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Relatório de estágio
C.E.T. - Técnico de Gerontologia
Leonor Pinto I
Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
Relatório de estágio
C.E.T. - Técnico de Gerontologia
Leonor Pinto II
Instituto Politécnico da Guarda
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto
C.E.T
Técnico de Gerontologia
Relatório de estágio Associação de Beneficência Cultural e recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Instituição Particular de Solidariedade Social
Fundada em 27/12/1993
E-mail: [email protected]
Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
5006971
08 de Março 2011
Relatório de estágio
C.E.T. - Técnico de Gerontologia
Leonor Pinto III
Relatório de estágio
C.E.T.
Técnico de Gerontologia
Nome: Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
Número de aluno: 6971
Estabelecimento de ensino: Instituto Politécnico da Guarda – Escola Superior de
Tecnologia e Gestão – Escola Secundária de Gouveia
Instituição de estágio: Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da
Freguesia de Lagarinhos
Localidade: Lagarinhos – Gouveia - Guarda
Duração do estágio: Aproximadamente 7 meses
Data de início e fim do estágio: 06 de Setembro de 2010 a 08 de Março de 2011
Docente orientador: Dr.ª Maria do Rosário de Jesus Martins
Tutor da Instituição: Rui Jorge Bernardino Borges
Relatório de estágio
C.E.T. - Técnico de Gerontologia
Leonor Pinto IV
Agradecimentos
Para a realização deste relatório, foi imprescindível o apoio das pessoas que
comigo trabalharam e dos locais que me acolheram ao longo do período de estágio,
merecendo assim uma palavra de agradecimento e apreço.
Em primeiro lugar, agradeço a todos os docentes da Escola Superior de
Educação, Comunicação e Desporto da Guarda, realçando a minha orientadora Dr.ª
Maria do Rosário Martins pelo seu interesse e exigência em todo este processo de
trabalho, bem como aos docentes da Escola Secundária de Gouveia que contribuíram
para a minha formação académica.
Seguidamente, com grande carinho, à Instituição “Associação de B. C. e R. da F.
de Lagarinhos”, por ter aceitado o meu pedido de estágio e me receber bem desde o
início. Um agradecimento especial ao meu Tutor, o Sr. Presidente, Rui Jorge, e todos os
elementos da direcção, que se preocuparam com todo o meu trabalho, proporcionando
as melhores condições para a sua realização.
Este agradecimento é sem dúvida muito importante. Agradeço á minha família,
que me apoiou e motivou contribuindo assim para a realização deste projecto.
Finalmente agradeço aos meus colegas de curso que das mais variadas formas
me ajudaram a ultrapassar momentos difíceis e inesquecíveis da minha vida.
Relatório de estágio
C.E.T. - Técnico de Gerontologia
Leonor Pinto V
ÍNDICE GERAL
ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................... VII
LISTAGEM DE SIGLAS .............................................................................................. XI
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
CAPÍTULO I CONTEXTUALIZAÇÃO DO MEIO ................................................... 3
1.1 Localização Histórico – geográfica .............................................................................. 4
1.2 Caracterização da Instituição ...................................................................................... 7
CAPÍTULO II FUNDAMENTOS TEÓRICOS........................................................ 13
2.1-Gerontologia- O que é? .................................................................................................. 14
2.2 Competências de um Técnico de Gerontologia .............................................................. 15
2.3-Papel do Técnico de Gerontologia na Q. V. do idoso ...................................................... 16
2.4-Animação Vs Qualidade de vida .................................................................................... 17
2.5-Animação na Terceira idade .......................................................................................... 18
2.6-Encontros Inter-geracionais ........................................................................................... 20
2.7-Problemáticas na Terceira Idade (Patologias) ................................................................ 21
CAPITULO III ESTÁGIO ......................................................................................... 26
3.ESTÁGIO .................................................................................................................. 27
3.1 Objetivos ....................................................................................................................... 27
3.2.Caraterização do público-alvo ........................................................................................ 28
3.3.Atividades desenvolvidas............................................................................................... 28 3.3.1. Atividades Cognitivas ou Mentais ............................................................................... 32 3.3.2- Atividades Físicas ou Motoras .................................................................................... 33 3.3.3.Atividades através da Expressão Plástica .................................................................... 35 3.3.4. Actividades do Quotidiano ......................................................................................... 36 3.3.5. Atividades através da Expressão e da Comunicação Oral e Corporal ......................... 37 3.3.6.Actividades Lúdicas ...................................................................................................... 39 3.3.7.Atividades de rotina no funcionamento da Instituição ............................................... 50
Relatório de estágio
C.E.T. - Técnico de Gerontologia
Leonor Pinto VI
AÇÃO DE SENSIBILIZAÇÃO SOBRE ROUBOS E FURTOS POR PARTE DA G.N.R. ........................................................................................................................... 58
ORGANIZAR E FREQUENTAR AÇÕES DE FORMAÇÃO PARA OS FUNCIONÁRIOS ........................................................................................................ 59
AVALIAÇÃO DO GRAU DE SATISFAÇÃO DOS UTENTES, ATRAVÉS DE INQUÉRITO DE SATISFAÇÃO ............................................................................... 60
ELABORAR UM PORTEFÓLIO .............................................................................. 60
CONCLUSÃO: ............................................................................................................. 61
ANEXOS ....................................................................................................................... 65
Plano de estágio .................................................................................................................... 0
Plano Anual de Actividades 2011 ........................................................................................... 0
Planificação da 1ª Semana ..................................................................................................... 0
Planificação Mensal das atividades ........................................................................................ 0
Adenda ao Contrato .................................................................................................................... 0
Ementas ................................................................................................................................. 0
Inquérito de Satisfação .......................................................................................................... 0
Cartaz de Natal ...................................................................................................................... 0
Cartaz Dia da Mãe ................................................................................................................. 0
Poema à Mãe ......................................................................................................................... 0
Diabetes e Tensão Arterial ..................................................................................................... 0
Portefolio .............................................................................................................................. 0
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Leonor Pinto VII
Índice de figuras
Fig. 1: Mapa do distrito da Guarda 4
Fig. 2: Mapa do concelho de Gouveia 4 4
Fig. 3: Brasão 5 5
Fig. 4: Vista exterior da A.B.C.R.F.Lagarinhos 9 9
Fig. 5- Cerimónia lançamento da 1ª Pedra 9
Fig.6- Benemérita descerra a placa de homenagem 10
Fig.7 – Contar Histórias 21
Fig. 8- Apresentação com canção 30
Fig.9 – Jogos de apresentação 30
Fig.10 - Atendimento individual aos utentes 31
Fig.11-Jogos de memória e encaixe 33
Fig.12- D. Cândida faz contas 33
Fig.13- Jogo do pelão 34
Fig.14- Exercícios de aquecimento 34
Fig. 15-Jogo do pelão 35
Fig.16-Jogo do Cântaro 35
Fig.17-Rendas e bordados 35
Fig.18- Modelagem e pintura em tela 35
Fig.19- Fazer flores em feltro 36
Fig.20- Técnica do guardanapo 36
Fig.21 - Idosas a descascar batatas 36
Fig.22 e 33- Leitura e análise do jornal “Noticias de Gouveia” 37
Fig.24- Peça da Primavera 38
Fig.25- Teatro de fantoches 38
Fig.26-Explorar a história 38
Fig.27-Partilha de histórias 38
Fig.28- Idosos dançam em festa convívio 39
Fig.29- Idosos assistem a filme 40
Fig.30- Visita á capela Sr.ª dos Verdes 40
Fig.31-Convívio com outros Idosos 40
Fig.32- Idosos em viagem 40
Fig.33- Jogo da memória 41
Fig.34-Jogo das cartas 41
Fig.35-Crianças cantam aos idosos 42
Fig.36-Dia do Idoso recebem flor 42
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Leonor Pinto VIII
Fig.37- Preparar a abóbora 42
Fig.38- Jogo da “aboborinha escondida” 42
Fig.39- Magusto no “Abrigo” 43
Fig.40-Crianças cantam para idosos 43
Fig.41- Missa de Natal 43
Fig.42- Festa convívio 43
Fig.43-Preparar as Janeiras 44
Fig.44-Cantar as Janeiras 44
Fig.45-Dia dos namorados 44
Fig.46-Peça “Romeu e Julieta” 44
Fig.47 e 48- Os idosos receberam visitas surpresa de bruxas e palhaços 45
Fig.49-Almoço Dia da Mulher 45
Fig.50-homenagem á Mulher mais idosa 45
Fig.51- Prenda para o pai 46
Fig.52- Pais recebem prenda 46
Fig.53 e 54-Convívio com outras Instituições -Peça “ A Semeadora” 46
Fig.55- Festa das madrinhas 47
Fig.56- Assistimos àVia-Sacra 47
Fig.57- Preparar dia da Mãe 48
Fig.58- Exposição dos trabalhos 49
Fig.59-crianças em homenagem às Mães 49
Fig.60-Homenagem à mãe mais idosa 49
Fig.61- Festa de aniversário 49
Fig.62- Crianças cantam parabéns 49
Fig.63- Lavar louça 51
Fig.64- Triturar a sopa 51
Fig.65- Preparar as mesas 51
Fig.66- Servir refeição 51
Fig.67-Dar apoio na alimentação 51
Fig.68-Administrar medicação 51
Fig.69- Apoio no arranjo pessoal 52
Fig.70- Apoio na higiene pessoal 52
Fig.71-Tratamento de roupas 53
Fig.72- Visitas ao Domicílio 54
Fig.73- Trazer o utente do Domicilio 56
Fig.74- e 75- Higiene habitacional domiciliária 57
Fig.76- Administrar Aerossóis 57
Fig.77- Medir tensão arterial 57
Fig.78- Medir Diabetes 57
Fig. 79- Sessão sobre Diabetes e T. Arterial 58
Fig.80- Rastreio de Diabetes e T.A 58
Fig. 81- Organizar caixas dos medicamentos 58
Relatório de estágio
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Leonor Pinto IX
Fig.82- Abertura da sessão 59
Fig.83- Sessão sobre Roubos e furtos 59
Fig.84-Formação prática funcionários 59
Fig.85- Formação de funcionários 59
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Leonor Pinto X
Índice de quadros
Quadro 1: Serviços prestados pela Instituição em C.D. e S.A.D. 12
Quadro 2: Plano de atividades para 1ª semana 29
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Leonor Pinto XI
Listagem de siglas
A.B.C.R.F.L – Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia
de Lagarinhos
C.D. – Centro de Dia
S.A.D. – Serviço de Apoio Domicilario
Q.V. – Qualidade de vida
I.S.S. – Instituto da Segurança Social
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Leonor Pinto XII
Relatório de estágio
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Leonor Pinto 1
Introdução
Ao finalizar o C.E.T., Técnico de Gerontologia, a unidade curricular que
provavelmente mais importância apresenta, é o estágio curricular. Este só se torna
possível de realizar de uma forma benéfica, sádia e gratificante, aplicando os conceitos
que assimilámos ao longo do curso.
No presente relatório, todos os saberes que adquiri ao longo das unidades
curriculares, foram possiveis de aplicar, foram muito úteis facilitando-me assim o
enriquecimento do trabalho de estágio que teve início a 06 de setembro de 2010 e
culminou a 08 de Março de 2011. Devo realçar que, embora oficialmente o periodo de
estágio termine a 08 de março, na realidade não se verificou pelo facto de os idosos
desejarem que a exposição dos trabalhos realizados fosse feita no dia da mãe. Este facto
verificou-se e com imensa satisfação prolonguei assim o meu periodo de estágio. Este
realizou-se na Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de
Lagarinhos, Instituição Particular de Solidariedade Social, situada em Lagarinhos,
concelho de Gouveia, distrito da Guarda.
Neste relatório está presente o trabalho realizado durante o periodo de estágio em
que exerci funções nas diferentes secções das valências em Centro de Dia e Serviço de
Apoio Domiciliário, da instituição que me acolheu. Foi um trabalho muito gratificante e
enriquecedor, pois abriu-me largos horizontes do conhecimento nesta área, tornando-se
assim uma mais-valia para uma futura profissão.
Este relatório encontra-se dividido em três capitulos: o capitulo I onde apresento a
localização geográfica do local e a caracterização da instituição, para dar melhor
conhecimento de todo o espaço de trabalho. No capitulo II, desenvolvo a
fundamentação teórica referente aos âmbitos da Gerontologia e o seu enquadramento no
trabalho desenvolvido de acordo com o plano de estágio (Anexo I), nos diferentes
espaços. Finalmente no capitulo III, ficam os registos mais concretos do trabalho
desenvolvido na instituição, dando conhecimento aprofundado das actividades
realizadas nas valências da mesma.
Terminarei com uma breve reflexão final onde vou abordar os pontos positivos e as
dificuldades vividas ao longo do estágio. Farei um balanço do meu percurso como
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Leonor Pinto 2
estagiária em “Técnico de Gerontologia”, deixando desde já a ideia de que foi uma
unidade curricular de extrema relevância, pois permitiu-me ter uma visão mais humana
desta faixa etária, e permitiu-me uma preparação para actuar de forma mais correta e
ativa na sociedade.
Relatório de estágio
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Leonor Pinto 3
Capítulo I
Contextualização do Meio
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Leonor Pinto 4
1.1 Localização Histórico – geográfica
A cidade de Gouveia, sede concelhia, encontra-se situada a cerca de setecentos
metros de altitude. Edificada na encosta ocidental da Serra da Estrela, o panorama que
dali se desfruta é um dos mais belos do país. O concelho, com a área de 300,6 Km2, é
composto por vinte e duas Freguesias: S. Paio, Ribamondego, Vila Franca da Serra,
Vila Cortês da Serra, Nabais, Arcozelo da Serra, Aldeias, São Julião, Melo, Folgosinho,
Freixo da Serra, Figueiró da Serra, Paços da Serra, Rio Torto, Vila Nova de Tazém,
Moimenta da Serra, São Pedro, Nespereira, Vinhó, Cativelos, Mangualde da Serra, e
Lagarinhos.
Esta região teve como primeiros habitantes os Túrdulos, que deixaram marcas
inapagáveis, designadamente na localização e distribuição do primeiro espaço.
Um pouco por todo o Concelho, encontram-se vestígios das diferentes ocupações
anteriores: antas, sepulturas antropomórficas, castros. As calçadas e pontes romanas ou
a toponímia assim como as lendas atestam também a presença contínua de romanos,
tribos germânicas e muçulmanos. Devemos, no entanto destacar o património
monumental que Gouveia detém, pela sua majestade e imponência e pelo valor
significativo revelando e esclarecendo o seu protagonismo histórico dos últimos
séculos.
Fig. 1: Mapa do distrito da Guarda Fig. 2: Mapa do concelho de Gouveia
Fonte própria Fonte própria
Relatório de estágio
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Leonor Pinto 5
A aldeia de Lagarinhos, é uma das mais recentes freguesias do concelho de
Gouveia, distrito da Guarda, e dista da sede concelhia aproximadamente 8 quilómetros.
Com 10,32 km² de área e 795 habitantes (2010) com Densidade: 48,7 hab/km².
Encontra-se situada no sopé da Serra da Estrela, a 0,5 km da Estrada Nacional 17
Guarda-Coimbra.
Esteve até 1836 integrada em terras de Seia, data em que devido a uma
reorganização administrativa, passou para o concelho em que se encontra atualmente. É
de referir que é uma das freguesias mais jovens do concelho de Gouveia. Esta freguesia
é composta por duas anexas, Passarela e Novelães.
Dados gerais:
Padroeira: Santa Eufémia;
População: 795 habitantes;
Eleitores: 483; Fig. 3: Brasão
Área: 60 ha.
Actividades Económicas: Agricultura, pastorícia, indústria de cofres e adegas com
linhas de engarrafamento próprio;
Gastronomia: Migas de borrego;
Artesanato: Queijo da Serra e requeijão;
Movimento Associativo: Centro de Instrução e Recreio de Lagarinhos, Clube Cultural
e Recreativo de Passarela e Associação de Beneficência Cultural e Recreativa de
Lagarinhos;
Festas e Romarias: Festa de Santa Eufémia (16 de Setembro), Festa de Santo Amaro
(15 de Janeiro – anexa), Festa de Nossa Senhora de Fátima (13 de Maio) e Festa de
Santo António (13 de Junho);
Paisagem de Relevo: Miradouro do Barrocal, Serra da Estrela, Ribeira da Ponte
Pedrinha e Lagoa Comprida;
Anexas: Passarela e Novelães
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Leonor Pinto 6
PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO:
Igreja Matriz - na sua fachada encontra-se uma placa que data de 1574 - 1899.
Capelas:
- Capela de Santo António;
- Capela de São Caetano - Monumento de estilo românico. Na sua fachada principal foi
trabalhado um brasão com as insígnias bispais;
- Capela de Nossa Senhora da Alagoa;
- Capela de Santo Amaro (Passarela);
- Capela de Nossa Senhora dos Remédios (Novelães) - Em tempos esta ermida estava
construída mais atrás, a população para lhe dar mais realce, edificou-a mais junto à
estrada mantendo a originalidade da sua frontaria.
Nichos - de Nossa Senhora de Fátima.
Fontes:
- Fonte de São Caetano;
- Fonte de Santo Amaro;
- Fonte de Nossa Senhora dos Remédios.
Casas Senhoriais:
- Casa da Senhora da Alagoa;
- Casa da Passarela (Galvão) - Com instalações de destaque e dignos de visita onde se
pode saborear um bom vinho;
- Casa da Quinta da Ponte Pedrinha - casa alpendrada, hoje funciona como adega onde
se produzem vinhos de renome.
Cruzeiro
EQUIPAMENTOS EMPRESAS
Educação:
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Leonor Pinto 7
-Escola Primária
- Abrigo da Sagrada Família de Lagarinhos.
Sociais/Saúde:
- Posto Médico;
- Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Lazer:
- Ringue, situado na estrada de Lagarinhos (Passarela);
- Parque Infantil.
TECIDO EMPRESARIAL:
- Adega da Casa Passarela;
- Adega da Quinta da Ponte Pedrinha - Propriedade entre Seia e Gouveia. Encontra-se
na posse da mesma família desde o séc. XVIII;
- Adega do Pai Pinheiro;
- Restaurante “Senhora dos Remédios”;
- Café Mini-Mercado “Central”;
- Café Mini-Mercado “Marques”.
1.2 Caracterização da Instituição
Há já algum tempo que crescia nesta freguesia a necessidade de se formar uma
Instituição, tendo como objectivo principal responder aos problemas sociais existentes.
Assim sendo, um grupo de pessoas da freguesia, idóneas e com o verdadeiro sentido da
responsabilidade para o acto, associaram-se discutiram a ideia e assim formaram a
Associação. Tinha por objectivo desenvolver acções de carácter social diversificadas,
nomeadamente, centro de Dia, Creche, Jardim de Infância e outras Actividades
Recreativas com fins de segurança Social. E nasceu a Associação.
A Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos,
é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, que se encontra Instalada na
Freguesia de Lagarinhos, Rua das escolas, concelho de Gouveia.
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Leonor Pinto 8
Foi celebrada escritura no dia 27de Dezembro de 1993, no Cartório Notarial de
Gouveia, ficando registada no “Livro de Notas número 8” de “Escrituras diversas”
folhas 139/148.
A Associação situa-se num terreno com área total de 3.000m2 gentilmente doado
pela Exma. Sra. Dra. Maria de Lurdes Mendes Osório de Oliva Nunes, natural da
freguesia e residente em Lisboa.
O edifício tem uma área coberta de 450m2 distribuída por rés-do-chão e 1º andar
1 Salão de refeições
1 Sala de convívio
2 Quartos de descanso
1 Arrumos
2 Despensas
2 WC (homens/mulheres) para utentes
1 Salão de banho p/duche
1 Escritório
1 Lavandaria
1 Cozinha
1 Despensa de arcas frigoríficas
1 Gabinete médico
2 Vestiários com base de duche H/M para funcionários
2 WC H/M para funcionários
Salão polivalente
Cozinha de apoio
Bar
WC Homens
WC Mulheres
Garagem
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Leonor Pinto 9
Fig. 4: Vista exterior da A.B.C.R.F.Lagarinhos
Foi lançada a 1ª Pedra no dia 15 de Agosto de 1994, tendo sido as obras concluídas
em Julho de 1999, iniciando as suas atividades a 01de Novembro desse mesmo ano.
Fig. 5- Cerimónia lançamento da 1ª Pedra
Foi feita uma cerimónia inaugural, para a qual foi convidada a Exma. Sra. Dra.
Maria de Lurdes M. O. Nunes, Benemérita do terreno, onde lhe foi feita uma
homenagem surpresa como forma de gratidão pela atitude, pelo que foi declarada sócia
Honorária
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Leonor Pinto 10
Fig.6- Benemérita descerra a placa de homenagem
A criação desta Associação, veio promover e dinamizar actividades do interesse
da população, e ainda a criação de serviços que dessem resposta às carências existentes
na freguesia, nomeadamente apoio aos mais idosos.
Como respostas sociais a instituição contém:
-Centro de Dia
-Serviço de Apoio Domiciliário
A título individual, o Centro de Dia (C.D.) é um espaço de acolhimento onde se
desenvolve um conjunto de programas ocupacionais e de lazer adequado aos utentes nas
mais variadas condições e etapas da suas vidas. Visam promover a qualidade de vida da
pessoa idosa, assim como atividades que premeiam a prevenção, estimulação e
manutenção das capacidades físicas, mentais, cognitivas e relacionais da mesma, tendo
em vista a revalorização da individualidade e da sua contínua autonomia. Atualmente é
frequentada por 12 idosos, no entanto a Instituição tem capacidades para 35.
A valência de Serviço de Apoio Domiciliário (S.A.D.) é uma resposta social
que consiste na prestação de cuidados individualizados e personalizados no domicílio a
todos aqueles que, dependentes ou semi-dependentes, por motivo de doença,
deficiência, ou outro impedimento, não possam assegurar temporária ou
permanentemente a satisfação das suas necessidades básicas e/ou atividades da vida
diária.
Relatório de estágio
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Leonor Pinto 11
De acordo com o Regulamento Interno da Instituição:
São objectivos da valência Centro de Dia e do Serviço de Apoio Domiciliário:
a) Contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e famílias.
b) Prevenir situações de dependência e promover a autonomia.
c) Prestar cuidados individualizados e personalizados, ao nível da satisfação
das necessidades básicas e apoio psicossocial aos Utentes, de modo a
contribuir para o seu equilíbrio e bem-estar.
d) Apoiar os Utentes e famílias na satisfação das necessidades básicas e
actividades da vida diária.
e) Fomentar as relações interpessoais ao nível dos Idosos ou dependentes e
destes com outros grupos etários, a fim de evitar o isolamento.
f) Colaborar e/ou assegurar o acesso à prestação de cuidados de saúde.
g) Cooperar com as famílias na vivência dos Idosos ou dependentes.
Fonte: Regulamento Interno da A.B. C. R. F. Lagarinhos, Artigo 4º.
Esta Instituição oferece um leque de Serviços aos clientes que quer em situações
de dependência ou autónomos, podem ter acesso para a satisfação das suas necessidades
básicas e específicas, tais como, actividades instrumentais da vida quotidiana e
actividades sócio-recreativas e culturais. Estes serviços funcionam com vista a melhorar
as suas qualidades de vida, minimizando os riscos devido á sua vulnerabilidade física e
psíquica, contribuindo para a sua autonomia e prevenção de situações de dependência
ou seu agravamento.
Presta
Diariamente
Centro de
Dia
Serviço de
Apoio
Domiciliário
Higiene Pessoal
- Garantir diariamente a cobertura das
necessidades de higiene pessoal
- Promover a capacidade motora do
Utente
Higiene Habitacional
- Garantir a manutenção de arrumo e
limpeza da habitação
- Garantir o conforto e bem-estar do
utente
Alimentação
- Garantir diariamente a cobertura das
necessidades alimentares
- Garantir a variedade de pratos
confeccionados, indo ao encontro do
gosto do utente
- Assegurar semanalmente pratos
confeccionados de acordo com a saúde
do utente
Toma de - Garantir diariamente toda a
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Leonor Pinto 12
medicamentos/
Levantamento de
receitas médicas
assistência medicamentosa prescrita
pelo médico
Lavandaria - Lavagem e tratamento das roupas
pessoais e habitacionais
Apoio Psicossocial - Garantir apoio psicossocial ao idoso
Outros serviços
- Acompanhamento ao médico de
família/especialistas
- Medição de tensão arterial/diabetes
- Comemorar o aniversário dos idosos
- Animação
Quadro 1: Serviços prestados pela Instituição em C.D. e S.A.D.
A nível de recursos humanos, comuns às duas valências, esta instituição tem:
1 Assistente Social
1 Enfermeiro
1 Cozinheira
1 Ajudante de cozinha
1 Escriturária
2 Agentes de Ação direta
2 Trabalhadores auxiliares
2 Trabalhadores auxiliares ( colocados através de R.S.I.)
É importante referir que qualquer colaborador referido está disponível para dar
apoio nas atividades sempre que solicitado.
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Leonor Pinto 13
Capítulo II
Fundamentos teóricos
Leonor Pinto 14
2.1-Gerontologia- O que é?
Pouco se entende sobre a Gerontologia. Normalmente as pessoas relacionam a
palavra Gerontologia com o envelhecimento ou idosos, mas dificilmente de forma
correta. É comum ouvir que é psicologia para o idoso, odontologia para o idoso, e até
mesmo confundi-la com geriatria, e assim pensar que é a medicina para o idoso. Mas
afinal, o que realmente é?
A Gerontologia é uma ciência que estuda os idosos, a velhice e o
envelhecimento, tendo como principais objectivos de estudo as modificações
morfológicas, fisiológicas, psicológicas e sociais decorrentes do processo de
envelhecimento, independentemente de qualquer fenómeno patológico.
Segundo alguns autores: Proposta por Metchnicoff em 1903 (Neri, 2008), a
Gerontologia (do grego gero = envelhecimento + logia = estudo) é a ciência que estuda
o processo de envelhecimento nas suas dimensões biológica, psicológica e social. De
acordo com Neri (2008), a Gerontologia trata-se de um “campo multi e interdisciplinar
que visa à descrição e à explicação das mudanças típicas do processo de envelhecimento
e de seus determinantes genético-biológicos, psicológicos e socioculturais” e estuda
também as características dos idosos e as várias experiências da velhice e do
envelhecimento ocorridas nos diversos contextos sociais, culturais e históricos.
Para Alkema e Alley (2006) a Gerontologia estuda os processos associados à
idade, ao envelhecimento e à velhice, sendo uma área de convergência entre a biologia,
sociologia e a psicologia do envelhecimento. O envelhecimento, nesse sentido,
representa a dinâmica de passagem do tempo e a velhice inclui como a sociedade define
as pessoas idosas. A biologia do envelhecimento estuda o impacto da passagem do
tempo nos processos fisiológicos ao longo do curso de vida e na velhice. A psicologia
do envelhecimento, por sua vez, se concentra nos aspectos cognitivos, afetivos e
emocionais relacionados à idade e ao envelhecimento, com ênfase no processo de
desenvolvimento humano. A sociologia baseia-se em períodos específicos do ciclo de
vida e concentra-se nas circunstâncias sócio-culturais que afetam o envelhecimento e as
pessoas idosas.
Relatório de estágio
C.E.T. - Técnico de Gerontologia
Leonor Pinto 15
2.2 Competências de um Técnico de Gerontologia
"Assim como gosto do jovem que tem dentro de si algo do velho, gosto do velho que tem dentro de si algo do jovem: quem segue essa norma poderá ser velho no corpo, mas na alma não o será jamais." Marcus Cícero
Pretende-se que os Técnicos de Gerontologia, à semelhança dos Gerontólogos,
sejam profissionais competentes a intervir junto da população idosa numa perspectiva
bio-psico-social. Responsáveis pela avaliação e intervenção do fenômeno do
envelhecimento humano e a prevenção dos problemas pessoais e sociais a ele
relacionados, também são responsáveis pela promoção de um envelhecimento saudável
bem como pela organização e administração dos serviços de prevenção de cuidados a
idosos, podendo atuar direta ou indiretamente com a população idosa.
Para tal deverá:
Conhecer os processos normais de envelhecimento detectando
atempadamente desvios de carácter patológico;
Gerir, administrar e organizar serviços de preservação do bem-estar das
comunidades em envelhecimento.
Implementar programas de prevenção e promoção dos processos de
desenvolvimento no idoso;
Avaliar problemas de envelhecimento, qualidade de vida e bem-estar nas
populações idosas;
Participar de forma ativa na avaliação multidisciplinar dos idosos,
supervisionando o cumprimento e a vigilância das prescrições clínica e
ou terapêutica, com a finalidade de promover o suporte e a segurança
para o bem-estar dos indivíduos;
Intervir na comunidade, junto dos idosos e prestadores de cuidados
(formais e informais);
Acompanhar e/ou encaminhar os idosos em situações agudas,
reabilitação e morte;
Relatório de estágio
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Leonor Pinto 16
Participar em trabalhos de investigação clínica e de saúde pública com
vista ao estabelecimento dos padrões de qualidade de vida das
populações em envelhecimento;
Intervir ao nível da prevenção e promoção da saúde;
Intervir nas áreas da investigação científica, de gestão e de ensino, seja
em iniciativas institucionais, seja em Projectos interinstitucionais.
2.3-Papel do Técnico de Gerontologia na Q. V. do idoso
Com o aumento da esperança média de vida, vive-se um crescimento da
população idosa, o que leva a preocupar diversos profissionais da área da saúde. São
cada vez necessários mais profissionais para atender essa população que está a
envelhecer. Como o Técnico de Gerontologia deve ser um profissional multi e
interdisciplinar que ajuda a integrar uma equipe de saúde, possibilita um melhor
atendimento para o idoso. Esse profissional tem como um dos focos principais buscar
sempre melhorar a qualidade de vida desses indivíduos. Sendo qualidade de vida um
termo que tem sido constantemente usado desde os meios académicos, até mesmo em
nosso quotidiano, pode ser caracterizado como o estado de bem-estar e satisfação que
uma pessoa apresenta. É um termo muito subjetivo, pois o seu conceito varia de acordo
com o interesse, e grau de consideração individual.
Esse aumento populacional da terceira idade trouxe alguns problemas estruturais
de recepção, como: falta de profissionais, grande número de reformados, que gera um
desequilíbrio na Segurança social; preconceito da sociedade; e falta de estrutura física
preparada para atender as necessidades e amenizar as dificuldades por eles apresentadas.
Como já referi, sou de opinião que o Técnico de Gerontologia é de grande
importância para tentar garantir a qualidade de vida do idoso, por apresentar, através de
uma análise, uma visão geral sobre os problemas que essa população mais apresenta,
podendo integrar diversos profissionais, assim criando uma equipe, com uma sintonia
importante e capacitada para articular uma resolução. Lidando sempre com as mudanças
sociais, políticas, físicas e emocionais, que essa população enfrenta, garante-lhes maior
qualidade de vida.
Apesar dessa atenção voltada para a situação atual dos idosos, os Técnicos de
Gerontologia também têm o dever e a preocupação de alertar a população, que é
Relatório de estágio
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Leonor Pinto 17
importante procurar saúde e bem-estar, através da prática de atividades físicas, por
exemplo, e não somente deixar para quando houver a presença de uma doença, atuando
na prevenção e buscando envelhecer de uma maneira saudável.
Contudo, alguns fatores podem dificultar ou prejudicar a QV, tais como
dificuldades financeiras, problemas sociais, de saúde e outras limitações, porém, é
importante procurar alternativas possíveis para contornar tais situações, sempre
respeitando as potencialidades e limitações de cada um (Miranda, 2008). Por tanto, a
preocupação desse profissional é com o bem-estar físico, psicológico e social da
população idosa, assim como a da que está envelhecendo. E é esse estado de bem-estar
que vai influenciar e caracterizar a Q.V que o indivíduo vai apresentar.
2.4-Animação Vs Qualidade de vida
Partindo da ideia que animação significa animar, motivar, dar vida e movimento,
concluo que dará um casamento perfeito com qualidade de vida.
Tendo em conta o verdadeiro sentido da palavra, esta tem por objetivo dar vida e
movimento a um objecto, pessoa ou grupo. Dá significado á vida em comunidade
visando assim uma melhoria da qualidade de vida da população. A animação não está
unicamente vocacionada para a realização de festas e passeios como alguns ainda a
encaram, mas centra-se na construção de objetivos para uma melhor qualidade de vida,
incentivando a comunicação, o convívio, a interação e a participação de toda a
população na resolução dos seus problemas. Ela envolve tudo e todos, de forma a
criarem empatia, autonomia, satisfação pessoal, e razão de viver. Ajuda a adquirir
capacidades para que as comunidades sejam elas próprias agentes de mudança, de
criatividade cultural enaltecendo todos os valores que lhe são inerentes.
O Técnico de Gerontologia deve também assumir o papel de animador. Criou-se
uma ideia de animador, como” aquele que entretém”, no entanto essa ideia vai dando
lugar a que este seja considerado e reconhecido como aquele que intervém no processo
de desenvolvimento do indivíduo, grupo, ou comunidade, valorizando e promovendo as
suas capacidades individuais, culturais e sociais.
O T.G. como animador, deve ter por objetivo estimular a participação dos que o
rodeiam para a realização de uma determinada acção e atividades. É fundamental que
Relatório de estágio
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Leonor Pinto 18
este possua capacidades, métodos, conhecimentos técnicas e procedimentos de acção de
forma a conseguir uma melhor compreensão da realidade social, permitindo assim
responder aos seus problemas e necessidades existentes.
Estas atividades propostas devem despertar, influenciar e cativar o indivíduo,
sem exercitar qualquer tipo de obrigação. Um animador deve ser activo, comunicador,
optimista, mediador, dinâmico, bom observador, compreensivo, organizado, confiante,
paciente e acima de tudo, participativo na sociedade envolvente (JACOB, 2007).
Foram dadas diversas definições relativamente ao papel do animador, no entanto
faço referência à descrição realizada segundo LOPES (2008), citando Garcia (1987) que
refere que “um animador deve ser aquela pessoa que pela sua acção cria as condições
mais favoráveis para conseguir a realização humana. O papel do animador deve ser
encaminhado para conseguir que os membros do grupo conheçam, se sintam e se
esforcem para chegarem a ser pessoas comunitárias.
Sendo o T.G. um animador capaz de actuar em diferentes grupos
comunidades ou instituições, deve comportar diferentes métodos de trabalho para
distintos públicos. Neste caso farei referência à terceira idade, pois foi sobre este
público-alvo que me debrucei.
2.5-Animação na Terceira idade
Nos últimos anos, tem sido possível observar que é cada vez maior o número de
pessoas que integram os valores mundiais respeitantes à terceira idade. Infelizmente,
este acréscimo é também de certa forma possível de comprovar em Portugal, dada a
afluência crescente aos lares e Centros de Dia públicos e privados.
Porém, sendo o envelhecimento um processo contínuo, seguramente poderemos
afirmar que chegar a velho é um privilégio que nem todos conseguimos atingir. Por isso
mesmo, todas estas pessoas merecem acima de tudo imenso respeito, pois a par da
velhice está sempre algo que muitas vezes se esquece: a experiência de vida e
consequente crescimento de sabedoria. Para além de que o passado de muitos, se prende
em especial com a história da sociedade em que hoje vivemos, tornando-se de extrema
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Leonor Pinto 19
importância continuarem a divulgar todos esses conhecimentos, atitudes e valores
(SANTOS, 2002).
Contrariamente ao que seria de esperar, a nossa sociedade, criou uma imagem de
tal forma, que este tipo de público é tratado como “os velhos”, associando-os ao
passado, retrógrado e ultrapassado.
Devido a este crescimento de população, existe a necessidade de responder a
este tipo de problemas com a implementação da animação na terceira idade, passando
assim a existir a preocupação da procura de um animador para intervir nesta faixa etária.
Este tipo de público, a frequentar a A.B.C.R.F. Lagarinhos, depois de se
reformar acarreta excesso de tempo livre, que não era habitual, devido ao trabalho
constante no campo, durante maior parte das suas vidas.
Chegando a estas idades, torna-se óbvio que não se encontram preparados para
viver sem a rotina diária habitual, ou pelo menos, não para viverem sem tarefas em que
se possam sentir úteis.
Neste tipo de animação o animador deve valorizar as capacidades do idoso, bem
como, os seus valores, competências, saberes, promovendo novos interesses, novas
descobertas, realização de projectos e actividades, desenvolvendo desta forma a
personalidade do indivíduo e a sua autonomia. Este âmbito visa desenvolver a
participação dos utentes na vida da comunidade da instituição de que faz parte,
tornando-os mais activos, fazendo com que estes se sintam úteis e motivados, dando-
lhes o sentimento de pertença a uma sociedade.
Na execução de animação com este tipo de faixa etária, há que ter em atenção a
maneira como devemos actuar e agir, isto é, não devemos “infantilizar” os idosos,
levando-os a ter atitudes, gestos, acções de crianças, mas sim torná-los activos e
interventivos na tarefa que se estiver a efectuar. Com a finalidade de melhor
desenvolver acções junto destes, inicialmente deverá ser realizado um plano de
actividades, onde primeiramente se deverá fazer os possíveis por tentar conhecer-se o
utente, fazendo uma avaliação psicológica, social e física, com o objectivo de
compreender as suas capacidades e motivações perante as actividades propostas pelo
Animador.
O Animador tem por objectivo primordial promover o bem-estar do idoso,
respondendo a todas as suas necessidades, ao que lhes cativa e interessa. Normalmente
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Leonor Pinto 20
comenta-se que o trabalho com este tipo de população é desgastante a nível psíquico,
mais do que físico, mas o resultado de todo esse trabalho é muito compensador e em
cada dia temos uma aprendizagem diferente.
Além de promover o seu bem-estar deve promover a inovação e novas
descobertas, valorizar a formação ao longo da vida, proporcionar uma vida mais
harmoniosa, atractiva e dinâmica com a participação e envolvimento do idoso. Em todo
este longo trabalho, devemos contribuir para que estes possam tirar o maior e melhor
proveito da vida no seu envelhecimento activo bem como também aumentar a esperança
de vida saudável, dando assim significado ao percurso fundamental do idoso.
2.6-Encontros Inter-geracionais
"O velho que eu serei amanhã, terei de começar a pensá-lo hoje."
Stella António
Ao longo do meu período de estágio, procurei incluir atividades que
envolvessem relações inter-geracionais. Uma vez que na freguesia existe uma
instituição vocacionada para a infância, na qual eu sou funcionária, entendi por bem
estabelecer contactos entre as crianças e os idosos abrindo assim espaço ao
relacionamento e ao diálogo. As relações inter-geracionais têm muita importância no
intercâmbio entre grupos etários distintos e na troca que se pode estabelecer entre eles.
A aproximação das diferentes gerações deve levar em conta não só a cronologia, mas
deve considerar os estilos de vida, o saber, valores, memória, com o intuito de viabilizar
uma relação entre as diferentes gerações.
No convívio entre idosos e crianças, as transformações que se operam são
múltiplas e recíprocas. As crianças pouco a pouco vão, mesmo sem saber, forçando os
idosos a mudarem as suas atitudes, ideias e forma de ver as coisas. Os idosos são
levados a revirar o fundo da alma, avivando práticas esquecidas, memórias apagadas,
conhecimentos relegados para trás... são levados pela mão das crianças a conhecer
novos brinquedos, outros hábitos, maneiras diferentes, programas nunca
experimentados (OLIVEIRA, 2003, p. 6).
Nesse convívio a troca de saberes possibilita vivenciar diversos modos de
pensar, de agir e de sentir, e assim, poder renovar as opiniões e visões acerca do mundo
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Leonor Pinto 21
e das pessoas. Essa renovação e transformação ocorrem reciprocamente, num
movimento constante de construção e desconstrução. Dessa forma, as atividades inter-
geracionais proporcionam um espaço em que as diferentes gerações, respeitando as suas
diferenças, criam uma história comum, a partir das sabedorias de cada integrante do
grupo, respeitando as diversidades e o conhecimento de cada um.
O relacionamento inter-geracional abrange questões como: solidariedade,
amizade, união, esperança e rebeldia, o que leva os intervenientes a criarem um forte
sentimento de apreço entre eles.
Esse sentimento geracional é o que determina a passagem dos saberes de uma
geração para outra e reforça a possibilidade da existência da troca mútua dos saberes, entre
as crianças e os idosos, tornando assim a relação inter-geracional uma via de mão dupla, e
não uma relação em que o mais velho repassa os seus saberes para os mais novos.
Ao longo do período de estágio foram imensas as cantigas, histórias e momentos
que juntos partilhámos. Os jogos e as brincadeiras criaram pontes para aproximar as
gerações. Tudo isto levou a recordações e saudades por parte dos idosos levando-os a viver
o seu passado.
A este respeito, Brandão (2006, p. 99) destaca que “a interação entre crianças
e idosos através da narrativa muitas vezes é prazerosa e enriquecedora para ambos”.
Fig.7 – Contar Histórias
2.7-Problemáticas na Terceira Idade (Patologias)
Este é um ponto importante que se deve abordar, devido aos problemas que esta
população abarca nesta fase da vida. A Esquizofrenia, o Alzheimer, a Diabetes e os
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Leonor Pinto 22
A.V.C. são as patologias mais graves e mais frequentes que afectam a maioria das
pessoas do Centro de Dia em que decorreu o meu estágio. Todas as patologias devem
ser vistas com o devido respeito, no entanto as que descrevo são tidas como as que mais
se realçam no grupo e que de qualquer modo o afectam directa ou indirectamente.
A Esquizofrenia é uma doença em que os seus sintomas se começam a fazer
notar no final da adolescência ou início da idade adulta (antes dos 40 anos). Esta é uma
doença mental que se caracteriza por uma desorganização dos processos mentais, isto é,
fica incapaz de distinguir a experiência real da imaginária, que pode causar danos
ocupacionais, nas relações interpessoais e familiares. São apresentados como sintomas:
delírios, alucinações, discurso e pensamento desorganizado, expressão de emoções e
alterações de comportamento. Os utentes da instituição portadores desta doença, por
vezes criam mau ambiente, pois tudo o que se lhe diz, interpretam como sendo uma
perseguição e espia á sua pessoa. É necessária muita calma e paciência para lhes fazer
crer o contrário.
A doença de Alzheimer, é hoje em dia uma doença que afecta alguma parte da
população e em sua maioria mulheres. Esta pode ser dividida em duas formas de
doença, a mais frequente, que surge entre os 60 e os 65 anos e a mais rara, a familiar
aparecendo com sintomas de perda de memória e raciocínio entre os 30 e os 60 anos. É
caracterizada por uma doença que afecta o cérebro, ao qual os seus sintomas são a perda
de memória e raciocínio, e ao longo dos anos se dá a deterioração progressiva das
células cerebrais, que acabam por morrer.
Na A.B.C.R.F. Lagarinhos podemos encontrar utentes com Esquizofrenia, com
doença de Alzheimer, uns casos mais avançados que outros, uma vez que nunca se
lembram dos nomes das pessoas que os rodeiam, e são incapazes de realizar as tarefas
propostas. Apesar de todos estes obstáculos, foram sempre inseridas em todas as
actividades planeadas, estimulando a sua participação e comunicação com todo o grupo.
Tornou-se imprescindível realizar jogos de memória com este tipo de população, para
que se fossem lembrando das pequenas coisas que as circundavam, como por exemplo:
o jogo do objecto escondido, que consistia em dizer o objecto que faltava no grupo de
materiais espalhados; uma mini avaliação do estado mental, ou seja, implicava que a
pessoa respondesse a perguntas como: “que dia é hoje?”, “em que mês estamos?”, e
outro tipo de perguntas que se dirijam ao seu passado.
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Leonor Pinto 23
A Diabetes é uma doença caracterizada pela incapacidade do organismo
produzir insulina, ou de utilizá-la adequadamente, e pela presença de concentrações
elevadas de glicose no sangue, uma vez que a insulina é a "chave" que abre a "porta"
por onde a glicose entra nas células. Se houver falta de insulina, a glicose permanece no
sangue em vez de fornecer energia às células.
Diabetes tipo 1 - que é causada pela destruição das células do pâncreas que
produzem a insulina. Manifesta-se habitualmente antes dos 30 anos de idade mas pode
ocorrer em qualquer idade.
Diabetes tipo 2 - é muito mais frequente e representa cerca de 90-95% de todos
os casos de diabetes a nível mundial. Esta forma de diabetes ocorre quase inteiramente
em adultos e resulta da incapacidade do organismo em responder à acção da insulina.
A diabetes tipo 2 pode conduzir a diversas complicações que podem resultar em
incapacidade permanente ou morte, entre as quais:
- Doenças cardiovasculares;
- Lesões renais;
- Lesões neurológicas;
- Doenças oculares e cegueira;
- Doenças digestivas;
- Síndrome do pé diabético, que pode obrigar à amputação.
Por este motivo temos especial cuidado na observação dos pés dos idosos no momento
de se lhe prestar a higiene. Após a detecção de qualquer anomalia na pele (feridas,
equimoses, ou outras lesões) são encaminhadas para o serviço de médico e de
enfermagem.
O AVC é, antes de mais, um Acidente Vascular Cerebral, ou seja, é uma
patologia associada a alterações nos vasos do cérebro. Estas alterações podem ser
isquémicas ou hemorrágicas. As primeiras implicam uma redução no fluxo sanguíneo
cerebral. Esse fluxo é importante porque permite transportar para o cérebro oxigénio e
nutrientes essenciais ao funcionamento das células que o constituem. Se esse fluxo é
reduzido ou interrompido, as células cerebrais deixam de receber esses elementos
essenciais e acabam por morrer.
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As alterações hemorrágicas correspondem a alterações da permeabilidade dos
vasos sanguíneos cerebrais ou mesmo a ruptura dos mesmos. Assim, há saída de sangue
desses vasos provocando a formação de um aglomerado de sangue que comprime as
estruturas cerebrais, alterando o seu funcionamento.
No caso do AVC isquémico existem 2 causas principais: a trombose e a embolia.
A trombose acontece quando uma artéria por qualquer razão vai ficando cada vez mais
estreita e acaba por se obstruir (a razão mais frequente é a aterosclerose). A embolia
acontece quando algo que circula na corrente sanguínea chega a uma artéria com menor
calibre e a obstrui (mais frequentemente trata-se de coágulos de sangue que se formam
nas artérias fora do cérebro ou no coração).
No caso do AVC hemorrágico as 2 causas mais importantes são: traumatismo
craniano e a existência de alteração das artérias, nomeadamente aneurismas,
malformações arterio-venosas, mas mais frequentemente alterações causadas pela
existência de hipertensão arterial.
Quando isto acontece as funções desempenhadas pelo grupo de células que
morreu perdem-se e o indivíduo tem aquilo que se chamam sinais neurológicos, ou seja,
manifestações da falta dessas mesmas funções. Daí que os nossos utentes estejam
limitados a cadeiras de rodas, andarilhos e até mesmo confinados ao leito.
Quais são os factores de risco de AVC?
Idade (acima dos 50-60 anos)
Sexo masculino (embora seja mais frequente nos homens, nas
mulheres há mais mortalidade)
História de AVC na família mais próxima
Hipertensão arterial
Diabetes
Hiperlipidémia (“gorduras no sangue”)
Tabagismo
Alcoolismo (especialmente no caso do AVC hemorrágico)
Anticonceptivos orais (“pílula”)
Tendo em conta os problemas que a estas doenças estão intrínsecos, deve-se ter
como objectivo para este tipo de público, uma melhoria da sua qualidade de vida,
garantindo assim o seu bem-estar ao longo de todas as etapas pelas quais ainda podem
passar.
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A fim de alertar-mos para estes problemas, providenciei uma acção de
sensibilização sobre as patologias relacionadas com a Diabetes e Tensão Arterial.
Passámos a mensagem á população em geral, sendo bem aceite e havendo muita
aderência. (Anexo 10)
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Capitulo III
Estágio
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3.Estágio
A A.B.C.R.F. de Lagarinhos aceitou sem contornos o meu pedido de estágio,
num total de 600 horas.
Dada a minha situação de Funcionária por conta de Outrem, a trabalhar no
“Abrigo da Sagrada Família”, situado na Quinta do Fidalgo em Lagarinhos,
vocacionado para a 1ª Infância, muito próximo da Instituição acolhedora, facilitou o
acerto de horários.
Juntamente com o meu Tutor de Estágio e na presença dos restantes elementos
da Direção, acordámos que o meu estágio se realizaria durante a semana no período das
13.30h às 16.00h, e durante o sábado entre as 8.00h e as 18.30h. A minha entidade
patronal foi compreensiva nesse sentido chegando mesmo a alargar-me o horário de
almoço por mais tempo sempre que fosse necessário.
3.1 Objetivos
Para a concretização do meu plano de estágio, procurei numa primeira estância
planificar as atividades a desenvolver e os seus objectivos a atingir. Estes foram
conseguidos, apesar de alguns obstáculos que foram aparecendo nas duas valências
diferentes. Optei por dividi-los em objectivos gerais e objectivos específicos para cada
campo de trabalho.
Objetivos gerais:
Promover o bem-estar e auto-estima do público-alvo;
Aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo do curso de forma a contribuir
para o meu enriquecimento pessoal e profissional.
Criar métodos de trabalho para as diferentes populações de trabalho.
Conhecer e contribuir para o bom funcionamento da Instituição, exercendo as
actividades necessárias para este fim.
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Objetivos específicos:
Dinamizar actividades de interesse do público-alvo;
Promover o convívio e interacção no local em que estão presentes;
Desenvolver a sua personalidade e autonomia;
Proporcionar aos utentes momentos felizes e de lazer elevando assim a sua auto
estima, partilhando momentos e saberes com crianças.
Revalorizar os seus valores e conhecimentos do passado, fazendo recolha para
portefólio.
3.2.Caraterização do público-alvo
Atualmente o Centro de Dia é frequentado no local por 27 utentes,
compreendidos entre os 50 e os 99 anos, dos quais 22 senhoras e 5 homens. É uma
população-alvo maioritariamente feminina e estão muito limitados por patologias já
referidas. É um tipo de população que possui certas limitações, daí ser uma
desvantagem e apresentarem auto-desmotivação no seu dia-a-dia. Estes obstáculos
foram sendo ultrapassados com a cumplicidade e dedicação nas tarefas que se foram
executando. É bom referir que parte destes utentes têm regime de S.A.D., no entanto
sentem-se melhor a frequentar a Instituição. Na valência de S.A.D. temos 10 utentes
que, embora não frequentem a Instituição, visitam-na regularmente.
3.3.Atividades desenvolvidas
Para a concretização deste período de estágio, foi indispensável inicialmente a
elaboração do Plano de estágio e seguidamente de uma planificação mensal das
actividades a desenvolver e os seus objectivos. Os primeiros dias de estágio foram
dedicados ao conhecimento lento e progressivo do público-alvo.
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SEMANA DE 06 A 10 DE SETEMBRO
Segunda-Feira Terça-Feira Quarta-Feira Quinta-Feira Sexta-Feira Sábado
Horário: 13.30/16.00h 8.00/18.30h
Tipo de
atividade
Apresentação
em grupo
Conversar
individualmente
com utentes
Conversar
individualment
e com utentes
Lúdica,
recreativa e
desportiva
Lúdica,
recreativa
Tema livre
Cozinha
Descrição
da
atividade
Processo de
acolhimento e
descontração
(canções e
jogos de
apresentação)
Conhecer
melhor cada um
deles
Conhecer
melhor cada
um deles
Dança das
crianças
Avaliar a
semana.
Interagir em
conversas
iniciadas
pelos idosos
Apoiar a
cozinheira na
confeção das
refeições
Objetivos
da
atividade
Tomar
conhecimento
geral do
Público-alvo
Aprofundar conhecimento de cada
idoso, diagnosticar problemas
familiares e de saúde.
Criar empatia, bom humor e
integração no grupo.
Criar
momentos
lúdicos de
interação com
as crianças
Conversar
temas livres
para criar
empatia e
descontraçã
o
Aprofundar
conhecimento
da atividade e
do
funcionament
o do serviço
Quadro 2- : Plano atividades para 1ª semana
A implementação das actividades do projecto de estágio tem como público-alvo
a população da terceira idade, autónomos e semi-autónomos das valências de Centro de
Dia e Serviço de Apoio Domiciliário, pelo que deve ser bem ponderada.
Na construção dos restantes planos de atividades semanais, procurei dar
continuidade ao Plano anual de atividades já existente na instituição, procurando em
cada atividade deixar o meu cunho pessoal, e foi crucial ter já um feedback e um
conhecimento mínimo do público-alvo, de modo a que as actividades se adaptassem e
colmatassem as suas necessidades, fossem adaptadas a eles, para que houvesse uma
evolução. No decorrer de todo o período de estágio, e no final de cada dia ou tarde de
atividades era feito um balanço com o público-alvo, saindo sempre por parte dos idosos
a expressão, “Volte sempre”, ou, “Amanhã volta?”
Neste momento posso dizer que sentia um feedback muito positivo e que a
motivação do público-alvo ajudou bastante no relacionamento.
Após ter explorado as necessidades, hábitos, interesses e espetativas dos clientes,
elaborei o Plano anual de atividades para 2011 (Anexo 2), para funcionamento da
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Instituição o qual foi aprovado em reunião de Assembleia Geral ordinária em 14 de
Novembro de 2010. Posteriormente, calendarizei essas atividades intercalando-as com o
meu plano de estágio (Anexo 1) a fim de o concretizar.
Na elaboração dos Planos de atividades tive em atenção alguns princípios,
nomeadamente:
Respeitar as diferenças religiosas, étnicas e culturais, dos clientes;
Promover a autonomia e qualidade de vida;
Respeitar o cliente quanto à sua individualidade, capacidades,
potencialidades, hábitos, interesses e expectativas;
Promover a participação activa dos clientes e/ou pessoa (s) próxima (s)
nas diversas fases de planificação das actividades;
Promover a comunicação, convivência e ocupação do tempo dos clientes;
Considerar que a ocupação quotidiana do tempo dos clientes depende do
seu projecto de vida, hábitos de lazer ou outros, bem como dos estímulos oferecidos
pelo CD.
Será importante dizer que eu pensava que tinha um certo conhecimento dos utentes
(público-alvo), pelo que, à partida, a fase da apresentação estaria ultrapassada. Errado…pois
ao longo da primeira semana, concluí que estava longe da realidade. Uma coisa é ver e a
outra é viver! Foi muito emocionante! Afinal não os conhecia assim tão bem!
Estavam presentes 27 utentes, e a cada apresentação sua emoção. Os utentes ficaram
maravilhados com a canção de apresentação e nos dias seguintes já a cantarolavam.
Fig. 8- Apresentação com canção Fig.9 – Jogos de apresentação
O objetivo foi proporcionar um auto e hetero-conhecimento do grupo,
inicialmente com uma apresentação minha e depois individual de cada utente (nome,
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Leonor Pinto 31
idade, os seus gostos), utilizando como exercício a passagem de uma bola de um
elemento para o outro, cujo jogo tinha como vantagem desenvolver a sua capacidade
físico-motoras, desinibição, descontração e criar empatia.
Fig.10 - Atendimento individual aos utentes
No decorrer da primeira semana de estágio o principal objetivo foi direcionado
para um conhecimento aprofundado de cada idoso presente no centro de dia. Este
conhecimento foi efetuado através de uma abordagem, primeiro coletiva e depois
individual, onde fiz a recolha do nome de cada um, idade, data de nascimento e
atividades do seu interesse. Aproveitei para ir tomando conhecimento das suas
patologias. Os utentes apesar das limitações, como alzheimer, esquizofrenia, surdez,
diabetes, bronquite, dificuldades físico-motoras (devido a A.V.C., doenças reumáticas)
problemas familiares, pretendem ultrapassar esses problemas, procurando as suas mais-
valias e grandes motivações.
Na valência de Centro de Dia, além de actividades esporádicas, realizámos
atividades prolongadas como, trabalhos manuais que exigiam mais tempo (crochet,
bordados, técnica do guardanapo, costura, pintura em tecido e em tela, entre outros),
dinâmicas de grupo, exercícios de alfabetização, passeios e ainda na preparação das
atividades comemorativas, em conjunto com as crianças do Abrigo da Sagrada Família,
como o “Dia do Idoso”, “Halloween”, “Dia de São Martinho” ,“Festa de Natal”,
“Carnaval, Dia da Mulher” e “Dia da Mãe”, mesmo não estando referênciadas no Plano
Anual de Atividades da Instituição. Propus aos idosos a ideia de se fazer uma exposição
e venda dos trabalhos realizados, a qual foi muito bem aceite pelos utentes. Ganharam
muito entusiasmo e vontade de ver a exposição dos seus trabalhos. Agendámos para o
“Dia da Mãe”, e esse objectivo foi totalmente conseguido. Como os idosos não se
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devem restringir todos os dias ao mesmo local, fizemos intercâmbios entre o Abrigo da
Sagrada Família e a Associação, realizaram-se passeios por lugares do seu interesse
assim como a concretização da exposição dos seus trabalhos realizados ao longo do
período de estágio, o que comprova o empenho e dedicação nas tarefas propostas.
3.3.1. Atividades Cognitivas ou Mentais
Uma das queixas mais comuns destes idosos é a perda de memória, o que apesar
de bastante comum, não é normal. Trata-se de um problema, muitas vezes, passivel de
tratamento. Geralmente esta dificuldade é devida a algum fator que, se corrigido,
devolve ao idoso a memória que está prejudicada
Um das causas pode ser o uso de medicamentos antidepressivos e remédios para
dormir; o uso indiscriminado dessas drogas levam a pessoa a apresentar um
rebaixamento intelectual, agitação, ansiedade e confusão mental. Outra causa pode ser a
depressão que se configura como dificuldades para dormir, perda de interesse e perda de
memória. A fim de minorar estas situações, procurei atividades que incentivem as
funções cognitivas do cérebro, que ajudem na manutenção e no restabelecimento da
memória; com jogos diversificados e apropriados, a função é estimulada e com isso há
um aumento do circuito entre os neurônios. Estes jogos têm o objetivo de trabalhar as
funções cerebrais visando a uma melhoria na saúde mental e qualidade de vida; o que
contribuiu imenso para ativar os neurónios foi a recolha de canções, poemas,orações e
provérbios, ajudando-os a “ir ao fundo do baú”, buscar tudo isso que lá estava
adormecido. Foi uma atividade de decorreu ao longo do estágio e que contribuiu para a
elaboração do portefólio Além disso, houve também a oportunidade de se discutir
algumas situações comuns nesta faixa de idade conforme foram surgindo,
nomeadamente a ansiedade, a dificuldade de dizer não, direitos dos idosos,
relacionamento familiar, frustrações, auto-estima e outros temas do interesse dos idosos.
Com o decorrer do estágio fui ganhando conhecimento e verifiquei que alguns
idosos há já muito tempo que não tinham o hábito da leitura. Constatei que aprenderam
a ler, no entanto deixaram de fazê-lo única e simplesmente por comodismo. Iniciámos
umas atividades de re-alfabetização, as quais foram bem aceites e bem sucedidas, pois
ajudam-nos a manter as capacidades.
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Fig.11-Jogos de memória e encaixe Fig.12- D. Cândida faz contas
3.3.2-Atividades Física ou Motoras
Sendo o envelhecimento um processo inevitável, inerente a todos os indivíduos,
importa atenuar muitos dos seus efeitos adversos. Um dos factores que mais contribui
para este processo e que pode levar mesmo à doença crónica, é o sedentarismo. A
degeneração que se verifica, ao nível das capacidades dos vários sistemas fisiológicos,
diminui a capacidade de desempenho das atividades comuns do dia-a-dia.
A actividade, seja ela de que tipo for, parece-me o melhor remédio para a
velhice, surgindo assim a necessidade de oferecer aos nossos idosos estímulos de
natureza física, emocional, social e intelectual.
A atividade física é citada como sendo um componente importante para uma boa
qualidade de vida. A busca pelo prazer, pela satisfação e bem-estar pessoal vem
crescendo cada vez mais, e estes benefícios podem ser encontrados na prática da
atividade física.
O envelhecimento combinado com a prática de atividade física é um grande
triunfo nesta fase da vida, a qual chamamos de terceira idade. Hoje em dia a população
tem uma expetativa de vida maior, daí que seja, importantíssimo determinar os
mecanismos pelos quais o exercício pode melhorar a saúde, a capacidade funcional e a
qualidade de vida.
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Nesse sentido, tentei que a atividade física para os utentes seja:
Motivante: Promovendo um interesse e uma necessidade nos praticantes;
Adaptada: Às possibilidades de movimento do grupo e de cada um;
Gratificante: Trazendo bem-estar físico e mental;
Utilitária: Mantendo e melhorando as capacidades físicas e intelectuais;
Socializadora: Que cumpra uma função de relação e comunicação.
Fig.13- Jogo do pelão Fig.14- Exercícios de aquecimento
As sessões de ginástica (exercício físico) acompanhadas de música e canções
têm como objectivo assegurar as condições de bem-estar e de felicidade dos utentes,
promovendo a sua saúde, tentando combater o sedentarismo e desenvolvendo as suas
capacidades físicas e intelectuais através de tarefas simples de movimentação articular e
muscular possibilitando-lhe uma maior qualidade de vida. Com estas atividades,
algumas vezes em conjunto com as crianças do Abrigo da Sagrada Família, procurei
proporcionar aos dois grupos o aumento do auto-domínio, melhorar a ocupação dos
tempos livres, desenvolvimento das capacidades físicas, combater o sedentarismo e o
stress, prevenção das depressões e aumentar a auto-estima. Por vezes bastava uma
cantiga acompanhada com gestos e já trazia muito boa disposição aos utentes.
Além destas atividades de interior, procurei desenvolver outras no exterior a fim
de se proporcionar o convívio entre todos, com a realização de jogos populares, com a
participação da comunidade em geral.
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Fig. 15-Jogo do pelão Fig.16-Jogo do Cântaro
3.3.3.Atividades através da Expressão Plástica
Partindo do princípio que as atividades através da expressão plástica
proporcionam ao idoso a possibilidade de se exprimir através das artes plásticas e dos
trabalhos manuais, procurei com este tipo de actividades que o idoso pudesse dar largas
à sua imaginação e criatividade através das várias formas de expressão, como sejam a
pintura, o desenho, etc. As actividades de expressão têm ainda a vantagem de
desenvolverem a motricidade fina, a precisão manual e a coordenação psicomotora.
Assim sendo, realizámos algumas atividades tais como: Pintura em tecidos e em tela;
Desenho; Modelagem; Renda; Bordados; os quais serviram para a nossa exposição e
venda do Dia da Mãe.
Fig.17-Rendas e bordados Fig.18- Modelagem e pintura em tela
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Fig.19- Fazer flores em feltro Fig.20- Técnica do guardanapo
3.3.4. Actividades do Quotidiano
A União Europeia optou pelo termo “sénior” quando se refere à população com
mais de 50 anos.
Há autores, que defendem que não se pode medir ou quantificar todas as pessoas
que atingem a “terceira idade” como pertencentes a este grupo, porque o
envelhecimento é um fenómeno pessoal que varia bastante de indivíduo para indivíduo
não se acomodando a limites cronológicos precisos. No entanto, certos idosos quando
lhes é solicitada ajuda para as atividades do dia-a-dia, acabem por dizer que já estão
velhos, já trabalharam muito, já não sabem fazer nada e que agora já não podem. “Se
pudesse trabalhar eu não estava aqui”, dizem alguns. Com o decorrer do estágio, fui
tentando mentalizá-los que as pequenas atividades servem de terapia para pequenos
males, pois estão distraídos e esquecem-se das dores e dos problemas. Como diz o
ditado “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, e assim foi, acabei por ver
algumas idosas a prontificarem-se para pequenas atividades que até aqui não faziam.
Procurei dar bastante animação á atividade, contando anedotas, histórias e
incentivei os idosos a fazê-lo e resultou muito bem.
Fig.21 - Idosas a descascar batatas
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As actividades do quotidiano têm como objetivo permitir ao utente desenvolver
práticas habituais como pequenas tarefas domésticas (como por exemplo pôr a mesa,
dobrar roupas), ver TV (as noticias, os jogos de entretenimento, novelas), cuidar da sua
imagem (vinda do cabeleireiro à Instituição, quando necessário), de forma a tentar
manter as rotinas do seu antigo dia-a-dia, e evitar situações de acomodação que levam a
situações de depressão e demência.
3.3.5. Atividades através da Expressão e da Comunicação Oral e Corporal
Esta atividade tem como objetivo incentivar os utentes para se relacionarem uns
com os outros de forma a proporcionar trocas de experiências e vivências. Permite
também a troca de ideias, opiniões, sugestões mas também transmissão de sentimentos
de valores e emoções através da voz, do comportamento, da postura e do movimento.
Realizámos algumas peças de teatro, no natal “auto de Natal”, no dia dos namorados
“Romeu e Julieta”, e também com a chegada da primavera. Estas atividades permitiram
libertar-se de preconceitos, de respeitos humanos, e dar largas á sua imaginação.
Para incentivar os utentes á leitura, procurei semanalmente fazer a leitura do
jornal “Notícias de Gouveia”. Notei que na instituição havia poucos livros, pelo que
falei pessoalmente com a responsável da biblioteca”Vergílio Ferreira”, de Gouveia, a
fim de nos encaminhar alguns livros, os quais não fossem de utilidade para a mesma
biblioteca. Assim aconteceu e logo no dia seguinte recebemos duas embalagens de
livros. Os idosos entusiasmaram-se bastante com esta ideia e aderiram á leitura.
Fig.22 e 33- Leitura e análise do jornal “Noticias de Gouveia”
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Fig.24- Peça da Primavera
Proporcionei a oportunidade de os idosos assistirem a um teatro de fantoches,
apresentado pelas crianças do ”Abrigo”. Contaram a história do Capuchinho
Vermelho”, e no final os idosos tiveram oportunidade de manipularem os fantoches e de
inventar histórias com eles. Foram umas tardes muito felizes para todos.
Fig.25- Teatro de fantoches Fig.26-Explorar a história
Fig.27-Partilha de histórias
Dança: A dança é uma forma de animação que pode e deve ser desenvolvida
com os mais velhos, uma vez que para estes a dança está associada a memórias e
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experiências importantes na sua vida. Esta atividade foi desenvolvida através de
organização de festas, de bailes e de tardes de dança onde os utentes puderam praticar
danças tradicionais e danças de roda.
Fig.28- Idosos dançam em festa convívio
Música: A música popular portuguesa permite alegrar a vida de qualquer pessoa,
incentivando os utentes para a interacção em grupo, o convívio e o enriquecimento da
cultura de cada um. Através da música e do canto, fomenta-se a participação ativa dos
utentes na Instituição, divulgando assim parte da realidade cultural de cada um. Esta
atividade foi realizada através da recolha de músicas do conhecimento dos utentes,
ouvir música e organizar portefólio. Durante várias tardes em que o vento e a chuva se
ouviam lá fora, mantivemo-nos quentinhos junto à lareira, contando histórias e cantando
cantigas tradicionais, o que nos alegrou muito o coração. Pareciam os serões da aldeia á
moda Portuguesa. Foi óptimo! Que saudades!
3.3.6.Actividades Lúdicas
A animação lúdica tem por objectivo divertir as pessoas e o grupo, ocupar o
tempo, promover o convívio e divulgar os conhecimentos, artes e saberes.
Actividades Culturais: Visionamento de Filmes Portugueses, fomos ao Teatro-
cine de Gouveia, ao Museu do pão, às Exposições, às Feiras, Parques Naturais, Visitas
com fins religiosos, a Fátima, à Stª Eufémia dos Matos em Paranhos. Assistimos á Via-
Sacra ao vivo no Seminário de Gouveia.
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Fig.29- Idosos assistem a filme Fig.30- Visita á capela Sr.ª dos Verdes
Fig.31-Convívio com outros Idosos Fig.32- Idosos em viagem
Jogos de Mesa: Estes jogos têm como objetivo promover o convívio e a
interação entre os utentes. Esta atividade será desenvolvida através de vários jogos
como por exemplo as Cartas, o Dominó, Jogo do Galo, as Damas.
Procurei que as crianças participassem nestas atividades por diversas vezes com o
objetivo de criar boa disposição, auto-estima, com o sentido de os idosos ensinarem
técnicas e truques dos jogos realizados.
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Fig.33- Jogo da memória Fig.34-Jogo das cartas
Comemoração de datas Festivas
Ao longo do período de estágio, tive sempre presente, a ideia de realizar as
atividades previstas no Plano de atividades já existente e no que elaborei. Sendo o dia
do idoso, o Halloween, o S. Martinho, o Natal, as Janeiras, Carnaval e dia da Mulher, o
dia de S. Valentim, a Páscoa, o dia da Primavera e o Dia da Mãe umas datas
importantes e memoráveis, procurei dar a cada uma delas um brilho especial. Para isso
juntei as Instituições para em comum comemorarmos e partilharmos o que de melhor
cada um de nós tem. Estas atividades de calendário, têm como objetivo reviver
tradições, proporcionar interação, alegria, dinamismo entre os utentes das Instituições
mas também os respetivos familiares e toda a comunidade. Organizaram-se festas para
comemorar os aniversários de cada utente. Terminámos com o Dia da Mãe, no qual
fizemos a exposição dos nossos trabalhos, e que preencheu todo o nosso Ego, e nos
deixou completamente realizados e com o sentimento do dever cumprido.
Dia do Idoso
Pela manhã, quando os idosos nem sonhavam com a surpresa, tiveram a visita
das crianças do Abrigo e da Escola primária. Levavam na voz uma cantiga e um poema.
Na algibeira levavam uma flor para no final oferecerem a cada um dos idosos presentes,
e deixaram um exemplar para aqueles que por qualquer motivo não estavam. Afinal a
festa era de todos e para todos. Foi emocionante!
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Fig.35-Crianças cantam aos idosos Fig.36-Dia do Idoso recebem flor
Halloween
No dia do Halloween, as crianças compareceram ao convite para se realizar a
atividade proposta. Cheios de alegria, e entusiasmo enfeitámos a nossa abóbora.
Jogámos o jogo “A aboborinha escondida”, que consistia em cada um ter que encontrar
o maior número de abóboras escondidas no parque, a fim de ser premiado. Os idosos
como não podiam ir á procura foram os júris. Sentiram e viveram bem essa
responsabilidade.
Fig.37- Preparar a abóbora Fig.38- Jogo da “aboborinha escondida”
S. Martinho
Dia de S. Martinho optei por levar os idosos até á Instituição onde eu trabalho.
Chegados ao Abrigo da Sagrada Família, fizemos uma fogueira com caruma para fazer
um magusto. Foi um momento divertido ouvir as castanhas a estalar. Cantámos cantigas
e contámos anedotas. A seguir começou a ficar frio e entrámos para a Instituição onde
nos esperavam algumas surpresas. As crianças prepararam, para os idosos, a
representação da “Lenda do S. Martinho”, danças e um delicioso lanche.
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Fig.39- Magusto no “Abrigo” Fig.40-Crianças cantam para idosos
Natal
A época do Natal foi vivida com o verdadeiro espírito Natalício. Preparámos a
festa de Natal, em conjunto com as instituições da freguesia. Cantámos cânticos
natalícios, preparámos a missa, na qual participaram crianças e idosos. Foi uma
atividade muito sentida e vivida pelos utentes e colaboradores. Tivemos uma missa na
capela particular do “Abrigo”, seguida de almoço convívio e tarde recreativa no salão da
Associação, na qual todos participámos. Repleta de bons momentos a festa contou com
a presença de 300 pessoas.
Fig.41- Missa de Natal Fig.42- Festa convívio
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Ano Novo
A recepção ao Ano novo foi feita com o cantar das Janeiras e dos Reis. Como
esta imenso frio, optei por levar as crianças a cantar as Janeiras aos idosos do Centro de
Dia e ao Domicílio. Tive a preocupação de fazer a recolha da cantiga das Janeiras com
os idosos, para ensinarmos ás crianças. Equipados a rigor, levámos até junto destes a
tradicional cantiga das janeiras da nossa região, juntamente com um baú cheio de
guloseimas, imitando a oferta dos Reis Magos.
Fig.43-Preparar as Janeiras Fig.44-Cantar as Janeiras
Dia de S. Valentim
Este dia não ficou esquecido nas nossas comemorações. Após um estudo da
história do Romeu e Julieta, passámos á prática. Ensaiou-se a peça a fim de se ir
representar para outros idosos em Moimenta da Serra, num convívio preparado pela
Empresa Terra Preservada. Esta empresa dedica-se à venda de produtos agrícolas
biológicos tendo também a vertente da animação. Foi um dia de algum nervosismo, no
entanto correu tudo muito bem e os objetivos foram conseguidos. Temos verdadeiros
atores entre nós! Terminámos o dia em cheio. Tivemos lanche partilhado e bailarico.
Fig.45-Dia dos namorados Fig.46-Peça “Romeu e Julieta”
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Carnaval e dia da Mulher
Como pude constatar no decorrer do estágio, os idosos não valorizam o carnaval.
No entanto, o tema do carnaval foi inspirado na história que nós fomos lendo em
conjunto com as crianças todas as semanas. O livro “Espanta-Pardais” da Autora Maria
Rosa Colaço, faz parte do Plano Nacional de leitura, pelo que achei por bem valorizá-lo
a ponto de o explorar com as duas faixas etárias. A cada passo ficava no ar a dúvida e a
vontade de saber a continuidade da história. Assim as crianças, disfarçaram-se de
espanta-pardais e primaveras, divertindo e deliciando os olhares dos idosos.
Fig.47 e 48- Os idosos receberam visitas surpresa de bruxas e palhaços
No dia 8 de Março, dia da mulher, organizámos um almoço convívio, no salão
polivalente da associação, em homenagem a todas as mulheres.
Fig.49-Almoço Dia da Mulher Fig.50-homenagem á Mulher mais idosa
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Dia do Pai
O dia do Pai na Instituição foi vivido com alguma antecedência. Os idosos
prepararam a prenda para esse dia.
Fig.51- Prenda para o pai Fig.52- Pais recebem prenda
Falámos sobre a imagem masculina, e sobre o papel de S.José, contámos a sua
história, rezámos orações alusivas ao Santo. Assistimos ao filme “O Pai Tirano”, e
embora os idosos já o conhecessem, gostaram de o rever.
Festa da Primavera
Com o apoio da Terra preservada, promovemos um encontro intergeracional
entre instituições, convívio esse a decorrer em Gouveia. Muitas instituições aderiram, e
o resultado foi muito bom. Mais uma vez o nosso lema era juntar crianças e idosos e
assim aconteceu. Juntos encenámos uma peça de teatro, “A Semeadora”, onde não
faltou o nosso Espanta-Pardais, tão familiar e conhecido dos utentes.
Fig.53 e 54-Convívio com outras Instituições -Peça “ A Semeadora”
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Páscoa
Embora a Páscoa seja uma época menos alegre e festiva, não deixámos de
reviver as tradições. Entre os idosos e as crianças, fizemos a festa das madrinhas, em
que cada criança escolhia um padrinho ou madrinha, assumindo o compromisso de lhe
fazer uma visita regular. Procedemos á troca de prendas, neste caso das amêndoas, e
assim ficou selado o nosso contrato. Correu como o previsto, pois sempre que os
padrinhos e afilhados se encontram, tratam-se como tal.
Fig.55- Festa das madrinhas
Ainda em época de Páscoa, fomos convidados a assistir todos juntos á Via-Sacra
no Seminário de Gouveia, encenado pelo Instituto de Gouveia, pela turma do curso
Animação Sociocultural. Foi realmente muito comovente e todos ficaram maravilhados.
Fig.56- Assistimos àVia-Sacra
Festa do dia da Mãe
MÃE...
do amor sem dimensão, de cada momento, dos atos de cada capítulo de
minha vida não ensaiados, mas vividos em cada emoção...
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MÃE...
a presença de cada passo que o tempo não apaga: por mais longo e escuro
que seja o caminho, haverá sempre um horizonte...
MÃE...
Mulher a quem devemos a vida, que merece o nosso respeito, nossa
gratidão e nosso afeto. Autor Desconhecido
Chegou o tão desejado dia da mãe. Os utentes andavam entusiasmados com este
dia, pois trabalharam com muito entusiasmo para que se concretiza-se a exposição e
venda dos trabalhos por eles realizados.
Mais uma vez as crianças foram parte integrante desta festa pois os idosos já
nem se sentiam bem sem as mesmas.
Antecipadamente, preparámos a decoração do salão. No dia anterior, expusemos
os trabalhos e como eram também para venda, os próprios idosos quiseram ser eles a
dar um valor aquilo que fizeram. Posso dizer que os idosos ficaram muito orgulhosos e
felizes em ver os seus trabalhos expostos.
Fig.57- Preparar dia da Mãe
No dia da mãe fomos todos á missa na igreja matriz de Lagarinhos, na qual
participamos ativamente, a fim de envolvermos toda a comunidade e de
homenagearmos todas as mães. Durante a Eucaristia, recitámos um poema dedicado a
todas as mães e no final distribuímos uma rosa a cada uma. Seguiu-se o almoço, servido
por um restaurante, aberto á comunidade em geral, com tarde recreativa e convívio entre
os presentes. A exposição e venda dos trabalhos superou largamente a nossa
expectativa, pelo que os nossos objectivos foram alcançados.
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Fig.58- Exposição dos trabalhos
Fig.59-crianças em homenagem às Mães Fig.60-Homenagem à mãe mais idosa
Festas de aniversário
Para os idosos, o seu aniversário já não lhes diz nada. No entanto, é sempre bom
saberem que alguém se lembra deles. Irradiam felicidade no momento de se cantarem os
parabéns, pois a sua auto-estima eleva e sentem-se o centro das atenções. Sempre que
cada utente faz anos é festejado o momento, cantando-lhe os parabéns e oferecendo um
bolo. Ajudamos a viver esses momentos, tornando-os mais alegres e felizes.
Fig.61- Festa de aniversário Fig.62- Crianças cantam parabéns
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3.3.7.Atividades de rotina no funcionamento da Instituição
Além das actividades anteriormente referidas, propus ainda ajudar nas várias
secções da instituição com o objectivo de tomar conhecimento do seu funcionamento
geral e prestar apoio a estes serviços.
Pude constatar que é uma Instituição que se preocupa com a higiene e saúde dos
seus utentes e colaboradores pois mantém as condições exigíveis para o bom
funcionamento da mesma. Os seus colaboradores fazem exames regulares tendo como
Medicina do Trabalho a empresa INTERPREV. Actualmente e em paralelo tem
instalado o HACCP, com todos os seus requisitos. As suas instalações no geral, estão
equipadas com o exigido, mantendo-se perfeitamente limpas e desinfectadas. Existe um
gabinete médico no qual constam desinfectantes, cicatrizantes, pomada para
queimaduras, tesouras, pensos, gaze, antipiréticos, devidamente acondicionados e
acessível a todos os colaboradores para actuarem em caso de primeiros socorros. Em
todas as instalações, (sanitárias, vestiários, armazenamento, local de preparação e
confecção dos alimentos) são tidas em conta as condições de higiene e segurança
indicadas na legislação em vigor. A instituição neste momento não possui alvará nem
licença de utilização, estando a direcção (tomou posse em 2010) a fazer todos os
esforços para que isso se concretize.
Cozinha
O meu papel na cozinha foi diversificado, sendo-me dada a possibilidade de
fazer de tudo um pouco o que me permitiu ficar com o conhecimento geral do
funcionamento desta secção.
É uma divisão muito importante da Instituição pois por aí passa a higiene,
preparação e confecção dos alimentos e de todo o equipamento que entra em contacto
com eles. Todos os utensílios são em material adequado, plástico resistente a altas
temperaturas e inox, mantidos em bom estado de conservação, limpeza e desinfecção.
Aí procedi a limpeza higiene e desinfecção de todo o equipamento, e dei apoio
em todas as actividades inerentes a este serviço.
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Fig.63- Lavar louça Fig.64- Triturar a sopa
Refeitório:
Nesta secção propus-me servir e dar apoio aos idosos no momento da refeição.
Aqui, procurei que o momento da refeição fosse um momento de prazer e de
convívio. Sempre que possível tentei promover a autonomia de cada idoso estimulando-
o a decidir o que quer comer e a tomar a refeição sozinho. No caso de o utente estar
incapacitado, exerci essa função com uma atitude calma e pausada, procurando
conversar com o cliente. Administrei a medicação em cada refeição, garantindo assim
saúde e bem-estar aos utentes. No final de cada dia, procurei que as instalações ficassem
minimamente limpas e asseadas.
Fig.65- Preparar as mesas Fig.66- Servir refeição
Fig.67-Dar apoio na alimentação Fig.68-Administrar medicação
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Cuidados de Higiene e de imagem:
Pretende-se promover a saúde e bem-estar do idoso, aumentar a sua auto estima
e conforto pessoal.
Na prestação dos cuidados de higiéne e imagem, cada cliente tem de ser tratado
com respeito, pela sua identidade, hábitos, e modo de vida, assegurando-lhe a sua
privacidade autonomia e dignidade, caso contrário violamos os seus direitos. Neste
momento devemos ter uma atitude positiva, de respeito, compreensaõ e empatia.
Fig.69- Apoio no arranjo pessoal Fig.70- Apoio na higiene pessoal
A higiene pessoal é decisiva no que respeita a factores pessoais e ambientais que
incidem na saude física e mental dos utentes. Pelo facto, os cuidados de higiene exigem
de nós uma atitude integral e globalizadora que valorize as condições fisicas,
psicológicas, sociais e funcionais de cada idoso.
Nestes cuidados de higiéne, é essencial o cuidado dos pés principalmente em
pessoas diabéticas. Aproveitamos o momento da limpeza para inspecionar a pele, a fim
de detetar pequenos cortes, equimoses ou alteração da cor, e aplicamos creme.
Neste serviço, procurei ser calma, discreta, compreensiva, manter uma atitude
positiva e criar empatia para garantir a confiança e o à-vontade do idoso. Procurei
alertar os idosos para o problema das quedas, tão propícias e frequentes nesta faixa
etária. Para melhor os elucidar, passei o Power Point sobre “quedas”, o que os ajudou e
lertou bastante para estes perigos.
No final de cada dia, procurei que as instalações ficassem minimamente limpas e
asseadas.
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Lavandaria:
Nesta secção procede-se à lavagem e tratamento de roupas dos idosos de forma a
satisfazer as suas necessidades.
Este serviço de lavagem e tratamento de roupa foi criado com o intuito de
promover a satisfação das necessidades dos utentes e promover a sua qualidade de vida.
Aqui, o serviço é feito por várias etapas, começando pela recolha no domicílio
do utente, passando pela selecção, lavagem, secagem, armazenamento, reparação,
engomagem e encaminhamento para o utente.
Quando entra na lavandaria a roupa é devidamente identificada com o número
do utente, de forma muito discreta, a fim de não ser danificada.
Após a passagem por todas as etapas, fica registada no sistema de registo, pesada
e devolvida ao cliente com a maior brevidade possível. No final de cada dia, procurei
que as instalações ficassem minimamente limpas e asseadas.
Fig.71-Tratamento de roupas
Escritório:
Elaboração do Plano Anual de Atividades 2011;(ver anexo 2)
Elaborar e atualizar Registos e Processos individuais dos
utentes, segundo indicações do ISS
Fotografia
Idade
Preferências alimentares
Proveniência
Patologias
Grau de autonomia /independência
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Medicação / cuidados de saúde
Condições Habitacionais.
Estes aspectos foram todos tomados em atenção (e devidamente registados) na
elaboração dos processos individuais dos utentes, em regime de C.D. e S.A.D.
Durante o período de estágio, em 27/10/2010, a instituição foi alvo de vistoria
por parte dos técnicos do Centro Regional da Segurança Social da Guarda, em que um
dos aspectos exigidos (além de outros) era a organização dos processos individuais dos
utentes. Estes processos foram todos devidamente organizados por mim, segundo as
exigências do I.S.S. (Instituto de Segurança Social), pelo que na próxima vistoria essa
falha já não vem registada por esses serviços.
Faz parte obrigatório e integrante de cada processo, o Contrato de Prestação de
Serviços, devidamente preenchido e assinado por ambos os Outorgantes. A grande
maioria dos processos não tinha este documento pelo que elaborei uma Adenda (Anexo
5) a todos os Contratos de utentes que já frequentavam a Instituição e que não tinham
contrato.
Foi um trabalho que apesar de muito trabalho, deu-me imenso prazer fazê-lo,
pois pude contactar individualmente com cada utente, tomar conhecimento da realidade
que cada um abraça. Passei horas sem fim, de noite e de dia, em visitas ao Domicilio a
fim de recolher o máximo de informação para a concretização deste trabalho.
Fig.72- Visitas ao Domicílio
Os processos individuais são constituídos por um conjunto de documentos, que
fazem referência a todos os aspectos familiares, físicos, psicológicos, financeiros e
sociais do utente. Estes processos contêm informações particulares e por isso estão
arquivados no estabelecimento A.B.C.R.F.Lagarinhos, em vitrina fechada á qual só tem
Relatório de estágio
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Leonor Pinto 55
acesso a Direcção Técnica e os Serviços Administrativos, garantindo assim a sua
privacidade e confidencialidade. (Segundo normas do I.S.S.).
“O Processo Individual do Cliente é arquivado no estabelecimento em local próprio e de fácil acesso à direcção técnica e serviços administrativos, em condições que garantem a sua privacidade e a confidencialidade. Cada processo individual deverá ser actualizado pelo menos semestralmente.
O cliente e/ou pessoa(s) próxima(s) (sujeito a autorização do cliente) têm conhecimento da informação constante no processo individual.”
Fonte: Manual dos processos do I.S.S.
Elaboração e afixação de Ementas
"Diz-me o que comes, e dir-te-ei a saúde que tens."
Dr. Emídio Peres
Uma alimentação saudável e equilibrada é uma das condições necessárias para
que se viva uma vida longa e com qualidade.
Na elaboração das ementas procurei que fossem equilibradas, variadas e ricas
nutricionalmente, respeitando o contexto sociocultural dos idosos (Anexo 6)
Preocupei-me em promover o consumo de alimentos do grupo dos legumes e
frutos, pelo facto de serem ricos em fibras e vitaminas. Evitei o consumo de fritos e
refogados, dando lugar a cozinhados mais saudáveis como cozidos, assados, grelhados
e estufados, de acordo com os gostos da generalidade dos idosos.
Durante o estágio, houve na Instituição a vistoria higieno-sanitária, por parte do
Centro de Saúde de Gouveia, em que foram avaliadas as condições de higiene de todos
os utensílios usados na confecção dos alimentos e dos manipuladores dos mesmos. Em
paralelo com essa ação, foi levada uma amostra da sopa para avaliar o teor do sal a
usar, pois tínhamos sido alertados para a redução do mesmo. Aconteceu que os idosos
reclamaram esse facto. Com o objetivo de ficarmos elucidados dos malefícios de
excesso de sal, e consequentemente reduzirmos o seu consumo, explorámos um Power
Point sobre o sal, cujo objetivo foi atingido. Os idosos aceitaram muito bem
começando a não reclamar e a compreender melhor o facto de a comida ter pouco sal.
O que também ajudou, foi o rastreio referente á Diabetes e Tensão Arterial. Ao
longo da minha estadia pela instituição, constato que os idosos não estão dispostos a
Relatório de estágio
C.E.T. - Técnico de Gerontologia
Leonor Pinto 56
prescindir de uma boa alimentação, bem apaladada em prol da saúde. É necessário
muita insistência da nossa parte para os fazer crer que certos alimentos são menos ou
mais saudáveis do que outros.
Visitas Domiciliárias e em Centro de Dia:
Estas visitas englobam a prestação de cuidados de Higiene, Saúde e
Conforto. Banhos semanais, higiene diária, administrar a Medicação, Avaliar Tensão
Arterial, diabetes, preparar as caixas dos medicamentos semanalmente.
O objetivo é proporcionar cuidados básicos de saúde e higiene pessoal e
habitacional, permitindo dar maior conforto ao idoso e ainda acompanha-los de forma
muito próxima para que não sintam a solidão e o abandono.
Aos sábados fiz Serviço Domiciliário a fim de levantar os idosos, arranjá-los e
traze-los para a Instituição.
Fig.73- Trazer o utente do Domicilio
Grande parte das terças-feiras, integrei-me na equipa de Serviço ao Domicílio
com a finalidade de se proceder á higiene habitacional dos utentes.
Relatório de estágio
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Leonor Pinto 57
Fig.74- e 75- Higiene habitacional domiciliária
Ao longo do período de estágio, foram várias as vezes em que participei na
prestação de cuidados de higiene semanal e diária. Durante as refeições administrei a
medicação garantindo saúde e bem-estar aos idosos. Por norma, aos sábados logo pela
manhã aquando da chegada dos utentes á Instituição, visto que ainda estavam em jejum,
procedia à avaliação da tensão arterial e diabetes.
Fig.76- Administrar Aerossóis
Fig.77- Medir tensão arterial Fig.78- Medir Diabetes
Relatório de estágio
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Leonor Pinto 58
Rastreio de Tensão Arterial e Diabetes
Dando cumprimento ao Plano Anual de Atividades e a fim de alertar para as
consequências destas patologias, promovi um rastreio das mesmas. Para tal, convidei a
Enf.ª Filipa nossa colaboradora e a Dr.ª Maria João da Farmácia Avenida de Mangualde.
Atenderam prontamente o meu pedido, o que agradeço imenso. Convidou-se a
população em geral, divulgámos na página do Facebook, e a aderência foi excelente.
Fig. 79- Sessão sobre Diabetes e T. Arterial Fig.80- Rastreio de Diabetes e T.A.
Preparar caixas de medicação
Para garantir a administração da medicação de uma forma segura e eficaz, a
Instituição tem várias caixas de medicamentos semanais devidamente identificadas com
o nome de cada utente. As caixas são preparadas com antecedência através da grelha de
medicação prescrita pelo médico dos utentes.
Fig. 81- Organizar caixas dos medicamentos
Ação de sensibilização sobre roubos e furtos por parte da G.N.R.
Ainda no cumprimento do exposto no Plano de actividades, levei a efeito uma
ação de sensibilização em jeito de sessão de esclarecimento sobre burlas e furtos, com o
Relatório de estágio
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Leonor Pinto 59
objetivo de alertar os idosos para esta problemática. Para levar a efeito esta ação de
sensibilização, contactei o Comando Territorial de Gouveia,( contacto pessoal e direto)
que através do programa APOIO 65, disponibilizou dois agentes para o cumprimento da
atividade.
Mais uma vez as crianças participaram nesta sessão com o objetivo de transmitir
aos pais e avós, aquilo que conseguissem captar. Os objetivos foram alcançados pois a
explicação do Agente Almeida foi muito clara e esclarecedora.
Fig.82- Abertura da sessão Fig.83- Sessão sobre Roubos e furtos
Organizar e frequentar ações de Formação para os funcionários
Este item tem como objetivo organizar e receber formação a fim de melhorar os
conhecimentos gerais dos recursos humanos para um melhor desempenho pessoal e
profissional.
Decorreram algumas ações de formação de 25 horas cada para os funcionários
da Instituição em causa, do “Abrigo” e comunidade em geral. Relações interpessoais,
Técnicas de atendimento, legislação laboral e Comunicação no Atendimento.
Fig.84-Formação prática funcionários Fig.85- Formação de funcionários
Relatório de estágio
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Leonor Pinto 60
Após a formação, os formandos são de opinião que ficaram mais elucidados de
como agir em certas situações. O seu relacionamento, tanto com os outros colaboradores
como com os utentes melhorou visivelmente, pois estão mais sensíveis aos problemas
dos mesmos e motivados para lhes dar apoio.
Para estas formações contactei diretamente formadores conhecidos do IEFP de
Seia, da Associação Empresarial de Seia e da Empresa Lopes Garcia Consultores.
Foi uma iniciativa que superou as expectativas e atingiu os meus objectivos.
Avaliação do Grau de satisfação dos utentes, através de Inquérito de Satisfação
Com o objetivo de auscultar a opinião dos utentes e Familiares sobre o seu grau
de satisfação face aos serviços que lhe são prestados, pedi a 30 utentes o favor de
responderem ao inquérito incluído no plano de estágio. Inicialmente não aceitaram de
muito bom agrado, mas ao fim de uma breve explicação acabaram por aceitar. Os
resultados foram positivos e satisfatórios (Ver anexo7)
Elaborar um portefólio
A fim de proceder à recolha das tradições e saberes dos idosos, nomeadamente,
histórias, orações, contos, adivinhas, trava-línguas e provérbios, elaborei um
portefólio, no qual constam os saberes dos idosos. É natural que algumas orações já
não estejam no seu original, no entanto respeitei o que o idoso transmitiu. (Anexo 8)
Relatório de estágio
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Conclusão:
Após a conclusão do estágio, é tempo de reflexão. Fazendo uma retrospectiva de
todos os momentos vividos, concluo que afinal todos foram importantes. Os bons
momentos serviram para nos valorizarmos, e os menos bons, para rever a nossa posição
face a várias situações de modo a melhorá-las e a corrigi-las. As bases adquiridas não
estão devidamente consolidadas mas no entanto, tive oportunidade de as pôr em prática.
Os ensinamentos que aprendi, foram muito compensatórios e enriquecedores. Foram
uma mais-valia para o desempenho do meu papel enquanto estagiária, pois foram o meu
pilar essencial. Ocupei o lugar de aprendiz pois perante tanta sabedoria, os idosos
revelaram-se uns verdadeiros discípulos, o que me ajudou a crescer humana e
profissionalmente.
A minha maior dificuldade foi sem dúvida, as limpezas dos domicílios, pelo
facto de me deparar com determinadas condições habitacionais que condicionam a
mobilidade dos utentes, impedindo-os de ter uma melhor qualidade de vida.
Procurei dar o meu máximo, o meu melhor e acima de tudo, respeitar a
individualidade de cada pessoa que esteve no meu caminho. A minha função foi fazer
com que nenhum utente se auto-exclui-se, mas que se integra-se no grupo, aumenta-se a
sua auto-estima e participa-se ativamente, a fim de dar sentido à vida e de melhorar a
sua qualidade.
Tenho uma grande caminhada pela frente, na qual dei apenas um primeiro passo.
Não pararei por aqui, pois vou procurar desenvolver mais as minhas
competências nas várias áreas, através de formação e procurarei ajuda junto de outros
acima de mim, sempre que necessário.
Talvez não tenha conseguido passar a mensagem naquilo que escrevi mas, fui
muito feliz durante o estágio e acredito que fiz os outros felizes! Senti que quanto mais
de mim dava, mais rica ficava!
Obrigada a todos os que se cruzaram no meu caminho e que contribuíram para
eu aqui chegar…
“ O melhor meio para alcançar a felicidade
é contribuir para a felicidade dos outros”
(Baden-powell, in Última mensagem)
Relatório de estágio
C.E.T. - Técnico de Gerontologia
Leonor Pinto 62
Bibliografia:
MIRANDA, L.C. Qualidade de vida em idosos: breves reflexões. Cuidar de
Idosos, 2008. Disponível em: <http://www.cuidardeidosos.com.br/qualidade-de-vida-em-idosos-
breves-reflexoes/>. Acesso em: 11/06/2011.
Guia interpretativo para a aplicação de norma ISSO DIS:9001:2000 a lares de
idosos
Apontamentos das disciplinas do curso Técnico em Gerontologia,
Relatório de estágio
C.E.T. - Técnico de Gerontologia
Leonor Pinto 63
Webgrafia:
Www.abcdasaude.com.br/ - Acedido a 24/02/2011
www.portaldoenvelhecimento.net –Acedido a 28/03/2011
www.wikipédia.org./wiki/lagarinhos -Acedido a 21/08/2011
www.educare.pt – Acedido a 29/09/2011
www.hoops.pt/saude/saude - Acedido a 02/09/2011
www.roche.pt/portugal/index.cfm/saude/diabetes/- Acedido 24/09/2011
Nota: Nas pesquisas efectuadas tanto na bibliografia como na webgrafia, não pretendi
plagiar a informação, procurei antes ajuda para as minhas dúvidas.
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Leonor Pinto 64
Anexos
Anexo I
Plano de estágio
Plano de Estágio
Instituto Politécnico da Guarda
Aluno: Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
Nº de aluno: 5006971
Local de Estágio: Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Rua das Escolas Primárias
Lagarinhos
Gouveia
Telef: 238487953
E-mail: [email protected]
Tutor de estágio na Instituição
Nome: Rui Jorge Bernardino Borges
Cargo que ocupa: Presidente da Direcção
Contacto: 963014693
Plano de Estágio
Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
2
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
SUMÁRIO:
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3
ACTIVIDADES E OBJECTIVOS DO ESTÁGIO ............................................................................. 4
PRINCIPAIS ACTIVIDADES PLANEADAS ................................................................................... 4
INQUÉRITO DE SATISFAÇÃO PARA CLIENTES E FAMILIARES ......................................... 10
NOTAS FINAIS ................................................................................................................................ 14
Plano de Estágio
Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
3
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
INTRODUÇÃO
No âmbito do Curso de Especialização Tecnológica (CET), Técnicas em Gerontologia, do
Instituto Politécnico da Guarda, que decorreu de 9 de Novembro de 2009 a 24 de Julho de 2010, foi
sugerido que fosse realizado um estágio em Lares ou Centros de Dia, com a duração total de 600
Horas.
Assim sendo, proponho-me realizar o referido estágio na Associação de Beneficência
Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos, com as valências de Centro de Dia e Apoio
Domiciliário.
Para a execução do mesmo torna-se pertinente a realização de um Plano de Estágio, que para
além de me permitir melhor orientação e planeamento das actividades a realizar, servirá de bússola
orientadora e crítica para os meus orientadores.
Como tal, este Plano apresenta os objectivos que me proponho atingir, assim como as
actividades planeadas de forma a pôr em prática esses mesmos objectivos.
Este Plano foi elaborado com base nas normas orientadoras do Instituto Politécnico da
Guarda, do Professor Orientador, da Direcção e Tutor da Instituição de Acolhimento e também da
aprendizagem e formação recebidas ao longo do ano lectivo.
Plano de Estágio
Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
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Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
ACTIVIDADES E OBJECTIVOS DO ESTÁGIO
O Centro de Dia é um espaço de acolhimento onde se pode desenvolver uma variedade de
programas e actividades ocupacionais e de lazer, adequados aos utentes nas mais variadas condições
e etapas das suas vidas. Estes programas podem ser permanentes, variados, lúdicos e construtores
de um envelhecimento saudável.
O Apoio Domiciliário integra um conjunto de serviços e técnicas profissionais de
intervenção, prestados no domicílio de cada Pessoa, que necessita de apoio para complementar o
seu nível de autonomia e qualidade de vida, permitindo-lhe continuar a viver no contexto natural da
vida.
Partindo deste princípio, e para levar a efeito a realização deste Estágio, proponho-me
realizar as tarefas necessárias que me permitam atingir os objectivos propostos.
Pretendo contudo, criar intercâmbios entre os idosos e as crianças do A.T.L. e pré-escolar,
com o objectivo de juntar gerações a fim de conviverem de forma saudável, trocando saberes e
experiencias.
PRINCIPAIS ACTIVIDADES PLANEADAS
«A educação para o lazer entre os idosos tem por objectivo facilitar o desenvolvimento de
um estilo de vida que aumenta a sua qualidade de vida» (Tabourne, 1992, 47 in Pinto e Osório,
2007,283).
A planificação de actividades pressupõe a ocupação do utente e o seu envolvimento nas
actividades, para que possa sentir prazer na sua realização, entusiasmando-se pela participação e
consciencializando-se que pode dar o seu contributo no desenvolvimento das actividades propostas,
desfazendo a imagem pré-concebida de que os idosos são inúteis e inactivos.
As actividades planeadas proporcionam e facilitam o acesso a uma vida mais activa e mais
criativa, à melhoria nas relações e na comunicação com os outros, para uma melhor participação na
vida da comunidade desenvolvendo a autonomia pessoal.
As Actividades que proponho tem como objectivo geral promover a inovação e as novas
descobertas; valorizar a formação ao longo da vida; proporcionar aos idosos uma vida mais feliz e
dinâmica e valorizar as capacidades, competências, saberes e cultura aumentando a sua auto-estima
e auto-confiança.
I. Actividades cognitivas ou mentais;
II. Actividades físicas ou motoras;
III. Actividades através da expressão plástica;
IV. Actividades do quotidiano;
V. Actividades através da expressão e da comunicação oral e corporal;
VI. Actividades lúdicas;
VII. Actividades de rotina no funcionamento da Instituição;
Plano de Estágio
Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
5
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
I - Actividades Cognitivas ou Mentais
Treino da Escrita, pintura de desenhos e grafismos: Esta actividade consiste em
alfabetização para os analfabetos e treino com o objectivo de manter as capacidades dos
utentes letrados.
■ Material a utilizar: Papel, Caneta, Quadro, Livros de leitura, jornais, revistas.
■ Recursos Humanos: Estagiária do CET de Gerontologia, crianças de A.T.L.e funcionária
da Instituição
■ Destinatários: Todos os utentes do Centro de Dia que queiram participar.
■ Dias/Duração: 1 vez por semana, durante 60 minutos.
II - Actividades Físicas ou Motoras
Ginástica geriátrica: As aulas de ginástica geriátrica têm como objectivo assegurar as
condições de bem-estar dos utentes, promovendo a sua saúde, tentando combater o
sedentarismo e desenvolvendo as suas capacidades físicas e intelectuais através de tarefas
simples de movimentação articular e muscular possibilitando-lhe uma maior qualidade de
vida. Esta actividade permite ao utente o aumento do auto-domínio, melhorar a ocupação
dos tempos livres, desenvolvimento das capacidades físicas, combater o sedentarismo e o
stress, prevenção das depressões e aumentar a auto-estima.
Esta actividade será desenvolvida através de exercícios de aquecimento, feitos até na
própria cadeira; jogos populares e desportivos como por exemplo a Petanca, o Passar a Bola,
o Derrubar Garrafas, o Jogo do Anel, Pista de Obstáculos; a Marcha/Passeios ( no mínimo
de 30 minutos por dia); a Dança (dança popular através de festas e de organização de
bailes).
■ Material a utilizar: Balões, Bolas, Cordas, Garrafas de plástico, Bolas específicas para o
jogo da petanca, Cadeiras.
■ Recursos Humanos: Estagiária do CET de Gerontologia, um funcionário com algum
conhecimento em desporto.
■ Destinatários: Todos os utentes do Lar e Centro de Dia que queiram participar.
■ Dias/Duração: 2 vezes por semana, durante 60 minutos cada sessão (a ajustar de acordo
com as necessidades/limitações dos utentes).
III - Actividades através da Expressão Plástica
Pintura em tecidos e em tela; Desenho; Modelagem; Renda; Bordados; As actividades através da expressão plástica têm como objectivo proporcionar ao idoso a
possibilidade de se exprimir através das artes plásticas e dos trabalhos manuais. Com este tipo
de actividades pretende-se que o idoso possa dar largas à sua imaginação e criatividade através
das várias formas de expressão, como sejam a pintura, o desenho, etc. As actividades de
expressão têm ainda a vantagem de desenvolverem a motricidade fina, a precisão manual e a
coordenação psicomotora.
Plano de Estágio
Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
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■ Material a utilizar: Linhas, Lã, Algodão, tecido, Agulha, Papel, Canetas, lápis, pincéis, tela,
tinta.
■ Recursos Humanos: Estagiária do CET de Gerontologia, e Funcionário(a) da Instituição.
■ Destinatários: Todos os utentes do Centro de Dia que queiram participar.
■ Dias/Duração: 3 vezes por semana, durante 90 minutos cada sessão.
IV - Actividades do Quotidiano
Plantar árvore, cuidar do jardim: As actividades do quotidiano têm como objectivo permitir
ao utente desenvolver práticas habituais como a jardinagem, cuidar de plantas, pequenas tarefas
domesticas (como por exemplo pôr a mesa, dobrar roupas), ver TV (as noticias, os jogos de
entretenimento, novelas), cuidar da sua imagem (vinda do cabeleireiro à Instituição, quando
necessário), de forma a tentar manter as rotinas do seu antigo dia-a-dia.
■ Material a utilizar: Sacho, ancinho, regador.
■ Recursos Humanos: Estagiária do CET de Gerontologia, e Funcionário(a) da Instituição.
■ Destinatários: Todos os utentes do Centro de Dia que queiram participar.
■ Dias/Duração: 1 vez por mês para actividades de rua, (conforme condições meteorológicas) e
1 a 2 vezes por semana para as restantes.
V - Actividades através da Expressão e da Comunicação Oral e Corporal
Conversas /Comentários de Jornais e Revistas: Esta actividade tem como objectivo
incentivar os utentes para se relacionarem uns com os outros de forma a proporcionar trocas de
experiências e vivências. Permite também a troca de ideias, opiniões, sugestões mas também
transmissão de sentimentos de valores e emoções através da voz, do comportamento, da postura
e do movimento.
■ Material a utilizar: Revistas e jornais de qualquer tipo.
■ Recursos Humanos: Estagiária do CET de Gerontologia e Funcionário(a) da Instituição.
■ Destinatários: Todos os utentes do Centro de Dia que queiram participar.
■ Dias/Duração: Sempre que seja oportuno e sem qualquer limite de horário.
Dança: A dança é uma forma de animação que pode e deve ser desenvolvida com os mais
velhos, uma vez que para estes a dança está associada a memórias e experiências importantes na
sua vida. Esta actividade será desenvolvida através de organização de festas, de bailes e de
tardes de dança onde os utentes poderão praticar danças de salão, dança tradicional, dança de
roda.
■ Material: CD's de música popular, Leitor de CD.
■ Recursos Humanos: Estagiária do CET de Gerontologia e Funcionário(a) da Instituição.
■ Destinatários: Todos os utentes que queiram participar.
■ Dias/Duração: Dias de festas de aniversário, festas populares, com a duração que os utentes
desejarem.
Plano de Estágio
Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
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Música: A música popular portuguesa permite alegrar a vida de qualquer pessoa, incentivando
os utentes para a interacção em grupo, o convívio e o enriquecimento da cultura de cada um.
Através da música e do canto, fomenta-se a participação activa dos utentes na Instituição,
divulgando assim parte da realidade cultural de cada um. Esta actividade será realizada através
da recolha de músicas do conhecimento dos utentes, ouvir música e organizar portefólio.
■ Material: Rádio, Cd's e leitor de Cd's.
■ Recursos Humanos: Estagiária do CET de Gerontologia e Funcionário(a) da Instituição com
gosto pela música.
■ Destinatários: Todos os utentes do Centro de Dia que queiram participar e que tenham gosto
pela música e o cântico.
■ Dias/Duração: 1 a 2 vezes por semana, durante 30 minutos.
VI - Actividades Lúdicas
A animação lúdica tem por objectivo divertir as pessoas e o grupo, ocupar o tempo, promover o
convívio e divulgar os conhecimentos, artes e saberes.
Esta actividade visa respeitar e dar seguimento ao plano de actividades, visto que incide
bastante sobre este tipo de animação.
Actividades Culturais: Visionamento de Filmes Portugueses, Ir ao Teatro, aos Museus, às
Exposições, às Feiras, Parques Naturais, Visitas com fins religiosos a locais sagrados.
■ Material a utilizar: DVD's, Leitor de DVD, Meio de transporte.
■ Recursos Humanos: Estagiária do CET de Gerontologia e Funcionários da Instituição.
■ Destinatários: Todos os utentes que queiram participar.
■ Dias/Duração: Sempre que seja oportuno e sem limite de duração.
Jogos de Mesa: Estes jogos têm como objectivo promover o convívio e a interacção entre os
utentes. Esta actividade será desenvolvida através de vários jogos como por exemplo as Cartas,
o Dominó, Jogo do Galo, as Damas.
■ Material a utilizar: Cartas, Damas, Papel, Caneta, Dominó.
■ Recursos Humanos: Estagiária do CET de Gerontologia e um(a) auxiliar para acompanhar
essas actividades.
■ Destinatários: Todos os utentes do Centro de Dia que queiram participar.
■ Dias/Duração: Sempre que seja oportuno e sem limite de duração.
Comemoração de datas Festivas: Têm como objectivo proporcionar interacção, alegria,
dinamismo entre os utentes da Instituição mas também os respectivos familiares e toda a
comunidade. É importante organizar festas para comemorar os aniversários de cada utente,
festas religiosas, festas populares onde os utentes possam preparar exposições dos trabalhos
manuais e espectáculos.
■ Recursos Humanos: Estagiária do CET de Gerontologia e Funcionários da Instituição
■ Destinatários: Todos os utentes que queiram participar
■ Dias: Halloween, S. Martinho, Natal, Ano Novo, Dia dos Namorados, Festa da Primavera,
Dia do avo, Pascoa, festas de anos.
Plano de Estágio
Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
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Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
VI - Actividades de rotina no funcionamento da Instituição
Além das actividades anteriormente referidas, proponho ainda ajudar nas várias secções da
instituição com o objectivo de tomar conhecimento do seu funcionamento geral e prestar apoio a
estes serviços.
Cozinha:
Cozinhar e organizar as refeições para serem servidas na própria Instituição e ao
domicílio.
Refeitório:
Servir e dar apoio aos idosos no momento da refeição.
Lavandaria:
Lavagem e tratamento de roupas dos idosos.
Escritório:
Caracterização orgânica - funcional da Instituição
Elaboração do Plano de Actividades 2011;
Elaborar e actualizar Registos e Processos individuais dos utentes, segundo
indicações do ISS
Fotografia
Idade
Preferências alimentares
Proveniência
Patologias
Grau de autonomia /independência
Medicação / cuidados de saúde
Condições Habitacionais.
Elaboração e afixação de Ementas com o objectivo de atender ao gosto e
preferência dos idosos, respeitando as suas patologias;
Visitas Domiciliárias e em Centro de Dia: Prestação de cuidados de Higiene, Saúde e Conforto. Banhos semanais, higiene
diária, administrar a Medicação, Avaliar Tensão Arterial, diabetes, preparar as caixas
dos medicamentos semanalmente, cujo objectivo é proporcionar cuidados básicos de
saúde e higiene, permitindo dar maior conforto ao idoso e ainda acompanha-los de
forma muito próxima para que não sintam a solidão e o abandono.
Plano de Estágio
Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
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Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Elaborar um portefólio com a recolha das tradições e saberes dos idosos,
nomeadamente, histórias, orações, contos, adivinhas, trava-línguas e provérbios.
Organizar e frequentar acções de Formação para os funcionários, cujo objectivo
será dar e receber formação a fim de melhorar os conhecimentos gerais dos
recursos humanos para um melhor desempenho pessoal e profissional.
Avaliação do Grau de satisfação dos utentes, através de Inquérito de Satisfação
com o objectivo de auscultar a opinião dos Clientes (utentes) e Familiares sobre o
seu grau de satisfação mediante os serviços que lhe são prestados.
Plano de Estágio
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Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Inquérito de satisfação para Clientes e Familiares
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
VALÊNCIAS: Centro de Dia e Apoio Domiciliário
Data: Dezembro de 2010
Instruções de resposta ao questionário:
A procura da melhoria contínua, com vista a uma cada vez melhor prestação dos Nossos
serviços, é o principal compromisso estabelecido na nossa Instituição.
Por conseguinte, a sua opinião é fundamental para que possamos criar novas alternativas e
oferecer um serviço cada vez mais eficaz.
Não há respostas certas ou erradas relativamente a qualquer dos itens, pretendendo-se apenas
a sua opinião pessoal e sincera.
Este questionário é de natureza confidencial e anónima.
AA ssuuaa ccoollaabboorraaççããoo éé ffuunnddaammeennttaall ppaarraa pprreessttaarrmmooss uumm sseerrvviiççoo ddee QQuuaalliiddaaddee
NNOOTTAA:: OO iinnqquuéérriittoo NNÃÃOO ddeevvee sseerr aassssiinnaaddoo..
Plano de Estágio
Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
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Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
1 = Muito Insatisfeito, 2 = Insatisfeito, 3 = Pouco Satisfeito, 4 = Satisfeito e 5 = Muito Satisfeito
1 = Muito Insatisfeito, 2 = Insatisfeito, 3 = Pouco Satisfeito, 4 = Satisfeito e 5 = Muito Satisfeito.
2. Instalações, equipamentos e sinaléticas de segurança
Satisfação com…
Grau de Satisfação Registe aqui as suas
sugestões de melhoria (opcional) 1 2 3 4 5
Instalações no seu aspecto geral
(atractivas ou repulsivas)
Circulação entre as Várias áreas de
utilização e seu respectivo acesso
Espaço interior, salas (espaço seguro,
não representa qualquer perigo)
Instalações sanitárias (limpas, arejadas,
espaçosas)
Área destinada à alimentação (cozinha
refeitório e copa)
Condições de transporte
Materiais utilizados no chão, paredes e
mobiliário
Existência de extintores e material de
socorro e emergência
Identificação e sinalização das diferentes
áreas da instituição
Plano de emergência
Vestuário do pessoal colaborador
Uso de identificação pessoal dos
colaboradores
1. Imagem global da Instituição
Satisfação com… Grau de Satisfação Registe aqui as suas sugestões
de melhoria
(opcional) 1 2 3 4 5
Funcionamento geral da Instituição
Cortesia dos funcionários que lidam com
os clientes/colaboradores no local
Cortesia dos funcionários que atendem
por telefone os clientes/colaboradores
Igualdade de tratamento dos
clientes/colaboradores praticado na
Instituição
Flexibilidade e autonomia que os
funcionários têm para resolver as
situações individuais de cada
cliente/colaborador
Melhorias implementadas recentemente
na Instituição
Impacto da Instituição na qualidade de
vida dos clientes/colaboradores
Plano de Estágio
Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
12
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Satisfação com o espaço de atendimento
para esclarecimento de dúvidas ou outros
assuntos
1 = Muito Insatisfeito, 2 = Insatisfeito, 3 = Pouco Satisfeito, 4 = Satisfeito e 5 = Muito Satisfeito.
3. Acessibilidade da Instituição
Satisfação com…
Grau de Satisfação O que falta para que o seu grau
de satisfação seja 5?
(opcional) 1 2 3 4 5
Os acessos à Instituição
A localização da Instituição
Nível de acessibilidade para deficientes e
cadeiras de rodas (rampas de acesso,
elevadores)
Facilidade de estacionamento junto da
Instituição
Horário praticado
Encerramento da Instituição
Informação disponível no local de
atendimento
Possibilidade de efectuar o pagamento
dos serviços presencialmente através de
Multibanco
Existência de uma linha telefónica para
esclarecimento de dúvidas
Esclarecimento de dúvidas através de
correio electrónico
Informações disponíveis on-line
Existência de serviços disponíveis on-line
1 = Muito Insatisfeito, 2 = Insatisfeito, 3 = Pouco Satisfeito, 4 = Satisfeito e 5 = Muito Satisfeito.
4. Fiabilidade
Indicador Grau de Satisfação O que falta para que o seu grau
de satisfação seja 5? 1 2 3 4 5
Programação e execução das actividades
Quando uma actividade programada não
é realizada sou informado do motivo
Clareza da informação
Os horários da Instituição de entrada e
saída são do meu conhecimento e são
cumpridos à regra
O transporte está no local e hora
combinados
A instituição cumpre o estabelecido no
acordo
Plano de Estágio
Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
13
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
1 = Muito Insatisfeito, 2 = Insatisfeito, 3 = Pouco Satisfeito, 4 = Satisfeito e 5 = Muito Satisfeito.
5. Competência técnica/ atendimento e capacidade de resposta
Indicador Grau de Satisfação O que falta para que o seu grau
de satisfação seja 5? 1 2 3 4 5
Disponibilidade no atendimento e na
prestação de serviços
O pessoal tem formação técnica
necessária ás funções desempenhadas
O pessoal gosta daquilo que faz
O pessoal é competente e acessível
Quando me atraso no cumprimento do
horário tive compreensão e aceitação por
parte da Instituição
Se necessário, há sempre alguém a
quem solicitar informações (responsável
da instituição ou outra)
Quando contacto a instituição sou bem
atendido e com rapidez
Os meus problemas são resolvidos no
menor espaço de tempo
As minhas reclamações são tomadas em
atenção
6. Credibilidade e recomendação da Instituição
Indicador
Sugestões Sim Não
Já fui convidado a visitar as instalações
Quando existem eventos importantes sou
directamente e oficialmente convidado
em primeira-mão
Se mo solicitarem, recomendo esta
instituição
Se tivesse possibilidade mudava de
instituição
Inscrevi-me aqui porque me foi
recomendado
Inscrevi-me aqui porque dá resposta ao
meu problema
Inscrevi-me aqui porque não tinha outra
opção
Inscrevi-me aqui porque é próximo do
local onde moro
Refira outro motivo se assim o entender
Muito obrigado pela sua colaboração.
Plano de Estágio
Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
14
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
NOTAS FINAIS
Para a realização deste estágio, tenho a plena consciência que é fundamental criar a máxima
empatia, com os idosos a fim de os cativar e motivar para as actividades planeadas. Farei todo o
esforço para alcançar os objectivos que me proponho atingir.
Ao longo deste estágio, vou procurar pôr em prática os conhecimentos adquiridos durante o
ano lectivo, e decerto irei adquirir outros muito compensatórios e enriquecedores. Sei que as bases
adquiridas não estão consolidadas, pelo que tenho muito a aprender, no que diz respeito a este
papel. Procurarei desenvolver mais as minhas competências nas várias áreas, procurando ajuda
sempre que necessite.
Importante será referir que este é apenas um plano de estágio, o qual poderá estar sujeito a
alterações no decorrer do mesmo, devido a imprevistos que eventualmente possam surgir.
A Coordenadora
_____________________________________
(Dr.ª Maria do Rosário de Jesus Martins)
O Tutor
_____________________________________
(Rui Jorge Bernardino Borges)
A aluna
______________________________________
(Maria Leonor Dias Pinto dos Santos)
Plano de Estágio
Maria Leonor Dias Pinto dos Santos
15
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
P
K
K
a
r
a
a
Z
X
Z
X
Z
X
Z
Z
Z
n
s
c
i
ê
n
c
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a
q
u
e
c
o
m
o
s
i
d
o
s
o
s
a
n
Anexo II
Plano Anual de Actividades 2011
Plano Anual de Actividades
2011 Associação de Beneficência
Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
PLANO ANUAL DE ACTIVIDADES
Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário
2011
Centro de Dia
Missão: A Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos, com a
valência de Centro de Dia, é um espaço de acolhimento onde se desenvolve um conjunto de
programas ocupacionais e de lazer adequados aos utentes nas mais variadas condições e etapas
das suas vidas que visam promover a qualidade de vida da pessoa idosa, assim como actividades
que premeiam a prevenção, estimulação e manutenção das capacidades físicas, mentais,
cognitivas e relacionais da mesma tendo em vista a revalorização da individualidade e da sua
contínua autonomia.
Objectivos Gerais: Manter a auto-estima.
Estimular a participação comunitária do idoso.
Conservar as competências sociais, psíquicas e físicas do idoso.
Promover a autonomia do idoso.
Transmitir aos Idosos um ambiente de segurança.
Melhorar a qualidade de vida do idoso e da sua família.
Incentivar o Idoso a desenvolver trabalhos e passatempos de Lazer.
Promover um elo de ligação entre o Centro de Dia, a família e o idoso.
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Mês Dia Actividade Objectivos Dinamizadores Recursos
Materiais
JA
NE
IRO
Dia 6
Dia dos Reis Magos
-Cantar os Reis
- Promover momentos de
descontracção e convívio.
- Reforçar as capacidades
sociais e afectivas
- Pessoal auxiliar
-“Terra preservada”
- Pandeiretas, bombos
e outros instrumentos musicais.
Dia a
designar
- Acção de sensibilização
- Alertar os idosos para a
possibilidade de burlas e furtos.
Elementos da G.N.R.
FE
VE
RE
IRO
Dia a
designar
Uma vez por semana, virá um
professor dar uma aula de
ginástica,
- Praticar exercício físico para
melhorar as suas capacidades físicas, cognitivas e emocionais.
- Professor da
D.L.C.G.
- Material de ginástica
Dia 11
Dia Mundial do Doente
- Acção de sensibilização - Visita aos utentes acamados
.-Aumentar a auto-estima e
valorização do idoso.
- Promover a socialização,
evitando o isolamento, tristeza e solidão.
- Directora Técnica
- Auxiliar
MA
RÇ
O
Dia 8
Carnaval
Dia Internacional da
Mulher
- Assistir ao desfile de máscaras das crianças da escola e do
Abrigo.
-Almoço convívio aberto a todas
as mulheres.
- Proporcionar momentos de
alegria e descontracção.
- Vivenciar tradições.
- Valorização e aumento da auto-
estima das mulheres;
- Referir o valor do papel da
mulher .
- Direcção e todo o
pessoal de serviço
- Idosos - Crianças
- População em geral
- Transporte
Dia 19
Dia do Pai - Visionamento de um filme,
alusivo ao dia.
“O Pai Tirano”
- Valorização e aumento da auto-estima dos idosos da Instituição.
- Referir o valor do papel do pai
- Direcção e todo o pessoal de serviço
- Idosos - C.Ds
Dia 21
Dia mundial da árvore
- Plantar uma árvore
- Fomentar o gosto pela natureza, e reviver tempos passados das
suas actividades.
- Idosos - Auxiliar - Uma árvore
Dia 27
Dia mundial do Teatro - Assistir a uma peça de teatro
- Consolidar o gosto pelo teatro
- Promover o contacto com a cultura.
- Idosos
- Auxiliares
- Directora Técnica
- Transporte
AB
RIL
Dia 7
Dia Mundial da Saúde
- Acção sensibilização sobre a saúde.
- Sensibilizar os idosos para os
cuidados que devem ter com a
saúde, a vários níveis. Diabetes,
colesterol, etc
- Idosos
- Enfermeiro
- Material de
enfermagem
Dia 23
Dia Mundial do Livro
- Leitura de um livro
- Proporcionar momentos de
lazer;
- Fomentar o gosto pela leitura.
- Idosos
- Estagiária
- Livros
PÀSCOA
Domingo de Páscoa
Almoço com os
familiares dos idosos
-Fomentar o convívio entre
idosos/família.
- Idosos
- Familiares
- Pessoal
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
MA
IO
AIO
Dia da Mãe
Dia da Mãe
-Almoço convívio aberto á população.
- Entrega às idosas mães um presente surpresa.
- Convidar os familiares a
conviver com as mães.
- Criar ou desenvolver laços
afectivos entre família e utente.
-Realçar o papel das mães na sociedade.
-Combater o isolamento e solidão
-Idosos
-Comunidade em geral
-Salão polivalente
Da Instituição
Dia internacional dos
Museus
- Visita a um museu.
(A definir)
-Fomentar o interesse pelo
Património Cultural.
-Vivenciar épocas e tradições;
-Promover a cultura
-Idosos
-Auxiliares
-Directora Técnica
-Transporte
JU
NH
O
Dia 5
Dia Mundial do
ambiente
-Saída para a Srª dos Verdes
-Sensibilizar os idosos para o
meio ambiente.
-Fomentar o convívio e proporcionar momentos de lazer.
-Idosos
-Auxiliares
-Directora Técnica
-Transporte
-Lanche
Data a
definir
Santos Populares
-Fomentar o convívio.
-Relembrar tradições.
-Proporcionar momentos de lazer.
-Idosos
-Auxiliares -Directora Técnica
-Material de apoio
JU
LH
O
Dia das Bibliotecas
- Visita á biblioteca Virgílio
Ferreira
-Fomentar o gosto pela leitura
- Conhecer novos espaços
-Proporcionar convívio
-Idosos
-Auxiliares
-Directora técnica
-Transporte
Dia 20
Dia internacional da
amizade
-Incentivar os idosos a
formularem poemas sobre a
amizade
-Incentivar os idosos a
aprofundar laços de amizade
-Aproximar os idosos
-Promover o desenvolvimento
pessoal e social.
-Idosos
-Auxiliares
-Directora técnica
-Material de apoio
Para a escrita de
poemas
Dia 26
Dia Mundial dos avós
-Convívio com idosos de outras
instituições.
-Fomentar o convívio
-Realçar o papel dos avós na
sociedade
-Idosos
-Auxiliares -Directora técnica
-Transporte
- Almoço
AG
OS
TO
1ª semana
-Atelier de actividades para o
stand das festas do Sr. do Calvário
-Desenvolver a criatividade
-Estimular o trabalho em equipa
-Desenvolver a motricidade fina.
-Idosos
-Auxiliares -Directora técnica
-Todo o tipo de
material para trabalhos manuais
Dia a
definir
-Visita a uma estância Termal
(local a definir)
- Promover uma sensação de
saúde e bem-estar físico e
psíquico.
-Idosos
-Auxiliares
-Directora técnica
-Transporte
- Almoço
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Nota: Este plano pode sofrer alterações durante o ano de 2011
S
ET
EM
BR
O
Dia 8
-Visita á capela da N. Srª da
Alagoa
Ponte Pedrinha - Lagarinhos
-Fomentar o convívio.
- Dar oportunidade ao idoso de
relembrar memórias do passado.
-Idosos
-Auxiliares
-Directora Técnica
-Transporte
Dia 27
Dia Mundial do Turismo
-Ida á Stª Eufémia em Paranhos
da Beira
-Proporcionar momentos de
oração e reflexão.
- Idosos -Auxiliares
- Directora Técnica
- Transporte
OU
TU
BR
O
Dia 1
- Dia Internacional do
Idoso
- Desenvolver laços afectivos entre os clientes e sua família.
- desenvolver relacionamentos
com idosos de outras Instituições. - Reconhecer a família como
essencial á vida humana.
- Idosos
- Família - Auxiliares
Dia 16
- Dia Mundial da
alimentação. - Acção de sensibilização sobre a
importância de uma alimentação
saudável.
- Promover hábitos de
alimentação saudáveis.
- Explorar a Roda dos alimentos
NO
VE
MB
RO
Dia 11
- Dia de S. Martinho - Convívio com as crianças da
escola e jardim de infância.
- Favorecer as relações com a
comunidade.
- Fomentar o convívio.
- Vivenciar tradições populares.
- Idosos
- Crianças
- Auxiliares
- Castanhas
Dia 14
- Dia Mundial da
Diabetes
- Promover a saúde.
- Prevenir a Diabetes.
- Controlar valores.
- Directora Técnica
15 a 30
- Preparação da
decoração para o Natal
- Promover a Criatividade.
- Estimular o trabalho em equipa.
- Promover o espírito natalício.
- Auxiliares - “Terra preservada”.
- Material de papelaria
D
EZ
EM
BR
O
1 a 15
- Decoração do Centro de
Dia.
- Ensaios para a Festa de
Natal.
- Promover a Criatividade.
- Promover o espírito natalício.
- Auxiliares. - “Terra preservada"
- Material de decoração alusivo ao
Natal
18
- Festa de Natal. - com a participação dos Utentes
e respectiva família.
- Promover o espírito natalício,
com o sentimento de amor e
união.
- Promover o elo de ligação entre
a família e a Instituição.
- Idosos. - Direcção.
- Comunidade.
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Plano semanal de Actividades
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta
Manhã
-Ginástica
-Motricidade
- Atelier de
bordados e
costura
-Actividades
de treino da
memória
- Atelier de
bordados e
costura
- Trabalhos
manuais
Tarde - Desenho -Leitura - Filme -Dança -Livre
Serviços Prestados Diariamente
Diariamente
Higiene Pessoal
- Garantir diariamente a cobertura das
necessidades de higiene pessoal
- Promover a capacidade motora do Utente
Higiene Habitacional
- Garantir a manutenção de arrumo e limpeza
da habitação
- Garantir o conforto e bem-estar do utente
Alimentação
- Garantir diariamente a cobertura das
necessidades alimentares
- Garantir a variedade de pratos
confeccionados, indo ao encontro do gosto
do utente
- Assegurar semanalmente pratos
confeccionados de acordo com a saúde do
utente
Toma de medicamentos/
Levantamento de
receitas médicas
- Garantir diariamente toda a assistência
medicamentosa prescrita pelo médico
Lavandaria - Lavagem e tratamento das roupas pessoais
e habitacionais
Apoio Psicossocial - Garantir apoio psicossocial ao idoso
Outros serviços
- Acompanhamento ao médico de
família/especialistas
- Medição de tensão arterial/diabetes
- Comemorar o aniversário dos idosos
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Actividades Lúdicas em conjunto com outras Instituições
Participar nas actividades promovidas pela câmara Municipal de Gouveia
Participar em actividades orientadas por outras Entidades
Participar nos torneios inter-Instituições de Dominó e Bisca
Nota: Estas actividades aguardam confirmação com as Instituições participantes
Actividades de Formação para o Quadro do Pessoal
Datas a
Definir
- Formação contínua em HACCP
-Higiene e Segurança no Trabalho
-Técnicas de atendimento
-Legislação laboral
- Relações interpessoais
-Comunicação no Atendimento
Nota: Estes planos poderão sofrer alterações ao longo do ano de 2011
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Apoio Domiciliário
Missão:
O Serviço de Apoio Domiciliário é uma resposta social que consiste na prestação de
cuidados individualizados e personalizados no domicílio a todos aqueles que, dependentes ou
semi-dependentes, por motivo de doença, deficiência ou outro impedimento, não possam
assegurar temporária ou permanentemente a satisfação das suas necessidades básicas e /ou as
actividades da vida diária. Este conjunto de serviços é prestado no domicílio habitual de vida do
cliente, contribuindo para a promoção e a prevenção de situações de dependência ou do seu
agravamento, bem como impedir o isolamento social.
Objectivos gerais:
Prestar cuidados personalizados e individualizados no domicilio, a indivíduos e famílias
quando, por motivo de ordem diversa, não possam assegurar a satisfação das necessidades
básicas e/ou do quotidiano.
Contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos Idosos e das famílias,
Prestar cuidados de ordem física e apoio psico-social aos Utentes e famílias, de modo a
contribuir para o seu equilíbrio e bem-estar.
Colaborar na prestação de cuidados de higiene e no acesso à prestação de cuidados de saúde,
sempre que a situação o justifique.
Promover e melhorar a autonomia e auto-estima dos Utentes.
Evitar o isolamento do utente, procurando promover a relação inter-familiar e o convívio
social.
Contribuir para retardar ou evitar a institucionalização.
Apoiar Idosos e famílias na satisfação das suas necessidades básicas.
Dar oportunidade aos Utentes de continuarem inseridos no seu meio habitual de vida,
rodeados dos seus afectos e pertences, com possibilidades de novos relacionamentos
facultados pelos colaboradores.
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Serviços Prestados Diariamente
Diariamente
Higiene Pessoal
- Garantir diariamente a cobertura das
necessidades de higiene pessoal
- Promover a capacidade motora do Utente
Higiene Habitacional
- Garantir a manutenção de arrumo e limpeza
da habitação
- Garantir o conforto e bem-estar do utente
Alimentação
- Garantir diariamente a cobertura das
necessidades alimentares
- Garantir a variedade de pratos
confeccionados, indo ao encontro do gosto do
utente
- Assegurar semanalmente pratos
confeccionados de acordo com a saúde do
utente
Toma de medicamentos - Garantir diariamente toda a assistência
medicamentosa prescrita pelo médico
Lavandaria - Lavagem e tratamento das roupas pessoais e
habitacionais
Apoio Psicossocial - Garantir apoio psicossocial ao idoso
Visitas da equipa do
SAD
- Minimizar a solidão e o isolamento do
Utente
Lagarinhos, 14 de Novembro de 2010
O Presidente da Mesa da Assembleia
______________________________
(Maria Leonor Dias Pinto dos Santos)
O Presidente da Direcção
_____________________________ (Rui Jorge Bernardino Borges)
O Presidente do Concelho Fiscal
_____________________________ (Hugo André de Sousa Carvalho)
Relatório de estágio
C.E.T. - Técnico de Gerontologia
Leonor Pinto 1
Anexo III
Planificação da 1ª Semana
Planificação para a 1ª Semana
SEMANA DE 06 A 10 DE SETEMBRO
Segunda-Feira Terça-Feira Quarta-Feira Quinta-Feira Sexta-Feira Sábado
Horário: 13.30/16.00h 8.00/18.30h
Tipo de
atividade
Apresentação
em grupo
Conversar
individualmente
com utentes
Conversar
individualment
e com utentes
Lúdica,
recreativa e
desportiva
Lúdica,
recreativa
Tema livre
Cozinha
Descrição
da
atividade
Processo de
acolhimento e
descontração
(canções e
jogos de
apresentação)
Conhecer
melhor cada um
deles
Conhecer
melhor cada
um deles
Dança das
crianças
Avaliar a
semana.
Interagir em
conversas
iniciadas
pelos idosos
Apoiar a
cozinheira na
confeção das
refeições
Objetivos
da
atividade
Tomar
conhecimento
geral do
Público-alvo
Aprofundar conhecimento de cada
idoso, diagnosticar problemas
familiares e de saúde.
Criar empatia, bom humor e
integração no grupo.
Criar
momentos
lúdicos de
interação com
as crianças
Conversar
temas livres
para criar
empatia e
descontraçã
o
Aprofundar
conhecimento
da atividade e
do
funcionament
o do serviço
Anexo IV
Planificação Mensal das atividades
Plano Anual de Actividades
2011 Associação de Beneficência
Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
PLANO ANUAL DE ACTIVIDADES
Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário
2011
Centro de Dia
Missão: A Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos, com a
valência de Centro de Dia, é um espaço de acolhimento onde se desenvolve um conjunto de
programas ocupacionais e de lazer adequados aos utentes nas mais variadas condições e etapas
das suas vidas que visam promover a qualidade de vida da pessoa idosa, assim como actividades
que premeiam a prevenção, estimulação e manutenção das capacidades físicas, mentais,
cognitivas e relacionais da mesma tendo em vista a revalorização da individualidade e da sua
contínua autonomia.
Objectivos Gerais: Manter a auto-estima.
Estimular a participação comunitária do idoso.
Conservar as competências sociais, psíquicas e físicas do idoso.
Promover a autonomia do idoso.
Transmitir aos Idosos um ambiente de segurança.
Melhorar a qualidade de vida do idoso e da sua família.
Incentivar o Idoso a desenvolver trabalhos e passatempos de Lazer.
Promover um elo de ligação entre o Centro de Dia, a família e o idoso.
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Mês Dia Actividade Objectivos Dinamizadores Recursos
Materiais
JA
NE
IRO
Dia 6
Dia dos Reis Magos
-Cantar os Reis
- Promover momentos de
descontracção e convívio.
- Reforçar as capacidades
sociais e afectivas
- Pessoal auxiliar
-“Terra preservada”
- Pandeiretas, bombos
e outros instrumentos musicais.
Dia a
designar
- Acção de sensibilização
- Alertar os idosos para a
possibilidade de burlas e furtos.
Elementos da G.N.R.
FE
VE
RE
IRO
Dia a
designar
Uma vez por semana, virá um
professor dar uma aula de
ginástica,
- Praticar exercício físico para
melhorar as suas capacidades físicas, cognitivas e emocionais.
- Professor da
D.L.C.G.
- Material de ginástica
Dia 11
Dia Mundial do Doente
- Acção de sensibilização - Visita aos utentes acamados
.-Aumentar a auto-estima e
valorização do idoso.
- Promover a socialização,
evitando o isolamento, tristeza e solidão.
- Directora Técnica
- Auxiliar
MA
RÇ
O
Dia 8
Carnaval
Dia Internacional da
Mulher
- Assistir ao desfile de máscaras das crianças da escola e do
Abrigo.
-Almoço convívio aberto a todas
as mulheres.
- Proporcionar momentos de
alegria e descontracção.
- Vivenciar tradições.
- Valorização e aumento da auto-
estima das mulheres;
- Referir o valor do papel da
mulher .
- Direcção e todo o
pessoal de serviço
- Idosos - Crianças
- População em geral
- Transporte
Dia 19
Dia do Pai - Visionamento de um filme,
alusivo ao dia.
“O Pai Tirano”
- Valorização e aumento da auto-estima dos idosos da Instituição.
- Referir o valor do papel do pai
- Direcção e todo o pessoal de serviço
- Idosos - C.Ds
Dia 21
Dia mundial da árvore
- Plantar uma árvore
- Fomentar o gosto pela natureza, e reviver tempos passados das
suas actividades.
- Idosos - Auxiliar - Uma árvore
Dia 27
Dia mundial do Teatro - Assistir a uma peça de teatro
- Consolidar o gosto pelo teatro
- Promover o contacto com a cultura.
- Idosos
- Auxiliares
- Directora Técnica
- Transporte
AB
RIL
Dia 7
Dia Mundial da Saúde
- Acção sensibilização sobre a saúde.
- Sensibilizar os idosos para os
cuidados que devem ter com a
saúde, a vários níveis. Diabetes,
colesterol, etc
- Idosos
- Enfermeiro
- Material de
enfermagem
Dia 23
Dia Mundial do Livro
- Leitura de um livro
- Proporcionar momentos de
lazer;
- Fomentar o gosto pela leitura.
- Idosos
- Estagiária
- Livros
PÀSCOA
Domingo de Páscoa
Almoço com os
familiares dos idosos
-Fomentar o convívio entre
idosos/família.
- Idosos
- Familiares
- Pessoal
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
MA
IO
AIO
Dia da Mãe
Dia da Mãe
-Almoço convívio aberto á população.
- Entrega às idosas mães um presente surpresa.
- Convidar os familiares a
conviver com as mães.
- Criar ou desenvolver laços
afectivos entre família e utente.
-Realçar o papel das mães na sociedade.
-Combater o isolamento e solidão
-Idosos
-Comunidade em geral
-Salão polivalente
Da Instituição
Dia internacional dos
Museus
- Visita a um museu.
(A definir)
-Fomentar o interesse pelo
Património Cultural.
-Vivenciar épocas e tradições;
-Promover a cultura
-Idosos
-Auxiliares
-Directora Técnica
-Transporte
JU
NH
O
Dia 5
Dia Mundial do
ambiente
-Saída para a Srª dos Verdes
-Sensibilizar os idosos para o
meio ambiente.
-Fomentar o convívio e proporcionar momentos de lazer.
-Idosos
-Auxiliares
-Directora Técnica
-Transporte
-Lanche
Data a
definir
Santos Populares
-Fomentar o convívio.
-Relembrar tradições.
-Proporcionar momentos de lazer.
-Idosos
-Auxiliares -Directora Técnica
-Material de apoio
JU
LH
O
Dia das Bibliotecas
- Visita á biblioteca Virgílio
Ferreira
-Fomentar o gosto pela leitura
- Conhecer novos espaços
-Proporcionar convívio
-Idosos
-Auxiliares
-Directora técnica
-Transporte
Dia 20
Dia internacional da
amizade
-Incentivar os idosos a
formularem poemas sobre a
amizade
-Incentivar os idosos a
aprofundar laços de amizade
-Aproximar os idosos
-Promover o desenvolvimento
pessoal e social.
-Idosos
-Auxiliares
-Directora técnica
-Material de apoio
Para a escrita de
poemas
Dia 26
Dia Mundial dos avós
-Convívio com idosos de outras
instituições.
-Fomentar o convívio
-Realçar o papel dos avós na
sociedade
-Idosos
-Auxiliares -Directora técnica
-Transporte
- Almoço
AG
OS
TO
1ª semana
-Atelier de actividades para o
stand das festas do Sr. do Calvário
-Desenvolver a criatividade
-Estimular o trabalho em equipa
-Desenvolver a motricidade fina.
-Idosos
-Auxiliares -Directora técnica
-Todo o tipo de
material para trabalhos manuais
Dia a
definir
-Visita a uma estância Termal
(local a definir)
- Promover uma sensação de
saúde e bem-estar físico e
psíquico.
-Idosos
-Auxiliares
-Directora técnica
-Transporte
- Almoço
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Nota: Este plano pode sofrer alterações durante o ano de 2011
S
ET
EM
BR
O
Dia 8
-Visita á capela da N. Srª da
Alagoa
Ponte Pedrinha - Lagarinhos
-Fomentar o convívio.
- Dar oportunidade ao idoso de
relembrar memórias do passado.
-Idosos
-Auxiliares
-Directora Técnica
-Transporte
Dia 27
Dia Mundial do Turismo
-Ida á Stª Eufémia em Paranhos
da Beira
-Proporcionar momentos de
oração e reflexão.
- Idosos -Auxiliares
- Directora Técnica
- Transporte
OU
TU
BR
O
Dia 1
- Dia Internacional do
Idoso
- Desenvolver laços afectivos entre os clientes e sua família.
- desenvolver relacionamentos
com idosos de outras Instituições. - Reconhecer a família como
essencial á vida humana.
- Idosos
- Família - Auxiliares
Dia 16
- Dia Mundial da
alimentação. - Acção de sensibilização sobre a
importância de uma alimentação
saudável.
- Promover hábitos de
alimentação saudáveis.
- Explorar a Roda dos alimentos
NO
VE
MB
RO
Dia 11
- Dia de S. Martinho - Convívio com as crianças da
escola e jardim de infância.
- Favorecer as relações com a
comunidade.
- Fomentar o convívio.
- Vivenciar tradições populares.
- Idosos
- Crianças
- Auxiliares
- Castanhas
Dia 14
- Dia Mundial da
Diabetes
- Promover a saúde.
- Prevenir a Diabetes.
- Controlar valores.
- Directora Técnica
15 a 30
- Preparação da
decoração para o Natal
- Promover a Criatividade.
- Estimular o trabalho em equipa.
- Promover o espírito natalício.
- Auxiliares - “Terra preservada”.
- Material de papelaria
D
EZ
EM
BR
O
1 a 15
- Decoração do Centro de
Dia.
- Ensaios para a Festa de
Natal.
- Promover a Criatividade.
- Promover o espírito natalício.
- Auxiliares. - “Terra preservada"
- Material de decoração alusivo ao
Natal
18
- Festa de Natal. - com a participação dos Utentes
e respectiva família.
- Promover o espírito natalício,
com o sentimento de amor e
união.
- Promover o elo de ligação entre
a família e a Instituição.
- Idosos. - Direcção.
- Comunidade.
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Plano semanal de Actividades
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta
Manhã
-Ginástica
-Motricidade
- Atelier de
bordados e
costura
-Actividades
de treino da
memória
- Atelier de
bordados e
costura
- Trabalhos
manuais
Tarde - Desenho -Leitura - Filme -Dança -Livre
Serviços Prestados Diariamente
Diariamente
Higiene Pessoal
- Garantir diariamente a cobertura das
necessidades de higiene pessoal
- Promover a capacidade motora do Utente
Higiene Habitacional
- Garantir a manutenção de arrumo e limpeza
da habitação
- Garantir o conforto e bem-estar do utente
Alimentação
- Garantir diariamente a cobertura das
necessidades alimentares
- Garantir a variedade de pratos
confeccionados, indo ao encontro do gosto
do utente
- Assegurar semanalmente pratos
confeccionados de acordo com a saúde do
utente
Toma de medicamentos/
Levantamento de
receitas médicas
- Garantir diariamente toda a assistência
medicamentosa prescrita pelo médico
Lavandaria - Lavagem e tratamento das roupas pessoais
e habitacionais
Apoio Psicossocial - Garantir apoio psicossocial ao idoso
Outros serviços
- Acompanhamento ao médico de
família/especialistas
- Medição de tensão arterial/diabetes
- Comemorar o aniversário dos idosos
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Actividades Lúdicas em conjunto com outras Instituições
Participar nas actividades promovidas pela câmara Municipal de Gouveia
Participar em actividades orientadas por outras Entidades
Participar nos torneios inter-Instituições de Dominó e Bisca
Nota: Estas actividades aguardam confirmação com as Instituições participantes
Actividades de Formação para o Quadro do Pessoal
Datas a
Definir
- Formação contínua em HACCP
-Higiene e Segurança no Trabalho
-Técnicas de atendimento
-Legislação laboral
- Relações interpessoais
-Comunicação no Atendimento
Nota: Estes planos poderão sofrer alterações ao longo do ano de 2011
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Apoio Domiciliário
Missão:
O Serviço de Apoio Domiciliário é uma resposta social que consiste na prestação de
cuidados individualizados e personalizados no domicílio a todos aqueles que, dependentes ou
semi-dependentes, por motivo de doença, deficiência ou outro impedimento, não possam
assegurar temporária ou permanentemente a satisfação das suas necessidades básicas e /ou as
actividades da vida diária. Este conjunto de serviços é prestado no domicílio habitual de vida do
cliente, contribuindo para a promoção e a prevenção de situações de dependência ou do seu
agravamento, bem como impedir o isolamento social.
Objectivos gerais:
Prestar cuidados personalizados e individualizados no domicilio, a indivíduos e famílias
quando, por motivo de ordem diversa, não possam assegurar a satisfação das necessidades
básicas e/ou do quotidiano.
Contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos Idosos e das famílias,
Prestar cuidados de ordem física e apoio psico-social aos Utentes e famílias, de modo a
contribuir para o seu equilíbrio e bem-estar.
Colaborar na prestação de cuidados de higiene e no acesso à prestação de cuidados de saúde,
sempre que a situação o justifique.
Promover e melhorar a autonomia e auto-estima dos Utentes.
Evitar o isolamento do utente, procurando promover a relação inter-familiar e o convívio
social.
Contribuir para retardar ou evitar a institucionalização.
Apoiar Idosos e famílias na satisfação das suas necessidades básicas.
Dar oportunidade aos Utentes de continuarem inseridos no seu meio habitual de vida,
rodeados dos seus afectos e pertences, com possibilidades de novos relacionamentos
facultados pelos colaboradores.
Plano de Actividades 2011
Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos
Serviços Prestados Diariamente
Diariamente
Higiene Pessoal
- Garantir diariamente a cobertura das
necessidades de higiene pessoal
- Promover a capacidade motora do Utente
Higiene Habitacional
- Garantir a manutenção de arrumo e limpeza
da habitação
- Garantir o conforto e bem-estar do utente
Alimentação
- Garantir diariamente a cobertura das
necessidades alimentares
- Garantir a variedade de pratos
confeccionados, indo ao encontro do gosto do
utente
- Assegurar semanalmente pratos
confeccionados de acordo com a saúde do
utente
Toma de medicamentos - Garantir diariamente toda a assistência
medicamentosa prescrita pelo médico
Lavandaria - Lavagem e tratamento das roupas pessoais e
habitacionais
Apoio Psicossocial - Garantir apoio psicossocial ao idoso
Visitas da equipa do
SAD
- Minimizar a solidão e o isolamento do
Utente
Lagarinhos, 14 de Novembro de 2010
O Presidente da Mesa da Assembleia
______________________________
(Maria Leonor Dias Pinto dos Santos)
O Presidente da Direcção
_____________________________ (Rui Jorge Bernardino Borges)
O Presidente do Concelho Fiscal
_____________________________ (Hugo André de Sousa Carvalho)
Anexo v
Adenda ao Contrato
______________________ Contrato de Prestação de serviços______________________
_________________________________________________________________
1
ASSOCIAÇÃO DE BENEFICIÊNCIA CULTURAL E RECREATIVA DA FREGUESIA
DE LAGARINHOS
1ª ADENDA AO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
ENTRE
Primeiro Outorgante, Associação de Beneficência Cultural e Recreativa da
Freguesia de Lagarinhos, representada por Rui Jorge Bernardino Borges.
E
Segundo Outorgante (utente) __________________________________________
___________________, Com o BI Nº____________________; Arquivo de
________________, Nº de contribuinte _____________________ e morador
em________________________________________________________
E
Terceiro Outorgante (familiar) _______________________________
___________________, com o BI Nº__________________, Arquivo de
___________________, Nº de contribuinte _____________ e morador em
__________________________________________________.
Contactos telefónicos: ____________________/________________________/
_____________________/_____________________/____________________/
______________________ Contrato de Prestação de serviços______________________
_________________________________________________________________
2
Celebra-se a presente Adenda ao contrato assinado em ___________________,
com o valor mensal de _________________, que se regerá pelas cláusulas
seguintes:
CLÁUSULA I
FINS
A presente Adenda ao contrato, visa regular a prestação de apoio social efectuada
pelo 1º Outorgante ao 2º Outorgante.
CLÁUSULA II
OBJECTO DA ADENDA AO CONTRATO
1 – Constitui objecto da presente Adenda ao contrato a prestação pelo 1º
Outorgante ao 2º Outorgante dos serviços de:
Alimentação
Tratamento de roupa
Cuidados de saúde primários
Higiene e conforto pessoal
Higiene habitacional
Apoio social
2 – As despesas com medicamentos, vestuário, calçado, transportes (para resolução
de assuntos de interesse do 2º Outorgante fora da localidade), bem como as
inerentes ao falecimento dos utentes e/ou despesas adicionais com actividades
ocupacionais, são da responsabilidade do 2º Outorgante e/ou 3º Outorgante.
CLÁUSULA III
LOCAL E HORÁRIO DA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS
1 – Os serviços constantes do presente acordo serão prestados nas instalações da
Instituição ou na habitação do 2º Outorgante.
2 – A duração da prestação dos serviços é durante o período normal de
funcionamento a instituição.
______________________ Contrato de Prestação de serviços______________________
_________________________________________________________________
3
CLÁUSULA IV
OBRIGAÇÕES DO 1º OUTORGANTE
Constituem direitos e obrigações do 1º Outorgante, os constantes no Regulamento
Interno que faz parte integrante do presente contrato.
CLÁUSULA V
OBRIGAÇÕES DOS 2º E 3º OUTORGANTES
No âmbito do presente contrato constituem direitos e obrigações do 2º e 3º
Outorgante os definidos no regulamento interno e previstos neste contrato.
CLÁUSULA VI
COMPARTICIPAÇÕES/MENSALIDADES
1 – Para retribuição do serviço prestado pelo 1º Outorgante, o 2º Outorgante obriga-
se a comparticipar pela quantia mensal de __________ €, paga até ao dia 10 de
cada mês e actualizada no início de cada ano civil;
2 – No acto de admissão o 2º Outorgante obriga-se a comparticipar ao 1º
Outorgante o valor da mensalidade do mês em curso, no valor de ____________€;
3 - As despesas com medicamentos, vestuário, calçado e transportes (para
resolução de assuntos de interesse do 2º Outorgante fora da localidade), são da
responsabilidade do 2º Outorgante e/ou 3º Outorgante sendo pagas até dia 25 de
cada mês.
4 – Em caso de ausência do 2º Outorgante por motivo de férias com familiares,
internamento hospitalar ou outro, a mensalidade terá um desconto quando a
ausência for superior a 15 dias.
CLÁUSULA VII
DEPÓSITO DE BENS DO 2º OUTORGANTE À GUARDA DO 1º OUTORGANTE
O 2º Outorgante poderá entregar à guarda do 1º Outorgante bens pessoais que
constarão de uma lista discriminativa a elaborar e a assinar entre as partes.
______________________ Contrato de Prestação de serviços______________________
_________________________________________________________________
4
CLÁUSULA VIII
FORMAS DE CONTRATO
O presente contrato deve ser celebrado por escrito, em triplicado, devidamente
assinados e rubricados, sendo um exemplar para o 1º Outorgante, outro para o 2º
Outorgante, outro para o 3º.
CLÁUSULA IX
A presente Adenda tem início em ____ / ____ / ________ vigorando por tempo
indeterminado, até que qualquer das partes o denunciar à outra, por comunicação
escrita com o mínimo de trinta dias de antecedência, caducando ainda por morte do
2º outorgante.
Elaborada em: _______________________________________________________
Local: _______________________________________________________
Data: _______________________________________________________
O 1º Outorgante:
_______________________________________________
O 2º Outorgante:
_______________________________________________
O 3º Outorgante:
________________________________________________
Anexo VI
Ementas
De 24 a 30 de Janeiro de 2011
P.ALMOÇO
M/ Manhã
ALMOÇO JANTAR
SE
GU
ND
A
Leite, Chá, Café
Pão c/
fiambre/manteiga
cereais
bolachas água
Sopa: Creme de legumes
Prato: Panados de porco c/
arroz de feijão
Dieta: Febra grelhada c/
arroz
Sobremesa: Laranja
Sopa: Creme de legumes
Prato: Red-fish c/ macedónia
Dieta:
Sobremesa: Maçã assada
TE
RÇ
A
Leite, Chá, Café
Pão c/ manteiga
cereais
fruta água
Sopa: Feijão verde
Prato: Abrótea assada c/
batata corada e salada
Dieta: Abrótea assada c/
batata cozida e salada
Sobremesa: Arroz doce
Sopa: Feijão verde
Prato: Macarrão com frango
estufado
Dieta:
Sobremesa. Pêra
QU
AR
TA
Leite, Chá, Café
Pão c/ queijo/
manteiga
cereais
yogurte água
Sopa: Canja
Prato: Salada de atum c/
feijão-frade
Dieta: Salada russa de
pescada
Sobremesa: Ananás em
calda
Sopa: Canja
Prato: Almôndegas com arroz de
cenoura e ervilhas
Dieta:
Sobremesa: Maçã
QU
INT
A
Leite, Chá, Café
Pão c/ manteiga/
compota
cereais
bolachas água
Sopa: Feijão c/ hortaliça
Prato: Rojões á moda da
feira
Dieta: Fêvera de porco
grelhada c/ batata cozida
Sobremesa: Leite creme
Sopa: Feijão c/ hortaliça
Prato: Maruca cozida c/ batata e
brócolos
Dieta:
Sobremesa: Pêra cozida inteira
SE
XT
A
Leite, Chá, Café
Pão c/ chouriço/
manteiga
cereais
fruta água
Sopa: Creme de abóbora c/
massinhas
Prato: Solha no forno com
batata corada e legumes
Dieta:
Sobremesa: Tangerina
Sopa: Creme de abóbora c/
massinhas
Prato: Esparguete com vitela
Dieta:
Sobremesa: Maçã
SÁ
BA
DO
Leite, Chá, Café
Pão c/marmelada/
manteiga
cereais
bolachas água
Sopa: Lombardo
Prato: Peru estufado com
puré e legumes
Dieta:
Sobremesa: Banana
Sopa: Lombardo
Prato: Caldeirada de chocos
Dieta:
Sobremesa: Pêra
DO
MIN
GO
Leite, Chá, Café
Pão c/ queijo/
manteiga
cereais
yogurte água
Sopa: Agrião
Prato: Entrecosto assado c/ batata loura, arroz e salada mista
Dieta:
Sobremesa: Gelatina
Obs. Esta ementa pode sofrer alterações
O Responsável
De 31 de Janeiro a 06 de Fevereiro de 2011
Obs. Esta ementa pode sofrer alterações
O Responsável
PEQ. ALMOÇO ALMOÇO JANTAR
SE
GU
ND
A
Leite, Chá, Café
Pão c/
fiambre/manteiga
cereais
Sopa: Creme de cenoura
Prato: Frango c/ arroz de ervilhas e
cenouras
Dieta:
Sobremesa: Pêssego em calda
Sopa: Creme de cenoura
Prato: Pescada no forno c/ batata
Dieta:
Sobremesa: Maçã cozida
TE
RÇ
A
Leite, Chá, Café
Pão c/ manteiga
cereais
Sopa: Legumes
Prato: Joaq. Petinga frito c/ arroz de
tomate e salada
Dieta: Peixe grelhado c/ arroz de
tomate
Sobremesa: Tangerina
Sopa: Legumes
Prato: Hambúrguer estufado c/
esparguete
Dieta:
Sobremesa: Pêra
QU
AR
TA
Leite, Chá, Café
Pão c/ queijo/
manteiga
cereais
Sopa: Feijão verde
Prato: Rancho à Portuguesa
Dieta:
Sobremesa: Leite creme
Sopa: Feijão verde
Prato: Pastéis de bacalhau c/
arroz de legumes
Dieta: Fêvera grelhada c/ arroz de
cenoura
Sobremesa: Quiwi
QU
INT
A
Leite, Chá, Café
Pão c/ manteiga/
compota
cereais
Sopa: Grão c/ Lombardo
Prato: Pá de porco assada c/ batata
assada e salada
Dieta:
Sobremesa: Salada de fruta
Sopa: Grão c/ Lombardo
Prato: Açorda de peixe
Dieta:
Sobremesa: Pêra cozida
SE
XT
A
Leite, Chá, Café
Pão c/ chouriço/
manteiga
cereais
Sopa: Agrião
Prato: Esparguete à bolonhesa e
salada
Dieta:
Sobremesa: Arroz doce
Sopa: Agrião
Prato: Peixe cozido c/ todos
Dieta:
Sobremesa: Maçã
SÁ
BA
DO
Leite, Chá, Café
Pão
c/marmelada/
manteiga
cereais
Sopa: Abóbora
Prato: Costeletas c/ arroz de feijão
Dieta:
Sobremesa: Banana
Sopa: Abóbora
Prato: Red-fish no forno c/ puré
e hortaliça cozida
Dieta:
Sobremesa: Gelatina
DO
MIN
GO
Leite, Chá, Café
Pão c/ queijo/
manteiga
cereais
Sopa: Juliana
Prato: Dianteiros de borrego c/ batata loura e salada
Dieta:
Sobremesa: Pudim
De 7 a 13 de Fevereiro de 2011
Obs. Esta ementa pode sofrer alterações
O Responsável
PEQ. ALMOÇO ALMOÇO JANTAR
SE
GU
ND
A
Leite, Chá, Café
Pão c/
fiambre/manteig
a
cereais
Sopa: Creme espinafre c/
massinhas
Prato: Carne de vaca à primavera
c/ arroz e salada
Dieta:
Sobremesa: Laranja
Sopa: Creme espinafre c/ massinhas
Prato: Maruca cozida c/ batata e
legumes
Dieta:
Sobremesa: Pêras assadas
TE
RÇ
A
Leite, Chá, Café
Pão c/ manteiga
cereais
Sopa: Feijão verde
Prato: Massada de peixe
Dieta:
Sobremesa: Banana
Sopa: Feijão verde
Prato: Arroz de entrecosto e salada
Dieta:
Sobremesa: Papas
QU
AR
TA
Leite, Chá, Café
Pão c/ queijo/
manteiga
cereais
Sopa: Nabiças
Prato: Pernas de frango no forno
C/ arroz e salada de tomate
Dieta:
Sobremesa: Quiwi
Sopa: Nabiças
Prato: Caldeirada de lulas
Dieta:
Sobremesa: Leite creme
QU
INT
A
Leite, Chá, Café
Pão c/
manteiga/
compota
cereais
Sopa: Lombardo
Prato: Filetes c/ arroz primavera
Dieta: Arroz de pescada
Sobremesa: Gelatina
Sopa: Lombardo
Prato: Almôndegas c/ massa
cotovelo grande e salada alface
Dieta:
Sobremesa: Maçã cozida
SE
XT
A
Leite, Chá, Café
Pão c/ chouriço/
manteiga
cereais
Sopa: Caldo verde
Prato: Arroz de pato e salada de
tomate
Dieta:
Sobremesa: Salada de fruta
Sopa: Caldo verde
Prato: Solha no forno c/ batata e
legumes
Dieta:
Sobremesa: Maçã
SÁ
BA
DO
Leite, Chá, Café
Pão
c/marmelada/
manteiga
cereais
Sopa: Couve Portuguesa e massa
Prato: Jardineira de frango e
salada
Dieta:
Sobremesa: Pudim
Sopa: Couve Portuguesa e massa
Prato: Red-fish no forno c/ puré
Dieta:
Sobremesa: Pêssego em calda
DO
MIN
GO
Leite, Chá, Café
Pão c/ queijo/
manteiga
cereais
Sopa: Canja
Prato: Bifes de peru c/ cogumelos, batata frita, arroz branco e salada
Dieta: Bife grelhado c/ arroz e salada
Sobremesa: Arroz doce
Anexo VII
Inquérito de Satisfação
Relatório de estágio
C.E.T. Técnicas de Gerontologia
Leonor Pinto
1
Relatório do inquérito de satisfação para clientes e familiares
A fim de avaliar o grau de satisfação dos clientes e seus familiares, no que
respeita à instituição no seu todo, procedi ao inquérito apresentado.
Foram trinta o número de inquiridos, e seguem-se os resultados obtidos.
Observações: Observo que a grande maioria dos inquiridos está muito satisfeito com a
imagem global da instituição
1. Imagem global da Instituição
Satisfação com…
Grau de Satisfação
1-Muito Insatisfeito
2-Insatisfeito
3-Pouco Satisfeito
4-Satisfeito
5-Muito Satisfeito
Funcionamento geral da Instituição 30
Cortesia dos funcionários que lidam com os clientes/colaboradores no local
30
Cortesia dos funcionários que atendem por telefone os clientes/colaboradores
28 2
Igualdade de tratamento dos clientes/colaboradores praticado na Instituição
25 5
Flexibilidade e autonomia que os funcionários têm para resolver as situações individuais de cada cliente/colaborador
28 2
Melhorias implementadas recentemente na Instituição
30
Impacto da Instituição na qualidade de vida dos clientes/colaboradores
30
Relatório de estágio
C.E.T. Técnicas de Gerontologia
Leonor Pinto
2
2. Instalações, equipamentos e sinaléticas de segurança
Satisfação com…
Grau de Satisfação
1-Muito Insatisfeito
2-Insatisfeito
3-Pouco Satisfeito
4-Satisfeito
5-Muito Satisfeito
Instalações no seu aspecto geral (atractivas ou repulsivas) 30
Circulação entre as Várias áreas de utilização e seu respectivo acesso 30
Espaço interior, salas (espaço seguro, não representa qualquer perigo) 30
Instalações sanitárias (limpas, arejadas, espaçosas) 30
Área destinada à alimentação (cozinha refeitório e copa) 30
Condições de transporte 30
Materiais utilizados no chão, paredes e mobiliário 30
Existência de extintores e material de socorro e emergência 30
Identificação e sinalização das diferentes áreas da instituição 30
Plano de emergência 30
Vestuário do pessoal colaborador 30
Uso de identificação pessoal dos colaboradores 30
Satisfação com o espaço de atendimento para esclarecimento de dúvidas ou outros assuntos 30
Observação: Após esta análise, observo que o grau de satisfação dos inquiridos no que
respeita às instalações e equipamentos de segurança, é muito satisfeito. Realço o grau de
insatisfação acerca do indicador do Plano de emergência, visto que a instituição, devido
à inexistência deste, está a tomar todas as medidas para a conclusão do mesmo.
Relatório de estágio
C.E.T. Técnicas de Gerontologia
Leonor Pinto
3
3. Acessibilidade da Instituição
Satisfação com…
Grau de Satisfação
1-Muito Insatisfeito
2-Insatisfeito
3-Pouco Satisfeito
4-Satisfeito
5-Muito Satisfeito
Os acessos à Instituição 30
A localização da Instituição 30
Nível de acessibilidade para deficientes e cadeiras de rodas (rampas de acesso, elevadores) 30
Facilidade de estacionamento junto da Instituição 30
Horário praticado 30
Encerramento da Instituição 30
Informação disponível no local de atendimento 30
Possibilidade de efectuar o pagamento dos serviços presencialmente através de Multibanco 30
Existência de uma linha telefónica para esclarecimento de dúvidas 30
Esclarecimento de dúvidas através de correio electrónico
Informações disponíveis on-line
Existência de serviços disponíveis on-line
Observação: No que respeita à acessibilidade da instituição, observo que os inquiridos
estão muito satisfeitos, á excepção da possibilidade de efectuarem o pagamento dos
serviços, via Multibanco, porque de facto essa possibilidade não existe na instituição.
Outro aspecto de realçar, é o facto de haver 100% de abstenções nos últimos
indicadores, o que me leva a concluir que os idosos e familiares próximos não lidam
com internet.
Relatório de estágio
C.E.T. Técnicas de Gerontologia
Leonor Pinto
4
4. Fiabilidade
Satisfação com…
Grau de Satisfação
1-Muito Insatisfeito
2-Insatisfeito
3-Pouco Satisfeito
4-Satisfeito
5-Muito Satisfeito
Programação e execução das actividades 30
Quando uma actividade programada não é realizada sou informado do motivo 28 2
Clareza da informação 30
Os horários da Instituição de entrada e saída são do meu conhecimento e são cumpridos à regra 2 28
O transporte está no local e hora combinados 2 28
A instituição cumpre o estabelecido no acordo 30
Observação: Pela análise do gráfico, concluo que os inquiridos continuam no grau de
satisfação máximo, quanto à fiabilidade da instituição.
Relatório de estágio
C.E.T. Técnicas de Gerontologia
Leonor Pinto
5
5. Competência técnica/ atendimento e capacidade de resposta
Satisfação com…
Grau de Satisfação
1-Muito Insatisfeito
2-Insatisfeit
o
3-Pouco Satisfeit
o
4-Satisfeit
o 5-Muito
Satisfeito
Disponibilidade no atendimento e na prestação de serviços 30
O pessoal tem formação técnica necessária ás funções desempenhadas 30
O pessoal gosta daquilo que faz 1 29
O pessoal é competente e acessível 30
Quando me atraso no cumprimento do horário tive compreensão e aceitação por parte da Instituição 1 29
Se necessário, há sempre alguém a quem solicitar informações (responsável da instituição ou outra) 30
Quando contacto a instituição sou bem atendido e com rapidez 30
Os meus problemas são resolvidos no menor espaço de tempo 2 28
As minhas reclamações são tomadas em atenção 30
Observação: Feita a observação verifico que há uma mínima percentagem de
insatisfação relativamente aos indicadores 3,5 e 8. Sabendo que estes resultados são do
mesmo inquérito, concluo que apenas um inquiridor está pouco satisfeito nestes
indicadores.
Relatório de estágio
C.E.T. Técnicas de Gerontologia
Leonor Pinto
6
6. Credibilidade e recomendação da Instituição
Indicador
Sim Não
Já fui convidado a visitar as instalações 30
Quando existem eventos importantes sou directamente e oficialmente convidado em primeira-mão 30
Se mo solicitarem, recomendo esta instituição 30
Se tivesse possibilidade mudava de instituição 30
Inscrevi-me aqui porque me foi recomendado 30
Inscrevi-me aqui porque dá resposta ao meu problema 30
Inscrevi-me aqui porque não tinha outra opção 30
Inscrevi-me aqui porque é próximo do local onde moro 30
Refira outro motivo se assim o entender
Observação: Ao observar este resultado, concluo que a credibilidade e recomendação
da Instituição por parte dos inquiridos, é totalmente satisfatória.
Conclusão geral:
Após a análise geral dos gráficos, concluo que perante todos os indicadores os
inquiridos estão muito satisfeitos de modo geral com a instituição e tudo o que lhe diz
respeito. Não carece de alterações nem de averiguações visto o grau de satisfação
apresentado.
Foi uma atividade que atingiu os objetivos.
Anexo VIII
Cartaz de Natal
Anexo IX
Cartaz Dia da Mãe
Anexo X
Poema à Mãe
MÃE
Mãe, figura serena, laços de afeto, fonte de vida...
Mãe, traz-nos á memória Doces lembranças, é colo que embala, é
mão que orienta...
Não existe nada melhor na vida
Do que a presença da mãe nos momentos de aflição!
Principalmente nas horas de grande carência,
quando a angústia insiste em visitar nossos sonhos.
Presença de mãe alivia a alma cansada e
Faz vibrar a longa estrada, dando mais emoção aos sonhos,
Embelezando o coração.
Presença de mãe é como anjos tocando harpas no céu
numa bela canção que fala de amor, suavizando as
incertezas e trazendo um eterno bem estar!
Presença de mãe é paz! Momento de felicidade
Compartilhada com respeito e carinho.
Presença de mãe eterniza os bons momentos da vida
Ajudando a escolher o caminho do bem e livra-nos de todo o mal.
Presença de mãe ajuda-nos a levar a cruz, alivia-nos desse peso
E acompanha-nos até ao calvário.
Presença de mãe é mesmo presente, quando erramos, quando os
outros nos apontam o dedo, quando nos condenam, nos insultam, ou
de qualquer maneira violam a nossa dignidade. Também Maria
acreditou na inocência do seu Filho, o acompanhou, o acolheu e ao
seu lado permaneceu firme, sem medo, sem hesitar e sem vacilar.
Presença de mãe vem sempre no momento certo, na hora exata.
Só as mães têm a presença que acolhe, entende,
abriga e abraça!
É na presença da mãe que nós carregamos as baterias para enfrentar
e encarar a vida com mais coragem. É no colo da mãe que recebemos
as directrizes, para uma vida de Amor.
Mãe envolve-nos em seus braços, enche-nos de AMOR e assim
sendo, o caminho que trilhamos terá sempre a sua marca!
Presença de mãe é constante, por vezes parece distante, mas não
falha.
Presença de Mãe é AMOR….Sim…porque amar é a arte que as Mães
melhor dominam…..
Leonor Pinto ( Homenagem ás Mães)
1 de Maio 2011
Anexo XI
Diabetes e Tensão Arterial
Anexo XI
Portefólio
“Nem tudo o tempo levou…”
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 2
E assim, lição por lição,
o que aos poucos aprendemos
de outros a outros daremos
que outros a outros darão.
António Aleixo
A tradição é o vento que a tua passagem levantar.
António José Saraiva,
"Uma carta" in Para a História da Cultura em Portugal
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 3
Prefácio
Elaborado com base em recolhas efectuadas entre Setembro de 2010 a Maio de 2011
Recolhas efectuadas ao longo do período de estágio na Associação de
Beneficência Cultural e Recreativa da Freguesia de Lagarinhos.
Foi feita uma tentativa de manter a tradição da oralidade, sendo por isso natural que
surjam situações de leitura diferentes da língua corrente.
Os utentes que participaram fazem parte da Instituição referida, sendo oriundos das
freguesias de Lagarinhos, Passarela, Vila Nova de Tazém, Moimenta da Serra, Paços da
Serra, Gouveia e Seia. São populações de grande proximidade, pelo que a recolha não
difere muito entre elas. Haverá algumas gafes, mas procurei manter a originalidade da
pessoa que transmitiu a mensagem.
Importante será dizer que também se encontram aqui sugestões das crianças do
Abrigo da Sagrada Família, pois por vezes estavam presentes no momento da recolha e
colaboraram nessa ação, ou por conhecimento próprio, ou trazendo do seio familiar,
nomeadamente histórias, fábulas, trava-línguas, adivinhas e mais…descrevem-se
histórias que contámos e outras que lemos e relemos pela sua riqueza.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 4
Índice
Prefácio ........................................................................................................................... 3
Introdução ....................................................................................................................... 5
CONTOS & LENDAS .................................................................................................... 7
CANTIGAS .................................................................................................................... 36 ORAÇOES .................................................................................................................... 59
LENDAS ........................................................................................................................ 59 LENGAS-LENGAS ...................................................................................................... 81
PROVÉRBIOS .............................................................................................................. 91
ADIVINHAS ................................................................................................................... 97 Bibliografia .................................................................................................................. 102
Conclusão: .................................................................................................................. 103
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 5
Introdução
O que registo nestas páginas não é mais do que um importante testemunho da
nossa identidade como Povo, como gentes de longas e presentes memórias, com uma
dimensão de identidade e crenças próprias.
Encontrei nestes testemunhos força suficiente para que possa transmitir aos
nossos jovens a convicção de que saberemos e poderemos «encontrar o nosso pote de
ouro no final do Arco-íris».
É bonito como os nossos ascendentes assimilaram, e vou transmiti-lo aos outros,
conseguindo elaborar o meu próprio relato original.
E esta transmissão acaba por ser uma forma de garantir uma herança milenar que
nos passa de pais para filhos, ficando os que a recebem com a missão de continuar a
prolongá-la. Além disso, se reflectir, cedo me apercebo de que nós mesmos
participamos activamente num processo de conservação desta sabedoria popular e
ajudamos à sua passagem de geração em geração, seja através da reprodução das
cantigas, contos populares, adivinhas ou lendas que vamos ouvindo de pessoas mais
velhas e murmurando por aí. A isto se chama perpetuar a tradição e acho, por isso,
bastante pertinente a inclusão da epígrafe que encabeça o presente trabalho, já que me
parece que o vento é a nossa participação activa na reanimação da tradição sempre que
isso for possível.
Para além disso, a recolha é composta pelos utentes, a várias mãos, portanto, é
um trabalho colectivo e que tem como principal missão ser levado mais longe, sim,
porque a sabedoria é para voar. Os provérbios, por exemplo, têm grande impacto
quando memorizados e aplicados no momento certo e mantêm-se vivos justamente
porque passam de boca em boca e são aplicados por muitas pessoas a muitas pessoas, o
que permite a mesma comunicação entre nós e a circulação de valores e consequente
afirmação de uma identidade. Esta é uma das razões pelas quais a sabedoria popular é
sinónimo de acção, de intervenção, de vida. Nesta medida, este portefólio assume os
contornos de uma vasta operação de resgate dos meios de transmissão intergeracional da
tradição popular,
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 6
Como todas as coisas sujeitas às peripécias e necessidades do tempo e do lugar,
também os conteúdos dinâmicos da memória social e dos saberes colectivos – sobretudo
quando se transmitem por via oral – se alteram ou acabam por se ver relegados ao
desuso e esquecimento. Contudo, é sabido que nas aldeias , a transmissão tradicional do
saber passa pela oralidade, que assim se constitui não apenas como veículo privilegiado
de identidade, comunicação e reprodução sociais mas também como meio de
desenvolvimento humano e de construção de uma dada imagem do mundo. Pelo facto,
acredito que muita informação aparecerá deturpada, pela falta de memória do utente que
a transmitiu. Posso dizer que neste período de estágio, tive o bom fado de escutar junto
da lareira algumas das narrativas que aqui deixo. Foi para mim um imenso prazer e,
espero que cada um que as leia, sinta o calor da maravilhosa sabedoria popular e não
deixe de nelas reencontrar ecos desse deslumbramento e prazer, pois de puro prazer se
trata.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 7
Conto - s. m. 1. LITERATURA narrativa breve e fictícia em que a acção geralmente se
concentra sobre um único tema ou episódio; 2. historieta; fábula.
Dicionário da Língua Portuguesa 2004, Porto Editora
Lenda – s.f. 1. narrativa escrita ou tradição de sucessos duvidosos, fantásticos ou
inverosímeis … (do latim legenda, «coisas que devem ser lidas» gerúndio neutro plural de
legere «ler»).
Dicionário da Língua Portuguesa 2004, Porto Editora
O conto popular é outra das mais importantes manifestações da literatura tradicional, sendo
geralmente contos anónimos e especialmente vocacionados para fins construtivos.
Os próprios contos de fadas são extremamente benéficos para as crianças que convivem
com as personagens fantásticas, revelam-se em toda a sua utilidade quando oferecem
directrizes para diferenciar o justo do injusto, o bem do mal. Ou seja, os contos e lendas são
não só uma forma de entretenimento, mas também uma forma de educar civicamente e,
portanto, uma forma de identidade.
- As lendas são igualmente uma importante referência no panorama tradicional e podem ser
encaradas como histórias de cuja total veracidade se pode duvidar, embora quase sempre
tenham um pano de fundo que assenta na verdade, e que se referem a um determinado sítio
ou época. Isto faz com que se distancie um pouco do conto popular, já que há sempre um
facto real entrelaçado na lenda, ao passo que o conto faz uso da ficção.
―Estando à lareira,
A contar história de embalar,
Os novos ficam contentes
E os velhos a chorar‖.
CONTOS & LENDAS
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 8
LENDA DA SERRA DA ESTRELA E DO RIO MONDEGO
Um pastor de origem Italiana com o nome de Mon Diego, vinha pastorear com o
seu rebanho para a Serra da Estrela. Era um rapaz bem-parecido, alto e forte, pelo qual
uma rapariga chamada Estrela, depressa se apaixonou. Tiveram um encontro amoroso,
pois foi amor á primeira vista.
Era um amor proibido pelos pais da rapariga e assim cada um foi para seu lado e
nunca mais se encontraram. A Estrela foi voltou várias vezes àquele sítio mas nunca
mais voltou a ver o seu amor. Cheia de saudades, chorou, chorou, chamando Mon
Diego, Mon Diego. Das suas lágrimas se formou o Rio Mondego, e da formosura da
rapariga nasceu o nome da Serra da Estrela.
Colaborador Pedro
LENDA DA SERRA DA ESTRELA
''Era uma vez um jovem pastor que vivia numa longínqua aldeia. Por único
amigo tinha um cachorrinho, que nas longas noites de solidão se deitava a seus pés sem
esperar nenhum gesto, nenhuma palavra. Sofria este pastor de uma estranha inquietação:
cismava alcançar uma Serra enorme que via muito ao longe, as terras que existiam para
lá da muralha rochosa que constituía o seu horizonte desde que nascera. E muitas noites
passava em claro, meditando nesse seu desejo infindável.
Certa noite em que se julgava acordado, sonhou que uma estrela descia até a si e lhe
segredava que o guiaria até ao objecto dos seus desejos.
Acordou o pastor mais inquieto e angustiado que nunca, e procurou no céu a verdade do
que sonhara. Lá estavam todas as estrelas iguais a si mesmas, imutáveis e eternas
aparentemente. Mas estava também uma que lhe pareceu diferente, a mais sua.
Passavam-se os dias e o desejo do pastor aumentava, fazia doer-lhe o corpo, ardia-lhe
febril na cabeça. De noite, todas as noites, procurava no céu a sua estrela diferente. E
em sonhos ela aparecia-lhe muitas vezes desafiando-o, desafiando-lhe sempre a
vontade. Mas a vontade por vezes é tão difícil!!
Uma noite, num ímpeto, decidiu-se. Arrumou tudo o que tinha e era nada, chamou o cão
e partiu. Ao passar pela aldeia o cão ladrou e os velhos souberam que ele ia partir.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 9
Abanaram a cabeça ante a loucura do que assim partia à procura da fome, do frio, da
morte. Mas o pastor levava consigo toda a riqueza que tinha: a fé, a vida e uma estrela.
E o pastor caminhou tantos anos que o cão envelheceu e não aguentou a caminhada.
Morreu uma noite, nos caminhos, e foi enterrado à beira da estrada que fora de ambos.
Só com a sua estrela, agora, o pastor continuou a caminhar, sempre com a serra adiante,
e à medida que caminhava a serra ia sempre ali, no mesmo sítio e à mesma distância.
Passou todas as fomes e frios que os velhos lhe tinham vaticinado.
Atravessou rios, galgou campos verdes e campos ressequidos, caminhou sobre rochedos
escarpados, passou dentro de cidades cheias de muros e gente, mas a montanha dos seus
desejos nunca a baniu do coração. Por fim, já velho alcançou a muralha escarpada que
desde a infância o chamava. Subiu até ao mais alto da serra e ali pôde então largar o
desejo do seu coração, agora em paz e sem desejo.
O horizonte era vasto, tão vasto e maravilhoso, a impressão de liberdade tão
avassaladora que o pastor, sem falar, gritava dentro de si um hino de louvor que mais
parecia o vento uivando por entre os penhascos rochosos de silêncio.
Instalou-se o velho pastor e a sua estrela com ele, no céu.
O rei do mundo, porém, ouviu falar naquele velho pastor e na sua estrela fantástica.
Mandou emissários à serra: todas as riquezas do mundo daria ao pastor em troca da sua
pequena estrela. O pastor ouviu com atenção o que lhe mandava dizer o rei. Depois,
olhou em volta. Tudo eram pedras e rochedos. Uma côdea de pão negro e uma gamela
de leite as suas refeições. A sua distracção a paisagem "infindamente" igual e diferente
do mundo lá em cima. A sua única amiga, a estrela.
Suavemente, como quem sabe o segredo das palavras e o valor de todos os bens
possíveis, virou-se para os emissários do rei do mundo e rejeitou todos os tesouros da
terra, escolhendo a pequenez da sua estrela. Passaram os anos e o velho morreu.
Enterraram-no debaixo de uma fraga e nessa noite, estranhamente, a estrela brilhou com
uma luz mais intensa. Os pastores da serra notaram essa diferença porque a reconheciam
também entre as outras, pelo que o velho lhes contava em certas noites.
E desde então a serra passou a chamar-se, para sempre Serra da Estrela".
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 10
LENDA DE SÃO MARTINHO
O porquê do "Verão" de S. Martinho
O dia de S. Martinho comemora-se no dia 11 de Novembro.
Diz a lenda que quando um cavaleiro romano andava a fazer a ronda, viu um velho
mendigo cheio de fome e frio, porque estava quase nu.O dia estava chuvoso e frio, e o
velhinho estava encharcado.O cavaleiro, chamado Martinho, era bondoso e gostava de
ajudar as pessoas mais pobres. Então, ao ver aquele mendigo, ficou cheio de pena e
cortou a sua grossa capa ao meio, com a espada.Depois deu a metade da capa ao
mendigo e partiu.
Passado algum tempo a chuva parou e apareceu no céu um lindo Sol.
" Crianças do Abrigo
LENDA DA SENHORA DA LAPA
Diz a lenda que a imagem de Nossa Senhora da Lapa apareceu num penedo de difícil
acesso, na Beira Alta, em Aguiar da Beira.
Os devotos construíram-lhe um templo num local mais acessível, mas a imagem da
Senhora fugia para o seu penedo sempre que a punham na nova capela. Este facto
insólito ocorreu tantas vezes que os devotos fizeram a vontade à Virgem e construíram-
lhe uma capela no penedo.
E a Senhora da Lapa lá está hoje, num sítio em que para a ver o crente tem de entrar de
lado, por mais magro que seja. Curiosamente, o crente mais gordo de lado entra sempre.
Um dos milagres atribuídos a esta Senhora é o que ocorreu com um caminhante que,
adormecendo junto à capela, entrou-lhe na boca entreaberta uma cobra. Aflito, o homem
acordou e imediatamente invocou no seu pensamento a Senhora da Lapa.
Conta a lenda que a cobra imediatamente virou a cabeça para fora da boca, sendo depois
apanhada e morta.
AS DOZE PALAVRAS DITAS E RETORNADAS
Era uma vez um homem muito trabalhador e honrado, mas infeliz em todo
negócio em que se metia. Tinha ele devoção ao Anjo da Guarda, rezando todos os dias
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 11
em sua intenção. Cada vez mais pobre, o homem perdeu a paciência, e um dia gritou,
desesperado com sua triste sina:
— Acuda-me o diabo, que o Anjo da Guarda não me quer ajudar!
Apareceu um sujeito alto, todo vestido de preto, barbudo e feio, com uma voz roufenha
e desagradável:
— Aqui estou! Aqui estou! Que é que queres de mim?
— Quero ficar rico.
O diabo indicou uma gruta onde havia um tesouro enterrado, e disse:
— Daqui a vinte anos voltarei para buscar-te. Se não disseres as doze palavras ditas e
retornadas, serás meu para toda a eternidade.
O homem começou a viver folgadamente, em festas e alegrias, cercado de amigos e de
mulheres.
O tempo foi passando, e uma noite ele lembrou-se de que estava condenado às penas do
inferno. Só se soubesse as doze palavras ditas e retornadas...
— Isso deve ser fácil — disse ele consigo. — Todo mundo deve saber.
No dia seguinte perguntou aos amigos, aos vizinhos e a todos os moradores da cidade, e
não havia quem soubesse o que vinha a ser o que ele lhes perguntava.
O homem afligiu-se muito. Cada vez mais o tempo passava, e ninguém sabia o segredo
das doze palavras ditas e retornadas. Largou ele a vida má que levava, fez penitência e
saiu pelo mundo, perguntando. Todos diziam:
— Não sei, nunca ouvi falar...
O homem só faltava morrer, com o pavor da ideia de ter de encontrar-se com o diabo e
ser carregado para o fogo eterno.
Já correra muito tempo desde que deixara o folguedo dos ricos, vestindo com modéstia
e dando esmolas.
Uma tarde, ia por um bosque na hora da "Ave-Maria". Ajoelhou-se para rezar, e ao
terminar viu um velho que se aproximava dele.
Cumprimentou-o, e foram andando juntos para a vila. Perguntou ao velho como ele se
chamava.
— Chamo-me Cristóvão — respondeu.
Para não deixar de perguntar, falou nas doze palavras ditas e retornadas. E o velho
Custódio lhe disse:
— Eu sei as doze palavras ditas e retornadas.
O homem ficou tão satisfeito que abraçou o velho, dando graças a Deus e dizendo que
aquilo era um milagre do Anjo da Guarda, sua devoção antiga.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 12
Cristovãozinho, amigo meu,
Cristovãozinho amigo teu, não.
Dizei-me as doze palavras
Ditas e retornadas.
-eu as doze palavras não tas digo,
Mas uma te direi.
Uma é a casa santa em Jerusalém,
-cristovãozinho, amigo meu,
Cristovãozinho amigo teu, não.
Dizei-me as doze palavras
Ditas e retornadas.
-eu as doze palavras não tas digo,
Mas duas te direi.
As duas são as duas tabuinhas de Moisés,
Onde nosso senhor pôs os seus divinos pés.
- Cristovãozinho, amigo meu,
Cristovãozinho amigo teu, não.
Dizei-me as doze palavras
Ditas e retornadas.
- Eu as doze palavras não tas digo,
Mas três te direi.
As três pessoas da santíssima trindade.
- Cristovãozinho, amigo meu,
Cristovãozinho amigo teu, não.
Dizei-me as doze palavras
Ditas e retornadas.
- Eu as doze palavras não tas digo,
Mas quatro te diremos.
As quatro são os quatro evangelistas.
- cristovãozinho, amigo meu,
Cristovãozinho amigo teu, não
Dizei-me as doze palavras
Ditas e retornadas.
- eu as doze palavras não tas digo,
Mas cinco te direi.
As cinco são as cinco chagas.
- cristovãozinho, amigo meu,
Cristovãozinho amigo teu, não.
Dizei-me as doze palavras
Ditas e retornadas.
- eu as doze palavras não tas digo,
Mas seis te direi.
As seis são os seis círios brancos.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 13
- cristovãozinho, amigo meu,
Cristovãozinho amigo teu, não.
Dizei-me as doze palavras
Ditas e retornadas.
- eu as doze palavras não tas digo,
Mas sete te direi.
As sete são os sete sacramentos.
- cristovãozinho, amigo meu,
Cristovãozinho amigo teu,não.
Dizei-me as doze palavras
Ditas e retornadas.
- eu as doze palavras não tas digo,
Mas oito te direi.
As oito são as oito bem-aventuranças.
- cristovãozinho, amigo meu,
Cristovãozinho amigo teu, não.
Dizei-me as doze palavras
Ditas e retornadas.
- eu as doze palavras não tas digo,
Mas nove te direi.
As nove são as nove cores do anjo.
- cristovãozinho, amigo meu
Cristovãozinho amigo teu, não.
Dizei-me as doze palavras
Ditas e retornadas.
- eu as doze palavras não tas digo,
Mas dez te direi.
As dez são os dez mandamentos.
- cristovãozinho, amigo meu,
Cristovãozinho amigo teu, não.
Dizei-me as doze palavras
Ditas e retornadas.
- eu as doze palavras não tas digo,
Mas onze te direi.
As onze são onze mil virgens.
- cristovãozinho, amigo meu,
Cristovãozinho amigo teu, não.
Dizei-me as doze palavras
Ditas e retornadas.
As doze palavras, ditas e retornadas,
São os doze apóstolos:
´´ Três raios tem o sol,
Três raios tem a lua,
Arrebenta tu diabo,
Que esta alma não é tua‖. Ir. Ascensão
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 14
O CALDO DE PEDRA
Um frade andava no peditório. Chegou à porta de um lavrador, mas não lhe
quiseram aí dar nada.
O frade estava a cair de fome e disse:
-Vou ver se faço um caldinho de pedra.
E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se a olhar para ela, como
para ver se era boa para um caldo.
A gente da casa pôs-se a rir do frade e daquela lembrança. Diz o frade:
-Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que é uma coisa muito boa.
Responderam-lhe:
-Sempre queremos ver isso.
Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra, pediu:
-Se me emprestassem aí um pucarinho...
Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de água e deitou-lhe a pedra
dentro.
-Agora, se me deixassem estar a panelinha aí, ao pé das brasas...
Deixaram. Assim que a panela começou a chiar, disse ele:
-Com um bocadinho de unto é que o caldo ficava a primor!
Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveu, ferveu, e a gente da casa pasmada
com o que via.
O frade, provando o caldo:
-Está um nadinha insosso. Bem precisa duma pedrinha de sal.
Também lhe deram o sal. Temperou, provou e disse:
-Agora é que, com uns olhinhos de couve, ficava que até os anjos o comeriam.
A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves. O frade limpou-as, ripou-as
com os dedos e deitou as folhas na panela. Quando os olhos já estavam aferventados,
arriscou:
-Ai! Um naquinho de chouriça é que lhe dava uma graça!...
Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço. Ele pô-lo na panela e, enquanto se cozia,
tirou do alforge pão e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era um
regalo. Comeu e lambeu o beiço.
Depois de despejada a panela, ficou a pedra no fundo.
A gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou-lhe:
-Ó senhor frade, então a pedra?
-A pedra... Lavo-a e levo-a comigo para outra vez.
E assim comeu onde não lhe queriam dar nada.
O SAL E A ÁGUA
Um rei tinha três filhas; perguntou a cada uma delas por sua vez, qual era a mais
sua amiga. A mais velha respondeu:
– Quero mais a meu pai, do que à luz do Sol.
Respondeu a do meio:
– Gosto mais de meu pai do que de mim mesma.
A mais moça respondeu:
– Quero-lhe tanto, como a comida quer o sal.
O rei entendeu por isto que a filha mais nova o não amava tanto como as outras, e
pô-la fora do palácio. Ela foi muito triste por esse mundo, e chegou ao palácio de um
rei, e aí se ofereceu para ser cozinheira. Um dia veio à mesa um pastel muito bem feito,
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 15
e o rei ao parti-lo achou dentro um anel muito pequeno, e de grande preço. Perguntou a
todas as damas da corte de quem seria aquele anel. Todas quiseram ver se o anel lhes
servia: foi passando, até que foi chamada a cozinheira, e só a ela é que o anel servia. O
príncipe viu isto e ficou logo apaixonado por ela, pensando que era de família de
nobreza.
Começou então a espreitá-la, porque ela só cozinhava às escondidas, e viu-a vestida
com trajos de princesa. Foi chamar o rei seu pai e ambos viram o caso. O rei deu licença
ao filho para casar com ela, mas a menina tirou por condição que queria cozinhar pela
sua mão o jantar do dia da boda. Para as festas de noivado convidou-se o rei que tinha
três filhas, e que pusera fora de casa a mais nova. A princesa cozinhou o jantar, mas nos
manjares que haviam de ser postos ao rei seu pai não botou sal de propósito. Todos
comiam com vontade, mas só o rei convidado é que não comia. Por fim perguntou-lhe o
dono da casa, porque é que o rei não comia? Respondeu ele, não sabendo que assistia ao
casamento da filha:
– É porque a comida não tem sal.
O pai do noivo fingiu-se raivoso, e mandou que a cozinheira viesse ali dizer porque
é que não tinha botado sal na comida. Veio então a menina vestida de princesa, mas
assim que o pai a viu, conheceu-a logo, e confessou ali a sua culpa, por não ter
percebido quanto era amado por sua filha, que lhe tinha dito, que lhe queria tanto como
a comida quer o sal, e que depois de sofrer tanto nunca se queixara da injustiça de seu
pai.
OS DEZ ANÕEZINHOS DA TIA VERDE-ÁGUA
Era uma mulher casada, mas que se dava muito mal com o marido, porque não
trabalhava nem tinha ordem no governo da casa; começava uma coisa e logo passava
para outra, tudo ficava em meio, de sorte que quando o marido vinha para casa nem
tinha o jantar feito, e à noite nem água para os pés nem a cama arranjada. As coisas
foram assim, até que o homem lhe pôs as mãos e ia-a tosando, e ela a passar muito má
vida. A mulher andava triste por o homem lhe bater, e tinha uma vizinha a quem se foi
queixar, a qual era velha e se dizia que as fados a ajudavam. Chamavam-lhe a Tia
Verde-Água:
– Ai, Tia! vocemecê é que me podia valer nesta aflição.
– Pois sim, filha; eu tenho dez anõezinhos muito arranjadores, e mando-tos para tua
casa para te ajudarem.
E a velha começou a explicar-lhe o que devia fazer para que os dez anõezinhos a
ajudassem; que quando pela manha se levantasse fizesse logo a cama, em seguida
acendesse o lume, depois enchesse o cântaro de água, varresse a casa, ponteasse a
roupa, e no intervalo em que cozinhasse o jantar fosse dobando as suas meadas, até o
marido chegar. Foi-lhe assim indicando o que havia de fazer, que em tudo isto seria
ajudada sem ela o sentir pelos dez anõezinhos. A mulher assim o fez, e se bem o fez
melhor lhe saiu. logo à boca da noite foi a casa da Tia Verde-Água agradecer-lhe o ter-
lhe mandado os dez anõezinhos, que ela não viu nem sentiu, mas porque o trabalho
correu-lhe como por encanto. Foram-se assim passando as coisas, e o marido estava
pasmado por ver a mulher tornar-se tão arranjadora e limpa; ao fim de oito dias ele não
se teve que não lhe dissesse como ela estava outra mulher, e que assim viveriam como
Deus com os anjos. A mulher contente por se ver agora feliz, e mesmo porque a féria
chegava para mais, vai a casa da Tia Verde-Água agradecer-lhe o favor que lhe fez:
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 16
– Ai, minha Tia, os seus dez anõezinhos fizeram-me um servição; trago agora tudo
arranjado, e o meu homem anda muito meu amigo. O que lhe eu pedia agora é que mos
deixasse lá ficar.
A velha respondeu-lhe:
– Deixo, deixo. Pois tu ainda não viste os dez anõezinhos?
– Ainda não; o que eu queria era vê-los.
– Não sejas tola; se tu queres vê-los olha para as tuas mãos, e os teus dedos é que soo os
dez anõezinhos.
A mulher compreendeu a causa, e foi para casa satisfeita consigo por saber como é que
se faz luzir o trabalho.
O APRENDIZ DE MAGO
Um homem de grandes artes tinha na sua companhia um sobrinho, que lhe guardava a
casa quando precisava sair. De uma vez deu-lhe duas chaves, e disse:
– Estas chaves são daquelas duas portas; não mas abras por cousa nenhuma do mundo,
senão morres.
O rapaz, assim que se viu só, não se lembrou mais da ameaça e abriu uma das portas.
Apenas viu um campo escuro e um lobo que vinha correndo para arremeter contra ele.
Fechou a porta a toda a pressa passado de medo. Daí a pouco chegou o Mago:
– Desgraçado! para que me abriste aquela porta, tendo-te avisado que perderias a vida?
O rapaz tais choros fez que o Mago lhe perdoou. De outra vez saiu o tio e fez-lhe a
mesma recomendação. Não ia muito longe, quando o sobrinho deu volta à chave da
outra porta, e apenas viu uma campina com um cavalo branco a pastar. Nisto lembrou-
se da ameaça do tio e já o sentindo subir pela escada, começou a gritar:
– Ai que agora é que estou perdido!
O cavalo branco falou-lhe:
– Apanha desse chão um ramo, uma pedra e um punhado de areia, e monta já quanto
antes em mim.
Palavras não eram ditas, o Mago abriu a porta da casa: o rapaz salta para cima do cavalo
branco e grita:
– Foge! que aí chega o meu tio para me matar.
O cavalo branco correu pelos ares fora; mas indo lá muito longe, o rapaz torna a gritar:
– Corre! que meu tio já me apanha para me matar.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 17
O cavalo branco correu mais, e quando o Mago estava quase a apanhá-los, disse para o
rapaz:
– Deita fora o ramo.
Fez-se logo ali uma floresta muito fechada, e, enquanto o Mago abria caminho por ela,
puseram-se muito longe. Ainda o rapaz tornou outra vez a gritar:
– Corre! que já aí está meu tio, que me vai matar.
Disse o cavalo branco:
– Bota fora a pedra.
Logo ali se levantou uma grande serra cheia de penedias, que o Mago teve de subir,
enquanto eles avançavam caminho. Mais adiante, grita o rapaz:
– Corre, que meu tio agarra-nos.
– Pois atira ao vento o punhado de areia, disse-lhe o cavalo branco.
Apareceu logo ali um mar sem fim, que o Mago não pôde atravessar. Foram dar a uma
terra onde se estavam fazendo muitos prantos. O cavalo branco ali largou o rapaz e
disse-lhe que quando se visse em grandes trabalhos por ele chamasse mas que nunca
dissesse como viera ter ali. O rapaz foi andando e perguntou por quem eram aqueles
grandes prantos.
– É porque a filha do rei foi roubada por um gigante que vive em uma ilha aonde
ninguém pode chegar.
– Pois eu sou capaz de ir lá.
Foram dizê-lo ao rei; o rei obrigou-o com pena de morte a cumprir o que dissera. O
rapaz valeu-se do cavalo branco, e conseguiu ir à ilha trazendo de lá a princesa, porque
apanhara o gigante dormindo.
A princesa assim que chegou ao palácio não parava de chorar. Perguntou-lhe o rei:
– Porque choras tanto, minha filha?
– Choro porque perdi o meu anel que me tinha dado a fada minha madrinha e, enquanto
o não tornar a achar, estou sujeita a ser roubada outra vez ou ficar para sempre
encantada.
O rei mandou lançar o pregão em como dava a mão da princesa a quem achasse o anel
que ela tinha perdido. O rapaz chamou o cavalo branco, que lhe trouxe do fundo do mar
o anel, mas o rei não lhe queria já dar a mão da princesa; porém ela é que declarou que
casaria com o jovem para que dissessem sempre: Palavra de rei não torna atrás.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 18
O CAPUCHINHO VERMELHO
Era uma vez uma linda menina que vivia numa aldeia do bosque e de quem
todos gostavam muito por ser muito boa e simpática.
Um dia a mãe fez-lhe um capucho vermelho para ela levar para a escola. No trajecto e
como era hábito, a menina cumprimentava os animaizinhos, pois conhecia-os e era
amiga de todos. Ao vê-la tão bonita com o seu novo capucho eles começaram a tratá-la
por Capuchinho Vermelho.
Um dia a mãe chamou-a e disse-lhe:
- Tens aqui uma cesta com bolos e um pote de mel para levares à avozinha que não anda
muito bem de saúde. Toma cuidado: não te detenhas no caminho e não fales com
desconhecidos.
- Podes ficar descansada, mãezinha, farei como dizes - prometeu Capuchinho Vermelho.
Ia ela muito contente quando, a certa altura, encontrou um lobo. Este, com uma voz
muito melada, disse-lhe:
- Olá, bela Capuchinho! Nem imaginas como desejava conhecer-te.
A menina ao ouvir isto ficou muito surpreendida, pois achou que o lobo não era tão
feroz como toda a gente dizia. Apesar disso respondeu-lhe:
- O senhor lobo desculpe-me mas a minha mãe proibiu-me de falar com desconhecidos.
- Desconhecido, eu? Sou a mais popular de todas as criaturas do bosque, não deves
fazer caso do que dizem. Isso é treta das más línguas. Onde vais com essa cesta?
- Vou ver a minha avózinha que está doente e levar-lhe bolos e um pote de mel.
- E onde vive a tua avozinha?
- Vive para lá do moinho, numa casa à beira do lago, junto a uma grande árvore.
O lobo já com água na boca pensou:
- Que maravilha de petiscos, devem ser tão bons, tenho que me apoderar de ambas.
Acompanhou Capuchinho e a certa altura disse-lhe:
- Penso que também eu deveria visitar a tua avozinha, uma vez que ela está tão
adoentada, não te parece?
- Sim, sim, acho que ela ficaria muito contente.
- Olha, tu vais por este caminho e eu vou por aquele. Veremos quem chega primeiro, -
disse-lhe o lobo.
- Como eu sou esperto e como foi fácil convencê-la, pensou o lobo, ela vai pelo
caminho mais distante e assim eu terei tempo de chegar antes.
O lobo correu então em direcção à casa da avó de Capuchinho Vermelho. Uma vez lá
chegado bateu à porta e a avózinha perguntou:
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 19
- Quem é?
- É o Capuchinho Vermelho, respondeu-lhe o lobo, trago-lhe bolos e um pote de mel;
abra a porta por favor.
- Entra, minha netinha, a porta está só no trinco.
O lobo abriu a porta e sem dizer nada foi ao quarto da avózinha e comeu-a. A seguir
vestiu as suas roupas, enfiou a touca, colocou no nariz os óculos da avózinha e meteu-se
dentro da cama, cobrindo-se com uma manta.
Capuchinho, depois de muito caminhar, pois viera pelo caminho mais longo, chegou
finalmente a casa da avó; ficou muito surpreendida por encontrar a porta aberta.
- Bom dia. Está alguém em casa? - perguntou ao entrar.
Como ninguém lhe respondeu, dirigiu-se ao quarto e aproximando-se da cama, não
reconheceu o lobo, pois ele estava disfarçado com as roupas da avózinha. Notou
contudo que havia algo diferente e disse:
- Avózinha estás com umas orelhas tão grandes!
- São para te ouvir melhor.
- E tens uns olhos tão grandes!
- São para te ver melhor.
- E os teus braços são tão grandes!
- São para te abraçar melhor.
- E tens uma boca tão grande!
- É para te comer.
E nisto o lobo saltou da cama e engoliu a pobre Capuchinho Vermelho, que nem teve
tempo de ter medo. Voltou depois a deitar-se e adormeceu profundamente, ressonando
muito alto.
Um caçador que por ali passava, ao ouvir todo aquele barulho, pensou:
- Esta velhinha não ressonava desta maneira! Vou mas é ver o que se passa.
Entrou no quarto e deparou com o lobo a dormir profundamente.
- Até que enfim que te encontrei. Procuro-te há tanto tempo!
E quando ia a pegar na arma lembrou-se que o malvado podia ter comido a avó e que
talvez ainda a pudesse salvar. Pegou na faca e... zás, abriu-lhe a barriga e de lá saiu
Capuchinho Vermelho. Logo a seguir saiu a avózinha, ainda com vida mas respirando
com muita dificuldade.
Depois de contarem ao caçador o que se tinha passado, Capuchinho saiu a correr e foi
apanhar pedras, encheu com elas a barriga do lobo e a avó coseu a pele.
O lobo, quando acordou e viu o caçador, que disparou para o chão, fugiu a correr em
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 20
direcção ao lago, e quando se atirou à água para fugir a nado, com o peso das pedras foi
parar ao fundo e afogou-se, com o que até nada se perdeu, pois ele era um lobo mau a
valer.
Então a avózinha disse para a Capuchinho:
- Vai à dispensa e arranja alguma coisa para o lanche do nosso salvador.
Depois de ter comido, o caçador disse:
- Vamos, Capuchinho, vou acompanhar-te a casa, não vá andar por aí outro lobo
malvado.
Ao chegaram a casa, Capuchinho Vermelho contou à mãe todas as peripécias que lhe
tinham acontecido, pedindo-lhe desculpa por ter desobedecido às suas recomendações e
prometendo nunca mais o voltar a fazer.
―Colori, colorado, está o conto acabado!‖
OS TRÊS CONSELHOS
Um pobre rapaz tinha casado, e para arranjar a sua vida, logo ao fim do primeiro
ano teve de ir servir uns patrões muito longe. Ele era assim bom homem, e pediu ao
amo que lhe fosse guardando na mão o dinheiro das soldadas. Ao fim de uns quatro
anos já tinha um par de moedas, que lhe chegava para comprar um eidico, e quis voltar
para casa. O patrão disse-lhe:
– Qual queres, três bons conselhos que te hão-de servir para toda a vida, ou o teu
dinheiro?
– Ele, o dinheiro é sangue, como diz o outro.
– Mas podem roubar-to pelo caminho e matarem-te.
– Pois então venham de lá os conselhos.
Disse-lhe o patrão:
– O primeiro conselho que te dou é que nunca te metas por atalho, podendo
andar pela estrada real.
– Cá me fica para meu governo.
– O segundo, é que nunca pernoites em casa de homem velho casado com
mulher nova. Agora o terceiro vem a ser: nunca te decidas pelas primeiras aparências.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 21
O rapaz guardou na memória os três conselhos, que representavam todas as suas
soldadas; e quando se ia embora, a dona da casa deu-lhe um bolo para o caminho, se
tivesse fome; mas que era melhor comê-lo em casa com a mulher, quando lá chegasse.
Partiu o homenzinho do Senhor, e encontrou-se na estrada com uns almocreves que
levavam uns machos com fazendas; foram-se acompanhando e contando a sua vida, e
chegando lá a um ponto da estrada, disse um almocreve que cortava ali por uns atalhos,
porque poupava meia hora de caminho. O rapaz foi batendo pela estrada real, e quando
ia chegando a um povoado, viu vir o almocreve todo esbaforido sem os machos;
tinham-no roubado e espancado na quelha. Disse o moço:
– Já me valeu o primeiro conselho.
Seguiu o seu caminho, e chegou já de noite a uma venda, onde foi beber uma
pinga, e onde tencionava pernoitar; mas quando viu o taverneiro já homem entrado, e a
mulher ainda frescalhuda, pagou e foi andando sempre, Quando chegou à vila, ia lá um
reboliço; era que a Justiça andava em busca de um assassino que tinha fugido com a
mulher do taverneiro que fora morto naquela noite. Disse o rapaz lá consigo:
– Bem empregado dinheiro o que me levou o patrão por este conselho.
E picou o passo, para ainda naquele dia chegar a casa. E lá chegou; quando se ia
aproximando da porta, viu dentro de casa um homem, sentado ao lume com a sua
mulher! A sua primeira ideia foi ir matar logo ali a ambos. Lembrou-se do conselho, e
curtiu consigo a sua dor, e entrou muito fresco pela poria dentro. A mulher veio abraçá-
lo, e disse:
– Aqui está meu irmão, que chegou hoje mesmo do Brasil. Que dia! E tu
também ao fim de quatro anos!
Abraçaram-se todos muito contentes, e quando foi a ceia para a mesa, o marido
vai a partir o bolo, e aparece-lhe dentro todo o dinheiro das suas soldadas. E por isso diz
o outro, ainda há quem faça bem.
HISTÓRIA DO GRÃO-DE-MILHO
Era uma vez uns casados e não tinham filhos. A mulher tanto pediu a Nossa
Senhora que lhe desse um filho, ainda que fosse do tamanho de um grão de milho, que
ao fim de nove meses ela pariu um filho, mas tão pequeno, tão pequeno, que era mesmo
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 22
do tamanho de um grão de milho. Foi-se passando tempo e o pequeno não crescia nada,
de sorte que ficou sempre do mesmo tamanho.
O pai era lavrador e, quando andava a trabalhar no campo, era o Grão-de-Milho que lhe
ia levar o jantar numa cesta; mas, como era tão pequeno, ninguém o via o que fazia
correr aquela cesta pela rua abaixo. O pai recomendava-lhe que não se chegasse para o
pé dos bois, mas uma vez que ele tinha ido levar o jantar ao pai, a brincar trepou para
cima de uma folha de milho e um dos bois, pensando que era um grão de milho,
lambeu-o com a língua. O pai quando quis voltar para casa, por mais que o procurasse
não deu com ele, mas tanto chamou que por fim ouviu responder que o boi o tinha
comido e estava dentro da tripa. O pai ficou muito aflito e matou logo ali o boi e
começou a procurá-lo nas tripas, mas por mais que procurasse não o encontrou, até que
deixou ficar tripas e tudo. De noite um lobo, atraído pelo cheiro da carne, veio e comeu
as tripas do boi, e deitou a fugir. O lobo teve umas grandes dores de barriga e o Grão-
de-Milho começou a gritar-lhe: "C... aí, c... aí!" Mas o lobo, ouvindo isto teve tanto
medo que mais fugia e não podia obrar. O Grão-de-Milho continuava a gritar: "C... aí,
c... aí!", até que o lobo tão atrapalhado se viu que fez as suas necessidades.
O Grão-de-Milho logo que saiu para fora, lavou-se muito bem lavado numa pocinha que
ali estava e foi por ali fora. No meio caminho encontrou uns almocreves que levavam os
machos carregados de dinheiro e disse-lhes.
De repente, saltam uns ladrões, matam os almocreves e levam os machos com o
dinheiro para uma casa que havia nuns pinheirais. O Grão-de-Milho, como ia medito
numa alforges, foi também sem ser pescado. Os ladrões despejaram o dinheiro em cima
de uma grande mesa e começaram a contá-lo. O Grão-de-Milho pôs-se debaixo da mesa
e começou a gritar: "Quem dá déreis, quem dá déreis!" Os ladrões, assim que ouviram
isto, tiveram tanto medo que deitaram a fugir. Então o Grão-de-Milho ensacou o
dinheiro, pô-lo em cima dos machos e foi para casa.
Quando lá chegou, era ainda de noite e bateu à porta. O pai perguntou: "Quem está aí?"
e ele respondeu: "Sou eu, meu pai; abra depressa." O pai veio logo abrir a porta e o
Grão-de-Milho contou-lhe então tudo, entregou-lhe os machos e o dinheiro e o lavrador,
que era pobre, ficou muito rico
Colaborador: José Pedro
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 23
A cidade dos resmungos
Era uma vez um lugar chamado Cidade dos Resmungos, onde todos
resmungavam, resmungavam, resmungavam. No Verão, resmungavam porque estava
muito quente. No Inverno, porque estava muito frio. Quando chovia, as crianças
choramingavam porque não podiam sair. Quando fazia sol, reclamavam porque não
tinham o que fazer. Os vizinhos queixavam-se uns dos outros, os pais queixavam-se
dos filhos, os irmãos das irmãs.
Todos tinham um problema, e todos reclamavam pois achavam que alguém
deveria fazer alguma coisa.
Um dia chegou à cidade um mascate com um enorme cesto às costas. Ao
perceber toda aquela inquietação e choradeira, pôs o cesto no chão e gritou:
- Ó cidadãos deste belo lugar! Os campos estão abarrotados de trigo, os pomares
carregados de frutas. As cordilheiras estão cobertas de florestas espessas, e os vales
banhados por rios profundos. Jamais vi um lugar abençoado por tantas conveniências e
tamanha abundância. Por que tanta insatisfação? Aproximem-se, e eu vos mostrarei o
caminho para a felicidade.
Ora, a camisa do mascate estava rasgada e puída. Havia remendos nas calças e
buracos nos sapatos. As pessoas riram porque não acreditavam que alguém como ele
lhes pudesse mostrar como poderiam ser felizes. Mas enquanto riam, ele puxou uma
corda comprida do cesto e esticou-a entre os dois postes na praça da cidade.
Então segurando o cesto diante de si, gritou:
- Povo desta cidade! Aqueles que estiverem insatisfeitos escrevam os seus
problemas num pedaço de papel e ponham-nos dentro deste cesto. Trocarei os vossos
problemas por felicidade!
A multidão aglomerou-se à sua volta. Ninguém hesitou diante da possibilidade
de se livrar dos problemas. Todo homem, mulher e criança da vila rabiscou a sua
queixa num pedaço de papel e jogou-o no cesto.
Eles observaram o mascate a pegar em cada um dos problema e a pendurá-lo na
corda. Quando ele terminou, havia problemas Pendurados em cada pedaço da corda, de
um extremo ao outro. Então ele disse:
- Agora cada um de vocês deve retirar desta linha mágica o menor problema que
puderem encontrar.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 24
Todos correram para examinar os problemas. Procuraram, manusearam os
pedaços de papel e ponderaram, cada qual tentando escolher o menor problema. Depois
de algum tempo a corda estava vazia.
Eis que cada um segurava o mesmíssimo problema que havia colocado no cesto.
Cada pessoa havia escolhido o seu próprio problema, julgando ser ele o menor da
corda.
Daí por diante, o povo daquela cidade deixou de resmungar o tempo todo. E
sempre que alguém sentia o desejo de resmungar ou reclamar, pensava no mascate e na
sua corda mágica.
Fonte própria
A fonte das três comadres
Era uma vez um rei muito poderoso que teve uma enfermidade nos olhos e ficou
completamente cego. Consultou então os melhores médicos do mundo, tomou todos os
remédios aconselhados pela ciência, mas nada conseguiu. Sua cegueira parecia
incurável. Um belo dia, apareceu no palácio uma velhinha pedindo esmola e, sabendo
que o rei estava cego, pediu licença para dirigir-lhe a palavra, pois desejava ensinar-lhe
um remédio maravilhoso. Conduzida à presença do rei, ela lhe disse: — Saiba Vossa
Majestade que só existe uma coisa capaz de fazer voltar sua vista: é banhar seus olhos
com água tirada da Fonte das Três Comadres. E muito difícil, porém, ir a essa fonte que
fica num reino situado quase no fim do mundo. Quem for buscar a água deve entender-
se com uma velha que mora perto da fonte. Ela conhece o dragão que guarda a fonte e
sabe quando ele está acordado ou adormecido. O rei ficou muito satisfeito com a
informação da velhinha e recompensou-a com uma bolsa cheia de dinheiro.
Mandou, em seguida, preparar uma esquadra para conduzir seu filho mais velho
que deveria ir buscar a água da fonte milagrosa. Deu-lhe o prazo de um ano para
cumprir sua missão, aconselhando-o a não saltar em nenhum porto para não se distrair
do que devia fazer. O príncipe partiu, mas no meio da viagem, encontrou uma cidade
onde havia muitas festas e lindas moças. Atraído pelos divertimentos, aí ficou gastando
todo o dinheiro que levava e contraindo grandes dívidas. No fim do prazo que lhe fora
marcado, não seguiu viagem nem voltou ao reino do seu pai, o que causou a este
profundo desgosto.
Resolveu então o rei preparar outra esquadra a fim de que o seu segundo filho
fosse buscar a água maravilhosa. O moço partiu, mas encontrou em seu caminho a
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 25
mesma cidade onde se havia arruinado o seu irmão mais velho. Ficou também
encantado pelas festas e pelas moças bonitas, e gastou tudo o que trazia, esquecendo-se
da missão que seu pai lhe confiara. No fim de um ano, ainda se encontrava nessa cidade,
pobre e endividado.
O rei, ao saber da notícia do que acontecera ao seu segundo filho, ficou muito
triste e desanimado. E perdeu a esperança de curar sua cegueira. Mas seu filho mais
moço, que era ainda um menino, não se conformou com os acontecimentos e disse-lhe:
— Agora, meu pai, eu é que vou buscar a água. Garanto-lhe que hei de trazê-la! O rei
procurou dissuadi-lo: — Se seus irmãos, que eram homens nada conseguiram, que
poderá você fazer, meu filho ? Mas, o pequeno príncipe tanto insistiu e rogou que o pai
acabou cedendo. E mandou preparar uma esquadra para sua viagem. O jovem partiu
cheio de esperança. Depois de muito navegar, encontrou a famosa cidade onde seus
irmãos já se achavam presos pelas dívidas que haviam contraído. O príncipe pagou as
dívidas dos irmãos e conseguiu pô-los em liberdade. Estes tudo fizeram para dissuadir o
rapaz de seguir viagem.
Mas o príncipe nada quis ouvir e continuou, resolutamente sua jornada.
Chegando à região onde se encontrava a Fonte das Três Comadres, desembarcou
sozinho, levando apenas uma garrafa. Seguiu logo para a casa da velhinha, que residia
perto da fonte. Esta ao vê-lo ficou muito admirada, dizendo: — Por que veio aqui, meu
netinho? Está correndo um grande perigo! O monstro que vigia a fonte é uma princesa
encantada que tudo devora. Se quiser, realmente, apanhar água da fonte, aproveite a
ocasião em que o monstro estiver adormecido. Quando êle estiver com os olhos abertos,
pode aproximar-se sem receio. E sinal de que está dormindo. Mas se o encontrar com os
olhos fechados, fuja depressa, pois êle estará, na certa, acordado.
O príncipe prestou bastante atenção aos conselhos da velha e seguiu para a fonte.
Quando lá chegou, viu que a fera estava com os olhos abertos. Verificando que ela
estava dormindo, o príncipe aproveitou o momento para encher sua garrafa com a água
milagrosa. Mas, quando se ia retirando cuidadosamente, o monstro acordou e lançou-se,
com fúria, sobre o rapaz. Este puxou da espada e travou uma luta terrível com a fera.
Depois de muito lutar, conseguiu ferir o horrendo bicho e fazer seu sangue correr. Nesse
momento, o monstro se desencantou, transformando-se numa belíssima princesa. O
príncipe ficou extasiado, pois nunca tinha visto uma moça tão formosa. Ela então lhe
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 26
disse: — Prometi que havia de me casar com aquele que me desencantasse. Portanto,
dentro de um ano, virás buscar-me. Se não o fizeres, irei à tua procura. E para que o
jovem pudesse ser reconhecido quando fosse buscá-la, a princesa deu-lhe um pedaço do
seu vestido.Quando chegou à fonte, o príncipe verificou que o monstro estava com os
olhos abertos.
Contente e feliz, o príncipe partiu de volta à sua terra. Passando pela cidade onde
se encontravam seus irmãos, convidou-os para embarcar na sua esquadra, a fim de que
pudessem regressar ao seu país. Os irmãos aceitaram o convite. O rapaz havia guardado
a garrafa com a água milagrosa na sua mala. Seus irmãos armaram, então, um plano
para roubar-lhe a garrafa e se apresentarem ao pai como seus salvadores. Para isso
sugeriram, ao príncipe, dar um banquete na esquadra para comemorar o fato de ter ele
conseguido o maravilhoso remédio. A festa foi realizada e os irmãos, aproveitando-se
da boa fé do jovem príncipe, conseguiram que êle bebesse muito vinho e adormecesse
profundamente. Tiraram então do seu bolso a chave da mala, abriram-na, tiraram a
garrafa com o remédio e a substituíram por outra cheia de água do mar.
Quando a esquadra atracou no porto de sua terra, o príncipe foi recebido com grande
alegria e muitas festas. Mas, quando êle colocou nos olhos do pai a água que supunha
ser da fonte maravilhosa, o velho soltou um grito de dor, devido ao sal do mar, e
continuou cego. Os dois irmãos traidores acusaram então o príncipe de impostor e
declararam que eles é que haviam conseguido a água milagrosa. Dizendo isso,
banharam com a mesma os olhos do rei que recobrou a visão. Houve então grandes
festas e banquetes no palácio e o jovem príncipe foi condenado à morte. Mas os
soldados encarregados de degolar o príncipe, ficaram com pena do rapaz e o deixaram
na floresta. O príncipe ficou tão desgostoso que perdeu o amor à vida. Um lenhador
malvado o encontrou, caminhando como um louco, no meio da mata. Vendo que êle não
reagia, fêz dele seu escravo, obrigando-o a trabalhar, sem descanso.
Um ano depois, chegou a ocasião em que o rapaz devia ir casar com a princesa,
conforme havia combinado na Fonte das Três Comadres. Não tendo êle aparecido, a
princesa ficou preocupada. Mandou então aparelhar uma poderosa esquadra e partiu
para o reino do príncipe. Chegando lá, deu ordem ao comandante da esquadra para
avisar ao rei de que êle devia enviar-lhe o filho que fora ao seu reino buscar um remédio
e lhe prometera casamento. Caso o noivo não viesse ao seu encontro, ela ordenaria à
esquadra para fazer fogo sobre a cidade. O rei ficou apavorado e mandou seu filho mais
velho apresentar-se à princesa, supondo que êle fosse o noivo. Mas a princesa, ao vê-lo
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 27
disse: — Grande mentiroso, onde está o sinal do nosso reconhecimento? Êle que nada
possuía, ficou calado e voltou para a terra envergonhado.
Nova intimação e foi ter com a princesa o segundo filho do rei. Repetiu-se a
pergunta anterior e o príncipe nada respondeu. A princesa mandou então que os canhões
da sua esquadra fossem preparados para o bombardeio da cidade O rei ficou aflitíssimo,
certo de que a capital do seu reino seria arrasada, pois havia mandado matar o filho mais
moço. Nesse momento, surgiram os dois soldados encarregados de executar o jovem
príncipe, que confessaram ao rei que não o tinham degolado. Saiu todo o mundo à
procura do príncipe e foi prometido um grande prêmio a quem o encontrasse.
O lenhador que o tinha escravizado ficou mais morto do que vivo quando soube
que êle era filho do rei. Mais do que depressa, colocou o rapaz nas costas e o levou ao
palácio. O príncipe foi então lavado e vestido com lindas roupas. O prazo que a princesa
tinha concedido já estava terminado e, quando os canhões iam começar a bombardear a
cidade, o rapaz correu ao encontro da noiva, sendo logo reconhecido devido ao pedaço
do vestido que levava na mão. A princesa abraçou-o chorando de alegria. Seguiram
então para o reino da princesa onde se casaram no meio de festas que duraram seis
meses. O rapaz tornou-se rei de um dos países mais belos e ricos do mundo. Seus
irmãos traidores foram expulsos do reino de seu pai e condenados a pedir esmola até o
fim de sua vida.
A Carochinha e o João Ratão
Reza a história, bem velhinha, que havia uma Carochinha, que por ser
engraçadinha, teimou que haveria de casar.
Certo dia, quando estava a varrer a cozinha, encontrou uma moeda de cinco
réis e correu para ir dizer à vizinha que já não tinha de esperar.
Vaidosa como era, escolheu o seu melhor vestido e foi pôr-se à janela para
ver se arranjava marido.
Pensou como deveria começar e decidiu cantar:
- Quem quer casar com a Carochinha, que é formosa e bonitinha?
- Muu…, Muu…Quero eu, quero eu! – mugiu o Boi mostrando-se muito
interessado – Se casares comigo, vais andar o dia inteiro no prado… - Que voz é
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 28
essa? Com essa voz, acordavas-me a mim e aos meninos de noite! Contigo é que não
quero casar! E, além disso, tenho pressa…
Como era o primeiro pretendente, não ficou desanimada e continuou a
perguntar, desta vez com uma voz mais alegre e um aperto no coração.
- Quem quer casar com a Carochinha que é formosa e bonitinha?
Mal tinha acabado de dizer a última palavra, apareceu o Cão que ladrava e
gania de animação.
- Ão, ão! Quero eu, quero eu! Se casares comigo, tens uma casota toda
janota e comida saborosa que me dá a D. Rosa.
- Ai pobre de mim! Que alarido! – queixou-se dando um suspiro – Com
essa voz, acordavas-me a mim e aos meninos de noite! Não, não me serves para
marido.
Ficou a ver o Cão a afastar-se com as orelhas baixas e o rabo entre as
pernas, e voltou a tentar a sua sorte.
- Quem quer casar com a Carochinha que é formosa e bonitinha?
Muito gorducho e envergonhado, aproximou-se o Porco com um rabo que
mais parecia um saca-rolhas e o focinho molhado.
- Oinc! Oinc! Quero eu, quero eu! Sou muito comilão, mas também dizem
que sou bonacheirão.
- És muito simpático e pareces ser divertido. Mas com essa voz, acordavas-
me a mim e aos meninos de noite! Também mão me caso contigo.
Depois, encheu o peito de ar, sorriu e voltou a perguntar:
- Quem quer casar com a Carochinha que é formosa e bonitinha? Com peito
inchado, penas coloridas e luzidias, candidatou-se o Galo que resolveu cantar para
impressionar.
- Cocorocó! Cocorococó! Quero eu, quero eu! Se casares comigo, vais
madrugar.
- Galo garnisé, com tanto banzé acordavas-me a mim e aos meninos de
noite! E, sem dormir, íamos passar o tempo a refilar.
A nossa amiga queria mesmo casar, por isso tinha de continuar.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 29
- Quem quer casar com a Carochinha que é formosa e bonitinha?
Com um miar meigo e a cauda bem levantada, aproximou-se o Gato janota a
ronronar.
- Miau, renhaunhau. Quero eu, quero eu! Se gostas de leite, peixe fresquinho
e de apanhar banhos de sol nos telhados, então podemos casar.
- Banhos de sol talvez… Mas leite? Peixe fresquinho? E, com essa voz,
acordavas-me a mim e aos meninos de noite! Não, não é contigo que vou subir ao
altar. Seria possível? Seria assim tão difícil encontrar alguém que não fosse
barulhento? Mas foi então que reparou em alguém que se aproximava a passo
lento.
- Oin, in, oin. Quero eu, quero eu! – zurrou o Burro – Olha, se casares
comigo, não vais dormir ao relento.
- Mas com essa voz, acordavas-me a mim e aos meninos de noite! A minha
vida ia ser um verdadeiro tormento!
Como já era tarde, a Carochinha pensou que seria melhor ir tratar do jantar,
mas foi então que ouviu chiar…
- Hi, hi! E a mim, não vais perguntar se quero casar?
Com um sorriso de felicidade por encontrar alguém tão simpático e com
uma voz tão fininha, a Carochinha correu para o pátio.
- Como te chamas?
- Sou o João Ratão. Queres casar comigo ou não?
A Carochinha convidou-o a entrar, pois tinham muito que conversar e uma
data de casamento para marcar. Enviaram os convites, compraram a roupa e prepararam
a boda a rigor com o senhor prior.
Domingo era o grande dia! A noiva foi a última a entrar na igreja e estava
linda, de causar inveja. O João Ratão estava orgulhoso mas também muito nervoso.
Trocaram juras de amor eterno e, no fim, choveu porque era Inverno. Foi então que o
João Ratão se lembrou da viagem ao Japão. Correu para casa, porque se tinha esquecido
das luvas, mas sentiu um cheirinho gostoso e, acabou por ir espreitar o caldeirão.
Pouco depois, a Carochinha achou melhor ir procurar o marido que estava a
demorar.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 30
- João Ratão, encontraste as luvas? – chamou ela ao entrar.
Procurou, procurou e quando chegou perto do caldeirão, quase desmaiou e
gritou:
- Ai o meu marido, o meu rico João Ratão, cozido e assado no caldeirão!
E assim acaba a história da linda Carochinha, que ficou sem o João Ratão,
pois era guloso e caiu no caldeirão.
A ROUPA NOVA DO IMPERADOR
Há imperadores que adoram declarar guerra aos três reinos mais próximos todos
os dias.
Outros há cuja predilecção é construir belos castelos e palácios, cada um deles
maior e melhor que o anterior. Mas o imperador desta história tinha uma paixão menos
comum: adorava roupas novas. Era sabido que o imperador passava a maior parte do dia
a experimentar um facto após outro, para assim descobrir qual era que favorecia mais a
sua real (e generosa...) figura.
Certo dia, chegou à corte um par de velhacos que mais não queria do que viver
uma vida boa e ganhar algum dinheiro.
Anunciaram-se como tecelões e trataram de fazer saber que não eram quaisquer
uns:
- Os tecidos que fabricamos – diziam eles – é tão fino e o seu desenho tão
raro e delicado que apenas as pessoas mais inteligentes e mais cultas são capazes
de vê-lo.
Não tardou que a notícia de vinda destes pretensos tecelões chegasse aos
ouvidos do imperador.
―Que útil‖, disse ele para os botões. ―Se eu vestisse um facto feito com aquele
tecido, poderia em três tempos saber quais dos meus ministros são demasiado estúpidos
e inadequados para desempenhar as suas funções.‖
Assim, ordenou que os tecelões comparecessem diante de si. Quando chegaram
à corte, os dois trapaceiros fizeram uma grande vénia.
- De que modo podemos servir Vossa Alteza Imperial? –
apressaram-se a perguntar.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 31
- Gostaria de ter um fato todo feito com o vosso famoso tecido –
declarou o imperador. – E quero que esteja pronto até ao final desta semana!
- Com certeza – retorquiram os tecelões tranquilamente. – Temos
apenas de tirar algumas medidas... Mas, meu Deus, Vossa Alteza tem o perfil de
um homem de...vinte anos!
Em seguida, os tecelões mandaram vir rolos de fios de seda e de ouro para,
segundo diziam, com eles fabricarem o seu famoso tecido. Foram instalados dois
enormes teares num quarto igualmente dotado de todos os confortos. Passavam o dia em
frente aos respectivos teares, a fingir que teciam, mas, claro está, não havia qualquer fio
para tecer.
O imperador estava ansioso por ver o andamento do trabalho no seu fato, mas,
apesar de saber que era o homem mais esperto daquelas redondezas, ficou um pouco
preocupado com o facto de talvez não conseguir ver o tecido.
O imperador pensou bastante e durante muito tempo (aliás, para o homem mais
esperto das redondezas, é surpreendente o quanto e durante quanto tempo ele pensou),
até que teve uma ideia.
- Chamem o meu primeiro- ministro! – berrou. – Ele irá inteirara-se
do andamento do trabalho que os tecelões estão a fazer para mim.
Pois bem, o primeiro-ministro também não conseguia ver nada, mas receou que
o imperador o dispensasse se demonstrasse ser um daqueles infelizes demasiado
estúpidos para apreciar o tecido.
- É absolutamente perfeito para Vossa Alteza – relatou. – Com toda a
honestidade afirmo que nunca vi nada igual.
A cada dia que passava, os tecelões iam pedindo mais seda e mais fio de ouro.
Estes iam sendo guardados nas suas malas de viagem, para poderem estar prontos para
uma fuga rápida!
Não tardou que o imperador ficasse novamente impaciente. Enviou o seu
chanceler para inspeccionar o trabalho, só que o pobre homem não conseguia ver fosse
o que fosse, e a verdade é que também ele não queria perder o seu emprego.
- É de uma beleza incomparável – declarou. – Vossa Alteza ficará
verdadeiramente encantada.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 32
Por fim, o imperador já não aguentou mais. Apressou-se a ir ao quarto onde
trabalhavam os tecelões e abriu as portas de par em par.
Os tecelões, que tinham ouvido o barulho das roupas do rei a arrastar pelo
corredor, estavam atarefados de volta dos seus teares. As suas mãos andavam para a
frente e para trás e seguravam... em absolutamente nada!
O imperador estancou. Parecia um pesadelo! Só ele, de toda a sua corte, era
demasiado estúpido para conseguir ver o maravilhoso tecido. Sentia a garganta seca e a
voz até tremeu quando anunciou:
- O primeiro-ministro e o chanceler foram pouco entusiásticos nos
seus elogios. Este tecido é efectivamente lindo de mais para poder ser descrito
por palavras!
No final da semana iria realizar-se uma grandiosa procissão. Naturalmente, era
de esperar que o imperador fosse usar roupas feitas com aquele novo tecido, de que já
todo o império ouvira falar. Os tecelões não pararam de dia e noite, ocupados a cortar o
ar com grandes pares de tesouras, a coser com fios invisíveis e a fingir ir pregando
botões. Quando se cansaram disso, sorriram um para o outro e disseram:
- Aí está! Um fato digno de um imperador!
Na manhã da procissão, o imperador estava de ceroulas enquanto os tecelões o
ajudavam a vestir a roupa nova. Concordou com tudo o que lhe disseram acerca do corte
e das características do tecido. Depois de andar umas quantas vezes para a frente e para
trás, de modo a, segundo os tecelões, poder ver como a cauda do manto assentava bem,
quase se convenceu que conseguis mesmo ver o fato e que estava efectivamente muito
bem feito.
Aí está! Um fato digno de um imperador!
Na manhã da procissão, o imperador estava de ceroulas enquanto os tecelões o
ajudavam a vestir a roupa nova. Concordou com tudo o que lhe disseram acerca do corte
e das características do tecido. Depois de andar umas quantas vezes para a frente e para
trás, de modo a, segundo os tecelões, poder ver como a cauda do manto assentava bem,
quase se convenceu que conseguis mesmo ver o fato e que estava efectivamente muito
bem feito.
E foi assim que o imperador saiu à rua, todo orgulhoso, a comandar o regimento
real, vestido apenas com as suas segundas melhores ceroulas.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 33
Começou por reinar um silêncio de espanto por entre a multidão que enchia as
ruas, mas como já todos tinham ouvido falar de que apenas as pessoas inteligentes
conseguiam ver aquelas roupas, primeiro um, depois outro dos súbditos exclamaram, à
medida que o imperador ia passando:
- Maravilhoso! Soberbo!
SANTO ANTÓNIO
Santo António estava um dia em Pádua a pregar e um amigo lhe veio dizer:
- António, teu pai vai preso, teu pai vai culpado por um homem que matou.
As três Ave Marias pediu e rua nova saiu.
- Para onde levam esta homem?
- Este homem vai preso,
este homem vai culpado
por um homem que matou,
juram as testemunhas
não sei qual enterrou.
- Vamos á sepultura do morto,
que ele há-de dizer quem o matou.
- Por parte omnipotente,
levanta-te homem morto
e desengana-me esta gente.
Este homem se levantou,
vestido e calçado
como neste mundo andou.
- Este homem não me matou
Nem de mim teve sinais,
O que mais mal me queria
Na vossa companhia o levais.
Pedinde á sagrada virgem
Que não o descobrindes mais.
- Ó Senhor Padre Reverendo
Dizende onde morais
Que vos quero visitare
Já que não presto para mais.
Muito me admiro pai meu
Somos nós tão conhecidos
Ser seu filho Fernando
Mudar de nome para António
Para me livrar do demónio.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 34
OS AMORES DE ANTÓNIO
António andava de amores
Com uma criada Emília
Sua mãe lhe responde
- tira-te da negra vida.
António de arrependido
Atrás de Emília a chorar
- Pega neste revólver António
Tua mãe irás matar.
- Confesse-se ó minha mãe
Diga o acto de contrição
Que mesmo este punhal
lhe atravessa o coração.
Que queres tu fazer ó filho
A uma mãe que te criou
Que te trouxe nove meses
E tanta dor por ti passou.
Andai cá se quereis ver
Dois corações aflitos
O dele e de sua mãe
Que choram em altos gritos.
Venha a faca
E corte corte
Que a ausência de amor firme
Custa mais que a própria morte.
Utente - D. Patrocínia M. D`Antónia
CLARA LINDA
Estando Clara Linda
No seu jardim sentada
Com seu pente de ouro na mão
Seu cabelo penteava.
Seus olhos deitou à barca
Capitão lá viu andar
-Diga-me ó meu capitão
Se na sua armada andava
O amor que Deus me deu
Se na sua companhia andava.
-Esse homem lá o vi
Com sete facadas dadas
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 35
E a mais pequena delas todas
Era a cabeça cortada.
-Ai de mim triste viúva
Ai de mim triste coitada
Que até agora era Senhora
E agora serei criada.
-Que davas tu Clara Linda
a quem to trouxesse aqui?
-Dava todo o dinheiro
Que ninguém pudesse contar.
- Não tenho o teu dinheiro
que te custou a ganhar
sou capitão vou p’rá guerra
não existe em Portugal.
-Que davas tu Clara Linda
a quem to trouxesse aqui?
-Dava três moinhos que eu tenho
Todos os três te dava a ti,
Um de moer o ouro
Outro de moer a prata
E outro de moer o marfim.
-Não quero os teus moinhos
Que te custaram a ganhar
Sou capitão vou p´rá guerra
Não existe em Portugal.
-Já não tenho mais que dar
Nem o Senhor que me pedir,
Peço três horas de sesta
Para contigo dormir.
-Cavalheiro que assim fala
Deve andar muito arrastado
Ao rabo do meu cavalo
Em volta do meu jardim
-Lembra-te tu Clara Linda
O dia em que te eu recebi
Um anel de nove pedras
Eu contigo reparti,
Mostra-me cá tua metade
Que a minha tu vê-la aqui.
-A minha já não ta mostro
Porque a perdi no jardim.
Utente - D. Patrocínia Marques D`Antónia
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 36
cantiga nome feminino
1 canto popular formado de redondilhas ou versos menores que estas e dividido em estrofes iguais, estrofe
para cantar, qualquer composição popular que se destina a ser cantada
2 figurado, popular mentira, léria
(Do latim cantĭca, plural de canticu-, «cântico; canção», com deslocação do acento)
(Do latim Dicionário da Língua Portuguesa 2004, Porto Editora
As cantigas são uma forma de manifestação dos sentimentos.
Os idosos ficam muito felizes quando se lhes pede para cantarem as cantigas que
outrora cantavam no seu dia a dia, quer em trabalhos do campo, quer em festas ou
romarias.
Os idosos quando lhe pedimos para cantarem, diziam sempre estas quadras, ao
desafio…
―A cantar ganhei dinheiro,
a cantar se me acabou,
o dinheiro mal ganhado,
água o deu água o levou.
A cantar ganhei dinheiro,
Ganhei uma saia nova,
Também lhe ganhei a fita
Para lhe deitar á roda!
Cantigas ao desafio
Comigo ninguém as cante
Eu tenho quem mas ensine
Meu amor era estudante.
Desafio desafio
Eu não te desafiei
Só te cantei uma cantiga
Mas logo me retirei.
CANTIGAS
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 37
Quando eu era pequenina
Já minha mãe me dizia,
Que eras pano de alto preço
Que para mim não servia.
CANTAR AS JANEIRAS
Inda agora aqui cheguei
Pus o pé nesta escada
Logo o meu coraçaõ disse
Que aqui mora gente honrada.
Refrão:
Alegre bom ano
Seja feliz vosso lar
A todos de casa
boas festas vimos dar - bis
Boas festa boas festas
Boas festas vimos dar
A casa destes senhores
Se as quiser aceitar.
Nós vimos dali de baixo
Da terra dos bons pastores
Vimos trazer boas festas
A casa destes senhores
Venha lá se tem de vir
Não se esteja a demorar
Nós somos de muito longe
temos muito que andar.
Levante-se lá senhora
Dessa cadeira de prata,
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 38
Venha-nos dar as janeiras
Que está um frio que rapa.
Levante-se lá senhora
Com raminho de salsa crua
Debaixo da sua cama
Nasce o sol e põe-se a lua.
Levante-se lá senhor
Com raminho de bem-querer
Traga o Pichorro e o copo
Venha-nos dar de beber
Levante-se lá senhora
Dessa cadeira de cortiça
Venha-nos dar as janeiras
Seja pão e chouriça.
Boas festas boas festa
Boas festas de alegria
Viva lá o rei dos reis
Filho da virgem Maria
Santos Reis santos coroados
Venham ver quem vos coroou
Foi o Rei da glória
Que ainda agora aqui chegou.
As Janeiras que nos destes
Temos que as repartir
Queira Deus que para o ano
Cá voltaremos a vir.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 39
VIRA
Meninas, vamos ao vira,
Que o vira que vira é coisa boa
Eu já vi dançar o vira,
às meninas de Lisboa,
Meninas, vamos ao vira,
Que lá vem a viração
Eu já vi dançar o vira,
às meninas do Pinhão.
Meninas, vamos ao vira,
Quem dança o vira sou eu.
Eu já vi dançar o vira,
às meninas de Viseu.
QUANDO VOU À HORTA
Quando vou à horta,
Quando vou e venho,
Eu passo à porta
De um amor que eu tenho
Dum amor que eu tenho
Dum amor que eu tinha.
Assento-me à porta
Bem assentadinha!
Quando eu não tinha
Desejava ter
Um amor bonito
Sem ninguém saber!
Refrão:
Eu p´ra mim já não tenho,
Já me não importa
Eu só me penteio
Quando vou à horta.
Com a saia nova
E avental de chita,
Lá na minha aldeia
Era a mais bonita!
Era a mais bonita
E a mim não me importa
Eu não vou sozinha
Quando vou à horta!
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 40
TODOS ME QUEREM
Digo adeus à serra de Arga
Digo adeus a S. Lourenço
Não te digo a ti adeus
Porque sabes o que eu penso
Todos me querem
e eu quero algum
Quero o meu amor,
não quero mais nenhum.
Todos me querem
e eu quero algum
Quero o meu amor,
não quero mais ninguém.
Já passei a roupa a ferro
Já passei o meu vestido
Amanhã vou-me casar
E o Manel é o meu marido.
O Manel é meu marido
O Manel é quem me adora
O Manel é quem me leva
da minha casa p’ra fora.
Da minha casa p’ra fora
Da minha casa p’ra dentro
O Manel é quem me leva
No dia do casamento.
Ó FERREIRO GUARDA A FILHA
Ó ferreiro guarda a filha
Não a ponhas à janela
Anda aí um fidalguinho
Que não tira os olhos dela.
REFRÃO
Vai tu, vai tu, vai ela
Vai tu p’rá casa dela
-É do meu gosto
é da minha opinião
Hei-de amar a moreninha
da raiz do coração(bis)
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 41
Janela sobre janela
Postigo rente ao chão
Quando o meu amor vier
Que eu possa dar a mão.
Ó ferreiro guarda a filha
Não a ponhas ao postigo
Anda aí um fidalguinho
Que a quer levar consigo.
MARIA FAIA
Eu não sei como te chamas
Ó Maria faia
Nem que nome te hei-de pôr
Ó Maria Faia ó Faia Maria (bis)
Cravo não que tu és rosa
Ó Maria Faia
Rosa não que tu és flor
Ó Maria Faia ó Faia Maria (bis)
Não te quero chamar cravo
Ó Maria Faia
Que t’ estou a engrandecer
Ó Maria Faia ó Faia Maria (bis)
Chamo-te antes espelho
Ó Maria Faia
Onde espero de me ver
Ó Maria Faia ó Faia Maria (bis)
O meu amor abalou
Ó Maria Faia
Deu-me uma linda despedida
Ó Maria Faia ó Faia Maria (bis)
Abarcou-me a mão direita
Ó Maria Faia
Adeus ó prenda querida
Ó Maria Faia ó Faia Maria (bis)
Ó OLIVEIRA DA SERRA
Ó oliveira da serra
O vento leva a flor
Ó i ó ai
Só a mim ninguém me leva
Ó i ó ai
Para o pé do meu amor
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 42
Ó oliveira da serra
Deita raminhos de prata
Os seus olhos me dão vida
A sua ausência me mata
A oliveira pequena
Também faz pequena sombra
A moça que é resoluta
De qualquer maroto zomba
A azeitona cordovil
Deita o azeite bento
Para alumiar todo o ano
O santíssimo sacramento
A oliveira da serra
Tem a folha retorcida
Retorcida tenha a língua
Quem fala da minha vida
A oliveira pequena
Que azeitona pode dar
Dará um cestinho dela
Quando muito carregar
MILHO VERDE
O milho da nossa terra
Ai o milho da nossa terra
Ai é tratado com carinho
Ai é a riqueza do povo
Ai é a riqueza do povo
Ai é o pão dos pobrezinhos
Sachadeiras do meu milho
Ai sachadeiras do meu milho
Ai sachai o meu milho bem
Ai não olhes para o caminho
Ai não olhes para o caminho
Ai que a merenda logo vem
Ai milho verde milho verde
Ai milho verde milho verde
Ai milho verde massarocas
Ai à sombra do milho verde
Ai à sombra do milho verde
Ai namorei uma cachopa
Ai namorei uma cachopa
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 43
Milho verde milho verde
Ai milho verde milho verde
Ai milho verde miudinho
À sombra do milho verde
Ai à sombra do milho verde
Namorei um cachopinho
Malhão
Ó malhão, malhão
Que vida é a tua
Ó malhão, malhão
Que vida é a tua
Comer e beber
Ó trim tim tim
Passear na rua
Ó malhão, malhão
Ó malhão vem ver
As ondas do mar
Ó trim tim tim
Aonde vão ter
Ó malhão, malhão
Ó malhão do norte
Quando o mar está bravo
Quando o mar esta bravo
Faz a onda forte
Ó malhão, malhão
Ó malhão do sul
Quando o mar está manso
Quando o mar está manso
Faz a onda azul
Ó malhão, malhão
Ó malhão do porto
Quem morreu morreu
Ó trim tim tim
Quem morreu está morto
Maneio
Não te encostes à parreira
Que a parreira deita pó
Encosta-te à minha beira
Sou solteiro e vivo só
Ai agora é que m`eu maneio
É que me eu maneio
É que me eu rebolo
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 44
Nos braços do meu amor
Ai agora é que m´eu consolo
Eu venho dali de baixo
De regar o laranjal
Inda aqui trago uma folha
No laço do avental
Esta roda está parada
Por falta de mandador
Siga a roda para diante
Quem manda é o meu amor
Moleirinha da serra
Oh moleirinha da serra
Dá-me da tua farinha
Ai, ai, ai, que a quero peneirar
Ai, ai, ai, com a nova peneirinha
Fui à fonte pr`a te ver
Ao rio para te falar
Ai, ai, ai, nem na fonte nem no rio
Ai, ai, ai, nunca te pude encontrar
Se julgas que por ti morro
Ou por ti tenho paixão
Ai,ai,ai, nunca fui apaixonado
Ai,ai,ai, p´la fruta que cai no chão
Ninguém se fie nos homens
Nem quando estão a dormir
Ai, ai, ai, eles fazem que ressonam
Ai, ai,ai, os malvados estão-se a rir
CANTIGAS DO MEU AMOR (música adaptada: Ai agora é que me eu maneio…)
Deitei um limão correndo
Á tua porta parou
Olha o mundo que tal anda
Que até nisso reparou.
Deitei um cravo no tanque
Fechado saiu aberto
Um regalo na vida
Engana quem é esperto.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 45
O meu amor é um torto
Nas costas um enchibado
No nariz é um ranhoso
Nos olhos um remelado.
Não olhes p´ra mim não olhes
Que eu não sou o teu Amor
Não sou como a figueira
Que dá fruto sem flor.
Não te encostes á parreira
Que a parreira deita pó
Encosta ao meu peitinho
Sou sozinho e vivo só.
O meu amor é moleiro
Tem a cara enfarinhada
Seus beijos sabem a pão
Não quero comer mais nada.
O meu amor vai além
Já pelo andar o conheço
Leva chapéu á vareiro
E casaco do avesso.
AO ROMPER DA BELA AURORA
Gosto de quem canta bem
Que é uma prenda bonita
Não empobrece ninguém
Assim como não enrica.
Ao romper da bela aurora
Vem o pastor da choupana
Vem gritando em altas vozes
Muito padece que ama.
Muito padece quem ama
Mais padece que namora
Vem um pastor da choupana
Ao romper da bela aurora.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 46
AS DESFOLHADAS
Ai desfolhadas lindas desfolhadas
Onde as raparigas vão todas lavadas
Saem de casa preparam-se bem
Porque os seus amores lá estarão também.
As desfolhadas d`aldeia
São cheias de vida e cor
Até á luz da candeia
Se inspiram versos d`amor.
Se fores ás desfolhadas
Leva o avental de chita
Não leves o riscado
Que não ficas tão bonita.
Se na desfolhada achares
Milho rei entre as espigas
Corre a roda e vai beijar
O rosto ás raparigas.
Depois de cascado o milho
P´ra eira vamos dançar
Rapazes e raparigas
Até o galo cantar.
CANTIGA DA RUA
A cantiga popular ao passar
Todos a julgam banal
E afinal
Vai sorrindo á própria dor
Dizendo em trovas d´amor
O seu destino fatal
Cantiga da rua
Das outras diferentes
Nem minha nem tua
É de toda a gente
Cantiga da rua
Que sobe flutua
Mas não se detém
Inconstante e louca
Vai de boca em boca
Não é de ninguém
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 47
A pobreza é mais feliz porque diz
Em voz alta o seu pensar
A cantar
E é á rua que ela vai
Como fora à própria mãe
As suas mágoas contar
Cantiga da rua
Veloz andorinha
Não pode ser tua
E não serás minha
Cantiga da rua
Jamais se habitua
Aos lábios dalguém
Vive independente
É de toda a gente
Não é de ninguém
A VIDA DO PASTOR
Toda vida fui pastor, oh ai
Toda vida guardei gado
Tenho uma nódoa no peito, oh ai
De m´encostar ao cajado
Toda vida fui pastora, oh ai
E deus me conserve assim
Guardando sempre o meu gado, oh ai
Com o cão bem junto de mim
Somos pastores com prazer, oh ai
Bem contentes afinal
Da linda serra da estrela, oh ai
Coração de Portugal
O VINHO DA CLARINHA
Ó clarinha
As pitas da tua blusa
São da cor tão vermelhinha
Do vinho dentro da cuba
Ó clarinha
Dá-me um pouco do teu vinho
Enche a minha canequinha
Que é dia de S. Martinho
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 48
Refrão:
Vamos beber
Depois cantar em voz alta
Que o vinho da clarinha
Faz animar toda malta
Ó clarinha
Eu sou levado da breca
Vais beber uma pinguinha
Aqui na minha caneca
Ó clarinha
Podes beber à vontade
Porque ninguem adivinha
Segredos da mocidade
Ó clarinha
Das lindas pintas tamanhas
Para seres mais bonitinha
Trás de lá umas castanhas
Ó clarinha
Com teu saboroso vinho
E com castanha assadinha
Todo o ano é S. Martinho.
CANTIGAS DO MEU AMOR
(música adaptada: Ai agora é que me eu maneio…)
Deitei um limão correndo
Á tua porta parou
Olha o mundo que tal anda
Que até nisso reparou.
Deitei um cravo no tanque
Fechado saiu aberto
Ai um regalo na vida
Engana quem é esperto.
O meu amor é um torto
Nas costas um enchibado
No nariz é um ranhoso
Nos olhos um remelado.
Não olhes p´ra mim não olhes
Que eu não sou o teu Amor
Não sou como a figueira
Que dá fruto sem flor.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 49
Não te encostes á parreira
Que a parreira deita pó
Encosta ao meu peitinho
Sou sozinho e vivo só.
O meu amor é moleiro
Tem a cara enfarinhada
Seus beijos sabem a pão
Não quero comer mais nada.
O meu amor vai além
Já pelo andar o conheço
Leva chapéu á vareiro
E casaco do avesso.
AS FOLHAS DA MACIEIRA
As folhas da macieira
São todas aos cavaquinhos
Acudam aos namorados
Que se matam com beijinhos.
E não era assim
E assim é que não é
E não era assim
que a menina bate o pé.
Esta cantiga foi feita, há mais de trinta anos, quando o Marchal Carmona veio visitar
Gouveia. Foi feita esta letra de propósito para o rancho lá ir dançar e cantar, a fim de
representar Lagarinhos.
HINO DE LAGARINHOS
Ó Lagarinhos, és minha terra
Onde nasceu o meu amor
Terra tão linda, não há igual
És um encanto uma flor.
Rapazes vamos e raparigas
À linda marcha sem igual
É Lagarinhos, está presente
Cantando viva Portugal.
Este Ranchinho é de Lagarinhos
Terra tão linda não há igual
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 50
Lagarinhos linda terra
Do concelho de Gouveia
É uma bela freguesia,
É uma terra hospitaleira
Eu posso dizer assim
E afirmarmos a verdade
Lagarinhos, Lagarinhos
Viva viva Portugal
O NOSSO RANCHO
O Nosso rancho lá vai marchando
Sempre cantando sem tristeza
Vamos de amor á nossa Terra
Ó Serra da Estrela
Nós saudamos a linda aldeia
Tão viva e cheia de prazer
Adeus povo bairrista
Não te posso esquecer.
As raparigas tão formosas
E tão airosas homens tão crentes
Cantam as lindas canções
Dos corações de toda a gente.
Adeus adeus Serra, Serra da Estrela
Onde a nossa terra fica á beira dela
Nós somos beirões não temos rival
Cantemos todos viva Portugal!
Passarela, anexa de Lagarinhos, eternas rivais, também foi a Gouveia apresentando a
seguinte cantiga:
PASSARELA
Passarela, Passarela
Lindo nome, nome dela
nesta terra sem rival.
Em toda a aba da serra
diz o povo que não erra
não há outro em Portugal.
A Passarela tem vinhos
Tão antigos e velhinhos
como a terra Portuguesa
os vinhos da Passarela,
quando passam p´la goela
matam a nossa tristeza.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 51
É linda a terra
a nossa terra é linda,
o nosso rancho é o mais formoso,
assim airoso outro já não há
cantai raparigas
rapazes cantai.
CRIAÇÃO DO MUNDO
A principio nada havia
Nem mar nem terra nem céu
Nada no mundo existia
mas já existia Deus
Só Deus não teve principio
nem tão pouco há-de ter fim
Criou o mundo em Seis dias
Eu vou contar como foi:
Para começar logo ao primeiro dia
Deus criou a luz que é toda a alegria.
Ao segundo dia fez o firmamento
Quando não está azul está cinzento
Ao terceiro fez a terra e separou-a do mar
Com plantas para a cobrir e flores para a enfeitar.
Deus ao quarto dia colocou na altura
um sol tão brilhante a lua tão pura.
Muitas estrelinhas de noite a espreitar
Que nunca ninguém pode contar.
Ao quinto criou no mar muitos peixes a nadar
e os pássaros no ar a sorrir e a cantar.
Deus ao sexto dia em puro sorriso,
fez criar Adão para o paraíso.
E a mulher Eva que foi p´ra seu lado
e viviam inocentes, inocentes sem pecado.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 52
RUA ABAIXO RUA ACIMA
Rua abaixo rua acima
Toda agente me quer bem
Só a mãe do meu amor
Não sei que raiva me tem
Olaré sou tua não o digas a ninguém
Olaré sou tua óh meu lindo bem.
Olaré sou tua não o andes a dizer
Olaré sou tua quero-te escrever.
Ai ai linda Margarida
Ai, ai Margarida amada
-Ai, ai Já te dei beijinhos
Já te fiz carinhos
Não te devo nada. Bis
Ai ai não te devo nada
Ai ai não te devo não
-Ai, ai Já te dei beijinhos
Já te fiz carinhos
Não te devo nada. Bis
Ai ai do meu coração
Ai ai do meu interior
-Ai, ai Já te dei beijinhos
Já te fiz carinhos
És o meu amor. Bis
CANTIGA DO CEGO
Era meia noite, quando o cego veio
A bater á porta á porta do meio.
-Levante-se minha mãe se já está a dormir
Venha ouvir o cego, cantar e pedir.
-Se ele canta e pede, dá-lhe pão e vinho
Da pipa do meio, do mais madurinho.
-Não quero o seu pão, menos o seu vinho
Quero que a menina me vá ensinar o caminho.
-Pega minha filha na roca e no linho,
Vai com o triste cego, ensinar-lhe o caminho.
-Já enfiei a roca e acabei o linho,
Adiante cego que lá vai o caminho.
-Não me chame cego, que eu vejo bem
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 53
Vejo aquelas tropas formadas além.
-Quem é aquela gente que anda na serra,
São os meus criados que estão á minha espera.
-Adeus minha casa com lindas janelas,
Adeus minha mãe, que tão falsa eras.
-Adeus minha casa com seus olivais,
Adeus minha mãe para nunca mais.
HISTÓRIA DO MILHO CANTADA
-Eu cá sou o lavrador
Minha terra ando a lavrar
Para dar ao semeador
P´ró meu milho semear.
-Eu cá sou o semeador
Meu milho ando a semear,
Para dar á raladeira
Par a o meu milho ralar.
-Eu cá sou a raladeira
Para meu milho ralar,
Para dar á sachadeira
Para o meu milho sachar.
-Eu cá sou o regador
O meu milho ando a regar
Para dar á escanadeira
Para o meu milho escanar.
-Eu cá sou a escanadeira
Meu milho ando a escanar
Para dar á esfolhadeira
Para o meu milho esfolhar.
-Eu cá sou a esfolhadeira
O meu milho vou esfolhar
Para dar ao malhador
Para o meu milho malhar.
-Eu cá sou o malhador
Para o meu milho malhar
Para dar á secadeira
Para o meu milho secar
-Eu cá sou a secadeira
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 54
Que o meu milho vou secar
Para dar ao moleirinho
Para a farinha arranjar.
-Eu cá sou o moleirinho
O meu milho vou moer
Para dar á padeirinha
Para o meu pão amassar.
-Eu cá sou a padeirinha
O meu pão vou cozer
Para vos matar a fome
Meu suor vejo correr. D. Isaura Tomás
MENSAGEM DA DESPEDIDA
Um rapaz namorava uma rapariga. Esta ficou grávida e o rapaz sabendo disto
deixou-a.
Entretanto, ele casou com outra e no dia em que eles partiram de núpcias, ela foi ao
comboio e cantou:
Quando o comboio da Lousã partiu,
Ele á janela ficou a chorar,
Um lenço branco lhe dizia adeus
Que lindos olhos tenho p’ra te amar.
Amar à noite é uma loucura,
Foi á noitinha que eu enlouqueci
Eu não me importo que tu ames outra,
Mas nunca, nunca te esqueças de mim.
Ai se algum dia eu te chegar a ver,
Andares de porta em porta a pedires
Darei-te esmola como a qualquer pobre,
Mas nunca, nunca te darei perdão.
Ai se algum dia te chegar a ver
Atrás das grades de uma prisão,
Irei-te ver como a qualquer preso,
mas nunca, nunca te darei perdão.
Ai se algum dia te chegar a ver,
Morto estendido naquele caixão,
Darei-te um beijo de eterna saudade,
Só nessa hora te darei perdão.
Há sete meses que tu me enganas-te
E me deixas-te nesta solidão
Eu não me importo que tu ames outra,
Mas nunca, nunca te darei perdão.
Vários
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 55
DOIS GAROTOS
Ela – Ainda sou pequenita,
Mas já me quero casar,
Não há por aí um rapaz
Que me queira falar?
Ele – Quero eu, menina!
Ela – E você é competente
De governar uma mulher?
Ele – Sou sim menina,
Já que mais não tenha,
Tenho lá uma casa,
Já que mais não seja,
Cheia de teias de aranha.
Todos:
Olha os garotitos
Cheiram a cueiros
Não têm vergonha
De ainda estar solteiros.
D. Isaura Tomás
E NÃO ERA ASSIM…
Nesta terra não se usa
Pedir a filha ao pai,
É chegar e agarrar nela
Sua filha já cá vai
Refrão:
E não era assim, assim é que não é
E não era assim, que a menina bate o pé. – Bis
Namorei um rapaz alto
Com 30 metros de altura,
Agora namoro outro
Que me chega p´la cintura.
Ó MINHA ROSINHA
Ó minha Rosinha, toma lá e leva
esta linda moda, lá p´rá tua terra.
Lá p´rá tua terra, lá p´rá tua terra,
Ó minha Rosinha toma lá e leva
Lai lai lá larai lá lái lá larai……
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 56
O minha Rosinha cartas são papeis,
Não quero que gastes comigo dez reis.
Comigo dez reis, comigo dez reis
Ó minha Rosinha cartas são papeis.
Lai lai lá larai lá lái lá larai……
Natal
O menino está dormindo
O menino está dormindo
Nas palhinhas, despidinho,
Os anjos lhe 'stão cantando
Os anjos lhe 'stão cantando
Por amor tão pobrezinho.
O menino está dormindo
O menino está dormindo
Nos braços da Virgem pura.
Os anjos lhe 'stão cantando:
Os anjos lhe 'stão cantando:
« Hosana lá nas alturas».
O menino está dormindo
O menino está dormindo
Nos braços de São José,
Os anjos lhe 'stão cantando:
Os anjos lhe 'stão cantando:
« Glória tibi domine».
O menino está dormindo bis
Um sono de amor profundo
Os anjos lhe 'stão cantando:
Os anjos lhe 'stão cantando:
«Viva o salvador do mundo»!
NOITE FELIZ!
Noite feliz!
O Senhor, Deus de amor,
Pobrezinho, nasceu em Belém;
Eis na lapa Jesus, nosso bem!
Dorme em paz, ó Jesus!
Dorme em paz, ó Jesus!
Eu hei-de dar ao Menino
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 57
EU HEI-DE DAR AO MENINO
Eu hei-de dar ao Menino
Uma fitinha pró chapéu;
E ele também me há-de dar
Um lugarzinho no céu.
Olhei para o céu,
Estava estrelado.
Vi o Deus Menino
Em palhas deitado.
Em palhas deitado,
Em palhas estendido,
Filho duma rosa,
Dum cravo nascido!
No seio da Virgem Maria
Encarnou a divina graça;
Entrou e saiu por ela
Como o sol pela vidraça.
Arre, burriquito,
Vamos a Belém,
Ver o Deus Menino
Que a Senhora tem;
Que a Senhora tem,
Que a Senhora adora.
Arre, burriquito
Vamos lá embora.
CONTO DE NATAL
Estando a Virgem
À borda do rio
Lavando os cueirinhos
Do seu Bento filho
A Virgem lavava
São José estendia
O Menino chorava
Com frio que fazia
A Virgem ao peito
O foi conhecer
E logo o Deus Menino
Deixou de chorar.
Pequenino está deitado
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 58
PEQUENINO ESTÁ DEITADO
Em palhinhas, Deus infante
Ai! Não há no céu estrelado
Astro de oiro mais brilhante
Correi pastorinhos
Depressa a Belém
Co’a alma em carinhos
Por Deus nosso bem
Oh! Levai-lhe cordeirinhos
Todos brancos de candura,
De lã branca, com arminhos,
De olhos meigos de ternura.
Mais que a estrela do Oriente,
Mais que o oiro dos Reis Magos,
Jesus preza o inocente
E dos pobres quer afagos.
UM PASTOR VINDO DE LONGE
Um pastor vindo de longe
À nossa porta bateu
Trouxe recados que dizem
O Deus menino nasceu.
Este recado tivemos
Já meia noite seria
Estrelas do céu lá vamos
Dar parabéns a Maria.
Vamos ter com os mais pastores
Não se percam no caminho
Vamos todos e depressa
Visitar o Deus Menino.
Ai, que formoso Menino!
Ai, que tanta graça tem!
Ai, que tanto se parece
Com sua Senhora
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 59
oração nome feminino
1. Invocação de Deus ou dos santos, prece, reza
2. RELIGIÃO meditação que inclui prece e contemplação
3. discurso
4. GRAMÁTICA palavra ou grupo de palavras dispostas segundo as regras gramaticais,
que formam sentido completo; proposição;
(liturgia católica) oração dominical o pai-nosso oratiōne-, «idem»)
(Do latim Dicionário da Língua Portuguesa 2004,
Porto Editora
As orações encontram-se extremamente ligadas às crenças populares de que
há que render homenagem (rezar) a um ser divino, razão pela qual se estabelece uma
comunicação com ele através da oração, que mais não é do que um suporte escrito de forma a
facilitar a sua memorização e posterior recitação "de cor", o que pode ser acompanhado de
gestos e se encontra recheado de números, actos e palavras simbólicas. Aliás, estas orações
usam-se para os mais variados fins, desde repelir o mau-olhado até benzer o pão para que a
cozedura do mesmo tenha sucesso. Dentro deste grupo, podemos acentuar a importância de
algumas rezas, tais como o "Padre Nosso Pequenino", a "Oração ao Levantar" ou a "Oração
ao Deitar".
ORAÇÃO A S. JUDAS TADEU
Glorioso Apóstolo, fiel servo e amigo de Jesus, o nome de traidor é a causa de
serdes esquecido por muitos mas a Stª Igreja honra-vos e invoca-vos universalmente
como padroeiro dos casos desesperados e dos negócios sem remédio. Intercedei por
mim que sou pecador ponde em prática, eu vo-lo rogo, o privilégio particular que vos é
concedido a fim de trazer ajuda pronta e visível onde isso é quase impossível. Vinde
valer-me nesta grande aflição para que eu possa receber as consolações e socorro do céu
em todas as minhas necessidades e sofrimentos e particularmente a graça de me dar
saúde e que eu possa bem-dizer a Deus convosco e todos os eleitos por toda a
eternidade. Eu vos prometo bem-aventurado S. Judas Tadeu ter sempre presente esta
grande graça e não cessar de honrar-vos como meu especial e poderoso padroeiro, e
farei quanto possa para espalhar a devoção para convosco, assim seja.
S. Judas Tadeu rogai por nós e por todos quantos vos amam e vos invocam
Rezar 3 Pai Nosso, 3 Avé Marias, 3 Glórias
ORAÇOES
LENDAS
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 60
ORAÇÃO A STA BÁRBARA PARA ESPALHAR AS TROVOADAS
Stª Bárbara se levantou
Seus pezinhos e suas mãos lavou
-Onde vais ó santa Bárbara
-Vou espalhar as trovoadas, que por cima de nós andam armadas
-Espalhai-as lá para bem longe, onde não haja eira nem beira,
Nem pé de figueira, nem raminho de hortelã, nem coisa cristã, nem coisa que Deus crie.
Reza-se 1 Pai-Nosso e 1 Avé-Maria
( Outra versão)
Stª Bárbara Bendita
No céu está escrita
Com raminho de água benta
Para que nos livre desta tormenta.
ORAÇÃO DA NOITE
Virgem Maria me disse
Que velasse e que dormisse
E que medo não tomasse
Nem de onda nem de sombra
Nem do preto parado
Nem do que tem a mão furada.
Quatro cantos tem a casa
Quatro velas estão a arder
Quatro anjos me acompanham
Se eu esta noite morrer.
ORAÇÃO DA NOITE
Quando minha alma deixar este corpo,
Talvez nesta mesma noite,
talvez que N. Sr. Jesus Cristo
venha nesta noite tirar-me contas…
Ai de mim
Como hei-de eu aparecer no seu tribunal
Se as ofensas que lhe tenho feito me fizerem tremer.
Eu não deixei só um instante de beneficiar
E esquecendo-me de Vós
Que tem sido assim, que há tantos anos Vos tenho correspondido
A tantos benefícios que me tendes feito.
Eu já devia estar a arder no inferno.
Perdão ó meu Deus, perdão
Em vossas mãos encomendo o meu espírito.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 61
Vós me remistes, Deus de verdade,
Dignai-Vos Senhor, guardai-me nesta noite,
Guardai-me dormindo
Acordando para coagir com Cristo e
Descanse em paz.
D. Guiomar
ORAÇÃO DA NOITE
Sete cantos tem a casa
Sete velas a arder
Tantos anjos me acompanhem
se eu nesta noite morrer.
Três aos pés,
Quatro á cabeceira,
Nossa Senhora na dianteira,
Se eu nesta noite morrer
Entrego-me à cruz
E ao Santo nome de Jesus.
D. Prazeres Nogueira
JACULATÓRIAS
-Ó Bom Jesus que na cruz morres-te,
Salva a minha alma que por mim padeces-te.
D. Prazeres Nogueira
-Virgem da Cova da Iria
Glória a Vós, Ave Maria
Glória a Vós, salve Rainha – 3 vezes
D. Prazeres Nogueira
ORAÇÃO DA NOITE
Com Deus me deito,
Com deus me levanto,
Com a graça de Deus
e do Espirito Santo.
Se eu dormir embalai-me
Se eu morrer acompanhai-me
Se a morte me vier buscar
E eu não vos puder falar
Abraço-me aos cravos,
Entrego-me á cruz,
E ao Santíssimo nome de Jesus.
D. Jacinta (Colaboradora)
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 62
ORAÇÃO DA MANHÃ
Da minha casa vou sair
Para a minha vida governar
Tantos anjos me acompanhem
Como de passos vou dar.
Deus comigo e eu com Deus
Ele à frente e eu atrás
E a Virgem Santíssima me livre
Das garras de Satanás.
D. Jacinta (Colaboradora)
ORAÇÃO DA MANHÃ
Na graça de Deus me levantei,
Desta cama em que me deitei,
Sete anjinhos encontrei,
Quando na casa de Deus entrei.
D. Patrocínia D´Antónia
ORAÇÃO AO ANJO DA GUARDA
Santo anjo do Senhor
Meu zeloso e guardador
Pois a ti me confiou
A piedade Divina,
Hoje e sempre me governa, rege, guarda e ilumina.
D. Patrocínia D´Antónia
Anjo da Guarda,
Minha companhia,
guardai a minha alma
de noite e de dia.
D. Assunsão (in Memória)
ACTO DE CONTRIÇÃO
Meu Deus porque sois tão bom,
Tenho muita pena de vos ter ofendido,
Ajudai-me a não voltar a pecar.
D. Patrocínia D´Antónia
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 63
ACTO DE CONTRIÇÃO
Meu Deus, porque sois infinitamente Bom, eu Voa amo de todo o meu coração,
Pesa-me de Vos ter ofendido, mas com o auxílio da Vossa divina graça, proponho
firmemente emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Peço e espero o perdão das
minhas culpas pela Vossa infinita misericórdia. Amen
D. Assunsão (in Memória)
ORAÇÃO DE RENÚNCIA A SATANÁS
Em nome de Jesus, eu renuncio a Satanás, às suas seduções e às suas obras e ligo-me
para sempre a Jesus Cristo.
ORAÇÃO A S. JOSÉ
Como é consolador,
Estar na Vossa companhia
Aprendendo os Vossos dignificantes exemplos,
Aqui reduzido aos vossos pés dizendo obsequias.
Ó glorioso patriarca a Vós que sois o pai do filho de Deus,
Dignai-me, não desprezeis as minhas suplicas,
Sede vós o meu guia e modelo na escola de santidade
para que todas as minhas acções em união dos corações
de Jesus e Maria, para glória do vosso nome e de toda a vossa igreja.
Vós sois o pai adoptivo doo filho de Deus, na hora da minha morte
Assisti-me com Jesus e Maria na hora da nossa partida para a eternidade.
Senhor S. José seja nosso mestre e protector na hora da nossa morte para a eternidade.
D. Guiomar
CONSAGRAÇÃO A S. MIGUEL ARCANJO
Gloriosíssimo Príncipe das hierarquias angélicas, valente guerreiro do Deus
altíssimo, zeloso campeão da glória do Senhor, terror dos anjos rebeldes, amor e delícia
dos Anjos fieis, meu dilectíssimo Arcanjo S. Miguel, desejando pertencer ao número
dos vossos devotos e servos, hoje me ofereço a vós, dou-me e consagro-me a vós.
Coloco a minha pessoa, a minha família e os meus bens sob a Vossa potentíssima
protecção.
É muito pouca coisa a oferta que Vos faço, sendo eu um miserável pecador, mas não
duvido que vós querereis aumentar o fervor no meu coração e proteger aquele que a Vós
recorre. Recordai aquele que hoje se coloca sob o Vosso patrocínio e de hoje em diante
protegei-me, assisti-me em todas as dificuldades da minha existência terrena, alcançai-
me o perdão dos meus muitos e graves pecados, a graça de amar de todo o coração o
meu Deus, o meu doce salvador Jesus e a minha doce Mãe Maria, e alcançar-me os
auxílios necessários para obter a coroa da glória. Defendei a minha alma contra todos os
seus inimigos e quando chegar a hora de deixar este mundo, vinde então Príncipe
Gloriosíssimo, assistir-me na luta final e que a Vossa
arma poderosa afaste para longe, para os abismos da morte e do inferno, o anjo maldito
e desobediente que derrotas-te em combate no céu. Amen.
D. Assunsão (in Memória)
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 64
ORAÇÃO DA NOITE
Santa mãe,
mãezinha querida
Se não posso dar-te a lua,
Posso oferecer-te esta vida
Que tu me deste, é tua.
Minha Santa mãe
Ensina-nos a viver santamente
Protege-nos, abençoa-nos
E levai-nos a todos para o céu.
D. Zézita
ORAÇÃO DA NOITE
Com Deus me deito,
Com Deus me levanto
Com a graça de Deus
E do Espírito Santo.
Graças a Deus que já me deitei,
Com sete anjinhos me encontrei,
Três aos pés, quatro à cabeceira
E a Virgem Maria á cebeceira
Ela me disse para não me assustar,
Que eu era boa alma e ía para bom lugar
D. Isaura Tomás
ORAÇÃO DA NOITE
Eu nesta cama me deitei
Sete anjinhos encontrei,
Três aos pés
Quatro à cabeceira
Nosso Senhor na dianteira
Ele me disse dorme, dorme
Não tenhas medo nem temor
Contigo está Nosso Senhor.
ORAÇÃO DA MANHÃ
Senhor,
No início deste dia,
Venho pedir-te saúde,
Força, paz e sabedoria.
Quero olhar hoje o mundo com olhos cheios de amor,
Ser paciente, compreensivo, manso e prudente.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 65
Ver, além das aparências, Teus filhos, como Tu mesmo os vês
E assim não ver senão o bem em cada um .
Fecha os meus ouvidos a toda a calúnia.
Guarda a minha língua de toda a maldade.
Que o meu espírito se encha só de bênçãos.
Que eu seja bondoso e alegre e que quantos se aproximem de mim,
Sintam a Tua Divina presença.
Senhor,
reveste-me de tua bondade,
e que no decorrer deste dia,
eu possa seguir teus passos.
Ámen.
D. Lurdes de Jesus
OFÍCIO DA AGONIA
Ó meu cordiosíssimo Jesus
Que vos abrasais pela agonia do vosso sacrifício
Ó chaga mais lastimosa
Ó coração trespassado
Ó morte de Jesus Cristo Amado
Dignai-me Senhor
Guardardes-me nesta noite
Acordando e dormindo
Para que descance em paz
Para que todos os que estão em agonia
Nosso Senhor se compadeça deles
Na hora da morte.
D. Guiomar
ORAÇÃO A JESUS E MARIA
Alma de Maria santificai-nos
Coração de Maria inflamai-nos
Mãos de Maria amparai-nos
Olhos de Maria olhai-nos
Ó doce coração de Maria atendei-nos
No coração de Jesus escondei-nos
Não permitais que me separe de Vós
Na hora da nossa morte chamai-nos
E levai-nos para o meu querido Jesus
Para convosco o amarmos
e louvarmos para sempre.
Amen.
Tia Zézita
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 66
DESPEDIMENTO DA ALMA DO CORPO
Corpo,
Ensinei-te dois caminhos
Um melhor, outro pior.
Tu por mal indicado
Seguis-te o pior.
Corpo,
Tu aí ficas,
Reduzido a pó,
Eu vou para outro mundo
Lá me encontrarei só
. D. Patrocínia D´Antónia
PELOS CAMINHOS
Deus vá comigo, a flor onde nasceu
a hóstia consagrada a cruz onde ele morreu
Deus vivo paz na guia Cristo vá na minha companhia
De todos os olhos maus me proteja e me confortem bem
assim fez Nosso senhor aos seus discípulos
quando passou por Jérusalem.
Deus vivo esteja comigo,
Deus morto guarde o meu corpo
Deus crucificado vá sempre ao meu lado.
D.Isaura Tomás
ENTRAR NA IGREJA E PÔR ÁGUA BENTA
Na casa de Deus entrei,
Água benta tomei,
Para lavar os meus pecados.
Pecados ficai lá fora,
Não vos quero cá dentro
Que eu vou entregar a minha alma
Ao Santíssimo Sacramento. D. Patrocínia D´Antónia
PELOS CAMINHOS
Deus vivo vai comigo
A flor onde nasceu
A hóstia consagrada
a cruz onde Ele morreu.
Deus vivo vai comigo
E me livre de todo o perigo
Deus morto
Guarde o meu corpo.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 67
Todos os olhos mais
Que me vejam me confortem bem
Assim fez Jesus a seus discípulos
Quando passou por Jerusalém.
D. Isaura Tomás
AO LEVANTAR
Eu me entrego a Deus
E á Virgem Maria
E a todos os Anjos
Que houver neste dia
Dou-lhe de penitência
1 Pai-Nosso e 3 Ave-Marias.
D. Isaura Tomás
ANTES DE ENTRAR NA IGREJA
Pecados do mundo ficai cá fora,
Que eu vou lá para dentro
Vou rezar ao Santíssimo
E Diviníssimo Sacramento.
D. Isaura Tomas
AO CONFESSAR
Nesta Vossa mesa me ajoelho
Nesta Vossa mesa divinal
Venho receber o Santíssimo Sacramento
Para não morrer em pecado mortal.
D. Isaura Tomás
DESPEDIDA DA ALMA DO CORPO
Para onde vais ó alma minha,
Ó minha fiel companheira
Que sempre me acompanhaste
E me deixas agora desta maneira.
Sim corpo ficas neste mundo
Reduzido a pó
Que eu vou dar contas a Deus
E lá me acharei só.
Todos os apetites que tiveste
De nenhum te estorvei
Vou dar contas a Deus
Que por ti o pagarei.
D. Isaura Tomás
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 68
FINAL DA CONFISSÃO
Os pecados que eu não disse
Aos pés do meu confessor
Confesso-me agora Senhor
Que sabeis quantos eles são
Dai-me penitência neles
E á minha alma perdão.
D. Isaura Tomás
A VIDA
A vida é a dor de hoje
A vida é ai que mal soa
A vida é sombra que foge
A vida é nuvem que voa
A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
Como fumo se esvai
A vida durou um momento
Mais leve que o pensamento.
A vida leva-a o vento
A vida é folha que cai.
Sr. António Cantarinha
MINHA TERRA
Minha terra quem me dera
Ser humilde lavrador
Ter o pão de cada dia
Ter a graça do Senhor
Ter-te por minha mãe
Com caridade e amor.
Minha terra quem me dera
Ser em parte afamado
Ter a sina de Camões
Andar em naus embarcado
Mostrar às outras Nações
Portugal levantado.
VERSOS DO MEU LIVRO DA 4ª CLASSE
Triste de quem der um ai
Sem achar eco em ninguém
Felizes os que têm pai
Mimosos os que têm mãe.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 69
Que a todos chegue a Ventura
E toda a boca tenha pão
Toda a nudez cobertura
Toda a dor consolação.
Não te julgues mais do que eu
Que nem és menos nem és mais
Debaixo da terra fria
Somos todos iguais.
Se eu quando nasci morresse
É que era a minha sorte
Nem ofendia a Deus
Nem demais temera a morte.
Ó vila mal alegre
Província de Trás-os-Montes
No dia em que te não vejo
Meus olhos são duas fontes.
FESTA DA ALDEIA
Nas ruas da nossa aldeia
Vai passando a procissão
Tamborileiros à frente
Logo atrás vai o pendão.
Mordomos da confraria
Levam os anjos pela mão
Muito grave juizo de festa
Dá ordens ao sacristão.
O palio é todo de seda
Mete latim o sermão
Parabéns Sr. Vigário
A festa faz um vistão.
Sr. António Cantarinha
ORAÇÃO DE MANHÃ
Alvé manhã, Claro é o dia
Jesus confessou-me e eu queria
Mas não acho saúde, nem sacerdote
A quem me haja de acusar,
Acuso-me a vós Senhor se me quiserdes aceitar.
Os meus pecados bem sabeis quantos são
Dai ao meu corpo penitencia
á minha alma o perdão
para que eu leve a minha alma limpa
à mesa da comunhão.
Louvor da Sagrada morte
E paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo,
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 70
Pai Nosso.
Sr. António Cantarinha
ORAÇÃO DIÁRIA
Lá em cima o calvário,
Está Jesus Cristo á morte,
Está numa cama tão justa,
Quer-se voltar e não pode.
Chegou Sua Santíssima Mãe,
Á sua divina cabeceira.
-o´ meu filho, ó meu filho
Quem te pôs desta maneira?
-cale-se aí ó minha mãe
Por espaço de uma hora
Estão a fazer testamento,
Para o reino da glória.
Entreguei o deserto ao S.João
As chaves a S. Pedro,
O cálice a S. Gregório,
Foi quem pediu primeiro
Para aparar o meu sangue
Que saía do madeiro.
Quem esta oração disser
Um ano dia a dia
Salvará a sua alma
De seu pai e sua mãe
E a quem mais
a ele bem lhe queira.
Sr. António Cantarinha
AO LEVANTAR
Eu me entrego a Jesus
E à sua santíssima cruz
E ao santíssimo sacramento,
E às três relíquias que tem dentro,
E às três missas de natal.
Para que me não aconteça nenhum mal;
Ao anjo da nossa guarda,
Para que nos defenda dos perigos
E trabalhos
Da alma e do corpo.
Sr. António Cantarinha
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 71
AO DEITAR
1- Cruz de cristo
Que me assista aqui,
Inimigos maus fugi de mim,
Pelo trigo da judeia,
A leão vencedor,
Credo laudeo,
Credo laudeo, aleluia.
2- Com Deus me deito,
Com Deus me levanto,
Com a graça do divino espírito santo
Me cubra com o seu manto.
Se eu bem coberto for,
Não terei medo nem pavor,
Nem coisa que má for.
3- Com deus me deito,
Com deus me levanto,
Com a graça divina do espírito santo.
Se me dormir, embalai-me,
Se me perder, alumiai-me
Com as treze candeias
Da santíssima trindade.
Seis aos pés, sete à cabeça,
Que a minha alma não escureça,
Nem de noite, nem de dia.
Em louvor de nosso senhor
E de nossa senhora,
Padre-nosso e avé-maria.
4- Quatro cantos tem a casa
Quatro velas tem a arder,
Com as dozes candeias:
Seis aos pés, seis à cabeça,
Para que a minha alma não padeça.
Nem de noite, nem de dia,
Senhor meu, acompanhai-me,
Se esta noite morrer.
D. Lurdes
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 72
AO ANJO DA GUARDA
Santo anjo do senhor,
Meu zeloso guardador,
Pois se a ti me confiou a piedade divina,
Hoje e sempre, me rege,
Guarda, governa e ilumina.
Anjo da guarda,
Minha companhia,
Guardai a minh`alma
De noite e de dia.
À COMUNHÃO
Minha boca é porta,
Por onde o senhor entra;
Minha lingua é papel,
Por onde o senhor assenta;
Minha ´´gola`` é escada,
Por onde o senhor desce,
Meu coração é sacrário,
Onde o senhor assiste.
FERIDAS CHAGAS A NOSSA SENHORA
Andando eu hoje neste dia,
Considerando em Deus e na virgem Maria,
E no seu amado filho, que na cruz via,
Fui-o a ver com tão grande dó e demasia,
Ó meu deus, com tão grandes males concluístes.
Por tanto dinheiro, antes do galo primeiro,
Os galos foram clamar,
Que prenderam o cordeiro.
O rei Herodes mandou chamar,
Por um frade caminhante,
Que fosse a casa da presença,
Onde se lia a sentença.
Ó meu Deus, tirai-vos desse madeiro,
Que não nasça tal morteiro.
Ó bom ladrão, quem te deu tal aviso?
Hoje estás aqui e, amanhã no paraíso,
Com o sol e a lua e com toda a claridade.
Quem na morte e na sagrada paixão de Jesus considerar
E uma vez a disser no dia,
De má morte não morrer
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 73
E o inferno nunca verá.
D. Assunção (em memória)
No mês de março, as pessoas rezavam 31 avé maria, seguindo-se a oração:
Virgem nossa Senhora de Março,
Sagrada virgem Maria,
Convosco me assoldadei.
Que em todo o mês de Março,
Que em trinta e um dias,
Vos hei-de rezar,
Trinta e uma Ave-Maria.
D. Assunção (em memoria)
No dia 25 de Março, rezavam 100 Ave-maria, faziam o sinal da cruz e terminavam com
a palavra ´´amén``, concluindo:
No dia vinte e cinco de Março,
Cem Ave-Marias rezei,
Cem vezes me persignei,
Cem vezes disse amén.
No regaço da virgem maria as depositei,
Para salvar a minha alma,
Não sei se a salvarei!
D. Assunção ( em memoria)
PAI NOSSO PEQUENINO
1- Pai nosso pequenino,
Dai as chaves ao divino,
Quem as deu, quem as daria,
Foi S.Pedro e Santa Maria.
Meu padrinho, dai-me a mão,
Para fazer uma cruz bem feita.
Cruz do monte, cruz da fonte,
Nunca o diabo nos encontre,
Nem de noite, nem de dia,
Nem à hora do meio-dia.
Já os galos pretos cantaram,
Já os anjos se levantaram,
Já meu deus subiu à cruz,
Para sempre amén Jesus. Fonte própria
2- Quando Deus era menino,
Tinha as chaves do paraíso,
Quem lhas deu, quem lhas daria?
Foi a Santa Madalena.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 74
Cruz em monte, cruz em fonte,
Nunca o veneno comigo se encontre,
Nem de noite, nem de dia,
Nem às horas do meio-dia.
Já os galos cantam,
Já os anjos se levantam,
Já nosso senhor subiu à cruz,
Para sempre, amém Jesus D. Guiomar
AVE MARIA PEQUENINA
Sete anjinhos vão comigo,
Sete candeias me alumiam,
Nossa senhora é minha madrinha,
Nosso senhor é meu padrinho,
Deus me livre do demónio,
De noite e de dia
E ao pino do meio-dia. D. Lurdes
ORAÇÃO NO DIA DE SANTA CRUZ
Alma minha, confirma-te na fé,
Que Jesus Cristo contigo é,
No campo de jorafat,
O demónio encontrarás
E ele te dirá:
-que sinal levas de cristão?
E tu responderás:
-arreda, arreda satanás,
Parte da minha alma não terás,
Que no dia de santa cruz,
Cem vezes disse:
Jesus, salvai-me,
Salvai-me Jesus.
D. Mª do Carmo (em memória)
ORAÇÃO CONTRA AS TROVOADAS
Quando trovejava, punham ramos de trovisqueira nas portas das casas e palheiros e
rezavam:
1- Santa Bárbara bendita,
Que no céu está escrita
Em papel e água benta,
Espalhai esta tormenta
Lá para as terras dos mouros,
Onde não há pão, nem vinho,
Nem flor de rosmaninho.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 75
Já os galos cantam,
Já os anjos se levantam,
Já o senhor está na cruz,
Para sempre, amén jesus.
2- Santa Bárbara bendita,
Que no céu estais escrita,
Com papel e água benta,
Pedi a Deus, nosso senhor,
Que nos livre desta tormenta.
Colaboradora Lídia
3- Santa Bárbara se levantou,
Seus sapatinhos calçou,
Seu caminho encaminhou,
Lá pró meio do caminho,
Jesus cristo encontrou
E ele lhe perguntou:
-onde vais, bárbara?
-vou ´´arramar`` as trovoadas
Que no céu andam armadas.
-arrama-as, bem arramadas,
Lá prá serra do marão,
Onde não haja vinho, nem pão,
Nem folhinha de oliveira,
Nem bafinho de cristão.
Cristo vive, cristo reina,
Cristo jesus nos defenda.
Minha alma confirma-te na fé,
Que jesus cristo contigo é.
D. Olinda
4- S. Jerónimo se levantou,
Seus sapatinhos calçou
E seu cajado tomou.
Nossa senhora lhe perguntou:
-aonde vais, s. Jerónimo?
-a espalhar as trovoadas
Que sobre nós estão armadas.
Nossa senhora lhe respondeu:
-espalha-as bem espalhadas,
Onde não haja pão, nem vinho,
Nem a flor do rosmaninho,
Nem mulher com seu menino,
Nem vaca com bezerrinho,
Nem leira, nem beira,
Nem ramo de figueira,
Nem coisa que Deus queira. Sr. António
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 76
PARA A HORA DA MORTE
Quatro cantos tem a casa,
Quatro círios estão a arder,
Quatro mil anjos me levem
Quando estiver a morrer.
Fica-te com Deus, oh mundo,
Que eu contigo não quero nada.
Chama-me deus a contas,
Vou a subir a minha jornada-
Oh jornada tão dolorosa,
Que não sei para onde hei-de ir,
Nossa senhora me acompanhe,
Para quando, deste mundo, partir.
Ó alma avisada,
Quem te deu o aviso?
Eu te farei um campinho,
Comigo no paraíso.
Ó alma desfalecida,
Sempre foste escolhida,
Eu vos rogo para madrinha,
Rainha do céu, coroada.
Ó alma, acompanha o teu corpo,
Que o vão a sepultar;
Perdoa a quem te quer bem,
Perdoa a quem te quer mal,
E perdoa aos inimigos,
A quem deves perdoar.
D. Patrocinia
ALÉM VAI JESUS
Além vai Jesus,
Que lhe quereis vós?
Quero ir com ele,
Que ele leva a cruz.
Seus braços abertos,
Seus pés encravados,
Derramando sangue
Pelos nossos pecados.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 77
A terra tremia
Com o peso da cruz,
Digamos três vezes:
Salvai-nos Jesus.
Salvador do mundo,
Que tudo salvais,
Salvai a minh`alma,
Bendito sejais.
RESPONSO A SANTO ANTÓNIO
Quando perdiam alguma coisa, recorriam à ajuda de santo António, rezando-lhe o
´´responso``, para o objecto aparecer.
Ó beato Santo António,
Vosso hábito vestistes,
Vosso pai na forca vistes,
Não parastes, nem descansastes,
Enquanto o não livrastes.
Não pareis, nem descanseis,
Enquanto o perdido não apareça.
Se milagres desejais,
Recorrei a santo António.
Vereis fugir o demónio
E as tentações infernais.
Pela sua intercessão
Foge a peste, o erro e a morte,
O fraco torna-se forte,
Torna-se o enfermo são,
Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão
E, no auge do furacão,
Cede o mar embravecido.
Velhos e moços o sabem,
Sabem-no os paduanos,
Pois se acaso lhe suplicam,
Lho deparam num instante,
Rogai por nós,
António bem-aventurado,
Para que sejamos dignos
Das promessas de Cristo, amen.
D. M. José
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 78
RESPONSO A S. TOMÁS DE VILA NOVA (Para encontrar coisas perdidas)
S. Tomás de Vila Nova
Que foste bispo e Arcebispo
Fazei que...(nomeia-se o que se perdeu) apareça,
Pelas cinco chagas de Cristo.
Reza-se 1 Pai Nosso, 1 Ave Maria e um Glória
Fonte própria
ORAÇÃO AO DEITAR
1- Nesta cama me vou deitar,
Seis anjinhos lá achei,
Três aos pés e três à cabeceira,
Nossa senhora na dianteira.
Ela me disse que dormiria
E descansaria de noite e de dia.
Pai nosso, Ave Maria.
2- Com deus me deito,
Com deus me levanto,
Com a graça do divino Espírito santo.
Se morrer, alumiai-me
Com as treze candeias da
Santíssima trindade:
Sete aos pés,
Seis à cabeça,
Para que a minha alma
Não escureça.
3- Virgem Santa Maria, na minha cama,
Virgem da oliveira, na minha cabeceira,
Senhora da guia, na minha companhia.
Quatro cantos tem a casa,
Quatro círios estão a arder,
Quatro anjos me acompanham,
Quando estiver a morrer .
4- Ó virgem esclarecida,
Sempre foste escolhida,
Para resgatar as almas perdidas,
Resgatai a minha alma,
Nesta hora atribulada,
Para que o demónio tentador,
Não tenha parte na minha alma.
Vários
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 79
PARA AFUGENTAR O DEMÓNIO
Valha-me o Santíssimo sacramento,
As três relíquias que lá tem dentro,
Nos livre de Satanás
Que nos queira fazer mal.
Credo reis, na hora credo,
Reis na hora, credo reis,
Abrenúncio, abrenúncio, abrenúncio,
Aleluia, aleluia, aleluia.
Deus padre me conforte
E o filho me deu do norte.
O espírito santo me guarde
E me queira guardar.
Comigo não entre,
Nem possa entrar
E no inferno vá rebentar.
TESTAMENTO DO SENHOR
Lá em cima, no monte calvário,
Está nosso senhor morto,
Em cama de ´´agoseira``
Que nem virar-se podia.
Ó meu Deus e meu Jesus,
Quem vos pôs dessa parte?
Por causa dos pecadores,
Estás condenado à morte.
Venha papel, venha tinta,
p’ra fazer um testamento,
Quero deixar por herdeiro,
O santíssimo sacramento.
S.Pedro pegou nas chaves
Para o céu governar,
E S. Miguel nas balanças,
Para nossa alma pesar.
S.Pedro foi-se aquecer,
Com grande frio que fazia,
Logo lhe perguntaram,
Pela virgem Maria.
Ficou rodeada de anjos,
Pelo seu amado filho,
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 80
Isso não era nada,
Para o que nossa senhora merecia.
Leito em que ela dormia,
Era da cor de ´´latão``,
A virgem Nossa Senhora,
Já vos disse a oração.
Sr. António C.
ORAÇÃO PARA FINTAR O PÃO
Reza-se ao mesmo tempo que se faz o sinal da cruz em cima da massa do pão.
S. Vicente te acrescente,
S. Mamede te levede
S. João te ponha a mão,
Para que te faças Bom Pão
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
Reza-se 1 Pai-Nosso e 1 Ave-Maria.
REZA PARA TIRAR O MAU OLHADO
(Nome da pessoa)
Deus te deu, Deus te criou, Deus te livre de quem mal te olhou, que estas palavras são eternas e assim como elas querem e podem donde te veio o mal que para lá torne. As pessoas da santíssima trindade são três. Dois to deram e três to tirarão é o Nosso Senhor São Pedro São Paulo e São João.
Se te o deram pela cabeça tirato Santa Teresa, se to deram pelos olhos tirato Santo António, se te o deram pelos destes tirato São Tiago, se te o deram pela barriga tirato a Virgem Maria, se te o deram pelas pernas tirato Santa Madalena, se te o deram pelos pés tirato Sã José, se te o deram pelo corpo tirato Jesus Cristo que tem o poder todo.
Quando Deus passou pelo horto tira-te o mal do teu corpo, quando Deus passou pela rua da amargura tira-te o mal e a tristura, quando Deus passou pela rua de Belém tira todo o teu mal para todo o sempre amén.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 81
Lengalenga – s.f. narrativa extensa, monótona, fastidiosa
(de origem onomatopaica).
Dicionário da Língua Portuguesa 2004, Porto Editora
Trava-língua - s. m. [popular] expressão constituída por sequência de palavras cuja
pronúncia se torna difícil (como três tigres) e se usa muitas vezes como passatempo. (de
travar+língua)
Dicionário da Língua Portuguesa 2004, Porto Editora
As lengalengas são muito importantes, visto serem jogos de sons e rimas
destinados ou à aprendizagem de novos ritmos ou à desenvoltura da própria linguagem.
Os trava-línguas assumem-se como jogos linguísticos que têm por finalidade criar
dificuldades a quem as diz e consequentemente motivo para rir.
As lengalengas e os trava-línguas despertam grande interesse nas crianças por estarem
associadas a muitas das suas brincadeiras e também devido à sua musicalidade
Por trava-língua entendemos todas as expressões difíceis de pronunciar, como três
tristes tigres. O património oral português tem imensos trava-línguas.
-Os trava-línguas têm uma visível função pedagógica.
LENGALENGAS
Chica larica da perna alçada,
Comeu uma galinha a semana passada,
se mais me dessem mais comia,
adeus compadre até outro dia
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LENGAS-LENGAS
LENDAS
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 82
Um dois três quatro, a galinha e o pato
Fugiram da capoeira foi atrás a cozinheira
Que lhe deu com um sapato
Um dois três quatro
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Semana da preguiçosa
Na segunda me deito,
na terça me levanto,
na quarta é dia santo,
na quinta vou à feira,
na sexta venho da feira,
sábado vou-me confessar,
no domingo comungar.
Diga-me lá ó comadre:
quando hei-de trabalhar?
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Era uma vez um gato maltês tocava piano e falava francês
A dona da casa chamava-se Inês e o número da porta era o trinta e três
era muito bonito e não era mau também cantava miau, miau, miau.
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Sola, sapato, Rei, rainha Foi ao mar Buscar sardinha
Para a mulher do juiz Que está presa Pelo nariz;
Salta a pulga Na balança Que vai ter Até à França,
Os cavalos A correr As meninas A aprender,
Qual será A mais bonita Que se vai Esconder?
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Rei Capitão Soldado Ladrão
Menina Bonita Do meu Coração
Rei Capitão Soldado Ladrão Menina
Bonita E um Xi- -Coração
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Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 83
"Não coso vivo nem morto,
só coso o que está roto;
Não coso morto nem vivo,
coso o que está descosido"
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"Moço volta atrás vem ver,
o que tu és já eu fui,
o que eu sou hás de tu ser."
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A criada lá de cima
A criada lá de cima
É feita de papelão,
Quando vai fazer a cama
Diz assim ao patrão:
Sete e sete são catorze,
Com mais sete vinte e um,
Tenho sete namorados
E não gosto de nenhum.
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Lagarto pintado, quem te pintou?
Foi uma menina que por aqui passou
Lagarto verde, que te esverdeou?
Foi uma galinha que aqui passou
Lagarto azul, que te azulou?
Foi a onda do mar que me molhou
Lagarto amarelo, que te amarelou?
Foi o sol poente que em mim pisou
Lagarto encarnado, que te encarniçou?
Foi uma papoila que para mim olhou
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Lá vai o bicho
Por cima do osso
Comer o menino (ou o nome da criança)
Até ao pescoço
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Lá vem a cabra cabrês
Que te salta em cima
Ele faz em três
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Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 84
Luar, luar
Vem-me buscar
Que eu sou pequenino
E não posso andar
Mãe
Quando for homem
Quero trabalhar
Quando for velhinha
Quero-a amparar
Quando for velhinho
Quero-a recordar
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Mão
Esta é a mão direita
A esquerda é esta mão
Com esta digo sim
Com esta digo não
Levanto a direita ao céu
Apanho a esquerda ao chão
Agora já conheço
Já não faço confusão
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Mão morta, mão morta
Filhinhos à porta
Não tem que lhe dar
Dá-lhe com a tranca da porta
Mão morta, mão morta
Vai bater aquela porta
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Debaixo daquela pipa
Está uma pita
Pinga a pipa
Pia a pipa
Pia a pita
Pinga a pipa
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Dedo mindinho
Seu vizinho
Pai de todos
Fura bolos
Mata piolhos
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Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 85
Dedo mindinho quer pão
O vizinho diz que não
O pai diz que dará
Este o furtará
E o polegar: «Alto lá!»
Era uma vaca
Chamada Vitória
Morreu a vaquinha
Acabou-se a história
E depois… e depois
Morreram as vacas
Ficaram os bois
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Fernandinho foi ao vinho
Partiu o copo no caminho
Ai do copo, ai do vinho
Ai do rabo do Fernandinho
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Pelo muro acima vai uma formiga
Com uma mão na testa e outra na barriga
Pelo muro abaixo vai um escaravelho
Com uma mão na barriga e outra no joelhos
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Venham ver gatos janotas
Usam chapéus, gravatas e botas
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Nove vezes nove, oitenta e um
Sete macacos e tu és um
Fora eu que não sou nenhum
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Era uma vez
Um gato maltês
Tocava piano
E falava francês
Queres que te conte outra vez?
Era uma vez
Um gato maltês
Saltou-te às barbas
Não sei que te fez
Queres que te conte outra vez?
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 86
Era uma vez
Um gato maltês
Tocava piano
Falava françês
A dona da casa
Chamava-se Inês
O número da porta era o 33!
Queres que te conte outra vez?
Era uma vez
Uma galinha perchês
E um galo francês
Eram dois
Ficaram três…
Queres que te conte outra vez?
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Tio Manel ceguinho
em cima dum burrinho
o burrinho é fraco
em cima dum macaco
o macaco bate sola
em cima duma bola
a bola é redonda
em cima duma pomba
a pomba é branca
em cima duma tranca
a tranca é de pau
ORA VIRA BACALHAU.
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Lagarto pintado
Quem te pintou?
Foi uma velha que aqui passou
No tempo da eira
Fazia poeira
Puxa lagarto
Por aquela orelha!
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Era uma vez
Um macaquinho
Em cima duma nora
Deu um pulo
E foi-se embora
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Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 87
Malmequer, bem me quer,
muito, pouco, nada.
Eu gosto de ti do sol e do mar.
E de todos os meninos,
que vejo a brincar.
Malmequer, bem me quer,
muito, pouco, nada.
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30 dias tem Abril, Junho,
Setembro e Novembro
Com 28 só há um, Fevereiro
E mais nenhum, o resto tem 31.
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Meses
Janeiro, gear
Fevereiro, chover
Março, encanar
Abril, espigar
Maio, engradecer
Junho, ceifar
Julho, debulhar
Agosto, engravelar
Setembro, vindimar
Outubro, resolver
Novembro, semear
Dezembro, nascer
Nasceu um deus para nos salvar
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O preto, minha senhora
O preto, minha senhora
Não gasta de bacalhau
Só gosta de arroz doce
Mexido com colher de pau
Preto para aqui
Preto para acolá
Ri o preto
Ah, ah, ah!
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Vem lá o A
Menina gordinha
Redondinha
Ao pé
Que vem o E
Que vivo que é!
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 88
Depois o I
E ri
Com o seu chapelinho
No caminho
De pópó, vem o O
E gira na mó
Por fim vem o U
No seu comboio
A fazer U-u-u-u.
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Amanhã é Domingo
Cantará o pintassilgo
Pintassilgo é dourado
Não tem um burro nem cavalo
Tem uma burrinha cega
Que chega daqui a castela
Castelinha, castelão
Minha avó deu-me pão
P’ra mim e p’ró meu cão
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Amanhã é Domingo
Cantará o pintassilgo
Pintassilgo é dourado
Não tem um burro nem cavalo
Tem uma burrinha cega
Que chega daqui a castela
Castelinha, castelão
Minha avó deu-me pão
P’ra mim e p’ró meu cão
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Tão balalão
Cabeça de cão
Orelhas de gato
Não tem coração
Não tem coração
Nem a voz, nem o talento
Orelhas de gato
Cabeça de vento
Cabeça de vento
Orelhas de gato
Pescoço de bruxa
Rabo de macaco
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Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 89
Tenho um macaco
Dentro de um saco
Não sei que lhe diga
Não sei que lhe faça
Dou-lhe um pau
Diz que é mau
Dou-lhe um osso
Diz que é grosso
Dou-lhe um chouriço
Isso, isso, isso!
TRAVA-LINGUAS
Esta burra torta trota
Trota, trota, a burra torta.
Trinca a murta, a murta brota
Brota a murta ao pé da porta.
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Um ninho de mafagafas
Com sete mafagafinhos
Quando o mafagafa gafa
Gafam os setes mafagafinhos.
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A história é uma sucessão sucessiva
dos sucessos que se sucedem sucessivamente.
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Percebeste?
Se não percebeste, faz que percebeste
para que eu perceba que tu percebeste.
Percebeste?
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Tenho um colarinho
muito bem encolarinhado. Foi o colarinhador
que me encolarinhou este colarinho
Vê se és capaz de encolarinhar
tão bem encolarinahdo como o encolarinhador
que me encolarinhou este colarinho.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 90
--Mário Mora foi a Mora
com intenções de vir embora
mas, como em Mora demora;
diz um amigo de Mora:
- Está cá o Mora?
- Então agora o Mora mora em Mora?
- Mora, mora.
Esta burra torta trota
Trota, trota, a burra torta.
Trinca a murta, a murta brota
Brota a murta ao pé da porta.
--«««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««
O rato roeu a roupa do rei de Roma.
Rainha raivosa rasgou o resto.
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Três tigres tristes para três pratos de trigo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
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A vida é uma sucessiva sucessão de sucessões
que se sucedem sucessivamente, sem suceder o sucesso...
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O Tempo pergunta ao Tempo quanto tempo tem
e o Tempo responde ao Tempo que o Tempo tem tanto tempo quanto o Tempo tem.
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O peito do pé de Pedro é preto. Quem disser que o peito do pé de Pedro é preto, tem o
peito do pé mais preto do que o peito do pé de Pedro.
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Num ninho de mafagafos estavam sete mafagafinhos;
quem amafagafar mais mafagafinhos, bom amagafanhador será.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 91
Provérbio – s.m. 1. sentença moral ou conselho da sabedoria
popular; adágio; ditado; máxima; rifão; anexim. (do latim proverbiu-, proverbiu)
provérbio nome masculino
1. sentença moral ou conselho da sabedoria popular; adágio; ditado; máxima; rifão;
anexim
2. TEATRO pequena comédia que tem por entrecho o desenvolvimento de um
provérbio
(Do latim proverbĭu-, «idem»)
Dicionário da Língua Portuguesa 2004, Porto Editora
Os provérbios são frases que ás vezes parecem não ter sentido, mas que tem
qualquer coisa de profundo e belo.
PROVÉRBIOS ALUSIVOS AO AMOR
-Amor com amor se paga.
-Amor querido, amor batido.
-Amores arrufados, amores dobrados.
-As sopas e os amores, os primeiros são os melhores.
-Mais se tira com amor do que com dor.
-Mãos frias amores todos os dias.
-Mãos frias, coração quente, amor para sempre.
-Mãos quentes amores ausentes.
-Não há amor como o primeiro.
-Não há luar como o de Janeiro nem amor como o primeiro.
-No amor, quem foge é o vencedor.
-Quem namora pelo fato, leva o Diabo ao contrato.
-Quem tem amores, tem dores.
-Quem tem sorte ao jogo não tem sorte aos amores.
-O amor é cego e pensa que ninguém o vê.
PROVÉRBIOS
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 92
VÁRIOS PROVÉRBIOS
-Em terra de cegos, quem tem olho é rei.
-Quem cala, consente.
-Mais vale tarde do que nunca.
-Longe da vista, longe do coração.
-Deitar cedo e cedo erguer /dá saúde e faz crescer.
-Quem corre por gosto /não cansa.
-Quem meu filho beija /minha boca adoça.
-O saber /não ocupa lugar.
-Mais vale tarde/ do que nunca.
-Dá Deus nozes /a quem não tem dentes.
-Para bom entendedor /meia palavra basta.
-De pequenino/ se torce o pepino.
-A esperança/ é a última a morrer.
-Depressa e bem /há pouco quem.
-Quem diz o que quer/ ouve o que não gosta.
-Quem não trabuca /não manduca.
-Devagar /se vai ao longe.
-Deitar cedo e cedo erguer /dá saúde e faz crescer.
-Quem corre por gosto /não cansa.
-Quem meu filho beija /minha boca adoça.
-O saber /não ocupa lugar.
-Mais vale tarde/ do que nunca.
-Dá Deus nozes /a quem não tem dentes.
-Para bom entendedor /meia palavra basta.
-De pequenino/ se torce o pepino.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 93
-A esperança/ é a última a morrer.
-Depressa e bem /há pouco quem.
-Quem diz o que quer/ ouve o que não gosta.
-Quem não trabuca /não manduca.
-Devagar /se vai ao longe.
-Fala pouco e bem, ter-te-ão por alguém.
ABECEDARIO DOS PROVERBIOS
A cada boca uma sopa.
Barco parado, não faz viagem.
Cada cabeça sua sentença.
Da discussão nasce a luz.
Em Fevereiro, chega-te ao lameiro.
Filhos criados, trabalhos dobrados.
Gordura é formosura.
Há mar e mar, há ir e voltar.
Imita a formiga e viverás sem fadiga.
Janeiro fora, cresce uma hora.
Longe da vista, longe do coração.
Mais vale prevenir, que remediar.
Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje.
O barato sai caro.
Para grandes males, grandes remédios.
Quando está fora o gato folga o rato.
Roma e Pavia não se fizeram num dia.
Se queres ver o teu corpo, abre o teu porco.
Tristezas não pagam dívidas.
Uma maçã por dia, dá uma vida sadia.
Vão os anéis mas fiquem os dedos.
Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 94
PROVÉRBIOS DOS MESES DO ANO
Em Janeiro sete casacos e um sombreiro.
Quando não chove em Fevereiro, nem bom prado nem bom soleiro.
Em Março, chove cada dia um pedaço.
Em Abril águas mil, coadas por um funil.
Tantos dias de geada até Maio, quantas vezes de nevoeiro teve Janeiro.
Junho calmoso ano formoso
Deus ajudando vai em Julho mercando
O Agosto será gaiteiro, se for bom o Janeiro.
Em Setembro, planta, colhe e cava que é mês para tudo.
Outubro, Novembro e Dezembro, não busques o pão no mar, mas torna a teu celeiro e
abre o teu mealheiro.
No dia de S. Martinho mata o teu porco e bebe o teu vinho.
Depois que o menino nasceu tudo cresceu.
20 de Janeiro, uma hora por inteiro e quem bem contar hora e meia vai achar
A água de Janeiro vale dinheiro
Agosto que lhe dá pelo rosto
Ano de neve, paga o que deve
Ao luar de Janeiro, se conta dinheiro
Em Janeiro, um porco ao sol, outro no fumeiro
Janeiro quente, traz o diabo no ventre
Janeiro, tem uma hora por inteiro
Laranjas em Janeiro dão que fazer ao coveiro
Não há luar como o de Janeiro nem amor como o primeiro
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 95
Aveia de Fevereiro enche o celeiro
Fevereiro afoga a mãe no ribeiro
Fevereiro enganou a mãe ao soalheiro
Fevereiro, o mais curto mês e o menos cortês
Neve de Fevereiro, presságio de mau celeiro
Para parte de Fevereiro guarda lenha no quinteiro
Borboleta branca, Primavera franca
Cavas em Março e arrenda pelo S. João, todos sabem mas poucos o dão
Em dia de S. José, come-se, bebe-se e bate-se o pé
Em Março, tanto durmo como faço
Março marçagão, de manhã Inverno, de tarde Verão
Março ventoso, Abril chuvoso
Março virado de rabo é pior que o diabo
A aveia até Abril está a dormir
Abril frio e molhado enche o celeiro e farta o gado
Depois de Ramos, na Páscoa estamos
Em Abril, águas mil
Em Abril, águas mil coadas por um funil.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 96
PROVÉRBIOS DE S. MARTINHO
As geadas de São Martinho levam a carne e o vinho.
Dos Santos ao Natal perde a padeira o cabedal.
Dos Santos ao Natal, perde o marinheiro o cabedal.
De Outubro a Dezembro não busques o pão no mar.
De Santa Catarina ao Natal, bom chover e melhor nevar.
De Santos ao Natal é bom chover e melhor nevar.
De Santos ao Natal, ou bom chover ou bem nevar.
De Santos ao Natal perde a padeira o cabedal.
De Todos-os-Santos ao Natal, bom é chover e melhor nevar.
De Todos-os-Santos ao Natal, perde a padeira o natural.
De Todos-os-Santos até ao Natal, perde a padeira o cabedal.
Depois dos Santos, neve nos campos.
Dia de Santo André, porcos pelo pé.
Dia de Santo André, quem não tem porco, mata a mulher.
Dia de São Martinho, castanhas e vinho.
Dia de São Martinho, comem-se as castanhas e bebe-se o vinho.
Dia de São Martinho, lume, castanhas e vinho.
Dia de São Martinho, mata o teu porco e bebe o teu vinho.
Dia de São Martinho, prova o teu vinho.
Dia de São Martinho, vai à tua adega e prova o teu vinho.
Dos Santos ao Natal é bom chover e melhor nevar.
Dos Santos ao Natal, ou bem chover, ou bem nevar.
Em dia de Santo André, o tremoço não está, nem na saca nem no pé.
Em dia de Santo André, quem não tem porco que mate, amarra a mulher pelo pé.
Em dia de São Martinho, semeia os teus alhos e prova o teu vinho.
Em dia de S.Martinho, vai à adega e prova o vinho.
Em dia de São Martinho, vai à adega, prova o teu vinho e faz um magustinho.
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 97
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Adivinhas – s. f. 1. coisa para adivinhar; enigma; adivinhação. (derivação regressiva de
adivinhar – do latim addiniare, adivinhar)
Dicionário da Língua Portuguesa 2004, Porto Editora
As anedotas são um exemplo vivo da literatura oral tradicional, já que circulam oralmente
com grande sucesso e apresentam significativas variações em virtude dessa mesma
circulação.
- A adivinha, um pequeno enunciado, pronunciado normalmente pelos mais velhos em tom
de desafio aos mais novos
Qual é coisa, qual é ela, que entra pela porta e sai pela janela? O vento
Qual é o bicho, qual é, sem osso nem espinha? Minhoca
Que cidade é "olfacto de cão‖? Faro
Que é que é, tem um palmo de pescoço, tem barriga e não tem osso? Garrafa
Que é que é, uma caixinha redondinha bem feita, para rebolar, todos a podem abrir,
ninguém a pode fechar? Ovo
Que é, que é, que cai e fica em pé? Gato
Que é, que é, que quanto mais quente está, mais fresco é? Pão
Que é, que é, que se parece com a pessoa, mas ela não é? Fotografia
Que é, que é, que tem um dente e chama por toda a gente? Sino
Sai da sala e vai para a cozinha. Abanando o rabo como uma bailarina. Vassoura
Semente preta, em terra mimosa, onde poisa deixa uma rosa. Pulga
Sempre quietas, sempre agitadas, dormindo de dia, de noite acordadas. Estrelas
Só a faz quem já a tem, pois quem não a tem não a faz, se a tem pode não fazer, se a
fizer, já não a faz. Barba
Somos duas irmãs gémeas, despidas ou enfeitadas, nunca nos podemos ver e nunca
andamos zangados. Orelhas
Somos mais de mil irmãos, negrinhas como carvão, mas não viemos de África, nem lá
temos geração. Formigas
ADIVINHAS
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 98
Somos três irmãos diferentes, nenhum de nós bebe ou come, no entanto é nossa
missão dar de comer a quem tem fome. Colher, garfo e faca
Sou adorado por todos, porque a todos faço bem, sirvo também de relógio, aos que
relógios não têm. Sol
Sou branco como a neve, doce, como mel, se me puseres no leite, saberá muito
melhor. Açúcar
Sou gigante e gigantão, tenho doze filhos no meu coração, de cada filho trinta netos,
metade brancos, metade pretos. Ano, meses, dias, noites
Sou mais vasto do que o mar e ninguém me pode ver, todo o mundo é meu luar, sem
mim não podes viver. Ar
Alto está, alto mora, ninguém o vê, todos os adoram. Deus
Altos castelos, lindas janelas, abrem e fecham, ninguém mora nelas. Olhos
Ando para trás e para frente, quase sempre a passar, muitas vezes com o rabo quente,
mas nada quer queimar. Ferro de engomar
Aproveitam e desperdiçam tudo o que vão fazer, pois os dedos pêlos olhos, todos lhe
querem meter. Tesoura
Branca como a neve, preta como a paz, fala e não tem boca. Ainda não tem pés.
Carta
Dois irmãos do mesmo nome, vão marchando com afinco, mas um dá sessenta passos,
enquanto o outro dá cinco. Ponteiros do relógio
É bom para se comer, mas não se come assado nem cru, nem cozinhado, o que é?
Prato
É muito bom para o pequeno almoço e também para o lanche se queres crescer muito
também o beber ao deitar. Leite
É uma caixinha, de bem querer, não há carpinteiro, que a saiba fazer? Noz
É uma senhora muito esbelta, que com finos véus se aperta, quem tiver que
desapertar, muitas lágrimas há-de chorar. Cebola
É usado lá na China, mas que não fosse, não quebrava a sua sina, de aparecer em loiça
fina, com coreia e muito doce. Arroz
É varinha de condão, que ao tocar numa caixinha, faz luz na escuridão. Fósforo
Em si a lua se espelha e o sol reflecte também, quando a gente se aproxima olhando-a
nos vemos bem. Água
Eu tenho, princípio e fim, mas também é verdade, que muito embora completa, eu fico
sempre metade. Meia
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 99
Eu trabalho noite e dia, se me derem de comer, nos dentes quero água, e na boca de
comer. Moinho
Faça sol ou faça frio, ele tem sempre onde morar, veio do mundo senhorio, mas como
o pai e o tio não pode a casa alugar. Caracol
Faço os olhos bonitos e os coelhos são doidos por mim, cresço de pé e sirvo para
pratos sem fim. Cenoura
Foi feita para impedir, também para deixar passar, meu dono pode-me abrir que esse
nunca vai roubar. Porta
Ainda antes de a mãe nascer, já anda o filho a correr. A chama e o fumo
Não sou bonita, mas tenho cabeleira, a minha cabeça é de pau, e sou das limpas
estimada. Escova
Não sou bonito por trás, mas sou bonito pela frente, pois estou sempre a mudar,
porque imito muita gente. Espelho
Não tem pernas mesmo assim, não tem braços e onde mexe, deixa tudo num sarilho.
Vento
O pescador à pesca diz: mar; o carneiro no monte diz: me; o caçador à caça diz: lá; e o
pobre à porta diz: dá. Marmelada
O que é que é que vem do monte, dá voltas à casa, e arruma-se a um cantinho.
Vassoura
O que é que fazem todos ao mesmo tempo: velhos, novos e crianças? Envelhecer
O que é, que é que quanto mais rota está, menos buracos tem? Rede
O que é, que é, que nasce grande e morre pequeno? Lápis
Ó que lindos amores eu tenho, ó que lindos, ó que ingratos, andam por dentro das
botas e por fora dos sapatos. Tornozelos
O seu sabor é muito azedo e a casca amarela, se o quiseres saber tens de lhe juntar
açúcar. Limão
Pai alto, mãe redonda, filhos pretos, netos brancos. Pinheiro, pinha, pinhão
Pequeninas e verdinhas encontram-se escondidas dentro de uma casca muito
comprida. Ervilhas
Pode ser bom companheiro, e também um bom amigo, conta-me a lição que der e trás
guardado consigo. Livro
Qual é a coisa, qual é ela, comprida como uma estrada, mas cose em mão fechada?
Novelo de linhas
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 100
Qual é a coisa, qual é ela, que anda léguas e léguas com um pedaço de carne na boca?
Sapato
Qual é a coisa, qual é ela, que é vermelha, avermelhada e caminha bem no mato e não
caminha na estrada? Fogo
Qual é a coisa, qual é ela, que quanto mais alta está, melhor se lhe chega? Água do
poço
Qual é a coisa, qual é ela, que quanto mais cresce, menos se vê? Noite
Qual é a coisa, qual é ela, que quanto mais se olha, menos se vê? Sol
Qual é a coisa, qual é ela, que se faz para andar e não anda? Estrada
Qual é coisa, qual é ela, mal chega a casa está logo à janela? Botão
Sou pintada por for a, sou pintada por dentro, tenho olhos para ver e uma boca para
abrir, transparente é o meu sangue todo o ano uso chapéu, e de noite psso ficar
iluminada, adivinha quem sou? Casa
Sou redondo e sou de leite, sou de vaca, de cabra ou de ovelha, uns gostam muito de
mim, mas há outros nem do cheiro. Queijo
Sou um velho encolhido, que estando em formosa mão, me abra logo encantado,
como a cauda de um pavão. Leque
Sou vermelho, muito vermelho, quando ficas corado, dizem que estás um...? Tomate
Tanto o rico como o pobre me hão-de ter, tenho dentes e não como, mas ajudo a
comer. Garfo
Tem coroa e não é rei, tem escamas sem peixe ser, além de servir para doce, é fruta,
podes comer. Ananás
Tenho camisa e casaco, sem remendo, nem buraco, estoiro como um foguete, se
alguém no lume me mete. Castanha
Tenho dentes e não como e p’ra comer eu fui feito, lido sempre com comida, mas
comer…não vejo jeito. Garfo
Tenho nome de dança tropical, mas sirvo para dar saber à comida tradicional. Salsa
Tenho olhos e não vejo, tenho boca e não falo, ando e não tenho pernas. Rua
Tenho olhos mas não vejo, mesa debaixo da terra. Podes comer-me assada, frita ou
cozida. Batatas
Tenho uma casa com doze damas, cada uma tem três quartos, todas elas têm meias e
nenhuma tem sapatos. Horas
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 101
Trás esporas não é cavaleiro, tem serra não é carpinteiro, tem picão não é padeiro,
acorda não é despertador, canta sem cortar cova a terra não é cavador. Galo
Uma capelinha muito pequenina, com o sacristão de vermelho, e os santos todos de
branco. A boca, a língua, os dentes
Uma mãe com sete filhos: cinco justas, uma santa e outra com falta. Quaresma
Uma meia meia feita, outra meia por fazer, diga lá minha menina, quantas meias vem a
ser? 1/2 meia
Uma senhora muito delicada, dá seus passos todos iguais, namora-se de um mancebo,
todo cheio de sinais. Agulha e dedal
Uma senhorinha, muito assenhorada, nunca sai de casa, está sempre molhada. Língua
Verde como o mato e mato não é, fala como gente e gente não é. Papagaio
Verde foi o meu nascimento e de luto me vesti, para dar a luz ao mundo mil tormentas
padeci. Azeitona
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 102
Bibliografia
BRAGA, Teófilo, O Povo Português nos seus Costumes, Crenças e
Tradições, vols. I /II. Lisboa: Dom Quixote, 1986
Dicionário da Língua Portuguesa 2004, Porto Editora
Conhecimentos dos utentes e outros colaboradores
Material de apoio meu
Nem tudo o tempo levou…
Leonor Pinto 103
Conclusão:
O envelhecimento faz parte de um processo natural do organismo.
A infância, a adolescência, a fase adulta e a velhice são etapas que compõem o ciclo de
vida do ser humano, e todas elas têm limites e possibilidades. Cada etapa desta contribui
no crescimento de cada um e a terceira idade precisa ser encarada com essa
naturalidade.
A idade avançada é acompanhada por perdas, acentuando-se os problemas de saúde,
de depressão, e, muitas vezes, de rejeição, apesar de ser a fase da sabedoria e da maturidade.
As alterações psicológicas surgem através de diversos fatores que podem conduzir ao
engrandecimento ou ao esgotamento do idoso. Com o envelhecimento, as habilidades
verbais, a memória e a atenção diminuem com muita facilidade, mas concluo que não há
uma data ou um momento específico para isso acontecer. Se dermos uma ajudinha, o idoso
consegue trazer ao decima, memórias e recordações que já estavam no ―sótão‖ e que afinal
o fizeram muito feliz.
Esta recolha veio ajudar a reviver um passado que eles julgavam apagado.
Mas afinal, ainda ficou muita sabedoria na memória de cada um, pois como se
conclui, “ Nem tudo o tempo levou”…
A todos os que contribuíram para a realização deste portefólio, um grande bem-Haja.