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RELATÓRIO DE ESTÁGIO Atividade Física para a Terceira Idade: Envelhecimento ativo e com qualidade de vida Relatório de estágio profissionalizante para a obtenção do grau de Mestre em Atividade Física para a Terceira Idade, ao abrigo do artigo 20º do Decreto-Lei 74/2006 de 24 de Março. Cristiana de Oliveira Fernandes Porto, 2014

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Atividade Física para a Terceira Idade:

Envelhecimento ativo e com qualidade de vida

Relatório de estágio profissionalizante para a

obtenção do grau de Mestre em Atividade

Física para a Terceira Idade, ao abrigo do

artigo 20º do Decreto-Lei 74/2006 de 24 de

Março.

Cristiana de Oliveira Fernandes

Porto, 2014

Fernandes, C. (2014) Relatório de Estágio. Atividade Física para a Terceira

Idade: Envelhecimento ativo e com qualidade de vida. Porto: C. Fernandes.

Relatório de estágio profissionalizante para a obtenção do grau de mestrado

em Atividade Física para a Terceira Idade apresentado à Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ENVELHECIMENTO, ATIVIDADE FÍSICA, QUALIDADE

DE VIDA, TREINO MULTICOMPONENTE, MARCHA.

II

Índice

Índice de Quadros ............................................................................................. IV

Índice de Anexos ................................................................................................ V

Resumo ............................................................................................................. VI

Abstract ............................................................................................................ VII

Introdução .......................................................................................................... 1

Capítulo 1 – Caraterização Pessoal ................................................................... 3

1. Eu, no meu percurso académico e profissional ..................................... 4

1.1.O que me espera?................................................................................. 5

Capítulo 2 – Enquadramento da prática profissional .......................................... 6

2. Revisão da Literatura ............................................................................ 7

2.1. Envelhecimento e suas causas ...................................................... 7

2.2. Corporalidade do Idoso .................................................................. 8

2.3. Doenças e problemas próprios do indivíduo idoso ....................... 10

2.4. Atividade Física e seus objetivos específicos durante a terceira

idade……………. ...................................................................................... 12

2.5. Recomendações e orientação de exercício físico na Terceira

Idade…….. ................................................................................................ 14

2.5.1 Capacidades motoras que devem ser trabalhadas e suas

recomendações.……………………………………………………………...15

2.6. Avaliação Física na Terceira Idade ............................................... 22

Capítulo 3 - Caracterização Geral do Estágio .................................................. 25

3. O Estágio na sua generalidade ........................................................... 26

3.1 Grupo do Programa de Ginástica de Manutenção da FADEUP ...... 27

3.2 Grupos do Programa de Marcha “Espinho em Forma” .................... 28

Capítulo 4 – Realização da Prática Profissional ............................................... 30

III

4. Na prática ............................................................................................ 31

4.1 Grupo da Ginástica de Manutenção da FADEUP ............................ 31

4.1.1 Avaliação Física Inicial………………………………………………..31

4.1.2 Metodologia de Treino………………………………………………...35

4.1.3 Evolução dos alunos e adaptação ao treino………………………..40

4.1.4 Dificuldades, obstáculos e entraves nas aulas……………………..46

4.2 Grupo da Marcha de Espinho…………………………………………..47

4.2.1 Avaliação Física Inicial………………………………………………..48

4.2.2 Metodologia de Treino………………………………………………...51

4.2.3 Evolução dos alunos e adaptações ao treino……………………....52

4.2.4 Dificuldades, obstáculos e entraves nas aulas……………………..57

Capítulo 5 - Conclusão ..................................................................................... 58

Capítulo 6 - Síntese Final ................................................................................. 60

Capítulo 7 - Referências Bibliográficas ............................................................ 62

Capítulo 8 - Anexos ......................................................................................... VIII

IV

Índice de Quadros

Quadro 1: Intensidade e duração de exercícios aeróbios

Quadro 2: Resultados obtidos na avaliação inicial na turma de Ginástica de

Manutenção da FADEUP

Quadro 3: Planeamento Anual – Ginástica de Manutenção FADEUP

Quadro 4: Resultados obtidos na avaliação intermédia na turma de Ginástica

de Manutenção da FADEUP

Quadro 5: Resultados obtidos na avaliação final na turma de Ginástica de

Manutenção da FADEUP

Quadro 6: Resultados obtidos na avaliação inicial na turma da Marcha do

Programa “Espinho em Forma”

Quadro 7: Resultados obtidos na avaliação intermédia na turma da Marcha do

Programa “Espinho em Forma”

Quadro 8: Resultados obtidos na avaliação final na turma da Marcha do

Programa “Espinho em Forma”

V

Índice de Anexos

ANEXO 1: Questionário de Avaliação Inicial - Anamnese

ANEXO 2: Protocolo dos Testes de Aptidão Física e Funcional da Bateria de

Testes de Rikli & Jones (1999;2001)

ANEXO 3: Fichas de Registo da Avaliação da Aptidão Física Inicial, Intermédia

e Final

ANEXO 4: Valores de Referência do Protocolo dos Testes de Aptidão Física e

Funcional da Bateria de Testes de Rikli & Jones (1999; 2001)

ANEXO 5: Exemplo de um Plano de Treino na Ginástica de Manutenção da

FADEUP

VI

Resumo

Num mundo em que o envelhecimento é inevitável e cresce exponencialmente,

surge a necessidade de criar programas de exercício físico (EF) para a terceira

idade com o objetivo de que esse envelhecimento seja cada vez mais ativo,

saudável e com qualidade de vida. Neste estágio desenvolveram-se e

aplicaram-se dois programas de EF diferentes para idosos não

institucionalizados. No grupo de ginástica de manutenção da Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto foi realizado um treino multicomponente

envolvendo exercícios de força, resistência aeróbia, coordenação, equilíbrio,

flexibilidade e atividades lúdicas. No grupo de marcha de Espinho aplicou-se

um treino onde a resistência aeróbia foi a componente principal de trabalho,

através da caminhada.

Todos os grupos foram submetidos às devidas avaliações físicas iniciais,

intermédias e finais através da bateria de testes Functional Fitness Test (Rikli &

Jones, 1999). O objetivo destes testes foi avaliar a aptidão física e funcional

dos idosos ao longo do programa.

Este estágio profissionalizante permitiu concluir que qualquer tipo de programa

de EF para a terceira idade, quando orientado e adaptado aos idosos em

questão, traz inúmeros benefícios a nível físico e funcional, psicológico e social,

aumentando desta forma a sua qualidade de vida.

PALAVRAS-CHAVE: ENVELHECIMENTO, ATIVIDADE FÍSICA, QUALIDADE

DE VIDA, TREINO MULTICOMPONENTE, TREINO AERÓBIO.

VII

Abstract

In a world where aging is unavoidable and its exponentially increasing, there is

a need to create exercise programs for the older population in order to promote

a more active, healthier aging with better quality of life. In this internship we

developed and applied two different exercise programs for non-institutionalized

seniors. The Faculty of Sport group performed a multicomponent training

involving strength, aerobic resistance, coordination, balance, flexibility exercises

as well as ludic activities. On the other hand the Espinho, as opposed to the

marching group trained mainly aerobic endurance, mostly through walking.

Both groups where submitted to physical fitness evaluations in 3 different

momnts: initial, intermediate and final through the Functional Fitness Test of

Rikli & Jones (1999). The objective of these tests was to evaluate the physical

and functional capacity of the seniors through the program.

This professional internship allowed me to conclude that any type of exercise

program for older adults when properly adapted can induce several benefits in

physical, functional, psychological and social level contributing, therefore, for a

better quality of life.

KEYWORDS: AGING, PHYSICAL ACTIVITY, QUALITY OF LIFE,

MULTICOMPONENT TRAINING, AEROBIC TRAINING.

1

Introdução

O aumento crescente de idosos é hoje uma realidade universal. Nos

indicadores demográficos o conjunto de indivíduos com 65 e mais anos são

considerados idosos pelo Conselho da Europa e na Organização de

Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Em Portugal, tal como no

resto da Europa a população residente envelheceu, não só pela baixa

natalidade como também pelo elevado fluxo migratório em antigos períodos

que provocaram enumeras alterações na estrutura etária com o consequente

acelerar do envelhecimento demográfico.

O envelhecimento é um processo complexo que envolve inúmeras variáveis

que interagem entre si, como a genética, o estilo de vida e as doenças

crónicas, influenciando o modo como atingimos determinada idade. Esta

realidade contribui para vários problemas sociais, médicos e económicos, o

que leva a necessidade de reestruturação na saúde como forma de a preservar

para que o idoso possa levar uma vida plena e ser uma mais-valia para a

sociedade (Pinto et al, 2001).

“Não é o envelhecimento por si só que conduz a incapacidades e a doença, há

que compatibilizar o envelhecimento com uma qualidade de vida que permita

envelhecer com sucesso” (Pinto et al, 2001, p. 18). Isto é, como a esperança

de vida aumentou tornou-se importante conseguir elevar a expetativa de vida

ativa, mantendo os idosos ativos de modo a viver um envelhecimento saudável

com qualidade de vida.

Em 1995, a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1995) elaborou um

programa de saúde para a Terceira Idade onde faz um destaque à atividade

física (AF) como modo de prevenção da doença e mortalidade e manutenção

da capacidade funcional e do bem-estar da população idosa. De facto, a AF é

reconhecida como um instrumento capaz de fornecer benefícios a nível físico,

psíquico e social. Porém, esta AF deve ser adaptada às condições físicas,

clínicas e sociais de cada um, sendo que, até os idosos com grandes

limitações funcionais têm benefícios com o pouco que podem fazer. Isto facilita

a prescrição de exercícios para os idosos menos ativos, pois não é necessário

praticar exercício intenso para se alcançarem benefícios. Mesmo os idosos que

2

aumentam a actividade física ou começam a praticá-la nesta altura da vida

conseguem reduzir com eficácia vários fatores de risco para o nível dos que já

têm esse hábito há anos (Pinto et al, 2001).

Posto isto, este relatório é uma reflexão crítica do meu percurso durante o

estágio profissionalizante, unidade curricular realizada no âmbito do 2º ciclo de

estudos em Atividade Física para a Terceira Idade (ATFI) da Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), em que o seu propósito é

desenvolver competências de modo a intervir na organização e direção de

programas de EF direcionados para a terceira idade, promovendo a saúde, o

bem-estar, a autonomia e a qualidade de vida dos mesmos. Este estágio foi

composto por 3 grupos de trabalho, sendo dois deles pertencentes ao

programa “Espinho em Forma” desenvolvido pela Câmara Municipal de

Espinho, onde a atividade principal desenvolvida foi a marcha. O outro grupo

pertencia ao programa multicomponente da FADEUP.

O presente relatório é constituído por 4 partes fundamentais, começando por

um relato pessoal ao nível académico e profissional, seguido dos aspetos que

motivaram a escolha desta área de estudos, revelando as expetativas e

desafios que iriam surgir. Na segunda parte, a revisão da literatura, é composta

por um enquadramento da prática profissional, contextualizando o

conhecimento em relação à problemática do trabalho. A terceira parte é

composta pela caraterização geral do estágio, onde caraterizo as turmas e

descrevo os locais das aulas e os materiais que estes disponibilizam.

Finalmente, a realização da prática profissional dá lugar à quarta parte do

presente relatório onde faço uma descrição de toda a organização e gestão do

trabalho que desenvolvi ao longo do ano.

3

Capítulo 1 – Caraterização Pessoal

4

1. Eu, no meu percurso académico e profissional

“Choose a job you love, and you will never have to work a day in your life.”

Confucius

Sou licenciada em Desporto e Lazer pela Escola Superior de Educação do

Instituto Politécnico de Coimbra. A minha experiência profissional iniciou-se

com o estágio curricular no âmbito do terceiro ano de licenciatura com a

duração de 6 meses. Este estágio, que teve lugar num Health Club na minha

área de residência (S. João da Madeira) proporcionou-me um leque de

experiências variadas. Intervim na gestão e recepção do clube, auxiliei os

sócios do clube na secção de Musculação e Cardiofitness, observei e participei

nas diversas aulas de grupo e auxiliei na organização dos eventos do clube.

Para além disso, substituí uma professora do ginásio que se encontrava no

final da gravidez. Assim, lecionei as aulas de dance kids e teens do clube, visto

que já tinha muitos anos de experiência como dançarina e algumas formações

de dança em várias convenções de fitness. Foi uma grande oportunidade de

por mãos à obra! Esforcei-me ao máximo, não só pelo facto de que trabalhar

ao mesmo tempo com dança e crianças era um sonho e um desejo há muito

idealizado, mas também porque não podia desiludir quem confiou esta grande

responsabilidade nas minhas mãos! A festa de apresentação das coreografias

finais em meados de Junho correu muito bem, fruto do meu empenho não só

como professora mas também como amiga. A partir daí, abriu-se portas para

continuar neste caminho. Mas, ainda havia outros sonhos e caminhos para

conhecer… Foi no dia 19 de Julho de 2012, enquanto trabalhava num campo

de férias desportivo para crianças, que recebo um telefonema de uma amiga

que me dá a feliz notícia que tinha conseguido entrar no Mestrado de Atividade

Física para a Terceira Idade na FADEUP! Naquele momento tive um misto de

emoções, depois da euforia e de tanto saltar comecei a chorar…o grupo de

crianças, entre os 5 e 7 anos, com o qual trabalhava ficaram muito confusos e,

alguns até um pouco preocupados. Um deles, ainda me recordo como se fosse

hoje, perguntou-me “Monitora, porque estás a saltar tão alto como um

canguru? Saiu-te o euromilhões?” E eu respondi “Não melhor. ENTREI EM

5

MESTRADO!” E eles logo perguntaram “O que é isso?!” Que grande momento,

que grandes recordações…

A verdade é que sempre tive um carinho muito especial pelas pessoas idosas.

Admiro cada ruga de expressão que eles carregam, pois estas estão ligadas a

cada uma das experiências que os transformaram em seres de luz e amor.

Assim, de uma admiração quase inexplicável, surgiu o desejo de querer

contribuir na saúde, na qualidade de vida e na felicidade destas pessoas,

decifrando assim o novo caminho a percorrer.

Optei pelo estágio ao invés da tese, não só para ganhar experiência

profissional mas também como forma de aprender a lidar e a conviver com os

idosos diariamente, encarando-o como um desafio enriquecedor, pois nunca

antes trabalhei especificamente com esta população-alvo.

1.1.O que me espera?

Com a população cada vez mais envelhecida, surge a necessidade de criar

programas e estabelecer estratégias para promover um envelhecimento

saudável, ativo e com qualidade de vida.

Acredito que o meu interesse pessoal nesta área, aliado a este desafio da

sociedade atual é uma grande aposta. Não será tarefa fácil, já que não tenho

qualquer experiência nesta área, a não ser os conhecimento e ferramentas que

obtive nas unidades curriculares do primeiro ano deste mestrado. Será um

longo e árduo caminho a percorrer, mas sei que irá valer a pena cada segundo

de trabalho e dedicação empregue. Então, mãos à obra!

6

Capítulo 2 – Enquadramento da prática profissional

7

2. Revisão da Literatura

Envelhecimento e suas causas 2.1.

Todos nós envelhecemos, é a grande certeza da vida. Porém a sua

manifestação varia de indivíduo para indivíduo. O declive a nível físico, que

leva consequentemente a alterações psicológicas e sociais é a grande

caraterística da velhice (Porto, 2008). “O envelhecimento é um processo

irreversível que afeta de modo progressivo os vários órgãos e sistemas,

verificando-se um declínio quase linear de todas as funções a partir dos trinta

anos” (Pinto et al, 2001, p. 128). Este processo pode ser mais precoce nuns e

mais lento noutros, por variadas razões, tais como, a genética e o estilo de

vida, nomeadamente a alimentação, a AF e a exposição a tóxicos.

As principais causas de degradação da qualidade de vida na terceira idade é a

perda de autonomia e independência.

Existem várias teorias que explicam o processo do envelhecimento no nosso

organismo. A Teoria da Substância Vital defende que o DNA é a substância dos

genes fundamentais e que as mudanças associadas à idade se deve à perda

dessa substância. Na Teoria da Velocidade de Vida, diz que a variação da

longevidade com o metabolismo basal pode relacionar-se com mecanismos de

stress oxidativo responsáveis pelo aumento da lesão interna das células e

tecidos que levam ao aumento do desequilíbrio interno e, consequentemente

na morte. Na Teoria do Envelhecimento Celular é defendido que a longevidade

é determinada geneticamente, tendo em conta que a célula tem um número de

replicações limitado. Já a Teoria do Stress Oxidativo diz que pode ocorrer

danos se um radical livre tenta reagir com uma molécula importante. Ou seja,

poderão surgir danos nas macromoléculas biológicas se os radicais livres não

forem desativados por enzimas ou moléculas antioxidantes. Assim, esta teoria

surgiu de um fenótipo do envelhecimento constituído pela acumulação destas

moléculas nas células e nos tecidos, devido a um aumento da produção das

espécies reativas de oxigénio ou da diminuição da capacidade antioxidante e

da velocidade de remoção e reparação destas. A Teoria Neuroendócrina, uma

das teorias genéticas mais pertinentes, defende que as mudanças nas

8

glândulas endócrinas originam o envelhecimento. Um dos exemplos é o facto

de aquando a menopausa, dá-se uma incapacidade funcional do sistema

reprodutor feminino onde diminui a secreção hormonal, constando um fenótipo

do envelhecimento. Com o avanço da idade, os níveis hormonais de

crescimento diminuem, associado a um aumento da adiposidade e da perda de

massa magra. No hipotálamo, o aumento da produção de espécies reativas de

oxigénio diminui em velocidade a funcionalidade dos neurónios do hipotálamo

levando, consequentemente, a um rápido processo de envelhecimento. A

Teoria das Ligações Cruzadas apresenta o processo do envelhecimento

através do desgaste do colagénio. As ligações cruzadas são as moléculas

paralelas de que a proteína do colagénio é composta. Com o avanço da idade,

estas ligações cruzadas vão aumentando, levando ao desenvolvimento do

envelhecimento, já que o sistema torna-se menos flexível impedindo os

processos metabólicos. Na Teoria do Sistema Imunológico diz que os idosos

tornam-se menos resistentes a infeções e doenças por perdem

progressivamente a imunidade. Isto deve-se à menor produção de anticorpos

e, até mesmo, à produção de anticorpos contra o próprio organismo que levam

ao aparecimento de doenças auto-imunes. Por fim, a Teoria da Atividade,

mostra que os idosos devem adotar bons hábitos no seu dia-a-dia mantendo-se

ativos, não só a nível físico mas também social, por forma a evitar o

aparecimento de problemas no fórum psicológico e social (Porto, 2008).

Corporalidade do Idoso 2.2.

O envelhecimento acarreta inúmeras alterações estruturais e celulares, que

“caraterizam-se pelo conteúdo de água intracelular, armazenamento de

glicogénio, infiltração ou degradação adiposa, modificações no tecido

conjuntivo na estrutura celular e no ritmo de modificação celular” (Porto, 2008,

p. 43). Entre os 20 e os 90 anos é perdida no nosso organismo uma

percentagem (30%) de sódio e potássio. Na nossa massa corporal dá-se uma

progressiva diminuição da água intracelular, cerca de 45% aos 25 anos e 33%

aos 75 anos de idade. Esta alteração pode justificar-se por uma substituição do

tecido magro por tecido adiposo.

9

Nesta fase da vida é frequente um aumento do glicogénio hepático, devido aos

níveis elevados de glicose sanguínea e à tendência de diabetes (Porto, 2008).

A maturação e o envelhecimento conduzem a alterações nas propriedades e

nas proporções das componentes do tecido conjuntivo devido a alterações

funcionais nos fibroblastos e nas moléculas, que segregam o tecido e têm um

ritmo de modificação mais lento, respetivamente. O colagénio, um dos

principais componentes do tecido conjuntivo que altera-se igualmente com a

velhice. Por um lado, dá-se um aumento da quantidade de colagénio, tornando-

se mais estável e firme em variados tecidos, como é o caso do tecido muscular

devido à maturação das ligações cruzadas. Por outro lado, perde-se a

capacidade de gerar força que acontece nos músculos estriados senescentes,

indicando assim a diminuição da massa muscular (Porto, 2008).

Sucede-se, também, uma progressiva diminuição do número de células

funcionais, verificando-se pelo declínio da massa na maior parte dos órgãos e a

diminuição da massa magra total (Porto, 2008).

Assim, ao iniciar-se o processo de envelhecimento o indivíduo começa a perder

massa muscular, a denominada massa magra. Esta situação causa o aumento

da massa gorda. Outra das razões que também vai agravando o aumento da

massa gorda e que acontece muito nesta fase da vida é o facto da ingestão

calórica não ser doseada da melhor maneira com a diminuição da prática de

AF. Com o aumento da idade há, também, uma dificuldade na mobilização da

gordura de reserva. Barata e Clara in (Barata et al, 1997, p. 228) dizem que “os

poucos estudos longitudinais realizados revelam que a massa magra perde-se

a uma taxa de cerca de 3kg por década”. Esta perda é explicada não só pela

diminuição da massa muscular mas também pela diminuição da massa óssea,

sendo esta última mais evidente nos indivíduos do sexo masculino. Porém, não

nos podemos estar a restringir apenas nos processos biológicos do avanço da

idade para explicar esta situação. A diminuição dos hábitos de AF é notável na

sua corporalidade e, é talvez a razão principal desta perda de massa magra,

pois os adultos que mantêm a prática têm uma menor diminuição da massa

óssea. Com isto verifica-se a grande importância da prática de AF ao longo dos

anos, essencialmente na terceira idade (Barata et al, 1997, p. 228).

10

Doenças e problemas próprios do indivíduo idoso 2.3.

Sabe-se que o aumento do tempo de vida reduz a capacidade funcional dos

vários aparelhos e sistemas, aumenta o prevalecimento de doenças crónicas e

a maior ocorrência de situações agudas (Pinto et al, 2001). Porém estes

problemas e doenças estão mais relacionados com o estilo de vida do que

propriamente com a idade cronológica do idoso. Todas as alterações que

advêm nesta fase da vida levam a desequilíbrios no organismo e deixam o

idoso cada vez mais enfraquecido, diminuindo a sua expectativa de vida ou

mesmo levando-o a uma morte prematura (Civinsk, Montibeller, & Braz, 2011).

A Artrose é uma doença reumática que prevalece muito nesta idade, tendo

vindo a aumentar consequentemente com o aumento da esperança média de

vida. É um problema que tem muito impato socioeconómico, já que pode levar

à ausência do indivíduo no trabalho (Terra, 2010). É uma doença que destrói

progressivamente a cartilagem das articulações, tendo maior incidência nas

mulheres. Existem várias hipóteses que justificam o aparecimento da mesma.

Ela não se desenvolve por uma única causa, mas sim por um conjunto de

fatores genéticos, bioquímicos, biológicos e mecânicos. Fatores de risco,

esses, como a idade avançada; a obesidade; traumas nas articulações e

movimentos repetitivos devido à ocupação e/ou desporto que praticam há

anos; o facto de terem parentes com a doença; e alterações metabólicas na

massa óssea (Terra, 2010). Os sintomas da artrose são as dores nos

movimentos das articulações afetadas e normalmente desaparece em repouso.

Noutras situações pode manifestar-se apenas por apalpação ou é intensificada

quando está mais frio. Em casos avançados os doentes podem sentir uma

grande dificuldade em tarefas simples de rotina diária (Terra, 2010).

A Artrite Reumatóide resulta de um processo autoimune, sendo uma doença do

colagénio. Mas também pode resultar em atrofia muscular, alterações ósseas e

de cartilagem. Esta é mais comum nas mulheres e causa lesão na cartilagem e

do osso das articulações, instabilidade dos ligamentos e tendões e inflamação

da sinóvia. São vários os sintomas da artrite reumatóide: dor; rigidez articular;

febres ocasionais; cansaço; e mal-estar. Quando a doença está mais avançada

são observados deformidades e problemas mais graves (Wold, 2013).

11

A Aterosclerose, uma outra doença muito frequente no idoso, significa

endurecimento da artéria, de caráter progressivo. Isto acontece devido à

migração, infiltração e proliferação de lípidos (ateromas) com agentes

inflamatórios e infeciosos que obstruem as artérias. Este acontecimento

desenvolve-se silenciosamente até comprometer, assim, o suprimento de

sangue aos tecidos e desencadeando um evento cardiovascular agudo (Terra

et al, 2010).

A Hipertensão é uma desordem resultante da interação de fatores genéticos e

ambientais, como o consumo de sal em excesso, stress físico e mental,

consumo de álcool, sobrepeso, inatividade física, baixo consumo de potássio,

diminuição da síntese, aumento do volume extracelular dos fluídos e,

biodisponibilidade de óxido nítrico. Nos idosos está associada a eventos

cardiovasculares que pioram a vida dos mesmos. A progressão desta doença

deve-se às alterações das propriedades vasculares da aorta, que ocorrem com

o envelhecimento (Miranda et al, 2002).

As doenças cardiovasculares mais comuns na terceira idade são a insuficiência

cardíaca, a doença arterial coronária, arritmias cardíacas, doenças das válvulas

do coração e miocardiopatia hipertrófica (Civinsk, Montibeller, & Braz, 2011).

A Osteoporose carateriza-se por uma redução progressiva da massa óssea e

pelas modificações da arquitetura do tecido ósseo trabecular. Isto leva

consequentemente a um estado de fragilidade óssea e aumento do risco de

fraturas. Esta é uma doença osteometabólica que pode ser generalizada ou

localizada (Civinsk, Montibeller, & Braz, 2011). Este problema é mais comum

nas mulheres com mais de 50 anos devido à falta de estrógeno depois da

menopausa. Existem dois tipos de osteoporose, o tipo I apresentam fraturas

das vértebras e da extremidade distal do rádio (8 vezes mais comum nas

mulheres) e o tipo II apresentam fraturas nos quadris, pelve e porção distal do

úmero (duas vezes mais comum nas mulheres) (Howley & Franks, 2000).

Os diabetes são um problema de saúde pública, que envolve o metabolismo

das gorduras, da glicose e das proteínas. São provocados pela deficiência da

produção e/ou ação da insulina, que leva consequentemente a problemas

agudos e a situações crónicas. Este distúrbio pode surgir rapidamente ou

12

instalar-se lentamente, apresentando graves consequências tanto de uma

forma como de outra (Civinsk, Montibeller, & Braz, 2011).

A doença do Alzheimer leva a problemas de memória e interfere na

comunicação, devido à falta de raciocínio que esta doença proporciona. Isto

dá-se devido a um problema degenerativo do cérebro representado por lesões

que matam os neurónios, havendo assim uma perda progressiva deste mesmo

declínio. Dá-se uma deposição de um conjunto de proteína beta amilóide nas

células; e a modificação da proteína tau que se encontra no interior dos

neurónios como parte dos microtúbulos. Para estes doentes, as atividade que

são normalmente fáceis de executar tornam-se muito difíceis, sendo preciso

um esforço enorme para as realizar (Terra, Doenças Geriátricas e Exercícios

Físicos, 2010).

As quedas são um enorme problema na terceira idade. Estas podem vir

acompanhadas de perda de consciência e/ou lesão. A fratura do fémur é das

fraturas mais graves (Terra, 2010). As causas mais comuns relacionadas às

quedas são a idade avançada (acima dos 85 anos); problemas de equilíbrio e

instabilidade postural; imobilidade ou um indivíduo que possui marcha lenta

com passos curtos; diminuição da força muscular; debilidade; e desmaios

(Terra, 2010). A falta de visão e audição; uso de medicamentos psicotrópicos;

convulsões; problemas de coluna, artrose; osteoporose; doenças de coração;

doenças respiratórias; doenças psiquiátricas; anemia; e doenças urológicas

são problemas que podem estar relacionados a quedas (Terra, 2010). Existem

também fatores ambientais que são propícios a quedas como pouca

iluminação; desníveis; tapetes soltos; a ausência de corrimões e escadas e

outras descidas; degraus altos; e o tipo de sapatos como os chinelos. (Terra,

2010).

Atividade Física e seus objetivos específicos durante a terceira 2.4.

idade

A diminuição dos níveis de atividade física habitual no idoso leva a uma

redução significativa da aptidão funcional e ao aparecimento de variados

problemas e diversas doenças relacionadas com o processo de

13

envelhecimento, mencionadas anteriormente. Isto contribui para a perda da

capacidade funcional. Deste modo, a prática de exercícios físicos nesta idade

tem sido implementada como estratégia para prevenir as perdas nos

componentes da aptidão física funcional e da saúde (Tribess & Virtuoso, 2005).

De facto, os benefícios da atividade física na saúde são observados em

qualquer idade, sexo, raça, etnia e, também, nas pessoas com doenças

crónicas e necessidades especiais (Carvalho & Marega, 2012).

É de real importância a exercitação física durante a terceira idade de modo a

contornar o processo biológico normal do idoso que acarreta graves problemas

na sua saúde. Segundo o autor (Pinto et al, 2001, pp. 128-129) “…a atividade

física regular e adequada à capacidade do idoso contraria o efeito do

envelhecimento, quer a nível físico, quer a nível psíquico, sendo os aparelhos

cardiovascular, respiratório, locomotor e neurológico, os mais beneficiados.”

Os objetivos específicos da AF nesta faixa etária são essencialmente a

diminuição da massa gorda, a manutenção da densidade óssea, reduzindo a

prevalência de osteoporose com o atraso do processo osteoporótico,

diminuição do risco de doença cardiovascular como a Hipertensão Arterial e a

diminuição do risco de doença metabólica como os Diabetes Mellitus e

Dislipidémia. Favorece, também, um melhor valor total de Colesterol e melhora

o padrão do sono. Outro dos objetivos é o atraso das lesões degenerativas do

aparelho locomotor; o aumento da independência funcional e da amplitude do

movimento articular; a melhoria da estabilidade postural e a diminuição das

quedas com a melhoria do equilíbrio. A atividade física nesta altura da vida

melhora ainda o estado psicológico, aumenta a agudeza mental, diminui o risco

de depressão e aumenta o desenvolvimento da socialização (Pinto et al, 2000)

& (ACSM, 2010).

“A atividade física reduz o risco de morte prematura, prevenindo morte por

doença cardiovascular, por cancro ou outras doenças” (Carvalho & Marega,

2012, p. 57). A atividade física pode não aumentar significativamente a

longevidade como diz os estudos de Paffenbarger, mas sem dúvida que é

sempre sentido o seu efeito benéfico com o atraso do envelhecimento físico e

mental, o que permite ao idoso manter a autonomia e a independência por

14

muito mais tempo. Deste modo é possível transitar da curva de envelhecimento

patológico para o padrão de envelhecimento fisiológico (Pinto et al, 2001).

Recomendações e orientação de exercício físico na Terceira Idade 2.5.

Para alcançar os benefícios para a saúde na terceira idade, recomenda-se uma

acumulação semanal no mínimo de 150 minutos de prática de atividade física

aeróbia de intensidade moderada ou uma prática de atividade física aeróbia de

75 minutos semanais numa intensidade mais vigorosa. Os exercícios de força

também devem ser incluídos num programa de EF para esta faixa etária com

uma intensidade moderada a elevada com frequência de pelo menos 2 vezes

por semana. Todos os exercícios e atividades que ofereçam ganhos favoráveis

no equilíbrio do idoso também devem ser implementados pelo menos 3 dias

por semana, de forma a diminuir um dos grandes problemas nesta faixa etária,

as quedas (Henriques, 2013).

O EF pelo indivíduo idoso deve ser sempre precedido de exame clínico

completo tanto no início como no reinício da prática para que se possa obter o

nível da sua aptidão. Ou seja, é necessário detetar as diminuições e avaliar as

diferentes capacidades, com o objetivo de implementar um programa de

trabalho adequado e realista às suas capacidades (Pinto et al, 2000).

Independentemente do seu estado de saúde, o idoso deve aconselhar-se com

o médico antes de executar atividades e exercícios de intensidade vigorosa,

devido ao risco que podem apresentar, como a ocorrência de quedas ou

problemas cardiovasculares (Henriques, 2013).

De facto, é muito importante que o programa seja bem ajustado ao idoso para

que haja uma boa aceitação e continuidade ao programa estabelecido.

Periodicamente é necessário realizar-se uma nova avaliação de modo a

adaptar o programa inicialmente estabelecido com o objetivo de manter o idoso

motivado, mantendo a sensação de bem-estar físico, psicológico e o nível de

autoestima (Pinto et al, 2000).

O planeamento de programas de AF para idosos deve incluir exercícios

aeróbios, de força e resistência para obter bons resultados ao nível

cardiovascular e a nível muscular, aumentando a massa e a força muscular. De

15

facto, “…estudos denotam a importância da execução dos exercícios de força

para a manutenção do equilíbrio, agilidade e da capacidade funcional dos

idosos” (Porto, 2008, p. 65). Assim, torna-se essencial realizar exercícios com

pesos de forma a estimular a musculatura, estimulando a força muscular e

auxiliando a manutenção da postura e do equilíbrio. Deve-se dar preferência ao

trabalho dos grandes grupos musculares, com 8 a 10 repetições em duas

séries. Quanto à frequência de treino de exercícios de reforço muscular é

aconselhado 2 a 4 vezes por semana e para as atividades físicas em geral

aconselha-se uma duração entre 30 a 60 minutos, pelo menos três vezes por

semana (Pinto et al, 2000).

Na terceira idade, são várias as atividades aconselháveis. Cada um tem a

liberdade de escolher ao seu gosto a atividade que prefere, desde que esteja

em conformidade com as suas limitações físicas e patológicas (Pinto et al,

2000). Muito importante também, é pôr de parte todas as atividades com

carácter competitivo, pois poderá levar os idosos a exceder a sua reserva

funcional comprometendo todos os benefícios que a prática regular oferece. A

competitividade pode ser inimiga do idoso pelo simples facto de muitos

ignorarem as suas capacidades reais e terem muito amor-próprio (Pinto et al,

2000).

2.5.1. Capacidades motoras que devem ser trabalhadas e suas

recomendações

Resistência Aeróbia

A atividade ideal para os idosos é a aeróbia, considerado o exercício que traz

mais benefícios para a saúde, que se estendem ao emagrecimento e à melhora

do sistema cardiovascular contribuindo para o aumento do VO² Máximo. Este é

um fator importante para qualquer pessoa, em especial o idoso porque toda

atividade funcional exige um mínimo de condicionamento (Dantas & Oliveira,

2003, p. 33).

16

O treino aeróbio ajuda a manter e melhorar aspetos da função cardiovascular,

como o volume de oxigénio máximo, o débito cardíaco e a diferença

arteriovenosa de oxigénio, como também ajuda a desenvolver a performance

submáxima (ACSM, 2010). Contribui nas reduções dos fatores de risco

associados aos estados de doença cardíaca, diabetes, entre outros.

Os exercícios como a caminhada, a dança aeróbica, a ginástica aeróbia, a

natação, a hidroginástica e pedalar na bicicleta são formas de exercícios

aeróbicos rítmicos que utilizam os grandes grupos musculares, muito

favoráveis nesta fase da vida (ACSM, 2010).

Na prescrição da AF aeróbia, especificamente nesta fase da vida, deve haver

uma combinação das seguintes variáveis: modo, intensidade, duração e

frequência semanal. Especialmente nesta idade, quando se inicia ou se reinicia

a AF, deve-se começar sempre de forma gradual. São recomendáveis

exercícios de baixa intensidade com um menor período de duração com

atividades de natureza aeróbia que possam utilizar grandes grupos

musculares. Estas atividades devem ser de baixo impacto e têm de obedecer a

uma intensidade progressiva, “podendo a média da frequência cardíaca

máxima ser moderada para 50-70% da frequência cardíaca máxima e a

duração dos exercícios diminuída para 40-50min (ACSM, 1998.” (Dantas &

Oliveira, 2003, pp. 35-36).

Na literatura verifica-se grande diversidade de recomendações quanto à

intensidade e duração dos exercícios aeróbios (Quadro 1). (Tribess & Virtuoso,

2005) Assim, os idosos devem participar em atividades aeróbias de intensidade

moderada com duração de 30 minutos, durante cinco dias por semana, ou

realizarem estas mesmas atividades com uma intensidade um pouco mais alta

com duração do 20 minutos durante três dias por semana. Mas a duração e a

intensidade da atividade vai depender do estágio inicial que o geronte se

encontra e, nesse caso, deve-se iniciar uma atividade apenas de 4-5 minutos

com duração até três vezes por semana. Depois dessa semana inicial pode-se

acrescentar gradualmente 1-2 minutos diários em cada sessão de treino até

alcançar os 20 minutos mínimos aconselháveis numa atividade contínua

17

aeróbia. Segundo o ACSM (2003), a fase inicial dura cerca de 4 semanas

(Dantas & Oliveira, 2003).

A ginástica de manutenção (fitness, aeróbia) constitui uma excelente opção

para limitar, estabilizar e inverter a progressão dos disfuncionamentos, desde

que o treino do participante seja controlado pelo professor. A possibilidade de

acompanhar a sessão com música torna-a ao mesmo tempo uma situação

lúdica e de convívio no próprio treino (Gobetel, 2005).

Quadro 1: Intensidade e duração de exercícios aeróbios

Força

Com a idade, dá-se um decréscimo da massa muscular, denominada

sarcopenia, que leva à redução da força muscular, componente importante do

envelhecimento normal (ACSM, 2010).

O treino de força, tal como a atividade de resistência aeróbia, é das atividades

mais importantes a serem desenvolvidas com esta população. Ao trabalhar a

força muscular, a massa muscular vai aumentar, contribuindo para a redução

das quedas e imobilidade e aumento da densidade óssea. Este tipo de treino

deve ter uma prática regular de três vezes por semana, em que os exercícios

devem trabalhar os grandes grupos musculares (Terra, Silva, & Shimidt, 2007).

18

Deve haver um mínimo de 48 horas de repouso entre as sessões para a

recuperação da muscular e a prevenção do treino em demasia (Tribess &

Virtuoso, 2005).

Uma sessão deve conter de 8-10 exercícios diferentes para diferentes grupos

musculares. “Cada repetição deve ser executada lentamente, utilizando toda a

amplitude de movimento, sem prender a respiração no esforço” (Terra, Silva, &

Shimidt, 2007, p. 27). O controlo da respiração é muito importante na execução

dos exercícios de força. Deve-se inspirar antes de levantar o peso, preparando

o exercício e expirar durante a contração do músculo, voltando a inspirar

durante o retorno à posição inicial. (Tribess & Virtuoso, 2005)

Os exercícios devem realizar-se de 8-12 repetições e o treino deve ser

direcionado para o trabalho dos grandes grupos musculares (glúteo, peitoral,

abdominais grande dorsal, quadríceps, deltóide, entre outros) importantes para

as atividades do dia a dia. Os participantes devem ser capazes de realizar as

sessões de treino de força num período de 20-30 minutos (Tribess & Virtuoso,

2005).

Coordenação Motora

A coordenação também é uma componente que se não for trabalhada

deteriora-se com a idade. Esta deve ser trabalhada progressivamente, evitando

quedas (Dornelles & Costa, 2003). A prática de exercícios de coordenação traz

benefícios para as tarefas diárias e atividades domésticas. Uma das atividades

ideais para este tipo de trabalho é a dança (Dornelles & Costa, 2003).

Flexibilidade

A flexibilidade compreende a amplitude de movimento de uma articulação

simples e múltipla e a habilidade para desempenhar as tarefas específicas. O

envelhecimento afeta a estrutura e função dos tecidos (osso, músculo, tecido

conectivo) em termos de amplitude específica do movimento nas articulações e

a flexibilidade é reduzida na performance das tarefas motoras (ACSM, 2010).

Esta é uma capacidade essencial que se deve desenvolver e manter, muito

importante para a realização das tarefas diárias. Contudo, em consequência da

19

inatividade física, é perdida rapidamente (Dantas & Oliveira, 2003). Assim, visto

que a flexibilidade está presente em muitas atividades do ser humano, deve-se

retardar os efeitos do envelhecimento sobre a mesma praticando exercícios

específicos para a sua melhora e manutenção (Dantas & Oliveira, 2003).

Um programa de treino de flexibilidade deve ser um programa regular e

planeado, implementando a amplitude utilizável de movimento das várias

articulações, progressivamente (ACSM, 2010). Os exercícios devem ser

realizados no mínimo três vezes por semana, tendo mais benefícios se for

treinada diariamente, entre 15-30 minutos (Tribess & Virtuoso, 2005).

A flexibilidade pode ser trabalhada de diferentes maneiras. No método

dinâmico, a flexibilidade é trabalhada contraindo os músculos agonistas, com a

máxima extensão dos músculos antagonistas. No método estático, os

exercícios são executados com a ajuda de uma pessoa, com os músculos

relaxados, mantendo a posição por um determinado tempo. Já no método

misto, os movimentos realizados consistem na contração dos músculos

agonistas contra uma força externa, levando a um maior relaxamento dos

músculos antagonistas (Dantas & Oliveira, 2003). Neste tipo de exercícios, os

movimentos devem ser lentos e a amplitude do movimento articular não deve

causar dor. Estes movimentos devem ser seguidos de alongamento estático de

10-30 segundos com algumas repetições (Tribess & Virtuoso, 2005).

Pode-se utilizar materiais como colchões, cadeiras/bancos, bastões, faixas,

bolas, entre outros, por forma a facilitar a execução dos movimentos e manter a

postura correta (Tribess & Virtuoso, 2005).

Alguns estudos indicam propostas de treino indireto para ganhos positivos na

flexibilidade, como a caminhada, a dança ou exercícios aeróbios combinados

com exercícios de alongamento, pois estes exercícios incrementam a

amplitude de movimento de uma articulação, devendo por isso fazer parte de

um programa de treino para pessoas idosas (ACSM, 2010).

Equilíbrio

A estabilidade postural na terceira idade “é afetada por alterações no sistema

sensorial e motor, assim como nos sistemas de maior nível, incluindo gânglio

20

basal, cerebelo, sistema perceptivo que interpreta e transforma a informação

sensorial recebida” (ACSM, 2010). Os sistemas sensoriais (visual, sensorial e

vestibular) são alterados, fornecendo consequentemente possíveis informações

reduzidas ou inapropriadas nos meios de controlo postural. Deste modo,

percebe-se que com o avanço da idade o equilíbrio diminui, levando

consequente ao aumento das quedas e, com elas, as fraturas ósseas (ACSM,

2010).

“Trabalhos de perceção sensorial são importantes para manter o equilíbrio”

(Terra, Silva, & Shimidt, 2007, p. 276). Atividades como a Ioga e o Tai Chi são

uma boa aposta para este tipo de população, pois melhora o comportamento

motor em termos de equilíbrio. A caminhada também é considerada, em alguns

casos, como uma atividade de estabilidade dinâmica tanto para o treino

propriamento dito como para avaliar a aptidão do idoso (ACSM, 2010).

Os exercícios de equilíbrio são executados do tipo estático e/ou dinâmico,

cingindo giros lentos, coordenação do corpo, ausência de estímulo visual e

combinações de manipulação. Os exercícios têm duração de 10-30 segundos

com algumas repetições para cada exercício ou posição, tendo um treino de

equilíbrio cerca de 10-15 minutos de duração (Tribess & Virtuoso, 2005).

Tal como na componente de flexibilidade, alguns autores defendem a

implementação de programas de treino amplos que incluam treino de

coordenação, equilíbrio, aeróbio e de força, como modo de trabalhar o

equilíbrio, porém nem sempre é possível de perceber qual a componente que

mais promoveu as alterações na estabilidade postural do indivíduo idoso (Terra,

Silva, & Shimidt, 2007).

Aquecimento e relaxamento

O aquecimento bem como o relaxamento foram desenhados para permitir uma

transição segura e uma adequada recuperação em relação numa sessão de

treino, pois são especialmente importantes para os idosos de modo a prevenir

lesões e facilitar uma função o mais eficiente possível (Norman, 2005). O

aquecimento e o relaxamento são precauçoes importantes não só para a

segurança no que toca a manipular os riscos do exercício como também é um

21

tempo propício para os participantes estabelecerem conexões sociais e

emocionais (Norman, 2010). Estes são muito importantes antes (aquecimento)

e depois (relaxamento) de uma atividade aeróbia (Baechle & Westcott, 2010).

Segundo Nieman (1999) citado por (Norman, Principles of the warm-up and

cool-down, 2005), o aquecimento é definido pelo aumento de temperatura dos

músculos e do sangue para a transição do corpo em estado de repouso para o

ativo. Esta compomente inicial do treino aumenta gradualmente a circulaçao e

frequência cardíaca e prepara o corpo para os movimentos que irão ser

realizados durante a sessão de treino (Brill, 2004). Uma vez que o fluxo

sanguíneo não se adapta de forma instantânea é necessário um período de

transição. Assim, o aquecimento aumenta a temperatura corporal interna

resultando em alterações que preparam os sistemas cardiopulmonar,

neuromuscular e metabólico para o exercício de elevada intensidade (Norman,

Principles of the warm-up and cool-down, 2005). Segundo o ACSM (2000)

citado por (Norman, 2005), incluir o aquecimento na sessão de treino melhora a

eficiência da resposta cardiovascular e pode prevenir uma variedade de

irregularidades cardiovasculares frequentemente associadas a esforços

repentinos. A consequência natural de todas estas adaptações é uma melhoria

no metabolismo. A eficiência dos mecanismos musculares também melhoram

e, por isso, os movimentos que requerem força, potência e coordenação

também tornam-se mais eficazes. Além da contração, a elasticidade também

melhora, sendo um elemento chave na prevenção da lesão (Norman, 2005).

Segundo alguns autores, o aquecimento deve contemplar 5-10 minutos da

sessão (Baechle & Westcott, 2010). Porém, outros autores sugerem que se

dedique 10-15 minutos de movimentos contínuos de baixa intensidade ou 20

minutos para idosos com baixa performance (Norman, 2010). Geralmente, nas

minhas sessões optarei por 10 minutos de aquecimento.

As atividades de aquecimento devem elevar gradualmente a frequência

cardíaca. Alguns exemplos de exercícios de aquecimento como caminhar,

executar movimentos rítmicos sentados ou de pé, ou mesmo usar equipamento

cardiovascular como a bicicleta ou step (Norman, 2010).

22

Quanto ao relaxamento, é importante para reduzir a temperatura corporal, a

frequência cardíaca e a respiração lentamente para níveis anteriores à

atividade (Norman, 2005). Este facilita um retorno suave ao repouso e o

sangue retorna ao coração com a ajuda de movimentos contínuos que mantêm

o músculo a contrair de forma a promover o retorno venoso das extermidade

ate ao coração, resultando numa diminuição da dor muscular (Baechle &

Westcott, 2010). São sugeridos 5 minutos para o retorno aos níveis anteriores

à atividade e 10 minutos de alongamento e relaxamento (Norman, 2005), ou

seja, caminhar ou andar de bicicleta lentamente seguido de alongamentos

(Baechle & Westcott, 2010). Deve incluir exercícios para aumentar a amplitude

de movimento, trabalhando toda a área corporal (Norman, 2005).

Assim, independentemente da modalidade de treino, todas as sessões devem

iniciar de forma progressiva com um aquecimento e terminar com um período

de retorno à calma (Terra, Silva, & Shimidt, 2007).

Avaliação Física na Terceira Idade 2.6.

A avaliação física funcional dos alunos foi realizada através da bateria de

testes de Rikli e Jones (1999), concebida para avaliar os parâmetros físicos e

funcionais associados à mobilidade e independência de indivíduos com idades

avançadas, desde os 60 até aos 90 ou mais anos de idade. Esta bateria

preocupa-se em abranger todos os idosos, ou seja, é destinado tanto para

aqueles com boa aptidão física, como para os que se encontram mais

debilitados (Rikli & Jones, 2001). Este contém sete itens para avaliar

parâmetros físicos, como o IMC; resistência aeróbia; força de MI; força de MS;

flexibilidade inferior; flexibilidade superior; agilidade e equilíbrio dinâmico. Deste

modo, a presente bateria parece ser das mais adequadas à terceira idade,

sendo que também vai de encontro aos hábitos diários do idoso. Apesar de ser

uma avaliação antiga e já muito usada em idades avançadas, tem várias

vantagens que me fizeram o eleger em relação a outros testes. O Functional

Fitness Test é uma avaliação equilibrada e abrangente. Os testes são de fácil e

rápida aplicação e requerem pouco equipamento, espaço e tempo. Esta bateria

23

de testes é reconhecida pelo seu rigor científico e pela elevada fiabilidade e

validade.

Esta avaliação física funcional deve ser realizada em circuito, de forma a evitar

os efeitos da fadiga localizada. Após um período inicial de 8 a 10 minutos de

aquecimento, devem ser formados pequenos grupos de 3 a 4 estações. A

avaliação da capacidade aeróbia não está incluída no circuito, já que deve ser

efetuada após todas as outras avaliações (Rikli & Jones, 2001).

O índice de massa corporal (IMC) foi avaliado como forma de determinar a

composição corporal dos idosos. O IMC determina-se pela relação entre a

massa corporal em kg e a estatura em m2 e, é utilizado também como indicador

do estado nutricional do idoso, devido à sua boa correlação com a massa

corporal e a baixa correlação com a estatura (Santos & Sichieri, 2005). Os

resultados do IMC obtidos devem ser comparados com os valores de

referência ajustados para os idosos em cinco categorias, sendo elas:

Desnutrição (IMC inferior a 22); Risco de desnutrição (IMC entre 22-23,9);

Eutrofia/Peso normal (IMC entre 24 e 26,9); Excesso de peso (IMC entre 27 e

30 para o sexo masculino e IMC entre 27 e 32 para o sexo feminino);

Obesidade (IMC superior a 30 para o sexo masculino e IMC superior a 32 para

o sexo feminino) (Santos & Sichieri, 2005).

Quanto à descrição dos restantes testes de aptidão física e funcional, seus

procedimentos e materiais necessários, segue-se abaixo:

No teste Estatura e Peso mede-se a estatura e o peso do idoso para

determinar o IMC (kg/m2), já descrito acima. Para avaliar o IMC é

necessário balança, fita métrica de 150cm, régua e marcador;

O teste Levantar e sentar da cadeira avalia a força e a resistência

muscular dos membros inferiores, através do número de execuções em

30 segundos, sem utilização dos membros superiores. É necessário

uma cadeira sem braços, encostada à parede por questões de

segurança;

O teste Flexão do antebraço avalia a força e a resistência dos membros

superiores, determinando o número de execuções em 30 segundos.

Para este teste é necessário cronómetro, cadeira com encosto (sem

24

apoio para braços) e halteres de mão (2,27kg para mulheres e 3,63kg

para homens);

O teste Alcançar atrás das costas avalia a flexibilidade dos membros

superiores, determinando a distância mínima alcançada entre as mãos

atrás das costas. O equipamento necessário é uma régua de 45cm;

O teste Sentar e alcançar avalia a flexibilidade dos membros inferiores,

através da distância percorrida pelas mãos em direção à ponta do pé. É

necessário uma cadeira com encosto com uma altura aproximada de

43cm e uma régua de 45cm. Por razões de segurança, a cadeira deve

ser colocada contra uma parede;

O teste Sentar, alcançar 2,44m e voltar a sentar avalia a velocidade, a

agilidade e o equilíbrio em movimento, pelo tempo de execução da

tarefa ao levantar de uma cadeira, caminhar 2,44m e voltar à posição

inicial. O equipamento necessário é um cronómetro, fita métrica, cone

(ou outro marcador) e cadeira com encosto (aproximadamente 43cm de

altura);

O teste Andar 6 minutos avalia a resistência aeróbia percorrendo a

maior distância possível a caminhar durante seis minutos. É necessário

um cronómetro, uma fita métrica comprida, cones, elásticos. Devem ser

colocadas cadeiras ao longo da parte externa do circuito, por razões de

segurança (ver anexo 2).

Os valores de referência do Functional Fitness Test de Rikli & Jones (1999;

2001) descritas acima encontram-se no anexo 4 (Rikli & Jones, 2002).

25

Capítulo 3 - Caracterização Geral do Estágio

26

3. O Estágio na sua generalidade

O presente estágio insere-se no âmbito do 2º ciclo de estudos em AFTI da

FADEUP. Os locais de estágio foram propostos pelo Gabinete de Recreação e

Lazer da FADEUP, tendo em conta os protocolos previamente estabelecidos.

O objetivo deste estágio foi trabalhar com duas realidades diferentes, de forma

a expandir o leque de experiências, aprendendo a criar, implementar e adaptar

programas diferentes de EF em diferentes grupos da terceira idade.

As minhas aulas visavam 3 grupos de trabalho, todos eles não

institucionalizados. Um dos grupos pertencia ao programa da Ginástica de

Manutenção da FADEUP, em que todos eles já frequentam o programa há

muito tempo. São idosos ativos e autónomos e a maior parte deles não

apresentam grandes limitações funcionais. Nesta turma é realizado um trabalho

multicomponente e funcional, duas vezes por semana.

Já os outros dois grupos fazem parte do programa “Espinho em Forma” da

Câmara Municipal de Espinho, que desenvolveu um plano variado de EF para

a terceira idade, apresentando várias atividades como a hidroginástica, a

natação, a ginástica e a marcha. É sobre esta última atividade que desenvolvi

as minhas aulas de estágio com duas turmas de idosos. Estes dois grupos de

idosos tinham marcha duas vezes por semana, sendo que o meu estágio

apenas se inseriu às sextas-feiras. Eram duas turmas igualmente autónomas e

ativas que participam neste programa há alguns anos. A maioria deles

apresentava uma boa aptidão física e poucas limitações funcionais.

Em síntese, os três grupos apresentam algumas características semelhantes e

os programas abraçam o mesmo propósito geral que é a promoção de uma

vida ativa e independente, trabalhando e mantendo a aptidão física e funcional,

melhorando também a vida a nível psicossocial, contribuindo para uma melhor

qualidade de vida. As maiores diferenças centram-se nos elementos de

trabalho dos dois programas, ou seja, as diferentes componentes da aptidão

física a serem desenvolvidas e as metodologias a serem estabelecidas.

27

3.1 Grupo do Programa de Ginástica de Manutenção da FADEUP

As aulas do Programa de Ginástica de Manutenção foram lecionadas duas

vezes por semana com sessões de 45-50 minutos, às segundas e quintas-

feiras pelas 15h no Pavilhão de Rítmica da Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto, situada na Rua Dr. Plácido Costa, Nº 91, Porto. Neste

local os idosos usufruem de ótimas condições a nível de espaço e material. O

pavilhão é enorme e possui aparelhagem, um espelho, uma barra, um pequeno

palco e alguns materiais utilizados nas aulas como os bancos suecos, cadeiras

e bolas de fitball. Na arrecadação, disponibilizava diversos materiais e em boa

quantidade, o que me possibilitava de leccionar aulas bastante diferentes e

completas. De entre todos os materiais que existiam, utilizei os cones (de

variados tamanhos), steps, arcos, bolas (de variados tamanhos), bolas de

fitball, bolas de ténis, halteres, bandas elásticas, caneleiras, raquetes de

badminton, bastões, plataformas de equilíbrio (azuis e vermelhas), cordas,

coletes, kit de lançamento, material de bocia, garrafas de plástico com água

(disponibilizadas por mim).

Esta turma de idosos caracteriza-se pela sua autonomia e simpatia, porém

apesar de todos eles serem independentes, alguns alunos apresentam melhor

mobilidade e funcionalidade que outros.

Quanto ao plano de treino, o programa de ginástica de manutenção privilegia o

trabalho das diversas capacidades físicas: resistência aeróbia, força,

flexibilidade, coordenação e equilíbrio. No planeamento das sessões estas

capacidades são trabalhadas através de exercícios funcionais, permitindo uma

transferência motora para as atividades do dia a dia. No plano anual estão

presentes, também, algumas atividades de carácter lúdico e social.

Excecionalmente, algumas aulas foram lecionadas nas bancadas do Pavilhão

Desportivo devido à indisponibilidade do local habitual.

28

3.2 Grupos do Programa de Marcha “Espinho em Forma”

As aulas de marcha do Programa “Espinho em Forma” foram lecionadas duas

vezes por semana com sessões de 50-60 minutos, às segundas e sextas-

feiras, com a primeira turma às 9:30h e a segunda turma às 10:30h, sendo que

às segundas-feiras as aulas eram da responsabilidade do meu colega

estagiário Leonardo e às sextas-feiras as aulas eram da minha

responsabilidade. Em Outubro, Maio e Junho estas eram realizadas ao ar livre

no paredão/calçada junto à praia onde o ponto de encontro era sempre em

frente à porta de entrada das piscinas Solário Atlântico. Nos restantes meses,

ou seja, de Novembro a Abril as aulas realizavam-se na Nave Polivalente

Municipal de Espinho. Eu e o meu colega que lecionava as aulas às segundas

preocupávamos-mos em trabalhar em conjunto sobre o plano anual para que

as aulas dessem continuidade umas às outras.

É de acrescentar ainda que, às quartas-feiras as mesmas turmas tinham

musculação nas máquinas do ginásio da Nave Polivalente de Espinho

lecionadas pelo meu colega Márcio que também trabalhou com estas duas

turmas na sua tese.

O local das aulas ao ar livre estendia-se ao longo da calçada junta à praia e ao

longo do passadiço. As aulas realizadas no complexo desportivo - Nave

Polivalente de Espinho tinham lugar no andar superior das varandas e, quando

estava bom tempo era utilizada a área circundante da parte exterior do

pavilhão. Eventualmente um dos campos da Nave, ao lado da sala de ginásio

também foi usado em algumas aulas onde era necessário o uso de

aparelhagem e outros materiais. Na arrecadação, junto à sala de ginásio do

pavilhão, era disponibilizado algum material. Do pouco material existente, dei

uso aos cones, arcos, bolas e bastões.

Estas duas turmas de idosos, residentes no concelho de Espinho,

caracterizam-se pela sua independência, autonomia, boa aptidão física e

funcional, simpatia e boa disposição. Nem todos os utentes tinham 65 ou mais

anos (idade relevante para a entrada na terceira idade e reforma nos países

29

desenvolvidos), porém todos eles já se encontravam aposentados, ou por

invalidez, pré-reforma ou por terem finalizado os anos de serviço necessários.

A motivação para a prática era elevada e mostravam-se interessados e

empenhados em novos desafios.

30

Capítulo 4 – Realização da Prática Profissional

31

4. Na prática

4.1 Grupo da Ginástica de Manutenção da FADEUP

4.1.1 Avaliação Física Inicial

A avaliação física funcional dos meus alunos foi realizada em princípios de

Outubro através da bateria de testes de Rikli e Jones (1999), concebida para

avaliar os parâmetros físicos e funcionais associados à mobilidade e

independência de indivíduos com idades avançadas. Tal como anteriormente

descrito, este contém sete itens para avaliar parâmetros físicos, como o IMC;

resistência aeróbia; força de MI; força de MS; flexibilidade inferior; flexibilidade

superior; agilidade e equilíbrio dinâmico.

Durante o ano foram realizadas três avaliações. A avaliação inicial, que irei

apresentar de seguida, foi essencial para determinar o nível de aptidão física e

funcional onde se encontravam os alunos e assim enquadrar o planeamento

anual de treino. A avaliação foi realizada em dois dias, devido ao elevado

número de idosos (27 alunos: 3 do sexo masculino e 24 do sexo feminino) e ao

facto de só sermos dois avaliadores. Realizei a avaliação inicial com a ajuda do

meu colega Tiago que leciona aulas à turma de Ginástica de Manutenção das

14:30h. Seguimos todos os procedimentos necessários, conforme o protocolo

Rikli & Jones (1999). Esta avaliação foi realizada em circuito, de forma a evitar

os efeitos da fadiga localizada. Antes de iniciarmos os testes foi realizado um

aquecimento de cerca de 10 minutos e de seguida foram formados dois grupos,

visto sermos só dois avaliadores. A avaliação da capacidade aeróbia foi a

última a ser realizada, como diz no protocolo.

Os resultados da avaliação estão apresentados no quadro 1 apresentado

abaixo. Depois da avaliação terminada, os resultados da turma foram

comparados com os resultados de referência tendo em conta o género

(feminino e masculino) apresentados por Rikli & Jones (1999) ver Anexo 4).

32

Quadro 2: Resultados obtidos na avaliação inicial na turma de Ginástica de

Manutenção da FADEUP

Nome

Ida

de

IMC Levantar

e sentar

Flexão do

antebraço

Sentar e

alcançar

Alcançar

atrás

das

costas

Sentar,

caminha

r e volta

Andar

6 mins.

Adriano F. 71 34,6 31 30 0 -16 4” 600

Celeste Lage 72 25,4 32 25 -8 -15 5” 545

Custódia P. 70 27,4 28 24 0 -17 4” 610

Emília R. 73 25,9 21 24 -1 -10 4”91 555

Elisabete F. 74 22,7 18 21 -10 +4 5” 495

Francisca M. 81 25,6 29 X -12 -8 5” 600

Joaquim F. 76 26,1 16 21 -8 -21 6” 490

José S. 73 29,3 24 27 -4 -19 3”99 460

Justa C. 70 27,8 22 19 +2 -45 5” 540

Laurinda G. 72 27,2 18 18 0 -7 4” 490

Mª Albertina 77 22,4 X 17 -12 -9 7” 400

Mª Alice F. 73 20,1 20 17 +8 +2 4” 600

Mª Alice M. 81 19,4 25 23 -18 -8 4”61 575

Mª Almeida 81 30,1 17 18 -14 -27 6”98 480

Mª Angelina 82 30,0 21 16 -12 -17 6” 410

Mª Benvinda 68 25,9 28 14 +1 -14 5” 580

Mª Carmo C. 68 30,4 23 19 +3 -18 5”73 450

Mª Celeste F. 75 19,5 20 20 +1 -11 6”41 560

Mª das Dores 75 23,1 29 X -19 -12 5” 510

Mª Edite S. 72 27,8 28 29 +6 -12 3”71 570

Mª Eugénia 79 29,2 23 18 0 -8 5”33 440

Mª Mota 70 40,0 22 23 -24 -23 6”19 505

Mª Teixeira 77 26,8 19 20 0 -7 4”51 500

Mª Helena A. 78 27,2 16 X -22 -14 6” 380

Mª Luísa A. 81 27,8 21 25 0 -3 5” 450

Rita G. 78 24,4 ----------- ----------- +3 +1 --------- 520

Teresa M. 74 31,1 20 22 -5 -6 6” 450

33

Legenda IMC:

Desnutrição

(muito abaixo do

normal)

Risco de

desnutrição (abaixo

do normal)

Eutrofia (valor

normal)

Excesso de peso

(acima do normal)

Obesidade

(muito acima do

normal)

Legenda Testes de Rikli & Jones:

Excelente (acima do

valor normal)

Bom

(valor normal)

Mau (abaixo do valor

normal)

Muito Mau (valor muito

baixo do normal)

X: não pode realizar; ---------: não realizou

Descrição dos resultados da Avaliação Inicial:

O índice de massa corporal (IMC) foi avaliado como forma de determinar a

composição corporal dos idosos. Este índice determina-se pela relação entre a

massa corporal em kg e a estatura em m2 e, é utilizado também como indicador

do estado nutricional do idoso, devido à sua boa correlação com a massa

corporal e a baixa correlação com a estatura. (Santos & Sichieri, 2005) Os

resultados do IMC obtidos foram comparados com os valores de referência

ajustados para os idosos em cinco categorias (apresentadas na legenda do

IMC abaixo do quadro 1), sendo elas: Desnutrição (IMC inferior a 22 kg/m2)

representado a cinzento; Risco de desnutrição (IMC entre 22-23,9 kg/m2)

representado a rosa; Eutrofia/Peso normal (IMC entre 24 e 26,9 kg/m2)

representado a verde; Excesso de peso (IMC entre 27 e 30 kg/m2 para o sexo

masculino e IMC entre 27 e 32 kg/m2 para o sexo feminino) representado a

amarelo; Obesidade (IMC superior a 30 kg/m2 para o sexo masculino e IMC

superior a 32 kg/m2 para o sexo feminino) representado a vermelho. Deste

modo, verifica-se na turma uma prevalência no patamar de excesso de peso

(12 alunos marcados a amarelo no quadro 1). Dois dos alunos encontram-se

no patamar mais preocupante, obesidade. No patamar da Desnutrição

encontram-se 3 alunos e no patamar a seguir, de Risco de Desnutrição,

encontram-se outros 3. Concluindo, apenas 7 alunos encontram-se nos valores

normais de IMC.

Para determinar os resultados dos restantes testes de aptidão física e

funcional, foram consultadas duas tabelas com os valores de referência para os

34

diferentes géneros (masculino e feminino), atendendo às idades dos

participantes (ver Anexo 4). Os valores que se encontram abaixo do normal,

marcados a amarelo e vermelho, são considerados os valores abaixo do

percentil 25; já os valores que se encontram acima do normal, marcados a

azul, são os valores do percentil 75, segundo Rikli e Jones (1999). Os valores

normais estão marcados a verde. Deste modo, no Teste “Levantar e Sentar”,

que avalia a força de membros inferiores, obteve-se quase 100% de resultados

excelentes (acima dos valores de referência) com apenas um aluno que

alcançou um bom resultado (16 execuções em 30 segundos). Uma das alunas

não efetuou o teste por incapacidade. O melhor resultado alcançado foi de 32

execuções! No Teste “de Flexão do Antebraço”, que avalia a força de membros

superiores, a maioria da turma obteve excelentes resultados (acima dos

valores de referência), tendo apenas 4 alunas executado valores dentro do

normal, o que é bom! Três das pessoas não executaram o teste por

incapacidade e problemas articulares. No Teste “Sentar e Alcançar”, que avalia

a flexibilidade de membros inferiores, a prevalência da turma encontra-se com

bons resultados nos valores de referência (12 alunos marcados a verde no

quadro 1), em que o melhor resultado foi +3. Porém, 9 dos participantes

apresentam péssimos resultados, muito abaixo dos valores de referência,

tendo sido -24 o pior resultado. Os restantes alunos apresentam também

valores abaixo do normal, porém não tão graves. O Teste “Alcançar atrás das

costas”, que avalia a flexibilidade dos membros superiores, foi o teste com

piores resultados. A turma prevalece com valores abaixo dos valores de

referência (13 alunos, marcados a amarelo no quadro 1). Porém, 10 dos alunos

(marcados a vermelho no quadro 1) obtiveram desastrosos resultados, sendo

que o pior resultado foi de -45, muito provavelmente pelo problema de

articulação e mobilidade do braço esquerdo que a pessoa em questão possui.

Os restantes 4 alunos obtiveram excelentes resultados (marcados a azul no

quadro 1) e um deles obteve um bom resultado dentro do valor de referência.

No Teste “Sentar, Caminhar e Voltar”, que avalia o equilíbrio e a agilidade, os

alunos prevalecem com bons resultados (16 alunos com valores de referência

marcados a verde no quadro 1). Os restantes alunos obtiveram excelentes

35

resultados, apresentando valores acima do normal. O melhor resultado foi 3,71

segundos. Por fim, no Teste “Andar 6 minutos”, que avalia a resistência

aeróbia, a maioria da turma obteve bons resultados dentro dos valores de

referência (marcados a verde no quadro 1). Porém, 5 dos alunos tiveram maus

resultados, mas não foi muito abaixo do normal, em que o pior resultado foi 380

metros. Neste teste houve dois excelentes resultados com valores acima do

normal (600m e 575m, marcados a azul no quadro 1).

Posto isto, conclui-se que os idosos da turma de Ginástica da FADEUP

necessitam de melhorar no teste de flexibilidade de MI e MS e, na sua

generalidade, manter os resultados dos restantes testes nas próximas

avaliações físicas.

4.1.2 Metodologia de Treino

Depois da avaliação física e funcional inicial, foi elaborado um plano anual de

treino multicomponente para a turma de Ginástica de Manutenção da FADEUP,

apresentado no quadro 2, com o objetivo de treinar todas as componentes

físicas.

A prática de atividade física regular em exercícios aeróbios, de força e

resistência facilitam um número de respostas favoráveis que ajudam num

envelhecimento saudável, reduzindo e prevenindo declínios funcionais

associados a esta faixa etária. (ACSM, 2010) Devem utilizar-se exercícios que

envolvam a utilização de grandes massas musculares para aumentar o volume

de oxigénio. Nesta idade, pretende-se adquirir benefícios do tipo aeróbio,

devendo evitar-se exercícios que utilizam apenas pequenos grupos

musculares. Os exercícios dinâmicos são mais aconselháveis do que os

exercícios estáticos, pois este tipo de exercícios oferecem a possibilidade de

conseguir gastos energéticos solicitados para melhorar a nível aeróbico sem

sobrecarga excessiva para o coração. Os movimentos cíclicos ou rítmicos, ou

seja, os exercícios que envolvem música e que se repetem com uma certa

cadência possibilitam uma alternância que favorece as fases de contração e

relaxamento. (Meléndez, S.D., p. 77)

36

Assim, no meu plano anual optei por dar mais importância ao treino de

resistência aeróbia e força, trabalhando pelo menos uma vez por semana

essas duas componentes. Especificamente no trabalho de força, foram

trabalhados principalmente os grandes grupos musculares (peitoral, glúteos,

abdominal, quadríceps, isquiotibiais, deltóide), iniciando com poucas séries (1 a

2) de 12 repetições com bandas elásticas e outros materiais de menos carga, e

ao longo do ano fui amentando as séries (até 3) e baixando o número de

repetições (8-10), assim como aumentei a carga. Normalmente o treino de

força tinha uma duração de 15-20 minutos de aula. A coordenação e agilidade

também foi muitas vezes implementada nas minhas aulas, principalmente com

a dança, atividade que na generalidade a turma adorava. O trabalho desta

componente teve sempre a duração de 10-15 minutos, implementando também

exercícios de alterações de posições, deslocações de posição, cordenação de

MS e MI separadamente e alternadamente. As restantes componentes pretendi

realizar pelo menos 2-3 vezes por mês, alternando-as, visto que no trabalho

conjunto das componentes acima descritas já se trabalha indiretamente o

equilíbrio e a flexibilidade, nunca esquecendo dos alongamentos no final de

todas as aulas que são essenciais. Especificamente no trabalho de equilíbrio,

utilizei exercícios de transição do dinâmico para o estático, com algumas

repetições (2-3). Também utilizei muitos materiais como as plataformas de

equilíbrio, bancos suecos, cordas no chão, etc, que fornece a possibilidade de

diversos exercícios. Já o trabalho de flexibilidade, que é a componente física

onde os alunos têm mais dificuldade, trabalhei durante o ano com uma duração

de 10-15minutos, usando variados tipos de material. Os exercícios trabalhados

foram executados de forma lenta do dinâmico para alongamento estático com

algumas repetições. Porém, não utilizei este trabalho individual muitas vezes

no meu plano como outras componentes, pois no final de todas as aulas na

parte de relaxamento eu realizava um alongamento bem trabalhado.

Todas as sessões foram planeadas em função dos interesses e necessidades

físicas da turma, principalmente à medida que fui convivendo e conhecendo

mais de perto os gostos de cada um. As dinâmicas de grupo, as atividades

lúdicas e os dias temáticos são realizados uma vez por mês, principalmente

37

nos primeiros meses, de modo não só a inovar e sair da rotina de treino mas

também com o objetivo de fortalecer os laços de socialização e diversão entre

os participantes e entre participantes-professores (ver anexo 5: exemplo de um

plano de aula).

38

Quadro 3: Planeamento Anual – Ginástica de Manutenção FADEUP

Dias Set-13 Out-13 Nov-13 Dez-13 Jan-14 Fev-14

1

2 Alunos 3ºano

3 DG Coord.

Av. Intermédia

4 Coord. Eq.

5 Coord. Eq.

6 DT RA F

7 Av. Inicial Greve

Transp.

8

9 Alunos 3ºano Coord. F

10 Av. Inicial

Av. Intermédia

11 Alunos 3ºano

12 RA Flex.

13 RA F Eq. F

14 RA F F Flex.

15

16 RA Coord. F DG

17 RA Flex.

RA AL

18 Alunos 3ºano

19 DT

20 RA Coord. RA Flex.

21 Coord. F RA DG

22

23 Eq. Flex.

24 RA Eq.

Eq. Coord. F

25 Alunos 3ºano

26

27 DG Coord. Eq. F RA

28 F AL RA F

29

30 Ap. RA Flex.

31 RA F

Legenda:

Apresentação (Ap.)

Resistência Aeróbia (RA)

Equilíbrio (Eq.) Coordenação

(Coord.) Flexibilidade

(Flex.)

Força (F) Dinâmica de Grupo (DG)

Atividade Lúdica (AL)

Dia Temático (DT)

Avaliação Física (Av.)

39

Continuação do Planeamento Anual

Dias Mar-14 Abr-14 Mai-14 Jun-14

1 Feriado

2 F Coord.

3

1ºAno Mestr.

4

5 Av. Final RA Flex.

6 RA Coord. Eq.

7 F

8 F Flex.

9 Eq. RA Coord.

10 F Flex. DT RA Coord.

11

12 Av. Final F AL

13 Coord. F

14

15 F RA

16 Eq. RA Flex.

17 Coord. Eq. Flex.

18

19 1ºAno Mestr. F

20 F RA

21

22 RA

23 RA

24 Eq. Coord. 1ºAno Mestr.

25

26 F Coord. Eq. DT

27 MOSTRA UP

28 Coord. Eq. Flex.

29 RA Coord. Flex.

30

31 1ºAno Mestr.

Legenda:

Apresentação (Ap.)

Resistência Aeróbia (RA)

Equilíbrio (Eq.) Coordenação

(Coord.) Flexibilidade

(Flex.)

Força (F) Dinâmica de Grupo (DG)

Atividade Lúdica (AL)

Dia Temático (DT)

Avaliação Física (Av.)

40

4.1.3 Evolução dos alunos e adaptação do programa de treino

O objetivo deste programa de treino é a melhoria e manutenção da aptidão

física e funcional dos alunos, para isso é necessário novas avaliações para

verificar a evolução dos participantes. Com estas novas reavaliações é possível

ajustar e melhoria o programa aos alunos que inicialmente não conhecíamos

tão bem, tanto a nível físico como pessoal pois os gostos e interesses deles em

relação ao treino também são bastante importantes para os motivar na

manutenção da prática.

A avaliação intermédia (apresentado no quadro 3) foi realizada em inícios de

Fevereiro igualmente com o mesmo procedimento que a inicial. Esta avaliação

permitiu verificar as reações aos estímulos de treino iniciais. A avaliação final

(quadro 4) foi realizada em inícios de Maio. Com esta avaliação foi possível

verificar a evolução dos alunos ao longo do ano e certificar se o plano

elaborado foi eficaz.

Quadro 4: Resultados obtidos na avaliação intermédia na turma de Ginástica

de Manutenção da FADEUP

Nome

Ida

de

IMC Levantar

e sentar

Flexão do

antebraço

Sentar e

alcançar

Alcançar

atrás

das

costas

Sentar,

caminha

r e volta

Andar

6 mins.

Adriano F. 71 33,9 ----------- ------------- 0 -13 ----------- ---------

Celeste Lage 72 26,1 35 27 -9 -17 4”44 565

Custódia P. 70 27,7 31 28 0 -18 4”84 570

Emília R. 73 ------- ----------- ------------ --------- ---------- ----------- --------

Elisabete F. 74 22,5 ----------- ------------ -12 +1 ----------- 570

Francisca M. 81 25,3 31 X -10 -13 4”36 575

Joaquim F. 76 ------- ----------- ------------ ---------- ----------- -------- --------

José S. 73 30,6 31 39 -3 -15 4”26 565

Justa C. 70 26,8 24 ------------- +2 -28 4”89 570

Laurinda G. 72 27,9 19 22 0 -7 4”29 500

Mª Albertina 77 23,0 ----------- ------------ -12 --------- ----------- 455

Mª Alice F. 73 ------- ----------- ------------ --------- --------- ----------- --------

Mª Alice M. 81 19,3 32 26 0 -8 4”59 570

Mª Almeida 81 29,9 25 24 0 -27 6”29 455

41

Mª Angelina 82 ------- 24 ------------- -19 -11 ----------- --------

Mª Benvinda 68 25,8 ----------- ------------ -3 -13 ----------- 570

Mª Carmo C. 68 ------- ----------- ------------ --------- -------- ----------- --------

Mª Celeste F. 75 19,9 19 20 -1 -5 5”90 570

Mª das Dores 75 24 29 X -20 X 4”75 670

Mª Edite S. 72 28,9 31 X +4 -14 4”02 570

Mª Eugénia 79 28,7 29 29 +2 -13 5”76 480

Mª Mota 70 40,2 19 18 -16 -18 6”89 430

Mª Teixeira 77 26,1 21 21 -2 -6 5”39 575

Mª Helena A. 78 28,4 22 X -27 -20 6”75 360

Mª Luísa A. 81 27,8 22 ----------- --------- ---------- 4”62 520

Rita G. 78 25,0 ----------- ---------- +1 +1 ----------- 570

Teresa M. 74 30,5 21 25 -6 -6 5”44 520

Legenda IMC:

Desnutrição

(muito abaixo do

normal)

Risco de

desnutrição (abaixo

do normal)

Eutrofia (valor

normal)

Excesso de peso

(acima do normal)

Obesidade

(muito acima do

normal)

Legenda Testes de Rikli & Jones:

Excelente (acima do

valor normal)

Bom

(valor normal)

Mau (abaixo do valor

normal)

Muito Mau (valor muito

baixo do normal)

X: não pode realizar; ---------: não realizou

Descrição dos resultados da Avaliação Intermédia:

Muitos alunos faltaram aos testes da avaliação da aptidão física e funcional

intermédia realizada na turma de Ginástica de Manutenção da FADEUP,

mesmo sendo avisados da data da realização dos mesmos. No teste de IMC,

que avalia o índice de massa corporal, três dos alunos encontram-se com

obesidade, apresentando valores muito acima do normal (apresentado a

vermelho no quadro 2), sendo 40,2 kg/m2 o pior resultado de IMC. Com

excesso de peso encontram-se 8 pessoas (marcado a amarelo no quadro 2).

Duas das três alunas que se encontravam desnutridas na avaliação inicial

continuam neste mesmo patamar (marcado a cinzento no quadro 2). Duas das

42

três alunas que se encontravam em risco de desnutrição continuam igualmente

com os mesmo valores (marcados a rosa no quadro 2). Apenas seis alunas

apresentam valores normais de IMC (apresentados a verde no quadro 2),

sendo que duas delas melhoraram este valor em comparação aos valores que

obtiveram na avaliação inicial. No Teste “Levantar e Sentar”, que avalia a força

de MI, das 18 pessoas que executaram o teste todas elas obtiveram excelentes

resultado, ou seja, acima do valor de referência (apresentado a azul no quadro

2). No Teste “Flexão do Antebraço”, que avalia a força de MS, houve 100% de

resultados acima do valor de referência dos 11 alunos que efetuaram o teste.

Quatro alunas não realizaram este teste por incapacidade física e problemas

articulares (marco com um X no quadro 2). No Teste “Sentar e Alcançar!”, que

avalia a flexibilidade de MI, a maioria dos alunos que realizaram este teste (11

alunos) obtiveram bons resultado, ou seja, dentros dos valores de referência

(marcados a verde no quadro 2), sendo que três alunos melhoraram o seu

resultado em relação à avaliação inicial. Os restantes alunos obtiveram

resultados abaixo dos valores de referência, marcados a amarelo os valores

logo abaixo do valor normal e a vermelho os piores valores. O Teste “Alcançar

atrás das costas”, que avalia a flexibilidade de MS, foi o teste com piores

resultados como aconteceu na avaliação inicial. Dos 20 alunos que realizaram

este teste, apenas duas obtiveram bons resultados (marcado a verde) e uma

obteve um excelente resultado acima dos valores normais. Nos restantes

alunos prevaleceu resultados abaixo dos valores de referência, seis deles

marcados a vermelho com os piores resultados. No Teste “Sentar, Caminhar e

Voltar”, que avalia o equilíbrio e a agilidade, oito dos resultados foram bons e

os outros nove resultados foram acima do valor de referência (marcados a azul

no quadro 2). Por fim, no Teste “Andar 6 minutos”, que avalia a resistência

aeróbia, houve apenas dois resultados abaixo dos valores de referência, sendo

que uma delas piorou em relação aos resultados da avaliação inicial. Porém,

alguns alunos melhoraram o resultado neste teste que obtiveram bons

resultados assim como outros 14 alunos. Os restantes três alunos, marcados

com valoresa azul, tiveram excelentes valores, sendo que uma delas melhorou

em relação à avaliação inicial, subindo de patamar.

43

Quadro 5: Resultados obtidos na avaliação final na turma de Ginástica de

Manutenção da FADEUP

Nome

Ida

de

IMC Levantar

e sentar

Flexão do

antebraço

Sentar e

alcançar

Alcançar

atrás

das

costas

Sentar,

caminha

r e volta

Andar

6 mins.

Adriano F. 71 ------ ------- ------------ ---------- -------- ---------- ---------

Celeste Lage 72 26,3 32 26 -10 -14 4”36 560

Custódia P. 70 ------ ------- --------- -------- -------- ---------- --------

Emília R. 73 ------- -------- ---------- -------- --------- ---------- ---------

Elisabete F. 74 21,9 21 21 -15 +1 4”81 560

Francisca M. 81 25,1 29 X -16 -9 4”24 525

Joaquim F. 76 25,9 16 19 -9 -15 5”94 495

José S. 73 31,0 35 43 +5 -13 3”58 595

Justa C. 70 26,5 27 20 -2 -29 5”43 595

Laurinda G. 72 27,7 19 20 -1 -8 4,77 475

Mª Albertina 77 22,6 X X -19 -8 6,66 445

Mª Alice F. 73 21,0 34 21 +7 +3 4”85 580

Mª Alice M. 81 19,8 25 24 -15 -11 5”21 460

Mª Almeida 81 28,3 23 25 -2 -26 6”82 455

Mª Angelina 82 31,1 32 18 -8 -9 6”44 440

Mª Benvinda 68 25,5 35 ---------- -4 -12 4”09 595

Mª Carmo C. 68 ------- --------- ----------- -------- ------- --------- --------

Mª Celeste F. 75 19,8 21 ----------- 0 -8 --------- 570

Mª das Dores 75 23,7 30 X -16 -13 4”27 635

Mª Edite S. 72 28,6 28 X +5 X 4”11 580

Mª Eugénia 79 29,3 30 26 +1 -7 4”91 480

Mª Mota 70 39,4 21 21 -7 -16 6”97 415

Mª Teixeira 77 26,2 24 19 -1 -14 5”93 435

Mª Helena A. 78 27,4 20 X -2 -15 6”73 355

Mª Luísa A. 81 27,5 23 29 -3 -2 4”71 510

Rita G. 78 24,5 20 25 +1 +2 4”28 590

Teresa M. 74 29,9 19 23 -8 -4 6”15 500

44

Legenda IMC:

Desnutrição

(muito abaixo do

normal)

Risco de

desnutrição (abaixo

do normal)

Eutrofia (valor

normal)

Excesso de peso

(acima do normal)

Obesidade

(muito acima do

normal)

Legenda Testes de Rikli & Jones:

Excelente (acima do

valor normal)

Bom

(valor normal)

Mau (abaixo do valor

normal)

Muito Mau (valor muito

baixo do normal)

x: não pode realizar; ---------: não realizou

Descrição e discussão dos resultados da Avaliação Final:

Na avaliação final, quatro alunos não realizaram os testes pois deixaram de vir

às aulas a meio do ano por motivos de saúde e outros motivos familiares. No

Teste de IMC, que avalia o índice de massa corporal, a prevalência da turma

apresenta excesso de peso como nas avaliações anteriores. Dois alunos

continuam com valores muito acima do normal (marcados a vermelho no

quadro 4). Os restantes alunos que realizaram o teste apresentam valores

dentro do normal, sendo que uma das alunas manteve a melhoria que obteve

na avaliação intermédia. Duas alunas mantiveram-se em Risco de Desnutrição

(marcado a rosa no quadro 4), e outras duas mantiveram-se no patamar de

desnutrição, com valores muito abaixo do normal (marcado a cinzento no

quadro 4), como nas avaliação anteriores. Quanto ao Teste “Levantar e

Sentar”, que avalia a força de MI, manteve-se como nas avaliações anteriores

com quase 100% dos resultados acima dos valores de referência, à excepção

de um aluno que obteve um resultado normal (16 execuções em 30 segundos).

Uma das alunas não executou a prova por se sentir incapaz, como aconteceu

nas avaliações anteriores. No Teste “Flexão do Antebraço”, que avalia a força

dos MS, houve igualmente quase 100% de resultados acima dos valores

normais, à excepção do de um aluno que obteve um resultado considerado

normal (19 execuções em 30 segundos, marcado a verde no quadro 4). É de

saliantar que quatro alunas não executaram este teste por incapacidade e/ou

problemas articulares (marcado com um X no quadro).

45

No geral, os testes de flexibilidade de MI e MS continuaram a serem os testes

com piores resultados, apesar disso notaram-se algumas melhoras. No Teste

“Sentar e Alcançar”, que avalia flexibilidade de MI, os bons resultados das

avaliações anteriores mantiveram-se na sua generalidade. Neste teste notou-

se uma grande evolução de um dos alunos, tendo passado de um mau

resultado para um excelente resultado nesta última avaliação. No Teste

“Alcançar atrás das costas”, que avalia a flexibilidade de MS, notou-se uma

melhoria mais significativa do que o teste anterior. Apenas três alunos

continuam a apresentar maus resultados muito abaixo dos valores de

referência, uma delas por ter um problema de mobilidade de um dos braços, o

que é muito pois inicialmente neste teste estavam muitos alunos neste

patamar. Os alunos que apresentavam bons e óptimos resultados nas

avaliações anteriores mantiveram-se igualmente nesse patamar. No Teste

“Sentar, Caminhar e Voltar”, que avalia a velocidade, agilidade e equilíbrio, a

turma manteve igualmente com bons e excelentes resultados como nas

avaliações anteriores, com algumas melhorias. Pelo menos quatros alunos,

que inicialmente obtiveram bons resultados, melhoraram os seus resultados

acima dos valores de referência. Por fim, o Teste “Andar 6 minutos”, que avalia

a resistência aeróbia, manteve-se no geral nos mesmo valores das avaliações

anteriores. Houve apenas uma aluna que manteve-se sempre com resultados

abaixo do normal (marcado a amarelo no quadro). Uma das alunas que

inicialmente apresentou um resultado dentro do normal, nas avaliações

seguintes piorou sensivelmente o seu resultado, descendo de patamar, isto

pode justificar-se pelo facto de ter deixado de frequentar as aulas durante muito

tempo a meio do ano.

4.1.4 Dificuldades, obstáculos e entraves nas aulas

No pavilhão de rítmica, local das aulas, havia a necessidade de falar muito alto

devido à existência de eco, facto que dificultou as instruções, pois muitos dos

alunos não ouviam bem a explicação. O local era pouco arejado e tinha

grandes diferenças de temperatura no Verão (muito quente) e no Inverno

(muito frio), podendo tornar as aulas em algum momento menos atractivas.

46

Quanto ao material, penso que a presença de um número razoável de cadeiras

era uma mais-valia para enriquecer as aulas, no sentido em que sendo um

material tão simples seria muito útil para variados exercícios de força,

flexibilidade e equilíbrio, essencialmente.

Quanto às horas semanais das aulas, na minha opinião, duas horas de EF é

pouco numa semana para a obtenção de bons resultados. O ideal seria três

horas semanais de treino, no mínimo. Para além disso, tinha pelo menos 3

alunas que só vinham uma vez por semana, nomeadamente à quinta-feira, o

que dificultava mais a obtenção dos resultados desejáveis.

Quanto à turma, nem todos eram assíduos. Muitas alunas só vinham à

segunda-feira e alguns deles que inicialmente vinham sempre deixaram de vir a

meio do ano por causa de problema de saúde e familiares. Isto fez com que

muitos faltassem às avaliações físicas seguintes, impossibilitando de avaliar os

seus progressos e de fazer um treino mais personalizado às suas

necessidades físicas e funcionais.

47

4.2 Grupo da Marcha de Espinho

4.2.1 Avaliação Física Inicial

A avaliação física funcional dos meus alunos de Espinho (23 alunos:12 do sexo

masculino e 11 do sexo feminino), apresentada no quadro 5, foi realizada no

salão das Piscinas Solário Atlântico de Espinho, através da bateria de testes de

Rikli e Jones (1999), concebida para avaliar os parâmetros físicos e funcionais

associados à mobilidade e independência de indivíduos com idades

avançadas. Este contém sete itens para avaliar parâmetros físicos, como o

IMC; resistência aeróbia; força de MI; força de MS; flexibilidade inferior;

flexibilidade superior; agilidade e equilíbrio dinâmico.

Durante o ano foram realizadas três avaliações. A avaliação inicial, que irei

apresentar de seguida, foi essencial para determinar o nível de aptidão física e

funcional onde se encontravam os alunos e assim enquadrar o planeamento

anual de treino. A avaliação inicial foi realizada em dois dias, a cada uma das

turmas, isto porque apesar de estas duas turmas terem um número reduzido de

alunos em relação à turma do Porto, foi necessário dois dias visto que muitos

alunos não compareceram no primeiro dia de avaliação, apesar de todos eles

terem sido avisados. Realizei a avaliação com a ajuda dos meus colegas

Márcio e Leonardo que também lecionam aulas a estas turmas noutros dias da

semana. Seguimos todos os procedimentos necessários, conforme o protocolo

Rikli & Jones (1999). Esta avaliação foi realizada em circuito, de forma a evitar

os efeitos da fadiga localizada. Antes de iniciarmos os testes foi realizado um

aquecimento de cerca de 10 minutos e de seguida foram formados três grupos,

visto sermos três avaliadores. A avaliação da capacidade aeróbia foi a última a

ser realizada, como é referido no protocolo.

Os resultados da avaliação das duas turmas estão apresentados no mesmo

quadro (quadro 5), já que as turmas são pequenas, sendo que ao todo são 23

alunos (12 do sexo masculino e 11 do sexo feminino). Depois da avaliação

terminada, os resultados da turma foram comparados com os resultados de

referência tendo em conta o género (feminino e masculino) apresentados por

Rikli & Jones (1999) (ver anexo 4).

48

Quadro 6: Resultados obtidos na avaliação inicial na turma da Marcha do

Programa “Espinho em Forma”

Nome

Ida

de

IMC Levanta

r e

sentar

Flexão do

antebraço

Sentar e

alcançar

Alcançar

atrás

das

costas

Sentar,

caminhar

e voltar

Andar

6 mins.

Agostinho 68 31,3 15 26 -21 -27 4”40 680

António S. 67 28,2 22 30 +2 0 4”70 665

António B. 66 19,7 26 30 +12 +7 3”99 660

Bernardete 60 19,5 21 23 -24 -9 5”53 565

Fernando F. 67 31,4 22 22 -7 +1 4”57 630

Gracinda O. 63 27,5 21 20 -8 -16 4”93 655

Ilda Silva 65 35,1 18 23 +5 +2 5”51 495

Jaime S. 63 24,2 20 17 -9 -10 3”82 615

Joaquim M. 74 25,8 22 21 -10 -23 4”35 750

José Pinto 65 27,6 31 32 +19 -10 4”61 790

Laurinda S. 65 28,9 19 18 -4 -3 5”20 500

MEsmeralda 63 25,3 26 25 -1 +3 3”83 630

M. João O. 67 21,9 29 26 -28 -18 4”34 660

M. José S. 65 27,7 14 20 -11 -5 3”90 480

M. Raul S. 65 25,7 15 21 -15 -27 3”78 620

M. Serpa 67 23,7 20 20 +6 -3 4”00 725

Mª Alice O. 65 32,4 14 15 +3 -27 6”04 505

Mª Glória 66 39,9 19 18 -5 -21 5”62 580

Mª Isabel S. 58 25,6 16 16 -19 -10 6”55 540

Mª Rocha S. 69 26,3 19 25 -8 -13 4”67 575

Mª Rosa P. 65 29,1 19 28 +1 +2 6”56 650

Marília F. 59 24,8 16 21 -21 -7 4”70 495

Venâncio 73 26,8 18 25 -10 -17 5”59 695

Legenda IMC:

Desnutrição

(muito abaixo do

normal)

Risco de

desnutrição (abaixo

do normal)

Eutrofia (valor

normal)

Excesso de peso

(acima do normal)

Obesidade

(muito acima do

normal)

Legenda Testes de Rikli & Jones:

Excelente (acima do

valor normal)

Bom

(valor normal)

Mau (abaixo do valor

normal)

Muito Mau (valor muito

baixo do normal)

49

Descrição dos resultados da Avaliação Inicial:

A avaliação inicial das duas turmas da marcha de Espinho estão representadas

no quadro 5. A turma é composta por 23 alunos (12 do sexo masculino e 11 do

sexo feminino). No Teste de IMC, que avalia o índice de massa corporal, a

turma prevalece com maus resultados. Cinco deles apresentam obesidade e

seis alunos apresentam valores um pouco acima do normal. Apenas oito

alunos obtiveram resultados dentro dos valores de referência. É de saliantar,

ainda, que três alunos encontram-se no patamar de desnutrição (valores muito

abaixo do normal) e um deles está em risco de desnutrição (apresentado a

cinzento e a rosa no quadro 5, respectivamente). Nos teste de “Levantar e

Sentar”, a maioria apresentou valores excelentes e seis alunos encontram-se

com resultados dentro dos valores de referência. Igualmente no teste “Flexão

do Antebraço”, a maioria apresentou valores acima do normal, apresentado no

quadro a azul. Nove alunos encontram-se com bons resultados. No teste

“Sentar e Alcançar”, foi o teste em que a turma obteve piores resultados, 5

alunos com péssimos resultados muito abaixo do normal (vermelho no quadro)

e 11 com maus resultados (amarelo no quadro 5). Os restantes cinco

participantes apresentam bons e excelentes resultados. No teste “Alcançar

atrás das costas”, foi o segundo teste com piores resultados, com 14 alunos

com valores abaixo da referência de Rikli & Jones. Cinco alunos apresentam

excelentes resultados com acima dos valores de referência e quatro

apresentam bons resultados. No teste “Sentar, Caminhar e Voltar”, a maioria

prevalece com bons e excelentes resultados. Apenas dois alunos

apresentaram efetuaram o teste num maior tempo, fora dos valores de

referência (aprentado a amarelo no quadro 5). Por fim, no teste “Andar 6

minutos”, a maioria da turma obteve igualmente bons resultados, cinco deles

alcançaram resultados acima dos valores de referência. Apenas quatro

apresentaram resultados abaixo do normal, apesar de não terem sido muito

maus.

50

4.2.2 Metodologia de Treino

Tendo em conta os objetivos do Programa “Espinho em Forma” da Câmara

Municipal de Espinho, a resistência aeróbia foi a componente física mais

desenvolvida nestas turmas com a Marcha como atividade específica do

programa, a qual fiquei responsável de desenvolver no meu estágio. Estas

turmas tinham três aulas por semana, sendo que fiquei apenas responsável

pelas aulas de sexta-feira. À segunda-feira era o meu colega Leonardo que

ministrava as aulas, igualmente com a marcha como componente principal.

Porém, à quarta os alunos de Espinho tinham um tipo de trabalho diferente,

treino de força com o meu colega Márcio.

A resistência aeróbia é a capacidade mais relevante na funcionalidade do

idoso. As minhas aulas foram desenvolvidas essencialmente através da

caminhada. Acompanhado à marcha, foi introduzindo progressivamente

exercícios que trabalham outras componentes como a força, a coordenação,

flexibilidade, equilíbrio e agilidade, mas sempre com menos duração que a

componente principal a trabalhar (marcha).

A intensidade da caminhada foi evoluindo progressivamente à medida que as

aulas e as avaliações físicas iam decorrendo, lembrando sempre a postura e

técnica correta da marcha: tronco erecto; ombros e pescoço relaxados; queixo

para cima, sempre a olhar para a frente evitando olhar para o chão;

contrabalançar o movimento dos braços com as pernas; cotovelos flectidos

num ângulo de 90º; e desenrolar bem o pé no apoio, começando com o

calcanhar até à ponta dos dedos dos pés. Para o trabalho de reforço muscular

utilizei muito o peso do corpo com o apoio da parede/muro e utilização de

bancos/cadeiras, devido à falta de material específico para esta componente.

Para o trabalho de coordenação realizei algumas sessões de dança aeróbia e

zumba gold com uma duração de 10-12 minutos, a partir do momento em que

me disponibilizaram uma parte do pavilhão com aparelhagem, os alunos

adoravam esta atividade mostrando-se muito divertidos e empenhados.

As restantes componentes foram trabalhadas ao longo do ano directamente e

indirectamente. Dentro do material existente, dei uso aos cones, arcos, bolas e

bastões, dando a possibilidade de fazer alguns jogos e exercícios diferentes. A

51

flexibilidade é a componente física em que estas turmas apresentam piores

resultados nas avaliações, como na turma do Porto. Deste modo, intensifiquei o

trabalho de alongamentos na parte final das aulas, do dinâmico para o estático.

4.2.3 Evolução dos alunos e adaptação do programa de treino

O objetivo deste programa de treino é a melhoria e manutenção da aptidão

física e funcional dos alunos, para isso é necessário novas avaliações para

verificar a evolução dos participantes. Com estas novas reavaliações é possível

ajustar e melhoria o programa aos alunos que inicialmente não conhecíamos

tão bem, tanto a nível físico como pessoal pois os gostos e interesses deles em

relação ao treino também são bastante importantes para os motivar na

manutenção da prática.

A avaliação intermédia (apresentado no quadro 6) foi realizada em inícios de

Fevereiro igualmente com o mesmo procedimento que a inicial, porém num

local diferente (Nave Polivalente de Espinho). Esta avaliação permitiu verificar

as reacções aos estímulos de treino iniciais. A avaliação final (quadro 7)

realizada em inícios de Maio no salão junto às piscinas Solário Atlântico de

Espinho como foi na avaliação inicial. Com esta avaliação foi possível verificar

evolução dos alunos ao longo do ano e se o plano elaborado foi eficaz.

52

Quadro 7: Resultados obtidos na avaliação intermédia na turma da Marcha do

Programa “Espinho em Forma”

Nome

Ida

de

IMC Levanta

r e

sentar

Flexão do

antebraço

Sentar e

alcançar

Alcançar

atrás

das

costas

Sentar,

caminhar

e voltar

Andar

6 mins.

Agostinho 68 32,1 17 23 -27 -28 5”05 735

António S. 67 28,8 18 33 +3 -3 5”39 710

António B. 66 ------- -------- ---------- --------- ------- ----------- --------

Bernardete 60 ------- ------- ---------- -------- ------- ---------- --------

Fernando F. 67 ------- -------- ----------- --------- -------- --------- ---------

Gracinda O. 63 27,6 17 33 0 -19 4”69 695

Ilda Silva 65 ------- --------- ----------- -------- --------- ----------- ---------

Jaime S. 63 24,2 19 26 -10 -10 4”69 610

Joaquim M. 74 26,2 17 34 -15 -27 5”20 615

José Pinto 65 27,9 31 42 +20 -10 3”68 725

Laurinda S. 65 ------- --------- ---------- --------- -------- ---------- ---------

MEsmeralda 63 25,7 25 41 -2 +2 4”05 660

M. João O. 67 30,2 30 28 -25 -16 3”54 770

M. José S. 65 ------- -------- ----------- --------- ---------- --------- --------

M. Raul S. 65 ------- -------- ----------- -------- --------- --------- --------

M. Serpa 67 22,7 16 34 +4 -13 4”11 725

Mª Alice O. 65 32,5 16 20 0 -26 5”32 570

Mª Glória 66 40,4 22 30 0 -6 7”20 595

Mª Isabel S. 58 ------- --------- ---------- --------- -------- ------- -------

Mª Rocha S. 69 27,0 30 --------- ---------- --------- 4”93 -------

Mª Rosa P. 65 28,6 21 35 +4 +2 4”83 620

Marília F. 59 ------- --------- ---------- --------- --------- --------- --------

Venâncio 73 27,2 21 26 -9 -16 4”02 665

Legenda IMC:

Desnutrição

(muito abaixo do

normal)

Risco de

desnutrição (abaixo

do normal)

Eutrofia (valor

normal)

Excesso de peso

(acima do normal)

Obesidade

(muito acima do

normal)

53

Legenda Testes de Rikli & Jones:

Excelente (acima do

valor normal)

Bom

(valor normal)

Mau (abaixo do valor

normal)

Muito Mau (valor muito

baixo do normal)

Descrição dos resultados da Avaliação Intermédia:

Na avaliação interméda faltaram muitos alunos em relação à inicial, dois dos

motivos foram a mudança do local das aulas (das aulas ao ar livre junto à beira

mar para a Nave Polivalente de Espinho) e o falecimento de um dos alunos que

fez com que a sua companheira também deixasse de frequentar as aulas

durante um período de tempo.

No teste de IMC, os alunos que realizaram o teste inicial e obtiveram bons

resultados mantiveram-se nesse mesmo patamar nesta avaliação intermédia,

excepto os valores de dois alunos que passaram para o patamar de excesso

de peso, apesar de não serem valores muito graves. As pessoas com excesso

de peso também se mantiveram em relação à avaliação anterior. É bastante

curioso os resultados de um dos alunos que, enquanto na avaliação anterior se

encontrava em desnutrição, na avaliação intermédia encontra-se em principio

de obesidade. Já outro dos alunos do sexo masculino melhorou o seu valor de

IMC passando para um bom resultado, pois inicialamente apresentava risco de

desnutrição.

No teste “Levantar e Sentar”, os resultados dos alunos dividem-se entre bons e

excelentes resultados. Já no teste “Flexão do Antebraço”, apresentam os

melhores resultados, acima dos valores de referência, tendo havido melhoras

em relação à avaliação inicial. No teste “Sentar e Alcançar”, alguns alunos

apresentam pequenas melhoras em relação à avaliação anterior, tendo alguns

conseguido atingir um valor normal nesta avaliaçao. Cinco alunos continuam a

apresentar valores baixos em relação aos valores de referência. O teste

“Alcançar atrás das costas” é o teste com piores resultados nesta avaliação

intermédia, em que a maioria dos alunos que realizaram a prova apresentam

maus e péssimos resultados. No teste “Sentar, caminhar e voltar”, apenas um

aluno efectuou a prova em demasiado tempo (7”20), apresentando um mau

valor em relação à avaliação anterior. Todos os outros alunos apresentam bons

54

e excelentes resultados, tendo havido pequenas melhoras de alguns alunos.

Por fim, no teste “Andar 6 minutos”, todos os alunos apresentam bons e

excelentes resultados, sendo que alguns deles melhoraram os seus resultados

em relação à avaliação anterior.

55

Quadro 8: Resultados obtidos na avaliação final na turma da Marcha do

Programa “Espinho em Forma”

Nome

Ida

de

IMC Levanta

r e

sentar

Flexão do

antebraço

Sentar e

alcançar

Alcançar

atrás

das

costas

Sentar,

caminhar

e voltar

Andar

6 mins.

Agostinho 68 ------- --------- ---------- ----------- --------- ---------- ---------

António S. 67 ------- --------- ----------- --------- --------- ---------- --------

António B. 66 ------- ---------- ---------- --------- ---------- ---------- ---------

Bernardete 60 ------- ---------- ----------- ---------- ---------- ---------- ---------

Fernando F. 67 ------- ----------- ---------- --------- ---------- --------- --------

Gracinda O. 63 26,9 20 35 -4 -13 4”09 700

Ilda Silva 65 34,9 23 28 0 +1 4”90 550

Jaime S. 63 23,9 29 30 -10 -14 4”20 670

Joaquim M. 74 26,3 24 32 -9 -27 4”76 640

José Pinto 65 28,1 32 42 +20 -8 3”77 690

Laurinda S. 65 28,9 23 32 0 -5 4”95 600

MEsmeralda 63 26,1 25 34 -5 +4 4”04 695

M. João O. 67 29,1 35 44 -20 -17 3”14 715

M. José S. 65 ------- ---------- --------- -------- ---------- --------- ---------

M. Raul S. 65 25,5 30 36 -16 -23 3”75 715

M. Serpa 67 22,9 19 30 +3 -1 3”52 735

Mª Alice O. 65 32 19 24 +1 -23 5”36 580

Mª Glória 66 40,1 31 30 -1 -19 4”61 590

Mª Isabel S. 58 ------- ---------- ---------- --------- --------- ---------- ---------

Mª Rocha S. 69 26,4 24 29 -3 -16 3”86 595

Mª Rosa P. 65 28,9 23 32 +6 +2 5”46 650

Marília F. 59 ------- --------- ---------- --------- --------- --------- --------

Venâncio 73 ------- --------- ---------- -------- -------- --------- ---------

Legenda IMC:

Desnutrição

(muito abaixo do

normal)

Risco de

desnutrição (abaixo

do normal)

Eutrofia (valor

normal)

Excesso de peso

(acima do normal)

Obesidade

(muito acima do

normal)

56

Legenda Testes de Rikli & Jones:

Excelente (acima do

valor normal)

Bom

(valor normal)

Mau (abaixo do valor

normal)

Muito Mau (valor muito

baixo do normal)

Descrição e discussão dos resultados da Avaliação Final:

Na avaliação final, alguns alunos deixaram de vir e outros que se tinham

ausentado anteriormente voltaram, um dos motivos foi a mudança do local das

aulas que voltaram a ser junto à beira mar como no ínicio do ano.

No teste de IMC, o excesso de peso continua a prevalecer na turma, sendo que

duas alunas apresentam igualmente obesidade como nas avaliações

anteriores. Um dos alunos do sexo masculino melhorou o seu IMC, descendo

de 30,2 kg/m2 para 29,1 kg/m2. Nenhum aluno se encontra em desnutrição

(valores muito abaixo do normal), apesar de dois dos alunos estarem em risco

de desnutrição. Uma aluna melhorou o seu resultado de IMC (26,9 kg/m2),

mudando de patamar para bons resultados, marcado a verde no quadro acima.

Nos testes “Levantar e Sentar” e “Flexão do Antebraço” obtiveram 100% de

resultados excelentes, em que muitos deles melhoraram a sua aptidão em

relação às avaliações anteriores onde já tinham atingido bons resultados. Os

testes “Sentar e alcançar” e “Alcançar atrás das costas” continuam a ser o

testes com piores resultados, apesar de terem demonstrado, na generalidade,

melhores resultados nesta avaliação, mesmo sendo pouca a diferença. Os que

obtiveram os piores resultados mantiveram-se nesse patamar em todas as

avaliações. Nos teste “Sentar, Caminhar e Alcançar” e “Andar 6 minutos”,

obtiveram bons e excelentes resultados em ambos, mostrando uma ligeira

melhoria da aptidão física em alguns alunos.

4.2.4 Dificuldades, obstáculos e entraves nas aulas

Nos meses em que as aulas se realizaram ao ar livre junto à praia foram

complicados de leccionar principalmente nos dias de chuva, para além de que

não havia material nem local com aparelhagem para diversificar as aulas como

acontecia na Nave Polivalente.

57

Alguns alunos que iniciaram o programa junto à praia deixaram de aparecer

nas aulas quando estas se iniciaram na Nave de Espinho, devido à distância

essencialmente. O mesmo aconteceu com outros alunos que iniciaram o

programa de marcha na Nave de Espinho e não o finalizaram quando as aulas

se mudaram para junto da praia.

58

Capítulo 5 - Conclusão

Sabe-se que o aumento do tempo de vida reduz a capacidade funcional dos

vários aparelhos e sistemas, aumenta a prevalecimento de doenças crónicas e

a maior ocorrência de situações agudas. Assim, é importante a elaboração de

planos de modo a diminuir esta tendência tão característica da velhice, para

que seja possível aumentar a quantidade e qualidade de vida destas pessoas.

(Pinto et al, 2001)

O estágio foi de encontro às minhas expectativas, sinto que adquiri experiência

e ferramentas essenciais para implementar as avaliações e as metodologias de

treino específicas para a terceira idade. Desenvolvi competências profissionais

para no futuro responder aos desafios de uma sociedade cada vez mais

envelhecida.

Após um ano de estágio com três turmas da terceira idade, percebe-se que

qualquer programa de atividade física, privilegiando um treino mais

multicomponente, para esta população intervém beneficamente no entrave

brusco do próprio envelhecimento, melhorando e mantendo a aptidão física e

funcional dos idosos. Os melhores resultados da aptidão dos meus alunos

tanto em Espinho como no Porto foram nas componentes de força, resistência

aeróbia e equilíbrio e agilidade. Estes resultados podem ser explicados, talvez,

pelo facto de as duas primeiras componentes terem sido as mais trabalhadas e

a componente de equilíbrio e agilidade foi indiretamente também trabalhada de

forma eficaz.

Outra questão que devo salientar é o facto de que, a idade nem sempre é a

variável principal que traduz o grau de aptidão física do idoso, e cada vez

menos será. O estilo de vida que o idoso leva aliado à sua genética são as

principais razões que mostram o grau de aptidão de cada idoso. Esta situação

verifica-se na comparação dos meus alunos do Porto com os de Espinho. Ou

seja, apesar de a turma do Porto ser mais envelhecida (entre os 70-80 anos)

do que as turmas de Espinho, que se encontram maioritariamente na casa dos

60 anos, não revelaram piores resultados do que estes últimos, sendo que em

alguns casos até apresentaram melhores resultados.

59

Deste modo, posso afirmar que a atividade física não faz milagres ao ponto de

reverter o processo do envelhecimento, porém quando os alunos são

dedicados, aplicam-se com a intensidade proposta pelo professor e frequentam

regularmente os treinos (aliado a um estilo de vida saudável), têm benefícios

ao nível da manutenção das funções vitais, diminuindo as perdas fisiológicas.

Concluindo, este estágio foi bastante enriquecedor no sentido de que

desenvolvi competências que me permitirão no futuro ter um desempenho

profissional eficaz, crítico e reflexivo capaz de atender aos desafios e

exigências que esta área de trabalho exige. Foi, também, uma experiência

única a nível pessoal que irá acompanhar-me em todo o meu caminho.

60

Capítulo 6 - Síntese Final

O sedentarismo e os maus hábitos alimentares elevam os problemas do

envelhecimento, isto porque muitas pessoas consideram inevitável a prevenção

destes, o que consequentemente leva a ser impossível retardar este processo.

O EF e uma alimentação correcta são os melhores aliados para manter a

autonomia e a qualidade de vida destas pessoas. (Pinto et al, 2001) De facto, a

atividade física é indispensável para aumentar a qualidade de vida dos idosos.

O exercício nesta idade contribui para melhorar o índice de saúde, combater os

efeitos próprios do envelhecimento, manter a independência e uma vida

participativa na sociedade. Para isto, é necessário haver profissionais

especializados na avaliação e prescrição das atividades físicas para esta

população específica. (Porto, 2008) Qualquer programa de promoção da saúde

na terceira idade deve implementar a manutenção de um estilo e vida

fisicamente activo, para não só prevenir doenças e aumentar a longevidade

como também manter a capacidade funcional e a qualidade de vida das

pessoas idosas.

Neste mestrado optei pelo estágio ao invés da tese, pois queria absorver mais

experiência não só teórica mas também prática. Trabalhei com 3 turmas, uma

turma constituía o grupo da Ginástica de Manutenção do Porto e as outras

duas turmas foram agrupadas no grupo da Marcha do Programa “Espinho em

Forma”. No grupo do Porto desenvolvi um treino multicomponente onde

trabalhei todas as componentes físicas: resistência aeróbia; força; equilíbrio e

agilidade; coordenação; flexibilidade, dando mais importância aos treinos de

força e resistência aeróbia. Já no grupo de Espinho desenvolvi um plano de

treino com prevalência na componente principal, a resistência aeróbia, através

da marcha.

As avaliações iniciais realizadas com as três turmas, através da bateria de

testes Funcional Fitness Test de Rikli & Jones (1999; 2001), foram essenciais

para perceber qual o grau de aptidão física e funcional em que se

encontravam, de modo a facilitar o planeamento anual das sessões de treino.

Ao longo do ano foram efectuadas mais duas avaliações (intermédia e final),

também elas importantes, para perceber se o plano inicialmente elaborado

61

estava a corresponder aos objectivos desejados e deste modo adaptar e

adequar as estratégias para esse fim.

Tive muita sorte nos dois grupos de trabalho que me calharam, no sentido em

que todos eles eram autónomos, ativos com hábitos de prática de atividade

física regular e sem grandes incapacidades físicas, pelo que não foi necessário

qualquer adaptação especial aos planos de treino.

O grupo do Porto constituído por 27 alunos, 3 do sexo masculino e 24 do sexo

feminino, eram um grupo já muito habituado a este tipo de rotina de treinos, em

que todos eles participam neste programa há bastante tempo. A organização e

a gestão das aulas foram muito eficazes. Este foi o local de estágio onde havia

mais diversidade e qualidade de material e melhores condições de trabalho em

relação ao espaço, o que era óptimo para enriquecer as aulas, de modo que

possibilitou realizar atividades diferentes fora da rotina.

O grupo de Espinho constituído por 23 alunos, 12 do sexo masculino e 11 do

feminino, foram um grupo cooperante com muita vontade de trabalhar. Na

maioria dos alunos consegui implementar um treino cada vez mais intenso à

medida que os treinos iam avançando, de modo a atingir os objetivos de

melhoria e manutenção das componentes físicas.

Todas as aulas tiveram a duração de 60 minutos com parte inicial

(aquecimento), parte fundamental e parte final (relaxamento/alongamentos).

Por norma, eram trabalhadas pelo menos duas componentes físicas por aula,

principalmente na turma do Porto.

Pelos resultados e evidências apresentados nos grupos no final do ano, não

ficaram dúvidas quanto aos benefícios na saúde, ao nível físico, funcional,

social e psicológico, dos idosos de uma atividade física dirigida e pensada

especificamente para a turma em questão.

Em conclusão, este estágio foi bastante enriquecedor no sentido de que

desenvolvi competências que me permitirão no futuro ter um desempenho

profissional eficaz, crítico e reflexivo capaz de atender aos desafios e

exigências que esta área de trabalho exige. Foi, também, uma experiência

única a nível pessoal que irá acompanhar-me em todo o meu caminho.

62

Capítulo 7 - Referências Bibliográficas

ACSM. (2010). Obtido em 12 de Julho de 2014, de Exercício e Atividade Física

para pessoas idosas.: http://www.celafiscs.org.br/index.php/artigos-

cientificos?task=callelement&format=raw&item_id=87&element=23846fe

5-d177-42e8-af9d-

ec3e2d3eb6a6&method=download&args%5B0%5D=0.

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Editora Ltda.

VIII

Capítulo 8 - Anexos

IX

ANEXO 1: Questionário Inicial de Avaliação - Anamnese

3. História: 3.1. Possui alguns destes problemas de

saúde?

Há quanto tempo?

Doenças Pulmonares

Doenças Cardiovasculares

Doenças Respiratórias

Hipertensão arterial

Diabetes (assinale o tipo: I ou II):_______________________

Doença de Parkinson

Esclerose múltipla

Cancro ou Tumor

Demência (especificar qual): _____________________________

Osteoporose

Osteoartrose? (especificar as articulações):________________

Artrite Reumatóide

Outros problemas articulares

Colesterol

Lombalgias

1. Identificação

Nome: __________________________________________ Sexo: M( ) F( )

Idade:____________

Estado Civil: _____________ Profissão: _______________ Habilitações

Literárias:______________

2. Agregado Familiar

Com quem vive?

a) Sozinho(a)

b) Marido/Companheiro(a)

c) Familiares

X

3.2. Apresenta alguns dos seguintes sintomas?

a) Tonturas Regulares;

b) Ritmo Cardíaco anormalmente rápido ou irregular/ Arritmia;

c) Dor ou desconforto no peito, pescoço, queixo, braço ou outro;

d) Problemas de equilíbrio;

e) Alterações visuais;

f) Alterações auditivas;

g) Coxear ocasional, acompanhado de dores nas pernas.

3.3. Medicamentos eu toma atualmente:

4. Hábitos:

a) Quantas horas dorme por dia? ________________________________________

b) Quantas refeições toma por dia? ______________________________________

c) Desloca-se a pé diariamente? S( ) N( ) Se sim, quanto tempo percorre

diariamente? __________________________________

d) Já fez algum tipo de dieta para perder massa gorda? S( ) N( )

Se sim, qual?___________________________________

e) Fuma? S( ) N( ) Se sim, há quanto tempo? ____________________________

5. Mobilidade e Atividades de vida diária:

a) Sente alguma dificuldade em vestir-se? S( ) N( )

MEDICAMENTOS DOENÇA DURAÇÃO DE TOMA

XI

b) Sente alguma dificuldade em tomar banho? S( ) N( )

c) Sofreu alguma queda nos últimos 3 anos? S( ) N( )

d) Utiliza algum auxílio para se deslocar (bengala, andarilho, …)? S( ) N( )

6. Atividade Física:

a) Praticou alguma atividade física ou algum desporto anteriormente? S( ) N( )

Se sim, qual?____________________ Quanto tempo? ___________________

b) Participa neste programa “Espinho em Forma” há quanto tempo?

_______________________

c) Participa noutras atividades para além deste programa? S( ) N( ) Se sim,

quais?__________________________

d) Atualmente considera-se uma pessoa sedentária? S( ) N( )

e) Descreva o grau de importância que cada um dos itens abaixo teve para iniciar a

sua prática de atividade física, sendo que 0 = menos importância, 10 =

importância máxima:

Itens 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Socialização; Estar com os amigos, conhecer

pessoas novas

Melhor interacção com a sociedade

Por diversão

Para relaxar

Contrariar os efeitos da idade

Problemas de Saúde

Manter o nível de performance

Aumentar auto-estima

Manter a linha

Controlar o peso

Excesso de peso

Desenvolvimento de novas capacidades

Pelo espírito competitivo

XII

ANEXO 2: Protocolo dos Testes de Aptidão Física e Funcional da Bateria

de Testes de Rikli & Jones (1999; 2001)

1. Levantar e Sentar na Cadeira

Objectivo:

Avaliar a força e resistência dos membros inferiores (número de execuções em

30’’ sem a utilização dos membros superiores).

Equipamento:

Cronómetro, cadeira com encosto (sem braços), com altura do assento

aproximadamente 43 cm. Por razões de segurança, a cadeira deve ser

colocada contra uma parede, ou estabilizada de qualquer outro modo, evitando

que se mova durante o teste.

Protocolo:

O teste inicia-se com o participante sentado no meio da cadeira, com as costas

direitas e os pés afastados à largura dos ombros e totalmente apoiados no

solo. Um dos pés deve estar ligeiramente avançado em relação ao outro para a

ajudar a manter o equilíbrio. Os membros superiores estão cruzados ao nível

dos pulsos e contra o peito. Ao sinal de “partida” o participante eleva-se até à

extensão máxima (posição vertical) e regressa à posição inicial (sentado). O

participante é encorajado a completar o máximo de repetições num intervalo de

tempo de 30’’. Enquanto controla o desempenho do participante para assegura

o maior rigor, o avaliador conta as elevações correctas. Chamadas de atenção

verbais (ou gestuais) podem ser realizadas para corrigir um desempenho

deficiente.

Prática/ ensaio:

Após uma demonstração realizada pelo avaliador, um dos dois ensaios podem

ser efectuados pelo participante visando uma execução correcta. De imediato

segue-se a aplicação do teste.

XIII

Pontuação:

A pontuação obtida pelo número total de execuções correctas num intervalo de

30’’. Se o participante estiver a meio da elevação no final dos 30’’, esta deve

contar como uma elevação.

2. Flexão do Antebraço

Objectivo:

Avaliar a força e resistência do membro superior (número de execuções em

30’’).

Equipamento:

Cronómetro, cadeira com encosto (sem braços) e halteres de mão (2,27 Kg

para mulheres e 3,36 Kg para homens).

Protocolo:

O participante está sentado numa cadeira, com as costas direitas, com os pés

totalmente assentes no solo e com o tronco totalmente encostado. O haltere

está seguro na mão dominante. O teste começa com o antebraço em posição

inferior, ao lado da cadeira, perpendicular ao solo. Ao sinal de “iniciar” o

participante roda gradualmente a palma da mão para cima, enquanto faz a

flexão do antebraço no sentido completo do movimento; depois regressa à

posição inicial de extensão do antebraço. Especial atenção deverá ser dada ao

controlo da fase final da extensão do antebraço.

O avaliador ajoelha-se (ou senta-se numa cadeira) junto do participante no lado

do braço dominante, colocando os seus dedos no bicípite do executante, de

modo a estabilizar a parte superior do braço, e assegurar que seja realizada

uma flexão completa (o antebraço do participante deve apertar os dedos do

avaliador). É importante que a parte superior do braço permaneça estática

durante o teste.

O avaliador pode precisar de colocar a sua outra mão atrás do cotovelo de

maneira a que o executante saiba quando atingiu a extensão total, evitando

movimentos de balanço do antebraço. O relógio deve ser colocado de maneira

totalmente visível.

VIII

O participante é encorajado a realizar o maior número possível de flexões num

tempo limite de 30’’, mas sempre com movimentos controlados tanto na fase de

flexão como de extensão. O avaliador deverá acompanhar as execuções de

forma a assegurar que o peso é transportado em toda a amplitude do

movimento – da extensão total à flexão total.

Cada flexão correcta é contabilizada, com chamadas de atenção verbais

sempre que se verifique um desempenho incorrecto.

Prática/ ensaio:

Após demonstração por parte do avaliador deverão ser realizadas, uma ou

duas tentativas pelo participante para confirmar uma realização correcta,

seguindo-se a execução do teste durante 30’’.

Pontuação:

A pontuação é obtida pelo número total de flexões correctas realizadas num

intervalo de 30’’. Se no final dos 30’’ o antebraço estiver em meia-flexão, deve

contabilizar-se como flexão total.

3. Sentado e Alcançar

Objectivo:

Avaliar a flexibilidade dos membros inferiores (distância atingida na direcção

dos dedos dos pés)

Equipamento:

Cadeira com encosto (aproximadamente 43 cm de altura até ao assento) e

uma régua de 45 cm. Por razões de segurança, a cadeira deve ser colocada

contra uma parede para que se mantenha estável (não deslize para a frente)

quando o participante se sentar na respectiva extremidade.

Protocolo:

Começando numa posição sentado, o participante avança o seu corpo para a

frente, até se encontrar sentado na extremidade do assento da cadeira. A

dobra entre o topo da perna e as nádegas deve estar ao nível da extremidade

do assento. Com uma perna flectida e o pé totalmente assente no solo, a outra

perna (a perna de preferência) é estendida na direcção da coxa, com o

IX

calcanhar no chão e o pé flectido (aproximadamente 90º). O participante deve

ser encorajado a expirar à medida que flecte para a frente, evitando

movimentos bruscos, rápidos e fortes, nunca atingindo o limite da dor.

Com a perna estendida (sem hiperextensão), o participante flecte lentamente

para a frente até à articulação da coxofemoral (a coluna deve manter-se o mais

direita possível, coma cabeça no prolongamento da coluna, portanto não

flectida), deslizando as mãos (uma sobre a outra, com as pontas dos dedos

sobrepostas) ao longo da perna estendida, tentando tocar os dedos dos pés.

Deve tocar nos dedos dos pés durante 2’’. Se o joelho da perna estendida

começar a flectir, solicitar ao participante que se sente lentamente até que o

joelho fica na posição estendida antes de iniciar a medição.

Prática/ ensaio:

Após demonstração realizada pelo avaliador, o participante é questionado

sobre a sua perna preferencial. O participante deve ensaiar duas vezes,

seguindo-se a aplicação do teste.

Pontuação:

Usando uma régua de 45 cm, o avaliador regista a distância (cm) até aos

dedos dos pés (resultado mínimo) ou a distância (cm) que consegue alcançar

para além dos dedos dos pés (resultado máximo). O meio do dedo grande do

pé, na extremidade do sapato, representa o ponto zero. Registar ambos os

valores encontrados com a aproximação de 1 cm, e fazer um círculo sobre o

melhor resultado. O melhor resultado é usado para avaliar o desempenho.

Assegure-se de que regista os sinais – ou + na folha de registo.

Atenção:

O avaliador deve ter em atenção as pessoas que apresentam problemas de

equilíbrio, quando sentadas na extremidade da cadeira.

A perna preferida é definida pelo melhor resultado. É importante trabalhar os

dois lados do corpo ao nível da flexibilidade, mas por questões de tempo

apenas o lado hábil tem sido usado para a definição de padrões.

X

4. Estatura e Peso:

Objectivo:

Avaliar o índice de massa corporal (kg/m2).

Equipamento:

Balança, fita métrica de 150 cm, régua e marcador.

Calçado:

Por uma questão de tempo, as pessoas podem estar calçadas durante a

medição da altura e do peso, com os ajustamentos abaixo descritos.

Protocolo:

Estatura – uma fita métrica deve ser aplicada verticalmente numa parede, com

a posição zero exactamente a 50 cm acima do solo. O participante encontra-se

de pé encostado à parede (a parte média da cabeça está alinhada com a fita

métrica) e olhando em frente. O avaliador coloca a régua (ou objecto similar)

sobre a cabeça do participante, mantendo-a nivelada, estendendo-a até à fita

métrica. A estatura da pessoa é a medida (cm) indicada na fita métrica, mais 50

cm (distância a partir do solo até ao ponto zero da fita métrica). Caso se o

participante se encontre calçado, pode ainda retirar-se de 1,3 cm a 2,5 cm do

total dos cm, usando o critério mais rigoroso possível.

Peso – o participante deve despir todas as peças de vestuário pesadas, tais

como, casacos, camisolas grossas, etc. O peso é medido e registado com

aproximação às 100 g e ajustamentos relativos ao peso do calçado. Em geral

deve ser subtraído 0,45 kg para mulheres e 0,91 kg para homens.

5. Sentado, Caminhar 2,44 e Voltar a Sentar

Objectivo:

Avaliar a mobilidade física – velocidade, agilidade e equilíbrio dinâmico.

Equipamento:

Cronómetro, fita métrica, cone (ou outro marcador) e cadeira com encosto

(aproximadamente 43 cm de altura).

XI

Montagem:

A cadeira deve ser posicionada contra a parede ou de outra forma que garanta

a posição estática durante o teste. A cadeira deve também estar numa zona

desobstruída, em frente a um cone à distância de 2,44 m (medição desde a

ponta da cadeira até à parte anterior do marcador). Deverá haver pelo menos

1,22 m de distância livre à volta do cone, permitindo ao participante contornar

livremente o cone.

Protocolo:

O teste é iniciado com o participante totalmente sentado na cadeira (postura

erecta), mãos nas coxas, e pés totalmente assentes no solo (um pé

ligeiramente avançado em relação ao outro). Ao sinal de “partida” o participante

eleva-se da cadeira, caminha o mais rápido possível à volta do cone (por

qualquer dos lados) e regressa à cadeira. O participante deve ser informado de

que se trata de um teste “por tempo”, sendo o objectivo caminhar o mais

depressa possível (sem correr) à volta do cone e regressar à cadeira. O

avaliador deve funcionar como assistente, mantendo-se a meia distância entre

a cadeira e o cone, de maneira a poder dar assistência em caso de

desequilíbrio. O avaliador deve iniciar o cronómetro ao sinal de “partida” quer a

pessoa tenha ou não iniciado o movimento, e pará-lo no momento exacto em

que a pessoa se senta.

Prática / ensaio:

Após demonstração, o participante deve experimentar uma vez, realizando

duas vezes o exercício. Deve chamar-se a atenção do participante de que o

tempo é contabilizado até este estar completamente sentado na cadeira.

Pontuação:

O resultado corresponde ao tempo decorrido entre o sinal de “partida” até ao

momento em que o participante está sentado na cadeira. Registam-se os dois

valores até ao 0,01’. O melhor resultado é utilizado para medir o desempenho.

XII

6. Alcançar Atrás das Costas

Objectivo:

Avaliar a flexibilidade dos membros superiores (distância que as mãos podem

atingir atrás das costas).

Equipamento:

Régua de 45 cm.

Protocolo:

Na posição de pé, o participante coloca a mão dominante por cima do mesmo e

alcança o mais baixo possível em direcção ao meio das costas, palma da mão

para baixo e dedos estendidos (o cotovelo apontado para cima). A mão do

outro braço é colocada por baixo e atrás, com a palma virada para cima,

tentando alcançar o mais longe possível numa tentativa de tocar (ou sobrepor)

os dedos médios de ambas as mãos.

Prática/ ensino:

Após demonstração por parte do avaliador, o participante é questionado sobre

a sua mão de preferência. Sem mover as mãos do participante, o avaliador

ajuda a orientar os dedos médios de ambas as mãos na direcção um do outro.

O participante experimenta duas vezes, seguindo-se duas tentativas do teste.

O participante não pode entrelaçar os dedos e puxar.

Pontuação:

A distância de sobreposição, ou a distância entre os médios é medida ao cm

mais próximo. Os resultados negativos (-) representam a distância mais curta

entre os dedos médios; os resultados positivos (+) representam a medida da

sobreposição dos dedos médios. Registam-se duas medidas. O “melhor” valor

é usado para medir o desempenho. Certifique-se de que marca os sinais – e +

na ficha de pontuação.

XIII

7. Andar 6 minutos

Objectivo:

Avaliar a resistência aeróbia percorrendo a maior distância em 6 minutos)

Equipamento:

Cronómetro, fita métrica, cones (ou outro marcador) e giz. As cadeiras devem

estar colocadas ao longo de vários pontos, na parte de fora do circuito.

Montagem:

O teste envolve a medição da distância máxima que pode ser caminhada

durante seis minutos ao longo de percurso de 50m, sendo marcados

segmentos de 5m. Os participantes caminham continuamente em redor do

percurso marcado, durante um período de 6 minutos, tentando percorrer a

máxima distância possível. A área de percurso deve ser bem iluminada, a

superfície não deve ser deslizante e lisa. Se necessário o teste pode ser

realizado numa área rectangular marcada me segmentos de 5m.

Protocolo:

Para facilitar o processo de contagem das voltas do percurso, pode ser dado

ao participante um pau (ou objecto similar) no fim de cada volta, ou então um

colega pode marcar numa ficha de registro sempre que uma volta é terminada.

Ao sinal de partida, os participantes são instruídos para caminhar o mais

rapidamente possível (sem correrem) na distância marcada à volta dos cones.

Se necessário os participantes podem parar e descansar, sentando-se e

retomando depois o percurso.

Prática/ensino:

O participante deve experimentar uma ocasião anterior ao dia do teste, para

que possa criar o seu ritmo. No dia do teste, o avaliador deve fazer uma

demonstração do procedimento e permitir ao participante que pratique

rapidamente para assegurar a compreensão do protocolo. Os participantes

devem ser encorajados verbalmente no sentido de obterem o desempenho

máximo.

XIV

Pontuação:

O resultado representa o número total de metros caminhados durante os seis

minutos.

Precauções

Qualquer participante deve interromper o teste caso tenha tonturas, dor,

náuseas ou fadiga.

XV

ANEXO 3: Fichas de Registo da Avaliação da Aptidão Física Inicial,

Intermédia e Final

Nome Peso Altura IMC

Resistência Aeróbia (dist. percorrida)

Força MI (Nº Reps)

Adriano Ferreira

Celeste Lage

Custódia Pimentel

Emília Ramalho S.

Elisabete Ferreira

Francisca Marcus

Joaquim Ferreira

José Sequeira

Justa Carvalho

Laurinda Gonçalves

Mª Albertina Castro

Mª Alice Ferreira

Mª Alice Magalhães

Mª Almeida Melo

Mª Angelina Rego

Mª Alzira Martins

Mª Benvinda Castelo

Mª Carmo Costa

Mª Celeste Fonseca

Mª das Dores Moreira

Mª Edite Sequeira

Mª Eugénia Monteiro

Mª Fernanda Mota

Mª Fernanda Teixeira

Mª Helena de Almeida

Mª Luísa Areias

Rita Gonçalves

Teresa Moreira

XVI

Nome Força MS (Nº Reps)

Flexibilidade MI (cm)

Flexibilidade MS (cm)

Equilíbrio Dinâmico

Adriano Ferreira

Celeste Lage

Custódia Pimentel

Emília Ramalho Silva

Elisabete Ferreira

Francisca Marcus

Joaquim Ferreira

José Sequeira

Justa Carvalho

Laurinda Gonçalves

Mª Albertina Castro

Mª Alice Ferreira

Mª Alice Magalhães

Mª Almeida Melo

Mª Angelina Rego

Mª Alzira Martins

Mª Benvinda Castelo

Mª Carmo Costa

Mª Celeste Fonseca

Mª das Dores Moreira

Mª Edite Sequeira

Mª Eugénia Monteiro

Mª Fernanda Mota

Mª Fernanda Teixeira

Mª Helena de Almeida

Mª Luísa Areias

Rita Gonçalves

Teresa Moreira

XVII

ANEXO 4: Valores de Referência do Protocolo dos Testes de Aptidão

Física e Funcional da Bateria de Testes de Rikli & Jones (1999; 2001)

Normal Range of Scores – Men

Normal Range of Scores - Women

XVIII

ANEXO 5: Exemplo de um Plano de Treino na Ginástica de Manutenção da

FADEUP

Estágio 2013/2014

Plano da 35ª Aula

Data: 06/03/2014 Hora:15:30h Local: Pav. Rítmica e Bancadas do

Pav. Desportivo

Objectivos: Desenvolver a resistência

aeróbia, a coordenação e o equilíbrio

dos participantes.

Material: Aparelhagem, coletes, cones, arcos,

steps, cordas, plataformas de equilíbrio.

Te

mpo

Objetivos

Específicos Descrição

Organização

Didáctico-

Metodológica

Critérios de

êxito

10’

Parte Inicial

Preparar todo o

organismo para

as actividades

seguintes.

Jogo Estafeta das

cores, em que cada

elemento da equipa

vez à vez tem de ir

buscar o colete da cor

da sua equipa o mais

rapidamente possível,

sem correr;

Movimentos

articulares de todos os

membros, no sentido

dos pés à cabeça.

Participantes

divididos em 2

grupos frente a

frente;

Dispersos pelo

pavilhão de frente

para a professora

bem afastados uns

dos outros.

Realizar os

movimentos de

forma lenta de

maneira a

aumentar a

temperatura

corporal

progressivamente;

Controlo da

respiração.

15’

Parte

Fundamental

Desenvolver a

resistência

aeróbia.

Marcha a um ritmo

moderado ao longo do

circuito preparado

com cones, steps,

arcos e cordas no

pavilhão de rítmica e

pelas bancadas do

pavilhão desportivo

(este último opcional

– participantes só com

boa mobilidade).

Participantes

distribuídos ao

longo do circuito,

bem afastados uns

dos outros em

fila. Os 3

professores

distribuem-se

pelo circuito,

dando auxílio a

todos os

participantes.

Postura erecta,

ombros e pescoço

relaxados,

contrabalançando

o movimento dos

braços com as

pernas;

Controlo da

respiração.

XIX

Nota: No circuito de resistência aeróbia os professores distribuem-se pelo circuito

dando auxílio aos participantes sempre que necessário.

15’

Desenvolver a

coordenação e o

equilíbrio.

Movimentos

coreográficos com

música combinados

com exercícios de

coordenação e

equilíbrio utilizando 1

cone e uma plataforma

de equilíbrio (para

cada participante).

Participantes

dispersos em

xadrez, de frente

para a professora,

seguindo as

instruções e

demonstrações da

mesma.

Correta colocação

dos segmentos

corporais, sem

prender a

respiração;

Executar os

movimentos em

segurança.

5’

Parte Final

Alongamento,

Relaxamento e

Socialização.

Alongamento estático

dos segmentos

corporais trabalhados

anteriormente;

Relaxamento,

socialização e

massagens com bola 2

a 2; 3 respirações

profundas e grito

final.

Participantes

formam um

círculo, com dois

braços de

distância entre

cada um, realizam

alongamentos a

par e

individualmente.

Expirar durante o

alongamento até

alcançar a

amplitude

máxima do

movimento, sem

provocar dor.

Respirar

profundamente.