Relatório Gouzenko

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  • BHtoi,*iOKW.T*i.Z/Lllit.L LIO

    PRESIDNCIA DA REPBLICA SERVIO NACIONAL DE INFORMAES

    UM CASO CONCRETO

    O CASO IGOR GOUZENKO

    1966

  • BR /Wjft'o X
  • BfiMlsfiO Xq-O-TW. 2./l*,p.3

    O presente documento fruto de um minucioso estudo dos autos da Investigao e do Julgamento do rumoroso Caso Gouzen kO| acontecido no Canad, em 19^5*

    Conquanto ocorrido h mais de vinte anos, traz em si, por tratar-se de um caso concreto, ensinamentos de grande lnterg se.

    Os documentos originais, publicados pelo governo cana-dense e aqui resumidos para difusSo mais ampla, encontram-se na seSo Comunismo Internacional da agncia central do SNI, no Rio de Janeiro, edifcio do Ministrio da Fazenda, 132 andar.

    (Cpias destinadas ao uso interno na Comunidade de InformaOes)

  • 5A hHj tio X1-0. Tfi. 2/M, p-4j

    I - CONFIGURAO GERAL DO CASO

    1. PRELIMINARES

    Foi Igor Gouzenko quem revelou a existncia, no Cana-d*, de uma vasta conspirao visando a obter informaGes oficiais secretas,

    Gouzenko, enviado ao Canad em junho de 19^3 cn t tulo oficial de "empregado civil" da Embaixada Sovitica em Otta-wa, era oriptograflsta do quadro de pessoal do adido militar, Co-ronel Zabotln.

    Na noite de 5 de setembro de 19^5 Gouzenko deixou a embaixada conduzindo certo ro.r;erf? de documentos de sua seo, in-clusive telegramas enviados por Kosoott, e outros, de l recebi-dos, que le havia cifrado ov-. ecifredo, bem como outros documen-tos produzidos por funcionrios russos da embaixada ou por outras pessoas que viviam no Canad. Depois de proceder como fica deta-lhado no final deste relatrio, Gouzenko contou sua histria Real Polcia Montada do Canad que a transmitiu ao governo cana-dense.

    Foi le, sem dvida, uma testemunha das mais informa-tivas, revelando a existncia de uma organizao conspiratria no Canad e em outros pases* Ele no apenas nos revelou os nomes e pseudnimos dos organizadores, os nomes de muitos dos canadenses que caram "na rede" (para empregar a expresso usada nos documen. tos) e que atuaram aqui como agentes, mas tambm muitos detalhes sobre a montagem da organizao, bem como seus objetivos e mto-dos, aqui e por toda parte.

    No podem restar dvidas s6bre o fato de que estes es-foros, muitas vezes bem sucedidos, para obter informaffes secre-tas e confidenciais, no podem ser classificados como casuais ou isolados. No representam apenas a ao de super-zeloses funcion

  • &. fiti, AO *
  • BtMifiitxl-o- Tfh.ZJy^^.,

    3.

    Militares. Os cdigos que Gouzenko usava para cifrar e decifrar mensagens eram guardados numa pasta fechada, entregue, todas es noites, a um certo Aleksashkln; nessa mesma pasta eram tambm co-locados os telegramas que chegavam de Moscou e os que para l eram expedidos. No cofre guardavam-se os arquivos dos agentes, o di-rio secreto do Cel. Zabotln e outros dooumentos do Servio de In-formaes Militares. De tempos em tempos, alguns desses documen-tos eram destrudos num inclnerador existente na sala 1*K Os crl tograflstas das vrias sees da Missffo Sovitica em Ottawa tra-balhavam em salas dessa ala do edifcio. As sees eram cinco: a da NKVD, a da embaixada propriamente dita, a SeSo Poltica, a Comerolal e a Militar. A SeSo da NKVD enviava suas mensagens pa-ra o QG da NKVD em Moscou. As mensagens do embaixador e seu pes-soal eram enviadas ao Comissrio dos Assuntos Estrangeiros. A Se-So Poltica ligava-se diretamente ao Comit Central do PCUS. A SeSo Comercial, chefiada pelo adido comercial Krotov, enviava suas mensagens para o Comissariado do Comrcio Exterior, e a Se-So Militar, dirigida pelo Cel#Zabotln, adido militar em Ottawa, comunicava-se com o diretor de Informaes Militares, em Moscou. Cada criptograflsta operava independentemente e usava cdigos par, ticulares, inteiramente desconhecidos pelos demais.

    Este extremo sigilo que presidia as relaOes entre as diversas sees de espionagem da MlssSo era tambm presente e le-vado a srio pelos russos, em suas relaes com seus agentes e por estes, em seus contactos imtuos. "Queime depois de ler" era a recomendao normal dada por Zabotln e seus auxillares nas lnstru, es por escrito dadas aos agentes. 0 encontro de agentes, noi-te, em esquinas e dentro de automveis, e o uso de pseudnimos e agentes intermedirios indicam o sigilo com que as operaes eram conduzidas.

    Os pseudnimos nSo eram usados apenas pelos chefes do sistema de espionagem e seus auxillares russos e agentes. Assim, o Canad era multas vezes mencionado como "Sesovia"; a Embaixada Sovitica como "metr"; a NKVD como "0 Vizinho"3 passaportes como

  • BK/ftlj AlOXq-0.77H'.z/M,p

    *K

    "sapatos"; o Partido Comunista do Canad ou de outras naes, ex-ceto o da Rlssia, como "A Corporao", os membros do partido como "Incorporados"} qualquer esconderijo como "dubok"; uma "frente" legal para atividades ilegais era um "telhado"J e a organlzaSo de espionagem militar tinha o pseudnimo "Glsel". 0 Coronel Za-botln era "Grant".

    Os recursos em dinheiro empregados pelo Cel. Zabotln pa, ra financiar suas operaes eram enviados de Moscou e o telegra-ma abaixo, passado por ele, deixa claro oomo era Importante que o recebimento dessas Importncias fosse disfarado:

    "Ao Diretor

    Embora V. nos esteja enviando as Importncias em dinheiro atravs da embaixada (metr), somos obrigados a receber em bancos. Deste modo, o sigilo fica prejudi. cado. Poderia mandar-nos dlares canadenses pelo Cor-reio? Isso asseguraria completo sigilo para as somas operacionais. No momento, as importncias que V. est remetendo nSo esto chamando atenSo, J" que estamos executando obras de reparaSo, comprando um oarro, h gente chegando, etc. No futuro, no entanto, isso passa. r a chamar atenffo.

    "Grant"

    11.9.^5

    Em outras palavras, conslderava-se que as grandes des-pesas feitas pelo Cel Zabotln

    Em vrias instrues a agentes encontramos o seguintes

    "...Peo-lhe que instrua cada homem separadamente em assuntos relativos conspirao em nosso trabalho..." "...Todo material e documentos passados por Bacon, Bazley e Badeau, deverSo ser assinados por seus ape-

  • SKAtyfUC? XT-0.7YH'.z/ll,p'8

    lidos como ficou estabelecido acima" "...Qualquer encontro com Bacon, Bazley e Badeau nffo dever ter lugar dentro de casa e sim na rua e, alm disso, Isoladamente, com cada um, uma vez por ms.." "...0 material ser recebido deles no mesmo dia em que Vs me encontrarfo noite. 0 material nSo dever per-manecer de posse Vs por uma noite sequer..." "...Suas esposas nSo devem saber que Vs trabalham com eles ou que mantm encontros..." "...Advirtam-nos para que se acautelem..."

    Gouzenko revelou-nos tambm que na residncia do CeL Zabotln havia um completo equipamento para fotografar documentos a serem enviados para Moscou.

    Gouzenko chegou ao Canad em Junho de 19^3 Juntamente com o Cel. Zabotin, que tinha o ttulo oficial de Adido Militar. Com eles veio o major Romanov, Secretrio de Zabotin. Zabotin nSo veio iniciar uma organizao de espionagem, mas continuar e ampli ar o trabalho de seus predecessores.

    Mesmo antes de 192*1- J havia uma organizao no Cana-d, dirigida e orientada pela Rssia e operando com simpatizantes comunistas. Os dois membros mais ativos dessa organizao eram Pred Rose, nascido na Polnia, e Sam Carr, nascido em Tornachpol, na Ucrnia. Os nomes de nascimento de Rose e Carr eram Rosenberg e Cohen respectivamente. Sam Carr (Cohen) que falava russo perfei tamente, cursou o Instituto Lenin, cujo currculo inclua assun-tos polticos e matrias prticas, tais como a organlzaSo de mo-vimentos polticos, instigaSo e fomento de greves com objetivos polticos, mtodos de sabotagem, espionagem e lutas de barricadaj os alunos recebiam slida instruo como agentes consplradores.

    Fase Inicial da Rede de InformacSes Militares

    0 Major Sokolov, ao chegar a Ottawa, em 19^2, comeou a reformar a organlzaSo primitiva existente, orientado por "Moli,

  • BR /Hy A O X1 O mi. 2 / l i , J>.1

    er", que foi identificado como sendo um certo Mikhallov, funcio-nrio do Consulado Sovitico em Nova York, e que velo ao Canad com essa finalidade. 0 Major Sokolov, cujo pseudnimo era T3avle" velo para o Canad antes da crlaSo da MlssSo Diplomtica Sovlt^, ca, ostensivamente como inspetor ou observador do trabalho das f bricas canadenses, em conexSo com o Programa Canadense de Auxlio URSS.

    At onde as provas e testemunhas revelaram, o cabea do servio de espionagem militar no Canad, depois da chegada do Ministro Sovitico, era Sergei N. Kondrlavtzev cuja funSo ofici-al era l2 Secretrio da legaSo (depois embaixada). Desde a vinda deste ltimo, at a chegada de Zabotin como adido militar, Sokolov apresentava seus relatrios e recebia InstruSes de Kondrlavtzev, Em junho de 19^3 Kondrlavtzev transferiu Sokolov e a organlzaSo de espionagem para Zabotin.

    Os fatos bsicos a respeito do grupo de Sokolov consta, vam de anotaes feitas pelo prprio Cel Zabotln, quando assumiu a organlzaSo de Sokolov, em junho de 19^3

    As informaes que Zabotin obteve de Sokolov foram ano. tadas por le, Zabotin, em seu caderno de notas e eram acrescidas de outras, de tempos em tempos. As pginas referentes organlza-So de Sokolov foram arrancadas do caderno de notas e dadas a Gouzenko para que este as destrusse no incinerador.

    Essas notas revelaram a seguinte organlzaSo do grupo de Sokolov:

    1. Fred ou Debour (Fred Rose) a quem eram subordinados diretamente: (a) Gray (H.S. Gerson) (b) Green (nSo identificado) (c) 0 Professor (Raymond Boyer)

  • g* AW, tio X1-0. T^'.2.|ii, p- iO

    Os contatos de Rose eram: 1. Preda (Freda Slnton) 2. Galya (nffo Identificado)

    2. Grupo auxiliar: (a) Glnl (no Identificado) (b) Golia

    3. 0 segundo grupo (OTTAWA-TOR0NT0) (a) Frank ou Sam (Sam Carr) (b) Pster (J.S. Bennlng) (c) Ernst (Erik Adams) (d) Pollaud F.W. POllaud) (e) Sureusen (no Identificado)

    if. Intermedirios russos: (a) Sra Sokolov (Contaoto entre Sokolove KandrJfv-taav,

    provavelmente necessrio porque Sokolov, a esse tempo, residia em Montreal).

    (b) Martin (Zheveinov) (c) "0 Economista" (Krotov)

    Chegando a Ottawa, o Cel*Zabotln Iniciou a expansffo da organizao, processo que continuou at sua partida para Moscou, em dezembro de 19^5

    Zabotln dirigia as operaBes de sua residncia, em Ottawa, e tinha sob suas ordens um nilmero considervel de russos, onde se incluam os seguintes:

    NOME CARGO OFICIAL PSEUDNIMO

    Ten.Cel. Motlnov MaJ. Rogov Krotov Major Sokolov

    Assistente do Adido Militar Assistente do Adido Militar Consultor Comercial Assistente do Consultor Co* mercial

    Samont Brent

    0 Economista

    Davle - Sergei Kondriavtzev 12 Secretrio da Embaixada Leon

  • BR Wjtio Kt\-O.Tfti.tJ\^r>il

    8.

    NOME CARGO OFICIAL PSEUDNIMO

    Ten.Angelov Zheveinov

    Ma j. Romanov Ten. Levin Cap.Galkin Ten. Gouseev Ten.Lavreutier Cap.Gourshkov Igor Gouzenko

    Assistente do Adido Militar Baxter Correspondente da Agncia Tass Martin Secretrio do Adido Militar Intrprete Runy Porteiro Porteiro Henry Motorista - Motorista Chester Criptografista Klark

    Esta organizaSo, por ser aquela em que Gouzenko ser-via como criptografista, foi a nica, de todo o sistema de espio-nagem, que pudemos investigar detalhadamente, pois Gouzenko ape-nas tinha acesso aos seus documentos, na sua seo da embaixada.

    2. ORGANIZAES SECRETAS E PARALELAS

    Parece, entretanto, que vrios sistemas secretos para-lelos, ou rodes, existiam no Canad, sob a direo de membros da embaixada sovitica, inteiramente distintas da de Zabotln (Servi-o de InfdrmaBes do Exrcito Vermelho); e que esses sistemas pa-ralelos tinham - e ainda podem ter - seus agentes prprios operan, do no Canad.

    Este mtodo de manter vrias redes distintas apresenta vantagens evidentes, do ponto de vista da segurana dos que ope-ram, J que cada um dos dirigentes russos conhecia apenas os no-mes dos agentes canadenses de sua prpria rede. Isso tinha como ob Jetivo dificultar qualquer investigaSo por parte das autoridades canadenses.

  • BRAHjRio Al.o.Tfr/.l/u,^L7i

    9.

    Gouzenko relatou-nos o seguinte:

    "Eles (o sovrno sovitico) esto tentanto Instalar uma quinta coluna no Canad. 0 que transpirou 6 apenas uma peque-na parte de tudo que realmente existe aqui. Os senhores podem ter descoberto quinze pessoas, porm permanece ainda uma situao pe-rigosa no Canad, porque existem outras organlzaBes e outras pe soas trabalhando sob as ordens de cada embaixada, de cada cnsul, onfle quer que ha.1a um consulado. como uma poro de crculos. H sistemas paralelos de espiBes ou agentes... 0 ltimo telegra-ma solicitava InformaBes sobre a mobilizao de recursos no Cana. d. Eles queriam saber tudo a esse respeito. Queriam conhecer os recursos naturais que o Canad poderia mobilizar, em caso de gue ra, tais como carvo, petrleo, metais raros etc."

    Gouzenko revelou que havia, em Moscou, uma comisso de 5 membros que preparava os funcionrios a serem enviados ao exte-rior. Essa comisso era formada por representantes das seguintes entidades: N.K.V.D., Servio de InformaBes Militar, Servio Na-val, Servio Comercial e Servio Diplomtico.

    Gouzenko disse textualmente:

    "...cada um dles envia seus prprios elementos e es-fora-se para enviar o maior nmero e assim procede cada um dos representantes..."

    0 Governo canadense esforou-se por obter de Gouzenko todas as InformaBes que este pudesse fornecer, a respeito dos "v rios crculos" ou "sistemas paralelos". Ele acha que as relaBes que forneceu contm os nomes ou pseudnimos de todos os integran-tes da organizao do Cel. Zabotin. Essa era a nica organizao que le pessoalmente conhecia. Mas pelo trabalho que fazia, pelo que viu e ouviu no curso de seu trabalho, pBde dar outras informa. Bes e, a nosso pedido, tambm transmitiu suas deduBes e conclu.-sBes sobre esses fatos, luz do seu prprio conhecimento dos m-

  • BC W^ iOXI-O.TAi.z/il^ 13

    10.

    todos soviticos.

    O Sistema Militar Paralelo

    Diz Gouzenko:

    "Pelo teor das conversas entre Sokolov e Zabotin, pa-receu-me que eles suspeitavam que existisse um sistema de informa. Oes militares paralelo, isto , paralelo organlzaSo de Zabo-tin. A mesma coisa ocorria nos Estados Unidos, de acordo com um telegrama que vi. 0 chefe do Bureau Tcnico dirige uma organlza-So paralela; a espionagem militar tem outro sistema."

    0 sistema paralelo era visivelmente dirigido tambm pe. Io Servio de InformaOes Militares em Moscou, mas nSo atravs de Zabotin. Gouzenko disse ainda que foi por acidente que Zabotin descobriu a existncia do sistema paralelo no Canad, muito embo-ra le prprlo e seus comparsas estivessem bem cientes de outras redes paralelas, inclusive a da N.K.V.D. dirigida por Parlov (2fi Secretrio da Embaixada Sovitica em Ottawa), de quem trataremos abaixo.

    Houve ainda outro caso, quando dois funcionrios do E critrio Comercial foram ao Registro de Patentes solicitar lnfor-maCes sobre a InvenSo secreta do radar. Eles falavam mal o in-gls e, em vista disso, os funcionrios do Registro pensaram que se tratasse de agentes alemes e chamaram a polcia. Os dois fo-ram presos, examinados e em seguida soltos. - Pergunta: Quem foi ao Registro de Patentes? ~ - Resposta: Dois funcionrios da SeSo do Adido Comercial. - Pergunta: Com que objetivo foram l? - Resposta: Fazer perguntas sobre a InvenSo do radar e, como o

    assunto era secreto, tornaram-se suspeitos*

    Foram presos, mas, em seguida, postos em liberdade. Na, turalmente, o fato chegou ao conhecimento de Sokolov e este ine-

  • B* M, KO XI o'. T*i. z/lL, f>. lA

    1 1 .

    dlatamente o contou a Zabotln que ficou irritadssimo e passou um extenso telegrama para Moscou. Disse, no telegrama, que "o vi-zinho" (a N.K.V.D.) n5o devia usar tais mtodos, que isso era "oolsa de desordeiros". Relatou o ocorrido e disse que se tratava de gente da N.K.V.D., gente de Parlov, Eram Matreniohev e Zhucov. - Pergunta: Matrenichev mencionado no instrumento de prova n9

    15t mas Zhucov nflo. - Resposta: Acho que nSo mencionei Zhuoov. - Pergunta: Voc mencionou, mas le nffo consta daquele instrumen,

    to. - Resposta: NSo, porque se trata do escritrio do Adido Comer-

    cial e l* h cinqenta ou mais pessoas. NSo poderia mencionar todas. Apenas falei de algumas. Essas dis-seram que um trabalho assim negligente atrairia a atenSo das autoridades canadenses sobre o Adido Mi-litar, porm tSo suspeitariam de Parlov ou outro qualquer. Assim le (Zabotln) props que se suspen dessem tais mtodos que, como j disse, classificou do "coisa de desordeiros".

    A seguir houve uma troca de telegramas entre Zabotln e o "Diretor" (Chefe do Servio de Informaes Militares) em Mos-cou, dos quais Zabotln percebeu que havia em operaflo no Canad uma rede paralela sua, e que tambm era dirigida pelo Servio de InformaSes Militares em Mosoou.

    Houve vrios outros exemplos de atrito entre os siste-mas paralelos e, mais particularmente, entre a rede de Parlov e a do Cel" Zabotln. Gouzenko declarou que tais casos de atrito - mul-tas vezes nascidos do fato de ambas as redes desenvolverem esfor-os para usar o mesmo agente - eram tambm comuns em outros pa-ses, como le prprio verificara durante o ano que passou na sede do Servio de InformaCes do Exrcito Vermelho em Moscou.

  • BRMljftiQ X^0-Tft.Z/iL,p.l5

    12.

    O resultado da lrrltaSo de Zabotln contra Parlov, e de seus telegramas para Moscou, relativamente ao Incidente descri,, to acima, foi o recebimento de lnstru*es, por Zabotln e Parlov, do QG do Servio de Informaes Militares da N.K.V.D., respectiva, mente para que as disputas cessassem e que nSo se repetissem as rixas entre as vrias organizaSes paralelas operando no Canad.

    0 Sistema da N.K.V.D.

    Poucas dvidas pode haver sobre o fato de que a N.K.V.D., antiga O.G.P.U. (a polcia poltica secreta da UnlSo So. vltica), dispSe de poderosa organizao no Canad. Nos documen-tos trocados entre Zabotln e "0 Diretor" do Servio de Informa-es Militares em Moscou que foram exibidosi a N.K.V.D. mencio-nada pelo seu pseudnimo, "0 Vizinho".

    Num telegrama enviado a Moscou por Zabotln ("Grant") , em 9 de agosto de 19^5 le manifestou receio sobre o emprego de um certo Norman Veall como agente. Diz o telegrama:

    "...NSo se exclui a possibilidade de le J haver rom-pido com a N.K.V.D. Considero necessrio avisar a N.K.V.D, ("vizj^ nho")..."

    No dia 22 do mesmo ms "0 Diretor" respondeu:

    "Para "Grant" 1 Re: seu 2^ 3 Nffo possumos dados comprometedores contra Veall, en-

    tretanto o fato de levar consigo uma carta de recomendao de um membro do Partido preso na Inglaterra (que nSo teve o cuidado de destruir) nos obriga a recusar qualquer contacto com le, princi-palmente porque J conhecido oomo "Vermelho".

    A N.K.V.D. (0 Vizinho), por certo, deve conhec-lo, C& so contrrio, informe-a da mudana de minhas ordens.

  • Mfaij/vo x^.o.mi.^ln^.i}

    13.

    Avise Alek de que nSo deve conversar com ele, qualquer assunto relativo ao nosso trabalho."

    Em outro documento foi encontrada a seguinte nota:

    "Fred - Chefe do PC do Canad. Trabalha para a NJC.V.D. desde 192**."

    Em outro telegrama enviado a Moscou pelo Cel Zabotln encontramos, com referncia a certo agente, o seguinte:

    "Penso quo melhor descartar-se dele ou entreg-lo N.K.V.D."

    A este telegrama "0 Diretor" respondeu que seria prefe_ rfvel aguardar. Talvez o agente pudesse mostrar-se til orge.nl-zaSo de Zabotln. Mas, posteriormente, Zabotln recebeu InstruCes para tratar da transferncia com a N.K.V.D.

    Zabotln, em Ottawa, utilizava San Carr e Fred Rose em sua rede de espionagem militar. Pavlov pretendeu usar Sam Carr em sua rede N.K.V.D. Mas, Moscou foi incisivo: - "NSo toque em San Carr".

    Quando Moscou consultou Zabotln, se conhecia um certo "Norman", le respondeu que nSo. Posteriormente, le e Motinov de,s cobriram o homem e falaram a Pavlov sobre o assunto. Pavlov res-pondeu: "Deixem Norman de lado, le trabalha para n

  • R^ Wyo XI-O. THl-l/U, p. 1>

    lfc.

    vas suficientes para mostrar que a organizao paralela rede de espionagem militar, mas inteiramente independente dela. Gou-zenko disse, em suas declaraes, que a rede da N.K.V.D. era mais extensa do que a do Cel Zabotin, que operava no Canad* h mais tempo e que tinha muitos agentes entre os membros da Embaixada So. vltica e era dirigida por Pavlov.

    Pedimos a Gouzenko que explicasse o significado da si-gla N.K.V.D, - Pergunta i - Resposta:

    - Perguntai - Resposta:

    - Pergunta; - Resposta:

    0 que N.K.V.D.? E o Ministrio de Assuntos do Interior 5 anteriormen. te era o O.G.P.U. 2 o Ministrio ou apenas uma seSo dele? N"o. E o prprio Ministrio. Est presente em todas as instituies, em qualquer regimento do Exrcito Vermelho e em todas as escolas. Os chefes daN.K.V,D. tm o que chamam de um gabinete secreto. Trata-se de uma polcia secreta? Sim, uma polcia... Cada instituio, escola, us^, na, fbrica, o Exrcito Vermelho e qualquer departa. mento governamental tem um representante da N.K.VJD. em sua organlzaSo. Esse representante dispffe sem-pre de uma sala secreta, onde trabalha. Conta com agentes entre os operrios, entre os estudantes e entre os funcionrios das repartlGes governamen-tais.

    A seguir, as declaraBes de Gouzenko confirmam e am-pliam o que J descrevera relativamente a "organizaes parale-las", seu controle diretamente de Moscou e o cuidado que tinham no emprego dos agentes.

    0 Sistema Naval de Informacges

    0 Sistema Naval de Informa&es estava sendo organizado em 19MK At entSo, utilizava engenheiros navais em funCes nas

  • R/ty*OXV T*.Z/U,fcA

    15.

    sefles dos adidos comerciais. Estes obtlnham lnformaffes nos esta. lelros navais, utilizando-se das facilidades proporcionadas pelo Acordo de Auxlio Mtuo, que o Canad mantinha com a Rssia.

    0 Sistema Poltico

    Gouzenko declara em seu depoimento que o chefe da Or-ganizao Poltica Secreta, na embaixada, era Goussarov, tinha sido assistente de Malenkov, chefe da SeSo do Exterior do PCUS em Moscou, e que le (Gouzenko) vira Goussarov trabalhando nos es-critrios do Comissariado Central em 19^2. Goussarov veio para o Canad* como 2S Secretrio, em 19*14. Relativamente a le, disse ainda Gouzenko:

    "Oficialmente fazia-se supor que, antes de vir para o Canad em missSo diplomtica, trabelhaVa era um Instituto Txtil em Moscou. Li isso numa ravista cana^enao, Ele apenas 2fi Secre-trio, porm, sua autr-^ idade est* ao nvol de embaixador. Mantm oontacto direto com o Comit Central do PCUS. Funciona na Embaixa da, como organizador de partidos*

    Havia tambm Fatonya. Oficigiirentej um dos porteiros da embaixada. Para surpresa minha3 owata solte em que tive que voltar embaixada por ordem e Zabotln, encontrei Patonya traba-lhando em minha sala Juntamente com Goussarov. Ningum sabia que tinha ingresso na ala secreta."

    Gouzenko declarou que Goussarov era o chefe de um gru-po de membros do PCUS na embaixada, encarregado de supervisionar a ortodoxia poltica do pessoal. 0 pseudnimo do grupo era "Slnd^ cato", Gouzenko, em ligaSo com Pavlov, porn independentemente dele, executava sua tarefa.

    Disse ainda Gouzenko que tinha raz8es para acreditar que, alm disso, Goussarov tinha mlss*o de transmitir aos chefes do PC oanadense as diretivas polticas de seus superiores em Mog,

  • RMi,(UoK
  • gK/W,Kit>xl-0. T7ti.a./lL,b.2LO

    1?.

    - "Em toda a parte sabe-se que os partidos comunistas das naSes democrticas h muito tempo transformaram-se de parti-dos polticos em agncias do governo sovitico, numa quinta colu-na, passaram a constituir-se em instrumentos, nas mSos do governo sovitico, para criar agitaSo, provocaes, etc '

    A atitude do pessoal da Embaixada Sovitica para com os membros do PC canadense bem expressa pela palavra russa "NASH", usada pelo Cel. Zabotin em seus apontamentos, para desig-n-los. "NASH" literalmente traduzido significa "nosso" ou nle nosso".

    3. LIGAES INTERNACIONAIS DA REDE DE ZABOTIN

    Uma rede de espionagem como a do Cel Zabotin, pela na-tureza do trabalho que executava, teria forosamente que envolve -se, ou melhor, ter liga"es com o exterior. 0 relatrio apresen-ta vrios exemplos, colhidos atravs de correspondncia trocada por Zabotin com Moscou, e tambm de seus arquivos secretos.

    Um dos exemplos trata de um certo Dr. Alan Nunn May, cientista nuclear ingls, n servio dos comunistas. 0 Dr. Alan (Alek) que trabalhava no Canad em pesquisas relativas a urnio, deveria regressar a Londres. De grande interesse s5o os detalhes das comblnaBes para o encontro de Alek, em Londres, com outro agente. Os mnimos detalhes para esse encontro, tais como local, hora, senha e contra-senha, at o Jornal que cada um teria debai-xo do brao e o Incio da conversa que teriam, tudo foi planejado em Moscou.

    0 encontro que o Dr.AIan N.May,deveria ter,em Londres, com um agente secreto sovitico havia sido planejado por Zabotin e seria realizado como se segue: - num determinado dia de outubro? - hora: 23 horas; - na rua do Museu Britnico e em frente a ele;

  • Bi, Af/W0X1-0-rrti'-2/lL,fe.2l

    18.

    - sinal de ldentlflcaSo do Dr. Alan: um Jornal debaixo do brao esquerdo;

    - senha: lembrana de Mlkel.

    Esses detalhes foram enviados a Moscou, que, logo a s guir, tendo discordado, enviou novas instrues mais preciosas:

    - no mesmo dia anteriormente combinado; - hora: 20 he (23 hs estaria multo ecuro) - locais em frente ao Museu Britnico em Londres, na rua Great

    Russel, do lado oposto ao Museu. Alek (Dr. Alan) vem an, dando da rua Tottenham; nosso contato, do lado oposto, Isto , da rua South-hamptonj

    - ldentlflcaSo: Alek ter* debaixo do brao esquerdo o Jornal "TimesK, o nosso contato ter na mSo esquerda a revista "Magazine Post";

    - senha: nosso contato dir*: "Qual o caminho mais curto para o Rio?"

    - Alek responder "Venha comigo, estou Indo para lV! Antes de Iniciar a conversa dir: "Lembranas de MlkelT

    Tais comblnaCes foram feitas por telegrama. Gouzenko exibiu os originais.

    H outros casos que revelam o extremo cuidado adotado por Moscou relativamente aos contactos entre agentes de diferen-tes pases. 0 mesmo se observa com relaSo a agentes que se trang, ferem de um para outro pas (consultas, troca de informaSes etc).

    f. 0 COMINTERN

    Gouzenko declarou que a "Internacional Comunista" ou "Comlntern", cuja dissoluo foi anunciada imprensa internacio-nal em 15 de maio e 10 de Junho de 19^3 continua a existir e fun, cionar secretamente.

  • BfcAf>,*toxi-o.rfti'2./ll,j>.l2

    19.

    Os documentos trazidos por Gouzenko corroboram seu de-poimento. Na ficha de registro de Sam Carr, com anotaCes a seu respeito, feitas em 19^5 consta o seguinte: "dados biogrficos detalhados disponveis no Comlntern". Segundo os russos, o Comln-tern havia sido extinto em 19^3...

    Deflnl5o do Comlntern por Gouzenko:

    "A Internacional Comunista ou Comlntern a sede do es. tado-malor que dirige as atividades dos partidos comunistas em to. do o mundo."

    Gouzenko, em seu depoimento, revela outras atividades do Comlntern, alm dessa. Uma delas, diretamente relacionada com espionagem como seja a atuao, atravs de seus agentes, no Cana-d* e alhures, para a obtenSo de documentos (passaportes e ou-tros) falsos para o Ingresso e permanncia nesses pases.

    Outra atividade do Comlntern era a de controlar o re-crutamento de agentes n5o russos. Nenhum agente podia ser empre-gado sem ser antes detalhadamente Investigado pelo Comlntern.

    5. MfiTODOS DE ALICIAMENTO DE AGENTES

    Uma das principais tarefas de Zabotln quando Iniciou suas atividades, foi aliciar pessoas dispostas a fornecer Informa. Ses secretas. A crena, ou simpatia, ou certa receptividade Ideologia comunista, era requisito essencial pessoa a ser ali-ciada. A engenhosldade revelada pelos mtodos empregados para con, seguir provveis agentes, mostra que o sistema visava a cobrir-se face a todas as eventualidades. Isso fica perfeitamente claro pe-la maneira com que as pessoas que estavam em posi5es tais que pudessem fornecer lnformaSes secretas, ou que pudessem ser usa-das como "contactos:' e que, alm disso, tivessem fraquezas que pu. dessem ser exploradas, eram estudadas e selecionadas. Os mtodos variavam conforme a pessoa.

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    20.

    A primeira pagina do "dossler" de cada agente canaden-se continha: sobrenome, nome, pseudnimo, data de ingresso na re-de, endereo profissional, residncia, local de trabalho e cargo, condiSes financeiras e dados biogrficos.

    Era de maior importncia que a ideologia do agente em perspectiva ficasse claramente estabelecida e que suas Inclina-es naturais fossem completamente investigadas a fim de que o mo. do de aproximao e o mtodo de persuasSo pudessem variar de acr do.

    P.C. - Principal, Fonte de Recrutamento

    Ficou claro, desde o incio do inqurito, e foi ampla-mente demonstrado pelas provas obtidas, que o Movimento Comunista foi a principal fonte de recrutamento de agentes para a rede de espionagem. Em todos os casos, exceto um, os agentes canadenses da rede de espionagem do Cel. Zabotin pertenciam ao PC, ou eram simpatizantes. A exceSo foi Emma Wolkin, cuja motivao foi sim-patia pelo regime sovitico, baseada, segundo ela, no que leu a respeito.

    0 Cel. Zabotin 3a encontrou em funcionamento em Montre-al, Ottawa e Toronto numerosos "grupos de estudo" em que as tc-nicas e a filosofia comunistas eram lidas e discutidas, e onde os escritos de Marx, Engels e Lenin eram divulgados. Esses grupos eram disfarados em reunies sociais, musicais e para estudos de assuntos polticos e econmicos. Nessas reunies, coletavam-se donativos e o dinheiro assim obtido era empregado em finalidades diversas, Inclusive "assistncia" aos chefes do Partido Comunista e compra de literatura comunista* Esses grupos eram "clulas" ,j> centro de recrutamento de agentes, servindo tambm para o desen-volvimento da dlsposiSo de esprito para prestar servios, & IfntT So Sovitica.

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    30.

    Parece ser um princpio estabelecido, pelo menos nas se, Ces secretas do partido, que a desobedincia significa desligamen-to ou expulsSo automticas. Este princpio, por certo, destina-se a induzir obedincia os filiados que, de outro modo, poderiam he-sitar,

    E, deste modo, os chefes da quinta coluna solucionaram o que poderia ser, primeira vista, o seu problema mais difcil -a motivao de canadenses bem situados, para participarem de uma r de de espionagem contra o Canada' - por meio de um vasto sistema de propaganda levada a efeito principalmente nos j mencionados gru-pos de estudo,

    Esses grupos forneceram a base - constituda de canaden ses emocional, mental e moralmente "preparados" - de onde os sovi-ticos puderam recrutar para suas redes, aqueles mais "desenvolvidos"

    Uma vantagem adicionai que o sistema oferecia aos prlnol,, pais organizadores das redes era um surpreendente grau de seguran-a. Concentrando a procura de agentes nos filiados pertencentes s seCes secretas do partido, os organizadores podiam sentir-se oon-fiantes - aparentemente por razSes baseadas na sua experincia de mais de onze anos no Canad - em que, mesmo no caso do simpatizan-te ou do filiado recusar-se ao engajamento em atividades tSo clara-mente ilegais e que significavam traio ao pas, jamais houve um caso de denncia s autoridades,

    fi muito significativo que nenhum dos muitos canadenses , membros ou adeptos do partido comunista, que foram abordados por d^ rigentes para empenhar-se na prtica de espionagem a favor da UniSo Sovitica, denunciasse tais contatos s agncias, departamentos ou foras armadas a que pertenciam,

    Nem mesmo os que nos descreveram, em seus depoimentos,as hesltaSes e lutas de conscincia que tiveram antes de concordarem em atuar como esplCes contra o Canad, deixaram entrever que tives-sem sequer considerado o ilnico procedimento leal ou legal, isto , revelar s autoridades a solicitao criminosa que tinham recebido.

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    3 1 .

    Sste fato ilustra multo bem a eficincia dos grupos de e tudo coraunistas em induzir e motivar seus participantes a agir con, tra o prprio pas

    Os depoimentos que lemos mostrem que em cada estgio de desenvolvimento o simpatizante ou aderente mantido na ignorncia das outras ramificaes e tambm dos objetivos da organizao a que concordou em ligar-se atravs de uma de suas raralflca&es.

    Na verdade, evidenciou-se nos depoimentos que maioria dos adeptos recrutados para os grupos de estudo, n5o se dizia que tais grupos eram, na realidade, clulas ov. unidades do Partido Co-munista, Assim, Ilazerall em seu depoimento declarou que a princ-pio fdra convidado por um amigo a participar de um grupo para dis-cusses informais e que, por muito tempo no se apercebeu que tal grupo era uma clula comunista secreta, e tbora mais tarde se tlves. se certificado disso*

    Depois de algum tempo de particlpaffo em grupos de estu-do comuns, os mais "desenvolvidos" e os mais aptos e suficientemen-te "estudados" eram convidados a participar de grupos menores, Ne ses grupos menores eram preparados os chefes de grupo, a seguir de-signados para dirigir outros grupos,

    A extensSo da seSo secreta do Partido Comunista onnce dada a conhecer aos membros recentes dos grupos secretos que apenas oonhecem os quatro ou cinco outros membros de seu prprio grupo. Os chefes destes grupos, que freqentavam reunlffes secretas de cinco ou seis chefes iguais a eles, eram conhecidos somente pelo preslden, te secreto dessas reuniBes,

    Entretanto, depois de certo tempo, os filiados secretos chegavam a conhecer muitos outros, atravs da participao conjunta em vrias organlzr.oes de frente, embora nffo conseguissem saber a extensfo de seu desenvolvimento, a menos que designados a trabalhar com eles pelos dirigentes do partido.

  • BR/tyftio ^0.T*i.z/H,p.55

    32.

    Os filiados secretos n5o preenchiam qualquer formulrio de admissffo ou declarao,nem recebiam cartfes de Identidade de fi-liado, Este sistema relativamente frouxo obviamente ajuda a manter o segredo da organizao, Mas ajuda tambm sua expansSo de vez que a cada estgio de seu "desenvolvimento" o filiado sente-se ainda politicamente Independente e apenas um auxiliar nas atividades ge-rais do movimento, sem dar, em qualquer tempo, o que poderia seroqg} siderado um passo que o vinculasse definitivamente e ratificasse sua fillaSo, Esta tcnica permitia aos cursos de desenvolvimento prosseguirem e produzirem, gradualmente, seu efeito sobre o filia-do ou simpatizante sem despertar em sua mente qualquer resistncia desnecessria

    Aparentemente^ em cada estgio de desenvolvimento, o fi-liado cuidadosamente mantido na. Ignorncia das tarefas que lhe serffo atribudas quando estiver adequadamente desenvolvido.

    At* mesmo filiados secretos relativamente graduados e 'desenvolvidos" sa*o mantidos na ignorncia da natureza e da existn, cia da atividades ilegais contra o Canad conduzidas pela seSo da organizao a que pertencem

    Muitas pessoas ativamente engajpdas em tais atividades Ilegais sSo levadas a crer na excepcionalidade de suas atividades e sa*o mantidas sen saber at* que ponto foram levadas pelos dirigentes do partido. Por causa do "princpio da liderana", Isto , o prin-cpio estabelecido de obedincia s altas autoridades, tal ignorn-cia entre membros da organizao no prejudica sua eficincia nas atividades de quinta coluna.

    Por exemplo, Lunan, que recebeu a tarefa de organizar um grupo de agentes de espionagem, estava convencido de que as nicas pessoas engajadas nessa atividade ilegal eram le, os trs cientis-tas canadenses cujas atividades de espionagem controlava e Hogov, da embaixada sovitica. Em seu depoimento, quando se referia a sua motivao que, segundo le, era Ideolgica, dissei

    "Desejo tambm declarar que no tinha idia do aloajj

  • BRAfjjfcio xV0.-roi-2./li.,p.56

    33.

    ce nem d? extenso deste trabalho. Piquei abismado quando isso me foi revelado durante o meu interrogatrio. Nunca imaginei oue eu fosse mais que um membro de um pequeno grupo de cinco."

    No estou dizendo isso per.?. e:xusar-me, porm eu estava procurando ajustar-me com oa meus ideais sen saber exatamente a po sio em que me encontrava*

    Outros participantes ativos da trama tambm declararan que no tinham conhecimento da extenso da organizao de espiona-gem na qual haviam concordado engajar-se.

    Aparentemente, apenas a elementos de topo no hierarquia partidria, como C; rr, o organizador nacional do Labour-Progressive arty (PC) e Rose, organizador da seo de Quebec, era dado conhe-cer o verdadeiro alcance, a natureza e os objetivos da organizao que dirigiam.

    Cora rel?o atrao Inicial que levou os depoentes cana denses a participarem dos cursos de "desenvolvimento" ou grupos de estudo difcil chegar-se a uma concluso correta. 0 motivo natu ralmente variava para cada pessoa, Ha alguns casos, tiveram efeito extraordinrio os conceitos metafsicos altamente sistematizados, usados pelo PC en sua propaganda dirigida a um certo tipo de "inte-lectuais" e estudantes.

    Vrios depoimentos deixaram claro que motivos raciais tambm tiveram seu papel em atrair pessoas para as redes de espiona^ gem sovitica. Assim, o anti-semitismo atraiu muitos adeptos de o-rigem Judaica. Muitos judeus canadenses entraram para a organiza-o convencidos que iriam combater o anti-semitismo da Alemanha de Hitler.

    im muitos casos, o desejo de f zer amizade e o g6sto por debates Intelectuais foi o motivo inicial da adesSo aos grupos de estudo. Porm, na grande maioria dos casos, o elemento mais Impor-tante da atrao inicial parece ter sido a propaganda orientada pe-los conunlstas, girando em torno de reformas sociais, A prtica

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    de conduzir a propaganda em torno de reformas que interessam e ume grande camada d populaffo serviu* obviamente, a dois objetivos dos lderes da quinta coluna comunista*

    2m primeiro lugar, associando, na mente do maior nmero possvel de pessoas, a propaganda n-clonal a. propaganda de um pas estrangeiro, esta ltima teve boa penetrando.

    Segundo, propaganda em torno de reformas internas teve, sem dvida, um grande papel como meio de aliciamento para os grupos de estudos*

    Assim, wa grande nmero de jovens canadenses, funclon*-rios pblicos e outros, que desejavam dedlccr-se a causas que con-sideravam Justas, foram induzidos a participar dos grupos de estxido do PC, Foram persuadidos a manter em segredo sua participaSo, e conduzidos, passo a passo, atravs dos engenhosos cursos de desen-volvimento psicolgico, at que, sob a influncia de lderes sofis-ticados e inescrupulosos, foram convencidos a engajar-se em etlvida des ilegais contra a segurana e oo interesses de sua prpria socie, onde,

    0 que houve, essencialmente, foi a transplantado de u n tcnica consplratria - concebida com c. finalidade de, em pases me nos prsperos, promover a luta contra e tirania - para uma socieda-de denocr*tiea, para a qual singularmente imprpria.

    II - IGOR G0U2ENK0

    Como J?* dissemos, a testemunha I:;or Gouzenko, chegou ao Qem em Junho de 19^3, para servir como crlptografista Junto ao adido militar, coronel Zabotlh, que aqui chegou ao mesmo tempo, 0 servio de Gouzenko era decifrar mensagens vindas de Moscou e ci-frar as mensagens de Zabotin, para transmiti-las, Gouzenko tinha, tambm, a seus cuidados, um cofre, na sala em que trabalhava, no qual eram guardados documentos do adido militar e de seus auxilia-

    res, Tinha, tambm, o dever de queimar, periodicamente, os papis

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    38.

    criando nos pases democrticos, Inclusive o Canad", uma quinta coluna, da qual fazem parte, tambm, os represen. tantes diplomticos soviticos.

    A notcia da dissoluo do "Comintern" foi, provve^ mente, a maior farsa dos ltimos tempos. Semente o nome foi liquidado, com a finalidade de tranqilizar a opi-nio pblica dos pases democrticos.

    Na verdade, o "Comintern1' existe e continua seu tra-balho, pois os lderes soviticos Jamais renunciaram a idia do estabelecimento da ditadura oomunlsta mundial.

    Considerando que, no mnimo,esta aventura custar ai guns mllhSes de vidas russas, os comunistas estSo implan tando o dio no povo sovitico, contra tudo quanto es-trangeiro,

    Para muitos soviticos, aqui no estrangeiro,est cia ro que o Partido Comunista nos pases democrticos trans formou-se. h multo tempof de partido poltico em , rede do governo sovitico, numa quinta coluna nestes passes para fazer a guerra, num Instrumento nas mSos daquele go vrno para criar um ollma de agitao artificial de pro-vocao, etc.,etc.

    Por meio de numerosos agitadores partidrios, o go-verno sovitico instiga o povo russo, de todos os modos possveis, contra os povos dos pases dumocrticos, pro-parando o turrono para a terceiro Guerra Mundial.

    Durante minha permanncia no Canad, vi como numero-sos canadenses e o seu governo desejam sinceramente au-xiliar o povo sovitico; enviam suprimentos UniSo So-vitica, recolhem dinheiro para o bem-estar daquele povo, sacrificando a vida de seus filhos, na travessia do Ocea no, para a entrega de tais abastecimentos e, em vez de gratido pelo auxlio recebido, o governo sovitico est praticando a espionagem no Canad,preparando-se para dar

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    59.

    uma punhalada nas costas deste pas, tudo Isso sem o co-nhecimento do povo russo.

    Convencido que esta poltica de dupla-face do gover-no sovitico para com os pases democrticos no est de acordo com os Interesses do povo russo e p"e em perigo a segurana da civilizao, decidi escapar do regime sovi tico e anunciar publicamente minha deciso.

    Estou satisfeito por ter encontrado em mim foras In ternas para tomar esta medida e avisar o Canad e outros pases democrticos sobre o perigo que paira s

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    40.

    ra o apartamento onde residia, e na manh seguinte, 6 de setembro, lef sua esposa e filho, deixaram o apartamento, ficando na rua at 6 ou 7 horas da noite.

    Durante o dia, fz numerosas chamadas telefnicas para vrios departamentos oficiais e telefonou novamente para o jornal. Nesse dia, n5o foi levado a srio por ningum,

    Voltando ao seu apartamento, comeou a ficar apreensivo quanto sua segurana pessoal, de sua esposa e filho. Diz Gouzen-ko que tSo logo chegou ao seu apartamento - o de nmero k - verifi. oou que dois homens, postados no lado oposto da rua, pareciam man-t-lo sob vigilncia. Logo em seguida, algum bateu porta e cha-mou o seu nome, Apesar de nSo haver atendido, sua presena no apar tamento foi denunciada pelo barulho provocado por seu filho, ao cor rer pelo quarto. Declara ter reconhecido a voz da pessoa na porta, pois tratava-se da do Subtenente Laurentiev, um dos motoristas do adido militar.

    Gouzeriko, logo depois disso, saiu pela porta dos fundos e tocou no apartamento vizinho, o de nmero 5 ocupado por um sub-oflcial da "R.C.A.F. perguntando se este e sua esposa concordariam em ficar com seu filho durante a noite. 0 Suboflcial e sua esposa prestaram depoimento perante n"s, confirmando tudo.

    Declarou o Suboflcial:

    "Minha famlia e eu estvamos em nossa sacada, cerca das 7 horas da noite, entre 7 e 7t30 horas, quando o Sr. Gouzenko chegou a sua sacada e perguntou se podia falar comigo. Eu disse que sim, desde que tivesse alguma coi-sa a dizer 5 perguntou-me le se minha esposa e eu poda. mos cuidar de seu filhinho caso alguma coisa acontecesse a le e a sua esposa. EntSo, sugeri que entrssemos; as, sim, entramos em nosso apartamento, e enquanto estive l, declarou que os russos estavam procurando mat-lo bem co mo sua esposa e que gostaria de ter certeza de que ai, gum cuidaria de seu filhinho se alguma coisa lhes aoon-

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    Assim, depois de pequena conferncia, minha esposa e eu decidimos cuidar dle, porque nffo gostaramos de v--lo floar sem ningum para tomar conta dele, se alguma coisa lhes acontecesse.

    Saindo pela porta dos fundos do apartamento do Sub-oflcial da R.C.A.F., ambos viram um homem andando no beco nos fun-dos do edifcio de apartamentos. Como resultado deste incidente, Gouzenko ficou apreensivo e perguntou ao Suboflolal se le, Gouzen-ko, e sua esposa tambm podiam floar com eles; estes concordaram com Isto. Nesta emergncia a esposa do ocupante do outro apartamen, to, o de nimero 6, no mesmo andar, apareceu, e ouvindo a estria, conoordou em ficar oom toda a famlia Gouzenko, noite, pois que estava s em seu apartamento. Logo depois disso, o Suboflcial da R.C.A.F., por sua prpria Iniciativa, pegou sua bicicleta e foi bus. car ajuda policial. A senhora que acolheu os Gouzenkos,tambm foi ohamada oomo testemunha, e lemos o seu depoimento sobre o caso e sobre os ltimos acontecimentos da noite, stes lltlmos coonteci-mentos, tambm foram descritos pelas autoridades policiais que en-traram subseqentemente em cena, e podem ser resumidos como se se-gue:

    Como resultado do pedido de socorro poloia municipal, dois policiais, Walsh e MoCulloch, foram enviados, num oarro de ron. da, ao apartamento, e l chegaram pouco depois das 7 horas. Entre-vistaram Gouzenko no apartamento 6 e este lhes afirmou que era mem. bro da Embaixada Russa e possua Informaes de grande valor para o Canad. Disse aos agentes policiais que acreditava estar sendo seguido e queria proteo. Foram feitos preparativos de modo que os agentes policiais pudessem manter o apartamento em observaSo e, se sua presena se tornasse neoessria, a luz do banheiro do aparta mento 6 deveria ser acesa. Caso oontrrio, deveria ficar apagada.

    Entre 11,30 e meia-noite, quatro homens ohegaram ao edi-fcio e se dirigiram ao apartamento de Gouzenko, o de ramero k, em ouja porta bateram. 0 Suboflcial ocupante do apartamento numero 5

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    pensando que a polcia estivesse voltando, abriu a porta. Os ho-mens, no corredor, perguntaram se le sabia onde Gouzenko estava, porm le respondeu que nffo. EntSo, continuaram a bater na porta, mas, como no obtivessem resposta, desceram as escadas como quem vai sair No entanto, voltaram silenciosamente e bateram novamente, logo a seguir arrombaram a porta e entraram, 0 Suboflolal, que neg, se Intervalo havia

    rentrado em seu apartamento, pede ouvir a opera-5o.

    Nesse meio tempo, a polcia foi chamada. A porta na*o es, tava perfeitamente fechada, os dois polloiais entraram e encontra-ram as luzes acesas e os quatro homens revistando o apartamento. Um dles# que se apresentou como Vltall Pavlov, Segundo Secretrio e o Cnsul propriamente dito e chefe da NKVD no Canad, estava no quar to de vestir. Outro, em uniforme, ldentifioou-se como o Ten.Cel.Rg. gov, assistente do adido aeronutico, encontrava-se diante de um ar mrio, no quarto contguo sala em que os policiais penetraram

    Walsh perguntou-lhes o que estavam fazendo. Pavlov, que era quem falava, disse que eles eram russos e estavam procurando a^ guns papis pertencentes Embaixada Russa, e que o proprietrio do apartamento se encontrava em Toronto o que eles tinham permlssSo pa. ra entrar no apartamento e apanhar o que quisessem. Walsh observou que isso era engraado, pois, se tinham permlssSo, porque arromba-ram a porta para entrar e pegou do oh5o os grampos da feohadura e disse: "Isto n5o pareoe ter sido feito com uma chave. Vocs devem ter usado muita fora para entarr e as marcas na porta nSo foram fei, tas com os dedos." 0 polloial MoCulloch deolarou que Pavlov disse que haviam "perdido a chave, mas que havia ali algumas coisas que eles precisavam apanhar".

    A seguir, Pavlov disse que o local era propriedade russa e que eles podiam fazer o que quisessem. Rogov disse que os poll-oiais os haviam Insultado e Pavlov lhes ordenou que se retirassem, mas eles se recusaram a sair at aue o inspetor chegasse. Walsh so licitou as carteiras de identidade e os identifioou como se seguet

    VITALI G. PAVLOV, 22 Secretrio, Embaixada da URSS, Rua

  • VKAHjfio
  • &K 4*, *io XI - O. Tfti. l / u , p.lft

    44.

    rlores recebeu da Embaixada Sovitica em Ottawa uma nota,datada de 7 de setembro, ouja traduffo a seguinte:

    "A Embaixada da U,R,S.S# no Canad apresenta seus cumprimentos e tem a honra de informar ao Ministrio das RelaBes Exteriores, o seguinte:

    !,Um funcionrio da Embaixada, IGOR SERGEIEVITCH GOU-ZENKO, residente na rua Sommerset, n2 511, deixou de com parecer ao trabalho no dia 6 de setembro, hora nor-mal.

    Com a finalidade de esclarecer os motivos da falta de Gouzenko ao trabalho, o Cnsul V.G. Pavlov e dois outros funcionrios da embaixada visitaram seu apartamento s 11,30 de 6 de setembro.

    Quando o Sr. Pavlov bateu porta do apartamento de Gouzenko, ningum respondeu. Depois disso, o apartamen-to foi aberto pelo funcionrio da Embaixada, acima mencl onado, com a chave duplicata de Gouzenko. Foi constata-do que nem Gouzenko, nem sua esposa Svetllana Borsovna Gouzenko, nem seu filho Andr1 SG encontravam no aparta-mento .

    Posteriormente, verificou-se que Gouzenko havia rou-bado dinheiro pertencente embaixada e se escondera com sua famlia.

    Quando o Cnsul Pavlov e outros dois funcionrios da embaixada estiveram no apartamento de Gouzenko, i.e., a-proximadamente 11,30 da noite, o policial Walsh, da Pol cia da Cidade de Ottawa, apareceu com outro policial e procuraram, de maneira rude, deter os funcionrios dlplo mtlcos da Embaixada, apesar das explicaes apresenta-das pelo Cnsul Pavlov e da apresentao de suas creden, ciais.

    Em oonseqflncia dos protestos apresentados pelo Sr. Pavlov, Walsh chamou o Inspetor MaoDonald, da Polcia da

  • BRfyfco jr.o. ini.2/u,pM

    Cidade, que compareceu ao apartamento de Gouzenko em quln ze minutos, e tambm de maneira rude, exigiu que o Cn-sul V.G. Pavlov e os outros dois colegas da Embaixada o acompanhassem ao Distrito Policial, recusando-se a reco-nhecer a Identidade diplomtica apresentada pelo Cnsul Pavlov,

    Aps a reousa do Sr, V.G, Pavlov em Ir ao Distrito Poliolal, o Sr, MacDonald foi-se embora, deixando um po-licial no apartamento de Gouzenko, com os funcionrios da Embaixada, Teve a pretensa finalidade de descobrir quem havia notificado a polcia sobre a entrada forada no apartamento de Gouzenko,

    0 Cnsul V,G, Pavlov e os dois funcionrios da Embai. xada, depois de aguardarem durante 15 minutos a volta do Sr, MacDonald, partiram, tranoando o apartamento de Gou-zenko,

    A Embaixada da U.R.S.S, solicita ao Ministrio das RelaSes Exteriores que adote medidas urgentes para a procura e prisSo de Gouzenko e sua deportaSo como crlm^ noso comum, por roubo de dinheiro pertencente Embaixa-da,

    Aln disso, a Embaixada chama a atenSo do Minist-rio das Relaes Exteriores sobre o rude tratamento dado aos funcionrios diplomticos da Embaixada, pelo poli-cial Walsh e o Inspetor MacDonald, da Polcia da Cidade, e expressa a sua confiana em que esse Ministrio invs, tlgar o Incidente e far os culpados responderem por seus atos,

    A Embaixada solicita ao Ministrio ser informada so-bre as medidas adotadas no caso acima citado,

    Ottawa, 7 Ste, 19^5."

    fi digna de nota a referncia feita a Gouzenko como cri-minoso comum, Estamos convencidos de que a idia sobre o roubo de

  • BK W, W Xa! o. Jfh. l/li,p.lfl

    46.

    dinheiro surgiu posteriormente, Gouzenko, cujo testemunho aceita-mos, nega o roubo,

    Ba nota datada de 14 de setembro de 19^5, da embaixada russa ao Ministrio das Relaffes Exteriores, oonsta o seguinte

    "Confirmando sua Nota n2 35, de 7 de setembro, sobre o fato de Gouzenko ter roubado fundos pblicos, a embai-xada, aps receber Instrues do governo da U.R,S,S,,rei ter o seu pedido ao governo do Canad, para a prlsSo de Gouzenko e sua esposa e, sem julgamento, sua entrega Embaixada para deportaSo para a UniSo Sovitica.

    0 governo sovitico espera que o governo do Canad atenda seu pedido,"

    Faltou somente acrescentar que Pavlov reconheceu o estra go praticado na porta e fechadura do apartamento nmero 4 e pagara ao proprietrio do mesmo, por asse motivo, cinco dlares. Posteri-ormente, apesar de o Ministrio das BelaBes Exteriores ter solici-tado embaixada sovitica detalhes sobre o dinheiro roubado, nunca obteve resposta. Acreditamos que tais circunstncias eliminam a Idia de roubo,

    Podemos acrescentar que os depoimentos das testemunhas que ouvimos, com relaSo aos acontecimentos de 6 e 7 de setembropqj provam perfeitamente o de Gouzenko,

    Parece Interessante, a esta altura, ampliar o que foi d^ to sabre a estria de Gouzenko, Nasceu na Rssia em 1919 Recebeu instruSo primria e secundria, e posteriormente Ingressou na Esc, Ia de Engenharia de Moscou, mas, aps dois meses, foi enviado a uma escola especial dirigida pelo Estado-Malor do Exrcito Vermelho, Gouzenko nunca se tornou membro do Partido Comunista, mas pertenceu ao Komsomol ou Juventude Comunista quando tinha 17 anos. De acor-do com suas Informaes, nSo era comum, em tempo de paz, aceitarem pessoal do Komsomol nesta Academia, mas durante a guerra, devido falta de candidatos em condlBes, decidiram admiti-los.

  • Brt/wi,Aio m-o. TT^M/O.O

    Foi nesta escola que aprendeu os cdigos secretos que usou posteriormente Dali foi enviado DivlsSo Geral de Informa-es do Exrcito Vermelho, em Moscou, e em seguida, em maio de 19^2, para a frente de combate, onde permaneceu aproximadamente um ano. Em fins de 19^2, as autoridades soviticas decidiram enviar Gouzen-ko ao estrangeiro, mas ainda nSfo sabiam para que pas. Sua documen. taSo levou aproximadamente seis meses para ser completada e Inclua uma cuidadosa Investigao sobre sua vida pela NKVD - a Polcia Se. creta Russa. A fase final dessa investlgcffo sabre funcionrios so, vitlcos a serem enviados ao estrangeiro, consistia na aprovaSo pelo Chefe dp Departamento dos Assuntos Estrangeiros do Comit Exe-cutivo Central do Partido Comunista, ou por um de seus assistentes, N caso de Gouzenko, foi aprovado por certo Goussarov, posteriormen, te um dos secretrios da embaixada em Ottawa. Foi assinalado que Goussarov era o representante do Partido Comunista na embaixada so-vitica em Ottawa, e que as comunlcaRes entre le e Moscou eram feitas por melo de cdigo secreto, tambm, Independente do Embaixa-dor. Certo Patonya era o crlptograflsta particular de Goussarov.

    Gouzenko afirma que todas as pessoas de sua categoria,pe, Io menos as enviadas ao exterior, recoblau uma "lenda" oom a finali, dade de ocultar o fato de estarem trabalhando em servios de Infor-maSes.

    Essa "lenda" uma biografia fictcia; a pessoa que a possui obrigada a sab-la de memria Por este processo, as in-vestigaes feitas en Moscou, por representantes das potncias es-trangeiras, quanto aos antecedentes de tais pessoas, seriam inteis. Todos os documentos feitos para serem utilizados no exterior por tais pessoas, sfto baseados nessa lenda.