Relatório Final - Pesquisa Qualitativa Copa do Mundo I ... · 3 Métodos e Técnicas de Pesquisa...

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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ASSESSORIA DE PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA Pesquisa Qualitativa Ad hoc – Copa do Mundo I (08/2013) RELATÓRIO FINAL EMPRESA RESPONSÁVEL: BRASILIA – DF 09/10/2013

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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

ASSESSORIA DE PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA

Pesquisa Qualitativa Ad hoc – Copa do Mundo I (08/2013)

RELATÓRIO FINAL

EMPRESA RESPONSÁVEL:

BRASILIA – DF

09/10/2013

2 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa

Sumário 1 Apresentação .............................................................................................................................. 3

2 Escopo da Pesquisa ..................................................................................................................... 5

3 Métodos e Técnicas de Pesquisa ................................................................................................ 9

4 Detalhamento do Roteiro de Pesquisa ..................................................................................... 10

5 Detalhamento do Plano de Recrutamento ............................................................................... 11

6 Detalhamento dos Procedimentos Adotados nos Trabalhos de Campo .................................. 12

7 Análise dos Resultados da Pesquisa ......................................................................................... 13

8 Conclusões / Considerações Finais ........................................................................................... 38

9 Recomendações ........................................................................................................................ 40

Anexo I – Roteiro dos Grupos ........................................................................................................... 41

Anexo II – Cronograma e Perfil dos Grupos ...................................................................................... 45

3 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa

1 Apresentação

1.1 Base Legal

De acordo com a legislação brasileira em vigor (Lei nº 10.683/2003, art. 2ºB, III), a Secretaria de Comunicação Social (SECOM) tem entre suas missões institucionais a atribuição de organizar e desenvolver um sistema de informação e pesquisa de opinião pública, cujos principais objetivos devem ser monitorar as demandas da sociedade por políticas e serviços públicos bem como a avaliação que a sociedade faz dessa oferta de políticas e serviços públicos.

Nesse sentido, o Decreto nº 6.555/2008 sugere alguns objetivos para esse sistema de informação e pesquisa de opinião pública. Com base nos incisos I, II e IV do artigo 1º e nos incisos VIII e XI do artigo 2º do referido decreto, podem ser indicados como objetivos do sistema de informação e pesquisa de opinião pública a realização de atividades destinadas a:

I. Avaliar o conhecimento da sociedade sobre políticas e programas federais;

II. Avaliar o conhecimento do cidadão sobre direitos e serviços colocados à sua disposição;

III. Identificar assuntos de interesse público que orientem o conteúdo das informações a serem disseminadas;

IV. Avaliar a adequação de mensagens, linguagens e canais aos diferentes segmentos de público;

V. Avaliar a eficiência e racionalidade na aplicação dos recursos públicos.

No campo da avaliação de programas e ações governamentais, a pesquisa de opinião pública é uma forma amplamente aceita de conhecer como os cidadãos percebem os efeitos das políticas públicas em suas vidas. Além disso, oferece aos tomadores de decisão subsídios importantes para sua atuação e permite fazer com que as ações governamentais sejam responsivas às prioridades e expectativas da população.

Por isso, a SECOM realiza uma série de levantamentos e análises que objetivam compreender a percepção da população sobre as ações governamentais e, por conseguinte, contribuir para a tomada de decisão no âmbito do Governo Federal e, principalmente, para o planejamento das ações de formulação e articulação das iniciativas de comunicação do Poder Executivo Federal.

Essas pesquisas constituem importante instrumento de gestão e maximização de recursos, pois, ao aplicarem métodos e técnicas cientificamente válidas, permitem a construção de parâmetros para campanhas de comunicação institucional e de utilidade pública com foco e meios mais precisos, proporcionando assim a realização de resultados mais tangíveis e maior efetividade em relação aos objetivos propostos na política pública de comunicação.

4 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa

Além disso, as pesquisas realizadas pela SECOM oferecem um canal adicional de manifestação cidadã, pois oferecem à população a oportunidade de se expressar sobre o desempenho do Poder Executivo e sobre suas demandas mais prementes, o que confere uma aplicação vertical da noção de prestação de contas política (accountability), essencial ao funcionamento da democracia.

A Legislação pertinente e informações adicionais podem ser consultadas na página da SECOM na Internet: www.secom.gov.br .

1.2 Contrato da Pesquisa

Contrato nº 001/2013.

1.3 Ordem de Serviço da Pesquisa

Ordem de serviço 006/2013.

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2 Escopo da Pesquisa

2.1 Contexto

Esta pesquisa qualitativa avaliou dois temas centrais na agenda do Governo Federal: a preparação para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e a percepção sobre o caráter federativo da prestação de alguns serviços públicos. Ambos os temas pretendem aprimorar a comunicação governamental em relação ao evento e ao papel do Governo Federal na prestação de serviços públicos.

2.1.1 Bloco I – Copa do Mundo

A Copa do Mundo da FIFA é um dos maiores eventos esportivos do planeta. A disputa quadrienal entre as melhores seleções mundiais mobiliza bilhões de pessoas em dezenas de países, envolvendo diversas culturas. Inflama paixões e, ao mesmo tempo, reduz diferenças1.

Com a definição do Brasil, em outubro de 2007, como país sede da vigésima Copa do Mundo, iniciou-se um abrangente esforço nacional que ultrapassa o simples cumprimento das exigências da organização e a realização de um bom papel aos olhos do mundo. Com a ratificação das 12 cidades-sede, em maio de 2009, o trabalho de planejamento e execução de empreendimentos estratégicos desencadeou o desenvolvimento de uma série de ações que transcende qualquer parâmetro esportivo.

Por meio da ampla participação de governos, empresas e cidadãos, o Brasil vem passando por transformações importantes em todas as suas regiões, a partir de investimentos realizados de Norte a Sul no país, em especial dos recursos alocados nas cidades-sede onde acontecerão os jogos e eventos festivos: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Para todos os brasileiros, qualquer que seja o resultado nos gramados da Copa, deverá ficar um relevante legado em infraestrutura, geração de empregos e renda e promoção da imagem do país em escala global.

Todavia, as recentes manifestações apontaram para significativa insatisfação da população com relação aos compromissos assumidos pelos governos para com a organização do evento. Nesse contexto, a pesquisa pretendeu esclarecer o nível de informação do público sobre os preparativos para a Copa, bem como conhecer a opinião da população sobre o evento.

Por fim, esta pesquisa traz subsídios para aprimorar a comunicação do Governo Federal em questões associadas à realização da Copa do Mundo.

1 Fonte principal: www.copa2014.gov.br.

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2.1.2 Bloco II – Serviços Públicos

Dado o caráter multifacetado da preparação de uma Copa do Mundo, consideramos oportuno aproveitar a realização de grupos de discussão para compreender melhor a percepção da sociedade brasileira sobre o papel de cada nível de governo na prestação dos principais serviços públicos: transportes, segurança, educação e saúde, entre outros. Uma preocupação fundamental para a condução das políticas públicas está na avaliação que os cidadãos fazem dos serviços públicos. A razão disso está no fato de ser a função de um governo democrático materializar, por meio de suas ações e políticas, as expectativas e anseios da população que representa.

Para garantir o cumprimento desse papel, um amplo arcabouço institucional é estruturado pela Constituição e funciona para garantir que o governo seja responsivo às expectativas da população, isto é, atue em resposta às demandas e preferências de seus cidadãos, considerados politicamente iguais. Sobre esse fundamento ergue-se a noção de poliarquia, visão predominante de regime político liberal democrático na literatura especializada2.

Esta pesquisa qualitativa avaliou como os cidadãos enxergam as políticas públicas que, nas recentes pesquisas quantitativas, são apontadas como prioritárias pela população, a saber: saúde, segurança, educação, economia e, em função das manifestações de junho, transporte.

Para tanto, a análise dos grupos de discussão contribui para apreender a visão dos cidadãos sobre o andamento dessas áreas, bem como desenvolver uma discussão sobre o que as pessoas esperam de cada governo. Dessa forma, o levantamento trabalhou com três focos: (i) saber como os serviços públicos são percebidos pela população; (ii) quais são as expectativas da população para essas políticas públicas; e (iii) quem seriam os responsáveis por garantir a implementação dos serviços listados (e qual seria o papel do Governo Federal nesse arranjo de responsabilidades).

2.2 Indicador de referência

Não há.

2.3 Objetivo Geral

2.3.1 Bloco I - Copa do Mundo

Avaliar a percepção e expectativas da população em relação à Copa do Mundo FIFA de Futebol e seu significado para o Brasil.

2.3.2 Bloco II – Serviços Públicos

Aferir as impressões e expectativas da população brasileira com relação aos serviços ofertados pelo Estado.

2 Dahl, Robert Alan, Fernando Limongi e Celso Paciornik. Poliarquia: participação e oposição. Edusp, 1997.

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2.4 Objetivos Específicos

2.4.1 Objeto I – Copa do Mundo

� Compreender como a população avalia as ações empreendidas para a realização da Copa do Mundo no Brasil;

� Conhecer as expectativas da população para o evento;

� Conhecer como a população avalia o relacionamento dos governos com a da FIFA e demais atores envolvidos na realização do campeonato;

� Avaliar a percepção da população quanto à realização da Copa do Mundo no atual contexto sociopolítico do Brasil;

� Detectar a percepção da população quanto aos benefícios produzidos pela realização da Copa no País;

� Verificar a existência ou não de um discurso predominante com relação ao evento e o papel dos governos na sua realização.

2.4.2 Objeto II – Serviços Públicos

� Realizar discussão sobre a responsabilidade de cada ente federado na condução dos serviços públicos essenciais indicados como prioritários em pesquisas quantitativas;

� Compreender as razões da crescente “federalização” dos serviços públicos;

� Avaliar a percepção das pessoas quanto ao grau de influência do Governo Federal sobre a qualidade dos serviços prestados à população;

� Debater as expectativas da população com relação ao papel do Governo Federal na garantia de serviços públicos, inclusive no relacionamento com outras esferas de governo;

� Verificar as expectativas da população quanto à qualidade dos serviços públicos no curto prazo;

� Elaborar subsídios para a comunicação de utilidade pública do Governo Federal no intuito de aumentar o conhecimento da população sobre seus direitos e, por conseguinte, facilitar o acesso a serviços de qualidade.

Observação: na discussão sobre os serviços essenciais, quando couber, deverão ser abordadas as diferentes modalidades desses serviços. Por exemplo, quando se tratar de educação, trabalhar os seus níveis principais (fundamental, médio, técnico e superior).

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2.5 Público Alvo

� Pessoas com mais de 18 anos;

� Ambos os sexos;

� Todas as classes econômicas (ABCD);

� Localidades: Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

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3 Métodos e Técnicas de Pesquisa

Pesquisa Qualitativa com grupos de discussão.

Na dinâmica dos grupos focais utilizamos técnicas projetivas. As técnicas projetivas consistem em uma forma descontraída de perguntar por meio das quais os participantes da discussão, sem terem ciência do objetivo que se quer atingir, trazem à tona conteúdos emocionais e respostas espontâneas. As técnicas projetivas permitem que os participantes se expressem de uma forma relativamente fácil. Eles acabam por revelar um conteúdo não tão direto, de teor mais emocional que racional.

O uso das técnicas projetivas é para que o respondente não saiba o propósito das perguntas que são realizadas durante o grupo, evitando assim o discurso politicamente correto e respostas diretas e objetivas.

No presente estudo, foi utilizada a técnica de associação livre.

O moderador estimula uma palavra e os participantes podem associá-las a quaisquer outras, de forma livre e espontânea. Assim, o moderador diz a palavra “Copa do Mundo” e os participantes devem dizer palavras, várias palavras, sem qualquer justificativa racional. Após uma rodada de palavras, o moderador pede que o grupo fale sensações, tentando assim trazer a tona por meio dessa técnica projetiva, sentimentos e sensações que a Copa do Mundo causa na população.

Após os grupos, profissionais seniores do Instituto Análise com experiência e formação adequada analisam o que foi dito e feito nas reuniões e transformam seu conteúdo em conclusões estratégicas.

3.1. Tipo de Pesquisa Qualitativa de discussão em grupo

3.2. Tipo de Coleta Sala de espelho com gravação de imagem e áudio

3.3. Período de Execução 09 a 17 de setembro de 2013

3.4. Processo de recrutamento Lista telefônica e ponto de fluxo

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4 Detalhamento do Roteiro de Pesquisa

O roteiro de pesquisa foi elaborado pela equipe técnica do Instituto Análise em diálogo com os representantes da SECOM para troca de conhecimento e experiências com a finalidade de desenvolver um roteiro que pudesse responder às questões levantadas durante a descrição do problema.

O roteiro foi preparado a partir de uma lista de questões a serem respondidas, organizadas em grupos de tópicos e ordenadas em uma sequencia lógica, conforme apresentado a seguir:

� Introdução: apresentação do (a) moderador (a) e dos participantes e explicação da dinâmica;

� O envolvimento com o futebol: qual o grau de envolvimento dos participantes com o futebol;

� Percepções sobre a Copa do Mundo: opinião sobre a Copa do Mundo no Brasil, vantagens e desvantagens, benefícios que a Copa trará ao país. Uso da técnica projetiva de associação livre.

� Avaliação da comunicação: três vídeos sobre a Copa do Mundo são apresentados aos participantes para avaliação;

� Questões federativas: o papel dos governos na realização da Copa. Diferenças nos papéis dos Governos Municipal, Estadual e Federal em relação a políticas públicas. Avaliação dos serviços púbicos de saúde, segurança, educação e transporte.

� Imagem dos Estádios: percepções sobre os estádios (dinâmica de imagens) nas cidades-sede da Copa.

� Discursos relativos à Copa do Mundo: avaliação de discursos referentes à Copa do Mundo a partir de frases-sínteses sobre o mundial no Brasil.

As primeiras versões do roteiro foram apresentadas pela equipe da SECOM, depois de discutidas internamente com os setores interessados. O teste para a aprovação do roteiro se deu no primeiro grupo de discussão e esse teste avaliou:

� Compreensão técnica;

� Tempo necessário para aplicação;

� Adequação das perguntas/ provocações.

O roteiro mostrou-se adequado aos objetivos pretendidos pela pesquisa.

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5 Detalhamento do Plano de Recrutamento

O recrutamento dos grupos de discussão foi realizado mediante aplicação de um questionário estruturado contendo os filtros da pesquisa. Não foram recrutadas pessoas que participaram de pesquisa qualitativa no último ano, assim como pessoas que trabalhavam em atividades relacionadas com pesquisa e dinâmicas de grupo, tais como: marketing, sociologia, psicologia, trabalho em agências de publicidade e propaganda, área de comunicação e consideradas formadores de opinião, dentre outras. Além disso, por se tratar de uma pesquisa para o Governo Federal, também não foram recrutados funcionários/servidores públicos ocupantes de cargos administrativos e/ou de confiança de nenhuma esfera de governo.

Foram utilizadas duas técnicas no recrutamento: 1) Telefônica utilizando lista da região e 2) Pessoal em pontos de fluxo das cidades de Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo com equipes de profissionais experientes e qualificados.

Foram recrutados 12 participantes em cada grupo a fim de garantir a presença de no mínimo 8 pesquisados por discussão.

Em alguns casos, para balancear o perfil dos grupos, dispensas foram realizadas.

Os convidados receberam brindes por sua participação na pesquisa.

5.1 Definição dos Participantes da Pesquisa

O universo de estudo e composição dos grupos de discussão foram descritos no Briefing e confirmados no Projeto de pesquisa apresentado à SECOM que requeria um mínimo de 18 grupos de discussão.

Tabela 1 – Distribuição do total de grupos por região e classificação socioeconômica

Região Grupos Classe AB1 Classe CD Perfil

Nordeste 9 3 6

Grupos mistos de 18 a 25 anos Grupos mistos de 30 a 39 anos Grupos mistos de 40 a 55 anos

Sudeste 9 6 3

Grupos mistos de 18 a 25 anos Grupos mistos de 30 a 39 anos Grupos mistos de 40 a 55 anos

Brasil 18 9 9

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6 Detalhamento dos Procedimentos Adotados nos Trabalhos de Campo

Os trabalhos de campo deram início após a aprovação do roteiro e perfil dos entrevistados.

6.1 Estrutura de Campo e Equipe Técnica

Profissional Função Perfil Quantidade

Recrutador Recrutar os participantes. Profissionais com conhecimento, experiência, sensibilidade e critério.

8

Coordenador de campo

Realizar treinamento e supervisionar todo o trabalho de campo.

2

Verificador Avaliar meta de produção e checagem do perfil dos participantes. Fazer o CRQ – Controle de Qualidade no Recrutamento junto a ABEP.

2

6.2 Conclusões dos Trabalhos de Campo

A logística do projeto levou em consideração equipes de recrutadores e supervisores locais acompanhados por um supervisor do Instituto Análise para garantir que a metodologia da pesquisa fosse aplicada uniformemente em todas as cidades.

O processo de recrutamento e seleção dos entrevistados foi um processo cuidadoso e rigoroso.

Para garantir a qualidade do recrutamento, antes da realização do grupo, foram adotados os seguintes procedimentos:

� Consulta do participante no CRQ – Controle de Qualidade no Recrutamento;

� Conferência do documento de identidade original com foto (RG, Carteira Nacional de Habilitação) do participante;

� Logo após a realização do grupo, as informações do CRQ foram completadas, assim como o status de participação do candidato.

No dia da realização dos grupos, os participantes passaram por uma nova checagem dos filtros para confirmação do perfil.

A escolha dos participantes buscou balancear as seguintes variáveis: sexo, idade e avaliação do governo.

O processo de recrutamento transcorreu sem prejuízo ao objetivo final da pesquisa.

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7 Análise dos Resultados da Pesquisa

7.1 O futebol para os brasileiros

O envolvimento com o futebol surge como um dos principais atributos da identidade do país.

Para a maioria dos homens, o significado do futebol vai além do entretenimento, sendo também fonte de socialização, aprendizado e movimentação econômica.

O envolvimento das mulheres acontece, em geral, por meio da família: maridos e filhos que acompanham os campeonatos pela TV e praticam o esporte. Mas, há uma minoria que, por conta própria, desenvolveu um gosto pelo esporte.

7.1.1 Envolvimento com futebol:

� Identificamos três níveis de envolvimento:

1. Alto envolvimento: torcem, vão aos estádios, discutem os jogos, seus resultados e suas regras;

2. Médio envolvimento: torcem apenas conceitualmente por algum time, não reclamam do envolvimento dos familiares e amigos com o futebol;

3. Baixo envolvimento ou envolvimento indireto: não gostam do assunto, distanciam-se dos jogos e de discussões sobre futebol. Frequentemente convivem com o esporte em função do gosto de seus familiares e amigos.

7.1.2 Envolvimento com futebol: padrão feminino

Entre as mulheres, encontram-se exemplos dos três níveis de envolvimento, mas predominam os mais superficiais: nível baixo e médio de envolvimento com o esporte.

“O futebol faz parte da minha vida, porque eu tenho um filho de 11 anos que é metido a jogador. Eu vivo levando para Peneiras. Eu levo, pego, participo. Quarta-feira é um dia que a gente discute, porque ele acorda cedo e quer ver o jogo. (...) Quando ele não assiste, ele entra no Facebook e sabe tudo que acontece. Eu adoro jogo! Já joguei futebol também, quando era mais nova ia aos estádios. Mas já disputei campeonatos, é um esporte que eu amo, jogo na quadra do prédio com o meu filho.” (SP, CD 30-39)

“Eu sempre acompanho, mas é difícil ir a jogo, pois meu pai trabalha e não me deixa ir só. Eu torço em casa. Antes não entendia nada, ficava vendo o que estava acontecendo, mas hoje em dia já acompanho, é legal e dá para levar.” (Rec, CD 18-25)

“Nem tento. Eu fui pra o estádio umas duas vezes, o povo grita e eu não gosto, então eu não gosto de futebol.” (For, AB1 40-55 anos)

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7.1.3 Envolvimento com futebol: paixão tradicional masculina

Entre os homens predomina o alto envolvimento com o futebol.

A maioria dos entrevistados – independente da cidade – torce por algum time e acompanha os jogos.

Os que não conseguem acompanhar os jogos ao vivo optam por se informar por meio do jornal, telejornal ou internet.

Gostam de ir aos estádios, mas muitos afirmam – principalmente em Recife, Salvador e Fortaleza – que têm evitado devido à violência gerada pelos enfrentamentos das torcidas.

Em reduzida proporção, há uma parcela do público masculino que não possui grande envolvimento com o esporte.

“Eu sou corintiano roxo, vou ao estádio sempre que dá, vou com a torcida. Se possível, jogo também. Eu curto assistir outros jogos, segunda divisão, até a quarta divisão, estou sempre ligado.”(SP, CD 30-39)

“Vou sempre. Torço pelo Fortaleza. Praticamente eu ia mais ao estádio, mas deixei de ir um pouco mais por conta do serviço. Eu gosto muito de ir ao estádio, me sinto bem, é aquilo que me dá prazer estar na arquibancada gritando.” (For, CD 18-25)

“Não sou muito ligado em futebol, gosto, acompanho, mas não sou fissurado como meus primos fanáticos. Mas eu gosto, assisto quando dá tempo nos finais de semana ou quando não vou para faculdade.” (SP, AB1 18-25)

7.2 Copa do Mundo no Brasil

Quando o assunto é Copa do Mundo, o envolvimento da população brasileira é total.

Os entrevistados explicitam um sentimento de união em torno de algo maior do que disputas entre times da mesma cidade ou de estados diferentes.

Predominam associações positivas da imagem do Brasil como “país do futebol” e da alta qualidade que apresentamos neste esporte.

Orgulho, festa e confraternização são outras associações unânimes, inclusive entre mulheres de baixo envolvimento com o futebol.

“O único jogo que eu assisto é o da Copa. Aí é emoção do Brasil estar jogando. Se for final, aí é pior ainda...” (SSA, CD 30-39)

“Eu sou muito fã de futebol. Quando é jogo de seleção, assisto mais. Cresci vendo o Zico jogar.” (RJ, AB1 40-55)

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“Muda um pouco porque é Seleção Brasileira, aí todos estão torcendo, diferente de um Ceará e Fortaleza. É diferente, aí é quebra-quebra.” (For, CD 30-39)

7.2.1 O que é a Copa do Mundo para os brasileiros

A Copa surge como um evento unificador; um momento de alegria e satisfação; motivo de orgulho para os brasileiros em relação ao povo e ao país.

É visto como oportunidade de negócios: um período no qual será possível ganhar mais dinheiro e criar novos relacionamentos; contudo, há também o receio de que não dê certo: de que as obras não fiquem prontas a tempo, de que as cidades se tornem caóticas nos dias de jogos.

Importa ressaltar que há dois pontos de vista distintos nos grupos:

Um formado por sentimentos de orgulho, união e nacionalismo em relação à Copa, proveniente das crenças na capacidade de acolhimento do brasileiro e na competência do país em sediar um evento deste porte.

E outro negativo, formado pela preocupação com a falta de segurança pública, a percepção de que as obras estão atrasadas e relatos isolados de que obras previstas não tenham saído do papel.

Neste contexto, analisaremos a percepção dos grupos de discussão sobre os principais fatores – positivos e negativos – da realização da Copa.

7.2.3 Pontos fortes e fracos da Copa no Brasil

� São Paulo

A Copa remete a “ser brasileiro”, fortalecendo os laços de identidade entre a população. Festa e união são também aspectos emocionais valorizados.

Na perspectiva racional, elaboram melhorias tanto estruturais que perdurarão após a Copa, como econômicas à época do evento. Segundo as percepções, haverá aumento de renda no turismo. Será mais uma oportunidade de negócio, impressão compartilhada, principalmente, entre o público AB1. Outro ponto levantado foi a valorização imobiliária na “esquecida” Zona Leste da cidade com o estádio.

Na visão mais pessimista sobre a Copa do Mundo no Brasil, demonstram preocupação com aumento dos problemas de trânsito, com eventuais problemas de imagem advindos da falta de segurança pública e também da superexposição do país na mídia.

Há críticas à falta de investimento em saúde (poucos hospitais para atender toda população), também em educação, transporte e segurança em detrimento da Copa, percepção compartilhada, na maioria, entre o público das classes CD de 30 a 39 anos.

“Maquiagem” é expressão recorrente.

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“Aqui não tem segurança para isso. Você já foi ao estádio do Corinthians? Ali é muito estreito, pois aquilo no dia normal até vai, mas na Copa vai ser vergonhoso. E outra, Itaquera, a estação do metrô, não comporta quem vai para lá.” (SP, AB1 18-25)

“Eu acho que tem muita coisa para fazer ao invés de investir em estádio, tem saúde, educação.” (SP, CD 30-39)

“É época de ganhar dinheiro, a Copa no Brasil vai ser uma oportunidade de ganhar dinheiro, eu moro perto do “Itaquerão” e já estou me programando para vender água na rua, camiseta...” (SP, CD 30-39)

� Rio de Janeiro

Predominam percepções mais racionalizadas como: gastos que trazem retorno para a cidade, melhorias no turismo (hotelaria) e na infraestrutura das cidades-sede da Copa.

Percebem, ainda, que haverá mais investimentos em esportes por parte do governo e das empresas/ órgãos privados inspirados pelo evento. Outro ponto positivo apresentado foi de que, sob a ótica de alguns entrevistados, a educação já está sendo beneficiada, pois as pessoas estão buscando cursos e formação por conta do evento.

Porém, há preocupação de que o retorno financeiro para a cidade não seja compatível com os gastos realizados.

A expressão maquiagem também surge.

“Oportunidade de empregos, isso deve ampliar pelo menos no período da Copa.” (RJ, AB1 30-39)

“A coisa boa é o turismo e a economia.” (RJ, AB 40-55)

“Daqui a cinco anos vai ver como está. Não é legado. Não vai durar.” (RJ, AB1 40-55)

“É positivo, porque agora vai ter um holofote aqui, está chamando atenção, está colocando segurança, uma coisa mais ativa. Pegou o negócio de não jogar lixo no chão. A questão é, será que depois da Copa isso vai continuar?” (RJ, CD 18-25)

� Belo Horizonte

Os mineiros percebem melhorias na educação através de cursos que estão sendo oferecidos, inclusive pela prefeitura; elementos emocionais como festas, união, família e amigos que acompanham juntos os jogos são também lembrados; dividem, além disso, a percepção positiva de que se não fosse a Copa, os investimentos que estão acontecendo não ocorreriam.

Mesmo aprovando os investimentos, alguns frisam que os gastos foram muito elevados para um país que precisa de infraestrutura de base como investimentos em educação, transporte, saúde, segurança.

17 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa

A expressão “maquiagem” surge entre os entrevistados das classes CD de 40 a 55 anos, que se mostram mais céticos quanto aos benefícios que obterão com a Copa do Mundo.

“Se não fosse o evento da Copa, as pessoas não procurariam fazer uma coisa a mais.” (BH, AB1 30-39)

“Vai ser a mesma coisa, vai ser tudo maquiado. O que tem que mostrar mesmo, não vai mostrar. Só vai mostrar todo mundo sorrindo. Não vai mostrar a pobreza, a educação, a segurança. Se a gente for enumerar, vou ficar aqui até amanhã de manhã.” (BH, CD 40-55)

� Salvador

Valorizam os aspectos emocionais da Copa como confraternização, entretenimento e diversão; entendem, por sua vez, que existem investimentos e oportunidades com a Copa, mas se preocupam com os excessos.

Por outro lado, parece predominar percepções relacionadas à frustração. Muitos afirmam que esperavam mais e melhores investimentos na infraestrutura da cidade – como melhorias e aplicações em políticas públicas nas áreas de saúde, transporte e segurança pública – tidos como problemas centrais.

Mais uma vez a expressão maquiagem é explicitada.

“Positivo é a beleza do estádio, aparência. Negativo foi o trânsito. Mudou completamente Salvador.” (SSA, AB1 18-25)

“Eu me sinto privilegiada de ser aqui.” (SSA, CD 30-39)

“Eu sou brasileiro, mas seria bom se o Brasil não vencesse a Copa, porque tudo o que está acontecendo vai ficar esquecido se o Brasil ganhar, e se não ganhar vem mais à tona.” (SSA, CD 40-55)

� Recife

Como no Rio de Janeiro, prevalecem percepções mais racionais sobre os benefícios da Copa. Acreditam que haverá mais oportunidade de trabalho para população local, mais renda advinda do turismo e maior visibilidade do país.

Do mesmo modo, não deixam de existir elementos racionais negativos como a noção de que há necessidade de investimento em infraestrutura. Há uma demanda sentida especificamente em aplicações em saúde e transporte público.

A expressão “maquiagem” também aparece, mas com menor intensidade.

“Eu acho que o estado de Recife (sic) não se preparou para receber um evento tão grande como a Copa do Mundo. Ele não preparou as BR`s que dão acesso à arena, ele não melhorou o transporte, o metrô, não instruiu o povo para conviver com o evento.” (Rec, CD 40-30)

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“Daí você tira como o dinheiro do brasileiro está sendo gasto com besteira. Veja agora no sertão mesmo, quantos milhões foram gastos para fazer a Copa no Brasil e o pessoal tudo sofrendo.” (Rec, CD 18-25)

� Fortaleza

Os mais jovens tendem a se mostrar mais conscienciosos sobre os benefícios de receber um evento do porte da Copa, mas críticas existem. Quanto maior idade e renda, mais críticos são os participantes dos grupos.

Surge, mas com menor intensidade, a expressão “maquiagem”.

“Eu gostei do que ela falou dessa questão da maquiagem. O estádio estava pronto. Eu fui ser voluntário porque eu queria conhecer, falar com as pessoas, com os turistas, praticar o idioma que estou querendo aprender que é o inglês. Quando eu cheguei lá, o estádio estava lindo, perfeito, mas em torno dele jogaram um monte de pedrinha porque não deu tempo de passar o asfalto, nem colocar o calçamento direito, colocaram várias proteções para não verem, porque o Castelão era um bairro pobre, era uma maquiagem mesmo, uma forma de enganar as pessoas.” (For, CD 18-25)

Ainda que haja um padrão de alegria, orgulho e expectativas de ganhos (que vão de renda extra até oportunidade de negócios e ganhos em infraestrutura urbana) com a realização da Copa de 2014 no Brasil, existe também uma embrionária, mas crescente frustração expressa em constatações de que as obras de mobilidade estão inacabadas, os estádios não estão totalmente prontos e que aspectos sociais como segurança pública não estão ainda solucionados, gerando desconfiança em relação ao êxito na realização do evento; são elementos que estão causando medo e receio do evento não dar certo.

A ideia de maquiagem é manifestada pelos entrevistados nas diversas praças como soluções paliativas que serão adotadas pelos governos. Ex.: feriados para diminuir congestionamento, benfeitorias apenas nas regiões próximas aos estádios, dentre outros.

A maquiagem está para a Copa, assim como o “jeitinho brasileiro” está para o lado negativo do comportamento brasileiro.

7.2.4 Sentimentos associados à Copa do Mundo

Para melhor compreender as percepções sobre a Copa, aplicamos uma técnica projetiva de associação de ideias através do estímulo de palavras relacionadas com o tema.

Palavras relacionadas à Copa utilizadas para estimular os participantes:

� Copa;

� Copa no Brasil;

� Copa na sua cidade;

19 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa

� Copa e governo;

� Governo e FIFA;

� Papel do governo.

7.2.4.1 Sentimentos associados à Copa do Mundo: “COPA”

� São Paulo

- Positivos: alegria; euforia; tempo de festa; diversão.

- Negativos: caos; assalto; feriados; trânsito.

� Rio de Janeiro

- Positivos: emoção; oportunidade; feriado; o início de um país melhor.

- Negativos: manifestação; medo; trânsito; gastos inexplicáveis.

� Belo Horizonte

- Positivos: vai parar o Brasil; oportunidade para todos; festa, alegria, emoção; investimento para o Brasil.

- Negativos: transporte insuficiente; indignação; safadeza; gasto.

� Salvador

- Positivos: a Copa do Mundo é nossa; patriotismo; comemoração; marchinhas.

- Negativos: sem infraestrutura; falta de segurança; a Copa do improviso; progresso em disfarce; maquiagem.

� Recife

- Positivos: identifica com o país; turismo; emprego; alegria; união sem rivalidade.

- Negativos: gasto desnecessário; insegurança; indignação; protestos; caos.

� Fortaleza

- Positivos: entretenimento; diversão e alegria; cerveja gelada; fonte de renda; esperança; geração de emprego; desenvolvimento.

- Negativos: manifestação; falta de estrutura; trânsito.

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7.2.4.2 Sentimentos associados à Copa do Mundo: “COPA NA SUA CIDADE”

� São Paulo

- Positivos: visitantes do mundo todo; sediar a abertura; possibilidade de lucrar.

- Negativos: problema com transporte público; trânsito; vai parar a cidade; feriado; revolta.

� Rio de Janeiro

- Positivos: muitos turistas; geração de dinheiro para o Rio; festa; churrasco, cerveja, dança e balada.

- Negativos: falta de segurança; não pode ser só festa; brigas; problema no transporte.

� Belo Horizonte

- Positivos: entusiasmo; melhor ainda; muitas oportunidades para BH; muitos turistas.

- Negativos: só os ricos vão aos estádios; fiasco; em dia de jogo ninguém trabalha; até a Copa chegou a BH, só o metrô que não.

� Salvador

- Positivos: benefícios; união; festa.

- Negativos: fachada; maquiagem; medo da corrupção; falta de estrutura.

� Recife

- Positivos: alegria; turismo; oportunidade de ganhar dinheiro.

- Negativos: não estamos preparados; violência; a polícia vai trabalhar muito.

� Fortaleza

- Positivos: atitude; sonho realizado; Fortaleza vai ficar conhecida mundialmente.

- Negativos: violência; confusão e protesto; trânsito.

7.2.4.3 Sentimentos associados à Copa do Mundo: “COPA NO BRASIL”

� São Paulo

- Positivos: turistas; grandes jogos.

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- Negativos: fiasco; feriados; medo de ficarmos mal vistos lá fora; falta pouco tempo para a quantidade de melhorias que ainda precisam acontecer; “se não tem estrutura para os que vivem aqui, imagina para quem vem de fora”.

� Rio de Janeiro

- Positivos: Brasil campeão; Brasil aos olhos do mundo; turismo; investimento.

- Negativos: talvez deixe a desejar na saúde e educação; vergonha; manifestação.

� Belo Horizonte

- Positivos: muito esperada; oportunidade para os brasileiros; o Brasil aos olhos do mundo; vai ser investimento para o Brasil.

- Negativos: enganação; evento de alegria, mas com muita tristeza; prejuízos e estragos com as manifestações; “investe em mim e me chama de Copa”.

� Salvador

- Positivos: esperança; ansiedade; expectativa de algo melhor; mais segurança e tirar as pessoas da rua (sem teto).

- Negativos: Copa da bagunça no trânsito; “não era para acontecer a Copa no Brasil”.

� Recife

- Positivos: sonho, alegria, diversão; destaque e reconhecimento; notícia.

- Negativos: desastre; bagunça; sem condições; medo.

� Fortaleza

- Positivos: maravilhoso; é como levar o futebol para a casa; a taça já está aqui; sucesso.

- Negativos: “que Deus tome conta”; manifestação; violência.

A Copa é vista como um evento predominantemente positivo.

As associações revelam que a “Copa na cidade” é mais positiva do que a “Copa no Brasil”.

A “Copa na cidade”, apesar das críticas sobre falta (ou precariedade) de infraestruturas, é vista, também, como uma oportunidade de aumento de renda, que reverte diretamente para a população das cidades. Já a “Copa do Brasil”, começa a surgir associada ao medo de o evento não dar certo – o que resultaria em uma péssima imagem do Brasil no estrangeiro. É o medo da “vergonha”, de o evento se transformar em um “fiasco”. Trata-se da falta de confiança que o povo tem na organização do evento e não de uma crítica à Copa em si.

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7.2.4.4 Sentimentos associados à Copa do Mundo: “COPA E GOVERNO”

� São Paulo

- Negativos: “o governo só vê a parte do que vai lucrar com a Copa aqui”; “descaso com a população, só pensam nos estádios”; deviam pensar em outros fatores antes da Copa; sacanagem; roubo; dinheiro sujo.

� Rio de Janeiro

- Positivos: lucro; interesse do país.

- Negativos: desperdício de dinheiro; “maracutaia”; roubo e corrupção.

� Belo Horizonte

- Positivos: parceria que tem que dar certo; Copa, governo e união.

- Negativos: a Copa vai arrecadar o que o governo vai gastar; roubalheira;

� Salvador

- Negativos: “aqui na Bahia a FIFA tem nota zero”; máfia, corrupção; “governo com cofre cheio”; “conta que nem aparece aqui”.

� Recife

- Negativos: correria para fazer estádio; “deveriam construir não só a arena, como todo o sistema, porque a arena mexe com toda a infraestrutura da cidade, mexe com o trânsito, saneamento, obras”; “Calcularam uma coisa e na verdade custou muito mais caro, então superfaturaram as obras.”

� Fortaleza

- Positivos: com a Copa vai haver melhorias na cidade.

- Negativos: “mostram um planejamento de obras que na prática não está acontecendo”.

Na associação “Copa e Governo”, as críticas aumentam de tom e tornam-se mais contundentes. Os participantes saem da área de associações do evento para entrarem na área de associações políticas, e é isso que acaba pesando mais em suas percepções.

Prazos não cumpridos, obras atrasadas e risco de que os estádios não estejam prontos a tempo misturam-se no imaginário dos participantes dos grupos. E o ônus de tudo isso acaba sendo atribuído também ao Governo Federal. Que, embora repasse as verbas para os estados e municípios, há a percepção de falta de fiscalização para garantir a concretização das obras.

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7.2.4.5 Sentimentos Associados à Copa do Mundo: “GOVERNO E FIFA”

� São Paulo

- Negativos: “a FIFA menospreza o governo brasileiro. Ficou bem claro”; parceiros, um lucra com o outro; manipulação; corrupção; interesse.

� Rio de Janeiro

- Positivos: investimento; uma nova forma de administrar o país.

- Negativos: não sei quem é pior; politicagem; corrupção.

� Belo Horizonte

- Negativos: grandes arrecadadores de dinheiro; furada da FIFA; a FIFA tem raiva do nosso governo; opiniões diferentes; muito capitalismo; a FIFA quer passar por cima do governo.

� Salvador

- Negativos: a Copa é pra inglês ver; corrupção; FIFA impôs muita regra; corrupção.

� Recife

- Negativos: “eu acho que deveria ter uma divisão de poder do governo com a FIFA, porque a FIFA diz a lei é essa e o governo tem que cumprir”; “deveria ter um acordo, os dois opinarem juntos”; “Brasil faz vista grossa”.

� Fortaleza

- Negativos: “o governo e a FIFA querem ver só a parte do esporte, do jogo, mas não liga para nós que somos cidadãos, nos bairros carentes, precisando de saúde e educação. Eles olham só para o jogo”; “roubo maior ainda”.

É na associação entre “Governo e FIFA” que as críticas são mais cáusticas. É como se elas fossem subindo de tom, a partir do momento inicial em que a Copa começou a ser discutida nos grupos, e culminassem na associação Governo-FIFA. Neste contexto, surgem principalmente críticas à relação do governo com a FIFA e à atuação da FIFA.

No primeiro caso, sobre a relação do Governo-FIFA, a percepção é a de que se trata de uma relação nebulosa, sem uma clara divisão de poderes e, com certas vantagens – especialmente financeiras – para ambos.

No segundo caso, da atuação da FIFA, predomina a percepção de que o Governo estaria sendo pressionado e ignorado pela FIFA (“A FIFA menospreza o governo brasileiro”; “O governo tem sido fantoche”). Essa aparente “fragilização” da atuação do governo parece suscitar certo sentimento de nacionalismo entre os participantes dos grupos (“Eu acho que deveria ter uma divisão de poder do governo com a FIFA.”).

24 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa

7.2.4.6 Sentimentos associados à Copa do Mundo: “PAPEL DO GOVERNO”

� São Paulo

- Positivos: tem o papel de fiscalizar, de organizar.

- Negativos: falta de transparência sobre os procedimentos da Copa; obras e medidas que são temporárias e não vão resolver de forma definitiva os problemas de estrutura.

� Rio de Janeiro

- Positivos: “estabelecer transporte público de qualidade para que todos consigam chegar ao trabalho e nos jogos”; preparar o país para receber a Copa;

- Negativos: “faltam investimentos em todas as áreas. Capacitar para o atendimento ao turista é uma delas”.

� Belo Horizonte

- Positivos: fiscalizar; fazer as obras; fazer melhorias para a população.

- Negativos: o papel do governo não é feito; o papel do governo está irrelevante, o governo não aparece.

� Salvador

- Positivos: cuidar da estrutura em geral; fazer acontecer; fazer estádio gera emprego.

- Negativos: deveria agir com mais autonomia; deveria se empenhar mais.

� Recife

- Positivos: “(..) eles devem estar muito ocupados, porque é muita responsabilidade trazer o mundo todo para o Brasil, E vamos ver o que vai dar, a gente só vai saber depois que passar.”

� Fortaleza

- Positivos: “fazer uma estrutura sem mexer nos cofres públicos, porque depois ele tem que mostrar o que gastou e o que não gastou para a população.”

- Negativos: “o governo tem sido fantoche, um boneco da FIFA.”

Quando surge a questão “papel do governo”, o público pesquisado percebe que este deveria ser – principalmente – fiscalizador, mas alguns acham que não está sendo feito. Certamente que a falta de informação (em São Paulo sugerem que o governo

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disponibilize informações sobre o andamento da Copa no site) é um dos pontos que alimentam essa percepção.

A comunicação é um aspecto importante a ser trabalhado, pois não são claros os limites de atuação do governo na Copa. A ausência de informação gera espaço para julgamentos negativos que não estão fundamentados em fatos. Os julgamentos surgem da falta de informação.

7.3 Percepções sobre o papel dos Governos Federal, Estadual e Municipal

Predomina a ideia de que só o Governo Federal tem os recursos e a capacidade de liderança para organizar decisões e ações que melhorem a vida do povo.

As pessoas consideram que o papel dos Governos Estadual e Municipal é somente operacional, ao passo que, o papel do Governo Federal é de financiador e líder.

Em BH existe maior percepção de que os estados também têm um papel de fiscalização e que este papel não cabe apenas ao Governo Federal.

7.3.1 O papel dos governos na Copa do Mundo

A percepção das atividades de cada nível de governo (federal, estadual e municipal) em relação à Copa é mais centralizada sobre o Governo Federal.

A maioria (melhor verbalizado entre os entrevistados de maior escolaridade e renda, AB1) entende que o papel do Governo Federal é o de liberar verbas e recursos para todas as benfeitorias: as realizadas e as esperadas.

Alguns entrevistados, distribuídos pelas diversas cidades, afirmam que o Governo Federal deveria ser mais autônomo em relação à FIFA – esta tem projetado uma imagem de certa arrogância e autoritarismo sobre o Governo Federal (esta percepção é menor entre os jovens de Fortaleza).

Aos Governos Estaduais caberia a gestão e a aplicação dos recursos recebidos da União.

Os participantes que conseguiram distinguir qual a esfera de responsabilidade da prefeitura, entendem que a esta cabe a organização do trânsito e de fazer o “dia a dia funcionar”.

O principal aprendizado desta área de abordagem é que os diversos níveis não estão se articulando:

� Âmbito Federal:

Há o entendimento de que no âmbito federal cabe o envio de recursos e o fornecimento das coordenadas. Aspecto positivo na avalição dos grupos em relação ao Governo Federal, porque acreditam que este papel está sendo bem executado. É o ente que angaria os fundos, organiza e os destina conforme sua soberania.

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A crítica imposta ao Governo Federal está na falta de fiscalização do aproveitamento consciente dos recursos enviados aos estados e municípios. Demandam um maior controle e fiscalização do uso e destino das verbas.

� Âmbito Estadual e Municipal:

Estados e municípios são tidos como maus administradores do recurso federal. Espera-se mais vontade política e mais capacidade de gestão (menos intenso em Recife).

7.3.2 O papel dos governos nos serviços subsidiários

A desarticulação entre os níveis federal, estadual e municipal se repete e se adensa ao tratar da saúde, educação, transporte e segurança;

Porém, vale ressaltar que muitos entrevistados ressaltam que a educação – dentre estas áreas – é a que tem tido melhoras mais expressivas percebidas através de programas como Fies, Prouni e Ciência sem Fronteiras.

Sentem que há um círculo vicioso:

1. Governo Federal envia dinheiro e não fiscaliza;

2. Governos Estaduais e Municipais investem mal ou não investem o dinheiro;

3. Os serviços perdem em qualidade;

4. Assim, o Governo Federal é demandado a enviar mais dinheiro e o círculo se reinicia.

Alguns chegam a propor que o Governo Federal deixe de repassar a verba e administre diretamente projetos de saúde, transporte, etc., visão compartilhada principalmente entre os entrevistados de menor renda e escolaridade.

Há uma noção, consolidada nas diversas praças (menos intensa em Recife), de que as verbas cedidas pelo Governo Federal se perdem na má gestão nos estados e municípios, favorecendo o surgimento de duas opiniões:

� Governo Federal deve fiscalizar melhor os recursos;

� Governo Federal deveria prestar, ele mesmo, alguns dos serviços públicos.

7.3.2.1 O papel dos governos nos serviços subsidiários: o que esperam na prática

� Na educação: prosseguimento dos programas de inclusão como Fies, Prouni, Pronatec e Ciência sem Fronteira (principalmente entre jovens AB); expectativa de que educação fundamental (vista como responsabilidade dos estados e municípios) melhore – na infraestrutura e nos salários dos professores.

� Na saúde: esperam a continuidade do Programa Mais Médicos – ressaltando que há críticas de alguns entrevistados à contratação de médicos estrangeiros. Esperam

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o abastecimento dos itens básicos de primeiros socorros (sua falta gera indignação) e correto funcionamento das Unidades Básicas de Saúde, tidas como responsabilidade dos estados e municípios.

� No transporte público: visto como responsabilidade dos municípios e estados, esperam melhorias profundas. Em São Paulo, há valorização das faixas exclusivas dos ônibus. Em Salvador e Fortaleza, as críticas vão da falta de regularidade do serviço à falta de ar condicionado nos ônibus.

� Na segurança pública: área em que tanto Governo Federal quanto Estadual são demandados.

- Federal: alguns entrevistados criticam legislação tida como branda e pedem aprimoramento penal;

- Estadual: mais policiamento; policiais mais preparados e mais honestos (demanda mais intensa em Salvador).

7.3.3 Os recursos da Copa do Mundo de 2014

A percepção da origem dos recursos para a Copa é a mesma em todas as praças: recursos advindos da área privada e da área pública.

A maior parte dos entrevistados entende que a principal fatia dos recursos para a realização da Copa de 2014 terá sua origem nos cofres públicos. Tal fonte de financiamento não é percebida em si mesma como um problema; O alvo das críticas e expectativas é que o mesmo montante de recursos e a mesma competência técnica com que as obras deste grande evento estão sendo tratadas sejam aplicados nas áreas de saúde, educação, segurança e transporte público.

7.4 Avaliação de comunicação

7.4.1 Filmes

Foram apresentados três filmes (propagandas) aos entrevistados.

O objetivo era identificar as principais percepções em relação à Copa, e a adequação do Governo Federal realizar estas ações de comunicação.

Cada um dos filmes foi apresentado uma única vez e de modo rodiziado:

� Vídeo 1: “Imagine a festa”

� Vídeo 2: “A Copa de todo mundo”

� Vídeo 3: “Pátria de Chuteiras”

7.4.1.1 Avaliação de comunicação: “Imagine a Festa”

O filme causa identificação e envolvimento.

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O tom é positivo, otimista e traduz sentimentos que a Copa suscita.

O discurso na primeira pessoa do plural (Ex.: “nossa Copa do Mundo”; “como teremos engarrafamentos”; “nossa festa”, etc.) garante o envolvimento e identificação dos brasileiros. É como a voz do povo, é a voz do brasileiro, falando de si mesmo.

Há críticas pontuais sobre o otimismo excessivo da mensagem. Fica claro que essa percepção é influenciada pela ordem de apresentação do vídeo. Quando o “Imagine a Festa” aparece em primeiro lugar, a sensação destoa da discussão anterior (negativa) – é como se de repente o tom mudasse, causando essa sensação; essa percepção decorre da sequência da dinâmica do grupo. Quando avaliado em outra ordem, essa percepção não aparece.

Percebe-se que há sim pertinência no tom positivo do discurso. É o filme que apresenta o melhor discurso, que o governo deve tomar como exemplo.

� São Paulo – Aprovado.

Predominância do entendimento da mensagem e aprovação da comunicação. Prevalece a noção de que a propaganda mostra o que vai acontecer de fato: carnaval e festa.

As críticas são pontuais e se referem ao excesso de otimismo da mensagem.

“Eu acho que quis transmitir que se a gente tem porte para suportar essas festas, por que a gente não pode ter Copa do Mundo? A gente pode sim.” (SP, CD 30-39)

� Rio de Janeiro – Aprovado.

Valorizam a “veracidade” transmitida pelo filme: “Há problemas, mas tudo vai dar certo”; a mensagem de otimismo é aprovada.

“Este é mais sincero.” (RJ, AB1 40-55)

“No final das contas tudo vai dar certo, vai ter festa e cerveja.” (RJ, AB1 30-39)

� Belo Horizonte – Aprovado.

Há entendimento imediato da mensagem; os entrevistados valorizam o otimismo e também a discussão de que problemas existem, mas serão resolvidos. Isso traz credibilidade para o filme. Em consonância, inferem que a alegria retrata o Brasil e o brasileiro;

Como em São Paulo, surgem críticas pontuais ao excesso de otimismo da mensagem.

“Eu gostei da parte do otimismo. Se pensar só no negativo, não vai.” (BH, AB1 30-39)

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“Tem muita alegria, muito perfeito para os turistas que vão vir e inclusive quer levar de recordação. Gostei. Eu gosto demais de ver a alegria do povo, o festejo.” (BH, CD 40-55)

� Salvador – Criticado.

Os entrevistados concordam com a ideia de festa que o filme apresenta; entretanto, as críticas são mais significativas do que em outras praças. A principal delas é a noção de que a festa será apenas para quem tem dinheiro; há críticas também em relação à Brahma, que segundo a interpretação, estaria tentando minimizar os problemas.

O filme é visto como tentativa de diminuir a existência de problemas.

“Acho que eles pegam as pessoas menos favorecidas, as que tem menos condições para pintar ali uma coisa que não existe, que na verdade aquilo está só de aparência, porque quem mais vai estar ali mesmo, é como eles falaram, são os de fora.”(SSA, CD 40-55)

� Recife – Aprovado.

Predomina a valorização do filme ao falar dos problemas e propor uma visão otimista; no entanto, alguns criticam a ideia de que esses problemas mostrados serão realmente superados apenas com otimismo.

“Sim. Ele mostrou ali os problemas, ótimo, mas pelo menos vão reconhecer os problemas que tem aqui, mas vendo pelo lado bom as festas, os estádios.” (Rec, CD 18-25)

� Fortaleza – Aprovado, com ressalvas.

A valorização do “discurso-verdade” do filme sobre os problemas e que eles serão solucionados pela alegria e otimismo é ainda mais presente nesta praça do em outras; por outro lado, há críticas, como as que ocorreram em Salvador, mas de modo menos intenso.

O filme é visto como tentativa de diminuir a existência de problemas.

“É a realidade desse comercial que nós vamos passar, por um lado essa aflição de aeroporto e por outro lado é alegria, multidão, otimismo.” (For, CD 30-39)

“Porque ele botou festa, que tem o melhor Réveillon, o melhor Carnaval, o melhor tudo, então se eu tenho o melhor tudo eu vou ter a melhor Copa.” (For, AB1 40-55)

“Eu me senti ofendida, pois fala de mim pessimista. Realmente não vai ter engarrafamento, pois não vai ter nem rua para a gente andar.” (For, CD 18-25)

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7.4.1.2 Avaliação de comunicação: “A Copa de todo mundo”

Em geral, o filme apresenta receptividade positiva: há identidade com a linguagem simples, a união e acolhimento típicos do brasileiro.

O discurso do filme, embora menos envolvente que o “Imagine a Festa”, é permeado por frases como “a gente põe”, “juntos vamos fazer a Copa”, com as quais os participantes se identificam. A locução se põe a falar pelo povo, mas o filme não mobiliza desde o início. Há um distanciamento do tom inicial impessoal.

Como todos os filmes apresentados, há críticas especialmente contundentes em Salvador, em relação ao excesso de otimismo transmitido (“excesso de coisas boas”), o que não decorre dos filmes especificamente e sim de um ressentimento presente no discurso dos pesquisados ao longo de toda discussão.

� São Paulo – Aprovado.

Há aprovação da linguagem – considerada mais simples e que resgata elementos populares da Copa; alegria, festa e acolhimento são aspectos ressaltados na propaganda.

“Um sentimento de mãe, vamos abraçar os outros países. Vamos mostrar que somos humildes, mas damos conta do recado. Uma sensação positiva.” (SP, CD 30-39)

� Rio de Janeiro – Aprovado.

A peça é visualmente valorizada; sua linguagem cria identificação e é aprovada, uma vez que a união, a festa e acolhimento são identificados como marcas do Brasil.

“Passa mais acolhimento, paz, receber bem os turistas...” (RJ, AB 40-55)

� Belo Horizonte – Aprovado.

Acolhimento é o elemento mais enfatizado pelos os entrevistados; a linguagem popular e uso de expressões brasileiras são valorizadas; contudo, mesmo com uma proposta estética e elementos comunicados aprovados, surgem questionamentos sobre “o excessos de coisas boas”.

“Dos três vídeos o que eu mais gostei foi desse, não sei se o uso da linguagem foi mais tranquilo, mais popular, eles falam: a gente vai fazer a Copa, porque onde cabe mais um cabe mais 200 milhões. E nesse vídeo ele não tentou falar que a Copa vai ser boa ou ruim, ele só falou que vai ter uma Copa e que a gente vai dar conta disso, e que vamos abrir os braços e receber todo mundo.” (BH, AB1 18-25)

� Salvador – Criticado.

Propaganda tida como bonita, de linguagem agradável; no entanto, há percepções que apontam falta de credibilidade decorrente do excesso de otimismo e desejo de vender o ‘produto’.

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“Só estão falando da beleza, da parte boa da festa.” (SSA, CD 30-39)

“É a cara do Brasil. É igual ele fala que por mais que não esteja tudo certinho, a gente coloca mais água no feijão e cabe todo mundo”. (SSA, AB1 30-39)

� Recife – Aprovado.

Acolhimento é o elemento mais enfatizado pelos entrevistados; porém surgem questionamentos pontuais sobre “o excesso de coisas boas”.

“Achei meio paradinha. Eu gostei da primeira que foi do governo, ela mexeu mais com a minha emoção, fala de família, de todo mundo reunido em busca de um só objetivo. As outras duas não me passaram isso.” (Rec, AB1 30-39)

� Fortaleza – Não há rejeição, mas também não mobiliza.

Tida como interessante e bonita, porém não desperta forte envolvimento como o filme da Brahma, é percebida como menos dinâmica.

“Estão mostrando totalmente o lado bom. Não vão mostrar o lado ruim.” (For, CD 18-25)

“Não mexeu tanto comigo. Acho que tem menos emoção essa...” (For, CD 18-25)

7.4.1.3 Avaliação de comunicação: “A Pátria de Chuteiras”

Em todas as praças é o filme que apresenta menor receptividade.

Há um tom de distanciamento decorrente do formato: é o “governo apresentando um evento ao povo”, o governo não se coloca como povo, ele fala PARA o povo.

O tom da voz muda no decorrer do filme, deixando marcado dois sujeitos: o governo e o povo brasileiro.

A inserção social é outro ponto de distanciamento.

Quando abordado, a receptividade é permeada unicamente por aspectos racionais, sem despertar emoções positivas.

De uma forma geral, não desperta envolvimento e mobilização.

� São Paulo – Criticado.

Há críticas quanto à ideia do slogan “pátria de chuteiras” o qual, segundo algumas opiniões, reforça o estereótipo de que o Brasil é somente futebol em detrimento a outros aspectos culturais (críticas em maior escala são advindas da classe AB1).

32 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa

Não apresenta tanto envolvimento quanto os filmes da Coca e da Brahma, mas há um padrão estético valorizado.

Há baixo envolvimento e menor credibilidade em relação às outras peças publicitárias.

“Ela é intensa em tudo, pois tudo é muito, então acho bacana.” (SP, AB1 40-55)

“Isso do Brasil ser a pátria de chuteiras é um pouco batido... A gente é muito mais do que isso.” (SP, AB1 40-55)

� Rio de Janeiro – Aprovado.

Entendem que é um caminho de comunicação válido, ainda que esteja superestimando os elementos positivos da Copa em detrimento dos problemas; aprovam espontaneamente a ideia de inclusão social do filme.

Ainda que não apresente forte envolvimento ou mobilização, valorizam o padrão estético;

“Eu vou focar em superar as dificuldades, o povo unido vai superar a dificuldade.” (RJ, CD 18-25)

� Belo Horizonte – Criticado.

A estética do filme é aprovada, porém, o discurso altamente positivo e a ideia de inclusão social geram críticas.

“Essa é do governo, o Brasil é um país de todos. Isso lembra os militares. Maior promoção do governo, o Brasil é de todos. Esta é a marca do governo. Slogan do governo. Remete aos militares. Os militares falavam que estava tudo bem e a gente viveu vinte anos e até hoje a gente colhe isso.” (BH, CD 40-55)

“A inclusão social não vai ter. Aquilo que eles falaram ali não vai ter. Tem a propagação, mas não tem a execução”. (BH, AB1 18- 26)

� Salvador – Criticado.

Veem uma linguagem profissional e muito parecida em alguns elementos com as propagandas da Coca Cola e da Brahma, o que faz a peça ser bem avaliada.

Há críticas, no entanto, à ideia de inclusão exposta no filme; esses ruídos foram mais intensos do que em Belo Horizonte.

“Mas inclusão doeu na alma. Posso dar um exemplo: Criança Esperança, os artista todos fazem aquilo e aí a gente diz, está ajudando as crianças, deu tantos milhões, aí quando a gente chega na rua, precisa ver no pelourinho os meninos tudo cheirando cola, fumando craque, roubando, para onde é que vai esse dinheiro? Aí faz propaganda que o Pelourinho tem um projeto tal, é tanto dinheiro que entra e vai para onde? Acho que é só propaganda. (SSA, CD 40-55)

33 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa

“Não é inclusão, é exclusão.” (SSA, CD 30-39)

� Recife – Aprovado.

O filme é aprovado quanto à estética e mensagem que passa: festa e a inclusão social.

Há críticas pontuais à inclusão social.

“Eu acho que quer tirar a imagem de que brasileiro não é só festa, mas que também tem a inclusão social.” (Rec, AB1 30-39)

� Fortaleza – Aprovado.

O filme é visto como esteticamente bem realizado; passa credibilidade quanto aos elementos de alegria e festa; no entanto, surgem críticas pontuais à ideia de inclusão.

“Ela resumiu praticamente tudo que vai acontecer e o que a gente é realmente.” (For, CD 30-39)

“Para nós, esse comercial está mostrando o que a gente tem, esse comercial passa fora então está vendendo todo o Brasil para atrair todo mundo, no caso o turismo lá fora ele está vendendo, agora é só fazer o que tem que fazer e bola para frente.” (For, CD 30-39)

Ao avaliarmos as propagandas, fica evidente a necessidade de equilibrar o excesso de otimismo; dosar o tom entre a alegria da festa e os problemas e dificuldades inerentes; neste aspecto, o filme da Brahma é bem sucedido.

Os elementos de acolhimento, certa simplicidade e alegria apresentados pela Coca Cola também são aprovados e geram identificação; porém, ainda que vitoriosos nas diversas praças, estes filmes sofrem críticas pelo excesso de ufanismo (sobretudo o da Coca) e pela própria ideia de que “querem mesmo é vender o produto”.

O filme do Governo sofre críticas quanto à ideia de inclusão social.

Por outro lado, os elementos visuais do filme do governo são aprovados (filme de padrão profissional).

Há consenso de que o governo deve se apropriar de discursos como o do filme da Brahma, falando como os brasileiros, sendo a voz do povo, na medida em que este gera mais proximidade, mobilização, identificação e credibilidade.

7.4.2 Avaliação de comunicação: frases

Neste momento da pesquisa, eram apresentadas nove frases relacionadas a aspectos de comunicação da Copa do Mundo de 2014.

O objetivo era identificar as principais reações e entender qual gerava maior receptividade e poderia traduzir e sintetizar a Copa do Mundo no Brasil.

34 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa

Frases apresentadas:

1. A Copa vai melhorar a infraestrutura das cidades-sede;

2. A Copa é um acelerador de desenvolvimento, tanto em obras, na gestão e serviços;

3. O turismo vai aumentar bastante por causa da Copa, gerando mais emprego para o Brasil;

4. A Copa gera muitos empregos e muitas oportunidades de negócio;

5. A Copa será uma grande festa, independente dos resultados dos jogos.

6. O ingresso na Copa no Brasil será pouca coisa mais caro que o de outras Copas, cerca de 10% a 15%;

7. 50 mil ingressos serão distribuídos para participantes do Programa Bolsa Família;

8. A Copa servirá para divulgar para o mundo a imagem de um Brasil moderno e maior, capaz de realizar grandes coisas;

9. Ainda está muito cedo para se falar de Copa, deveríamos tratar de outras coisas.

Interessante observar que este foi um dos momentos de maior unanimidade entre todos os participantes dos grupos nas diferentes praças estudadas.

Claro que houve diferentes frases que foram melhor recebidas em uma ou outra praça, no entanto, as frases 3, 4 e 8 apresentam envolvimento imediato e foram bem avaliadas pela maioria dos participantes; causam mais impacto e traduzem melhor os elementos positivos da Copa.

7.4.2.1 Avaliação de comunicação: frases – quadro síntese

� Melhores frases:

3. O turismo vai aumentar bastante por causa da Copa, gerando mais emprego para o Brasil.

“É verdade. O turismo vai aumentar ainda mais porque já um destino turístico.” (For, CD 30-39)

“Essa do turismo gera credibilidade.” (SP, AB1 -18-25)

“Com certeza. Essa é boa!” (BH, AB1 30-39)

“Detalhe, ela não fantasia nada. Ela é clara, direta.” (SP, AB1 18-25)

4. Copa gera muitos empregos e muitas oportunidades de negócio.

“Ajuda a crescer o turismo.” (For, CD 18-25)

35 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa

“E pessoas de fora também, muitas pessoas vão conseguir abrir empresas, expandir seus negócios para fora.” (BH, AB1 18-25)

“Oportunidades de negócios, principalmente.” (SSA, AB1 18-25)

“Tem que ter otimismo.” (BH, CD 40-55)

8. Copa servirá para divulgar para o mundo a imagem de um Brasil moderno e maior, capaz de realizar grandes coisas.

“No mundo o pessoal pensa que o Brasil é só Carnaval e samba, isso vai mostrar que não é assim”. (BH, AB1 30-39)

“Essa é a imagem que o governo precisa vender lá fora. Ele precisa fazer com que os outros países acreditem que o Brasil é capaz disso.” (RJ, AB1 30-39)

“Tem mais impacto, pois está tentando mostrar que o Brasil está crescendo e que é capaz.” (SP, AB1 40-55)

“O Brasil é um país moderno, ele não é um país de primeiro mundo, mas é moderno.” (BH, AB1 30-39)

▪ Frases neutras:

1. A Copa vai melhorar a infraestrutura das cidades-sede.

“A Copa vai passar, mas as melhorias vão ficar.” (BH, AB1 30-39)

“Concordo.” (Rec, CD 40-55)

“Não vai melhorar tudo que prometeram, mas vai melhorar.” (RJ, AB1 30-39)

“Em volta, mas não na cidade inteira.” (SP, AB1 18-25)

2. A Copa é um acelerador de desenvolvimento, tanto em obras, na gestão e serviços.

“Concordo, porque você vê um monte de obras em torno dos estádios.” (SP, CD 30-39)

“Eu também concordo, porque está gerando muito emprego, muita obra.” (BH, AB1 30-39)

“Eu não gostei muito, porque a Copa está dizendo que está acelerando o desenvolvimento, e é como a gente estava conversando, eles estão maquiando.” (Rec, CD 40-55)

“Deveria ser, mas não é.” (SSA, CD 40 -55)

36 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa

5. A Copa será uma grande festa, independente dos resultados dos jogos.

“Vai ser uma grande festa.” (RJ, AB1 40-55)

“Não tenho dúvidas.” (SSA, CD 30-39)

“Isso é 100%.” (For, CD 30-39)

“Se o Brasil perder, acabou a festa.” (Rec, CD 40-55)

“O lado negativo é se o Brasil perder, a Copa sendo aqui e o Brasil não ser campeão não tem graça.” (BH, AB1 30-39)

“É o governo que está promovendo a festa. É ruim. Quero ver depois da festa.” (BH, CD 40-55)

▪ Piores frases:

6. O ingresso na Copa do Brasil será pouca coisa mais caro que o de outras Copas, cerca de 10% a 15%.

“Se o povo vir um outdoor com essa frase, eles jogam pedra.” (BH, AB1 30-39)

“Já tenho noção que o ingresso já é caro na Copa, mas agora vem falar que é mais caro do que eu imagino?” (SP, AB1 18-25)

“Mesmo que fosse 10% mais barato que a Alemanha, ainda seria caro.” (RJ, AB1 30-39)

“Tudo para o Brasil é mais caro.” (For, CD 18-25)

7. 50 mil ingressos serão distribuídos para participantes do Programa Bolsa Família.

“Eu acho que isso é uma forma de discriminação.” (BH, AB1 30-39)

“Isso é muita exclusão, pois 50 mil ingressos são distribuídos só para quem é do Bolsa família, exclusão começa por aí.” (SP, AB1 18-25)

“Propaganda enganosa.” (SSA, CD 40-55)

“Eu acho que a pessoa que recebe Bolsa Família não precisa de ingresso, ela precisa de comida, de ajuda.” (RJ, CD 18-25)

9. Ainda está muito cedo para se falar de Copa, deveríamos tratar de outras coisas.

“Tem menos de um ano para a Copa. Não está muito cedo.” (BH, AB1 30-39)

“Já assumiu compromisso, vamos cumprir.” (For, CD 18-26)

“Não há mais tempo para desistir.” (SSA, CD 40-55)

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“Não, já que começou, tem que terminar.” (SP, AB1 40-55)

7.4.3 Imagem dos estádios

A imagem dos estádios como obra da construção civil é a melhor possível. Mas é exatamente essa imagem que torna os estádios alvos de crítica, porque são comparados com a qualidade dos hospitais, escolas e outros equipamentos públicos.

É um consenso: acreditam que alguns estádios das cidades-sede - onde não há cultura de futebol - se tornarão “elefantes brancos”.

Os estádios são percebidos como uma oportunidade de negócio, principalmente por seu entorno. As pessoas consideram que haverá grande valorização imobiliária no entorno dos estádios.

7.4.3.1 Avaliação de comunicação: imagem dos estádios

Os estádios representam a concretização do evento, o lado material e visível, por isso são ponto central da discussão sobre a Copa.

Os participantes ficam satisfeitos ao verem as imagens dos estádios de suas cidades – especialmente no Nordeste (Recife, Salvador e Fortaleza).

Em Salvador e em Recife a questão da mobilidade tem se mostrado crucial, especialmente pela falta de credibilidade das obras do metrô; já em BH, as percepções são mais positivas. Enxergam grandes vantagens com a reforma do estádio.

São Paulo lembra-nos da valorização imobiliária da Zona Leste (sobretudo no bairro de Itaquera), mas tal valorização não foi convertida em benefícios diretos para os moradores da região, que seguem com as mesmas dificuldades.

� De modo geral, há uma preocupação unânime entre os entrevistados: como obter retorno de estádios como o Mané Garrincha, a Arena Pantanal, a Arena Amazônia e o Estádio de Natal se nem campeonatos de futebol possuem?

- Além de entenderem que há um alto risco destas obras se tornarem “elefantes brancos” (o que equivale a jogar fora dinheiro dos contribuintes), todos sugerem que sejam desenvolvidas atividades culturais (shows, museus ou projetos sociais) e comerciais (shoppings, restaurantes, feiras e eventos).

“É um mundo dentro e outro fora. É um choque.” (SSA, AB1 35-50)

“É tudo, porque eu acho que o Ceará ter um estádio como esse é um privilégio.” (For, AB1 40-55)

“Eu me orgulho. É primeiro mundo. Você passa nesta esplanada dela pela frente, é diferente.” (BH, CD 40-55)

“Mostra que Recife também pode. Temos um estádio de padrão internacional!” (Rec, CD 18-25)

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8 Conclusões / Considerações Finais

A realização da Copa no Brasil é algo que une os brasileiros, elevando a autoestima de um povo que possui como um dos principais pontos de identidade exatamente o futebol: reconhecida paixão nacional.

Embora entre os pontos positivos esteja principalmente o reconhecimento de um sentimento nacionalista - de ser brasileiro - e a Copa represente uma oportunidade do país crescer e aparecer aos olhos do mundo, também são percebidos pontos negativos em relação a sua realização.

É inegável o sentimento que conflita entre os participantes: havia uma grande expectativa de que os benefícios sociais e de infraestrutura da Copa seriam concretos e permanentes. Porém, com o passar dos dias, esse sentimento está se convertendo em percepção de “maquiagem” e que tudo voltará a ser como antes, quando a Copa terminar. Ou seja, começa a surgir uma decepção com a possibilidade de tal expectativa não ser cumprida e de que as melhorias na vida da população não ocorram de forma consistente.

Dessa forma, configura-se uma polarização entre dois sentimentos: o orgulho de realizar a Copa, de ser o “país do futebol” - um país hospitaleiro e acolhedor - e o receio do fracasso, a possibilidade do evento não dar certo.

As avaliações sobre a realização da Copa estão fortemente relacionadas às manifestações:

� Possuem os mesmos elementos de reivindicação que estiveram em suas origens: “o direito a ter direitos e vê-los se concretizarem pelos nossos serviços públicos”;

� A relação entre as manifestações e a Copa se traduz nas constantes demandas por uma melhor gestão dos recursos – na medida em que predomina a percepção de que vivemos em um país rico, embora mal gerido. No cerne das reivindicações está o argumento de que se há dinheiro público para investir nos estádios, tem que haver dinheiro para investir nos setores sociais básicos. Hospitais e escolas no “padrão FIFA” são um bom exemplo dessas reinvindicações.

Identifica-se que os participantes têm dificuldade em distinguir as responsabilidades e papéis de cada nível de governo, em especial no que diz respeito à atuação na Copa e construção das infraestruturas necessárias.

Apesar dessa falta de esclarecimento, os participantes percebem a ausência de articulação entre os níveis de Governo Federal, Estadual e Municipal, e que isto dificulta uma gestão mais eficaz dos recursos públicos.

Neste contexto, predomina a percepção que o Governo Federal é tido como o liberador de verbas e que tem cumprido de forma séria esta função (avaliação positiva).

Há a percepção de que existe uma espécie de crise de gestão, de incapacidade administrativa dos estados e municípios para fazerem os postos de saúde funcionarem, as escolas serem melhores, a segurança pública ser eficiente e o transporte público atender

39 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa

às demandas da população. Entendem que o caminho para a solução destes problemas passaria pela liderança e ainda seriam necessários mais investimentos por parte do Governo Federal.

A Copa seria vista como uma oportunidade de realizar muitas melhorias necessárias e desenvolver um padrão mais satisfatório não só em obras de infraestrutura, como também nos serviços públicos.

Porém, com o passar dos dias e a lentidão com que as obras e melhorias estão acontecendo, aumenta a referência de “maquiagem” (espontaneamente em quase todas as discussões realizadas) e a desconfiança nas três esferas de governo.

Mesmo que ressurjam as manifestações tendo a Copa como mote, a maioria dos entrevistados afirma que teremos êxito na realização do evento. E que o crédito se dará pelo Brasil ser feito de um povo acolhedor, alegre, festivo e que ama o futebol.

Há a percepção de que o Brasil não precisa se tornar um país desenvolvido como a Alemanha, por exemplo, para realizar eventos de grande porte. E que a Copa pode auxiliar em nosso desenvolvimento enquanto nação. Para tal é preciso também vontade política e aplicação séria e responsável dos recursos públicos.

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9 Recomendações

O futebol deve ser valorizado como um fim e não como um meio para atingir outros fins.

O Governo Federal deve buscar uma linha de comunicação que suscite maior proximidade com a população, uma relação mais empática, atenuando a percepção de uma relação hierárquica e distante. Afastar-se de uma linguagem governo falando com o povo e se aproximar de uma linguagem o povo falando com o povo.

Se a comunicação for de um estilo o governo falando com o povo, será alvo de críticas. A Copa do Mundo e o futebol são muito mais associados à sociedade e ao povo que ao governo.

A comunicação deve ter somente um sujeito, “o povo”, “nós”, “a sociedade”, e os conceitos devem estar associados a coisas como “união”, “estar juntos”, “proximidade”, “movimento”, “acolhimento”, “festa”, “orgulho” e “autoestima”.

Os elementos positivos da Copa que devem ser utilizados na comunicação estão relacionados ao incremento do turismo, geração de emprego e renda para a população e projeção de uma imagem positiva do Brasil para o mundo e para os próprios brasileiros.

Como “geração de emprego e renda” é um tema geralmente associado ao governo e à necessidade de políticas públicas, é preciso que a comunicação trate deste tema de forma impessoal, sugerindo que “a Copa em si é geradora de emprego e renda” e de incremento do turismo sem a necessidade de utilizar o governo como o sujeito na comunicação.

Os principais argumentos positivos que podem ser utilizados na comunicação dos estádios são: os estádios da copa são motivo de orgulho porque são muito bons, bonitos e de boa qualidade; vão trazer investimentos e desenvolvimento econômico para as regiões e cidades onde foram construídos; irão facilitar ter mais entretenimento como shows, espetáculos, cultos e missas; vão atrair jogos de times de outros estados; vão ajudar a mudar o público que vai aos jogos de futebol, mais famílias, mulheres e crianças vão passar a ir aos jogos.

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Anexo I – Roteiro dos Grupos

1 . I N T R O D U Ç Ã O – 1 0 minutos

� Apresentação moderadora X participantes: explicação da dinâmica

� Breve apresentação dos participantes: o que fazem no dia a dia? O que mais gostam de fazer no fim de semana?

2 . O E N V O L V I M E N T O C O M O F U T E B O L – 1 5 minutos

� Vamos falar um pouco de futebol. Como é o futebol na vida de vocês?

� Qual o nível de envolvimento? Praticam? Acompanham? Torcem? Vão a estádios? Assistem pela TV? Conversam entre amigos? Família? Como é o contato de vocês no dia a dia com o futebol?

� E como é o futebol para os familiares de vocês? (pais, irmãos, marido, esposa, filhos)

3. P E R C E P Ç Õ E S S O B R E A C O P A D O M U N D O – 1 5 minutos

� Quando eu falo Copa do Mundo, o que vêm à cabeça? Que mais? Quais sensações?

� O que vocês acham da Copa do Mundo ser no Brasil?

� Será bom para o Brasil? Por quê?

� Quais as vantagens e desvantagens da Copa aqui no Brasil?

� Quais os benefícios que a Copa trará? Quem serão os mais beneficiados?

� Tem que esperar tudo melhorar e só então fazer uma Copa? Tem que esperar o Brasil se tornar uma Alemanha para sediar a Copa?

� Só país rico pode sediar uma Copa? Sediar uma Copa não ajuda a melhorar o país?

� Eu vou falar pra vocês algumas palavras e gostaria que formulassem frases utilizando essas palavras. Cada um de vocês me falará uma frase. Sem pensar muito, o que vier na cabeça. As palavras são:

� Copa

� Copa no Brasil;

� Copa na sua cidade;

� Copa e governo

� Governo e FIFA

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� Papel do governo;

4. AVALIAÇÃO DA COMUNICAÇÃO – 30 minutos

� Dinâmica de vídeos: exibir três vídeos sobre a Copa do Mundo e registrar a reação das pessoas às ideias expostas por eles.

� Rodiziar os vídeos:

1º grupo: 1, 2 e 3

2º grupo: 2, 3 e 1

3º grupo: 3, 1 e 2

� Vídeo 1: Brahma

- Reações iniciais

- O que vocês acharam? Por quê?

� Vídeo 2: Coca Cola

- Reações iniciais

- O que vocês acharam? Por quê?

� Vídeo 3: Governo Federal

- Reações iniciais

- O que vocês acharam? Por quê?

� Após apresentação de cada vídeo, identificar:

� Qual deles desperta sentimentos mais positivos em relação à Copa do Mundo? Por quê?

� O Governo Federal poderia fazer um vídeo parecido com o da Brahma? Por quê?

� E um vídeo parecido com o da Coca-Cola? Por quê?

5. MUNICIPAL, ESTADUAL OU FEDERAL - 25 minutos

� Como consideram que estão sendo usados os recursos para a Copa no Brasil? Explorar.

� Pensando nos recursos da Copa, queria que comentassem, são estes recursos mais públicos? Mais privados?

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� Os recursos são provenientes da esfera municipal, estadual, federal? (Explorar)

� Qual o papel dos Governos Estaduais, Municipais e Federal na realização da Copa? Qual o nível de responsabilidade cada um? Como cada um deles deve encarar o evento?

� Pensando um pouco na diferença de papéis dos Governos Municipal, Estadual e Federal, vamos fazer um exercício, pensando nas áreas: saúde, educação, segurança e transporte.

� O que faz o Governo Federal, o Governo Estadual e o Governo Municipal na saúde?

� O que faz o Governo Federal, o Governo Estadual e o Governo Municipal na educação?

� O que faz o Governo Federal, o Governo Estadual e o Governo Municipal na segurança?

� O que faz o Governo Federal, o Governo Estadual e o Governo Municipal no transporte?

� Pensando no fornecimento de energia, qual é o governo responsável? Municipal, estadual ou federal? De quem é a responsabilidade pelos apagões? Por quê?

6. O GOVERNO E A COPA NO BRASIL – 2 5 minutos

� Voltando a falar de Copa de Mundo, o que vocês acham dos novos estádios aqui no Brasil? O que mudou/ mudará com os novos estádios? (público, entorno, etc.)

� Dinâmica de imagens: inserir imagens do estádio da cidade para avaliar a reação das pessoas ao objeto arquitetônico e seu impacto sobre a cidade (devem ser apresentadas duas imagens, uma panorâmica e outra mostrando a imagem do estádio visto da rua).

- Quais sentimentos a imagem desperta?

- O que o estádio pode trazer ou traz de bom para sua cidade? O que o estádio pode trazer ou traz de bom para você?

� O que vocês acham das seguintes frases que eu vou ler: (imprimir as frases em cartelas de tamanho razoável, legível, e exibi-las, uma de cada vez� rodiziar)

1. A Copa vai melhorar a infraestrutura das cidades-sede.

2. A Copa é um acelerador de desenvolvimento, tanto em obras, na gestão e serviços.

3. O turismo vai aumentar bastante por causa da Copa, gerando mais emprego para o Brasil;

4. A Copa gera muitos empregos e muitas oportunidades de negócios;

44 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa

5. A Copa será uma grande festa, independente dos resultados dos jogos;

6. O ingresso na Copa no Brasil será pouca coisa mais caro que o de outras Copas, cerca de 10% a 15%;

7. 50 mil ingressos serão distribuídos para participantes do Programa Bolsa Família.

8. A Copa servirá para divulgar para o mundo a imagem de um Brasil moderno e maior, capaz de realizar grandes coisas.

9. Ainda está muito cedo para se falar de Copa, deveríamos tratar de outras coisas.

� Para cada frase:

- Reações iniciais

- Investigar receptividade, contra-argumentos.

- O que isso tem de bom? E o que tem de ruim?

- Que impacto teria essa comunicação junto à população? E junto a cada um de vocês? Como avaliariam o governo nesse contexto?

- Em sua opinião, qual frase traduz a Copa do Mundo no Brasil?

� O Brasil vai estar na mídia, os estrangeiros virão para o Brasil, acompanharão a Copa pela TV.

� E se um estrangeiro disser: vocês brasileiros são incapazes de fazer uma boa Copa.

� O que vocês acham disso?

� Na opinião de vocês, a gente vai conseguir fazer uma boa Copa?

Comentários finais – sugestões.

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Anexo II – Cronograma e Perfil dos Grupos

CLASSE IDADE AVALIAÇÃO

DO GOVERNO DATA HORA LOCAL

NE

SALVADOR

AB 18 a 25 ótimo/bom 13/set 19:00 Rua Comendador Bernardo Catarino,

nº 161 – Barra

CD 30 a 39 regular 14/set 10:00

CD 40 a 55 ruim/péssimo 14/set 13:30

RECIFE

CD 40 a 55 ótimo/bom 11/set 19:00 Rua Bulhões Marques, nº 19 –

sala 404 - Ed. Zykatz - Boa Vista

CD 18 a 25 regular 12/set 18:30

AB 30 a 39 ruim/péssimo 12/set 20:30

FORTALEZA

CD 30 a 39 ótimo/bom 16/set 19:00 Rua Amarela, nº 15 -

Bairro de Fátima

AB 40 a 55 regular 17/set 18:30

CD 18 a 26 ruim/péssimo 17/set 20:30

SE

RIO DE JANEIRO

CD 18 a 25 ótimo/bom 16/set 19:00 Av. Alexandre Ferreira, nº 220,

sala 201- Lagoa

AB 30 a 39 regular 17/set 18:30

AB 40 a 55 ruim/péssimo 17/set 20:30

SÃO PAULO

AB 18 a 25 regular 09/set 19:00 Av. Brigadeiro Faria Lima, nº 2355, conjunto 1903/1907-

Jardim Paulistano

CD 30 a 39 ruim/péssimo 10/set 18:30

AB 40 a 55 ótimo/bom 10/set 20:30

BELO HORIZONTE

AB 30 a 39 ótimo/bom 11/set 19:00

Rua Professor Arduino Bolívar, nº 215 - Santo Antônio

CD 40 a 55 regular 12/set 18:30

AB 18 a 26 ruim/péssimo 12/set 20:30