Relatório jauru

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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS RELATÓRIO: AULA DE CAMPO REALIZADA NO MUNICIPIO DE JAURU – MT MAICK CAMPOS COSTA CUIABÁ – MT 2013/2

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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

RELATÓRIO: AULA DE CAMPO REALIZADA NO MUNICIPIO DE JAURU – MT

MAICK CAMPOS COSTA

CUIABÁ – MT

2013/2

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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

RELATÓRIO: AULA DE CAMPO REALIZADA NO MUNICIPIO DE JAURU – MT

MAICK CAMPOS COSTA

Relatório referente Aula de Campo do Curso

de Ciências Biológicas da Universidade de

Cuiabá – UNIC, para obtenção de nota na

disciplina Biogeografia do Curso de

Bacharelado em Ciências Biológicas

orientado pelo professor MSc. Mahal

Massavi Evangelista em 2013/1.

Cuiabá, MT

2013/2

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 8

2. METODOLOGIA ................................................................................................... 7

2.1 Área De Estudo ................................................................................................. 7

2.2 Materiais e Métodos .......................................................................................... 8

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 12

4. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 16

5. ANEXOS ............................................................................................................. 19

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1. INTRODUÇÃO

O intenso trânsito dos pesquisadores pelas variadas áreas naturais e

ecológicas no Brasil e a tendência para a formação de equipes mais

interdisciplinares, são condições favoráveis para a intensificação de estudos no meio

científico brasileiro (AB’SABER, 1978).

As disciplinas devem incluir várias modalidades didáticas, visto que, a

variação das atividades pode ser mais atrativa aumentando assim o interesse pelos

conteúdos abordados e atendendo às diferenças individuais (OLIVEIRA &

CORREIA, 2013). A aula de campo é essencial, pois através dela é possível

identificar de fato o que é estudado na sala de aula, no campo é possível perceber

as diversas interações do homem e o meio (FIGUEIREIDO & SILVA, 2009).

No Brasil considera-se a ocorrência de seis grandes biomas, entre eles o

Cerrado que é caracterizado pela presença de invernos secos e verões chuvosos,

um clima classificado como Aw (tropical chuvoso) segundo classificação de Koppen

(RIBEIRO & WALTER, 1998, KLINK & MACHADO, 2005, SANTOS-FILHO et al,

2008). As áreas de cerrado do Brasil Central são todas caracterizadas por clima

quente e úmido com estação chuvosa de verão e seca de inverno (REIS, 1978). O

Bioma Cerrado é considerado depois da Mata Atlântica, o ecossistema brasileiro que

mais sofreu as consequências da ocupação humana (OLIVEIRA et al, 2008).

Cerca de metade dos dois milhões de km² originais do Cerrado foram

transformados em pastagens plantadas, culturas anuais e outros tipos de uso, como

o de grãos (KLINK & MACHADO, 2005, WALTER, 2006, SILVA et al, 2010).O

Cerrado é considerado mundialmente como um dos hotspots de biodiversidade

(KLINK & MACHADO, 2005, WALTER, 2006, OLIVEIRA et al, 2008, SILVA et al,

2010, SANTOS et al, 2012) onde cerca de 137 espécies de animais que ocorrem no

Bioma estão ameaçadas de extinção (KLINK & MACHADO, 2005).

A situação do Cerrado é crítica e preocupante, pois sua área está cada vez

mais reduzida, a ocupação do bioma ocorreu em diferentes momentos e velocidades

(SILVA et al, 2010) o que indica a fragmentação dos habitats e induzem mudanças

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que podem ser somente avaliadas anos depois do estabelecimento do impacto

(SCOSS et al, 2004).

A biodiversidade do Cerrado é elevada, cerca de quarenta e quatro por

cento da flora é endêmica dos cerrados, o que tem despertado o interesse da

comunidade cientifica (KLINK & MACHADO, 2005). A riqueza de espécies do

Cerrado é estimada em aproximadamente 7.000 plantas e 2.566 de animais

vertebrados (KLINK & MACHADO, 2005).

No Brasil são encontradas aproximadamente 524 espécies (ROCHA &

DALPONTE, 2006, SANTOS et al, 2012), e 652 espécies de acordo com Carvalho &

Luz, 2008, sendo destes 199 mamíferos onde 9,5% são endêmicos do Cerrado

(KLINK & MACHADO, 2005, SANTOS et al, 2012). Estes números fazem com que o

Brasil o possuidor da maior riqueza de mamíferos de toda a região neotropical

(CARVALHO & LUZ, 2008). Conforme Rocha & Dalponte, (2006) esses números

ainda representam que o país retém a maior riqueza de mamíferos do mundo

representando 13% da mastofauna mundial.

A notável diversidade de formas e hábitos dos mamíferos faz com que

mantenham uma complexa relação de interdependência com o meio, ocupando uma

grande variedade de nichos (CARVALHO & LUZ, 2008, WALM, 2009).

Conforme Silva (2013) a busca por matéria prima e energia como processo

de desenvolvimento econômico baseada na produção de energia, está

fundamentalmente ligada há construções de usinas hidrelétricas. Ainda segundo a

autora com a construção de várias Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) vem à

necessidade de elencar os possíveis impactos socioambientais causados ao meio

ambiente que respondem a várias interferências antrópicas.

A região sudoeste do Estado de Mato Grosso tem sido desmatada há

aproximadamente 40 anos, apesar da crescente taxa de destruição das áreas

florestadas, estudos da mastofauna são raros e resumindo a listas de espécies e

outros mais recentes com enfoques ecológicos, incluindo uso de micro habitats

(SANTOS-FILHO, 2005).

Assim logo é de suma importância que alunos da área de ciências biológicas

acompanhem processos que como desta e de outras Usinas Hidrelétricas tende a

afetar a fauna e flora em seus limites de influencia. Instigando na elaboração de

ações que minimizem os impactos sobre a fauna e estratégias de conservação

(EVANGELISTA, 2013).

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Aula de campo desenvolvida por professores e alunos do curso de Ciências

Biológicas da Universidade de Cuiabá – UNIC tem por objetivo maximizar o

conhecimento dos estudantes e professores, de forma a aperfeiçoar o aprendizado a

caráter dos diversos ecossistemas existentes na região, bem como variadas formas

de captura, coleta e manejo, diversidade e abundância de mamíferos, as

disposições e interferências causadas pela construção da Usina Hidrelétrica (UHE)

Jauru, bem como, entender como funciona o monitoramento em uma UHE.

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2. METODOLOGIA

2.1 Área De Estudo

O presente trabalho foi realizado no período de 04 a 06 de outubro de 2013

sendo início da estação chuvosa do Cerrado, na área de influência da construção de

uma Usina Hidrelétrica na Bacia Hidrográfica do Rio Jauru (BHRJ) implantada no

ano de 2002, localizada na região sudoeste do Estado de Mato Grosso e no

município de Jauru a qual é denominada UHE Jauru, posicionada entre as

coordenadas 14º 14' a 16º 14' Latitude Sul e 57º 44' a 59º 43' Longitude Oeste

(Google maps) na interbacia do rio Jauru.

A BHRJ possui uma área de 11.705 km², distribuídas em nove sub-bacias.

Sua extensão territorial é composta por planalto, depressão e pantanal, drenados

pelo rio Paraguai, com área de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica

(NEVES, 2011).

De acordo com Santos-Filho et al (2008) a região é de fitofisionomia de

Floresta Estacional Semidecidual Submontana, desta forma não faz parte do

domínio morfoclimático amazônico.

A região da UHE Jauru localiza-se na área de transição entre o domínio

Cerrado e Amazônico (EVANGELISTA, 2013) a qual tem sido desmatada há

aproximadamente 45 anos (SANTOS-FILHO et al, 2008). A maior parte da região é

hoje ocupada por pastagens e pequenas lavouras, o que determina mosaicos

vegetacionais distintos (SANTOS-FILHO et al, 2008, EVANGELISTA, 2013). Esses

remanescentes caracterizam se como ilhas de vegetações parcialmente conectadas

ou isoladas em uma matriz de paisagem altamente perturbada (EVANGELISTA,

2013). Um fato observável na área é que como indicio de que a área foi perturbada é

a presença de plantas do gênero Cecropia, plantas consideradas boas pioneiras

localizadas nas proximidades da barragem, estas plantas são pouco exigentes e se

adaptam a solos com pouco nutrientes servindo de suporte para a sucessão

ecológica.

Atualmente a área da UHE apresenta uma grande extensão de áreas

florestadas e em processo de recuperação como pode ser visto na figura 01, onde

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se vê nitidamente uma área de reflorestamento em uma matriz de pastagens,

segundo Evangelista (2013) o reflorestamento tende a favorecer o

reestabelecimento da composição local, porém o ambiente ainda sofre com os

processos de operação que ocorrem na área.

Figura 01 – Área de reflorestamento em contraste a pastagens as margens do reservatório da UHE Jauru

Fonte: COSTA, 2013.

As áreas utilizadas pelos grupos de trabalho estão demonstradas na figura

02 onde os grupos responsáveis para monitoria de mamíferos utilizaram das áreas

A07, A10 e A12 para distribuição de armadilhas. Neste estudo será considerada

toda a região da UHE Jauru.

Nas áreas A07, A10 e A12 foram distribuídas armadilhas do tipo Sherman e

Tomahawk, onde todos os ambientes eram associados a curso d’água e com

predominância de espécies arbóreas, constituindo uma fitofisionomia de mata ciliar.

2.2 Materiais e Métodos

Com o objetivo de facilitar na identificação de mamíferos Carvalho & Luz

(2008) concluíram que normalmente os mamíferos possuem hábitos esquivos que

dificultam a visualização, outro obstáculo seria a densidade destas populações

sendo vistos facilmente na natureza.

Neste estudo será considerada toda a região da UHE Jauru. Sendo as áreas

A07, A10 e A12 onde foram distribuídas armadilhas do tipo Sherman e Tomahawk,

onde todos os ambientes eram associados a curso d’água e com predominância de

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espécies arbóreas, constituindo uma fitofisionomia de mata ciliar. Importante citar

que no segundo dia de excursão as armadilhas colocadas na área A10 foram

alteradas para A12. Os trabalhos foram divididos em dois métodos conforme

Carvalho & Luz (2008): 1) Método de observação direta e 2) Método de observação

indireta. Ao final foi gerada uma lista de espécies observadas pelos dois métodos.

Figura 02 – Identificação da área de estudo.

Fonte: Print screen do aplicativo Google maps (1000 pés), modificada pelo autor.

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Observação direta é a visão em tempo real do animal, podendo ocorrer nas

mais diversas ocasiões, no método de observação direta foi usado técnicas de

captura por armadilhas de captura e observação por caminhada.

As armadilhas utilizadas foram do tipo gaiola, 35 (trinta e cinco) Sherman

(dimensões: 250x80x90 mm) e 4 (quatro) do tipo Tomahawk (150x150x320 mm) em

cada uma das duas áreas (A07 e A10 ou A12), em A1 foram dispostas ao acaso

entre as margens do Rio Jauru e a estrada de acesso a UHE Jauru, partindo da

estrada para uma trilha de acesso ao rio sendo percorrido em torno de 250 metros,

entrando na área de mata ciliar e terminando em outro ponto da estrada, na A10

foram dispostas a partir da estrada, margeando o Rio Jauru até uma distancia de

aproximadamente 250 metros, na A12 fora distribuídas também nas proximidades

do Rio Jauru porém do lado leste. As armadilhas foram posicionadas de 2 a 5

metros de distancia entre uma e outra, demarcadas por fita zebrada que foram

colocadas de modo à identificação do local onde foi alocada a armadilha.

Devido à existência de mamíferos arborícolas também foram dispostas

armadilhas (do tipo Sherman) em estrato (entre o chão e sobre a vegetação a

aproximadamente 2 m de altura) (figura 03, anexo). Para atrair os animais às

armadilhas foi utilizada isca de banana, com característica principal o aroma, já que

os mamíferos são guiados, na maioria das vezes pelo faro. As armadilhas foram

revisadas duas vezes no dia sendo uma na parte da manhã .

A caminhada ocorreu na área A02, nas proximidades da barragem da UHE

Jauru, tendo inicio ao anoitecer e retornando a aproximadamente 21h00min. Em

meio à caminhada também fora feito o método de observação indireta, coletando

dados dos rastros visualizados, em suma foram encontrados apenas rastros como

pegadas e fezes. Além da simples observação também foram preparados um

pequeno mostruário de pegadas em gesso, chamado de contramolde (para isso, foi

preciso preparar uma mistura de gesso em pó e água, até formar uma solução bem

pastosa que foi despejada em cima da pegada que foi circundada por gravetos para

impedir que houvesse desperdício, após foi esperado em torno de 10 min até que o

gesso endureça), também foram usados para registrar tais rastros à fotografia, tanto

de fezes quanto de pegadas.

Os animais capturados foram medidos e posteriormente soltos no mesmo

local de coleta para minimizar transtornos nos pequenos mamíferos. A identificação

dos roedores foi feita segundo Bonvicino et al (2008). A identificação de pegadas de

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mamíferos de médio e grande porte foi feita a partir de Carvalho & Luz (2008). A

identificação de mamíferos de médio e grande foi realizada segundo Reis et al

(2012).

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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Trabalhos abordando mamíferos na região da UHE Jauru são escassos

(SANTOS-FILHO et al, 2008), tendo então que levar em consideração trabalhos

realizados em uma área maior como o Cerrado brasileiro (KLINK & MACHADO,

2005, ROCHA & DALPONTE, 2006).

Tabela 1 – Taxa (ordem, família e espécie), nome comum e tipo de registros de mamíferos

encontrados na Região da UHE Jauru, Jauru – MT.

Taxa Nome Popular Registro

Carnivora

Canidae

Cerdocyon thous (Smith, 1839) Cachorro-do-mato Visualização e pegadas

Felidae

Puma yagouaroundi (Saint-Hilare, 1803) Gato-mourisco Visualização

Mustelidae

Eira barbara (Linnaeus, 1758) Irara Visualização

Procyonidae

Nasua nasua (Linnaeus, 1766) Quati Visualização e pegadas

Procyon cancrivorus(Cuvier, 1798) Mão-pelada Pegadas

Cingulata

Dasypodidae

Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) Tatupeba Visualização

Chiroptera

Molossidae

Molossus spp. (Geoffroy, 1805) Morcego Visualização

Perissodactyla

Tapiridae

Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758) Anta Visualização e pegadas

Primates

Cebidae

Cebus libidinosus (Spix, 1823) Macaco-prego Visualização

Mico melanurus(Geoffroy, 1812) Sagui-de-rabo-preto Visualização

Rodentia

Cricetidae

Hylaeamys megacephalus (Fischer, 1814) Rato Visualização (captura)

Cuniculidae

Cuniculus paca (Linnaeus, 1758) Paca Visualização

Caviidae

Hidrochoerus hydrochaeris (Linnaeus, 1766) Capivara Pegadas

Total 13 espécies

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Foi obtido neste trabalho um total de 13 espécies de mamíferos registrados

(quatro carnívoros, um perissodáctilo, um cingulado, dois primatas, um quiróptero,

três roedores). A lista apresentada neste estudo foi composta por espécies

detectadas, principalmente por observações diretas enquanto o grupo se

movimentava e secundariamente por observação indireta (como pegadas e fezes). A

coleta de dados resultou na lista de animais registrados conforme a tabela 1.

Pode-se levar em consideração também os registros fotográficos

disponibilizados pela UHE Jauru no site (http://www.uhejauru.com.br/) há também

espécies de mamíferos de médio e grande porte como macaco-aranha-de-cara-

preta (Ateles chamek (Humboldt, 1812)), tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla

(Linnaeus, 1758)) e artiodactylos da família cervídae. Com tais considerações

registra-se uma riqueza de 16 espécies. Embora não tenha sido registrada no

presente é esperado que ocorra na região a espécie carnívora Puma concolor

(Linnaeus, 1771) a onça parda.

Devido ao curto período de trabalho as observações foram bem limitadas,

por esse motivo é importante salientar que no trabalho realizado por Santos-Filho

(2008) demonstrou que a riqueza de espécies em fragmentos na região das

microbacias dos rios Jauru e Cabaçal, foram registradas 20 espécies sendo apenas

de pequenos mamíferos roedores e marsupiais.

Os carnívoros foram registrados enquanto era feito deslocamento do grupo

na região por observação direta de avistamento, com exceção do Procyon

cancrivorus (Cuvier, 1798) que foi registrado através de pegadas (figura 04, anexo).

O Nasua nasua (Linnaeus, 1766) além de ser visualizados nas proximidades das

estradas também foi visualizado exemplares nas proximidades da área A05, em

ambos os momentos estavam em grupos de aproximadamente dez indivíduos de

quati. Na mesma área também foi o local de registro do cingulado representado

neste trabalho (figura 05, anexo) Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) e do

primata (figura 06, anexo) Cebus libidinosus (Spix, 1823).

Quanto aos canídeos também foram registrada fezes encontradas na

barragem da UHE Jauru (A02), onde foi também registrada uma observação direta

de canídeo, porém não foi possível identificação mais detalhada.

Em A05 fica localizado próximo onde ocorrem as refeições dos

trabalhadores da UHE Jauru e também de onde os estudantes da presente aula de

campo ficaram alojados e acampados, sendo assim restos de comida nas

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proximidades, desse modo atrai algumas espécies de mamíferos como o quati e o

tatu-peba e até mesmo o macaco-prego.

No presente estudo não teve trabalho com a captura de quirópteros, porém

foi registrada fotografia (figura 07, anexo) sendo foi possível à identificação em nível

de gênero. Os quirópteros molossídeos são animais que se abrigam em locas,

frestas, formações rochosas ou como os encontrados em cavernas, correspondendo

ao abrigo diurno o qual possui um conjunto bastante expressivo de espécies,

(MARINHO-FILHO et al, 1997). Os molossídeos fotografados se encontravam em

uma caverna de profundidade não confirmada a qual está demonstrada na área A09

atrás da casa de força da UHE Jauru.

A anta (Tapirus terrestres, (Linnaeus, 1758)) foi o único representante da

ordem perissodactyla registrado tanto de forma direta nas proximidades das

estradas quanto através de pegadas (figura 08, anexo) na área A08 (lago).

Quanto aos roedores foi registrada a presença de Hidrochoerus

hydrochaeris (Linnaeus, 1766) de forma indireta através de fezes encontrada nas

áreas A02 (barragem) e A03 (tomada d’água) (figura 09, anexo). Os roedores da

família cricetidae (figura 10, anexo) foram registrados através de capturas nas

armadilhas do tipo Sherman nas áreas A10 e A12. Nos indivíduos da área A10 foi

realizada a biometria (conforme tabela 02). Os roedores 01 e 02 foram capturados

na área A10 o roedor 03 na área A12 sendo que neste não foi realizado biometria

devido à falta de material.

Tabela 02 - Biometria dos Cricetídeos

CT CC CA PÉ O MC SEXO

Roedor 01 94,5 26,1 77,8 _ 15,8 51 F

Roedor 02 96,3 36,7 73,9 23 16,8 51 F

Roedor 03 _ _ _ _ _ _ M Tabela 02 - Comprimento total (CT), comprimento cabeça (CC), comprimento da cauda

(CA), pata posterior com unha (PÉ), orelha interna (O) e massa corporal em (MC).

A baixa densidade local de muitas espécies de mamíferos e o tamanho de

seus habitats, aliados ao hábito noturno, dificultaram a realização do presente

estudo, sendo assim os dados obtidos não são suficientes para determinação da

composição da região.

O método de observação direta por caminhada é diretamente proporcional

em sua eficiência quanto ao tempo usado quanto aos tamanhos dos grupos,

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exigindo silêncio e bastante atenção (CARVALHO & LUZ, 2008). Os dados poderiam

então ser mais significativos aumentando o tempo, distancia e alterando a dinâmica

dos grupos.

Devido ações antropogênicas esses climas estão se alterando, logo

depende do homem para que este sistema continue em perfeita harmonia.

Recomendam-se novos estudos de longa duração na região da UHE Jauru,

almejando monitorar a fauna regional e suas variações ecológicas.

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4. REFERÊNCIAS

AB’SÁBER, AZIZ NACIB. A organização natural das paisagens inter e subtropicais brasileiras. In: III Simpósio sobre o Cerrado, 1978. BONVICINO Cibele Rodrigues; OLIVEIRA João Alves de; D’ANDREA Paulo Sérgio. Guia dos Roedores do Brasil, com chaves para gêneros baseadas em caracteres externos. Rio de Janeiro: Centro Pan-Americano de Febre Aftosa - OPAS/OMS, 2008. CARVALHO, Oswaldo Junior; LUZ, Nelton Cavalcante. Pegadas. Livro série Boas Práticas, EDUFPA. V. 3, Belém – PA, 2008. EVANGELISTA, Mahal Massavi. Características Fitofisionomias da Área de Influência da UHE Jauru. Cuiabá: UNIC, 2013. 6p. Notas de aula. FIGUEIREDO, Vânia Santos; SILVA, Geane Suelí Castro. A Importância Da Aula De Campo Na Prática Em Geografia. In 10° Encontro Nacional de Prática de Ensino em Geografia, 2009. GOOGLE MAPS. https://www.google.com.br/maps/. Acesso em: 25 de nov.13. KLINK, Carlos A. MACHADO, Ricardo B. A conservação do Cerrado brasileiro. MEGADIVERSIDADE, V. 1, Nº 1, Julho 2005. MARINHO-FILHO, J; COELHO D. C; PINHEIRO, F. A comunidade de morcegos do distrito federal: estrutura de guildas, uso do habitat e padrões reprodutivos. In Contribuição ao conhecimento ecológico do Cerrado, por LAERCIO e SAITO, Brasília, 1997. NEVES, Sandra Mara Alves da Silva; MOTINHO, Maria Cândida; NEVES, Ronaldo José and SOARES, Eliezer Rangel Campos. Estimativa da perda de solo por erosão hídrica na bacia hidrográfica do rio Jauru/MT. Soc. nat. [online]. 2011, vol.23, n.3, pp. 423-433. ISSN 1982-4513. OLIVEIRA, Alana Priscila Lima De; CORREIA, Monica Dorigo. Aula de Campo como Mecanismo Facilitador do Ensino-Aprendizagem sobre os Ecossistemas Recifais em Alagoas. ALEXANDRIA Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v.6, n.2, p. 163-190, 2013.

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5. ANEXOS

Figura 03 - Demonstra armadilhas

posicionadas no estrato da mata.

Figura 04 – Pegadas de Procyon

cancrivorus (Cuvier, 1798), mão-pelada.

Figura 05 – Euphractus sexcinctus

(Linnaeus, 1766), tatu-peba.

Figura 06 – Cebus libidinosus (Spix,

1823), macaco-prego.

Figura 07 – Morcegos, Molossus sp.

(Geoffroy, 1805).

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Figura 08 – Pegada de Tapirus terrestres

(Linnaeus, 1758), anta, demonstra ainda o

quadrante para despejo de gesso para

contramolde.

Figura 09 – Fezes de Hidrochoerus

hydrochaeris (Linnaeus, 1788), capivara.

Figura 10 – Roedor sendo solto no local

onde foi capturado.