

ao uso das novas tecnologias. Pode ainda ser feita, não só entre professores/formadores, mas

também, entre os professores dos diferentes centros, graças ao sistema de rede implementado.

Os computadores e o recurso à internet são ferramentas que podem complementar os

conteúdos dos manuais fornecidos nas formações. Programas como o hotpotatoes, usado ao

serviço da Língua Portuguesa e como o excell e o graph foram também usados como auxiliares-

pilar nestas formações. O hotpotatoes é um programa que permite, através de quatro módulos

(o Jquiz - Testes mistos (Escolha Múltipla - Resposta Simples); JMix - Sopa de palavras;

JCross - Palavras Cruzadas e o JMatch � Exercícios de correspondência), o exercício e a

avaliação de conteúdos programáticos de uma forma dinâmica e interactiva, capaz de suscitar

um maior interesse pelo ensino-aprendizagem. O software graf permite representar funções

gra�camente e inclui um zoom com diversas opções. As representações grá�cas elaboradas

com recurso ao Graph podem ser guardadas como imagens e, posteriormente, usadas noutras

aplicações, como por exemplo, o Microsoft O�ce Word ou o Microsoft O�ce Powerpoint.

O Excel apresenta ferramentas que proporcionam um melhor tratamento dos dados e uma

melhor organização na obtenção dos resultados. O manual de Matemática, disponibiliza ainda

um conjunto de instruções que permitem ao formador utilizar os softwares e aplicá-los em

momentos posteriores, de forma autónoma.

Os modelos geradores de questões são também um recurso utilizado nas formações, quer

como teste diagnóstico, quer como avaliação dos conhecimentos adquiridos.

Page 34: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

32 Projecto Pensas

3.5 Competições regionais Matmoz e Pensar@Língua

Com o intuito de atribuir continuidade e expansão à a�rmação da capacidade de organização

e de motivação das escolas que gravitam em torno dos Centros, organizaram-se este ano duas

competições regionais. Continuidade, na medida em que à primeira edição das competições de

matemática organizadas no ano lectivo anterior, na cidade da Beira, se acrescentou a segunda

realizada na mesma cidade. Expansão, porque esta actividade teve também, este ano, lugar na

cidade de Nampula. Para além disso, acrescentou-se ainda a primeira edição das Competições

de Língua Portuguesa, em ambas as cidades. Assim, no período de Julho a Outubro de 2010,

desenvolveram-se várias sessões semanais de treinos de preparação para as Competições de

Língua Portuguesa e Matemática. Estas sessões envolveram seis Escolas da cidade da Beira:

a Escola Nossa Senhora de Fátima, a Escola Secundária do Estoril, a Escola Secundária Sansão

Mutemba, a Escola Secundária Samora Machel, a Escola Secundária da Manga e o Colégio

Académico; escola an�triã e, portanto, onde teve lugar não só o dia da Competição como

todas as provas de treino realizadas.

Em Nampula foram envolvidas cinco escolas: Escola Secundária de Nampula, Escola Se-

cundária de Namicopo, Escola Secundária de Muatala, Escola Secundária 12 de Outubro e

Escola Lusófona, escola onde decorreram os treinos e as competições nesta cidade. Neste

período, doze alunos (da nona classe) de cada escola, agrupados em equipas de dois elemen-

tos, a�uíram às referidas escolas, especi�camente à sala Pensas, onde, uma vez por semana,

durante três horas aproximadamente, se entrosaram com a plataforma e treinaram os seus

conhecimentos de Matemática e de Língua Portuguesa. Foram criados logótipos; foi elabo-

rado um modelo de t-shirts para os alunos usarem como distintivo, no dia das Competições;

foram produzidos e enviados vários documentos, quer para as escolas quer para as entidades

patrocinadoras, quer ainda para todas as restantes envolvidas na actividade; foram criados

certi�cados de participação para oferta a todos os alunos. Para além da sala da prova, no

Page 35: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

Pensas: Relatório de Actividades 2010 33

dia do evento, alunos e professores dispuseram ainda de mais 6 espaços didácticos, abaixo

referidos:

1. Cálculo - Aqui exercitaram-se os mecanismos utilizados na resolução de problemas ma-

temáticos; o treino da lógica matemática, de molde a dotar os alunos de ferramentas

práticas desta ciência capazes de serem utilizadas no seu quotidiano.

2. Linguagem - Como instrumento de comunicação, possibilitando simultaneamente as ca-

pacidades de compreensão e processamento de informação, a linguagem é uma compo-

nente básica para o conhecimento. A linguagem verbal, ainda que se apresente como

uma competência fácil e intuitiva, não deixa de constituir um processo mental complexo

e, por isso, explorada através de diversos exercícios.

3. Percepção - A percepção, mais especi�camente a percepção visual, constituiu outra das

temáticas das actividades que complementaram o dia das Competições. Sendo que é a

partir da visão que o ser humano recebe mais estímulos vindos do exterior, a observação

desempenha um papel ímpar no exercício de desenvolvimento mental. A compreensão e

organização espacial é de igual modo premente neste domínio e, por isso, também, aqui

estimulada.

4. Memória - É a capacidade que nos permite registar no cérebro a informação que recebe-

mos e acumulamos ao longo da nossa vida. A �nalidade dos jogos realizados nesta sala

foi a de desenvolver diferentes técnicas mnemónicas, de forma a aumentar a pro�ciência

da memória dos alunos.

5. Raciocínio - O raciocínio é um mecanismo de inteligência presente nas diversas activi-

dades mentais. Com base nas regras da lógica, permite, através da análise de princípios,

do estabelecimento de relações, da exposição de deduções, inferir conclusões. Nesta sala,

desenvolveram-se exercícios que testaram estas componentes.

6. Enigma - Neste espaço foram incluídos exercícios com enigmas populares; visuais, em

que a imagem que acompanha o enigma é parte integrante na resolução da incógnita e

matemáticos, aqueles que para a sua resolução necessitam de operações que envolvam

cálculos elementares.

Page 36: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

34 Projecto Pensas

O encontro terminou com o registo, por parte dos alunos, de uma mensagem concernente

à sua participação neste evento. Dispunham de dois murais, subordinados ao tema: Pensa a

tua mensagem, de tintas, pincéis, papel e canetas.

A par dos murais, foi criado um cenário onde �guraram os super heróis do conhecimento:

Íman Nampula, super-heroína de Química; Clara Flora, super-heroína de Biologia; Sebastião

Til, super-herói de Língua Portuguesa e Pi Mioshi, super-herói de Matemática. Aí, num

momento lúdico, os alunos puderam tirar fotogra�as com o seu super-herói preferido. Este

cenário serviu ainda de palco para as fotogra�as de grupo. Acompanhado com o slogan �E tu

serás capaz?�, pretendeu-se apelar à participação nesta actividade de mais e diferentes alunos.

Todos os jogos foram acompanhados por professores e classi�cadas as melhores equipas de

cada escola. No �nal do dia, atribuiu-se um prémio à equipa vencedora bem como às equipas

que obtiveram os três melhores resultados na prova.

3.6 Formação em Acção

O principal objectivo da actividade Formação em Acção, dinamizada pelo Pensas, é a parti-

lha de experiências de leccionação, bem como dos conteúdos leccionados nos diferentes níveis

de ensino e da avaliação. Pretende-se ainda apostar na transferência de saberes através da

formação tradicional, mas também a transmissão de boas práticas. Esta iniciativa conta com

a colaboração com o Ministério de Educação e Cultura de Moçambique, que �ca encarregue

de seleccionar os professores de Português e Matemática para participarem no Formação em

Acção. Em 2010, foram seis os professores moçambicanos (de Português e Matemática) que

durante duas semanas, de 29 de Novembro a 10 de Dezembro, tiveram a oportunidade de

conhecer de perto a realidade do ensino português, ao serem recebidos pela Cooperativa de

Ensino Didaxis, de Riba de Ave, no âmbito da iniciativa Formação em Acção. Para além dos

professores, este ano participaram também na acção elementos ligados às entidades instituci-

onais, como sejam as Delegações Provinciais de Educação e o Ministério da Educação. Desde

Page 37: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

Pensas: Relatório de Actividades 2010 35

o dia em que chegaram até regressarem às suas escolas, em Inhambane e Chokwé, os sete

professores tiveram de cumprir um horário, à semelhança dos colegas portugueses. Tiveram

um horário completo, das 10h às 17h, sempre com aulas que abrangeram todos os ciclos de

ensino, desde o 7o ao 12o ano. Os professores moçambicanos tiveram também a oportunidade

de assistir às aulas leccionadas pelos docentes da Didaxis, para além da responsabilidade de

ajudar na plani�cação. No �nal, foi ainda permitido que leccionassem uma aula de Português

e outra de Matemática, supervisionada pelos professores portugueses.

Os professores participantes no Formação em Acção realçaram as muitas diferenças exis-

tentes entre o ensino em Portugal e em Moçambique. Essas diferenças veri�cam-se ao nível do

acesso às novas tecnologias e aos próprios manuais utilizados por alunos e professores. Con-

tudo, garantem que levam na bagagem novas experiências para porem em prática nas salas de

aula das escolas de Inhambane e do Chokwé.

Lista de Participantes das Províncias de Inhambane (Inhambane) e Gaza (Chokwé):

• Rosa Gove, Matemática, Escola Secundária de Chokwé;

• Silvério Titas, Matemática, Escola Secundária de Chokwé;

• José Pedro Tinga, Matemática, Escola Emília Daússe (Inhambane);

• Carlos Elísio, Português, Escola Emília Daússe (Inhambane);

• Teresa Fabião, Português, Escola Emília Daússe (Inhambane);

• Inácio Sigaúque, Português, Escola Secundária de Chokwé;

• Gina Guibunda, Ministério da Educação;

• Maria Jacinta Madeira, Direcção Provincial de Educação de Sofala.

3.7 OUTclass - Geminar pela Educação

O objectivo do Projecto OUTclass é a difusão da Língua Portuguesa e a promoção do gosto

pelas Ciências através da consagração do uso dos computadores e da Internet como ferramentas

de aprendizagem. Pretende a�rmar uma forma de cooperar, que permita o desenvolvimento

sustentado e o envolvimento da sociedade em projectos de Educação, que quali�quem alunos e

professores a nível tecnológico, estimulando-os a partilhar novas formas de aprendizagens mais

Page 38: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

36 Projecto Pensas

dinâmicas e interactivas. A Internet permite aos professores e alunos estreitar as distâncias

físicas entre os diferentes Países, e dentro do mesmo País, criando um ambiente de convívio

fraterno ao mesmo tempo que desenvolve um ambicioso programa de trabalho. Os alunos em

e-comunidade têm a oportunidade de realizar, em ambiente de sala de aula e monitorizados

por um professor, actividades semanais que lhes permitem trocar experiências interculturais

através da exploração de exercícios que lhes concedem um diferente entendimento do Mundo.

3.7.1 História

Em Janeiro de 2007, a Universidade de Aveiro, em cooperação com o Instituto Português de

Apoio ao Desenvolvimento, a Câmara Municipal de Águeda e o Ministério da Educação, criou

o projecto OUTclass. Este projecto consistiu na criação de uma e-comunidade onde interagem

alunos e professores em torno de um tema semanal lançado pelo Projecto Matemática Ensino

da Universidade de Aveiro e que será trabalhado, numa sessão de um programa de comunicação

ponto a ponto. Para este efeito todas as escolas foram equipadas com todas as ferramentas

necessárias à prossecução deste projecto. No decorrer dos dois últimos anos, foi possibilitada,

aos alunos da Escola Básica À-dos-Ferreiros, em Águeda, Portugal e do Colégio Académico da

Beira, em Moçambique, a troca de experiências e conhecimentos nas diversas áreas do saber

que contribuíram para o seu enriquecimento cultural, para o aumento do respeito pelo outro

e para o interesse pelas diversas culturas.

3.7.2 Rede de Escolas

Devido ao elevado número de alunos moçambicanos em comparação com os alunos portugueses

surge agora a oportunidade de acrescentar mais uma escola, no concelho de Águeda, a esta

e-comunidade. A partir de 2011, a Escola EB 1 de S. Sebastião, na freguesia da Trofa, passa

também a integrar a rede de escolas do OUTclass. A rede de escolas do OUTclass contempla

alunos de dois Países, distribuídos da seguinte forma: À-dos-Ferreiros (Águeda) � 17 alunos e

Colégio Académico da Beira (Beira) � 58 alunos.

3.7.3 Ano lectivo de 2009 - 2010

Para o ano lectivo de 2009 - 2010 o programa proposto assentou na Língua Portuguesa e na

promoção do livro e da leitura, sem esquecer as Ciências com temas já desenvolvidos em anos

Page 39: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

Pensas: Relatório de Actividades 2010 37

anteriores e outros novos que se irão criar.

• Sensibilizar os alunos para a diversidade cultural (contos tradicionais, gastronomia, dan-

ças tradicionais, instrumentos musicais, entre outros);

• Promover novas abordagens que criem nos mais novos a curiosidade dos saberes cientí-

�cos e que fomentem o desenvolvimento do espírito crítico e empreendedor.

• Promover o gosto pelos livros e pela leitura, através da animação de contos e da oferta

dos mesmos;

• Promover a aquisição de ferramentas de aprendizagem, que conduzam o aluno a aumen-

tar a literacia nos vários domínios do saber;

• Promover a utilização das tecnologias da comunicação e informação como meio de acesso

a outros povos e culturas.

3.7.4 Promoção da leitura e do livro

Devido aos níveis de insucesso escolar, resultantes principalmente dos baixos níveis de litera-

cia, é necessário, senão urgente, formar crianças leitoras. Para alterar estes resultados, será

necessário implementar estratégias que despertem o gosto pela leitura. A leitura autónoma

faculta ao aluno uma base de ferramentas que facilita a compreensão de informações que se

transformarão em conhecimento. O objectivo primordial é que as actividades sejam um meio

para promover o gosto pela leitura e por outras culturas.

O diálogo intercultural, nomeadamente a troca de experiências, vivências, histórias, en-

tre outras, incentiva e promove o gosto pela leitura assim como o respeito pelo outro e o

conhecimento do mundo.

Competências a desenvolver:

• Desenvolver o gosto pela leitura e pela escrita;

• Estimular a criatividade e a imaginação;

• Respeitar e reconhecer costumes e tradições de outros povos e culturas;

• Desenvolver a comunicação e a cooperação com o outro;

Page 40: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

38 Projecto Pensas

• Promover valores cívicos e democráticos no sentido de desenvolver uma cultura de Paz;

• Estimular atitudes de cooperação, de solidariedade e de tolerância entre os povos;

• Fomentar a interacção social, criadora de identidades e de sentido de pertença comum

à humanidade.

Além do tema central deste ano - Língua Portuguesa - estão ser desenvolvidos outros

temas, à semelhança de anos anteriores e dos quais se apresenta a seguinte listagem:

• Tabuleiro - Quem sou eu?

• Vamos ser amigos

• Trava-línguas

• Provérbios

• O meu país - Localização geográ�ca

• O meu país - Bandeira e hino nacionais

• Gastronomia (�Eu gosto de sopa�)

• Animais/ Plantas

• Contos Tradicionais

• Jogos Tradicionais

• Canções Tradicionais

• Férias

Resultados Esperados:

• Compilação das recolhas de contos, jogos, canções tradicionais, descrições da fauna e da

�ora, gastronomia, provérbios, realizadas pelos alunos, ao longo do ano.

• Estes trabalhos poderão ser reunidos e divulgados numa exposição itinerante que con-

duzirá o seu visitante numa viagem de descoberta à diversidade e à riqueza cultural de

outros espaços.

Page 41: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

Pensas: Relatório de Actividades 2010 39

• A dinamização da Aprendizagem das Ciências em ambiente não-formal.

• Aumentar os conhecimentos a nível de conceitos, cálculo mental, manipulação da tecno-

logia, leitura e escrita e sobretudo desenvolver o gosto pelo estudo.

3.8 Pensas Science Show

Nos dias 22, 23 e 24 de Setembro, a cidade de Maputo foi palco do Pensas Science Show,

um ciclo de conferências que teve como objectivo comemorar os cinco anos do projecto em

Moçambique, bem como dar a conhecer algum do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido.

�Construir o Conhecimento�, �Investigação & Desenvolvimento� e �Educação & Cooperação�

foram os temas abordados no Pensas Science Show que decorreu no Centro Cultural Portu-

guês em Maputo (Embaixada de Portugal), numa iniciativa promovida pelo Projecto Pen-

sas, da Universidade de Aveiro, e que contou com a colaboração da Cooperação Portuguesa.

No Pensas Science Show marcaram presença

diversas entidades ligadas à Cooperação en-

tre os dois países, desde logo Mário Godinho

de Matos, Embaixador de Portugal em Mo-

çambique, que enalteceu o trabalho que tem

vindo a ser desenvolvido pelo Pensas.

O Embaixador de Portugal em Moçam-

bique destacou ainda algumas das principais

medidas do Ministério de Educação, como

seja a formação de professores e a prioridade em medir a qualidade dos docentes no sistema de

ensino. Duas medidas que vão ao encontro da missão do Pensas que tem neste momento a mis-

são de contribuir para superar o desa�o que é a Educação em Moçambique. Destaque também

para a presença de Venâncio Massingue, Ministro da Ciência e Tecnologia de Moçambique,

Page 42: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

40 Projecto Pensas

que aproveitou o ciclo de conferências organizado pelo Pensas para dar a conhecer os esforços

envidados pelo Ministério no sentido de desenvolver infra-estruturas e serviços adequados, no

investimento feito na educação a vários níveis, a promoção de negócios de base tecnológica,

ou a expansão e consolidação do Sistema Nacional de C,T&I. A par das conferências, outro

dos pontos altos do Pensas Science Show, foi a apresentação o�cial de uma bancada móvel

para o ensino experimental das ciências, desenhada exclusivamente para Moçambique. Esta

estrutura, que irá percorrer Moçambique, surge como o culminar de um trabalho desenvolvido

pelo Pensas em colaboração com o Ministério de Educação e Cultura de Moçambique. O seu

objectivo é reforçar o papel da Ciência no processo de ensino aprendizagem e integrar as novas

tecnologias no ensino das ciências, trazendo o trabalho experimental para o cerne do ensino.

Para além dos shows de Física protagonizados pelo Projecto Matemática Ensino da Univer-

sidade de Aveiro, a comunidade moçambicana pôde ainda assistir a apresentações realizadas

por alunos de várias escolas. Patente ao público em geral, e no âmbito do Pensas Science

Show, esteve também a exposição Cooperar para ensinar, Formar para Inovar, Cooperar para

Empreender com o Projecto Pensas, uma homenagem que o Pensas decidiu prestar a todos os

professores e alunos, bem como às escolas moçambicanas.

3.9 Bancada Móvel de Ciências

A Bancada Móvel de Ciências (BMC) surge como o culminar de um trabalho desenvolvido

em colaboração com o Ministério de Educação e Cultura de Moçambique. Englobado no pro-

jecto Pensas, tem por objectivo reforçar o papel da Ciência no processo de ensino-aprendizagem

e integrar as novas tecnologias no ensino das ciências, trazendo o trabalho experimental para

o cerne do ensino. Criada com o intuito de colmatar a falta de equipamento laboratorial

existente nas instituições de ensino em Moçambique, e fomentar o ensino das ciências expe-

rimentais, esta bancada permite desenvolver o mesmo conjunto de experiências fora de uma

Page 43: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

Pensas: Relatório de Actividades 2010 41

sala de aula e de um contexto formal. A Bancada Móvel de Ciências (BMC) con�na em si um

conjunto de material didáctico e cientí�co, que quando aliado a um versátil conjunto de senso-

res, permite interpretar as relações que se estabelecem entre os modelos teóricos e a realidade

do mundo que nos rodeia permitindo ao professor realizar um vasto conjunto de experiências

nas áreas cientí�cas da Física, da Química e da Biologia. A BMC pretende também tentar

minimizar a separação existente entre as salas onde se leccionam as aulas ditas normais, de

carácter teórico, e as aulas laboratoriais o que re�ecte numa separação entre a teoria e a

prática. Ao falar-se da Bancada Móvel de Ciências, importa também destacar as vantagens

que apresenta e que dizem respeito à facilidade de adaptabilidade a um qualquer espaço num

laboratório; a funcionalidade, pois num pequeno espaço reúne o material essencial à realização

de experiências; e a diversidade de experiências que podem ser realizadas nesta bancada.

3.9.1 Protocolos de Ciência e Produção de Material Didáctico Audiovisual para

Ensino a Distância

No ano de 2010, o projecto Pensas desenhou uma formação de professores em Protocolos de

Ciência e Produção de Material Didáctico Audiovisual para Ensino a Distância, permitindo,

desta forma a realização de uma formação em Maputo que abrangesse das duas áreas em

questão. Durante quatro dias, mais de meia centena de Técnicos Pedagógicos do Ministério

de Educação e professores de várias províncias de Moçambique tiveram a oportunidade de

compreender os elementos básicos da linguagem e produção audiovisual, passando pelas fases

de pré-produção, produção e pós-produção de material didáctico para ensino à distancia. Da

escrita de um argumento à sua transformação num guião, da construção de um storyboard

à descoberta dos diversos planos e enquadramentos, tudo foi motivo para novas descobertas

que, de certa forma, se relacionam com a sua prática docente. Os formandos tiveram ainda

a oportunidade, durante esta formação, de explorar protocolos de ciência usando a Bancada

Móvel de Ciência, e manipular ferramentas de trabalho no domínio do vídeo, áudio e imagem.

Delegadas as tarefas, e estabelecido o papel de cada um na produção, aprumou-se o cenário

e deu-se início às �lmagens. O que é um movimento rectilíneo uniforme, um movimento de

queda livre ou um lançamento horizontal, foram algumas das actividades escolhidas para serem

exploradas nos audiovisuais produzidos.

Page 44: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

42 Projecto Pensas

3.9.2 Ensino Experimental das Ciências

A importância do Trabalho de Laboratório no ensino das Ciências ocupa um papel indiscutí-

vel no processo de aprendizagem. A sua promoção requer a utilização de novas técnicas e o

desenvolvimento de novas competências nos docentes, patentes nas várias missões, onde técni-

cos do Ministério da Educação e Cultura de Moçambique e elementos do PmatE, realizaram

vários trabalhos laboratoriais, relacionados com os programas em vigor, para as diferentes

disciplinas do grupo a que se destina a formação, promovendo a capacidade de inovação. O

culminar deste trabalho será a construção de uma Bancada Móvel de Ciências que alojará

equipamentos e proporcionará um local de trabalho em sala de aula.

Os objectivos desta acção são os seguintes:

1. discutir o papel da Ciência no processo da aprendizagem;

2. estimular os alunos para a importância da aprendizagem não-formal;

3. aprofundar conhecimentos no domínio do trabalho laboratorial formal;

4. adquirir novas técnicas de trabalho laboratorial;

5. desenvolver aulas práticas que envolvem laboratórios;

6. desenvolver manuais para professores e alunos.

3.10 Revista Pensas

A fraca visibilidade do Projecto Pensas e a necessi-

dade de divulgar o trabalho que tem vindo a ser de-

senvolvido foi o mote para a criação de uma revista

semestral que reunisse todos os conteúdos relaciona-

dos com o projecto e servisse de meio de comunicação

entre todos os agentes que cooperam no Pensas.

Para cumprir estes objectivos, em Setembro de

2010 foi editado o primeiro número da Revista Pen-

sas. A revista terá uma periodicidade semestral e uma

tiragem de 1500 exemplares. Trata-se de uma nova

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Pensas: Relatório de Actividades 2010 43

ferramenta de comunicação que liga o Pensas a toda

a comunidade envolvente, ao dar a conhecer a rede de

Centros em Moçambique, para além de divulgar todos os projectos que foram e estão a ser

implementados. A primeira edição da Revista Pensas apresenta um resumo dos cinco anos

de trabalho em Moçambique, com destaque para os projectos de Simulação Empresarial, For-

mação em Acção, OUTclass, Ensino Experimental das Ciências, entre outros. Contou com a

colaboração de diversas pessoas que estão directamente ligadas ao Pensas, desde os directores

de centros, até aos professores e alunos.

Page 46: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010
Page 47: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

4 PIC Portugal-Moçambique (2007-2010) - Avaliação Final

Sendo o Pensas um projecto da Cooperação Portuguesa/ Instituto Português de Apoio ao De-

senvolvimento, é alvo de avaliação por parte destas entidades. Foram conhecidos, em 2010, os

resultados da Avaliação do Programa Indicativo de Cooperação Portugal-Moçambique (2007-

2010) cujos principais pontos apresentamos de seguida de forma sucinta. Assim sendo, e de

acordo com o Programa Indicativo de Cooperação (PIC), uma das mais-valias reconhecidas

ao projecto Pensas prende-se com o facto da rede de centros permitir colocar a tecnologia ao

serviço da educação, promovendo, desta forma o ensino à distância e um maior domínio das

novas tecnologias. Não obstante, o mesmo relatório chama a atenção para a necessidade de

se veri�car a viabilidade da ligação à internet em todos os dez centros que compõem a rede

Pensas. Ainda nos pontos positivos destacados pelo PIC, importa salientar a introdução de

novos conteúdos ao nível do ensino da Língua Portuguesa - de�nido como uma das prioridades

do Pensas, do Ensino Experimental das Ciências e do Ensino à distância, com o arranque do

Curso de Especialização em Língua Portuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa. A

criação de manuais de Língua Portuguesa e Matemática para os professores do Ensino Secun-

dário e dos Institutos de Formação de Professores, a Bancada Móvel de Ciências para o Ensino

Experimental e a actividade Formação em Acção são igualmente alvo de destaque por parte

do relatório realizado pelo IPAD. A formação de 187 professores de várias províncias, em 2010,

a realização das competições de Português e Matemática, com recurso às novas tecnologias,

são outros dos pontos fortes apresentados. Como pontos fracos do projecto Pensas, o relatório

aponta o facto de, apesar do projecto ter como pilar a disponibilização e acesso à internet,

�veri�cou-se que embora tal esteja assegurado na Beira, o mesmo não acontece em Nampula

onde os computadores do projecto ainda não têm ligação à internet. No Centro PENSAS

de Nampula, os 12 computadores disponíveis (cinco chegaram em 2007 e sete em 2010) são

apenas usados para dar aulas de informática aos alunos da escola e os outros alunos de ou-

tras escolas de Nampula não frequentam o Centro pois para isso deveriam pagar uma taxa e

não o fazem pois não há ligação à internet�3. O relatório aponta ainda como ponto fraco do

projecto, o facto da formação ministrada pelo Pensas não estar articulada com o sistema na-

cional de formação de professores, recomendando por isso que a curto prazo seja estabelecida,

3IPAD, 2010, �Relatório �nal da Avaliação do Programa Indicativo de Cooperação Portugal Moçambique

2007 - 2010�

Page 48: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

46 Projecto Pensas

pelo Pensas, a articulação dos sistemas de formação com o sistema nacional de formação de

professores e a certi�cação dos cursos pelo Ministério da Educação de Moçambique. Quanto

à sustentabilidade do Pensas, o relatório reconhece as di�culdades encontradas no terrenos

e que se prendem, sobretudo, com questões de natureza técnica, relacionadas com a ligação

à internet em alguns centros e o elevado preço das ligações. Nesse sentido, é recomendada

uma avaliação dos Centros Pensas para que �se possa aferir se os constrangimentos assinalados

poderão ter a curto prazo uma solução sustentável que viabilize a ligação à internet em todos

os Centros ou, sendo isso no curto prazo inviável, recomende o redimensionamento do projecto

concentrando-se este apenas nos Centros onde existem reais possibilidades de se cumprirem

os objectivos�4.

4IPAD, 2010, �Relatório �nal da Avaliação do Programa Indicativo de Cooperação Portugal Moçambique

2007 - 2010�

Page 49: Relatório de Actividades Projecto Pensas 2010

5 Conclusões

Apesar dos esforços feitos quer seja pelo Governo, quer seja pelos parceiros que actualmente

actuam em Moçambique em áreas capitais como seja a Educação, as elevadas taxas de analfa-

betismo continuam a ser uma realidade e uma prioridade. É cada vez mais urgente combater

estes números - 51,9% da população continua sem saber ler nem escrever - e permitir que cada

vez mais crianças e jovens possam ter um ensino de qualidade.

Da leitura dos dados revelados pelo Censos de 2007, o número de alunos a frequentar

as escolas moçambicanas aumentou na última década. Um aumento que, contudo, não foi

acompanhado pela formação de mais professores, mantendo-se um rácio bastante baixo pro-

fessor/aluno. Aliás, este continua a ser um dos principais problemas que o Moçambique

enfrenta e para o qual o País contará com o apoio do Pensas, que continuará a trabalhar no

sentido de combater estes números através das acções de formação que realiza por todo o País,

nos dez centros implementados em todas as províncias moçambicanas.

A Matemática e a Língua Portuguesa continuarão a ser uma prioridade para o Projecto

Pensas que agora abraça mais um desa�o ao promover a formação ao nível do Ensino Expe-

rimental das Ciências. Em 2011 espera-se ainda que venham a ser dados os primeiros passos

em áreas consideradas, cada vez mais essenciais, como a Educação Ambiental. Áreas tão dife-

rentes, mas que em comum têm a aposta nas novas tecnologias e o contributo para a formação

de cidadãos mais conscientes e informados.