Relatório Final - PIBIC

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CNPq PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - PIBIC/CNPq-FA-UEM RELATÓRIO FINAL UEM PERÍODO DE ABRANGÊNCIA DO PROGRAMA: 1º/08/2011 a 31/07/2012 1. BOLSISTA: Luís Gabriel Menten Mendoza 2. ORIENTADOR: Marta Luzia de Souza 3. DEPARTAMENTO: DGE 4. CO-ORIENTADOR: 5. DEPARTAMENTO: 6. TÍTULO DO PROJETO:Aplicação da técnica de aferição de hidrotopos na bacia hidrográfica do Ribeirão Pinguim, Maringá (PR) 7. RELATÓRIO CONTENDO OS RESULTADOS DA PESQUISA

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CNPq

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - PIBIC/CNPq-FA-UEM

RELATÓRIO FINAL UEM

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA DO PROGRAMA: 1º/08/2011 a 31/07/2012

1. BOLSISTA: Luís Gabriel Menten Mendoza

2. ORIENTADOR: Marta Luzia de Souza 3. DEPARTAMENTO: DGE

4. CO-ORIENTADOR: 5. DEPARTAMENTO:

6. TÍTULO DO PROJETO:Aplicação da técnica de aferição de hidrotopos na bacia hidrográfica do Ribeirão Pinguim, Maringá (PR)

7. RELATÓRIO CONTENDO OS RESULTADOS DA PESQUISA

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁPROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC/CNPq-Fundação Araucária-UEMDEPARTAMENTO DE GEOGRAFIAORIENTADOR(A): Prof.ª Dr.ª Marta Luzia de SouzaBolsista: Luís Gabriel Menten Mendoza

Aplicação da técnica de aferição de hidrotopos na bacia hidrográfica do Ribeirão Pinguim, Maringá (PR)

Maringá, 31 de agosto de 2012

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁPROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC/CNPq-Fundação Araucária-UEMDEPARTAMENTO DE GEOGRAFIAORIENTADOR(A): Prof.ª Dr.ª Marta Luzia de SouzaBolsista: Luís Gabriel Menten Mendoza

Aplicação da técnica de aferição de hidrotopos na bacia hidrográfica do Ribeirão Pinguim, Maringá (PR)

Relatório contendo os resultados finais do projeto de iniciação científica vinculado ao

PIBIC/CNPq-Fundação Araucária-UEM

Maringá, 31 de agosto de 2012

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RESUMO

O presente relatório compreende a realização da avaliação do método de aferição de

hidrotopos e caracterização do uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica do ribeirão Pinguim,

norte central paranaense. O projeto foi realizado a partir dos parâmetros proporcinados pelo método

simplificado utilizando azul de metileno para aferir a quantidade de matéria orgânica em

decomposição, entrecruzando a caracterização da bacia, uso da terra, precipitação, parâmetros de

qualidade da água (condutividade, turbidez, pH) a partir de revisão bibliográfica e com a realização

dos ensaios em laboratório e ida a campo. Os resultados proporcionam afirmar que o ribeirão

Pinguim não encontra-se eturofizado, no entanto os resultados dos demais parâmetros apontam para

sua degradação e portanto para a necessidade de gestão integrada da bacia entre os municípios que a

utilizam, Maringá, Sarandi, Marialva e Floresta.

Palavras-chave: ribeirão Pinguim, poluição, azul de metileno, natureza.

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INTRODUÇÃO

O presente relatório compreende os ensaios e o compilamento de informações relevantes a

cerca do uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica do ribeirão Pinguim, bem como as conclusões

atingidas a cerca do método simplificado utilizando azul de metileno para aferir a quantidade de

matéria orgânica em decomposição proposto por Tropmmair (1988).

A água, compreendido como recurso ambiental (BRASIL, 1981), trata-se de elemento

necessário a reprodução espacial das atividades desenvolvidas pelas presentes e futuras gerações.

Para Amorim (2011) está em curso a substituição de uma cultura hídrica, que considera a

autorregulação do uso da água, por um cultura de mercado, cuja mentalidade mercantil e privatista,

impede de enxergar “as múltiplas experiências que a humanidade nos legou”. O exemplo dessa

transformação que se dá também espacialmente pode ser compreendido pelo conceito defendido por

Thomaz Jr. (2010) de agrohidronegócio, conceito que guarda relação com o processo de

modernização do campo.

O desafio de compreender locais capazes de abrigar vida (hidrotopos) e locais impróprios

para a reprodução das relações do meio biótico com o abiótico (altas taxas de matéria orgânica)

induziu a necessidade de discutir as apropriações e conflitos em torno do uso do curso d'água,

compreendendo o território como palco das contradições e a bacia hidrográfica como sistema semi-

aberto que concentra no seu curso principal o uso das vertentes. As contradições do território

transparecem em diversas categorias de análise e se por hora são expostos parâmetro da realidade do

natural do território, a partir da técnica aplicada, a busca é justamente a de transladar o estigma de

uma pesquisa natural desterritorializada, objetivando desde um ponto de vista de totalidade homem

natureza, de anunciada ruptura com a mística da natureza e com o processo hegemônico de negação

dos cursos d'água e por consequência, da natureza, do e no urbano.

Dos diversos tipos de ambientes e paisagens terrestre, os rios urbanos são de longe os mais utilizados, ocupados, modificados, degradados, subjugados e por fim, negados. Na verdade, há uma negação tanto do ambiente dos rios urbanos quanto da parcela da sociedade que habita sua área de influência, problema que permeia praticamente todos os países em desenvolvimento. (ALMEIDA; CARVALHO, 2009, p. 1)

Almeida e Carvalho (2009) continuam, sobre a relação curso d'água-sociedade, e afirmam:

Os rios urbanos são aqueles que, dialeticamente modificam e são modificados na sua inter-relação com as cidades. E a partir dessa interação, surge algo que é, ao mesmo tempo, natural e cultural, orgânico e artificial, sujeito e objeto, algo híbrido por que não é mais natural, mas também não se transformou ao ponto de deixar de carregar em si a Natureza. (ALMEIDA; CARVALHO, 2009, p.2)

No sentido da compreensão do objeto híbrido que, para Santos (2006) assume o caráter de

segunda natureza, e que trata-se sobretudo de uma natureza já antropizada, soa real a resposta

bertrandiana (BERTRAND, 2009, p. 202) de territorializar o meio ambiente. Corrobora a

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constatação de Carson (2010), desde a emergência da Ecologia, de que a espécie humana é frágil às

mesmas condições de degradação das demais formas de vida, sendo assim degradando as condições

de reprodução do sistema a humanidade infere sobre a própria existência.

O processo de antropização guarda as contradições de um planejamento hegemônico pautado

na necessidade de reprodução do capital, cuja compreensão de natureza desenha as relações da

humanidade com o ambiente. Nesse sentido, considerando a emergência do discurso ambiental como

consequência da crise ambiental anunciada – em busca de uma ecoeficiência fracassada, cabe lembrar

Marx para quem o capitalismo só consegue o aumento da força produtiva e da mobilização do

trabalho na agricultura moderna assim como na indústria

“Assim como na indústria citadina, na agricultura moderna o aumento da força produtiva e a maior mobilização do trabalho são conseguidos mediante a devastação e o empestamento [comprometimento] da própria força de trabalho. E cada progresso da agricultura capitalista não é só um progresso na arte de saquear o trabalhador, mas ao mesmo tempo na arte de saquear o solo, pois cada progresso no aumento da fertilidade por certo período é simultaneamente um progresso na ruína das fontes permanentes dessa fertilidade (…) Por isso, a produção capitalista só desenvolve a técnica e a combinação do processo de produção social ao minar simultaneamente as fontes de toda riqueza: a terra e o trabalhador.” (MARX, 1984, p. 101-102, apud NASCIMENTO, 2007, p. 72)

Desde o natural dos território, como categoria de análise que expressa a síntese da dialética

da sociedade (MENDOZA, 2012), compreendendo, com base no exposto, que a crise ambiental

proclamada é a origem da malfada crise social, ou seja, a apropriação dos recursos naturais, a

relação desenvolvida pela sociedade, desde o processo de acumulação primitiva do capital até o

presente, é originário de uma crise social e têm sua origem na crise ambiental, tratando-se portanto

de uma crise generalizada de ruptura com o tempo longo, da natureza (SUETERGARAY, 2002),

ideia expressa por Marx, como o homem em sua universalidade, como se vê:

o homem em sua universalidade manifesta-se na prática nessa universalidade que torna toda a natureza o seu corpo inorgânico, (1) como meio de vida e (2) como matéria, objeto e instrumento da sua atividade. A natureza é o corpo inorgânico do homem, quer dizer, a natureza enquanto não é o corpo humano. O homem vive da natureza, isto é, a natureza é o seu corpo, e ele precisa manter um diálogo contínuo com ele se não quiser morrer. Dizer que a vida física e mental do homem está ligada à natureza significa simplesmente que a natureza está liga a si mesma, pois o homem é parte da natureza. (MARX, Early Writing, 1974, p. 328, apud FOSTER, 2005, p. 107)

Com essas contribuições que retratam o processo de compreensão empreendido pela captação de dados do

ambiente natural, justificam-se as conclusões e o desafio de discutir parâmetros ambientais, na medida em que se

compreende que o processo de degradação aos ambientes naturais, sob o modo atual de produção e reprodução

espacial, se dá pelo capital investidor. Portanto todo dano ambiental apresentado é um ataque desferido contra a fonte

dos recursos da humanidade, não havendo portanto, posição reconciliável entre o capital e a natureza e a sociedade, os

dois últimos divorciados das relações de outrora pela hegemonização do primeiro, gerando o último.

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Registra-se por último que no decorrer da realização desse projeto foi aprovado no Congresso Nacional a

alteração do Código Florestal (BRASIL, 1965) cujo papel de protagonista dessa alteração quem assume é a bancada

ruralista, o resultado das alterações é ainda inseguro juridicamente mas resulta em mais “desmatamentos” da

cobertura vegetal. No transcorrer desse projeto ocorreu também a Conferência da ONU sobre o meio ambiente

denominada Rio+20, a discussão apresentada do início ao fim passou longe de contemplar os graves problemas

sanitários, ambientais e sociais que tangem a natureza, antes levado a cabo pela construção do evento a abordagem

prioritária foi a da ecoeficiência de um desenvolvimento sustentável fetichizado, mercantilizado e apartado da

realidade, inclusive etimologicamente. Desde essa leitura de conjuntura da natureza territorializada é encarado o

objeto.

OBJETIVOS

Extraído da primeira versão do projeto os objetivos abaixo foram mantidos e são apresentados como

resultados da execução do estudo da bacia hidrográfica do ribeirão Pinguim no presente relatório:

1. Caracterizar geograficamente a unidade de análise;

2. Aferir a eficácia da técnica simplificada de aferição de hidrotopos utilizando azul de metileno;

3. Avaliar a qualidade da água dos cursos d'água da bacia hidrográfica nas diferentes sazonalidades

utilizando essa técnica;

Havia ainda um quarto objetivo na primeira versão do projeto vinculado ao ribeirão Água da Sória em

Astorga, que incluía o diálogo com a comunidade, sobretudo a partir de uma escola. Conforme relatado no relatório

anterior houve alteração do local da pesquisa, por condicionantes financeiros da instituição, que levou a opção de

descartar o quarto objetivo, sem que isso signifique o abandono da perspectiva de relacionar comunidade e território

estudado, pelo contrário a ausência desse objetivo reforçou a necessidade de apreender a totalidade, como exposto na

introdução. No entanto ressalta-se que o objetivo de proporcionar métodos expeditos e simplificados à sociedade civil

partiu da hipótese de encontrar um funcionamento efetivo da técnica analisada para níveis menores de degradação.

MATERIAIS E MÉTODOS

A bacia hidrográfica do ribeirão Pinguim localiza-se no norte do Paraná, território que passou

até a atualidade pelo mais rápido processo de modernização agrícola (PASSOS, 2007), que têm por

consequência a reorganização do espaço no campo e na cidade, protagonizada pela crise do café.

As pequenas propriedades, possibilitadas pelo modelo de colonização empresarial

(Companhia de Terras Norte do Paraná, Companhia Melhoramentos Norte do Paraná), que buscava

o lucro (SERRA, 2009) sobre os trabalhadores rurais provenientes da expansão cafeeira paulista

(MULLER, 2001), baseava-se então em unidades familiares. Esse modelo de ocupação é

desmantelado em detrimento da grande propriedade monocultora, mecanizada. A base da economia

agrícola atual, consequentemente a ocupação do território, passa a ser então a grande propriedade

produtora de commodities agrícolas como trigo, milho, soja, cana-de-açúcar e gado.

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Nas vertentes do ribeirão Pinguim, no médio e baixo curso, e seus afluentes não é diferente,

em campo observou-se predominantemente as culturas de cana-de-açúcar, soja e milho. A bacia

hidrográfica incide na periferia dos municípios de Floresta e Marialva e ainda em parte da área

urbana do município de Maringá e Sarandi (Figura 1) e no ambiente urbano encontra-se com a

distância entre o homem e a natureza, negando desde o acesso ao curso d'água, como criando um

ambiente impróprio para a reprodução das outras espécies e por consequência da presença humana.

A área da bacia hidrográfica, localiza-se no Terceiro Planalto Paranaense (MAACK, 1968),

limitada pelo sistema de projeção UTM (7412kmN, 412kmE e 7384 kmN, 388kmE), está na região

Norte Central do Paraná (IBGE, 1990) e compõe o Comitê de Bacia do Alto Ivaí-PR

(AGUASPARANÁ, 2011). Com base no mapeamento pedológico, de vegetação original

(EMBRAPA/EMATER, 2007) e posição na vertente obteve-se a seguinte compartimentação da

bacia hidrográfica:

Compartimentos Solos Vegetação Original Uso da terra atual Pontos Relevo Municípios

1 Latossolo Vermelho Distrófico Tìpico

Floresta Tropical Perene Urbano - Suave Ondulado Maringá, Sarandi

2 Nitossolo Vermelho Eutrófico Típico

Floresta Tropical Subperene

Urbana periférica, transição para agrário, uso industrial, ETE 02-Sul, mineração e lixão desativado,

6,5,4,3 e 1 Suave ondulado e ondulado

Sarandi, Maringá, Marialva e Floresta

3 Neossolo Litólico Eutrófico

Floresta Tropical Subcadulcifólia

Agrário 2 Forte Ondulado e Moderado

Marialva, Maringá.

4 Latossolo Vermelho Eutrófico Típíco

Floresta Tropical Perene Agrário - Suave Ondulado e Plano

Floresta

Quadro 01 – Compartimentação baseada em mapeamento estadual (EMBRAPA/EMATER, 2007)

A compartimentação é representada na Figura 2.

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Figura 1: Bacia hidrográfica do ribeirão Pinguim e os municípios envolvidos. Fonte: SUDERHSA (2007). Elaborado por: Autor, 2012.

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O substrato rochoso da bacia é formado predominantemente pela Formação Serra Geral, mas

há também depósitos de sedimentos do quaternário recente, formado, sobretudo por aluviões

depositados em depressões com característica areno-argilosas, esse depósito na bacia do Pinguim

encontra-se no baixo curso próximo ao município de Floresta (MINEROPAR, 2005). O canal do

ribeirão Pinguim é caracterizado de acordo com a classificação de canais de Kellerhals, Church e

Bray (1976, apud CUNHA, 1994, p. 222) como irregular com presença ocasional de ilhas de

deposição e bancos laterais. Considerando a inclinação geral das camadas geológicas no sentido

noroeste, pela classificação genética de Horton (1945, apud CUNHA, 1994, p. 224) o ribeirão

Pinguim é classificado como subsequente, desaguando no consequente rio Ivaí, correndo

perpendicular à inclinação das camadas acompanhando lineamentos identificados

fotogeologicamente (MINEROPAR, 2005). As informações apresentadas pela geomorfologia

ilustram e dão a dimensão do curso d'água no contexto dos sistema natural.

Desde os parâmetros do Estado os cursos d'água da bacia hidrográfica do Ivaí são

enquadrados pela portaria nº 19 de 12 de maio de 1992 da Superintendência de Desenvolvimento de

Recursos Hídricos e de Saneamento Ambiental do Paraná (SUDERHSA, 1992). A portaria define

que a exceção dos córregos Cleópatra e Moscado, enquadrados na classe 3, ambos localizados na

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Figura 2: Compartimentação da bacia do ribeirão Pinguim/PR. Fonte: EMBRAPA/EMATER (2007). Elaborado por: Autor, 2012.

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área urbana do município de Maringá, todos os demais cursos d'água da bacia do ribeirão Pinguim

enquadram-se em classe 2 e os cursos d'águas destinados ao abastecimento, em classe 1. O

enquadramento distingue os cursos d'água quanto ao destino das águas. De acordo com a resolução

357 de 17 de março de 2005, do CONAMA (2005), em seu artigo 4º define:

II - classe 1: Águas que podem ser destinadas:a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;b) A proteção das comunidades aquáticas;c) A recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000;d) A irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; ee) A proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.III - classe 2: Águas que podem ser destinadas:a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; b) A proteção das comunidades aquáticas;c) A recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000;d) A irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; ee) A aquicultura e a atividade de pesca.IV - classe 3: Águas que podem ser destinadas:a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado;b) A irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;c) A pesca amadora;d) A recreação de contato secundário; ee) A dessedentação de animais.

O diferente enquadramento dado aos cursos d'água que nascem no centro de Maringá demonstra preocupação

quanto a emissão de poluentes, seja por descarga regular, irregular ou pelo escoamento superficial, considerando ainda

o processo de impermeabilização das cidades, junto com a retirada da cobertura vegetal nas cidades e no campo, que

são responsáveis por impactos relevantes no que diz respeito a erosão física e a erosão biológica (BERTRAND, 2009),

desencadeando impactos ao longo da vertente e depositando no curso d'água a síntese do uso da terra.

Em campo, após períodos de chuvas foi verificada a presença de resíduos industriais, óleo e graxa. A

cabeceira do ribeirão Pinguim segundo Zaparolli e Nobrega (2006), situada no limite dos municípios de Maringá e

Sarandi, é impactada pela Ferrovia América Logística, pela rodovia BR396, pela NOMA S.A. e por demais

empreendimentos na rodovia, trata-se de

um espaço onde além de condições físicas particulares (área de cabeceira) estão implantadas atividades e funções distintas (área residencial, industrial, agrícola, eixo de circulação) submetidas a diferentes poderes políticos e econômicos, representados pelos órgãos municipais aí atuantes. (ZAPAROLI; NOBREGA, 2006, p. 2)

Segundo vários autores que pesquisaram que a área os impactos do processo de ocupação da área apresentam-

se em toda a extensão da bacia hidrográfica, o escoamento da água pela vertente é ainda a dificuldade encontrada para

a garantia de manutenção da qualidade ambiental. Ressalta-se impactos erosivos resultantes da gestão inadequada da

drenagem urbana na cabeceira do ribeirão Pinguim (ZAPAROLI; NOBREGA, op cit). A poluição hídrica e os

processos erosivos nas cabeceiras de drenagem dos afluentes córregos Moscados, Merlo, Cleópatra e Borba Gato, na

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área urbana de Maringá (OTSUSCHI, 2000), os impactos ambientais causados pelo destino final dos resíduos sólidos,

em Maringá (DE ANGELIS NETO; D ANGELIS, 1999 e BASSANI, et al, 2009), da Estação de Tratamento de

Esgoto da SANEPAR (ETE 02-Sul) e da extração de basalto.

Zaparoli e Nobrega (op cit, p 6) identificam um processo de erosão acelerada, denominado voçoroca, no

interior do anfiteatro da cabeceira de drenagem do ribeirão Pinguim, a origem desse processo erosivo está relacionado

a uma galeria de drenagem urbana, que concentra a água da rodovia, dentro dos limites de Maringá, um segundo

segmento da voçoroca está relacionado a drenagem de uma antiga estrada paralela a ferrovia, no município de

Sarandi. Os autores descrevem ainda os feitos da Gestão Pública, como a construção de um dissipador de energia em

1957, que encontra-se destruído. Posteriormente objetivando reduzir o processo erosivo foi realizado o aterramento do

setor a montante da erosão, utilizando sobretudo resíduos da construção civil, que hoje tornam-se depósitos de origem

antrópica e se espalham ao longo do curso d'água.

A água pluvial derivada das galerias de drenagem urbana nunca deveriam ser descarregada nas nascentes, e sim, onde o leito do ribeirão é estável e suporta o volume, a cerca de 1 km a jusante do atual dispersor. As obras realizadas (dissipadores de energia) não foram capazes de inibir a instalação do processo (…) tornando-se uma fonte a mais de poluentes para as nascentes e o curso d'água. (ZAPAROLI; NOBREGA, 2006, p. 11)

Otsuschi (2000) refletindo sobre os processos erosivos nas cabeceiras de drenagem em

Maringá (PR) associa o traçado urbano e a posição do sítio urbano, no divisor de águas, como

responsáveis pelo processo de degradação dessas áreas. A autora discute a poluição hídrica e os

processos erosivos nas cabeceiras de drenagem de Maringá, aqui interessa o recorte dos cursos

d'água da bacia do ribeirão Pinguim, portanto dos seus afluentes na área urbana de Maringá, estes,

os córregos Moscados, Merlo, Cleópatra e Borba Gato.

As nascentes do córrego Moscados localizam-se no interior do Parque Municipal do Ingá. O

parque, trata-se de uma área de 27,3ha (OTSUSCHI, 2000, p. 106) com infraestrutura de lazer e um

lago do represamento das nascentes do Moscados. A área urbana está impermeabilizando o solo,

considerando a posição na vertente da cabeceira, como local de captação natural das águas, que teve

a retirada parcial da cobertura vegetal do local e das áreas que circundam o parque e a ausência de

planejamento para o escoamento das águas pluviais. O parque e o curso d'água são impactados, a

autora identifica 3 feições erosivas com profundidade entre 8,5 e 10 m, uma entre 4,5 e 8,5 m e

outros 15 processos erosivos menores (OTSUSCHI, op cit, p. 109).

A cerca do córrego Merlo, afluente do Moscados, com a cabeceira em propriedade do

Departamento de Estradas de Rodagem (DER) de Maringá, a autora apresenta preocupação quanto

a ausência de rede coletora de esgoto, e ainda expõem a informação recebida de que há despejo dos

resíduos na rede de galerias de águas pluviais pela empresa de transporte coletivo “Cidade Canção”

(OTSUSCHI, op cit, p. 111).

As nascentes do córrego Cleópatra encontram-se no Bosque II, parque fechado a visitação

pública, com dois processos de desarborização, o primeiro para a construção de uma pista de

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motrocross e outro para a construção da via perimetral sul Juscelino Kubitschek, de 8km. Nesse

parque, apesar de em 1982 ser considerado Área de Preservação Permanente, foi construído um

Centro Cultural, da proposta inicial de um complexo arquitetônico, hoje sob responsabilidade de

gestão da UEM e da Secretaria de Relações Comunitárias do Governo do Estado, nomeado Centro

de Excelência a Comunidade. Apesar de em julho de 1984 ser realizado um “Estudo sobre a

implantação de um Centro Cultural no Parque Florestal dos Pioneiros – Bosque 2”, sob coordenação

do Núcleo de Estudos do Meio Ambiente da Universidade Estadual de Maringá, desaconselhando a

implantação do centro cultural, considerando as feições erosivas, o despejo de resíduos de esgoto

pluvial e o desmatamento. A autora aponta ainda para um incisão erosiva em ferradura que coneta

voçorocas com mais de 10m de profundidade, entre as feições, uma nomeada de Cerqueira César,

resultado da instalação de tubos de galerias de águas pluviais (OTSUSCHI, op cit, p. 112-113).

O ribeirão Borba Gato nasce no Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes, na zona 5, o

Horto foi criado em 1952 para sustentar a arborização urbana de Maringá, pela Companha

Melhoramentos Norte do Paraná, em uma área de 37ha, surge para conter um processo erosivo em

formato de clareira. Com quatro pontos de descarga de águas pluviais na cabeceira há o

desenvolvimento de incisões erosivas e problemas ambientais que se estendem a burocracia do

Estado entre o ente privado que é dono do terreno e o, em tese, causador do impacto, a prefeitura e

emissores de poluentes.

O destino final dos resíduos sólidos urbanos de Maringá localiza-se na bacia do ribeirão

Pinguim, seus impactos e avaliações são relatados por De Angelis Neto e De Angelis (1999) e

Bassani, et al. (2009). De Angelis Neto e De Angelis (1999) afirmam que pela localização do lixão

há comprometimento direto de dois corpos d'água, o córrego Corvo Rei e o Borba Gato, aponta

ainda problemas de gestão, entre o quais a ausência de sistema de drenagem e coleta de águas

pluviais e líquidos percoladas, causando poluição das águas superficiais e subterrâneas, pelo chorume

e pelo escamento das águas pluviais. É também ausente um sistema de impermeabilização do contato

resíduo/solo, ocorrendo poluição do solo pela infiltração do percolado, degradando a superfície do

solo. A área do lixão destaca-se ainda por estar implantado sobre nascentes, a caracterização do

conjunto fica clara com a citação abaixo:

Se não bastasse a repulsa que os resíduos provocam quando in natura sem a cobertura com estes materiais granulares, a presença de catadores, que se confundem com os animais tornam ainda pior (se possível sê-lo) o conjunto da destinação destinação final dos resíduos sólidos urbanos de Maringá (DE ANGELIS NETO, DE ANGELIS, 1999, p. 935).

Em 2009 após a implantação da tecnologia de Biopuster, Bassani et al (2009), avalia a

destinação final dos resíduos sólidos urbanos de Maringá como inadequada, segundo avaliação do

IQR (Índice de Qualidade de Aterros), concentrando o problema nos subprodutos chorume, gases e

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lixiviado, uma avaliação que considerou três critérios, características do local, infraestrutura

implantada, condições operacionais. A área é em torno de 80 hectares que recebem diariamente 300

toneladas, classificado pelo autor como aterro controlado, quando essa autor escreve a presença de

pessoas realizando catação já havia sido anulada, no entanto a técnica de Biopuster, apesar das

expectativas, fora deixada de lado e a prefeitura tentou em 2011 e 2012 implantar uma usina de

incineração de lixo no local, para incinerar 350 toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU)

diariamente, o projeto do executivo foi barrado, reivindicando o cumprimento da determinação

judicial de realizar a coleta seletiva e a compostagem dos RSU.

Outro empreendimento que interessa na bacia do Pinguim é a Estação de Tratamento de

Esgoto (ETE), localizada próximo a confluência dos ribeirão Pinguim e o córrego Borba Gato, na

Estrada Jaguaruna, Lote 05, Gleba Ribeirão Pinguim no município de Marialva, considerada pela

Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) como ETE de Classe C, caracteriza-se pelo

tratamento mecânico e químico do esgoto recebido, o esgoto recebido é tratado com matéria-prima

para a produção de lodo destinado a agricultura, segundo funcionário do local, sob orientação do

Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER).

A vazão de projeto da ETE Sul é de 482l/s e operou o ano de 2010 com média mensal de

170,12l/s e de janeiro a maio de 2011 com média de 201,28l/s de vazão. Segundo o relatório do

Plano Municipal de Saneamento Básico (MARINGÁ, 2011) a SANAPAR monitora a ETE Sul

através da análise do Efluente da ETE (temperatura, pH, DQO, DBO, óleos minerais, óleos vegetais

e gorduras vegetais, sólidos sedimentáveis, sólidos suspensos totais e fósforo total).

Para o ribeirão Pinguim, corpo receptor do efluente (temperatura, pH, DQO, DBO, sólidos

suspensos, sólidos sedimentáveis e sólidos totais dissolvidos, óleos e graxas, fósforo total nitrogênio

amoniacal total, coliformes totais, coliformes termotolerantes, cor, turbidez, materiais flutuantes e

oxigênio dissolvido), os padrões de lançamento atendem a resolução 357 de 2005 do CONAMA

(2005) e tem como referência a portaria do IAP nº 019/06 e a Resolução da SEMA nº 021

(MARINGÁ, 2011, p. 178).

No monitoramento do Efluente da ETE os parâmetros DQO e DBO apresentam valores

acima do máximo permitido, para DQO o valor máximo permitido (VMP) é de 125mg/l e para DBO

50mg/l, segundo portaria nº1015 de 24 de agosto de 2010 do Instituto das Águas do Paraná. Em

fevereiro a DQO atinge 140 mg/l, em março 130mg/l, em abril a DBO atinge 64mg/l, em junho

ultrapassam o VMP, DBO (70mg/l) e DQO (201mg/l), o mesmo se repete em julho (DQO, 165;

DBO, 70), agosto (DQO, 200; DBO, 75), setembro (DQO, 210; DBO, 85), outubro (DQO, 134;

DBO, 52), novembro (DQO, 143; DBO, 60) e em novembro apenas a DQO fica acima do permitido

em 159mg/l de efluente. Quanto ao monitoramento do corpo receptor realizado a montante e a

justante do lançamento do efluente, verifica-se valores acima do VMP, na cor (VMP ≤ 75mgPt/l),

10

Page 14: Relatório Final - PIBIC

em janeiro, fevereiro, abril, maio, a montante e a jusante, em junho, agosto, setembro, outubro,

novembro e dezembro, apenas a jusante; materiais flutuantes, que devem estar virtualmente ausentes,

estão presentes nos meses de abril, junho, julho e agosto, a montante e a jusante da ETE.

O parâmetro Oxigênio Dissolvido, fica abaixo do valor permitido (≥ 5mg O2/l) a jusante em

janeiro (0,00), junho (3,20), em agosto (0,00), setembro (2,28), outubro (1,42), novembro (2,08) e

dezembro (0,11), nos meses de fevereiro, março e julho, os valores apresentam-se abaixo do

permitido a montante e a jusante, o parâmetro DBO, a exceção do mês de janeiro que apresenta

valores acima do VMP a montante e a jusante, todos os outros meses apresentam ampliação a

jusante da demanda bioquímica de oxigênio (VMP ≤ 5mg/l). Apresentam-se fora dos padrões

também coliformes totais, fecais nitrogênio amoniacal e fósforo total, na maioria absoluta das

amostras coletadas.

A conclusão do relatório (MARINGÁ, 2011) a cerca da avaliação dos parâmetros de efluente

e curso d'água dizem que a ETE Sul é decisiva “para piora da qualidade das águas do corpo receptor

(Ribeirão Pinguim)”.

Na vertente oposta a da ETE Sul, próximo a confluência do córrego Borba Gato com o

ribeirão Pinguim há duas mineradoras instaladas para a extração de basalto, a mineração está

historicamente associada nas avaliações de qualidade da água com o incremento da condutividade

como um dos fatores alterados, em conjunto com o pH, conforme será apresentado no resultados e

discussão.

Métodos

O método utilizado para cumprir com o objetivo de aferir a eficácia da técnica simplificada de

aferição de hidrotopos utilizando o corante azul de metileno constitui em realizar o ensaio em um

curso d'água, em conjunto com a caracterização da bacia hidrográfica, de forma a conectar-los,

avaliando a qualidade da água do ribeirão Pinguim em 4 ensaios, considerando a sazonalidade.

Nas etapas preparatórias para o campo foram necessárias cartas topográficas de 1:50.000, do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), folhas Maringá (1972), Ivatuva (1972),

Mandaguaçu (1990), Bom Sucesso (1992), obtidas digitalizadas em formato JPEG, no sítio do

Instituto de Terras, Cartografia e Geociências do Estado do Paraná (ITCG, 2011).

Para o georreferenciamento e a produção do mapa base para o levantamento de dados em

campo e a caracterização geográfica utilizou-se o software livre Quantum GIS (QGIS) versão 1.7.3,

rodado em Sistema Operacional (OS) Linux, distribuição Ubuntu 11.10 e 12.04. Elementos que

estabelecem a completa gratuidade e liberdade na utilização e distribuição em software e sistema

operacional. Para apoio vetorial ao QGIS e na geração dos primeiros croquis do terreno utilizou-se

o editor de imagens vetoriais, igualmente livre, Inkscape 0.48.2.

11

Page 15: Relatório Final - PIBIC

Além das cartas topográficas foram utilizados os mapeamentos de unidades

litoestratigráficas, folha Londrina (MINEROPAR, 2005), os shapefiles das divisas municipais, das

bacias hidrográficas (SUDERHSA, 2007) da compartimentação pedológica e da vegetação original

(EMBRAPA/EMATER, 2007) que foram obtidos no sítio do ITCG (2011).

Definido o limite da bacia hidrográfica via curvas de nível, foram identificadas as obras de

infraestrutura, ou seja, ferrovia e rodovia, que foram construídas no divisor de águas e que são

executadas com movimentação de terra, aterros que modificam a vertente e alteram a posição do

divisor de águas. Definido o limite vetorizou-se os cursos de água da bacia hidrográfica a partir do

mosaico de cartas topográficas.

Os pontos de coleta foram definidos com o apoio de cenas obtidas no Google Earth 2.1, de

forma a visualizar em conjunto o acesso e a utilização da terra, bem como o setor do curso d'água,

setorizado em: alto curso, caracterizado pela região das nascentes principais e de cotas mais

elevadas, médio curso, caracterizado pelas cotas médias do ribeirão Pinguim, baixo curso,

caracterizado pela foz do curso d'água e consequentemente as menores cotas altimétricas.

Os pontos onde foram coletadas as amostras de água estão localizados de jusante a

montante: 1 (7386kmN, 393kmE), 2 (7400kmN, 401kmE), 3 (7402kmN, 402kmE), 4 (7403N,

406kmE), 5 (7405kmN, 407kmE) e 6 (7407kmN, 409kmE). As coletas foram feitas nos meses de:

novembro de 2011 (11/2011), fevereiro (02/2012), abril (04/2012) e junho de 2012 (06/2012). Após

a realização da primeira coleta em novembro de 2011, os pontos 1, 2, 5 e 6 mantêm-se os mesmos

da coleta anterior, na coleta em novembro de 2011 os pontos de amostragem coletados como 3 e 4

foram descartados, por não confirmarem com o local de coleta planejado, a coleta identificada no

primeiro ensaio como 3 tornou-se doravante o ponto de amostragem 2.

Definidos os 6 pontos de amostragem utilizou-se 5 galões de 5l e 2 galões de 2l para a coleta

superficial, observadas as normas técnicas (ABNT/NBR,1987; SANTA CATARINA, 2009). Para a

preservação das amostras utilizou-se uma caixa de isopor de 50l, com gelo de forma a manter a

temperatura das amostras. As amostras foram coletadas de jusante à montante, os recipientes

plásticos para coletar a amostra foram lavados em água destilada, a coleta foi realizada quando

possível de uma margem à outra do ribeirão Pinguim. Em campo para localização utilizou-se o GPS

(Global Positioning System) da marca Garmin e Carta de Campo, advinda das cartas topográficas.

Para a segurança na coleta utilizou-se uma galocha de cano alto impermeabilizante e luvas

descartáveis.

Em laboratório a realização do ensaio requisita, conforme técnica adaptada por Monteiro e

Viadana (2009) de seringas descartáveis de 60ml. Os ensaios foram realizados em duplicata (2 por

ponto) e um ensaio foi feito com água destilada para o controle. O corante azul de metileno foi

utilizado em solução a 1%, seringa de 1ml e tampas de náilon, encomendadas em tornearia, foram

12

Page 16: Relatório Final - PIBIC

utilizadas para vedar a seringa. Realizou-se o ensaio com contra-prova, conforme descrito por

Troppmair (1988) com vidraria ao invés de seringas, realizou-se esse também em duplicata,

necessitando então de 13 recipientes de vidro de 50ml, tampados com rolha ou tampas de borracha.

A técnica simplificada objeto de avaliação deste projeto realiza-se de forma a observar a

decomposição anaeróbica de matéria orgânica com o uso do corante azul de metileno, agente

oxidante, perde a coloração na medida em que se oxida ocasionando a redução às reações que

envolvem o consumo do oxigênio dissolvido pelas bactérias decompositoras da matéria orgânica.

Dessa forma, quanto maior a concentração de matéria orgânica mais rápida a amostra tende a perder

coloração. A partir dos resultados, objetiva-se construir escalas de azul entre as amostras.

Na realização do ensaio adiciona-se às seringas e frascos 50ml de água e 0,3ml de azul de

metileno, as seringas e os frascos são vedados e são observadas a cada 24 horas por 120 horas,

mantidas ao abrigo da luz, em uma caixa de ferramentas escura, em temperatura ambiente.

Foi considerado como parâmetro para a avaliação as precipitações do período próximo as

coletas com dados fornecidos pela Estação Climatológica Principal de Maringá (ECPM).

De forma complementar ao ensaio, são fornecidos pelo Laboratório de Sedimentologia do

Grupo de Estudos Multidisciplinares do Ambiente (GEMA) os dados dos ensaios de turbidez, pH,

condutividade elétrica e oxigênio dissolvido, e em campo foi medida a temperatura do curso d'água.

Os ensaios são fornecidos de forma a avaliar a efetividade da aplicação da técnica.

A seguir são descritos os parâmetros utilizados de forma complementar:

Turbidez: Parâmetro que pode ser afetado pelos processos erosivos superficiais ou do canal

fluvial (LUÍZ, et al, 2012). A resolução 357/05 do CONAMA (2005) estabelece para os cursos

d'água da Classe I, até 40UNT, para Classes II e III até 100 UNT, a portaria 518/04 do Ministério

da Saúde (BRASIL, 2004) para a potabilidade da água para o consumo humano, estabelece o valor

de no máximo 5UNT. UNT, a unidade pela qual a turbidez é medida, trata-se da Unidade

Nefelométrica de Turbidez, medida em mg/l de sílica. Indica a presença de materiais finos em

suspensão da água (LUÍZ, et al, 2012, p. 304), esses materiais finos em suspensão na água podem

dificultar a transmissão de luz prejudicando a realização de fotossíntese, alterando as relações no

meio biótico. O incremento na turbidez podem resultar da quantidade de plâncton, algas, detritos

orgânicos do processo de erosão e de despejos domésticos ou industriais, considerado como

requisito estético e sanitário de qualidade da água. (BATTALHA, 1977, p. 68 e MOTTA, 1988, p.

7, apud OTSUSCHI, op cit, p. 65). A obtenção da turbidez nos ensaios foi realizada com

turbidímetro digital.

Potencial de Hidrogênio: O potencial de Hidrogênio (pH), trata-se da concentração de

átomos de hidrogênio eletricamente carregados em uma solução de água, a variação da escala do pH

vai de 0 a 14 de ácido a alcalino, sendo o 7 o valor considerado neutro. A acidez da água influi no

13

Page 17: Relatório Final - PIBIC

processo de seu tratamento e contribui para a corrosão das estruturas das instalações hidráulicas e

do sistema de distribuição (OTSUSCHI, op cit, p. 66), O valor extremo causa sérios danos a biota

aquática, o pH neutro mantém o equilíbrio entre as substâncias alcalinas e ácidas de um corpo d'água

(CAMPOS, 2008, p. 30). As vezes a água é ligeiramente alcalina devido a presença de carbonatos e

bicarbonatos, refletindo o tipo de solo que a água percorreu. Geralmente um pH muito ácido ou

muito alcalino está associado à presença de despejos industriais. (DEBERDT, 1998, p.5). Em

laboratório é obtido a partir do método eletrométrico com um pHmetro digital. O CONAMA (2005)

define a faixa de 6 a 9 como aceitável para as águas doces das Classes I, II e III.

Condutividade elétrica: É a capacidade que a água possui de conduzir energia elétrica,

relaciona-se com a presença de íons, partículas carregadas eletricamente, dissolvidos na água. Os

íons responsáveis pela condutividade são, entre outros, o cálcio, magnésio, potássio, sódio,

carbonatos carbonetos, sulfatos e cloretos. A condutividade embora sem parâmetro legal, contribui

para possíveis reconhecimentos de impactos ambientais que ocorrem na bacia de drenagem

ocasionados por lançamento de resíduos industriais, mineração, esgotos, etc. (DEBERDT, 1998, p.

6). A determinação em laboratório é realizada por condutivímetro digital.

Oxigênio Dissolvido (OD): É um importante indicador de poluição por resíduos orgânicos,

detecta-se a partir desse parâmetro impactos como a eutrofização da água. O oxigênio dissolvido na

água é necessário para a respiração da maioria dos seres vivos do meio aquático. Quando o curso

d'água recebe grande quantidade de matéria orgânica biodegradável micro-organismos aerobicos se

reproduzem para atuar como decompositores dos dejetos orgânicos. Dessa forma, o aumento da

carga de matéria orgânica, é respondido pelo meio aquático pelo incremento na população de micro-

organismos decompositores e, consequentemente, maior o consumo de oxigênio. (DEBERDT,

1998, p. 4; OTSUSCHI, 2010, p. 67; CAMPOS, 2008, p. 29). O CONAMA (2005) define a faixa

de no mínimo 5 mg/L de O2 como aceitável aos curso d'água da Classe II.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os pontos de amostragem definidos compreendem, de jusante a montante: 1 (7386kmN,

393kmE), é a foz do ribeirão Pinguim sob a ponte da PR-546 que liga Floresta a Itambé; 2

(7400kmN, 401kmE), área adjacente com o uso do solo agrícola, com APP recomposta e

afloramentos de basalto; 3 (7402kmN, 402kmE), área de influência próxima de mineração de basalto

e da Estação de Tratamento de Esgoto da SANEPAR (ETE 2 – Sul) e área de lixão; 4 (7403N,

406kmE), está sob a ponte da Av.Carmem Miranda, área periférica de Maringá com loteamentos em

andamento; 5 (7405kmN, 407kmE), zona de conservação em recuperação com ocorrência

predominante de “bambu”; 6 (7407kmN, 409kmE), nascente do ribeirão localizada na chácara

Baliza, área impactada pelo escoamento superficial da empresa NOMA S.A., da linha férrea da

14

Page 18: Relatório Final - PIBIC

América Logística e dos demais empreendimentos industriais da Rodovia BR396 e pela mesma

(ZAPAROLI; NOBREGA, 2006). São apresentados na figura 3:

Figura 3: Pontos de amostragem coletados numerados

Base cartográfica: ITCG (2011). Elaborado por: Autor, 2012.

Apresentam-se as coleções de fotografias obtidas em campo de cada ponto de amostragem:

15

Page 19: Relatório Final - PIBIC

Figura 4: Coleção de fotografias do ponto de amostragem 1 (Autor, 2012).

O ponto de amostragem 1 caracteriza-se ainda pela APP pouco preservada e sem

biodiversidade expressiva, ressalta-se a presença da especie invasora leucena (Leucaena spp) e

16

Page 20: Relatório Final - PIBIC

brachiaria (Urochloa spp). Em novembro de 2011 o solo nas vertentes cercanas, após safra de

colheita de cana-de-açúcar se encontrava sendo preparado para a próxima lavoura, em fevereiro

observou-se o plantio de soja e em abril milho, seguindo até junho. Nessa altura o curso d'água

apresenta a água carregando grande quantidade de solo, na fotografia de junho verifica-se que houve

inundação do curso d'água pela vegetação. Com a ocorrência de precipitações elevadas a água

assume a coloração marrom.

Figura 5: Coleção de fotografias do ponto de amostragem 2 (Autor, 2012).

17

Page 21: Relatório Final - PIBIC

O ponto de amostragem 2 caracteriza-se por uma área com solos rasos, a presença de

cactáceas indica o afloramento de basalto. As margens do curso caracterizam-se pela APP em

estágio avançado de recuperação com espécies arbóreas bem desenvolvidas, apesar de extensas áreas

ocupadas por brachiaria (Urochloa spp). O solo do entorno recebeu o mesmo tratamento observado

hegemonicamente na área agrícola, notadamente, cana-de-açúcar, soja, milho.

18

Figura 6: Coleção de fotografias do Ponto de amostragem 3 (Autor, 2012).

Page 22: Relatório Final - PIBIC

O ponto de amostragem 3 caracteriza-se pela presença da ETE Sul, a coleta é realizada após

a zona de mistura do lançamento de efluentes. Sob os cuidados da SANEPAR a APP está em

recomposição. Na área do entorno verifica-se o uso agrícola conforme descrito nos outros pontos.

Na vertente maringaense há duas pedreiras instaladas e operando, além do lixão que pertence ao

município de Maringá. As propriedades do entorno, mais próximas a Maringá, já em Marialva

começam a ser preparadas para loteamento.

A área do entorno do ponto de amostragem 4 caracteriza-se pela periferia de Maringá em

uma vertente e na outra, em Marialva, do outro lado da ponte área ocupada por terras em processo

de loteamento para moradia.

O ponto de amostragem 5 localiza-se no Bairro Porto Seguro em Maringá, em zona de

proteção ambiental 01 (MARINGÁ, 1999), com a APP ocupada por “bambus” com baixa

biodiversidade na margem de Maringá, na margem de Sarandi há espécies arbóreos. O entorno da

zona de proteção é utilizado como área de lazer e pista de caminhada.

No ponto de amostragem 6, a nascente do ribeirão Pinguim localiza-se na Chácara Baliza,

pequena propriedade destinada a policultura, com a APP em estágio avançado de recomposição.

Zaparoli e Nobrega (2006) abordam os problemas de escoamento superficial e a ausência de galerias

pluviais. Em abril de 2012 notou-se, para além do lixo carregado pelas águas superficiais foi

verificado também materiais flutuantes e óleo na nascente.

19

Figura 7: Coleção de fotografias do ponto de amostragem 4 (Autor, 2012).

Page 23: Relatório Final - PIBIC

20

Figura 8: Coleção de fotografias do ponto de amostragem 5 (Autor, 2012).

Figura 9: Coleção de fotografias do ponto de amostragem 6 (Autor, 2012).

Page 24: Relatório Final - PIBIC

A técnica de aferição de hidrotopos foi realizada conforme descrito no capítulo Materiais e

Métodos, seguindo o método simplificado proposto por Troppmair (1988) e o adaptado por

Monteiro e Viadana (2009), seguem as fotografias do monitoramento da realização dos ensaios e os

seus resultados. Os ensaios foram realizados, assim como os campos, em novembro de 2011,

fevereiro, abril e junho de 2012.

0h 120 h

Figura 10 – Ensaio realizado em novembro de 2011 (Autor, 2012).

Na coleta em novembro de 2011 os pontos de amostragem coletados como 3 e 4 foram

descartados, a coleta identificada no primeiro ensaio como 3 tornou-se o ponto de amostragem 2

para os ensaios subsequentes.

Figura 11 – Ensaio realizados em fevereiro de 2012. (Autor, 2012).

21

Page 25: Relatório Final - PIBIC

Figura 12 – Ensaio realizado em abril de 2012 (Autor, 2012)

Figura 13 – Ensaio realizado em junho de 2012.

Os resultados obtidos com a aplicação da técnica de aferição de hidrotopos, não

apresentaram resultados positivos para a decomposição de matéria orgânica em altas taxas. Foram

22

Page 26: Relatório Final - PIBIC

verificadas descolorações visíveis a olho nu e com visibilidade nula ou baixa em fotografias. As

alterações foram detectadas no ponto 3, em todas as coletas. No ponto 6 (nascente) por duas

vezes,após o período de precipitações relevantes, em 10/02/2012 (98mm) e 20/06/2012 (142,6mm),

respectivamente. Na figura 14 está o gráfico apresenta as precipitações diárias de outubro de 2011 a

junho de 2012:

Figura 14 – Precipitação diária em Maringá de outubro de 2011 a junho de 2012.

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (2012). Elaborado por: Autor, 2012.

Cabe saber, para a análise da precipitação do período em correlação com os ensaios, que as

coletas dos pontos de amostragem foram realizadas em 29 de novembro de 2011, 13 de fevereiro de

2012, 24 de abril de 2012 e 25 e 29 de junho de 2012, e os ensaios consequentemente nos dias que

seguiram. Sendo o ensaio 1, referente a novembro de 2011, ensaio 2, referente a fevereiro de 2012,

ensaio 3, abril e ensaio 4 ,junho de 2012.

Em laboratório foram obtidos os resultados apresentados no quadro 2 a seguir. Os resultados

obtidos em laboratório proporcionaram afirmar que há uma elevada acidez generalizada em períodos

de baixa precipitação (novembro de 2011) com o ponto 2 (5,34) que ficou abaixo do limite

permitido pelo CONAMA (2005) que é de 6 a 9. Assim como os pontos 5 (5,93) e 6 (5,87) na

coleta de junho de 2012. Foi possível verificar uma variação positiva em condutividade nos pontos

mais próximos a jusante da mineração (pontos 2 e 3). A turbidez extrapola o limite do permitido pela

legislação (100UNT), no ponto 1 (foz) dois dias após precipitação registrada de 35mm (21 de abril

de 2012) alcançou o valor de 194UNT. Verifica-se por último uma variação negativa de OD até a

coleta de abril de 2012, sem extrapolar os limites da legislação, mas proporciona interpretar que as

precipitações anteriores reduzem a concentração de OD nas amostras.

23

1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021222324252627282930310

20

40

60

80

100

120

140

160Outubro de 2011

Novembro de 2011

Dezembro de 2011

Janeiro de 2012

Fevereiro de 212

Março de 2012

Abril de 2012

Maio de 2012

Junho de 2012

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)

Page 27: Relatório Final - PIBIC

Quadro 2 – Ensaios. Em amarelo os resultados acima do permitido pela legislação. Fonte: Laboratório de

Sedimentologia do Grupo de Estudos Multidisciplinares do Ambiente. Elaborado por: Autor, 2012.

CONCLUSÕES

A realização desse projeto iniciou com turbulências e dificuldades relatadas no relatório

semestral, que refletem uma profunda situação de crise enfrentada pelas instituições públicas como

resultado de decisões políticas e de políticas econômicas. O ambiente portanto é mistificado para

permitir que seja apreendido a aparência, na essência dos processos e do espaço encontra-se, ou vem

sendo encontrado, um panorama de crise generalizada.

Uma pesquisa que se inicia pela avaliação de técnica poderia se encerrar falando

objetivamente dela, mas os caminhos metodológicos proporcionados pela execução do projeto, pela

análise (ainda que expedita) da paisagem da bacia hidrográfica do ribeirão Pinguim, não permitem

que as conclusões sejam tão objetivas, aceitando a compreensão espacial da Geografia, desde a

categoria paisagem como totalizante. Esses conceitos, notadamente sistema, território, paisagem,

com o território acrescido pela concepção dialética, são resultados da realização desse projeto,

incrementos ao raciocínio na expectativa de compreender o espaço holístico. Dessas compreensões

de espaço sistêmico e dialético, da distinção temporal dos espaços sobrepostos, do ímpeto ao

rompimento do divórcio didático entre geografia física e geografia humana, outras técnicas, e outros

conceitos são concebidos para pensar a natureza e a natureza antropizada.

Duas técnicas ainda pouco exploradas pelo autor surgem durante a pesquisa: a recuperação

de áreas degradadas a partir de técnica de “engenharia leve” que surge de uma revisão conceitual,

entre as obras de “engenharia pesada”, canalização, para o manejo dos rios degradados a partir de

uma abordagem sistêmica; e, os indicadores biológicos como forma de compreensão da biota para

24

PARÂMETRO PONTO ENSAIO 1 ENSAIO 2 ENSAIO 3 ENSAIO 4TURBIDEZ Até 100 1 71,77 60,79 194 65,93

2 4,35 11,63 25,17 14,073 - 9,01 9,34 17,44 - 12,37 8,06 9,15 6,06 9,6 2,95 4,886 5 1,8 10,22 14,63

CONDUTIVIDADE - 1 193 287 197,3 1842 105 355 419 2623 - 368 435 2614 - 142 153,9 153,95 167,00 7,56 168,75 169,76 139,70 142,10 152,3 185,7

PH 6,0 a 9,0. 1 6,03 7,26 6,78 7,222 5,34 7,87 7,12 7,283 - 7,32 7,03 7,094 - 7,81 7,29 7,535 6,28 7,56 7,13 5,936 6,19 6,33 6,8 5,87

OXIGÊNIO DISSOLVIDO ≥ 5 mg/L O2 1 9,1 8,5 6,1 8,32 9,4 8,9 6 7,83 - 8,9 6,1 8,34 - 9,50 6,4 7,95 10,30 9,60 6,2 8,5

357 CONAMA Classe “2” Resolução 19/92 SUREHMA

Page 28: Relatório Final - PIBIC

entender o todo, é uma tentativa inexplorada de se aproximar ao tempo longo, da natureza, dos

sistemas ambientais.

A sociedade urbano-agro-industrial, entendida como tal após o processo de modernização no

campo, o desenvolvimento industrial e a concentração da maior parte da população nos centros

urbanos, e a concepção de natureza dela decorrente, mistificada quando institucionalizada em

parques, ainda que de baixo valor ao sistema, e negada dentro do ambiente urbano, e no tocante a

água a colonização das relações como recurso hídrico desmantelando culturas da água com uma

relação profunda, distinta das desenvolvidas pelo modelo atual. A cerca desse divórcio explicitado

cabe ainda ressaltar as externalidades, como o valor relegado a humanidade pelo processo produtivo,

que é externalizado pelo processo produtivo, esse conceito abrange desde os efeitos da utilização do

automóvel até a extração do minério de ferro e seus impactos no ambiente.

A ruptura que indica o caminho ao autor está colocada no sentido de compreender as

diferentes percepções de natureza colocadas sobre o território. O horizonte duplo de territorializar a

natureza e de renaturalizar o urbano, superando a dicotomia entre a natureza e o urbano, entre

homem e natureza, considerando que vivemos em um mundo urbano, um sistema em forte

desequilíbrio. O horizonte apontado busca superar o processo onde as “cidades não poderão crescer

(...) sobre o seu entorno natural, sem colocar em risco os recurso naturais essenciais à sua própria

existência” (ACIOLY; DAVIDSON, 1998, p.9, apud ZAPAROLI; NOBREGA, 2006, p.5), a partir

de uma perspectiva de superação estrutural.

A paisagem analisada no entanto apresenta o planejamento hegemônico, urbano, a expansão

do urbano, com graves problemas de escoamento superficial, poluição hídrica e despejo de lixo, e no

rural trata-se da monocultura dominante voltada a produção de commodities com altas taxas de

erosão, despejo de grande quantidade de agrotóxicos. Assim os parâmetro legais devem dar conta de

reduzir a velocidade da “rapina” dos recursos naturais. Aponta-se a necessidade de constante

avaliação da resolução 357 do CONAMA (2005) acompanhando os resultados da aplicação de

agrotóxicos na agricultura e da emissão de resíduos industriais que se transformam.

Os parâmetros, no entanto, como recorte da realidade proporcionam apontar para parte do

entendimento. E aqui, a partir dos parâmetros avaliados, verifica-se que apesar dos resultados

negativos para altas taxas de matéria orgânica em decomposição outros parâmetros apontam para a

degradação do curso d'água, conflitando com a técnica avaliada. Contudo os resultados

proporcionam a afirmação de que o ribeirão Pinguim, não encontra-se eutrofizado, sem no entanto

descartar os resultados que apontam para sua degradação, com atenção especial para o setor que

conflui resíduos industriais na cabeceira do ribeirão e na área a jusante das pedreiras, do depósito de

RSU e da ETE – Sul, tratam-se dos impactos de Maringá, um único território da bacia.

25

Page 29: Relatório Final - PIBIC

Com a apoio da bibliografia apresentada nota-se a existência de verdadeiros problemas

ambientais, a partir da parcela maringaense da bacia do Pinguim e com a visita a um número limitado

de títulos. Constata-se portanto que há a necessidade de seguir mapeando as atividades de forma a

proporcionar a cogestão da bacia hidrográfica do Pinguim entre os municípios que a ocupam,

buscando apoio na Política Nacional de Recursos Hídricos (BRASIL, 1997) que define a bacia

hidrográfica como unidade destinada a gestão/cogestão dos recursos hídricos e instrumentalizada

pelos comitês de bacia hidrográfica se apresenta urgente a discussão entre os municípios de Maringá,

Sarandi, Marialva e Floresta para a gestão da bacia, seguir minando a possibilidade de utilização dos

recursos naturais não deve estar no horizonte dos territórios.

O ribeirão Pinguim nasce nos territórios de Maringá e Sarandi, têm médio curso em Maringá

e Marialva e a foz em Floresta. A bacia hidrográfica do Pinguim conecta esses territórios, com o

curso d'água principal os dividindo, emprestando seu traçado às fronteiras dessas unidades da

federação. O tamanho da questão natural dos territórios precisa ser tratado do tamanho que é. Para

tanto faz-se mister integrar os territórios, discutindo desde a bacia hidrográfica para garantir a

manejo integrado, dando condições do sistema atingir um novo estado de equilíbrio, socialmente

justo e ambientalmente harmônico, avançando para o entendimento de um tempo mais próximo do

real da natureza e portanto do homem.

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8. COMPROVANTE DE APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA EM EVENTOS CIENTÍFICOS (Se houve premiação, informar o evento, a classificação e anexar comprovante). Obs.: os Certificados do EAIC serão anexados pela PPG.

9. COMPROVANTE DE PUBLICAÇÃO, COM A PARTICIPAÇÃO DOS BOLSISTAS, EM PERIÓDICOS INDEXADOS E/OU COM CORPO EDITORIAL.

10. AVALIAÇÃO DO ORIENTADOR SOBRE O DESEMPENHO DO BOLSISTA NO PROJETO.

11. AVALIAÇÃO DO ORIENTADOR SOBRE O PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA.

12. AVALIAÇÃO DO ACADÊMICO SOBRE O PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA.

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica proporcionou o início de estudos que refletirão em toda a carreira acadêmica. Em verdade, considerando a dificuldade em contar com o apio da insitituição, não fosse o esforço da orientação, do auxílio técnico prestado e do próprio bolsista, o projeto se inviabilizaria. Felizmente foi possível realiza-lo. No mais, há que se aprofundar experiências de coletivos de pesquisa tirando do isolamento pesquisas como a que se realizou, integrando dados, abordagens e construindo reflexões conjuntas.

ESTE RELATÓRIO DEVERÁ SER ANEXADO, EM PDF, NO SGP ATÉ 31/08/2012.